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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE FISIOTERAPIA
MÁRCIO JOSÉ GONÇALVES REIS MARIANA CRISTINA DIAS GOMES
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E A FRAÇÃO EXALADA DE ÓXIDO NÍTRICO EM ADOLESCENTES COM ASMA
JUIZ DE FORA 2014
1
MÁRCIO JOSÉ GONÇALVES REIS MARIANA CRISTINA DIAS GOMES
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E A FRAÇÃO EXALADA DE ÓXIDO NÍTRICO EM ADOLESCENTES COM ASMA
Projeto de pesquisa apresentado como
requisito parcial para disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso II da Faculdade de
Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de
Fora
Profª. Ms. Rosa Maria de Carvalho Orientadora
Juiz de Fora 2014
2
3
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por nos dar força e capacidade para elaborar este
trabalho e transpassar mais uma importante etapa de nossas vidas.
Profundos agradecimentos a mestre, professora, mãe Rosa Maria de
Carvalho, por toda competência, experiência, dedicação, paciência,
compromisso e por nos dar inspiração e soluções para nossos problemas. A
Carla Malaguti, Leandro Ferracini Cabral e Maycon de Moura Reboredo por
fazerem parte da banca examinadora e enriquecer nosso trabalho com suas
sugestões e críticas. As colaboradoras que deram grande ajudar na coleta dos
nossos dados. Aos diretores, coordenadores e professores que confiaram em
nós e nos disponibilizaram suas instalações e também, aos pais e alunos pela
confiança, colaboração e por terem participado da nossa pesquisa.
Aos nossos pais, familiares, amigos e amores que nos apoiaram e não
nos deixaram desanimar diante das dificuldades enfrentadas.
Enfim, agradecemos a todos que de forma direta ou não contribuíram
para nossa construção e desenvolvimento acadêmico permitindo que hoje
nosso trabalho esteja concluído.
Márcio José Gonçalves Reis Mariana Cristina Dias Gomes
5
RESUMO
Introdução: A asma é tida como um problema de saúde mundial e como uma
das condições crônicas mais comuns que afeta tanto crianças quanto adultos.
Estima-se que ela acometa cerca de 300 milhões de indivíduos no mundo e
aproximadamente 20 milhões no Brasil. Coincidindo com o aumento da
prevalência da asma, tem ocorrido o aumento global da prevalência da
obesidade, principalmente entre crianças e adolescentes. Estas condições
clínicas têm, em comum, fatores como os componentes ambiental, genético e
inflamatório, além de influência direta sobre os volumes e capacidades
pulmonares. Objetivo: Investigar a relação entre indicadores inflamatórios das
vias aéreas e o estado nutricional em adolescentes com asma além de avaliar,
a relação entre as medidas de obesidade e sobrepeso, tendo como referência
os critérios propostos pela OMS pela avaliação de índice de massa corporal
(IMC). Metodologia: Estudo transversal observacional realizado com 41
adolescentes com idade entre 13 e 17 anos de duas escolas da cidade de Juiz
de Fora-MG, divididos em dois grupos, asma (GA) (n=28) e não asma (GN)
(n=13). Foi aplicado o questionário do International Study of Asthma and
Allergy in Childhood (ISAAC) para detecção da asma, além da avaliação
antropométrica, avaliação da função ventilatória e medida da fração exalada de
óxido nítrico (FeNO). Foram utilizados os testes t de Student e Kolmogorov
Smirnov para amostras independentes e aplicados os testes de correlação de
Pearson e de Spearman para verificar associação entre variáveis numéricas
sendo considerado o nível de significância de 5% (p≤0,05). Resultados: Não
foram encontradas diferenças para as variáveis antropométricas entre os
grupos, embora tenham sido encontrados maiores valores de C/Q entre os
meninos (p=0,001), independente da divisão dos grupos. Não foi encontrada
associação entre os níveis de FeNO e as medidas antropométricas. Quando
analisados separadamente os grupos, foi observada em GN, associação entre
FeNO e PT (r=0,680 p=0,015). Foram encontradas associações entre IMC e
CC (r=0,931; p<0,001), IMC e C/Q (r=0,407; p=0,008), IMC e PT (r=0,673;
p<0,001) e IMC e PS (r=0,688; p<0,001). Quando as análises de associação
6
foram realizadas levando-se em consideração os grupos A e N separadamente,
as correlações entre IMC e C/Q, assim como IMC e PS, somente foram
verificadas em GA. Conclusão: Não foi encontrada associação entre os níveis
de FeNO e o estado nutricional, somente no GA, maiores valores de FeNO se
relacionaram com maiores valores de PT. Embora todas as medidas
antropométricas apresentem boa correlação com IMC, CC apresenta maior
concordância com essa medida.
Palavras – chave: Asma. Obesidade. Sobrepeso. Avaliação nutricional. Óxido
nítrico. Adolescentes.
7
ABSTRACT
Introduction: Asthma is considered a worldwide health problem and one of the
most common chronic condition that affects both children and adults. It is
estimated that it affects approximately 300 million people worldwide and
approximately 20 million in Brazil. Coinciding with the increased prevalence of
asthma happens an overall increase in the prevalence of obesity, especially
among children and adolescents. These clinical conditions have in common,
environmental factors, genetic and inflammatory components and direct
influence on lung volumes and capacities. Objective: To investigate the
relationship between airway inflammatory markers and nutritional status in
adolescents with asthma as well as to evaluate the relation between waist-to-
hip ratio (C/Q), waist circumference (CC), triceps fold (PT) and subscapular fold
(PS) measurements with body mass index (BMI), the WHO reference criteria
detecting obesity and overweight. Methods: Cross-sectional study with 41
adolescents aged 13 to 17 years from Juiz de Fora - MG. The ISSAC
questionnaire was applied for detection of asthma, besides anthropometric
measurements, assessment of respiratory function and extent of fraction of
nitric oxide exhaled (FeNO). For the statistical analysis we used SPSS 14.0
version. The t Student and Kolmogorov-Smirnov for independent samples tests,
as well as Pearson and Spearman correlation were applied to test association
between numerical variables, considering significance level of 5 % (p ≤ 0.05).
Results: The sample was divided in two groups: asthma (AG) (n = 28) and non
asthma (NG) (n = 13). No differences were found for the anthropometric
variables between the groups, although higher values of C/Q among boys (p =
0.001) were found in the group as a whole. No association was found between
FeNO levels and anthropometric measurements. When analyzed separately the
FeNO and PT (r = 0.680; p = 0.015). Associations were found between BMI and
WC (r = 0.931; p < 0.001), BMI and C/Q (r = 0.407; p = 0.008), BMI and PT (r =
0.673; p < 0.001) and BMI and PS (r = 0.688; p < 0.001). When the association
analyzes were performed taking into account the GA and GN groups
separately, BMI and C/Q, as well as BMI and PS correlations, were observed
only in GA. Conclusions: No association between FeNO levels and nutritional
8
status was found and, only in GA, higher FeNO values were related to higher
PT values. Though all anthropometric measures were correlated with BMI, CC
showed greater agreement with this measure.
Key – words: Asthma. Obesity. Overweight. Nutritional assessment. Nitric
Oxide. Teens.
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Classificação de peso pelo IMC segundo OMS 19
FIGURA 2 – Pontos de corte sugeridos para identificar obesidade a partir de circunferência de cintura em crianças e adolescentes
26
FIGURA 3 – Avaliação da prega cutânea triciptal 27
FIGURA 4 – Avaliação da prega cutânea subescapular 27
FIGURA 5 – Curvas de percentil para prega cutânea para meninos e meninas
28
FIGURA 6 – Avaliação da função ventilatória com o espirômetro portátil 29
FIGURA 7 – Medida de FeNO 30
FIGURA 8 – Diagrama de dispersão para as variáveis fração exalada de óxido nítrico e prega triciptal de GN
34
FIGURA 9 – Diagrama dispersão para as variáveis índice de massa corporal e circunferência de cintura
35
FIGURA 10 – Diagrama de dispersão para as variáveis índice de massa corporal (IMC) e relação cintura quadril
35
FIGURA 11 – Diagrama de dispersão para as variáveis índice de massa corporal e prega triciptal
36
FIGURA 12 – Diagrama de dispersão para as variáveis índice de massa corporal e prega subescapular
36
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Idade e características antropométricas dos escolares
avaliadas 32
TABELA 2 – Valores espirométricos dos grupos GA e GN 33
TABELA 3 – Valores de FeNO nos grupos GA e GN 34
11
LISTA DE ABREVEATURAS
ATS - American Thoracic Society
C/Q - Relação circunferência cintura-quadril
CC – Circunferência cintura
cNOS – Óxido nítrico-sintase constitutiva
CVF – Capacidade vital forçada
DP – Desvio padrão
eNOS – Óxido nítrico-sintase constitutiva nas células endoteliais
FEF – Fluxo expiratório forçado
FeNO – Fração exalada de óxido nítrico
GA – Grupo Asma
GINA – Global Initiative in Asthma
GN – Grupo não Asma
HU/UFJF – Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
IgE – Imunoglobulina E
IL – Interleucina
IMC – Índice de massa corporal
iNOS – Óxido nítrico-sintase induzida
ISAAC – International Study of Asthma and Allergies in Children
ISAK – Sociedade Internacional para o Avanço da Cineantropometria
nNOS – Óxido nítrico-sintase constitutiva nos neurônios
NO - Óxido nítrico
NOe- Óxido nítrico exalado
NOS – Óxido nítrico-sintase
OMS – Organização Mundial da Saúde
PC – Prega cutânea
PCA – Prega cutânea abdominal
PCB – Prega cutânea bicipital
PC-R – Proteína c-reativa
PCS – Prega cutânea subescapular
PCSI – Prega cutânea suprailíaca
PCT – Prega cutânea tricipital
12
PFE – Pico de fluxo expiratório
TA – Termo de assentimento
TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido
TMI – Treinamento muscular inspiratório
TNF – Fator de necrose tumoral
VEF1 – Volume expiratório forçado no primeiro segundo
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 Asma 14
1.2 Obesidade 19
2 OBJETIVOS 24
1.1 Objetivo geral 24
1.2 Objetivo específico 24
3 METODOLOGIA 25
3.1 Desenho de estudo 25
3.2 Sujeito do estudo 25
3.3 Procedimentos de avaliação 26
3.3.1 Detecção da asma 26
3.3.2 Avaliação antropométrica 27
3.3.3 Avaliação da função ventilatória 30
3.3.4 Avaliação da fração de óxido nítrico exalado – FeNO 31
3.4 Análise estatística 32
4 RESULTADOS 34
5 DISCUSSÃO 40
6 CONCLUSÃO 45
REFERÊNCIAS 46
ANEXOS 51
ANEXO 1 – Parecer consubstanciado do CEP 51
ANEXO 2 – Questionário padrão do International Study of Asthma and
Allergies in Childhood – ISAAC 53
ANEXO 3 – Tabela para classificação do IMC em meninas 54
ANEXO 4 – Tabela para classificação do IMC em meninos 55
APENDICES 56
APENDICE 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido 56
APENDICE 2 – Termo de assentimento 59
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Asma
O documento Global Initiative in Asthma1 - GINA - (2010) e as
diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para Manejo da
Asma2 (2012) definem a asma como uma doença inflamatória de caráter
crônico, associada à hiper-reatividade das vias aéreas e responsável pelos
episódios recorrentes de dispnéia, aperto no peito e tosse que ocorrem,
particularmente, à noite e/ou pela manhã. Estes episódios, variáveis e
reversíveis de forma espontânea ou com medicações, estão associados à
obstrução difusa da passagem do ar nos pulmões que tem como componente
principal a inflamação, que faz com que as vias aéreas se tornem hiper-
responsivas a estímulos que seriam inócuos em pessoas normais3,4.
A asma é tida como uma das condições crônicas mais comuns que
afeta tanto crianças quanto adultos, sendo também considerada um problema
de saúde mundial. Estima-se que ela acometa cerca de 300 milhões de
indivíduos no mundo5 e que, no Brasil, existam aproximadamente 20 milhões
de asmáticos6.
A avaliação da prevalência da Asma é feita hoje, principalmente, a
partir da aplicação do questionário International Study of Asthma and Allergies
in Children (ISAAC)6,7. Este instrumento foi desenvolvido com o objetivo de
maximizar os valores de estudos epidemiológicos nesta área e observar a
prevalência e a gravidade desta doença, além de rinite e eczema em crianças e
adolescentes. O questionário é composto por perguntas que fazem referência a
sintomas da asma, sua intensidade e diagnóstico médico7,8. Na primeira fase
de aplicação do ISAAC no Brasil ficou evidenciada uma elevada prevalência da
asma – cerca de 19% - que, de forma semelhante a São José no Panamá, está
entre as maiores do mundo9.
Vários estudos têm relatado aumento da prevalência da
asma5,6,7,8,10, embora em alguns países encontre-se estável após elevação
15
recente5. Diversas teorias têm sido utilizadas para explicar este fenômeno e,
dentre elas, a “teoria da higiene”11 sugere que a exposição a infecções em
fases precoces da vida possa levar ao desenvolvimento de um padrão
imunológico menos suscetível a alergias, reduzindo a ocorrência de asma e
outras atopias. De forma contrária, a proteção excessiva a essa exposição e o
uso de antibioticoterapia, numa fase precoce da vida, poderia induzir ao
desenvolvimento de reações imunológicas como é o caso da alergia. No
entanto, ainda não existe um consenso sobre a causa da elevação de
prevalência de asma e, nos países desenvolvidos, a teoria da higiene tem sido
usada para, pelo menos em parte, explicar este fato11.
Estudos apontam ainda fatores como aumento ativo e passivo do
tabagismo materno, aumento da poluição ambiental, sensibilização a alérgenos
domiciliares e fatores étnicos como possíveis responsáveis pelo aumento da
prevalência da asma, principalmente em países desenvolvidos e em
desenvolvimento, como o Brasil4,5,6,10,11. Entretanto, os fatores ambientais e a
predisposição genética são os mais citados como fatores predisponentes ao
desenvolvimento da doença6.
Não existe uma única causa para ocorrência da asma, sendo esta
influenciada pela presença de dois grupos de fatores desencadeantes. Um
desses grupos engloba os fatores ligados ao hospedeiro, onde se destacam
fatores genéticos que predispõem a atopias e à hiper-reatividade das vias
aéreas, obesidade, sexo e faixa etária; na infância a asma é mais comum em
homens, enquanto que na idade adulta é mais comum em mulheres. O outro
grupo refere-se aos fatores ambientais, sendo considerados principais os
alérgenos domiciliares como ácaros, poeira, animais, baratas, fungos e mofo,
alérgenos externos como pólen, fungos e poeira; há também fatores como
infecções virais, fumaça de cigarro (tabagismo ativo e passivo); poluição e
alimentos, dentre outros2.
A inflamação, principal evento na asma, está presente em toda a via
aérea, na maioria dos pacientes, porém tem efeitos mais evidentes nos
brônquios de médio calibre. Deste processo inflamatório participam as células
inflamatórias no qual se destacam os mastócitos, eosinófilos, linfócitos T,
16
células dendríticas, macrófagos e neutrófilos. Dentre as células brônquicas
estruturais envolvidas, figuram as células epiteliais, as musculares lisas, as
endoteliais, os fibroblastos, os miofibroblastos e os nervos. Já os mediadores
inflamatórios identificados como participantes são principalmente as
quimiocinas, citocinas, eicosanoides, histamina e óxido nítrico (NO)2,3.
O NO é um gás existente no ar exalado, responsável, na respiração,
por broncodilatação e vasodilatação, além de ter ação bactericida e atuar no
movimento ciliar. No organismo, o NO é sintetizado por uma enzima, chamada
óxido nítrico-sintase (NOS), que se apresenta através de três isoformas: a) a
NOS induzida ou iNOS e duas NOS constitutivas ou cNOS (eNOS – nas
células endoteliais e nNOS – nos neurônios). Enquanto as eNOS estão
relacionadas a funções fisiológicas e benéficas como vasodilatação e
neurotransmissão, a iNOS, além de induzir a uma maior produção de NO, se
relaciona ao desenvolvimento e ampliação de processos inflamatórios, como é
o caso da asma, além de efeitos citotóxicos12,13.
Com a inflamação ocorrem alterações nas vias aéreas que levam às
manifestações clínicas características da asma. Umas das alterações é a
redução do calibre das vias aéreas que se dá pela contração do músculo liso
da parede dos brônquios, edema da mucosa brônquica, hipersecreção
mucoide, exsudato inflamatório e remodelamento2,3. Este último se relaciona à
cronificação da doença, se caracterizando por fibrose subepitelial; hipertrofia e
hiperplasia do músculo liso dos brônquios; proliferação vascular na parede
brônquica e hipersecreção mucoide2,4. Outra alteração é a hiper-reatividade
brônquica que está diretamente relacionada com a inflamação2,3,4.
As alterações nas vias aéreas dos pacientes são responsáveis pelas
manifestações clínicas como: tosse, sibilos, sensação de opressão torácica e
dispneia. Caracteristicamente, os sintomas ocorrem de forma episódica
("crises"), recorrente e são mais intensos durante a noite ou nas primeiras
horas do dia. O paciente permanece assintomático ou oligossintomático no
período intercrise. Porém, quando a doença se apresenta na forma grave, os
sintomas podem ser contínuos. Além disso, os pacientes freqüentemente têm
outras manifestações de atopias, sobretudo rinite alérgica2.
17
O diagnóstico da asma leva em conta a história clínica juntamente
com os sintomas, sua variabilidade, desencadeamento e melhora2,3,4,14 e a
confirmação deve ser feita utilizando um método objetivo para um diagnóstico
diferencial, uma vez que os sinais e sintomas não são exclusivos dessa
condição2. Os testes diagnósticos disponíveis na prática clínica incluem
espirometria realizada antes e após o uso de broncodilatador, testes de
broncoprovocação e medidas seriadas do pico de fluxo expiratório (PFE)2,3.
A espirometria visa, além de estabelecer o diagnóstico, documentar
a gravidade da obstrução ao fluxo aéreo e monitorar a asma. Para
confirmação de diagnóstico, duas importantes medidas relacionadas a
obstrução das vias aéreas, a capacidade vital forçada (CVF) e o volume
expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) devem ser levados em
consideração. Uma redução na relação VEF1/CVF indica limitação ao fluxo
aéreo, enquanto que a redução percentual do VEF1 determina o grau dessa
limitação. No entanto, o diagnóstico de asma deve ser confirmado quando,
além da limitação ao fluxo de ar, ocorre significativa reversibilidade após
inalação de broncodilatador de curta ação, a saber: aumento de 200 ml e 12%
do valor absoluto de VEF1 pré broncodilatador ou, ainda, aumento de 200 ml e
7% do valor predito de VEF12. Sendo assim, a espirometria, além de
fundamental para o diagnóstico da asma, fornece dados relacionados à
gravidade desta doença15.
Ainda em relação aos testes que contribuem para o diagnóstico da
asma, a avaliação da atopia para confirmação da sensibilização alérgica é
indicada e pode ser feita por meio de testes cutâneos (prick test) ou pela
determinação das concentrações séricas de IgE específica por teste
radioalergoabsorvente.2,16.
Os objetivos de tratamento da asma são, principalmente, atingir e
manter o controle dos sintomas; manter a capacidade de realização de
atividades de vida diária normais, incluindo exercícios; manter a função
pulmonar normal ou mais próxima possível do normal; prevenir as
exacerbações; minimizar os efeitos colaterais da medicação e prevenir a
mortalidade2,3. Os medicamentos usados objetivam o controle da doença
18
(tratamento de manutenção) e/ou alívio dos sintomas e tratamento das crises
(tratamento sintomático ou de alívio). Dentre os medicamentos controladores
da doença estão os corticóides inalados, antileucotrienos, beta-2 agonistas de
ação prolongada, xantinas, cromonas, corticóides sistêmicos, anti-IgE e outras
opções como metotrexato, ciclosporina, sais de ouro, macrolídeos e
imunoterapia. Por outro lado, incluem-se entre os medicamentos aliviadores
dos sintomas com rápido início de ação, como anticolinérgicos, xantinas,
corticoides sistêmicos, sulfato de magnésio, corticoides inalados e os beta-2
agonistas de ação curta, como o salbutamol, fenoterol e terbutalina, e de ação
prolongada, como o formoterol2.
Por se tratar de uma doença inflamatória de caráter crônico, o
acompanhamento e as avaliações periódicas para saber as reais condições do
paciente e o grau de inflamação de suas vias aéreas são muito importantes. A
medida de eosinófilos no escarro e a medida de fração exalada de NO (FeNO)
são exemplos de técnicas não invasivas que podem ser utilizadas na
monitorização da inflamação17,18.
A medida de FeNO, embora não seja ainda amplamente utilizada na
prática clínica, tem sido apontada por sua praticidade de medida, uma vez que
se trata de procedimento não invasivo e de fácil repetição, além do fato de
apresentar considerável relação com o processo inflamatório12,19.
Os níveis de FeNO, expressos em parte por bilhão (ppb), podem ser
medidos através de equipamentos portáteis a partir de expirações em níveis
controlados de fluxo. Neste teste, valores de normalidade já se encontram
estabelecidos pela American Thoracic Society (ATS)13, sendo que, para adultos
e adolescentes, níveis de FeNO entre 5 e 25 ppb indicam ser improvável a
presença de asma; quando resultados se encontram entre 25 e 50 ppb, há
indicação de asma leve e, acima de 50 ppb, ou a verificação de um aumento
maior que 60% desde a medição anterior, se considera inflamação significativa
de vias aéreas, caracterizando asma mais grave. Para crianças menores que
13 anos, se considera pouco provável a presença de asma quando valores se
encontram entre 5 e 20 ppb; presente, mas leve entre 20 e 35 ppb; e, acima de
19
35 ppb ou, um aumento maior que 60% desde a medição anterior, a presença
de asma mais grave é evidente.
Apesar de não haver cura para a asma, pode-se obter um bom
controle da doença, com excelente impacto na qualidade de vida dos pacientes
e de seus familiares20. Os tratamentos incluem além do uso de medicamentos,
a realização de programa de educação em asma onde paciente e familiares
são informados de forma geral sobre a doença, seus fatores desencadeantes,
ensinados a reconhecer precocemente os sintomas e a monitorar a
estabilidade da doença. Além disso, são orientados sobre o uso dos
medicamentos e o paciente incentivado ao restabelecimento de atividades
físicas e sociais2. No tratamento da asma inclui-se também a fisioterapia que
trabalha a mobilidade dos músculos respiratórios e adoção de posturas que
exercem ação facilitadora e corretiva da ventilação pulmonar21,22 promovendo
melhora na eficiência mecânica dos músculos respiratórios, aumento do pico
de fluxo expiratório (PFE), diminuição da frequência de crises, sintomas e uso
de medicamentos, além de melhora na realização de atividades de vida
diária22.
1.2 Obesidade
Coincidindo com o aumento da prevalência da asma, tem ocorrido
nas últimas décadas, o aumento global da prevalência da obesidade23,24,
principalmente entre crianças e adolescentes24. Estas condições clínicas têm,
em comum, fatores como os componentes ambiental, genético e inflamatório,
além de influência direta sobre os volumes e capacidades pulmonares23. Diante
disto, pesquisadores tem buscado estabelecer relações de causa e efeito entre
ambas e questiona-se se a condição inflamatória, favorecida pela obesidade,
poderia influenciar no desenvolvimento da asma ou, por outro lado, se os
sintomas da asma é que levariam a uma redução da atividade física
favorecendo o desenvolvimento da obesidade23.
20
A evolução tecnológica ocorrida nos últimos 30 anos, levou a
mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares, sendo observado um
crescente aumento da substituição dos alimentos in natura pelos alimentos
industrializados com alto teor de carboidrato e gordura hidrogenada. Além
disso, houve uma redução na realização de atividade física, que sofreu forte
tendência a ser substituída pelo sedentarismo, e um aumento do tempo gasto
em atividades como assistir à televisão, uso de computador e jogos
eletrônicos23. Este somatório de fatores que geram a obesidade contribui para
o desenvolvimento das comorbidades associadas como a asma. Além disso, o
sobrepeso é uma condição que tem causa multifatorial como: fatores
socioeconômicos, do microambiente familiar, fatores genéticos e uso de
medicamentos por período prolongado, como por exemplo, corticóide inalado23,
muito usado no tratamento de manutenção em pacientes com asma. De forma
inversa, a asma leva a uma redução na qualidade de vida dos pacientes, com
limitação da prática de atividade física e consequentemente, menor gasto
calórico que, associado ao maior consumo de alimentos industrializados (ricos
em gordura saturada, trans, carboidratos, e deficiência na ingestão de fibras,
vitaminas e minerais), contribui para o aumento do ganho de peso24.
Definida conceitualmente como um acúmulo de tecido gorduroso por
todo corpo24 que pode atingir graus capazes de afetar a saúde25, a obesidade é
considerada também um distúrbio metabólico que é tido como um problema de
saúde pública25,26,27 em países economicamente desenvolvidos e
subdesenvolvidos26,28. No Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
propõe uma classificação para obesidade que, além de levar em consideração
os diferentes graus de variação dos níveis de normalidade, apresenta, para
cada um, os riscos de desenvolvimento de comorbidades (Figura 1).
Em geral, a obesidade e o sobrepeso não são difíceis de serem
identificados. Porém, o diagnóstico correto necessita de algumas formas de
quantificação para que sejam definidos os níveis de risco29.
Deve-se destacar, a princípio, que não há avaliação perfeita para
sobrepeso e obesidade29. No passado, a pesagem dentro da água (peso
submerso ou hidrostático) era considerada o padrão-ouro para avaliar o peso.
21
Mais recentemente, técnicas de imagem têm sido alternativas, mas o alto custo
e a falta de equipamentos necessários impossibilitam que sejam usadas na
prática clínica29. Outra alternativa rápida e barata é o uso das medidas
antropométricas. A combinação de massa corporal e distribuição de gordura é,
provavelmente, a melhor opção para preencher a necessidade de avaliação
clínica, uma vez que a distribuição de gordura tem sido relatada como preditiva
de saúde29.
Classificação IMC (kg/m²) Risco de comorbidades
Baixo peso <18,5 Baixo
Peso normal 18,5-24,9 Médio
Sobrepeso >25 -
Pré-obeso 25,0-29,9 Aumentado
Obeso I 30,0-34,9 Moderado
Obeso II 35,0-39,9 Grave
Obeso III >40,0 Muito grave
Figura 1: Classificação de peso pelo IMC segundo OMS (adaptado de Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009/2010)
29. IMC: índice de massa corporal; Kg/m
2: quilograma por metro
quadrado.
O Índice de Massa Corporal (IMC) é um bom indicador de sobrepeso
e obesidade, mas não se relaciona com a gordura corporal. Este índice
apresenta limitações quanto ao fato de não fazer diferenciação entre a
porcentagem de massa magra e massa gordurosa e não reflete a distribuição
de gordura corporal, podendo dois indivíduos com o mesmo IMC terem níveis
de massa gordurosa visceral diferentes29.
Visando à avaliação da massa gordurosa corporal e sua distribuição,
a medição da espessura das pregas cutâneas pode ser utilizada como
indicador de obesidade, uma vez que há relação entre a gordura localizada nos
depósitos subcutâneos e a gordura interna ou a densidade corporal29. Esta
técnica pode ser realizada através de medida isolada ou em conjunto de várias
pregas cutâneas. Entre estas, encontram-se mais frequentemente a avaliação
da prega cutânea bicipital (PCB)30, a tricipital (PCT)30,31 que é mais utilizada em
22
crianças, a subescapular (PCS)30,31, a suprailíaca (PCSI)30 e abdominal
(PCA)31.
Considerada pela OMS como um dos critérios para caracterizar a
síndrome metabólica, a relação circunferência cintura-quadril (C/Q) é a medida
mais comumente usada como indicador para obesidade visceral e central. É
obtida pela divisão dos perímetros em centímetros da cintura e do quadril32 e
apresenta como valores de corte 0,90 para homens e 0,85 para mulheres29.
No entanto, não foram encontradas na literatura referências desta medida para
crianças e adolescentes.
Por outro lado, a medida de circunferência abdominal pode ser uma
ferramenta mais segura para determinar adiposidade central33. Esta medida
reflete melhor o conteúdo de gordura visceral quando comparada à C/Q, além
de apresentar forte associação com a gordura corporal total32. A OMS
estabelece, para adultos, como ponto de corte para risco cardiovascular
aumentado, medida de circunferência abdominal igual ou superior a 94 cm em
homens e 80 cm em mulheres caucasianos29. São escassos os trabalhos que
utilizam esta medida na população infantil e em adolescentes.
Mais do que um local para acúmulo de gordura, o tecido adiposo é
também classificado com uma glândula endócrina24. Desta forma, o grau de
obesidade, que pode ser determinado pelo IMC se relaciona ao grau de
inflamação que leva ao aumento das substâncias pro-inflamatórias como
interleucina (IL) 6, IL-1β, adiponectina, fator de necrose tumoral (TNF) α,
proteína c-reativa (PC-R) e leptina23. Tais estímulos inflamatórios estão
relacionados com diversas funções endócrinas/metabólicas e modulação da
resposta do sistema imune23, além do hipodesenvolvimento pulmonar, atopias,
responsividade brônquica, risco aumentado de asma e modificações dos
fenótipos para esta doença25.
Sendo assim, tem sido apontada, por alguns estudos, a associação
entre o estado pró-inflamatório e a obesidade33. Barros et al. (2006)33, embora
não tenham encontrado relação entre FeNO e obesidade em indivíduos com
asma, faz referencia à falta de homogeneidade de evidencias apresentadas por
outros estudos nesse sentido. Enquanto Leung et al. (2004) e Wong et al.
23
(2005) também não encontraram essa relação em crianças, De Winter de Groot
(2005) observou associação positiva entre graus de IMC e níveis de FeNO em
adultos saudáveis não obesos33. Por outro lado, outro estudo, de Kazak
(2005), demonstrou haver relação entre IMC e FeNO em indivíduos eutróficos e
obesos não asmáticos33.
A obesidade tem ainda repercussão sobre o sistema respiratório por
gerar compressão do tecido adiposo sobre a caixa torácica e estruturas
relacionadas à expansibilidade pulmonar alterando a mecânica ventilatória, o
que leva a redução dos volumes e capacidades pulmonares. Isto faz com que o
paciente obeso realize ciclos respiratórios curtos, causando alteração na
musculatura lisa do brônquio reduzindo assim, a capacidade de distensão
deste e levando a obstrução das vias aéreas (hipótese de Lanch)23.
Estes notórios pontos convergentes entre o aumento da prevalência
da asma e da obesidade na população mundial, têm levado pesquisadores a
investigarem a existência ou não de relação entre as duas patologias23,24,28,34.
24
2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral
Investigar a relação entre indicadores inflamatórios das vias aéreas
e o estado nutricional em adolescentes com asma.
2.2 Objetivo específico
Avaliar, em adolescentes com asma, a concordância entre as
medidas de circunferência de cintura (CC), relação cintura-quadril (C/Q), e
prega cutânea (PC) para detecção de obesidade e sobrepeso, tendo como
referência os critérios propostos pela OMS por meio de avaliação de IMC.
25
3 METODOLOGIA
Este trabalho fez parte de um estudo maior intitulado “Asma e rinite
em escolares: óxido nítrico exalado, níveis de controle e repercussões
funcionais”, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário
da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF) sob o número
00648112.5.0000.5147 (Anexo 1) e foi realizado, no período de outubro a
dezembro de 2013, nas dependências de duas escolas públicas de Juiz de
Fora, Minas Gerais – Colégio de Aplicação João XXIII (CAJXXIII) e Escola
Municipal Presidente Tancredo Neves (EMPTN).
3.1 Desenho de estudo
Tratou-se de estudo transversal observacional.
3.2 Sujeitos do estudo
O estudo foi realizado com adolescentes com idade entre 13 e 17
anos cujos pais ou responsáveis legais que, após tomarem conhecimento de
todas as etapas da pesquisa, concordaram com a participação dos mesmos
através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
(Apêndice 1). Além disso, por se tratarem de adolescentes, os mesmos
também deveriam concordar com sua participação através da assinatura do
termo de assentimento (TA) (Apêndice 2), caracterizando, assim, numa
amostra de conveniência.
Foram considerados critérios de exclusão a presença de
comprometimento motor ou cognitivo que prejudicasse a realização de
qualquer um dos procedimentos de avaliação e diagnóstico de outras doenças
crônicas do sistema respiratório que não asma.
26
Os escolares participantes foram divididos em dois grupos: grupo
Asma (GA) e grupo não Asma (GN), de acordo com os critérios descritos na
etapa de avaliação “Detecção de Asma”, expostos a seguir.
3.3 Procedimentos de Avaliação
Todos os procedimentos de avaliação foram realizados nas
dependências dos colégios, no horário da manhã, de modo a não prejudicar as
atividades escolares.
3.3.1 Detecção de asma - Primeiramente foi enviada uma carta aos pais ou
responsáveis dos alunos entre 13 e 17 anos do Colégio Aplicação João XXIII e
da Escola Municipal Presidente Tancredo Neves avisando sobre a aplicação do
questionário International Study of Asthma and Allergies in Childhood5 (ISAAC),
módulo Asma (Anexo 2) os mesmos que não estivessem de acordo com a
participação do adolescente, deveriam devolvê-lo assinado. Para
caracterização de Asma foram utilizados três diferentes critérios35,36: a)
resposta afirmativa à questão sobre sibilos nos últimos 12 meses (pergunta 2);
b) ter diagnóstico médico de asma (pergunta 6); e c) pelo escore global do
questionário ISAAC, empregando-se as pontuações e utilizando uma nota de
corte igual ou maior a 6. Logo após foi enviado o termo de consentimento livre
e esclarecido (TCLE). Aqueles que devolveram o termo assinado (n=41) foram
distribuídos entre dois grupos, grupo asma (GA) (n=28), onde foram agrupados
os escolares que apresentaram um ou mais critérios para diagnóstico da asma
pelo questionário, e grupo não asma (GN) (n=13) onde foram incluídos aqueles
que não apresentaram nenhum critério pela avaliação do questionário.
Os escolares foram então submetidos às seguintes etapas de
avaliação, composta por:
27
3.3.2 Avaliação antropométrica
As medidas antropométricas foram realizadas seguindo os Padrões
Internacionais para Avaliação Antropométrica da Sociedade Internacional para
o Avanço da Cineantropometria (ISAK)37. Foram mensurados:
- peso, utilizando-se balança digital portátil Cadence® AL150 Eletronica,
estando os adolescentes descalços e sem agasalho, de pé, no centro da
balança, com o peso distribuído sobre os dois pés;
- altura, utilizando-se trena antropométrica 2 metros Physical® estando o
indivíduo com os pés juntos, com os calcanhares, nádegas e parte superior das
costas tocando a escala; para fazer a medida, o avaliador, com as mãos
colocadas próximas aos processos mastóides, realizou pressão para cima,
enquanto o avaliado realizava uma inspiração profunda e sustentada38.
A partir dessas avaliações foi calculado o IMC, sendo o peso, em
quilogramas divido pelo quadrado da altura, em metros (IMC = peso (Kg)/altura
(m)2). Os valores encontrados foram plotados em gráficos, com distribuição em
percentis segundo sexo e idade. A classificação do estado nutricional
considerou os valores críticos obtendo-se o diagnóstico nutricional (OMS,
2007). Foram considerados como peso excessivo os valores acima do percentil
85 e como obesidade grave os valores acima do percentil 97 (Anexos 3 e 4).
- circunferência de cintura, realizada com o escolar em pé, com abdome
relaxado e braços descontraídos ao lado do corpo, sendo obtida através da
medida da menor curvatura localizada entre a última costela e a crista ilíaca.
Se não fosse possível identificar a menor curvatura, a medida seria feita na
metade da distância entre a 10ª costela e a crista ilíaca39. Foi utilizada trena
antropométrica 2 metros Physical®. Levando-se em consideração o fato de não
terem sido encontrados valores de referencia para crianças e adolescentes
brasileiros, optou-se por utilizar os pontos de corte propostos para uma
população neozelandesa desta faixa etária, descritos por Taylor et al. 2000
(Figura 2)40.
28
- circunferência de quadril, realizada com o escolar em pé, com abdome
relaxado e braços descontraídos ao lado do corpo, pés unidos e glúteos
relaxados; a medida foi feita na maior protuberância posterior das nádegas
colocando a fita horizontalmente em volta do quadril, na área de maior
protuberância36,40.
MENINAS MENINOS
Idade(anos) Ponto de corte (cm) Ponto de corte (cm)
13 75,6 76,9
14 77,0 79,0
15 78,3 81,1
16 79,1 83,1
17 79,8 84,9
Figura 2- Pontos de corte sugeridos para identificar obesidade a partir de circunferência de cintura em crianças e adolescentes. (adaptado de Taylor et al., 2000)
40. cm = centímetros
A partir desses dois resultados foi definida a relação cintura-quadril
(RCQ), obtida pelo quociente entre a circunferência de cintura e a
circunferência do quadril36,40.
- prega cutânea (PC), medida em milímetros (mm), foi realizada com o
uso de adipômetro com precisão de 0,5 mm Top Tec (Cescorf – Brasil). Os
escolares permaneceram em posição ereta com os braços pendentes ao lado
do corpo. As pregas cutâneas tricipital (PT) e subescapular (PS) foram medidas
no lado direito, em triplicata, e foi feito o cálculo da média posteriormente. O
compasso foi colocado transversalmente à dobra sem deformá-la, a 1 cm de
distância entre os dedos polegar e indicador, com uma profundidade que
corresponda à metade das unhas destes dedos. A medida foi registrada após 2
segundos, a partir do momento de liberação da mola do compasso para
exercer pressão sobre a dobra36.
Foi realizada a medida da PT, no ponto médio do braço, entre o
ponto acromial da escápula e o olécrano da ulna, transversalmente ao eixo
longitudinal da região posterior do braço36 (Figura 3).
29
A PS foi medida num ponto localizado imediatamente abaixo do
ângulo inferior da escápula com inclinação de aproximadamente 45°
acompanhando a linha natural da pele31 (Figura 4).
Figura 3 – Avaliação da prega cutânea triciptal. Fonte: Os autores 2014
Figura 4 – Avaliação da prega cutânea subescapular. Fonte: Os autores 2014
30
A partir dos valores encontrados para PT e PS e de acordo com a
idade e o gênero, foram definidos os percentís em que os escolares se
encontravam (Figura 5). Levando-se em conta o fato de não terem sido
encontradas referencias para a população brasileira, foram utilizados valores
de referencia descritos por Jaworski et al. (2012)31, onde foram considerados
obesos, os escolares que apresentaram-se no percentil maior ou igual a 90.
Figura 5 – Curvas de percentil para prega cutânea para meninos e meninas, retirado de Jaworski et al. (2012). Linha tracejada corresponde ao percentil 90
31.
3.3.3 Avaliação da Função Ventilatória – Foi realizada conforme descrito por
Pereira e Neder34, com a utilização do espirômetro portátil modelo MIR
Spirobank USB® (Roma, Itália) (Figura 6). Os escolares, usando um clipe nasal,
sentados em cadeira e com os pés apoiados no chão, foram instruídos a
realizarem esforços máximos inspiratórios e expiratórios, sendo medidos:
- Capacidade Vital Forçada (CVF): medida em litros (l), obtida pelo
volume máximo de ar exalado com máximo esforço, após uma inspiração
máxima. O adolescente foi solicitado a inspirar profundamente até o máximo
possível e, a seguir, exalar com o máximo esforço.
31
- Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1): volume de ar
expirado e medido no primeiro segundo da manobra da CVF.
- Fluxo Expiratório Forçado entre os 25-75% da CVF (FEF25-75%):
medido em litros por minuto (l/min), obtido pela média dos fluxos
correspondentes aos volumes situados entre 25% e 75%, ou porção média, da
CVF.
- Pico de Fluxo Expiratório (PFE.): valor máximo de fluxo detectado na
manobra de CVF.
Figura 6 – Avaliação da função ventilatória com o espirômetro portátil modelo MIR Spirobank USB
® (Roma, Itália).
Fonte: Os autores 2014
Os resultados foram registrados e analisados em porcentagem do
predito, tendo como referência as equações descritas por Knudson (1983)42.
3.3.4 Avaliação da fração de óxido nítrico exalado - FeNO - realizada, de
acordo com protocolo definido pela ATS (1999) com utilização do aparelho
NIOX MINO® (Aerocrine AB; Solna, Suécia) (figura 7), no qual os escolares
sentados, com os pés apoiados, fizeram uma expiração contínua em bocal
conectado ao equipamento. Deveriam ser mantidos, através de feed-back
visual fornecido pelo equipamento, fluxo expiratório de 50l/s e pressão
32
expiratória ao nível da boca de 10cmH2O. Foi considerada o maior valor de
dois resultados que não apresentassem diferença superior a dez por cento.
Figura 7 – medida de FeNO com NIOX MINO®
Fonte: Os autores 2014
De acordo com o documento An Official ATS Clinical Practice
Guideline: Interpretation of Exhaled Nitric Oxide Levels (FENO) for Clinical
Applications (ATS, 2011)43, apesar de existirem trabalhos que definem valores
de referencia de FeNO para diferentes populações, é recomendado o uso de
pontos de corte, a saber: valores abaixo de 25 ppb (partes por bilhão) indicam
pouca probabilidade para inflamação eosinofílica, enquanto que valores entre
25 e 50 ppb são considerados intermediários e, acima disso, elevados44.
3.4 Análise Estatística
Foi utilizado o pacote estatístico SPSS versão 15.0. Foi realizada
análise descritiva dos dados e, a partir da verificação de distribuição de
normalidade dos dados através do teste de Shapiro-Wilk, foram utilizados os
testes t de Student e de Wilcoxon para amostras independentes, visando à
verificação de significância de diferenças. Foram também aplicados os testes
33
de correlação de Pearson e de Spearman para verificar associação entre
variáveis numéricas. Foi considerado o nível de significância de 5% (p≤0,05).
34
4 RESULTADOS
A amostra foi constituída por 41 escolares com idade entre 13 e 17
anos e, destes, 28 constituíram o GA (14 meninos e 14 meninas) e 13 o GN (6
meninos e 7 meninas). A idade e as características antropométricas dos
adolescentes estão descritas, em termos de média, desvio padrão, mediana e
valores mínimo e máximo na tabela 1. Não foram encontradas diferenças para
as variáveis entre os grupos A e N.
Tabela 1 – Idade e características antropométricas dos escolares avaliadas
GA GN
Média
± DP Mediana
Mínimo
Maximo
Média
± DP Mediana
Mínimo
Maximo
IDADE (anos) 14,62
±1,09
14,27
13,50
17,50
14,45
±0,88 14,17
13,00
15,92
ALTURA (m) 1,65
±0,08 1,65
1,50
1,82
1,67
±0,11 1,65
1,51
1,87
PESO (Kg) 60,46
±12,73 55,50
41,90
95,30
64,45
±18,45 59,50
38,80
98,35
IMC (Kg/m²) 22,14
±3,39 21,26
16,16
32,98
22,93
±5,32 20,83
17,02
36,12
C/Q 0,80
±0,05 0,80
0,68
0,90
0,81
±0,05 0,81
0,74
0,92
CC (cm) 72,25
±8,06 70,00
60,00
91,00
74,42
±11,32 71,00
60,50
99,00
PT (mm) 17,80
5,40± 19,30
8,33
26,67
20,30
±6,55 20,45
8,70
29,00
PS (mm)
13,58
±5,12
12,80
6,67
25,67
15,32
±6,45
13,89
7,87
25,67
DP: desvio padrão; IMC=Índice de Massa Corpórea; C/Q=Relação Cintura Quadril; CC=Circunferência de Cintura; PT=Prega Triciptal; PS=Prega Subescapular; m= metros; Kg=quilogramas; Kg/m²=quilogramas por metro quadrado; cm=centímetros; mm=milímetros; *: p<0,05.
Dentre os escolares avaliados, 24 (58,5%) apresentaram IMC abaixo
do ponto de corte para sobrepeso (percentil 85), 12 escolares (29,3%) foram
classificados com sobrepeso (percentil entre 85 e 97) e outros 5 (12,2%) com
obesidade (percentil maior que 97).
35
No que diz respeito à medida de pregas cutâneas, tomando como
critério para caracterização de obesidade o percentil superior a 90, 14
adolescentes (34,1%) foram considerados obesos na avaliação de PT e 13
(31,7%) na avaliação de PS.
Abaixo, a tabela 2 apresenta os valores da espirometria. Somente foi
encontrada diferença entre os grupos para PFE (p=0,009).
Tabela 2 – Valores espirométricos dos grupos GA e GN
GA GN
Média
± DP Mediana
Mínimo
Máximo
Média
± DP Mediana
Mínimo
Máximo
CVF 93,90
±11,40 92,50
77,00
117,00
96,69
±11,52 96,00
76,00
118,00
VEF1 95,29
±10,83 93,50
77,00
114,00
99,92
±9,46 101,00
84,00
115,00
VEF1/CVF 101,68
±7,85 102,00
88,00
114,00
103,85
±4,76 106,00
95,00
109,00
PFE 84,64
±15,76 84,00
55,00
118,00
98,23*
±12,15 94,00
77,00
117,00
FEF 96,93
±23,06 95,00
63,00
150,00
104,54
19,19 105,00
66,00
141,00
DP: desvio padrão; CVF: capacidade vital forçada; VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo; PFE: pico de fluxo expiratório; FEF: fluxo expiratório forçado; *: p<0,05.
A seguir, a tabela 3 apresenta os valores de FeNO dos grupos GA e
GN. No GA, 9 (32,1%) apresentaram valores inferiores a 25 ppb, 8 (28,6%)
entre 25 e 50 ppb e 11 (39,3%) superiores a 50 ppb. No GN, 9 (69,23%)
apresentaram valores inferiores a 25 ppb, 3 (23,07%) entre 25 e 50 ppb e 1
(7,7%) acima de 50 ppb. Foi encontrada diferença significativa para estes
valores entre os grupos GA e GN (p=0,016). No entanto, quando esta
comparação foi realizada levando em consideração a presença ou não de
sobrepeso e obesidade, somente foi constatada diferença (p=0,006) nos
adolescentes com IMC referente a percentil abaixo de 85.
36
Tabela 3 – Valores de FeNO nos grupos GA e GN
GA GN
Média ± DP
Mediana Mínimo Máximo
Média ± DP
Mediana Mínimo Máximo
FeNO (ppb)
49,36 ±39,05
46,00 7,00 164,00
20,92* ±15,62
13,00 5,00 51,00
DP: desvio padrão; FeNO: fração exalada de óxido nítrico; GA: grupo asma; GN: grupo não asma; *: p<0,05.
Não foi encontrada associação entre os níveis de FeNO e as
medidas antropométricas. No entanto, quando analisados separadamente os
grupos, foi observada, somente em GN, associação entre FeNO e PT (r=0,680
p=0,015), conforme pode ser observado na figura 8.
Figura 8 - Diagrama de dispersão para as variáveis fração exalada de óxido nítrico (FeNO) e prega triciptal (PT) de GN. Fonte: os autores (2014)
Foram encontradas associações entre IMC e CC (r=0,931; p<0,001),
IMC e C/Q (r=0,407; p=0,008), IMC e PT (r=0,673; p<0,001) e IMC e PS
(r=0,688; p<0,001), conforme pode ser observado, respectivamente, nas
figuras 9, 10, 11 e 12.
37
Figura 9 - Diagrama de dispersão para as variáveis índice de massa corporal (IMC) e circunferência de cintura (CC). Fonte: os autores (2014)
Figura 10 - Diagrama de dispersão para as variáveis índice de massa corporal (IMC) e relação cintura quadril (C/Q). Fonte: os autores (2014)
38
Figura 11 - Diagrama de dispersão para as variáveis índice de massa corporal (IMC) e prega triciptal (PT). Fonte: os autores (2014)
Figura 12 - Diagrama de dispersão para as variáveis índice de massa corporal (IMC) e prega subescapular (PS). Fonte: os autores (2014)
39
Por outro lado, quando as análises de associação foram realizadas
levando-se em consideração os grupos GA e GN separadamente, as
correlações entre IMC e C/Q, assim como IMC e PS, somente foram
verificadas em GA.
40
5 DISCUSSÃO
Diante do aumento, nas últimas décadas, da prevalência de asma e
obesidade e levando em consideração condições clínicas e fisiopatológicas em
comum, pesquisadores têm se preocupado em estabelecer relações entre
estas doenças45. Neste sentido, o presente estudo buscou investigar, em
adolescentes com asma, a relação entre indicadores inflamatórios das vias
aéreas e o estado nutricional, assim como verificar a concordância entre IMC e
outros possíveis indicadores de sobrepeso e obesidade.
Embora o interesse em relação ao tema seja crescente, estudos têm
encontrado dificuldade em relacionar sobrepeso e asma46,47,48,49,50. Cassol e
colaboradores (2005)51 não encontraram, em adolescentes, associação entre
IMC e prevalência de asma, assim como com a gravidade desta doença.
Shachter e colaboradores (2003)52 também não verificaram associação entre
IMC e prevalência de asma em crianças de 7 a 12 anos. Por outro lado, estes
mesmos autores encontraram associação entre IMC e a prevalência de atopia
somente entre as meninas. As causas dessa diferença entre sexos ainda é
desconhecida e parece estar relacionada a fatores como questões hormonais e
distribuição de gordura corporal52.
No presente estudo, a maioria dos adolescentes apresentou valores
de IMC abaixo do ponto de corte para sobrepeso e, ainda, não foi encontrada
diferença para IMC entre GA e GN, mesmo quando levando em consideração o
sexo. No entanto, um cálculo de razão de chance mostrou, que a chance de
meninas obesas apresentarem asma foi maior do que a de meninos também
obesos (odds ratio = 1,25).
O estudo de Antonio e colaboradores (2003)45 analisou em
asmáticos e num grupo controle, além de IMC, o perímetro braquial e a PT.
Estes autores, além de não detectarem obesidade na população estudada,
somente encontraram, no sexo feminino, PT significativamente menor entre
asmáticos. O grupo atribui esta diferença a um possível comprometimento
nutricional e chama a atenção para a necessidade de maiores investigações.
No presente trabalho, somente foi encontrada, entre sexos, diferença para C/Q.
41
Por outro lado, Von Mutius encontrou, numa população
numericamente representativa, associação entre IMC e prevalência de asma,
mostrando uma chance maior daqueles com IMC elevado apresentarem esta
doença53.
Em revisão da literatura que buscou verificar a associação entre
asma e obesidade e a relação de causa e efeito entre ambas, Camilo e
colaboradores (2010)23 encontraram resultados também contraditórios e
justificam os mesmos em função da diversidade metodológica utilizada pelos
diversos autores, principalmente para o estabelecimento do diagnóstico da
asma. Os autores chamam ainda a atenção para o fato de que muitos estudos
levam em consideração os sintomas para detecção dessa doença, não
havendo classificação quanto a sua gravidade, nem levando em consideração
a utilização de medicamentos. Destacam também a necessidade de se
adotarem outros métodos de avaliação antropométrica, além do IMC, pois
ressalvam que este não é o melhor critério de classificação da obesidade, pois
não avalia a distribuição da composição corporal (massa gorda e massa
magra) nem a sua localização. Concluem que é necessário um rigor
metodológico nos futuros estudos para se compreender se existe associação
entre asma e obesidade. Consideram que a asma é uma doença multifatorial e
que envolve fatores genéticos, imunológicos e ambientais e que a obesidade
por si só não pode ser a única etiologia. Da mesma forma, argumentam que a
obesidade está relacionada a outros fatores como hábito alimentar associado à
redução da prática de atividade física, o que pode levar à comorbidades entre
elas a asma23.
No que diz respeito aos níveis da FeNO, este marcador tem sido
associado com várias medidas clínicas para detectar a asma e caracterizar a
sua gravidade em crianças e adultos. Os estudos mostram que os níveis de
FeNO variam estando elevados em crianças e adolescentes com asma em
comparação com aqueles que não apresentam sintomas respiratórios. Além
disso, a FeNO varia com a gravidade da doença, aumentando com a exposição
a alérgenos e, por outro lado, seus valores diminuem com o uso de corticóides
orais e inalatórios, voltando a aumentar com a interrupção, mesmo após um
longo período de uso18,44,54,55,56. Barroso e colaboradores (2008)57, em estudo
42
de revisão que avaliou a medida da FeNO através de diferentes dispositivos,
concluiu que FeNO é um marcador de inflamação eosinofílica das vias aéreas
válido, não-invasivo, reprodutível e útil no diagnóstico diferencial de várias
doenças pulmonares na prática clínica de rotina, além de ser um complemento
ao teste de função pulmonar no diagnóstico e tratamento de asma.
O presente trabalho encontrou diferença significativa para os valores
de FeNO entre GA e GN, porém não foram encontradas diferenças para os
valores de FeNO levando-se em consideração o IMC. No entanto, quando
testadas as associações entre FeNO e os diversos índices antropométricos,
separadamente por grupos, foi observada, somente em GN, associação entre
FeNO e PT (Figura 8). Não foram encontrados estudos que pudessem explicar
esta associação. Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de
Leung e colaboradores (2004)58, em que tanto a FeNO como um tipo de
leucotrieno foram maiores em crianças e adolescentes asmáticos do que no
grupo controle. Esses autores mostraram, também que a obesidade, definida
pelo IMC, não foi associada a alterações destes marcadores inflamatórios nos
indivíduos com asma.
Embora os níveis de FeNO sejam elevados em asmáticos, nem
sempre isto se reflete na função pulmonar59. Em estudo transversal com
asmáticos em uso de medicação antiinflamatória há pelo menos 1 ano,
Jentzsch e colaboradores (2006)59 verificaram diferença nos valores da FeNO
entre atópicos e não-atópicos, assim como associação entre FeNO e função
pulmonar, sem, no entanto, encontrarem diferença para a função pulmonar.
Para esses autores, os valores de FeNO mais elevados no grupo de asmáticos
atópicos mostra a persistência da atividade inflamatória mesmo com uso de
medicação antiinflamatória e, por outro lado, a presença de espirometria
normal não reflete os níveis de inflamação. Em nosso trabalho, os valores
espirométricos também se apresentaram semelhantes entre os grupos GA e
GN, somente sendo encontrada diferença para PFE (Tabela 2).
O PFE representa o fluxo máximo gerado durante uma expiração
forçada, é considerado um indicador indireto da obstrução de vias aérea de
grande calibre e é afetado pela especificidade intrínseca da caixa torácica e da
43
musculatura abdominal, assim como pelo grau de insuflação pulmonar60. Sua
medida seriada é uma das indicadas em casos de dúvida no diagnóstico da
asma2.
Mesmo não sendo difícil o diagnostico clinico da asma, é indicada a
confirmação da patologia através de métodos objetivos, uma vez que os
sintomas não são exclusivos dessa condição2. Juntamente com o teste de
broncoprovação e a medida seriada de PFE, a espirometria é um dos testes
diagnósticos disponíveis para a prática clinica. Por estabelecer dados
relacionados à gravidade da asma, a espirometria é fundamental para o
diagnóstico da doença15. Porém, uma espirometria normal não exclui o
diagnóstico de asma, pois, pacientes controlados ou com asma intermitente,
podem apresentar espirometria normal, mesmo antes do uso de
broncodilatador2.
Em crianças e adolescentes, embora o IMC esteja relacionado à
adiposidade, não é verificada associação entre este parâmetro e o aumento da
morbidade e da mortalidade, como acontece com adultos29. Por outro lado, a
CC é apontada como o melhor parâmetro para diagnóstico de obesidade
central29,39,61 uma vez que se relaciona ainda com o risco metabólico29. A
associação entre os dois ajuda, portanto, a diminuir as limitações e oferece
uma avaliação combinada de risco29. Souza e colaboradores (2009)62 em um
estudo que avaliou a associação entre obesidade e pressão arterial elevada em
crianças e adolescentes encontrou forte correlação entre IMC e CC.
Neste sentido, varias investigações sobre a distribuição de gordura
corporal e sobre obesidade usam, de forma simultânea ou não, além de IMC e
CC, também a relação C/Q39,61. Soar, Vasconcelos e Assis (2004)39, em estudo
que avaliou em escolares, IMC, CC e C/Q, observaram correlação positiva
entre todos estes parâmetros, sendo mais significativa entre IMC e CC.
Resultados semelhantes foram descritos por Chiara e colaboradores (2009)61
em um estudo que comparou o desempenho destes indicadores em relação ao
IMC. Esta mesma correlação entre IMC e os demais indicadores foi encontrada
na presente pesquisa e a associação entre IMC e CC também se mostrou mais
forte (r=0,931; p<0,001).
44
A avaliação do tecido adiposo subcutâneo tem sido realizada em
estudos populacionais através da medida de pregas cutâneas. Porém, estas
têm como desvantagem a dificuldade técnica da padronização63 e, apesar de
diferentes pregas poderem ser avaliadas isoladamente ou em conjunto, a PT
tem sido a mais utilizada em crianças64. Zambon e colaboradores (2003)64, em
um estudo que estudou a correlação entre IMC e PT em crianças, encontrou
forte correlação entre estas medidas antropométricas, assim como Souza e
colaboradores (2009)62.
A distribuição corporal da gordura é um importante fator para
determinação de risco para doenças metabólicas e cardiovasculares, sendo
que o acumulo de gordura na região visceral pode estar associada com
doenças crônico-degenerativas65. O IMC tem sido apontado como um bom
indicador, mas não totalmente correlacionado com a gordura corporal29,
enquanto que a PS tem sido utilizada como estimativa de gordura do tronco65.
Neste estudo, pudemos observar correlação significativa entre IMC e
PT, assim como entre IMC e PS (figuras 10 e 11).
O número reduzido de participantes deste trabalho impediu que a
amostra pudesse ser categorizada de acordo com os dois pontos de cortes
normalmente utilizados para classificação de sobrepeso e obesidade através
de PT e PS, tendo sido utilizado somente o percentil 90, indicador de
obesidade.
Outro aspecto que precisa ser melhor investigado diz respeito a
fatores que podem interferir no processo inflamatório da asma e,
consequentemente, nos resultados para FeNO, como presença de atopia, grau
de exposição a alérgenos, condições climáticas, uso de corticóide e prática de
atividades físicas. Além disso, fatores socioeconômicos e emocionais também
tem sido relacionados tanto à asma como à obesidade.
Sendo assim, a continuidade deste estudo poderá permitir, através
de um número mais expressivo de adolescentes participantes, uma análise
mais minuciosa destes aspectos.
45
6 CONCLUSÃO
Em adolescentes com asma, os níveis de FeNO não estão
associados ao estado nutricional, enquanto que naqueles que não têm asma,
maiores valores de FeNO se relacionaram com maiores valores de PT. No que
diz respeito às medidas antropométricas, embora todas apresentem boa
correlação com IMC, CC apresenta maior concordância com essa medida.
46
7 REFERÊNCIAS
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63. MATOS, L. N.; GIORELLI, G. V.; DIAS, B. C. Correlation of Anthropometric Indicators for Identifying Insulin Sensitivity and Resistance. São Paulo Med J. 2011; v.129, n. 1, p. 30-35.
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51
ANEXO 1
52
53
ANEXO 2
Questionário padrão do International Study of Asthma and Allergies in Childhood – ISAAC
(módulo Asma sem pontuação, como será apresentado aos escolares)
Nome do responsável:…………………………………………………………………. Escola:..............................................................................Turma:.......................... Seu nome:.............................................................................................................. Data nascimento: / / Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Data de hoje: / / 1. Alguma vez no passado voce teve sibilos (chiado no peito)?
( ) Sim ( ) Não
Se você respondeu não, passe para a questão número 6.
2. Nos últimos 12 meses, voce teve sibilos (chiado no peito)?
( ) Sim ( ) Não
3. Nos últimos 12 meses, quantas crises de sibilos (chiado no peito) você teve?
( )Nenhuma crise ( ) 1 a 3 crises ( )4 a 12 crises ( ) mais de 12 crises
4. Nos últimos 12 meses, com que frequência voce teve seu sono perturbado por chiado no peito?
( ) Nunca acordou com chiado ( ) Menos de 1 noite por semana ( ) Uma ou mais noites por semana 5. Nos últimos 12 meses, seu chiado foi tão forte a ponto de impedir que voce conseguisse dizer mais de 2 palavras entre cada respiração?
( ) Sim ( ) Não
6. Alguma vez na vida voce teve asma?
( ) Sim ( ) Não
7. Nos últimos 12 meses, voce teve chiado no peito após exercícios físicos?
( ) Sim ( ) Não
8. Nos últimos 12 meses, voce teve tosse seca à noite, sem estar gripado ou com infecção respiratória?
( ) Sim ( ) Não
54
ANEXO 3
55
ANEXO 4
56
APENDICE 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP HU/UFJF
JUIZ DE FORA – MG – BRASIL
FACULDADE DE FISIOTERAPIA - UFJF
Pesquisador Responsável: Rosa Maria de Carvalho
Endereço: Faculdade de Fisioterapia, CCS, UFJF
CEP: 36036-900 – Juiz de Fora – MG
Fone: (32) 2102 3843 / 88242352
E-mail: [email protected]
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu(sua) filho(a) está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da
pesquisa “Avaliação entre o estado nutricional e a fração exalada de óxido nítrico
em adolescentes com asma”. Neste estudo pretendemos pesquisar a presença de sinais
e sintomas de asma e rinite e, quando presentes, avaliar as repercussões dessas
patologias nas condições dos músculos respiratórios e no tipo de respiração; além disso,
queremos testar a utilização da avaliação de medida do óxido nítrico exalado como um
recurso simples de avaliação da gravidade de asma e rinite.
O motivo que nos leva a estudar este tema é a expectativa de que os resultados
contribuam para a compreensão dessas doenças, seu controle e tratamento.
Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos de avaliação:
- Aplicação de dois questionários compostos por perguntas simples sobre a presença de
sintomas de asma e rinite, para verificação dos escolares que apresentam pelo menos
uma dessas patologias;
Aos escolares que apresentarem pelo menos uma dessas patologias – asma e rinite -
serão aplicados outros questionários para avaliação de condições gerais de saúde,
detecção de respiração oral e controle de asma e rinite. Além disso, serão medidos peso
e altura, sendo também realizados os seguintes testes:
a) prova de função pulmonar através da realização de inspirações e expirações máximas
e forçadas num bocal conectado a um micro-computador, para avaliar quantidade e
velocidade de ar que entra e sai dos pulmões;
57
b) avaliação da força muscular respiratória através da realização de um esforço máximo
na inspiração e na expiração em bocal conectado a aparelho que mede as pressões
máximas atingidas;
c) avaliação da quantidade de óxido nítrico exalado, através de um teste simples de
soprar em um bocal conectado a um aparelho;
d) teste de alergia, onde serão colocadas na pele gotas de substancias capazes de
produzir reações alérgicas, sendo feitos pequenos “arranhões” e então observadas as
reações. Dessa forma é possível detectar as substancias a que as crianças apresentam
alergia, contribuindo para o tratamento da asma e da rinite. Essas reações na pele não
trazerem maiores riscos e todo o teste é realizado e acompanhado por profissional
médico.
A pesquisa da forma que será realizada é classificada como de risco mínimo ao
indivíduo (risco este compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando, por
exemplo, saímos de casa). Caso estes ocorram serão ressarcidos pelos pesquisadores
responsáveis. Quanto aos benefícios espera-se que, a partir da detecção de asma e rinite,
assim como das complicações que essas patologias podem trazer, o tratamento possa ser
mais eficazmente oferecido.
Para participar deste estudo seu(sua) filho(a) ou você não terão nenhum custo, nem
receberão qualquer vantagem financeira.Vocês serão esclarecidos(as) sobre o estudo em
qualquer aspecto que desejar e estarão livres para participar ou recusarem-se a
participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer
momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará
qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador
O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo e a
identidade sua e de seu(sua) filho(a) não será exposta a qualquer tipo de divulgação.
Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o
material que indique a participação de seu(sua) filho(a) não será liberado sem a sua
permissão.
O(A) Sr(a) e seu(sua) filho(a) não serão identificados em nenhuma publicação que
possa resultar deste estudo.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia
será arquivada pelo pesquisador responsável, no Serviço de Fisioterapia HU/CAS/UFJF
e a outra será fornecida a você.
Caso haja danos decorrentes dos riscos previstos, o pesquisador assumirá a
responsabilidade pelos mesmos.
Eu, ____________________________________________, portador do documento de
Identidade ____________________, responsável por __________________________,
residente à ________________________________________, telefone ____________,
58
fui informado (a) dos objetivos do estudo “Rinite e asma em escolares: óxido nítrico
exalado, níveis de controle e repercussões funcionais”, de maneira clara e detalhada e
esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas
informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.
Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de
consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as
minhas dúvidas.
Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2012.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________Nome Assinatura
responsável Data
Rosa Maria de Carvalho _____________________________________________________________________________
_____________________________________Nome Assinatura
pesquisador Data
_____________________________________________________________________________
_____________________________________Nome Assinatura
testemunha Data
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o
CEP HU – Comitê de Ética em Pesquisa HU/UFJF
Hospital universitário Unidade Santa Catarina
Prédio da Administração Sala 27
CEP 36036-110
E-mail: [email protected]
59
APENDICE 2
TERMO DE ASSENTIMENTO (no caso do menor) Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa “Avaliação entre o estado nutricional e a fração exalada de óxido nítrico em adolescentes com asma”. Neste estudo pretendemos avaliar função respiratória e limitações de atividades da vida diária, assim como entender como estes fatores podem influenciar na qualidade de vida em pacientes com distrofia muscular. O motivo que nos leva a estudar esse assunto é a expectativa de que os resultados contribuam para a compreensão dessa doença, assim como o tratamento pela fisioterapia. Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos: a) prova de função pulmonar através da realização de inspirações e expirações máximas e forçadas num bocal conectado a um micro-computador, para avaliar quantidade e velocidade de ar que entra e sai dos pulmões; b) avaliação da força muscular respiratória através da realização de um esforço máximo na inspiração e na expiração em bocal conectado a aparelho que mede as pressões máximas atingidas; c) aplicação de dois questionários que avaliarão suas dificuldades em realizar atividades do dia a dia e como essas dificuldades, ou outras que a distrofia muscular possa causar, influenciam na sua qualidade de vida. Para participar deste estudo, o responsável por você deverá autorizar e assinar um termo de consentimento. Você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido(a) em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se. O responsável por você poderá retirar o consentimento ou interromper a sua participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido(a) pelo pesquisador que irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Você não será identificado em nenhuma publicação. A pesquisa da forma que será realizada é classificada como de risco mínimo ao indivíduo (risco este compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando, por exemplo, saímos de casa). Apesar disso, você tem assegurado o direito a ressarcimento ou indenização no caso de quaisquer danos eventualmente produzidos pela pesquisa. Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a permissão do responsável por você. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você. Eu, __________________________________________________, portador(a) do documento de Identidade ____________________ (se já tiver documento), fui informado(a) dos objetivos do presente estudo de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações, e o meu responsável poderá modificar a decisão de participar se assim o desejar. Tendo o consentimento do meu responsável já assinado, declaro que
60
concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo assentimento e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
Juiz de Fora, ____ de ______________ de 20____ .
____________________________________
_ Assinatura do(a) menor
_____________________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a)
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Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar: CEP- COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - UFJF PRÓ-REITORIA DE PESQUISA / CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF JUIZ DE FORA (MG) - CEP: 36036-900 FONE: (32) 2102-3788 / E-MAIL: [email protected] PESQUISADOR(A) RESPONSÁVEL: ROSA MARIA DE CARVALHO ENDEREÇO: FACULDADE DE FISIOTERAPIA – CENTRO DE CIENCIAS DA SAUDE - UFJF JUIZ DE FORA (MG) - CEP: 36036-900 FONE: (32) 2102 3843 / 8800 2352 E-MAIL: [email protected]