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  • Belm Ribeirinha

    Marco Contextual

    15 de dezembro de 2014

    Elaborado por Joo Meirelles Filho

    Rua de Almeida, 1083 | CEP: 66053-190 | Belm, Par, Brasil F +55 91 3222 6000 | [email protected] | www.peabiru.org.br

  • Travessa de Almeida 1083

    66053-360 Reduto Belm Par

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    2

    ndice

    1. A Metrpole Ribeirinha 3

    a. Situao geogrfica 3

    b. Situao Ambiental 5

    c. Situao Social 7

    d. Organizao social 9

    e. Situao Econmica 10

    f. Insegurana fundiria nas ilhas 12

    2. A abordagem do Instituto Peabiru para a Belm Ribeirinha 14

    3. A experincia do Instituto Peabiru na Belm Ribeirinha 17

    4. Referncias 19

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    1. A Metrpole Ribeirinha

    a. Situao geogrfica

    Uma parte substantiva dos municpios de Belm e Ananindeua constituem-se sistemas

    insulares. Em Belm so 39 ilhas que, exceo de Mosqueiro, Caratateua (Outeiro) e Cotijuba,

    que possuem reas urbanizadas e maior populao, so ilhas consideradas densamente

    florestadas e de baixa densidade populacional [SILVA, 2010, p.36]. Nestas ilhas habitavam em

    2000 cerca de 8.260 pessoas segundo o IBGE [SILVA, 2010, p.35].

    Esta ocupao caracterizada por comunidades ribeirinhas de diferentes dimenses, seja

    por casas isoladas ou em pequenas aglomeraes. Geralmente, as habitaes esto junto gua

    de canais e rios permanentes. A partir de levantamento da SECON/Belm, Srgio Brazo e Silva,

    comenta a existncia de cerca de 942 famlias em dezenas de comunidades [SILVA, 2010, p. 68-

    69]. O Instituto Peabiru constatou em suas diferentes visitas s ilhas de Jutuba e Cotijuba a

    existncia de diversas comunidades numa mesma ilha.

    exceo de Mosqueiro e Ilhas do Norte, que so parte do Distrito Administrativo de

    Mosqueiro (DAMOS), as Ilhas de Belm esto sob a Administrao do Distrito Administrativo de

    Outeiro (DAOUT). Na verdade, a Regio Metropolitana de Belm (RMB), dos 7 municpios

    Ananindeua, Belm, Benevides, Castanhal, Marituba, Santa Brbara e Santa Isabel do Par ,

    somente Benevides, Santa Isabel e Castanhal no possuem expressivas comunidades ribeirinhas.

    Pode-se afirmar ainda, que municpios fora da Regio Metropolitana, apresentam igual

    ocupao, como sucede com Acar e Barcarena. Na primeira, esto as ilhas de Sacaia, Arapixi,

    Ilha Maarico, Ilha dos Patos, Ilha do Mata Fome, Ilha Arapari, Ilha Jussara, Ilha dos Papagaios,

    Ilha do Maracuj, Trambioca, Ilha Tanquzinho, Santa Maria, Ilha (Ilhas Sul Rio Guam).

    Em Barcarena, por sua vez, destaca-se a Ilha das Onas, imediatamente defronte a Belm,

    possui importantes dimenses e h um Projeto de Assentamento Agroextrativista, com 500

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    famlias, sem contar as ilhas de Urubuoca, Arapiranga, Longa, Mucura, Arapari e So Mateus,

    todas, igualmente, assentamentos agroextrativistas.

    Se os ribeirinhos das margens continentais praticamente desapareceram de municpios

    como Belm ou Ananindeua, o mesmo no sucede em Barcarena, Acar ou mesmo Santa

    Brbara.

    No Municpio de Belm as ilhas so distribudas em quatro blocos, com destaque a algumas das

    ilhas acima de 10 hectares: a) ao Norte, entre as quais, Mosqueiro, Papagaio, Cunuari, So Pedro

    e Conceio, a, b) ao Centro-Leste, Caratateua (Outeiro); c) no Extremo Oeste, entre as quais,

    Cotijuba, Ilha Nova (Coroinha), Jutuba, Tatuoca, Urubuoca, Patos/Mirim, Paquet-a; e, d) ao

    Sul, Cintra (Maracuj), Murutuc, Ilhinha, Combu (Marineira) e Grande. Em Ananindeua (junto s

    Ilhas Norte de Belm) esto as ilhas de Joo Pilatos, Viosa, Sassunema, Mut, Guajarina, So

    Jos da Sororoca, Sororoca, Arauari e Santa Rosa.

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    b. Situao Ambiental

    A formao geolgica recente, a topografia plana e baixa e a influncia da mar resultam

    num ambiente natural caracterstico de vrzea, no caso, de vrzea de mar. Segundo o INPE se

    trata de regio de formao geolgica recente, com formaes Ps-Barreiras, e diversas reas se

    formaram ou se separaram do continente nos ltimos cinco a oito mil anos [ROSSETI, INPE,

    2008].

    Alm disto, Silva aponta que, embora possuam diferenas, os ambientes naturais das ilhas

    apresentam em comum: a preservao de significativa massa verde, aes antrpicas

    localizadas, presena de moradores ribeirinhos e predominncia de aes extrativistas como

    fonte de renda populao em sua atividade rural [SILVA, 2010, p.26].

    Os levantamentos a partir de visitas que o Instituto Peabiru realiza s ilhas h mais de 8

    anos, por conta de diferentes projetos, indicam que a regio enfrenta: a) crescente

    desmatamento (em nome da expanso urbana nas reas de terra firme e, de forma generalizada,

    para a obteno de madeira e carvo); b) eroso (frente ao crescimento da monocultura do aa,

    que ocupa todos os terrenos, de vrzea ou no, inclusive at as margens, o aumento do fluxo

    embarcaes e as mudanas climticas, observa-se maior suscetibilidade eroso); c) poluio

    das guas (por esgoto residencial e industrial no tratado, lixo e derramamento de leo por

    embarcaes, considerando-se que a metrpole tem tratamento de esgotos para menos de 10%

    de seus estabelecimentos); d) ameaa de expanso de novos empreendimentos (como os porto

    de Outeiro (Sotave) e os portos de Icoaraci e os inmeros lanamentos imobilirios em Outeiro,

    entre outros); e e) falta de Unidades de Conservao e definio fundiria das terras,

    especialmente de ilhas menores. Em particular, observa-se a invaso recente das reas de

    ninhais da Ilha dos Papagaios; a fragilidade de gesto da APA estadual da Ilha do Combu; dentre

    outros exemplos flagrantes de ambientes frgeis e patrimnios arqueolgicos desprotegidos.

    Em se tratando de provncias da biodiversidade, a Belm Ribeirinha se localiza no Centro

    de Endemismo de Belm, que apresenta mais de 70% de sua cobertura florestal alterada, o

    mais avanado grau de degradao na Amaznia. Esta classificao do Museu Paraense Emlio

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    Goeldi e a Conservao Internacional apresenta o maior nmero de espcies vegetais e animais

    ameaadas da Amaznia, e que demanda o monitoramento a partir da legislao federal e

    estadual de proteo a espcies ameaadas [GARDA et al., 2010; SILVA, 2005; SILVA & GARDA,

    2011; VIEIRA et al., 2005].

    Acresa-se que as reas midas, especialmente aquelas sujeitas mar, apresentam, ainda,

    baixa capacidade de resilincia pela dificuldade de reposio dos ciclos naturais diante de forte

    processo de ocupao.

    Importante comentar que pela regio passam 25% das guas de todos os rios do Planeta,

    se considerarmos o delta do Amazonas e do Tocantins e demais rios da regio (Acar, Moj,

    Guam e outros) e, que esta sofre forte influncia das guas interiores, assim como do regime de

    mar, e uma das regies midas mais importantes.

    Diante deste cenrio inexistem unidades de conservao de proteo integral, ainda que

    hajam sido sugeridas em diferentes ocasies [SILVA, 2010, p. 116]. A nica rea de uso

    sustentvel a rea de Proteo Ambiental do Combu, criada pelo Estado do Par e que possui

    baixa capacidade de gesto nesta Ilha.

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    c. Situao Social

    Em primeiro lugar, no se sabe quantos so os habitantes da Belm Ribeirinha. Se

    considerarmos apenas as ilhas de Belm exceo de Mosqueiro, Caratateua (Outeiro) e

    Cotijuba, pode-se estimar uma populao superior a duas mil famlias. Os dados relacionados a

    Cotijuba demonstram a precariedade da informao, seja pelo dinamismo que ocorre, seja pelo

    isolamento e consequente sub-notificao ou outras causas (como a de informar residncia fora

    das ilhas, mas efetivamente ali habitar). Segundo o Censo do IBGE, em 2010 haveria 3.750

    habitantes em Cotijuba. Porm, nas reiteradas visitas as lideranas comunitrias e

    representantes pblicos sempre falam em 5.000 habitantes permanentes [IBGE, 2010].

    Se considerarmos os municpios de Ananindeua, Barcarena, Belm, h 16 assentamentos

    agroextrativistas (PAE) do INCRA, com um total de 1.852 famlias cadastradas, das quais, 738

    famlias entre Belm e Ananindeua [INCRA, 2013]. A experincia do Instituto Peabiru nos

    Assentamentos Agroextrativistas em condies similares em 2014, como os das ilhas de

    Cachoeira do Arari e Ponta de Pedras, indicam que estes nmeros precisam ser atualizados e,

    geralmente, so maiores que os levantados preliminarmente. Sabe-se, ainda, que muitas ilhas e

    respectivas comunidades ficaram de fora desta poltica pblica de assentamento agroextrativista

    e so habitadas. Assim, para se chegar a um total de famlias ribeirinhas nestes dois municpios

    haveria que se avanar num estudo sobre sua condio, inclusive contemplando as ribeiras de

    ilhas maiores como Mosqueiro, Cotijuba e Caratateua.

    De qualquer manei