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AULA DIREITO CIVIL 3 - CONTRATOS Trab. Arras ou sinal FUNÇÕES DO CONTRATO Econômica - Instrumento de regulação de circulação de riquezas. Função regulatória – se divide em duas partes, como processo (forma prescrita e não defesa em lei) e como regulamento (parte que define o que será feito, desde que não vá de encontro às leis vigentes). Social - o sentido social é uma das características mais marcantes do novo diploma, em contraste com o sentido individualista que condiciona o Código Beviláqua. Nessa consonância, dispõe o art. 421 do Código Civil: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.” Por identidade dialética, guarda intimidade com o princípio da “função social da propriedade” previsto na Constituição Federal e tem por escopo promover a realização de uma justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes. Ecológica ou ambiental do contrato – não pode violar as normas ambientais. Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies, como se pode verificar no quadro esquemático abaixo:

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Resumo Direito Civil - Contrayos

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AULA DIREITO CIVIL 3 - CONTRATOS

Trab. Arras ou sinal

FUNÇÕES DO CONTRATO

Econômica - Instrumento de regulação de circulação de riquezas.

Função regulatória – se divide em duas partes, como processo (forma prescrita e não

defesa em lei) e como regulamento (parte que define o que será feito, desde que não vá

de encontro às leis vigentes).

Social - o sentido social é uma das características mais marcantes do novo diploma,

em contraste com o sentido individualista que condiciona o Código Beviláqua.

Nessa consonância, dispõe o art. 421 do Código Civil:

“A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do

contrato.”

Por identidade dialética, guarda intimidade com o princípio da “função social da

propriedade” previsto na Constituição Federal e tem por escopo promover a realização

de uma justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os

contraentes.

Ecológica ou ambiental do contrato – não pode violar as normas ambientais.

Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies, como se pode

verificar no quadro esquemático abaixo:

Os requisitos de validade do contrato podem, assim, ser distribuídos em três grupos:

subjetivos; objetivos; e formais.

Requisitos subjetivos - Os requisitos subjetivos consistem:

na manifestação de duas ou mais vontades e na capacidade genérica dos contraentes;

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na aptidão específica para contratar; e

no consentimento.

Requisitos objetivos - Os requisitos objetivos dizem respeito ao objeto do contrato, que

deve ser lícito, possível, determinado ou determinável (CC, art. 104, II). A validade do

contrato depende, assim, da:

Licitude de seu objeto — objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os

bons costumes.

Possibilidade física ou jurídica do objeto — o objeto deve ser, também, possível.

Quando impossível, o negócio é nulo (CC, art. 166, II). A impossibilidade do objeto

pode ser física ou jurídica (v., no mesmo local, item 7.2.4.2.2: objeto possível).

Determinação de seu objeto - o objeto do negócio jurídico deve ser, igualmente,

determinado ou determinável (indeterminado relativamente ou suscetível de

determinação no momento da execução).

Requisitos formais - Espécies de formas:

Forma livre — é a predominante no direito brasileiro (CC, art. 107), sendo qualquer

meio de manifestação da vontade não imposto obrigatoriamente pela lei (palavra

escrita ou falada, escrito público ou particular, gestos, mímicas etc.).

Forma especial ou solene — é a exigida pela lei como requisito de validade de

determinados negócios jurídicos.

Forma contratual — é a convencionada pelas partes. O art. 109 do Código Civil dispõe

que, “no negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento

público, este é da substância do ato” (cf. arts. 212 e s.).

Elementos essenciais do negócio jurídico:

Requisitos de existência:

a) manifestação da vontade;

b) finalidade negocial;

c) idoneidade do objeto.

Requisitos de validade:

a) capacidade do agente;

b) objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

c) forma prescrita ou não defesa em lei.

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Elementos acidentais do negócio jurídico

Condição – sujeição do negócio jurídico futuro e incerto. Pode ser suspensiva ou

resolutiva. “Se”

Termo - sujeição do negócio jurídico futuro e certo. “Quando”, é o marco, ponto de

início ou fim.

Modo ou encargo – Ex. Doação de dinheiro para hospital com o encargo de construir

uma ala social. Atribui uma obrigação a mais. Existe um elemento acidental.

Pacta Sunt Servanda – O pacto é lei entre as partes

“Rebus Sic Stantibus” - enquanto as coisas assim se encontrarem. Ou seja, se as

condições mudam, como quando acontece onerosidade excessiva para umas das

partes, o contrato pode ser questionado.

Simulação – dois declarantes se unem para celebrar um falso negócio a fim de lesar

terceiro.

Reserva Mental – Declaração falsa para incentivar um negócio jurídico. Só um dos

declarantes tem conhecimento e não há lesão a direito de terceiros.

Declaração não séria.

Contrato – É um negócio jurídico bilateral mediante duas partes ou mais, com o

objetivo de transformar, adquirir, resguardar, transferir ou modular direitos e deveres

Contrato de adesão – uma das partes pré-dispõe as cláusulas e a outra só faz aceitar.

Contrato Típico – embora tenha cláusulas pré-dispostas, as duas partes discutem partes

do contrato e é possível a modificação de cláusulas.

Contratos coletivos – geralmente duas pessoas jurídicas, representando a coletividade.

Ex. dissídio coletivo através de sindicatos (comerciantes X comerciários).

Princípios:

Autonomia da vontade: Liberdade de escolha, liberdade de contratar.

Deve ser analisado sob dois âmbitos: só contrata o que quer e com quem quer, e só se

submete às obrigações que queira assumir.

Pacta Sunt Servanda – “Força obrigatória dos contratos” O pacto é lei entre as partes e

é feito para ser cumprido nos termos que foi contratado. Existe para impedir que um

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contratante, unilateralmente, possa modificar partes do contrato, garantindo a

segurança jurídica. “Força obrigatória dos contratos”

Relatividade dos contratos – Diz que o contrato só produz efeito, a princípio, para os

contratantes. Excepcionalmente o contrato pode atingir um terceiro, irradiando efeitos,

só em favor, como exemplo no seguro de vida.

Boa-fé - Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as

tratativas como também durante a formação e o cumprimento do contrato.

ELEMENTOS DO CONTRATO

A nulidade é um vício grave que torna o contrato nulo. Não pode gerar efeitos.

O contrato anulável não fere na raiz. Se ninguém contestar, o contrato é válido, mas,

se alguém arguir pode ser anulado. É passível de convalidação.

A forma dos contratos é livre, salvo quando a Lei definir em situação específica.

Em resumo, pois, os elementos que integram a relação obrigacional são:

a) Os sujeitos - Os sujeitos da obrigação, tanto o ativo como o passivo, podem ser pessoa

natural ou jurídica, de qualquer natureza, bem como as sociedades de fato. Devem ser,

contudo, determinados ou, ao menos, determináveis. Só não podem ser absolutamente

indetermináveis.

Obs. Sujeito é diferente de partes. O primeiro se refere aos sujeitos envolvidos no

contrato. Já as partes dependem da quantidade de interesses presente no contrato. Ou

seja, numa ação coletiva, apesar de terem vários sujeitos envolvidos, há apenas uma

parte.

b) O objeto - Objeto da obrigação é sempre uma conduta ou ato humano: dar, fazer ou

não fazer (dare, facere, praestare, dos romanos). E se chama prestação, que pode ser

positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer). Objeto da relação obrigacional é, pois, a

prestação debitória. É a ação ou omissão a que o devedor fica adstrito e que o credor

tem o direito de exigir.

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c) O vínculo ou conteúdo da relação - Vínculo jurídico da relação obrigacional é o

liame existente entre o sujeito ativo e o sujeito passivo e que confere ao primeiro o

direito de exigir do segundo o cumprimento da prestação. Nasce das diversas fontes

que serão estudadas no item seguinte, quais sejam, os contratos, as declarações

unilaterais da vontade e os atos ilícitos. O vínculo jurídico compõese de dois

elementos: débito e responsabilidade.

Requisitos de validade dos contratos:

a) Capacidade do agente - A capacidade exigida nada mais é do que a capacidade de

agir em geral, que pode inexistir em razão da menoridade, da falta do necessário

discernimento ou de causa transitória (CC, art. 3º), bem como ser reduzida nas

hipóteses mencionadas no art. 4º do Código Civil (menoridade relativa, embriaguez

habitual, dependência de tóxicos, discernimento reduzido, prodigalidade).

b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável (CC, art. 104, II) - objeto

lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes. Possibilidade física

ou jurídica do objeto — o objeto deve ser, também, possível. Quando impossível, o

negócio é nulo (CC, art. 166, II). Determinação de seu objeto — o objeto do negócio

jurídico deve ser, igualmente, determinado ou determinável (indeterminado

relativamente ou suscetível de determinação no momento da execução). Admitese,

assim, a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade (CC,

art. 243), que será determinada pela escolha, bem como a venda alternativa, cuja in

determinação cessa com a concentração (CC, art. 252). Embora não mencionado

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expressamente na lei, a doutrina exige outro requisito objetivo de validade dos

contratos: o objeto do contrato deve ter algum valor econômico.

c) Forma prescrita ou não defesa em Lei – Quando a lei define uma forma, um

caminho para que o contrato tenha validade, se esta solenidade não for obedecida, o

contrato será nulo. Ou seja, é a norma convencionada pelas partes. O art. 109 do

Código Civil dispõe que, “no negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer

sem instrumento público, este é da substância do ato”.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

Clássica Classificação dos Contratos pelo Direito Romano

1. Contratos Reais – se perfazem, se efetivam com a entrega da coisa. Ex. contrato de

empréstimo.

Obs. Não se aplica a contrato de compra e venda, pois, este não exige que a coisa seja

entregue para efetivar o contrato. Ex. o comprador pode deixar a coisa em poder do

vendedor por determinado tempo, todavia, mesmo sem a entrega da coisa este contrato

já foi efetivado.

2. Contratos Orais – se efetivam com a profetização de simples palavras.

3. Contratos literais – necessitam de escrita para ter validade.

4. Consensuais – se concretiza apenas com o consentimento das partes.

Quanto às obrigações

1. Unilateral – quando gera obrigação a apenas uma das partes. Ex. Contrato de doação

pura.

2. Bilateral – atribui obrigações para ambas as partes.

3. Plurilateral – representa um feixe de obrigações com mais de duas partes se obrigando

entre si.

Obs.

Exceptio non adimplet contractus “exceção do contrato não cumprido na

integralidade”. – só pode ser alegado para defesa, nunca de ataque.

Exceptio non “rit” adimplet contractus “exceção do contrato não cumprido

parcialmente”. – só pode ser alegado para defesa, nunca de ataque. Todavia é preciso

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levar em conta a teoria do adimplemento substancial, quando o comprador pagou boa

parte da coisa, da obrigação.

Solve et repet “pague depois reclame” – está em desuso, pois afasta a cláusula da

exceção do contrato não cumprido.

Quanto ao Patrimônio:

1. Gratuitos ou benéficos – são aqueles em que apenas uma das partes aufere

benefício ou vantagem, como sucede na doação pura, no comodato e no

reconhecimento de filho.

2. Onerosos – são aqueles em que ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual,

porém, corresponde um sacrifício. Ambos buscam um proveito, ao qual

corresponde um sacrifício.

a) Comutativos - são os de prestações certas e determinadas

b) Aleatórios - são os contratos bilaterais e onerosos em que pelo menos um dos

contraentes não pode antever a vantagem que receberá em troca da prestação

fornecida. Caracterizase, ao contrário do comutativo, pela incerteza, para as

duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. Ex.

Contrato de loteria, Barriga da vaca.

- Por natureza

- Acidentalmente aleatório

Quanto à Forma

1. Contratos Reais – se perfazem, se efetivam com a entrega da coisa. Ex. contrato de

empréstimo.

Obs. Não se aplica a contrato de compra e venda, pois, este não exige que a coisa seja

entregue para efetivar o contrato. Ex. o comprador pode deixar a coisa em poder do

vendedor por determinado tempo, todavia, mesmo sem a entrega da coisa este contrato

já foi efetivado.

2. Forma livre ou não solene — é a predominante no direito brasileiro (CC, art. 107),

sendo qualquer meio de manifestação da vontade não imposto obrigatoriamente pela

lei (palavra escrita ou falada, escrito público ou particular, gestos, mímicas etc.).

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3. Forma especial, formais ou solene — é a exigida pela lei como requisito de validade

de determinados negócios jurídicos.

Quanto à Designação

1. Nominados – A lei já os reconheceu. Ex. Contrato de compra e venda, Contrato de

locação. em geral, as relações jurídicas se formam sob formas adrede disciplinadas na

lei, pois esta procura regulamentar as situações e espécies mais comuns, identificando-

as por denominação privativa.

2. Inominados – O legislador não consegue prever todas as situações que levam as

pessoas a se relacionar e a contratar. Surgem, então, outros contratos além daqueles

que recebem o batismo legislativo ou que não foram tipificados e, por esta razão, se

consideram inominados e atípicos.

3. Contratos típicos - são os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. Não

é o mesmo que contrato nominado, embora costumem ser estudados em conjunto,

porque todo contrato nominado é típico e viceversa.

Obs. Contrato Tipo – são aqueles que têm modelos pré-determinados, mas as partes

podem determinar determinadas cláusulas.

4. Contratos atípicos - são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém,

as suas características e requisitos definidos e regulados na lei.

Quanto ao Fim “Objeto”

1. Preliminar, pactum de contrahendo” ou pré-contrato: é o que tem por objeto a

celebração de um contrato definitivo. Tem, portanto, um único objeto. Quando este é

um imóvel, é denominado promessa de compra e venda, ou compromisso de compra e

venda, se irretratável e irrevogável. Quando gera obrigações para apenas uma das

partes (promessa unilateral), chama-se opção.

2. Principal ou Definitivo: tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada um.

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Quanto ao momento de sua execução

1 De execução instantânea: são os que se consumam num só ato, sendo cumpridos

imediatamente após a sua celebração (compra e venda à vista, p. ex.).

2 De execução diferida: são os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas em

momento futuro.

3 De execução continuada ou de trato sucessivo: são os que se cumprem por meio de

atos reiterados.

Quanto ao agente “persona”

1. Personalíssimos ou intuitu personae: são os celebrados em atenção às qualidades

pessoais de um dos contraentes.

2. Impessoais: são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo

obrigado ou por terceiro.

3. Individuais: são aqueles em que as vontades são individualmente consideradas, ainda

que envolvam várias pessoas.

4. Coletivos: são os que se perfazem pelo acordo de vontades entre duas pessoas

jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais.

Quanto à vigência

1. Prazo determinado – quando ultrapassado

*Termo a quo – juiz (termo final)

*Termo ad quem - Desembargador

2. Prazo indeterminado

Quanto ao modo por que existem

1. Principais: são os que têm existência própria e não dependem, pois, de qualquer outro.

2. Acessórios: são os que têm existência subordinada à do contrato principal (fiança,

cláusula penal etc.).

3. Derivados ou subcontratos: são os que têm por objeto direitos estabelecidos em outro

contrato, denominado básico ou principal (sublocação e subempreitada, p. ex.).

Quanto à formação

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1. Paritários: são os contratos do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente

as condições, porque se encontram em pé de igualdade (par a par).

2. De adesão: são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da

vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao

modelo previamente confeccionado, não podendo modificá-las (consórcio, seguro,

transporte etc.) (arts. 423 e 424).

3. Contrato-tipo (de massa, em série ou por formulários): aproxima-se do contrato de

adesão porque é apresentado em fórmula impressa ou datilografada, mas dele difere

porque admite discussão sobre o seu conteúdo. Em geral, são deixados claros, a serem

preenchidos pelo concurso de vontades.

Interpretação dos Contratos

Observar os princípios

Duas formas de análise: objetiva e subjetiva

Interpretação hermenêutica: gramatical, sistemática, histórica, teleológico,

comparativo.

Supremacia do interesse público sobre o privado.

Exegético.