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ASPECTOS DO TRABALHO E DA SAÚDE DE COZINHEIRAS EM UM LACTÁRIO DE ESCOLA
Profa. Dra. Maria do Carmo Baracho de Alencar
Departamento de Gestão e Cuidados em Saúde- UNIFESP/BS
Janaina Bussola Montrezor
Terapeuta Ocupacional, formada pela UNIFESP/BS
INTRODUÇÃO• Cozinheiras que atuam em
lactários de escolas, sãochamadas de lactaristas.
• Em lactários há a preparaçãode dietas especiais que exigemprocedimentos diferenciadose, geram preocupações juntoaos funcionários.
(GARCIA, 2006)
INTRODUÇÃO• Alguns trabalhadores de cozinha estão
submetidos às condições de: RUÍDO, CALOR,RISCO DE ACIDENTES, ESFORÇO FÍSICORITMO DE TRABALHO INTENSO,REPETITIVIDADE, entre outros.(ISOSAKI ET AL, 2011)
Sintomas osteomusculares são comumenteencontrados junto ao trabalho de cozinheiros(TAKAHASHI, PIZZI e DINIZ, 2010; COLARES eFREITAS, 2007; CASAROTTO e MENDES, 2003).
OBJETIVO
• Investigar as condições e organização do trabalho, e relações com a saúde de cozinheiras, em lactário de uma Escola Pública Infantil da Baixada Santista.
MATERIAIS E MÉTODOS• Estudo qualitativo, exploratório e descritivo, e
estudo de caso.
• Levantamento de dados sobre a Escola, oambiente físico do lactário , entre outros.
• Questionário elaborado e aplicado, comocomplemento, junto às cozinheiras queatuavam no lactário, contendo: dadosdemográficos, sobre o trabalho, aspectos dasaúde incluindo sintomas osteomusculares eregiões acometidas, entre outros.
MATERIAIS E MÉTODOS• Levantamento de tarefas e observações
sistemáticas de atividades de trabalho-Ergonomia (corrente francesa).
• Para as observações sistemáticas foramselecionadas tarefas que apresentavamdificuldades pelas percepções das trabalhadoras.
• Elaboração de roteiro para entrevistas, queforam gravadas e transcritas na íntegra paraanálise de conteúdo por categorias (BARDIN,2010). Encontro em “grupo” para discussão eanálise dos dados encontrados.
RESULTADOS
• LACTÁRIO(ESPAÇO FÍSICO):
• atendia no total20 crianças (4 m à1,4 m), com duascozinheirasatuando no local.
RESULTADOSCOZINHEIRAS (LACTARISTAS):
• Gênero feminino, 43 e 49 anos, escolaridade deensino médio completo, 8 horas/dia de trabalhoe tempo de atuação/cozinheira: superior a 10anos.
TAREFAS:
• Refeições e horários programados: lanche damanhã, suco, almoço, lanche da tarde e jantar.Entregas de mercadorias.
alimentação diferenciada paraalgumas crianças.
RESULTADOS• Principais queixas relacionadas à saúde foram
de distúrbios osteomusculares, sem históriade lesão osteomuscular prévia antes de iniciaro trabalho como cozinheira.
• As regiões em comum acometidas porsintomas osteomusculares nos últimos 12meses foram: punhos, mãos/dedos e regiãolombar;
• E nos últimos 7 dias: região cervical e regiãolombar.
“(...) é muito abafado aqui, é uma sauna... na
verdade falta exaustor (...) é de grudar a roupa
mesmo, é desgastante.” (Cozinheira 1).
“(...) o ambiente é tão pequeno, que quando a
panela está ligada muito tempo, escorre um
suor nos azulejos de cima até embaixo..”
(Cozinheira 2).
Inadequação do espaço físico e do ambiente
“O serviço no lactário não para, é o tempo todo,
sem parar... não dá tempo... quando vem
alguma coisa da entrega de mercadoria (...)
nossa, já sai do horário estabelecido.”
(Cozinheira 1).
“(...) leva mais tempo para preparar as
mamadeiras, porque tem criança com
intolerância à soja, tem criança com mamadeira
engrossada, com antirrefluxo (...) leite 1 e leite
2... (...) te cansa mentalmente” (Cozinheira 2).
Ritmo, exigências de trabalho, deslocamentos
• “(...) e você fica muito curvada em frente da pia,
é amassando a sopa, lavando fruta, amassando a
fruta... fica muito tempo com a cabeça abaixada
(...) eu sinto dor.” (Cozinheira 1).
• “(...) a minha mão já não tem a mesma força...
tem hora que ela dá uma falhada... para lavar a
panela depois, para amassar a sopa, no final o
braço tá bem dolorido...” (Cozinheira 2).
Sintomas osteomusculares no trabalho
“(...) se falta eu ou ela, a nutricionista não sabe
quem colocar no lugar (...) eu já tive que ficar
sozinha porque minha colega estava de licença
médica... eu fiquei meses trabalhando sozinha, aí
você tem que fazer coisas em dobro, tem que
fazer e tem que fazer...” (Cozinheira 1).
Exigências de horas extras
• “Chega aqui e fala: olha o meu filho não come
isso, nem aquilo, não come aquele outro... e a
gente aqui trabalha com horários e rotina, e a
alimentação que a gente serve para um, tem que
servir para todos, dentro das necessidades
médicas de cada um.” (Cozinheira 2).
• “Elas acham que eles têm que viver a rotina da
casa delas aqui na escola(...) então para mim o
estresse é lidar com mãe...” (Cozinheira 1).
Conflitos no trabalho
• “Chega aqui e fala: olha o meu filho não come
isso, nem aquilo, não come aquele outro... e a
gente aqui trabalha com horários e rotina, e a
alimentação que a gente serve para um, tem que
servir para todos, dentro das necessidades
médicas de cada um.” (Cozinheira 2).
• “Elas acham que eles têm que viver a rotina da
casa delas aqui na escola(...) então para mim o
estresse é lidar com mãe...” (Cozinheira 1).
Conflitos no trabalho
• (...) estou enjoada deste trabalho, nem todo
mundo dá valor à ele, é sempre a mesma coisa,
até os bebês enjoam (...) a gente faz de tudo, e
vejo tudo no lixo. Me desanima..(Cozinheira 1)
O reconhecimento no trabalho é importante,conferindo ao sujeito a condição de pertencentea uma comunidade específica (DEJOURS, 2008).
Pouco reconhecimento pelo trabalho
CONSIDERAÇÕES FINAIS• Diversos aspectos que podem comprometer a
saúde foram encontrados: condiçõesinadequadas do espaço físico e ambiente,posturas inadequadas, ritmo acelerado,conflitos no trabalho, entre outros.
• RECOMENDAÇÕES: Adequar o espaço físico,ou mudar de local; melhorar a ambiência dolocal; resolver a situação de ausência detrabalhadora; reorganizar horários deentregas, entre outros.
OBRIGADA !