bicho mineiro do cafeeiro
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Bicho Mineiro do cafeeiro
André Luís T. Fernandes – Prof. Dr. Universidade de Uberaba
Roberto Santinato – Eng. Agrônomo Ministério da Agricultura
a) Aspectos gerais
É uma mariposa (Perileucoptera coffeella) de mais ou menos 6,5 milímetros de
envergadura por 2 milímetro de comprimento, cor cinza claro a branco-
prateada com vida em torno de 15 dias. De dia ficam escondidas nas folhas da
saia do cafeeiro ou outros vegetais e ao anoitecer saem para acasalar e fazer a
postura na parte superior das folhas. Uma fêmea coloca cerca de 36 ovos. Dos
ovos as larvas saem em 5 a 21 dias e entram na parte superior das folhas,
comem o tecido entre as duas páginas das folhas formando minas.
Em uma mina pode-se ter uma ou mais lagartas. As lagartas tem de 4 a 5
milímetros, são achatadas de cor branco-amarelado e transparente; duram de
9 a 40 dias. Saem pela parte superior das folhas, descem com um fio de seda e
formam pupas nas folhas da saia ou em outros vegetais (mato), ou ainda em
folhas secas sob a saia do cafeeiro; formando um casulo em forma de xis. A
pupa dura de 5 a 26 dias. Temperatura elevada (20 a 26°C), seca, insolação e
baixa umidade favorecem a praga e encurtam o ciclo. Em regiões com o
Outono/inverno de temperatura média mensal superior a 19°C a infestação é
alta. Também nutrição deficiente, capinas mal feitas com abafamento da saia,
cobertura morta, culturas intercalares, excesso de cúpricos e poeira beneficiam
a praga.
Em regiões quentes tem-se dois picos de infestação abril/maio e outro em
setembro/outubro e nos frios 1 pico de setembro/outubro.
b) Prejuízos
Diminui a área foliar fotossintética e causa desfolha com reflexo imediato na
produtividade. Como o ciclo dura de 19 a 87 dias, em média, de acordo com a
temperatura e outros fatores auxiliares, pode-se ter infestação durante todo oano. Dependendo da infestação os prejuízos chegam a 80% por:
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• Desfolha drástica até julho: não há formação de botões florais para
setembro/outubro, não há frutificação;
• Desfolha drástica de agosto a outubro; floradas com baixo vingamento.
Além da produtividade, ataques sucessivos depauperam o cafeeiro e diminuemsua longevidade, exigindo podas de recuperação, normalmente drásticas.
c) Controle
c.1) Cultural – Recomenda-se manter a lavoura limpa, sem cultura intercalar,
com adubação racional e quebra vento.
c.2) Biológico – São feitos por parasitóides (microhimenópteros) e vespas
predadoras; além de bactérias e fungos. Os microhimenópteros parasitam e
matam as lagartas; as vespas retiram e comem as lagartas. Os fungos e
bactérias causam doenças a lagartas. Estes inimigos auxiliam o controle e
chegam a ser 70% eficiente no caso dos predadores e 20% nos parasitóides.
c.3) Químico – O controle químico pode ser feito através de inseticidas
sistêmicos granulados via solo; inseticidas sistêmicos via água ou insetigação;
e via foliar em associação com ovicidas, organofosforados e piretróides.
Em qualquer das opções é importantíssimo conhecer o clima da região e a
flutuação da população do Bicho Mineiro, para definir a época correta.
De forma geral as regiões mais frias, como sul de Minas Gerais, Mogiana, etc o
pico de infestação ocorre entre agosto a outubro; nas quentes e quentes e
secas tem-se dois picos, um entre março/maio e outro entre agosto/setembro,
como é o caso da Alto Paranaíba, Triângulo, Vale do Jequitinhonha e Noroeste
de Minas, Leste de Goiás, etc.
Além dessas situações em regiões quentes e que durante o outono e no
inverno a temperatura média é superior a 19°C, como no Oeste da Bahia, o
período é continuo de fevereiro/março a outubro/novembro, com vários picos
de infestação variáveis em função do ano. Isto ocorre independentemente de
qualquer tipo de irrigação com maior ou menor intensidade.
c.3.1) Controle via foliar - pulverizações
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As situações de uso do controle via foliar no plantio circular sob pivô central
são resumidas basicamente em:
• Possíveis em regiões de clima frio com um só pico de infestação:
normalmente agosto/setembro; com uso de monitoramento da praga;
• Em períodos iniciais da cultura 0 – 6 meses: de forma preventiva e
associativa no controle de outras pragas;
• Quando ocorrem falhas no sistema via solo, geral ou em focos: seja via
foliar, geral nos, seja por insetigação via água.
Em qualquer situação a pesquisa demonstra que associações de
organofosforados, carbamatos - ovicidas e piretróides fornecem maior
eficiência. Os organofosforados com baixo residual e boa profundidade (20/30
dias); os piretróides, com reduzida ação de profundidade, e alto residual (50/60
dias) e os carbamatos, com ação ovicida, dissecando os ovos e baixa
profundidade.
Os produtos a seguir no Quadro 41 são os mais utilizados no controle via foliar
do bicho mineiro.
Quadro 1 – Produtos principais – Inseticidas para uso via foliar no controle
químico de Bicho Mineiro.
Nome Dose por hal ou kg/haTécnico Comercial
1. OrganofosforadosEthion
TriazophosFenthionFenitrothion
Clorpiriphós
PyriphentionDimetoato
-----------------Ethion 500
Hostation 400Lebaycid 500Sumithion 500
Lorsban 480Vexter Clorpir Fersol 480
OfumakDimetoatoPerfectiomRogosol
----------------1,0 a 1,51,0 a 1,51,5 a 2,01,5 a 2,0
1,0 a 1,51,0 a 1,51,0 a 1,5
1,51,5 a 2,01,5 a 2,01,5 a 2,0
2. CarbamatosCartap Cartap 500 PM
Thiobel 500 PM0,8 a 1,00,8 a 1,0
3. PiretróidesDeltametrina Decis 025 0,15 a 0,25
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Permetrina
Cypermetrina
FenvalerateEsfenvalerateLambda CialotrinaAlfa CipermetrinaCyflutrinBetacyflutrin
ZetacipermetrinaFenpopathrin
Talcord 250Valon 384
Pounce 384Piredan 384Ripcord 100
Nor-Trin 250Belmark 300Sumidan 25Karate 050Fastac 100
Baytroid 050Turbo 050
Buldock 125Fury 180
Danimem 300Meothrin 300
0,20 a 0,400,12 a 0,150,12 a 0,150,12 a 0,150,10 a 0,15
0,04 a 0,070,07 a 0,400,25 a 0,400,10 a 0,150,10 a 0,200,12 a 0,200,08 a 0,100,03 a 0,050,03 a 0,050,20 a 0,300,20 a 0,30
4- MisturasDeltametrina + ClorpiriphósCipermetrina + Profenofos
DeltaphosPolytrin 400
0,20 a 0,300,40 a 0,80
Além destes produtos citados, outros como Dipel, Abimex e Vertimec podem
ser utilizados, conforme dosagens indicadas pelos fabricantes, sendo os 2
últimos ainda em estudo e sem registro de uso comercial.
Todos os produtos têm ação sobre as mariposas, sendo recomendável aplicar:1º) Um organofosforado mais um carbamato quando se tem infestação de
larvas “grandes” ou presença de mariposas, indicando revoada recente;
2º) Um piretróide e um carbamato quando se tem infestação de larvas
“pequenas”;
3º) Um piretróide e um organofosforado quando é alta a presença de
mariposas, indicando revoada recente; normalmente 2 a 3 aplicações,
espaçadas de 20 a 30 dias tem dado bom controle. No entanto é recomendávelo controle com base no monitoramento semanal, feito como segue.
• Em cada talhão uniforme coletam-se 50 a 100 pares de folhas do terço
médio superior dos cafeeiros dos dois lados da rua de café, ou seja, nas
duas linhas;
• Contam-se as folhas com minas (folhas minadas) e determina-se a
porcentagem de folhas minadas;
• Das folhas minadas contam-se as folhas com minas vivas e determina-se a porcentagem de folhas com minas vivas.
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Em áreas frias, sempre que tivemos 20% de folhas com minas vivas procede-
se o controle químico. Em áreas quentes, o mesmo deve ser iniciado com 5%.
No monitoramento deve-se observar também a presença de mariposas e a
presença de casulos, isto no terço médio inferior e nos resíduos vegetais do
solo sob o cafeeiro, que são indicativos do comportamento seqüencial da
praga.
Para plantios novos, procede-se o monitoramento da planta toda e utiliza-se de
doses menores, entre 25 a 50%.
No plantio circular também se tem usado o controle por insetigação com 1,5 a
2,0 litros por aplicação de clorpiriphos (Lorsban, Wester, Fersol 480, etc);
normalmente objetivando baixar a população até que aplicações com
sistêmicos via solo entram em ação.
c.3.2) Controle via solo – granulados e insetigação
O controle é preventivo neste sistema, em vista de ser necessário períodos de
20 a 40 dias conforme o ativo dos produtos, para a liberação – absorção e
translocação do solo as folhas. Os ativos que podem, ser utilizados são: o
aldicarb, dissulfoton, carbofuran, terbufos, forate, oxamyle e o mefosfolam, os
três últimos praticamente de emprego reduzido. Recentemente temos ainda o
imidacloprid e o thiametoxan, este último com ótimos resultados via água –
insetigação no plantio circular sob pivô central.
Para regiões do Espírito Santo, Zona da Mata, Paraná, etc onde a infestação
ocorre de dezembro a fevereiro; normalmente uma aplicação feita em
novembro de inseticida isolado ou em associação com triadimenol ou
cyproconazole para a ferrugem é suficiente. Neste caso utilizando-se de
produtos de menor solubilidade como dissulfoton via solo, o thiametoxan, etc.
Em regiões como o Triângulo e Sul de Minas em que a infestação é mais
tardia, a aplicação deve ser feita em fevereiro a março com produtos mais
solúvel, como o aldicarb ou com tihiametoxan em dezembro/janeiro.
Em regiões quentes, quentes e secas e ainda de baixa umidade relativa, são
necessárias duas aplicações; uma em outubro a novembro e outra em fevereiro
a março. No Quadro 42 são indicados os produtos via solo para controle do
Bicho Mineiro.
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Quadro 2 – Produtos principais – inseticidas sistêmicos para uso via solo no
controle químico do Bicho Mineiro.
Nome Dose por haKg ou l/ha
Reduções emidadeTécnico Comercial
1- Aldicarb Temik 150G 25 a 30 0 a 6 meses 30%Dose
2- Dissulfoton Dysiston 100GSolvirex 100G
50 a 6050 a 60
7 a 18 meses 60%Dose
3- Terbufos Counter 50G 80 a 1004- Phorate Granutox 50G 80 a 100 19 a 30 meses
80% Dose5- Carbofuran Furadan 100G
Furadan 350SCCarbof. Fersol 50GDiafuran 50GRalzer 50G
50 a 6015 a 20580 a 10080 a 10080 a 100
> 30 meses DoseCheia
6- Imidacloprid Premier 1,8 a 2,27- Thiametoxan Actara
Actara WG40 a 501,5 a 2,0
Dos produtos do quadro _ é recomendado para insetigação o Actara WG, os
demais as aplicações são via solo através de granuladoras ou aplicadores de
herbicidas para os produtos líquidos, como o Premier e o Furadan 350.
Figura 1: Bicho mineiro com controle Figura 2: Bicho mineiro sem controle
Figura 3: Pupa bicho mineiro Figura 4: Larva bicho mineiro Figura 5: Adulto bicho mineiro
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