avaliaÇÃo de insertos de metal duro … ·  · 2017-11-03aisi american iron and steel institute...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA AVALIAÇÃO DE INSERTOS DE METAL DURO REVESTIDOS COM TIN PELO PROCESSO DE GAIOLA CATÓDICA ROTATÓRIA RAMSÉS OTTO CUNHA LIMA NATAL, JUNHO/2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

AVALIAÇÃO DE INSERTOS DE METAL DURO REVESTIDOS COM TIN

PELO PROCESSO DE GAIOLA CATÓDICA ROTATÓRIA

RAMSÉS OTTO CUNHA LIMA

NATAL, JUNHO/2016

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RAMSÉS OTTO CUNHA LIMA

AVALIAÇÃO DE INSERTOS DE METAL DURO REVESTIDOS COM TIN

PELO PROCESSO DE GAIOLA CATÓDICA ROTATÓRIA

TESE apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como pré-requisito para obtenção do

título de DOUTOR EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Clayton Alves de Melo

Co-orientador: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior

NATAL, JUNHO/2016

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Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca

Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência

Cunha Lima, Ramsés Otto.

Avaliação de insertos de metal duro revestidos com TiN pelo processo de Gaiola

Catódica Rotatória / Ramses Otto Cunha Lima. - Natal, RN, 2016.

137 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Clayton Alves de Melo.

Coorientador: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de

Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.

1. Gaiola catódica rotatória - Doutorado. 2. Nitretação a plasma - Doutorado. 3.

Metal duro - Doutorado. 4. Revestimento – Caracterização - Doutorado. 5. Usinagem

– Doutorado. 6. Ferramentas de corte - Doutorado. I. Melo, Anderson Clayton Alves

de. II. Alves Júnior, Clodomiro. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621.9.022

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Dedico este trabalho aos meus pais Miriam e

Renato, à minha irmã Carolina, à minha namorada

Maria Helena e à minha afilhada, recém-nascida,

Gabriela.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Dr. Anderson Clayton Alves de Melo, por sua

dedicação, confiança, ensinamentos transmitidos bem, como compreensão e paciência nos

momentos em que não pude estar presente no Laboratório de Manufatura ao longo da

realização deste trabalho.

Ao meu co-orientador, Professor Dr. Clodomiro Alves Júnior, pelas sugestões

enriquecedoras, ajuda na interpretação de resultados e pela permissão de acesso aos

equipamentos necessários para a execução dos experimentos bem como caracterizações

realizadas.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFRN por me

proporcionar mais essa possibilidade de continuação da minha formação acadêmica.

Ao Professor Dr. Rubens Maribondo do Nascimento que, enquanto Coordenador Geral

de Pós-Graduação da UFRN, conseguiu me disponibilizar uma bolsa de doutorado, sem a

qual não seria possível manter as atividades durante a primeira metade desta trajetória.

À Professora Dra. Marcela Aparecida Cucci Silvestre, com quem trabalhei durante o

período de atividades referentes à minha atuação como bolsista REUNI, pela flexibilidade nos

horários e compreensão em meus momentos de ausência.

Ao amigo e grande parceiro nessa pesquisa, Professor Me. Lino Araújo Filho, por ter,

gentilmente, cedido o reator a plasma para nitretação em Gaiola Catódica Rotatória e por estar

sempre disposto a ajudar no que fosse necessário para o sucesso deste trabalho. Esta vitória é

sua também!

Ao amigo, Me. Jussier de Oliveira Vitoriano, por todo suporte e acompanhamento

durante os ensaios de tratamento a plasma e pela ajuda nas caracterizações e interpretações de

resultados.

Ao amigo, Engenheiro Mecânico, Gustavo Lucena de Lira, pelo suporte ao longo das

atividades envolvidas nas etapas iniciais desse trabalho.

Aos Professores, Dra. Salete Martins Alves e Dr. Thércio Henrique de Carvalho Costa,

pelas valiosas contribuições, tanto durante sua participação na banca examinadora de

qualificação, como ao longo da realização deste trabalho.

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Aos Professores, Dr. Júlio César Giubilei Milan, Dr. Júlio César Pereira Barbosa, Dr.

Ulisses Borges Souto e Dr. Custódio Leopoldino de Brito Guerra Neto, participantes da banca

examinadora de defesa deste trabalho, pela sua disponibilidade e pelas valiosas contribuições.

Aos técnicos do Laboratório de Manufatura da UFRN, por se mostrarem sempre

disponíveis a ajudar. Em especial ao técnico João Maria Alves Frazão.

Aos colegas do Laboratório de Metrologia da UFRN, por emprestarem o rugosímetro

e microscópio eletrônico utilizados durante os ensaios deste trabalho.

À empresa Sandvik Coromant, em nome do Sr. Aldeci Santos, por terem, gentilmente,

cedido os insertos de Metal duro utilizados neste trabalho.

À empresa Fundição Tupy, em nome do Professor Dr. Wilson Luiz Guesser, por

terem, gentilmente, cedido as barras de Ferro Fundido Nodular utilizadas neste trabalho.

A todos os colegas Professores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, em

nome da Professora Ma. Adiana Nascimento Silva, Coordenadora do curso de Engenharia

Mecânica da UFERSA Campus Caraúbas; Professor Dr. Manoel Quirino da Silva Júnior,

Coordenador do curso de Engenharia Mecânica da UFERSA Campus Mossoró e Professor

Dr. Rodrigo Nogueira de Codes, Chefe do Departamento de Ciências Ambientais e

Tecnológicas, pela confiança e incentivo, bem como pela compreensão nos momentos de

ausência.

Ao Professor Dr. Jeferson Luiz Dallabona Dombroski, do Departamento de Ciências

Vegetais da UFERSA, por, gentilmente, permitir a realização das análises em MEV e ao

técnico, Bruno Caio Chaves Fernandes, pela disponibilidade em operar o equipamento.

Aos técnicos e bolsistas do Laboratório de Caracterização Estrutural de Materiais do

Departamento de Engenharia de Materiais da UFRN, em nome do responsável Professor Dr.

Edson Noriyuki Ito, por disponibilizarem horário em caráter de urgência para as análises

EDS.

Ao aluno de graduação do curso de Engenharia Mecânica da UFERSA Campus

Mossoró e bolsista de Iniciação Científica, Áleft Verlanger Rocha Gomes, pela

disponibilidade em operar o equipamento microdurômetro, necessário às caracterizações deste

trabalho.

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Aos amigos e irmãos da Equipe Car-Kará de AeroDesign da UFRN, que sempre estão

prontos para ajudar no que for necessário, por todo o apoio recebido e pelos, sempre valiosos,

momentos de descontração.

Ao meu pai, Renato Rodrigues Cunha Lima Filho (meu grande amigo) e a minha mãe,

Miriam Otto Cunha Lima (minha fã), por todo apoio, suporte, incentivo e confiança, não só

durante a realização deste trabalho, mas ao longo de toda a minha formação escolar e vida

acadêmica. Nunca teria conseguido “me preparar para o dia de amanhã” se não fosse com a

ajuda e companhia de vocês!

À minha irmã, Carolina Otto Cunha Lima, por sempre depositar em mim toda a sua

confiança e admiração, talvez mais do que eu realmente mereça, e pelo imenso incentivo,

mesmo morando longe atualmente. Tenha certeza que a energia positiva da tua oração me

acompanhou em cada passo desta jornada.

À minha namorada, Maria Helena Andrade Ferreira de Melo, por todo o amor e

carinho, por todo o incentivo em momentos de desânimo, por toda a compreensão e paciência,

tanto em relação ao tempo dedicado à realização deste trabalho, como pela vida profissional

que, durante essa trajetória, se construiu em outra cidade. Caminhar ao teu lado, de mãos

dadas, me inspira e dá forças para sempre querer fazer mais e melhor. E ao teu lado quero

passar o resto da minha vida. Te amo!

A todos os meus familiares, por torcerem pelo meu sucesso. Principalmente ao meu

avô, Otto Gustavo Otto (in memoriam), por nunca duvidar dos degraus que eu poderia

alcançar, sempre repetindo com empolgação as frases: “Esse guri vai longe ” e “Já está lá! ”.

Eu consegui, vô! Gostaria muito de poder compartilhar este momento contogo!

A Deus, pelas oportunidades proporcionadas e por permitir que eu mantivesse a

determinação, mesmo diante de todas as dificuldades encontradas. Se eu consegui percorrer e

enfrentar os obstáculos deste longo caminho, foi porque o Senhor abriu as portas para mim e

me deu coragem para seguir em frente.

Muito obrigado a todos!

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“... Mas não basta pra ser livre

Ser forte, aguerrido e bravo

Povo que não tem virtude

Acaba por ser escravo

Mostremos valor constância

Nesta ímpia e injusta guerra

Sirvam nossas façanhas

De modelo a toda Terra...”

Letra: Francisco Pinto da Fontoura

Composição: Joaquim José Mendanha

Trecho do Hino do Estado do Rio Grande do Sul

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

Al Alumínio

AlN Nitreto de Alumínio

Al2O3 Óxido de Alumínio (Alumina)

AISI American Iron and Steel Institute (órgão de normalização)

Ar Argônio

ASPN Active Screen Plasma Nitriding (Ntretação a Plasma em Tela Ativa)

ASTM American Society for Testing and Materials (órgão de normalização)

CCPN Cathodic Cage Plasma Nitriding (Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica)

CNC Comando Numérico Computadorizado

Co Cobalto

Cr Cromo

CVD Chemical Vapour Deposition (Deposição Química de Vapor)

DC Direct Current (Corrente Contínua)

DCPN Direct Current Plasma Nitriding (Nitretação a Plasma em Corrente Contínua)

DRX Difratometria Eletrônica de Raios X

EDS Energy Dispersive Spectroscopy (Espectroscopia de Energia Dispersiva)

FoFo Ferro Fundido

H2 Hidrogênio

ISO International Organization for Standardization (Organização Internacional para

Padronização)

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

MTCVD Medium Temperature CVD (CVD a Médias Temperaturas)

MoS2 Dissulfeto de Molibdênio

N2 Nitrogênio

NbC Carbeto de Nióbio

PVD Physica Vapour Deposition (Deposição Física de Vapor)

PACVD Plasma Assisted CVD (CVD Auxiliado por Plasma)

PAPVD Plasma Assisted PVD (PVD Auxiliado por Plasma)

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RCCPN Rotary Cathodic Cage Plasma Nitriding (Nitretação a Plasma em Gaiola

Catódica Rotatória)

SAE Society of Automotive Engineers (órgão de normalização)

TaC Carbeto de Tântalo

Ti Titânio

TiAlN Nitreto de Titânio e Alumínio

TiC Carbeto de Titânio

TiCN Carbonitreto de Titânio

TiN Nitreto de Titânio

TiO2 Dióxido de Titânio

WC Carbeto de Tungstênio

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LISTA DE SÍMBOLOS

ap Profundidade de Corte

e- Elétron

f Avanço

G Partícula neutra do gás

G+ Íon positivo da partícula neutra do gás

HB Dureza Brinell

HV Dureza Vickers

KT Profundidade de Cratera

Lf Percurso de Avanço

n Ordem de difração

Ra Rugosidade Média

r Raio de Quina

VB Desgaste de Flanco Médio

VBmáx Desgaste de Flanco Máximo

Vc Velocidade de Corte

VN Desgaste de Entalhe

Ângulo de Folga

Ângulo de Cunha

Ângulo de Posição

Ângulo de Ponta

Ângulo de Saída

Ângulo de Inclinação

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Propriedades do nitreto de titânio. ....................................................................... 27

Tabela 2.2 – Espessura da camada e microdureza das camadas nitretadas em função da

pressão de trabalho e posição da amostra dentro da gaiola para 5 h, 723 K e 80%

N2 + 20% H2. ....................................................................................................... 62

Tabela 3.1 – Propriedades mecânicas do FoFo nodular FE 45012. ......................................... 75

Tabela 3.2 – Propriedades químicas do FoFo Nodular FE 45012. ........................................... 76

Tabela 3.3 – Valores de dureza Brinell obtidos para o FoFo nodular FE 45012. .................... 80

Tabela 3.4 – Detalhamento das condições de tratamento por plasma. ..................................... 81

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Processo de torneamento. ....................................................................................... 6

Figura 2.2 – Nomenclatura dos elementos de ferramentas para torneamento. ........................... 7

Figura 2.3 – Ângulos importantes em uma ferramenta para torneamento. ................................ 8

Figura 2.4 – Materiais para ferramentas de corte. .................................................................... 10

Figura 2.5 – Microestrutura típica do metal duro. .................................................................... 11

Figura 2.6 – Distribuição de componentes na estrutura do metal duro. ................................... 12

Figura 2.7 – Classes de metal duro e materiais usinados. ........................................................ 13

Figura 2.8 – Classificação dos metais duros segundo a norma ISO 513:2004. ........................ 14

Figura 2.9 – Principais tipos de desgaste em ferramentas para torneamento. .......................... 16

Figura 2.10 – Curva representativa da evolução do desgaste de flanco de uma ferramenta. ... 17

Figura 2.11 – Principais propriedades dos revestimentos. ....................................................... 20

Figura 2.12 – Imagem MEV de revestimento de TiN em substrato de metal duro. ................. 21

Figura 2.13 – Microdureza de alguns dos principais revestimentos aplicados em ferramentas

de corte. ............................................................................................................... 22

Figura 2.14 – Etapas durante a nucleação e os primeiros estágios do crescimento do filme. .. 23

Figura 2.15 – Etapas do processo de deposição de revestimentos. .......................................... 31

Figura 2.16 – Representação esquemática das técnicas PVD e CVD. ..................................... 33

Figura 2.17 – Curva característica da voltagem X corrente entre dois eletrodos, numa descarga

elétrica em gases. ................................................................................................. 37

Figura 2.18 – Representação esquemática das possíveis interações do plasma com o substrato.

............................................................................................................................. 39

Figura 2.19 – Esquema exemplificando o fenômeno de sputtering. ........................................ 44

Figura 2.20 – a) Esquema exemplificando o fenômeno de magnetron sputtering e comparação

do confinamento do plasma b) sem e c) com magnetron sputtering. ................. 45

Figura 2.21 – Diagrama esquemático da técnica DCPN. ......................................................... 46

Figura 2.22 – Diagrama esquemático da técnica ASPN. .......................................................... 48

Figura 2.23 – a) Tela ativa e b) reator de plasma industrial usados no processo ASPN. ......... 49

Figura 2.24 – Dureza e espessura da camada para aços ferramenta H13 (esquerda) e D2

(direita) tratados a 500 ° C (932 ˚ F) com ASPN. ............................................... 50

Figura 2.25 – Modelo proposto por Zhao para o mecanismo de nitretação na ASPN. ............ 51

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Figura 2.26 – Diagrama esquemático das três modalidades de nitretação empregadas por Zhao

et al. a) Amostra em potencial catódico (DCPN), b) amostra em potencial

flutuante, c) amostra aterrada. ............................................................................. 52

Figura 2.27 – a) Perspectiva em corte do reator de nitretação iônica. b) Detalhe da gaiola

catódica. ............................................................................................................... 53

Figura 2.28 – Efeito de cátodo oco em cada furo da Gaiola Catódica. .................................... 54

Figura 2.29 – Fotografia do aço AISI 420, apresentado anéis de erosão quando tratado

convencionalmente (a), e sem efeito de borda quando tratado em Gaiola

Catódica (b) e perfil de microdureza radial ao longo da superfície das amostras,

carga de 100 gf. ................................................................................................... 56

Figura 2.30 – Perfil de microdureza da superfície para o núcleo dos corpos de prova, carga de

25 gf. .................................................................................................................... 57

Figura 2.31 – Microdureza Vickers obtidas em áreas diferentes da mesma amostra de aço

AISI 304 sob o furo e a parte coberta da Gaiola Catódica. ................................. 59

Figura 2.32 – Gráficos comparativos de espessuras de camadas de compostos para as .......... 60

Figura 2.33 – Espessuras das camadas a AISI 1020 amostras de aços com uma altura de,

respectivamente, 1, 3, 5, 8 e 10 milímetros por nitretação CCPN em (a), 673, (b)

773, e (c) 823 K. (3 h). ........................................................................................ 64

Figura 2.34 – Aspecto visual das amostras a) antes e b) após o tratamento RCCPN. ............. 66

Figura 2.35 – a) Regiões de impressões para os ensaios de dureza Vickers. b) Resultados

obtidos para Região 1. c) Resultados obtidos para Região 2. ............................. 66

Figura 3.1 – Vistas a) frontal e b) lateral, com detalhes das conexões do reator a plasma

horizontal para tratamento com Gaiola Catódica Rotatória. ............................... 69

Figura 3.2 – Gaiola original, fabricada em aço inox AISI 304. ............................................... 70

Figura 3.3 – Grade de contenção da Gaiola Catódica Rotatória. ............................................. 71

Figura 3.4 – Fonte de tensão. .................................................................................................... 71

Figura 3.5 - Reator de plasma, com o motor de passo e o circuito gerador de frequência. ...... 72

Figura 3.6 – Gaiola Catódica convencional com localização das amostras em tratamento. .... 73

Figura 3.7 – a) Inserto de metal duro classe GC 4225 e b) suas características geométricas. . 74

Figura 3.8 – Amostra das barras de FoFo nodular usadas nos ensaios de torneamento. .......... 74

Figura 3.9 – Microestrutura do FoFo Nodular FE 45012 a) no núcleo e b) na periferia.......... 75

Figura 3.10 – Torno CNC ROMI Centur 30D utilizado nos ensaios de torneamento. ............ 76

Figura 3.11 – Gaiola nova, fabricada em titânio grau 2. .......................................................... 78

Figura 3.12 – FoFo nodular FE 45012, aumento de 500x, a) sem e b) com ataque químico. .. 79

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Figura 3.13 – Desenho esquemático do posicionamento da barra de FoFo nodular para os

ensaios de torneamento. ...................................................................................... 84

Figura 4.1 – Filme depositado na a) grade de contenção e b) parede interna da Gaiola. ......... 89

Figura 4.2 – Amostras tratadas utilizando-se a técnica RCCPN. ............................................. 90

Figura 4.3 – Amostras tratadas utilizando-se a técnica CCPN. ................................................ 91

Figura 4.4 – Comparação entre amostras sem tratamento (esquerda), tratada em RCCPN

(centro) e CCPN (direita). ................................................................................... 91

Figura 4.5 – Valores médios de microdureza Vickers obtidos para as amostras tratadas em

RCCPN e CCPN para carga de 50 gf. ................................................................. 93

Figura 4.6 – Impressões Vickers para as amostras tratadas em RCCPN. ................................ 95

Figura 4.7 – Impressões Vickers para as amostras tratadas em CCPN. ................................... 96

Figura 4.8 – Difratograma normalizado obtido para a amostra sem tratamento. ..................... 98

Figura 4.9 – Difratogramas normalizados obtidos para as condições a) T,25; b) T5,0; c) T7,5 e

d) T10, tratadas em RCCPN. ............................................................................... 99

Figura 4.10 – Difratogramas normalizados obtidos para as amostras a) H5,0 e b) H10, tratadas

em Gaiola Catódica convencional. .................................................................... 100

Figura 4.11 – Seção transversal das amostras tratadas em RCCPN. ...................................... 102

Figura 4.12 – Evolução dos filmes de TiN na superfície de saída das amostras tratadas em

RCCPN. ............................................................................................................. 104

Figura 4.13 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra T2,5...... 105

Figura 4.14 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra T5,0...... 105

Figura 4.15 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra T7,5...... 106

Figura 4.16 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra T10....... 106

Figura 4.17 – Evolução de filmes nucleados em amostras tratadas em RCCPN. .................. 107

Figura 4.18 – Seção da amostra T10 com filme de TiN depositado em sua borda. ............... 108

Figura 4.19 – Seção transversal das amostras tratadas em CCPN.......................................... 110

Figura 4.20 – Filmes de TiN na superfície de saída das amostras tratadas em CCPN. .......... 111

Figura 4.21 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra H5,0. .... 112

Figura 4.22 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra H10. ..... 113

Figura 4.23 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra V10. ..... 113

Figura 4.24 – Uniformidade dos filmes depositados por a) CCPN e b) RCCPN. .................. 114

Figura 4.25 – Desgaste de flanco médio (VB) após 1ª passada de torneamento das amostras

tratadas em RCCPN e CCPN. ........................................................................... 115

Figura 4.26 – VB em insertos de metal duro tratados em RCCPN após Lf = 200 mm. ......... 117

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Figura 4.27 – VB em insertos de metal duro tratados em CCPN após Lf = 200 mm. ............ 118

Figura 4.28 – Rugosidade média após última passada no torneamento das amostras tratadas

em RCCPN e CCPN. ......................................................................................... 119

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 5

2.1 Processo de usinagem por torneamento ............................................................. 5

2.1.1 Geometria das ferramentas de corte ............................................................ 7

2.1.2 Materiais para ferramentas de corte ............................................................ 9

2.1.2.1 Ferramentas de metal duro ................................................................. 11

2.1.3 Desgaste e vida das ferramentas de corte .................................................. 15

2.1.3.1 Efeito dos parâmetros de corte na vida da ferramenta ....................... 18

2.2 Revestimentos para ferramentas de corte ......................................................... 19

2.2.1 Breve histórico dos revestimentos ............................................................. 24

2.2.2 Revestimento de nitreto de titânio (TiN) ................................................... 26

2.2.3 Revestimento de nitreto de titânio e alumínio (TiAlN) ............................. 28

2.2.4 Revestimento de carbonitreto de titânio (TiCN) ....................................... 29

2.2.5 Revestimento de óxido de alumínio (Al2O3) ............................................. 30

2.3 Processo de deposição de revestimentos .......................................................... 30

2.3.1 Técnicas de deposição convencionais ....................................................... 33

2.3.1.1 Deposição por CVD ........................................................................... 34

2.3.1.2 Deposição por PVD ............................................................................ 35

2.3.2 Fundamentos do plasma ............................................................................ 36

2.3.3 Técnicas de deposição por plasma ............................................................ 40

2.3.3.1 Deposição por Sputtering e Magnetron Sputtering ............................ 43

2.3.3.2 Deposição por Nitretação a Plasma em Tela Ativa ............................ 46

2.3.3.3 Deposição por Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica ................... 53

2.3.3.4 Deposição por Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória ... 65

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3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 69

3.1 Materiais e Equipamentos ................................................................................ 69

3.2 Procedimento Experimental ............................................................................. 77

3.2.1 Preparação dos experimentos e caracterização dos materiais ................... 77

3.2.1.1 Gaiola de titânio ................................................................................. 77

3.2.1.2 Barras de ferro fundido nodular ......................................................... 78

3.2.2 Ensaios de deposição de revestimento ...................................................... 80

3.2.3 Ensaios de torneamento ............................................................................. 83

3.2.4 Ensaios de caracterização .......................................................................... 85

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 89

4.1 Resultados visuais dos tratamentos a plasma ................................................... 89

4.2 Resultados dos ensaios de caracterização ........................................................ 92

4.2.1 Indentação mecânica ................................................................................. 92

4.2.2 Difratometria de Raios-X .......................................................................... 97

4.2.3 MEV e EDS ............................................................................................. 102

4.3 Resultados dos ensaios de torneamento ......................................................... 115

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 122

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................... 124

7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 126

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CUNHA LIMA, Ramsés Otto. AVALIAÇÃO DE INSERTOS DE METAL DURO

REVESTIDOS COM TIN PELO PROCESSO DE GAIOLA CATÓDICA

ROTATÓRIA. 2016. 137 f. Tese (Doutorado) – Centro de Tecnologia, Programa de Pós

Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,

2016.

RESUMO

A demanda pelo aumento da produção na indústria de fabricação por usinagem tem conduzido

a pesquisas que promovam a melhoria do desempenho das ferramentas de corte. Assim, cada

vez mais, estas suportam as condições severas impostas pelo processo de usinagem.

Entretanto, por melhor que estejam definidos os parâmetros de corte adotados, a ferramenta

irá sofrer desgaste devido às solicitações tribológicas do sistema e terá que ser substituída,

interrompendo a produção. Isto motivou o processo de revestimentos das mesmas com filmes

duros que conferem às ferramentas propriedades que, somadas às do material do seu

substrato, prolongam sua vida útil. Estes revestimentos, geralmente são realizados de maneira

estática, resultando na necessidade de mais de um tratamento de deposição para que um

inserto seja completamente revestido. Técnicas de deposição por plasma como ASPN

(Nitretação à Plasma em Tela Ativa) tem sido bem aceitas industrialmente por conseguirem

resolver estes inconvenientes. A Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica (CCPN),

desenvolvida com base na ASPN, promovem melhor adesão do revestimento no substrato

sem a necessidade de uma limpeza prévia rígida e ainda permitem bom controle das fases

depositadas pela produção de íons e, consequentemente, do efeito de cátodo oco. Porém esta

técnica ainda mantém a limitação de não permitir a aplicação tridimensional do revestimento,

ou seja, em todas as superfícies da amostra, prática comumente aplicada a insertos de metal

duro para usinagem. Este trabalho tem por objetivo propor uma nova forma de deposição de

revestimentos para estas ferramentas pela aplicação da técnica de Nitretação a Plasma em

Gaiola Catódica Rotatória (RCCPN). Esta nova técnica de deposição, baseada na CCPN,

possibilita que todas as faces da amostra recebam o filme durante o mesmo tratamento, devido

à rotação da gaiola em torno do eixo do reator, o que promove maior uniformidade à camada

depositada, além de permitir o tratamento em lotes de peças. Para tanto, insertos de metal

duro para torneamento foram revestidos por pela técnica RCCPN, mantendo-se corrente,

tensão, pressão e proporção dos gases fixos, e variando-se apenas o tempo do tratamento.

Estes, foram conduzidos a ensaios de torneamento, bem como de caracterização por

microdureza Vickers, DRX com incidência rasante e MEV/EDS para avaliação das

propriedades mecânicas do revestimento e sua adesão ao substrato, bem com uniformidade do

filme depositado. Como resultado foi possível obter camadas dos filmes depositados mais

uniformes do que as verificadas em tratamento com CCPN, com valores de dureza 40%

maiores do que as medidas em insertos sem revestimentos.

Palavras chave: Gaiola Catódica Rotatória, Revestimento, Metal Duro, Plasma,

Caracterização.

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CUNHA LIMA, Ramsés Otto. EVALUATION OF TIN COATED CEMENTED

CARBIDE INSERTS BY ROTARY CATHODIC CAGE PROCESS. 2016. 137 f. Thesis

(Doctorate) – Technology Center, Post Graduation Program in Mechanical Engineering,

Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

ABSTRACT

The demand for increased production in machining industry has led to research that promote

the improvement of cutting tools performance. Thus, increasingly, they support the harsh

conditions imposed by the machining process. However, as good as the adopted cutting

parameters are set, the tool will wear out due to tribological applications of the system and

will need replacement, interrupting production. This motivated the coating process of the

cutting tools with films that confer them properties that, together with the material of its

substrate, extends its useful life. Such coatings are generally performed in a static manner,

resulting in the need for more than one deposition treatment to assure that an insert is

completely coated.Plasma deposition techniques as ASPN (Active Screen Plasma Nitriding)

solve these drawbacks and still allow optimal control of deposited phases. The Cathodic Cage

Plasma Nitriding (CCPN) process, developed based on ASPN, promotes better adhesion of

the coating to the substrate without the need for pre-cleaning and besides allow good control

of the deposited phases for the production of ions and, consequently, the hollow cathode

effect. But this technique still has the limitation of not allowing the tridimentional application

of the coating on all surfaces of the sample, a practice commonly applied to carbide inserts for

machining process. This research aims to propose a new way of coating deposition to these

tools by the application of Rotary Cathodic Cage Plasma Nitriding (RCCPN). This novel

deposition technique based on CCPN, enables all sample surfaces to receive the film during

the same treatment, due to rotation of cage around the reactor axis, which promotes better

uniformity to the deposited layer, besides it enables the treatment in batches. Therefore,

cemented carbide inserts were coated by RCCPN process, keeping current, voltage, pressure,

and proportion of gas fixed and varying only the treatment time. These were led to turning

tests, as well as characterization by microhardness Vickers, XRD with oblique incidence

angle and SEM/EDS to evaluate the mechanical properties of the coating and its adhesion to

the substrate, as well as the uniformity of deposited film. As a result it was possible to obtain

layers of more uniform deposited films than those observed in CCPN treatment, with hardness

values 40% higher that the measures in uncoated inserts.

Key words: Rotary Cathodic Cage, Coating, Cemented Carbide, Plasma, Characterization.

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Capítulo 1

Introdução

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Cunha Lima, Ramsés Otto PPGEM – CT – UFRN

1 Cap. 1 – Introdução

1 INTRODUÇÃO

As ferramentas para usinagem veem sofrendo um processo evolutivo ao longo do

tempo. A demanda da produção, cada vez mais acelerada, forçou a procura por ferramentas

mais duráveis e eficientes. Os primeiros passos da pesquisa envolvendo ferramentas

objetivaram a procura das melhores geometrias para a operação de corte. A etapa seguinte

dedicou-se à busca de materiais de melhores características de resistência e durabilidade.

Porém, por trás deste avanço, muitas informações tecnológicas estão contidas.

De acordo com Machado et al. (2009), as condições ideais de corte são capazes de

produzir peças dentro das especificações de forma, tamanho, e acabamento ao menor custo

possível. Um dos modos de garantir isso é aplicando o conhecimento tecnológico ligado ao

processo de fabricação adotado. Parâmetros de corte são grandezas tecnológicas que

expressam, por meio de um valor numérico comparativo, um conjunto de propriedades de

usinagem de um material em relação a outro tomado como padrão (FERRARESI, 1977).

Esses parâmetros ajudam a obter uma usinagem com resultados satisfatórios por meio da

utilização racional dos recursos oferecidos por determinada máquina-ferramenta.

Porém, por mais que os parâmetros de corte estejam bem definidos, a ferramenta irá,

com o tempo, sofrer desgaste devido às solicitações causadas pela ação das condições

tribológicas inerentes ao sistema. Assim, ela inevitavelmente terá que ser substituída em

determinada etapa da produção, com a consequente interrupção da mesma.

Neste sentido, com a finalidade de se melhorar as propriedades das ferramentas de

corte, visando a redução do seu desgaste e o consequente aumento de sua vida útil, iniciou-se

o processo de revestimento das mesmas. Este processo consiste em depositar filmes em todas

as faces da ferramenta que irão interagir tribologicamente com a peça durante a operação de

usinagem. Tais filmes, de espessura na faixa de poucos nanômetros (10-9 m) a alguns

micrômetros (10-6 m), permitem agregar novas propriedades às ferramentas, porém, sem

perder a funcionalidade do seu substrato (SANTOS & SALES, 2007).

Algumas técnicas convencionais para deposição de revestimentos em ferramentas de

corte já são consolidadas e vastamente utilizadas na indústria. Entre elas, as mais difundidas

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2 Cap. 1 – Introdução

são as técnicas CVD (Chemical Vapor Deposition – Deposição Química de Vapor) e PVD

(Phisical Vapor Deposition – Deposição Física de Vapor). Porém esses processos demandam

energia e temperaturas muito elevadas, além de exigirem rígido controle sobre a limpeza

superficial para que se obtenha adesão entre revestimento e substrato. Outro fato importante é

que esses processos normalmente geram resíduos poluentes.

Com o avanço da tecnologia surgiram técnicas de deposição de revestimentos por

plasma. Essas técnicas, como é o caso da ASPN (Active Screen Plasma Nitriding - Nitretação

à Plasma em Tela Ativa), vem sendo bem aceitas industrialmente pelo fato de possuírem

vantagens sobre os processos convencionais, tais como menor tempo necessário para o

tratamento e temperaturas mais baixas envolvidas no processo. Além disso, a técnica é não

poluente e permite bom controle das fases depositadas. A deposição por ASPN também

superou alguns inconvenientes ainda apresentados em outras técnicas mais convencionais de

tratamento por plasma, como efeito de borda, efeito de cátodo oco nos furos e reentrâncias das

peças, temperatura não uniforme e abertura de arcos, principalmente para peças de geometria

complexa, como é caso de insertos para usinagem. Com base na ASPN, foi criada a técnica de

Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica (CCPN). Esta técnica, desenvolvida no Laboratório

de Processamento de Materiais por Plasma (LabPlasma) da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, promove melhor adesão do revestimento no substrato sem a necessidade de

uma limpeza prévia mais rígida (ALVES JR, 2001). Mesmo assim, estas técnicas ainda

apresentam limitação quanto à tridimensionalidade da deposição do filme, ou seja, aplicar o

revestimento em todas as faces da ferramenta em um mesmo tratamento.

Recentemente, Araújo Filho (2013) desenvolveu o processo de Nitretação a Plasma

em Gaiola Catódica Rotatória (RCCPN). Esta técnica de revestimento se mostra inovadora

pelo fato de permitir a deposição do filme em todas as superfícies da amostra em tratamento,

mesmo as de geometria complexa. Isso é possível uma vez que o movimento de rotação da

gaiola permite a exposição de todos as faces da amostra às espécies da atmosfera do plasma

por igual.

O presente trabalho propõe uma nova forma de deposição de revestimentos para

ferramentas de geometria complexa, tais como insertos de metal duro pela aplicação da

técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória. Esta aplicação visa manter a

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3 Cap. 1 – Introdução

uniformidade da camada por todas as suas superfícies, de uma maneira economicamente

viável e visando à melhoria das propriedades dos mesmos de forma ecologicamente correta.

Assim, o objetivo geral deste trabalho é:

Avaliar a Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória como técnica para

revestir, com filmes duros, insertos de metal duro para usinagem.

Os objetivos específicos deste trabalho são:

Compreender os processos de tratamento de superfícies, bem como de deposição de

filmes duros auxiliadas por plasma;

Aplicar uma camada de filme duro em insertos de metal duro para torneamento;

Analisar a influência dos parâmetros de plasma na efetividade do tratamento;

Analisar o desempenho das ferramentas revestidas em ensaios de torneamento;

Analisar características e propriedades dos revestimentos a partir de ensaios de

caracterização dos filmes depositados.

Para tanto, tem-se como hipótese que a Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica

Rotatória é viável como técnica de deposição de filmes em peças de geometria complexa e

promove ao revestimento depositado maior uniformidade da camada em comparação a

insertos revestidos por processos convencionais.

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Capítulo 2

Revisão da Literatura

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5 Cap. 2 – Revisão da Literatura

2 REVISÃO DA LITERATURA

A revisão da literatura, apresentada neste trabalho está dividida em três partes,

consideradas importantes para a boa compreensão dos assuntos tratados. São elas: 2.1

Processo de usinagem por torneamento, onde a operação de torneamento é detalhada,

destacando-se as características do processo, bem como sua importância para a indústria, além

de suas propriedades geométricas, materiais e medição de sua vida útil, baseado em desgastes

e avarias causados pelo processo de usinagem; 2.2 Revestimentos para ferramentas de

corte, onde, apresenta-se um breve histórico a respeito do desenvolvimento dos

revestimentos, bem como o materiais típicos de revestimento, inclusive o utilizado neste

trabalho; 2.3 Técnicas de deposição de revestimentos, onde são apresentadas algumas

técnicas convencionais de deposição de revestimentos em ferramentas de corte e outras, mais

atuais, assistidas por plasma, incluindo a deposição por Gaiola Catódica Rotatória.

2.1 Processo de usinagem por torneamento

A operação de usinagem é definida por Ferraresi (1977) como aquela que ao conferir à

peça a forma, as dimensões, o acabamento, ou ainda uma combinação desses três itens,

produzem cavaco. Sendo este último definido como a porção de material retirada da peça pela

ferramenta, caracterizada por apresentar geometria irregular. Do ponto de vista do mecanismo

de formação de cavaco, a usinagem é basicamente um processo que envolve cisalhamento, ou

seja, ruptura por aplicação de pressão, que ocorre na estrutura cristalina do metal. As

operações de usinagem podem ser realizadas manualmente ou por uma grande variedade de

máquinas que empregam as mais variadas ferramentas de corte.

Dentro do contexto da usinagem, o torneamento é um dos processos de fabricação

mais utilizados mundialmente. Este é definido como um processo mecânico destinado a

obtenção de superfícies de revolução com o auxílio de uma ou mais ferramentas

monocortantes (FERRARESI, 1977). Para tanto, a peça gira em torno do eixo principal de

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6 Cap. 2 – Revisão da Literatura

rotação da máquina e a ferramenta se desloca simultaneamente segundo uma trajetória

coplanar com o eixo referido, permitindo o corte contínuo e regular do material (Figura 2.1).

Figura 2.1 – Processo de torneamento.

(CIMM, 2014)

Os movimentos entre a ferramenta e a peça durante a usinagem são aqueles que

permitem a ocorrência do processo de corte. Tais movimentos são considerados durante o

projeto e a fabricação das máquinas ferramentas que os utilizarão. Estes podem ser

classificados como ativos e passivos. Os movimentos ativos são aqueles que promovem a

remoção do material ao ocorrerem. Os movimentos passivos são aqueles que, apesar de

fundamentais para a realização do processo de usinagem, não promovem remoção do material

ao ocorrerem. Ambos são importantes pois, a eles estão associados tempos que, somados,

resultam no tempo total de fabricação.

Além dos parâmetros de corte, para que a operação de usinagem ocorra de forma

satisfatória, deve-se levar em consideração, também, algumas propriedades dos materiais das

ferramentas de corte, as quais serão comentadas mais adiante. Cada ferramenta possui

geometria e materiais próprios para as mais variadas aplicações. Assim a utilização racional

dos recursos oferecidos por uma determinada máquina-ferramenta, aliado à correta seleção da

ferramenta de corte, são indispensáveis para garantir o bom desempenho do processo de

usinagem, bem como a melhor qualidade superficial da peça usinada.

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7 Cap. 2 – Revisão da Literatura

A seguir, serão abordadas características geométricas importantes das ferramentas de

corte, tendo como foco principal, as utilizadas no processo de torneamento.

2.1.1 Geometria das ferramentas de corte

Para cada par ferramenta – peça, existe uma geometria de corte apropriada, de forma a

se obter melhor qualidade da superfície usinada e menor desgaste da ferramenta. A seleção

desses elementos também tem influência direta na formação e na saída do cavaco e nas forças

de corte produzidas durante o processo de usinagem.

A Figura 2.2 apresenta a nomenclatura de alguns elementos da ferramenta utilizada no

processo de torneamento.

Figura 2.2 – Nomenclatura dos elementos de ferramentas para torneamento.

Adaptado de Stoeterau, Schroeter, e Weingaertner (2004)

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8 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Um ponto importante da geometria das ferramentas de corte são os ângulos que

compõem as mesmas. Dependendo dos ângulos que a compõe, se tem influências nos

esforços de corte e nas temperaturas envolvidas durante o processo, as consequências disso

são aumento ou redução na vida útil da ferramenta. Assim, propriedades como a dureza do

material a ser usinado são fatores primordiais na escolha dos ângulos das ferramentas.

A Figura 2.3 apresenta os ângulos mais importantes de uma ferramenta para

torneamento, a seguir: = ângulo de folga; = ângulo de cunha; = ângulo de saída; =

ângulo de ponta; = ângulo de posição; = ângulo de inclinação e re = raio de quina. Os

valores desses ângulos podem variar dependendo dos materiais da ferramenta e da peça a ser

usinada, bem como dos parâmetros de corte a serem utilizados.

Figura 2.3 – Ângulos importantes em uma ferramenta para torneamento.

(STOETERAU, SCHROETER, & WEINGAERTNER, 2004)

Conforme estudo realizado por Patil e Khandwawala (2014), foi verificado que o

ângulo de saída influencia diretamente nas forças de usinagem, potência e acabamento

superficial. O ângulo de folga influencia na penetração da ferramenta na peça. Se o mesmo for

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9 Cap. 2 – Revisão da Literatura

discreto a ferramenta perde o corte, a geração de calor é aumentada e o acabamento

superficial é prejudicado.

De acordo com Losekann (2001), se o material da ferramenta é de alta tenacidade à

fratura, podem-se usar ângulos de saída grandes, sem perigo de quebra. Assim podem-se usar

ângulos maiores em ferramentas de aço rápido do que em ferramentas de metal duro, pois o

aço rápido é muito mais tenaz que o metal duro. Da mesma maneira se o material a usinar

possuir baixa resistência mecânica, como o alumínio, permite ângulos bem maiores do que a

usinagem de materiais duros, como o ferro fundido, que solicitam muito mais a aresta de corte

do que o alumínio. Venkataramaiah, Dharmareddy e Meramma (2014), em estudo para avaliar

como a geometria de ferramentas de aço rápido influenciam nas forças de corte no

torneamento de barras de alumínio, verificaram que a variação dos ângulos de saída e de

posição causam influência nas forças de corte e de avanço.

2.1.2 Materiais para ferramentas de corte

Segundo Stemmer (2005), Diniz et al. (2001) e Machado et al. (2009) as principais

propriedades que um material de ferramenta deve apresentar são:

Alta dureza;

Alta tenacidade;

Resistência ao desgaste, à compressão, ao choque térmico e ao cisalhamento;

Boas propriedades mecânicas e térmicas a altas temperaturas;

Boa inércia química.

Porém, de todos os materiais para ferramentas de corte conhecidos até hoje, não existe

algum que consiga satisfazer a todas as exigências citadas acima. O que ocorre na verdade é

que, se estes são muito bons em algumas propriedades, deixam a desejar em outras. Esta

relação entre as propriedades dos materiais para ferramentas de corte pode ser observada na

Figura 2.4.

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10 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Figura 2.4 – Materiais para ferramentas de corte.

(STOETERAU, SCHROETER, & WEINGAERTNER, 2004)

Como não existe um material ideal para ferramentas de corte, onde todas as suas

propriedades sejam simultaneamente boas, para cada demanda de usinagem devem ser

analisadas quais características são mais importantes. A seleção de um material específico

deve estar relacionada com os seguintes fatores:

Natureza do produto a ser usinado em função do nível de tolerâncias dimensionais e

geométricas, bem como dos custos envolvidos;

Volume de produção exigido;

Tipo de operação: corte intermitente ou contínuo, desbaste ou acabamento,

velocidade alta ou baixa etc.;

Detalhes de construção da ferramenta: ângulos de corte, e de saída, métodos de

fixação, dureza etc.;

Estado da máquina-ferramenta.

Os seguintes materiais são, usualmente, empregados na fabricação de ferramentas de

corte: Aços Carbono; Aços Rápidos; ligas fundidas; Metais Duros; Cermets; Cerâmicas;

Diamante e Nitreto de Boro Cúbico (CBN). Apesar desta grande variedade de materiais para

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11 Cap. 2 – Revisão da Literatura

ferramentas de corte existentes, será detalhado apenas o grupo dos metais duros, o que será

feito a seguir com base em Ferraresi (1977), Diniz et al. (2001), Machado et al. (2009), e

Santos e Sales (2007).

2.1.2.1 Ferramentas de metal duro

Durante a pesquisa para a fabricação de filamentos de lâmpadas incandescentes, a

dificuldade de fusão do tungstênio, devido à inexistência de cadinhos que pudessem suportar

a temperatura de fusão deste material (3.400 °C), levou ao desenvolvimento da metalurgia do

pó. Estes estudos, desenvolvidos inicialmente pela Osram, na Alemanha, foram cedidos a

Krupp para auxiliar na pesquisa da aplicação do carboneto de tungstênio na usinagem de

metais. Assim, o desenvolvimento do metal duro proporcionou o segundo grande salto na área

de materiais para ferramentas de corte, depois do aço rápido. Devido a sua elevada dureza e

resistência ao desgaste, este material foi batizado com o nome comercial de "Widia", tomado

em linguagem popular como sinônimo de metal duro e que provém da contração das palavras

alemãs "wie diamant", isto é, "como o diamante", na língua portuguesa (AMORIM, 2003).

A Figura 2.5 representa a estrutura do metal duro, no qual a sua composição básica

envolve: carbonetos de tungstênio (WC) e cobalto (Co).

Figura 2.5 – Microestrutura típica do metal duro.

(HUGOSSON e ENGQVIST, 2003)

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12 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Os elementos presentes na composição do metal duro, lhe conferem importantes

propriedades, tais como dureza de 76 a 78 Rockwell C, elevada dureza a quente, coeficiente

de dilatação térmica cerca de metade da do aço, densidade da ordem de 14 kg/dm3, alta

resistência à compressão (cerca de 3.500 N/mm2), módulo de elasticidade E = 620.000

N/mm2, elevada condutibilidade térmica (8 a 20 vezes a do aço).

As primeiras ferramentas de metal duro foram empregadas com sucesso na usinagem

de ferro fundido e materiais não ferrosos. Porém, com baixa resistência ao desgaste na

superfície de saída na maioria das operações com aço, fazendo com que o cavaco escorregasse

com grande pressão e sob elevada resistência, com forte formação de calor. Formava-se

rapidamente uma cratera na ferramenta, levando a sua aresta de corte ao esfacelamento.

Também ocorriam problemas de difusão e de dissolução, os quais, ao longo das pesquisas

para sua solução, foram realizados vários desenvolvimentos no metal duro, dando origem a

uma série de tipos de ferramentas, cada uma indicada para uma dada aplicação (MACHADO

et. al., 2009).

Muitos anos após a introdução dos metais duros verificou-se que a difusão era

fortemente reduzida pela adição de carboneto de titânio e de tântalo. Estes carbonetos

apresentam maior dureza do que o de tungstênio. Assim, foram introduzidos carbonetos na

composição deste material, formando a sua estrutura atual (Figura 2.6).

Figura 2.6 – Distribuição de componentes na estrutura do metal duro.

(STOETERAU, SCHROETER, & WEINGAERTNER, 2004)

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13 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Nesta nova estrutura, os componentes são basicamente: = carbonetos de tungstênio,

= cobalto e = carbonetos de titânio, tântalo e nióbio (STEMMER, 1995). Devido à adição

dos carbonetos combinados, os metais duros foram aperfeiçoados para cada aplicação

específica, e foi necessário classificá-los conforme o tipo de trabalho a ser realizado.

A Norma ISO 513:2004 padronizou a classificação dos metais duros em seis classes

designadas pelas letras P, M, K, N, S e H de acordo com a proporção entre o WC e o Co,

juntamente com outros elementos do substrato, como TiC, TaC e/ou NbC (MACHADO et.

al., 2009). Existe ainda uma subdivisão dentro de cada um desses grupos usando números.

Para cada classe de metal duro existe uma aplicação específica, conforme Figura 2.7.

Figura 2.7 – Classes de metal duro e materiais usinados.

Adaptado do Catálogo Sandvik Coromant (2010)

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14 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Para cada grupo, existe uma subclassificação dos metais duros, conforme mostra a

Figura 2.8.

Figura 2.8 – Classificação dos metais duros segundo a norma ISO 513:2004.

(CARDOSO, 2007 apud FERREIRA, 2011)

Os tipos mais duros são usados em operações de acabamento (altas velocidades e

baixos avanços e profundidades de corte), enquanto que os tipos mais tenazes e menos duros,

em virtude de teores mais altos de cobalto, são usados em operações de desbaste, em

velocidades mais baixas ou em condições desfavoráveis de usinagem (vibrações, cortes

interrompidos, máquinas velhas etc.). Os tipos mais duros, em geral exigem ângulos de saída

negativos.

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15 Cap. 2 – Revisão da Literatura

O metal duro com revestimento vem conquistando espaço cada vez maior na usinagem

moderna. Os primeiros insertos de metal duro revestidos foram desenvolvidos na final da

década de 60 (MODERN METAL CUTTING, 1994). Elas vêm sendo muito aplicadas devido

à tenacidade dos substratos do metal duro, aliado à extrema dureza do revestimento. Isto tem

possibilitado o aumento dos parâmetros de corte, assim como um processo de corte estável,

isento de quebras ou lascas. Atualmente, ferramentas de metal duro revestidas e não

revestidas são largamente utilizadas na indústria metalúrgica e fornecem a melhor alternativa

para a maioria das operações de torneamento (HARON, GINTING, & GOH, 2001). O

revestimento de ferramentas de metal duro proporcionou desempenho superior àquele obtido

com uma ferramenta sem revestimento. Já na década passada, de todos as ferramentas de

metal duro utilizadas na indústria, as revestidas representavam mais de 90%, com tendência

de crescimento contínuo (SANTOS E SALES, 2007). Os revestimentos para ferramentas de

corte serão detalhados no item 2.2 deste trabalho.

2.1.3 Desgaste e vida das ferramentas de corte

Apesar de toda a tecnologia envolvida na seleção dos parâmetros de corte ideais para

cada operação de usinagem e nos materiais para ferramentas de corte estas, quando em

operação, sofrem desgaste contínuo que pode atingir valores proibitivos.

O desgaste altera a geometria original da ferramenta de corte, modificando a área de

contato nas interfaces cavaco-ferramenta e ferramenta-peça. Como consequência, vários

outros fenômenos irão surgir, sendo os mais importantes, aumento na geração de calor,

aumento da força de usinagem e motivação da deformação plástica (MACHADO et al.,

2009). Venkatesh (1980) apud Haron, Ginting e Goh (2001), em seus estudos sobre desgaste

de ferramentas de corte, apresentou uma curva para vida da ferramenta, tendo como critério

de fim de vida, o desgaste de flanco. Desta forma, ele verificou que a vida de ferramentas de

metal duro decresce rapidamente a elevadas velocidades de corte.

Os desgastes são caracterizados por perda ou deslocamento contínuo de material. Na

usinagem, as ferramentas de corte devem resistir ao calor gerado, às elevadas tensões

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16 Cap. 2 – Revisão da Literatura

compressivas e cisalhantes, à abrasão e ao choque térmico. Durante a usinagem, a temperatura

de corte pode exceder 1000 °C e o calor produzido pode prejudicar a ferramenta. Dentre os

mecanismos motivadores de desgaste em insertos de metal duro e cerâmica, pode-se citar:

abrasão mecânica, difusão, aderência (ou attrition) e oxidação (TRENT & WRIGHT, 2000).

Segundo Haron, Ginting e Goh (2001), o desgaste de flanco em ferramentas de metal duro

ocorre, inicialmente, devido à abrasão. Com o andamento do processo, a temperatura

aumenta, permitindo que a difusão também ocorra. O fato do desgaste abrasivo poder ocorrer

na usinagem não é surpreendente, uma vez que há muitas partículas abrasivas duras presentes

nos diversos metais, especialmente no aço (RAMALINGAM, WATSON e PENG, 1978a;

1978b).

Machado et al. (2009) utilizam a norma ISO 3685 (1977) para medir os desgastes na

superfície de saída e na superfície de folga da ferramenta. Como mostra a Figura 2.9, na

superfície de saída tem-se o desgaste de cratera, na superfície de folga mede-se a largura do

desgaste de flanco, que exprime o grau de comprometimento da ferramenta para prosseguir na

tarefa de usinagem.

Figura 2.9 – Principais tipos de desgaste em ferramentas para torneamento.

(STOETERAU, SCHROETER, & WEINGAERTNER, 2004)

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17 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Ainda conforme a mesma norma, os critérios de avaliação do fim da vida das

ferramentas de aço rápido mais comumente utilizados são:

Desgaste de flanco médio, VB = 0,3 mm;

Desgaste de flanco máximo, VBmáx = 0,6 mm;

Profundidade máxima de cratera, KT = 0,06 + 0,3f, onde f é o avanço em

mm/revolução;

Desgaste de entalhe, VN = 1,0 mm;

Falha catastrófica.

A evolução do desgaste de flanco da ferramenta durante o processo de usinagem

justifica a separação deste em etapas, representadas nas regiões destacadas na Figura 2.10.

Figura 2.10 – Curva representativa da evolução do desgaste de flanco de uma

ferramenta.

(MACHADO et. al., 2009)

A região inicial, durante o início do processo de corte, é caracterizada pela fase de

acomodação da aresta cortante nova sobre a peça. Nesta etapa, tem-se um aumento

razoavelmente acelerado do desgaste de flanco. Com o decorrer da usinagem, já na região

secundária da curva, verifica-se uma evolução menos acentuada do desgaste, justificada pela

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18 Cap. 2 – Revisão da Literatura

uniformidade que o contato das arestas da ferramenta passa a ter com o material da peça.

Porém com o aumento do tempo de corte, a aceleração do desgaste de flanco passa a crescer

rapidamente. Essa nova etapa, denominada região terciária ou catastrófica, e que normalmente

se inicia quando a ferramenta atinge valores de desgaste de flanco máximo da ordem de 0,8

mm, configura o intervalo onde se recomenda a substituição ou afiação da ferramenta.

Desta forma, evita-se que uma possível quebra da aresta possa danificar a peça ou

ainda trazer graves consequências ao operador e também à máquina ferramenta.

2.1.3.1 Efeito dos parâmetros de corte na vida da ferramenta

Ferraresi (1977) define vida da ferramenta de corte como sendo o tempo em que a

mesma trabalha, efetivamente, sem perder o corte ou até que se atinja um critério de fim de

vida previamente estabelecido como, por exemplo, o desgaste, mencionado anteriormente. A

grandeza deste desgaste, ou a fixação de um nível de desgaste permitido irá depender de

fatores, tais como:

Acabamento superficial não satisfatório;

Tolerâncias dimensionais não são mais possíveis de se obter;

Aumento excessivo da força de corte;

Temperatura excessiva atingida pela ferramenta;

Receio de quebra da aresta de corte devido ao desgaste.

Através do controle de um destes fatores, e adotando-se um critério de fim de vida,

pode-se saber o momento adequado para a substituição da ferramenta de corte.

Ao observar os três parâmetros principais de usinagem: velocidade de corte (Vc),

avanço (f) e profundidade de corte (ap), cada um deles tem um efeito sobre a vida útil da

ferramenta.

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19 Cap. 2 – Revisão da Literatura

A profundidade de corte tem o menor efeito, seguido pela faixa de avanço. A

velocidade de corte é o parâmetro de usinagem que tem o maior efeito na vida útil da

ferramenta. Para se obter melhor vida útil da ferramenta, sugere-se (SANDVIK

COROMANT, 2010):

Maximizar ap para reduzir o número de cortes;

Maximizar f para tempo de corte mais curto;

Reduzir Vc.

Porém, de forma a garantir um melhor desempenho das ferramentas de corte usadas

nos diversos processos de usinagem, costuma-se revestir estas com camadas duras (da ordem

de 2.300, 3.500 HV ou mais), que serão descritas a seguir.

2.2 Revestimentos para ferramentas de corte

Os filmes finos utilizados como revestimentos são películas delgadas de um

determinado material que é depositado em um substrato. Estes revestimentos são de

fundamental importância no segmento de otimização de ferramentas de corte (TIKAL et al.

2007). A deposição de revestimentos é um procedimento adotado para alterar as propriedades

de uma superfície. De acordo com Astakhov (2006), qualquer modificação nas condições

tribológicas do corte de metais é considerada uma melhoria se esta traz pelo menos um dos

resultados a seguir:

Melhoria na vida da ferramenta de acordo com o critério selecionado para avaliar

esta vida ou uma determinada operação de usinagem;

Melhoria na produtividade de uma determinada operação por permitir maiores

velocidade de corte, avanço e, algumas vezes, profundidade de corte;

Aumento de eficiência de uma dada operação.

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20 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Segundo Diniz et al. (2008), a finalidade principal desses revestimentos é aumentar a

resistência ao desgaste da camada superficial da ferramenta, que entra em contato com o

cavaco e a peça, sendo que o interior do inserto permanece com a tenacidade característica do

substrato mais simples (WC + Co). Assim consegue-se, em muitos casos, melhorar as

condições tribológicas nas interfaces ferramenta-cavaco e ferramenta-peça e,

consequentemente, aumentar consideravelmente a vida da ferramenta e diminuir os esforços

de corte. Com isto, é possível conjugar, no mesmo material, características que eram, até

então, inconciliáveis, quais sejam, tenacidade com resistência ao desgaste e dureza a quente.

A aplicação de revestimentos implica na obtenção de ferramentas mais eficientes, o

que permite a produção de maior volume de cavaco por unidade de tempo, aumento da vida

útil da ferramenta para maiores velocidades de corte, diminuição da força de usinagem

(potência consumida) e redução da tendência à adesão. A aplicação dessa tecnologia permite

aumento significativo da produtividade, com a consequente redução dos custos de produção.

A Figura 2.11 apresenta um diagrama com as principais características para cinco dos

revestimentos mais utilizados atualmente.

Figura 2.11 – Principais propriedades dos revestimentos.

(CATÁLOGO ISCAR, 2001)

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21 Cap. 2 – Revisão da Literatura

A espessura destes filmes situa-se, normalmente, na faixa de poucos ângstrons até

alguns micrômetros. Porém não é só a espessura que determina se um revestimento é ou não

um filme fino, mas sim a razão entre a espessura do filme e a espessura do substrato

(SHMITZ, 2006). Um exemplo de revestimento aplicado a ferramentas de corte é apresentado

na Figura 2.12. Nesta foto, pode-se observar um filme fino, neste caso, de TiN, depositado

sobre um substrato de metal duro.

Figura 2.12 – Imagem MEV de revestimento de TiN em substrato de metal duro.

(DREILING, 2012)

Além da sua espessura, outro motivo também torna a aplicação de filmes finos

interessante. O fato da razão entre a área superficial do filme e o volume da ferramenta ser tão

grande, faz com que as propriedades de superfície se tornem muito importantes. Pois assim,

analisando externamente, o material a ser revestido possuirá as mesmas propriedades do filme

fino. Atualmente, a aplicação dos revestimentos está presente, nos mais diversos setores,

como na indústria metal–mecânica, em diferentes campos das áreas de engenharia, medicina e

odontologia, entre outros.

A relevância de se estudar as propriedades dos revestimentos aplicados em

ferramentas de usinagem, implica na seleção otimizada dos mesmos de maneira a se atingir a

produtividade máxima (MARCONDES, 2001). Segundo Pereira et al. (2006), na usinagem de

ferro fundido o desgaste das ferramentas aumenta abruptamente para desgastes de flanco

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22 Cap. 2 – Revisão da Literatura

acima de 0,20 mm. Este fato está associado à perda do revestimento na aresta de corte dessas

ferramentas, que traz como consequência uma maior solicitação térmica e maior abrasão

sobre o substrato. Os revestimentos apresentam características específicas (tais como alta

dureza, barreira térmica e baixo coeficiente de atrito) e que se completam quando associados.

Entre as características, uma das principais é a microdureza do revestimento, conforme Figura

2.13.

Figura 2.13 – Microdureza de alguns dos principais revestimentos aplicados em

ferramentas de corte.

(BALZERS, 2011)

Normalmente os filmes são formados pela condensação (solidificação) de átomos ou

moléculas de um vapor sobre o substrato. O processo de condensação se inicia pela formação

de pequenos aglomerados de material, denominados núcleos, espalhados aleatoriamente sobre

a superfície do substrato. Forças de atração eletrostáticas são responsáveis pela fixação dos

átomos à superfície. O mecanismo de fixação é denominado absorção química quando ocorre

a transferência de elétrons entre o material depositado e o substrato; e adsorção física se isto

não ocorrer. A energia de ligação associada à absorção química varia de 8 eV a 10 eV e a

associada à adsorção física é de aproximadamente 0.25 eV (SHMITZ, 2006). Os átomos

adsorvidos migram sobre a superfície do substrato e interagem com outros átomos para

formar os núcleos por um processo denominado nucleação. À medida que mais átomos

interagem, os núcleos crescem. Quando os núcleos entram em contato uns com os outros

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23 Cap. 2 – Revisão da Literatura

ocorre a coalescência que resulta em estruturas maiores. O processo continua formando canais

e buracos de substrato exposto, preenchidos com novos núcleos até a formação de um filme

contínuo como esquematizado na Figura 2.14.

Figura 2.14 – Etapas durante a nucleação e os primeiros estágios do crescimento do

filme.

(MAGALHÃES, 2012)

Os primeiros núcleos observáveis correspondem à resolução do microscópio

eletrônico de varredura, ou seja, de ordem nanométrica. Com maior tempo de deposição, a

média dos tamanhos e da densidade dos núcleos aumenta, chegando a valores de 1010 a 1012

núcleos/cm2, o que corresponde a um tamanho médio das ilhas de 10 a 100 nanômetros

(MAISSEL, 1970). Continuando a deposição ocorre a coalescência dos núcleos, e as grandes

ilhas continuam a crescer e capturando os átomos adsorvidos e pequenos agrupamentos e,

eventualmente com outras grandes ilhas. Assim, forma-se um filme semi contínuo com uma

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24 Cap. 2 – Revisão da Literatura

rede de canais e buracos, até o filme se tornar contínuo cobrindo toda a superfície

(BUNSHAD, 1982; MATOX, 1998).

2.2.1 Breve histórico dos revestimentos

As primeiras referências sobre a aplicação de revestimentos, com o objetivo de

melhorar a resistência ao desgaste de peças, datam da década de 1930, resultado do esforço de

fabricantes suíços que tinham como objetivo aumentar a vida dos componentes de seus

relógios (SANTOS e SALES, 2007).

A deposição de revestimentos visando à melhoria do desempenho de ferramentas de

corte pode ser abordada no contexto da evolução dos materiais destas, a partir do

desenvolvimento do metal duro, patenteado na década de 1930. As primeiras ferramentas de

metal duro, compostas basicamente de WC e Co, apresentavam grande tendência à formação

de desgaste de cratera. Este problema foi resolvido com a adição de TiC, TaC e NbC ao

mesmo. Por outro lado, a adição de carbonetos, provocou redução da tenacidade destas

ferramentas, o que as tornou mais propensas a sofrer falha por quebra ou lascamento. A busca

por ferramentas de corte que reunissem boa tenacidade no núcleo e elevada resistência ao

desgaste na superfície resultou no desenvolvimento dos revestimentos. As primeiras

referências sobre pesquisas a respeito de revestimentos para ferramentas de corte datam da

segunda metade da década de 1960.

Em 1969 foram colocadas no mercado as primeiras ferramentas revestidas com TiC,

desenvolvidas pela Sandvik (SANTOS e SALES, 2007). Essas ferramentas apresentaram

excelentes resultados referentes à resistência ao desgaste abrasivo, adesivo, oxidação e

deformação plástica. Também, segundo estes pesquisadores, o comportamento de ferramentas

revestidas com TiC mostrou-se dependente do processo de usinagem em que eram

empregadas. Dessa forma, a produtividade chegou a atingir níveis de duas a três vezes

maiores, quando comparada à de ferramentas não revestidas, no processo de torneamento.

Entretanto, no processo de fresamento, onde o carregamento térmico cíclico

característico do corte interrompido favorece a formação de trincas térmicas, o que motiva o

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25 Cap. 2 – Revisão da Literatura

processo de desgaste (CUNHA LIMA e MELO, 2013), as ferramentas revestidas com TiC

apresentavam desempenho insatisfatório. A princípio, atribuiu-se este comportamento à

diferença de coeficiente de dilatação térmica em relação ao substrato, embora não houvesse

evidências suficientes para garantir que as propriedades térmicas seriam responsáveis pela

falha catastrófica das ferramentas.

Constatou-se, posteriormente (SANTOS e SALES, 2007), que durante o processo de

deposição do revestimento de TiC, ocorria a formação da chamada camada “eta” (Co3W3C),

na interface revestimento/substrato. Com aproximadamente a mesma espessura da camada de

revestimento, a elevada fragilidade da camada “eta” seria responsável pela falha da

ferramenta.

Os problemas apresentados pelos revestimentos foram resolvidos por meio de

inovações nos materiais e nos processos de obtenção. Os revestimentos apresentaram

desenvolvimento considerável nas décadas de 1970 e 1980. Fato este, justificado pelo

aumento da produtividade, a melhoria da qualidade das superfícies das peças usinadas e o

aumento da vida das ferramentas obtido com a utilização de ferramentas revestidas.

Já nas últimas duas décadas, 50% das ferramentas de aço rápido, 85% das ferramentas

de metal duro (KLOCKE e KRIEG, 1999 apud ASTAKHOV, 2006) e 40% das ferramentas

ultraduras utilizadas na indústria são revestidas. Existe uma grande quantidade de material

para revestimento, métodos e regimes de aplicação, tanto para apenas uma superfície do

substrato como para toda a ferramenta, e combinações de revestimento multicamada em uso.

Este fato pode gerar certa confusão para os usuários finais, pois:

Existe grande quantidade de revestimentos recomendados, por muitos fornecedores

de ferramentas de corte, para a mesma aplicação;

A vida da ferramenta varia, consideravelmente, para o mesmo material de

revestimento, produzido por vários fabricantes de ferramentas de metal duro ou de

revestimentos para ferramentas. Isto torna a seleção do material do revestimento

difícil e confusa pelo fato da efetividade de determinado revestimento em particular

depender de uma grande quantidade de parâmetros que, normalmente, não são

fornecidos.

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26 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Arnold (2000) apud Astakhov (2006), em sua pesquisa para correlacionar os materiais

de revestimento e seus desempenhos, apontou que, basicamente, existem quatro grandes

grupos de materiais de revestimentos no mercado. O grupo mais popular é o dos revestimento

a base de titânio, como TiN, TiC e Ti(C, N). A fase metálica é complementada muitas vezes

por outros metais como Al e Cr, que são adicionados para melhorar algumas propriedades

particulares como dureza, resistência a oxidação, etc. O segundo grupo representa os

revestimentos cerâmicos, como o de Al2O3 (óxido de alumínio). O terceiro grupo inclui

revestimentos super duros, como o diamante. O quarto grupo inclui os revestimentos

lubrificantes sólidos. Adicionalmente, para reduzir o extensivo desgaste da ferramenta durante

o período inicial da usinagem, alguns revestimentos leves como MoS2 são depositados no

topo dos revestimentos duros (ASTAKHOV, 2006).

2.2.2 Revestimento de nitreto de titânio (TiN)

O nitreto do titânio é um material para revestimento industrialmente popular devido a

sua elevada dureza, redução do coeficiente de atrito do sistema tribológico onde é aplicado,

boa resistência ao desgaste à alta temperatura e resistência à oxidação. Todas estas

propriedades o tornam um candidato ideal para várias aplicações tribológicas, sendo uma

delas, em ferramentas de corte e, de forma a prolongar a sua vida. (KATARIA et al., 2010;

LEE e JOENG, 1998, apud SILVA, 2012). Para desempenhar suas atribuições mecânicas o

revestimento deve estar bem aderido ao substrato da ferramenta (LEE e JOENG, 1998, apud

SILVA, 2012). As propriedades do TiN são apresentadas na Tabela 2.1.

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27 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Tabela 2.1 – Propriedades do nitreto de titânio.

(TENTARDINI, 2004)

O nitreto de titânio é um material cerâmico com uma estrutura cristalina do tipo cúbica

de face centrada. Os compostos de TiN possuem ligações características metálicas (Ti – Ti) e

covalentes (Ti – N). As propriedades metálicas são condutividade elétrica (resistividade

elétrica igual a 20 ± 10 μΩ.cm) e reflectância metálica e as propriedades oriundas das ligações

covalentes, ou seja, da forte ligação entre o titânio e o nitrogênio, seu alto ponto de fusão

(2950 °C), alta dureza, entre 18 e 21 GPa (entre 1835 e 2141 HV), alto módulo de elasticidade

(251 GPa), elevada fragilidade, excelente estabilidade térmica e química (resistência a

oxidação ao ar até aproximadamente 800 °C) (PIERSO, 1996; JEYACHANDRAN, 2007

apud DAUDT, 2012).

Outro aspecto positivo do TiN é a sua boa relação custo benefício, sendo indicado

quando peças de diferentes materiais são usinados pela mesma ferramenta (SANTOS e

SALES, 2007).

Segundo Teles (2007), o TiN não é um material tão duro quanto alguns outros

materiais para revestimento, mas favorece a formação de um baixo coeficiente de atrito na

face da pastilha, o que resulta em melhoria da resistência ao desgaste por crateras na

usinagem de materiais ferrosos.

De acordo com a fase presente, a composição química e a espessura, os filmes de TiN

podem apresentar diferentes colorações. De acordo com Roquiny et al. (1999) apud Daudt

(2012), a cor do TiN depende da relação N/Ti, variando desde o cinza claro até o marrom

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28 Cap. 2 – Revisão da Literatura

avermelhado, sendo que em condições estequiométricas é dourado. Nestas condições obtém-

se alto brilho e acabamento ao inserto, permitindo a fácil detecção do seu desgaste.

A espessura do filme de TiN influencia diretamente no coeficiente de atrito e

consequentemente no tempo de vida de componentes revestidos com nitreto de titânio (GUU

et al., 1996; GUU e LIN, 1996a; GUU e LIN, 1996b apud SILVA, 2012). Ferramentas de

corte nas quais o TiN é depositado exibem um incremento no tempo de vida em serviço de

mais de duas vezes quando comparadas com ferramentas similares sem revestimento (PAN et

al., 1998).

2.2.3 Revestimento de nitreto de titânio e alumínio (TiAlN)

Mesmo com o nitreto de titânio (TiN) possuindo uma posição dominante em

revestimentos contra desgaste mecânico e corrosivo, esforços continuam sendo feitos para

desenvolver revestimentos cada vez mais eficientes. Por exemplo, sabe-se que o TiN oxida

rapidamente em temperaturas a partir de 600 ºC, formando dióxido de titânio (TiO2). Devido

à grande diferença em volume molar entre o TiO2 e TiN, surgem tensões compressivas na

camada de óxido resultando na separação do filme com o substrato, o que torna inadequado

em algumas aplicações tribológicas (TENTARDINI, 2004).

De acordo com Shmitz (2006), um revestimento mais adequado para aplicações a altas

temperaturas é o (Ti,Al)N, sendo uma evolução natural da camada mais utilizada até os dias

de hoje, o TiN. Um aumento considerável na vida útil da ferramenta de corte tem sido obtido

com a utilização do nitreto de titânio e alumínio. Sua principal vantagem é formar um filme

de proteção extremamente denso e com alta adesão de óxido de alumínio Al2O3 em sua

superfície quando é aquecida, aumentando-se a resistência à difusão e à oxidação do material

do revestimento. A segunda grande vantagem deste revestimento em usinagem é a sua baixa

condutividade térmica. Assim uma maior quantidade de calor é dissipada pelo cavaco,

permitindo a utilização de velocidades de corte maiores, já que a carga térmica no substrato é

menor (YUHARA, 2000).

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29 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Desta forma, tem sido reportado que o revestimento de nitreto de titânio e alumínio

(Ti,Al)N é bastante interessante para a indústria, pois possui elevada dureza (2500 a 3500

HV), alto ponto de fusão, alta resistência a corrosão e boa estabilidade termodinâmica. Por

apresentar estas características, o (Ti,Al)N é excelente em aplicações que envolvem

revestimentos ópticos, barreira de difusão em microeletrônica e principalmente para fins

tribológicos (TENTARDINI, 2004).

Algumas propriedades deste material estão fortemente ligadas à razão Ti/Al presente

no filme fino (TASSI, 2010). O (Ti,Al)N possui a mesma estrutura cristalina do TiN (cúbica

de face centrada), substituindo o titânio pelo alumínio. Com essa substituição, o parâmetro de

rede diminui com o número de átomos de alumínio, uma vez que o átomo de alumínio é

menor que o do titânio, sendo o raio atômico do alumínio e do titânio igual a 0,053 e 0,068

nanômetros, respectivamente (CALISTER, 1996). Acima de 55% de alumínio, a estrutura

cristalina do (Ti,Al)N muda para a fase hexagonal (Wursita), típica do nitreto de alumínio

(AlN), modificando significativamente algumas propriedades do material, tais como dureza,

resistência mecânica e à corrosão (TASSI, 2010). Geralmente o filme fino com maior

quantidade de alumínio é mais indicado em aplicações a altas temperaturas, enquanto que em

aplicações contra desgaste mecânico, o revestimento com maior quantidade de titânio é mais

utilizado (TENTARDINI, 2004).

2.2.4 Revestimento de carbonitreto de titânio (TiCN)

O carbonitreto de titânio é um revestimento muito aplicado como primeira camada,

pois este garante boa coesão com o substrato. Além disso, é um dos materiais mais duros

atualmente utilizados. Sua dureza, proporcionada pela adição de carbono, o que expande o seu

parâmetro de rede de 4,240 Å para 4,332 Å, atinge valores na faixa de 3000 HV, o que

assegura à ferramenta, alta resistência ao desgaste (BULL et al., 2003 apud VIANA e

MACHADO, 2003). Outra característica importante do TiCN é que o seu baixo coeficiente de

atrito o protege contra a soldagem a frio.

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30 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Este material possui desempenho satisfatório em substratos, tanto de aço rápido, como

de metal duro. Uma característica importante está na sua estrutura multicamadas, o que evita

que uma trinca formada na superfície se propague até o substrato (SANTOS e SALES, 2007).

Esse revestimento não é recomendado para aplicações com elevadas temperaturas de

corte, pois à temperatura máxima de trabalho é relativamente baixa (~ 450 °C). Outro fator

negativo do TiCN é a impossibilidade da utilização de um novo revestimento após a reafiação

da ferramenta. Normalmente, nesses casos, costuma-se depositar o TiN após a reafiação.

2.2.5 Revestimento de óxido de alumínio (Al2O3)

A alumina possui várias vantagens que justifiquem sua aplicação como revestimento

de ferramentas, sendo que as principais delas são: inércia química, dureza e, portanto,

resistência ao desgaste.

Possui alta tenacidade e estabilidade à oxidação. É ideal para uso em altas velocidades

de corte e avanço, com melhoria da vida da ferramenta. Um fato importante é a redução de

sua condutividade térmica com o aumento da temperatura, constituindo uma barreira térmica

para a superfície da ferramenta.

Segundo Santos e Sales (2007), a inércia química indica a propensão de se ter difusão

entre o material da ferramenta e o revestimento, na faixa de temperatura atingida durante o

processo de usinagem. A grandeza que indica a estabilidade química é a energia livre de

formação. Os revestimentos de Al2O3, por apresentarem a menor energia livre de formação,

têm a maior estabilidade química.

2.3 Processo de deposição de revestimentos

Os processos de deposição são um importante aspecto na evolução dos revestimentos

para ferramentas de corte. Dependendo do processo utilizado, pode-se ter influência tanto nas

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31 Cap. 2 – Revisão da Literatura

propriedades mecânicas do revestimento e, consequentemente, da ferramenta de corte, como

no consumo de energia necessário para tal. Isto vai implicar diretamente na vida da

ferramenta, na qualidade da peça usinada e no custo da produção.

De maneira geral, os processos de deposição de filmes finos a partir de vapores

seguem uma sequência composta por quatro ou cinco etapas conforme descrito na Figura 2.15

(SMITH, 1995).

Figura 2.15 – Etapas do processo de deposição de revestimentos.

Adaptado (SMITH, 1995)

Na primeira etapa, uma fonte de material a ser depositado (que pode ser um sólido,

líquido, vapor ou gás) deve ser preparada. Quando materiais sólidos são usados, eles devem

ser vaporizados para então serem transportados até o substrato. Neste caso, o processo é

denominado deposição física de vapores ou PVD. Nos casos em que o material fonte é

fornecido como um gás ou como um líquido o processo é denominado deposição química de

vapores ou CVD. É interessante que os líquidos utilizados em CVD apresentam uma pressão

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32 Cap. 2 – Revisão da Literatura

de vapor suficientemente alta para que possam ser transportados em temperaturas moderadas

(SMITH, 1995; HUTCHINGS, 1996).

No transporte de material do filme (segunda etapa) um dos fatores mais importantes,

segundo Shmitz (2006), é a uniformidade de sua chegada à área do substrato. Em alto vácuo,

quando a distância entre as moléculas aumenta, as moléculas interagem com as paredes da

câmara mais frequentemente do que outras moléculas e a extração por compressão já não é

efetiva. Nesta altura, o sistema entrou num estado chamado de regime molecular, onde

a velocidade de cada molécula é aleatória. Nestas condições, átomos e moléculas se deslocam

da fonte para o substrato em linhas diretas e a uniformidade da deposição é definida por

fatores geométricos da câmara de deposição e do próprio substrato.

A terceira etapa é a deposição propriamente dita, que tem seu comportamento

determinado pela condição superficial do substrato, reatividade química do material sendo

depositado e da energia disponível. Como condição superficial do substrato entende-se:

rugosidade, nível de contaminação e estrutura cristalina.

A etapa de recozimento (opcional) pode ser usada para ativar o crescimento de grãos,

alterar a estequiometria, introduzir dopantes ou causar oxidação do filme (SMITH, 1995).

A etapa final do processo é a análise, a qual consiste na medição das propriedades

importantes para a aplicação do componente revestido, como a dureza de um revestimento

para ferramentas, a tensão de ruptura de um isolante ou índice de refração de um filme óptico.

Adicionalmente, os processos de deposição de filmes são otimizados utilizando o resultado

das análises (alterando as variáveis do processo, nas três etapas iniciais) (SMITH, 1995).

A seguir serão descritas as técnicas convencionais de deposição de revestimentos e,

logo após, novas técnicas assistidas por plasma que vem se mostrando como opções de boa

viabilidade.

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33 Cap. 2 – Revisão da Literatura

2.3.1 Técnicas de deposição convencionais

Industrialmente os métodos de deposição mais aplicados são o CVD e o PVD,

esquematizados na Figura 2.16.

Figura 2.16 – Representação esquemática das técnicas PVD e CVD.

(MODI, 2014)

Nos processos PVD, são utilizados meios físicos para se obter, diretamente do alvo, o

material de revestimento. A diferença fundamental entre as técnicas CVD e PVD se encontra

no mecanismo de geração e transporte de vapor contendo o material de revestimento e na

forma pela qual, a seguir, esse vapor é depositado sobre o substrato (PIERSON, 1987). Estes

métodos envolvem temperaturas aproximadamente de 500 oC a 1.000 oC (MACHADO et al.,

2011), além de exigirem controle rígido em termos de limpeza da superfície que será

recoberta sob pena de não se obter uma boa adesão entre o revestimento e o substrato. Outro

fator importante é que normalmente esses processos convencionais geram resíduos poluentes.

A seguir, essas técnicas de deposição serão detalhadas.

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34 Cap. 2 – Revisão da Literatura

2.3.1.1 Deposição por CVD

No processo de Deposição Química de Vapor, ou CVD, como a própria nomenclatura

indica, a deposição envolve reações químicas termicamente induzidas na superfície de um

substrato aquecido, com os reagentes fornecidos na fase gasosa (SHMITZ, 2006). Os

revestimentos CVD normalmente são depositados em multicamadas. A multicamada de TiC -

TiN, por exemplo, fornece a lubricidade do TiN e a resistência a abrasão do TiC. A espessura

do revestimento é da faixa de 5 – 10 m.

Contudo, a elevada faixa de temperaturas (por volta de 600 a 1100 oC) envolvidas no

processo CVD cria-se uma fase frágil, chamada de “fase eta”, na interface revestimento-

substrato. Dependendo da sua extensão, esta fragilização pode afetar o desempenho

operacional, tornando o processo não indicado para o revestimento de ferramentas de aço

rápido, embora haja referência de sua utilização (SANTOS e SALES, 2007). Ao longo dos

anos foram surgindo modificações no processo solucionando alguns problemas apresentados

pelo processo CVD. Santos e Sales (2007) apresentam uma síntese dos principais aspectos da

evolução dos revestimentos para ferramentas de corte na década de 1980.

Os revestimentos CVD a média temperatura (MTCVD), mais recentemente

desenvolvidos, tem apresentado redução na tendência de formação da “fase eta”. As

ferramentas revestidas por MTCVD oferecem maior resistência a choques térmicos e

lascamento da aresta se comparados às ferramentas revestidas pelo CVD convencional. O

resultado é a maior vida da ferramenta, bem como aumento em sua tenacidade, comparada

aos revestimentos por CVD a altas temperaturas (ASTAKHOV, 2006). O uso de sistemas de

CVD assistidos por plasma (PACVD) permitem a utilização de temperaturas da ordem de 400

a 450 oC (HUCHEL, 1995).

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35 Cap. 2 – Revisão da Literatura

2.3.1.2 Deposição por PVD

O processo PVD surgiu na década de 1970 com a deposição de TiN sobre ferramentas

de aço rápido. Neste processo, de acordo com Shmitz (2006), o material do filme é

transportado até a superfície na forma atômica, molecular ou iônica, obtida por meios físicos a

partir de fontes sólidas. Adicionalmente, podem ocorrer reações químicas na superfície do

substrato. Na década de 1980 o processo foi adaptado para revestir ferramentas de metal duro

(SANTOS e SALES, 2007). Revestimentos PVD também oferecem vantagens sobre

revestimentos CVD para certas operações e/ou materiais da peça a ser revestida. A

flexibilidade do processo de revestimento pelo método PVD, bem suportado pelas

propriedades superiores e controláveis de revestimentos modernos, são responsáveis pela

aplicação quase exclusiva de revestimentos em ferramentas por todo o mundo (KLOCKE,

1999; TOENSHOFF, 1999 apud BOUZAKIS, 2000).

Comercializado desde meados da década de 1980, o processo de revestimento por

PVD envolve temperaturas de deposição relativamente menores (em geral, de

aproximadamente 50 a 500 oC), sendo mais indicado para substratos sensíveis ao calor

(HUTCHINGS, 1996). A deposição por PVD traz benefícios como a possibilidade de revestir

substratos de aço rápido, a prevenção da formação da fase “eta”, a obtenção de revestimentos

com granulometria mais fina e a possibilidade de revestir cantos vivos (ASTAKHOV, 2006;

SANTOS e SALES, 2007). Arestas afiadas e fortes são essenciais em operações de usinagem,

por facilitarem a remoção de material. Do ponto de vista estrutural, elas reduzem as forças de

corte, de maneira que as ferramentas revestidas por PVD podem oferecer verdadeira

vantagem na usinagem de componentes de paredes finas ou quando as tensões residuais são

um problema.

Os primeiros revestimentos PVD foram de nitreto de titânio (TiN), porém tecnologias

de PVD desenvolvidas mais recentemente incluem carbonitreto de titânio (TiCN) e nitreto de

titânio e alumínio (TiAlN), que oferecem maior dureza, aumento da tenacidade e melhor

resistência ao desgaste. Dentre os desenvolvimentos em revestimentos por PVD incluem-se

revestimentos “macios” como o dissulfeto de molibdênio (MoS2) para aplicações como

furação a seco. Combinações de revestimentos duros e macios como MoS2 sobre TiN ou

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36 Cap. 2 – Revisão da Literatura

TiAlN com PVD, também vem mostrando grande potencial, visto que os revestimentos duros

(TiN ou TiAlN) fornecem resistência ao desgaste, enquanto os revestimentos macios e mais

lubrificados das camadas externas, aceleram o fluxo dos cavacos, segundo Bushman e Gupta

(1991) apud Astakhov (2006) entre outros pesquisadores.

2.3.2 Fundamentos do plasma

O termo "plasma" também conhecido como "descarga elétrica", "descarga gasosa" ou

"descarga luminescente" se aplica a um gás contendo espécies neutras e eletricamente

carregadas como elétrons, íons positivos, íons negativos, átomos e moléculas.

De acordo com Alves Jr (2001), na média, um plasma é eletricamente neutro, sendo

que qualquer desbalanceamento de carga resultará em campos elétricos que tendem a mover

as cargas de modo a restabelecer o equilíbrio. Como resultado disso, a densidade de elétrons

mais a densidade de íons negativos deve ser igual a densidade de íons positivos.

A ciência do plasma passou a ser estudada a partir de experiências sobre descargas do

gás na década de 1920, pelo cientista norte-americano Irving Langmuir. A partir daí, iniciou-

se o desenvolvimento do plasma artificial, que vem sendo muito utilizado nos mais diversos

campos da ciência e engenharias, para tratamento superficial, polimerização e sinterização de

materiais (DAUDT, 2011b).

Em um processo conduzido em laboratório, o plasma é formado através da aplicação

de uma diferença de potencial a um gás que gera um campo elétrico, provocando a aceleração

de elétrons livres. Esses elétrons qdquirem energia cinética e colidem com partículas neutras

que cruzam o seu caminho, transferindo sua energia. Este impacto provoca a liberação de

mais elétrons que, novamente influenciados pelo campo elétrico, colidem com outras

partículas, ocasionando a ionização do gás (BARBOSA, 2011). Este efeito é representado

pela Equação 1.

G + e- → G+ + 2e- (1)

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37 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Onde:

G = Partícula neutra do gás;

G+ = Íon positivo dessa partícula;

e- = Elétron.

Pode-se estabelecer uma relação entre a corrente elétrica gerada devido às colisões e a

diferença de potencial entre os dois eletrodos no interior da câmara, como é representado na

Figura 2.17.

Figura 2.17 – Curva característica da voltagem X corrente entre dois eletrodos, numa

descarga elétrica em gases.

(ALVES JR, 2011)

Segundo Alves Jr (2001), esta curva possui três regiões distintas: Na primeira região a

corrente é muito baixa porque ela é proporcional apenas à velocidade com que os íons e

elétrons podem mover-se para os eletrodos. Nestas condições, o gás se comporta como um

condutor ôhmico, cuja condutividade depende da velocidade de produção de íons e elétrons,

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38 Cap. 2 – Revisão da Literatura

do coeficiente de recombinação e da mobilidade das cargas. À medida que a voltagem

aumenta, também aumentará a velocidade dos íons e elétrons, que serão neutralizados nos

eletrodos. Isto aumenta o coeficiente de recombinação e, consequentemente, decresce a taxa

de aumento da corrente com a voltagem. Se o ritmo de produção dos íons e elétrons

permanece constante ao se aumentar a voltagem, chega-se a uma condição limite na qual

todos os íons e elétrons alcançam os eletrodos antes que tenham tempo de recombinar-se,

gerando assim uma corrente de saturação. Se depois de alcançada a saturação, continua-se

aumentando a voltagem entre os eletrodos, a corrente voltará a aumentar porque os elétrons

possuem uma energia suficiente para ionizar outros átomos e produzir elétrons adicionais.

Devido a esses elétrons adicionais, uma avalanche de cargas é produzida e uma tensão de

ruptura “Vb” surge como resposta do circuito externo a esta variação brusca de corrente. A

descarga, entre a corrente de saturação e a tensão de ruptura, é denominada de descarga de

"Townsend".

Nestas condições íons, fótons e partículas neutras começam a bombardear o catodo,

produzindo elétrons secundários que vão tornar a descarga auto sustentada. O fluxo de

elétrons secundários emitidos depende dos diferentes coeficientes de emissão devidos a essas

espécies incidentes. Os elétrons secundários são então acelerados e interagem com os átomos

ou moléculas do gás residual, produzindo pares íons-elétrons através de colisão inelástica. Os

íons são acelerados para o catodo e produzem novos elétrons secundários. Este processo

continua até que uma descarga se torne auto sustentada. Nessa condição, o gás se torna

brilhante e haverá uma queda de tensão até um patamar mínimo. Essa região é chamada de

descarga normal. A corrente nessa descarga aumenta abruptamente para satisfazer ao circuito

externo (ALVES JR, 2001).

Quando a voltagem é aumentada ainda mais, uma maior intensidade de corrente é

observada e a densidade de corrente torna-se uma função da voltagem para uma pressão

constante. Esta região, chamada de região "anômala", é usada em processos de deposição por

plasma, por ter maior densidade de corrente e, portanto, maior eficiência, além de

proporcionar um tratamento superficial uniforme. Esta descarga é auto sustentada porque o

íon gerado é acelerado para o catodo, produzindo novos elétrons secundários, que por sua vez

produzirão novos íons. Para valores de corrente superiores ao valor máximo da descarga

anômala, o aquecimento do catodo será substancial e a emissão termoiônica contribuirá

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39 Cap. 2 – Revisão da Literatura

sensivelmente para o aumento da corrente, fazendo com que a descarga seja mantida a uma

baixa tensão e alta corrente, originando o o arco elétrico (ALVES JR, 2001).

Para Barbosa (2011), a atividade do plasma sobre superfície poderia ser distinguida

por duas interações: química e física. Na primeira, o plasma é composto por um gás reativo,

isto é, capaz de se ligar quimicamente com os elementos de um material modificando a sua

superfície, bem como formar grupos funcionais mesmo antes de atingir aquela região da peça

em tratamento. Ao passo que a interação física é atribuída a impactos de íons presentes na

descarga que são forçosamente endereçados à superfície devido ao campo elétrico originado

da diferença de potencial entre o material condutor e uma referência positivamente eletrizada.

A Figura 2.18 mostra uma representação esquemática da das prováveis interações dos íons do

plasma sobre a superfície de um material condutor.

Figura 2.18 – Representação esquemática das possíveis interações do plasma com o

substrato.

(BARBOSA, 2011)

Apesar de se referir a tratamentos termoquímicos, os gases de plasma utilizados

geralmente são misturados e um deles é sempre reativo. Dessa forma, os dois efeitos

acontecem simultaneamente, já que a erosão da superfície é motivada pelo ataque químico da

molécula e/ou átomo reativo e a colisão dos íons que resulta em arrancamento de materiais da

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40 Cap. 2 – Revisão da Literatura

superfície e deposição de outras partículas levando a formação de radicais livres naquela

região. Além disso, tem-se a diferenciação na topografia onde vales e picos são formados

facilitando ou dificultando a acomodação das espécies neutras que se espalham devido a

diferença de potencial químico em todo o volume do ambiente de descarga luminescente

(BARBOSA, 2011).

2.3.3 Técnicas de deposição por plasma

O uso de reatores de plasma como equipamento para a deposição de camadas duras em

peças diversas vem sendo bastante aplicado atualmente, principalmente na geração de

camadas nitretadas em peças de aço, aço inoxidável, etc.

A nitretação a gás foi desenvolvida nas primeiras décadas do século XX com objetivo

de endurecer ligas ferrosas (FRY, 1977; 1929). O potencial de aplicação de descargas

luminosas (plasma) como fonte de energia para endurecimento de ligas ferrosas foi,

provavelmente, reconhecido pela primeira vez por Bason (1928, apud SCHMITZ, 2006). Este

pesquisador verificou que anéis coletores de motores elétricos, usados para o acionamento de

bombas a vácuo, eram bombardeados por íons de nitrogênio, o que resultava na sua

nitretação.

A técnica em questão ficaria conhecida mais tarde como nitretação em descarga

luminosa ou nitretação assistida por íons, desenvolvida e patenteada em 1932 por Berghaus

(EDENHOFER, 1974 apud SCHMITZ, 2006). Deste modo, a nitretação iônica (ou nitretação

a plasma) pode ser considerada a primeira técnica a plasma aplicada na modificação da

superfície de materiais.

Esses desenvolvimentos, relativamente isolados, foram intensificados pouco depois da

segunda grande guerra mundial. A partir desse momento, iniciou-se a produção de

revestimentos em escala industrial, utilizando principalmente a técnica de vaporização a

vácuo, o que permitiu a obtenção de diferentes propriedades (PIERSON, 1987).

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41 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Independentemente das técnicas destacadas, a partir da metade do século XX

iniciaram-se pesquisas visando o desenvolvimento de reatores de fusão nuclear, baseados no

confinamento magnético de plasma de alta temperatura. Esses estudos proporcionaram

importante avanço no conhecimento da física do plasma, tendo como resultado, suas

aplicações tecnológicas (CHAPMAN, 1980 apud SCHMITZ, 2006).

No início da década de 1960, o processo PVD íon plating foi introduzido em escala

industrial por Matox (1964 apud SCHMITZ, 2006). Este é baseado no uso do plasma na

técnica clássica de vaporização a vácuo. Assim, tem início a utilização industrial de plasma

em processos de modificação de superfície de materiais. As aplicações se concentraram na

produção de circuitos integrados e diversos dispositivos de uso na microeletrônica, o que

permitiu um rápido avanço da indústria eletrônica a partir dessa época. Com isso, a partir da

década de 1970, rapidamente, o plasma passou a ser aplicado, não só nas técnicas clássicas de

PVD, como também, de CVD. Este fato trouxe excelentes resultados no que diz respeito à

qualidade e a variedade dos revestimentos produzidos (BUNSHAH e RAGHUVAM, 1972;

THORNTON, 1977; SUNDGREN e HENTZELL, 1986). A partir de então essas técnicas

passaram a se denominar PVD e CVD “assistidas por plasma” ou PAPVD e PACVD (do

inglês: Plasma Assisted Physical Vapor Deposition e Plasma Assisted Chemical Vapor

Deposition, respectivamente).

As técnicas, às quais se incorporam plasmas, vêm substituindo gradativamente as

técnicas convencionais em grande parte no campo dos tratamentos superficiais. Estas

apresentam, segundo De Sousa (2007), várias vantagens em relação a processos

convencionais (CVD e PVD) tais como: menor duração do tratamento e temperaturas mais

baixas, diminuindo os riscos de empenamento e distorções dimensionais nas peças. De acordo

com Alves Jr et al. (2006), é um processo não poluente e que possibilita um ótimo controle

nas fases presentes na camada depositada, assim como na sua uniformidade. Pode-se prever o

crescimento do seu campo de aplicação industrial, bem como sua significativa diversificação

no futuro (SCHMITZ, 2006).

No entanto, este apresenta ainda, alguns inconvenientes, os quais são descritos a seguir

com base em Alves Jr (2001), Janosi et al. (2004) e De Souza (2007):

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42 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Efeito de borda: Quando peças com cantos vivos como, por exemplo, cilindros são

nitretados, aparecem anéis de restrição na região próxima às bordas da peça. Esses

anéis são detectados visualmente por uma coloração não uniforme na superfície

nitretada e são caracterizados por falha na camada. Isto pode ser confirmado através

de ensaio de microdureza, já que essa região apresenta uma queda acentuada na

microdureza.

Efeito de cátodo oco (nos furos e reentrâncias das peças): Esse efeito aparece

quando as superfícies de furos, canaletas ou de superfícies planas estão

posicionadas a uma distância próxima o suficiente para que haja sobreposição das

regiões luminescentes do plasma. Os elétrons são confinados nestas regiões e

oscilam, causando a ionização e a excitação adicional dos átomos. Quando a

descarga se inicia, a região luminescente é confinada dentro da cavidade, onde uma

elevada densidade de partículas pulverizadas e evaporadas são produzidas e

ejetadas da cavidade devido ao fluxo de gás.

Temperatura não uniforme: o superaquecimento em partes da peça que possuam

uma maior relação entre a área superficial e o volume (A/V). Diferentemente dos

métodos de aquecimento convencionais, na nitretação iônica, a energia para

aquecimento da peça é cedida através do bombardeamento de íons e espécies

neutras energéticas na superfície da peça. A eficiência desse mecanismo pode

chegar até 90% e depende da pressão e composição do gás (RUSET, 1991 apud DE

SOUZA, 2007). A densidade de potência na superfície da peça não é constante; ela

depende significativamente da densidade de corrente que, por sua vez, está

relacionada com a geometria da peça.

Abertura de arcos: Quando partes de geometrias complexas como furos, arestas,

pontas, cantos, microprojeções, contaminantes adsorvidos, contornos de grãos, etc.

são nitretados, haverá normalmente um confinamento de plasma nessas regiões. Se

este confinamento gerar uma densidade de corrente superior àquela existente na

descarga anômala, haverá a abertura de arcos (AHMED, 1987 apud DE SOUZA,

2007). Quando o arco é aberto, haverá uma queda de potencial e, como esse novo

potencial é normalmente inferior à tensão de ruptura, o plasma se extinguirá. Por

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43 Cap. 2 – Revisão da Literatura

outro lado, se o equipamento for de alta potência, haverá uma fusão localizada, que

poderá danificar as peças.

Com o avanço tecnológico, desenvolveram-se as técnicas de deposição de

revestimentos por plasma. Estas, como é o caso da ASPN (Active Screen Plasma Nitriding -

Nitretação à Plasma em Tela Ativa), vem sendo bem aceitas industrialmente, uma vez que

apresentam vantagens em relação aos métodos convencionais. A deposição por ASPN

também superou alguns inconvenientes ainda apresentados em outras aplicações de plasma,

como efeito de borda, efeito de cátodo oco nos furos e reentrâncias das peças, temperatura não

uniforme e abertura de arcos, principalmente para peças de geometria complexa, como é caso

de insertos para usinagem, que são dotados de quebra-cavacos e furos para fixação nos porta-

ferramentas.

Com base na ASPN, foi criada a técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica.

Esta, desenvolvida no Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma (LabPlasma) da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, promove melhor adesão do revestimento no

substrato sem a necessidade de uma limpeza prévia mais rigorosa (ALVES JR et al., 2006).

2.3.3.1 Deposição por Sputtering e Magnetron Sputtering

O sputtering (pulverização iônica) é definido como um processo de desorganização e

ejeção de átomos da superfície de um sólido (alvo) devido à troca de momentum associado

com o bombardeamento da superfície por partículas energizadas (HUDIS, 1973), como

mostra a Figura 2.19.

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44 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Figura 2.19 – Esquema exemplificando o fenômeno de sputtering.

(CLEAR METALS INC., 2013)

A aplicação de um potencial elétrico negativo ao alvo mantido em baixas pressões (0,1

a 1 Pa) promove a formação de uma descarga incandescente ou plasma, e o consequente

bombardeio do alvo por íons e átomos energizados. Para haver sputtering na superfície de um

material, é necessário que a espécie incidente possua uma energia maior ou igual a energia de

ligação do átomo na superfície (energia de sublimação).

O processo consiste em colocar o material a ser depositado (material alvo), polarizado

negativamente em relação ao substrato que está aterrado. Quando um gás neutro é introduzido

na câmara, até uma pressão em torno de 20-2 mbar, aplica-se uma diferença de potencial entre

o alvo e o substrato (1 - 2 kV) (ALVES JR, 2001). Geralmente são usados gases nobres

devido à facilidade de ionização de seus átomos e o seu caráter não reativo, como é o caso do

argônio. Este bombardeio causa o arrancamento de átomos do alvo, os quais se chocam com o

substrato localizado a uma pequena distância. Os átomos gerados possuem uma energia muito

maior (tipicamente dezenas de eV) em relação aos gerados por energias térmicas (frações de 1

eV), promovendo uma maior difusão e mistura com os átomos do substrato, permitindo maior

adesão (HUTCHINGS, 1996).

A taxa de sputtering, ou seja, número de átomos ejetados por íon incidente depende

das massas relativas dos átomos dos projéteis e do alvo (cátodo), da energia das partículas

incidentes, da estrutura e orientação cristalográfica do alvo, do material do alvo, do ângulo de

incidência das partículas, da morfologia da superfície e da pressão do gás.

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45 Cap. 2 – Revisão da Literatura

A técnica de sputtering não possui restrição quanto ao material a ser usado, desde que

seja condutor elétrico, entretanto, esta técnica é caracterizada por taxas de deposição muito

baixas. Uma alternativa encontrada para aumentar esta taxa é o magnetron sputtering

(CHAPMAN, 1980), representada na Figura 2.20.

Figura 2.20 – a) Esquema exemplificando o fenômeno de magnetron sputtering e

comparação do confinamento do plasma b) sem e c) com magnetron sputtering.

(MICRO MAGNETICS INC., 2013)

Neste caso, campos magnéticos gerados por imãs permanentes ou eletroímãs, que

atuam como armadilhas de elétrons, são colocados nas proximidades do alvo, produzindo

linhas de campo magnético, que formam um caminho fechado na frente do alvo (cátodo).

O campo magnético exerce uma força sobre os elétrons secundários emitidos do

cátodo, fazendo com que estes percorram a trajetória das linhas de campo magnético. Devido

ao aprisionamento de elétrons na região próxima ao alvo, o plasma também ficará restrito à

esta região (BILAC, 1991).

O confinamento do plasma é o fato preponderante dessa técnica de deposição, pois

permite simultaneamente que a descarga se realize a pressões mais baixas e correntes mais

altas, aumentando consequentemente a eficiência do processo.

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46 Cap. 2 – Revisão da Literatura

2.3.3.2 Deposição por Nitretação a Plasma em Tela Ativa

Para corrigir os efeitos indesejáveis em deposição assistida por plasma, já

apresentados e descritos na seção 2.3.3, uma das técnicas mais aplicadas é a, Nitretação à

Plasma em Tela Ativa (ASPN - Active Screen Plasma Nitriding), desenvolvida por Georges

(1999). Segundo Georges (2001) e Georges e Cleugh (2001) apud Li (2010), esta é baseada

na técnica de descarga em corrente contínua (DCPN), representado na Figura 2.21, e no

princípio da pós descarga de plasma.

Figura 2.21 – Diagrama esquemático da técnica DCPN.

(ALD VACUUM TECHNOLOGIES, 2013)

A técnica ASPN tem sido foco de muitos estudos (GEORGES, 2001 apud

HUBBARD, 2007; LI e BELL, 2004a; LI e BELL, 2004b), uma vez que se defende que a

mesma evita problemas comuns associados com a Nitretação à Plasma DC, que incluem

danos causados por abertura de arco e pelo efeito cátodo oco, e mais importante, a capacidade

de tratar as peças com uma grande variedade de geometrias.

Em um reator convencional para DCPN, o porta amostra está carregado negativamente

em relação à parede da câmara, a qual está aterrada e desempenha o papel de ânodo no

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47 Cap. 2 – Revisão da Literatura

circuito elétrico. Se nenhum elemento de aquecimento complementar é utilizado, a peça de

trabalho precisa ser submetida a potenciais elétricos relativamente altos, a fim de atingir a

temperatura de tratamento por meio de sputtering. Além disso, os componentes com

geometrias complexas e de tamanhos diferentes podem não ser aquecidos de maneira

uniforme, devido à distorção do campo elétrico na vizinhança de cantos vivos (ALVES JR. et

al., 2006). A distorção do campo elétrico afeta o plasma e as interações da superfície do

mesmo, tais como a ionização e o sputtering, de modo que as peças com pequeno raio de

curvatura tratadas em reatores de corrente contínua são propensas ao chamado efeito de

borda. As temperaturas locais desenvolvidas nas arestas podem ser muito mais elevadas do

que no resto da peça, provocando mudanças na estrutura metalúrgica e nas propriedades

mecânicas. Os cátodos ocos também são vulneráveis a este efeito (JANOSI; KOLOZSVARY;

KIS, 2004), ocorrendo quando duas superfícies expostas ao plasma são separadas por uma

distância determinada, dependendo da pressão de gás, mistura e potencial aplicado.

Estas variáveis do processo definem a espessura da bainha de plasma – região de

maior irregularidade da descarga luminosa, encontrada próxima aos eletrodos. A sobreposição

das bainhas de plasma produz um campo elétrico peculiar, aprisionando os elétrons, que

oscilam entre as superfícies catódicas, aumentando os eventos de ionização e produzindo um

aumento local da densidade de corrente, com o consequente aumento de temperatura.

Georges (2001) apud Hubbard, (2007) o inventor da tecnologia ASPN, representada

na Figura 2.22, deu o passo inovador ao aplicar o elevado potencial catódico em uma tela em

torno das peças a ser tratadas, que é o cátodo para o novo sistema, em vez de aplicar

diretamente sobre a amostra.

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48 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Figura 2.22 – Diagrama esquemático da técnica ASPN.

(ALD VACUUM TECHNOLOGIES, 2013)

Os objetivos da malha, ou tela ativa, são (GEORGES, 2012):

Irradiar calor para a peça de trabalho: a tela, sendo o cátodo do circuito, é

submetida à severidade do sputtering, que aumenta a sua temperatura. Assim, o

calor é transmitido à peça de trabalho por radiação e, em menor extensão, por

convecção.

Gerar espécies ativas, principalmente átomos neutros excitados e moléculas que,

acredita-se, serem importantes para o tratamento.

As amostras são colocadas no porta amostra, o qual é circundado por uma tela de

metal, feita de malha expandida (Figura 2.23a), onde um alto potencial catódico é aplicado.

Dessa forma, o plasma atua na tela e não na superfície das amostras. O porta amostra e as

amostras a serem tratadas são, em seguida, colocadas sobre a superfície de um isolante,

permanecendo em potencial flutuante, ou seja, neutros, ou submetidas a uma baixa tensão de

polarização de 100 a 200 V (GEORGES, 1999; LI; BELL; DONG, 2002). Assim, elas são

tratadas num regime semelhante a uma pós-descarga (DE SOUSA, 2007; LI, 2010), que é

uma segunda região luminescente do plasma, gerada quando algumas das espeécies excitadas

são transportadas pelo fluxo (LEVATON, 2004).

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49 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Figura 2.23 – a) Tela ativa e b) reator de plasma industrial usados no processo ASPN.

(HUBBARD, 2007; COLLIGNON; GEORGES; KUNZ, 2012)

A lógica por trás dessa técnica é que a tela se aquece rapidamente, o que aquece a

peças a serem tratadas por radiação. Desta maneira, toda a amostra se aquece até a correta

temperatura de nitretação. A tela também fornece as espécies ativas, que se difundem

rapidamente nos materiais para formar as camadas nitretadas esperadas (RICARD et al., 1991

apud HUBBARD, 2007; INDUSTRIALHEATING, 2012) em vez de íons. Por isso não há

necessidade de se formar o plasma diretamente sobre as peças a serem tratadas.

Do ponto de vista estético, melhores qualidades superficiais podem ser obtidas, com

ausência total de efeitos de borda (LI; GEORGES; LI, 2002). Finalmente, o aumento local da

temperatura é reduzido, tornando ainda maiores os efeitos de dureza e propriedades mecânicas

(DE SOUSA et al., 2007) o que, para uma ferramente de corte, influencia positivamente no

seu desempenho.

Além disso, a técnica ASPN permite redução no consumo de energia elétrica

necessária ao tratamento. Este fato foi comprovado durante o tratamento de 1 tonelada do aço

X35CrMoV5 (norma DIN) (COLLIGNON; GEORGES; KUNZ, 2012), quando foi observada

economia de 15% energia elétrica e de 95% nos gases utilizados no processo.

Para investigar o efeito da técnica ASPN no tratamento de aços para ferramentas,

Collignon, Georges e Kunz (2012) apresentam um experimento onde os aços H13 (0,35 C;

1,5 Mo; 5 Cr; 1 V) e D2 (1,5C; 1,0 Mo; 12 Cr) foram nitretados a 500 ° C por intervalos de

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50 Cap. 2 – Revisão da Literatura

tempo entre 5 e 40 horas. A Figura 2.24 mostra que ambos os aços ferramenta foram

consideravelmente endurecidos após tratamento ASPN. A dureza máxima, no caso nitretado

foi mais de 1000 HV. A espessura da camada varia de 100 - 300 m, dependendo do tempo

de tratamento. Contendo maior quantidade de cromo, o aço D2 apresentou maior dureza,

porém, espessura menor do que H13.

Figura 2.24 – Dureza e espessura da camada para aços ferramenta H13 (esquerda) e D2

(direita) tratados a 500 ° C (932 ˚ F) com ASPN.

(COLLIGNON; GEORGES; KUNZ, 2012)

Pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos têm mostrado que a Nitretação a

Plasma em Tela Ativa pode superar muitas das limitações inerentes a processos mais antigos,

como os convencionais CVD e PVD, até mesmo a própria descarga em corrente contínua.

Em um dos primeiros estudos sobre ASPN em escala reduzida para laboratório, Li et

al. (2002) demonstraram que quando a tampa superior da tela ativa era feita a partir de cobre,

uma camada de cobre era formada sobre a superfície das amostras eletricamente flutuantes.

Além disso, quando a tampa de titânio foi usada, encontrou-se depósitos desse material na

superfície da amostra eletricamente flutuante. Estes resultados levam Li et al. (2002) à

conclusão de que a transferência de massa ocorre entre a tela ativa e as amostras. Além disso,

uma vez que o plasma é gerado em torno da tela ativa, e será nitretado como em DCPN

convencional, então se espera que o ferro a partir da tela irá ser transferido para a superfície

da amostra. Por conseguinte, concluiu-se que o nitreto de ferro da tela ativa depositada sobre a

superfície da amostra foi o responsável pelo resultado da nitretação em ASPN.

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51 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Para apoiar esta teoria, um experimento paralelo foi realizado por Li et al. (2002),

onde nitretação foi realizado em tela ativa, sem tampa superior, em amostras eletricamente

flutuantes. Os resultados revelaram uma resposta em duas fases sobre a superfície da amostra

um tanto semelhante aos efeitos de borda produzidos por tratamentos DCPN. Em primeiro

lugar a área da superfície da amostra que estava mais próximo da tela ativa revelou uma

aparência cinza escuro e tiveram uma resposta de alta nitretação. Por outro lado, em direção

ao centro da superfície da amostra, que foi a mais distante da tela ativa, revelou-se a

superfície de brilhado metálico original, que embora apresentasse uma dureza de superfície

significativa, acusou falha na difusão de N em ensaios de profundidade.

Estudos sobre a tecnologia ASPN foram realizadas por Li et al. (2002) em um sistema

em escala laboratorial, em que a distância física entre a carga eletricamente flutuante e a tela

ativa foi de 12 mm. Li et al. demonstrou que a resposta à nitretação de aços de baixa liga era

equivalente a nitretação a plasma DC utilizando um DC 500V potencial, porém sem os

problemas comuns de danos por abertura de arcos, de cátodo oco e efeito de borda.

Estudos realizados por Li et al. (2002) e Zhao et al. (2006) também concluiram que o

mecanismo de transferência de massa na técnica ASPN envolve sputtering de partículas de

nitreto de ferro a partir da tela ativa. Com base nestes estudos, Zhao et al. (2006) propôs um

modelo para o mecanismo de transferência de massa nessa técnica, conforme mostra a Figura

2.25.

Figura 2.25 – Modelo proposto por Zhao para o mecanismo de nitretação na ASPN.

(ZHAO et al., 2006)

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52 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Este modelo é uma extensão de um modelo anterior, proposto por Edenhofer (1974)

apud Hubbard, (2007), e propõe que as partículas são arrancadas por sputtering da tela ativa e

depositadas sobre a amostra. Zhao et al. (2006) sugerem que as partículas de nitreto de ferro

arrancadas da tela ativa por sputtering, fisicamente e quimicamente adsorvem átomos ativos

de N, enquanto passam através da região de plasma. As partículas de N são, em seguida,

aleatoriamente depositadas sobre a amostra.

De acordo com Zhao et al. (2006), as partículas fisicamente adsorvidas separam-se na

alta temperatura do substrato, resultando em difusão de N para o aço. Com base nesse

modelo, Zhao et al. (2006), concluiu que o sputtering da superfície da amostra, tal como

sugerido por Edenhofer (1974a, 1974b) apud Hubbard, (2007), não é necessário, uma vez que

a nitretação da peça pode ser conseguida com as amostras tanto em potencial catódico (600-

700V bias) (Figura 2.26a), como em potencial flutuante (Figura 2.26b) ou o potencial anódico

(aterrada) (Figura 2.26c).

Figura 2.26 – Diagrama esquemático das três modalidades de nitretação empregadas

por Zhao et al. a) Amostra em potencial catódico (DCPN), b) amostra em potencial

flutuante, c) amostra aterrada.

(ZHAO et al., 2006)

Muita pesquisa tem sido realizada, como visto anteriormente, sobre a Nitratação à

Plasma em Tela Ativa em unidades de escala laboratorial, e concluiu-se que o principal

mecanismo de transferência de massa envolve sputtering do ferro a partir da tela, reação

desses átomos de ferro com o nitrogênio ativo no plasma, e a deposição dos nitretos de ferro

sobre a amostra, com a subsequente decomposição e difusão de nitrogênio livre (LI; BELL;

DONG, 2002; ZHAO et al., 2006; ZHAO et al., 2006 apud GALLO, 2009). No entanto,

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53 Cap. 2 – Revisão da Literatura

experiências em unidades de escala industrial mostraram que outros mecanismos e efeitos

também devem estar envolvidos neste processo (HUBBARD et al., 2006; SPIES et al., 2005

apud GALLO, 2009).

2.3.3.3 Deposição por Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica

Tomando-se como base a técnica ASPN, descrita anteriormente, surgiu a técnica de

deposição de filmes duros por Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica (CCPN), cujo aparato

é apresentado na Figura 2.27. Esta técnica foi desenvolvida no Laboratório de Processamento

de Materiais por Plasma (LabPlasma) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em

2006.

Figura 2.27 – a) Perspectiva em corte do reator de nitretação iônica. b) Detalhe da gaiola

catódica.

(SOUSA, 2009)

Nessa configuração, a gaiola funciona como o cátodo na qual é aplicada uma diferença

de potencial em relação às paredes da câmara (DAUDT, 2012). Assim, o plasma se concentra

na gaiola e não sobre a amostra.

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54 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Neste caso, a Gaiola Catódica, que se baseia no surgimento do efeito do cátodo oco

produzido em cada furo desta (como mostra a Figura 2.28), para intensificar o sputtering e a

deposição dos compostos formados no plasma sobre a superfície das amostras.

Figura 2.28 – Efeito de cátodo oco em cada furo da Gaiola Catódica.

(SILVA; RODRIGUES; GONTIJO, 2014)

Desta forma, se garante melhor adesão do revestimento no substrato sem a

necessidade de uma limpeza prévia mais rígida como acontece nos processos convencionais.

Como o plasma é formado diretamente na superfície da gaiola metálica, os defeitos sobre as

amostras inerentes ao processo de deposição convencional são eliminados. Além disso,

segundo De Araújo et al. (2006), a intensificação no bombardeio iônico (sputtering) na gaiola

conduz a um rápido aumento na sua temperatura. Assim, o calor usado para aquecer as

amostras para atingir a temperatura de tratamento é fornecido pela radiação proveniente da

gaiola, o que promove uma maior homogeneidade da temperatura nas amostras tratadas (LI,

GEORGES e LI, 2002).

As evidências sobre a transferência de material da gaiola para o corpo de prova são

incontestáveis. Gallo e Dong (2010) realizaram experimentos com o objetivo de estudar a

natureza da camada depositada, a fim de esclarecer seu papel no mecanismo de nitretação. Foi

verificado que o material transferido a partir da gaiola para as amostras tratadas (camada

depositada) desempenha importante papel no efeito de endurecimento. De acordo com Sousa

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55 Cap. 2 – Revisão da Literatura

et al. (2012), a maior dureza da camada nitretada é obtida quando a atmosfera de plasma tem

80% de N2.

Alves Jr. et al. (2006) compararam a resposta de nitretação entre as amostras tratadas

com DCPN em potencial de 500V e as amostras tratadas por CCPN, eletricamente flutuantes,

na mesma câmara de nitretação. A distância entre a superfície da amostra e a tampa superior

da gaiola era inferior a 15 mm nos experimentos utilizando Nitratação a Plasma em Gaiola

Catódica. Alves Jr. et al. (2006) mostraram que as amostras de DCPN tinham uma superfície

não uniformemente nitretada, devido aos efeitos de borda. Por outro lado, as amostras tratadas

em Gaiola Catódica tinham acabamento superficial uniforme de cor cinza após o tratamento

de nitreração. Depois de uma análise metalográfica padrão, concluiu-se que a dureza

superficial e a composição das amostras tratadas em CCPN foram semelhantes às da área

uniforme central das amostras DCPN que não foi atingida pelos efeitos de borda.

Resultados semelhantes foram obtidos por Sousa (2008a) em um estudo realizado para

avaliar a eficiência desta técnica sobre a eliminação do efeito de borda, quando comparado

com a nitretação iônica convencional. Este pesquisador realizou a nitretação iônica com

Gaiola Catódica do aço inoxidável martensítico AISI 420. Neste trabalho, foram obtidas

camadas nitretadas com fases, taxa de nitretação e níveis de dureza semelhantes às obtidas

usando o processo de nitretação iônica convencional. Porém, conseguiu-se eliminar uma

grande limitação existente no processo convencional que é o surgimento de anéis de erosão,

originados por variações do campo elétrico próximo às bordas das peças, como mostra a

Figura 2.29.

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56 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Figura 2.29 – Fotografia do aço AISI 420, apresentado anéis de erosão quando tratado

convencionalmente (a), e sem efeito de borda quando tratado em Gaiola Catódica (b) e

perfil de microdureza radial ao longo da superfície das amostras, carga de 100 gf.

(SOUSA, 2008a)

As espessuras das camadas obtidas para as temperaturas de 623, 673 e 773 K, foram,

respectivamente, 30, 45 e 130 mm. Esses resultados são semelhantes aos obtidos na nitretação

iônica convencional, em conformidade com o observado por outros pesquisadores

(CORENGIA, et al., 2004; PINEDO e MONTEIRO, 2004). Diferenças microestruturais

foram observadas, principalmente para as amostras nitretadas em 673 K e 773 K. De fato,

medidas de microdureza no perfil em função da profundidade das camadas confirmam essa

constatação (Figura 2.30).

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57 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Figura 2.30 – Perfil de microdureza da superfície para o núcleo dos corpos de prova,

carga de 25 gf.

(SOUSA et al., 2008)

Verifica-se que os níveis de dureza das amostras nitretadas a 623 K e a 673 K,

apresentam uma acentuada redução com a profundidade, ao contrário da amostra nitretada a

773 K, que teve baixos níveis de microdureza. A explicação desse baixo nível de dureza está

na temperatura de revenimento desses aços. Para estes, a temperatura de revenimento deve ser

inferior a 693 K, pois o uso de temperaturas superiores conduz a resultados igualmente

prejudiciais à nitetação.

Resultados semelhantes, que também comprovam a eficiência da técnica, foram

obtidos por De Brito et al. (2008), quando estes realizaram o tratamento de lâminas de corte

para moinhos em aço AISI 4340, por nitretação à plasma convencional e por Nitratação em

Gaiola Catódica. Esta pesquisa teve o objetivo de aumentar a vida útil de tais ferramentas para

aplicações industriais. A análise visual e os ensaios de microdureza mostraram que as peças

tratadas por nitretação à plasma convencional não apresentaram uniformidade superficial,

devido ao surgimento de anéis de restrição, comprometendo a sua aplicação final. Já para os

tratamento realizados em CCPN, todas as amostras apresentaram uma homogeneidade na

dureza superfícial, e os padrões de DRX confirmam que a Gaiola Catódica produz as mesmas

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58 Cap. 2 – Revisão da Literatura

fases superficiais, aumentando em 74% sua vida útil, em comparação com a nitretação à

plasma convencional, viabilizando a sua aplicação.

Em outro estudo semelhante, realizado com aço ferramenta tipo AISI D2 para trabalho

a frio, Sousa (2009) também verificou esses resultados. Assim, pode-se confirmar, mais uma

vez, a eficiência da técnica de deposição em Gaiola Catódica em eliminar os problemas

comuns associados com os processos plasma convencional, especialmente, o efeito de bordas,

proporcionando a formação de camadas uniformes.

Ahangarani et al. (2006 apud HUBBARD, 2007) estudaram os efeitos da fração de

área aberta da Gaiola Catódica que rodeia as peças a serem tratadas em relação à nitretação.

Além disso, foi analisado o efeito da substituição da tampa superior da gaiola por uma placa

de Fe. De maneira semelhante ao estudo de Li et al. (2002), a superfície da amostra ficou à 12

mm de distância da tampa da gaiola. Verificou-se que o aumento do tamanho dos furos na

Gaiola Catódica teve um efeito positivo sobre a resposta de nitretação das amostras

eletricamente flutuantes. Enquanto a substituição da tampa superior da gaiola por uma placa

de Fe teve efeito negativo sobre a resposta de nitretação. Ahangarani et al. (2006 apud

HUBBARD, 2007) atribuem esses resultados à maior facilidade de transição da espécie ativa

através dos orifícios da gaiola em direção à superfície da amostra, quando os orifícios da tela

ativas são maiores. Por outro lado, a substituição da tampa da gaiola por uma placa Fe,

restringiu a espécie ativa.

Em ensaio utilizando-se a tampa da gaiola com furos grandes (25,4 mm de diâmetro),

Gallo e Dong (2010) obtiveram resultados contrários aos de Ahangarani et al. (2006 apud

HUBBARD, 2007), mostrando diferença muito clara entre a área do corpo de prova sob o

furo, e a área coberta pela tampa da gaiola (Figura 2.31).

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59 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Figura 2.31 – Microdureza Vickers obtidas em áreas diferentes da mesma amostra de

aço AISI 304 sob o furo e a parte coberta da Gaiola Catódica.

(GALLO; DONG, 2010)

Esta diferença é evidente a partir dos valores de microdureza obtidos sobre uma das

amostras de banda AISI 304, o que indica efeito de endurecimento significativo na área

coberta pela gaiola, enquanto que a área sob o furo exibe apenas endurecimento moderado.

Com base nesse resultado, pode-se supor uma relação inversa entre diâmetro dos furos da

gaiola e a uniformidade da dureza superficial do corpo de prova depositado.

Em um estudo para avaliar a deposição utilizando Nitratação a Plasma em Gaiola

Catódica em corpos de prova com diferentes dimensões, Alves Jr et al. (2007) observou que

não há uma variação significativa da espessura para temperaturas de tratamento diferentes.

Também foi verificado que a espessura da camada depositada se mantém praticamente

constante e o valor medido para microdureza se mantém uniforme, independente da altura do

corpo de prova, para uma mesma temperatura de tratamento. Resultados semelhantes foram

obtidos por De Araújo et al. (2006) em estudos sobre a variação da pressão com a tensão e a

corrente, com a finalidade de determinar as melhores faixas de pressão e os seus efeitos sobre

o aumento na espessura da camada de nitretos sobre amostras de aço AISI 316. Estas análises

mostram que os corpos de prova mantém-se sob a mesma temperatura, de modo que a

aplicação da CCPN elimina o gradiente térmico dos mesmos durante o tratamento.

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60 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Com o objetivo de analisar a influência do tempo de tratamento, Sousa et al. (2008)

realizaram a nitretação de amostras de aço AISI 316 em Gaiola Catódica nas mesmas

condições, variando apenas a duração do processo. As fases presentes são as mesmas para

todos os tempos de tratamento e todas as amostras apresentaram endurecimento, como

comprovado através de ensaios de microdureza. Estes resultados estão de acordo com os

obtidos por De Araújo et al. (2006) para análises de difratograma de raios X. Obteve-se

elevada dureza e praticamente as mesmas fases encontradas para tempos de nitretação a partir

de uma hora. Observou-se um aumento da espessura da camada com a temperatura,

principalmente para durações superiores a 2 horas.

Para relacionar os parâmetros do plasma com a morfologia das camadas formadas, um

perfil das espessuras das camadas de compostos das amostras nitretadas a 773 K, nas pressões

de 2,5 e 5 mbar é apresentado na Figura 2.32.

Figura 2.32 – Gráficos comparativos de espessuras de camadas de compostos para as

amostras de 1, 3, 5 e 10 mm em função da temperatura.

(DE ARAÚJO et al., 2006)

Observa-se que as espessuras das camandas nos corpos de prova tratados a 2,5 mbar

são sistematicamente maiores, indicando que esta pressão apresenta uma maior eficiência no

confinamento das partículas energéticas presentes no plasma. Isto favorece uma elevação na

taxa de sputtering da superfície da tela, com o consequente aumento na espessura da camada

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61 Cap. 2 – Revisão da Literatura

de nitretos formada. Este resultado sugere que quanto mais baixa a pressão utilizada no

tratamento, obtêm-se melhores resultados em relação à espessura da camada depositada.

Continuando suas pesquisas para avaliar a influênica das condiçães de tratamento da

deposição por CCPN, Sousa et al. (2009) realizaram uma pesquisa onde amostras cilíndricas

do aço AISI D2, foram submetidas a tratamentos térmicos e, em seguida, nitretadas em Gaiola

Catódica. As amostras desse aço, de alto teor de cromo e carbono, que possuem elevada

resistência ao desgaste e baixa distorção no tratamento térmico (aços “indeformáveis”),

passaram por recozimento, têmpera e revenido e sua nitretação envolveu temperaturas de 400

e 480 °C, durante 3 e 4 horas. As amostras nitretadas apresentaram, para uma duração de

tratamento bem inferior, espessuras de camadas, fases cristalinas e durezas semelhantes às

apresentadas na literatura para nitretação iônica convencional, eliminando o efeito de borda e

proporcionando a formação de camadas uniformes. Observou-se que, nestas condições, as

amostras não apresentam a fase carbeto de cromo, predominando a fase nitreto de cromo,

responsável pela formação da camada de compostos. O aço D2 nitretado em Gaiola Catódica

apresentou aumento substancial na microdureza, sem prejuízo na tenacidade. Mais uma vez,

os resultados apresentados comprovam a melhoria promovida pela deposição por CCPN em

relação a técnicas convencionais de nitretação.

No mesmo ano, De Araújo et al. (2009) realizaram um estudo a respeito das camadas

nitretadas utilizando esta técnica, como função da distância radial da superfície do corpo de

prova do aço inoxidável austenítico AISI 316 até a parede da gaiola. A medição de dureza

superficial e da espessura da camada para as amostras tratadas em diferentes posições A, B e

C (sendo A na periferia e C no centro da gaiola), sob pressões de 120 e 250 Pa, são

apresentados na Tabela 2.2.

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62 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Tabela 2.2 – Espessura da camada e microdureza das camadas nitretadas em função da

pressão de trabalho e posição da amostra dentro da gaiola para 5 h, 723 K e 80% N2 +

20% H2.

(DE ARAÚJO et al., 2009)

Pressão [Pa] Posição

da amostra

Espessura da

camada nitretada [m]

Microdureza

[HV0,1] ± 8,0%

250 A 28,2 ± 0,7 1115

B 24,4 ± 0,8 1305

C 22,2 ± 1,0 1213

120 A 61,9 ± 1,0 978

B 56,7 ± 1,5 953

C 51,4 ± 1,6 931

Estes dados comprovam que as amostras tratadas por Gaiola Catódica sob pressão

mais baixa (120 Pa), desenvolveram camadas nitretadas mais espessas do que as amostras

tratadas com a pressão de 250 Pa. Este resultado se apresenta em conformidade com os

apresentados em pesquisas anteriores (DE SOUSA, 2006 apud DE ARAÚJO et al., 2009; DE

SOUSA, 2007). A uma pressão de trabalho mais baixa, tem-se aumento do livre caminho

médio das partículas de íons que atingem os furos da parede da Gaiola Catódica, aumentando

a taxa de sputtering e, consequentemente, o fluxo de partículas, alcançando maior eficiência

de deposição. Isto resulta em camadas mais espessas do que as obtidas a partir da nitretação

iônica convencional. Os resultados mostram que há um ligeiro aumento na espessura da

camada nitretada para as amostras colocadas em posições mais próximas das paredes da

gaiola, devido ao aumento do fluxo de espécies, produzida pela sobreposição do fluxo de

espécies a partir do topo e paredes laterais da gaiola. Estes resultados estão em conformidade

com os encontrados por Sousa et al. (2009), durante a nitretação de amostras de aço AISI 316.

Conclusão semelhante já havia sido obtida por De Sousa et al. (2007), quando amostras de

aço inoxidável austenítico AISI 316 cilíndricas com diferentes alturas foram simultaneamente

nitretadas usando a técnica CCPN.

Daudt et al. (2011) realizaram a deposição de filmes de TiN em superfície de vidro a

fim de estudar a influência da atmosfera de plasma e do tempo de deposição sobre o filme

obtido. Neste experimento, foi empregada uma Gaiola Catódica de titânio devido à sua

susceptibilidade química e de aquecimento. O nitreto de titânio foi depositado sobre a

superfície de vidro utilizando-se uma atmosfera composta por argônio, hidrogênio e

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63 Cap. 2 – Revisão da Literatura

nitrogênio, em diferentes proporções. Foram obtidos filmes de TiN na superfície de vidro para

diferentes amostras de plasma e tempos de deposição. Este, influenciou de maneira

diretamente proporcional a espessura do filme. Em estudo realizado para avaliar a deposição

de revestimentos sobre amostras de aço ferramenta AISI H11 utilizando CCPN, Yazdani et al.

(2011) verificaram aumento da espessura da camada depositada proporcional ao tempo de

tratamento. Neste experimento, para uma razão de 1/3 entre os gases H2 e N2, foram obtidas

camadas de 400, 627 e 1140 nm para durações de tratamento de 5,0; 7,5 e 10 horas,

respectivamente.

Dando continuidade às suas pesquisas, De Sousa et al. (2012), avaliaram o aumento da

espessura das camadas nitretadas em amostras de aço inoxidável austenítico AISI 316, e das

propriedades resultantes (principalmente resistência à corrosão), em função da relação de

N2/H2 para uma pressão de trabalho fixa. Seus resultados demonstram que com o uso da

técnica de Nitratação a Plasma em Gaiola Catódica e, controlando a pressão parcial de

nitrogênio na mistura de gás, pode-se produzir camadas com maior dureza e resistência à

corrosão. Além disso, em uma atmosfera de nitrogênio puro, é possível se obter camadas

endurecidas com resistência à corrosão de acordo com a solução considerada. Observou-se

que os aços inoxidáveis tratados em atmosfera de nitrogênio puro também exibem elevada

dureza e boa resistência à corrosão em solução alcalina. Isto parece contradizer autores que

afirmam que a formação da camada é inibida em atmosferas com alta concentração de

nitrogênio (SHARMA, 2006; TAMAKI, 2000; ZHAO, 2005 apud DE SOUSA et al., 2012).

Este fato também contradiz a alegação de que a formação das camadas nitretadas com

concentrações de 90% ou mais de nitrogênio, leva à obtenção de camadas de menos

resistência à corrosão (AMIRI e MORADSHAHI, 2007; FEWELL, 2000). Porém, é razoável

considerar que a eficiência dessa concentração seja função do material da gaiola, uma vez que

Daudt et al. (2011) obtiveram diferentes concentrações ótimas dos gases para o tratamento

com sua gaiola de titânio.

Ainda neste ano, amostras de aço inoxidável ferrítico AISI 409 foram nitretados por

De Sousa et al. (2012), em Gaiola Catódica, com adição de metano para reduzir a precipitação

de cromo, aumentar a dureza e resistência ao desgaste e reduçào da presença de nitretos,

quando comparado com carbonitretação à plasma. Perfis de microdureza e difratometria de

raios X confirmaram a formação de camadas mais finas, que são mais duras do que as obtidas

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64 Cap. 2 – Revisão da Literatura

por carbonitretação à plasma convencional. Esta descoberta confirma que a CCPN, com a

adição de pequenas quantidades de metano, inibe a precipitação de nitreto de cromo,

reduzindo, assim, a perda de resistência à corrosão, com o aumento da temperatura de

nitretação.

De Sousa et al. (2012) ainda, avaliaram as camadas de filmes obtidas por Nitratação a

Plasma em Gaiola Catódica e por outra técnica convencional de nitretação iônica em amostras

cilíndricas de diferentes tipos de aço. A Figura 2.33 apresenta a espessura das camadas

formadas para cinco amostras de aço carbono AISI 1020, à mesma temperatura (673, 773, e

823 K).

Figura 2.33 – Espessuras das camadas a AISI 1020 amostras de aços com uma altura de,

respectivamente, 1, 3, 5, 8 e 10 milímetros por nitretação CCPN em (a), 673, (b) 773, e

(c) 823 K. (3 h).

(DE SOUSA et al., 2012)

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65 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Estas não apresentaram variação significativa com o aumento da altura para as

amostras tratadas em Gaiola Catódica. Este fato é uma consequência da característica de

temperatura uniforme no presente processo, uma vez que na técnica CCPN não existem

gradientes térmicos entre as superfícies do suporte de amostra e da amostra. A energia

necessária para aquecer as amostras vem da própria gaiola, evitando o efeito de borda e, por

conseguinte, promovendo a uniformidade das camadas nitretadas.

2.3.3.4 Deposição por Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória

A deposição de revestimentos utilizando-se Gaiola Catódica trouxe excelentes

vantagens ao uso do tratamento a plasma, no entanto dois inconvenientes ainda permaneçem.

Um deles é o fato do tratamento das amostras ser realizado em posição estática, acarretando a

ausência de deposição do filme em algumas superfícies da amostra. O outro é a

impossibilidade do processamento em lote. Devido à necessidade de se tratar as áreas

omitidas, inerentes ao tratamento estático, o processo é interrompido para reposicionamento

adequado das amostras. Isso acarreta problemas, principalmente de ordem econômica na

indústria.

Recentemente, Araújo Filho (2013) desenvolveu um reator com a configuração de

uma gaiola a partir do processo CCPN, porém com a liberdade girar, revolvendo as amostras,

alternando a face de incidência de bombardeamento dos íons. Esta técnica recebeu o nome de

Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória (RCCPN). Dessa maneira, todas as

superfícies das amostras em tratamento, devido à aleatoriedade do seu movimento no interior

da gaiola, são contempladas no processo de deposição de revestimentos. A versatilidade do

equipamento permite, ainda, o tratamento, em grande escala (dependendo das dimensões das

amostras), executando o processamento em lote.

Em ensaios para a avaliação da técnica proposta, este pesquisador realizou a nitretação

de porcas de aço inoxidável AISI 304, com 6,0 mm de diâmetro, a uma pressão de 1 mbar em

atmosfera de 20% H2 + 80% N2, durante 1 hora (Figura 2.34).

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66 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Figura 2.34 – Aspecto visual das amostras a) antes e b) após o tratamento RCCPN.

(ARAÚJO FILHO, 2013)

Verificou-se mudança no aspecto visual das amostras nitretadas, tendo alterado a sua

coloração em todas as superfícies de maneira homogênea. Além disso, estas amostras

apresentaram aumento em sua dureza superficial conforme a Figura 2.35.

Figura 2.35 – a) Regiões de impressões para os ensaios de dureza Vickers. b) Resultados

obtidos para Região 1. c) Resultados obtidos para Região 2.

(ARAÚJO FILHO, 2013)

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67 Cap. 2 – Revisão da Literatura

Os resultados dos ensaios de dureza Vickers efetuados nas regiões 1 e 2, apresentados

nas Figura 2.35b e Figura 2.35c (antes e depois do tratamento), apresentaram microdureza

média de 255HV contra 422HV, respectivamente, havendo um acréscimo superior a 65%,

considerado o tempo de tratamento.

A amostra ensaiada foi submetida a uma análise metalográfica. Para isto, ela foi

cortada em perfil radial, atacada quimicamente com água régia (50% HCl + 25% HNO3 +

25% H2O) e levada ao microscópio óptico, onde verificou-se uma camada nitretada, de

aspecto uniforme, com espessura de 6 μm.

O tópico a seguir irá tratar do material usinado durante os ensaios de torneamento

conduzidos na parte experimental deste trabalho, o ferro fundido nodular. Neste, serão

abordadas composição e propriedades deste material, cedido pela Fundição Tupy, bem como

informaçãoe sobre aplicações e usinabilidade do mesmo.

A seguir, serão apresentados os materiais e equipamentos utilizados para a realização

da parte experimental desta pesquisa, bem como a metodologia adotada para conduzir estes

ensaios.

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Capítulo 3

Materiais e Métodos

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69 Cap. 3 – Materiais e Métodos

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente capítulo está dividido em duas partes: 3.1. Materiais e Equipamentos,

onde são descritos os principais materiais e equipamentos utilizados no desenvolvimento

deste trabalho e 3.2. Procedimento Experimental, em que se descreve a metodologia

adotada para a realização da deposição dos revestimentos, ensaios de torneamento e

caracterizações.

3.1 Materiais e Equipamentos

Para a realização dos ensaios de deposição de revestimentos nos insertos de metal duro

para torneamento, optou-se por utilizar a técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica

Rotatória, desenvolvida por Araújo Filho (2013), apresentado na Figura 3.1.

Figura 3.1 – Vistas a) frontal e b) lateral, com detalhes das conexões do reator a plasma

horizontal para tratamento com Gaiola Catódica Rotatória.

(ARAÚJO FILHO, 2013)

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70 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Porém, com o objetivo de se adequar o reator a plasma deste pesquisador à aplicação

do presente trabalho, foi necessária a confecção de alguns componentes, os quais deveriam

substituir elementos originais deste reator.

O principal componente a ser substituído foi a própria Gaiola Catódica. Uma vez que

esta peça compõe o alvo deste tipo de reator, é dela que serão arrancados, por plasma, as

espécies formadoras do filme fino a ser depositado. A gaiola original desse sistema, dotada de

228 furos (Figura 3.2), foi fabricada em aço inoxidável AISI 304.

Figura 3.2 – Gaiola original, fabricada em aço inox AISI 304.

Para evitar que as amostras, durante o tratamento, entrassem em contato com o eixo do

reator e com a própria Gaiola Catódica Rotatória, foi confeccionada uma grade de contenção,

apresentada na Figura 3.3.

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71 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Figura 3.3 – Grade de contenção da Gaiola Catódica Rotatória.

A grade de contenção, feita de aço inoxidável, foi fixada às tampas laterais da gaiola.

Como essas tampas são de pedra sabão, todo o volume abrangido pela grade de contenção

onde ficam as amostras durante o tratamento, permanece em potencial flutuante. Isso

possibilita à amostra receber as espécies do tratamento de plasma sem entrar em contato

elétrico com qualquer parte do equipamento.

A potência necessária à formação da descarga luminescente, característica do plasma,

foi fornecida pela fonte de potência apresentada na Figura 3.4.

Figura 3.4 – Fonte de tensão.

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72 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Esta consiste em um sistema de retificação que converte a tensão da rede elétrica

convencional (corrente alternada, 220 V) em corrente contínua (0 – 1200 V). Através desse

sistema, pode ser gerada uma corrente elétrica de até 1 A.

Para realizar o movimento de rotação da Gaiola Catódica Rotatória dentro do reator,

durante o tratamento das amostras, foi utilizado um motor com velocidade de rotação

controlada. Este motor gerava em seu eixo uma rotação de, aproximadamente 150 RPM o

que, pela relação de engrenagens do reator, transmitia uma rotação de, aproximadamente, 50

RPM à gaiola. Para evitar superaquecimento, o motor foi refrigerado com o auxílio de uma

serpentina. A montagem do reator de plasma, com o motor de passo e o circuito gerador de

frequência são a presentados na Figura 3.5.

Figura 3.5 - Reator de plasma, com o motor de passo e o circuito gerador de frequência.

De forma a melhor avaliar o resultado do tratamento por RCCPN, comparou-se a

presente técnica com a Gaiola Catódica convencional (CCPN). Como esta última técnica já

vem apresentando resultados satisfatórios, (como apresentado no Capítulo 2 deste trabalho),

pode-se realizar uma análise comparativa entre os resultados obtidos para a deposição de

revestimentos nas mesmas amostras, utilizando a mesma fonte de tensão.

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73 Cap. 3 – Materiais e Métodos

A Figura 3.6 apresenta a Gaiola Catódica convencional, também fabricada em titânio

grau 2, com as amostras a serem tratadas.

Figura 3.6 – Gaiola Catódica convencional com localização das amostras em tratamento.

Aproveitando a realização de um ensaio em CCPN, optou-se por distribuir amostras

dos insertos em diferentes posições, horizontal e vertical, dentro da mesma. Dessa forma,

além de se analisar a diferença de desempenho na aplicação das duas técnicas de deposição,

pode-se também avaliar a influência da posição das amostras no resultado desse tratamento.

Os insertos de metal duro utilizados nos ensaios de deposição do revestimento, foram

cedidos pela empresa Sandvik Coromant, e possuem a seguinte especificação: WNMG 08 04

08-PM. Os insertos a serem utilizados nos ensaios de deposição são da classe GC 4225. A

Figura 3.7, mostra algumas características geométricas desses insertos.

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74 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Figura 3.7 – a) Inserto de metal duro classe GC 4225 e b) suas características

geométricas.

Na Figura 3.7, os parâmetros geométricos indicados no inserto são: iC = círculo

inscrito; r = raio de ponta, l = comprimento das arestas de corte e s = espessura.

Esses insertos são normalmente comercializados após a aplicação do revestimento. No

entanto, para a realização desse trabalho, os insertos foram cedidos sem passar por essa última

etapa de sua fabricação.

Para a realização dos ensaios de torneamento, foi escolhido, como material a ser

usinado, barras com perfil redondo de ferro fundido nodular da classe FE 45012, conforme

mostra a Figura 3.8.

Figura 3.8 – Amostra das barras de FoFo nodular usadas nos ensaios de torneamento.

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75 Cap. 3 – Materiais e Métodos

A Figura 3.9 apresenta a microestrutura típica desse material, tanto no núcleo como na

periferia.

Figura 3.9 – Microestrutura do FoFo nodular FE 45012 a) no núcleo e b) na periferia.

(TUPY, 2013)

Sua microestrutura típica é constituída de grafite em forma de nódulos (esferas), a

matriz é essencialmente ferrítica, podendo ter até 25 % de perlita, e no máximo 5 % de

carbonetos dispersos. Os valores típicos de dureza, limite de resistência à tração, escoamento

e alongamento do ferro fundido nodular FE 40012 estão relacionados na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Propriedades mecânicas do FoFo nodular FE 45012.

(TUPY, 2013)

DIMENSÕES (mm) DUREZA (HB)

27,6 – 79,0

79,1 – 156,3

156,4 – 451,2

156 – 217

143 – 217

131 – 217

Limite de Resistência à Tração ( MPa ) = 450 mín.

Limite de Escoamento ( MPa ) = 310 mín.

Alongamento ( % ) = 12 mín.

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76 Cap. 3 – Materiais e Métodos

A composição química geral para o FoFo nodular FE 40012 é mostrada na Tabela 3.2.

.

Tabela 3.2 – Propriedades químicas do FoFo nodular FE 45012.

(TUPY, 2013)

ELEMENTO %

C

Si

Mn

S

P

Mg

3,30 – 3,80

2,60 - 3,00

0,20 máx.

0,02 máx

0,10 máx.

0,04 – 0,07

As faixas de carbono são especificadas para cada grupo de bitolas e a variação dentro

da mesma faixa é de aproximadamente 0,20 %. O magnésio é adicionado com o objetivo de

promover grafita esferoidal.

A máquina ferramenta a qual será utilizada para a realização dos ensaios de

torneamento é o torno CNC, modelo Centur 30D da ROMI, apresentada na Figura 3.10,

Figura 3.10 – Torno CNC ROMI Centur 30D utilizado nos ensaios de torneamento.

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77 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Esta máquina, com potência de 10 cv e rotação máxima de 4000 RPM, é pertencente

ao Laboratório de Manufatura do Núcleo de Tecnologia Industrial da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte.

A seguir, descreve-se a metodologia adotada neste trabalho desde a caracterização e

preparação das amostras, passando pelo planejamento dos ensaios e definição dos parâmetros

a serem aplicados neles, até a realização, propriamente dita desses ensaios, tanto de deposição

dos revestimentos como de torneamento, bem como dos ensaios de caracterização.

3.2 Procedimento Experimental

3.2.1 Preparação dos experimentos e caracterização dos materiais

3.2.1.1 Gaiola de titânio

O fato de a gaiola original aplicada ao reator para Nitretação a Plasma em Gaiola

Catódica Rotatória ser fabricada em aço inoxidável 304 tornaria impraticável o revestimento

dos insertos de metal duro pelo fato de esta funcionar também como alvo do tratamento, de

onde seão retiradas as espécies formadoras do filme. Assim, optou-se por fabricar outra

gaiola, porém utilizando titânio grau 2. Esta nova gaiola é apresentada na Figura 3.11.

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78 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Figura 3.11 – Gaiola nova, fabricada em titânio grau 2.

Este material é muito utilizado em ambiente industrial devido a sua excelente

resistência a corrosão, a boa resistência mecânica e ductilidade.

3.2.1.2 Barras de ferro fundido nodular

Uma amostra das barras de FoFo nodular a serem usinadas passou por uma análise

microscópica para comprovar as informações do seu fabricante. Esta análise foi realizada no

Laboratório de Caracterização de Materiais, do Departamento de Ciência e Engenharia de

Materiais da UFRN. O procedimento adotado para tal foi o seguinte:

Lixamento da amostra seguindo a ordem crescente de granulometria das lixas

conforme numeração a seguir: 100; 180; 240; 320; 400 e 600.

Polimento com Alumina 0,5 µm, na máquina Politriz Rathenow, Montasupal.

Ataque químico com Nital 2%, Ácido Nitrico (HNO3) = 2 ml e Álcool (C2H5OH) =

98 ml, durante três segundos.

Observação da amostra no Microscópio óptico Gx51, da marca Olympus.

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79 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Ensaios de dureza Brinell também foram realizados para comparar com as

informações obtidas pelo fabricante. Estes ensaios foram realizados no Laboratório de

Dinâmica e Tribologia da UFRN. Neste caso, foi utilizado um durômetro Pantec, Modelo

RASN, com os seguintes valores:

Pré-carga: 10 Kgf

Carga: 100 Kgf

Penetrador: Esfera de aço 1/16 pol.

Resultados esperados: 74 a 96 HRB.

A partir da análise microscópica da amostra de FoFo nodular FE 45012 foi possível

obter as seguintes micrografias (Figura 3.12).

Figura 3.12 – FoFo nodular FE 45012, aumento de 500x, a) sem e b) com ataque

químico.

Para os ensaios de dureza realizados nas amostras, os resultados obtidos estão

apresentados na Tabela 3.3.

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80 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Tabela 3.3 – Valores de dureza Brinell obtidos para o FoFo nodular FE 45012.

MEDIÇÃO DUREZA (HRB)

1ª (Centro)

7ª (Periferia)

87

88

91

92

91

91

88

MÉDIA: 89,7

As informações obtidas a partir do fabricante das barras de FoFo nodular FE 45012,

são compatíveis com as obtidas a partir da caracterização de uma amostra retirada das barras

recebidas.

3.2.2 Ensaios de deposição de revestimento

Antes de se iniciarem os ensaios de deposição do revestimento nos insertos de metal

duro, alguns testes preliminares foram conduzidos com o objetivo de se adequar os

equipamentos, bem como os parâmetros a serem utilizados no tratamento com RCCPN. Esses

testes se mostraram necessários pelo fato de se estar trabalhando com uma técnica nova.

Dessa forma, os parâmetros que já vinham sendo utilizados com sucesso na técnica de Gaiola

Catódica convencional, foram utilizados para se avaliar as condições de uso a serem aplicadas

nos ensaios desta pesquisa.

A deposição do revestimento sobre o substrato dos insertos de metal duro foi

conduzida por Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória, descrito anteriormente.

Para tanto, alguns parâmetros precisaram ser estipulados de forma a garantir a repetitividade

desses mesmos.

Foram definidos os parâmetros de proporção de gases, pressão, tensão e corrente

aplicados para a limpeza e o tratamento em si. Estes foram selecionados tendo como base as

condições mais comumente adotadas nas pesquisas com Gaiola Catódica convencional, porém

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81 Cap. 3 – Materiais e Métodos

foram realizadas adaptações de forma que os equipamentos à disposição para trabalharem

junto com o reator de plasma e a Gaiola Catódica Rotatória (fonte e bomba de vácuo)

pudessem gerar o plasma na gaiola de titânio e mantê-lo homogêneo e estável.

Uma vez que a pressão de vácuo no interior do reator de plasma, bem como a

proporção dos gases de trabalho permaneceram constantes, o fator variado entre as condições

de ensaio foi a duração do tratamento. O ensaio de deposição foi divido em duas etapas para

cada uma das condições a serem aplicadas: A limpeza, com duração de 30 minutos; e o

tratamento em si, cuja duração foi a variável adotada.

A Tabela 3.4, apresenta a descrição das condições de tratamento, baseadas na duração

do mesmo.

Tabela 3.4 – Detalhamento das condições de tratamento por plasma.

Condição Detalhamento das Amostras

ST Sem Tratamento.

T2,5 Tratada em Gaiola Catódica Rotatória por 2,5 h.

T5,0 Tratada em Gaiola Catódica Rotatória por 5,0 h.

T7,5 Tratada em Gaiola Catódica Rotatória por 7,5 h.

T10 Tratada em Gaiola Catódica Rotatória por 10 h.

H5,0 Tratada em Gaiola Catódica convencional, posição Horizontal, por 5,0 h.

H10 Tratada em Gaiola Catódica convencional, posição Horizontal, por 10 h.

V10 Tratada em Gaiola Catódica convencional, posição Vertical, por 10 h.

A limpeza em tratamentos a plasma é necessária, tanto para a amostra como para o

equipamento, para se eliminar algumas sujeiras que possam estar presentes no sistema antes

de se iniciar o tratamento, tais como óxidos, resquícios de graxas e óleos lubrificantes ou até

gorduras das mãos do operador. No caso da amostra, também pode-se aproveitar este

procedimento para preparar o seu substrato de forma a melhor receber o revestimento, prática

denominada modificação superficial, ou texturização. Bouzakis et al. (2001) apud Denkena et

al. (2014) sugerem que aplicando a texturização em insertos de metal duro, a fase Co é

removido da superfície a ser revestida, expondo os carbonetos. Com a continuidade deste

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82 Cap. 3 – Materiais e Métodos

processo, os carbonetos mais externos se desprendem do substrato. Além disso, altos picos de

rugosidade são reduzidos devido à remoção de grãos de carbonetos, revelando inúmero novos

picos menores. Desta forma é reforçada a adesão entre substrato e revestimento.

Segundo Denkena et al. (2014), a modificação superficial apropriada também é

recomendada para induzir tensões residuais compressivas na estrutura do metal duro, o que

melhora suas propriedades mecânicas. Albano (2014), verificou que o sputtering sofrido pela

amostra de metal duro durante a limpeza anterior ao tratamento de plasma contribui para esta

modificação superficial, melhorando a adesividade do filme depositado.

Para tanto, independente da condição de tempo a ser aplicada, os parâmetros de

plasma para a limpeza foram mantidos constantes. Ou seja, todas amostras passam

exatamente pela mesma limpeza. Assim, os parâmetros de plasma aplicados para tal são

detalhados a seguir.

Tensão média: ~ 450 V;

Corrente média: ~ 0,64 A;

Pressão de vácuo: 1,50 mbar (150 Pa);

Proporção de gases: Ar 50% (10 sccm) e H2 50% (10 sccm).

Ao longo, tanto da limpeza do sistema, como do tratamento para deposição do

revestimento, os parâmetros de plasma foram controlados e anotados periodicamente. Após

finalizados os 30 minutos destinados à limpeza do sistema, os parâmetros de plasma são

reconfigurados, com o reator ainda em funcionamento, de acordo com a condição prevista e o

tratamento, propriamente dito, é iniciado. Para a realização do tratamento, alguns parâmetros

de plasma também são mantidos fixos.

Tensão média: ~ 450 V;

Corrente média: ~ 0,88 A;

Pressão de vácuo: 2,20 mbar (220 Pa);

Proporção de gases: N2 80% (16 sccm) e H2 20% (4 sccm).

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83 Cap. 3 – Materiais e Métodos

É importante se destacar que, para cada condição aplicada nos ensaios de deposição,

dois insertos foram tratados no interior da gaiola. Isto é necessário pois, dessa forma, garante-

se que os insertos a serem tratados estarão “flutuando” no interior da gaiola devido aos

choques que sofrem entre si durante a rotação da mesma. Caso o tratamento fosse realizado

com apenas um inserto, este ficaria, ou deslizando na parede da gaiola ou colado a ela devido

à força centrífuga da mesma, dependendo da sua rotação, e assim, não expondo todas as suas

superfícies ao plasma para receber o filme.

Após o final dos tratamentos em Gaiola Catódica Rotatória, algums condições de

tempo (5,0h e 10h) foram reproduzidas para tratamento em Gaiola Catódica convencional,

tomando-se o cuidado de manter os parâmetros de plasma aplicados anteriormente.

3.2.3 Ensaios de torneamento

Os insertos tratados foram aplicados em ensaios de torneamento cilíndrico externo das

barras de ferro fundido nodular, com o objetivo de se avaliar o desempenho do revestimento

aplicado em termos da medição do desgaste de flanco médio (VB) das ferramentas. Para tanto

se fez necessário estipular os parâmetros de usinagem a serem aplicados, bem como

estabelecer critérios para se determinar o fim do ensaio.

Os parâmetros de usinagem foram selecionados de forma que se obtivessem condições

de corte severas aplicadas à ferramenta, porém tomando-se o cuidado de permanecer dentro

da faixa de aplicação sugerida pelo fabricante para a mesma ferramenta revestida, encontrada

no mercado em aplicações de usinagem de ferro fundido (classe K ISO). Desta forma, os

parâmetros de usinagem selecionados foram:

Velocidade de corte (Vc): 230 m/min

Avanço (f): 0,15 mm/r

Profundidade de corte (ap): 1,5 mm

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84 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Estes parâmetros foram mantidos constantes para todos os ensaios de torneamento. É

importante, também, salientar que, para todos os insertos, a usinagem foi realizada sem a

aplicação de fluido de corte.

Antes de dar início à usinagem referente aos ensaios de torneamento, as barras de

FoFo nodular, com um diâmetro inicial de 100 mm, passaram por um desbaste, de modo a

preparar a mesma para a fixação na placa do torno CNC, padronizando seu posicionamento.

Também foi objetivo desta etapa, expor a área útil do corpo de prova a ser usinada durante os

ensaios, ou seja, o percurso de avanço Lf = 200 mm. A Figura 3.13 apresenta,

esquematicamente, este posicionamento.

Figura 3.13 – Desenho esquemático do posicionamento da barra de FoFo nodular para

os ensaios de torneamento.

Nestas condições geométricas após o desbaste inicial, e para um ap já estabelecido de

1,5 mm, o processo de torneamento cilíndrico externo, dos ensaios com os insertos revestidos

pode compreender um limite máximo de 20 passadas de ferramenta nas barras de FoFo

nodular. Este limite se dá devido ao fato de que, após essa quantidade de passadas, o diâmetro

deste corpo de provas já terá alcançado 40 mm, que é justamente a medida do diâmetro da

porção da barra que fica fixada na placa de castanhas do torno CNC. Adotou-se este critério

de modo a evitar flexão na barra durante o processo de usinagem.

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85 Cap. 3 – Materiais e Métodos

Os critérios para determinar o final dos ensaios foram determinados de acordo

disponibilidade material de consumo para o ensaio. Uma vez que a quantidade de barras de

FoFo nodular de um mesmo lote, fornecida pelo fabricante, foi limitada, os ensaios foram

determinados de forma que melhor se aproveitasse este material. Ainda, neste contexto,

encontra-se o fato da necessiade de se realizar pelo menos uma duplicata nestes ensaios, de

forma a se obter média e desvio padrão dos valores obtidos para o VB.

Feitas essas considerações, optou-se por executar os ensaios de torneamento

utilizando-se três arestas de corte de um mesmo inserto revestido para cada condição de

tratamento, nas barras de FoFo nodular. O critério adotado para o término do ensaio de

usinagem para cada aresta de corte, foi o recomendado por norma (ISO, 1977), quando o

valor do VB atingisse 0,30 mm, determinado o fim de vida para operações de torneamento.

Desta forma, garantiu-se também, a possibilidade de se obter valores médios para as medidas

de desgaste da ferramenta referentes a cada condição de deposição do revestimento aplicada

no experimento.

3.2.4 Ensaios de caracterização

Além dos ensaios de torneamento, os insertos também passaram por ensaios de

caracterização com o objetivo de avaliar os revestimentos depositados, com base em outras

grandezas a serem descritas neste item. Esta etapa foi realizada após os testes de desempenho

em usinagem pelo fato de alguns desses ensaios serem destrutivos, o que inutiliza a

ferramenta de corte.

Foi realizado o ensaio de microdureza Vickers que, além de medir a dureza do

revestimento em HV, pode também ser realizado para se avaliar a adesão do mesmo ao

substrato. Os ensaios de microdureza Vickers foram realizados na superfície de saída dos

insertos de metal duro, utilizando-se um microdurômetro da marca Shimadzu, modelo HMV,

localizado no Laboratório de Metrologia da UFERSA Campus Mossoró. Este equipamento

tem capacidade de realizar ensaio de microdureza vickers com uma faixa de carga deste 10 gf

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86 Cap. 3 – Materiais e Métodos

(98 mN), até 2 kgf (19,64 N). Os ensaios foram conduzidos com 50 gf (490 mN) e 100 gf

(980 mN).

Com o objetivo de se obter informações a respeito das fases formadas no filme

depositado, foi realizado o ensaio de difração de raios X (DRX) com a técnica de ângulo de

incidência rasante. Esta técnica promove um aumento no caminho ótico do feixe no interior

do filme pelo fato de o ângulo de incidência da radiação ter, no máximo 10º, tornando o sinal

mais intenso. Além disso, outra medida possível para o aumento da intensidade do sinal é a

utilização de fontes de raios X de menor energia, que penetram menos na amostra, garantindo

uma menor interferência do substrato. Os ensaios de DRX, com ângulo de incidência rasante

de 3°, foram realizados na superfície de saída dos insertos de metal duro, em um drifratômetro

modelo XRD-6000, da Shimadzu, pertencente ao Laboratório de Difratometria de Raios X,

localizado no Centro Integrado de Inovação Tecnológica (CITed), vinculado ao Departamento

de Ciências Exatas e Naturais (DCEN), na UFERSA Campus Mossoró.

Análises de microscopia eletrônica de varredura foram realizadas na seção transversal,

bem como na superfície de saída dos insertos, com o objetivo de se identificar e medir a

espessura da camada depositada, bem como analisar a sua uniformidade ao longo da

superfície dos insertos de metal duro. As análises de microscopia eletrônica de varredura,

foram realizadas em um equipamento da Tescan, modelo VEJA 3 LMU, pertencente ao

Laboratório de Microscopia Eletrônica, localizado no Centro de Pesquisas em Ciências

Vegetais do Semiárido (CPVSA), vinculado ao Departamento de Ciências Vegetais (DCV),

na UFERSA Campus Mossoró. Além disso ensaios de Espectroscopia de Energia Dispersiva

(EDS) foram conduzidos para confirmar a presença de titânio na superfície de saída dos

insertos tratados. Estes foram realizados no Laboratório de Difração e Fluorescência de Raios

X, do Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais da UFRN. O MEV utilizado foi da

marca HITACHI, modelo: TM3000. O equipamento EDS, de marca HITACHI e modelo:

SwiftED3000, operou com os seguintes parâmetros: tempo de aquisição de 60 s; tempo de

processamento do dado de 5 s e voltagem de aceleração de 15 kV.

O corte das amostras tratadas para serem levadas ao MEV foram realizados na

máquina Cut-Off da marca Pantec, modelo DTQ 5, pertencente ao Laboratório de Deposição

de Filmes Finos localizado no Centro Integrado de Inovação Tecnológica (CITed), vinculado

ao Departamento de Ciências Exatas e Naturais (DCEN), na UFERSA Campus Mossoró. Para

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87 Cap. 3 – Materiais e Métodos

tanto, foi utilizado um disco diamantado com baixa concentração de carbono, modelo PSI-

141-4. Este disco possui as dimensões 4” x .012” x .5”, e foi utilizado a uma rotação de 200

rpm, com auxílio de fluido de corte solúvel em água.

Os resultados tanto dos ensaios de torneamento, como das demais caracterizações

realizadas, são apresentados e discutidos no Capítulo 4, a seguir.

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Capítulo 4

Resultados e Discussões

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89 Cap. 4 – Resultados e Discussões

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados de toda a parte experimental realizada,

bem como as devidas discussões a respeito dos mesmos. Dentre estes, estão envolvidos: 4.1

Resultados visuais dos tratamentos a plasma, onde é realizado um apanhado geral a

respeito dos aspectos visuais referentes aos tratamentos realizados em Gaiola Catódica

Rotatória e Gaiola Catódica convencional; 4.2 Resultados dos ensaios de caracterização,

onde são analisados os resultados de microdureza Vickers, DRX com incidência rasante e

MEV/EDS e 4.3 Resultados dos ensaios de torneamento, onde é avaliado o desempenho

dos insertos tratados, bem como a adessao do filme aos substrato, em relação ao desgaste de

flanco médio e rugosidade média das barras usinadas por eles.

4.1 Resultados visuais dos tratamentos a plasma

A Figura 4.1 permite observar o êxito do princípio de funcionamento da técnica de

deposição por Gaiola Catódica Rotatória, proposto por Araújo Filho (2013).

Figura 4.1 – Filme depositado na a) grade de contenção e b) parede interna da Gaiola.

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90 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Observa-se que, tanto a parede interna da Gaiola Catódica Rotatória (Figura 4.1b),

como a superfície das grades de contenção (Figura 4.1a), apresenta um filme dourado

depositado, característico do TiN em condições estequiométricas. Isto permite propor que

houve sucesso no desprendimento de espécies de Ti, por sputtering, intensificado pelo efeito

cátodo oco, da parede da gaiola e a formação do composto, juntamente com o nitrogênio

oriundo do gás injetado dentro do reator de plasma. Observa-se, também, que o composto

formado atravessou a região interna da Gaiola Catódica Rotatória, em direção ao eixo do

reator.

Este fato é comprovado a partir das análises de DRX, no ítem 4.2.2 deste trabalho,

confirmando o tratamento dos insertos de metal duro com o composto de TiN. As imagens de

MEV e análises EDS, no ítem 4.2.3, permitem verificar o filme depositado nos insertos, bem

como confirmar a presença de Ti nos mesmos.

A Figura 4.2 apresenta uma amostra tratada para cada condição, aplicando-se a

Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória.

Figura 4.2 – Amostras tratadas utilizando-se a técnica RCCPN.

Pôde-se perceber que, visualmente, as amostras tratadas em Gaiola Catódica Rotatória

sofreram alguma modificação superficial (com destaque para T5,0 e T7,5) em relação à

amostra sem tratamento (ST).

As amostras tratadas utilizando-se a técnica de Gaiola Catódica convencional são

apresentadas na Figura 4.3.

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91 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.3 – Amostras tratadas utilizando-se a técnica CCPN.

Estas também apresentaram modificações visuais em relação à condição ST. Porém,

neste caso, pode-se perceber uma diferença maior do que as amostras anteriormente

analisadas. Esta diferença é mais acentuada para a amostra tratada por 10 horas em posição

horizontal (H10).

O princípio de funcionamento da Gaiola Catódica Rotatória, baseado em realizar um

movimento de rotação em torno do eixo do reator, mostrou-se efetivo em produzir um

tratamento em todas as superfícies das amostras, confirmando e expectativa de Araújo Filho

(2013). A Figura 4.4 comprova este fato.

Figura 4.4 – Comparação entre amostras sem tratamento (esquerda), tratada em

RCCPN (centro) e CCPN (direita).

Pode-se perceber, comparando-se duas amostras ensaiadas durante o mesmo tempo

(no caso, cinco horas), pelas duas técnicas diferentes, que suas superfícies apresentam

diferença quanto ao resultado do tratamento. Enquanto o inserto tratado em Gaiola Catódica

Rotatória (T5,0) apresenta alteração visual em todas as suas superfícies em relação à amostra

sem tratamento (ST), o que foi tratado por Gaiola Catódica convencional (H5,0), apresenta

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92 Cap. 4 – Resultados e Discussões

uma divisão entre duas regiões de colorações diferentes bem definida em sua superfície de

folga. Uma região mais escura (acima), caracteriza o tratamento recebido e outra mais clara,

semelhante à coloração da amostra ST (abaixo), caracteriza uma área que não recebeu

tratamento. A justificativa para isso é a posição em que esta amostra se encontrava dentro da

gaiola convencional. A superfície de saída, voltada para cima, recebeu com maior intensidade

o tratamento intensificado pelo efeito cátodo oco da tampa da gaiola, enquanto as outras

áreas, mais afastadas desse fenômeno, não receberam esse tratamento.

A seguir, serão apresentados os resultados obtidos nos ensaios de caracterização

realizados nas amostras tratadas.

4.2 Resultados dos ensaios de caracterização

Os resultados referentes à caracterização das amostras tratadas são apresentados

separados segundo cada ensaio realizado. Estes são: 4.2.1 Indentação mecânica, tanto para

medir os valores médios de dureza dos filmes depositados, a partir de microindentação

Vickers, como para avaliar a qualidade da adesão do revestimento ao substrato; 4.2.2

Difratometria de raios X, com ângulo de incidência rasante para analisar a intensidade dos

picos, bem como as fases do filme depositado; e 4.2.3 MEV e EDS, para analisar a espessura

e a uniformidade das camadas dos filmes depositados nas amostras tratadas, bem como

verificar a presença de Ti nas superfícies destas por EDS.

4.2.1 Indentação mecânica

A Figura 4.5 apresenta os valores médios de HV obtidos nas superfícies de saída das

amostras tratadas, tanto em Gaiola Catódica Rotatória, como em Gaiola Catódica

convencional, para carga de 50 gf.

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93 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.5 – Valores médios de microdureza Vickers obtidos para as amostras tratadas

em RCCPN e CCPN para carga de 50 gf.

A partir da análise dos valores de dureza Vickers obtidos, pode-se observar que todas

as amostras tratadas tanto em Gaiola Catódica Rotatória, como na técnica convencional

obtiveram microdureza Vickers superior ao do inserto sem tratamento (ST). Este fato permite

confirmar a modificação de dureza superficial dos insertos de metal duro, imposta pelos

tratamentos.

Como já era esperado, as primeiras amostras tratadas em Gaiola Catódica Rotatória,

apresentam uma tendência de incremento nos valores de dureza proporcional ao tempo de

tratamento. Um fato interessante nesta tendência foi apresentado na média de valores de

dureza encontrado para a amostra T5,0. Esta condição de tratamento foi a que obteve maior

valor de dureza entre as quatro amostras tratadas em Gaiola Catódica Rotatória. Esta análise

leva a crer que o tratamento para esta amostra, aparentemente, tenha sido o mais eficaz, o que

está em conformidade com a primeira análise, visual, das ferramentas tratadas, apresentada na

Figura 4.2. Este fato que, aparentemente, indica uma condição ótima de tempo de tratamento

associado aos parâmetros de plasma aplicados, poderá ser confirmado com as futuras

caracterizações. Após a amostra T5,0, as condições seguintes de tempo de tratamento (T7,5 e

T10), passam a apresentar valores médios de dureza decrescentes. Talvez a espessura já muito

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94 Cap. 4 – Resultados e Discussões

grande da camada obtida devido ao longo tempo de tratamento para essas condições,

juntamente ao fato de o filme de TiN, não conseguir boa ancoragem ao substrato (verificado

no item 4.3 deste trabalho), tenha tornado o revestimento dos mesmos mais frágil.

A dureza média encontrada para o inserto da condição ST, está em conformidade com

o valor considerado típico para o substrato de metal duro (MATOSINHOS; SILVA; ABRÃO,

2002), o que também permite supor a veracidade dos valores medidos para as outras

condições com esta carga. Da mesma forma que para a condição ST, os valores de dureza

Vickers média encontrados para as amostras tratadas pelas duas técnicas também ficaram

dentro de uma faixa de valores admissíveis para TiN (DOBRZANÂSKI; ADAMIAK;

D'ERRICO, 1999; DOBRZANÂSKI; ADAMIAK; ZARYCHTA, 1999; SARAVANAN et

al., 2015), mais uma vez comprovando a conformidade dos resultados para a carga de 50g.

A partir da análise dos valores médios de microdureza Vickers medidas para os

insertos de metal duro tratados em Gaiola Catódica convencional, pode-se observar que, para

o tempo de tratamento de cinco horas, as amostras tratadas pela técnica de gaiola

convencional, obtiveram valores médios de dureza menores do que os obtidos para as

correspondentes tratadas em Gaiola Catódica Rotatória. Este fato pode estar relacionado com

a melhoria desta técnica, em relação a uniformidade de filme (confirmada no item 4.2.3), o

que resultaria em melhor comportamento em relação às solicitações inerentes à ação do

penetrador Vickers. Já, para a condição de tempo igual a dez horas, esta diferença não se

mostrou evidente.

É importante salientar, também, que os insertos tratados dispostos horizontalmente no

porta amostras (H5,0 e H10) obtiveram médias de valores de dureza levemente maiores do

que a ferramenta tratada em posição vertical dentro do porta amostras. Esta diferença é

explicada pelo fato de que as amostras tratadas horizontalmente, em Gaiola Catódica

convencional, tiveram sua superfície de saída mais exposta às espécies de plasma em relação

à amostra posicionada verticalmente em relação à gaiola. Assim, estas puderam tem maior

crescimento e, consequente, coalescência dos filmes nucleados.

Além da medição dos valores de dureza Vickers para cada uma das amostras

estudadas nesta pesquisa, foram realizadas, também, análises das impressões realizadas em

cada uma destas condições, para se avaliar a qualidade da adesão do filme ao substrato.

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95 Cap. 4 – Resultados e Discussões

A seguir, são apresentadas as impressões observadas nas amostras tratadas para as

quatro condições em Gaiola Catódica Rotatória, obtidas a partir de microscopia óptica

utilizando-se a técnica de campo escuro. (Figura 4.6).

Figura 4.6 – Impressões Vickers para as amostras tratadas em RCCPN.

Pode-se observar que as impressões deixadas nas quatro amostras possuem dimensões

semelhantes. Este resultado está em conformidade com os valores próximos de microdureza

Vickers obtidos para as mesmas. Verifica-se também, que as impressões não apresentam

deformidades aparentes, mantendo o formato do indentador piramidal próprio da microdureza

Vickers. Já, na amostra T10 (Figura 4.6d), pode-se notar que a impressão apresenta alguma

delaminação na sua região periférica. Provavelmente, a espessura atingida pelo filme para

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96 Cap. 4 – Resultados e Discussões

essa duração de tratamento, foi maior do que a necessária para um bom desempenho do

mesmo frente a este tipo de solicitação. Assim, o filme ficou muito fragilizado. Esta análise

vem a reforçar a ideia de que, para as condições testadas nos ensaios de deposição por

Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória, exista uma evolução até um tempo de

tratamento ótimo e, após este ponto, o filme depositado venha a não suportar mais certas

solicitações.

Da mesma forma, são apresentadas as impressões observadas nas amostras tratadas

para as três condições em Gaiola Catódica convencional (Figura 4.7), obtidas a partir de

microscopia óptica utilizando-se a técnica de campo escuro.

Figura 4.7 – Impressões Vickers para as amostras tratadas em CCPN.

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97 Cap. 4 – Resultados e Discussões

A análise dessas impressões pode ser realizada pela comparação entre as impressões

deixadas pelo penetrador Vickers, em relação às obtidas para as amostras tratadas em Gaiola

Catódica Rotatória e, com base na escala apresentada.

Percebe-se que, se comparadas as impressões deixadas em insertos tratados pelo

mesmo tempo, nas duas técnicas de Gaiola Catódica diferentes, as amostras H5,0 e H10

(Figuras 4.7a e 4.7b, respectivamente), apresentaram impressões com dimensões um pouco

maiores do que as encontradas para as condições T5,0 e T10 (Figuras 4.6b e 4.6d,

respectivamente). Este fato pode ser justificado pela característica do processo RCCPN, que

permite obter filmes de espessura mais uniforme ao longo das superfícies tratadas. Assim,

confere-se ao filme resistência maior às solicitações inerentes ao ensaio de dureza do que os

encontrados para as amostras tratadas pelo mesmo tempo aplicando-se a técnica

convencional.

Esta justificativa ainda será comprovada durante as análises realizadas no item 4.2.3.

As amostras H10 e V10, exibidas nas Figuras 4.7b e 4.7c, também apresentaram delaminação.

O fato de as amostras tratadas pelas duas técnicas de plasma com duração de 10 horas terem

sofrido delaminações, associada aos valores de VB medidos para estes insertos durante os

ensaios de torneamento (item 4.3), reforça a proposta de que este tempo de tratamento

ultrapassa as condições mais favoráveis para deposição do filme.

4.2.2 Difratometria de Raios-X

Para melhor analisar os resultados das amostras tratadas, primeiramente, obteve-se o

difratograma para a ferramenta sem tratamento (ST), realizado a partir da sua superfície de

saída. A Figura 4.8 apresenta este resultado, obtidos para um ângulo de incidência rasante de

3°, que servirá de base para a análise dos difratogramas obtidos para as outras amostras.

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98 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.8 – Difratograma normalizado obtido para a amostra sem tratamento.

Neste difratograma, os picos observados são característicos do WC (LIU, 2005;

SARANGI; CHATTOPADHYAY; CHATTOPADHYAY, 2008; DREILING et al., 2012;

PAZHANIVEL; KUMAR; SOZHAN, 2015;), material componente do substrato da

ferramenta, apresentados da mesma forma que no espectro da amostra sem tratamento (ST).

Foram obtidos os difratogramas de raios X para as quatro amostras tratadas em Gaiola

Catódica Rotatória de maneira a caracterizar o filme depositado, analisando as fases de sua

estrutura. A Figura 4.9 apresenta estes difratogramas, obtidos das superfícies de saída desses

insertos, para um ângulo de incidência rasante de 3°.

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99 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.9 – Difratogramas normalizados obtidos para as condições a) T,25; b) T5,0; c)

T7,5 e d) T10, tratadas em RCCPN.

Nestes difratogramas, além dos picos característicos do WC, provenientes do substrato

de metal duro dos insertos tratados, verifica-se o surgimento de picos menores, destacados

com setas vermelhas, originários do tratamento a plasma, uma vez que não eram percebidos

na amostra ST. Estes picos caracterizam a presença de TiN, com plano de orientação (200),

conforme Liu (2005), Yazdani et al. (2011), Derling et al. (2012), Daodon et al. (2015),

Saravanan (2015) e Dabir et al. (2016).

Um aspecto interessante dos difratogramas obtidos para as amostras tratadas em

Gaiola Catódica Rotatória é ausência de picos que sugerissem a presença de elementos como

cromo, níquel e ferro nos filmes. Por este ensaio, então, seria descartada a possibilidade de

contaminação a partir das partes de aço inoxidável que compõe a gaiola. Análises EDS,

apresentadas no ítem 4.2.3, confirmarão a presença de alguns desses elementos contaminantes

no filme depositado.

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100 Cap. 4 – Resultados e Discussões

É interessante observar que a intensidade dos picos de TiN, para as amostras

revestidas, aumenta de maneira proporcional ao tempo de tratamento. Porém este incremento

só vai até certo ponto, iniciando na amostra T2,5 (Figura 4.9a), passando pela amostra T5,0

(Figura 4.9b) e, atingindo seu ponto de máxima para a amostra T7,5 (Figura 4.9c). A amostra

T10 (Figura 4.9d) já apresenta uma intensidade mais baixa para este pico de TiN. Esta

evidência vem a reforçar a possibilidade de que exista um tempo ótimo de tratamento (entre

T5,0 e T7,5), associado com os parâmetros utilizados, para que se tenha a maior efetividade

para a deposição desse filme. Assim, provavelmente, se outros insertos sem revestimento

fossem tratados por mais tempo além de dez horas, mantendo-se os mesmos parâmetros dos

ensaios conduzidos, não se obteria a mesma intensidade de picos de TiN das amostras já

analisadas.

Também foram obtidos difratogramas, sob as mesmas condições de varredura, para as

amostras tratadas em Gaiola Catódica convencional. A Figura 4.10 apresenta estes

difratogramas, obtidos das superfícies de saída desses insertos, para um ângulo de incidência

rasante de 3°.

Figura 4.10 – Difratogramas normalizados obtidos para as amostras a) H5,0 e b) H10,

tratadas em Gaiola Catódica convencional.

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101 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Estes difratogramas, encontrados para as amostras H5,0 (Figura 4.10a) e H10 (Figura

4.10b), respectivamente, se apresentaram de forma semelhante aos obtidos para os insertos

tratados em Gaiola Catódica Rotatória. Porém, observa-se que, para este caso, a intensidade

dos picos que caracterizam a presença de TiN foi bem menor, em comparação aos

difratogramas anteriormente analisados. Este fato provoca certa curiosidade, pois, as

amostras, tratadas em Gaiola Catódica convencional, permanecendo estáticas, tem suas

superfícies expostas por mais tempo às espécies presentes na atmosfera do plasma, permitindo

assim, que os filmes nucleados evoluam mais, promovendo melhor coalescência do filme. Em

contrapartida, as amostras tratadas em Gaiola Catódica Rotatória, pelo movimento descrito

pela mesma, permanecem girando aleatoriamente (expondo todas as suas faces ao

tratamento), o que dificultaria o crescimento dos filmes nucleados e prejudicaria sua

coalescência. Assim, seria lógico supor que os picos apresentados pelas amostras H5,0 e H10

seriam mais intensos que os outros (T2,5; T5,0; T7,5 e T10).

Um motivo para este fenômeno pode ser o descrito pelo estudo realizado por Gallo e

Dong (2010), em que amostras tratadas em Gaiola Catódica convencional apresentram

diferença entre seus valores de dureza muito clara entre a área do corpo de prova sob o furo, e

a área coberta pela tampa da gaiola. Estes Resultados apresentam certa conformidade com

alguns valores de microdureza Vickers apresentados no item 4.2.1 deste trabalho.

Provavelmente, se a área da amostra que entrou em contato com a incidência dos raios X

estava posicionada logo abaixo de um furo da gaiola, esta obteve tratamento menos eficaz do

que uma área posicionada abaixo da parede da mesma. Esta diferença de efetividade do

tratamento, provada por Gallo e Dong (2010), através da diferença entre valores de dureza,

provavelmente poderia ser justificada através da diferença de intensidade dos picos de TiN

também. Outro fator que poderia influenciar neste fenômeno seria a diferença de

uniformidade do filme atingida pelos tratamentos com os dois diferentes processos de Gaiola

Catódica. No item 4.2.3, será possível observar que, os filmes depositados por Gaiola

Catódica Rotatória, apresentam maior uniformidade do filme em relação ao processo

convencional. Esta falta de uniformidade poderia prejudicar a reflexão dos raio X emitidos, o

que infuenciaira na intensidade do pico apresentado no difratograma.

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102 Cap. 4 – Resultados e Discussões

4.2.3 MEV e EDS

A Figura 4.11 apresenta as seções transversais amostras tratadas em Gaiola Catódica

Rotatória.

Figura 4.11 – Seção transversal das amostras tratadas em RCCPN.

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103 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Pode-se observar que houve uma evolução na espessura do filme de TiN depositado,

proporcional ao tempo de tratamento. Comparando os filmes encontrados com base na escala

associada às imagens de MEV, pode-se encontrar valores de, aproximadamente, 1,5 m; 3,5

m; 7,5 m e 13 m para as condições T2,5; T5,0; T7,5 e T10, respectivamente. Esta

tendência apresenta conformidade, tanto com os picos apresentados nos espectros obtidos

para os ensaios de DRX com incidência rasante, quanto para os valores de microdureza

Vickers medidos durante os testes de indentação mecânica para carga de 50 gf.

Resultado semelhante foi verificado por Tuffy, Byrne e Dowling (2004), em estudo

conduzido para determinar a espessura ótima de revestimentos de TiN em insertos de metal

duro para a usinagem de aço carbono. A conformidade entre os ensaios de caracterização

dessas amostras, permite comprovar que foi possível realizar a deposição de filmes nos

insertos de metal duro utilizando a técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica

Rotatória.

A Figura 4.12, apresenta a evolução do crescimento dos filmes de TiN nas superfícies

de saída dos insertos de metal duro tratados em Gaiola Catódica Rotatória, relacionando o

estágio da formação destes para cada condição de tratamento.

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104 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.12 – Evolução dos filmes de TiN na superfície de saída das amostras tratadas

em RCCPN.

Pode-se verificar que, por mais que se tenha conseguido encontrar filme de TiN

(confirmado, a seguir, por análise EDS) formado na amostra T2,5 (Figura 4.12a), este estava

nas etapas iniciais de sua formação. Na maior parte da superfície da amostra foram

encontrados somente nucleações desses filmes que, com a continuidade do tratamento, iriam

aumentar de tamanho. Já, na amostra tratada por cinco horas (T5,0), apresentada na Figura

4.12b, estes núcleos formados já apresentam um crescimento. Pode-se perceber, também, que

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105 Cap. 4 – Resultados e Discussões

alguns deles iniciam um processo de coalescência. Na superfície da amostra T7,5 (Figura

4.12c), já se verifica uma coalescência bem mais efetiva entre os núcleos formados, estes

agora em um estágio de crescimento bem maior do que o observado nas amostras tratadas por

menos tempo. A Figura 4.12d apresenta a superfície da amostra tratada por dez horas (T10)

com núcleações totalmente coalescidas e ainda novos núcleos, em estágios iniciais de

desenvolvimento, formados ao seu redor.

A presença do TiN, bem como a evolução da formação do filme para os insertos

tratados em Gaiola Catódica Rotatória são confirmadas a partir de ensaios de Espectroscopia

de Energia Dispersiva (EDS), realizados na superfície de saída dos insertos, nos pontos

indicados na Figura 4.12. Os espectros obtidos para cada condição de tratamento, bem como a

proporção dos elementos encontrados, são apresentados nas Figuras 4.13 a 4.16.

Figura 4.13 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra T2,5.

Figura 4.14 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra T5,0.

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106 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.15 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra T7,5.

Figura 4.16 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra T10.

Pode-se observar, a partir dos espectros EDS, bem como da proporção dos elementos

encontrados, a presença do elemento Ti na região analisada. Estes resultados estão de acordo

com os obtidos para os ensaios de DRX com incidência rasante, onde foi possível detectar

picos de TiN para as amostras analisadas. Assim, mais uma vez, é possivel comprovar a

conformidade com as informações obtidas a partir das outras caracterizações realizadas.

Também pode-se perceber a presença de outros elementos como cromo, ferro, manganês e

niquel. Como a análise EDS é mais pontual do que a DRX, tais elementos puderam ser

detectados. Estes são originários, provavelmente, de contaminação a partir elementos da

gaiola fabricados em aço inoxidável 304.

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107 Cap. 4 – Resultados e Discussões

A Figura 4.17, apresenta momentos diferentes do processo de nucleação, crescimento

e coalescência do filme em relação ao tempo de tratamento, analisados a partir da seção

transversal das amostras.

Figura 4.17 – Evolução de filmes nucleados em amostras tratadas em RCCPN.

Pode-se observar que a condição T2,5 tratada em Gaiola Catódica Rotatória (Figura

4.17a), por mais que tenha havido depósito de TiN, foi insuficiente para a efetiva formação

desse filme ao longo de toda a superfície da amostra. Em algumas partes da superície das

amostras tratadas, pode-se perceber a existência de focos de filme nucleado porém sem

coalescência. Isto ocorre pois o movimento de rotação da gaiola, influencia na evolução do

filme. O fato desta funcionar descrevendo movimento de rotação ao redor do eixo do reator

permite que as amostras em tratamento também experimentem movimentos de revolução.

Estes movimentos expõem todas as superfícies das amostras às espécies formadoras do

composto de TiN.

Contudo, como estas superfícies apresentam exposição instantânea ao composto

gerado pelo plasma, exige-se tempo maior para a nucleação, crescimento e, consequente,

coalescência do filme, em relação à Gaiola Catódica convencional. Com um tempo de

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108 Cap. 4 – Resultados e Discussões

tratamento maior, pode-se verificar que os núcleos já se apresentam bem maiores e há maior

coalescência entre os mesmos ao longo de toda a superfície das amostras. Este fenômeno pode

ser verificado na Figura 4.17b, com duração do tratamento de sete horas e meia (T7,5).

Esta análise leva a crer que torna-se necessário um tempo maior de tratamento, em

Gaiola Catódica Rotatória, para que as amostras apresentem o mesmo resultados de deposição

de filme do que uma amostra tratada utilizando-se a técnica de Gaiola Catódica convencional

em relação a espessura da camada depositada.

Porém, mesmo que o tempo de tratamento tenda a ser um pouco mais longo para se

atingir a mesma espessura de camada, o tratamento em Gaiola Catódica Rotatória foi efetivo,

também, em tratar todas as superfícies da amostra. Uma prova disso é apresentada na Figura

4.18.

Figura 4.18 – Seção da amostra T10 com filme de TiN depositado em sua borda.

Observa-se, em uma amostra tratada em Gaiola Catódica Rotatória durante dez horas

(T10), que houve formação de filme de TiN, inclusive na borda do inserto de metal duro. A

técnica de deposição de filmes por nitretação em Gaiola Catódica convencional, porém, não

oferece tanto suporte a esta aplicação.

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109 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Devido às suas características construtivas, apenas a superfície da amostra que está

totalmente exposta, recebe efetivamente o filme provindo das espécies presentes na atmosfera

do plasma. As faces lateriais dessa amostra já não apresentam a mesma efetividade no filme

depositado, estes tendo espessura menor do que a encontrada na superfice de maior exposição.

A superfície em contato com o porta amostras, então, não recebe tratamento algum,

apresentando ausência de filme, devendo esta amostra ser posicionada novamente para expor

tais superfícies à gaiola, iniciando um novo tratamento.

Assim, pode-se comprovar, também, que o tratamento em Gaiola Catódica Rotatória

permite deposição do filme em todas as faces da amostra, mesmo com geometria complexa,

conforme previsto por Araújo Filho (2013). Esta diferença, agora confirmada, já podia ser

observada nas primeiras análises visuais realizadas logo após o término dos tratamentos

(Figura 4.4).

A Figura 4.19 apresenta as seções transversais das amostras tratadas sob três diferentes

condições, em Gaiola Catódica convencional.

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110 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.19 – Seção transversal das amostras tratadas em CCPN.

A partir da análise dos filmes depositados para essas condições, pode-se comprovar

que, para uma mesma duração de tratamento, a espessura média de revestimento obtida para

esta técnica é maior em relação aos insertos tratados em Gaiola Catódica Rotatória. Isto

ocorre devido ao fato de estas amostras permanecerem estáticas durante todo o tempo de

tratamento, permitindo que o processo de nucleação, crescimento e coalescência dos filmes

(ilustrado na Figura 2.14 da revisão da literatura) evolua de maneira mais rápida.

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111 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Uma percepção melhor desse fato pode ser obtida através da Figura 4.20, que

apresenta os filmes de TiN nas superfícies de saída dos insertos de metal duro tratados em

Gaiola Catódica convencional.

Figura 4.20 – Filmes de TiN na superfície de saída das amostras tratadas em CCPN.

Pode-se observar que as amostras tratadas em Gaiola Catódica convencional,

posicionadas horizontalmente (H5,0 e H10), apresentaram o filme de TiN de forma muito

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112 Cap. 4 – Resultados e Discussões

mais contínua em sua superfície de saída. Nestas situações (Figuras 4.20a e 4.20b), restaram

apenas poucos vazios com o substrato de metal duro expostos.

Em contrapartida a superfície da ferramenta tratada por dez horas, posicionada

verticalmente no porta amostras (V10), apresentada na Figura 4.20c, apresentou o substrato

bem mais exposto. Isto se deve ao fato de que, devido à disposição dentro da gaiola

convencional, sua superfície de saída não teve tanto contado com as espécies do plasma,

concentradas nos furos da parte superior da gaiola.

De maneira semelhante ao tratamento anterior, a presença de Ti no filme para os

insertos revestidos por Gaiola Catódica convencional são confirmadas a partir de ensaios de

Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS), realizados na superfície de saída dos insertos,

nos pontos indicados na Figura 4.20. Os espectros obtidos para cada condição de tratamento,

bem como a proporção dos elementos encontrados, são apresentados nas Figuras 4.21 a 4.23.

Figura 4.21 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra H5,0.

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113 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.22 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra H10.

Figura 4.23 – Espectro EDS, com proporções dos elementos, obtido para amostra V10.

A partir dos espectros obtidos, também pode-se comprovar a presença de Ti

depositado nessas amostras. No entanto, a proporção desse elemento mostrou-se maior em

relação às observadas para os insertos tratados em Gaiola Catódica Rotatória. Este fato é

explicado, pela característica estática do tratamento convencional, permitindo maior

deposição na superfície analisada. Outro fator que contribui para a porcentagem mais alta

deste elemento é que a gaiola convencional, com aspecto construtivo mais simples, é

fabricada, interiramente, em titânio grau 2. Assim o filme depositado não sofre a influência de

outros elementos, que tomariam parte na sua compsição.

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114 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Porém, por mais que os filmes depositados pela técnica de Gaiola Catódica

convencional evoluam mais rapidamente para um mesmo tempo de tratamento, isto não

garante a uniformidade da camada depositada. Uma comparação entre os filmes obtidos para

as duas técnicas, com um mesmo tempo de tratamento é apresentado na Figura 4.24.

Figura 4.24 – Uniformidade dos filmes depositados por a) CCPN e b) RCCPN.

Pode-se observar que, para o mesmo tempo de tratamento, a amostra tratada em

Gaiola Catódica convencional, na condição de cinco horas, em posição horizontal (H5,0),

apresentada na Figura 4.24a, obteve uma espessura de filme maior. Porém, a amostra tratada

em Gaiola Catódica Rotatória durante o mesmo tempo (T5,0), por mais que tenha apresentado

um valor menor para e espessura do filme depositado, obteve uma camada muito mais

uniforme (Figura 4.24b), confirmando, mais uma vez, as expectativas de Araújo Filho (2013).

Desta forma, outra vantagem da técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória,

sobre a técnica mais convencional e difundida atualmente, pode ser comprovada.

A seguir, serão apresentados os resultados referentes aos ensaios de torneamento.

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115 Cap. 4 – Resultados e Discussões

4.3 Resultados dos ensaios de torneamento

A Figura 4.25 apresenta os valores médios de VB, obtidos pelas medições das três

arestas ensaiadas, após a primeira passada com Lf = 200 mm, tanto para Gaiola Catódica

Rotatória, como para Gaiola Catódica convencional.

Figura 4.25 – Desgaste de flanco médio (VB) após 1ª passada de torneamento das

amostras tratadas em RCCPN e CCPN.

Pode-se verificar que o desempenho das amostras tratadas por Gaiola Catódica

Rotatória no processo de torneamento foi equivalente ao encontrado para a amostra sem

tratamento (ST). Estas ferramentas atingiram o critério de fim de vida já ao final da primeira

passada de desbaste.

Para o caso das amostras tratadas em Gaiola Catódica convencional, pode-se observar

uma melhoria no desempenho das ferramentas, se comparadas às tratadas em Gaiola Catódica

Rotatória, uma vez que as médias de desgastes de flanco médio observadas para as amostras

tratadas foram menores do que para a condição ST. Esta avaliação justifica-se pois, em geral,

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116 Cap. 4 – Resultados e Discussões

as ferramentas tratadas em Gaiola Catódica convencional superaram o desempenho do inserto

ST durante os ensaios. Estas amostras precisaram do dobro de passes de torneamento para

atingirem o critério de fim de vida. Neste caso, a maior exposição da superfície de saída ao

tratamento, devido à sua característica estática, permitiu ao filme, maior coalescência do que

no caso da gaiola rotatória, melhorando seu desempenho em relação ao desgaste da

ferramenta.

Estes resultados já eram, de carta forma esperados, dada a diferença de aplicação de

filmes nos insertos tratados nesta pesquisa, em relação à composição do revestimento de

ferramentas normalmente encontradas no mercado, compostas de três filmes diferentes de

TiCN + Al2O3 + TiN, respectivamente, da camada mais interna (contato com o substrato) até

a mais externa. Neste caso, o TiCN é utilizado como a primeira camada, em contato direto

com o substrato de metal duro, pois este garante uma coesão muito boa com o mesmo. O

Al2O3 é um revestimento intermediário muito empregado pela sua inércia química, dureza (e,

portanto, resistência ao desgaste), e sua baixa condutividade térmica a altas temperaturas. O

TiN se apresenta como a camada mais externa, pois proporciona baixos coeficientes de atrito

nas interfaces ferramenta-cavaco e ferramenta-peça. De acordo com Fahad, Mativenga e

Sheikh (2011), o arranjo adequado das camadas de revestimento para ferramentas de corte,

afeta significativamente a distribuição de calor no inserto e é crucial para o controle do

desgaste.

No caso das amostras tratadas neste trabalho, tanto em Gaiola Catódica Rotatória,

quanto em Gaiola Catódica convencional, o filme de TiN está em contato direto com o

substrato de metal duro. Como o material deste revestimento não proporciona uma

adesividade tão eficiente ao substrato como a do TiCN, é bem provável que uma parte deste

tenha se desprendido do substrato da ferramenta, logo no início do processo de usinagem.

Este comportamento intensifica-se a medida que a espessura da camada de TiN aumenta

(tempo de tratamento) pois esta se torna mais frágil, destacando-se e aumentando o VB.

Este aumento pode ser verificado na Figura 4.26, que aprenta a medição do VB em

uma das arestas ensaiadas para cada condição de tratamento em Gaiola Catódica Rotatória.

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117 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.26 – VB em insertos de metal duro tratados em RCCPN após Lf = 200 mm.

Esta análise apresenta conformidade com os resultados encontrados por Jindal et al.

(1999) e Bouzakis et al. (2009). Desta forma, com o substrato exposto, as amostras tratadas

apresentaram desempenho semelhante ao da ferramenta sem tratamento (ST).

Ainda assim, como, aparentemente, as amostras tratadas em CCPN tiveram uma

exposição maior ao tratamento (uma vez que estas ficam paradas dentro da gaiola), foi

possível maior coalescência dos focos de filme nucleados na superfície em contato com este

composto. Por esse motivo, as amostras tratadas em Gaiola Catódica convencional, tiveram,

de maneira geral, desempenho um pouco melhor do que as tratadas em Gaiola Catódica

Rotatória. A Figura 4.27 aprenta a medição do VB em uma das arestas ensaiadas para cada

condição de tratamento em Gaiola Catódica convencional.

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118 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.27 – VB em insertos de metal duro tratados em CCPN após Lf = 200 mm.

Outra análise referente aos ensaios de torneamento pode ser realizada com base na

rugosidade média da superfície das barras de FoFo nodular, após serem usinadas com cada

inserto tratado sob as condições em estudo. A Figura 4.28 apresenta a média dos valores de

rugosidade Ra medidos nas barras usinadas para cada condição desse trabalho.

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119 Cap. 4 – Resultados e Discussões

Figura 4.28 – Rugosidade média após última passada no torneamento das amostras

tratadas em RCCPN e CCPN.

Pode-se perceber, através da análise dos valores de rugosidade Ra, medidos nas barras

usinadas com as ferramentas tratadas sob as duas técnicas, que a qualidade superficial se

manteve, em geral, bastante equivalente, independente da condição de tratamento e aresta de

corte ensaiada. Uma pequena melhoria pode ser observada na rugosidade encontrada para as

condições T7,5 e T10. Estes resultados estão em conformidade com o valor médio obtido por

Soares e Rubio (2015) em estudo sobre a influência da variação de parâmetros de usinagem

no torneamento do ferro fundido nodular GGG40. Resultados semelhantes foram encontrados

por Souto et al. (2002), utilizando parâmetros de corte equivalentes na usinagem do ferro

fundido cinzento.

Tanto na usinagem com a amostra sem tratamento (ST) como nas tratadas em Gaiola

Catódica Rotatória (T2,5; T5,0; T7,5 e T10), o valor de desgaste que estabelece o fim de vida

foi atingido já no primeiro passe de usinagem. Análise semelhante pode ser realizada para os

valores de rugosidade Ra encontrados para as barras de FoFo nodular usinadas com as

ferramentas tratadas em Gaiola Catódica convencional. As arestas das amostras tratadas sob

estas três condições (H5,0; H10 e V10), apresentadas em valores médios de VB atingiram o

critério de fim de vida, na maioria das vezes, após o segundo passo de usinagem. Porém,

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120 Cap. 4 – Resultados e Discussões

independentemente disso, os resultados de rugosidade encontrados nas respectivas barras

ficaram dentro da mesma faixa de valores medidos na situação anterior. Os valores obtidos

para o parâmetro Ra estão em conformidade com os encontrados por Silva e Abrão (2005),

onde se avaliou a rugosidade superficial de barras de FoFo nodular, usinadas com insertos de

metal duro revestido. Esses valores foram obtidos para uma mesma faixa de parâmetros de

usinagem, como velocidade de corte, avanço e profundidade de corte.

A seguir, são apresentadas as conclusões obtidas a partir do desenvolvimento deste

trabalho.

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Capítulo 5

Conclusões

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122 Cap. 5 – Conclusões

5 CONCLUSÕES

Neste tópico são apresentadas as conclusões obtidas a partir da análise e discussão dos

resultados encontrados nesta pesquisa.

A técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória se mostrou efetiva

para a deposição de revestimentos de TiN em insertos de metal duro;

Filmes de TiN, não apresentam boa adesão ao substrato de metal duro, necessitando

de camadas intermediárias de outros materiais para sua melhora ancoragem;

As amostras tratadas apresentaram uniformidade na espessura do filme depositado;

O movimento de giro aleatório executado pelas amostras pelo efeito da Gaiola

Catódica Rotatória, torna necessário maior tempo de tratamento para o crescimento

e coalescência dos filmes nucleados;

Existe, na Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória, uma duração ótima

de tratamento, em associação aos parâmetros de plasma aplicados, onde o filme

depositado apresenta maiores valores para as propriedades analisadas;

A espessura da camada do filme depositado é proporcional ao tempo de tratamento,

porém, sua maior dureza depende da condição de duração ótima deste tratamento.

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Capítulo 6

Sugestões para

trabalhos futuros

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124 Cap. 6 – Sugestões para trabalhos futuros

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Neste capítulo, são apresentadas sugestões de pesquisas a serem conduzidas

futuramente, e que podem trazer contribuições importantes para este trabalho:

Realizar ensaios de Espectroscopia de Fluorescência de Raios X por Energia

Dispersiva bem como medição de tensão residual nas amostras tratadas;

Utilizar a técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória para

deposição de revestimentos multicamada em insertos de metal duro, aplicando-se

camadas intermediárias entre o substrato e o filme de TiN, para promover melhor

adesão do mesmo;

Utilizar a técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória para

deposição de revestimentos em insertos de metal duro, associados a fontes e

bombas de vácuo mais potentes, para verificar a possibilidade de redução de tempo

de tratamento;

Utilizar a técnica de Nitretação a Plasma em Gaiola Catódica Rotatória com a

gaiola sendo fabricada a partir de liga contendo os elementos desejados no filme,

em vez de se trabalhar com associação de diferentes materiais na montagem da

mesma.

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Capítulo 7

Referências

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126 Cap. 7 – Referências

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