avaliaÇÃo da permeabilidade, rugosidade e microdureza superficial de esmalte humano apÓs...
DESCRIPTION
Artigo científico apresentado como trabalho de conclusão de curso, como requisito parcial para graduação em Odontologia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG Autores: Charles Rauen e Júlio Cezar ChidoskiTRANSCRIPT
-
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
ODONTOLOGIA
AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA
SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES
CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO
Charles Alex Rauen
Jlio Cezar Chidoski Filho
Orientadora: Profa. Dra. Osnara Maria Mongruel Gomes
PONTA GROSSA
2014
-
CHARLES ALEX RAUEN
JLIO CEZAR CHIDOSKI FILHO
AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA
SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES
CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO
PONTA GROSSA
2014
Artigo cientfico apresentado como trabalho
de concluso de curso, como requisito
parcial para graduao em Odontologia pela
Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG
Orientadora: Profa. Dra. Osnara Maria
Mongruel Gomes.
Co-orientadores: doutoranda Bruna
Fortes Bittencourt, Profa. Dra Giovana
Mongruel Gomes e Prof Dr. Joo Carlos
Gomes.
-
AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA
SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES
CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO
EFFECT OF BLEACHING AGENTS CONTAINING FLUORIDE OR CALCIUM ON
HUMAN ENAMEL MICROHARDNESS, ROUGHNESS AND PERMEABILITY
SHORT TITLE: Bleaching with F or Ca on enamel properties
Charles Alex Rauen1, Jlio Cezar Chidoski Filho1, Bruna Fortes Bittencourt2,
Giovana Mongruel Gomes3, Joo Carlos Gomes3, Osnara Maria Mongruel Gomes3.
1Alunos de Graduao em Odontologia Universidade Estadual de Ponta Grossa,
Paran, Brasil.
2Doutoranda em Odontologia Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paran,
Brasil.
3Professores Doutores do Curso de Odontologia Universidade Estadual de Ponta
Grossa, Paran, Brasil.
Resumo:
Avaliou-se o efeito de agentes clareadores com clcio e flor na rugosidade, microdureza e permeabilidade do esmalte humano. Foram utilizados 52 pr-molares. Para a rugosidade e microdureza, 20 coroas foram seccionadas no sentido msio-distal, para obteno de 40 espcimes (hemi-faces), as quais sofreram avaliaes iniciais (padro Ra e dureza Vickers, respectivamente). Os espcimes foram aleatoriamente divididos em 4 grupos (n=10 para microdureza e rugosidade, e n=8 para permeabilidade): G1-sem clareamento(controle); G2- clareamento com perxido de hidrognio (PH) 35%; G3-PH 38%+flor e G4-PH 35%+clcio. Aps os procedimentos clareadores, foram feitas as medidas de rugosidade e microdureza finais, e os 32 espcimes restantes foram imersos em hipoclorito de sdio 1% (20min) e soluo de nitrato de prata 50% (2h). Posteriormente, foram revelados e submetidos ao de luz fluorescente (16h). Realizaram-se trs cortes longitudinais
- e obtiveram-se imagens analisadas em Fotomicroscpio (100x), de acordo com os escores: 0: sem penetrao do agente traador; 1: Menos da metade da espessura do esmalte atingida pelo agente traador; 2: Agente traador atingindo metade da espessura do esmalte; 3: Todo o esmalte atingido pelo agente traador, sem atingir dentina; 4: Agente traador atingindo dentina. Os dados de microdureza e rugosidade foram analisados por ANOVA um fator e ps-teste de Dunnet, e teste t, e permeabilidade por Kruskall Wallis e Dunn. Observou-se rugosidade e permeabilidade significativamente maiores e microdureza diminuda nos grupos 2, 3 e 4 em relao ao G1 (p
-
microhardness of human enamel; thus, the addition of fluoride or calcium was not
beneficial.
Key-words: dental bleaching, hydrogen peroxide, dental enamel permeability,
surface properties.
-
5
Introduo
A tcnica de clareamento dental utilizando perxido de hidrognio ou perxido
de carbamida tem se tornado um procedimento popularizado, principalmente pelos
benefcios caracterizados pela capacidade de promover alterao de cor dando
tonalidades mais claras aos dentes (1). As modalidades de tratamentos so
basicamente duas: tcnica caseira e tcnica em consultrio. Alguns pacientes
preferem a tcnica de consultrio, por no se habituarem a usar a moldeira ou no
desejarem esperar semanas para perceber a mudana e preferirem resultados mais
imediatos, comparado tcnica caseira (2).
O mecanismo de ao dos agentes clareadores base de perxido de
hidrognio e carbamida se baseia na degradao dessas substncias e liberao de
espcies reativas de oxignio, que se difundem pela superfcie do esmalte agindo
principalmente na dentina, onde agem fazendo a quebra de anis de carbono de alto
peso molecular das molculas cromforas, tornando-as molculas cada vez
menores; estas por sua vez, difundem-se para fora da superfcie, proporcionando a
alterao de cor desejada (3).
de conhecimento geral e comprovado que os agentes clareadores (perxido
de hidrognio e de carbamida) trazem alguns danos superfcie do esmalte dental,
como aumento da rugosidade (4,5) e da permeabilidade (6,7). Esse efeito foi
demonstrado num estudo (8) que realizou a penetrao de nitrato de prata pelas
estruturas dentais, aps clareamento, sendo possvel verificar que esses agentes
abrem canais de difuso na estrutura do dente, atravs dos quais as molculas so
transportadas para a dentina. Provavelmente, uma perda mineral pode ser verificada
aps utilizao dos agentes clareadores (9,10), a qual apontada como causa da
diminuio da microdureza superficial (11,12).
Uma das provveis causas desses efeitos adversos seria a liberao de
radicais livres de oxignio durante a reao, os quais no agem de forma especfica,
podendo agir sobre a matriz orgnica das estruturas dentais (13), rompendo os
lipdios e protenas que so componentes orgnicos dos tecidos dentrios duros
(14). Fisiologicamente qualquer terapia clareadora tem a capacidade de aumentar os
-
6
nveis de radicais livres no complexo dentino-pulpar, o que pode induzir estresse
oxidativo nos odontoblastos depositando dentina terciria, geralmente mais
mineralizada e com maior croma. Isso poderia explicar a recidiva de cor ocorrida
aps o clareamento, bem como os constantes relatos de sensibilidade verificados
durante as sesses (15). tambm caracterstica dessas alteraes a diminuio
das matrizes de clcio e fosfato (9,16).Essas alteraes so prejudiciais sade dos
tecidos dentais, pois concomitante a este processo caracteriza-se a susceptibilidade
formao de leses de crie devido maior facilidade de adeso de placa
bacteriana, devido alterao morfolgica, como tambm pela estrutura mineral
apresentar-se comprometida e previamente desmineralizada (10,17).
O flor tem eficcia comprovada em promover remineralizao e inibir a
desmineralizao do esmalte (18). E no s o flor a nica forma de se garantir
essa remineralizao, compostos com clcio tambm apresentam eficcia em
devolver a estrutura mineral perdida (19). Com esse objetivo, flor e clcio tm sido
adicionados aos gis clareadores como alternativa para diminuir esses efeitos
adversos causados no esmalte pelo clareamento (20). Porm, existem controvrsias
entre estudos, pois autores relatam que adio de flor aos gis clareadores no
apresenta resultados benficos em termos de diminuio da desmineralizao do
esmalte aps o clareamento(21,22).
Portanto, diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar in vitro as alteraes
na rugosidade, microdureza e permeabilidade do esmalte humano quando exposto a
agentes clareadores de uso em consultrio contendo flor ou clcio na sua
formulao.
-
7
Material e Mtodos
Preparo das amostras
Para a realizao deste estudo, foram utilizados 52 coroas de dentes pr-
molares humanos (COEP-UEPG, parecer no 25/2011, protocolado sob o no
18741/10). As coroas dos dentes selecionados foram removidas na altura da juno
cemento-esmalte (JCE) com o auxlio de um disco de diamante montado em uma
mquina de corte Isomet 1000 (Buehler, Lake Bluff, IL, EUA) a uma velocidade de
300 rpm (rotaes por minuto) sob irrigao constante em gua.
Para o teste de rugosidade superficial e microdureza, foram utilizados 20
coroas. Para permeabilidade, 32 coroas foram vedadas na JCE com sistema
adesivo (Adper Single Bond, 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA) e resina composta
(Z100, 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA), para impedir a posterior penetrao do agente
traador (nitrato de prata, Vetec Qumica Fina, Xerm, RJ, Brasil) por esta regio.
Para realizao dos testes de microdureza e rugosidade superficial, as coroas
foram divididas em hemi-faces. Com o auxlio de um disco de diamante montado em
uma mquina de corte Isomet 1000 (Buehler, Lake Bluff) a uma velocidade de 300
rpm sob irrigao constante em gua foi realizado outro corte no sentido msio-distal
para separao das 20 coroas, em pores vestibulares e palatinas. Foram
confeccionados 40 fragmentos de esmalte nas dimenses 2 mm x 2 mm x 2 mm. O
delineamento do estudo pode ser observado no Fluxograma 1.
-
8
Fluxograma 1 Delineamento do estudo.
Teste de Rugosidade Superficial
A anlise de rugosidade superficial inicial (RI) foi realizada em Rugosmetro
Digital Mitutoyo Surftest-301 (Mitutoyo-Kawasaki, Kanagawa, Japo), nos 40
espcimes (hemi-faces). Foram mensuradas 4 leituras de rugosidade para cada
espcime, das quais se obteve a mdia aritmtica, a qual foi considerada como valor
da RI (Rugosidade Inicial), utilizando-se o parmetro Ra, cutt-off de 0,25 mm e
comprimento de leitura 1,25 mm.
-
9
Teste de microdureza superficial
O teste de microdureza Vickers (VHN) foi realizado em microdurmetro
(Shimadzu, Kyoto, Japo), nos mesmos espcimes utilizados para o teste de
rugosidade. A superfcie do espcime foi dividida em 4 quadrantes, onde foram
realizadas 5 indentaes com uma carga de 50 g por 15 s cada, das quais se obteve
a mdia aritmtica, a qual foi considerada como valor da MI (microdureza inicial).
Grupos experimentais tratamento clareador
Os 72 espcimes foram divididos para os testes de permeabilidade,
rugosidade e microdureza superficial; para o primeiro foram utilizadas 32 coroas
divididas aleatoriamente em 4 grupos (n=8) e para os testes de rugosidade e
microdureza, 40 espcimes (n=10) foram divididos aleatoriamente em 4 grupos
(n=10): Grupo 1 sem clareamento (controle); Grupo 2 clareamento com perxido
de hidrognio 35% (WhitenessHPMaxx, FGM, Joinville, SC, Brasil); Grupo 3
clareamento com perxido de hidrognio 38% com flor na composio
(OpalescenceBoost PF, Ultradent, South Jordan, UT, EUA) e Grupo 4 clareamento
com perxido de hidrognio 35% com clcio na composio (HP Blue, FGM,
Joinville, SC, Brasil). Os tratamentos foram realizados de acordo com as instrues
dos respectivos fabricantes (Tabela 1).
O grupo controle (G1) permaneceu em saliva artificial e no recebeu nenhum
tratamento clareador. Todos os grupos foram mantidos em saliva artificial durante
todo o experimento.
-
10
Tabela 1 Materiais utilizados, fabricante, modo de aplicao e composio.
Material Fabricante Modo de
aplicao
Composio
WhitenessHPMaxx
FGM; Joinville-
Santa Catarina
Brasil
3 aplicaes X 15
min cada
Aps mistura das fases:
Perxido de Hidrognio a 30%
- 35%, espessantes, mistura de
corantes, glicol, carga
inorgnica e gua
deionizada.
Opalescence
Boost PF
Ultradent
Products Inc.,
Salt Lake City,
Utah, EUA
3 aplicaes X 15
min cada
Perxido de hidrognio 38%
com fluoreto de sdio 1,1% e
hidrxido potssico 2,6%
HPBlue
FGM; Joinville-
Santa Catarina
Brasil
Aplicao nica de
45 min
Ingredientes Ativos: Perxido
de Hidrognio a 20% ou 35%
Ingredientes Inativos:
Espessantes, pigmento violeta
(HP
Blue 35%), agentes
neutralizantes, Gluconato de
Clcio, Glicol e gua
Deionizada
Saliva Artificial
Farmcia
Eficcia, Ponta
Grossa, Paran,
Brasil
-------
Cloreto de sdio 0,084%,
cloreto de clcio 0,015%,
potssio quelado 0,034%,
cloreto de potssio 0,12%,
cloreto de magnsio 0,005%,
benzoato de sdio 0,2%, CMC
1%, gua destilada 500mL
-
11
Avaliao da rugosidade final e microdureza final
Aps 48 horas dos procedimentos clareadores, os espcimes foram
submetidos novamente leitura da rugosidade e microdureza superficial, sendo
realizada como descrita para a leitura inicial (RI e MI); porm, obtendo-se os valores
da rugosidade final (RF) e microdureza final (MF).
Teste de Permeabilidade
Depois de realizado o procedimento clareador, os 32 espcimes (coroas),
inclusive os de G1, foram armazenados em recipientes prova de luz e imersas em
saliva artificial por 48 horas em estufa a 37o C. Decorrido esse perodo, foram
imersos em hipoclorito de sdio 1% (Soluo de Milton, Asfer Indstria Qumica
Ltda, So Caetano do Sul, SP, Brasil), durante 20 min. Aps, foram deixados secar
temperatura ambiente por 12 h.
Em seguida, em todas as coroas procedeu-se a impermeabilizao das
pores palatinas e da JCE aplicando-se uma camada de cola de secagem rpida
base de cianocrilato (SuperbonderLoctite, Henkel Ltda, So Paulo, SP, Brasil),
seguida de uma camada de esmalte para unhas, sendo delimitada uma mscara na
regio mediana da coroa. Aps, as coroas foram imersas em soluo de nitrato de
prata 50% (Vetec Qumica Fina, Xerm, RJ, Brasil) por 2 h em ambiente escuro e
fechado. Posteriormente, foram removidas do corante e colocadas em soluo
reveladora (Kodak, Eastman Kodak Company, Rochester, NY, EUA) e submetidas
ao de luz fluorescente por 16 h. Decorrido esse perodo, as coroas foram lavadas
em gua corrente e a camada de esmalte para unhas foi removida com o auxlio de
instrumentos cortantes manuais.
Em seguida, as coroas foram includas em tubos de policloreto de vinila (PVC)
com resina acrlica (Duralay, Reliance, Dental Mfg. Co., Worth, IL, EUA), sendo,
posteriormente, obtidos trs cortes no sentido longitudinal das coroas (sentido
vestbulo/lingual) com auxlio de um disco de diamante montado em uma mquina
de corte Isomet 1000 (Buehler) sob irrigao constante em gua.
-
12
As amostras obtidas foram ento fotografadas em um Fotomicroscpio
Leica (Olympus BX41-U-CA, Tokyo, Japo) com aumento de 100 vezes, obtendo-
se imagens com o auxlio de uma mquina digital com resoluo de 5.1 Megapixels
e captura de imagem em tempo real (Olympus CCD DP-71, Tokyo, Japo) e
software DP controller (Olympus, Tokyo, Japo).
Posteriormente, a anlise das imagens quanto permeabilidade foi realizada
por trs avaliadores previamente calibrados por meio do sistema de escores, no
seguinte padro: Escore 0 - sem penetrao do agente traador; Escore 1 - menos
da metade da espessura do esmalte atingida pelo agente traador; Escore 2 -
agente traador atingindo metade da espessura do esmalte; Escore 3 - toda a
extenso do esmalte atingida pelo agente traador, sem atingir a dentina; Escore 4 -
agente traador atingindo a dentina (Figura 1). Para essa avaliao do grau de
penetrao do corante, a mesma foi determinada a partir da visualizao do tero
mdio da coroa dentria. Caso os avaliadores discordassem em alguma avaliao,
um consenso entre os mesmos deveria ser obtido e esse novo escore foi aceito.
Figura 1 Esquema ilustrativo dos diferentes escores para avaliao do grau de penetrao do
agente traador (D: dentina; E: esmalte).
Anlise estatstica
Os dados obtidos de rugosidade e microdureza foram analisados por ANOVA
1 fator e ps-teste de Dunnet (=0,05) para amostras independentes, e teste t para
amostras pareadas (valores iniciais e finais de cada grupo). Para permeabilidade, os
dados qualitativos obtidos foram analisados pelo teste no paramtrico Kruskall
Wallis e ps-teste de Dunn (=0,05).
-
13
Resultados
Os valores mdios e desvio-padro da rugosidade superficial inicial (RI) e final
(RF), em m, para os diferentes grupos experimentais esto demonstrados na
Tabela 2.O teste ANOVA demonstrou no haver diferenas significativas entre RI de
todos os grupos (p=0,9312). Em relao RF, foram detectadas diferenas
significativas (Dunnet, p=0,0383) entre o G1 e demais grupos. O teste t verificou
que, com exceo do G1, todos os grupos experimentais foram diferentes
estatisticamente entre si, quando comparadas a RI (pr-clareamento) e RF (ps-
clareamento) de cada grupo independente.
Tabela 2 Valores mdios (m) e desvio-padro da rugosidade superficial inicial (RI) e final
(RF), para os diferentes grupos experimentais*
Grupos RI RF
G1 0,31 0,08 Aa 0,31 0,08 Aa
G2 0,29 0,12 Aa 0,40 0,09 Bb
G3 0,29 0,08 Aa 0,41 0,05 Bb
G4 0,31 0,09 Aa 0,40 0,08 Bb
* Letras maisculas indicam comparaes apenas entre colunas. Letras minsculas indicam comparaes entre
linhas. Letras iguais representam semelhanas estatisticamente significativas (p > 0,05).
Valores mdios e desvio-padro da microdureza superficial inicial (MI) e final
(MF) obtidos para cada grupo encontram-se na Tabela 3. O teste ANOVA 1 fator
mostrou no haver diferenas estatsticas entre a MI dos grupos experimentais
(p=0,2849), porm a MF de G1 e G2 foram estatisticamente diferentes de G3 e G4
(p
-
14
Tabela 3 - Valores mdios (KHN) e desvio-padro da microdureza superficial inicial (MI) e final
(MF), para os diferentes grupos experimentais*
Grupos MI MF
G1 376,1 78,6 A,a 370,2 78,6 B,a
G2 413,1 74,6 A,a 369,7 47,1 B,b)
G3 406,1 80,3 A,a 284,4 22,2 C,b
G4 342,1 34,1 A,a 258,1 34,6 C,b
* Letras maisculas indicam comparaes apenas entre colunas. Letras minsculas indicam comparaes entre
linhas. Letras iguais representam semelhanas estatisticamente significativas (p > 0,05).
As medianas ( 1o/3o interquartis) para a varivel dependente permeabilidade
obtidos para cada grupo esto demonstrados na Tabela 4. Observou-se que G1 foi
estatisticamente inferior aos demais grupos (p < 0,05), os quais no diferiram
estatisticamente entre si.
Tabela 4 Medianas (1o/3o interquartis) para o grau de permeabilidade e significncia dos
diferentes grupos experimentais.
GRUPOS MEDIANAS (1/3interquartis) SIGNIFICNCIA*
G1 1 (1/1) A
G2 3 (2/3) B
G3 2 (1.75/2.25) B
G4 1.5 (1/3) B
* Letras iguais representam semelhanas estatisticamente significativas (p > 0,05).
-
15
Discusso
O foco principal do estudo foi avaliar o efeito da adio de clcio e flor na
composio dos agentes clareadores como alternativa para diminuir os efeitos
adversos sobre o esmalte humano. As alteraes tanto de rugosidade,
permeabilidade e microdureza ocorreram de forma semelhante, ocorrendo variaes
entre as amostras clareadas e os grupos controle (sem clareamento). Portanto, foi
demonstrado que existe alteraes dessas propriedades aps tratamento com gis
clareadores,independentemente da presena de clcio ou de flor na sua
composio.
Resultados semelhantes ao presente estudo foram encontrados por Horning
et al. 2013(6) que compararam a permeabilidade do esmalte humano aps
exposio de agentes clareadores de uso caseiro (perxido de hidrognio 6% com
clcio) e de uso em consultrio (perxido de hidrognio 35%). No foram
observadas diferenas significativas entre os grupos clareados, mas todos estes
grupos apresentaram aumento significativo na permeabilidade, no encontrando
benefcio da adio de clcio ao agente clareador. Contrrio aos resultados do
presente estudo, bons resultados utilizando de Ca e F para agentes clareadores
caseiros experimentais de perxido de carbamida foram encontrados em outro
estudo (20) que mostrou que esses gis promoveram minimizao da perda mineral.
Uma hiptese que poderia explica este resultado est relacionada s menores
concentraes do perxido de carbamida em relao ao perxido de hidrognio.
Sabe-se que fatores como concentrao (10), tempo de aplicao(23) e
pH(24) do agente clareador podem predizer a influncia dessas substncias sobre
as estruturas dentais. Segundo Bistey et al. 2007(23),a concentrao mais elevada e
um maior tempo de tratamento resultam em alteraes mais severas no esmalte
dental humano. Outro estudo(10) demonstrou que esta relao diretamente
proporcional entre a perda de estrutura mineral e a concentrao do agente
clareador, apontando que agentes clareadores base de perxido de hidrognio a
35 e 38% mostraram valores de perda de clcio significantemente maiores em
relao a agentes de uso caseiro (perxido de carbamida 10%).
-
16
Os motivos dessas discrepncias entre os resultados do presente estudo com
aqueles j publicados sobre o tema pode estar nestas variantes. No s a
concentrao e tempo de aplicao assim como o pH dos agentes tambm pode ser
um fator determinante para a quantidade de perda mineral. Em estudo semelhante,
os autores (24) investigaram o efeito dos valores de pH de agentes clareadores
sobre as propriedades da superfcie do esmalte. No houve nenhuma alterao
morfolgica e qumica da superfcie do esmalte nas solues neutras ou alcalinasde
branqueamento. No presente estudo, tomou-se o cuidado de selecionar produtos
que se apresentavam em concentraes semelhantes (35 e 38%), e o tempo em
que os gis permaneceram em contato com o esmalte foi o mesmo no total (45 min),
variando- apenas a posologia proposta por cada fabricante, como demonstra-se na
Tabela 1. O pH de cada agente clareador mostrou uma variao (HPMaxx ~ 6;
OpalescenceBoost PF ~ 7; HPBlue ~ 8), a qual no se mostrou significativa no que
diz respeito aos resultados.
Os resultados desta pesquisa comprovam que todos os agentes clareadores
diminuram a microdureza, e aumentaram a permeabilidade e a rugosidade
superficial do esmalte humano. Entretanto, por se tratar de um estudo laboratorial,
extrapolaes clnicas no so possveis. Mais estudos in vivo so necessrios para
comprovar tal hiptese, pois se sabe que na cavidade oral existe o movimento do
fluido dentinrio provindo da cmara pulpar dos dentes, podendo tornar o esmalte
menos permevel que em condies in vitro (25), alm da capacidade
remineralizante da saliva.
Concluso
Pode-se concluir que todos os agentes clareadores analisados aumentaram a
permeabilidade e a rugosidade, e diminuram a microdureza superficial do esmalte
humano. E, a adio de clcio ou flor no foi efetiva na reverso destes efeitos
adversos.
-
17
Referncias
1. Haywood VB, Hook V, Heymann H. Nightguard vital bleaching effects of various
solutions on enamel surface texture and color. Quintessence Int 1991;22:775-782.
2. Marson FC, Sensi LG, Vieira LCC, Arajo E. Clinical Evaluation of In-office Dental
Bleaching Treatments With and Without the Use of Light-activation Sources. Oper
Dent 2008;33:15-22.
3. Dietschi D, Rossier S, Krejci I. In vitro colorometric evaluation of the efficacy of
various bleaching methods and products. QuintessenceInt2006;37:515-526.
4. Dominguez JA, Bittencourt B, Michel M, Sabino N, Gomes JC, Gomes OM.
Ultrastructural evaluation of enamel after dental bleaching associated with fluoride.
Microsc Res Tech 2012;75:1093-1098.
5. Markovic L, Jordan RA, Lakota N, Gaengler P. Micromorphology of enamel
surface after vital tooth bleaching. J Endod 2007;33:607-610.
6. Horning D, Gomes GM, Bittencourt BF, Ruiz LM, Reis A, Gomes OMM. Evaluation
of human enamel permeability exposed to bleaching agents. Braz J Oral Sci
2013;12:114-118.
7. Soares DGS, Ribeiro APD, Sacono NT, Coldebella CR, Hebling J, Souza Costa
CA. Transenamel and transdentinal cytotoxicity of carbamide peroxide bleaching gels
on odontoblast-like MDPC-23 cells. IntEndod J 2011;44:116-125.
8. Mendona LC, Naves LZ, Garcia LFR, Correr-Sobrinho L, Soares CJ, Quagliatto
PS. Permeability, roughness and topography of enamel after bleaching: tracking
channels of penetration with silver nitrate. Braz J Oral Sci2011;10:1-6.
-
18
9. Tezel H, Erta OS, Ozata F, Dalgar H, Korkut ZO. Effect of bleaching agents on
calcium loss from the enamel surface. Quintessence Int 2007;38:339-347.
10. Al-Salehi SK, Wood DJ, Hatton PV. The effect of 24h non-stop hydrogen
peroxide concentration on bovine enamel and dentine mineral content and
microhardness. J Dent 2007;35:845-850.
11. Fu B, Hoth-Hannig W, Hannig M. Effects of dental bleaching on micro- and nano-
morphological alterations of the enamel surface. Am J Dent2007;20:35-40.
12. Magalhes JG, Marimoto AR, Torres CR, Pagani C, Teixeira SC, Barcellos DC.
Microhardness change of enamel due to bleaching with in-office bleaching gels of
different acidity. ActaOdontolScand 2012;70:122-126.
13. Hegeds C, Bistey T, Flora-Nagy E, Keszthelyi G, Jenei A. An atomic force
microscopy study on the effect of bleaching agents on enamel surface. J Dent
1999;27:509-515.
14. Minoux M, Serfaty R. Vital tooth bleaching: biologic adverse effects-a
review. Quintessence Int 2008;39:645-659.
15. Leonard RH Jr, Haywood VB, Phillips C. Risk factors for developing
tooth sensitivity and gingival irritation associated with nightguard vital
bleaching. Quintessence Int 1997;28:527-534.
16. Soares DG, Ribeiro AP, Sacono NT, Logurcio AD, Hebling J, Costa CA. Mineral
loss and morphological changes in dental enamel induced by a 16% carbamide
peroxide bleaching gel. Braz Dent J 2013;24:517-521.
-
19
17. Hosoya N, Honda K, Iino F, Arai T.Changes in enamel surface roughness and
adhesion of Streptococcus mutans to enamel after vital bleaching.J Dent
2003;31:543-548.
18. Ten Cate JM, Buijs MJ, Miller CC, Exterkate RAM. Elevated fluoride products
enhance remineralization of enamel. J Dent Res 2008;87:943947.
19. Langhorst SE,O'Donnell JN,Skrtic D. In vitro remineralization of enamel by
polymeric amorphous calcium phosphate composite: quantitative microradiographic
study.Dent Mater 2009;25:884891.
20. Cavalli V, Rodrigues LKA, Paes-Leme AF, Soares LES, Martin AA, Berger SB,
Giannini M. Effects of the addition of fluoride and calcium to low-concentrated
carbamide peroxide agents on the enamel surface and subsurface. Photomed Laser
Surg 2011;29:319-325.
21. Attin T, Kocabiyik M, Buchalla W, Hannig C, Becker K. Susceptibility of enamel
surfaces to demineralization after application of fluoridated carbamide peroxide gels.
Caries Res 2003;37:93-99.
22. Tschoppe P, Neumann K, Mueller J, Kielbassa AM. Effect of fluoridated
bleaching gels on the remineralization of predemineralized bovine enamel in vitro. J
Dent 2009;37:156162.
23. Bistey T, Nagy IP, Sim A, Hegedus C. In vitro FT-IR study of the effects of
hydrogen peroxide on superficial tooth enamel. J Dent 2007;35:325-330.
24. Xu B, Li Q, Wang Y.Effects of pH values of hydrogen peroxide bleaching agents
on enamel surface properties. Oper Dent 2011;36:554-562.
25. Vongsavan N, Matthews B. The permeability of cat dentin in vivo and in vitro. Arch Oral Biol 1991;36:641-646.
-
20
ANEXOS
-
21
CARTA DE SUBMISSO DO ARTIGO
Ponta Grossa PR-Brasil, July 21, 2014.
Dr.
Jesus Djalma Pcora and Editors,
We are sending the article entitled: Effect of bleaching agents containing fluoride or calcium
on enamel microhardness, roughness and permeability.
We would highly appreciate if this paper could be published in Brazilian Dental Journal.
Thank you in advance and we are looking forward to hearing from you soon.
Sincerely yours,
Giovana Mongruel Gomes and authors
-
22