avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

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1 RELATÓRIO TÉCNICO DE ATIVIDADES Processo: 402365/2009-7 Chamada Pública: Edital MCT/CNPq nº 18/2009 - P&D&I em Transportes 1. DADOS CADASTRAIS Órgão/ Entidade Proponente: FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CNPJ: 13.031.547/0001-04 Endereço: Avenida Marechal Rondon, sem número, Jardim Rosa Elze, Cidade Universitária Professor José Aloísio de Campos. Cidade: São Cristóvão UF: SE CEP: 49.100-00 DDD/ Telefone: (079) 2105-6864 2. COORDENADOR Nome: FERNANDO SILVA ALBUQUERQUE Função: Professor Adjunto III Departamento: Engenharia Civil E-mail: [email protected] DDD/ Telefone: (079) 2105-6702 3. IDENTIFICAÇÃO DO RELATÓRIO TÉCNICO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA Título do Projeto: Período de Execução: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento em revestimento asfálticos. Maio/2010 Março/2013 Palavras-chave: Ruído de Tráfego; Interface Pneu/Pavimento; Pavimentos Urbanos OBS.: O texto apresentado neste Relatório Técnico foi adaptado a partir de Relatório de Dissertação de Manoel Fernando Freire Cabral, cujo Mestrado foi defendido no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Sergipe sob orientação do Coordenador deste Projeto de Pesquisa. A pesquisa do ex-aluno de mestrado foi conduzida com recursos oriundos do CNPq.

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Page 1: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

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RELATÓRIO TÉCNICO DE ATIVIDADES

Processo: 402365/2009-7 Chamada Pública: Edital MCT/CNPq nº 18/2009 - P&D&I em Transportes

1. DADOS CADASTRAIS

Órgão/ Entidade Proponente: FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CNPJ: 13.031.547/0001-04

Endereço: Avenida Marechal Rondon, sem número, Jardim Rosa Elze, Cidade Universitária Professor José Aloísio de Campos. Cidade: São Cristóvão

UF: SE

CEP: 49.100-00

DDD/ Telefone: (079) 2105-6864

2. COORDENADOR

Nome: FERNANDO SILVA ALBUQUERQUE

Função: Professor Adjunto III

Departamento: Engenharia Civil

E-mail: [email protected]

DDD/ Telefone: (079) 2105-6702

3. IDENTIFICAÇÃO DO RELATÓRIO TÉCNICO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA

Título do Projeto: Período de Execução:

Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento em revestimento asfálticos.

Maio/2010 Março/2013

Palavras-chave:

Ruído de Tráfego; Interface Pneu/Pavimento; Pavimentos Urbanos

OBS.: O texto apresentado neste Relatório Técnico foi adaptado a partir de Relatório de Dissertação de Manoel Fernando Freire Cabral, cujo Mestrado foi defendido no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Sergipe sob orientação do Coordenador deste Projeto de Pesquisa. A pesquisa do ex-aluno de mestrado foi conduzida com recursos oriundos do CNPq.

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RESUMO

O ruído do tráfego em rodovias e vias urbanas é um problema cada vez mais

importante no Brasil, devido ao aumento do volume de tráfego em grandes cidades e

nas áreas urbanizadas nas proximidades de rodovias. Contudo, os padrões mínimos

de conforto acústico devem ser mantidos para a sociedade exercer suas atividades.

A bibliografia técnica indica que a contribuição da interação pneu-pavimento é a

maior na geração de ruído de tráfego para veículos de passeio em velocidades a

partir de 40 km/h, superando o ruído do motor. Neste trabalho, são apresentadas

algumas avaliações de ruído gerado na interface pneu-pavimento pelo método Close

Proximity, a diferentes velocidades permitidas em meio urbano (40, 60 e 80 km/h),

para seis tipos de revestimentos asfálticos aplicados no Estado de Sergipe

(Concreto Asfáltico Usinado a Quente Convencional, com Ligante Modificado com

Borracha de Pneu e com Ligante Modificado com SBS, Microrevestimento Asfáltico,

Tratamento Superficial Duplo e Pré-misturado a Frio). Observou-se que aumento do

nível de pressão sonora (NPS) é proporcional ao aumento da velocidade de tráfego,

além de variar com a mudança de parâmetros como índice de vazios (aqui

indiretamente representado pela densidade do revestimento), macrotextura e

irregularidade longitudinal do revestimento avaliado. Foram estudadas todas essas

condicionantes, possibilitando a indicação de pavimentos silenciosos, com reduções

de NPS superiores a 5 dB(A), comparando-se com misturas asfálticas

convencionais. Também foi proposto um modelo de previsão para quantificar o NPS

na interface pneu-pavimento a partir das características superficiais de cada tipo de

revestimento asfáltico. Com isto, os projetistas terão subsídios para selecionar

alternativas de pavimentação acusticamente mais adequadas às vias urbanas

críticas, como hospitais, escolas, zonas urbanas residenciais e comerciais,

contribuindo para aumentar o conforto acústico à sociedade.

Palavras-chave: Ruído de tráfego; Pneu-pavimento; Conforto Acústico;

Pavimentos silenciosos.

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TRAFFIC NOISE EVALUATION ON THE TIRE/PAVEMENT INTERACTION FROM

ASPHALT WEARING COURSES IN THE STATE OF SERGIPE – BRAZIL

ABSTRACT

Traffic noise in highways and urban roads is a very important problem in

Brazil, due to the growth of traffic volume on urban areas. However, it is necessary to

establish trigger values for minimum standards of acoustic comfort to perform society

activities. The technical literature indicates that the major factor to generate traffic

noise is the tire/pavement interaction for speeds higher than 40 km/h, causing noise

even higher than the engine noise. This work presents some evaluations of noise

due to tire/pavement interaction using the Close Proximity Method. The evaluation

was carried out at different speeds (40, 60 and 80 km/h), and on six kinds of asphalt

wearing courses applied in Sergipe State – Brazil (hot mix asphalt, asphalt rubber,

SBS polymer-modified hot mix asphalt, slurry seal, double bituminous surface

treatment and cold asphalt mix). It was observed that the noise growth is proportional

to the speed increase. The noise also varies with changing parameters such as air

voids (here indirectly represented by the asphalt layer density), macrotexture and

roughness of the evaluated pavements. Those parameters were evaluated making

possible to indicate quieter pavements, with noise reductions upper than 5 dB(A)

comparing conventionals hot mix asphalt. A prediction model is proposed to quantify

the noise at the tire/pavement interaction based on surface characteristics of each

type of studied pavements. Thus, the designers have now additional tools to select

quieter pavements for critical urban roads, such those close to hospitals, schools,

residential and commercial urban areas, contributing to increase acoustic comfort to

society.

Keywords: Traffic Noise, Tire/Pavement Interaction; Acoustic Comfort, Quiet

Pavements.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 10 1.1 Justificativa ............................................................................................................ 11 1.2 Objetivos da Pesquisa ........................................................................................... 12

2 SOM E RUÍDO.............................................................................................................. 14 2.1 O som .................................................................................................................... 14 2.2 O Ruído ................................................................................................................. 18

3 GERAÇÃO DE RUÍDO NA INTERFACE PNEU-PAVIMENTO ...................................... 19 3.1 Influência dos revestimentos rodoviários na geração de ruído na interface pneu-pavimento ........................................................................................................................ 20 3.2 Mecanismos mecânicos de geração do ruído ........................................................ 22 3.3 Mecanismos aerodinâmicos de geração do ruído .................................................. 24

4 TÉCNICAS PARA MITIGAÇÃO DO RUÍDO PNEU-PAVIMENTO ................................. 28 4.1 Barreiras acústicas ................................................................................................ 28 4.2 Pavimentos silenciosos ......................................................................................... 29

5 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO DE TRÁFEGO ......................................... 32 5.1 Método Estatístico de Passagem (Statistical Pass-By method, SPB) .................... 32 5.2 Método da Passagem Controlada (Controled Pass By, CPB) ................................ 33 5.3 Método da Proximidade Imediata (Close Proximity, CPX) ..................................... 33 5.4 Método da Intensidade de Som Aproximada (Close Proximity Sound Intensity, CPI) .. 36 5.5 Avaliação do ruído no entorno de vias ................................................................... 36

6 METODOLOGIA ........................................................................................................... 39 6.1 Pavimentos avaliados ............................................................................................ 39 6.2 Coleta de dados .................................................................................................... 45 6.2.1 Avaliação da Macrotextura dos revestimentos ................................................... 47 6.2.2 Avaliação da microtextura dos revestimentos .................................................... 50 6.2.3 Avaliação da irregularidade dos pavimentos ...................................................... 51 6.2.4 Avaliação da Densidade do revestimento ........................................................... 54 6.3 Plano Experimental ................................................................................................ 60 6.4 Análise dos dados ................................................................................................. 61

7 RESULTADOS E ANÁLISES ........................................................................................ 66 7.1 Diagnóstico funcional dos pavimentos ................................................................... 66 7.2 Avaliação de Gráficos de Ruído ............................................................................. 72 7.3 Correlações de parâmetros avaliados com o NPS ................................................. 81 7.4 Modelo de previsão de NPS .................................................................................. 92 7.5 Validação do modelo de previsão de NPS ............................................................. 95 7.6 Especificações para pavimentos silenciosos ......................................................... 98

8 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ................................................................................ 103 8.1 Sugestões para trabalhos futuros ........................................................................ 105

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 100 EQUIPE TÉCNICA.............................................................................................................. 106

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação da textura de um pavimento. ......................................................... 20 Tabela 3 – Classificação da macrotextura em função da altura de mancha de areia ........... 48 Tabela 4 – Classificação de microtextura em relação ao VRD ............................................. 51 Tabela 5 – Classificação de Irregularidade Longitudinal de acordo com o IRI ..................... 53 Tabela 2 – Ensaios de caracterização do pavimento ........................................................... 61 Tabela 6 – Resultados do ensaio de mancha de areia. ........................................................ 66 Tabela 7 - Resultados de MPD dos revestimentos avaliados ............................................... 68 Tabela 8 - Valores de VRD dos revestimentos analisados ................................................... 69 Tabela 9 - Valores de IRI dos revestimentos analisados ...................................................... 70 Tabela 10 - Valores de densidade dos revestimentos analisados ........................................ 71 Tabela 11 - Resumo dos dados obtidos nos levantamentos de campo. ............................... 83 Tabela 12 – Análise da Significância do modelo .................................................................. 94 Tabela 13 – Teste de validação do modelo de previsão ...................................................... 96 Tabela 14 – Análise de Variância......................................................................................... 98 Tabela 15 - Modelo de tabela para cálculos de NPS na interface pneu-pavimento e ao lado da via ................................................................................................................................. 100 Tabela 16 – Estimativa do NPS ao lado da via revestida com CAUQ no Estado de Sergipe .......................................................................................................................................... 101 Tabela 17 – Análise do NPS2 a partir de modificações no valor de IRI, D e MPD .............. 102

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Curvas de ponderação A, B e C. ......................................................................... 17 Figura 2 - Microfone de condensador com diafragma metálico. ........................................... 17 Figura 3 – Níveis de pressão sonora em diversos ambientes. ............................................. 18 Figura 4 – Ruído de tráfego estratificado por suas fontes constituintes ............................... 19 Figura 5 - Relação entre a escala da textura e seus efeitos nas características do pavimento ............................................................................................................................................ 21 Figura 6 - Vibrações ocasionadas pelo impacto da banda de rodagem no pavimento. ........ 22 Figura 7 – Efeito do deslizamento/adesão entre pneu e pavimento. .................................... 23 Figura 8 – Efeito da adesividade pneu-pavimento. .............................................................. 24 Figura 9 – Efeito do bombeamento de ar na interface pneu-pavimento. .............................. 24 Figura 10 – Efeito da ressonância de Helmholtz na interface pneu-pavimento. ................... 25 Figura 11 - Reflexões geradas pela corneta acústica na interface pneu-pavimento. ............ 26 Figura 12 - Tubos de ressonância em um pneu. .................................................................. 26 Figura 13 - Vibrações das paredes laterais do pneu. ........................................................... 27 Figura 14 - Ressonância de cavidade em um pneu. ............................................................ 27 Figura 15 - Trajetória das ondas sonoras ao alcançarem uma barreira acústica .................. 28 Figura 16 – Influência da altura da barreira acústica ............................................................ 29 Figura 17 - Método SPB para avaliação de ruído de tráfego ................................................ 33 Figura 18 - Método CPB para avaliação de ruído de tráfego. ............................................... 34 Figura 19 – Sistema de medição de NPS CPX montado em trailer puxado por veículo. (a) trailer puxado por veículo; (b) detalhe do posicionamento dos microfones .......................... 34 Figura 20 – Microfones fixados na roda do próprio veículo no método CPX. ....................... 34 Figura 21 - Posicionamento dos microfones para levantamentos CPX ................................ 35 Figura 22 – Mecanismos mais significativos de atenuação sonora. ..................................... 37 Figura 23 – Localização dos trechos avaliados .................................................................... 39 Figura 24 – Extensão dos trechos de teste para cada velocidade de tráfego ....................... 40 Figura 25 – Trecho CAUQ1 com baixo volume de tráfego em Aracaju: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste. ............................................................................................ 40 Figura 26 – Trechos em CAUQ com alto volume de tráfego. Trecho CAUQ2:(a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste; Trecho CAUQ3: (c) aspecto da via; (d) localização do segmento teste. ................................................................................................................... 42 Figura 27 – Trecho AB - Asfalto Borracha analisado na zona sul da cidade de Aracaju: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste. .............................................................. 43 Figura 28 – Trecho MRA - Microrevestimento asfáltico na cidade de Aracaju: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste. ................................................................................ 43 Figura 29 – Trecho TSD - Tratamento Superficial Duplo no município de Itaporanga D’Ajuda: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste. ......................................................... 44 Figura 30 – Trechos SBS1 e SBS2 em CAUQ com adição de SBS no município de Itaporanga D’Ajuda. Trecho SBS1: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste; Trecho SBS2: (c) aspecto da via; (d) localização do segmento teste.................................... 46 Figura 31 – Trecho PMF – Pré-Misturado a Frio no município de Aracaju: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste. ....................................................................................... 46

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Figura 32 – Ensaio de mancha de areia: (a) e (b) espalhamento em movimentos circulares; (c) disposição das três amostras; (d) verificação dos diâmetros. ......................................... 48 Figura 33 – Laser de alta frequência para análise de macrotextura ..................................... 49 Figura 34 – Método de cálculo do MPD – Mean Profile Depth (ASTM E-1845).................... 49 Figura 35 – Pêndulo Britânico: (a) nivelamento; (b) aferição do “zero”. ................................ 51 Figura 36 – Pêndulo Britânico: (a) Aplicação de água na superfície; (b) verificação da temperatura; (c) ensaio. ....................................................................................................... 51 Figura 37 – Perfilômetro a Laser instalado no veículo teste ................................................. 52 Figura 38 – Tela do Software CiberLogger de medição da Irregularidade Longitudinal ........ 53 Figura 39 – Densímetro não-nuclear utilizado: (a) equipamento; (b) operação em campo. .. 55 Figura 40 - Retirada de corpos de prova do revestimento asfáltico para comparativo de métodos de medição densidade .......................................................................................... 55 Figura 41 – Esquema do suporte para levantamento de ruído pelo método CPX ................ 56 Figura 42 – Sistema de aquisição de dados de ruído utilizado na pesquisa: (a) esquema de montagem (b) sistema em funcionamento ........................................................................... 57 Figura 43 – Tela de avaliação e aquisição de dados de NPS a partir o software utilizado. .. 57 Figura 44 – Pneu utilizado na pesquisa ............................................................................... 58 Figura 45 – (a) Equipamento CPX instalado no veículo teste (b) detalhe do equipamento durante execução dos testes ............................................................................................... 58 Figura 46 – Calibração dos microfones: (a) equipamento calibrador; (b) posicionamento do calibrador no microfone; (c) Tela de calibração do software. ............................................... 59 Figura 47 – Pavimentos asfálticos selecionados para o estudo ........................................... 60 Figura 48 – Gráfico Hs (mm) x MPD (mm) ........................................................................... 69 Figura 49 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 40 km/h (Microfone dianteiro) ......................... 72 Figura 50 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 40 km/h (Microfone traseiro) ........................... 73 Figura 51 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 60 km/h (Microfone dianteiro) ......................... 74 Figura 52 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 60 km/h (Microfone traseiro) ........................... 74 Figura 53 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 80 km/h (Microfone dianteiro) ......................... 75 Figura 54 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 80 km/h (Microfone traseiro) ........................... 76 Figura 55 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) para Microfone dianteiro até 1000 Hz ............................................................................................................................................ 77 Figura 56 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) para Microfone traseiro até 1000 Hz 78 Figura 57 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) para Microfone dianteiro acima de 1000 Hz ............................................................................................................................... 78 Figura 58 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) para Microfone traseiro acima de 1000 Hz ........................................................................................................................................ 79 Figura 59 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) à 1000 Hz ......................................... 79 Figura 60 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o CAUQ1 ...................................... 84 Figura 61 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o CAUQ2 ...................................... 84 Figura 62 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o CAUQ3 ...................................... 85 Figura 63 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o AB ............................................. 85 Figura 64 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o MRA .......................................... 86 Figura 65 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o TSD ........................................... 86 Figura 66 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o SBS1 ......................................... 87 Figura 67 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o SBS2 ......................................... 87 Figura 68 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o PMF .......................................... 88

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Figura 69 – Correlações entre NPS, IRI, Hs, VRD, D e MPD na velocidade de 40 km/h ...... 90 Figura 70- Correlações entre NPS, IRI, Hs, VRD, D e MPD na velocidade de 60 km/h ....... 90 Figura 71 - Correlações entre NPS, IRI, Hs, VRD, D e MPD na velocidade de 80 km/h ...... 91 Figura 72 - Correlações entre NPS e velocidade ................................................................. 92 Figura 73 – Scatterplot NPS1000 (medido x calculado) .......................................................... 94 Figura 74 – Gráfico de Resíduos NPS1000 (Calculado x Resíduos) ...................................... 95 Figura 75 – Scatterplot NPS1000 (medido x calculado) – Validação .................................... 96 Figura 76 - Gráfico de Resíduos NPS1000 (Calculado x Resíduos) – Validação .................... 97

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES

AB - Asfalto borracha

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM - American Association for Testing and Materials

CAUQ - Concreto Asfáltico Usinado a Quente

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

CPA – Camada Porosa de Atrito

CPI - Close Proximity Sound Intensity (Método da Intensidade de Som Aproximada)

CPX - Close Proximity (Método da Proximidade Imediata)

dB- Decíbel

dB (A) - Decibel, na curva de ponderação A

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes

EMURB - Empresa Municipal de Obras e Urbanização

FHWA - Federal Highway Administration

Hz - Hertz, unidade de frequência sonora

IRI - Índice de Irregularidade Longitudinal Internacional

Leq - Nível de Ruído Equivalente

Log – Logaritmo

N - Newton

NIS - Nível de Intensidade Sonora

NPS - Nível de Pressão Sonora

OMS – Organização Mundial da Saúde

Pa - Pascal

TSD – Tratamento Superficial Duplo

W - Watt

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1 INTRODUÇÃO

Soluções de engenharia que gerem mais conforto e qualidade de vida a

população, objetivando evitar os efeitos nocivos do acelerado crescimento

populacional em centros urbanos, são cada vez mais indispensáveis. Segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS, 1999), a poluição sonora gerada pelo tráfego

de veículos em vias urbanas é uma das principais fontes de ruído nas cidades,

sendo menor apenas que o ruído de aeronaves.

De forma geral, o som é toda e qualquer sensação produzida no sistema

auditivo. Já o ruído é classificado como um tipo de som, porém de conotação ruim,

ou seja, indesejável. Os ruídos podem até trazer informações úteis, mas na maioria

das vezes incomodam e podem causar efeitos negativos, tanto fisiológicos, como

psicológicos, entre outros (BISTAFA, 2006).

Segundo Bernhard e Wayson (2004), a exposição ao ruído em níveis

moderados pode causar interferências na fala, distúrbios de sono, aborrecimento e

perda da qualidade de vida. Já em níveis elevados, o ruído pode causar perda de

audição e outros efeitos nocivos a saúde, como hipertensão.

Para a OMS (1999), os efeitos nocivos do ruído dependem também do tempo

de exposição. Todavia, estabelece como valor de referência 50 dB, acima do qual já

se percebem efeitos nocivos ao ser humano, que vão desde o simples

aborrecimento até a perda da audição, que pode ser percebida em adultos que se

expõem a 70 dB durante 24h por dia ao longo da vida ou a picos acima de 140 dB.

Na maioria das vezes, a opção para a redução dos ruídos gerados pelo

tráfego é a aplicação de barreiras físicas ou acústicas (muros) que impedem a

propagação das ondas sonoras até o local afetado, a exemplo de trechos recém

implantados no Rodoanel na Cidade de São Paulo. Porém, estas medidas, além de

serem dispendiosas, provocam certa poluição visual e podem não atingir o objetivo

desejado, devido ao efeito de reflexão das ondas sonoras (BERNHARD; WAYSON,

2004).

Uma alternativa à construção das barreiras acústicas para mitigação do ruído

é a utilização de pavimentos silenciosos. Esta técnica tem a vantagem de promover

a redução do ruído diretamente pela atividade de pavimentação, sendo geralmente

Page 11: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

11

mais silenciosos que os revestimentos asfálticos convencionais, mantendo-se a

segurança, durabilidade e economicidade. Estes pavimentos podem reduzir entre 3

e 10 dB(A) os ruídos emitidos pela interface pneu-pavimento. Cada 5 dB(A) de

redução de ruído representa grande redução de incômodo ao ser humano. Este

valor é utilizado como parâmetro nas agências de transporte norte-americanas para

avaliar pavimentos silenciosos (BERNHARD; WAYSON, 2004).

Em estudo feito por Hanson e James (2004), concluiu-se que o ruído de

tráfego é constituído de diversas fontes, tais como o ruído do motor, dos pneus e do

efeito aerodinâmico, dentre outras. O atrito gerado na interface pneu-pavimento

supera os demais, quando são praticadas velocidades acima de 40 km/h.

De acordo com Sandberg e Ejsmont (2002) apud Freitas (2008), a geração de

ruído relacionado à interface pneu-pavimento provém de mecanismos como as

vibrações radiais e tangenciais, resultantes do impacto da estrutura do pneu com a

superfície, a aderência à superfície do pavimento e o deslocamento do ar nos sulcos

da banda de rodagem do pneu e em sua volta. Tais mecanismos podem ser

amplificados ou não, em função da acústica e mecânica da superfície do pavimento

(textura, índice de vazios, rigidez etc.).

Nesta pesquisa, a partir da utilização de métodos para avaliação do ruído na

interface pneu-pavimento, o nível de pressão sonora obtido será correlacionado com

a textura, densidade, índice de vazios e irregularidade do pavimento, tornando-se

possível a indicação das características requeridas aos pavimentos silenciosos.

Consequentemente, possibilita-se planejar e definir o tipo de pavimento a ser

empregado em determinadas áreas, respeitando os patamares mínimos aceitos

internacionalmente para o conforto acústico da população.

1.1 JUSTIFICATIVA

A frota de veículos brasileira tem crescido muito anualmente. Segundo o

IBGE Cidades@ (IBGE, 2010), já no ano de 2010, a cidade de Aracaju - SE

apresentava uma proporção de 2,76 habitantes por veículo. É imprescindível que

sejam adotadas medidas para a mitigação do ruído gerado pelo tráfego de veículos

em vias urbanas e rodovias que circundam meios urbanos, mantendo-se o equilíbrio

entre a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico.

Page 12: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

12

De acordo com a Resolução CONAMA nº 001 de 08/03/1990 (CONAMA,

1990), que remete a padrões das normas NBR-10.151 – Avaliação do Ruído em

áreas Habitadas visando o Conforto da Comunidade (ABNT, 2000a) e NBR-10.152 –

Níveis de Ruído para Conforto Acústico (ABNT, 2000b), a qualidade de vida está

sendo degradada em virtude da poluição sonora, que se agrava cada vez mais nos

grandes centros urbanos. Esta resolução e as referidas normas técnicas

estabelecem limites aos níveis sonoros de acordo com o uso das edificações.

O ruído no interior das edificações tem significativa parcela proveniente do

tráfego de veículos em vias urbanas e rodovias no seu entorno.

Nos Estados Unidos, a FHWA (Federal Highway Administration) publicou os

padrões de ruído para projetos rodoviários. É estabelecido que quando os níveis de

pressão sonora produzidos pelo tráfego se aproximarem ou excederem 67 dB(A) no

entorno de áreas residenciais, soluções para a redução de ruído devem ser

adotadas (FHWA, 2000).

Há a necessidade do estudo de alternativas de engenharia, especialmente de

pavimentos, para que, com o crescente desenvolvimento econômico, o ruído de

tráfego não influencie negativamente na qualidade de vida da população. Quer seja

em áreas residências e comerciais, ou nas proximidades a hospitais e escolas,

devem ser mantidos os padrões mínimos de conforto acústico para a população

exercer suas atividades.

De acordo dom a hipótese baseada em estudos realizados por Bernhard e

Wayson (2004), Freitas (2008) e Mak et al. (2012), de que quanto mais aberta a

textura superficial do pavimento, maior o índice de vazios e menos denso o

revestimento, pode-se reduzir o ruído na interface pneu-pavimento em até 10 dB(A).

Pretende-se neste trabalho, além de avaliar estas relações, reunir subsídios para

indicação de revestimentos asfálticos para aplicação em usos específicos, a partir

das suas características construtivas.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 Objetivo geral

A pesquisa aqui relatada foi realizada com o objetivo de avaliar o ruído gerado

pela ação do tráfego, especificamente na interface pneu-pavimento, para vários tipos

Page 13: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

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de revestimentos asfálticos aplicados em pavimentos urbanos e rodoviários do

Estado de Sergipe. Com os resultados da avaliação procede-se a indicação de

revestimentos asfálticos apropriados para usos específicos em áreas urbanas e

marginais de rodovias, buscando uma forma de enquadrar o ruído ainda gerado em

patamares internacionalmente aceitos, proporcionando o conforto acústico à

sociedade.

1.2.2 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos

específicos:

• Medir o ruído na interface pneu-pavimento por métodos padronizados

internacionalmente, definindo suas vantagens e desvantagens;

• Avaliar a influência da velocidade no nível de ruído gerado na interface

pneu-pavimento;

• Avaliar a influência da macrotextura e microtextura dos pavimentos na

geração de ruído;

• Avaliar a interferência da irregularidade longitudinal do revestimento

nos níveis de ruído;

• Desenvolver modelo de previsão para quantificar níveis de ruído na

interface pneu-pavimento, de acordo com a variação de parâmetros

como índice de vazios, textura e irregularidade longitudinal do

revestimento empregado;

• Propor especificação para alternativas de pavimentação mais

adequadas a vias urbanas críticas, como hospitais, escolas, zonas

urbanas residenciais e comerciais.

Page 14: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

14

2 SOM E RUÍDO

2.1 O SOM

Segundo Bernhard e Wayson (2004) acústica é a ciência do som, sendo

responsável pelo estudo da sua geração, propagação e recepção.

O som pode ser definido como uma variação de pressão ambiente detectável

pelo sistema auditivo, proveniente da vibração das moléculas do ar propagadas a

partir de estruturas vibrantes. A menor variação detectável chama-se “limiar da

audibilidade”, sendo “limiar da dor” a variação que provoca incômodo. O sistema

auditivo humano é bastante sensível na detecção dessas variações (BISTAFA,

2006).

Período (T) é o intervalo de tempo para que a curva da variação de pressão

ambiente complete um ciclo inteiro. Quando a amplitude (λ) das ondas for maior que

o limiar de audibilidade, o som é detectado. Então, a variação de pressão ambiente

é chamada de pressão acústica ou sonora (BISTAFA, 2006).

A faixa de frequência que os seres humanos percebem o som inicia-se em 20

Hz e acaba em 20 kHz. Acima desta faixa têm-se os ultrassons e abaixo, os

infrassons (BISTAFA, 2006).

As três características essenciais do som são: a intensidade, a altura e o

timbre. A intensidade depende da amplitude do movimento vibratório, da superfície

da fonte sonora, da distância entre o receptor e a fonte e da natureza do meio entre

estes, determinando se o som é forte ou fraco. A altura, ou frequência do som, é a

característica que responde à sensação de som mais agudo ou grave. Representa o

número de vezes que a mudança de pressão do ar é repetida na unidade de tempo,

estas relacionadas em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). O timbre distingue dois

sons de mesma intensidade e altura que resultam em diferentes sensações (BRAGA

et al., 2005; RASMUSSEN et al., 2007).

2.1.1 Medida do som – Escala Decibel

A percepção do som segue a Lei de Fecher-Weber, que estabelece que o

aumento da sensação ao som é proporcional ao logaritmo do estímulo. A unidade

para medida de som é o decibel (dB), que equivale a um décimo do Bel, esta

Page 15: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

15

desenvolvida pelos engenheiros da Bell Telephone Laboratories, nos Estados

Unidos, que transforma em escala logarítmica a ampla faixa de variação da escala

linear de potência (BISTAFA, 2006).

(1)

Onde:

P - Potência medida

P0 - Potência de referência

2.1.2 Nível de intensidade sonora

Intensidade sonora é a quantidade média de energia na unidade de tempo

que atravessa uma área perpendicular à direção de propagação da onda, sendo

medida em Watt por metro quadrado (W/m²). A sua medida direta requer a utilização

de equipamento específico (sondas de intensimetria) e de procedimentos

adequados. Dessa forma, não se pode medir diretamente a potência sonora de uma

fonte, apenas podendo esta ser calculada com medidas de intensidade ou pressão

(BISTAFA, 2006).

Denomina-se Nível de Intensidade Sonora (NIS) a intensidade sonora quando

é medida em decibéis, que tem a função de representar a intensidade percebida

pela fisiologia do ouvido humano, ou seja, medição da variação de energia

(BISTAFA, 2006).

A fórmula para aplicação da escala logarítmica é:

(2)

Sendo:

NIS – Nível de Intensidade Sonora (dB)

I1 – Intensidade física do som (W/m²)

I0 – Intensidade de referência =Limiar da audibilidade = 10-12 W/m²

2.1.3 Nível de pressão sonora

A pressão sonora é uma grandeza física correlacionada com a sensação

subjetiva de intensidade do som, ou seja, o quão intenso é o som que é percebido

pelo ser humano (BISTAFA, 2006).

Page 16: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

16

Assim como a intensidade sonora, a pressão sonora também é relacionada

com a escala decibel, resultando no chamado Nível de Pressão Sonora (NPS), pois

avalia neste caso a variação de pressão no ar devido à propagação da onda sonora.

Seu cálculo é realizado de acordo com a equação seguinte (BISTAFA, 2006):

⋅=0

1log20P

PNPS

(3)

Onde:

NPS = Nível de Pressão Sonora, em dB.

P1 = Raiz média quadrática das variações dos valores instantâneos da

pressão sonora (N/m² ou µPa).

P0 = Pressão de referência → limiar de audibilidade (2 x 10-5 N/m² ou 20 µPa).

2.1.4 Curvas de ponderação

De acordo com Bernhard e Wayson (2004), para fazer a correção que mais se

aproximaria da percepção auditiva humana na relação de frequências com o nível

sonoro, utilizam-se as curvas de ponderação (A, B e C), mostrada na Figura 1. A

curva mais utilizada para a avaliação do ruído é a curva de ponderação A, sendo os

valores expressos em dB (A), pois esta é a que melhor representa a percepção do

ouvido humano em amplitudes típicas do ruído ambiente. Já as Curvas de

ponderação B e C representam a ponderação para sons de maior amplitude,

tipicamente encontrados em ambientes industriais.

2.1.5 Medidores de campo

O sensor de pressão sonora para medidas acústicas é o microfone, que é um

transdutor eletroacústico que transforma a pressão sonora em sinal elétrico

equivalente. Este sinal pode ser manipulado, amplificado, armazenado e filtrado de

diversas formas. Existem seis tipos de microfone: os de carbono, dinâmico, de fita,

piezoelétrico, de eletreto e de condensador (BISTAFA, 2006).

Dentre os diversos tipos o que mais se adequa a medições acústicas é o

microfone de condensador com diafragma metálico (Figura 2). Isso se deve a sua

ampla faixa dinâmica, estabilidade e ampla faixa de leitura de frequência. Ao ar livre

Page 17: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

17

se recomenda o uso de microfones de ângulo de incidência de 0º, pois normalmente

é possível identificar a principal direção de propagação (BISTAFA, 2006).

Figura 1 – Curvas de ponderação A, B e C. Fonte: IRWN (1979) apud BERNHARD e WAYSON (2004)

Os sinais elétricos captados por microfones são lidos por medidores de nível

de pressão sonora, que fornecem os resultados de NPS em frequências de

interesse. Estes medidores são conhecidos como sonômetros, ou popularmente,

decibelímetros (BISTAFA, 2006).

Figura 2 - Microfone de condensador com diafragma metálico. Fonte: Behringer (2000).

Page 18: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

18

2.2 O RUÍDO

Todo ruído é um som, porém nem todo som é classificado como ruído, pois

este tem conotação ruim, ou seja, é indesejável. Eventualmente os ruídos podem até

trazer informações úteis, mas geralmente incomodam, podendo afetar

negativamente o desempenho nas atividades de trabalho, interferindo na

comunicação oral e na concentração. Fora do ambiente de trabalho, ele gera

incômodo, interfere em atividades como o sono, conversação, relaxamento, que

causam impacto psicológico, podendo, a depender do nível e exposição, prejudicar a

saúde mental (BISTAFA, 2006).

A Figura 3, adaptada do estudo realizado por Rasmussem et al (2007),

exemplifica os níveis qualitativos de pressão sonora dos ruídos gerados em diversos

ambientes. O ruído de tráfego, geralmente, é considerado de nível médio, ou seja,

se encontra na faixa de 60 a 100 dB(A).

Figura 3 – Níveis de pressão sonora em diversos ambientes. Fonte: Adaptada: Rasmussem et al (2007)

Page 19: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

19

3 GERAÇÃO DE RUÍDO NA INTERFACE PNEU-PAVIMENTO

Conforme estudo realizado por Hanson e James (2004), o som emitido pelo

tráfego é caracterizado como ruído e é constituído por inúmeras fontes (motor, atrito

pneu-pavimento, efeito aerodinâmico, dentre outros). O atrito gerado na interface

pneu-pavimento supera os demais quando os veículos trafegam a velocidades

acima de 40 km/h. A Figura 4, resultado de estudos dos mesmos autores, detalha

graficamente a variação das diversas fontes de ruído de tráfego de acordo com a

velocidade imprimida por um veículo de passeio.

Figura 4 – Ruído de tráfego estratificado por suas fontes constituintes Fonte: Hanson e James, 2004.

O ruído gerado na interface pneu-pavimento resulta de numerosos e

complexos mecanismos, que ocorrem simultaneamente e em graus variáveis a

depender das características do pneu, como desenho das ranhuras, borracha

utilizada na fabricação e pressão de calibração, e do pavimento, como textura,

porosidade, rigidez, etc. (RASMUSSEN et al., 2007). Todos estes mecanismos terão

uma maior ou menor atuação na geração de ruído a depender da velocidade de

tráfego.

Page 20: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

20

Os mecanismos de geração de ruído na interface pneu-pavimento são

divididos em mecânicos e aerodinâmicos, com características descritas nos itens

seguintes.

3.1 INFLUÊNCIA DOS REVESTIMENTOS RODOVIÁRIOS NA GERAÇÃO DE RUÍDO NA INTERFACE

PNEU-PAVIMENTO

Além da velocidade, conforme visto na seção 3, existem muitas

características na superfície do pavimento que se sabe ou se acredita que

influenciam na geração do ruído de tráfego.

Dentre estas características do pavimento, cada uma com sua relevância na

geração ou redução do ruído, podem ser destacadas a textura superficial, índice de

vazios, espessura, adesão pneu-pavimento e rigidez do revestimento. A textura

superficial é a principal responsável pela alteração no nível do ruído em um

pavimento, seguido dos vazios, rigidez, espessura e adesão (RASMUSSEN et al.,

2007).

A textura superficial do pavimento resume características que dizem respeito

ao conforto e a segurança dos usuários da via. A avaliação da textura é dividida em

quatro tipos segundo sua escala de variação: microtextura, macrotextura,

megatextura e irregularidade (Tabela 1), segundo o comprimento de onda (l).

Tabela 1 - Classificação da textura de um pavimento. Classificação da textura Escala de Variação

Microtextura l < 0,5 mm

Macrotextura 0,5 mm < l < 50 mm

Megatextura 50 mm < l < 500 mm

Irregularidade 0,5 m < l < 50 m Fonte: Bernucci et al., 2006.

A microtextura trata da rugosidade ou aspereza da superfície individual dos

agregados que compõem o revestimento. Já a macrotextura está relacionada ao

tamanho do agregado, aos espaços vazios existentes no revestimento e à forma

geométrica de cada agregado (BERNUCCI et al., 2006).

A megatextura está ligada a buracos (panelas) em fase acentuada de

degradação, ondulações e desníveis na pista (BERNUCCI et al., 2006).

Page 21: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

21

A irregularidade de um pavimento é definida como o desvio da superfície da

rodovia com relação a um plano de referência, que afeta o movimento dos veículos,

a qualidade de rolamento e as cargas dinâmicas sobre a via (PATERSON, 1987).

Na Figura 5 pode-se observar a influência da textura no ruído de tráfego

proposta por Sandberg et al. (2002), tendo-se as escalas de macro e megatextura

com os principais geradores. Nesta proposta, a microtextura e irregularidade são

caracterizadas pela pouca influência na geração de ruído.

Figura 5 - Relação entre a escala da textura e seus efeitos nas características do pavimento

Fonte: Sandberg et al., 2002.

No entanto, como as ondulações e defeitos do pavimento (parcela da

megatextura) são facilmente detectáveis por medidores de irregularidade, acredita-

se que possa existir alguma relação entre a irregularidade longitudinal e o ruído na

interface pneu-pavimento, especificamente em velocidades elevadas, quando as

vibrações no pneumático são maiores. Isto pode ficar mais evidente em pavimentos

de alta irregularidade longitudinal, quando os impactos do pneu com o pavimento

são maiores devido ao efeito de “cargas dinâmicas” (PATERSON, 1987).

Segundo Freitas (2008), os valores obtidos de megatextura têm influência nos

ruídos de baixa frequência, inferiores a 1.000 Hz, enquanto que baixos valores da

macrotextura tem influência na emissão dos ruídos em frequências altas, superiores

Escala da textura (mm)

Page 22: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

22

a 1.000 Hz. O ruído depende fortemente da macro e megatextura dos revestimentos,

pois são fatores determinantes em relação ao impacto mecânico do pneu sobre o

revestimento, resultando em vibrações na carcaça. Ainda, uma macrotextura mais

aberta possibilita a diminuição do ruído gerado pelo bombeamento do ar na interface

pneu-pavimento, pois este é mais facilmente dissipado.

Da mesma forma que a macrotextura, um maior índice de vazios do

revestimento possibilita a redução do ruído de tráfego, contribuindo para a

dissipação do ar.

A densidade do pavimento é uma relação entre a sua massa e seu volume.

Para o caso de pavimentos asfálticos, este parâmetro pode ser um bom indicador,

além de outros fatores, do índice de vazios do material, já que quanto maior este, há

uma redução do valor da densidade (BERNUCCI et al., 2006).

A microtextura poderá aumentar ou diminuir o atrito entre o pneu e o

pavimento, podendo influenciar no ruído de tráfego, devido ao maior ou menor

contato entre as superfícies do pneumático e do revestimento asfáltico.

3.2 MECANISMOS MECÂNICOS DE GERAÇÃO DO RUÍDO

3.2.1 Vibrações Radiais

Ao girar o pneu sobre o pavimento a banda de rodagem gera centenas ou

milhares de impactos por segundo, a medida que os gomos tocam a superfície

deste. As vibrações provocadas são amplificadas pela parede lateral do pneumático,

conforme Figura 6 (RASMUSSEN et al., 2007).

Figura 6 - Vibrações ocasionadas pelo impacto da banda de rodagem no pavimento. Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 15

Page 23: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

23

Altos índices de irregularidade e os defeitos dos revestimentos asfálticos

contribuem para potencializar este efeito, pois aumentam o número de pontos de

impacto, elevando as vibrações.

Altas velocidades também potencializam tal efeito, elevando as vibrações

provocadas pelos impactos dos gomos na superfície.

3.2.2 Vibrações no deslizamento/adesão

Segundo Rasmussen et al. (2007), quando o pneu rola sobre a superfície do

pavimento a borracha é continuamente deformada e distorcida, em movimentos de

aceleração ou frenagem. Eventualmente as forças horizontais excedem o limite de

fricção do pavimento e a borracha escorrega, readerindo a superfície imediatamente,

desta forma gerando ruído (Figura 7).

Figura 7 – Efeito do deslizamento/adesão entre pneu e pavimento.

Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 16

Revestimentos com microtextura elevada promovem uma maior área de

contato, dificultando os deslizamentos e a ocorrência de ruídos desta natureza. Isto

fica mais evidente quando o veículo trafega em baixa velocidade e o contato entre

pneu e pavimento é maior.

3.2.3 Vibrações de adesividade

Durante o rolamento, quando o pneu perde contato com o pavimento surge

um efeito de sucção (Figura 8) semelhante a uma ventosa. Quando esta adesividade

é vencida gera-se uma vibração na carcaça do pneu que, consequentemente,

produz um efeito sonoro (RASMUSSEN et al., 2007).

Page 24: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

24

Figura 8 – Efeito da adesividade pneu-pavimento. Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 17

Revestimentos com textura muito fechada promovem uma maior adesão

pneu-pavimento, favorecendo a ocorrência de ruídos desta natureza.

3.3 MECANISMOS AERODINÂMICOS DE GERAÇÃO DO RUÍDO

3.3.1 Bombeamento de ar

As lacunas existentes na interface pneu-pavimento são normalmente

preenchidas com ar. Quando o veículo está em movimento, parte deste ar é

espremida para fora e a outra fica aprisionada e comprimida. A medida que o pneu

perde contato com o pavimento, o ar que estava aprisionado é forçado a sair e

algumas vezes gera sucção (Figura 9). Este fenômeno se repete centenas de vezes

por segundo e o som deste ar, se movendo rapidamente, pode ser percebido pelo

ouvido humano (RASMUSSEN et al., 2007).

Figura 9 – Efeito do bombeamento de ar na interface pneu-pavimento.

Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 16

Page 25: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

25

Revestimentos com textura mais aberta tendem a reduzir tais efeitos, tendo

em vista o ar ser dissipado mais facilmente. O desenho e quantidade das ranhuras

do pneu pode contribuir ou não com a redução deste fenômeno.

3.3.2 Ressonância de Helmholtz

É semelhante ao que ocorre quando se sopra na boca de uma garrafa,

quando se pode ouvir um som distinto produzido quando o ar vibra para cima e para

baixo em seu interior. O ar presente na cunha formada entre o pneu e o pavimento

(Figura10) emite som ao ser movimentado (RASMUSSEN et al., 2007).

Figura 10 – Efeito da ressonância de Helmholtz na interface pneu-pavimento.

Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 18

Assim como no bombeamento de ar, a textura mais aberta do revestimento e

uma maior quantidade de ranhuras do pneu tendem a reduzir a geração de ruído

desta natureza.

3.3.3 Corneta Acústica

A cunha formada entre o pneu e o pavimento, tanto na parte dianteira como

traseira do pneumático, é uma cavidade preenchida por ar livre na qual há reflexões

múltiplas de sons gerados na interface pneu-pavimento (Figura 11) (RASMUSSEN

et al., 2007).

Este fenômeno tem influência da calibração e da estrutura construtiva dos

pneus que podem aumentar ou diminuir a abertura da “corneta”, consequentemente

aumentando ou diminuindo a reflexão dos sons gerados na interface pneu-

Page 26: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

26

pavimento. Ainda, pavimentos porosos podem dissipar as ondas sonoras, reduzindo

as reflexões.

Figura 11 - Reflexões geradas pela corneta acústica na interface pneu-pavimento. Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 17

3.3.4 Tubo de Ressonância

Quando o deslocamento de ar proveniente da emissão de um determinado

som ocorre no interior de um tubo, este será amplificado na saída. De forma

análoga, os sulcos da banda de rodagem dos pneus funcionam como amplificadores

de sons gerados na movimentação do pneu sobre o pavimento (Figura 12)

(RASMUSSEN et al., 2007).

Figura 12 - Tubos de ressonância em um pneu. Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 18

Como os sulcos da superfície do pneu são indispensáveis a segurança do

movimento do veículo, este fenômeno é praticamente inevitável.

Page 27: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

27

3.3.5 Vibrações das paredes laterais

As pequenas vibrações provocadas pelo movimento do pneu ao rolar sobre o

pavimento são amplificadas pelas vibrações transmitidas as paredes laterais do

pneu (Figura 13) (RASMUSSEN et al., 2007). Tal amplificação será influenciada pela

pressão de calibração dos pneus, que em pressões abaixo da recomendada

permitem uma maior vibração da carcaça do pneumático.

Figura 13 - Vibrações das paredes laterais do pneu.

Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 19

3.3.6 Ressonância de Cavidade

Apesar de ser mais facilmente percebida no interior do veículo, a resposta do

ar interno do pneu a qualquer impacto causa ressonância suficientemente audível

(Figura 14) (RASMUSSEN et al., 2007). Estando o pneu com pressão de calibração

acima da recomendada pelo fabricante, há uma maior distensão da borracha que

aumentará a cavidade interna e consequentemente influenciando na ressonância

dos sons em seu interior.

Figura 14 - Ressonância de cavidade em um pneu.

Fonte: Adaptado de Rasmussen et al, 2007 p. 19

Page 28: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

28

4 TÉCNICAS PARA MITIGAÇÃO DO RUÍDO PNEU-PAVIMENTO

O ruído gerado na interface pneu-pavimento apresenta inúmeras variáveis.

Para a redução dos níveis de pressão sonora que chegam à população, pode-se

proceder a implantação de barreiras acústicas e/ou a execução de pavimentos

silenciosos.

4.1 BARREIRAS ACÚSTICAS

À medida que o som se propaga o nível de pressão sonora é atenuado ao

longo de sua trajetória. Vários fatores influenciam nesta atenuação, desde o próprio

ar atmosférico a barreiras físicas que reduzem o nível de pressão sonora que

atingirá o receptor. Para o caso de rodovias, uma maneira de atenuar os sons

gerados pelo tráfego de veículos é o uso de barreiras acústicas ao longo das suas

margens, podendo estas ser em metal, solo, concreto, vegetação etc. (BISTAFA,

2006).

Segundo Harris (1979) apud Freitas e Trabulo (2007), nas barreiras acústicas,

parte da energia sonora refletida ou dispersada volta a fonte e outra é absorvida ou

transmitida pela barreira. Ainda pode haver difração no topo da barreira (Figura 15).

Figura 15 - Trajetória das ondas sonoras ao alcançarem uma barreira acústica

Fonte: Freitas e Trabulo (2007)

De acordo com a FHWA (2000), a altura da barreira é o fator mais importante

na redução de ruído, onde cada 1,0 m de altura adicionado a uma linha de visão

Page 29: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

29

equivalente a um adulto mediano, resulta na redução de 1,5 dB do NPS que chega

ao receptor (Figura 16). A barreira até a linha de visão pode resultar em uma

redução de 5 dB(A).

Figura 16 – Influência da altura da barreira acústica

Fonte: Adaptado de FHWA, 2000.

Segundo Specht et al. (2009), estas soluções (barreiras acústicas) deveriam

entrar em desuso, por serem ineficientes e onerosas.

4.2 PAVIMENTOS SILENCIOSOS

Uma forma alternativa à construção de barreiras físicas para proteção

acústica é a utilização de pavimentos silenciosos. De acordo com Sandberg et al.

(2002) um pavimento silencioso é aquele que, ao interagir com o rolamento do pneu,

influencia o ruído do veículo de tal forma que o NPS é reduzido em no mínimo 3

dB(A) em relação ao obtido em revestimentos convencionais.

Segundo Bernhard e Wayson (2004), é possível construir e manter

pavimentos que são mais silenciosos do que pavimentos tipicamente utilizados,

além de serem também seguros, duráveis e rentáveis.

Os pavimentos silenciosos chegam a reduzir entre 3 e 10 dBA os níveis de

pressão sonora emitidos pela interface pneu-pavimento. Cada 5 dBA de redução de

Page 30: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

30

ruído representa uma grande redução de incômodo ao ser humano, especialmente

por se tratar de uma variável logarítimica. Este valor é utilizado como parâmetro nas

agências de transporte norte-americanas (BERNHARD e WAYSON, 2004).

O conceito de pavimento silencioso é bem recente, existindo poucos registros

de pesquisa específica sobre este tema no Brasil, não constando nas pesquisas

deste trabalho bibliografias relacionadas ao controle do ruído gerado pela interface

pneu-pavimento.

Em outros países existem algumas experiências relacionadas ao ruído na

interface pneu-pavimento, como na Corea do Sul, onde Cho e Mun (2008) avaliaram

o efeito da velocidade e da superfície dos revestimentos no NPS captado durante os

ensaios realizados na via expressa Jungbu Inland. Os estudos demonstraram a

influência da velocidade e da textura da superfície no NPS gerado.

Em pesquisas realizadas na Espanha com o método CPX (Close Proximity),

Paje et al. (2010) demonstraram a eficácia da incorporação de borracha reciclada ao

revestimento asfáltico na redução do ruído emitido na interface pneu-pavimento,

obtendo-se uma redução de 2,0 dB(A) em relação a uma mistura asfáltica sem

adição de borracha.

De acordo com Kowalski et al. (2009), revestimentos com camada de

desgaste em CPA – Camada Porosa de Atrito - são mais silenciosas do que

revestimentos em DGA – Dense-Graded Alphalt (asfalto de graduação densa) - e

SMA - Stone Matrix Asphalt (matriz pétrea asfáltica). Tal conclusão se deu após o

monitoramento durante 4 anos do ruído de tráfego em trechos de rodovias com os

revestimentos citados.

Em um estudo realizado por Freitas et al. (2012) em Portugal, observou-se o

aumento do NPS a medida que se aumentava a velocidade de tráfego, bem como

quando se observava maior densidade de tráfego. Já uma textura mais aberta da

superfície dos pavimentos levava à redução do NPS.

Estudo realizado nos Estados Unidos por Kocak e Kutay (2012), também

concluram que a mistura asfáltica utilizada tem forte influência na redução do nível

de pressão sonora gerado na interface pneu-pavimento.

Bueno et al. (2011) estudaram a influência da temperatura da superfície do

pavimento na geração do ruído na interface pneu-pavimento. Analisando os

Page 31: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

31

resultados, observaram que o aumento da temperatura do pavimento conduz a uma

redução do NPS a taxa de 0,06 dB(A) a cada 1ºC.

Pierce et al. (2009) estudaram a diminuição da eficiência de pavimentos

porosos na redução do ruído gerado na interface pneu-pavimento ao longo do

tempo. Observou-se que pavimentos porosos aplicados no estado de Washington

nos EUA, perdiam rapidamente a sua capacidade de reduzir o ruído de tráfego

devido ao seu desgaste precoce, este provocado pelos pneus de uso em neve

devido as suas travas metálicas.

Meiarashi (2004) acompanhou o desenvolvimento de um pavimento de baixo

ruído executado no Japão para a redução do ruído de tráfego. Este novo pavimento

tem uma estrutura porosa composta de borracha feita a partir de granulado de pneus

usados e resina de uretano como o seu ligante. É chamado de “pavimento poroso

elástico” (PERS). Observou-se que este pavimento tem um potencial de redução

NPS de até 10,0 dB(A).

Na China, em estudo realizado por Lan et al. (2009), compararam-se misturas

asfálticas modificadas com borracha. Comparando-se uma mistura de granulometria

aberta com uma densa, percebeu-se que a mistura de granulometria mais aberta foi

capaz de reduzir em 8,9 dB(A) o NPS emitido na interface pneu-pavimento.

Wang (2012), realizou estudo em nove tipos de pavimentos em 61 trechos de

rodovias na Carolina do Norte (EUA), medindo o nível de ruído gerado na interface

pneu-pavimento, para investigar quais pavimentos seriam mais silenciosos.

Observou que vários efeitos interferem na emissão de ruído, tais como temperatura,

umidade, velocidade de condução do veículo, peso do veículo e idade do pavimento.

Verificou-se valores de NPS de até 4,6 dB(A) menores em pavimentos de

granulometria menos densa.

Mendonça et al. (2013) observou que soluções de redução de ruído de

tráfego com o uso de pavimentos mais silenciosos, baseando-se em Freitas et al.

(2012), se aliadas a veículos mais silenciosos, como elétricos ou híbridos, podem

representar um perigo aos pedestres. Analisando-se a percepção do som nas

diversas faixas etárias, o ruído de tráfego, desde que não seja excessivo, configura-

se como um alerta aos pedestres, pois acima dos sessenta anos o indivíduo pode

ter uma perda de percepção de som acima de 75,0%.

Page 32: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

32

5 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO DE TRÁFEGO

Até o momento não existem métodos e normas brasileiras estabelecidos para

as pesquisas acerca de pavimentos silenciosos. Contudo, existem métodos

normatizados internacionalmente, pela International Organization for

Standardization, para levantamento de ruído na interface pneu-pavimento e

avaliação do nível e frequência do som.

Alguns destes métodos servem para avaliação do ruído gerado pela

passagem de veículos lateralmente a via. Existem alguns outros que avaliam o ruído

gerado na interface pneu-pavimento. Há também um modelo matemático

desenvolvido pela FHWA (1998) com o qual é possível estimar o ruído ao longo da

margem da via produzido por apenas um veículo e para um fluxo de veículos. Estes

métodos são descritos nos itens seguintes.

5.1 MÉTODO ESTATÍSTICO DE PASSAGEM (STATISTICAL PASS-BY METHOD, SPB)

Levantamento de ruído preconizado pela ISO 11819-1/1997, o SPB –

Statistical Pass-By Method, ou método estatístico de passagem, mede o nível de

pressão sonora (dB (A)) gerado por veículos classificados como leve, pesado com

dois eixos e pesado com mais de dois eixos em um ponto específico de uma

rodovia. É indicado para análises de ruído em vias de tráfego normal.

De acordo com a referida Norma, para realização do ensaio o microfone deve

ficar distante 7,50m (±0,1m) do eixo da via e a uma altura de 1,20m (±0,1m) acima

do plano da linha de tráfego, conforme Figura 17.

Para a avaliação do ruído em diferentes tipos de pavimentos é calculado o

Índice Estatístico de Passagem (Statistical Pass-By Index, SPBI) que leva em

consideração o tipo de veículo, sua pressão sonora medida e a velocidade de

referência da rodovia (ISO 11819-1/1997).

O SPBI é obtido pela Equação 4 (ISO 11819-1/1997):

(4)

Onde:

SPBI – Índice Estatístico de Passagem;

W1, W2a, W2b – Fatores de proporção de cada tipo de veículo;

Page 33: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

33

L1, L2a, L2b – Valor de pressão sonora de cada tipo de veículo;

V1, V2a, V2b – Velocidade de referência da rodovia.

Figura 17 - Método SPB para avaliação de ruído de tráfego Fonte: Freitas (2008)

5.2 MÉTODO DA PASSAGEM CONTROLADA (CONTROLED PASS BY, CPB)

É bastante similar ao SPB, diferenciando-se por ser feito o controle dos

veículos que irão trafegar com velocidades pré-estabelecidas. Conforme

preconizado pela norma ISO 362/1998, este tipo de levantamento deve ser realizado

com o uso de dois microfones para captação do NPS, de acordo com a Figura 18.

5.3 MÉTODO DA PROXIMIDADE IMEDIATA (CLOSE PROXIMITY, CPX)

Normatizado pela ISO 11819-2/2000, este método consiste em medir a

pressão sonora do ruído gerado na interface pneu-pavimento com um sistema de

captação formado por dois microfones fixados próximo ao pneu, podendo ser

instalado em uma das rodas do próprio veículo ou de um trailer a ser rebocado pelo

veículo (Figuras 19 e 20). Deve-se realizar os levantamentos com velocidades

determinadas previamente.

Page 34: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

34

Figura 18 - Método CPB para avaliação de ruído de tráfego. Fonte: ISO 362 (1998)

Figura 19 – Sistema de medição de NPS CPX montado em trailer puxado por veículo. (a) trailer puxado por veículo; (b) detalhe do posicionamento dos microfones

Fonte: Hanson et al. (2004)

(a) (b)

A referida norma estabelece o esquema de montagem deste tipo de sistema,

que deve seguir o exposto na Figura 21.

Page 35: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

35

Figura 20 – Microfones fixados na roda do próprio veículo no método CPX. Fonte: Freitas et al. (2008)

Figura 21 - Posicionamento dos microfones para levantamentos CPX Fonte: Adaptado de Freitas et al. (2008)

De acordo com Hanson e James (2004), o método CPX tem vantagens como

a capacidade de medir o NPS em praticamente qualquer tipo de superfície e ter

Page 36: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

36

menor influência de outros ruídos devido a proximidade da interface pneu-

pavimento.

Este método, apesar de simples e bastante representativo, pode ter influência

de ruídos de ventos e não representa o tráfego normal da via. Porém, é ideal para a

análise do NPS gerado na interface pneu-pavimento, pois há baixa influência de

outras fontes de ruído, como ruído de motores, vibração da carcaça do veículo, etc.

5.4 MÉTODO DA INTENSIDADE DE SOM APROXIMADA (CLOSE PROXIMITY SOUND INTENSITY,

CPI)

Normatizado pela ISO 3740/2000, este método é muito semelhante ao CPX,

descrito anteriormente, diferindo apenas por serem feitas leituras de Nível de

Intensidade sonora.

5.5 AVALIAÇÃO DO RUÍDO NO ENTORNO DE VIAS

Para ser possível a avaliação da propagação do ruído no entorno da via, ou

seja, em residências e demais edificações, poder ser utilizado um método

preconizado pela FHWA - Federal Highway Administration (1998) do U.S.

Department of Transportation.

A FHWA (1998) definiu um modelo para prever o nível de pressão sonora ao

lado de uma via, originado por uma fonte sonora deslocando-se continuamente

(veículo):

α+

⋅+=

1

2

112 log10

d

dNPSNPS

(6)

Onde:

NPS2 = Nível de pressão sonora estimada no ponto 2, em dB(A).

NPS1 = Nível de pressão sonora detectada no ponto 1, em dB(A).

d2 = Distância do ponto 2 à fonte sonora (m).

d1 = Distância do ponto 1 à fonte sonora (m).

α = Fator de absorção sonora da cobertura do solo entre a via e o

receptor. Este valor é empírico. Para o caso de poucas obstruções laterais e

cobertura de solo impermeabilizada, o nível sonoro será reduzido em 3 dB para cada

Page 37: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

37

duplicação da distância e assume-se o valor de “0”, já para cobertura permeável, o

nível sonoro reduzirá 4,5 dB a cada duplicação da distância e o valor será “0,5”

(BISTAFA, 2006).

Os principais mecanismos de atenuação sonora ao ar livre são a distância, a

absorção sonora do ar atmosférico, reflexões no solo e barreiras naturais (copas de

árvores) e artificiais (Figura 22) (BISTAFA, 2006).

Figura 22 – Mecanismos mais significativos de atenuação sonora. Fonte: Anderson e Kurse apud Bistafa, 2006

Também foi desenvolvido pela FHWA (1998) um modelo que para definição

do nível de pressão sonora equivalente horário que um fluxo de veículos pode

ocasionar em imediações de vias. Este modelo foi desenvolvido levando-se em

consideração o conhecimento do nível sonoro a 15 metros do eixo da via, daí a

utilização da relação 15 sobre a distância (da) do ponto analisado na Equação 7.

( ) ( ) 1315log10log101

2 −+

⋅+

⋅⋅+

comb

+

a

hA

dTVN= NPSNPS

α

(7)

Onde:

NPS(h)= Nível de pressão sonora equivalente horário do tipo de veículo, em dB(A).

N = Quantidade de veículos do tipo, no intervalo de T = 1 hora. V = Velocidade média do tipo de veículo, em km/h.

Page 38: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

38

T = Tempo para o qual se deseja calcular o nível sonoro, em horas. da = Distância (perpendicular ao eixo da pista) até o ponto a ser analisado

(m). Acomb= É o efeito combinado de diferentes formas de atenuação, que pode ser

a combinação entre barreiras e o solo, entre gradientes de temperatura/velocidade do vento e a barreira, ou entre gradientes de temperatura/velocidade do vento e solo. Caso seja uma área livre (sem barreiras) e solo impermeabilizado (situação das vias estudadas), nesta pesquisa, este já está computado pelo fator de absorção (BISTAFA, 2006).

Estes dois métodos têm na temperatura ambiente e incidências de vento sua

limitação, fato que pode incorrer em divergências quando aplicados em países de

clima tropical.

Page 39: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

39

6 METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentadas as análises que foram realizadas, o plano

experimental para obtenção dos dados e os procedimentos de coleta de dados em

campo.

6.1 PAVIMENTOS AVALIADOS

Para aquisição de dados foram realizados levantamentos em 9 (nove)

segmentos teste distintos, contemplando 6 (seis) tipos de revestimentos comumente

empregados tanto no estado de Sergipe como nos demais estados brasileiros:

Concreto Asfáltico Usinado a Quente, Concreto Asfáltico com ligante modificado

com borracha de pneu, Microrevestimento Asfáltico, Tratamento Superficial Duplo –

TSD, Concreto Asfáltico com ligante modificado com SBS e Pré-Misturado a Frio -

PMF. Os pavimentos analisados estão localizados nos municípios de Aracaju

(CAUQ com baixo volume de tráfego, AB, MRA e PMF), São Cristóvão (CAUQ com

alto volume de tráfego) e Itaporanga D’Ajuda (CAUQ com alto volume de tráfego,

TSD e SBS), todos em Sergipe (Figura 23), e foram cadastrados com auxílio de

GPS. Os segmentos estudados são descritos nos itens seguintes.

A avaliação de revestimento com Camada Porosa de Atrito (CPA) foi abortada

dos objetivos da pesquisa devido ser tecnicamente inviável a sua construção como

trecho experimental. A bibliografia sugere baixa durabilidade deste material em

regiões com alta incidência solar, como o que ocorre no Nordeste Brasileiro.

Devido à limitação de tempo de captura de dados do software utilizado nos

levantamentos de ruído (de apenas 9,0 segundos), a extensão máxima utilizada em

cada trecho a partir da coordenada lida no GPS foi de 200 metros (para ensaios a 80

km/h), conforme Figura 24.

6.1.1 Concreto asfáltico convencional com baixo volume de tráfego

Segundo informações fornecidas pela EMURB (Empresa Municipal de Obras

e Urbanização), praticamente em todas as ruas com pavimentação asfáltica da

cidade de Aracaju - SE foi utilizado concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ)

como revestimento.

Page 40: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

40

Figura 23 – Localização dos trechos avaliados

Figura 24 – Extensão dos trechos de teste para cada velocidade de tráfego

Foi analisado um trecho da Avenida Oviêdo Teixeira, localizado na zona sul

da cidade de Aracaju (Latitude 10º56’45,0”S e Longitude 37º03’25,4”W), com pouca

movimentação de tráfego e também com poucas edificações em suas margens

(Trecho CAUQ1). O pavimento apresentava poucos defeitos na época do

levantamento (Figura 25).

Trecho em CAUQ1

Trecho em CAUQ2

Trecho em CAUQ3

Trecho em AB

Trecho em MRA

Trecho em TSD

Trecho em SBS1

Trecho em SBS2

Trecho em PMF

Page 41: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

41

Figura 25 – Trecho CAUQ1 com baixo volume de tráfego em Aracaju: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste.

(a)

(b)

6.1.2 Concreto asfáltico convencional com alto volume de tráfego

Foram analisados dois segmentos revestidos com concreto asfáltico usinado

a quente (CAUQ) sujeitos a alto volume de tráfego (Trechos CAUQ2 e CAUQ3). O

Trecho B situa-se no município de São Cristóvão – SE e o Trecho C no município de

Itaporanga D’Ajuda – SE. Ambos compreendem Trechos da BR-101 (Figura 26).

Como a rodovia apresenta tráfego intenso, os levantamentos só foram possíveis

com a realização de desvio do tráfego durante a execução dos ensaios.

As localizações geográficas dos Trechos CAUQ2 e CAUQ3 avaliados são

Latitude 10º57’33,1”S e Longitude 37º15’00,4”W, Latitude 11º00’59,1”S e Longitude

37º19’13,1”W, respectivamente. Ambos apresentavam bastante defeitos estruturais,

principalmente trincamento por fadiga.

Page 42: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

42

Figura 26 – Trechos em CAUQ com alto volume de tráfego. Trecho CAUQ2:(a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste; Trecho CAUQ3: (c) aspecto da via; (d) localização do

segmento teste.

6.1.3 Asfalto Borracha

O trecho revestido com concreto asfáltico com ligante modificado com

borracha de pneu (Trecho AB) situa-se na zona sul da cidade de Aracaju – SE

(Latitude 10º55’51,6”S e Longitude 37º03’53,2”W), onde as especificações da

pavimentação tiveram que atender à concepção ecológica da especulação

imobiliária local (Figura 27). Está localizado na rua Engenheiro Antônio Gonçalves

Soares, no bairro Luzia.

O pavimento apresentava bastante ondulação. O volume de tráfego já é

elevado, especialmente de veículos de passeio, e conta com muitas edificações em

seu entorno.

Page 43: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

43

Figura 27 – Trecho AB - Asfalto Borracha analisado na zona sul da cidade de Aracaju: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste.

(a)

(b)

6.1.4 Microrevestimento Asfáltico

O segmento revestido com microrevestimento asfáltico (Trecho MRA) está

situado na rodovia José Sarney, litoral sul da cidade de Aracaju - SE (Figura 28). O

pavimento consiste de tratamento superficial duplo que, em processo de

restauração, foi sobreposto por camada de microrevestimento.

Figura 28 – Trecho MRA - Microrevestimento asfáltico na cidade de Aracaju: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste.

(a)

Page 44: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

44

(b)

Esta rodovia localiza-se no litoral e o trecho selecionado para a pesquisa está

compreendido entre edificações (restaurantes, clubes e pousadas), visando

minimizar a influência dos ventos nos levantamentos de ruído. A sua localização

geográfica é Latitude 11º01’40,4”S e Longitude 37º04’37,3”W.

6.1.5 Tratamento Superficial Duplo – TSD

O segmento revestido com Tratamento Superficial Duplo - TSD (Trecho TSD)

situa-se no município de Itaporanga D’Ajuda – SE (Figura 29) e faz parte da rodovia

SE–438, que liga a cidade de Aracaju ao litoral sul do estado. Está na localizado nas

coordenadas Latitude 11º08’20,5”S e Longitude 37º11’13,2”W e encontra-se em bom

estado de conservação.

Figura 29 – Trecho TSD - Tratamento Superficial Duplo no município de Itaporanga D’Ajuda: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste.

(a)

Page 45: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

45

(b)

6.1.6 Concreto Asfáltico com Polímero - SBS

Foram analisados dois segmentos revestidos com Camada de Concreto

Asfáltico com ligante modificado com polímero SBS (Trechos SBS1 e SBS2), sujeitos

a alto volume de tráfego. Ambos compreendem Trechos da BR-101, recém

duplicada, no município de Itaporanga D’Ajuda – SE (Figura 30). Como a rodovia

apresenta tráfego intenso, os levantamentos só foram possíveis com a realização de

desvio do tráfego durante a execução dos ensaios.

As localizações geográficas dos Trechos SBS1 e SBS2 avaliados são Latitude

10º57’34,0”S e Longitude 37º15’01,3”W, Latitude 11º00’56,5”S e Longitude

37º19’09,9”W, respectivamente.

6.1.7 Pré-Misturado a Frio

O segmento revestido com Pré-Misturado a Frio (Trecho PMF) situa-se em

área da cidade de Aracaju – SE, na zona sul da cidade (Latitude 10º55’54,2”S e

Longitude 37º04’12,1”W), onde foram realizadas obras de saneamento básico e a

recomposição do revestimento asfáltico foi executado com PMF denso (Figura 31).

Está localizada na Avenida Dr. Francisco Moreira, no Bairro Luzia.

6.2 COLETA DE DADOS

Os procedimentos utilizados na obtenção dos dados de macrotextura e

microtextura, irregularidade longitudinal, densidade do revestimento e nível de

pressão sonora dos pavimentos, utilizados para o desenvolvimento do modelo de

previsão e na proposta de especificação de pavimentação adequada às vias com

restrição de ruído, são descritos nos itens seguintes.

Page 46: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

46

Figura 30 – Trechos SBS1 e SBS2 em CAUQ com adição de SBS no município de Itaporanga D’Ajuda. Trecho SBS1: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste;

Trecho SBS2: (c) aspecto da via; (d) localização do segmento teste.

Figura 31 – Trecho PMF – Pré-Misturado a Frio no município de Aracaju: (a) aspecto da via; (b) localização do segmento teste.

(a)

Page 47: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

47

(b)

6.2.1 AVALIAÇÃO DA MACROTEXTURA DOS REVESTIMENTOS

A macrotextura dos pavimentos foi analisada por meio do método de Ensaio

de Mancha de Areia e por medição com laser de alta frequência (ambos

equipamentos adquiridos com fontes de recurso distintas do CNPq).

O ensaio de Altura de Mancha de Areia é realizado de acordo com a Norma

ASTM-E-965. Inicialmente é feito o espalhamento de 25 cm³ de areia, previamente

preparada em laboratório, cuja granulometria compreende grãos que passam na

peneira nº 60 e ficam retidos na nº 80, utilizando-se um espalhador circular, com

revestimento de borracha em sua base, sobre o pavimento limpo e seco, fazendo

movimentos circulares de modo que a areia se distribua também de forma circular

(Figura 32 a, b, c). Em seguida são medidos quatro diâmetros da mancha (Figura

33d). Para cada revestimento foram realizadas três amostras de mancha de areia,

sendo utilizada a média dos diâmetros maior e menor na fórmula do cálculo da altura

da mancha de areia.

O cálculo da altura de mancha de areia é realizado por meio da Equação (5).

Hs = V / (π.D²/4) (5)

Onde:

Hs – Altura da mancha de areia (mm)

V – volume de areia (25.000 mm³)

D – diâmetro médio da mancha (mm)

Page 48: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

48

Figura 32 – Ensaio de mancha de areia: (a) e (b) espalhamento em movimentos circulares; (c) disposição das três amostras; (d) verificação dos diâmetros.

Após a obtenção dos resultados é feita a classificação da macrotextura em

função da altura de mancha de areia de acordo com a Tabela 3.

A outra forma que se analisou a macrotextura foi através dos resultados de

medições com módulos lasers de alta frequência (Figura 33).

Tabela 2 – Classificação da macrotextura em função da altura de mancha de areia AVALIAÇÃO DA MACROTEXTURA - MÉTODO DA ALTURA DE AREIA

PROFUNDIDADE MÉDIA (mm) TEXTURA SUPERFICIAL

Hs < 0,20 mm MUITO FINA OU MUITO FECHADA

0,20 mm < Hs < 0,40 mm FINA OU FECHADA

0,40 mm < Hs < 0,80 mm MÉDIA

0,80 mm < Hs < 1,20 mm GROSSEIRA OU ABERTA

Hs > 1,20 mm MUITO GROSSEIRA OU MUTIO ABERTA Fonte: DNIT (2005)

Page 49: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

49

Figura 33 – Laser de alta frequência para análise de macrotextura

Obtendo-se medições diretas do perfil com conjunto laser, ao longo de uma

distância de referência (distância de base de 10 cm), tem-se o chamado MPD (Mean

Profile Depth), que é calculado a partir da média das profundidades medidas neste

perfil (Figura 34) para cada metade da distância de base, conforme a norma ASTM

E-1845 apud Salgado et al., 2009.

Figura 34 – Método de cálculo do MPD – Mean Profile Depth (ASTM E-1845)

Embora sejam medidas correlatas, os resultados de MPD e Hs podem ter

divergências devido tanto à variação do diâmetro dos grãos no ensaio de mancha de

areia, que influencia o preenchimento das lacunas entre os agregados da superfície

Page 50: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

50

do pavimento, como pela medida com laser ser bidimensional, enquanto o ensaio de

mancha de areia é tridimensional. Desta forma, como o MPD é medido em linha,

preferencialmente na trilha de roda, as variações laterais não são captadas pelo

sensor laser.

Os patamares aceitáveis para concreto asfáltico devem constar no intervalo

de 0,60 mm até 1,20 mm, tanto para medidas em Hs quanto em MPD (Bernucci et

al., 2006). Para pavimentos drenantes, são sugeridos valores acima de 1,25 mm

(Duarte, 2011).

6.2.2 AVALIAÇÃO DA MICROTEXTURA DOS REVESTIMENTOS

A microtextura dos pavimentos foi analisada por meio do método de Ensaio

do Pêndulo Britânico (equipamento adquirido com fonte de recurso distinta do

CNPq).

Este ensaio é realizado de acordo com a norma ASTM-E-303-93. Consiste

em um equipamento com uma sapata de borracha acoplada na extremidade de uma

haste, simulando a superfície de um pneumático, que é solta em movimento

pendular a fim de friccionar o revestimento. Com o deslocamento do pêndulo após

tocar o pavimento, é feita uma leitura, que mostrará o valor de resistência

derrapagem (VRD).

Para o procedimento de ensaio, deve-se, inicialmente, nivelar os apoios do

aparelho sobre o pavimento com o nível de bolha. Depois efetua-se a verificação do

“zero” e o ajuste do comprimento de fricção do pêndulo com uma régua (Figura 35).

Em seguida, com um borrifador de água, o revestimento, já isento de sujeira, é

molhado a fim de simular a pior condição de atrito na superfície (Figura 36). Com o

auxílio de um termômetro é medida a temperatura da água na superfície do

pavimento para correção do valor de VRD. Então o ensaio é realizado com três

medidas de VRD para cada revestimento, cujo valor final utilizado é calculado

através de média aritmética, com correção da temperatura. Após a análise do

resultado, é feita a classificação de acordo com a Tabela 4.

Page 51: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

51

Figura 35 – Pêndulo Britânico: (a) nivelamento; (b) aferição do “zero”.

(a) (b)

Figura 36 – Pêndulo Britânico: (a) Aplicação de água na superfície; (b) verificação da

temperatura; (c) ensaio.

(a) (b) (c)

Tabela 3 – Classificação de microtextura em relação ao VRD CLASSES DE RESISTENCIA À DERRAPAGEM - MÉTODO DO PÊNDULO BRITÂNICO

CLASSES VRD - VALOR DE RESISTÊNCIA A DERRAPAGEM

1- PERIGOSA VRD < 25

2 - MUITO LISA 25 < VRD < 31

3 - LISA 32 < VRD < 39

4 - INSUFICIENTEMENTE RUGOSA 40 < VRD < 46

5 - MEDIANAMENTE RUGOSA 47 < VRD < 54

6 - RUGOSA 55 < VRD < 75

7 - MUITO RUGOSA VRD > 75 Fonte: DNIT (2005)

6.2.3 AVALIAÇÃO DA IRREGULARIDADE DOS PAVIMENTOS

Para as análises de irregularidade longitudinal (IRI - International Roughness

Index) foi utilizado um perfilômetro inercial a laser (equipamento adquirido com fonte

de recurso distinta do CNPq), cujo funcionamento segue o preconizado pela norma

ASTM E 950-98. Seus principais componentes são: 3 módulos de medição laser

verticais; barra de suporte para fixação dos módulos; suporte para fixação no

Page 52: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

52

veículo; hodômetro; GPS e software para coleta de informações e processamento de

dados. O mesmo foi instalado na parte dianteira do veículo teste (Figura 37), o qual

foi adquirido com recursos do CNPq para constituir um laboratório móvel.

Figura 37 – Perfilômetro a Laser instalado no veículo teste

O funcionamento do perfilômetro consiste na leitura simultânea do

deslocamento longitudinal, da altura do veículo até o pavimento e da aceleração

vertical do veículo (Figura 38). Esta será registrada e transformada em

deslocamento vertical do veículo. Corrigindo-se todos os valores de altura em

relação a aceleração vertical obtêm-se o perfil longitudinal (BARELLA et al., 2005

apud ALBUQUERQUE, 2007). Após a análise do resultado, é feita a classificação de

acordo com a Tabela 5.

A cada montagem do referido equipamento foi realizada a verificação do

funcionamento dos módulos lasers e a cada trecho a ser ensaiado o sistema foi

calibrado com o auxílio de uma régua de alumínio, revestida com adesivo preto

fosco nos pontos de incidência dos raios lasers.

Page 53: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

53

Figura 38 – Tela do Software CiberLogger1 de medição da Irregularidade Longitudinal

Tabela 4 – Classificação de Irregularidade Longitudinal de acordo com o IRI CONCEITO IRI (m/km)

Excelente 1-1,9 Bom 1,9-2,7

Regular 2,7-3,5 Ruim 3,5-4,6

Péssimo >4,6 Fonte: DNIT (2005)

Após os levantamentos, os dados armazenados pelo CiberLogger foram pós-

processados com o software CiberShell, resultando em relatórios que podem conter:

os índices IRI, o valor médio dos Afundamentos em Trilhas de Roda (ATR), a

velocidade do veículo, as observações de campo, as coordenadas GPS, dentre

outros. Para o caso deste trabalho, este software foi configurado para gerar

relatórios com valores registrados em intervalos de 10,0 metros, dessa forma

1 CiberLogger – Software desenvolvido pela Cibermétrica, utilizado para captura de dados em alta

velocidade de módulos de medição laser.

Page 54: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

54

possibilitando a compatibilização com os segmentos testemunha correspondentes a

cada velocidade, conforme descrito no item 6.1.

6.2.4 AVALIAÇÃO DA DENSIDADE DO REVESTIMENTO

A determinação da densidade dos revestimentos estudados foi realizada com

o medidor de densidade de asfalto eletromagnético (equipamento adquirido com

fonte de recurso distinta do CNPq), também conhecido como não- nuclear (Figura

39). Este equipamento mede a constante dielétrica 2 do material produzida em um

prato sensor que é apoiado sobre a superfície. Sendo a constante dielétrica do

material diretamente proporcional a densidade, é determinada a densidade do

revestimento após prévia calibração do equipamento (DIAS, 2005).

Figura 39 – Densímetro não-nuclear utilizado: (a) equipamento; (b) operação em campo.

(a) (b)

Segundo Bernucci et al. (2006) a densidade máxima teórica de misturas

asfálticas convencionais ou com ligante modificado com SBS deve estar

compreendida entre 2.300,0 a 2.450,0 kg/m³, a depender do percentual de asfalto na

mistura, que geralmente fica entre 5,0% e 7,0%. Já para asfalto borracha esta será

de 2.480,0 kg/m³, para o pré-misturado a frio de 2.100,0 kg/m³.

2 Constante Dielétrica – número adimensional que exprime a capacidade de um material conduzir eletricidade.

Page 55: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

55

O projeto executivo dos segmentos revestidos em Concreto Asfáltico com

ligante modificado com polímero SBS, analisados, estabelecia massa específica

aparente > 2.300,00 kg/m³.

Para uma melhor aferição dos resultados de massa específica aparente

obtidos com o densímetro não nuclear, nos Trechos SBS1 e SBS2 foram extraídos

corpos de prova do revestimento asfáltico, no mesmo local em que foi utilizado o

densímetro (Figura 40), e verificadas as suas massas específicas aparentes em

laboratório. Comparando-se os resultados obtidos com os dois métodos obteve-se

um índice de correção que foi aplicado a todos os valores de densidade medidos

com o densímetro não nuclear.

Figura 40 - Retirada de corpos de prova do revestimento asfáltico para comparativo de métodos de medição densidade

6.2.5 Levantamento do ruído na interface pneu-pavimento

A medida do nível de pressão sonora gerado na interface pneu-pavimento foi

realizada pelo Método de Proximidade Imediata (CPX), método este adequado a

este propósito e objetivo desta pesquisa. Todo o equipamento foi acoplado à roda do

veículo teste utilizando-se um suporte projetado especificamente para este fim.

Page 56: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

56

De acordo com Oliveira (2010), o sistema de aquisição de dados de áudio

desenvolvido na UFS, como parte de projeto apoiado pelo CNPq, foi concebido

baseado na ISO 11819-2/2000, de modo a permitir medições de ruído em veículos

com rodas de aro entre 13” e 15”. Em um segundo momento, desenvolveu-se um

sistema universal, podendo ser acoplado a qualquer tipo de roda de veículo

automotivo. Neste sistema (Figura 41) pode-se ajustar a posição dos microfones

conforme as distâncias normatizadas para a aplicação do método, que são as

seguintes: distância entre os dois microfones de 40 cm; entre o pneu e o microfone

de 20 cm; entre o pavimento e o microfone de 10 cm. Os microfones são interligados

com cabos a uma interface de áudio com pré-amplificador, conectada a um

notebook (Figura 42).

Figura 41 – Esquema do suporte para levantamento de ruído pelo método CPX

O notebook permite a análise do nível de pressão sonora e espectro de

frequência utilizando-se o software Realtime Analizer3 (Figura 43). Foi efetuada a

análise em tempo real das frequências e nível de pressão sonora – NPS com

medidas em decibéis ponderadas pela curva A pelo software, com aquisição de

dados a cada segundo de medição. Foi efetuada uma média aritmética dos 3 Realtime Analizer, software incluso no pacote Acoustic Analyzing System 5E da YMEC. Versão de

demonstração.

Page 57: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

57

resultados gravados para o tempo de 9 segundos em cada trecho avaliado, para

cada velocidade (representado distâncias variáveis para velocidades de 40, 60 e 80

km/h), com o objetivo de elaboração de gráficos.

Figura 42 – Sistema de aquisição de dados de ruído utilizado na pesquisa: (a) esquema de montagem (b) sistema em funcionamento

(a) (b)

Figura 43 – Tela de avaliação e aquisição de dados de NPS a partir o software utilizado.

O veículo teste (adquirido com recursos do CNPq) utilizado foi um utilitário

leve, pick-up, munido de motor 1.4 com rodas de aro 14” em aço estampado e pneus

Page 58: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

58

marca Goodyear 175/70R14 modelo GT2, devidamente calibrados com 28 psi de

pressão (Figura 44). Na Figura 45 é possível observar o detalhe do equipamento

CPX acoplado ao veículo de teste.

Figura 44 – Pneu utilizado na pesquisa

Figura 45 – (a) Equipamento CPX instalado no veículo teste (b) detalhe do equipamento durante execução dos testes

(a) (b)

Mic. Dianteiro Mic. Traseiro

Page 59: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

59

Os microfones dianteiro e traseiro, modelo ECM 8000 da Behringer com

resposta linear de frequência e padrão polar omnidirecional, foram calibrados, antes

do início do levantamento em cada trecho, com referencial de pico de nível sonoro

de 94 dB(A), na frequência de 1.000 Hz utilizando-se calibrador CAL-3000

CALIBRATOR da INSTRUTHERM e tela de calibração do Realtime Analizer (Figura

46).

Figura 46 – Calibração dos microfones: (a) equipamento calibrador; (b) posicionamento do

calibrador no microfone; (c) Tela de calibração do software.

(a) (b)

(c)

Page 60: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

60

6.3 PLANO EXPERIMENTAL

Para obtenção dos dados necessários às análises propostas foram,

inicialmente, selecionados trechos da malha viária presente no Estado de Sergipe

que possivelmente apresentariam características distintas. Dessa forma, foi possível

evidenciar a influência destas características na redução ou aumento do NPS.

Foram selecionados pavimentos asfálticos divididos em três grupos principais,

conforme Figura 47.

Figura 47 – Pavimentos asfálticos selecionados para o estudo

Sendo:

TSD – Tratamento Superficial Duplo;

MRA – Microrevestimento Asfáltico;

CAUQ – Concreto Asfáltico Usinado a Quente;

AB – Concreto Asfáltico com ligante modificado com borracha de pneu;

SBS – Mistura Asfaltica com ligante modificado com SBS;

PMF – Pré-Misturado a Frio Denso ( 9,0% < Vv < 15,0%).

Modelagem

do NPS

Misturas Asfálticas com Polímeros

Revestimentos não Estruturais

Misturas Asfálticas Convencionais

PMF

CAUQ1

SBS1

AB

MRA

TSD

SBS2

CAUQ2

Desenvolvimento

do Modelo

Validação

CAUQ3

Tipos de

Pavimentos

Page 61: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

61

Foram realizados em cada um deles uma série de ensaios para avaliação de

desempenho funcional, conforme Tabela 2.

Tabela 5 – Ensaios de caracterização do pavimento

Determinação Método

Macrotextura - Altura de Mancha de Areia - ASTM-E-965

- Profundidade média de perfil por medição à

laser - ASTM E-1845

Microtextura Ensaio do Pêndulo Britânico - ASTM-E-303-93

Irregularidade Longitudinal Perfilômetro inercial a laser- ASTM E 950-98

Densidade Utilizando Densímetro não nuclear

Após caracterizado o pavimento, prosseguiu-se com os ensaios para

determinação do NPS gerado na interface pneu-pavimento, utilizando-se o método

CPX, descrito anteriormente no item 5.3, para velocidades de teste de 40 km/h, 60

km/h e 80 km/h.

6.4 ANÁLISE DOS DADOS

Neste trabalho foi realizado o seguinte conjunto de análises, em consonância

como os objetivos definidos:

• Diagnóstico funcional dos pavimentos;

• Avaliação de gráficos de ruído;

• Correlações de parâmetros avaliados com o NPS;

• Modelo de previsão de NPS;

• Validação do modelo de NPS;

• Especificações para pavimentos silenciosos;

Estas análises estão descritas nos itens seguintes.

6.4.1 Diagnóstico funcional dos pavimentos

Definidos os trechos homogêneos de diferentes revestimentos asfálticos

(seção 6.1), foi realizado para cada um o diagnóstico prévio, de acordo com os

parâmetros estabelecidos em normas técnicas nacionais (ABNT e DNIT) e

Page 62: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

62

internacionais (ISO e ASTM), de sua irregularidade longitudinal (IRI), da

macrotextura (Hs e MPD), da microtextura (VRD) e da densidade da camada

asfáltica (D).

Todos os dados coletados estão apresentados em planilhas de dados, para

juntamente com a apresentação de resultados serem classificados, conforme

estabelecido nas normas específicas de cada parâmetro, cujos patamares adotados

constam na seção 6.2 (Coleta de dados).

6.4.2 Avaliação de gráficos de ruído

Os gráficos de frequência por nível de pressão sonora foram elaborados para

os diversos tipos de revestimentos estudados, divididos de acordo com as

velocidades avaliadas e a posição do microfone (Dianteiro e Traseiro) do método de

coleta de dados CPX (Close Proximity). Neste, pode-se avaliar o comportamento do

NPS de acordo com o espectro de frequência para cada tipo de revestimento e

velocidade, quais pavimentos apresentaram maior influência nos NPS a baixas

frequências (< 1.000 Hz) e nas altas frequências (> 1.000 Hz), bem como a

avaliação da magnitude dos efeitos mecânicos e aerodinâmicos.

Também foram elaborados gráficos de picos nível de pressão sonora por

velocidade, em cada microfone e em cada faixa de frequência (acima, abaixo e

exatamente em 1.000Hz). Desta forma, possibilitando melhor visualização da

evolução do NPS com o acréscimo de velocidade.

6.4.3 Correlações de parâmetros avaliados com o NPS

Com os dados obtidos em campo, procedeu-se a análise das correlações

lineares entre as diversas variáveis: irregularidade longitudinal, macrotextura,

microtextura, densidade e velocidade versus o NPS.

A correlação entre duas ou mais variáveis existe quando as alterações

sofridas por uma delas são acompanhadas por modificações nas outras

(MONTGOMERY et al., 2003)

Para a análise destas correlações os dados de NPS foram classificados de

acordo com a velocidade e características do pavimento correspondentes em que

foram feitas as leituras.

Page 63: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

63

Utilizando-se o pacote de “análise de dados” do Microsoft Excel procedeu-se

a análise automática das correlações lineares. Tal análise fornece índices de

correlação que variam de -1 a +1.

Os resultados positivos indicam que a relação é diretamente proporcional, ou

seja, o NPS aumentará se o valor da variável em análise aumentar. Em caso de

resultado negativo a relação é inversamente proporcional, ou seja, quanto maior o

valor da variável menor será o NPS. Em ambos os casos são considerados

significantes valores absolutos superiores a 0,5. Este patamar foi adotado devido à

grande variabilidade encontrada em serviços de pavimentação.

6.4.4 Modelo de previsão de NPS

Nesta etapa foi elaborado um modelo de previsão, com o qual será possível

calcular o NPS a partir dos parâmetros avaliados em campo em cada pavimento

(IRI, Hs ou MPD, VRD, D e V), partindo-se da hipótese que NPS = f(IRI, Hs, MPD,

VRD, D, V). Para o desenvolvimento do modelo de previsão de NPS a partir das

características do revestimento, foi utilizado o software Statistica4.

Os dados utilizados para a análise estatística e, consequentemente, para

elaborar o modelo de previsão foram os referentes às misturas asfálticas, contendo

concretos asfálticos convencionais, pré-misturados a frio e concretos asfálticos com

ligantes modificados por polímeros (borracha de pneus e SBS), totalizando 15

amostras.

Considerando que normalmente se faz o uso de decibelímetros para a

avaliação de ruído de tráfego, o modelo estatístico para previsão do nível de pressão

sonora gerado a partir das características dos revestimentos foi desenvolvido para

obtenção do NPS na frequência de 1.000 Hz.

Foi utilizada a regressão linear múltipla, buscando-se uma equação linear

para o cálculo do NPS em função das variáveis dependentes mais relevantes.

A consistência do modelo foi avaliada utilizando-se o diagrama de dispersão

(Scatterplot) entre valores observados e previstos calculando-se o coeficiente de

determinação (R2).

4 STATISTICA for Windows, Release 7, é um produto da Statsoft, consistindo em um banco de softwares sobre estatística univariada e multivariada.

Page 64: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

64

O Scatterplot é um gráfico de dispersão utilizado para análise da simetria da

curva entre valores observado e previstos pelo modelo e estabelecer o coeficiente

de determinação (R²) (ALBUQUERQUE, 2007).

Já as variáveis tiveram seu p-level (nível de significância observado)

avaliados, sendo estabelecido um nível de significância de 5,0% como máximo.

Foram gerados gráficos do tipo “valores observados x resíduos”, “valores

observados x valores estimados” e calculada a raiz do erro médio quadrático

percentual entre valores observados e estimados (REMQP).

De acordo com Spiegel (1994) apud Albuquerque (2007), o cálculo da raiz do

erro médio quadrático percentual (REMQP), calculado pela Equação 8, consiste na

raiz quadrada da média das diferenças individuais quadráticas entre as n previsões

e n observações de forma percentual. Tem-se como patamar tolerável para o

REMQP o valor de 15,0%, para medir o erro típico da previsão do modelo.

(8)

Durante a revisão bibliográfica não foram encontrados modelos matemáticos

ou estatísticos de previsão de nível de pressão sonora na interface pneu-pavimento,

semelhantes à apresentada neste trabalho. Este, apesar de passível de refinamento

futuro, seja pelo emprego de outras metodologias ou pela ampliação do banco de

dados, pode representar grande avanço na elaboração de projetos de

pavimentação, que além de serem concebidos visando à segurança e durabilidade

das vias, também poderão prever a melhoria do conforto acústico da sociedade,

fator ainda não priorizado pela engenharia rodoviária.

6.4.5 Validação do modelo de NPS

A validação do modelo foi realizada aplicando-se as variáveis medidas em

pavimentos adicionais, especificamente selecionados para este processo em um

total de 12 amostras. Os parâmetros medidos em campo foram aplicados à função

desenvolvida e foram comparados os resultados calculados de NPS com os obtidos

durante os levantamentos de campo.

Page 65: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

65

Também foi avaliado o Scatterplot entre valores observados e previstos

calculando-se o coeficiente de determinação (R2), conforme item 6.4.4.

Foram gerados gráficos do tipo “valores observados x resíduos” e calculada a

raiz do erro médio quadrático percentual entre valores observados e estimados

(REMQP). Foi realizada também uma análise de variância para verificar se os

valores observados e estimados de NPS fazem parte de uma mesma população.

A análise de variância é um procedimento para verificação de existência de

diferença significativa entre médias entre tratamentos ou grupos de dados. Foi

analisada a “ANOVA: fator único”, que verifica a variância simples dos dados de

duas ou mais amostras, testando a hipótese de que cada amostra faz parte da

mesma distribuição de probabilidade (MONTGOMERY et al., 2003).

6.4.6 Especificações para pavimentos silenciosos

Foram definidas as especificações de pavimentação indicadas para

determinado uso do solo, para que se proporcione conforto acústico em suas

imediações.

As alternativas apresentadas constam de indicações de características a

serem adotadas nos diversos parâmetros do pavimento durante sua construção ou

em intervenções que venham a melhorar o conforto acústico. Também foram

indicadas alternativas de redução de ruído com intervenções na velocidade de

tráfego das vias.

6.4.7 Avaliações posteriores a esta pesquisa

São planejadas novas avaliações, complementares aos objetivos deste

trabalho, que serão realizadas posteriormente ao período deste projeto. Para tanto,

foi adquirido um equipamento com recursos do CNPq (Spectral Analysis of Surface

waves) que torna possível a avaliação de espessuras de camadas do pavimento e

da rigidez de cada uma delas. Com isto pode-se verificar de como a rigidez de

camadas de revestimentos podem influenciar no mecanismo de geração de ruído na

interface pneu-pavimento. Estas avaliações serão frutos da continuidade da atuação

nesta linha de pesquisa.

Page 66: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

66

7 RESULTADOS E ANÁLISES

Os resultados dos levantamentos de campo realizados durante a pesquisa

são apresentados nos itens seguintes.

7.1 DIAGNÓSTICO FUNCIONAL DOS PAVIMENTOS

7.1.1 Macrotextura

Os resultados dos levantamentos de macrotextura, através de ensaio de

altura de mancha de areia, para os revestimentos analisados encontram-se na

Tabelas 6.

Tabela 6 – Resultados do ensaio de mancha de areia.

Trecho/ Revestimento Medida

Diâmetro da Mancha (mm) Altura de

mancha de areia (mm)

Média da altura

(mm)

Classificação

Dmaior Dmenor Dmédio

CAUQ1 1ª 270,0 250,0 260,0 0,47

0,49 MÉDIA 2ª 255,0 250,0 252,5 0,50 3ª 260,0 250,0 255,0 0,49

CAUQ2 1ª 235,0 200,0 217,5 0,67

0,59 MÉDIA 2ª 250,0 225,0 237,5 0,56 3ª 255,0 240,0 247,5 0,52

CAUQ3 1ª 220,0 205,0 212,5 0,70

0,74 MÉDIA 2ª 215,0 190,0 202,5 0,78 3ª 215,0 200,0 207,5 0,74

AB 1ª 255,0 245,0 250,0 0,51

0,51 MÉDIA 2ª 245,0 235,0 240,0 0,55 3ª 260,0 260,0 260,0 0,47

MRA

1ª 165,0 150,0 157,5 1,28

1,33

MUITO GROSSEIRA OU MUITO ABERTA

2ª 150,0 140,0 145,0 1,51

3ª 175,0 150,0 162,5 1,21

TSD

1ª 125,0 110,0 117,5 2,31

2,22

MUITO GROSSEIRA OU MUITO ABERTA

2ª 120,0 115,0 117,5 2,31

3ª 130,0 120,0 125,0 2,04

SBS1 1ª 240,0 245,0 242,5 0,54

0,51 MÉDIA 2ª 255,0 265,0 260,0 0,47 3ª 240,0 250,0 245,0 0,53

SBS2 1ª 265,0 250,0 257,5 0,48

0,47 MÉDIA 2ª 260,0 270,0 265,0 0,45 3ª 250,0 265,0 257,5 0,48

PMF 1ª 205,0 190,0 197,5 0,82

0,81 GROSSEIRA OU ABERTA 2ª 210,0 175,0 192,5 0,86

3ª 220,0 190,0 205,0 0,76

Page 67: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

67

Os trechos CAUQ1, CAUQ2, CAUQ3, AB, SBS1 e SBS2 são classificados com

macrotextura superficial média, pois os valores de altura da mancha de areia

encontram-se entre 0,40mm e 0,80 mm. Os Trechos MRA e TSD são classificados

com macrotextura superficial muito grosseira ou muito aberta, com Hs > 1,20 mm. O

Trecho em PMF é classificado com macrotextura grosseira ou aberta, pois 0,80 mm

< Hs < 1,20 mm. Dessa forma, tem-se que os trechos CAUQ1, CAUQ2, AB, SBS1 e

SBS2 estão abaixo do limite recomendado pelo DNIT (0,60mm < Hs < 1,20 mm), já o

MRA e TSD estão acima desta recomendação, mas com características de

pavimentos drenantes.

Os valores de macrotextura obtidos com laser de alta frequência e

apresentados em termos de MPD foram diferentes dos respectivos Hs, porém com

variabilidade semelhante (Tabela 7). Os mesmos refletem uma média do valor para

toda a extensão dos trechos analisados, enquanto os valores de Hs representam

medidas pontuais.

Em termos de MPD, a classificação dos trechos CAUQ2, CAUQ3, SBS1 e

SBS2 são classificados com macrotextura superficial média, pois os valores de altura

da mancha de areia encontram-se entre 0,40mm e 0,80 mm. O Trecho TSD é

classificado com macrotextura superficial muito grosseira ou muito aberta, com Hs >

1,20 mm. Os Trechos CAUQ1, AB, MRA e PMF são classificados com macrotextura

grosseira ou aberta, pois 0,80 mm < Hs < 1,20 mm. Dessa forma, tem-se que os

trechos SBS1 e SBS2 estão abaixo do limite recomendado pelo DNIT (0,60mm < Hs

< 1,20 mm), já TSD está acima desta recomendação, mas com características de

pavimentos drenantes.

Page 68: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

68

Tabela 7 - Resultados de MPD dos revestimentos avaliados Trecho/

Revestimento Velocidade

(km/h) Extensão

(m) MPD (mm) Média (mm) Classificação

CAUQ1 40,0 100,0 0,91

0,87 GROSSEIRA OU ABERTA 60,0 150,0 0,85

80,0 200,0 0,85

CAUQ2 40,0 100,0 0,75

0,74 MÉDIA 60,0 150,0 0,71 80,0 200,0 0,75

CAUQ3 40,0 100,0 0,68

0,77 MÉDIA 60,0 150,0 0,71 80,0 200,0 0,92

AB 40,0 100,0 0,96

0,93 GROSSEIRA OU ABERTA 60,0 150,0 0,93

80,0 200,0 0,90

MRA 40,0 100,0 1,12

1,18 GROSSEIRA OU ABERTA 60,0 150,0 1,19

80,0 200,0 1,22

TSD

40,0 100,0 1,89

1,95

MUITO GROSSEIRA OU MUITO ABERTA

60,0 150,0 1,96

80,0 200,0 2,00

SBS1 40,0 100,0 0,52

0,51 MÉDIA 60,0 150,0 0,50 80,0 200,0 0,50

SBS2 40,0 100,0 0,55

0,55 MÉDIA 60,0 150,0 0,55 80,0 200,0 0,54

PMF 40,0 100,0 0,78

0,81 GROSSEIRA OU ABERTA 60,0 150,0 0,79

80,0 200,0 0,85

Caso não haja disponibilidade de lasers de alta frequência para determinação

do MPD, este pode ser calculado a partir dos valores de Hs, utilizando a equação

(6), esta extraída de gráfico relacionando Hs x MPD (Figura 48).

(6)

Page 69: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

69

Figura 48 – Gráfico Hs (mm) x MPD (mm)

7.1.2 Microtextura

Os resultados obtidos no ensaio de Pêndulo Britânico para os revestimentos

analisados são apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 - Valores de VRD dos revestimentos analisados

Trecho T (ºC) Correção 1ª

Medida 2ª

Medida 3ª

Medida Média Valor corrigido Classificação

CAUQ1 29,5 1,9 53,80 52,80 52,80 53,13 55,03 Rugosa

CAUQ2 - - - - - - - -

CAUQ3 41,0 3,0 38,00 32,00 39,00 36,33 39,33 Lisa

AB 28,5 1,7 62,20 64,20 63,20 63,20 64,90 Rugosa

MRA 37,0 2,7 74,00 75,00 74,00 74,33 77,03 Muito rugosa

TSD 37,0 2,7 70,00 65,00 70,00 68,33 71,03 Rugosa

SBS1 38,0 2,8 46,0 44,0 43,0 44,33 47,13 Medianamente

Rugosa

SBS2 35,0 2,5 40,0 41,0 40,0 40,33 42,83 Insuficientemente

Rugosa

PMF 38,0 2,8 45,0 40,0 42,0 42,33 45,13 Insuficientemente

Rugosa

O trecho CAUQ3 é classificado com superfície lisa (VRD < 55) e os Trechos

SBS2 e PMF são classificados como insuficientemente rugosa (40 < VRD < 46). Os

trechos CAUQ1, AB e TSD têm superfície rugosa, pois os valores de VRD

encontram-se entre 55 e 75. Já o Trecho SBS1 têm superfície medianamente rugosa

Page 70: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

70

(47 <VRD < 54) e o trecho MRA é classificados com superfície muito rugosa (VRD >

75).

Os dados e a classificação do trecho CAUQ2, não foram apresentados, pois

houve uma falha mecânica do equipamento no momento do ensaio, não sendo

possível a repetição deste devido ao avanço das obras de restauração e duplicação

da BR-101.

7.1.3 Irregularidade Longitudinal

Os resultados de Irregularidade Longitudinal (IRI - International Roughness

Index), utilizando-se um perfilômetro inercial a laser, para os revestimento

analisados estão na Tabela 9.

Tabela 9 - Valores de IRI dos revestimentos analisados Trecho/

Revestimento Velocidade

(km/h) Extensão

(m) IRI

(m/km) Média (m/km) Classificação

CAUQ1 40,0 100,0 3,12

3,51 RUIM 60,0 150,0 3,58 80,0 200,0 3,82

CAUQ2 40,0 100,0 1,46

1,54 EXCELENTE 60,0 150,0 1,53 80,0 200,0 1,62

CAUQ3 40,0 100,0 2,37

2,36 BOM 60,0 150,0 2,35 80,0 200,0 2,36

AB 40,0 100,0 4,49

4,76 PESSIMO 60,0 150,0 4,99 80,0 200,0 4,81

MRA 40,0 100,0 3,23

3,12 REGULAR 60,0 150,0 3,11 80,0 200,0 3,03

TSD 40,0 100,0 3,05

2,72 REGULAR 60,0 150,0 2,68 80,0 200,0 2,44

SBS1 40,0 100,0 3,53

3,49 REGULAR 60,0 150,0 3,61 80,0 200,0 3,33

SBS2 40,0 100,0 2,08

2,11 BOM 60,0 150,0 2,08 80,0 200,0 2,18

PMF 40,0 100,0 9,86

9,99 PESSIMO 60,0 150,0 10,25 80,0 200,0 9,85

Page 71: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

71

Segundo classificação definida pelo DNIT (2005), quanto à irregularidade, o

revestimento CAUQ1 é classificado como ruim (3,5 m/km < IRI < 4,6 m/km). Já o

trecho CAUQ2 é considerado Excelente (1,0 m/km < IRI < 1,9 m/km) e os Trechos

CAUQ3 e SBS2 são classificado como bons (1,9 m/km < IRI < 2,7 m/km). Os trechos

MRA, TSD e SBS1 são regulares (2,7 m/km < IRI < 3,5 m/km) e os Trechos AB e

PMF são classificados como péssimos (IRI > 4,6 m/km). Os revestimentos que

apresentaram maiores índices de irregularidade continham, no momento da

avaliação, superfície com muitas ondulações, e para o caso do AB e PMF alguns

remendos.

7.1.4 Densidades

A Tabela 10 contém os resultados de massa específica aparente dos

revestimentos estudados, obtidos com o uso do densímetro não nuclear e corrigidos

conforme descrito no sub-item 6.4.4.

Tabela 10 - Valores de densidade dos revestimentos analisados

Trecho/Revestimento Temp. do pavimento

(ºC)

D (kg/m³) - Corrigida

CAUQ1 50,8 2.279,55

CAUQ2 46,7 2.403,45

CAUQ3 49,9 2.394,70

AB 57,4 2.279,09

MRA 47,0 2.272,29

TSD 38,4 2.264,15

SBS1 42,4 2.340,00

SBS2 42,0 2.307,00

PMF 41,0 2.160,45

Os Trechos CAUQ2, CAUQ3, SBS1 e SBS2 apresentaram massa específica

aparente dentro da faixa esperada, apenas o CAUQ1 ficou um pouco abaixo, ou seja,

menor que 2.300 kg/m³.

O Trecho AB apresentou densidade abaixo do esperado para asfalto

borracha, que é de 2.480,0 kg/m³, já o Trecho PMF apresentou densidade superior a

mínima esperada de 2.100,0 kg/m³, configurando-se como um pré-misturado a frio

denso.

Page 72: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

72

7.2 AVALIAÇÃO DE GRÁFICOS DE RUÍDO

As Figuras 49 a 54 constituem-se dos gráficos dos níveis de pressão sonora

entre a frequência de 10 Hz e 10 kHz para os revestimentos asfálticos estudados.

Estes gráficos foram construídos para os resultados de NPS medidos pelos

microfones dianteiro e traseiro durante os levantamentos de ruído pelo método CPX

em diferentes velocidades (40, 60 e 80 km/h). No momento das avaliações as

temperaturas dos pavimentos variavam entre 38,4ºC e 50,8ºC.

Figura 49 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 40 km/h (Microfone dianteiro)

Na velocidade de 40 km/h a faixa de frequência que registrou os maiores

níveis de pressão sonora (estes mais relevantes para a análise de ruído na interface

pneu-pavimento), localizou-se no intervalo de 100Hz a 2.000Hz. Percebe-se que os

picos de NPS são distintos quando compara-se os registros de todos os

revestimentos, variando entre 76,36 a 93,75 dB(A).

Page 73: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

73

Figura 50 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 40 km/h (Microfone traseiro)

A variação dos NPS ao longo do espectro de frequência foi bem semelhante

nos revestimentos teste, especialmente nos revestimentos em misturas asfálticas,

havendo uma progressão até o pico de NPS a medida que se aumentava a

frequência até 1.000 Hz e posteriormente uma queda de mesma proporção. O

revestimento em TSD apresentou comportamento diferente, quando o NPS

praticamente se estabilizou após 1.000 Hz, inclusive permanecendo superior ao

NPS dos demais revestimentos em frequências superiores.

Presume-se que o comportamento do NPS ao longo do espectro de

frequência no TSD se deu pelo fato de sua macrotextura ser muito aberta e,

consequentemente, o contato entre o pneu e o pavimento é menor do que nos

demais revestimentos na situação de superfície seca, provocando menor número de

impactos entre estes. Dessa forma, leva-se a uma menor geração de ruídos de

baixa frequência (oriundos de mecanismos mecânicos), sendo que os de alta

frequência, originados por efeitos aerodinâmicos (mais agudos), prevalecem.

Page 74: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

74

Figura 51 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 60 km/h (Microfone dianteiro)

Figura 52 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 60 km/h (Microfone traseiro)

Page 75: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

75

À velocidade de 60 km/h a faixa de frequência que registrou os maiores níveis

de pressão sonora localiza-se no intervalo de 100Hz a 2.500Hz. O comportamento

das curvas de ruído produzido foi bem semelhante à velocidade de 40 km/h, porém

com valores superiores em 5,09 dB(A) em média.

Porém já se percebe que o nível máximo de pressão sonora do TSD foi

inferior aos demais, principalmente o captado pelo microfone dianteiro, no qual são

registrados os ruídos aerodinâmicos, com diferenças que variam de 5,36 dB(A) até

11,76 dB(A). Fato que pode ser atribuído a macrotextura do TSD ser mais aberta

que as dos demais revestimentos, promovendo uma maior dissipação do ruído na

interface pneu-pavimento.

Figura 53 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 80 km/h (Microfone dianteiro)

Observou-se que com o aumento da velocidade, de 40 km/h para 60 km/h,

houve uma redução do NPS do TSD, sendo de 2,17 dB(A) no microfone dianteiro e

1,62 dB(A) no traseiro. Acredita-se que com o aumento de velocidade houve a

redução do contato entre o pneu e o pavimento, propiciando ainda mais a dissipação

do ruído, principalmente pelo não aprisionamento do ar nos sucos do pneu e, assim,

Page 76: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

76

desfavorecendo a formação de corneta acústica, ressonância de Helmholtz e de

bombeamento de ar.

Figura 54 - NPS (dB(A)) x Frequência(Hz) a 80 km/h (Microfone traseiro)

Da mesma forma que à velocidade de 40 km/h, também à 80 km/h a faixa de

frequência que registrou os maiores níveis de pressão sonora localiza-se no

intervalo de 100Hz a 2.000Hz. O comportamento do ruído produzido ao longo das

faixas de frequência se manteve semelhante, com um acréscimo médio de 5,08

dB(A) em relação a velocidade de 60 km/h.

No entanto, o nível máximo de pressão sonora do TSD sofreu pouca variação

com o acréscimo de velocidade e se mostrou ainda inferior aos demais,

principalmente o captado pelo microfone dianteiro, no qual são registrados os ruídos

aerodinâmicos.

Para todas as velocidades de teste, observou-se que o pico de NPS do TSD

se apresentou em faixa de frequência superior aos demais, entre 2.000 Hz e 2.500

Hz, que de acordo com a variação dos NPS ao longo do espectro de frequência,

indicam uma predominância dos ruídos aerodinâmicos (mais agudos), mesmo em

Page 77: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

77

altas velocidades. Tal fato pode estar ligado a macrotextura muito grosseira,

conforme relatado anteriormente.

Nota-se que, nas diversas velocidades, em frequências relacionadas à

vibração dos pneumáticos (menores que 1.000 Hz), os picos de NPS foram

registrados pelo microfone traseiro. Já para os efeitos aerodinâmicos (maiores que

1.000 Hz), foram registrados maiores valores pelo microfone dianteiro. Este

comportamento pode ter sido causado pelo efeito de bombeamento de ar provocado

pela massa de ar que se choca frontalmente com o pneu durante o movimento do

veículo, efeito este que não ocorre na parte traseira.

Nas Figuras 55 a 59 são apresentados os gráficos dos picos de nível de

pressão sonora abaixo e acima de 1.000Hz e exatamente a 1.000 Hz, registrados

em cada microfone para as diferentes velocidades (40, 60 e 80 km/h) nos

revestimentos estudados.

Figura 55 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) para Microfone dianteiro até 1000 Hz

Page 78: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

78

Figura 56 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) para Microfone traseiro até 1000 Hz

Figura 57 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) para Microfone dianteiro acima de 1000 Hz

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79

Figura 58 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) para Microfone traseiro acima de 1000 Hz

Figura 59 - Pico de NPS (dB(A)) x Velocidade (km/h) à 1000 Hz

Percebe-se que há acréscimo dos NPS em todas as frequências à medida

que se aumenta a velocidade, todavia os níveis máximos de pressão sonora do TSD

Page 80: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

80

a 60 km/h foram mais baixos que os demais pavimentos nas frequências de

referência analisadas. No Tratamento Superficial Duplo, mesmo com a variação de

velocidade de 60 para 80 km/h, houve pouca alteração do NPS emitido pela

interface pneu-pavimento.

No Trecho CAUQ2, obteve-se os maiores valores de NPS. A 80 km/h foi

captado mais de 100 dB no microfone dianteiro em uma faixa de frequência de 1250

Hz. Já o Trecho TSD, registrou os menores ruídos a velocidades superiores a 40

km/h, não ultrapassando 84 dB(A) (frequência de 2500 Hz) na velocidade de

80km/h.

Essa tendência do TSD de produzir menores níveis de pressão sonora com o

acréscimo da velocidade pode ser explicada pela macrotextura muito grosseira (Hs =

2,22 mm) desse revestimento. Neste, quanto maior a macrotextura, o ar pode ser

mais facilmente dissipado e, dessa forma, tem-se uma menor incidência do efeito

corneta, o que contribui para não aumentar o NPS.

Tanto em baixas como em altas velocidades, observou-se que o CAUQ2

apresentou maior NPS em todas as frequências. Esse fato pode ser decorrente da

macrotextura média (Hs = 0,59 mm), que propicia maior contato entre o pneu e o

pavimento em situações de pista seca, e da elevada densidade (que dá indícios de

baixo índice de vazios), o que torna o pavimento ineficiente na redução do ruído na

interface pneu-pavimento.

Em baixas velocidades os Trechos CAUQ2 e CAUQ3 apresentaram os

maiores NPS, fato decorrente das suas altas densidades (consequentemente um

baixo índice de vazios) que impedem uma maior dissipação dos ruídos, pela

absorção de ar na camada de revestimento.

Comparando-se os três Trechos em CAUQ, também ficou evidenciada a

maior influência da densidade na redução de ruído, pois mesmo tendo a composição

de materiais semelhante, o CAUQ1, cuja densidade foi menor que o CAUQ2 e o

CAUQ3, apresentou menores NPS.

Já a macrotextura tem maior influência em altas velocidades (a partir de 60

km/h), quando o contato entre o pneu e o pavimento é menor. Tal fato explica o

comportamento do TSD que, apresentou NPS semelhante aos demais à velocidade

de 40 km/h. O efeito da densidade do revestimento (consequentemente do índice de

Page 81: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

81

vazios) não é importante para este tipo de revestimento, que tem pequena

espessura e constituição diferente das misturas asfálticas. No entanto, a medida que

se aumentou a velocidade a influência da alta macrotextura muito grosseira se

comprovou com a redução do ruído observado.

O Trecho em microrevestimento asfáltico, apesar da macrtotextura

classificada como muito grosseira, apresentou uma evolução do NPS com o

acréscimo de velocidade. Acredita-se que o alto valor da irregularidade longitudinal

(3,12 m/km, classificada como regular) tenha contribuído para este aumento do

NPS, pois deve ter havido maiores impactos mecânicos entre o pneu e o pavimento

e, consequentemente, gerado maiores NPS.

O Trecho em PMF apresentou picos de NPS bastante elevados, semelhantes

aos dos Trechos CAUQ2 e CAUQ3, contrariando as expectativas. Acredita-se que

isso tenha ocorrido devido a sua alta irregularidade longitudinal (9,99 m/km,

classificada como péssimo), cuja contribuição para elevação do NPS superou a

contribuição para redução atribuída a baixa densidade (consequentemente um alto

índice de vazios) e a macrotextura grosseira.

O segmento revestido em asfalto borracha apresentou valores mais altos de

pressão sonora nas frequências mais baixas, estas relacionadas aos ruídos

causados pela vibração do pneu, fato que pode ter sido causado pelo alto valor de

irregularidade longitudinal (4,76 m/km, classificado como péssimo) deste trecho.

Os Trechos AB, CAUQ1, SBS1 e SBS2 apresentaram curvas de evolução de

NPS com o acréscimo de velocidade bastante semelhante, corroborando para o uso

da densidade como indicador de índice de vazios, pois apesar da alteração na

rigidez dos revestimentos com ligante modificado por polímeros, não se percebeu

influencia desta no NPS gerado na interface pneu-pavimento.

7.3 CORRELAÇÕES DE PARÂMETROS AVALIADOS COM O NPS

A Tabela 11 contém os dados de Velocidade (V), irregularidade longitudinal

(IRI), macrotextura (Hs e MPD), microtextura (VRD) e densidade (D), bem como os

correspondentes NPS máximos de cada trecho analisado, nas frequências abaixo,

acima e exatamente a 1.000 Hz.

Page 82: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

82

Foram realizadas correlações lineares entre parâmetros de desempenho de

pavimento e NPS para cada segmento teste e para todo o conjunto de dados obtidos

em campo. Este procedimento é necessário para avaliar a forma que cada

parâmetro influencia o NPS, sendo estabelecida como correlação linear significativa

os valores abaixo de - 0,5 e acima de + 0,5.

A influência do Hs, VRD e D só foi avaliada na análise com todo o conjunto de

dados, devido os dados coletados para estes terem sido pontuais, não havendo a

possibilidade de avaliar a correlação com NPS dentro do mesmo segmento teste.

Onde:

IRI – Irregularidade longitudinal;

Hs – valor de macrotextura em termo de altura de mancha de areia;

VRD – Valor de resistência a derrapagem

D – Densidade;

MPD – valor de macrotextura em termos de Mean Profile Depth;

Pico de NPS – Maior NPS de todas as frequências;

NPS D1 – maior NPS para o microfone dianteiro até 1.000 Hz;

NPS D2 – maior NPS para o microfone dianteiro acima de 1.000 Hz;

NPS1000 –maior NPS a 1.000 Hz;

NPS T1 – maior NPS para o microfone traseiro até 1.000 Hz;

NPS T2 – maior NPS para o microfone traseiro acima de 1.000 Hz;

Page 83: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

83

Tabela 11 - Resumo dos dados obtidos nos levantamentos de campo.

Trecho/Revestimento Veloc. (km/h)

IRI (m/km)

Hs (mm) VRD D

(kg/m³) MPD (mm)

Pico NPS

(dB(A))

NPS D1 (dB(A))

NPS D2 (dB(A))

NPS1000 (dB(A))

NPS T1 (dB(A))

NPS T2 (dB(A))

CAUQ1 40 3,12 0,49 55,03 2279,55 0,91 84,08 84,08 83,64 84,08 81,57 82,83 60 3,58 0,49 55,03 2279,55 0,85 89,40 88,99 89,40 88,99 86,77 88,53 80 3,82 0,49 55,03 2279,55 0,85 93,30 92,89 93,30 92,89 90,71 92,78

CAUQ2 40 1,46 0,59 - 2403,45 0,75 93,75 90,35 90,31 93,75 93,75 92,81 60 1,53 0,59 - 2403,45 0,71 97,03 94,36 94,92 94,36 97,03 96,13 80 1,62 0,59 - 2403,45 0,75 104,20 102,37 102,81 104,09 104,09 104,20

CAUQ3 40 2,37 0,74 39,33 2394,70 0,68 89,15 88,92 89,15 88,92 87,73 86,26 60 2,35 0,74 39,33 2394,70 0,71 93,40 91,84 93,40 92,47 92,47 91,75 80 2,36 0,74 39,33 2394,70 0,92 98,00 96,84 98,00 97,26 97,26 96,75

AB 40 4,49 0,51 64,90 2279,09 0,96 80,46 80,03 80,46 80,03 76,36 76,76 60 4,99 0,51 64,90 2279,09 0,93 89,38 88,52 88,45 88,52 89,38 86,78 80 4,81 0,51 64,90 2279,09 0,90 93,73 93,14 92,68 92,98 93,73 91,35

MRA 40 3,23 1,33 77,03 2272,29 1,12 86,19 86,19 83,98 86,19 83,60 84,59 60 3,11 1,33 77,03 2272,29 1,19 94,16 94,16 92,81 94,04 84,97 85,98 80 3,03 1,33 77,03 2272,29 1,22 99,78 99,78 98,32 99,78 97,34 97,62

TSD 40 3,05 2,22 71,03 2264,15 1,89 85,61 82,39 85,33 82,61 82,61 85,61 60 2,44 2,22 71,03 2264,15 1,96 83,99 80,11 83,16 80,77 80,77 83,99 80 2,68 2,22 71,03 2264,15 2,00 83,91 79,44 83,12 80,46 80,46 83,91

SBS1 40 3,53 0,51 47,13 2340,00 0,52 85,31 84,98 84,69 84,98 81,85 85,31 60 3,61 0,51 47,13 2340,00 0,50 89,63 89,54 89,63 89,54 85,88 88,98 80 3,33 0,51 47,13 2340,00 0,50 94,92 94,92 94,48 94,92 91,34 94,13

SBS2 40 2,08 0,47 42,83 2307,00 0,55 82,64 82,64 81,87 82,64 78,97 81,42 60 2,08 0,47 42,83 2307,00 0,55 89,73 89,73 88,89 89,73 86,09 88,17 80 2,18 0,47 42,83 2307,00 0,54 95,48 95,26 95,48 95,26 91,03 94,33

PMF 40 9,86 0,81 45,13 2160,45 0,78 87,82 87,82 87,79 87,82 85,60 84,73 60 10,25 0,81 45,13 2160,45 0,79 94,12 94,12 93,05 94,12 91,27 92,48 80 9,85 0,81 45,13 2160,45 0,85 101,59 101,48 101,59 101,48 99,01 98,17

94

Page 84: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

84

7.3.1 Correlações por segmento teste avaliado

As correlações lineares foram realizadas com os dados de NPS obtidos

trafegando sobre os segmentos estudados nas velocidades de teste (40, 60, 80

km/h).

As Figuras 60 a 68 contém as correlações lineares entre as variáveis V, IRI e

MPD com o NPS, para os segmentos teste avaliados.

Figura 60 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o CAUQ1

Figura 61 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o CAUQ2

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85

Figura 62 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o CAUQ3

Figura 63 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o AB

Page 86: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

86

Figura 64 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o MRA

Figura 65 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o TSD

Page 87: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

87

Figura 66 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o SBS1

Figura 67 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o SBS2

Page 88: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

88

Figura 68 – Correlações entre NPS, V, IRI, e MPD para o PMF

Pode-se afirmar que nos pavimentos estudados o nível de pressão sonora

sofre forte influência (correlação > 0,5) da velocidade, provocando acréscimo

diretamente proporcional.

Esse comportamento já era esperado, pois o aumento da velocidade aumenta

os movimentos de adesão/deslizamento entre pneu e o pavimento, elevando as

vibrações e, consequentemente, o ruído.

Apenas o TSD apresentou correlação negativa, ou seja, inversamente

proporcional, havendo redução do NPS com o aumento da velocidade. Presume-se

que com o aumento da velocidade o contato entre pneu e pavimento, neste

revestimento, é reduzido e o ar pode ser mais facilmente dissipado, o que contribui

para não aumentar o NPS, que permaneceu praticamente estável.

A elevação do NPS com o aumento do valor de IRI (forte correlação positiva),

nos segmentos CAUQ1, CAUQ2, AB, TSD e SBS2, pode ter sido causado pelo

aumento de impactos entre o pneu e o pavimento, em pavimentos de maior

irregularidade, contribuindo para o aumento do nível de pressão sonora.

Já no segmento MRA, houve uma forte correlação negativa com a

irregularidade, havendo redução do NPS com o aumento da irregularidade.

Suspeita-se que a granulometria fina deste revestimento pode ter reduzido as

vibrações do pneumático mesmo com o aumento da irregularidade.

Page 89: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

89

O segmento SBS1 e o CAUQ3, este último em frequências acima de 1.000 Hz

e no microfone traseiro, também apresentaram correlação negativa significativa

entre IRI e NPS. Acredita-se que mesmo com a redução do IRI, a velocidade alta

elevou o NPS, pois esta tem maior influência que o IRI na variação do NPS.

O segmento PMF não apresentou correlação significativa para o IRI e NPS (>

0,5 ou < -0,5).

A macrotextura (MPD) apresentou forte influência sobre o NPS, sendo

inversamente proporcional (correlação < -0,5), ou seja, quanto maior o MPD menor

foi o NPS. Acredita-se que a macrotextura propicia maior absorção de ruído, devido

a maior dissipação do ar entre o pneu e o pavimento, favorecendo a redução dos

ruídos aerodinâmicos.

Apenas os segmentos CAUQ3, MRA e PMF, demonstraram forte correlação

positiva para o MPD (correlação > 0,5), tendo influência diretamente proporcional,

ocorrendo aumento do NPS com o aumento do MPD. Acredita-se que nestes

revestimentos, mesmo com o aumento do MPD, a velocidade alta elevou o NPS,

pois esta tem maior influência que o MPD na variação do NPS. Já o segmento

CAUQ2 não apresentou correlação significativa para o MPD (> 0,5 ou < -0,5).

Page 90: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

90

7.3.2 Correlações envolvendo todos os trechos

As Figuras 69 a 71 apresentam as correlações lineares entre o NPS e IRI, Hs,

VRD, D e MPD referentes às velocidades de 40, 60 80 km/h respectivamente.

Figura 69 – Correlações entre NPS, IRI, Hs, VRD, D e MPD na velocidade de 40 km/h

Figura 70- Correlações entre NPS, IRI, Hs, VRD, D e MPD na velocidade de 60 km/h

Page 91: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

91

Figura 71 - Correlações entre NPS, IRI, Hs, VRD, D e MPD na velocidade de 80 km/h

A partir das correlações lineares realizadas com os dados de NPS obtidos

trafegando a velocidade de 40 km/h, pode-se afirmar que o nível de pressão sonora

nas diversas faixas de frequência sofre forte influência da densidade, crescendo com

o aumento da desta, ou seja, possivelmente com a redução do índice de vazios. As

demais características não apresentaram correlação significativa (> 0,5 ou < -0,5).

Já na velocidade de 60 km/h, as correlações lineares realizadas indicam que

o nível de pressão sonora continuou sofrendo forte influência da densidade,

provocando acréscimo diretamente proporcional, só que apenas no microfone

traseiro, principalmente nas frequências até 1.000 Hz. Tal fato já era esperado,

tendo em vista a redução do contato pneu-pavimento nesta velocidade. O que

proporciona menor absorção de ar deslocado pelas ondas sonoras no interior do

revestimento asfáltico.

Nesta velocidade percebe-se também significativa influência da macrotextura.

Esta relação, que é inversamente proporcional (correlação < -0,5), ou seja, quanto

maior a macrotextura menor foi o NPS emitido, já era esperada, pois com o aumento

da velocidade a macrotextura propicia maior dissipação do ar entre o pneu e o

pavimento, favorecendo a redução dos ruídos aerodinâmicos.

Ainda, observou-se uma forte correlação negativa do NPS captado pelo

microfone traseiro com o VRD. Possivelmente a microtextura tenha favorecido a

Page 92: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

92

redução do NPS nesta velocidade devido o pneu permanecer em contato com o

pavimento, inibindo os efeitos de adesão/deslizamento.

Para os resultados da correlação na velocidade de 80 km/h, o nível de

pressão sonora praticamente não sofreu influência da densidade. Apenas

influenciando, de forma reduzida em relação as velocidades mais baixas, os ruídos

captados pelo microfone traseiro. Acredita-se que com a redução do contato entre o

pneu e o pavimento, em velocidades mais elevadas, a dissipação do ar nos vazios

do revestimento sejam menos significativas, esta sendo mais influenciada pela

macrotextura, pela sua proximidade ao pneu.

Na velocidade de 80 km/h pode-se reafirmar a significativa influência da

macrotextura. Esta relação cresceu em relação a observada a 60 km/h, favorecendo

ainda mais a não geração de ruído, devido a maior dissipação do ar entre o pneu e o

pavimento, favorecendo a redução dos ruídos aerodinâmicos.

Na Figura 72 é possível identificar a forte correlação positiva do NPS com a

velocidade. Conforme explicitado anteriormente no item 7.3.1, com o aumento da

velocidade há um aumento da vibração do pneumático, favorecendo a ocorrência de

fenômenos mecânicos (vibrações radiais, no deslisamento/adesão e de

adesividade), contribuindo para o aumento do NPS.

Figura 72 - Correlações entre NPS e velocidade

7.4 MODELO DE PREVISÃO DE NPS

Para o desenvolvimento do modelo de previsão de NPS a partir das

características do revestimento, foram inseridos no software Statistica 7 os dados da

Page 93: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

93

Tabela 11, referentes aos trechos CAUQ1, CAUQ3, AB, SBS2 e PMF, selecionados

para modelagem.

Considerando que normalmente se faz o uso de decibelímetros para a

avalição de ruído de tráfego, o modelo matemático para previsão do nível de

pressão sonora gerado a partir das características do revestimento foi desenvolvido

para obtenção do NPS a frequência de 1.000 Hz, já que tais medidores fazem as

leituras nesta frequência.

Nas diversas simulações a partir da regressão linear múltipla, percebeu-se

que algumas variáveis não eram significativas para o modelo, pois tal variável não

influenciava o NPS gerado na interface pneu-pavimento ou sua relação não era

linear. Dessa forma, o VRD não faz parte do modelo de previsão aqui apresentado.

Em termos de macrotextura optou-se pelo MPD, pois este é mais representativo,

com valor consistindo na média de todo o trecho avaliado. Caso não se disponha de

lasers de alta frequência para a determinação deste em campo, pode-se realizar o

ensaio de mancha de areia e fazer a conversão a partir da Equação (6),

anteriormente apresentada. Ainda, pode-se optar pelo aumento do número de

ensaios de mancha de areia ao longo do revestimento analisado, tornando a média

mais representativa e com resultados mais similares ao MPD.

Eliminando-se os dados de elevado erro residual, foi definida a Equação (9) a

partir da regressão linear múltipla.

(9)

Onde:

NPS1000 = Nível de pressão sonora em dB(A) a 1.000 Hz;

V = Velocidade em km/h;

IRI = Irregularidade Longitudinal (m/km);

D = Densidade em kg/m³;

MPD = mean profile depth (mm).

Na Tabela 12 são apresentados os p-level (nível de significância) das

variáveis, demonstrando que estes não ultrapassaram o limite máximo de 5,0%.

Page 94: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

94

Tabela 12 – Análise da Significância do modelo

b St. Err. of b B St. Err. of B t(10) p-level Intercpt -81,6771 29,3906 -2,7790 0,0214

V 0,9238 0,0747 0,3103 0,0251 12,3649 0,0000 IRI 1,2972 0,1904 2,3518 0,3453 6,8117 0,0001 D 0,9738 0,1802 0,0673 0,0125 5,4028 0,0004

MPD -0,3827 0,0847 -14,4742 3,2036 -4,5180 0,0015

A Figura 73 apresenta o Scatterplot relacionando, através de uma reta, os

valores de NPS medidos em campo e os calculados com o modelo da equação 9.

Figura 73 – Scatterplot NPS1000 (medido x calculado)

Percebe-se que os valores se aproximaram bastante de uma reta a 45º de

inclinação, o que demonstra não haver superestimação, nem subestimação

significativa do modelo proposto.

O coeficiente de determinação (R²) obtido foi de 0,95, havendo pouca

dispersão dos valores calculados e medidos.

Page 95: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

95

Já a Figura 74 representa o Gráfico de Resíduos relacionando os valores

medidos de NPS com o erro residual na comparação com as estimativas. Quanto

mais distante de zero, maior é o erro residual.

Figura 74 – Gráfico de Resíduos NPS1000 (Calculado x Resíduos)

Calculando-se o REMQP para as diferenças individuais (resíduos)

apresentadas, conforme Equação 8, obteve-se o valor de 1,30 %, sendo este inferior

ao patamar tolerável adotado neste trabalho de 15,0 %.

7.5 VALIDAÇÃO DO MODELO DE PREVISÃO DE NPS

Na Tabela 13 são apresentados os valores de NPS na frequência de 1.000 Hz

calculados com o modelo proposto e os medidos em campo para os segmentos

CAUQ2, MRA, TSD e SBS1, selecionados para a validação do modelo.

Page 96: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

96

Tabela 13 – Teste de validação do modelo de previsão

Trecho/Revestimento Veloc. (km/h)

IRI (m/km)

D (kg/m³)

MPD (mm)

NPS1000 (dB(A)) Medido

NPS1000 (dB(A))

Calculado

CAUQ2 40 1,46 2.403,45 0,75 93,75 85,07 60 1,53 2.403,45 0,71 94,36 92,01 80 1,62 2.403,45 0,75 104,09 97,85

MRA 40 3,23 2.272,29 1,12 86,19 75,05 60 3,11 2.272,29 1,19 94,04 79,96 80 3,03 2.272,29 1,22 99,78 85,54

TSD 40 3,05 2.264,15 1,89 82,61 62,93 60 2,44 2.264,15 1,96 80,77 66,69 80 2,68 2.264,15 2,00 80,46 72,88

SBS1 40 3,53 2.340,00 0,52 84,98 88,99 60 3,61 2.340,00 0,50 89,54 95,68 80 3,33 2.340,00 0,50 94,92 101,22

A Figura 75 apresenta o Scatterplot relacionando os valores medidos em

campo e os calculados com o modelo acima apresentado para os segmentos de

validação.

Figura 75 – Scatterplot NPS1000 (medido x calculado) – Validação

Page 97: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

97

O coeficiente de determinação (R²) obtido foi de 0,5191. Apresentando uma

maior dispersão em relação às amostras utilizadas no desenvolvimento do modelo.

A Figura 76 representa o Gráfico de Resíduos relacionando os valores

medidos de NPS, dos segmentos de validação, com o erro residual na comparação

com as estimativas.

Figura 76 - Gráfico de Resíduos NPS1000 (Calculado x Resíduos) – Validação

Os erros residuais maiores se referem aos segmentos em MRA e TSD, que

se constituem de revestimentos não estruturais, de características distintas aos

utilizados na elaboração do modelo de previsão (misturas asfálticas convencionais e

com adição de polímeros), cuja influência das variáveis independentes na geração

de NPS pode não ter sido linear e o efeito da densidade do revestimento pode ser

discutível.

Calculando-se o REMQP para as diferenças individuais (resíduos)

apresentadas, conforme equação 8, obteve-se o valor de 12,24 %, sendo este

inferior ao patamar tolerável adotado neste trabalho de 15,0 %.

Page 98: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

98

Ainda, para a validação do modelo foi realizada a análise de variância

(ANOVA: fator único) dos dados, para verificar se estatisticamente os valores

medidos e calculados fazem parte da mesma população (Tabela 14).

Tabela 14 – Análise de Variância

Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Entre grupos 277,647 1 277,647 2,63732 0,11862 4,30095 Dentro dos grupos 2316,08 22 105,276 - - - Total 2593,72 23 - - - -

A análise de variância demonstrou que não pode-se rejeitar a hipótese nula

(H0) de que as médias dos valores obtidos em campo e dos estimados pelo modelo

proposto são iguais, já que o F < FCrítico e o Pvalue > 0,05 para o nível de significância

de 5%.

7.6 ESPECIFICAÇÕES PARA PAVIMENTOS SILENCIOSOS

Diversas medidas podem ser adotadas para a mitigação do ruído em

edificações que se localizam no entorno de vias urbanas e rodovias. Estas podem

fazer parte de planos diretores, que definam requisitos técnicos construtivos da

engenharia de transportes e soluções de pavimentação.

Quando não se pode alterar o recuo das edificações, fator importante na

atenuação do NPS que atingirá a edificação, a solução pode ser atribuída ao

revestimento das vias e a velocidade de tráfego local.

Tanto em vias existentes como nas que serão projetadas, podem-se utilizar

alternativas como a aplicação de revestimento ou camadas de desgaste com textura

e vazios diferentes aos utilizados atualmente, além da limitação da velocidade de

tráfego. Desta forma pode-se compatibilizar os níveis de emissão de ruído ao

conforto acústico adequado à sociedade. De acordo com a FHWA (2000), o NPS

produzido pelo tráfego no entorno de áreas residenciais não deverá exceder 67

dB(A).

Em pavimentos cujo revestimento seja em misturas asfálticas, com ou sem

adição de polímeros (sendo estes os mais utilizados no estado de Sergipe), a

limitação de velocidade para o máximo 60 km/h promoverá uma redução média de

Page 99: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

99

5,34 dB(A) na emissão de ruído na interface pneu-pavimento se comparado ao

gerado a 80 km/h. Caso ainda seja necessário, uma limitação em 40 km/h

incrementará essa redução em mais 4,85 dB(A), totalizando uma média de redução

de 10,19 dB(A) quando se reduz a velocidade de 80 para 40 km/h. Tal medida pode

ser implementada com a indicação da velocidade de tráfego ou a implantação de

redutores de velocidade, tanto físicos, como eletrônicos.

No entanto, quando uma intervenção na velocidade de tráfego não seja

possível ou suficiente, é imprescindível a utilização de pavimentos mais “silenciosos”

do que os convencionais.

Em vias que mesmo com baixa velocidade de tráfego, cerca de 40 km/h, que

ainda se faça necessária redução do ruído de tráfego, pode-se utilizar um

revestimento ou uma camada de desgaste cujo índice de vazios seja superior ao

convencionalmente utilizado (aqui indiretamente representado por pavimentos de

menor densidade). Conforme visto nas correlações, esta é a característica que mais

influencia no NPS captado a baixas velocidades.

Já em vias de velocidades mais altas, a partir de 60 km/h, a influência mais

significativa na redução do NPS é da macrotextura. Portanto, deverá se buscar

revestimentos com textura mais aberta ou grosseira. Pode-se sugerir a aplicação de

TSD, sendo este um revestimento de macrotextura mais aberta ou grosseira, como

camada de desgaste. Tal revestimento emite um NPS inferior aos demais estudados

em no mínimo 5,41dB(A) para a velocidade de 60,0 km/h, chegando a 9,39 dB(A)

para velocidade de 80,0 km/h, valores estes que o classificam como silencioso em

relação aos demais, pois a redução foi superior a 3 dB(A), conforme descrito por

Sandberg et al. (2002).

Para o atendimento do limite máximo estabelecido pela FHWA (67 dB(A)),

pode-se realizar a estimativa do NPS que se propagará até as edificações nas

margens das vias, utilizando-se a Equação 6 (vide seção 5.5), preconizada pela

FHWA (1998), a partir do NPS gerado na interface pneu-pavimento calculado de

acordo com as características construtivas do revestimento, conforme modelo

proposto (equação 9). Fazendo-se diversas interações, modificando-se as

características do revestimento (IRI, D e MPD) para determinada velocidade, se

chegará a especificação que proporcionará maior conforto acústico.

Page 100: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

100

Para a realização desta análise poderá ser utilizada a Tabela 15 como

modelo, adicionando-se quantas linhas forem necessárias.

Tabela 15 - Modelo de tabela para cálculos de NPS na interface pneu-pavimento e ao lado da via

NPS na interface pneu-pavimento NPS ao lado da via

Revestimento Veloc. (km/h)

IRI (m/km)

D (kg/m³)

MPD (mm)

NPS1 (dB(A))

Calculado d1 (m) d2 (m) αααα

NPS2 (dB(A))

A B C D E F G H I J

Para o preenchimento das células deverá se seguir a ordem:

A – Revestimento a ser avaliado;

B – Velocidade de tráfego que se pretende avaliar;

C – Irregularidade longitudinal obtida ou proposta;

D – Densidade do revestimento asfáltico obtida ou proposta;

E – Macrotextura (em termos de MPD) obtida ou proposta;

F – NPS na interface pneu-pavimento calculado utilizando-se a equação 9;

G – Distância do ponto 1 a fonte sonora;

H – Distância do ponto 2 a fonte sonora;

I – Fator de absorção sonora da cobertura do solo entre a via e o receptor (vide item

5.5);

J – NPS estimado no ponto 2 (ao lado da via, ou seja, que atingirá as edificações).

O revestimento padrão para o qual foram realizadas as comparações neste

trabalho foi o Concreto Asfáltico Usinado a Quente convencional, utilizado na maior

parte das vias urbanas e rodovias do estado de Sergipe. Para tanto, foram utilizados

os valores médios de IRI, D e MPD dos três segmentos teste em CAUQ analisados

neste trabalho (Tabela 16). Para o cálculo do NPS1 foi utilizado o modelo proposto

neste trabalho (Equação 9). Para o cálculo do NPS2 (Equação 6) foi adotada como

padrão a distância de 10,0 m do eixo da via às edificações (soma: recuo das

edificação + largura do passeio + ½ da largura da via), considerando poucas

obstruções laterais e solo impermeabilizado.

Page 101: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

101

Tabela 16 – Estimativa do NPS ao lado da via revestida com CAUQ no Estado de Sergipe

NPS na interface pneu-pavimento NPS ao lado da via

Revestimento Veloc. (km/h)

IRI (m/km)

D (kg/m³)

MPD (mm)

NPS1 (dB(A))

Calculado d1 d2 αααα

NPS2 (dB(A))

CAUQ 40 2,47* 2359,2* 0,79* 83,68 0,1 10 0,0 63,89 60 2,47* 2359,2* 0,79* 89,88 0,1 10 0,0 70,09 80 2,47* 2359,2* 0,79* 96,09 0,1 10 0,0 76,30

*Média geral dos segmentos CAUQ1, CAUQ2 e CAUQ3

Das estimativas, embora somente a 40 km/h (baixa velocidade) o NPS2 a

margem da via seja inferior ao limite estabelecido pela FHWA, nota-se que limitando-

se a velocidade em no máximo 60 km/h (média velocidade) se promoverá uma

redução de 6,20 dB(A) do NPS2 ao lado da via se comparado ao gerado à 80 km/h

(alta velocidade). Caso esta limitação seja de 40 km/h incrementará essa redução

em mais 6,21 dB(A), totalizando uma média de redução de 12,41 dB(A) quando se

reduz a velocidade de 80 para 40 km/h.

No entanto, quando uma intervenção na velocidade de tráfego não seja

possível ou suficiente, é imprescindível a utilização de pavimentos mais “silenciosos”

do que os convencionais. Pode-se, então, buscar pavimentos com menor IRI e/ou

menor densidade e, ainda, com macrotextura mais aberta.

A Tabela 17 contém interações realizadas para o mesmo revestimento em

CAUQ, porém utilizando-se os valores mínimos, obtidos nos levantamentos de

campo, de IRI e D e máximos de MPD, isoladamente e em conjunto.

Nota-se que algumas combinações tornaram o pavimento “silencioso”, pois

houve redução maior ou igual a 3 dB(A) em relação ao convencional. Sendo

considerados “silenciosos” o CAUQ com “menor densidade”, CAUQ com menor IRI e

menor D, CAUQ com menor IRI e maior MPD, CAUQ com menor D e maior MPD e

CAUQ com menores IRI e D e maior MPD. Estes pavimentos, com exceção apenas

do CAUQ com menor IRI e maior MPD, apresentaram NPS2 inferiores ao limite de

67 dB(A) nos três níveis de velocidade (baixa, média e alta), podendo ser indicados

para o uso em áreas urbanas e residenciais às margens de rodovias.

Page 102: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

102

Tabela 17 – Análise do NPS2 a partir de modificações no valor de IRI, D e MPD NPS na interface pneu-pavimento NPS ao lado da via

Revestimento Veloc. (km/h)

IRI (m/km)

D (kg/m³)

MPD (mm)

NPS1 (dB(A))

Calculado d1 d2 αααα

NPS2 (dB(A))

CAUQ

40 2,47 2359,2 0,79 83,89 0,1 10 0,0 63,89 60 2,47 2359,2 0,79 90,09 0,1 10 0,0 70,09 80 2,47 2359,2 0,79 96,30 0,1 10 0,0 76,30

CAUQ (menor IRI)

40 1,54 2359,2 0,79 81,70 0,1 10 0,0 61,70 60 1,54 2359,2 0,79 87,90 0,1 10 0,0 67,90 80 1,54 2359,2 0,79 94,11 0,1 10 0,0 74,11

CAUQ (menor D)

40 2,47 2160,45 0,79 70,51 0,1 10 0,0 50,51 60 2,47 2160,45 0,79 76,71 0,1 10 0,0 56,71 80 2,47 2160,45 0,79 82,92 0,1 10 0,0 62,92

CAUQ (maior MPD)

40 2,47 2359,2 0,93 81,86 0,1 10 0,0 61,86 60 2,47 2359,2 0,93 88,07 0,1 10 0,0 68,07 80 2,47 2359,2 0,93 94,27 0,1 10 0,0 74,27

CAUQ (menor IRI e menor D)

40 1,54 2160,45 0,79 68,32 0,1 10 0,0 48,32 60 1,54 2160,45 0,79 74,53 0,1 10 0,0 54,53 80 1,54 2160,45 0,79 80,73 0,1 10 0,0 60,73

CAUQ (menor IRI e maior

MPD)

40 1,54 2359,2 0,93 79,67 0,1 10 0,0 59,67 60 1,54 2359,2 0,93 85,88 0,1 10 0,0 65,88 80 1,54 2359,2 0,93 92,08 0,1 10 0,0 72,08

CAUQ (menor D e maior

MPD)

40 2,47 2160,45 0,93 68,48 0,1 10 0,0 48,48 60 2,47 2160,45 0,93 74,69 0,1 10 0,0 54,69 80 2,47 2160,45 0,93 80,89 0,1 10 0,0 60,89

CAUQ (menores IRI e

D e maior MPD)

40 1,54 2160,45 0,93 66,29 0,1 10 0,0 46,29 60 1,54 2160,45 0,93 72,50 0,1 10 0,0 52,50 80 1,54 2160,45 0,93 78,71 0,1 10 0,0 58,71

Vale ressaltar que estas alterações são válidas apenas para misturas

asfálticas. Mas caso se utilize um revestimento em TSD com mesmas características

de IRI e D do CAUQ, no entanto com o MPD médio de 2,0 mm, a redução seria de

17,5 dB(A) no NPS2.

As alternativas apresentadas utilizadas isoladamente ou em conjunto,

buscando compatibilizar os níveis de emissão de ruído aos padrões

internacionalmente aceitos, contribuem com a melhoria do conforto acústico das

edificações às margens de rodovias ou em centros urbanos.

Page 103: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

103

8 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Neste trabalho foi utilizado o método da proximidade imediata (CPX) para

avaliar o nível de pressão sonora gerado na interface pneu-pavimento em nove

segmentos distintos, contemplando seis revestimentos diferentes. Considerando três

velocidades pré-determinadas, verificou-se as influências da velocidade, densidade

do pavimento, macrotextura, microtextura e irregularidade longitudinal na variação

de ruído de tráfego. Em seguida, pôde-se construir gráficos para melhor

entendimento das influências destas características no NPS, correlacionar

características que influenciam na geração de ruído, elaborar modelo de previsão de

NPS e sugerir especificações para pavimentos silenciosos.

O método de avaliação de nível de pressão sonora (NPS) utilizado tem como

vantagem a captação diretamente na interface pneu-pavimento, capacidade de

medir o NPS em praticamente qualquer tipo de superfície, ter menor influência de

outros ruídos devido à proximidade da interface pneu-pavimento, além da facilidade

de manuseio dos equipamentos e portabilidade. No entanto, possui a desvantagem

de não medir o NPS propagado pelo tráfego até a margem das vias.

Diante dos resultados dos levantamentos ficou evidente que o nível de

pressão sonora gerado na interface pneu-pavimento é diretamente proporcional à

velocidade.

A faixa de frequência que reúne os maiores NPS está situada entre 100 e

2.500Hz. Ainda pode-se afirmar que os níveis de pressão sonora máximos em

frequências abaixo de 1000Hz foram registrados pelo microfone traseiro (registrados

por vibrações do pneumático), enquanto que para frequências maiores, os níveis de

ruído máximos foram registrados pelo microfone dianteiro (registrados pela ação

aerodinâmica).

Conclui-se também que a densidade (fortemente relacionada ao índice de

vazios) tem influência na emissão de ruído em baixas velocidades, quando o pneu

tem mais contato com o pavimento, ou seja, quanto maior o índice de vazios (menor

densidade) menor o ruído gerado. A macrotextura influencia na redução do NPS,

principalmente em altas velocidades, onde, quanto mais grosseira, proporciona uma

maior dissipação do ar na interface pneu-pavimento. A irregularidade longitudinal

influencia no aumento do NPS, embora de forma menos significativa que as

Page 104: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

104

características anteriores, aumentando as vibrações mecânicas devido ao impacto

do pneu com o pavimento e, consequentemente, elevando o NPS. Já a microtextura

não tem influência significativa nos valores de NPS.

A análise estatística dos dados, utilizando-se regressão linear múltipla,

permitiu a elaboração de um modelo estatístico que permite a previsão do NPS

gerado na interface pneu-pavimento, a partir dos valores de velocidade de tráfego,

irregularidade longitudinal (IRI), densidade do revestimento e macrotextura (em

termos de MPD).

O modelo desenvolvido apresentou média significância, permitindo seu uso

como ferramenta na elaboração de projetos, que poderão ser elaborados também

com o propósito de proporcionar conforto acústico à sociedade, bem como em

avaliações de pavimentos existentes visando a mitigação de ruído. Futuramente, a

ampliação do banco de dados e a utilização de métodos matemáticos e estatísticos

mais sofisticados poderão aprimorar o modelo, ampliando sua aplicação a outros

tipos de pavimentos, diferentes climas, materiais constituintes, etc.

Este modelo demonstrou maior influencia da velocidade e da densidade no

NPS calculado, seguidos da macrotextura e da irregularidade.

Camadas de desgaste com densidade menores favorecem a redução do

NPS, podendo chegar até 6,73 dB(A) a cada redução de 100 kg/m³. Já pavimentos

com irregularidade longitudinal menores, podem reduzir 2,35 dB(A) quando o IRI

reduz em 1,0 m/km.

A macrotextura , no entanto, favorece a mitigação do NPS quanto maior for o

MPD ou Hs, a cada acréscimo de 0,1 mm desta característica, tornando mais aberta,

levam a redução de 1,45 dB(A).

Medidas como a limitação da velocidade de tráfego, com a implantação de

redutores de velocidade, tanto físicos, como eletrônicos, levam a uma redução entre

5,34 a 10,19 dB(A) na contribuição do ruído gerado na interface pneu-pavimento,

proporcionando uma melhoria no conforto acústico da população.

O pavimento revestido em TSD foi considerado como “silencioso”, pois

proporcionou redução de NPS acima de 5 dB(A) em relação aos demais

revestimentos analisados, quando praticadas velocidades a partir de 60 km/h.

Page 105: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

105

8.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Algumas sugestões de novas pesquisas, que ajudarão a fornecer respostas

adicionais ao trabalho aqui realizado, são as seguintes:

• Análise da propagação do ruído no entorno das vias e suas formas de

atenuação;

• Estudo da influência do tipo de pneu, desgaste e calibração na geração

do NPS na interface pneu-pavimento;

• Ampliação do banco de dados para aprimoramento do modelo de

previsão, bem como das especificações de pavimentos silenciosos;

• Análise e inclusão de mais variáveis ao modelo de previsão, como

temperatura, tipo de pneu, tipo de veículo, dentre outras;

• Avaliação de revestimentos do tipo MRA e TSD para melhor

compreensão dos mecanismos de geração de ruído destes;

• Avaliação de pavimentos revestidos com Camada Porosa de Atrito –

CPA e demais pavimentos drenantes, mensurando a sua contribuição

na redução de NPS;

• Estudo aprofundado da influência de cada característica isoladamente

(irregularidade, textura, vazios e velocidade) no NPS emitido nas

freqüências abaixo, acima e exatamente a 1.000Hz;

• Verificação da interferência entre as diversas características

construtivas de um pavimento asfáltico entre si, na geração de NPS;

• Realização dos mesmos estudos desenvolvidos neste trabalho para

pavimentos de concreto;

• Avaliação da rigidez do revestimento como fator contribuinte para a

geração de ruído na interface pneu-pavimento;

• Estudo da viabilidade econômica das diversas soluções de mitigação

de ruído de tráfego, com ênfase na construção de pavimentos

silenciosos.

Page 106: Avaliação de ruído de tráfego urbano na interface pneu/pavimento

106

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EQUIPE TÉCNICA

• Fernando Silva Albuquerque – Coordenador

• Franciely Abati Miranda – Pesquisadora

• Osvaldo de Freitas Neto – Pesquisador

• Tatiana Máximo Almeida Albuquerque – Pesquisadora

• Manoel Fernando Freire Cabral – Aluno de Mestrado

• Anne Karoline Carvalho Vieira – Aluna de Graduação

• Diogo Nascimento Oliveira – Aluno de Graduação

• Gessyca Menezes Costa – Aluna de Graduação

• Léa Nascimento Dias – Aluna de Graduação

• Lívia Melanie de Santana Rodrigues – Aluna de Graduação