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Associação Nacional de História Núcleo Regional São Paulo
XVII Encontro Regional de História – “O Lugar da História” Campinas, 06 a 10 de setembro de 2004 – IFCH, UNICAMP
Descobrimentos no alto Amazonas. Crônicas e Relatos na colonização da América1.
Juliana de Castro Pedro2
O itinerário aqui proposto tem como ponto de partida a inserção da
América no universo cognitivo europeu. Falo do se convencionou denominar
“descobrimento da América”. Ressalto que a descoberta da qual falo só se
conforma enquanto descoberta, no sentido estrito da palavra, do ponto de vista
da ignorância européia3.
Para esta reflexão, não me deterei ao ponto factual, ou seja, a
descoberta em si, minhas inquietações se colocam na órbita do universo que
se descortina a partir da descoberta. O que quero dizer é que o acontecer do
descobrimento não se esgota no estabelecimento de suas coordenadas
históricas e geográficas “a experiência factual vive das bastardias que
promete”, ou seja, o vigor da idéia de descobrimento está justamente “na
dificuldade de emparelhar-se com qualquer tipo de completeza (…) ele se quer
1 Pesquisa em andamento com financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e orientação do Prof. Dr. Fernando Torres Londoño. 2 Aluna do Programa de Estudos Pós-Graduados em História Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) – Mestrado. 3 Em ocasião das comemorações dos quinhentos anos de descobrimento das Américas estudiosos do mais variados campos das ciências sociais, dentre eles, historiadores, antropólogos, filósofos, lingüistas, se debruçaram numa rica discussão sobre o significados do descobrimento e a pertinência, ou não, da palavra descobrimento, para designar o encontro entre a Europa e a América. Pretendo recuperar este rico debate multidisciplinar que abre para questões que colocam em cheque a validade da idéia de descobrimento, bem como propõem a idéia de invenção da América ou ainda ocidentalização da mesma. Neste trabalho compartilho da visão de Leopoldo Zea, para o qual o uso da palavra “descobrimento” no contexto dos descobrimentos, coloca-se como válida apenas para aqueles que seguindo sua própria história e transcendendo sua geografia, se encontraram com algo que lhes era desconhecido, outro mundo, outra expressão de humanidade, não se aplicando deste modo ao suposto descoberto. ZEA, Leopoldo (org.). El descubrimiento de América y su sentido actual. México: Fondo de Cultura Economica, 1992, p.194.
essencialmente aberto, como que a ignorar para sempre o próprio sentido de
suas premissas” 4.O que interessa está em pensar todo o sentido que este
elemento pontual, a descoberta da América, possibilitou construir, e,
principalmente, como os sujeitos imbuídos na prática do descobrimento
trabalharam estas descobertas e as organizaram de acordo com o código
cultural que lhes era próprio.
Neste sentido, a América exigiu por parte dos europeus a elaboração de
um conjunto de práticas culturais associadas aos processos de descoberta que
dessem conta de abarcar o complexo e vastíssimo universo que se abria ante
seus olhos e que possibilitassem instaurar o domínio colonial sobre o Novo
Mundo. Repertório de práticas que diferiam profundamente em cada uma das
nações envolvidas no projeto colonizador. A reflexão da historiadora Patrícia
Seed no seu inspirador livro Cerimônias de Posse na Conquista Européia do
Novo Mundo, me orienta neste sentido. A autora nos chama a atenção para a
especificidade de cada uma das nações envolvidas nos processos de
colonização da América que já se manifesta no ato inaugural de posse: a
leitura do requerimento por parte dos espanhóis, a marcha em procissão para
os franceses, o fincar de cruzes e a observação astronômica para os
portugueses.“Cerimônias de posse” que diferiam substancialmente de nação
para nação e que por vezes revelam as relações que se estabeleceria com a
região, e os projetos políticos subjacentes5.
Seed identifica nas práticas cerimoniais de posse, cujas ações eram
fundadas por conjuntos distintos de atos expressivos - sinais culturais - a
principal forma de imposição do poderio colonial sobre a América. Atos que
sancionavam um domínio legítimo sobre o Novo Mundo. A autora não descarta
o aparato bélico europeu como elemento sustentador no processo de conquista
e colonização, no entanto, defende a idéia de que “(…) embora a força militar 4 BORNHEIM, Gerd. A descoberta do Homem e do mundo. In: NOVAIS, Adauto. A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 1998, p.17-18. 5 A autora alerta para as leituras historiográficas que por vezes tendem a homogeneizar as nações e uma única identidade: a Europa - como se existisse um único quadro político europeu do domínio colonial. A proposta da autora está em “uma abordagem que diferencie, em vez de homogeneizar, a Europa nos permite examinar as diferenças e também as semelhanças nos meios de criação da autoridade colonial sobre o novo mundo” SEED, Patrícia. Cerimônias de Posse na Conquista Européia do Novo Mundo (1492-1640). São Paulo: Ed. Unesp, 1999.p.11
tenha efetivamente assegurado o poder sobre o novo mundo, os europeus do
século XVI e XVII também acreditavam no seu direito de governar. E criaram
para si próprios esses direitos empregando palavras e gestos significativos que
algumas vezes precederam, outras vezes sucederam, e outras ainda
acompanharam a conquista militar. Mas estes gestos simbolicamente
significativos não foram sempre os mesmos”. 6 Torna-se evidente que
descobrir, ou descoberta, não comportam um só mesmo sentido.
Nesta acepção, a descoberta é apreendida de formas múltiplas, de
acordo com o código cultural de cada um dos grupos engendrados nos
processos de descobrimento e colonização da América. Repertório cultural que
vai sendo renovando, readaptado, ou mesmo gerado a partir das experiências
vivenciadas no âmbito da colonização. Ou seja, ainda que os europeus tenham
lido o novo continente através de referenciais próprios a sua cultura, acabaram
por outro lado, incorporando irreversivelmente elementos específicos das
culturas que procuraram subjugar7.
A imensidão territorial que o continente americano abriga e a
heterogeneidade de sua geografia - seus climas, suas vegetações, seus rios e
desertos -, bem como a diversidade cultural de suas populações nativas, exigiu
para cada espaço, novas estratégias de aproximação e conquista. Nesta
pesquisa nossa atenção estará focada nos processos de descobrimento e
colonização da região amazônica, e para os significados que estes movimentos
permitiram tecer no interior da colonização.
Na região amazônica, todos os conflitos inerentes ao processo
colonizador se depararam com um espaço geográfico que determinaria táticas
de ação e atuaria como fermento na construção de imagens e representações
deste universo. A selva e seus rios estavam postos como o cenário que
congregaria duas visões de mundo, duas formas de se relacionar e recriar este
espaço. De um lado o espaço conquistado, ordenado segundo a lógica 6SEED, Patricia. Cerimônias de Posse na Conquista Européia do Novo Mundo (1492-1640). São Paulo: Ed. Unesp, 1999.p.10. 7GRUSINSKI, Serge. La colonización de lo imaginario – Sociedades indígenas y occidentálización en el México español, siglos XVI-XVII, México: Fondo de cultura Económica, , 3° ed., 1995.
ocidental, em particular pelo tipo colonização européia, erigida a partir da
cidade8 agregadora dos ideais de civilização, ordem e domínio que se
contrapõe, por outro lado, à lógica da natureza vislumbrada como selvagem,
caótica, ameaçadora.
Os expedientes de descoberta e conquista desses espaços foram os
mais variados. Neste trabalho nos centraremos nas ações dos portugueses e
espanhóis, sem, no entanto, desconsiderar as pressões que as outras nações
– Holanda, Inglaterra e França – impuseram na disputa pelos espaços coloniais
amazônicos9. As investidas em território amazônico têm inicio já nos primeiros
decênios dos quinhentos.
Tendo consolidado suas bases na região andina, os castelhanos
realizaram expedições que lhes permitiram um conhecimento mais preciso das
regiões de planície e de floresta ao leste dos Andes. Foi a expedição de Alonso
de Mercadillo, em 1538, a primeira empreitada a entrar na Amazônia a partir
dos Andes. Um destacamento da expedição composta por vinte e cinco
homens, entre eles o português Diogo Nunes, passou do rio Huallaga ao
Marañón (ou Alto Amazonas) e desceu o grande rio pelo menos até chegar à
região situada entre Tefé e Coari, à época conhecida como “Província de
Machiparo”, hoje território brasileiro10. Diogo Nunes, que comandava o
deslocamento, tornou-se também o cronista da viagem. Seu relato escrito em
1553 e endereçado ao rei D. João III de Portugal, informa, ainda que de forma
sumária, as terras que havia descoberto, o aspecto geral da terra e do povo e a
possibilidade de existência de riquezas a serem exploradas e o esboço de uma
proposta de conquista para a região.
8 RAMA, Angel. A cidade das letras. São Paulo: Brasiliense, 1985. 9 REIS, Arthur Cezar Ferreira. A Amazônia e a cobiça internacional.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. 10 Antonio Porro informa que o itinerário da expedição de Alonso Mercadillo tem por única fonte o livro de Cieza de Léon (1554), e que uma reconstituição desse itinerário foi publicado por Jiménez de La Espada (1895). Segue as referências bibliográficas: PORRO, A. As crônicas do Rio Amazonas. Notas de etno-história sobre as antigas populações indígenas da Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1993.Cieza de Léon, P. Guerras civiles del Perú. Tomo I: Guerra de Las Salinas. Gárcia Rico, Madrid, 1554. Jimenéz de la Espada, M. La jornada del capitán Mercadillo a los indios Chupachos e Iscaicingas. Boln Soc. Geogr. Madrid (37:197-120), 1895.
“Nesta província de Machifaro que eu vi se podem povoar cinco ou seis vilas mui ricas, porque sem dúvida há nela muito ouro (…) Esta terra está entre o rio Prata e o Brasil pela terra adentro. Por esta terra vem o rio grande das Amazonas, e na paragem desta terra tem este rio muitas ilhas no rio e bem povoadas e gente bem luzidia. E da outra banda do rio há muita povoação da mesma gente, de maneira que de uma banda e de outra está bem povoado.(…) Por este rio há de prover esta terra, porque podem ir navios por ele até onde se poderá povoar uma vila que seja porto e escala de toda esta terra (…)”.11
O relato de Diogo Nunes desde de então começa por identificar o curso
do rio Amazonas como via de penetração do continente, definindo a calha do
grande rio como eixo principal da expansão colonial. – via de ocupação e de
integração do continente aos domínios coloniais europeus. Os rios servem a
um só tempo, como vias de deslocamento dos homens e como referencias de
ordenamento de um espaço desconhecido12. Embora a floresta constitua, ao
lado dos rios o elemento dominante da paisagem amazônica, ela não se
prestou a definir ou configurar a região. Os rios atuam, a um só tempo, como
vias de deslocamento dos homens e como referência de ordenamento do
espaço desconhecido13. Desde das viagens, as descrições geográficas não
seriam mais do que itinerários, que subindo ou descendo o rio, relatavam as
características físicas e etnográficas de suas margens e a situação e o curso
de seus principais afluentes.
Se Diogo Nunes e seus companheiros forem os primeiros europeus a
navegar, em 1538, o Alto Amazonas, quatro anos mais tarde, o grande rio seria
percorrido em toda a sua extensão, por Francisco Orellana. A expedição
organizada por Gonzalo Pizarro, embevecido com as promessas de riquezas
logo à frente, contava com cerca de trezentos e quarenta soldados e mais
11 Diego Nunes, Apontamento do que V. A. quer saber ( carta a D. João III de Portugal). In: PAPAVERO, Nelson (e outros). O Novo Éden: A fauna brasileira nos relatos de viajantes e cronistas desde a descoberta do rio Amazonas por Pinzón (1500) até o tratado de Santo Idelfonso (1777). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2000. 12 Na topografia simbólica das viagens imaginárias da Renascença, eram os cursos d’água que guiavam os viajantes em meio às densas florestas que representavam desorientação. SHAMA, Simon. Paisagem e memória, São Paulo Cia das Letras, 1996. 13COSTA, Kelerson Semerene. Homens e natureza na Amazônia brasileira: Dimensões (1616-1920). Tese de doutorado. UNB, 2002.
quatro mil índios14. Com saída de Quito em fevereiro de 1539 a viagem esteve
marcada por lances dramáticos. A falta de alimentos, as tantas deserções e
mortes pelo caminho exigiram de Gonzallo Pizarro a busca por uma alternativa
que pudesse sanar as agruras do grupo. A solução encontrada foi enviar uma
pequena tropa rio abaixo, para buscar socorro e alimentos para a campanha
que a essa altura, estava na confluência entre o rio Coca e Napo.
O comando da tropa foi confiado por Pizarro ao capitão Francisco de
Orellana. Começava a epopéia que duraria nove meses entre os anos de 1541
e 1542, que resultaria na primeira expedição a percorrer todo o rio Amazonas
até a sua foz, no oceano atlântico.Os detalhes da viagem foram narrados pelo
frei Dominicano Gaspar de Carvajal que acompanhou toda a viagem em sua
crônica intitulada Relación Del Nuevo Descubrimiento Del famoso Rio
Grande que Descobrió por Muy Gran Ventura el Capitán Francisco
Orellana15 .
A crônica de Carvajal aparece como um ensaio do papel que as crônicas
viriam a ganhar, ao inventar16, informar, recriar e divulgar a Amazônia. O relato
de Carvajal chama a atenção para uma prática que aparece sempre associada
às descobertas. A da escrita. Da descoberta resulta a redação de uma notícia –
sua materialização na escrita - com o fim de informar outrem, bem como,
instaurar a legitimidade da descoberta e identificar os seus descobridores.
Escrita que registra a descoberta e cristaliza a memória do descobrimento.
As primeiras expedições do século XVI produziram relatos que tiveram
repercussão como fundadoras da presença européia no Amazonas. São
registros escritos que carregam uma carga temática, uma leitura do universo
14 REIS, Arthur Cezar Ferreira. Síntese de História do Pará. Belém, amada, 2 ed.,1972 15CARVAJAL, Gaspar de. Relación Del Nuevo Descubrimiento Del famoso Rio Grande que Descobrió por Muy Gran Ventura el Capitán Francisco Orellana.Edición, introducción y notas de Jorge Hernández Millares. Fondo de Cultura Económica, México, D.F. 16 Neide Gondim trabalha com a idéia de a Amazônia foi inventada pelos europeus a partir do momento
em que passou a constar nos relatos dos primeiros descobridores. E inventada porque “a Amazônia real
não participava dos anseios dos homens que para ali foram em busca de riquezas”. PINTO, Neide
Gondim de Freitas. A invenção da Amazônia. Tese de doutorado em comunicação e semiótica, PUC-SP,
1992.
amazônico que não resulta apenas da dinâmica das águas e das florestas, mas
também das expectativas, idéias e representações, previamente concebidas
sobre a região amazônica.
Neste trabalho, meu esforço caminha no sentido de pesquisar os
processos de apropriação do território amazônico a partir da vigorosa
elaboração, no século XVII, do discurso da descoberta nos escritos sobre a
Amazônia. A pesquisa tem se orientado na investigação de como esses
discursos da descoberta vão sendo tecidos nas crônicas e relatos do século
XVII escritos sobre a Amazônia, considerando-os como construções culturais
que respondem as pressões, necessidades e expectativas forjadas no interior
do projeto colonial.
A Amazônia conta com um número significativo de crônicas escritas nos
séculos XVII, hoje impressas, que nos revelam, um intenso movimento histórico
de construção e apropriação de seu território17. A leitura dessas crônicas e
relatos mostra ser corrente a retomada do tema da descoberta. É flagrante
nestes relatos o esforço do cronista em cultivar a altivez do espírito de
descoberta em relação à mata, a flora, aos índios e, sobretudo, que este
espírito ecoe na história que se quer narrar e cristalizar.
Partindo da idéia que a descoberta é apreendida de formas múltiplas, de
acordo com o código cultural de cada um dos grupos engendrados nos
processos de descobrimento e colonização da América - repertório cultural que
vai sendo renovando, readaptado, ou mesmo gerado a partir das experiências
vivenciadas no âmbito da colonização - algumas questões são orientadoras: O
que significa descobrir para os diversos sujeitos imbuídos nos processos de
descobrimento? Quais os mecanismos de apreensão da descoberta? Qual a
força da palavra no âmbito da colonização da América? De que modo à
descoberta vai ser trabalhada no interior da colonização por conquistadores,
missionários e colonos, sobretudo, portugueses e espanhóis, como elemento
de legitimação da prática colonial e de construção de uma autoridade legal a
17 Destacamos a publicação de PORRO, Antônio. As crônicas do rio Amazonas – Tradução, introdução e notas etno-históricas sobre as antigas populações indígenas da Amazônia Petrópolis, Vozes, 1993; e a coleção Monumenta Amazônica. IIAP – CETA, Iquitos, Peru: Editorial Universo S/A.
partir dos direitos do descobridor? E, principalmente, o que supõe olhar, ou
melhor, informar a Amazônia enquanto descobrimento?
A produção do discurso da descoberta nas narrativas, no interior do
projeto colonial não nos aparece como um discurso neutro e destituído de
interesses. As narrativas de descobrimento à medida que buscam imprimir uma
memória da descoberta, materializada na crônica, também visa a identificar os
“verdadeiros” ou “legítimos” descobridores do espaço amazônico. Memória
disputada. Que gera versões da descoberta.
Parece-me que mais do que a própria viagem de descobrimento, são as
versões da viagem, que vão ganhar força no seio da disputa colonial pelo
direito da descoberta e vão se configurar no elemento legitimador a ação
colonizadora pautada no direito do descobridor. Versões que revelam os
diferentes sujeitos imbuídos na tessitura da prática colonial. Versões que
revelam projetos políticos subjacentes. Versões escritas que possibilitara,
enquanto documento /prova/ verdade estabelecer o que as sociedades
européias julgavam ser um domínio legitimo sobre o novo mundo. Quanto mais
se produz a respeito mais escancarada se apresenta a disputa, os empates e
as forças em jogo. Amazônia transformada em área de litígio. Um mundo a ser
apropriado.
Dentre as crônicas produzidas selecionei aquelas que acredito
evidenciar a tensão entre os interesses das coroas ibéricas para a região e que
trazem para seu centro questões relativas ao descobrimento18. Venho
trabalhando, sobretudo com as crônicas produzidas por jesuítas e franciscanos,
com exceção do relato de Pedro Texeira19 nomeada “Relazion del general
Pedro Tejeira de el rio de las Amazonas para el Sr Presidente” redigida em
Quito em janeiro de 1639 e endereçada ao presidente da Audiência de Quito.
18 A viagem de Orellana em 1542, à medida que percorreu todo o canal do rio Amazonas, abriu um caminho fluvial que possibilitou a comunicação entre espaços coloniais espanhóis e portugueses e estabeleceu a bases para o que me parece serem os elementos legitimadores da descoberta. A viagem e a escrita. As crônicas que selecionei trazem esses elementos. 19 TEXEIRA, Pedro. “Relazion del general Pedro Tejeira de el rio de las Amazonas para el Sr Presidente”. In: Jaime Cortezão”. O significado da expedição de Pedro Texeira à luz de novos documentos. Anais do IV congresso de História Nacional, Rio. IHGB 1950, 3:173-204; [1639]
Trata-se da relação da expedição comandada por Pedro Teixeira, que voltaria
a percorrer toda a extensão do rio Amazonas agora em sentido inverso a da
viagem de Orellana20.
Pelo que temos conhecimento a viagem produziu além do relato de
Pedro Texeira, a crônica “Descubrimiento del rio de las Amazonas y sus
dilatadas provincias: relación del descubrimiento del rio de las
Amazonas, hoy S. Francisco de Quito, y declaracion del mapa donde está
pintado”, do Padre jesuíta Alonjo Rojas.
Outra crônica que destacamos e a dos jesuítas Christobal de Acuña e
Andrés de Artieda nomeada “Nuevo descobrimiento del Gran Río
Maranõn”. O trabalho do padre Acuña surge em meio a uma situação
polêmica aberta pela chegada de Pedro Texeira em Quito e reforça a
percepção da disputa entre Espanha e Portugal sobre a Amazônia. Os
espanhóis alarmados de que os portugueses, conhecendo o caminho através
dos rios, pudessem colocar em risco a dominação espanhola na região, sentem
a necessidade imediata em navegar e mapear toda a extensão do rio
Amazonas. A viagem, pelo mesmo caminho anteriormente percorrido por Pedro
Teixeira, agora em sentido inverso, de Quito ao Pará, se apresentava para os
espanhóis como oportunidade de mapear aquela estrada fluvial, e suas
vizinhanças e fazer frente ao avanço Português e aos perigos que estes
representavam para o controle da região.
Os padres acompanharam entre fevereiro e dezembro do ano de 1639 o
capitão português Pedro Teixeira em sua viagem, através do rio Amazonas,
anotando todo o trajeto percorrido para dar relato ao rei da Espanha.O relato
de Acuña, com a riqueza de detalhamentos que oferece, no que se refere à
geografia do rio Maranhão, bem como à descrição minuciosa de sua natureza e
20 O comandante partiu de Belém do Pará em outubro de 1637, com “setenta soldados e mil e duzentos flecheiros e remadores indígenas, perfazendo com mulheres e escravos um total de duas mil pessoas, que se embarcaram em quarenta e cinco canoas”, os números não deixam de revelar o tamanho da empreitada. PAPAVERO, Nelson (e outros). O Novo Éden: A fauna brasileira nos relatos de viajantes e cronistas desde a descoberta do rio Amazonas por Pinzón (1500) até o tratado de Santo Idelfonso (1777). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2000, p.139
dos grupos indígenas que habitavam suas margens, não aparece isento de
uma proposta de conquista para a região.
Intimamente ligados pela ocasião em que foram produzidas e também
pelo fato de Acuña ter incorporado em seu texto trechos inteiros retirados da
crônica de Alonso Rojas, as crônicas desses jesuítas dão conta da experiência
da viagem pelo rio Amazonas21. Existe tanta na crônica Acuña, como no relato
de Rojas, uma constante preocupação em chamar a atenção para a veracidade
do seu testemunho expresso no documento. Os cuidados com que o cronista
procura cercar seus relatos são demonstrativos da pretensão de que a sua
narrativa se aproxime o máximo possível da realidade ouvida, vista e visitada
por ele.
A viagem atribui autoridade ao testemunho e é na sua constante
afirmação que o autor de um relato pretende garantir a veracidade de seu
texto. Ao escrever “eu vi”, o autor, como afirma Michel de Certeau, fabrica e
sanciona “o texto como uma testemunha do outro”.
Leornado Olschki 22, num trabalho sobre as componentes do registro dos
viajantes, concentra-se na ação do descobridor em oposição à daquele que
apenas “encontra” algo diverso. Ele afirma que a descoberta acontece a partir
do momento em que a consciência transforma o pensamento e em palavra o
que é visto e, sendo assim, considera importante examinar quais os aspectos
naturais e humanos que atraem a atenção dos viajantes. A questão principal,
nesses casos – o autor analisa especificamente os relatos de Marco Pólo e de
Cristóvão Colombo – é identificar a razão da escolha que faz o viajante-
narrador do que é digno de ser considerado e descrito; escolha esta que pode
ter sua origem nos interesses práticos, na instrução, na educação espiritual, no
temperamento do viajante, ou na capacidade de expressar e observar.
Identificar a forma como foram apresentadas as terras descobertas e
21 Da mesma que esses escritos já esboçam estratégias de colonização a associação da Amazônia a imagem do paraíso terrestre, evocação de elementos paradisíacos, da fertilidade das terras, da temperança do ar, da abundância dos frutos, dos pescados, da caça, das resinas e da madeira, é freqüente na crônica dos autores. Para estas questões pretendo me apoiar nos trabalhos de Jean Delumeau, e no livro de Sérgio Buarque de Holanda Visão do Paraíso. 22 OLSCHKI, Leornado. Storia letteraria delle scoperte geografiche. Firenze: Leo Olschki editore, 1937.
exploradas ajuda a compreender o efeito que essas narrativas tiveram sobre o
imaginário e sobre iniciativas futuras dos homens da época. Ainda no âmbito das produções dos padres da Companhia de Jesus,
destaco o livro do jesuíta Manuel Rodriguez intitulado, El descubrimiento Del
Marañón23. Manuel Rodríguez constrói sua obra a partir da rica teia de
informações geradas no interior da Companhia de Jesus e do intenso fluxo de
troca de relatos e correspondências24. O esforço do cronista, em selecionar e
organizar as cartas e os relatos que chegavam à casa provincial de Quito, e
que serviriam de matéria prima para a elaboração de sua crônica, se insere
dentro de uma atividade para a qual a Companhia reservou cuidado especial: a
construção de sua memória25.
Rodríguez parte de uma elaboração linear de sua história e vai
identificando períodos que sucedem uns aos outros cronologicamente,
determinados segundo a evolução dos assentamentos de missões na região. A
sua incursão pelos primeiros descobrimentos empreendidos por espanhóis e
outras ordens religiosas em terras americanas, processo que ele nomeia de
“primeiro descubrimiento”, não se configura apenas como uma preocupação do
autor em situar seu leitor no ponto zero do processo de colonização da
América, mais especificamente, no processo de conquista do Peru. Ao dedicar
várias laudas de seu livro à atuação fracassada de Pizarro e seus sucessores
no processo de conquista da região do Alto Amazonas, Manuel Rodríguez
aponta uma a uma as deficiências e insucessos da operação, e começa por
sugerir um novo descobrimento para a região, agora sob a égide de novos
23 RODRÍGUEZ, Manuel. El descubrimiento Del Marañón, edicón, prólogo y notas de Angéles Durán, Alianza Editorial, Madrid, 1990, pg. 47. Segue em anexo um exercício de leitura da crônica, conforme solicitado pela disciplina seminário de pesquisa. 24 Manuel Rodríguez enquanto procurador geral das Províncias das Índia se serve de cédulas reais, cartas do rei da Espanha, cláusulas de nomeamento, cartas do vice-rei ao governador de Borja, memoriais, e relatos que chegavam à casa provincial de Quito, para a elaboração de sua história “del río Marañón”. 25TORRES LONDOÑO, Fernando no artigo, “Escrevendo cartas. Jesuítas, escrita e missão no século XVI”. In Tempos Sagrados. Revista Brasileira de História. Vol.22, n 43, 2002; examina a produção e troca de correspondências entre os padres jesuítas do século XVI e seus superiores e nos chama atenção para o estabelecimento de um padrão, a partir da escrita de Ignácio de Loyola, tanto para a elaboração de textos edificantes, quanto na definição de posturas e procedimentos que garantiriam o estabelecimento de um método missionário para a redução do infiel à fé católica e o controle da produção intelectual dos jesuítas.
personagens que acabariam por conferir um efetivo descubrimiento para a
região.
Para o autor, as investidas dos jesuítas em território Amazônico
acabariam por empreender um novo “descubrimiento” da região, que não
implica a idéia de novidade, de descoberta de algo inédito e sim, num
desvelamento para o mundo cristão do que até então estava encoberto, e que
se fazia mais urgente na circunstância de que se tratava de terras habitadas
por homens “que lo son, aunque casi parecen brutos los indios26”, ainda não
iluminados pela luz evangélica. Deste ponto de vista, o verdadeiro
“descobrimiento” só se efetivaria quando aquelas terras e aqueles povos
fossem tragados pelo mundo cristão-ocidental.
O que percebo por hora é que tanto no trabalho de Açuña, construído a
partir do seu próprio testemunho e experiência, quanto no trabalho de
Rodríguez, tecido com base na documentação elaborada pelos próprios
jesuítas e da transcrição de parte significativa do diário de Acuña, uma
preocupação em associar os novos territórios ao labor da Companhia de Jesus
e aos interesses da Coroa espanhola.
E finalmente, destaco a crônica escrita pelo Frei Laureano de la Cruz
Nuevo descobrimiento del rio de Marañon llamado de Amazonas hecho
por la religion de San Francisco ano de 165127, escrita em 1653, que vai dar
voz as reivindicações dos direitos dos franciscanos enquanto descobridores do
rio amazonas, abrindo frente também para o embate entre interesses jesuíticos
e franciscanos para a região. As crônicas produzidas por representantes das
ordens religiosas presentes na Amazônia Colonial apresentaram, de maneira
geral, um objetivo comum: compartilhar informações e propostas que
favorecessem o duplo processo de colonização e de catequese, entendidas
26 RODRÍGUEZ, Manuel. El descubrimiento Del Marañón, edicón, prólogo y notas de Angéles Durán, Alianza Editorial, Madrid, 1990, pg. 47. 27 A crônica de Laureano, segundo Antonio Porro, é o primeiro documento etno-histórico do alto amazonas ou depoimento de um europeu que viveu na região durante por muito tempo, em contato permanente com as populações indígenas. Sua abra relata as obstinadas tentativas feitas pelos frades franciscanos de catequizar os índios, as rivalidades entre as sua ordem e os jesuítas, as intrigas da corte em Quito, detalhes da viagem de Pedro Texeira entre outras coisas.
certamente como dois lados de uma mesma moeda (apesar da existência de
um complexo jogo de convergência e divergências entre representantes da
igreja e autoridades coloniais). É fundamental superar, no entanto, a imagem
dessa literatura como algo homogêneo e repetitivo. Dentro de um mesmo
objetivo político e religioso, podiam existir importantes singularidades e
diferenças de opinião, inclusive entre membros de uma mesma ordem. Cabe
ainda ressaltar que estes escritos estavam inseridos dentro de uma dinâmica
colonial que exigia uma constante reformulação de projetos.
O intento deste trabalho está justamente na tentativa de captar os
projetos que estão em pauta para a região amazônica e os movimentos de
construção de um espaço de atuação colonial, legitimados pelo direito
conferido ao descobridor, ou ainda, ao detentor da memória do descobrimento.
Memória que se materializa na escrita.
Fontes Documentais
CARVAJAL, Gaspar de. Relación Del Nuevo Descubrimiento Del famoso Rio
Grande que Descobrió por Muy Gran Ventura el Capitán Francisco
Orellana.Transcripiciones de Oviedo y Medina por Raul Reyes y Reyes. Quito,
1942 (“biblioteca Amazonas”, I). Trad. brasileira de C. de Melo Leitão em
“Carvajal, Rojas e Acuña. Descobrimentos do Rio das Amazonas”. São Paulo,
Cia. Ed. Nacional, 1941.
ROJAS, Alonjo de. “Descubrimiento del rio de las Amazonas y sus dilatadas
provincias: relación del descubrimiento del rio de las Amazonas, hoy S.
Francisco de Quito, y declaracion del mapa donde está pintado”; [1637-38]
TEXEIRA, Pedro. “Relazion del general Pedro Tejeira de el rio de las
Amazonas para el Sr Presidente”. In: Jaime Cortezão. O significado da
expedição de Pedro Texeira à luz de novos documentos. Anais do IV
congresso de História Nacional, Rio. IHGB 1950, 3:173-204; [1639]
ACUÑA, Christobal de. Nuevo descubrimiento del gran rio de las
Amazonas.[1639]
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Amazonas hecho por la religion de San Francisco ano de 1651. [1653]
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ditochos de otros, assí temporales, como espirituales, en las dilatadas
montañas y mayores ríos de la América, escrita por el Padre Manuel
Rodríguez; de la compañía de Jesús, procurador general de las provincias de
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