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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL,
ARQUITETURA E URBANISMO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR NA CIDADE DE LIMEIRA (SP) EMPREGANDO A FLUORESCÊNCIA DE
RAIOS X POR REFLEXÃO TOTAL COM RADIAÇÃO SÍNCROTRON
FELIPPE BENAVENTE CANTERAS
CAMPINAS 2010
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANI SMO
FELIPPE BENAVENTE CANTERAS
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR NA CIDADE DE LIMEIRA
(SP) EMPREGANDO A FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X POR
REFLEXÃO TOTAL COM RADIAÇÃO SÍNCROTRON
Dissertação apresentada à Comissão de Pós Graduação da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de concentração de Saneamento e Ambiente.
Orientadora: Prof a Dra Silvana Moreira
Campinas 2010
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
C167a
Canteras, Felippe Benavente
Avaliação da qualidade do ar na cidade de Limeira (SP)
empregando a fluorescência de raios X por reflexão total
com radiação síncrotron / Felippe Benavente Canteras. --
Campinas, SP: [s.n.], 2010.
Orientador: Silvana Moreira.
Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo.
1. Ar - Qualidade. 2. Ar - Poluição. 3. Fluorescência de
raio X. 4. Radiação sincrotônica. 5. Metais pesados. I.
Moreira, Silvana. II. Universidade Estadual de Campinas.
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.
III. Título.
Título em Inglês: Evaluation of air quality in Limeira city using synchrotron
radiation total reflection X-ray fluorescence analysis
Palavras-chave em Inglês: Air - Quality, Air - Pollution, X-ray fluorescence,
Synchrotron radiation
Área de concentração: Saneamento e Ambiente
Titulação: Mestre em Engenharia Civil
Banca examinadora: Edson Aparecido Abdul Nour, Regina Cely Rodrigues
Barroso
Data da defesa: 25/08/2010
Programa de Pós Graduação: Engenharia Civil
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANI SMO
FELIPPE BENAVENTE CANTERAS
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR NA CIDADE DE LIMEIRA ( SP) EMPREGANDO A FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X POR REFLEXÃO
TOTAL COM RADIAÇÃO SÍNCROTRON
Dissertação Apresentada à Comissão de pós-graduação da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de concentração de Saneamento e Ambiente.
COMISSÃO EXAMINADORA
Campinas, 25 de agosto de 2010
5
DEDICATÓRIA Aos meus pais: Cleide Maria Benavente Canteras e Horácio Canteras Júnior, por todo apoio e suporte necessário para a conquista de mais essa realização na minha vida, e ainda à minha madrinha Neide Benavente por sempre acreditar no meu potencial e me encorajar a seguir em frente.
7
AGRADECIMENTOS
Especialmente à Profa. Dra Silvana Moreira, que tem sido mais do que uma
orientadora. Obrigado por ter acreditado no meu potencial desde o início, por toda
paciência e pelas broncas, que ajudaram a moldar quem eu sou hoje. Agradeço por todo
carinho e dedicação nesses dois anos e meio de convivência, e saiba que todos os
conselhos foram escutados com muito carinho.
À minha namorada Débora Aline Lima, que durante todos os momentos difíceis
sempre esteve ao meu lado, me dando todo carinho e apoio.
Aos técnicos de laboratório Enelton Fagnani e Lígia Maria Domingues, da FEC,
por todo auxílio durante o preparo das amostras.
Ao técnico de laboratório Gilberto de Almeida, do CESET, pelo auxílio durante as
coletas e pelo fornecimento dos dados meteorológicos.
Aos amigos Bruna Fernanda de Faria, Frederico Barbosa, Laíz Vieira Rodrigues,
Luciana Carla Ferreira de Souza e Simoní Micheti Geraldo por todo o companheirismo
nessa jornada, e por toda ajuda no laboratório e fora dele.
8
À todos os meus companheiros de república, em especial meus irmãos Fabio
Jun Morishima e Igor Miura, presentes durante toda essa jornada.
Agradecimentos especiais à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) pela concessão da bolsa de mestrado.
Ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron pela oportunidade de realizar as
medidas utilizando suas instalações e, ao técnico da linha de Fluorescência de Raios X,
Carlos Alberto Pérez pelo apoio durante as medidas.
9
RESUMO
CANTERAS, Felippe Benavente. Avaliação da qualidade do ar na cidade de Limeira
(SP) empregando a fluorescência de raios X por refl exão total com radiação
síncrotron. Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo –
UNICAMP, 2010, 186p. Dissertação de Mestrado.
A preocupação de políticos, cientistas e da comunidade em geral com a qualidade do ar
vem crescendo muito nos últimos anos. Isso se deve ao fato da qualidade do ar estar
intimamente ligada com a qualidade de vida e a saúde da população. Os poluentes do ar
estão relacionados ainda com diversos problemas ambientais, como o efeito estufa,
chuvas ácidas, smog, etc. Dentre os poluentes ambientais, o material particulado se
apresenta como um dos mais significativos e importantes, pois pode ser emitido por
diversas fontes, sejam elas de origem antrópica ou natural, e ainda devido a não
uniformidade na sua composição. O município de Limeira se apresenta atualmente como
um pólo de significativo desenvolvimento e crescimento populacional. O presente
trabalho teve como objetivo principal avaliar de forma quantitativa o material particulado,
em suas duas frações, grossa e fina, coletado no município de Limeira. Para isso, foi
instalado na estação meteorológica do CESET/UNICAMP (Centro Superior de Educação
10
Tecnológica) um sistema de amostragem conhecido como filtração seqüencial,
denominado amostrador de material particulado fino e grosso (AFG). Esse sistema foi
desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da
UNICAMP (FEC) Com este sistema pode-se obter as frações, grossa e fina, que
correspondem às frações inaláveis superior e inferior, respectivamente. A técnica
analítica empregada foi a Fluorescência de Raios X por Reflexão Total com Radiação
Sínctrotron (SR-TXR). No período analisado, não foram registrados valores que
ultrapassassem os limites previstos na legislação brasileira com relação à massa total de
material particulado. Foram detectados e quantificados 16 elementos (S, K, Ca, Ti, V, Cr,
Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Br, Rb, Sr, Ba e Pb). Foram empregadas análises estatísticas
multivariadas (análise dos componentes principais e análise de cluster) para agrupar os
elementos de acordo com suas similaridades, e a partir disso, definir as possíveis fontes
emissoras de poluentes. Na fração fina do material particulado a principal fonte de
emissão foi a poeira do solo, responsável por 79% da formação do material particulado.
As emissões veiculares contribuíram com 13% e, as emissões industriais representaram
8%. Para a fração grossa a fonte principal de emissão foi a ressuspensão do solo
contribuindo com 57% na formação do material particulado, seguida da emissão
veicular, com 30% e finalmente a industrial, com apenas 13%. Os perfis das assinaturas
das fontes de emissão veicular, queima de óleo combustível e da poeira do solo foram
comparadas com perfis apresentados por outros autores e de forma geral apresentaram
uma boa concordância.
Palavras Chave: Poluição atmosférica, Material Particulado, Qualidade do ar,
Fluorescência de Raios X, Radiação Síncrotron, Metais Pesados.
11
ABSTRACT
CANTERAS, Felippe Benavente. Evaluation of Air Quality in Limeira City using
Synchrotron Radiation Total Reflection X-Ray Fluore scence Analysis. Campinas,
Civil Engineering, Architecture and Urban Design College. State University of Campinas.
2010, 186p. Thesis (Master’s Degree).
The concern of politicians, scientists and the wider community with the air quality has
been increasing in recent years. This is because air quality is closely linked with the
quality of life and health of the population. Air pollutants are associated with various
environmental issues like global warming, acid rain, smog, etc. Among environmental
pollutants, particulate matter is presented as one of the most significant and important
since it is emitted through several sources whether anthropogenic or natural, and also
due to the non-uniformity in its composition therefore it is important to quantify and verify
composition. The city of Limeira is presented today as a center of significant
development and population growth. This study mainly aims at assessing quantitatively
the particulate material collected in the city of Limeira in its two fractions, coarse and fine.
Assessment was performed using the sampling system known as Sequential Filtration
installed at the CESET (Center of Technology Education- UNICAMP) weather station.
12
This system was developed by the Engineering Civil, Architecture and Urbanism College
(FEC) with the support of Synchrotron Light Source Laboratory (LNLS), named fine and
coarse particles sampler (AFG). With this system you can obtain the coarse and fine
fractions, corresponding to the inhalable fraction top and bottom, respectively. The
analytical technique employed was Synchrotron Radiation Total Reflection X-ray
Fluorescence. In the studied period was not observed values higher than the limits
established by Brazilian legislation concerns to total mass of particulate matter. In this
work 16 elements were detected and quantified (S, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn,
Br, Rb, Sr, Ba and Pb). Statistical analysis as principal component analysis and cluster
analysis were employed to group elements according their similarities in order to define
the emission sources of pollutants. In the fine fraction the main emission source was soil
dust responsible by 79% in the particulate matter. The vehicular emissions contributed
with 13% and, industrial emissions represent 8%. The main emission source for coarse
fraction was soil dust contributing with 57%, follow by vehicular emission with 30% and
finally the industrial emissions with just 13%. The signature profiles of vehicular emission,
burning of fuel oil and soil dust were compared with the profiles presented by other
authors and in a general way show a good agreement.
Keywords: Atmospheric pollution, Particulate matter, Air quality, X-Ray fluorescence,
Synchrotron radiation, Heavy Metals.
13
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 3.1- Ângulos críticos para diferentes materiais e diferentes energias de
fótons. ........................................................................................................ 44
Tabela 4.1 - Divisão das áreas urbanas e rurais do município de Limeira. ..................... 53
Tabela 4.2 - Composição do ar seco. .............................................................................. 58
Tabela 4.3 - Classificação Química dos Poluentes Atmosféricos. ................................... 67
Tabela 4.4 - Padrões nacionais de qualidade do ar. ....................................................... 81
Tabela 4.5 - Critérios para episódios agudos de poluição do ar...................................... 82
Tabela 4.6 - Padrões USEPA de qualidade do ar. .......................................................... 85
Tabela 4.7 - Faixas de classificação da qualidade do ar de acordo com as faixas de
concentração dos poluentes. ..................................................................... 88
Tabela 4.8 - Significado do índice de qualidade do ar, levando em consideração à
saúde humana. .......................................................................................... 89
Tabela 4.9 - Faixas de classificação da qualidade do ar a partir do índice calculado. .... 90
Tabela 5.1 - Características Gerais da linha de Fluorescência de Raios X (DO9B)
do LNLS. .................................................................................................. 106
Tabela 6.1 - Concentração (mg.L-1) dos elementos nas soluções padrão da série K,
para a determinação da sensibilidade relativa. ........................................ 115
14
Tabela 6.2 - Concentração (mg.L-1) dos elementos nas soluções padrão da série L,
para a determinação da sensibilidade relativa. ....................................... 115
Tabela 6.3 - Sensibilidade relativa experimental, para série K, por SR-TXRF
(admensional). ......................................................................................... 116
Tabela 6.4 - Sensibilidade relativa experimental, para série L, por SR-TXRF
(admensional). ......................................................................................... 116
Tabela 6.5 - Limites mínimos de detecção (LMD) para os elementos da série K nas
amostras de material particulado grosso e fino da técnica de SR-
TXRF. ....................................................................................................... 118
Tabela 6.6 - Limite Mínimo de Detecção para os elementos da série L nas
amostras de material particulado fino e grosso da técnica de SR-
TXRF. ....................................................................................................... 120
Tabela 6.7 - Comparação dos valores medidos e certificados, com respectivos
intervalos de confiança, da amostra de referência Drinking Water
Pollutants medidos por SR-TXRF. ........................................................... 121
Tabela 6.8 - Concentração do material particulado, nas frações fina, grossa e PM10,
no ano de 2008 (µg.m-3). .......................................................................... 122
Tabela 6.9 - Concentração do material particulado, nas frações fina, grossa e
PM10, no ano de 2009 (µg.m-3). .............................................................. 124
Tabela 6.10 - Dados climáticos de precipitação pluviométrica, umidade relativa do
ar e temperatura (mínima e máxima) na cidade de Limeira no ano de
2008. ........................................................................................................ 129
Tabela 6.11 - Precipitação pluviométrica mensal (mm), estiagem (dias) e
concentração média mensal do PM10 para os meses em que foram
realizadas as coletas no ano de 2008. ..................................................... 129
Tabela 6.12 - Dados climáticos de precipitação pluviométrica, umidade relativa do
ar e temperatura (mínima e máxima) na cidade de Limeira no ano de
2009. ........................................................................................................ 130
Tabela 6.13 - Precipitação pluviométrica mensal (mm), estiagem (dias) e
concentração média mensal do PM10 para os meses em que foram
realizadas as coletas no ano de 2009. ..................................................... 131
15
Tabela 6.14 - Concentrações Mínima, Média e Máxima (µg.m-3) para os elementos
detectados e quantificados, nas frações fina e grossa por SR-TXRF. .... 132
Tabela 6.15 - Comparação dos valores obtidos para a fração grossa do material
particulado com dados obtidos por MATSUMOTO (2001), MELO
JÚNIOR (2007) e USEPA. ....................................................................... 139
Tabela 6.16 - Comparação dos valores obtidos para a fração fina do material
particulado com dados obtidos por MATSUMOTO (2001), MELO
JÚNIOR (2007) e USEPA. ....................................................................... 140
Tabela 6.17 - Matriz factor loadings da fração grossa do material particulado. ............ 142
Tabela 6.18 - Matriz factor loadings da fração fina do material particulado. ................. 143
17
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 3.1- Representação esquemática dos fundamentos da fluorescência de
raios X. Fonte: FAZZA (2007). ..................................................................... 36
Figura 3.2 - Representação ilustrativa dos fenômenos de reflexão e refração.
Fonte: MSPC, 2009. ..................................................................................... 40
Figura 3.3 - Representação esquemática da refração e reflexão de um feixe de
radiação monoenergético em função do ângulo crítico de incidência.
Fonte: NASCIMENTO FILHO (1999). .......................................................... 42
Figura 4.1 - Distribuição da população de Limeira em 2000. Fonte: IBGE (2009) .......... 53
Figura 4.2 - Localização da área urbana do município de Limeira. Fonte: LIMEIRA
(2007). .......................................................................................................... 54
Figura 4.3 - Uso geral do solo em Limeira. Fonte: LIMEIRA (2007). ............................... 55
Figura 4.4 - Utilização do solo rural de Limeira. Fonte: LIMEIRA (2007). ....................... 57
Figura 5.1- Vista externa do sistema com destaque para torre do amostrador
(equipamento projetado na FEC). ................................................................ 96
Figura 5.2 - Vista interna da estação (dentro do abrigo), mostrando os
equipamentos para coleta. ........................................................................... 96
18
Figura 5.3 - Vista externa da torre do amostrador (A). Em B pode-se observar o
amostrador instalado dentro do receptáculo da torre. .................................. 97
Figura 5.4 - Esquema Geral do amostrador e seus componentes (em A vista do
AFG montado, em B vista das peças separadas). ....................................... 98
Figura 5.5 - Fluxograma da estação amostradora para material particulado.
Fonte: MATSUMOTO (2001). .................................................................... 98
Figura 5.6 - Filtro usado e armazenado na placa de Petri. ............................................. 99
Figura 5.7 - Amostra pronto pipetada no lucite e armazenada na placa de Petri. ......... 101
Figura 5.8 - Vista geral do anel de armazenamento do feixe de Luz Síncrotron. .......... 103
Figura 5.9 - Foto da tubulação do anel para a linha DO9B – XRF do Laboratório
Nacional de Luz Síncrotron, por onde passa o feixe de luz síncrotron. ...... 106
Figura 5.10 - Estação experimental DO9B-XRF e equipamentos. ................................ 107
Figura 5.11- Suporte e amostra alocados para a análise por SR-TXRF no LNLS
(arranjo experimental). ............................................................................. 108
Figura 6.1 - Obtenção da intensidade fluorescente a partir do uso do programa
computacional WinQxas. ............................................................................ 114
Figura 6.2 - Curva de sensibilidade relativa da série K em função do número
atômico. ...................................................................................................... 117
Figura 6.3 - Curva de sensibilidade relativa da série L em função do número
atômico. ...................................................................................................... 117
Figura 6.4 - Limite Mínimo de Detecção (µg.m-3) para os elementos da série K,
nas amostras de material particulado grosso pela técnica SR-TXRF. ....... 119
Figura 6.5 - Limite Mínimo de Detecção (µg.m-3) para os elementos da série K,
nas amostras de material particulado fino pela técnica SR-TXRF. ............ 119
Figura 6.6 - Contribuição relativa (%) das frações grossa e fina do material
particulado coletado no ano de 2008. ........................................................ 123
Figura 6.7 - Contribuição relativa (%) das frações grossa e fina do material
particulado coletado no ano de 2009. ........................................................ 125
Figura 6.8 - Concentração do PM10 em µg.m-3 no ano de 2008. ................................... 126
Figura 6.9 - Concentração do PM10 em µg.m-3 no ano de 2009. ................................... 127
19
Figura 6.10 - Relação percentual (média das 52 semanas) de cada elemento em
relação à comcentração total de cada fração. .......................................... 133
Figura 6.11 - Concentrações médias dos elementos na fração grossa do material
particulado em cada período de coleta. ................................................... 135
Figura 6.12 - Concentrações médias dos elementos na fração fina do material
particulado em cada período de coleta. ................................................... 136
Figura 6.13 - Dendrograma obtido para a fração grossa ............................................... 145
Figura 6.14 - Dendrograma obtido para a fração fina .................................................... 145
Figura 6.15 - Contribuição das fontes de emissão de poluentes no material
particulado grosso. ................................................................................... 147
Figura 6.16 - Contribuição das fontes de emissão de poluentes no material
particulado fino. ........................................................................................ 148
Figura 6.17 - Perfil de ressuspensão de poeira do solo obtido na cidade de
Limeira comparado com as assinaturas de solo de MASON
(MASON, 1966), CHOW et al.,(SEINFELD e PANDIS, 1998),
Santiago do Chile (ARTAXO, 1999), São Paulo (CASTANHO,1999)
e centro de Campinas, Paulínia e Barão Geraldo (MELO JR, 2007). ...... 149
Figura 6.18 - Perfil de queima de óleo combustível obtido na cidade de Limeira
comparado com os obtidos para as cidades de Santiago do Chile
(ARTAXO , 1999), São Paulo (CASTANHO, 1999), centro de
Capinas, Paulínia e Barão Geraldo (MELO JR, 2007) e com a
assinatura de óleo combustível da USEPA (EPA Source Profile
Library, CMB). .......................................................................................... 151
Figura 6.19 - Perfil de emissão veicular obtido na cidade de Limeira comparado
com os obtidos para as cidades de Santiago do Chile (ARTAXO,
1999), São Paulo (CASTANHO, 1999), centro de Campinas, Paulínia
e Barão Geraldo (MELO JR, 2007) e com a assinatura de veículos,
diesel e gasolina, obtido por CHOW et al. (CHOW et al, 1994). .............. 152
21
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AAS Atomic Absorption Spectrometry (Espectrometria de absorção atômica)
AES Atomic Emission Spectrometry (Espectrometria de emissão atômica)
AFG Amostrador de particulado Fino e Grosso
ALL América Latina Logística
APL’s Arranjos Produtivos Locais
BG Background
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CO Monóxido de Carbono
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
Cps Contagens por segundo
ED – XRF Energy Dispersive X-Ray Fluorescence (Fluorescência de Raios X por
Dispersão de Energia)
FEC Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
HC Hidrocarbonetos
HCl Ácido Clorídrico
HF Ácido Fluorídrico
HPAs Hidrocarbonatos Policíclicos Aromáticos
H2S Gás Sulfídrico
22
HNO3 Ácido Nítrico
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LMD Limite Mínimo de Detecção
LNLS Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
MAA Média Aritmética Anual
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MGA Média Geométrica Anual
MP Material Particulado
NAAQS National Ambient Air Quality Standards (Padrões de Qualidade
Nacionais de Ar Ambiente)
NH3 Amônia
NOx Óxidos de Nitrogênio
PM10 Material Particulado Inalável Grosso
PM2,5 Material Particulado Inalável Fino
ppm Partes Por Milhão
PTS Partículas Totais em Suspensão
QXAS Quantitative X-Ray Analysis System
RFFSA Rede Ferroviária Federal S/A
RMSP Região Metropolitana de São Paulo
SOx Óxido de Enxofre
SR-TXRF Synchrotron Radiation Total Reflection X-Ray Fluorescence
Fluorescência de Raios X por Reflexão Total com Radiação Síncrotron)
TXRF Total Reflection X-Ray Fluorescence (Fluorescência de Raios X por
Reflexão Total)
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
USEPA United States Environment Protection Agency (Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos)
USP Universidade de São Paulo
WD-XRF Wavelenght Dispersive X-Ray Fluorescence (Fluorescência de Raios X
por Dispersão de Comprimento de Onda)
23
XRF X-Ray Fluorescence (Fluorescência de Raios X)
WinQXAS Quantitative X-Ray Analysis System for Windows
25
SUMÁRIO
Página
RESUMO......................................................................................................................... 9
ABSTRACT ................................................................................................................... 11
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 13
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... 17
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ................................................................... 21
SUMÁRIO...................................................................................................................... 25
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 29
2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 33
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS ................................................................................ 35
3.1 Fluorescência de Raios X .................................................................................... 35
3.1.1 Excitação dos elementos .................................................................... 37
3.1.2 Dispersão dos Raios X ....................................................................... 38
3.1.3 Detecção e medida dos Raios X ........................................................ 38
26
3.2 Fluorescência de Raios X por Reflexão Total (TXRF) ...................................... 39
3.2.1 Reflexão e Refração ........................................................................... 40
3.2.2 Reflexão Total .................................................................................... 41
3.2.3 Análise quantitativa ............................................................................ 44
3.2.4 Limite Mínino de Detecção ................................................................. 48
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 51
4.1 Área de estudo ...................................................................................................... 51
4.1.1 Usos e ocupação do solo ................................................................... 54
4.2 Ar, atmosfera e poluição ...................................................................................... 58
4.2.1 Atmosfera ........................................................................................... 59
4.2.2 Poluição atmosférica .......................................................................... 60
4.3 Principais poluentes do ar .................................................................................... 67
4.3.1 Compostos de Nitrogênio ................................................................... 68
4.3.2 Compostos de Enxofre ....................................................................... 68
4.3.3 Monóxido de Carbono ........................................................................ 69
4.3.4 Oxidantes Fotoquímicos (Ozônio) ...................................................... 69
4.3.5 Hidrocarbonetos ................................................................................. 70
4.3.6 Material Particulado ............................................................................ 70
4.4 Material particulado .............................................................................................. 71
4.5 Fontes de emissão de partículas ........................................................................ 77
4.5.1 Fontes naturais ................................................................................... 78
4.5.2 Fontes de atividades humanas ........................................................... 78
4.6 Padrões de qualidade do ar ................................................................................. 79
4.6.1 Padrões de qualidade do ar no Brasil ................................................. 80
4.6.2 Padrão de qualidade do ar nos EUA .................................................. 83
27
4.7 Índices de qualidade do ar ................................................................................... 85
4.7.1 Índice de qualidade do ar CETESB .................................................... 86
4.7.2 Índice de qualidade do ar nos EUA (USEPA) ..................................... 90
4.8 Trabalhos já realizados por ED-XRF, TXRF e SR-TXRF ................................. 90
5 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 95
5.1 Amostragem do material particulado .................................................................. 95
5.2 Preparo das amostras .......................................................................................... 99
5.3 Cronograma de Coletas ..................................................................................... 102
5.4 Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) .............................................. 102
5.4.1 Luz síncrotron e linhas ..................................................................... 103
5.4.2 Características do anel de armazenamento e da estação de
fluorescência de raios x do Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron ......................................................................................... 104
5.4.3 Linha DO9B – XRF Fluorescência de Raios X ................................. 105
5.4.4 Arranjo experimental da fluorescência de Raios X por Reflexão
Total com excitação por Radiação Síncrotron (SR-TXRF) ............... 107
5.5 Análise Estatística Multivariada ......................................................................... 108
5.5.1 Análise dos Componentes Principais (ACP) ..................................... 109
5.5.2 Análise de Cluster ............................................................................ 111
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 113
6.1 Obtenção da Intensidade Fluorescente ............................................................ 113
6.2 Cálculo da sensibilidade relativa ....................................................................... 114
6.3 Cálculo do Limite Mínimo de Detecção (LMD) ................................................ 118
6.4 Validação da Metodologia .................................................................................. 120
6.5 Análise do material particulado grosso, fino e PM10 durante o período de
monitoramento. ................................................................................................... 121
28
6.6 Análise da concentração e da composição elementar das frações grossa
e fina do material particulado ............................................................................. 132
6.6.1 Comparação dos resultados com outros trabalhos .......................... 137
6.7 Análise estatística do material particulado ....................................................... 141
6.7.1 Análise dos componentes principais (ACP) para as frações grossa
e fina do material particulado ............................................................ 141
6.7.2 Dendrogramas para a fração grossa do material particulado ........... 144
6.7.3 Contribuição das fontes de emissão no material particulado
grosso e fino ..................................................................................... 146
6.7.4 Assinatura das fontes ....................................................................... 148
7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 153
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 157
APÊNDICES ................................................................................................................ 169
29
1 INTRODUÇÃO
O ar é indispensável para a evolução da vida no mundo. Todos os seres vivos,
inclusive os seres humanos, precisam do ar para se desenvolver e por isso a qualidade
do ar está ligada diretamente à saúde e à qualidade de vida em geral. Dessa forma, fica
evidente a importância do monitoramento e do controle da qualidade do ar.
Cada vez mais vem crescendo o interesse e a preocupação de pesquisadores e
governantes com a qualidade do ar e o monitoramento da atmosfera, uma vez que é na
atmosfera que ocorrem transformações e/ou alterações que podem trazer danos
significativos para o clima de todo planeta, e conseqüentemente, causar a alteração do
modo de vida e até a extinção de varias espécies da fauna e da flora.
O crescimento desenfreado da população, o desenvolvimento de parques
industriais, as inúmeras queimadas e ainda o crescimento significativo do número de
automóveis causam um aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera, que
pode sofrer alterações, que já vem sendo observadas.
Não são apenas as ações antrópicas que liberam poluentes na atmosfera.
Existem efeitos naturais que podem lançar poluentes como, por exemplo, a atividade
30
vulcânica ou mesmo queimadas (que podem ou não ocorrer devido à atividade do
homem).
O ar é considerado como poluído quando contém uma ou mais substâncias
químicas em concentrações suficientes para causar danos à flora e à fauna.
A poluição atmosférica é composta por diversos gases e substâncias, presentes
em alta ou baixa concentração. Um dos tipos de poluição mais comum é a poluição por
material particulado. O material particulado é composto por diversas substâncias na fase
sólida ou líquida, que podem se unir. Dessa forma, o material particulado não é
composto de uma só substância, mas sim, de um conjunto de substâncias agregadas,
em diferentes tamanhos, fases e características químicas.
Além do efeito nocivo causado pelo material particulado por si só, ele ainda pode
causar reações na atmosfera, aumentando o efeito de alguns gases, ou ainda, podem
surgir novos materiais particulados devido à reações químicas que ocorrem no ar. O
caso mais comum é o dióxido de enxofre (SO2), cujo efeito nocivo é maior na presença
do material particulado (SEINFELD, 1986).
O material particulado participa ativamente dos mecanismos de remoção de
sulfatos ou de nitratos da atmosfera, da chamada chuva ácida, ou mais genericamente,
a deposição ácida (SEINFELD, 1986).
A composição não uniforme do material particulado torna as suas relações com
o meio ambiente muito complexas, uma vez que não se pode estabelecer uma influencia
padrão que o material particulado exerce na atmosfera (NEVERS, 2000). Assim sendo, é
de extrema importância a quantificação e análise dos componentes do material
particulado para cada região, e não apenas a determinação das frações grossa e fina.
Sendo identificados os elementos que compõe o material particulado de uma
determinada região, é possível a determinação das fontes poluidoras e o impacto
causado por cada uma delas, e assim, atitudes podem ser tomadas com relação à
31
diminuição dos lançamentos e a elaboração de uma política de controle de emissões
futuras, impedindo assim uma deterioração gradativa da qualidade do ar.
Existem diversas tecnologias que vem sendo usadas para a quantificação e
análise do material particulado. Dentre essas metodologias, se destaca a fluorescência
de raios X (XRF), que é baseada na medida das intensidades dos raios X característicos
emitidos pelos elementos químicos presentes em uma amostra, quando devidamente
excitados.
Uma variante da XRF denominada de Fluorescência de raios X por Reflexão
Total (TXRF - Total Reflection X-Ray Fluorescence) vem se desenvolvendo de forma
bastante expressiva nos últimos anos, com grande aplicação na análise de elementos
traços, na faixa de nanogramas ou ppb (partes por bilhão), em amostras líquidas (na
ordem de microlitros µL); em pesquisas ligadas ao monitoramento ambiental;
oceanografia; biologia; medicina; indústria; mineralogia; etc., especificamente em
análises de águas superficiais (pluviais, fluviais e marítimas) e subterrâneas, fluidos
biológicos e controle de qualidade de produtos de alta pureza (SIMABUCO, 1993).
Esta técnica pode também ser aplicada para materiais sólidos (solos,
sedimentos, filtros de ar, materiais particulados, etc.), devendo, neste caso, a amostra,
ser antecedida de digestão química e diluição apropriada, como as utilizadas em
fotometria de chama; espectrometria de absorção/emissão atômica (AAS/AES) e suas
variantes: espectrometria de emissão atômica induzida por plasma e espectrometria de
massa induzida por plasma e, neste caso, apresenta a vantagem de necessitar de
diminutas quantidades (da ordem de miligramas, mg) para a digestão (KOOPMANN e
PRANGE, 1991).
Tendo em vista a relação direta das ações antrópicas com o aumento dos
poluentes lançados na atmosfera, locais com grandes concentrações populacionais têm
a tendência de se tornar grandes poluidores.
32
No Estado de São Paulo, a região de Campinas é considerada um pólo de
desenvolvimento econômico e demográfico e, a cidade de Limeira está inserida nesta
região. Além de apresentar um número populacional bastante elevado, o município de
Limeira ainda se destaca por possuir indústrias dos mais variados segmentos e ainda
por apresentar uma grande produção agrícola de laranjas, cana-de-açúcar e ainda se
destacar no cenário nacional como uma das maiores cidades do ramo de jóias e
folheados.
Justifica-se assim a escolha da cidade de Limeira como o local de coleta do
material particulado.
Dessa forma, foi empregada a técnica de Fluorescência de Raios X por Reflexão
Total para a análise quantitativa do material particulado coletado no município de Limeira
– SP, possibilitando a identificação das fontes de emissão e sua contribuição, nas
frações, grossa e fina, do material particulado.
33
2 OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo a avaliação da qualidade do ar da cidade de
Limeira, através da análise do material particulado coletado na estação meteorológica do
CESET/UNICAMP localizado no município de Limeira. Para tanto, foi necessário:
• Analisar o material particulado total (PM10) e as frações grossa (PM2,5-10)
e fina (PM2,5).
• Determinar as concentrações elementares, nas frações, grossa e fina do
material particulado, utilizando a técnica de Fluorescência de Raios X
por Reflexão Total com Radiação Síncrotron (SR-TXRF);
• Identificar as prováveis fontes emissoras de poluentes e a contribuição
destas no material particulado.
35
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
3.1 Fluorescência de Raios X
A Fluorescência de Raios X (XRF) é uma técnica quali-quantitativa baseada nas
medidas das intensidades dos raios X característicos emitidos pelos elementos que
constituem a amostra.
A fluorescência de raios X é baseada na irradiação de uma amostra por um feixe
primário de raios X. Os átomos da amostra que são excitados por esse feixe primário,
emitem raios X secundários, que podem ser detectados e gravados como espectros
(KLOCKENKÄMPER, 1997).
Quando um elemento de uma amostra é excitado, este tende a ejetar os elétrons
do interior dos níveis dos átomos, e como conseqüência disto, elétrons dos níveis mais
afastados realizam um salto quântico para preencher a vacância (Figura 3.1). Cada
transição eletrônica constitui uma perda de energia para o elétron, e esta energia é
emitida na forma de um fóton de raios X, de energia característica e bem definida para
cada elemento (NASCIMENTO FILHO, 1999). Dessa forma, a técnica pode ser usada
para detectar os elementos presentes em amostras desconhecidas.
36
Essa metodologia tem entre suas vantagens o fato de ser multielementar e não
destrutiva, além de poder ser aplicada a praticamente todos os tipos de amostras,
(sólidas, líquidas e pós), praticamente sem a necessidade de um preparo prévio ou
mesmo um preparo muito simples.
Principalmente para as amostras sólidas o tamanho das partículas é
extremamente importante, pois a incidência dos raios X deve compreender a maior área
dentro da qual todas as partículas que compõe a amostra devem estar disponíveis, para
que a leitura compreenda todos os elementos químicos presentes na amostra em
questão. Para todos os tipos de amostras analisadas, a homogeneização da amostra é
fundamental para a obtenção de bons resultados.
Pode-se fazer uma classificação dos métodos de espectroscopia de raios X de
acordo com os meios de excitação da amostra. As amostras podem ser irradiadas e
excitadas por diversas maneiras, como por exemplo, tubo de raios X, fontes radioativas
ou aceleradores de partículas (VALKOVIĆ, 1989).
Assim, de modo resumido, a análise por fluorescência de raios X consiste de
três fases: excitação dos elementos que constituem a amostra, dispersão dos raios X
característicos emitidos pela amostra e detecção desses raios X (NASCIMENTO FILHO,
1999).
Figura 3.1 - Representação esquemática dos fundamentos da fluorescência de raios X.
Fonte: FAZZA (2007).
37
3.1.1 Excitação dos elementos
Como já mencionado, para haver a produção de raios X característicos há a
necessidade de se retirar elétrons localizados nos níveis mais internos dos átomos, por
exemplo, a camada K, e para isso a energia mínima para a excitação deve ser superior
à energia de ligação do elétron nessa camada, denominada energia de ligação atômica.
Aplicando a teoria de Böhr para o átomo de hidrogênio e tomando algumas
observações experimentais de Moseley obtém-se a equação 3.1 que permite calcular o
corte de observação para os níveis de K e L (BELMONTE, 2005).
� � ������� ������ (3.1)
Onde:
E: energia de ligação do elétron no nível (J);
m: massa de repouso do elétron (9,11 x 10-31 kg);
Z: número atômico do átomo emissor de raios X;
b: constante de Moseley (b = 1 para nível K e b = 7 para nível L)
ε0: é a permissividade elétrica no vácuo (8,853 x 10-12 C/Nm2);
h: constante de Planck (6,626 x 10-34J.s);
n: é o número quântico principal, referente ao nível eletrônico em questão.
38
3.1.2 Dispersão dos Raios X
No método de dispersão por comprimento de onda (WD-XRF), os raios X
característicos são selecionados por um cristal difrator, de acordo com seus
comprimentos de onda, obedecendo à lei de Bragg da difração.
Embora seja um método preciso, a fluorescência de raios X por dispersão de
comprimento de onda tem como desvantagens o alto custo de aquisição do
equipamento e o inconveniente movimento síncrono entre o cristal difrator e o detector.
No caso da Fluorescência de Raios X por energia dispersiva (ED-XRF), os raios
X são selecionados através de pulsos eletrônicos produzidos em um detector
apropriado, sendo as amplitudes destes pulsos diretamente proporcionais às energias
dos raios X (FARIA, 2007).
3.1.3 Detecção e medida dos Raios X
Com relação à detecção dos raios X, ela pode ser feita de duas formas: por
comprimento de onda (WD-XRF) ou por energia dispersiva (ED-XRF).
Na energia dispersiva os raios X característicos são obtidos por um detector de
alta resolução, capaz de produzir pulsos eletrônicos proporcionais às energias dos raios
X. Nesse caso, os mais empregados são os detectores de Si(Li) e Ge hiperpuro.
Já na dispersão por comprimento de onda, é necessário um cristal analisador
que separa os diversos comprimentos de onda gerados (também característicos dos
elementos excitados). Dessa forma, o detector não precisa ter uma alta resolução como
na dispersão por energia.
39
O detector proporcional normalmente é utilizado para raios X de baixa energia
ou "moles" (na faixa de 1 a 15 keV), enquanto que o de cristal cintilador NaI (Tl) é
utilizado para raios X de alta energia ou "duros" (na faixa de 15 a 100 keV) (FARIA,
2007).
3.2 Fluorescência de Raios X por Reflexão Total (TX RF)
A técnica de Fluorescência de Raios X por Reflexão Total (Total Reflection X-
Ray Fluorescence – TXRF) pode ser vista como um caso especial da Fluorescência de
Raios X por Dispersão de Energia (ED-XRF). Consiste, basicamente, na emissão da
radiação incidente a ângulos muito rasos sobre uma superfície refletora de forma a se
obter a reflexão total dos raios X. No intuito de diminuir o espalhamento e a excitação
dos elementos presentes no material refletor, a técnica de TXRF busca um ângulo de
incidência em que todo feixe incidente seja refletido havendo, conseqüentemente, a
menor interação possível entre radiação incidente e o material refletor (BELMONTE,
2005).
Algumas das vantagens que a TXRF fornecem com relação à XRF convencional
são:
• redução do background;
• necessidade de uma pequena quantidade da amostra;
• redução dos efeitos de matriz;
• pequena distância entre a amostra e o detector; e,
• diminuição da influência dos materiais presentes no suporte da amostra.
Para um melhor entendimento da técnica de TXRF, é necessário o
conhecimento de alguns fenômenos envolvidos, como a reflexão e a refração, descritos
a seguir.
40
3.2.1 Reflexão e Refração
Quando um feixe de radiação qualquer incide em uma interface entre dois meios
diferentes e com índices de refração diferentes n1 e n2, parte do feixe é refletida,
continuando no meio incidente, ou seja, de onde veio, e parte do feixe é refratado ao
penetrar no meio 2, como mostra a figura 3.2.
Figura 3.2 - Representação ilustrativa dos fenômenos de reflexão e refração. Fonte:
MSPC, 2009.
O ângulo formado pelo feixe incidente e a normal será igual ao ângulo formado
pelo raio refletido e a normal. Já o feixe refratado terá um ângulo em relação à superfície
de interface que obedece a Lei de Snell, que é mostrada pela equação 3.2.
Deve-se levar em consideração ainda o fato de que cada meio tem um valor de
índice de refração, sofrendo uma variação de acordo com a permeabilidade dos feixes.
O cálculo dos valores dos índices de refração é feito levando-se em consideração a
41
velocidade atingida pela luz nos meios, tendo como parâmetro a velocidade da luz no
vácuo, como mostra a equação 3.3.
n1.sen θ1 = n2.sen θ2
(3.2)
onde
n1 = índice de refração do meio 1
n2 = índice de refração do meio 2
sen θ1 = seno do ângulo de incidência
sen θ2 = seno do ângulo refratado
� � �� (3.3)
Onde
n = índice de refração do meio;
c = velocidade da luz no vácuo, e;
ν = velocidade da luz no meio
3.2.2 Reflexão Total
Qualquer meio é mais denso do que o vácuo e qualquer sólido é mais denso do
que o ar, ou seja, apresentam um índice de refração maior do que o do vácuo e o do ar,
que podem ser aceitos como tendo o valor igual a um. Normalmente, essas condições
resultam em um feixe refratado que é desviado próximo ao plano que divide os meios.
Se esse ângulo do feixe refratado tender a zero, o feixe ira emergir tangenciando o plano
que divide os meios (KLOCKENKÄMPER, 1997).
Dessa forma, existe um ângulo de incidência que deve ser menor do que um
determinado ângulo crítico (φcrit), para que não ocorra a penetração do feixe no segundo
42
meio, ou seja, para que não haja a refração. Assim, o feixe seria completamente refletido
paralelamente à superfície do segundo meio, como mostra a figura 3.3.
O valor do ângulo crítico depende de vários fatores como, por exemplo, a
energia do feixe incidente e a densidade do material. Assim, cada material tem um
diferente ângulo crítico para uma mesma energia de feixe incidente. Dessa forma, é
possível calcular o valor do ângulo crítico de acordo com a Lei de Snell (equação 3.4).
Figura 3.3 - Representação esquemática da refração e reflexão de um feixe de radiação
monoenergético em função do ângulo crítico de incidência. Fonte:
NASCIMENTO FILHO (1999).
m
he
E
necrit .2
.
πφ = (3.4)
Onde:
φcrit = ângulo crítico (radianos);
e = carga elétrica do elétron (4,8.10-10 ues);
h = constante de Planck (6,625.10-27erg.s);
E = energia da radiação (erg);
ne = densidade eletrônica do material (elétrons.cm-3),
m = massa do elétron (9,11.10-28g).
A densidade eletrônica do material é dada pela equação 3.5:
43
�� � ��.!.�" (3.5)
Onde:
No = número de Avogadro = 6,023.1023 átomos.(átomos-g)-1;
ρ = densidade do material (g.cm-3);
Z = número de elétrons em um átomo ou molécula do material,
A = átomo-grama ou molécula-grama do material (g.mol-1).
Substituindo-se os valores constantes, e utilizando-se a energia da radiação em
unidades de keV (1 keV = 1,6.10-12 erg), pode-se calcular o ângulo crítico φcrit em
minutos, mostrado na equação 3.6:
A
Z
Ecrit
.1,99 ρφ = (3.6)
Onde:
φcrit = ângulo crítico (minutos);
E = energia da radiação (kev);
ρ = densidade do material (g.cm-3);
Z = número de elétrons em um átomo ou molécula do material,
A = átomo-grama ou molécula-grama do material (g.mol-1).
Na tabela 3.1 são mostrados os ângulos críticos para vários materiais refletores,
e três energias diferentes para os feixes incidentes.
44
Tabela 3.1– Ângulos críticos para diferentes materiais e diferentes energias de fótons.
Material Refletor Ângulo crítico (graus)
8,4 keV 17,44 keV 35 keV
Lucite 0,157 0,076 0,038
Vidro de carbono 0,165 0,08 0,04
Nitrato de boro 0,21 0,1 0,05
Vidro de quartzo 0,21 0,1 0,05
Alumínio 0,22 0,11 0,054
Silicone 0,21 0,1 0,051
Cobalto 0,4 0,19 0,095
Níquel 0,41 0,20 0,097
Cobre 0,4 0,19 0,095
Germânio 0,3 0,15 0,072
Tântalo 0,51 0,25 0,122
Platina 0,58 0,28 0,138
Ouro 0,55 0,26 0,131
Fonte: KLOCKENKÄMPER, 1997.
3.2.3 Análise quantitativa
Quando um feixe de raios X passa através da matéria sofre uma atenuação, ou
redução na sua intensidade, devido a uma série complexa de interações com os átomos
que constituem a amostra (SALVADOR, 2005).
Conhecido como efeito interelementos, o efeito matriz consiste de fenômenos de
absorção e intensificação do sinal de emissão por parte dos outros elementos
constituintes da amostra analisada. Há dois tipos de absorção: primária e secundária. A
absorção primária é devida à concorrência de absorção de raios X da fonte excitadora,
por todos os elementos da amostra. Isto provoca uma sensível redução na intensidade
45
da radiação disponível pela fonte primária para excitação do elemento de interesse,
reduzindo a intensidade do subseqüente processo de emissão. A absorção secundária é
a absorção da radiação característica emitida pelo elemento de interesse por parte dos
outros elementos presentes na amostra (SAMPAIO, 2007).
O efeito de absorção é muito significativo nas análises por fluorescência de raios
X, uma vez que é uma função que depende da composição, necessitando sempre de
correções químicas físicas ou matemáticas (SALVADOR, 2005).
Ao contrário da absorção, a intensificação da fluorescência contribui com o
aumento do sinal de emissão do elemento de interesse. Para tentar corrigir os efeitos de
matriz pode-se fazer: a) adição e diluição de padrão; b) padronização interna; c)
métodos de espalhamento da radiação; d) sistemas de calibração com padrões
certificados de composição similar às amostras analisadas; e) métodos matemáticos de
correção (coeficientes de influência, parâmetros fundamentais, calibração multivariada e
redes neurais) (NAGATA, 2001 apud SAMPAIO, 2007).
Devido à diminuta espessura da amostra e alta energia dos raios X normalmente
utilizados na excitação, não há a ocorrência dos efeitos de matriz na TXRF.
A grande vantagem da utilização da curva de sensibilidade é o fato de que ela é
função do número atômico dos elementos, ou seja, independe da concentração. Dessa
forma, não é necessário a preparação de padrões em diversas faixas de concentração.
Além disso, caso a amostra possua elementos que não estão presentes nos padrões, é
possível fazer uma interpolação matemática. Ou seja, é possível obter os valores de
sensibilidade relativa para todos os elementos, mesmo para aqueles elementos que não
estão presentes nos padrões, mas que podem estar presentes na amostra analisada.
Na TXRF, uma alíquota (1 a 100 µL) da amostra in natura ou digerida, é
pipetada sobre um suporte de acrílico (lucite), quartzo ou germânio e depois, evaporada,
formando assim um filme fino sob o suporte.
46
Desse modo, a análise quantitativa baseia-se na relação entre a intensidade
fluorescente e a concentração de um elemento de interesse, como mostra a equação
3.7.
+, � -, . ., (3.7)
onde:
Ii = intensidade liquida dos raios X da linha característica K ou L do elemento i de
interesse (cps),
Si = sensibilidade elementar do sistema para o elemento i (cps.mL/µg),
Ci = concentração do elemento i na solução pipetada no suporte (µg/ml).
Com a adição do padrão interno nas amostras a serem analisadas por TXRF
diminui a incidência de diversos problemas de instabilidade do sistema, como por
exemplo, flutuações no gerador de raios X, corrente (radiação síncrotron), emissão de
raios X pelo ânodo, detecção dos raios X, e erros operacionais, como pipetagem e o
posicionamento das amostras durante a excitação.
O padrão interno é uma solução de concentração conhecida de um determinado
elemento, que é adicionada à amostra com o objetivo de corrigir os efeitos de não
uniformidade da alíquota depositada no suporte e também os efeitos de geometria.
É necessário ainda frisar a importância de que o elemento adicionado como
padrão interno não deve estar presente na amostra, ou então, estar presente em baixas
concentrações. Os elementos mais utilizados como padrão interno, são o Ge e Ga,
assim como o Co e Y.
Com a concentração conhecida do padrão interno, é realizada uma correlação
entre a concentração do padrão e a concentração do elemento de interesse na amostra.
A relação entre a intensidade do elemento (Ii) e a intensidade do padrão interno
(Iy) é dada pela equação 3.8.
47
2324 � 53.63
54.64 (3.8)
Da equação acima temos:
2324 . .7 � 53
54 . ., (3.9)
Fazendo:
8, � 2324 . .7 e -9, � 53
54 (3.10)
Temos:
8, � -9, . ., (3.11) Onde:
Ri = contagem relativa;
Ii = intensidade do elemento i na amostra;
Ci = concentração do elemento i na amostra;
Iy = intensidade do padrão interno (Y) na amostra;
Cy = concentração do padrão interno (Y) na amostra;
Si = sensibilidade do sistema para o elemento i;
Sy = sensibilidade do sistema para o padrão interno Y, e
SRi = sensibilidade relativa para o elemento i.
Construindo-se um gráfico de Ri versus Ci, o coeficiente angular (SRi) da reta
representará a sensibilidade relativa do elemento i.
Com isto, pode-se calcular a concentração do elemento de interesse, utilizando-
se a equação 3.12:
48
., � 2324 . 64
5<3 (3.12)
3.2.4 Limite Mínino de Detecção
Pode-se observar uma linha aproximadamente contínua sob os picos
característicos dos elementos que compõe uma amostra em seu espectro de pulsos de
raios X. A área que se encontra abaixo do pico no espectro de pulsos é devida à
intensidade dos raios X característicos (intensidade líquida) de um elemento i e à
radiação de fundo (background= BG) naquela região i (FICARIS, 2004).
O limite mínimo de detecção (LMD) é a menor quantidade que pode ser
discriminada estatisticamente em relação ao background. O limite mínimo de detecção
pode ser usado ainda para fazer uma comparação entre diversas metodologias
analíticas.
Os limites mínimos de detecção dependem da razão sinal/ruído e, portanto, da
estatística de contagem. Na XRF convencional, a intensidade do background (BG) limita
os níveis inferiores de concentração que podem ser detectados. Em geral, os LMD
podem ser melhorados (diminuídos) aumentando o tempo de contagem. Geralmente
mantém-se um compromisso entre os propósitos da análise e o tempo de contagem
(FAZZA, 2007).
O LMD para TXRF é normalmente da ordem de ng/g, porém, em algumas
amostras pré-concentradas pode-se obter limites de detecção da ordem de pg/g
(COSTA, 2003 apud BELMONTE, 2005).
De modo geral, os limites mínimos de detecção para a técnica de TXRF são bem
menores que aqueles da fluorescência convencional ED-XRF, devido principalmente a
três fatores:
49
• baixa intensidade do background, devido a reduzida transferência de energia
ao suporte da amostra em relação à ED-XRF;
• o fluxo da radiação primária disponível para a excitação da amostra, devido
ao feixe refletido, é muito mais efetivo do que na XRF; e
• a distância entre a amostra (filme fino) e o detector de Si é muito menor que
na ED-XRF, aumentando portanto a eficiência de detecção dos raios X
característicos.
O LMD para os elementos de número atômico abaixo de 13 (Al) é afetado pelo
baixo rendimento de fluorescência e outras limitações, como baixo valor para o efeito
fotoelétrico, absorção dos raios X característicos pela janela de Berílio (Be) e pelo ar
contido entre a amostra e o detector. Trabalhando sob vácuo e com detector sem janela
de Be, alguns autores têm obtido limites de detecção de 10 ng (0,2 ppm) para oxigênio e
800 pg (16 ppb) para magnésio utilizando SR-TXRF (STRELI et al, 1992 apud
NASCIMENTO FILHO, 1999 ).
O limite mínimo de detecção LMDi (cps=contagens por segundo) para cada
elemento i está diretamente relacionado com a intensidade do BGi (cps) sob o pico
desse elemento de acordo com a equação 3.13 (LADISICH et al, 1993 apud FARIA,
2007):
=>?,�@AB� � C53 . D23.�EF�
G (3.13)
Considerando que:
H53 � 63
23 � 6424.5<3 (3.14)
E substituindo na equação 3.13, temos:
51
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 Área de estudo
A cidade de Limeira está localizada na região Sudeste do Brasil, no interior do
Estado de São Paulo, a 22º33’54” de latitude sul e 47º24’09” de longitude oeste.
O município de Limeira está localizado a 154 km a noroeste da cidade de São
Paulo, na região leste do Estado de São Paulo, pertence à Região Administrativa de
Campinas e constitui-se na sede da Região de Governo que tem o seu nome, integrada
por oito municípios: Araras, Leme, Limeira, Pirassununga, Cordeirópolis, Conchal, Santa
Cruz da Conceição e Iracemápolis (LIMEIRA, 2009).
Seu território é cortado no sentido N-S pela Via Anhanguera, principal rota de
ligação entre a capital e as regiões Norte e Centro de São Paulo, ocupando uma posição
privilegiada em meio a um importante entroncamento rodo-ferroviário (Via Anhanguera;
Rodovia dos Bandeirantes; Washington Luís; Limeira-Piracicaba; Limeira-Mogi-Mirim;
FERROBAN) dista 58 km de Campinas, 29 km de Piracicaba, 25 km de Rio Claro, 20Km
de Americana e 50 km de Mogi-Mirim (LIMEIRA, 2009).
52
Faz divisa com Cordeirópolis e Araras, ao Norte; Engenheiro Coelho, Arthur
Nogueira e Cosmópolis, a Leste; Americana e Santa Bárbara D'Oeste, ao Sul e
Piracicaba e Iracemápolis, a Oeste.
O desenvolvimento da região foi desencadeado em função da boa qualidade dos
solos para a agricultura, a partir da cana-de-açúcar e fortalecido e acelerado pelo café,
cuja produção escoava por meio da então denominada Estrada de Ferro do Oeste,
depois Companhia Paulista de Estradas de Ferro/FEPASA, e hoje pertencente à Rede
Ferroviária Federal S/A (RFFSA) com concessão de uso para América Latina Logística –
ALL (LIMEIRA, 2007).
A transformação do povoado em cidade se deu graças a esse contexto de fácil
mobilidade. Houve um significante crescimento populacional no início do século XX e um
incremento das atividades econômicas e, no segundo quarto do século XX houve uma
intensificação no processo de industrialização.
Sua economia tem como base atividades diversificadas - agricultura, indústria,
comércio e serviços, constituindo muitas vezes, os APL – arranjos produtivos locais -
associadas às indústrias metalúrgica, de jóias e folheados e de derivados de citros
(LIMEIRA, 2007).
O censo de 2000 (IBGE), último levantamento oficial, apontou para uma
população de 249.046 habitantes. Segundo projeção feita pelo IBGE, a população de
Limeira para o ano de 2007 é de aproximadamente 272.737 habitantes, o que confere à
população uma taxa de crescimento de aproximadamente 1,31% no período de 2000 a
2007.
A distribuição dessa população por sua vez é feita de maneira desigual pela área
do município, como mostra a figura 4.1:
53
Figura 4.1 - Distribuição da população de Limeira em 2000. Fonte: IBGE (2009)
Apesar da maior parte da população se concentrar na área urbana, a Tabela 4.1
mostra que a maior área do município encontra-se na área rural, conferindo assim uma
densidade populacional entre 0,09 e 0,63 habitantes por hectare. A Figura 4.2 mostra os
limites do município e a divisão entre as áreas urbana e rural.
Tabela 4.1 – Divisão das áreas urbanas e rurais do município de Limeira.
Zona Área ocupada
Perímetro Urbano 143,14 km2
Perímetro de Expansão Urbana 35,84 km2
Perímetros Urbanos Isolados 2,8 km2
Zona Rural 399,22 km2
TOTAL 581,00 km 2
Fonte: LIMEIRA 2009
54
Figura 4.2 - Localização da área urbana do município de Limeira. Fonte: LIMEIRA
(2007).
4.1.1 Usos e ocupação do solo
A estruturação espacial é a forma como as diversas funções se distribuem e se
articulam pelo território da cidade, o que é de fundamental importância para um
crescimento ordenado e sustentável do município.
Para que isso ocorra, é necessário um planejamento prévio do crescimento do
município e dos usos e ocupações do solo, ou seja, é necessário que seja determinado
quais os locais apropriados para o desenvolvimento de cada atividade específica.
55
O território limeirense caracteriza-se por um tecido urbano concentrado, havendo
um centro, o histórico-comercial, que articula toda a cidade e a partir do qual a
urbanização se iniciou e se mantém (LIMEIRA, 2007).
Na Figura 4.3 a seguir, pode-se ver a forma de uso geral do solo no município. A
área urbanizada é de pequena monta frente a sua extensão territorial – somente
13,01%, o que vem confirmar a importância da produção agropecuária para a
manutenção do equilíbrio das atividades econômicas.
Figura 4.3 – Uso geral do solo em Limeira. Fonte: LIMEIRA (2007).
4.1.1.1 Uso e ocupação da área urbana
A área urbana além de contar com a maior parte da população da cidade, acaba
ainda abrigando diversos setores muito importantes para a população em geral, como o
setor de comercio e serviços, alem de contar também com algumas indústrias.
56
O centro único da cidade além de ser tradicionalmente conhecido como o centro
comercial do município, vem ainda se consolidando como uma região de prestação de
serviços.
Com relação às áreas industriais, algumas surgiram nos mesmos padrões das
áreas comerciais e de serviços, ou seja, a partir de vias estratégicas quanto a circulação
de veículos para garantir um fácil transporte das matérias primas necessárias e das
mercadorias produzidas. Houve ainda as indústrias que optaram por se desenvolver
mais afastadas da mancha urbana, devido à necessidade de grandes áreas, ou ainda
pela preferência pela proximidade de alguns corpos d’água.
Vale destacar ainda que a maior parte do território é tido como de zona mista ,
exceto pelas regiões classificadas como Z5, que são constituídos por condomínios
estritamente residenciais, e pelas classificadas como Z6, que são regiões de usos mais
incômodos nos quais não se admitem residências (LIMEIRA, 2007).
4.1.1.2 Uso e ocupação da área rural
Como já citado anteriormente, a área rural corresponde à maior parte do
território do município de Limeira, e não é a toa que a agricultura é de fundamental
importância para a cidade.
A vocação de usos agrícolas foi histórica e economicamente marcante. Os
primeiros registros indicam as fazendas de café, depois os pomares de laranja e a
produção de derivados (pectina), a cana e mais recentemente, a produção de mudas,
sendo ainda hoje de extrema importância econômica e para a sustentabilidade do
município.
57
A figura 4.4 indica quais são os principais usos do território rural, sendo utilizado
em sua maioria para a produção da cana- açúcar e ainda sendo bastante utilizado na
produção de frutas cítricas.
Figura 4.4 – Utilização do solo rural de Limeira. Fonte: LIMEIRA (2007).
Com a elevada importância do cultivo de cana-de-açúcar na zona rural de
Limeira, toda a região acaba sofrendo com as constantes queimadas que são feitas
nesse tipo de cultura, o que pode vir a prejudicar a qualidade do ar, que é o tema central
desse trabalho.
Além da agricultura, a zona rural vem ainda sofrendo com distorções dos usos
ocupação agrícola, com a implantação de chácaras de recreio, muitas vezes irregulares
que acabam por prejudicar o meio ambiente como um todo, pois se utilizam de águas
subterrâneas e fazem descartes inapropriados dos esgotos sanitários, uma vez que não
dispõe de infra-estrutura básica de saneamento (LIMEIRA, 2007).
58
4.2 Ar, atmosfera e poluição
Uma definição genérica do ar pode ser aquela que o descreve como um
contínuo fluido ideal compressível. Ao contrário de outros recursos naturais, como água
e outros produtos beneficiados, esse fluido é consumido como insumo básico para a
vida sem qualquer forma de tratamento. Portanto, todo ar, indistintamente, deve ser
próprio para o consumo humano (ÁLVARES JR et al, 2002).
A composição do ar varia ligeiramente de acordo com as condições locais. No
entanto as médias de seus diversos componentes podem ser determinadas com
razoável precisão. Na Tabela 4.2 é apresentada a composição do ar seco, segundo
LEDBETTER, 1972.
Tabela 4.2– Composição do ar seco.
Componentes Volume Peso Massa Total (g x 10 -20)
N2 78,084% 75,51% 33,648
O2 20,946% 23,15% 11,841
Ar 0,934% 1,28% 0,6555
CO2 0,033% 0,046% 0,0233
Ne 18,180 ppm 12,50 ppm 6,36 x 10-4
He 5,240 ppm 0,72 ppm 3,70 x 10-5
Kr 1,140 ppm 2,90 ppm 1,46 x 10-4
Xe 0,087 ppm 0,36 ppm 1,80 x 10-5
N2O 0,500 ppm 1,50 ppm 7,70 x 10-5
CH4 2 ppm 1,20 ppm 6,20 x 10-5
H2 0,5 ppm 0,03 ppm 2,00 x 10-6
O3 0,01 ppm - -
Rn 10-13 ppm - -
Fonte: LEDBETTER (1972)
59
4.2.1 Atmosfera
A atmosfera é a denominação dada à camada invisível de gases que envolve a
Terra e tem fundamental importância na manutenção da vida no planeta, mantendo a
temperatura terrestre, contendo gases importantes para a sobrevivência, filtrando as
radiações solares, etc. Ela é composta por cinco camadas, sendo elas: troposfera,
estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera. Segundo ÁLVARES JR et al (2002),
podemos ainda facilitar essa divisão de camadas, adotando apenas a troposfera como
camada mais inferior, e a estratosfera como a camada logo acima da troposfera.
A troposfera é a camada da atmosfera mais próxima à superfície terrestre. Ela
se estende do solo ate uma altitude de aproximadamente 10 km. Na troposfera a
temperatura decresce coma altitude a uma razão de aproximadamente 6,5°C/km. Esse
fato é muito importante para a dispersão dos poluentes na atmosfera. Entretanto,
processos naturais podem alterar esse gradiente térmico negativo, ocasionando um
fenômeno prejudicial à dispersão dos poluentes chamado de inversão térmica
(ALMEIDA, 1999).
Devido ao movimento intenso de energia térmica e das significativas mudanças
de temperatura, a troposfera é a camada mais instável da atmosfera. É nessa camada
que ocorrem os fenômenos meteorológicos, sendo essa sua principal característica que
a distingue das demais camadas. Sendo assim, a troposfera é o foco principal de análise
desse trabalho, por conter o ar que respiramos (ALMEIDA,1999).
A estratosfera se estende de uma altitude de aproximadamente 10 km a 45 km
da superfície de Terra. Nela os ventos são constantes e a temperatura é relativamente
uniforme. Nela encontramos a camada de ozônio, que serve como um escudo protetor
da Terra contra os raios ultra-violeta, provenientes do sol. É uma camada estável,
raramente relacionada com manifestações meteorológicas (ALMEIDA, 1999).
60
A mesosfera se encontra a uma altitude de 45 km a 80 km da superfície da Terra
e é caracterizada pelo decréscimo na temperatura em relação à altitude.
A termosfera se estende de uma altitude de 80 km a 1000 km a partir da
superfície terrestre. Sua principal característica é o aumento da temperatura em relação
à altitude.
A camada mais externa da atmosfera é a exosfera, e sua abrangência é desde o
final da termosfera até o espaço sideral (ALMEIDA, 1999).
4.2.2 Poluição atmosférica
O conceito de poluição atmosférica aborda uma série de substâncias, atividades
e fenômenos que contribuem para uma deterioração da qualidade natural da atmosfera.
Segundo a CETESB (2009), poluente atmosférico é toda e qualquer forma de matéria ou
energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em
desacordo com os níveis estabelecidos em legislação, e que tornem ou possam tornar o
ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso
aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade
e às atividades normais da comunidade.
Pode-se atribuir às atividades antrópicas a maior parte das fontes poluidoras do
ar como, por exemplo, o crescimento desordenado das cidades, o aumento do número
da população, o constante desmatamento de florestas, atividades agrícolas, a grande
frota de veículos, o uso de combustíveis fósseis e o crescimento da industrialização.
61
4.2.2.1 Efeitos sobre a saúde e o meio ambiente
As emissões de poluentes atmosféricos podem causar diversos danos à nossa
saúde e ainda ao meio ambiente em que vivemos. Esses danos muitas vezes podem ser
facilmente notados, e geralmente podem ser de natureza física, química e biológica,
sendo prejudiciais ao meio ambiente, incluindo paisagens naturais, vegetação, animais,
solo, água, estruturas naturais e artificiais, como também a saúde humana.
Um exemplo comum para danos de natureza física é a diminuição de visibilidade
devido a grandes concentrações de material particulado.
Outro exemplo que pode ser considerado como de natureza física é o aumento
da temperatura global ou efeito estufa, causado principalmente pelo aumento do dióxido
de carbono (CO2) na atmosfera (ÁLVARES JR et al, 2002).
Exemplo de efeito químico é o caso da destruição da camada de ozônio, que
pode ser atribuída principalmente pela emissão de gases CFC (cloro flúor carbono), que
interagem com o ozônio. Os buracos na camada de ozônio estão ligados diretamente à
problemas relacionados à grande incidência de raios ultra violetas, como por exemplo
câncer de pele.
Outro exemplo de efeito químico causado pela poluição atmosférica é a
deterioração de materiais expostos a atmosferas ácidas com altas concentrações no
ambiente de SOx, NOx, fluoretos, etc., que causam a corrosão de metais e estruturas,
erosão de superfícies, pinturas, obras de arte, etc (ÁLVARES JR et al, 2002).
Já os efeitos biológicos estão diretamente relacionados com problemas de
saúde, não apenas dos seres humanos, mas também saúde de outros animais e das
plantas.
62
Diversas plantas podem ser utilizadas como bioindicadores da presença de
poluição atmosférica com o decorrer do tempo. Os anéis de crescimento das árvores
podem fornecer informações sobre mudanças em diversas variáveis ambientais,
inclusive a poluição atmosférica, como mostra FARIA (2007). As plantas podem ser
indicadoras sensíveis e acumuladoras de poluentes atmosféricos e suas reações podem
servir como alarmes para a possível ocorrência de efeitos danosos da poluição em
outros seres, objetos e materiais (ROCCO JR, 2008).
Quanto à saúde humana, fica evidente que diversas doenças respiratórias têm
relação direta com a quantidade de poluentes presentes no ar. Nota-se isso pela maior
incidência de doenças respiratórias principalmente no período de inverno, quando
diminui a freqüência das chuvas, o ar fica mais seco e, portanto, espera-se que
contenha uma concentração maior de poluentes.
Em todo o mundo, houve um aumento considerável nas emissões de poluentes
atmosféricos e conseqüentemente um aumento de problemas respiratórios
principalmente após a revolução industrial, que abriu horizontes para o uso da queima
de carvão como combustível, e futuramente, o uso de combustíveis fósseis. A revolução
industrial proporcionou ainda um aumento do número de indústrias poluidoras.
A poluição do ar não causa apenas problemas respiratórios. Ela pode causar
apenas leves desconfortos ou até mesmo levar a morte. Entre esses efeitos estão a
irritação dos olhos, redução da capacidade pulmonar, aumento da suscetibilidade a
infecções virais e a doenças cardiovasculares, redução da performance física, dores de
cabeça, agravamento de doenças crônicas como asma e bronquite, e ainda pode causar
danos e alterações genéticas, como o nascimento de crianças defeituosas.
Diversos acontecimentos comprovam todos esses problemas causados pela
poluição do ar, como por exemplo, em Manchester, Inglaterra, em janeiro de 1931,
durante nove dias de névoa espessa e condições climáticas desfavoráveis, morreram
63
592 pessoas, o que representou um grande aumento da mortalidade com relação à
média histórica (WARK e WARNER, 1981).
Em dezembro de 1952 aconteceu em Londres o episódio mais clássico de
efeitos deletérios da poluição do ar. Uma grande onda de frio levou a população a utilizar
uma grande quantidade de carvão, e esse fato associado à inversão térmica que
impediu a dispersão dos poluentes, produziu uma névoa densa composta principalmente
de material particulado e enxofre. A névoa permaneceu estacionada na cidade durante
aproximadamente três dias, o que causou a morte de aproximadamente quatro mil
pessoas a mais do que o registrado em períodos semelhantes. Segundo as estatísticas,
a grande maioria dos mortos nesse incidente apresentava história prévia de bronquite
crônica, enfisema ou problemas cardiovasculares. Diversos trabalhos falam sobre esse
acontecimento como BELL e DAVIS (2001), ARBEX (2001), SALDIVA (2008) entre
outros.
No Brasil, um dos casos mais conhecidos e divulgados no mundo inteiro é o da
cidade de Cubatão, que chegou a ser conhecida como a cidade mais poluída do mundo.
Principalmente nas décadas de 70, 80 e 90, diversas indústrias de vários seguimentos
se instalaram na região como indústrias de fertilizantes, cimenteiras, siderúrgicas, etc. A
partir disso, a cidade apresentava um quadro de poluição ambiental preocupante, que
teve seu ápice na década de 90, quando os principais problemas de saúde na população
foram registrados, como, por exemplo, má formação de fetos, e o nascimento de
crianças acéfalas.
A relação entre efeitos à saúde e poluição atmosférica foi estabelecida a partir
de episódios agudos de contaminação do ar e estudos sobre a ocorrência do excesso de
milhares de mortes registradas em Londres, em 1948 e 1952, caso que já foi citado
(CETESB).
No caso da Região Metropolitana de São Paulo - RMSP, o crescimento
desordenado verificado na Capital e nos municípios vizinhos, especialmente da região
do ABC, a partir da 2ª Guerra Mundial, levou à instalação de indústrias de grande porte,
64
sem a preocupação com o controle da emissão de poluentes atmosféricos, sendo
possível a visualização de chaminés emitindo enormes quantidades de fumaça.
Há registros em jornais da década de 60 e especialmente de 70, de episódios
agudos de poluição do ar que levaram a população ao pânico devido aos fortes odores,
decorrentes do excesso de poluentes lançados pelas indústrias na atmosfera, causando
mal-estar e lotando os serviços médicos de emergência (CETESB).
Grande parte dos trabalhos publicados com relação ao material particulado,
busca fazer uma ligação entre a exposição humana e o material particulado atmosférico
e os agravamentos na saúde que ele causa. GRASS e CANE (2008) quantificaram os
efeitos causados pelas mudanças no clima e pelos elevados índices de poluição
atmosférica em Santiago, Chile. O trabalho mostrou que há uma relação entre o
aumento da mortalidade e índices elevados de PM10 e PM2,5 e ainda que a mortalidade
relacionada aos problemas respiratórios é mais visível em períodos relativamente longos
de exposição, que variam de 3 a 6 dias.
DAGHER et al (2007) avaliaram os efeitos adversos na saúde humana causados
pelo material particulado atmosférico nas células epiteliais. O material particulado foi
coletado por um impactador de cascata, na cidade de Dunkerque, França. Depois disso,
os testes com as células humanas foram realizados in vitro, chegando-se a conclusão de
que o material particulado pode não apenas causar danos oxidativos nas células, que
podem inutilizar e até mesmo destruir as celular, mas também desenvolver processos
inflamatórios.
O estudo desenvolvido por HEALEY et al (2005) mostrou que o material
particulado, além de provocar danos vasculares e ao sistema respiratório, ainda são
capazes de causar danos no DNA. O material particulado foi coletado em Leeds, no
Reino Unido, e separado em nove frações diferentes de acordo com seu diâmetro
aerodinâmico, sendo de maior interesse os com menor diâmetro possível, por volta de
1µm. As culturas com células humanas foram feitas in vitro. Os resultados obtidos
indicaram que as partículas mais finas têm maior poder de induzir danos no DNA das
65
células epiteliais do pulmão, assim como provou que tanto os componentes orgânicos
como os inorgânicos presentes no material particulado contribuem para os efeitos
genotóxicos.
No Brasil, MARCÍLIO e GOUVEIA (2007) estudaram o impacto da poluição
atmosférica sobre a morbi-mortalidade da população urbana brasileira, usando fatores
de impacto gerados no nível local. Foram utilizados coeficientes de concentração-
resposta para estimar os números de internações hospitalares e de óbitos atribuíveis à
poluição do ar em sete capitais brasileiras (Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto
Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória). Para fazer uma correlação entre as
internações hospitalares e o nível de poluentes atmosféricos foram levados em
consideração os dados referentes à concentração de material particulado fino. Dentre os
resultados obtidos, anualmente, mais de 600 óbitos por causas respiratórias entre idosos
e 47 em crianças podem ser atribuídos ao nível médio de poluição atmosférica, o que
representa 4,9% e 5,5% do total de óbitos por causas respiratórias nesses dois grupos
etários, respectivamente. A cada ano, mais de quatro mil internações hospitalares por
causas respiratórias também são atribuídos à poluição do ar.
Na cidade de Itabira, Minas Gerais, existem grandes jazidas de minério de ferro
que são extraídas em lavra mecanizada a céu aberto, gerando grandes emissões de
material particulado. Partindo desse pressuposto, BRAGA et al (2007) desenvolveram
um estudo para avaliar os efeitos agudos do material particulado inalável (PM10) sobre
os atendimentos em pronto-socorro por doenças respiratórias e cardiovasculares no
Município de Itabira. Aumentos de 10 µg.m-3 no PM10 foram associados com aumentos
nos atendimentos de pronto-socorro por doenças respiratórias de 4%, no dia e no dia
seguinte, para crianças menores de 13 anos, e de 12%, nos três dias subseqüentes para
os adolescentes entre 13 e 19 anos. Dentre os atendimentos por doenças
cardiovasculares, foi observado um acréscimo de até 4% nos atendimentos de
emergência no dia do aumento da concentração do poluente, e a população afetada são
principalmente os indivíduos com idade entre 45 e 64 anos. Esses resultados mostram
que o PM10 pode acarretar prejuízos à saúde da população exposta.
66
Os efeitos dos poluentes atmosféricos atingem também os fetos. Segundo
PEREIRA et al (1998) existe uma associação entre o número de mortes intra-uterina e a
concentração de alguns poluentes, como NO2, SO2, CO, O3 e material particulado fino
com menos de 10 µm de diâmetro. As análises foram feitas durante o período de janeiro
de 1991 e dezembro de 1992, na cidade de São Paulo. Foi verificado ainda uma
associação significativa entre os níveis de carboxihemoglobina do sangue amostrado do
cordão umbilical e as concentrações de CO no ar ambiente, para crianças geradas de
mães não fumantes, no período de maio a julho de 1995.
MAISONET et al (2001) relacionaram os dados sobre a qualidade do ar em seis
cidades dos EUA (Boston, Massachusetts; Hartford, Connecticut; Philadelphia,
Pennsylvania; Pittsburgh, Pennsylvania; Springfield, Massachusetts; e Washington, DC)
para CO, SO2 e PM10 com os dados dos baixos pesos de crianças ao nascer. Os dados
sobre o nascimento das crianças foi fornecido pelo National Center for Health Statistics
Natality Data Sets, enquanto às informações sobre a qualidade do ar foram fornecidas
pela USEPA. Foram consideradas crianças abaixo do peso normal aquelas que ao
nascer tinham menos de 2500 g. Foi feito uma correlação entre os dados coletados, com
a utilização de métodos estatísticos, levando em consideração a exposição da
população aos poluentes. Os resultados obtidos sugerem que a exposição à CO e SO2
aumenta o risco de se ter um nascimento de uma criança com peso abaixo do normal.
Não foi encontrada nenhuma correlação entre o peso das crianças e a exposição ao
PM10.
Devido a esses acontecimentos, cresceu o interesse em avaliar e minimizar a
emissão dos poluentes atmosféricos. Assim, principalmente a partir da década de 50
foram adotadas medidas para identificar os principais poluentes presentes no ar e, á
partir disso, fazer a regulamentação de padrões e índices de qualidade do ar, para evitar
agravos na saúde pública.
67
4.3 Principais poluentes do ar
Os poluentes atmosféricos podem ser classificados de forma geral com relação
à sua característica física, sendo divididos assim em três grupos: sólidos, líquidos e
gasosos. Entretanto, diversas vezes esses poluentes podem estar associados entre si,
de maneira que podemos classificá-los apenas em dois grupos, os gasosos e os
particulados.
Segundo SEINFELD (1986) outra classificação possível dos poluentes é de
acordo com a sua origem, podendo ser divididos em poluentes primários, que são
emitidos diretamente das fontes, ou secundários, que são aqueles formados na
atmosfera devido a interações químicas entre poluentes primários e constituintes
normais da atmosfera e essa classificação também é adotada pela CETESB. Existe
ainda a classificação de acordo com a composição química, como mostra a Tabela 4.3.
Tabela 4.3 – Classificação Química dos Poluentes Atmosféricos.
Comp .
de
Enxofre
Comp .
de
Nitrogênio
Comp .
Orgânic.
Monóxido
de
Carbono
Comp .
Halogenados
MP Ozônio
SO2
SO3
Compostos
de Enxofre
Reduzido:
(H2S,
Mercaptanas,
Dissulfeto de
carbono,etc)
sulfatos
NO
NO2
NH3
HNO3
nitratos
hidrocarbonetos,
álcoois,
aldeídos,
cetonas,
ácidos orgânicos
CO HCI
HF
cloretos,
fluoretos
mistura
de
compostos
no estado
sólido
ou
líquido
O3
formaldeído acroleína
PAN, etc.
Fonte: CETESB, 2009.
68
De acordo com a CETESB, o grupo de poluentes que servem como indicadores
de qualidade do ar, adotados universalmente e que foram escolhidos em razão da
freqüência de ocorrência e de seus efeitos adversos, são:
− Compostos de Nitrogênio (óxidos de nitrogênio, NOx);
− Compostos de Enxofre (dióxido de enxofre, SO2);
− Monóxido de Carbono (CO);
− Oxidantes Fotoquímicos (Ozônio, O2);
− Hidrocarbonetos (HC);
− Material Particulado (MP).
4.3.1 Compostos de Nitrogênio
Compostos de nitrogênio são encontrados sob várias formas na atmosfera.
Estes incluem principalmente os óxidos de nitrogênio (NOx), a amônia (NH3) e o próprio
nitrogênio (ALMEIDA, 1999).
Os óxidos de nitrogênio geralmente são formados durante processos de
combustão. Em grandes cidades, os veículos geralmente são os principais responsáveis
pela emissão dos óxidos de nitrogênio. O NO, sob a ação de luz solar se transforma em
NO2 e tem papel importante na formação de oxidantes fotoquímicos como o ozônio.
Dependendo das concentrações, o NO2 causa prejuízos à saúde (CETESB, 2009).
4.3.2 Compostos de Enxofre
Uma variedade de compostos de enxofre é lançada na atmosfera,
principalmente sob a forma de óxidos de enxofre (SOx) e gás sulfídrico (H2S) originários
tanto de fontes naturais quanto antrópicas (ALMEIDA, 1999).
69
O dióxido de enxofre resulta principalmente da queima de combustíveis que
contém enxofre, como óleo diesel, óleo combustível industrial e gasolina. É um dos
principais formadores da chuva ácida. O dióxido de enxofre pode reagir com outras
substâncias presentes no ar formando partículas de sulfato que são responsáveis pela
redução da visibilidade na atmosfera (CETESB, 2009).
4.3.3 Monóxido de Carbono
É um gás incolor e inodoro que resulta da queima incompleta de combustíveis
de origem orgânica (combustíveis fósseis, biomassa, etc). Em geral é encontrado em
maiores concentrações nas cidades, emitido principalmente por veículos automotores.
Altas concentrações de CO são encontradas em áreas de intensa circulação de veículos
(CETESB, 2009).
4.3.4 Oxidantes Fotoquímicos (Ozônio)
Oxidantes fotoquímicos são formados na atmosfera como resultados de reações
químicas envolvendo poluentes orgânicos, óxidos de nitrogênio, oxigênio e luz solar. O
termo oxidante se refere àquelas substâncias químicas que oxidam prontamente outras
substâncias que não são facilmente oxidadas pelo oxigênio (ALMEIDA, 1999).
O ozônio é o mais importante dos oxidantes fotoquímicos, e por isso é usado
como indicador de presença desses oxidantes na atmosfera. Tais poluentes formam a
chamada névoa fotoquímica ou “smog (smoke + fog) fotoquímico”, que pode ser descrito
como uma névoa muito densa que pode ser muito prejudicial à saúde e ocasiona
problemas de visibilidade.
70
Além de prejuízos à saúde, o ozônio pode causar danos à vegetação. É sempre
bom ressaltar que o ozônio encontrado na faixa de ar próxima do solo onde respiramos,
chamado de “mau ozônio” é tóxico. Entretanto, na estratosfera (cerca de 25 km de
altitude) o ozônio tem a importante função de proteger a Terra, como um filtro, dos raios
ultravioletas emitidos pelo Sol (CETESB, 2009).
4.3.5 Hidrocarbonetos
São gases e vapores resultantes da queima incompleta e evaporação de
combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis. Diversos hidrocarbonetos como o
benzeno são cancerígenos e mutagênicos, não havendo uma concentração ambiente
totalmente segura. Participam ativamente das reações de formação do “smog
fotoquímico” (CETESB).
Na atmosfera, os hidrocarbonetos podem reagir com outras substâncias, tais
como, oxigênio, nitrogênio, cloro e enxofre, e formar uma grande variedade de
compostos derivados. Esses compostos derivados encontrados no ar ambiente e nas
fontes de emissão incluem compostos orgânicos, oxigenados tais como aldeídos,
ácidos, alcoóis, éteres, cetonas e ésteres (ALMEIDA, 1999).
4.3.6 Material Particulado
Sob a denominação geral de Material Particulado se encontra um conjunto de
poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que
se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho
(CETESB, 2009). O material particulado é o principal foco de análise desse trabalho e,
portanto, terá um capítulo a parte.
71
4.4 Material particulado
Segundo SEINFELD (1986) material particulado se refere a qualquer substância,
exceto água pura, que ocorre como líquido ou sólido na atmosfera que, sob condições
normais, possui dimensões microscópicas ou sub-microscópicas, mas maiores do que
as dimensões moleculares.
De acordo com WARK e WARNER (1981), material particulado é o termo
aplicado para descrever partículas sólidas e líquidas dispersas transportadas pelo ar que
são maiores que moléculas (0,0002 µm de diâmetro) mas, menores do que 500 µm.
Se uma corrente de ar contaminado é visível, isso ocorre graças às suas
partículas. Se uma massa de ar sobre uma cidade esta escura, são as partículas no ar
que causam a cerração. O material particulado não é quimicamente uniforme, mas vem
principalmente com uma grande variedade de tamanhos, formas e composições
químicas (NEVERS, 2000).
Fica claro, portanto que material particulado é uma denominação genérica para
uma grande classe de substâncias presentes na atmosfera na forma de partículas.
Essas partículas não são homogêneas do ponto de vista químico, e fisicamente podem
se apresentar como partículas sólidas ou líquidas.
Segundo SEINFELD (1986), uma descrição completa das partículas
atmosféricas requer especificações não apenas da sua concentração, mas também do
seu tamanho, componentes químicos, fase (líquido ou sólido) e morfologia.
O particulado possui, em geral, tempo de permanência na atmosfera de dias a
semanas, entretanto pode ser transportado a longas distâncias por correntes de ar
favoráveis, interferindo nos processos químicos e físicos da atmosfera não somente em
escala local, mas também em escala regional e até global (CASTANHO, 1999).
72
Os processos de remoção dos aerossóis ocorrem basicamente por deposição
seca e úmida. A deposição seca ocorre devido à ação da gravidade sobre as partículas,
sendo mais eficiente na fração grossa do particulado. A deposição úmida ocorre por
remoção de partículas dentro e abaixo das nuvens, devido à precipitação
(CASTANHO, 1999).
De acordo com ARBEX (2001), o diâmetro das partículas pode variar entre 0,002
µm e 100 µm. As partículas acima de 100 µm não permanecem muito tempo em
suspensão, e tendem a se precipitar rapidamente. As partículas de maior importância
para os aspectos físico-químicos da atmosfera e para a saúde humana são as de
diâmetro compreendido entre 0,002 µm e 10 µm, uma vez que essas partículas são
inaláveis. Levando em consideração esse aspecto, as partículas de até 2,5 µm são as
mais importantes/perigosas, pois são essas partículas que podem atingir os alvéolos
pulmonares e, portanto, podem ocasionar maiores problemas à saúde.
Os efeitos ambientais e biológicos causados pelas partículas transportadas pelo
ar dependem do seu tamanho, formato e composição química (LINDGREN et al, 2006).
Dessa forma, é fundamental a divisão das partículas de material particulado com relação
ao seu tamanho.
As partículas inaláveis podem ser definidas de maneira simplificada como
aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10 µm. As partículas inaláveis podem
ainda ser classificadas como partículas inaláveis finas (material particulado fino) – MP2,5
(<2,5 µm) e partículas inaláveis grossas (material particulado grosso) – MP10 (2,5 a 10
µm). As partículas finas, devido ao seu tamanho diminuto, podem atingir os alvéolos
pulmonares, já as grossas ficam retidas na parte superior do sistema respiratório
(CETESB, 2009).
Estudos epidemiológicos mostram que há uma correlação entre material
particulado fino, ou seja, aquele que possui um diâmetro aerodinâmico menor que 2,5
µm, e problemas de saúde de ordem cardiovascular e respiratória (BOMAN et al, 2009).
73
O material particulado fino não é perigoso apenas para a saúde humana. Sabe-
se ainda que o material particulado fino esta relacionado com o balanço de radiação
solar na Terra, pois podem dispersar e absorver radiação solar (VIKSNA et al, 2004).
BENNET et al (2004) desenvolveram um estudo que teve como objetivo
determinar e quantificar os elementos presentes no material particulado da cidade de
Dar es Salaam, na Tanzania, diferenciando a parte rural e a parte urbana da cidade.
Para essa determinação e quantificação, foi utilizado o método de Fluorescência de
Raios X por Dispersão de Energia (ED-XRF). Na amostragem, foram utilizados dois
impactadores dicotômicos, que coletaram as frações fina e grossa do material
particulado, que ficou retido em filtros de membrana de teflon. Foi usado ainda um
ciclone para coletar material com diâmetro aerodinâmico menor que 1µm. O
espectrômetro usado era de geometria tri-axial, operando a 55 kV e 25 mA, com um alvo
secundário de molibdênio e um anodo de tungstênio. Um detector de pulsos Kevez
4530P, com tempo de resposta de 6 µs foi utilizado para medir os sinais. A calibração foi
feita com amostras standard NIST e o software utilizado para avaliar os espectros
gerados foi o QXAS. Na área urbana foram obtidos maiores concentrações de poluentes
do que na área rural, como era esperado. Alguns elementos aparecem apenas nas
menores partículas, com diâmetro menor que 1 µm, como por exemplo o Zn, Pb, Br e K.
BOMAN et al (2005) verificaram a qualidade do ar em Bangladesh com a
finalidade de saber se as medidas tomadas pelo governo para melhorar a qualidade do
ar surtiram efeito. Uma das medidas adotadas pelo governo foi a proibição do uso de
chumbo na gasolina. Foram escolhidas duas cidades, Dhaka (capital, urbano) e Rangpur
(rural), onde o material particulado foi coletado durante o dia e a noite. A amostragem foi
feita com um ciclone de Dewell-Higgins equipado com filtros de teflon com uma
porosidade de 3 µm. Para a análise do material particulado presente nos filtros a
metodologia utilizada foi a ED-XRF. Foram encontradas grandes variações entre as
concentrações dos elementos entre as duas cidades, sendo que em Dhaka as
concentrações são maiores durante o dia, enquanto em Rangpur, as concentrações são
maiores durante a noite. Apesar das medidas tomadas pelo governo, ainda foram
encontradas concentrações significativas de Pb no material particulado, e as principais
74
fontes responsáveis foram detectadas como sendo veículos movidos por motores de
dois tempo, principalmente os táxis.
No Brasil, alguns estudos mais recentes já começam a avaliar a composição do
material particulado, mas não em grande número. SOLURI et al (2007) realizaram a
amostragem de aerossol em dez locais distribuídos em diferentes regiões da cidade do
Rio de Janeiro, de setembro/2003 a setembro/2004, em uma base semanal com
amostragens de 24 horas. As frações do aerossol PM2.5 e PM10 foram amostradas
usando um sistema com filtros em série, bastante parecido com o utilizado nesse
presente trabalho. Foram determinadas: a massa do aerossol, carbono elementar, a
concentração dos íons solúveis, assim como a concentração total de alumínio, cálcio,
ferro, magnésio, potássio, sódio e titânio. A concentração mássica média anual do PM10
variou de 18 a 38 µg.m-3, sem violação dos padrões brasileiros de qualidade do ar. Para
as frações fina e grossa, entre 70 e 90% da massa medida foi identificada como sendo
devido a poucas fontes, sendo que a poeira do solo explica 37-63% da massa da fração
grossa. Por outro lado, o carbono elementar e o aerossol secundário, que são aerossóis
provenientes de reações químicas que ocorrem na atmosfera e não de fontes primárias,
representam proporções elevadas (45-58%) da massa da fração final. Para se chegar
aos resultados finais, foi avaliado ainda a parte solúvel em água presente no material
particulado, cortando um quarto dos filtros e adicionando água ultra pura. Os pedaços do
filtro mais a água eram levados para banho de ultra-som por meia hora. Assim, pôde-se
descobrir a fração solúvel presente. Amônia, potássio, sódio, cálcio, magnésio, nitrato,
sulfato e cloreto foram determinados na fração solúvel por cromatografia de íons. Na
outra fração, alumínio, cálcio, ferro, magnésio, potássio, sódio e titânio foram
determinados utilizando as técnicas ICP-MS, após dissolução química total pela
aplicação de HNO3 e HF.
QUEIROZ et al (2007) desenvolveram um estudo cujo objetivo era a
identificação das fontes geradoras de material particulado presentes no município de
Sete Lagoas, Minas Gerais. A coleta foi feita por meio de amostradores de grande
volume e foram utilizados filtros de celulose para a determinação das partículas totais
em suspensão e filtros de microssílica para a determinação das partículas inaláveis finas
75
(PM2.5). A determinação da distribuição do tamanho das partículas presentes nos
aerossóis atmosféricos foi feita com um dispositivo acoplado ao amostrador de grande
volume denominado impactador em cascata. Trata-se de um dispositivo que retira o
material particulado do ambiente sob condições isocinéticas e segrega o aerossol em
vários estágios em cascata. A gravimetria foi a metodologia utilizada para determinar a
concentração média do material particulado coletado nos filtros usados para
amostragem. A composição mineralógica do material particulado total em suspensão
(PTS) e das partículas inaláveis (PM10) foi determinada pela técnica de difração de raios
X, método pó. A análise para determinação da composição elementar das amostras de
filtros de celulose e microssílica foi realizada por meio da técnica de ativação neutrônica,
método-k0. Dentre os resultados obtidos, a distribuição do tamanho das partículas
delineou um cenário preocupante, uma vez que 80% das partículas presentes no
aerossol atmosférico referem-se às frações de partículas com diâmetro aerodinâmico
menor que 2,5 µm correspondendo, portanto, em sua maioria, àquela fração que pode
atingir as vias respiratórias inferiores (nível alveolar) e provocar sérios danos à saúde
humana. Os resultados mostraram que Al, Cl, Cu, Fe, K, Mg e Na são os elementos
químicos predominantes nas partículas totais em suspensão. A presença de Na, Ba, Cl,
Cu, Eu, Fe, e Sm nas partículas com diâmetro aerodinâmico menor que 10µm indicam
que as principais fontes são a indústria siderúrgica, poeira do solo, queima de
combustível e indústrias cerâmicas.
BRAGA e TEIXEIRA (2004) fizeram o estudo das concentrações das frações
grossa e fina do material particulado na região de Candiota, Rio Grande do Sul, usando
um amostrador dicotômico. Com os resultados obtidos, foram realizadas simulações
numéricas para estudos de dispersão dos poluentes.
São comuns ainda trabalhos onde o objetivo é apenas detectar a presença e as
vezes fazer a quantificação de um determinado componente no material particulado.
Assim, CRISTALE et al (2008) desenvolveram um estudo cujo objetivo era a detecção e
extração de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) em material particulado
atmosférico. Os HPA estão associados ao aumento da incidência de diversos tipos de
cânceres nos homens, por isso a importância na sua detecção e quantificação. Essas
76
moléculas são formadas principalmente na queima incompleta de matéria orgânica,
sendo encontradas em todas as matrizes ambientais. O material particulado foi coletado
na cidade de Araraquara com o uso de um amostrador Handi-Vol e filtros de fibra de
vidro. Para a extração do material particulado dos filtros, foram testados diversos
solventes com banho de ultra-som por dez minutos. Após a eliminação do solvente de
extração, as amostras foram analisadas pelo método de cromatografia a gás acoplada à
espectrometria de massas operando no modo tandem (GC-MS/MS). Os resultados
mostraram a presença dos HPA em material particulado e ainda provaram que é
possível a sua extração por uma mistura de solventes hexano/acetona (1:1), que é
menos tóxica em relação à mistura diclorometano/metanol (4:1), bastante utilizado
nessas análises, sem perda da exatidão do método.
LIMA e PEREIRA NETTO (2009) desenvolveram um estudo para a
determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) presentes no material
particulado da cidade de Niterói, Rio de Janeiro. Foram coletadas amostras quinzenais
de material particulado com o auxílio de um amostrador de grandes volumes e filtros de
fibra de vidro. A concentração média de MP foi 87 µg.m-3. HPA foram determinados por
cromatografia líquida de alta eficiência e detecção por fluorescência após extração em
banho de ultra-som. Foram encontrados 12 tipos de HPA. As concentrações totais de
HPA variaram entre 0,141 e 1,235 ng.m-3. As concentrações individuais e totais de HPA
não apresentaram correlação significativa com a temperatura, umidade relativa e a
velocidade do vento. As razões fluoranteno/(fluoranteno + pireno) e
benzo[ghi]perileno/indeno[1,2,3-cd]pireno indicaram que a principal fonte de HPA na
área estudada durante o estudo foram as emissões veiculares.
Vale destacar que a maioria dos estudos acaba não tendo como objetivo
determinar as concentrações dos elementos presentes no material particulado
(composição química), em suas frações grossa e fina, o que é de fundamental
importância para uma análise completa do material particulado, como ressalta
SEINFELD (1986), e uma melhor classificação.
77
Baseado em sua origem e a exemplo dos outros principais poluentes
atmosféricos, o material particulado também pode ser dividido em dois grupos: primário
e secundário. As partículas primárias são produzidas por processos químicos e físicos
diretamente de fontes de poluição, enquanto que as partículas secundárias são
formadas na atmosfera como resultado de reações químicas envolvendo gases
preexistentes (ALMEIDA ,1999).
As partículas primárias podem tanto ser geradas por emissões naturais
provenientes, por exemplo, de erupções vulcânicas e da ressuspensão do solo em áreas
de deserto, quanto emissões antropogênicas provenientes, por exemplo, de processos
industriais e emissões veiculares (ALMEIDA, 1999).
4.5 Fontes de emissão de partículas
As partículas de maior tamanho são normalmente produzidas por processos
mecânicos como o vento ou erosão. Como característica, elas são grossas e assim são
retiradas da atmosfera por sedimentação, exceto em dias de vento quando a
sedimentação é balanceada pela reentrada dessas partículas na atmosfera. Elas
também podem ser removidas pela chuva. Sob o ponto de vista químico, a composição
das partículas reflete a fonte de origem, com predominância de compostos inorgânicos
para as derivadas do solo e de névoa marinha. São também encontradas partículas
biológicas com predominância de compostos orgânicos como o pólen, esporos,
fragmentos de plantas, insetos, etc (ARBEX, 2001).
Partículas finas e ultrafinas são preferencialmente emitidas por processos de
combustão. Geralmente as partículas finas e ultrafinas são compostas por material
carbonáceo, metais e íons sulfatos, nitratos e amoníacos (ARBEX, 2001).
78
4.5.1 Fontes naturais
Parte significativa do material particulado é proveniente de fontes naturais.
Dentre elas, pode-se citar erupções vulcânicas, que emitem além de material
particulado, gases poluentes como gás sulfídrico e metano. Esse material emitido pelos
vulcões pode ficar em suspensão por muito tempo e ser transportado por grandes
distâncias.
Outra fonte bastante significativa de poluentes particulados são os oceanos, que
fornecem continuamente aerossóis para a atmosfera. Esse particulado emitido pelos
oceanos tem a particularidade de ser corrosivo para metais.
A questão mais discutível fica por conta dos incêndios florestais. Isso ocorre por
que muitas vezes são classificados como fontes naturais de material particulado, embora
muitas vezes sejam ocasionadas graças à ação do homem. Os incêndios emitem uma
grande quantidade de poluentes, como fumaça, cinzas (particulados) e ainda poluentes
gasosos como monóxido e dióxido de carbono, hidrocarbonetos, etc.
Existem ainda outras fontes como, por exemplo, pólen, poeiras provenientes de
ressuspensão do solo, partículas levantadas pelo vento em praias, desertos, fragmentos
de animais e plantas em decomposição, entre outras.
4.5.2 Fontes de atividades humanas
De acordo com SCHEIBLE (1973) apud AMORIM (2004), as fontes de emissão
de partículas decorrentes de atividades humanas podem ser divididas em duas
categorias; a primeira inclui as emissões provenientes dos processos de combustão
industrial e emissões veiculares e se constitui na principal fonte de emissão de
79
partículas, a segunda categoria inclui emissões resultantes da concentração das
atividades humanas geralmente em zonas urbanas.
As emissões automotivas são compostas por: monóxido de carbono, óxidos de
nitrogênio, hidrocarbonetos, óxidos de enxofre, material particulado, etc. Um dos
principais poluentes emitidos pelos veículos a diesel é a fuligem denominada
usualmente de fumaça preta, constituída de partículas sólidas e líquidas, da faixa de
tamanho da ordem de 2.5 µm, que como já foi dito, são preocupantes do ponto de vista
da saúde humana, uma vez que penetram no sistema respiratório.
Segundo BOUBEL (1994) apud AMORIM (2004), as emissões provenientes de
processos químicos podem ser relatados como processos específicos. Dependendo do
processo, as emissões poderão ser poeiras, aerossóis, fumos ou gases. As emissões
podem ou não ser tóxicas ou possuir odores. Ácidos são usados como matérias primas
para muitos processos químicos e operações de manufaturas. Ácido sulfúrico, por
exemplo, é um dos poluentes químicos na indústria moderna. As descargas na
atmosfera provenientes de uma indústria de ácido sulfúrico podem conter gases
incluindo SO2 e aerossol na faixa de tamanho de submícrons. Outros processos que
produzem ácido, como o nítrico, o acético e o fosfórico emitem poeiras ácidas, bem
como vários gases tóxicos e não tóxicos.
Além das emissões veiculares e dos processos químicos, o homem é
responsável por diversas outras fontes de poluentes atmosféricos, inclusive de material
particulado, como por exemplo, a construção e demolição de prédios (construção civil
em geral), emissões industriais de vários tipos, etc.
4.6 Padrões de qualidade do ar
Os padrões de qualidade do ar são os limites máximos aceitáveis determinados
dos poluentes presentes na atmosfera para a manutenção do bem estar clínico da
80
população e ainda garantindo a proteção do meio ambiente. Para a determinação dos
padrões, são levados em consideração diversos estudos científicos sobre a ação dos
poluentes na saúde da população. Os padrões são ainda determinados e fixados com
uma margem de segurança, que garante o bem estar da população e do meio ambiente.
Os padrões de qualidade do ar devem ser considerados não apenas com
relação aos dados atuais para os poluentes, mas também para analisar séries históricas
e possíveis estimativas futuras. Quando se faz uma quantificação de um determinado
poluente, se a concentração do poluente é aceitável (menor do que o valor do padrão de
qualidade), não necessita de medidas urgentes, porém, deve-se fazer uma estimativa da
qualidade do ar no futuro para aquela região. Essa estimativa deve contar com diversos
fatores como, por exemplo, o crescimento populacional e industrial. Caso a estimativa
esteja dentro dos padrões estabelecidos, não há necessidade de nenhuma ação. Caso
as concentrações estimadas extrapolarem o valor dos padrões, devem ser previstas
regulamentações nas emissões para prevenir essa violação futura dos padrões
(NEVERS, 2000).
4.6.1 Padrões de qualidade do ar no Brasil
No Brasil, foram estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar:
primário e secundário. Ambos foram estabelecidos pelo IBAMA – Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente, e foram aprovados pelo CONAMA – Conselho Nacional de Meio
Ambiente, através da Resolução no 3, de 28 de junho de 1990.
Os padrões de qualidade do ar primários são os limites das concentrações de
poluentes que devem ser obedecidos para que a saúde da população não sofra
problemas imediatos. Pode ser entendido como os limites máximos toleráveis pela
saúde humana, levando em consideração um curto e médio prazo.
81
Vale lembrar ainda que os indivíduos reagem de formas diferentes com relação
à exposição dos poluentes em geral. Com relação ao material particulado, por exemplo,
LOPES (2007) afirma que a habilidade dos mecanismos de defesa pulmonar na
remoção de partículas inaladas e susceptibilidade do indivíduo aos efeitos dessas
partículas determinam quais serão os efeitos adversos a esse material particulado
presente nos pulmões.
Os padrões de qualidade do ar secundários levam em consideração o mínimo
efeito que os poluentes podem causar ao meio ambiente, à fauna, à flora e à saúde da
população. Podem ser entendidos como níveis desejáveis de concentração dos
poluentes.
Tabela 4.4 – Padrões nacionais de qualidade do ar.
Poluente Tempo de Amostragem
Padrão Primário
µg/m³
Padrão Secundário
µg/m³
Método de Medição
partículas totais
em suspensão
24 horas1 MGA2
240 80
150 60
amostrador de grandes volumes
partículas inaláveis
24 horas1 MAA3
150 50
150 50
separação inercial/filtração
Fumaça 24 horas1 MAA3
150 60
100 40
refletância
dióxido de enxofre
24 horas1 MAA3
365 80
100 40
pararosanilina
dióxido de nitrogênio
1 hora1 MAA3
320 100
190 100
quimiluminescência
monóxido de carbono
1 hora1
8 horas1
40.000 35 ppm 10.000 9 ppm
40.000 35 ppm 10.000 9 ppm
infravermelho não dispersivo
Ozônio 1 hora1 160 160 quimiluminescência
1 – Não deve ser excedido mais do que uma vez ao ano. 2- Média geométrica anual. 3 – Média aritmética anual.
Fonte: CONAMA, 1990.
82
Os parâmetros regulamentados são: partículas totais em suspensão, fumaça,
partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de
nitrogênio (CETESB). Os padrões nacionais de qualidade do ar são apresentados na
Tabela 4.4.
Além de determinar os padrões primários e secundários, a Resolução no 3, de 28
de junho de 1990, estabelece ainda limites e critérios para ocorrências agudas de
poluição do ar, dividindo a situação nos estados de Atenção, Alerta e Emergência.
Segue a Tabela 4.5, que indica os valores correspondentes à classificação dos estados
em ocorrências agudas de poluição atmosférica.
Tabela 4.5 - Critérios para episódios agudos de poluição do ar.
Parâmetros Atenção Alerta Emergência
partículas totais em suspensão (µg/m3) - 24h
375 625 875
partículas inaláveis (µg/m3) - 24h
250 420 500
fumaça (µg/m3) - 24h
250 420 500
dióxido de enxofre (µg/m3) - 24h
800 1.600 2.100
SO2 X PTS (µg/m3)(µg/m3) - 24h
65.000 261.000 393.000
dióxido de nitrogênio (µg/m3) - 1h
1.130 2.260 3.000
monóxido de carbono (ppm) - 8h
15 30 40
ozônio (µg/m3) – 1h
400* 800 1.000
* O nível de atenção é declarado pela CETESB com base na Legislação Estadual que é mais restritiva (200 µg/m3).
Fonte: CONAMA, 1990.
83
Nota-se dessa forma que a legislação brasileira contempla apenas a
determinação da massa total do material particulado e não analisa e/ou avalia a
composição elementar do material particulado, como é proposto por esse trabalho.
Entretanto órgãos internacionais de controle da poluição ambiental como a EPA já
estabeleceu limites máximos permitidos para elementos, como o chumbo.
4.6.2 Padrão de qualidade do ar nos EUA
A legislação ambiental nos Estados Unidos da América (EUA) foi desenvolvida
antes da maioria das legislações ambientais do mundo e assim, acaba servindo como
exemplo e parâmetro para a criação de padrões de qualidade no mundo inteiro. A
legislação americana, através do Clean Air Act, que é o conjunto de leis que define as
responsabilidades da U.S.Environmental Protection Agency (USEPA) para proteger e
melhorar a qualidade do ar aprovado pelo congresso e incorporado ao Código de Leis
dos EUA em 1990, exige a fixação de padrões de qualidade do ar para poluentes
considerados prejudiciais à saúde pública e ao meio ambiente. O Clean Air Act
estabeleceu dois tipos de padrões nacionais de qualidade do ar: primário e secundário.
O padrão primário se refere à definir limites de poluentes para proteger a saúde pública,
incluindo às populações “sensíveis”, como idosos, crianças, asmáticos, etc. Já o padrão
secundário fixam limites para proteger o bem estar público, incluindo a proteção contra a
diminuição da visibilidade, danos aos animais, vegetações, plantações e construções.
A USEPA fixou padrões nacionais de ar ambiente (National Ambient Air Quality
Standards – NAAQS) para seis principais poluentes, que são os chamados "criteria
pollutants", que podem ser definidos como os principais poluentes. São eles: monóxido
de carbono, dióxido de nitrogênio, ozônio, chumbo, dióxido de enxofre, partículas com
diâmetro aerodinâmico de até 10 µm (PM10), partículas com diâmetro aerodinâmico
menor que 2,5 µm (PM 2,5). Na Tabela 4.6 são apresentados os padrões da USEPA para
qualidade do ar.
84
Vale ressaltar que a USEPA fixou valores para o Pb, o que ainda não acontece
no Brasil. Chumbo (Pb) é um metal encontrado naturalmente no meio ambiente, bem
como em produtos manufaturados. As principais fontes de emissões de chumbo têm
sido historicamente veículos (como carros e caminhões) e indústrias. Como resultado de
esforços de regulamentação da EPA para remover o chumbo da gasolina, as emissões
de chumbo do setor de transporte diminuíram drasticamente por 95 por cento entre 1980
e 1999, e os níveis de chumbo no ar diminuiram 94% entre 1980 e 1999. Hoje, os mais
altos níveis de chumbo no ar são geralmente encontrados próximos de fundições de
chumbo. Outras fontes estacionárias são os incineradores de resíduos, utilitários e
fabricantes de baterias de chumbo-ácido. Além de exposição ao chumbo no ar, outras
vias de exposição importantes incluem a ingestão de chumbo na água potável e
alimentos contaminados por chumbo, assim como a ingestão acidental de solos
contaminados com chumbo e poeira. Tinta à base de chumbo continua sendo uma
importante via de exposição nas casas mais antigas.
O chumbo é persistente no meio ambiente e se acumula nos solos e sedimentos
através da deposição de fontes de ar, descarga direta dos fluxos de resíduos para os
recursos hídricos, mineração e erosão. Ecossistemas perto de fontes de ponto de
chumbo podem demonstrar uma vasta gama de efeitos adversos, incluindo perda da
biodiversidade, mudanças na composição da comunidade, a diminuição do crescimento
e taxas de reprodução em plantas e animais, e os efeitos neurológicos em animais
vertebrados.
Uma vez no corpo, o chumbo pode se espalhar pelo sangue e se acumula nos
ossos. Dependendo do nível de exposição, pode afetar o sistema nervoso, as funções
renais, o sistema imunológico, o sistema reprodutivo e de desenvolvimento do sistema
cardiovascular. A exposição ao chumbo também afeta a capacidade carreadora de
oxigênio do sangue. Os efeitos do chumbo mais comumente encontrados atualmente
são efeitos neurológicos em crianças e efeitos cardiovasculares (por exemplo, pressão
arterial alta e doenças cardíacas) em adultos. Bebês e crianças pequenas são
especialmente sensíveis mesmo a baixos níveis de chumbo, que pode contribuir para
problemas comportamentais, déficit de aprendizado e baixo QI (EPA 2009).
85
Tabela 4.6 – Padrões USEPA de qualidade do ar.
Padrões Primários Padrões Secundários Poluente Concentração Tempo de
amostra Concentração Tempo de
amostra Monóxido de Carbono
9 ppm (10 mg.m-3)
8 horas
ZERO 35 ppm (40 mg.m-3)
1hora
Chumbo 0.15 µg.m-3 Média móvel trimestral
Igual ao primário
1.5 µg.m-3 Média trimestral
Igual ao primário
Dióxido de Nitrogênio
0.053 ppm (100 µg.m-3)
Média aritmética anual
Igual ao primário
Material Particulado (PM10)
150 µg.m-3 24 horas Igual ao primário
Material Particulado (PM2.5)
15.0 µg.m-3 Média aritmética anual
Igual ao primário
35 µg.m-3 24 horas Igual ao primário Ozônio 0.075 ppm 8 horas Igual ao primário
0.08 ppm 8 horas Igual ao primário 0.12 ppm 1 hora
Igual ao primário
Dióxido de Enxofre 0.03 ppm Média aritmética anual
0.5 ppm (1300 µg/m3)
3 horas
0.14 ppm 24 horas Fonte: USEPA, 2009 (modificado).
4.7 Índices de qualidade do ar
Índices de qualidade do ar são formas matemáticas que a partir da quantificação
dos poluentes presentes, consegue qualificar o estado do ar em uma determinada
região.
86
É desejável que os índices apresentem os principais poluentes, que seja de fácil
entendimento para o público em geral, que estejam relacionados com os padrões de
qualidade do ar, que sejam calculados de maneira simples, que estejam baseados em
estudos e premissas científicas.
Os índices de qualidade do ar, assim como os padrões de qualidade do ar, não
são universais, ou seja, sofrem mudanças de lugar para lugar. Essas diferenças se
devem a uma série de fatores, que levam em consideração as condições de cada local.
Ou seja, características como temperatura, quantidade e direção dos ventos, relevo e
uma série de outros fatores podem influenciar na dispersão de poluentes, e
conseqüentemente na determinação dos padrões e índices de qualidade. O ideal seria
que existisse um padrão e índice para cada região específica, levando em consideração
as características do local. Dessa forma, uma mesma concentração de poluentes pode
significar uma classificação diferente com relação à qualidade do ar, em diferentes
países.
4.7.1 Índice de qualidade do ar CETESB
O índice de qualidade do ar da CETESB é utilizado desde 1981, e foi criado
usando como base uma longa experiência desenvolvida no Canadá e nos EUA
(CETESB, 2009).
Para cada poluente é calculado um índice e a qualidade do ar, em uma estação,
é reportada em função do pior caso. Os poluentes levados em consideração pela
CETESB para o desenvolvimento do índice são dióxido de enxofre, partículas totais em
suspensão, partículas inaláveis, fumaça, monóxido de carbono, ozônio e o dióxido de
nitrogênio.
Segundo TRESMONDI (2003) o índice é calculado de acordo com uma equação
similar à Equação 4.1, a qual consiste uma interpolação linear.
87
+A � 2LMN 23OPQ2LMN Q23OP
. R.S T U+,�VW X +,�V (4.1)
Onde:
I = índice (adimensional);
C = concentração média (µg/m3 ou ppm)
PI = limite de concentração para determinada faixa de classificação (µg/m3 ou ppm)
Subscritos:
P = poluente;
sup = superior
inf = inferior
Portanto, um poluente, p, é classificado em função do cálculo de seu índice,
obtido em função de sua concentração, Cp, a qual se encontra em um dos intervalos de
concentração, determinados pelos pontos de inflexão (limite mínimo) e superior (limite
máximo). Esses intervalos estão associados às respectivas classificações do índice
(TRESMONDI, 2003).
Na Tabela 4.7 são apresentados os intervalos de concentração e respectivas
classificações dos parâmetros adotados pela CETESB.
88
Tabela 4.7 – Faixas de classificação da qualidade do ar de acordo com as faixas de
concentração dos poluentes.
Qualidade Índice MP10 (µg/m 3)
O3 (µg/m 3)
CO (ppm)
NO2 (µg/m 3)
SO2 (µg/m 3)
Boa 0 - 50 0 - 50 0 - 80 0 - 4,5 0 - 100 0 - 80
Regular 51 - 100 50 - 150 80 - 160 4,5 - 9 100 - 320 80 - 365
Inadequada 101 - 199 150 - 250 160 - 200 9 - 15 320 - 1130 365 - 800
Má 200 - 299 250 - 420 200 - 800 15 - 30 1130 - 2260 800 -
1600 Péssima >299 >420 >800 >30 >2260 >1600
Fonte: CETESB, 2009.
Esta qualificação do ar está associada com efeitos sobre a saúde,
independentemente do poluente em questão, conforme Tabela 4.8.
89
Tabela 4.8 – Significado do índice de qualidade do ar, levando em consideração à saúde
humana.
Qualidade Índice Significado Boa 0 - 50 Praticamente não há riscos à saúde.
Regular 51 - 100 Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos e
pessoas com doenças respiratórias e cardíacas), podem apresentar sintomas como tosse seca e cansaço. A população, em geral, não é afetada.
Inadequada 101 - 199 Toda a população pode apresentar sintomas como
tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta. Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas), podem apresentar efeitos mais sérios na saúde.
Má 200 - 299 Toda a população pode apresentar agravamento
dos sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta e ainda apresentar falta de ar e respiração ofegante. Efeitos ainda mais graves à saúde de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas).
Péssima >299 Toda a população pode apresentar sérios riscos de
manifestações de doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.
Fonte: CETESB, 2009.
90
4.7.2 Índice de qualidade do ar nos EUA (USEPA)
Nos Estados Unidos utiliza-se uma estrutura muito semelhante à utilizada pela
CETESB e exige-se que áreas metropolitanas com população superior a 350000
habitantes reportem diariamente o índice de poluentes ao público. O cálculo dos índices
dos Estados Unidos é baseado em uma equação semelhante à equação 4.1. Após os
índices serem calculados, a qualidade do ar é classificada conforme mostra a Tabela
4.9.
Tabela 4.9 – Faixas de classificação da qualidade do ar a partir do índice calculado.
Índice Qualidade do ar
0 – 50 Boa
51 – 100 Moderada
101 – 150 Prejudicial a grupos sensíveis
151 – 200 Prejudicial
201 – 300 Muito prejudicial
> 301 Perigoso
Fonte: USEPA apud TRESMONDI, 2003
4.8 Trabalhos já realizados por ED-XRF, TXRF e SR-T XRF
A técnica de TXRF é difundida por todo mundo e a sua importância pode ser
vista pelos inúmeros trabalhos realizados com esta metodologia nas diversas áreas de
pesquisa. Nesse capítulo serão mostrados de forma resumida alguns trabalhos
realizados com o emprego de XRF e suas variantes.
Na área da saúde, podemos destacar o trabalho desenvolvido por COSTA et al
(2001), que teve como objetivo a determinação da composição do leite humano, uma
91
vez que ele representa o padrão mais adequado de nutrientes para crianças de colo. As
amostras foram coletadas durante a alimentação da criança e as amostras foram
congeladas para análise posterior, quando foi homogeneizada e tratada com 0,5 mL de
HNO3 e 0,5 mL de H2O2 antes de ser pipetada para análise. Foram obtidos os seguintes
valores: 1.72 ± 1.01mg.L-1 de Fe; 0,54 ± 0.29 mg.L-1 de Cu; 6.97 ± 2.82mg.L-1 de Zn. As
concentrações de determinados elementos foram comparáveis com os valores
reportados anteriormente. Concluiu-se que TXRF é uma técnica adequada para avaliar
os elementos no colostro, fornecendo uma análise multielementar em uma única
medida, e sem necessidade de pré-concentração da amostra.
Na área de meio ambiente, VIVES et al (2006) estudaram a poluição ambiental
através da análise dos anéis de crescimento da espécie de árvore Caesalpinia
peltophoroides (“Sibipiruna”). As amostras foram coletadas na cidade de Piracicaba e,
após uma digestão ácida e uma preparação prévia da amostra, foram analisadas pela
metodologia de SR-TXRF para identificar e quantificar os elementos nutricionais e
toxicológicos de importância nas amostras de madeira. P, K, Ca, Ti, Fe, Sr, Ba e Pb
foram quantificados em diversas amostras.
MOREIRA et al (2006) realizam um estudo cujo objetivo era quantificar os
elementos presentes em alimentos, utilizando a técnica de TXRF a fim de avaliar a os
riscos de contaminação. As espécies analisadas foram: hortaliças, legumes folhosos,
frutas, cereais e grãos. Os resultados indicaram que algumas espécies estavam
contaminadas por Cr, Cu, Zn e Pb com concentrações muito superiores aos valores de
referência.
ÁLVAREZ et al (2003) realizaram a caracterização química de dois diferentes
cultivares de cebola (Granex Amarela PPR 502 e Granex 438), uma vez que o
conhecimento da composição química pode se tornar uma ferramenta importante para o
aumento da produtividade e da qualidade das cebolas. Com o uso de TXRF foram
determinados os elementos Ca, K, Mn, Fe, Cu e Zn. Os níveis de K, Mn e Zn foram
significativamente maiores no cultivar Granex 438, enquanto os níveis de Ca, Fe e Cu
foram significativamente maiores no cultivar Granex Amarelo PRR 502.
92
CHEVALLIER et al (2006) avaliaram a composição química do cabelo de
Napoleão I. Empregando a SR-XRF foi possível verificar uma grande quantidade de As
no cabelo de Napoleão I. O estudo levanta a possibilidade da morte de Napoleão ter
sido causada por intoxicação por As.
MOREIRA et al (2005) avaliaram a absorção de metais provenientes do esgoto
doméstico aplicado através de um sistema de irrigação por sulcos. Para isto a cultura de
milho (AG 401-AGROCERES) foi submetida a dois diferentes tratamentos: irrigação com
esgoto doméstico e com água. Após o crescimento vegetativo as plantas coletadas
foram divididas em duas partes: grãos e folhas. Estas diferentes partes foram
submetidas a procedimento de digestão em sistema aberto e a seguir analisadas por
Fluorescência de Raios X por Reflexão Total com Radiação Síncrotron (SR-TXRF). Foi
observado que a concentração de metais nas plantas submetidas à aplicação com
efluente foi mais elevada do que nas plantas irrigadas com água. Os resultados indicam
que a absorção de metais, nas folhas e na espiga, está diretamente relacionada com a
taxa de aplicação no caso da irrigação com água. Mas no caso da irrigação com esgoto
doméstico foi observada uma maior absorção de metais quando a planta foi irrigada com
a taxa de aplicação de 180 L, tanto para as folhas como para a espiga.
Utilizando a técnica de ED-XRF e TXRF MATSUMOTO (2001) determinou a
fração inalável (PM10) usando um amostrador seqüencial (AFG) de material particulado
fino e grosso em dois postos localizados na cidade de Campinas, um deles instalado na
região central da cidade e outro instalado na Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), e verificou que a re-suspensão do solo contribui de 22 a 29% do material
particulado fino (MPF) e a emissão industrial contribui com 23 a 26%. A contribuição dos
combustíveis fósseis (emissão veicular) contribui com 20 a 22% no MPF e os sulfatos,
associados à produtividade agrícola (queima da cana-de-açúcar) de 20 a 23%. Já para o
material particulado grosso (MPG) apenas duas fontes foram identificadas: a re-
suspensão do solo contribuindo com cerca de 78% e a emissão industrial de 16 a 18%.
Os trabalhos apresentados nesse capítulo dão uma idéia da importância da
metodologia de XRF e suas variáveis (TXRF e SR-TXRF). Mostram ainda que essa
93
metodologia pode ser aplicada para uma gama vasta de amostras, como o leite,
vegetais, água, esgoto, material particulado, etc.
95
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Amostragem do material particulado
O sistema de amostragem de aerossóis adotado foi o de filtração seqüencial.
Com este sistema pôde-se obter as frações grossa e fina, que correspondem às frações
inaláveis superior e inferior, respectivamente. O sistema desenvolvido na Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – FEC da UNICAMP com apoio do
Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) recebeu o nome de AFG (Amostradores
de particulado Fino e Grosso).
Em cada sistema coletor montado foi construído um suporte para os dois filtros
em série AFG (PARKER et al, 1997), o qual foi colocado em uma tubulação de admissão
(inlet), projetado para capturar partículas com diâmetro aerodinâmico de até 10 µm. O
comprimento do inlet foi desenhado para proporcionar uma deposição uniforme da
partícula no primeiro filtro de coleta.
Na amostragem, a entrada do ar estava localizada à uma altura de 2,15 m do
solo (conforme Figura 5.1) e as partículas do aerossol foram coletadas em filtros de
policarbonato, de 47 mm de diâmetro, montados sob o AFG.
96
Na metodologia científica de montagem desenvolvida anteriormente por
MATSUMOTO (2001), o AFG e o inlet são ligados à uma bomba de vácuo, com
capacidade de escoamento de 25 L.min-1; a um totalizador de volume para medição do
volume de ar captado e a um kitassato de volume 1000 mL, que tem a função de reter a
humidade do sistema (Figura 5.2).
Figura 5.1 – Vista externa do sistema com destaque para torre do amostrador
(equipamento projetado na FEC).
Figura 5.2 – Vista interna da estação (dentro do abrigo), mostrando os equipamentos
para coleta.
Medidor de volume
Bomba de vácuo
Kitassato
AMOSTRADOR
97
A coleta da fração grossa do aerossol foi feita nos filtros com diâmetro de poros
de 8 µm (coleta de partículas com diâmetro aerodinâmico entre 2,5 e 10 µm) e, a fração
fina, em filtros com diâmetro de poros de 0,4 µm (coleta de partículas com diâmetro
aerodinâmico menor que 2,5 µm). Para a escolha dos filtros com essas porosidades
específicas foi levado em consideração o impacto das partículas com o filtro, prevenindo
assim a colmatação dos filtros e garantindo a retenção das partículas desejadas em
cada filtro. O AFG foi instalado na parte interna da torre do amostrador, conforme pode-
se observar na Figura 5.3.
Figura 5.3 – Vista externa da torre do amostrador (A). Em B pode-se observar o
amostrador instalado dentro do receptáculo da torre.
A Figura 5.4 mostra o AFG responsável pela captura e deposição do material
particulado, onde a alocação dos filtros de 8,0 µm e de 0,4 µm respectivamente
permitiram a passagem das partículas em duas frações, a grossa e a fina definidas
anteriormente.
amostrador
(A) (B)
98
Figura 5.4 – Esquema Geral do amostrador e seus componentes (em A vista do AFG
montado, em B vista das peças separadas).
O fluxograma da Figura 5.5 apresenta uma representação geral do sistema de
coleta utilizado no experimento.
Figura 5.5 – Fluxograma da estação amostradora para material particulado. Fonte:
MATSUMOTO (2001).
A determinação da massa do material particulado coletado e depositado nos
filtros foi realizada através da análise gravimétrica, através da pesagem do filtro antes e
depois da amostragem. A concentração de PM10 foi determinada pela soma das massas
de material particulado contida nos filtros de 8,0 µm e 0,4 µm, dividida pelo volume de ar
medido pelo totalizador de volume.
(A) (B) Câmara para filtro 8,0 µµµµm
Câmara para filtro 0,4 µµµµm
99
É importante afirmar que os filtros durante seu transporte, antes e depois de
serem feitas as coletas, foram armazenados em placas de petri limpas previamente até o
momento de sua digestão, para que não ocorressem contaminações do meio externo,
como mostra a figura 5.6.
Figura 5.6 - Filtro usado e armazenado na placa de Petri.
5.2 Preparo das amostras
Para que a amostra seja analisada por TXRF, é necessário que seja feita uma
digestão prévia das amostras. Para que ocorra a reflexão total, é necessário que a
amostra digerida seja depositada sobre uma superfície plana e lisa, chamada de refletor.
Normalmente, suportes de quartzo são utilizados como refletores. Entretanto,
estes apresentam algumas desvantagens: a radiação fluorescente do silício presente no
quartzo torna inviável uma determinação quantitativa de silício na amostra. Além disso,
os suportes de quartzo são caros (US$ 50,00 cada) e a limpeza, tanto dos suportes
novos, quanto dos usados, deve ser feita cuidadosamente, caso contrário, pode
Filtro armazenado
Placa de petri
100
permanecer uma contaminação, principalmente, pelos elementos Fe, Cu e Zn (MELO
JR, 2007).
Dessa forma, optou-se pela utilização do lucite (Perspex), que é um material
plano e liso, como é exigido pela técnica adotada, e ainda é mais barato do que os
suportes de quartzo (aproximadamente R$ 1,00 cada). Desta forma, esses refletores
podem ser descartados após o uso, sem a necessidade de lavagem para
reaproveitamento do material, que pode implicar em contaminações. Vale lembrar que o
lucite é composto apenas de hidrogênio, carbono e oxigênio. Para evitar contaminação,
o lucite vem coberto com uma película plástica, que deve ser retirada antes de seu uso.
Sendo assim, o lucite apresenta boas características físicas, químicas e ainda
financeiras que permitem seu uso como suporte no lugar do quartzo.
Para a análise por SR-TXRF, todos os filtros amostrados passaram por uma
digestão ácida que é descrita a seguir. O filtro amostrado foi colocado em um béquer,
onde foi adicionado 1 mL de ácido nítrico (HNO3) e 3 mL de ácido clorídrico (HCl)
concentrados. Em seguida o béquer contendo o filtro foi colocado em um banho de ultra-
som para a remoção do material particulado (KLOCKENKÄMPER et al, 1992 apud
MELO JR, 2007). Vale destacar que os filtros de policarbonato não são digeridos
(destruídos) pela ação dos ácidos e, portanto, após o banho de ultra-som são retirados
da solução e descartados.
Após a retirada completa do material particulado do filtro pelo banho de ultra-
som, utilizando a mesma solução de HNO3 e HCl, a suspensão foi mantida a 100ºC
durante 2 horas, para a digestão. O material resultante foi recuperado em 10 mL
utilizando água deionizada e desmineralizada (Milli-Q).
Em seguida, retirou-se 1 mL da amostra onde foi adicionado 100 µL de solução
de gálio (102,5 mg.L-1) usado como padrão interno. O padrão interno é utilizado para
eliminar a não uniformidade da alíquota no suporte, porque o filme fino formado sobre o
substrato não possui geometria regular. Desta forma, a intensidade dos raios X obtida na
irradiação da amostra depende da posição em que esta for colocada no suporte. Com a
101
adição do padrão interno, o resultado obtido será sempre em relação a este padrão, não
importando, dessa forma, a posição da amostra (MELO JR, 2007).
Após esse procedimento, cinco microlitros da solução foram pipetados em
suporte de perspex (lucite) e secas com uma lâmpada infravermelho. Vale destacar
ainda que após secas as amostras, foram armazenadas em placas de Petri, que evitam
o contato com o meio externo, assim como mostra a figura 5.7, evitando assim,
contaminações. Após estarem dentro das placas de Petri, as mesmas foram estocadas
dentro de um dessecador, que evitou que as amostras já prontas ficassem expostas à
umidade.
Todas as amostras foram preparadas em triplicata, minimizando os erros de
contaminações dos suportes das amostras e ainda erros de pipetagem. Além disso, para
todas as medidas foi preparado um branco analítico, que foi submetido ao mesmo
processo de digestão utilizado nas amostras.
Figura 5.7 – Amostra pronta pipetada no lucite e armazenada na placa de Petri.
Lucite
Amostra
pipetada e seca
Placa de Petri
102
5.3 Cronograma de Coletas
As amostras de material particulado foram coletadas semanalmente e a duração
de cada amostragem foi de 24 horas, como é feito pela CETESB. A amostragem
começou sempre às 6:00, horário escolhido ao acaso, apenas para facilitar as coletas e
as trocas de filtros. A amostragem foi realizada a cada 8 dias evitando assim que as
coletas ocorressem sempre em um mesmo dia da semana, garantindo dessa forma que
as coletas fossem realizadas em dias alternados.
As coletas tiveram início em 04 de agosto de 2008 e terminaram em 05 de
janeiro de 2010, dessa forma, foram coletadas 52 amostras de cada fração, fina e
grossa, totalizando 104 amostras.
Os valores de precipitação pluviométrica utilizados na pesquisa foram obtidos
junto à estação meteorológica instalada no CESET/UNICAMP, em Limeira, mesmo local
em que foram realizadas as coletas. Já o restante dos dados meteorológicos utilizados
como umidade relativa do ar e temperatura foram obtidos junto ao Sistema de
Monitoramento Agrometeorológico – AGRITEMPO – ligado ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
5.4 Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS)
O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), instalado em Campinas, é o
único deste gênero existente na América Latina e o primeiro instalado no Hemisfério Sul.
O LNLS é um laboratório aberto a usuários do Brasil e do exterior, que oferece
condições para os cientistas realizarem pesquisas com nível de competitividade mundial.
Mantido com recursos financeiros do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o
laboratório possui uma infra-estrutura que inclui Linhas de Luz com estações
experimentais instaladas na fonte de luz síncrotron, microscópios eletrônicos de alta
103
resolução, microscópios de varredura de ponta e espectrômetros de ressonância
magnética nuclear e outras instrumentações de uso científico (LNLS, 2009).
Na figura 5.8 tem-se uma foto geral do laboratório, onde se observa o anel de
armazenamento coberto por um conjunto de placas de concreto (para blindagem) de 30
cm de espessura.
Figura 5.8 – Vista geral do anel de armazenamento do feixe de Luz Síncrotron.
Para o desenvolvimento do projeto foram utilizadas as instalações e serviços
oferecidos pelo LNLS, mais precisamente a linha destinada à fluorescência de raios X
(D09B).
5.4.1 Luz síncrotron e linhas
Luz síncrotron é a intensa radiação eletromagnética produzida por elétrons de
alta energia num acelerador de partículas. A luz síncrotron abrange uma ampla faixa do
espectro eletromagnético: Raios X, Luz Ultravioleta e Infravermelha, além da Luz Visível,
104
que sensibiliza o olho humano, são emitidas pela fonte. É com esta luz que cientistas
estão descobrindo novas propriedades físicas, químicas e biológicas existentes em
átomos e moléculas, os componentes básicos de todos os materiais (LNLS, 2009).
As linhas de luz síncrotron são os equipamentos que estão acoplados ao anel de
armazenamento de elétrons e são responsáveis por transportar os feixes de fótons (luz
síncrotron), gerados pelos elétrons que circulam no anel de armazenamento, até o ponto
em que são utilizados.
Até Outubro de 2008 já funcionam 14 linhas de luz, das quais dez são dedicadas
a experimentos científicos, uma é dedicada a técnicas de microlitografia profunda. Ao
todo, a fonte de luz síncrotron do LNLS pode abrigar 24 linhas. As linhas de luz são
utilizadas pelos pesquisadores de maneira simultânea, o que significa que um único
equipamento - a fonte de luz síncrotron - atende muitos pesquisadores de uma só vez.
5.4.2 Características do anel de armazenamento e da estação de XRF
do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
• Energia do elétron no anel de armazenamento: 1,37 Ge (corrente em torno
de 100 mA);
• Campo magnético do dipolo D09B: 1,65 T;
• Anel de armazenamento de elétrons: 93,2 m de perímetro e 30 m de
diâmetro;
• Acelerador linear de elétrons: 18 m;
• Energia crítica do fóton: 2,08 keV;
• Freqüência de revolução dos elétrons no anel de armazenamento: 3,2
MHz;
• Fluxo de fótons, à 8 keV, em uma área de 20 mm2 : 4,2x109
fótons/s;
105
• Feixe policromático (branco) ou seleção de energia entre 3 e 14 keV,
utilizando cristal monocromador de silício (111);
• Alto grau de polarização do feixe;
• Detectores semicondutores, de Si (Li), com resolução de 165 eV à 5,9 keV
e de Ge (HP), com resolução de 150 eV à 5,9 keV;
• Posicionamento da amostra utilizando um sistema semi-automático, com
movimento tridimensional (PÉREZ et al, 1999 apud FARIA, 2007).
5.4.3 Linha DO9B – XRF Fluorescência de Raios X
A linha de XRF – Fluorescência de Raios X é destinada a análise da composição
química multi-elementar (Z >14), a níveis de traços e ultra-traços, em materiais
provenientes das áreas do meio ambiente, ciências dos materiais, biológicas e
geológicas, perfil de profundidade química de filmes finos e mapeamento químico. Ela
opera com feixe de 4 a 23 keV, na tabela 5.1 verifica-se outras características da linha
(LNLS, 2009).
A figura 5.9 mostra uma foto da tubulação da linha DO9B – XRF, por onde passa
o feixe de luz síncrotron do anel para a estação experimental de fluorescência.
Na estação experimental de fluorescência de raios X, para a detecção dos raios
X, é utilizado um detector semicondutor de Ge hiperpuro, com janela de berílio de 8 µm
de espessura, uma área ativa de 30 mm2, acoplado a um módulo amplificador e placa
analisadora multicanal, inserida em microcomputador. Parte da estação experimental é
mostrada pela figura 5.10, mostrando a entrada na cabana e o posto de operação, com
o microcomputador que registra os resultados obtidos pelas medidas das amostras.
106
Tabela 5.1 – Características Gerais da linha de Fluorescência de Raios X (DO9B) do
LNLS.
Fonte
Ímã defletor D09B(15º), σy = 0.222 mm, fluxo na amostra: 4 x 109 fótons/s a 8 keV.
Monocromador Monocromador channel-cut.
Cristais Si(111) (2d=6.217 Aº): 4-14 keV (E/∆E=2800); Si(220) (2d=3.84 Aº): 5-23 keV (E/∆E=15000).
Detetores Detetores de estado sólido de Ge hiperpuro (resolução de 150 eV) e Si(Li) (resolução de 165 eV); fotodiodos e câmeras de ionização.
Óptica Óptica capilar com 20 µm de resolução espacial.
Manipulação de
amostras
Câmara de vácuo (2-10 mbar) com geometria de excitação convencional (45º - 45º). Estações para experiências a incidência rasante e mapeamento 2D, ambas com controle total de posicionamento de amostras.
Figura 5.9 – Foto da tubulação do anel para a linha DO9B – XRF do Laboratório
Nacional de Luz Síncrotron, por onde passa o feixe de luz síncrotron.
Caminho do feixe
107
Figura 5.10 – Estação experimental DO9B-XRF e equipamentos.
5.4.4 Arranjo experimental da fluorescência de Raio s X por Reflexão
Total com excitação por Radiação Síncrotron (SR-TXR F)
O arranjo experimental tem a geometria disposta de modo a propiciar a reflexão
total. A amostra preparada fica alocada numa placa de retangular de lucite (Perspex)
fixada no porta-amostra, onde incide um feixe branco de luz síncrotron sobre a alíquota
depositada na placa, permitindo a excitação dos elementos contidos na amostra. A
figura 5.11 mostra o lucite alocado no porta-amostra, pronto para ser feita a excitação da
amostra.
108
Figura 5.11 – Suporte e amostra alocados para a análise por SR-TXRF no LNLS
(arranjo experimental).
5.5 Análise Estatística Multivariada
Todos os acontecimentos que nos cercam, sejam eles culturais ou naturais,
envolvem um grande número de variáveis. As diversas ciências têm a pretensão de
conhecer a realidade e de interpretar os acontecimentos e os fenômenos, baseadas no
conhecimento das variáveis intervenientes consideradas importantes nestes eventos.
A necessidade de correlacionar e estudar o comportamento de diversas
variáveis para um mesmo fenômeno impulsionou o desenvolvimento de análises
estatísticas multivariadas. A necessidade de reduzir muitos dados a poucas variáveis
desenvolveu muito esse ramo da estatística.
Detector
Colimador
Amostra pipetada
no suporte
109
Análise multivariada se refere a todas as técnicas estatísticas que
simultaneamente analisam múltiplas medidas sobre indivíduos ou objetos sob
investigação. Assim, qualquer análise simultânea com mais de duas variáveis pode ser
considerado a princípio como multivariada (HAIR et al, 2009).
Assim, como forma de interpretar os vários dados gerados por este trabalho,
foram aplicadas duas análises multivariadas que serão descritas: Análise dos
componentes principais (ACP) e Análise de clusters.
5.5.1 Análise dos Componentes Principais (ACP)
A fim de explorar a relação existente entre as variáveis, inicialmente foi utilizada
a técnica de estatística multivariada conhecida como Análise dos Componentes
Principais, que busca reduzir o conjunto de variáveis em dimensões ou fatores, de tal
modo que estes expliquem parte da variabilidade das informações observadas, sem
grandes perdas de informação, permitindo entender como os dados se correlacionam e
como é a estrutura dessas correlações (JOHNSON; WICHERN, 1999; MINGOTI, 2005).
A análise de componentes principais consiste em reescrever as variáveis
originais em novas variáveis, denominadas componentes principais, através de uma
transformação de coordenadas, que pode ser feita com o uso matrizes. A mudança
matemática das coordenadas pode ser feita de diversas maneiras conforme o interesse.
A análise de componentes principais consiste essencialmente em reescrever as
coordenadas das amostras em outro sistema de eixo mais conveniente para a análise
dos dados. Em outras palavras, as n-variáveis originais geram, através de suas
combinações lineares, n-componentes principais, cuja principal característica, além da
ortogonalidade, é que são obtidos em ordem decrescente de máxima variância, ou seja,
a componente principal 1 detém mais informação estatística que a componente principal
110
2, que por sua vez contém mais informação estatística que a componente principal 3 e
assim por diante (MELO JR, 2007).
Os componentes principais são as novas variáveis que foram construídas a
partir da correlação entre as variáveis originais. Cada componente principal agrupa,
portanto, variáveis que possuem maior correlação.
As variáveis que possuem a mesma variabilidade no tempo indicam fisicamente
que elas são oriundas de uma mesma fonte, processo de formação ou transporte. Na
análise de componentes principais a identificação dos componentes indica
qualitativamente a composição das principais fontes que contribuem na poluição da
região (CASTANHO, 1999).
Embora ao trabalharmos com um número maior de fatores consigamos captar
uma maior proporção da variância total, a Análise Fatorial busca o princípio da
parcimônia: melhor explicação das correlações entre as variáveis observadas com o
menor número possível de fatores (HAIR et al., 2005).
Dentre os diversos métodos para se definir o número de fatores a serem
analisados, consideramos a análise da proporção acumulada da variância total explicada
por cada fator e os fatores cujo autovalor é maior que 1, pois, de acordo com MINGOTI
(2005), como cada variável contribui com um valor igual a 1 do autovalor total, fatores
com autovalor menor que 1 não estariam representados por nenhuma variável original.
De acordo com MALHOTRA (2006), o valor recomendado para a escolha dos fatores
utilizando a porcentagem da variância acumulada é de 60%.
A importância da variável para caracterizar um fator pode ser analisada através
de uma medida chamada comunalidade, que são medidas que variam de 0 a 1, e
refletem quanto os fatores explicam a variância de cada variável. Quanto mais próximo
de 1, mais o conjunto de fatores conseguirá explicar determinada variável.
111
5.5.1.1 Critério para a determinação do número de c omponentes
principais
Segundo MINGOTI (2005) é possível utilizar nas análises fatoriais
procedimentos que visam facilitar a capacidade dos fatores serem interpretáveis. Tais
procedimentos são conhecidos como rotação de fatores, como, por exemplo, Varimax,
Quartimax e Equimax. Neste trabalho foi utilizado o método Varimax.
Os componentes principais retidos geralmente possuem pouco significado físico.
Para melhor interpretação destes, realiza-se uma rotação dos autovetores, mantendo-se
a ortogonalidade entre eles, maximizando a variância dos quadrados dos loadings para
cada componente, ou seja, rotacionando-se as componentes de tal foram a maximizar
os loadings, dos autovetores para valores mais próximos de um. Esta rotação é
chamada rotação Varimax. Após a rotação Varimax obtém-se finalmente a Matriz dos
Autovetores (factor loadings) que será interpretada fisicamente.
5.5.2 Análise de Cluster
A Análise de Cluster (AC) é uma técnica multivariada que engloba diferentes
algoritmos de classificação para organizar informações sobre variáveis, que podem ou
não estar previamente correlacionados, e formar grupos homogêneos ("to cluster" =
agrupar). Essa é uma análise que tem obtido resultados muito eficientes com relação às
questões de identificação de fontes poluidoras.
A Análise de Cluster tem como objetivo fazer com que variáveis semelhantes
fiquem no mesmo grupo, e variáveis (elementos) distintas não sejam classificados no
mesmo grupo. Dentre os diversos métodos que existem na análise de cluster, esse
trabalho utilizou o Método Hierárquico, cujos elementos são agrupados de modo que se
dois indivíduos são agrupados em algum nível, nos níveis mais acima eles continuam
112
fazendo parte do mesmo grupo, hierarquizando assim os clusters. Essa técnica permite
analisar os clusters em diferentes níveis, pois cada plano do dendrograma, forma gráfica
de representação das categorias criadas e os elementos que o compõe, propõe
diferentes agrupamentos. Para a aplicação do método hierárquico utilizou o algoritmo de
WARD, onde a distância entre dois grupos é calculada como sendo a soma dos
quadrados das distâncias entre os dois grupos para todas as variáveis.
Para a detecção do número de cluster, utilizou a medida RSQ que é a razão
entre a variabilidade entre grupos e a variabilidade total, medindo assim a
heterogeneidade do agrupamento. Quanto maior o valor dessa razão, melhor será a
divisão, porém deve-se atentar que o que se busca é a criação do menor número de
grupos possíveis.
A AC é utilizada mesmo quando não se tem hipóteses a serem testadas a priori,
mas ainda se está na fase exploratória da pesquisa. Nenhuma suposição é feita com
referência ao número de grupos ou estrutura; o agrupamento é feito com base nas
similaridades ou nas "distâncias", e os resultados são medidas de similaridades ou
dados a partir dos quais elas podem ser calculadas.
De forma resumida, o objetivo básico na análise de cluster é descobrir
agrupamentos naturais de variáveis; assim deve-se, primeiro, desenvolver uma escala
quantitativa para medir a associação (similaridade) entre objetos e depois o
agrupamento. Esta técnica tem sido aplicada a uma grande variedade de problemas,
particularmente na área da Poluição do Ar, onde ela é empregada para agrupamento de
variáveis (poluentes e meteorológicos), ou de casos, quando se pretende agrupar os
semelhantes ou os mais distantes. É, em geral, uma análise complementar aos outros
métodos multivariados, como a Análise de Fatores, ou Componentes Principais (AMO,
2009).
113
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Obtenção da Intensidade Fluorescente
Os ajustes dos espectros para a obtenção das intensidades fluorescentes e do
background usado para a obtenção do limite de detecção foram realizados com o
emprego do programa AXIL (Analysis of X-ray spectra by Interative Least squares fitting)
ou WinQxas (Quantitative X-ray Analysis System for Windows), integrante do pacote
computacional QXAS (Quantitative X-ray Analysis System), desenvolvido pela
Universidade de Antuérpia, Bélgica e fornecido pela Agência Internacional de Energia
Atômica (International Atomic Energy Agency - IAEA). O programa correlaciona os picos
nos espectros com os elementos presentes na amostra, bem como o número de
contagens de cada elemento. A figura 6.1 mostra o uso do programa WinQxas, onde se
faz o ajuste correto dos picos de todos os elementos e fornece relatórios resumidos e
detalhados sobre os espectros.
Após a análise dos espectros feitas no programa AXIL ou WinQxas, é obtida a
intensidade fluorescente, o que permite que sejam feitos os cálculos de concentração
para cada elemento presente na amostra.
114
Figura 6.1 - Obtenção da intensidade fluorescente a partir do uso do programa
computacional WinQxas.
6.2 Cálculo da sensibilidade relativa
Para calcular a sensibilidade relativa, foram utilizadas soluções padrão, para
cada uma das séries, K e L, contendo elementos conhecidos e em diferentes
concentrações, acrescidas do elemento Gálio (Ga), utilizado como padrão interno. As
soluções padrão foram preparadas em triplicata, assim como o branco, e foram medidas
por 100 segundos na linha D09B-XRF do LNLS. No total foram realizadas 15 medidas
para cada uma das séries.
As Tabelas 6.1 e 6.2 apresentam os valores das concentrações dos elementos e
do padrão interno em cada amostra padrão, para determinação das sensibilidades para
as séries K e L, respectivamente.
115
Tabela 6.1 - Concentração (mg.L-1) dos elementos nas soluções padrão da série K, para
a determinação da sensibilidade relativa.
Número Atômico (Z) Elemento Padrões
1K 2K 3K 4K 5K 13 Al 106,20 200,61 225,68 277,76 300,91 14 Si 107,49 203,03 228,41 281,12 304,55 19 K 5,39 10,17 15,26 21,13 25,43 20 Ca 5,40 10,20 15,30 21,19 25,51 22 Ti 5,32 10,05 15,08 20,87 25,13 24 Cr 5,32 10,05 15,08 20,87 25,13 26 Fe 5,34 10,08 15,12 20,94 25,20 28 Ni 5,35 10,10 15,15 20,98 25,25 30 Zn 5,32 10,05 15,08 20,87 25,13 31 Ga 9,32 9,32 9,32 9,32 9,32 34 Se 5,24 9,90 14,85 20,56 24,75 38 Sr 5,37 10,15 15,23 21,08 25,38 40 Mo 5,35 10,10 15,15 20,98 25,25
Tabela 6.2 – Concentração (mg.L-1) dos elementos nas soluções padrão da série L, para
a determinação da sensibilidade relativa.
Número Atômico (Z) Elemento Padrões 1L 2L 3L 4L 5L
31 Ga 9,32 9,32 9,32 9,32 9,32 42 Mo 16,23 32,86 47,02 63,42 75,76 56 Ba 5,47 11,06 15,83 21,35 25,51 62 Sm 5,41 10,95 15,67 21,14 25,25 71 Lu 5,37 10,87 15,55 20,97 25,05 78 Pt 5,25 10,62 15,20 20,51 24,49 82 Pb 5,47 11,06 15,83 21,35 25,51
A partir das soluções padrão foram determinadas as sensibilidades para cada
elemento e em seguida, feito o ajuste dos valores experimentais com a finalidade de
obter uma curva da sensibilidade em função do número atômico para os elementos na
faixa de energia de interesse. Para aqueles que não se têm padrões disponíveis, a
sensibilidade foi calculada por interpolação. As figuras 6.2 e 6.3 mostram os resultados
116
obtidos, para série K e L, respectivamente. As tabelas 6.3 e 6.4, apresentam os valores
das sensibilidades experimentais para os elementos das séries K e L, respectivamente.
Tabela 6.3 – Sensibilidade relativa experimental, para série K, por SR-TXRF
(admensional).
Número Atômico (Z) Elemento Sensibilidade Relativa experimental
13 Al 0,0002822 16 S 0,0034923 19 K 0,0288966 20 Ca 0,0601814 22 Ti 0,1053559 23 V 0,1808839 24 Cr 0,2528484 25 Mn 0,3673280 26 Fe 0,4670276 28 Ni 0,6332695 29 Cu 0,8659743 30 Zn 1,0188713 31 Ga 1,0001951 34 Se 0,9956033 37 Rb 0,5140165 38 Sr 0,4007534 42 Mo 0,0853588
Tabela 6.4 – Sensibilidade relativa experimental, para série L, por SR-TXRF
(admensional).
Número Atômico (Z) Elemento Sensibilidade Relativa experimental
42 Mo 0,0009903 56 Ba 0,0501089 62 Sm 0,1332739 71 Lu 0,3287167 78 Pt 0,3308017 82 Pb 0,2200000
117
Figura 6.2 – Curva de sensibilidade relativa da série K em função do número atômico.
Figura 6.3 – Curva de sensibilidade relativa da série L em função do número atômico.
0,0001
0,0010
0,0100
0,1000
1,0000
13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41
Sen
sibi
lidad
e R
elat
iva
Número Atômico
Si = exp (-0,02328 Z2 + 1,47257 Z - 23,25402)R2 = 0,99670
experimental
ajustado
0,0001
0,0010
0,0100
0,1000
1,0000
42 46 50 54 58 62 66 70 74 78 82
Sen
sibi
lidad
e R
elat
iva
Número Atômico
Si = -0.005578 Z2 + 0.829086 Z - 31.915174R2 = 0.999220
Experimental
ajustado
118
6.3 Cálculo do Limite Mínimo de Detecção (LMD)
O limite mínimo de detecção (LMD) para as amostras de material particulado foi
calculado utilizando-se a equação 3.15 descrita anteriormente no ítem 3.2.4. Dessa
forma, com os dados da sensibilidade relativa obtidos, e utilizando-se os dados da
intensidade do background (BG) gerados a partir dos ajustes dos espetros das amostras
medidas por 100 segundos foram calculados os limites mínimos de detecção para o
material particulado grosso e fino, os quais são apresentados na tabela 6.5.
Com os dados da tabela 6.5 foi realizado o ajuste dos pontos experimentais a
fim de se obter a curva do limite de detecção em função do número atômico para os
elementos da série K, para cada fração do material particulado, apresentados nas
figuras 6.4 e 6.5.
Tabela 6.5 – Limites mínimos de detecção (LMD) para os elementos da série K nas
amostras de material particulado grosso e fino da técnica de SR-TXRF.
Elemento Número Atômico LMD MPG (ng.m -3) LMD MPF (ng.m -3) S 16 0,6690 0,6190 K 19 0,1615 0,1660
Ca 20 0,1040 0,1093 Ti 22 0,0448 0,0483 V 23 0,0219 0,0205 Cr 24 0,0220 0,0234 Mn 25 0,0169 0,0184 Fe 26 0,0149 0,0160 Ni 28 0,0122 0,0140 Cu 29 0,0119 0,0132 Zn 30 0,0126 0,0138 Br 35 0,0327 0,0338 Rb 37 0,0622 0,0630 Sr 38 0,0894 0,0896
119
Figura 6.4 – Limite Mínimo de Detecção (µg.m-3) para os elementos da série K, nas
amostras de material particulado grosso pela técnica SR-TXRF.
Figura 6.5 – Limite Mínimo de Detecção (µg.m-3) para os elementos da série K, nas
amostras de material particulado fino pela técnica SR-TXRF.
0,00001
0,00010
0,00100
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
LIm
ite M
inim
o de
Det
ecçã
o (µ
g.m
-3)
Número Atômico (Z)
Material Particulado Grosso
experimental
ajustado
LMD = exp (0,02461 Z 2 - 1,42581 Z + 9,36052)R² = 0,99523
0,00001
0,00010
0,00100
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Lim
ite M
inic
mo
de D
etec
ção
(µg
.m-3
)
Número Atômico (Z)
Material Particulado Fino
experimental
ajustado
LMD = 0,02348 Z2 - 1,36260 Z + 8,57811R² = 0,99363
120
Para os elementos da série L não foram feitas as curvas do limite de detecção
em função do número atômico, uma vez que os únicos elementos da série L detectados
nas amostras foram os elementos Ba e Pb. A tabela 6.6 apresenta os valores de limite
mínimo de detecção para esses elementos nas frações fina e grossa.
Tabela 6.6 – Limite Mínimo de Detecção para os elementos da série L nas amostras de
material particulado fino e grosso da técnica de SR-TXRF.
Elemento Número Atômico LMD MPF (ng.m -3) LMD MPG (ng.m -3) Ba 56 0,0412 0,0927 Pb 82 0,0312 0,0778
6.4 Validação da Metodologia
Com a finalidade de validar a metodologia utilizada e garantir que todo o sistema
de SR-TXRF e o software empregado estavam bem calibrados, foi feita a análise de um
material de referência. O material utilizado para a validação da metodologia é conhecido
como DWP (Drinking Water Pollutants) distribuído pela Aldrich e contém poluentes
presentes em água potável.
A tabela 6.7 mostra a comparação entre os valores certificados e os valores
medidos. Vale lembrar que foram feitas 22 medidas, com uma duração de 100 segundos
cada medida. O intervalo de confiança das amostras medidas foi calculado levando-se
em consideração um valor α = 0,05 (95% de confiança) que representa o nível de
significância, que varia de 0 até 1.
121
Tabela 6.7 – Comparação dos valores medidos e certificados, com respectivos
intervalos de confiança, da amostra de referência Drinking Water
Pollutants medidos por SR-TXRF.
Elemento Valor Medido ( µg.mL -1) Valor Certificado ( µg.mL -1)
Cr 10,54 ± 0,28 10 ± 0,05
As 9,93 ± 0,14 10 ± 0,05
Se 4,69 ± 0,07 5 ± 0,025
Cd 4,96 ± 0,16 5 ± 0,025
Ba 96,98 ± 0,33 101 ± 0,505
Pb 10,41 ± 0,07 10 ± 0,05
Deve-se considerar que nessa amostra não são apresentados os resultados
para o elemento Ag visto que não foi possível a detecção por SR-TXRF uma vez que a
excitação foi feita em atmosfera de ar e o pico do elemento Ar, presente no ar
atmosférico, se sobrepõe ao pico do elemento Ag, presente em baixa concentração na
amostra. Dessa forma, para que fosse possível a detecção do elemento Ag, as medidas
deveriam ser feitas em condição de vácuo.
6.5 Análise do material particulado grosso, fino e PM10 durante o
período de monitoramento.
Nas tabelas 6.8 e 6.9 são apresentados os valores das concentrações do
material particulado em suas duas frações, fina e grossa, e também a concentração do
PM10, calculado pela soma das duas frações (fina e grossa), para as coletas realizadas
nos anos de 2008 e 2009, respectivamente. As concentrações de ambas as frações
foram obtidas através da análise gravimétrica, ou seja, pesagem dos filtros de coleta
antes e depois da coleta.
122
As figuras 6.6 e 6.7 mostram as contribuições relativas das duas frações, em
relação ao PM10 expresso em porcentagem, para as amostras coletadas nos anos de
2008 e 2009, respectivamente.
Tabela 6.8 - Concentração do material particulado, nas frações fina, grossa e PM10, no
ano de 2008 (µg.m-3).
Data da Coleta Fração Fina Fração Grossa PM10 04/08/2008 15,96 13,16 29,12 14/08/2008 8,26 13,69 21,95 29/08/2008 5,98 15,16 21,15 05/09/2008 25,67 19,91 45,58 14/09/2008 2,03 13,61 15,65 22/09/2008 8,61 9,70 18,31 30/09/2008 11,79 11,79 23,57 02/10/2008 8,64 17,07 25,71 16/10/2008 6,00 15,00 21,00 24/10/2008 7,17 3,98 11,15 01/11/2008 7,87 9,97 17,83 09/11/2008 4,84 17,43 22,28 13/11/2008 12,73 7,54 20,27 07/12/2008 5,03 7,65 12,68 15/12/2008 4,85 10,71 15,56 23/12/2008 13,22 6,32 19,53
Figura 6.6 – Contribuição relativa (%) das
coletado no ano de 2008.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%C
ontr
ibui
ção
perc
entu
al
123
relativa (%) das frações grossa e fina do material particulado
coletado no ano de 2008.
Data de coleta
ossa e fina do material particulado
MPF
MPG
124
Tabela 6.9 - Concentração do material particulado, nas frações fina, grossa e PM10, no
ano de 2009 (µg.m-3).
Data da Coleta Fração F ina Fração Grossa PM10 22/01/2009 11,94 11,19 23,13 30/01/2009 10,81 23,69 34,50 15/02/2009 15,16 41,11 56,27 23/02/2009 13,78 15,98 29,76 03/03/2009 21,68 18,97 40,65 11/03/2009 6,65 6,87 13,52 19/03/2009 12,23 4,55 16,78 19/04/2009 7,60 2,96 10,56 27/04/2009 6,00 1,72 7,72 05/05/2009 4,06 7,90 11,96 13/05/2009 3,01 7,23 10,24 29/05/2009 4,52 4,93 9,45 06/06/2009 2,47 8,04 10,52 22/06/2009 2,50 5,43 7,93 30/06/2009 7,08 10,83 17,91 08/07/2009 16,26 17,62 33,88 16/07/2009 5,53 4,30 9,83 24/07/2009 11,99 13,23 25,22 01/08/2009 9,41 9,01 18,41 09/08/2009 11,81 12,61 24,41 17/08/2009 25,75 16,37 42,11 25/08/2009 8,53 10,67 19,20 02/09/2009 18,31 10,73 29,04 10/09/2009 6,23 5,16 11,39 18/09/2009 5,69 4,84 10,53 04/10/2009 7,71 8,57 16,27 12/10/2009 5,39 13,37 18,76 20/10/2009 6,11 9,90 16,02 28/10/2009 5,55 6,19 11,74 05/11/2009 11,88 8,96 20,85 13/11/2009 6,90 7,94 14,84 21/11/2009 5,24 13,22 18,46 07/12/2009 6,61 6,18 12,79 15/12/2009 5,73 9,34 15,07 23/12/2009 8,22 10,54 18,76 05/01/2010 6,75 2,74 9,49
Figura 6.7 - Contribuição relativa (%) das frações grossa e fina do material particulado coletado no ano de 2009.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
22
/01
/09
30
/01
/09
15
/02
/09
23
/02
/09
03
/03
/09
11
/03
/09
19
/03
/09
19
/04
/09
27
/04
/09
05
/05
/09
Con
trib
uiçã
o pe
rcen
tual
125
das frações grossa e fina do material particulado coletado no ano de 2009.
05
/05
/09
13
/05
/09
29
/05
/09
06
/06
/09
22
/06
/09
30
/06
/09
08
/07
/09
16
/07
/09
24
/07
/09
01
/08
/09
09
/08
/09
17
/08
/09
25
/08
/09
02
/09
/09
10
/09
/09
18
/09
/09
04
/10
/09
12
/10
/09
20
/10
/09
28
/10
/09
05
/11
/09
Data de coleta
das frações grossa e fina do material particulado coletado no ano de 2009.
05
/11
/09
13
/11
/09
21
/11
/09
07
/12
/09
15
/12
/09
23
/12
/09
05
/01
/10
MPF
MPG
Pela análise das figuras 6.6 e 6.7 pode
coletadas a maior contribuição para a formação do PM
maior contribuição do material particulado grosso na formação do PM
14/09/08 e a menor contribuição foi em 27/04/09, onde
22,2%.
As figuras 6.8 e 6.9
fina (MPF) e grossa (MPG),
Figura 6.8 – Concentração do PM
0
10
20
30
40
50
Con
cent
raçã
o (µ
g.m
3 )
126
Pela análise das figuras 6.6 e 6.7 pode-se notar que na maioria das amostras
coletadas a maior contribuição para a formação do PM10 é dada pela fração grossa
maior contribuição do material particulado grosso na formação do PM
14/09/08 e a menor contribuição foi em 27/04/09, onde a porcentagem
As figuras 6.8 e 6.9, mostram a concentração do PM10, e também as frações
fina (MPF) e grossa (MPG), nos anos de 2008 e 2009, respectivamente.
Concentração do PM10 em µg.m-3 no ano de 2008.
Data de coleta
MPF MPG
aioria das amostras
pela fração grossa. A
maior contribuição do material particulado grosso na formação do PM10 foi de 87%, em
a porcentagem foi de apenas
, e também as frações
nos anos de 2008 e 2009, respectivamente.
Figura 6.9 - Concentração do PM10 em µg.m
0
10
20
30
40
50
6022
/01/
09
30/0
1/09
15/0
2/09
23/0
2/09
03/0
3/09
11/0
3/09
19/0
3/09
19/0
4/09
27/0
4/09
05/0
5/09
Con
cent
raçã
o (µ
g.m
3 )
127
em µg.m-3 no ano de 2009.
05/0
5/09
13/0
5/09
29/0
5/09
06/0
6/09
22/0
6/09
30/0
6/09
08/0
7/09
16/0
7/09
24/0
7/09
01/0
8/09
09/0
8/09
17/0
8/09
25/0
8/09
02/0
9/09
10/0
9/09
18/0
9/09
04/1
0/09
12/1
0/09
20/1
0/09
28/1
0/09
Data de coleta
28/1
0/09
05/1
1/09
13/1
1/09
21/1
1/09
07/1
2/09
15/1
2/09
23/1
2/09
05/0
1/10
MPF
MPG
128
Pode-se observar nas tabelas 6.8 e 6.9 e nas figuras 6.8 e 6.9 que o padrão
nacional de partículas totais em suspensão que é de 150 µg.m-3, igual ao padrão
estabelecido pela EPA, não foi ultrapassado em nenhuma das amostras analisadas. A
maior concentração do PM10 observada ocorreu em 15 de fevereiro de 2009, quando
atingiu 56,27 µg.m-3. Já a menor concentração observada foi em 27 de abril de 2009,
quando atingiu 7,72 µg.m-3.
De acordo com a classificação em relação ao uso do solo e população exposta,
a estação do CESET pode ser classificada como veicular, por localizar-se bem próxima
à rodovia SP 147. Em relação à escala espacial de representatividade, pode ser
considerada de “microescala”, pois a estação recebe, predominantemente, a
contribuição das fontes localizadas em um raio de 100 metros (CETESB, 2005).
Em se tratando de limites estabelecidos para o PM2,5, a EPA adotou dois
diferentes critérios. Os limites são de 15 µg.m-3 quando se considera a média anual dos
dados. Nesse caso, a média para os dois anos foi de 9 µg.m-3, ou seja, não
ultrapassando o limite da EPA. O outro método adotado pela EPA é o valor máximo de
35µg.m-3 para amostras coletadas durante 24 horas, que também não foi atingido
durante o período de estudo. Os valores máximos obtidos para PM2,5 nos anos de 2008
e 2009 foram de 26µg.m-3.
As tabelas 6.10 e 6.12 mostram alguns parâmetros climáticos nas datas de
coleta para os anos de 2008 e 2009, respectivamente. Vale lembrar que os dados de
precipitação pluviométrica foram fornecidos pela estação meteorológica instalada no
campus do CESET/UNICAMP e os dados de umidade relativa do ar, bem como os
dados de temperatura mínima e máxima foram fornecidos pelo CEPAGRI. Os dias em
que não são apresentados dados de precipitação pluviométrica indicam que não
ocorreu chuva no local. Com relação aos dias em que não aparecem dados de
umidade relativa do ar, são dias em que não foi registrado esse parâmetro. As tabelas
6.11 e 6.13 por sua vez mostram os valores totais de precipitação pluviométrica nos
129
meses em que foram realizadas as coletas, assim como o número de dias sem chuva
(estiagem) e a média da concentração de PM10 para o mês.
Tabela 6.10 – Dados climáticos de precipitação pluviométrica, umidade relativa do ar e
temperatura (mínima e máxima) na cidade de Limeira no ano de 2008.
Data Precipitação
Pluviométrica (mm)
Umidade Relativa do Ar (%) Temperatura ( oC)
Mínima Máxima Minima Máxima 04/08/2008 1,3 68 99 12,8 21,4 14/08/2008 - - - 15 27,5 29/08/2008 - - - 14,5 28,4 05/09/2008 - 16 79 16,2 33,2 14/09/2008 12,2 58 95 16,1 22 22/09/2008 1,1 56 97 11,7 22 30/09/2008 - 25 86 12,7 28,6 02/10/2008 28,3 27 95 17,4 32,9 16/10/2008 - - - 18,7 31,3 24/10/2008 - - - 17,6 29,6 01/11/2008 - 50 85 16,5 28,4 09/11/2008 - - - 19,8 31,1 13/11/2008 - 45 85 18,6 28,3 07/12/2008 - - - 17,9 30,4 15/12/2008 - - - 19,4 28,8 23/12/2008 62,3 - - 19,9 28,7
Tabela 6.11 – Precipitação pluviométrica mensal (mm), estiagem (dias) e concentração
média mensal do PM10 para os meses em que foram realizadas as
coletas no ano de 2008.
Mês de coleta Precipitação Pluviométrica mensal (mm)
Estiagem (dias)
Concentração média mensal PM10 (µg.m -3)
Agosto 08 69,7 26 24,1 Setembro 08 53,2 24 25,8 Outubro 08 118,7 24 19,3 Novembro 08 32,2 26 20,1 Dezembro 08 159,5 22 15,9
130
Tabela 6.12 - Dados climáticos de precipitação pluviométrica, umidade relativa do ar e
temperatura (mínima e máxima) na cidade de Limeira no ano de 2009.
Data Precipitação
Pluviométrica (mm)
Umidade Relativa do Ar (%) Temperatura ( oC)
Mínima Máxima Mínima Máxima
22/01/2009 - - - 19,0 29,7 30/01/2009 23,8 - - 19,7 30,5 15/02/2009 6,0 61 96 20,0 25,5 23/02/2009 2,8 37 83 22,1 32,3 03/03/2009 - - - 19,6 31,2 11/03/2009 - - - 20,0 28,8 19/03/2009 - - - 18,9 28,8 19/04/2009 - - - 17,3 28,5 27/04/2009 - - - 18,4 28,3 05/05/2009 10,6 52 100 13,4 30,4 13/05/2009 0,6 35 100 15,9 31,8 29/05/2009 0,2 52 94 16,3 29,6 06/06/2009 - 30 73 14,4 29,8 22/06/2009 - 32 94 9,0 27,8 30/06/2009 - 35 96 11,6 28,9 08/07/2009 - 36 87 14,4 29,3 16/07/2009 - 30 90 10,5 27,2 24/07/2009 10,0 34 75 9,0 21,6 01/08/2009 - 55 95 12,7 25,5 09/08/2009 - 17 78 15,4 27,6 17/08/2009 - 22 59 16,1 32,4 25/08/2009 0,8 72 97 15,3 25,9 02/09/2009 - 19 64 18,3 33,9 10/09/2009 0,6 69 94 18,6 28,6 18/09/2009 - 24 91 15,4 33,6 04/10/2009 - 22 87 18,1 33,4 12/10/2009 - 34 72 12,7 31,4 20/10/2009 13,8 59 94 17,5 34,8 28/10/2009 - 46 85 18,6 30,4 05/11/2009 - 23 74 22,4 38,6 13/11/2009 - 30 83 20,4 37,9 21/11/2009 16,2 36 85 20,5 37,5 07/12/2009 2,3 46 89 18,5 33,3 15/12/2009 7,0 63 90 18,9 30,5 23/12/2009 - 35 85 19,6 38,3 05/01/2010 - 31 90 21,4 39,9
131
Tabela 6.13 - Precipitação pluviométrica mensal (mm), estiagem (dias) e concentração
média mensal do PM10 para os meses em que foram realizadas as
coletas no ano de 2009.
Mês de coleta
Precipitação Pluviométrica mensal (mm)
Estiagem (dias)
Concentração média mensal PM 10 (µg.m -3)
Janeiro 146,8 17 28,8 Fevereiro 175,6 14 43,0
Março 142,4 25 23,7 Abril 24,2 28 9,1 Maio 23,1 24 10,5
Junho 22,0 25 12,1 Julho 23,3 22 23,0
Agosto 110,1 26 26,0 Setembro 123,7 20 17,0 Outubro 111,9 22 15,7
Novembro 228,1 15 18,1 Dezembro 320,2 15 14,0
De acordo com os dados meteorológicos apresentados, pode-se verificar que
para o ano de 2008, os meses de outubro e dezembro foram os que apresentaram o
maior índice de precipitação pluviométrica e como esperado a menor concentração
média mensal de PM10. Já no ano de 2009, os meses com menor concentração de
material particulado foram justamente os meses de abril, maio e junho com baixos
índices pluviométricos e historicamente meses mais secos, em que se esperava uma
concentração maior de material particulado. O mês de fevereiro foi o que apresentou
maior concentração de material particulado embora a precipitação pluviométrica tenha
sido significativa. Por outro lado no mês de dezembro, foi registrada uma precipitação
elevada (320,2 mm) e uma baixa concentração de PM10. As altas concentrações de
material particulado no mês de fevereiro podem ser explicadas possivelmente pelo
aumento das queimadas da cana de açúcar na região.
132
6.6 Análise da concentração e da composição element ar das frações
grossa e fina do material particulado
Através das análises das frações, grossa e fina, do material particulado por
SR-TXRF realizadas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, foram detectados 16
elementos: S, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Br, Rb, Sr, Ba e Pb. Os gráficos das
concentrações de todos os elementos se encontram nos anexos do trabalho.
As concentrações mínimas, médias e máximas para cada elemento em ambas
as frações detectadas por SR-TXRF são apresentadas na tabela 6.14.
Tabela 6.14 - Concentrações Mínima, Média e Máxima (µg.m-3) para os elementos
detectados e quantificados, nas frações fina e grossa por SR-TXRF.
Concentração (µg.m -3)
Elemento Fração Fina Fração Grossa Mínima Média Máxima Mínima Média Máxima
S 0,04478 0,52980 1,36164 0,01189 0,75929 2,25793 K 0,01007 0,92136 4,66820 0,00877 1,49302 12,0589 Ca 0,05453 2,65254 12,77747 0,10399 2,44589 7,67530 Ti 0,00579 0,05587 0,22159 0,00398 0,09574 1,39716 V 0,00171 0,00503 0,01272 0,00161 0,00455 0,00884 Cr 0,00057 0,45503 7,08766 0,00531 0,05234 0,27365 Mn 0,00376 0,03246 0,78414 0,00048 0,01930 0,27386 Fe 0,00028 0,63976 2,68340 0,00884 0,63032 3,54470 Ni 0,00310 0,03309 0,22152 0,00379 0,03952 0,69539 Cu 0,00060 0,02127 0,09485 0,00199 0,03244 0,27930 Zn 0,00034 0,15626 0,72998 0,00240 0,20776 0,75132 Br 0,00022 0,01584 0,03891 0,00085 0,01558 0,04837 Rb 0,00245 0,00663 0,01228 0,00357 0,01588 0,09681 Sr 0,00732 0,01544 0,03111 0,00129 0,00987 0,02183 Ba 0,00421 0,01084 0,02464 0,00231 0,01570 0,06188 Pb 0,00342 0,02627 0,31642 0,00306 0,01740 0,10970
Com relação ao Pb, mesmo não havendo legislação vigente no Brasil, foram
comparados os resultados obtidos no trabalho com a legislação norte americana
133
(USEPA). O padrão da USEPA estabelece o valor de 1,5 µg.m-3 para a média trimestral
e neste trabalho o maior valor da média trimestral foi de 0,04 µg.m-3, para os meses de
outubro, novembro e dezembro de 2009, e portanto bem abaixo do limite estabelecido
pela USEPA.
As concentrações elementares foram normalizadas em relação à concentração
total de material particulado, em ambas as frações. Ou seja, para cada elemento e em
cada data de coleta, foi calculada a sua contribuição em relação à concentração total da
sua fração (fina ou grossa). Depois disso, foi calculada a média das 52 amostras
coletadas, obtendo-se desta forma a contribuição média de cada elemento na formação
do material particulado, em sua respectiva fração, chamada nesse trabalho de relação
percentual, apresentada na figura 6.10.
Figura 6.10 – Relação percentual (média das 52 semanas) de cada elemento em
relação à comcentração total de cada fração.
Observando a figura 6.10 pode-se afirmar que os elementos S, Ti, Mn, Ni, Cu,
Rb e Ba contribuem mais para a formação do material particuldo grosso (MPG),
enquanto que os elementos Ca, V, Cr, Fe, Zn, Br, Sr e Pb, tem maior contribuição na
0,01
0,1
1
10
S K Ca Ti V Cr Mn Fe Ni Cu Zn Br Rb Sr Ba Pb MPG
Rel
ação
Per
cent
ual (
%)
Elemento
MPG MPF
134
formação do material particulado fino (MPF). O único elemento que contribui igualmente
nas duas frações é o potássio (K).
Vale destacar ainda que o Ca é o único elemento que contribui com mais de
10% para a formação de ambas as frações. Os elementos S, K, Fe, Zn e Br contribuem
na faixa de 1 a 10% na formação das duas frações, enquanto que o Cr contribui na
mesma faixa apenas na formação do MPF. A contribuição dos elementos Ti, Mn, Ni, Cu,
Br estão na faixa de 0,1 a 1% para as duas frações, enquanto que para o Cr apenas na
fração grossa e para o Pb apenas na fração fina. Para os outros elementos (V, Rb, Sr,
Ba) a contribuição nas duas frações é inferior a 0,1% e para o Pb apenas na fração
grossa.
Com a finalidade de estudar a influência da sazonalidade pluviométrica, o
período de coleta foi dividido em duas estações: inverno (período seco) e verão
(período chuvoso). Os períodos de inverno compreenderam os meses de abril à
setembro, enquanto o verão de outubro a março.
Desta forma foram obtidos 4 períodos: inverno de 2008, verão de 2008/2009,
inverno de 2009 e verão 2009/2010. As figuras 6.11 e 6.12 mostram as comparações
das médias das concentrações de cada elemento em cada período de coleta,
respectivamente na fração grossa e fina.
135
Figura 6.11 – Concentrações médias dos elementos na fração grossa do material
particulado em cada período de coleta.
No material particulado grosso, as concentrações médias dos elementos Ca,
Fe, Br, Sr foram decrescentes. Isso indica que esses elementos sofreram uma redução
gradativa nas emissões. O mesmo não foi observado para o Ti, o qual apresentou um
comportamento contrário, ocorrendo um aumento da sua concentração na fração
grossa. Os elementos S e K sofreram uma queda dos valores da concentração do
inverno de 2008 para o verão 08/09, voltaram a crescer no inverno 09 e aumentram
ainda mais a sua concentração no verão 09/10. O vanádio (V) apresenta concentrações
mais elevadas nos períodos secos e, menores nos períodos chuvosos, como esperado.
Entretanto no ano de 2009 as concentrações de V foram maiores do que as observados
para o ano de 2008. Os elementos Cr, Mn, Ni, Zn e Ba apresentaram, assim como o V,
concentrações menores nos períodos de verão do que nos invernos.
Os elementos Mn, Ni e Ba apresentaram maiores concentrações no segundo
ano de coleta, indicando um aumento nas suas emissões, ao contrário do que ocorre
1
10
100
1000
10000
100000
S K Ca Ti V Cr Mn Fe Ni Cu Zn Br Rb Sr Ba PbMPG
Méd
ia d
a C
once
ntra
ção
(η
g.m
-3)
Elemento
inverno 2008 verão 2008/2009inverno 2009 verão 2009/2010
136
com o Zn, que teve concentrações menores no segundo ano de coleta. No caso do Cu
e Rb as concentrações foram crescentes nos primeiros períodos de análise, porém,
sofreram uma redução durante o último período. Finalmente, a concentração de Pb foi
praticamente a mesma para os períodos do inverno de 08 e verão de 08/09, enquanto
que para o ano de 2009 houve um crescimento em relação ao ano de 2008, sendo as
concentrações maiores para o verão de 09/10.
Figura 6.12 – Concentrações médias dos elementos na fração fina do material
particulado em cada período de coleta.
Conforme a figura 6.12 as concentrações médias de Ti, Fe, Br, Sr foram
decrescentes na fração grossa. O titânio (Ti) apresentou comportamento inverso na
fração fina, indicando que a sua participação na fração grossa aumenta enquanto que
na fração fina diminui. Os elementos S, K, V e Zn tiveram uma diminuição nas
concentrações nos primeiros períodos de coleta, e voltaram a crescer no verão de
09/10, de maneira análoga ao que ocorreu para os elementos S e K na fração grossa.
As concentrações médias para o elemento Ca foram menores nos períodos
chuvosos, porém para o segundo ano de coleta foram inferiores ao do primeiro ano,
1
10
100
1000
10000
100000
S K Ca Ti V Cr Mn Fe Ni Cu Zn Br Rb Sr Ba PbMPF
Méd
ia d
a C
once
ntra
ção
(η
g.m
-3)
Elemento
inverno 08 verão 08/09inverno 09 verão 09/10
137
indicando uma possível queda nas emissões desse elemento. Os elementos Cr e Mn
mostraram um comportamento semelhante, com concentrações elevadas no período do
verão 08/09. Um comportamento inverso foi observado para o Ni, sendo que no verão
08/09 foram observadas as menores concentrações.
As concentrações de Cu se mantiveram praticamente constantes durante o
inverno 08 e o verão 08/09, com um ligeiro decréscimo no inverno 09 e um novo
aumento no verão 09/10. No caso do Ba houve uma diminuição na concentração do
inverno 08 para o verão 08/09, seguido por um pequeno aumento para os dois próximos
períodos, que se mantiveram praticamente constantes.
O Pb apresentou um comportamento semelhante ao do Ba para os dois
primeiros períodos, mas houve um aumento considerável da concentração média para
os dois últimos períodos, indicando um aumento na sua emissão, da mesma forma
como foi observado na fração grossa do material particulado.
6.6.1 Comparação dos resultados com outros trabalho s
Neste item do trabalho é realizada uma comparação dos resultados obtidos
neste trabalho com outros dados encontrados na literatura. Os dados escolhidos para a
comparação foram os obtidos para a Região Metropolitana de Campinas por
MATSUMOTO (2001) e MELO JÚNIOR (2007) e, para a cidade de Philadelphia (EUA)
fornecidos pela USEPA.
A tabela 6.15 mostra a comparação dos valores médios obtidos nesse trabalho
para a fração grossa do material particulado com os valores obtidos pelos outros
autores.
138
Para os elementos Rb, Sr e Ba não foi possível realizar a comparação dos
resultados, pois para estes elementos os valores não foram fornecidos pelos outros
autores.
Comparando os valores médios das concentrações para a cidade de Limeira
com os valores da cidade de Philadelphia, podemos observar que todos os elementos
apresentaram concentrações maiores no município de Limeira para o material
particulado grosso.
Comparando com os valores obtidos por MATSUMOTO (2001), os elementos
S, K, Ca, Cr, Mn, Ni, Cu, Zn, Br e Pb apresentaram concentrações maiores em Limeira
do que nos dois postos monitorados. As concentrações de Ti e Fe deste trabalho foram
superiores a concentração média do posto de Barão Geraldo, mas inferiores as do
posto do centro de Campinas, obtidos por MATSUMOTO (2001). O mesmo não foi
observado para o V cuja concentração média foi menor em Limeira do que nos locais
coletados por MATSUMOTO (2001).
Quando comparamos as concentrações médias deste trabalho com os valores
obtidos por MELO JÚNIOR (2007), os elementos K, Ca e Ti apresentaram
concentrações maiores em Limeira do que em Campinas, Paulínia e Barão Geraldo.
Para os outros elementos (S, V, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Br e Pb) as concentrações
médias em Limeira foram inferiores as dos outros locais estudados por MELO JÚNIOR
(2007).
Dentre os dados obtidos para a cidade de Limeira, os que mais chamaram a
atenção no material particulado grosso foram as elevadas concentrações de K e Ca, as
quais foram muito superiores as apresentadas pelos outros autores. A concentração de
K que mais se aproxima ao resultado de Limeira é o da cidade de Paulínia obtido por
MELO JUNIOR (2007), e mesmo assim, o valor é mais de três vezes menor do que o
obtido para Limeira. Altos teores de Ca também foram encontrados no material
particulado para a cidade de Limeira em relação aos outros locais e, o que mais se
aproxima é o apresentado no posto de centro de Campinas obtido também por MELO
139
JÚNIOR (2007), mas ainda assim, é aproximadamente 40% menor do que o
apresentado para Limeira.
Para a fração fina foi realizado a mesma comparação, cujos valores estão
apresentados na tabela 6.16.
Tabela 6.15 – Comparação dos valores obtidos para a fração grossa do material
particulado com dados obtidos por MATSUMOTO (2001), MELO
JÚNIOR (2007) e USEPA.
Concentração (ng.m -3) – fraç ão grossa
Este trabalho MELO JR (2007) MATSUMOTO (2001) EPA
Elemento Limeira Barão Geraldo Paulínia Centro de
Campinas Barão
Geraldo Centro de Campinas Philadelphia
S 759 1660 984 1255 53 316 38 K 1493 276 416 407 87 214 100
Ca 2446 757 1449 1644 181 849 421 Ti 96 27 38 35 32 106 30 V 5 17 32 34 9 8 3 Cr 52 701 373 1206 5 10 1 Mn 19 41 40 42 5 14 6 Fe 630 3804 2813 3942 485 905 352 Ni 40 86 52 127 1 5 2 Cu 32 54 53 58 5 13 14 Zn 208 290 429 486 27 78 52 Br 16 45 42 70 -- 2 3 Pb 17 51 168 188 2 4 13
140
Tabela 6.16 – Comparação dos valores obtidos para a fração fina do material
particulado com dados obtidos por MATSUMOTO (2001), MELO
JÚNIOR (2007) e USEPA.
Concentração (ng.m -3) – fração fina
Este trabalho MELO JÚNIOR (2007) MATSUMOTO (2001) EPA
Elemento Limeira Barão Geraldo Paulínia Centro de
Campinas Barão
Geraldo Centro de Campinas Philadelphia
S 530 242 321 506 307 374 2100 K 921 115 145 187 24 52 60
Ca 2653 272 485 684 33 90 47 Ti 56 6 6 10 4 12 5 V 5 7 7 7 2 6 9 Cr 455 193 152 327 3 19 1 Mn 32 13 18 13 2 4 3 Fe 640 1224 1265 1313 31 108 109 Ni 33 21 8 16 1 3 7 Cu 21 12 18 15 2 5 5 Zn 156 215 259 376 17 33 37 Br 16 10 17 21 -- 2 5 Pb 26 22 45 61 4 5 18
Como pode ser visto pela tabela 6.16, para os elementos S e V as
concentrações médias para o município de Limeira foram inferiores aos da cidade norte
americana enquanto que para os demais elementos os valores deste trabalho foram
superiores aos dados da cidade de Philadelphia.
Na comparação deste trabalho com os dados de MATSUMOTO (2001),
podemos observar que para todos os elementos, exceto o V, apresentaram
concentrações médias superiores para o município de Limeira. As concentrações de V
obtidas neste trabalho foram muito próximas ao do posto do centro de Campinas.
Comparando com os resultados obtidos por MELO JÚNIOR (2007), o elemento
V apresentou uma concentração em Limeira muito próxima, porém inferior, aos três
postos comparados.
141
A concentração média Fe na fração fina para a cidade de Limeira é
aproximadamente metade dos valores observados por MELO JÚNIOR (2007) em todos
os postos de monitoramento, fato semelhante é observado para o elemento Zn. Os
teores de Br e Pb são maiores em Limeira do que em Barão Geraldo, porém são
inferiores aos valores do município de Paulínia e do centro de Campinas.
Assim como o ocorrido no material particulado grosso, na fração fina as
concentrações de K, Ca e Cr, foram bem superiores aos valores obtidos para esses
elementos pelos outros autores. Os valores para esses elementos (K, Ca e Cr) que
mais se aproximam dos valores obtidos para Limeira foram os obtidos para o centro de
Campinas por MELO JÚNIOR (2007), Ainda assim, o teor de K na cidade Limeira foi
aproximadamente 5 vezes maior do que o obtido na cidade de Campinas e, o de Ca
aproximadamente 4 vezes maior. Quanto ao Cr, os valores de Limeira foram 50%
superiores aos obtidos para Campinas.
6.7 Análise estatística do material particulado
6.7.1 Análise dos componentes principais (ACP) para as frações,
grossa e fina, do material particulado
Como explicado anteriormente, foi empregada a análise multivariada pelo
método da análise dos componentes principais (ACP) nos dados obtidos com a
intenção de agrupá-los em fatores que possam determinar as possíveis fontes
emissoras desses poluentes. A técnica foi empregada tanto para a fração grossa
quanto para a fração fina do material particulado.
Para o desenvolvimento da ACP foram utilizadas 17 variáveis, sendo 16 delas
referentes aos elementos obtidos pela técnica de SR-TXRF (S, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe,
Ni, Cu, Zn, Br, Rb, Sr, Ba e Pb) e 1 variável referente à massa do material particulado
142
para ambas as frações. As variáveis climáticas não foram levadas em consideração
para fazer a ACP. Para a análise estatística foi empregado o software Statistical
Analysis Software (SAS) Versão 8.
Após a rotação VARIMAX, foram obtidas as matrizes de factor loadings para as
frações, grossa e fina, do material particulado, que são apresentadas nas tabelas 6.17 e
6.18, respectivamente.
Tabela 6.17 – Matriz factor loadings da fração grossa do material particulado.
Elemento Fator 1 Solo
Fator 2 Veicular
Fator 3 Industrial
Fator 4 Massa Comunalidade
Cr 0.96 --- --- --- 0,98 Fe 0.92 0.30 --- 0.20 0,94 Mn 0.91 0.29 0.20 0.09 0,88 Ni 0.89 0.04 --- --- 0,90 Ba --- 0.24 0.53 --- 0,99 Br --- 0.30 0.41 0.26 0,94 Zn 0.21 0.92 0.28 --- 0,96 Ti 0.05 0.91 0.24 0.32 0,94 V --- 0.83 --- 0.00 0,99
Pb 0.26 0.83 0.30 0.29 0,97 Ca 0.61 0.75 0.18 0.11 0,89 K --- 0.74 0.39 0.51 0,92
Cu --- 0.22 0.82 --- 0,68 S --- 0.43 0.79 0.39 0,88
MPG --- 0.28 0.09 0.95 0,99 Autovalor 6,35 5,74 1,39 1,17 Variância Total
Variância (%) 42 38 9 7 97
Para o material particulado grosso, foram formados 4 grupos, cada um deles
representando uma fonte emissora. O fator 1 está associado ao solo, uma vez que
apresenta associação entre Fe, Mn e Ca, que são elementos característicos de solo. No
fator 1, além dos elementos característicos do solo, foram associados Cr e Ni, que são
elementos característicos de outras fontes emissoras, como fontes industriais e que
possivelmente foram incorporados à poeira do solo através de deposição seca ou
úmida.
143
O fator 2 está associado principalmente às fontes de emissão veiculares, uma
vez que estão presentes neste fator elementos característicos como Zn, V, Pb e S. Já o
fator 3 é claramente industrial uma vez que correlaciona elementos como Ba, Br, Cu e
S, geralmente de origem industrial. Os elementos Ba e Br apresentam maior valor no
fator 2 do que nos outros fatores, e por isso, mesmo não atingindo 0,6 foram
adicionados nesse fator. O fator 4 apresenta apenas uma associação entre a massa do
material particulado grosso e por isso não foi associado a nenhuma fonte de emissão.
Vale ressaltar ainda que os quatro fatores formados, agruparam, de forma
satisfatória 97% dos elementos, como mostra a variância total, dessa forma, não sendo
mais indicado a adição de mais fatores.
Tabela 6.18 – Matriz factor loadings da fração fina do material particulado.
Elemento Fator 1 Solo
Fator 2 Veicular
Fator 3 Industrial Comunalidade
Ti 1,00 --- --- 1,00 MPF 0,97 0,24 --- 1,00 Ba 0,96 --- 0,06 1,00 K 0,85 0,52 --- 1,00 Fe 0,84 0,45 0,30 1,00 Br 0,73 0,27 --- 1,00 Ca 0,71 0,46 0,53 1,00 Ni --- 1,00 --- 1,00 Cu 0,12 0,97 0,23 1,00 S 0,24 0,95 0,20 1,00
Mn 0,21 0,87 0,44 1,00 Zn 0,48 0,68 0,56 1,00 Pb 0,19 0,18 0,96 1,00 Cr --- 0.41 0.87 1,00
Autovalor 8,01 4,09 1,88 Variância Total Variância (%) 57 29 13 99
Na fração fina do material particulado, os fatores formados também
representam diferentes fontes emissoras de poluentes. Para o MPF foram formados 3
fatores, que conseguem explicar 99% dos elementos envolvidos, como mostra a
variância total.
144
O fator 1 representa a fonte associada à poeira do solo, uma vez que neste
fator estão presentes os elementos Ti, Ba, K, Fe e Ca, que são geralmente associados
ao solo e ainda tem o Br, proveniente de outra fonte, que pode ser fruto de deposição
seca ou úmida na poeira do solo.
As emissões veiculares estão representadas no fator 2, correlacionadas aos
elementos Ni, Cu, S, Mn e Zn. Alguns desses elementos podem ser característicos
ainda de emissões industriais.
O fator 3 devido principalmente a presença de Pb e Cr, pode ser associado as
fontes industriais de poluição.
Vale ressaltar que alguns elementos são importantes na formação de um ou
mais perfis, como por exemplo, o Pb, que pode estar associado as emissões veiculares
e industriais. Isso pode ocorrer com diversos elementos e cabe fazer a análise do grupo
de forma completa para determinar se sua característica é veicular ou industrial.
6.7.2 Dendrogramas para a fração grossa do material particulado
A análise de cluster é mais uma forma de análise multivariada que busca
agrupar variáveis (elementos) de acordo com a sua similaridade, formando assim,
grupos.
As variáveis e o software utilizados para realizar a análise de cluster foram os
mesmos utilizados para o desenvolvimento da análise dos componentes principais. As
figuras 6.13 e 6.14, apresentam os dendrogramas gerados para a fração grossa e fina
do material particulado, respectivamente.
145
Figura 6.13 – Dendrograma obtido para a fração grossa
Figura 6.14 – Dendrograma obtido para a fração fina
146
No dendrograma da fração grossa pode-se observar a formação de quatro
grupos. Um desses grupos é formado pelos elementos Ca, Fe, K e S, que são
característicos de poeira do solo. O elemento S pode ser associado ainda as
queimadas de cana de açúcar. Outro grupo é formado pelos elementos Ni e Zn, que
são característicos de emissões industriais. Outro grupo é formado pelos elementos V,
Cu, Br e Ti e ainda o MPG, caracterizando assim fonte de emissão veicular e alguns
interferentes industriais. O último grupo é formado pelos elementos Cr, Pb, Mn e Ba,
aonde os elementos Mn e Ba são mais ligados à poeira do solo e os elementos Cr e Pb
podem estar ligados a fontes industriais e/ou emissões veiculares.
No dendrograma da fração fina podemos observar a formação de três grupos.
Um deles formado pelos elementos Fe, K e Ca, que são elementos característicos da
poeira do solo. Outro grupo é o formado por S e Cr, que são facilmente associados às
emissões industriais. O próximo grupo é formado por Ni, Pb, Ti, Br, Cu, Mn, Ba e MPF.
Os elementos Ni, Cu, Zn, Br e Pb podem ser provenientes de emissões industriais
enquanto Ti, Mn e Ba podem estar associados a ressuspensão da poeira do solo.
6.7.3 Contribuição das fontes de emissão no materia l particulado
grosso e fino
A partir das concentrações elementares das duas frações e dos valores obtidos
para cada elemento nos fatores das matrizes de factor loadings podemos calcular a
contribuição de cada fonte emissora na formação das frações grossa e fina do material
particulado. As figuras 6.15 e 6.16, mostram a contribuição de cada uma das fontes na
formação da fração grossa e fina do material particulado.
No material particulado grosso, as emissões industriais consideraram as
concentrações dos elementos S, Cu, Br e Ba, na ressuspensão do solo foram
considerados os elementos Ca, Cr, Mn, Fe e Ni, e
os elementos S, Cu, Br e Ba.
Na fração grossa do ma
57% da formação do material particulado. A segunda maior fonte de contribuição é
veicular, com 30% e por último a
Figura 6.15 – Contribuição das fontes de emissão de poluentes no material particulado
grosso.
Na fração fina, os elementos K, Ca, Ti, Fe, Br e Ba formam a fonte de
ressuspensão do solo, enquanto que na emissão veicular os elementos considerados
VEICULAR
30%
INDUSTRIAL
13%
147
considerados os elementos Ca, Cr, Mn, Fe e Ni, enquanto que nas emissões industriais
os elementos S, Cu, Br e Ba.
Na fração grossa do material particulado a ressuspensão do solo contribuiu com
% da formação do material particulado. A segunda maior fonte de contribuição é
e por último a industrial, com apenas 13%.
Contribuição das fontes de emissão de poluentes no material particulado
Na fração fina, os elementos K, Ca, Ti, Fe, Br e Ba formam a fonte de
ressuspensão do solo, enquanto que na emissão veicular os elementos considerados
SOLO
57%
Fração Grossa
nas emissões industriais
ressuspensão do solo contribuiu com
% da formação do material particulado. A segunda maior fonte de contribuição é
Contribuição das fontes de emissão de poluentes no material particulado
Na fração fina, os elementos K, Ca, Ti, Fe, Br e Ba formam a fonte de
ressuspensão do solo, enquanto que na emissão veicular os elementos considerados
SOLO
57%
foram S, Mn, Ni, Cu e Zn, e por fim, as emissões industriais consideraram os elementos
Cr e Pb.
Figura 6.16 – Contribuição das fontes de emissão de poluentes no material particulado
fino.
Na fração fina do material parti
do solo, responsável por
veiculares contribuíram com
6.7.4 Assinatura das fontes
Os perfis das fontes deste tra
outros trabalhos em diferentes cidades. As razões entre as concentrações elementares
e a massa material particulado grosso
(Figura 6.17), enquanto os perfis das demais fon
concentrações elementares e o material particulado fino.
VEICULAR
13%
148
i, Cu e Zn, e por fim, as emissões industriais consideraram os elementos
Contribuição das fontes de emissão de poluentes no material particulado
do material particulado a principal fonte de emissão foi
do solo, responsável por 79% da formação do material particulado.
contribuíram com 13% e, as emissões industriais representa
Assinatura das fontes
Os perfis das fontes deste trabalho foram comparados com o resultado de
outros trabalhos em diferentes cidades. As razões entre as concentrações elementares
material particulado grosso definem o perfil da ressuspensão do solo
os perfis das demais fontes são definidos pela razão entre as
concentrações elementares e o material particulado fino.
SOLO
79%
INDUSTRIAL
8%
Fração Fina
i, Cu e Zn, e por fim, as emissões industriais consideraram os elementos
Contribuição das fontes de emissão de poluentes no material particulado
de emissão foi a poeira
% da formação do material particulado. As emissões
as emissões industriais representaram 8%.
comparados com o resultado de
outros trabalhos em diferentes cidades. As razões entre as concentrações elementares
definem o perfil da ressuspensão do solo
tes são definidos pela razão entre as
149
O perfil da composição do solo feita por MASON (1966) apresentou valores
menores para os metais pesados, principalmente Ni, Cu, Zn e Pb, quando comparado
com os valores de ressuspensão de solo de centros urbanos, como é o caso dos
demais trabalhos, incluindo esse, devido à pavimentação das ruas, queima de óleo
combustível, pneus, poeira do asfalto e até mesmo por contaminação de emissões
veiculares e industriais, como mostra a Figura 6.17.
S K Ca Ti V Mn Fe Ni Cu Zn Pb0,01
0,1
1
10
100
Com
posi
ção
Ele
men
tar/
PM
10 (
%)
Centro de Campinas Paulínia Barão Geraldo Mason Chow SP inverno 97 SP verão 98 Santiago Limeira
Perfil de Poeira de Solo
Figura 6.17 – Perfil de ressuspensão de poeira do solo obtido na cidade de Limeira
comparado com as assinaturas de solo de MASON (MASON, 1966),
CHOW et al.,(SEINFELD e PANDIS, 1998), Santiago do Chile
(ARTAXO, 1999), São Paulo (CASTANHO,1999) e centro de Campinas,
Paulínia e Barão Geraldo (MELO JR, 2007).
150
Os valores apresentados para os elementos Ni, Cu e Zn nesse trabalho foram
os mais elevados entre as cidades comparadas. Os valores mais próximos aos obtidos
em Limeira foram os valores descritos para o centro de Campinas, Barão Geraldo e
Paulínia. Quanto ao elemento Pb, os teores deste trabalho ficaram muito próximo dos
valores apresentados por todos os outros autores, exceto os descritos por MASON
(1966).
Os elementos V e Fe apresentaram uma boa concordância com os valores
descritos para todas as cidades comparadas. Os valores de Ti por sua vez ficaram
muito próximos aos apresentados por CHOW et al, MASON (1966) e para a cidade de
Santiago do Chile, apresentado por ARTAXO (1999).
Os valores deste trabalho para os elementos S, K, Ca e Mn foram superiores
aos obtidos pelos demais autores.
O perfil de queima de óleo combustível representado na figura 6.18 mostra que
de forma geral, os resultados obtidos para a cidade de Limeira apresentaram uma boa
concordância com os valores apresentados pelos outros trabalhos.
Os valores obtidos para os elementos K, Ca e Ti na cidade de Limeira foram
superiores aos apresentados nos demais trabalhos, porém os valores de Cr e Cu
ficaram muito próximos aos obtidos nos postos de: Paulínia, centro de Campinas e
Barão Geraldo, apresentados por MELO JÚNIOR (2007). Os demais elementos
apresentaram uma boa concordância com os demais autores nas diversas localidades.
Destaca-se ainda que os valores para os elementos V e Ni descritos pela EPA ficaram
acima dos valores obtidos para o município de Limeira, mas muito próximos dos obtidos
pelos outros autores.
151
S K Ca Ti V Cr Mn Fe Ni Cu Zn Pb0,01
0,1
1
10
100M
assa
do
elem
ento
/PM
2,5 (
%)
Centro de Campinas Paulinia Barão Geraldo EPA Santiago SP inverno 97 SP verão 98 Limeira
Perfil de Queima de Óleo Combustível
Figura 6.18 – Perfil de queima de óleo combustível obtido na cidade de Limeira
comparado com os obtidos para as cidades de Santiago do Chile
(ARTAXO , 1999), São Paulo (CASTANHO, 1999), centro de Capinas,
Paulínia e Barão Geraldo (MELO JR, 2007) e com a assinatura de óleo
combustível da USEPA (EPA Source Profile Library, CMB).
De forma geral, o perfil de emissão veicular, mostrado na Figura 6.19, obtido
para a cidade de Limeira foi muito semelhante, principalmente, ao obtido por MELO
JÚNIOR (2007) e aos apresentados para a cidade de São Paulo e Santiago, sendo um
pouco diferente apenas dos valores apresentados por CHOW et al (1994).
152
S K Ca Ti V Cr Mn Fe Ni Cu Zn Pb0,01
0,1
1
10
100M
assa
do
Ele
men
to/P
M2,
5 (%
) Centro de Campinas Paulinia Barão Geraldo Chow Santiago SP inverno 97 SP verão 98 Limeira
Perfil de Emissão Veicular
Figura 6.19 – Perfil de emissão veicular obtido na cidade de Limeira comparado com os
obtidos para as cidades de Santiago do Chile (ARTAXO, 1999), São
Paulo (CASTANHO, 1999), centro de Campinas, Paulínia e Barão
Geraldo (MELO JR, 2007) e com a assinatura de veículos, diesel e
gasolina, obtido por CHOW et al. (CHOW et al, 1994).
Os valores obtidos para os elementos S, Ca, K e Ti na cidade de Limeira foram
equivalentes aos valores obtidos para o centro de Campinas, apresentados no trabalho
de MELO JUNIOR (2007). Por sua vez, os dados referentes à V, Cr, Mn, Fe e Zn se
aproximaram muito dos obtidos no centro de Campinas, Barão Geraldo e Paulínia,
todos calculados por MELO JUNIOR (2007), assim como os valores de Ni para Limeira,
que foram semelhantes aos de Campinas e Barão Geraldo. Quanto aos elementos Cu e
Pb, os valores obtidos neste trabalho foram próximos aos apresentados por todos os
autores, exceto aos obtidos por CHOW (1994), que foram inferiores aos demais.
153
7 CONCLUSÕES
Na análise de PM10 pode-se observar que a concentração de partículas totais
(PM10) na cidade de Limeira apresentou limites inferiores ao estabelecido pela
CETESB, com concentração média de 20 µg.m-3.
Através da análise quantitativa por SR-TXRF, foi possível agrupar os elementos
químicos encontrados nas duas frações, fina e grossa, do material particulado.
Empregando a análise por componentes principais (ACP) e posteriormente pela análise
de Cluster foi possível inferir aos resultados, as distintas fontes de emissão de
poluentes.
Na fração fina do material particulado a principal fonte de emissão foi a poeira
do solo, responsável por 79% da formação do material particulado. As emissões
veiculares contribuíram com 13% e, as emissões industriais representaram 8%.
A poeira do solo também foi a fonte de emissão majoritária na fração grossa do
material particulado contribuindo com 57%. A segunda maior fonte de contribuição é
veicular, com 30% e por último a industrial, com apenas 13%.
154
Foi possível avaliar não somente a concentração de PM10, mas outras
informações extremamente importantes como as contribuições das fontes emissoras de
poluentes e as assinaturas das mesmas foram avaliadas e comparadas com resultados
obtidos por outros autores e mostraram uma boa concordância.
Nas amostras analisadas de material os elementos majoritários foram S, K, Ca,
Fe e Zn, para as duas frações, mas tanto no material particulado fino como no grosso o
Cr também teve uma concentração média significativa comparada aos elementos
citados acima.
No ano de 2008 a concentração média de material particulado na fração fina foi
de 9,3 µg.m-3, na fração grossa de 12,0 µg.m-3 enquanto que o PM10 foi de 21,3 µg.m-3.
A concentração média de PM10 no ano de 2009 foi inferior ao de 2008,
atingindo o valor de 19,4 µg.m-3, enquanto que a contribuição da fração fina foi de 9,0
µg.m-3 e da fração grossa de 10,4 µg.m-3.
No material particulado grosso, da cidade de Limeira foram determinadas altas
concentrações de K e Ca, muito superiores as encontradas nas cidades de Campinas e
Paulínia, citadas por MELO JÚNIOR (2007) e MATSUMOTO (2000).
Em Limeira, a fração fina do material particulado, apresentou para todos os
elementos, exceto o V, concentrações médias superiores aos obtidos por
MATSUMOTO (2001) na cidade de Campinas.
Na fração fina assim como na grossa, as concentrações médias de K, Ca e Cr,
foram superiores aos valores obtidos para a cidade de Campinas e Paulínia. Devemos
destacar que a concentração média de Cr em Limeira foi 50% superior ao obtido para a
cidade de Campinas. Essa elevada concentração de Cr na fração fina do material
particulado pode estar relacionada às atividades do ramo de metalurgia em Limeira.
155
Comparando os valores de PM10 realizado no inverno de 2003 pela CETESB,
na cidade de Limeira, onde foram observadas duas ultrapassagens do padrão diário de
qualidade do ar (150 µg.m-3), podemos verificar que em 2008 e 2009 o padrão diário da
não foi ultrapassado indicando uma melhora na qualidade do ar.
Neste mesmo ano, a concentração média anual de PM10 medida pela CETESB
foi de 58 µg.m-3, ultrapassando o padrão anual de qualidade do ar (50 µg.m-3), porém
neste trabalho as concentrações médias anuais em 2008 e 2009 foram iguais a 21 e 19
µg.m-3, respectivamente, confirmando uma melhora na qualidade do ar na cidade de
Limeira.
Para trabalhos futuros fica a sugestão da continuidade do monitoramento da
região. Além disto, realizar a mesma pesquisa desenvolvida nesse projeto em outras
localidades para uma comparação das concentrações elementares e de PM10.
157
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Figura A2 – Concentração de Potássio (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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Data de Coleta
V (MPG) V (MPF)
Figura A5 – Concentração de Vanádio (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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Cr (MPG) Cr (MPF)
Figura A6 – Concentração de Cromo (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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Data de Coleta
Mn (MPG) Mn (MPF)
Figura A7 – Concentração de Manganês (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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g.m
-3)
Data de Coleta
Fe (MPG) Fe (MPF)
Figura A8 – Concentração de Ferro (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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Data de Coleta
N i (M PG ) N i (M PF)
Figura A9 – Concentração de Níquel (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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Data de Coleta
Cu (MPG) Cu (MPF)
A10 – Concentração de Cobre (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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(µg.
m-3)
Data de Coleta
Zn (MPG) Zn (MPF)
A11 – Concentração de Zinco (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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g.m
-3)
Data de Coleta
Br (MPG) Br (MPF)
A12 – Concentração de Bromo (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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g.m
-3)
Data de Coleta
Rb (MPG) Rb (MPF)
A13 – Concentração de Rubídio (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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m-3)
Data de Coleta
Sr (MPG) Sr (MPF)
A14 – Concentração de Estrôncio (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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Con
cent
raçã
o (µ
g.m
-3)
Data de Coleta
Ba (M PG ) Ba (M PF)
A15 – Concentração de Bário (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.
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2/09
15/1
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23/1
2/09
05/0
1/10
0 ,0001
0,0010
0,0100
0,1000
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Con
cent
raçã
o (µ
g.m
-3)
D a ta de C o le ta
P b (M P G ) P b (M P F)
A16 – Concentração de Chumbo (µg.m-3) nas frações grossa e fina do material particulado em todas as coletas.