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Comentário Bíblico do Livro Atos dos Apostólos

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  • E a Igreja se Fez Misses

    CWD

  • Todos os direitos reservados. Copyright 1995 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus.

    Capa: Hudson Silva Traduo: Gordon Chown

    226.6 -

    PEAa

    Atos dos apstolos Pearlman. MyerAtos: e a Igreja se Fez M isses.../M yer Pearlman1. cd. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assem blias de Deus, 1995.p. 256. cm. 14x21

    ISBN 85-263-0039-3

    1. Comentrio Bblico 2. Atos dos Apstolos

    CDD226.6 - Atos dos Apstolos

    Casa Publicadora das Assem blias de DeusCaixa Postal 33 I20001 970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    Ia E dio/1995

  • ndice1. Ascenso de C risto........................................ 72. A Vinda do Esprito Santo....................... 173. Sermo de Pedro no Pentecoste............ 274. A Cura de um C o x o ................................. 395. Perseguio, Orao e Poder.................. 496. O Pecado da Hipocrisia........................... 597. Os Discpulos Sofrem por

    Amor a C risto.............................................. 698. Estvo, o Primeiro Mrtir........................799. O Julgamento Simulado de um Crente.. 87

    10. Filipe, o Obreiro Aprovado....................... 9511. A Converso de Saulo........................... 10712. O Derramamento em Cesaria............. 11913. Priso e Libertao de Pedro............... 13114. Uma Chamada para a Obra

    Missionria................................................. 14315. Paulo, um Homem de Coragem.......... 155

  • 16. Uma Controvrsia na IgrejaPrimitiva.................................................... 165

    17. Paulo e Silas na Priso.......................... 17518. Paulo, o Pregador.................................... 18519. Paulo em feso........................................ 19720. Paulo Despede-se dos Efsios.............. 20721. Paulo Vai a Jerusalm............................ 21722. Paulo Diante do Sindrio....................... 22723. Paulo Testifica Diante dos

    Poderosos.................................................. 23724. O Naufrgio de Paulo........................... 247

  • Ascenso de CristoTexto: Atos 1.1-11

    IntroduoO Evangelho segundo Lucas foi dedicado a Tefilo

    (quem ama a Deus), que representa todos os cris- tos. No incio de Atos, Lucas escreve: Fiz o primei- ro tratado, Tefilo, acerca de tudo que Jesus come- ou, no s a fazer, mas a ensinar, at... Ressaltamos a palavra at porque, no livro de Atos, estudamos o que Jesus continuou a fazer por intermdio dos seus discpulos. Neste livro, lemos como Jesus cumpriu sua promessa: e eis que eu estou convosco todos osdias, at consumao dos sculos. (Mt 28.20) E como continuou sua obra atravs do Esprito Santo. Enquan- to nos Evangelhos lemos: E Jesus disse, no livro de Atos lemos: E o Esprito disse. O Esprito revela- do como representante de Cristo, guiando o progresso e a administrao da sua Igreja. O livro pode ser cha- mado: Atos de Cristo mediante seus servos ou Atos do Esprito Santo.

  • 8 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    I O Senhor Faz os Preparativos para a Sua Ascenso (At 1.1-5)

    1. Dando instrues. Jesus subiu depois de haver dado mandamentos por intermdio do Esprito Santo aos apsto- los que escolhera. Estas instrues so registradas em vrias passagens, como em Lucas 24.44-49; Mateus 28.19,20; Marcos 16.15-18; Joo 21; e nos versculos 3-8 deste cap- tulo'(At 1). Em que sentido as instrues foram dadas mediante o Esprito Santo? A uno que Jesus recebeu no rio Jordo era ilimitada e permanente. Mediante o Esprito, recebeu poder para seu ministrio; foras para enfrentar a cruz (Hb 9.14); foi ressuscitado dentre os mortos (Rm 8.1 1); e, no Pentecoste, batizou a outros no Esprito. A uno ainda estava sobre ele aps a ressurreio.

    2. M ediante m anifestaes da vida ressurreta. Aos quais tambm, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalveis provas, sendo visto por eles por espao de quarenta dias, e falando do que respeita ao reino de Deus (cf. 1 Co 15.5-8).

    Se vssemos um farol que parecesse ficar em p sobre as ondas, saberamos que haveria, por baixo da construo, um fundamento de rocha. Durante 19 sculos a Igreja per- manece em p como luz para as naes. Qual o seu alicer- ce? A nica resposta satisfatria ; a ressurreio de Cris- to. A f e a religio viva no podem surgir de um cadver.

    Durante 40 dias Jesus revelou-se aos seus discpulos, aparecendo e desaparecendo. Era como se quisesse lev- los gradualmente a perceber que Ele pode estar presente, no Esprito, embora ausente no corpo. Chegou um momen- to em que os discpulos sabiam que haviam cessado tais aparecimentos. A partir de ento teriam de pregar o Evan- gelho com plena confiana da presena espiritual de Cristo com eles, conforme Ele mesmo prometera: E eis que eu estou convosco todos os dias, at a consumao dos scu

  • Ascenso de Cristo 9

    los. Foi a ascenso que convenceu os discpulos da vera- cidade desta mudana.

    3. Dando uma ordem especfica. E, estando com eles, determinou-lhes que no se ausentassem de Jerusalm, mas que esperassem a promessa do Pai, [Jo 14.16; J1 2 .281 que (disse ele) de mim ouvistes . O batismo do Senhor Jesus, no Jordo, foi o sinal para Ele iniciar seu ministrio. As- sim, tambm, a Igreja precisava de um batismo que a pre- parasse a cumprir um ministrio de alcance mundial. No seria o ministrio de criar uma nova ordem e, sim, de pro- clamar aquilo que Cristo j havia realizado. Mesmo assim, s no poder do Esprito Santo poderia tamanha obra ser levada a efeito.

    Cristo dirigiu suas palavras a homens que possuam n- timo relacionamento espiritual com Ele. J tinham sido en- viados a pregar, armados com poderes espirituais especfi- cos (Mt 10.1). A eles fora dito: Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos cus (Lc 10.20); sua condio moral j tinha sido definida com as palavras: Vs j estais limpos, pela palavra que vos tenho falado (Jo 15.3). Seu relacionamento com Cristo foi ilustrado mediante a figura da videira e dos ramos (Jo 15.5). Eles j conheciam a presena do Esprito nas suas vidas (Jo 14.17); j tinham sentido o sopro do Cristo ressurreto quando ele lhes disse: Recebei o Esprito Santo.

    Mesmo assim deviam esperar a promessa do Pai! Isto nos mostra a importncia deste revestimento.

    II Instrues do Senhor com Respeito ao Futuro(At 1.6-8)

    Aqueles pois que se haviam reunido perguntaram- lhe, dizendo: Senhor, restaurars tu neste tempo o reino a Israel? Os apstolos, como seus compatriotas, tinham associado o ministrio do M essias com o imediato e

  • 10 Atos: e a Igreja se Fez. Misses

    visvel aparecimento do Reino de Deus, com um estron- do de fora material em fulgor externo (Lc 19.11; 24.21). Conceitos do Reino, mais terrestres do que celestiais, afetavam suas condutas e os levaram a disputas ambici- osas. Cada qual visando a preeminncia. Boa parte dos ensinos de Cristo visava limpar a mente deles de falsos conceitos acerca do Reino. No entanto, s o tremendo choque do Calvrio conseguiu tirar-lhes as iluses com respeito a um reino material. Agora, sendo instrudos pelo Cristo ressurreto, entendiam melhor o seu Reino. Contu- do, seus coraes judeus ainda os impulsionam a per- guntar: Senhor, restaurars tu neste tempo o reino a Israel? Ainda pensavam em termos de uma s nao. O Senhor, em resposta, fez com que erguessem seus olhos para ver todas as naes. Esta resposta contm quatro

    /. A estreita limitao do conhecimento humano acerca do futuro. No vos pertence saber os tempos ou as esta- es... Existem muitas coisas que nossas mentes querem perscrutar, mas pertencem exclusivamente aos planos de Deus (cf. Dt 29.29; Mc 13.33; 1 Co 13.9; 1 Jo 3.2).

    2. As mos seguras que dirigem o futuro. Os tempos e pocas esto nas mos de Deus: O Pai estabeleceu pelo seu prprio poder (cf. Mc 13.32). Embora no saibamoso futuro com respeito aos eventos mundiais e s nossas vidas, no precisamos ficar ansiosos. O desconhecido fica muito bem nas mos do Mestre.

    3. Foras suficientes para enfrentar o futuro. Mas recebereis a virtude do Esprito Santo, que h de vir sobre vs... Poder para enfrentar o futuro - isto vale muito mais do que detalhados conhecimentos sobre o porvir.

    4. O dever prtico com respeito ao futuro. E ser-me- eis testemunhas, tanto em Jerusalm como em toda a Judia e Samaria, e at aos confins da terra. Estas palavras defi- nem o ministrio primrio de cada crente: ser testemunha

  • Ascenso de Cristo 1 1

    da pessoa de Jesus, daquilo que Ele fez para os homens e para a prpria testemunha. Testemunhar um dos con- ceitos fundamentais do livro dos Atos (ver 1.22; 10.39,41- 44; 13.31; 4.33; 22.15; 26.16).

    III - Ascenso do Senhor (At 1.9-11)7. O ato da partida. E quando dizia isto, vendo-o eles,

    foi elevado s alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. A partida de Jesus no causou tristeza aos discpulos. Eles sabiam que o Esprito Santo viria em se- guida, e lhes seria, de forma invisvel, o que seu Mestre havia sido de forma visvel: Vos convm que eu v; por- que, se eu no for, o Consolador no vir a vs; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei (Jo 16.7). Enquanto os discpulos olha- vam seu Mestre subindo, talvez pensassem: Quo grande e rico dom deve ser o Consolador! Se sua presena custa a ida do Mestre! O Esprito Santo no iria comunicar Igreja o Cristo terrestre, e sim o celestial, que voltou a ser investido da glria que tinha com o Pai antes que houvesse mundo. Equipado com os infinitos tesouros da graa que Ele comprara mediante sua morte na cruz.

    2. A promessa da sua vinda. E estando com os olhos fitos no cu, enquanto Ele subia, eis que junto deles se puseram dois vares vestidos de branco, os quais lhes dis- seram: Vares galileus, por que estais olhando para o cu? A lembrana da origem dos discpulos, a Galilia, f-los ter em mente a sua chamada, recebida na Galilia, e do seu conseqente dever de seguir e obedecer.

    Esse Jesus, que dentre vs foi recebido em cima no cu, h de vir assim como para o cu o vistes ir. Estas palavras claras desfazem qualquer teoria modernista que alega ser a propagao da civilizao crist o cumprimento total da promessa sobrfe a segunda vinda. Aqui temos a profecia da vinda pessoal e visvel do Senhor.

  • 12 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    Este trecho (At 1.1-11) tem grande alcance, abrangen- do: a vida de Cristo (v. 1), sua morte (v. 3), ressurreio (v. 3), Reino (vv. 4,5,8), ascenso (vv. 9-11) e segunda vinda (v. 11).

    IV - Ensinamentos Prticos1. A religio em atos e palavras. O Evangelho segundo

    Lucas narra o que Jesus fez e ensinou. Sua vida se divi- dia entre aes e doutrinas, milagres e verdades, maravi- lhosos sinais e revelaes. Cumpria sua vida religiosa e a ensinava; ensinava a vida religiosa e a vivia. E nisto Ele nosso exemplo.

    A vida crist equilibrada uma combinao de vida e luz, obra e palavra. Se agirmos sem ensinar, nossa vida ser um mistrio, inexplicvel para os que gostariam de saber o motivo de nossas aes. Se ensinarmos sem viver altura, tornamo-nos em pedra de tropeo (Mt 23.1-3).

    A demonstrao o melhor mtodo de ensino. Se pra- ticarmos as virtudes que ensinamos, seremos verdadeiros lderes. A verdadeira liderana no consiste em mostrar o caminho, porm em andar e convidar outros a nos seguir ao longo dele.

    Devemos nos deixar inspirar por Esdras, que tinha preparado o seu corao para buscar a lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos (Ed 7.10).

    2. Os m ales de fix a r datas. No vos pertence saber os tem pos ou as estaes... M uitos males tm sido fei- tos ao estudo das profecias e causa de Deus por pes- soas bem intencionadas, que fixaram datas para a vinda do Senhor. Professando-se sbias com respeito aos tem- pos e s pocas, tornaram -se insensatas, e deram moti- vo para os descrentes zom barem e os crentes ficarem perplexos.

  • Ascenso de Cristo 13

    Quando olhamos as estrelas no cu limpo no sabemos calcular sua distncia; a promessa da segunda vinda como uma estrela para nos guiar, sem, porm, haver um clculo exato quanto sua distncia. Devemos ser admiradores das estrelas sem querermos nos avultar como calculadores de sua exata distncia. Devemos estar vigiando quando da volta do Senhor, mas sem nos perdermos em previses.

    3. O Senhor sabe o que melhor para ns. Os discpu- los receberam como resposta uma promessa e uma comis- so. No a satisfao da sua curiosidade. O que pediam no era assunto para eles, por isso no lhes foi concedido. Foi-lhes concedido, porm, o que realmente necessitavam. Deus age conosco do modo como tratamos nossos filhos.

    Tiago e Joo pediram os lugares de maior destaque no Reino; Jesus, em resposta, ensinou-lhes as qualificaes para se atingir tais posies. Paulo suplicou a remoo do espi- nho na carne; o Senhor respondeu com garantias de que sua graa lhe bastaria. Moiss pediu a morte para aliviar seu fardo; o Senhor, porm, lhe concedeu setenta ajudan- tes. Elias orou para que sua vida fosse tirada. O Senhor lhe deu descanso, comida... e mais trabalho.

    Muitas vezes no sabemos como orar, nem o que pedir. O Senhor, porm, sabe quais so nossas verdadeiras neces- sidades. Se ele nos recusa alguma coisa a fim de nos dar algo melhor.

    4. A arte de esperar. Os discpulos tinham de esperar a promessa em Jerusalm. H vrias maneiras de esperar. O servo infiel o faz com a esperana de que o senhor vai demo- rar. Existe um tipo de espera que significa acomodar-se, sem fazer esforos fsicos ou mentais. A verdadeira espera inclui:

    4.1. Expectativa. Aguardar com tanta boa vontade que a mente fique sempre mais cheia de esperanas. como o servo aguardando o mestre, a esposa ao marido, a me aguardando a volta do filho. Esperar como o comerciante aguardando a vinda do seu navio carregado de mercadori

  • 14 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    as, o marinheiro procurando ver a terra, o rei desejando notcias da batalha. So casos em que a mente se firma num s objetivo e dificilmente pode prestar ateno a outra coisa.

    4.2. Orao. A espera exige quietude e pacincia. Muitos de ns, porm, nos deixamos levar pelo esprito inquieto dos nossos dias. Quando Daniel orava, Gabriel veio rapi- damente (Dn 9.21). Hoje em dia teria de se apressar muito para ainda nos pegar de joelhos!

    4.3. Consagrao. Devemos descobrir em qual direo Deus est guiando as coisas. E remover do caminho tudo quanto h em ns que possa impedir sua obra.

    5. A arte de testemunhar. E ser-me-eis testemunhas... Ruskin disse certa vez: A coisa mais grandiosa que a alma humana pode fazer neste mundo ver algo, e contar aos outros o que viu, de forma singela e clara . De acordo com este pensamento, certamente a coisa mais grandiosa da vida perceber a beleza de Jesus e falar aos outros sobre Ele. Um estudo do livro de Atos mostra que o testemunhar a forma mais antiga de pregao. Os apstolos contavam tudo quanto sabiam acerca de Jesus, e os convertidos contavam o que Jesus fizera por eles.

    A testemunha no foro submetida ao interrogatrio. E ns, como testemunhas do Senhor, somos submetidos a semelhantes interrogatrios por parte do mundo. As pesso- as, depois de ouvirem nosso testemunho, prestam ateno em nossa conduta para ento, mentalmente, calcular o re- lacionamento entre o que falamos e vivemos.

    6. Comeando em Jerusalm. Sentimos uma vocao para ir a um campo missionrio estrangeiro? O melhor teste da nossa vocao nosso zelo espiritual pelo prximo, aqui, onde moramos. Se no estamos sendo uma bno para as pessoas cuja lngua e costumes conhecemos, dificilmente uma viagem martima operar essa transformao milagro

  • sa. O amor que transformar o mundo tem que comear em casa. embora no termine ali.

    7. A f que ressuscita. A vida crist que agora vivemos de tal qualidade que nossa ressurreio seria a concluso lgica e natural dela? J estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais? (Gn 5.24; Hb 11.5). Nossas afeies se fixam nas coisas que esto no alto?

    8. Fitando sem proveito. Os discpulos no deviam ficar com os olhos fitos no cu. Jesus voltaria mais tarde. Nesse nterim, haveria o servio de Cristo para fazer. A contem- plao que no nos leva a enfrentar os deveres cristos com zelo e ardor no tm proveito. O Novo Testamento tem muitos mistrios transcendentes, tais como a Trindade, a encarnao da divindade, a expiao e outros. Existe o perigo de nos ocuparmos com os mistrios da Trindade e nos esquecermos do prprio Senhor. De nos dedicarmos ao estudo da expiao que venhamos a nos esquecer daqueles pelos quais Jesus morreu.

    A comunho com o Senhor e a adorao em conjunto com o povo de Deus muitas vezes trazem experincias arrebatadoras. Segundo o plano de Deus, as emoes assim despertadas visam o propsito de nos inspirar s aes. Sentimentos que evaporam sem produzir frutos, levam cer- tamente ao fracasso quanto ao exerccio da energia espiri- tual.

    Depois da transfigurao. Jesus levou seus discpulos ao vale, onde lhes aguardava trabalho espiritual. Sempre h um caminho que leva do monte da viso ao vale do servio.

    Ascenso de Cristo 15

  • 2A Vinda do

    Esprito SantoTexto: Atos 1.12-2.13

    IntroduoO rei Davi planejou a edificao do Templo e reuniu

    os m ateriais necessrios. Mas foi Salom o, seu suces- sor, quem o erigiu (1 Cr 29.1,2). Jesus igualm ente pia- nejou a Igreja durante seu m inistrio terreno (Mt 16.18;18.17). Preparou os m ateriais hum anos, porm deixou ao seu sucessor e representante, o Esprito Santo, o tra- balho de erigi-la. Foi no dia de Pentecoste que esse tem- pio espiritual foi construdo e cheio da glria do Senhor (cf. x 40.34.35; 1 Rs 8.10.11; Ef 2.20,2). O dia de Pentecoste era o aniversrio da Igreja, e o cenculo, o local do seu nascimento.

    I O DiaE, cumprindo-se o dia de Pentecostes..." O nome Pen-

    tecoste (derivado da palavra grega cinqenta ) era dado a uma festa religiosa do Antigo Testamento. A festa era assim denominada por ser realizada 50 dias aps a Pscoa

  • 1 8 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    (ver Lv 23.15-21). Observe sua posio no calendrio das festas. Em primeiro lugar festejava-se a Pscoa. Nela se comemorava a libertao de Israel no Egito. Celebravam a noite em que o anjo da morte alcanou os primognitos egpcios, enquanto o povo de Deus comia o cordeiro em casas marcadas com sangue. Esta festa tipifica a morte de Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege do juzo divino.

    No sbado, aps a noite de Pscoa, os sacerdotes colhi- am o molho de cevada, previamente selecionado. Eram as primcias da colheita, que deviam ser oferecidas ao Senhor. Cumprido isto, o restante da colheita podia ser ceifado. A festa tipifica Cristo, as primcias dos que dormem" (1 Co 15.20). O Senhor foi o primeiro ceifado dos campos da morte para subir ao Pai e nunca mais morrer. Sendo as primcias, a garantia de que todos quantos nele crem segui-lo-o pela ressurreio, entrando na vida eterna.

    Quarenta e nove dias eram contados aps o oferecimen- to do molho movido diante do Senhor. E no qinquagsi- mo dia - o Pentecoste - eram movidos diante de Deus dois pes. Os primeiros feitos da ceifa de trigo. No se podia preparar e comer nenhum po antes de oferecer os dois primeiros a Deus. Isto mostrava que se aceitava sua sobe- rania sobre o mundo. Depois, outros pes podiam ser assa- dos e comidos. O significado tpico que os 120 discpu- los no cenculo eram as primcias da igreja crist, ofereci- das diante do Senhor por meio do Esprito Santo, 50 dias aps a ressurreio de Cristo. Era a primeira das inmeras igrejas estabelecidas durante os ltimos 19 sculos.

    O Pentecoste foi a evidncia da glorificao de Cristo. A descida do Esprito era como um telegrama sobrena- tural, informando a chegada de Cristo mo direita de Deus. Tambm testemunhava que o sacrifcio de Cristo fora acei- to no Cu. Havia chegado a hora de proclamar sua obra consumada.

  • A Vinda do Esprito Santo 19

    O Pentecoste era a habitao do Esprito no meio da Igreja. Aps a organizao de Israel, no Sinai, o Senhor veio morar no seu meio, sendo sua presena localizada no Tabernculo. No dia de Pentecoste, o Esprito Santo veio habitar na Igreja, a fim de administrar, dali, os assuntos de Cristo.

    II - O Local (At 1.12-14)Estavam todos reunidos no mesmo lugar. O horrio

    era antes das nove da manh (a hora do culto matutino). O lugar era o cenculo (At 1.14) duma casa particular, local regular para a observncia de festas religiosas, tais como a Pscoa. Embora esses crentes provavelmente freqentas- sem as reunies de culto trs vezes por dia no Templo, tambm gastavam muito tempo no cenculo, onde perse- veravam unnimes em orao .

    Cada grupo presente nos sugere uma verdade. Os aps- tolos, que seguiram a Jesus desde o incio, eram as verda- deiras colunas da Igreja (Ef 2.20). Judas estava ausente. E possvel seguir a Jesus durante anos e ainda perder a bn- o suprema. As mulheres no meio do grupo eram hero- nas annimas da f (ver Lc 8.2,3). Maria, a me de Jesus, foi revestida pelo Esprito Santo para que desse luz a Cristo. Agora, ela esperava outro derramamento que traria a lume o Cristo espiritual. Os irmos de Jesus, embora no cressem nEle antes (Jo 7.5), agora humildemente se sub- metem ao Irmo e o reconhecem como Senhor.

    III - O SomE de repente veio do cu um som, como de um vento

    veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que esta- vam assentados". Foi como se uma tempestade tivesse entrado na casa sem continuar o seu caminho. O vento um conhecido smbolo do Esprito Santo (Ez 37.1-14; Jo

  • 20 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    3.8). O vento, representante do sopro divino, encheu pri- meiro o cenculo, a casa de Deus, e em seguida os indiv- duos que adoravam. Passou, ento, a se espalhar pela terra em poder vivificante. Como na criao, quando o Esprito do Senhor pairava sobre as guas (Gn 1.2). Podemos ima- ginar o Cristo glorificado, em p, mo direita de Deus, soprando sobre os 120 e dizendo: Recebei o Esprito San- to (Jo 20.22; cf. 1 Co 15.45).

    IV A VisoE foram vistas por eles lnguas repartidas, como que

    de fogo. as quais pousaram sobre cada um deles . Esta m anifestao deve ter feito os discpulos lem brarem -se das palavras de Joo Batista: B atizar com o Esprito Santo, e com fogo . D iante dos seus olhos estava a evi- dncia fsica do cum prim ento desta profecia. E qualquer judeu entenderia m uito bem que o fogo proclam ava a presena de Deus, trazendo m em ria incidentes, como a sara ardente (x 3.1,2), o fogo no m onte Carm elo (1 Rs 18.36-38), o pilar de fogo no deserto e a vocao de Ezequiel (Ez 1.4). As lnguas de fogo se assentando em cada um deles indicava que surgia uma nova dispensao. O Esprito de Deus j ho seria concedido com unidade como um todo, e sim a cada m em bro individualm ente. A form a do fogo, em lnguas, indicava que o dom de lnguas sobrenaturais tinha sido outorgado a esta com- panhia de pessoas.

    O Esprito, como o fogo, d luz, purifica, d calor e propaga-se.

    V O Falar em LnguasApareceu em seguida a realidade da qual o vento e o

    fogo eram smbolos: todos foram cheios do Esprito Santo, e comearam a falar noutras lnguas, conforme o

  • \ do Espirito Santo 21

    Esprito Santo lhes concedia que falassem. Notemos al- guns fatos importantes sobre o falar em lnguas. O que produz esta manifestao? O impacto do Esprito de Deus sobre a alma humana. to direto e com tanto poder, que a pessoa fica extasiada, falando de modo sobrenatural. Isto pelo fato de a mente ficar totalmente controlada pelo Esp- rito. Para os discpulos, era evidncia de estarem comple- tamente controlados pelo poder do Esprito prometido por Cristo. Quando a pessoa fala uma lngua que nunca apren- deu, pode ter a certeza de que algum poder sobrenatural assumiu o controle sobre ela. Alguns argumentam que a manifestao do falar em lnguas limitou-se poca dos apstolos. Aconteceu para ajud-los a estabelecer o Cristi- anismo. uma novidade naquela poca. No existe, no en- tanto, limites continuidade dessa manifestao no Novo Testamento. Mesmo no quarto sculo depois de Cristo, Agostinho, o notvel telogo do Cristianismo, escreveu: Ainda fazemos como fizeram os apstolos, quando impu- seram as mos sobre os samaritanos, invocando sobre eles o Esprito mediante a imposio das mos. Espera-se por parte dos convertidos que falem em novas lnguas. Ireneu (1 15-202 d.C.), notvel lder da Igreja, era discpulo de Policarpo. que por sua vez foi discpulo do apstolo Joo. Ireneu escreveu: Temos em nossas igrejas muitos irmos que possuem dons espirituais e que. por meio do Esprito, falam toda sorte de lnguas . A Enciclopdia Britnica declara que a glossolalia (o falar em lnguas) ocorreu em reavivamentos cristos durante todas as eras; por exemplo, entre os frades m endicantes do sculo XIII, entre os jansenistas e os primeiros quaquers, entre os convertidos de Wesley e W hitefield, entre os protestantes perseguidos de Cevennes. e entre os irvingitas . Podemos multiplicar as referncias, demonstrando que o falar em lnguas, por meios sobrenaturais, tem ocorrido em toda a histria da Igreja. (Nota: O falar em lnguas nem sempre em lngua conhecida. Ver 1 Co 14.2.)

  • Tm havido casos recentes de pessoas falarem, por meio de um poder sobrenatural, lnguas que nunca aprenderam, e de haver na congregao quem as entendesse. O livro de S.H. Frodsham, Com Sinais que se Seguiam, contm mui- tos exemplos de tais ocorrncias.

    Alguns ficaram perplexos diante deste fenmeno novo e estranho, e perguntaram: Que quer isto dizer? Outros zombavam, dando a entender que os discpulos estavam bbados.

    VI - Ensinamentos Prticos1. O dom e o sinal. Enquanto Elias aguardava a revela-

    o do Senhor, no monte Horebe, ouviu um vento, um terremoto, um incndio e, finalmente, uma voz tranqila e suave. Deus estava na voz tranqila e suave. No na vio- lenta comoo dos elementos. Deus emprega meios mais barulhentos para atrair a ateno dos homens. Sua verda- deira mensagem, porm, falada diretamente ao corao.

    Semelhantemente, Deus mandou o vento, o fogo e as lnguas no dia de Pentecoste - verdadeiras manifestaes do Esprito. No mago destas manifestaes espetaculares havia o propsito de Deus de converter os coraes huma- nos ao Evangelho.

    um erro procurar as lnguas por si s. Busquemos a pessoa do Esprito, e o sinal ser acrescentado.

    2. Reavivamento precedido por orao. Estavam todos reunidos no mesmo lugar . H muitos anos, certo ministro da Turquia, no muito familiarizado com os costumes da Europa, foi levado a um concerto. Escutava os msicos afinando seus instrumentos e no se sentia bem. Logo irri- tou-se e saiu do auditrio. Confundiu a afinao com a msica propriamente dita. Deveria ter esperado at que o regente tomasse seu lugar. Ento ouviria as mais belas harmonias.

    22 Aros: e a Igreja se Fez Misses

  • A Vinda do Esprito Santo 23

    Por dez dias os discpulos afinaram-se. Agora, o Regen- te celestial estava pronto para dirigir o grande Antema de Pentecoste. E um ditado popular entre os crentes que o evangelista no traz um reavivamento na sua mala. Mas quando todos oram de comum acordo porque est prxi- mo o reavivamento.

    3. Eco celestial. Veio do cu um som... Nossas ora- es fazem eco s promessas de Deus. E as respostas de Deus formam o eco das nossas oraes. Dois instrumentos de cordas podem ser afinados com o mesmo diapaso. Se so tocadas as cordas de um deles, as cordas do outro vi- bram em simpatia. Se nossos coraes se afinam com a vontade de Deus. Se nossos espritos vibram em orao.

    Ento, podemos esperar que haja semelhante vibrao no Cu. respondendo nossa orao. Nosso clamor profe- rido na terra ser respondido por um som celestial.

    4. A lngua de fogo. Certo jovem ministro, pregando na presena do famoso Dr. Talmadge, queria impression-lo com sua sabedoria. Mas a anlise do Dr. Talmadge era: "Jovem, ou coloque mais fogo nos seus sermes, ou jogue mais dos seus sermes no fogo!

    A verdadeira eloqncia no uma questo de se dis- por as palavras com percia; uma seqncia de palavras que transbordam de um corao aceso com fogo celestial. O pregador verdadeiramente eloqente aquele cujo cora- o foi inflamado com fogo dos altares do Cu.

    5. Fogo pentecostal. W. Arthur escreveu em seu livro A Lngua de Fogo : Imaginemos que visitssemos um

    exrcito sitiando uma fortaleza, e os soldados dissessem que haveriam de abat-la. Perguntaramos: *Como? e eles mostrariam a bala do canho. Bem, esta no possui poder, porque, se todos os homens do exrcito a lanassem contra a fortaleza, no fariam nela impresso alguma. Depois di- zem: Olhem o canho. O canho, porm, no possui poder algum: uma criana pode montar nele, um pssaro pode

  • 24 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    fazer seu ninho nele; uma mquina e nada mais. Mas. olhem a plvora. Bem, esta tambm no possui poder, porque uma criana pode derrub-la e os pssaros podem ciscar nela. Quando, porm, se coloca a bala que no pos- sui poder, no canho, juntamente com a plvora, uma cen- telha de fogo transforma a plvora em relmpago e a bala em golpe violento. Assim acontece com a organizao eclesistica; temos o equipamento, mas precisamos do ba- tismo do fogo!

    6. Ventos celestiais. Disse Jesus: O vento assopra onde quer... Como podemos ficar no caminho certo onde sopra o vento celestial, a fim de sermos inspirados pelo Esprito Santo? (2 Pe 1.21). Primeiro, precisamos de velas espi- rituais, ou seja, o desejo e a receptividade para receber a bno. Depois, devemos freqentar os lugares onde so- pram os ventos de Deus - reunies de orao, estudos b- blicos, cultos de reavivamento.

    7. Ficando prontos para o poder espiritual. Podemos desejar o poder espiritual, mas estamos prontos para receb- lo? Deus o pode confiar s nossas mos? Estamos dispos- tos a deixar Deus operar segundo a maneira dEle? Ns queremos tomar posse do poder e fazer uso dele. Deus quer que o poder tome posse de ns e faa uso de ns. Se nos entregamos ao poder, deixando-o dominar em ns, o poder nos ser entregue para dominar atravs de ns. Algumas pessoas suspiram de vontade para terem mais do Esprito Santo, porm, a verdade que o Esprito Santo quer ter mais de ns!

    8. Ficando cheios do Esprito. Todos ficaram cheios do Esprito Santo . Podemos distinguir trs fases desta plenitude. A original, quando o crente recebe o Esprito Santo pela primeira vez, sendo nEle batizado (At 1.5; 2.4;9.17). Depois, existe aquela condio que se descreve com as palavras: Cheio do Esprito Santo (At 6.3; 7.55; 11.24), que explicita o comportamento dirio do homem espiritual.

  • A Vinda do Esprito Santo 25

    Quais as evidncias de que algum est cheio do Esprito? (G1 5.22.23). Finalmente, h revestimentos do Esprito para ocasies especiais. Paulo recebeu a plenitude do Esprito Santo aps a sua converso, mas Deus lhe concedeu um revestimento especial para repreender o poder do diabo. Pedro ficou cheio do Esprito no dia de Pentecoste, mas Deus lhe concedeu uma uno especial quando ficou na presena do concilio dos judeus (At 4.8). Os discpulos todos tinham recebido o batismo no Esprito Santo no dia de Pentecoste, mas, em resposta s suas oraes, Deus lhes concedeu um revestimento especial para fazerem frente perseguio por parte dos lderes dos judeus (At 4.31). Uma pessoa pode ter a plenitude do Esprito Santo na sua vida, e ainda pedir um derramamento especial para subir ao plpito, equipando-o com uno especial para falar.

    Ser cheio do Esprito mais do que um privilgio; um dever. "Enchei-vos do Esprito (Ef 5.18).

    O que significa viver uma vida cheia do Esprito? Em prim eiro lugar, considerem os a falta de tal experincia: m undanism o. falta de preocupao pelos perdidos, falta de testem unho, reteno do dinheiro devido s ofertas a Deus. falta de orao e de leitura bblica, atitude de indulgncia para com o pecado. Considerem os tam bm as indicaes positivas de uma vida cheia do Esprito Santo: Glatas 5.22,23.

    9. A inteligibilidade do Evangelho. "Como pois os ou- vimos, cada um. na nossa prpria lngua em que somos nascidos? Os discpulos literalmente falavam outras ln- guas. de forma milagrosa. A lio espiritual sugerida que o Evangelho deve ser apresentado de forma inteligvel a todas as naes e classes. O pregador deve saber pregar aos cultos e analfabetos, adultos e crianas, respeitados e excludos pela sociedade. Algum disse de seu pastor muito letrado: "Durante seis dias da semana, ele invisvel; e no stimo dia. incompreensvel . Se tal pastor convivesse

  • 26 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    mais com seu povo, conheceria suas necessidades e saberia falar sua linguagem.

    10. Vinho do Esprito. Esto cheios de mosto" (literal- mente, cheios de vinho novo). Estas palavras de zomba- ria eram verdadeiras, espiritualmente falando. Ser salvo e cheio do Esprito uma santa embriaguez. Afinal, o Se- nhor entra na vida do ser humano, despertando-o dos seus pecados e mudando todos os seus valores e pontos de vis- ta. Assim que, se algum est em Cristo, nova criatura ... No de surpreender que o mundo considere o Evan- gelho loucura, e os crentes como loucos. Segundo o Evan- gelho, devemos morrer para viver, estar perdidos para ser- mos achados, condenados para sermos redimidos. Deve- mos possuir nada a fim de possuir tudo, e nos humilhar para sermos exaltados.

    Os efeitos dessa embriaguez so: exercer influncia espiritual, inspirar confiana, entusiasmo, alegria, paz, co- ragem. No de estranhar que Paulo dissesse: no vos embriagueis com vinho, em que h contenda, mas enchei- vos do Esprito.

  • Sermo de Pedro no Pentecoste

    Texto: Atos 2.14-47

    IntroduoNo dia de Pentecoste. o Esprito Santo veio sobre 120

    discpulos. Fazia deles a primeira igreja do Cristo glorifi- cado. ungindo-os para uma misso de alcance mundial. As manifestaes que seguiram o derramamento do Esprito impressionaram grandemente os que as testemunharam, alguns ficando admirados, enquanto outros zombavam, dizendo: Esto cheios de mosto . Pedro iniciou assim sua mensagem, esclarecendo qualquer mal-entendido que hou- vesse ao responder pergunta: Que quer isto dizer?

    Pedro. porm, pondo-se em p com os onze, levantou a sua voz..." Ser este o mesmo Pedro que se acovardou diante das perguntas de uma empregadinha? Sim, a pessoa a mesma, mas o Pedro incerto e impulsivo foi transfor- mado pelo Esprito Santo. H uma tremenda diferena entre o Pedro de antes e o de depois do Pentecoste.

    Aos zombadores, Pedro explicou que os apstolos e seus companheiros no estavam embriagados. Nenhum judeu

  • 28 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    tocaria em vinho antes da hora do culto matutino. Aos que queriam saber a verdade, explicou que estavam vendo o cumprimento da profecia de Joel mediante a qual, nos l- timos dias, o Senhor derramaria o seu Esprito. No so- mente sobre alguns profetas, mas sobre pessoas de todas as classes.

    O assunto central do sermo de Pedro declarado no versculo 36: Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vs crucificastes, Deus0 fez Senhor e C risto. Ou seja, Jesus o M essias (ou Cristo) com provado pela sua ressurreio. Para os ou- vintes (como para os judeus de hoje), no havia conexo entre o nom e Jesus e o ttulo de M essias. Pedro assumiu a tarefa de dem onstrar m ediante provas inegveis que Jesus o M essias.

    1 - Declarado o Fato da Ressurreio (A t 2 .22-24)1. O apelo pessoal. Vares judeus, e todos os que

    habitais em Jerusalm, seja-vos isto notrio, e escutai as minhas palavras. Muitos sermes so como cartas sem endereo. No visam a ningum especificamente e nunca alcanam nada. Pedro no lia um ensaio para o benefcio geral de todos. No estava dando vazo s suas especula- es filosficas. Visava diretamente as conscincias das pessoas sua frente.

    2. Comeo cuidadoso. Pedro falava a judeus cheios de preconceitos. Eles tapariam seus ouvidos logo que fosse mencionada a divindade do crucificado. Comeou, portan- to, com assuntos de acordo mtuo. Descreveu Jesus como varo aprovado por Deus . Sua inteno era chegar ao ponto de mostrar a verdade: o Homem Jesus a quem tanto ele como os judeus conheciam, era o Senhor e Messias. Ao se apresentar o Evangelho a um descrente, bom partir das coisas com as quais ele poder concordar, at chegar ao assunto principal.

  • Sermo de Pedro no Pentecoste 29

    Outro fato aceito pelos ouvintes de Pedro foi o minis- trio eficaz de Cristo. Aprovado por Deus com milagres, prodgios e sinais. O povo judeu, sofrendo de falsos con- ceitos quanto natureza do Messias, no reconheceu Jesus como tal. Havia, porm, milhares de judeus que o honra- vam como profeta enviado da parte de Deus. Observe a trplice diviso das obras de Jesus: 1) milagres (ou po- deres) refere-se origem sobrenatural das obras; 2) pro- dgios descreve seu efeito em fazer as pessoas maravilha- rem-se ao ponto de crerem; 3) sinais caracteriza seu valor como prova da misso divina de Cristo.

    Notemos o aspecto aberto e pblico do ministrio de Cristo sugerido pelas palavras: ... como vs mesmos bem sabeis. O incio de muitas religies obscurecido por lendas vagas e mitos tenebrosos. O Cristianismo, no entan- to, uma religio histrica cujas origens foram demonstra- es pblicas, vistas por muitas testemunhas (ver At 26.26; Jo 18.20).

    3. Ato pecaminoso. Um observador superficial pensaria que Jesus fora vtima das circunstncias. Pedro, porm, esclarece sem dissimulao que sua morte no foi nenhum acidente. Era, pelo contrrio, parte do plano divino: Este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presci- ncia de Deus... Jesus fora trado de acordo com o delibe- rado propsito de Deus. Jos tambm parecia ser vtima indefesa da maldade de seus irmos. No entanto, os sofri- mentos que lhe causaram faziam parte do plano divino para a preservao de Israel (Gn 45.5,7,8; 50.20; Zc 12.10; Rm11.11). Para os judeus, a morte de Jesus seria o fim das declaraes que Ele fizera acerca de si mesmo. Pedro ex- plicou ser a morte de Cristo, longe de incoerente com sua posio de Messias, uma parte da misso definida pelo prprio Deus.

    A morte de Jesus estava prevista por Deus e fazia paite do seu plano. Mas, de modo algum, este fato serve como

  • 30 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    desculpa para a maldade dos que condenaram Cristo morte. Praticaram este ato mediante sua prpria vontade, sem nenhuma presso da parte de Deus, que no fora ningum a pecar (Tg 1.13,14). Disse Pedro: Tomando-o vs, o crucificaste e matastes pelas mos de injustos.

    4. Vindicao de Deus. Ao qual Deus ressuscitou, soltas as nsias da morte, pois no era possvel que fosse retido por ela (por causa da sua divindade e da promessa de Deus). A resposta que Israel deu s declaraes do Messias foi a cruz e a sepultura. Deus respondeu com a coroa de glria e a portentosa ressurreio. Pela crucificao, Israel disse: Rejeitamos a este como Messias, e acabamos com ele. Mediante a ressurreio, Deus respondeu: Eu aprovo as suas reivindicaes; e o assunto dele com vocs ainda no se acabou. Cada reavivamento tem uma mensagem dominante que se aplica com perfeio gerao em que surge. O assunto central da primeira pregao do Cristia- nismo foi a ressurreio de Jesus. Mensagem necessria para os que imaginavam estar ele morto, com seu minist- rio acabado.

    II - Predita a Ressurreio (A t 2 .25-28)

    Declara-se que o judeu em geral precisa de dupla con- verso. A primeira com a cabea, e a segunda com o co- rao. A primeira mediante o estudo das Escrituras que se referem ao Messias, e a segunda mediante a operao do Esprito Santo. Pedro, portanto, passa a demonstrar que a ressurreio foi profetizada nas Escrituras do Antigo Tes- tamento. Visando este propsito, cita Salmos 16.8-10: Por- que dele disse Davi... Pedro citou uma profecia do grande antepassado de Jesus. Como Davi sabia falar acerca da ressurreio do seu descendente divino? Sendo pois ele profeta... nesta previso, disse da ressurreio de Cristo... (At 2.30,31, cf. 2 Sm 23.1,2).

  • Sermo de Pedro no Pentecoste 31

    Lendo este salmo messinico, podemos entender, pri- meira vista, que Davi est descrevendo sua prpria experi- ncia. E talvez seja assim no incio do salmo. Chegamos ento s palavras: Pois no deixars a minha alma no inferno, nem permitirs que o teu Santo veja corrupo. Percebemos a que estas palavras no se aplicam a Davi. Ele morreu, e seu corpo viu corrupo. O corpo de Cristo, no entanto, ressuscitou da morte (At 2.29-31).

    III Comprovada a Ressurreio (At 2 .32 ,33 ,36 )1. Testemunho dos homens. Deus ressuscitou a este

    Jesus, do que todos ns somos testemunhas . Em outro sermo. Pedro disse: A este ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse, no a todo o povo, mas s testemunhas que Deus antes ordenara; a ns, que comemos e bebemos juntamente com ele, depois que ressuscitou dos mortos. Era esta a tarefa inicial dos pregadores primitivos- testemunhar que Jesus estava vivo, e que seu ministrio continuaria mediante os seus seguidores. Por que o Cristo ressurreto no se mostrou aos descrentes? Ver Lucas 16.31 e Joo 11.43.53.

    2. Testemunho do Esprito. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Esprito Santo, derramou isto que vs agora vedes e ouvis . O derramamento do Esprito com as manifestaes sobre- naturais que o acompanharam era, por assim dizer, um telegrama . Avisava os discpulos de que Jesus j estava reinando em poder no centro do Universo!

    Pedro chega irrefutvel concluso: Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vs crucificastes. Deus o fez Senhor e Cristo. Todo o restante do sermo era preparativo para este desfecho. O apstolo chega ao ponto alto da sua grande comisso: convoca toda a casa de Israel - sacerdotes, ancios e o povo comum - ao arrependimento e confisso de Cristo como Mestre.

  • 32 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    IV - Aplicao da M ensagem (At 2.37-39)

    1. Convico. E, ouvindo eles isto, com pungiram -se em seu corao, e perguntaram a Pedro e aos demais apstolos: Que faremos, vares irm os? As palavras de Pedro foram como flechas. A travessaram a casca dura do preconceito judaico, a ponto de os ouvintes serem feridos de rem orsos pela idia de terem assassinado seu M essias. O incidente aponta para o dia em que a nao inteira lam entar por causa daquEle a quem traspassa- ram (Zc 12.10). Sermes agudos e objetivos produzem conscincias feridas, com provando o poder de Deus. A pergunta dos ouvintes faz lem brar a dos seus antepassa- dos: Com que me apresentarei ao Senhor, e me inclina- rei ante o Deus A ltssim o? (Mq 6.6). sem elhante pergunta do carcereiro em Filipos: Senhores, que necessrio que eu faa para me salvar? Q ueriam saber como seriam perdoados por to grande pecado. Como seriam aceitos no Reino do M essias. Tal pergunta o prim eiro passo para a converso.

    2. Exortao. Arrependei-vos . Arrependimento pode ser explicado nos seguintes termos: Vocs mataram o Messias, no entanto, Deus derrotou os seus propsitos ao ressuscit-lo. O que vocs fizeram realmente ajudou a cum- prir o plano dEle. Vocs, porm, fizeram isso por dio: seu pecado patente e permanece. Arrependam-se enquanto a misericrdia divina lhes oferecida. Logo, Cristo vir como Juiz. Tornem-se seus amigos a fim de que sua vinda lhes seja motivo de alegria, no de condenao. Arrependimento uma santa tristeza pelo pecado, seguida pelo abandono deste. E uma total reviravolta feita pela pessoa que desco- briu estar andando pelo caminho errado. um ato da von- tade mediante o qual a pessoa, sob convico, altera total- mente sua atitude para com Deus e com o pecado. Cumpre assim a ordem do profeta: Criai em vs um corao novo e um esprito novo... (Ez 18.31).

  • 33Sermo de Pedro no Pentecoste

    3. Instruo. "E cada um de vs seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdo dos pecados... Duas expres- ses precisam de explicao:

    3.1. Em nome de Jesus C risto. No h conflito com a frmula trinitariana: Em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo. No se declara aqui que Atos 2.38 uma frmula de batismo. apenas uma declarao da fonte de autoridade para o batismo do crente. Quem batizado em nome de Jesus segue sua liderana. Por seu intermdio passa da antiga para uma nova vida de retido, em obedincia ao mandamento do Pai e por meio do Esprito Santo.

    3.2. Batizado... para perdo dos pecados. A primeira vista, estas palavras ensinam que o batismo na gua , de certa forma, essencial ao perdo dos pecados. No entanto, a remisso dos pecados est sendo mencionada em cone- xo com o arrependimento e no apenas com o batismo na gua. A maneira oriental de falar muitas vezes coloca o smbolo antes da experincia ou outra coisa simbolizada. Desta forma o ouvinte ocidental tem a impresso de que o smbolo ou a coisa simbolizada que produz a experincia (cf. At 22.16). O que Pedro queria dizer era: Arrependei- vos, e recebereis a remisso dos vossos pecados, e, como testemunho pblico disto, deveis ser batizados na gua . Que o perdo dos pecados, dado por Deus, ocorre separa- damente do batismo na gua se comprova em Atos 10.44- 48. E que nenhum poder existe inerente na gua demons- trado em Atos 8.13.21,22. Naturalmente, isto no diminui a importncia do batismo na gua. Como um rito estabele- cido por ordem divina exige assim a nossa obedincia.

    Por que a f no mencionada como condio prvia do batismo? A f entendida nas palavras: em nome de Jesus Cristo". O batismo na gua uma expresso exterior da f nele.

    4. Promessa. A purificao do pecado seguida pelo revestimento do poder. "Mas recebereis a virtude do Esp

  • 34 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    rito Santo... O livro de Atos indica que estas so experi- ncias distintas, embora possam ser recebidas simultanea- mente (cf. At 19.4-7; 10.44).

    Na poca do Antigo Testamento, o Esprito era conce- dido a indivduos especialmente escolhidos: profetas, reis e sacerdotes. Agora o dom para toda a carne. Pedro en- sina que a promessa universal. E para qualquer pessoa presente - Porque a promessa vos diz respeito a vs... E para todas as geraes: ... a vossos filhos . E para os que vivem em qualquer lugar: ... e a todos os que esto longe- na condio de aceitarem a chamada divina salvao - ... a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. Se Pedro tivesse explicado a salvao do ponto de vista humano, teria dito: Para quantos aceitarem a chamada divina salva- o (cf. At 2.47).

    5. A resposta. E com m uitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta gera- o perversa (cf. 1 Jo 2.15,16). De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase trs mil almas. Num s dia foram acrescentados 3000 aos 120 membros originais da primeira igreja - um acrscimo de 2500 por cento a divina adio e multiplicao.

    V Ensinamentos Prticos1. O homem que derrotou a morte. Ao qual Deus res-

    suscitou, soltas as nsias da morte, pois no era possvel que fosse retido por ela. Pedro no disse apenas que a morte no prendera a Jesus. Ele afirmou que no era p os- svel tal acontecimento. Tinha visto o Cristo ressurreto, e com Ele falara. Parece, no entanto, que sua f tem funda- mentos mais firmes do que a vista e a conversao. Reco- nhecendo, sem sombra de dvidas, a divindade de Cristo, sabia que o surpreendente teria sido a o-ressurreio do Senhor.

  • Sermo de Pedro no Pentecoste 35

    Esttuas de lderes de denominaes so erguidas em vrias partes do mundo. O Mestre de todos eles, porm, no precisa de m onum ento algum . Jesus est vivo e conosco! E este um fato que distingue o Evangelho de qualquer outra religio.

    Ao que se une a Cristo, mediante a f, aplica-se a mes- ma verdade: no possvel que seja retido pela morte. O tmulo vazio de Cristo sinal e garantia de que os de seus seguidores, um dia, tambm ficaro vazios para sempre. E seus corpos sero glorificados (Jo 11.25.26).

    2. Isto aquilo! Mas isto o que foi dito pelo profeta Joel . H muitos sculos, o profeta previu e vaticinou o dia em que o fogo da inspirao inflamaria o corao dos sim- pies. O dia em que o dom do Esprito seria um privilgio de todos. Pedro, com uma mo apontando para os adoradores no cenculo e a outra para o texto sagrado, declarou: Mas isto o que foi dito... A profecia se tornara histria. Quan- do oramos e somos respondidos, apontamos um dedo para a orao e outro para a resposta, e dizemos: Isto aquilo! O mesmo princpio se aplica conduta. H o caso do mdi- co que. apontando os sinais de doena no corpo do viciado e indicando os seus excessos, declara solenemente: Isto aquilo! Depois de uma guerra, olhando para as perdas de vidas e bens, falamos com grande tristeza: Isto aquilo! O aquilo do pecado mais cedo ou mais tarde seguido pelo "isto das conseqncias.

    No dia do juzo, muitos ficaro surpreendidos. Sabero que ministraram ao Senhor em pessoa. Jesus lembrar os atos de bondade feitos aos mais humildes, como que dizen- do: Isto aquilo!" "Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmos, a mim o fizestes (Mt 25.31-46).

    3. A pregao pentecostal. A pregao de Pedro era:3.1. Aplicada a pessoas. Falava a pessoas especficas,

    condenando seus pecados. Sua pregao era pessoal. E cia-

  • 36 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    ro que nem todos iriam gostar. Certa vez, um poderoso poltico saiu furioso dum culto. Dizia ele que sempre tinha dado apoio aos clrigos, mas o sermo daquela vez foi in- tolervel. Disse que o pregador chegou ao ponto de insis- tirem que a religio deve ser aplicada vida particular de cada ser humano. E, por acaso, no isto justamente o que ensina a Bblia?

    3.2. Penetrante. Deve ferir o alvo como ponto agudo. Certo marinheiro ouviu um sermo, e comentou que este pareceu-lhe como um navio saindo para a pesca de baleias. Tudo em perfeita ordem de funcionamento: ncora, velas, suprimentos em boas condies. Porm, no tinha arpes a bordo. A pregao de Pedro tinha arpo para fisgar as conscincias.

    Wesley considerava perda de tempo pregar as consola- es do Evangelho antes de fazer os ouvintes sentirem os terrores da lei e do juzo.

    3.3. Poderosa. Pedro falou com poder devido a uno que o Esprito Santo dava s suas palavras. O Esprito opera com a Palavra como o martelo trabalha com os pregos - faz com que penetre profundamente no lugar desejado. Procu- rar comover pessoas sem este poder como operar uma mquina eltrica quando no h energia.

    3.4. Prtica. Quando os judeus, sob convico de peca- do, perguntaram: Que faremos?, Pedro j estava pronto com a sua resposta. Depois de levar as pessoas convico quanto ao pecado, o obreiro cristo deve saber lev-las para a graa, como o hbil guia deve saber mostrar o caminho ensolarado do perdo e paz dados por Deus.

    Compungiram-se em seu corao. A palavra ferira os ouvintes de Pedro. Agora, ele aplica um pouco mais da Palavra para sarar as feridas. Um pouco de religio coisa que perturba; mais religio, porm, remove a inquietao. A Palavra de Deus martelo para quebrar as rochas. Tam

  • Sermo de Pedro no Pentecoste 37

    bm blsamo para aliviar o corao quebrado. Seu pri- meiro efeito convencer o pecador de que est perdido. O segundo, fazer o perdido regozijar-se no Salvador.

    4. O nome sobre todos os nomes. Saiba pois com cer- teza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vs crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo . Esta declarao contm os grandes nomes do M estre - Jesus, Senhor e Cristo.

    "Jesus era o nome humano do Senhor. Faz-nos lem- brar que Ele veio a ser nosso Irmo a fim de ajudar-nos. Quando lemos sobre os sofrimentos de Jesus, devemos lembrar que nada aconteceu fria, oficial e insensivelmente. Na verdade Jesus teve de enfrentar reais agonias. Assumiu a nossa natureza para que pudesse ajudar-nos. O amor humano, sem Cristo, nada pode fazer para nos ajudar.

    Cristo" descreve o ofcio do Mestre como nosso Re- dentor e Messias. No Antigo Testamento, o Cristo, ou Messias, o que sofre para redimir seu povo, trazendo-o ao Reino de Deus. H pessoas que admiram Jesus como homem. Porm, ningum pode ser cristo se no confessar que Ele o Cristo. Pode crer que Jesus morreu como mrtir, mas s a morte de Jesus como Cristo que d valor expiador a esta morte. Algum pode crer que Jesus foi ao Cu como galardo pelas suas prprias virtudes, no entanto, s como o Cristo de Deus que Ele pode nos levar consigo.

    Senhor" descreve sua soberania real. Est entronizado mo direita de Deus, regendo sobre tudo. M ediante a sua morte obteve o direito de ser Senhor dos homens. Por ser o nosso Salvador, tambm nosso Senhor. Se o aceitamos como nosso Salvador, devemos obedec-lo tambm como nosso Senhor.

    5. A colheita. Na primeira proclamao da Lei, 3000 pessoas foram destrudas (x 32.28). Na primeira procla- mao do Evangelho 3000 foram salvas. Distingue-se as- sim, significativamente, a natureza das duas dispensaes:

  • 38 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    naquele dia agregaram-se quase trs mil almas . Nota- se que no foram acrescentadas a fim de serem salvas, mas porque j eram salvas. Acrescentar pessoas igreja na esperana de que, depois, cheguem a ser salvas no o mtodo do Novo Testamento. Foi o Senhor quem acres- centou estas 3000 pessoas (v. 47). As que forem acrescen- tadas por qualquer outro mtodo devem ser deduzidas da contagem. Somente uma igreja pura tem condies de ser poderosa e permanente.

  • 4ACura

    de um CoxoTexto: Atos 3

    IntroduoO livro de Atos descreve o incio da Igreja. No captulo

    anterior, estudamos o primeiro sermo, ministrado no dia da organizao da Igreja. Vimos ainda a resposta ao pri- meiro apelo. Neste captulo, passaremos a considerar o primeiro milagre apostlico.

    I - As Circunstncias1. A ocasio. E Pedro e Joo subiam juntos ao templo

    hora da orao, a nona. Os primeiros cristos eram de nacionalidade judaica. Eles se reuniam para o culto num dos prticos do Templo, privilgio concedido aos vrios grupos religiosos entre os judeus. Eles se reuniam para o estudo das Escrituras.

    No princpio, ningum os molestava. Consideravam os cristos mais uma seita dentro do judasmo, por mais fan- tica que lhes parecesse. Mais tarde, os lderes tiveram de abandonar esta idia.

  • provvel que os primeiros cristos tivessem trs reu- nies dirias. Isto devido ao costume judaico das trs horas do culto divino no Templo (SI 55.17; Dn 6.10): terceira hora, do sacrifcio da manh, equivalente s nove horas atuais; ao meio-dia, provavelmente um culto de aes de graas; e, finalmente, a reunio de orao que coincidia com o sacrifcio da tarde, hora nona, ou as atuais 15 horas. Foi neste ltimo horrio que Pedro e Joo entraram no Templo para um perodo de culto cristo.

    2. O lugar. Foi na porta Formosa que os apstolos vi- ram o coxo. O Templo era cercado por trs trios de mr- more. Cada um num nvel mais alto, subindo por lanos de degraus, a partir da entrada exterior no nvel da cidade. O trio mais baixo era o nico ao qual os gentios tinham acesso. Subindo os degraus, chegava-se ao segundo trio, o central, alm do qual nenhuma mulher tinha o direito de subir. Ento, mediante outro lano de degraus, subia-se ao trio superior onde estavam o altar e o santurio. Em cima do lano de degraus, no nvel do Templo e dando acesso a ele, estava a porta Formosa. Era feita de lato de Corinto e ricamente ornada e coberta de ouro e prata que, com a luz do sol, brilhavam com glria reluzente.

    3. O sofredor. E era trazido um varo que desde o ventre de sua me era coxo, o qual todos os dias punham porta do Templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam . Que contraste! Uma porta forte, bela, desper- tando a admirao de todos, e um pobre mendigo, vestido em trapos, procurando continuar sua existncia base de esmolas. Tais contrastes existem pelo mundo afora. E as- sim continuam, at que algum, dotado do poder de Deus, pronuncie a palavra que faz os fracos e dbeis ficarem moral, fsica e espiritualmente to belos quanto o Universo.

    Dia aps dia, o homem era levado para o Templo. Es- perava que os adoradores estivessem mais inclinados

    40 Atos: e a Igreja se Fe:. Misses

  • A Cura de um Coxo 41

    caridade do que outras pessoas. Muitos aflitos esperam algo do calor da religio no meio da fria indiferena do mundo.

    II - A Cura1. O pedido. O qual, vendo a Pedro e a Joo, que iam

    entrando no Templo, pediu que lhe dessem uma esmola . Mecanicamente, comeou a fazer suas lamrias. Talvez no olhasse para os apstolos, nem esperasse receber coisa al- guma.

    2. A ordem que chamou a ateno. E Pedro, com Joo, fitando os olhos nele, disse: Olha para ns. O mendigo tinha de ser despertado da sua letargia. Necessitava prepa- rar a mente e o corao para receber uma bno espiritu- al: E olhou para eles, esperando receber deles alguma coisa . As palavras de Pedro despertaram expectativa e receptividade no mendigo. Foi arrancado do seu estado de desespero, e alguma esperana comeou a surgir na sua mente. Ningum havia falado assim com ele antes. Os adoradores, geralmente, lanavam-lhe uma moeda quase sem olhar para ele. Aqui, no entanto, estavam dois homens que lhe dedicavam total ateno, como se tivessem verda- deira preocupao com a situao dele. Certamente era este o preldio de um presente fora do comum.

    3. O presente inesperado. E disse Pedro: No tenho prata nem ouro - Podemos imaginar a decepo do men- digo! Pedro, no entanto, ainda no acabara de falar: ... mas o que tenho isso te dou: Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. Tinha algo melhor do que dinheiro para oferecer quele homem necessitado (cf. 1 Pe 1.18,19). Pedro estava cumprindo o mandamento de Cristo que, aps ter concedido poder milagroso aos apstolos, disse: De graa recebestes. de graa dai (Mt 10.8,9). Desta forma, o apstolo tipifica a verdadeira Igreja de Deus, que, apesar de pobre quanto aos bens deste mundo, tem poder para realizar milagres. E, muitas vezes, quando uma igreja

  • 42 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    j no pode dizer: No tenho prata nem ouro, tambm perde o poder de dizer: Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda .

    4. A cura milagrosa. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E, tomando-o pela mo direi- ta, o levantou, e logo os seus ps e artelhos se firmaram . Notam-se trs fatos com respeito cura:

    4.1. Foi em nome de Jesus Cristo. A palavra nome, conforme o emprego bblico, est vinculada personalida- de e influncia da pessoa. Quando o Antigo Testamento fala acerca do nome de Deus, est tratando da manifes- tao daquilo que Deus realmente . E, quando Pedro le- vantou o coxo em nome de Jesus, estava invocando o po- der e a virtude que esto contidos na personalidade de Jesus. O nome de Jesus um nome salvador porque representa a pessoa do Salvador. Este nome s pode ser invocado por aqueles que tm verdadeira f nele (cf. At 19.13-16). E estes sinais seguiro aos que crerem: Em meu nome... e poro as mos sobre os enferm os, e os curaro (Mc 16.17,18).

    4.2. A cura fo i realizada mediante a f . E pela f no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; e a f que por ele deu a este, na presena de todos vs, esta perfeita sade (At 3.16). O coxo exerceu um pouco de f, ou foi Pedro que exerceu toda a f? O Senhor sempre requer f, quando possvel, da parte daque- les a quem cura. Portanto, temos a certeza de que este homem deu alguma resposta de f (cf. At 14.8-10). Ser que o coxo ouvira o Evangelho, de forma que sua f pde ser despertada mediante a Palavra de Deus? (Rm 10.17). provvel que o homem j tivesse visto Jesus passar por aquela porta, e que tivesse ouvido acerca dos seus ensinos, crucificao e ressurreio. As pessoas, certamente, tinham comentado perto dele os eventos do Pentecoste e o poder de Jesus para salvar os pecadores. Guiados pelo Esprito,

  • ,4 Cura de um Coxo 43

    Pedro e Joo pararam e discerniram a semente de f no corao do homem. Falaram palavras que ajudaram f expressar-se mais plenamente. Imediatamente f frutifi- cou de tal maneira que a folha, a espiga e o gro maduro cresceram de uma s vez.

    Por outro lado, pode ser que a autoridade da ordem dada por Pedro, em nome de Jesus, tivesse bastante influncia para produzir a f salvadora. O mendigo pode ter sido suficientemente singelo para crer em tudo quanto Pedro disse.

    4.3. A cura fo i levada a efeito mediante poder sobrena- tural. E logo os seus ps e artelhos se firmaram. Este homem no foi curado pelas sugestes da sua prpria mente, vivificando suas energias. Foi, no entanto, pelo poder so- brenatural da parte de Deus que lhe sobreveio de cima e de fora dele.

    5. A seqela feliz. Pedro e Joo continuaram seu cami- nho para o culto, tendo agora um acompanhante feliz: E, saltando ele. ps-se em p, e andou, e entrou com eles no Templo, andando, e saltando, e louvando a Deus. Esta maneira pouco clssica de entrar no Templo deve ter cau- sado surpresa e at repdio a alguns dos frios freqentadores do culto. Quando, porm, um coxo de nascena recebe a cura milagrosa e instantnea mediante o poder de Deus, manter a aparncia de pouca importncia. O simples andar no parecia suficiente ao homem que achava to maravi- lhosas suas novas capacidades.

    "E todo o povo o viu andar e louvar a Deus; e conhe- ciam-no. pois era ele o que se assentava a pedir esmola porta Formosa do Templo; e ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe acontecera. E, apegando-se o coxo, que fora curado, a Pedro e Joo, todo o povo correu atnito para junto deles..." Este milagre tinha um propsito muito prtico - exaltava o nome de Jesus e dava publicidade aos pregadores do Evangelho. Com isso uma grande multido

  • se disps a escutar a mensagem. Pedro diz que Jesus a fonte do poder milagroso. No por ter ele operado milagres na terra, mas por estar agora assentado destra de Deus.

    Estas palavras exigiam muita coragem, para serem fala- das no Templo. Elas colocavam Pedro sob o risco de ser levado priso. No entanto, Pedro possua o herosmo que um Cristo morto nunca poderia ter concedido. Sua prpria atitude, e no somente as palavras que falava, se constitua em evidncia de que Cristo realmente estava vivo.

    III - Ensinamentos Prticos1. Cooperando com eles o Senhor (Mc 16.20). Os

    que negam o sobrenatural precisam explicar uma coisa. Os primeiros missionrios eram membros sem influncia, de uma nao desprezada. Como, ento, conseguiram fazer progredir a religio de Cristo, face cultura da Grcia e de Roma? e ao ponto de obter a supremacia, apesar das suas doutrinas de abnegao. O segredo do triunfo do Cristia- nismo no se achava na qualidade dos homens que o pre- gavam. Estava sim, na pessoa de Cristo, por eles pregado e de quem recebiam o poder.

    O general ingls Wellington calculava que a presena de Napoleo no campo da batalha valia por 40.000 solda- dos. No somente por sua percia como comandante, mas tambm porque sua presena inspirava coragem e confian- a na vitria. A presena de Cristo no campo de batalha espiritual vale m uitssim o mais: E eis que eu estou convosco todos os dias...

    2. A mo que ajuda. E, tomando-o pela mo direita, o levantou. Certo criminoso deixou seus maus caminhos e d ed ico u -se v ida crist . Tudo porque o conde de Shaftesbury, famoso poltico cristo que lutava por refor- mas sociais, o tomou pela mo e amorosamente lhe disse: Voc ainda vir a ser um homem de verdade!

    44 Atos: e a Igreja se Fe: Misses

  • 3. Mais precioso do que ouro. "No tenho prata nem ouro: mas o que tenho isso te dou". Nos perodos histri- cos em que a Igreja tem tido quantidades de ouro e prata, no tem havido poder espiritual. A tradio judaica diz que no Templo de Jerusalm havia uma flauta feita de taquaras. Remontando aos tempos de Moiss, ela possua um som maravilhoso que encantava os adoradores. Quando, porm, os sacerdotes resolveram revestir a preciosidade com ca- madas de ouro. o som ficou metlico e antiptico, at gros- seiro. O ouro estragara suas notas doces e claras. A Igreja de Jesus Cristo comeou com uma nota celestial e gloriosa. O institucionalismo e o mundanismo, no entanto, muitas vezes chegaram a estragar a pura mensagem do Evange- lho. Fiquemos firmes na simplicidade que h em Cristo.

    4. Mordomos de Deus. ... mas o que tenho isso te dou. Toda pessoa que est em comunho com o Senhor Jesus tem algo. ou pelo menos deve ter. para oferecer aos espi- ritualmente necessitados. Mesmo os que no possuem bens materiais podem oferecer o que tm: uma palavra de teste- munho ou encorajamento, uma orao. Algo que seja como uma mo auxiliadora para tir-lo de sua incapacidade espi- ritual. Certo reformador e novelista disse a um mendigo, magro e com frio, que lhe implorara uma esmola: No fique zangado comigo, irmo, no tenho nada para dar . O rosto plido iluminou-se, e os lbios roxos de frio forma- ram um sorriso. Chamou-me de irmo, afinal, e este foi um presente muito grande. Passando por l uma hora mais tarde. o reformador ainda viu o sorriso nos lbios do men- digo. Deu-lhe algo melhor do que ouro e prata.

    Borrow, autor ingls, disse que certa vez um grupo de ciganos vinha atrs dele. clamando: D-nos Deus! Eu no sou nem sacerdote nem ministro, respondeu ele. E s posso lhes dizer: Deus tenha misericrdia de vocs. Jogou algumas moedas s crianas e afastou-se. Uma das mulheres gritou para ele: "No queremos dinheiro! Temos

    A Cura de um Coxo 45

  • 46 Atos: e a Igreja se Fez Misses

    bastante. D-nos Deus!" Se voc estivesse l, quanto de Deus poderia ter oferecido quela mulher?

    5. Deixando o caminho livre para Deus. Pedro e Joo viram a admirao do povo crescendo, a ponto de se trans- formar em idolatria. Ento, desviaram deles a ateno a fim de concentr-la exclusivamente no Mestre. Quando a adorao manifestou-se nos coraes, os dois se afastaram e apresentaram a pessoa de Jesus. O Senhor recebeu, as- sim, todo o louvor e glria.

    Quando Leonardo da Vinci completou seu clebre qua- dro da Ultima Ceia, convidou um amigo para apreci-lo. O quadro primoroso, exclamou o amigo. Aquela taa de vinho se ressalta da mesa em prata macia e brilhante . Sem esperar mais nada, o artista tomou um pincel e apa- gou a pintura da taa, dizendo: Minha inteno era que a pessoa de Cristo atrasse em primeiro lugar o olhar das pessoas, e qualquer coisa que desvia dele a ateno precisa ser apagada.

    Bem-aventurado o obreiro cristo que, tendo desper- tado o interesse das multides, saiba lev-las a Cristo.

    6. Ferindo a fim de sarar. W hitefield pregava a grandes auditrios de mineiros de carvo. Havia tanta gente que era difcil ler as emoes nos rostos. Todos cobertos por cama- das de p. Vendo as marcas brancas, feitas pelas lgrimas no meio do carvo, sabia que a Palavra j tinha alcanado os coraes. Ento, deixava os aspectos da lei e de conde- nao e anunciava a graa e a consolao.

    Pedro amava de todo corao seus compatriotas. Con- tudo, no deixou de lhes fazer profundo corte nas consci- ncias (vv. 12-19). Como um cirurgio capaz, que corta para curar.

    As pessoas s valorizam o Salvador quando percebem quo grande o seu pecado e que esto perdidas. Spurgeon dizia que, para se levar um homem salvao, preciso primeiro lev-lo a reconhecer que est perdido.

  • A Cura de um Coxo 47

    7. Uma escolha fatal. Mas vs negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida . Jesus tinha a reputao de bondade e pureza entre o povo. Barrabs era revoltoso e assassino. Provavelmente lanava mo de um falso patriotismo como pretexto para roubar. A multido, surgindo a possibilidade da escolha, rejeitou Je- sus. Ele no tinha satisfeito suas expectativas nacionalistas.O esprito demonstrado na escolha de Barrabs frutificou de modo lgico na revolta de 68 d.C. Iniciando ento a mais terrvel calamidade sofrida pela nao em toda a sua histria.

    A natureza humana no mudou. Poucos negariam as virtudes de Jesus. Porm, nas escolhas prticas da vida o rejeitam em favor das riquezas, da fama, dos prazeres ou poder. Quem faz estas escolhas nunca acha paz e felicida- de slidas e permanentes. Estas so propriedades exclusi- vas dos que escolhem o Galileu.

  • Perseguio, Orao e Poder

    WIItEMSffiW^ Qr*l!!

    Texto: Atos 4.1-31

    Introduo"Quando Deus opera, o diabo comea a trabalhar ,

    um ditado comum entre os crentes. No captulo anterior, lemos a histria da poderosa operao de Deus na cura do coxo. No de surpreender ter sido o primeiro milagre apostlico seguido da primeira perseguio registrada con- tra a Igreja.

    I - Do Templo para a Priso (A t 4 .1-4)Em meio ao sermo, antes de Pedro chamar os conver-

    tidos frente, sacerdotes e policiais foraram caminho em meio a multido. Levaram Pedro e Joo presos. A acusa- o era: perturbao da ordem e pregao de heresia. Os sacerdotes pertenciam ao partido dos saduceus, no acredi- tavam na ressurreio dos mortos. O pregador falava pala- vras de graa ao povo quando sua boca foi fechada. At ao dia de hoje, os perseguidores sempre so cegos. Em todas as terras e geraes procuram extinguir a luz, porque amam

  • 50 Alps: ( a Igreja se Fez Misses

    as trevas. O porm , no versculo 4, demonstra que a Palavra j tivera oportunidade de operar nos coraes.

    II - Da Priso para o Tribunal (At 4.5-22)

    7. As- perguntas acusadoras. No dia seguinte. Pedro e Joo compareceram diante do Sindrio, o concilio eclesis- tico dos judeus. A acusao foi sugerida pela pergunta: Com que poder ou em nome de quem fizestes isto? Qual a fonte de onde tiraram poder para curar o coxo9 Estes apstolos so verdadeiros profetas do Senhor? Ou seduto- res que pregam a idolatria? (Dt 13.1-5). A pergunta visav a incriminar os apstolos. Se respondessem: O coxo foi curado em nome do Senhor Deus, seriam libertados (Jo 9.24). Se. porm, insistissem em afirmar que fora em nome de Jesus, seriam expostos acusao de blasfmia. Atri- buir o milagre a Jesus atrairia sobre eles a mesma conde- nao sofrida pelo Senhor (Mt 12.24).

    2. A resposta inspirada. Ento Pedro, cheio do Espri- to Santo, lhes disse... Poucas semanas antes Pedro decla- rara, positivamente, que seguiria Jesus at priso (Lc 23.33). Na realidade, seguiu Jesus distncia e depois o negou. Agora Pedro realmente foi para a priso por amor a Jesus. E ficou bem contente em assim fazer (At 5.41). Como se pode explicar a diferena? E que na primeira ocasio estava ungido com o esprito de Pedro. Na segun- da, ungido com o Esprito Santo.

    Principais do povo, e vs, ancios de Israel [Pedro falou com cortesia], visto que hoje somos interrogados acerca do benefcio feito a um homem enfermo e do modo como foi curado, seja conhecido de vs todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vs crucificastes e a quem Deus ressuscitou dos mortos, em nome desse que este est so diante de vs". De modo simples e direto, Pedro vincula a cura milagrosa ao nome de Jesus. A cura do homem foi um benefcio"

  • Perseguio, Orao e Poder 5 1

    inegvel. E quem inspirou o milagre no poderia, portanto, ser um malfeitor: No se colhem uvas de espinhos.

    Observemos tambm o contraste nas palavras: ... a quem vs crucificastes e a quem Deus ressuscitou dos mortos . O texto mostra o quo longe de Deus estavam os que re- jeitaram a Jesus (cf. At 3.13-15).

    "Ele a pedra que foi rejeitada por vs, os edificadores, a qual foi posta por cabea de esquina. E em nenhum outro h salvao, porque tambm debaixo do cu nenhum outro nome h. dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos". Que erro enorme o dos edificadores! Rejeitaram a pedra mais importante do edifcio! Este foi o erro de Israel: rejeitar a Jesus como seu Messias. Apesar desta rejeio, Deus o exaltou sua posio certa: a de Pedra fundamental nos coraes de milhes.

    3. O reconhecimento significativo. Os membros do Si- ndrio. vendo o herosmo dos discpulos, lembraram-se de um "outro" que enfrentara com dignidade suas acusaes. Reconheceram a imagem do Mestre nos discpulos. Estes no tinham cursado as escolas rabnicas, porm, no de- monstravam embarao na frente destas autoridades ecle- sisticas: "E tinham conhecimento que eles haviam estado com Jesus". O Mestre celestial deve ter ficado grandemen- te satisfeito ao se ver refletido em seus discpulos.

    4. A consulta oficial. E vendo estar com eles o homem que fora curado [em p. pela primeira vez na sua vida!], nada tinham que dizer em contrrio . No podendo alterar os fatos, consultavam-se secretamente para atacar os ho- mens que proclamavam os acontecimentos: Mas, para que no se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que no falem mais nesse nome a homem algum. Os sacerdo- tes sabiam que no gozavam de popularidade entre o povo. Tambm no se interessavam em investigar a verdade nas declaraes de Jesus. S desejavam sufocar uma doutrina que ameaava a supremacia deles.

  • 5. A severa proibio. "E. chamando-os, disseram-lhes que absolutamente no falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus . Era o mesmo que proibir o sol de brilhar. Afi- nal, Pedro e Joo pertenciam a um movimento que estava passando pela nao como um fogo ardente.

    6. A corajosa declarao. A situao era difcil, porque Pedro e Joo eram cidados leais. Eles deviam obedecer s autoridades constitudas, especialmente em se tratando de autoridade religiosa. Os sacerdotes de Israel, no entanto, j no eram seguidores fiis de Deus. Os apstolos tomaram o caminho da desobedincia obediente e responderam: Julgai vs se justo, diante de Deus. ouvir-vos antes a vs do que a Deus? Porque no podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido". Graas a Deus pela coragem destes dois jovens israelitas"! (cf. Dn 3.24,25).

    Pedro estabeleceu, para sempre, o princpio fundamen- tal entre os limites da obedincia cvica e do dever cristo de testemunhar. Quando existe clara contradio entre os mandamentos dos homens e os de Deus, de tal forma que obedecer a uns desobedecer aos outros, no sobra mais nenhuma dvida quanto ao que o crente deve fazer.

    Juizes justos tm de optar entre o caminho de punir e o de declarar inocente. Estes sacerdotes, no entanto, no eram justos. Irritados contra os apstolos no ousavam fazer nada contra eles, por causa do povo . Medo do povo, e no o senso de justia, levou-os a soltar os apstolos.

    III - Do Tribunal para a Igreja (At 4.23-31)A orao o recurso mais poderoso da igreja, quando

    ameaada pelo mundo. E, soltos eles, foram para os seus. e contaram tudo o que lhes disseram os principais dos sa- cerdotes e os ancios. Ento, comearam a falar com Deus. Todos oraram juntos (unnimes levantaram a voz a Deus"), e um deles, talvez Pedro, dirigiu uma orao especial.

    52 Aro.s: e a igreja se Fe: Misses

  • Perseguio. Orao e Poder 53

    1. necessidade de poder. Os crentes, ao serem ame- aados pela fora humana, apelaram para o poder de Deus. Oraram, atribuindo ao Senhor o poder onipotente. Poder revelado na criao (v. 24). na declarao antecipada de qual seria a oposio humana (vv. 25-27) e na permisso desta oposio, transformando-a no cumprimento da sua vontade soberana (v. 28).

    2. A busca do poder. Quais foram as emoes dos dis- cpulos? No tinham medo, seno pediriam proteo. No tinham dio. por isso no pediram vingana contra seus inimigos. Foi a corajosa resoluo de cumprir a vontade de Deus que os levou a orar: Concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra. Foi a cura do coxo que deu ocasio perseguio. Mas, ao invs de dar menos nfase s curas, pediam: Estendes a tua mo para curar, e para que se faam sinais e prodgios pelo nome do teu santo Filho Jesus".

    3. Concedido o poder. A resposta veio to rpida como o trovo depois do raio. Enquanto oravam, recebiam con- forme suas peties. Caiu o poder divino e houve grandes movimentos. Primeiro um tremor de terra - ... moveu-se o lugar em que estavam reunidos... Depois, um tremor de almas - "... todos foram cheios do Esprito Santo... E, fi- nalmente. um tremor de lnguas - ... e anunciavam com ousadia a palavra de Deus".

    IV - Ensinamentos Prticos1. Autoridades eclesisticas. A liderana eclesistica que

    perde a viso espiritual pode se transformar em poder per- seguidor. Neste captulo, vemos os saduceus - os moder- nistas daqueles dias - procurando atar a Palavra de Deus com suas regras e at com correntes de ferro. Ficaram desgostosos com a pregao da ressurreio por parte dos apstolos, mensagem que inclua uma parte sobrenatural.

  • 54 Atos: e a igreja se Fez Misses

    Mais uma vez, Israel foi espiritualmente embaraado por eclesisticos mundanos.

    Igrejas tm sido arruinadas mais pelos lderes, que amam excessivamente suas posies, do que por qualquer outro pecado. Qualquer lder cheio de si pode causar grandes dissenses. A igreja presa a regras, muitas vezes, tem obs- curecido ao invs de exemplificar os ensinos de Cristo.

    A condio espiritual da igreja depende de seus lderes. S uma liderana singela e espiritual, conforme o padro do Novo Testamento, mantm a igreja em boas condies espirituais.

    2. A santa coragem. Ento eles. vendo a ousadia de Pedro e Joo... Atualmente, no temos no pas persegui- es violentas ou oficiais. No entanto, temos que enfrentar, dia aps dia, o curso do mundo. Ele como um rio com- posto de muitas gotculas, que no seu conjunto, vo cor- rendo para baixo em vasto e poderoso volume, podendo levar fora o mais vigoroso nadador. Tomar uma posio firme diante das tendncias do mundo s vezes requer tanta coragem quan to en fren ta r os p e rseg u id o res e suas ameaas.

    Os apstolos conheciam o perigo de se deixarem inti- midar por seus crticos. Por esta razo, longe de pedirem livramento dos perseguidores, suplicaram por intrepidez para anunciar a Palavra de Deus.

    Mdicos de certa cidade estavam preocupados com al- gumas crianas. Elas tinham pernas com mais cartilagem do que osso firme. Ento eles descobriram que isso se devia falta de clcio na gua da cidade.

    A gua da Vida, recebida mediante a comunho com o Senhor, contm elementos que produzem uma boa forma- o espiritual.

    3. Consagrao e educao. As autoridades percebe- ram que Pedro e Joo eram iletrados" (no tinham curso

  • Perseguio, Orao e Poder 55

    em escola rabnica) e incultos" (literalmente, partcula- res" - no tinham nenhuma posio oficial de ensino). Certamente o orgulho deles foi ferido ao serem vencidos em debate por homens assim.

    Fazemos mal em ridicularizar a educao e desprezar o seu valor. Deus no oferece nenhum galardo para a igno- rncia. A educao, no entanto, tem as suas limitaes. Tem valor duvidoso quando no acompanhada de bom senso e conscincia de Deus. Muitos, infelizmente, foram instru- idos para no terem f no Senhor. O crente sbio colocar Deus em primeiro lugar. Contudo, depois procurar toda a instruo que possa empregar para a glria de Deus. Ape- sar das teorias materialistas, a educao incompleta, se no providencia nada para a natureza espiritual do homem.

    4. O convvio que transforma. tinham conhecimento que eles haviam estado com Jesus". A convivncia com o Senhor na terra efetuara uma mudana no carter deles. Mesmo assim, ainda possuam escrias no purificadas e trevas que no tinham sido completamente dispersas. Isto at a chegada do fogo celestial do Pentecoste. Todavia, o verdadeiro motivo da intrepidez de Pedro e de Joo era sua comunho espiritual com o Cristo no Cu, no s o fato de t-lo conhecido como vulto histrico. Esta forma de culti- var o carter est disposio de todos ns. Todos pode- mos ter convvio com Cristo, mantendo comunho com Ele.

    Alguns, zelosos pela santificao pessoal, dirigem seus esforos para a conquista de virtudes individuais. No en- tanto, o caminho mais direto, curto e certo ter muita comunho com o Mestre. Desta maneira, todos ns, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glria do Senhor, somos transformados de glria em glria na mes- ma imagem, como pelo Esprito do Senhor" (2 Co 3.18).

    O que o companheirismo de Cristo pode fazer por ns? Primeiro, nos permitir ter conhecimento a respeito dEle em nosso corao. Muito melhor do que qualquer conheci

  • 56 Atos: e 11 Igreja sc l c: Miwot-s

    mento intelectual. Em matria de assuntos espirituais, o corao o melhor mestre. Em segundo lugar, nos liberta r do temor dos homens. O crente que anda com Cristo pode dizer: "No temerei mal algum, porque tu ests comi- go. Finalmente, nos abrir os lbios para falarmos dEle a outras pessoas. E importante notar o efeito sobre as auto- ridades. O verdadeiro carter cristo atrai a ateno de todos. E desperta o interesse de saber qual a transformao que produz tais resultados.

    5. Quando o silncio no de ouro. "Porque no pode- mos deixar de falar do que temos visto e ouvido". Trs fatores levavam os profetas de Israel a falar: o conheci- mento de que o Senhor havia falado (Am 3.7. 8). um im- pulso profundo no seu ntimo (Jr 20.9) e a paixo pelas almas. Pelas mesmas razes os crentes devem anunciar a mensagem do Evangelho.

    O im pulso no ntim o faz com que o silncio seja im- possvel: No podemos deixar de falar... A ardente con- vico no fica prisioneira no corao por m uito tempo. Cedo exigir direito de sada pela porta dos lbios: "Ns crem os tambm, por isso tambm falam os (2 Co 4.13). Neste caso. apenas duas razes principais explicam por- que h crentes que no testificam : ou no entendem o Evangelho corretam ente, ou seu poder no os inspirou d e v id a m e n te . Ao e x p re s s a r n o ssa s c o n v ic e s , aprofundam os nossa f. Nossa vida espiritual se esvai quando no com partilham os com outras pessoas a nossa experincia crist.

    O mandamento do Senhor transforma o silncio em desobedincia. "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura" - estas so as nossas instrues para a batalha. A contribuio e participao na obra missionria no so matria de inclinao, mas puro dever. A sobrevi- vncia espiritual da igreja depende da obedincia a este mandamento.

  • Perseguio. Orao e Poder 57

    Os vnculos da fraternidade humana tornam o silncio algo contrrio natureza. O Filho de Deus tomou sobre si a natureza humana a fim de provar a morte em nosso lugar. E para que todos ns sejamos irmos. A f em Cristo, portanto, longe de nos afastar do prximo deve nos levar a ele. E nos faz reconhecer que devem com partilhar dos nossos tesouros espirituais: Eu sou devedor, tanto a gre- gos como a brbaros, tanto a sbios como a ignorantes (Rm 1.14).

    "Porque no podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido. Estas palavras se referem especialmente a as- suntos espirituais. Muitas coisas que vemos e ouvimos no merecem ser assunto de conversa. Neste caso, o silncio de ouro.

    6. O Teste da liberdade. "E. soltos eles. foram para os seus... Qual o convvio que ns escolhemos quando estamos "soltos, livres, de frias? Em lugar estranho, onde ningum nos conhece? Quando viajamos para outro lugar, tiramos "frias" do Senhor? Ou Ele pode ir junto para onde quer que formos? Quando o jovem deixa as restries do lar paterno e da escola, qual o caminho que escolhe na vida?

    Judas Iscariotes passou alguns anos sob a orientao de Jesus. Preso, por assim dizer, sua influncia de tal modo que seus condiscpulos no reconheciam seu verdadeiro carter. Uma vez "solto", porm, seguiu para onde seu corao traioeiro o levava.

    Demas ficava sob as restries da influncia de Paulo, mas, quando ficou solto desta poderosa personalidade, seguiu na direo do seu corao mundano (2 Tm 4.10). E, quando a mo da morte nos solta desta vida, inevitvel- mente iremos para o lugar que nos prprio.

    Cristo nos libertou das restries da carne, do mundo e do diabo. Uma vez "soltos", voltaremos para contar aos

  • 58 Atos: e a Igreja se Fe:, Misses

    outros as grandes coisas que Deus fez por ns (Mc 5.19). ou retornaremos ao lamaal do pecado? (2 Pe 2.22).

    7. O maior recurso da Igreja. Os fracos cristos do cenculo moveram a mo que move o mundo", e o local foi sacudido. E em resposta s oraes do seu povo que o Senhor se levanta para sacudir a terra. Mais coisas so operadas mediante a orao do que o mundo poderia ima- ginar. A histria de todos os reavivamentos espirituais demonstram esta verdade.

    Os eleitos de Deus podem clamar dia e noite contra as opresses que h na terra, e o Senhor pode esperar com pacincia (Lc 18.7,8). Mas chegar, sem dvida, a hora em que as oraes de todos os santos tero sua resposta. En- to, todos os poderes malignos deste mundo sero sacudi- dos (cf. Ap 8.1-5).

  • 60 Pecado

    da HipocrisiaTexto: Atos 4.32-5.11

    Introduo

    Os crentes, movidos por amor cristo, vendiam seus imveis espontaneamente. Faziam isto para distriburem a importncia apurada conforme a necessidade de cada um. Provavelmente, o dinheiro era trazido aos apstolos num culto especial como ato de consagrao. Barnab, que era decerto um homem de bens e de influncia, vendeu um campo e publicamente depositou seu valor em dinheiro aos ps dos apstolos. Este ato de consagrao despertou a admirao dos crentes. Talvez tenha havido durante aquele culto um derramamento poderoso do Esprito Santo. No meio daquele entusiasmo, Ananias e Safira venderam uma propriedade. Ananias entrou em acordo com sua mulher e reteve parte do preo, depositando o restante aos ps dos apstolos.

    At ali, tudo havia sido glorioso na vida da igreja. Suas caractersticas tpicas eram o amor fraternal, a bondade

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    altrusta, a coragem herica e a real devoo a Cristo. No era, no entanto, nenhum Milnio espiritual. Satans, longe de estar amarrado, trabalhava com vigor! No conseguiu destruir a Igreja atravs das perseguies vindas de fora. Procurou, ento, estrag-la por dentro, seduzindo alguns dos seus membros. No conseguindo destruir o trigo, semeou seu jo io (Mt 13.24-30). Suas prim eiras vtim as, alis indesculpveis, foram Ananias e Safira. Daquele tempo para c, a hipocrisia sempre tem seguido a realidade da religio como uma sombra negra.

    I Manifestada a HipocrisiaProvavelmente os elementos principais do pecado de

    Ananias e Safira eram:1. Cobia. Como no caso de Judas, o amor ao dinheiro

    foi a raiz do seu pecado, porque o amor do dinheiro a raiz de toda a espcie de males (1 Tm 6.10). Cobiavam honra e glria na igreja e ao mesmo tempo o dinheiro. Planejavam um meio termo: dariam parte do dinheiro para obter a glria de terem dado tudo. e ao mesmo tempo, guardariam parte para desfrutar dela em particular.

    2. Falta de f. A falta de f est por detrs de quase todos os pecados do crente. Ananias pensava, decerto, que valia a pena fazer uma boa contribuio para o glorioso reavivamento espiritual, uma obra contnua e slida. Mas. o que aconteceria se o movimento chegasse ao fim? J no haveria fundo de garantia . Precisava evitar o fanatismo e garantir o dia de amanh.

    3. Desejo de honra. O casal admirava o carter genero- so de Barnab. Mas passaram a cobiar o alto conceito e louvor recebidos por ele, devido seu ato de abnegao. Os dois queriam receber o louvor que se d aos heris da f, porm, sem esforos nem sacrifcios.

    4. A hipocrisia. O desejo de parecer virtuoso sem pagar o preo de ser - esta a essncia da hipocrisia. Literalmen

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    te, a palavra "hipcrita originalmente queria dizer ator . O hipcrita est sempre representando um papel que nada tem a ver com sua verdadeira personalidade. Quando Ananias trouxe o dinheiro, estava encenando uma mentira. Fingia estar contribuindo com a renda total da sua venda.

    II Detectada a Hipocrisia1. Desmascarado o pecado. O Esprito Santo, habitan-

    do no meio da Igreja, detecta todo o pecado. Ananias es- colheu um lugar muito perigoso e uma poca desfavorvel pratica da hipocrisia. O divino Esprito de pureza, since- ridade e verdade tinha sido derramado em abundncia. Portanto, era imediatamente reconhecido o esprito da fal- sidade e hipocrisia que, em tais circunstncias, era ainda mais imperdovel. Num ambiente de tanta espiritualidade, havia pessoas dispostas hipocrisia. O que aconteceria, ento, em tempos mais difceis se no condenassem este pecado? Pedro, mediante o dom do discernimento de espi- ritos, viu o que havia em Ananias. Ele no pertencia quele ambiente espiritual. Pela inspirao divina, Pedro disse: Ananias, por que encheu Satans o teu corao, para que mentisses ao Esprito Santo, e retivesses parte do preo da herdade? Guardando-a no ficava para ti ? E, vendida, no estava em teu poder? Por que formaste este desgnio em teu corao? No m entiste aos homens, mas a D eus . Notamos aqui o seguinte:

    2. A origem do pecado. Por que encheu Satans o teu corao?" Como na situao do cobioso Judas, Satans derram ava suas pecam inosas sugestes no corao de Ananias (cf. Jo 13.2). O diabo, no entanto, no pode entrar em nossa vida a no ser mediante permisso nossa. Por isso Pedro indagou: Por qu? - Resisti ao diabo, e ele fugir de vs (Tg 4.7). Por isso, a responsabilidade do homem permanece: Por que formaste este desgnio em teu corao?

  • 3. A fa lta de desculpas para o pecado. No havia a obrigao de os crentes venderem suas propriedades e tra- zerem aos apstolos os montantes apurados. No fora abo- lido o direito da posse individual de bens. Ananias no teria violado nenhum preceito se t