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ANA CAROLINA CORREIA LAURINDO DE CERQUEIRA NETO
AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE TRAUMATISMOS DENTÁRIOS
ASSOCIADOS A INDICADORES DE RISCO EM ESCOLARES DE 6 A 17 ANOS DE
PIRACICABA - SP E REGIÃO E CONHECIMENTO DOS PROFESSORES SOBRE A
CONDUTA DE PRONTO ATENDIMENTO EM TRAUMA DENTAL
Piracicaba 2015
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA
ANA CAROLINA CORREIA LAURINDO DE CERQUEIRA NETO
AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE TRAUMATISMOS DENTÁRIOS
ASSOCIADOS A INDICADORES DE RISCO EM ESCOLARES DE 6 A 17 ANOS DE
PIRACICABA - SP E REGIÃO E CONHECIMENTO DOS PROFESSORES SOBRE A
CONDUTA DE PRONTO ATENDIMENTO EM TRAUMA DENTAL
Orientadora: Profa. Dra. Adriana de Jesus Soares
Este exemplar corresponde à versão final
da dissertação defendida por Ana Carolina
Correia Laurindo de Cerqueira Neto e orientada
pela Prof. Dra. Adriana de Jesus Soares.
_____________________________________ Assinatura do(a) Orientador(a)
Piracicaba
2015
Dissertação apresentada ao programa de Pós - Graduação
da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da
Universidade de Campinas (UNICAMP), como parte dos
requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em
Clínica Odontológica – Área de concentração em
Endodontia.
vii
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi avaliar a prevalência do traumatismo dentário na
dentição permanente em escolares da rede pública de Piracicaba e região (SP) e sua
relação com a presença de indicadores de risco como overjet e selamento labial. Também
verificar o conhecimento dos professores em relação ao trauma dental e às medidas de
pronto atendimento em casos de acidentes que resultem em lesões traumáticas. Foi
realizado um estudo transversal, entre escolares de 6 a 17 anos, em treze escolas públicas
do ensino fundamental e médio nas cidades de Piracicaba-SP e região (Americana,
Limeira e Campinas), no período de Junho de 2007 a Junho de 2014. A avaliação foi
realizada em ambiente escolar e utilizou-se a classificação diagnóstica de O´Brien
modificada. Por meio de exame clínico e preenchimento de uma ficha clínica
padronizada, foram analisados o overjet incisal, o selamento labial (adequado e
inadequado), e também verificou-se através de um questionário, o nível de conhecimento
de 63 professores da rede pública de ensino, sobre o trauma dental e as medidas de pronto
atendimento em casos de acidentes em ambiente escolar. Foram avaliados 610 escolares
do gênero masculino (51,91%) e 565 do gênero feminino (48,09%), totalizando 1.175
escolares. A prevalência de traumatismo dentário encontrada foi de 13,36% (n=157).
Foram acometidos por lesões traumáticas 92 escolares do gênero masculino (15,08%) e
65 do gênero feminino (11,05%), (p>0,05). Os escolares que apresentaram overjet
superior a 3mm (79/16,49%) e selamento labial inadequado (47/18,95%), foram mais
susceptíveis ao trauma dentário (p <0,01). O conhecimento dos professores foi
considerado inadequado, não sendo os mesmos aptos à realizarem os primeiros socorros
em caso de ocorrência de lesões traumáticas na escola. Concluiu-se que a presença de
overjet superior a 3mm e selamento labial inadequado são indicadores de risco ao
traumatismo dentário recomendando-se a implantação de programas preventivos e de
saúde, através de esclarecimento aos pais, professores e escolares.
Palavras-chave: Traumatismos dentários. Epidemiologia. Conhecimento.
ix
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the prevalence of traumatic injuries to the permanent
teeth of children from public schools in Piracicaba and region (SP) and its relationship
with the presence of risk indicators such as overjet and lip seal. Also check teachers'
knowledge regarding dental trauma and emergency care measures in cases of accidents
that result in traumatic injuries. A cross-sectional study among students aged 6 to 17 years
was conducted in thirteen public schools in the elementary and high school in Piracicaba-
SP and region (Americana, Limeira e Campinas) from June 2007 to June 2014. The
evaluation was conducted in a school environment and used the diagnostic classification
modified O'Brien. Through clinical examination and completion of a standardized case
report form, was analysed the incisal overjet and the lip seal (adequate and inadequate).
It was also verified, through a questionnaire, the level of knowledge of 63 teachers from
the public school system on dental trauma and emergency care measures in cases of
accidents in the school environment. Was evaluated 610 male children (51.91%) and 565
female (48.09%), totaling 1.175 students. The prevalence of dental trauma found was
13.36% (n = 157). Were affected by traumatic injuries 92 school males (15.08%) and 65
females (11.05%) (p>0,05%). The students who had higher than 3 mm overjet and
inadequate lip sealing were more susceptible to dental trauma (p <0,01). The knowledge
of teachers was considered inadequate, not being able to perform the first aid in the event
of traumatic injuries in school. It was concluded that the presence of higher than 3 mm
overjet and inadequate lip sealing are risk factors to dental trauma recommending the
implementation of preventive and health programs through information to parents,
teachers and school.
Key Words: Dental trauma. Epidemiology. Knowledge.
xi
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA .............................................................................................................xv
AGRADECIMENTOS ............................................................................................... xvii
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 4
2.1 AS LESÕES DENTÁRIAS TRAUMÁTICAS .................................................................... 4
2.2 ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS LESÕES TRAUMÁTICAS
DENTÁRIAS NA DENTINÇAO PERMANENTE DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES ............................................................................................................... 5
2.3 EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES TRAUMÁTICAS DENTÁRIAS
NO BRASIL ......................................................................................................................... 8
2.4 INFLUÊNCIA DE FATORES DEMOGRÁFICOS NA
PREVALÊNCIA DAS LESÕES TRAUMÁTICAS DENTÁRIAS –
GÊNERO E IDADE ............................................................................................................. 11
2.5 ETIOLOGIA DO TRAUMATISMO DENTÁRIO E LOCAL DO
ACIDENTE ............................................................................................................... 13
2.6 TIPOS DE LESÕES TRAUMÁTICAS E DENTES PERMANENTES
AFETADOS PELO TRAUMATISMO DENTÁRIO .......................................................... 15
2.7 PRINCIPAIS TRATAMENTOS REALIZADOS DECORRENTES DO
TRAUMATISMO DENTÁRIO .......................................................................................... 16
2.8 INFLUÊNCIA DO GRAU DE OVERJET E PROTEÇÃO LABIAL NA
PREVALÊNCIA DO TRAUMATISMO DENTÁRIO....................................................... 17
2.9 CONHECIMENTO DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO AO
TRATAMENTO EMERGENCIAL DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE
TRAUMATISMO DENTÁRIO .................................................................................. 21
3 PROPOSIÇÃO ...........................................................................................................24
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 25
4.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................................ 25
4.2 CARACTERÍSTICA GERAL DA POPULAÇÃO ............................................................ 25
xii
4.3 CRITÉRIOS ADOTADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA
PESQUISA ......................................................................................................................... 25
4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ...................................................................26
4.5 TREINAMENTO E CALIBRAÇÃO DOS EXAMINADORES –
TESTE KAPPA .................................................................................................................. 27
4.6 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 28
4.7 AVALIAÇÃO DO OVERJET ............................................................................................ 29
4.8 AVALIAÇÃO DO SELAMENTO LABIAL ............................................................... 30
4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA ......................................................................................... 31
5 RESULTADOS ......................................................................................................... 33
5.1 PREVALÊNCIA E GÊNERO .............................................................................................33
5.2 PREVALÊNCIA E IDADE ................................................................................................ 33
5.3 ETIOLOGIA, LOCAL, FREQUÊNCIA DE OVERJET E
SELAMENTO LABIAL ..................................................................................................... 34
5.4 DENTES AFETADOS, TIPOS DE LESÕES TRAUMÁTICAS,
TRATAMENTO REALIZADO E SEQUELAS ................................................................. 35
5.5 RELAÇÃO ENTRE O TIPO DE LESÃO E O DENTE AFETADO .................................. 37
5.6 OCORRÊNCIA DO TRAUMATISMO DENTAL, OVERJET E
SELAMENTO LABIAL ...................................................................................................... 38
5.7 CONHECIMENTO DOS PROFESSORES SOBRE
TRAUMATISMO DENTÁRIO ........................................................................................... 40
6 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 45
7 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 53
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 54
APÊNDICE 1 ................................................................................................................ 66
APÊNDICE 2 ................................................................................................................ 67
APÊNDICE 3 ................................................................................................................ 70
APÊNDICE 4 ................................................................................................................ 72
xiii
ANEXO 1 ..................................................................................................................... 74
ANEXO 2 ..................................................................................................................... 75
ANEXO 3 ..................................................................................................................... 76
ANEXO 4 ..................................................................................................................... 78
xv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Florencio e Maria Luiza, pelo amor incondicional e
apoio que me proporcionaram durante toda a vida. Vocês são meus exemplos de vida,
meus amigos e maiores incentivadores.
“Honra teu pai e tua mãe - este é o primeiro mandamento com promessa –
para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a Terra.”
Efésios 6:1-14
xvii
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Á Deus por sempre guiar meus passos e me manter firme nos momentos mais difíceis;
Aos meus avós maternos João e Ziza e ao meu avô paterno Manoel, (in memoriam); pelo
grande amor que recebi;
Á minha avó paterna Áurea, pelo imenso amor, sempre disposta a me ajudar no que fosse
preciso;
Aos meus irmãos Daniela e Henrique, pelo apoio, carinho e ajuda sempre;
Aos meus tios e primos pelo incentivo e carinho;
Ao Prof. Dr. Mario Leonardo, meu orientador da especialização, pelos ensinamentos, sua
incansável dedicação e amor a endodontia e aos seus alunos. Muito obrigada por acreditar
no meu potencial e me encaminhar à pós-graduação.
Ao Instituto Odontológico do Nordeste-IDENT, onde realizei minha especialização e
especialmente ao Dr. Paulo Sérgio Moreira; Dr. Mário Thelmo Cruz e Dra. Joedy Santa
Rosa.
Aos meus amigos Marlos Ribeiro e Andrea Cardoso, vocês foram verdadeiros alicerces
na minha jornada em Piracicaba, importantes colaboradores do meu crescimento
profissional durante o mestrado e meus irmãos na minha vida pessoal. Minha admiração,
carinho e agradecimento à vocês é imensurável;
As minhas amigas e irmãs que moraram comigo nesses três anos, Amanda, Natássia,
Evelyn, Paulinha, Graciele, Larissa, Beatriz, Luiza, Jaqueline e Fernanda, pelo carinho,
companheirismo, ajuda e amizade plena;
Aos meus colegas e amigos da endodontia, Aline, Felipe, Carlos, Daniela Miyagaki,
Aniele, Ana Carolina Pimentel, Daniel, Erika, Thaís, Ariane, Thiago Rosa pela
convivência e ensinamentos durante o mestrado;
Aos amigos Juliana Nagata e Thiago Farias, por me receberem de braços abertos no
Serviço de Trauma Dental da FOP/UNICAMP, pelos conselhos, ensinamentos e
convivência;
xviii
Á minha orientadora Prof. Dra. Adriana de Jesus Soares, por ter acreditado em mim,
obrigada pela oportunidade, pelos ensinamentos, conselhos e puxões de orelha
necessários. A senhora é um exemplo de força e dedicação para todos nós;
Ao Prof. Dr. Francisco de Sousa-Filho (in memoriam), foi uma honra conhecê-lo e
receber seus ensinamentos;
A Prof. Dra. Brenda Gomes, pelo acolhimento, ensinamentos e orientação durante meu
estágio no PED.
Aos funcionários da área de Endodontia, Ana Cristina Godoy, Maicon Passini e Maria
Helídia Pereira, por sempre estarem dispostos a nos ajudar;
xix
AGRADECIMENTOS
A Universidade Estadual de Campinas -UNICAMP, na pessoa do magnífico reitor, Prof.
Dr. José Tadeu Jorge;
A Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP-
UNICAMP), na pessoa de seu diretor, Prof. Dr. Guilherme Elias Pessanha Henriques e
do diretor associado, Prof. Dr. Francisco Haiter Neto; à coordenadora dos Programas de
Pós-Graduação, Profa. Dra. Cínthia Pereira Machado Tabchoury e à coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica, Profa. Dra. Karina Gonzales
Silvério Ruiz;
Aos professores da área de Endodontia, Prof. Dr. Alexandre Augusto Zaia, Profª Dra
Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes, Prof. Dr. Caio Cezar Randi Ferraz e Prof.
Dr. José Flávio Affonso de Almeida, pelos ensinamentos;
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
concessão da bolsa de estudo para o mestrado;
Aos Professores Dra. Maria da Luz Rosário, Dr. Caio Randi Ferraz e Dra. Fernanda
Signoretti, membros da banca examinadora do meu exame de qualificação, pela
importante contribuição dada a este trabalho;
Aos diretores, coordenadores, professores e alunos das escolas que participaram desse
estudo e o tornaram possível, especialmente a Escola estadual Abigail de Azevedo Grillo,
Escola Adolpho Carvalho e Escola Anizer Francisco.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse estudo, meu muito
obrigada!
1
1 INTRODUÇÃO
Traumatismo dentário apresenta importante relevância clínica, não somente pelo
fato da sua expressiva prevalência em todo o mundo, mas também devido ao impacto
provocado na qualidade de vida dos pacientes. Além de promover um desconforto físico,
o trauma dental pode ocasionar um desconforto psicológico interferindo negativamente
nas relações interpessoais do indivíduo devido ao comprometimento estético. Crianças e
jovens são os mais frequentemente afetados, podendo os danos emocionais se estenderem
aos pais e responsáveis, uma vez que estas lesões podem causar perdas dentárias, não
apenas no momento do acidente, mas também durante o período pós-tratamento
(Marcenes et al., 2000; Cortes et al., 2002; Andersson L, 2013).
Os altos índices de violência, acidentes de trânsito e um maior aumento da
participação de crianças e jovens em atividades esportivas têm contribuído para que o
traumatismo dentário apresente uma alta prevalência ao redor do mundo. (Marcenes e
Murray, 2001; Glendor U, 2008; Ramos-Jorge et al., 2008).
O custo elevado do tratamento dos traumas dentários e suas sequelas pode ser alto
para as companhias de seguro dos pacientes e para o serviço de saúde pública, pois
somado aos gastos com o tratamento inicial, está a necessidade de um controle pós-
tratamento (Glendor et al., 2001). O que pode ser amenizado através da possibilidade de
se estabelecer programas de prevenção e controle, já que suas causas são conhecidas,
estando comumente relacionados às quedas, colisões, acidentes de trânsito, violência
física e prática de esportes (Caldas Jr e Burgos, 2001; Soriano et al., 2007; Ekanayake e
Pereira, 2008).
Entretanto, os levantamentos epidemiológicos de saúde bucal que incluem o
diagnóstico de traumatismo dentário são escassos, tanto em países em desenvolvimento
quanto em países industrializados, se comparados a dados coletados sobre cárie e doença
periodontal. Apenas três países do Continente Europeu: Inglaterra, Irlanda e Dinamarca
incluem em seus programas de saúde, dados relativos à prevalência de traumatismo
dentário (Côrtes e Bastos, 2004; Paiva, 2005).
2
No Brasil, somente a partir de 2010, o levantamento epidemiológico da condição
de saúde bucal (SBBrasil, 2010) incluiu dados a respeito da prevalência do traumatismo
dentário. Embora na aferição da condição dentária os dentes que apresentem lesão
traumática sejam codificados (código “T” do índice CPO), há uma nítida perda de
informação, principalmente por dois aspectos: nos casos em que há uma lesão de cárie
associada, perde-se a informação do trauma, prevalecendo a informação da cárie dentária;
além disso a informação é demasiadamente simplificada, podendo uma pequena fratura
ser codificada do mesmo modo que lesões mais severas. Também não é possível saber
quando o dente é perdido por trauma, pois o mesmo código é usado para perdas por outros
motivos. Dessa forma, o traumatismo dentário a partir desse levantamento, passa a ser
avaliado como uma medida específica.
No que se refere à prevalência do trauma dental, estudos em jovens mostram uma
expressiva diferença entre os dados encontrados, variando de 5,3% a 34% nos estudos
internacionais e de 10,5% a 58,6% nos estudos brasileiros (Marcenes et al., 2001; Grimm
et al., 2004; Damé-Teixeira et al., 2013).
A maioria dos casos de traumatismo dentário afetam os dentes permanentes
anteriores. Os incisivos centrais superiores são os mais atingidos, devido a sua posição
mais anterior e proeminente no arco dental. (Adreasen e Adreasen, 2011). Os fatores de
risco do traumatismo dental são bem definidos e envolvem fatores clínicos e ambientais,
bem como o comportamento humano, o que ressalta a complexidade da etiologia do
trauma dental (Schatz et al., 2013).
Dentre os fatores clínicos encontram-se: overjet acentuado, protrusão e selamento
labial inadequado (Cortes et al., 2001; Soriano et al., 2007; Souza Filho et al., 2013). A
relação entre o overjet acentuado e o trauma dental tem sido confirmada por vários autores
(Cortes et al, 2001; Soriano et al, 2007; Francisco et al, 2013). Estudos mostram que
pacientes com overjet maior que 3mm tem duas vezes mais chances de sofrer traumatismo
dentário do que pacientes com overjet menor que 3mm (Nguyen, et al., 1999; Francisco
et al., 2013).
A postura labial por si só não é um importante fator predisponente ao traumatismo
dentário, no entanto merece atenção devido a sua colinearidade com a presença de overjet
acentuado (Soriano et al., 2004). Há uma interação entre fatores orais predisponentes e
3
fatores ambientais e comportamentais (Glendor, 2009 a). Recomenda-se a imediata
indicação de tratamento ortodôntico em crianças com overjet acentuado, protrusão dos
incisivos e inadequado selamento labial para reduzir o risco de trauma dental,
demonstrando a necessidade da identificação desses fatores o quanto antes (Bauss et al.,
2004).
O local onde ocorrem os acidentes varia nos diferentes países (Andreasen e
Andreasen, 1994). Essas diferenças se devem aos costumes locais ou aos hábitos
culturais, sendo que a maioria acontece na escola ou em casa. Estudos mostraram ser a
escola o local onde se dá a maioria desses acidentes (Onetto et al., 1994; Skaare e
Jacobsen, 2003). A alta frequência de traumatismos ocorre principalmente devido às
atividades esportivas recreativas, podendo ser o professor responsável pelo primeiro
atendimento prestado a criança (Panzarini et al., 2005). Sendo assim de fundamental
importância que os mesmos tenham conhecimento sobre o trauma dental e o manejo
correto dessas crianças em situações emergenciais (Pacheco et al, 2003; Yeng e Parashos,
2008).
A determinação de um prognóstico favorável está relacionada com medidas de
pronto atendimento adequadas, principalmente nos casos de avulsão de dentes
permanentes, onde o atraso no reimplante reduz drasticamente o sucesso do tratamento,
levando à perda do elemento dentário em muitos casos (Bittencourt et al, 2008).
Tendo em vista o exposto acima, objetivou-se com o presente estudo transversal,
avaliar a prevalência de lesões traumáticas em dentes permanentes de escolares entre 6 e
17 anos de idade de escolas públicas de Piracicaba-SP e região, no período de 2007 à
2014 e investigar a associação entre a ocorrência dessas lesões com indicadores de riscos,
como a presença de overjet acentuado e o tipo de selamento labial. Além disso, verificou-
se o conhecimento dos professores em relação ao trauma dental e às medidas de pronto
atendimento em casos de acidentes que resultem em lesões dentárias traumáticas.
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 AS LESÕES DENTÁRIAS TRAUMÁTICAS
As lesões dentárias traumáticas são situações especiais que quando não
diagnosticadas e tratadas corretamente podem causar sérias consequências aos pacientes
(Andreasen e Andreasen, 1994). O trauma na região oral representa 5% de todas as
injúrias para as quais as pessoas procuram tratamento em clínicas dentárias e hospitais
em um país. (Andreasen e Andreasen, 2001). Estas lesões podem acontecer isoladamente
ou associadas a outros tipos de trauma, especialmente os faciais (Silva et al., 2004), e
comumente afetam múltiplos dentes, sendo os dentes anteriores os mais afetados na
maioria das vezes (Glendor, 2008).
Além de afetarem as estruturas dentárias (tecidos duros e polpa), podem acometer
ainda as estruturas de suporte (gengiva, tecido periodontal e osso alveolar) (Andreasen e
Andreasen, 2001). O impacto das injúrias traumáticas provoca alterações que variam
desde uma fratura simples em esmalte até situações mais graves, como nos casos de
intrusões ou avulsões, que geram danos irreparáveis aos tecidos pulpares e periodontais,
levando até mesmo a perda do dente (Melo e Sidney, 1998).
O restabelecimento da normalidade pulpar é o mais esperado na maioria dos casos,
principalmente naqueles considerados leves. No entanto, as principais consequências das
lesões traumáticas dentárias são as fraturas de esmalte e dentina, alterações no suprimento
neurovascular causando necrose pulpar e obliteração parcial ou total do canal. Já no tecido
periodontal, pode ocorrer laceração das fibras periodontais até a ruptura do ligamento
periodontal, podendo haver o desenvolvimento de reabsorções e perda de osso marginal
(Andreasen et al., 2002; Melo e Sidney, 1998; AL-Nazhan et al., 1995; Andreasen e
Andreasen, 1994). Essas situações causam desconforto, dor e até dificultam as interações
sociais, pois estão diretamente ligadas aos aspectos físicos e psicológicos do paciente
(Marcenes et al., 1999).
A severidade de uma lesão traumática depende da energia do impacto e da direção
do agente causal, assim como da resistência dos tecidos circunvizinhos do dente
5
traumatizado, juntamente com fatores imunológicos, particularmente em casos de avulsão
e reimplante (Kramer et al., 2003). A cura depende de fatores como nível de
desenvolvimento radicular, a extensão do dano ao tecido periodontal e o efeito da
contaminação bacteriana da cavidade oral. Complicações como necrose pulpar e
reabsorções podem ocorrer semanas, meses ou mesmo anos após o traumatismo,
demonstrando que este tipo de injúria necessita de acompanhamento a longo prazo
(Robertson et al., 2000).
2.2 ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS LESÕES TRAUMÁTICAS DENTÁRIAS
NA DENTIÇÃO PERMANENTE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A incidência de injúrias dentárias traumáticas em crianças, variam entre 1% e 3%
na população (Andreasen et al., 2007). Já a prevalência de traumatismo dental na dentição
permanente na maioria dos estudos, cita números próximos a 20% em crianças e
adolescentes. Em alguns países, onde a cárie tem decaído, o traumatismo dental tem sido
a principal causa de atendimento e tratamento em dentes anteriores. Para que possamos
fazer comparações entre os países e também dentro de cada país, detectando assim as
tendências do trauma dental ao longo do tempo, existe a necessidade de uma padronização
nos registros do traumatismo dentário. (Andersson, 2013).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimula a realização de levantamentos
epidemiológicos para avaliar as tendências de uma mesma população e entre populações
de países diferentes, o que favorece o planejamento de serviços de saúde e de programas
preventivos. No entanto, as diferentes prevalências de traumatismo dentário relatadas nos
estudos epidemiológicos nacionais e internacionais, refletem uma falta de padronização
dos métodos de exame e diagnóstico empregados na coleta de dados. (Ravn, 1974;
Garcia-Godoy et al., 1981; Garcia-Godoy et al., 1985; Marcenes et al., 1999; Côrtes et
al., 2001; Marcenes et al., 2001; Nicolau et al., 2001; Côrtes e Bastos, 2004; Paiva, 2005;
Zaleckiene et al., 2014).
Esta diferença de prevalências pode estar relacionada a muitos fatores, como o
tipo de estudo, classificação do trauma dental, tamanho da amostra, critérios de
6
diagnóstico, faixa etária, fatores ambientais e comportamentais, tipos de população e
cultura, métodos de realização dos exames e classificação utilizada para avaliação de
traumatismo dentário. (Paiva, 2005; Naidoo et al., 2009).
Andreasen e Ravn (1972), observaram que a prevalência de traumatismo dentário
em 487 crianças, de 9 a 17 anos de idade, na Dinamarca foi de 22%. Todd e Dodd (1985)
demonstraram que a prevalência do trauma dental entre crianças de 8 a 15 anos, no Reino
Unido, aumentava com a idade, sendo de 12% aos 8 anos, 24% aos 11 e 29% aos 12 e 13
anos. Na Irlanda, Holland et al. (1988) realizaram uma pesquisa com 7171 crianças e
jovens de 8, 12 e 15. Tendo sido as prevalências encontradas de 4.9%, 16.4%, e 16.4%
respectivamente. Hunter et al. (1990) relataram a prevalência de 15.3% em um trabalho
realizado com 968 escolares de 11 e 12 anos de idade no País de Gales.
O’Brien (1994) em um estudo realizado no Reino Unido, relatou a prevalência de
traumatismo dentário de 6% entre crianças de 8 anos de idade e de 19% entre crianças de
13 anos, permanecendo em torno de 20% a partir daquela idade. Em um outro estudo,
Petti e Tarsitani (1996) encontraram a prevalência de 20.3%, ao avaliarem 824 escolares
de 6 a 11 anos de idade na cidade de Roma, tendo sido os 9 anos a idade de maior
prevalência de traumatismos, com 33.7%. Marcenes e Murray (2001) em um estudo
realizado em Londres, avaliarem 2242 jovens de 14 anos de idade e observaram que a
prevalência de trauma dental foi de 23.7%. Mendonza et al. (2014) em um estudo
retrospectivo, demonstraram que a prevalência de trauma dental em 879 crianças, entre 1
e 7 anos de idade na Espanha, foi de 21.72%.
Trabalhos realizados no continente americano, demonstram uma falta de
padronização da metodologia empregada ou classificação das lesões traumáticas
dificultando uma comparação entre os estudos realizados. A idade adotada nos estudos
americanos variou entre 7 e 21 anos, tendo grande variação nas prevalências entre 2,6%
a 58,6% (Marcenes et al., 2001; Grimm et al., 2004; Paiva, 2005).
García-Godoy e Sánchez (1981) avaliaram 596 escolares, entre 7 e 14 anos, em
San Pedro de Macoris na República Dominicana. A prevalência de traumatismo variou
7,4% na idade de 7 anos, até 19,4% aos 14 anos de idade. Já em outro estudo conduzido
por García- Godoy (1986), dessa vez na capital Santo Domingo, a prevalência entre
escolares de 7 a 16 anos de idade variou entre 6,2% aos 11 anos e 12,8% aos 14 anos de
7
idade. Aos 11, 12 e 13 anos as prevalências encontradas foram de 6,2%, 12,3% e 11,5%,
respectivamente.
Kaste et al. (1996) realizaram um estudo de base nacional nos Estados Unidos da
América (EUA), com pessoas de 6 a 50 anos de idade, nos anos de 1988 a 1991, e
concluíram que 24,9% da população americana apresentava pelo menos um incisivo
traumatizado, o que significava aproximadamente 38 milhões de pessoas atingidas. A
prevalência do traumatismo entre crianças e jovens de 6 a 20 anos foi de 18,4%.
Em um estudo realizado no departamento de emergência pediátrica de um
Hospital de Ohio, EUA, Wilson et al. (1997), encontraram uma prevalência de
traumatismo dentário de 37%.
Bastone et al. (2000) realizaram uma revisão de literatura sobre a epidemiologia
do trauma dentário na Austrália e no mundo, mostrando que as lesões traumáticas em
crianças e adolescentes são problemas comuns e que a prevalência destas injúrias tem
aumentado durante as últimas décadas, necessitando conhecer a sua etiologia. Estudos
epidemiológicos de populações representativas utilizando classificações de trauma
dentário padronizadas são necessários para melhor entendimento da complexidade do
traumatismo dentário e para ajudar a reduzir a frequência cada vez maior destas lesões.
Segundo Andersson (2014), um em cada quatro adultos apresentam evidência de
trauma dental nos Estados Unidos. No Canadá, um levantamento das lesões dentárias
traumáticas mostrou uma prevalência de 15.5% em uma população de adultos entre 18 e
50 anos.
Vashisth et al. (2014) avaliaram a prevalência de injúrias traumáticas dentais e o
conhecimento sobre traumatismo dental, em 13 escolas públicas, numa área rural de
Dehra, India. Foram avaliadas 1041 crianças entre 11 e 14 anos, utilizando-se a
classificação diagnóstica de Ellis modificada. A prevalência de traumatismo encontrada
foi de 5.12%. Os incisivos centrais superiores foram os elementos mais acometidos
(58.1%). O principal fator etiológico encontrado foram as quedas (51.2%). A fratura de
esmalte e dentina com exposição pulpar foi o tipo de trauma mais comum (46.7%).
Quanto ao conhecimento sobre as medidas emergenciais em caso de traumatismo dental,
8
63.4% dos indivíduos estavam cientes dos cuidados de emergência. Os autores
concluiram que o conhecimento sobre trauma dental, aumenta com a idade.
Sari et al. (2014) avaliou as injúrias dentárias traumáticas em crianças atendidas
no serviço de emergência do Hospital de Samsun na Turquia, no período de 2007 a 2011.
De todos os 320 pacientes com traumatismo dentário, 205 eram do sexo masculino e 115
do sexo feminino. Traumatismo dentário foi observado com mais frequencia nos grupos
etários de 7-12 anos: 52,5% nas meninas e 67,8% nos meninos. As quedas foram a
principal causa de lesão traumática dental na faixa etária de 6-12 anos (51,4%).
Atividades esportivas são uma causa comum de lesão traumática dental no grupo de 7-12
anos (34,2%). Os dentes anteriores superiores foram submetidos a trauma mais
frequentemente do que os dentes anteriores inferiores. Os incisivos centrais superiores
foram os dentes mais comumente afetados e as fraturas de esmalte foram o tipo mais
comum de traumatismo dentário (30,6%) observado nos dentes permanentes. As opções
de tratamento mais comuns em dentes permanentes foram restauração e exame dental
(49,7 e 15,8%, respectivamente). Os autores concluíram que a intervenção de emergência
para dentes traumatizados é importante para um bom prognóstico, portanto os pais e
responsáveis devem ser informados sobre trauma dental nas escolas.
2.3 EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES TRAUMÁTICAS DENTÁRIAS NO BRASIL
Alguns estudos brasileiros de base populacional, realizados em médias e grandes
cidades do sul do país, encontraram uma variação da prevalência de 10,7% a 58,6%
(Marcenes et al, 2000; Marcenes et al, 2001; Nicolau et al, 2001; Traebert et al, 2003).
No entanto, há pouca informação disponível sobre traumatismo dental em outras regiões
do país, que são caracterizadas por grandes diferenças inter-regionais. Os fatores
associados ao trauma dental e tratamento dentário podem diferir de acordo com o tamanho
da cidade, isto é, as grandes cidades são mais propensas a ter mais superlotação, violência
urbana e acidentes de trânsito (Traebert et al, 2006). Isso demonstra como é importante
a obtenção de novos dados sobre o assunto a fim de elucidar as tendências do traumatismo
dentário.
9
Em âmbito nacional, o quarto levantamento epidemiológico na área de Saúde
Bucal intitulado SB Brasil 2010 – Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, avaliou o trauma
dental como medida específica, na idade de 12 anos. Para tanto foram utilizados critérios
que indicavam sinais de fratura coronária e avulsão dentária. Para este exame foram
considerados os incisivos superiores e inferiores permanentes. Foram avaliados
indivíduos residentes em 177 municípios pertencentes às cinco regiões naturais do país e
Distrito Federal. A prevalência de traumatismo dentária foi de 20,5%. O tipo de lesão
mais frequente foi a fratura de esmalte (16,5% ou 80% dos casos). A fratura de esmalte e
dentina foi identificada em 4,0% da amostra (19,0% dos casos de trauma), não havendo
diferença entre as regiões. Apenas 0,2% dos examinados apresentaram fratura de esmalte
e dentina com exposição pulpar. A ausência dentária devido a traumatismo foi de 0,1%
(Figura 1).
Figura 1- prevalência de indivíduos com pelo menos um dente incisivo que tenha
apresentado lesão traumática. Fonte: (SB Brasil, 2010)
Os resultados para o Brasil identificaram indivíduos com uma média de 7,7
dentes com ausência de qualquer tipo de lesão traumática e 0,3 dentes apresentando
fratura de esmalte. Não foram observadas diferenças entre as regiões (Figura 2).
10
Figura 2- Média de dentes incisivos afetados por traumatismo dentário em crianças de
12 anos, segundo a região. Fonte: (SB Brasil, 2010)
O levantamento da condição de saúde bucal, realizado no estado de São Paulo,
avaliou a presença de traumatismo dentário em 87918 crianças de escolas públicas e
privadas, da zona urbana e rural de 131 cidades. A idade estudada variou de 5 a 12 anos,
observando-se prevalência de 2,6%, sendo a menor prevalência de traumatismo da
dentição permanente do Continente Americano (Grimm et al., 2004).
Traebert et al. (2006) avaliaram a prevalência e gravidade das lesões traumáticas
dentais e sua associação com variáveis sócio - demográficas e características físicas nos
dentes permanentes anteriores de escolares brasileiros de 12 anos de idade em Herval
D’Oeste, SC. Um estudo transversal foi realizado em uma amostra de 1.528 indivíduos
de 33 escolas públicas e 9 escolas privadas. Os responsáveis responderam a um
questionário contendo questões sócio - demográficas. A prevalência de trauma dental foi
de 34,79%, (trauma leve = 24,37%; trauma grave = 10,43%). Escolares do sexo masculino
e escolares de baixo status socioeconômico, foram mais propensos a apresentar pelo
menos um dente com traumatismo. Não houve associação significativa entre trauma grave
e status socioeconômico. Em conclusão, este estudo mostrou uma alta prevalência de
trauma dental em escolares brasileiros de 12 anos de idade e associação com dados sócio
-demográficos e com o desempenho escolar.
De Pádua et al. (2010) avaliaram a prevalência das lesões dentárias traumáticas
em 411 pré-escolares, de escolas públicas e privadas e a necessidade de tratamento dessas
lesões. As lesões foram classificadas de acordo com Ellis (1992), sendo acrescentado
alteração de cor. Os dados foram submetidos à análise de regressão de Poisson. Os
resultados mostraram uma prevalência das lesões dentárias traumáticas de 14,8%. O
incisivo central superior foi o dente mais acometido. As meninas apresentaram menos
trauma do que os meninos e a prevalência foi menor em escolas públicas.
Martins et al. (2014) estudaram a associação entre a ocorrência de traumatismo
dental e obesidade, entre crianças de 7 a 14 anos. O estudo envolveu 590 estudantes de
escolas públicas da cidade de Campina Grande, Brasil. Foi utilizado o critério de
diagnóstico proposto por O'Brien (1994). O sobrepeso e/ou obesidade foram
determinados pelo índice de massa corporal. As lesões traumáticas dentárias foram menos
11
prevalentes nas crianças que apresentaram sobrepeso/obesidade, do que naquelas que não
apresentaram essa condição. (8.7% e 13.3%, respectivamente).
2.4 INFLUÊNCIA DE FATORES DEMOGRÁFICOS NA PREVALÊNCIA DAS
LESÕES TRAUMÁTICAS DENTÁRIAS – GÊNERO E IDADE
Estudos comprovam que há diferença significativa na ocorrência de traumatismo
dentário entre os gêneros, revelando maior prevalência em meninos. Foram encontradas
taxas de injúrias entre meninos para meninas em torno de 2:1. A explicação hipotética
para esta associação entre gênero e trauma dental é a maior participação de meninos em
atividades físicas intensas, esportes de contato físico e brincadeiras com maior potencial
de risco para ocorrência de acidentes. (Côrtes et al., 2001; Marcenes e Murray, 2001;
Marcenes et al., 2001; Nicolau et al., 2001; Traebert, et al, 2002; Hamdan e Rajab, 2003;
Skaare e Jacobsen, 2003; Tapias et al., 2004; Grimm et al., 2004; Paiva, 2005; Glendor,
2009; Ankola et al., 2013).
A idade mais comum para ocorrência do traumatismo dentário é na faixa etária de
10 a 12 anos (Forsberg e Tedestam, 1993; Petti e Tarsitani, 1996; Borssen e Holm, 1997;
Andersson, 2013). Andreasen e Andreasen (1994) consideraram como idade de pico, a de
12 anos, quando coincide com o término da dentição mista, além de ser a fase da vida em
que a criança tem maior participação em atividades esportivas e brincadeiras.
Forsberg e Tedestam (1990) avaliaram a prevalência de lesões traumáticas na
dentição permanente em 1.635 crianças suecas, em idade escolar entre 7-15 anos. Um
estudo retrospectivo de lesões dentárias na dentição decídua também foi realizado. Um
total de 483 (30%) crianças tinham sofrido lesões dentárias. 12% das lesões tinham
acontecido antes da idade de 7 anos e 18 % após essa idade. A maioria das lesões ocorreu
entre as idades de 03 e 10 anos. Na dentição permanente, mais de 75 % das lesões
registradas tinham acontecido antes da idade de 11 anos. Os meninos apresentaram uma
frequência de trauma maior do que as meninas, a proporção entre os sexos foi de 1,6: 1
na dentição permanente. Sendo que 46 % dos dentes permanentes necessitaram de
tratamento.
12
Em um estudo retrospectivo de injúrias traumáticas dentárias, Caldas e Burgos
(2001), avaliaram 250 pacientes, com idade entre 1 e 59 anos, atendidos numa clínica de
emergência de trauma dentário no Hospital Geral da cidade de Recife, entre 1997 e 1999.
O gênero mais prevalente foi o masculino e a faixa etária de 6 a 15 anos (50,8%). A
maioria das injúrias envolveram apenas um dente (62%) e os tipos de traumas mais
encontrados foram a fratura de esmalte (51,6%) e a fratura de dentina e esmalte (40,8%).
As principais etiologias foram as quedas (72,4%) e a violência (8%) foi uma causa
estatisticamente significante na faixa etária de 6 a 15 anos, enquanto as quedas foram
estatisticamente mais significante nas outras faixas etárias (p < 0,05 / Teste Qui-
quadrado).
Rezende et al. (2007) avaliam por meio de questionário, 78 pacientes com
traumatismo dento-alveolar, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, em um período de 8 meses. 74% dos pacientes eram do
gênero masculino, enquanto apenas 26% eram do gênero feminino, numa proporção de
3:1. As idades variaram de 1 a 52 anos, porém a maioria dos casos ocorreram nos
primeiros 5 anos de vida (21,8%), seguidos da faixa etária entre 21-25 anos de idade
(16,7%) e 31-40 anos (14,1%). As etiologias mais comuns foram as quedas (40,8%)
seguidas dos acidentes de trânsito (37,4%); e os tipos de trauma mais frequentes foram a
avulsão e a fratura dental.
Souza-Filho et al. (2009) em um estudo retrospectivo, avaliaram as injúrias
traumáticas dentárias no Serviço de Trauma Dentário, Área de Endodontia, da Faculdade
de Odontologia de Piracicaba-UNICAMP, entre 2003 e 2006. Foram observados dados
como, gênero, idade, dentes envolvidos e etiologia do trauma. Foram avaliados 172
pacientes (108 do sexo masculino e 64 do feminino), com idades entre 7 e 50 anos, que
apresentaram um total de 439 dentes traumatizados. As lesões dentárias mais encontradas
foram avulsão (29,63%) e fratura coronária de esmalte-dentina (12,08%).
Ankola et al. (2013) avaliaram a prevalência do trauma dental entre 13.200
crianças de 6 a 11 anos de idade, da cidade de Belgaum, Índia. O número total de crianças
que sofreram trauma dental foi de 1.946 (14,74%), uma significante influência do gênero
foi observada, sendo (17,26%) para o gênero masculino e (12,29%) para o feminino.
13
Toprak et al. (2014) estudaram as lesões dentárias traumáticas com relação à
idade, sexo, etiologia, classificação do trauma, dentes envolvidos, local da lesão e
tratamento recebido pelos pacientes que foram encaminhados ao longo de um período de
2 anos para a Clínica de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade
de Istambul, Turquia. Dados clínicos de 154 pacientes (337 dentes traumatizados), foram
examinados. Dentes traumatizados foram avaliados de acordo com a classificação da
Organização Mundial de Saúde ligeiramente modificada. Lesões traumáticas dentárias
foram verificadas em 94 meninos (61%) e 60 meninas (39%), com idade média de 7,91
± 3,15 anos. As Lesões dentárias foram mais frequentes na faixa etária 6-12 anos. Os
tipos mais comuns registrados foram luxação (43,3%), fraturas coronárias sem
complicações (20,5%) e fraturas coronárias complicadas (19,4%). As principais causas
foram as quedas (55,2%) e colisão com objetos (22,1%). O tratamento mais frequente foi
o só o exame clínico (31,8%).
2.5 ETIOLOGIA DO TRAUMATISMO DENTÁRIO E LOCAL DO ACIDENTE
Ravn (1974) coletou dados em um período de 5 anos, registrando um total de 9965
lesões traumáticas na população de escolares da Dinamarca. Os resultados demonstraram
que, no caso dos meninos, 44,8% das lesões ocorreram na escola e 51,4% fora da escola.
Em relação as meninas, 40,3% apresentaram acidentes na escola e 56,3% fora da escola.
Oikarinen e Kassila, (1987) pesquisaram o local de maior ocorrência dos
traumatismos dentários. Crianças foram questionadas sobre a etiologia e o local de
ocorrência do acidente, se na escola ou em casa. Dos 1152 pacientes atendidos, 46%
relataram ter tido o acidente na escola ou no traslado entre a escola e a casa.
Gupta et al. (2002) observaram que os acidentes envolvendo traumatismo dental
ocorreram na sua maioria em casa (68,76%), seguidos pelos acidentes na escola (20,39%),
sendo menos comuns os acidentes em parques (10%).
O principal fator causal das lesões traumáticas está associado a quedas, brigas,
acidentes automobilísticos, práticas esportivas e atividades de lazer, que na maioria das
14
vezes envolvem especialmente os dentes anteriores (Andreasen & Andreasen, 1994;
Traebert et al., 2003).
Skaare e Jacobsen (2003) avaliaram os prontuários de 1275 pacientes atendidos
em todos os centros de saúde de 2 cidades da Noruega, com idades variando entre 7 e 12
anos e verificaram que a maioria dos acidentes ocorreram na escola ou em locais de lazer,
sendo o principal fator etiológico os jogos infantis.
Vários estudos investigaram a etiologia do traumatismo dentário através de
questionamentos realizados com crianças no momento do exame ou em questionário
enviado aos pais. As principais causas do traumatismo dentário são quedas, colisões
contra objetos e pessoas, atividades esportivas, violência e acidentes automobilísticos.
(Paiva, 2005).
Segundo Glendor (2009 a) durante os últimos 30 anos, o número de etiologias de
lesões dentárias traumáticas tem aumentado dramaticamente na literatura e agora inclui
um amplo espectro de variáveis, incluindo fatores orais, ambientais e do comportamento
humano. Por meio de uma revisão internacional da literatura o autor investigou possíveis
fatores etiológicos que são úteis na investigação de lesões traumáticas. Fatores orais
(overjet aumentado), determinantes ambientais (privação material) e do comportamento
humano (crianças intimidas, condições emocionalmente estressantes, obesidade, déficit
de atenção e hiperatividade) foram relacionados com o aumento do risco de traumatismo
dentário. Outros fatores que aumentam o risco de trauma, são a presença de doenças,
dificuldades de aprendizagem, limitações físicas e uso inadequado dos dentes. Uma nova
causa de traumatismo dental de particular interesse é o uso do piercing na cavidade oral.
No trânsito a ocorrência de lesão facial foi semelhante nos ocupantes sem cintos de
segurança e ocupantes contidos apenas com airbag. Atletas amadores estão propensos a
sofrer mais frequentemente um traumatismo dental do que os atletas profissionais. Ainda
segundo o autor as quedas e colisões mascaram os dados internacionais de trauma dental,
como abuso físico, agressões e tortura. A violência tem aumentado em termos de
gravidade durante as últimas décadas e seu papel tem sido subestimado quando se
observam os estudos internacionais.
Lins (2011) avaliou as injúrias dentárias traumáticas nos pacientes atendidos no
Serviço de Trauma Dental da Área de Endodontia da Faculdade de Odontologia de
15
Piracicaba-UNICAMP, no período de Julho de 2000 a Julho de 2010 e constatou que os
fatores etiológicos mais encontrados foram as quedas (35,6%) e os acidentes ciclísticos
(26,2%).
2.6 TIPO DE LESÃO TRAUMÁTICA E DE DENTES PERMANENTES AFETADOS
PELO TRAUMATISMO DENTÁRIO
Nos estudos de base populacional, o tipo mais comum de lesão traumática em
dentes permanentes foram fraturas de esmalte seguindo-se as fraturas de esmalte/dentina
sem exposição pulpar (Garcia-Godoy et al., 1985; Stockwell, 1988; Hamdan e Rajab,
2003).
Naidoo et al. (2009) avaliaram a prevalência e causas de traumatismo dentário em
dentes anteriores em crianças de 11 aos 13 anos de idade, na África do Sul. Os exames
bucais foram realizados utilizando-se uma versão modificada da classificação de Ellis.
Foram avaliadas 1.665 crianças, sendo que 106 tiveram algum traumatismo (6,4%). Os
meninos tiveram quase 2,5 vezes maior probabilidade de ter uma lesão traumática dental
que as meninas. A maior prevalência foi aos 12 anos de idade. Fratura de esmalte foi o
principal tipo de traumatismo dentário (69,1%) e a maioria dos dentes traumatizados não
foram tratados (85,4%). Casas e escolas foram os locais mais comuns onde ocorreram as
injúrias, enquanto apenas 5,7% ocorreu na rua. As quedas foram o principal fator
etiológico. O esporte foi a segunda causa mais comum, seguindo-se da colisão com
objetos.
Souza-Filho et al. (2009), realizaram um estudo retrospectivo das injúrias
dentárias observadas no Serviço de Trauma Dentário da Faculdade de Odontologia de
Piracicaba-Unicamp, entre 2003 e 2006. As lesões dentárias mais encontradas foram
avulsão (29,63%) e fratura coronária de esmalte-dentina (12,08%), e os incisivos
superiores os dentes mais acometidos.
Ravishankar et al. (2010) estudaram a prevalência e os fatores associados com
lesões traumáticas em incisivos permanentes de escolares de 12 anos de idade em
Davangere, na Índia. No total, 1.020 crianças foram selecionadas. A taxa de prevalência
de traumatismo dentário nos incisivos permanentes foi de 15,1%. As principais causas
16
das lesões foram quedas seguido de colisão. Os incisivos superiores foram comumente
afetados, envolvendo principalmente fratura de esmalte. Crianças com overjet excessivo
e cobertura labial inadequada foram mais propensos a ter lesões.
Lins, (2011), avaliou os pacientes atendidos no Serviço de Trauma Dental da
Área de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba-UNICAMP, no período
de Julho de 2000 a Julho de 2010 concluindo que incisivos centrais superiores são os
dentes mais acometidos e o tipo de injúria aos tecidos dentais mais prevalente foi a fratura
de esmalte e dentina, enquanto as avulsões e as subluxações foram os tipos de injúrias
aos tecidos de suporte mais frequentes.
2.7 TRATAMENTOS DECORRENTES DO TRAUMA DENTAL
O tipo de tratamento realizado nos dentes traumatizados, bem como a sua
necessidade são assuntos raramente enfocados nos estudos, mas quando citados,
demonstraram que a maior ocorrência foi de restaurações com resina composta. O
tratamento do traumatismo dentário tem sido geralmente negligenciado. (Todd e Dood,
1985; Marcenes et al, 1999; Al-Majed et al., 2001; Cortes et al., 2001; Marcenes et al.,
2001; Traebert et al., 2003).
No País de Gales, nas três localidades estudadas por Hunter et al. (1990) 85,2%
das crianças de 11 e 12 anos com traumatismo dentário não apresentavam nenhum tipo
de tratamento.
Al-Majed et al. (2001) avaliaram 862 meninos entre 12 e 14 anos de idade em
Riyadh, Arábia Saudita. A prevalência de traumatismo dental encontrada foi de 34%. O
tipo mais comum de trauma dental foi a fratura de esmalte (74%), seguida de fratura em
esmalte e dentina (15%) e fratura em esmalte e dentina e polpa (5%), perda de dentes
devido a trauma foi de 3%, e descoloração da coroa presente em 0,4%. Das 296 crianças
que tiveram lesão traumática, apenas seis crianças (2%) tinham recebido qualquer
tratamento dentário definitivo. Os principais tratamentos realizados foram, prótese fixa
17
(coroas e pontes) para sete dentes traumatizados (incisivos superiores) e restaurações de
resina composta em quatro incisivos superiores traumatizados.
No Canadá, 13% das lesões traumáticas eram fraturas de esmalte, não sendo
considerada a necessidade de tratamento. Apenas 5,9% das lesões mais severas
apresentavam-se tratadas. (Nicolau et al., 2001). Em Londres, apenas 2,18% dos escolares
de Newham apresentavam tratamento (Marcenes e Murray, 2002).
Ajayi et al. (2010) realizaram um estudo para avaliar a prevalência do traumatismo
dental entre 1532 adolescentes de 12 a 19 anos de escolas públicas, na cidade de Ibadan
sudeste da Nigéria. Foi utilizado o critério para a avaliação diagnóstica da OMS
(Organização Mundial de Saúde). A prevalência de trauma dental encontrada foi de
10,8%, sendo o gênero masculino mais acometido pelas lesões. A causa mais comum foi
queda (78,8%), e o dente mais comumente atingido pelo trauma dental foi o incisivo
central superior esquerdo (48,0%) seguido pelo incisivo central superior direito (43,1%).
A lesão mais prevalente foi a fratura de esmalte, sendo observada em 46,5%. Apenas 30
estudantes (18,2%) passaram por atendimento odontológico. Dos dentes examinados,
nenhum apresentou qualquer tipo de tratamento restaurador. Os autores concluíram que
na cidade de Ibadan houve negligência do tratamento odontológico em pacientes que
sofreram traumatismo dentário.
2.8 INFLUÊNCIA DO GRAU DE OVERJET E PROTEÇÃO LABIAL NA
PREVALÊNCIA DO TRAUMATISMO DENTÁRIO
Segundo Moyers (1991), Overjet é o distanciamento vestibulolingual entre
incisivos superiores e inferiores. Esse desajuste anteroposterior também é chamado de
sobressaliência ou trespasse horizontal. Este é um reflexo da relação esquelética
anteroposterior e pode ser alterado pela função anormal dos lábios e da língua. Não há
um consenso na literatura a respeito do que seja considerada medida normal da protrusão
dos incisivos centrais superiores. Alguns autores consideram como overjet normal,
medida igual ou inferior a 3.0 mm (Jãvinen, 1979; Holland et al., 1988; Hamdan e Rock,
1995; Petti e Tarsitani, 1996; Grimm et al., 2004). Outros trabalhos consideram como
18
overjet acentuado, medidas superiores a 5.0 mm (Marcenes et al., 1999; Côrtes et al.,
2001; Marcenes e Murray, 2001; Skaare e Jacobsen 2003) e até maiores que 6.0 mm
(Todd e Dodd, 1985).
A associação entre o overjet e as lesões dentárias traumáticas foi conjecturada
por Lewis (1959), ao observar em seu estudo que a fraturas em dentes anteriores foram
significativamente mais frequentes entre as crianças com overjet maior do que 3
milímetros. (Petti, 2014).
O termo proteção labial foi sugerido por O'Mullane (1972), julgando ser mais
indicado para classificar a relação do lábio com os dentes anteriores superiores. O autor
utilizou o termo proteção labial adequada quando o lábio na posição de repouso cobria
completamente os incisivos superiores e proteção labial inadequada quando tal situação
não era observada. Como uma das funções do lábio superior é absorver impacto,
protegendo os dentes durante os acidentes, crianças que não possuem adequada proteção
labial são mais propensas a terem seus dentes anteriores fraturados (Marcenes e Sheiham
(2001; Paiva, 2005; Francisco, 2013).
Nguyen et al. (1999) em uma revisão sistemática, utilizando meta-análise,
concluiu que crianças com overjet incisal maior que 3 mm apresentavam
aproximadamente duas vezes o risco de sofrer traumatismo nos dentes anteriores do que
crianças com overjet até 3 mm. Segundo os autores o risco de traumatismo dental
aumentava gradativamente com o aumento do tamanho do overjet incisal.
Tapias et al. (2003) em um estudo transversal, abrangendo 470 alunos, em
Móstoles, Espanha, realizaram um levantamento da associação entre o trauma dental e
variáveis sócio-demográficas, excesso de peso, overjet, número de dentes, etiologia,
estação do anos, tipo de lesão e tratamento realizado. A prevalência de fraturas coronárias
traumáticas nos incisivos permanentes foi de 17,4%. As quedas foram a causa mais
frequente de trauma dental (43,9%). Meninos e crianças com overjet registraram 2.13 e
1,81 vezes maior risco de fraturas coronárias, respectivamente. Os autores alertam que há
uma alta prevalência de fraturas coronárias em escolares com idade de 10 anos. Ser do
sexo masculino e ter overjet são fatores de risco para fratura da coroa.
19
Paiva (2005) avaliou a prevalência de traumatismo na dentição permanente em
601 escolares com 12 anos de idade, na cidade de Montes Claros – MG, verificando ainda
a associação com fatores demográficos, gênero, idade, e situação sócio-econômica e com
fatores clínicos como tamanho do overjet e proteção labial. A prevalência de traumatismo
aos 12 anos foi de 34,9%, sendo a principal lesão observada a fratura de esmalte (55,5%).
Quando analisado o momento em que ocorreu o traumatismo, a idade de 10 anos foi
considerada como a mais frequente (27,5%). O local de maior ocorrência dos acidentes
foi em casa (48,2%) e a etiologia mais comum foi queda (49,7%). Houve relação
estatisticamente significativa entre o aumento do overjet (> 5mm) e a presença de
traumatismo dentário (p=0,024).
Soriano et al. (2007) investigaram os fatores de risco associados com a ocorrência
de traumas dentários em dentes permanentes anteriores de escolares em Recife, Brasil,
em amostra aleatória de 1.046 meninos e meninas com idade de 12 anos, de escolas
públicas e privadas. Overjet foi considerado um fator de risco quando se apresentaram
valores superiores a 5 mm. A cobertura labial foi classificada como adequada ou
inadequada, enquanto a obesidade foi considerada de acordo com o Centro Nacional de
Procedimentos de Estatísticas da Saúde para a avaliação do estado nutricional. A
prevalência de lesões dentárias foi de 10,5%. Os meninos sofreram mais lesões do que as
meninas, 12,2% e 8,8%, respectivamente. Crianças de escolas públicas apresentaram
mais lesões traumáticas do que os de escolas privadas, 11,4% e 9,5%, respectivamente.
Houve diferença estatisticamente significativa entre lesões dentárias traumáticas e
overjet, entre lesões dentárias traumáticas e cobertura labial inadequada e entre obesidade
e trauma dentário. Concluiu-se desse estudo, que os meninos de escolas públicas e
apresentando um tamanho overjet > 5mm, cobertura labial inadequada e obesidade foram
mais propensos a ter lesões dentárias traumáticas em Recife, Brasil.
Belcheva et al. (2008) consideraram o gênero, a idade, overjet e selamento labial
como fatores de risco para fraturas coronárias nos incisivos permanentes em crianças. Um
total de 2572 crianças de 7-11 anos, foram recrutadas aleatoriamente das escolas em
Plovdiv, Bulgária. Foi utilizada uma classificação modificada da OMS. Os resultados
sugerem claramente que os meninos são duas vezes mais propensos a sofrer fraturas
coronárias dos incisivos. A proporção calculada de meninos para meninas afetadas foi de
1,79: 1. O maior número de crianças com fratura coronária dos incisivos estavam na faixa
20
etária de 7-9 anos. Estes dados sugerem que existe um maior risco de ocorrência de
fraturas coronárias dos incisivos permanentes quando o overjet é superior a 3 mm. As
crianças com selamento labial inadequado apresentaram significância estatística quanto
ao risco de sofrer fratura coronária dos incisivos em comparação com as crianças com
selamento labial normal. Os autores concluíram que crianças com selamento labial
inadequado e overjet maior que 3 mm possuem significativamente mais risco de sofrer
fratura coronária nos incisivos. Os meninos são duas vezes mais propensos a este tipo de
leão e o período de idade entre 7 e 9 anos, é o mais arriscado.
Patel et al. (2012), realizaram estudo com 3.708 escolares, de 8 a 13 anos de idade
na cidade de Vadodara, Índia. Foram avaliadas as injúrias traumáticas de maior
ocorrência, assim como os locais e as causas mais comuns, relacionando-as aos fatores
de risco como o overjet e selamento labial. A prevalência encontrada foi de 8,79% (326),
utilizando-se da Classificação Epidemiológica das Injúrias Traumáticas Dentárias de
Andreasen. Crianças que apresentavam selamento labial inadequado, foram 5,4 vezes
mais propensos a sofrerem as injúrias dentárias, do que aqueles que possuíam o selamento
labial adequado. Da mesma forma o overjet incisal aumentado, também foi considerado
um fator de risco, pois os alunos que possuíam-no maior que 5,5mm, apresentaram-se
mais propensos às lesões traumáticas dentais.
Francisco et al. (2013) avaliaram a prevalência do traumatismo dental em 765
escolares de 9-14 anos de idade de escolas públicas em Anápolis, Brasil e investigaram a
associação entre a ocorrência dessas injúrias e o tamanho do overjet incisal e o tipo de
cobertura labial. A prevalência encontrada foi de 16.5%, os meninos apresentaram o
dobro de lesões traumáticas que as meninas. Os incisivos centrais superiores foram os
dentes mais afetados, totalizando 84,8%. O tipo mais frequente de lesão encontrada foi a
fratura de esmalte (66%), seguido por fratura de esmalte-dentina (27%) e trincas de
esmalte (5%). Apenas 26% dos dentes traumatizados foram restaurados. Crianças com
overjet > 3 mm apresentaram 1,78 vezes mais chances de ter uma lesão traumática dental
que as crianças com um tamanho de overjet <= 3 mm. Crianças com cobertura labial
inadequada estavam 2,18 vezes mais propensas a experimentar trauma dental que as
crianças cuja cobertura labial foi considerada adequada.
21
Petti (2014) realizou um estudo de meta-análise sobre a associação entre overjet
acentuado e as lesões dentárias traumáticas, por meio de uma revisão da literatura entre
1990 e 2014, utilizando as ferramentas (Scopus, Google Scholar, Medline). Os estudos
selecionados foram divididos em 3 subgrupos: dentes decíduos, com overjet (3-4 mm);
dentes permanentes, com overjet (3-4 mm) e dentes permanentes, com overjet 6 ± 1
milímetro. Cinquenta e quatro estudos da África, América, Ásia e Europa foram
incluídos. Os indivíduos avaliados foram crianças, adolescentes e adultos. No total, houve
> 10 000 pacientes com lesões dentárias traumáticas. O autor concluiu que a prevalência
das lesões dentárias traumáticas globais atribuíveis ao overjet acentuado é de 21,8%
(IC95, 9,7-34,5%) sendo essa característica corresponsável por 235 008 000 dos casos de
lesões dentárias traumáticas no mundo (IC95, 104,760,000-372,168,000). Esta alta carga
global de traumas dentais sugere que medidas preventivas devem ser aplicadas em
pacientes com overjet acentuado.
2.9 CONHECIMENTO DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO
EMERGENCIAL DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE TRAUMATISMO DENTÁRIO
Após a ocorrência de uma lesão dentária traumática a recuperação correta do dente
ou fragmento está relacionada tanto com o tempo decorrido entre o acontecimento
traumático quanto com a intervenção do dentista. Para tanto uma manipulação, limpeza e
transporte adequados, do fragmento ou elemento dental avulsionado, são de fundamental
importância. (Hegde et al., 2010; Ozer et al., 2012).
O trauma dental é um dos problemas de saúde bucal, em que o público é mal
informado, e cuja prevalência tem aumentado nos últimos anos, afetando uma grande
parcela da população mundial (Strohmenger e Ferro, 2003; Sanu e Utomi, 2005). A
literatura mostra que o conhecimento dos procedimentos corretos a serem seguidos em
caso de um trauma dental não são adequados entre pais e professores do ensino primário
e médio (Çaglar et al., 2005; Al-Jame et al., 2007; Ozer et al., 2012).
Al-Jundi et al. (2005) avaliaram, por meio de um questionário estruturado, o nível
de conhecimento de professores no que diz respeito à gestão de emergência imediata de
22
trauma dental, no norte da Jordânia. O questionário continha perguntas sobre gestão de
fratura de dentes, avulsão, e perda de consciência. A amostra foi composta por 190
professores que frequentaram um curso de educação em saúde bucal. Menos da metade
dos professores receberam formação em primeiros socorros apenas uma vez em sua
carreira de professor. Apenas 10 professores foram treinados em primeiros socorros
relacionados ao trauma dental, e mais da metade teve uma experiência anterior com a
manipulação de crianças que sofreram algum tipo de traumatismo dental. No geral o
conhecimento dos professores com relação à gestão de emergências dos casos de trauma
dental mostrou-se deficiente. A maioria dos professores estavam insatisfeitos com o seu
nível de conhecimento, e apenas 30% souberam da disponibilidade dos serviços de
emergência depois de horas de ocorrido o trauma dental. Os autores concluíram que os
professores da rede escolar não possuem conhecimento suficiente com relação à gestão
de emergência do trauma dental. E que são necessários programas educacionais para
melhorar o conhecimento e consciência desse grupo de adultos, que são geralmente as
primeiras pessoas solicitadas a prestarem socorro em caso de trauma dental nas escolas,
o que melhoraria o prognóstico dessas lesões.
Bittencourt et al. (2008) avaliaram 160 questionários sobre avulsão dentária,
respondidos por professores, de 10 escolas particulares selecionadas. Os resultados
mostraram que apenas 21,9% dos professores reposicionariam o dente no alvéolo, destes,
57,2% fariam o procedimento imediatamente, enquanto que 42,8%, somente o fariam
após consultar os pais ou o dentista. Dentre aqueles que não reposicionariam o dente no
alvéolo (78,1%), 26,4% armazenariam o elemento dental avulsionado num recipiente
vazio; 20%, em um recipiente com água; 12%, em leite; 18,4%, em álcool; 21,6% em um
pedaço de pano ou papel; 0,8% jogaria o dente fora; e 0,8% colocaria o dente na saliva.
O estudo demonstra que a maioria dos professores apresenta conhecimentos escassos para
a prestação dos primeiros cuidados em crianças que possam sofrer avulsão dental, o que
pode comprometer o prognóstico do tratamento.
Mesgarzadeh et al. (2012) avaliaram o conhecimento e as atitudes de professores
do ensino fundamental iraniano, quanto a procedimentos de emergência do trauma dental.
Um total de 160 professores de 40 escolas, foram questionados sobre o conhecimento dos
padrões de crescimento da dentição infantil, traumatismo dental em geral, dentes
fraturados e avulsionados, bem como atitudes em relação ao trauma dental. Em relação
23
ao manejo das fraturas dentais, 52,4% deram respostas adequadas. Uma proporção
semelhante (50,6%), conheciam a necessidade de se reinplantar um dente avulsionado
permanente. No entanto, tinham pouco conhecimento sobre os procedimentos corretos;
menos de um quinto estavam familiarizados com a necessidade urgente da ação. Apenas
38% sabiam medidas de lavagem adequadas e cerca de um terço estavam familiarizados
com os meios de armazenamento adequados. Professores com maior nível de escolaridade
(16 anos de estudo) eram significativamente mais bem informados. O estudo indicou uma
substancial falta de conhecimento sobre primeiros socorros em casos de traumatismo
dental entre professores do ensino fundamental.
Young et al. (2012) investigaram o nível de conhecimento sobre os procedimentos
de emergência do traumatismo dental entre professores do ensino primário e secundário
de Hong Kong. Apenas 32,8% dos entrevistados afirmaram que uma pessoa vítima de
trauma dental, deve ir diretamente ao dentista. Ao todo, 73,1% dos professores afirmaram
que um paciente de trauma dental deve procurar tratamento imediatamente. Apenas
32,5% sabiam que um dente fraturado deve ser colocado em líquido. Um número ainda
menor (23,2%), responderam que o dente deslocado deve ser reposicionado de volta para
a posição original. A maioria dos professores (74,7%) sabiam que um dente decíduo
avulsionado não deve ser colocado de volta. Lamentavelmente, apenas 16,3% dos
professores sabiam que um dente permanente avulsionado deve ser reinplantado. Além
disso, apenas 29,6% dos professores se achavam capazes de distinguir entre dentes
decíduos e dentes permanentes, enquanto que 20,4% foram capazes de identificar pelo
menos um dos meios apropriados (leite, soro fisiológico ou saliva), para o armazenamento
de um dente avulsionado. Professores que já receberam o treinamento de primeiros
socorros sobre trauma dental ou adquiriu informações de outras fontes, marcaram
significativamente maior pontuação do que os professores sem essa formação ou
informação adquirida. Os autores concluíram que o conhecimento sobre os
procedimentos de emergência de trauma dental entre os professores do ensino primário e
secundário em Hong Kong é insuficiente, em especial sobre a manipulação de dentes
permanentes avulsionados e o meio de armazenamento apropriado.
24
3 PROPOSIÇÃO
Os objetivos deste estudo foram:
- Avaliar a prevalência do traumatismo dentário na dentição permanente de
escolares da rede pública de Piracicaba e região (SP), na faixa etária dos 6 aos 17 anos e
analisar sua relação com a presença de indicadores de risco como overjet e selamento
labial;
- Verificar o conhecimento dos professores em relação às medidas de pronto
atendimento em casos de acidentes que resultem em lesões traumáticas.
25
4 MATERIAL E MÉTODOS
O protocolo desta pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Odontologia de Piracicaba – Universidade Estadual de Campinas, aprovado
e registrado com os protocolos de número 192/2006 (Anexo 1) e 062/2013 (Anexo 2).
4.1 TIPO DE ESTUDO
A pesquisa realizada foi um estudo epidemiológico observacional transversal
sobre a prevalência de traumatismo dentário entre escolares de 6 a 17 anos, em treze
escolas públicas do ensino fundamental e médio nas cidades de Piracicaba-SP e região
(Americana, Limeira e Campinas), no período de Junho de 2007 a Junho de 2014.
4.2 CARACTERÍSTICA GERAL DA POPULAÇÃO
A população de estudo foi de 1.175 escolares de 6 a 17 anos, sendo 610 escolares
do sexo masculino e 565 do sexo feminino, com o objetivo de determinar a prevalência e
os indicadores de risco relacionados aos traumas dentários. A amostra dos alunos foi
coletada de forma aleatória (amostra de conveniência), entre escolas públicas dos
municípios selecionadas.
Também fizeram parte do estudo 63 profesores de 3 escolas da rede pública de
ensino da cidade de Piracicaba-SP.
4.3 CRITÉRIOS ADOTADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Foram encaminhados ofícios aos diretores das escolas, informando sobre a
pesquisa, e solicitando permissão para a realização da mesma, durante o horário letivo
regular (Apêndice 1). Após o consentimento dos diretores e coordenadores escolares,
foram entregues os termos de consentimento livre e esclarecido (TCLE) que deveriam ser
26
assinados pelos responsáveis em casa e devolvido pelos escolares no dia do exame
(Apêndice 2)
Também foram entregues os TCLEs aos professores que participaram da pesquisa
(Apêndice 3). Nas datas em que ocorreram reuniões de professores, foram entregues
questionários, que deveriam ser respondidos no mesmo momento (Apêndice 4). No
mesmo dia, após a coleta dos questionários, foram realizadas palestras educativas aos
professores e alunos sobre o que é o trauma dentário, mostrando a conduta correta,
importância do tratamento imediato frente aos acidentes e a necessidade de procurar
Centros ou profissionais que estejam preparados para a realização de procedimentos
adequados a cada situação.
4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Os critérios de inclusão foram:
a) Estudantes de 6 a 17 anos de idade da rede escolar pública de Piracicaba-SP e região;
b) Crianças apresentando dentes permanentes anteriores, superiores e inferiores, sem
extração decorrente de lesão cariosa e sem lesão cariosa extensa;
c) Crianças cujos pais ou responsáveis autorizaram a participação no estudo, através da
concordância da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE.
d) Professores da rede pública de ensino fundamental e médio, devidamente vinculados
ao quadro de funcionários das escolas;
e) Professores presentes nos dias de aplicação dos questionários.
Os critérios de exclusão foram:
a) Crianças não autorizadas pelos pais ou responsáveis;
b) Crianças que não quiseram participar;
c) Crianças ausentes no dia do exame;
d) Crianças portadoras de aparelho ortodôntico;
27
e) Crianças apresentando ausência de dentes anteriores decorrente de extrações devido a
cáries e/ou apresentando cáries extensas;
f) Professores ausentes nos dias da aplicação dos questionários e apresentação das
palestras educativas.
4.5 TREINAMENTO E CALIBRAÇÃO DOS EXAMINADORES – TESTE KAPPA
O treinamento e a calibração tiveram como objetivo padronizar a coleta de dados
diagnósticos do traumatismo dentário, realizar a mensuração da acurácia e a
reprodutibilidade dos exames. Para tanto, o treinamento e a calibração dos 5
examinadores que participaram em todas as etapas de coletas (dois pós-graduandos e 3
estagiários), foi conduzido pela orientadora no Serviço de Trauma Dental da Área de
Endodontia da FOP-UNICAMP.
Inicialmente foi realizada a explanação sobre o assunto e os critérios de
diagnósticos da classificação adotada. Os examinadores acompanharam a orientadora no
atendimento de pacientes do Serviço de Trauma Dental, observando todos os critérios de
diagnóstico, sendo realizado o exercício clínico com exame dos pacientes, sob supervisão
da orientadora. A calibração inter-examinadores, foi realizado através do exame de 20
pacientes selecionados aleatoriamente. Para a avaliação da calibração intra-examinador
foi realizada o reexame de 10% da amostra avaliando o diagnóstico de traumatismo
dentário, número de dentes afetados, tipo de lesão, tratamento ou sequela detectada,
medida do overjet e a proteção labial. Para verificação da concordância inter-examinador,
os dados foram submetidos ao teste Kappa, onde valores acima de 0.70 foram
considerados satisfatórios. (Kappa >0,7).
28
4.6 COLETA DE DADOS
Numa primeira etapa foram avaliados 870 escolares, de ambos os sexos, entre 6 e
17 anos de idade, matriculados em dez escolas da rede pública de ensino da cidade de
Piracicaba – SP e região (Americana, Limeira e Campinas), entre Junho de 2007 e Junho
de 2012. Todos os dados foram registrados em uma ficha clínica padronizada. (Anexo 3).
As informações coletadas foram organizadas numa planilha Excel (Microsoft, Seattle,
WA, USA) (Anexo 4).
Numa segunda etapa foram selecionadas mais três escolas da rede pública de
ensino da cidade de Piracicaba – SP, onde foram avaliados 305 escolares de ambos os
sexos, dentro da faixa etária selecionada, no período de Junho de 2013 a Junho de 2014.
Os escolares selecionados para participar do estudo foram inicialmente
entrevistados pelos examinadores. Investigou-se a ocorrência de traumatismo dentário,
sua etiologia, local e idade em que ocorreu o acidente. Os dados foram registrados em
fichas clínicas específicas (Anexo 3).
A coleta de dados de todos os escolares foi realizada na própria escola, em
horário e dia previamente agendados com a direção, para não prejudicar o andamento das
atividades escolares. Uma sala foi reservada para as entrevistas e exames clínicos,
evitando o constrangimento das crianças serem examinadas diante dos colegas. A equipe
constou de um examinador, previamente treinado e calibrado e um auxiliar que anotou
todas as informações durante a coleta de dados. Foi utilizada iluminação natural e cadeira
escolar para a realização dos exames. Cuidados especiais foram tomados para evitar
contaminação cruzada, sendo que os examinadores utilizaram equipamento de proteção
individual (EPI) e luvas descartáveis a cada exame.
Após responder a entrevista semi-estruturada, as crianças sentaram-se em uma
cadeira, de frente para o examinador, com a cabeça recostada para trás e apoiada na
parede. Os dentes permanentes anteriores superiores foram examinados para identificar
traumatismo dentário, tratamento ou sequelas. O diagnóstico do trauma dentário foi
realizado através da classificação proposta por O’ Brien 1995, modificada (figura 3).
29
Figura 3 - Critérios de Diagnóstico da Lesão Dentária com finalidade Epidemiológica
O’Brien (1995) modificada.
4.7 AVALIAÇÃO DO OVERJET
Os materiais clínicos utilizados na coleta foram gaze estéreis, para que os dentes
pudessem ser limpos e secos, espátulas de madeira descartáveis e grafite para a realização
das marcações.
Para a medição do overjet incisal a criança foi posicionada em máxima
intercuspidação e a medida determinada a partir da distância da face vestibular do incisivo
inferior à face incisal do incisivo superior, através do auxílio de uma espátula de madeira,
cuja sinalização foi realizada por um grafite (Figura 4 - A e B). Para impedir a infecção
cruzada durante as medições, a ponta do grafite foi mantida com um comprimento de 10
milímetros e após a sinalização, esta ponta foi quebrada sobre a espátula de madeira. As
espátulas de madeira contendo a identificação de cada criança (número escolar) foram
separadas individualmente em sacos descartáveis, contendo a identificação da escola e
turma. Para facilitar a visualização das marcações nas espátulas, utilizou-se uma régua
para ampliar a anotação do grafite. A leitura foi realizada por meio de um paquímetro
digital (Paquímetro Starret Tipo Universal Série 125) (Figura 5). Foi confeccionado uma
30
pequena canaleta sobre a marcação, para facilitar que o paquímetro digital se prendesse
durante a medição, aumentando a precisão na leitura. As leituras foram realizadas em
laboratório, sobre bancada iluminada para melhor visualização das referências. Essa
medida foi anotada, obtendo-se assim, o tamanho do overjet.
Figura 4 (A e B) – Marcação do overjet incisal.
Figura 5 – Medição do overjet com a utilização de um paquímetro digital.
4.8 AVALIAÇÃO DO SELAMENTO LABIAL
Para a verificação do selamento labial foi adotado o método proposto por (O’
Mullane, 1972). Desse modo, pediu-se que a criança fizesse a leitura de um texto
A B
C
31
mentalmente para que o examinador observasse a posição de seus lábios sem que a mesma
percebesse. Sendo o selamento considerado adequado, quando o lábio cobria os incisivos
superiores em posição de repouso e sendo considerado inadequado, caso não ocorresse
(Figura 6).
Figura 6 – Avaliação do selamento labial
As crianças que apresentaram traumatismo nos dentes anteriores permanentes,
sem qualquer tipo de tratamento ou com tratamento realizado insatisfatório e ainda
sequelas, foram encaminhadas ao Serviço de Trauma Dental da Faculdade de
Odontologia de Piracicaba- UNICAMP.
4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Um estudo inicial objetivou descrever as características da população por meio de
estatísticas básicas. Tabelas de contingência bidimensionais contrastaram a as variáveis
de natureza nominal e ordinal e a independência entre variáveis foi testada por meio do
teste de qui-quadrado de razão de verossimilhança (G2) e a magnitude da associação foi
quantificada por meio da estatística V de Cramer. Todas as análises foram calculadas
através do sistema SAS2 e no presente estudo foi adotado o nível de significância de 5%.
32
O segundo estudo objetivou descrever o grau de conhecimento dos professores do
ensino básico a respeito do atendimento de traumas dentais por meio de tabelas de
contingência e o teste de qui-quadrado para igualdade de proporções. Todas as análises
foram calculadas através do sistema SAS2 e no presente estudo foi adotado o nível de
significância de 5% (=0,05).
33
5 RESULTADOS
Na amostra total de 1.175 escolares, 610 eram pertencentes ao gênero masculino
(51.91%) e 565 ao gênero feminino (48.09%). Observou-se uma média de idade de 10,91
anos na amostra com desvio padrão de 1,77 anos, sendo a menor idade de 6 anos e a maior
idade de 17 anos. A prevalência de traumatismo dentário encontrada foi de 13,36% (157
escolares).
5.1 PREVALÊNCIA E GÊNERO
Dentre os 610 meninos, (92/15.08%) foram acometidos por lesões traumáticas e entre as
565 meninas, (65/11.05% ). Foi realizado o teste de qui-quadrado de razão de
verossimilhança (G2) para independência entre o efeito e a resposta e estatística V de
Cramer para quantificação da magnitude da associação. Não havendo diferença
estatisticamente significante entre os sexos (p>0,05).
5.2 PREVALÊNCIA E IDADE
A média de idade de escolares acometidos por traumatismo dentário foi de 10,89
anos com desvio padrão de 1,33 anos, sendo a menor idade de trauma 8 anos e a maior
idade de trauma 14 anos. Em relação à idade do trauma, pode-se observar que há maior
recorrência de traumas na idade entre 10 e 13 anos (140/89,47%), onde a recorrência é
significativamente maior que a de traumas nas demais classes de idade estudadas (p<0,05)
(Figura 7).
34
Figura 7- Faixa etária dos escolares acometidos por trauma dental.
5.3 ETIOLOGIA, LOCAL, FREQUÊNCIA DE OVERJET E SELAMENTO
LABIAL
As etiologias mais frequentes foram as quedas da própria altura (72/45.45%),
seguindas das lesões provocadas por atividades esportivas (42/27.27%). Outros fatores
também apontados foram, acidentes de bicicletas (21/13.64%), não sabiam ou não
lembravam (14/9.09%) e colisão com objetos ou pessoas (8/4.55%). Os escolares
acometidos por lesões traumáticas apontaram como os principais locais dos acidentes a
própria casa (72/45.45%) e a rua (64/40.91%), sendo que (7/4.55%) dos acidentes
ocorreram na escola.
Quanto a presença de overjet, dentre os 1.175 escolares avaliados, a maioria dos
casos apresentou ausência de Overjet (53.99%) enquanto (46.01%) apresentavam a
presença de overjet (p<0,05). O número de casos com selamento labial adequado
(78.45%) foi superior ao inadequado (21.55%) (p<0,01).
5,26
89,47
5,26
Faixa etária do trauma dental
6 a 9 anos
10 a 13 anos
14 a 17 anos
35
5.4 DENTES AFETADOS, TIPOS DE LESÕES TRAUMÁTICAS,
TRATAMENTO REALIZADO E SEQUELAS
Entre os 157 escolares que apresentaram sinais de traumatismo dentário, 127
(84.11%) apresentaram 1 dente afetado, 19 (12,58%) dois dentes afetados, 3 (1.99%)
apresentaram 3 dentes afetados e 2 (1.32%) 4 dentes afetados, totalizando 182 dentes
traumatizados (Tabela 01). Os incisivos centrais superiores (11 e 21), foram os elementos
dentais mais acometidos (147/182), representando 80.77% dos casos (Tabela 02). O que
demonstra diferença estatística para os outros grupos dentais (P<0,0001).
Tabela 01- Frequência e porcentagem do número de dentes lesionados por escolar.
Número de
dentes
acometidos
Frequência Porcentagem Valor-p
(n) (%)
1 127 84,11
0,0001 2 19 12,58
3 3 1,99
4 2 1,32
Total 157 100,00 -
Tabela 02- Frequências e porcentagens dos tipos de dentes acometidos e teste de qui-
quadrado para hipótese de igualdade de proporções.
Elemento dental acometido Frequência
(n)
Porcentagem
(%) Valor-p
11 73 40,11
0,0001 12 24 13,19
21 74 40,66
22 11 6,04
Total 182 100,00 -
36
Com relação ao tipo de lesão traumática dental, as de maior prevalência foram as
fraturas de esmalte e dentina, chegando a 38,46% das injúrias (n=70), seguidas pelas
fraturas de esmalte (19,78%, n=36) e as fraturas envolvendo esmalte, dentina e polpa que
representaram 17,3% dos casos (n=31). Os dentes que passaram por tratamento
representaram 17,59 % (n=32). Tendo sido 26 recolocações de permanentes (14,29%), 5
restaurações compostas (2,75%) e 1 restauração temporária (0,55%). Dentre as sequelas
encontradas, observou-se que 9 dentes (4,95%) apresentaram alteração da coloração e 4
escolares examinados (2,20%), apresentavam ausência do elemento dental, relatando que
o motivo da ausência foi resultado de ocorrências traumáticas (Tabela 03).
Tabela 03- Frequências e porcentagens das alterações clínicas observadas e teste de qui
quadrado para hipótese de igualdade de proporções. Letras iguais indicam proporções que
não diferem entre si pelo teste de qui-quadrado com nível de significância de 5%, das
classes de uma mesma variável.
Alterações
clínicas
Frequência Porcentagem Grupos (α:0,05) Valor-p
(n) (%)
Fratura de
esmalte e
dentina
70 38,46 A
0,0001
Fratura de
esmalte 36 19,78 B
Fratura
envolvendo
esmalte, dentina
e polpa
31 17,03 B
Recolocação
Permanente 26 14,29 B
Mudança de
coloração 9 4,95 C
Restauração
composta 5 2,75 C D
Ausência devido
a trauma 4 2,20 C D
Restauração
temporária 1 0,55 D
Total 182 100,00
37
5.5 RELAÇÃO ENTRE O TIPO DE LESÃO E O DENTE AFETADO
Foi encontrada associação entre o tipo de lesão traumática e o elemento dental
em estudo (p<0,05). A frequência da fratura de esmalte foi mais frequente no elemento
dental 12, tendo sido 21 casos, o que corresponde a 58,33% dos casos de lesão deste tipo.
As fraturas envolvendo esmalte, dentina e polpa foram mais recorrentes no elemento
dental 21, correspondendo a 58,06% dos casos (Tabela 04).
Tabela 04- Frequências das injúrias dentárias presentes nos tipos de dentes; teste de qui-
quadrado para independência entre o efeito e a resposta e estatística V de
Cramer para quantificação da magnitude da associação.
Qui-quadrado – Estatística: 22,91 – GL: 12 – Valor-p: 0,0285 Estatística V de Cramer: 33,44%
Injúria dentária
presente
Dente
12 11 21 22
Fratura de esmalte 21 (58,33) 4 (11,11) 9 (25,00) 2 (5,56)
Fratura de esmalte e
dentina 28 (40,00) 7 (10,00) 32 (45,71) 3 (4,29)
Fratura envolvendo
esmalte, dentina e
polpa
7 (22,58) 4 (12,90) 18 (58,06) 2 (7,69)
Outras 6 (31,58) 7 (36,84) 4 (21,05) 2 (10,53)
38
5.6 OCORRÊNCIA DO TRAUMATISMO DENTAL, OVERJET E SELAMENTO
LABIAL
Não foram observadas associações (p>0,05) entre a ocorrência de lesões
traumáticas e as seguintes variáveis: sexo, etiologia e local. Por outro lado, houve
associação (p<0,01) entre a ocorrência de lesões traumáticas e as variáveis classe de
idade, overjet e selamento labial.
Em relação à classe de idade, observa-se que as ocorrências aumentam à medida
que a idade aumenta já que na faixa etária de 6 a 9 anos, há uma ocorrência de 7,76% de
lesões traumáticas dentais, porcentagem que aumenta para 14,46% na segunda faixa
etária de 10 a 13 anos e que aumenta ainda mais, para 21,74% entre os 14 e 17 anos
(Tabela 05).
Tabela 05- Frequências da ocorrência das injúrias traumáticas associadas à classe de idade
e gênero.
Efeito Classe Ocorrência de lesão
Valor-p Presente Ausente
idade
6 a 9 anos 19 (7,76) 226 (92,24)
0,0041 10 a 13
anos 127 (14,46) 751 (85,54)
14 a 17
anos 10 (21,74) 36 (78,26)
V de Cramer 9,42%
Gênero M 92 (15,08) 518 (84,92)
0,0709 F 65 (11,50) 500 (88,50)
V de Cramer 5,25%
Quanto ao overjet, observa-se que na ausência do mesmo há uma porcentagem de
9,79% de lesões dentais traumáticas, aumentando para 16,49% no caso da presença do
overjet acentuado, o que evidencia o aumento na ocorrência. Já em relação ao selamento
labial, observa-se que no selamento considerado adequado há uma porcentagem de
ocorrência de lesão traumática de 11,85%, porcentagem que aumenta para 18,95% no
caso de selamento labial inadequado. Mostrando que houve diferença estatisticamente
39
significante entre a presença de overjet superior a 3 mm, selamento labial inadequado e
traumatismo dentário (Tabela 06).
Tabela 06- Frequências da ocorrência de lesões traumáticas associadas aos indicadores
de risco: presença de overjet e selamento labial.
Indicadores
de risco
Ocorrência de lesão traumática
Valor-p Presente Ausente
Overjet Não 55 (9,79) 507 (90,21) 0,0013
Sim 79 (16,49) 400 (83,51)
V de Cramer 5,25%
Selamento Adequado 107 (11,85) 796 (88,15)
0,0050 Inadequado 47 (18,95) 201 (81,05)
V de Cramer 8,58%
Podemos observar que há diferença estatística significante entre a presença de overjet
e classe de idade, (p<0,01). Sendo o overjet mais prevalente na faixa etária de 6 a 9 anos,
(56,81%). Conforme a faixa etária aumenta, há uma redução na proporção de casos de
overjet em relação ao selamento labial, observa-se que há uma inversão nas proporções
já que com selamento adequado, a maioria dos casos (60,00%) remete para um overjet
considerado normal ao passo que quando o selamento labial é considerado inadequado, a
maioria (69,77%) remete para o overjet acentuado (Tabela 07).
40
Tabela 07- Frequências da ocorrência de overjet e associação com a classe de idade,
gênero e selamento labial.
Fatores
avaliados
Overjet Valor-p
Não Sim
Idade
6 a 9 anos 92 (43,19) 121 (56,81)
0,0001 10 a 13 anos 438 (56,15) 342 (43,85)
14 a 17 anos 30 (71,43) 12 (28,57)
V de Cramer 12,67%
Sexo M 297 (54,60) 247 (45,40)
0,6801 F 265 (53,32) 232 (46,68)
V de Cramer 1,28%
Selamento Adequado 486 (60,00) 324 (40,00)
0,0001 Inadequado 65 (30,23) 150 (69,77)
V de Cramer 24,31%
5.7 CONHECIMENTO DOS PROFESSORES SOBRE TRAUMATISMO
DENTÁRIO
Quanto ao conhecimento sobre o conceito de trauma dental, 51 (80.95%) dos 63
professores avaliados responderam saber o que é trauma dental. No entanto a grande
maioria ignora o que é avulsão dentária, 60 (95,24%) (Tabela 08).
Tabela 08- Frequência de professores que sabem o que é avulsão dentária.
Você sabe o que é avulsão
dentária?
Frequência
(n)
Porcentagem
(%) Valor-p
Não 60 95,24 0,0001
Sim 3 4,76
41
Quanto a primeira conduta realizada após um aluno sofrer um trauma na face
durante alguma atividade na escola, 39 (61,90%) responderam que levariam o mesmo
imediatamente ao centro de saúde (Tabela 09)
Tabela 09- Conduta mediante um traumatismo dentário sofrido pelo aluno.
Se uma pessoa sofre um traumatismo na face
durante a prática esportiva, lazer, ou acidente
qual a sua primeira conduta?
Frequência
(n)
Porcentagem
(%)
Valor-p
Encaminhá-la à diretoria do local 23 36,51
0,0001 Chamar o responsável 1 1,59
Fazer uma avaliação física 0 0,00
Levá-la ao centro de saúde 39 61,90
Quanto ao meio de armazenamento 29 (46,77%) dos professores avaliados
transportariam o dente avulsionado em recipiente contendo soro fisiológico, e somente
14 (22,58%) transportariam o dente em recipiente contendo leite e 13 professores
(20,97%) transportariam em toalha de papel (Tabela 10).
Tabela 10- Meio de armazenamento em caso de avulsão.
Onde transportaria um dente que
saiu totalmente da boca?
Frequência
(n)
Porcentagem
(n)
Valor-p
Gaze 4 6,45
0,0001
Leite 14 22,58
Saliva 2 3,23
Soro fisiológico 29 46,77
Toalha de papel 13 20,97
A maioria dos professores demonstrou saber o que é reimplante dentário, 48
(76,19%). No entanto todos os professores avaliados, 63 (100%) se consideram incapaz
de reposicionar um dente imediatamente em caso de avulsão (Tabela 11).
42
Tabela 11- Conhecimento dos professores sobre reimplante dentário.
Para você reimplante dentário consiste: Frequência
(n)
Porcentagem
(%) Valor-p
Colocação de outro dente na boca 12 19,05
Recolocação de um mesmo dente na
boca 48 76,19 0,0001
Transplante de um dente 3 4,76
Sobre como manipular um dente avulsionado, 40 (63,49%) manipulariam o dente
pela coroa, enquanto que 20 (31,75%) manipulariam o dente tanto pela coroa, como pela
raíz (Tabela 12).
Tabela 12- Conduta quanto à manipulação de um dente avulsionado.
Por onde você manipularia um dente
que saiu da boca?
Frequência
(n)
Porcentagem
(%)
Valor-p
Coroa 40 63,49
Coroa ou raiz 20 31,75 0,0001
Raiz 3 4,76
Quanto às possíveis medidas de prevenção do traumatismo dentário, a maioria dos
professores, enquanto que 6 (9,52%) apontou a instrução de auto defesa do aluno e apenas
3 (4,76%), o acompanhamento individual do aluno.
A grande maioria dos professores, 57 (90,48%) disseram nunca terem recebido
orientações sobre traumatismo dental e medidas de pronto atendimento. Apenas 6
pessoas (9,52%) receberam esse tipo de instrução. Dentre os que receberam, 6 (9,52%),
4 (66,67%) obtiveram a informação da TV, 1 (16,67%) dos bombeiros e 1 (16,67%) no
posto de saúde. No entanto 61 (96,83%) consideram importante para a sua formação
profissional recebem informações sobre avulsão dentária e outros tipos de trauma dental.
43
Ainda com relação a avulsão dental, 40 (63,49%) dos professores lavariam o dente
avulsionado em água corrente, enquanto 22 (34,92%) lavaria o dente com álcool (Tabela
13).
Tabela 13- Conduta inicial de limpeza de um dente avulsionado.
Supondo que um adolescente sofresse
uma queda acidental, perdendo o incisivo
central (dente da frente, 11 ou 21), e que
este dente caiu sobre um local com terra,
grama, areia etc qual (quais) a(s)
conduta(s) que você tomaria?
Frequência
(n)
Porcentagem
(%) Valor-p
Lavaria com álcool 22 34,92
Lavaria com água corrente 40 63,49 0,0001
Recipiente com leite 1 1,59
Apenas 1 (1,59%) dos 63 professores avaliados relatou já ter sido solicitado a
prestar socorro a algum aluno que sofreu um trauma dentário. O mesmo relatou como
fator etiológico a queda.
Por fim foi calculado um escore geral no intuito de retratar o conhecimento dos
professores a respeito do trauma dental, de acordo com as alternativas respondidas. O
total de pontos passíveis de serem atingidos, com base nas ponderações seria de 60 e a
média ponderada alcançada foi de 58,44% com um desvio padrão de 14,11. A menor
pontuação alcançada foi de 33,33% e a pessoa que respondeu de forma apropriada auferiu
91,67% dos possíveis pontos. (Tabela 14).
44
Tabela 14- Frequência, porcentagem e teste de qui-quadrado da distribuição das
pontuações.
Porcentagem de pontos Frequência
(n)
Porcentagem
(%) Valor-p
30 a 40 7 11,11
0,1026
41 a 50 19 30,16
51 a 60 9 14,29
61 a 70 12 19,05
Maior que 70% 16 25,40
45
6 DISCUSSÃO
Um estudo transversal em traumatismo dentário pode mostrar uma visão geral
das lesões traumáticas dentárias em relação ao perfil dos pacientes mais afetados e os
fatores etiológicos envolvidos, fornecendo uma base para avaliação da prevenção,
planejamento e tratamento existente. (Bastone, 2000; Malikaew et al., 2006, Lins, 2011).
Sendo que a escassez de dados epidemiológicos de traumas dentários na dentição
permanente da população do Brasil reflete a importância deste estudo.
No presente estudo realizado nas cidades de Piracicaba, Americana, Limeira e
Campinas, entre 2007 e 2014, observou-se uma prevalência de traumatismo dentário entre
escolares de 6 a 17 anos de idade, de 13,36%. No entanto os resultados encontrados no
Brasil em estudos anteriores a este, mostram grande variação na prevalência do
traumatismo dentário, podendo ir de 2,6% (Grimm et al., 2004) a 58,6% (Marcenes et al.,
2001). O resultado do presente trabalho se assemelhou aos 13.3% relatados em Campina
Grande, Brasil, por Martins et al., (2014), também utilizando o critério diagnóstico
proposto por O’Brien (1994), em escolares de 7 a 14 anos de idade. O estudo também se
aproxima dos resultados relatados por De Pádua et al. (2010), que relata uma prevalência
de 14,8%, utilizando a classificação de Ellis (1992), como critério de diagnóstico.
Prevalência superior foi observada na literatura, nos estudos conduzido por Paiva
(2005), em Montes Claros, MG, 34,9%, aos 12 anos e por Marcenes et al., (2001), na
cidade de Blumenau, SC, onde em escolares de 12 anos foi encontrada prevalência de
58,6%.
O tamanho da amostragem é um dos fatores responsáveis pela variação na
prevalência do traumatismo dental (Traebert et al., 2003). Alguns trabalhos possuem
grande diferença no número amostral, podendo variar de 36 escolares em Florianópolis
(Rocha et al., 2001) a 4085 na Malásia (Nik-Hussein, 2001). Também os critérios de
diagnóstico, o tipo de classificação do trauma, a faixa etária analisada e fatores ambientais
e comportamentais dos diferentes locais e países envolvidos no estudo, alteram
significativamente os resultados quando feitas análises comparativas (Andreasen et al.,
1994; Coelho, 2014).
46
A classificação proposta por Garcia-Godoy inclui como critérios diagnósticos
fratura radicular e lesões das estruturas de suporte, que são clínicos, pois necessitam de
tomada radiográfica, não sendo, portanto, apropriados para os levantamentos
epidemiológicos. A classificação proposta por Andreasen e Andreasen classificam as
fraturas coronárias em não complicadas (fratura de esmalte-dentina/cemento sem
exposição pulpar) e complicadas (as que apresentam exposição pulpar). Avalia ainda as
alterações nos tecidos de sustentação, e não inclui critérios para tratamentos realizados
ou sequelas. Já a classificação idealizada por Ellis, somente distribui as lesões coronárias
em leve, moderada ou severa, avalia presença de fratura radicular e vitalidade pulpar,
dados clínicos difíceis de serem corretamente diagnosticados em um “exame de campo”.
(Paiva, 2005).
Deste modo, optou-se para o diagnóstico das lesões traumáticas dentárias, o
critério de classificação diagnóstica proposta por O´Brien (1995), por ser considerado
ideal para coleta de dados, uma vez que engloba as lesões traumáticas da coroa dental que
são facilmente observadas clinicamente: fratura de esmalte, fratura de esmalte e dentina
sem exposição pulpar, fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar ou avulsão. O
tipo de tratamento realizado devido a traumatismo dentário (restaurações com resina
composta, coroas, prótese fixa ou móvel), e a principal sequela observada clinicamente
(mudança de coloração da coroa dental). A classificação diagnóstica de escolha foi
modificada acrescentando-se o item “trinca de esmalte”, “colagem de fragmento” e “dor”
associada à história de trauma. E também sequelas como presença de fístula e edema
associados a dentes com ausência de cárie. Infraposição e mobilidade, associados à
história de trauma dental.
Seguindo-se esses critérios, a lesão mais comumente encontrada foi a fratura de
esmalte e dentina, 38,46% das injúrias (n=70), seguidas pelas fraturas de esmalte
(19,78%, n=36) e as fraturas envolvendo esmalte, dentina e polpa que representaram
17,3% dos casos (n=31). Os achados discordam da maioria das pesquisas que apresentam
a fratura de esmalte, como o tipo de lesão de maior prevalência. (Petti e Tarsitani, 1996;
Hamilton et al., 1997; Petti et al., 1997; Kargul et al., 2003; Tapias et al., 2003; Soriano
et al., 2007; Sousa-Filho et al., 2009; Francisco et al., 2013; Coelho, 2014). No entanto
concordam com os achados de Garcia-Godoy et al. (1985); Liew e Daly (1986) e
47
Stockwell (1988), que relataram as fraturas de esmalte e dentina como as lesões
traumáticas mais prevalentes.
Nesta pesquisa verificou-se que a prevalência de trauma dentário, embora maior
em escolares do gênero masculino, não foi estatisticamente significante, o que vem
corroborar com alguns estudos (Soriano et al., 2004; Soriano et al., 2007; Traebert et al.,
2008). A maioria dos trabalhos encontrados na literatura (Côrtes et al., 2001; Marcenes e
Murray, 2001; Marcenes et al., 2001; Nicolau et al., 2001; Traebert, et al, 2002; Hamdan
e Rajab, 2003; Skaare e Jacobsen, 2003; Grimm et al., 2004; Paiva, 2005; Traebert, et al,
2006), demontram uma maior prevalência das lesões traumáticas no gênero masculino,
provavelmente por os meninos serem mais ativos e realizarem atividades físicas mais
fortes, esportes de contato físico sem a devida proteção, e brincadeiras rudes como lutas
e outras, utilizando brinquedos e equipamentos com maior potencial de risco (Rocha e
Cardoso, 2001; Traebert et al., 2006; Glendor, 2009 b). No entanto, devido ao aumento
da participação das meninas nas atividades esportivas e de lazer, e além de estarem cada
vez mais expostas a algumas situações em que os meninos também estão, existe a
tendência ao aumento de lesões traumáticas no sexo feminino (Rocha e Cardoso, 2001;
Traebert et al., 2008).
A média de idade dos escolares acometidos por traumatismo dentário foi de 10,89
anos, acompanhando a literatura, que relata a idade entre 10 e 12 anos como as mais
acometidas pelo traumatismo dentário, sendo a fase da vida em que a criança tem maior
participação em atividades de risco, esportes e brincadeiras. (Forsberg e Tedestam, 1993;
Andreasen e Andreasen, 1994; Petti e Tarsitani, 1996; Borssen e Holm, 1997; Andersson,
2013).
Em relação à etiologia, as principais causas de lesões traumáticas relatadas pelos
escolares foi a queda da própria altura (45,45%), o que está de acordo com literatura
(Marcenes et al., 2001; Caldas Jr e Burgos, 2001; Traebert et al., 2006; Navabazam e
Farahani, 2010; Lins, 2011; Patel et al., 2012) seguindo-se de lesões provocadas por
atividades esportivas (27,27%), como os estudos de (Dias et al., 2002; Paiva, 2005;
Frontera et al., 2011).Vale ressaltar que as quedas se referem a uma ampla categoria de
acidentes, podendo assim mascarar outras causas, como atos de agressão observados nas
quedas por empurrão ou oriundas de brincadeiras agressivas praticadas por crianças e
48
adolescentes (Côrtes et al., 2001; Marcenes et al., 2001; Coelho, 2014). Alguns estudos
como os de Marcenes et al., 1999 e Caldas et al., 2001 encontraram que lesões traumáticas
causadas por violência foram estatisticamente significativas entre os escolares.
O principal local de ocorrência dos acidentes traumáticos, apontados entre os
escolares examinados, foi a própria residência, corroborando com trabalhos encontrados
na literatura (Marcenes et al., 1999; Traebert et al., 2003; Paiva, 2005; Sgan-Cohen et al.,
2008). Entretando, outros estudos mostraram que o maior número de casos de trauma se
deram nas escolas, pois de acordo com os autores dos mesmos, o ambiente escolar
propicia a participação de crianças em atividades esportivas (Rocha e Cardoso, 2001;
MaliKaew et al., 2006; Traebert et al., 2006).
Os dentes mais afetados pelas lesões traumáticas foram os incisivos centrais
superiores, (11 e 21 - 147 dentes) 80,77% dos casos. O que corrobora os resultados
encontrados na literatura (Petti, Tarsitani, 1996; Marcenes et al., 2001; Malikaew et al.,
2006; Souza-Filho et al 2009; Navabazam et al., 2010; Lins, 2011; Patel et al., 2012).
Os resultados também demonstraram que a maioria das lesões traumáticas,
envolveram apenas um elemento dentário (84,11%), repetindo os resultados encontrados
em outros levantamentos epidemiológicos (Cortes et al., 2001; Paiva, 2005; Traebert,
2006; Ajayi et al., 2010; Coelho, 2014), no entanto discordando de Rocha e Cardoso
(2001), que mostrou que a maior parte das crianças afetadas por lesões apresentavam mais
de um dente afetado.
Os dentes que passaram por tratamento representaram 17,59 % (n=32). Tendo
sido 26 recolocações de permanentes (14,29%), 5 restaurações compostas (2,75%) e 1
restauração temporária (0,55%). Dentre as sequelas encontradas, observou-se que 9
dentes (4,95%) apresentaram alteração da coloração e 4 escolares (2,20%), apresentaram
ausência do elemento dental devido ao trauma. Comprovou-se neste estudo a negligência
do tratamento do traumatismo dentário sugerido por outros autores (O’brien, 1994;
Marcenes et al., 2000; Marcenes e Murray, 2001; Traebert et al., 2003; Paiva, 2005;
Traebert, 2006; Ajayi et al. 2010). Esse fato pode ser atribuído a falta de assistência básica
de saúbe bucal pela maioria dos brasileiros, no entanto vale ressaltar que estudos
realizados em países desenvolvidos, como o Reino Unido (Marcenes e Murray, 2001)
onde o acesso ao serviço odontológico público é de boa qualidade e garantido à toda a
49
população também apresentaram forte negligência do tratamento de dentes
traumatizados. (Armênio, 2001; Traebert, 2002).
No entanto, deve-se salientar a importância do tratamento dos dentes
traumatizados em função de seu alto impacto na qualidade de vida dos indivíduos, e
também pelo fato de que outras manifestações decorrentes do traumatismo podem
acontecer a longo prazo. (Traebert, 2002).
Foi observada a existência de associação entre o tipo de lesão e o elemento dental
em estudo, sendo que a frequência da fratura de esmalte, foi maior no elemento dental 12
(58,33%) e as fraturas envolvendo esmalte, dentina e polpa foram mais recorrentes no
elemento dental 21 (58,06%). Podemos explicar esses resultados devido à posição
anatômica dos incisivos centrais superiores torná-los mais propensos ao traumatismo
dentário, pois os mesmos estão na direção de movimento do corpo e geralmente tendem
a receber maior impacto que os incisivos laterais. Além disso, os incisivos centrais
superiores apresentam-se numa posição mais anterior apresentando maior possibilidade
de serem os primeiros a receber o impacto direto, sendo mais propensos a sofrerem os
traumas mais severos. Além disso são os primeiros dentes a irromperem, estando expostos
ao risco de traumatismo por um período maior durante os anos de maior incidência dos
acidentes. (Forsberg e Tedestam, 1990; Al-Majed et al., 2001; Marcenes e Murray 2001;
Paiva, 2005).
Em relação à idade, podemos ainda observar que as ocorrências aumentaram à
medida que a idade aumentou, passando de 7,76% na faixa etária de 6 a 9 anos, para
14,46%, na faixa etária de 10 a 13 anos e que aumenta ainda mais, para 21,74% entre os
14 e 17 anos. O que é similar aos estudos de (Marcenes et al., 1999; Cortes et al., 2001;
Soriano et al., 2007). Estes resultados podem ser explicados devido ao traumatismo
dentário possuir características cumulativas ao longo da vida dos indivíduos (Cortes et
al., 2001). Porém segundo Navabazam et al. (2010), o trauma dental não possui
características cumulativas com relação à idade.
Para a avaliação do overjet, devido à falta de padronização nos estudos, optou-
se, pela escolha de uma metodologia apoiando-se nos resultados encontrados em vários
levantamentos, que mostravam o overjet incisal acima de 3 mm como um fator de risco
ao trauma. (Nguyen et al., 1999; Grimm et al., 2004; Bauss et al., 2004; Belcheva et al.,
50
2008; Francisco et al., 2013; Coelho et al., 2014). Escolares que apresentaram medidas
de overjet superiores a este valor, foram mais propensos a sofrerem lesões traumáticas
dentárias (16,49%), do que os escolares que apresentavam overjet inferior a 3mm
(9,79%).
Em relação ao tipo de selamento labial, este estudo mostrou que (248) 21,55%
dos escolares apresentaram selamento inadequado. Sendo que 47 (18,95%) sofreram
trauma dental. Os resultados mostraram que houve diferença estatisticamente significante
entre a presença de overjet superior a 3 mm, selamento labial inadequado e traumatismo
dentário, o que se assemelha aos estudos de (O’Mullane, 1972; Andreasen e Andreasen,
1991; Forsberg e Tedestam, 1993; Otuyemi, 1994; Petti et al., 1997; Marcenes et al.,
1999; Cortes et al., 2000; Bauss et al., 2004; Belcheva et al., 2008; Francisco et al., 2013;
Coelho et al., 2014). Entretanto alguns autores não conseguiram demonstrar esta relação
(Marcenes et al., 2001; Marcenes e Murray, 2001).
Também podemos observar que há diferença estatística significante entre a
presença de overjet acentuado e a classe de idade, (p<0,01). Sendo o overjet mais
prevalente na faixa etária de 6 a 9 anos, (56,81%). Conforme a faixa etária aumentou,
houve uma redução na ocorrência de casos de overjet. O que pode ser explicado pelo fato
de que com o aumento da idade, essas crianças já tenham passado por algum tratamento
ortodôntico.
Os achados desse estudo demonstram a necessidade dos serviços públicos de
saúde estarem preparados para promover o tratamento das crianças com tamanho de
overjet aumentado, como forma de prevenção à ocorrência do traumatismo dentário.
Ressaltando também a importância do diagnóstico nessas crianças o quanto antes e
imediata indicação ao tratamento ortodôntico. (Bauss et al., 2004).
Com relação ao conhecimento dos professores de ensino fundamental e médio que
participaram do estudo, 80.95% afirmam saber o que é trauma dental. No entanto a grande
maioria ignora o que é avulsão dentária, 95,24%. O que demonstra que a maioria dos
professores apresenta conhecimentos escassos para a prestação dos primeiros cuidados
em crianças que possam sofrer avulsão dental, comprometendo desta forma o prognóstico
do tratamento. (Çaglar et al., 2005; Al-Jame et al., 2007; Hegde et al., 2010; Ozer et al.,
2012).
51
Quanto a primeira conduta realizada após um aluno sofrer um trauma na face
durante alguma atividade na escola, 61,90% responderam que levariam o mesmo
imediatamente ao centro de saúde. Sendo que 36,51% encaminhariam o aluno à diretoria,
não realizando nenhuma medida de pronto atendimento ao mesmo. O que se pode explicar
pelo fato de todos os professores avaliados, 63 (100%) se considerarem incapaz de
reposicionar um dente imediatamente em caso de avulsão, devido à falta de informação,
ou ao medo de agravar o caso. Achado que condiz com o estudo de Bittencourt et al.
(2008). Embora a maioria dos professores 76,19% reconheçam saber o que é o reimplante
dentário. O que também foi demonstrado no estudo de Mesgarzadeh et al. (2012).
Com relação ao meio de armazenamento 46,77% dos professores avaliados
transportariam o dente avulsionado em recipiente contendo soro fisiológico, somente
22,58%, transportariam o dente em recipiente contendo leite e ainda 20,97%
transportariam em toalha de papel. Esses resultados vão contra a maioria dos estudos
onde os professores avaliados afirmam que manteriam o elemento dental avulsionado
em um ambiente seco, seja em recipiente vazio, em lenços ou embrulhados em papel.
(Bittencourt et al., 2008; Mesgarzadeh et al., 2012; Young et al., 2012; Quaranta et al.,
2014).
Quando questionados sobre a limpeza de um dente avulsionado, 63,49% dos
professores lavariam o dente em água corrente, enquanto que uma considerável parcela
34,92%, lavaria o dente com álcool, mais uma vez demonstrando total falta de
conhecimento quanto ao correto manejo de elementos dentais avulsionados. O que
também foi encontrado por Chan et al., 2001.
Sobre a correta manipulação de um dente avulsionado, 63,49% manipulariam o
dente pela coroa, enquanto que 31,75%, manipulariam o dente tanto pela coroa, como
pela raíz. Demonstrando mais uma vez a desinformação quanto ao correto manejo de
dentes em caso de avulsão. O que pode ser comprovado pelo fato da grande maioria
(90,48%) dos professores avaliados relatarem nunca ter recebido orientações sobre
traumatismo dental. Apenas 9,52%, receberam esse tipo de instrução. Mais uma vez
corroborando os achados da literauta. (Sanu e Utomi, 2005; Al-Jame et al., 2007; Ozer et
al., 2012). No entanto 96,83% também mostram-se interessados em aprender e
consideram importante para a sua formação profissional receber informações sobre
52
avulsão dentária e outros tipos de trauma dental. Como demonstrado por Al-Jundi et al.,
(2005).
O conhecimento do perfil epidemiológico na região de Piracicaba-SP é de extrema
importância para se avaliar a extensão das crianças e adolescentes afetadas pelo
traumatismo dentário. Ao se conhecer a etiologia e o local da maioria de ocorrências de
traumatismo dentário, pode-se estabelecer programas adequados de prevenção e controle.
O conhecimento da presença de overjet acentuado e selamento labial inadequado, implica
na necessidade de orientação e implementação de programas para que um adequado
diagnóstico e correção ortodôntica seja realizada.
A falta de conhecimento de professores, pessoas que geralmente são solicitadas
a prestarem os primeiros socorros à crianças vítimas de traumatismo dental durante a
prática de atividades na escola, pode prejudicar o prognóstico desses dentes
traumatizados, sendo de fundamental importância o emprego de programas educativos do
trauma dental em ambiente escolar.
53
7 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos e na metodologia utilizada concluiu-se que:
a) A prevalência de trauma dentário em escolares de 6 a 17 anos de idade, no período de
2007 a 2014, nas cidades de Piracicaba e região foi de 13, 36%;
b) A presença de overjet superior a 3mm e selamento labial inadequado foram
considerados fatores de risco ao trauma dentário;
c) O nível de conhecimento dos professores do ensino fundamental e médio foram
considerados insuficientes, sendo de fundamental importância a implementação de
campanhas educativas para promover profissionais aptos a prestarem medidas de
primeiros socorros adequadas em casos de acidentes traumáticos dentais no ambiente
escolar.
54 * De acordo com as normas da UNICAMP/FOP, baseadas na padronização do International Committee of Medical Journal Editors. Abreviatura dos periódicos em conformidade com o Medline.
REFERÊNCIAS*
1. Ajayi MD, Denloye O, Abiodun Solanke FI. The unmet treatment need of
traumatized anterior teeth in selected secondary school children in Ibadan,
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