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AS CONTRIBUIÇÕES DA METODOLOGIA DE RESOLUÇÃO DE
PROBLEMAS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DAS QUATRO
OPERAÇÕES NA SALA DE APOIO
Lucilene Regina Piva Frasson1
Susimeire Vivien Rosotti de Andrade2
Resumo: O presente artigo é o resultado de uma pesquisa da Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica realizada com alunos do 6º ano da sala de apoio do ensino fundamental, da Escola Estadual Santa Terezinha do município de Palotina - PR, no primeiro semestre de 2013, na qual, há mais de 20 anos trabalho como professora, e venho observando as dificuldades dos alunos em resolver problemas matemáticos. Portanto, o objetivo deste estudo é incentivar a leitura, desenvolver um trabalho que atenda as diferenças individuais dos alunos e assim, possibilitar uma melhor interpretação e leitura de problemas matemáticos. Com o desenvolvimento do estudo foi possível verificar que, a metodologia de resoluções de problemas proporcionou aos alunos a capacidade do raciocínio, desenvolvendo a autoconfiança na leitura e interpretação das atividades proposta, desmitificando a matemática como a pior das disciplinas.
Palavra-chave: Resolução de problemas; Leitura e Interpretação; Matemática.
1. Introdução
Este trabalho mostra o resultado de uma pesquisa, de conclusão das
atividades do Programa de Desenvolvimento Estadual – PDE – turma de 2012 que
teve como objetivo investigar como a Metodologia da resolução de Problemas no
ensino da Matemática pode favorecer o aprendizado das quatro operações
Matemáticas fundamentais, a fim de desenvolver a leitura e interpretação. Seu
desenvolvimento ocorreu na sala de apoio do 6º, ano da Escola Estadual Santa
Terezinha, município de Palotina, Paraná.
A necessidade dessa pesquisa foi elaborada pela constatação no decorrer de
minha prática que muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos na resolução e
compreensão de problemas encontra-se na leitura e interpretação, onde a maioria
dos alunos não conseguem retirar do enunciado matemático os dados importantes e
necessários para sua resolução, consequentemente não conseguem identificar o 1Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento da
Educação (PDE). 2Professora Orientadora, Universidade do Oeste do Paraná. Centro de Engenharias e Ciências exatas.
Foz do Iguaçu Pr.
que os problemas estão questionando.
Assim foram realizadas as atividades utilizando a tendência metodológica da
educação matemática denominada Resolução de Problemas. De acordo com
Onuchic (2008, p. 02) "ensinar bem Matemática é um empenho complexo e não há
receitas fáceis para se fazer isso. Não há um caminho único para se ensinar e
aprender Matemática". Dessa forma, fica evidente que é preciso haver uma
mudança com o método de ensino.
2. A importância da metodologia da Resolução de Problemas no ensino da
matemática
As mudanças sociais implicaram à necessidade de uma compreensão maior
da matemática. Dessa forma, aprender a matemática no ambiente escolar deve
favorecer a compreensão deste conteúdo em todas as suas dimensões, pois
somente assim favorecerá aos alunos condições de entender a sociedade em que
vive. Portanto, responsabilidade da escola desenvolver uma educação para que o
aluno, frente aos desafios consiga desenvolver atitudes de responsabilidade e
compromisso respeitando seus direitos e deveres.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (2008),
afirmam que:
A aprendizagem da Matemática consiste em criar estratégias que possibilitam ao aluno atribuir sentido e construir significado às ideias matemáticas de modo a tornar-se capaz de estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e criar. Desse modo, supera o ensino baseado apenas em desenvolver habilidades, como calcular e resolver problemas ou fixar conceitos pela memorização ou listas de exercícios (DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE MATEMÁTICA, 2008, p.45).
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (2008)
apontam ainda que, o ensino da Matemática foi amplamente discutido em encontros
internacionais no final do século XIX e início do século XX, depois desses adventos.
Estes acontecimentos influenciaram os professores a pesquisar visando entender
melhor as questões de ensino, aprimorando a prática na fundamentação que
extrapola o campo restrito da Matemática e abordando outras áreas como estudos
da psicologia, filosofia, sociologia, e outros.
Onuchic; Allevato (2004) salientam também que:
No início do século XX, o ensino de matemática foi caracterizado por um
trabalho apoiado na repetição, no qual o recurso à memorização de fatos básicos era considerado importante. Anos depois, dentro de outra orientação, os alunos deviam aprender com compreensão, os alunos deviam entender o que faziam. (ONUCHIC; ALLEVATO, 2004, p.214).
Segundo Fiorentini; Lorenzato (2006) a evolução no ensino da matemática
está concomitantemente ligada à criação da educação matemática como campo
científico, visto que, esta nova ciência entende a necessidade do professor saber os
conteúdos matemáticos, mas também entender como favorecer que seus alunos
compreendam os mesmos.
Os autores acrescentam que a Educação Matemática é uma área de
conhecimento das ciências sociais ou humanas, que estuda o ensino e a
aprendizagem da Matemática e que, Matemática e Educação Matemática, embora
tenha em comum a matemática em suas práticas profissionais, essas podem ser
muito distintas. O Matemático prioriza os conteúdos formais e uma prática voltada à
formação de novos pesquisadores em matemática. Enquanto o Educador
Matemático promove uma educação pela matemática, onde a maior importância é a
formação intelectual e social de crianças, jovens e adultos; assim esses educadores
matemáticos realizam seus estudos utilizando métodos, tendo como perspectiva o
desenvolvimento de conhecimentos e práticas pedagógicas que vão contribuir em
uma formação mais integral, humana e crítica do aluno e do professor.
Conforme Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (2008)
várias tendências metodológicas são evidenciadas pelos educadores matemáticos,
como alternativas de favorecer o aprendizado da matemática e estas não devem ser
vistas separadas e sim interligadas.
Dessa forma, a metodologia de Resolução de problemas é uma delas e está
diretamente ligada à leitura e interpretação, pois o aluno nem sempre tem dificuldade
na operação matemática, mas na interpretação. E essa dificuldade de interpretação
na maioria das vezes não é só da Matemática, mas sim um problema interdisciplinar.
Diante do pressuposto é necessário que o professor facilite a construção de um
saber Matemático que propicie aos alunos uma aprendizagem e não a memorização.
Nas décadas de 60 e 70, a Matemática no Brasil e em outros países do
mundo sofreu influência de um movimento chamado Matemática Moderna, onde
apresentava uma Matemática estruturada na lógica e álgebra, que tinha
preocupações excessivas com abstrações e não se preocupava com as questões
práticas. Somente no fim dos anos 70, a Resolução de Problemas ganha espaço no
mundo inteiro. (ONUCHIC; ALLEVATO, 2004).
Segundo Onuchic (2008), a partir dos anos 80 foram muitos os materiais que
colaboraram com professores a se especializarem na Resolução de Problemas. Esta
metodologia passou a ser o ponto central do trabalho da autora.
Onuchic; Allevato, (2004) afirmam que:
Durante a década de 80, muitos recursos em Resolução de Problemas foram desenvolvidos, visando ao trabalho de sala e aula, na forma de coleções de problemas, listas de estratégias, sugestões de atividades e orientações para avaliar o desempenho em Resolução de Problemas. (ONUCHIC; ALLEVATO, 2004, p. 216).
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (2008) destaca
que, não devemos aprender Matemática somente por sua beleza ou por suas teorias,
mas que a partir dela, o homem amplie seu conhecimento para contribuir com o
desenvolvimento da sociedade.
Neste sentido, a Resolução de Problemas como método de ensino é
fundamental, pois coloca o aluno em questionamento possibilitando o exercício do
raciocínio, provocando o desenvolvimento lógico e criativo.
Conforme Pereira (1980) "problema é toda situação na qual o indivíduo
necessita obter novas informações e estabelecer relações entre elementos
conhecidos e os contidos num objeto a que se propõe a realizar para atingi-lo". Ao
resolver problemas matemáticos são utilizados vários recursos, dependendo do grau
de dificuldade que cada um apresenta. Como a Matemática está ligada diretamente
ou indiretamente a quase todas as áreas do conhecimento se faz necessário
desenvolver nos alunos, a capacidade de ler e interpretar. Assim a Resolução de
Problemas poderá ser um dos caminhos a ser usado no ensino aprendizagem como
uma possibilidade de tornar as aulas mais dinâmicas, fazendo com que os alunos
sintam satisfação em aprender Matemática.
Onuchic; Allevato (2004), salienta ser essencial que os professores ensinem
matemática de forma natural propiciando um ambiente agradável. Acrescenta ainda
que, ensinar Matemática envolvendo problemas não é tarefa fácil, portanto precisam
ser bem preparados e planejados, para melhor compreensão dos alunos. Para isso
há boas razões de fazer esse esforço:
[…] resolução de problemas coloca o foco da atenção dos alunos sobre ideias e sobre o dar sentido; desenvolve o poder matemático; permite ir
além da compreensão do conteúdo que está sendo construído; desenvolve a crença de que os alunos são capazes de fazer matemática e de que a matemática faz sentido; provê dados de avaliação contínua que podem ser usados para tomar decisões institucionais; ajudar os alunos a ter sucesso e informar os pais (ONUCHIC; ALLEVATO, 2004, p. 223).
Para desenvolver a Metodologia de Resolução de Problemas, é necessário
que o professor, estimule o interesse pela Matemática, desenvolvendo o raciocínio e
propiciando o gosto pela descoberta da resolução.
3. Implementação do projeto e ações realizadas
A presente pesquisa se caracteriza de caráter qualitativo, em uma proposta de
investigar como a Metodologia da Resolução de Problemas no ensino da
Matemática pode favorecer o aprendizado das quatro operações matemáticas
fundamentais, a fim de desenvolver a leitura e interpretação.
De acordo com Fiorentini; Lorenzato (2006) o pesquisador em uma pesquisa
de caráter qualitativo é o instrumento fundamental que coleta os dados de um
ambiente natural. É no trabalho de campo que produzimos os questionamentos da
realidade da pesquisa, que a partir das informações observadas nos levam a criar
estratégias a desenvolver práticas para que se possa transformar ou minimizar o
problema observado. O pesquisador precisa sempre questionar e interrogar a
realidade a ser investigada.
Assim, para coletar os dados foram implementados atividades da Unidade
Didática, contemplaram alunos do primeiro semestre-2013, da sala de apoio do 6º
ano do ensino fundamental, da Escola Estadual Santa Terezinha no município de
Palotina-PR, que totalizaram num total de 32 horas.
A seguir serão apresentados os resultados das análises das atividades
desenvolvidas que foram diversificadas, visando conseguir atingir objetivo do projeto
desta forma, estabelecendo condições suficientes visando uma melhor compreensão
no conteúdo de matemática.
3.1 Análise de dados
O trabalho teve início com a apresentação do projeto para a equipe
pedagógica, professores e demais funcionários da Escola Estadual Santa Terezinha.
Para implementação da Unidade Didática foi realizado uma seleção em que 20
alunos foram selecionados, os critérios de escolha foram realizados de forma
compartilhada, em que juntamente com a equipe pedagógica que já conhecia os
alunos com dificuldades de aprendizagem nas séries anteriores e também por
documentos (relatórios) registrados na escola contribuíram com a decisão para o
encaminhamento destes para sala de apoio3.
No primeiro contato com os alunos selecionados, foi apresentado o projeto de
implementação do qual estariam fazendo parte durante o primeiro semestre de 2013,
onde estaria desenvolvendo um trabalho com metodologias com o intuito de
investigar como a Metodologia da Resolução de Problemas no ensino da
Matemática pode favorecer o aprendizado das quatro operações matemáticas
fundamentais, a fim de desenvolver a leitura e interpretação no conteúdo de
matemática.
3.2 Trabalhando com filme “A história do número 1”
Para iniciar o trabalho, os alunos assistiram ao filme intitulado “A HISTÓRIA
DO NÚMERO 1”4, que tinha como objetivo observarem a importância dos números
em nossas vidas. Após o término do filme foi realizado um debate. Assim, surgiram
várias discussões sobre pais de alguns alunos que estudaram por pouco tempo ou
que não tiveram oportunidade de estudar e hoje trabalham em diversos setores de
emprego, principalmente na construção civil. Diante disso, puderam refletir o quanto
a matemática é aplicada e necessária em diversas situações de nosso cotidiano.
Dando sequencia na implementação da Unidade Didática, foi proposto
atividades sobre SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL-SND envolvendo as quatro
operações fundamentais da matemática. Uma das atividades representadas na
figura 1 teve como objetivo revisar o posicionamento dos números no SDN e a
retomada das quatro operações fundamentais de matemática podendo assim
diagnosticar as dificuldades dos alunos.
3 A sala de apoio é definida pela resolução nº 007/2011 SUED/SEED/PR. Disponível em: <http://www.educacao.pr.gov.br/arquivos/File/instrucoes/instrucao0072011.pdf> Acessado em: 11 Nov. 2013. 4Disponível em<http://www.youtube.com/watch?v=3rijdn6L9sQ>Acesso em 15.Set.2013.
Figura 1: Atividade Sistema de Numeração Decimal, desenvolvida pelo aluno A.
Conforme identificado na figura, há indícios que os alunos entendem como
funciona o sistema de numeração decimal. Importante que os alunos saibam, que o
sistema de numeração não surgiu por acaso, mas foi construído ao longo dos
tempos.
Para melhor investigar a compreensão da posição dos números, bem como
suas ordens e classes no sistema de numeração decimal e como devemos
considerá-las nas realizações das operações foi proposta uma atividade que
apresentava número de habitantes do município de Palotina, bem como o significado
do IBGE.
Com base nessas informações, os alunos tinham que elaborar problemas,
como podemos observar na figura 2
Figura 2: Atividade: resolução de problema, desenvolvida pelo aluno B.
Ao analisar a atividade acima, podemos notar que o aluno encontrou algumas
dificuldades como: a organização das ideias para elaborar o problema, erros de
português e nos cálculos matemáticos. Para ONUCHIC (1999, p.216), “[...] os pontos
de dificuldades encontrados pelos alunos são novamente trabalhados”.
Dentro dessas perspectivas, juntamente com o aluno foi realizada a
restruturação do problema analisando os erros cometidos. Assim nesta atividade
pode ser observado que os alunos não têm a leitura como hábito, e
consequentemente contribuindo para os mesmos terem dificuldades na interpretação
de problemas. Cumpre lembrar que os mesmos ao se depararem com alguns termos
matemáticos desconhecidos na situação problema não entendem a importância do
uso do dicionário também como uma ferramenta nas aulas de matemática.
Para contribuir, utilizamos o dicionário como fonte de pesquisa, para
entenderem a etimologia das palavras: fatores, divisor, subtraendo, quociente, total,
diferença, resto, minuendo, dividendo, produto e parcelas. Conforme Smole; Diniz
(2001):
A dificuldade que os alunos encontram em ler e compreender textos de problemas está, entre outros fatores, ligada à ausência de um trabalho específico com o texto do problema. O estilo no qual os problemas de Matemática geralmente são escritos, a falta de compreensão de um conceito envolvido no problema, o uso de termos específicos da Matemática que, portanto, não fazem parte do cotidiano do aluno e até mesmo palavras que tem significados diferentes de Matemática e fora dela–total, diferença, impar, média, volume, produto–podem constituir-se em obstáculos para que ocorra a compreensão (SMOLE; DINIZ, 2001,p.72.)
Sendo assim, ao corrigir essa atividade foi solicitado aos alunos que lessem
em voz alta o significado da palavra encontrada, a cada palavra lida no quadro
demostrava com uma operação matemática indicando os termos. Portanto, esta
atividade proporcionou aos alunos um momento de reflexão a cada um dos termos
matemáticos trabalhados, desta forma eles perceberam a ligação entre as palavras
pesquisadas e as operações matemáticas, e com isso, obtiveram uma melhor
compreensão da atividade apresentada.
Para finalizar essa atividade trabalhamos com material dourado 5 visando
realizar uma revisão das operações matemáticas, onde os alunos se demonstraram
tranquilos, pois já haviam realizado atividades com esse material em séries
anteriores.
Visando desenvolver uma atividade que favorecesse uma aproximação com
outras áreas do conhecimento, foi proposta uma atividade em que foi utilizado o
mapa do Brasil, onde localizamos a Região Sul do Brasil, bem como seus estados,
suas capitais e comidas típicas.
Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática
(2008):
A interdisciplinaridade é uma questão epistemológica e está na abordagem
teórica e conceitual dada ao conteúdo em estudo, concretizando-se na
articulação das disciplinas cujos conceitos, teorias e práticas enriquecem a
compreensão desse conteúdo. (DIRETRIZES DE CURRUCULARES DA
EDUCAÇÃO BÁSICA DE MATEMÁTICA, 2008, p.27).
Assim, utilizamos a TV multimídia para passar um vídeo sobre a Região Sul,
recordando as capitais de cada estado, suas culturas e comidas típicas. Para
finalizar, foi proposta a atividade conforme a figura 3, onde está relatado o total de
habitantes de cada estado da Região Sul segundo o censo/2010.
5
Para maiores informações sobre o material dourado pesquisar em: Disponível em
<http://educar.sc.usp.br/matematica/m2l2.htm >Acesso em 16.Set.2013.
Figura 3: Atividade Censo/2010 da Região Sul, desenvolvida pelo aluno C.
Como pode ser observada na figura 3, esta atividade propiciou aos alunos
relacionarem a matemática com a geografia, onde trabalharam resolução de
problemas, escrita por extenso dos números, sucessor, antecessor e cálculos
matemáticos. A atividade foi realizada com sucesso, os alunos não encontraram
maiores dificuldades, e ainda nesta atividade os mesmos trabalharam em dupla,
onde propiciou uma troca de informações e criam situações que possibilitam a
aprendizagem. Portanto, é necessário que o professor favoreça um ambiente
agradável para que os alunos consigam resolver situações problemas com
entusiasmo motivando-os, pois assim as atividades mais complicadas se tornam
mais fáceis de ser solucionadas.
Dando sequência na implementação da Unidade Didática foi proposto uma
atividade intitulada “A literatura e a matemática conexões possíveis” que teve como
objetivo aproximar a língua portuguesa da matemática. Smole; Diniz (2001), afirmam
que:
Em qualquer área do conhecimento, a leitura deve possibilitar a compreensão de diferentes linguagens, de modo que os alunos adquiram uma certa autonomia no processo de aprender. Em uma situação de aprendizagem significativa, a leitura é reflexiva e exige que o leitor se posicione diante de novas informações, buscando, a partir da leitura novas compreensões. ( SMOLE; DINIZ, 2001, p.69 )
Dessa forma, a leitura do livro “Sou péssima em Matemática” da autora Rouer
(1996) foi realizada através de multimídia, pois propiciava uma ampliação das
imagens do livro bem como, uma participação de todos os alunos que além de lerem
em voz alta puderam dialogar com os demais colegas presentes. Logo em seguida
foi, proposto aos alunos que elaborassem duas situações-problemas vivenciadas por
eles mesmos como pode ser observado nas figuras 4 e 5.
Figura 4: Atividade Situação problema, desenvolvida pelo aluno D.
Figura 5: Atividade Situação problema, desenvolvida pela aluna E.
Conforme observado nas figuras 4 e 5, os problemas elaborados pelos alunos
são exemplos idênticos dos livros didáticos. Cumpre lembrar que alguns alunos
apresentaram bastante dificuldade para elaborar os problemas principalmente: na
concentração, na elaboração das ideias, na escolha de uma das operações
matemáticas e erros de português. Com isso, ficou claro que os alunos apresentam
mais facilidade de resolução com problemas prontos do que elaborar seus próprios
problemas.
Diante da dificuldade de alguns alunos, precisei intervir auxiliando-os, fazendo
a restruturação de cada um dos problemas junto com os mesmos, instigando que
percebessem os erros cometidos, para que nos próximos exercícios tenha uma
melhor compreensão do problema podendo resolver com mais facilidade. Mesmo
com tantas dificuldades encontradas, foi possível perceber que os alunos gostam
quando diversificamos nossas aulas.
Neste sentido, foi proposto atividade intitulada “Problemas não
rotineiros”6 ,conforme mostra a atividade 6 e 7 refere-se a Problemas não rotineiros
e foi possível explorar conhecimentos dos alunos sobre os diferentes cálculos em
diferentes situações, fazendo com que os mesmos percebessem que existem
formas diferentes para se chegar ao mesmo resultado. Segue a resolução dos
problemas realizados por dois alunos na figura 6 e 7.
6 Atividades foram adaptadas: KRULIK,S.;REYS, R.E.(orgs).A Resolução de Problemas na Matemáti-
ca Escolar.trad:Hygeno H.Domingues &Olga Corbo. 4ed.São Paulo: atual,1997.
Figura 6: Atividade Problemas não rotineiros, desenvolvida pelo aluno F.
Figura 7: Atividade Problemas não rotineiros, desenvolvida pelo aluno G.
Conforme identificado nas figuras 6 e 7, ocorreu uma diversidade nas
soluções destacando a importância da aproximação da Metodologia de Resolução
de Problemas no contexto escolar. ONUCHIC (1999, p. 207) afirma ainda que “Um
objetivo de se aprender matemática é o de poder transformar certos problemas não
rotineiros em rotineiros”. Usando essa metodologia os alunos desenvolveram suas
próprias estratégias (caminhos diferentes), novas técnicas de aprendizagem para
melhor compreensão ao solucionar os problemas, com isso, puderam mais uma vez
estar relacionando a matemática com o nosso cotidiano.
Para finalizarmos a implementação da Unidade Didática, propomos jogos
matemáticos que desenvolviam o raciocínio lógico, observação, tomada de decisões
e organizações, com isso pode ser um instrumento muito importante combinado com
a resolução de problemas. Dessa forma, foram trabalhados os seguintes jogos: o
jogo sobre dominó de tabuada 7 e jogo do Stop da multiplicação 8 . Os alunos
gostaram do jogo e tiveram uma excelente participação.
4. Considerações finais
Com a aplicação desse projeto pode-se constatar que a matemática ainda é
uma das disciplinas em que a maioria dos alunos tem aversão de que é difícil de ser
entendida e compreendida, muitas vezes tal dificuldade está na leitura e
interpretação de problemas, porém não conseguindo fazer a relação da disciplina
com o cotidiano, fazendo com que a maioria dos alunos se sinta desmotivado e
desinteressado em aprender. Entendo que é imprescindível que os professores
assumam o compromisso de educador, de estar sempre envolvendo os alunos e
diversificando as atividades propostas e também rever as práticas pedagógicas
constantemente.
Assim, a Metodologia da Resolução de Problemas é uma das alternativas que
podem favorecer uma mudança na ação pedagógica, visto que contribui para os
professores entenderem as dificuldades individuais dos alunos.
Durante a implementação da Unidade Didática que tinha como objetivo
incentivar a leitura, desenvolver um trabalho que atenda as diferenças individuais
dos alunos e assim, possibilitar uma melhor interpretação e leitura de problemas
matemáticos, nos deparamos com algumas dificuldades, como: dificuldades de
aprendizagem, alunos indisciplinados e sem interesse, onde a todo o momento
procuramos mostrar-lhes que a Matemática é uma disciplina que está ligada ao
nosso dia a dia, onde cada um tem o seu ritmo de aprendizagem, capacidade e
potencial para estar superando essas dificuldades que apresentam.
7 Este jogo faz parte do material didático encaminhado pelo governo do Paraná a rede Estadual de
Ensino. 8 Atividade adaptada: PADOVAN, Daniela. etal. Projeto prosa, 4º ano. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.96.
No entanto, no decorrer da implementação os alunos foram percebendo que
as atividades trabalhadas não visavam acertos e sim um compromisso na resolução.
Como afirma Onuchic (1999) todas às respostas devem ser consideradas e
discutidas com os alunos, dessa forma levando o aluno a descobrir por si só o seu
erro e, desta forma, possibilitar a aprendizagem.
Assim procuramos tornar a sala de apoio um ambiente favorável no processo
de ensino aprendizagem dos alunos beneficiando a todos, principalmente os que
demonstravam maiores dificuldades, pois durante a implementação foi possibilitado
à troca de experiências fazendo com que tivessem um maior comprometimento.
Assim as atividades que envolviam situações de problemas não rotineiros, os
alunos solucionaram de formas diferentes, descobrindo vários caminhos de
resolução de aprendizagem. Após a resolução individual foi proporcionado um
momento de diálogo, onde cada aluno expôs seu raciocínio contribuindo para
entenderem a importância do envolvimento nas aulas.
Em outro momento foi trabalhado com o auxílio de dicionário da Língua
Portuguesa. Nas aulas de matemática os alunos ficaram surpresos quando
perceberam a importância da pesquisa e a ligação entre matemática com o
português e também foi possível na implementação trabalhar a relação
interdisciplinar entre as disciplinas de Matemática e Geografia.
Vale dizer que a leitura do livro "Sou péssima em Matemática", contribuiu para
que os alunos pudessem realizar atividades vivenciadas por eles mesmos. Diante
disso perceberam a importância da Matemática no seu cotidiano.
Diante disso, podemos concluir que dentro das possibilidades os objetivos
foram alcançados e que a Metodologia da Resolução de Problemas com ênfase na
leitura e interpretação tem que merecer atenção por todos os professores, como
uma metodologia que contribui para compreensão de que não basta somente
ensinar a resolver problemas, é preciso criar estratégias estabelecendo condições
suficientes para as resoluções dos exercícios propostos, e esse entendimento por
parte dos alunos, às vezes, pode levar alguns anos.
Assim a participação no PDE contribuiu para minha formação, visto que foi
oportunizado um momento de discussão com os demais professores possibilitando
uma troca de experiência, compartilhando e aproximando as diferentes pesquisas
que são fundamentais para contribuir no processo de ensino aprendizagem dos
alunos.
Referências
A HISTÓRIA DO NÚMERO 1. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=3rijdn6L9sQ> Acesso em 15.Set.2013.
FIORENTINI, D; LORENZATO, S.; Investigação em educação matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas, SP: Autores Associados, 2006.
O MATERIAL DOURADO MONTESSORI: Disponível em <http://educar.sc.usp.br/matematica/m2l2.htm> Acesso em 16.Set.2013.
ONUCHIC, R. L.; ALEVATTO, N. G. Novas Reflexões sobre o ensino -aprendizagem de matemática através da resolução de problemas. In: Educação matemática: Pesquisa em movimento. / BICUDO, V. A. M., BORBA, C. M., São Paulo: Cortez, 2004.
ONUCHIC, L. R.; Uma Historia da Resolução de Problemas no Brasil e no Mundo. Unesp-Rio Claro. Disponível: em: www.rc.unesp.br/serp/trabalhos_completos/completo3.pdf> Acesso 25 jun. 2013.
ONUCHIC. L. R.; Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas – São Paulo: Editora UNESP, 1999.
PADOVAN, D. etal. Projeto prosa, 4º ano. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.96.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Matemática, 2008.
PEREIRA, W. C. D. de A. Resolução de Problemas Criativos - Ativação da Capacidade de Pensar. Brasília, EMBRAPA-DID, 1980.
RESOLUÇÃO nº 007/2011 SUED/SEED/PR. Disponível em: <http://www.educacao.pr.gov.br/arquivos/File/instrucoes/instrucao0072011.pdf> Acessado em: 11 Nov. 2013.
ROUER, B. Sou péssima em matemática. São Paulo: Scipione, 1996.
SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I. Ler, escrever e resolver problemas. Porto Alegre: ARTMED, 2001.