as recordações da minha terra

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As recordações da minha terra

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" Recordaes da minha terra "Todos os meus conterrneos, quero aqui saudare alguns dos seus habitantes, com saudade recordar.

No quero dios nem ranchas, com meus versospromover,apenas tenho o desejo, de a amizade fortalecer.

Por isso peco desculpa, se algum vou ofender,ao retratar alguns casos, que vou dar a conhecer.

No me importa o clubismo, que cada um adotou.Porto, Sporting, Benfica, na amizade nada mudou.

Igual se votam PS, CDS ou PPD,se so do Bloco de Esquerda, ou at do PCP.

Se vo missa ao domingo, ou at se so pagos,cada um tem sua crena e a sua devoo.

So nomes e at alcunhos, que de algum vou citar,para que todos se lembrem, de quem estoua falar.

Comeo por recordar, o cargo de regedor,que o direito e a ordem, acabava por impor.

Com ele o cabo das ordens, estava para o apoiar,ao ombro a espingarda, no dava para respigar.

O cargo de regedor, dado a homem de respeito,vigiava e procurava, que tudo andasse direito.

Lembro-me da D. Lcia, com a sua cadeirinha.Trazia-a sempre com ela, levava-a at para a vinha.

Um dia foi colocar-se, virada para as carreiras.Nelas andavam os homens a tratarem das videiras.

Sendo baixa como era, a cadeira de fechar,ao sentar-se ento deixou, algo muito por tapar.

O Sr. Carlos Caalhas, que era o encarregado,resolveu a situao, mandando-lhe um recado.

Componha-se minha senhora, que est mal-amanhada,se continua assim, os homens no fazem nada.Resolveu-se a situao, com mudana de lugar,em surdina o ruido, dos homens a cochichar.

Lembro-me bem do Z Irra, moleiro de profisso,um dia emprestou a burra, para a festa de S. Joo.

Um dia entregou tudo, para o Brasil emigrou,deixou a terra natal enunca mais c voltou.

A dita burra citada, foi levada para o terreiro, rvore foi amarrada, mesmo junto ao cambeiro.

Os mais velhos com certeza, sabem o que quero dizer,um pinheiro de boas hastes, com bolas para acender.

Essas bolas de farrapos, em petrleo ensopadas,com uma vara, de tocha, eram ento incendiadas.

Saltava-se a fogueira, com rosmaninhos a arder,danava-se ento roda, toda a gente ia ver.

No havia rapariga, nem at mulher casada,que a ronha no tirasse, nessa noite de risada.

Muitas gostavam da breija, no havia discusso,assim era festejada, a noite de S. Joo.

Muitos se devem lembrar, do Adelino do Cho,os bailes abrilhantava, com o seu acordeo.

Tambm sabia compor, as motos e as lambretas,era ele que reparava, todas asbicicletas.

Junto ao tanque do terreiro, havia uma rvore frondosa,cortaram-na, foi para todos, uma perda dolorosa.

Mando, posso, quero, posso, era assim que acontecia,ningum podia falar, era o regime que havia.

Foi o Z Irra um dia, antes de uma eleio,distribuir panfletos, que eram da oposio.

Alguns foram persegui-lo, para os papeis destruir,como queriam espanc-lo, limitou-se a fugir.

Nos anos sessenta e nove, era assim a liberdade,no papel a abertura, no campo a realidade.

Agora para acabar, estas histrias bem narradas,ainda vou recordar, os fados e desgarradas.

Na tasca do Sr. Dias, hoje caf do Coirato,aos domingos tardinha, era o fado o maior prato.

Dum lado o Z Pardal, do outro lado o Anjinho,cantavam desgarrada, de seguidavinha o vinho.

Estes dois e outros mais, vale a pena recordar,ajudaram no seu tempo, as pessoas alegrar.

A todos quero por fim, tudo de bom desejar,muita alegria e sade, para a vida enfrentar.

Carlos Lopes da Silva