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AVALIAÇÃO DO USO INDISCRIMINADO DE PLANTAS MEDICINAIS E
FITOTERÁPICOS PARA O EMAGRECIMENTO
ARIANE ALVES SUSIN¹
OROZIMBO FURLAN JUNIOR2
RESUMO
O sonho do estereótipo corporal apresentado pelas mídias é um dos maiores desejos
da população mundial em dias atuais, e para isso cada vez mais se procura métodos,
receitas e alternativas milagrosas para alcançá-lo. A utilização de plantas medicinais
e fitoterápicos vem desde o início da humanidade, é o tratamento alternativo para
emagrecimento mais procurado no mundo inteiro. A maior parte desta procura é por
serem considerados naturais e não trazerem efeitos colaterais, esta utilização
normalmente é realizada sem a prescrição médica ou o auxílio do farmacêutico, o
grande problema é não conhecer a forma correta de administração e os seus
potenciais toxicológicos. O objetivo deste estudo bibliográfico foi verificar o histórico e
utilização das principais plantas medicinais e fitoterápicos indicados para o
emagrecimento, no qual foi realizado pesquisas nas evidências científicas sobre suas
indicações, ação farmacológica e efeitos colaterais. Também foi avaliado, através de
levantamento de dados na bibliografia, o modo de utilização destes insumos, onde o
fim foi de trazer à tona seus riscos quando utilizados indiscriminadamente, apontando
a importância da assistência farmacêutica para a orientação sobre plantas medicinais
e na dispensação dos fitoterápicos.
Palavras chave: Fitoterápicos. Plantas Medicinais. Uso indiscriminado.
Emagrecimento.
¹ Acadêmica do Curso de Farmácia, 10ª fase pelo Centro Universitário UNIFACVEST. 2 Mestre em Química, Coordenador do Curso de Farmácia, Orientador do presente trabalho pelo
Centro Universitário UNIFACVEST.
EVALUATION OF THE INDISCRIMINATE USE OF MEDICAL AND
PHYTOTHERAPEUTIC PLANTS FOR WEIGHT LOSS
ARIANE ALVES SUSIN¹
OROZIMBO FURLAN JUNIOR2
ABSTRACT
The dream of body stereotype presented by the media is one of the greatest desires
of the world population today, and increasingly the search methods, recipes and
miracle alternatives to achieve it. The use of medicinal plants and herbal medicines
since the beginning of humanity, is the most sought after alternative treatment for
weight loss worldwide. Most of this demand is because they are considered natural
and have no side effects, this use is usually done without a prescription or the help of
the pharmacist, the big problem is not knowing the correct form of administration and
its toxicological potentials. The aim of this bibliographic study was to verify the history
and use of the main medicinal and phytotherapeutic plants indicated for weight loss, in
which research was conducted on the scientific evidence on their indications,
pharmacological action and side effects. It was also evaluated, through data collection
in the bibliography, the use of these inputs, where the purpose was to bring out their
risks when used indiscriminately, pointing out the importance of pharmaceutical
assistance for guidance on medicinal plants and the dispensation of herbal medicines.
.
Key words: Herbal medicines. Medicinal plants. Indiscriminate use. Weight loss.
1 Academic of the Pharmacy Course, 10th stage by the University Center UNIFACVEST. 2 Master in Chemistry, Coordinator of the Pharmacy Course, Advisor of the present work by the
University Center UNIFACVEST.
INTRODUÇÃO
A palavra fitoterapia provém dos termos Phyton, que significa “vegetal” e Therapia,
que significa “terapia”, desta maneira fitoterapia é a terapêutica que utiliza vegetais com
efeitos farmacológicos medicinais. Para a obtenção do efeito farmacológico pode ser
utilizado folhas, caule, flores, raízes e frutos das plantas selecionadas (ZAMBON et al.,
2018). As plantas medicinais e os fitoterápicos são a terapia e os tratamentos mais antigos
utilizados pela humanidade e atualmente estão ganhando um grande espaço nas mais
diversas áreas da saúde como métodos alternativos para redução dos índices de
obesidade. Segundo Schirlei Jorge (2013), em seu livro Plantas Medicinais: coletânea de
saberes, a fitoterapia, surgiu em meados de 3000 a.C.
A fitoterapia é considerada um método natural de cura. Sua busca vem aumentando
gradativamente já que muitos acreditam nos benefícios do tratamento natural, e também
por ela não ser agressiva, ter um baixo custo e fácil acesso. Estas características
promovem que o seu consumo aumente. Hoje a fitoterapia é utilizada para inúmeros
objetivos e pela maior parte da população (GOMES, 2016).
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 85% da população de países em
desenvolvimento utilizam plantas medicinais ou preparações destas. No Brasil, segundo
pesquisas, 91,9% da população já utilizou alguma planta medicinal ou fitoterápico
(ZAMBON et al., 2018). Com o grande espaço que a fitoterapia foi ganhando, em 1998 foi
fundado a ABFIT- Associação Brasileira de Fitoterapia, uma associação técnico-científica
com o principal objetivo de pesquisar e divulgar através dos meios de comunicação sobre
o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, para a população (ABFIT, 2017).
Atualmente, o que mais vemos nas mídias é o mito do corpo perfeito, o que está
fazendo com que cada vez um maior número de pessoas busque por este objetivo, como
forma de satisfação pessoal. Por conta disso, há a busca por insumos que induzam o
emagrecimento de forma fácil e rápida, mas por muitos destes serem controlados e de uso
restritos, estas pessoas optam por procurar tratamento alternativo, faltando o
conhecimento farmacológico e orientação farmacêutica adequada. Dentre essas classes
medicamentosas, destacam-se os fitoterápicos que são métodos terapêuticos alternativos
e que possuem um acesso ao consumo facilitado, não sendo necessária prescrição por
profissionais habilitados para efetivação da compra (COSTA et al., 2018).
Além disso, estudos mostram que os fitoterápicos agem no organismo como
moderadores de apetite ou aceleradores de metabolismo, promovendo redução da
ingestão alimentar, diminuindo os níveis séricos de colesterol, como também com a ação
antioxidante, diurética e lipolítica. Esses efeitos ocorrem devido aos principais ativos de
cada fitoterápico dentro das doses recomendadas, cada um com função específica,
gerando assim a ação terapêutica (VERRENGIA; KINOSHITA; AMADEI, 2013).
Porém, diferente do que se acredita, as plantas são constituídas de substâncias
químicas que podem atuar beneficamente sobre outros seres vivos, mas também podem
ser consideradas perigosas (OLIVEIRA; LEHN, 2015). Apesar de auxiliarem neste
processo de emagrecimento, ainda existem dificuldades para obtenção de resultados
satisfatórios sem danos à saúde, a posologia incorreta se configura como principal
consequência para a falha dos objetivos (COSTA et al., 2018). Portanto, para que o uso
medicinal de uma planta ou fitoterápico seja feito com segurança, é necessário que a
mesma seja estudada sob vários aspectos do ponto de vista químico, farmacológico e
toxicológico (OLIVEIRA; LEHN, 2015).
Além da grande importância de orientar os pacientes sobre o uso correto desses
medicamentos considerados naturais, advertir sobre seus riscos e informar sobre a
importância do acompanhamento de um profissional habilitado, para evitar possíveis
danos à saúde desses pacientes. E por se tratar de medicamentos, mesmo sendo
considerados naturais, é de suma importância o papel do farmacêutico realizando a ação
da Atenção Farmacêutica para estes pacientes, suas condições e também alertar sobre
doses adequadas, posologias e possíveis efeitos colaterais.
OBJETIVO
O objetivo desse trabalho foi avaliar as plantas medicinais e fitoterápicos mais
utilizados para o emagrecimento e a sua utilização indiscriminada, trazendo à tona os
riscos que estes insumos podem causar à saúde quando utilizados exageradamente
e de forma errônea. Assim, discutir a necessidade de se ter o conhecimento adequado
e a importância da atenção farmacêutica sobre os riscos de seus usos na busca pelo
emagrecimento e pontuando sobre a prática da atenção farmacêutica na hora da
dispensação e orientação sobre os fitoterápicos e as plantas medicinais.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado no segundo semestre de 2019, através de pesquisas
bibliográficas e literaturas em geral onde foi feito um levantamento de dados. Neste
método, foi integrado partes e ideias de artigos como contribuições científicas de
autores diversos sobre o tema específico, onde o objetivo foi conectar ideias e avaliar
as questões que foram abordadas neste trabalho.
As principais questões que foram avaliadas no estudo, foi destacar os principais
fitoterápicos e plantas medicinais utilizadas para o emagrecimento, seus potenciais
efeitos toxicológicos e a atenção do profissional farmacêutico durante a dispensação
e orientação sobre essa classe de insumos. Para a base do presente trabalho foi
utilizado plataformas de dados científicos como Scielo e Periódicos CAPES.
HISTÓRICO DAS PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS E SUAS
UTILIZAÇÕES PARA O EMAGRECIMENTO
A fitoterapia está dentro da medicina alternativa, sendo a utilização de plantas
e seus derivados para o tratamento de doenças. Esta utilização vem desde o início da
humanidade, onde o homem, buscando a cura para doenças e ferimentos
desenvolveu habilidades através da observação dos hábitos animais, onde estes
faziam o uso de muitas plantas em sua alimentação e o resultado desta ingestão gerou
ao homem um conhecimento empírico passado de geração em geração até os dias
atuais. Porém como não se sabia as reais consequências das plantas, efeitos
colaterais e até mesmo a morte foram causadas por elas, mas muitas conseguiram
trazer a cura tão desejada (FIRMO et al., 2012).
Foi na China, em 3000 a.C. os primeiros estudos realizados pelo imperador da
época, que catalogou 365 ervas e venenos. Em 1542, na Alemanha, originou-se a
primeira farmacopeia, com 300 espécies de ervas medicinais trazidas do mundo
inteiro. Já no final do século XVI havia jardins botânicos em várias universidades
(GOMES, 2016).
No Brasil, a grande biodiversidade de plantas colaborou para enriquecer a
cultura popular. A origem desta cultura no país originou-se com os índios e difundiu-
se juntamente com os conhecimentos trazidos pelos escravos e imigrantes (PRATES,
2014). Já no século XIX a fitoterapia teve um grande crescimento graças aos avanços
científicos na área da química. Com isso, os princípios ativos das plantas puderam ser
identificados e os fitoterápicos e plantas medicinais tiveram ascensão no mercado
farmacêutico (GOMES, 2016). Nas décadas de 70 e 80, o crescimento da medicina
alternativa expandiu ainda mais, segundo a OMS, o mercado mundial de fitoterápicos
e plantas medicinais forneceu 500 milhões de dólares (GOMES, 2016).
É válido ressaltar que plantas medicinais e fitoterápicos possuem diferentes
significados. Enquanto as plantas são utilizadas in natura, os fitoterápicos utilizam as
partes das plantas medicinais que contém o efeito farmacológico, porém antes estas
partes passam por um processo de industrialização e assim transformam-se em
cápsulas, ampolas, xaropes e pós e estes são vendidos em farmácias e drogarias sob
permissão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (GOMES, 2016).
Também é de grande importância pontuar que o surgimento dos fitoterápicos tornou
o uso de plantas medicinais mais seguro, pois com isso foi estudado doses
terapêuticas e investigando os seus efeitos tóxicos (PRATES, 2014).
A comercialização dos fitoterápicos também deve seguir alguns critérios, a
ANVISA é o órgão responsável por regulamentar e fiscalizar as indústrias produtoras
(GUIAME, 2010). E para que o fitoterápico seja registrado, ele deve ter no mínimo
uma comprovação científica da eficácia, além da segurança, conter uma nomenclatura
botânica e popular, indicações, ações terapêuticas, via de administração, dose diária
e a restrição de uso (ZAMBON et al., 2018).
No Brasil, em 2004, foi aprovada a Resolução n°48 (ANVISA, 2004), que dispõe
sobre o registro de medicamentos fitoterápicos onde abrange o controle de qualidade.
Já em 2006 obteve-se o decreto n°5813 (CARVALHO et al., 2008), que dispõe sobre
a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, onde tem diretrizes para
garantir a segurança, eficácia e a qualidade. A Resolução da Diretoria Colegiada -
RDC n°26;2014 regulamenta o registro de medicamentos fitoterápicos – MF, que é
aquele que comprova sua segurança e eficácia por meio de estudos clínicos, e o
registro e notificação de produtos tradicionais fitoterápicos - PTF, que comprova sua
segurança e eficácia pela demonstração do tempo de uso na literatura técnico-
científica (PRATES, 2014).
Atualmente, as plantas medicinais e os fitoterápicos vêm sendo utilizados por
diversas populações, desde os mais jovens até os mais idosos. O baixo custo e os
efeitos colaterais não conhecidos são fatores que tornam eles cada vez mais
populares. (GOMES, 2016). Segundo a OMS cerca de 80% da população mundial
utiliza produtos de origem natural para combater problemas como hipertensão arterial,
queimadura, tosse, resfriados e para o emagrecimento, motivo pelo qual mais se está
tendo a procura das plantas medicinais e dos fitoterápicos (VERRENGIA,
KINOSHITA, AMADEI, 2013).
Aos poucos os fitoterápicos e as plantas medicinais tomaram espaço como
métodos terapêuticos para o emagrecimento, sendo que diariamente as pessoas
estão à procura de tratamentos que ajudem a perder peso e muitos são recomendados
por indivíduos que não possuem domínio sobre o assunto ou conhecimento (ZAMBON
et al., 2018).
Grande parte dessa procura pelas pessoas se dá pela influência da mídia, que
enfatiza um “corpo perfeito” e as estimula ao consumo de produtos ditos naturais.
Outro fator, são os medicamentos sintéticos empregados para o emagrecimento, os
quais apresentam o sistema nervoso central como seu principal alvo de ação,
podendo causar efeitos colaterais como insônia, cefaleia e irritabilidade. Estes
necessitam de prescrição médica e acompanhamento terapêutico, inviabilizando o
tratamento de pessoas de baixa renda. Além disso, atualmente muitos desses
medicamentos sintéticos, que em sua maioria são derivados de anfetamínicos, foram
proibidos pela ANVISA devido aos seus efeitos adversos (WEISHEIMER et al., 2015).
Neste contexto, o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, que se tem
mostrado eficaz no tratamento para emagrecer, aumentou a sua utilização nos últimos
anos, assim como os estudos destes insumos para a finalidade proposta. No entanto,
apesar do amplo uso destes produtos, pouco se sabe ainda sobre os efeitos nos seres
humanos e a sua validação no tratamento (WEISHEIMER et al., 2015). Estudos
relatam que as plantas medicinais e os fitoterápicos, destinados ao emagrecimento,
agem no organismo acelerando o metabolismo e moderando o apetite, além do efeito
antioxidante, ação lipolítica e diurética (ZAMBON et al., 2018).
Mas, muitas vezes produtos considerados naturais não possuem formulações
confiáveis. Muitos dos fitoterápicos emagrecedores são, na realidade, associações de
vários ativos de diversas plantas e isso pode trazer riscos. Estudos realizados no
Brasil, mostram que os produtos ditos emagrecedores naturais, possuem muitas
vezes a presença de substâncias anorexígenas, antidepressivas e/ou ansiolíticas, o
que pode se tornar preocupante para a saúde (VALGAS, OLIVEIRA, 2016).
Estas adulterações com substâncias sintéticas, é proibida de acordo com a
resolução da ANVISA – RDC n°26, que proíbe a presença de associações de matérias
estranhas microscópicas e macroscópicas e de qualquer substância que cause risco
à saúde. Desta forma, os medicamentos fitoterápicos comprados sem prescrição, e
até mesmo as plantas medicinais utilizadas sem orientação, podem se tornar um
perigo para a saúde por apresentarem restrições de uso, contraindicações e no caso
dos adulterados, podendo causar dependências, tolerâncias à formulação e até crises
de abstinência (VALGAS, OLIVEIRA, 2016).
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS MAIS UTILIZADOS PARA O
EMAGRECIMENTO
• Camellia sinenses (L.) Kuntze
O chá verde é extraído por meio da secagem da C. sinenses e é uma bebida
de alto consumo mundial (OLIVEIRA et al., 2017). A C. sinenses pertence à família
Theacea e tem origem asiática, encontrada no território chinês. As folhas desta planta
têm elevada quantidade de flavonoides, conhecidos como catequinas que são
polifenóis. As catequinas possuem ação antioxidantes e realizam termogênese, ou
seja, aumentam o gasto energético das células e reduz a digestão de macronutrientes,
por inibir a ação de enzimas digestivas de origem pancreática (WEISHEIMER et al.,
2015).
A catequina epigalo – catequina - galato, age inibindo a enzima catecol - o -
metiltransferase - COMT, esta enzima degrada norepinefrina (OLIVEIRA et al., 2017)
na fenda sináptica, o que prolonga o seu efeito (figura 1) (LUCAS et al., 2016). A
norepinefrina é um neurotransmissor envolvido no aumento da termogênese e na
oxidação de gorduras, quando se aumenta a ação deste hormônio tem-se um maior
gasto energético e oxidação de lipídeos (OLIVEIRA, et al., 2017). Isso se dá porque o
AMP-c, segundo mensageiro intracelular para a termogênese mediada por
norepinefrina, tem seu efeito prolongado na célula, fazendo com que haja maior
consumo de ATP, pois o AMP-c é oriundo da degradação do ATP o que contribui para
maior gasto energético (LUCAS et al., 2016).
Figura 1: Mecanismo de ação da inibição da catecol – o – metiltransferase pela
catequina, gerando prolongamento de noradrenalina na fenda sináptica e de AMP-c
na célula.
Fonte: Lucas et al, 2016.
Também há estudos in vitro da Camellia sinenses, onde buscou-se avaliar a
capacidade das catequinas de inibirem a ação pancreática e gástrica. Observou-se
então que a atividade inibitória desse componente químico é efetiva, bloqueando a
emulsificação de lipídeos a nível gástrico e duodenal e resultando em uma menor
digestão de gorduras. Observou-se ainda, que a atividade antioxidante e
hipolipidêmica de extrato de chá verde reduzem os eventos que promovem a
esteatose hepática e inibem alanina aminotransferase em ratos acima do peso, além
de causar a diminuição da concentração sérica de ácidos graxos não esterificados
(WEISHEIMER et al., 2015).
Mas, além de todos os efeitos benéficos, a Camellia sinenses pode causar
danos ao organismo se consumido de forma errônea (SANTANA, CELESTINO,
DAMASCENO, 2013). Sua dose recomendada é de 500mg/dia (OLIVEIRA et al.,
2017), consumido em excesso ou por longos períodos, pode causar hepatotoxidade,
sendo o motivo para sua suspenção em países como a França, Espanha e Alemanha.
Além disso, os polifenóis presentes no chá verde possuem forte afinidade por metais,
sendo considerados poderosos quelantes de ferro e cobre podendo dificultar a
absorção desses nutrientes, levando à sua deficiência no organismo (SANTANA,
CELESTINO, DAMASCENO, 2013). Esta planta também pode causar insônia,
irritabilidade, ansiedade e distúrbios do sono, além de gastrite, úlceras duodenais e
taquicardia, devido à cafeína encontrada em sua composição, que é vasoconstritora
(LUCAS et al., 2016).
• Citrus aurantium subsp. amara (L.)
A Citrus aurantium, popular no Brasil como laranjeira amarga, pertence à família
Rutaceae (SANTANA, CELESTINO, DAMASCENO, 2013). Nos últimos anos tem-se
observado crescente interesse e consumo pelos frutos verdes de C. aurantium, devido
ao caráter emagrecedor (LUCAS et al., 2016). Ela é composta por sinefrina, uma
amina adrenérgica presente em vários produtos alimentares. Seus efeitos são
lipofílicos proporcionando um aumento da lipálise promovendo um efeito termogênico,
através da estimulação do sistema nervoso central – SNC (OLIVEIRA et al., 2017).
Esta sinefrina promove uma suposta estimulação de receptores β – 3
adrenérgicos, encontrados principalmente em adipócitos e no fígado, que quando
estimulados geram aumento da taxa metabólica, levando à estimulação da lipólise e
da queima de calorias (SANTANA, CELESTINO, DAMASCENO, 2013).
A sua dose recomendada é de até 600 mg / dia divididos em até 5 vezes
(LUCAS et al., 2016). No entanto, utilizada indiscriminadamente, ela pode causar
infarto do miocárdio e taquicardia em pacientes com história prévia de doenças
cardíacas, além de ansiedade e hipertensão, devido à sua alta toxicidade e porque a
sinefrina atua também em receptores α – adrenérgicos, inibindo a captação e
estimulando a liberação de noradrenalina causando estes efeitos adversos. Esses
efeitos podem ser potencializados quando associados a outros estimulantes, como a
cafeína (SANTANA, CELESTINO, DAMASCENO, 2013).
• Óleo de cártamo
O óleo de cártamo é produzido por extração das sementes oleaginosas da
planta Carthamus tinctorius (L.). Ele pode ser encontrado em forma de cápsulas e de
extrato de óleo comestível (NASCIMENTO, PILOTO, TIYE, 2017). É constituído por
ácidos graxos saturados palmíticos e esteárico, e os ácidos graxos insaturados oleico
e linoleico. Contém também gordura poli-insaturada sendo aproximadamente 80% de
ômega 6 que é ácido linoleico, e 12% de gordura monoinsaturada ômega 9, que é o
ácido oleico (NASCIMENTO, PILOTO, TIYO, 2017).
Este composto, através do ácido linoleico, atua na redução da gordura corporal
inibindo a ação da enzima lipase lipoprotéica – LPL, que tem a função de transferir os
lipídeos presentes na corrente sanguínea para o interior das células adiposas, estas
que são responsáveis por armazenar a gordura corporal. Com o bloqueio da ação da
enzima LPL, a transferência de lipídeos para o interior das células também fica inibido,
assim o organismo acaba por usar o estoque de gordura já existente como fonte de
energia, causando o processo de lipólise (LUCAS et al., 2016; MIYAZAKI, 2000).
Já o ácido oleico, ajuda a controlar a fome e o peso corporal. A sua dose
recomenda é de 0,3 a 1,5 g / dia, dependendo do sexo e da ingestão de alimentos de
origem animal e vegetal (LUCAS et al., 2016). O seu excesso e uso errôneo, pode
causar desconforto, dores abdominais e dispneia. Além de um estudo desenvolvido
por pesquisadores japoneses, mostrarem que o seu uso excessivo está relacionado a
problemas renais, onde houve aumento na quantidade de proteínas na urina de ratos
submetidos às pesquisas, onde o resultado indicou lesão renal (LEITE, 2016).
• Faseolamina
A faseolamina é uma substância extraída do Phaseolus vulgares (L.),
conhecida como feijão branco (SANTANA, CELESTINO, DAMASCENO, 2013).
Apresenta-se geralmente, na forma de farinha e cápsulas como suplemento, que
consiste em concentrações dos proteicos do feijão que é a faseolamina - α – AL
(WEISHEIMER et al., 2015). Este suplemento vem sendo utilizado para auxiliar na
perda de peso e também como hipogliceminante natural (OLIVEIRA et al., 2017).
Ela atua inibindo a enzima α – amilase, e esta inibição pode impedir a digestão
de carboidratos complexos, diminuindo assim, o número de calorias de carboidratos
absorvidos e promovendo assim a perda de peso (WEISHEIMER et al., 2015). Sua
dose recomendada é de 400 mg / dia dependendo do paciente, seus efeitos adversos
podem se dar pelo impacto do carboidrato em excesso no cólon, provocando uma
alteração na microbiota intestinal, já que o excesso pode sofrer fermentação pelas
bactérias intestinais, principalmente se tomada de forma errônea e
indiscriminadamente (SANTANA, CELESTINO, DAMASCENO, 2013). Isso pode
ocasionar náuseas e vômitos, má absorção intestinal e dores estomacais, além de
poder provocar também, hipertrofia e hiperplasia do pâncreas, segundo estudos
(VERRENGIA, KINOSHITA, AMADEI, 2013).
• Pholia negra
A pholia negra é um extrato da erva mate, botanicamente Ilex paraguarienses
A. St. Hil, ela apresenta propriedades antioxidantes, prevenindo a oxidação do DNA e
lipoperoxidação do LDL e diurético (SANTANA, CELESTINO, DAMASCENO, 2013).
Ela contém metilxantinas que proporcionam um efeito termogênico, acelerando o
metabolismo e aumentando o gasto calórico em repouso (STUPRIELLO, 2015).
Seu extrato também é rico em polifenóis, alcaloides e flavonoides, ácidos
fenólicos, cafeína e saponinas (FERNANDES, 2017). Segundo a nutricionista e
presidente da associação brasileira de fitoterapia Maria Angélica Fiut, a ação conjunta
da cafeína, teobromina e saponinas presentes no insumo, proporcionam a redução
das leptinas circulantes, levando a melhora da resposta do cérebro à saciedade.
Estudos mostram que a pholia negra está relacionada com a adipogênese, que é um
processo de desenvolvimento pelo qual uma célula – tronco mesenquimatosa
multipotente se diferencia em um adipócito maduro, este fitoterápico ativa a
adipogênese regulando os níveis da expressão dos genes dos fatores de transcrição
pró – audiogênicos (FERNANDES, 2017).
É mostrado também, que as saponinas presentes no insumo, auxiliam na
liberação de sucos digestivos, principalmente a bile, e as metilxantinas podem ter ação
diurética eliminando toxinas (STUPPIELLO, 2015), sendo o maior indicativo associado
à redução de pesos. Sua dose recomendada é 150 mg até duas vezes o dia, porém
sua utilização excessiva pode levar a palpitações, gastrite, insônia, taquicardia,
podendo descompensar a pressão arterial (STUPPIELLO, 2015). Além disso, as
metilxantinas podem gerar efeito rebote sobre o apetite, em um primeiro momento
reduz o apetite e depois estimula descompassadamente (SANTANA, CELESTINO,
DAMASCENO, 2013).
A partir das informações encontradas nos artigos consultados, foi elaborada a
tabela 1, que resume as principais informações das plantas medicinais e fitoterápicos
selecionados, onde pode-se observar seus principais componentes, ação
farmacológica, dose recomendadas e seus potenciais toxicológicos.
Tabela 1: Resumo das principais informações sobre as plantas medicinais e
fitoterápicos selecionados no estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se observar que a crescente vontade de emagrecer é pela busca do
estereótipo perfeito e a optação por fitoterápicos e plantas medicinais é feita pela
subestimação das propriedades medicinais e por não fazerem a distinção de que cada
planta pode ser considerada um alimento, medicamento ou veneno. A distinção de
suas propriedades está relacionada com a dose utilizada, finalidade de uso e sua via
de administração (PRATES, 2016).
Segundo a pesquisa de dados realizada, estes insumos são utilizados em sua
grande maioria por mulheres, com idade variável entre 18 a 48 anos. Queiroz e Valgas
(2017) apresentam faixas etárias com predominância de 28 – 48 anos que fazem a
utilização de plantas medicinais e fitoterápicos emagrecedores, apesar de também
constatarem a utilização por mulheres a partir dos 18 anos de idade. Já Gelatti,
Oliveira e Colet (2016), destacaram uma maior variedade de idade entre 34 a 59 anos.
Outro estudo realizado sobre os fitoterápicos e plantas medicinais emagrecedores,
realizado por Zambon e colaboradores (2018), relatou a faixa etária variável entre 18
– 40 anos, mas com maior prevalência entre os 18 – 23 anos.
Pelos estudos realizados, estas usuárias de fitoterápicos e plantas medicinais
emagrecedores, utilizam estes insumos sem a orientação adequada. Em sua pesquisa
Queiroz e Valgas (2017) nos apresentam que a grande maioria teve indicações de
amigos, familiares, vizinhos e colegas. Já Pereira e colaboradores (2015) e Gelatti,
Oliveira e Colet (2016) também constataram que esta utilização provém de
compartilhamento de culturas familiares e indicações do convívio social (QUEIROZ &
VALGAS, 2017).
Na maioria dos artigos encontrados houve caso de automedicação por parte
dos indivíduos. Queiroz e Valgas (2017) apontam que, em seu estudo, a
automedicação pontuou em 100% do uso de fitoterápicos e plantas medicinais
emagrecedores, pois não houve indicação realizada por profissional habilitado. No
artigo “Medicina popular – benefícios e malefícios das plantas medicinais”, França e
colaboradores (2008) nos apontaram que os pacientes de sua pesquisa que adquirem
estes insumos com herbolários, onde apesar de 57,13% desses herbolários
orientarem os clientes a terem precauções, o restante assumiu não prestar orientação,
pois acreditam que as plantas medicinais não trazem nenhum risco. Queiroz e Valgas
(2017) também relataram que muitas mulheres adquirem os produtos fitoterápicos
através da internet, não recebendo orientações corretas de uso, e apesar de uma boa
parte das mulheres buscarem estes insumos em farmácias, poucas receberam as
orientações.
A automedicação de plantas medicinais e fitoterápicos é algo muito comum e
um dos primeiros recursos para o autocuidado. Porém, é de extrema preocupação,
pois o seu uso indiscriminado pode mascarar outras patologias e agravar condições
de saúde. Com isso, em 2006, o Ministério da Saúde aprovou uma política voltada
para o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos (PRATES, 2014). Esta
automedicação acaba por aumentar os riscos aos quais a população está sujeita, pois
mesmo com prescrição médica os potenciais toxicológicos de alguns fitoterápicos e
plantas medicinais são pouco conhecidos, havendo pouca evidência do seu
desempenho como emagrecedores (QUEIROZ, VALGAS, 2017).
Os fitoterápicos e as plantas medicinais compartilham o fato em comum da
automedicação, porém a toxicidade da maioria deles ainda é parcialmente
desconhecida, principalmente devido à falta de padronização das preparações
fitoterápicas (ARAÚJO et al., 2014). Casos de intoxicação também foram relacionados
pela automedicação. Um levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz
identificou 27% de casos de intoxicação por estes insumos causados pelo mau uso
(PRATES, 2014). Além disso, a intoxicação por fitoterápicos ou uma planta medicinal
pode não ser imediata e facilmente identificada, ela pode permanecer assintomática
e aparecer depois de muito tempo de utilização e estes efeitos a longo prazo podem
ser hepatotóxicos, nefrotóxicos e carcinogênicos (NICOLETTI et al., 2007). Então a
sua utilização em problemas moderados, como o aumento de peso, apresenta riscos
uma vez que são consumidos por várias semanas, meses ou anos (SILVEIRA,
BANDEIRA, ARRAIS, 2008).
Pelo Sistema Nacional de Informações Toxicológicas – SINITOX, foi notificado
no Brasil de 2002 - 2008, 8.501 casos de intoxicação por plantas medicinais, segundo
Bochner et al. (2012) e investigações ainda estão sendo realizadas para uma nova
notificação. Zambon e colaboradores (2018) nos mostraram em sua pesquisa que dos
usuários que utilizam fitoterápicos e plantas medicinais para emagrecer 7,01%
apresentaram efeitos colaterais relacionados ao uso, porém desses, 6,14% mesmo
apresentando problemas relacionados ao uso continuaram com o tratamento.
A toxicidade de fitoterápicos e plantas medicinais pode parecer trivial quando
comparados com outros medicamentos, mas estes podem desencadear reações
adversas pelos seus próprios constituintes, devido às interações com outros
medicamentos, alimentos ou ainda relacionados às características do próprio paciente
(SANTANA, CELESTINO, DAMASCENO, 2013). Os bancos de dados de
farmacovigilância da ANVISA possuem mais de vinte mil notificações de ocasiões
adversas a medicamentos, sendo que 71 notificações plantas medicinais e
fitoterápicos como os principais motivos (BALBINO, DIAS, 2010).
A Administração de Comidas e Medicamentos – FDA dos Estados Unidos,
alertou em 2002 a existência de 25 casos de toxicidade hepática na Alemanha e
Suíça, incluindo casos de cirrose, hepatite e relatos de nefropatia pelo uso de plantas
medicinais (SILVEIRA, BANDEIRA, ARRAIS, 2008). Essas reações são
consequentes de erros de diagnósticos, identificação incorreta de espécies de plantas
e uso diferente do indicado (SANTANA, CELESTINO, DAMASCENO, 2013). Além de
falhas durante o processo de fabricação como substituições, falta de padronização,
contaminação, preparações e estocagem incorretas (SILVEIRA, BANDEIRA,
ARRAIS, 2008). Uma análise realizada com 72 amostras de plantas medicinais nas
regiões de fabricação do Paraná demonstrou que 79% do material coletado não se
enquadrou às especificações legais para a utilização. Em 95,83% das amostras foi
identificado a presença de enterobactérias e outras bactérias gram negativas
(SILVEIRA, BANDEIRA, ARRAIS, 2008).
Com relação aos fitoterápicos, deve-se ter atenção em relação à presença de
substâncias não identificadas, adulterantes, diluentes ou simplesmente misturas com
outros extratos vegetais comprometendo a qualidade do medicamento (SANTANA,
CELESTINO, DAMASCENO, 2013). Um artigo de periódico científico American
Journal of Medicine, mostra um grande número de contaminantes contidos em
fitoterápicos, como adição de tranquilizantes e diuréticos, isto pode garantir suas
efetividades, porém, aumenta a probabilidade de complicações ainda mais se o
paciente já estiver realizando outras terapias (SILVEIRA, BANDEIRA, ARRAIS, 2008).
Estudos realizados sobre as plantas medicinais e fitoterápicos destacados, nos
mostra que é necessário maiores estudos sobre suas ações farmacológicas e
toxicidades. Sobre a Camellia sinenses, apesar de pesquisas demonstrarem que ela
contribui positivamente na redução do peso, sua grande quantidade de efeitos
colaterais aponta para resguardo na sua utilização. Além disso, ela não tem uso
reconhecido pelo Ministério da Saúde. Queiroz e Valgas (2017) nos trazem que seu
efeito como emagrecedor vem sendo investigado e que pesquisas mostram que este
insumo interage com anti-hipertensivos, podendo elevar a pressão arterial, sendo que
a cafeína presente é um vasoconstritor. Já o Citrus aurantium foi apontado por
Verrengia, Kinoshita e Amadei (2013) que ele é capaz de reduzir o peso corporal, mas
a informação sofre dúvidas uma vez que nenhum estudo foi realizado com o extrato
isoladamente.
Sobre o óleo de cártamo, estudos realizados por Campanella e seus
colaboradores, mostrou que a suplementação com este composto reduziu o consumo
alimentar por aumentar a saciedade resultando em perda de peso, como também uma
melhor eficiência metabólica. Porém a sua ação varia dependendo de sua origem e
da dose.
Já a Faseolamina, Verrengia e colaboradores (2015) nos mostra que não foi
encontrado pesquisas que vão contra sua eficiência no emagrecimento, porém a
Associação Espanhola de Dietistas-Nutricionistas não aprova sua prescrição, pois o
número de pesquisas em seres humanos com este fitoterápico é baixo, faltando
informações para uma prescrição segura. Por último temos a Pholia Negra, que em
estudos pré-clínicos em ratos realizados por Bernardi e colaboradores (2011) indicam
que o fitoterápico foi efetivo na redução de peso e não apresentou sinais de toxicidade
em um primeiro momento, porém Verrengia e colaboradores (2015) apontaram que
apesar de reduzir lipídeos plasmáticos, é ineficaz na redução de peso sem
associações e seu excesso pode trazer riscos.
Segundo as pesquisas de Verrengia, Kinoshita e Amadei (2013), o que mais
atraia ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos era a ideia da ausência de efeitos
colaterais, o que não foi confirmado em seus estudos. Eles também alertam que a
utilização destes insumos no emagrecimento requer maiores estudos e pesquisas a
fim de conhecer suas propriedades emagrecedoras, dosagens, interações,
toxicidades e mecanismos de ação.
É importante conhecer as características farmacológicas e toxicidades, além
dos aspectos clínicos associados a essas substâncias, evitar propagação de
informações equivocadas e aprimorar os métodos de produção, controle de qualidade
e de fiscalização, para que ocorra realmente segurança na utilização desses produtos
(ARAÚJO et al., 2014). Diante de situações como a automedicação e uso
indiscriminado de fitoterápicos e plantas medicinais, muitas vezes utilizadas em
conjunto, mostra a necessidade de informações e conhecimento adequado, tanto
profissional como da população (PRATES, 2008).
Outro problema é a questão da venda via internet, pois não se sabe se o
acondicionamento dos insumos está sendo feito de forma correta, não havendo
controle sanitário para garantir sua segurança. Não se sabe o local onde os
medicamentos vendidos via internet ficam, muitos improvisam nas instalações de seus
locais de armazenamento de medicamentos, esquecendo que este espaço deve
garantir a qualidade, a disponibilidade nos pontos de distribuição, a segurança e o
controle dos produtos estocados (PINTO, 2016).
Quando guardado de forma errada pode gerar problemas afetando as
características dos insumos, que podem ser causados pelo calor, luminosidade,
umidade, por isso deve-se adquirir esses produtos em locais confiáveis como as
farmácias onde se tem a segurança e o auxílio do farmacêutico, sendo que esse
armazenamento adequado é fundamental para manter a qualidade, conservação e
eficácia dos medicamentos. Este é uma das etapas do ciclo da assistência
farmacêutica, onde visa garantir a qualidade e a guarda segura dos insumos e
medicamentos, além de passar a orientação adequada sobre os medicamentos e
insumos armazenados em casa, seja quanto à conservação, utilização correta e sobre
os riscos da automedicação (PINTO, 2016).
A ausência de um profissional de saúde habilitado durante o tratamento, eleva
na forma do uso errôneo, pois a maioria da população considera os fitoterápicos e as
plantas medicinais inofensivos (ZAMBON et al., 2018). É importante salientar a
importância dos farmacêuticos, pois as intervenções através da atenção farmacêutica
ocorrem no momento da dispensação dos insumos e em suas orientações sobre os
mesmos, onde são prestadas informações para a utilização correta, possíveis reações
adversas e o que fazer caso elas ocorram, sempre com o objetivo de zelar pela saúde
(PRATES, 2018). Demonstrando essa importância da atenção farmacêutica e também
da farmacovigilância direcionada para uma utilização de fitoterápicos e plantas
medicinais, pode-se possibilitar notificações e prevenções de efeitos indesejados e
riscos inerentes ao uso (ARAÚJO et al., 2014).
A atenção farmacêutica é a prática que visa diminuir a morbidade e mortalidade
relacionada ao uso de medicamentos, aproximando o farmacêutico do paciente e de
outros profissionais da saúde, promovendo o uso racional da farmacoterapia. Desta
forma, o farmacêutico deve monitorar a utilização dos medicamentos por meio da ficha
de controle farmacoterapêutico e orientar os pacientes sobre a ação dos
medicamentos e as consequências de seu uso indiscriminado (GOMES, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A terapia realizada por plantas medicinais e fitoterápicos é considerada a mais
antiga, surgindo praticamente junto com a humanidade. Esta terapia utilizada para o
emagrecimento em dias atuais, é muito comum principalmente pelo fato da busca pelo
corpo ideal e por ser considerada por leigos como natural e inofensiva o que faz com
que seja utilizada indiscriminadamente e sem precauções.
Através desse estudo considera-se que o uso abusivo de fitoterápicos e plantas
medicinais emagrecedoras é realizada por grande parte da população mundial,
praticando automedicação e colocando a saúde em perigo. Porém, os fitoterápicos e
plantas medicinais mais utilizados para o emagrecimento, apesar de demonstrarem
bons resultados na redução do peso corporal, ainda possuem sua eficácia e
segurança contestáveis e por conta disso a auto indicação e indicação por terceiros
que não possuem conhecimento necessário deve ser desencorajada, pois há
necessidade de mais estudos e pesquisas científicas para comprovar realmente a
eficácia destes insumos, trazer à tona seus potenciais toxicológicos e sua melhor
forma de utilização para uma prescrição correta e segura.
Quanto a ação do farmacêutico, este como promotor da saúde deve saber
orientar corretamente os pacientes sobre a utilização destes insumos e alertar a
população sobre seus perigos, para isso é de grande importância destacar o programa
de atenção farmacêutica, pois é na farmácia que os pacientes irão tirar as dúvidas que
muitas vezes não tiram com os médicos, além disso muitos desses pacientes nem
passaram pelo médico e vão direto na farmácia e é lá que irão precisar ter uma
orientação de qualidade para que não coloque sua própria saúde em risco. Deve-se
também haver mais fiscalização nos locais que vendem esses insumos, pois nem
sempre estes são adquiridos em farmácias. E como não é apenas os farmacêuticos
que possuem contato com esses pacientes, é de suma importância equipes
multidisciplinares nos centros de saúde para troca de informações, assim repassando
corretamente as orientações aos pacientes.
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