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UNIVERSIDADE SALVADOR
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE COMUNICAÇÃOCURSO DE DESIGN COM HABILITAÇÃO EM COMUNICAÇÃO VISUAL
E ÊNFASE EM MEIOS DIGITAIS
MONOGRAFIA
ECODESIGN: POTENCIALIDADES DO BAMBU
Frederico Menezes Régis
SALVADOR2004
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UNIVERSIDADE SALVADOR
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE COMUNICAÇÃOCURSO DE DESIGN COM HABILITAÇÃO EM COMUNICAÇÃO VISUAL
E ÊNFASE EM MEIOS DIGITAIS
MONOGRAFIA
ECODESIGN: POTENCIALIDADES DO BAMBU
Monografia como requisito da disciplinaProjeto Experimental para graduação no cursode Design com habilitação em comunicação
visual e ênfase em meios digitais, pelaUniversidade Salvador-UNIFACS, sob aorientação da Profª. Dra. Maria Helena OchiFlexor
SALVADOR2004
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RESUMO
Este estudo tenta, não só mostrar a relevância do ecodesign e a responsabilidade do designer
no mundo atual, mas, também, caminhos para o seu desenvolvimento. Na tentativa de inovar
o uso de materiais de pouca aplicação no Brasil, busca-se estudar o bambu, como um material
alternativo no campo do design, tratando de investigar suas especificidades e as suas
possibilidades aplicativas. Procura-se levar em conta os fatores estéticos, sociais, culturais e
humanos, além de prever as conseqüências ambientais positivas, ecológicas e econômicas da
aplicação do material em questão, ou seja, o uso do bambu como material ecologicamente
correto, já em uso e valorizado em muitos países do mundo.
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AGRADECIMENTOS:
Prof a. Maria Helena Ochi Flexor, minha orientadora, por guiar meus passos nessa empreitada, pela confiança depositada em mim, pela paciência, apoio e amizade sempre.
Profª. Carina Flexor, pela amizade e ajuda de sempre.
Prof. Cid Ávila, pelos conselhos e apoio.
Álvaro Abreu, que, com seu exemplo, foi o primeiro a me instruir e incentivar na arte do bambu.
Membros do Grupo Bambu-Brasil, em especial, Raphael Moras de Vasconcellos, Marcelo daFonseca e Silva, Marques, Carlos Melo, Celina Lerena, Rubens Cardoso Junior, Euclides deOliveira Jr, Paulo Bustamante, Sérgio Miguel Safe de Matos Jr.
Alessandro Carvalho, Consultor comercial da Nassau - Grupo João Santos, compadre eamigo, pelo apoio e por interceder por mim junto à Itapagé.
Sr. Renato Larocca, Coordenador de Desenvolvimento de Embalagens Finais-Itapagé, pelagentileza e pelas valiosas informações. Colegas de curso, sempre dispostos a ajudar, sugerindo, indicando sites e artigos; em especial
à Daniel Sabóia, Cristine Tanaka, Lívio Avelino, Ciro Avelino, Pablo Vinícius, NerinaldoPereira e Alexandre Dias.
Minha mãe, Marília Régis, que, sem o apoio, confiança e paciência, não seriam possíveis asexperiências com o bambu.
Heleno Eutrópio de Macedo, ex-funcionário da Fazenda Buril e, hoje, um amigo que, mesmome achando um louco, sempre me ajudou na lida com o bambu. Luiz e Ana, pela ajuda com o bambu na fazenda.
Sergio Barreto, pela confiança no projeto e pelo apoio.
A todos que me ajudaram, mesmo aos que não foram citados, meu muito obrigado.
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SUMÁRIO
RESUMO 3
AGRADECIMENTOS 41. INTRODUÇÃO 6
2. O ECODESIGN 8
2.1.Origens: ecologia e ecodesign 8
2.2.Conceito 9
2.3.Ecodesign X Design sustentável 10
2.4.Critérios 11
2.5.Mudança de paradigmas 13
2.6.Mitos e realidade 14
2.7.Ciclo de vida 15
2.8.Interdisciplinaridade do ecodesign 16
2.9.O lado social do ecodesign 17
2.10.Barreiras ao ecodesign 18
3. ORIGEM E DISSEMINAÇÃO DO BAMBU 20
4. OS TIPOS EXISTENTES NO BRASIL E NA BAHIA 22
4.1. Espécies nativas do Brasil 22
4.2. Espécies exóticas sob cultivo no Brasil 29
5. OS TIPOS MAIS USADOS 31
6. RELAÇÃO BAMBU X ECODESIGN 35
6.1. Algumas conveniências e inconveniências 39
6.2.Tratamento 41
7. APLICABILIDADE DO BAMBU NO ECODESIGN 44
8. VANTAGENS DO USO DO BAMBU NO ECODESIGN 47
9. DESVANTAGENS DO USO DO BAMBU NO ECODESIGN 50
10. EXPERIMENTAÇÃO E PESQUISA DE CAMPO 51
11. CONCLUSÕES 65
12. BIBLIOGRAFIA 67
12.1. Referências impressas 67
12.2. Referências eletrônicas 67
12.3. Referências eletrônicas complementares 69
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1. INTRODUÇÃO
O ecodesign consiste no método de projetar, que visa evitar ou diminuir, os impactosambientais. Não se trata apenas de “limpar”, mas principalmente de “não sujar”, levando-se
isso em conta em todas as fases de projetação.
Existe uma preocupação crescente na busca de novos materiais que não causem danos ao
meio ambiente quando aplicados ao ecodesign, inclusive por parte dos empresár ios que têm
como objetivo a exportação de seus produtos para os mercados europeu e americano,
mercados estes que têm, hoje, uma preocupação com o impacto ambiental de um produto emtodo seu ciclo de vida, desde a sua fabricação até seu descarte.
Alguns estudiosos, no Brasil, têm pesquisado e usado o bambu com diversas finalidades,
como é o caso do arquiteto Rubens Cardoso Junior e dos designers industriais Marcelo
Fonseca e Silva e Raphael Moras de Vasconcellos, este último, moderador da lista de
discussão bambu-brasil1, porém, ainda não há um estudo focado no uso do bambu no
ecodesign.
Os estudos sobre ecodesign vêm crescendo bastante nos últimos anos e já é possível o acesso
a artigos e teses sobre o assunto, principalmente em sites governamentais e de universidades.
Esses documentos, juntamente com a bibliografia proposta, serão utilizados para fundamentar
esta pesquisa.
Como ainda não há um estudo que trate do uso do bambu no ecodesign, será feita uma
associação entre o caráter ecológico do design, sugerido por Victor Papanek, no seu livro
Arquitectura e design (1995, 275 p.) com as qualidades e características do bambu presentes
no livro Bamboo; the gift of the gods, do autor Oscar Hidálgo-Lopez (2003, 551 p.), no
propósito de satisfazer aos objetivos propostos.
Para ser possível o uso do bambu no design, algumas questões têm que ser levantadas e
respondidas:
1 VASCONCELLOS, Raphael, Bambu brasileiro. http://www.bambubrasileiro.com/info/design/3.html.Arquivo capturado em 4 nov 2002.
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- Qual a durabilidade do material?
- É um produto resistente?
- Quais os métodos para conservação?
- Quais os custos do tratamento do bambu?
- O tratamento causa algum dano ao meio ambiente?
- Há resíduos na sua produção?
- Sua extração é permitida pela legislação brasileira?
- Quais suas vantagens e desvantagens em relação à madeira?
O processo metodológico consiste em revisão bibliográfica, pesquisa em Internet, consulta a
profissionais ligados ao bambu e ecodesign, troca de informações através do grupo dediscussão bambu-brasil2, grupo este formado por 400 integrantes, na maioria designers,
arquitetos, engenheiros florestais, biólogos, pesquisadores, agrônomos e estudantes com
interesse no estudo do bambu.
A monografia divide-se, basicamente, em duas partes: a primeira aborda o ecodesign de uma
maneira geral, sua origem, conceitos, faz um comparativo entre ecodesign e design
sustentável, relata os critérios que devem ser levados em conta para que um determinado produto se enquadre nos conceitos ecológicos. Mostra, também, o que precisa ser feito para a
consolidação do ecodesign, os mitos e a realidade, o ciclo de vida do produto, as barreiras ao
ecodesign e a interdisciplinaridade que abrange tal atividade.
A segunda parte faz uma relação entre o ecodesign e a possibilidade do uso do bambu, como
material alternativo, que agrega os conceitos ecológicos. Mostra sua aplicabilidade no
ecodesign, os tipos existentes no Brasil e na Bahia, as espécies introduzidas no País e faz um paralelo entre as vantagens e desvantagens do uso do bambu no ecodesign.
2 VASCONCELLOS, Raphael, Bambu brasileiro. http://www.bambubrasileiro.com/info/design/3.html.Arquivo capturado em 4 nov 2002.
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2. O ECODESIGN
2.1. Origens: ecologia e ecodesign
Em meados de 1960, profissionais de diferentes países se reunir am em Roma, quando foi feita
uma análise que constatou que a sustentabilidade do planeta estava em perigo. A demanda por
matérias-primas, por recursos naturais, bem como a geração de lixo industrial eram
incompatíveis com os limitados recursos naturais e de absorção dos resíduos dessa produção
pelo planeta. Esse grupo de pessoas ficou conhecido como o Clube de Roma3.
Reunindo chefes de estado e profissionais de diversas áreas, o Clube de Roma foi marcado
por uma série de encontros com o objetivo de analisar a situação ambiental e oferecer
previsões e soluções para o futuro da humanidade.
Segundo Luiza Nascimento4, na primeira reunião significativa, o Clube de Roma chegou à
conclusão, em 1968, que, na tentativa de preservar os recursos naturais, o mundo teria que
diminuir a produção e propunha uma redução gradual dos resíduos da produção,fundamentalmente do lixo industrial. Então, a primeira proposta do Clube de Roma foi a
diminuição da produção. No entanto, a cultura consumista que dominou o mundo,
impossibilitava que essa proposta fosse colocada em prática. Como frear o crescimento
econômico e o modelo de consumo que a civilização havia adotado? Inviável.
A proposta do Clube de Roma não foi aceita, mas, ao menos serviu como um alerta para que o
mundo começasse a se preocupar com a causa ambiental e procurasse, a partir desse
momento, uma solução nesse sentido.
Até a segunda metade do século XX, os problemas ambientais continuavam crescendo, bem
como a conseqüente preocupação com a sobrevivência humana.
Ocorreram, então, muitas outras ações e o problema ambiental tornou-se objeto de debates em
praticamente todos os países do mundo até que, em 1972, a ONU realizou a Conferência das
3 NASCIMENTO, Luiza, Meio ambiente - história, problemas, desafios e possibilidades http://www.ibps.com.br. Arquivo capturado em 3 mar 20044 IDEM
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Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunindo mais de 110 países, entre eles, o
Brasil.
Pelo fato de ter sido realizada em Estocolmo, o evento ficou conhecido popularmente como ‘AConferência de Estocolmo’, quando então se chegou à conclusão de que a solução não eradiminuir a produção, como propôs o Clube de Roma, a solução era começar a pensar em produzir melhor.” Devia-se ... “produzir aproveitando melhor as matérias-primas e osrecursos naturais do planeta, para que estes tivessem uma duração maior. Era preciso tambémracionalizar os processos produtivos, para que eles gerassem menos resíduos5
A conclusão da reunião de Estocolmo foi muito mais sensata, muito mais viável. Ao invés de
produzir indiscriminadamente, passar -se-ia a produzir de forma mais “limpa”, evitando o
desperdício, diminuindo a emissão de gases tóxicos, garantindo, para as futuras gerações, os
recursos naturais, sem os quais ninguém vive.
Após a Conferência de Estocolmo, muitas outras assembléias aconteceram no mundo inteiro,
muitos países assinaram tratados de diminuição de emissão de poluentes, comprometeram-se
a gastar menos água, menos energia, aproveitar melhor a matéria-prima no processo de
produção, gerando assim menos desperdício. É a chamada “Produção mais Limpa”.
A questão ambiental chegou a ficar na pauta de muitas profissões. Não havia mais como
ignorar a preocupação com o meio-ambiente em nenhum setor da sociedade.
Em uma etapa da “Produção mais Limpa” está a preocupação com o produto. Surgiu então, a
partir da segunda metade da década de 1980, toda uma ação denominada Ecodesign.
2.2. Conceito
Segundo João Lutz 6:
...o Ecodesign é uma maneira de projetar que relaciona as questões ambientais com as projetuais. Eco, radical grego que quer dizer casa e design, do inglês, projetar.
As conseqüências da atual forma de projetar são danosas e já estão levando a uma crise
ambiental sem precedentes. A maneira de se projetar precisa levar em conta o impacto sobre o
5 NASCIMENTO, Luiza, Meio ambiente - história, problemas, desafios e possibilidades http://www.ibps.com.br. Arquivo capturado em 3 mar 20046 LUTZ, João, Entrevista à Univercidade. http://www.univercidade.br. Arquivo capturado em 3 mar 2004
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meio ambiente, em todas as fases de projetação, desde a sua concepção, os materiais a serem
utilizados, até o seu descarte ou reciclagem.
“Então, o Ecodesign é um método de projetar que incorpora os parâmetros ambientais.
Entretanto, essa forma de trabalho não invalida os conceitos de estética, de prática de uso ou
de funcionalidade do produto”7.
Oliveira8 lista uma série de designações similares para definir Ecodesign: Design verde,
Produção Limpa, Eco eficiência, Design para o ambiente, Design ambiental. Ele sugere,
ainda, que, segundo a EPA ( Environment Protection Agency), do Governo Americano, Design
verde é um processo projetual, na qual os atributos ambientais são tratados como objetivos dodesign e não apenas como recomendações.
Ainda, segundo Oliveira9, ecodesign:
é a abordagem conceitual e processual da produção que requer que todas as fases do ciclo devida de um produto ou de um processo devem ser orientadas para o objetivo de prevenção ouminimização de riscos, de curto ou longo prazo, à saúde humana e ao meio ambiente.
2.3. Ecodesign X Design Sustentável
Segundo Papanek 10:
Talvez não devesse existir a categoria especial chamada ´design sustentável´. Talvez fossemais simples presumir que os designers tentassem reformular os seus valores e o seu trabalho,de modo a que todo o design se baseasse na humildade, combinasse os aspectos objetivos doclima e o uso ecológico dos materiais com processos intuitivos subjetivos, e assentasse em fatores culturais e bio-regionais.
Muitos autores utilizam o termo “design sustentável” ou “produção sustentável” referindo-se
ao ecodesign. O ecodesign diz respeito ao ato de projetar produtos com a preocupação com o
meio ambiente em todo seu ciclo de vida, evitando ou diminuindo agressões ao ecossistema. 7 LUTZ, João, Entrevista à Univercidade. http://www.univercidade.br. Arquivo capturado em 3 mar 20048 OLIVEIRA, Alfredo, Eco-design e designações similares: diferenças e aproximações. Rio de Janeiro: P&DDesign, 1998, p.782.9 Ibidem, p. 78310 PAPANEK, Victor J., Arquitectura e design. Lisboa: Edições 70, 1995, p.14-15
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O design sustentável é aquele que garante, para as próximas gerações, os recursos para a sua
produção, mas que, para isso, não precisa necessariamente ser ecológico. Como exemplo, no
estado de Minas Gerais, há uma comunidade que sobrevive da venda de objetos feitos em
pedra-sabão. A quantidade de matéria-prima para a produção é abundante, ou seja, a produção
é sustentável, não há o risco da pedra-sabão acabar, porém, em nenhum aspecto se identifica
com os critérios do ecodesign. A produção, com a retirada das pedras, altera o meio ambiente
e os resíduos da produção (pó de pedra) causam danos à saúde, quando aspirados pelos
operários ou artesãos, além dos danos físicos, inclusive fazendo uso do trabalho infantil. É um
produto resultante do design sustentável? Sem dúvida, mas não do ecodesign.
Contudo, o inverso é verdadeiro: para ser considerado um produto oriundo do ecodesign, é preciso que seja sustentável, senão não teria como garantir continuidade da produção para as
gerações futuras.
2.4. Critérios
Branco11 sugere uma série de critérios, segundo os quais seja possível avaliar se um produto
possui as características que o tornem sustentável. Esse conjunto de critérios permite
diferenciar os produtos de “bom design”, que incorporam reais conceitos de preservação
ambiental, dos que permanecem na superficialidade da utilização de matérias primas
recicladas ou recicláveis.
São considerados produtos sustentáveis na lógica do ecodesign, e de acordo com o
entendimento da equipe da ecodesign-net12, aqueles que apresentam, quando aplicáveis, as
seguintes características:
a. Elimina ou reduz a formação, ao longo do ciclo de vida do produto (da produção da matéria-prima ao pós-uso), a formação de resíduos em especialnão recicláveis;
11 BRANCO, Alceu, Critérios de avaliação de produtos sustentáveis – ecodesign. http://www.cgecon.mre.gov.br/pvt/home. Arquivo capturado em 18 nov 200312 IDEM
Centro de Gestão de Design da ABIPTI e o CGECon/MRE. Trata -se de uma rede de gestão do conhecimentoem matéria de ciência e tecnologia aplicada ao ecodesign que beneficia a todos os autores que atuam na área.Esta comunidade visa agregar valor às cadeias produtivas e desenvolver o caráter competitivo dos produtos numsentido ecologicamente correto.
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b. apresenta, ao longo do ciclo de vida do produto, baixo consumo de energia, ouutiliza fontes alternativas de energias ou energias renováveis,comparativamente com produtos similares;
c. utiliza matérias-primas e insumos ecologicamente sustentáveis (exemplo:madeiras certificadas);
d. minimiza, pelas soluções adotadas, as possibilidades de uso inadequado,acidentes e dispêndios físicos excessivos ao usuário e ao operário;
e. não utiliza mão-de-obra infantil ou processos de transformação agressivos aooperário fabricante;
f. apresenta soluções que racionalizem o uso de matérias-primas naturais;
g. possibilita a substituição de partes e peças reduzindo a formação de resíduos.
Facilita a manutenção e o reuso/reciclagem;
h. apresenta maior durabilidade, comparativamente com os produtos similares,ampliando o ciclo de vida;
i. apresenta qualidade, objetividade, criatividade e soluções inovativas aoexteriorizar (pelos aspectos formais, funcionais e pela comunicação), osconceitos de ecodesign;
j. utiliza um planejamento de marketing (comunicação e informação da empresafabricante e sobre as características de sustentabilidade do produto),compatível com o conceito de sustentabilidade;
k. oferece suporte de pós-venda (comunicação e informação), com relação ao
descarte e a reciclagem;l. atende as normas específicas de ecodesign ou referentes à produção
sustentável;
m. deriva de metodologias de projeto compatíveis com os requisitos finais desustentabilidade do produto (requisitos do cliente, requisitos desustentabilidade, experimentação piloto, testes físicos);
n. está protegido pelos instrumentos da Propriedade intelectual - registro demarca e patente.
o. Facilita o desmonte;
p. Apresenta características de multifuncionalidade;q. Priorizam a utilização de tecnologias e materiais acessíveis (custo x beneficio-
e a cultura dos usuários e produtores).
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2.5. Mudança de paradigmas
É vital que todos nós reconheçamos as nossas responsabilidades ecológicas. A nossa
sobrevivência depende de uma imediata atenção às questões ambientais; contudo, atualmente, parece registrar-se ainda uma falta de motivação, uma paralisia da vontade, no sentido de proceder às mudanças radicais necessárias13
Os profissionais de design devem ser os principais condutores da mudança de atitudes em
curso e da quebra de paradigma, relativa à extração de recursos naturais para outro mais
evoluído e sustentável. Segundo Papanek 14, em sua obra “ Arquitectura e Design”...“o
designer está em posição de informar e influenciar o cliente”, como, por exemplo, mostrar-lhe
a importância de usar determinada matéria-prima, em relação a outra, principalmente expondo
as vantagens de um produto eco-eficiente, que cria um diferencial importante na conquista de
novos mercados.
Normalmente, quando se fala em preocupação com o meio-ambiente, os empresários pensam
imediatamente em gastos financeiros. É o paradigma de “fim de tubo”, ou seja, limpar. Cabe
ao designer informar que não sujar é muito melhor e mais barato do que limpar: começar
certo para não precisar corrigir depois.
O homem teme, historicamente, aquilo que ele não conhece, e isso traz a grande dificuldade demudança. Mudar paradigma é uma das coisas mais difíceis. É a chamada cegueira daortodoxia, isto é, aquilo que há muito tempo se faz e que se entende que seja a maneira corretade fazer nos impede de mudar, nos dificulta a mudança, a adoção de uma nova forma de fazeraquilo que vem se fazendo por muito tempo15
Enquanto a Produção mais Limpa é uma ação preventiva, que visa evitar ou diminuir a formação do resíduo durante o processo produtivo, as técnicas de “fim de tubo” representamações remediativas, que esperam que esses resíduos sejam gerados para, posteriormente,trata-los16
É necessário que os designers passem a ter sempre no seu briefing critérios ecológicos,
porém, ainda lhes falta preparo para melhorar a performance ambiental dos produtos que
desenvolvem.
13 PAPANEK, Ob. cit, p.1114 IDEM, p.1415 NASCIMENTO, Luiza, Meio ambiente - história, problemas, desafios e possibilidades http://www.ibps.com.br. Arquivo capturado em 3 mar 200416 IDEM
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A grande maioria dos profissionais atuantes no Brasil formou-se em cursos de Desenho Industrial com pouca ou nenhuma referência, na sua estrutura curricular, aos impactosambientais da atividade17
2.6. Mitos e realidade
É evidente que, chamar qualquer produto reciclado ou elaborado a partir de matéria-prima
natural de “ecológico” é, simplesmente, um engôdo. Como foi visto no item 2.3, existem
critérios e classificações adequadas para sua definição.
A forma mais segura de identificação para o consumidor é a partir dos “selos verdes”, comoos que já existem na União Européia, Japão, Estados Unidos, Austrália e mesmo em paísesvizinhos ao Brasil, como a Colômbia, que já conta com política oficial nesse sentido. O “seloverde” não é apenas uma logomarca ou um rótulo com a palavra ecológico na embalagem deum produto, mas o resultado de uma avaliação técnica criteriosa, na qual serão levados emconta aspectos pertinentes ao seu ciclo de vida, como matérias-primas (natureza e obtenção),insumos, processo produtivo (gastos de energia, emissão de poluentes, uso de água), usos edescarte. No Brasil, os selos verdes existentes só atingem dois segmentos: produtos orgânicos(alimentícios) e madeiras.18
Há, porém, as pseudo-etiquetas ecológicas, como “amigo do ozônio”, nas quais muitos
fabricantes viram a possibilidade do “negócio verde”, ou seja, agregar aos seus produtos um
conceito ecológico. Mesmo que ofereçam informações verdadeiras, trata-se de publicidadesem nenhum controle, por parte dos órgãos independentes19, e são as próprias empresas que
introduzem tal denominação.
A autocertificação é um dos principais inimigos do “mercado verde”20, fazendo com que o
consumidor acredite que o produto que está adquirindo é ecológico apenas porque carrega
esse rótulo.
No Brasil, há inúmeros casos desses, gritantes, desde ônibus com 'ar condicionado ecológico',a 'plástico que é ecológico porque impede que se derrubem árvores', a poliuretanos'ecológicos' porque usam óleo de mamona em sua composição, ou fios elétricos 'ecológicos'cuja logomarca é uma florzinha estilizada com o cabo elétrico. Em 99% dos casos, não há oque justifique o termo ecológico, mas, quando muito, o certo seria produto (ou serviço) debaixo impacto ambiental.21
17 NASCIMENTO, Luiza, Meio ambiente - história, problemas, desafios e possibilidades http://www.ibps.com.br. Arquivo capturado em 3 mar 200418 ARAUJO, Marcio, Produtos ecológicos para uma sociedade sustentável http://www.idhea.com.br. Arquivocapturado em 18 nov 2003.19 ONGs ou associações de designers com caráter ecológico20 Denominação dada ao mercado de produtos certificados, que não agridem a natureza.21 ARAUJO, Marcio, Produtos ecológicos para uma sociedade sustentável http://www.idhea.com.br. Arquivocapturado em 18 nov 2003
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2.7. Ciclo de vida
Muitos autores definem o ciclo de vida de um produto como elemento chave do ecodesign.
A avaliação do ciclo de vida do produto, ou abordagem ‘berço-tumulo’, é um instrumento deanálise que permite identificar e avaliar os impactos do produto no meio-ambiente ao longodo seu ciclo de vida (incluindo a extração de matérias-primas, processamento dos materiais, produção, transporte, uso e descarte no meio após o uso) e de como as mudanças no design do produto ou nos processos de produção podem alterar estes impactos. A avaliação do ciclo devida do produto permite levantar as conseqüências do design de produtos sobre o meio-ambiente, a economia e a sociedade22
É necessário se levar em conta, também, a energia gasta na reciclagem. Muitas vezes, um
determinado produto informa que a embalagem é reciclável, mas se se considerar a energia
gasta, isso se torna inviável. Para citar um exemplo, as tintas utilizadas na impressão dessas
embalagens, que são tóxicas, necessitam de uma grande quantidade de energia para serem
removidas.
No ecodesign, tem-se que levar em conta, além da energia necessária para a fabricação,
transporte, o tipo de material, a quantidade de matéria-prima, o consumo de água,
separabilidade de materiais (reciclagem), a utilização de materiais contaminantes, solventes e
colas. Como exemplo, o MDF23 (madeira empregada em móveis) produzido no Brasil utiliza
uma resina que é cancerígena e é usada uma quantidade maior que a permitida na Europa e
Estados Unidos, o que impossibilita a sua exportação.
Senna24 chama a atenção, também, para os resíduos da produção. Muitas vezes é inevitável,
mas é importante saber o que fazer com eles, preferencialmente reutiliza-los. Nesse sentido, o
design vernacular tem muito a ensinar, já que é fundamentado no re-uso de materiaisdescartados, como pneus velhos, utilizados para fabricação de cestas de lixo, protetores ou
vasos de plantas, etc... .
22 RAMOS, Jaime, Alternativas para o projeto ecológico de produtos. Florianópolis: UFSC, 2001, p.84
(Dissertação de Doutorado, Programa de Pós -Graduação em Engenharia de Produção)23 MDF é uma chapa de fibras de madeira. São as iniciais de “ Medium Density Fiberboard”, que em portuguêssignifica chapa de fibra de madeira de densidade média.24 SENNA, Cláudio, Aula ecodesign. http://navi.ea.ufrgs.br. Arquivo capturado em 13 mai 2004
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Uma das tendências do ecodesign é gerar pouco lixo. Os projetos devem, desde o início,
prever como o produto será descartado, que destino ele terá depois que perder sua serventia
inicial.
Viecelli25 ensina que tratar os resíduos ou reciclar materiais, é positivo, é melhor do que não
fazer nada, certamente. Porém, ambas são estratégias de final de processo. O ecodesign deve
traçar estratégias no início do processo. Ele não usa o termo “do berço ao túmulo” e sim “do
berço ao berço”, ou seja, o produto é concebido na empresa e a ela deve voltar, quando for o
caso.
2.8. Interdisciplinaridade do ecodesign
Segundo Niemeyer 26:
...o design aparece como a coordenação, onde o designer tem a função de integrar os aportesde diferentes especialistas, desde a especificação de matéria-prima, passando pela produção àutilização e destino final do produto. Neste caso a interdisciplinaridade é a tônica.
No campo do ecodesign, na teoria e na prática, há o uso direto de metodologia de três áreas,
distintas mas complementares, que são: design industrial, engenharia de materiais e meio
ambiente.
O design industrial, devido as suas características múltiplas de formação, permite uma visão
mais abrangente do problema a ser resolvido. Esse apoio interdisciplinar permite uma maior
autonomia nos projetos, a capacidade de verificar características técnicas dos materiais e processos e discuti-las com os respectivos profissionais, aproximando o design da engenharia.
A engenharia de materiais é o que poderia se chamar de “recheio” do design. Os processos
dão forma a essa matéria-prima do design.
25 VIECELLI, Eduardo, Ecodsign: Fator Redutor de Impacto Ambiental http://www.fsg.br/revista4texto3.php. Arquivo capturado em 3 mar 2004.26 NIEMEYER, Lucy, Design no Brasil; origens e instalação. 2ª ed., Rio de Janeiro, 2AB, 1998, p.12
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O meio ambiente apresenta-se como um fator importante para uma maior e melhor otimização
dos sistemas produtivos. O conceito de ecologia está diretamente ligado ao “ciclo de vida dos
produtos”, bem como mantém relação com a economia.
Para que uma nova matéria-prima natural seja introduzida no conceito de ecodesign, além
dessas três áreas citadas ainda seria necessário agregar, pelo menos, a agronomia, a botânica,
a engenharia florestal e a engenharia química, principalmente no que diz respeito aos fatores
de sustentabilidade, crescimento, taxonomia e um possível controle de pragas e parasitas.
2.9. O lado social do ecodesign
No lado social do ecodesign, temos como conceito o uso do design de objetos que utilizam
resíduos ou materiais recicláveis ou de exploração sustentável, para compor peças com
identidade regional dentro dos preceitos da modernidade industrial e tecnológica. Possui
relação com ecocidadania porque pode-se transformar o design em uma oportunidade para a
implantação de ações que venham a dar sustentabilidade às pequenas comunidades carentes,
por meio da correta exploração e comercialização desses produtos, contribuindo para reduzir,
dessa forma, a pobreza e, dando oportunidade à comunidade carente de ingressar no mercado
de trabalho.
Aliás, essas ações que vêm sendo implantadas no Brasil por fundações, ONGs e setores
governamentais, vem ao encontro da Declaração do Milênio, ocorrida em 2000 na ONU/Nova
York, que colocou como meta a redução, até o ano 2015, de 50% do número de pessoas que
vivem na mais absoluta pobreza.”27
Esse é um exemplo do ecodesign ajudando a salvar o principal elemento do meio ambiente,
que é, segundo Papanek 28, o próprio ser humano.
27 COIMBRA, Nida, O ecodesign, a ecocidadania e a ecoeficiência http://www.jusvi.com/site/p_detalhe_artigo.asp?codigo=801&cod_categoria=&nome_categoria= . Arquivocapturado em 3 mar 2004.28 PAPANEK, Victor J., Arquitectura e design. Lisboa: Edições 70, 1995
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2.10.Barreiras ao ecodesign
Segundo Ramos29:
...ainda existe no Brasil uma carência de informações em língua portuguesa sobre o Ecodesign ou sobre as ações que podem ser aplicadas dentro da atividade de criação edesenvolvimento de produtos para prevenir e evitar possíveis impactos ambientais indesejáveisdesses produtos.
Muitas vezes, a tentativa de aplicar o ecodesign é focada por um único aspecto ambiental e
não em todo o ciclo de vida do produto. Por exemplo: a reciclagem (fim de tubo) diminui o problema do lixo, mas, se na limpeza que precede a reciclagem forem utilizadas substâncias
tóxicas, o ganho ambiental pode ser nulo ou até negativo.
As empresas não utilizam o ecodesign, primeiro por um fator cultural, segundo, falta de
motivação. Nesse ponto entra a responsabilidade do designer de informar seu cliente,
mostrando que o ecodesign pode deixá-las mais competitivas, pode abrir novos mercados e
agregar valor aos seus produtos. Como exemplo de ecodesign de sucesso, pode-se citar o casoda Philips, fabricantede lâmpadas. Antes as embalagens tinham aberturas na parte de cima e
de baixo da embalagem, correndo o risco da lâmpada cair e se quebrar. Hoje, a empresa
utiliza uma nova embalagem, feita com fibras de bambu que, além de um novo design, que
facilita o empilhamento, faz uso de uma matéria-prima que, como se verá adiante, agrega
mais valor ecológico do que a antiga de papel, produzido com celulose oriunda de eucaliptos
e pinho.
Outra barreira para o ecodesign é a falta de disciplinas ou cadeiras específicas que tratem
deste assunto nas Universidades brasileiras e que poderiam preparar os novos designers.
Existem alguns cursos de extensão na área, mas a nível de pós-graduação ainda não existem
no país.
Há, no entanto, experiências sendo feitas com vários materiais alternativos e que não agridem
o meio ambiente. A fibra do côco, por exemplo, vem sendo utilizada para fabricação de vasos;
29 RAMOS, Jaime, Alternativas para o projeto ecológico de produtos. Florianópolis: UFSC, 2001, p.11 (Tesede Doutorado, Programa de Pós -Graduação em Engenharia de Produção)
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painéis, estofados e assentos para bancos de automóveis e telhas. O bagaço da cana-de-açúcar
está sendo usado na fabricação de papel, assim como o bambu, material este muito utilizado
por países asiáticos e que começa a despertar o interesse em diversos segmentos no Brasil,
entre eles, o design.
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3. ORIGEM E DISSEMINAÇÃO DO BAMBU
O bambu, ao contrário do que se pensa, não é uma árvore e sim uma gramínea. As espéciesvariam de tamanho, algumas podendo alcançar poucos centímetros de altura, enquanto outras
chegam até mais de 40 metros, como é o caso da espécie indiana Dendrocalamus giganteus,
que atinge cerca de 30 cm de diâmetro enquanto algumas espécies menores (herbáceas)
podem chegar a menos de 1 cm.
Segundo Hidalgo-Lopez30, a origem dessa planta remonta o final do período Cretáceo e início
do período Terciário, por volta de 65 milhões de anos atrás. Fósseis dessa planta foram
encontrados na Colômbia, na área de La Virginia, há 140 km de Bogotá. No ano de 1086, na
China, um barranco desabou, abrindo um espaço de muitos metros e revelando, abaixo do
solo, uma floresta contendo centenas de colmos e rizomas completos, todos transformados em
pedra.
“Pesquisas arqueológicas seguem na descoberta de usos do bambu por culturas humanas há
pelo menos 5000 anos”31. Segundo o National Geographic Channel , arqueólogos descobriram
que o bambu foi usado como ferramenta desde a idade da pedra lascada na Ásia.
Ainda, segundo Hidalgo-Lopes32, há no mundo cerca de 1600 espécies33 de bambu
distribuídas em 121 gêneros34. Geograficamente, essas espécies são encontradas nas áreas
tropicais, sub-tropicais e temperadas, com exceção da Europa, onde não há espécies nativas.
A distribuição aproximada de bambus nos continentes é de 67% na Ásia e Oceania, 3% na
África e 30 % nas Américas35.
Nas Américas existem cerca de 440 espécies de bambu, divididas em 41 gêneros, sendo que,
aproximadamente 200 dessas espécies são nativas do Brasil, porém, ainda há muitas espécies
a serem identificadas.
30 HIDALGO-LÓPEZ, Oscar, Bamboo; The gift of the gods, Bogotá, D´Vinni, 2003.31 VASCONCELLOS, Raphael, Bambu brasileiro. http://www.bambubrasileiro.com. Arquivo capturado em 4nov 2002.32 Ibidem.33 A espécie é a unidade biológica fundamental. Várias espécies constituem um gênero.34 Classe cuja extensão se divide em outras classes, as quais, em relação à primeira, são chamadas espécies.35 HIDALGO-LÓPEZ, Ob.cit.
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Essas espécies estão distribuídas desde a América do Sul, entre Argentina e Chile, até o
México e sul dos Estados Unidos.
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4. OS TIPOS EXISTENTES NO BRASIL E NA BAHIA
4.1.Espécies nativas do Brasil
Raphael Moras de Vasconsellos36 traduz a lista retirada do livro American Bamboos37 .
Na tabela abaixo consta o nome científico das espécies nativas do Brasil, o nome local
(popular) e a localização no território nacional.
NOME CIENTÍFICO NOME LOCAL LOCALIZAÇÃO Actinocladum verticillatum Taquarí, taquara-mirim Centro do Brasil
Agnesia lancifolia Amazônia
Alvimia auriculata Costa da Bahia
Alvimia gracil is Costa da Bahia
Alvimia lancifoli a Costa da Bahia
Apoclada arenicola Cambeúva de folha estreita Centro do Brasil Apoclada cannavieira Cannavieira Centro do Brasil
Apoclada simplex Taquaçú-manso Sul do Brasil
Arberella bahiensis Bahia
Arberella flaccida Amazônia
Arthostylidium fimbrinodum Amazônia
Arthostylidium greifolium Centro do Brasil
Arthostylidium simpliciusculum Oeste do Brasil Athroostachys capitata Leste do Brasil
Atractantha amazonica Noroeste do Brasil
Atractantha aureolanata Bahia
Atractantha cardinali s Bahia
Atractantha falcata Bahia
Atractantha radiata Bahia
36 Desenhista industrial, moderador da lista de discussão Bambu-Brasil e proprietário do site Bambu brasileiro.http://www.bambubrasileiro.com37 Judziewicz et. Al. American bamboos. Washington/Londres: Smithsonian Institution, 1999
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Aulonemia amplissima Minas Gerais e Rio deJaneiro
Aulonemia aristulata Cará Central e Sul do Brasil
Aulonemia effusa Minas Gerais
Aulonemia glaziovii Minas Gerais
Aulonemia goyazensis Rio de Janeiro
Aulonemia radiata Sul do Brasil
Aulonemia ramosissima São Paulo
Aulonemia setigera Rio de Janeiro e São Paulo
Aulonemia ulei Cambajuva Sul do Brasil
Chusquea spp. Capim-lambe-rosto,Criciúma
Chusquea acuminata Caará Rio de Janeiro
Chusquea anelythra Cará peludo, crissiuma cipó Sudeste do Brasil
Chusquea anelytroides Sudeste do Brasil
Chusquea attenuata Minas Gerais
Chusquea baculífera Chibata Leste do Brasil
Chusquea bahiana Bahia
Chusquea bambusoides Brasil Atlântico Chusquea bradei Bahia e Espírito Santo
Chusquea caparaoensis Leste do Brasil
Chusquea capitata Sudeste do Brasil
Chusquea capituliflora Cará-trepador Sudeste do Brasil
Chusquea erecta São Paulo
Chusquea fasciculata Centro do Brasil
Chusquea gracilis Cará-de-vara, bengala Sul do Brasil Chusquea heterophylla Rio de Janeiro
Chusquea ibiramae Sul do Brasil
Chusquea juergensii Sul do Brasil
Chusquea leptophylla Cará-duro, cará-mirim, putinga, cará-mimoso
Leste do Brasil
Chusquea linearis Noroeste do Brasil
Chusquea meyeriana Caará Leste do Brasil
Chusquea microphylla Rio de Janeiro
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Chusquea mimosa
Cará-mimoso, caratuva,cará-de-vara, cará-debengala,cará-de-caniço
Chusquea nudiramea Santa Catarina
Chusquea nutans Minas Gerais e Bahia
Chusquea oligophylla Corda-de-violão Rio de Janeiro até SantaCatarina
Chusquea oxylepis Tacuarembó, criciúma, cará,
taquari
Sudeste do Brasil
Chusquea pinifolia Cannaflecha Leste do Brasil
Chusquea pulchella São Paulo
Chusquea ramosissima Cresciuma Leste do Brasil
Chusquea riosaltensis Minas Gerais
Chusquea sclerophylla Rio de Janeiro
Chusquea sellowii Corda-de-violão Sudeste do Brasil
Chusquea tenella Putinga, taquari, pitinga Sudeste do Brasil
Chusquea tenuiglumis Central e Sul do Brasil
Chusquea tenuis Rio de Janeiro
Chusquea urelytra Sudeste do Brasil
Chusquea wilkesii Rio de Janeiro
Chusquea windischii Santa Catarina
Colanthelia spp. Taquari
Colanthelia burchelii Rio de Janeiro
Colanthelia cingulata Rio de Janeiro até Santa
Catarina
Colanthelia distans Minas Gerais
Colanthelia intermedia Sul do Brasil
Colanthelia lanciflora Sul do Brasil
Colanthelia macrostachya São Paulo
Colanthelia rhizantha Rio Grande do Sul
Cryptochloa capillata Costa Atlântica do Brasil
Dierolyra bicolor Brasil Atlântico
Dierolyra tatianae Rio de Janeiro e São Paulo
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Elytrostachys spp Rondônia
Eremitis parviflora Brasil Atlântico
Eremocaulon aureofimbriatum Bahia
Froesiochloa boutelouoides Amapá e Pará
Glaziophyton mirabile Rio de Janeiro
Guadua spp. Upec
Guadua angustifolia38 Acre
Guadua calderoniana Brasil Atlântico
Guadua capitata Tacuara, taquara Centro do Brasil
Guadua ciliata Noroeste do Amazonas
Guadua glomerata Taboquinha Amazonas
Guadua latifolia Fronteira Brasil-Guiana
Guadua macrostachya Leste da Amazônia
Guadua maculosa Centro do Brasil
Guadua paniculata Taboca Brasil
Guadua refracta Brasil
Guadua sarcocarpa Acre
Guadua superba Rafu, marona Oeste do Brasil
Guadua tagoara Tagoara, taboca, takuarussú(Guarani), tacuara grosa
Bahia até Santa Catarina
Guadua trinii Tacuara brava, tacuarussú,taquara-assú, yatevó, taboca
Sudeste do Brasil
Guadua virgata Centro do Brasil
Lithachne horizontalis Rio de Janeiro
Lithachne pauciflora Sul do Brasil Merostachys abadiana São Paulo
Merostachys annul if era Bahia
Merostachys argentea Bahia
Merostachys argyronema São Paulo
Merostachys bif ur cata Bahia
Merostachys bradei
38 A espécie Guadua angustifólia é considerada por alguns autores e especialistas como originária da Colômbiae Equador, enquanto outros autores, como Oscar Hidalgo-Lopez, defendem que também é originária do Brasil,onde há grande quantidade às margens do rio Purus, no Acre.
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Merostachys burmani i Bahia até São Paulo
Merostachys calderoniana Bahia
Merostachys caucaiana São Paulo
Merostachys ciliata Santa Catarina
Merostachys clausenii var.
Clausenii
Sul do Brasil
Merostachys clausenii var.
Mollior
São Paulo até Rio Grandedo Sul
Merostachys exserta Minas Gerais
Merostachys filgueirasii Distrito Federal
Merostachys fimbriata Rondônia
Merostachys fischeriana Minas Gerais
Merostachys fistulosa Minas Gerais
Merostachys glauca Taquara mansa Santa Catarina
Merostachys kleinii Santa Catarina
Merostachys kunthii São Paulo e Rio de Janeiro
Merostachys lanata Bahia
Merostachys leptophyll a Bahia
Merostachys magellanica São Paulo e Rio de Janeiro
Merostachys magnispicul a Bahia
Merostachys medul losa Bahia
Merostachys multiramea Tacuara mansa São Paulo até Rio Grandedo Sul
Merostachys neesii Taquara lisa, taquara poca Brasil
Merostachys petiolata Taquara-poca São Paulo e Rio de Janeiro
Merostachys pilifera Rio Grande do Sul
Merostachys pluriflora Taquara mansa São Paulo e Santa Catarina
Merostachys polyantha São Paulo
Merostachys procerr ima Bahia
Merostachys ramosissima Bahia
Merostachys riedeliana Taquara lixa Leste do Brasil
Merostachys rondoniensis Rondônia
Merostachys sceens São Paulo
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Merostachys sellovii Leste do Brasil
Merostachys skvortzovii São Paulo até Rio Grandedo Sul
Merostachys sparsif loraBahia
Merostachys speciosa Taquara-poca Minas Gerais até SantaCatarina
Merostachys ternata Taquara lixa Minas Gerais até SantaCatarina
Merostachys vestita Santa Catarina
Myriocladus greifolius Norte do Brasil
Myriocladus neblinaensis Norte do Brasil
Myriocladus paludicolus Norte do Brasil
Myriocladus virgatus Norte do Brasil
Neurolepis diversiglumis Fronteira Brasil-Venezuela
Olyra amapana Leste da Amazônia
Olyra ciliatifolia Brasil
Olyra davidseana Pará
Olyra ecuadata Brasil
Olyra fasciculata Taquaril Brasil
Olyra filiformis Bahia
Olyra glaberrima Leste do Brasil
Olyra humilis Bambú-fraco
Olyra juruana Oeste do Brasil
Olyra latifolia Bambuzinho, capimtapeirada
Sul do Brasil
Olyra latispicula Bahia
Olyra longifolia Amazônia
Olyra loretensis Amazônia
Olyra micrantha Taquari Brasil
Olyra obliquifolia Amazônia
Olyra retrorsa Mato Grosso
Olyra tamanquareana Amazonas
Olyra taquara Taquara Centro do Brasil
Olyra wurdackii Noroeste do Brasil
Pariana campestris Amazônia
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Pariana concinna Amazônia
Pariana distans Leste da Amazônia
Pariana gracilis Amazônia
Pariana l anceolata Bahia
Pariana ligulata Leste da Amazônia
Pariana maynensis Brasil
Pariana modesta Maranhão
Pariana nervata Pará
Pariana ovalifolia Leste da Amazônia
Pariana radiciflora Capim gengibre Norte do Brasil
Pariana simulans Norte do Brasil
Pariana sociata Maranhão
Pariana stenolemma Amazônia
Pariana tenuis Brasil ou Colômbia
Pariana trichosticha Brasil
Pariana ulei Brasil
Parodiolyra lateralis Noroeste do Brasil
Parodiolyra luetzelburgii Centro do Brasil
Parodiolyra ramosissima Bahia
Piresia goeldii Oeste do Brasil
Pir esia leptophylla Bahia até Paraíba
Piresia macrophylla Oeste do Brasil
Piresia sympodica Oeste do Brasil
Raddia angustif olia Bahia
Raddia brasiliensis Leste do Brasil
Raddia distichophyll a Bahia
Raddia guianensis Amazônia
Raddia portoi Bahia até Rio de Janeiro
Raddiella esenbeckii São Paulo
Raddiella kaieteurana Norte do Brasil
Raddiella lunata Rondônia
Raddiella malmeana Mato Grosso e Pará
Raddiella minima Fronteira Mato Grosso-
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Pará
Rehia nervata Leste da Amazônia
Reitzia smithii Capim-zebra São Paulo até Santa
Catarina Rhipidocladum parviflorum Goiás e Minas Gerais
Sucrea maculata Rio de Janeiro e EspíritoSanto
Sucrea monophylla Bahia
Sucrea sampaiana Espírito Santo
4.2.Espécies exóticas em cultivo no Brasil
NOME CIENTÍFICO NOME LOCAL ORIGEMBambusa gracilis
Bambusa longispiculata
Bambusa multiplex Bambusa nutans
Bambusa textilis China
Bambusa oldhamii
Bambusa tuldoides Sul Asiático
Bambusa vulgaris Vulgar, comum, imperial Sul da China Bambusa vulgaris var. vitatta Imperial, verde-amarelo, brasileiro
Sul da China
Dendrocalamus asper Gigante, bambu-balde Sul Asiático Dendrocalamus giganteus Gigante, bambu-balde Sul Asiático Dendrocalamus latiflorus Mossô chinês China Dendrocalamus strictus Índia, China e Vietnã
Gigantochloa apus Ásia
Gigantochloa levis Ásia
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Guadua amplexifolia Colômbia e Equador
Guadua angustifolia Guadua Colômbia e Equador Mellocana baccifera Bangladesh
Phyllostachys aurea Bambu-mirim, caniço, vara de
pescar Ásia
Phyllostachys bambusoides Madake, matake, medake Ásia Phyllostachys nigra Bambu-preto, bambu-negro Ásia Phyllostachys nigra var.henon
Hatiku Ásia
Phyllostachys pubescens Mossô Ásia Phyllostachys purpurata Ásia
Das espécies nativas brasileiras, cerca de 14% são exclusivas da Bahia, além deste Estado
abrigar ainda muitas outras espécies encontradas, também, em outras regiões do País.
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5. OS TIPOS MAIS USADOS NO BRASIL:
Segundo Antonio Luiz de Barros Salgado
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, os bambus nativos do Brasil têm relativamente pouco emprego. São conhecidos popularmente como tabocas, jativocas, taboca açu. Os
bambus que têm mais emprego são os exóticos, introduzidos pelos colonizadores portugueses
e pelos negros. São o Bambusa vulgaris e o Bambusa vulgaris vittata (Fig. 1,2,3), as melhores
espécies para obtenção de celulose e amido e são as mais abundantes em todo o mundo. São
muito utilizados na confecção de cercas e em diversas instalações na zona rural.
Fig. 1 Fig. 2 Fig. 340
Moita de Bambusa vulgaris Detalhe do colmo de B. vulgaris Moita de B. vulgaris var. vittata Fazenda Buril Fazenda BurilMata de São João-BA Mata de São João-BA
Foto do autor Foto do autorMai/2004 Mai/2004
39 Agrônomo do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), consultor da Itapagé e estudioso do bambu.40 Imagem extraída do site: http://www.bambubrasileiro.com. Arquivo capturado em 4 nov 2002
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O Bambusa tuldóides (Fig. 4 e 5) é muito utilizado nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e
Minas Gerais, principalmente na divisa de propriedades, funcionando como uma cerca viva.
Fig. 441 Fig 542 Bambusa tuldóides Bambusa tuldóides
O Dendrocálamus giganteus (Fig. 6 e 7), um bambu de grande porte, de grande crescimento e
desenvolvimento é muito utilizado na confecção de vasos, baldes, móveis, luminárias e até em
encanamentos de água.
Fig. 643 Fig. 744 Dendrocálamus giganteus Dendrocálamus giganteus
41 Imagem extraída do site < http://www.bambooheadquarters.com >. Arquivo capturado em 17 mai 2004.42 IDEM43 Imagem extraída do site . Arquivo capturado em 4 nov 2002.44 Imagem extraída do site < http://www.bambubrasileiro.com/info/especies/4.html>. Arquivo capturado em 4 denov 2002.
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Os bambus do gênero Guadua, o Guadua superba, Guadua angustifólia (Fig. 8), o Guadua
amplexifólia (Fig. 9), o originários da Colômbia e do Equador, na região do Pacífico, são
bastante retos, muito utilizados, por exemplo, em construções de casas.
Fig. 845 Fig. 946 Guadua angustifólia Guadua amplexifólia
O Dendrocálamus latiflorus (Fig. 10) é chamado de bambu doce e é muito utilizado para
alimentação na Ásia.
Fig. 1047 Dendrocalamus latiflorus
45 Imagem extraída do site < http://www.bambubrasileiro.com/info/especies/4.html>. Arquivo capturado em 4nov 2002.46 Imagem extraída do site < http://www.agr.unicamp.br/bambubrasilis> . Arquivo capturado em3 dez 2003.47 Imagem extraída do site . Arquivo capturado em 4 nov 2002.
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Os bambus do gênero Phyllostachys (Fig. 11 e 12) são utilizados principalmente na confecção
de móveis e têm o nome popular de cana-da-índia.
Fig. 1148 Fig. 1249 Phyllostachys Áurea Phyllostachys Áurea
Todas essas espécies estão bem adaptadas no Brasil e o Bambusa vulgaris muito bemadaptado também na Bahia, sendo encontrado em grande quantidade, principalmente, na área
litorânea e no Recôncavo.
48. Imagem extraída do site < http://www.webspirit.com/fluteman/book/selecting_bamboo.htm> .Arquivocapturado em 10 jun 2004.49 Imagem extraída do site < http://www.bamboogarden.com/Phyllostachys%20aurea.htm>Arquivo capturado em 10 jun 2004.
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6. RELAÇÃO BAMBU X ECODESIGN
O bambu já vem sendo estudado e utilizado por designers, arquitetos, engenheiros e artesãos
em diversas aplicações: construção de casas, objetos de decoração, mobiliário, etc... . Existem
algumas entidades que utilizam o bambu, também, para fins sociais, na intenção de integrar à
sociedade jovens e desempregados.
A Bambuseria Cruzeiro do Sul50 oferece um programa social, utilizando o bambu, material
que será abordado neste trabalho, como matéria-prima que agrega os conceitos do ecodesign:
A Bambuzeria Cruzeiro do Sul - BAMCRUS, uma OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - de âmbito nacional, com sede em Belo Horizonte, voltada para odesenvolvimento técnico e científico da cultura do bambu, busca promover o bem-estar físico, social, cultural e econômico, propiciando atividades ocupacionais e estimulando a geração detrabalho e renda através de programas profissionalizantes e da implementação de unidades produtivas.
Essa organização, dirigida pelo professor Lúcio Ventania51, vem trabalhando como
articuladora de uma rede de alianças entre comunidades, organizações, empresários e governo
para implantação do “ Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Bambu no Brasil ”,
atingindo oito Estados brasileiros: Minas Gerais, Amapá, Rio Grande do Sul, Alagoas, Mato
Grosso do Sul, Distrito Federal, Espírito Santo e Paraná.
O programa já formou cerca de dez mil trabalhadores de baixa renda com especialização em
movelaria e artefatos de bambu, gerando emprego e renda e elevando a auto-estima das
pessoas52.
Contando com o apoio do Sebrae, dos empresários e das Prefeituras dos locais onde é
realizado, o Projeto já permitiu o desenvolvimento de produtos premiados, como o cabide de
bambu, que Ventania classifica como “o verdadeiro e bom cabide de empregos” (Fig.13).
50 VENTANIA, Lucio. Bambuseria Cruzeiro do Sul. http://www.bamcrus.com.br. Arquivo capturado em 28dez 2003.51 Lucio Ventania é artesão, criador da Bambuzeria Cruzeiro do Sul e um dos principais representantes doMovimento de Popularização do Uso do Bambu no Brasil52 VENTANIA, Lucio. Bambuseria Cruzeiro do Sul. http://www.bamcrus.com.br. Arquivo capturado em 28dez 2003.
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Fig. 13 53 Cabide de bambu
Em Alagoas, por exemplo, onde se produz cerca de três mil cabides por mês, os produtos são
embalados com papel reciclado, feito do bagaço de cana-de-açúcar. O bagaço está sendo
utilizado em razão de acordos firmados com usineiros locais, que disponibilizam a matéria-
prima e também algumas ferramentas de trabalho.54
Há milênios, o bambu é usado pelo homem em diversas partes do mundo na construção de
moradias, móveis, cercas, esteiras, alimentação (brotos). Os chineses têm catalogados cerca
de dez mil utilidades. Isso se dá devido as suas excelentes características físicas, estéticas e
mecânicas de retidão, leveza, força, flexibilidade e facilidade de trabalho. É uma planta
predominantemente tropical e de crescimento mais rápido em todo o reino vegetal. Pode
chegar a crescer 120 cm em apenas 24 horas, garantindo uma ótima produtividade.
Muitos dos usos primitivos que se deu ao bambu foram a origem de grandes invenções, comoas pontes suspensas, as cúpulas dos templos e aparatos tão sofisticados como o avião, ohelicóptero e o motor à explosão.55
Com os problemas ecológicos e energéticos, causados pela produção em massa do mundo
contemporâneo, muitos pesquisadores e cientistas vêm direcionando a atenção na busca de
materiais alternativos. Nesse sentido, o bambu começa a dar os primeiros passos como
material de potencialidades ecológicas, chamando a atenção, inclusive, de empresários com
intenções de atingir o mercado externo, mercado este sedento por materiais de aparência
menos industrial e que não causem danos ao meio ambiente em seu processo de produção. 53. Imagem extraída do site Arquivo capturado em 28 dez 2003.54 LOPES, Elizabeth, Projeto Bambu reduz desigualdades sociais http://www.estadao.com.br. Arquivocapturado em 23 abr 2004.55 ITAPAGÉ, A matéria-prima. http://www.itapage.com/index.htm. Arquivo capturado em 1º dez 2003.
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É, grosso modo, um retorno à antiguidade, à época em que o homem fazia uso desta matéria-
prima, por necessidade, e confiando em suas potencialidades para resolver seus problemas de
habitação, armas, etc... .
Para os povos asiáticos, o bambu é considerado uma dádiva dos deuses, aço verde, ouro verde
da floresta e amigo do homem, devido as suas múltiplas utilizações e pela facilidade de
plantio.
No Brasil, por falta de conhecimento, muitas pessoas ainda vêem o bambu como “mato”,
produto de segunda categoria, próprio de segmentos populacionais de baixa renda. A sua
disponibilidade acaba sendo responsável pela sua desvalorização, pois, como é encontrado emgrande abundância em propriedades rurais e nas margens de estradas, seu valor acaba sendo
cada vez mais reduzido.
No entanto, apesar desse seu estigma cultural, ultimamente o bambu vem despertando o
interesse de arquitetos, engenheiros e designers que, devido à abertura das importações,
puderam constatar a alta qualidade dos produtos vindos do sudeste asiático que utilizam
técnicas tradicionais de manuseio.
“Os designers estão cada vez mais descobrindo aplicações onde o bambu se encaixa perfeitamente, ainda mais com a crescente produção dos laminados de bambu – chamados Plyboo” 56 (Fig.14). Em referência aos laminados de madeira, que em inglês são chamados de Plywood .
Fig. 1457 Plyboo
56 VASCONCELLOS, Raphael, Bambu brasileiro. http://www.bambubrasileiro.com/info/design/3.html.Arquivo capturado em 4 nov 2002..57 Imagem extraída do site < http://www.bambooworks.com> . Arquivo capturado em 7 jun 2004
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Nesse contexto, os designers estão optando por um produto biodegradável e que agrega
valores ambientais (ecodesign), podendo, por suas propriedades mecânicas, substituir a
madeira e o aço.
Acredita-se que 15% da floresta amazônica se transforme em móveis, uma situação que pode
mudar, caso haja uma popularização do bambu como matéria-prima para esse fim, poupando
madeiras nobres como o cedro e o mogno.
Ainda, o bambu protege o solo, é um rápido seqüestrador e fixador de carbono, fornece abrigo
e alimento para a vida selvagem e é um recurso perene, podendo viver até 130 anos.
Além de suas qualidades estéticas, algumas características são atrativas a quem procura no
bambu um material alternativo, seja para fugir do “lugar comum”, seja para alavancar
conceitos ambientais.
Segundo Khosrow Ghavami58, a resistência à tração do bambu é alta e pode chegar a 370
MPa59. Isto torna atrativo o seu uso como um substituto do aço e com um custo energético por
unidade de resistência muitas vezes menor, pois é de mais fácil aquisição, não necessitademáquinas para ser colhido e, pelo seu pouco peso, é de mais fácil transporte. A razão entre a
resistência e seu peso específico é mais do que 6 vezes maior que aquela do aço normal. A
resistência do bambu à compressão é 30% menor do que sua própria resistência à tração, com
a vantagem de que o bambu é mais flexível que o aço, sendo muito empregado na construção
civil em países com ocorrência de terremotos.
Além de sua grande resistência e força, o bambu apresenta características estéticas peculiaresque surpreendem pela própria simplicidade, textura, seus diâmetros e colorações variadas e
por despertar, naquele que o observa, uma sensação de ligação direta com a natureza, com a
própria origem humana nas savanas africanas, confirmando a afirmativa de que
“ profundamente arraigada no nosso inconsciente coletivo está a consciência intuitiva da
nossa relação com o meio ambiente”60.
58 Professor Ph.D. Titular do Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica, PUC-Rio
Rio de Janeiro – BRASIL.Membro da Associação Brasileira em materiais e tecnologias não convencionais.59 MPa significa megapascal, istoé, 10 Kgf/cm² (10 quilograma força por centímetro quadrado)60 PAPANEK, Victor J., Arquitectura e design. Lisboa: Edições 70, 1995, p.11
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Com o avanço da economia produtiva, o uso do bambu na fabricação de objetos foiaproveitado por empreendedores industriais. No ramo de mobiliário os balineses, filipinos,chineses e japoneses têm grande tradição e é notório o volume de exportações deste setor.61
Mesmo pequena, hoje já existe uma demanda crescente por produtos de bambu no Brasil. É
uma oportunidade que, se bem aproveitada, pode trazer grandes benefícios para o País, no
entanto, ainda não existe uma boa oferta de produtos no mercado e há muita pesquisa a ser
desenvolvida. Corre-se o risco da oportunidade ser aproveitada por outros países,
transformando o bambu na madeira do século XXI. Cabe aos designers convencer seus
clientes da importância de tirar o bambu dos fundos de quintais e da beira de estradas.
O Brasil tem uma grande oportunidade de conquistar novos mercados com o bambu. Segundo
o Jornal eletrônico da PUC62, a sua proporção continental, seu clima tropical e seu know-how
no manuseio da madeira fazem do Brasil uma grande potência mundial para o
desenvolvimento do bambu, principalmente porque, com o seu valor econômico em
crescimento, há a impossibilidade da China abastecer todo o mundo com esse material.
Segundo Marcelo da Fonseca e Silva63... “ por perceberem essas características, os chineses,
pela primeira vez, chamaram um brasileiro para participar das aulas”64.
6.1. Algumas conveniências e inconveniências
Para que o bambu possa ser utilizado no ecodesign, além de obedecer a determinados
critérios, deve, como em toda atividade do design, ser apto a produção em série, diferenciando
este do simples artesanato. Mesmo que qualquer produção, utilizando o bambu, se processe de
61 VASCONCELLOS, Raphael, Bambu brasileiro. http://www.bambubrasileiro.com/info/design/3.html.Arquivo capturado em 4 nov 2002..62 JORNAL DA PUC, Bambu, o ouro verde dos chineses http://sphere.rdc.puc-rio.br/noticias/jornaldapuc/dezembro2000/ensino/bambu.html. Arquivo capturado em 3 dez 200363 Marcelo da Fonseca e Silva é formado pelo Departamento de Artes e Design da PUC-Rio. É membro do grupode discussão bambu-brasil (http://www.bambubrasileiro.com).Trabalha há seis anos no LOTDP- Laboratório de Protótipos da PUC-Rio, onde pesquisa a aplicação do bambuem estruturas para edificações e para aparelhos de deficientes físicos. Recentemente esteve na China no 2000.Segundo o próprio Marcelo da Fonseca e Silva, No Training Course on Bamboo Chinese, no qual num períodode 45 dias (5 de Setembro a 20 de outubro de 2000) , teve aulas sobre cultivo , propagação, híbridos de bambu,manejo florestal, industrialização, cooperativa entre o homem do campo e a industria. A convite do INBAR,
feito através da EMBRAPA, Secretaria de Cooperação Internacional, participou do Workshop do INBAR quediscutiu o Desenvolvimento do Bambu na América Central e do Sul, que se realizou na cidade deArmênia-Colombia. Nestes dois eventos era o único brasileiro presente.64 do curso “Training Course on Bamboo Chinese
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modo totalmente manufaturado, é necessário que seja de forma serial. Hoje, já existem
máquinas apropriadas para beneficiar o bambu, muitas delas iguais à utilizadas para trabalhar
a madeira.
Outro aspecto fundamental é poder garantir a sua durabilidade. A conservação do bambu está
relacionada diretamente à presença da “broca-do-bambu” ( Dinoderus minutus-Fig.15 e 16),
um inseto semelhante ao cupim que, sem tratamento, pode destruí-lo em apenas seis meses
(Fig.17).
Fig. 1565 Fig. 16 66 Fig. 17 67 Dinoderus minutus Dinoderus minutus Dinoderus minutus
O bambu é rico em amido em sua seiva, que é o grande atrativo do inseto, principalmenteo
bambu da espécie Bambusa vulgaris. Por isso, é fundamental um tratamento eficaz para evitar
prejuízos.
65 Imagem extraída do site < http://www.insects.tamu.edu> . Arquivo capturado em 9 fev 2004.66 Imagem extraída do site < http://www.koleopterologie.de/gallery/fhl08/dinoderus-minutus-foto-cymorek.html
> . Arquivo capturado em 9 fev 2004.67. Imagem extraída do site <http://www.inbar.int/publication/txt/tr17/introduction/the%20scope%20of%20this%20book.htm> Arquivocapturado em 9 fev 2004.
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6.2. Tratamento
O bambu é constituído basicamente por: rizoma, colmo, galhos e folhas (Fig.18).
Fig. 1868 Anatomia do bambu
O tratamento do bambu inicia-se na colheita. É importante, primeiro, saber qual o destino aser dado ao material. Para cestarias, é aconselhável colher os bambus mais jovens por serem
mais flexíveis. Para os demais fins, recomenda-se os bambus maduros, com cerca de 3 a 4
anos. A colheita deve se dar nos meses de inverno brasileiro, naqueles sem “R”: maio, junho,
julho e agosto. É nessa época do ano que a maior parte da seiva, o atrativo dos insetos por ser
rica em amido, se concentra nos rizomas69 (Fig.18). Esse fator não se aplica ao Nordeste
brasileiro, principalmente no litoral, onde há grande ocorrência de chuvas nessa época.
68 Imagem extraído do livro . HIDALGO-LÓPEZ, Oscar. Bamboo-The gift of the Gods, Bogotá, D´Vinni,2003,p. 5569 Caule subterrâneo
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Na cultura popular, diz-se que o corte deve ser feito na lua minguante, mas ainda não há um
estudo científico que comprove tal teoria. O horário ideal é de madrugada, quando, pela
ausência de luz, a planta diminui o seu metabolismo, quando não há fotossíntese e,
conseqüentemente, menos seiva estará “transitando” pelos colmos70.
O bambu cortado deve ser deixado na própria moita, na posição vertical, sem tirar os galhos e
folhas e sem tocar o solo. Normalmente coloca-se uma pedra para apoiá-lo. Esse processo,
que dura de 4 a 6 semanas, é conhecido como “cura na mata” ou “avinagrado” e permite a
secagem por transpiração das folhas. Após esse período o bambu ainda terá umidade, devendo
ser colocado em local arejado e ao abrigo da luz para que seja concluída a secagem. Isso podedurar de 2 a 8 semanas, a depender do clima da região. Para apressar esse processo pode-se
utilizar o fogo, abrindo-se um buraco no solo, assentando o bambu sobre ele e deixando a
peça distante 50 cm da brasa. Os troncos devem ser virados de vez em quando, evitando que
se deformem pelo calor excessivo. Outro processo utilizado na secagem do bambu é a
defumação em estufas, que podem ser verticais ou horizontais, e de tamanhos variados
conforme o tamanho e a quantidade do bambu a ser secado. Podem ser feito de blocos, chapas
de aço, terra batida e alimentada com lenha, carvão ou o próprio bambu (pedaços descartadosna serragem das peças).
Pode-se tratar o bambu, também, apenas fervendo-o em água ou deixando-o submerso em
água corrente (rios) ou parada (piscinas, tanques) de 6 a 8 semanas.
Contudo, esses métodos não garantem uma imunização contra o ataque do Dinoderus
minutos. Ainda é necessário um tratamento químico, mas, no caso do ecodesign, usa-se umtratamento que não cause ou minimize os danos à natureza. A utilização de produtos químicos
necessita de equipamentos de segurança como óculos, máscara e luvas. É de extrema
importância que os resíduos químicos não sejam jogados na natureza. Devem ser
armazenados com segurança, em recipiente fechado e lacrado. É aconselhável que esses
recipientes fiquem enterrados em uma cova de concreto, fornecendo uma segurança extra, no
caso de rompimento das embalagens, para que não poluam o solo ou o lençol freático.
70 Caule caracterizado por nós bem marcados e entrenós distintos, peculiar à famíliadas gramíneas, quasesempre fistuloso.
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Alguns pesquisadores estão à procura de um tratamento natural eficaz, mas ainda é necessária
muita pesquisa nesse campo.
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7. APLICABILIDADE DO BAMBU NO ECODESIGN
No Brasil, a maior aplicação do bambu ainda se dá na zona rural em estruturas, como
galinheiros e outras construções rurais, cercas diversas e varas de pesca. Há, também, a parte
de produção de brotos para alimentação, inclusive visando a industrialização e exportação,
com um crescimento muito grande no setor. É utilizado, ainda, vivo, para contenção de ventos
em culturas como café, produção de álcool71, na fabricação de cestos e esteiras, no combate à
erosão de encostas, construção de casas, embarcações, encanamentos para irrigação,
instrumentos musicais, medicina natural, objetos de adorno, paisagismo, carvão, entre outras
aplicações.
No campo do design, produção em série, o bambu é utilizado em inúmeras fábricas de
móveis, cortinas, geralmente com o uso do gênero Phyllostachys, conhecido popularmente
como cana-da-índia. Este mesmo tipo de bambu está sendo, também, muito utilizado na
confecção de alças de bolsas e cabides (Fig.19).
Fig. 1972 Bolsa com alça de bambu
71 Segundo Antonio Luiz de Barros Salgado, uma tonelada de bambu produz cerca de 340 litros de álcool,
enquanto que a cana-de-açúcar produz apenas 70 litros. Biblioteca virtual do estudante da Língua Portuguesahttp://www.bibvirt.futuro.usp.br/sons/tome_ciencia/07a.mp3. Arquivo capturado em 24 abr 200472. Imagem extraída do site Arquivocapturadoem 28 jun 2004.
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O bambu está sendo explorado pelas indústrias de celulose e papel. O Grupo João Santos,
proprietário da Itapagé, empresa localizada em Coelho Neto, município do Estado do
Maranhão, fabrica papel duplex utilizado em embalagens.
A Cepasa, empresa pernambucana de celulose, também pertencente ao Grupo João Santos,
segundo informações do Sr. Renato Larocca73, utiliza o bambu como matéria-prima para a
fabricação de embalagens para produtos de diversas empresas, entre elas:
- Unilever Bestfoods, linhas: Maizena, Cremogema e Arrozina.
- Sadia, linha: Tortinhas de Palmito.
- Mc Donald´s, linha: Mc Lanche Feliz.- São Paulo Alpargatas, linhas de calçados: sandálias Havaianas.
- GE – General Eletric, linha de lâmpadas.
- Asa Química, sabão em pó Invicto.
Contudo, o processo de impressão, laminação e a tinta utilizada, ainda são altamente
poluentes.
O uso do bambu é ilimitado. Com ele é possível substituir a madeira em todas as suas
aplicações, mas não é possível utilizar a madeira para fazer todas as coisas e estruturas que só
podem ser feitas com o bambu74. É um nicho que pode ser bem explorado no Brasil e na
Bahia.
Segundo Ventania75:
...nós avaliamos que pelo fácil manuseio, pela abundância da planta no território brasileiro, pela trajetória riquíssima que o bambu teve nas comunidades orientais e, principalmente, pelacriatividade e pelo poder de trabalho de nosso povo, o brasileiro se dará muito bem com o bambu. Eu acredito que o bambu oferece uma capacidade de criação sem limites, em diversasáreas, e o diferencial do brasileiro - que é reconhecido como o diferencial da inventividade -fará com que o percurso do bambu no Brasil seja tão vitorioso quanto foi no Oriente.
73 Coordenador de Desenvolvimento de Embalagens Finais, Grupo João Santos.74 HIDALGO-LÓPEZ, Ob.cit, p.III75 Lucio ventania é um dos principais representantes do movimento de popularização do uso do bambu no Brasile dirige a Bambuseria Cruzeiro do Sul
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O bambu tem grande potencial para ser empregado no ecodesign, mas, para isso, algumas
características têm que ser salientadas. Para que um produto possa ser considerado sustentável
na lógica do ecodesign, alguns aspectos relacionados ao impacto ambiental, como uso de
energia para fabricação, o descarte, etc...devem ser abordados segundo os critérios da equipe
do ecodesign-net:
- O produto feito de bambu é biodegradável e o resíduo de sua produção pode ser utilizado nageração de energia, como carvão.
- o bambu é leve e fácil de cortar e exige ferramentas simples que são suficientes para prepara-lo, sendo muitas delas manuais, simplificando a transformação da matéria-prima em produto e, com isso, gastando menos energia.
- para ser colhido, o bambu não necessita de máquinas. Segundo Hidalgo-Lopez76 com umsimples machado de pedra é possível cortar um tronco de bambu. Um tronco de madeira domesmo diâmetro necessitaria de vários machados e muito mais tempo e energia para sercortado. Além disso, por seu menor peso, gasta menos energia com o transporte.
- o bambu não necessita de certificação (não corre o risco de certificação fraudulenta) e nãonecessita de replantio. Uma vez plantado, pode ser colhido inúmeras vezes e volta a crescer.
- o bambu já vem sendo usado em programas sociais de capacitação e geração de renda para jovens, o que vale dizer, responsabilidade social.
- por ser renovável, o bambu não necessita de racionalização, já que pode atingir 130 anos e
depois de cortado novos brotos voltam a crescer, gerando menos impacto ecológico.- qualquer parte de um produto feito de bambu pode ser substituída por peça de igual formato,aumentando sua vida útil.
- o bambu é biodegradável, volta para a Terra, mas pode ser reciclado transformando-se emum outro produto ou ter outro uso. Por exemplo: um colmo utilizado para irrigação pode sercortado e transformado em várias luminárias.
- existem casos de produtos feitos de bambu que duram centenas de anos, ao contrário demadeiras como eucalipto e o pinho.
- um produto feito de bambu agrega valores ecológicos, tem agradável estética pela sua
simplicidade, naturalidade, inovando em termos de material.- qualquer produto feito de bambu, por ser sustentável, uma matéria-prima perene, está apto autilizar o marketing verde.
- por ser um produto feito a partir de matéria-prima natural, está intrínseco que pode serdescartado sem causar danos ao meio ambiente.
- não agride o meio ambiente em nenhuma etapa, desde a sua concepção até o descarte.
76 HIDALGO-LÓPEZ, Oscar, Bamboo; The gift of the gods, Bogotá, D´Vinni, 2003, p.III
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8. VANTAGENS DO USO DO BAMBU NO ECODESIGN
O bambu é utilizado por muitos povos por suas inúmeras vantagens: crescimento rápido,
sustentabilidade, seu broto nutritivo, resistência, flexibilidade, seu poder medicinal, entre
outras importantes características. No ecodesign, muitas dessas vantagens podem ser
determinantes quanto a usar ou não o bambu, basta apenas que sejam conhecidas, mudando o
conceito popular de que bambu é “mato”.
A matéria-prima feita com bambu tem grandes vantagens em relação ao papel para a industriagráfica e papel cartão para embalagens. Para produzir uma tonelada de celulose são
necessárias três toneladas de bambu enquanto que necessita de seis toneladas de pinho para
produzir a mesma quantidade.
Segundo Informativo da Itapagé77
O bambu é uma planta que apresenta fibras longas como as do pinho e estreitas como as doeucalipto, o que faz com que as fibras se entrelacem entre si, conferindo aos produtos com elas fabricados, características de resistência física jamais obtidas pelas tradicionais matérias- primas utilizadas na produção de celulose.
Então, trata-se de um papel excelente, com característica de grande resistência à tração e
rasgo, ideais para embalagens, além de, por ser feito com fibras longas e virgens, evitar a
contaminação dos produtos nela acondicionados, sendo recomendado para embalagens de
alimentos e medicamentos, o que não ocorre com os papéis reciclados, que necessitam de
elaborados processos de limpeza e consomem muita energia na sua fabricação.
No campo, um hectare78 de bambu rende, em média, 25 toneladas ao ano, enquanto o de
pinho rende entre 12 e 14 toneladas. Além disso, tanto o pinho, quanto o eucalipto necessita
ser replantado após o corte, enquanto o bambu, uma vez plantado, nunca mais requererá
replantio. O bambu pode ser cortado a partir dos dois anos de idade e, depois do primeiro
corte, a cada seis meses.
77 Informativo “Inovação e tecnologia a serviço da qualidade” – Itapagé.78 Um hectare corresponde a 10.000 m2
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Ele protege o solo contra erosão, te m o maior crescimento vegetal do planeta, enquanto que o
pinho e eucalipto necessitam de 10 a 20 anos e, ainda, esgotam os nutrientes do solo e
absorvem muita água, deixando o terreno degradado.
Outro fator importante, segundo Sergio Safe79, é de que um bambuzal nunca deve ser
totalmente cortado, pois desta forma a touceira degenera para uma forma arbustiva e
demorará alguns anos para produzir novamente. O corte parcial garante uma maior
conservação do solo, o que não acontece com os reflorestamentos, onde normalmente é feito o
corte raso em toda a área.
Ao contrário do que acontece com o bambu, um quadro pior se configura nas madeiras
nativas, exploradas ilegalmente para obtenção de celulose e outras aplicações, madeiras estas
que não serão replantadas e não são renováveis, contribuindo para o efeito estufa e o
aquecimento global.
Deve-se salientar que o bambu é um grande fixador de carbono da atmosfera e, por seu rápido
crescimento, ele pode reflorestar mais rapidamente áreas desmatadas e gera quatro vezes mais
oxigênio que as demais espécies lenhosas. Diminui a intensidade de luz e atua como
purificador atmosférico e dos solos80.
Por suas características físicas de resistência e força, pode ser um substituto viável para a
madeira e o aço, sendo um dos materiais mais resistentes para a construção. É de baixo
custo, não poluente e poupador de energia.
Conforme estudiosos da PUC-Rio81:
Como é conhecido, as indústrias de aço não só poluem a atmosfera com CO 2 , mas também
reduzem o minério de ferro e as reservas de carvão, além de utilizarem petróleo para sua
produção e transporte, contribuindo para a escassez dos recursos não renováveis.
79 Engenheiro Florestal e membro do grupo de discussão Bambu-Brasil.80 ITAPAGE. http://www.itapage.com. Arquivo capturado em 1ºdez 200381 GHAVAMI, Khosrow, Desenvolvimento de elementos estruturais utilizando-se bambu http://www.abmtenc.civ.puc-rio.br/abmtenc/areas/bambu/corpo.htm. Arquivo capturado em 18 abr 2004.
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Segundo Raphael Moras de Vasconcellos82, o bambu precisa de água, mas não “suga” e seca a
água das reservas do solo. Ele inclusive ajuda a evitar o assoreamento dos rios, aumentando o
volume de água.
Todas as partes do bambu podem ser aproveitadas:
praticamente nada se perde do bambu. Além dos colmos, que possibilitam múltiplas aplicações, as folhas e osramos também podem ser utilizados na fabricação de vassouras ou na alimentação de animais 83.
Todas essas características garantem ao bambu grandes vantagens ecológicas em relação à
madeira e ao aço, materiais estes, muito utilizados em diversas aplicações no design. Caso
haja uma substituição destes materiais pelo bambu, o design ganhará um novo conceito, um
conceito ecológico: o ecodesign.
82 VASCONCELLOS, Raphael, Bambu brasileiro. http://www.bambubrasileiro.com. Arquivo capturado em 4nov 2002.83 BAMBUBRASILIS. http://www.agr.unicamp.br/bambubrasilis. Arquivo capturado em 3 dez 2003.
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9. DESVANTAGENS DO USO DO BAMBU NO ECODESIGN
O principal inconveniente do uso do bambu é sua baixa durabilidade natural, principalmente
nas espécies mais ricas em amido, como o Bambusa vulgaris, sendo necessário um tratamento
químico para se evitar o ataque do Dinoderus minutus.
O bambu também apresenta a desvantagem de, assim como a madeira, variar suas dimensões
conforme a variação da umidade. Ele não apresenta raios (fibras radiais), portanto, lasca-se
facilmente, impossibilitando o uso de pregos, sendo aconselhado o uso de encaixes, parafusos
ou cola. Porém, tal característica é vantajosa na confecção de ripas e laminados.
Por ser rico em sílica84, na camada externa do colmo, o bambu provoca um maior desgaste de
máquinas e serras, em relação à madeira.
Um outro problema para o uso do bambu no ecodesign, é a falta de mão-de-obra
especializada, mas, com os programas sociais de inclusão de jovens no mercado de trabalho,
utilizando-se o bambu, em breve haverá oferta dessa mão-de-obra.
84 Dióxido de silício
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10. EXPERIMENTAÇÃO E PESQUISA DE CAMPO
Existem processos, já comprovados, de utilização e tratamento do bambu, usados por
componentes dos grupos de estudo e profissionais de diversos países asiáticos assim como da
Colômbia, Equador e também do Brasil. Muitas das experiências estão sendo feitas,
especialmente para buscar uma forma de tratamento que não cause qualquer dano ao meio
ambiente. Contudo, ainda não foi encontrado um método de tratamento totalmente natural que
garanta 100% de eficácia.
Nesse contexto, foram feitas experiências, visando comprovar as propriedades do bambu,
verificadas em pesquisa teórica, e sua possível aplicação como matéria-prima em design, além
de tentar desenvolver um tratamento natural, que garanta a durabilidade da matéria-prima. O
laboratório, para desenvolver tais procedimentos, foi montado na Fazenda Buril, município
de Mata de São João-BA, e o bambu utilizado foi o da espécie Bambusa vulgaris. Vale
ressaltar que, pela interdisciplinaridade que envolve o ecodesign, muitas destas experiências
foram desenvolvidas com o auxílio e troca de informações, via internet, com membros da lista
de discussão Bambu-Brasil85, lista esta composta por profissionais de diversas áreas, entre
elas, Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
O primeiro passo foi colher os bambus, tanto aqueles com mais de três anos de idade que,
segundo pesquisas, é mais aconselhável pela sua firmeza, quanto, também, os bambus jovens
que são utilizados para cestarias, por serem mais flexíveis. A diferenciação se dá,
especialmente, pela localização dos colmos na moita de bambus. Os mais jovens se encontram
na parte externa, enquanto que os mais velhos na parte interna. Além disso, os bambus jovens
são mais limpos (Fig. 20), enquanto que os mais v