azibo rural set 2015

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EDITORIAL Nº 37 - Bimestral - Setembro de 2015 - Director: Helder Fernandes | www.abmc.pt | facebook.com/abmc.pt | Distribuíção Gratuíta A o longo dos últimos anos, temos vindo a assistir a uma crescente dinâmica na Agricultura Nacional um pouco por todo o Mundo, resultado do aumen- to de consumo um pouco por todo o lado, espe- cialmente em mercados de grandes dimensões, o caso mais referido é o Chinês. Abertura de novos mercados a importações de novos produtos, introdução de novas culturas, alteração de hábitos de consumo. Claro que os apoios à agricultura são ex- tremamente importantes para alavancar investimentos cada vez mais estruturados, profissionais e com uma visão de mercado que ganham cada vez mais escala. Nestes últimos anos, temos sido contactados por diversos investidores, comerciantes e empresários para saber do po- tencial e disponibilidade para investirem no perímetro de rega do Azibo, ou comprar produtos aos agricultores locais ou a organizações locais. São disso exemplo, contactos para com- prar centenas de hectares de olival para converter para bio- lógico, investimentos estrangeiro, procura de produtores de trigo em modo biológico, para produtores de leite biológico, grandes produtores de Kiwi, com interesse em instalar 200ha no regadio do Azibo, directamente ou em parceria, exportado- res de mirtilo e pequenos frutos, jovens agricultores que não conseguem terrenos para instalar ervas aromáticas, interessa- dos na produção de espargos, figo da índia, a que se podem acrescentar outros exemplos. Este interesse advém sobretudo da disponibilidade de água que temos. O último que nos contactou após um conhecimento melhor do regadio, lamentou e referiu “que o que nós estamos a fazer é um crime”. Não podemos discordar, mas não podemos fazer nada, existindo muitos interesses instalados em manter a situação actual, desde associativos, particulares, empresários e até políticos, todos têm, infelizmente, a mente curta privile- giando o interesse particular, em detrimento do desenvolvimen- to colectivo da Agricultura, com criação e fixação de pessoas no Concelho e por essa via os do Concelho de Macedo, são os chamados donos disto tudo. O aparecimento de organizações modernas que desenvol- vam um trabalho sério com recursos a profissionais capazes, com uma estratégia a média e longo prazo, apoiada financeira- mente e politicamente, são a única alternativa à situação atual. A necessidade alimentar Mundial vai continuar a aumentar e só quem produzir para esse exigente mercado terá futuro, nós por cá, tudo na mesma, perdão, cada vez pior. A Direcção “[O regadio] é uma mais-valia muito grande, e só neste perímetro de rega é que não é visto como tal” Pág. 7 Entrevista com José Luís Castro Pág. 5 IV Feira do Azeite e do Figo dias 10 e 11 de Outubro, no Lombo Pág. 4 Pág. 2 Pág. 3 UTAD cria solução para doença da tinta no Castanheiro Processo de reconhecimento da situação de prédio rústico e misto sem dono Mais 200 milhões para a agricultura até 2020 F ruto do trabalho de dezenas de anos de investigação, a UTAD, apresentou o ColUTAD, um porta-enxerto de castanheiro que visa impedir a propagação da Doença da Tinta no castanheiro. Depois de plantado, o porta-enxerto funciona como barreira à progressão da doença. A enxertia vai permitir o normal desenvolvimento da árvore e a produção de castanha. F oi publicada legislação que prevê a Identificação e pu- blicitação de prédios sem dono conhecido, a Lei esti- pula o Procedimento e as regras de Publicitação, o mesmo diploma também prevê Reclamações e os critérios de Dis- ponibilização do prédio identificado como prédio sem dono conhecido, e a Disponibilização do prédio reconhecido como sem dono conhecido. O Governo reforçou em 200 milhões de euros a verba do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) des- tinada às medidas agro-ambientais, passando a um total de 774 milhões de euros, verba que será distribuída por cada ano do período até 2020. Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros

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Associação de Beneficiários de Macedo de CavaleirosAZIBO RURALNº 37 - Bimestral - Setembro de 2015 - Director: Hélder Fernandeswww.abmc.pt

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Page 1: Azibo Rural Set 2015

EDITORIAL

Nº 37 - Bimestral - Setembro de 2015 - Director: Helder Fernandes | www.abmc.pt | facebook.com/abmc.pt | Distribuíção Gratuíta

Ao longo dos últimos anos, temos vindo a assistir a uma crescente dinâmica na Agricultura Nacional um pouco por todo o Mundo, resultado do aumen-to de consumo um pouco por todo o lado, espe-

cialmente em mercados de grandes dimensões, o caso mais referido é o Chinês. Abertura de novos mercados a importações de novos produtos, introdução de novas culturas, alteração de hábitos de consumo. Claro que os apoios à agricultura são ex-tremamente importantes para alavancar investimentos cada vez mais estruturados, profissionais e com uma visão de mercado que ganham cada vez mais escala.

Nestes últimos anos, temos sido contactados por diversos investidores, comerciantes e empresários para saber do po-tencial e disponibilidade para investirem no perímetro de rega do Azibo, ou comprar produtos aos agricultores locais ou a organizações locais. São disso exemplo, contactos para com-prar centenas de hectares de olival para converter para bio-lógico, investimentos estrangeiro, procura de produtores de trigo em modo biológico, para produtores de leite biológico, grandes produtores de Kiwi, com interesse em instalar 200ha no regadio do Azibo, directamente ou em parceria, exportado-res de mirtilo e pequenos frutos, jovens agricultores que não conseguem terrenos para instalar ervas aromáticas, interessa-dos na produção de espargos, figo da índia, a que se podem acrescentar outros exemplos.

Este interesse advém sobretudo da disponibilidade de água que temos. O último que nos contactou após um conhecimento melhor do regadio, lamentou e referiu “que o que nós estamos a fazer é um crime”. Não podemos discordar, mas não podemos fazer nada, existindo muitos interesses instalados em manter a situação actual, desde associativos, particulares, empresários e até políticos, todos têm, infelizmente, a mente curta privile-giando o interesse particular, em detrimento do desenvolvimen-to colectivo da Agricultura, com criação e fixação de pessoas no Concelho e por essa via os do Concelho de Macedo, são os chamados donos disto tudo.

O aparecimento de organizações modernas que desenvol-vam um trabalho sério com recursos a profissionais capazes, com uma estratégia a média e longo prazo, apoiada financeira-mente e politicamente, são a única alternativa à situação atual. A necessidade alimentar Mundial vai continuar a aumentar e só quem produzir para esse exigente mercado terá futuro, nós por cá, tudo na mesma, perdão, cada vez pior.

A Direcção

“[O regadio] é uma mais-valia muito grande, e só neste perímetro de rega é que não é visto como tal”

AZIBO RURAL

Pág. 7Entrevista com José Luís Castro Pág. 5

IV Feira do Azeite e do Figo dias 10 e 11 de Outubro, no Lombo

Pág. 4

Pág. 2

Pág. 3

UTAD cria solução para doença da tinta no Castanheiro

Processo de reconhecimento da situação de prédio rústico e misto sem dono

Mais 200 milhões para a agricultura até 2020

Fruto do trabalho de dezenas de anos de investigação, a UTAD, apresentou o ColUTAD, um porta-enxerto de

castanheiro que visa impedir a propagação da Doença da Tinta no castanheiro. Depois de plantado, o porta-enxerto funciona como barreira à progressão da doença. A enxertia vai permitir o normal desenvolvimento da árvore e a produção de castanha.

Foi publicada legislação que prevê a Identificação e pu-blicitação de prédios sem dono conhecido, a Lei esti-

pula o Procedimento e as regras de Publicitação, o mesmo diploma também prevê Reclamações e os critérios de Dis-ponibilização do prédio identificado como prédio sem dono conhecido, e a Disponibilização do prédio reconhecido como sem dono conhecido.

O Governo reforçou em 200 milhões de euros a verba do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) des-

tinada às medidas agro-ambientais, passando a um total de 774 milhões de euros, verba que será distribuída por cada ano do período até 2020.

Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros

Page 2: Azibo Rural Set 2015

02 Setembro de 2015 - AZIBO RURAL

Director: Helder Fernandes; Redação: ABMC; Colaboradores: Amândio Salgado Carloto, Ar-mando Augusto Mendes, Hélder Fernandes, Horácio Cordeiro, José Carlos Trovisco Rocha, Nuno Morais; Victor Santos; Paginação: Edições Imaginarium, Lda.; Propriedade e editor:

Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros; Impressão: Escola Tipográfica - Bragança; 1500 exemplares Registado no ICS com o n.º 125 768

AZIBO RURALfIchA TécnIcA

Sede: Edificio da Zona Agrária; Av Ilha do Sal; Apartado 23; 5340 951 - Macedo Cavaleiros; Telf.: 278 420 024; Fax: 278 420 029; e-mail: [email protected]; facebook.com/abmc.pt; Aproveitamento Hidroagricola de Macedo de Cavaleiros: Telf.: 278 420 020; Fax: 278 420 029; e-mail: [email protected]

Notícias

Dia 10 de Setembro vol-tou a ser dia de cebolas

em Chacim. A tradição man-tém-se mas também se altera, se há algumas décadas a feira das cebolas de Chacim era co-nhecida pelas cebolas, que lhe dão o nome, mas também pelo gado que se comercializava por ali e cobria todo o recinto da campo da bola, hoje são as ce-bolas e alguns produtos de fei-ra como roupas e utilidades que preenchem o espaço do Largo da Feira em Chacim.

É no dia 9 que começa a preparar-se a feira com a che-gada dos produtores, que vão marcando o lugar e instalando os primeiros reboques de trator carregados de cebola. Pela ma-nhã do dia 10 começam a fluir à aldeia de Chacim os compra-dores, comerciantes que irão revender as cebolas, restau-

rantes que as procuram para transformar, ou simplesmente consumidores que procuram a cebola de Chacim para a des-pensa, por esta ter fama de ser boa e durar sem espigo durante muito tempo.

O preço a que a cebola foi comercializada variou essen-cialmente com a hora. Embo-ra não haja um acordo entre os produtores que defina um preço comum, sendo estes li-vres de estipular o preço a que querem vender o seu produto, existe alguma uniformidade en-tre os preços praticados, para que não seja muito diferente do preço do vizinho. No início do dia o preço que mais se ouvia pedir por um cabo de cebolas era 4.50 euros. Este preço pre-miou os mais madrugadores, que para além de poderem es-colher entre uma maior oferta,

Chacim esgota cebolas

tiveram o preço mais modesto. Ao longo da manhã, à medida que os produtores foram vendo escoar o seu produto e não se vislumbrava perigo de ficar com o produto no atrelado, o preço mais comum passou a ser 5.00 euros por cabo de cebola.

E mais que viessem. Não fal-tou gente a procurá-las. Os cerca de 20 produtores ,de Chacim e das aldeias limítrofes, escoaram mais de 20 toneladas de cebola

e, pelo meio-dia, já não havia ce-bolas para satisfazer a procura os que ainda se deslocaram a chacim à procura de cebolas.

Para José Génio, presidente da Junta de Chacim e também ele produtor de cebola, chacim não viu a produção de cebola afetada tanto em quantidade como em qualidade, com o ano seco que se tem verificado, por-que em Chacim sabem tratar das cebolas.

Foi publicada a Lei que estabelece o processo

de reconhecimento da situação de prédio rústico e misto sem dono conhecido que não esteja a ser utilizado para fins agríco-las, florestais ou silvopastoris e o seu registo.

O procedimento de reconhe-cimento, pelo Estado, de um prédio como prédio sem dono conhecido compreende as se-guintes fases:

a) Identificação do prédio sem dono conhecido;

b) Publicitação do prédio identi-ficado como sem dono conhecido;

c) Disponibilização na bolsa de terras do prédio identificado como prédio sem dono conhecido;

d) Reconhecimento e registo do prédio sem dono conhecido;

e) Disponibilização na bolsa de terras do prédio reconhecido como prédio sem dono conhecido.

A lei que regula esta situ-ações é a Lei n.º 152/2015 de 14 de setembro, e prevê a Identificação e publicitação de prédios sem dono conhe-cido, estipula o Procedimento e as regras de Publicitação, o mesmo diploma também pre-vê Reclamações e os critérios de Disponibilização do prédio identificado como prédio sem dono conhecido, e a Disponibi-lização do prédio reconhecido como sem dono conhecido.

Estão previstos períodos alargados no tempo para de-correrem formalidades, há, por exemplo, um prazo de 15 anos para poder ser feita uma

Processo de reconhecimento da situação de prédio rústico e misto sem dono

Prova da titularidade, já de-pois da Disponibilização do prédio reconhecido como sem

dono conhecido, mas nestes casos tem penalizações para os proprietários.

Page 3: Azibo Rural Set 2015

03AZIBO RURAL - Setembro de 2015

Associações de agricul-tores querem aprovei-

tamento hidroagrícola a partir do rio onde foram construídas duas barragens

A Associação de Agriculto-res de Trás-os-Montes (AATM) e a Confagri defendem a cria-ção de um sistema de regadio a partir do Plano de Ordena-mento das Albufeiras do Baixo Sabor (POABS).

João Barros, desta asso-

ciação que representa 5 mil agricultores, não tem dúvidas que esta é a única forma de potenciar a produção na re-gião e de atrair novos investi-dores para o território.

“Estamos a lutar para que o Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor seja também hidroagrícola, para que poder-mos produzir mais e termos vá-rias culturas com altas produ-ções, só assim os mais jovens

podem investir”, salienta.As culturas de amendoal e de

olival seriam as mais beneficia-das, nos vários concelhos abran-gidas pela Albufeira do Baixo Sabor, nomeadamente de Bra-gança, Macedo de Cavaleiros, Alfandega da Fé, Mogadouro, Vila Flor e Torre de Moncorvo.

De acordo com a Confagri, “é na região de Trás-os-Montes que se verifica um dos maio-res aumentos da temperatura

média do ar, em relação ao período de 1971 a 2000, com reflexos negativos no desen-volvimento de muitas culturas, e condicionando fortemente a competitividade da agricultura de uma vasta região”. Razão pela qual, as duas associações “solicitaram ao Governo a in-tegração da possibilidade de aproveitamentos hidroagrícolas no POABS”.

Por Olga Telo Cordeiro

Produtores reclamam regadio a partir da albufeira do Baixo Sabor

ColUTAD é o nome do porta-enxerto de casta-

nheiro que visa impedir a pro-pagação da Doença da Tinta no castanheiro. Trata-se de um Cas-tanheiro hibrido que resulta do cruzamento entre os Castanhei-ros europeu (Castanea sativa) e japonês (Castanea crenata).

Esta ferramenta, destina-da ao setor da castanha, visa “travar o avanço da Doença da Tinta, responsável pela morte de milhares de castanheiros na Europa”, afirma José Gomes Laranjo, docente do Departa-mento de Biologia e Ambiente da Universidade de Trás-ao-Montes e Alto Douro (UTAD) e Presidente da RefCast.

A Doença da Tinta é provo-cada por um fungo (Phytophto-ra cinnamomi) que vive no solo e que ataca as raízes do cas-tanheiro, impedindo a absorção de água e nutrientes pela árvo-re, causando a sua morte.

O ColUTAD permite a plan-tação de novos castanheiros, com maior segurança em solos afetados por esta doença, mes-mo em soutos onde ocorreu a morte de outros castanheiros.

“Depois de plantado, o por-ta-enxerto funciona como bar-reira à progressão da doença. A enxertia vai permitir o normal desenvolvimento da árvore e a produção de castanha”, subli-nha José Gomes Laranjo.

Esta nova ferramenta está em experimentação tendo já sido obtidos “resultados posi-

UTAD apresenta solução para combater Doença da Tinta no Castanheiro

tivos em vários locais de Trás-os-Montes”.

Fruto do trabalho de deze-nas de anos dos investigadores da UTAD, António Lopes Go-mes, Carlos Abreu, Luis Torres de Castro e Alberto Santos, o ColUTAD® está em processo de registo e entrará brevemen-te nos circuitos comerciais.

ColUTAD® apresentado no VI Encontro Europeu

da Castanha

O VI Encontro Europeu da

Castanha realizado entre 9 e 12 de setembro foi o momen-to escolhido para apresenta-ção desta solução aos agen-tes da fileira.

Sobre a importância des-tes Encontros, José Gomes Laranjo, afirmou que estes “permitem a análise e defi-nição das estratégias de de-senvolvimento a prosseguir ao nível Europeu”.

Fontainhas Fernandes, rei-tor da UTAD, reiterou neste evento o “forte envolvimento desta universidade na promo-

ção e valorização da cultura do castanheiro como uma aposta estratégica da UTAD, pois esta cultura é cada vez mais um fator de coesão territorial com forte impacto nos territórios de baixa densidade de média e alta montanha do interior centro e norte de Portugal”.

No encontro estiveram repre-sentantes do governo que deixa-ram a promessa de apoio quanto à implementação em 2016 da luta biológica contra a vespa das galhas do castanheiro.

Fonte: agrotec

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04 Setembro de 2015 - AZIBO RURAL

Já foram inaugurados os blocos de rega de São

Pedro, Baleizão e Quintos. A água de Alqueva chega assim a mais 15 mil hectares, numa mancha muito atrativa para o regadio, já com 50 por cento de utilização num perímetro que tem pouco mais de mês e meio de testes, revelou José Pedro Salema.

O presidente do Conselho de Administração da EDIA ex-plicou o que significam mais 15 mil hectares de regadio, espe-cialmente quando se está a fa-lar de áreas que são para ficar

a produzir e a ser utilizadas.José Pedro Salema referiu

ainda, que está satisfeito com o aproximar do final da maratona que tem sido a implementação do regadio do Alqueva.

Os novos blocos de rega es-tão equipados com uma esta-ção elevatória e 459 hidrantes, beneficiando uma área total de cerca de 15 mil hectares, com 805 prédios rústicos e 448 pro-prietários.

Recorde-se que presente-mente, o projeto Alqueva con-ta com cerca de 88 mil hec-tares em exploração, estando

Água do Alqueva chega a mais 15 mil hectares

em curso trabalhos para a instalação de mais cerca de 30 mil hectares, com vista à sua conclusão até final do

corrente ano. Na próxima campanha de

rega, em 2016, Alqueva regará perto de 120 mil hectares.

O Governo reforçou em 200 milhões de euros a

verba do Programa de Desen-volvimento Rural (PDR) desti-nada às medidas agro-ambien-tais, para responder ao elevado número de candidaturas.

«Estamos em condições de anunciar que vamos reforçar o PDR, que é o programa de fundos comunitários de apoio à agricultura, em 200 milhões de euros, que provêm do Or-çamento do Estado, para aco-modar todas as candidaturas às medidas agro-ambientais», passando a um total de 774 milhões de euros, afirmou a ministra da agricultura, Assun-ção Cristas.

Inicialmente estava prevista uma dotação de 574 milhões de euros para esta área, que inclui a ajuda à agricultura biológica, ao modo de produção integra-do, ao uso eficiente da água e às culturas tradicionais de se-queiro, como o castanheiro, o olival ou o amendoal.

Mas estas medidas «tive-ram um sucesso tal que vimo-nos a braços com o problema de não termos verba suficiente para acudir a todas as candida-turas, a menos que tivéssemos um reforço do Orçamento do Estado», explicou a ministra da Agricultura e do Mar.

As candidaturas na área do modo de produção biológico e do modo de produção inte-grado, exemplificou Assunção Cristas, mais do que duplicaram em relação ao ano passado, «o que demonstra o sucesso des-tas medidas».

Assim, o Governo optou por atribuir mais 200 milhões de euros a esta área do PDR, verba que será distribuída por cada ano do período até 2020.A portaria que rege a aplicação das medidas agro-ambientais já apontava a pos-sibilidade de ser necessário aplicar critérios de seleção, o que significava apoiar alguns projectos, mas não todos.

Porém, esta eventual situ-ação é entendida pela minis-tra como «um mau caminho», pois as medidas apoiam a agricultura na tarefa de tornar-se mais «amiga do ambiente» ou de incentivar uma activida-de que já é ecológica, como a cultura de sequeiro.

«Se tivemos uma boa ade-são neste tipo de medidas é positivo, era o que nós querí-amos, é a tendência que acha-mos relevante a estimular na nossa agricultura», mas foi necessário estudar «todas as consequências» para a deci-são de reforçar a verba, real-

Mais 200 milhões para a agricultura até 2020

çou Assunção Cristas.Portugal é responsável pelo

cofinanciamento de 15 por cen-to das medidas agro-ambientais e à União Europeia cabe res-ponder pelos restantes 85 por cento. «Quando o Orçamento do Estado for preparado para o próximo ano, teremos de ter em consideração que será neces-sário colocar mais dinheiro da componente nacional», acres-centou a ministra.

Estão em causa 69 mil can-

didaturas e uma área de 1,9 milhões de hectares, uma lista liderada pela medida destinada a apoiar as culturas tradicio-nais, neste caso a cultura tradi-cional do olival, com mais de 25 mil projectos apresentadas.

A governante recordou a «inquietude”»do sector por-que ainda não tinha sido publicado o calendário de pagamento das medidas agro-ambientais, como já ti-nha acontecido com outras.

Page 5: Azibo Rural Set 2015

05AZIBO RURAL - Setembro de 2015

EntrevistaEntrevista com José Luís Castro, gerente da empresa Sá Morais Castro.

A sua empresa tem realiza-do grandes investimentos na agricultura, na região, quais as prioridades?

Sim. A Sá Morais Castro tem uma exploração agrícola com 600 hectares nos concelhos de Macedo de Cavaleiros e Miran-dela, sendo 300 hectares olival. Houve grandes investimento no aumento da área, na plantação de olival e de amendoal e no passado mais recente os investi-mentos têm estado concentrados na transformação do olival de se-queiro para regadio. Temos feito explorações de água e temos implementado o sistema “gota-a-gota”. Na área do regadio do Azi-bo, todos os olivais são irrigadas pelo sistema “gota-a-gota”.

Dão prioridade às terras que estão dentro do regadio em termos de investimento?

Claro. É uma mais-valia mui-to grande, e só neste perimetro de rega é que não é visto como tal, na generalidade os perí-metros de rega são muito mais aproveitados e são uma mais-valia para todos os agricultores.

Acha que os agricultores não se aperceberam das vantagens que podem retirar do regadio?

Penso que ainda há um grande ceticismo relativamen-te ao regadio. Não há razões objetivas para não haver muito maior aproveitamento desta ri-queza. Pode ser uma questão de tradição, pouca abertura para a inovação a nível da agricultu-ra e por consequência a opção pelo regadio é sempre vista como algo muito caro, algo que só está disponível para alguns, quando isso não é verdade.

Investir em sistemas de rega é um investimento recuperável?

Caso não fosse a Sá Morais Castro não o faria. Estou con-vencido que não há alternativa

Vai continuar a investir no regadio?

A Sá Morais Castro tem cer-ca de 300 ha de olival, destes

150 ha em regadio e no próxi-mo ano mais 50 ha em rega-dio. Temos um projeto bastante ambicioso de regadio e vamos ainda plantar mais cerca de 30 hectares de olival e 15 hectares de amendoal que serão de ime-diato colocados em regadio.

A produção de azeitona é destinada à transformação em azeite e comercialização de marca própria ou indife-renciada no mercado?

A totalidade da nossa azeitona tem sido vendida a granel, logo não somos produtores de azeite. Neste momento a nossa aposta é sermos melhores produtores de azeitona, aumentando bastante a produção e a qualidade.

Há alguns estudos que apontam que a utilização de regadio no olival pode modi-ficar alguns indicadores do produto como os peróxidos, acha que isso relevante na qualidade do produto?

Alguns dos fatores que re-almente condicionam a qua-lidade do azeite são o tempo que medeia entre a apanha e a transformação, a azeitona es-tar em perfeitas condições (li-vre de pragas) e ser apanhada na altura certa. A qualidade da nossa azeitona tem sido muito boa devido exatamente a um conjunto de boas práticas.

Acha que a agricultura em Trás-os-Montes tem futuro?

Eu acho que sim, mas não nos moldes em que a grande maioria dos agricultores opera. Como sabe não há grandes em-presas presentes na agricultura transmontana e eu creio que vão começar a aparecer. A Sá Morais Castro é uma empresa já com alguma expressão mas vão apa-recer empresas maiores e a nos-sa vai ter que crescer bastante. Creio que é muito importante ha-ver uma profissionalização efeti-va dos agricultores. É importante ter capital e conhecimento para a escolha das melhores opções.

Nesta zona o que predo-mina são espaços pequenos para cultivo. Não acha que esse é um condicionante para quem quer investir?

É uma grande limitação. Devia ser muito mais incenti-vado o emparcelamento pois caso contrário Trás os Montes terá grandes dificuldades de se afirmar na panorama nacional, bem como a agricultura nacio-nal terá grandes dificuldades em ser competitiva a nível mun-dial. Há que ter bem claro que as cotações da grande maioria do produtos agrícolas é definida em bolsa e que são os países mais competitivos que determi-nam os preços mundiais.

O Estado devia penalizar aqueles que têm terras e não as cultivam?

Eu acho que sim e penso que a tendência será essa. Se-ria um incentivo ao emparcela-mento, que na minha opinião é algo muito importante para Trás-os-Montes já que é um dos principais condicionantes ao de-senvolvimento da agricultura.

Acha que na nossa região há estruturas capazes de de-

fender os produtores mais pequenos e influenciar tam-bém esse desenvolvimento?

Os agricultores Transmon-tanos precisam de ver os bons resultados das explorações mais inovadoras. Claramente Trás-os-Montes, no que à inovação diz respeito, está muito atrasada. A Sá Morais Castro está apostada em desenvolver parcerias com escolas, institutos politécnicos e universidades no sentido de fo-mentar as trocas de informação e de ensinamentos para que se-jamos uma montra das melhores praticas internacionais e que des-ta forma contribuamos para a mu-dança de mentalidades. Estamos apostados em contribuir para o sucesso da agricultura regional.

Fala-se que há uma grande quebra da produção da azeito-na. Também é dessa opinião?

Não. Tudo aponta para que a Sá Morais Castro terá uma boa produção de azeitona, o que vêm a dar razão a quem aposta no regadio. As contra-safras são minimizadas com o regadio. No ano passado tivemos uma pro-dução de 415 toneladas e espe-ramos dentro de poucos anos atingir o milhão de kgs.

“Penso que ainda há um ceticismo relativamente ao regadio.”

Page 6: Azibo Rural Set 2015

06 Setembro de 2015 - AZIBO RURAL

CONTACTOS úTEIS

ABMC Ass. BenefiCiários MAC. CAvAleiros 278 420 024DGADr Aproveit. hiDroAGríColA MAC. CAv. 278 420 020ApA AssoCiAção portuGuesA Do AMBiente 278 426 735ACriGA AssoCiAção CriADores De GADo 278 426 546AGriArBol Ass. pt. AGro-fl. terrA quente 278 421 698AJAp Ass. Jovens AGr. portuGAl MAC. CAv. 278 425 756DrAp-n Dir. reG. AGr. pt. norte MirAnDelA 278 260 900DrAp-n DeleGAção Do norDeste MAC. CAv. 278 426 627CooperAtivA AGríColA De MAC. CAvAleiros 278 421 145AnCorCB Ass. nAC. Cri. ovinos ChurrA BADAnA 278 426 383CAp ConfeDerAção De AGriCulturA portuGAl 278 421 337AnCoteq Ass. nAC. Cri. ovinos ChurrA tq 278 426 357fAtA feD. AGriCulturA De trás-os-Montes 278 426 454veterinário MuniCipAl 278 421 747CluBe De CAçA e pesCA De MACeDo CAvAleiros 278 425 160Afn AutoriDADe florestAl nACionAl 278 421 448ifAp vilA reAl 259 340 690

Calendário de Pagamentos - 2015 (1)

Candidaturas Periodo

Outubro

Prémio por Vaca em Aleitamento – Adiantamento 50% 30 out 2015

Prémio Por Vaca Leiteira – Adiantamento 50% 30 out 2015

Prémio por Ovelha e Cabra– Adiantamento 50% 30 out 2015

Pagamento Específico por Superfície ao arroz– Adiantamento 50% 30 out 2015

Pagamento Específico por Superfície ao Tomate – Adiantamen-to 50% 30 out 2015

Novembro

M9 — Manutenção da Atividade Agrícola em Zonas Desfavore-cidas (2) – Adiantamento 30 nov 2015

RURIS — Florestação de Terras Agrícolas (2) 30 nov 2015

(1) Calendário provisório, sujeito a alterações decorrentes de situações excecionais. As datas referentes aos restantes pagamentos serão oportunamente divulgadas tendo em conta a implementação da respetiva operacionalização.(2) Condicionado à existência de disponibilidade orçamental.

A submissão de candida-turas é feita no período

de l de maio a 31 de outubro de 2015, conforme disposto no n.º 1 do artigo 18.º da Portaria su-pra identificada, que estabelece o regime de aplicação da Ação n.º 3.1 do PDR 2020.

Nos termos do artigo 10.º da Portaria citada, são os seguin-tes os termos e condições apli-cáveis ao presente período de submissão de candidaturas:

Objetivos e prioridades vi-

sadasO presente período de apre-

sentação de candidaturas pros-segue os seguintes objetivos:

a) Fomentar a renovação e o rejuvenescimento das empre-sas agrícolas;

b) Aumentar a atratividade do setor agrícola aos jovens investi-dores, promovendo o investimen-to, o apoio à aquisição de terras, a transferência de conhecimentos e a participação no mercado.

Critérios de seleção e cri-

Anúncio de Abertura de Período de Apresentação de Candidaturas

tério de desempateAs candidaturas devidamente

submetidas que cumpram os cri-térios de elegibilidade dos bene-ficiários previstos no artigo 5.º da Portaria supra identificada, são se-lecionadas para hierarquização.

Para efeitos de hierarquiza-ção, são aplicados os seguintes critérios de mérito relativo:

1º - Candidatura apresenta-da por jovem agricultor que te-nha adquirido a titularidade da exploração agrícola ou de qual-quer das suas unidades através da bolsa de terras.

2º - Candidatura de jovens agricultores que se instalem em regiões nas quais se verificou per-da de população intercensitária.

Os critérios de desempate aplicados são:

1º - Formação adequada do jovem agricultor;

2º - Ordem de submissão da candidatura.

Em caso de insuficiência or-

çamental, as candidaturas são selecionadas de acordo com a hierarquização obtida em resul-tado da aplicação dos critérios supra identificados.

Nos termos do nº 1 e 2 do artigo 12.º da Portaria nº. 31/2015, de 12 de fevereiro, as candidaturas que não tenham sido aprovadas por razões de insuficiência orçamental tran-sitam para o período seguinte, até ao máximo de dois períodos consecutivos, findos os quais a candidatura é indeferida.

Forma de apresentação das candidaturas

As candidaturas são sub-metidas através de formulário eletrónico disponível no sí-tio no portal do Portugal 2020 em www.pt-2020.pt. ou do PDR2020 em www.pdr-2020.ptf e estão sujeitos a confirmação por via eletrónica a efetuar pela autoridade de gestão.

N.º 02 / Ação 3.1 / 2015 - Jovens Agricultores - (Portaria n.º 31/2015, de 12 de fevereiro)

Forma e montantes do apoio1 — O apoio previsto na presen-te portaria consiste num prémio à instalação, sob a forma de subvenção não reembolsável.2 — O montante do prémio à ins-talação é de € 15 000 por jovem agricultor, ao qual pode acrescer uma das seguintes majorações:a) 25 % do montante do prémio, se o plano empresarial incluir, por jovem agricultor, investimen-tos na exploração cujo valor seja igual ou superior a € 80 000;b) 50 % do montante do pré-mio, se o plano empresarial incluir, por jovem agricultor, in-vestimentos na exploração cujo valor seja igual ou superior a € 100 000;c) 75 % do montante do prémio, se o plano empresarial incluir, por jovem agricultor, investimen-tos na exploração cujo valor seja igual ou superior a € 140 000.3 — Quando o beneficiário seja membro de agrupamento ou or-ganização de produtores reco-nhecido no sector relacionado com a instalação, é atribuída uma majoração de € 5.000.

Obrigações dos beneficiários1 — Os beneficiários dos apoios previstos na presente portaria, sem prejuízo das obrigações enunciadas no artigo 24.º do

Decreto -Lei n.º 159/2014, de 27 de outubro, são obrigados a:a) Manter as condições previs-tas na alínea b) do artigo 4.º durante o período de duração do plano empresarial, nomea-damente as relativas à deten-ção do capital social;b) Cumprir o plano empresa-rial no prazo previsto na alínea f) do n.º 1 do artigo 5.º, deven-do iniciar o mesmo no prazo de 6 meses a contar da data de aceitação do apoio;c) Exercer a atividade agrícola na exploração pelo período mínimo de cinco anos a contar da data de aceitação da concessão do apoio;d) Adquirir a condição de agricul-tor ativo, no prazo de doze me-ses a contar da data de aceita-ção da concessão do apoio;e) Possuir formação agrícola adequada ou, caso não a pos-sua, adquirir formação de acor-do com o previsto no n.º 3;f) Concluir a execução dos in-vestimentos previstos no plano empresarial no prazo máximo de 24 meses a contar da data de aceitação da concessão do apoio, podendo, contudo, a au-toridade de gestão autorizar a sua prorrogação em casos ex-cecionais e devidamente funda-mentados.(...)

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07AZIBO RURAL - Setembro de 2015

A ministra Assunção Cris-tas anunciou no passa-

do dia 22 de Julho, em Óbidos, o lançamento de obras no valor de 28 milhões de euros, com prazo de conclusão até 2017, para dotar o concelho de água e de infraestruturas de rega para a agricultura.

A ministra da Agricultu-ra disse que a construção de uma estação elevatória para fornecer água aos agricultores vai ser adjudicada ainda nes-ta legislatura e anunciou ter assinado o despacho relativo ao lançamento do concurso público para a construção de infraestruturas para a de rega de Óbidos. O concurso para a rede da Amoreira é lançado até ao final do ano.

“Estaremos com todas as obras concluídas para a campa-nha de 2017”, disse a ministra, segundo a qual não se trata de um “prazo irrealista para quem esperou 39 anos” pelo projeto.

Considerando um “líquido precioso para a competitivida-de e para a criação de postos de trabalho” da agricultura, As-sunção Cristas explicou que a água vai chegar a 1.200 hec-tares de terrenos agrícolas, de 900 agricultores das freguesias da Amoreira e do Olho Marinho, em Óbidos, e do Pó e da Roli-ça, no Bombarral.

O presidente da Câmara Municipal de Óbidos, Humber-to Marques (PSD), sublinhou que o investimento “é um velho sonho com 40 anos” dos agri-cultores do concelho e que é in-dispensável para o seu desen-volvimento económico.

Vão ser construídos 50 quilómetros de rede de dis-tribuição, por onde passarão 5,5 milhões de metros cúbicos de água, sendo disponibiliza-das 400 tomadas de água, ou seja, cerca de três tomadas por hectare.

Integrada no Projeto Hidroa-

Governo anuncia obras de 28 milhões de euros para regadio agrícola

grícola das Baixas de Óbidos, a rede é aguardada desde 1978.

O regadio está integrado na construção da Barragem do Arnóia, obra de 6,5 milhões de euros, concluída em 2005, e parada desde então devido aos sucessivos adiamentos na con-clusão da rede de rega.

Destinado em 60% a po-

mares e 40% a hortícolas, o projeto permite, por exemplo, aumentar a produção média de pera rocha de 12 toneladas (em sequeiro) para 40 toneladas por hectare, em regadio.

O projeto, orçado em 28 mi-lhões de euros, conta com um financiamento comunitário.

Fonte: notíciasaominuto.com

Organismo tem como missão recolher, anali-

sar e disponibilizar informação sobre “nível de preços e mar-gens de valor” ao longo da ca-deia agroalimentar.

Foi publicado dia 4 de Agos-to, o diploma que cria o Obser-vatório da Cadeia de Valor, que irá monitorizar os preços no se-tor agroalimentar em Portugal, desde a produção à distribuição e venda ao consumidor.

A ideia teve origem ainda em 2012, no rescaldo da cria-ção da PARCA – Plataforma de Acompanhamento das Re-lações na cadeia Agroalimen-tar, que sentou agricultores e distribuidores à mesma mesa, sob a tutela da Agricultura e da Economia. Mas só agora – e já depois do ser adotada em 2014 a nova regulamentação sobre as relações contratuais entre distribuidores e fornece-dores agrícolas e industriais (diploma das PIRC) – o Gover-no vem acrescentar um instru-mento de análise dos preços e

divulgação da informação.“O desconhecimento sobre

a distribuição da margem de valor entre a produção, a indús-tria e a distribuição e sobre a percentagem da sua apropria-ção pelos diferentes interve-nientes ao longo da cadeia não tem permitido o conhecimento exaustivo sobre o normal fun-cionamento do mercado”, justi-fica o legislador.

O Observatório da Cadeia de Valor tem então o objetivo de “contribuir para uma maior transparência em toda a ca-deia agroalimentar e acompa-nhar o equilíbrio das evoluções verificadas no sector”. Deve “produzir informação decorren-te da observação de preços no sector agroalimentar”, e “incre-mentar a competitividade” do mesmo, “apoiar a formulação de políticas no setor” e coorde-nar-se com a PARCA.

O despacho que cria o Ob-servatório entrou em vigor dia 5 de agosto, dia seguinte ao da sua publicação.

Governo vai criar observatório de preços agroalimentares

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08 Setembro de 2015 - AZIBO RURAL

A bactéria que já tinha sido encontrada em milhares

de árvores de fruto (principal-mente oliveiras), no sul de Itália, foi detectada na zona de Popria-no, na ilha de Córsega, em Fran-ça. O alerta foi dado pela primei-ra vez a 22 de Julho, quando duas plantas que entraram na ilha estavam contaminadas.

As autoridades francesas acreditam que as plantas in-fectadas foram transportadas de barco, no ferry que liga a Sardenha, em Itália, à Cor-sega, em França. Por isso, estão a ser analisados todos os passageiros que chegam ao porto de Bonifácio, na ilha francesa.

O ministro francês da Agri-cultura, Stephane Le Foll, visi-tou a região de Propriano e pe-

Xyllela Fastidiosa detectada na Córsega

A Xylella fastidiosa é uma das mais perigo-

sas bactérias vegetais a nível mundial, causadora de uma série de doenças e com um enorme impacto económico para a agricultura. Desde ou-tubro de 2013, uma estirpe desta bactéria está a alastrar na Apúlia (Itália), afetando principalmente os olivais.

Estão em vigor na UE, des-de fevereiro de 2014, medidas de emergência para lutar contra este organismo. Estas medidas foram refinadas em julho de 2014 e reforçadas em maio de 2015 com o objetivo de prevenir a propagação da bactéria no in-terior da UE.

Devido à grande incerteza quanto à gama completa de plantas hospedeiras sensíveis à estirpe da Apúlia (11 espécies e 2 géneros atualmente regu-ladas), as medidas de emer-gência da UE impõem requisi-tos rigorosos para a circulação dentro e fora da área afetada a uma longa lista de plantas es-pecificadas, que consiste em

160 espécies e 27 géneros de vegetais para plantação, com exceção das sementes, incluin-do videiras e citrinos.

Como se pode controlar a Xylella fastidiosa?

De acordo com os peritos em fitossanidade da Autori-dade Europeia para a Segu-rança dos Alimentos (AESA), não existe qualquer método de controlo atualmente dispo-nível para curar plantas doen-tes no terreno. As alterações nos sistemas de cultivo pode-riam ter algum impacto sobre a doença (p. ex., poda, ferti-lização e irrigação), mas isso não é suficiente para curar as plantas. Na Apúlia, a poda severa das oliveiras infetadas resultou na emissão de novos rebentos na base da árvore, mas, até à data, não se veri-ficou que este processo tenha curado as plantas nem impe-dido a sua morte.

A estratégia de controlo tem de se centrar no inseto vetor e na eliminação de plan-

tas infetadas que, se deixadas no terreno, podem funcionar como reservatório do inóculo da bactéria.

Para o controlo da popu-lação de vetores, exigem-se tratamentos fitossanitários ade-quados, tais como a remoção das ervas daninhas necessá-rias para o cumprimento do ci-clo de vida do inseto, mas tam-bém a utilização adequada de produtos fitofarmacêuticos, es-pecialmente antes da remoção das plantas infetadas. Esses tratamentos devem ser reali-zados juntamente com práticas agrícolas adequadas.

É importante notar que os hospedeiros assintomáticos, as infeção assintomáticas ou as infeções baixas podem não ser detetadas nas prospeções baseadas unicamente em ins-peções visuais e mesmo em ensaios de laboratório, uma vez que as infeções podem ser re-centes ou haver uma distribui-ção heterogénea da bactéria na planta. Este é o principal motivo para a aplicação de medidas de

erradicação rigorosas (p. ex., corte raso de todas as plantas hospedeiras em redor das plan-tas infetadas) relativamente a focos detetados fora da provín-cia de Lecce.

O que eu posso fazer na qualidade de cidadão para impedir a propagação de Xy-lella fastidiosa na UE?

As autoridades nacionais competentes devem ser imedia-tamente informadas de qualquer suspeita de Xylella fastidiosa, de modo a que se possam tomar as medidas necessárias

É importante que a circula-ção, no interior e para fora das zonas demarcadas na Apúlia, de plantas especificadas pro-venientes desta zona se res-trinja às plantas cultivadas num viveiro autorizado e que sejam acompanhadas de um passa-porte fitossanitário.

Por último, não traga nenhu-ma planta quando regressar de países terceiros, a menos que a planta seja acompanhada de um certificado fitossanitário.

O que é a Xylella fastidiosa?

diu o «compromisso total», de modo a isolar o surto.

A ilha de Córsega tem uma indústria de azeite de pequena

escala, com 500 empregados. Do total de 868.000 hectares (ha) de área da ilha, 2.000 ha são ocupados com oliveiras.

A Xylella fastidiosa é trans-portada por insectos vectores e torna a planta sensível a várias doenças.