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PREFEITURA MUNICIPAL DE CONTAGEM/MG
BELO HORIZONTE
JULHO 2016
AVALIAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR NO LIXÃO DO CINCO EM CONTAGEM/MG
Relatório Conclusivo
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APRESENTAÇÃO
A Consominas Engenharia foi contratada para realizar a Avaliação Ambiental
Preliminar do Lixão do Cinco, localizado na Rua Heckel Bem-Hur Salvador, entre a
avenida João Cesar de Oliveira e a rua Trajano de Araújo Viana, no Centro Industrial
de Contagem (Cinco), Contagem/MG.
Os objetivos da Avaliação Ambiental Preliminar é a identificação de indícios de
contaminação na área estudada, neste caso em solo, visando caracterizar um
possível passivo ambiental. Finalizada a etapa de Avaliação Ambiental Preliminar e
caso seja verificada a necessidade de continuidade dos trabalhos, esse relatório
deverá apresentar as diretrizes para a investigação confirmatória.
O escopo do trabalho envolveu visitas técnicas à área em questão por 02 profissionais
da Consominas para entrevistas com os colaboradores do Aterro, levantamento de
informações do histórico operacional da área, identificação de indícios de
contaminação, entre outras informações relevantes para o cumprimento da presente
etapa.
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SUMÁRIO
1. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR ................................................................... 6
2. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ............................................................... 6
3. IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS ................................................................... 7
3.1. RESPONSÁVEL LEGAL PELO EMPREENDIMENTO ................................................. 7
3.2. RESPONSÁVEL TÉCNICO PELO EMPREENDIMENTO ............................................ 7
3.3. EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE
INVESTIGAÇÃO .................................................................................................................... 8
3.4. EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO ESTUDO .................. 9
4. INFORMAÇÕES GERAIS ......................................................................................... 10
4.1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS .................................................................................. 10
4.2. ESCOPO DO TRABALHO ......................................................................................... 12
4.3. LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA E DA RESPONSABILIDADE .............................. 13
5. SERVIÇOS EXECUTADOS ...................................................................................... 15
5.1. HISTÓRICO DA PROPRIEDADE .............................................................................. 15
5.2. HISTÓRICO DA ÁREA .............................................................................................. 17
5.3. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO IMEDIATO ....................................................... 27
5.4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO ..................................................................... 30
5.4.1. Geologia regional e local .................................................................................... 30
5.4.2. Hidrogeologia e uso da água .............................................................................. 31
5.4.3. Clima..................................................................................................................... 33
5.4.4. Vegetação ............................................................................................................ 35
5.4.5. Geomorfologia ..................................................................................................... 35
5.5. BENS A PROTEGER ................................................................................................ 36
6. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO PRELIMINAR ...................................................... 37
7. MODELO CONCEITUAL .......................................................................................... 40
8. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 45
9. DIRETRIZES PARA INVESTIGAÇÃO AMBIENTAL CONFIRMATÓRIA ................. 46
10. REFERÊNCIAS BIBlIOGRÁFICAS .......................................................................... 49
11. ANEXOS ................................................................................................................... 51
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LISTA DE FOTOS
Foto 1: Cercamento do antigo Lixão do Cinco, rua Haeckel Ben-Hur Salvador. ..................... 29
Foto 2: Resíduos de construção civil identificados na área. ....................................................... 42
Foto 3: Resíduos de construção civil identificados na área. ....................................................... 42
Foto 4: Talude de resíduos com cobertura de resíduos de construção civil............................. 42
Foto 5: Talude de resíduos com cobertura de resíduos de construção civil............................. 42
Foto 6: Presença de resíduos no “pé do talude”, próximo ao córrego....................................... 43
Foto 7: Trecho do Córrego Bitácula. ............................................................................................... 43
Foto 8: Pneus próximo às margens do Córrego Bitácula. ........................................................... 43
Foto 9: Trecho do Córrego Bitácula. ............................................................................................... 43
Foto 10: Trecho do Córrego Bitácula contaminado. ..................................................................... 44
Foto 11: Resíduos de origem hospitalar. ........................................................................................ 44
Foto 12: Resíduos identificados no talude na margem esquerda do Córrego Bitácula. ......... 44
Foto 13: Resíduos identificados no talude na margem esquerda do Córrego Bitácula. ......... 44
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fluxograma das etapas da Avaliação Ambiental Preliminar, ..................................... 11
Figura 2: Ações para a Avaliação Ambiental Preliminar. ............................................................. 13
Figura 3: Localização do lixão e principais vias de acesso ......................................................... 16
Figura 4: Água residuária represada pelo lixo, em 1988. ............................................................ 18
Figura 5: Água residuária represada pelo lixo, em 1988. ............................................................ 18
Figura 6: Estreitamento do leito do Córrego Bitácula, em 1988. ................................................ 19
Figura 7: Obstrução do leito do Córrego Bitácula, em 1988. ...................................................... 19
Figura 8: Lixão do Cinco. ................................................................................................................. 20
Figura 9: Resíduos dispostos sem cobrimento.............................................................................. 20
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Figura 10: Lixão do Cinco em 1996, vista da Rua José Pedro de Araújo. ................................ 23
Figura 11: Lixão do Cinco em 1996, vista da Rua Américo Santiago Piacenza. ..................... 23
Figura 12: Vista parcial do Lixão do Cinco em 2006, vista da Rua José Pedro de Araújo. ... 24
Figura 13: Bacias hidrográficas e sub-bacias de Minas Gerais e a localização do Município de
Contagem (marcação em vermelho). .............................................................................................. 28
Figura 14: Localização da área de estudo. .................................................................................... 29
Figura 15: Mapa de unidades geotécnicas da RMBH. ................................................................. 30
Figura 16: Bacias hidrográficas de Contagem, em destaque o Lixão do Cinco....................... 32
Figura 17: Sub-bacias hidrográficas do Ribeirão do Onça e Bacia do Rio das Velhas. ......... 32
Figura 18: Gráfico de temperaturas - Contagem, MG. ................................................................ 33
Figura 19: Climograma - Contagem, MG. ...................................................................................... 34
Figura 20: Mapa de relevo do colar metropolitano RMBH, destacado o município de
Contagem. ........................................................................................................................................... 36
Figura 21: Limites lixão do cinco e áreas com resíduos .............................................................. 39
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Resíduos recebidos pelo Lixão do Cinco em 1988 ..................................................... 21
Tabela 2: Modelo conceitual preliminar – Avaliação Ambiental Preliminar ............................... 41
Tabela 3: Plano para Investigação Ambiental Confirmatória ...................................................... 48
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1. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR
Razão Social ou Prefeitura: Prefeitura Municipal de Contagem
Órgão/Departamento/Autarquia: Secretaria Municipal de Obras e Serviços
Urbanos
Endereço para correspondência: Rua Trajano de Araújo Viana, n.º 450 – Bairro
Cinco
Município: Contagem
CEP: 32010-090
Telefone: 3352-5000
Endereço eletrônico: [email protected]
2. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
Nome: Lixão Desativado do Bairro Cinco
Atividade: Tratamento e/ou disposição final de resíduos sólidos urbanos
Código (DN COPAM nº 74/04): E-03-07-7
Endereço: Rua Heckel Bem-Hur Salvador, entre a avenida João Cesar de Oliveira e
a rua Trajano de Araújo Viana, no Centro Industrial de Contagem (Cinco).
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Município: Contagem
CEP: 32.371-685
Telefone: 3356-8462
Endereço eletrônico: aterro.sanitá[email protected]
3. IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS
3.1. RESPONSÁVEL LEGAL PELO EMPREENDIMENTO
Nome: Carlos Magno de Moura Soares
Cargo: Prefeito
Telefone: (31) 3352-5000
Fax: (31) 3352-5000
3.2. RESPONSÁVEL TÉCNICO PELO EMPREENDIMENTO
Nome: Mário Sérgio Corrêa Dias
Cargo: Secretário Municipal de Obras e Serviços Urbanos
Formação profissional: Engenheiro Civil
N.º de registro: 04.0.0000024747
Telefone: (31) 3911-9348
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3.3. EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE
INVESTIGAÇÃO
Razão Social: Consominas Engenharia Ltda.
CNPJ: 07.080.673.0001-48
Endereço: Rua Aguapeí, 99 – Serra, Belo Horizonte/MG, CEP: 30240-240
Telefone: (31) 3324-0880
Inscrição Estadual: Isento
Contrato: SC 097/2014
Site: www.consominas.com.br
Endereço eletrônico: [email protected]
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3.4. EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO ESTUDO
PROFISSIONAL FORMAÇÃO/REGISTRO
PROFISSIONAL RESPONSABILIDADE
TÉCNICA
Carolina Silva Péres
Engenheira Ambiental –
MBA Gerenciamento de Projetos
CREA MG 103443/D
Gerente do Projeto/
Engenheira Ambiental
André Silva Péres Engenheiro Civil
CREA MG 78432/D Engenheiro Civil
Maurício Péres Filho Engenheiro Civil – CREA MG
22553/D Engenheiro Civil
Rafael Oliveira Rosa Eng. Ambiental
CREA 106.485/D Engenheiro Ambiental
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4. INFORMAÇÕES GERAIS
4.1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A Consominas Engenharia foi contratada para realizar a Avaliação Ambiental Preliminar no
Lixão do Cinco, localizado no Bairro Cinco, Contagem/MG.
As informações do projeto são apresentadas através do Quadro 1.
Quadro 1: Dados do Projeto
DADOS BÁSICOS
Área-alvo: Lixão do Cinco - Contagem/MG
Localização: Rua Heckel Bem-Hur Salvador, entre a avenida João
Cesar de Oliveira e a rua Trajano de Araújo Viana,
no Centro Industrial de Contagem (Cinco).
Coordenadas
Geográficas (UTM):
597.512 m E
7.795.630 m S
23K
O principal objetivo desta Avaliação Ambiental Preliminar foi identificar áreas com potencial
de contaminação aos bens a se proteger nas instalações do Lixão do Cinco e seus
arredores imediatos, devido aos riscos inerentes da atividade de disposição de resíduos.
Desta forma, o resultado da Avaliação Ambiental Preliminar visa fornecer as diretrizes para
a etapa subsequente, que é a Investigação Ambiental Confirmatória, caso necessário.
O escopo de trabalho da Avaliação Ambiental Preliminar incluiu as atividades de visita ao
Lixão do Cinco em Contagem por profissionais da Consominas no período de 06 a 24 de
junho de 2016, para obtenção de dados primários e secundários.
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Foram utilizadas como referência para a realização desta investigação as diretrizes
estabelecidas pela Norma Brasileira ABNT-NBR 15515-1 Passivo Ambiental em Solo e
Água Subterrânea, Parte 1: Avaliação Preliminar. O trabalho em questão é um diagnóstico
inicial do processo de avaliação de passivo ambiental, no qual constam algumas etapas em
que se obtêm dados específicos do possível contaminante e seu comportamento no meio
impactado (água e solo). A ABNT NBR 15.515-1 (2007), resume as atividades de avaliação
em um fluxograma, apresentado na Figura 1 a seguir.
Figura 1: Fluxograma das etapas da Avaliação Ambiental Preliminar,
Fonte: ABNT, 2007.
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A partir dos dados levantados na atual etapa, definem-se as áreas com potenciais (AP) e
suspeitas (AS) de contaminação em relação aos bens a se proteger nas instalações da
área em estudo, na qual descreve:
AP – Área com Potencial de Contaminação: área onde estão sendo desenvolvidas
ou onde foram desenvolvidas atividades com potencial de contaminação que, por
suas características, podem acumular quantidades ou concentrações de
contaminantes em condições que a tornem contaminada;
AS – Área Suspeita de Contaminação: área na qual, após a realização de uma
avaliação preliminar, foram observados indícios de contaminação;
AC – Área Contaminada: área onde as concentrações de substâncias químicas de
interesse estão acima de um valor de referência vigente na região, no país, ou na
ausência deste, aquele internacionalmente aceito, que indica a existência de um
risco potencial à segurança, à saúde humana ou ao meio ambiente. (ABNT NBR
15515-1).
4.2. ESCOPO DO TRABALHO
O escopo de trabalho da Avaliação Ambiental Preliminar incluiu as seguintes atividades:
a) Inspeção in loco, através de visitas técnicas na área de interesse;
b) Levantamento e coleta de dados e informações sobre a área de interesse (histórico
operacional e ambiental).
A Figura 2 apresenta a sequência de ações que são realizadas na Avaliação Ambiental
Preliminar.
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Figura 2: Ações para a Avaliação Ambiental Preliminar.
Fonte: ABNT, 2007.
4.3. LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA E DA RESPONSABILIDADE
O presente relatório técnico foi elaborado por profissionais qualificados e não poderá ser
alterado por qualquer pessoa ou entidade, sem a prévia autorização da Consominas.
Devido à Avaliação Ambiental Preliminar tratar-se de uma avaliação indireta, a mesma pode
não esgotar as possibilidades de encontrar todas as fontes de contaminação.
A avaliação é baseada nas informações disponibilizadas pelo contratante, fotos,
documentos e entrevistas, onde são levados os pontos em relação à situação atual e
pretérita da área em questão.
Para tal conhecimento conforme normatizado via ABNT NBR 15.515/2007, havendo
indícios na Avaliação Ambiental Preliminar, parte-se para um segundo estudo, que se
denomina Investigação Ambiental Confirmatória, para verificar a necessidade de realizar a
etapa de Investigação Ambiental Detalhada, e se necessário uma Avaliação de Risco à
Saúde Humana, que dá subsídios para formação de decisões referente às ações corretivas
(intervenção/remediação) ou não, sobre o possível passivo ambiental.
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Este relatório é confidencial e destinado ao uso exclusivo do cliente, desta forma a
Consominas não se responsabiliza pela utilização, ainda que em parte, por terceiros que
dele venham a ter conhecimento.
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5. SERVIÇOS EXECUTADOS
5.1. HISTÓRICO DA PROPRIEDADE
O antigo Lixão do Cinco está localizado na rua Heckel Ben-Hur Salvador, entre a avenida
João César de Oliveira e a rua Trajano de Araújo Viana no Centro Industrial de Contagem
(CINCO), ao lado do Horto Florestal e às margens do córrego Bitácula, que por sua vez
desagua no Ribeirão Sarandi, principal efluente da Lagoa da Pampulha.
Segundo relatos e informações contidas no acervo documental da Prefeitura de Contagem,
esta área apresenta um histórico de bota-fora de resíduos mesmo antes da sua definição
como Lixão. Inclusive este foi um ponto importante para defini-la como ponto oficial de
despejo de resíduos sólidos, em 1986.
Conforme apontado pelo Projeto Executivo elaborado pela GEOAMBIENTAL, em 2007, as
informações mais consistentes obtidas pelo levantamento topográfico apontam para uma
área total do terreno referente à 16,1 hectares, perímetro total do terreno de 2,16 km, área
efetivamente ocupada pelo lixão de 11,7 hectares e perímetro do lixão de 1,82 km. A Figura
3 a seguir apresenta a localização do Lixão do Cinco e as principais vias de acesso.
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Figura 3: Localização do lixão e principais vias de acesso
Fonte: Consominas, 2016. Adaptado do Google Earth.
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5.2. HISTÓRICO DA ÁREA
Desde 1979 a área do atual Lixão do Cinco recebeu, initerruptamente, os resíduos
provenientes do município de Contagem, sem nenhum controle de quantidade e tipologia
de resíduos, até o ano de 1997, quando foi concedida a Licença de Operação do Aterro
Sanitário de Perobas. O lançamento de resíduos na área iniciou sem nenhum
planejamento, não contando com preparação do solo, camada impermeabilizante de fundo,
sistema drenagem de percolado, sistema de drenagem de água pluvial e sistema de
drenagem de gases.
O Lixão do Cinco recebeu todos os tipos de resíduos sólidos urbanos gerados no município
de Contagem (atendendo aproximadamente 100% da população) e, também, resíduos de
outros municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte que não eram aceitos pelas
unidades de destinação final de Belo Horizonte e Betim.
Em julho de 1986 a Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo
Horizonte – PLAMBEL, autarquia estadual criado para gerenciar a Região Metropolitana de
Belo Horizonte, realizou uma inspeção no Lixão do Cinco. A vistoria gerou um documento
(Relatório de Inspeção nº 004/86) que apresentava a necessidade de adequações na área
para diminuição dos impactos adversos ao meio ambiente, como por exemplo a sugestão
de canalizar o Córrego Bitácula, localizado no terreno, além de sugerir a indicação de novas
áreas para implantação de uma nova unidade para destinação final dos resíduos sólidos
urbanos.
Em dezembro de 1986, a PLAMBEL elaborou, sob demanda da Secretaria Municipal de
Planejamento de Contagem, o “Relatório de Seleção de Local para Aterro Sanitário”, no
qual a equipe técnica indicou um terreno com erosões no Bairro Beatriz para implantação
do Aterro Sanitário de Contagem. No primeiro semestre de 1988 a equipe técnica da
PLAMBEL inspecionou novas áreas indicadas pela extinta Companhia Urbanizadora de
Contagem – CUCO, Secretaria Municipal de Planejamento e pelo Conselho Municipal de
Conservação e Defesa do Meio Ambiente – CODEMA, onde nenhuma nova área
apresentou vocação para implantação de um Aterro Sanitário, exceto a mesma área já
indicada na inspeção realizada em 1986. Desta forma, enquanto não se encontrava nova
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área para implantar a unidade adequada para receber os resíduos urbanos, a PLAMBEL
sugeriu a adequação da operação realizada no Lixão do Cinco, no sentido de não
inviabilizar a canalização do Córrego Bitácula e evitar acidentes mais graves.
Em outubro de 1988 a PRAMBEL elaborou o “2º Relatório de Inspeção da Destinação Final
do Lixo em Contagem/MG” (Figuras 4 a 9). O documento apresentou diversas condições
desfavoráveis na área, tais como: não cobrimento do resíduo, nenhum tipo de drenagem
de gases e chorume, nenhum controle quanto à tipologia de resíduos recebidos (domiciliar,
público e industrial), falta de compactação dos taludes, catação por moradores do entorno,
contaminação das águas e estreitamento da margem do Córrego Bitácula, dentre outros
problemas.
Figura 4: Água residuária represada pelo
lixo, em 1988.
Fonte: PLAMBEL, 1988.
Figura 5: Água residuária represada pelo
lixo, em 1988.
Fonte: PLAMBEL, 1988.
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Figura 6: Estreitamento do leito do Córrego Bitácula, em 1988.
Fonte: PLAMBEL, 1988.
Figura 7: Obstrução do leito do Córrego Bitácula, em 1988.
Fonte: PLAMBEL, 1988.
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Figura 8: Lixão do Cinco.
Fonte: PLAMBEL, 1988.
Figura 9: Resíduos dispostos sem cobrimento.
Fonte: PLAMBEL, 1988.
O Relatório de Inspeção de 1988, da PLAMBEL, alertava sobre os riscos existentes na
área, tais como possíveis deslizamentos dos taludes e impactos adversos sobre o córrego
Bitácula e a Avenida João César de Oliveira. O documento sugeriu a remoção de parte dos
resíduos depositados nas margens do Córrego Bitácula para iniciar a canalização do
mesmo visando controlar a poluição das águas e aumentar a vida útil do Lixão. Em 1988 o
Lixão do Cinco recebia cerca de 2.000 m³ de resíduos por dia (PLAMBEL, 1988), conforme
apresentado pela Tabela 1 a seguir.
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Tabela 1: Resíduos recebidos pelo Lixão do Cinco em 1988
Tipologia do
resíduo Volume (m³/dia) Peso (t/dia) ¹
Domiciliar 694,80 183,43
Público 493,70 130,34
Industrial 876,90 231,50
Total 2.065,40 545,27
Fonte: PLAMBEL, 1988.
¹ Considerando massa específica de 0,264 t/m³.
Importante ressaltar que a estimativa apresentada pela PLAMBEL em 1988 contempla
todos os tipos de resíduos gerados no município e vizinhos: domiciliar, comercial, urbano,
hospitalar e industrial, sendo este o mais representativo.
Após ser alvo de Ação Civil Pública, no início da década de 90, o Município de Contagem
se viu obrigado a desativar o Lixão do Cinco e iniciar o processo de adequação do sistema
de destinação final dos resíduos sólidos urbanos do município. Em 1990, uma área
localizada no Bairro Perobas foi destinada para a implantação do Aterro Sanitário Municipal
através do "Plano de Estrutura Urbana de Contagem", elaborado pela Secretaria Municipal
de Desenvolvimento Urbano. A formalização da destinação do terreno para implantação do
Aterro Sanitário Municipal foi através do Plano Diretor Municipal, instituído pela Lei
Municipal Nº 2760 de 01 de agosto de 93 e revogada pela Lei Complementar Nº33 de 26
de dezembro de 2006 (artigo 20) a qual define o terreno como uma Área de Especial
Interesse Urbanístico 1 (AIURB 1), destinada a intervenções de interesse especial para a
estruturação urbana do município através de implantação prioritária de infraestrutura e
equipamentos públicos. Através de contrato de financiamento assinado em 1993 com o
Banco Mundial, com base no Programa de Saneamento Ambiental das Bacias da
Pampulha e do Onça (PROSAM), a Prefeitura obteve os recursos necessários para iniciar
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o projeto do Aterro Sanitário de Perobas, o qual obteve Licença de Instalação (LI) em 23
de novembro de 1994 e Licença de Operação (LO) em 24 de setembro de 1997, data que
a disposição de resíduos, por parte da administração pública, no Lixão do Cinco foi
paralisada.
Além da implantação do Aterro Sanitário de Perobas, a Ação Civil Pública sobre o Lixão do
Cinco motivou a Prefeitura tomar ações na tentativa de controlar a operação no Lixão do
Cinco, tais como:
Início da pesagem de caminhões e identificação dos resíduos recebidos em 13 de
dezembro de 1994;
Obs.: O Lixão do Cinco operou de 1979 a 1994 sem nenhum sistema de controle de
recebimento de resíduos (pesagem e identificação).
Desativação da antiga frente de operação em 16/01/1995 e início de nova frente com
adoção de técnicas adequadas de aterramento em camadas (recobrimento diário
com resíduos de construção civil e resíduos oriundos de obras de terraplanagem),
visando estabilizar os taludes;
Operação de destinação final de resíduos hospitalares em valas exclusivas em
26/01/1995, com cobertura diária;
Execução de valas de drenagem de águas superficiais.
A Prefeitura de Contagem acordou ainda com o Ministério Público que o Lixão seria
desativado em um prazo máximo de 4 (quatro) meses, e que a execução da obra de
implantação do Aterro Sanitário de Perobas seguiria o projeto aprovado pelo COPAM.
Porém, mesmo após o início da operação do Aterro Sanitário de Perobas, o Lixão do Cinco
recebeu resíduos por mais 04 anos, com a justificativa de cobrimento dos resíduos sólidos
ainda expostos ao tempo. A partir das informações, conclui-se que o Lixão do Cinco
recebeu resíduos até o ano de 2001. As Figuras 10 e 11 apresentam imagens do lixão em
1996.
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Figura 10: Lixão do Cinco em 1996, vista da Rua José Pedro de Araújo.
Fonte: Prefeitura de Contagem, 1996.
Figura 11: Lixão do Cinco em 1996, vista da Rua Américo Santiago Piacenza.
Fonte: Prefeitura de Contagem, 1996.
Em 2006 foi realizado um trabalho de pesquisa por uma aluna da Universidade Federal de
Minas Gerais – UFMG no Lixão do Cinco. O objeto do trabalho foi avaliar o potencial de
contaminação do lixão por metais utilizando Ativação Neutrônica Instrumental (AANI) e
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Espectrometria de Massa Acoplada a uma Fonte de Plasma - (ICP-MS) como técnicas de
análise nas matrizes: água superficiais e subterrâneas, sedimentos de fundo e borda e
chorume. Os resultados confirmaram a acumulação nos sedimentos de borda e fundo dos
elementos tóxicos encontrados no chorume e a contaminação das águas superficiais e
subterrâneas.
Figura 12: Vista parcial do Lixão do Cinco em 2006, vista da Rua José Pedro de Araújo.
Fonte: UFMG, 2006.
Em Abril de 2007, a empresa Geoambiental elaborou um Projeto Executivo de Fechamento
e Recuperação do Lixão do Cinco, para atendimento de condicionante da Licença de
Operação do Aterro Sanitário de Perobas. Através de levantamento topográfico foram
obtidos seguintes dados:
Área total do terreno: 16,1 hectares;
Perímetro total do terreno: 2,16 km;
Área efetivamente ocupada pelo lixão: 11,7 hectares;
Perímetro do lixão: 1,82 km;
Volume do lixão: 2.410.000 m³.
O projeto foi elaborado visando minimizar os impactos ambientais existentes devido à
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disposição inadequada de resíduos no local e criar um espaço de sensibilização ambiental.
O projeto tinha a concepção de recuperação parcial da área, contemplando remanejamento
de lixo para garantir estabilidade, cobertura dos resíduos com solo, drenagem de gases,
isolamento da área e projeto paisagístico. Ressalta-se que o projeto foi elaborado sem os
dados relacionados à qualidade do solo, água subterrânea e superficial. O Quadro a seguir
apresenta os quantitativos obtidos e apresentados pelo projeto.
Quadro 2: Quantitativos levantados pelo Projeto Geoambiental
Item Quantidade
Massa de lixo aterrada 1.446.452 toneladas
Tempo de aterramento 18 anos
Volume do lixão 2.410.753 m3
Volume de lixo a ser remanejado 195.796 m3 de corte e 115.844 m
3 de aterro
Espessura média de lixo 18 m
Altura máxima de taludes 30 m
Fonte: Geoambiental, 2007.
Em 2012 a Prefeitura de Contagem contratou a empresa Planesp Consultoria para
detalhamento do Projeto de Recuperação do Antigo Lixão de Contagem, visando a
execução dos serviços posteriormente. Assim como no projeto elaborado em 2007, neste
detalhamento do projeto não foram considerados dados relacionados à qualidade do solo,
água subterrânea e superficial, ou seja, nenhuma Investigação Ambiental foi realizada
visando caracterizar o cenário ambiental da área.
A seguir, apresenta-se a planta do Lixão do Cinco, sendo destacado:
Estimativa da área ocupada pelo maciço;
Vias de acesso;
Córrego Bitácula;
Principais indústrias no entorno.
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Planta do empreendimento
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5.3. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO IMEDIATO
O antigo Lixão do Cinco está localizado na região do Cinco (Centro Industrial de Contagem),
Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Município de Contagem se encontra sob as
coordenadas de latitude 19° 55' 55" S e de longitude 44° 03' 14" O, a altitude é de 858
metros acima do nível do mar e a 21k de distância da Capital Belo Horizonte.
Apresenta população composta por 603.442 habitantes (em 2014) distribuídos em 195,268
km² de área total.
Embora seja um polo industrial da RMBG, contagem pertence ao Bioma Cerrado e Mata
Atlântica (IBGE, 2014), com remanescentes florestais preservados pela CONPARC.
No Município localizam-se indústrias e áreas urbanas concentradas, embora existam
regiões com ocupação esparsa e fazendas (CPRM, 2001). Contagem tem como
pressuposto a localização geográfica estratégica, próximo a capital mineira, e desde 1952
vem se transformando em parque industrial. Seu sistema viário, planejado para comportar
um fluxo intenso de veículos e de carga, é feito através das principais rodovias do país, a
BR-381 (Fernão Dias - acesso a São Paulo), BR-262 (acesso a Vitória e Triângulo Mineiro)
e a BR-040 (acesso a Brasília e Rio de Janeiro). (Prefeitura Municipal de Contagem, 2016).
Inserido na da Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco, Contagem se localiza na
transição entre as Sub-bacias do Rio Paraopeba (SF3) e Rio das Velhas (SF5), conforme
a Figura 13.
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Figura 13: Bacias hidrográficas e sub-bacias de Minas Gerais e a localização do Município de
Contagem (marcação em vermelho).
Fonte: IGAM, 2012.
O empreendimento está localizado em área urbana do município, ocupa em torno de 16,1
hectares, que atualmente se encontra tomado por vegetação (Figura 14).
No entorno do empreendimento existem inúmeras indústrias, a maioria de peças
automotivas. Não foram identificadas ocupação urbana em seu entorno imediato.
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Figura 14: Localização da área de estudo.
Fonte: Direcional, 2013.
O isolamento do Lixão é constituído por cerca de mourões de concreto e oito fios de arame.
Em alguns trechos a cerca viva está contigua à trechos de vegetação nativa (Foto 1).
Foto 1: Cercamento do antigo Lixão do Cinco, rua Haeckel Ben-Hur Salvador.
Fonte: CONSOMINAS, 2016.
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5.4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO
5.4.1. Geologia regional e local
A área de interesse localiza-se no município de Contagem/MG, inserido na grande unidade
geológica conhecida como Complexo Belo Horizonte, segundo relatório “Mapa de Unidades
Geotécnicas da RMBH” (2010), que identifica a unidade geológica como Unidade Geológica
1, conforme Figura 15.
A unidade geológica Complexo Belo Horizonte se encontra sobre rochas de terrenos
graníticos-gnáissicos-migmatíticos, correspondendo a associações plutônicas de tonalitos,
Figura 15: Mapa de unidades geotécnicas da RMBH.
Fonte: Plano Metropolitano RMBH, 2010.
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trondhjemitos e granodioritos (TTG) e granitos arqueanos, gerados entre 3,42 e 2,85 Ga
atrás.
O estudo Mapa de Unidades Geotécnicas da RMBH (2010) aponta que as rochas mais
representativas da região são os granitos e os gnaisses. Estas rochas tem como
composição principal: Quartzo, feldspato (potássico e plagioclásio (oligoclásio – Na-Ca),
minerais ferromagnesianos biotita e hornblenda). Magnetita, titanita, zircão, granada.
Quando granitos e gnaisses são expostos em afloramentos ou abaixo de fino manto de
intemperismo, se bastante resistentes, sendo excelentes para execução de fundações
diretas. Segundo o mesmo estudo, quando intemperizadas, a rochas graníticas e
gnáissicas geram um solo residual silto-arenoso ou argilo-areno siltoso. Este solo por sua
baixa coesão é altamente susceptível a erosão e processos correlatos. Muito cuidado deve
ser tomado no momento de execução de cortes, terraplanagens, desmatamentos que
exponham estes solos à ação das águas pluviais, principalmente em regiões de relevo
colinoso com superfícies côncavas e bem drenadas. Por outro lado, solos com argilo-
minerais e desagregação da rocha em material areno-argiloso, por misturarem grãos de
quartzo com lamelas de argila, apresentam-se como excelentes materiais para a
construção de aterros compactados, pois aliam atrito e coesão. (Mapa de Unidades
Geotécnicas da RMBH, 2010).
5.4.2. Hidrogeologia e uso da água
Às margens do Lixão do Cinco encontra-se o Córrego Bitácula, afluente do córrego Sarandi
(sub-bacia do Córrego Sarandi) que por sua vez integra a bacia da Pampulha, que faz parte
da sub-bacia do ribeirão do Onça, que deságua no Rio das Velhas (bacia do Velhas, SF5)
no município de Santa Luzia (CRMP, 2001) (Figuras 16 e 17).
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Figura 16: Bacias hidrográficas de Contagem, em destaque o Lixão do Cinco.
Fonte: Base cartográfica – IGA/CETEC, 1997 (sem escala)
Figura 17: Sub-bacias hidrográficas do Ribeirão do Onça e Bacia do Rio das Velhas.
Fonte: CBH Velhas, 2016
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5.4.3. Clima
O clima da região de Contagem é quente e temperado, classificado por Köppen e Geiger
como Cwa (Clima Subtropical Úmido). Apresenta temperatura média de 20,7°C. No mês
mais frio, junho, apresenta temperatura média em torno de 17,5 °C, e nem janeiro, mês
mais quente, apresenta temperatura média de 23,1°C (Figura 18).
Figura 18: Gráfico de temperaturas - Contagem, MG.
Fonte: Climate-data.org, 2016
Segundo Reis e Ribeiro (2004), Contagem segue os padrões da região Sudeste, uma vez
que apresenta bem definido duas estações, uma chuvosa e outra de estiagem. A
distribuição da precipitação durante o ano em Contagem está relacionada à influência das
zonas de alta pressão (anticiclone do Atlântico Sul), área dispersora de ventos, e de baixa
pressão (massa equatorial continental, localizada na região norte do país). Estas massas
influenciam diretamente os períodos chuvosos que caracterizam os meses de verão
(dezembro, janeiro e fevereiro) e o inverno seco (junho, julho e agosto). Conforme dados
disponíveis no site Cimate-Date.ORG, a pluviosidade média anual do município é de
1.410mm (Figura 19).
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Figura 19: Climograma - Contagem, MG.
Fonte: Climate-data.org, 2016.
Se compararmos o mês mais seco com o mês mais chuvoso verificamos que existe uma
diferença de precipitação de 293 mm. O artigo “Estudo do microclima de Contagem”, ainda
aponta que as variações das temperaturas não definem com nitidez a estação fria ou
quente, peculiaridade não só de Contagem, mas também de Minas Gerais. A direção
predominante dos ventos em Contagem também segue os padrões da região Sudeste, com
ventos predominantes de Leste variando a Sudeste. O mesmo estudo aponta que as
temperaturas em Contagem são, em média, mais amenas que as de Belo Horizonte. Isso
pode ser explicado principalmente pela presença maior de áreas verdes em Contagem e
de um processo mais intenso de urbanização em Belo Horizonte.
Quanto ao fenômeno urbano “ilha de calor”, que ocorre em Contagem, sobretudo nas
regiões do Centro Comercial do Eldorado e Cidade Industrial, estes são justificados por
Reis e Ribeiro (2004) como decorrentes do processo de urbanização acelerado na região,
e por ser a região de Contagem que mais ligação tem com Belo Horizonte (fluxo de ônibus,
carros de passeio, caminhões, trens e meios de transporte em geral) e que abriga grande
número de pessoas e indústrias. Outro fator que contribui para a “ilha de calor” nessa região
é que Belo Horizonte está a leste de Contagem e, portanto, a “ilha de calor” que ocorre na
capital, mais intensa que em Contagem, influencia esse aquecimento.
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O conhecimento da pluviometria local afeta diretamente a geração de percolados, e ambos
são dados de grande valia para auxiliam na interpretação das informações geradas pelas
leituras da instrumentação geotécnica. As medições dos índices pluviométricos são
realizadas a partir das leituras no pluviômetro do tipo Ville de Paris existente próximo à
administração do Aterro Sanitário de Perobas, equipamento este disponibilizado pela
Defesa Civil do Município de Contagem. A coleta da água da chuva é realizada na parte da
manhã entre 8:00h e 9:00h, utilizando recipiente de acrílico com volume de 10 mm, sendo
o resultado da coleta repassado à Defesa Civil de Contagem.
5.4.4. Vegetação
Segundo o Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE), Contagem apresenta cobertura vegetal
natural do tipo Cerrado, que atualmente se encontra antropizada, com atividades industriais
e agrária. A vegetação natural do Cerrado é composta por várias formações campestres,
com vegetação gramínea – lenhosa baixa, alternando com árvores isoladas. Ao longo dos
rios nota-se a presença de galeras florestais, mostrando assim uma grande variabilidade
estrutural e, em consequência, grandes diferenças em porte e densidade, no que também
influi a intensidade da ação antrópica (IBGE, 2016).
Com a crescente urbanização e industrialização do município de Contagem, iniciada a partir
de 1970, os remanescentes florestais motivaram a criação de parques e praças, que
atualmente soma em média 300.000m² (CONPARQ, 2016). A ocorrência de matas está
restrita a ocorrência de manchas secundárias fragmentada, com a presença de capoeiras
e matas ciliares nos fundos de vales (FEAM,2009).
5.4.5. Geomorfologia
O relevo de Contagem se assemelha ao da capital mineira, tipificado por espigões, colinas
de topo plano a arqueado e encostas policonvexas de declividades variadas, nos flancos
dessas feições e nas transições. Entre elas ocorrem com frequência anfiteatros de
encontras côncavas e drenagem convergentes e nichos resultantes da estabilização de
antigas voçorocas. (Estatísticas e Indicadores, Aspectos Físicos Belo Horizonte, PBH 1995)
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Conforme apresentado na Figura 20, a altimetria do relevo de Contagem se encontra entre
772m a 960m.
Figura 20: Mapa de relevo do colar metropolitano RMBH, destacado o município de Contagem.
Fonte: Plano Metropolitano RMBH, 2010.
5.5. BENS A PROTEGER
Na área do Lixão do Cinco, objeto do presente trabalho, os principais bens a se proteger
identificados foram:
O solo e a água subterrânea local;
A água do Córrego Bitácula;
População residencial presente no entorno da área.
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6. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO PRELIMINAR
Segundo aborda-se na Norma ABNT NBR 15.515-1/2007, a Avaliação Ambiental Preliminar
é a primeira etapa da investigação de uma área, com o objetivo de encontrar ou não indícios
de uma possível contaminação em solo e água subterrânea, através de inspeções de
campo e levantamento de informações disponíveis, tais como, histórico operacional e
ambiental da área, entrevistas com funcionários mais antigos, imagens e fotos. Realizada
a Avaliação Preliminar e constando indícios de contaminação deve-se realizar a etapa de
Investigação Ambiental Confirmatória para confirmar ou não a contaminação nos meios.
Confirmada a contaminação passa-se para a 3ª etapa, a Investigação Ambiental Detalhada
e, quando necessário, a Avaliação de Risco à Saúde Humana.
Para identificar uma possível suspeita de contaminação na área durante a Avaliação
Preliminar, utiliza-se o Formulário Modelo de Ficha Técnica do Anexo B da Norma ABNT
NBR 15.515-1/2007 e a partir das informações assinaladas como positivas no formulário,
identifica-se áreas classificadas como:
a) Áreas Potencialmente Contaminadas (AP): aquelas onde estão sendo ou foram
desenvolvidas atividades potencialmente contaminadoras, isto é, onde ocorre ou
ocorreu o manejo de substâncias cujas características físico-químicas, biológicas e
toxicológicas podem causar danos e/ou risco aos bens a proteger.
b) Áreas Suspeitas de Contaminação (AS): aquelas nas quais, durante a realização da
etapa de avaliação preliminar, foram observadas falhas no projeto, problemas na
forma de construção, manutenção ou operação do empreendimento, indícios ou
constatação de vazamentos e outros. Essas constatações induzem a suspeitar da
presença de contaminação no solo e nas águas subterrâneas e/ou em outros
compartimentos do meio ambiente.
c) Área Contaminada (AC): pode ser definida resumidamente como a área ou terreno
onde há comprovadamente contaminação, confirmada por análises, que pode
determinar danos e/ou riscos aos bens a proteger localizados na própria área ou em
seus arredores.
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Com as informações obtidas em documentos, entrevistas e visitas de campo, foi constatado
que toda a área do Lixão do Cinco é uma Área Suspeita de Contaminação (AS).
Foram identificados como bens a proteger, na área do lixão, o solo, a água subterrânea e
superficial (Córrego Bitácula), a comunidade e trabalhadores do entorno. O solo e a água
subterrânea constituem-se, também, nas vias de transporte dos possíveis contaminantes,
através da infiltração e dispersão no solo e da dispersão na água subterrânea.
A Figura 21 apresenta a delimitação da área do Lixão do Cinco, classificada em sua
totalidade como Área Suspeita de Contaminação (AS), enquanto que o Anexo 2 apresenta
a Ficha Técnica do Anexo B da NBR 15.515-1/2007 preenchida.
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Figura 21: Limites lixão do cinco e áreas com resíduos
Fonte: Consominas, 2016. Adaptado do Google Earth.
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7. MODELO CONCEITUAL
Com os dados obtidos em documentos, entrevistas e durante as visitas de campo realizada
no Lixão do Cinco, foi possível identificar que há suspeita de contaminação na área, em
função da(s):
Operações com diversos tipos de resíduos, de origem domiciliar, industrial (Classe
IIA) e hospitalar;
Disposição inadequada de resíduos na área sem nenhum sistema de proteção
ambiental;
Entre outras atividades descriminadas no corpo deste relatório técnico.
Dentre os bens a proteger na área do Lixão do Cinco estão o solo, a água subterrânea e
superficial (Córrego Bitácula), a comunidade e trabalhadores do entorno. O solo e a água
subterrânea constituem-se, também, nas vias de transporte dos contaminantes, através da
infiltração e dispersão no solo e da dispersão na água subterrânea.
Do ponto de vista hidrogeológico, sugere-se em virtude da topografia local e da presença
do Córrego Bitácula, situado no ponto mais baixo da propriedade, que o fluxo de água
subterrânea preferencial seja para sudeste, sendo o córrego a zona de descarga do
aquífero freático local.
Devido à classificação da área como Suspeita de Contaminação (AS), destaca-se a
necessidade da execução de atividades de Investigação Ambiental Confirmatória nestas
áreas, baseadas na coleta de amostras de solo e água subterrânea, subjacente e/ou a
jusante destas áreas.
A Tabela 2 a seguir apresenta uma síntese do modelo conceitual preliminar elaborado para
a área de interesse, mostrando as possíveis fontes de contaminação, os mecanismos de
liberação, as principais vias de transporte dos contaminantes, os principais receptores e os
bens a proteger. Após a realização dos trabalhos de Investigação Ambiental Confirmatória,
o Modelo Conceitual Preliminar deverá ser atualizado com base nos dados a serem obtidos.
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Tabela 2: Modelo conceitual preliminar – Avaliação Ambiental Preliminar
Fonte: Consominas, 2016.
As Fotos 2 a 13 apresentam algumas situações identificadas na área do Lixão.
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Foto 2: Resíduos de construção civil
identificados na área.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 3: Resíduos de construção civil
identificados na área.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 4: Talude de resíduos com cobertura de
resíduos de construção civil.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 5: Talude de resíduos com cobertura de
resíduos de construção civil.
Fonte: Consominas, 2016.
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Foto 6: Presença de resíduos no “pé do
talude”, próximo ao córrego.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 7: Trecho do Córrego Bitácula.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 8: Pneus próximo às margens do
Córrego Bitácula.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 9: Trecho do Córrego Bitácula.
Fonte: Consominas, 2016.
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Foto 10: Trecho do Córrego Bitácula
contaminado.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 11: Resíduos de origem hospitalar.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 12: Resíduos identificados no talude na
margem esquerda do Córrego Bitácula.
Fonte: Consominas, 2016.
Foto 13: Resíduos identificados no talude na
margem esquerda do Córrego Bitácula.
Fonte: Consominas, 2016.
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8. CONCLUSÕES
O principal objetivo da Avaliação Ambiental Preliminar foi identificar a presença de áreas
com potencial de contaminação nas instalações do Lixão do Cinco e elaborar, caso
confirmada a presença destas áreas potenciais ou suspeitas de contaminação, as Diretrizes
para Investigação Ambiental Confirmatória.
Com base nas informações obtidas durante a visita técnica, análise de documentos e
entrevistas, foi possível concluir que:
a) Com base na ABNT NBR 15515-1 Passivo ambiental em solo e água subterrânea,
Parte 01: Avaliação Preliminar, o Lixão do Cinco pode ser classificado como Área
Suspeita de Contaminação (AS), devido as operações e manipulação com diversos
tipos de resíduos, de origem domiciliar, industrial (Classe IIA) e hospitalar, além das
existências de irregularidades observadas na área, como por exemplo, a forte
presença de resíduos ao longo do Córrego Bitácula e pontos de afloramento de
chorume.
b) Os principais bens a proteger identificados na área da unidade e seu entorno são o
solo, a água subterrânea e superficial (Córrego Bitácula), a comunidade e
trabalhadores do entorno.
c) Sugere-se a execução de ações emergenciais de remoção de resíduos ao longo do
Córrego Bitácula e tentativa de contenção do carreamento/escorregamento de
resíduos para o curso d’água.
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9. DIRETRIZES PARA INVESTIGAÇÃO AMBIENTAL CONFIRMATÓRIA
Com base nas Áreas Potencialmente Contaminadas e Áreas Suspeitas de Contaminação
identificadas foram traçadas as diretrizes para a Investigação Ambiental Confirmatória
(Fase II) a ser conduzida no Lixão do Cinco, onde são definidos os quantitativos de
sondagens, poços de monitoramento, coleta de amostras de solo, água subterrânea e
superficial, além da relação dos parâmetros a serem analisados em laboratório.
O escopo da Investigação Confirmatória deverá envolver as seguintes atividades:
a) Investigação da qualidade do solo através da realização de sondagens para
reconhecimento da geologia de subsuperfície e coleta de amostras, conforme
orientações da ABNT NBR 15.492:2007 – Sondagem de reconhecimento para fins
de qualidade ambiental – Procedimento.
b) Investigação de qualidade da água subterrânea através da instalação de poços de
monitoramento e coleta de amostras, conforme orientações da ABNT NBR 15.495-
1 e 2:2007 – Poços de monitoramento de águas subterrâneas granulares – Parte 1:
Projeto e construção e Parte 2 Desenvolvimento.
Obs.: A amostragem deverá ser executada pela técnica de baixa vazão para se obter
uma amostra significativa com o mínimo de turbulência possível. As normas de
referência são:
NBR 15.847, 2010 - Amostragem de Água Subterrânea em Poços de
Monitoramento – Métodos de Purga.
ASTM D 6771, 2002 - Standard Practice for Low Flow Purging and Sampling
for Wells and Devices Used for Ground Water Quality Investigations.
CETESB, 2011 - Guia nacional de coleta e preservação de amostras: água,
sedimento, comunidades aquáticas e efluentes líquidos/Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo; Organizadores: Carlos Jesus Brandão ...
[et al.]. -- São Paulo: CETESB; Brasília: ANA, 2011.
Devem ser coletadas amostras de controle de qualidade, como branco de
campo, equipamento e amostras em duplicata.
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c) Análise química laboratorial das amostras de solo e água subterrânea para os
parâmetros de interesse, em laboratórios acreditados pelo INMETRO e norma ABNT
NBR 17.025/01;
d) O responsável pela coleta deve demonstrar que está realizando o procedimento para
a acreditação no INMETRO segundo a norma ABNT NBR 17.025/01.
e) Nivelamento topográfico dos pontos investigados, sondagens e poços de
monitoramento. Tais informações serão utilizadas para a confecção do mapa
potenciométrico local. Pelo menos metade dos poços distribuídos pelas áreas
deverão ser ensaiados para obtenção de parâmetros hidrogeológicos (cálculo de
condutividade e velocidade das águas subterrâneas).
f) Interpretação dos resultados analíticos laboratoriais e comparação com valores
preconizados pela Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH nº 02, de 08 de
setembro de 2010 (Institui o Programa Estadual de Gestão de Áreas Contaminadas,
que estabelece as diretrizes e procedimentos para a proteção da qualidade do solo
e gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por substâncias químicas).
g) Atualização de modelo conceitual preliminar elaborado na Avaliação Ambiental
Preliminar.
h) Todas as informações supracitadas deverão ser compiladas e apresentadas em um
relatório técnico, no qual deverá contar as conclusões e recomendações para as
próximas etapas, caso necessário.
A Tabela 3 apresenta os quantitativos e escopo analítico recomendado para cada Área
Suspeita de Contaminação (AS) e Área Potencialmente Contaminada (AP).
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Tabela 3: Plano para Investigação Ambiental Confirmatória
Fonte: Consominas, 2016.
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10. REFERÊNCIAS BIBlIOGRÁFICAS
ABNT 2007. Norma ABNT NBR 15515-1 Passivo Ambiental em Solo e Água
Subterrânea, Parte 1: Avaliação Preliminar. ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas.
ABNT 2007. Norma ABNT NBR 15492 Sondagem de reconhecimento para fins de
qualidade ambiental – Procedimento. ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas.
ABNT 2007. Norma NBR 15495-1 e 2 Poços de monitoramento de águas subterrâneas
granulares – Parte 1: Projeto e construção e Parte 2 Desenvolvimento. ABNT -
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
CETESB 2001. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Manual
de gerenciamento de áreas contaminadas. Disponível em:
http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/areas_contaminadas/manual.asp.
CONAMA 2011. Resolução Nº 436, de 22 de Dezembro de 2011. Estabelece os limites
máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas instaladas ou com
pedido de licença de instalação anteriores a 02 de janeiro de 2007. Conselho Nacional
do Meio Ambiente - CONAMA.
CONAMA 2005. Resolução N° 357, de 17 de Março de 2005. Dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.
GEOAMBIENTAL Consultoria Ambiental Ltda, 2009. RADA – Relatório de Desempenho
Ambiental para Renovação de L.O. do Aterro Sanitário de Perobas.
IBGE 2010. Dados no Município de Contagem-MG. IBGE - Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=314610.
Prefeitura de Belo Horizonte. Estatísticas e indicadores, aspectos físicos. Disponível
em: <
Página 50 de 51
http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomi
aMenuPortal&app=estatisticaseindicadores&lang=pt_BR&pg=7742&tax=20465>. Acesso
em: 07 junho 2016.
PREFEITURA DE CONTAGEM, 2012. Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
do Município de Contagem/MG.
RIBEIRO, Júlio Giovan da Paz; REIS, Ruibran Januário dos. Estudo do microclima de
Contagem: análise e caracterização. Disponível em: <
http://www1.pucminas.br/documentos/geografia_23_art07.pdf>. Acesso em: 07 junho
2016.
Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte -
Plambel. Estudo Escolha Área. Belo Horizonte, 1986.
Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte –
Plambel. Relatório Inspeção Lixão. Belo Horizonte, 1988.
Ação Pública Lixão. 1995.
UFMG. Avaliação do potencial de contaminação do Lixão de Contagem utilizando as
técnicas de análise: Ativação Neutrônica Instrumental (AANI) e Espectrometria de
Massa Acoplada a uma Fonte de Plasma. ICP-MS. Belo Horizonte, 2006.
GEOAMBIENTAL. Projeto Executivo para Recuperação do Antigo Lixão de Contagem.
Contagem, 2007.
PLANESP. Projeto de recuperação do Antigo lixão de Contagem. Contagem, 2012.
Página 51 de 51
11. ANEXOS
Anexo 1 - ART – ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA
Anexo 2 - FICHA TÉCNICA PARA AVALIAÇÃO PRELIMINAR
Anexo 1
ART – ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA
Anexo 2
FICHA TÉCNICA PARA AVALIAÇÃO PRELIMINAR