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AUGUSTO DOS ANJOS : leitura e recepção Marcia Valeria Costa Sales1
Maria Cristina de Souza 2
Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED
[email protected] Resumo Esse artigo tem como objetivo apresentar uma intervenção realizada num colégio da rede pública estadual de ensino, baseando sua metodologia na Estética da Recepção a partir da compreensão dos livros: Eu de Augusto dos Anjos e A Última Quimera de Ana Miranda, onde as turmas 1º ano do Ensino Médio leram, pesquisaram, recepcionaram as obras literárias e chegaram à conclusão que a leitura é importante para o desenvolvimento do conhecimento e da visão de mundo. Palavras-chave: leitor; literatura; leitura; compreensão e reflexão. Abstract This article has the aim to present the study realized in a high school of the public sector , having as its methodology the ideas based on the Esthethic of Reception from the understanding of the books: Eu from Augusto dos Anjos e A Última Quimera from Ana Miranda in which the students of the 1st year read and researched the literary work and reached (came, achieved) the conclusion that reading is important to the development of knowledge and the vision of the world. Introdução O presente artigo, baseado na Estética da Recepção (1979), de Hans
Robert Jauss, discute a história literária articulada com o aspecto recepcional
do texto, abordando tanto o aspecto sincrônico (a recepção atual de um texto)
1 Professora da Rede Estadual de Ensino do Município de Curitiba,licenciada em Letras-Português
pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1992) especialista em Literatura Universal
pela Universidade Tuiuti do Paraná (1996). Especialista em Educação de Jovens e Adultos
pela Universidade Curitiba (2006 ). Professora PDE ( 2008).
2 Professora Orientadora da UTFPR
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quanto o aspecto diacrônico (recepção ao longo da história) e ainda a relação
da literatura com o processo de construção da experiência de vida do leitor,
pois para ele, a qualidade de um texto vem “dos critérios da recepção, do efeito
produzido pela obra e de sua fama junto à posteridade” (JAUSS apud BONNICI
& ZOLIN, 2005, p. 156). As estratégias de leitura são ancoradas no método
recepcional, descrito por Bordini e Aguiar (1993), Eliana Yunes (2002), Rubem
Alves (2002),ISER (1985) e outros que colocam o leitor como pressuposto do
texto, esses autores trazem a ideia de que a leitura é uma investigação da
tensão entregue a obra que não é um produto fixo e que nem existe público
passivo, mas as obras agem umas sobre as outras e sobre os leitores.
A leitura e comparação das obras literárias de Ana Miranda, A ÚLTIMA
QUIMERA e a de Augusto dos Anjos EU e Outras Poesias, levaram à produção
de um projeto de intervenção na escola, em que se manifestou o surgimento
de uma produção didática, conduzindo, a maioria dos alunos do primeiro ano
do Ensino Médio do Col. Protásio de Carvalho, a contemplar a leitura e a
literatura, com um outro olhar, que não fosse apenas, o da obrigação do ato de
ler. Pois, compreendo a literatura como arte, encenação da vida, prazer e a
leitura como uma janela para o mundo, pois não é apenas decodificação dos
símbolos e sim a compreensão, reflexão entre autor/texto/leitor. Por esses
motivos, é dever do professor envolver-se com a leitura, mostrar seu prazer,
em vez de simplesmente utilizá-la como instrumento de trabalho, pois a leitura
através da literatura processa o saber e desenvolve a reflexão, contudo
devemos instrumentar, a fim de assegurar o direito à leitura, podemos motivar,
mas garantir o hábito, o gosto, é impossível, por ser um momento único,
individual, todavia , temos a chance de colaborar com esse processo.
Percebendo a leitura como uma forma de descoberta de mundo, advinda
da imaginação e experiência pessoais, cumpre permitir que esse processo se
viabilize plenamente (ZILBERMAN, 1986).
Segundo Marchi a leitura só é possível se o leitor, com toda carga de
memória que tem, conseguir reconstituir o texto a partir das próprias
experiências, tornando o romance significativo. O preenchimento dos vazios
existentes, tal como Iser (1996) desenvolve na estética da recepção, é tarefa
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do leitor, auxiliado, sempre que necessário, pelo professor que assume o
compromisso de apresentar-lhe a obra (no tempo e no espaço de produção).
( ISER apud MARCHI,2004,p.164)
É sabido que crianças menores - antes da adolescência - gostam de ler,
amam livros de bruxas, fadas, histórias de bichos, mas ao entrarem para
adolescência, perdem esse gosto, porque lhes são cobrados regras, outras
propriedades que vão afastando-o do prazer da leitura. Parafraseando
(MARCHI,1999,p.161), se a leitura é uma experiência profundamente pessoal e
resulta da permanente confrontação entre narrativa do autor e as histórias de
vida do leitor, o leitor seria, portanto uma espécie de co-autor da obra literária,
mas ele perde o envolvimento com a obra, quando esta lhe é imposta, sem
uma preparação devida, motivação, como se a obra já fosse inata ao estudante
que, ao nascer é implantado um ‘chip’, onde existe até um manual e um
controle para qualquer eventualidade, e sabemos que isto, não é o caso de
nossos meninos e meninas adolescentes.
Estética da Recepção Analisar a leitura significa interrogar-se sobre a maneira de ler um texto,
ou sobre ou o que se pode ler nele e muitas vezes o estudo da leitura
confunde-se com a obra.
A Escola de Constância é a primeira grande tentativa para renovar o
estudo dos textos a partir da leitura. Esta escola de teoria literária surgiu na
década de sessenta e divide-se em dois ramos muito distintos: “ a estética da
recepção” de Hans Robert Jauss e a teoria do “ leitor implícito” de Wolfgang
Iser.
Para a estética da recepção – teoria de base para realização da
proposta analítica deste trabalho – o foco de estudo encontra-se nas relações
externas e internas entre o texto e o leitor. Segundo o teórico Hans Robert
Jauss, é importante considerar as condições históricas e as evidências (que
podem ser comprovadas) que moldam e influenciam na atitude do receptor do
texto em relação o contexto social. Nesse sentido, dentro da teoria da
Recepção, Jauss tende para uma linha de estudo que privilegia a reconstrução
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histórica como cenário para recepção do leitor. Por outro lado, Wolfgang Iser
procura aprofundar as relações interacionais entre texto e leitor, teorizando a
recepção (resposta) do leitor a partir dos pontos de indeterminação presente
nos textos e acionados pelo ato da leitura.
De acordo com Vincent Jouve:
Estética da Recepção de Jauss pensa a obra de arte, inclusive a literatura, como algo que se impõe e sobrevive por meio de um público, e que deve ser analisada por seu impacto sobre as normas sociais; Iser com a teoria do “leitor implícito”, se volta para o efeito do texto sobre o leitor (JOUVE, 2002, p. 14).
Para a estética recepcional, a concepção de arte literária está centrada
na atuação do leitor, visando fazer que o texto seja parte do processo de
conhecimento, e não uma entidade autônoma que não interage com o leitor,
isto é, como o espectador recebe a obra; deste modo, a análise torna-se viva.
Segundo Luiz Costa Lima:
A experiência estética, portanto, consiste no prazer originado da oscilação pela qual o sujeito se distancia interessadamente de si, aproximando-se do objeto, e se afasta interessadamente do objeto, aproximando-se de si. Distancia-se de si, de sua cotidianidade, para estar no outro, mas não habita o outro, como na experiência mística, pois vê a partir de si (COSTA LIMA, 1979, p. 19).
Jauss discute a história literária articulada com o aspecto recepcional
do texto, abordando o aspecto sincrônico (a recepção atual de um texto),
quanto o aspecto diacrônico (recepção ao longo da história) e ainda a relação
da literatura com o processo de construção da experiência de vida do leitor,
pois para ele, a qualidade de um texto vem “dos critérios da recepção, do efeito
produzido pela obra e de sua fama junto à posteridade” (JAUSS apud BONNICI
& ZOLIN, 2005, p. 156).
Portanto, essa experiência estética coloca-se na leitura no exato
momento em que leitor lê e esquece os problemas e preocupações de sua
vida, mas ao mesmo tempo mantém o interesse pelo destino das personagens,
modificando seu modo de ver as coisas ao confrontar com situações nunca
vistas.
Segundo Bordini & Aguiar, a teoria da Estética da Recepção desenvolve
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seus estudos em torno da reflexão sobre as relações entre narrador-texto-
leitor.(BORDINI e AGUIAR, 1993)
Método Recepcional
BORDINI e AGUIAR, utilizando-se dos pressupostos teóricos da
Estética da Recepção, elaboraram o método de ensino de leitura de obras
literárias – o Método Recepcional – que se tem revelado eficaz na formação do
leitor.
Nesse método, os alunos partem de leituras de obras próximas de seus
horizontes de expectativas para, gradativamente, ampliarem esses horizontes
de expectativas por meio de diferentes tipos de textos literários com níveis
estéticos diferenciados.
Partindo das preferências do leitor, o trabalho deve orientar-se, de
maneira dinâmica, do próximo para o distante no tempo e no espaço. Isto
significa optar, primeiramente, por textos conhecidos de autores atuais,
familiares pela temática apresentada, pelos personagens delineados, pelos
problemas levantados pelas soluções propostas, pela forma como se
estruturam, pela linguagem de que se valem. A seguir, gradativamente, vão-se
propondo novas obras, menos conhecidas, de autores contemporâneos e/ou
do passado, que introduzam inovações em alguns dos aspectos citados. Estes
procedimentos, inusitados para o leitor, rompem sua acomodação e exigem
uma postura de aceitação ou descrédito, fundada na reflexão crítica, o que
promove a expansão de suas vivências culturais e existenciais. (Bordini &
Aguiar, 1993, p.25)
A literatura completa-se no ato de ler e não se esgota no texto,
demandando a participação ativa e criativa do leitor, não reprimindo assim a
autonomia do texto literário.
Segundo Naumann, (NAUMANN apud COSTA LIMA), destrói-se o
horizonte de expectativas e oportuniza-se a leitura da literatura mais nova na
busca de um leitor ideal. Mas a releitura é muito importante.
Leitura e Leitor
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Ler é uma percepção, uma memorização de signos e depois que o leitor
percebe essa decodificação começa a compreender o texto, mas pode ser
mínima essa percepção, uma ação em curso. O texto coloca em jogo um saber
mínimo que o leitor deve possuir se quiser prosseguir a leitura.
Qualquer interação social, de modo geral, não pode prever nem
descrever exatamente a experiência recebida por seus atuantes. De igual
forma, na literatura é impossível saber qual e como cada leitor produz sentido a
partir do texto. Para Heschel, “Ser humano é ser uma surpresa, não uma
conclusão antecipada” (apud LEONE, 2002, p. 19). Essa afirmação justifica, sob o
ponto de vista humanista e filosófico, as inúmeras possibilidades de
interpretação de um texto devido às inúmeras maneiras e capacidades do ser
humano de produzir e relacionar novos elementos de forma significativa. O
ponto comum entre os leitores, enquanto seres humanos em exercício, é a
própria existência, a realidade da vida e do mundo que os cerca.
Este, porém, é apreendido de formas diferentes e não poderia ser
representado de outra forma na escrita literária se não pela própria linguagem
(signos convencionais e arbitrários). Em todo momento, a leitura exige a
interpretação por parte do leitor a fim de suprir ou preencher os espaços vazios
contidos no texto.
A leitura em sala de aula é ainda muito precária, historicamente esta
prática na escola tem sido usada basicamente como pretexto para atividades
mecânicas, não apenas em Língua Portuguesa, mas também em outras
disciplinas, desconsiderando as relações dialógicas que acontecem entre o
texto e o leitor, alguns teóricos como Backhtin formularam conceitos a respeito
da utilização da língua, como o dialogismo, que provocaram um
redimensionamento da concepção de leitura e dos elementos que ela envolve
(texto, leitor,autor). O charme da leitura provém de grande parte das emoções
que ela suscita.
Cabe ressaltar que a teoria recepcional não anula a importância da
criação literária, ou seja, o papel do autor, pois este está subentendido, centra-
se, apenas, no resultado final, o texto. As escolhas, estratégias de construção
textual e o uso que o autor faz da linguagem revelam-se no próprio texto, bem
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como os aspectos culturais, políticos, ideológicos, discursos e intertextos,
peças fundamentais para dinamicidade e estímulo ao leitor para o trabalho
interpretativo.
Os elementos presentes no texto, como um itinerário a ser seguido,
poderá romper com as expectativas do leitor, fazendo-o (re)construir, substituir
ou anular suas representações projetivas habituais. Segundo Costa Lima
(1979, p. 24), “diante do texto ficcional, o leitor é forçosamente convidado a se
comportar como um estrangeiro, que a todo instante se pergunta se a formação
de sentido que está fazendo é adequada à leitura que está cumprindo”. Os
vazios fazem parte da estrutura do texto, assim como as suas negações –
como afirma Iser, e servem para orientar ou comandar a ação projetiva do
leitor.
Consideremos o sentido da noção de leitura adotado pelas Diretrizes
Curriculares Estaduais (2006, p.25) fundamentado em estudos backhtinianos:
“Nestas Diretrizes,entende-se a leitura como um processo de produção de
sentido que se dá a partir de interações sociais ou relações dialógicas que
acontecem entre o texto e o leitor”. Nessa perspectiva, portanto, a leitura se
realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido. Ler pressupõe interagir
com diferentes tipos de textos produzidos nas mais variadas práticas sociais,
percebendo que atrás de cada texto há um sujeito, há uma intenção, e
pressupõe também uma compreensão responsiva, que implica uma reação do
leitor ao texto.
Para LAJOLO ( 1991,p.59 ) ler é (...) partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significação,
conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos
para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor
pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura,
ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista .
A leitura, concebida como um ato que vai além da decodificação
mecânica de sinais gráficos, passa pela questão da atitude responsiva, que por
sua vez envolve a compreensão, a interpretação e a leitura crítica, o que vai
conferir ao leitor um papel dinâmico, que o força a sair de sua passividade. O
leitor é visto como co-produtor de sentidos, vai atuar na construção de um
significado de um texto, dentre os vários que lhe podem ser atribuídos, a partir
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de sua experiência de vida e das suas relações interpessoais. O texto, por sua
vez, deve provocar mudanças na visão de mundo do leitor, alargando seus
horizontes. Como analisa SILVA (2005), a boa leitura é aquela que provoca
alguma transformação no leitor, gerando conhecimentos, propondo atitudes e
analisando valores, aguçando os modos de perceber e sentir a vida por parte
do leitor.
Bordini e Aguiar (1993) definem a leitura do texto literário da seguinte
maneira:
(...) a atividade do leitor de literatura se exprime pela
reconstrução, a partir da linguagem, de todo o universo
simbólico que as palavras encerram e pela concretização
desse universo com base nas vivências pessoais do sujeito.
A literatura, desse modo, se torna uma reserva de vida
paralela, onde o leitor encontra o que não pode ou não sabe
experimentar na realidade. (BORDINI; AGUIAR, 1993, p. 15)
Leitura de Poema Pode-se dizer que há, basicamente duas situações de leitura: uma que
se utiliza de textos não literários e outra que se utiliza de textos literários. A
leitura daqueles valem para uma situação definida, com objetivo prático,
utilitário. A leitura desses propõe outra forma de relação: são as situações ditas
de “fruição”, que ocorrem quando se lê sem cobranças, sem prazos, sem
imposições, seja quando se lê para imergir no imaginário,interagir com o outro,
imergir no estético, construir a si próprio. Inscrevem-se nesse parâmetro a
leitura de romances, ficção científica e particularmente os poemas, cuja riqueza
polissêmica possibilita múltiplas leituras.
No plano da teoria da interação, a utilização de um vocabulário novo e
desconhecido para a maioria dos leitores pode provocar “tanto uma
reorganização das estratégias de comportamento, quanto uma modificação dos
‘planos de conduta’” (ISER, 1979, p. 85). Em outras palavras, a novidade
lingüística pode desencadear reações (efeitos) ao leitor que culminam na
entrada deste no jogo da ficção ou na desistência da leitura. O aspecto
lingüístico, no entanto, pode não ser um dos aspectos de maior relevância para
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determinada comunidade interpretativa, a saber, os leitores que se utilizam da
mesma linguagem descrita no texto, porém, tal combinação meio a ficção
torna-se singular experiência.
Nota-se, ainda, que toda linguagem empregada, por se tratar de um
texto ficcional, é pseudo-referencial, ou seja, o texto não se utiliza de um
referente externo, não concebe a realidade como tal, mas a realidade outra que
se forma e existe a partir de sua internalização no próprio texto.
Segundo Costa Lima (1979,p. 34), o texto pseudo-referencial “permite ao
leitor uma manipulação nova seja dos conceitos, seja das experiências,
ocultando-lhe assim oportunidades de experiência não previstas nem pela
ciência, nem pela pragmática”. A abertura do sentido por meio das
combinações textuais proporciona ao leitor maior consciência estética, de
mundo, de referenciais, conceitos e valores. É o que a estética da recepção
chama de rompimento do horizonte de expectativa. Deste modo, no caso dos
textos (poesias) de Augusto dos anjos , a descrição do mundo não corresponde
apenas a um espaço geográfico, mas, evidentemente, a lugares-comuns
(arquétipos), ou seja, imagens presentes no inconsciente coletivo.
É importante observar que ainda que um texto como o poema possa
admitir várias leituras, não aceita “qualquer” leitura. Para FIORIN (2007,p.109 )
“A recorrência de traços semânticos é que estabelece que leituras devem ou
podem ser feitas de um texto. Uma leitura não tem origem na intenção do leitor
de interpretar o texto de uma dada maneira, mas está inscrita no texto como
virtualidade, como possibilidade.” O autor ainda ressalta que as leituras devem
estar de acordo com os traços de significado reiterados, repetidos,recorrentes
ao longo do texto, sendo inaceitáveis as leituras que não estiverem de acordo
com o texto.
Pode-se dizer que tudo o que é dito da leitura de poesia para o ensino
fundamental em geral, evidentemente, vale para a leitura de poesia para o
Ensino Médio, e uma vez que a poesia vai se perdendo até mesmo nos
caminhos da própria escola é preciso um sempre continuar, quando não um
recomeçar . Algumas diferenças, logicamente, fazem-se necessárias uma vez
que no Ensino Médio, espera-se que o aluno já tenha mais amadurecidas, suas
condições sensoriais, emocionais e racionais , tornando-se um interessante
desafio a proposta de uma leitura mais sistematizada, em que se pode propor a
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exploração de recursos formais, das figuras de linguagem, de efeitos
estéticos,das relações estabelecidas entre os níveis estruturais, que concorrem
para a construção do(s) sentido(s) do poema, bem como da relação do texto
com o contexto em que foi produzido. Enfim, uma leitura de dentro do texto,
suas linhas e entrelinhas, seus aspectos em aberto, relacionando-o com outros,
escavando significados nele e em si mesmo. A obra literária não pode ser
reduzida a uma única interpretação, mas, entretanto, não se pode interpretar
como se quer, existem critérios de validação, senão os textos correm o risco de
se tornarem sinônimos.
LAJOLO (1997, p.50) assinala que a fruição de um texto pelo leitor não
depende do reconhecimento ou da nomeação dos processos formais que o
constituem — o que seria competência ao menos do professor de literatura de
ensino médio — e sugere que as atividades de leitura de textos literários
propostas ao aluno têm de ser centradas no significado mais amplo do texto,
importando mais o” modo como o texto diz o que diz”, e não “o que o texto diz”.
O como diz respeito à manipulação lúdica das palavras pelo poeta, a seleção
vocabular, enfim, aos recursos expressivos que conferem o efeito estético a um
texto.
A leitura de um poema é uma experiência mais complexa do que a de
textos comuns, não-literários. Nestes, há uma preocupação do autor em
selecionar e combinar as palavras pela sua significação, conferindo-lhes
clareza através da obediência às normas da língua.
Segundo PAIXÃO (1984, p.13 ) o que mais distingue a linguagem de uso
prático da linguagem poética é “ a maneira como as palavras se organizam e a
energia que elas carregam”, sendo uma característica marcante da poesia a
possibilidade de recriar o significado das palavras colocando-as num contexto
diferente do normal: essa capacidade de revelar nova substância dentro de
palavras já gastas e surradas é que constitui a maior riqueza da poesia.
É a plurissignificação que possibilita a inesgotabilidade de um texto. É o
que faz de um texto escrito há séculos ser lido e apreciado em diferentes
épocas ou circunstâncias de uma existência, é o que eterniza a obra através de
suas atualizações. Além do caráter polissêmico, outras características próprias
e recursos expressivos entram no jogo constituindo o efeito poético.
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Produção do material didático
A escolha de um material é difícil, pois, deve-se organizar em torno das
necessidades dos alunos, ao mesmo tempo deve contemplar a matéria, os
interesses e necessidades também do professor.
Primeiramente surgem muitas dúvidas:
Como trabalhar literatura? Como conquistar à atenção dos alunos? Ler?
O que é isto? Leitura, como podemos entender os conceitos? Todos leem e
compreendem da mesma forma um texto?
Então, com tantas dúvidas, a autora foi levada a ler, fazer-se
compreender, leituras sobre a Estética da Recepção, que aos poucos foi
sanando as dúvidas iniciais, não que muitas dúvidas ainda não persistam,mas
através da fundamentação teórica orientada pela professora Maria Cristina,
aconteceram grandes mudanças, por exemplo o entendimento de leitura
inocente e leitura crítica, pois segundo Jauss, o anseio de não romper com o
objetivismo da história literária, propõe levar em conta a primeira leitura da
obra. A única maneira de integrar o estudo da recepção à história literária, com
efeito, é destacar a leitura dominante na época em que o texto foi escrito:
“A análise da experiência literária do leitor escapará do psicologismo que a
ameaça. Se, para recepção da obra e o efeito produzido por essa, ele
reconstruir o horizonte de expectativa de seu primeiro público” ( JOUVE apud
JAUSS,2002, p.27). Outro fator é a releitura , importantíssima, necessária para
contemplar melhor uma obra.
Ao planejar o projeto de intervenção na escola, observou-se que os
alunos do ensino médio não liam textos literários e por isto não os
compreendiam. Visando amenizar esse problema, resolvemos elencar alguns
objetivos, para trabalhar com os primeiros anos ( 1°A,1°B,1°C, 1°D) um total de
110 alunos, do Ensino Médio do período da manhã do Colégio Estadual
Protásio de Carvalho, localizado no CIC
• Conduzir os alunos a reconhecerem a diferença entre linguagem
referencial e linguagem figurada;
• Levar os alunos a compreenderem os elementos internos que
compõem o texto literário;
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• Objetivar os alunos a buscarem entender o contexto interno e
externo à obra literária para compreendê-la;
• Formar leitores atentos e capazes de estabelecer diálogos entre
textos.
Percebe-se que, para trabalhar com o texto literário, é necessário
demonstrar para o aluno a importância da Literatura que está no fato, dela nos
levar a compreender a construção da nossa cultura, de entender as épocas
passadas, de viajar pelos outros tempos, e, assim, compreender o momento
presente, pois a Literatura é uma outra forma de expressão que deve ser
conhecida e vivenciada pelo sujeito.
Wolfgang Iser, no artigo “A Interação do Texto com o Leitor” (1979), fala
que todo texto é plurissignificativo, múltiplo, repleto de diferentes culturas e o
seu sentido é determinado pelo leitor através do preenchimento dos vazios
presentes no texto.
Trabalhamos com Augusto dos Anjos, especificamente, Eu e Outras
Poesias e com a prosa de Ana Miranda que fala sobre a vida de Augusto
(1884- 1914), o poeta que surpreendeu nosso mundo literário ao misturar a
objetividade do cientificismo com os mais profundos sentimentos do ser
humano. Além de que traça também um quadro impecável dos costumes e
principais acontecimentos da época: os descaminhos da República, as disputas
políticas, a Revolta da Chibata, a modernização do Rio de Janeiro, o duelo
entre Bilac e Raul Pompéia, e outros acontecimentos.
Começamos com a leitura das duas obras, onde foi concedido um prazo
de 30 dias, e durante este tempo fomos trabalhando pequenos textos, poesias,
tentando compreender as figuras de linguagem e a importância destas em uma
interpretação e leitura que nos deixa livre ou prisioneiros dela.
Em sequência os alunos fizeram uma pesquisa sobre o expressionismo
e começamos fazer comparações dos poemas de Augusto dos Anjos com
quadros famosos, como o de Müch, O Grito, os alunos gostaram de fazer a
comparação, onde observaram o pavor o medo, pânico e perguntaram se não
poderiam comparar com desenhos ou grafites da atualidade, neste momento a
professora já sentiu a inferência que os alunos começaram a fazer, ainda numa
leitura linear (inocente). Então resolvemos fazer uma pesquisa de campo,
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procurando pelo bairro desenhos, grafites que poderiam participar dos
trabalhos em equipe, associados com um ou mais poemas de Augusto dos
Anjos e assim foi feito. Os alunos escolheram um poema e associaram com
figuras, fotos, grafites e realidade.
Um trabalho bastante interessante, foi a imagem mostrando felicidade,
dinheiro, passeio e logo abaixo a oposição, um indigente, pedindo esmola,
comida ( o mendigo estava sentado logo abaixo da pintura, o real contrapondo
à ficção) .
Este trabalho foi comparado a Versos Íntimos.
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Enquanto milhares de pessoas passam fome, poucas usufruem de uma
bela casa, automóvel, dinheiro e nem mesmo possuem as mínimas condições
para sobreviver com dignidade e isto frustra nossos sonhos, nossas lutas, e
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fazendo a comparação eles indagaram à professora, sobre a violência. Se o
Homem não mudar suas atitudes, onde iremos parar? Combater a violência
com violência; feras comendo feras? Isto terá solução? Sai século entra século
os problemas continuam os mesmos, sempre predominando a corrupção, o
desamor, e eles perguntaram o que fazer para transformar o mundo que passa
ao redor deles?
A professora realmente não tem a resposta, mas sugeriu que
assistissem ao filme “Click” e depois de assistirem ao filme, fizeram algumas
observações em relação ao “tempo”, sociologicamente pensando no tempo
como vida, porque se você tenta antecipar alguns momentos de sua existência,
você deixa de vivê-los, e foi proposto um júri simulado, dividindo a turma em
duas partes onde uns defenderiam correr com o tempo para conseguir, dinheiro
poder, com maior rapidez e a outra parte ficaria com a opção de “viver a vida”,
sem grandes preocupações, mas aproveitar o presente e não apenas planejar
o futuro, deixando de sentir os pequenos momentos significativos da vida.
Foi muito interessante e proveitosa esta tarefa, paramos para refletir a
importância de um ato simples, de cumprimentar uma pessoa, passear em um
parque com sua família, sentir o aroma de uma flor, dar um beijo em seus pais,
ganhar um beijo, um abraço. Pequenos atos que proporcionam momentos de
felicidade e por falta de tempo e sensibilidade deixamos passar, passar(...) e
quando percebemos, foi,a vida que passou. No filme o protagonista tem a
chance de recuperar o tempo perdido, ele pode fazer uma escolha, e nós se
não pararmos para pensar teremos esta chance? Uma pergunta que fica em
aberto para que possamos refletir e encontrar nossas respostas.
Epitáfio
Titãs
Composição: Sérgio Britto
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
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E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são( ...)
Tanto no GTR3 quanto, também, algumas(uns) alunas (os) lembraram
da música Epitáfio dos Titãs, a autora já havia sugerido, no material didático,
mas a sugestão destas (es) foi muito importante,porque fizeram uma leitura
crítica, houve um amadurecimento, (um clic ). A questão: fazer hoje para não
deixar para o amanhã,deixar apenas como música,e não como comparação da
própria vida. “EU DEVIA TER AMADO MAIS...”
Resolvemos fazer uma encenação com o poema – VERSOS ÍNTIMOS –
com os alunos do 1º D, onde passava no velório de Augusto dos Anjos, onde
alguns discentes faziam parte de um coro, repetindo sempre a palavra Vês, lembrando que este coro surgiu da leitura de Édipo Rei, onde o coro
atormentava os pensamentos de Édipo para descobrir quem provocou a
desgraça no reinado deste. Começa a encenação o coro contornando o
defunto, em seguida os presentes no velório começam a recitar, como se fosse
um aviso ou uma cobrança para o morto e, concomitantemente, vai-se
projetando imagens, família, pôr-do-sol, mar, sorrisos, alegria, uma imagem do
filme Click,e finaliza com a música Epitáfio. Novamente deixa o leitor definir o
caminho de seus pensamentos de sua leitura. O final feliz ou não fica por conta
do leitor observador.
Literatura amplia o campo lexical do leitor, sua visão de mundo, sua
análise crítica e determina um novo olhar sobre os inúmeros acontecimentos
da atualidade, as instituições sociais, as diversas ideologias, permitindo-lhe
pensar um projeto de vida, estabelecer interlocução com sua comunidade,
consigo mesmo, sua família, amigos e, através do diálogo criado pelo próprio
3 Grupos de Trabalho em Rede ( GTR ) constituem-se em atividade do Os Programa de
Desenvolvimento Educacional ( PDE) e caracterizam-se pela intervenção virtual entre o
Professor PDE e demais professores de rede pública estadual. Este formato de interação,
busca efetivar o processo de formação continuada de professores, promovido pela SEED/PDE,
tendo como tutor o professor PDE conforme sua disciplina ou área de seleção no Programa.
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texto que leva a possíveis constituições de sentido no interior da obra literária a
qual se faz ponte entre seu momento histórico e cultural. Neste contexto:
A estética da recepção pretende valorizar um elemento
pouco considerado pela texto.Assim, sem eleger uma espécie
de leitor ideal, os adeptos dessa corrente visam analisar
as múltiplas interpretações, as diversas constituições de
sentido suscitadas pelos textos, o que direciona o interesse
dessas pesquisas para questões de natureza histórica e
sociológica . (SOUZA, 1991, p. 60).
Como analisa SILVA,(2005),a boa leitura é aquela que
provoca alguma transformação no leitor, gerando conhecimentos, propondo
atitudes e analisando valores, aguçando os modos de perceber e sentir a vida
por parte do leitor.
CONTRASTES
A antítese do novo e do obsoleto,
O Amor e a Paz, o ódio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!
O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!
........................................................................
Outro momento do trabalho foi o uso de dicionário para decifrar algumas
palavras cientificistas de Augusto dos Anjos e continuamos trabalhando o
sentido conotativo e denotativo das palavras, para chegar a compreensão
texto. E com o poema Contrastes, observamos a antítese, onde temos uma
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pergunta – o que o homem abomina (?) As respostas (?) Amor; Paz; Ódio;
Carnificina ( é antítese de ódio ou não?) . Analisar os poemas de Augusto dos
Anjos é maravilhoso, ele consegue usar as palavras mais estranhas para
designar o cotidiano, coisas comuns de uma maneira incomum, ao exemplo de
eximenina e endimenina que são membranas externa e interna de um grão
de pólen. Por vezes passamos os olhos por palavras e não nos identificamos e
em outros momentos, olhamos para as mesmas palavras e só falta nos
derramarmos em lágrimas, dor, alegria e, neste momento, ocorre a
identificação com o texto, com a leitura, talvez a transformação do leitor com a
morte do autor.( simbolicamente)
Outra atividade muito significativa foi a leitura dos poemas de Augusto e
a tentativa de transformar os poemas em HQ, utilizando um site em inglês
www.toondoo.com, pelo qual os alunas (os) “brincaram” com a transformação
de versos em prosa (em português). Uma equipe até transformou Augusto dos
Anjos em personagem de seus próprios poemas, como um ser angustiado pela
mudança da humanidade, que tem seus ideais, mas não luta pelo social, porém
sim pelo indivíduo acostumado a ser o centro das atenções,o umbigo do
mundo e não consegue fugir desta alienação.
Segundo BOCCEGA (2007,p.43), o homem modifica o mundo exterior e,
ao modificá-lo, modifica-se. Por isso, colocamos anteriormente que palavra não
é dado, é um dando-se, vez que ela participa desse processo de
transformações, que traz embutida a idéia de que o presente contém o futuro.
Mesmo com vários trabalhos, os estudantes sentiam-se envergonhados
na hora de falar em sala, sobre a matéria, no caso literatura e poesia,
começamos a recitar por versos, cada um lendo um verso e assim continuava a
fila e se alguém errasse começava-se tudo novamente, depois para ficar mais
interessante dividimos em dois grupos, e quem prestasse mais atenção e não
errasse ganharia o jogo em questão e poderia escolher o poema para recitar.
Depois foi sugerido por alguns alunos que ao invés de recitar poderíamos
transformar em rap. Foi feita esta tentativa, alguns conseguiram transformar
outros já não tiveram tanta habilidade, mas trabalharam oralidade.
Em outro momento assistimos o filme MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE
BRÁS CUBAS, onde a autora pediu que prestassem atenção, nos
personagens, suas ambições,imoralidades, passar por cima de normas a fim
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de conseguir o benefício próprio, e quando finaliza o defunto Brás fala sobre o
VERME e depois nós fizemos comparação com o vocábulo que Augusto dos
Anjos também usa em seus textos.
Algumas contribuições dos professores GTR, sobre a implementação na escola.
“O GTR nos propiciou novas oportunidades de aprendizagem e a interação com diversos colegas. Sobretudo a partilha sobre novas propostas de aulas no ensino médio. Parabenizo a profª Marcia que se colocou sempre disponível e companheira durante a nossa jornada no GTR. Logo, o curso do GTR nos proporciona um aperfeiçoamento prático e necessário em nossa área da educação”.(professora GTR1) "A leitura de textos literários no ensino médio é interessante, pois os alunos realmente têm que se interar dos mesmos. Está dentro do roteiro do projeto. Foi uma justificativa boa pois, realmente e o que acontece no dia a dia. Os fundamentos teóricos estão bons,estando dentro do projeto ,sendo interessante suas colocações." (professora GTR2) “O tema escolhido para a implementação de um projeto voltado para a leitura de textos literários é pertinente, pois poderá nos auxiliar nos conteúdos diários ,visto que encontramos sérias dificuldades em trabalhar este gênero literário,pois os alunos consideram os textos enfadonhos,extensos e com um vocabulário erudito.A proposta apresentada pela tutora traz uma nova perspectiva de estratégia metodológica porque instiga a intertextualidade entre textos célebres da literatura brasileira.Esse trabalho oportunizará os alunos do Ensino Médio a uma nova forma de interação com a literatura. (professora GTR3 ) “Por trabalharmos na mesma escola (Protásio de Carvalho) achei-o bem viável ao convívio que temos com os alunos, sendo a maioria de classe remediada, sem muito contato com os livros. E ainda mais que cada escola é diferente, cabendo ao professor adequar o tipo de leitura com o gosto literário de cada aluno”.(professora GTR4) “Concordo contigo, devemos apresentar ao nosso aluno uma Literatura que levar o nosso aluno a expressar pessoalmente o que sentiu e vivenciá-la em sua realidade social. Entretanto, em algumas escolas ainda presenciamos um ensino-aprendizagem tradicional , bitolando o aluno a decorebas para as provas , ou seja, transformá-lo em um número de zero a dez e classificá-lo como aprovado ou retido.Logo, esse aluno terá aversão a Literatura.”( professor GTR5)
Concluiu-se que o GTR é muito importante tanto para o tutor quanto
para os professores participantes, porque ambas as partes têm a oportunidade
de trocar informações, experiências que já foram aplicadas em sala e informar
seus resultados, tanto os positivos como os negativos.
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Confraternização com as(os) alunas(os) do Colégio Protásio de Carvalho
Após o término da aplicação da Unidade Didática com as(os) alunas(os),
resolvemos chamar os pais, o diretor, secretária, bibliotecária, enfim a
comunidade escolar para entrega de certificados de participação e mostrar
alguns trabalhos realizados, explicamos o que era o projeto realizado pelas
professoras PDE 2008 de Língua Portuguesa e Língua Inglesa o que fizeram
durante a implementação, qual a recepção das(os) discentes e como foi a
participação de todas(os) e foi intenso, maravilhoso, porque as mães
principalmente ficaram impressionadas com a desenvoltura de seus filhos e
comentamos que com o interesse e participação conseguiremos uma escola
pública melhor .
Conclusão Esta experiência com os estudantes do Ensino Médio demonstrou, que
há possibilidades e meios para levar o aluno a ler textos Literários, reconhecer
a diferença entre uma linguagem referencial e linguagem figurada;
compreender os elementos internos e externos do texto, nos quais as diversas
camadas de interpretação contribuem para a formação do leitor no sentido de
propiciar o crescimento dos seus horizontes de expectativas e houve o
rompimento, o questionamento e a ampliação do horizonte de expectativas da
(o) leitora(or)/aluna(o), que através de leituras desafiadoras, do tempo e da
experiência, que passou de leitura ingênua (linear) para a leitura crítica e isto
aconteceu, quando começaram fazer as inferências, tanto nos trabalhos,
quanto na participação da encenação do poema, não foi a grande maioria, mas
uma boa percentagem das(os) alunas(os)que participaram do trabalho.
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