avaliação fisioterapêutica da funcionalidade do idoso com bases
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Curso de Fisioterapia
GABRIELLE SIDRIM DE CARVALHO
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DA FUNCIONALIDADE DO
IDOSO COM BASES NO ÍNDICE KATZ E ESCALA MIF
RIO DE JANEIRO
2008
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GABRIELLE SIDRIM DE CARVALHO
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DA FUNCIONALIDADE DO
IDOSO COM BASES NO ÍNDICE KATZ E ESCALA MIF
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta.
Orientador: Profº Jorge Barboza
Rio de Janeiro
2008
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GABRIELLE SIDRIM DE CARVALHO
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DA FUNCIONALIDADE DO
IDOSO COM BASES NO ÍNDICE KATZ E ESCALA MIF
Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta.
Aprovada em: ____/____/2008. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Jorge Barboza Universidade Veiga de Almeida - Presidente da Banca Examinadora. Prof. Dr. ____________________________ Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora. Prof. Dr. ____________________________ Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora.
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RESUMO
O envelhecimento populacional mundial é um tema muito estudado nos dias atuais. Com o envelhecimento o corpo humano apresenta diversas modificações, podendo fazer com que a capacidade funcional do idoso diminua. O objetivo deste trabalho é uma revisão da literatura em relação a dois instrumentos de avaliação da capacidade funcional do idoso, o índice Katz e a escala de medida de independência funcional. Com base neste estudo conclui-se que uma avaliação correta da capacidade funcional do idoso é de fundamental importância para um bom programa de tratamento fisioterapêutico. Palavras-chave: Funcionalidade. Idoso. Índice de Katz. Medida de Independência Funcional (MIF).
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ABSTRACT
The worldwide population aging is a theme very studied in nowadays.
With the aging the human body presents several modifications, that can decreases the senior’s functional capacity. The aim of this work is a revision about the literature between two instruments of evaluation of the senior's functional capacity: the Katz index and the scale of functional independence measure. Based on this study I have concluded that a correct evaluation of the senior's functional capacity is extremelly important for a good program of fisiotherapeutics treatment. Key-Words: Functionality. Elderly. Katz Index. Functional Independence Measure (FIM).
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 06 CAPÍTULO 1 ENVELHECIMENTO ...................................................................... 08 1.1 Envelhecimento comum e bem-sucedido ................................................... 09 1.1.1 Envelhecimento normativo ........................................................................... 10 1.2 Senescência e Senilidade ............................................................................. 10 1.3 Teorias sobre o envelhecimento.................................................................. 11 1.3.1 Relógio Biológico.......................................................................................... 12 1.3.2 Erro Catastrófico .......................................................................................... 13 1.3.3 Proteínas Alteradas ...................................................................................... 14 1.4 Fatores que influenciam no envelhecimento .............................................. 15 1.4.1 Fatores intrínsecos ....................................................................................... 15 1.4.2 Fatores extrínsecos ...................................................................................... 17 1.5 Alterações que ocorre devido o envelhecimento ....................................... 19 CAPÍTULO 2 CAPACIDADE E INCAPACIDADE FUNCIONAL .......................... 24 2.1 Atividades da Vida diária .............................................................................. 26 2.1.2 Atividades instrumentais da vida diária ........................................................ 27 CAPÍTULO 3 AVALIAÇÂO FUNCIONAL ............................................................. 29 3.1 Instrumentos de avaliação ........................................................................... 30 3.1.1 Índice de Katz .............................................................................................. 30 3.1.2 Escala de medida de independência funcional ............................................ 36 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 40 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 41
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INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial característico
de países desenvolvidos e em países em desenvolvimento (KALACHE et al,
1987). No Brasil, a população idosa, idade maior ou igual à 60 anos,
aumentou absurdamente, passou de 3 milhões em 1960 para 14 milhões em
2002 (aumento de 500% em quarenta anos) e tem estimativa para alcançar 32
milhões em 2020 (LIMA-COSTA & VERAS, 2003).
Devido este envelhecimento da população, houve maior interesse por
estudos sobre o tema e a preocupação por um envelhecimento saudável está
cada vez mais presente na sociedade.
Com este crescimento mundial da população idosa, a preocupação em
relação à capacidade funcional vem aparecendo com destaque. Esse aumento
gera maior probabilidade de ocorrência de doenças crônicas e, com isto,
levando ao desenvolvimento de incapacidades associadas ao envelhecimento
(RICCI at al, 2005).
O envelhecimento biológico normal leva o indivíduo à uma diminuição
das reservas funcionais do organismo, este efeito é observado em todos os
aparelhos e sistemas do corpo humano: muscular, ósseo, nervoso, circulatório,
pulmonar, endócrino e imunológico. Porém a velocidade do declínio varia muito
entre os tecidos, assim como de uma pessoa para outra (VANDERVOORT,
2000). Essas diversas modificações que ocorre no corpo, como as alterações
físicas, fisiológicas e cognitivas tornam o indivíduo mais propenso à morte.
Estas alterações podem ocorrer devido a fatores intrínsecos e extrínsecos
(GARBELLINI, 2007).
Com o envelhecimento há uma diminuição da capacidade funcional da
pessoa, tornando-a dependente em algumas atividades realizadas no dia-a-dia.
Para mensurar essa dependência é necessária uma avaliação correta da sua
funcionalidade, para identificação das principais deficiências e dificuldades. A
partir desta avaliação correta do nível de incapacidade do individuo, é possível
aumentar o efetivo das terapias propostas, através de uma prescrição
complementar quanto aos cuidados necessários para amenizar e suprir as
7
deficiências funcionais e prevenir possíveis complicações que advenham de
uma dependência existente, visando a melhor qualidade de vida deste
paciente, tornando sua vida mais confortável e independente possível.
(YUASO & SGUIZZATTO, 1996).
O diagnóstico baseado somente na avaliação clínica torna-se
inadequado com a real condição de saúde dos indivíduos idosos, já que nesta
faixa etária os níveis de funcionalidade e independência são dados mais
importantes do que apenas a presença de condições mórbidas (RICCI at al,
2005).
Há diversos instrumentos para realização destas avaliações da
funcionalidade do idoso, neste presente trabalho será abordado o Índice Katz
de Independência nas atividades da vida diária e a escala de medida de
independência funcional.
8
1 ENVELHECIMENTO
O envelhecimento é um processo lento, caracteriza-se pelas perdas
progressivas e muitas vezes irreversíveis das capacidades fisiológicas e
órgãos, dos sistemas e de adaptação e certas situações de estresse, inicia-se
em algum momento da vida do ser humano e acentua-se em diferentes
ocasiões (MIATELO, 1978; MOTTA 1989).
Segundo Confort (1979), o envelhecimento se caracteriza por redução
da capacidade de adaptação do equilíbrio homeostático perante situações de
sobrecarga funcional do organismo.
Filho & Alencar (2000) definem o envelhecimento como a redução da
capacidade de sobreviver. O envelhecimento pode ser conceituado como um
processo dinâmico e progressivo onde há modificações tanto morfológicas
como funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam progressiva
perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente,
ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos
que levam o individuo à morte.
O termo envelhecimento é muito empregado para descrever as
mudanças morfofuncionais ao longo da vida que ocorrem após a maturação
sexual e que, progressivamente compromentem a capacidade de respostas
dos indivíduos ao estresse ambiental e à manutenção da homeostasia
(NETTO, 1996).
Mobbs (2001) definiu envelhecimento como um processo gradual e
espontâneo de mudanças biológicas do homem, que resulta na maturação e no
crescimento durante a infância, puberdade e idade adulta, e no declínio durante
a meia-idade e a idade tardia.
Para Baltes & Baltes (1990), o envelhecimento é mundialmente
reconhecido como um processo heterogêneo, “caracterizado por ampla
variabilidade interindividual”, um processo multidimensional.
Pode-se considerar o envelhecimento, como admite a maioria dos
biogerontologistas, como a fase de todo um continuum que é a vida,
começando esta com a concepção e terminando com a morte. Ao longo desse
9
continuum é possível observar fases de desenvolvimento, puberdade e
maturidade, entre as quais podem ser identificados marcadores biofisiológicos
que representam limites de transição entre as mesmas. O exemplo é a
menarca como marcador do início da puberdade na mulher. Ao contrário do
que acontece com as outras fases, o envelhecimento não possui um marcador
biofisiológico de seu início. De qualquer forma, a demarcação entre maturidade
e envelhecimento, a qual este período aparentemente segue, é arbitrariamente
fixada, mais por fatores socioeconômicos e legais do que biológicos (NETTO,
1996).
A incapacidade de mensurar o fenômeno do envelhecimento, que está
intimamente vinculada à dificuldade de definir a idade biológica, justifica a falta
de segurança para adotar quaisquer das teorias existentes sobre o fenômeno.
Os mesmos motivos justificam a inexistência de uma definição de
envelhecimento que atenda aos múltiplos aspectos que o compõem.
Respeitando-se as limitações assinaladas e dentro de uma visão
prioritariamente biogerontológica, o envelhecimento é conceituado como um
processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas,
funcionais, bioquímicas e psicológicas, que determinam perda da capacidade
de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior
vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por
levá-lo à morte (NETTO, 1996).
1.1 Envelhecimento Comum e Bem-Sucedido
Hoje em dia, admite-se duas formas distintas de envelhecimento: usual
ou comum e bem-sucedido ou saudável.
No envelhecimento comum estão presentes fatores extrínsecos (tipo de
dieta, sedentariedade, dentre outros) que aumentam os efeitos adversos que
ocorrem com o passar dos anos, já no envelhecimento bem-sucedido estes
fatores estão presente em menor intensidade e importância ou até mesmo não
estariam presentes.
Para Rowe e Kahn (2001), a definição de envelhecimento bem-sucedido
se dá quando as pessoas apresentam um baixo risco de doença e
incapacidades (que apresentam, por exemplo, fatores de estilo de vida
10
saudável, tais como dieta adequada, ausência do hábito de fumar e prática de
atividades físicas); que estão utilizando ativamente habilidades de resolução de
problemas, conceitualização e linguagem; que estão mantendo contatos sociais
e estão participando em atividades produtivas (voluntariado; trabalho
remunerado ou não remunerado).
Rowe e Kahn (1998) apresentam três indicadores de envelhecimento
saudável: baixo risco de doenças e de incapacidades funcionais;
funcionamento mental e físico excelentes; e envolvimento ativo com a vida.
1.1.1 Envelhecimento Normativo
De acordo com Odenheimer et al (2004), o conceito de envelhecimento
normal alterou-se ao longo das últimas gerações.
Segundo Fox & Hollander (1990), desde que o normal não pode ser
adequadamente definido, é impossível selecionar “pessoas idosas normais”
como controle ou como material para estudo dos efeitos da idade. Afirmam
inclusive que a expressão envelhecimento normativo representaria o processo
natural de desenvolvimento em fases avançadas da vida.
Este envelhecimento pode ser dividido em dois tipos: primário e
secundário.
O envelhecimento normativo primário seria definido como universal
presente em todas as pessoas, geneticamente determinado ou pré-
programado.
Já o envelhecimento normativo secundário representa o resultado de
algumas influências externas e variável entre indivíduos em diferentes meios,
seria decorrente de fatores cronológicos, geográficos e culturais.
1.2. Senescência e Senilidade
Senescência é o período da vida que inicia após os 30 anos quando
começam a ocorrer alterações que refletem as diminuições normais em todos
os sistemas orgânicos (HARRIS, 2005).
A senescência e a senilidade freqüentemente são acompanhadas do
declínio da mobilidade (OLIVEIRA, GORETTI, & PEREIRA, 2006).
11
A senescência é um fenômeno fisiológico, arbitrariamente identificado
pela idade cronológica, sendo considerado um envelhecimento sadio porque o
declínio físico e mental é lento e compensado pelo organismo (DUARTE,
SANTOS & GONÇALVES, 2002).
O termo senescência pode ser empregado para descrever as mudanças
que ocorrem no organismo humano relacionado com a idade, alterando e
afetando adversamente suas funções e vitalidade, aumentando assim a taxa de
mortalidade em função do tempo. Senescência pode ser considerado um
somatório de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do
envelhecimento normal, natural (NETO & CUNHA, 2006).
Jamet et al (2004) relataram que a senescência, afeta
desfavoravelmente o equilíbrio, produzindo mudanças em todos os níveis do
controle postural, propiciando desordens nas três funções principais: os
receptores sensoriais, o processamento cognitivo central e a execução da
resposta motora.
Senilidade é caracterizada por um declínio gradual no funcionamento de
todos os sistemas do corpo humano e por modificações determinadas por
afecções que freqüentemente acometem a pessoa idosa. A senilidade seria o
estágio final da senescência, quando o risco de mortalidade beira os 100%
(NETO & CUNHA, 2006).
Segundo a senilidade caracteriza-se pelo declínio físico associado à
desorganização mental. Curiosamente, a senilidade não é exclusiva da idade
avançada, mas pode ocorrer prematuramente porque é identificada com uma
perda considerável do funcionamento físico e cognitivo, observável pelas
alterações na coordenação motora, a alta irritabilidade, além de uma
considerável perda de memória (DUARTE, SANTOS & GONÇALVES, 2002).
1.3 Teorias sobre envelhecimento
Diversas teorias são estudas para tentar explicar e entender o processo
de envelhecimento, algumas não apresentam qualquer base científica, outras
ainda não foram testadas.
1.3.1 Relógio Biológico
12
Teoria que sugere que todas as pessoas possuem uma quantidade finita
de substância vital que quando esgotada resulta em envelhecimento e morte
(HARRIS, 2005).
Há várias evidências que estabelecem o fato que fatores genéticos são
fundamentais no processo de envelhecimento. Assim, acredita-se que cada
espécie de ser vivo apresenta uma duração máxima de vida, que seria
determinada pelo seu padrão genético (NETTO & BORGONOVI, 1996).
Nos processos de crescimento e desenvolvimento observa-se que
certos gens apresentam uma ação definida em certas fases da vida. Assim, o
envelhecimento seria a continuação do programa de diferenciação que teria a
morte como fase derradeira (FILHO & ALENCAR, 2000).
Alguns autores seguem a hipótese do envelhecimento estar relacionado
com os genes responsáveis por esse fato e, assim sendo, a duração máxima
da vida das espécies seria determinada por um relógio biológico controlado por
seu padrão genético. O relógio seria administrado pelas histonas, proteínas
que decidem se a atividade de determinado gene será ou não expressa
(LUSTRI & MORELLI, 2007).
Este relógio biológico é regulado de maneira diferente nas várias
espécies, procurando manter sempre a relação entre os eventos (FILHO &
ALENCAR, 2000).
É importante ressaltar que em algumas pesquisas foram separados o
núcleo do citoplasma e verificou-se que o núcleo vive mais tempo. Da mesma
forma, verificaram a capacidade de divisão dessas células juntando núcleos
jovens com citoplasmas jovens. Esses estudos demonstraram que o controle
do relógio pode estar no núcleo celular (LUSTRI & MORELLI, 2007).
Os autores que defendem esta teoria, admitem que as células teriam um
relógio biológico intrínseco, ou seja, uma seqüência de eventos programados
dentro do genoma, que dariam origem ao processo de envelhecimento, que
seria a continuação do programa de diferenciação, isto é, uma extensão do
programa de crescimento e desenvolvimento (NETTO & BORGONOVI, 1996).
Outros estudos propõem que a coordenação do processo de
envelhecimento se localiza no sistema nervoso central, sugerindo que esse
controle encontrava-se na hipófise, pois em estudo de hipofisectomia em ratos,
contrariando as expectativas, os ratos apresentaram maior sobrevida. Também
13
houve melhora na capacidade de síntese de RNA a partir do DNA, fato muito
reduzido com o envelhecimento (LUSTRI & MORELLI, 2007).
1.3.2 Erro Catastrófico
Teoria proposta por Orgel (1963), afirma que erros na síntese de uma
proteína podem ser utilizados na síntese de outras proteínas, levando à uma
diminuição progressiva da fidelidade e à eventual acumulação de proporções
de proteínas aberrantes, potencialmente letais. Estes erros assumem
significado especial quando afetam proteínas envolvidas na síntese de DNA,
resultando na perda de fidelidade do DNA replicado, aumentando,
conseqüentemente, as mutações somáticas e originando, eventualmente,
patologias e disfunção celular (MOTA, FIGUEIREDO & DUARTE, 2004).
A transcrição por uma enzima alterada poderia determinar suspensão
e/ou inversão de uma ou mais seqüências de bases purínicas ou pirimidínicas
que constituem o código genético. A conseqüência da transcrição do equivoco
seria reunião de seqüências incorretas de aminoácidos, levando à produção de
proteínas anormais, que terminariam por levar à deterioração orgânica e à
morte (NETTO & BORGONOVI, 1996).
Processos incorretos de transcrição e/ou de tradução dos ácidos
nucléicos reduziriam a eficiência celular a um nível incompatível com a vida.
Essa hipótese diverge das teorias de mutação somática e de dano ao DNA,
pois afirma que o erro na informação incide sobre outras moléculas que não o
DNA. A idéia básica contida nessa teoria é de que a capacidade da célula de
produzir seu conjunto normal de proteínas funcionais depende não apenas da
correta especificação genética das seqüências polipeptídicas, mas também da
fidelidade do aparato de síntese protéica. Mesmo que o genoma não contenha
nenhuma mutação somática ou dano no DNA, erros poderiam acontecer
durante o processo de tradução (NETO & CUNHA, 2006).
Se as proteínas ou RNAs erroneamente traduzidos tivessem função na
síntese protéica, esses erros seriam transmissíveis e cumulativos, levando a
um efeito exponencial chamado de “erro catastrófico”. Um erro catastrófico
aconteceria quando a freqüência de erros alcançasse um valor no qual um ou
mais processos vitais para a célula assumissem uma ineficiência letal. Se
14
morrerem células em quantidades suficientes para causar esse efeito, o
resultado seria o decréscimo na capacidade funcional que caracteriza o
envelhecimento (NETO & CUNHA, 2006).
Além disto, outros argumentos se contrapõem à hipótese de Orgel, pois
pesquisas básicas sobre o envelhecimento têm mostrado que: 1) a transcrição
e translação mantêm-se inalteradas com o avançar da idade; 2) o
envelhecimento é caracterizado pela constância da seqüência de aminoácidos
de uma grande variedade de proteínas fisiologicamente importantes (NETTO &
BORGONOVI, 1996).
1.3.3 Proteínas Alteradas
É a possibilidade que mudanças na estrutura da proteína podem ocorrer
após serem produzidas, mudando a atividade enzimática e assim,
comprometendo a eficiência da célula, podendo ocorrer acúmulo de proteínas
alteradas com o avançar da idade. Tais alterações poderiam, constituir fator
fundamental para redução da função celular. Essas modificações que surgem
na pós-síntese seriam resultantes de alterações enzimáticas que ocorreriam
com a idade. A presença de moléculas protéicas anormais em células idosas
poderia ser também resultado da redução da degradação (NETTO &
BORGONOVI, 1996).
Possivelmente, as enzimas alteradas são moléculas de longa vida e
residem que na célula por um longo tempo, o bastante para sofrerem uma
desnaturação sutil no ambiente citoplasmático. Proteínas alteradas
representariam um caso especial do conceito de ligações cruzadas,
envolvendo mudanças conformacionais que poderiam ser tanto reversíveis
(como no uso de pontes de hidrogênio para alterar a forma) como irreversíveis
(uso de ligações covalentes para estabelecer ligações com outras moléculas)
(NETO & CUNHA, 2006).
Um outro fator a ser levado em conta na hipótese de proteínas alteradas
é o processamento de proteínas. Essa atividade parece ficar mais lenta com a
idade, devido a mudanças desconhecidas nas vias citoplasmáticas de
degradação. A idéia de que proteínas anormais se acumulam com o passar do
tempo é comprovada pelo aumento da probabilidade de as proteínas de vida
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longa sofrerem uma modificação pós-tradução e de se alterarem com a idade,
ao mesmo tempo em que a taxa de degradação diminui. Assim, a alteração das
propriedades enzimáticas pode afetar a célula de modo mais abrangente do
que o reduzido número de enzimas mostraria (NETO & CUNHA, 2006).
A agressão contínua das células somáticas durantes dias, meses e
anos, por diferentes fatores, pode determinar mutações ou alterações ao acaso
de alguns genes e, como conseqüência, haveria acúmulo progressivo de
alterações cromossômicas e, portanto, na síntese de várias moléculas
protéicas. As células divisíveis parecem apresentar maior capacidade de
reparar o DNA alterado. No entanto, nas células cerebrais e nas fibras
cardíacas, os danos são irrecuperáveis, pois elas não são substituídas (FILHO
& ALENCAR, 2000).
1.4 Fatores que influenciam o envelhecimento
São diversos fatores que podem influenciar o envelhecimento, nos
fatores intrínsecos têm-se os fatores genéticos, radicais livres, ligações
cruzadas, ligação de DNA-Histona e outros. Nos fatores extrínsecos têm a
radiação, temperatura, poluição, alimentação e tensão emocional. Muitos
destes fatores internos e externos ainda precisam ser mais estudos.
1.4.1 Fatores intrínsecos
- Genético
Os genes podem ser úteis para promover a longevidade ou prejudiciais
encurtando o ciclo de vida (HARRIS, 2005).
As características do envelhecimento e a duração da vida são próprias
de cada espécie. Os progressos tecnológicos, o avanço da medicina, a
melhora das condições sócio-econômicas têm influenciado e prolongado a
expectativa média de vida, porém o tempo máximo de vida do ser humano
permanece em torno de 120 anos, o que demonstra que todo o progresso
médico e tecnológico não influenciou o processo de envelhecimento. Acredita-
se que cada espécie de ser vivo apresente uma duração máxima de vida que
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seria determinada pelo seu padrão genético. No entanto, a avaliação da
herança genética é difícil, pois o envelhecimento é processo complexo, soma
de vários fatores que agem durante a vida (FILHO & ALENCAR, 2000).
- Radicais Livres
Entende-se por radical livre de maneira simples, qualquer átomo ou
molécula altamente reativo, que contêm número ímpar de elétrons em sua
última camada eletrônica (FERREIRA & MATSUBARA, 1997).
Isto torna esse átomo ou molécula altamente reagente, combinando-se
com as moléculas próximas, principalmente aminoácidos contendo grupo
sulfidril e ácidos graxos insaturados. Os radicais livres surgiriam no organismo
em reações metabólicas normais e também em resposta a influencias internas
e externas, como isquemia, radiação e drogas. Os radicais livres provocariam
alterações orgânicas devido às reações com enzimas, lípides, colágeno,
hormônios e também com DNA e RNA. Em conseqüência dessas reações
ocorreriam alterações celulares, teciduais e também genéticas que estariam
relacionadas com o processo de envelhecimento (FILHO & ALENCAR, 2000).
- Ligações Cruzadas
O colágeno é uma proteína de tecido conectivo encontrada
principalmente nos ligamentos, tendões, cartilagens, músculos, válvulas
cardíacas e vasos sangüíneos. À medida que o indivíduo envelhece, mais
colágeno é formado, surgindo ligações cruzadas que tornam a estrutura mais
resistente e quase inflexível. Com o aumento da rede de ligações cruzadas no
envelhecimento, os processos de difusão seriam alterados, a permeabilidade
dos vasos sangüíneos se modificaria, resultando na passagem menos eficiente
de nutrientes e metabólitos entre as células e os vasos sangüíneos (FILHO &
ALENCAR, 2000).
- Ligação DNA-Histona
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As histonas são proteínas básicas pequenas que consistem de um
domínio globular, em que o filamento de DNA se enrola, porém se separa
facilmente também, deixando-o livre para transcrição do RNA. No
envelhecimento, as ligações de DNA-histona seriam mais estáveis,
determinando modificações em algumas propriedades físico-químicas do DNA
e causando alterações na transcrição. Estas alterações na expressão do gen
seriam responsáveis pelas modificações na síntese protéica (MENDITI &
KANG, 2007).
1.4.2 Fatores Extrínsecos
É muito difícil avaliar o real valor de um fator ambiental ou externo, pois
os dados obtidos em laboratório não são observados no homem (FILHO &
ALENCAR, 2000).
- Radiação
A radiação em doses pequenas ou em única dose pode aumentar o
número de aberrações cromossômicas em animais. São importantes a idade
em que aconteceu a exposição, a quantidade recebida, o tempo e o número de
exposições. Os efeitos da radiação sobre o DNA variam segundo o agente
(NETTO & BORGONOVI, 1996).
Em sobreviventes das explosões atômicas no Japão, em 1945, verificou-
se maior incidência de neoplasias relacionadas à proximidade do local da
explosão, porém não foram observadas manifestações precoces de
envelhecimento através de variáveis morfológicas e funcionais (FILHO &
ALENCAR, 2000).
- Temperatura
O ser humano, devido à sua capacidade de termorregulação e à
utilização de meios de proteção contra variações da temperatura. No entanto, o
homem submetido a temperaturas próximas a 50ºC ou a 0ºC e sem meios de
proteção, tolera-se por pouco tempo, surgindo precocemente alterações
18
orgânicas que podem até levá-lo à morte. Verifica-se, portanto, que é difícil
estabelecer para o homem relação entre temperatura e longevidade, mas
parece que o clima temperado, sujeito a pequenas variações, seria o mais
propício à espécie humana (FILHO & ALENCAR, 2000).
- Poluição
A contaminação do ar pelo monóxido de carbono, bastante intensa nas
grandes cidades é a maior causa de incidência de doenças pulmonares
crônicas e de suas complicações, aumentando o índice de mortalidade por
problemas respiratórios, contudo, não está provado que este fator interfira no
processo de envelhecimento propriamente dito (FILHO & ALENCAR, 2000).
- Alimentação
Inúmeros estudos têm demonstrado que a alimentação pode, em certos
casos, afetar o processo de envelhecimento.
Segundo Confort (1979), o mecanismo pelo qual agiria este fator
dietético ainda é obscuro, embora se suspeite de que atuaria nos mecanismos
de síntese protéica, retardando os processos que levariam à sua deterioração.
- Tensão Emocional
O estado de tensão emocional é responsabilizado pela maior incidência
de diversas infecções como, por exemplo, a aterosclerose, porém discute-se
sua influência no processo de envelhecimento. Em estudos, Bourlière analisou
este fato e observou dentro de um grupo de 40 idosos, os indivíduos ulcerosos
tinham menos capacidade física, declínio mais rápido da capacidade intelectual
e maior estado de tensão, assim pode-se descartar a tensão emocional como
aceleradora do processo de envelhecimento. O envelhecimento é um
fenômeno extremamente complexo, que pode ser influenciado por inúmeros
fatores, muitos dos quais ainda permanecem obscuros (FILHO & ALENCAR,
2000).
19
1.5 Alterações que ocorre devido ao envelhecimento
Marca-se o envelhecimento biológico pela diminuição da taxa
metabólica, o que se reflete na demora do intercâmbio de energia do
organismo nervoso, a energia (capacidade de reserva), usada em excesso, não
é totalmente recuperada, uma vez que o aumento da idade celular decorrente
de menor capacidade para a divisão celular resulta em desaceleracão
funcional. Assim, o envelhecimento do tecido resultado da mudança das
células renováveis para não renováveis. (MCARDLE & KATCH, 1998).
À medida que aumenta a idade cronológica as pessoas tornam-se
menos ativas, suas capacidades físicas diminuem e, com alterações
psicológicas que acompanham a idade (depressão, estresse, sentimento de
velhice), existe ainda a diminuição maior da atividade física que
consequentemente facilita a aparição de doenças crônicas, que, contribuem
para deteriorar o processo de envelhecimento. A maioria dos efeitos do
envelhecimento acontece por imobilidade e má adaptação e não somente por
doenças crônicas (MATSUDO et al,2000).
Uma das mais evidentes alterações que ocorrem com o aumento da
idade cronológica é a mudança nas dimensões corporais. Com o processo de
envelhecimento, existem mudanças principalmente na estatura, no peso e na
composição corporal.
Com o envelhecimento existe uma diminuição da estatura, esta perda é
de aproximadamente 1 cm por década e começa acontecer por volta de 40
anos de idade. Essa perda de estatura se deve à diminuição do arco do pé, ao
aumento das curvaturas da coluna, a uma diminuição no tamanho da coluna
vertebral devido à perda de água nos discos intervertebrais decorrentes dos
esforços de compressão a que são submetidos (figura 1). (LUSTRI &
MORELLI, 2007).
Fiatarone-Singh (1998), fala que este evento se deve à compressão
vertebral, o estreitamento dos discos e a cifose. Este processo parece ser mais
rápido nas mulheres do que nos homens, devido principalmente, a prevalência
de osteoporose na pós-menopausa.
20
Figura 1. Diferença de estatura entre um adulto e um idoso
Fonte: LUSTRI & MORELLI, 2007. A pele e os pêlos seguem direções próprias conforme suas linhas de
tensão, a pele fica menos elástica por causa da alteração da elastina e ocorre a
diminuição da sua espessura e do tecido subcutâneo, levando ao aparecimento
das rugas. Observa-se uma diminuição da atividade das glândulas sudoríparas
e sebáceas, resultando em uma pele áspera e seca, mais sujeita a lesões e
infecções. Os melonócitos podem sofrer alterações no seu funcionamento e,
consequentemente, levar à formação de manchas hiperpigmentadas, marrons,
lisas e achatadas, principalmente na face e no dorso da mão. Há diminuição
geral dos pêlos, por todo o corpo, exceto narinas, orelha e sobrancelhas. As
células do córtex, com o envelhecimento perdem pigmento, resultando cabelos
brancos (LUSTRI & MORELLI, 2007).
O indivíduo idoso apresenta um aumento dos diâmetros da caixa
torácica e do crânio, a continuidade de crescimento do pavilhão auditivo e do
21
nariz. Aumenta-se também o tecido adiposo, principalmente na região
abdominal. O teor de água corporal diminui pela perda hídrica intracelular e
também há perda de potássio, principalmente pela diminuição do número de
células nos órgãos. Isto leva o idoso a perda de massa corporal, afetando
vários órgãos e músculos. Os músculos são os que mais sofrem com essa
perda de massa, ocorre também perda de massa óssea (LUSTRI & MORELLI,
2007).
De acordo com Matsudo e Matsudo (1992), para ambos sexos, o início
do decréscimo ósseo se dá com uma perda massa óssea de menos de 0,5%
ao ano, sendo alterada na pós menopausa para 3% a 10% para o osso
trabecular e 1% a 2% para o cortical.
O envelhecimento é marcado por uma perda aproximada de 2 a 3% de
massa corporal magra por década. A sarcopenia – perda gradativa de massa
do músculo esquelético que ocorre com o avanço da idade – contribui para
diminuições na força muscular, alterações no modo de andar e equilíbrio, perda
de função física e risco aumentado de doenças crônicas (DUTTA, 1997).
A sarcopenia foi associada, em ambos os sexos, a três a quatro vezes
mais chances de incapacidade física e funcional, independente da idade, sexo,
raça, hábitos de saúde, nível sócio-econômico e doenças crônicas (MATSUDO
et al, 2000).
A perda de massa corporal magra, o tecido mais ativo metabolicamente,
é acompanhada freqüentemente por aumento da gordura corporal e diminuição
proporcional na taxa metabólica (HURLEY, 1997).
A perda da massa muscular e consequentemente da força muscular é a
principal responsável pela deterioração na mobilidade e na capacidade
funcional do índividuo idoso. A sarcopenia que indica perda da massa, força e
qualidade do músculo esquelético tem um impacto significante na saúde
pública, pelas suas bem reconhecidas conseqüências funcionais ao andar e no
equilíbrio, aumentando o risco de queda e perda da independência física
funcional, além disto contribui para aumentar o risco de doenças crônicas
(MATSUDO et al, 2000).
A taxa metabólica de repouso diminui aproximadamente 15 a 20%
durante a vida. Essas alterações na massa corporal magra, gordura corporal e
taxa metabólica podem reduzir as necessidades de energia, diminuir a
22
capacidade de atuar independentemente na vida diária e aumentar o risco de
várias doenças crônicas associadas à obesidade (HARRIS, 2005).
Além destas alterações na composição corporal, de acordo com
Garbellini (2007), o envelhecimento está frequentemente associado ao
comprometimento do desempenho cognitivo e fisiológico, o que torna as
pessoas mais susceptíveis à morte.
O sistema nervoso central (SNC) é o sistema biológico mais
comprometido com o processo de envelhecimento, pois é o responsável pela
vida de relação (sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros) e
pela vida vegetativa (funções biológicas internas). O comprometimento do
SNC, quando ocorre, é preocupante, pelo fato de ser formado, em sua maioria,
por unidades morfofuncionais pós-mitóticas sem possibilidade reprodutora
(CANÇADO & HORTA, 2006).
O cérebro do idoso apresenta alterações significativas na função
fisiológica, principalmente relacionadas com o comprometimento da memória, o
retardo das funções centrais e a diminuição do peso cerebral. A força muscular
diminuída marcha retardada com diminuição de movimentos associados,
reflexos profundos hiporresponsivos e alterações de sensibilidade estão
associadas às modificações no nível anatômico macroscópico, celular e
molecular do sistema nervoso (SN). Em relação ao psiquismo, os distúrbios de
memória são os mais comuns, conhecidos como “esquecimento benigno do
idoso” (GARBELLINI, 2007).
A aquisição de novas informações e sua conversão pela memória de
trabalho em memória de longa duração diminuem significativamente com a
idade. Além disso, à medida que envelhecem, as pessoas apresentam
dificuldade para dormir, aumento da insônia e interrupções do sono
(GARBELLINI, 2007).
As quantidades menores de neurotransmissores podem predispor um
indivíduos a depressão e distúrbios do sono. As alterações no sistema nervoso
central (SNC) podem causar menor coordenação e equilíbrio, alterações de
humor e dificuldades na recuperação de informações (HARRIS, 2005).
Com o envelhecimento, acontecem mudanças nos tecidos corpóreos
que se manifestam de vários modos. Essas mudanças envolvem alterações
bioquímicas na composição do tecido e alterações causadas secundariamente
23
pelos danos acumulados em estruturas com potencial de reparação limitado
(OLIVEIRA, 2007).
24
2 CAPACIDADE E INCAPACIDADE FUNCIONAL
A capacidade funcional (CF) do idoso é definida pela ausência de
dificuldades no desempenho de certos gestos e de certas atividades da vida
cotidiana. Os conceitos fazem parte de um sistema de Classificação
Internacional de Comprometimento, Incapacidades e Desvantagens (ICIDH) da
World Hearth Organization (WHO).
O conceito de capacidade funcional é amplo, trabalhando-se em geral de
análises sobre o tema com a questão capacidade/incapacidade (ALENCAR et
al, 2007).
A capacidade funcional surge como um valor ideal para o idoso possa
viver independente, sendo essa capacidade de o indivíduo realizar suas
atividades físicas e mentais necessárias para manutenção de suas atividades
básicas, como: tomar banho, vestir-se, realizar higiene pessoal, transferir-se,
alimentar-se, manter a continência, preparar refeições, ter o controle financeiro,
tomar remédios, fazer compras, arrumar a casa, usar o telefone, caminhar a
uma certa distância, etc (RAMOS, 2003).
Van-Bilsen et al. usam em seu estudo o termo status funcional,
analisando a assistência necessária em atividades domesticas, como: preparar
comida, passar, lavar, movimentar-se fora de casa, fazer compras no
supermercado (ALENCAR et al, 2007).
Chaimowicz (1997) fala que as questões da capacidade funcional e
autonomia do idoso podem ser mais importantes que a própria questão da
morbidade, pois se relaciona com a qualidade de vida.
A incapacidade funcional é definida pela presença de dificuldade no
desempenho de atividades da vida cotidiana ou mesmo pela impossibilidade de
desempenhá-las (TRELHA et al, 2005).
A capacidade funcional diminui com a idade, mas nem sempre no
mesmo ritmo para todas as pessoas. A funcionalidade pode ser influenciada
beneficamente por vários fatores, tal como a atividade física, cuja prática
regular retém níveis mais altos de capacidade funcional, fundamentalmente na
função cardiovascular (SPIRDUSO 1995; SHEPHARD,1997).
O processo normal do envelhecimento se caracteriza pela diminuição da
capacidade funcional dos diversos órgãos e tecidos, o que acarreta um risco
25
aumentado de doenças, na sua maioria crônica-degenerativas, que estão se
tornando cada vez mais prevalentes em nosso país. São afecções que não têm
diagnóstico de resolutividade rápida e absorvem grandes quantidades de
recursos materiais e de profissionais especializados.
Existe perda da capacidade funcional com o avançar da idade. Este
conceito é de grande importância, pois não somente a identificação de doenças
o pilar de sustentação da atenção de saúde na velhice, mas a avaliação de
incapacidades funcionais e sua causas, as quais nem sempre estão
linearmente relacionadas às doenças presentes (YUASO & SGUIZZATTO,
1996).
Quando ocorrem déficits em capacidades funcionais refletem-se na
dependência funcional, a qual, contudo, é gradativa e pode não atingir todos os
domínios do funcionamento dos idosos ao mesmo tempo. Assim dificuldades
de locomoção, déficits sensoriais e até mesmo invalidez não implicam
necessariamente descontinuidade do funcionamento intelectual e afetivo
(NERI, 2007).
De acordo com Letti (2006), a capacidade funcional, especialmente a
dimensão motora é um dos mais importantes marcadores de um
envelhecimento bem sucedido e da qualidade de vida dos idosos. A perda
dessa capacidade está associada à predição de fragilidade, dependência,
institucionalização, trazendo complicações ao longo do tempo e gerando
cuidados de longa permanência e alto custo.
Embora o conceito de capacidade funcional seja bastante complexo
abrangendo outros como os de deficiência, incapacidade, desvantagem, bem
como os de autonomia e independência, na prática trabalha-se com o conceito
de capacidade/incapacidade. A incapacidade funcional define-se pela presença
de dificuldade no desempenho de certos gestos e de certas atividades da vida
cotidiana ou mesmo pela impossibilidade de desempenhá-las (ROSA et al,
2003).
Spirduso (1995) identifica cinco categorias hierárquicas que detectam os
diferentes níveis de capacidade funcional de idosos:
26
a) fisicamente dependentes: pessoas que não podem executar atividades
básicas da vida diária (como vestir-se, tomar banho, comer) e que dependem
de outros para suprir as necessidades diárias;
b) fisicamente frágeis: indivíduos que conseguem executar atividades básicas
da vida diária, mas não todas as atividades instrumentais da vida diária;
c) fisicamente independentes: podem realizar todas as atividades básicas e
instrumentais da vida diária, mas são geralmente sedentários;
d) fisicamente ativos: realizam exercícios regularmente e aparentam ser mais
jovens que a idade cronológica;
e) atletas: correspondem a pequena porcentagem da população, pessoas
engajadas em atividades competitivas.
A avaliação da capacidade funcional do paciente idoso é o contraponto
do bom atendimento geriátrico, pois os objetivos terapêuticos deverão estar
centrados na maioria da capacidade funcional, que nem sempre se tornam
realidade em virtude das próprias limitações econômicas e sociais do idoso. É
importante lembrar que a qualidade de vida está intimamente ligada ao status
funcional que o paciente apresenta e, consequentemente, ao próprio progresso
de qualquer programa de reabilitação. Portanto, a compreensão da avaliação
do status funcional em geriatria deve pautar-se na revisão da maior parte das
habilidades funcionais, divididas em duas categorias: as atividades de vida
diária (AVDs) e as atividades instrumentais de vida diária (AIVDs)
(SHIGUEMOTO, 2007).
2.1 Atividades da Vida Diária (AVDs)
O conceito de atividades de vida diária é talvez um dos únicos conceitos
em que se há consenso em geral. Existem muitas revisões sobre o conceito de
AVDs e suas medidas (SHIGUEMOTO, 2007).
Entre as clássicas AVD propostas por Sidney Katz, incluem-se a
capacidade para alimentar-se, transferir-se, vestir-se, ter continência, banhar-
se e usar o banheiro, denominadas pelos seus colaboradores como atividades
básicas da vida diária (PASCHOAL, 1996; DIOGO, 2000).
27
Grande porcentagem da população idosa tem dificuldade ou
incapacidade de realizar atividades cotidianas (Abrams,1994 e Matsudo, 2000
apud Letti et al, 2006). Essas atividades podem ser subdivididas em: atividades
básicas da vida diária (ABVD’s) e atividades instrumentais da vida diária
(AIVD’s).
Atividades de vida diária (AVDs) são atividades de cuidado pessoal que
a própria pessoa pode realizar todos os dias, como comer, vestir-se, tomar
banho, realizar transferências de posições, controlar a bexiga e o intestino.
(WADE,1996 apud SHIGUEMOTO, 2007)
Compreendem as atividades de autocuidado e o desempenho das
atividades rotineiras realizadas no âmbito restrito ao domicílio, que permitem a
sobrevivência física da pessoa (NERI, 2007).
Tarefas realizadas para os cuidados pessoais diários, como a
alimentação, vestuário, higiene e mobilidade física (LETTI et al, 2006).
Freitas & Miranda (2006) relata que as atividades básicas são aquelas
que se referem ao autocuidado, ou seja, são as atividades fundamentais para a
manutenção da independência: capacidade para alimentar-se, ter continência,
locomover-se, tomar banho, vestir-se e usar o banheiro. Essas atividades
foram denominadas atividades básicas de vida diária, ou simplesmente,
atividades de vida diária (AVD).
A independência na realização das AVDs é de grande importância na
vida das pessoas pois envolve questões de natureza emocional, física e social.
Independentemente da faixa etária, a dependência pode alterar a dinâmica
familiar, os papéis desenvolvidos pelos seus membros, interferindo nas
relações e no bem estar da pessoa dependente e dos seus familiares (DIOGO,
2000).
2.1.2 Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs)
Atividades como preparar as refeições, lavar roupa, cuidar da casa, fazer
compras, usar o telefone, usar o transporte, controlar o dinheiro e os
medicamentos são as “atividades instrumentais da vida diária” – AIVD,
propostas por Lawton e Brody (PASCHOAL, 1996; PAULA et al., 1998; DIOGO,
2000).
28
Atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) são atividades que
possibilitam qualquer pessoa viver com independência em sua casa ou
apartamento, como preparar refeições, realizar atividades caseiras, tomar
medicamentos, usar o telefone, realizar atividades financeiras (SHIGUEMOTO,
2007).
Relacionadas à capacidade de administração do ambiente de vida
dentro e fora do lar (MARRA et al, 2007).
Habilidades avançadas, consideradas vitais para viver
independentemente na comunidade, inclusive direção de negócios pessoais,
cozinhar, fazer compras, exercer tarefas domésticas e dirigir carro (LETTI et al,
2006).
Para Freitas & Miranda (2006), para uma vida independente e ativa na
comunidade, executando as atividades rotineiras do dia-a-dia, o idoso deve
usar os recursos disponíveis no meio ambiente. O conjunto dessas atividades
foi denominado atividades instrumentais de vida diária (AIVD). Estão
relacionadas à realização de tarefas mais complexas, como arrumar a casa,
telefonar, controlar e tomar os remédios e controle financeiro. De acordo com a
capacidade de realizar essas atividades, é possível determinar se o individuo
pode viver sozinho. A escala de Lawton é uma é uma das mais frequentemente
utilizadas.
Os instrumentos mais conhecidos para avaliar a capacidade funcional
são: Índice de Katz, índice de Kenny, índice de Barthel, Medida de
Independência Funcional (MIF) e escala de atividades instrumentais de vida
diária (AIVD) de Lawton.
29
3 AVALIAÇÃO FUNCIONAL
A avaliação da capacidade funcional dos idosos permite aos membros
da equipe multidisciplinar uma visão mais precisa quanto à severidade da
doença e o impacto da comorbidade. Assim, entende-se como avaliação
funcional, a designação dada para uma função específica, a capacidade de se
autocuidar e atender as necessidades básicas diárias, ou seja, as “atividades
da vida diária” (AVD) (DIOGO, 2000).
A avaliação da capacidade funcional está relacionada aos aspectos
práticos das atividades de cuidado pessoal e do grau de manutenção da
capacidade para o desempenho das atividades básicas e mais complexas do
cotidiano (VIANA, 2007).
O desempenho funcional do idoso é importante preditor de saúde. Um
dos recursos utilizados para verificar os níveis de independência ou
dependência dos idosos para realizar as tarefas do cotidiano é por meio da
Medida de Independência Funcional (MIF) e do Índex de Independência nas
Atividades de Vida Diária (VIANA, 2007).
Uma tentativa sistematizada de mensurar objetivamente os níveis nos
quais uma pessoa está funcionando numa variedade de áreas tais quais
integridade física, qualidade da auto-manutenção, qualidade no desempenho
dos papéis, estado intelectual, atividades sociais, atitude em relação a si
mesmo, e o estado emocional (LAWTON, 1971).
É um método para descrever habilidades e atividades em ordem de
mensurar o uso individual de uma variedade de habilidades incluídas no
desempenho de tarefas necessárias na vida diária, nos compromissos
vocacionais, nas interações sociais, nas atividades de lazer, e outros
comportamentos requeridos (GRANGER, 1984).
Avaliação funcional pode ser definida como uma tentativa sistematizada
de medir, de forma objetiva, os níveis nos quais uma pessoa é capaz de
desempenhar determinadas atividades ou funções em diferentes áreas,
utilizando-se de habilidades diversas para o desempenho das tarefas da vida
cotidiana, para a realização de interações sociais, em suas atividades de lazer
e em outros comportamentos requeridos em seu dia-a-dia.
30
De modo geral, representa uma maneira de medir se uma pessoa é ou
não capaz, de independentemente, desempenhar as atividades necessárias
para cuidar de si mesma e de seu entorno e, caso, não seja, verificar se essa
necessidade de ajuda é parcial (em maior ou menor grau) ou total. Com base
nessa definição, o conceito de função pode ser definido como a capacidade do
indivíduo para adaptar-se aos problemas de todos os dias apesar de possuir
uma incapacidade física, mental e/ou social (DUARTE et al., 2006).
3.1. Instrumentos de Avaliação Funcional
Devido ao grande aumento do número de idosos no mundo inteiro, a
necessidade de meios para avaliar a capacidade funcional também aumenta.
Hoje em dia existem diversos estudos e instrumentos que visam a avaliação da
capacidade funcional, cada um relacionado à um tipo de atividades. O presente
trabalho abordou o Índice de Katz e a Escala de medida de independência
funcional (MIF).
3.1.1 Índice de Katz
O primeiro discernimento teórico e de padronização veio através de um
grupo de Cleveland, Ohio, EUA, liderado por Sidney Katz. Este demonstrou
que a seqüência de recuperação de seis atividades básicas da vida diária entre
idosos incapacitados (alimentar-se, ter continência, transferir-se, usar o
banheiro, vestir-se e banhar-se) se assemelhava à seqüência de
desenvolvimento dessas mesmas funções no processo de crescimento e
desenvolvimento neuropsicomotor da criança, bem como a padrões de
comportamento de membros de sociedades primitivas (PASCHOAL, 1996).
O Índex de Independência nas Atividades da Vida Diária (AVD),
desenvolvido por Sidney Katz em 1963, é um dos instrumentos mais antigos e
tem como objetivo avaliar a capacidade funcional do idoso em relação as
atividades básicas de vida diária (ABVD’s).
A escala de Katz está incluída na maioria das avaliações
multidimensionais e tem mostrado sua validade nos quase 40 anos em que
vem sendo utilizada. Pode ser modificada acrescentando-se outras atividades,
31
como, por exemplo, andar nos arredores da casa, arrumar-se, subir e descer
escadas, cortar as unhas dos pés, etc (FREITAS & MIRANDA, 2006).
É um instrumento de medida das atividades de vida diária
hierarquicamente relacionadas e organizado para mensurar independência no
desempenho de seis funções: banhar-se, vestir-se, ir ao banheiro, transferir-se,
ser continente e alimentar-se. Esse instrumento representa a descrição de um
fenômeno observado em um contexto biológico e social e, apesar do
desenvolvimento de outros, ainda tem sido dos mais utilizados na literatura
gerontológica para avaliar a funcionalidade dos idosos que hoje são
denominadas Atividades Básicas de Vida Diária (DUARTE, 2007).
De acordo com Katz (1963), os idosos eram classificados como
independentes se eles desenvolvessem a atividade (qualquer das seis funções
propostas) sem supervisão, orientação ou qualquer tipo de auxilio direto. A
dependência para cada uma das seis funções estabelecidas foi previamente
determinada a seguir:
a) Na função “Banhar-se” (uso de chuveiro, banheira e o ato de esfregar-se
em qualquer uma dessas situações) - o idoso será classificado como
independente caso precise ajuda somente para lavar uma única parte do
corpo (como a região dorsal ou membro deficiente) ou toma banho sem
auxílio. E terá denominação de dependência parcial caso receba
assistência para banhar mais de uma parte do corpo ou necessita de
auxilio para entrada e saída da banheira. E denominação de
dependência total quando não são capazes de tomar banho sozinho.
b) Na função “Vestir-se” - o idoso será classificado como independente
quando ele realiza o ato de pegar as roupas no armário e vestir-se
propriamente dito. As roupas estão classificadas como roupas externas
e roupas íntimas, fechos e cintos. E serão classificados como
dependentes quando recebem auxílio ou permaneciam parcialmente ou
totalmente despidos.
c) Na função “ir ao banheiro” – o idoso é considerado independente
quando consegue realizar o ato de ir ao banheiro para excreções,
higienizar-se e arrumar suas roupas. E considerado dependente quando
32
necessita de auxílio direto ou quando não desempenham a função. Uso
de comadre ou similar, também classifica o idoso como dependente.
d) Na função “Transferir-se” – o idoso é classificado como independente
quando realiza o movimento para sair da cama, sentar-se em uma
cadeira e vice-versa (pode usar um objeto de apoio). Uso de
equipamentos ou suporte mecânico não altera a classificação de
independência para a função. Dependentes são os pacientes que
precisam de qualquer auxílio em qualquer transferência, ou quando não
conseguem executar uma ou mais transferências.
e) Na função “Continência” – o paciente é classificado como independente
quando consegue realizar o ato inteiramente autocontrolado de urinar ou
defecar. E é classificado como dependente quando tem incontinência
total ou parcial em qualquer uma das funções. Uso regular de fraldas ou
cateteres classifica o paciente como dependente.
f) Na função “alimentar-se” – o paciente é classificado como independente
quando realiza o ato de dirigir a comida até a boca. O preparo e corte
dos alimentos estão excluídos da avaliação. São classificados como
dependentes quando necessitam de qualquer assistência pessoal,
aqueles que não se alimentam sem ajuda ou que utilizam sondas
enterais são considerados dependentes bem como os que são nutridos
por via parenteral.
A avaliação de Katz abrange somente as atividades básicas de vida
diária, refletindo apenas a capacidade ou não para o autocuidado básico,
sendo utilizada mais para pacientes acamados em hospitais, em casas de
repouso, ou mesmo em sua própria moradia, porém com um certo grau de
dependência.
O objetivo deste protocolo é de identificar o grau de disfunção,
verificando o estado funcional atual, o planejamento de recursos de suporte e o
acompanhamento evolutivo do grau de disfunção.
Com a utilização de questionários simples, pode-se obter uma avaliação
imediata quanto à capacidade funcional do indivíduo (YUASO & SGUIZZATTO,
1996). (Quadro 1).
33
Quadro 1. Formulário de avaliação das atividades de vida diária. Nome: Data da Avaliação: ___/___/___
Para cada área de funcionamento listada abaixo assinale a descrição que melhor se aplica. A palavra “assistência” significa supervisão, orientação ou auxílio pessoal.
Banho - banho de leito, banheira ou chuveiro.
( ) Não recebe assistência (entra e sai da banheira sozinho se essa é usualmente utilizada para banho)
( ) Recebe assistência no banho somente uma parte do corpo (como costas ou uma perna)
( ) Recebe assistência no banho em mais de uma parte do corpo
Vestir – pega a roupa do armário e veste, incluindo roupas intimas, roupas externas e fechos e cintos (caso use)
( ) Pega as roupas e se veste completamente sem assistência
( ) Pega as roupas e se veste sem assistência, exceto para amarrar os sapatos
( ) Recebe assistência para pegar as roupas ou para vestir-se ou permanece parcial ou totalmente despido
Ir ao banheiro – dirigi-se ao banheiro para urinar ou evacuar: faz sua higiene e se veste após as eliminações
( ) Vai ao banheiro, higieniza-se e se veste após as eliminações sem assistência (pode utilizar objetos de apoio como bengala, andador, barras de apoio ou cadeira de rodas e pode utilizar comadre ou urinol à noite esvaziando por si mesmo pela manhã)
( ) Recebe assistência para ir ao banheiro ou para higienizar-se ou para vestir-se após as eliminações ou para usar urinol ou comadre à noite
( ) Não vai ao banheiro para urinar ou evacuar
Transferência
( ) Deita-se e levanta-se da cama ou da cadeira sem assistência (pode utilizar um objeto de apoio como bengala ou andador)
( ) Deita-se e levanta-se da cama ou da cadeira com auxílio
( ) Não sai da cama
Continência
( ) Tem controle sobre as funções de urinar e evacuar
( ) Tem “acidentes” * ocasionais *acidentes = perdas urinárias ou fecais
( ) Supervisão para controlar urina e fezes, utiliza cateterismo ou é incontinente
Alimentação
( ) Alimenta-se sem assistência
( ) Alimenta-se sem assistência, exceto para cortar ou passar manteiga no pão
( ) Recebe assistência para se alimentar ou é alimentado parcial ou totalmente por sonda enteral ou parenteral
FONTE: DUARTE, 2007.
34
No formulário, observam-se três categorias de classificação:
independente, parcialmente dependente ou totalmente dependente. A coluna
intermediária classifica os pacientes como independentes ou dependentes
dependendo da função analisada. Segundo Katz, este formulário foi
desenvolvido para facilitar a avaliação dos observadores e o registro mais
preciso das informações.
A tabela mostrou-se útil para evidenciar a dinâmica da instalação da
incapacidade no processo de envelhecimento, estabelecer prognósticos,
avaliar as demandas assistências, determinar a efetividade de tratamentos
além de contribuir para o ensino do significado de “ajuda” na área de
reabilitação (DUARTE, 2007).
Como a escala visava classificar a independência nas atividades,
recebeu o nome de Index of Independence in Activities of Daily Living,
associando a independência/dependência dos pacientes à utilização de letras
alfabéticas. Essa escala é uma versão modificada da original, publicada em
1976 por Katz e Akpom. Nesta versão apresentada a seguir, a classificação do
Index se dá pelo número de funções nas quais o indivíduo avaliado é
dependente (Quadro 02).
Quadro 02. Classificação do paciente quanto ao número de funções em que é dependente.
Index de AVDS (Katz) Tipo de Classificação
0 Independente nas seis funções (banhar-se, vestir-se, alimentação, ir ao banheiro, transferência e continência)
1 Independente em cinco funções e dependente em uma função
2 Independente em quatro funções e dependente em duas funções
3 Independente em três funções e dependente em três funções
4 Independente em duas funções e dependente em quatro funções
5 Independente em uma função e dependente em cinco funções
6 Dependente para todas as funções
FONTE: DUARTE, 2007.
35
Em 1998, o Hartford Institute for Geriatric Nursing, publicou uma nova
versão do Index de ADL de Katz (Quadro 03).
Quadro 03. Versão do Índex publicado por Hartford Institute for Geriatric Nursing
ATIVIDADES Pontos (1 ou 0)
INDEPENDÊNCIA (1 ponto)
SEM supervisão, orientação ou assistência pessoal
DEPENDÊNCIA (0 pontos)
COM supervisão, orientação ou assistência pessoal ou cuidado
integral
Banhar-se
Pontos: ____
(1 ponto) Banhar-se completamente ou necessita de auxílio somente para lavar uma parte do corpo como as costas, genitais ou uma extremidade incapacitada.
(0 pontos) Necessita de ajuda para banhar-se em mais de uma parte do corpo, entrar e sair do chuveiro ou banheira ou requer assistência total no banho.
Vestir-se
Pontos: ____
(1 ponto) Pega as roupas do armário e veste as roupas íntimas, externas e cintos. Pode receber ajuda para amarrar os sapatos.
(0 pontos) Necessita de ajuda para vestir-se ou necessita ser completamente vestido.
Ir ao banheiro
Pontos: ____
(1 ponto) Dirigi-se ao banheiro, entra e sai do mesmo, arruma suas próprias roupas, limpa a área genital sem ajuda
(0 pontos) Necessita de ajuda para ir ao banheiro, limpar-se ou usa urinol ou comadre.
Transferência Pontos: ____
(1 ponto) Senta-se/deita-se e levanta-se da cama ou cadeira sem ajuda. Equipamentos mecânicos de ajuda são aceitáveis
(0 pontos) Necessita de ajuda para sentar-se/deitar-se e levantar-se da cama ou cadeira.
Continência Pontos: ____
(1 ponto) Tem completo controle sobre suas eliminações (urinar e evacuar)
(0 pontos) É parcial ou totalmente incontinente do intestino ou bexiga.
Alimentação Pontos: ____
(1 ponto) Leva a comida do prato à boca sem ajuda. Preparação da comida pode ser feita por outra pessoa
(0 pontos) Necessita de ajuda parcial ou total com a alimentação ou requer alimentação parenteral.
Total de Pontos = ________
6 = independente
4 = dependência moderada
2 ou menos = muito
dependente
FONTE: DUARTE, 2007
36
Após a avaliação das AVDs, deve-se realizar duas perguntas para
complementação da mesma.
“O que o senhor (a) gostaria de fazer e que não está fazendo?”: possibilita
preciosas informações quanto às necessidades funcionais do paciente do seu
ponto de vista e, portanto, deve abranger a avaliação funcional. O aspecto do
paciente é valorizado e usado na prescrição do plano de cuidados.
“O que o senhor (a) fazia e deixou de fazer?” fornece informações quanto ao
declínio funcional apresentado pelo paciente.
O comprometimento das AVDs básicas pode ser o reflexo de uma
doença grave ou conjunto de doenças que afetam diretamente ou
indiretamente a cognição, humor, mobilidade e comunicação, de forma isolada
e associada (MORAES, 2008).
Pode-se, a partir de uma avaliação correta, aumentar a efetividade das
terapias propostas, através de uma prescrição complementar quanto aos
cuidados especiais necessários para suprir as deficiências funcionais e
prevenir possíveis complicações que advenham de uma dependência existente
ou não satisfeita adequadamente (YUASO & SGUIZZATTO, 1996).
3.1.2 Escala MIF (Medida de Independência Funcional)
A Medida de Independência Funcional (MIF) é um instrumento que
avalia a capacidade funcional e cognitiva em relação a seis dimensões:
autocuidados, controle de esfíncteres, transferências, locomoção, comunicação
e cognição social.
A Medida de Independência Funcional (MIF) foi desenvolvida na década
de 1980 por uma força-tarefa norte-americana organizada pela Academia
Americana de Medicina Física e Reabilitação. Seu objetivo foi criar um
instrumento capaz de medir o grau de solicitação de cuidados de terceiros que
o paciente portador de deficiência exige para realização de tarefas motoras e
cognitivas. (RIBERTO et al, 2001).
A MIF verifica o desempenho do indivíduo de realização de um conjunto
de 18 tarefas, referentes às subescalas de autocuidados, controle
esfincteriano, transferências, locomoção, comunicação e cognição social. Cada
item pode ser classificado em uma escala de graus de dependência de 7
37
níveis, sendo valor 0 correspondente à dependência total e o valor 7
correspondente à normalidade na realização de tarefas de forma independente
(BUFFALO, 1993; RIBERTO et al, 2001)
A MIF é uma medida que atende critérios de confiabilidade, validade,
precisão, praticidade, facilidade. Tem como meta determinar quais os cuidados
necessários a serem prestados para que o paciente realize as AVDs.
(RIBERTO et al, 2001).
A MIF faz parte do Sistema Uniforme de Dados para Reabilitação
Médica (SUDRM), sendo amplamente utilizada e aceita como medida de
avaliação funcional internacionalmente (VIANA et al, 2007).
Sua natureza é multidimensional, e pode ser utilizada para trazer
resultados quanto ao tratamento, como forma de planejamento terapêutico,
dentre outros.
A revisão da literatura aponta que a MIF é utilizada principalmente em
lesões neurológicas e também pode ser utilizada em crianças. A forma de se
obter informações deriva da observação do desempenho do paciente, e/ou nas
informações fornecidas pelo paciente/familiar/acompanhantes/equipe. Tem
como vantagem o fato de não compreender somente as atividades motoras,
mas também os aspectos cognitivos e capacidade de comunicação.
A escala avalia 18 categorias pontuadas de um a sete e classificadas
quanto ao nível de dependência para a realização da tarefa. As categorias são
agrupadas em seis dimensões: autocuidados (alimentação, higiene pessoal,
banho, vestir metade superior, vestir metade inferior, utilização do vaso
sanitário), controle de esfíncteres (controle da urina e defecação),
transferências (leito, cadeira, cadeira de rodas, vaso sanitário, banheiro,
chuveiro), locomoção (marcha, cadeira de rodas, escadas), comunicação
(compreensão, expressão) e cognição social (interação social, resolução de
problemas, memória) (Tabela 1) (RICCI, KUBOTA, CORDEIRO, 2005).
A Escala MIF é dividida em dois domínios, o motor e o cognitivo. 1)
Motor: comer, aprontar-se, banho, vestir parte superior do corpo, vestir parte
inferior do corpo, vaso sanitário, controle de bexiga, controle de intestino,
transferência da cama para a cadeira de rodas, transferência da cadeira de
rodas para o vaso sanitário, transferências no banheiro e chuveiro,
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marcha/cadeira de rodas, escadas; 2) Cognitivo: compreensão, expressão,
integração social, resolução de problemas, memória (Tabela 1).
Cada dimensão é analisada pela soma de suas categorias referentes;
quanto menor a pontuação, maior é o grau de dependência. Somando-se os
pontos das dimensões da MIF, obtém-se um escore total mínimo de 18 e o
máximo de 126 pontos, que caracterizam os níveis de dependência pelos
subescores (RICCI, KUBOTA, CORDEIRO, 2005).
Tabela 1. Tarefas Avaliadas pela Medida de Independência Funcional. DIMENSÕES CATEGORIAS
MIF TOTAL
MIF motor
Autocuidados
Alimentação Higiene matinal Banho Vestir-se acima da cintura Vestir-se abaixo da cintura Uso do vaso sanitário
Controles de esfíncteres
Controle da Urina Controle das Fezes
Transferências
Leito, cadeira, cadeira de rodas Vaso sanitário Chuveiro ou banheira
Locomoção
Marcha / Cadeira de Rodas Escadas
MIF cognitivo
Comunicação Compreensão Expressão
Cognição Social
Interação social Resolução de problemas Memória
FONTE: RIBERTO et al, 2001.
A pontuação de cada categoria varia de um a sete (1 – 7), de acordo
com o grau de dependência (Quadro 4): 7 - independência completa; 6 -
independência modificada; 5 - supervisão; 4 - ajuda mínima (indivíduo realiza >
75% da tarefa); 3 - ajuda moderada (indivíduo realiza > 50% da tarefa); 2 -
ajuda máxima (indivíduo realiza > 25% da tarefa); 1 - ajuda total.
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Quadro 4. Pontuação de cada categoria. Pontos Descrição
7 Independência completa
6 Independência modificada
5 Supervisão, estímulo ou preparo
4 Dependência; ajuda mínima
3 Dependência; ajuda moderada
2 Dependência; ajuda máxima
1 Dependência; ajuda total
A MIF total pode ser dividida em quatro subescores, de acordo com a
pontuação total obtida: a) 18 pontos: dependência completa (assistência total);
b) 19 – 60 pontos: dependência modificada (assistência de até 50% da tarefa);
c) 61 – 103 pontos: dependência modificada (assistência de até 25% da tarefa);
d) 104 – 126 pontos: independência completa / modificada.
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CONCLUSÃO
A expectativa de vida mundial aumentou de maneira relevante, e como
conseqüência houve um aumento significativo da população idosa. Devido a
este aumento fica evidente a necessidade de uma maior atenção a esta faixa
etária. O processo de envelhecimento pode acarretar algumas dificuldades ao
individuo, gerando assim um comprometimento da sua capacidade funcional,
atrapalhando na realização de suas atividades do dia-a-dia.
Por conseguinte, este trabalho teve o objetivo de mostrar dois
instrumentos de avaliação da capacidade funcional do idoso, o índice de Katz e
a escala de medida de independência funcional (MIF), já que ambos visam
identificar as possíveis dependências em relação a funcionalidade do paciente.
O índice de Katz é um dos instrumentos mais antigos e está presente em
praticamente todas as avaliações multidimensionais. A MIF avalia além da
capacidade funcional, a capacidade cognitiva, tornando assim uns dos testes
mais completos.
Com o resultado destas avaliações é possível traçar um tratamento
fisioterapêutico adequado e um plano de cuidados suplementares visando a
maior independência possível deste individuo, melhorando assim sua qualidade
de vida.
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