auditoria em receitas e despesas financeiras guedes silveira.pdf · universidade candido mendes...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AUDITORIA EM RECEITAS E DESPESAS FINANCEIRAS
Keila Guedes Silveira
Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves P.Sc.
Rio de Janeiro
2007
1
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, meus pais e amigos, que sempre estão presentes nos momentos bons e ruins da vida, me dando força para continuar a lutar, para alcançar os objetivos almejados.
2
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 3 CAPÍTULO I - RECEITAS E DESPESAS 5 CAPÍTULO II - AUDITORIA DE RECEITAS FINANCEIRAS 17 CAPÍTULO III – AUDITORIA DE DESPESAS FINANCEIRAS 33 CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA 44 ANEXOS 45 ÍNDICE 46
3
INTRODUÇÃO
Com o advento da modernidade e o desenvolvimento de novas tecnologias, que
a cada dia agilizam as mudanças e exigem de todos, uma melhor preparação para aceitar
tais mudanças e se adaptar a elas, sob risco de desatualização e obsolência, as empresas
se viram na necessidade de adotar medidas capazes de mantê-las dentro do mercado de
forma competitiva.
As empresas necessitam atender a fatores, tais como: lucro permanente e acima
da média das demais organizações para satisfação dos acionistas e a realização de
investimentos em novos produtos ou serviços e expansão; enfrentar a concorrência
garantindo a continuidade de suas atividades e atender aos consumidores/clientes,
mantendo sua imagem como fornecedora de produtos e serviços adequados e
atualizados, mantendo sua competitividade.
Dinamismo do ambiente de negócios faz com que a empresa esteja em
constantes mudanças na forma de atuar no mercado, produção, serviços, gestão e
processos administrativos. A disponibilidade da informação, confiável e atual, tornou-se
indispensável para alavancar a competitividade, incorporando-se em todos os processos
operacionais e gerenciais sempre com o propósito de obter produtividade e qualidade.
Desta forma a função da auditoria mostra-se necessária e tempestiva. os
auditores, profissionais especializados na aferição do controle interno empresarial,
apontam seus olhos para os custos e despesas das organizações, auxiliando o corpo
diretivo à equacionar e reduzir os parâmetros de gastos que comprometem,
sobremaneira, o resultado operacional do acionista. de outra forma, as receitas dessas
empresas precisam se adequar à nova realidade do mercado, tornando-as competitivas, e
4 cabe, também, à auditoria, monitorar essas regras e atestar o efetivo cumprimento da
organização junto ao mercado.
As contas de resultado financeiro representam independentemente as operações
que a empresa executou, essas contas têm um impacto significativo dependendo do
objetivo social da empresa, são indicadores importantes para a análise de riscos dos
negócios das organizações, uma vez que nessas rubricas se concentram os produtos
finais dos diversos resultados alcançados pela gestão, transformando operações em
números, com significados refletidos no lucro ou no prejuízo final da sociedade.
As receitas e despesas financeiras podem não representar um impacto muito
significativo no resultado final das empresas, pois representam uma parcela desse
resultado positivo ou negativo, porém são também de extrema importância para a
análise da auditoria, uma vez que todas as empresas necessitam ir ao mercado financeiro
para captar e aplicar seus recursos, traduzidos em investimentos de modalidades
diferenciadas..
Os trabalhos dos auditores vêm ao encontro da validação desses recursos, se
estão bem aplicados, se as taxas negociadas são atrativas, se há consistência nas
operações realizadas. todas as fases devem ser bem averiguadas e controladas para dar o
devido suporte para a empresa, assegurando ao acionista que, o seu negócio, encontra-se
num patamar íntegro, seguro e bem administrado .
5
CAPÍTULO I
RECEITAS E DESPESAS
1.1. Receitas
Considera-se receita a transferência de elementos para o ativo, sob forma de
dinheiro ou direitos a receber, proveniente de suas operações, correspondentes
normalmente à venda de mercadorias, produtos e/ou prestações de serviços. São valores
que afetam positivamente a situação patrimonial, contribuindo, assim, para o aumento
da riqueza líquida da empresa. São representadas por contas de natureza credora.
Uma receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos e
de outros ganhos eventuais.
A receita de uma empresa durante um período de tempo, representa uma
mensuração do valor de troca dos produtos (bens ou serviços) de uma empresa durante
aquele período. Isso caracteriza o fato de que o mercado deverá validar o esforço
desenvolvido pela empresa, atribuindo um valor de troca à produção de bens e serviços.
Em outras palavras, uma empresa pode ter manipulado fatores, incorrido em custos,
mas, se o mercado não conferir um valor de troca a esse esforço, não existirá receita
para ela.
Uma boa mensuração da receita exige que e determine o valor de troca do
produto ou serviço prestado pela empresa. Em outros termos, este valor de troca nada
mais é do que o valor atual dos fluxos de dinheiro que serão recebidos, derivantes de
6 uma transação que produza receita. È claro que uma boa aproximação deste valor é o
preço acordado entre comprador e vendedor.
Desde que exista um valor de mercado perfeitamente definido e verificável e
desde que possamos estimar as despesas associadas à sua produção, pode ser
reconhecida à receita, não sendo indispensável que os bens ou serviços tenham sido
transferidos ao cliente, embora em um maior número de circunstâncias o ponto em que
é mais fácil, efetivamente, satisfazer as condições de reconhecimento da receita seja o
da transferência.
Em resumo, a receita é a expressão monetária, validada pelo mercado, do
agregado de bens e serviços da entidade, em sentido amplo (em determinado período de
tempo), e que provoca um acréscimo concomitante no ativo e no patrimônio líquido,
considerado separadamente da diminuição do ativo (ou do acréscimo do passivo) e do
patrimônio líquido provocados pelo esforço em produzir tal receita.
As dimensões básicas da receitas são:
§ está ligada à produção de bens e serviços em sentido amplo;
§ embora possa ser estimada pela entidade, seu valor final deverá ser validado pelo
mercado;
§ está ligada a certo período de tempo;
§ embora se reconheça que o esforço para produzir receita provoca, direta ou
indiretamente, despesas (diminuição do ativo e do patrimônio líquido), não
subordina, no tempo, o reconhecimento da receita ao lançamento da despesa.
1.1.1. Tipos de receitas
7 As receitas podem ser divididas em dois grupos em função da natureza dos
recursos auferidos: Operacionais e Não operacionais.
• Receitas Operacionais
As receitas operacionais são aquelas que derivam do exercício das atividades às
quais a empresa se dedica e englobam os produtos e serviços que constituem a
finalidade fundamental desta empresa, ou seja, são receitas de exploração das atividades
sociais, proveniente dos objetivos do negócio. São apenas dois estes tipos de receita,
porque só um título pode indicar a qual atividade uma empresa se dedica.
A legislação tributária as conceitua como resultado das atividades Principais e
Acessórias que constituam o objeto de pessoa jurídica.
Principais são as receitas decorrentes da venda de bens e serviços por
excelência.
Acessórias são as provenientes de operações complementares, tais como receitas
financeiras e de aluguel, nas empresas que não se dedicam à intermediação financeira e
nem à administração de bens.
- Receitas de Vendas
Também chamadas simplesmente de vendas, essas receitas demonstram o valor
resultante das vendas de mercadorias de uma companhia. Para efeitos de estudo e
análise, algumas empresas utilizam uma conta para registrar as vendas à vista, e outra
para as vendas à prazo, sendo agregado o valor das duas contas para apresentação nas
demonstrações financeiras.
8
Compreendem as receitas brutas de vendas, onde o negócio da empresa é vender
mercadorias ou produto da venda de bens, e o preço dos serviços prestados pela pessoa
jurídica.
- Receitas de Prestação de Serviços
As receitas originadas de serviços prestados, também, chamadas de receitas de
serviços não podem ser confundidas com as receitas de vendas. Enquanto estas são
originadas de operações com mercadorias, as primeiras são provenientes dos diversos
tipos de serviços que a empresa presta.
- Receitas Financeiras
São provenientes de aplicações financeiras representam genericamente, uma
alternativa para utilização de numerários em excesso, em giro na empresa.
Alguns exemplos das receitas financeiras são:
§ Juros recebidos sobre empréstimos (juros ativos) ;
§ Correção monetária proveniente de aplicações financeiras;
§ Descontos obtidos (quando condicionais);
§ Lucro obtido na operação de reporte, qual seja, a diferença positiva entre a cotação a
termo (a prazo) e a cotação à vista de certos títulos mobiliários comercializados em
Bolsa de Valores;
§ Prêmio auferido na alienação de títulos ou debêntures.
§ Receitas de títulos vinculados ao mercado aberto;
§ Receitas sobre outros investimentos temporários.
9
As receitas financeiras derivadas de títulos com vencimento posterior ao
encerramento do exercício social poderão ser rateadas pelos períodos a que competirem.
Para fins fiscais tal rateio deverá ser mensal. (Lei n.º 8.383/91).
- Outras Receitas Operacionais
Existem também as chamadas outras receitas operacionais, que também estão
diretamente relacionadas com o objetivo do negócio, onde a pessoa jurídica pode
exercer atividades acessórias ou mesmo eventuais que lhe gerem receitas, inclusive a
aplicação financeira de recursos ociosos, lucros de participações em outras sociedades,
venda de sucata, e outros.
• Receita não Operacional
Inversamente às receitas operacionais, as não operacionais não se relacionam
diretamente com a natureza do negócio de uma companhia, inclui todos os acréscimos
de ativo e de patrimônio líquido derivantes de rendimentos de aplicações financeiras (na
pratica internacional), rendas patrimoniais etc., exceto ganhos na venda de ativos não
sujeitos a negociação normal.
De acordo com a legislação do imposto de renda, essas receitas não
operacionais, se classificam como os ganhos e as perdas de capital na alienação de bens
do ativo permanente.
Com base na interpretação da legislação comercial, podemos afirmar que
somente integram os resultados não operacionais os seguintes componentes do crédito
da entidade:
10
a) os ganhos de capital;
b) a contrapartida da provisão para perdas prováveis;
a) créditos provenientes de investimentos permanentes;
a) lucro na baixa de ativos permanentes; etc.
1.2. Despesas
Despesa representa a utilização ou o consumo de bens e serviços no processo de
produzir receitas. A despesa pode referir-se a gastos efetuados no passado, no presente
ou que serão realizados no futuro. De forma geral, podemos dizer que o grande fato
gerador de despesa é o esforço continuado para produzir receita, já que uma está
relacionada com a outra.
Assim o que caracteriza a despesa é o fato de ela tratar de expirações de fatores
de serviços, direta ou indiretamente relacionados com a produção e a venda do produto
(ou serviço) da entidade.
Despesas são gastos desembolsados ou devidos, necessários ao desenvolvimento
de suas operações, porém, não compreendidos nos custos, consumidos direta ou
indiretamente no esforço da entidade de auferir receitas. Há gastos que nunca serão
custos, por não estarem vinculados ao processo de produção de bens ou serviços ou à
atividade de aquisição de mercadorias para revenda.
A diferença entre despesa e gasto é que o gasto é incorrido após a receita
respectiva e a despesa deve ser reconhecida no mesmo período da receita.
1.2.1. Tipos de despesas
11
Assim como as receitas, as despesas também podem ser divididas em
Operacionais e Não operacionais:
• Despesas Operacionais
São despesas operacionais os valores não computados nos custos,
desembolsados ou provisionados, que se relacionam diretamente com o objetivo da
empresa e são necessários à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte
produtora de rendimentos; de um modo geral todos realizados com o objetivo final de
gerar receitas.
As despesas Operacionais são aquelas que contribuem para a manutenção da
atividade operacional da empresa, como: despesas com vendas de produtos, com a
administração da empresa e com financiamento das operações, ou seja, são as despesas
pagas ou incorridas para realização das transações ou operações exigidas pela atividade
da empresa.
As despesas operacionais somente serão dedutíveis para efeitos fiscais quando
atenderem aos seguintes requisitos, cumulativamente: serem necessárias e, serem usuais
ou normais do tipo de transações, operações ou atividades da empresa.
Divide-se em quatro grupos, segundo a sua natureza:
. Despesas com Vendas;
. Despesas Gerais e Administrativas;
12
. Despesas Financeiras;
. Outras Despesas Operacionais.
- Despesas com Vendas
São agregadas nesse grupo todas as despesas diretamente relacionadas com as
vendas de mercadorias e serviços da empresa. Abrangem desde a promoção do produto
até a sua colocação junto ao consumidor (comercialização e distribuição). Exemplos:
§ Salários e encargos sociais do pessoal de vendas;
§ Aluguéis de salas ou lojas de vendas;
§ Comissões sobre vendas;
§ Estimativa de perdas com duplicatas derivadas de vendas a prazo (provisão para
devedores duvidosos)
§ Marketing;
§ Propaganda e Publicidade dos produtos; etc.
- Despesas Gerais e Administrativas
São aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa, ou seja, são
agregadas todas as despesas relacionadas com a administração, direção e gestão da
companhia. Exemplos:
§ Honorários dos Administradores;
§ Salários e encargos sociais do pessoal administrativo;
§ Materiais de expediente;
§ Serviços de terceiros;
§ Viagens, estadas e representações;
13 § Aluguéis de escritórios;
§ Seguro do escritório;
§ Depreciação de móveis e utensílios; etc.
- Despesas Financeiras
São as remunerações dos capitais de terceiros e representam basicamente o custo
das operações de empréstimos e financiamentos. Exemplo:
§ Impostos sobre operações financeiras;
§ Juros de mora pagos;
§ Despesas de comissões bancárias;
§ Taxa de fiscalização (de cumprimento de obrigações contratuais de
empréstimos)
§ Descontos concedidos
§ Correção monetária prefixada de obrigações.
§ Resultado proveniente de Participações em sociedades controladas e coligadas.
§ Os juros pagos ou incorridos, os quais poderão ser deduzidos como despesa
operacional, da seguinte forma:
- os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de crédito e o
deságio concedido na colocação de debêntures deverão ser apropriados pro rata
tempore, nos períodos a que competirem;
- os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou
construção de bens do Ativo Permanente, incorridos durante as fases de construção e
pré-operacional, podem ser registrados no Ativo Diferido, para serem amortizados.
- Outras Despesas Operacionais
14
Embora possam ser de natureza bastante variada, da mesma forma que as outras
receitas operacionais, também estão ligadas ao negócio da empresa. Exemplos:
§ Depreciações e amortizações de ativo permanente;
§ Perda de capital;
§ Prejuízos oriundos das aplicações em outras empresas;
§ Despesas tributárias (não se incluindo, evidentemente, aquelas que variam
proporcionalmente às vendas já subtraídas como deduções, mais sim IPVA,
IPTU, Multas Fiscais, etc.)
• Despesas não Operacionais
São as que não se relacionam diretamente com a natureza específica dos
negócios de uma companhia. Os tipos mais freqüentes são;
§ Débitos provenientes de investimentos permanentes;
§ Prejuízo na baixa de ativos permanentes;
§ Multas;
§ Perdas com sinistros;
§ Despesas eventuais; etc.
1.3. Receitas versus Despesas
O grau de relacionamento entre receita e despesa, é que tanto despesa é
conseqüência de receita, como receita pode derivar de despesa, ou melhor dizendo, a
receita futura pode ser facilitada por gastos passados ou correntes (ou futuros).
Algumas despesas estão diretamente relacionadas à receita, como por exemplo:
o custo do produto vendido, que de acordo com a acepção do termo, é uma verdadeira
15 despesa, e por ser um custo ligado ao processo de produção, está incluído no preço do
produto que após a venda, gera receita.
Os custos iniciais de organização também estão associados diretamente com
receita futura, porém não está incluída no custo do produto. Esses custos são ativados
porque, quando ocorrem, normalmente não podem ser associados com um produto que
não existe, assim, ao serem relacionados com receita de alguns períodos futuros, são
ativados e, em seguida, amortizados contra tais períodos.
Outras despesas estão indiretamente relacionadas à receita do período, ou pelo
menos, mesmo período. Por exemplo: As despesas ou gastos com propaganda e
publicidade propiciam, mais cedo ou mais tarde, a melhoria das vendas. Entretanto,
somente poderemos ativar tais gastos em certo período se soubermos com razoável
precisão quais as futuras receitas com as quais poderão ser associados. Se não tivermos
base adequada para estimativa, deveremos considerar o gasto como despesa do período
em que ocorreu.
Outro exemplo é o aluguel pago por uma loja a varejo que pode ser associado à
venda do período durante o qual a loja é alugada. Em outros casos, não existe
associação direta com as receitas, mas o gasto é necessário para manter a organização
como um todo.
• Receitas Financeiras e Despesas Financeiras
Para fins de demonstração do resultado do exercício, essas contas são apresentadas
pelo valor líquido, ou seja, despesas menos receitas financeiras.
As despesas financeiras são os ativos da empresa sacrificados a fim de obter
fundos que facilitem a obtenção de receita.
16
As despesas financeiras deverão ser compensadas com as receitas financeiras,
isto é, estas receitas serão deduzidas daquelas despesas.
• As Variações Monetárias
São atualizações de direitos de créditos e das obrigações da pessoa jurídica,
sempre que referidas atualizações forem determinadas em função:
a) de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual
(variações monetárias propriamente ditas)
b) da variação da taxa de câmbio (variação cambial)
Podem ser ainda Ativas e Passivas.
Ativas - São as receitas de variação monetária decorrentes de atualizações de
direitos de crédito da pessoa jurídica.
Passiva - São as despesas de variação monetária decorrentes de atualizações de
obrigações da pessoa jurídica.
.
17
CAPÍTULO II
AUDITORIA DE RECEITA FINANCEIRAS
O exame de auditoria efetuado na área de investimentos tem por finalidade atin-
gir os objetivos previamente determinados. Consequentemente, o programa de auditoria
deve ser desenhado com o intuito de evitar trabalhos desnecessários ou que não atendam
aos objetivos definidos.
Uma vez definido o programa de auditoria, durante a execução do trabalho, o
auditor deve estar alerta para evitar possíveis trabalhos desnecessários ou deixar de
realizar trabalhos não programados, porém importantes. Caso isto venha a ocorrer, o
programa deverá ser modificado para atender a. eventuais trabalhos não programados.
A seleção e a data da aplicação dos procedimentos de auditoria devem ser defi-
nidas visando à efetividade do controle interno e à materialidade envolvida. Uma vez
que o controle interno tenha sido julgado adequado, os exames de auditoria podem ser
realizados em data intermediária à do encerramento, bastando para isto que o auditor
execute procedimentos alternativos que atestem o valor do encerramento. Caso
contrário, a preferência deve recair na data de encerramento.
A inspeção dos investimentos deve ser, em geral, executada simultaneamente à
contagem de caixa e das aplicações financeiras. Ao inspecionar os investimentos, é
conveniente que o auditor observe atentamente o nome dos emitentes, o nome do
proprietário dos investimentos, os números das cautelas e quantidade de ações ou
quotas.
A auditoria dos investimentos tem como objetivo:
18
a. determinar se é de propriedade da companhia;
b. determinar se foram utilizados os princípios de contabilidade
geralmente aceitos, em bases uniformes;
c. determinar a existência de vinculações em garantia;
d. determinar se a receita ou o prejuízo apropriável ao período foram
adequadamente contabilizados; e
e. determinar se estão corretamente classificados nas demonstrações
financeiras e se as divulgações cabíveis foram expostas por notas explicativas.
Como teste das despesas financeiras, deve-se verificar se as perdas com ativos
monetários (Aplicação financeira / Correção monetária) que geram rendimentos
financeiros foram considerados como redutores das receitas financeiras.
O exame de juros, descontos, variações de câmbio etc., como receitas, precisa
ser realizado pelo profissional, seguindo-se as diversas normas comuns de auditoria, isto
é, verificando-se a exatidão e a validade da documentação e do fato que representa.
Deve-se observar se não houve possibilidade de. omissão ou de transferência do
registro para data diferente da prevista.
2.1. São Exemplos de Receitas Financeiras e Seus Testes:
- Aplicações financeiras;
- Descontos financeiros obtidos;
- Variações monetárias ativas.
2.1.1. Aplicações financeiras
19
As aplicações financeiras representam recursos investidos em depósitos e títulos
públicos (governamentais) e particulares com a finalidade de tornar rentável o excesso
temporário de dinheiro em bancos (evitar a inflação e ganhar juros), exemplo:
- Letra do Banco Central - LBC;
- Letras imobiliárias;
- Certificados de Depósito Bancário - CDB;
- Depósitos a prazo fixo;
- Cadernetas de poupança
- Títulos de renda (Letras de câmbio; Debêntures; Apólices; etc.)
Essas aplicações financeiras são classificadas no ativo do balanço patrimonial da
seguinte forma:
- no grupo disponível (inclui também caixa e bancos) do ativo circulante quando
forem de liquidez imediata (normalmente operações de poucos dias vinculadas ao
mercado aberto, como, por exemplo, aplicações em overnight);
- no grupo de valores e bens do ativo circulante - investimentos (logo apôs o
grupo de estoques e antes do grupo de despesas antecipadas), na hipótese de que o
resgate será realizado até o fim do exercício social seguinte (intenção da empresa ou
prazo estabelecido no titulo) e que a aplicação não seja de liquidez imediata;
- no grupo de valores e bens do ativo realizável a longo prazo, caso o resgate se
Concretize após o término do exercício social seguinte (intenção da empresa ou prazo
estabelecido no título).
Segundo a Lei das Sociedades por Ações, essas aplicações são avaliadas pelo
custo de aquisição ou pelo valor de mercado, se este for menor; no entanto, será
admitido o aumento do custo de aquisição, até o valor de mercado, para registro dos
rendimentos Na prática é difícil ocorrer a hipótese de o valor de mercado ser inferior ao
valor contábil da aplicação, já que por ocasião do investimento estabelecido que o valor
aplicado será resgatado acrescido de juros e correção monetária.
20
No grupo de investimentos essas aplicações são avaliadas ao custo corrigido
monetariamente, deduzido de provisão, também corrigida, para atender à redução desse
Custo ao valor de mercado, quando este for inferior.
A seguir apresentamos exemplo de contabilização de aplicações financeiras.
Exemplo: A Indústria Química SA encerra seu exercício social em 31 de
dezembro de cada ano Em 15 de dezembro de 200X essa empresa investiu R$
2.000.000 em aplicações financeiras, com prazo de resgate estipulado para 15 de
fevereiro de 20X1, juros de 1% ao mês e correção monetária prefixada de R$ 200.000.
Essa transação seria apresentada da seguinte forma no balanço patrimonial para o ano
findo em 31 de dezembro de 200X:
- Juros de 200X: R$ 2.000.000 x 1% (mês) / 2(15 dias de 200X) = R$ 10.000
- Correção monetária de 200X: R$ 200.000 / 2 meses (15-12-200X a 15-2-20X1)
/ 2 (15 dias de 200X) = R$ 50.000
VALORES E BENS
1 2.000.000
2 10.000
3 50.000
2.060.000
BANCOS
2.000.000 1
RECEITA FINANCEIRA
10.000 1
50.000 2
1- Por ocasião da aplicação.
2- Contabilização dos juros de competência de 200X.
21
3- Registro da correção monetária de competência de 200X.
Apresentação no balanço patrimonial:
Ativo Circulante
Disponível R$ 3.500.500
Contas a receber 8.500.000
Estoques 10.000.500
Valores e bens 2.060.000
Despesas antecipadas 840.000
24.901,000
• Teste das aplicações financeiras
- Obtenha ou prepare um papel de trabalho compondo o saldo das contas de
aplicações financeiras (ativo circulante e realizável a longo prazo), tomando como
base a data de encerramento do exercício social e dando as seguintes informações por
aplicação:
• natureza do título ou depósito aplicado;
• instituição onde foi feita a aplicação;
• data da aplicação;
• data do resgate (estabelecida no título ou intenção da empresa);
• taxa de rendimentos (juros e correção monetária);
• valor aplicado;
• valor dos rendimentos provisionados.
- Confira a soma das colunas de valor aplicado e rendimentos provisionados.
- Confira o total das colunas mencionadas no tópico anterior com o razão da
contabilidade.
- Inspeccione a documentação suporte das aplicações.
22 - Obtenha carta de confirmação da instituição financeira onde foi feita a
aplicação. No caso da empresa auditada estar de posse do título, basta inspecioná-lo
fisicamente. A carta de confirmação deve abordar que:
• o título está na posse da instituição financeira;
• o título é de propriedade da empresa auditada;
• não existe ônus sobre o título.
- Devem ser seguidos os mesmos procedimentos das cartas de confirmação de
saldos de contas movimento. No Quadro 11.1 é dado um modelo de carta de
confirmação.
- Confira o nome da instituição financeira, datas de aplicação e resgate, taxa de
rendimentos e o valor aplicado com a documentação-suporte.
- Se aplicável, indague a administração da empresa quanto à intenção de resgate
desses títulos e/ou depósitos.
- Verifique se essas aplicações foram devidamente classificadas no balanço
patrimonial.
- Verifique se a taxa de rendimentos está razoável em relação ao mercado.
- Confira os cálculos dos rendimentos provisionados.
- Verifique se os rendimentos foram classificados como receitas financeiras.
- Quando aplicáveis, veja resgate em data subseqüente à do exame (inspecione
aviso bancário e crédito no extrato bancário). .
Teste as aplicações financeiras feitas e resgatadas durante o exercício. Observe:
• valores registrados a débito nas contas de aplicações financeiras e
débitos diretamente no extrato bancário, referentes a possíveis aplicações financeiras
(normalmente valores altos e redondos).
• documentação suporte de aplicação e resgate.
• se a taxa de rendimentos é razoável em relação ao mercado, confira os
cálculos da receita e veja sua contabilização no grupo de receitas financeiras.
- Olhe a movimentação diária dos saldos bancários (pelos controles da
Tesouraria ou pelos extratos bancários) durante o exercício e compare-os com as
23 necessidades de desembolsos, a fim de certificar-se de que as sobras temporárias de
caixa estão sendo devidamente aplicadas.
2.1.2. Títulos de renda
Os títulos de renda produzam rendimento, independentemente de uma ação
direta da administração da empresa.
São bens de tal natureza aqueles representados por títulos que fornecem um
capital procedente, não pela coordenação produtiva, mas pelo investimento direto.
Tais títulos podem ser:
a) de investimento a longo prazo;
b) letras de câmbio;
c) debêntures;
d) de dívida pública (apólices)
e) provenientes de investimentos diversos a Curto prazo.
Geralmente os investimentos a longo prazo são portadores de juros e prêmios ou
lucros.
São títulos garantidos tais como os da dívida pública (apólices federais, apólices
estaduais, apólices municipais, obrigaç6es do tesouro), letras de câmbio, debêntures etc.
Os títulos de renda podem ainda ser representado por aplicações de capital de
natureza obrigatória, representados tradicionalmente por investimentos em incentivos
fiscais.
O controle de tais títulos, quanto à sua organização, varia de acordo com o
volume dos títulos.
24
Entretanto, é imprescindível que sejam registrados detalhadamente em um razão
analítico especial ou em um fichário, deste se extraindo um balancete pelo menos
mensal.
Deve-se designar um encarregado para o controle, o qual não deve ser o mesmo
que mantém os títulos sob a sua guarda.
Devem, ainda, os títulos ficar sob o controle de uma conta no Razão Geral.
Inspecções periódicas devem ser feitas, em todos os detalhes.
Os ditos “investimentos” pela lei são, contabilmente, títulos de rendimento.
• Objetos de verificação na auditoria dos títulos de renda
Na auditoria dos títulos de renda devemos observar com todo o rigor o estado
dos títulos representados por ações, quotas, apólices, bônus, warrants descontados,
debêntures, partes beneficiárias etc.
O que se examina em tais títulos é:
a) a sua localização ou existência física;
b) a sua real avaliação;
c) a sua integralização ou os aspectos de sua formação;
d) os seus resultados e o recebimento deles;
e) as correções monetárias.
É preciso verificar se os títulos de renda estão realmente cumprindo a sua
finalidade, ou seja, a de produzir renda, e se esta está sendo realmente recebida pela
empresa.
25
Como representam valores, torna-se imprescindível que se observe o seu
inventário físico, tal como no caso dos bens numerários e com a necessária
profundidade.
A existência, o estado e a sua redutividade é que interessam ao auditor.
Uma correlação entre tais bens e seus rendimentos deve, obrigatoriamente, ser
objeto de exame.
Dada a sua natureza, os títulos de renda podem ser examinados no momento que
o auditor julgar oportuno, mesmo depois da verificação dos pontos centrais; entretanto,
se a empresa os tem em maior volume e mesmo como objeto precípuo de sua atividade,
é preciso que, de preferência, sejam verificados concomitantemente com os movimentos
de caixa e bancos.
• Elementos de auditoria e auditoria dos títulos de renda
Como variam os títulos de renda, quanto à sua natureza, o programa de auditoria
deverá abranger pelo menos os seguintes pontos:
- Relação integral dos títulos
Os levantamentos dos títulos de renda devem ser feitos de acordo com os dados
físicos neles encontrados.
No caso de se encontrarem fora da empresa, completa-se a relação pelos pedidos
de confirmação.
O levantamento deve incluir:
a) número do titulo ou da cautela;
26
b) espécie e natureza do título;
c) beneficiário (nominal ou portador);
d) endossantes e outros participantes;
e) quantidade de títulos da mesma natureza;
f) valor nominal do título;
g) valor de custo do titulo;
h) valor de bolsa do título;
i) data da entrada do título;
1) data de vencimento do título;
l) nome o emitente do título;
m) garantias do título;
n) observações pessoais de quem procede ao levantamento.
Com um levantamento que abranja todos estes itens é possível ao auditor fazer
depois confrontações proveitosas com os registros de controle.
No levantamento é preciso que se tenha também a preocupação de indicar
sempre o local onde se encontram os títulos e o nome ou a função do seu depositário.
O auditor deverá assinalar discretamente os títulos verificados, a fim de evitar
duplo levantamento nos casos de quantidades maiores de títulos e de diversos locais ou
carteiras de sua manutenção.
- Confronto dos títulos de renda com as contas de controle
Feito o levantamento físico, passará o auditor ao confronto dos seus valores com
aqueles apresentados pelas contas de controle do razão analítico de títulos de renda ou
com a do Razão Geral da escrita financeira da empresa.
27
Em tal confronto é preciso, sempre, ter-se a atenção voltada para o fato de que
podem estar incluídos em tais contas valores que não representem títulos de tal natureza,
a fim de cobrir possíveis diferenças (a inclusão dá-se por baixa, naturalmente).
Deve-se no papel de trabalho demonstrativo elucidar bem os totais levantados e
os totais encontrados.
- Obtenção de confirmação dos títulos de renda
Quando os títulos de renda não se encontram em poder da empresa, mas com
terceiros, para a sua guarda ou para outros fins, deve o auditor, a exemplo do que faz
com os saldos bancários, a respeito, consultar o portador, pedindo que confirme a
existência e a manutenção do título.
A confirmação deverá exigir todos os detalhes do título, a fim de que possa ser
completa a lista do levantamento. Muitas podem ser as causas de um título de renda
encontrar-se em poder de terceiros como, por exemplo: caução, hipoteca, penhor, não
expedição do título definitivo pelo emitente etc.
Deve o auditor, entretanto, em todas as oportunidades que julgue propícias,
examinar os títulos originais, mesmo quando tenha de fazê-lo fora do estabelecimento
ou da empresa, isto é, em outras empresas.
- Obtenção de um certificado dos títulos de renda
Nos casos de exceção, quando a auditoria se realizar em prazo muito curto, sem
possibilidade de exames mais detalhados, deve o auditor exigir um certificado dos
títulos de renda, com relação ou com a análise dos seus valores, a fim de salvaguardar a
sua responsabilidade.
28
Nas grandes empresas bancárias, de investimentos ou de seguros, torna-se
muitas vezes difícil ou impossível uma sondagem profunda e completa de todos os
títulos de renda.
Também neste caso se justifica a exigência do certificado. Repete-se, neste caso,
o que já foi por nós indicado quanto aos estoques.
O certificado deve ainda relatar o critério de avaliação dos títulos e as suas
cotaç6es possíveis (no caso de tal procedimento poder ser seguido pela empresa).
Como a época da auditoria quase sempre difere daquela do balanço, pode
suceder que a situação tenha sido alterada.
As reconciliações tomam-se às vezes de tal forma penosas que são impraticáveis
quando o movimento é demasiadamente grande.
Neste caso, deve o cliente entregar as relações das existências na data do
encerramento do balanço, a exemplo do que se faz com as duplicatas a receber.
A prática dos certificados deve, todavia, ser exceção nestes casos de não
levantamentos físicos.
- Obtenção da cotação dos títulos de renda
O auditor precisa obter as cotações dos títulos de renda correspondentes à data
em que foram negociados, o que facilmente poderá conseguir na Bolsa de Valores (Os
grandes escritórios de auditoria, que possuem boa organização, acompanham os boletins
das bolsas de valores, mantendo-os arquivados como fontes de pesquisa em seus
trabalhos).
29
Precisa, entretanto, pelo menos, das cotações na data do encerramento do
balanço de seu cliente.
Pela cotação do mercado fará a comparação necessária e, ainda, poderá formar
um juízo sobre as transações operadas.
Outros auditores vão além, fazendo testes, dos preços de vendas dos títulos de
renda à vista dos preços de cotação nas diversas datas (isto quando possível).
- Confronto das receitas dos títulos de renda apuradas com as contas de controle
em seus registros.
É preciso que se proceda a um levantamento do rendimento dos títulos, quer por
natureza, quer por unidade ou por quantidade, quando possível.
Tal demonstração pode ‘ser feita, nos títulos de renda fixa, comparando a receita
ideal (prevista pela fixidez do rendimento) ‘e a receito efetiva recebida.
Esta comparação pode produzir excelentes resultados no descobrimento das
fraudes e das omissões de lançamentos.
Deve, ainda, o levantamento das receitas, feito em contato direto com o
levantamento dos títulos, ser comparado com as contas de controle do Razão, pelos
lançamentos.
É preciso verificar também se há a devida separação dos dividendos e lucros
recebidos de outras empresas nos registros contábeis, a fim de que a empresa não venha
a pagar novamente imposto de renda sobre eles (a legislação isenta os contribuintes já
tributados na fonte).
30
Existem também o caso dos dividendos recebidos em ações e o dos
desdobramentos de ações, que precisam ser objeto da atenção do auditor no
levantamento da receita.
Muito cuidado devem também merecer os dividendos recebidos de casas
filiadas, uma vez que podem ter grande influência sobre as transações havidas, tão como
os desdobramentos de ações por incorporações de reservas ao capital de associados.
• Procedimentos consagrados na auditoria dos bens de renda
- Realizar o levantamento físico de todos os bens de rendimentos, sejam quais
forem os seus prazos de vencimento, tais como: Certificados de Depósitos, Obrigações
do Tesouro, Letras de Câmbio. Letras imobiliárias, Debêntures etc.
- Cotejar tais bens com os rendimentos respectivos que produziram.
- Cotejar o levantamento físico dos títulos com o saldo contábil.
- Relacionar os bens imóveis dados em locação, os arrendamentos ou cessão
provisória e os rendimentos respectivos.
- Examinar, quando custodiados, os certificados de garantia e verificar as
prestações de contas, no caso.
- Examinar as autorizações para a aquisição de tais bens, assim como para
vendas das mesmas e para o registro do lucro ou da perda na venda.
- Verificar a existência de registros auxiliares onde se encontrem todos os dos
necessários para a Identificação dos documentos representativos. das inversões.
- Realizar testes aritméticos de rendimentos na relação aos constantes como
"fundos” de títulos de renda (para ver se a taxa prometida ou constante de títulos foi
aquela realmente paga como beneficio à empresa e, se possível, observar se é usada no
mercado).
- Observar se houve venda de imobilizações financeiras (ditas agora
"investimentos”) e se o registro contábil foi adequadamente realizado.
31
- Verificar a classificação de tais bens por “liquidez” dos mesmos, ou seja, pela
facilidade de sua conversão em dinheiro (o que afeta a classificação no ativo realizável).
Considerar os valores de mercado, venda e custo nas análises a serem feitas.
- Nos casos, onde couber, observar se foi feita a “equivalência patrimonial’ e as
correções monetárias.
No que tange aos resultados dos bens eles ‘só poderão ser aceitos pelos auditores
quando efetivamente pagos ou creditados, não se admitindo registro de “probabilidades”
de rendimentos (mas só a efetividade dos mesmos).
Orientações metodológicas
I - Realizar os levantamentos sempre acompanhados do elemento do setor.
II - Nas listagens. obter sempre o de acordo do encarregado.
III - Tomar sempre como fatores da mesma relevância:
1. Existência física.
2. Correlação bem e renda.
3. Sanidade jurídica de posse.
IV - No caso de existência de cupons, observar se os seus números são referidos
no histórico das receitas das imobilizações financeiras. Neste caso. se conveniente,
escrever à empresa pagadora para confirmar o rendimento pago.
V - Considerando a expressividade e o aumento dos títulos vinculados ao
mercado aberto de capitais, sugerem-se aprofundamentos de exames no setor.
• Cuidados do auditor e fraudes nos títulos de renda
As fraudes nos títulos de renda podem ocorrer quando há deficiência de controle.
Podem originar-se de vendas de títulos por um valor diferente daquele da
cotação do dia; assim, por exemplo, uma apólice de $ 20.000,00 vendida pelo tesoureiro
32 por $ 15.000.00. pode ser registrada como se a transação operada fosse de 14.000,00. A
diferença é embolsada.
Apólices compradas com juros a vencer no mês podem sofrer por parte do
encarregado um corte dos talões de juros, transformando o empregado em beneficiário,
em prejuízo da empresa.
Outras fraudes grosseiras podem ser cometidas, como a de subtração de títulos,
inclusão de títulos pelo seu valor completo quando restam partes a integralizar,
alteração de valores nominais, alteração dos valores de cotação etc.
O auditor deve ter como principal cautela a integral verificação dos títulos,
levantando os mapas necessários para as comparações aconselhadas.
Algumas vezes o prejuízo à empresa pode defluir das “comissões” recebidas
pelo encarregado de realizar as operações, que são oneradas com a oferta de taxas mais
baixas de remuneração dos títulos.
Assim, por exemplo, em vez de oferecerem uma taxa de 38% para um
certificado de depósito, oferecem-se apenas 36%, porque 2% são dados ao funcionário
que se encarrega das transações.
Conhecer, pois, as taxas de remuneração dos capitais no mercado, assim como a
frequência das operações (Se são feitas sempre em uma só instituição) devem ser
precauções do auditor.
33
CAPÍTULO III
AUDITORIA DE DESPESAS FINANCEIRAS
A auditoria procurará verificar inicialmente quais as contas constantes do
passivo exigível da empresa que criam ônus, tais como juros, correções monetárias, e
outras despesas contratuais ou financeiras. Em seguida, verificará a atualização da
escrituração desses encargos, e a existência dessas despesas na área de lucros e perdas.
Como teste, a auditoria observa se os ganhos com passivos monetários (
Empréstimos/ Correção Monetária ) que geram despesas financeiras foram
considerados como redutores das despesas financeiras.
3.1. São Exemplos de Despesas Financeiras e Seus Testes:
Empréstimos contraídos
Descontos financeiros concedidos;
Variações monetárias passivas;
3.1.1. Empréstimos e financiamentos
No mundo atual dos negócios é normal que a empresa capte recursos junto à
rede bancária, principalmente com o objetivo de financiar seu capital de giro e
adquirir bens do ativo imobilizado. Nessa área o auditor está interessado em verificar
se todos os empréstimos foram contabilizados, se os encargos financeiros estão
sendo registrados dentro do regime de competência e se as informações pertinentes
foram adequadamente relatadas nas demonstrações financeiras sob exame.
34
Os empréstimos são contabilizados por ocasião de seu recebimento e
avaliados pelas quantias efetivamente devidas na data do encerramento do exercício
social. Isso quer dizer que o valor incorrido e não pago, referente aos encargos
financeiros (juros, comissões, correção monetária e variação cambial sobre o valor
do principal etc.), deve ser provisionado na data do levantamento das demonstrações
financeiras. Adicionalmente, os encargos financeiros pagos antecipadamente devem
ser apropriados ao resultado de acordo com o prazo do contrato de empréstimo.
Estes são classificados no passivo circulante ou passivo exigível ao longo
prazo. No passivo circulante são classificados os empréstimos com prazo de
vencimento de até um ano. No passivo exigível a longo prazo são registrados os
empréstimos que irão vencer após o término do exercício social seguinte.
Quanto a sua divulgação, a Lei das Sociedades por Ações exige que sejam
divulgadas em nota explicativa a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias
dos empréstimos a longo prazo.
• Programa de auditoria
O auditor deverá preliminarmente se certificar de quais as contas de
exigibilidades a curto, e a médio-prazo, que já foram testadas e examinadas quando
da revisão dos setores operacionais. O restante das contas de exigibilidades ainda não
examinadas passará a constituir o presente grupo de contas a examinar agora.
Além de possíveis exigibilidades avulsas que tenham escapado ao crivo
da análise do setor operacional (mesmo em se tratando de contas a pagar de prazos
curto ou médio), sobrarão para este grupamento:
- empréstimos obtidos para aplicações em ativo fixo tangível;
- financiamentos bancários ou outros tipos de financiamentos;
35
- títulos e duplicatas descontadas;
- saldos a pagar de empréstimos obtidos mediante hipotecas, ou de
empréstimos obtidos mediante oferecimento em garantia de bens do
ativo fixo tangível.
Para todas essas contas o auditor verificará e manuseará os respectivos contratos,
escrituras, correspondência, estudando suas cláusulas e condições de modo a
constatar com segurança quais as obrigações ou compromissos complementares ou
colaterais assumidos pela empresa para esses passivos.
Verificará também se todos esses passivos foram assumidos por autorizações
dos acionistas (em assembléias extraordinárias) ou por decisões da diretoria se esta
tinha competência par tal (consultando as atas das reuniões da diretoria).
A auditoria deverá também selecionar alguns desses saldos passivos e remeter
para os respectivos credores circulares de pedido de confirmação de saldos, e de
pedido de confirmação do estado de garantias oferecidas pela empresa.
Quanto às garantas oferecidas pela empresa, haverá que se verificar se as
mesmas aparecem convenientemente contabilizadas no Balanço (em contas de
compensação) ou convenientemente expostas em notas explicativas ao Balanço.
A auditoria examinará os seguintes detalhes:
- controlar a atualização dos saldos dessas contas, observando-se se
foram lançados os juros vencidos, as correções monetárias vencidas,
outros encargos financeiros e contratuais vencidos, e se foi
contabilizado nas épocas próprias o ajuste cambial no caso de saldos
a pagar em moedas estrangeiras;
36
- verificar se as desvalorizações cambiais foram ou serão compensadas
com o processo anual de reavaliação do ativo fixo (no caso da
exigibilidade se referir à aquisição de ativo fixo);
- verificar se o imposto de renda na fonte referente a juros e outros
encargos financeiros, foi convenientemente calculado, contabilizado,
e recolhido nas épocas próprias;
- controlar a atualização dos saldos das contas de compensação
relativas a garantias oferecidas;
- na hipótese de ter havido pagamento antecipado de juros e outros
encargos financeiros, verificar se tais antecipações foram diferidos
contabilmente;
- verificar se existem parcelas atrasadas e ainda não resgatadas desses
créditos e/ou financiamentos, e analisar as causas e conseqüências
para a empresa desse atrasos.
• Principais Procedimentos de Auditoria
Ø Obtenha da empresa auditada um papel de trabalho dando os seguintes detalhes:
- nome do credor;
- tipo de moeda estrangeira;
- saldo no início do período em moeda estrangeira ou reais;
- empréstimos recebidos no período em moeda estrangeira ou reais;
- empréstimos pagos no período em moeda estrangeira ou reais;
- variação cambial ou correção monetária do período;
- saldo no fim do período em moeda estrangeira ou reais;
- classificação entre curto (passivo circulante) e longo prazo (passivo
exigível a longo prazo);
- movimentação no período da conta de encargos financeiros antecipados
(saldo inicial, adições, amortizações ou apropriações e saldo final);
movimentação no período da conta de provisão para encargos financeiros (saldo
inicial, provisões constituídas, pagamentos efetuados e saldo final).
37
Ø Confira as somas do papel de trabalho.
Ø Confira o saldo no início do período com os papéis de trabalho da auditoria do ano
anterior.
Ø Inspecione documentação comprobatória (contratos, avisos bancários, certificado de
registro no Banco Central do Brasil - empréstimos no exterior - etc.) para os
empréstimos recebidos e para os empréstimos pagos no período.
Ø Confira os cálculos de variação cambial ou correção monetária e identifique os
respectivos valores no grupo de despesas financeiras.
Ø Observe se os empréstimos em moeda estrangeira ou com correção monetária foram
atualizados para a data do encerramento do exercício social.
Ø Verifique, de acordo com o contrato, se a divisão entre curto e longo prazo foi feita
adequadamente. Confira o total do curto e do longo prazo com as contas do razão
geral do passivo circulante e do passivo exigível a longo prazo, respectivamente.
Prove que a soma do curto prazo com o longo prazo concorda com o valor do saldo
no fim do período.
Ø Investigue se os empréstimos estão sendo liquidados de acordo com as cláusulas
contratuais.
Ø Teste a conta de encargos financeiros antecipados da seguinte forma:
- confira o saldo inicial com os papéis de trabalho da auditoria do ano
anterior;
- verifique se as adições estão sendo de acordo com os contratos de
empréstimos e inspecione avisos bancários;
- confira os cálculos das amortizações ou apropriações;
- confira o saldo final com o razão geral para a mesma data;
- verifique se o saldo da conta de encargos financeiros antecipados foi
classificado no passivo deduzindo a conta de empréstimos a pagar.
Ø Teste a conta de provisão para encargos financeiros da seguinte maneira:
- confira o saldo inicial com os papéis de trabalho da auditoria do ano
anterior;
38
- confira os cálculos das provisões constituídas e observe a taxa de juros
está de acordo com o contrato;
- verifique se os pagamentos efetuados concordam com as condições
estabelecidas no contrato e examine avisos bancários;
- confira o saldo final com o razão geral para a mesma data;
- investigue se os encargos financeiros estão sendo liquidados de acordo
com as cláusulas contratuais e se foram classificados corretamente.
Ø Obtenha carta de confirmação dos empréstimos. Observe os mesmos procedimentos
descritos no Capítulo 7 para circulação de saldos bancários.
Ø Certifique-se de que as taxas de juros e as datas de vencimento dos empréstimos a
longo prazo e as garantias ou ônus reais constituídos sobre elementos do ativo foram
divulgados nas notas explicativas.
• Exemplo de empréstimo com encargos financeiros antecipados
A Beta S.A. apanhou, um empréstimo com o Banco do Brasil S.A. em
30 de setembro de 200X, no valor de R$ 6.000.000 e com vencimento para 30 de
setembro de 20X1. Encargos financeiros, no valor de R$ 1.200.000, foram
descontados no ato.
1 )
D - Conta corrente bancária 4.800.000
D - Encargos financ. antecipados 1.200.000
C - Empréstimo a pagar 6.000.000
2)
D - Despesas financeiras 300.000
C - Encargos financ. antecipados 300.000
39 1) Pelo registro de recebimento do empréstimo.
2) Pela contabilização da despesa financeira de competência de 200X (30.9.200X a
30.9.20X1 = 12 meses / 30.9.200X a 31.12.20X1 = 3 meses / R$ 1.200.000 ÷ 12
meses x 3 meses = R$ 300.000).
Esse empréstimo seria apresentado da seguinte forma no balanço
patrimonial levantado em 31 de dezembro de 200X:
Passivo Circulante
Empréstimo a pagar 6.000.000
Encargos financeiros antecipados (900.000)
5.100.000
• Exemplo de empréstimo com encargos financeiros prefixados
A Beta S.A. efetuou um empréstimo com o Banco do Brasil S.A. em 30
de junho de 200X, no valor de R$ 50.000.000 e com vencimento para 30 de junho de
20X1. Os juros são de R$ 5.000.000, pagáveis também em 30 de junho de 20X1.
1 )
D - Conta corrente bancária 50.000.000
C - Empréstimo a pagar 50.000.000
2)
D - Despesas financeiras 2.500.000
C - Juros a pagar 2.500.000
1) Pela contabilização do empréstimo em 30 de junho de 200X
2) Pelo registro dos juros devidos e não pagos, referentes ao período de 30 de junho
de 200X a 31 de dezembro de 200X ( R$ 5.000.000 : 12 meses x 6 meses = R$
2.500.000).
40
Em 31 de dezembro de 200X esse empréstimo seria apresentado da
seguinte forma no balanço patrimonial:
Passivo Circulante:
Empréstimo a pagar 50.000.000
Juros a pagar 2.500.000
52.500.000
41
CONCLUSÃO
Pilares fundamentais da eficiência e atuação mercadológica das empresas em geral
foram apresentadas no presente trabalho, tais como, definições de receitas operacionais;
não operacionais; despesas operacionais não operacionais, e, com especificidade as
receitas e despesas financeiras, pontos balizares da nossa exposição com foco em
aspectos e ocorrências que desejamos enfatizar.
Assim, a temporalidade, a exatidão, a materialidade e a fiscalização através da
auditoria são vetores que podem checar, ratificar modificar os resultados das empresas
em função das operações financeiras, sejam de contratação (captação) ou de
investimentos.
A criteriosa observância aos princípios da auditoria em receitas e despesas
financeiras aqui explanadas podem resultar em grandes vantagens ou em caso contrário
o não cumprimento destes princípios podem tornar-se em desvantagens de grande
relevância a saber:
• Ocorrência Vantagens:
Fontes Origens de Recursos:
Receitas Operacionais:
• Informações transparentes aos acionistas.
• Informações transparentes ao mercado.
• Leitura correta dos resultados antes e depois das receitas e despesas financeiras.
Fontes Aplicações de Recursos:
42
Investimentos:
• Certificação de propriedade.
• Verificação das perdas em retificação os ganhos financeiros.
• Validar custo aquisições.
• Confronto contábil de valores.
• Batimentos contábeis operações de aquisições e vendas de títulos de renda ou
aplicações obtenção do correto valor da transação, observados:
§ Pluralidade
§ Natureza
§ Universalidade
§ Especificidade
§ Meios de pagamentos
§ Materialização
§ Preço/avaliação
• Constatação de erros e fraudes
• Expurgos extra-contábeis para apuração de resultados com correção integral de
balanços e demonstrações.
Despesas Financeiras:
- Assegurar compromissos complementares ou colaterais assumidos
pela empresa com repercussão no passivo.
- Assegurar a não ocorrência de empréstimos subsidiados que apontem
para resultados menores na empresa A em favorecimento das
empresas B, C, e etc.
- Constatar geração de prejuízos ou ganhos desproporcionais em
operações com moeda estrangeira sujeita a variação cambial.
43
• Ocorrência de Desvantagens:
Tanto nas despesas financeiras como nas receitas uma das primeiras e
imprescindíveis relevâncias é no que se trata da transparência aos acionistas e ao
mercado, demonstrando a eles o verdadeiro resultado da empresa, não
comprometendo, nem infringindo assim, quaisquer tramites legais, e instituídos nos
princípios fundamentais de contabilidade e as normas de auditoria.
Os fatos que levam a empresa a não estar plenamente inserida nestas normas,
geralmente se baseiam em controles internos ruins, de tão forma são importantes
esses controles internos que a auditoria se sustenta neles para um maior ou menor
numero de testes.
Um dos princípios fundamentais de contabilidade mais importantes é o princípio
da continuidade, e que caso a empresa não esteja representando seu resultado de
forma exata por quaisquer desvios e inadimplências, pode estar ocultando dos
acionistas e do mercado de um modo geral esta informação de grande valia que é do
correto e bom andamento da empresa, infringindo assim este princípio.
Estando em desacordo com algum destes itens já comentados, a empresa se
destitui da concorrência acirrada em que se encontra o mercado, não tendo
condições de competir, pois seu trabalho se torna insatisfatório, e sua empresa
desinteressante para investimentos, e conscientemente isso não é seu objetivo.
Contudo, observamos que a auditoria se mostra imprescindível para essas checagens, trazendo a
orientação e consultoria necessária para que o empregador tenha certeza de que sua empresa está
ascendendo, conseguindo alcançar seus objetivos, e alavancando cada vez mais lucros.
44
BIBLIOGRAFIA
ANDERSEN, Arthur. FIPECAFI. Normas e práticas contábeis no Brasil. São Paulo: Atlas, 1999.
ATTIE, Willian. Auditoria conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2000. CAVALCANTE, Marcelo. Auditoria um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas,
1998. CAVALCANTE, Marcelo. Princípios fundamentais de contabilidade. São Paulo: Atlas,
1998. FIPECAFI. Manual de Contabilidade das S/A. São Paulo: Atlas, 2000.
FLORENTINO, Americo. Auditoria Contábil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,1979.
IUDIÇIBUS, Sérgio. Introdução á teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1998.
MARION, José. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 1998.
CAVALCANTE, Marcelo. Correção monetária integral das demonstrações financeiras. São Paulo: Atlas, 1991.
45
ANEXO I
46
ÍNDICE INTRODUÇÃO 3 CAPÍTULO I - RECEITAS E DESPESAS 5 1.1 - Receitas 5 1.2 - Despesas 10 1.3 - Receitas versus Despesas 14 CAPÍTULO II - AUDITORIA DE RECEITAS FINANCEIRAS 17 2.1 - São Exemplos de Receitas Financeiras e Seus Testes 18 CAPÍTULO III – AUDITORIA DE DESPESAS FINANCEIRAS 33 3.1 - São Exemplos de Despesas Financeiras e Seus Testes 33 CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA 44 ANEXOS 45 ÍNDICE 46