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ABIM 005 JV Ano XII - Nº 97 - Mai/18 Bem-vindo à Maçonaria Cultural

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ABIM 005 JV Ano XII - Nº 97 - Mai/18

Bem-vindo à

Maçonaria

Cultural

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

Anuncie conosco!A Revista Arte Real, distribuída para cerca de 29.000 leitores cadastrados, de todo o Brasil e exterior, além de difundida nas redes sociais e listas de discussão maçônicas, reserva um espaço para divulgar a sua empresa!

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EditorialEscolhemos como temário para esta edição

“Bem-vindo à Maçonaria Cultural”, trazendo matérias que tratam da origem e do propósito da criação das Academias Maçônicas de Letras, das Lojas de Estudos e Pesquisas, das Fraternidades Acadêmicas e das Lojas Universitárias. Devido, nas últimas décadas, observarmos uma expressiva efervescência no interesse pelo estudo da Maçonaria, inclusive pelo mundo profano, essas formatações de lojas maçônicas, têm possibilitado uma ambiência adequada para um estudo mais apurado de nossas tradições e das influências sofridas por outras Escolas, ao longo de sua profícua história.

Outro aspecto importante que visamos difundir é o crescente surgimento das Lojas Universitárias, visando resolver, ou pelo menos amenizar, um problema que atinge a maçonaria universal - a elevada faixa etária de seus membros. Através de duas matérias sobre assunto, extraída da matéria original “As Lojas Universitárias e a Modernização da Maçonaria”, de autoria do Ilustre Irmão Lucas Francisco Galdeano, Eminente Grão-Mestre Distrital do GODF, profundo estudioso sobre o tema, buscamos fazer luz sobre o tema e estimular o debate sobre a necessidade de uma renovação interna de nossa Ordem.

Outro ponto não menos importante que não podemos desprezar é a necessidade da elevação do nível cultural, hoje, muito aquém da realidade de uma instituição que, tem por fim livrar a humanidade dos grilhões da ignorância. As Sessões Maçônicas, limitadas

a um curto espaço de tempo para tratar diversos assuntos, leitura de atas, Ordem do Dia, etc., dispensa muito pouco tempo para estudo, apresentações de trabalhos, palestras ou algo do gênero. Somado a isso, a violência urbana e o dia seguinte com a rotina de trabalho, não permite estender a sessão além das 22h.

Com isso, o surgimento das Academias Maçônicas e das Lojas de Estudos e Pesquisas vem possibilitar um ambiente próprio para o estudo e o intercâmbio cultural, saciando a sede do saber dos, lamentavelmente, poucos maçons estudiosos, que buscam entender a Maçonaria e o seu aprimoramento nos mais diversos aspectos.

É bem possível, que muitos de nossos leitores não têm a menor noção da importância do papel, no que se refere à renovação da Maçonaria, das Lojas Universitárias e/ou Lojas Acadêmicas. Da mesma forma, quanto à importância para o engrandecimento cultural da Ordem Maçônica, quando falamos em Lojas de Estudos e Pesquisas e, principalmente, nas Academias Maçônicas de Letras.

Dentro deste enfoque, escolhemos, criteriosamente, o temário desta edição. Estamos buscando, na medida do possível, trazer à discussão esses temas e, ao mesmo tempo, estimular o estudo e a pesquisa, além de criar um espaço para difundir trabalhos de nossos colaboradores, que possam servir de “sextante”, a orientar nossos leitores em sua Vereda Iniciática.

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A Origemdas Academias

Francisco Feitosa

Para buscarmos a origem da palavra “Academia”, teremos que nos reportar à Grécia antiga, quando Platão, discípulo de Sócrates, após sua morte,

inicia, com outros socráticos, um período de viagens, aportando em Mégara, indo ao encontro de Euclídes, que, também, pertencera ao grupo de Sócrates, e que havia fundado uma escola filosófica. Platão estende sua viagem a Siracusa, Sul da Itália, conhecida como a “Magna Grécia”, tornando-se amigo de Dion, cunhado do tirano local, Dionísio, em seguida, chega ao Norte da África, visitando o Egito.

Ao regressar de sua viagem, por volta do ano 387 a.C., Platão funda, em Atenas, sua própria escola de pesquisa filosófica e científica, perto de Colona, um povoado de Ática, nos jardins consagrado ao herói ateniense da Guerra de Tróia (século XII a.C.) “Akademus”, por essa razão, sua escola recebeu o nome de “Akademía”.

A Academia de Platão foi tida como a primeira universidade da Europa. Embora, oficialmente, dedicada ao culto das musas, teve intensa atividade filosófica, onde se professava um ensino informal através de lições e diálogos entre os mestres e os discípulos. O filósofo Platão pretendia reunir contribuições de diversos campos do saber, como a filosofia, a matemática, a música, a astronomia e a legislação. Seus jovens seguidores, dentre eles Aristóteles, seu mais famoso aluno, dariam continuidade a este trabalho, que viria a se constituir num

dos capítulos importantes da história do saber ocidental. A escola era formada por uma biblioteca, uma residência e um jardim. Sua existência foi interrompida pelo imperador justiniano, em 529 d.C., e por durante 916 anos, deixou um enorme legado, dando origem as Academias e Escolas Superiores do Ocidente.

As mais conhecidas academias gregas foram a Antiga Academia, fundada por Platão, que teve entre seus mestres o matemático Eudóxio de Cnido, e como discípulos, entre outros, Aristóteles, Xenócrates e Espeusipo. A chamada Academia do Meio, fundada pelo filósofo platônico grego Arcesilaus e a Nova Academia, fundada pelo filósofo cético grego Carneades.

Essa Tradição se estendeu na França e na Itália, surgindo diversas Academias de poetas e artistas nos séculos XIII e XV. Em 1440, surge a mais famosa academia da Renascença Italiana, a “Academia Platônica”, que se dedicou a aprofundar estudos sobre a obra de Platão, ao aprimoramento da língua italiana e ao estudo de Dante.

Destacou-se, também, a Academia Francesa, que serviu de modelo para criação da Academia Brasileira de Letras. Foi fundada, em 1635, por iniciativa do Cardeal Richelieu, que obteve a autorização para seu funcionamento do rei Luís XIII, com a principal finalidade de tornar a língua francesa “pura, eloquente e capaz de tratar das artes e ciências.” A Academia Francesa tem cumprido essa missão, também, através das sucessivas

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edições de seu Dicionário. Oito edições já foram realizadas entre 1694 e 1932, estando em curso os trabalhos da nona edição.

Na segunda metade do século XIX, o Rio de Janeiro já apresentava uma vida literária em efervescência, marcada pelas reuniões de escritores e publicações de periódicos voltados para a literatura. Destacava-se diversos pontos de encontros, como as livrarias “Laemmert” e, posteriormente, a “Garnier”, onde, comumente, era frequentada por Oliveira Lima, Rodrigo Otávio, Pedro Tavares, o jovem Graça Aranha e outros. Já nessas rodas, o centro era a inteligência irônica da personalidade discreta de nosso escritor maior - Machado de Assis.

Nesses grupos e encontros, acenava-se com a necessidade da criação de uma agremiação, que reunisse os expoentes da literatura brasileira. As reuniões da “Revista Brasileira”, sob a direção de José Veríssimo, tiveram um papel decisivo na criação da Academia Brasileira de Letras, em 20 de julho de 1897, idealizada por Lúcio de Mendonça e composta por escritores como, Machado de Assis (presidente perpétuo), Inglês de Souza, Olavo Bilac, Graça Aranha, Medeiros e Albuquerque, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Rui Barbosa. A Academia Brasileira de Letras tem por fim, segundo os seus estatutos, a “cultura da língua nacional”.

Ao contrário do que muitos possam imaginar, o início da história da Maçonaria, no Brasil, deveu-se muito ao surgimento das Academias e Associações Literárias, no século XVIII. O povo das colônias, em especial do Brasil-colônia de Portugal, desde o Descobrimento, era, de forma generalizada, inculto e analfabeto, com uma agravante: inicialmente, os índios, vistos como animais, e, posteriormente, os escravos, tratados como mercadorias. Não só os colonizados, mas, também, os colonizadores, em sua maioria eram analfabetos, pois a educação escolar não figurava entre os pressupostos da colonização.

Tal situação começou a se modificar a partir da segunda metade do século XVIII, quando filhos dos abastados colonizadores portugueses, nascidos no Brasil, iniciaram um movimento de procurar estudo nas universidades de Portugal e de França. Com isso, os jovens brasileiros puderam ter contato com as influências renovadoras do Iluminismo, amplamente difundidos pelas Lojas Maçônicas nas universidades europeias. Muitos deles foram iniciados na Maçonaria, em Lojas europeias, em especial nas de Montpelier (França) e nas de Coimbra (Portugal).

No regresso, esses jovens burgueses, assim como muitos padres de diversas Ordens Católicas, que vinham ao Brasil para cumprirem suas tarefas, depararam-se com total desrespeito ao indivíduo, às famílias e à

sociedade. Presos ao Iluminismo europeu, que visava, principalmente, à autoafirmação dos direitos humanos, foi criado, por esses regressos, um movimento de libertação e Independência.

Com objetivo, realmente cultural, de escrever a história da América portuguesa, surgiram, nessa mesma época, as Academias, criadas pelos poucos eruditos da época. Os jovens Maçons, iniciados na Europa, associando-se a essas Casas de Cultura, aproveitaram a oportunidade para difundir suas ideias libertárias de forma velada, já que, na época, ainda, não existiam Lojas Maçônicas no Brasil.

A primeira Academia surgiu em 23 de abril de 1724, em Salvador, na Bahia, com o nome de Academia Brasílica dos Esquecidos, fundada pelo Vice-Rei Vasco Fernandes César de Menezes, o Conde de Sabugosa. Existem autores maçônicos, como Kurt Prober, que a considera como a primeira Loja Maçônica do Brasil. Sua existência foi breve, durando, apenas, 11 meses.

Em 1736, no Rio de Janeiro, foi fundada a Academia dos Felizes, considerada a segunda Sociedade Maçônica criada no Brasil, que existiu até o dia 28 de fevereiro de 1740. Ainda, no Rio de Janeiro, em 1752, foi a vez da Associação Literária dos Selectos, que teve vida curtíssima, funcionando em única Sessão, em louvor ao Conde de Bobadela.

Em 19 de maio de 1759, em Salvador, Bahia, surgiu a Academia Brasílica dos Renascidos, funcionando até 1760. A Academia Científica, fundada em 1772, no Rio de Janeiro, de Conceitos Iluministas, tendo como um dos mais destacados fundadores, o segundo Marquês do Lavradio. Sabemos que o Iluminismo e a Maçonaria caminharam juntos na Europa, durante certo tempo, em especial, na França, o que nos leva a crer na participação maçônica, também, nessa Academia.

Em 1786, foi instalada, no Rio de Janeiro, a Sociedade Literária do Rio de Janeiro, durando até o ano de 1790, ou 1791, quando José Luiz de Castro, o Conde de Rezende, observando a fermentação de aspirações políticas análogas à Conjuração Mineira, a dissolveu.

Surgiu no Rio de Janeiro, meses após a dissolução da Sociedade Literária, a Arcádia Ultramarina, responsável por um movimento libertário, conhecido por “Conjuração do Rio de Janeiro”. Esse grêmio foi extinto em 1794.

Todas essas Academias ocultavam a eclosão dos movimentos de sedição contra a colonização portuguesa. Todas com características maçônicas, ou, até mesmo, formato de Lojas Maçônicas.

Somente em 1796, em Pernambuco, em Itambé, surgiria o Areópago de Itambé, constituído como Corpo

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Maçônico e precursor do país; fundado pelo frade carmelita, médico e botânico pernambucano, Manoel Arruda Câmara e seu irmão Francisco de Arruda Câmara, recém-chegados da Europa, onde haviam sido iniciados na Maçonaria, em Montpelier, na França.

Exatamente, oito anos após a Queda da Bastilha, portanto, em 14 de julho de 1797, em Salvador, Bahia, segundo o escritor maçônico Kurt Prober, a bordo da fragata francesa “La Preneuse”, foi fundada a Loja Cavaleiros da Luz, pelo Comandante Larcher. Alguns autores afirmam que, do seio da Loja Cavaleiros da Luz, ressurgiu a Academia dos Renascidos (1798-1799) e que as inflamadas discussões nessa Academia resultaram na Conjuração Baiana, em 1799, movimento, conhecido como Revolta dos Alfaiates.

A Academia dos Suassunas surgiu dos remanescentes do Areópago de Itambé, dissolvido em 1801, após o fracasso do movimento libertário, conhecido por “Conjuração de 1801”. Operou durante 15 anos, sendo extinta em 1817, talvez, junto com a devassa na Revolução Pernambucana de 1817.

No ano de 1802, em Recife, foi criada pelo Padre João Ribeiro Pessoa a Academia do Paraíso, que funcionou até 1805. Ambas as Academias, dos Suassunas e do Paraíso, eram sociedades político-secretas, formadas por Maçons patriotas, onde se propagavam as novas doutrinas republicanas da França.

Esse rápido passeio histórico nos leva a perceber a importância que tiveram as Academias para os movimentos libertários e, consequentemente, para o surgimento das primeiras Lojas maçônicas no Brasil. Ao contrário do que muitos pensam e, até mesmo, ignoram, seu papel foi fundamental e primoroso para que os movimentos libertários fossem levados a efeito, a fim de criar uma sociedade mais justa e libertar o Brasil dos grilhões de seus colonizadores, que visavam, tão somente, a subtrair o Brasil e a explorar seu povo.

A existência de uma Academia é algo sublime, principalmente, nos dias atuais quando a inversão de valores adentra, sem pedir licença, nossos sacrossantos lares, enaltecendo o que é, foi e sempre será, por demais, errôneo e imoral, tentando nos afastar do caminho reto que nos conduz, com segurança, à evolução e ao progresso.

A Academia original (akadémeia) foi o jardim, no qual Platão fundou sua Escola de Filosofia; filo (amigo) e sofia (conhecimento), portanto, amigo do saber. No que se refere à Academia Maçônica de Letras, o Dicionário de Maçonaria, de autoria de Joaquim Gervásio de Figueiredo, a define como uma Sociedade Civil Literária de Maçons, de âmbito nacional, constituída sobre bases democráticas, com a finalidade de incentivar a cultura e as letras maçônicas.

No que se refere ao surgimento das Academias Maçônicas de Letras em nosso país, estas surgiram, segundo Gervásio, tão somente, em 21 de abril de 1972, no Rio de Janeiro, sendo, de fato, instalada em 24 de junho do mesmo ano, a Academia Maçônica de Letras do Brasil, então, presidida pelo Confrade Morivalde Calvet Fagundes, com a estreita colaboração do Ilustre Confrade Belarmino Maria Austregésilo Augusto de Athayde, então, Presidente da Academia Brasileira de Letras.

Observando a história da Maçonaria brasileira, torna-se notória a importância que teve e tem essas Casas de Cultura. A responsabilidade de um acadêmico não se pode restringir, apenas, a escrever belas poesias e recitá-las a cada sodalício. Estende-se, também, em promover e difundir a cultura e a arte em suas diversas formas, elucidando e conscientizando, principalmente, através do exemplo. Nem se faz necessário dizer que essa responsabilidade se multiplica quando se trata de membros de uma Academia Maçônica.

Somos imortais, não pelo uso de estolas e comendas, mas pela prática de bons exemplos, o que nos fará transcender os limites do bem e do mal!

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Quatuor CoronatiPrecursora das Lojas de Pesquisas Pelo Mundo

A Loja “Quatuor Coronati” nº 2076, jurisdicionada à Grande Loja Unida de Inglaterra (GLUI) é a Loja Maçônica de

Pesquisas mais antiga do mundo. Fundada em 28 de novembro de 1884, por um grupo de nove Maçons, todos acadêmicos, dentre esses, alguns altamente reconhecidos no campo do estudo da Maçonaria. Sua sagração se deu, apenas, em 12 de janeiro de 1886, motivada pela escolha do nome primeiro “Venerável Mestre”, o Sir Charles Warren, General do Exército Britânico, enviado, em missão diplomática, para a África e o Sinai, retornando a Londres, somente, no final de 1885.

O nome da Loja foi escolhido em homenagem à lenda dos “Quatro Santos Coroados”, artífices, mestres na arte da quadratura da pedra – escultores na antiga cidade de Sirmium (atual Sérvia), que, por volta do ano de 302, segundo consta, no dia 08 de novembro de nosso calendário atual, como cristãos, recusaram-se a cumprir a ordem do Imperador Romano Diocleciano, para esculpir uma estátua de Esculápio – o deus da saúde, que iria ornamentar um templo pagão romano, o que lhes custaram a vida, sendo martirizados na antiga cidade de Panônia (atual Hungria).

A ideia dos fundadores da Loja, que se mantém até os dias atuais, era o de criar um padrão de investigação, baseada em evidências, para o estudo da história maçônica e pesquisa sobre as origens da Maçonaria, buscando substituir os escritos mais imaginativos de autores anteriores, o que lhe

valeu o título de “escola autêntica” da pesquisa maçônica. Para tal, estabeleceram um estilo novo de pesquisa maçônica, ignorando todas as conclusões sem fundamento, de diversos autores anteriores.

A Loja realiza suas reuniões no primeiro Templo Maçônico construído, o Freemasons Hall, no Covent Garden (Sala 09), na Great Queen Street, em Londres. Em suas sessões, realizadas cinco vezes por ano, são, imprescindivelmente, apresentadas palestras. Os trabalhos de pesquisas, palestras, conferências, simpósios e artigos são publicados, anualmente, no “AQC – Ars Quatuor Coronatorum”, que é distribuído e/ou disponibilizados a todos os seus membros. Os volumes do AQC, desde o primeiro, estão disponíveis na biblioteca da Grande Loja Unida de Inglaterra. Além de um museu, a Loja possui uma biblioteca com vasto acervo, que,

Francisco Feitosa

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recentemente, foi integrada à biblioteca da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Suas conferências e simpósios anuais, sobre os mais diferentes aspectos da Maçonaria e da pesquisa maçônica, são compartilhados a seus membros do Círculo de Correspondentes, criado em 1887, espalhados pela América do Norte ou do Sul, Reino Unido, Europa, África, Ásia, Austrália ou Nova Zelândia, a fim de incentivar o estudo e a pesquisa.

A Conferência anual 2018, será realizada no período de 14 a 16 de setembro, no Magnífico Memorial Maçônico George Washington, no estado da Virgínia – EUA, cujo o foco são as influências transatlânticas no primeiro século da maçonaria na América e no Caribe.

As cinco sessões durante o ano ocorrem, às 16 horas: na terceira quinta-feira de fevereiro; na segunda quinta-feira de maio; na quarta quinta-feira de junho; na segunda quinta-feira de setembro. A Sessão de Instalação e Posse do Venerável Mestre da Loja ocorre, tradicionalmente, na segunda quinta-feira do mês de novembro, por ser a data mais próxima do dia do martírio dos “Quatros Santos Coroados” (08 de novembro). No próximo dia 10 de

maio, a pauta da reunião será a palestra “A Lenda de Noé e o Manuscrito Graham”, que será proferida pelo Irmão de John Acaster. A palestra escrita poderá ser baixada no site oficial da Loja – www.quatuorcoronati.com

O atual Venerável Mestre (2017-18) é o irmão Andreas Rizopoulos, jornalista aposentado e consultor de comunicações. Iniciado em 1973, na Loja de Pesquisa “Hetairia ton Filikon” (Grécia), é membro fundador de outras duas lojas gregas e administrador-fundador da “Internet Lodge” nº 9659.

Desde 1884 que a admissão de seus membros 40 Membros Efetivos se faz, exclusivamente, por convite, dirigido, apenas, a Maçons regulares, que tenham dado contribuições importantes no campo do estudo da Maçonaria ou que se tenham distinguido de outra maneira na arte, na literatura ou nas ciências. A Grande Loja Unida da Inglaterra exige que os participantes das reuniões da Loja de Pesquisas Quatuor Coronati sejam membro de uma loja sob a jurisdição da GLUI ou de uma Grande Loja reconhecida pela GLUI. Já para o

Memorial Maçônico George Washington

Freemason Hall

ingresso dos Membros Correspondentes não existe restrição à quantidade.

Após a criação da primeira Loja de Estudos, em 1884, em Londres, pouco a pouco, foram surgindo pelo mundo essa formatação de Loja, sendo que em alguns países, como na Áustria, Itália, Alemanha, e mais tarde, também, no Brasil, utilizaram-se do mesmo nome da Loja inglesa, a exemplo da Loja Quatuor Coronati do Rio de Janeiro nº 145 – GLMERJ, e da Loja Maçônica de Pesquisas Quatuor Coronati “Pedro Campos de Miranda”, da qual, também, orgulhosamente, sou Membro Honorário.

Os EUA é o país que tem a maior concentração de Lojas de Estudos do mundo. Podemos incluir, também, a França nesta crescente. Na verdade, a necessidade de se conhecer melhor a Maçonaria, fez espargir a criação dessas Lojas na Maçonaria Universal. Por todo o Brasil, houve uma grande expansão na criação das Lojas de Pesquisas nas últimas três décadas, servindo de estímulo ao estudo no seio de nossa Ordem, muito embora, sabemos que a realidade das lojas maçônicas brasileiras, ainda, nos dias de hoje, tende mais a ideia de “clubes de serviços”, realidade que poderá se transformar com a conscientização do maçom, de que nossa instituição, antes de tudo, visa o aperfeiçoamento moral, cultural e espiritual de seus membros.

Laurindo Gutierrez, em seu trabalho “Para Que Servem as Lojas de Pesquisas”, ressalta a desinformação dos Irmãos quanto às Lojas de Pesquisas: “Talvez, por não conhecerem seu trabalho e a variedade dos temas ali abordados, em sessões, cujo objetivo é o estudo aprofundado, não dão a Elas, importância. O olhar desconfiado dos irmãos, em relação a esse tipo de trabalho maçônico, atrasa o crescimento das Lojas de Pesquisas, que trabalham com um quadro pequeno, embora aceitem maçons de todos os ritos e graus em suas reuniões ritualísticas”.

Segundo o ilustre Irmão Hercule Spoladore, em seu trabalho “A Influência das Lojas de Pesquisas no Mundo”, publicado na Revista de Ciência Maçônica “O Buscador”, publicação da Loja Maçônica de Estudos e Pesquisas Renascença nº 01, edição 01 (jan-mar/2016), do Oriente de Campina Grande, na Paraíba, filiada à Grande Maçônica da Paraíba,

estudo que recomendo, com empenho, sua leitura, a primeira Loja de Estudos criado no Brasil foi a Loja “Segredo no Oriente”, em 1921, no Rio de Janeiro. Outra Loja de Pesquisas que merece destaque no cenário maçônico-cultural do país é a Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil, da qual Spoladore pertence a seu quadro como membro fundador.

Diferentemente, das Academias Maçônicas de Letras, que obedecem uma formatação protocolar das Academias de Letras, as Lojas de Pesquisas, em parte, seguem uma ritualística bastante parecida com as Lojas Maçônicas tradicionais, obedecendo a um rito, e algumas delas, trabalhando até em diversos ritos. Comumente, tais Lojas não fazem iniciação, elevação ou exaltação de seus membros, os mesmos ingressam em seus quadros por filiação, pertencendo ao quadro de alguma Loja Maçônica tradicional.

Além do belo trabalho cultural da Loja Brasil, no cenário maçônico atual, poderíamos citar outras tantas que realizam um trabalho significativo em prol da cultura, a exemplo da Loja Maçônica Fraternidade “Brazileira” de Estudos e Pesquisas, na cidade de Juiz de Fora, MG, que promove, anualmente, Encontros de seus Membros Correspondentes, espalhados por todo o Brasil, com apresentações de palestras dos mesmos, sobre um tema, previamente, apresentado. A Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas nº 424, a “Chico da Botica”, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, jurisdicionada ao GORGS, a Loja de Estudos e Pesquisas Luz e Saber nº 187, no Rio de Janeiro, pertencente à GLMERJ, apenas, para citar algumas, nas quais procuramos colaborar com nossos parcos conhecimentos.

Spoladore, em seu trabalho supracitado, afirma: “Não erraremos em afirmar que a cultura maçônica atual do mundo está baseada em estudos das Lojas de Pesquisas e, o objetivo de todas estas entidades é inspirar amor à pesquisa, incentivar o estudo da Maçonaria em todos os ângulos, a ler os trabalhos em Loja e discuti-los e, ainda, atrair as atenções para uma cooperação de todos os Maçons estudiosos do mundo. Assim, através das pesquisas dessas Lojas foram sendo esclarecidos todos os pontos obscuros, as lendas inventadas que não tinham razão de ser, os rituais antigos, a história verdadeira da Maçonaria”.

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Um Breve Olhar

Sobre as

Lojas AcadêmicasKennyo Ismail

As Lojas Acadêmicas ou Universitárias floresceram no Brasil a partir da segunda metade da década de 90, ganhando maior impulso nos primeiros anos

deste século XXI, por incentivo do GOB, em busca de um rejuvenescimento de seu quadro. Mas, ao contrário do que muitos irmãos brasileiros imaginam, as Lojas Universitárias não são uma invenção recente, algum tipo de modismo, e nem exclusividade do GOB.

O Eminente Irmão Lucas Francisco Galdeano, autor do primeiro trabalho sério que tenho conhecimento sobre o assunto no Brasil, relata a existência de Lojas Universitárias na Inglaterra desde o Século XVIII e da presença das mesmas em diversos países anglófonos.

Por sinal, a Grande Loja Unida da Inglaterra, após realizar uma série de estudos e pesquisas internas, tem, nos últimos anos, acendido o alarme da necessidade de renovação de seus quadros, e focado, principalmente, em um programa chamado “Programa Universidades”, que já existe há mais de 10 anos e possui até website próprio.

O objetivo geral dessas Lojas é fomentar o ingresso de jovens com intelecto e potencial na Maçonaria. Infelizmente, no Brasil, muitas Lojas foram fundadas como Universitárias para usufruir dos benefícios oferecidos a esse tipo de Loja, migrando para a classificação comum de Loja após um certo período de tempo. Outras mantém o status de Universitárias, apenas, no nome, não contando com um único estudante universitário em seu quadro. Essas ocorrências têm gerado certo preconceito em membros da ala mais conservadora da Ordem pelas Lojas Acadêmicas/Universitárias.

Além disso, o fato de, no Brasil, as Lojas Universitárias terem sido uma iniciativa do GOB, acabou restringindo suas fundações a esse âmbito. É o velho preconceito velado que temos na Maçonaria Brasileira, que ninguém fala a respeito. Temos muitos exemplos disso, de ambos os lados… o Supremo Conselho do Grau 33

(Jacarepaguá) é chamado de Supremo Conselho “das Grandes Lojas”, mesmo aceitando membros do GOB e da COMAB. E a Ordem DeMolay sofre o mesmo preconceito no meio gobiano, pela mesma razão. Porém, acredito que esse preconceito velado vai diminuindo com a renovação da Maçonaria Brasileira, contando cada dia mais com uma massa maçônica mais esclarecida, que compreende que algumas iniciativas, programas e organizações são “suprapotências”.

No caso da Maçonaria da América do Norte, há alguns anos foi criado o Comitê de Renovação Maçônica do Canadá, Estados Unidos e México, cujo objetivo é exatamente a organização, divulgação e suporte de iniciativas para renovar a Maçonaria naquela região. E

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uma dessas iniciativas promovidas pela comissão é o Programa de Lojas Acadêmicas.

Uma das Grandes Lojas norte-americanas que tem abraçado essa ideia é a Grande Loja do Estado de New York, uma grande parceira do Brasil, que inclusive cedeu seus rituais do Rito de York para tradução e prática no território brasileiro, e estará realizando uma Convenção Internacional de ritualística ao final deste mês de janeiro, com tradução para várias línguas e com a participação das obediências de diversos países que trabalham com seu ritual, incluindo muitas brasileiras.

A Grande Loja do Estado de New York criou uma “Comissão pela Fraternidade no Campus”, presidida por ninguém menos do que Ted Harrison, Past Grande Sumo Sacerdote Internacional do Real Arco Internacional e grande entusiasta do Rito de York no Brasil. Sob a liderança do Ted, duas Lojas Acadêmicas estão sendo criadas em New York: a “Columbia”, para atender a comunidade da Columbia University; e a “Illumination” para a comunidade da City University of New York (CUNY).

Enquanto a Grande Loja Unida da Inglaterra, com seu Programa Universidades, já conta com 72 Lojas Acadêmicas, o Comitê de Renovação Maçônica da América do Norte tem começado a apresentar resultados recentemente, já contando com algumas em pleno funcionamento: Loja “Harvard”, Cambridge MA; Loja “Boston University”, Boston MA; Loja “The Colonial” # 1821, George Washington University, DC; Loja “The Patriot” # 1957, George Mason University, Virginia; Loja “State College” # 770, North Carolina State University, NC; Loja “Terrapin” # 241, University of Maryland; Loja “A Águia” # 1893, American University, DC.

Mas não precisamos esperar que nossa média de idade se torne, ainda, mais geriátrica ou nossos

números de membros despenquem, como nos EUA e na Inglaterra, para agirmos. Esperamos que todas as nossas obediências, sem exceção, atentem-se para a iminente necessidade de renovação dos quadros da Maçonaria Brasileira, desenvolvendo formas para que isso seja possível, fomentando o ingresso, especialmente, de Seniores DeMolays e universitários.

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As Lojas UniversitáriasOrigens e Evolução no Contexto Maçônico

Lucas Francisco Galdeano

Loja Universitária Apollo 357 - GLUI

Universidade de Oxford

Ao contrário do que imagina o senso comum, as Lojas Universitárias não são novas e nem uma invenção do Grande Oriente do Brasil –

GOB. Elas há muito existem em outros países como Inglaterra, Escócia, Irlanda, Estados Unidos, Canadá e Austrália.

A primeira Loja Universitária devidamente constituída foi a University Lodge nº 74, da Grande Loja de Londres, fundada no dia 14 de dezembro de 1730, por iniciativa dos maçons da Loja “Urso do Arado” nº 63, que se reunia na taberna de mesmo nome. Dessa Loja Universitária participou, além de estudantes da Universidade de Oxford e Cambridge, um dos baluartes da Moderna Maçonaria, o Sr. Jean Théophile Désaguliers, considerado o Pai da Maçonaria Especulativa Moderna. (CARVALHO, 2004; HODGKINS, NADEAU, 2010).

A Westminster and Keystone Lodge n° 10 é considerada a segunda do gênero. A Loja foi fundada em 1722 e se tornou Universitária em 1855. A partir de 1873, assim como a University Lodge nº 74, ela, também, passou a reunir os estudantes de Cambridge e Oxford.

A Associação da Maçonaria Universitária com duas das mais renomadas universidades Britânicas, quiçá mundiais, também, fez com que ingressassem em seus quadros maçons ilustres. Nesse período, ingressou nas colunas do templo Oscar Wilde, um dos maiores escritores do século XIX. Wilde ingressou na Loja Universitária Apollo, em 23 de fevereiro de 1875 e sendo ele menor de idade. Nesse caso, iniciaram-no com licença especial.

Com o crescimento das Lojas Universitárias na Inglaterra foram criadas Lojas especificas para a

Universidade de Oxford, Loja Apollo, e Cambridge, Loja Isaac Newton, que, também, apresentavam licença, automaticamente, renovada a cada ano, para iniciar candidatos abaixo de 21 anos, aproveitando o ingresso dos candidatos na Universidade.

Segundo Carvalho (2004:8): “A Loja Universitária Apollo era, então, como é, ainda, hoje, uma loja prestigiosa na Maçonaria inglesa. A Loja original Alfred, na Universidade de Oxford #455, fundada em 1769, abateu colunas em 1783. Acordou em maio de 1818 e, em dezembro, constitui-se como Loja Apollo #711. Um ano depois a palavra Universitária agregou-se ao seu título. A Loja Universitária Apollo, agora com o número 357, continuou a praticar seu ritual numa maneira tradicional e dentro de seu estilo histórico”.

Carvalho (2004) complementa que: “Os ocupantes de cargos usam calças mais curtas à altura do joelho, fraques, gravata-borboleta branca, meias de seda e sapatos rasos e leves, como o fazem há mais de dois séculos”.

Um traje, como se verá, que deve ter causado uma forte impressão em Wilde pelo seu senso estético e refinamento. Tanto assim que usava o traje em solenidades públicas e não maçônicas. Em 9 de janeiro de 1882, uma semana depois de sua chegada aos EUA para sua série de palestras e conferências, Wilde, já no palco, pela primeira vez, no famoso Chickering Hall, na 5ª Avenida com a Rua 18, usava o seu traje maçônico da Loja Apollo.

Todos, absolutamente todos, aguardavam ansiosos o discurso inteligente do dândi inglês, já que a capacidade do teatro de 1247 lugares,

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completamente lotado, rivalizava com os lugares em pé, inteiramente apinhados. O coronel W. F. Morse, o empresário do tour de conferências, introduziu Wilde, que caminhou lentamente em direção ao pódio, usando o traje conspícuo de sua Loja Universitária: calças pelo joelho, meias de seda e sapatos baixos e rasos com fivelas brilhantes.

A audiência, atônita, não sabia como reagir. “Alguns dos presentes pensavam que esse traje era uma vestimenta da corte inglesa e ninguém sabia que a última vez que Wilde usara esse traje fora na reunião da Loja Apollo, em Oxford.”

Nos Estados Unidos, as Lojas Universitárias mais famosas são as Lojas “Harvard”, vinculada à Universidade homônima, e à Loja da Universidade de Boston. Segundo dados do sitio eletrônico da Loja da Universidade de Harvard, esta foi criada em 18 de março de 1922 e considerada a primeira Loja Maçônica Universitária dos Estados Unidos, e teve como um dos seus fundadores o ex-presidente norte americano Theodore Roosevelt. A Loja surgiu de uma associação de maçons, que eram, então, alunos de Harvard, e decidiram, então, fazer uma Loja com o propósito específico universitário. Algumas outras Lojas ligadas a universidades funcionam no próprio campus e outras são independentes. Existem aquelas que só admitem alunos ou ex-alunos de uma determinada universidade e outras que são abertas, admitindo estudantes e não estudantes, muitas vezes professores. Uma Loja como a Harvard University tem, aproximadamente, 200 membros.

Outra característica é que algumas dessas Oficinas têm, apenas, seis sessões ordinárias ao longo do ano, exatamente para não comprometer as atividades dos alunos nos seus estudos. No entanto, as Lojas buscam aliar qualidade em detrimento da quantidade, ou seja, há uma profunda discussão, a fim de elevar o nível do debate filosófico do maçom participante de Loja Universitária. Segundo ARLS Fraternidade Acadêmica Ciências e Artes: “Para retirar o máximo possível desses candidatos, logo que iniciados, é necessário experimentá-los com muita informação, a fim de que saciem sua curiosidade natural, e ao mesmo tempo, saibam, desde logo, quais são os ideais maçônicos, sem poupá-los da verdadeira função da Ordem e da realidade de nossos quadros. Não adianta querer passar a ideia de que somos uma associação de moços bondosos ou caridosos. Somos uma escola, com bons e maus alunos, que busca, em seus símbolos, ensinar-nos a

melhorar, a evoluir, a construir um caráter exemplar. Para atingir esses resultados práticos, é necessário dar-lhes boa quantidade de trabalho, tanto intelectual quanto prático, fazendo-os experimentar desde cedo a responsabilidade com o compromisso.

Comprometimento é a palavra que simboliza o combustível que necessitamos para nos motivar sempre. Tolerância e persistência complementam as virtudes necessárias ao sucesso de todo maçom, nessa senda de estudos e práticas, que elevam a sociedade, desde que sejamos bons exemplos para ela.

Por isso, algumas Lojas brasileiras preferem iniciar os estudantes já nos primeiros anos do curso e com pouca idade, para que sejam Mestres Maçons quando se formarem.

Oscar Wilde com a vestimenta da Loja Apollo

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Conforme apresentamos no trabalho anterior, a Maçonaria Universitária já possui uma posição consolidada no velho continente e nos EUA.

No Brasil, embora a Maçonaria estivesse constituída já no século XVIII, o marco inicial da fundação da primeira Loja Universitária ocorreu, somente, em meados da década de setenta do século XX.

O grande mentor e maior incentivador da “Maçonaria Universitária”, em solo brasileiro, foi, sem sombra de dúvida, o então, Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil – São Paulo, Irmão Rubens Barbosa de Mattos, que definiu como sendo as Oficinas Universitárias a “Redenção da Maçonaria Nacional”.

Em 20 de agosto de 1975 foi fundada a primeira Loja Universitária no Brasil, sob o título de Loja Universitária nº 1928, em Bragança Paulista – SP, federada ao Grande Oriente do Brasil. A criação da primeira Loja não impulsionou um aumento de Lojas Universitárias, embora, São Paulo tenha tido desde o início do século XX um grande destaque nacional no tocante à quantidade e à qualidade de seus Institutos de Ensino Superior.

No espaço de aproximadamente vinte anos, a Maçonaria Universitária se resumiu a duas Lojas. A segunda Loja foi a Fraternidade Acadêmica Piratininga nº 2862, na cidade de São Paulo, fundada a 20 de abril de 1995, também, federada ao GOB. A Fraternidade Acadêmica Piratininga é patrocinada pela histórica Loja Piratininga “A Fidelíssima” nº 0140, fundada a 28 de agosto de 1850.

A partir de então, o Grande Oriente do Brasil inicia uma campanha em prol da fundação de Lojas Acadêmicas. Em 2005 a iniciativa obteve como principais frutos a existência de 55 Lojas ligadas à área acadêmica, sendo 37 Lojas denominadas Fraternidades Acadêmicas e 18 Lojas Universitárias.

Percebemos, então, um cenário completamente diferenciado, no tocante à Maçonaria Universitária. Se no espaço de 20 anos (1975-1995) foram criadas duas Lojas; nos 10 anos seguintes (1995-2005) foram fundadas 55 Lojas. Fica claro o esforço do Irmão Barbosa de Mattos e do GOB em prol desse tipo de Oficina.

Como complemento dos dados da década, no período 2005-2010, segundo os dados da Grande-

Lucas Francisco Galdeano*

As LojasUniversitárias

no Brasil

Secretaria Geral da Guarda dos Selos do Grande Oriente do Brasil – GOB, foram fundadas mais 19 Lojas, perfazendo um total de 76 lojas do tipo Universitárias e Acadêmicas no período de 1975 a 2010.

Ainda, segundo a mesma fonte – Grande Secretaria Geral da Guarda dos Selos do GOB – no ano de 2007 existiam 76 Lojas Maçônicas Acadêmicas e Universitárias federadas ao Poder Central, assim distribuídas: uma no Acre; uma no Maranhão; duas no Distrito Federal; duas em Goiás; duas em Pernambuco; duas no Rio de Janeiro; duas em Rondônia; duas no Rio Grande do Norte; uma em Tocantins; uma no Mato Grosso do Sul; três no Espírito Santo; três no Paraná; cinco em Santa Catarina, dezenove em Minas Gerais; e trinta no estado de São Paulo.

Das Lojas do tipo Fraternidades Acadêmicas, vinte e duas trabalhavam no Rito Escocês Antigo e Aceito, seis no Rito Francês ou Moderno, quatro no Rito Adonhiramita, quatro no Rito Brasileiro e uma no Ritual de Emulação. Já nas lojas do tipo Universitárias: oito trabalhavam no Rito Francês ou Moderno, sete no Rito Adonhiramita, dezoito no Rito Escocês Antigo e Aceito e seis no Rito Brasileiro. Mais uma vez, convém ressaltar que não existe um rito melhor que o outro e percebe-se que o Rito Escocês Antigo e Aceito é um dos ritos mais utilizados em Lojas Universitárias. Essa correlação deve-se por este ser o mais difundido no Brasil e

algumas Lojas funcionarem em Templos Maçônicos que, também, funcionam com este Rito.

Sabemos que a Pluralidade de Ritos é uma das maiores riquezas do Grande Oriente do Brasil, como já dizia Álvaro Palmeira: “De fato, é um laurel da Maçonaria Brasileira a Pluralidade de Ritos, porque o exercício de Ritos Regulares faz com que a nossa Obediência abrigue, generosamente, as várias correntes Filosóficas e Doutrinárias do Mundo Maçônico, desde o Agnosticismo até o Teísmo. Seria um atentado à História e à Justiça se, em obediência a imposições ilegítimas e alienígenas, criássemos agora obstáculos aos Ritos”.

Entretanto, concordamos com o Irmão Varella, quando ele se refere ao Rito mais apropriado para uma Loja composta por jovens Maçons: “A vantagem do Rito Moderno para Lojas Universitárias está nas características do Rito, que são mais adequadas aos jovens: simplicidade, liberdade de expressão, ausência de conteúdo religioso, racionalidade, preservação das ideias iluministas e incentivos à participação na melhoria da sociedade. Trata-se de um Rito que privilegia a razão em detrimento de concepções místicas, de difícil aceitação pela comunidade acadêmica, altamente influenciada pelas ciências”.

Ademais, é no Rito Francês ou Moderno que oficialmente trabalham, ou deveriam funcionar, os Grandes Corpos do Grande Oriente do Brasil, se for respeitar a legislação, a história e a tradição. O GOB, desde 1822, ano de sua fundação, estruturou-se no Rito Moderno (CASTELLANI,1993) e, por dever de justiça, pensamos que deveria ter um maior número de Lojas federadas trabalhando no referido Rito.

Considerando os sete Ritos reconhecidos e praticados pelo Grande Oriente do Brasil, ainda, não existe nenhuma Oficina, de origem Acadêmica ou Universitária, trabalhando no Rito Alemão ou Schroeder e nem no Rito Escocês Retificado.

*Lucas Francisco Galdeano tem Pós-graduação Lato Sensu em História da Maçonaria pela Universidade Cruzeiro do Sul / UDF. Foi Grande Secretário Adjunto de Educação e Cultura do Grande Oriente do Brasil (1993-2001) e é o atual Grão-Mestre Distrital do

Grande Oriente do Distrito Federal – GODF/GOB.

Irmão Armando Mangolim (93 anos), fundador e primeiro Venerável Mestre da Loja Universitária nº 1928, a primeira Loja Universitária criada no Brasil

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