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ÂNGELA MARIA FERREIRA LIMA
AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO BRASIL – INSERÇÃO E PERSPECTIVAS
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Profº Dr. Asher Kiperstok
Salvador 2007
L7324 Lima. Ângela Maria Ferreira Avaliação do Ciclo de Vida no Brasil: inserção e
perspectivas / Ângela Maria Ferreira Lima. – Salvador, 2007.
116p. : il.
Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e
Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo) - Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2007
1.Ciclo de Vida (Avaliação) 2.Impacto Ambiental 3.Poluição (Prevenção) 4.Políticas Públicas. I.Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II.Kiperstok, Asher. III. Título.
CDD: 363.73
4
A meus pais, que mostraram que o crescimento pessoal tem como base a educação
e o conhecimento. E em especial ao meu pai, por sua capacidade de superação e
determinação.
Ao meu marido, pelo apoio em todos os momentos, companheirismo e presença
constante na minha vida.
Aos meus queridos filhos, pelo carinho e amor; e que, independentemente da
profissão que sigam futuramente, as questões relacionadas com o meio ambiente
estejam presentes em suas vidas.
Aos meus irmãos, que sempre me incentivaram e torceram por mim.
5
AGRADECIMENTOS
Ao Profº Asher Kiperstok, pela orientação deste trabalho e por ter me mostrado os
primeiros ensinamentos sobre ACV, pela sua força positiva, acreditando que “tudo”
sempre dará certo.
Ao Profº Armando Caldeira-Pires, pelas informações tão valiosas transmitidas, por
colocar à minha disposição o seu acervo pessoal e por ter aberto os caminhos
necessários para minha pesquisa em Brasília.
A toda equipe da Rede de Tecnologia Limpas - TECLIM (especialmente a Suzete,
Lígia, Linda, Jaqueline e Loriana), que mesmo de longe me deram todo o suporte
necessário.
Ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), representado
pela Celina Lamb e Sander Ferreira, que disponibilizaram as informações para este
trabalho.
A Ana Maria Siqueira pela cuidadosa revisão do texto.
A todos que gentilmente responderam aos meus e-mails, e aos que enviaram cópias
de suas teses, dissertações e artigos.
A FAPESB/CAPES, pela bolsa de estudo que me permitiu a dedicação a este
trabalho.
6
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo identificar ações para a inserção da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) como um instrumento para a sustentabilidade ambiental da sociedade brasileira e procura mostrar qual a participação e quais os estímulos para que essa inserção ocorra. A idéia central é subsidiar o uso da ACV em nosso país. A pesquisa consiste nas seguintes etapas: uma revisão bibliográfica, com o objetivo de fundamentar conceitos e estratégias da Avaliação do Ciclo de Vida; a identificação do estágio atual de conhecimento e de utilização dessa ferramenta no Brasil em três setores distintos, a academia, as empresas e as instituições governamentais; e a apresentação de proposições para a implementação de seu uso. O levantamento bibliográfico focou os seguintes aspectos: o estado da arte de ACV (panorama geral, conceitos, classificação); experiências consolidadas de ACV em países ou regiões desenvolvidos, iniciativas de países ou regiões em desenvolvimento e os diferentes atores envolvidos na ACV no Brasil. Para identificar o estágio atual de desenvolvimento da ACV em nosso país, este trabalho levantou informações em bancos de dados acadêmicos, no sistema de informação curricular da comunidade científica brasileira, em sites institucionais e em relatórios socioambientais/sustentabilidade feitos por empresas. Posteriormente, organizou as informações coletadas de acordo com diversas categorias como, por exemplo, nível de trabalho acadêmico, setores produtivos. Nas instituições governamentais, houve a preocupação em verificar as ações para construção de um banco de dados em ACV. Este estudo mostra um panorama dessa importante ferramenta no mundo e no Brasil. A análise realizada conclui que as parcerias entre os diversos setores, as ações conjuntas e os investimentos, entre outras possibilidades, são de fundamental importância para programas sobre ACV, bem como para a criação de um banco de dados brasileiro, e que nos países em desenvolvimento essas parcerias ainda estão se formando. No Brasil, são as universidades que se destacam em relação a essa temática, sendo que algumas já apresentaram uma definição em determinadas áreas de inserção da Avaliação do Ciclo de Vida. Este trabalho faz também 19 proposições para melhorar as interações entre os três setores aqui analisados, no intuito de favorecer a incorporação da ACV pelos mesmos, com uma expectativa de prazo para que isso ocorra. Todas as proposições estão acompanhadas de fatos motivadores para tal incorporação. Palavras-Chave: Avaliação do Ciclo de Vida, Análise do Ciclo de Vida, ACV, Políticas Públicas, Rotulagem Ambiental.
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ABSTRACT
The objective of this study is to identify actions to include Life Cycle Assessment (LCA) as an instrument for environmental sustainability of Brazilian society, as well as attempting to identify the participation and incentives for this inclusion. The main idea is to support the use of ACV in Brazil. The study is divided into the following stages: a bibliographic survey with the objective of establishing concepts and strategies of Life Cycle Assessment; identification of the current level of knowledge and use of this tool in Brazil in three distinct sectors, i.e. universities, companies and government institutions; and proposals for implementation of its use. The following aspects were emphasized in the bibliographic assessment: the state-of-the-art of LCA (overview, concepts, classification); consolidated LCA experiences in developed countries or regions, initiatives in developing countries or regions and the different stakeholders involved with LCA in Brazil. In order to identify the current stage of LCA in Brazil, this study assessed information in academic databases, in the curricular information system of the Brazilian scientific community, institutional websites and socio-environmental/sustainability reports prepared by companies. Next, the data collected was classified according to categories such as level of academic work and productive sectors. In government agencies, care was taken to identify possibilities for construction of an LCA database. This study provides an overview of this important tool throughout the world and in Brazil. The assessment came to the conclusion that partnerships among the several sectors, joint actions and investments, among other possibilities, are of paramount importance for LCA programs, as well as for creation of a Brazilian database, and that in developing countries these partnerships are under construction. In Brazil, universities are leaders in this field, and some have already defined certain areas of Life Cycle Assessment insertion. This study also presents 19 proposals for improved interactions among the three sectors analyzed, with the purpose of contributing to LCA incorporation by these sectors, with timeframes for this to take place. All proposals come with justification for their incorporation. Key words: Life Cycle Assessment, Life Cycle Analysis, LCA, Public Policies, Environmental Labeling.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Taxa de variação do consumo de alguns produtos entre 1950 e 2000 14
Figura 2 - Esquema de um ciclo biológico 18
Figura 3 - Esquema de um ciclo industrial 18
Figura 4 - Dimensões da sustentabilidade 25
Figura 5 - Representação do ciclo de vida de um produto 26
Figura 6 - Abordagem do Ciclo de Vida, consistindo de análise e prática direcionadas
por conceitos e baseadas em dados e informações. 31
Figura 7 - Apresentações da estrutura da ACV no decorrer dos anos. 33
Figura 8 - Conteúdo do banco de dados e os institutos responsáveis 40
Figura 9 - Organização do projeto de ACV japonês 44
Figura 10 - Associações industriais que participaram do Projeto de ACV desenvolvido
no Japão 45
Figura 11 - Principais atividades da ACV no mundo 54
Figura 12 - Número de artigos onde apareceu a expressão “Life Cycle Assessment”
no Science Direct. 55
Figura 13 - Número de artigos onde apareceu a palavra “Landfill” no Science Direct 56
Figura 14 - Evolução dos artigos “Landfill” e “LCA” no Science Direct 57
Figura 15 - Quantidade de dissertações produzidas por ano no Brasil na temática
ACV 68
Figura 16 - Quantidade de teses produzidas por ano no Brasil na temática ACV 68
Figura 17 - Produção de dissertações de ACV por segmento produtivo 70
Figura 18 - Produção de teses de ACV por segmento produtivo 70
Figura 19 - Principais atividades da ACV no Brasil 80
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Simplificações para a Avaliação do Ciclo de Vida...................................34
Quadro 2 - Banco de dados de ICV por status do projeto e organização que o
coordena.................................................................................................51
Quadro 3 - Principais países que possuem bancos de dados de ACV no mundo
..................................................................................................................................52
Quadro 4 - Organizações industriais que possuem banco de dados de ACV...........53
Quadro 5 - Exemplo de três grandes empresas que utilizam ACV na Europa..........59
Quadro 6 - Número de dissertações de mestrado em ACV produzidas por
universidades .........................................................................................62
Quadro 7 - Cursos de pós-graduação da USP em que se produziram dissertações
em ACV ..................................................................................................63
Quadro 8 - Número de teses de doutorado em ACV produzidas por universidade...66
Quadro 9 - Empresas pesquisadas em relatórios socioambientais/sustentabilidade
ou sites institucionais..............................................................................72
Quadro 10 - Origem das empresas que usam ACV no Brasil ...................................76
Quadro 11 - Proposições de inserção da ACV no Brasil ...........................................82
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABCV Associação Brasileira do Ciclo de Vida
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRE Associação Brasileira de Embalagem
ACLCA American Center for Life Cycle Assessment
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
AICV Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida
AISI American Iron and Steel Institute
AIST National Institute of Advanced Industrial Science and Technology
ALCALA Associación Life Cycle Assessment LatinoAmérica
APC American Plastics Council
APEC Asian-Pacific Economic Cooperation
APLCANET LCA Researcher Network for APEC Member Economies
B2B Business to Business
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável
CETEA Centro de Tecnologia de Embalagem
CILCA Conferência Internacional de Avaliação do Ciclo de Vida
CML Centrum voor Milieuwetenschappen Leiden (Instituto de
Ciências Ambientais da Universidade de Leiden)
CMLCA Chain Management by Life Cycle Assessment
CNI Confederação Nacional da Indústria
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CPM Center for Environmental Assessment of Product and Material
Systems
DfE Design for Environment
EAA European Aluminium Association
ECI European Copper Institute
ECO European Container Board Organization
EDIP Environmental Development of Industrial Products
ELCD European Reference Life Cycle Assessment Data System
EMPA Swiss Federal Laboratories for Materials Testing and Research
EPD Environmental Product Declaration System
11
ETA Estação de Tratamento de Água
EUA Estados Unidos da América
FEFCO European Federation of Corrugated Board Manufactures
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FURB Universidade Regional de Blumenau
GANA Grupo de Apoio à Normalização Ambiental
GCV Gestão do Ciclo de Vida
GEDnet Global Type III Environmental Product Declarations Network
GEMIS Global Emissions Model for Integrated Systems
GEO Groupement Ondulé, European Association of Makers of
Corrugated Base Papers
GP2 Grupo de Prevenção da Prevenção
IAM U.S. EPA´s Impact Assessment and Measurement
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
ICV Inventário do Ciclo de Vida
IFEU Institute for Energy and Environmental Research
IFU Institute for Environmental Informatics
IISI International Iron and Steel Institute
IPP Integrated Product Policy
ISE/BOVESPA Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de
São Paulo
ISO International Organization for Standardization
ISSF International Stainless Steel Forum
JEMAI Japan Environmental Management Association for Industry
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
METI Ministry of Economy Trade and Industry
NEDO New Energy and Industrial Technology Development
Organization
NiD Nickel Development Institute
PET Polietileno Tereftalato
PUC Pontifícia Universidade Católica
PVC Policloreto de Vinila
REPA Resource and Environmental Profile Analysis
RoHS Restriction of Hazardous Substances
SETAC Society for Environmental Toxicology and Chemistry
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SPOLD Society for the Promotion of LCA Development
TECLIM Rede de Tecnologias Limpas
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFF Universidade Federal Fluminense
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPA Universidade Federal do Pará
UFPR Universidade Federal do Paraná
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFSCAR Universidade Federal de São Carlos
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
UFTPR Universidade Federal Tecnológica do Paraná
UFV Universidade Federal de Viçosa
UnB Universidade de Brasília
UNEP Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
UNESP Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Botucatu
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
UNIDERP Universidade para Desenvolvimento do Estado e da Região do
Pantanal
UNIFEI Universidade Federal de Itajubá
UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba
UNITAU Universidade de Taubaté
USP Universidade de São Paulo
WEEE Waste from Electrical and Electronic Equipment
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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................14 1.1 Caracterização do problema .........................................................................14 1.2 Objetivos ........................................................................................................21
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................21 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................21
1.3 Metodologia....................................................................................................21 1.4 Estrutura da dissertação...............................................................................23 2 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA............................................................... 25 3 PANORAMA DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO MUNDO...................35 3.1 Regiões / países desenvolvidos ...................................................................39
3.1.1 Suíça .........................................................................................................39 3.1.2 Região Nórdica .........................................................................................40 3.1.3 Holanda.....................................................................................................41 3.1.4 Alemanha ..................................................................................................42 3.1.5 Japão ........................................................................................................42 3.1.6 América do Norte ......................................................................................45
3.2 Regiões / países em desenvolvimento ........................................................47 3.2.1 China.........................................................................................................48 3.2.2 África do Sul..............................................................................................48 3.2.3 América Latina ..........................................................................................48
3.3 Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC ) ..........................................49 3.4 Consolidação dos bancos de dados no mundo..........................................50 3.5 ACV no meio acadêmico ...............................................................................55 3.6 ACV no meio empresarial .............................................................................58 4 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO BRASIL ............................................ 60 4.1 ACV no meio acadêmico brasileiro ..............................................................61
4.1.1 Dissertações de mestrado.........................................................................62 4.1.2 Teses de doutorado ..................................................................................66 4.1.3 Evolução dos estudos acadêmicos da ACV..............................................67 4.1.4 ACV no meio acadêmico por setor produtivo ............................................69
4.2 ACV no meio empresarial brasileiro ............................................................71 4.3 ACV no meio governamental brasileiro .......................................................77 5 PROPOSIÇÕES ................................................................................................81 6 CONCLUSÕES..................................................................................................89 REFERÊNCIAS ....................................................................................................91 ANEXO A – RELAÇÃO DAS NORMAS ISO/ABNT DE ACV ............................103
APÊNDICE A – RELAÇÃO DAS DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO ..............................................................................................104
APÊNDICE B - LISTAGEM DAS DISSERTAÇÕES E TESES DE ACV DE ACORDO COM O ANO DE PUBLICAÇÃO .......................................................110
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1 INTRODUÇÃO 1.1 Caracterização do problema
A humanidade está consumindo os recursos naturais em um ritmo superior à
capacidade de reposição das matérias-primas retiradas, assim como descarta os
resíduos de forma indevida, comprometendo a autodepuração que a natureza
realiza há milhares de anos. Isso decorre dos modelos de produção e consumo que
têm prevalecido e que deterioram cada vez mais as fontes de recursos naturais,
consideradas inesgotáveis num passado recente. A Terra com sua população
superior a seis bilhões de habitantes tende a demandar mais ainda os já escassos
recursos como, por exemplo, a água para consumo humano.
Conforme pode ser visualizado na Figura 1, entre 1950 e 2000, a capacidade de
geração de energia elétrica cresceu 2.100%, aumento este necessário para atender
tanto à demanda do setor industrial quanto do doméstico; a produção de celulose,
1.425%, acarretando um aumento substancial de área fértil para o plantio de
eucalipto; o número de veículos rodando nas cidades cresceu acima de 1.000%,
demandando por sua vez mais combustível fóssil e gerando poluentes para a
atmosfera; o crescimento da produção de milho, de ferro e de carvão ficou na faixa
dos 400%. O aumento da população, no entanto, não chegou a 250% nesse mesmo
período (YAMAMOTO, 2006).
Percentual de crescimento do Consumo1950 a 2000
0%
500%
1000%
1500%
2000%
2500%
Eletricidade Gás Natural Celulose No deveículos
Óleo Milho Ferro Carvão População
Figura 1 - Taxa de variação do consumo de alguns produtos entre 1950 e 2000. Fonte: YAMAMOTO, 2006.
15
De acordo com Yamamoto (2006), as projeções feitas pelas Nações Unidas indicam
que no ano de 2050 haverá uma estabilização da população mundial em torno de 9
bilhões de habitantes; isso representa um aumento de 40% (2,6 bilhões de
pessoas). Essa desaceleração do crescimento demográfico não deve ser
interpretada como um fator atenuante para a alta demanda por recursos naturais,
uma vez que, intrinsecamente, a forma de consumo é muito mais significativa como
causadora de impactos ambientais do que o crescimento da população.
Antes do advento da revolução industrial iniciada no século XVIII, o homem vivia
regido pelas leis da natureza. Segundo Ayres (1994), na era pré-industrial a
antroposfera estava balanceada com a biosfera e com os outros elementos do
sistema da terra. Os seres humanos correspondiam a uma parte do ecossistema
natural e os animais serviam para o seu alimento, a sua roupa e para a manufatura
de materiais para o seu uso. Os resíduos eram reciclados por processos naturais de
decomposição. Os artigos metálicos, por exemplo, foram utilizados e reusados por
séculos ou milênios. Depois disso, o homem passou a impor seu ritmo de vida num
mundo cada vez mais competitivo, onde sob o argumento de atender a uma
demanda de mercado passou-se à exploração cada vez mais insustentável dos bens
naturais.
Foi somente na década de 70 que a sociedade e os governos começaram a se
preocupar com as questões ambientais1, procurando discutir ações voltadas para a
preservação da natureza. Tal preocupação culminou com a publicação do relatório
“Os Limites do Crescimento2”, em 1972, pelo Clube de Roma. Esse documento
denunciava que o crescente consumo mundial ocasionaria um limite de crescimento
e um possível colapso do ecossistema global. A partir daí, surgiu a preocupação
com os danos causados pela destinação de poluentes industriais e pela extração
das matérias-primas necessárias para atender à demanda da população,
principalmente a dos países do hemisfério norte. São desenvolvidos, então,
processos de redução desses poluentes, quer estivessem na forma sólida, líquida ou
gasosa, o que vai dar origem às estações de tratamento de esgotos, aos
incineradores, às unidades de compostagem, aos aterros sanitários e industriais, 1 Em junho de 1972, ocorreu a primeira reunião promovida pela Organização das Nações Unidas sob o tema
Meio Ambiente Humano (Convenção de Estocolmo) com a participação de líderes políticos e pesquisadores, para discutir os rumos que evitassem o esgotamento dos recursos naturais da humanidade.
2 Do inglês Limits to Growth, obra de Donela H. Meadows, Dennis L. Meadows e Jorgen Randers, (http://www.clubofrome.org/docs/limits.rtf).
16
entre outros. Essas formas de reduzir a poluição ficaram conhecidas como técnicas
“fim de tubo”, uma vez que a única preocupação era garantir a redução dos impactos
ocasionados pelo lançamento de carga poluidora no meio ambiente.
A legislação americana, através do Clean Air Act (versão de 1970) passa a
estabelecer padrões de lançamento máximo para os principais poluentes
atmosféricos permitindo inclusive ao cidadão tomar ações legais contra qualquer
poluidor que viole os padrões ambientais (EPA, 1990). Esse ato influenciou as
demais nações industrializadas, popularizando assim os instrumentos de “comando
e controle”.
No setor produtivo, em sua área de planejamento de negócios, a questão ambiental
passa a ser considerada uma consumidora de recursos, um fator de aumento no
custo da produção, uma vez que as externalidades provocadas pelos poluentes não
eram internalizadas pelos próprios poluidores, ficando a sociedade a arcar com os
seus custos (OLIVEIRA, 2003).
Segundo Gassi (2006 apud GIANNETTI, 2006), a década seguinte (80) caracterizou-
se pela internalização dos conceitos de impacto ambiental. A partir daí, passou-se a
entender o meio ambiente como parte integrante de um processo mais amplo,
envolvendo o setor produtivo, o ambiente e a sociedade. Os grandes acidentes
ambientais3 e as conseqüências do uso indiscriminado de substâncias químicas
alertam para as conseqüências desastrosas na condução dos processos de
produção e consumo da sociedade contemporânea.
No início dos anos 1990, observou-se a quebra de um paradigma ao se mudar o
foco da ação, que passou de corretiva para preventiva. Desse modo, prioriza-se a
eliminação/minimização dos poluentes na fonte da sua geração, através de
mudanças de tecnologias, rotas de produção com matérias-primas e insumos menos
poluidores, melhorias nos procedimentos operacionais, o que resulta numa maior
eficiência ambiental e minimização nos custos de produção (GIANNETTI, 2006). A
partir dessa mudança de pensamento, surgem novas formas de interação entre o
meio ambiente, o setor produtivo e a sociedade. Apesar de esse tipo de discussão
3 Exxon Valdez (Alasca); Bhopal (Índia); Chernobyl (Ex-URSS); Love Canal (NY-USA); Destruição da camada
de ozônio.
17
de “sistemas4” ter se iniciado nas décadas anteriores (FORRESTER, 1968 e 1971;
MEADOWS, 1972; ODUM, E. 1971; ODUM, H. 1971 apud GIANNETTI, 2006), a
descrição de um processo como um fluxo de material e energia só foi disseminada
mais tarde por Ayres (1989 apud AYRES, 1994) e recebeu o nome de “Metabolismo
Industrial”5.
O termo metabolismo aplicado a uma planta ou animal é usado para denominar a
totalidade dos processos internos – físicos, químicos e biológicos – que fornecem a
energia e os nutrientes necessários para um organismo manter as condições de sua
própria vida. Esses processos podem ser descritos em termos das transformações
das entradas (luz solar, energia química, nutrientes, água e ar) na biomassa até a
saída dos resíduos. O metabolismo industrial, por analogia, é o conjunto das
transformações bio-físico-químicas que convertem matérias-primas (biomassa,
combustíveis, minerais, metais) em produtos e resíduos. Assim, esse processo
compreende todas as transformações de energia/materiais que permitem ao sistema
econômico produzir e consumir (AYRES, 1994). Outra analogia, também descrita por
Ayres (1994), entre o metabolismo biológico e o metabolismo industrial refere-se ao
ciclo de vida de componentes individuais, como o ciclo hidrológico, o ciclo de
carbono e o ciclo de nitrogênio. Constata-se que, o sistema metabólico industrial
difere do metabolismo natural pelo fato de o primeiro não reciclar totalmente os seus
resíduos. Normalmente, o sistema industrial consome materiais de alta qualidade
(combustíveis fósseis, minérios) extraídos do solo e os devolve à natureza em uma
forma degradada. Ayres (1994) mostra também a conveniência de se definir o
modelo de quatro caixas para descrever os fluxos de materiais. A versão biológica é
mostrada na Figura 2 e sua analogia industrial na Figura 3.
4 Meadows utilizou a análise de sistemas para simular a degradação ambiental do planeta. Já Odum resgata a
idéia de que os sistemas humanos e também os sistemas industriais estão inseridos no ambiente (GIANNETTI, 2006).
5 Este termo foi criado durante a fase preparatória de uma conferência em Tókio, em setembro de 1988. Esta conferência serviu para explorar maneiras de ampliar as ações do International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP) por considerar explicitamente as dimensões humanas na mudança global. Os artigos selecionados desta conferência foram publicados no International Social Science Journal (ISSJ) em 1989 (AYRES, 1994).
18
Figura 2 - Esquema de um ciclo biológico
Fonte: AYRES, 1994.
Figura 3 - Esquema de um ciclo industrial Fonte: AYRES, 1994.
Produtos
Finais
Capital Produtivo (máquinas, estruturas, inventário, terra)
Distribuição de bens finais
Reciclagem dos resíduos
Remanufatura, recondicionamento
Acúmulo de bens de capital
Material em decomposição
Regeneração
Ambiente Natural
Matérias-primas, Mercadorias
(commodities)
Inorgânico
Nutrientes
Bioprodutos
Biomassa
Mobilização
Captura
Cap
tura
Mob
iliza
ção
Reg
ener
ação
Ass
imila
ção
(f
otos
sínt
ese)
Extração
Resíduos
Res
íduo
s
Subp
rodu
tos /
Res
íduo
s
Proc
esso
s de
prod
ução
19
Observa-se que na natureza os ciclos relativos aos principais elementos (carbono,
oxigênio, nitrogênio, enxofre) são fechados. São os processos biológicos os
principais responsáveis pelo fechamento desses ciclos. Em contraste, o sistema
industrial é aberto no sentido de que os "nutrientes" são transformados em
"resíduos”, mas não são necessariamente reciclados.
Algumas empresas agora adotam o conceito de ciclo de vida considerando que os
impactos dos produtos não se restringem apenas aos processos de fabricação, mas
também aos impactos ambientais associados ao seu uso e descarte. Melhorias na
concepção do produto podem trazer tanto benefícios econômicos ao longo do seu
ciclo de vida (menor geração de resíduo, substituição de produtos perigosos),
quanto organizacionais (vantagem competitiva) (SONNEMANN, 2005). O
desempenho ambiental dos produtos e dos processos transformou-se numa questão
importante, fazendo com que algumas empresas adotem maneiras de minimizar
seus efeitos no ambiente, na busca da sustentabilidade (REBITZER, 2004).
Segundo Andrade (1997), as empresas que forem pró-ativas, no sentido de fazerem
mais do que a legislação determina, terão a possibilidade de liderar um processo de
transformação no mercado, além de converter sua experiência em oportunidade de
negócio. Nesse contexto, destaca-se a importância do objeto que este trabalho se
propõe a estudar: a ACV. A Avaliação do Ciclo de Vida6 (ACV) é um instrumento de
avaliação do impacto ambiental associado a um produto ou processo que
compreende etapas que vão desde a retirada das matérias-primas elementares da
natureza que entram no sistema produtivo (berço) à disposição do produto final após
uso (túmulo). A ACV é normatizada pela série ISO 14.040 (CHEHEBE, 1998).
Existe uma expectativa mundial em relação à Rotulagem Ambiental7 tipo III, norma
ISO 14.025, publicada em julho de 2006, que contém uma série de informações
ambientais baseados em ACV, de que ela seja utilizada nas relações comerciais
(B2B – business to business) (TOSTA, 2004). Embora a Rotulagem Ambiental não
seja obrigatória nas relações comerciais no mundo, ela já ocasiona um diferencial
competitivo dos produtos num mercado cada vez mais exigente em relação às
questões ambientais. É o que acontece, por exemplo, na Política Integrada de 6 Do inglês Life Cycle Assessment. É também conhecida no Brasil por Análise do Ciclo de Vida. 7 Os rótulos ambientais são selos que visam informar ao consumidor algumas características sobre o produto.
Também são conhecidos como “selo verde”, “selo ambiental” ou “rótulo ecológico”.
20
Produtos (IPP), que é desenvolvida na Europa e tem por base o conceito de Ciclo de
Vida (CALDEIRA-PIRES, 2005). Atualmente já existem várias demandas de
mercado baseadas na ACV, principalmente nos países da Europa, referentes às
exigências comerciais do Rótulo Ambiental tipo III.
A ACV é praticada de forma isolada há mais de 30 anos em países desenvolvidos.
Os primeiros estudos relacionados ao tema foram realizados no final da década de
60 e início dos anos 1970 (HUNKELER, 2005) e foram aplicados pela indústria, pelo
governo e pela academia.
Nos países em desenvolvimento, e em especial no Brasil, estudos sobre a ACV vêm
sendo desenvolvidos pela academia, através de trabalhos de mestrado e doutorado,
e por algumas empresas. Destacam-se também: o projeto em andamento da Rede
Latino-Americana de Ciclo de Vida, coordenado pela Universidade de Brasília (UnB);
a Associação Brasileira de Análise do Ciclo de Vida (ABCV), sociedade sem fins
lucrativos que foi fundada em 2002 com uma proposta de discussão dos primeiros
trabalhos de Avaliação do Ciclo de Vida; a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), que possui um subcomitê específico para discussão das normas
sobre ACV. Na esfera governamental existe um outro projeto, do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), no sentido de viabilizar o Inventário do
Ciclo de Vida no Brasil, uma das etapas da ACV que contempla todas as entradas e
saídas de sistemas produtivos.
Nos países desenvolvidos, como Suíça, Alemanha, Japão e EUA, existem bancos
de dados de Inventários de Ciclo de Vida, aplicáveis às condições destes países ou
regiões. Nos países em desenvolvimento, essas informações ainda não estão
sistematizadas.
Este tema faz parte de uma das linhas de pesquisa da Rede de Tecnologias Limpas
(TECLIM), da Universidade Federal da Bahia, onde esta mestranda integra o grupo
de pesquisa na área de Avaliação do Ciclo de Vida, temática em que já vinha
estudando anteriormente – tendo inclusive apresentado um trabalho de Monografia
da Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo
Produtivo, denominado “Estudo da Cadeia Produtiva do Polietileno Tereftalato (PET)
21
na Região Metropolitana de Salvador, como subsídio para Análise do Ciclo de Vida”
(LIMA, 2001).
1.2 Objetivos Este trabalho propõe-se a responder à seguinte pergunta:
Qual a participação e quais os estímulos para a incorporação da Avaliação do Ciclo de Vida como instrumento para a sustentabilidade ambiental no Brasil? 1.2.1 Objetivo geral Na tentativa de responder a essa pergunta, o objetivo geral desta pesquisa é
identificar as ações para a inserção da Avaliação do Ciclo de Vida como instrumento
para a sustentabilidade ambiental brasileira.
1.2.2 Objetivos específicos Guiado por esse objetivo maior, este trabalho pretende alcançar os seguintes
objetivos específicos:
a) Analisar experiências internacionais em que a prática de Avaliação do Ciclo de
Vida esteja consolidada para subsidiar a sua aplicação no Brasil;
b) Pesquisar iniciativas da Avaliação do Ciclo de Vida em países em
desenvolvimento e de que maneira elas podem ser aplicadas à nossa
realidade;
c) Avaliar o estágio atual da Avaliação do Ciclo de Vida no Brasil;
d) Identificar formas de inserção da Avaliação do Ciclo de Vida, considerando as
características do país e os atores envolvidos no processo.
1.3 Metodologia
A metodologia utilizada incorporou as seguintes etapas:
a) Revisão bibliográfica, com o objetivo de fundamentar conceitos e estratégias da
Avaliação do Ciclo de Vida. Foi realizada a partir de buscas em periódicos
22
específicos, tais como: International Journal of Life Cycle Assessment, Journal of
Industrial Ecology e Journal of Cleaner Production, em livros técnicos, artigos
publicados em anais de congressos e em sites institucionais como os da
Sociedade Internacional de Química e Toxicologia Ambiental (Setac), Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e o portal da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), onde se encontram
teses e dissertações defendidas junto aos programas de pós-graduação do país,
entre outros sites.
Os aspectos considerados para o levantamento dos dados nesta etapa
metodológica foram:
o O estado da arte da ACV (panorama geral, conceitos, classificação);
o Experiências consolidadas da ACV em países ou regiões desenvolvidos, tais
como: Suíça, Holanda, Região Nórdica, Alemanha, Japão e América do
Norte;
o Iniciativas de países ou regiões em desenvolvimento;
o Os diferentes atores envolvidos na ACV no Brasil, governo, academia e
empresas.
b) Identificação do estágio atual de implementação da ACV nos diversos ambientes,
tais como:
o Na academia, nos trabalhos científicos de doutorado e mestrado,
identificando onde estavam concentrados os grupos de pesquisa, as áreas
abordadas, a quantidade de produção cadastrada etc. Foi realizada uma
pesquisa no site do IBICT, onde existe uma relação com o resumo de teses e
dissertações. Em seguida, foi feita uma busca no portal da Capes, que dispõe
de ferramentas de busca e consulta de resumos sobre teses e dissertações.
Também foi realizada uma pesquisa no sistema de informação curricular da
comunidade científica brasileira, Plataforma Lattes, do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e os currículos dos
principais pesquisadores que trabalham com a temática ACV foram
analisados. Assim sendo, obteve-se um levantamento de dissertações e teses
brasileiras cujos resumos contêm a temática ACV.
o Nas empresas, nos trabalhos de ACV desenvolvidos e de que maneira os
resultados destes estudos foram incorporados. Foram pesquisados sites
23
institucionais, relatórios de sustentabilidade/socioambientais e algumas
empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de
Valores de São Paulo (ISE/Bovespa). Foram selecionadas e analisadas 33
empresas;
o Nas instituições governamentais. Nestas, foram analisadas as iniciativas para
construção do banco de dados brasileiro de ACV.
c) Proposições de formas de interação entre os atores (academia, empresa e
governo) envolvidos com o processo de ACV no Brasil, considerando as
características do país. A essas proposições foram associados fatos motivadores
para a sua inserção. Também foi projetada uma perspectiva temporal (curto,
médio e longo prazos) para que as proposições apresentadas sejam
implementadas.
1.4 Estrutura da dissertação
Esta dissertação está estruturada em seis capítulos, incluindo este introdutório, que
caracterizou o problema, descreveu os objetivos e a metodologia utilizada para
atingi-los.
O capítulo 2 aborda a sustentabilidade nas dimensões ambiental, social e
econômica e apresenta a ACV como uma ferramenta que pode ajudar a identificar
os impactos de bens e serviços no meio ambiente. Define-se a ACV, faz-se um
breve histórico sobre a mesma, desde os primeiros estudos realizados pela Coca-
Cola em 1969 até o Programa de Iniciativa do Ciclo de Vida, da Unep/Setac, que
dissemina o Pensar o Ciclo de Vida. Contextualiza-se a ACV dentro de uma visão
mais abrangente: a Abordagem do Ciclo de Vida. Logo após, mostra-se a evolução
da estrutura da ACV no decorrer dos anos. As simplificações da ACV também são
abordadas.
No capítulo 3, descreve-se um panorama da ACV no mundo, a importância das
políticas públicas, como a Política Integrada de Produto (IPP), além de outras
diretivas e ações na Europa e a Rotulagem Ambiental Tipo III (ISO 14.025). Detalha-
se a ACV em regiões e países desenvolvidos (Suíça, Região Nórdica, Holanda,
Alemanha, Japão e América do Norte) e em regiões e países em desenvolvimento
24
(China, África do Sul e América Latina). Faz-se também uma consolidação dos
principais bancos de dados, observando suas características. Em seguida, aborda-
se a ACV nos meios acadêmicos e empresariais no mundo.
No capítulo 4, aborda-se a ACV no Brasil. Descreve-se a ACV na academia, nas
empresas e no governo. No meio acadêmico, faz-se um levantamento geral dos
trabalhos de mestrado e doutorado, em bancos de dados acadêmicos, onde, até o
momento, 47 dissertações de mestrado e 17 teses de doutorado foram identificadas
como sendo relativas ao tema. Em seguida, esses trabalhos foram arranjados de
acordo com seu ano de publicação. Por fim, foram analisados por segmento
produtivo e de acordo com as universidades onde foram produzidos. No meio
empresarial, analisaram-se 33 empresas para verificar onde ACV é utilizada. E no
âmbito governamental, a ACV é abordada no projeto de Inventário de Ciclo de Vida
do Brasil – executado pelo IBICT/MCT em parceria com algumas universidades.
No capítulo 5, apresentam-se as proposições de inserção da ACV no Brasil,
considerando-se as características do país e os atores envolvidos no processo
(academia, empresa e governo). Essas proposições são apresentadas associadas a
fatos que justificam a sua inserção e a uma expectativa de prazo para que tal ocorra.
O capítulo 6 apresenta as conclusões deste trabalho. Em relação ao panorama
mundial, conclui-se que a Europa se destaca no desenvolvimento da ACV,
possuindo um banco de dados comum para a região e políticas públicas e ações
integradas. No Brasil, o setor acadêmico é o que está mais evoluído, comparado às
empresas e ao governo.
No Anexo A, encontra-se a relação das normas ISO/ABNT sobre ACV. Nos
Apêndices A e B, têm-se, respectivamente, a relação das dissertações de mestrado
e teses de doutorado e a listagem das dissertações e teses de ACV de acordo com
o ano de publicação.
25
2 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA
Atualmente, existe uma conscientização ambiental maior por parte das empresas e
da sociedade. As empresas começaram a avaliar como suas atividades afetam o
meio ambiente e a sociedade tem se mostrado mais interessada em questões
ambientais, tais como: a diminuição dos recursos naturais e a degradação
ambiental. No mundo dos negócios, muitos responderam a essa consciência,
fornecendo produtos e/ou processos "mais verdes". O desempenho ambiental dos
produtos e dos processos transformou-se numa questão importante, fazendo com
que algumas empresas encontrassem maneiras de minimizar os efeitos dos
impactos de sua produção no ambiente, ao buscar meios de garantir a
sustentabilidade (EPA, 2001).
A sustentabilidade é usualmente descrita em três dimensões: a ambiental, a social e
a econômica. Nos negócios, essa tridimensionalidade tem sido denominada the
triple bottom line. A idéia é expandir os aspectos econômicos para incluir as
dimensões sociais e ambientais, criando negócios mais sustentáveis (ELKINGTON
apud SONNEMANN, 2005). A Figura 4 mostra como estas três dimensões estão
interligadas.
Figura 4 - Dimensões da sustentabilidade
Fonte: ELKINGTON apud SONNEMANN, 2005.
A dimensão ambiental requer o equilíbrio entre proteção do ambiente físico e seus
recursos, bem como a capacidade da natureza para absorver as alterações sofridas
e se recuperar das agressões antrópicas. A dimensão social requer o
desenvolvimento de sociedades justas, com melhoria da qualidade de vida. Já a
dimensão econômica requer um sistema econômico que facilite o acesso a recursos
e oportunidades e o aumento da prosperidade para todos, dentro dos limites do que
sustentabilidade
SOCIAL pessoas
AMBIENTAL planeta
ECONÔMICO bens
bem-estar
equidade eco-eficiência
26
é ecologicamente possível e sem ferir os diretos humanos básicos (CIB/UNEP-IETC
apud SILVA 2003; GUIMARÃES, 1997).
Segundo Rebitzer (2004), para se atingir o Desenvolvimento Sustentável necessita-
se de métodos e ferramentas que ajudem a quantificar e comparar os impactos
ambientais dos bens (produtos) e serviços para a sociedade. Todo produto tem uma
“vida” que começa com o seu planejamento e a extração dos recursos naturais que
vão possibilitar a sua existência. A sua produção e o seu uso/consumo são as fases
seguintes, e, finalmente, o produto passa pelas atividades do fim de sua “vida”
(coleta/separação, reúso, reciclagem, disposição dos resíduos). A Figura 5
apresenta um esquema simplificado do conceito de ciclo de vida dos produtos.
Figura 5 - Representação do ciclo de vida de um produto
Fonte: SONNEMANN, 2005.
Alguns estudiosos entendem que a concepção de um produto, o seu projeto, seja
uma etapa no contexto da ACV denominada “Projeto para o Meio Ambiente8”. A
partir de uma abordagem holística, no entanto, o “Projeto para o Meio Ambiente” é
considerado um projeto que leva em conta todo o ciclo de vida. Nesse caso,
normalmente ele é denominado Ecodesign (BRADLEY, 2002).
8 Do inglês Design for Environment (DfE).
Reuso
Design e produção
Embalagem e distribuição
Uso e manutenção
Reuso/ reciclagem Reciclagem de materiais e
componentes
Recuperação
Extração da matéria-prima
27
Segundo Ribeiro (2004), a preocupação com a chamada “sustentabilidade” tem feito
surgir a abordagem de enfoque sobre o produto. Esse enfoque incide principalmente
sobre a função que este produto “se propõe” a cumprir. Sua concepção depende do
chamado ciclo de vida do produto.
Vários autores (CHEHEBE, 1998; GRAEDEL,1998; JENSEN,1997) descrevem a
ACV como sendo um instrumento de avaliação do impacto ambiental associado a
um produto ou processo cuja abrangência compreende etapas que vão desde a
retirada das matérias-primas elementares da natureza que entram no sistema
produtivo (berço) à disposição do produto final após uso (túmulo). Essa concepção
de ACV inclui extração, processamento da matéria-prima, manufatura, transporte,
distribuição, uso, reúso, manutenção, reciclagem e disposição final. Isso possibilita
uma visão abrangente dos diversos impactos provocados ao meio ambiente,
favorecendo a identificação das medidas mais adequadas do ponto de vista
ambiental e econômico para sua minimização. A partir dessa perspectiva, a ACV
constitui-se numa técnica de apoio ao gerenciamento ambiental e de
desenvolvimento sustentável.
Nos últimos anos, o interesse em ACV tem aumentado. Indústrias, especialistas
ambientais, governo, associações de consumidores, organizações ambientais e o
público em geral têm mostrado interesse em conhecer a qualidade ambiental dos
processos de produção e dos produtos. A ACV está se tornando um instrumento
comum nos países da Europa, nos Estados Unidos e Japão.
Os primeiros estudos de ACV no mundo foram realizados pela Coca-Cola em 1969,
pelo Midwest Research Institut (MRI) nos EUA, com o objetivo de analisar diferentes
tipos de embalagens para refrigerantes e qual apresentava índices menores de
emissões. Nos EUA, esse processo de quantificação do uso de recursos e de
emissões ficou conhecido como Resource and Environmental Profile Analysis –
REPA (CHEHEBE,1998). Na Europa, esse processo foi chamado de Ecobalanço
Com a crise do petróleo, aproximadamente 15 REPAs foram realizados entre 1970 e
1975 (CURRAN, 1993). Logo, a crise do petróleo e o debate sobre o uso dos
recursos naturais foram temas que influenciaram os primeiros estudos da ACV.
28
O pioneiro em desenvolver a ACV no Reino Unido foi Ian Boustead, da Open
University, em 1972. Os primeiros trabalhos de ACV na Alemanha, também em
1972, foram sobre as embalagens. O problema dos resíduos das embalagens levou
o Ministério Alemão da Educação e Ciência a contratar o Batelle-Institut
(BAUMANN&TILLMAN, 2004). Tanto o trabalho do Reino Unido quanto o da
Alemanha foram inspirados no projeto americano. Já na Suécia a inspiração foi
local. Foi encomendado, pela Tetra Pak, um estudo comparativo de embalagens,
do “berço ao túmulo”, de 1970 a 1973 (BAUMANN&TILLMAN, 2004).
O Instituto Suíço para Pesquisa e Teste de Materiais9 (EMPA), por solicitação do
Ministério do Meio Ambiente (Buwal), publicou, em 1984, um boletim de ecobalanço
para materiais de embalagem baseado nos estudos REPA (MOURAD, 2002).
Durante as décadas de 70 e 80, vários estudos foram desenvolvidos com a
utilização de diferentes métodos e sem uma estrutura teórica comum (UDO de
HAES, 2002).
A Sociedade Internacional para a Química e Toxicologia Ambiental10 (Setac) foi uma
das fomentadoras da metodologia de ACV, promovendo diversos workshops na
década de 90 com representantes da comunidade internacional com o objetivo de
desenvolver um consenso sobre a metodologia de ACV. Depois desses
workshops11, foi então publicado, em 1993, o primeiro guia sobre aspectos
metodológicos de ACV denominado “Código de Prática” (SETAC, 1993). Depois
dessa publicação, houve um consenso para a continuidade desses trabalhos. O
passo seguinte foi a padronização da metodologia da ACV, dentro da Organização
Internacional de Padronização (ISO) que culminou com a publicação da série de
normas 14.040.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente12 (Unep) é outra organização
internacional que dissemina a ACV, principalmente em países em desenvolvimento.
A Unep e a Setac uniram esforços para fomentar o “Pensar o Ciclo de Vida13”
9 Do inglês Swiss Federal Laboratories for Materials Testing and Research – EMPA. 10 Do inglês Society for Environmental Toxicology and Chemistry, foi fundada em 1979. 11 Os workshops foram: LCA, Vermont/EUA, em Ago./1990; LCA, Leiden/Holanda em Dez/1991; LCA -
Avaliação de Impacto, Flórida/EUA em Fev./1992 e LCA – Qualidade dos dados, Virginia/EUA, em 1992. 12 Do inglês United Nations Environment Programme. 13Do inglês Life Cycle Thinking.
29
através do programa denominado “Iniciativa do Ciclo de Vida14”. Este programa tem
como meta desenvolver e difundir ferramentas práticas para identificar as
oportunidades, as compensações e os riscos associados aos produtos e serviços
durante todas as etapas do ciclo de vida. As principais áreas do programa são:
Gestão do Ciclo de Vida (GCV), Inventário do Ciclo de Vida (ICV) e Avaliação do
Impacto do Ciclo de Vida (AICV) (UDO de HAES, 2005; UNEP, 2004; FAVA, 2002).
A ACV também pode ser contextualizada dentro de um enfoque mais amplo
denominado “Abordagem do Ciclo de Vida15”. Inserir a ACV em um enfoque mais
amplo implica considerar a influência de nossas escolhas em cada etapa de um
processo e assim ponderar suas vantagens e desvantagens, contribuindo para a
economia, o meio ambiente e a sociedade. Essa abordagem abrangente ajuda a se
perceber de que maneira nossas ações (Ex. comprar uma camiseta nova) fazem
partes de um sistema (UNEP, 2004). Dentro dessa abordagem, utilizam-se como
meios para ajudar na tomada de decisões: ferramentas, programas e procedimentos
desenvolvidos com essa finalidade. Esse enfoque mais amplo, a Abordagem do
Ciclo de Vida, pode conter uma divisão: “abordagem analítica” e “abordagem prática”
(UDO de HAES, 2005). A Figura 6 mostra uma visão da Abordagem do Ciclo de
Vida.
A “abordagem analítica” contém ferramentas analíticas, checklists, modelos e
técnicas que são usadas para avaliar os efeitos de decisões em áreas científicas.
Um exemplo desta abordagem é a “Avaliação do Ciclo de Vida”. A “abordagem
prática” é utilizada para traduzir os resultados das ferramentas analíticas. Por
exemplo, governo e organizações podem promulgar “políticas de compras verdes”,
para apoiar o consumo de produtos e serviços com reduzido impacto ambiental
(UDO de HAES, 2005).
Toda a Abordagem do Ciclo de Vida é dirigida por conceitos-guia para alcançar a
Economia de Ciclo de Vida. Alguns exemplos desses conceitos são: a
sustentabilidade e o “Pensar o Ciclo de Vida. Ambas as abordagens (a analítica e a
prática) são suportes para os Dados e Informações. Os exemplos de Dados e
Informação são os bancos de dados com especificações de uso dos recursos e
emissões. A simples tomada de consciência para a importância de se pensar em 14 Do inglês Life Cycle Initiative. 15 Do inglês Life Cycle Approach.
30
termos do ciclo de vida completo de um produto é muitas vezes assumida como uma
das principais vantagens decorrentes da sua aplicação. Logo, “Pensar o Ciclo de
Vida” é um conceito importante para se alcançar a sustentabilidade, pois expande o
foco do produto para o seu ciclo de vida (FERRÃO, 1998). Facilita também as
interações entre as dimensões ambientais e econômicas dentro das empresas, que
encontram produtos e processos mais limpos, assim como vantagens competitivas
(SONNEMANN, 2005).
A área do programa “Iniciativa do Ciclo de Vida” denominada “Gestão do Ciclo de
Vida16” corresponde à gestão de produtos e serviços ao longo do ciclo de suas
vidas. Ela ocorre por meio da responsabilidade em relação ao produto, das compras
verdes ou da gestão responsável do resíduo. Essa gestão pode ser descrita como a
aplicação do “Pensar o Ciclo de Vida” na prática.
As principais normas sobre Avaliação do Ciclo de Vida foram elaboradas pela ISO e
têm suas similares brasileiras publicadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). No anexo A, encontra-se a relação dessas normas.
A ACV pode ser usada para:
o Identificar oportunidades de melhorias dos aspectos ambientais de produtos
em vários pontos de seu ciclo de vida;
o Avaliar a tomada de decisão na indústria, assim como nas organizações
governamentais e não governamentais (planejamento estratégico, projeto de
produto ou processo);
o Selecionar indicadores relevantes da performance ambiental, incluindo
técnicas de medição;
o Promover marketing institucional e de produto.
16 Do inglês Life Cycle Management.
31
Figura 6 - Abordagem do Ciclo de Vida, consistindo de análise e prática direcionadas por conceitos e baseadas em dados e informações. Fonte: UDO de HAES, 2005.
PRÁTICA
PROGRAMAS POLÍTICOS - Produção e Consumo Sustentável - Compras Sustentáveis - Política Integrada de Produto - Política de Produto Químico - Responsabilidade do Produtor - Gestão Integrada de Resíduos
INSTRUMENTOS POLÍTICOS - Instrumentos legais Ex. Licenças e regulação - Instrumentos financeiros. Ex. Taxas e subsídios - Instrumentos de comunicação. Ex. Campanhas de comunicação - Instrumentos estruturais. Ex. Confiabilidade - Adesões voluntárias. Ex. Acordos entre indústria e governo
FERRAMENTAS DE PROCEDIMENTO - Sistema de Gestão Ambiental - Projeto para Sustentabilidade - Sistema de Certificação Ambiental - Rotulagem Ambiental - Avaliação de Impacto Ambiental - Relatórios de Sustentabilidade - Evolução da Performance Ambiental
PROGRAMAS CORPORATIVOS - Gestão do Ciclo de Vida - Gestão da Cadeia de Suprimento - Gestão de Fim de Vida - Gestão do Produto - Responsabilidade Social Corporativa - Gestão Integrada de Material
FERRAMENTAS ANALÍTICAS - Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) - Contabilidade de Fluxo de Material - Análise de Fluxo de Substância - Análise de Entrada e Saída Ambiental - Avaliação de Risco Ambiental - Contabilidade de Custo Total - Análise de Custo Benefício - Custo de Ciclo de Vida - Contabilidade Ambiental - Eficácia de Custo - Pegada Ecológica - Avaliação de Produção mais Limpa
CHECKLISTS Feitos para eco-design, gestão de resíduos, rótulos ambientais e gestão ambiental nas empresas.
MODELOS E TÉCNICAS Os modelos freqüentemente utilizados são: modelos ecológicos e modelos de alocação. Exemplos de técnicas são: pesagem, análise de incerteza, análise de sensibilidade e normalização.
ANÁLISE
DADOS E INFORMAÇÃO
- Dados Quantitativos - Dados Qualitativos - Dados de Processo Ambiental - Dados Técnicos de Processos - Dados Genéricos - Dados Específicos - Referências - Benchmarking
CONCEITOS
- Desenvolvimento Sustentável - Pensar o Ciclo de Vida - Ecologia Industrial - Desmaterialização - Princípio da Precaução - Eco-eficiência - Princípio do Risco
32
A Avaliação do Ciclo de Vida inclui as seguintes fases:
a) Definição dos objetivos e escopo de trabalho – Os objetivos devem ser
claramente definidos e consistentes com a aplicação pretendida. A sua definição
deve incluir, de forma clara, os propósitos pretendidos e conter todos os aspectos
considerados relevantes para direcionar as ações que deverão ser realizadas
(CHEHEBE, 1998).
b) Análise de inventário – É a fase de coleta e quantificação de todas as variáveis
(matéria-prima, energia, transporte, emissões atmosféricas, efluentes líquidos,
resíduos sólidos etc.) relacionadas com a análise de vida de um produto ou
processo. A condução do inventário é um processo interativo. A seqüência de
eventos envolve a checagem de procedimentos de forma a assegurar que os
requisitos de qualidade estabelecidos na primeira fase sejam obedecidos
(CHEHEBE, 1998).
c) Avaliação de impacto – Representa o entendimento e a avaliação da significância
de impactos ambientais potenciais, usando os resultados da análise de inventário
(CHEHEBE, 1998).
d) Interpretação – Consiste na identificação e análise dos resultados obtidos nas
fases de inventário e/ou avaliação de impacto de acordo com o objetivo e o escopo
previamente definidos pelo estudo. Os resultados desta fase podem tomar a forma
de conclusões e recomendações aos tomadores de decisão (CHEHEBE, 1998).
Para o desenvolvimento da metodologia da ACV, muitos debates em conferências e
workshops aconteceram. A adoção de uma determinada estrutura ocorreu por meio
de um processo contínuo, envolvendo diferentes fases de um estudo de ACV. A
Figura 7 ilustra o desenvolvimento da estrutura da ACV no decorrer dos anos
(BAUMANN &TILLMAN, 2004).
33
Figura 7 – Apresentações da estrutura da ACV no decorrer dos anos. Fonte: BAUMANN &TILLMAN, 2004.
No Código de Prática da SETAC 1993 (SETAC apud Baumann &Tillman, 2004)
Análise de Impacto do Ciclo de Vida
Inventário do Ciclo de Vida
Análise de Melhorias do Ciclo de Vida
Avaliação do Ciclo de Vida
Objetivo
Inventário
Análise de Impacto
Valoração / Análise de melhorias
Interpretação da Chalmers da estrutura da SETAC (Ekvall apud Baumann &Tillman, 2004)
Depois do workshop, Smugglers Notch em 1990 (SETAC apud Baumann &Tillman, 2004)
1993
Avaliação de Impacto
Análise de Inventário
Avaliação de melhorias Objetivo e Escopo
1997
Norma ISO 14.040
19921990
34
Existem casos de aplicações parciais da ACV. Uma aplicação parcial pode ser
suficiente para os objetivos de um determinado estudo. Existem três variações da
ACV parcial, conforme mostra o Quadro 1.
Quadro 1 - Simplificações para a Avaliação do Ciclo de Vida
Técnicas Abordagem
Cradle-to-gate Eliminação de etapas posteriores: todos os processos após a
manufatura do produto são excluídos.
Gate-to-grave Eliminação de etapas anteriores: todos os processos anteriores
à manufatura do produto são excluídos.
Gate-to-gate Somente o estágio de fabricação é considerado.
Fonte: NICOLETTI apud ALMEIDA, 2002.
Vários autores já escreveram sobre a importância do banco de dados para um
estudo de ACV, pois a etapa de inventário requer uma grande quantidade de dados
a serem levantados, além do conhecimento da área a ser trabalhada. Borges (2004)
descreve que os bancos de dados reduzem o tempo de estudos e os custos e
originam dados confiáveis e de boa qualidade. Conseqüentemente, auxiliam
corretamente em decisões de gerenciamento ambiental. Mas, para que isso ocorra,
faz-se necessário que esse banco de dados contenha inventários de elementos
comuns a vários ciclos de vida, como: energia, metal, plásticos, transportes etc.
Neste capítulo, descreveu-se a importância da ACV como um instrumento para a
sustentabilidade. A definição da ACV também foi abordada. Mostrou-se a evolução
dessa ferramenta desde os primeiros estudos desenvolvidos pela Coca-Cola em
1969 até a união da Setac e Unep, através do Programa de Iniciativa do Ciclo de
Vida, criado para disseminar o Pensar o Ciclo de Vida, principalmente em países em
desenvolvimento. A ACV foi definida dentro de uma contextualização mais
abrangente, a Abordagem do Ciclo de Vida. No próximo capítulo, será apresentado
o panorama da ACV no mundo, tanto em regiões/países desenvolvidos (Suíça,
Região Nórdica, Holanda, Alemanha, Japão e América do Norte), como em
regiões/países em desenvolvimento (China, África do Sul e América Latina).
35
3 PANORAMA DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO MUNDO
Muitos países desenvolvidos possuem iniciativas em que a ferramenta ACV é
utilizada, com ações nas empresas, no governo e na academia. A União Européia
está bem avançada na abordagem da ACV, possuindo desde bancos de dados já
consolidados, o desenvolvimento de softwares e até políticas públicas com base
nessa ferramenta. Nesse sentido, destaca-se a “Política Integrada de Produto17”
(IPP), que se constitui de políticas ambientais que procuram minimizar os impactos
causados pelos produtos e serviços através do seu ciclo de vida, utilizando
instrumentos de gestão que atuam na produção e consumo desses produtos.
A União Européia desenvolveu, em 1993, o Quinto Programa de Ação Ambiental
denominado “Towards Sustainability”, no qual estabelecia a necessidade de maior
abrangência das políticas ambientais (FERRÃO, 2000). Em 1997, a Comissão
Européia encomendou um estudo sobre a IPP. A principal característica desse
estudo foi a sua abordagem, cuja abrangência atingia ações, agentes e impactos ao
longo do ciclo de vida dos produtos. Esse estudo analisou a evolução da IPP nos
Estados-Membros e a utilização do conceito de ciclo de vida dos produtos pelas
empresas e pelos consumidores (COMISSÃO EUROPÉIA, 2001).
Esse estudo identificou cinco pilares da IPP. São eles:
o Administração de resíduos, visando reduzir e gerir resíduos criados durante o
consumo de produtos;
o Inovações de produtos ‘verdes’, buscando incentivar o desenvolvimento de
produtos menos danosos ao meio ambiente;
o Criação de mercados, com o intuito de desenvolver mercados capazes de
absorver os produtos ‘verdes’ criados;
o Transmissão de informações ambientais, visando à difusão, ao longo da
cadeia produtiva, de informações capazes de levar ao desenvolvimento de
tais produtos;
o Atribuição de responsabilidades, de forma que cada agente econômico
assuma a sua parcela de responsabilidade no processo (PALHARES, 2003).
17 Do inglês Integrated Product Policy.
36
Com base nesse estudo, em dezembro de 1998, a Comissão Européia organizou
um workshop para discutir a IPP. As partes interessadas estiveram presentes com
mais de 180 participantes (autoridades públicas, empresas, consumidores e
organizações ambientais). Foi iniciada uma discussão das definições, prioridades e
dos objetivos para a IPP na Comunidade. Nas conclusões gerais, estabeleceu-se o
consenso em relação ao interesse de uma abordagem de ciclo de vida do produto e
ao envolvimento das partes interessadas. Em maio de 1999, aconteceu uma reunião
com os ministros responsáveis pelo tema de meio ambiente da Europa, em Weimar
(Alemanha), em que eles reconheceram a necessidade de desenvolver uma
abordagem integrada, que envolvesse toda a sociedade e que contemplasse todo o
ciclo de vida dos produtos. Em fevereiro de 2001, a Comissão Européia adotou o
Livro Verde da IPP, com o objetivo de iniciar um debate público sobre a referida
proposta e os seus elementos e de conhecer as perspectivas em relação às partes
interessadas, à ecologização dos produtos e à abordagem da IPP,
Um dos desdobramentos dessa iniciativa foi o projeto denominado “Plataforma
Européia em Avaliação do Ciclo de Vida18” – que iniciou suas atividades em 2005 e
tem previsão de término em 2008 – para disseminar o “Pensar o Ciclo de Vida” em
negócios e numa variedade de políticas, dentro da União Européia. Dentro desse
projeto, está sendo desenvolvido o banco de dados de ACV europeu, com acesso
gratuito, denominado “Sistema de Dados de ACV de Referência Europeu19 (ELCD)”,
que já possui mais de 110 “conjuntos de dados” de Inventário de Ciclo de Vida (ICV)
de várias associações industriais20 (EUROPEAN PLATFORM ON LCA, 2006).
Outra questão em destaque com a utilização da ACV é a Rotulagem Ambiental Tipo
III, (ISO 14.025), preparada como uma parte do trabalho do comitê da ISO TC/207,
da série ISO 14.000. Foi publicada pela ISO21, em 30 de Junho de 2006, para uso
em comunicação em business-to-business. O Brasil, por meio do CB-38/SC03, se
absteve na votação que permitiu o lançamento internacional dessa norma (FIESP, 18 Do inglês European Platform on Life Cycle Assessment. 19 Do inglês European Reference Life Cycle Assessment Data System (ELCD). 20 São elas: European Confederation of Iron and Steel Industries (EUROFER); Association of Plastics
Manufacturers in Europe (PlasticsEurope); The European Federation of Corrugated Board Manufacturers (FEFCO); European Container Board Organization (ECO). Estão para ser adicionadas: European Aluminium Association (EAA) e European Copper Institute (ECI).
21 Site ISO: <http://www.iso.org/iso/en/CatalogueDetailPage.CatalogueDetail?CSNUMBER=38131& ICS1=13&ICS2=20&ICS3=50&scopelist=>
37
2006). Segundo consta na estrutura disponível no site da ABNT22, o subcomitê de
Rotulagem Ambiental é coordenado por um membro da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp), do sistema da Confederação Nacional da Indústria
(CNI). Logo, a mencionada abstenção demonstra a posição dos empresários
brasileiros, que ainda não se sentem preparados para este tipo de rotulagem
baseada em estudos de ACV.
A organização internacional, GEDnet (Rede Global de Declaração Ambiental de
Produtos Tipo III) tem promovido a cooperação e a troca de informações sobre
Rotulagem Ambiental Tipo III entre seus membros. São participantes os seguintes
países: Japão, Canadá, Alemanha, Coréia do Sul, Noruega, Dinamarca, China, EUA
e Suécia (GEDnet, 2006).
Existem várias demandas de mercado baseadas em ACV, principalmente européias,
referente às exigências comerciais do Rótulo Tipo III. O governo sueco tem
fomentado a implementação de um programa nacional desse rótulo. O Conselho de
Gerenciamento Ambiental Sueco é o órgão responsável por informações e registro
sobre o tema. Trata-se de um sistema aberto para todos os produtos e serviços e
acessível a todo importador, fabricante e varejista. Existe um programa oficial de
declaração ambiental tipo III, chamado “EPD System23”, baseado na ISO 14.025.
Atualmente, sete países (Bélgica, Itália, Japão, Coréia do Sul, Noruega, Polônia e
Suécia) juntaram-se a esse programa, que está aberto para qualquer país
interessado e aos poucos está sendo convertido em um sistema internacional. Este
sistema possui um site com orientações e informações para o processo de
declaração ambiental tipo III e também está ligado à GEDnet (EPD, 2006).
Deve-se destacar outra iniciativa na Europa, denominada COST Action 530 –
Sustainable Materials Technology – Life Cycle Inventories for Environmentally
Conscious Manufacturing Processes. Deste grupo, participam vários países
europeus para adoção de uma tecnologia de materiais sustentáveis. É uma estrutura
aberta para cooperação européia no campo de ACV e de métodos relacionados.
Mais de doze países europeus confirmaram a sua participação. O objetivo principal
22 <http://www.abnt.org.br/cb38/ > 23 Do inglês Environmental Product Declaration System.
38
da COST Action 530 é construir um elo entre a pesquisa de ACV e as necessidades
da indústria (EMPA – COST Action 530, 2006).
Além da Rotulagem Ambiental Tipo III, existem também outras diretivas européias
que podem causar impacto no meio empresarial, principalmente naquele que
exporta seus produtos para a Europa. Essas diretivas são:
o Reciclagem de Produtos Eletroeletrônicos – WEEE (Waste from Electrical and
Electronic Equipment) – é baseada no princípio do ‘Poluidor-Pagador’ e atribui ao
fabricante a responsabilidade pelo gerenciamento do final do ciclo de vida do seu
produto. Diretiva 2002/96/EC publicada em 2003 e implementada a partir de 2004
(EUROPA, 2006).
o Restrição de Uso de Substâncias Nocivas – RoHS (Restriction of Hazardous
Substances) – trata da restrição do uso de seis24 substâncias perigosas na
fabricação de vários tipos de equipamentos eletroeletrônicos, passou a vigorar a
partir de 1º de junho de 2006. Diretiva 2002/95/CE publicada em 2003 pela União
Européia (EUROPA, 2006).
O panorama da ACV no mundo será desenvolvido da seguinte forma:
o ACV em regiões/países desenvolvidos
Europa – Suíça, Países Nórdicos, Alemanha e Holanda;
Ásia – Japão;
América do Norte – EUA e Canadá.
o ACV em regiões/países em desenvolvimento
China;
África do Sul;
América Latina – Argentina, Chile, Colômbia e México.
24 Chumbo, mercúrio, cádmio, cromo hexavalente e retardadores de chama utilizados em plásticos: polibromatos bifenílicos
(PBBs), e polibromatos bifeníl-éteres (PBDEs).
39
3.1 Regiões / países desenvolvidos
3.1.1 Suíça
Desde o início da década de 90, vários institutos suíços começaram a desenvolver
seus próprios bancos de dados para estudos de Avaliação do Ciclo de Vida. Como
os esforços não estavam concentrados, existiam limitações, tais como: origens de
dados diferentes e muito tempo gasto em atualizações dos bancos de dados. Assim,
em 1998, o Instituto Federal Suíço para Pesquisa e Teste de Materiais (EMPA) e
diversos institutos governamentais, em parceria, fundaram o Centro Suíço de
Inventário de Ciclo de Vida e lançaram o projeto Ecoinvent, banco de dados de
inventário de ciclo de vida (HISCHIER, 2005).
Segundo Hischier (2005), o banco de dados suíço consiste em valores médios para
um grande número de materiais, sistemas de energia, de transporte, de disposição
de resíduos etc. O Ecoinvent possui em seu banco de dados mais de 2700 conjunto
de dados válidos para as condições da Suíça e parte da Europa. A Figura 8 ilustra o
conteúdo do banco de dados e os institutos responsáveis. O investimento total para
a sua criação foi de 1,15 milhão de euros, a maior parte oriunda do setor público
(governo e suas instituições). O acesso ao banco de dados do inventário custa 1,2
mil euros. Esse valor é pago uma vez e os dados ficam então disponíveis até que o
número da versão do programa que os armazena mude (Ex. Quando for publicada a
versão 2 do Ecoinvent, todos os clientes que desejarem continuar têm que pagar
novamente) (HISCHIER, 2006). Segundo Hischier (2005), os fatores de sucesso
desse projeto foram:
• Parcerias realizadas (com o Centro Ecoinvent; com os produtores de
softwares e com as partes interessadas);
• Gestão da informação;
• Dados harmonizados;
• Formato de troca de dados: EcoSPOLD.
40
Your Research and Testing Institution
Figura 8 – Conteúdo do banco de dados e os institutos responsáveis
Fonte: HISCHIER, 2005.
3.1.2 Região Nórdica
O Conselho Nórdico de Ministros iniciou, em 1991, um projeto em Avaliação do Ciclo
de Vida. As atividades de ACV na Região Nórdica (Suécia, Dinamarca, Noruega, e
Finlândia) foram desenvolvidas em empresas e institutos de pesquisas, resultando
numa publicação denominada Nordic Guidelines on Life-Cycle Assessment
(LINDFORS, 1995).
Na Dinamarca, a Sociedade para a Promoção do Desenvolvimento da ACV25
(SPOLD) iniciou suas atividades em 1992, como uma associação de indústrias
interessadas em acelerar o desenvolvimento de ACV como sendo uma ferramenta
de desenvolvimento sustentável. No período de 1995 a 1997, em parceria com
diferentes organizações, desenvolveu o “formato SPOLD”, para troca de inventário
de ciclo de vida, permitindo que os dados fossem compreendidos, comparados e
trocados (SPOLD, 2006). No início deste século, foi desenvolvido o formado
EcoSPOLD a partir do SPOLD 99 e do formato de relatório dos dados da ISO/TS
14.048. A maioria dos softwares de ACV disponíveis comercialmente (CMLCA,
25 Do inglês Society for the Promotion of LCA Development.
• Plásticos • Papel & Papelão • Químicos básicos • Detergentes • Tratamento de Resíduos
EMPA SG • Agricultura
FAL
• Suprimento de energia
Combustíveis Eletricidade Calor
PSI
• Químicos básicos
ETHZ ICB
• Transportes
ETHZ UNS
• Metais • Materiais de construção • Madeira e floresta • Químicos básicos
EMPA Dü
Banco de dados central
Banco de
dados central
41
EMIS, GaBi, KCL-eco, Regis, SimaPro, TEAM e Umberto) pode importar e exportar
dados do EcoSPOLD (CURRAN, 2006). Existe também o Centro Dinamarquês de
ACV26, que fomenta a ACV e a “Abordagem do Ciclo de Vida” e é financiado em
parte pela Agência de Proteção Ambiental Dinamarquesa. Nesse centro, foi
desenvolvido o banco de dados EDIP, que poderá tornar-se acessível através da
versão do “GaBi EDIP”, ou adquirido separadamente (LCA-CENTER, 2006).
A Universidade de Tecnologia de Chalmers, na Suécia, começou as suas atividades
com ACV em 1990, com um estudo sobre materiais de embalagens. Questões
metodológicas (alocação, limites do sistema, papel da ACV nos processos de
tomada de decisão) foram discutidas no “Projeto Ecologia do Produto”, coordenado
pela Federação das Indústrias Sueca, em parceria com outras instituições de
pesquisa. Em 1996, foi criado o CPM27, dentro da Universidade de Chalmers
(CARLSON, 1998; CPM, 2006). O CPM é igualmente financiado pelo governo, pela
indústria e a universidade. O trabalho é desenvolvido por membros da Universidade
de Chalmers ou das indústrias. O sistema organizacional do banco de dados sueco
é parcialmente acadêmico e principalmente industrial e multisetorial (PÁLSSON,
2004). Foi desenvolvido um banco de dados baseado na descrição ambiental dos
produtos, um formato denominado SPINE (CPM, 2006).
3.1.3 Holanda
Nesse país, foi criado em 1997 um projeto em política ambiental de ACV com a
participação do governo, por meio de três ministérios, e da academia, por meio do
Instituto de Ciências Ambientais (CML28) da Universidade de Leiden. O CML
também desenvolveu um software de ACV denominado CMLCA29 (LEIDEN
UNIVERSITY, 2006). O referido instituto teve uma posição de destaque dentro do
debate europeu no desenvolvimento de uma metodologia padrão de ACV. Em 1992,
o mesmo publicou o Guide and Backgrounds30, que foi um marco para uma
fundamentação científica da metodologia da ACV (GABATHULER, 2006). A Holanda
26 Do inglês LCA Center Denmark. 27 Do inglês Center for Environmental Assessment of Product and Material Systems (CPM) 28 Do holândes Centrum voor Milieuwetenschappen Leiden (CML). 29 Do inglês Chain Management by Life Cycle Assessment (CMLCA). 30 A versão em inglês foi publicada em 1993.
42
também produziu um dos mais conhecidos softwares de ACV, denominado Simapro,
desenvolvido pela empresa Pré Consultants.
3.1.4 Alemanha
A Alemanha foi um dos países pioneiros no desenvolvimento de um banco de dados
de ICV disponíveis ao público. Em 1989, foi criado o “Modelo de Emissão Global
para Sistemas Integrados” (GEMIS)31. Esse banco de dados oferece informações
sobre energia, material e transporte. Atualmente, já está na versão 4.3, disponível
em site e possui versão multilínguas (GEMIS, 2007; NORRIS, 2002). Em 2002,
criou-se a “Rede Alemã de Inventários do Ciclo de Vida32”, que é uma plataforma de
cooperação e informação envolvendo a academia, indústria e o governo. Foi uma
iniciativa do Centro de Pesquisa Karlsruhe (FZKarlsruhe) que contou com o apoio do
Ministério Federal Alemão de Educação e Pesquisa. Essa rede visa fornecer dados
melhorados e harmonizados de ICV para diferentes grupos de usuários (academia,
indústria e sociedade). Os grupos de trabalho foram divididos em áreas
interdependentes: metodologia, fonte e aplicação de dados de ICV. A rede funciona
com aproximadamente 30 instituições participantes (SCHEBEK, 2004).
Dois importantes softwares de ACV foram desenvolvidos na Alemanha. O software
Umberto, de gestão ambiental e análise de fluxos de materiais e energia, foi
desenvolvido pelo Instituto de Informática Ambiental Hamburg Ltda (IFU), em
parceria com o Instituto de Pesquisas sobre Energia e Meio Ambiente33 (IFEU)
(UMBERTO, 2006). O outro é o software Gabi desenvolvido pela PE Europe e a
Universidade de Stuttgart.
3.1.5 Japão
O Japão desenvolveu um Projeto Nacional de Avaliação do Ciclo de Vida como
estratégia do Fórum Japonês de ACV, que foi estabelecido dentro da Associação
31 Do inglês Global Emissions Model for Integrated Systems (GEMIS). 32 Do inglês German Network on Life Cycle Inventory Data. 33 O Institute for Energy and Environmental Research (IFEU) foi fundado em 1972 por pesquisadores da
Universidade de Heidelberg, mas funciona com independência e é organizado como companhia privada.
43
Japonesa de Gestão Ambiental para a Indústria34 (JEMAI), com apoio do Ministério
da Indústria e Comércio Internacional35 (METI) e da Organização para o
Desenvolvimento Tecnológico Industrial e Energia36 (NEDO). Várias entidades
participaram deste projeto, como governo, instituições de pesquisa, indústria e
academia, o que contribuiu para o avanço das atividades do país (NARITA, 2004;
FINKBEINER, 2000, ZAKARIA, 1999). Uma das características do projeto japonês é
que o banco de dados foi construído com dados primários, ou seja, coletados
diretamente das indústrias participantes.
Segundo o JEMAI (2005), os estudos abrangeram os seguintes itens:
• Construção de um banco de dados público japonês;
• Regras de aplicação da ACV;
• Sistema de educação e popularização para o público e a indústria.
A primeira fase do projeto durou 5 anos, de 1998 a 2003, da qual resultou um banco
de dados público, em japonês, construído com dados de inventário de ACV
desenvolvidos Gate to Gate, ou seja, somente o estágio de fabricação foi
considerado. Sagisaka (2005) relata que o Projeto Nacional Japonês tem outras
fases: a segunda de 2003 a 2005 e a terceira a partir de 2006.
Narita (2003) e Sagisaka (2005) descrevem que três comitês foram estabelecidos
dentro do JEMAI, com especialistas da indústria, do governo e da academia (Figura
9). São eles:
• Estudo de Inventários;
• Estudo de Banco de Dados;
• Avaliação de Impacto.
34 Do inglês Japan Environmental Management Association for Industry (JEMAI). 35 Do inglês Ministry of Economy Trade and Industry (METI). 36 Do inglês New Energy and Industrial Technology Development Organization (NEDO). .
44
Figura 9 – Organização do projeto de ACV japonês Fonte: SAGISAKA, 2005.
Esses três comitês foram encarregados de cumprir o desenvolvimento de
determinadas atividades, como será descrito a seguir:
Comitê de Estudo de Inventários – É formado por dois grupos de trabalho (WG-1 e
WG-2). O primeiro desenvolveu dados de inventário coletados na produção e o
segundo, dados de inventário levantados nos processos de resíduo e reciclagem. O
trabalho desenvolvido pelo WG-1 teve uma característica importante, pois os dados
das associações industriais tiveram um caráter voluntário e uma larga abrangência,
indo desde a extração de recursos até indústria de montagem (Figura 10). Além das
22 associações de indústrias (membros), outras 32 cooperaram nesse projeto como
parceiras. O resultado do inventário obtido foi, aproximadamente, 250 produtos
industriais.
METI
NEDO
JEMAI
Comitê de Direção
Presidente:Yamamoto (Tokyo Univ.)
Estudo de Inventários WG-1: Coleta de Dados WG-2: Reciclagem e Resíduo
Presidente: Takamatsu (Nippon Steel) Harada (NRIM)
Estudo de Banco de dados
Presidente:Inaba (AINST)
Estudo de Avaliação de Impacto
Presidente: Sakai (Tókio Univ.)
Comitê consultivo
Setores: acadêmico & industrial
Fórum Japonês de ACV
45
Figura 10 – Associações industriais que participaram do Projeto de ACV desenvolvido no
Japão Fonte: SAGISAKA, 2005.
Comitê de Estudo de Banco de Dados – Desenvolveu um software para a coleta de
dados que foi utilizado por todas as associações industriais no fornecimento de
informações que compuseram o próprio banco de dados. Este comitê construiu um
sistema que pode ser acessado pelos usuários através de meio eletrônico.
Comitê de Estudo de Avaliação de Impacto – Conduziu a pesquisa para a criação de
cálculo de danos, específico para o Japão, baseado em sistema de avaliação de
impacto.
3.1.6 América do Norte
O desenvolvimento e a aplicação de ACV na América do Norte estão num estágio
mais atrasado em relação à Europa, que tem consolidado várias práticas de ACV,
principalmente em relação às políticas públicas e aos bancos de dados. Segundo
Fava (2004), faz-se necessário o “desenvolvimento de competências” (FAVA, 2004,
p. 8) de ACV, ou seja, habilidades, série de dados (data sets), ferramentas e
conhecimentos para incorporar informações nos processos de tomadas de decisões
Fluxo do Ciclo de Vida de Produtos
Recursos Energéticos
Materiais Partes Produto Uso Reciclagem
1. Petróleo 2. Energia Elétrica 3. Gás 4. Mineração
5. Ferro e aço 6. Alumínio 7. Papel 8. Borracha
9. Partes de automóveis
10. Automóvel 11. Maquinário industrial 12. Arquitetura
13. Equipamentos eletrônicos 14. Indústria Eletrônica 15. Indústria de comunicações 16. Equipamentos p/ indústria de óleo e gás
Investigação por consultores
Investigação por consultores
Investigação por consultores
46
públicas e privadas. Nos EUA, desde 2001, os esforços estão concentrados no
Banco de Dados de Inventário do Ciclo de Vida Americano37, que contém dados do
cradle-to-gate e gate-to-gate. Esse banco de dados está hospedado no National
Renewable Energy Laboratory (NREL). As agências e os representantes financeiros
da indústria, a academia e os consultores deram o suporte necessário para o
projeto. Como resultado, um grupo de 45 representantes de indústrias, governo e
organizações-não-governamentais, além de especialistas em ACV, trabalharam
juntos para criar o guia U.S. LCI Database Project Development Guidelines (NREL,
2006; CURRAN, 2006).
No Canadá, a ACV está sendo conduzida por dois caminhos: governo e academia.
O primeiro procura abordagens de sistemas integrados para evolução e gestão das
questões ambientais desde os anos 90. Destaca-se a sua contribuição na
divulgação de ACV através de publicações, documentos, workshops e o boletim
informativo Ecocycle. O segundo, a academia, trabalha em um campo rico em
teorias, metodologias, dados e aplicações (YOUNG, 2003). Entre as suas
colaborações, destacam-se o Banco de Dados de Matérias Primas Canadenses38 e
o Instituto de Materiais Sustentáveis Athena (FAVA, 2002; FAVA, 2004; YOUNG,
2003).
Nos últimos anos, os avanços do “Pensar o Ciclo de Vida” e ACV na América do
Norte têm se dado através das seguintes instituições (FAVA, 2004):
• Programa “Iniciativa de Ciclo de Vida” da Unep/Setac;
• O Centro Americano para Avaliação do Ciclo de Vida (ACLCA39), que foi formado
em 2001 para aumentar o conhecimento e uso de ACV (ACLCA, 2005);
• A Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial40, que possui uma das
vertentes em ACV;
• As atividades do Conselho de Pesquisa Nacional do Canadá41, organização do
governo, para pesquisa e desenvolvimento;
37 Do inglês U.S. Life-Cycle Inventory (LCI) Database. 38 Do inglês Canadian Raw Materials Database. 39 Do inglês American Center for Life Cycle Assessment (www.lcacenter.org). 40 <www.is4ie.org >. 41 Do inglês National Research Council (http://dfe-sce.nrc-cnrc.gc.ca/overview/lifeCycle_e.html).
47
• Centro de Pesquisa Interuniversidade para Avaliação do Ciclo de Vida de
Produtos, Processos e Serviços – CIRAIG42, uma iniciativa acadêmica, com mais
de 30 pesquisadores na área de ACV e Gestão de Ciclo de Vida, dando suporte
às indústrias e governo.
Algumas empresas como a 3M e United Technologies têm utilizado o “Pensar o
Ciclo de Vida” para ajudar a incorporação de considerações ambientais com a
finalidade de estimular a inovação. No Canadá, os primeiros estudos foram
realizados pelas maiores companhias e grupos industriais. No início dos anos 1990,
foram realizados estudos para o alumínio, plásticos, indústrias de papel, aço e
outros metais, resultando num grande número de trabalhos de pesquisa e
publicações, alguns em parceria com empresas dos EUA. Em 1991, a empresa
Alcan Alumínios fez parte de um estudo de ICV em latas de bebidas de alumínio na
América do Norte, desde a sua produção até a reciclagem e disposição. Nesse
mesmo ano, o Conselho da Indústria de Plásticos e Ambiente43 contribuiu para o ICV
na América do Norte em sete resinas. Os estudos de ACV e o interesse na área,
resultaram na padronização da ACV, iniciados pela Associação de Padronização
Canadense44 (FAVA 2004; YOUNG, 2003).
3.2 Regiões / países em desenvolvimento Em geral, nos países em desenvolvimento o interesse da indústria e do governo em
ACV é baixo. Praticamente, todas as atividades relacionadas a esse tema são
desenvolvidas pela academia e por institutos de pesquisas (CURRAN, 2006). Por
outro lado, muitas matérias-primas e produtos básicos utilizados nos países
desenvolvidos são produzidos nos países em desenvolvimento. Assim, a exigência
da rotulagem ambiental para os produtos manufaturados nos países em
desenvolvimento pode tornar-se uma barreira comercial. Outra questão é a falta de
cooperação entre os atores envolvidos em ACV (ARENA, 2001).
42 Do inglês Interuniversity Research Centre for the Life Cycle of Products, Processes and Services.
(http://www.polymtl.ca/ciraig/ciraig_eng.html). 43 Do inglês Industry´s Environment and Plastics Industry Council. 44 Do inglês Canadian Standards Association.
48
3.2.1 China O governo chinês tem reconhecido a importância da ACV, delegando a
responsabilidade para o desenvolvimento dessa ferramenta à Agência de Proteção
Ambiental Nacional45. Tem havido também participação da academia, onde as
atividades de ACV têm sido mais ativas nas pesquisas em materiais (ZAKARIA,
1999). Desde o inicio da década de 90, várias universidades, empresas e diversos
laboratórios nacionais têm desenvolvido pesquisas sobre ecomateriais, com o
suporte do governo. O projeto de pesquisa denominado “Avaliação do Ciclo de Vida
dos materiais”, foi lançado em 1998. Em 2001, deu-se a continuação desses estudos
com o projeto “Avaliação do Ciclo de Vida de materiais e sua aplicação” (2001-
2005). Essa pesquisa focou os materiais avançados compatíveis com o meio
ambiente, a medição do impacto ambiental (combinado com os materiais típicos) e o
desenvolvimento de materiais ambientais avançados. Foi criado também um banco
de dados básico. Ao mesmo tempo, o governo de Beijing também fomentou um
projeto de “Análise de Fluxo de Materiais e Banco de Dados” (NIE, 2003).
3.2.2 África do Sul
As atividades de ACV estão geralmente restritas à academia e aos institutos de
pesquisa. A indústria e o governo ainda não perceberam os benefícios da aplicação
da ferramenta (CURRAN, 2006).
3.2.3 América Latina
Os estudos de ACV na América Latina ainda estão incipientes, pois conduzir uma
ACV requer especialistas, custos envolvidos para a realização, tempo e dados
disponíveis (ARENA, 2001). Criou-se a “Rede Latino-Americana de Ciclo de Vida”,
uma parceria de instituições de ensino do Brasil e de outros países da América
Latina. Essa rede possui um projeto aprovado numa das instituições de fomento à
pesquisa no Brasil (CNPq), denominado “Projeto Sul-americano do Ciclo de Vida na
Produção de Metais”, que iniciou em 2006 e está previsto para encerrar no final de
45 Do inglês National Environment and Protection Agency.
49
2007. Nesse projeto, cada membro participa com artigos e trabalhos desenvolvidos
no seu país. Esse grupo publicou também em conjunto o livro “A Avaliação do Ciclo
de Vida - a ISO 14.040 na América Latina” (CALDEIRA-PIRES, 2005).
Algumas iniciativas para construção de banco de dados na América Latina já foram
iniciadas como, por exemplo, o projeto da Argentina, pela Universidade Tecnológica
Nacional (Mendoza), sem aporte financeiro no momento. No Chile, o trabalho está
sendo desenvolvido para dados de eletricidade; na Colômbia, também começou a
ser formado um banco de dados nacional; no México, o trabalho começou com
eletricidade e metais, em 2002, e continua, estendendo-se para outros setores
(combustíveis, substâncias químicas e alguns materiais de construção). Em 2005,
iniciaram-se as atividades do Mexican Center for LCA and Sustainable Design, que
agora gerencia o banco de dados e está trabalhando com o governo e a indústria
(CURRAN, 2006). No Brasil, destacam-se os estudos acadêmicos de mestrado e
doutorado desenvolvidos nas universidades.
3.3 Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC 46) Nas últimas décadas, aconteceram importantes conferências e workshops que
fomentaram a ACV. As atividades de ACV no Japão, Coréia, China, Taiwan e
Austrália têm sido muito ativas, através de padronização de metodologias,
desenvolvimento de banco de dados, pesquisa aplicada e desenvolvimento de
softwares. Em relação a esses países, vale destacar a importância de haver uma
instituição formal responsável pelas atividades de ACV, com a participação do
governo, indústria e academia/instituições de pesquisa. Nos países onde ACV está
mais desenvolvida, observa-se que a participação do governo é fundamental para
dar suporte às atividades, através de recursos financeiros, na promoção da idéia e
na sua implementação. A participação de outros países da APEC é também muito
importante para o seu desenvolvimento e troca de experiências (ZAKARIA, 1999). A organização que fomenta a ACV na APEC é a “Rede de Pesquisadores de ACV
para membros da APEC47” (CURRAN, 2006).
46 São Países-Membros da APEC: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia,
Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, Estados Unidos da América, China, Taiwan, México, Papua Nova Guiné, Peru, Rússia e Vietnã.
50
3.4 Consolidação dos bancos de dados no mundo Alguns bancos de dados de ACV já estão consolidados, como os da Suíça e do
Japão, que refletem a realidade destes países, principalmente na matriz energética,
outros se encontram na fase de projeto ou em andamento (Quadro 2). No setor
industrial, não foram encontrados bancos de dados em andamento. Existem bancos
de dados de ACV desenvolvidos por Consultores e Institutos de Pesquisas que já
estão concluídos (Dinamarca, França, Suécia) e outros em andamento que não
foram aprofundados nesta pesquisa. No Quadro 3, apresenta-se um resumo dos países (Suíça, Japão, Suécia,
Alemanha, Dinamarca e EUA), que possuem bancos de dados de ACV, com suas
principais características. Observa-se a importância das parcerias entre governo,
indústria e academia/instituições de pesquisa, como no caso do Japão, da Suécia e
Alemanha, para o seu desenvolvimento. Já na Suíça, há uma característica
diferente, a formação do banco de dados deu-se através da junção de vários
institutos governamentais. A cobertura geográfica desses bancos de dados varia de
uma abrangência nacional, no caso do Japão, da Alemanha, Dinamarca e dos EUA;
de um continente, no banco de dados Suíço; até global, como o caso da Suécia. O
acesso a esses bancos de dados é permitido através do pagamento de uma taxa de
licença; exceto o da Alemanha, cuja formação ainda está em andamento, e dos
EUA, que é grátis. Em relação ao número de conjunto de dados (datasets) que
compõem o banco de dados, a Suíça possui o maior número entre os analisados
(>2700), seguido pelo Japão (> 600).
47Do inglês LCA Researcher Network for APEC member Economies (APLCANET).
51
Quadro 2 – Banco de dados de ICV por status do projeto e organização que o coordena
Fonte: Adaptado de BAUMANN &TILLMAN (2004); NARITA (2003); SAGISAKA (2005); HISCHIER (2005); CURRAN (2006); EUROPEAN PLATFORM LCA (2006). As principais organizações industriais que possuem bancos de dados são
apresentadas no Quadro 4. O acesso a esses bancos de dados, na maioria dos
casos, é grátis.
A Figura 11 mostra um resumo das principais atividades de ACV no mundo no
período de 1968 a 2006, que foram discutidas neste trabalho.
48 Association of Plastics Manufactures in Europe 49 European Aluminium Association 50 European Federation of Corrugated Board Manufacture 51 International Iron and Steel Institute 52 Nickel Development Institute
Concluído
Em andamento
Autoridades Públicas, nível nacional e multigovernamental
o Itália (I-LCA database); o Suíça (BUWAL 250); o Suíça (Ecoinvent 2000); o Japão (JEMAI) (1ª e 2ª fases
concluídas).
o Austrália; o Canadá (Raw Materials database); o China Nacionalista; o Europa (Cost Action 530); o Europa (ELCD) o Internacional (CODATA); o Japão (JEMAI) (3ª fase em andamento); o Coréia; o EUA (U.S. Life-Cycle Inventory Database).
Setor Industrial o Plastics Europe (antes denominada APME)48 - Plásticos;
o EAA49 - Alumínio; o FEFCO50 - Placas corrugadas; o IISI51 - Aço; o NiD52 - Níquel.
-
Consultores e Institutos de Pesquisa
o Dinamarca (EDIP database); o Finlândia (KCL-Eco database); o França (TEAM database); o Alemanha (GaBi database e
Umberto database ); o Suécia (Spine@CPM database e
LCAiT database) .
o Áustria; o Dinamarca; o França; o Alemanha (German Network on Life Cycle
Inventory Data); o Suécia; o Reino Unido; o EUA.
52
Quadro 3 – Principais países que possuem bancos de dados de ACV no mundo
Fonte: CURRAN, 2006; FINKBEINER, 2000; GERMAN NETWORK ON LIFE CYCLE INVENTORY DATA, 2006; HISCHIER, 2005; LCA-Center, 2006; NARITA 2004; NREL, 2006; PÁLSSON, 2004; SAGISAKA, 2005; ZAKARIA, 1999.
(-) Não disponível
SUÍÇA JAPÃO SUÉCIA ALEMANHA
DINAMARCA EUA
Órgãos Fomentadores Vários órgãos federais Suíços participam do Centro Suíço de
Inventário do Ciclo de Vida
Parcerias entre governo, indústria instituições de pesquisa e
academia
Indústria em parceria com Academia
Academia, institutos de pesquisa, indústria e governo
É parcialmente financiado pela Agência de Proteção Ambiental Dinamarquesa.
Parcerias entre governo, indústria instituições de
pesquisa e academia
Projeto Ecoinvent 2000 Projeto Nacional de Análise do Ciclo de Vida
SPINE@CPM German Network on Life Cycle Inventory Data
EDIP US LCI Database Project
Como e porque se iniciou ACV Necessidade de compatibilizar os bancos de dados dos diversos
institutos nacionais
Como estratégia do Fórum Japonês de ACV, que foi
estabelecido dentro da JEMAI, com apoio do MITI e NEDO.
Estudo sobre materiais de embalagens desenvolvido
pela Universidade de Tecnologia de Chalmer
Foi uma iniciativa do Centro de Pesquisa Karlsruhe
(FZKarlsruhe) e com o apoio do Ministério Federal Alemão
de Educação e Pesquisa
- -
Dados Energia, transporte, materiais de construção, químicos, papel e polpa, tratamento de resíduos,
agricultura
Energia, materiais (ferro e aço, alumínio, papel, borracha) produto, uso e reciclagem
(automóvel, maquinário industrial, equipamentos eletrônicos etc.)
- Dados a serem levantados de energia, metais, materiais de
construção e transporte.
- -
Ano Situação de 2000 1998-2003 (1ª fase) 2003-2005 (2ª fase)
A partir de 2006 (3ª fase)
- Iniciou em 2002 - Iniciou em 2001
Cobertura geográfica Europa
Japão Global Alemanha Dinamarca Estados Unidos
Características Cada Instituto ficou responsável por determinado conteúdo do banco de dados
Dentro do JEMAI, formaram-se Comitês de Estudo de Inventário; de Estudo de Banco de Dados e de Avaliação de Impacto, com especialistas da indústria, governo, e academia.
- Formaram-se grupos de trabalho de energia, metais, materiais de construção e transporte.
- Formou-se um grupo de 45 representantes da indústria, governo, ONG e especialistas em ACV, para criar o guia de desenvolvimento de banco de dados.
Idioma Inglês, Alemão e Japonês Japonês Inglês Alemão e Inglês Dinamarquês, Inglês e Alemão
Inglês
Acesso Taxa de licença Taxa de licença Taxa Em andamento Taxa de licença Grátis
Número de conjunto de dados (datasets)
> 2700 > 600 > 100 - > 100 > 70
53
Quadro 4 – Organizações industriais que possuem banco de dados de ACV
Fonte: CURRAN, 2006. (-) Não disponível
ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL COBERTURA GEOGRÁFICA
SETOR SITE Acesso
American Iron and Steel Institute (AISI) América Ferro e aço http://www.steel.org -
American Plastics Council (APC) América Polímeros http://www.americanplasticscouncil.org/s_apc/index.asp
-
EDP-Norway Noruega e Europa Vários setores www.epd-norge.no
Grátis
European Aluminium Association (EAA)
Europa Alumínio www.aluminium.org
Grátis
European Copper Institute Europa Cobre www.cooper-life-cycle.org Grátis sob consulta
European Federation of Corrugated Board Manufacturers (FEFCO); Groupement Ondulé, European Association of Makers of Corrugated Base Papers (GEO) European Containerboard Organization (ECO)
Europa Papelão ondulado www.fefco.org Grátis
International Iron and Steel Institute (IISI)
Global Aço www.worldsteel.org
Grátis sob consulta
ISSF International Stainless Steel Forum (ISSF)
Global Aço Inoxidável www.worldstainless.org/ Grátis sob consulta
KCL (EcoData) Finlândia / Nórdico Celulose e papel http://www.kcl.fi/eco Taxa
Nickel Institute Global Níquel http://www.nickelinstitute.org/index.cfm/ci_id/114.htm
Grátis sob consulta
Plastics Europe (antes denominada APME) Europa Plástico www.plasticseurope.org Grátis
Volvo EPDs Europa Caminhões e ônibus http://www.volvo.com/group/global/en-gb/Volvo+Group/ourvalues/environmentalcare/products/products.htm
Grátis
54
1968 1969 1970 1972 1979 1984 1988 1989 1990 1991 1992
Odum e outros: Sistemas(1968/1971)
Estudo Coca-Cola (REPA)
- Estudo Tetra Pak/Suécia (1970-1973)- Estudos REPA(1970-1975)
Primeiros estudos no Reino Unido e Alemanha
Fundação da SETAC
EMPA (Suíça) ecobalanço embalagens
Ayres: Conceito de Met. Industrial
Banco de dados GEMIS (Alemanha)
workshops SETAC (1990-1992)
- Início da ACV na Região Nórdica, em 1995 publicado um guia LCA
-Publicado "Guide and Backgrounds" CML/Holanda
1993 1995 1997 1998 2000 2001 2002 2005 2006
- Publicado "Código de Prática" SETAC- Início processo padronização ACV pela ISO
Formato SPOLD/Dinamarca(1995-1997)
Publicada Norma ISO 14.040
- Projeto Suiço Ecoinvent- Projeto Japonês ICV- Publicada Norma ISO 14.041- banco de dados SPINE / CPM , Suécia
Publicadas Normas ISO 14.042 e 14.043
- Programa "Iniciativa do Ciclo de Vida" UNEP/SETAC- Rede Alemã de ICV
Projeto Plataforma Européia ACV e banco de dados ELCD
-Livro "Verde" IPP;- Projeto Americano ICV
Publicada Norma ISO 14.025
Figura 11 - Principais atividades da ACV no mundo
55
3.5 ACV no meio acadêmico Para verificar o interesse do assunto ACV no meio acadêmico mundial, foi realizada
em agosto de 2006 uma pesquisa no banco de dados Science Direct53, abrangendo
o período 1990 a 2006 (até agosto), com a palavra-chave Life Cycle Assessment, no
texto completo. Observou-se que existe um aumento das atividades de pesquisa em
ACV no decorrer dos anos, o que é refletido no número de artigos publicados em
revistas acadêmicas mantidas nesse banco de dados, conforme mostra a Figura 12.
Estudo semelhante foi realizado por Baumann & Tillman (2004), nos bancos de
dados de artigos do “Science Citation Index”, “Compendex” e “ABIInform”, de 1990 a
1999. A pesquisa conduzida por esses autores evidenciou resultados crescentes no
decorrer dos anos. Observa-se que em 1993 houve um salto no número de artigos.
Isso deve-se ao fato de nessa data ter sido publicada a primeira edição especial em
ACV, no Journal of Cleaner Production, nº 3-4, volume 1 (RUSSELL, 2005). O
aumento progressivo de artigos sobre o tema no decorrer dos anos mostra o
interesse que a ACV vem despertando na comunidade científica mundial.
Artigos onde apareceu "Life Cycle Assessment" no Science Direct
0 0 4 21 25 41 53 47 57 6792
117141 149 165
289
404
0
100
200
300
400
500
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006(até
ago.)
ano
Nº d
e pu
blic
açõe
s
Figura 12 – Número de artigos onde apareceu a expressão “Life Cycle Assessment” no Science Direct.
53 Science Direct é um compêndio de artigos científicos de periódicos com texto completo; contempla
diversas áreas do conhecimento e é acessível através do sistema “Periódicos” da CAPES.
56
Para efeito comparativo em relação à evolução do crescimento da ACV, foi
pesquisada uma medida remediadora de disposição de resíduos sólidos, “Landfill”,
que á a destinação em aterro sanitário, uma técnica “fim-de-tubo”. A palavra de
busca no “Science Direct” foi “Landfill”, em texto completo. A pesquisa foi realizada
em novembro de 2006, abrangendo o período de 1990 a 2006 (até novembro)
(Figura 13).
Artigos onde apareceu a palavra "lanfdfill" no Science Direct
0
500
1000
1500
2000
2500
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006(aténov)
ano
Nº d
e pu
blic
açõe
s
Figura 13 – Número de artigos onde apareceu a palavra “Landfill” no Science Direct
Para se analisar a evolução do número de artigos publicados com o tema “Landfill”,
em relação à ACV, foi elaborada a Figura 14. Conforme se pode constatar, esse
número cresce proporcionalmente no decorrer dos anos. Pelo fato de a ACV ser
uma ferramenta mais nova do que a prática de destinação em “Landfill”, esse
crescimento pode ser visto como um fator positivo, pois reflete uma preocupação
crescente em relação a essa questão.
57
Evolução de artigos Landfill e LCA no Science Direct
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
(até
nov)
Land
fill
-50100150200250300350400450500
LCA
landfill LCA
Figura 14 - Evolução dos artigos “Landfill” e “LCA” no Science Direct
Na América do Norte, Cooper e Fava (2000) realizaram uma pesquisa informal em
algumas universidades, em 1998. Foram escolhidas universidades que recebiam o
Journal of Industrial Ecology e outras publicações de nível universitário, nos EUA e
no Canadá. Foram enviados questionários em que o foco era a característica do
curso no qual ACV era ensinada e quais os recursos utilizados no seu ensino. Do
universo de retorno afirmativo, verificou-se que ACV estava sendo ensinada em 29
cursos, 21 nos EUA e 8 no Canadá, na maioria dos cursos a disciplina ACV era
opcional. De acordo com as resposta a esse questionário, o livro mais indicado no
ensino de ACV era Industrial Ecology, de Graedel & Allenby´s, 1995. Também foi
possível identificar as principais barreiras para o seu ensino, quais sejam:
o Administrativas - carência de suporte administrativo e espaço pequeno no
currículo para novos conceitos;
o De aplicação - o uso limitado de ACV na prática profissional;
o Temporais - muito tempo na montagem dos dados e carência de exemplos
simples para terminar dentro de 1-2 períodos, entre outras.
Em um outro trabalho, Cooper e Fava (2001), esses autores discutem o
desenvolvimento de competências em ACV nas universidades, em 3 áreas:
melhorias em recursos de ensino; temas das atividades de classe e
desenvolvimento de parcerias no setor público. Eles usaram a internet como guia
58
para as suas pesquisas e identificaram aproximadamente 50 cursos em 32
instituições. Observaram que, na maior parte dos casos, os cursos de ACV são
aplicados em programas multidisciplinares.
3.6 ACV no meio empresarial
O crescimento do uso do conceito de Ciclo de Vida pela indústria em países
desenvolvidos confirma o potencial para o uso da Abordagem do Ciclo de Vida,
sendo que o maior engajamento nesse sentido é observado em grandes empresas
em regiões desenvolvidas como a Europa, América do Norte, Japão e Coréia. Existe
pouco uso de Abordagem do Ciclo de Vida nas pequenas e médias empresas,
menos ainda nas empresas de países em desenvolvimento (SONNEMANN, 2005).
Segundo Rex (2005), as várias pesquisas realizadas para traçar o uso de ACV na
indústria mostraram que as principais áreas de aplicação foram as de pesquisa e
desenvolvimento de produtos. As principais barreiras para o uso da ACV na indústria
são: a complexidade da ferramenta, os custos elevados e o tempo envolvido. As
médias e pequenas empresas consideram esse custo acima das suas
possibilidades. As empresas maiores lidam melhor com esses obstáculos. Betz
(2005) apresentou, no seminário “Impacto da Avaliação do Ciclo de Vida na
Competitividade da Indústria Brasileira”, exemplos de grandes empresas
multinacionais na Europa que utilizam ACV: Basf, Unilever e Volkswagen (Quadro
5). Vale observar a quantidade de profissionais treinados da equipe elaboradora
para o para a aplicação da ACV e o número de estudos de casos já realizados por
essas empresas.
59
Quadro 5 – Exemplo de três grandes empresas que utilizam ACV na Europa GRANDES EMPRESAS
Nome BASF AG
UNILEVER
VOLKSWAGEN
Segmento • Químico.
• Alimentos, higiene e beleza.
• Montadora de automóveis.
Quantidade de componentes e estudos realizados
• 10 especialistas, sendo 2 no Brasil;
• ACV é praticada desde 1990, eco-eficiência desde 1996;
• Aproximadamente 250 estudos, sendo 85% para clientes internos e 15% para clientes externos.
• 5 especialistas; • ACV é praticada
desde 1980; • Possui centenas de
estudos.
• 3 especialistas; • ACV é praticada desde 1990; • 15 ACV completas de
veículos (6 delas publicadas); • Aproximadamente 200
estudos de ACV.
Abordagem e Fatores de Sucesso
• Comprometimento do nível hierárquico mais elevado;
• Combinação de ACV com Ecoeficiência e Sócio-Ecoeficiência (Aspectos Sociais);
• Experiência; • Tempo de execução curto e
baixo custo para análises.
• Equipe experiente; • Comprometimento do
nível hierárquico mais elevado.
• ACV completa, baseada nos resultados de estratégias de ACV otimizada;
• Comunicação dos resultados é uma importante característica para aceitação interna.
Fonte: BETZ, 2005. Deve-se ressaltar ainda que, nas regiões/países desenvolvidos, a ACV vem sendo
difundida cada vez mais, através de bancos de dados consolidados, políticas
públicas (Política Integrada de Produtos) e desenvolvimento de estudos por
empresas. As parcerias entre a academia, o governo e a empresa são importantes
para implementação da ACV. A Suíça e o Japão destacam-se com seus bancos de
dados em ACV, que possuem uma grande quantidade de conjunto de dados
(datasets). Esses bancos são distintos, pois foram estruturados de forma diferente.
No caso japonês, os dados são de origem primária, coletados diretamente das
associações industriais; já o banco de dados suíço é predominantemente
secundário. Mundialmente, o crescimento do interesse em ACV é progressivo no
meio acadêmico, o que pode ser verificado no levantamento da base de dados
Science Direct.
Nos países em desenvolvimento, existem iniciativas, mas estas ainda estão
incipientes em comparação aos países desenvolvidos. Além disso, é necessário
fomentar mais estudos e promover maior capacitação em ACV, além da própria
formação de bancos de dados.
A seguir será detalhada a inserção da ACV no Brasil, nos meios: acadêmico,
empresarial e governamental.
60
4 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO BRASIL
Neste capítulo, serão relatados os principais fatos que marcam a história da ACV no
Brasil.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou em 1994 o Grupo de
Apoio à Normalização Ambiental (Gana), Subcomitê de ACV, para acompanhar e
analisar os trabalhos do Comitê Técnico 207 (TC 207), gestão ambiental da ISO54.
Este grupo foi criado pelo esforço de algumas entidades e empresas brasileiras.
Segundo a ABNT (2005), o Gana teve uma participação importante no TC 207 da
ISO, na elaboração das normas da série ISO 14000, para que os interesse da
indústria nacional fossem levados em consideração, evitando que prevalecessem
apenas as visões dos países desenvolvidos. Esse grupo de apoio encerrou suas
atividades em junho de 1998. Em abril de 1999, a ABNT criou o comitê ABNT/CB-38
(Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental) para substituí-lo nas discussões das
normas internacionais da série 14000 e suas similares nacionais. Esse comitê
possui estrutura semelhante ao TC 207 da ISO, com seus subcomitês.
Em 1998, foi lançado o livro brasileiro “Análise de Ciclo de Vida de Produtos –
Ferramenta Gerencial da ISO 14000”, de José Ribamar Chehebe, que explica e
comenta as normas da série ISO relativas à ACV (CHEHEBE, 1998). Este livro foi
muito importante na história da ACV brasileira, pois foi o primeiro com esta temática
escrito originalmente em língua portuguesa no país.
O Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), do Instituto Técnico de Alimentação
(Ital), desenvolveu um estudo denominado “Análise do Ciclo de Vida de embalagens
para o mercado brasileiro”, de 1997 a 1999, com o objetivo de conduzir um estudo
sobre vinte sistemas de embalagens no mercado nacional, considerando as
condições e o nível de tecnologias (CETEA, 2006). Esse estudo foi realizado em
uma parceria com um consórcio de associações e empresas. Apesar de ter sido um
54 Este comitê técnico da ISO, TC 207, foi criado para desenvolver a série de normas internacionais de gestão
ambiental, denominadas série 14.000. Esta série refere-se a vários aspectos, tais como: sistemas de gestão ambiental auditorias ambientais, rotulagem ambiental, avaliação de desempenho ambiental, Avaliação do Ciclo de Vida, terminologia, projeto para o meio ambiente e comunicação ambiental.
61
projeto pioneiro de ACV, teve caráter confidencial, ou seja, os dados não foram
divulgados para a comunidade, deixando assim de dar a sua contribuição científica.
Em 29 de novembro de 2002, a Associação Brasileira do Ciclo de Vida (ABCV) foi
criada no Rio de Janeiro. Ela surgiu da necessidade de alguns órgãos, entidades e
empresas de discutirem as questões relativas à Avaliação do Ciclo de Vida. Desde a
sua fundação até o ano de 2005, a ABCV enfrentou questões legais para sua
formação como associação, com isso, houve uma lacuna de um órgão que reunisse
especialistas e empresas interessadas na temática ACV no Brasil. O grande
destaque da ABCV foi a coordenação da segunda “Conferência Internacional de
Avaliação de Ciclo de Vida” - CILCA 2007, realizada na cidade de São Paulo em
fevereiro de 2007. Essa conferência deu continuidade ao CILCA 2005, que
aconteceu em San José, Costa Rica, na busca da consolidação do “Pensar o Ciclo
de Vida” e “Gestão do Ciclo de Vida” na América Latina e do aprofundamento da
integração desta região com outras onde o tema encontra-se num estágio mais
avançado (ABCVBRASIL, 2007).
Os principais workshops sobre a temática ACV, abertos ao público, aconteceram no
eixo São Paulo/Rio de Janeiro e foram os seguintes:
o Seminário sobre ACV, com lançamento do livro “Avaliação do Ciclo de Vida,
Princípios e Aplicações” (MOURAD, 2002), realizado em 17 de maio de 2002;
o Workshop Estratégias para Consolidação da ACV no Brasil, em 30 de novembro
de 2004, realizado pelo Instituto Ekos Brasil;
o Seminário “Impacto da Avaliação do Ciclo de Vida na Competitividade da
Indústria Brasileira”, realizado nos dias 03 a 04 de outubro de 2005, em São
Paulo.
4.1 ACV no meio acadêmico brasileiro
Para verificar o estágio atual dos trabalhos de ACV na área acadêmica, foi realizada,
no período de abril a junho/2006, uma revisão bibliográfica para o levantamento de
dados, em que se buscou o tema ACV55 no resumo dos trabalhos de mestrado e
55 As palavras de busca foram: Avaliação do Ciclo de Vida; Análise do Ciclo de Vida e ACV.
62
doutorado. Procedeu-se a esse levantamento nos seguintes bancos de dados
acadêmicos:
o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), onde existe
uma relação com resumos de teses e dissertações com a temática ACV;
o Banco de teses, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), que disponibiliza ferramentas de busca e consulta de resumos sobre as
teses e dissertações defendidas junto a programas de pós-graduação no país;
o Plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq). Foi realizada uma pesquisa no sistema de informação
curricular da comunidade científica brasileira, nos principais currículos dos
professores universitários que trabalham com a ACV.
A primeira abordagem desse levantamento foi a quantificação desses trabalhos
acadêmicos; no total foram: 47 dissertações de mestrado e 17 teses de doutorado.
A relação dos mesmos encontra-se no apêndice A.
4.1.1 Dissertações de mestrado Estes trabalhos foram separados e quantificados por universidade, para se ter uma
visão onde estão concentrados. Eles estão distribuídos conforme o Quadro 6.
Quadro 6 – Número de dissertações de mestrado em ACV produzidas por universidades
UNIVERSIDADE Nº. de dissertações
produzidas em ACV Universidade de São Paulo – USP 13 Universidade Federal de Santa Maria – UFSM 4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 4 Universidade Regional de Blumenau – FURB 4 Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC 3 Universidade de Brasília – UnB 3 Universidade Federal da Bahia – UFBA 2 Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ 2 Universidade Federal do Paraná – UFPR 1 Universidade para Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - UNIDERP 1 Universidade Est. Paulista Júlio de Mesquita Filho/Botucatu – UNESP 1 Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 1 Universidade Federal de Viçosa – UFV 1 Universidade Federal Fluminense – UFF 1 Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP 1 Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI (MG) 1 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC 1 Universidade de Taubaté – UNITAU 1 TOTAL 47
63
A universidade que tem o maior número de dissertações na temática ACV, no Brasil,
é a USP, com 13 trabalhos. O Quadro 7 ilustra a distribuição dessas dissertações
dentro dos cursos de pós-graduação na USP.
Quadro 7 – Cursos de pós-graduação da USP em que se produziram dissertações em ACV
CURSOS DA USP
Nº. de dissertações produzidas em
ACV Engenharia Química 8 Administração 1
Engenharia Civil 1 Engenharia Elétrica 1 Interunidades em Energia
1 Saúde Pública 1 TOTAL 13
A maior produção da USP, com oito dissertações, está concentrada no mestrado de
Engenharia Química. Este fato deve-se à existência de um grupo de pesquisa em
ACV, denominado “Grupo de Prevenção da Poluição (GP2)”. O grupo iniciou suas
atividades em 1997 e foi estruturado em duas vertentes, uma para estabelecer
banco de dados nacional e a outra para estudar os usos e as aplicações da ACV
(KULAY, 2004). É também é responsável por uma disciplina na pós-graduação
dedicada exclusivamente à ACV. Na vertente de banco de dados, foram produzidas
dissertações na área de energia elétrica: na geração, “Inventário de Ciclo de Vida da
Geração Hidrelétrica no Brasil – Usina de Itaipu: Primeira Aproximação” (RIBEIRO,
2003); na transmissão, “Inventário de ciclo de vida do sistema de transmissão de
energia elétrica” (CNPq, 2006) e na distribuição, “Inventário de ciclo de vida da
distribuição de energia elétrica no Brasil” (YOKOTE, 2003). Além dessas
dissertações, foram produzidos dois trabalhos na área de plásticos: “Inventário do
ciclo de vida do PVC produzido no Brasil” (BORGES, 2004) e “Estudo quantitativo do
impacto ambiental na produção industrial do polietileno” (SOUZA, 2004). Na outra
vertente, foi proposto um modelo de ACV para a produção de um fertilizante
fosfatado (KULAY, 2000). Em seguida, Benjamin (2002) desenvolveu um modelo de
avaliação de softwares de ACV disponíveis no mercado, comparando cinco deles.
Por fim, Ribeiro (2004) propõe no seu trabalho um conjunto de critérios para a
construção do modelo representativo de sistema de produto em estudos de ACV que
64
visam à formação de um banco de dados e à consolidação de uma metodologia de
execução de estudos da técnica.
Entre as demais produções da USP, destaca-se um trabalho em saúde pública
denominado “O Fator Higiene Ocupacional, dentro da Análise do Ciclo de Vida de
um produto: proposta para abordagem”, por este ter sido realizado em uma área
diferente daquela em que a maioria dos trabalhos levantados nesta pesquisa se
insere.
Os quatro trabalhos produzidos pela Universidade Federal de Santa Maria são do
curso de Engenharia de Produção, e três deles foram escritos sob a supervisão do
mesmo orientador.
A produção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul está dividida entre os
cursos de Engenharia Civil (2), Engenharia de Produção (1), Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental (1) e tem a característica de ser descentralizada, ou seja,
todos os trabalhos tiveram orientadores diferentes.
Na Universidade Regional de Blumenau, a produção está dividida entre os cursos de
pós-graduação em Administração (2) e Engenharia Ambiental (2). O fato de haver
dois trabalhos da área de administração chama atenção, pois a grande maioria vem
dos cursos da área 1 (engenharias).
Na Universidade Federal de Santa Catarina, a produção está distribuída pela
Engenharia Ambiental (1) e Engenharia Civil (2). O trabalho de Engenharia
Ambiental faz uma abordagem sobre o PVC, especificamente sobre a decisão do
Grupo Amanco de voluntariamente substituir, no Brasil, o estabilizante à base de
chumbo e a estratégia utilizada para influenciar a cadeia produtiva do PVC brasileiro
(ZIMMERMANN, 2004). Na área de engenharia civil, Mesquita (2001) no seu
trabalho faz uma análise econômica comparativa de custos entre a alternativa de
pavimento de concreto de cimento Portland (pavimento rígido) e a alternativa mais
utilizada para a pavimentação rodoviária no país, o pavimento flexível ou pavimento
asfáltico, enfocando o conceito de Análise do Ciclo de Vida desses dois tipos de
pavimentação. E a dissertação de Mastella (2002) faz uma comparação entre os
65
processos de produção de blocos cerâmicos e de concreto para alvenaria estrutural
através da Análise do Ciclo de Vida.
Na Universidade de Brasília, foram produzidos três trabalhos com o mesmo
orientador, sendo dois na área de produção agrícola (RABELO, 2003; XAVIER,
2003; XAVIER, 2005) e um na gestão do óleo lubrificante usado (BARROS, 2005).
Este mesmo professor da UnB orientou também uma dissertação na Universidade
de Taubaté, sobre os efeitos ambientais da produção do vidro plano, com o objetivo
de estruturar e propor o Inventário do Ciclo de Vida deste segmento (SANTOS,
2002).
A Universidade Federal da Bahia, através da Rede de Tecnologias Limpas, no curso
do Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo
Produtivo, produziu dois trabalhos: um com proposições de inserção de ACV na área
de políticas públicas, especificamente na Bahia através do órgão ambiental do
estado (TOSTA, 2004), e o outro uma proposta de Simbiose Industrial no Pólo
Petroquímico de Camaçari/BA (TANIMOTO, 2004).
As duas dissertações da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) estão
distribuídas nos cursos de Ciência e Engenharia dos Materiais e da Engenharia de
Produção. A primeira é um trabalho que analisa as relações entre o meio ambiente e
o pneu automotivo ao longo de todo o seu ciclo de vida, abordando principalmente a
necessidade de disposição final e oportunidades de reaproveitamento de pneus
inservíveis (ALMEIDA, 2002). Já a segunda verifica a viabilidade da utilização do
método de estratégias de projeto para o ciclo de vida Lifecycle Design Strategies
(LiDS) para a avaliação dos impactos ambientais no ciclo de vida de uma família de
produtos veterinários (LUCENTE, 2004). Foram orientadas por diferentes
professores.
As duas produções da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) são dos
cursos de Engenharia de Produção e de Planejamento Energético e tiveram
orientadores diferentes.
66
Constatou-se que na Universidade Federal de Viçosa foi elaborada em 2003 uma
dissertação em ACV, para analisar o impacto ambiental potencial dos resíduos de
dois sistemas de manejo de suínos (PRETTO, 2003; PRETTO, 2005).
4.1.2 Teses de doutorado
O mapeamento dos trabalhos de doutorado está distribuído no Quadro 8.
Quadro 8 – Número de teses de doutorado em ACV produzidas por universidade
UNIVERSIDADE Nº. de teses produzidas em ACV Universidade Estadual de Campinas – Unicamp 5 Universidade de São Paulo – USP 4 Universidade Federal do Pará – UFPA 2 Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR 2 Universidade de São Paulo – São Carlos 1 Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 1 Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ 1 TOTAL 17
A Unicamp destaca-se com a maior produção de teses em ACV, cinco trabalhos
sendo três da Engenharia Mecânica: “Análise do Ciclo de Vida: estudo de caso para
materiais e componentes automotivos” (UGAYA, 2001); “Proposta de metodologia e
concepção e projeto de produto considerando aspectos ambientais no ciclo de vida”
(LOBO, 2000) e “Síntese otimizada de sistemas de aquecimento solar de água”
(BORGES, 2000). A Engenharia Química produziu a tese denominada “Metodologia
e procedimentos para a consideração ambiental no projeto de processos químicos”
(BAUER, 2003) e a tese intitulada “Análise de Ciclo de Vida aplicada ao processo de
cerâmica tendo como insumo energético capim-elefante” (SEYE, 2003), produzida
pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético. Todas as teses foram
realizadas com orientadores diferentes.
Os trabalhos de tese da USP estão divididos entre a pós-graduação de Engenharia
Civil (2), Engenharia Química (1) e Engenharia Metalúrgica (1). O da Engenharia
Química (GP2) é sobre fertilizantes e o autor já tinha produzido uma dissertação
nesta área (KULAY, 2004).
67
A Universidade Federal do Pará (UFPA), no curso de pós-graduação em
Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, possui duas teses, a primeira
avalia diferentes alternativas dos resíduos produzidos na Estação de Tratamento de
Água (ETA) do Bolonha, através da ACV (MACHADO, 2003). A segunda é sobre
reciclagem das latas de alumínio (VIEIRA, 2004).
São duas as teses da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR): uma da
Engenharia Hidráulica e Saneamento, sobre Avaliação do Ciclo de Vida do álcool
etílico hidratado combustível, com a utilização do método EDIP (Environmental
Development of Industrial Products) e a introdução das avaliações exergéticas e
emergéticas na avaliação e valoração do impacto (OMETTO, 2005), e outra da
Ciência e Engenharia dos Materiais denominada “Avaliação de Ciclo de Vida de
garrafas PET: materiais, energia e emissões” (REMÉDIO, 2004). Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Engenharia Metalúrgica e de
Minas produziu uma tese: “Desenvolvimento de uma metodologia e um software
para avaliação ambiental de processos metalúrgicos” (SANTOS, 2001). Parte dessa
tese foi publicada no livro “Avaliação ambiental de processos industriais56”.
4.1.3 Evolução dos estudos acadêmicos da ACV
As dissertações (47) e teses (17) foram arranjadas de acordo com o ano de
publicação (Figuras 15 e 16). A listagem destes trabalhos por ano de elaboração
encontra-se no Apêndice B.
56 www.signuseditora.com.br
68
Dissertações com a temática ACV produzidas por ano no Brasil
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
ano
quan
tidad
e de
disse
rtaç
ões
Figura 15 – Quantidade de dissertações produzidas por ano no Brasil na temática ACV
Teses com a temática ACV produzidas por ano no Brasil
0
1
2
3
4
5
6
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
ano
quan
tidad
e de
tese
s
Figura 16 – Quantidade de teses produzidas por ano no Brasil na temática ACV Com base no levantamento aqui realizado, a primeira produção acadêmica no Brasil
na temática ACV foi uma tese de doutorado no ano de 1997, na Universidade
Federal de Santa Catarina, na Engenharia de Produção, denominada “Planejamento
baseado em casos aplicados na resolução de não-conformidades (NC) ambientais
no ciclo de vida de produtos, processos e serviços” (SILVA, 1997). Nesse mesmo
ano, foram iniciadas também as atividades do Grupo de Prevenção da Poluição
(GP2), grupo de pesquisa em ACV da USP. As primeiras dissertações com a
temática ACV viriam um ano depois, em 1998. Foram identificadas três, sendo duas
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (pós-graduação em Planejamento
69
Energético e Engenharia de Produção) e outra da Universidade Metodista de
Piracicaba.
Em 1999, foram publicadas também três dissertações, sendo duas da Universidade
Regional de Blumenau – Administração –, e uma da Universidade de São Paulo –
Interunidades em Energia. No ano de 2000, a produção científica aumentou em
relação aos anos anteriores, com quatro dissertações e duas teses. As dissertações
produzidas foram: duas da USP (Engenharia Elétrica e Engenharia Química); uma
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Botucatu – Agronomia – e
uma da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental. As duas teses foram da Universidade Estadual de
Campinas – Engenharia Mecânica.
O período mais produtivo foi o biênio 2003 (onze dissertações e cinco teses) a 2004
(catorze dissertações e cinco teses). Pode-se supor que um dos motivos desse
aumento foi a divulgação da 1ª norma ABNT/ISO 14.040 no Brasil, em 2001, o que
facilitou o acesso a informação sobre ACV. Deve-se também levar em consideração
que uma das principais fontes de pesquisa deste estudo, o banco de dados da
Capes, possui o “Aplicativo Coleta de Dados” que é um sistema informatizado,
desenvolvido com o objetivo de coletar informações dos programas de pós-
graduação de mestrado e doutorado de todo o país. Essa coleta é realizada a cada
dois anos, ou seja, os dados de 2003 e 2004 foram lançados em 2005. Os de 2005 e
2006 foram coletados no início de 2007 e serão lançados nos próximos meses.
Logo, a maior concentração dos dados da pesquisa no biênio 2003/2004 pode
também ser devida à atualização do sistema Capes.
4.1.4 ACV no meio acadêmico por setor produtivo
Dos trabalhos acadêmicos avaliados, observa-se que os setores produtivos
abordados são bem diversificados: construção civil, automobilístico, embalagens,
energia, agro-pecuário, mineração, químico etc. Por outro lado, já se identifica um
direcionamento das universidades por determinados segmentos. Nesse sentido, a
USP destaca-se com trabalhos na área de energia, a UFSC e a UFGRS concentram
70
trabalhos em construção civil, a UnB, em agricultura e a UFBA, em políticas públicas
e industriais. A Figura 17 ilustra as instituições por segmento produtivo, no que se
refere aos trabalhos de mestrado.
Em relação às teses analisadas, os setores que aparecem são bem diferentes. Há
uma predominância de trabalhos da Unicamp no que se relaciona à aplicação da
metodologia de ACV (Figura 18).
0
2
4
6
8
10
12
14
Nº d
e Tr
abal
hos
USP UFSM UFRGS FURB UFSC UnB UFBA UFSCar UFRJ Demais
Instituições
Gráfico das Instituições x Segmentos das ACV - Mestrado outros
Políticas (Públicas/Industriais)
Embalagens
Químico
Metodologia
Mineração
Energia
Agro-pecuário
Plásticos
Automobilistico
Construção Civil
Figura 17 – Produção de dissertações de ACV por segmento produtivo
Gráfico das instituições x Segmentos de ACV - Doutorado
0
1
2
3
4
5
6
UNICAMP
USPUFP
AUFS
C
Demais
Instiuições
Nº d
e tr
abal
hos
outrosPolíticas(Públicas/Industriais)Embalagens
Metodologia
Químico
MineraçàoAgro-pecuário
Energia
Plásticos
Automobilistico
Construção Civil
Figura 18 – Produção de teses de ACV por segmento produtivo
71
4.2 ACV no meio empresarial brasileiro
Há poucos trabalhos referentes à ACV sendo desenvolvidos dentro das empresas
no Brasil. A maioria desses trabalhos encontra-se em empresas de grupos
multinacionais que já têm a prática de utilizar essa ferramenta em outras unidades
em seus países de origem.
Para verificar se a Avaliação do Ciclo de Vida tem sido utilizada nas empresas
brasileiras, buscou-se o tema ACV nos seguintes locais:
o Relatório de Sustentabilidade Empresarial, publicado pelo Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS57) em
2004, no qual as empresas associadas expõem suas ações nas áreas de
ecoeficiência e responsabilidade social. Esse relatório é publicado a cada dois
anos (CEBDS, 2004) e integra 32 empresas. Neste estudo, foram analisadas
25;
o Algumas empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da
Bolsa de Valores de São Paulo (ISE/Bovespa);
o Sites institucionais de grandes empresas de diversos segmentos produtivos.
Tanto do relatório do CEBDS, quanto das empresas que integram o ISE/Bovespa,
foram excluídas da análise aquelas que pertencem a setores que não têm tradição
de ACV, tais como: aéreo, bancário, de cigarros, de fomento a pequenas empresas
e o setor de instituições de ensino (este já tinha sido analisado no item 4.1).
Nesse levantamento dentro do setor empresarial, realizado no período de setembro
a outubro de 2006, foram selecionadas e analisadas 33 empresas (Quadro 9), sendo
que apenas sete (Amanco, Natura, Tetra Pak, Unilever, DaimlerChrsyler, Basf e
Suzano) citam o uso da ACV, representando 21% do universo pesquisado.
57 O CEBDS tem o compromisso de disseminar o conceito de desenvolvimento sustentável junto ao setor
empresarial brasileiro.
72
Quadro 9 – Empresas pesquisadas em relatórios socioambientais/sustentabilidade ou sites institucionais
EMPRESAS Segmento Cita ACV Fonte
1 3M do Brasil Diversificado Não 2 ABB Service Tecnologia de energia e
automação Não
3 ALCOA Alumínio Não 4 AMANCO Tubos e conexões de
PVC Sim
5 AMBEV Bebidas Não 6 ARACRUZ* Celulose Não 7 BAYER Agronegócios, polímeros
e farmacêutica. Não
8 BRASKEM* Petroquímicos básicos e intermediários e resinas
termoplásticas,
Não
9 COMPANHIA SIDERÚRGICA DE TUBARÃO
Siderúrgica Não
10 COPESUL Petroquímica Não 11 COSIPA Siderúrgica Não 12 DUPONT Diversificado Não 13 ELETRONUCLEAR Energia Não 14 FURNAS Energia Não 15 GERDAU Aço Não 16 NATURA* Cosmético Sim 17 NESTLÉ Alimentícia Não 18 PETROBRÁS Petróleo Não 19 SHELL Distribuidora de
combustíveis Não
20 SIEMENS Eletroeletrônico Não 21 SYNGENTA Agronegócios Não 22 USIMINAS Siderúrgica Não 23 VALE DO RIO DOCE Mineração Não 24 VOTORANTIM
CELULOSE E PAPEL Celulose e papel Não
25 WHITE MARTINS Gases industriais Não
Relatório de Sustentabilidade Empresarial – CEBDS 2004
26 BASF Química Sim Site institucional 27 BELGO MINEIRA Siderúrgica
Não Site institucional
28 CSN Siderúrgica Não Relatório Anual CSN 2005 29 DAIMLERCHRSYLER Fabricante de veículos
comerciais Sim Site institucional
30 PERDIGÃO Alimentícia Não ISE / Site institucional 31 SUZANO Papel e celulose e
petroquímica Sim ISE / Relatório Socioambiental
Suzano 2006 32 TETRA PAK Embalagens cartonadas
e máquinas de envase. Sim Relatório Socioambiental
Tetra Pak 2004/2005 33 UNILEVER Alimentos, higiene e
beleza. Sim Site institucional
Fonte: ARCELOR, 2006; BASF, 2006; CEBDS, 2004; CSN, 2005; DAIMLERCHRSYLER, 2006; PERDIGÃO, 2006; SUZANO 2006; TETRA PAK, 2006; UNILEVER, 2006; VERACEL 2005. * Estas empresas também compõem o ISE.
73
O grupo Amanco, detentor das marcas Akros e Fortilit, fabricante de tubos e
conexões à base de policloreto de vinila (PVC), é de origem suíça. Em 2001, iniciou
o processo de transformar o PVC, principal matéria-prima utilizada, em um material
ambientalmente mais seguro. Foi realizada uma avaliação ambiental do PVC que
identificou 16 pontos críticos ao longo do ciclo de vida do material, desde a extração
das matérias-primas até a disposição final dos produtos de pós-consumo. As etapas
incluíram a política de fornecedores, com limite máximo de 3 ppm de emissão de
MVC (monocloreto de vinila) para os fabricantes de resina de PVC; além de
auditorias nos fabricantes de matérias-primas referentes a quesitos de qualidade,
meio ambiente, saúde, segurança e serviços (CEBDS, 2004). Para atender às
demandas dos estudos de ACV, alguns programas de substituição de materiais
foram implementados (CEBDS, 2004). São estes:
o Eliminação dos pigmentos à base de metais pesados por pigmentos
orgânicos ou inorgânicos, em 2001;
o Eliminação de plastificantes à base de naftalatos, por adipatos, em 2002;
o Substituição dos estabilizantes à base de chumbo, por estabilizante de cálcio
e zinco, em 2003.
Esse grupo suíço convidou seu principal concorrente brasileiro para juntos
conduzirem o processo de substituição de materiais. Diante das várias polêmicas
ambientais sobre o PVC, o convite foi aceito para o processo de substituição. Juntos
os dois concorrentes desenvolveram vários testes com estabilizantes alternativos até
decidirem pelo sistema de estabilização à base de cálcio e zinco. Após essa primeira
etapa, uma nova fase do processo passou a envolver os demais fabricantes
brasileiros de tubos e conexões de PVC. Para formalizar o envolvimento de toda a
cadeia, os associados do Instituto do PVC foram convidados a assinar o “termo de
adesão” que os comprometia a substituir voluntariamente os estabilizantes de
chumbo (Pb) do PVC por estabilizantes de cálcio e zinco. O “termo de adesão” foi
assinado em 25 de abril de 2002 pelas empresas Amanco, Asperbrás, Cardinali,
DVG, Krona, Polyvin, Providência, Plastilit, Tigre, Tiletron, Tubozan e Majestic,
totalizando 80% dos transformadores brasileiros de tubos e conexões de PVC
(ZIMMERMANN, 2004).
74
O grupo Amanco utilizou ACV como uma estratégia de mercado, em resposta às
várias polêmicas que o PVC tem despertado nas últimas décadas, antecipando aqui
no Brasil os acordos realizados na Europa com fabricantes do PVC (Programa
“VINIL 2010”). Esses estudos de ACV incluem várias ações e compromissos como
progressiva substituição de estabilizantes de chumbo: em 15% até 2005, 50% até
2010 e a eliminação total até 2015, além da substituição dos estabilizantes de
cádmio, já efetivada em março de 2001 (ZIMMERMANN, 2004).
A empresa Natura, do segmento de cosméticos, produtos de higiene e de
perfumaria, é uma empresa de capital nacional. Essa empresa afirma no relatório de
sustentabilidade que utiliza a ACV e cita, como um exemplo desse fato, a
substituição das sacolas plásticas usadas para enviar produtos às consultoras. Estas
consistiam um dos itens de maior impacto no meio ambiente e foram substituídas
pelas de papel reciclado. Baseado também em estudos de ACV, a empresa
considera que um dos maiores impactos ambientais de suas atividades é
proveniente do descarte das embalagens dos seus produtos. Segundo consta no
relatório de sustentabilidade, em 2003, 94% das embalagens do portfólio e 100%
das embalagens dos lançamentos da empresa foram submetidas à avaliação de
impacto ambiental (CEBDS, 2004).
No site da Unilever, na página desenvolvimento sustentável, a ACV aparece citada
no item Ecoeficiência da seguinte maneira: “Desenvolver atividades através do
Sistema de Gestão Ambiental, assim garantindo a melhoria contínua na
contabilidade ambiental e impactos ambientais, através da ferramenta de inovação
(ecodesign) e avaliação de impacto (ACV)” (UNILEVER, 2006).
O grupo alemão Daimler-Chrysler cita a ferramenta ACV em seu site institucional
(DAIMLER-CHRYSLER, 2006). Além disso, desenvolveu em 1996, um projeto piloto
em que fez um comparativo entre almofadas de bancos confeccionadas a partir de
fibra de coco e outras confeccionadas com espuma de poliuretano (LIMA, 2001).
A Tetra Pak, fabricante de embalagens cartonadas e máquinas de envase foi
inaugurada em 1951 em Lund, na Suécia e atua no Brasil desde 1957. Em seu
relatório socioambiental, ACV é citada como um item da sua política ambiental, qual
75
seja: “Ter perspectiva de longo prazo e visão do ciclo de vida de seus produtos”.
Aparece também no item “desenvolvimento de produtos”, em que o ciclo de vida dos
produtos e serviços é avaliado a partir de critérios ambientais desde o design e
seleção de fornecedores até a operação, fabricação, transporte e entrega aos
clientes e consumidores (TETRA PAK, 2006).
A Basf no Brasil utiliza a Análise de Ecoeficiência, desenvolvida pela Basf Alemã em
1996, para comparação do ciclo de vida de produtos, com o propósito de avaliar o
grau de satisfação, de acordo com os requisitos econômicos, sociais e ambientais
(BASF, 2006).
Em 2003, a Suzano Papel e Celulose iniciou a aplicação da ACV em seus produtos.
Essa metodologia permite que a companhia monitore a ecoeficiência dos mesmos e
a compare com a dos concorrentes, além de ajudar a empresa a definir objetivos e
metas para a redução de impactos ambientais. A análise conduzida foi do tipo “do
berço ao túmulo”, para dois tipos de papéis de sua fabricação. A partir de 2006, a
ACV será estendida a outro tipo de papel, e os planos de longo prazo envolvem a
análise de todos os produtos da empresa (SUZANO, 2006).
A Suzano Petroquímica está iniciando o processo de ACV de seus produtos e está
concluindo o levantamento dos impactos da transformação do propeno em
polipropileno. O trabalho será ampliado com a avaliação dos impactos da
transformação do polipropileno em produtos finais e do pós-consumo com a
disposição em aterros sanitários ou reciclagem (SUZANO, 2006).
Das sete empresas analisadas, observa-se que apenas duas são nacionais, o grupo
Suzano e a Natura, as outras são multinacionais com origem Européia (Quadro 10).
Isso demonstra a importância deste continente para o desenvolvimento da ACV.
Outro ponto deve ser destacado entre essas sete empresas é que, de alguma forma,
esses estudos estão associados a uma estratégia de mercado, devido à imagem
que seus produtos representam para a sociedade. Isso é observado desde a
Amanco, com as polêmicas ambientais do PVC; a Basf, como indústria química; a
Natura, que lida com produtos de beleza relacionados com a natureza; a Suzano,
76
produtora de papel, até as questões das embalagens da Tetra Pak e a produção de
veículos pela Daimler-Chrysler.
Quadro 10 – Origem das empresas que usam ACV no Brasil
EMPRESAS ORIGEM DA EMPRESA
AMANCO Suíça BASF Alemanha DAIMLERCHRSYLER Alemanha NATURA Brasil SUZANO Brasil TETRA PAK Suécia UNILEVER Inglaterra
Fonte: ARCELOR 2006; CEBDS, 2004; DAIMLERCHRSYLER 2006; SUZANO 2006; TETRA PAK, 2006; UNILEVER, 2006. Vale ressaltar que existem duas empresas entre as analisadas em que o uso de
ACV não foi registrado, mas estas já iniciaram estudos nesse sentido. A primeira é a
Braskem, que iniciou em 2005 um projeto piloto de “Análise de Ecoeficiência”, com
consultores da “Fundação Espaço ECO58”. Essa empresa está desenvolvendo seu
primeiro trabalho, denominado de “Projeto Piloto de Aplicação da Ferramenta de
Análise de Ecoeficiência da Basf na empresa Braskem”. Neste projeto com a
Braskem, serão desenvolvidos pilotos para o PET (polietileno tereftalato), PVC
(policloreto de vinila) e gasolina (FUNDAÇÃO ESPAÇO ECO, 2005). A outra é a
Aracruz Celulose, que está iniciando um estudo dos seus produtos por meio de uma
empresa de consultoria (SOUZA, 2006). Para efeito desta pesquisa, elas não foram
computadas na análise.
A Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) fez uma pesquisa para levantar o
nível de conscientização ambiental de cada empresa associada. Participaram 31
associados representando todos os elos da cadeia produtiva (fabricantes de
embalagens, fornecedoras de matéria-prima e/ou insumos, fabricantes de
acessórios e equipamentos para embalagem, agências de design, entre outras).
Entre as empresas que responderam à pesquisa, 45% são transformadoras de
embalagens, 19,5% são fornecedoras de matérias-primas e/ou insumos, 16% são
58 Fundação Espaço ECO – recebeu o nome de primeiro Centro na América Latina para aplicar a Ecoeficiência,
está localizada no site da Basf, em São Bernardo do Campo/São Paulo/Brasil. Iniciou suas atividades em junho 2005 (www.basf.com).
77
agências de design, 6,5% são usuários de embalagens (fabricantes de produtos),
6,5% são fabricantes de acessórios e 6,5% pertencem a outras categorias. (ABRE,
2006).
O item da pesquisa sobre o grau de conhecimento da Avaliação do Ciclo de Vida,
resultou nos seguintes dados: 10% não ouviram falar; 53% já ouviram falar e estão
interessados no assunto e 37% já trabalharam com esse assunto. Estes 37%
representam 11 empresas.
4.3 ACV no meio governamental brasileiro
O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), através do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), planeja viabilizar o Inventário do Ciclo
de Vida no Brasil. Desde 2002, vem atuando na construção de um projeto nacional
denominado “Projeto Brasileiro de Inventário do Ciclo de Vida para a
Competitividade da Indústria Brasileira”. O IBICT está se estruturando para ser o elo
do governo no desenvolvimento do ICV nacional. No período de 2003 a 2004, esse
instituto desenvolveu um site59 informativo sobre ACV que disponibiliza informações
sobre este tema.
Em outubro de 2005, o MCT organizou em São Paulo o Seminário Internacional
“Impacto da Avaliação do Ciclo de Vida na Competitividade da Indústria Brasileira”,
com o objetivo de disseminar a importância da técnica da ACV para indústria. Desse
evento, participaram diversos palestrantes do governo, da academia e da indústria
nacional, além de pesquisadores internacionais. O IBICT estabeleceu também uma
parceria com o Instituto Ekos Brasil e o Instituto suíço EMPA, para capacitação em
elaboração da base de dados em ACV. Esse projeto de capacitação, ministrado por
um membro do EMPA, foi estruturado a partir do modelo “Ecoinvent”. Aconteceram
três workshops: o primeiro em Brasília, de 13 a 16 de julho de 2005; o segundo em
São Paulo, de 25 a 28 de fevereiro de 2006; e o terceiro em Brasília, de 2 a 5 de
maio 2006. O workshop final ocorreu durante a “Conferência Internacional do Ciclo
de Vida – CILCA”, em fevereiro de 2007.
59 <www.acv.ibict.br>.
78
No mês de agosto de 2006, o IBICT enviou, para um edital da Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep), uma proposta cuja meta era desenvolver projeto
nacional de ICV. Este teria como co-executores três universidades, UnB, USP e
UFTPR, e como parceiros, a ABNT, o Sebrae60, INT61, Inmetro62, a ABIPTI63, a
ABCV e Petrobras. Esse projeto foi aprovado e está previsto para iniciar em 2007.
Cada uma das universidades ficará com um tema específico do inventário.
Inicialmente, será realizado um projeto piloto para energia, combustível e transporte.
No âmbito desse projeto, será contratada uma consultoria internacional para se
conhecer uma outra maneira de organização de informações do banco de dados,
diferente da experiência com a Suíça. Será o primeiro passo para o desenvolvimento
do inventário brasileiro, levando em consideração que o projeto nacional de ACV
ficou estagnado durante algum tempo, principalmente por falta de recursos
financeiros.
Neste capítulo sobre ACV no Brasil, foram levantados dados da academia, empresa
e do governo. No meio acadêmico, foram levantadas 47 dissertações e 17 teses. A
universidade que tem o maior número de dissertações na temática ACV é a USP
com 13 trabalhos, sendo que oito destes foram produzidas pela Engenharia
Química, pelo grupo de pesquisa em denominado “Grupo de Prevenção da Poluição
(GP2)”. Vale ressaltar a importância desse grupo no desenvolvimento da ACV no
país. Em relação às teses, a universidade que mais produziu foi a Unicamp, com
cinco trabalhos. A pesquisa com os dados acadêmicos dá uma visão das
universidades onde estão concentrados os trabalhos de ACV e possibilita a
identificação não só das competências por segmento, mas também das lideranças já
formadas. Mostra também que não existe uma evolução progressiva dos trabalhos
no decorrer dos anos. No entanto, houve um período em que a produção cresceu: o
biênio 2003/2004.
Poucos trabalhos usando ACV foram desenvolvidos em empresas no Brasil. A
maioria das empresas onde trabalhos com essa temática foram encontrados
60 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) 61 Instituto Nacional de Tecnologia (INT) 62 Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) 63 Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa (ABIPTI)
79
pertencem a grupos multinacionais, que já têm a prática de utilizar essa ferramenta
em outras unidades de outros países, principalmente na Europa. Nesses casos,
essa prática está devidamente evidenciada nos seus instrumentos de comunicação
(sites institucionais e relatórios).
O papel do governo brasileiro na implantação do banco de dados é imprescindível. A
ação governamental faz-se necessária no desenvolvimento de parcerias, com os
diversos atores, conforme se pode constatar a partir do exemplo de outros países.
Espera-se que com o desenvolvimento deste banco de dados de ACV, a ferramenta
seja mais difundida e utilizada. A Figura 19 mostra os principais marcos para o
desenvolvimento da ACV no Brasil.
80
1994 1997 1998 1999 2001 2002 2004 2005 2007
Criação CB-38/ ABNT
NormaABNT/ISO 14.040
- Criação da Associação Brasileira do Ciclo de Vida (ABCV)
- Livro “ACV Princípios e Aplicações" (MOURAD)
Livro "ACV de Produtos"
(CHEHEBE)
- Estudo do Centro de Tecnologia de Embalagem CETEA/ITAL(1997-1999) - Inicio Grupo de Prevenção à Poluição GP2/USP
Criação GANA/ ABNT
Normas ABNT/ISO 14.041 e 14.042
- Livro "ACV: a ISO 14.040 na América Latina(CALDEIRA-PIRES)
- Norma ABNT/ISO 14.043
- Conferência Internacional de Avaliação de Ciclo de Vida (CILCA 2007)
- Início do Projeto Brasileiro de ICV
Figura 19 - Principais atividades da ACV no Brasil
81
5 PROPOSIÇÕES Pelos levantamentos desta pesquisa, para o desenvolvimento da ACV em um país é
de fundamental importância que os diversos atores envolvidos na questão atuem de
forma integrada. Observa-se que no Brasil isso não está existindo. Na academia, os
estudos da ACV são desenvolvidos em trabalhos da pós-graduação (mestrado e
doutorado), com esforços de professores e seus alunos, e sem aportes financeiros
para o desenvolvimento das pesquisas. Não se tem uma continuidade da produção
científica. Mesmo assim, já existem algumas universidades formando lideranças e há
professores coordenando essas atividades.
Nas empresas, os poucos estudos desenvolvidos no Brasil, foram, na maioria,
realizados pelas filiais de grupos multinacionais que já têm a prática de usar a ACV
em suas matrizes. Esses estudos não estão associados a grupos de pesquisas das
universidades, são desenvolvidos pela necessidade imposta por um contexto dentro
destas empresas. Observa-se a importância do envolvimento da alta gerência no
desenvolvimento da ACV nessas instituições.
Vários autores (BORGES, 2004; RIBEIRO, 2004; SANTOS, 2001; SILVA, 2003)
falam da carência de um banco de dados brasileiros, pois a cada estudo que se
inicia faz-se necessário levantar uma grande quantidade de informações na fase de
Inventário de Ciclo de Vida. Isso torna muito complexa a realização do mais simples
estudo. O banco de dados reduziria o tempo gasto para a realização de um estudo e
a quantidade de recursos necessários para a sua execução. Também viabilizaria
novos estudos, que se tornariam mais fáceis de serem finalizados. Por causa da
carência de dados nacionais, alguns estudos desenvolvidos no Brasil foram
adaptados a partir de uma base de dados estrangeiros, o que diminui a qualidade do
inventário, pois este deve representar a realidade brasileira.
Para formação do banco de dados nacional, o governo vem procurando desenvolver
um projeto de ICV. Deve-se ressaltar que nesse projeto inicial apenas uma empresa,
a Petrobras, faz parte da parceira. Desse modo, abrangência das informações fica
reduzida e perde-se em riqueza de dados. Em outros países, observa-se a
82
importância do setor governamental para a implementação, divulgação e o fomento
à ACV.
Baseado no que foi descrito anteriormente, serão apresentadas proposições de
inserção da Avaliação do Ciclo de Vida no Brasil, considerando as características do
país e os atores envolvidos no processo. Estas proposições, especificadas para os
setores acadêmico, empresarial e governamental, encontram-se apresentadas na
Quadro 11 abaixo. Foi projetada uma perspectiva de prazo (curto, médio e longo)
para que as mesmas sejam implementadas.
Quadro 11 - Proposições de inserção da ACV no Brasil
PERSPECTIVAS DE INSERÇÃO
PROPOSIÇÕES
ACADEMIA EMPRESA GOVERNO
1. Divulgar a ACV, através do “Pensar o Ciclo de Vida” nos ensinamentos da graduação e pós-graduação, através de disciplinas específicas ou como um tema dentro de outras. Como exemplo, podemos citar a Escola Politécnica da USP, Dep. de Engenharia Química, que tem uma disciplina somente sobre ACV ministrada na pós-graduação.
CP
2. Nas universidades que já têm estudos de ACV, seguir uma linha de pesquisa com foco em determinados segmentos produtivos (Ex. energia, construção civil, metais etc.). Assim, formar-se-iam grupos consolidados, competências e trabalhos publicados. Algumas universidades brasileiras já apresentam definição em determinadas áreas, tais como: a USP em energia, a UFSC e a UFGRS em construção civil, a UnB em agricultura e a UFBA em políticas públicas e industriais.
CP
3. Interagir e trocar experiências entre as universidades e empresas, principalmente com aquelas que estejam mais avançadas nos estudos de ACV, através do intercâmbio de pessoal, palestras e cursos.
MP MP
4. Desenvolver estudos de Inventários de Ciclo de Vida em determinados segmentos produtivos, por equipes multidisciplinares, para diminuir as dificuldades enfrentadas no levantamento dos dados.
MP MP CP
83
PERSPECTIVAS DE INSERÇÃO
PROPOSIÇÕES
ACADEMIA EMPRESA GOVERNO
5. Participar de projetos com o governo, principalmente na formação do banco de dados de ACV brasileiro.
CP CP
6. Desenvolver estudos de ACV dos seus produtos prioritários, baseado na performance ambiental, gerenciamento ambiental, mudança de design, entre outros. As empresas: Amanco, Natura, Tetra Pak, Unilever, DaimlerChrsyler, Basf e Suzano são exemplos de empresas que desenvolveram estudos sobre ACV.
MP
7. Capacitar equipes de trabalho na ferramenta de ACV para que as empresas possam utilizar e se beneficiar dos resultados dos estudos, aliando metas ambientais e de sustentabilidade com estratégias de negócios (marketing em favor de produtos que têm menor impacto ambiental em uma perspectiva de ciclo de vida).
MP
8. Envolver as associações empresariais no desenvolvimento da ACV. Assim se reduzem os custos e riscos associados com a implementação da ACV, além de se promover a colaboração e troca de informações sobre a metodologia. Um exemplo desta ação é o caso da empresa Amanco, descrita no item 4.2, que através de estudos de ACV envolveu toda a cadeia produtiva do PVC e sua associação de classe, o Instituto do PVC.
MP MP
9. As empresas devem assumir um papel pró-ativo na solução dos problemas ambientais, tanto internamente, quanto externamente, atuando junto às partes interessadas (associações de classe, fornecedores, consumidores) e na cooperação com o governo e a academia.
MP
10. Dar prioridade a projetos cooperativos para a ACV se desenvolver em setores prioritários da economia, através de editais públicos, por ex. Finep, que contemplem as empresas e as universidades/institutos de pesquisas, aliando assim o conhecimento acadêmico com as informações das empresas. Os editais da Finep são lançados através de chamadas públicas e abrangem diversas etapas de um projeto: pesquisa básica e
CP
84
PERSPECTIVAS DE INSERÇÃO
PROPOSIÇÕES
ACADEMIA EMPRESA GOVERNO
aplicada, inovações e desenvolvimento de produtos, serviços e processos. Frisa-se a necessidade da abertura de uma linha de fomento para ACV.
11. Fomentar o IBICT como órgão gestor do banco de dados brasileiro de ACV, com capacitação em recursos humanos.
CP
12. Promover a articulação entre os outros órgãos governamentais ligados ao meio ambiente, como o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e as áreas tecnológicas.
MP
13. Incluir ACV em linhas de créditos de bancos oficiais do governo federal para o financiamento de projetos com as empresas. Isso estimularia a adoção de estudos de ACV, com foco na minimização dos impactos ambientais. Ex. O Banco do Nordeste possui uma linha de financiamento para projetos em Produção mais Limpa (P+L) destinada aos empresários nordestinos, além do fomento para a instalação de Núcleos de P+L e formação de consultores. Esta ação poderia ser estendida para ACV, além abranger outros bancos oficiais com atuação nacional.
MP a LP
14. Difundir o conhecimento da ACV, através de seminários, workshops e congressos, em diversas cidades brasileiras onde se concentram os principais pólos industriais.
CP CP
15. Conscientizar os segmentos produtivos sobre a ACV, principalmente nas questões comerciais para o Brasil, no que se refere à Rotulagem Ambiental tipo III.
CP
16. Utilizar estudos de ACV para tomada de decisão e planos de ação governamental (Ex.: escolha de sistema de transporte público; contratos públicos; política de compras, em que as diferentes alternativas de produtos com menor impacto sejam avaliadas).
LP
17. Inserir ACV como uma terminologia nos principais bancos de dados de pesquisas brasileiros, para facilitar a indexação e recuperação da informação. Ex.: na base de dados do CNPq - Plataforma
CP
85
PERSPECTIVAS DE INSERÇÃO
PROPOSIÇÕES
ACADEMIA EMPRESA GOVERNO
Lattes, incluir o termo ACV dentro da área ”outras”, subárea “ciências ambientais”; isso facilitará a organização da informação dos pesquisadores que trabalham com o tema.
18. Fomentar políticas públicas para incorporar o
“Pensar o Ciclo de Vida”; isso incentivaria estudos nos diversos setores e influenciaria toda a cadeia produtiva. Tem-se como exemplo a Política Integrada de Produtos na Europa.
LP
19. Criar parcerias com: o Órgãos ambientais dos estados, para que as
licenças ambientais possam servir como instrumento de pesquisas para o banco de dados brasileiro. Escolher um órgão ambiental como piloto para analisar o formulário da licença ambiental, levantar os dados que este órgão possui atualmente e identificar como as informações podem ser melhoradas e direcionadas para servir de fonte para o banco de dados.
o Associação Brasileira do Ciclo de Vida para estimular um fórum de discussões e o seu fortalecimento, para representar e impulsionar o desenvolvimento de ACV no Brasil. Em alguns países as associações de classe têm um papel de destaque, sendo responsáveis pelas atividades de ACV, mantendo articulações com o governo, a indústria e a academia.
o Países com experiências em ACV, para interagir com os casos de sucesso, além de fornecedores de softwares e institutos que já desenvolveram banco de dados. Em relação ao banco de dados, devem-se conhecer os modelos, a forma de concepção e as dificuldades enfrentadas por países como Japão, Suíça e Alemanha, entre outros, que já têm seus bancos de dados mais avançados. Deve-se também interagir com os fornecedores de softwares, pois estes possuem experiência acumulada no uso da ACV.
CP CP CP
Legenda: CP - Curto Prazo; MP - Médio Prazo; LP - Longo Prazo.
86
Fatos motivadores para a inserção da ACV no meio acadêmico:
o Desenvolvimento de competências em ACV (formação de mão-de-obra
especializada, com aplicação da ferramenta e uso de softwares específicos);
o Reconhecimento dos grupos de estudos, através dos trabalhos acadêmicos
publicados dentro e fora do país;
o As parcerias com empresas resultariam em capacitação, metodologia sendo
aplicada na prática, troca de informação, coleta de dados primários,
resultando em um rico acervo para ensinamentos da ACV;
o Desenvolvimento da capacidade de “tomada de decisão” baseada em
estudos de ACV, dentro das disciplinas nas universidades;
o Contribuição para o projeto do banco de dados de ACV brasileiro.
Fatos motivadores para inserção da ACV nas empresas:
o Através de estudos de ACV serão identificados os pontos críticos ambientais
ao longo do ciclo de vida do produto. A partir dessa identificação, a empresa
pode melhorar a performance ambiental e utilizá-la como uma estratégia de
marketing almejando obter o reconhecimento do público consumidor por meio
do aumento das vendas. Conseqüentemente, a empresa obtém ganhos
econômicos;
o O trabalho de parcerias resulta em ganhos e trocas de informações
importantes, em que as empresas se beneficiam por meio das pesquisas e
estudos com as universidades e com a interação com as associações de
classe. Com o governo será um forte aliado para alimentação de informação
para o banco de dados brasileiro de ACV;
o As empresas pró-ativas terão a possibilidade de melhorar o processo de
transformação do mercado, com melhoria da imagem, através de uma
diferenciação do produto, de maiores vendas e do retorno financeiro;
o Atendimento das exigências da Rotulagem Ambiental tipo III, baseada em
estudos de ACV, para as empresas que desejarem expandir seus negócios
através da exportação de seus produtos para a Europa.
87
Fatos motivadores para inserção da ACV no governo:
o Melhor utilização dos recursos públicos, fomentando a participação financeira
do setor privado nos projetos cooperativos de ACV e promovendo resultados
mais visíveis para a sociedade;
o Criação de competências no seu quadro institucional, facilitando as
articulações com os parceiros, mantendo um grupo de trabalho permanente
sem sofrer descontinuidades. Atualmente, o corpo técnico do IBICT envolvido
nesse tema é bastante restrito;
o As parcerias entre o governo e os diversos atores são de fundamental
importância para o desenvolvimento e sucesso do banco de dados. Isso pode
ser verificado nos países que já têm seus bancos de dados avançados, como
Japão, Suécia e Alemanha;
o A concessão de uma linha de crédito baseada numa ferramenta ambiental
nos bancos públicos será um estímulo ao uso, desenvolvimento e à prática da
ACV pelas empresas;
o Fortalecimento nas ações a serem desenvolvidas no âmbito dos governos
federal e estadual, com articulações com outros ministérios e órgãos
governamentais;
o As tomadas de decisões baseadas em estudos de ACV na área pública têm
um respaldo ambiental, pois essa ferramenta integra estudos envolvendo toda
a cadeia produtiva, logo tais decisões serão tomadas com base no menor
impacto ambiental;
o Desenvolvimento da ferramenta ACV, no que se refere aos aspectos
ambientais, econômicos e sociais, para orientar políticas públicas, que podem
ser viabilizadas da seguinte forma:
• Realizar uma caracterização preliminar em conjunto com especialistas
para traçar um esboço de ações de políticas públicas que contemplem
ACV respeitando os interesses das partes interessadas;
• Com base neste estudo, envolver os diversos atores, ligados a diferentes
setores, para que participem de um processo de discussão e,
conseqüentemente, atinjam um consenso sobre as ações a serem
desenvolvidas;
• Identificar as oportunidades de investimentos e prioridades políticas,
considerando os pilares da sustentabilidade para definir prioridades de
88
implementação. Pode-se trazer como exemplo o caso de tributação
diferenciada em função do desempenho ambiental dos produtos.
89
6 CONCLUSÕES
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de propor ações para a inserção da
Avaliação do Ciclo de Vida como instrumento para a sustentabilidade ambiental
brasileira. Mostrou-se um panorama da ACV no mundo e no Brasil, identificando
estudos acadêmicos realizados sobre o tema e apontando as competências
regionais que têm sido formadas em torno do assunto, assim como as iniciativas de
uso desse instrumento no meio governamental e empresarial brasileiro. Ao final,
foram feitas proposições para melhorar as interações entre os diversos atores.
Acerca do panorama da ACV no mundo, conclui-se que as parcerias entre os
diversos setores, as ações integradas e os investimentos nos trabalhos conjuntos,
são importantes para se chegar ao processo de formulação de políticas públicas e
programas sobre ACV. Observa-se que os bancos de dados são de fundamental
importância para a implementação da ACV. Nesse contexto, a Europa desponta em
relação ao desenvolvimento da ACV. Nos países em desenvolvimento, ainda não
existem parcerias suficientes ou estas ainda estão se formando, havendo poucos
estudos sobre a ACV. No Brasil, pesquisou-se sobre os setores acadêmico,
empresarial e governamental.
No setor acadêmico brasileiro, algumas universidades, que já despontam com seus
grupos de pesquisa em ACV, devem ser destacadas. Podemos citar o caso da USP,
com o Grupo de Prevenção da Poluição, que já contabiliza oito dissertações de
mestrado e uma tese de doutorado. Faz-se necessário frisar a importância deste
grupo no desenvolvimento da ACV no país. A universidade que até o momento
produziu mais teses de doutorado foi a Unicamp, com cinco trabalhos. De acordo
com o ano de publicação desses trabalhos, observou-se que não existe uma
evolução quantitativa dos mesmos no decorrer dos anos. Os trabalhos acadêmicos
brasileiros contemplam diversos segmentos produtivos, tais como: petroquímico,
construção civil, agricultura, energia elétrica, alumínio etc. Observa-se uma afinidade
de algumas universidades por determinados assuntos: a USP, em energia; a UFSC
e a UFGRS, em construção civil; a UnB, em agricultura e a UFBA, em políticas
públicas e industriais. É no setor acadêmico em que há o maior desenvolvimento da
ACV no Brasil, apesar de atrasado em relação aos países desenvolvidos. Entende-
90
se que as universidades devam procurar parcerias, principalmente com empresas
para desenvolver projetos cooperativos, e com o governo para que os resultados
das pesquisas possam servir para construção do banco de dados nacional e para a
formulação de políticas públicas. Sugere-se que a academia concentre seus
esforços em linhas específicas de pesquisa, criando centros de referência em
determinados temas de ACV.
Foram identificadas poucas empresas que utilizam a ferramenta ACV, a maioria
destas é de grande porte ou faz parte de grupos multinacionais de origem Européia.
Conclui-se que se deve fomentar a ACV dentro das empresas e incentivar parcerias
entre as mesmas ou com associações empresariais, com as universidades e com o
governo, para aumentar o uso dessa ferramenta.
No governo, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)
possui um projeto de Inventário do Ciclo de Vida que está na fase de planejamento e
capacitação para formação de um banco de dados nacional. Até o momento, o
projeto só conta com a parceria de uma empresa, a Petrobras, sendo importante a
adesão de outras, e principalmente de associações empresariais para que as
informações para construção do banco de dados estejam acessíveis. Conclui-se que
o esforço demonstrado pelo governo, na construção de um banco de dados
brasileiro, seja um passo importante para o desenvolvimento do seu inventário.
Entretanto, observa-se que a equipe técnica do IBICT deve estar estruturada para
este fim e ser multidisciplinar; que promova parcerias com universidades, outros
órgãos governamentais, órgãos ambientais estaduais e com instituições
estrangeiras. Sugere-se divulgar a ACV nos principais pólos industriais, para
disseminar o conhecimento e a informação. Espera-se também que, a médio e longo
prazo, o governo amplie as suas ações indo além do banco de dados, ou seja, que
viabilize políticas públicas que tenham por base estudos de ACV, envolvendo os
diversos atores brasileiros. A longo prazo, o esperado é que as ações em ACV
sejam estendidas também para tomada de decisão no plano governamental.
Sugere-se que uma das formas de avaliar os efeitos destas proposições no futuro,
seja através de um novo levantamento nos três setores analisados.
91
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ANEXO A – RELAÇÃO DAS NORMAS ISO/ABNT DE ACV
o ISO 14040 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle
Assessment - Principles and Framework. 1997.
NBR ISO 14.040 - Princípios e estrutura, em 2001.
o ISO 14041 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle
Assessment Goal and Scope Definition and Inventory Analysis.1998.
ABNT NBR ISO 14.041 - Definições e análise de inventário, em 2004.
o ISO 14042 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle
Assessment - Life Cycle Impact Assessment. 2000.
ABNT NBR ISO 14.042 – Avaliação de impactos, em 2004.
o ISO 14043 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle
Assessment - Life Cycle Interpretation. 2000.
ABNT NBR ISO 14.043 – Interpretação do ciclo de vida, em 2005.
ISO TR 14047: Exemplos de Aplicação da ISO 14042
ISO TR 14048: Formato da Apresentação de Dados
ISO TR 14049: Exemplos de Aplicação da ISO 14041
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APÊNDICE A – RELAÇÃO DAS DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO Identificadas no período da busca, de abril a junho de 2006.
MESTRADO Titulo Aluno Orientador Universidade Mestrado
1. Inventário de Ciclo de Vida da Geração Hidrelétrica no Brasil - Usina de Itaipu: Primeira Aproximação. 2003.
Flávio de Miranda Ribeiro.
2. Inventário de ciclo de vida do sistema
de transmissão de energia elétrica. 2004 214p.
Wady Facury Victorino
3. Inventário de ciclo de vida da
distribuição de energia elétrica no Brasil. 2003. 341p.
Alexandre Yoshikazu Yokote.
4. Inventário do ciclo de vida do PVC produzido no Brasil. 2004. 174 p.
Fúlvia Jung Borges
Gil Anderi
5. Estudo Quantitativo do Impacto Ambiental na Produção Industrial do Polietileno. Resumo de dissertação. 2004.
Éden R. C Souza
Pedro Mauricio Büchler
6. Desenvolvimento de Modelo de Análise de Ciclo de Vida adequado às Condições Brasileiras: Aplicação ao Caso do Superfosfato Simples. 2000. 141p.
Luiz Alexandre Kulay.
7. Desenvolvimento de Modelo para Avaliação de Softwares de apoio à Análise de Ciclo de Vida. 2002. 109p.
Adriana Karaver Benjamin
8. Modelagem de sistemas de produto em estudos de avaliação do ciclo de vida (ACV). 2004. 135p
Paulo Henrique Ribeiro
Gil Anderi
Engenharia Química
9. O impacto do Marketing 'verde' nas decisões sobre embalagens das cervejarias que operam no Brasil. 2003 139p.
Marcos Fruet Palhares
Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi
Administração
10. Análise de Ciclo de Vida Ambiental Aplicada à Construção Civil - Estudo de Caso: Comparação entre Cimentos Portland com Adição de Resíduos. 2005
Juliana de Carvalho
Vanderley Moacyr John
Engenharia Civil
11. A Análise do Ciclo de Vida e os Custos Completos no Planejamento Energético. 2000. 228p.
Claudio Elias Carvalho
Lineu Belico dos Reis
Engenharia Elétrica
12. Análise de Ciclo de Vida como Contribuição à Gestão Ambiental de Processos Produtivos e Empreendimentos energéticos. 1999. 190p.
Osvaldo Stella Martins
Célio Bermann
Interunidades em Energia
13. O Fator Higiene Ocupacional, dentro da Análise do Ciclo de Vida de um
Telmo Luiz Bruson
João Vicente de Assunção
Universidade de São Paulo (USP)
Saúde Pública
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MESTRADO Titulo Aluno Orientador Universidade Mestrado
Produto: Proposta para Abordagem. 2001. 211p.
14. Delineamento de metodologias de gestão ambiental para execução de teste hidrostático em dutos de gás natural. 2004. 63p.
Renato Paula de Andrade
Djalma Dias da Silveira
15. ACV (Análise do Ciclo de Vida) como Ferramenta de decisão para diminuir o passivo ambiental numa indústria moveleira. 2003. 201 p.
Rosane Rodrigues Pagno
16. Programa de Gestão Ambiental para o processo de mineração no município de São Domingos do Sul, RS. 2003. 143p.
Luciane Poleto Gatto
17. Análise de Ciclo de Vida na fabricação de reservatórios de água de fibra de vidro. 2004. 58p.
Husein Husni Caldeira Husein
Jorge Orlando Cuéllar Noguera
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Engenharia de Produção
18. Captação residencial de água da chuva para fins não potáveis em porto alegre: aspectos básicos da viabilidade técnica e benefícios do sistema. 2004. 116p.
Rafael Simões Mano
Carin Maria Schmitt
19. Identificação dos Impactos Ambientais causados pela Indústria de Cerâmica Vermelha do Rio Grande do Sul. 2003. 179p.
Constance Manfredini.
Miguel Aloysio Sattler
Engenharia Civil
20. Avaliação de Impactos e Custos Ambientais em Processos Industriais: uma abordagem metodológica. 2003. 170p.
Paulo Ricardo Santos da Silva.
Fernando Gonçalves Amaral
Engenharia de Produção
21. Tecnologias de Produção mais Limpas e Análise de Ciclo de Vida na Indústria da Construção Civil - Estudos de Casos. 2000. 119p.
Carlos Vicente John dos Santos
Luiz Fernando de Abreu Cybis
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
22. Avaliação de Ciclo de Vida de Produtos Metalúrgicos. 01/03/2003. 81p.
Sérgio Luiz Puff.
23. Diretrizes de Gestão Ambiental na Indústria da Construção Civil de Edificações. 2002. 84p.
Sheila Elisa Scheidemantel Klein
Ingeborg Sell
Engenharia Ambiental
24. Barômetro de Gestão no Estado de Santa Catarina – Brasil. 1999. 97p.
Luiz Pedro Benvenutti
25. Utilização da ACV (Avaliação do
Ciclo de Vida) e do DFE (Design for Environment) como subsídio em processos decisórios na avaliação da melhor opção de projeto do produto objetivando a redução dos custos ambientais nas empresas. 1999. 170p.
George Luiz Bleyer Ferreira
Beate Frank
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Administração
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MESTRADO Titulo Aluno Orientador Universidade Mestrado
26. O PVC e a sustentabilidade ambiental: marcos históricos e o caso Amanco Brasil. 2004. 116p.
Regina Celia Zimmermann.
Fernando Soares Pinto Sant´Anna
Engenharia Ambiental
27. Pavimento rígido como alternativa econômica para pavimentação. 2001.117p.
José Carlos Lobato Mesquita
Antonio Edésio Jungles
28. Comparação entre os processos de produção de blocos cerâmicos e de concreto para alvenaria estrutural através da Análise do Ciclo de Vida. 2002. 121p.
Deise Viana Mastella
Philippe Jean Paul Gleize
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Engenharia Civil
29. Análise de Ciclo de Vida (ACV) da produção agrícola familiar em Unaí, MG: resultados econômicos e impactos ambientais. 2003. 149 p.
José Humberto Valadares Xavier
30. Normatização, padronização, classificação e qualidade de grãos de arroz para comercialização interna: uma abordagem crítica. 2003. 204p.
Raimundo Ricardo Rabelo
31. Gestão do Ciclo de Vida (GCV) como
auxilio à ciência e tecnologia para a gestão ambiental: o caso do óleo lubrificante automotivo usado. 2005. 140 p.
Gustavo Felice de Barros
Armando Caldeira-Pires
Universidade de Brasília (UnB)
Desenvolvimento Sustentável
32. Proposta de Simbiose Industrial para Minimizar os Resíduos Sólidos no Pólo Petroquímico de Camaçari. 2004. 139p.
Armando Hirohumi Tanimoto.
33. Inserção da Análise de Ciclo de Vida no Estado da Bahia, através da atuação do órgão ambiental. 2004. 144p.
Cristiane Sandes Tosta.
Asher Kiperstok
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo
34. Utilização do método LiDS para identificação de diretrizes visando a Análise de Impactos Ambientais no ciclo de vida de produtos veterinários. 2004 Mestrado
Adriano dos Reis Lucente.
José Flávio Diniz Nantes
Engenharia d e Produção
35. Estudo do Ciclo de Vida do pneu automotivo e oportunidades para a disposição final de pneus. 2002. 130p.
Marcelo Costa Almeida.
José Angelo Rodrigues Gregolin e Sati Manrich
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)
Engenharia dos Materiais
36. Análise de Ciclo de Vida orientada para o meio ambiente: uma revisão crítica. 1998 173p.
Rita Mello Magalhães.
Luiz Antonio Meirelles
Engenharia de Produção
37. Estudo da Técnica de Análise do Ciclo de Vida e sua Aplicação como Ferramenta de Gestão Ambiental nas
Stella Maris Gomes de Almeida.
Rafael Schechtman
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Planejamento Energético
107
MESTRADO Titulo Aluno Orientador Universidade Mestrado
Empresas. 1998. 232p.
38. Analise do Ciclo de Vida de embalagens de PET, de aluminio e de vidro para refrigerantes no Brasil variando a taxa de reciclagem dos materiais. 01/12/2004 1v. 193p.
Renata Bachmann Guimaraes Valt.
Georges Kaskantzis Neto
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Engenharia
39. Situação da Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos em Campo Grande, MS 2002. 1v. 122p.
Helena Cisotto Sartori.
Osni Corrêa de Souza; Silvio Favero; Vera Lucia Ramos Bononi.
Universidade para Des. do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP)
Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional
40. Subsídios para Análise do Ciclo de Vida de assentos à base de côco e látex. 2000. 131p.
Vera Lúcia Pimentel Salazar.
Alcides Lopes Leão; Jayme de Toledo Piza e Ameida Neto
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Botucatu (UNESP)
Agronomia (Energia na Agricultura)
41. Florestas, madeira e habitações: Análise energética e ambiental da produção e uso de madeira como uma contribuição para o desafio da valorização da Floresta Amazônica. 2001. 130p.
Gisela de Andrade Brugnara
José Tomaz Vieira Pereira
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Planejamento de Sistemas Energéticos
42. Técnica de Análise do Ciclo de Vida para gerenciamento ambiental de propriedades produtoras de suínos. 2003. 124p.
Giovanno Pretto
Aziz Galvão da Silva Júnior
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Economia Aplicada
43. Aplicação da Avaliação do Ciclo de Vida do produto pelas organizações com sistema de gestão ambiental e certificado. 2004. 129p.
Margareth Lafin.
João Alberto Neves dos Santos
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Sistemas de Gestão
44. Análise das potencialidades da Avaliação do Ciclo de Vida de produto como instrumento de apoio à gestão ambiental. 1998. 122p
Antônio dos Santos
Paulo Jorge Moraes Figueiredo
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP)
Engenharia de Produção
45. Balanço, análise de emissão e seqüestro de CO2 na geração de eletricidade excedente no setor sucro-alcooleiro. 2004. 174p.
Felipe Moreton Chohfi
Electo Eduardo Silva Lora; Francisco Antonio Dupas
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI)
Engenharia de Energia
46. O designer e a Avaliação do Ciclo de Vida dos produtos: análise do uso das ferramentas. 2006
Ricardo Barreto Moraes
Alfredo Jefferson de Oliveira
Pontifícia Universidade Católica (PUC) Rio de Janeiro
47. Implantação da norma ISO14040 numa indústria de vidro plano. 2002.
Rose Maria Arantes Santos
Armando Caldeira-Pires
Universidade de Taubaté (UNITAU)
Gestão Ambiental
108
DOUTORADO Titulo Aluno Orientador Universidade Doutorado
1. Análise de Ciclo de Vida: estudo de caso para materiais e componentes automotivos. 2001. 180 p.
Cássia Maria Lie Ugaya
Arnaldo Cesar da Silva Walter
2. Proposta de metodologia e
concepção e projeto de produto considerando aspectos ambientais no ciclo de vida. 2000. 163p.
Yane Ribeiro de Oliveira Lobo
Paulo Correa Lima
3. Síntese otimizada de sistemas de aquecimento solar de água. 2000. 130p.
Thomaz Penteado de Freitas Borges
Sílvia Azucena Nebra de Pérez
Engenharia Mecânica
4. Metodologia e procedimentos para a consideração ambiental no projeto de processos químicos. 2003. 347p.
Paulo Ernani Bauer
Rubens Maciel Filho Engenharia Química
5. Análise de Ciclo de Vida aplicada ao processo de cerâmica tendo como insumo energético capim elefante 2003. 116p.
Omar Seye
Luis Augusto Barbosa Cortez
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Planejamento de Sistemas Energéticos
6. Avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros: diretrizes e base metodológica. 2003. 210p.
Vanessa Gomes da Silva.
Vahan Agopyan
7. Eco-eficiência na indústria de celulose e Papel. 2003 375p.
Zeila Chittolina Piotto
Dione Mari Morita
Engenharia Civil
8. Análise ambiental de aços forjados. 2004. 100p
Jean Carlo Camasmie de Paola.
Jorge Alberto Soares Tenório
Engenharia Metalúrgica
9. Uso da Análise de Ciclo de Vida para a comparação do desempenho ambiental das rotas úmida e térmica de produção de fertilizantes fosfatados. 2004. 314p.
Luiz Alexandre Kulay
Gil Anderi
Universidade de São Paulo (USP)
Engenharia Química
10. Análise do Ciclo de Vida aplicada ao Gerenciamento de Resíduos: o caso da ETA Bolonha. 2003. 340p.
Luiza Carla Girard Teixeira Machado
José Almir Rodrigues Pereira; Marcos Ximenes Ponte
11. Análise do Ciclo de vida: uma avaliação social e econômica da reciclagem das latas de alumínio da cidade de Belém. 2004. 296p.
Arimar Leal Vieira
Marcos Ximenes Ponte
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Des. Sustentável do Trópico Úmido
12. Avaliação de Ciclo de Vida de garrafas PET: materiais, energia e emissões. 2004.130p.
Marcus Vinicius Pereira Remédio
Maria Zanin
Ciência e Engenharia dos Materiais
13. Avaliação do Ciclo de Vida do álcool etílico hidratado combustível pelos métodos EDIP, Exergia e Emergia. 2005. 200 p
Aldo Roberto Ometto
Woodrow Nelson Lopes Roma
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) -
Engenharia Hidráulica e Saneamento
14. Seleção de fronteiras para Análise de Ciclo de Vida de sistemas que emitem poluentes tóxicos de chaminés. 2002. 130p.
Stelvia Vigolvino Matos
Valdir Schalch
Universidade de São Paulo / São Carlos
Engenharia Hidráulica e Saneamento
15. Desenvolvimento de uma metodologia e um software para avaliação ambiental de processos metalúrgicos. 2001. 384p.
Luciano Miguel Moreira dos Santos
Edwin Auza Villegas Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Engenharia Metalúrgica e de Minas
16. Planejamento baseado em casos aplicado na resolução de não-conformidades (NC) ambientais no
Harryson Luiz da Silva
Luiz Fernando Jacintho Maia
Universidade Federal de Santa
Engenharia de Produção
109
DOUTORADO Titulo Aluno Orientador Universidade Doutorado
ciclo de vida de produtos, processos e serviços. 1997. 234p
Catarina (UFSC)
17. Análise da eficiência da cadeia
energética para as principais fontes de energia utilizadas em veículos rodoviários no Brasil. 2004. 297p.
Marcio de Almeida D´Agosto
Suzana Kahn Ribeiro
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Engenharia de Transportes
110
APÊNDICE B - LISTAGEM DAS DISSERTAÇÕES E TESES DE ACV DE ACORDO COM O ANO DE PUBLICAÇÃO
MESTRADO Titulo Aluno Professor Universidade Ano de
Formação Produção por ano
Análise de Ciclo de Vida orientada para o meio ambiente: uma revisão crítica.
Rita Mello Magalhães.
Luiz Antonio Meirelles,
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Engenharia de Produção
Estudo da técnica de Análise do Ciclo de Vida e sua aplicação como ferramenta de gestão ambiental nas empresas.
Stella Maris Gomes de Almeida.
Rafael Schechtman.
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Planejamento Energético
Análise das potencialidades da Avaliação do Ciclo de Vida de produto como instrumento de apoio à gestão ambiental.
Antônio dos Santos
Paulo Jorge Moraes Figueiredo.
Universidade Metodista de Piracicaba - Engenharia de Produção
1998
3
Análise de Ciclo de Vida como contribuição à gestão ambiental de processos produtivos e empreendimentos energéticos.
Osvaldo Stella Martins
Célio Bermann.
Universidade de São Paulo - Interunidades Em Energia
Utilização da ACV (Avaliação do Ciclo de Vida) e do DFE (Design for Environment) como subsídio em processos decisórios na avaliação da melhor opção de projeto do produto objetivando a redução dos custos ambientais nas empresas.
George Luiz Bleyer Ferreira
Beate Frank. Universidade Regional de Blumenau - Administração
Barômetro de gestão no Estado de Santa Catarina – Brasil
Luiz Pedro Benvenutti
Beate Frank Universidade Regional de Blumenau – Administração
1999
3
A Análise do Ciclo de Vida e os custos completos no planejamento energético.
Claudio Elias Carvalho
Lineu Belico dos Reis.
Universidade de São Paulo - Engenharia Elétrica
Desenvolvimento de modelo de Análise de Ciclo de Vida adequado às condições brasileiras: aplicação ao caso do superfosfato simples.
Luiz Alexandre Kulay.
Gil Anderi Universidade de São Paulo - Engenharia Química
Subsídios para Análise do Ciclo de Vida de assentos à base de côco e látex.
Vera Lúcia Pimentel Salazar.
Alcides Lopes Leão
Universidade Est.Paulista Júlio de Mesquita Filho/Botucatu - Agronomia
Tecnologias de Produção mais Limpas e Análise de Ciclo de Vida na indústria da construção civil - estudos de casos.
Carlos Vicente John dos Santos
Luiz Fernando de Abreu Cybis.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
2000 4
111
MESTRADO Titulo Aluno Professor Universidade Ano de
Formação Produção por ano
O Fator Higiene Ocupacional, dentro da Análise do Ciclo de Vida de um produto: proposta para abordagem.
Telmo Luiz Bruson
João Vicente de Assunção.
Universidade de São Paulo - Saúde Pública
Florestas, madeira e habitações: análise energética e ambiental da produção e uso de madeira como uma contribuição para o desafio da valorização da Floresta Amazônica.
Gisela de Andrade Brugnara
José Tomaz Vieira Pereira.
Universidade Estadual de Campinas - Planejamento de Sistemas Energéticos
Pavimento rígido como alternativa econômica para pavimentação.
Jose Carlos Lobato Mesquita
Antonio Edésio Jungles.
Universidade Federal de Santa Catarina - Engenharia Civil
2001
3
Implantação da norma ISO 14040 numa indústria de vidro plano.
Rose Maria Arantes Santos
Armando Caldeira- Pires.
Universidade de Taubaté - Gestão Ambiental
Situação da Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos em Campo Grande,
Helena Cisotto Sartori.
Osni Corrêa de Souza
Univ. para Desenvol. do Estado e da Região do Pantanal
Desenvolvimento de modelo para avaliação de softwares de apoio à Análise de Ciclo de Vida
Adriana Karaver Benjamin
Gil Anderi Universidade de São Paulo - Engenharia Química
Comparação entre os processos de produção de blocos cerâmicos e de concreto para alvenaria estrutural através da Análise do Ciclo de Vida.
Deise Viana Mastella
Philippe Jean Paul Gleize.
Universidade Federal de Santa Catarina - Engenharia Civil
Estudo do Ciclo de Vida do pneu automotivo e oportunidades para a disposição final de pneus.
Marcelo Costa Almeida.
José Ângelo Rodrigues Gregolin.
Universidade Federal de São Carlos - Ciência e Engenharia dos Materiais
Diretrizes de gestão ambiental na indústria da construção civil de edificações.
Sheila Elisa Scheidemantel Klein Sheila
Ingeborg Sell. Universidade Regional de Blumenau - Engenharia Ambiental
2002
6
Análise de Ciclo de Vida (ACV) da produção agrícola familiar em Unaí, MG: resultados econômicos e impactos ambientais.
José Humberto Valadares Xavier
Normatização, padronização, classificação e qualidade de grãos de arroz para comercialização interna: uma abordagem crítica.
Raimundo Ricardo Rabelo
Armando Caldeira-Pires
Universidade de Brasília - Desenvolvimento Sustentável
2003
11
112
MESTRADO Titulo Aluno Professor Universidade Ano de
Formação Produção por ano
O impacto do Marketing 'Verde' nas decisões sobre embalagens das cervejarias que operam no Brasil.
Marcos Fruet Palhares
Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi
Universidade de São Paulo - Administração
ACV (Análise do Ciclo de Vida) como ferramenta de decisão para diminuir o passivo ambiental numa indústria moveleira.
Rosane Rodrigues Pagno
Jorge Orlando Cuéllar Noguera.
Universidade Federal de Santa Maria - Engenharia de Produção
Programa de gestão ambiental para o processo de mineração no município de São Domingos do Sul, RS
Luciane Poleto Gatto
Jorge Orlando Cuéllar Noguera
Universidade Federal de Santa Maria - Engenharia De Produção
Técnica de Análise do Ciclo de Vida para gerenciamento ambiental de propriedades produtoras de suínos. 01/02/2003 1v. 124p.
Giovanno Pretto Aziz Galvão da Silva Junior.
Universidade Federal de Viçosa - Economia Aplicada
Identificação dos impactos ambientais causados pela indústria de cerâmica vermelha do rio grande do sul.
Constance Manfredini.
Miguel Aloysio Sattler
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Engenharia Civil
Inventário de ciclo de vida da geração hidrelétrica no Brasil - usina de Itaipu: primeira aproximação.
Flávio de Miranda Ribeiro.
Inventário de Ciclo de Vida da distribuição de energia elétrica no Brasil.
Alexandre Yoshikazu Yokote.
Gil Anderi
Universidade de São Paulo - Engenharia Química
Avaliação de impactos e custos ambientais em processos industriais: uma abordagem metodológica.
Paulo Ricardo Santos da Silva.
Fernando Gonçalves Amaral.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Engenharia de Produção
Avaliação de Ciclo de Vida de Produtos Metalúrgicos.
Sérgio Luiz Puff. Ingeborg Sell Universidade Regional de Blumenau - Engenharia Ambiental
Inserção da Análise de Ciclo de Vida no Estado da Bahia, através da atuação do órgão ambiental.
Cristiane Sandes Tosta.
Proposta de Simbiose Industrial para minimizar os resíduos sólidos no Pólo Petroquímico de Camaçari.
Armando Hirohumi Tanimoto.
Asher Kiperstok.
Universidade Federal da Bahia - Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo
Inventário de Ciclo de Vida do sistema de transmissão de energia elétrica.
Wady Facury Victorino
Modelagem de sistemas de produto em estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV).
Paulo Henrique Ribeiro
Gil Anderi Universidade de São Paulo - Engenharia Química
2004
14
113
MESTRADO Titulo Aluno Professor Universidade Ano de
Formação Produção por ano
Inventário do Ciclo de Vida do PVC produzido no Brasil. 2004
Fúlvia Jung Borges
Estudo quantitativo do impacto ambiental na produção industrial do polietileno.
Eden Roberto Cavalcante Souza
Pedro Mauricio Büchler.
Universidade de São Paulo - Engenharia Química
O PVC e a sustentabilidade ambiental: marcos históricos e o caso Amanco Brasil.
Regina Celia Zimmermann.
Fernando Soares Pinto Sant´Anna.
Universidade Federal de Santa Catarina - Engenharia Ambiental
Delineamento de metodologias de gestão ambiental para execução de teste hidrostático em dutos de gás natural.
Renato Paula de Andrade
Djalma Dias da Silveira.
Universidade Federal de Santa Maria - Engenharia de Produção
Análise de Ciclo de Vida na fabricação de reservatórios de água de fibra de vidro.
Husein Husni Caldeira Husein
Jorge Orlando Cuéllar Noguera
Universidade Federal de Santa Maria - Engenharia de Produção
Utilização do Método LiDS para identificação de diretrizes visando a análise de impactos ambientais no ciclo de vida de produtos veterinários. 12/07/2004 Mestrado
Adriano dos Reis Lucente.
José Flávio Diniz Nantes.
Universidade Federal de São Carlos – Engenharia de Produção
Analise do Ciclo de Vida de embalagens de PET, de alumínio e de vidro para refrigerantes no Brasil variando a taxa de reciclagem dos materiais.
Renata Bachmann Guimaraes Valt.
Georges Kaskantzis Neto.
Universidade Federal do Paraná - Engenharia
Captação residencial de água da chuva para fins não potáveis em porto alegre: aspectos básicos da viabilidade técnica e benefícios do sistema.
Rafael Simões Mano
Carin Maria Schmitt.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Engenharia Civil
Aplicação da Avaliação do Ciclo de Vida do produto pelas organizações com sistema de gestão ambiental e certificado.
Margareth Lafin. João Alberto Neves dos Santos.
Universidade Federal Fluminense - Sistemas de Gestão
Balanço, análise de emissão e seqüestro de CO2 na geração de eletricidade excedente no setor sucro-alcooleiro.
Felipe Moreton Chohfi
Electo Eduardo Silva Lora
Universidade Federal de Itajubá - Engenharia de Energia
114
MESTRADO Titulo Aluno Professor Universidade Ano de
Formação Produção por ano
Gestão do Ciclo de Vida (GCV) como auxilio à ciência e tecnologia para a gestão ambiental: o caso do óleo lubrificante automotivo usado.
Gustavo Felice de Barros
Armando Caldeira-Pires
Universidade de Brasília - Desenvolvimento Sustentável
Análise de Ciclo de Vida Ambiental aplicada à construção civil - estudo de caso: comparação entre cimentos Portland com adição de resíduos.
Juliana de Carvalho
Vanderley Moacyr John.
Universidade de São Paulo - Engenharia Civil
2005
2
O designer e a avaliação do ciclo de vida dos produtos: análise do uso das ferramentas.
Ricardo Barreto Moraes
Alfredo Jefferson de Oliveira.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
2006
1
115
DOUTORADO
Título Aluno Professor Universidade Ano de formação
Produção por ano
Planejamento baseado em casos aplicado na resolução de não-conformidades (NC) ambientais no ciclo de vida de produtos, processos e serviços
Harryson Luiz da Silva
Luiz Fernando Jacintho Maia
Universidade Federal de Santa Catarina - Engenharia de Produção
1997 1
Proposta de metodologia e concepção e projeto de produto considerando aspectos ambientais no ciclo de vida.
Yane Ribeiro de Oliveira Lobo
Paulo Correa Lima
Universidade Estadual de Campinas - Engenharia Mecânica
Síntese otimizada de sistemas de aquecimento solar de água.
Thomaz Penteado de Freitas Borges
Sílvia Azucena Nebra de Pérez
Universidade Estadual de Campinas - Engenharia Mecânica
2000
2
Análise de Ciclo de Vida: estudo de caso para materiais e componentes automotivos.
Cássia Maria Lie Ugaya
Arnaldo Cesar da Silva Walter.
Universidade Estadual de Campinas - Engenharia Mecânica
Desenvolvimento de uma metodologia e um software para avaliação ambiental de processos metalúrgicos.
Luciano Miguel Moreira dos Santos
Edwin Auza Villegas
Universidade Federal de Minas Gerais - Engenharia Metalúrgica e de Minas
2001 2
Seleção de fronteiras para Análise de Ciclo de Vida de sistemas que emitem poluentes tóxicos de chaminés
Stelvia Vigolvino Matos
Valdir Schalch Universidade de São Paulo/São Carlos - Engenharia Hidráulica e Saneamento
2002 1
Avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros: diretrizes e base metodológica.
Vanessa Gomes da Silva.
Vahan Agopyan Universidade de São Paulo - Engenharia Civil
Eco-eficiência na indústria de celulose e papel
Zeila Chittolina Piotto
Dione Mari Morita.
Universidade de São Paulo- Engenharia Civil
Metodologia e procedimentos para a consideração ambiental no projeto de processos químicos
Paulo Ernani Bauer
Rubens Maciel Filho
Universidade Estadual de Campinas - Engenharia Química
Análise de Ciclo de Vida aplicada ao processo de cerâmica tendo como insumo energético capim elefante
Omar Seye Luis Augusto Barbosa Cortez
Universidade Estadual de Campinas - Planejamento de Sistemas Energéticos
2003 5
116
DOUTORADO Título Aluno Professor Universidade Ano de
formação Produção por ano
Análise do Ciclo de Vida aplicada ao Gerenciamento de Resíduos: o Caso da ETA Bolonha
Luiza Carla Girard Teixeira Machado
José Almir Rodrigues Pereira; Marcos Ximenes Ponte
Universidade Federal do Pará - Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido
Uso da Análise de Ciclo de Vida para a comparação do desempenho ambiental das rotas úmida e térmica de produção de fertilizantes fosfatados
Luiz Alexandre Kulay
Gil Anderi da Silva
Universidade de São Paulo - Engenharia Química
Análise ambiental de aços forjados
Jean Carlo Camasmie de Paola.
Jorge Alberto Soares Tenório
Universidade de São Paulo - Engenharia Metalúrgica
Avaliação de Ciclo de Vida de garrafas PET: materiais, energia e emissões
Marcus Vinicius Pereira Remédio
Maria Zanin Universidade Federal de São Carlos - Ciência e Engenharia dos Materiais
Análise do Ciclo de Vida: uma avaliação social e econômica da reciclagem das latas de alumínio da cidade de Belém
Arimar Leal Vieira
Marcos Ximenes Ponte
Universidade Federal do Pará. Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido
Análise da eficiência da cadeia energética para as principais fontes de energia utilizadas em veículos rodoviários no Brasil
Marcio de Almeida d´Agosto
Suzana Kahn Ribeiro
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Engenharia de Transportes
2004 5
Avaliação do Ciclo de Vida do álcool etílico hidratado combustível pelos métodos EDIP, Exergia e Emergia
Aldo Roberto Ometto
Woodrow Nelson Lopes Roma
Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR
2005 1