auxiliar de enfermagem

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  • FUNDAMENTOSDE ENFERMAGEM

    PPPPPnfermagem

    rofissionalizao de

    uxiliares deAAAAA EEEEECadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do Aluno

  • FUNDAMENTOSDE ENFERMAGEM

    Ministrio da SadeSecretaria de Gesto de Investimentos em Sade

    Projeto de Profissionalizao dos Trabalhadores da rea de Enfermagem

    Srie F. Comunicao e Educao em Sade2a Edio Revista

    Braslia - DF2002

    PPPPPnfermagem

    rofissionalizao de

    uxiliares deAAAAA EEEEECadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do AlunoCadernos do Aluno

  • 2001. Ministrio da Sade. permitida a reproduo total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.Srie F. Comunicao e Educao em SadeTiragem: 2 Edio Revista 2002 55.000 exemplares

    Barjas NegriMinistro de Estado da SadeOtavio Azevedo MercadanteSecretrio ExecutivoGabriel Ferrato dos SantosSecretrio de Gesto de Investimentos em SadeRita SrioGerente Geral do Projeto de Profissionalizao dosTrabalhadores da rea de Enfermagem PROFAE

    Elaborao, distribuio e informaes:MINISTRIO DA SADESecretaria de Gesto e InvestimentosProjeto de Profissionalizao dos Trabalhadores da rea de EnfermagemEsplanada dos Ministrios, Bloco G, Edifcio Sede, 8 andar, sala 828Tel.: (61) 315 2993Fax: (61) 325 2068

    Fundao Oswaldo CruzPresidente: Paulo Marchiori BussDiretor da Escola Nacional de Sade Pblica: Jorge Antonio Zepeda BermudezDiretor da Escola Politcnica de Sade Joaquim Venncio: Andr Paulo da Silva Malho

    Curso de Qualificao Profissional de Auxiliar de EnfermagemCoordenao PROFAE: Leila Bernarda Donato Gttems, Solange BaraldiCoordenao FIOCRUZ: Antonio Ivo de CarvalhoColaboradores: Jlia Ikeda Fortes, Maria Antonieta Benko, Maria Regina Arajo Reichert Pimentel,Marta de Ftima Lima Barbosa, Sandra Ferreira Gesto Bittar, Solange Baraldi

    Capa e Projeto Grfico: Carlota Rios e Adriana Costa e SilvaEditorao Eletrnica: Carlota Rios e Ramon Carlos de MoraesIlustraes: Marcelo Tibrcio e Maurcio VenezaRevisores de Portugus e Copidesque: Napoleo Marcos de Aquino eMarcia Stella Pinheiro WirthApoio: Abrasco

    Catalogao na fonte - Editora MSFicha Tcnica

    Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Gesto de Investimentos em Sade. Projeto de Profissionalizao dos Trabalhadoresda rea de Enfermagem.

    Profissionalizao de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: fundamentos da enfermagem / Ministrio da Sade,Secretaria de Gesto de Investimentos em Sade, Projeto de Profissionalizao dos Trabalhadores da rea de Enfermagem. 2. ed. revista. Braslia: Ministrio da Sade, Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002.

    128 p.: il. (Srie F. Comunicao e Educao em Sade)

    ISBN 85-334-0539-1

    1. Educao profissionalizante. 2. Auxiliares de enfermagem. I. Brasil. Ministrio da Sade. II. Brasil. Secretaria de Gestode Investimentos em Sade. Projeto de Profissionalizao dos Trabalhadores da rea de Enfermagem. III. Ttulo.

    NLM WY 18.8

  • SUMRIOSUMRIOSUMRIOSUMRIOSUMRIO

    1 Apresentao pg. 7

    2 Fundamentos da Enfermagem pg. 9

  • Parasitologiae

    Microbiologia

    PsicologiaAplicada

    ticaProfissional

    EstudosRegionais

    Nutrioe

    Diettica

    Higienee

    Profilaxia

    Fundamentosde

    Enfermagem

    SadeColetiva

    Sadedo Adulto

    -Assistncia

    Clnica

    Sadedo Adulto

    -Atendimento

    de Emergncia

    Sadedo Adulto

    -AssistnciaCirrgica

    Sadeda Mulher,da Criana

    e doAdolescente

    Disciplinas Inst rumentai s

    Disciplinas Profissionalizantes

    Anatomia e

    Fisiologia

    SadeMental

  • MINISTRIO DA SADE

    SECRETARIA DE INVESTIMENTO EM SADE

    PROJETO DE PROFISSIONALIZAO DOS TRABALHADORES DA REA DEENFERMAGEM

    nvestir na qualificao profissional dos trabalhadores deEnfermagem, melhorando a assistncia sade da populao,

    o grande objetivo paulatinamente implementado pelo PROFAEem todo o territrio nacional, envolvendo em sua complexa tessituracerca de 3.500 municpios.

    A meta proposta qualificar, at 2004, 225 mil trabalhadores quedesempenham tarefas nos servios de sade sem no entanto possurema necessria formao para o efetivo exerccio de suas funes - ambioque vem sendo arduamente concretizada pelo Ministrio da Sade.

    Os profissionais de Enfermagem, que representam expressivocontingente no mbito do Sistema nico de Sade (SUS), atuamdiuturnamente desenvolvendo aes de promoo sade, prevenode doenas, recuperao e reabilitao de pessoas. Assim sendo, o fatode desencadear processos de formao e aprimoramento profissionaldesses trabalhadores, alm de constituir-se em enorme ousadia, podecontribuir sobremaneira para um significativo reordenamento de pessoaldentro da poltica de sade, adequando a formao de nvel mdio sreais necessidades do SUS.

    A qualificao de profissionais para o SUS, sob seus princpios ediretrizes fundamentais, consagrados na nossa Constituio, requeratitudes crticas e participativas de alunos e docentes na construo dasade enquanto direito de cidadania. Nesse sentido, cabe pensar aeducao sob o enfoque da possibilidade de conhecer, refletir emodificar a atual realidade, considerando, precipuamente, a melhoriada assistncia sade da populao.

    I

    APRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAOAOAOAOAO

  • Portanto, com grande satisfao que o PROFAE repassa esta 2 ediodo material didtico destinado profissionalizao do auxiliar deenfermagem. Ressalte-se que na tentativa de primar pela permanentebusca de qualidade sua elaborao procurou rever alguns contedos expressos em linguagem acessvel aos educandos.

    O intuito primordial de nosso esforo propor que os atores envolvidosno processo ensino-aprendizagem operem na construo coletiva desaberes e prticas. Espera-se, pois, que os contedos e temas abordadosse curvem s reais necessidades do aluno e dos servios de sade, nummovimento aproximativo entre o conhecimento e a cidadania, em prolda melhoria e qualidade do sistema de sade brasileiro e,conseqentemente, da ateno a sade de nossa populao, principalobjetivo de todas as iniciativas emanadas por este Ministrio.

    Aproveitando o momento, desejo a todos um bom e produtivo estudo!

    Barjas NegriMinistro de Estado da Sade

  • FFFFF undamentosundamentosundamentosundamentosundamentosdedededede EnfermagemEnfermagemEnfermagemEnfermagemEnfermagem

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFF

    NDICENDICENDICENDICENDICE

    1 Apresentao 2 A contextualizao da Enfermagem no processo do

    trabalho em sade e a preveno da infeco2.1 Caracterizando a Enfermagem2.2 O hospital, a assistncia de

    enfermagem e a preveno da infeco2.2.1 Atendendo o paciente no

    hospital2.2.2 Sistema de informao em sade2.2.3 Sistema de informao em

    Enfermagem

    3 Fundamentando a assistncia de Enfermagem napreveno e controle da infeco

    3.1 Fonte de infeco relacionada a artigoshospitalares3.1.1 Classificao de artigos

    hospitalares3.1.2 Processamento de artigos

    hospitalares3.2 Fonte de infeco relacionada ao

    ambiente3.2.1 Classificao das reas

    hospitalares3.2.2 Mtodos e freqncia dalimpeza, desinfeco edescontaminao3.2.3 Principais desinfetantes

    hospitalares para superfcies3.2.4 Unidade do paciente3.2.5 Limpeza e preparo da unidade

    do paciente3.3 Fonte de infeco relacionada equipe

    de sade3.3.1 Lavando as mos3.3.2 Luvas esterilizadas e deprocedimento

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    3.4 Fonte de infeco relacionada aopaciente3.4.1 Higienizando a boca3.4.2 Realizando o banho3.4.3 Lavando os cabelos e o couro

    cabeludo3.4.4 Cuidados com a alimentao e

    hidratao3.4.5 Nutrio enteral3.4.6 Medindo a altura e o peso no

    adulto

    4 Atuao da equipe de Enfermagem na preveno econtrole das principais infeces hospitalares

    4.1 Na infeco do trato urinriohospitalar4.1.1 Instalando o cateter vesical4.1.2 Coletando urina por jato mdio

    4.2 Na infeco do trato respiratrio(pneumonia hospitalar)4.2.1 Controlando a freqncia

    respiratria4.2.2 Realizando a oxigenoterapia

    4.3 Na infeco de stio cirrgico4.3.1 Tipos de curativos4.3.2 Realizando o curativo

    4.4 Nas infeces relacionadas ao uso decateteres intravasculares

    4.5 Precaues-padro e isolamento4.5.1 Precaues-padro4.5.2 Precaues de contato4.5.3 Precaues respiratrias4.5.4 Precaues empricas

    5 Fundamentando a assistncia de Enfermagem frente identificao e tratamento das infeces

    5.1 Implementando medidas para aidentificao de infeces

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    5.1.1 Controlando a temperaturacorporal

    5.1.2 Controlando o pulso5.1.3 Controlando a presso arterial

    5.2 Teraputica medicamentosa aplicada sinfeces5.2.1 Antibiticos5.2.2 Medicamentos antivirais5.2.3 Analgsicos, antipirticos e

    antiinflamatrios5.3 Princpios da administrao de

    medicamentos5.3.1 Administrando medicamentos

    por via oral e sublingual5.3.2 Administrando medicamentos

    por via retal5.3.3 Administrando medicamentos

    tpicos por via cutnea, ocular,nasal, otolgica e vaginal

    5.3.4 Administrando medicamentospor via parenteral

    5.3.5 Transfuso de sangue e seuscomponentes

    5.4 Clculo de medicao5.4.1 Clculo de medicao utilizando

    a regra de trs simples5.4.2 Calculo de medicao utilizando

    a porcentagem5.4.3 Clculo de gotejamento de

    infuso venosa5.5 Teraputica no-medicamentosa

    aplicada s infeces5.6 Assistncia ao paciente grave e ao

    morto

    6 Referncias bibliogrficas 7 Anexos

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFIdentificando a ao educativa

    FFFFFununununundamentosdamentosdamentosdamentosdamentosde Enfermagemde Enfermagemde Enfermagemde Enfermagemde Enfermagem

    O1- APRESENTAO

    1- APRESE1. APRESENTAO

    s princpios, conceitos e tcnicas enfocados no presen-te mdulo so essenciais ao bom desenvolvimento das

    demais disciplinas profissionalizantes, representando umaintroduo prtica da Enfermagem e um de seus alicerces.

    Seu contedo majoritariamente composto por conhecimen-tos tcnico-cientficos que exigem prtica em laboratrio e no campode estgio, ressaltando a importncia da habilidade do saber-fazerem Enfermagem - ao que sempre e concomitantemente conjuga-secom a competncia humana necessria para lidar com o ser humano,expressa atravs da comunicao, da tica e do respeito aos seus direi-tos e valores.

    A abordagem proposta neste trabalho, que articula os princ-pios da infeco hospitalar aos procedimentos bsicos de enferma-gem, foi inspirada no programa desenvolvido pela Escola de Forma-o Tcnica em Sade Enfermeira Izabel dos Santos, sita no Rio deJaneiro. Considerando-se que grande parte dos atos realizados empacientes envolve risco potencial de infeco, imprescindvel queo auxiliar de enfermagem, j no incio de sua formao, vgradativamente incorporando os princpios de preveno de infec-o s tcnicas de enfermagem.

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    Fundamentos de Enfermagem

    O captulo inicial propicia uma viso panormica da Enferma-gem e da organizao do sistema de sade, convergindo, a seguir, paraa caracterizao do hospital. Nos captulos posteriores, so abordadosos princpios das tcnicas de enfermagem, ordenadas de modo a facili-tar as associaes com a preveno e o controle da infeco hospitalar.

    Ressaltamos que os procedimentos descritos so orientaes geraisque devem ser ajustadas de acordo com as necessidades dos pacientes e dombito no qual exercido o cuidado de enfermagem.

    Embora haja uma inter-relao entre os captulos sua forma deorganizao oferece certa flexibilidade para se trabalhar os contedos,sem necessariamente exigir que se siga, de modo rgido, a seqncia aquiestabelecida.

    2- A CONTEXTUALIZAO DAENFERMAGEM NO PROCESSODE TRABALHO EM SADE E A

    PREVENO DA INFECO

    2.1 Caracterizando a Enfermagem

    A Enfermagem - reconhecida por seu respectivo conselho pro-fissional - uma profisso que possui um corpo de conhecimentosprprios, voltados para o atendimento do ser humano nas reas depromoo, preveno, recuperao e reabilitao da sade, com-posta pelo enfermeiro, tcnico e auxiliar de enfermagem.

    De acordo com os dados cadastrais do Conselho Federal deEnfermagem (COFEN1), obtidos em outubro/2001, h no Brasil92.961 enfermeiros, 111.983 tcnicos e 469.259 auxiliares de enfer-magem.

    A Enfermagem realiza seu trabalho em um contexto maisamplo e coletivo de sade, em parceria com outras categorias pro-fissionais representadas por reas como Medicina, Servio Social,Fisioterapia, Odontologia, Farmcia, Nutrio, etc. O atendimen-to integral sade pressupe uma ao conjunta dessas diferentescategorias, pois, apesar do saber especfico de cada uma, existe umarelao de interdependncia e complementaridade.

    Nos ltimos anos, a crena na qualidade de vida tem influen-ciado, por um lado, o comportamento das pessoas, levando a ummaior envolvimento e responsabilidade em suas decises ou esco-lhas; e por outro, gerado reflexes em esferas organizadas da socie-dade - como no setor sade, cuja tnica da promoo da sade tem1 http://www.cofen.com.br, 25/12/2000.

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFdirecionado mudanas no modelo assistencial vigente no pas. No cam-po do trabalho, essas repercusses evidenciam-se atravs das constantesbuscas de iniciativas pblicas e privadas no sentido de melhor atender sexpectativas da populao, criando ou transformando os servios exis-tentes.

    No tocante enfermagem, novas frentes de atuao so criadas medida que essas transformaes vo ocorrendo, como sua insero noPrograma Sade da Famlia (PSF), do Ministrio da Sade; em progra-mas e servios de atendimento domiciliar, em processo de expanso cadavez maior em nosso meio; e em programas de ateno a idosos e outrosgrupos especficos.

    Quanto s aes e tarefas afins efetivamente desenvolvidas nosservios de sade pelas categorias de Enfermagem no pas, estudosrealizados pela ABEn e pelo INAMPS2 as agrupam em cinco clas-ses, com as seguintes caractersticas:

    Aes de natureza propedutica e teraputica complementaresao ato mdico e de outros profissionais - as aes propeduticascomplementares referem-se s que apiam o diagnstico e oacompanhamento do agravo sade, incluindo procedimentoscomo a observao do estado do paciente, mensurao de alturae peso, coleta de amostras para exames laboratoriais e controlede sinais vitais e de lquidos. As aes teraputicas complementa-res asseguram o tratamento prescrito, como, por exemplo, a ad-ministrao de medicamentos e dietas enterais, aplicao de ca-lor e frio, instalao de cateter de oxignio e sonda vesical ounasogstrica;

    Aes de natureza teraputica ou propedutica de enferma-gem - so aquelas cujo foco centra-se na organizao da tota-lidade da ateno de enfermagem prestada clientela. Porexemplo, aes de conforto e segurana, atividades educati-vas e de orientao;

    Aes de natureza complementar de controle de risco - so aque-las desenvolvidas em conjunto com outros profissionais de sa-de, objetivando reduzir riscos de agravos ou complicaes desade. Incluem as atividades relacionadas vigilncia epidemio-lgica e as de controle da infeco hospitalar e de doenas crni-co-degenerativas;

    Aes de natureza administrativa - nessa categoria incluem-se asaes de planejamento, gesto, controle, superviso e avaliaoda assistncia de enfermagem;

    Aes de natureza pedaggica relacionam-se formao es atividades de desenvolvimento para a equipe de enferma-gem.

    2 ABEn/INAMPS, 1987.

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    Fundamentos de Enfermagem

    A assistncia da Enfermagem baseia-se em conhecimentos ci-entficos e mtodos que definem sua implementao. Assim, a siste-matizao da assistncia de enfermagem (SAE) uma forma plane-jada de prestar cuidados aos pacientes que, gradativamente, vemsendo implantada em diversos servios de sade. Os componentesou etapas dessa sistematizao variam de acordo com o mtodo ado-tado, sendo basicamente composta por levantamento de dados ouhistrico de enfermagem, diagnstico de enfermagem, plano assis-tencial e avaliao.

    Interligadas, essas aes permitem identificar as necessidadesde assistncia de sade do paciente e propor as intervenes quemelhor as atendam - ressalte-se que compete ao enfermeiro a res-ponsabilidade legal pela sistematizao; contudo, para a obteno deresultados satisfatrios, toda a equipe de enfermagem deve envolver-se no processo.

    Na fase inicial, realizado o levantamento de dados, me-diante entrevista e exame fsico do paciente. Como resultado, soobtidas importantes informaes para a elaborao de um planoassistencial e prescrio de enfermagem, a ser implementada portoda a equipe.

    A entrevista - um dos procedimentos iniciais do atendimen-to - o recurso utilizado para a obteno dos dados necessrios aotratamento, tais como o motivo que levou o paciente a buscar aju-da, seus hbitos e prticas de sade, a histria da doena atual, dedoenas anteriores, hereditrias, etc. Nesta etapa, as informaesconsideradas relevantes para a elaborao do plano assistencial deenfermagem e tratamento devem ser registradas no pronturio, to-mando-se, evidentemente, os cuidados necessrios com as consi-deradas como sigilosas, visando garantir ao paciente o direito daprivacidade.

    O exame fsico inicial realizado nos primeiros contatoscom o paciente, sendo reavaliado diariamente e, em algumas situ-aes, at vrias vezes ao dia. Como sua parte integrante, h aavaliao minuciosa de todas as partes do corpo e a verificao de

    sinais vitais e outras medidas, como peso e altura, utilizando-se tcni-cas especficas.

    Na etapa seguinte, faz-se a anlise e interpretao dos dados cole-tados e se determinam os problemas de sade do paciente, formuladoscomo diagnstico de enfermagem. Atravs do mesmo so identifica-das as necessidades de assistncia de enfermagem e a elaborao do pla-no assistencial de enfermagem.

    O plano descreve os cuidados que devem ser dados ao paci-ente (prescrio de enfermagem) e implementados pela equipe de

    Durante o exame fsico, im-prescindvel preservar a privaci-dade do paciente.

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFenfermagem, com a participao de outros profissionais de sade,sempre que necessrio.

    Na etapa de avaliao verifica-se a resposta do paciente aos cui-dados de enfermagem a ele prestados e as necessidades de modificar ouno o plano inicialmente proposto.

    2.2 O hospital, a assistncia deenfermagem e a preveno dainfeco

    O termo hospital origina-se do latim hospitium, que querdizer local onde se hospedam pessoas, em referncia a estabe-lecimentos fundados pelo clero, a partir do sculo IV dC, cujafinalidade era prover cuidados a doentes e oferecer abrigo aviajantes e peregrinos.

    Segundo o Ministrio da Sade3, hospital definido como es-tabelecimento de sade destinado a prestar assistncia sanitria em regi-me de internao a uma determinada clientela, ou de no-internao, nocaso de ambulatrio ou outros servios.

    Para se avaliar a necessidade de servios e leitos hospitalares numadada regio faz-se necessrio considerar fatores como a estrutura e nvelde organizao de sade existente, nmero de habitantes e freqncia edistribuio de doenas, alm de outros eventos relacionados sade.Por exemplo, possvel que numa regio com grande populao de jo-vens haja carncia de leitos de maternidade onde ocorre maior nmerode nascimentos. Em outra, onde haja maior incidncia de doenas crni-co-degenerativas, a necessidade talvez seja a de expandir leitos de clnicamdica.

    De acordo com a especialidade existente, o hospital pode serclassificado como geral, destinado a prestar assistncia nas quatro espe-cialidades mdicas bsicas, ou especializado, destinado a prestar assistn-cia em uma especialidade, como, por exemplo, maternidade, ortopedia,entre outras.

    Um outro critrio utilizado para a classificao de hospitais o seunmero de leitos ou capacidade instalada: so considerados como depequeno porte aqueles com at 50 leitos; de mdio porte, de 51 a 150leitos; de grande porte, de 151 a 500 leitos; e de porte especial, acima de500 leitos.

    Conforme as diretrizes do Sistema nico de Sade (SUS), osservios de sade em uma dada regio geogrfica - desde as unidadesbsicas at os hospitais de maior complexidade - devem estar inte-grados, constituindo um sistema hierarquizado e organizado de acor-do com os nveis de ateno sade. Um sistema assim constitudo 3 Ministrio da Sade, 1998, p.11.

    Assistncia sanitria - refere-se modalidade de atuao reali-zada pela equipe de sade,junto populao, na promo-o e proteo da sade e narecuperao e reabilitao dedoentes.

    Na regio onde voc mora hhospital geral e ou especializa-do? Se h, ele suficiente paraatender s necessidades dapopulao?

    Considera-se como especiali-dades mdicas bsicas: clnicamdica, clnica cirrgica, clnicagineco-obsttrica e clnicapeditrica.

  • 20

    Fundamentos de Enfermagem

    disponibiliza atendimento integral populao, mediante aes depromoo, preveno, recuperao e reabilitao da sade.

    As unidades bsicas de sade (integradas ou no ao ProgramaSade da Famlia) devem funcionar como porta de entrada para osistema, reservando-se o atendimento hospitalar para os casos maiscomplexos - que, de fato, necessitam de tratamento em regime deinternao.

    De maneira geral, o hospital secundrio oferece alto grau de reso-lubilidade para grande parte dos casos, sendo poucos os que acabamnecessitando de encaminhamento para um hospital tercirio.

    O sistema de sade vigente no Brasil agrega todos os serviospblicos das esferas federal, estadual e municipal e os servios priva-dos, credenciados por contrato ou convnio. Na rea hospitalar, 80%dos estabelecimentos que prestam servios ao SUS so privados erecebem reembolso pelas aes realizadas, ao contrrio da atenoambulatorial, onde 75% da assistncia provm de hospitais pbli-cos4. Na reorganizao do sistema de sade proposto pelo SUS ohospital deixa de ser a porta de entrada do atendimento para se cons-tituir em unidade de referncia dos ambulatrios e unidades bsicasde sade.

    O hospital privado pode ter carter beneficente, filantrpico, comou sem fins lucrativos. No beneficente, os recursos so originriosde contribuies e doaes particulares para a prestao de serviosa seus associados - integralmente aplicados na manuteno e desen-volvimento de seus objetivos sociais. O hospital filantrpico reser-va servios gratuitos para a populao carente, respeitando a legisla-o em vigor. Em ambos, os membros da diretoria no recebemremunerao.

    Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessitadurante sua internao hospitalar, faz-se necessrio que tenha suadisposio uma equipe de profissionais competentes e diversos ser-vios integrados - Corpo Clnico, equipe de enfermagem, Serviode Nutrio e Diettica, Servio Social, etc. -, caracterizando umaextensa diviso tcnica de trabalho.

    Para alcanar os objetivos da instituio, o trabalho das equi-pes, de todas as reas, necessita estar em sintonia, haja vista que umadas caractersticas do processo de produo hospitalar a interdepen-dncia.

    Uma outra caracterstica a quantidade e diversidade de pro-cedimentos diariamente realizados para prover assistncia ao pacien-te, cuja maioria segue normas rgidas no sentido de proporcionarsegurana mxima contra a entrada de agentes biolgicos nocivos aomesmo.

    Hospital secundrio hospitalgeral ou especializado, destina-do a prestar assistncia nasespecialidades mdicas bsi-cas.

    Resolubilidade - capacidade queo servio tem de resolver os pro-blemas de sade de seus paci-entes no prprio hospital.

    Hospital tercirio - hospital es-pecializado ou com especialida-des, destinado a prestar assis-tncia em outras reas mdicasalm das bsicas, como, porexemplo, neurocirurgia enefrologia.

    Hospital pblico - aquele queintegra o patrimnio da Unio,estados, Distrito Federal e muni-cpios; autarquias, fundaesinstitudas pelo poder pblico,empresas pblicas e socieda-des de economia mista (pesso-as jurdicas de direito privado).

    Hospital privado ou particular -aquele que integra o patrimniode uma pessoa natural ou jur-dica de direito privado, no-instituda pelo Poder Pblico.

    4 OPAS/OMS, 1998.

  • 21

    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFO ambiente hospitalar considerado um local de trabalho insalu-

    bre, onde os profissionais e os prprios pacientes internados esto expos-tos a agresses de diversas naturezas, seja por agentes fsicos, como radia-es originrias de equipamentos radiolgicos e elementos radioativos, sejapor agentes qumicos, como medicamentos e solues, ou ainda por agen-tes biolgicos, representados por microrganismos.

    No hospital concentram-se os hospedeiros mais susceptveis - osdoentes - e os microrganismos mais resistentes. O volume e a diversida-de de antibiticos utilizados provocam alteraes importantes nos mi-crorganismos, dando origem a cepas multirresistentes, normalmente ine-xistentes na comunidade. A contaminao de pacientes durante a reali-zao de um procedimento ou por intermdio de artigos hospitalarespode provocar infeces graves e de difcil tratamento. Procedimentosdiagnsticos e teraputicos invasivos - como dilise peritonial, hemodi-lise, insero de cateteres e drenos, uso de drogas imunossupressoras -so fatores que contribuem para a ocorrncia de infeco.

    Ao dar entrada no hospital, o paciente j pode estar com umainfeco, ou pode vir a adquiri-la durante seu perodo de internao.Seguindo-se a classificao descrita na Portaria no 2.616/98,do Ministrio da Sade5, podemos afirmar que o primeirocaso representa uma infeco comunitria; o segundo, umainfeco hospitalar que pode ter como fontes a equipe desade, o prprio paciente, os artigos hospitalares e o am-biente.

    Visando evitar a ocorrncia de infeco hospitalar, aequipe deve realizar os devidos cuidados no tocante suapreveno e controle, principalmente relacionada lavagemdas mos, pois os microrganismos so facilmente levados deum paciente a outro ou do profissional para o paciente, po-dendo causar a infeco cruzada.

    2.2.1 Atendendo o paciente nohospitalO paciente procura o hospital por sua prpria vontade (neces-

    sidade) ou da famlia, e a internao ocorre por indicao mdica ou,nos casos de doena mental ou infectocontagiosa, por processo legalinstaurado.

    A internao a admisso do paciente para ocupar um leitohospitalar, por perodo igual ou maior que 24 horas. Para ele, istosignifica a interrupo do curso normal de vida e a convivnciatemporria com pessoas estranhas e em ambiente no-familiar. Paraa maioria das pessoas, este fato representa desequilbrio financei-ro, isolamento social, perda de privacidade e individualidade, sensa-

    Infeco comunitria - a infec-o constatada ou em incuba-o no ato da admisso, desdeque no relacionada cominternao anterior no mesmohospital.

    Infeco hospitalar - qual-quer infeco adquirida e quese manifeste durante ainternao ou mesmo aps aalta do paciente, cujo focorelacione-se com a realizaode procedimentos hospitala-res.

    5 Ministrio da Sade, 1998.

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    Fundamentos de Enfermagem

    o de insegurana, medo e abandono. A adaptao do paciente aessa nova situao marcada por dificuldades pois, aos fatores aci-ma, soma-se a necessidade de seguir regras e normas institucionaisquase sempre bastante rgidas e inflexveis, de entrosar-se com aequipe de sade, de submeter-se a inmeros procedimentos e demudar de hbitos.

    O movimento de humanizao do atendimento em sade pro-cura minimizar o sofrimento do paciente e seus familiares, buscandoformas de tornar menos agressiva a condio do doente institucio-nalizado. Embora lenta e gradual, a prpria conscientizao do paci-ente a respeito de seus direitos tem contribudo para tal intento. For-tes6 aponta a responsabilidade institucional como um aspecto impor-tante, ao afirmar que existe um componente de responsabilidadedos administradores de sade na implementao de polticas e aesadministrativas que resguardem os direitos dos pacientes. Assim,questes como sigilo, privacidade, informao, aspectos que o pro-fissional de sade tem o dever de acatar por determinao do seucdigo de tica, tornam-se mais abrangentes e eficazes na medidaem que tambm passam a ser princpios norteadores da organizaode sade.

    Tudo isso reflete as mudanas em curso nas relaes que se esta-belecem entre o receptor do cuidado - o paciente - e o profissional que oassiste, tendo influenciado, inclusive, a nomenclatura tradicionalmenteutilizada no meio hospitalar.

    O termo paciente, por exemplo, deriva do verbo latino patiscere,que significa padecer, e expressa uma conotao de dependncia, moti-vo pelo qual cada vez mais se busca outra denominao para o receptordo cuidado. H crescente tendncia em utilizar o termo cliente, quemelhor reflete a forma como vm sendo estabelecidos os contatos entreo receptor do cuidado e o profissional, ou seja, na base de uma relaode interdependncia e aliana. Outros tm manifestado preferncia pelotermo usurio, considerando que o receptor do cuidado usa os nos-sos servios. Neste livro, entretanto, ser mantida a denominao tradi-cional, porque ainda dessa forma que a maioria se reporta ao receptordo cuidado.

    Ao receber o paciente na unidade de internao, o profis-sional de enfermagem deve providenciar e realizar a assistncianecessria, atentando para certos cuidados que podem auxili-lonessa fase.

    O primeiro contato entre o paciente, seus familiares e a equipe muito importante para a adaptao na unidade. O tratamento reali-zado com gentileza, cordialidade e compreenso ajuda a despertar aconfiana e a segurana to necessrias. Assim, cabe auxili-lo a sefamiliarizar com o ambiente, apresentando-o equipe presente e a

    A enfermagem desempenhaimportante papel no cuidado aopaciente e seus familiares du-rante a hospitalizao, porquelhe presta assistncia continua-mente, 24 horas, sem interrup-o, mediante o trabalho deuma equipe constituda porenfermeiro, tcnico e auxiliar deenfermagem.

    6 Fortes, 1996, p.48.

  • 23

    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFoutros pacientes internados, em caso de enfermaria, acompanhando-o em visita s dependncias da unidade, orientando-o sobre o regula-mento, normas e rotinas da instituio. tambm importante solici-tar aos familiares que providenciem objetos de uso pessoal, quandonecessrio, bem como arrolar roupas e valores nos casos em que opaciente esteja desacompanhado e seu estado indique a necessidadede tal procedimento.

    importante lembrar que, mesmo na condio de doente, a pes-soa continua de posse de seus direitos: ao respeito de ser chamado pelonome, de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cuidados, de serinformado sobre os procedimentos e tratamento que lhe sero dispen-sados, e a que seja mantida sua privacidade fsica e o segredo sobre asinformaes confidenciais que digam respeito sua vida e estado desade.

    O tempo de permanncia do paciente no hospital dependerde vrios fatores: tipo de doena, estado geral, resposta orgnica aotratamento realizado e complicaes existentes. Atualmente, h umatendncia para se abreviar ao mximo o tempo de internao, emvista de fatores como altos custos hospitalares, insuficincia de leitose riscos de infeco hospitalar. Em contrapartida, difundem-se osservios de sade externos, como a internao domiciliar, a qual es-tende os cuidados da equipe para o domiclio do doente, medidacomum em situaes de alta precoce e de acompanhamento de casoscrnicos - importante que, mesmo neste mbito, sejam tambmobservados os cuidados e tcnicas utilizadas para a preveno e con-trole da infeco hospitalar e descarte adequado de material perfuro-cortante.

    O perodo de internao do paciente finaliza-se com a alta hospi-talar, decorrente de melhora em seu estado de sade, ou por motivo debito. Entretanto, a alta tambm pode ser dada por motivos tais como: apedido do paciente ou de seu responsvel; nos casos de necessidade detransferncia para outra instituio de sade; na ocorrncia de o pacienteou seu responsvel recusar(em)-se a seguir o tratamento, mesmo apster(em) sido orientado(s) quanto aos riscos, direitos e deveres frente tera-putica proporcionada pela equipe.

    Na ocasio da alta, o paciente e seus familiares podem necessitarde orientaes sobre alimentao, tratamento medicamentoso, ativida-des fsicas e laborais, curativos e outros cuidados especficos momentoem que a participao da equipe multiprofissional importante para es-clarecer quaisquer dvidas apresentadas.

    Aps a sada do paciente, h necessidade de se realizar a limpezada cama e mobilirio; se o mesmo se encontrava em isolamento, deve-setambm fazer a limpeza de todo o ambiente (limpeza terminal): teto,paredes, piso e banheiro.

    No caso de transferncia dopaciente, os relatrios mdi-co e de enfermagem auxiliamna continuidade do tratamen-to.

    Arrolar - descrever em rol, listare guardar todos os pertencesdo paciente quando de suaadmisso. Esse procedimentopromove controle e seguranatanto para a instituio comopara seus profissionais, no sen-tido de que nenhum pertenceseja perdido/extraviado.

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    Fundamentos de Enfermagem

    As rotinas administrativas relacionadas ao preenchimento e enca-minhamento do aviso de alta ao registro, bem como s pertinentes contabilidade e apontamento em censo hospitalar, deveriam ser realiza-das por agentes administrativos. Na maioria das instituies hospitala-res, porm, estas aes ainda ficam sob o encargo dos profissionais deenfermagem.

    O paciente poder sair do hospital s ou acompanhado porfamiliares, amigos ou por um funcionrio (assistente social, auxili-ar, tcnico de enfermagem ou qualquer outro profissional de sadeque a instituio disponibilize); dependendo do seu estado geral,em transporte coletivo, particular ou ambulncia. Cabe enferma-gem registrar no pronturio a hora de sada, condies gerais, orien-taes prestadas, como e com quem deixou o hospital.

    Um aspecto particular da alta diz respeito transfernciapara outro setor do mesmo estabelecimento, ou para outra insti-tuio. Deve-se considerar que a pessoa necessitar adaptar-se aonovo ambiente, motivo pelo qual a orientao da enfermagem importante. Quando do transporte a outro setor ou ambulncia,o paciente deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, jun-to com seus pertences, pronturio e os devidos registros de enfer-magem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento,

    enviar os relatrios mdico e de enfermagem.

    2.2.2 Sistema de informao em sadeUm sistema de informao representa a forma planejada de rece-

    ber e transmitir dados. Pressupe que a existncia de um nmero cada vezmaior de informaes requer o uso de ferramentas (internet, arquivos,formulrios) apropriadas que possibilitem o acesso e processamento deforma gil, mesmo quando essas informaes dependem de fontes locali-zadas em reas geogrficas distantes.

    No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de informa-es atravs de um sistema informatizado muito til porque agiliza oatendimento, tornando mais rpido o processo de admisso e alta depacientes, a marcao de consultas e exames, o processamento da pres-crio mdica e de enfermagem e muitas outras aes freqentementerealizadas. Tambm influencia favoravelmente na rea gerencial, disponi-bilizando em curto espao de tempo informaes atualizadas de diversasnaturezas que subsidiam as aes administrativas, como recursos huma-nos existentes e suas caractersticas, dados relacionados a recursos finan-ceiros e oramentrios, recursos materiais (consumo, estoque, reposio,manuteno de equipamentos e fornecedores), produo (nmero de aten-dimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos taxa de nasci-mentos, bitos, infeco hospitalar, mdia de permanncia, etc.

    Quando da alta, alguns hospi-tais j fornecem ao paciente oseu pronturio, para guardadomiciliar.

  • 25

    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFAs informaes do paciente, geradas durante seu perodo de inter-

    nao, constituiro o documento denominado pronturio o qual, se-gundo o Conselho Federal de Medicina (Resoluo n 1.331/89), consis-te em um conjunto de documentos padronizados e ordenados, proveni-ente de vrias fontes, destinado ao registro dos cuidados profissionaisprestados ao paciente.

    O pronturio agrega um conjunto de impressos nos quais so re-gistradas todas as informaes relativas ao paciente, como histri-co da doena, antecedentes pessoais e familiares, examefsico, diagnstico, evoluo clnica, descrio de cirur-gia, ficha de anestesia, prescrio mdica e de enfermagem,exames complementares de diagnstico, formulrios e gr-ficos. direito do paciente ter suas informaes adequada-mente registradas, como tambm acesso - seu ou de seuresponsvel legal - s mesmas, sempre que necessrio.

    Legalmente, o pronturio propriedade dos estabe-lecimentos de sade e aps a alta do paciente fica sob oscuidados da instituio, arquivado em setor especfico.Quanto sua informatizao, h iniciativas em andamen-to em diversos hospitais brasileiros, haja vista que facilitaa guarda e conservao dos dados, alm de agilizar infor-maes em prol do paciente. Devem, entretanto, garantira privacidade e sigilo dos dados pessoais.

    2.2.3 Sistema de informao emenfermagemUma das tarefas do profissional de enfermagem o registro,

    no pronturio do paciente, de todas as observaes e assistncia pres-tada ao mesmo - ato conhecido como anotao de enfermagem.

    A importncia do registro reside no fato de que a equipe deenfermagem a nica que permanece continuamente e sem inter-rupes ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todasas ocorrncias clnicas. Para maior clareza, recomenda-se que o re-gistro das informaes seja organizado de modo a reproduzir a ordemcronolgica dos fatos isto permitir que, na passagem de planto, aequipe possa acompanhar a evoluo do paciente.

    Um registro completo de enfermagem contempla as seguintesinformaes:

    Q Observao do estado geral do paciente, indicando manifes-taes emocionais como angstia, calma, interesse, depres-so, euforia, apatia ou agressividade; condies fsicas, indi-cando alteraes relacionadas ao estado nutricional,hidratao, integridade cutneo-mucosa, oxigenao, postu-

    Ordem cronolgica - seqnciaem que os fatos acontecem,correlacionados com o tempo.

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    Fundamentos de Enfermagem

    ra, sono e repouso, eliminaes, padro da fala, movimentao;existncia e condies de sondas, drenos, curativos, imobiliza-es, cateteres, equipamentos em uso;

    Q A ao de medicamentos e tratamentos especficos, paraverificao da resposta orgnica manifesta aps a aplica-o de determinado medicamento ou tratamento, tais como,por exemplo: alergia aps a administrao de medicamen-tos, diminuio da temperatura corporal aps banho mor-no, melhora da dispnia aps a instalao de cateter deoxignio;

    Q A realizao das prescries mdicas e de enfermagem, o quepermite avaliar a atuao da equipe e o efeito, na evoluo dopaciente, da teraputica medicamentosa e no-medicamentosa.Caso o tratamento no seja realizado, necessrio explicitar omotivo - por exemplo, se o paciente recusa a inalao prescrita,deve-se registrar esse fato e o motivo da negao. Procedimen-tos rotineiros tambm devem ser registrados, como a instalaode soluo venosa, curativos realizados, colheita de material paraexames, encaminhamentos e realizao de exames externos, bemcomo outras ocorrncias atpicas na rotina do paciente;

    Q A assistncia de enfermagem prestada e as intercorrncias ob-servadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen-tes aos cuidados higinicos, administrao de dietas, mudanasde decbito, restrio ao leito, aspirao de sondas e orientaesprestadas ao paciente e familiares;

    Q As aes teraputicas aplicadas pelos demais profissionais daequipe multiprofissional, quando identificada a necessidadede o paciente ser atendido por outro componente da equipede sade. Nessa circunstncia, o profissional notificado e,aps efetivar sua visita, a enfermagem faz o registro corres-pondente.

    Para o registro das informaes no pronturio, a enfermagemgeralmente utiliza um roteiro bsico que facilita sua elaborao. Porser um importante instrumento de comunicao para a equipe, asinformaes devem ser objetivas e precisas de modo a no daremmargem a interpretaes errneas. Considerando-se sua legalidade,faz-se necessrio ressaltar que servem de proteo tanto para o pacien-te como para os profissionais de sade, a instituio e, mesmo, asociedade.

    A seguir, destacamos algumas significativas recomendaes paramaior preciso ao registro das informaes:

    os dados devem ser sempre registrados a caneta, em letra le-gvel e sem rasuras - utilizando a cor de tinta padronizada noestabelecimento. Em geral, a cor azul indicada para o plan-

  • 27

    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFto diurno; a vermelha, para o noturno. No aconselhvel dei-xar espaos entre um registro e outro - o que evita que algumpossa, intencionalmente, adicionar informaes. Portanto, reco-menda-se evitar pular linha(s) entre um registro e outro, deixarpargrafo ao iniciar a frase, manter espao em branco entre oponto final e a assinatura;

    verificar o tipo de impresso utilizado na instituio e a rotina queorienta o seu preenchimento; identificar sempre a folha, preen-chendo ou completando o cabealho, se necessrio;

    indicar o horrio de cada anotao realizada; ler a anotao anterior, antes de realizar novo registro; como no se deve confiar na memria para registrar as infor-

    maes, considerando-se que muito comum o esquecimen-to de detalhes e fatos importantes durante um intensivo diade trabalho, o registro deve ser realizado em seguida presta-o do cuidado, observao de intercorrncias, recebimentode informao ou tomada de conduta, identificando a horaexata do evento;

    quando do registro, evitar palavras desnecessrias como pa-ciente, por exemplo, pois a folha de anotao individualizadae, portanto, indicativa do referente;

    jamais deve-se rasurar a anotao; caso se cometa um engano aoescrever, no usar corretor de texto, no apagar nem rasurar,pois as rasuras ou alteraes de dados despertam suspeitas deque algum tentou deliberadamente encobrir informaes; emcasos de erro, utilizar a palavra digo, entre vrgulas, e continu-ar a informao correta para concluir a frase, ou riscar o registrocom uma nica linha e escrever a palavra erro; a seguir, fazer oregistro correto - exemplo: Refere dor intensa na regio lom-bar, administrada uma ampola de Voltaren IM no glteo direito,digo, esquerdo. Ou: ... no glteo esquerdo; em caso de trocade papeleta, riscar um trao em diagonal e escrever Erro, papeletatrocada;

    distinguir na anotao a pessoa que transmite a informao; as-sim, quando o paciente que informa, utiliza-se o verbo na tercei-ra pessoa do singular: Informa que ..., Refere que ..., Queixa-se de ...; j quando a informao fornecida por um acompa-nhante ou membro da equipe, registrar, por exemplo: A me re-fere que a criana ... ou Segundo a nutricionista ...;

    atentar para a utilizao da seqncia cfalo-caudal quandohouver descries dos aspectos fsicos do paciente. Por exem-plo: o paciente apresenta mancha avermelhada na face, MMSSe MMII;

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    Fundamentos de Enfermagem

    organizar a anotao de maneira a reproduzir a ordem em queos fatos se sucedem. Utilizar a expresso entrada tardia ouem tempo para acrescentar informaes que porventura te-nham sido anteriormente omitidas;

    utilizar a terminologia tcnica adequada, evitando abreviatu-ras, exceto as padronizadas institucionalmente. Por exemplo:Apresenta dor de cabea cont. ... por Apresenta cefaliacontnua ...;

    evitar anotaes e uso de termos gerais como segue em obser-vao de enfermagem ou sem queixas, que no fornecemnenhuma informao relevante e no so indicativos de assis-tncia prestada;

    realizar os registros com freqncia, pois se decorridas vriashoras nenhuma anotao foi feita pode-se supor que o pacienteficou abandonado e que nenhuma assistncia lhe foi prestada;

    registrar todas as medidas de segurana adotadas para protegero paciente, bem como aquelas relativas preveno de compli-caes, por exemplo: Contido por apresentar agitaopsicomotora;

    assinar a anotao e apor o nmero de inscrio do ConselhoRegional de Enfermagem (em cumprimento ao art. 76, Cap.VI do Cdigo de tica dos Profissionais de Enfermagem).

    3- FUNDAMENTANDO A ASSISTNCIADE ENFERMAGEM NA PREVENO

    E CONTROLE DA INFECO

    3.1 Fonte de infeco relacionada aartigos hospitalares

    Denominam-se artigos hospitalares os materiais empregadoscom o objetivo de prevenir danos sade das pessoas ou de restabe-lec-la, necessrios aos cuidados dispensados. Eles tm grande varie-

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    Classificao Conceito Processo Exemplos

    Artigos crticos Materiais com elevado potencial de risco de provocar infeco, porque so introduzidos diretamente em tecidos normalmente estreis

    Indicao de esterilizao

    Instrumental cirrgico, agulhas, cateteres intravasculares e dispositivos a eles conectados, como equipos de soluo e torneirinhas

    Artigos semicrticos Aqueles que entram em contato com mucosa ntegra e pele no-intacta; pode-se tornar artigo crtico se ocorrer leso acidental durante a realizao do procedimento

    A esterilizao no obrigatria, porm desejvel; h indicao de, no mnimo, desinfeco de alto nvel

    Equipamentos de anestesia e endoscpios

    Artigos no- crticos Materiais que entram em contato somente com a pele ntegra e geralmente oferecem baixo risco de infeco

    Dependendo do grau de contaminao, podem ser submetidos limpeza ou desinfeco de baixo ou mdio nvel

    Artigos como comadre, papagaio, termmetros

    dade e as mais diversas finalidades, podendo ser descartveis ou perma-nentes, e esterilizveis ou no.

    A equipe de enfermagem tem importante papel na manuteno dosartigos hospitalares de sua unidade de trabalho, seja em ambulatrios, unida-des bsicas ou outros setores em que esteja atuando. Para sua previso eproviso, deve-se levar em considerao as necessidades de consumo, as con-dies de armazenamento, a validade dos produtos e o prazo de esteriliza-o. Os artigos permanentes devem ter seu uso assegurado pela limpeza,desinfeco, descontaminao e esterilizao.

    3.1.1 Classificao de artigos hospitalaresOs artigos utilizados nos servios de sade so classificados em

    trs categorias, propostas pela primeira vez por Spaulding7, conforme ograu de risco de provocar infeco nos pacientes.

    3.1.2 Processamento de artigoshospitalaresDescontaminao, segundo Rutala8, o processo que visa des-

    truir microrganismos patognicos, utilizado em artigos contamina-dos ou em superfcie ambiental, tornando-os, conseqentemente, segu-ros ao manuseio.

    7 Apud Padoveze e Del Monte, 1999.8 Rutala, 1996.

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    Fundamentos de Enfermagem

    Pode ser realizada por processo qumico, no qual os artigos soimersos em soluo desinfetante antes de se proceder a limpeza; porprocesso mecnico, utilizando-se mquina termodesinfectadora ou si-milar; ou por processo fsico, indicando-se a imerso do artigo emgua fervente durante 30 minutos9 - mtodo no indicado por Padove-ze10 pois, segundo ele, h impregnao de matria orgnica quando apli-cado a artigos sujos.

    A limpeza o ato de remover a sujidade por meio de frico euso de gua e sabo ou solues detergentes. H vrias frmulas dedetergentes disponveis no mercado, variando do neutro a especfi-cos para lavadoras. Ainda nesta classificao, podemos apontar osenzimticos utilizados para limpeza de artigos por imerso, bastan-te recomendados, atualmente, por sua eficcia na limpeza - so ca-pazes de remover a matria orgnica da superfcie do material emtempo inferior a 15 minutos (em mdia, 3 minutos), no danificamos artigos e so atxicos e biodegradveis.

    Limpar procedimento que deve sempre preceder a desinfec-o e a esterilizao; quanto mais limpo estiver o material, menor achance de falhas no processo. A matria orgnica, intimamenteaderida ao material, como no caso de crostas de sangue e secrees,atua como escudo de proteo para os microrganismos, impedindoque o agente desinfetante/esterilizante entre em contato com a su-perfcie do artigo, tornando o procedimento ineficaz.

    Para a realizao da descontaminao e limpeza dos materiais,recomenda-se adotar as seguintes medidas11:

    os procedimentos s devem ser feitos por profissionais devida-mente capacitados e em local apropriado (expurgo);

    sempre utilizar sapatos fechados, para prevenir a contaminaopor respingos;

    quando do manuseio de artigos sujos, estar devidamenteparamentado com equipamentos de proteo: avental im-permevel, luvas de borracha antiderrapantes e de cano lon-go, culos de proteo e mscara ou protetor facial;

    utilizar escovas de cerdas macias, evitando a aplicao de mate-riais abrasivos, como palhas de ao e saplio;

    as pinas devem estar abertas quando de sua imerso na so-luo;

    desconectar os componentes acoplados, para uma efetiva lim-peza;

    enxaguar os materiais em gua corrente potvel; secar os materiais com tecido absorvente limpo, atentando para

    o resultado da limpeza, principalmente nas ranhuras das pinas;

    Os detergentes enzimticos soindicados para a limpeza dequalquer material ou instrumen-tal mdico-hospitalar que con-tenha matria orgnica. Dissol-vem sangue, restos mucosos,fezes, vmito e outros restosorgnicos. So desenvolvidosespecificamente para limpezamanual, automtica, ultra-snica e lavadoras deendocpios.

    A limpeza de artigos no ambi-ente hospitalar pode ser reali-zada manualmente ou em m-quinas lavadoras, associadasou no ao processo de desin-feco.

    9 Padoveze e Del Monte, 1999, p. 5.10 Op. cit, 1999.11 Ibidem, 1999.

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFF armazenar o material ou encaminh-lo para desinfeco ou este-

    rilizao.Desinfeco o processo de destruio de microrganismos

    em estado vegetativo (com exceo das formas esporuladas, resisten-tes ao processo) utilizando-se agentes fsicos ou qumicos. O termodesinfeco aplicado tanto no caso de artigos quanto de superfciesambientais.

    A desinfeco pode ser12 de: alto nvel: quando h eliminao de todos os microrganismos e

    de alguns esporos bacterianos; nvel intermedirio ou mdio: quando h eliminao de

    micobactrias (bacilo da tuberculose), bactrias na formavegetativa, muitos vrus e fungos, porm no de esporos;

    baixo nvel: quando h eliminao de bactrias e alguns fun-gos e vrus, porm sem destruio de micobactrias nem deesporos.

    Os processos fsicos de desinfeco so a pasteurizao e a guaem ebulio ou fervura.

    A pasteurizao uma desinfeco realizada em lavadoras auto-mticas, com exposio do artigo em gua a temperaturas de aproxima-damente 60 a 90 graus centgrados por 10 a 30 minutos, conforme ainstruo do fabricante. indicada para a desinfeco de circuitos derespiradores.

    A gua em ebulio ou fervura utilizada para desinfeco dealto nvel em artigos termorresistentes. Consiste em imergir totalmenteo material em gua fervente, com tempo de exposio de 30 minutos13,aps o que o material retirado com o auxlio de pina desinfetada eluvas de amianto de cano longo. Em seguida, deve ser seco e guardadoem recipiente limpo ou desinfetado ressalve-se que esse procedimento indicado apenas nas situaes em que no se disponha de outros mto-dos fsicos ou qumicos.

    A desinfeco de artigos hospitalares por processo qumico feita por meio de imerso em solues germicidas. Para garantir aeficcia da ao faz-se necessrio: que o artigo esteja bem limpo, poisa presena de matria orgnica reduz ou inativa a ao do desinfe-tante; que esteja seco, para no alterar a concentrao do desinfetan-te; que esteja totalmente imerso na soluo, sem a presena de bo-lhas de ar; que o tempo de exposio recomendado seja respeitado;que durante o processo o recipiente seja mantido tampado e o pro-duto esteja dentro do prazo de validade.

    Esterilizao o processo utilizado para destruir todas as for-mas de vida microbiana, por meio do uso de agentes fsicos (vaporsaturado sobre presso autoclave e vapor seco estufa) e qumi-

    12 Brasil, Ministrio da Sade, 1994.13 APECIH, 1998.

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    Fundamentos de Enfermagem

    cos (xido de etileno, plasma de perxido de hidrognio, formaldedo,glutaraldedo e cido peractico).

    A esterilizao pelo vapor saturado sob presso realizada emautoclave, que conjuga calor, umidade, tempo e presso para destruir osmicrorganismos. Nela podem ser esterilizados artigos de superfcie comoinstrumentais, baldes e bacias e artigos de espessura como campos cirr-gicos, aventais e compressas, e artigos crticos e semicrticos termorre-sistentes e lquidos.

    Na estufa, o calor produzido por resistncias eltricas e propa-ga-se lentamente, de maneira que o processo moroso e exige altastemperaturas - vrios autores indicam a esterilizao por esse mtodoapenas quando haja impossibilidade de submeter o material autoclava-o, como no caso de ps e leos14,15.

    O material a ser processado em estufa deve ser acondicionado emcaixas metlicas e recipientes de vidro refratrio. Frise-se que a relaotempo-temperatura para a esterilizao de materiais por esse mtodo bastante controvertida e as opinies muito divergentes entre os diversosautores16.

    O quadro a seguir apresenta os principais desinfetantes qumicosutilizados em artigos hospitalares, e os principais esterilizantes qumicos:

    Desinfetante/ Esterilizante

    Caractersticas Indicaes Desvantagens

    lcool (etlico e isoproplico)

    Ao rpida, fcil aplicao, vivel para artigos metlicos; ao tima na concentrao de 70%

    Desinfeco de nvel mdio de artigos e superfcies. Ex: superfcies externas de equipamentos metlicos, termmetros, estetoscpios, ampolas, vidros, etc.

    Inflamvel; resseca plsticos e opacifica artigos acrlicos

    C loro e compostos clorados

    Em forma lquida (hipoclorito de sdio) ou slida; as solues devem ser estocadas em frascos opacos; ao rpida e baixo custo

    Desinfeco de nvel mdio de artigos e superfcies e descontaminao de superfcies. Ex: materiais de inaloterapia e oxigenoterapia no metlicos, como mscaras de inalao e nebulizao, circuitos ventilatrios; desinfeco de lactrios, cozinhas etc.

    corrosivo para artigos e superfcies metlicas; irrita as mucosas; odor forte; reduo de atividade em presena de matria orgnica; incompatvel com detergentes; soluo pouco estvel

    Glutaraldedo No danifica instrumentais, plsticos e borrachas; com ativi-dade germicida em presena de matria

    Esterilizao e desinfeco de alto nvel de artigos termossensveis; indicado para endoscpios semicrticos (digestivos, broncoscpios,

    Irritante para mucosas e pele (olhos, nariz, garganta, etc.)

    14 Padoveze e Del Monte, 1997.15 APECIH, 1998.16 Op. cit, 1998.

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFF

    orgnica; no indicado para superfcies

    laringoscpios, retossigmoidoscpios) e crticos (artroscpios e laparoscpios) em situaes nas quais a esterilizao no seja possvel; artigos semicrticos, como espculos vaginais, lminas de laringoscpios (sem lmpada)

    Fenlicos Toxicidade drmica, podendo provocar a despigmentao cutnea

    Desinfeco de nvel mdio e baixo; indicado para artigos no-crticos e superfcies

    Podem ser absorvidos por materiais porosos, como plstico e borrachas, e o efeito residual pode causar irritao tecidual mesmo aps enxge criterioso; contra-indicado em berrios e reas de manuseio de alimentos

    Quaternrios de amnio

    Baixa toxicidade; so bons agentes de limpeza

    Desinfeco de baixo nvel; indicado para superfcies e equipamentos em local de manuseio de alimentos

    Bactrias Gram-negativas tm possibilidade de sobreviver nesses compostos

    Formaldedo Requer tempo prolongado para agir

    Desinfeco de capilares do sistema de dialisadores, em soluo aquosa, na concentrao de 4% por 24 horas

    Embora considerado desinfetante e esterilizante, seu uso limitado devido a sua ao txica, irritante, odor forte e desagradvel e comprovado potencial carcinognico

    Plasma de perxido de hidrognio

    Considerado quarto estado da matria, diferente dos estados lquido, slido e gasoso. A esterilizao por esse mtodo realizada atravs de equipamento automatizado e computadorizado

    Esterilizao de artigos sensveis ao calor e umidade

    Alto custo do equipamento

    cido peractico No forma resduos txicos

    Formulaes associadas a perxido de hidrognio so indicadas para reprocessamento de capilares de hemodialisadores

    Instvel aps a diluio

    xido de etileno Processo de esterilizao combinado ao calor mido da autoclave

    Esterilizao de artigos termossensveis

    Txico para pele e mucosas; os materiais necessitam de aerao prolongada para remoo do gs

    * Bactericida, fungicida, viruscida e tuberculocida

    Desinfetante/ Esterilizante

    Caractersticas Indicaes Desvantagens

    g

  • 34

    Fundamentos de Enfermagem

    Classificao Grau de risco Exemplos rea crtica

    So as reas de maior risco para a aquisio de infeces, devido a presena de pacientes mais susceptveis ou pelo nmero de procedimentos invasivos realizados; so tambm considerados como crticos os locais onde os profissionais manipulam constantemente materiais com alta carga infectante

    UTI, centro cirrgico, centro obsttrico e de recuperao ps-anestsica, isolamentos, setor de hemodilise, banco de sangue, laboratrio de anlises clnicas, banco de leite, dentre outros

    rea semicrtica

    So as reas ocupadas por pacientes que no necessitam de cuidados intensivos ou de isolamento

    Enfermarias, ambulatrios

    rea no-crtica

    So todas as reas no ocupadas por pacientes

    reas administrativas, almoxarifado.

    Superfcies - compreendempisos, paredes, tetos, portas,janelas, mobilirios, equipa-mentos e demais instalaesfsicas.

    3.2 Fonte de infeco relacionada aoambiente

    O ar, a gua e as superfcies inanimadas verticais e horizontaisfazem parte do meio ambiente de uma instituio de sade. Particular-mente no hospital, o ambiente pode tornar-se foco de infeco hospita-lar, embora estudos tenham demonstrado no ser esse o principal meiode transmisso.

    Os cuidados com o ambiente esto centrados principalmente nasaes de limpeza realizadas pelo Servio de Higiene Hospitalar. H umaestreita relao deste com o Servio de Preveno e Controle de Infec-o Hospitalar, cabendo-lhe as seguintes incumbncias: padronizar pro-dutos a serem utilizados na limpeza; normatizar ou indicar o uso degermicidas para as reas crticas ou para as demais, quando necess-rio; participar de treinamentos e dar orientao tcnica equipe delimpeza; participar da elaborao ou atualizao de manuais a respei-to do assunto.

    3.2.1 Classificao das reas hospitalaresA freqncia da limpeza varia de acordo com as reas do hospital.

    Da mesma maneira que os artigos, as reas hospitalares tambm foramclassificadas de acordo com os riscos de infeco que possam ofereceraos pacientes:

  • 35

    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFF3.2.2 Mtodos e freqncia da limpeza,desinfeco e descontaminaoDe maneira geral, a limpeza suficiente para reduzir os microrga-

    nismos existentes nas superfcies hospitalares, reservando-se os proces-sos de desinfeco e descontaminao para as reas onde h deposiode matria orgnica.

    Para a descontaminao, indica-se a aplicao de desinfetantesobre a matria orgnica; em seguida, aguardar o tempo de ao,remover o contedo descontaminado com papel absorvente ou te-cidos e realizar a limpeza com gua e soluo detergente.

    Na desinfeco, remover a matria orgnica com papel absor-vente ou tecidos, aplicar o desinfetante sobre a rea atingida, aguar-dar o tempo de ao, remover o desinfetante com papel absorventeou pano e realizar a limpeza com gua e soluo detergente.

    O desinfetante habitualmente utilizado para a descontamina-o e desinfeco de superfcies o cloro orgnico (clorocide) ouinorgnico (hipoclorito de sdio a 1%), com tempo de exposio de10 minutos.

    A limpeza das reas hospitalares um procedimento que visaremover a sujidade e detritos orgnicos de superfcies inanimadas,que constituem timo habitat para a sobrevivncia de microrganis-mos no mbito hospitalar. O agente qumico utilizado na limpeza odetergente, composto de substncia tensoativa que facilita a remooda sujeira.

    A limpeza pode ser do tipo concorrente e terminal. O pri-meiro tipo feito diariamente e consiste na limpeza do piso, re-moo de poeira do mobilirio, limpeza completa do sanitrio, re-posio de material de higiene e recolhimento do lixo, repetidoconforme a necessidade; o segundo, realizado periodicamente,de acordo com a rea de risco do hospital, e consiste na limpezade paredes, pisos, tetos, janelas, portas e sanitrios.

    O quadro abaixo apresenta a freqncia e tipo de limpezapor reas crticas, semicrticas e no-crticas, e as observaes per-tinentes:

    Matria orgnica so as se-crees, excrees e exsudatoscomo sangue, urina, pus, fezes.

    Exsudatos elementossangneos que saem dos va-sos, devido a ocorrncia deprocessos inflamatrios (fluidorico em protenas).

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    Fundamentos de Enfermagem

    Os mtodos de limpeza podem ser classificados em varreduramida, que visa a remoo da sujeira do cho, sem que ocorra suspen-so de partculas no ar, realizada com o MOP ou pano mido envolto norodo, e lavagem, que visa remover a sujidade pelo uso de gua e deter-gente neutro, feita manual ou mecanicamente, utilizando-se mquinaslavadoras.

    atribuio do Servio de Higiene realizar a limpeza do piso,paredes, teto e mobilirio da unidade, como mesas, telefones, extinto-res de incndio. Ao Servio de Enfermagem cabem as tarefas de lim-peza e desinfeco de equipamentos e artigos relacionados assistn-cia do paciente, como bombas de infuso, monitores, aspiradores, co-madre, bacias.

    Fonte: FERREIRA, T. M. e cols. Limpeza e desinfeco de reas hospitalares. In: APECIH- Limpeza, desinfeco de artigos e reas hospitalares e antissepsia. So Paulo, 1999.

    rea Limpeza concorrente Limpeza terminal Observaes

    Crticas Unidades de internao Bloco cirrgico Demais unidades crticas

    Duas vezes ao dia e quando se fizer necessrio A cada cirurgia Uma vez ao dia e quando se fizer necessrio

    Aps alta, bito, transferncia do paciente ou a cada 7 dias nos casos de permanncia prolongada no mesmo ambiente Ao trmino da programao cirrgica do dia Semanal

    Na limpeza terminal, deve-se limpar as grelhas do sistema de ar condicionado, janelas, peitoris, teto, luminria e realizar troca de cortinas, se houver A limpeza do mobilirio e dos equipamentos de responsabilidade do corpo de enfermagem, tanto na limpeza concorrente quanto na terminal; nas demais unidades crticas, a limpeza do mobilirio e dos equipamentos poder ser feita pelo profissional de limpeza, desde que treinado para a funo especfica

    Semicrtica Unidades de internao Ambulatrio, servio diagnstico, consultrio

    Uma vez ao dia e quando se fizer necessrio Uma vez ao dia e quando se fizer necessrio

    Aps alta, bito, transferncia do paciente ou a cada 15 dias nos casos de permanncia prolongada no mesmo ambiente Semanal (devido ao alto fluxo de pessoas)

    Equipamentos e artigos so de responsabilidade do corpo de enfermagem; o mobilirio de responsabilidade do profissional de limpeza Na presena de carpetes e tapetes, deve-se efetuar aspirao diria e lavagem semestral

    No-crtica Uma vez ao dia e quando se fizer necessrio

    Mensal

    MOP o conjunto de carrinho,baldes, espremedor tipo prensae cabeleira.

  • 37

    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFF3.2.3 Principais desinfetanteshospitalares para superfciesH vrios produtos indicados para a desinfeco do ambiente

    hospitalar, dos quais apresentamos os principais:

    Desinfetante Indicaes Contra-indicaes Uso

    lcool (etl ico ou isoproplico)

    Mobilirio em geral Opacificao de acrlicos e ressecamento de plsticos e borrachas

    C oncentrao a 70%; frico por 30 segundos

    C ompostos fenlicos

    Desinfeco de superfcies fixas e mobilirios em geral

    Em berrios e reas de contato com alimentos; evitar contato com a pele ou mucosas; pode sofrer inativao na presena de matria orgnica; so txicos e poluentes ambientais

    C oncentrao de uso de acordo com as recomendaes do fabricante

    C loro inorgnico (hipoclorito)

    Desinfeco ou descontaminao de superfcies fixas

    C orrosivo sobre metais e tecidos; no deve ser associado a detergentes; inativado na presena de matria orgnica

    C oncentrao de 1% com tempo de exposio de 10 minutos

    C loro orgnico, p ou pastilha (C lorocide)

    Descontaminao de superfcie com matria orgnica; para desinfeco, util izar diluio

    C orrosiva para metais e tecidos Descontaminao entre 1,8% e 6%, com tempo de exposio de 10 minutos

    Quaternrio de amnio

    Superfcies fixas e mobilirio; reas de alimentao e berrio

    Pode sofrer inativao na presena de matria orgnica

    C oncentrao entre 2% e 3% com tempo de exposio de 10 minutos

    3.2.4 Unidade do pacienteEsta unidade o espao fsico hospitalar onde o paciente per-

    manece a maior parte do tempo durante seu perodo de internao. basicamente composta por cama, mesa de cabeceira, cadeira, mesade refeies e escadinha. O paciente acamado deve ter sempre dis-posio uma campainha para chamar o profissional de enfermagem,caso necessite.

    A unidade do paciente, seja ambiente individualizado (quarto)ou espao coletivo (enfermaria), deve proporcionar-lhe completa se-gurana e bem-estar. Nesse sentido, lembramos que o estado de con-servao do teto, piso e paredes, instalao eltrica e hidrulica, dis-posio do mobilirio e os espaos para a movimentao do pacien-te, da equipe e dos equipamentos so aspectos importantes a ser con-siderados. Outra questo a influncia do ambiente e dos fatores

  • 38

    Fundamentos de Enfermagem

    estticos sobre o estado emocional e o humor das pessoas. Decora-o atraente, cores de paredes e tetos agradveis, iluminao ade-quada, ambiente arejado, calmo e silencioso, proporcionam maioraconchego s pessoas, especialmente quando doentes.

    Alm das questes estticas que ocasionam no paciente, familia-res e profissionais uma sensao mais agradvel, a prtica da assistnciahumanizada pressupe a preservao dos direitos dos pacientes e umamaior aproximao no campo das relaes humanas. Pressupe, ainda,tratar das atividades cotidianas de forma a melhor atender s necessida-des do paciente. Por exemplo: ampliao do horrio de visitas, facilita-o do uso de meios de comunicao com o exterior, conservao deobjetos pessoais e possibilidade do recebimento de cartas. Isto permiteque a pessoa, ao ser internada, possa considerar a unidade que lhe foidestinada como seu espao, um local privativo e sob seu controle,onde lhe possvel expressar sentimentos e valores, dispondo de obje-tos relacionados ao seu mundo e que lhe despertam recordaes, comofotografias, objetos religiosos, etc. A enfermagem deve zelar pela unida-de do paciente sem, contudo, desrespeitar a privacidade que lhe cabepor direito.

    3.2.5 Limpeza e preparo da unidade dopacienteA limpeza da unidade objetiva remover mecanicamente o ac-

    mulo de sujeira e ou matria orgnica e, assim, reduzir o nmero demicrorganismos presentes. Pode ser de dois tipos:

    limpeza concorrente: feita diariamente aps a arrumao dacama, para remover poeira e sujidades acumuladas ao longo dodia em superfcies horizontais do mobilirio; normalmente, suficiente a limpeza com pano mido, realizada pelo pessoal deenfermagem;

    limpeza terminal: feita em todo o mobilirio da unidade dopaciente; realizada quando o leito desocupado em razo dealta, bito ou transferncia do paciente, ou no caso de internaesprolongadas. Na maioria dos estabelecimentos, ainda feita pelopessoal de enfermagem, embora haja crescente tendncia paraser realizada pela equipe de higiene hospitalar, desde que devi-damente treinada, de modo que a enfermagem possa ter maistempo disponvel nos cuidados aos pacientes.

    A realizao da limpeza da unidade requer conhecimentos bsi-cos de assepsia e uso de tcnica adequada, visando evitar a dissemina-o de microrganismos e a contaminao ambiental. Assim, o profissio-nal responsvel por essa tarefa deve ater-se a algumas medidas de extre-ma importncia:

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFF executar a limpeza com luvas de procedimento; realizar a limpeza das superfcies com movimentos amplos e

    num nico sentido; seguir do local mais limpo para o mais contaminado; colocar sempre a superfcie j limpa sobre outra superfcie limpa; limpar com soluo detergente e, em seguida, remover o res-

    duo; substituir a gua, sempre que necessrio.

    A limpeza da unidade deve abranger a parte interna e externa damesa de cabeceira, travesseiro (se impermevel), colcho, cabeceira dacama, grades laterais, estrado, ps da cama, paredes adjacentes cama,cadeira e escadinha.

    A arrumao da cama deve ater-se s seguintes caractersticas:a cama fechada indicada para receber um novo paciente, caso emque deve ser submetida prvia limpeza terminal; a cama aberta preparada para o paciente que tem condies de se locomover; acama aberta com paciente acamado aquela preparada com opaciente no leito e a cama de operado preparada para receberpaciente operado ou submetido a procedimentos diagnsticos ou te-raputicos sob narcose.

    importante ressaltar que um leito confortvel, devidamente pre-parado e biologicamente seguro, favorece o repouso e sono adequadoao paciente.

    Q Arrumando a cama aberta e fechadaMaterial necessrio: 2 lenis (1 protetor do paciente e 1 protetor do colcho) 1 lenol mvel 1 impermevel 1 cobertor 1 colcha 1 toalha de banho 1 toalha de rosto

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    Fundamentos de Enfermagem

    Sempre que a roupa de cama apresentar sujidade ou estiver mo-lhada com fluidos corpreos, deve ser trocada para garantir o conforto e

    evitar a formao de dermatite e escarificao da pele do paciente.

    No preparo da cama, o profissional deve organizar o trabalhode forma a evitar problemas posturais e desperdcio de energia. Por-tanto, deve providenciar todo o material necessrio antes de iniciarsua tarefa; dobrar a roupa de cama de maneira funcional, na ordemde instalao; soltar, primeiramente, todo o lenol da cama e, emseguida, preparar todo um lado da cama e depois o outro.

    Observar a reorganizao da unidade ao trmino da ar-rumao.

    Visando no disseminar microrganismos, lavar sempre asmos antes e aps a realizao do procedimento, jamais colocar aroupa limpa sobre o leito de outro paciente e evitar o manuseio ex-cessivo da roupa - como esticar o lenol alisando-o com as mos e o seu contato com seu prprio uniforme profissional ou o cho.

    Se a cama estiver destinada ao recebimento de pacienteoperado, a arrumao dos lenis deve ser feita de modo a facili-tar o acolhimento, aquecimento e a higiene do mesmo.

    Para evitar futuros problemas posturais, o profissional deverealizar os movimentos respeitando os princpios da ergonomia,principalmente ao cuidar de pacientes acamados. Nestes cuida-

    dos muito comum ocorrer levantamento de peso excessivo, incorreto ourepetitivo, o que, com o tempo, pode vir a prejudicar a coluna. Assim, aoexecutar atividades que requeiram esse tipo de esforo, o profissional devesolicitar o auxlio de um colega, planejar estratgias que favoream a tare-fa e, ao faz-la, manter as costas sempre eretas e os joelhos flexionados.

    Ao deslocar o paciente de posio, deve cuidar para evitar trauma(s)- por compresso - de alguma parte do corpo do mesmo, pois podemformar lceras de presso; alm disso, atentar para no tracionar as son-das, cateteres e tubos, que podem desconectar-se com movimentos brus-cos ou mesmo lesar o local onde esto instaladas.

    3.3 Fonte de infeco relacionada equipe de sade

    A equipe de sade tem importante papel na cadeia de transmisso dainfeco hospitalar ou domiciliar. As prticas adotadas para sua prevenovisam controlar a propagao de microrganismos que habitam o ambientehospitalar e diminuir os riscos do paciente vir a adquirir uma infeco. Poroutro lado, tanto as medidas gerais como as especficas de preveno e con-trole de infeco implantadas na instituio tambm direcionam-se para pro-teger o prprio trabalhador que ali desempenha sua funo, quer seja pres-tando assistncia direta ao paciente, como no caso do auxiliar de enferma-

    Ergonomia conjunto de estu-dos que visam organizaometdica do trabalho em funodo fim proposto e das relaesentre o homem e a mquina.

    Recolhimento da roupa usada

    Cama de operado

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFgem ou do enfermeiro, quer seja indiretamente, como o funcionrio dahigiene hospitalar, da lavanderia ou da nutrio e diettica.

    Toda a equipe de sade tem responsabilidade com relao preven-o da infeco hospitalar, devendo fazer correto uso das tcnicas asspti-cas, dos equipamentos de proteo individual (EPI) e ou coletivo (EPC),quando necessrio. Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade dedisponibilizar os recursos necessrios efetivao desses cuidados.

    A preveno e o controle da infeco fundamentam-se nos princpiosde assepsia, mediante a utilizao de medidas para impedir a penetrao demicrorganismos (contaminao) em local onde no estejam presentes.

    As tcnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionaisde sade em todos os procedimentos, e so agrupadas sob a denominaode assepsia mdica e cirrgica. A primeira, refere-se s medidas adotadaspara reduzir o nmero de microrganismos e evitar sua disseminao; a se-gunda, para impedir a contaminao de uma rea ou objeto estril.

    As medidas que visam reduzir e prevenir o crescimento de mi-crorganismos em tecidos vivos so denominadas antissepsia.

    A adeso da equipe s medidas gerais de preveno e controle deinfeco ainda dependem da conscientizao e mudana de hbitos dosprofissionais. Entretanto, sua adoo implica a realizao de atos sim-ples e de fcil execuo, tais como:

    lavar sempre as mos antes de realizar qualquer procedimento -um dos mais importantes meios para prevenir a infeco cruzada;

    manter os cabelos longos presos durante o trabalho, pois quan-do soltos acumulam sujidades, poeira e microrganismos, favo-recendo a contaminao do paciente e do prprio profissional;

    manter as unhas curtas e aparadas, pois as longas facilitam oacmulo de sujidades e microrganismos;

    evitar o uso de jias e bijuterias, como anis, pulseiras e demaisadornos, que podem constituir-se em possveis fontes de infec-o pela facilidade de albergarem microrganismos em seus sul-cos e reentrncias, bem como na pele subjacente;

    no encostar ou sentar-se em superfcies com potencial de con-taminao, como macas e camas de pacientes, pois isto favorecea disseminao de microrganismos.

    3.3.1 Lavando as mosNo dia-a-dia de nosso trabalho executamos grande variedade de pro-

    cedimentos, muitos deles repetidas vezes. Em geral, a importncia que lhes conferida associa-se ao grau de complexidade, tecnologia envolvida, capacidade de provocar danos ou complicaes ao paciente e freqnciade realizao. A pouca adeso dos profissionais da rea de sade prtica de

    Equipamentos de proteo -so aqueles destinados a pro-teger o profissional durante oexerccio de suas atividades,visando reduzir riscos. Podemser individuais (EPI), como ms-caras, luvas, botas, ou coletivos(EPC), como a caixa prpriapara desprezar materiaisperfurocortantes.

    A devida ateno aos princpiosde assepsia evita a ocorrnciade infeco tanto no profissionalcomo no paciente.

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    Fundamentos de Enfermagem

    lavagem das mos reflete em parte essa situao, pois procedimento sim-ples, comum na esfera social como hbito de higiene, o que certamente nolhe confere o valor e o status de alta tecnologia. E muitas so as justificativasusadas pela equipe para no faz-lo, como, dentre outras: falta de pias edegermantes adequados, sobrecarga de servio, situaes de emergncia17.Em contrapartida, os especialistas so unnimes em afirmar que este umdos procedimentos mais significativos para a preveno e o controle da in-feco hospitalar, sendo-lhe atribuda a possibilidade de reduo acentuadada carga microbiana quando as mos so lavadas com gua e sabo e comdegermantes como povidine ou clorhexidine18.

    Tcnica de lavagem das mos

    Para que a lavagem das mos seja eficaz, faz-se necessrioutilizar uma tcnica apropriada para a remoo mecnica da sujidade,suor, clulas descamativas e microrganismos transitrios em todas aspartes da mo: palma, dorso, espaos interdigitais, unhas e punhos.

    Visando evitar contaminao durante o processo, antes deiniciar a lavagem das mos devem ser retirados objetos como anis,pulseiras e relgio de pulso. Preferencialmente, utilizar sabo lqui-do, pois o sabo em barra facilmente se torna meio de contamina-o. Outro cuidado adicional evitar que, durante a lavagem, as mosentrem em contato direto com a pia.

    Para uma lavagem adequada das mos deve-se, aps molh-las e colocar o sabo, fazer os seguintes movimentos: friccionar pal-ma contra palma (figura 1), palma direita sobre o dorso da mo es-querda, com os dedos entremeados (figura 2) e vice-versa, palmacontra palma, friccionando a regio interdigital com os dedos entre-meados (figura 3), dedos semifechados em gancho da mo esquer-da contra a mo direita (figura 4) e vice-versa, movimento circular dopolegar direito (figura 5) e esquerdo, movimento circular para a fren-te e para trs com os dedos fechados da mo direita sobre a palmada mo esquerda (figura 6) e vice-versa.

    O processo de frico repetida deve ser realizado com as mose os antebraos voltados para baixo, evitando-se que o sabo e a

    gua, j sujos, retornem s reas limpas. Cinco frices de cada tipo sosuficientes para remover mecanicamente os microrganismos.

    Aps esse processo, as mos no devem ser enxagadas em guacorrente, mas sim posicionadas sob a torneira com os dedos voltadospara cima, de modo que a gua escorra das mos para os punhos.

    Aps a lavagem, mantendo os dedos voltados para cima, secar as moscom papel-toalha descartvel, comeando pelas mos e, depois, os antebraos.

    O uso de sabo suficiente para a lavagem rotineira das mos.Em situaes especiais, como surtos de infeco ou isolamento de mi-crorganismo multirresistente, seguir as orientaes do setor responsvelpela preveno e controle de infeco hospitalar.

    A lavagem das mos de ex-trema importncia para a segu-rana do paciente e do prprioprofissional, haja vista que, nohospital, a disseminao demicrorganismos ocorre princi-palmente de pessoa para pes-soa, atravs das mos.

    1 2

    3 4

    5

    6

    Lavagem das mos

    17 Ibidem, 1998.18 Dealey, 1996.

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    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFF3.3.2 Luvas esterilizadas e deprocedimentoOutra barreira utilizada para o controle da disseminao de mi-

    crorganismos no ambiente hospitalar so as luvas, esterilizadas ou no,indicadas para proteger o paciente e o profissional de contaminao.

    As luvas esterilizadas, denominadas luvas cirrgicas, so indicadaspara a realizao de procedimentos invasivos ou manipulao de materialestril, impedindo a deposio de microrganismos no local. Exemplos:cirurgias, suturas, curativos, cateterismo vesical, dentre outros.

    As luvas de procedimento so limpas, porm no esterilizadas, eseu uso indicado para proteger o profissional durante a manipulaode material, quando do contato com superfcies contaminadas ou du-rante a execuo de procedimentos com risco de exposio a sangue,fluidos corpreos e secrees. No h nenhum cuidado especial paracal-las, porm devem ser removidas da mesma maneira que a luvaestril, para evitar que o profissional se contamine.

    Calando e descalando luvas estreis

    Antes de qualquer coisa, ressalte-se que a luva deveter um ajuste adequado, cuja numerao corresponda aotamanho da mo.

    Abra o pacote de luvas posicionando a abertura doenvelope para cima e o punho em sua direo (figura 1). To-que somente a parte externa do pacote, mantendo estreisa luva e a rea interna do pacote.

    Segure a luva pela dobra do punho, pois a parteque ir se aderir pele ao cal-la, nica face que pode sertocada com a mo no-enluvada (figura 1) - desta forma,sua parte externa se mantm estril (figura 2).

    Para pegar a outra luva, introduza os dedos da moenluvada sob a dobra do punho (figura 3) e calce-a, ajustan-do-a pela face externa (figuras 4 e 5).

    Calando a luva, mantenha distncia dos mobiliriose as mos em nvel mais elevado, evitando a contaminaoexterna da mesma.

    Aps o uso, as luvas esto contaminadas. Durantesua retirada a face externa no deve tocar a pele. Para queisto no ocorra, puxe a primeira luva em direo aos dedos,segurando-a na altura do punho com a mo enluvada (figu-ra 6); em seguida, remova a segunda luva,segurando-a pelaparte interna do punho e puxando-a em direo aos dedos(figura 7). Esta face deve ser mantida voltada para dentro paraevitar autocontaminao e infeco hospitalar.

    Se no houver disponibilidadede papel-toalha, antes de fe-char o fluxo de gua deve-sedespejar gua com as mosem concha sobre a torneiraensaboada - procedimento queassegurar que as mos, jlimpas, toquem apenas a su-perfcie tambm limpa da tor-neira.

    Calando

    1

    2

    3

    4

    5

    Descalando

    6

    7

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    Fundamentos de Enfermagem

    3.4 Fonte de infeco relacionadaao paciente

    Na maioria das vezes, a pessoa hospitalizada tem seus mecanis-mos de defesa comprometidos pela prpria doena, tornando-se maissusceptvel s infeces. Alm disso, a infeco hospitalar pode ser pre-disposta por fatores tais como:

    idade - os idosos so mais susceptveis s infeces porque apre-sentam maior incidncia de doenas bsicas que acabam debili-tando e afetando seu sistema imunolgico, e pelas alteraes deestrutura e funcionamento do organismo;

    condies de higiene - a integridade da pele e da mucosa fun-ciona como barreira mecnica aos microrganismos. A camadaexterna da pele constituda por clulas que se renovam e des-camam continuamente; como conseqncia, diversos tipos desujidades a ela aderem com facilidade e microrganismos multi-plicam-se intensamente em toda a sua superfcie;

    movimentao - a imobilidade no leito, causada por distrbiosneurolgicos ou fraqueza, torna o paciente mais susceptvel sinfeces. Nessas condies, apresenta maiores chances de de-senvolver lceras de presso, que causam ruptura na pele e faci-litam a penetrao de microrganismos;

    certas enfermidades - como a Aids, em conseqncia da dimi-nuio da defesa orgnica causada pela prpria doena;

    estado de nutrio - a carncia de protenas e de outros nutrien-tes prejudica a formao e renovao das clulas do nosso cor-po, causando diminuio da resistncia e retardamento do pro-cesso de cicatrizao de feridas.

    Ao prestar qualquer cuidado ou execuo de uma tcnica, fun-damental que o profissional de enfermagem contemple o paciente emsua dimenso biopsicossocial.

    Assim, importante que os cuidados no sejam realizados de ma-neira automatizada e impessoal, como se o paciente fosse uma mquinaa ser analisada e manipulada nas suas diferentes peas. Apesar de estardoente, ele no perde a condio de sujeito e cidado. Sua autonomiadeve ser resguardada. Ele tem total direito de ser esclarecido sobre osobjetivos e natureza dos procedimentos de enfermagem, sua invasibili-dade, durao dos tratamentos, benefcios, provveis desconfortos, in-convenientes e possveis riscos fsicos, psquicos, econmicos e sociais,ou seja, sobre tudo o que possa fundamentar suas decises. muitocomum o profissional de sade argumentar que boa parte dos pacientesno compreende as informaes prestadas. Esquecem que, na maioriadas vezes, isto causado pela inadequao de como so passadas, e nona pretensa incapacidade de compreenso do paciente.

    lcera de presso a lesoque, em geral, aparece empessoas acamadas e com pou-co movimento do corpo. Forma-se em locais onde h salinciassseas, como a regio sacra enos calcanhares, pois essasestruturas comprimem os teci-dos moles contra o colcho,provocando leses devido diminuio da circulaosangnea no local.

  • 45

    PPPPP EEEEEAAAAARRRRROOOOOFFFFFO natural pudor e intimidade dos pacientes devem ser sempre res-

    peitados, pois espera-se que os profissionais de enfermagem lhes assegu-rem ao mximo a privacidade. A intimidade deve ser preservada mesmoquando so feitas perguntas pessoais, por ocasio do exame fsico e dotratamento, lembrando que o conceito de intimidade tem diferentes sig-nificados para cada pessoa e fatores como idade, sexo, educao, condi-es socioeconmica e culturais tm influncia no mesmo.

    Os pacientes sempre esperam que o enfermeiro, tcnico ou auxili-ar de enfermagem que lhe presta cuidados seja um profissional compe-tente, com habilidade e segurana. Para que isto seja uma realidade e osresultados eficazes, todos os cuidados devem ser previamente planeja-dos e organizados. Os materiais necessrios execuo dos procedimen-tos devem ser reunidos e levados numa bandeja para junto do paciente, eo ambiente devidamente preparado para evitar idas e vindas desnecess-rias e a impresso de desleixo. Para a segurana do paciente, do prprioprofissional e das pessoas que com ele trabalham, indica-se, mais umavez, lavar sempre as mos antes e logo aps os cuidados dispensados.

    Para diminuir os riscos de o paciente vir a desenvolver infecodurante sua internao, a enfermagem implementa cuidados bastantediversificados, de acordo com as condies e necessidades que cada umapresenta. Dentre eles, os que visam manuteno da integridade cutneo-mucosa, atravs de cuidados de higiene, mobilizao e alimentao adequa-da, so os que causam grande impacto nos resultados do tratamento.

    3.4.1 Higienizando a bocaA higiene oral freqente reduz a colonizao local, sendo importante

    para prevenir e controlar infeces, diminuir a incidncia de cries dentrias,manter a integridade da mucosa bucal, evitar ou reduzir a halitose, alm deproporcionar conforto ao paciente. Em nosso meio, a maioria das pessoas esthabituada a escovar os dentes - pela manh, aps as refeies e antes de deitar- e quando isso no feito geralmente experimenta a sensao de desconforto.

    Q Higienizando a bocaMaterial necessrio: bandeja escova de dentes ou esptula com gazes creme dental, soluo dentifrcia ou soluo bicarbonatada copo com gua (e canudo, se necessrio) cuba-rim toalha de rosto lubrificante para os lbios, se necessrio luvas de procedimento

    Halitose mau hlito.

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    Fundamentos de Enfermagem

    Avaliar a possibilidade de o paciente realizar a prpria higiene.Se isto for possvel, colocar o material ao seu alcance e auxili-lo noque for necessrio. Caso contrrio, com o material e o ambiente devi-damente preparados, auxiliar o paciente a posicionar-se, elevar a cabe-ceira da cama se no houver contra-indicao e proteger o trax domesmo com a toalha, para que no se molhe durante o procedimento.

    Em pacientes inconscientes ou impossibilitados de realizar a higie-ne bucal, compete ao profissional de enfermagem lavar-lhe os dentes,gengivas, bochechas, lngua e lbios com o auxlio de uma esptula en-volvida em gaze umedecida em soluo dentifrcia ou soluobicarbonatada a qual deve ser trocada sempre que necessrio. Apsprvia verificao, se necessrio, aplicar um lubrificante para prevenir ra-chaduras e leses que facilitam a penetrao de microrganismos e dificul-tam a alimentao.

    Para a proteo do profissional, convm evitar contato direto comas secrees, mediante o uso de luvas de procedimento.

    Aps a higiene bucal, colocar o paciente numa posio adequadae confortvel, e manter o ambiente em ordem. Anotar, no pronturio, oprocedimento, reaes e anormalidades observadas.

    O paciente que faz uso de prtese dentria (dentadura) tambmnecessita de cuidados de higiene para manter a integridade da mucosaoral e conservar a prtese limpa. De acordo com seu grau de dependn-cia, a enfermagem deve auxili-lo nesses cuidados. A higiene compre-ende a escovao da prtese e limpeza das gengivas, bochechas, lnguae lbios - com a mesma freqncia indicada para as pessoas que pos-suem dentes naturais.

    Por sua vez, pacientes inconscientes no devem permanecer comprtese dentria. Nesses casos, o profissional deve acondicion-la,identific-la, realizando anotao de enfermagem do seu destino eguard-la em local seguro ou entreg-la ao acompanhante, para evitara possibilidade de ocorrer danos ou extravio. A mesma orientao re-comendada para os pacientes encaminhados para cirurgias.

    Ao manipular a dentadura, a equipe de enfermagem deve sem-pre utilizar as luvas de procedimento.

    3.4.2 Realizando