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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS1ª VARA CRIMINALAv.Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, sala 40 - bloco D - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: 019- 3756.3720 - E-mail: [email protected]
3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 1
SENTENÇA
Processo nº: 3000917-63.2013.8.26.0114
Classe - Assunto Ação Penal - Procedimento Ordinário - Homicídio Simples
Autor: Justiça Pública
Réu: ADILSON PRANDO e outros
Autos nº 350/2013
Vistos etc.,
I RELATÓRIO.
JOSÉ LUIZ CURY MARINS, ADILSON
PRANDO, PATRÍCIA PRANDO CARDIA, MARCOS MARINS,
ELAINE ROSA MACEDO DOS REIS, LAURINDA ROSA VENÂNCIO
e CARLOS AUGUSTO MOISÉS, qualificados nos autos, foram
denunciados e estão sendo processados como incursos nas penas do artigo
121, §§3º e 4º (por três vezes), do Código Penal, porque, no dia 28 de janeiro
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS1ª VARA CRIMINALAv.Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, sala 40 - bloco D - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: 019- 3756.3720 - E-mail: [email protected]
3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 2
de 2013, por volta das 19/19h30min, no estabelecimento de prestação de
serviços de saúde Ressonância Magnética Campinas LTDA (RMC),
localizado na Avenida Andrade Neves, n.º 402, Centro, nesta cidade e
Comarca de Campinas, agindo culposamente, mataram as vítimas M.P. de S.,
P.J.R.P.F. e M.C.A.M., de acordo com os laudos necroscópicos juntados aos
autos nos quais foi atestado que as vítimas faleceram em consequência de
embolia gasosa provocada pela introdução intravascular do composto
perfluorocarbono (FC-770).
Logo após a constatação dos óbitos, JOSÉ
LUIZ CURY MARINS, ADILSON PRANDO, PATRÍCIA PRANDO
CARDIA, MARCOS MARINS e ELAINE ROSA MACEDO DOS REIS,
também nas dependências da RMC, previamente conluiados, teriam agido em
concurso, com identidade de propósitos e unidade de desígnios, inovado
artificiosamente o estado de lugar e de coisa, com o fim de induzir a erro o
juiz ou o perito visando produzir efeito em processo penal. Sob esses
fundamentos, o Ministério Público denunciou também esses réus pela
suposta prática do crime previsto no art. 347 do Código Penal.
A denúncia foi regularmente recebida por
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3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 3
despacho de 28 de maio de 2013 (fls. 2832/2833 15º volume).
Os réus foram citados pessoalmente (fls.
2857/2858 - ELAINE, 2859/2860 JOSÉ LUIZ, 2861/2862 - MARCOS,
2863/2864 - LAURINDA, 2865/2866 ADILSON (até aqui 15º volume),
3138/3139 - PATRÍCIA e 3176/3178 CARLOS AUGUSTO 16º volume).
As respostas à acusação foram apresentadas a
fls. 2880/2885 LAURINDA, 2891/2913 JOSÉ LUIZ, ADILSON,
PATRÍCIA e MARCOS (até aqui 15º volume), 3145/3152 CARLOS
AUGUSTO, 3176/3178 ELAINE (16 º volume).
A decisão constante de fls. 3186/3187 designou
audiência de instrução, debates e julgamento (16º volume).
A primeira audiência foi realizada no dia 10 de
março de 2014, oportunidade em que foram ouvidas as testemunhas
mencionadas na relação constante de fls. 3966 (19º volume). A mídia relativa
a suas oitivas se encontra anexada a fls. 3970 do mesmo volume.
Por intermédio de carta precatória houve a
oitiva da testemunha Luciano (fls. 4140 e verso 20º volume) e também da
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3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 4
testemunha Maria Magda (mídia juntada a fls. 4203 21º volume).
A degravação dos depoimentos colhidos em
audiência realizada no dia 10 de março de 2014 foi juntada a fls. 4209-
A/4461 21º volume.
A segunda audiência deste processo foi
realizada no dia 30 de maio de 2014, oportunidade em que foram ouvidas as
testemunhas constantes de fls. 4473, cujas mídias se encontram juntadas a fls.
4480/4481 21º volume e degravadas a fls. 4755/4831 23º volume.
Por carta precatória foram ouvidas a
testemunha Isac (mídia juntada a fls. 4533 22º volume), as testemunhas
Aldemir e Renato (mídia juntada a fls. 5518 26º volume), Adeline (fls.
4853/4854 23º volume) e também, por determinação de fls. 4482 (21º
volume), a nova oitiva da testemunha Maria Magda, cuja mídia se encontra a
fls. 4878 23º volume.
Diante da certidão de fls. 4880 23º volume,
em que foi verificada a falha na gravação da mídia encartada a fls. 4480 21º
volume, houve regravação do depoimento da testemunha Augusto Celso (fls.
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3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 5
4920 24º volume).
A testemunha Adeline foi novamente ouvida a
fls. 4891/4892 e verso 23º volume.
O laudo pericial relativo à reprodução simulada
dos fatos foi juntado a fls. 4949/5175 24º volume.
A última audiência foi realizada na data de 21
de agosto de 2015, oportunidade em que foi ouvida novamente uma
testemunha protegida e interrogados todos os acusados (mídia juntada a fls.
5286 25º volume).
As transcrições desta última audiência se
encontram a fls. 5296/5512 25º volume.
Em memoriais, o Ministério Público requereu a
parcial procedência da ação penal com a condenação de todos os acusados
com exceção do corréu MARCOS MARINS (fls. 5527/5581 26º volume).
O assistente de acusação de todas as vítimas
pleiteou a condenação de todos os acusados (fls. 5586/5628 26º volume).
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A Defesa de ELAINE requereu a absolvição
(fls. 5684/5708 26º volume).
A Defesa de LAURINDA e CARLOS
AUGUSTO requereu, de igual modo, a absolvição (fls. 5712/5715 26º
volume).
A Defesa dos réus ADILSON, JOSÉ LUIZ,
MARCOS e PATRÍCIA também requereu a absolvição; no entanto,
impugnou o fato de a assistente de enfermagem Bruna não ter sido
denunciada, invocando o princípio da indivisibilidade da ação penal.
Ademais, em tese alternativa, em caso de condenação, requereu a aplicação
do crime continuado e não do concurso material de crimes (fls. 5718/5836
27º volume).
É o relatório. Decido.
II PRELIMINAR DE
INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL E NULIDADE DOS
DEPOIMENTOS DA TESTEMUNHA PROTEGIDA III.
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Com o devido respeito, não procede a tese da
Defesa dos réus médicos no sentido de que o Ministério Público não
obedeceu ao princípio da indivisibilidade da ação penal, sob o fundamento de
que Bruna deveria ter sido denunciada e não “perdoada” pelo Ministério
Público e ouvida, nestes autos, indevidamente como testemunha, sob o
fundamento da violação ao princípio da indivisibilidade da ação penal
previsto no artigo 48 do Código de Processo Penal (cf. fls. 5751 e seguintes
27º volume).
Como se extrai da leitura do inquérito policial,
todas as investigações indicavam que Bruna, auxiliar de enfermagem, a
despeito de ter preparado o conteúdo das seringas dos três pacientes, o fez
“sem supervisão, sem habilitação técnica para tal procedimento” e que ela,
“embora com apenas duas semanas de experiência de emprego, agiu sob
coação moral irresistível, visto que devido a grande quantidade de exames
tinha ordens que os exames não podiam parar, mesmo com a ausência de
supervisão e de mais funcionários no setor, e em caso de manuseio do PFC
que estava acondicionado em bolsa de soro, havendo smj erro invencível,
amparados no artigo 20, parágrafo 1 do CP, visto o seu desconhecimento do
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uso de tal substância em pesquisas médicas, cujos responsáveis médicos
deveriam zelar pela guarda e identificação de tal material” (sic., cf. relatório
final da autoridade policial fls. 2810 15º volume).
O Ministério Público, titular da ação penal e
convencido da correção dessa conclusão, acentuou na denúncia que a auxiliar
de enfermagem, “desconhecendo por completo a existência daquele tipo de
produto no hospital, Bruna não agiu culposamente, porque naquelas
circunstâncias não poderia sequer imaginar que no interior da bolsa de soro
fisiológico havia material químico letal” (cf. segundo parágrafo constante de
fls. 07-D).
Portanto, não tendo Bruna sequer sido
indiciada e estando convencido o parquet de que ela não teve participação
efetiva na tragédia, sob o aspecto da responsabilidade penal, não havia
qualquer justificativa para se inferir, na oportunidade, ter havido
arquivamento implícito. Assim, este juízo não poderia sequer ter determinado
a aplicação do art. 28 do Código de Processo Penal, caso assim entendesse na
oportunidade.
Aliás, como se sabe, a redação do art. 18 do
Código de Processo de Processo Penal e a Súmula 524 do Supremo Tribunal
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Federal conduzem ao raciocínio no sentido de que o arquivamento de
inquérito policial só se dá após requerimento expresso do Ministério Público
seguido do deferimento, igualmente explícito, da autoridade judicial (vide,
HC 104356, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 19/10/2010, DJe-233 DIVULG 01-12-2010 PUBLIC
02-12-2010 EMENT VOL-02443-01 PP-00201 RT v. 100, n. 906, 2011, p.
480-488).
Não bastassem esses fundamentos, não se
olvide que o princípio da indivisibilidade não se aplica à ação penal pública,
conforme entendimento consolidado de nossa Suprema Corte, a saber: HC
95.141/RJ, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski; HC 92.445/RJ, HC
92.663/GO e o RHC 93.247/GO, todos de relatoria do Ministro Marco
Aurélio; HC 96.700/PE, Relator o Ministro Eros Grau; HC 93.524/RN,
Relatora a Ministra Cármen Lúcia e HC 75.852/MG, Relator o Ministro
Moreira Alves, dentre outros.
Diante do exposto, hígidos se mostram sob o
ponto da validade jurídica os depoimentos prestados por essa testemunha e de
todo o procedimento executado até o presente momento.
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III QUANTO AOS HOMICÍDIOS
CULPOSOS.
1. A materialidade dos homicídios culposos.
A materialidade delitiva restou devidamente
comprovada nos autos por intermédio dos laudos necroscópicos das vítimas,
juntados a fls. 2743/2746 (Pedro), 2747/2749 (Mayra) e 2750/2752 (Manoel)
14º volume, no sentido de que todas as vítimas faleceram em consequência
de embolia gasosa provocada pela introdução intravascular do composto
perfluorocarbono (FC-770).
Essa é também a conclusão que se extrai dos
laudos de análise toxicológica realizados pela UNICAMP a fls. 1216/1229,
1230/1243 e 1244/1257 (7º volume) a confirmar a causa da morte das três
vítimas.
Importante se mostraram os elementos
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probatórios, inclusive para os fundamentos que serão posteriormente
delineados nesta sentença na identificação das autorias, os resultados da
percuciente perícia efetivada no local de busca e apreensão juntada a fls.
1321/1333 7º volume, em que constam também diversas fotos da sala de
manutenção onde foi encontrado o galão produto FLUORINERT
(perfluorocarbono), e a comprovar a existência, no local, de uma
inconcebível mistura de estoque de produtos alimentícios, de escritório,
hospitalares e de limpeza em um mesmo recinto.
Cumpre ressaltar, ainda, que em suas
considerações finais, o senhor perito criminal Nelson Roberto Patrocínio da
Silva atestou que o fato de se esvaziar uma bolsa de soro fisiológico
enchendo-a, a seguir, com o produto FLUORINERT com o auxílio de uma
seringa, constituiu-se em procedimento inseguro (imprudente), tendo em vista
que o produto se assemelha visualmente ao soro fisiológico (fls. 1333 7º
volume).
Ademais, também houve a juntada do relatório
técnico da vigilância sanitária a fls. 3259/3289 16º volume, no sentido de
que os erros mais relevantes encontrados durante a sua fiscalização foram: a)
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permitir no serviço a presença e a utilização de produto para uso industrial
sem registro na ANVISA; b) permitir o reaproveitamento de embalagem de
medicamento (soro fisiológico); c) permitir não só a permanência de produto
cuja administração endovenosa é letal, mas acondicioná-lo em embalagem de
medicamento para uso endovenoso sem identificação; d) e permitir que
funcionário sem treinamento suficiente e adequado e, pior, sem supervisão,
execute procedimentos no serviço.
Conforme informações prestadas pelo
fabricante à própria ANVISA (fls. 1276 7º volume), há expressa declaração
da empresa no sentido de que o produto FLUORINERT é apenas para uso
industrial e que não deve ser utilizado como dispositivo médico ou como
medicamento, de modo que este produto não deveria ser registrado perante a
ANVISA, o que confirma a ilicitude de seu uso para esses fins.
Por fim, revela-se fundamental o resultado do
laudo pericial de fls. 4949/5175 24º volume, em que há de forma detalhada
a descrição dos acontecimentos no dia dos fatos, desde a chegada dos
pacientes até o evento morte.
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2. A prova oral colhida sobre a prática dos
homicídios culposos.
Passemos aos relatos prestados pelos réus e,
em seguida, aos testemunhos colhidos que foram fundamentais para a
decisão.
O réu JOSÉ LUIZ, interrogado a fls.
5341/5364 25º volume, na ocasião dos fatos representante legal da RMC,
afirmou o seguinte: a) que efetivamente a tragédia que acometeu as famílias
decorreu de um descumprimento de regras internas por parte de funcionária
que não estava preparada para lidar com esses procedimentos e que não tinha,
inclusive, autorização para fazer a punção venosa nos pacientes; b) tinha o
réu efetivo conhecimento da existência da substância perfluorocarbono para a
utilização nos exames de próstata em que havia a introdução da substância na
bobina endorretal; c) a substância era utilizada desde o ano de 2002 em sua
unidade; d) somente tomou conhecimento da existência da bolsa (embalagem
para acondicionamento de medicamentos para uso endovenoso) em que
estava acondicionada a referida substância quando do cumprimento do
mandado de busca e apreensão expedido por este Juízo; e) segundo o
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depoimento da técnica em radiologia, Patrícia Furquim, a criação se deu pelo
engenheiro da General Eletric e um médico chamado Alexandre; f) quem
introduziu o uso do perfluorocarbono para o uso no exame de próstata foi o
corréu ADILSON PRANDO; g) tinha, portanto, conhecimento do uso da
substância e acrescentou que ADILSON já havia publicado alguns trabalhos
sobre o assunto e que também alguns hospitais do Brasil e dos Estados
Unidos também se utilizavam do mesmo produto e procedimento; h) quanto à
realização dos exames, tinha conhecimento de que eles terminavam por volta
das 21/21:30 horas e que sempre contavam com a presença da equipe de
enfermagem e médicos residentes; i) não tinha conhecimento do horário em
que a enfermeira padrão saía, mas que no dia do ocorrido ela estava presente;
j) pelo que se recordava, o próprio engenheiro responsável teria explicado
para a equipe de enfermagem sobre a potencialidade lesiva do
perfluorocarbono; k) a enfermeira ELAINE teria sido treinada pela
enfermeira Melissa antes daquela efetivamente assumir as suas funções; l) o
galão contendo o perfluorocarbono sempre existiu na unidade e que o produto
ficava guardado em uma sala técnica; m) teve contato por telefone com o
corréu ADILSON no dia da tragédia e que até aquela data nunca havia
ocorrido qualquer problema no serviço relativamente a esse procedimento; n)
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sobre o lixo da ressonância, após a fatalidade, soube que todo ele foi levado a
um banheiro anexo à sala de laudo e que esta foi fechada, a fim de que,
posteriormente, a vigilância sanitária pudesse fazer a conferência; o) não
esteve presente no momento em que o lixo todo foi recolhido, mas que a
ordem do recolhimento partiu da enfermeira Thaís.
O réu ADILSON, interrogado a fls. 5365/5391
25º volume, asseverou o seguinte: a) na ocasião dos fatos era responsável
técnico da RMC; b) o seu sócio é o corréu JOSÉ LUIZ e que detém juntos
50% (cinquenta por cento) das cotas da RMC e que o restante do capital
social pertence ao Hospital Vera Cruz; c) nega ter sido o responsável pela
introdução do perfluorocarbono em ambiente hospitalar e que a introdução da
substância na empresa foi feita pelo engenheiro de aplicações da empresa
General Eletric, de nome Eduardo Figueiredo, que a realizou não só no
Hospital Vera Cruz, mas também em outras instituições de saúde de renome;
d) tinha pleno conhecimento de que o produto jamais deveria ser aplicado
diretamente em pacientes e que este somente deveria este ser injetado dentro
do equipamento para posterior aspiração depois da realização do exame para,
enfim, retorno ao adequado galão a ser acondicionado em salas técnicas de
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exame e, ainda, que jamais deveria ser guardado juntamente com os demais
medicamentos; e) desde o ano de 2002/2003 a RMC se utilizava dessa
substância na bobina endorretal e que ela propiciava melhor visibilidade em
diagnósticos em pacientes com suspeita de câncer de próstata; f) teve
conhecimento da existência das referidas bolsas - onde eram acondicionados
o perfluorocarbono - somente no momento da busca e apreensão da
substância; g) teve conhecimento após a tragédia que esse procedimento
inadequado de guarda havia sido criado, segundo ouviu da técnica Patrícia
Furquim, por um engenheiro e que também houve auxílio do Doutor
Alexandre Borges nessa decisão; h) reafirma que só deveria ter ocorrido o
uso do perfluorocarbono mediante a introdução em bobina endorretal e que,
se tivesse tomado conhecimento do novo procedimento de guarda, teria
descontinuado a realização do serviço dessa maneira; i) quanto ao
funcionamento do corpo de enfermagem da RMC, relatou que no dia dos
fatos a equipe estava completa, mas que a tragédia somente ocorreu porque
houve um desrespeito total às recomendações do COREN pela enfermagem e
do descumprimento de procedimento interno descrito no “Protocolo
Operacional Padrão” (POP) elaborado por ele e pela enfermeira Melissa; j)
tomou conhecimento da tragédia por intermédio de sua filha PATRÍCIA,
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sendo que no início de sua conversa imaginou que a causa das mortes teria
sido a reação alérgica ao contraste; k) dirigiu-se, em seguida, à RMC que
confirmou funcionar dentro das dependências do Hospital Vera Cruz - e que
começou a passar mal em função do ocorrido, o que o obrigou a deixar o
local; l) nega que qualquer pessoa ligada à RMC tenha tentado sumir com
qualquer seringa ou outro material que tivesse sido utilizado no atendimento
às vítimas e que, pelo contrário, houve a determinação para que fossem
recolhidos todos esses materiais; m) depois do ocorrido, o uso do
perfluorocarbono foi suspenso até mesmo para a sua utilização na bobina
endorretal, mesmo porque substituíram o procedimento com a aquisição do
equipamento 3Tesla; n) informou que dentro do Hospital Vera Cruz o serviço
de ressonância magnética é prestado no mesmo espaço físico em que se
encontram os aparelhos de raio-x e que, por sua vez, são prestadas por
empresas distintas que trabalham no mesmo espaço físico; o) cada empresa
possui a sua equipe de médicos e enfermeiras, mas era comum a enfermeira
ELAINE, embora estivesse contratada pela RMC auxiliar nas atividades da
outra.
Quanto à ré PATRÍCIA, interrogada a fls.
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5392/5416 25º volume, prestou seu depoimento no seguinte sentido: a) não
estava no local dos fatos quando da tragédia, mas que assim que chegou em
casa recebeu um telefonema do Doutor Augusto que a informou a respeito
dos óbitos, até aquele momento, de dois pacientes; b) é responsável pelo
curso de aperfeiçoamento em radiologia e sabia quais eram os plantonistas
daquele dia, tendo se dirigido rapidamente para o local quando tomou
conhecimento do ocorrido; c) ao chegar no hospital, imaginou que houvesse
ocorrido alguma reação alérgica e que até aquele momento nunca teve notícia
de morte em razão dos procedimentos que adotavam; d) todos que estavam
no local ajudaram bastante, entre eles a enfermeira ELAINE, a técnica
Patrícia e os residentes; e) chegou a tomar conhecimento de que havia
ocorrido o terceiro óbito logo em seguida; f) a enfermeira Thaís foi quem
determinou o recolhimento dos lixos da ressonância magnética e que foi
providenciado o armazenamento de tudo o quanto fora apreendido, a fim de
que a vigilância sanitária os examinasse no dia seguinte; g) faz parte da
empresa que prestada serviços à RMC, a Diagnostique, da qual também
fazem parte o corréu MARCOS, Daniel, Tiago e Augusto, e que são médicos
contratados apenas para apresentar elaborar os laudos dos exames, não
possuindo qualquer responsabilidade sobre os procedimentos internos
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adotados; h) sabia da existência e da utilização da substância
perfluorocarbono na bobina endorretal/antena e que não tinha conhecimento
da forma de acondicionamento da substância em bolsas de soro fisiológico e
muito menos da sua utilização para o exame de partes moles masculinas; i)
afirmou que o perfluorocarbono foi introduzido na RMC pelo engenheiro da
General Eletric com a anuência do corréu ADILSON (seu genitor) para a
realização dos exames de próstata e que a substância já era utilizada para
esses fins desde o ano 2000; j) confirma que tinha contato com a equipe de
enfermagem, mas apenas no que concerne aos serviços que executava pela
empresa Diagnostique, e que não exercia qualquer função na empresa RMC;
k) tomou conhecimento de que a enfermeira Melissa teria treinado a
enfermeira ELAINE e que, portanto, ela estava apta para a execução de todos
os serviços; l) sobre o trabalho que exercia a testemunha protegida III na
RMC, informou que ela exercia as funções de digitadora antes de se tornar
auxiliar de enfermagem; m) e, por fim, informou que não tinha conhecimento
sobre o efeito tóxico do perfluorocarbono quando aplicado pela via venosa,
mas que tinha conhecimento de que somente deveria ser utilizado mediante a
inserção na bobina da máquina.
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O réu MARCOS MARINS, interrogado a fls.
5417/5434 25º volume, relatou o seguinte: a) no dia dos fatos havia
trabalhado na RMC no período da tarde e que estava em sua casa jantando,
quando foi avisado pelo Dr. Augusto das mortes, razão pela qual se dirigiu de
imediato ao hospital; b) chegando às dependências da RMC, afirmou ter
conversado com a técnica Patrícia para verificar a lista de pacientes que
haviam sido atendidos naquele dia a fim de que as famílias das vítimas
fossem avisadas do ocorrido; c) a enfermeira Thaís havia determinado a
lacração de todo o lixo da ressonância, em função do ocorrido e que em
momento algum houve qualquer determinação no sentido de que fosse
descartado; d) inicialmente, imaginou que o problema tivesse sido com o
contraste ou com um soro contaminado; e) relatou que as suas atividades no
local se limitavam à elaboração de laudos e que nunca teve qualquer relação
com a administração da RMC e tampouco do Centro Radiológico; f) na época
dos fatos trabalhava na empresa Diagnostique, cujos sócios eram, além de si
próprio, PATRÍCIA, Daniel, Tiago e Augusto; g) essa empresa, inclusive,
prestava serviços para outros hospitais; h) tem conhecimento de que o
perfluorocarbono vinha sendo utilizado apenas nos exames específicos,
mediante a inserção em bobina endorretal e que nada sabia sobre o seu
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3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 21
armazenamento em bolsa destinado a soros fisiológicos; i) ELAINE havia
sido preparada pela enfermeira que a antecedeu, de nome Melissa; j) sobre a
introdução da substância nas dependências da RMC, esta ocorreu entre os
anos de 2002 e 2003 e que a empresa General Eletric teria desenvolvido o
procedimento para a sua utilização juntamente com o réu ADILSON e a
equipe médica que atuava na época; k) e, por fim, não possuía então muito
contato com o corpo de enfermagem e que o seu relacionamento se limitava
aos técnicos por conta da realização de exames.
A ré ELAINE, enfermeira chefe da RMC,
interrogada a fls. 5435/5472 25º volume, relatou, por sua vez, o seguinte: a)
de fato, encontrava-se nas dependências da RMC no dia em que ocorreram os
três óbitos; b) o primeiro paciente a passar mal foi a vítima Manoel que logo
entrou em convulsão, tendo sido necessária a chamada dos médicos
residentes para imediato atendimento; b) a vítima Pedro, quase que
simultaneamente entrou em convulsão e foi levado ao pronto-socorro; c) a
última vítima fatal, Mayra, em seguida apresentou o mesmo quadro, o que
exigiu a movimentação da equipe médica; d) seu horário de trabalho era das
oito às dezessete horas e que no dia dos fatos teria entrado mais tarde e que
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então encerraria o seu turno por volta de uma hora da manhã; e) para o
exercício de suas funções como enfermeira-chefe, foi submetida a
treinamento pela enfermeira Melissa, que a antecedeu no cargo, e que até hoje
a ré trabalha no setor de ressonância magnética; f) no sábado anterior àquele
fatídico dia promoveu uma arrumação do setor, de guarda dos materiais,
tendo encontrado não só produtos vencidos como muita desorganização,
inclusive com a falta de etiquetas nas gavetas; g) nessa arrumação não
localizou em qualquer das gavetas bolsa de soro com a identificação de que o
seu conteúdo fosse o perfluorocarbono; h) caso o perfluorocarbono estivesse
em qualquer uma das bolsas, este estaria sem identificação (confira-se a fls.
5443, penúltimo parágrafo 25º volume); i) sob sua supervisão trabalhavam
na época LAURINDA, CARLOS e Bruna; j) quanto a esta última, que é a
testemunha protegida III, esclareceu que ela apenas ajudava na troca de
pacientes e que jamais a autorizou a fazer qualquer punção venosa; k) aliás,
sustentou que de acordo com as normas do COREN (Conselho Regional de
Enfermagem), a pessoa que prepara o medicamento a ser injetado na veia do
paciente deve ser a mesma a aplicá-lo; l) portanto, esclareceu ter sido
totalmente irregular o procedimento adotado por Bruna de ter preparado o
material a fim de que LAURINDA e CARLOS fizessem a punção,
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respectivamente, em Mayra e Pedro; m) nunca tinha ouvido falar da
substância perfluorocarbono, nem mesmo quanto à sua utilização na bobina
endorretal e, ainda, reforçou quanto à sua certeza no sentido de que quando
da organização efetivada no sábado anterior aos fatos, não viu no estoque
qualquer embalagem de soro fisiológico com um esparadrapo escrito
“perfluorocarbono”; n) sobre o recolhimento dos lixos da ressonância
magnética, a determinação a toda a equipe para assim executar partiu da
enfermeira Thaís e ressaltou não ter visto qualquer profissional manipulando
esse lixo ou alguém dizendo para descartar ou sumir com qualquer objeto que
tivesse sido utilizado naquele dia; o) viu o galão de perfluorocarbono apenas
alguns dias antes do cumprimento do mandado de busca e apreensão e que
uma pessoa de nome Luan teria mencionado que “deveria ser coisa do
Pelúcio”, referindo-se ao engenheiro químico Luis Carlos Pelúcio; p)
somente nessa época, a técnica da ressonância Elisa é que lhe informou
acerca da utilização daquela substância na bobina endorretal; q) PATRÍCIA
PRANDO teria, em algum momento no passado lhe informado que qualquer
questão técnica que ocorresse ou se algum médico precisasse de alguma
coisa, a corré teria de se reportar a ela; r) os réus ADILSON e JOSÉ LUIZ
estariam inserindo seus filhos na estrutura da RMC, mas não detalhou de que
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forma; s) esclarece que não só era a enfermeira chefe da RMC, mas também
do Centro Radiológico e do setor de ultrassom que funcionava no Casarão do
Café; t) depois das dezessete horas era comum não haver enfermeira chefe na
RMC e passou essas informações e a escala de trabalho ao órgão fiscalizador,
o COREN (fls. 5463, último parágrafo 25º volume); u) finalmente, em
resposta ao assistente da acusação, informou que a realidade constante da foto
de fls. 4970 24º volume não era a do dia dos fatos (fls. 5465, último
parágrafo 25º volume) e que não havia flaconetes para utilização naquele
dia, tendo aduzido que a enfermeira Melissa lhe dissera que era mais prático
utilizar bolsas e que esse procedimento era muito mais econômico (fls. 5469
25º volume).
A ré LAURINDA, interrogada a fls. 5473/5496
25º volume, relatou que: a) encontrava-se nas dependências da RMC
quando dos óbitos e que o primeiro paciente atendido foi a vítima Manoel; b)
na época dos fatos era auxiliar de enfermagem e que foi Bruna quem
preparou a seringa para que ela, LAURINDA, fizesse a punção venosa na
vítima fatal; c) tinha conhecimento de que esse procedimento era irregular e
que fez isso porque o dia estava corrido e havia falta de funcionários a
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realizar todos os procedimento de forma adequada; d) confirma ter efetuado a
punção venosa na vítima Mayra; e) tinha pleno conhecimento da existência
do perfluorocarbono nas dependências da RMC e também de seu
acondicionamento na bolsa de soro fisiológico com a identificação com uma
fita crepe, o que era uma praxe; f) tanto Manoel quanto Mayra foram
encaminhados ao pronto-socorro e que só ficou sabendo dos óbitos mais
tarde; g) não podia ficar na época com as salas paradas e que se tratava de
procedimento comum um funcionário ajudar o outro e, ainda, que era
comum uma pessoa preparar o medicamento para que o outro o aplicasse,
mesmo sabendo ser esse procedimento contrário às normas do COREN; h)
preferencialmente se utilizavam das bolsas de soro e que, somente quanto elas
terminavam é que passavam a usar os flaconetes; i) aliás, havia muito mais
bolsas de soro fisiológico do que flaconetes no estoque da RMC; j) depois das
dezessete horas era muito raro ter uma enfermeira no local e que, se ocorresse
alguma intercorrência, tinham como incumbência ligar para a enfermeira
responsável; k) reitera que toda a enfermagem tinha que trabalhar muito
rápido para que as salas não ficassem paradas, mas não há como confirmar
que os sócios-proprietários tivessem conhecimento de que o trabalho era
realizado daquela maneira.
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CARLOS AUGUSTO, interrogado a fls.
5497/5512 25º volume, relatou que: a) Bruna foi quem lhe preparou a
seringa e que foi o réu que fez a punção venosa na vítima Pedro; b) esse
procedimento era comum na RMC à época dos fatos; c) a despeito do réu ser
auxiliar de enfermagem, tinha pleno conhecimento de que esse procedimento
era irregular; d) passados quinze minutos da referida punção, tomou
conhecimento de que as vítimas Manoel e Pedro teriam passado mal; e) tinha
conhecimento da existência do perfluorocarbono nas dependências da RMC e
que a Cida, outra auxiliar de enfermagem, chegou a lhe mostrar em algum
momento do passado uma bolsa, identificada com uma fita, em cujo interior
havia a substância perfluorocarbono; f) a referida bolsa era idêntica a uma
bolsa de soro fisiológico e não sabe dizer se Bruna ou LAURINDA tinham
conhecimento disso; g) e, por fim, que era costume ELAINE ficar na RMC
até as 17/18 horas e que depois desse horário ficavam sem enfermeira no
local.
Vejamos, em seguida, os depoimentos
prestados pelas testemunhas ouvidas nos autos.
Melissa, a enfermeira que antecedeu a
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enfermeira ELAINE, ouvida a fls. 4209/4226 21º volume, depôs no
seguinte sentido: a) após as dezessete horas a supervisão aos auxiliares e
técnicos de enfermagem era feita à distância; b) tinha conhecimento da
existência do perfluorocarbono no local e que o produto ficava acondicionado
em um baldinho branco leitoso; c) por ocasião de sua utilização, o material
era retirado do galão com uma seringa e recolocado no balde através do
mesmo procedimento; d) nunca soube que a substância tenha sido colocada
em uma bolsa de soro fisiológico; e) todos que trabalhavam no local,
inclusive ELAINE, CARLOS e LAURINDA também tinham conhecimento
da existência dessa substância, mas não de sua letalidade; f) a corré ELAINE,
de fato, a substituiu nas funções de enfermeira-chefe na RMC, embora o
resultado da avaliação técnica interna dela, realizada naquele período, tenha
sido no sentido de que era “tecnicamente insuficiente”; g) embora tenha se
comprometido a treiná-la adequadamente para que pudesse assumir a suas
funções na RMC, isso não foi possível e a testemunha deixou a empresa sem
que tivesse chance de capacitar ELAINE; h) na época em que trabalhou na
RMC, observou que eram utilizadas bolsas de soro e também flaconetes com
o mesmo produto e que vigorava internamente o “Procedimento Operacional
Padrão” (POP), que regulava os procedimentos técnicos a serem adotados
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pelos enfermeiros.
A testemunha protegida I (Benedita
Aparecida), ouvida a fls. 4227/4244 21º volume, relatou que: a) no dia dos
fatos estava de férias e que tomou conhecimento do ocorrido pela mídia; b)
na delegacia de polícia prestou esclarecimentos acerca da existência e uso da
substância perfluorocarbono e de que as bolsas que continham essa
substância eram identificadas com um esparadrapo escrito perfluorocarbono;
c) a bolsa utilizada para armazenar o perfluorocarbono era idêntica àquela
utilizada para o armazenamento do soro fisiológico; d) estas bolsas e o
perfluorocarbono eram comumente reutilizados; e) as bolsas, tanto a de soro
fisiológico quanto a de perfluorocarbono eram armazenadas em uma gaveta
que não tinha chave e que todas as enfermeiras, técnicos e auxiliares tinham
acesso a ela; f) foi o réu ADILSON quem determinou que a bolsa de soro
fisiológico fosse utilizada para colocar a substância perfluorocarbono; g) Dr.
ADILSON era o médico que mais se utilizava da substância para realizar o
exame de próstata; h) nenhum funcionário tinha conhecimento da letalidade
do produto ou que se tratava de produto de uso industrial; i) todos os
auxiliares de enfermagem estavam autorizados a preencher as bolsas de soro
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fisiológico com o perfluorocarbono (vide fls. 4240). Novamente ouvida, a
pedido do Ministério Público, como testemunha do juízo, a fls. 5296/5340
25º volume, em seu segundo depoimento, acrescentou que: j) os réus
PATRÍCIA e MARCOS se limitavam a elaborar os laudos de exames
realizados na RMC e que era comum até a data dos fatos, após as 17 horas,
não haver enfermeira no local para acompanhar os exames em pacientes e,
ainda, que somente depois da tragédia é que passaram a exigir a presença de
dois enfermeiros no local até a realização do último exame; k) não soube
esclarecer a quantidade de bolsas de perfluorocarbono que eram armazenadas
no local; l) a bolsa de perfluorocarbono era sempre identificada e que se a
identificação tivesse sido feita com esparadrapo não saía, mas se tivesse sido
feita com qualquer outra etiqueta, poderia cair; m) por fim, ao ser perguntada,
afirmou que quem “mandava na ressonância” eram os quatro médicos réus.
A testemunha protegida III (Bruna), ouvida a
fls. 4245/4260 21º volume, afirmou que: a) trabalhou como auxiliar de
enfermagem na RMC e que estava no local quando da ocorrência dos óbitos;
b) ninguém a avisou a respeito da existência da substância perfluorocarbono e
que eram os auxiliares de enfermagem CARLOS e LAURINDA que
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costumavam instruí-la em seu trabalho, embora a sua superior hierárquica
fosse a enfermeira ELAINE; c) não fez a punção na veia das três vítimas
fatais, mas que apenas preparou as substâncias que foram injetadas; d) a bolsa
que usou estava escrito “soro fisiológico” e que, portanto, não havia qualquer
indicação de que poderia haver qualquer outro produto no interior da
embalagem; e) as seringas utilizadas na ocasião devem ter sido descartadas
por outros funcionários; f) ELAINE chegou a lhe comentar, após os
acontecimentos trágicos, que os médicos teriam desconfiado de que a causa
das mortes seria o perfluorocarbono, o que aconteceu antes do cumprimento
do mandado de busca e apreensão dessa substância; g) era comum, no serviço
da ressonância magnética, que um auxiliar de enfermagem preparasse as
injeções para os demais se utilizarem delas; h) a testemunha não tinha
autorização da enfermeira ELAINE para fazer o preparo dos medicamentos
para que os outros auxiliares fizessem a punção, mas esclareceu que naquele
dia LAURINDA e CARLOS lhe pediram que preparasse as seringas e que
assim cumpriu o relatado rito; i) sempre que estava com LAURINDA e
CARLOS, eles a orientavam a respeito do local em que ficava cada material,
mas que no dia dos fatos o soro tinha acabado e que, por esse motivo, acabou
pegando uma nova bolsa de soro fisiológico; j) seus colegas não viram
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quando a testemunha pegou a bolsa; k) não se lembra de ter visto qualquer
flaconete de soro fisiológico.
A enfermeira Thaís, fls. 4261/4274 21º
volume, relatou que: a) na ocasião dos fatos foi chamada para comparecer no
local por volta das vinte horas, uma vez que haviam ocorrido os óbitos; b)
conversou com a ré PATRÍCIA, que lhe informou que havia ocorrido um
problema na ressonância e que a primeira preocupação que tiveram foi a de
entrar em contato com todos os pacientes e familiares que haviam sido
atendidos naquele dia; c) preocupou-se, juntamente com a ré PATRÍCIA, em
providenciar todo o recolhimento do lixo da ressonância magnética, a fim de
que houvesse depois a inspeção da vigilância sanitária; d) e não sabe informar
o motivo pelo qual não foram encontradas as seringas utilizadas nas vítimas e
desconhecia, até então, a existência da substância perfluorocarbono no local.
As testemunhas Rafael e Eduardo, ouvidas a
fls. 4275/4379 e 4456/4461 21º volume, apenas confirmaram o teor do
laudo já apresentado ao juízo, no sentido de que a morte das vítimas se deu
em consequência de embolia gasosa provocada pela introdução intravascular
do perfluorocarbono.
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A testemunha Maria José, fls. 4401/4410 21º
volume, auxiliar de limpeza, também afirmou que naquela ocasião fora
chamada pela enfermeira ELAINE para fazer o recolhimento dos lixos
existentes nos conteineres da área externa e que fora auxiliada por
LAURINDA.
A representante do COREN - Conselho
Regional de Enfermagem, ouvida em juízo a fls. 4411/4420 21º volume,
relatou que pela legislação em vigor, tanto o auxiliar quanto o técnico de
enfermagem precisam estar sempre sob a supervisão de um enfermeiro e que
é vedado o procedimento de supervisão à distância. Também deixou claro
que existe a obrigação profissional, de acordo com atos normativos expedidos
pelo COREN, no sentido de que o profissional que prepara a medicação há de
ser aquele que deve administrá-la.
A médica aperfeiçoanda, Carla, ouvida a fls.
4424/4434 21º volume, também esclareceu que foi chamada para atender as
vítimas no dia dos fatos justamente porque estava de plantão na radiologia.
Asseverou que todas as manobras de ressuscitação foram feitas, mas que não
houve qualquer resposta por parte das vítimas.
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O diretor presidente do Hospital Vera Cruz, Dr.
Gustavo Sérgio, também foi ouvido a fls. 4435/4447 21º volume, e relatou
que: a) no dia dos fatos esteve no local e que a orientação expedida foi no
sentido de se preservar todo o ambiente para que os órgãos competentes
pudessem avaliar as causas dos óbitos, como já era esperado num ambiente
de ressonância; b) teve a iniciativa de chamar a polícia civil e, ademais,
esclareceu que não tinha conhecimento da existência da substância
perfluorocarbono dentro do ambiente da RMC que funcionava nas
dependências do Hospital Vera Cruz; c) chegou a conversar sobre o ocorrido
com o réu ADILSON, que lhe confirmou que a substância era utilizada há
vários anos para que se possibilitasse uma melhor qualidade de imagem nos
exames de próstata e de partes moles dos pacientes; d) e tomou conhecimento
por intermédio do réu ADILSON que essa substância era armazenada em um
frasquinho que era de soro que era identificado e guardado em local separado
dos soros que eram infundidos normalmente nos pacientes para exames e,
ainda, que seria identificado com uma fita adesiva, um esparadrapo, com o
nome e guardado em local separado (vide fls. 4441).
O Dr. Vitório Verri, que compõe a diretoria do
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Hospital Vera Cruz, afirmou por sua vez, a fls. 4448/4455 21º volume, que:
a) não tinha conhecimento da existência da substância perfluorocarbono no
ambiente da ressonância magnética; b) e que chegou a conversar com o réu
ADILSON após ter ocorrido a apreensão do produto e que ele mesmo falou
que era improvável que o perfluorocarbono fosse o causador dos óbitos
porque a substância estava acomodada fora da área de trabalho e devidamente
identificada.
A testemunha Daniel Martins, ouvida a fls.
4755/4766 23º volume, apenas se limitou a informar possuir uma sociedade
com os réus PATRÍCIA e MARCOS, chamada Diagnostique que presta
serviços para diversos hospitais, dentre eles a RMC, que se encontra instalada
nas dependências do Hospital Vera Cruz. E nesse mesmo sentido foi o
depoimento da testemunha Thiago, ouvida a fls. 4767/4776 do mesmo
volume.
O médico Nelson Caserta, ouvido a fls.
4777/4783 23º volume, apenas informou este Juízo que tem conhecimento
do uso da substância perfluorocarbono nos exames de imagem radiológica
por intermédio da literatura.
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O médico Augusto Amatto Filho, ouvido a fls.
4784/4797 23º volume, relatou apenas que no dia dos fatos foi até o local e
que a orientação foi no sentido de se preservar tudo o que havia sido utilizado
e que estavam no local a enfermeira ELAINE e os auxiliares de enfermagem.
A testemunha Luiz Carlos Pellucio, ouvido a
fls. 4798/4803 23º volume, informou possuir a empresa Metron que presta
serviço de manutenção aos aparelhos da RCC. Afirmou, ainda, que foi ele
quem guardou o perfluorocarbono no local em que foi encontrado, em uma
sala anexa à sala de comando da Ressonância Magnética III. Ademais,
afirmou ter visto uma bolsa de soro fisiológico que tinha um esparadrapo
grudado escrito “perfluoro” e que esse procedimento teria se iniciado em
2006/2007.
A testemunha Maria Amélia, ouvida a fls.
4804/4808, trabalhava como coordenadora administrativa da Ressonância
Magnética. Afirmou que não teve conhecimento de oposição por parte da
enfermeira Melissa sobre a contratação de ELAINE e que, pelo seu
conhecimento, esta última havia sido aprovada para trabalhar como
enfermeira-chefe.
A testemunha Patrícia Furquim Carduro,
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técnica em ressonância magnética, ouvida a fls. 4809/4821, relatou trabalhar
na RMC desde o ano de 1997 e depôs no seguinte sentido: a) confirmou a
utilização do perfluorocarbono, para a utilização de exames de próstata, na
bobina endorretal e que, em alguns exames específicos, havia a utilização de
uma bolsinha tais como exames de extremidades e bolsa escrotal; b) a
substância perfluorocarbono foi introduzida no hospital pelo Dr. ADILSON e
que a médica responsável por acompanhar os exames da ressonância no dia
era a Dra. Carla; c) quando a primeira vítima passou mal, esta médica estava
na sala de comando da ressonância - no entanto, a esse respeito, cumpre
observar, como bem colocado pelo Ministério Público, que a própria Doutora
Carla estava tomando um lanche quando foi avisada de que o paciente
Manoel estava passando mal, tendo então a profissional médica se dirigido
até o local dos fatos, quando se encontrou com a enfermeira ELAINE que já
estava prestando os primeiros socorros à vitima.
A testemunha Fabiana Delai, ouvida a fls.
4823/4825 23º volume, relatou que: a) no sábado que antecedeu os fatos
participou do atendimento na recepção na ressonância magnética, enquanto a
enfermeira ELAINE fazia a arrumação no setor da enfermaria; b) ELAINE
chegou a encontrar o galão com o perfluorocarbono naquela data e que teria
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perguntado a ela do que se tratava, ao que disse que nunca havia visto esse
galão.
A testemunha Luan, ouvido a fls. 4826/4829
23º volume, disse que também participou da reorganização coordenada pela
enfermeira ELAINE.
O enfermeiro Sandro relatou apenas ter
trabalhado com ELAINE pelo período aproximado de um ano e meio e que
nunca houve qualquer problema dessa natureza (fls. 4830/4831 23º
volume).
A testemunha Maria Magda (fls. 4203 21º
volume) informou ter trabalhado com a enfermeira ELAINE por três anos,
período em que ela teria demonstrado ter qualidade técnica no exercício de
suas funções. No mesmo sentido foi o depoimento da testemunha Adeline
Brás (fls. 4853/4854 23º volume).
3. Quanto à autoria da prática dos
homicídios culposos pelos médicos ADILSON e JOSÉ LUIZ.
É sabido que os exames de ressonância
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS1ª VARA CRIMINALAv.Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, sala 40 - bloco D - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: 019- 3756.3720 - E-mail: [email protected]
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magnética são realizados mediante protocolos específicos para a suspeita
diagnóstica para cada segmento corporal a ser examinado, e que esses
exames podem ser executados por qualquer profissional da área de saúde com
treinamento adequado, em especial biomédicos e técnicos de radiologia,
desde que haja ao menos a supervisão, nos termos da Resolução CFM nº
2.007/13 que determina, em seu artigo 1º, que o médico com cargo de diretor
técnico ou de supervisão, coordenação, chefia ou responsabilidade médica
por serviço de radiologia e diagnóstico por imagem seja ocupado por
portador de registro de especialista, inscrito no Conselho Regional de
Medicina (CRM) de seu Estado nesta área.
Entretanto, na hipótese dos autos, não se está a
analisar o exercício da atividade médica desses réus, muito menos na
apuração da responsabilidade penal pela execução dos exames, mas as
condutas descritas na denúncia hão de ser analisadas pela condição dos réus
de administradores dessa empresa prestadora de serviços na área da saúde,
pelo comportamento de cada um deles com o objetivo de verificar se
descumpriram seus respectivos deveres de cuidado, de forma culposa, e se as
suas ações e omissões deram causa à morte involuntária das três vítimas,
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pessoas jovens e que estavam nas dependências da RMC apenas para
realizarem esses exames.
Após detida análise das provas produzidas nos
autos, restou evidente que efetivamente foi o réu ADILSON quem introduziu
na RMC a substância perfluorocarbono nessa unidade, com a anuência e
participação de seu sócio, o corréu JOSÉ LUIZ. Passaram, pois, a fazer uso
dessa substância em exames radiológicos, em ressonância magnética de
próstata e também de partes moles de seus pacientes.
Tinham pleno conhecimento, pela própria
natureza de suas funções e de suas carreiras como administradores da
empresa prestadora de serviços que esse produto (FC 770), de finalidade
industrial e não medicamentosa, deveria ser guardado em local adequado de
modo a evitar a sua utilização indevida. Aliás, como médicos não tinham
apenas a obrigação de assim agir, mas de impedir esse resultado trágico cuja
materialidade restou demonstrada pelos laudos de fls. 2743/2746; 2747/2749
e 2750/2752, que aliados à análise toxicológica efetivada pela UNICAMP,
acabaram por determinar que as três vítimas faleceram em consequência da
embolia gasosa provocada pela introdução intravascular do composto
perfluorocarbono que, conforme informações prestadas pela própria
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fabricante do produto (3M) à ANVISA, denominado no mercado de
FLUORINERT, cuida-se de substância para uso industrial tão somente (fls.
1276 do 7º volume) e que por isso jamais poderia ter sido injetado em
pessoas.
A confirmar as suas responsabilidades penais,
são de extrema relevância alguns dos testemunhos colhidos. Vejamos.
O atual diretor presidente do Hospital Vera
Cruz, Dr. Gustavo Sérgio, atestou com clareza que ele chegou a conversar
com o réu ADILSON sobre os motivos da tragédia e que este lhe teria
confirmado que a RMC vinha utilizando a substância causadora dos óbitos há
vários anos nos exames para realce da próstata e de partes moles. Também
afirmou que foi o réu ADILSON que lhe informou que o produto industrial
era armazenado em frascos que eram utilizados para o armazenamento de
soros, que por sua vez eram devidamente identificados com a fita adesiva,
contendo o nome do produto e que eram eles guardados em local separado
(vide fls. 4435/4447 do 21º volume).
Não bastasse isso, restou comprovado nos
autos, como se extrai dos interrogatórios de LAURINDA e CARLOS, bem
como do detalhado depoimento da testemunha protegida I (Benedita
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Aparecida) que, por própria determinação do réu ADILSON, o
perfluorocarbono era armazenado em embalagens de soro, identificadas e
utilizadas para a realização de exames (cf. fls. 4227/4244 do 21º volume), o
que confirma tudo o quanto o réu ADILSON havia confidenciado ao Dr.
Gustavo Sérgio.
Veja-se que o corréu JOSE LUIZ também tinha
efetivo conhecimento do armazenamento das bolsas utilizadas que eram de
soro fisiológico cujo conteúdo era substituído, comumente, pelo
perfluorocarbono, procedimento comum como relatado inclusive por
LAURINDA e CARLOS AUGUSTO.
Ressalte-se, ainda, que também ficou
demonstrado que não se rompia o lacre para a troca do produto pois, tanto a
retirada do soro como a introdução do produto perfluorocarbono vinha sendo
realizada por intermédio de seringas, o que não deixava vestígios de violação
da bolsa.
Desse modo, o ingresso e permanência no
ambiente hospitalar do perfluorocarbono, determinado pelo réu ADILSON
com a anuência do corréu JOSÉ LUIZ, aliado à ausência de quaisquer
esclarecimentos aos enfermeiros e auxiliares de enfermagem acerca de sua
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letalidade (fato que foi confirmado por todos profissionais que trabalhavam
no local), controle sobre o seu armazenamento, guarda, utilização e
manuseio, além de permitir a indevida utilização de bolsas de soro fisiológico
reutilizadas, sem qualquer identificação, observando-se que ainda que
houvesse o esparadrapo com os dizeres “perfluoro”, tudo está a comprovar o
preenchimento dos elementos objetivo e subjetivo do tipo previsto no art.
121, § 3º, do Código Penal.
Rememoro, para que fique bem claro, que o
perito criminal Nelson Roberto Patrocínio da Silva atestou que esse
procedimento constitui-se em conduta imprudente e insegura, tendo em vista
que o perfluorocarbono (FLUORINERT) se assemelha visualmente ao soro
fisiológico (fls. 1333 7º volume).
Aliás, estão preenchidos todos os elementos do
homicídio culposo como tem exigido modernamente a doutrina penal, quais
sejam: o comportamento positivo dos réus ao introduzir sem as devidas
precauções quanto ao armazenamento e manuseio do perfluorocarbono
(FC-770); o comportamento omissivo em não fiscalizar quanto à guarda e uso
desse componente e tampouco capacitar seus funcionários nessas ações;
descumprir com o seu dever de cuidado manifestado pela negligência e
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imprudência ao permitir o armazenamento desse perigoso produto em bolsas
utilizadas para o armazenamento de soros fisiológicos com ou sem a
colocação da tarja de identificação em gaveta onde ficavam armazenados
esses soros; e porque evidente era a previsibilidade objetiva de uma tragédia,
porquanto restou comprovado nos autos que por se tratar de um produto de
uso industrial e não-medicamentoso, não poderia este ter sido guardado senão
em galão e e em local separado dos próprios medicamentos e de utilização de
produtos de introdução intravascular (cf. DELMANTO, Celso et. al. Código
Penal Comentado. São Paulo: Saraiva, 2013).
Anoto que a imputação mencionada na
denúncia, de fato, foi correta na medida em que, em relação aos atos
praticados pelos referidos réus omissivos e comissivos o resultado morte
foi involuntário.
As graves irregularidades encontradas no
estabelecimento foram bem detalhadas no relatório técnico elaborado pela
vigilância sanitária a fls. 3259/3289 16º volume, no sentido de que a
administração permitia: a) a presença e a utilização de produto para uso
industrial sem registro na ANVISA; b) o reaproveitamento indevido de
embalagem de medicamento (soro fisiológico); c) não só a permanência de
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produto cuja administração endovenosa é letal, mas que este fosse
armazenado em embalagem de medicamento para uso endovenoso sem
identificação; d) e, por fim, que funcionário sem treinamento suficiente e
adequado e sem supervisão executasse procedimentos no serviço sem que
tivesse essa competência.
4. Quanto à autoria da prática dos
homicídios culposos pelas rés ELAINE, LAURINDA e pelo réu CARLOS
AUGUSTO.
Muito embora tenha restado incontroverso que
toda a equipe de enfermagem estava no local dos fatos no dia dos óbitos,
segundo se extrai da prova oral colhida, em datas anteriores, isso não ocorria
porque a enfermeira saía por volta das 17 horas, enquanto muitos exames
eram realizados até às 21/21:30 horas.
No dia dos fatos, por certo que houve falha na
supervisão da enfermagem por parte da enfermeira ELAINE, uma vez que a
testemunha protegida III não poderia jamais ter ajudado os réus LAURINDA
e CARLOS, preparando o material que acabou por ser utilizado na venóclise
dos pacientes. Isso porque, esse procedimento contrariava as normativas
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editadas pelo COREN.
Quando a ré, que era a enfermeira-chefe, diante
de sua absoluta ausência de supervisão, viabilizou que a auxiliar de
enfermagem preparasse as seringas com o produto fatal, e ao mesmo tempo
também que os réus acima referidos fizessem a introdução intravascular do
composto FC-770, causando a consequente embolia gasosa e os consequentes
óbitos, restou evidentemente caracterizada a falta ao dever objetivo de
cuidado, consistente na negligência.
Anoto, ainda, que as regras fixadas pelo
Conselho Regional de Enfermagem COREN determinam que o auxiliar de
enfermagem só pode exercer suas atividades sob supervisão de enfermeiro
confira-se a fls. 770 dos atos normativos juntados a fls. 758/813 do 4º
volume.
Ainda com relação à enfermeira ELAINE, a
sua formação técnica se encontra documentalmente comprovada nos autos.
Não bastasse isso, os depoimentos das testemunhas Maria Magda, Sandro,
Maria Amélia e da própria médica aperfeiçoanda, Doutora Carla,
confirmaram que tinha ela plena capacidade técnica, o que atesta que ela
tinha conhecimento de todas as suas obrigações, inclusive aquelas fixadas
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pelo “Protocolo Operacional Padrão” (POP) (fls. 404/461 3º volume) e pelo
COREN (fls. 758/813 4º volume). Cumpre observar, aliás, o teor de fls.
5240 25º volume, a este respeito. Portanto, tinha ela o pleno dever de
cumprir com as suas obrigações, inclusive de supervisionar os seus
comandados, o que evidentemente não fez a contento.
Com relação aos réus LAURINDA e
CARLOS, restou evidente a culpa com que agiram, uma vez que tinham
conhecimento da existência do perfluorocarbono nas bolsas e não
comunicaram esse fato à recém contratada Bruna e, pior, em absoluto
descumprimento profissional das normativas fixadas pelo COREN, de forma
imprudente e imperita, aceitaram e permitiram que Bruna os auxiliassem no
preparo da punção dos pacientes. Aliás, a representante do COREN
confirmou perante este Juízo que há obrigação profissional no sentido de que
o profissional que prepara a medicação há de ser aquele que deve administrá-
la no paciente (fls. 4416/4417 21º volume).
A legitimidade e correção da normativa então
em vigor possui fundamentos não só doutrinários como também técnicos.
O fato é que hodiernamente as equipes de
enfermagem acabaram por assumir as responsabilidades não só pelo preparo,
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mas também pela administração de medicamentos e até de soros, como se deu
no presente caso concreto, nas unidades de saúde e, mais especificamente, de
exames. Por sua vez, o avanço tecnológico, bem como o aumento e a
diversificação dos serviços nestas unidades acabaram por gerar
procedimentos mais complexos a exigir maior cuidado em suas etapas, a
saber: prescrição, distribuição, preparo e administração de medicamentos.
Não é por outra razão que a doutrina e os
profissionais técnicos, dentre os agentes reguladores perceberam a
necessidade de revisão dos processos de trabalho da equipe de enfermagem.
A doutrina especializada percebeu, ainda, que o enfermeiro, líder da equipe
de enfermagem, que recebe em sua formação conhecimentos farmacológicos
para conduzir essa prática de modo seguro deve atualizar seus conhecimentos
relacionados às práticas seguras da assistência medicamentosa, bem como
conhecer as diretrizes estabelecidas nas RDC específicas da ANVISA, a fim
de difundir os conhecimentos e capacitar sua equipe a fim de garantir uma
assistência de enfermagem segura, livre de danos decorrentes de imperícia,
imprudência ou negligência (POTTER, P.A., PERRY, A.G. Fundamentos de
Enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005; e SILVA, D.O. et al. Preparo e
administração de medicamentos: análise de questionamentos e informações
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da equipe de enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem,
Ribeirão Preto, v.15, n.5, 2007).
Aliás, a literatura especializada deixa claro que
a utilização de dose unitária, devidamente identificada, reduz o número de
eventos adversos relacionados à medicamentos, pois nesse sistema, o
medicamento chega até a enfermagem pronto para a administração, não
necessitando, por exemplo, de fracionamentos ou diluição (MAIA NETO,
J.F. Farmácia hospitalar: um enfoque sistêmico. Brasília: Thesaurus, 1990).
Entre as principais estratégias que podem ser
aplicadas para garantir a segurança do paciente na prática medicamentosa,
está aquela conhecida como regra dos “nove certos”: 1 usuário certo; 2
dose certa; 3 medicamento certo; 4 hora certa; 5 via certa; 6 anotação
certa; 7 orientação ao paciente; 8 compatibilidade medicamentosa; 9 o
direito do paciente em recusar a medicação (TEIXEIRA, T.C.A.; CASSIANI,
S.H.B. Análise de cauda raiz: avaliação de erros de medicação em um
hospital universitário. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 44, n. 1,
p. 139 146, 2010).
Outro aspecto a ser considerado na atualidade é
o conhecimento acerca da RDC nº 67 de 2007 da ANVISA, que dispõe sobre
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boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso
humano em farmácias, estabelecendo que os procedimentos que integram as
atividades desenvolvidas em farmácia hospitalar, sejam eles, fracionamento,
preparação ou dispensação de medicamentos, deverão ser efetuados sob a
supervisão e responsabilidade de profissional farmacêutico habilitado.
Anoto, ainda, que o RDC n.º 45 da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, de 12 de março de 2003, que
dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização das
Soluções Parenterais (SP) em Serviços de Saúde estabelece que: “2.1.3. Todo
profissional envolvido deve conhecer os princípios básicos de preparo e
administração das SP. 2.1.4. O profissional envolvido no preparo e
administração das SP deve receber treinamento inicial e continuado,
garantindo a sua capacitação e atualização. (...) 3.1.1. A responsabilidade pelo
preparo das SP pode ser uma atividade individual ou conjunta do enfermeiro
e do farmacêutico. 3.2.1. Os serviços de saúde devem possuir uma estrutura
organizacional e de pessoal suficiente e competente para garantir a qualidade
na administração das SP, seguindo orientações estabelecidas neste
Regulamento. 3.2.2. O enfermeiro é o responsável pela administração das SP
e prescrição dos cuidados de enfermagem em âmbito hospitalar, ambulatorial
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e domiciliar. 3.2.3. A equipe de enfermagem envolvida na administração da
SP é formada pelo enfermeiro, técnico e ou auxiliar de enfermagem, tendo
cada profissional suas atribuições específicas em conformidade com a
legislação vigente”.
Não foi por outro motivo que após a tragédia, a
vigilância sanitária elaborou relatório técnico (fls. 3259/3289 do 16º volume)
e determinou aos administradores que a empresa RMC contratasse um
farmacêutico.
Não se olvide, ainda, as regras que se
subsumem ao caso concreto e que elucidam a violação aos deveres
profissionais desses réus. O Decreto lei nº 94.406 de 1987, que regulamenta a
Lei nº 7.498, que por sua vez dispõe sobre o exercício profissional da
enfermagem, estipula as incumbências do enfermeiro, destacando entre
outras: “Art. 12. (Responsabilidades e Deveres) Assegurar à pessoa, família e
coletividade assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de
imperícia, negligência ou imprudência. Art. 30. (Proibições) Administrar
medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da
possibilidade de riscos. Art. 32. (Proibições) Executar prescrições de
qualquer natureza, que comprometam a segurança da pessoa.”
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Por fim, muito esclarecedor é o Parecer técnico
nº 33/2014 do COREN-BA, no sentido de que: “Diante dos conteúdos
definidos pela literatura especializada e legislação vigente, e considerando
que a implantação de sistemas de distribuição de medicamentos por dose
unitária é uma realidade cada vez mais presente nas unidades de saúde,
entendemos que os profissionais de enfermagem poderão administrar em seus
pacientes / clientes as doses preparadas nos serviços de farmácia hospitalar,
sob a responsabilidade do farmacêutico, conforme prescrição médica
existente e após a inspeção do produto (identificação, integridade da
embalagem, coloração, presença de corpos estranhos e prazo de validade).
Quanto à administração de uma medicação (preparado/diluído) por outro
profissional da mesma categoria, alertamos não ser uma pratica recomendada,
pois aumenta as possibilidades de ocorrência de eventos adversos”. E,
prossegue o trabalho técnico prevendo situação excepcional que não restou
ocorrida na espécie, ao salientar que somente “em situações excepcionais, a
mesma poderá ocorrer apenas após a certificação de que no recipiente em
questão encontra-se uma etiqueta de identificação contendo o nome do
paciente, dosagem, princípio ativo e solução utilizada para a diluição do
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medicamento, horário e a identificação do profissional (...); deve também,
antes da administração, checar a integridade da embalagem, a coloração da
droga, a presença de corpos estranhos e o prazo de validade do medicamento,
antes e após a reconstituição (conforme RDC n.º45/03 ANVISA).”
Não obstante tenha ocorrido a discussão nos
autos acerca da disponibilidade ou não dos flaconetes nas dependências da
RMC e que o correto teria sido a utilização deles e não do soro fisiológico
que estaria armazenado em bolsas, o fato é que ficou evidenciado nos autos
que havia uma prioridade na utilização delas antes de se passar ao uso dos
flaconetes, situação que possibilitou, aliado às práticas já descritas dos réus
JOSÉ LUIZ, ADILSON, e de ELAINE ROSA, que o produto FC-770 viesse
a ser manuseado pela inexperiente auxiliar de enfermagem que, lembre-se, até
duas semanas que antecederam o fatídico dia, era digitadora e não tinha
qualquer experiência no exercício de seu novo mister.
Dessa forma, diante da dinâmica dos fatos,
entendo que restou comprovada a relação de causalidade entre a conduta das
rés ELAINE, LAURINDA e do réu CARLOS AUGUSTO no involuntário e
infeliz evento morte, por três vezes.
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5. Quanto à autoria da prática dos
homicídios culposos pelos réus PATRÍCIA e MARCOS.
No entanto, no entender desta magistrada, não
restou configurada a responsabilidade dos corréus PATRÍCIA PRANDO
CARDIA e MARCOS MARINS.
Com relação a MARCOS, relembre-se que o
próprio Ministério Público requereu, a fls. 5557 - 26º volume, a sua
absolvição.
Restou comprovado nos autos que ele não se
encontrava no local quando dos fatos, não se tendo como imputar eventual
culpa com relação às mortes dos três pacientes.
Também ficou evidente, pelas provas dos
autos, que tanto ele quanto a ré PATRÍCIA eram sócios, junto a demais
médicos, da empresa prestadora de serviços denominada Diagnostique e que,
portanto, apenas laudavam os exames.
PATRÍCIA também esclareceu, por ocasião de
seu interrogatório, que não assessorava o seu pai na área administrativa e que
somente prestava serviços no local porque era responsável pelo curso de
aperfeiçoamento em radiologia.
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Portanto, pela absoluta ausência de provas
contundentes a permitir a condenação dos requeridos, mostra-se de rigor a
absolvição desses réus, que não introduziram o produto no estabelecimento e
tampouco se comprovou o nexo de causalidade entre as funções que exerciam
no local e o resultado morte de cada uma das vítimas.
6. Quanto às teses da Defesa sobre a
ocorrência do crime continuado.
Não merece acolhida a tese subsidiária da
Defesa no sentido da ocorrência do crime continuado.
Há de se registrar que o Supremo Tribunal
Federal, pelo enunciado de sua Súmula nº 605, afasta a aplicação da
continuidade delitiva aos crimes de homicídio, a saber: “Não se admite
continuidade delitiva nos crimes contra a vida”.
Não obstante o parágrafo único do artigo 71 do
Código Penal tenha sido acrescentado ao nosso ordenamento jurídico pela
reforma penal de 1984, portanto, em data posterior à edição dessa Súmula, o
fato é que este parágrafo único apenas se refere a crimes dolosos, e não, aos
culposos. Nesse ponto há que se frisar que a Súmula da Suprema Corte foi
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editada com o objetivo de evitar injustiças, principalmente quando se trata de
um delito gravíssimo que é o homicídio. A alteração legislativa decorreu de
uma ação majoritária por aquilo que se considerou como uma opção
contramajoritária.
Entretanto, o referido parágrafo único deixou
bem claro que a restrição ao quanto fixado pela Súmula da Suprema Corte se
subscreve aos “crimes dolosos”. A natureza restritiva da reforma legislativa
foi até acentuada em acórdão do Supremo Tribunal Federal, a saber: "Com a
reforma do Código Penal de 1984, ficou suplantada a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal predominante até então, segundo a qual 'não se
admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida' - Verbete nº 605 da
Súmula. A regra normativa do § 2º do artigo 58 do Código Penal veio a ser
aditada por referência expressa aos crimes dolosos, alterando-se a
numeração do artigo e inserindo-se parágrafo - artigo 71 e parágrafo único do
citado Código." (HC 77786, Relator Ministro Marco Aurélio, Segunda
Turma, julgamento em 27.10.1998, DJ de 2.2.2001 negrito nosso).
No caso dos homicídios culposos, a solução
interpretativa que ora se adota não é ilegal ou ilegítima. Pelo contrário, se
mostra justa, adequada, razoável e proporcional à gravidade inclusive deste
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caso concreto.
Aliás, a jurisprudência da própria Suprema
Corte, apesar de admitir que no caso de homicídio doloso há de prevalecer a
nova regra sobre o entendimento até então consolidado da Corte, não acabou
por admitir a absoluta extirpação da Súmula, como se vê da seguinte decisão,
a saber: “a partir dessa alteração, surgiu então a necessidade de interpretar-se
de forma minudente a norma que assegura a aplicação da continuidade
delitiva, para verificar-se no caso concreto a eventual presença dos seus
requisitos objetivos e subjetivos. Nesse tema de dogmática penal, de
interpretação de lei, e que não pode ser confundida com a prevalência de
determinada teoria (objetiva, subjetiva ou mista), criou-se campo propício às
perplexidades decorrentes da superação da posição contida na súmula 605,
mas que a essas perplexidades a própria lei propôs-se a minimizar pela
disposição contida no parágrafo único do art. 71 do CP: (...)". (HC 89786,
Relator Ministro Joaquim Barbosa, Segunda Turma, julgamento em
27.3.2007, DJe de 8.6.2007).
7. Quanto à subsunção para a espécie do § 4º
do art. 121 do Código Penal.
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Finalmente, há que se observar que a denúncia
imputa aos réus a causa de aumento de pena prevista no artigo 121, §4º do
Código Penal. Entretanto, na espécie fica evidente que a sua aplicação
importará em bis in idem.
Com efeito, a inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, trata-se de uma desacertada causa de aumento de
pena prevista para o homicídio, pois esta se confunde de forma nítida com a
imperícia, e até mesmo com algumas formas de imprudência e negligência.
Tem-se que a causa especial de aumento
prevista no artigo 121, §4º do Código Penal figura no campo da culpabilidade
e, assim, para que se revele a sua incidência, esta deve estar fundada em outra
nuance ou fato diferente daquele que compõe o próprio tipo culposo,
rendendo ensejo a uma maior reprovabilidade na conduta do profissional que
atua de modo displicente no exercício de seu mister.
Nessa esteira veja-se o escólio de Guilherme de
Souza Nucci, em seu Código Penal Comentado, 14ª edição, p. 675/677,
quando sustenta doutrinariamente que: “[o] simples fato de não se cumprir
regra técnica de profissão, arte ou ofício não deve levar a uma presunção
de culpa como, aliás, é a posição majoritária atualmente -, de modo que
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também não deve servir para aumentar a pena. Tanto é realidade ser
esta agravação um estorvo que há muitas decisões que não a aplicam
(neste prisma, ver as decisões coletadas por Alberto Silva Franco e
outros, Código Penal e sua interpretação jurisprudencial, p. 1613), além
de não ter sido novamente prevista no atual Código de Trânsito
Brasileiro, bem como ter sido extirpada do anteprojeto de Código Penal,
que está em estudos atualmente (Portaria 232/98 do Ministério da Justiça
publicada no Diário Oficial do Estado, seção I, p. 1, 25/03/1998). Cremos,
pois, ser inaplicável tal causa de aumento”.
Nesse sentido, há o precedente do Colendo
Superior Tribunal de Justiça, cuja ementa destaca-se: “HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO. NÃO CABIMENTO. ART. 121, §§ 3º
E 4º, DO CP. DENÚNCIA. INÉPCIA. NÃO OCORRÊNCIA.
EXPOSIÇÃO INDIVIDUALIZADA DOS FATOS DELITUOSOS.
CAUSA DE AUMENTO DE PENA. INOBSERVÂNCIA DE REGRA
TÉCNICA DE PROFISSÃO. CIRCUNSTÂNCIA CONSIDERADA
PARA A CONFIGURAÇÃO DO TIPO E DA MAJORANTE. BIS IN
IDEM. ILEGALIDADE MANIFESTA. 1. Não é cabível a utilização do
habeas corpus como substitutivo do recurso adequado. Precedentes. 2.
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Não é inepta a denúncia que descreve, de forma individualizada, qual a
conduta praticada pela paciente que, decorrente de imperícia, teria
ocasionado o falecimento da vítima. 3. A causa especial de aumento,
prevista no art. 121, § 4º do Código Penal (inobservância de regra técnica
de profissão) figura no campo da culpabilidade e, pois, para incidir, deve
estar fundada em outra nuance ou fato diferente do que compõem o
próprio tipo culposo, rendendo ensejo a maior reprovabilidade na
conduta do profissional que atua de modo displicente no exercício de seu
mister, dando causa ao evento morte. Precedentes desta Corte e do STF
(RHC n. 26.414/RJ, Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta
Turma, DJe 26/11/2012). 4. Em relação à causa de aumento de pena, a
peça acusatória restringiu-se a afirmar que, por inobservância de regra
técnica nos cuidados dispensados à vítima, a paciente e demais agentes
causaram lesões que foram a causa eficiente de seu falecimento. Não
houve, portanto, o devido esclarecimento do que configurou a majorante
em comento, evidenciando que a própria inobservância de regra técnica
foi utilizada para caracterizar a imperícia. Ocorrência de bis in idem. 5.
Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, para excluir
da imputação a causa de aumento de pena contida no art. 121, § 4º, do
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Código Penal e possibilitar o oferecimento de proposta de suspensão
condicional do processo. (HC 167.804/RJ, Rel. Ministro Sebastião Reis
Júnior, Sexta Turma, j. em 13/08/2013, DJe 23/08/2013)”
Também, nesse sentido, tem sido o
entendimento do Supremo Tribunal Federal, que em decisão colegiada assim
decidiu: “[a] imputação da causa de aumento de pena por inobservância de
regra técnica de profissão, objeto do disposto no artigo 121, §4º do Código
Penal, só é admissível quando fundada na descrição de fato diverso daquele
que constitui o núcleo da ação culposa” (HC nº 95.078-RJ, 2ª T., Rel. Min.
Cezar Peluso, Dje 15/5/09), do contrário a sua incidência poderá acarretar
inegável bis in idem.
Portanto, diante do apurado nos autos, a
condenação apenas dos réus JOSÉ LUIZ, ADILSON, ELAINE, LAURINDA
e CARLOS AUGUSTO mostra-se de rigor, por infringência ao artigo 121,
§3º do Código Penal, tão-somente, em concurso material de crimes.
III QUANTO À IMPUTAÇÃO PELA
PRÁTICA DO DELITO PREVISTO NO ART. 347 DO CÓDIGO
PENAL DA FRAUDE PROCESSUAL
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O artigo 347 do Código Penal, que tipifica o
delito de fraude processual, como se sabe, exige como elemento objetivo do
tipo o cometimento de ação que vise inovar, modificar, mudar ou alterar
artificiosamente o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim
específico e, portanto, mediante dolo, representado pela vontade livre e
consciente de induzir a erro o perito ou o juiz da causa.
É fato que a bolsa que continha o
perfluorocarbono e as três seringas com o mesmo composto químico utilizado
nas punções das vítimas não foram, realmente, encontradas no local dos fatos,
o que justificou a denúncia e o seu recebimento pela suposta prática desse
delito.
Entretanto, após a instrução, há que se concluir
que não restou demonstrado nos autos a prática desse delito pelos réus JOSÉ
LUIZ CURY MARINS, ADILSON PRANDO, PATRÍCIA PRANDO
CARDIA, MARCOS MARINS e ELAINE ROSA MACEDO DOS REIS,
seja porque por diversas vezes testemunhas e réus relataram que, em sentido
contrário ao propalado pelo Ministério Público, houve uma orientação geral,
não só pelos médicos mas por toda a equipe técnica que se encontrava na
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hora e local dos fatos, no sentido de que tudo que tivesse sido utilizado
naquela oportunidade fosse guardado e preservado, seja porque durante a
colheita das provas ficou evidenciado que houve verdadeiro “caos” nas
dependências da RMC e do Hospital Vera Cruz, em função dos óbitos das
vítimas e que a principal preocupação de todos os envolvidos foi no sentido
de se descobrir os motivos que teriam levado à morte das vítimas.
Observe-se dos autos, ainda, que a enfermeira
Thaís foi a profissional que, desde o início, teve a iniciativa de determinar o
recolhimento dos lixos da ressonância magnética e que, em momento algum
houve prova da prática de atos a confirmar qualquer intenção/ação por parte
de testemunhas ou dos próprios réus de descartar qualquer material que
tivesse sido utilizado naquele fatídico dia.
Inexistente prova suficiente no sentido de
confirmar que este ou aquele réu teria praticado o delito previsto no artigo
347, caput, do Código Penal, a absolvição de todos esses acusados se mostra
de rigor.
IV QUANTO À DOSAGEM DAS PENAS
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DOS CONDENADOS PELA PRÁTICA DO HOMICÍDIO CULPOSO.
PENA RÉU JOSÉ LUIZ 1º
HOMICÍDIO CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais.
Atenta a essas circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do
Código Penal, considerando o alto grau de culpa com que agiu o agente, fixo-
lhe a pena base acima do mínimo legal, com aumento de 1/3 (um terço), o
que dá como pena final, a pena segregativa de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses
de detenção.
PENA RÉU JOSÉ LUIZ 2º
HOMICÍDIO CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais.
Atenta a essas circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do
Código Penal, considerando o alto grau de culpa com que agiu o agente, fixo-
lhe a pena base acima do mínimo legal, com aumento de 1/3 (um terço), o
que dá como pena final, a pena segregativa de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses
de detenção.
PENA RÉU JOSÉ LUIZ 3º
HOMICÍDIO CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais.
Atenta a essas circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS1ª VARA CRIMINALAv.Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, sala 40 - bloco D - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: 019- 3756.3720 - E-mail: [email protected]
3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 64
Código Penal, considerando o alto grau de culpa com que agiu o agente, fixo-
lhe a pena base acima do mínimo legal, com aumento de 1/3 (um terço), o
que dá como pena final, a pena segregativa de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses
de detenção.
Finalmente, considerando o concurso material
de delitos, fixo-lhe a pena final de 04 (quatro) anos de detenção.
Ainda, em razão do disposto nos artigos 43 e
44, incisos I, II e III, bem como § 2º, segunda parte, do já mencionado artigo,
OPTO por substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Assim, a substituição se dará por 2 (duas) penas restritivas de direitos, nos
termos do artigo 44, § 2º, segunda parte, do Código Penal, pelo mesmo
período da condenação (04 anos), fixadas elas em prestação de serviços à
comunidade (artigo 46 do Código Penal) e interdição temporária de direitos
proibição de freqüentar determinados lugares, tais como bares, casas de
prostituição e locais de má reputação (artigo 47, inciso IV, do Código Penal).
PENA RÉU ADILSON 1º HOMICÍDIO
CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal,
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS1ª VARA CRIMINALAv.Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, sala 40 - bloco D - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: 019- 3756.3720 - E-mail: [email protected]
3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 65
considerando o alto grau de culpa com que agiu o agente, fixo-lhe a pena
base acima do mínimo legal, com aumento de 1/3 (um terço), o que dá como
pena final, a pena segregativa de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses de detenção.
PENA RÉU ADILSON 2º HOMICÍDIO
CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal,
considerando o alto grau de culpa com que agiu o agente, fixo-lhe a pena
base acima do mínimo legal, com aumento de 1/3 (um terço), o que dá como
pena final, a pena segregativa de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses de detenção.
PENA RÉU ADILSON 3º HOMICÍDIO
CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal,
considerando o alto grau de culpa com que agiu o agente, fixo-lhe a pena
base acima do mínimo legal, com aumento de 1/3 (um terço), o que dá como
pena final, a pena segregativa de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses de detenção.
Finalmente, considerando o concurso material
de delitos, fixo-lhe a pena final de 04 (quatro) anos de detenção.
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Ainda, em razão do disposto nos artigos 43 e
44, incisos I, II e III, bem como § 2º, segunda parte, do já mencionado artigo,
OPTO por substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Assim, a substituição se dará por 2 (duas) penas restritivas de direitos, nos
termos do artigo 44, § 2º, segunda parte, do Código Penal, pelo mesmo
período da condenação (04 anos), fixadas elas em prestação de serviços à
comunidade (artigo 46 do Código Penal) e interdição temporária de direitos
proibição de freqüentar determinados lugares, tais como bares, casas de
prostituição e locais de má reputação (artigo 47, inciso IV, do Código Penal).
PENA RÉ ELAINE 1º HOMICÍDIO
CULPOSO. A ré é primária e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal, fixo-
lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
PENA RÉ ELAINE 2º HOMICÍDIO
CULPOSO. A ré é primária e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal, fixo-
lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
PENA RÉ ELAINE 3º HOMICÍDIO
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CULPOSO. A ré é primária e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal, fixo-
lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
Finalmente, considerando o concurso material
de delitos, fixo-lhe a pena final de 03 (três) anos de detenção.
Ainda, em razão do disposto nos artigos 43 e
44, incisos I, II e III, bem como § 2º, segunda parte, do já mencionado artigo,
OPTO por substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Assim, a substituição se dará por 2 (duas) penas restritivas de direitos, nos
termos do artigo 44, § 2º, segunda parte, do Código Penal, pelo mesmo
período da condenação (03 anos), fixadas elas em prestação de serviços à
comunidade (artigo 46 do Código Penal) e interdição temporária de direitos
proibição de freqüentar determinados lugares, tais como bares, casas de
prostituição e locais de má reputação (artigo 47, inciso IV, do Código Penal).
PENA RÉ LAURINDA - 1º HOMICÍDIO
CULPOSO. A ré é primária e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal, fixo-
lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
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3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 68
PENA RÉ LAURINDA - 2º HOMICÍDIO
CULPOSO. A ré é primária e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal, fixo-
lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
PENA RÉ LAURINDA - 3º HOMICÍDIO
CULPOSO. A ré é primária e sem antecedentes criminais. Atenta a essas
circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do Código Penal, fixo-
lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
Finalmente, considerando o concurso material
de delitos, fixo-lhe a pena final de 03 (três) anos de detenção.
Ainda, em razão do disposto nos artigos 43 e
44, incisos I, II e III, bem como § 2º, segunda parte, do já mencionado artigo,
OPTO por substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Assim, a substituição se dará por 2 (duas) penas restritivas de direitos, nos
termos do artigo 44, § 2º, segunda parte, do Código Penal, pelo mesmo
período da condenação (03 anos), fixadas elas em prestação de serviços à
comunidade (artigo 46 do Código Penal) e interdição temporária de direitos
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prostituição e locais de má reputação (artigo 47, inciso IV, do Código Penal).
PENA RÉU CARLOS AUGUSTO - 1º
HOMICÍDIO CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais.
Atenta a essas circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do
Código Penal, fixo-lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
PENA RÉU CARLOS AUGUSTO - 2º
HOMICÍDIO CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais.
Atenta a essas circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do
Código Penal, fixo-lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
PENA RÉU CARLOS AUGUSTO - 3º
HOMICÍDIO CULPOSO. O réu é primário e sem antecedentes criminais.
Atenta a essas circunstâncias e às diretrizes traçadas pelos artigos 59 do
Código Penal, fixo-lhe a pena segregativa em 1 (um) ano de detenção.
Finalmente, considerando o concurso material
de delitos, fixo-lhe a pena final de 03 (três) anos de detenção.
Ainda, em razão do disposto nos artigos 43 e
44, incisos I, II e III, bem como § 2º, segunda parte, do já mencionado artigo,
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS1ª VARA CRIMINALAv.Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, sala 40 - bloco D - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: 019- 3756.3720 - E-mail: [email protected]
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OPTO por substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Assim, a substituição se dará por 2 (duas) penas restritivas de direitos, nos
termos do artigo 44, § 2º, segunda parte, do Código Penal, pelo mesmo
período da condenação (03 anos), fixadas elas em prestação de serviços à
comunidade (artigo 46 do Código Penal) e interdição temporária de direitos
proibição de freqüentar determinados lugares, tais como bares, casas de
prostituição e locais de má reputação (artigo 47, inciso IV, do Código Penal).
V DISPOSITIVO
Posto isso, JULGO PARCIALMENTE
PROCEDENTE a presente ação penal para:
A) CONDENAR o acusado JOSÉ LUIZ
CURY MARINS, qualificado nos autos (R.G. nº 71.151.781 I.I.R.G.D. -
fls. 22 do apenso próprio), à pena de prestação de serviços à comunidade, à
razão de 01 (uma) hora de tarefa por dia de condenação (artigo 46, § 3º, do
Código Penal), bem como à interdição temporária de direitos proibição
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de freqüentar determinados lugares, como bares, casas de prostituição e locais
de má reputação, pelo mesmo período da condenação (4 anos), nos termos do
artigo 47, inciso IV, do Código Penal, tudo sob pena de conversão (artigo 44,
§ 4º, do C.P.), por ter infringido o disposto no artigo 121, § 3º, do Código
Penal.
B) CONDENAR o acusado ADILSON
PRANDO, qualificado nos autos (R.G. nº 71.153.524 I.I.R.G.D. - fls. 16 do
apenso próprio), à pena de prestação de serviços à comunidade, à razão de
01 (uma) hora de tarefa por dia de condenação (artigo 46, § 3º, do Código
Penal), bem como à interdição temporária de direitos proibição de
freqüentar determinados lugares, como bares, casas de prostituição e locais de
má reputação, pelo mesmo período da condenação (4 anos), nos termos do
artigo 47, inciso IV, do Código Penal, tudo sob pena de conversão (artigo 44,
§ 4º, do C.P.), por ter infringido o disposto no artigo 121, § 3º, do Código
Penal.
C) CONDENAR a acusada ELAINE ROSA
MACEDO DOS REIS, qualificada nos autos (R.G. civil nº 53.839.418 fls.
19 do apenso próprio), à pena de prestação de serviços à comunidade, à
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3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 72
razão de 01 (uma) hora de tarefa por dia de condenação (artigo 46, § 3º, do
Código Penal), bem como à interdição temporária de direitos proibição
de freqüentar determinados lugares, como bares, casas de prostituição e locais
de má reputação, pelo mesmo período da condenação (3 anos), nos termos do
artigo 47, inciso IV, do Código Penal, tudo sob pena de conversão (artigo 44,
§ 4º, do C.P.), por ter infringido o disposto no artigo 121, § 3º, do Código
Penal.
D) CONDENAR a acusada LAURINDA
ROSA VENÂNCIO, qualificada nos autos (R.G. nº 71.153.522 I.I.R.G.D. -
fls. 20 do apenso próprio), à pena de prestação de serviços à comunidade, à
razão de 01 (uma) hora de tarefa por dia de condenação (artigo 46, § 3º, do
Código Penal), bem como à interdição temporária de direitos proibição
de freqüentar determinados lugares, como bares, casas de prostituição e locais
de má reputação, pelo mesmo período da condenação (3 anos), nos termos do
artigo 47, inciso IV, do Código Penal, tudo sob pena de conversão (artigo 44,
§ 4º, do C.P.), por ter infringido o disposto no artigo 121, § 3º, do Código
Penal.
E) CONDENAR o acusado CARLOS
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3000917-63.2013.8.26.0114 - lauda 73
AUGUSTO MOISÉS, qualificado nos autos (R.G. nº 71.153.526
I.I.R.G.D. - fls. 21 do apenso próprio), à pena de prestação de serviços à
comunidade, à razão de 01 (uma) hora de tarefa por dia de condenação
(artigo 46, § 3º, do Código Penal), bem como à interdição temporária de
direitos proibição de freqüentar determinados lugares, como bares, casas de
prostituição e locais de má reputação, pelo mesmo período da condenação (3
anos), nos termos do artigo 47, inciso IV, do Código Penal, tudo sob pena de
conversão (artigo 44, § 4º, do C.P.), por ter infringido o disposto no artigo
121, § 3º, do Código Penal.
Na hipótese de descumprimento injustificado
das restrições impostas (artigo 44, § 4º do Código Penal), deverão os
acusados iniciar o cumprimento da pena corporal no regime aberto (artigo
33, § 2º, letra “c”, c.c. o § 3º desse mesmo artigo).
F) ABSOLVER os réus PATRÍCIA
PRANDO CARDIA, qualificada nos autos (RG n.º 71.153.525 I.I.R.G.D.
fls. 17 do apenso próprio) e MARCOS MARINS, igualmente qualificado,
(RG n.º 71.153.523 I.I.R.G.D. fls. 18 do apenso próprio) da imputação de
terem violado o disposto no artigo 121, §§3º e 4º e artigo 347, todos do
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS1ª VARA CRIMINALAv.Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, sala 40 - bloco D - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: 019- 3756.3720 - E-mail: [email protected]
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Código Penal, o que faço com fundamento, respectivamente, no artigo 386,
inciso V e 386, inciso VII, ambos do Código de Processo Penal.
G) ABSOLVER os acusados JOSÉ LUIZ
CURY MARINS, ADILSON PRANDO e ELAINE ROSA MACEDO
DOS REIS, já qualificados, da imputação de terem infringido o disposto no
artigo 347 do Código Penal, o que faço com fundamento no artigo 386, inciso
VII do Código de Processo Penal.
Após o trânsito em julgado, lancem-se os
nomes dos réus no livro “Rol dos Culpados”.
Custas pelos acusados (artigo 4º, parágrafo 9º,
letra “a”, da Lei nº 11.608 de 29 de dezembro de 2003).
P.R.I.C.
Campinas, 30 de maio de 2016.
PATRÍCIA SUÁREZ PAE KIM
Juíza de Direito
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
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