aula 01 - finanÇas pÚblicas p receita federal
TRANSCRIPT
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
1 www.pontodosconcursos.com.br
AULA 1
Finanças Públicas para AFRF
Caros (as) futuros (as) colegas:
O escopo de cobrança da matéria de Finanças Públicas em concursos tem
aumentado consideravelmente, especialmente nas provas elaboradas pela ESAF.
As questões antes aplicadas limitavam-se a respostas curtas e objetivas, o que não
é mais de praxe. Procuraremos ao longo do desenvolvimento das aulas resgatar
questões aplicadas em certames recentes, de forma a contribuir e quem melhorar o
rendimento em futuras questões de Finanças Públicas a serem cobradas no próximo
certame para o cargo de AFRFB.
Mesmo não estando presente de forma explícita no último edital, o tópico
referente às Falhas de Mercado é de especial importância, considerando que estas
justificam a intervenção do Estado no processo econômico.
Gostaria de informá-los que optei por não estender o conteúdo do edital
referente aos Impostos, Taxas, Tarifas, Contribuições Fiscais e Parafiscais, uma vez
que este assunto é tratado de forma exaustiva na matéria de Direito Tributário.
Então é isso, mãos à obra!
Um abraço,
Francisco
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
2 www.pontodosconcursos.com.br
Definição das Finanças Públicas, seus objetivos, metas e abrangências
Podemos nos valer das palavras de um dos mais importantes estudiosos das
finanças públicas para assim defini-la:
De acordo com Musgrave1, “Finanças Públicas é a terminologia que tem sido
tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política econômica que
envolvem o uso de medidas de tributação e de dispêndios públicos”.
Esta definição baseia-se no fato de que a necessidade da atuação econômica
do poder público prende-se na constatação de que a simples existência do sistema
de mercado (consumidores versus produtores) não consegue cumprir
adequadamente algumas tarefas e funções que visam o bem-estar da população. A
maneira pela qual o Estado intervém no processo econômico é dependente da série
de instrumentos pela qual este dispõe, inclusive em termos do financiamento de
suas atividades.
Sendo assim, podemos dizer que o estudo das Finanças Públicas abrange a
emissão de moeda e títulos públicos, a captação de recursos pelo Estado, sua
gestão e seu gasto, para atender às necessidades da coletividade e do próprio
Estado. Na captação dos recursos são estudadas as diversas formas de receitas,
obtidas em decorrência do patrimônio do Estado, do seu endividamento ou por força
do seu poder tributário. Uma vez captados os recursos impõe-se a sua administração até o efetivo dispêndio.
As fontes geradoras de receitas são a tributação, classificada como receita
derivada do poder coercitivo do Estado e o endividamento público, representado
pela emissão e resgate de títulos da dívida pública.
A capacidade do Estado de tomar empréstimos está substancialmente
determinada pelo potencial de recursos compulsórios que, ano a ano, ele tem
1 MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo. Atlas, 1974.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
3 www.pontodosconcursos.com.br
condições de mobilizar da sociedade. Deste ponto ressalta-se o porque da
tributação constituir um dos principais condicionantes do endividamento público.
Veremos no decorrer das aulas que as receitas utilizadas para aplicação nas
chamadas despesas públicas não são somente as tributárias, assim também
chamada de receitas derivadas, mas também as chamadas receitas originárias,
aquelas associadas à exploração do patrimônio do Estado, como o próprio
endividamento público.
Funções do Governo
Conforme verificamos anteriormente, o Estado necessita financiar sua
atividade intervencionista na sociedade. Essa atuação é devida à existência do que
agora denominamos de “Falhas de Mercado”, situação na qual a simples interação
entre consumidores e produtores não leva a melhor alocação possível dos recursos
econômicos. Trata-se pois de mais um dos fundamentos no qual o próprio Estado
se utiliza para arrecadar recursos visando direcionar a sua ação as funções básicas
por ele exercidas, assim denominadas como funções alocativa, distributiva e função
estabilizadora.
Função Alocativa
A função alocativa é aquela que atribui ao Estado a responsabilidade pela
alocação dos recursos existentes na economia quando, pela livre iniciativa de
mercado, isto não ocorrer. Um bom exemplo da função alocativa é representado
pela iniciativa do Estado em realizar obras que trarão grandes benefícios à
população. Um caso polêmico, mas revestido da função básica de alocação dos
recursos pelo Estado é a transposição do Rio São Francisco, que mesmo podendo
trazer custos ambientais e sociais negativos para parte da população do Sertão
Nordestino, resultará em um significativo aumento do bem-estar da própria
população, levando água, saúde e riqueza a uma região bastante castigada pela
seca.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
4 www.pontodosconcursos.com.br
Função Distributiva
A função distributiva é representada de fato pela melhoria na chamada
distribuição da renda gerada na economia. Políticas de tributação progressiva da
renda com a conseqüente adoção por parte do governo de políticas como o
programa Bolsa Família, representam claramente uma política distributiva do
governo, retirando, a princípio, daqueles que ganham mais e repassando-os àqueles
que ganham menos.
Função Estabilizadora
A função estabilizadora visa manter constante o nível de preços e estimular
a geração de renda e emprego. A função é exercida através do controle da demanda
agregada (quantidade de bens e serviços consumidos na economia), seja por meio
de estímulos ao crescimento da renda, seja pelo adequado controle dos níveis de
déficit e dívida pública do país. Realiza ainda o controle da oferta de moeda na
economia, uma vez que este é o principal instrumento de estímulo da demanda
agregada via disseminação do crédito.
Adendo: A função reguladora
Com a o processo de desestatização implementado pelo Estado brasileiro no
fim dos anos 70 e intensificado a parti dos anos 90, surgiu a necessidade a que este
mesmo Estado passasse a controlar as atividades em que antes este atuava
diretamente, constituindo para isso uma série de Agências Reguladoras que
passaram a ter como missão a regulação dos serviços públicos concedidos à
iniciativa privada, nos moldes dos regimes de concessão de rodovias, portos,
distribuição de energia elétrica e telefonia.
Vejamos agora a resolução de algumas questões cobradas nos últimos
certames em que este matéria foi cobrada de forma explícita, inclusive pela ESAF.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
5 www.pontodosconcursos.com.br
(AFC/STN – ESAF/2008) A aplicação das diversas políticas econômicas a fim de
promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do
mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos, compreende a seguinte
função do Governo:
a) Função Estabilizadora.
b) Função Distributiva.
c) Função Monetária.
d) Função Desenvolvimentista.
e) Função Alocativa.
Resposta:
O conceito de políticas econômicas está estritamente associado ao uso das
políticas fiscal ou monetária. No caso da política fiscal, esta visa estimular o
crescimento da renda e do emprego por meio de estímulos à demanda agregada,
especialmente por meio ou do aumento dos gastos governamentais ou pela redução
da tributação, nos moldes do atualmente realizado pelo governo com a redução do
IPI sobre diversos bens industrializados. No caso da política monetária o estímulo se
dá pelo aumento da quantidade de moeda (crédito) em circulação, permitindo a
população o uso destes recursos para realizar a compra de bens e serviços.
A partir destes conceitos podemos concluir que a função destacada a partir do
enunciado da questão refere-se à função estabilizadora.
Gabarito: letra “a”.
(APO/Séc. Plan./Econ./SP – ESAF/2009) A atuação do governo na economia tem
como objetivo eliminar as distorções alocativas e distributivas e de promover a
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
6 www.pontodosconcursos.com.br
melhoria do padrão de vida da coletividade. Tal atuação pode se dar das seguintes
formas, exceto:
a) complemento da iniciativa privada.
b) compra de bens e serviços do setor público.
c) atuação sobre a formação de preços.
d) fornecimento de bens e de serviços públicos.
e) compra de bens e serviços do setor privado.
Resposta:
Essa questão a princípio para ser pouco objetiva em termos das respostas
disponíveis, uma vez que algumas assertivas visam mais confundir o candidato do
que ajudá-lo a resolver a questão proposta. Vejamos a análise de cada uma das
assertivas:
a) O complemento da iniciativa privada pode estar ligado, por exemplo, à
participação do governo no processo de melhoria no processo produtivo
implementado por determinada empresa. Ex: A implantação de um pólo produtivo,
em região pouco explorada economicamente, imputa ao Estado a necessidade de
complementar, em termos de infra-estrutura, a atividade privada. A construção de
uma rodovia/ferrovia para escoamento da produção pode ser considerada como um
atendimento por parte do governo dentro da sua função alocativa.
Opção correta b) A compra de bens e serviços do setor público não gera resultados em termos de
estímulo à atividade econômica uma vez que a própria ação do gasto fica restrita à
atividade estatal. Uma segunda questão é o fato de que a participação do Estado no
processo econômico visa estimular a maior interação entre consumidores e
produtores, o que, a princípio, não ocorreria na situação em análise.
Opção Incorreta – gabarito
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
7 www.pontodosconcursos.com.br
c) O processo de atuação sobre a formação de preços está diretamente ligado a
mais nova função governamental, qual seja a função reguladora. Nesta assertiva o
termo “formação de preços” parece não estar associado à subida ou queda de
preços devido ao problema inflacionário mas sim a formação de preços a partir das
chamadas estruturas de mercado, tais como o monopólio, o oligopólio e outras.
Adicionalmente, esta intervenção pode ainda estar relacionada a participação das
chamadas agências reguladoras na formação dos preços que remunerarão a
atividade exploratória concedida a iniciativa privada.
Opção correta d) O fornecimento de bens e serviços públicos pode ser entendido como o
oferecimento pelo Estado daquelas atividades associadas a própria existência de
uma sociedade organizada, tais como justiça, educação, serviço policial e forças
armadas.
Opção correta e) A compra de bens e serviços do setor privado é a própria caracterização de uma
política fiscal expansionista, na qual o Estado se utiliza dos recursos captados da
sociedade por meio de tributos para realizar o aumento de gastos públicos, o que
tende a estimular a demanda agregada, gerando impactos positivos sobre a renda e
o emprego.
Opção correta
A série de funções imputadas ao Estado justificam a existência do que
definimos como Falhas de Mercado, situação na qual existe a ineficiente alocação
dos recursos econômicos.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
8 www.pontodosconcursos.com.br
Falhas de Mercado
Podemos interpretar como “falha” tudo aquilo que acontece de modo
ineficiente. No mesmo sentido, podemos interpretar “mercado” como o sendo o local
onde indivíduos e empresas transacionam bens e serviços com o objetivo de atingir,
respectivamente, o maior bem-estar possível, derivado da sua renda de trabalhador,
e a maximização do lucro, obtido pela produção e venda dos mesmos bens e
serviços.
Temos a seguinte definição dada pela Organização para Cooperação
Econômica e Desenvolvimento (OCDE) para as Falhas de Mercado:
"Pode ser definida como a incapacidade de o mercado levar o processo econômico a uma situação social ótima. Um aspecto importante disto é que se deixa de incluir, nos custos e nos preços, os efeitos externos (externalidades) ou a redução dos lucros de outros agentes que não aqueles diretamente envolvidos nas transações de mercado e atividades afins. Com relação aos bens e serviços ambientais, podem-se destacar as externalidades referentes à poluição, à exploração dos recursos e à degradação de ecossistemas. Assim, as falhas de mercado impedem o mercado de alocar os recursos no mais alto interesse da sociedade" (OECD, 1994).
As Falhas de Mercado são representadas por toda alocação ineficiente de
recursos econômicos, derivada das transações ocorridas entre todos os
componentes da sociedade.
Assim sendo, como este deveria intervir na economia de forma a evitar
distorções prejudiciais a consumidores e produtores? A chamada teoria do bem-
estar econômico, conhecida como welfare economics, afirma que os mercados
perfeitamente competitivos, sem interferência governamental, promovem a alocação
eficiente de recursos entre os agentes econômicos, de tal maneira que é impossível
melhorar a situação de um indivíduo sem piorar a de outro. Trata-se do conceito
chamado “Ótimo de Pareto”.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
9 www.pontodosconcursos.com.br
A grande questão no entanto é que a definição da situação de “Ótimo de
Pareto” é dificilmente alcançada, devida a própria existência das Falhas de Mercado.
Estas são divididas em:
a) Poder de Mercado de Empresas;
b) Bens Públicos;
c) Externalidades;
d) Assimetria de Informações;
e) Monopólios Naturais;
f) Mercados Incompletos;
g) Desemprego e Inflação;
h) Riscos Pesados.
Poder de Mercado
O poder de mercado pode ser interpretado com a posição dominante exercida
por uma empresa ou grupo destas em um determinado mercado, seja ele de bens
ou de serviços.
De forma a sermos mais claro em termos do significado de poder de mercado,
podemos citar a posição exercida pela Microsoft no que se refere à produção e
venda de softwares (sistema operacional, aplicativos) utilizados em computadores. A
concentração nas mãos de uma única empresa tende a diminuir a capacidade de
barganha dos consumidores, impactando diretamente no bem-estar da sociedade.
O poder exercido por uma única empresa não é, por si só, a caracterização
de poder de mercado em termos de prejuízos à sociedade. Torna-se necessário
considerar o mercado em que determinada empresa ou grupo de empresas atua, e
assim estabelecer a forma de atuação, em termos de regulação, a que as empresas
estarão obrigadas a seguir.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
10 www.pontodosconcursos.com.br
A definição do poder de mercado pode ser retirada a partir da definição dada
pelo departamento de justiça americano, fazendo assim uma relação com o caso
Microsoft:
“Um mercado é definido como um produto ou um grupo de produtos e uma área geográfica na qual ele é produzido ou vendido tal que uma hipotética firma maximizadora de lucros, não sujeita a regulação de preços, que seja o único produtor ou vendedor, presente ou futuro, daqueles produtos naquela área, poderia provavelmente impor pelo menos um ‘pequeno mas significativo e não transitório’ aumento no preço, supondo que as condições de venda de todos os outros produtos se mantêm constantes. Um mercado relevante é um grupo de produtos e uma área geográfica que não excedem o necessário para satisfazer tal teste”.
A definição acima envolve o possível efeito anticompetitivo, expresso em
termos de poder de mercado sobre os preços, derivados de operações que
acarretem aumento de concentração econômica, ou de condutas praticadas por
empresas presumidamente detentoras de tal poder, em mercados que são
economicamente significativos.
A intervenção governamental deve buscar inibir a formação de estruturas de
mercado que eliminem o poder de barganha da população consumidora. Ressalta-
se que na se trata de inibir a geração de lucros por estas atividades produtivas, até
porque se assim fosse, não haveria estímulos por estas empresas em oferecer bens
e serviços. A regulação interposta pelo governo, com vistas à correção desta falha
de mercado, deve objetivar a geração de lucros considerada normal para a atividade
produtiva, de forma que o Estado exerça o seu papel de gerador de bem-estar
econômico a toda a sociedade, via o atendimento de suas funções alocativa,
distributiva e estabilizadora.
Bens Públicos
Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo, tendo a
caracterização de que o seu consumo por um indivíduo ou por um grupo de
indivíduos não prejudica o consumo pelos demais indivíduos. Destaca-se que
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
11 www.pontodosconcursos.com.br
mesmo que alguns se beneficiem mais do que outros, todos podem desfrutar do
bem.
De outra forma, pode-se afirmar que os bens públicos são aqueles em que o
seu consumo é indivisível ou mesmo “não rival”, dado que não existe rivalidade
quanto a quem consumirá mais de um ou outro bem.
São exemplos de bens públicos tangíveis (que podem ser tocados), as praças,
a iluminação pública, as ruas. De bens públicos intangíveis temos a segurança
pública, a justiça e a defesa nacional.
Uma questão importante sobre os bens públicos é que de o seu consumo não
pode estar passivo de exclusão – princípio da não-exclusão -, de tal forma que,
quando colocado à disposição da população de um determinado bairro o
policiamento extensivo, todos serão beneficiados pela decisão governamental.
A existência do princípio da não-exclusão no consumo dos bens públicos é
que leva a existência das Falhas de Mercado. Isto ocorre pelo fato de que como o
governo não consegue mensurar o “quantum” do bem público está sendo
consumindo por cada indivíduo, ele não conseguirá repartir o ônus imposto à
sociedade na forma da tributação, que é justamente a fonte de recursos para o
oferecimento de bens públicos.
Devido ainda ao princípio da não-exclusão, passam a existir na economia os
chamados “free riders” ou também chamados de caronas, que se beneficiam dos
bens públicos sem pagar nada por isso, alegando que não precisam do bem
oferecido ou simplesmente por não pagarem a tributação imposta a estes.
Assim sendo, podemos afirmar que, para que o mercado possa funcionar
adequadamente, um dos quesitos será a validade do princípio da exclusão, podendo
o consumo ser mensurado para cada um dos consumidores.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
12 www.pontodosconcursos.com.br
Adendo: O Bem Privado (Não caracterizado como uma Falha de Mercado)
Considerando as informações descritas acima, podemos conceituar o
chamado bem privado, que seria aquele cujo consumo não pode ser compartilhado
simultaneamente por quaisquer dois ou mais usuários, em função dos direitos de propriedade bem demarcados. De outra forma, passa a ser válido o princípio da
exclusão.
Um bom exemplo de um bem privado seria a contratação de uma empresa de
vigilância privada que atenderia a determinado condomínio de moradores.
Considerando que a segurança deve atender somente um circulo restrito de
moradores, caso ocorra assaltos na redondeza do condomínio, mas sem impactos
para este, de nada se poderá cobrar da empresa de vigilância.
É aquele velho ditado, só desfruta quem paga!
Bens Semi Públicos ou Meritórios
Os chamados bens semi-públicos são aqueles bens que possuem associados
a si o princípio da exclusão.
Nas palavras de Viceconti e Neves (2007, pág. 412) encontramos uma outra
definição para os bens semi-públicos:
“São os bens que, embora possam ser explorados economicamente pelo
setor privado, devem ou podem ser produzidos pelo governo para evitar que a
população de baixa renda seja excluída de seu consumo, por não poder pagar o
preço correspondente: é o caso de educação e saúde”.
Os bens semi-públicos são também chamados de meritórios pelo fato de ser
disponibilizados (oferecido) as pessoas que adquirem mérito para tal. Um bom
exemplo é a Universidade Pública. Somente aqueles que possuem o mérito de
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
13 www.pontodosconcursos.com.br
passar no vestibular é que terão a si concedidos o mérito de cursar gratuitamente o
ensino superior.
Importante considerar, conforme vemos no dia-a-dia que o ensino superior
também é oferecido pela a iniciativa privada, sendo, no entanto, passível de
cobrança, ficando assim garantido o princípio da exclusão. Outrossim, o objetivo
lógico do governo é o garantir o direito ao ensino público gratuito à população,
exigindo, em contrapartida, o mérito de passar no vestibular.
Externalidades
As externalidades representam a forma como as ações de determinado
indivíduo ou empresa impactam os demais indivíduos. A existência de
externalidades implica que os chamados custos e benefícios privados – ocorridos
em função da ação da iniciativa privada – sejam diferentes dos custos e benefícios
sociais destas mesmas ações.
O que estamos dizendo é que os preços negociados entre consumidores e
produtores refletem apenas a negociação privada, sendo assim necessária a
presença do Estado imputando, por exemplo, a tributação ou subsídios fiscais como
forma de corrigir as externalidades ocorridas.
As externalidades se subdividem em positivas e negativas. Um bom
exemplo de externalidade positiva, e que nos dias de hoje é tão importante, seria o
caso da realização de uma limpeza geral da casa por parte de um indivíduo que
visasse à eliminação de possíveis focos de reprodução dos mosquitos transmissores
da dengue. Nesta situação, o benefício privado será superior ao custo privado, da
mesma forma que o conseqüente benefício social será muito maior do que o custo
social de adoção da medida.
De forma contrária, as externalidades negativas são representadas por
determinadas ações que de forma direta ou indireta prejudicam os demais indivíduos
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
14 www.pontodosconcursos.com.br
participantes da sociedade. Um caso clássico de externalidade negativa é
representado pelo despejo por parte de empresas, de produtos poluentes nos rios.
Esta ação tende a tornar o custo social superior ao custo privado, especialmente
pelo fato de que as comunidades ribeirinhas às margens do rio serão diretamente
atingidas.
A existência destas falhas justifica a atuação do governo que deve coibir a
externalidade negativa através da aplicação de uma tributação desestimuladora da
poluição, da mesma forma que deve oferecer subsídios às atividades geradoras de
externalidades positivas.
Assimetria de Informações
As informações assimétricas representam um grande problema ao bom
funcionamento do mercado. Exemplos claros de assimetria estão presentes em
todos os ramos de negócios que envolvem consumidores e produtores. Um bom
exemplo é aquele referente aos componentes de determinados alimentos
industrializados. A omissão ou o excesso de informações que são na verdade
inverídicas, tornam o consumidor passivo às manipulações das empresas. O
resultado natural é a perda de bem-estar do consumidor.
Outra atividade econômica onde a existência de informações assimétricas é
perversa é o mercado financeiro. O mascaramento dos balanços de empresas que
possuem ações negociadas em bolsas tende a provocar a incorreta precificação
destas, lesando assim os investidores em valores mobiliários.
A regulamentação – imposta por leis - e regulação governamental – tribunais,
secretarias e conselhos - devem inibir esta pratica ilegal, procurando tornar o
mercado o mais “perfeito” possível.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
15 www.pontodosconcursos.com.br
Monopólios Naturais
Partimos do princípio de que os mercados competitivos são os mercados que
melhor representam as interrelações entre consumidores e produtores com o
objetivo de atingir o maior nível de bem estar econômico e social. Estes mercados
seriam aqueles menos propícios a existência de falhas de mercado, pela própria
noção de atomização, ou seja, nem os consumidores nem tão quanto as empresas,
possuem poder de barganha para impor custos adicionais aos demais participantes.
Os mercados competitivos são caracterizados por apresentarem baixos
custos à entrada de novas empresas, de tal maneira que nenhuma empresa tenha
condições de manipular os preços dos bens e serviços oferecidos.
De forma contrária, existe na economia os chamados monopólios naturais,
que seria o mercado em que apenas uma única empresa produzindo geraria custos
mais baixos para a formação dos preços de venda do que várias empresas
produzindo.
O que ocorre na verdade é que no caso dos monopólios naturais, os custos
de entrada no mercado são altíssimos, de forma que o custo por unidade de
produção, o chamado custo médio, diminui à medida que aumenta a escala de
produção da empresa.
Setores de produção de gás, energia e telefonia são bons exemplos desta
estrutura de mercado.
No que concerne às falhas de mercado, a existência de monopólios naturais
leva o governo a adotar medidas no intuito de evitar abusos na formação dos preços
de vendas. Segundo Giambiagi e Além (2000, pág. 26), o governo pode exercer
apenas a regulação dos monopólios naturais, evitando assim uma perda ainda maior
de bem-estar da sociedade. Ainda segundo os autores, o governo pode
responsabilizar-se diretamente pela produção do bem ou serviço caracterizado com
sendo monopólio natural.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
16 www.pontodosconcursos.com.br
A responsabilidade pela produção deriva-se muitas vezes não só pela
questão de evitar abusos na formação de preços de produtos, mas também por
estas atividades produtivas serem estratégicas para o país.
Destaca-se, conforme podemos ver nos dias de hoje, que o Estado tem
adotado a linha do enxugamento das suas atividades atípicas, de tal maneira que os
controles dos monopólios naturais têm sido repassados à iniciativa privada,
passando o mesmo Estado a limitar a sua atuação através da regulação dos setores
(Elétrico, Telecomunicações e etc).
Mercados Incompletos
Um mercado completo é definido com sendo o mercado onde o custo de
produção é inferior aos preços que consumidores estão dispostos a pagar. De outra
forma, trata-se do mercado onde existe a possibilidade de ganhos por parte dos
produtores.
O mercado incompleto é caracterizado como sendo o mercado em que
mesmo que os custos de produção estejam abaixo dos preços que consumidores
estão dispostos a pagar, os bens ou serviços não são ofertados.
A falha de mercado representada pelos mercados incompletos é existente
principalmente em países em desenvolvimento, onde o sistema financeiro não é
suficientemente desenvolvido, em termos de riscos, para financiar no longo prazo as
atividades produtivas. Perceba que para todo investimento deve existir um prazo
mínimo de carência para que o produtor possa gerar caixa e honrar seus
compromissos. Caso o sistema financeiro não aceite a tomada de risco da carência
dos investimentos, será inexistente o oferecimento de fundos para as empresas
produzirem.
No Brasil a intervenção governamental nos mercados incompletos é feita pelo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, que realiza a
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
17 www.pontodosconcursos.com.br
concessão de crédito de longo prazo objetivado no financiamento das atividades
produtivas.
Desemprego e Inflação O funcionamento dos mercados através das inter-relações entre
consumidores e produtores é insuficiente para que sejam evitados os problemas de
inflação, caracterizado pelo aumento geral é contínuo dos preços, e o desemprego,
definido como a parte da população economicamente ativa que se encontra
desempregada involuntariamente.
As pressões de demanda realizada pelos consumidores tende a suplantar a
oferta de bens e serviços, ocasionado assim elevação dos preços. Políticas de
controle do crédito ou de aumento das taxas de juros são bons instrumentos de
intervenção governamental para corrigir a falha de mercado chamada inflação.
O desemprego é existente em toda a economia, ocorrendo pelo fato de que o
mercado não é capaz de gerar vagas suficientes para todos aqueles que entram no
mercado de trabalho a cada dia. No entanto, destaca-se que o governo pode
minimizar tais problemas, realizando atividades interventivas que visem à colocação
de novos trabalhadores no mercado de trabalho. Programas como o primeiro
emprego do governo federal, que trazem em contra-partida benefícios às empresas,
especialmente em termos de carga tributária, são ações voltadas à minimização dos
problemas da falha de mercado chamado desemprego.
Riscos Pesados
Sabe-se que o setor privado tem como objetivo a geração de lucro. Não
obstante, determinadas atividades, mesmo potencialmente geradoras de lucro
futuro, não são efetivadas. O problema em si é muito parecido com o ocorrido nos
mercados imperfeitos, mas com uma conotação diferenciada.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
18 www.pontodosconcursos.com.br
As existências de riscos nos negócios são associadas ao grande custo
envolvido no projeto, de tal maneira que mesmo podendo obter benefícios futuros,
esta não se arriscará. A partir do exemplo de Viceconti e Neves (2007, pág. 413),
podemos melhor ilustrar o problema. Segundo os autores, um bom exemplo seria o
caso da produção de energia elétrica a partir da energia atômica. O custo total de
pesquisa será enorme, vários anos serão necessários antes mesmo de o projeto ser
oferecido em nível econômico e, mesmo que a empresa se dispusesse a correr o
risco, teria dificuldade em colher os benefícios, por possivelmente não obter o
monopólio de uma patente, e assim recuperar o investimento feito.
Além do fato do risco econômico pesado com a realização do investimento, as
empresas no país tem sempre a preocupação com a chamada insegurança jurídica
dos contratos, especialmente no que se refere a quebra de patentes. A intervenção
governamental no sentido de quebra de direitos só deverá existir caso os benefícios
sociais gerados com a ação sejam superiores aos custos ocorridos com a medida.
De forma complementar à análise, destacamos que as ações tomadas pelo
governo de forma a contornar esta falha de mercado, seriam aquelas relacionadas
aos programas de Parcerias Público Privadas – PPP’s e ao Programa de Aceleração
do Crescimento – PAC, que representam as propostas de parceiras em
investimentos feitos pelo governo federal, especialmente através de suas empresas
estatais, de forma a mitigar os pesados riscos associados aos projetos de grande
vulto financeiro.
Pelo todo exposto, verifica-se que para o Estado possa realizar a intervenção
necessária à correção das falhas de mercado, deve criar mecanismos que
possibilitem o financiamento de suas atividades, especialmente através da
imposição do seu Poder de Império. Através da tributação incidente sobre a renda
auferida pela sociedade, o Estado realiza a necessária intervenção no processo
econômico. De forma a tornar esta intervençãol a menos onerosa possível a própria
sociedade, o Estado deve balizar o financiamento de suas atividades segundo os
chamados Princípios Teóricos da Tributação.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
19 www.pontodosconcursos.com.br
Destarte, com fins de adentramos ao estudo destes princípios, importa-nos
destacar que o próprio processo de tributação deve adotar determinados
pressupostos, em especial aquele que diz que a utilidade marginal da renda (Umg) é decrescente. O entendimento do conceito de Utilidade Marginal
decrescente é o de que quanto maior a renda adicional recebida pelos
componentes da sociedade, menor é a utilidade que essa mesma renda propicia ao
seu recebedor. Como os indivíduos de classes de renda mais altas já possuem, em
tese, melhores condições de vida, o ganho adicional de renda será utilizado na
compra de bens e serviços que são, não exaustivamente, supérfluos para uma
qualidade de vida digna.
Considerado assim os pontos abordados, caminhemos para o entendimento
dos chamados Princípios Teóricos da Tributação.
Princípios Teóricos da Tributação
Princípio da Neutralidade
O princípio da neutralidade impõe que os impactos gerados pelo ônus
tributário não devem interferir na alocação de recursos na economia. Considerando
que os preços são a melhor forma de se estabelecer uma relação de troca de
recursos em uma economia, pode-se inferir que o impacto da tributação sobre os
preços dos bens e serviços deve ser neutro, ou seja, a relação de preços existente
entre os diversos bens deve-se manter igual (preço de um produto em relação aos
outros). Vamos a um exemplo simples:
Antes de incidência da tributação o bem X custava R$ 10 e dos demais bens
chamados de Y, R$ 5. Com isso o preço relativo do bem X em relação ao bem Y era
igual a 2.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
20 www.pontodosconcursos.com.br
Preço X / Preço de Y = 10/5 = 2
Para que seja mantida a neutralidade tributária, a incidência da tributação
sobre o bem X deve ser igual aos dos demais bens (Y).
Imaginemos o caso de um aumento de cerca de 10% na tributação para todos
os bens. O preço do bem X passa a custar R$ 11 e o bem Y R$ 5,50, mantendo-se a
neutralidade sobre os preços mesmo com um nível maior de arrecadação.
Preço de X / Preço de Y = 11/5,5 Este exemplo simples é a elucidação básica do que chamamos de princípio
da neutralidade. Na verdade uma tributação neutra é aquela que procura minimizar
os impactos nas decisões econômicas dos agentes atuantes no mercado (famílias,
empresas).
Quando nos referimos à imposição de impostos sobre consumidores de
maneira neutra, estamos falando de impostos denominados “lump-sun tax”, ou seja,
impostos que recaiam de forma igual entre os agentes. De forma diferente, a
imposição pelo governo de imposto dito seletivo, ou seja, que recaia sobre o bem X
e não sobre o bem Y, tende a impactar os preços relativos, deixando de ser neutro.
Por tudo isso a alocação de bens deixa de ser eficiente, tornando possível a
existência do que chamamos de peso morto dos impostos, assunto a ser tratado por
nós oportunamente.
O Sistema Tributário deve privilegiar a eficiência econômica, podendo ser
utilizado inclusive para corrigir distorções existentes no mercado. O princípio da
neutralidade está intimamente ligado ao conceito econômico chamado de Ótimo de
Pareto2, que seria a aplicação da tributação pelo governo da forma mais eficiente
possível.
2 Em sentido ao Ótimo de Pareto, a tributação incidente sobre os agentes econômicos não pode ser reorganizada para aumentar o bem-estar de alguns indivíduos sem prejudicar o bem-estar dos demais indivíduos.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
21 www.pontodosconcursos.com.br
Princípio da Equidade O princípio da equidade afirma que os impactos gerados pela tributação
devem ser equânimes, isto é, o ônus da tributação deve ser distribuído de maneira
justa entre os componentes da sociedade.
A equidade é baseada em critérios estabelecidos entre os indivíduos. Para
isso, temos que nos valer do chamado princípio da equidade horizontal, em que
deve ser dispensando tratamento igual entre indivíduos considerados iguais.
Adicionalmente a este temos o chamado princípio da equidade vertical, em que os
indivíduos considerados desiguais devem ser tratados de forma desigual. Trata-se
pois de garantir o tratamento justo aqueles que possuem as mesmas condições,
realizando a devida diferenciação apenas quando estes de fato puderem ser
diferenciáveis. Até devido a isto que o mesmo princípio da equidade ainda se divide
em outros dois princípios, o chamado princípio do benefício e princípio da capacidade de pagamento.
Princípio do Benefício
O princípio do benefício afirma que o consumidor deve pagar ao governo na
forma de tributos o equivalente ao total de benefícios que este recebe. Trata-se de
um princípio de fácil entendimento mas de difícil aplicação. O problema encontrado
para a correta sua correta aplicação é devido a dificuldade de se conseguir
individualizar os serviços recebidos do governo, uma vez que estamos falando de
bens e serviços chamados públicos3, em que o acesso da sociedade é amplo e
irrestrito.
Um bom exemplo da aplicação do princípio do benefício é o referente às
contribuições previdenciárias feitas pelos indivíduos ao longo do seu período de 3 Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo, tendo a caracterização de que o seu consumo por um individuo ou por um grupo de indivíduos não prejudica o consumo pelos demais indivíduos. Destaca-se que mesmo que alguns indivíduos beneficiam-se mais do que outros, todos podem desfrutar do bem
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
22 www.pontodosconcursos.com.br
trabalho. Quanto maiores forem as suas contribuições ao longo da vida profissional,
maiores serão – limitados ao teto do regime geral de previdência – os benefícios
percebidos após a sua aposentadoria.
Em termos econômicos poderíamos ainda dizer que o princípio do benefício
garante que o preço do tributo deve ser igual ao chamado benefício marginal adquirido com a cobrança tributária. (O que eu tenho de benefício a mais por pagar
um pouco mais).
Princípio da capacidade de pagamento A capacidade de pagamento está diretamente relacionada à renda recebida
pelos agentes. Quanto maior a renda maior é a capacidade de pagamento dos
indivíduos. Um exemplo típico da aplicação do princípio da capacidade de
pagamento é o imposto de renda. Quanto maior a faixa salarial maior a alíquota
incidente sobre a renda.
O princípio em questão é mais fácil de ser medido do que o princípio do
benefício concedido pelo Estado, haja vista que a própria renda, o consumo e o
patrimônio são os parâmetros utilizados pelo Estado para a imposição da sua
atividade de tributação.
Veremos adiante que o governo procura redistribuir a renda gerada na
economia evitando a sua concentração nas mãos de poucos. A maneira pela qual
ele executa essa atividade é, ao menos em teoria, através da imposição dos
chamados impostos progressivos, de forma que, para níveis maiores de renda,
consumo e patrimônio, maior é a carga fiscal4 incidente. O objetivo da tributação
4 Existem diferenças entre carga fiscal e carga tributária. No cálculo da carga tributária está computado apenas os valores decorrentes da imposição das chamadas receitas tributárias, tais como os receita de impostos, taxas e contribuições de melhoria. No caso da carga fiscal deve-se adicionar as demais receitas de caráter impositivo, tais como as receitas previdenciárias.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
23 www.pontodosconcursos.com.br
progressiva é que, com a maior arrecadação, o governo pode executar os chamados
programas de transferência de renda para a população de menor poder aquisitivo.
Pelo exposto e como forma de fixar os conceitos estudados até o momento,
vamos a resolução de alguns exercícios:
(AFRF/SRF – ESAF/2000) A teoria econômica moderna estabelece critérios de
imposição de tributos. O critério que postula que a tributação não introduza
distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos da economia
de mercado é o da
a) Universalidade
b) eqüidade
c) neutralidade
d) justiça social
e) adequação
Resposta: A questão é direta ao afirmar que: O critério que postula que a tributação
não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos
da economia de mercado. Conforme verificamos, para que não haja distorções nos
mecanismos de mercado e na atual alocação de recursos é necessário que a
tributação realizada pelo Estado não altere os preços relativos dos produtos, ou seja,
que os preços de um produto em relação ao outro sejam mantidas constantes. Essa
definição refere-se ao princípio que conceituamos por neutralidade da tributação.
Essa mesma neutralidade está associada à idéia de eficiência do sistema tributário.
(AFRF/SRF – ESAF/2002) Segundo o princípio da eqüidade, na teoria da tributação,
dois critérios são propostos: a classificação dos indivíduos que são considerados
iguais e o estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. Indique quais
são esses critérios:
a) Neutralidade e eficiência
b) Benefício e capacidade de pagamento
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
24 www.pontodosconcursos.com.br
c) Unidade e universalidade
d) Eficiência e justiça
e) Produtividade e eficiência.
Resposta: Perceba que a questão já fala do princípio da equidade, solicitando ao
concursando os critérios utilizados para a aplicação deste princípio. A única
estranheza, na forma de pegadinha, refere-se à conceituação do primeiro critério
utilizado: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais. Esse conceito
remete ao que definimos por equidade horizontal, em que é dispensa de
tratamento igual aos iguais. O segundo critério vai direto ao ponto: estabelecimento
de normas adequadas de diferenciação. O estabelecimento de diferenciação, no que
se refere à equidade, está diretamente relacionado ao princípio da capacidade de pagamento.
Bem, por eliminação já poderíamos marcar a letra “b” que é o gabarito, mas é
importante considerarmos o seguinte: Conforme verificamos, de acordo com o
princípio do benefício, o consumidor deve pagar ao governo, na forma de tributos, o
equivalente ao total de benefícios que este recebe. Ou seja, todos aqueles que
recebem benefício na forma de bens públicos, iguais, devem pagar a mesma
tributação.
Gabarito: letra b
(AFRF/SRF – ESAF/2002) A principal fonte de receita do setor público é a
arrecadação tributária. Com relação às características de um sistema tributário ideal,
assinale a opção falsa:
a) A distribuição do ônus tributário deve ser eqüitativa.
b) A cobrança dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais aquelas
pessoas com maior capacidade de pagamento.
c) O sistema tributário deve ser estruturado de forma a interferir o minimamente
possível na alocação de recursos da economia.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
25 www.pontodosconcursos.com.br
d) O sistema tributário deve ser eficiente e maximizar os custos de fiscalização da
arrecadação.
e) O sistema tributário deve ser de fácil compreensão para o contribuinte e de fácil
arrecadação para o governo.
Resposta: Essa questão é moleza. Entendo que mesmo não tendo estudado a
matéria, e estando atento na interpretação das alternativas, marcaríamos a letra “d”.
Não é razoável que os custos de fiscalização da arrecadação tributária seja
maximizada. Quando o sistema tributário é eficiente - parte correta da questão – o
custo para o controle da arrecadação já é minimizado. Não obstante, é importante
que o trabalho de fiscalização da arrecadação seja feito de forma mais eficiente
possível e menos custosa aos cofres públicos.
As demais alternativas tendem a maximizar o chamado “sistema tributário ideal”.
Assim sendo podemos partir agora para a resolução de alguns exercícios.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
26 www.pontodosconcursos.com.br
Questões de Provas Anteriores:
1 - (AFTN/STN – ESAF/1998) Do ponto de vista das finanças públicas, diz-se, em
relação ao princípio do benefício, que
a) cada um deve pagar proporcionalmente às suas condições.
b) este princípio é o mais adotado, sendo as despesas de consumo a variável que
melhor explica o benefício.
c) a renda é uma medida para avaliar quantitativamente o benefício advindo dos
gastos públicos.
d) as pessoas devem ser tributadas de acordo com a vantagem que recebem das
despesas governamentais.
e) este princípio é de fácil aplicação, não envolvendo questões subjetivas como o
conhecimento das curvas de preferência dos consumidores.
2 – (AFTN/STN – ESAF/1998) Afirma-se, na Teoria da Tributação, com relação ao
princípio de neutralidade, que
a) um tributo justo é aquele em que cada contribuinte paga ao Estado um montante
diretamente relacionado com os benefícios que dele recebe.
b) um imposto deve distribuir seu ônus de maneira justa entre os indivíduos.
c) os agentes deveriam contribuir com impostos de acordo com sua capacidade de
pagamento.
d) este princípio é seguido quando os tributos não alteram os preços relativos,
minimizando sua interferência nas decisões econômicas dos agentes de mercado.
e) um indivíduo paga o tributo de maneira a igualar o preço do serviço recebido ao
benefício marginal que ele aufere com sua utilização.
3 – (AFTN/STN – ESAF/1996) A teoria da tributação repousa em dois princípios
fundamentais. Aponte a opção que caracteriza estes princípios:
a) neutralidade e eficiência
b) justiça e eficiência
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
27 www.pontodosconcursos.com.br
c) eficiência e eqüidade
d) eqüidade horizontal e eqüidade vertical
e) neutralidade e eqüidade
4 – (APO/MPOG – ESAF/2001) As pessoas concordam que o sistema tributário deve
ser justo. No entanto, não existe acordo definitivo de como estabelecer esta quota.
Um dos enfoques adotados é o da capacidade de pagamento. Com relação a este
princípio, tem-se que:
a) cada contribuinte é tributado de acordo com sua demanda por serviços.
b) o critério da capacidade de pagamento está relacionado à alocação dos
benefícios dos serviços públicos.
c) a aplicação de um tributo, de acordo com este princípio, é adotada em situações
em que os serviços públicos são fornecidos aos indivíduos, através de taxas,
contribuições de melhoria e pedágios.
d) um perfil de tributos diferenciados entre pessoas com renda ou bem-estar
desigual é referido como eqüidade horizontal.
e) a renda, consumo ou patrimônio são medidas para avaliar a capacidade de
pagamento.
5 – (AFC/STN – ESAF/2008) Sob determinadas condições, os mercados privados
não asseguram uma alocação eficiente de recursos. Em particular, na presença de
externalidades e de bens públicos, os preços de mercado não refletem, de forma
adequada, o problema da escolha em condições de escassez que permeia a
questão econômica, abrindo espaço para a intervenção do governo na economia, de
forma a restaurar as condições de eficiência no sentido de Pareto. Nesse contexto, é
incorreto afirmar:
a) externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado
bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses
impactos não são considerados no preço de mercado do bem em questão.
b) consumidores podem causar externalidades sobre produtores e vice-versa.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
28 www.pontodosconcursos.com.br
c) a correção de externalidades, pelo governo, pode ser feita mediante tributação
corretiva, no caso de externalidades positivas, ou aplicação de subsídios, no caso de
externalidades negativas.
d) um exemplo de bem público puro é o sistema de defesa nacional, cujo consumo
se caracteriza por ser não-excludente e não-rival.
e) falhas de mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance o
estado de bem-estar social, por meio do livre mercado, sem interferência do
governo.
6 – (APO/Séc. Fazenda de São Paulo – ESAF/2009) A atuação do governo na
economia tem como objetivo eliminar as distorções alocativas e distributivas e de
promover a melhoria do padrão de vida da coletividade. Tal atuação pode se dar das
seguintes formas, exceto:
a) complemento da iniciativa privada.
b) compra de bens e serviços do setor público.
c) atuação sobre a formação de preços.
d) fornecimento de bens e de serviços públicos.
e) compra de bens e serviços do setor privado.
7 - (APO/Séc. Fazenda de São Paulo – ESAF/2009) Assinale a opção falsa com
relação aos Princípios Teóricos da Tributação.
a) Do ponto de vista do princípio do benefício, os impostos são vistos como preços
que os cidadãos pagam pelas mercadorias e serviços que adquirem por meio de
seus governos, presumivelmente cobrados de acordo com os benefícios individuais
direta ou indiretamente recebidos.
b) A neutralidade, na ótica da alocação de recursos, deveria ser complementada
pela equidade na repartição da carga tributária.
c) O princípio da capacidade de pagamento sugere que os contribuintes devem
arcar com cargas fiscais que representem igual sacrifício de bem-estar, interpretado
pelas perdas de satisfação no setor privado.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
29 www.pontodosconcursos.com.br
d) Não existem meios práticos que permitam operacionalizar o critério do benefício,
por não ser a produção pública sujeita à lei do preço.
e) A equidade horizontal requer que indivíduos com diferentes habilidades paguem
tributos em montantes diferenciados.
8 – (AFTN/STN – ESAF/1998) A função alocativa do governo está associada a:
a) controle da demanda agregada visando minimizar os efeitos sobre o bem-estar
social das crises de inflação ou recessão.
b) intervenção do Estado na economia, para alterar o comportamento dos níveis de
preço e emprego.
c) fornecimento de bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de
mercado.
d) utilização de instrumentos de política fiscal, monetária, comercial e de rendas.
e) implementação de uma estrutura tarifária progressiva.
9 – (AFTN/STN – ESAF/1996) Baseado no Princípio da Neutralidade Fiscal, assinale
a resposta correta.
a) A neutralidade pressupõe o critério do benefício, atribuindo a cada indivíduo um
ônus equivalente aos benefícios que ele usufruir.
b) A neutralidade do sistema tributário é obtida quando existe equidade vertical.
c) A neutralidade do ponto de vista da alocação de recursos pressupõe que o ônus
seja repartido entre os indivíduos.
d) A neutralidade do sistema tributário é obtida quando a forma de captação de
captação de recursos pelo governo não modifica os preços relativos dos bens e
serviços.
e) A neutralidade do sistema tributário é obtida quando existe equidade horizontal.
10 – (APO/MPOG – ESAF/2008) O financiamento para que o Estado cumpra suas
funções com a sociedade é feito por meio de arrecadação tributária, ou receita fiscal.
Identifique a única opção errada referente aos princípios de tributação.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
30 www.pontodosconcursos.com.br
a) Pelo princípio da eqüidade, um imposto, além de ser neutro, deve ser equânime,
no sentido de distribuir o seu ônus de maneira justa entre os indivíduos.
b) De acordo com o princípio do benefício, um tributo justo é aquele em que cada
contribuinte paga ao Estado um montante diretamente relacionado com os
benefícios que recebe do governo.
c) A neutralidade pode ser avaliada sob dois princípios: princípio do benefício e
princípio da capacidade de pagamento.
d) Os impostos podem ser utilizados na correção de ineficiências do setor privado.
e) Os argumentos favoráveis à utilização da renda como capacidade de pagamento
baseiam-se na abrangência desta medida, pois renda inclui consumo e poupança.
11 – (AFC/CGU – ESAF/2004) A necessidade de atuação econômica do setor
público prende-se à constatação de que o sistema de preços não consegue cumprir
adequadamente algumas tarefas ou funções. Assim, é correto afirmar que
a) a função distributiva do governo está associada ao fornecimento de bens e
serviços não oferecidos eficientemente pelo sistema de mercado.
b) a função alocativa do governo está relacionada com a intervenção do Estado na
economia para alterar o comportamento dos níveis de preços e emprego.
c) o governo funciona como agente redistribuidor de renda através da tributação,
retirando recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e transferindo-os para os
segmentos menos favorecidos.
d) a função estabilizadora do governo está relacionada ao fato de que o sistema de
preços não leva a uma justa distribuição de renda.
e) a distribuição pessoal de renda pode ser implementada por meio de uma estrutura
tarifária regressiva.
12 - (APO/MPOG – ESAF/2005) A tributação é um instrumento pelo qual as pessoas
obtêm recursos, coletivamente, para satisfazer às necessidades da sociedade. Entre
os pontos básicos que se espera de um sistema de tributação, assinale a única
opção incorreta.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
31 www.pontodosconcursos.com.br
a) Os tributos seriam escolhidos de forma a maximizar sua interferência no sistema
de mercado, a fim de não torná-lo mais ineficiente.
b) Os tributos devem ser universais, impostos sem distinção a indivíduos em
situações similares.
c) Cada indivíduo deveria ser taxado de acordo com a sua capacidade para pagar.
d) O sistema de tributação deveria ser o mais justo possível.
e) O sistema de tributação é o principal mecanismo de obtenção dos recursos
públicos no sistema capitalista.
13 – (AFC/STN – ESAF/2008) A aplicação das diversas políticas econômicas a fim
de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade
do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos, compreende a seguinte
função do Governo:
a) Função Estabilizadora.
b) Função Distributiva.
c) Função Monetária.
d) Função Desenvolvimentista.
e) Função Alocativa.
14 - (AFC/STN – ESAF/2005) Devido a falhas de mercado e tendo em vista a
necessidade de aumentar o bem-estar da sociedade, o setor público intervém na
economia. Identifique a opção correta inerente à função alocativa.
a) O setor público oferece bens e serviços públicos, ou interfere na oferta do setor
privado, por meio da política fiscal.
b) O setor público age na redistribuição da renda e da riqueza entre as classes
sociais.
c) Adotando políticas monetárias e fiscais, o governo procura aumentar o nível de
emprego e reduzir a taxa de inflação.
d) Adotando políticas monetárias e fiscais, o governo procura manter a estabilidade
da moeda.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
32 www.pontodosconcursos.com.br
e) O governo estabelece impostos progressivos, com o fim de gastar mais em áreas
mais pobres e investir em áreas que beneficiem as pessoas carentes, como a
educação e saúde.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
33 www.pontodosconcursos.com.br
Gabarito comentado:
Questão 1: letra “d”
a) Princípio da Capacidade de Pagamento.
b) Trata-se novamente do Princípio da Capacidade de Pagamento, sendo o
consumo um dos parâmetros para aferir a capacidade do contribuinte.
c) A renda é uma medida para avaliar a capacidade de pagamento.
d)Trata-se do próprio conceito do princípio do benefício, em que as pessoas
recebem benefícios na forma de bens públicos.
e) Conforme visto, trata-se de um princípio de difícil aplicação, uma vez que não pe
possível dimensionar o “quantum” cada componente da sociedade se beneficia das
despesas governamentais (bens públicos).
Questão 2: letra “d”
a) Trata-se do Princípio da Capacidade de Pagamento, derivado do Princípio da
Equidade.
b) É o próprio princípio da equidade.
c) Princípio da Capacidade de Pagamento
d) Refere-se ao conceito do Princípio da Neutralidade
e) Trata-se da definição alternativa do princípio do benefício.
Questão 3: letra “e” Sem comentários adicionais.
Questão 4: letra “e” a) Trata-se de um conceito que não se aplica.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
34 www.pontodosconcursos.com.br
b) Refere-se ao princípio do benefício.
c) Idem
d) é referido como Equidade Vertical
e) Trata-se dos principais parâmetros que medem a capacidade de pagamento.
Questão 5: letra “c”
a) Assertiva correta
b) idem
c) A tributação corretiva se dá diante da existência de externalidades negativas e os
subsídios diante das externalidades positivas.
d) Assertiva correta
e) Assertiva correta.
Questão 6: letra “b” Questão já resolvida no corpo da aula.
Questão 7: letra “e” Explicação da questão falsa:
e) a equidade horizontal determina que indivíduos com as mesmas habilidades
paguem tributos em montantes iguais.
Questão 8: letra “c” a) Função Estabilizadora
b) idem
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
35 www.pontodosconcursos.com.br
d) idem
e) idem
Questão 9: letra “d” a) Trata-se do princípio do benefício e não da neutralidade.
b) A equidade vertical está associada ao conceito de que indivíduos considerados
desiguais devem suportar de forma diferenciada a ônus tributário.
c) Este conceito está associado à equidade e não à Neutralidade.
e) Existe equidade horizontal quando indivíduos iguais são onerados na mesma
proporção.
Questão 10: letra “c”
Explicação da questão falsa:
c) A equidade pode ser avaliada sob dois princípios: princípio do benefício e
princípio da capacidade de pagamento.
Questão 11: letra “c”
a) Função Alocativa
b) Função Estabilizadora
d) Função distributiva
e) Estrutura Tarifária Progressiva
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
36 www.pontodosconcursos.com.br
Questão 12: letra “a” Explicação da questão falsa:
a) Os tributos seriam escolhidos de forma a minimizar sua interferência no sistema
de mercado, a fim de torná-lo mais eficiente.
Questão 13: letra “a” É a própria definição da função estabilizadora.
Questão 14: letra “a”
b) Função Distributiva
c) Função Estabilizadora
d) idem
e) Função Estabilizadora, relacionada a Política Fiscal via Tributação.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
37 www.pontodosconcursos.com.br
Impostos, Tarifas, Taxas, Contribuições Fiscais e Parafiscais
Conforme descrevemos, o governo, representante da atividade estatal,
necessita financiar-se para prover dos chamados bens públicos a sociedade. No
mesmo sentido, é através da tributação que o Estado re-aloca recursos de
segmentos de maior poder aquisitivo para segmentos de menor poder aquisitivo.
Os tributos componentes da estrutura tributária são diversos, tendo cada um
suas característica próprias, conforme se segue abaixo:
Impostos
Segundo o Código Tributário Nacional os impostos são o tributo cuja
obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade
estatal “.
Quando falamos em fato gerador nos referenciamos a ocorrência específica
que dá origem a cobrança do imposto. É como se disséssemos que a partir do
recebimento de renda superior a R$ 1313,00 – faixa inicial de cobrança de imposto -
haverá incidência de Imposto sobre a Renda.
Da mesma definição acima se extrai o entendimento de que a cobrança do
imposto não gera, para o Estado, obrigação vinculada à cobrança deste tributo, ou
seja, o Estado cobra mas não é obrigado a reverter na forma de benefício a renda
recebida. Ainda relativo aos impostos, de acordo com o art. 167 da CF/1988, é
vedada a vinculação de receita de arrecadação deste tributo a órgão, fundo ou
despesa, como seria o caso da extinta CPMF, excetuando-se a repartição
obrigatória constante da própria CF. Esta repartição é representada pelos fundos de
participação de Estados e Municípios, aos serviços de Saúde e Ensino, para a
prestação de garantias em operações de crédito por antecipação de receitas, assim
como para a realização de atividades da administração tributária.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
38 www.pontodosconcursos.com.br
Destacamos os principais impostos de competência da União:
• sobre Importações;
• sobre Exportações;
• sobre a Renda e proventos de qualquer natureza;
• sobre Produtos Industrializados;
• sobre Operações Financeiras;
• sobre Propriedade Territorial Rural;
• sobre Grandes Fortunas; e
• Extraordinários de Guerra.
Os impostos de competência dos Estados e do Distrito Federal são:
• sobre transmissão causas mortis e doação;
• sobre a circulação de Mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação; e
• sobre a propriedade de veículos automotores
Os impostos de competência dos Municípios e do DistritO Federal são:
• sobre a propriedade predial e territorial urbana;
• sobre a transmissão de bens intervivos; e
• sobre serviços de qualquer natureza.
Tarifas
Podemos dizer que as tarifas ou também chamadas de preços públicos, são
uma modalidade não nova mas intensivamente usada no a partir da desestatização
da economia brasileira nos anos de 1990. Estas derivam-se dos bens e serviços
prestados de forma não compulsória pelos chamados concessionários e
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
39 www.pontodosconcursos.com.br
permissionários de serviços públicos (energia elétrica, gás, telefonia, etc.). O regime
de direito que as regem é o privado, sendo admitida a rescisão por parte do Estado.
Taxas
As taxas, diferentemente dos impostos, são uma espécie de tributo com fato
vinculado. A cobrança de taxa está intimamente vinculada à prestação de um serviço
público específico. Conforme dispõe o CTN, o fato gerador da taxa é o exercício
regular do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público
específico e divisível, prestado ou posto a disposição do contribuinte.
Uma forma adicional de diferenciar as taxas das tarifas públicas é de que, no
caso da primeira, são geradas receitas derivadas com a cobrança do tributo,
enquanto na segunda são geradas receitas originárias da exploração do patrimônio
do Estado (estradas, portos, etc).
Contribuições As contribuições cobradas pelo Estado são divididas em Fiscais, Parafiscais e
Extrafiscais. Vejamos o significado e o objetivo de cada uma delas:
Contribuições Fiscais O caso mais comum de contribuição fiscal é a chamada contribuição de
melhoria. Trata-se de um tributo vinculado no qual o Estado acaba oferecendo,
mesmo indiretamente, benefícios a cidadãos específicos. É o caso por exemplo da
pavimentação de uma rua em frete a um condomínio residencial de alto poder
aquisitivo. Os imóveis pertencentes ao mesmo condomínio tiveram uma valoração
em função da melhoria do acesso ao local.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
40 www.pontodosconcursos.com.br
Um outro tipo de Contribuição Fiscal hoje extinta era a CPMF, em que a sua
arrecadação era destinada ao financiamento dos gastos com saúde, previdência
social e ao fundo de combate à pobreza.
Contribuições Parafiscais As contribuições parafiscais são definidas como o tributo que tem por objetivo
a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não
integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades
específicas. O exemplo mais comum de contribuição parafiscal é a contribuição para
a seguridade social. Estas contribuições existem pela necessidade de atendimento
assistencial pelo Estado, especialmente aquelas vinculadas a grande importância
social.
Temos ainda como exemplos adicionais de contribuição parafiscal o PIS e a
COFINS.
De acordo com a doutrina jurídica, as contribuições parafiscais são divididas
em três espécies:
Contribuições Sociais, sendo o próprio exemplo da contribuição para
financiamento da seguridade social;
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, tendo na sua
representação a chamada CIDE incidente sobre a importação e comercialização de
petróleo e seus derivados;
Contribuição de interesse de categorias profissionais, que é representada
pela cobrança de contribuições feitas por órgãos e conselhos de classe de
trabalhadores (OAB, CREA, etc).
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
41 www.pontodosconcursos.com.br
Contribuições Extrafiscais
Trata-se da espécie de tributo utilizado pelo Estado como forma de minimizar
as externalidades negativas geradas pela atividade privada. Um bom exemplo é a
cobrança de contribuição pelo governo local devido à poluição do meio ambiente por
grandes empresas. O objetivo com a imposição deste tributo é evitar a degradação
do meio ambiente bem como promover atendimento às famílias diretamente
afetadas com a poluição.
Pois bem, chegamos ao final de nossa primeira aula. Passemos a resolução
de mais alguns exercícios para a fixação da matéria.
Um abraço,
Prof Francisco
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
42 www.pontodosconcursos.com.br
Questões de Provas Anteriores:
15 – (AFRF/SRF – ESAF/2003) As contribuições sociais, de intervenção do domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, obedecem a
algumas exigências e princípios constitucionais. Aponte qual contribuição tem como
fato gerador o faturamento operacional das empresas privadas com ou sem fins
lucrativos e a utilização do trabalho assalariado ou de quaisquer outros que
caracterizem a relação de trabalho.
a) Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS).
b) Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS).
c)Contribuição Social sobre o Lucro Líquido de Pessoa Jurídica (CSLL).
d) Contribuição Provisória sobre a movimentação Financeira (CPMF).
e) Contribuição para o Programa de Integração Nacional (PIN).
16 – (AFTN/STN – ESAF/1998) Diz-se que são contribuições parafiscais
a) juros recebidos pelas autoridades públicas;
b) contribuições à previdência social;
c) dividendos recebidos pelo governo;
d) correções monetárias recebidas pelo governo;
e) correções cambiais recebidas pelo setor público.
17 – (AFTN/STN – ESAF/1998) Recolhimentos compulsórios feitos pelo governo, por
terem características de tributos e não estarem previstos no código tributário, são
chamados de contribuições parafiscais. Marque a única opção incorreta nessa
categoria de contribuições.
a) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
b) Contribuição do Empregador para a Seguridade Social.
c) Contribuição para o fundo PIS/PASEP
d) Contribuição FINSOCIAL.
e) Contribuição de Melhoria.
CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
43 www.pontodosconcursos.com.br
Gabarito Comentado:
Questão 15: letra “b”
Questão 16: letra “b”
Questão 17: letra “e” A contribuição de melhoria esta prevista no código tributário, sendo considerada uma
receita tributária.