as 100 maiores invençoes da historia

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A RODA Olhe ao seu redor e tente encontrar em sua casa alguma coisa que não tenha absolutamente qualquer relação com a roda. Quase toda máquina, todo equipamento, todo objeto confeccionado pelo homem possui de certo modo uma ligação com a roda. Apesar de não sabermos o momento e o local exatos da sua invenção, muitos acreditam que a roda surgiu a partir de um tronco de árvore rolante. Suspeita-se que posteriormente evoluiu para uma tora cortada transversalmente, uma roda um tanto pesada e quebradiça, mas que pelo menos podia rolar. Alguns métodos rudimentares de transporte de objetos já eram bastante comuns, como o simples trenó ou o travois, construídos a partir de duas estacas entrelaçadas a uma armação, atadas a um animal ou ao viajante que a arrastava, mas este método era evidentemente inferior à roda. O que se sabe com certeza é que as rodas mais remotas eram confeccionadas com três tábuas de madeira fixadas a um suporte e entalhadas em forma de círculo. Este era um modo de se construírem rodas mais robustas do que as confeccionadas em uma única tábua, principalmente se levarmos em conta que a invenção da roda precedeu a invenção das ruas. A representação pictográfica mais antiga de uma dessas rodas é originária dos sumérios, por volta de 3500 a.C, na qual se vê a roda sob um trenó. A mudança que tornou a roda mais leve e prática foi o raio, que surgiu por volta de 2000 a.C. em carroças da Ásia Menor. Nessa época, a roda era utilizada como meio de transporte, em charretes ou carroças produzidas para todo tipo de trabalho. A agricultura, o

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100 maiores

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A RODAOlhe ao seu redor e tente encontrar em sua casa alguma coisa queno tenha absolutamente qualquer relao com a roda. Quase todamquina, todo equipamento, todo objeto confeccionado pelo homempossui de certo modo uma ligao com a roda.Apesar de no sabermos o momento e o local exatos da suainveno, muitos acreditam que a roda surgiu a partir de um troncode rvore rolante. Suspeita-se que posteriormente evoluiu para umatora cortada transversalmente, uma roda um tanto pesada e quebradia,mas que pelo menos podia rolar. Alguns mtodos rudimentaresde transporte de objetos j eram bastante comuns, como osimples tren ou o travois, construdos a partir de duas estacas entrelaadasa uma armao, atadas a um animal ou ao viajante que aarrastava, mas este mtodo era evidentemente inferior roda.O que se sabe com certeza que as rodas mais remotas eramconfeccionadas com trs tbuas de madeira fixadas a um suporte eentalhadas em forma de crculo. Este era um modo de se construremrodas mais robustas do que as confeccionadas em uma nicatbua, principalmente se levarmos em conta que a inveno da rodaprecedeu a inveno das ruas. A representao pictogrfica maisantiga de uma dessas rodas originria dos sumrios, por volta de3500 a.C, na qual se v a roda sob um tren.A mudana que tornou a roda mais leve e prtica foi o raio, quesurgiu por volta de 2000 a.C. em carroas da sia Menor. Nessapoca, a roda era utilizada como meio de transporte, em charretesou carroas produzidas para todo tipo de trabalho. A agricultura, ocomrcio a longa distncia e a guerra precisavam de rodas.A biga, por exemplo, se constitua originalmente de um modelode quatro rodas, puxado por dois ou quatro asnos selvagens,chamados de "onagros", e evoluiu para o arrojado veculo de duasrodas puxado por garanhes e que tanto nos acostumamos a ver nocinema e na televiso. Ao aliar a leveza e o tamanho do modelo dacarroa, os eixos leves e as rodas montadas sobre raios e boas couraaspara os cavalos, a biga revolucionou a arte da guerra. Osgrandes exrcitos do segundo milnio antes de Cristo, como o dosegpcios, dos hititas da Anatlia, dos arianos da ndia e dos micnicosda Grcia, fizeram uso desse veculo extremamente rpido egil em manobras. A biga deixou um rastro de devastao da China Creta Minica, chegando a atingir a Gr-Bretanha, durante todo operodo que antecedeu Alexandre, o Grande, quando foi substitudapela cavalaria.Uma contribuio crucial dos romanos ao desenvolvimento daroda foi o amplo esforo na abertura de estradas. A construo emanuteno de um imprio exigiam que a comunicao e a mobilizaode recursos, do comrcio e do exrcito fossem boas. Asestradas permitiram isso. As estradas romanas conservaram-se porsculos. Na realidade, um nmero considervel de estradas romanasainda est em uso na Gr-Bretanha.Com o decorrer do tempo, a prpria roda continuou a evoluir.Foram desenvolvidos cubos de ferro, que deram s rodas umafora extraordinria no centro, onde elas eram fixadas a eixos lubrificados.At mesmo as rodas que quebravam podiam ser reconsunidasao redor do i i i n u al, l o i nando-o uma parte indispensvel detua estrutura. Do mesmo modo, o conceito de uma "rodeta" surgiuna forma de um aro ou anel que era esticado pelo calor e colocadoao redor da roda para posteriormente se contrair depois do resfriamento,fazendo com que a roda no somente ficasse mais resistenteno contato com o solo, mas tambm tornasse a prpria roda umaunidade mais slida e compacta.Mas a roda, como j fizemos aluso, no deve de maneira algumaser considerada apenas quanto ao auxlio no transporte terrestre.Ela est presente da biga ao tanque, da diligncia ao trem eda carruagem ao carro. Mas certamente nenhum desses objetosteria evoludo se no fossem os outros usos nos quais a roda foi empregada.Muito antes que o primeiro avestruz fosse atado a uma bigade corrida, apesar de no sabermos exatamente quando, o "tornode oleiro" uma roda onde o arteso podia confeccionar potes tornou-se um passo importante na confeco de cermica. Ningumpode assegurar quando ele foi desenvolvido, mas a primeiraevidncia de um torno de oleiro vem da Mesopotmia, por voltade 3500 a.C. Um pedao de argila, que at ento tomava formaapenas pelo uso das mos, podia agora ser "jogado" sobre umaroda em rotao e, com o auxlio das mos e de ferramentas, combinadas fora centrfuga, permitia que uma forma simtrica fossemoldada. Essas formas incluam tigelas, potes e os mais variadostipos de receptculo. Muito mais do que exclusivamente decorativos,esses vasilhames eram os nicos locais seguros para a armazenagemde produtos secos, bebidas, leos, alimentos e gros,entre outros usos. A cermica no foi apenas til para o armazenamentode bens comerciveis, mas ela prpria se constituiu numproduto, j que era comercializada dentro de determinada culturae entre culturas distintas por intermdio de barcos e carroas.Entretanto, to importante quanto qualquer outro aspecto daroda o simples fato de o movimento circular ou rotatrio ter sidoaproveitado e utilizado em todo equipamento sobre o qual a imaginaohumana pde se debruar. Imagine, por exemplo, a "rodad'gua"mais primitiva, que se constitua numa srie de potes cermicosatados a uma grande roda suspensa sobre gua corrente. Afora centrfuga impulsionava os potes cheios parte mais alta daroda, onde o contedo era despejado sobre uma vala rasa, permitindoque a gua pudesse ser desviada para uma localidade diferente,como, por exemplo, uma plantao.Ou ento a fora da roda impulsionada pela gua, vento oualgum animal poderia ser um fim em si mesmo se a roda estivesse emum eixo que permitisse movimentar outra roda. Pense na absolutafora e dinmica quando o vento e a gua giraram uma grande roda.nada a eixos com uma enorme pedra de moinho na outra ex-11 unidade, moendo inimaginveis quantidades de gros frescos, emvez. de ter pessoas ou animais realizando essa tarefa.Na realidade, a roda, com os eixos e os raios, tornou-se ainveno que conduziu a muitas outras. Das descomunais rodasgigantess quase invisveis engrenagens do relgio, a roda foi a propulsorada Revoluo Industrial.2 A LMPADA ELTRICAH uma srie de mitos a respeito de Thomas Alva Edison, aqueleque de modo geral, e talvez acertadamente, considerado o maiorinventor de todos os tempos. Muitos vem nele uma espcie de personagemde fico extrado do livro Huckelberry Finn, de MarkTwain, com o terno escuro e amarrotado, cabelo despenteado,aquele tpico sujeito com um inofensivo ar professoral. Na realidade,Edison tinha uma obsesso, s vezes cruel, pelo trabalho; eraum tipo de homem egosta que podia ser obsceno e um tanto quantogrosseiro. Uma vez, por exemplo, quando lhe foi oferecida uma escarradeira,ele a recusou, dizendo que preferia usar o cho, porque"no cho sempre consigo acertar".Um outro mito foi o de que ele foi o inventor da lmpadaeltrica. Um nmero considervel de pessoas j havia desenvolvidolmpadas incandescentes antes de Edison, em alguns casos at 30anos antes dele. Mas nenhuma delas funcionou adequadamente.Sua grande conquista foi inventar uma lmpada que realmente funcionava,e no mundo real.Edison comeou a se envolver com a iluminao incandescenteem 1878, quando, aos 31 anos, tirou frias com George Barker, umprofessor universitrio. Durante a viagem, Barker sugeriu a Edison,que j era reconhecido mundialmente pela inveno do fongrafo,entre outros inventos, que seu prximo objetivo fosse introduzir a iluminaoeltrica nos lares americanos.Edison ficou seduzido pela idia. Quando retornou "fbricade invenes" que havia construdo em Menlo Park, Nova Jersey,ele reuniu um grupo de especialistas e anunciou ao mundo que irialevar a iluminao aos lares americanos em seis semanas, o que semostrou ser uma previso exageradamente otimista.Desde o incio, Edison tinha idia de criar uma lmpada quepudesse trabalhar num sistema eltrico no qual a lmpada exigiriauma pequena quantidade de corrente para funcionar, tivesse umalonga durao e no qual a fora eltrica fosse "subdividida". Se umatias lmpadas queimasse, o mesmo no ocorreria com as demais;alm disso, cada lmpada poderia ser controlada individualmentecom um simples toque no interruptor. Portanto, ele e sua equipe trabalharamsimultaneamente nas criaes da lmpada e do sistema, jque um no funcionaria sem o outro.A lmpada incandescente um dispositivo simples, e a basecientfica por trs dela o fenmeno da resistncia eltrica. Um materialsubmetido a uma corrente eltrica apresenta graus variados deresistncia a essa corrente, o que faz com que o material se aquea eincandesa, fornecendo luz.As lmpadas incandescentes produzidas antes de Edison apresentaramuma srie de problemas, sendo dois os principais. Os filamentosque eram submetidos corrente eltrica no suportavam ocalor e queimavam ou derretiam (no caso dos filamentos metlicos).Ao ar livre, isso ocorria em questo de segundos ou minutos; ento,muitos inventores decidiram encapsular ou selar os filamentos emum globo de vidro e retiravam o oxignio, criando um vcuo noqual o filamento poderia suportar melhor o aquecimento.Edison sabia que precisava criar um superfilamento, j que, paraser eficaz e usar pouca corrente eltrica, o filamento deveria ser fino.De acordo com a lei de resistncia eltrica de Ohm, isto significariaque esse filamento estaria submetido a um grau elevadssimo de temperatura.Estas caractersticas, por sua vez, permitiram que os condutoresde cobre que forneceriam energia s lmpadas fossem significativamentemenores. Como disse o autor Matthew Josephson emsua biografia Edison: "Apenas um milionsimo do peso de um condutorde cobre seria necessrio para esse sistema, se comparado ao sistemade baixa resistncia."Em sua busca pelo filamento perfeito, Edison e sua equipe testaramum grande nmero deles e finalmente se decidiram pela platina,que possua uma elevada temperatura de fuso, 1.755C. Simultaneamente,outros membros da equipe de Edison trabalhavam nodesenvolvimento de mtodos mais eficientes para retirar o oxigniodo globo de vidro, a fim de criar um vcuo melhor.A lmpada com filamento de platina funcionou, mas apenaspor 10 minutos, antes de derreter. Outra desvantagem da platina que se tratava de um metal raro e dispendioso, o que a tornavapouco prtica. Edison e sua equipe testaram muitos outros materiais,aproximadamente 1.600 no total, e continuavam tentandocriar um vcuo cada vez melhor dentro do globo. Mas eles no conseguiamencontrar nada que funcionasse bem.Ento, um dia, como um detetive que j tivesse estado com achave de um mistrio nas mos, mas a tinha posto de lado e volta apeg-la, Edison testou novamente o carbono como filamento,elemento que ele j havia testado e descartado no ano anterior.Nesse nterim, ele j havia solucionado alguns dos problemas. Umvcuo melhor estava sendo obtido por intermdio de uma "bombasprengal", que deixava a frao de um milionsimo de oxignio nointerior da lmpada, e j havia sido descoberta uma maneira deeliminar os gases que o carbono estava propenso a absorver em seuestado poroso e que aceleravam seu fim.Edison sabia que o carbono oferecia uma grande vantagem,j que apresenta uma temperatura de fuso elevada, cerca de3.500C. Ele calculou que, para trabalhar com a resistncia apropriada,o filamento deveria ter 0,04 centmetro de dimetro eaproximadamente 15 centmetros de comprimento. Para produziro filamento, Edison raspou a fuligem de lmpadas a gs e misturouo carbono com alcatro, de modo que pudesse obter algo com oformato de um filamento. Testes realizados com esse filamento demonstraram que ele queimaria de uma a duas horas antes de suaautodestruio. Mas Edison havia ficado convencido de que, tendo a "fuligemalcatranizada" funcionado to bem, talvez houvesse outros materiaisque, quando transformados em carbono, poderiam funcionarmelhor. Tendo isso em mente, ele testou um pedao comum de fibrade algodo que havia se transformado em carvo aps ser cozido emum cadinho de cermica.O filamento era delicado e alguns se partiram no momento emque eram instalados na lmpada de teste, mas finalmente a equipeconseguiu introduzir a tnue amostra de material num globo devidro, ii oxignio foi retirado c i corrente eltrica foi ligada. Eratarde da noite de 2 1 de outubro de 1 8 7 9 .Os homens estavam acostumados a filamentos que se extingu i a m rapidamente. Mas esse no. O filamento fornecia um brilhotnue e avermelhado emitindo cerca de 1% da luz emitida poruma lmpada de 100 watts moderna , e, para comoo de todos,continuou queimando. Por fim, Edison comeou a aumentar gradativamentea corrente a lmpada ficando cada vez mais iluminada at o filamento quebrar. Ele havia queimado por 13 horas e meia,e todos sabiam que a frgil lmpada havia sido a precursora da luzeltrica.Edison, como era de esperar, no se deu por satisfeito. Ele examinouo filamento num microscpio e percebeu que o carbono dealta resistncia de que ele necessitava precisava vir de materiais quefossem firmes, de estrutura fibrosa e, muito importante, que apresentassemcelulose. Por fim, Edison usou um bambu importado doJapo, que queimou por 900 horas.Edison levou apenas trs anos um tempo fenomenalmentecurto para criar e instalar um sistema eltrico que tornasse a luzeltrica eficaz. A companhia criada por ele, a Edison Electric LightCompany, construiu uma usina de fora na rua Pearl, na cidade deNova York, passou fios pelos canos que antes levavam gs, at chegaraos primeiros a serem beneficiados pela sua inveno. A princpio, elepossua apenas 8 6 assinantes. Havia sobressaltos e problemas no sistema,mas, medida que iam sendo solucionados e as lmpadas, melhoradas,um nmero cada vez maior de assinantes aderiu ao sistema.Na virada do sculo XX, havia um milho de pessoas com luz eltricaem seus lares. Atualmente, o tungstnio (o filamento) e o nitrognio(no lugar do vcuo) compem a lmpada eltrica.Qual , afinal de contas, o valor da lmpada eltrica? Poderamosfalar interminavelmente sobre a sua importncia, e, quandooutras invenes colocadas entre as 10 de maior influncia,como a plvora (utilizada tanto para libertar quanto exterminar aspessoas) e o motor de combusto interna (que definitivamentecolocou o mundo nas estradas e mudou completamente a face docomrcio), so comparadas a ela, impossvel no consider-la amais importante. A lmpada eltrica, de certo modo, transformou anoite em dia. As pessoas podiam ler, estudar, permanecer acordadasat altas horas, produzir mais, sair para um jantar tarde da noite e ir.10 cinema. Robert Freidel, co-autor do livro Edison's Electric Light,salienta o impacto causado pela lmpada eltrica de forma muitoprecisa: "Ela alterou o mundo onde as pessoas trabalhavam, brincavam,viviam e morriam... foi o tipo de inveno que remodelou aface da Terra e o modo pelo qual as pessoas encaravam as possibilidadesno mundo."Mquina de impresso do sculo XIX. Coleo de Imagens daBiblioteca Pblica de Nova YorkOs antroplogos creditam o advento da escrita como o ponto depassagem entre a Pr-histria e a Histria. A escrita permitiu que ospensamentos pudessem ser registrados. Mais tarde, a impressopermitiu que fossem produzidas mltiplas cpias de pginas de livros.Pela primeira vez na Histria, os pensamentos e idias dasgrandes mentes podiam ser comunicados s massas por intermdiode livros que, at ento, eram escritos em latim e produzidos emquantidade limitada para os clrigos e a nobreza. Para resumirmos oimpacto causado pela impresso, ela alfabetizou um mundo praticamentede analfabetos.Tudo comeou com blocos de madeira nos quais um dos ladospossua letras em alto-relevo. Os blocos eram posicionados em ordemdentro de uma moldura e cobertos de tinta; posteriormente,uma folha de papel era pressionada contra eles. Quando o papelera removido, uma cpia pintada das letras permanecia impressa nopapel.'A impresso com tipos mveis permitia que uma pessoa fizesseo servio de muitas. Em um nico dia, uma pessoa conseguia produziro que um escrivo levaria um ano para fazer.Mas havia um problema com os blocos de madeira. Com opassar do tempo e o uso, eles comeavam a se desintegrar e novosblocos precisavam ser produzidos. E justamente nesse momentoque entra em cena Johannes Gutenberg, um impressor alemo.Gutenberg desenvolveu um molde em liga de metal para cada letraque resistia melhor ao passar do tempo e podia ser reutilizado infinitasvezes. De fato, seu mtodo de reproduo mecnica dematerial impresso demonstrou-se to eficaz que nenhuma mudanasignificativa foi feita no mtodo de impresso em mais de 500 anos.Para que possamos melhor nos ater a respeito da inveno deGutenberg, basta mencionarmos que os livros naquele perodoeram produzidos pela e para a Igreja, utilizando o processo de entalhamentoem madeira. Isso requeria que um arteso cortasse amadeira de modo a produzir um molde tanto para o texto quantopara as ilustraes, servio que era extremamente demorado.No mtodo desenvolvido por Gutenberg, de maneira semelhanteao que ocorria com os blocos de madeira, quando umapgina estava completa, o bloco recebia uma camada de tinta, e umaoutra folha era ento pressionada contra ele para que se produzisseuma imagem pintada. Utilizando este processo, apenas uma pequenaquantidade de livros podia ser produzida a cada ano, o que talvezno representasse um problema to grande naquela poca, j queapenas os membros da Igreja e da nobreza sabiam ler.Em 1455, o livro que ficou conhecido como a Bblia de 42linhas (tambm conhecida como a Bblia de Gutenberg) foi publicadoem Mainz. Ela considerada a primeira publicao de vulto,e Gutenberg levou dois anos para finaliz-la. Sua invenopermitiu que o impressor no somente montasse palavras a partirdos moldes de letras individuais, mas tambm que se organizassemas palavras em linhas niveladas, colocando vrias dessas linhasjuntas em um nico modelo.Esse sistema permitiu que os impressores fizessem algo queeles nunca tiveram capacidade de fazer: produzir milhares de cpiasde uma mesma pgina. Pela primeira vez, a velocidade da produode livros teve um aumento significativo. Uma grfica do sculo XVpodia produzir cinco livros por ano, o que pode no significarmuito hoje em dia, mas representava um grande avano naquelapoca.A inveno de Gutenberg tambm serviu para outro propsito:permitiu que as pessoas lessem, o que representou um aumentoexpressivo da alfabetizao. Tratados filosficos e descobertas cientficasda poca se tornaram acessveis, permitindo que as pessoas seaventurassem para alm dos dogmas religiosos de ento e passassema adotar uma abordagem mais racional e secular do aprendizado edo modo de se explorar o mundo natural.Por volta do sculo XVI, a impresso j havia criado umaindstria. Normalmente, as instalaes de grficas consideradas demaior porte abrigavam cinco trabalhadores. Trs trabalhavam naprensa e dois no servio de composio.Durante esse perodo, o trabalho ainda era entediante e lento.Muitas vezes, moldes eram confeccionados para uma coleo detipos, mas, posteriormente, esse servio passou a ser de responsabilidadedos criadores de tipos independentes. medida que a impresso grfica se espalhava pela Europa,em pouco tempo chegou a Londres. A maioria dos novos artficessomente conseguia sobreviver se estabelecessem seus negcios nascidades maiores. Mas, em 1563, a Lei dos Artesos foi aprovada naInglaterra, exigindo que os trabalhadores permanecessem morandona cidade onde haviam nascido. A lei acabou por sufocar oprogresso do comrcio grfico, porque no permitia que os impressoresencontrassem quem estivesse interessado em trabalharnessa atividade.Com o passar do tempo, um dos desenvolvimentos mais significativosna impresso foi a criao de diferentes colees de tipos.O mais importante deles, que se tornou o mais comum, foi o tiporomano, cuja utilizao se acentuou na segunda metade do sculoXVI. Posteriormente, ele se tornaria o tipo que mais se adequava squalidades do ao, razo pela qual substituiu os antigos tipos gticosem quase toda a Europa.obteve o crdito com sua inveno por uma questo de horas,j que outros haviam obtido o mesmo sucesso que ele. Elisha Graytambm entrou com um pedido de registro de patente para um telefoneapenas algumas horas aps Bell, e, se sua patente tivesse sidoregistrada antes da de Bell, provavelmente estaramos narrando asua conquista.O TELEFONEAlem disso, os inventores no faziam qualquer cerimnia emse apropriar da tecnologia alheia para proveito prprio. Bell, porexemplo, no havia ainda construdo um telefone que funcionasse,mas acabaria por faz-lo trs semanas aps entrar com seu pedidode registro de patente utilizando as "instrues de montagem deinvento" elaboradas pelo qumico ingls Stephen Gray.Apesar de ambos os inventores serem obstinados, dedicadose inventivos, foi o conhecimento de Bell a respeito da acstica (o estudodo som) que fez com que levasse vantagem sobre Gray. Bellconhecia um pouco sobre eletricidade, um componente indispensvelpara a construo de um telefone que funcionasse, mas era umexmio conhecedor de acstica. De fato, assim como Gray, muitosoutros inventores que trabalhavam em projetos similares tinhammaiores conhecimentos de eletricidade do que de acstica, o que setraduzia numa completa inaptido em lidar simultaneamente comduas disciplinas para a criao do telefone.Alguns historiadores acreditam que a mais remota referncia aum aparelho com essa finalidade foi de Francis Bacon, em seu livroNova Utopia, de 1627, em que ele se referia a um tubo longo para seconversar e que na realidade era apenas conceituai; um telefone nopode funcionar sem eletricidade, e Bacon no faz nenhuma refernciaa isso. As idias a respeito da eletricidade s passaram a serconhecidas no incio dos anos 1830, mas somente a partir de 1854 que comeou a especulao sobre a possibilidade de se transmitir afala por meio da eletricidade.O primeiro passo importante na evoluo do telefone ocorreuem 1729, quando Stephen Gray fez com que a eletricidade fosseconduzida por um fio por mais de 90 metros. Posteriormente, em1746, dois holandeses desenvolveram uma "garrafa de Leyden", afim de armazenar eletricidade esttica. Ela funcionava como umabateria que armazena energia, mas sua grande deficincia era o fatode que ela armazenava uma quantidade to pequena de eletricidadeque se tornou ineficaz. Mas foi o comeo para algo maior.A eletricidade esttica podia no s ser vista, mas tambmfazer os cabelos levantarem. Mais tarde, em 1753, um escritorannimo sugeriu que a eletricidade pudesse vir a transmitir mensagens.Seus experimentos utilizavam uma infinidade de fios e umgerador eletrosttico para eletrificar s fios que atrairiam papis nosquais as mensagens unam sido impressas por intermdio de umaI arga esttica transmitida da outra ponta do circuito. Ao se verificaremas letras que eram atradas, o receptor da mensagem poderial-la. Apesar de esse sistema rstico funcionar, era extremamentelimitado e exigia uma infinidade de fios.Somente aps a inveno da bateria que os experimentoscom telefone atingiram novo patamar. A bateria era capaz de fazeralgo que um gerador eletrosttico no conseguia uma correntecontnua de eletricidade de baixa potncia. A bateria era baseada emreaes qumicas e, apesar de no poder produzir eletricidade sulicientepara tornar uma mquina operacional, poderia vir a faz-lodepois de aperfeioamentos.Embora a eletricidade j estivesse ento disponvel, s solucionavametade do problema para a produo do telefone. A transmissoda fala exigia uma compreenso do magnetismo.Em 1820, entra em cena o fsico dinamarqus ChristianOersted. Em seu famoso experimento em sala de aula na Universidadede Copenhague, ele aproximou uma bssola de um fio alimentadopor uma corrente eltrica. Como conseqncia, a agulha dabssola comeou a se mover como se estivesse sendo atrada por umgrande m. Oersted havia feito uma descoberta surpreendente: acorrente eltrica cria um campo magntico.Um ano mais tarde, o inventor Michael Faraday inverteu a experinciade Oersted e descobriu a induo eltrica. Ele conseguiucriar uma corrente eltrica fraca ao enrolar fios ao redor de um m.Em outras palavras, um campo magntico fez com que uma correnteeltrica percorresse um fio que estava prximo.O resultado foi assombroso. Energia mecnica podia ser convertidaem energia eltrica. A conseqncia dessa descoberta, anosmais tarde, foi a elaborao de turbinas que, impulsionadas pelofluxo de gua ou pela queima de carvo, produziam eletricidade.Tanto o modelo primitivo do telefone um aparelho rsticocom um funil, um recipiente com cido e alguns fios apoiados emuma base de madeira quanto o aparelho de nossos dias apresentamum modo de funcionar muito semelhante.Nos transmissores eltricos modernos, uma fina folha deplstico (muito similar ao tmpano humano, que funciona sob omesmo princpio) coberta por um revestimento metlico concliiior.O plstico separa o revestimento de um outro eletrodometlico e mantm um campo eltrico entre eles. As vibraes provenientesdas ondas sonoras produzem flutuaes no campo eltrico,que, por sua vez, produzem pequenas variaes de voltagem.As voltagens so ampliadas para transmisso atravs da linha telefnica.Trocando em midos, o telefone moderno um instrumentoeltrico que carrega e varia a corrente eltrica entre dois diafragmasmecnicos. Ele duplica o som original de um diafragma e o transferepara outro. Simples, mas ao mesmo tempo profundo em seu impacto.A TELEVISOA maioria das pessoas imagina que o surgimento da televiso foiuma conseqncia do aperfeioamento e da popularizao do telefone,do cinema e do rdio, mas a realidade que as primeiras pesquisase experincias se iniciaram em meados do sculo XIX! Provast rricas da relao entre luz e eletricidade essenciais para a transmissode TV haviam sido detalhadas por Michael Faraday emuma srie de experincias na dcada de 1830, e havia tambm outrosinsights.Apesar de essas descobertas aparentemente terem aberto caminhopara que o surgimento da televiso tenha ocorrido relativamentecedo, havia outros obstculos tcnicos no caminho, incluindo o fatode que a transmisso do som por ondas essencial para a transmissode TV era desconhecida.Os sinais de TV so transmitidos eletronicamente, o que significaque as ondas luminosas que sero transmitidas devem ser convertidasem sinais eletrnicos, e isso no to simples de realizar. Asondas luminosas so de fato infinitesimalmente menores e no podemser convertidas diretamente em sinais eletrnicos pelo simplesacoplamento mecnico. Alm disso, as informaes visuais so muitomais complexas e alcanam freqncias bem superiores s alcanadaspelas ondas de som. O primeiro avano para a soluo dessedilema veio em 1873, quando foi descoberto que o elemento qumicoselnio apresentava uma variao em sua resistncia eltricaproporcional quantidade de luz a que era submetido. Assim, tornava-se possvel converter a luz em sinal eletrnico ou "pulso", que,teoricamente, poderia ser enviado por meio de um cabo ou transmitidopelo ar.Em 1883, o engenheiro alemo Paul Nipkow apresentou umdispositivo utilizando um disco rotativo de varredura perfuradopor minsculos orifcios em forma de espiral. Esse disco dividiauma imagem numa srie de pontos que, por sua vez, atingiam umafotoclula. Esta enviava uma srie de pulsos eltricos a um receplor,onde um outro disco de varredura estava posicionado emfrente a uma luz e "organizava" os padres de pontos numa imagem.Era uma imagem rudimentar e um tanto vaga, mas essa foi aprimeira imagem televisiva. O sistema de varredura de Nipkowdeu incio a uma srie de imitaes e aperfeioamentos nos 25 anosseguintes. Por volta de 1925, Charles Francis Jenkins utilizandoum sistema de varredura mecnico estava de fato enviando sinaispelo "ar" de seu laboratrio em Washington, D.C. Na Europa,o inventor escocs John Logie Baird fez uma demonstrao pblicade seu sistema mecnico de TV em 1926.J no perodo entre o fim do sculo XIX e o incio do XXconstatou-se que a transmisso mecnica de TV jamais poderia serefetuada satisfatoriamente. Mas com os rpidos avanos na radiodifuso,nos estudos com os raios X e na fsica os problemas seriam resolvidosem pouco tempo. O rdio, obviamente, j havia se tornadouma realidade na primeira dcada do sculo XX com a transmissosem fios efetuada por Guglielmo Marconi e o desenvolvimento dotubo a vcuo por John Fleming e Lee De Forest. O tubo de raios catdicos utilizado na produo de raios X para fins medicinais foi outro elemento essencial para a tecnologia da TV.Em 1906, Karl Braun descobriu que, quando um campo magnticoera introduzido num tubo de raios catdicos, havia uma variaono curso do feixe de eltrons. Um ano mais tarde, AlanCampbell Swinton sustentou a idia de que esse tipo de tubo deraios catdicos poderia ser utilizado como um dispositivo receptorde imagens. O cientista russo Bris Rosing logo desenvolveu e patenteouesse tubo de raios catdicos. Enquanto estudava sob orientaode Rosing, Vladimir K. Zworykin trabalhava na combinaoda tecnologia de tubos a vcuo com o novo receptor de tubos catdicosno intuito de desenvolver um sistema prtico de TVPouco depois do trmino da Primeira Guerra Mundial,Zworykin imigrou para os Estados Unidos, uma mudana que redundouno aperfeioamento da TV moderna. Zworykin previue construiu o que ele chamou de "iconoscopio", um tubo de transmissoque utilizava eltrons para varrer uma imagem e fragment-la em uma srie de sinais eletrnicos. A imagem era ento focadaem uma placa o "mosaico" que estava revestida de glbulos deum material sensvel luz. Quando um feixe de eltrons era direcionado placa, podia se perceber uma corrente eltrica proporcional quantidade de luz que incidia sobre ela.Em seguida, o cientista russo trabalhou no desenvolvimentodo aparelho receptor, batizado por ele de "cinescpio", adaptandoa palavra grega kinema (movimento). Coincidentemente, a palavra"televiso" uma combinao da palavra grega tele (a distncia)com o termo em latim video (ver). O tubo de recepo de Zworykin que essencialmente revertia o processo do iconoscopio foicombinado ao cinescopio e levado exibio pblica em 1929.Durante o mesmo perodo, um jovem cientista chamado PhiloT. Farnsworth, de Idaho, nos Estados Unidos, criou um sistema deTV anlogo ao de Zworykin. O "dissecador de imagens" era basicamentesemelhante ao iconoscopio, mas o feixe de eltrons passavapor uma pequena abertura antes de ser transmitido. Farnsworthrecebeu posteriormente diversos registros de patente em tecnologiade TV e, com a Philco Corporation, tornou-se um dos pioneiros naproduo de receptores de TV.Enquanto isso, Zworykin comeou a trabalhar para o magnataDavid Sarnoff na Radio Corporation of America. Sarnoff foi um dosprimeiros homens de negcio a ver o potencial da TV.Um marco no desenvolvimento da TV foi o ano de 1939. Umaprogramao regular de transmisses foi iniciada pela NBC naqueleano, captada por cerca de 1.000 receptores instalados em hotis,bares e vitrines de lojas. Em 1940, a primeira transmisso "em rede"aconteceu quando um programa gerado pela NBC na cidade deNova York foi retransmitido por uma estao em Schenectady, tambmno mesmo Estado.Apesar de muita tecnologia associada TV ter sido adaptadaa partir dos esforos de guerra, como no desenvolvimento do radare de outros equipamentos de deteco, a TV propriamente ditano teve papel de destaque na Segunda Guerra Mundial. Mas, nofinal da guerra, Sarnoff ento general-de-brigada e outrosempresrios da TV estavam ansiosos por retomar o que eles tinhamabandonado em 1941. Mas precisavam ser auxiliados porcontribuies tecnolgicas significativas por parte de Zworykin esua equipe.Apesar de o iconoscpio de Zworykin ter conferido pratici-( l . u l c televiso, ele no a tornou perfeita. O "ike" como era conhecidapopularmente a TV por aqueles que trabalhavam nela pi i idzia imagens claras e distintas, mas no era sensvel luz. Sob a. laridade solar, tudo corria bem, mas em estdio era necessria umaquantidade gigantesca de luz mais do que a utilizada pela industriacinematogrfica. Os nveis de aquecimento atingiam 38C,e os atores e atrizes necessitavam de muita maquiagem, especialme n t e sombra de olhos e batom, para compensar a iluminaoofuscante proporcionada pelas antigas lmpadas. Zworykin e suaequipe vieram socorrer!Primeiramente, eles obtiveram um ganho por "emisso secundria"com o objetivo de aumentar a sensibilidade em cerca de10%. Eles tambm aperfeioaram o circuito de varredura em "baixavelocidade" e outras inovaes que resultaram num novo "rticonde imagem", um tubo sensvel a imagens iluminadas pela luz de umavela! Esse novo tubo ficou pronto em 1945 e se tornou o tubo decmera padro para preto-e-branco.A NBC voltou ao ar no final de 1945 e exibia filmes sobre arendio japonesa. Outras, como a CBS e a nova rede Dumont,tambm voltaram a ter transmisses regulares entre o final de 1945e o incio de 1946. Por volta de 1948,36 estaes estavam no ar nosEstados Unidos com cerca de um milho de aparelhos instaladosnos lares e lugares pblicos.A TV em cores se tornou uma realidade em 1953, com oprimeiro aparelho colocado venda em 1954. Cada aparelho comtela pequena custava 1.000 dlares, mas, na virada do sculo XXI, aTV em cores deixou de ter a mesma importncia.A tecnologia da TV continua a evoluir juntamente com conexescom novas tecnologias de mdia, como o DVD e a internet.Mas impossvel prever o quanto a TV aumentar sua importnciaem nossas vidas e nas das futuras geraes.Guglielmo Marconi, inventor do rdio. Coleo de Imagens daBiblioteca Pblica de Nova YorkDo mesmo modo que uma grande quantidade de invenes, o rdiodependeu, para sua criao, de duas outras: o telgrafo e o telefone.E, do mesmo modo que outros inventos, envolveu um nmero razovelde pessoas.No centro do surgimento do rdio est Guglielmo Marconi,um fsico italiano que utilizou as idias de outros e as reuniu em seuprimeiro "radiotelgrafo". Antes de Marconi, James Maxwell, umfsico escocs, foi quem primeiro postulou, nos anos 1860, que erapossvel enviar radiaes eletromagnticas atravs do que at entoera conhecido como "ter". Heinrich Hertz, tambm fsico, conseguiudemonstrar, cerca de 20 anos depois de Maxwell, que tais radiaesrealmente existiam e chamou-as de "ondas hertzianas". Foiento que, em 1894, Sir Oliver Lodge, um cientista ingls, enviouO RADIOum sinal semelhante ao cdigo Morse a uma distncia de 8 0 0 menus.Infelizmente, tanto Hertz quanto Lodge consideraram as ondasde rdio apenas uma excentricidade cientfica, sem qualqueraplicao prtica.Obviamente, o julgamento deles no foi compartilhado portodos. Um cientista russo chamado Alexander Stepanovich Popovpressentiu algumas aplicaes prticas, incluindo a emisso e recepode sinais a quilmetros de distncia, algo extremamente eficientepara a comunicao com barcos. Na Rssia, Popov aclamado comoo inventor do rdio.Em 1895, Popov construiu um receptor que detectava ondaseletromagnticas na atmosfera e afirmou que tal receptor seria umdia capaz de captar sinais. Em 1896, ele demonstrou que isso poderiaser feito em uma experincia realizada na ento chamada Universidadede So Petersburgo.Enquanto Popov trabalhava na Rssia, Marconi trabalhava naItlia. De fato, Marconi estava realizando uma srie de experinciasnuma propriedade de sua famlia em Bolonha; uma delas consistiaem impulsionar a energia de um sinal para envi-lo para o ladooposto de uma colina. Ele obteve sucesso quando ligou uma extremidadede seu transmissor a um longo fio que, por sua vez, estavafixado ao topo de um poste.Apesar do sucesso inicial, as autoridades italianas no estavaminteressadas em seu trabalho e Marconi mudou-se para Londres. L,ele continuou as experincias, diminuindo e aperfeioando o feixe direcionalde ondas de rdio que estava tentando enviar. Com o auxliode um primo da Irlanda, Marconi solicitou e recebeu um registro depatente por seu aparelho. A empresa de Correios da Gr-Bretanha,reconhecendo as possibilidades do invento, incentivou-o a increment-lo.A inveno evoluiu gradualmente, ficando cada vez mais potente,at o ponto em que Marconi pde enviar o feixe de ondas derdio a uma distncia de mais de 14 quilmetros atravs do Canal daMancha. Encorajado pelo sucesso, Marconi e seu primo fundaram aWireless Telegraph and Signal Company. Em 1899, ele estabeleceuuma estao "radiotelegrfica" na Inglaterra para se comunicar comoutra estao na Frana, que estava a 5 0 quilmetros de distncia.Alguns cientistas, sem dar muita importncia ao fato, afirmaramque qualquer tentativa de transmitir o sinal a uma distncia maiorseria impossvel. Em 1 9 0 1 , a teoria cientfica vigente sustentava queera impossvel o envio de um sinal de rdio a uma distncia muitogrande por causa da curvatura da Terra. Assim como a luz, as ondaseletromagnticas se deslocavam em linha reta, o que tornava impossvelque acompanhassem sua curvatura.No dia 11 de dezembro daquele ano, Marconi preparou um testeno qual um sinal seria enviado por 3 . 2 0 0 quilmetros, partindo dePoldhu, cidade no condado ingls da Cornulia, em direo a St.John's, na provncia canadense de Newfoundland. Ele emitiu a letras,o sinal foi receptado e o mundo inteiro logo tomou conhecimento.Havia um certo mistrio a respeito de como exatamente eleconseguiu essa proeza. Para o teste, Marconi havia substitudo o fioreceptor normalmente utilizado por um aparelho chamado de "coherer",um tubo repleto com limalha de ferro, capaz de conduzirondas de rdio. Ningum, na poca, sabia explicar como o aparelhofuncionava, mas muitos acreditavam que havia alguma relao coma "ionosfera", que refletia os raios eletromagnticos. Entretanto,em 1924, o mistrio foi elucidado: havia uma camada eletrificadana poro mais alta da atmosfera capaz de refletir tal radiao, quepodia ricochetear nessa camada e atingir o seu destino.Aps seu sucesso cientfico, Marconi decidiu se dedicar ampliaode seus negcios. Em 1909, ele recebeu o Prmio Nobel deFsica juntamente com o fsico alemo Karl Braun, um pioneiro dordio que obteve maior reconhecimento pelo desenvolvimento doosciloscpio de raios catdicos, componente essencial da televiso.A declarao oficial que conferiu o Nobel a Marconi mencionaque a sua inveno estava sendo usada em navios de guerra das marinhasbritnica e indiana e em 298 navios da marinha mercante britnica.Uma srie de acontecimentos continuou a espalhar os feitosdo rdio pelo mundo; entre os mais reconhecidos est a captura dofamoso assassino Hawley H. Crippen e de sua amante aps o capitode um barco onde eles se encontravam ter sido alertado da presenados fugitivos pelo rdio. Outra demonstrao de sua importnciapde ser verificada quando do naufrgio do Titanic, em 1912.O rdio se tornou, obviamente, uma das mais importantes invenesda Histria e certamente merece estar includo entre as 10mais importantes em nossa lista das 100 maiores invenes.Por volta do ano 900 d.C, alquimistas chineses tiveram uma grandesurpresa quando atearam fogo a uma mistura de nitrato de potssio,carvo vegetal e enxofre. O resultado foi um cheiro horrvel, umestrondo enorme, uma nuvem de fumaa branca e uma rpida epoderosa expanso de gases quentes. Descobriu-se rapidamenteque, se o p tivesse contato com o fogo em um recipiente, essesgases poderiam impulsionar um objeto com uma fora considervelpara fora da abertura do recipiente e arremess-lo a uma certadistncia. Os chineses colocaram a descoberta em prtica na formade "fogos de artifcio" e para a sinalizao.Mas somente os europeus conseguiram vislumbrar o potencialpoder letal da plvora, na forma de canhes de stio e bombas disparadaspor meios mecnicos, apesar de toda essa evoluo no lersido feita do dia para a noite, j que muitos sculos se passaram atque os mecanismos fossem aperfeioados. Na realidade, a plvorano entrou em cena na Europa antes do sculo XIII.Qualquer forma de manuseio da plvora pode ser, obviamente,problemtica. Enquanto o p negro era relativamente seguro, triturao manual e a manipulao dos elementos envolviamriscos. Essa mistura seca, chamada de "serpentina", possua umagama de reaes imprevisveis que variavam de uma leve crepitaoat a detonao espontnea. Alm disso, a mistura podia se dissociardurante o transporte, e ocorria um assentamento dos ingredientesde acordo com a densidade: o enxofre no fundo, seguido pelonitrato de potssio, e, no topo, o mais leve dos elementos, o carvovegetal. Isso exigia que os ingredientes fossem misturados novamenteno campo de batalha, o que era bastante perigoso, porqueproduzia uma nuvem de fumaa txica e muitas vezes explosiva.Por volta do sculo XV, os ingredientes bsicos estavam determinados,mas no havia sido estabelecida a correta proporo doscomponentes para que a plvora fosse eficiente como explosivo epara armas. Misturas e materiais diferentes foram testados. Sem osrecursos da cincia moderna, quase todo o aperfeioamento erabaseado em observaes relatadas por artilheiros no campo debatalha. Mas alguns desses artilheiros foram surpreendentementeprecisos em sua sagacidade emprica, mesmo se pensarmos que suasteorias empricas foram utilizadas durante sculos sem que houvessebase cientfica.Havia uma teoria segundo a qual grnulos maiores queimavammais lentamente e, conseqentemente, permitiam uma reao decombusto mais longa. Isso era verdade, porque, quimicamente, aplvora um agente de combusto de superfcie. Quanto maior a reade superfcie, maior o tempo de queima. Isso era particularmente tilde se saber para o canho, cujo objetivo era arremessar um projtil degrandes propores sem que o prprio canho explodisse. Portanto,quanto maiores fossem os grnulos da plvora, mais lenta seria a liberaodos gases. Aumentar gradualmente a presso atrs do projtiliria melhorar a capacidade de arremess-los.Uma vez que as propores corretas haviam sido determinadas,muito pouco mudou na plvora, exceto a maneira de confecCon-la. O que inicialmente era triturado mo com um pilopassou a ser modo por uma pedra de moinho impulsionada pelagua. O fato de moer os ingredientes, transformando-os em umamassa mida, no somente auxiliou a tornar o processo menos explosivo,como tambm deu mistura uma maior estabilidade e uniformidade.A massa, ou "pasta", era posteriormente laminada eposta para secar, e em seguida quebrada em grnulos de diversostamanhos com um "britador" semelhante a um martelo. Essesgrnulos eram ento remexidos e peneirados para separ-los deacordo com o tamanho, variando do p a pedaos do tamanhode um gro de milho. Os pedaos menores, muito pequenos paraserem usados, eram novamente jogados pasta inicial para seremreutilizados.Esse processo permitia ao usurio selecionar os tamanhos degrnulos que melhor funcionassem. Os pedaos maiores, como jmencionamos, eram ideais para expandir os gases de maneiraintensa, de modo que pudessem impulsionar a bala de dentro docanho. Os grnulos de tamanho mdio eram ideais para os armamentosde tamanho mdio, como mosquetes e canhes de mo, ea plvora mais fina era utilizada em pistolas, que possuam projteismenores e mais leves e um alcance menor.Tudo isso precisava ser executado com extremo cuidado. Com otempo, a compreenso e a produo da plvora foram se aprimorando,o que a tornou mais potente, e, se a fora utilizada fosse demasiada,corria-se o risco de que a arma fosse pelos ares na exploso.Os ingredientes continuavam sendo aprimorados. Progressosna obteno de carvo vegetal mais puro foram cruciais, assim comoa descoberta de que diferentes tipos de madeira usados na confecodo carvo produziam diferentes quantidades de gases e,conseqentemente, eram utilizados para diferentes propsitos. Ocarvo extrado do salgueiro, por exemplo, produz uma quantidademenor do que o carvo obtido do pinheiro ou castanheiro e consideravelmentemenor do que o obtido do corniso. Assim sendo, ocarvo de salgueiro era utilizado na mistura de plvora para oscanhes, cuja expanso lenta dos gases era a mais apropriada, aocontrrio da expanso rpida proporcionada pelo corniso, maisindicada para as armas menores.Por fim, quando os aperfeioamentos atingiram seu pontomximo e foram submetidos a uma completa avaliao cientfica, aplvora estava sendo substituda por propulsores base de nitrocelulose,mais conhecidos como "plvora sem fumaa" ou "algodo-plvora". Alm da evidente vantagem de no revelarem aposio do atirador, j que a exploso da plvora produzia umalonga, nuvem de fumaa, os explosivos base vegetal eram muitomais estveis para o armazenamento e forneciam um melhor controleda taxa de combusto. De modo geral, apesar dos aprimoramentosmodernos, a plvora jamais poderia evoluir pelo fato deproduzir 4 0% de gs propulsor e 6 0% de resduos slidos expelidospelos canos das armas, dificultando sua limpeza e manuteno e astornando propensas a explodir.A plvora evidentemente levou a humanidade a mtodos maismodernos de destruio e tambm disparou sem trocadilhos ointeresse pela qumica. Mas a ironia que nos dias de hoje completoutodo o seu ciclo e usada quase que exclusivamente como oschineses a usavam: nos fogos de artifcio e para sinalizao.Computador de mesa do final do sculo XX.O COMPUTADOR DE MESAOs computadores de mesa de hoje esto geralmente associados a adjetivosusados no marketing referente a mquinas "design arrojado","moderno" e de "alta tecnologia" e operados por infomanacos ougenios, como Bill Gates, da Microsoft, ou Steve Jobs, da Apple. Diferentementedo que se possa supor, o computador de mesa simplesmenteo ltimo passo de uma longa evoluo. A maioria das pessoassimplesmente associa os computadores mais antigos s mquinas deaparncia industrial que atulhavam as salas e efetuavam clculos lentamentenas dcadas de 1940 e 1950. Com o passar do tempo, essasmquinas ficaram cada vez menores e mais rpidas em seus clculos,at que o computador de mesa surgiu no incio dos anos 1980.Existem dois tipos b s i c o s de computador. O primeiro ocomputador analgico. Computadores analgicos efetuam clculosbaseados em quantidades que variam continuamente, como a temperatura,a velocidade e o peso. Em vez de efetuarem um clculoaritmtico, os computadores analgicos "computam" uma coisaatravs da mensurao de outra.O desenvolvimento do primeiro computador moderno creditadoa Vannevar Bush, engenheiro eltrico do MIT (Instituto deTecnologia de Massachusetts), na dcada de 1930. O computadoratendia quilo de que ele e sua equipe precisavam: uma maneira dereduzir o tempo gasto na tarefa de resolver equaes matemticasque, por sua vez, auxiliariam na soluo de problemas de engenharia.O que eles procuravam era a automao do processo desoluo de problemas. Finalmente, em 1936 eles criaram o "analisadordiferencial".O computador pesava 100 toneladas, possua 150 motores ecentenas de metros de fio. Isso significava trabalho e equipamentodemais para o que havia sido idealizado. Estimava-se que a mquinatrabalhava a uma velocidade 100 vezes superior de algum utilizandouma calculadora. Apesar de terem obtido um sucesso considervelpara a poca, em meados da dcada de 1950 muitas dastarefas mais complexas executadas pelos computadores analgicosestavam sendo realizadas com maior rapidez e preciso por computadoresdigitais. Mesmo assim, computadores analgicos ainda soutilizados para clculos cientficos e navegao de espaonaves,entre outras coisas.O segundo tipo de computador o j mencionado computadordigital. Ele programvel e processa nmeros e palavras de maneiraprecisa e em altssima velocidade. E importante assinalar queo computador digital foi desenvolvido por motivos idnticos aos doanalgico: a interminvel busca por aparelhos que amenizassem osesforos na execuo de tarefas. Apesar de existirem registros dedispositivos de clculo to antigos quanto o baco, do sculo V a.C,e as pedras utilizadas para clculos pelos mercadores em Roma,nenhum desses equipamentos primitivos era automtico.Somente com o advento da Revoluo Industrial, no incio dosculo XIX, surgiu a necessidade de uma mquina que executasseclculos sem cometer erros. Isso se deveu ao fato de que a revoluo -i tecnologia comeara .1 automatizar tarefas que nos sculos anterioreseram executadas por pessoas. Estas so geralmente muitolentas e passveis de erro.Uma pessoa que no aceitava erros era Charles Babbage, umjovem e brilhante matemtico ingls. Em 1822, Babbage produziuum pequeno modelo de sua "mquina diferencial". Esta adicionavae imprimia tabelas matemticas medida que um usurio acionavauma alavanca na parte superior dela.O aparelho nunca chegou a ter grande produo, mas poucodepois Babbage j havia desenvolvido sua "mquina analtica", umamquina automatizada e programvel que realizava uma srie defunes matemticas. Vinte anos mais tarde, essa tecnologia auxiliouo governo dos Estados Unidos a completar os dados do sensopopulacional. A evoluo do computador digital est intimamenteassociada Segunda Guerra Mundial e foi o advento do computador,aliado habilidade de seus usurios, que mudou o destinoda guerra. O Colossus foi um computador desenvolvido pelos britnicoscom a finalidade especfica de decifrar os cdigos alemes.A primeira calculadora "programvel" a ser amplamente conhecidasurgiu em janeiro de 1943 , media um metro e meio, pesavacinco toneladas e possua 750 mil partes. A mquina, conhecidacomo Harvard Mark I, havia sido desenvolvida por Howard H.Aiken e sua equipe na Universidade de Harvard com apoio financeiroda IBM. Ela podia efetuar adies e multiplicaes, masnuma velocidade considerada relativamente lenta para os padresatuais.A caracterstica mais importante daquilo que as pessoas poderiamchamar verdadeiramente de computador era a capacidadede armazenar um programa. O primeiro computador a armazenarum programa operacional completo foi exibido na Universidade deCambridge em maio de 1949.O primeiro computador comercial dos Estados Unidos surgiuem maro de 1951, possua 1.000 palavras de 12 dgitos em suamemria e podia efetuar 8.333 adies e 555 multiplicaes porsegundo. A mquina possua cinco mil tubos e ocupava mais de 60metros quadrados, espao consideravelmente menor ao ocupadopor modelos anteriores. O escritrio de Censo Demogrfico dogoverno americano foi quem primeiro comprou o computador.Os primeiros computadores da IBM foram produzidos em Poughkeepsie, Estado de Nova York. A primeira encomenda foi entregueem maro de 1953. Um total de 19 computadores foi vendido, cadaum deles com capacidade de efetuar 2.200 multiplicaes por segundo.O resto, como se costuma dizer, histria. Os computadoresde mesa hoje so mais rpidos, menores, possuem maior memria etm a capacidade de efetuar muito mais funes que seus predecessores tudo isso graas inveno do microchip.Os computadores desempenham um papel crucial em todas asreas da vida moderna e iro assumir uma importncia cada vezmaior na maneira como vivemos e interagimos. Esse potencial deinterao evoluiu com o crescimento da internet, onde muitas pessoasesto conectadas a outras ao redor do mundo.Samuel F. B. Morse, inventor do telgrafo. Coleo de Imagens daBiblioteca Pblica de Nova YorkUm dos fatos mais interessantes na histria da inveno do telgrafofoi que seu inventor, Samuel F. B. Morse, comeou a vida comoartista, mais especificamente como retratista. Normalmente, as pessoasque so criativas nas cincias humanas no se envolvem em atividadesque tenham a ver com mecnica, mas sempre existiramexcees a essa "regra". Na verdade, o primeiro exemplo seriaLeonardo da Vinci.Aps se formar na Universidade de Yale, em 1810, Morseembarcou para a Inglaterra com o intuito de estudar arte. E foi o querealmente fez, retornando aos Estados Unidos em 1813 e se aprimorandogradualmente at se tornar um dos melhores retratistas daAmrica. Ele retratou diversas personalidades da poca, incluindoO TELGRAFOoutro inventor, Eli Whilney, que inventou a mquina descaroadora de algodo.Morse sempre teve interesse pela cincia. Um dia, em 1832, aoretornar de uma de suas viagens Europa, ele escutou por acasoalgo que estimulou sua imaginao. A conversa era sobre a invenodo eletromagneto, por Joseph Henry, um aparelho que, conformeMorse saberia mais tarde, era capaz de emitir um impulso atravs deum fio. Na verdade, Morse soube que, em 1831, Henry havia enviadoum impulso atravs de um fio com mais de 1.600 metros deextenso. Um impulso eltrico, gerado por uma bateria, percorreuum fio e, ao chegar outra ponta, fez com que um sino, acoplado aum ponto magntico, tocasse.A idia de Morse era criar um sistema de comunicao utilizandouma linguagem baseada em impulsos eltricos. Apegando-sea tal idia, ele comeou a criar uma srie de transmissores e receptoresmagnticos e, trs anos aps ter escutado a conversa nonavio, Morse j estava preparado para testar os prottipos. Prendendo-se cada vez mais s suas criaes mecnicas, em 1837 eleabandonou completamente a arte e um ano mais tarde desenvolveuuma srie de pontos e traos que viriam a ser conhecidos como"cdigo Morse".O problema para Morse, ento, passou a ser testar sua invenoem grande escala. Para tanto, ele trabalhou duro no intuitode persuadir o Congresso dos Estados Unidos a patrocinar seuprojeto. A princpio ele no foi bem-sucedido em seus esforos paraconvencer o Congresso, mas posteriormente Morse persuadiu oscongressistas e foi estendida uma linha percorrendo os quase 60quilmetros que separam Baltimore de Washington. Os expectadores,com a respirao suspensa, assistiram a um operador telegrafara mensagem que seria recebida na outra ponta da linha:"O que Deus fez?"Apesar de o teste ter sido bem-sucedido, fazer com que as pessoasaceitassem o telgrafo no foi uma tarefa simples. Muitas delas assustadas com a idia de que uma corrente eltrica estaria percorrendoa Terra e preocupadas com a sua prpria segurana seopuseram inveno.At mesmo Morse enfrentava problemas com relao ao registroda patente como muitos outros inventores tiveram e foiprocessado diversas vezes por muitas pessoas que aspiravam a terdireitos pelas patentes dele. Finalmente, o litgio definitivo chegou Suprema Corte americana. Em 1854, a Corte decidiu a favor deMorse.Ironicamente, o nico homem que no processou Morse foijustamente aquele que poderia reivindicar algo: Joseph Henry. FoiHenry quem inventou o sistema de rels que permitiu que o sinal telegrficofosse ampliado e pudesse ser receptado em seu destino,mas Morse nunca reconheceu isso. Na realidade, assim como algunsoutros inventores, ele nunca reconheceu o auxlio de algum.O problema acabou finalmente sendo resolvido. As pessoas,enfim, aceitaram o telgrafo, que viria a desempenhar um papelfundamental no desenvolvimento do Oeste americano, juntamentecom outras invenes que dependiam da eletricidade.Mas, a princpio, o telgrafo tambm apresentou problemas.Originalmente, os pontos e traos eram transmitidos por um operador,variando o tempo em que ele (ou ela) pressionava a tecla deenvio. Acontece que muitos operadores achavam que estabelecercom preciso o tempo de envio do sinal era muito difcil. Para resolveresse problema, Morse inventou um dispositivo que consistiaessencialmente em faixas de metal fixadas em uma lmina no condutora,que, por sua vez, era conectada a uma lmina de metal posicionadasob a primeira. Tudo que o operador tinha que fazer eramover a haste contra a lmina de metal, e o movimento ocorria automaticamenteno tempo necessrio para produzir o ponto ou traoconforme desejado.Com o passar dos anos, o aparelho de recepo tambm foi redesenhado.Primeiro, havia um rolo de papel contnuo e um instrumentopontiagudo que perfurava o cdigo, e ento um dispositivousando tinta tomou seu lugar. Por volta de meados da dcada de1850, descobriu-se que os operadores eram capazes de escrever ocdigo se algum tipo de "sonorizador" fosse utilizado. O sonorizadorpassou a ser adotado e seu som caracterstico se tornoufamoso em muitas cenas de filme em que a vida estava por um fio.Morse morreu aos 81 anos, em 1872. Sua inveno o tornourico e ele se tornou um filantropo, contribuindo para organizaesmissionrias e de assistncia a dependentes do lcool, assim comopara escolas.Muitas invenes e progressos so facas de dois gumes, tanto beneficiandoquanto ameaando a humanidade. O motor de combustointerna pode ser colocado nessa categoria. Ele aumentou a poluioe acelerou o aquecimento global. Mas, sem ele, as pessoas no teriamchances de apreciar o ar livre e as auto-estradas. Fazendeiros etrabalhadores no teriam acesso a dias de trabalho menores e maisfceis, e a vasta disponibilidade de energia eltrica para iluminaoe utilizao domstica levaria algumas dcadas a mais para ser implementada.O motor de combusto interna foi a fora motriz doprogresso no sculo XX e ainda est a nosso servio.Os motores a vapor, que utilizavam gua aquecida, inicialmentepor lenha e posteriormente por carvo, evoluram lentamente nodecorrer do milnio. Entretanto, eles possuam uma srie de desvantagensque limitavam a sua aplicao. Os motores a vapor eramgrandes e pesados. Eles no podiam ser iniciados e parados rpida efacilmente. E e este o ponto principal eram perigosos, comexploses de caldeiras e queimaduras causadas pelo vapor ocorrendocom muita freqncia.O motor de combusto interna solucionou essas limitaes. Noprocesso da combusto interna, um pisto se move em um cilindrono qual uma mistura de ar e combustvel comprimida e submetidaa uma centelha. A exploso fora o pisto a se mover, conseqentementegerando fora mecnica. Caldeiras externas, vlvulasde segurana, longas correias e acoplamentos estavam descartados.O MOTOR COMBUSTO INTERNAA expanso dos gases est em grande medida contida, resultandonuma eficincia maior do que na energia gerada pelo vapor. Assim,motores de potncia consideravelmente elevada, como os de 10 a 100cavalos de potncia, poderiam ser construdos pesando menos de umquarto de tonelada. Essa caracterstica se tornou essencial quandomotores mais leves foram necessrios para prover energia para automveise avies.As experincias com os princpios de combusto interna foraminiciadas muito antes da "era do vapor". Jean de Hauteville utilizouos gases expelidos pela ignio da plvora para operar um pequenomas pouco prtico motor. O clebre engenheiro holandsChristiaan Huygens e Denis Papin, francs, tambm conduziram experinciascom motores a plvora na ltima dcada do sculo XVII.Um sculo se passou antes que o motor voltasse a ser levado emconsiderao para um eventual desenvolvimento e aplicao prtica.Por volta de 1790, outros combustveis possveis gases explosivos,lcool e, posteriormente, destilados de petrleo estavamdisponveis no lugar da plvora. Em 1794, Robert Street teve apatente britnica reconhecida para aquele que pode ser chamado deo primeiro motor de combusto interna. Ele consistia num cilindrocom um pisto conectado a um brao de articulao que operavauma bomba-d'gua simples. O cilindro envolvido em um tubo deresfriamento com gua estendia-se at um forno que o aqueciaat atingir a temperatura na qual uma mistura de ar e combustvellquido entrava em ignio. O combustvel entrava no cilindro pelafora da gravidade e o ar tinha que ser bombeado mo enquanto omotor estava girando, mas o que importa que funcionava. Poucodepois, inventores e engenheiros decidiram aperfeioar o projetode Street.Rapidamente, comearam a surgir propostas de se comprimiro espao do cilindro acima do pisto antes da ignio do combustvel,aumentando dessa forma a potncia na "descida", assim comose passou a utilizar uma mistura de hidrognio e ar como combustvel.Em 1823, Samuel Brown comeou a construir e comercializarmotores a gs na Inglaterra. Em 1824, o engenheiro francsNicolas Carnot publicou o tratado "Reflexes sobre a Fora Motrizdo Calor", que reunia grande parte daquilo que se tornaria ateoria bsica do projeto do motor de combusto interna moderno.( uiiot, no entanto, era um terico e na realidade no construiumotores.Um progresso significativo foi obtido por William Barnett, nofinal da dcada de 1830. Ele colocou em prtica o princpio de compresso,proposto na primeira dcada do sculo XIX, e patenteou omotor em 1838. Barnett tambm construiu o primeiro motor dedois tempos usando uma bomba externa de ar e combustvel. Omotor de dois tempos combinava os ciclos de influxo/ignio e depotncia/exausto do motor de "quatro tempos" e encontrou vastaaplicao no desenvolvimento posterior do motor a diesel e de gasolina"de uso geral". Alm disso, Barnett um pioneiro poucomencionado deixou um sistema de ignio "chama piloto", quese tornou um mtodo popular para a ignio de combustvel at quea vela de ignio fosse inventada.Os inventores trabalharam e refinaram os projetos baseadosnos motores acima descritos ao longo das dcadas de 1840 e 1850.Em 1860, o francs Etienne Lenoir construiu e comercializou comsucesso um motor que combinava alguns elementos da tecnologiade motores a vapor utilizando vlvulas tubulares deslizantes parainfluxo e exausto com gs para iluminao como combustvel.Apesar de o motor desperdiar muito do combustvel e de no sermuito potente, vrias centenas dele foram vendidas.Uma teoria importante foi tambm disseminada na dcada de1860 pelo trabalho de Alphonse Beau de Rochas, que delineou diversasmodificaes para o aprimoramento dos motores de combustointerna em um ensaio publicado em 1862. Ele verificou queo aumento da potncia e a eficincia do motor dependeriam da obtenodo mximo volume do cilindro com o mnimo de superfciede resfriamento, a mxima rapidez e relao dos gases carburantese a presso mxima (compresso) do combustvel. Eletambm detalhou qual seria a seqncia padro da operao domotor de quatro tempos: induo, compresso, ignio e exausto.Beau de Rochas, do mesmo modo que o mencionado Carnot,era estritamente terico, no um construtor. Nikolaus Otto, noentanto, era um construtor e colocou os princpios de Beau deRochas em produo e vendeu o primeiro motor de combusto internamoderno.Otto comeou a produzir motores em 1867 com a firma (>ttounc Langen na Alemanha. Seus primeiros produtos eram variaesde um projeto de "pisto livre" copiado do motor a vapor. Essemotor utilizava ignio eltrica e um sistema de transmisso de engrenagemde cremalheira: era barulhento e tinha pouca potncia,mas era um avano em relao ao motor do tipo Lenoir.Em 1876, Otto aperfeioou o projeto de seus primeiros motorese produziu um motor de quatro tempos, que em sua essnciaainda amplamente utilizado at hoje. Otto obteve a patente americanaem 1877 e comeou a comercializar seus motores nos EstadosUnidos no ano seguinte. A Otto und Langen chegou marca de 50mil motores com 200 mil cavalos de potncia total por volta doincio da dcada de 1890.Outros desenvolvimentos paralelos estavam ocorrendo nomesmo perodo, mas sua aplicao s foi alcanada no decorrer dosculo XX. Em 1873, George Brayton inventou um motor de doistempos que aplicava a presso constante de combustvel, um precursordo motor turbo. Em 1895, Rudolph Diesel comeou atrabalhar num motor de "ignio por compresso" no qual o calorgerado pelo ar comprimido no cilindro queimava o combustvelsem o uso de velas.Os anos imediatamente anteriores e posteriores virada dosculo X X levaram o motor de combusto interna a uma aplicaocada vez maior, fazendo com que se equivalesse e posteriormenteultrapassasse o motor a vapor. Charles Duryea adotou o motor agasolina em sua "carruagem sem cavalos", enquanto os irmosWright foram os primeiros a voar utilizando um motor leve, especialmenteprojetado, movido a gasolina. Fazendeiros rapidamenteaposentaram suas mulas e cavalos e montaram em seus John Deeree outras marcas de tratores que surgiram. Henry Ford colocou aAmrica sobre rodas impulsionadas por um motor de combustointerna.Foram adicionados cilindros dois, quatro, seis, oito e mais e vimos o surgimento de aparelhos para limitar a poluio ediminuir o consumo de combustvel, mas o motor de combustointerna continua muito similar ao padro desenvolvido por Otto nadcada de 1870.Colocamos .1 energia nuclear em uso em um sem-nmero deaplicaes, como a gerao de energia eltrica, mas o motor de combustointerna ainda no pde ser substitudo pela eletricidade ou(lutra fonte de energia at agora desconhecida. Para o bem ou para oA CANETA/O LPISNingum sabe precisar quando o primeiro instrumento de escrita foiinventado, mas podemos afirmar que ele nos tem acompanhadoj faz muito tempo. Por este motivo, uma descoberta em Borrowdale,na Inglaterra, em 1564, fez com que a cidade se tornasse o local denascimento do lpis moderno. Segundo consta, um transeunte desconhecidoencontrou pedaos de uma substncia negra e brilhantegrudados s razes de uma rvore cada e o material podia serusado para escrever e desenhar. A descoberta causou certa excitao,e a substncia, uma forma de carbono, ficou conhecida como"grafita".Fazer com que a grafita pudesse ser til se mostrou um grandeproblema, dada a sua natureza macia e frgil. Era necessrio algopara envolv-la. A princpio, varetas de grafita eram envolvidas porum barbante. Posteriormente, a grafita era inserida entre duasvaretas cncavas de madeira. Apesar de laborioso, o mtodo semostrou produtivo e surgiu o lpis com um invlucro de madeira.O primeiro processo de patente para a fabricao de lpis foiapresentado em 1795 pelo qumico francs Nicolas Conte. Suapatente mencionava o uso de uma mistura de grafita e argila que eraqueimada antes de ser inserida num invlucro de madeira. Os maisantigos lpis produzidos por esse mtodo eram cilndricos e comuma ranhura. Depois que a mistura de grafita e argila era inserida naranhura, uma tira fina de madeira era colocada justaposta a ela.Importante no processo criado por Conte era a sua capacidadede criar uma variedade de grafitas macias ou duras, dependendo decomo ele calcinava a grafita em p. Isso era essencial para artistas,principalmente desenhistas, e escritores.Apesar de a primeira produo em alta escala de lpis ter sidofeita na Europa e comercializada nos Estados Unidos, a guerra nocontinente europeu suspendeu as exportaes, e a Amrica teve queprojetar seus prprios lpis. D e s s e modo, William Monroe, ummarceneiro de Concord, no Estado de Massachusetts, produziu oprimeiro lpis de madeira americano em 1812. Aparentemente, seuproduto estava correto. Ele aprendeu com os pioneiros que haviamcomercializado o lpis com sucesso, mesmo quando a maioria dosinstrumentos era importada. Por exemplo, Benjamin Franklin fezanncios de venda de lpis em sua Pennsylvania Gazette, em 1729, eGeorge Washington fez um levantamento topogrfico do territriode Ohio com um lpis em 1762.Quando os lpis passaram a ser produzidos em larga escala,no eram pintados, a fim de que se pudesse constatar a qualidade damadeira utilizada. Os primeiros lpis eram confeccionados comcedro vermelho do Leste, uma rvore robusta e resistente encontradano Sudeste dos Estados Unidos, especialmente no Leste doTennessee.Atualmente milhes de lpis so produzidos anualmente. Elesso confeccionados em quase todas as cores e graus de dureza oumaciez possveis e so projetados de tal modo que possam escreverem praticamente qualquer superfcie e ter as mais variadas utilizaes.Certamente uma ferramenta indispensvel para comerciantes,artistas e escritores.A caneta tambm possui uma histria interessante. O primeirosistema de papel e caneta remonta ao Egito antigo. Os escribas dosfaras e sumos sacerdotes utilizavam junco com as extremidadesmascadas, formando filamentos que podiam absorver tinta.Com o passar do tempo, medida que os pigmentos melhoravam,as canetas evoluram e passaram a apresentar ranhuras em suaextremidade. No sculo XVI, penas de aves foram introduzidas erepresentaram um grande salto qualitativo nos instrumentos de escrita.Elas podiam ser afiadas, eram maleveis e quebravam menossob o peso da mo do usurio.Trezentos anos mais tarde, em meados do sculo XIX, o metalcomeou a ser utilizado (a caneta-tinteiro comeara a ser desenvolvida),mas os usurios ainda tinham que mergulhar a ponta notinteiro quando secava. Em sua essncia, as canetas de meados dosculo XIX eram utilizadas da mesma maneira que o junco dostempos dos faras, milhares de anos antes.Assim como em Outras invenes, algum se sentiu incomodadocom o status quo e resolveu solucionar o problema. Foi exatamenteo que aconteceu, em 1884, com o corretor de seguros LewisWaterman. Ele queria encontrar um meio de acabar com a necessidadede ter que mergulhar a ponta da caneta no tinteiro. Antes desua interveno, os compartimentos de tinta no haviam sido incorporadoss canetas porque era difcil controlar o fluxo da tinta.Waterman achou a soluo. Para que a presso se mantivessedurante o fluxo da tinta, era necessrio que o ar substitusse a tinta medida que ela fosse sendo usada. A fim de que isso ocorresse, elecriou dois ou trs canais que permitiam que o ar e a tinta se movessemsimultaneamente.Posteriormente, foram desenvolvidas canetas esferogrficas. Adiferena entre as canetas-tinteiro e as esferogrficas enorme. Emuma esferogrfica, a tinta expelida pela fora da gravidade, ouseja, quando apoiada sobre o papel ao ser mantida com a ponta parabaixo (no momento de escrever). A tinta seca imediatamente e aao semelhante a pintar uma parede com um rolo. As canetas dotipo roller bali tambm so diferentes. Antes de mais nada, h a necessidadede uma tampa para que a tinta no resseque. A segunda diferena que a esfera no aplica a tinta. Em vez disso, ela funcionacomo um regulador do fluxo de tinta e redutor de atrito. Almdisso, a tinta mais viscosa do que na caneta-tinteiro.At o momento, ningum parece ter conseguido resolver umproblema inconveniente com as canetas esferogrficas: o vazamento.Esperemos que esse seja seu prximo avano tecnolgico!Fbrica de papel. U. S. GypsumO PAPELPense em como seria o mundo sem o papel e voc compreenderquo importante ele e o tipo de impacto que ocasionou na humanidade.O desejo de comunicar, claro, veio muito antes dos meios depoder faz-lo. As pessoas comearam a usar pequenas tbuas de argila,seda, bronze, superfcies recobertas com cera e outros materiaispara compartilhar pensamentos e informaes. Esses instrumentosobviamente funcionaram, mas o material era lento e geralmentedispendioso, duas caractersticas que a inveno do papelalterou.O papiro, primeiro material semelhante ao papel, era utilizadopelos egpcios quatro mil anos antes de Cristo. O papiro era confeccionadoprensando se o junco de modo que se formasse uma folhafina e resistente, apropriada para a escrita.O papel do modo como o conhecemos foi inventado peloschineses no ano 105 d.C. por um eunuco da Corte Imperial chamadoCai Lin. Antes de sua inveno, os chineses escreviam emseda, que era muito cara, ou em tabuletas de bambu, que eram muitopesadas. Cai Lin encontrou uma alternativa mais leve e maisbarata. Ele anunciou corte que havia criado o papel, uma misturade cascas de rvores, rede de pescar e bambu que era prensada demodo a produzir um material em que era fcil escrever.A Histria indica que Cai Lin havia, na realidade, aprimoradoum produto j existente e no inventado a partir do nada. Antesdele, j havia o papel feito de cnhamo, um planta fibrosa asitica, eessa forma de papel j existia pelo menos desde o ano 49 a.C.Os chineses utilizavam o papel para uma variedade de coisasalm da escrita: fazer embrulhos, nas artes decorativas e em vestimentas,entre outras. Num perodo de algumas centenas de anos, onovo papel e suas variaes mais finas j haviam suplantado a seda,as tabuletas de madeira e o bambu para a escrita.Por volta do ano 600 d.C, monges budistas j haviam propagadoa arte da confeco do papel para o Japo, e esse passou aser o material de escrita por excelncia no pas, assim como se tornouo material bsico para bonecas, leques e at mesmo divisriaspara separar os cmodos das casas (biombos). Por volta do ano750, os chineses iniciaram uma guerra contra os rabes, e muitoschineses foram capturados. Para que obtivessem a liberdade, elesdisseram aos rabes que poderiam revelar os segredos da produodo papel.Levou tempo para que aquilo que os rabes haviam aprendidoviesse a ser difundido pela Europa. Mas o papel chegou l. Os rabesconstruram a primeira fbrica de papel em Xativa, na Espanha,por volta do ano 1000, e o novo produto ainda continuou a serproduzido pelos mouros mesmo quando eles foram expulsos da PennsulaIbrica. Mas esse evento tem um carter mais positivo doque negativo, j que o conhecimento sobre a produo do papel sealastrou pela Europa crist.At por volta do ano de 1250, a Itlia era o principal centroprodutor e exportador de papel, mas ento, em meados do sculoXIV, monges franceses iniciaram a produo de papel para uso noregistro de textos sagrados. Tudo isso era timo, mas o que eraescrito no papel estava sendo feito com a pena, o que significava quetoda a informao, apesar da disponibilidade de papel, no podiaser amplamente disseminada.Foi ento que os alemes comearam a fazer o papel (com auxliotcnico dos italianos) e aprimoraram sobremaneira a qualidadee o modo de produzi-lo. Em 1453, Johan Gutenberg inventou aprensa com tipos mveis. Os livros, que anteriormente pertenciama uma seleta minoria, como a realeza e o clero, passaram a ser acessveisa todos, inclusive ao cidado comum. E, medida que as pessoasaprendiam a ler, a demanda por material de leitura aumentou, ecom ela a necessidade de produo de mais papel cresceu em ritmoacelerado.Ao longo dos dois sculos seguintes, a fabricao de papel sealastrou pelo mundo todo, inclusive no Novo Mundo. A primeirafbrica de papel foi fundada no Mxico, por volta de 1680, e maistarde um americano chamado William Rittenhouse fundaria aprimeira fbrica de papel dos Estados Unidos, mais precisamente naFiladlfia.Por muito tempo, o papel continuou a ser produzido de roupasvelhas, farrapos e outros tecidos, mas aos poucos o que parece quecomeou a haver escassez desses materiais. Foi ento que um francsde nome Ren-Antoine Ferchault de Raumur, aps observar comoos marimbondos construam suas casas, sugeriu que a madeirapoderia ser usada. Foi uma excelente sugesto, mas, para que fossepossvel transformar uma rvore em algo em que se pudesse escrever,um longo caminho ainda teria de ser percorrido.E o caminho foi percorrido gradualmente. Em 1852, um inglschamado Hugh Burgess ajudou a obter uma melhor polpa de madeira,o material bruto bsico para a manufatura do papel. Dois anosantes, um alemo chamado Friedrich Keller desenvolveu uma mquinade papel a manivela que o produzia em grandes folhas.A qualidade de polpa foi sendo aprimorada gradualmente,primeiro em 1867, por um americano chamado C. B. Tilghman,que adicionou sulfito ao processo de obteno da polpa, e depois,10 anos mais tarde, por um sueco, C. F. Dahl, que acrescentououtras substncias qumicas, aprimorando ainda mais a qualidade(In produto obtido. (> assim chamado mtodo sulfato chegou aosEstados Unidos em 1907.Em 1883, Charles Stilwell inventou uma mquina para fazersacos de papel marrons, e de 1889 a 1900 a produo de papel teveuma enorme expanso, alcanando 2,5 milhes de toneladas porano. Sabe-se que na Antigidade os alunos faziam suas anotaesem pequenas lousas, mas o advento do papel acabou por aposent-las para sempre.O AUTOMVELConta a lenda que o baro da indstria automotiva, Henry Ford,111dia um modo bastante peculiar de despedir uma pessoa: o empregadodeixava o posto na sexta-feira e, ao retornar na segunda, enconifava sua mesa vazia e um aviso informando que ele no pertenciamais ao quadro da empresa.Lendas parte, trs coisas so inquestionveis a respeito deFord: ele revolucionou o automvel no mundo todo, criando umcarro que era prtico e acessvel; criou algo que inexistia e que sechama linha de produo, que revolucionou a indstria, e mudou omodo de vida nos Estados Unidos. Antes de Ford, havia os cavalos eas charretes. Depois de Ford, havia o automvel.Os membros da famlia de Ford comearam a imigrar do condadode Cork, na Irlanda, para Dearborn, Michigan, nos EstadosUnidos, em 1832. William, pai de Henry, hospedava tios e tias quechegavam regio na dcada de 1840 fugindo da "fome da batata".Michigan era um excelente lugar para imigrantes. Na poca,qualquer um podia comprar um acre (4.047m2) de terra pela quantiade 120 dlares. Os imigrantes compraram cada centmetro desolo disponvel e se prepararam para cultiv-lo. Na poca da colheita,a produo era vendida em Detroit, que no era muitodistante e podia ser abastecida com carroas.Henry, nascido em 1863 dois anos antes do fim da Guerrade Secesso , trabalhava nas terras da famlia. Mas, aos 16 anos,comeou a trabalhar meio perodo em uma oficina mecnica ondepodia descobrir como as coisas funcionavam e se atendo a invenes.Depois foi trabalhar na Detroit Edison Company e, quandocompletou 30 anos, j havia galgado todos os postos e se tornararesponsvel pelo setor eltrico da cidade.A funo dava a cie muito tempo livre. Apesar de estai de sobreaviso24 horas por dia, as circunstncias raramente requeriamsua presena. Isso permitia que ele se isolasse em sua oficina, onde,em 1893, construiu um motor movido a gasolina que era um aperfeioamentoem relao aos predecessores. Trs anos mais tarde,inventou um objeto desajeitado, semelhante a uma aranha comquatro rodas, que era parte bicicleta, parte automvel. Ele batizou oveculo de "quadriciclo" ou de "carruagem sem cavalos".Nos anos que se seguiram, aperfeioou sua carruagem semcavalos e, em 1903, achou que j havia desenvolvido um veculo comercializvel.Com apenas 28 mil dlares, Ford fundou a HenryFord Company.A empresa foi um sucesso ele fazia propaganda dela correndocom seu carro; ele mesmo conduziu um modelo "999" naquebra de um recorde mundial, percorrendo uma milha (1.600 metros)em 39,4 segundos, e comeou quase que imediatamente asofrer represlias da Associao de Produtores de Automveis, quealegaram que ele no poderia usar um motor a gasolina, que, deacordo com a associao, havia sido patenteado em 1895. Ford tinhauma opinio diferente e afirmava que seu motor era diferentedo original. A contenda chegou aos tribunais e, em 1903, Ford perdeu.Mas em 1911 ele teve seu recurso deferido.Em 1908, Ford comunicou ao mundo que produziria um carropopular, e assim o fez. O Modelo T vendeu mais de 15 milhes de unidadese Ford conquistou metade do mercado mundial de automveis.A essncia de seu sucesso no estava somente no carro, queera bem produzido, mas no valor daquilo que seus consumidoresrecebiam. Em 1908, o Modelo T custava 950 dlares, mas, porcausa das inovaes na linha de produo e da sua vontade depagar a seus empregados o dobro do que pagavam outros produtores,o que os encorajava a apresentar uma maior produtividade,ele produziu em 1927 o Modelo T por 300 dlares. Para obter aspartes componentes de seus veculos, Ford comprou as empresasdos fornecedores de matria-prima de que necessitava as minas,florestas, fbricas de vidro e seringais , assim como os barcos etrens que transportavam o material. Os lucros eram to grandesque ele podia financiar essas aquisies com recursos prprios.Apesar de o carro de l;ord e as conquistas representadas pelalinha de produo terem auxiliado a eliminar o modo tradicional deproduo, assim como a maneira como as pessoas viviam, Fordnunca deixou de apreciar as coisas tradicionais. Com o intuito depreservar essas tradies, ele construiu a Greenfield Village, perto deDetroit, onde procurava reproduzir as coisas do jeito que eramq uando criana. E sua admirao por Thomas Alva Edison (uma vezFord escreveu em um de seus cadernos: "Deus precisava de Edison")se tornou explcita na rplica do Menlo Park laboratrios ondeEdison trabalhara em Nova Jersey , construda em Greenfield Village.Ford trabalhara com Edison e o considerava seu mentor. Noincio de tudo, quando Ford ainda trabalhava em seu motor a gasolina,Edison o encorajara a continuar, em vez de se envolver com sistemasa vapor ou outro tipo de combustvel.Na dcada de 1930, a fortuna da Henry Ford Company entrouem declnio. O sucessor do Modelo T, o Modelo A, no apresentavabons nmeros de vendas, e no decorrer da dcada a linha no grficodas vendas da empresa continuou caindo. Mas, quando a SegundaGuerra Mundial eclodiu, a demanda por milhares de novos veculosimpulsionou novamente a empresa de Ford.Ford era um homem duro, mas a maior tristeza de sua vida,aquela da qual jamais pde se recuperar, foi a morte de seu filho,Edsel, vtima de cncer, em 1943. Foi dito que o corao de Ford sefoi com o filho, no s para os negcios, mas tambm para a prpriavida. Dois anos aps a morte de Edsel, Ford passou o comando (ou ovolante) de sua companhia para seu neto, Henry Ford II. Ele morreuquatro anos depois da morte de Edsel, e, em seu testamento, suaparte nas aes da empresa foi destinada Fundao Ford, tornando-a uma das principais organizaes filantrpicas do mundo.O AVIO*Tabuletas e desenhos antigos esto repletos de imagens que lembrampssaros muitos incluindo figuras humanas emplumadas ecom asas capazes de subir e descer dos cus msticos. Desde o maisremoto incio da humanidade, nosso maior desejo tem sido ode nos elevarmos como os pssaros um smbolo de liberdade, degraa e de mistrio. As tentativas mais antigas de vo baseavam-sena imitao dos pssaros. Muitos daqueles que se arriscavam emsuas tentativas prendiam penas a seus braos e pernas e tentavamcorajosamente transformar o sonho em realidade. Os esforosdesses pioneiros, no entanto, geralmente se tornavam fracassose muitos morreram ou ficaram feridos ao pular de penhascos ououtros lugares altos. Mas somente no incio do sculo XIX aquiloque alimentou a imaginao de Aristteles, Leonardo da Vincie Galileu pde ser trazido realidade por dois mecnicos debicicleta de Ohio. Os irmos Wright foram os atores principaisnessa histria, mas havia um elenco de coadjuvantes e um scriptfascinante.* A polmica a respeito da verdadeira paternidade do avio foi recentemente alimentadaquando da comemorao dos 100 anos do primeiro vo dos irmosWright. Especialistas favorveis a esse ou quele pioneiro jamais chegaram aum acordo e, acredita-se, jamais chegaro. A polmica em si antiga, e o prprioSantos Dumont se pronunciou a respeito, como podemos verificar em umtrecho de seu livro O Que Eu Vi, O Que Ns Veremos, publicado em 1918:Eu no quero tirar em nada o mrito dos irmos Wright, por quem tenho amaior admirao; mas inegvel que, s depois de ns, se apresentaram elescom um aparelho superior aos nossos, dizendo que era cpia de um que tinhamconstrudo antes dos nossos. Logo depois dos irmos Wright, apareceLevavassor com o aeroplano "Antoinette", superior a tudo quanto, ento,existia; Levavassor havia j 20 anos que trabalhava em resolver o problemado vo; poderia, pois, dizer que o seu aparelho era cpia de outro construdomuitos anos antes. Mas no o fez.No sculo XIX, todos os fundamentos tericos para o v ipulsionado por motor j haviam sido levantados. Sir George Gayley,um abastado filsofo, poltico e educador britnico, foi um pioneiroii.i pesquisa das estruturas das asas e da necessidade de um motorleve. (iayley props que o projeto das asas precisaria incorporar espaopara reboque e capacidade de decolar. Ele tambm postulouque o ngulo no qual o ar passava pelas asas afetava a capacidade dealamcnt.O que diriam Edison, Graham Bell ou Marconi se, depois que apresentaramem pblico a lmpada eltrica, o telefone e o telgrafo sem fios, um outro inventorse apresentasse com uma melhor lmpada eltrica, telefone ou aparelhode telefonia sem fios dizendo que os tinha construdo antes deles?!A quem a humanidade deve a navegao area pelo mais pesado que o ar? Asexperincias dos irmos Wright, feitas s escondidas (eles so os prprios a dizerque fizeram todo o possvel para que no transpirasse nada dos resultadosde suas experincias) e que estavam to ignoradas no mundo, que vemos todosqualificarem os meus 250 metros de "minuto memorvel na histria daaviao", ou aos Farman, Bleriot e a mim que fizemos todas as nossas demonstraesdiante de comisses cientficas e em plena luz do sol? (...)O "Demoiselle" media 10 metros quadrados de superfcie de azas (sic); era 8vezes menor que o 14-bis! Com ele, durante um ano, fiz vos todas as tardes efui, mesmo, em certa ocasio, visitar um amigo em seu Castelo. Como era umaeroplano pequenino e transparente, deram-lhe o nome de "Libelule" ou"Demoiselle". Este foi, de todos os meus aparelhos, o mais fcil de conduzir,e o que conseguiu maior popularidade. (...)Com ele obtive a "Carta de piloto " de monoplanos. Fiquei, pois, possuidor detodas as cartas da Federao Aeronutica Internacional: Piloto de balo livre,piloto de dirigvel, piloto de biplano e piloto de monoplano.Durante muitos anos, somente eu possua todas estas cartas, e no sei mesmose h j algum que as possua. Fui pois o nico homem a ter verdadeiramentedireito ao ttulo de Aeronauta, pois conduzia todos os aparelhos areos.Para conseguir este resultado me foi necessrio no s inventar, mas tambmexperimentar, e nestas experincias tinha, durante dez anos, recebido os choquesmais terrveis; sentia-me com os nervos cansados. Anunciei a meus amigosa inteno de pr fim minha carreira de aeronauta tive a aprovaode todos. Tenho acompanhado, com o mais vivo interesse e admirao, o progressofantstico da Aeronutica. Bleriot atravessa a Mancha e obtm um sucessodigno de sua audcia. Os circuitos europeus se multiplicam; primeiro,de cidade a cidade; depois, percursos que abrangem vrias provncias; depois,o "raid" de Frana Inglaterra; depois, o "tour" da Europa. (...)O estado atual da aeronutica todos ns o conhecemos, basta abrir os olhos eler o que ela faz na Europa; e com enternecido contentamento que eu acompanhoo domnio dos ares pelo homem: E meu sonho que se realiza. (N.T.)"