avaliaÇÃo nas taxas de prenhez de novilhas …
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Renato Padilha de Mello
AVALIAÇÃO NAS TAXAS DE PRENHEZ DE NOVILHAS NELORES E MESTIÇAS
DE DIFERENTES IDADES, SUBMETIDAS À IATF, MEDIANTE VISUALIZAÇÃO
DE CIO E APLICAÇÃO DE GnRH
Curitibanos
2019
Trabalho Conclusão Curso
Centro de Ciências Rurais
Medicina Veterinária
Renato Padilha de Mello
AVALIAÇÃO NAS TAXAS DE PRENHEZ DE NOVILHAS NELORES E MESTIÇAS
DE DIFERENTES IDADES, SUBMETIDAS À IATF, MEDIANTE VISUALIZAÇÃO
DE CIO E APLICAÇÃO DE GnRH
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação
em Medicina Veterinária do Centro de Ciências
Rurais, Campus Curitibanos da Universidade
Federal de Santa Catarina, como requisito para
a obtenção do Título de Bacharel em Medicina
Veterinária.
Orientador: Prof. Dr. Giuliano Moraes Figueiró
Curitibanos
2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus pela oportunidade da vida.
Agradeço à toda minha família, pelo apoio obtido durante toda minha vida,
especialmente nessa etapa acadêmica.
Aos meus amigos que estiveram ao meu lado em todos os momentos.
Aos meus pais, com os quais sempre pude contar em todas as circunstâncias.
Agradeço às minhas amigas Paola Moretto Lara, Carla Daniela Caliari, Alicia Oliveira
Adriano e a Isabele Lechinhoski.
Aos meus amigos Celso Maciel, Luiz Hugen, Julio Granemann, Mauricio Vazata,
Paulo Henrique e os primos Felipe Mello, Fernando Mello.
Agradeço aos meus professores que contribuíram para o conhecimento adquirido
durante a minha vida acadêmica.
Agradeço à todas as pessoas que conheci durante essa jornada da minha vida.
“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver
com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o
mundo pertence a quem se atreve E A VIDA É MUITO BELA
para ser insignificante” (Charles Chaplin)
RESUMO
O Brasil é o maior produtor mundial de carne bovina, portanto, é necessária constante inovação
em biotécnicas reprodutivas para aumentar a eficiência do rebanho, almejando o aumento das
taxas de natalidade e desmame, a diminuição na idade do primeiro parto até ao abate visando o
aumento da qualidade em menor espaço de tempo. Sendo assim, as novilhas que apresentarem
o primeiro parto próximo aos dois anos de idade atingem alta produtividade. A inseminação
artificial em tempo fixo (IATF) é uma das biotécnicas de manipulação do ciclo estral de um
grupo de fêmeas, cujos resultados são potencializados pela utilização de alternativas hormonais
e estratégias de manejo inovadoras cada vez mais utilizadas a fim de melhorar a indução da
ovulação e sincronização de ciclos estrais. O uso de hormônio liberador de gonadotrofina
(GnRH) no momento da inseminação artificial é uma das ferramentas para otimizar os
resultados de protocolos em novilhas. O presente trabalho aborda o resultado obtido através do
uso de quatro tipos de protocolos, usados em oitocentas novilhas, divididas em três grupos
conforme a idade, raça e avaliação ovariana.
Palavras-chave: Eficiência reprodutiva - IATF - GnRH
ABSTRACT
Brazil is the world's largest producer of meats, therefore, it is necessary to constantly innovate
in productive biotechnology to increase the efficiency of the herd, aiming at increasing birth
and weaning rates, reducing the age of the first calving until slaughter in order to increase the
in less time. Therefore, heifers that present the first calving close to two years of age reach high
productivity. IATF is one of the biotechniques for manipulating the estrous cycle of a group of
females whose results are enhanced by the use of hormonal alternatives and innovative
management strategies increasingly used to improve ovulation induction and synchronization
of stray cycles. The use of GnRH at the time of artificial insemination is one of the tools to
optimize protocol results in heifers. The present study addresses the results obtained throught
the of four types of protocols, used in eight hundred heifers, divided into three groups according
to age, race and ovarian evaluation.
Keywords: Efficiency reproductive; IATF; GnRH
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Demonstração do protocolo de indução.................................................................. .25
Figura 2 - Demonstração do Protocolo A ................................................................................. 27
Figura 3 - Demonstração do Protocolo B ................................................................................. 26
Figura 4 - Demonstração do Protocolo C ................................................................................. 27
Figura 5 - Demonstração do Protocolo D ................................................................................. 28
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Percentual de prenhez das novilhas Nelore de idade entre 14 e 17 meses .............. 30
Tabela 2 - Percentual de prenhez das novilhas F1 de idade entre 12 e 16 meses..................... 30
Tabela 3 - Percentual de prenhez das novilhas Nelore com idade de 22 a 27 meses ............... 31
Tabela 4 - Relação de prenhez do grupo P conforme achados ovarianos ................................ 32
Tabela 5 - Relação de prenhez do grupo F1 conforme achados ovarianos .............................. 32
Tabela 6 - Relação de prenhez do grupo N conforme achados ovarianos ................................ 33
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BE - Benzoato de Estradiol
CE - Cipionato de Estradiol
CF - Cisto Folicular
CL - Corpo Lúteo
ECC - Escore de Condição Corporal
eCG - Gonadotrofina coriônica equina
FOL - Folículo
DG- Diagnóstico de Gestação
GnRH - Hormônio liberador das Gonadotrofinas
IA – Inseminação Artificial
IATF - Inseminação Artificial em Tempo Fixo
IM – Intra muscular
LH – Hormônio Luteinizante
P4 - Progesterona
PGF2 – Prostaglandina
TP - Taxa de Prenhez
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 12
1.1.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 12
1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 144
2.1 CICLO ESTRAL DE FÊMEAS BOVINAS .............................................................. 144
2.1.1 Principais diferenças reprodutivas de fêmeas Bos Taurus Indicus e Bos
Taurus...............................................................................................................................15
2.1.2 Hormônios relacionados à reprodução................................................................... 16
2.2 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA .................................................................. 18
2.2.1 Classificação do período do ciclo estral conforme avaliação dos ovários ....... 19
2.2.2 Cisto folicular ....................................................................................................... 20
2.3 UTILIZAÇÃO DE HORMÔNIOS NA REGULAÇÃO DA REPRODUÇÃO ........... 21
2.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NO SUCESSO DAS BIOTÉCNICAS DA
REPRODUÇÃO ................................................................................................................... 22
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 29
5 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................36
11
1 INTRODUÇÃO
Segundo o IBGE (2017), o Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo,
com uma marca de 218,23 milhões de cabeças em 2016, porém houve um decréscimo de 1,5%
no rebanho brasileiro chegando a 214, 9 milhões de cabeças em 2017. Mesmo assim, o Brasil
produz 9,71 milhões de toneladas de carne bovina e desse total, 79% é direcionada ao mercado
interno e 21% para exportações. Sobre o total de carne bovina produzida, 89% é originária de
animais criados a pasto e apenas 11% origina-se de confinamento, que é facilitado pela
abundância de grãos em âmbito nacional (PECUÁRIA 2018).
A região Centro-Oeste possui 74,1 milhões de cabeças, somando 34,5% do total
nacional em 2017, o Mato Grosso sendo o maior produtor, que possui 30,3 milhões de cabeças
- 13,8% do total (IBGE, 2017).
No agronegócio, a pecuária é um setor com características particulares, pois dentre as
commodities exportadas, a carne bovina destaca-se como um dos produtos com
representatividade na balança comercial do país. Desde 2004 o Brasil possui a segunda maior
produção de carne bovina do mundo, ficando atrás apenas dos EUA. Já no ano de 2015, o valor
total de exportação da carne bovina brasileira foi de aproximadamente 6 bilhões de dólares,
refletindo um crescimento expressivo das exportações deste produto que saltaram de 159.924
para 1.399.259 toneladas entre os anos de 1997 e 2015 (MICHELINI, 2016).
Devido ao crescimento no mercado mundial de carne e o avanço tecnológico, novas
exigências vão surgindo, tais como: melhor qualidade dos produtos e maior segurança alimentar
através de certificações sanitárias e de rastreabilidade (INFORZATO et al., 2008).
Surge também a necessidade de aumentar a eficiência produtiva, o que depende do
aumento das taxas de natalidade e desmame, diminuição na idade ao primeiro parto e na idade
de abate, visando um produto de qualidade em períodos cada vez mais curtos objetivando a
produção de um bezerro/matriz/ano (GODINHO, 2015). Portanto, o atraso entre uma gestação
e outra e um grande número de novilhas pré-púberes no início da estação de monta é um entrave
para que os produtores possam lucrar com a atividade. Sendo assim, novilhas que apresentam
o primeiro parto próximo aos 24/25 meses de idade, ou seja, primeira cobertura/inseminação
artificial aos 15 meses, atingem a produtividade máxima, pois produzem mais bezerros durante
sua vida produtiva (RODRIGUES, 2012).
Dessa forma, a utilização de alternativas hormonais e estratégias de manejo inovadoras
são cada vez mais utilizadas a fim de melhorar a indução da ovulação e sincronização de ciclos
12
estrais, otimizando os resultados da inseminação artificial em tempo fixo (IATF)
(FERNANDES, 2016).
A IATF é descrita por Machado et al. (2007) como a biotécnica de manipulação do
ciclo estral de um grupo de fêmeas, as quais são induzidas a ovular dentro de um período curto
e predeterminado, permitindo que a IA seja realizada e um horário fixo.
Inforzato et al. (2008) elenca como vantagens da IATF a possibilidade de planejar a
IA e realizá-la num maior número de vacas em menos tempo, permitindo a redução do
desperdício de sêmen e material, a possibilidade de cruzamento entre raças e a utilização da
melhor genética do mercado. Além disso, há possibilidade de indução do ciclo estral em vacas
que estejam em anestro no período pós-parto e em novilhas acíclicas, aumentam a taxa de
concepção do rebanho, além de aglomerar os nascimentos em períodos do ano com fartura de
alimento de boa qualidade (FURTADO et al., 2011), o que facilita seu desenvolvimento
reduzindo assim a idade ao desmame, padronizando o lote das crias, além de diminuir a idade
ao abate e obter carcaças padronizadas (INFORZATO et al., 2008).
O uso de GnRH no momento da IA pode ser uma ferramenta para aprimorar os
resultados de protocolos de IATF em gado de corte (FACHIN, 2018). Entretanto, apesar de tais
vantagens, é preciso ponderar que a implantação da IATF exige da propriedade infraestrutura,
mudanças de manejo, gestão adequada, mão de obra capacitada e custos adicionais, em relação
ao uso de monta natural. Por estes motivos a aplicação desta técnica deve ser feita após
planejamento cuidadoso (ROSA; NOGUEIRA; JÚNIOR, 2017).
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo apresentar estratégias de
manejo reprodutivo, enfatizando a indução à puberdade e o uso da primeira IATF em novilhas
mestiças e zebuínas, comentando sobre os diferentes protocolos utilizados de acordo com a
avaliação da estrutura ovariana.
1.1.2 Objetivos Específicos
● Descrever o ciclo estral das fêmeas bovinas, com ênfase para as novilhas de corte;
13
● Demonstrar as diferenças reprodutivas entre as raças Bos taurus indicus e Bos
taurus taurus;
● Apresentar o manejo reprodutivo adotado na propriedade observada;
● Explicar o uso de GnRH no momento da inseminação artificial como ferramenta
para melhorar os resultados de protocolos de IATF em novilhas;
● Avaliar os resultados de prenhez de novilhas da raça nelore e mestiças de diferentes
idades, quando comparado a outros protocolos.
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CICLO ESTRAL DE FÊMEAS BOVINAS
A puberdade estabelece um ritmo funcional nos órgãos reprodutivos da fêmea, o que
caracteriza o ciclo estral. Este compreende as alterações tanto na fisiologia e morfologia dos
órgãos genitais como no perfil dos hormônios relacionados (ANTONIOLLI, 2004). A melhor
compreensão dos eventos que ocorrem durante o ciclo estral da fêmea bovina é de suma
importância para a manipulação do mesmo (NICIURA, 2015). A vaca é classificada como um
animal poliéstrico não-sazonal, ou seja, manifestam mais de um cio a cada período e seu ciclo
não depende da estação do ano (FURTADO et al., 2011).
O ciclo estral é definido como o intervalo entre dois estros de um mesmo animal, sendo
contínuo e possuindo intervalos regulares, com duração média de 21 dias, variando de 18 a 24
dias (FERREIRA et al., 2010). Então o dia zero do ciclo pode ser determinado pela
manifestação do estro/cio, esse se caracteriza por várias mudanças comportamentais e
fisiológicas, e caso a gestação não ocorra o ciclo tem continuidade e o estro se manifesta
novamente em 21 dias (MACHADO et al., 2007).
Para facilitar o entendimento do ciclo estral da fêmea bovina pode-se separá-lo em 4
fases: proestro, estro, metaestro e diestro (FERREIRA et al., 2010). O proestro, é denominado
o período que antecede o estro. Compreendido entre a lise do corpo lúteo (CL) do ciclo estral
anterior e início do cio, é caracterizado pela maturação folicular e, ocorre a transição endócrina
da dominância progesterônica para dominância estrogênica. (FERREIRA et al., 2010). Niciura
(2015) destaca algumas mudanças percebidas nessa fase como o aumento do útero, mucosa
vaginal hiperêmica, assim como a vulva que também se torna edemaciada e úmida, inquietação,
cauda erguida, micção constante, eliminação de muco cristalino e transparente pela vulva e
diminuição de apetite. FURTADO et al. (2011) relata também a vocalização constante, estresse,
agrupamento a outros animais, sendo o sinal mais marcante é a fêmea montar em outras e não
aceitar monta. Pode ter duração média de 2 a 3 dias, terminando com a aceitação do macho, o
que caracteriza a iniciação da próxima fase.
Estro é marcado pela manifestação do cio, ou seja, a fêmea apresenta sinais de
receptividade sexual e tem seu fim com a ovulação (NICIURA, 2015). Pelos elevados níveis de
estrógeno circulantes, pode-se perceber o útero túrgido, a cérvix relaxada, vagina e vulva
edemaciadas e hiperêmicas (ANTONIOLLI, 2004). Gimenes e Sales (2007) afirmam que as
fêmeas bovinas apresentam manifestações comportamentais de estro, como imobilidade
15
durante a monta, comportamento homossexual, descarga de muco vaginal, vocalização
frequente, inquietação, aumento na frequência de micção entre outras. Essas são influenciadas
pela idade, condições ambientais e fatores sociais como a hierarquia. É uma fase de curta
duração podendo variar de 6 a 21 horas, sendo em média de 13,4 ± 0,9 horas (FERREIRA et
al., 2010).
FERREIRA (2010) caracteriza o metaestro das fêmeas bovinas como o período entre
o final do cio até o 5º dia do ciclo estral. É nesse dia que ocorre a ovulação, de 24 a 48 horas
após o início do cio. Fase de percepção mais difícil, com duração de aproximadamente 2 a 4
dias e a corresponde à formação do CL (FURTADO et al., 2011). Com a produção inicial de
progesterona pelo CL, os órgãos genitais tendem a ficar com menor tônus e menos
vascularizados.
No diestro, o corpo lúteo está completamente ativo, por isso há predominância
hormonal da progesterona (NICIURA, 2015). Devido à presença desse hormônio, a cérvix se
encontra fechada, tônus uterino flácido, diminuição da vascularização (ANTONIOLLI, 2004).
Sendo a fase de maior duração, vai do 5º ao 17° dia do ciclo estral, terminando com a lise do
CL retornando assim ao proestro (FERREIRA et al., 2010).
2.1.1 Principais diferenças reprodutivas de fêmeas Bos Taurus Indicus e Bos Taurus
Taurus.
A idade de manifestação do primeiro cio (idade à puberdade) é influenciada por fatores
ambientais, principalmente o nível de alimentação e por fatores genéticos (RESTLE; POLLI;
SENNA, 1998), por isso, a importância de desenvolvimento de programas de melhoramento
genético.
A idade à puberdade também é influenciada pela raça dos animais visto que em
animais taurinos a manifestação da puberdade ocorre geralmente entre 10 a 15 meses, mas para
expressarem o potencial produtivo, precisam de alimentação de boa qualidade e controle
eficiente de endo e ectoparasitas (MATHEUS FARIZATTO, 2018). Nos zebuínos, a idade à
puberdade acontece em idade mais avançada, variando de 22 a 36 meses. Em novilhas cruzadas
a idade para a puberdade acontece tardiamente quando comparada às novilhas taurinas, porém
mais cedo se comparadas às novilhas zebuínas, ocorrendo por volta dos 15 meses
(RODRIGUES, 2012). A duração da gestação em zebuínas é de média 292 dias sendo ela mais
longa que a de taurinas que tem em média 282 dias (BARUSELLI; GIMENES; SALES, 2007).
16
Fêmeas zebuínas em sua maioria apresentam duração mais curta de estro em relação
às taurinas, aproximadamente 10 horas, dificultando assim sua observação. Ademais, metade
desses animais, apresentam a manifestação do estro no período noturno entre as 18 h e 6 h, dos
quais 30% inicia e termina o estro durante a noite (KAISER et al., 2015). Em zebuínos é
descrito um maior número de animais com incidência de 3 ondas foliculares, enquanto que em
taurinos há predominância de 2 ondas foliculares (KAISER et al., 2015). As fêmeas zebuínas
recrutam maior número de folículos por onda de crescimento folicular em relação às fêmeas
taurinas (BARUSELLI; GIMENES; SALES, 2007). Ademais, animais taurinos apresentam
maior diâmetro folicular em relação aos animais zebuínos. O peso ideal em novilhas ao primeiro
acasalamento é de 60% do peso adulto das vacas nas raças europeias e 65% nas zebuínas, ambas
associadas ao escore de condição corporal entre 3 e 4 (ECC de 1 a 5) (KAISER et al., 2015).
Uma outra diferença fisiológica entre taurinas e zebuínas está relacionada ao diâmetro
médio alcançado pelo folículo dominante em ondas de crescimento folicular. Em taurinas são
descritos diâmetros de 15,3 mm de média e para Bos indicus 10,9 mm. Sendo assim, pode-se
verificar que o diâmetro do folículo dominante e do folículo ovulatório em zebuínos é menor
do que em taurinos (BARUSELLI; GIMENES; SALES, 2007).
Ademais, o diâmetro do corpo lúteo parece ser menor em Bos indicus que em Bos
taurus. Os corpos lúteos de zebuínos podem variar de 17 a 21 mm de diâmetro, em taurinos,
por sua vez, o corpo lúteo apresenta diâmetros entre 20 e 30 mm de diâmetro. Há distinção
relatadas também no que diz respeito à concentração de progesterona produzida pelo CL, onde
apresenta-se inferior em zebuínos em relação aos taurinos e ainda fêmeas zebuínas puras e
cruzadas apresentam menor concentração de progesterona por grama de tecido luteínico do que
fêmeas taurinas (BARUSELLI; GIMENES; SALES, 2007).
2.1.2 Hormônios relacionados à reprodução
A compreensão da fisiologia da reprodução é imprescindível para o entendimento da
ovulação e comportamento sexual das fêmeas (NICIURA, 2015). Os eventos ocorridos no ciclo
estral são basicamente regulados por interações hormonais, pelo que se chama de eixo
hipotálamo-hipófise-ovários. Os principais envolvidos são, o GnRH, hormônio liberador das
gonadotrofinas; o FSH, hormônio folículo estimulante; o LH, hormônio luteinizante; o estradiol
e a progesterona (VALLE, 1991).
O GnRH é produzido e secretado por dois centros distintos do hipotálamo. Sendo um,
responsável pela secreção contínua e o outro pela liberação de grandes quantidades desse em
17
uma única vez. Atingindo a hipófise anterior, no qual existe o FSH e o LH, que pela circulação
sanguínea chegam aos ovários, mais precisamente nos folículos (FOL) (FURTADO et al.,
2011). Onde segundo Niciura (2015), o FSH promove o recrutamento folicular e estimula seu
crescimento inicial. Enquanto o LH está ligado ao crescimento final do folículo dominante,
ovulação e posterior formação do corpo lúteo. Valle (1991) destaca ainda que em sinergismo,
ambos estimulam a maturação folicular.
O estradiol é sintetizado pelos folículos dos ovários e, à medida em que se
desenvolvem ocorre o aumento dessa produção. A elevação nas taxas de estrógeno circulante
causa um feedback positivo no eixo hipotálamo-hipofisário, o que estimula a manifestação do
cio e a liberação massiva do LH responsável pela ovulação (VALLE, 1991). Essa liberação,
denominada de onda pré-ovulatória, é responsável pela ovulação e tem duração de 6 a 12 horas.
Junto ao estrógeno o folículo produz inibina, responsável pelo feedback negativo na hipófise
resultando na inibição da secreção de FSH (FURTADO et al., 2011).
Após a ovulação o LH promove a formação do CL. Que corresponde a uma estrutura
endócrina transiente, formado pela ruptura do folículo ovulatório e, tem como função primária
a produção de P4. Essa, é responsável pela preparação do endométrio para implantação e
manutenção da gestação (FERNANDES; FIGUEIREDO, 2007). A produção de progesterona
é mantida até o reconhecimento materno da gestação, se positiva, o CL continua a sintetizá-la,
função desempenhada posteriormente pela placenta (NICIURA, 2015).
Em casos da não ocorrência de prenhez, o CL sofre regressão pela ação luteolítica da
prostaglandina. Por isso, pode-se considerar esse hormônio o responsável pelo tempo de vida
do CL, afinal é o responsável tanto pela regressão funcional quanto morfológica
(respectivamente) do mesmo (FERNANDES; FIGUEIREDO, 2007). A prostaglandina é
sintetizada principalmente pelas células do endométrio e a lise do CL gera a redução da
concentração de progesterona, viabilizando a liberação de GnRH e por consequência a de FSH
e LH, permitindo assim o início de um novo ciclo estral (FURTADO et al., 2011).
Quanto à fisiologia hormonal, o ciclo estral pode ser caracterizado por duas fases. A
folicular corresponde ao período de elevada secreção de estradiol (NICIURA, 2015). Essa vai
da regressão do CL à ovulação, tendo o folículo dominante com a estrutura característica
predominante e compreende 20% da duração do ciclo (FERREIRA et al., 2010). E a fase
luteínica, é aquela em que o CL é a estrutura dominante, por isso há elevada secreção de
progesterona (NICIURA, 2015). Essa, corresponde a 80% da duração do ciclo estral e vai da
ovulação até a regressão do CL (FERREIRA et al., 2010). Os períodos de proestro e estro
compõem a fase folicular, enquanto o diestro ocorre na fase luteínica (NICIURA, 2015).
18
2.2 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA
A questão reprodutiva é para o produtor, cinco vezes mais importante que o
desempenho de crescimento e 10 vezes mais do que a qualidade do produto. A reprodução é
dada como limitante no desempenho de qualquer atividade pecuária, pois a quantidade ou a
complexa qualidade obtida com a implantação do melhoramento genético de nada adiantam se
a reprodução não funciona adequadamente. Por isso a alta eficiência reprodutiva deve ser a
meta para alcançar maior produtividade e satisfatório custo-benefício (MORAIS, 2011).
O Diagnóstico de Gestação (DG) é atualmente uma rotina no acompanhamento
reprodutivo de fêmeas bovinas e, a ultrassonografia é uma ferramenta que reúne praticamente
todos os requisitos técnicos básicos para um bom método de diagnóstico (SANTOS, 2012).
Souza (2007) destaca que o desenvolvimento da técnica de ultrassonografia aplicada à
reprodução de bovinos permitiu melhorar o controle desta atividade, visando aumentar o
desempenho reprodutivo dos rebanhos.
A ultrassonografia é um método de diagnóstico extremamente seguro que não causa
efeitos deletérios às gestantes nem ao feto, de fácil execução e não invasiva. Com ela é possível
obter um diagnóstico precoce e preciso da prenhez e do pós-parto; avaliar a viabilidade fetal,
detectar possíveis anormalidades da gestação e dos fetos e predizer a idade e o sexo do mesmo
(BELTRAME et al., 2010).
A utilização do ultrassom (US) transretal permite ainda realizar avaliação morfológica
e funcional do aparelho reprodutivo da fêmea bovina, mostrando patologias reprodutivas como
a endometrite, piometra, hidrometra; qual o período do ciclo estral que a mesma se encontra e
anormalidades ovarianas como cistos e tumores (SOUZA, 2007).
Quanto a formação da imagem, cada tecido possui diferentes graus de ecogenicidade.
Por exemplo, líquidos límpidos demonstram imagens pretas, que são denominadas anecóicas,
pois refletem pouco som. As imagens hiperecóicas, formadas por ossos, refletem todos os ecos
e formam imagem branca intensa (SANTOS, 2012). Beltrame et al. (2010) descreve ainda as
estruturas hipoecóicas, que refletem imagens de média intensidade revelando a cor cinza em
diferentes tonalidades.
Cavalcantti (2010) afirma que o diagnóstico de prenhez com auxílio do US geralmente
não é acurado antes do 25º dia, pois é difícil detectar conteúdo característico de gestação no
útero. Segundo Santos (2012) a avaliação ultrassonográfica da fase embrionária se faz possível
a partir do momento da detecção ecográfica do embrião a partir de 25 dias de gestação e da
19
viabilidade fetal pelos seus batimentos cardíacos e características do líquido. Já Cavalcantti
(2010) acredita que um operador experiente e possuindo um bom equipamento é capaz de
detectar, na maioria das vacas, o embrião ao 28º dia de gestação. No entanto aos 25 dias, a
presença do fluído cório-alantóico é indicativa de prenhez.
A ultrassonografia em vacas não gestantes é adotada para avaliação da atividade
folicular e/ou luteal, triagem de animais para protocolos hormonais de sincronização de estro,
diagnóstico de patologias (CAVALCANTTI, 2010). No pós-parto a ultrassonografia se faz
importante para a avaliação da involução uterina e diagnosticar infecções uterinas
(BELTRAME et al., 2010). Fluídos intrauterinos presentes em casos de metrite ou piometrite
possuem graus de ecogenicidade com aspecto floculado à intensamente branco. Já fluido
fisiológico são totalmente não-ecóicos (CAVALCANTTI, 2010).
2.2.1 Classificação do período do ciclo estral conforme avaliação dos ovários
As estruturas presentes nos ovários mostram o estágio do ciclo estral em que o animal
se encontra, por isso o monitoramento ovariano é de suma importância. Este permite mensurar
folículos e sua dinâmica de crescimento, corpo lúteo, e até mesmo patologias ovarianas
(SOUZA, 2007). Fêmeas ainda não púberes e em anestro, apresentam ovários de estruturas
acinzentadas possuindo pequenos folículos.
Já fêmea cíclica, nas diferentes fases do ciclo, possuem folículos e corpos lúteos. Os
folículos podem ser descritos como áreas circulares com parede ecogênica bem definida e
líquido anecóico no seu interior (GASPERIN et al., 2017). Já o CL se apresenta de coloração
acinzentada, com contorno circular, oval ou irregular e bem distinto, variando sua
ecogenicidade de acordo com o seu grau de luteinização (SANTOS, 2012). São massas
compactas, mas podem possuir uma cavidade central anecóica, o que os denomina de Corpo
Lúteo Cavitário, que se forma em aproximadamente 70% dos CL. No entanto, não afeta
significativamente a fertilidade, duração do ciclo ou concentração plasmática de progesterona
(SOUZA, 2007).
O CL cavitário é caracterizada por uma cavidade central, dentro do CL normal, com
tamanho variado. O CL cavitário tem origem em um folículo maduro que ovulou, mas a má
formação do CL deu origem a uma cavidade cística, possivelmente pela falta ou insuficiência
de irrigação da parte central do CL. Não é uma condição patológica e, portanto, não afeta a
fertilidade (FERREIRA et al., 2010).
20
O cisto luteal de bovinos se origina de folículo que não rompeu (não ovulou) e teve as
células da teca interna luteinizadas. Excesso de LH pode luteinizar a parede do folículo
rapidamente antes mesmo de seu rompimento (FERREIRA et al., 2010). Os cistos ovarianos
luteais ou CL persistentes, tem como principal característica uma parede espessa decorrente da
luteinização, estas produzem progesterona o que inibe a manifestação de estro e implicam na
não ciclicidade do animal, levando ao anestro (GASPERIN et al., 2017). Segundo Pagnoncelli
(2014), é uma estrutura isolada e ocorre em um único ovário e suas causas não estão bem
definidas.
2.2.2 Cisto folicular
Por meio do exame ultrassonográfico podem ser identificados transtornos ovarianos
como os cistos, os quais se diferenciam conforme a estrutura na qual se originam. Os cistos
foliculares se originam de um folículo não ovulado, considera-se um cisto estruturas anecóicas
circulares com pelo menos 20 mm de diâmetro, e normalmente não existe CL coexistente
(CAVALCANTTI, 2010) ou na ausência de algum CL ativo, e que interfere com a ciclicidade
normal ovariana. O folículo torna-se cístico quando falha em ovular e persiste no ovário
(FERREIRA et al., 2010). Pagnoncelli (2014) explica que esse se desenvolve pela falha na
regulação endócrina que envolve insuficiência ação de LH sobre o folículo pré-ovulatório,
resultando em sua persistência.
O cisto folicular (CF) aparece quando um ou mais folículos falham em ovular e não
regridem mantendo o crescimento e a esteroidogênese por certo tempo, ou seja, corresponde à
persistência de um folículo anovulatório (FERREIRA et al., 2010). A causa principal ou
primária de CF pode ser uma disfunção hormonal, capaz de reduzir a liberação ou alterar o
padrão dos pulsos de LH em frequência e amplitude. Outros fatores podem ser responsáveis
pelo CF: menor feedback entre estrógeno e GnRH – LH; expressão para receptores envolvidos
na foliculogênese e ovulação; baixa concentração de inibina; estresse caráter hereditário ou
tendência familiar e racial; maior produção de leite, estádio da lactação e ordem de parição;
nutrição; doenças infecciosas e/ou febris (FERREIRA et al., 2010).
2.3 UTILIZAÇÃO DE HORMÔNIOS NA REGULAÇÃO DA REPRODUÇÃO
21
A utilização de um implante de progesterona intra-vaginal juntamente com a
administração de BE tem a finalidade de iniciar o crescimento de uma nova onda folicular
(FURTADO et al., 2011). Segundo Nogueira, Mingoti e Nicacio (2013) o estradiol inibe a
secreção do FSH, por isso sua administração durante a emergência de uma onda folicular
interrompe o crescimento dos folículos. Já a progesterona mimetiza a ação do CL, bloqueando
a secreção de LH o que inibe a ovulação do folículo já existente. No entanto para que cumpra
sua função deve ser liberada de forma lenta, contínua e constante, por isso a utilização de
dispositivos intra-vaginais (MACHADO et al., 2007). As baixas concentrações circulantes de
P4 provenientes de dispositivos intra-vaginais reutilizados, podem ser suficientes para
promover satisfatório controle do crescimento folicular ovariano e da ovulação, e da taxa
de prenhez (TP) em fêmeas (CARVALHO et al., 2017).
Segundo GOTTSCHALL et al. (2009) a regressão do CL é induzida pela
administração Prostaglandina (PGF2). Esses são responsáveis pela luteólise o que leva a
redução dos níveis de P4 circulante (FERNANDES; FIGUEIREDO, 2007). A fonte de
progesterona exógena é controlada pela colocação e retirada, em momentos específicos, do
implante e a progesterona endógena, por aplicação da PGF2, que garante a luteólise completa
(GOTTSCHALL et al., 2009). Essa diminuição permite um pico secretório de GnRH, por
consequência a liberação de um novo pico de LH o que desencadeia a ovulação (MACHADO
et al., 2007). PGF2 no dia da inserção do dispositivo de P4, reduz as concentrações
circulantes de P4, aumenta as taxas de crescimento do folículo dominante e ocorre a
ovulação (CARVALHO et al., 2017).
O CE é utilizado na retirada do implante, pois é o período que apresenta uma baixa
concentração de P4, estimulando a secreção de GnRH o que desencadeia o pico pré-ovulatório
de LH, induzindo a ovulação (MACHADO et al., 2007). Portanto, com o emprego dos
estradióis é possível sincronizar a emergência de uma onda folicular (NOGUEIRA; MINGOTI;
NICACIO, 2013).
O GnRH é um hormônio que apresenta a capacidade de sincronizar o momento da
ovulação e auxiliar na fecundação do oócito. Os efeitos da aplicação desse juntamente à IA
estão relacionados a indução uniforme de uma onda pré-ovulatória de LH e a antecipação da
ovulação (GOTTSCHALL et al., 2012). Furtado et al. (2011) afirma que o GnRH apresenta
uma atuação mais rápida na ovulação quando comparado a aplicação de estrógenos, pelo fato
de atuar diretamente na hipófise, levando a liberação sérica de um pico de LH.
22
Um importante ponto a ser ressaltado são as diferenças dos estradióis, pois atualmente
no mercado existem diferentes fórmulas as quais se diferenciam quanto ao período de meia
vida. O 17-β permanece de 1 a 2 dias, o Benzoato de Estradiol (BE) com permanência de 2-3
dias, o Valerato de Estradiol de 8 dias e o Cipionato de Estradiol o qual permanece por 9 dias
na corrente sanguínea. (NOGUEIRA; MINGOTI; NICACIO, 2013). Isso interfere na escolha
e no período de administração de cada um.
O eCG faz com que aumente a resposta ovulatória de animais tratados com essa
gonadotrofina e possui três efeitos: a eCG pode aumentar o diâmetro do folículo pré-ovulatório
no momento da IATF, melhorar a taxa de ovulação e aumentar as concentrações plasmáticas
de progesterona durante a fase luteal subsequente (MELLO et al., 2014).
Segundo Medalha et al. (2015) a reutilização de dispositivos intravaginais previamente
usados são eficazes em reduzir as concentrações circulantes de P4 no momento da retirada, o
que resulta em aumento da pulsatilidade do LH para um maior diâmetro folicular e ovulação,
com maiores taxas de concepção. Sendo assim altas concentrações iniciais de P4 diminuem a
secreção pulsátil do LH, diminuindo a secreção de androstenediona pelas células da teca e o
crescimento folicular, causando diminuição da secreção de estradiol pelas células da granulosa
do folículo dominante e, consequentemente, afetando o processo ovulatório (MEDALHA et al.,
2015).
Sendo assim, a maioria dos protocolos hormonais utilizam a progesterona e estrógeno,
hormônios responsáveis pela indução da ovulação nas fêmeas e por alterar o funcionamento do
eixo hipotálamo-hipofisário (OLIVEIRA; SILVA JUNIOR; CAVALCANTI, 2018).
2.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NO SUCESSO DAS BIOTÉCNICAS DA
REPRODUÇÃO
Muitos aspectos devem ser avaliados quando se refere ao sucesso de uma biotécnica
reprodutiva, pois fatores ambientais, nutritivos, sanitários, bem como a qualificação dos
profissionais envolvidos no manejo dos animais, podem interferir no êxito da técnica.
Antes de adotar um programa de IATF deve-se considerar alguns fatores como o
escore de condição corporal (ECC), afinal vacas subnutridas ou obesas tendem a não
responderem aos desafios hormonais impostos, isto é, não ovulam. A condição do ciclo estral
também interfere no sucesso das sincronizações, pois vacas cíclicas respondem melhor do que
vacas em anestro. O número de dias subsequentes do parto afeta a fertilidade, que é mais baixa
quando a vacas ovulam após um anestro prolongado (MACHADO et al., 2007).
23
Ao parir, as fêmeas bovinas devem apresentar um bom estado de condição corporal
para que voltem a ciclar rapidamente após a parição, diminuindo o intervalo de partos, com
incremento do número de bezerros durante sua vida produtiva e aumentando a lucratividade do
sistema de produção. Para tanto, é necessário que a alimentação atenda as exigências
nutricionais dos animais para que, mesmo em balanço energético negativo, estes tenham
reservas suficientes para manter o equilíbrio entre as funções do hipotálamo, hipófise e gônadas,
na secreção e interação dos hormônios com efeitos diretos ou indiretos na fertilidade. Com
alimentação deficiente, as crias nascem com o peso abaixo do normal, são desmamados mais
leves e as novilhas entram na estação de monta em idade avançada, prejudicando seu
desempenho reprodutivo (BRASIL, 2008).
Além de doenças infectocontagiosas, as metrites comprometem o ambiente uterino o
que impossibilita a sobrevivência embrionária e fetal (MACHADO et al., 2007).
Estudos já comprovaram que a maior precocidade está relacionada ao maior peso
apresentado no desmame aos sete meses e nas demais idades (RESTLE; POLLI; SENNA,
1998). Isso evidencia que para manifestar a puberdade é fundamental que a fêmea atinja um
determinado grau de desenvolvimento e que idade à puberdade é principalmente uma
consequência da velocidade de ganho de peso, que por sua vez está condicionado ao meio
ambiente (RESTLE; POLLI; SENNA, 1998).
A nutrição adequada é fundamental para um bom desempenho reprodutivo em
bovinos, apresentando tanto efeitos diretos como indiretos no desempenho reprodutivo de
bovinos. Tanto o estado nutricional, quanto o metabólico de fêmeas em idade reprodutiva
afetam os parâmetros endócrinos, padrões de crescimento folicular, atividade lútea e atividade
secretória uterina. Estes efeitos acabam influenciando o aparecimento da puberdade,
restabelecimento da atividade cíclica pós-parto, estabelecimento e manutenção da gestação
(SANTOS; SÁ FILHO, 2012).
Além da estacionalidade nutricional, a ocorrência de doenças da esfera reprodutiva,
tais como brucelose, tricomonose, campilobacteriose, leptospirose, rinotraqueíte infecciosa
(lBR) e a diarréia viral bovina (BVD), poderá comprometer o desempenho reprodutivo.
Doenças de origem bacteriana, virótica e parasitárias podem impedir a fecundação, causar
abortos ou até produzir bezerros com peso inferior à média. Para prevenir essas doenças, deve
ser adotado um programa de vigilância sanitária do rebanho (VALLE, ANDREOTTI &
THIAGO, 1998).
24
3 MATERIAIS E MÉTODOS
As informações presentes neste trabalho são provenientes de uma propriedade
localizada na região leste do Mato Grosso, no município de Araguaiana, denominada Fazenda
Cambury, que possui um rebanho de 2.500 cabeças de matrizes, distribuídas em
aproximadamente 3.100 hectares de pastagem, formadas em sua maioria por Braquiárias. O
sistema de produção é extensivo e a finalidade é a cria, bem como a recria de novilhas para
reposição. A fazenda possui estação de monta definida, variando apenas em relação a idade das
fêmeas. Sendo assim, nas multíparas a estação de monta ocorre entre 1º de novembro a 28 de
fevereiro e as novilhas do mês de dezembro a março.
No presente estudo, foram coletados dados de 800 novilhas entre os meses de
novembro 2018 a maio de 2019, selecionadas após avaliação por peso, precocidade sexual
palpação retal para avaliação do trato reprodutivo e adequado para a reprodução. As raças das
fêmeas avaliadas foram Nelore (Bos taurus indicus) e cruzamento industrial entre Nelore X
Aberdeen Angus (Bos taurus indicus x Bos taurus taurus), denominadas de F1. A grande
maioria dos animais produzidos na fazenda era F1, sendo que parte das fêmeas são incorporadas
ao rebanho de reprodução e os machos destinados ao abate. As fêmeas F1 selecionadas à
reprodução, após o desmame da primeira cria, são destinadas ao abate.
Dessa forma, as novilhas selecionadas foram divididas em três grupos sendo: 271
novilhas precoces de raça Nelore (Grupo P), que possuíam idade entre 14 e 17 meses,
apresentando peso médio de 310 kg, com escore de condição corporal (ECC) médio de 2,99
(escala de 1 a 5); 278 novilhas F1 (Grupo F1) possuíam idade entre 12 e 16 meses e peso médio
de 336,57 kg, com ECC de 3,03; 251 novilhas Nelore (Grupo N) com idade entre 22 e 27 meses,
com peso médio de 335,13 e ECC de 3,02.
Todas as novilhas foram primeiramente submetidas à IATF com sêmen de Aberdeen
Angus de boa procedência. Muito embora o presente estudo contempla a observação e coleta
de dados obtidos apenas na primeira IATF, houve a realização de outras IATF’s em alguns lotes
e no Grupo N houve o repasse com monta natural de touro Nelore.
Realizou-se a indução de puberdade nos 3 grupos de novilhas, nas quais foram
aplicados 150 mg (1ml) de progesterona injetável1 intra muscular(IM) no dia zero (D0),
decorridos doze dias (D12), foi aplicado 2 mg (1ml) IM cipionato de estradiol (CE). No dia
vinte quatro (D24) foi realizado a avaliação ovariana, por meio de ultrassonografia.
1 SINCROGEST®, OUROFINO
25
Possibilitando perceber a presença de corpo lúteo, folículo (acima de 8 mm) ou cisto folicular
e, consequentemente, definido o protocolo a ser realizado.
Figura 1 - Demonstração do protocolo de indução
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
Conforme a Figura 2 e 3, na ausência de Corpo Lúteo (CL), foi usado o protocolo
A(n=40) ou B(n=67). No Dia 0 foi feito a introdução do implante intravaginal de progesterona
(P4)2 multidose nos Grupos P e N de terceiro uso e no Grupo F1 de segundo uso. No mesmo
dia foi aplicado 2 mg (2 ml) IM de benzoato de estradiol (BE)3. No dia nove (D9) foi feita a
retirada do implante, aplicado 0,36 mg (1,5 ml) IM de PGF24, 0,6 mg (0,3 ml) IM de CE5,
300 UI (1,5 ml) IM gonadotrofina coriônica equina (eCG)6 e realizado a aplicação de tinta
bastão como marcador de cauda para facilitar a identificação das fêmeas em cio. Essa técnica
permite classificar os animais que aceitaram monta, ou seja, quanto maior o número de vezes
que a fêmea aceitou monta, mais apagada estará a tinta. No dia onze (D11) foi realizado a
inseminação artificial (IA), e também a classificação do cio dos animais, com base no grau de
dissipação da tinta: grau 1, quando apresenta pouco ou nada de cio (a tinta não se dissipou); em
grau 2 quando o cio é considerado moderado (leve dissipação da tinta); e ainda em grau 3,
quando indica um cio proeminente (apresenta resquício da tinta ou a completa dissipação). Nos
animais classificados em cio de grau 1 ou 2 foi aplicado 0,1 mg (1 ml) IM de gonadorelina
(GnRH)7, o qual foi denominado Protocolo A, e os animais em cio de grau 3 não foi aplicado
2 PRIMER® multidose, Tecnopec. 3 RIC-BE® , Agener União. 4 ESTRON®, Agener União. 5 E.C.P®, Zoetis. 6 FOLLIGON®, MSD. 7 Fertagyl®, MSD.
26
hormônio GnRH e foram denominados como Protocolo B. Sendo assim, apenas nesse momento
ocorreu a distinção entre os Protocolos A e B.
Figura 2 - Demonstração do Protocolo A
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
Figura 3 - Demonstração do Protocolo B
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
27
Nos animais, que ao exame de ultrassonografia foi confirmada a presença de CL,
foram realizados os protocolos C(n=215) ou D(n=478), cuja diferença em relação aos
Protocolos A e B, é que nesses houve a administração IM 0,24 mg (1ml) de PGF2 no D0. O
Protocolo C foi realizado nos animais classificados de cio de grau 1 ou 2 e aplicado 1 mg(1 ml)
IM de gonadorelina (GnRH). O Protocolo D, por sua vez, foi realizado nos animais em cio de
grau 3 e não foi aplicado hormônio GnRH, conforme a figuras abaixo.
Figura 4 - Demonstração do Protocolo C
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
28
Figura 5 - Demonstração do Protocolo D
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
Após trinta dias da realização dos protocolos, foi realizado o diagnóstico de gestação
(DG), para confirmação do índice de prenhez.
29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi possível observar que a maior taxa de prenhez (TP) ocorreu no Grupo das F1
(novilhas com idade entre 12 a 16 meses) e no Grupo N (novilhas Nelore com idade entre 22 a
27 meses) com TP de 39,57% (110/278) e 39,04% (98/251), respectivamente. Dessa forma,
evidencia-se que as F1, apesar de serem um ano mais jovens que as novilhas Nelore, tiveram
um desempenho semelhante à estas. No tocante às novilhas Nelore precoces (com idade entre
14 a 17 meses), apesar do menor índice de prenhez 27,31%(74/271) em relação às demais, o
resultado demonstrou a viabilidade econômica dos protocolos, devido a antecipação de um ano
na idade reprodutiva comparado às novilhas de mesma raça.
Figura 6 - Índice de prenhez nos diferentes grupos
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
Resultado semelhante foi observado por Poncio et al. (2015) em estudo realizado no
estado de São Paulo, com um total de 49 novilhas da raça Nelore, com idade média de 24 meses,
submetidas ao uso de GnRH, cujo índice de prenhez atingiu de 38,8%. Corroborado por Junior
e Leal (2018) que realizaram observações em fazenda localizada nas imediações de Barra do
Garças/MT, com um total de 125 novilhas Nelore com idade média de 24 meses e uso de um
protocolo semelhante ao protocolo C do presente estudo, que obteve um índice 39,32% de
prenhez.
GRUPO P GRUPO F1 GRUPO N
PRENHEZ(%) 27,31 39,57 39,04
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
PRENHEZ(%)
30
De um total 271 animais submetidos à IATF no Grupo P, apenas 74 obtiveram sucesso
pois ficaram gestantes. Neste o protocolo A, apresentou 27,59% (8/29), protocolo B 18,75%
(6/32), o protocolo C 31,19% (34/109) e o protocolo D 25,74% (26/101), conforme a Tabela 1.
Tabela 1 - Percentual de prenhez das novilhas Nelore de idade entre 14 e 17 meses
GRUPO P
Protocolo Animais (n) Prenhez (n) Prenhez (%)
A 29 8 27,59
B 32 6 18,75
C 109 34 31,19
D 101 26 25,74
TOTAL NOVILHAS 271 74 27,31
FONTE: PRÓPRIO (2019)
A taxa de concepção da IATF do Grupo F1 foi de 39,57% (110/278). Sendo que no
protocolo A, apenas dois animais foram submetidos, o que torna o índice de TP irrelevante. No
protocolo B houve uma TP de 35,29% (6/17), semelhante ao protocolo C, de 35,48% (11/31).
No protocolo D, apresentando a maior porcentagem, 40,79% (93/228) das fêmeas ficaram
prenhas, conforme demonstra a Tabela 2.
Tabela 2 - Percentual de prenhez das novilhas F1 de idade entre 12 e 16 meses
GRUPO F1
PROTOCOLO TOTAL PRENHEZ %PRENHEZ
A 2 0 0,00%
B 17 6 35,29%
C 31 11 35,48%
D 228 93 40,79%
TOTAL NOVILHAS 278 110 39,57%
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
Os animais do grupo N mostram uma TP que totalizou 39,04% (98/251), sendo
dividido e exposto na Tabela 3. O protocolo A apresentou 33,33% (3/9) de prenhez, protocolo
B com 50% (9/18), protocolo C 34,67% (26/75) e no protocolo D 40,27% (60/149).
31
Tabela 3 - Percentual de prenhez das novilhas Nelore com idade de 22 a 27 meses
GRUPO N
PROTOCOLO TOTAL PRENHEZ %PRENHEZ
A 9 3 33,33%
B 18 9 50,00%
C 75 26 34,67%
D 149 60 40,27%
TOTAL NOVILHAS 251 98 39,04%
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
O uso de GnRH em novilhas precoces como mostram os protocolos A e C da Tabela
1, apresentaram uma TP superior em relação aos outros protocolos, sendo 27,59%(8/29) e
31,19%(34/109) respectivamente. No entanto, apenas o grupo P, quando relacionado aos
demais grupos e comparados aos protocolos A e C, obtiveram melhores resultados. Conforme
Poncio et al. (2015) a taxa de prenhez para animais da raça Nelore, apresentando idade de cerca
de 25 meses, quando foram submetidos a aplicação de GnRH foi de 38,8%. Valores
semelhantes puderam ser notados no grupo N, nos protocolos A e C que apresentaram
resultados de 33,33% (3/9) e 34,67% (26/75) respectivamente. Isso se dá, pois, o GnRH auxilia
na fertilização, pois essa aplicação se garante uma maior taxa de ovulação.
MATHEUS FARIZATTO (2018), afirma que novilhas de raças europeias ou
cruzamentos destas como o grupo F1, apresentam maior precocidade reprodutiva em relação às
raças zebuínas. Tal fato pode ter relação com os resultados observados no gráfico contido na
Figura 1. Nesses, as fêmeas F1 apresentaram 39,57%(110/278) de prenhez na IATF. Além
disso, esse foi o grupo no qual menos se utilizou GnRH, pois de um total de 278 animais apenas
33 necessitaram desse recurso.
As tabelas 4, 5 e 6 mostram resultados referentes às estruturas encontradas nos ovários
e as taxas de prenhez das mesmas nos diferentes grupos. OLIVEIRA, SILVA JUNIOR e
CAVALCANTI, (2018) afirmam que novilhas que possuem corpo lúteo no início da estação de
monta apresentam maior taxa de prenhez quando são submetidas a IATF, quando comparadas
às novilhas que não estão cíclicas no início da estação de monta. No entanto, isso só pode ser
percebido no grupo P, visualizado na Tabela 4, o qual mostrou resultado de 28,14% (56/199).
32
Tabela 4 - Relação de prenhez do grupo P conforme achados ovarianos
GRUPO P
TOTAL PRENHEZ % PRENHEZ
CL 199 56 28,14%
FOL 57 12 21,05%
CISTO FOLICULAR 15 6 40,00%
TOTAL 271 74 27,31%
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
Já os grupos N e F1, demonstraram resultados mais significativos quando
apresentaram estrutura folicular. Na Tabela 6, referindo-se ao grupo N, a porcentagem de
prenhez relacionada à presença de folículo foi de 44,44% (12/27), já a de CL foi de 39,62%
(84/212). O grupo F1, apresentado na Tabela 5, mostrou taxa de concepção de 45,45% (10/22)
em presença de folículo e 38,24% (91/238) em CL.
Tabela 5 - Relação de prenhez do grupo F1 conforme achados ovarianos
GRUPO F1
TOTAL PRENHEZ % PRENHEZ
CL 238 91 38,24%
FOL 22 10 45,45%
CISTO FOLICULAR 18 9 50,00%
TOTAL 278 110 39,57%
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
Tabela 6 - Relação de prenhez do grupo N conforme achados ovarianos
GRUPO N
TOTAL PRENHEZ % PRENHEZ
CL 212 84 39,62%
FOL 27 12 44,44%
CISTO FOLICULAR 12 2 16,67%
TOTAL 251 98 39,04%
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2019)
Segundo Baruselli et al. (2005) o tratamento com PGF2 no dia do início da
sincronização (Dia 0) pode aumentar a taxa de concepção à IATF em novilhas, pois aumenta a
33
taxa de crescimento folicular, e o diâmetro do folículo dominante. Isso não pode ser notado nos
resultados obtidos, pois as porcentagens de concepção relacionadas a utilização de PGF2
foram mais baixas quando comparadas aos outros protocolos, isso pode ser percebido nas
Tabelas 5 e 6, com as taxas de 38,24% (91/238) e 39,62% (84/212).
Mesmo com a obtenção de baixas concepções, a realização da IATF demonstra
viabilidade economicamente uma vez que com o uso de IATF permite uma antecipação da
idade reprodutiva e consequentemente a obtenção de lucro com esses animais. Em estudo
realizado, Pfeifer et al. (2009) concluiu pela existência de vantagens econômicas na utilização
de protocolos com progesterona em novilhas de corte aos 16 meses quando comparadas a
resultados simulados de um sistema tradicional de acasalamento que aconteceria apenas aos 26
meses de idade.
Machado et al. (2007) afirmou que a exposição aos progestágenos por períodos
maiores de 10 dias, na ausência de um CL, pode induzir a ocorrência de folículos persistentes
e reduzir a fertilidade, fato observado no Grupo N cuja taxa de concepção com cisto foi de
16.67% (2/12). No entanto, no presente estudo, a presença de cisto no grupo P e F1 não
interferiu na taxa de concepção que atingiu 40 (6/15) e 50% (9/18) respectivamente, tal fato
pode estar relacionado ao uso de BE no D0. Machado et al. (2007) afirmou que o uso de
estradiol ou o GnRH promovem a indução à ovulação ou a atresia do folículo dominante
presente no ovário, quando realizado no momento da inserção do dispositivo de progesterona
ou progestágeno. Além disso, o estradiol, em combinação com progestágeno ou progesterona
induz a regressão luteínica.
No tocante ao grupo F1, quando comparado aos achados ovarianos na avaliação
realizada no D0, a TP foi maior em animais que apresentaram folículos ou cistos (45,45% e
50% respectivamente). Já nos animais os quais foram visualizados CL, a TP foi de
38,24%(91/238). No entanto, o número de fêmeas que possuíam folículo e cisto somaram
apenas 40 novilhas, número inferior aos animais que apresentavam CL, com um total de 238.
As novilhas do grupo N, com idade entre 22 e 27 meses, foram em sua maioria
submetidas aos protocolos C e D, tendo em vista a apresentação de CL. Neste trabalho os
animais que tinham folículo tiveram uma taxa de prenhez maior em relação ao CL. Quanto a
presença de cisto, apresentou um efeito prejudicial na taxa de prenhez deste grupo.
Segundo Baruselli et al. (2005), novilhas Bos Indicus submetidas a tratamentos com
dispositivos intravaginais de progesterona (CIDR) apresentaram baixa taxa de ovulação (34%)
ao final do tratamento, o que indica reduzida eficiência dessa metodologia de sincronização
34
nessa espécie. O mesmo autor informa que novilhas Bos Taurus têm apresentado satisfatórias
taxas de ovulação e de prenhez quando sincronizadas com dispositivos intravaginais de P4.
Silva Junior e Cavalcanti (2018) comenta que BE se adicionado ao implante de P4
mostra-se útil para elevar as taxas de estro e de prenhez em novilhas próximas a puberdade,
fazendo com que o BE seja aplicado no momento da introdução do progestágeno e 4,3 dias após
essa associação ocorreria atresia dos folículos dominantes e emergência de uma nova onda
folicular.
Foram notados alguns animais com estresse excessivo devido ao manejo, e foi notado
também a presença de muco purulento o que caracteriza uma provável infecção no trato
reprodutivo, devido à reação inflamatória do implante no momento da inseminação. Esses
fatores podem ter influenciado no sucesso dessa biotécnica da reprodução.
Na ocasião do manejo de IATF, foi possível observar que: apesar de alguns animais
apresentarem muco purulento no D11, tal fato aparentemente não influenciou na TP deste
grupo; que quatro animais perderam implante, dos quais apenas uma emprenhou; E ainda uma
inseminação na cérvix.
35
5 CONCLUSÃO
Inúmeras vantagens podem ser obtidas com a adoção da IATF em rebanhos bovinos,
facilitando o manejo, aumentando a eficiência da IA e melhorando os índices reprodutivos em
bovinos de corte.
As diferenças no desempenho reprodutivo das fêmeas taurinas e zebuinas, devem ser
levados em consideração na determinação do momento ideal e escolha do tipo de protocolo
hormonal a ser utilizado para sincronizar a ovulação com o objetivo de obter maior taxa de
prenhez na realização de IATF. Dessa forma, a escolha do protocolo mais apropriado vai
depender da avaliação técnica das condições dos animais a serem inseminados, associado a
viabilidade econômica.
Devido a isso, o uso de GnRH não foi realizado em todos os animais. Dessa forma os
animais foram selecionados conforme o cio apresentado e após isso foi realizado a escolha do
protocolo a ser utilizado.
Mesmo a TP sendo relativamente baixa nas novilhas observadas, mostra-se viável o
uso da IATF devido à diminuição de mão de obra com a concentração de partos, adquirindo-se
facilidade no manejo do rebanho e lucratividade precoce para a propriedade.
Além do mais, os animais que não conceberam a essa primeira inseminação podem ser
novamente sincronizados, ou submetidos a repasse com touros. Destacando que mesmo com a
utilização de todos os recursos hormonais e verificação do período do ciclo estral visando maior
taxa de prenhez não se pode obter resultados precisos e fidedignos.
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