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Valdirene: doces de Duas Barras do Fojo DOM SALVADOR 20/12/2015 Mulheres estão mudando a história do interior da Bahia LAVRADORAS SE REÚNEM EM ASSOCIAÇÕES PARA PRODUZIR BISCOITOS, DOCES, REFEIÇÕES E ARTESANATO COM O QUE TIRAM DO CAMPO. SOLIDARIEDADE MELHORA A VIDA NAS COMUNIDADES NIASSA JAMENA Aneli Rodrigues de Oliveira, 58, é presidente e uma das fundadoras da Associação de Mulheres Camponesas de Cae- tité. Com 33 anos de trabalho na entidade, diz o que levou as mulheres da zona rural do mu- nicípio, no sudoeste da Bahia, a criarem uma cooperativa própria. “Foi a morte de nossa companheira Maria de Azeve- do, devido a conflitos de dis- puta de terra. Na hora em que ela tomou o tiro, estávamos somente nós duas. Ela estava grávida de quatro meses”, con- ta Lira, como é chamada pelos amigos e companheiros de tra- balho. Em homenagem à ami- ga que perdeu a vida, nasceu a Meuryluta, marca dos pro- dutos comercializados pela as- sociação. Assim como as companhei- ras de Maria de Caitité, outras mulheres da zona rural baiana estão transformando as difi- culdades das regiões para bus- car dias melhores. No estado, já existem dezenas de coope- rativas femininas. Nesses gru- pos, que geralmente come- çam informais e, depois, são oficializados por programas governamentais de incentivo, muitas mulheres pobres do meio rural estão conseguindo gerar renda, exercer sua cida- dania e ajudar suas comuni- dades. Geridas com base no con- ceito de economia solidária, as associações de mulheres do campo produzem e comercia- lizam os mais variados produ- tos - frutas, verduras e hor- taliças, roupa, artesanato, bis- coitos, doces, geleias e refei- ções. Devido à produção co- laborativa e em pequena es- cala, integram o setor da agri- cultura familiar. “Minha vida é um sonho. Eu que já trabalhei na diária do cacau, não tenho vergonha ne- nhuma de dizer, consegui meu teto para morar, que eu não tinha, e hoje ando com minhas próprias pernas”. Quando per- guntada sobre as mudanças que a Associação de Mulheres de Duas Barras do Fojo trouxe para a sua vida, D. Antônia Vicente, 43, ex-presidente do grupo, tem uma resposta ime- diata: “Mudou muita coisa. Se for contar tudo, vai levar é tem- po”, disse. Duas Barras do Fojo é uma comunidade da zona rural de Mutuípe, na região centro sul da Bahia. Antônia e mais 15 colegas produzem chocolate natural com cacau, açúcar e leite. Também fazem tortas, ovos de páscoa, achocolatado, bombons e fornecem refeições para eventos. A agricultora afirma que o início não foi fácil. “Começamos fazendo choco- late em barra e, depois, pas- samos a fazer as bolinhas. No início, perdia uns, aproveitava outros, mas a gente tocou pau. Cada uma deu cinco, dez reais e, assim, nós fomos compran- do os equipamentos e os ma- teriais”. O projeto foi iniciado em 2011, mas a produção mais efetiva começou neste ano, após a construção da se- de. O chocolate é vendido na feira da cidade e de porta em porta. Toda a renda adquirida é dividida igualmente entre to- das as associadas. Cozinha comunitária Assim como as trabalhadoras de Mutuípe, as mulheres da Meuryluta se organizaram por conta própria e trabalham com cozinha comunitária. Atual- mente, são 200 associadas. Fa- bricam doces, compotas, lico- res e geleias de frutas como acerola, umbu, goiaba e ja- buticaba. Começaram em 2000. Quinze anos depois, inauguraram a cozinha peda- gógica doada por uma empre- sa de energia eólica. Seus pro- dutos são vendidos na lancho- nete Meuryluta, na BR-030, nos mercadinhos de Caetité, em feiras e faculdades. Além das atividades da as- sociação, Lira trabalha na Se- cretaria Municipal de Agricul- tura. “Consegui esse emprego por causa do trabalho que de- senvolvo lá na associação. Ain- da tenho uma roça onde eu planto mandioca, feijão e fru- tas para consumo próprio”, conta. A Associação do Movimento de Mulheres de Caitité coor- dena projetos como o Semen- te Crioula, a Associação dos Apicultores do Município de Caetité e o trabalho com co- munidades quilombolas. “A maioria das mulheres tem pra- zer em participar do movimen- to. A gente se sente bem. An- tes, elas só sabiam pedir ou chorar. Agora, elas con- seguem ter outras oportunidades”, afir- ma Lira, em tom de mulher ativista. Flores do sertão desabrocham A Associação de Mulheres Flor do Sertão foi criada por causa de D. Marina de Andrade. Den- tre as opções que suas inte- grantes tinham, escolheram corte e costura porque a fun- dadora trabalhava no ramo. “Fui ensinando por grupos, e as meninas interessadas aprenderam rapidinho. As que ainda não costuram fazem tra- balhos como tirar linha, vender e embalar”, diz a fundadora. A costureira de 47 anos é presidente da jovem institui- ção formada por 16 mulheres, localizada na comunidade de Santo Antônio, zona rural da cidade de Barra do Mendes, centro-norte da Bahia. O pro- jeto da Flor do Sertão foi ela- borado em 2013, mas o fun- cionamento começou em mar- ço deste ano. Elas confeccio- nam uniforme escolar, camisa de festa, camisola, camisa de time de futebol, e também ar- tesanato, como jogo de ba- nheiro e pano de prato. Dona Marina deixou o em- prego de costureira para se jun- tar à associação. Mãe de três filhos, um rapaz de 26 e duas adolescentes de 17 e de 18 anos, ela ensina e supervisio- na o trabalho “das meninas”, como ela gosta de chamar, du- rante dois turnos. “São oito de manhã e oito de tarde, porque não tem máquina suficiente para todas”. As mulheres de Santo Antônio obtiveram re- cursos do Programa de Fomen- to do governo federal, que visa a inclusão social de agriculto- res familiares e comunidades tradicionais em situação de ex- trema pobreza. Através da as- sistência técnica e extensão ru- ral voltada para mulheres, o projeto Ater Mulher, cada uma recebeu R$ 2,4 mil – em duas parcelas disponibilizadas no cartão do Bolsa Família – para comprar maquinário e maté- ria-prima. Geração de renda Os impactos econômico e so- cial provocados pela existência das associações são sentidos nas comunidades onde elas es- tão instaladas. “Há geração de renda e fortalecimento na eco- nomia local e regional. Na co- zinha, elas conseguem boa parte dos ingredientes nos seus quintais produtivos e nas comunidades vizinhas. Dos produtos derivados da mandioca, boa parte vem da comunidade. Já no arte- sanato e corte e costura, elas compram o tecido na cidade e produtos como palhas de ár- vores nativas são encontrados nas roças delas ou dos vizi- nhos”, afirma Sirleide Sodré, técnica do CAA. “Por meio da associação, nossa comunidade entrou no projeto Cisternas para Todos, que a gente lutava e não con- seguia. O lugar passou a ser mais conhecido, vai mais gen- te lá para fazer encomenda. Até a renda de quem tem um mercadinho, de quem vende um pastel, melhorou. De certa maneira, estamos gerando renda para a comunidade” fa- la, confiante, D. Marina. As as- sociações mudaram suas re- giões, inclusive na questão de saúde pública, a partir da me- lhora da alimentação ofereci- da em suas cidades. 16 mulheres de Santo Antônio, na zona rural de Barra do Mendes, fizeram curso no programa de inclusão social de agricultores familiares do governo federal. Das quatro associações femininas contatadas, duas foram iniciadas pelas próprias mulheres da comunidade e duas foram organizadas por instituições de capacitação técnica. As produtoras de chocolate de Duas Barras do Fojo recebem assessoria técnica da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), organização sem fins lucrativos que elabora projetos de desenvolvimento econômico para agricultores familiares e desenvolve trabalho específico com grupo de mulheres rurais. O objetivo é otimizar a produção. “Trabalhamos com 14 grupos de mulheres entre os territórios do Baixo Sul e do Vale do Jiquiriçá. Eles não recebem verba, só a assessoria”, afirma Joelma Cunha, coordenadora da Fase Bahia. Com o apoio da entidade, D. Antônia e suas colaboradoras esperam assim a verba para construir a fábrica e comprar o maquinário e o carro para transportar os produtos da zona rural para a cidade de Mutuípe. ”Já a Meuryluta não conta com nenhum financiamento do governo. Assessoria para a compra de maquinário e de um carro Apesar dos ganhos, as associações femininas rurais enfrentam dificuldades para tocar as suas produções. Como são baseadas na economia solidária, ou seja, não há patrões e empregados, o lucro, muitas vezes incipiente, tem que ser dividido entre todas e, por isso, ainda é difícil viver só do trabalho nas associações, até porque a maioria trabalha de acordo com a demanda. Todas as mulheres têm outra fonte de renda – a maioria é agricultora –, e grande parte das lideranças não sabe mensurar o faturamento mensal das instituições. Em geral, as sedes são construídas por mutirão e com dinheiro conseguido em eventos ou com as próprias integrantes do grupo. Algumas trabalham em locais emprestados e sem estrutura. “Ainda não conseguimos tirar nada para a gente. O que ganhamos vai para a construção do nosso galpão”, diz D. Marina, líder das costureiras de Santo Antônio. Elas estão sempre prontas para enfrentar as dificuldades “A mulher tem que trabalhar no campo, se sustentar. Nada de viver dependente de marido. Lugar de mulher é onde ela quer” ANTÔNIA VICENTE, da Associação de Mulheres de Duas Barras do Fojo Zilda é chefe de cozinha comunitária 288 dos 417 municípios baianos não cumpriram a lei que prevê a aquisição de 30% dos alimentos da merenda escolar com agricultores familiares, em 2014. Os dados são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) Renda da Associação de Milagres aumentou com sequilhos Fotos: Niassa Jamena e Divulgação Revezamento na máquina de costura Flor do Sertão teve stand na Fenagro 3

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Valdirene: doces deDuas Barras do Fojo

DOMSALVADOR20/12/2015

Mulheres estãomudando a históriado interior da Bahia

LAVRADORAS SE REÚNEM EM ASSOCIAÇÕES PARA PRODUZIR BISCOITOS, DOCES, REFEIÇÕES EARTESANATO COM O QUE TIRAM DO CAMPO. SOLIDARIEDADE MELHORA A VIDA NAS COMUNIDADES

NIASSA JAMENA

Aneli Rodrigues de Oliveira,58, é presidente e uma dasfundadoras da Associação deMulheres Camponesas de Cae-tité. Com 33 anos de trabalhona entidade, diz o que levou asmulheres da zona rural do mu-nicípio, no sudoeste da Bahia,a criarem uma cooperativaprópria. “Foi a morte de nossacompanheira Maria de Azeve-do, devido a conflitos de dis-puta de terra. Na hora em queela tomou o tiro, estávamossomente nós duas. Ela estavagrávidadequatromeses”, con-ta Lira, como é chamada pelosamigos e companheiros de tra-balho. Em homenagem à ami-ga que perdeu a vida, nasceua Meuryluta, marca dos pro-dutos comercializados pela as-sociação.

Assim como as companhei-ras de Maria de Caitité, outrasmulheres da zona rural baianaestão transformando as difi-culdades das regiões para bus-car dias melhores. No estado,já existem dezenas de coope-rativas femininas. Nesses gru-pos, que geralmente come-çam informais e, depois, sãooficializados por programasgovernamentais de incentivo,muitas mulheres pobres domeio rural estão conseguindogerar renda, exercer sua cida-dania e ajudar suas comuni-dades.

Geridas com base no con-ceito de economia solidária, asassociações de mulheres docampo produzem e comercia-lizam os mais variados produ-tos - frutas, verduras e hor-taliças, roupa, artesanato, bis-coitos, doces, geleias e refei-ções. Devido à produção co-laborativa e em pequena es-cala, integram o setor da agri-cultura familiar.

“Minha vida é um sonho. Euque já trabalhei na diária docacau, não tenho vergonha ne-nhuma de dizer, consegui meuteto para morar, que eu nãotinha, e hoje ando com minhaspróprias pernas”. Quando per-guntada sobre as mudançasque a Associação de Mulheresde Duas Barras do Fojo trouxepara a sua vida, D. AntôniaVicente, 43, ex-presidente dogrupo, tem uma resposta ime-diata: “Mudou muita coisa. Sefor contar tudo, vai levar é tem-po”, disse.

Duas Barras do Fojo é umacomunidade da zona rural deMutuípe, na região centro sulda Bahia. Antônia e mais 15colegas produzem chocolatenatural com cacau, açúcar eleite. Também fazem tortas,ovos de páscoa, achocolatado,bombons e fornecem refeiçõespara eventos. A agricultora

afirma que o início não foi fácil.“Começamos fazendo choco-late em barra e, depois, pas-samos a fazer as bolinhas. Noinício, perdia uns, aproveitavaoutros, mas a gente tocou pau.Cada uma deu cinco, dez reaise, assim, nós fomos compran-do os equipamentos e os ma-teriais”. O projeto foi iniciadoem 2011, mas a produçãomais efetiva começou nesteano, após a construção da se-de. O chocolate é vendido nafeira da cidade e de porta emporta. Toda a renda adquiridaé dividida igualmente entre to-das as associadas.

Cozinha comunitáriaAssim como as trabalhadorasde Mutuípe, as mulheres daMeuryluta se organizaram porconta própria e trabalham comcozinha comunitária. Atual-mente,são200associadas.Fa-bricam doces, compotas, lico-res e geleias de frutas comoacerola, umbu, goiaba e ja-buticaba. Começaram em2000. Quinze anos depois,inauguraram a cozinha peda-

gógica doada por uma empre-sa de energia eólica. Seus pro-dutos são vendidos na lancho-nete Meuryluta, na BR-030,nos mercadinhos de Caetité,em feiras e faculdades.

Além das atividades da as-sociação, Lira trabalha na Se-cretaria Municipal de Agricul-tura. “Consegui esse empregopor causa do trabalho que de-senvolvo lá na associação. Ain-da tenho uma roça onde euplanto mandioca, feijão e fru-tas para consumo próprio”,conta.

A Associação do Movimentode Mulheres de Caitité coor-dena projetos como o Semen-te Crioula, a Associação dosApicultores do Município deCaetité e o trabalho com co-munidades quilombolas. “Amaioria das mulheres tem pra-zer em participar do movimen-to. A gente se sente bem. An-tes,elassó sabiam pedirouchorar. Agora, elas con-seguem ter outrasoportunidades”, afir-ma Lira, em tom demulher ativista.

Flores do sertão desabrochamA Associação de Mulheres Flordo Sertão foi criada por causade D. Marina de Andrade. Den-tre as opções que suas inte-grantes tinham, escolheramcorte e costura porque a fun-dadora trabalhava no ramo.“Fui ensinando por grupos, eas meninas interessadasaprenderam rapidinho. As queainda não costuram fazem tra-balhoscomotirar linha,vendere embalar”, diz a fundadora.

A costureira de 47 anos épresidente da jovem institui-ção formada por 16 mulheres,localizada na comunidade deSanto Antônio, zona rural dacidade de Barra do Mendes,centro-norte da Bahia. O pro-jeto da Flor do Sertão foi ela-borado em 2013, mas o fun-cionamento começou em mar-ço deste ano. Elas confeccio-nam uniforme escolar, camisade festa, camisola, camisa detime de futebol, e também ar-tesanato, como jogo de ba-

nheiro e pano de prato.Dona Marina deixou o em-

pregodecostureiraparasejun-tar à associação. Mãe de trêsfilhos, um rapaz de 26 e duasadolescentes de 17 e de 18anos, ela ensina e supervisio-na o trabalho “das meninas”,como ela gosta de chamar, du-rante dois turnos. “São oito demanhã e oito de tarde, porquenão tem máquina suficientepara todas”. As mulheres de

Santo Antônio obtiveram re-cursosdoProgramadeFomen-to do governo federal, que visaa inclusão social de agriculto-res familiares e comunidadestradicionais em situação de ex-trema pobreza. Através da as-sistência técnica e extensão ru-ral voltada para mulheres, oprojeto Ater Mulher, cada umarecebeu R$ 2,4 mil – em duasparcelas disponibilizadas nocartão do Bolsa Família – paracomprar maquinário e maté-ria-prima.

Geração de rendaOs impactos econômico e so-cial provocados pela existênciadas associações são sentidosnascomunidadesondeelases-tão instaladas. “Há geração derenda e fortalecimento na eco-nomia local e regional. Na co-zinha, elas conseguem boaparte dos ingredientes nosseus quintais produtivos e nascomunidades vizinhas. Dos

produtos derivados damandioca, boa parte vemda comunidade. Já no arte-sanato e corte e costura, elascompram o tecido na cidade eprodutos como palhas de ár-vores nativas são encontradosnas roças delas ou dos vizi-nhos”, afirma Sirleide Sodré,técnica do CAA.

“Por meio da associação,nossa comunidade entrou noprojeto Cisternas para Todos,que a gente lutava e não con-seguia. O lugar passou a sermais conhecido, vai mais gen-te lá para fazer encomenda.Até a renda de quem tem ummercadinho, de quem vendeum pastel, melhorou. De certamaneira, estamos gerandorenda para a comunidade” fa-la, confiante, D. Marina. As as-sociações mudaram suas re-giões, inclusive na questão desaúde pública, a partir da me-lhora da alimentação ofereci-da em suas cidades.

16mulheres de SantoAntônio, na zonarural de Barra doMendes, fizeram cursono programa de inclusãosocial de agricultoresfamiliares do governofederal.

Das quatro associaçõesfemininas contatadas, duasforam iniciadas pelaspróprias mulheres dacomunidade e duas foramorganizadas porinstituições de capacitaçãotécnica. As produtoras dechocolate de Duas Barrasdo Fojo recebem assessoriatécnica da Federação deÓrgãos para AssistênciaSocial e Educacional (Fase),organização sem finslucrativos que elaboraprojetos dedesenvolvimentoeconômico paraagricultores familiares edesenvolve trabalhoespecífico com grupo demulheres rurais. O objetivoé otimizar a produção.“Trabalhamos com 14grupos de mulheres entreos territórios do Baixo Sul edo Vale do Jiquiriçá. Elesnão recebem verba, só aassessoria”, afirma JoelmaCunha, coordenadora daFase Bahia. Com o apoio daentidade, D. Antônia e suascolaboradoras esperamassim a verba para construira fábrica e comprar omaquinário e o carro paratransportar os produtos dazona rural para a cidade deMutuípe. ”Já a Meurylutanão conta com nenhumfinanciamento do governo.

Assessoriapara a comprade maquinárioe de um carro

Apesar dos ganhos, asassociações femininasrurais enfrentamdificuldades para tocar assuas produções. Como sãobaseadas na economiasolidária, ou seja, não hápatrões e empregados, olucro, muitas vezesincipiente, tem que serdividido entre todas e, porisso, ainda é difícil viver sódo trabalho nasassociações, até porque amaioria trabalha deacordo com a demanda.Todas as mulheres têmoutra fonte de renda – a

maioria é agricultora –,e grande parte das

lideranças não sabemensurar ofaturamentomensal dasinstituições. Emgeral, as sedes sãoconstruídas pormutirão e comdinheiro

conseguido emeventos ou com as

próprias integrantesdo grupo. Algumas

trabalham em locaisemprestados e semestrutura. “Ainda nãoconseguimos tirar nadapara a gente. O queganhamos vai para aconstrução do nossogalpão”, diz D. Marina,líder das costureiras deSanto Antônio.

Elas estãosempre prontaspara enfrentaras dificuldades

“A mulher temque trabalharno campo, sesustentar. Nadade viverdependente demarido. Lugarde mulher éonde ela quer”ANTÔNIA VICENTE, da Associação deMulheres de Duas Barras do Fojo

Zilda é chefe decozinha comunitária

288dos 417 municípios baianos

não cumpriram a lei queprevê a aquisição de 30% dos

alimentos da merenda escolarcom agricultores familiares,

em 2014. Os dados sãodo Fundo Nacional

de Desenvolvimento daEducação (FNDE)

Renda da Associaçãode Milagres aumentoucom sequilhos

Fotos: Niassa Jamena e Divulgação

Revezamento namáquina de costura

Flor do Sertão tevestand na Fenagro

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