biodiversidade e serviços ecossistêmicos nas empresas ... · foi uma honra conhecê-los. ......
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
RAFAELA DE REZENDE BARRETO
Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas
Empresas Brasileiras: Diagnóstico e Modelo
Preliminar de Avaliação Financeira.
Rio de Janeiro
2014
ii
RAFAELA DE REZENDE BARRETO
Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas Brasileiras:
Diagnóstico e Proposição de Modelo Preliminar de Avaliação
Financeira.
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Administração, Instituto COPPEAD de
Administração, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em
Administração.
Orientador: Prof. Celso Funcia Lemme, D. Sc.
RIO DE JANEIRO
2014
iii
Barreto, Rafaela de Rezende.
Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas Brasileiras: Diagnóstico e Modelo Preliminar de Avaliação Financeira / Rafaela de Rezende Barreto. – Rio de Janeiro: UFRJ, 2014. 131 p.: 31 cm. Orientador: Celso Funcia Lemme. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, 2014.
1. Finanças. 2. Responsabilidade social da empresa. 3. Administração – Teses. I. Lemme, Celso Funcia. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.
iv
Rafaela de Rezende Barreto
Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas Brasileiras:
Diagnóstico e Proposição de Modelo Preliminar de Avaliação
Financeira.
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Administração, Instituto COPPEAD de
Administração, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em
Administração.
Aprovada por:
___________________________________________________
Prof. Celso Funcia Lemme, D. Sc. – Orientador (COPPEAD/UFRJ)
___________________________________________________
Prof. Peter Herman May, D. Sc. - (CDPA/UFRRJ)
___________________________________________________
Profa. Carlos Eduardo Lessa Brandão, D. Sc. – (IBGC)
RIO DE JANEIRO
2014
v
À minha pequena grande família,
Meus pais, meu irmão, minha cunhada e um anjo chamado Alice.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao universo pela oportunidade de desfrutar dessa experiência de vida que
é o mestrado. Aqui conhecemos o verdadeiro valor do nosso tempo na terra e temos
encontros de vida com seres humanos incríveis que, certamente, levarei para toda minha
jornada.
Meus pais, minha razão de ser, duas pessoas lindas que me colocaram no mundo
com todo o amor, trabalharam arduamente sem medir esforços para me criar e sem os
quais nada seria possível. Meu irmão, minha fonte de inspiração, meu grande incentivador,
meu orgulho, meu presente capaz de me conectar com as mais doces recordações do
passado. Minha cunhada que entrou em nossas vidas e nos deu o presente mais incrível e
perfeito, um anjo chamado Alice. Obrigada por fazerem parte de mim, por trazerem uma
razão para o meu existir.
Aos grandes amigos que aqui fiz. Grandiosos seres humanos que trouxeram leveza
para essa longa e dura jornada. Em especial à minha amada Elite, Guiga pelos incansáveis
e divertidos cafés, Pati pelos prolíferos divãs e Milene, minha companheira de todos, todos
os dias. Foi uma honra conhecê-los.
Agradeço também à infinita dedicação do meu orientador. Grande ser humano que
por sua inquestionável ética e profissionalismo tem toda a minha admiração e eterna
gratidão. Á todos os funcionários, desde a limpeza, biblioteca, professores e secretaria que
nos deram todo o suporte e estrutura para fazer parte do time Coppead.
vii
RESUMO
BARRETO, Rafaela de Rezende. Biodiversidade e serviços ecossistêmicos nas empresas
brasileiras: diagnóstico e modelo preliminar de avaliação financeira. Rio de janeiro, 2014.
Dissertação (mestrado em administração) – Instituto COPPEAD de Administração,
Universidade Federal Do Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
O presente trabalho teve por objetivo propor um modelo preliminar para incorporação das
iniciativas relacionados à Biodiversidade e serviços ecossistêmicos na avaliação econômica
de empresas, aplicável aos diferentes setores econômicos. Para a construção desse
modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e, com
base nas informações divulgadas em seus relatórios anuais, foram reunidas as principais
iniciativas ambientais e identificados seus impactos econômicos e respectivos reflexos no
fluxo de caixa empresarial. O modelo proposto aponta quais informações são necessárias
para que investidores e analistas financeiros possam identificar o ganho ou perda de valor
decorrentes das práticas de biodiversidade e serviços ecossistêmicos adotadas pelas
empresas brasileiras líderes em sustentabilidade. A varredura dos relatórios selecionados
mostraram que as informações divulgadas ainda não fornecem uma visão integrada das
iniciativas com os impactos financeiros de custo e benefício que geram. No entanto, muitas
empresas já publicam informações quantitativas relevantes que, uma vez trabalhadas,
podem facilmente ser transformadas em impacto monetário.
Palavras-chave: Biodiversidade, Serviços ecossistêmicos, Avaliação financeira,
Sustentabilidade, Impactos ambientais.
viii
ABSTRACT
BARRETO, Rafaela de Rezende. Biodiversity and ecosystem services on Brazilian
enterprises: diagnoses and preliminary valuation model. Rio de janeiro, 2014. Master
Thesis (Master of Business Administration) –COPPEAD, Federal University of Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro, 2014.
This work aimed to propose a preliminary model to incorporate the initiatives related to
biodiversity and ecosystem services to the economic valuation of companies, being
applicable to different economic sectors. To build this model, it was selected the Brazilian
companies recognized by its leadership in sustainability in order to use the information
disclosed in their annual reports to identify the major environmental initiatives and its
economic impacts on business cash flow. The proposed model indicates what information is
needed for investors and financial analysts to identify the gain or loss of value arising from
the practices of biodiversity and ecosystem services adopted by Brazilian business leaders
in sustainability. The analysis of the selected reports have shown that the information
disclosed does not provide yet the financial impacts of the environmental initiatives.
However, many relevant quantitative information could be identified and easily transformed
into monetary impact.
Key-words: Biodiversity, Ecosystem services, Valuation, Sustainability.
ix
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Riscos e oportunidades: tendências para sustentabilidade global ........................................ - 32 -
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Composição setorial da amostra ............................................................................................... - 48 -
Tabela 2: Total de iniciativas GRI mapeadas por setor econômico ....................................................... - 58 -
Tabela 3: Quantidade de iniciativas mapeadas por parâmetro GRI ...................................................... - 59 -
Tabela 4: Quantidade de iniciativas mapeadas por indicador GRI específico de cada setor econômico
.......................................................................................................................................................................... - 60 -
Tabela 5: Acompanhamento de desempenho de indicadores ambientais Masisa .............................. - 62 -
Tabela 6: Número de iniciativas ambientais mapeadas de acordo com o nível de associação com o
desempenho financeiro corporativo (Epstein & Roy, 2003) .................................................................... - 64 -
Tabela 7: Resultados do p-valor para as proporções dos quatro níveis de informação da escala
Epstein & Roy (2003) nas 501 iniciativas em BSE da amostra, com diversas proporções teóricas
(testes unicaudais, com α=5%). .................................................................................................................. - 65 -
Tabela 8: Resultados do p-valor para a proporção das 55 empresas da amostra que atingiram cada
um dos quatro níveis de informação da escala de Epstein & Roy (2003), com diversas proporções
teóricas (testes unicaudais, com α=5%). ................................................................................................... - 66 -
Tabela 9: VPL (BRL) iniciativa 10. .............................................................................................................. - 88 -
Tabela 10: VPL (BRL) iniciativa 11. ............................................................................................................ - 89 -
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Exemplos de iniciativas de PSE ............................................................................................... - 11 -
Quadro 2: Mecanismos relacionados aos SE's ......................................................................................... - 18 -
Quadro 3: Relação entre serviços ecossistêmicos e componentes do valor econômico total .......... - 25 -
Quadro 4: Avaliação rigorosa dos impactos de projetos e programas de BSE ................................... - 30 -
Quadro 5: Indicadores ambientais baseados no uso de recursos ......................................................... - 38 -
Quadro 6: Indicadores ambientais de desempenho GRI ......................................................................... - 40 -
Quadro 7: Análise custo-benefício cultura de camarão vs preservação do mangue .......................... - 44 -
Quadro 8: Indicadores Ambientais GRI G3 (2000-2011) ......................................................................... - 51 -
Quadro 9: Matriz classificatória das iniciativas ambientais ..................................................................... - 53 -
Quadro 10: Indicadores GRI específicos de biodiversidade ................................................................... - 62 -
Quadro 11: Setor de Alimentos - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa ... -
68 -
Quadro 12: Setor Produtos de uso pessoal e limpeza - principais iniciativas ambientais e seus
impactos no fluxo de caixa. .......................................................................................................................... - 68 -
Quadro 13: Setor Energia elétrica - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de
caixa. ................................................................................................................................................................ - 69 -
Quadro 14: Setor Madeira e Papel - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de
caixa. ................................................................................................................................................................ - 70 -
Quadro 15: Setor Materiais e construção - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo
de caixa. .......................................................................................................................................................... - 71 -
Quadro 16: Setor Metalurgia - principais iniciativas e seus impactos econômicos no fluxo de caixa. - 72
-
Quadro 17: Setor Mineração - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.- 73 -
Quadro 18: Setor Petróleo e gás - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.-
74 -
Quadro 19: Setor Saneamento básico - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de
caixa. ................................................................................................................................................................ - 74 -
Quadro 20: Setor Transporte - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa. . - 74
-
Quadro 21: Resumo por empresa e setor das principais iniciativas ambientais mapeadas. ............. - 76 -
Quadro 22: Mapeamento dos impactos em Biodiversidade da Fibria ................................................... - 81 -
Quadro 23: Mapeamento dos impactos em Biodiversidade da Anglo American ................................. - 81 -
Quadro 24: Cálculo do fluxo de caixa livre para empresa ....................................................................... - 85 -
Quadro 25: Modelo preliminar de avaliação econômica das iniciativas de BSE. ................................ - 86 -
Quadro 26: Exemplos escolhidos para teste do modelo. ........................................................................ - 87 -
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Custos Ambientais para os cinco setores principais - 3000 empresas públicas ............... - 15 -
Gráfico 2: Comparação desempenho DJSI x MCSI ................................................................................. - 21 -
xii
ÍNDICE
1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................... - 1 -
1.1) O PROBLEMA ................................................................................................................................ - 1 -
1.2) OBJETIVO DA PESQUISA ........................................................................................................... - 5 -
2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... - 6 -
2.1) MOVIMENTOS GLOBAIS EM PROL DA BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS
ECOSSISTÊMICOS ........................................................................................................................................ - 7 -
2.2) SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E FLUXOS FINANCEIROS .............................................. - 13 -
2.2.1) O PAGAMENTO POR SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS (PSE) ................................................. - 16 -
2.2.2) RELEVÂNCIA DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PARA O MERCADO DE CAPITAIS . - 19
-
2.2.3) MUDANÇA NAS PREFERÊNCIAS DOS CONSUMIDORES ...................................................... - 21 -
2.3) MÉTODOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA PARA SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS .... - 23 -
2.4) BUSINESS CASES EM BSE ...................................................................................................... - 27 -
2.4.1) RISCOS E OPORTUNIDADES DE BSE PARA O NEGÓCIO .................................................... - 31 -
2.4.2) MEDIDAS DE DESEMPENHO ......................................................................................................... - 33 -
2.5) CRÍTICAS À VALORAÇÃO ECONÔMICA DA BSE ............................................................... - 41 -
3. MÉTODO DE PESQUISA ...................................................................................... - 45 -
3.1) UNIVERSO E AMOSTRA ..................................................................................................................... - 45 -
3.2) FONTE E COLETA DE INFORMAÇÕES ........................................................................................... - 49 -
3.3) TRATAMENTO DOS DADOS .............................................................................................................. - 49 -
3.4) LIMITAÇÕES DO MÉTODO ................................................................................................................ - 56 -
4. RESULTADOS ...................................................................................................... - 57 -
4.1) O USO DE INDICADORES GRI PARA MONITORAMENTO DAS INICIATIVAS EM BSE ....... - 57 -
4.2) AS INICIATIVAS EM BSE E SUA ASSOCIAÇÃO COM O NÍVEL DE DESEMPENHO
FINANCEIRO CORPORATIVO ................................................................................................................... - 63 -
4.3) TENDÊNCIAS DE INICIATIVAS AMBIENTAIS E A ABORDAGEM DE PSE PELAS
ORGANIZAÇÕES. ......................................................................................................................................... - 78 -
4.4) PROPOSIÇÃO DE UM MODELO FINANCEIRO PRELIMINAR PARA AVALIAÇÃO DE
INICIATIVAS EMPRESARIAIS EM BSE .................................................................................................... - 84 -
4.5) TESTE DO MODELO .................................................................................................................. - 87 -
4.6) CONSIDERAÇÕES AO TESTE DO MODELO ........................................................................ - 89 -
5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ - 89 -
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ - 92 -
xiii
APÊNDICE 1: MÉTODOS DE VALORAÇÃO DA BSE ................................................... - 98 -
APÊNDICE 2: RISCOS E OPORTUNIDADES ................................................................ - 99 -
APÊNDICE 3: PANORAMA DO MERCADO DE SE ..................................................... - 101 -
APÊNDICE 4: AMOSTRA .............................................................................................. - 102 -
APÊNDICE 5: CONJUNTO DE EMPRESAS ANALISADAS ........................................ - 103 -
APÊNDICE 6 FONTE DE COLETA DE DADOS DA AMOSTRA .................................. - 104 -
APÊNDICE 7: NÚMERO DE INICIATIVAS GRI POR SETOR ...................................... - 105 -
APÊNDICE 8: PRINCIPAIS INICIATIVAS AMBIENTAIS E IMPACTOS NO FLUXO DE
CAIXA ............................................................................................................................. - 119 -
ANEXO I ......................................................................................................................... - 130 -
- 1 -
1. APRESENTAÇÃO
1.1) O PROBLEMA
O assunto biodiversidade e serviços ambientais tem recebido cada vez mais
notoriedade tanto na esfera governamental, na direção de regulamentações, quanto na
esfera empresarial, para conformidade legal, continuidade da atividade econômica e
criação de vantagem competitiva.
A sociedade enfrenta o esgotamento de muitos de seus recursos naturais em
função de diversos fatores, como falhas de mercado associadas com externalidades,
natureza pública da maioria dos Serviços Ecossistêmicos - SE, imperfeição do direito de
propriedade e até incipiência de conhecimentos e informações consideradas fundamentais
para o entendimento da relevância da Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos -BSE
para a vida humana (Engel, Pagiola e Wunder, 2008). Por isso, a BSE está seguindo os
primeiros passos de um processo que já aconteceu com a emissão de gases de efeito
estufa – GEE, pois novos mercados para serviços ecossistêmicos já estão se
desenvolvendo (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY – TEEB,
2010).
Além disso, os riscos apontados no relatório TEEB 2010, como, por exemplo: o
aumento da regulação direcionada às empresas para redução dos impactos na
biodiversidade, com os governos aplicando cada vez mais o “princípio do poluidor
pagador”; os custos de conformidade e impostos verdes sobre o carbono, terra, água,
sinalizando a tendência de que os serviços promovidos pela BSE sairão da concepção de
bem público e passarão a ser precificados.
Tal movimento já pode ser percebido a partir de iniciativas locais, como a criação
da Bolsa Verde do Rio de Janeiro e globais, como a divulgação de relatórios como o The
Economics of Ecosystem and Biodiversity - TEEB, de autoria de diversas instituições1 de
prestígio internacional. Iniciativas governamentais, como a da secretária do meio ambiente
do Reino Unido, Hilary Benn, responsável por convidar os líderes políticos para o esforço
de um consenso sobre a precificação da biodiversidade, adotando como ponto de partida
o que foi feito para as mudanças climáticas (mercado de cotas e créditos de carbono),
também demonstram a conscientização e o engajamento público e privado em direção ao
tema.
1 International Union for Conservation of Nature (IUCN), United Nations Environment Programme (UNEP), Global Report Initiative (GRI), Business for Social Responsibility (BSR), World Business Council for Sustainability Development (WBCSD) e outras.
- 2 -
A perda de BSE é juntamente com as mudanças climáticas, uma das maiores
questões ambientais dos últimos tempos (GRIGG, A.; HARPER, M.; VERBUNT, 2011). A
exploração desenfreada desses recursos e o seu potencial esgotamento trazem a
necessidade de se rever a sua caracterização como bem público e, consequentemente, de
avaliá-los financeira e economicamente.
A degradação da BSE promove riscos tanto para a sociedade quanto para as
empresas. É a visão sobre o cenário atual de degradação, juntamente com as previsões
pessimistas de cenários futuros e seus impactos na atividade econômica, que compõem a
base em que o presente trabalho se apoia.
O cenário atual de degradação pode ser visto a partir de alguns exemplos expostos
no relatório o GLOBAL BIODIVERSITITY OUTLOOK 3, cujas fontes essenciais de
informação são os relatórios apresentados pelas PARTES DA CONVENÇÃO SOBRE
DIVERSIDADE BIOLÓGICA (SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL
DIVERSITY, 2010):
A pegada ecológica da humanidade excede a capacidade biológica da Terra e tem
aumentado desde que a meta de biodiversidade para 2010 foi traçada;
Espécies que foram avaliadas como em risco de extinção estão, em média,
aproximando-se da extinção. Anfíbios enfrentam o maior risco e espécies de corais estão
se deteriorando mais rapidamente no seu estado de conservação. Quase um quarto das
espécies de plantas é considerado ameaçado de extinção;
A diversidade genética da agricultura e da pecuária continua a decrescer em
sistemas manejados;
Embora tenha havido um progresso significativo em retardar a taxa de perda de
florestas tropicais e manguezais em algumas regiões, os habitats naturais, em muitas
partes do mundo, continuam a diminuir em extensão e integridade. Zonas úmidas de água
doce, habitats de gelo marinho, pântanos salgados, recifes de coral, bancos de algas
marinhas e bancos recifais de moluscos estão apresentando graves declínios;
Extensa fragmentação e degradação de florestas, rios e outros ecossistemas
também levaram à perda de BSE.
- 3 -
O documento da O Eco (2010) e o relatório Millenium Ecosystem Assessment2
(MILLENIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT - MEA, 2005) também fornecem uma
perspectiva sobre o capital natural já degradado até o momento:
Mais terras foram convertidas para cultivo nos trinta anos posteriores a 1950 do que
nos 150 anos entre 1700 e 1850;
35% dos mangues foram perdidos nas últimas duas décadas em países onde as
informações adequadas estavam disponíveis para pesquisa (abrangendo quase metade
das áreas de mangue);
20% dos recifes de corais foram destruídos e 20% degradados nas últimas décadas;
23% das espécies de plantas estão ameaçadas de extinção;
Queda de aproximadamente 33% da população dos vertebrados terrestres (baseado
na população avaliada) entre os anos de 1970 e 2006. Tal percentual de queda continua a
aumentar globalmente, especialmente nos trópicos e entre as espécies de água doce;
Metade dos 14 biomas avaliados pelo MEA passaram por conversão entre 20%-50%
para o uso humano;
1.020 Km2 de mangues são perdidos anualmente, principalmente na Ásia, que
detém a maior proporção de mangues em todo o mundo;
A quantidade de zonas mortas, resultantes principalmente da poluição por
fertilizantes agrícolas, tem duplicado a cada dez anos e hoje existem mais de 500 áreas
nos oceanos.
Dado tal cenário de degradação, o documento Visão 2050 (CONSELHO EMPRESARIAL
BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL-CEBDS, 2009), estudo
colaborativo liderado pelo World Business Council for Sustainable Development – WBCSD
buscou analisar o futuro da humanidade e dos recursos naturais, promovendo a
compreensão sobre os riscos relacionados à BSE e identificando as principais tendências:
Espera-se que a população mundial cresça de 6.7 bi para 9.2 bi em 2050, levando a
um incremento da demanda por produtos e serviços, além de maior pressão na
exploração dos recursos naturais;
Mais da metade da população deve viver sob condições de severa escassez de
água em 2025, enquanto a maior parte dos recursos hídricos será utilizada para irrigação;
2 O Millenium Ecosystem Assessment foi criado entre 2001 e 2005 para avaliar as consequências das mudanças nos ecossistemas para o bem-estar humano e estabelecer uma base científica para as ações necessárias para alcançar a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas.
- 4 -
Para alcançar a demanda por alimento de 9 bilhões de pessoas será necessário um
aumento médio de 2% ao ano dos rendimentos agrícolas;
Será necessária uma redução de 50% na emissão de gases de efeito estufa (GEE)
até 2050, que será estimulada em parte pela reforma de política pública que coloca preço
no carbono;
O setor empresarial deve pagar mais pelo acesso e pelos impactos em vasto
conjunto de recursos naturais, em função das abordagens de pagamento por serviço
ambiental (PSA) estarem ganhando importância;
Para um futuro mais sustentável, será necessário reduzir os impactos ambientais por
meio de regulações, preferências do mercado consumidor, precificação de insumos e
medidas de perdas e lucros. Preços deverão refletir todas as externalidades, sejam custos
ou benefícios. Tudo isso terá impacto direto nos negócios.
Além das tendências que requerem atenção das empresas cuja atividade econômica
depende diretamente da BSE também se deve considerar o valor monetário da
biodiversidade, exemplificado a seguir (O ECO, 2010; SECRETARIAT OF THE
CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY, 2010; TEEB, 2010):
Estima-se que o Delta do Okavango, na África Austral, gere US$ 32 milhões por ano
para as famílias locais em Botsuana, por meio da utilização de seus recursos naturais e
dos lucros provenientes da indústria do turismo. O rendimento total das atividades
econômicas associadas ao delta é estimado em mais de US$ 145 milhões, ou cerca de
2,6% do Produto Nacional Bruto de Botsuana;
O Pântano Muthurajawela, zona úmida costeira localizada em área de elevada
densidade populacional do norte do Sri Lanka, tem o valor estimado em US$ 150 por
hectare, para os serviços relacionados com agricultura, pesca e lenha; US$ 1.907 por
hectare, por prevenir os danos das enchentes; e US$ 654 por hectare pelo tratamento de
águas residuais industriais e domésticas;
US$ 300 milhões/ano é o valor da receita perdida com o turismo na região do Caribe
devido à degradação dos recife de corais;
US$ 190 bilhões/ano é a contribuição estimada de insetos polinizadores para
resultados na agricultura;
25 a 50% dos US$ 640 bilhões de receita anual do mercado farmacêutico resultam
de recursos genéticos;
- 5 -
US$ 12.392/hectare ano é o valor estimado dos serviços ambientais dos mangues
na Tailândia, em comparação com um lucro de US$ 1.220/hectare por ano de
carcinicultura3;
Entre US$ 8 a 10 bilhões são gastos em conservação no mundo, enquanto US$ 950
a 1450 bilhões são gastos por ano com subsídios para atividades potencialmente danosas
ao meio ambiente;
1 de cada 6 empregos na Europa é dependente do meio ambiente, sendo essa
dependência maior em países em desenvolvimento.
Os dados e tendências citados podem ser vistos como um diagnóstico do que viria a
ser os primeiros sinais de que a biodiversidade e serviços ecossistêmicos podem passar
de bens públicos a bens privados. Nesse caso, nenhum dos setores de produção e de
processamentos primários seriam lucrativos, já que a receita gerada por suas atividades
não seriam suficientes para cobrir os custos dos impactos ambientais que causam (THE
ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB, 2013). Por isso, a
avaliação financeira dos ativos ambientais e sua inclusão no processo decisório passam a
ser elementos de relevância para a estratégia empresarial.
1.2) OBJETIVO DA PESQUISA
Tanto o estudo The Natural Value Initiative (2009) para os setores de tabaco, alimento
e bebida, quanto a Revisão do Insight Investment (2005) do setor extrativista, destacaram
que mesmo as organizações que são consideradas relativamente avançadas na
divulgação de informações sobre BSE encontram dificuldades para o estabelecimento de
indicadores de desempenho, comunicação e gestão de tais questões. Foi identificado que
as empresas raramente estabelecem objetivos claros, além de utilizarem mais
informações qualitativas (estudos de caso, descrições de iniciativas) para comunicar a
gestão de BSE do que indicadores de desempenho quantitativos (THE ECONOMICS OF
ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB, 2010).
Da mesma maneira, uma reportagem sobre o uso de serviços ecossistêmicos - SE por
empresas privadas aponta que a evolução do conceito para a prática dos SE permanece
um grande desafio em função da pequena quantidade de informações públicas disponíveis
sobre a efetividade de ferramentas e abordagens relacionadas ao tema (WAAGE, 2013).
Sendo assim, elas raramente fornecem dados suficientes que capacitem uma análise
3 Técnica de criação de camarões em viveiros, muito desenvolvida no litoral brasileiro do Rio Grande do Norte (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carcinicultura).
- 6 -
acurada dos stakeholders externos sobre os esforços das organizações para avaliar,
evitar, mitigar ou compensar seus impactos em BSE (THE ECONOMICS OF
ECOSYSTEMS AND BIODIVERSITY-TEEB, 2010)
Portanto, o objetivo desta pesquisa, de natureza exploratória, foi fazer um diagnóstico
preliminar sobre o posicionamento das empresas brasileiras na incorporação de questões
de biodiversidade e serviços ecossistêmicos na estratégia corporativa e sua associação
com o desempenho financeiro. Adicionalmente, tentou-se propor um modelo preliminar de
avaliação financeira, capaz de orientar as empresas na identificação e avaliação de riscos
e oportunidades relacionados a essas questões.
A escolha por empresas brasileiras se deveu ao fato de o Brasil ser visto como número
um em termos de biodiversidade mundial, o que faz com que existam expectativas globais
para a liderança brasileira (GONÇALVES, 2013). Dessa maneira, buscou-se contribuir
com o esforço das empresas brasileiras interessadas em incorporar as questões de BSE
em seu processo decisório, integrando-as com o desempenho corporativo. Conforme
detalhado mais adiante no capítulo de metodologia, a pesquisa foi desenvolvida a partir do
mapeamento das iniciativas em BSE das empresas brasileiras líderes em sustentabilidade
e seu relacionamento com os modelos conceituais da revisão da literatura.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico está estruturado em quatro temas: (a) movimentos globais em
prol de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos - BSE; (b) serviços ecossistêmicos e
fluxos financeiros; (c) métodos de valoração econômica para serviços ecossistêmicos –
SE; e (d) business case4 em BSE.
Na seção 2.1 são revistas iniciativas e movimentos institucionais, nacionais e
internacionais, relacionados a BSE. Na seção 2.2 são abordados os aspectos conceituais
de BSE e sua relação com a atividade econômica, de acordo com os fluxos financeiros
que geram. O objetivo é esclarecer a relação entre BSE e o desempenho financeiro
organizacional, com base nos fluxos de caixa atuais e futuros. Além da garantia da
continuidade do negócio, são discutidas tendências que explicam porque as empresas
deveriam integrar BSE em seu planejamento estratégico e financeiro, como o surgimento
de um mercado de serviços ambientais, a crescente conscientização ambiental dos
analistas de mercado de capitais e a mudança na preferência dos consumidores por
produtos “verdes". A seção 2.3 aborda as alternativas de avaliação econômica de BSE,
4 Justificativa empresarial ou justificativa de negócios.
- 7 -
enquanto a seção 2.4 examina as motivações e expectativas das organizações que
investem em BSE, identificando riscos e oportunidades a serem considerados na
estratégia empresarial e apontando indicadores de desempenho para monitorar BSE.
Com isso, busca-se lançar as bases, teórica e prática, para a análise do panorama
das empresas brasileiras na integração do tema em seu negócio e a tentativa de
proposição de um modelo preliminar de avaliação financeira.
2.1) MOVIMENTOS GLOBAIS EM PROL DA BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS
ECOSSISTÊMICOS
Embora a avaliação econômica da BSE seja um tema relativamente recente, existem
diversos movimentos globais e iniciativas privadas que estão contribuindo para uma
consolidação dessa questão entre governos e empresas.
A primeira convenção desse gênero ocorreu no ano de 1992, no Rio de Janeiro,
conhecida como ECO-92 e reuniu mais de cem chefes de Estado com o objetivo de
conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção dos
ecossistemas da Terra (ECO..., 2013). Existem atualmente 193 Partes da Convenção (192
países e a União Europeia) que em abril de 2002 se comprometeram a atingir, até 2010,
redução significativa da taxa atual de perda de biodiversidade em níveis global, regional e
nacional, de forma a contribuir para a redução da pobreza e para benefício de toda a vida
na Terra5.
No entanto, pode-se dizer que nenhuma das 21 metas acordadas foi definitivamente
alcançada em nível mundial, embora algumas tenham sido parcial ou localmente atingidas
(SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY, 2010). A mais
recente conferência, nesse sentido, foi a COP10 (10° Conference of Parts), que aconteceu
na cidade de Nagóia no Japão, em 2010, onde os representantes dos países também se
reuniram com o intuito de reduzir o desaparecimento da biodiversidade mundial e de criar
um novo acordo internacional com metas a serem cumpridas até 2020 (O ECO, 2010).
A União Européia também desenvolveu uma nova estratégia de biodiversidade onde
aponta o papel central que o setor privado deveria exercer na manutenção e proteção dos
ativos naturais (GRIGG, HARPER e VERBUNT, 2011). No mesmo caminho temos
programas como o Millennium ecosystem assessment - MA (2005), o The economics of
ecosystem and biodiversity - TEEB (2010), United nations environment programme -
5 Esse objetivo foi aprovado pela Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (a Cúpula "Rio + 10"), em Joanesburgo, em 2002, e pela Assembléia Geral da ONU.
- 8 -
UNEP, World business council for sustainable development - WBCSD, Fundo Brasileiro
para biodiversidade – Funbio e a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável
- FBDS que buscam aumentar a conscientização sobre a ligação entre natureza, pessoas
e organizações. De maneira mais específica, tais movimentos visam ajudar os gestores a
reconhecer, demonstrar e capturar o valor da BSE, assim como incluir esses valores no
processo decisório organizacional6.
O enfoque do TEEB, por exemplo, está nos malefícios da inação política em relação
à exploração da BSE tendo o objetivo de influenciar as instituições públicas e privadas
para mudança gradativa de política e postura dessas organizações.
Outro movimento relevante no contexto de serviços ecossistêmicos é o Natural value
initiative - NVI7 cujo papel é fazer um benchmark relacionado à gestão da biodiversidade e
serviços ecossistêmicos entre 30 empresas do setor de mineração e energia. Uma de
suas bandeiras é a de que empresas que administram tais questões de maneira proativa,
assim como as que investem nesse âmbito, são mais propensas a adquirir vantagem
competitiva no futuro, juntamente com melhor gestão dos riscos operacionais, financeiros
e de reputação8.
Outras iniciativas como, Forest Footprint Disclosure, Natural Value Initiative
Ecosystem Service Benchmark, Carbon Disclosure Programme (CDP) e o Water
Disclosure Programme têm a missão de encorajar empresas a implantar políticas e
estratégias, assim como encontrar riscos e oportunidades que estejam relacionados a
diferentes aspectos dos serviços ecossistêmicos (UNITED NATIONS ENVIRONMENT
PROGRAMME FINANCE INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE
INVESTMENT - PRI, TRUCOST, 2010).
Os objetivos e metas definidos nas convenções citadas são geralmente voltados
para os países megadiversos, como Brasil, Colômbia, Malásia, África do Sul, Bolívia,
China, Costa Rica, Equador, Filipinas, Índia, Indonésia, Madagascar, México, Nepal, Peru,
Quênia, Congo e Venezuela, que juntos detêm 70% das espécies animais e vegetais do
planeta (O PORTAL DO BRASIL, 2010; O ECO, 2010). No caso do Brasil, já é possível
listar algumas iniciativas de regulamentação do pagamento por serviços ecossistêmicos -
PSE:
(i) O programa de desenvolvimento socioambiental da produção familiar -
Proambiente, incorporado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2003, paga as famílias
6 Fonte: http://www.teebweb.org/about/ 7 Colaboração entre UNEP Finance Initiative, Dutch Social Investment NGO VBDO e International Environmental Group Fauna & Flora International. 8 Fonte: http://www.naturalvalueinitiative.org
- 9 -
que adotam práticas relacionadas à recuperação de áreas alteradas ou de áreas de
preservação permanente e reserva legal. Tais famílias contribuem para redução do
desmatamento, absorção do carbono atmosférico, recuperação das funções hidrológicas
dos ecossistemas etc. Nesse caso, os agricultores são premiados com uma média de R$
1.032,61 por família, independentemente do tamanho da área e do nível de
sustentabilidade da propriedade (OLIVEIRA E ALTAFIN);
(ii) ICMS ecológico: o objetivo é compensar os governos municipais pela perda
potencial de receitas de impostos em função do estabelecimento de áreas de proteção
ambiental em seus territórios ou por fatores como a gestão de resíduos sólidos, tratamento
de esgoto e outros determinados de acordo com cada lei estadual. A lei do ICMS rege que
25% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação sejam realocadas para os municípios de acordo com
critérios pré-definidos. Alguns estados como Paraná, Minas Gerais e São Paulo optaram
por adotar critérios ambientais, onde 5% desse valor repassado aos municípios (1/4 dos
25%) são calculados de acordo com os serviços ambientais prestados9.
(iii) Compensação ambiental: é baseado no princípio usuário/poluidor pagador, onde o
responsável por gerar a externalidade negativa deve pagar no mínimo 0,5% do valor total
do projeto como compensação pelo impacto e por danos inevitáveis. As agências públicas
federais ou estaduais são responsáveis por estabelecer a quantia e o destino dos recursos
de compensação. A compensação deve ser usada pelas agências de proteção ambiental
para criar e manter unidades de conservação de proteção integral (YOUNG, 2008).
Mesmo em projeções muito conservadoras, os recursos futuros gerados pela
compensação ambiental devem pelo menos dobrar em relação aos valores atuais (Geluda
e Young, 2004 apud Young, 2008);
(iv) Reposição florestal: voltado para empreendimentos madeireiros, trata-se de um
mecanismo de fomento ao reflorestamento de áreas, seja através do cumprimento de
regras de manejo florestal (só é permitido cortar uma parcela de árvores) ou do
pagamento de uma taxa de reposição, que irá financiar o reflorestamento em outras áreas
(PAGAMENTO..., 2013);
(v) Isenção fiscal para Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN's):
mecanismo que isenta do pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR) as áreas
protegidas incluindo RPPN's (PAGAMENTO..., 2013);
9Fonte:http://www.icmsecologico.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=51&Itemid=64
- 10 -
(vi) Projeto de Extrema, Minas Gerais, programa pioneiro de pagamento por serviços
ambientais, com recursos do município, ONG’s e dos governos estadual e federal. O
projeto já conta com 7,3 mil hectares de propriedades rurais, cujos donos recebem
dinheiro pela conservação das nascentes, evitando erosões e ajudando a reter mais água
no terreno. O objetivo é buscar melhor e maior produção de água no munícipio, por meio
de incentivos econômicos para os proprietários das terras, que no lugar de utilizá-las para
fins de exploração, recebem renda associada aos serviços ambientais que promovem
(GLOBO RURAL, 2013).
Em fase de implantação, existem outras políticas públicas de PSE ainda não
implantadas, dependentes de aprovação ou regulamentação. É o caso, por exemplo, do
imposto de renda (IR) ecológico, que propõe que um percentual do imposto devido pelos
contribuintes possa ser investido em projetos ambientais (PAGAMENTO..., 2013). O
projeto consiste em deduzir do IR até 40% das doações e 30% dos recursos destinados a
patrocínios ambientais, com limite de 4% do imposto devido.
Outro projeto em discussão para encaminhamento ao Congresso Nacional é a
fórmula para compensar com dinheiro comunidades e União pelo acesso ao patrimônio
genético. Tal medida deverá impactar diretamente empresas de medicamentos,
cosméticos e produtos alimentícios, que exploram recursos genéticos ou conhecimento
tradicional de comunidades nativas, como indígenas e caiçaras (FARIELLO, 2013).
Além disso, no Quadro 1 pode-se encontrar diversos programas similares ao de
Extrema-MG identificados por Shiki (2011):
- 11 -
Quadro 1: Exemplos de iniciativas de PSE
Fonte: Shiki, 2011
Outra iniciativa local dentro do contexto de PSE é a Bolsa Verde do Rio de Janeiro -
BVRIO, cujo papel primordial é trazer liquidez para o mercado de serviços ambientais.
Trata-se de uma bolsa de valores ambientais com o objetivo de prover soluções de
mercado para auxiliar no cumprimento de leis ambientais.
O mercado deve funcionar da seguinte maneira: indivíduos que, em razão de sua
especialização ou vantagem comparativa, tenham um menor custo em realizar
determinada atividade ou serviço ambiental (reciclagem, provisão de reserva legal, etc.)
poderão receber créditos por essa atividade ou serviço e esses créditos podem ser
vendidos àqueles que teriam um custo mais elevado na realização direta da sua obrigação
ambiental. Dessa forma, o objetivo final é trazer liquidez para o mercado de ativos
ambientais, aumentando a segurança das operações e reduzindo custo e risco dos
investimentos em projetos ambientais10. Os mercados que a BVRio está desenvolvendo
são:
1) Carbono – a BVRio tem intenção de criar um mercado de carbono nacional,
seguindo o mecanismo padrão que é a alocação de cotas para as indústrias,
monitoramento, compra e venda de cotas conforme necessidade e submissão do
inventário de emissões por parte de cada indústria. O volume total de emissões deve
corresponder a quantidade de cotas e créditos de cada uma. Os créditos de carbono
10 Fonte: http://www.bvrio.org/site/index.php/mercados
Esquemas de pagamento
públicos para melhorar
Serviços Ambientais
Mercados regulados, de livre
transação entre os
compradores e vendedores
Mercados Voluntários, de
livre transação entre
compradores e vendedores
Produtos Eco-rotulados
Conservação da
Biodiversidade
Programa Bolsa Verde no
Brasil sem Miséria
Projetos JUMA, SURUI,
BOTICARIO; Projetos Fundo
Amazônia
Sequestro e Estoque de
Carbono
REDD+ Projetos Fundo
Amazônia; Negociação
Governadores da Amazônia e
Estados Americanos
(Califórnia)
Proteção de Água
Programa Produtor de Água;
Leis Estaduais de PSA (ES, SP,
RJ)
Projetos locais de proteção
de mananciais: Extrema, Rio
Guandu, Apucarana,
Piracicamirim
Serviços agrupados
(biodiversidade, água,
carbono-florestal)
PL 792/2007 - Bolsa Verde;
Leis Estaduais MG, ES, AM,
AC, SP; Proambiente
Beleza da paisagem e
recreação
Esquemas de pagamento de
taxas de ecoturismo
Tipos de Pagamento
Segmentos de Mercado
Produtos Orgânicos (lei
regulamentada pelo
MAPA;
Produtos da agroecologia
(extrativos florestais não
madeireiros e
cultivados);
Produtos para o mercado
solidário
- 12 -
podem vir de projetos de MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo), projetos
voluntários reconhecidos pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente) e REDD (Redução de
Emissões de Desmatamento de Degradação Florestal).
2) Florestal – onde serão transacionadas Cotas de Reserva Ambiental (CRA) e
Créditos de Reposição Florestal (CRF). As demandas para tais cotas e créditos são
criadas a partir da legislação florestal brasileira, que exige a manutenção de área com
cobertura de vegetação nativa em propriedades rurais, além de exigir reposição florestal
nos casos de extração de floresta.
3) Logística Reversa – nesse caso serão criados os Créditos de Destinação Adequada
(CDA) que envolve a destinação final ambientalmente correta dos resíduos sólidos. As
empresas recicladoras poderão receber tais créditos e vender ao importador ou produtor
interessado.
4) Efluentes – nesse caso a BVRio em parceria com três empresas estudou a
viabilidade de criar mecanismos de mercado como o sistema de cotas negociáveis (cap &
trade) para controlar o impacto ambiental dos efluentes no sistema hidrográfico. No
entanto, concluiu-se que seria prematuro focar esforços para promover esse mecanismo
de mercado. A arquitetura de um sistema de comércio de cotas de efluentes deverá levar
em consideração mecanismos que possibilitem lidar com a heterogeneidade do impacto
de emissões provenientes de diferentes fontes11.
Se os riscos e oportunidades relacionados à BSE forem identificados, avaliados e
administrados antecipadamente, poderão ser transformados em vantagem competitiva. O
aumento do rigor e fiscalização das políticas públicas voltadas para proteção e garantia
dos pagamentos por danos causados à biodiversidade trazem oportunidades de negócio,
como a possível antecipação a mudanças regulatórias, e riscos, como maiores custos de
conformidade, taxas verdes sobre o carbono, água, terra e outros recursos. Para que tais
questões sejam incorporadas ao processo decisório, a valoração econômica dos ativos
ambientais torna-se uma ferramenta importante. A avaliação econômica dos ecossistemas
tem sido utilizada por algumas empresas na identificação de riscos, melhoria de eficiência
operacional ou desenvolvimento de novos negócios (THE ECONOMICS OF
ECOSYSTEMS AND BIODIVERSITY - TEEB, 2010).
11 Para maiores detalhes sobre as conclusões do estudo consultar http://www.bvrio.org/site/index.php/mercados/efluentes.
- 13 -
2.2) SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E FLUXOS FINANCEIROS
Como o tema BSE pertence a uma área específica, a Biologia, fora do
conhecimento da maioria dos gestores de empresas, é importante identificar seus
conceitos básicos e o possível relacionamento com os fluxos financeiros empresariais.
Entender como BSE pode agregar valor para as organizações é condição fundamental
para a sua inclusão na estratégia empresarial.
A biodiversidade pode ser considerada sinônimo de diversidade biológica e
apresenta três níveis: diversidade genética (entre as espécies), diversidade das espécies
(número de espécies) e diversidade ecológica (riqueza de processos para os quais as
espécies contribuem). Nessa abordagem, o princípio básico para mensurar a
biodiversidade deveria ser sua associação com as características ou serviços úteis que ela
proporciona ou respalda (Brock and Xepapadeas, 2001).
Nesse sentido, Brock & Xepapadeas (2001), consideram a biodiversidade como
uma commodity e sugerem que sua importância econômica se relaciona aos seguintes
serviços e funções:
Produtividade Ecossistêmica – sistemas com maior diversidade de plantas são mais
produtivos que os menos diversos;
Seguro – associa-se à possibilidade de achar genes em espécies não usualmente
comercializáveis que podem ser utilizados para desenvolver resistência contra doenças
que afetam outras espécies. Logo, a diversidade genética pode ser usada como um
seguro contra eventos catastróficos ou contaminações;
Conhecimento – a biodiversidade pode servir como fonte de conhecimento para
desenvolver novos produtos na indústria de biotecnologia ou farmacêutica;
Serviços de Ecossistema – a biodiversidade é essencial para o próprio
funcionamento do ecossistema graças à capacidade de prover serviços economicamente
importantes, como os benefícios da bacia hidrográfica, ecoturismo, serviço de captação de
carbono pelas florestas e produção de produtos florestais não madeireiros.
Tratando-se de um conceito abstrato, a biodiversidade pode ser relacionada com
medidas do funcionamento dos ecossistemas, especialmente em termos de produtividade
e estabilidade, que, por sua vez, são condições necessárias para o apropriado
funcionamento das sociedades humanas e garantia de seu bem estar (Meinard & Grill,
2011), uma vez que os serviços ecossistêmicos - SE são fundamentais para a garantia da
vida humana.
- 14 -
Os SE, além de sustentarem a vida, representam insumos fundamentais para
manutenção de diversas atividades econômicas, e, consequentemente, para a geração de
seus fluxos financeiros. Como exemplos pode-se citar: a água, insumo crítico para os
processos industriais, agricultura e diversos outros setores; os recursos genéticos das
florestas, dos quais dependem as empresas farmacêuticas; a polinização e controle de
pestes, dos quais dependem o agronegócio (Hanson et al., 2012); proteção de bacias
hidrográficas para companhias hidroelétricas ou fornecedoras de água potável; cenário
natural para as indústrias de turismo; provisão de matéria-prima para as indústrias de
petróleo e de alimentos (Koellner et al., 2010).
Os SE são categorizados como serviços de provisão (alimento, fibras, recursos
genéticos), serviços de regulação (regulação de clima, regulação de água, polinização),
serviços culturais (valores estéticos, espiritual e religioso, recreação e ecoturismo) e
serviços de suporte (ciclo de nutrientes, formação de solo) (MILLENIUM ECOSYSTEM
ASSESSMENT – MEA, 2005). Dentro dessas categorias existem alguns serviços providos
pelo ecossistema mais frequentemente tratados na literatura, como a captação de
carbono, conservação da biodiversidade, proteção das bacias hidrográficas e o cenário
natural. Para uma visão geral e tipologia dos SE, olhar PEARCE AND MORAN, 1997 e DE
GROOT et al., 2002.
Pela diversidade de serviços ecossistêmicos, que vão desde os mais simples,
como provisão e purificação da água, até outros mais complexos, como formação de solo,
é difícil de imaginar qualquer atividade econômica que não se beneficia de alguma
maneira da BSE. No entanto, existem setores econômicos onde a inclusão de BSE no
planejamento financeiro e estratégico é mais relevante, tanto em função dos seus
principais insumos residirem na natureza, quanto pelos impactos ambientais diretos12 que
causam. De acordo com pesquisa realizada entre as 3000 maiores empresas da economia
global por valor de mercado (componentes do banco de dados da Trucost) 60% de todas
as externalidades são geradas pelos setores de eletricidade, óleo e gás, indústria de metal
e mineração, produtores de alimentos e construção & materiais, conforme ilustrado no
Gráfico 1 (TRUCOST, UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME FINANCE
INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT - PRI,
2010).
No ano 2000, o Congresso Nacional Brasileiro sancionou a lei 10.165 responsável
por instituir a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato gerador é o
12 Impactos ambientais diretos são aqueles produzidos pela própria operação da organização, enquanto os impactos indiretos são aqueles promovidos pela cadeia de fornecimento pelo uso ou descarte do produto, ou investimentos (Trucost, 2013).
- 15 -
exercício regular de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – Ibama para controle e fiscalização das atividades
potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. Juntamente com a lei, foi
feita uma classificação das atividades empresariais com alto, médio e baixo nível de
impacto ambiental. Essa classificação pode ser vista no anexo 1 e vão de encontro com os
setores indicados no Gráfico 1.
Gráfico 1: Custos Ambientais para os cinco setores principais - 3000 empresas públicas
Fonte: Adaptado de The top 100 externalities (Trucost et al, 2010)
A garantia de continuidade do negócio é somente uma das razões pelas quais as
empresas pertencentes a esses setores mais críticos deveriam aderir a um manejo
sustentável da BSE. Para esses e outros setores, é importante considerar outros motivos
como o surgimento e amadurecimento de um mercado de SE, a maior atenção dos
analistas do mercado de capitais sobre a responsabilidade ambiental como ferramenta de
redução do risco e a mudança nas preferências dos consumidores.
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
400.000
450.000
Eletricidade Óleo&Gás Metais &Mineração
Alimento Construção &Materiais
Cu
sto
Ext
ern
alid
ades
Am
bie
nta
is (
US$
mill
ion
)
Metais Pesados
Desperdício em geral
VOCs
Extração de água
Poluição do ar
Gases Efeito Estufa
- 16 -
2.2.1) O PAGAMENTO POR SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS (PSE)
Assim como aconteceu com emissão de gases de efeito estufa, convertida em
serviços transacionáveis, o mercado de serviços ecossistêmicos pode ser uma abordagem
promissora de estímulo à conservação ambiental. O interesse das organizações não-
lucrativas bilaterais e internacionais no pagamento por serviços ecossistêmicos baseia-se
na percepção de que isto pode mudar o comportamento potencialmente prejudicial ao
meio ambiente, além de trazer benefícios para as áreas rurais dos países em
desenvolvimento (SUSTAINABLE AGRICULTURE AND NATURAL RESOURCES
MANAGEMENT-SANREM, CRSP OFFICE OF INTERNATIONAL RESEARCH,
EDUCATION AND DEVELOPMENT, 2007).
O pagamento por serviços ecossistêmicos se baseia no fato de que os gestores de
ecossistemas, sejam fazendeiros ou administradores de áreas protegidas, frequentemente
recebem menos benefícios pela conservação da floresta do que pelo seu uso alternativo,
como a conversão para lavoura ou pasto, o que incentiva mais a exploração dos recursos
do que a sua conservação. Com a criação de um mercado que pague a tais agentes pela
conservação das áreas de sua propriedade, cria-se um mecanismo de incentivo para
proteção ambiental (Engel, Pagiola and Wunder, 2008).
Como o uso da terra muitas vezes provoca efeitos negativos (externalidades) em
outras pessoas (por exemplo, os usuários de recursos hídricos da ponta da cadeia)
configura-se o cenário para um mercado onde o comprador de SE (“vítima” da
externalidade) paga aos gestores do ecossistema (dono da propriedade) de maneira a
induzi-los na adoção de práticas que garantam a provisão dos serviços. O pagamento
precisa ser: (i) no mínimo igual aos benefícios concedidos pelos provedores de SE,
incluindo custos de oportunidade e custos de transação incorridos pelo provedor do SE e
(ii) igual ou menor que o valor do SE para os compradores (Engel, Pagiola and Wunder,
2008).
O PSE pode ser de dois tipos: user-financed PES program ou government-financed
PES program (Engel, Pagiola and Wunder, 2008). O primeiro costuma ser mais eficiente,
pois as duas partes mais interessadas no programa estão diretamente envolvidas e são as
que têm maior informação sobre o valor do serviço que está sendo prestado. Isso garante
que comprador do serviço esteja em constante monitoramento sobre o cumprimento das
condições contratuais. No segundo caso, os compradores do serviço são uma terceira
parte, que pode participar do programa por meio de pagamento de taxas compulsórias e
muitas vezes pode não saber por qual serviço está pagando, nem como e onde verificar
se o mesmo está sendo efetivamente prestado.
- 17 -
A estruturação do programa de PSE consistirá, então, em identificar o SE a ser
provisionado (sob escala apropriada) ou o proxy de práticas de gestão ambiental que se
mostrem eficazes na provisão do SE; selecionar as áreas geográficas e os provedores de
SE para participação do programa; elaborar um contrato entre as partes que possibilite o
monitoramento da aderência ao acordo e revisão do desempenho do esquema; assegurar
voluntária participação das partes de maneira que se garanta a eficiência de Pareto e a
efetividade dos custos envolvidos (Tacconi, 2012).
Os critérios para estabelecimento do programa devem ser: incentivo econômico
para a garantia da provisão dos serviços ambientais, quando esses não são feitos com
motivação intrínseca; grau de mediação existente entre provedores do SE e compradores
ou beneficiários de tais serviços; e o grau de comoditização do SE, que nada mais é do
que a clareza e extensão com que o SE pode ser acessado e adquirido em medidas
quantificáveis (Muradian et al., 2010). Um quarto critério importante destacado por Wunder
(2005) é a condicionalidade, ou seja, a garantia por parte do provedor do SE de que o
serviço ecossistêmico será entregue, com o pagamento somente ocorrendo se houver a
entrega do serviço.
Como o nível de provisão dos SE frequentemente não pode ser observado com
facilidade, a maioria dos programas tem como base de pagamento a adoção de um uso
particular da terra, com o pagamento sendo feito por hectare. Há, também, outras bases
de pagamento alternativas, como número de árvores plantadas e número de horas
trabalhadas para espécies exóticas (WUNDER, 2005).
O mercado de PSE representa uma ferramenta de correção para ecossistemas mal
administrados em função de seus benefícios serem exclusivamente externalidades, sob o
ponto de vista do gestor do ecossistema (Engel et al., 2008). Por esse motivo, diversas
pesquisas mostraram a preponderância de precificação do cálculo de custo oportunidade
sobre as demais formas para definição e desenho de um PSE. Nesse sentido, o objetivo
dos programas de PSE é fazer com que práticas privadas não lucrativas, mas desejadas
socialmente, se tornem lucrativas para o proprietário de terra individual, incentivando-os a
adotá-las (Engel, Pagiola and Wunder, 2008).
Tendo em vista as configurações que permitem a comercialização dos SE é
preciso entender quais são as bases para consolidação desse mercado:
Primeiramente, para que BSE seja reconhecida como fluxo financeiro é essencial
que tenha as características de um bem privado13. Uma descoberta comum entre os
13 Princípio da Exclusividade – para se obter um bem é preciso pagar por ele Princípio da Rivalidade – o consumo do bem por uma pessoa impede o consumo de outra.
- 18 -
estudos sobre o desenvolvimento do mercado de SE é que as transformações dos SE de
bens públicos em privados usualmente envolvem intervenções governamentais, como
regulação ou introdução de instrumentos mercadológicos que ajudem a superar as
questões de não-exclusividade e não rivalidade dos serviços (ver Farber, Costanza e
Wilson, 2002; Mantau et al., 2001; Murtough, Aretino, Matysek, 2002).
Os mecanismos que lançam as bases para um mercado de ativos ambientais
podem ser vistos no Quadro 2:
Quadro 2: Mecanismos relacionados aos SE's
Mecanismo Papel desempenhado
Regulação
Responsabilidade Ambiental passa a ser um
dever e são estabelecidos os limites para
exploração dos recursos.
Definição dos Direitos de Propriedade/
Fornecimento de Recinto
Bases para correta captura das externalidades,
identificação dos provedores de SE e seus
beneficiários.
Padronização do Ativo
Os ativos ambientais e os serviços
ecossistêmicos precisam ser padronizados para
que sua precificação seja viável.
Liquidez
Com o estabelecimento de cotas e créditos
(títulos de direito de natureza ambiental) para
ativos ambientais (recursos oou serviços) cria-se
demanda e oferta para os SE.
As cotas ou permissões são responsáveis por limitar uma atividade com impacto
ambiental. Elas são alocadas pelo poder público e podem ser definidas como um direito,
por parte das empresas, de realizar um impacto (ex: cotas de emissão de gases de efeito
estufa e cotas de emissão de efluentes.). Esse sistema é conhecido como Cap & Trade e
representa um meio bastante eficaz para redução de impactos ambientais14.
De outro lado temos os créditos que são resultantes da prestação de SE que
podem ter conversibilidade com cotas de sistemas de Cap & Trade. São certificados que
representam um impacto ambiental positivo resultante de uma atividade realizada de
modo voluntário e podem ser usados para compensar um impacto ambiental negativo15.
Um exemplo prático desse mercado foi dado por Pedro Moura Costa, fundador da
Bolsa Verde do Rio de Janeiro, em entrevista para o BizAsiaAmerica, programa global de
notícias de negócio. Ele comenta que o Brasil apresenta 5 milhões de propriedades rurais,
das quais 4 milhões não apresentam excesso de Reserva Legal, o que faz com que um
mercado seja criado entre estas propriedades e o outro milhão que detém excesso de
Reserva Legal. Em tal plataforma os preços são determinados por oferta e demanda e no
14 Fonte: http://www.bvrio.org/site/index.php/abvrio/ativos-ambientais 15 Fonte: http://www.bvrio.org/site/index.php/abvrio/ativos-ambientais
- 19 -
momento em que este texto estava sendo escrito (Abril/2013) o preço médio por hectare
era de USD 300 16.
A partir dessa estruturação, pode-se perceber que a presença do setor público
como regulador e incentivador de políticas sustentáveis é de grande importância. Os
mecanismos de mercado são instrumentos eficientes de execução de políticas públicas
ambientais e de desenvolvimento sustentável17. No apêndice 3, é possível observar um
panorama do quanto o mercado de SE movimentou no ano de 2008 e quais são as
estimativas para 2020 e 2050.
A despeito do valor econômico dos SE, a maioria deles continuam sendo tratados
como bem público, sem valor de mercado. Nos poucos casos em que os proprietários
privados das florestas são recompensados por manter e provisionar serviços ambientais,
isso ocorre na forma de subsídios públicos, sendo a compensação econômica por
consumidores privados, ainda, uma exceção (Chomitz, Brenes e Constantino, 1999; Daily
et al., 2000).
2.2.2) RELEVÂNCIA DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PARA O MERCADO DE
CAPITAIS
As grandes instituições de investimento como fundos de pensão, fundos mútuos e
companhias de seguro, podem ser consideradas “proprietários universais”, uma vez que
frequentemente detêm um portfólio de longo prazo e altamente diversificado,
representativo do mercado de capitais global. Essas instituições são proprietárias de
grandes empresas responsáveis por causar custos ambientais significantes na economia,
o que torna seus capitais, inevitavelmente, expostos aos crescentes custos advindos de
acidentes ambientais capazes de reduzir o retorno dos investidores (UNITED NATIONS
ENVIRONMENT PROGRAMME FINANCE INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR
RESPONSIBLE INVESTMENT - PRI, 2010).
Os custos ambientais podem afetar o valor dos ativos e o retorno dos fundos, pois
contribuem para o aumento do risco econômico e de mercado. Para reduzir as
externalidades e minimizar sua exposição a esses riscos, as instituições financeiras
deveriam influenciar positivamente a maneira como os negócios são conduzidos,
reduzindo o risco financeiro decorrentes dos impactos ambientais (UNITED NATIONS
ENVIRONMENT PROGRAMME FINANCE INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR
RESPONSIBLE INVESTMENT - PRI, 2010).
16 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=h1WDDgf9t2A 17 Fonte: http://www.bvrio.org/site/index.php/abvrio
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Isso significa que quanto mais a avaliação dos custos ambientais estiver
incorporada ao processo decisório das agências de rating, analistas financeiros e gestores
de fundo, maior será o incentivo para que as empresas de capital aberto reduzam os
impactos ambientais (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME FINANCE
INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT - PRI,
2010). Dentro desse contexto, diversas instituições financeiras criaram índices de
sustentabilidade para classificação das empresas de capital aberto. Dois importantes
índices a serem destacados são o ISE (índice de sustentabilidade empresarial, da
BM&FBOVESPA) e DJSI (Dow Jones Sustainability Index).
O ISE representa uma iniciativa pioneira na América Latina, originalmente
financiado pela International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco
Mundial, e é uma ferramenta de análise comparativa do desempenho das empresas
listadas na BMF&BOVESPA sob o aspecto de sustentabilidade corporativa, baseada em
eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa18.
O DJSI é, também, um índice de desempenho financeiro, que tem o objetivo de
classificar as empresas mais capazes de criar valor para os acionistas, a longo prazo,
através de uma gestão dos riscos associados tanto a fatores econômicos, como
ambientais e sociais (DOW..., 2013). Em sua revisão de desempenho anual de 2012, é
possível perceber paridade de desempenho entre as empresas que compõem o DJSI
comparadas ao MSCI, índice global do mercado de ações comumente utilizado como
benchmark de fundos de ações globais19 (ver Gráfico 2).
18 Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoIndice.aspx?Indice=ISE&Idioma=pt-BR 19 Fonte: http://www.sustainability-indices.com/review/annual-review-2012.jsp
- 21 -
Gráfico 2: Comparação desempenho DJSI x MCSI
Fonte: http://www.sustainability-indices.com/review/annual-review-2013.jsp
Isto mostra que além das organizações reduzirem o risco dos investidores por
incorporarem fatores ambientais estratégicos (UNITED NATIONS ENVIRONMENT
PROGRAMME FINANCE INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE
INVESTMENT - PRI, TRUCOST, 2010), ainda são capazes de alcançar o mesmo
desempenho financeiro que as organizações que não o fazem.
2.2.3) MUDANÇA NAS PREFERÊNCIAS DOS CONSUMIDORES
Outra razão para que as empresas façam uma gestão efetiva de BSE é a
valorização cada vez maior, por parte dos consumidores finais, de produtos social e
ambientalmente responsáveis, mesmo que para isso necessitem pagar mais caro.
O TEEB (2010) reuniu dados que refletem as mudanças de preferência do
consumidor e mostram que as ações empresariais estão não somente respondendo a tais
alterações de comportamento, mas também estão influenciando e educando os
consumidores:
Pesquisa realizada com 13000 pessoas sugeriu que os consumidores estão mais
preocupados com o meio ambiente hoje do que há alguns anos atrás (TNS, 2008 apud
TEEB, 2010).
- 22 -
Em outra pesquisa, 81% dos consumidores entrevistados declararam que deixariam
de comprar produtos de empresas que não consideram práticas éticas de fornecimento
(UEBT, 2010 apud TEEB, 2010).
Em pesquisa realizada no Reino Unido, em 2010, metade dos respondentes
declararam que aceitariam pagar entre 10% e 25% a mais em compras de até GB£100
para absorver os impactos causados na biodiversidade e ecossistemas (Opinium, 2010
apud TEEB, 2010).
Crescente importância de esquemas de rotulagem, que surgiram como resposta a
ações de organizações não-governamentais, preocupações públicas e mudanças de
preferências relacionadas à perda de biodiversidade, incluindo o Forest Stewardship
Council (FSC), Marine Stewardship Council (MSC) e Rainforest Alliance Certified Coffee,
Cocoa and Tea. A adesão ao International Social and Environmental Accreditation and
Labelling Alliance mais que dobrou durante os últimos dois anos (ISEAL, 2010 apud
TEEB, 2010).
Vendas de produtos rotulados pelo FSC quadruplicaram e o consumo de alimentos e
bebidas éticas em geral aumentou mais que três vezes na última década (de GB£1.9 bi
em 1999 para GB£ 6 bi em 2008) (The Cooperative Bank, 2008 apud TEEB, 2010).
Portanto, as organizações, principalmente as pertencentes aos cinco setores de
maior impacto ambiental já destacados, dispõem de uma gama de motivos para se
engajarem em uma administração mais efetiva da BSE. De maneira resumida, a
continuidade da atividade econômica, o aumento dos custos de acesso à BSE, o
desenvolvimento do mercado de SE e a crescente valorização da responsabilidade
ambiental pelo mercado de capitais formam as bases para as tendências nessa área.
Empresas que conseguem um melhor desempenho nos aspectos ambientais,
sociais e de governança podem aumentar o valor para o acionista através, por exemplo,
de uma apropriada gestão dos riscos, antecipação de ações regulatórias ou acesso a
novos mercados, enquanto contribuem para o desenvolvimento sustentável da sociedade
em que estão inseridas. Além disso, a correta gestão de tais aspectos pode ter um forte
impacto na reputação e marca, fatores de grande importância para o valor da empresa
(SWISS FEDERAL DEPARTMENT OF FOREIGN AFFAIRS, UNITED NATIONS - UN,
2004).
- 23 -
2.3) MÉTODOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA PARA SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS
A valoração econômica das questões ambientais, incluindo BSE, pode ser usada
para (a) estimar a importância relativa de diversos ecossistemas, (b) justificar ou avaliar as
decisões de conservação em lugares específicos, (c) identificar como benefícios de uma
decisão de conservação específica são distribuídos, e (d) identificar fontes potenciais de
finanças sustentáveis (Ferraro et al., 2011).
São usualmente considerados métodos de valoração não comerciais, porque a
maioria dos produtos e serviços ecossistêmicos não são comercializados nos mercados
convencionais. Portanto, é preciso estabelecer uma conexão entre o processo do
ecossistema e uma commodity do mercado relacionada. O estabelecimento dessa relação
permite a valoração desses serviços por meio da teoria de demanda econômica, mesmo
quando o serviço do ecossistema é indireto, sutil ou latente (Pattanayak, 2004).
Os métodos tradicionais para valoração de ativos biológicos são baseados em
técnicas monetárias e se dividem em quatro grandes abordagens (TEIXEIRA, 2004):
Valoração a preços de mercado onde se pressupõe a existência de um mercado
para os impactos avaliados e o valor é atribuído de acordo com o preço de mercado.
Nessa categoria incluem-se as classes da Variação de Produtividade, do Custo de
Reposição, do Projeto-Sombra, do custo de Relocalização e do Lucro Cessante.
Valoração segundo funções de produção doméstica que se divide entre abordagem
dos Gastos defensivos e do custo de viagem.
Abordagem dos Preços Hedônicos que efetua a valoração por meio de valor de
propriedades ou pelo diferencial de remuneração.
Método de Valoração Contingencial que se baseia na criação de um mercado
hipotético para o serviço ecossistêmico em análise.
O que os métodos citados acima fazem é buscar um mercado ou produto (já
existente ou hipotético) análogo ao serviço ecossistêmico analisado, servindo como um
proxy para o seu valor econômico. Em pesquisa realizada por Christie et al. (2012) sobre
as técnicas utilizadas nos países menos desenvolvidos para avaliação de ativos
ambientais foi constatado que as técnicas mais adotadas eram valoração contingencial
(26%), custo de oportunidade (20%) e questionário (17%).
Uma das grandes críticas aos métodos de valoração econômica da biodiversidade
é o fato de que acabam reduzindo todos os valores à uma única métrica pré-existente,
“valor da demanda” (Norton, 1987), cuja fonte passam a ser as “preferências individuais”
(Sarkar, 2005). Tais críticas apontam basicamente a limitação dos métodos que podem
- 24 -
comprometer questões como justiça, dignidade e incomensurabilidade dos diversos
produtos, recursos e práticas de pessoas das mais diversas culturas.
A maioria dos exercícios de valoração é constituída por um modelo analítico de três
estágios, que atrela as funções ecossistêmicas direta ou indiretamente ao bem estar
humano (Freeman, 1993). O primeiro estágio é a medida de como os fluxos
ecossistêmicos mudam como resultado de políticas públicas e ações privadas que alteram
as condições ecossistêmicas. O segundo mede como mudanças no fluxo ecossistêmico
afetam a produtividade ou o bem-estar socioeconômico de um indivíduo. Por exemplo,
poderia haver uma mudança no resultado provido pela agricultura familiar, na saúde ou na
receita se determinada mudança de fluxo ecossistêmico gerasse maior produção de um
SE particular. No terceiro estágio as mudanças na produtividade ou bem-estar são
expressas em termos monetários. Quando mudanças na produtividade estiverem
diretamente relacionadas a commodities de mercado, o valor monetário será o mesmo que
o preço de tais itens. Em outros casos, estão intimamente relacionadas à produção desses
produtos, como tempo dispendido em coletar água ou perda de trabalho por incidência de
doença (Ferraro et al., 2011).
A implantação desse modelo de valoração demanda três tipos de dados: (a) dados
sobre as funções ecológicas específicas, processos e resultados (ex.: hectares de floresta
protegida); (b) dados de produção para atrelar o fluxo ecossistêmico com a atividade
econômica (ex.: o funcionamento de uma reserva para geração de eletricidade ou a
irrigação de plantios condicional à taxa de sedimentação); e (c) dados sobre a preferência
do consumidor (ou produção tecnológica, em caso de resultado intermediário) e preços
para expressar as mudanças de produtividade em termos monetários. Variações
estatísticas em cada tipo de dado são necessárias para estimar parâmetros das três
funções associadas com cada estágio do modelo (Ferraro et al., 2011).
Uma abordagem bastante abrangente para valoração da biodiversidade é o total
economic value (TEV) que engloba os valores de uso e de não-uso. O valor de uso inclui
os benefícios diretos (como consumo dos serviços culturais e de provisão), indiretos
(contribuição da biodiversidade para a continuidade dos serviços de regulação) e o valor
de opção (satisfação advinda da possiblidade futura de uso dos SE). Já o valor de não-uso
se refere aos valores altruísticos (satisfação de saber que outras pessoas detêm acesso
aos benefícios da natureza), valor de herança (a satisfação de saber que as futuras
gerações terão acesso) e o valor de existência (satisfação pela existência das espécies e
do ecossistema) (Christie et al., 2012). Uma síntese dessa abordagem encontra-se no
Quadro 3.
- 25 -
Quadro 3: Relação entre serviços ecossistêmicos e componentes do valor econômico total
Fonte: adaptado de Millenium ecosystem assessment, 2005
Dada a complexidade de se valorar os diversos tipos de benefícios que
determinado ecossistema é capaz de gerar, a utilização de técnicas não-monetárias em
conjunto com as técnicas monetárias torna-se de fundamental importância, para que
sejam recolhidas informações qualitativas sobre os benefícios intangíveis, como bem-estar
mental, valores culturais, religiosos, espirituais e ecológicos, bem como sobre os
benefícios mais tangíveis que podem variar de acordo com o ecossistema e com os usos
e costumes da comunidade local (Christie et al., 2012).
As técnicas de valoração não monetárias variam desde pesquisas estruturadas,
como questionários e entrevistas, até abordagens mais participativas, como diagnóstico
rural participativo (participatory rural appraisal – PRA) e Pesquisa de Ação Participativa
(participatory action research – PAR). Embora esses métodos não forneçam uma
avaliação monetária da biodiversidade, podem prover informações úteis sobre a
importância da biodiversidade para as pessoas, em aspectos não tratados pelos métodos
monetários (Christie et al., 2012). A correta aplicação dos métodos não- monetários pode
melhorar o desempenho da avaliação monetária (detalhes no apêndice 1).
A avaliação econômica da biodiversidade é um dos mais excitantes e difíceis
desafios que economistas e conservacionistas terão que enfrentar nos próximos anos
(Meinard and Grill, 2011). A principal dificuldade encontrada é a definição de um modelo
Categoria Descrição
Uso
Direto
Uso
Indireto
Valor de
Opção
Serviços de Provisão
Produtos obtidos do ecossistema como
comida, combustível, material para
construção.
x x
Serviços de Regulação
Benefícios obtidos da regulação do
ecossistema como regulação do clima,
purrificação da água.
x x
Serviços Culturais
Benefícios não materiais que as pessoas
obtêm do ecossistema e das paisagens
através do enriquecimento espiritual,
reflexão, recreação, e experiências estéticas.
Além do valor que pessoas atribuem à
plantas e animais.
x x x
Serviços de Suporte
Esses serviços são necessários para a
produção de outros SE. Seus impactos nas
pessoas são frequentemente indiretos ou
ocorrem por períodos muito longos,
enquanto que as outras categorias
apresentam impactos diretos de de curto
prazo nas pessoas.
Valor de Uso Valor de
Não Uso
Os Serviços de Suporte são avaliados
através das outras categorias de SE.
- 26 -
padrão de vasta aplicação, capaz de capturar as particularidades de cada ecossistema,
advindas tanto de ações humanas quanto de diferenças em variáveis chaves, como o
clima e solo, que afetam a provisão de SE.
O relatório The economics of ecosystem and biodiversity - TEEB (2010) identificou
10 razões pelas quais as organizações podem desejar valorar os SE:
(i) Melhora das decisões de negócio: empresas podem utilizar a valoração de
ecossistemas para fortalecer o planejamento estratégico interno e o processo decisório
relacionado aos impactos ambientais ou ao uso de recursos naturais;
(ii) Captura de novas fontes de renda pela diversificação de produtos e criação
de novos mercados: a valoração pode ajudar na avaliação dos benefícios da participação
em mercados de SE por meio do conhecimento sobre se o retorno é suficientemente alto
para investir na diversificação ou na entrada em novos mercados;
(iii) Identificação de oportunidades para reduzir taxas e assegurar incentivos: empresas
podem ser eleitas para receberem benefícios fiscais no caso de serem proprietárias de
ativos que geram benefícios ecossistêmicos valorizados pelo público, ou se suas
operações são reconhecidas como ambientalmente corretas;
(iv) Identificação de oportunidades para redução de custos: a valoração pode ajudar a
identificar opções de manejo do ecossistema que reduzem riscos e custos como, por
exemplo, o papel dos mangues na filtragem e purificação das águas, ou o papel da
vegetação na proteção na proteção contra inundações, tempestades e desastres naturais;
(v) Avaliação sobre como as receitas do negócio podem ser sustentadas: as empresas
podem utilizar a valoração para estimar os retornos do investimento em BSE como
insumos de produção;
(vi) Valoração de ativos: empresas podem valorar seus ativos ecossistêmicos para
identificar oportunidades de geração ou incremento de retorno;
(vii) Avaliação de responsabilidades ou compensações: a valoração pode ser utilizada
para estimar danos ao ecossistema e informar deveres ou pagamentos de compensação;
(viii) Medida do valor da empresa e o valor de mercado: investidores podem obter uma
melhor visão sobre o valor de seu portfolio incluindo seus ativos e passivos
ecossistêmicos;
(ix) Melhorar a comunicação e divulgação sobre o desempenho corporativo: empresas
podem avaliar o valor monetário de suas ações e desempenho ambiental fornecendo
relatórios mais claros e facilitando a conexão do desempenho ambiental com o financeiro;
- 27 -
(x) Exploração de novos produtos e serviços: a valoração pode ser usada para
determinar a magnitude dos custos de BSE e dos benefícios associados a novas
tecnologias e atividades de negócio.
2.4) BUSINESS CASES EM BSE
De acordo com pesquisa, realizada pela Pricewaterhouse em 2010 entre 1200
CEO’s do mundo inteiro, 27% deles estão “extremamente” ou “em alguma medida”
preocupados com a questão de perda de biodiversidade. Vale a pena destacar que, na
análise por região, os percentuais mais elevados foram encontrados na América Latina e
África, onde estão os países com maior biodiversidade do planeta (TEEB, 2010).
O que a literatura sobre PSE ainda precisa analisar são as expectativas das
empresas relacionadas aos benefícios financeiros e não financeiros dos investimentos em
Serviços Ecossistêmicos. Há insuficiência de investimentos de empresas que possibilitem
uma análise acurada de demanda por SE, assim como para avaliação do benefício
econômico gerado (Koellner et al., 2010).
Para reduzir tal lacuna de conhecimento, foi aplicada por Koellner et al. (2010), a
Avaliação pelo Método Contingencial (ou em inglês Contingent Valuation Method) em
empresas da Costa Rica e de diversos outros países, com o objetivo de quantificar sua
disposição para investir20 (DPI ou WTI – willingness to invest) e de investigar os fatores
potencialmente capazes de influenciar a demanda declarada por SE. Os SE pesquisados
foram conservação da biodiversidade, captação de carbono, cenário natural e proteção
das bacias hidrográficas.
É importante destacar a importância da Costa Rica na vanguarda do mercado de
pagamento por serviços ecossistêmicos. O país ocupou o quinto lugar em nível mundial na
classificação do Índice de Desempenho Ambiental de 2012 e o primeiro lugar entre os
países do continente americano. Tal fato está intimamente ligado a uma instituição do
país, o FONAFIFO (Fondo Nacional de Finaciamiento Forestal), que tem interesse de
financiar projetos com determinado nível de risco e prazo compatível com a realidade
florestal do país. Nesse contexto, também foi criado o PESP (Payments for Environmental
Services Program) para beneficiar o pequeno e médio proprietário de terra, cuja
propriedade contenha áreas adequadas para atividades florestais, promovendo a
conservação e recuperação da área florestal do país. O FONAFIFO é uma agência
20 As firmas responderam sobre sua disposição para investir em um certificado (certificate) para cada serviço ecossistêmico. Um certificado representa o correspondente ao serviço ecossistêmico produzido em um ano, por um hectare de floresta.
- 28 -
governamental que administra o esquema de PSE, objetivando orientar e estimular o setor
privado.
A pesquisa mostrou que as empresas situadas na Costa Rica, em geral,
demonstraram maior DPI em serviços de ecossistema que as empresas internacionais.
Isso se comprovou especialmente nos casos dos serviços de conservação da
biodiversidade, cenário natural e proteção de bacia hidrográfica (para os certificados de
captura de carbono a diferença se mostrou bem menor). Em uma análise setorial, as
empresas do setor financeiro demonstraram maior interesse em investir em serviços
ecossistêmicos do que as do setor industrial e de consumo (resultado influenciado,
essencialmente, pelos bancos situados na Costa Rica).
Outro resultado bastante importante para o entendimento das motivações
empresariais envolvidas no mercado de serviços ambientais foi relacionado aos benefícios
esperados do investimento em SE. As motivações intrínsecas (bem-estar humano e
responsabilidade ecológica) seguidas de benefícios de imagem, compensação voluntária e
resultados financeiros diretos foram as razões destacadas pelas empresas, em ordem de
importância, para investir no mercado de SE.
Os fatores que as empresas valorizaram no que tange à estruturação da estratégia
para PSE, foi a presença de um intermediário (entre o provedor do SE e o comprador), a
existência de uma organização verificadora (garantia de implementação do projeto
conforme planejado) e a existência de um mercado de certificados (garante que a
empresas possa reverter o investimento feito, caso se mostre desvantajoso, com a venda
do mesmo). Todos esses mecanismos representam uma maneira para reduzir o risco.
Foi identificado elevado interesse por parte das empresas internacionais em
serviço de captura de carbono, que corresponde a um serviço ecossistêmico global,
enquanto as empresas costa-riquenhas expressaram forte interesse por todos os tipos de
SE pesquisados. Isso pode estar relacionado à questão da força das instituições,
mencionada por Meinard & Grill (2011), capazes de influenciar o comportamento da
sociedade e das empresas. Segundo o autor, ainda existe certo grau de incipiência
relacionada à força e poder de influência das instituições de cunho ambiental, o que não
acontece para o mercado de carbono que já se encontra consolidado.
Conforme afirmado por Koellner et al. (2010), se por um lado o benefício recebido
por uma firma que investe recursos em SE, é influenciado pelo contexto natural em que
está inserida, em termos de clima, geologia, hidrologia, ecologia etc., o contexto legal e
sócio-econômico também terá relevância no benefício financeiro esperado.
- 29 -
Sell et al. (2006) realizaram pesquisa similar com o objetivo de analisar os critérios
de decisão21, por parte dos integrantes do mercado europeu e latino-americano, que são
relevantes para engajamento em projetos de florestas tropicais que fornecem SE. As
instituições latino-americanas deram maior importância aos recursos financeiros e de
mercado, além de questões relacionadas ao conhecimento e informações disponíveis. Por
outro lado, as empresas europeias valorizaram os critérios sociais e ambientais, além da
conformidade legal.
Mais uma vez pode-se perceber a ausência de critérios financeiros para a decisão
de investir em projetos de SE (exceto por parte das empresas latino-americanas). Tal fato
não reside na justificativa de que as empresas não precisam de motivações financeiras
para engajar em tais projetos, mas, conforme destacado por Koellner et al. (2010), dada a
elevada expectativa, das instituições pesquisadas, relacionada aos benefícios não
financeiros, é aconselhável aumentar o conhecimento científico e prático sobre o valor
financeiro dos SE como recursos para as funções de produção das empresas.
A consideração sobre os critérios utilizados pelos agentes de mercado,
determinantes para a decisão de investir ou não em projetos que envolvam SE, pode
contribuir para aumentar seu envolvimento em projetos florestais tropicais. O autor salienta
que o mais relevante para o processo decisório dos agentes do mercado pode ser a
crescente proeminência dos investimentos socialmente responsáveis (SRI – Socially
Responsible Investment), que tem recebido atenção da comunidade, público e instituições
privadas.
A controvérsia entre o crescimento dos casos da abordagem de pagamento pela
conservação ambiental (Landell-Mills and Porras, 2002 listaram 300 exemplos de tais
mecanismos pelo mundo e desde então tal número vem crescendo) e o incipiente estado
da arte de sua efetividade financeira pode ser explicada pelo fato de poucos estudos
utilizarem critérios considerados chave nesse processo. De acordo com Pattanayak,
Wunder and Ferraro (2010), as quatro regras de ouro recomendadas para avaliações das
intervenções para conservação ambiental são: (1) identificar os fatores ecológicos e
21 Recursos Financeiros – referem-se a capital semente, fundos de investimento, atração de investimentos internacionais, incentivos florestais financeiros, recursos para formulação do projeto, incentivos financeiros governamentais. Recursos de Mercado – Setor Privado, Mercado de Certificados ou Negociação em Bolsa, incentivos para novos mercados, compradores. Benefícios Sociais – benefícios socioeconômicos para a comunidade, bem-estar social de longo prazo para os provedores de SE, redução de pobreza, etc. Conformidade Legal – conformidade com Protocolo de Kyoto, convenções, segurança jurídica para compradores, etc. Conhecimento/Informação – fácil acesso a à sistemas de informação, troca de informação, disponibilidade de dados, dados sobre as florestas.
- 30 -
socioeconômicos que covariam com o programa e quais deles podem influenciar a medida
de resultado; (2) estimar os potenciais vieses que podem existir na interpretação da
efetividade da intervenção; (3) construir grupos de controle simples (aqueles que não
recebem pagamento do programa) para representar o contrafato22; e (4) coletar dados de
base e de controle dos resultados e de inputs chave.
A fim de entender a efetividade financeira dos PSEs desenvolvidos pelo mundo até
então, os autores reuniram estudos que levassem em consideração pelo menos 3 dos
critérios acima mencionados, na avaliação econômica do PSE. O resumo da pesquisa
pode ser visto no Quadro 4 e aponta que a principal característica dos PSE’s, a
adicionalidade, ainda é pouco representativa nos programas desenvolvidos até o
momento.
Quadro 4: Avaliação rigorosa dos impactos de projetos e programas de BSE
Fonte: Adaptado de Pattanayak, Wunder and Ferraro (2010)
22 Para identificar os impactos causais de cada programa de PSE, o avaliador deverá determinar o contrafato: o que teria acontecido na ausência do programa. Como o previsão do que poderia acontecer é de difícil realização, os avaliadores devem criar os grupos de controle (Pattanayak, Wunder and Ferraro, 2010).
Estudo Local Tipo Amostra Métodos 3Mudança Uso da
Terra
Serviços
Ecossistêmicos
Bem-estar
& Sócio-eco
Rios & PagiolaQuinindo,
ColômbiaObservação
72 contratos de PSE,
29 controlesTobit/OLS n.s.
3,6 pts serviços
ecossistêmicos~
Alix-Garicia, Shapiro e
Sims (2010)México
Quase-
experimental
352 contratos PSE,
462 controles
Combinação
&
Regressão
-10%
desmatamento~
Uchida, Rozelle e Xu
(2009)China
Quase-
experimental
230 participantes, 40
controles3 PSM & DID ~ ~
15-20%
perda
trabalho Sierra & Russman
(2006)
Osa, Costa
RicaObservação4 30 contratos de PSE,
30 controlesOLS
0,4 he inativos
-0,25 he florestas~ ~
Sills et al. (2008)Sarapiqui,
Costa Rica
44 contratos PSA,
119 controlesPSM & DID
3-10 he florestas
naturais5 ~ ~
Arriagada et al. (2008) Costa RicaQuase-
experimental
1019 contratos de
PSA e 519 controlesPSM & DID
25-35 he
reflorestamento6 ~ ~
Plaff, Robalino, e
Sánchez-Azofeifa
(2008)
Costa RicaQuase-
experimental
40 PSA pixels, 40-
240 controles 15 PSM <- 1%
desmatamento~ ~
Robalino et al. (2008) Costa RicaQuase-
experimental
925 PSA pixels, 925-
4625 controlesPSM
-0.4%
desmatamento~ ~
1 n.s. significa "não estatísticamente significante" e ~ significa que o impacto não foi estudado
7 A amostra de controles potenciais é de 1.070. Eles usam simples, duplo e múltiplos (no máximo 6) em suas estimações PSM.
Resultados & Impactos1
3 Uchida, Rozelle, e Xu começaram com uma amostra de 270 donas de casa, sendo nenhuma que tenha participado em SLCP em 1999. Em 2002
(segunda medição), havia 201 participantes, e em 2004 os participantes totalizaram 230, com um total de 40 donas de casas ainda presente no
grupo de controle.
6 Arriagada et al. Inicia o estudo comparando 1.065 setores censitários com contratos de PSA com 7.138 setores censitários sem contratos de
PSA. O processo de combinação reduziu a amostra geral para 1.538.
2 Acrônimos para métodos estatísticos são: OLS, mínimos quadrados ordinários; PSM, estimação do escore de propensão; DID, estimação da
diferença-na-diferença.
5 A ánalise começou com uma amostra de 200 (50 contratos de PSA e 150 controles), porém termina com uma amostra de 163 donos de terra por
causa do atrito de amostra em função do PSM.
4 O estudo incluiu donos de terra baseados em seu tamanho (30 he<terra selecionada<350 he) mas não reportou sobre a similaridade dos
controles.
- 31 -
2.4.1) RISCOS E OPORTUNIDADES DE BSE PARA O NEGÓCIO
A biodiversidade e os serviços ecossistêmicos oferecem oportunidades para
diversos setores da atividade empresarial. A integração de BSE no negócio pode criar um
valor agregado significativo para as empresas, pela garantia da sustentabilidade das
cadeias de produção, ou pela penetração em novos mercados e atração de novos clientes
(TEEB, 2010).
As oportunidades incluem cortes de custos operacionais e aumento de eficiência,
desenvolvimento de parcerias lucrativas com Governos, ONG’s e outros negócios e até
produtos e serviços inovadores. Já os riscos podem variar desde os físicos, como danos
nos ativos ou na cadeia de fornecimento causados por eventos climáticos extremos, até
competitivos, como a volatilidade dos preços das commodities e rápida mudança na
dinâmica do mercado. Outros riscos incluem danos à reputação, aumento da exposição a
ações judiciais e evolução rápida e complexa da Regulação (KPMG, ROBECOSAM
SUSTAINABILITY INVESTING, 2013). No apêndice 2 encontra-se uma consolidação das
principais tendências de BSE, seus riscos, oportunidades e implicações para as
organizações, com um resumo na figura 1.
- 32 -
Fonte: Adaptado de The Economics of ecosystem and biodiversity (2013).
Elaboração e divulgação de relatórios
Investimento em inovação: produtos e serviços sustentáveis
Parcerias setoriais estratégicas
Gestão Sustentável da Cadeia de Fornecimento
Eficiência de operações com energia e recursos
Intervenções pelos negócios
As tendências para sustentabilidade global
resultam em riscos e oportunidades. Os negócios podem
desenvolver estratégias efetivas para reduzir os
riscos e simultaneamente capturar as
oportunidades.
Aumento de
preço e
volatilidade
Novas
Regulações Mudanças
Climáticas e
Físicas Preferências do
consumidor
Escassez de
Recursos para
produção
Provisão de
Alimento
Escassez de
Água
Declínio
Ecossistema Urbanização
Riqueza Crescimento
Populacional
Escassez de
Recursos e
Material
Energia e
Combustíveis
Desmatamento Mudança
Climática
Tendências para Sustentabilidade Global: Riscos e Oportunidades
Figura 1: Riscos e oportunidades: tendências para sustentabilidade global
- 33 -
O fato de que muitas atividades econômicas não geram lucros suficientes para cobrir
o uso de recursos naturais e os seus custos de poluição e a tendência de se atribuir um
preço aos recursos e serviços proporcionados pelo BSE mostram que o ponto de partida
para uma análise acurada de riscos e oportunidades de BSE reside no levantamento de
todas as externalidades promovidas pelas organizações (THE ECONOMICS OF
ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY, 2013). Partindo dessa premissa, o mesmo estudo
organizou uma recomendação de modelo de avaliação econômica, composto por cinco
passos, dos riscos e oportunidades de BSE:
1) Focar em dados de impacto primário e conduzir estudos de valoração
ambiental de operações diretas e de cadeias de fornecimento que representem hot spots;
2) Identificar mecanismos que poderiam internalizar os custos do capital natural, bem
como a probabilidade e impacto financeiro da internalização desses custos no futuro;
3) Avaliar EKPIs (especificar a sigla), promovendo o uso de preço-sombra no processo
decisório da área de Procurement (traduzir) e nas análises financeiras;
4) Explorar oportunidades de adaptação e de aumento da eficiência de recursos, tanto
internamente quanto na cadeia de fornecimento;
5) Avaliar a possibilidade de troca de fornecedores, local de fornecimento ou materiais,
caso os fornecedores atuais não estejam dispostos a mudar.
2.4.2) MEDIDAS DE DESEMPENHO
Os indicadores de BSE podem ser úteis por diversas razões: (a) entendimento de
diversos impactos e dependências dos diferentes modelos de negócio na BSE; (b)
acompanhamento de indicadores chave de desempenho relacionados aos objetivos
estratégicos junto de uma efetiva gestão dos riscos e oportunidades; (c) comunicação de
desempenho e desafios de BSE para stakeholders internos e externos. No entanto,
existem dificuldades para criação de suas medidas, pois uma efetiva gestão de BSE
requer o acompanhamento tanto de impactos em diversos componentes da biodiversidade
(genes, espécies, ecossistemas etc.), como da dependência empresarial de processos
biológicos intangíveis (controle natural de pestes e doenças, ciclos de nutrientes,
decomposição etc.). Além disso, existem os desafios relacionados à amplitude das
ligações e fronteiras ecológicas de gestão, que podem estar além dos limites de controle
da organização (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB,
2010).
- 34 -
O princípio do “No Net Loss (NNL)” ou “Net Positive Impact (NPI)” surge como uma
ferramenta capaz de auxiliar na definição de objetivos e metas relacionados à BSE. Ele é
baseado no reconhecimento de que certas atividades econômicas (Ex: extrativista ou
agricultura) inevitavelmente resultarão em algum prejuízo para a BSE de determinada
extensão de terra ou mar, mesmo que existam os melhores esforços de mitigação e
restauração. Como tais impactos residuais não podem ser evitados por inteiro, a
organização poderá atingir o NNL ou NPI por meio de ações de conservação e
restauração do BSE em outras áreas (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND
BIODIVERSITY – TEEB, 2010). Algumas empresas como Deutsche Post DHL, Microsoft e
Japan Airlines já declararam aderência a iniciativas do gênero.
Certificações relacionadas a esse conceito já foram criadas, envolvendo um time
multidisciplinar com Academia, ONG’s e empresas. A certificação LIFE (Lasting Initiative
for Earth) propõe a avaliação dos impactos à biodiversidade por parte da organização e a
sua subsequente mitigação ou compensação por meio de uma gama de ações concretas
para a conservação da BSE, baseadas em prioridades. Os quatro passos compreendidos
pelo processo de Certificação LIFE são:
1) Verificação do atendimento da organização aos Padrões de Certificação Life;
2) Cálculo do Valor Estimado de Impacto à Biodiverdidade (VEIB);
3) Definição de desempenho mínimo em ações de conservação à biodiverdidade;
4) Avaliação do desempenho em ações de conservação da biodiversidade.
Outro princípio frequentemente utilizado como base para definição de metas,
objetivos e indicadores de BSE é o Life Cycle Management (LCA), voltado para estudar as
intervenções ambientais e os impactos potenciais ao longo do ciclo de vida do produto,
desde a aquisição de matéria-prima até produção, uso e disposição final. O objetivo é
prover informações que possibilitem a redução do consumo de recursos e emissões, e,
portanto, uma redução dos impactos ambientais em todos os estágios do ciclo de vida do
produto23.
No que diz respeito à coleta de dados que alimentem os sistemas de gestão de
BSE pode-se citar duas categorias amplas de indicadores quantitativos (THE
ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB, 2010):
Indicadores baseados em processo: medem a extensão em que as empresas
adotam processos e sistemas de gestão que, quando implementados de maneira efetiva,
podem levar a melhorias de desempenho. Um exemplo pode ser o número de locais que
tem um plano de ação relacionado à biodiversidade, ou a extensão com que as avaliações
23 Fonte: http://www.lifecycleinitiative.org/
- 35 -
de impactos ambientais incorporam os impactos e dependências da biodiversidade e
serviços ecossistêmicos. A crítica a tais indicadores é que fornecem um checklist das
ações recomendadas, sem identificar se elas estão efetivamente contribuindo para uma
melhor gestão da BSE;
Indicadores baseados em resultados: esses indicadores fornecem uma visão do
desempenho ao longo do tempo e são essenciais para avaliação dos impactos e relações
de dependência da BSE. Tendem a ser quantitativos, como o volume de água captado por
hectare de plantação, ou o número de linhas de produtos orgânicos. Esses indicadores
tendem a ser criados independentemente por cada organização, uma vez que não existe
consenso para indicadores corporativos de desempenho em questões relacionadas à
BSE, em função da variedade de circunstâncias em que cada empresa ou setor opera.
Isto pode criar barreiras para benchmarking e interpretação dos stakeholders.
Muitos críticos ressaltam uma possível ineficiência dos indicadores baseados em
processo pelo fato de representarem apenas uma descrição de iniciativas ambientais sem
que seja demonstrada sua conexão com resultados financeiros e com criação de valor
para a organização. Nesse sentido, Epstein and Roy (2003), apresentam uma proposta de
indicadores que classifica o nível de integração das ações sustentáveis ao desempenho
financeiro das empresas segundo 4 patamares:
Nível 1: informação qualitativa, não relacionada ao desempenho financeiro. Se refere
somente à descrição das atividades da companhia relacionadas a iniciativas sustentáveis,
desempenho ambiental ou reações dos stakeholders. Ex: descrição de um programa de
gestão dos resíduos;
Nível 2: informação quantitativa, porém de natureza apenas física ou operacional (não-
monetária), não relacionada ao desempenho financeiro. Ex: número de violações da
regulação;
Nível 3: informação monetária dos gastos para desenvolver iniciativas sustentáveis,
parcialmente relacionada ao desempenho financeiro, pois a empresa não informa os
benefícios financeiros das iniciativas. Ex: custo de uma tecnologia de reciclagem;
Nível 4: informação monetária sobre os benefícios das iniciativas sustentáveis (em adição
às medidas de gastos), portanto totalmente integrada ao desempenho financeiro. Ex:
receita advinda em função da gestão dos resíduos (tecnologia de reciclagem).
Nota-se que os indicadores baseados em processos definidos pelo THE
ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB (2010) se assemelham à
- 36 -
classificação de nível 1 e 2 de Epstein and Roy (2003), assim como os indicadores
baseados em resultados se assemelham aos níveis 3 e 4.
Em função da complexidade na avaliação dos impactos de BSE é recomendada a
utilização de indicadores convencionais de desempenho ambiental quantitativo como o
fluxo de recursos, emissões e poluição (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND
BIODIVERSITY, 2010). Por exemplo, o volume e toxicidade das descargas de águas
residuais podem ser usados como um indicador do potencial impacto na BSE por receber
tais descarregamentos, ou uma empresa pode avaliar o melhor custo-benefício entre
investir na capacidade de filtragem e limpeza natural de um pantanal ou comprar um
equipamento de controle de poluição. Para a medição dos fluxos de recursos, emissões e
poluição existem alguns métodos que cobrem as cinco categorias básicas de recursos
naturais que servem como insumo de produção e de processos (Giljum et al., 2011):
Em estudo dirigido pela THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY
- TEEB (2013) cujo objetivo foi capturar os riscos financeiros relacionados ao capital
natural, foram avaliados mais de 100 impactos ambientais diretos que, posteriormente
condensados, resultaram em seis EKPI’s (Environment Key Performance Indicator): uso
da água, emissões de gases de efeito estufa, desperdício, poluição do ar, poluição da
terra e água e uso de terra. O custo do capital natural não precificado relacionado a esses
indicadores foi estimado em US$ 7,3 trilhões, o que corresponde a 13% do resultado
econômico global de 2009.
Abaixo um detalhamento maior em relação ao impacto ambiental relacionado a
cada indicador:
Uso da Terra: a terra provê benefícios sociais em forma de serviços ecossistêmicos
que são perdidos quando a terra é convertida para produção industrial. Para calcular o
valor das externalidades foram avaliados os 24 serviços ecossistêmicos identificados pelo
Millenium Ecosystem Assessment, onde cada unidade de serviço receberá um valor em
função das características locais, já que cada ecossistema fornece diferentes conjuntos e
escalas de serviço por unidade de área.
Consumo de Água: a água é diretamente extraída da superfície ou dos lençóis
subterrâneos e seu valor para sociedade varia de acordo com a sua escassez regional.
Por isso foi avaliada de acordo com a sua disponibilidade nacional e valorada de acordo
com o custo social do consumo de água do país.
Gases de Efeito Estufa: o custo das emissões foi avaliado de acordo com os
impactos das mudanças climáticas como redução dos rendimentos agrícolas, enchentes,
doenças, acidificação dos oceanos e perda de biodiversidade. O tempo, magnitude e
- 37 -
custo econômico e social de tais impactos foram modelados de acordo com cenários e
atrelados à concentração de dióxido de carbono na atmosfera para estimar o custo
marginal de cada tonelada de carbono e outros gases de efeito estufa, posteriormente
postos em equivalência com o CO2.
Poluição do Ar: os poluentes de ar são compostos por dióxido de enxofre (SO2),
óxidos de nitrogênio (NOx), partículas em suspensão (PM), amônia (NH3), monóxido de
carbono (CO2) e compostos orgânicos voláteis. O custo social da poluição do ar foi
desenvolvido para cada país baseado no impacto na saúde humana, infraestrutura,
agricultura e florestas. O dano econômico causado por unidade de poluente dependerá
das especificidades de cada local e será conduzido de acordo com a densidade
populacional, florestal e de agricultura.
Poluição de terra e água: o uso de fertilizantes aumenta o nível de nutrientes como
fosfato e nitrato levando ao fenômeno da eutrofização24. A valoração de tais impactos é
feita por meio do abatement cost25 que corresponde ao custo de remoção ou redução de
um elemento indesejado.
Resíduos: tal indicador pode ser dividido em três categorias: resíduo prejudicial,
resíduo não prejudicial e resíduo nuclear. No caso da pesquisa a categoria mais relevante
foi considerada a nuclear que foi valorada de acordo com estudos acadêmicos sobre os
danos que causam e referenciados de acordo com taxas relevantes. Dessa maneira
chegou-se ao um único valor por MWh para o output nuclear.
Outra proposta de indicadores focaliza a quantidade absoluta de recursos
utilizados no lugar de impactos ambientais específicos (Giljum et al., 2011). Os quatro
indicadores sugeridos encontram-se no Quadro 5:
24 Chama-se eutrofização ao fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e consequente decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do ecossistema. 25 Livre tradução: Custo de abatimento
- 38 -
Quadro 5: Indicadores ambientais baseados no uso de recursos
Categoria de uso de recurso Indicador
Materiais separados entre as
categorias: bióticos e abióticos Input de material por produto
Água Pegada hídrica dos produtos
Área de Terra Quantidade atual de terra
utilizada por produto
Emissão de Gases de efeito
estufa Pegada de carbono do produto
É importante salientar que tais indicadores devem ser utilizados sob a perspectiva
do ciclo de vida, levando em consideração todos os recursos utilizados desde a produção
até o descarte. Além disso, a separação dos materiais bióticos e abióticos consumidos na
produção se faz necessária, pelas significativas diferenças de impactos ambientais e
econômicos. Os autores defendem o uso de indicadores concentrados no consumo de
recursos, em função da crescente limitação da capacidade ecossistêmica e da escassez
de recursos, que fazem com que a redução do uso de insumos naturais seja fator
determinante no desenvolvimento da sustentabilidade global.
Nessa mesma linha, um estudo dirigido para a Comissão Européia, cujo objetivo
principal era fornecer indicadores específicos para a avaliação dos impactos ambientais
em função do uso de recursos, foi sugerido um conjunto de quatro indicadores: Ecological
Footprint que ilustra os impactos na biocapacidade; Environmentally Weighted Material
Consumption (EMC), que reflete os impactos ambientais específicos de material e produto;
Human Appropriation of Net Primary Consumption, que indica a intensidade de uso do
ecossistema; e, finalmente, Land and Ecosystem Accounts (LEAC), que ilustra os
principais responsáveis pelas mudanças na cobertura e uso de terras, com implicações
para biodiversidade e serviços ecossistêmicos ( BEST FOOT FORWARD; ECOLOGIC;
SUSTAINABLE EUROPE RESEARCH INSTITUTE - SERI, 2008).
Os quatro indicadores propostos por Giljum et al. (2011) complementam esses
indicadores, provendo as informações de volume envolvidas nas operações, já que em
- 39 -
muitos casos o cálculo dos indicadores de impacto demanda o volume absoluto de
recursos utilizados.
Já o Global Reporting Initiative – GRI fornece um conjunto de indicadores de
desempenho ambiental diretamente relacionado à gestão da biodiversidade. O diferencial
desses indicadores em comparação com aqueles encontrados na literatura é que a
instituição desenvolveu um conjunto para cada setor de atividade econômica. O GRI é
uma organização não lucrativa que visa à sustentabilidade da economia global por meio
do fornecimento de orientação para as empresas, na confecção de relatórios de
sustentabilidade. Sua missão é fornecer práticas e padrões para esses relatórios, por meio
de orientação e suporte para as organizações. Seu papel é prover26:
1) Princípios e orientações para definição de conteúdo, qualidade e limitação de
informações dos relatórios;
2) Padronização dos Relatórios (sistematização das informações) – estratégia e perfil
da organização, abordagem de gestão, indicadores de desempenho.
Para cada parâmetro destacado no Quadro 6, o GRI atrela uma série de
indicadores de desempenho (GLOBAL REPORTING INITIATIVE - GRI, 2000-2011):
26 Fonte: https://www.globalreporting.org/Information/about-gri/Pages/default.aspx
- 40 -
Quadro 6: Indicadores ambientais de desempenho GRI
Indicadores Ambientais de Desempenho
Parâmetros
Material
Energia
Água
Biodiversidade
Emissões, Efluentes e Desperdício.
Produtos e Serviços
Conformidade
Transporte
Geral
Fonte: Adaptado do Global Reporting Initiative (2000-2011)
Considerando todos os indicadores de desempenho de BSE já expostos, é
necessária a criação de um sistema gerencial contábil que torne viável a cobertura dos 4
níveis de integração, propostos por Epstein e Roy (2003), das ações de cunho ambiental
com desempenho financeiro. O Environmental Management Accounting (EMA) é definido
como a identificação, coleta, análise e uso de informação para o processo decisório
interno e deve abranger (i) informações financeiras sobre os custos, ganhos e economias
relacionadas ao meio ambiente (níveis 3 e 4 de Epstein & Roy, 2003), e (ii) informação
física de uso, fluxos e destino de energia, água e materiais, incluindo desperdício (níveis 1
e 2 de Epstein e Roy, 2003). Essa abordagem engloba os custos diretos dos fluxos
ambientais por meio de (a) precificação de outputs de produção como desperdício ou
poluição de maneira que sejam ressaltados os custos dos materiais convertidos em
desperdícios e emissões não comercializáveis e (b) da quantificação dos impactos
monetários de regulamentações ambientais (taxas, normas, quotas etc) em relação a
outros fatores que também influenciam o resultado financeiro, de maneira a distinguir as
transações de natureza ambiental (como custo de conformidade legal) das transações do
- 41 -
negócio per se (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY – TEEB,
2010).
Giljum et al. (2011) destacam duas questões importantes na avaliação dos
indicadores. Primeiramente, devem ser considerados os contextos regional e local na
melhor extensão possível. Isso porque indicadores como o uso de água dependem
fundamentalmente da disponibilidade de água renovável local e regional, portanto
determinada medida do indicador Pegada Hídrica poderia ser problemático em uma
região, porém sustentável em outra. Outro ponto de fundamental atenção é a análise de
possíveis trade-offs entre os diferentes tipos de uso de recursos e respectivos limites de
sustentabilidade de cada categoria. Por exemplo, elevada produção de biocombustíveis
provocaria uma redução do indicador de recursos abióticos e, dependendo do tipo de
biocombustíveis, também reduziria as emissões de gases de efeito estufa. Por outro lado,
a demanda por uso de terra e água sofreria um aumento. O conjunto de indicadores e
seus limites ilustram o fato de que melhoras em uma categoria pode resultar em uma
situação insustentável em outra (Giljum et al., 2011).
Algumas das barreiras destacadas no relatório TEEB (2010) mostram porque uma
efetiva gestão de BSE pelas empresas ainda encontra-se em estágio de inicial de
desenvolvimento:
Lacuna de métrica ou medidas monetárias: ainda não existe uma medida única ou
um conjunto que seja consistente para utilização pelas empresas de diferentes setores;
Ausência de um conjunto de business cases capaz de demonstrar os custos e
benefícios financeiros advindos da gestão de BSE. A lacuna de preços para os SE
intangíveis representa grande parte desse problema;
O uso sustentável da BSE frequentemente reside além das fronteiras da
organização e, portanto, fora de seu controle e gestão direta, dificultando a medição e
quantificação dos impactos de BSE causados pela organização.
2.5) CRÍTICAS À VALORAÇÃO ECONÔMICA DA BSE
Existem correntes contrárias à valoração econômica da BSE, que discutem a
efetividade de tal enfoque na busca da redução da degradação ambiental. As questões
vão desde inconsistências internas, omissões e simplificações no processo de valoração,
até a discussão da “comoditização” do meio ambiente, que pode se sobrepor aos aspectos
de equidade, ética e justiça social.
- 42 -
No que se refere às inconsistências e omissões, Lele et al (2013) apontam
algumas questões que podem colocar em xeque a credibilidade da valoração econômica
dos SE:
A persistente tendência da literatura de SE em tratar os processos internos do
ecossistema como sinônimo de serviço ecossistêmico. Por exemplo, o ciclo de nutrientes
não é um serviço; é somente um processo que contribui para o serviço de produção
madeireira; da mesma forma, a polinização das plantas é um processo interno do
ecossistema de uma floresta. Uma vez que os produtos úteis dessa floresta foram
valorados, a polinização que atuou em seu processo de formação não deveria ser
valorada novamente. A não separação dos processos e benefícios pode levar a dupla
contagem;
A separação entre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos leva a um impasse
científico. A diversidade genética é avaliada por trazer serviços ecossistêmicos de maior
qualidade, o que, novamente, recai na necessidade de uma correta divisão entre processo
e benefício. O ponto de discussão gira em torno do valor intrínseco da biodiversidade
enfatizado por conservacionistas toda vez que os benefícios da conservação são menores
que o da destruição. Isto mostra que, para ecologistas e biólogos conservadores, a
avaliação econômica da BSE nunca poderá ser desfavorável, em função dos valores
intrínsecos e do imperativo ético para a sociedade;
A relação necessariamente positiva entre capital natural, serviços ecossistêmicos e
bem-estar humano, pois o capital natural também pode apresentar malefícios, como no
caso de grandes herbívoros danificando plantações, predação da pecuária pelos
carnívoros etc;
A omissão dos recursos abióticos (estoque de água e minerais) como serviços
ambientais falha ao não considerar que muitos dos recursos bióticos puderam ser
substituídos por recursos abióticos, graças à inovação tecnológica (hidrelétricas, carvão,
petróleo, cimento, alumínio). Os trade-offs entre os serviços derivados da natureza biótica
e abiótica e a possível natureza de curto prazo dos recursos abióticos representam um
desafio central no planejamento para conservação e sustentabilidade.
Além das questões conceituais citadas acima, Lele et al (2013) apontam algumas
falhas recorrentes quando o assunto é a correta valoração econômica ambiental:
A estimativa em valores absolutos no lugar de variação marginal de valor, a geração
de estimativas de escala global derivadas de estudos locais e a dupla contagem entre
serviços finais e serviços de suporte (processos e benefícios);
- 43 -
Ausência de equidade na avaliação econômica dos serviços ambientais. O autor
salienta que a simples soma de custos e benefícios, a despeito das diferenças de riqueza
entre os indivíduos, deixa uma lacuna na análise de trade-offs. Por exemplo, os benefícios
do sequestro de carbono por meio da plantação de árvores impactam todo o mundo, mas
o custo oportunidade imposto aos coletores de madeira nos trópicos também deveriam ser
levados em consideração;
O uso de um custo de capital positivo prevê menor peso para o bem-estar das
futuras gerações. A premissa da prosperidade econômica das futuras gerações graças ao
desenvolvimento econômico atual tenta justificar as altas taxas de desconto utilizadas para
fluxos de capital advindos de ações conservacionistas no presente.
Lele et al (2013) e Rodríguez-Labajos et al (2013) reconhecem que a valoração
econômica da BSE é útil como um dos caminhos existentes para se entender a relação
natureza-sociedade e para chamar a atenção da comunidade empresarial e de lideranças
políticas. No entanto, a existência de diversos valores incomensuráveis presentes na BSE
torna a valoração monetária, quando assumida como instrumento único de tomada de
decisões, uma ferramenta reducionista e parcial. As variáveis envolvidas em iniciativas
ambientais são diversas e o processo decisório, de acordo com os autores, deveria
envolver uma análise multicritérios capaz de abranger impactos tanto financeiros quanto
sociais27.
Lele et al (2013) citam o TEV (Valor Econômico Total) como uma abordagem mais
consistente em relação às premissas citadas acima. Nela o valor intrínseco da
biodiversidade é subsomado aos ‘valores culturais’, que inclui valores estéticos, religiosos
e culturais providos pelo ecossistema. Em outras palavras, todas as diferentes maneiras
pelas quais a sociedade valoriza o meio ambiente são incluídas no valor. A argumentação
dos autores também se baseia em um conceito desenvolvido pelo TEEB chamado GDP of
the poors (Produto Interno Bruto dos Pobres). Os SE’s e outros bens naturais não
comercializados são responsáveis por aproximadamente 47% a 89% do GDP dos pobres
em alguns dos países em desenvolvimento (extração, plantação, subsistência, entre
outros). Quando uma iniciativa privada avalia com uma ótica estritamente econômica os
custos e benefícios de se manter determinado ecossistema ou de substituí-lo por outro
empreendimento, deixa de considerar o custo de oportunidade das pessoas que dele
dependem para sua própria sobrevivência. Se essas decisões frequentemente envolvem
grupos com diferentes níveis de riqueza, uma proporcional distribuição de benefícios entre
os envolvidos também deveria ser levada em consideração.
27 Variáveis envolvidas em uma avaliação multicritérios: diretos de propriedade, estética, sacralidade ecológica, povos tribais, diferenças sócias etc.
- 44 -
Baseado nesse conceito, Rodríguez-Labajos et al (2013) mencionam que algumas
recomendações do TEEB como o NPI – Impacto líquido positivo28 servem como
greenwashing29 para grandes corporações mineradoras. Por exemplo, se for considerada
a destruição de um mangue, não faria sentido destruir dez hectares em Muisne, Equador e
pagar pela preservação de área equivalente na Tanzania. Esse conceito poderia levar à
extinção de áreas de mangue em países pequenos como Equador e Honduras.
O Quadro 7 exemplifica a pluralidade de valores envolvidos nas decisões de
biodiversidade: cinco anos de cultura de camarão comparados com 15 anos de perda de
receita de um mangue30.
Quadro 7: Análise custo-benefício cultura de camarão vs preservação do mangue
Variáveis – Cultura
de camarão
Impacto Variáveis – Reposição
do Mangue
Preservação
do Mangue
Produção 4.000 kg per
ha/ano
Biomassa gerada na
forma de Peixe,
Caranguejo, marisco e
madeira
100 ou 200 por
he/ano
Receita Bruta 100.000 per
ha
Defesa Costeira (SE) –
Replacement Cost
Custos de Produção Biodiversidade perdida Incomensurável
Amortização
Investimentos
10.000 per ha Captura de carbono
Water Pollution Reposição de recursos
genéticos resistentes à
salinidade
Outras externalidades
(doenças causadas a
mulheres e crianças,
nova resistência a
antibióticos)
Valores recreativos
Reconstrução do
mangue
300 a 8000
por ha
28 Livre tradução de Net Positive Impact - NPI 29 Trata-se de um neologismo que indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações (empresas, governos, etc.) ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas. 30 Para ter mais detalhes sobre as premissas utilizadas para o caso da cultura de camarão x preservação do mangue recorrer ao artigo de Barbier e Sathiratai (2004)
- 45 -
Valor Final 10000 por
ha/ano ou
menos
Valor Final 10000 por
ha/ano ou
mais
Fonte: Adaptado de Barbier e Sathiratai (2004)
Pela análise de custo-benefício, o mangue pode ser defendido ou atacado,
dependendo, essencialmente, da taxa de desconto e dos métodos de valoração
econômica utilizados. Em relação à taxa de desconto, poderia ser utilizada uma bem baixa
em função da crescente escassez de mangue no planeta. Por outro lado, seria plausível
utilizar uma taxa de desconto elevada para a cultura de camarão, de maneira a reduzir os
custos estimados de reconstrução do mangue e elevar o valor da receita de exportação
obtida, porque a taxa de câmbio poderia ser um fator limitador para o crescimento
econômico. Nesse caso quem teria o poder de simplificar a complexidade das variáveis
sociais envolvidas, impondo um padrão particular de avaliação monetária?
Embora não haja consenso na literatura em relação à valoração monetária da
biodiversidade, a maioria dos autores estudados concorda com a eficiência desse
instrumento para chamar a atenção da sociedade, comunidade empresarial e lideres
políticos para o estágio de degradação do meio ambiente atual. Assim, o enfoque da
presente pesquisa, cujo método será descrito no item 3 a seguir, reflete o entendimento de
que a valoração econômica dos recursos naturais podem ser útil na proteção e geração
de valor para as organizações.
3. MÉTODO DE PESQUISA
3.1) UNIVERSO E AMOSTRA
O universo escolhido para esse estudo foi constituído pelas empresas brasileiras,
considerando como tal as que atuam no país, mesmo com controle do capital ou sede em
outros países. Adicionalmente, elas deveriam ser reconhecidas pela liderança em
sustentabilidade e dispor de informações públicas sobre inciativas e práticas sustentáveis.
Logo, trata-se de uma amostra direcionada e não aleatória.
Para um diagnóstico sobre o posicionamento das empresas brasileiras em relação
à integração de BSE na estratégia de negócios foi definida uma amostra por julgamento,
direcionada e não-probabilística, composta, a principio, pelas empresas listadas nas
seguintes iniciativas nacionais e internacionais: DJSI (Dow Jones Sustainability Index), ISE
(Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBOVESPA), CDP (Carbon Disclosure
- 46 -
Project), GRI (Global Reporting Initiative), CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável), Guia Exame de Sustentabilidade e Road to Credibility.
Para tornar mais clara a construção da amostra, a seguir encontra-se uma breve descrição
dessas inciativas.
(i) Carbon Disclosure Project – CDP: lançado em 2000, com o objetivo de informar aos
investidores sobre gestão, riscos e oportunidades empresariais associados às mudanças
climáticas (ABRÃO, 2011). O CDP utiliza a divulgação de informações para melhorar a
gestão do risco ambiental e incentiva milhares de empresas pertencentes às maiores
economias do mundo a medir e divulgar informações associando suas operações e
estratégias às mudanças climáticas. Essa iniciativa detém a maior coleção global de
dados de auto-avaliação de empresas sobre riscos de mudanças climáticas, água e
florestas31;
(ii) Dow Jones Sustainability Index – DJSI: lançado em setembro de 1999, sendo o
primeiro índice mundial de mercado de capitais com o objetivo de acompanhar o
desempenho de empresas líderes em sustentabilidade corporativa nos diversos setores
(ABRÃO, 2011);
(iii) Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE: iniciativa pioneira na América Latina, o
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) busca criar um ambiente de investimento
compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade
contemporânea e estimular a responsabilidade ética das corporações. Iniciado em 2005, é
uma ferramenta para análise comparativa do desempenho das empresas listadas na
BM&FBOVESPA sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência
econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Também amplia
o entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a sustentabilidade,
diferenciando-os em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento
sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do
desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de
mudanças climáticas32.
(iv) Guia Exame de sustentabilidade – em 2007, o Centro de estudos em
sustentabilidade da FGV-EAESP (CES-FGV) foi convidado pela editora Abril a elaborar
uma nova metodologia de avaliação do desempenho de empresas para o Guia Exame de
Sustentabilidade. O processo tem como objetivo destacar as empresas pelo conjunto de
suas práticas em todas as dimensões da sustentabilidade empresarial.
31 Fonte: https://www.cdproject.net/en-US/Programmes/Pages/CDP-Investors.aspx 32 Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoIndice.aspx?Indice=ISE&Idioma=pt-BR
- 47 -
(v) Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS:
associação civil fundada em 1997 para liderar os esforços do setor empresarial para a
implementação do desenvolvimento sustentável no Brasil, com efetiva articulação junto
aos governos, empresas e sociedade civil. Reunindo os maiores grupos empresariais do
país, é o representante no Brasil da rede do World Business Council for Sustainable
Development - WBCSD, que conta com quase 60 conselhos nacionais e regionais de 22
setores industriais em 36 países, além de 200 grupos empresariais que atuam em todos
os continentes;
(vi) Global Reporting Initiative – GRI: organização não lucrativa que visa à
sustentabilidade da economia global por meio do fornecimento de orientação para as
empresas, na confecção de relatórios de sustentabilidade;
(vii) Road to Credibility: publicação do programa Global Reporters, com informações
sobre relatórios de sustentabilidade no Brasil em pesquisas realizadas em 2008 e 2010.
Busca assegurar uma avaliação abrangente e profissional sobre os relatórios de
sustentabilidade, utilizando um conjunto de 29 critérios para testar a qualidade e a forma
pela qual as questões ligadas à sustentabilidade são abordadas nos processos, nas
operações e na tomada de decisão (para detalhes da metodologia consultar
SUSTAINABILITY, 2010).
A seleção com base nessas sete iniciativas resultou em um conjunto inicial de 160
empresas. Com o objetivo de destacar os setores onde a inclusão de BSE no
planejamento financeiro e estratégico fosse mais relevante, tanto em função dos seus
principais insumos, quanto pelos impactos ambientais diretos que causam, foram
selecionados os setores apontados no estudo desenvolvido pela Trucost, UNEP e PRI, em
outubro de 2010, denominado Universal Ownership: why externalities matter to institutional
investors, discutido na seção 2.2 do referencial teórico, ou seja: eletricidade, óleo e gás,
metais e mineração, alimentos, construção e materiais. Embora o estudo reflita o cenário
global, a presente pesquisa manteve esta classificação, em função da inexistência de
estudos semelhantes no Brasil.
Os setores foram conciliados com o padrão da BM&FBOVESPA, resultando nos
seguintes subsetores: Energia Elétrica, Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Mineração,
Siderurgia e Metalurgia, Químicos, Madeira e Papel, Materiais Diversos, Transporte,
Construção e Engenharia, Agropecuária, Alimentos Processados e Bebidas. Finalmente,
foi incluído o subsetor “Produtos de uso pessoal e de limpeza” correspondente ao setor
comumente conhecido como de cosméticos, por ter como fonte básica de matéria-prima
recursos da biodiversidade e por incluir a empresa brasileira presente no maior número de
- 48 -
iniciativas de sustentabilidade. Após esse filtro de setores, obteve-se uma amostra inicial
composta por 77 empresas, listadas no Apêndice 4.
Em seguida, foi constatado que algumas empresas não tinham os relatórios
disponíveis em seus websites ou tinham seu último relatório atualizado em anos anteriores
a 2011, sendo eliminadas da amostra. No Apêndice 6 encontra-se a principal fonte de
consulta para cada empresa analisada, assim como a data em que o relatório foi
acessado.
A ordem de prioridade para a análise de empresas foi baseada na presença no
maior número de inciativas de sustentabilidade. Em um procedimento preliminar de busca
e comparação de informações, observou-se que empresas pertencentes ao mesmo setor
apresentavam iniciativas sustentáveis associadas a BSE bastante similares, com reduzida
chance de encontrar informações relevantes à medida que novas empresas do setor eram
examinadas. Também percebeu-se que as melhores contribuições vinham das empresas
presentes no maior número de inciativas nacionais e internacionais.
Assim, para configuração final da amostra foi definida a análise de todas as
empresas presentes em três ou mais iniciativas. Para as demais, foi estabelecido o
objetivo de analisar em torno de 50% de cada setor, com base no faturamento e cobertura
regional. A amostra final, detalhada no Apêndice 5, ficou com 55 empresas e composição
setorial descrita na Tabela 1.
Tabela 1: Composição setorial da amostra
SubsetorAmostra
Inicial
Amostra
Final%
Madeira e Papel 6 6 100%
Materiais Diversos 1 1 100%
Mineração 4 4 100%
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 4 4 100%
Água e Saneamento 5 4 80%
Alimentos Processados 5 4 80%
Químicos 5 4 80%
Agropecuária 4 3 75%
Siderurgia e Metalurgia 4 3 75%
Bebidas 3 2 67%
Petróleo, Gás e Biocombustíveis 6 4 67%
Transporte 6 4 67%
Construção e Engenharia 5 3 60%
Energia Elétrica 19 9 47%
TOTAL 77 55 71%
- 49 -
3.2) FONTE E COLETA DE INFORMAÇÕES
Os dados coletados para realização dessa pesquisa foram de origem secundária e
pública, obtidos nas seguintes fontes de informação das empresas:
a) Relatórios de Responsabilidade Corporativa;
b) Relatórios de Sustentabilidade;
c) Relatórios Anuais;
d) Relatórios destinados aos investidores;
e) Websites.
Para buscar informações relevantes sobre a inclusão de BSE na operação,
estratégia e desempenho das empresas, foi dada prioridade aos Relatórios de
Sustentabilidade (ou Responsabilidade Social Corporativa) disponibilizados nos websites;
na ausência deles, foram analisados Relatórios Anuais ou outros relatórios voltados para
investidores. A busca de informações foi direcionada para as estratégias e iniciativas
ambientais associadas a BSE. Algumas empresas, como a Klabin, apresentavam a versão
compacta do relatório de sustentabilidade. Primeiramente foi lida a versão resumida e
quando foram encontradas questões relevantes o relatório completo foi estudado.
3.3) TRATAMENTO DOS DADOS
Para mapear o posicionamento das empresas brasileiras em relação aos temas de
BSE foi utilizada uma matriz baseada nos indicadores ambientais encontrados na revisão
de literatura, expostos e detalhados na seção 2.4.2. Como já mencionado, um grande
desafio relacionado à gestão de BSE é o estabelecimento de um conjunto de indicadores
abrangente que empresas de diversos setores possam utilizar. Diante da quantidade e
diversidade de indicadores identificados na revisão de literatura, foi necessário estabelecer
um critério para a seleção. O critério foi voltado para o mapeamento das ações das
empresas que teriam relação e impacto direto na biodiversidade e nos serviços
ecossistêmicos.
As principais causas identificadas para a perda de biodiversidade e alterações dos
SE foram: mudanças no uso e cobertura de terra; introdução ou remoção de espécies;
adaptação e uso de tecnologia e insumos externos (como fertilizantes, pesticidas e
irrigação); consumo de recursos e colheita; mudanças climáticas; e fatores naturais, físicos
e biológicos (como evolução e vulcões). As causas mais importantes podem ser
- 50 -
resumidas como: mudanças de habitats (uso de terra; modificação dos rios; perda de
recife de corais; danos ao fundo do mar em função de atividade pesqueira); mudanças
climáticas; invasão de espécies exóticas; exploração em excesso; e poluição (MILLENIUM
ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2005).
Observou-se que os indicadores de BSE propostos pelo GRI (2000-2011), listados
no Quadro 8, seriam os mais adequados para análise das informações das empresas.
Além de estarem de acordo com as causas ressaltadas acima, englobam os demais
indicadores encontrados na literatura, como os propostos no TEEB (2013) e por Giljum et
al. (2011). O relatório TEEB (2010) corrobora a utilização dos indicadores do GRI para
BSE, quando afirma que os indicadores de desempenho ambiental convencionais, como o
fluxo de recursos, emissões e poluição representam proxies para os impactos na BSE.
- 51 -
Quadro 8: Indicadores Ambientais GRI G3 (2000-2011)
Fonte: GRI G3 (2000-2011)
ParâmetrosInputs (Ex: Material, Energia, àgua...) e Outputs (Ex: Emissões, Efluentes, Desperdícios...),
Conformidade Legal com Biodiversidade e AmbienteCódigo
Materiais usados por Peso ou Volume EN1
Percentual de materiais reciclados do total de insumos. EN2
Consumo direto de fonte primária de energia EN3
Consumo indireto de fonte de energia primária EN4
Economia de energia em função de conservação ou melhoras de eficiência. EN5
Iniciativas para prover o uso eficiente de energia ou produtos e serviços baseados em energia
renovável, e redução da necessidade de energia como resultado dessas iniciativas.EN6
Iniciativas para reduzir o consumo indireto de energia e resultados alcançados. EN7
Total de água consumida por fonte. EN8
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas em ou adjacentes à
áreas protegidas e áreas de alto valor de biodiversidade fora de áreas protegidas.EN11
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas atividades, produtos e serviços,
dentro ou fora de áreas protegidas.EN12
Habitats protegidos ou restaurados. EN13
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na biodiversidade. EN14
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação com habitats em áreas
afetadas pelas operações, por nível de risco de extinção.EN15
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios tratados considerados
perigosos sob os termos da Convenção Basel dos Anexos I, II, III e VIII, e percentual de
desperdicios transportados internacionalmente.
EN24
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de corpos d'água e habitats
relacionados significativamente afetados pelos descarregamentos e o escoamento de água da
organização.
EN25
Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços, e extensão do impacto
da mitigação.EN26
Percentagem de produtos vendidos e materiais de embalagem que são reutilizados, por
categoria.EN27
ConformidadeValor monetário e não monetário das sanções por não conformidade com as leis e regulações
ambientais.EN28
TransporteImpactos ambientais de produtos e materiais transportados em função da atividade
organizacional, e do transporte de membros da força de trabalho.EN29
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30
Indicadores Ambientais de Desempenho
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Produtos e
Serviços
Material
Energia
Água
- 52 -
Para concentrar o estudo nos impactos relacionados a BSE, os parâmetros do GRI
denominados material, energia, produtos e serviços, conformidade e transporte foram
excluídos da matriz, sendo considerados apenas os de emissões, efluentes e desperdício,
biodiversidade e água e geral. Uma vantagem dos indicadores do GRI é a sua divisão
setorial. Para cada setor da economia o GRI fornece um relatório específico, que pode
conter indicadores peculiares e comentários sobre os aspectos que o setor não pode
deixar de considerar, assim como a indicação das medidas de desempenho principais.
Foram incluídos nas matrizes de análises setoriais somente os indicadores
principais, os novos indicadores e os comentários que poderiam ser pertinentes para o
conteúdo da pesquisa. Não foram considerados todos os comentários propostos pelo GRI,
uma vez que muitos são orientações para a divulgação das informações e não
especificações de medidas de desempenho.
Complementando os indicadores selecionados do GRI, foi incluída no modelo de
análise desta pesquisa a identificação de dois princípios de gestão de BSE: No Net Loss
(NNL) / Net Positive Impact (NPI) e Life Cycle Assessment (LCA), ambos discutidos na
seção 2.4.2 do referencial teórico. Assim, buscou-se identificar as empresas que utilizam
tais princípios na definição de suas estratégias e modelos de negócios.
Com o objetivo de avaliar o relacionamento da gestão de BSE com o desempenho
financeiro corporativo, foi utilizada a escala de quatro níveis de Epstein & Roy (2003),
apresentada na seção 2.4.2 do referencial teórico. Ao identificar nos relatórios das
empresas informações referentes aos indicadores GRI ou princípios NNL/NPI ou LCA, a
cada uma delas foi associado um dos quatro níveis da classificação de Epstein & Roy
(2003), com o objetivo é indicar a proximidade de um business case, ou seja, o nível de
integração com o desempenho financeiro. Como já mencionado, os quatro níveis são:
nível 1 - informação qualitativa, não relacionada ao desempenho financeiro; nível 2;
informação quantitativa física ou operacional, não relacionada ao desempenho financeiro;
nível 3; informação quantitativa e monetária dos gastos relacionados à gestão de BSE,
parcialmente relacionada ao desempenho financeiro; nível 4: informação quantitativa e
monetária sobre os benefícios financeiros obtidos com a gestão de BSE, totalmente
integrada ao desempenho financeiro. O Quadro 9 consolida o modelo utilizado para
mapear as iniciativas de gestão de BSE nas empresas da amostra.
- 53 -
Quadro 9: Matriz classificatória das iniciativas ambientais
Fonte Parâmetros
Inputs (Ex: Material, Energia, àgua...) e Outputs (Ex:
Emissões, Efluentes, Desperdícios...), Conformidade
Legal com Biodiversidade e Ambiente
Cód. GRI N1 N2 N3 N4
Total de água consumida por fonte. EN8
Fontes de água significativamente afetadas pelo
consumo de água.EN9
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas,
administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e
áreas de alto valor de biodiversidade fora de áreas
protegidas.
EN11
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade
pelas atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de
áreas protegidas.
EN12
Habitats protegidos ou restaurados. EN13
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os
impactos na biodiversidade.EN14
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de
conservação com habitats em áreas afetadas pelas
operações, por nível de risco de extinção.
EN15
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas
alcançadas.EN18
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio
por peso.EN19
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas
por tipo e peso.EN20
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21
Peso total do desperdício por tipo e método de
disposição.EN22
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23
Peso de transportados, importados, exportados, ou
desperdícios tratados considerados perigosos sob os
termos da Convenção Basel dos Anexos I, II, III e VIII, e
percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da
biodiversidade de corpos d'água e habitats relacionados
significativamente afetados pelos descarregamentos e o
escoamento de água da organização.
EN25
GRI GeralTotal dos gastos com proteção ambiental e
investimentos do tipo.EN30
LITERATURA Geral Atua no Mercado de PSE PSE
LITERATURA Geral Life Cycle Assessment LCA
LITERATURA Geral Positive Net Impact PNI
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Nível de Integração da Estratégia Empresarial
com a Sustentabilidade (Epstein & Roy)
Água
Biodiversidade
GRI
GRI
GRI
Indicadores Ambientais
- 54 -
Esta matriz de análise foi preenchida para cada empresa, com base nos relatórios
consultados. As matrizes completas para cada empresa analisada estão disponíveis com
a pesquisadora e poderão ser obtidas por contato através do email [email protected].
Como procedimento complementar de inferência estatística, foram realizados
testes de hipóteses de proporções, a partir da classificação das iniciativas empresarias em
BSE nos quatro níveis da escala de Epstein & Roy (2003). Os testes foram baseados na
distribuição binomial, uma vez que, para cada iniciativa e cada nível da escala, só existiam
duas alternativas: enquadrar ou não a iniciativa naquele nível.
Os valores críticos para os testes de hipóteses foram extraídos diretamente da
distribuição binomial. Em função do tamanho e perfil da amostra, não foi considerada a
aproximação para a distribuição normal, que permitiria o uso da estatística Z para os
testes. A função de probabilidade seguiu o modelo clássico da distribuição binomial, como
registrado na equação 1:
P(x) = 𝑛!
(𝑛−𝑥)!𝑥! 𝑝𝑥𝑞𝑛−𝑥 (1)
Sendo:
n: número de observações;
p: probabilidade teórica de ocorrência dos níveis 1 a 4;
q: probabilidade teórica de não-ocorrência dos níveis 1 a 4;
x: número de ocorrências dos níveis 1 a 4.
A média desta distribuição está expressa na equação 2:
µ = 𝑛𝑝 (2)
e o desvio-padrão na equação 3:
σ= √𝑛𝑝𝑞 (3)
Dois conjuntos de testes foram realizados, com nível de significância (α) de 5%:
a)testes de hipótese unicaudais das proporções totais dos níveis 1 a 4 nas iniciativas em
BSE, de todas as empresas e setores da amostra, com as seguintes hipóteses:
H0: p = estimativa;
H1: p > estimativa;
e os seguintes parâmetros:
- 55 -
n = 501;
x1= 173;
x2= 314;
x3 = 13;
x4 = 1;
estimativas de “p” variando de 1% a 60%.
b)testes de hipótese unicaudais das proporções das empresas na amostra cuja
associação das iniciativas em BSE com o desempenho financeiro atingiu no máximo os
níveis 1 a 4, sendo cada empresa classificada pelo mais alto nível de associação,
alcançado em pelo menos uma iniciativa. As hipóteses foram:
H0: p = estimativa;
H1: p > estimativa;
com os seguintes parâmetros:
n = 55;
x1= 6;
x2= 40;
x3 = 8;
x4 = 1;
estimativas de “p” variando de 1% a 70%.
Os resultados dos testes estatísticos devem ser considerados apenas como
indicadores complementares em um estudo exploratório, uma vez que a amostra de
empresas e iniciativas em BSE não atendeu ao requisito de aleatoriedade, conforme
descrito na seção 3.1 deste capítulo. Assim, generalizações para o conjunto de empresas
brasileiras podem ser inadequadas, embora possam ter alguma validade se voltadas para
empresas que se destacam em estratégia e gestão para sustentabilidade.
O preenchimento das matrizes das empresas levou em conta que, após o
diagnóstico, seria construído um modelo preliminar de avaliação financeira das iniciativas
voltadas para BSE, dando-se ênfase às informações relevantes para a construção deste
modelo. Portanto, não se deve esperar encontrar na matriz todas as iniciativas e
atividades sustentáveis de cada empresa, mesmo aquelas relacionadas aos indicadores
GRI.
- 56 -
A maioria das empresas apresentou um relatório de sustentabilidade bem
estruturado, atendendo aos padrões do GRI. No entanto, observou-se preocupação maior
com o atendimento das normas do GRI e regulações governamentais do que em associar
as ações com a geração de valor para a empresa. Redução de custos, novas receitas ou
maior eficiência no uso de materiais poucas vezes estavam atreladas às iniciativas de
BSE. Por exemplo, a Danone mostra em seu relatório que ano após ano aumenta o
percentual de PET reciclado na constituição de suas embalagens, no entanto não informa
quanto essa ação agregou financeiramente para a organização.
As informações mapeadas na matriz constituíram a base para a construção de um
modelo de avaliação financeira pelo método de fluxo de caixa descontado, escolhido por
ser o mais difundido na comunidade financeira e utilizado pelos analistas financeiros de
bancos, empresas e consultorias. As iniciativas das empresas foram organizadas nas
linhas de fluxo de caixa usualmente utilizadas para obter estimativas do fluxo de caixa livre
(free cash flow to the firm): receitas operacionais, custos e despesas operacionais (OPEX)
e gastos com investimentos (CAPEX). Buscou-se assim criar uma estrutura de avaliação
padronizada para possível utilização futura pelas empresas interessadas em avaliar o
impacto financeiro de suas iniciativas em BSE.
3.4) LIMITAÇÕES DO MÉTODO
A principal restrição para o método utilizado é a possível influência das
interpretações pessoais do pesquisador na varredura das informações dos relatórios das
organizações. No entanto, é esperado que a clara definição das informações e rigor
metodológico tenha ajudado a atenuar esta influência. Outro fator que pode ter limitado a
qualidade da varredura dos relatórios é o conhecimento limitado da pesquisadora sobre os
processos operacionais dos diversos setores empresariais. Tal obstáculo foi amenizado
por pesquisas sobre termos específicos e sobre processos até então desconhecidos.
Em alguns casos, a pesquisadora também enfrentou dificuldades para encontrar os
relatórios anuais e de sustentabilidade nos websites das empresas, o que pode ter levado
ao estudo de um relatório inadequado ou à exclusão da empresa da amostra. Antes de
optar pela exclusão, a pesquisadora efetuou a varredura do site da empresa e,
posteriormente, utilizou o site de busca Google.
- 57 -
4. RESULTADOS
O resultado conjunto do estudo da literatura sobre os indicadores de BSE indicou a
necessidade de serem utilizados proxies capazes de captar a amplitude do conceito de
biodiversidade. Os parâmetros GRI relacionados à água, emissões, efluentes, desperdício
e biodiversidade foram selecionados como proxies para a avaliação dos impactos em
BSE. Portanto, as menções a impactos em BSE ou a impactos ambientais devem ser
interpretados da mesma maneira, nesse estudo.
O estudo feito por Trajano (2013) mostrou que os principais fatores ambientais
poderiam ser categorizados em função de alguns recursos naturais, como energia, água,
biodiversidade e por resíduos decorrentes das atividades corporativas. Exceto pelo
parâmetro energia, nota-se que existe relação entre esses fatores ambientais e os
indicadores escolhidos nesse estudo como proxies para BSE.
Os resultados encontrados no estudo dos relatórios anuais das 55 empresas foram
estruturados em três subitens. O primeiro item foi focado no uso dos indicadores GRI para
o monitoramento de iniciativas em BSE. Com isso buscou-se mostrar de que maneira o
GRI ajuda e orienta os setores econômicos na organização e detalhamento de suas
iniciativas. O segundo subitem foi voltado para a associação das iniciativas ambientais
com o nível de desempenho financeiro corporativo. Finalmente, o terceiro subitem sugeriu
um modelo preliminar para a avaliação financeira das iniciativas empresariais em BSE.
4.1) O USO DE INDICADORES GRI PARA MONITORAMENTO DAS INICIATIVAS EM
BSE
O presente estudo mapeou um total de 501 iniciativas ambientais. A organização
setorial das informações, exibida na tabela 2, indica que sessenta e um por cento das
iniciativas vieram de cinco setores: energia elétrica (14%), madeira e papel (14%),
mineração (13%), produto de uso pessoal e limpeza (10%) e químicos (10%).
- 58 -
Tabela 2: Total de iniciativas GRI mapeadas por setor econômico
. Conforme detalhado no capítulo de metodologia, as iniciativas ambientais foram
mapeadas de acordo com os indicadores GRI gerais, os indicadores GRI por setor e os
indicadores definidos a partir da revisão de literatura (PSE, LCA e PNI). Para facilitar a
compreensão dos resultados, os grupos indicadores foram designados 1, 2 e 3,
respectivamente.
Abaixo, uma breve descrição dos dados mapeados por grupo, exibidos na tabela 3:
Grupo 1: total de 457 iniciativas mapeadas sendo 44% concentradas em emissões,
efluentes e desperdício. Para água, biodiversidade e gastos com proteção ambiental, as
ações foram bem distribuídas, com 17%, 24% e 9% respectivamente.
Grupo 2: total de 15 iniciativas, bem distribuídas entre os parâmetros, sendo o setor
de construção o que menos relatou iniciativas nesse grupo.
Grupo 3: total de 29 iniciativas, sendo 3% classificadas em PSE, 2% em LCA e 1%
em PNI.
Agropecuária 17
Água e Saneamento 23
Alimentos Processados 34
Bebidas 23
Construção e Engenharia 18
Energia Elétrica 71
Madeira e Papel 68
Materiais Diversos 1
Mineração 66
Petróleo, Gás e Biocombustíveis 34
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 52
Químicos 50
Siderurgia e Metalurgia 19
Transporte 25
TOTAL INICIATIVAS AMBIENTAIS MAPEADAS 501
SubsetorTotal iniciativas GRI
por setor
- 59 -
Tabela 3: Quantidade de iniciativas mapeadas por parâmetro GRI
Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Total de iniciativas
mapeadas
Total de água consumida por fonte. EN8 28
Fontes de água significativamente afetadas pelo
consumo de água.EN9 13
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 42
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas,
administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e
áreas de alto valor de biodiversidade fora de áreas
protegidas.
EN11 29
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade
pelas atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de
áreas protegidas.
EN12 23
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 17
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os
impactos na biodiversidade.EN14 37
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de
conservação com habitats em áreas afetadas pelas
operações, por nível de risco de extinção.
EN15 9
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 29
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 7
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas
alcançadas.EN18 47
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio
por peso.EN19 11
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas
por tipo e peso.EN20 17
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 22
Peso total do desperdício por tipo e método de
disposição.EN22 62
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 10
Peso de transportados, importados, exportados, ou
desperdícios tratados considerados perigosos sob os
termos da Convenção Basel dos Anexos I, II, III e VIII, e
percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 5
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da
biodiversidade de corpos d'água e habitats relacionados
significativamente afetados pelos descarregamentos e o
escoamento de água da organização.
EN25 3
GeralTotal dos gastos com proteção ambiental e
investimentos do tipo.EN30 46
Literatura Menciona PSE no relatório PSE 15
Literatura Life Cycle Assessment LCA 11
Literatura Positive Net Impact PNI 3
TOTAL 486
Água
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
- 60 -
A tabela 4 exibe os 12 indicadores ambientais específicos para cada setor. No
apêndice 7 os indicadores ambientais criados para um setor específico foram marcados
em amarelo e os indicadores designados prioridade de determinado setor foram marcados
em verde.
Tabela 4: Quantidade de iniciativas mapeadas por indicador GRI específico de cada setor
econômico
O documento, criado pelo GRI para orientar os diferentes setores econômicos tem
o objetivo de indicar os parâmetros ambientais denominados prioridade de cada setor em
função das atividades exercidas, impactos ambientais e necessidade de gerenciamento
adequado por meio de métricas operacionais. Por exemplo, para o setor de mineração o
documento especifica: “A divulgação sobre a gestão de emissões, efluentes e resíduos
deve incluir a discussão de: processos para avaliar e gerir os riscos associados com
sobrecarga, resíduos de rocha, rejeitos, lamas e outros resíduos (por exemplo, a
estabilidade estrutural de instalações de armazenamento, potencial de lixiviação do metal,
Parâmetros Inputs e Outputs Cód. SetorTotal de iniciativas
mapeadas
Água Intensidade do uso de água por atividade CRE2 Construção 0
Intensidade de emissão de GHG das atividades principais
(construção).CRE3 Construção 0
Intensidade de emissão de GHG das atividades
relacionadas a novas construções e redesenvolvimento
de atividades.
CRE4 Construção 0
Degradação de
terra,
contaminação e
remediação
Terras recuperadas ou na necessidade de recuperação
para uso do solo já existente ou daqueles pretendidos,
de acordo com as designações legais aplicáveis.
CRE5 Construção 1
Biodiversidade de habitats de compensação em relação
à biodiversidade dos afetadosEU13 Energia Elétrica 3
Quantidade de terra (própria ou alugada, e administrada
para atividade produtiva ou extrativa) danificada ou
reabilitada.
MM1 Mineração & Metais 2
Número e percentagem total de plantas que demandam
planos de gestão da biodiversidade. Fornecer também o
número de plantas com um plano em ação.
MM2 Mineração & Metais 2
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Quantidade de pedras, rejeitos, barragens e os riscos
associados.MM3 Mineração & Metais 3
Biodiversidade
Número e percentual de plantas de operação onde o
risco de biodiversidade tenha sido avaliado e
monitorado.
OG4 Óleo & Gás 0
Volume de formação e produção de água OG5 Óleo & Gás 2
Volume de Hidrocarboneto queimado e liberado OG6 Óleo & Gás 0
Quantidade de resíduos de perfuração e estratégias de
tratamento e disposição.OG7 Óleo & Gás 2
TOTAL 15
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
- 61 -
e perigos de propriedades); tipos de instalações de rejeitos que possui ou opera incluindo
fluvial, lacustre e descarte de resíduos de submarinos, e o uso de forrado versus poços
sem forro (...)”.
Somente quinze iniciativas foram mapeadas para esses indicadores, o que pode
significar um estágio ainda incipiente do tratamento setorial para as iniciativas
empresariais.
Dos dezenove indicadores gerais do GRI (grupo 1) doze são indicadores que
requerem algum tipo de informação quantitativa por parte da organização. Informações
como total de água consumida por fonte, percentual e volume de água reciclada e
reutilizada, localização e tamanho de terras próprias de alto valor de biodiversidade e
emissão direta e indireta de GHG por peso podem orientar as empresas na construção de
um banco de dados ambiental. Sendo assim, o grupo 1 é composto por uma maioria de
indicadores baseados em resultados (classificação criada no relatório TEEB, 2010),
identificados na literatura como mais eficazes por serem capazes de fornecer uma visão
do desempenho ao longo do tempo.
Adicionalmente, podem ser úteis como base para o cálculo da pegada hídrica,
pegada de carbono e pegada ecológica. O monitoramento anual dos indicadores
baseados em resultado pode levar à conscientização empresarial quanto à sua
dependência em relação a esses recursos, ajudando a despertar uma consciência quanto
ao uso eficiente dos mesmos.
Para publicar as informações quantitativas demandadas pelo GRI, grande parte
das organizações relata a evolução quanto ao uso eficiente do recurso sendo medido. O
estabelecimento de metas anuais para as métricas designadas pelo GRI é prática comum
entre as empresas, conforme exemplo da tabela 5.
- 62 -
Tabela 5: Acompanhamento de desempenho de indicadores ambientais Masisa
Fonte: Relatório Memória anual 2012 Masisa
Conforme exposto no quadro 10, o GRI estabelece seis indicadores específicos de
Biodiversidade de um total de dezenove indicadores ambientais gerais. Nesses, foram
mapeadas cento e dezoito iniciativas, o que representa 24% do total mapeado pelo
estudo.
Quadro 10: Indicadores GRI específicos de biodiversidade
Parâmetro Inputs e Outputs Cód.Total de iniciativas
mapeadas
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas,
administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e
áreas de alto valor de biodiversidade fora de áreas
protegidas.
EN11 29
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade
pelas atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de
áreas protegidas.
EN12 23
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 17
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os
impactos na biodiversidade.EN14 37
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de
conservação com habitats em áreas afetadas pelas
operações, por nível de risco de extinção.
EN15 9
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da
biodiversidade de corpos d'água e habitats relacionados
significativamente afetados pelos descarregamentos e
o escoamento de água da organização.
EN25 3
TOTAL 118
Biodiversidade
- 63 -
Percebe-se que a maioria dos indicadores específicos de biodiversidade são
aqueles classificados pelo TEEB (2010) como indicadores baseados em processo. Eles
medem a extensão em que as empresas adotam processos e sistemas de gestão que,
quando implantados de maneira efetiva, podem levar a melhorias de desempenho. Um
exemplo pode ser o número de locais que têm um plano de ação relacionado à
biodiversidade, ou a extensão com que as avaliações de impactos ambientais incorporam
os impactos e dependências da biodiversidade e serviços ecossistêmicos. A crítica a tais
indicadores é que fornecem um checklist das ações recomendadas, sem identificar se elas
estão efetivamente contribuindo para uma melhor gestão da BSE.
Conforme a literatura de indicadores de biodiversidade baseados em resultados for
evoluindo, a sua inclusão nos direcionamentos do GRI poderá representar um passo
importante na adequada gestão de BSE pelas organizações.
Apesar da utilidade dos indicadores GRI para criação de informações de nível 2 da
escala de Epstein e Roy (2003), somente um dos indicadores de todos os grupos
demanda algum tipo de dado financeiro. O EN30, total dos gastos com proteção ambiental
e investimento do tipo, foi responsável por 46 das 501 iniciativas mapeadas ao longo do
estudo. Isso significa que parte da amostra estudada já controla o total investido em
iniciativas ambientais.
De acordo com o Environmental Management Accounting (EMA), definido como a
identificação, coleta, análise e uso de informação para o processo decisório interno,
existem dois componentes importantes para uma gestão ambiental efetiva: (i) informação
física de uso, fluxos e destino de energia, água e materiais, incluindo desperdício (níveis 1
e 2 de Epstein e Roy, 2003); (ii) informações financeiras sobre os custos, ganhos e
economias relacionadas ao meio ambiente (níveis 3 e 4 de Epstein & Roy, 2003). O GRI já
se mostra bastante útil para a criação de componentes do tipo (i) e tem a oportunidade de
influenciar as organizações a incorporarem o componente do tipo (ii) em seus relatórios
anuais. O alcance de tal nível de informação poderia resultar na criação de business cases
em BSE e contribuir para a evolução dessa literatura e das práticas empresariais.
4.2) AS INICIATIVAS EM BSE E SUA ASSOCIAÇÃO COM O NÍVEL DE DESEMPENHO
FINANCEIRO CORPORATIVO
As matrizes com as iniciativas ambientais das 55 empresas estudadas resultou em
um total de 501 iniciativas mapeadas, sendo 173 classificadas como nível 1 de associação
com o desempenho financeiro corporativo, 314 como nível 2, 13 como nível 3 e 1 como
- 64 -
nível 4. Os setores econômicos que tiveram mais classificações de nível 2 e 3 foram: setor
de energia elétrica (50 iniciativas níveis 2 e 3) e o setor de madeira e papel (44 iniciativas).
Na tabela 6 é possível verificar essa abertura por nível de associação com o
desempenho financeiro e setor econômico.
Tabela 6: Número de iniciativas ambientais mapeadas de acordo com o nível de
associação com o desempenho financeiro corporativo (Epstein & Roy, 2003)
O resultado deste conjunto de empresas indica que os relatórios publicados
dispõem de informações tanto qualitativas quanto quantitativas, porém raramente capazes
de prover uma visão estratégica clara de custo e benefício das ações. Dentre as 501
iniciativas mapeadas somente 3% (14 iniciativas) estão classificadas entre os níveis 3 e 4.
Esse resultado pode mostrar que as organizações estão empenhadas em gerir os
impactos ambientais que causam, porém ainda muito influenciadas por conformidade
legal. A incipiência da motivação econômica poderia ser explicada pelo fato do tema BSE
ser da área de conhecimento da Biologia, fora do escopo dos gestores. Por isso, torna-se
necessária a integração entre as áreas ambiental e financeira das empresas para a
criação de sistemas de informação e indicadores de desempenho adequados.
A despeito disso, muitas empresas parecem estar engajadas e focadas na redução
dos impactos ambientais como criação de valor para suas operações. O fato das
N1 N2 N3 N4
Agropecuária 5 11 1 0 17
Água e Saneamento 12 11 0 0 23
Alimentos Processados 11 23 0 0 34
Bebidas 6 17 0 0 23
Construção e Engenharia 6 12 0 0 18
Energia Elétrica 20 48 2 1 71
Madeira e Papel 24 42 2 0 68
Materiais Diversos 1 0 0 0 1
Mineração 26 36 4 0 66
Petróleo, Gás e Biocombustíveis 15 18 1 0 34
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 20 31 1 0 52
Químicos 11 37 2 0 50
Siderurgia e Metalurgia 5 14 0 0 19
Transporte 11 14 0 0 25
TOTAL INICIATIVAS AMBIENTAIS MAPEADAS 173 314 13 1 501
SubsetorNível Epstein&Roy
Total
iniciativas GRI
por setor
- 65 -
iniciativas se concentrarem no nível 2 mostra que as empresas já são capazes de
estabelecer métricas operacionais de suas iniciativas, ficando a poucos passos da sua
classificação como um business case.
Os resultados dos testes de hipóteses das proporções dos níveis 1 a 4 da escala
de Epstein & Roy (2003) nas 501 iniciativas em BSE das empresas da amostra estão
sintetizados na Tabela 7.
Tabela 7: Resultados do p-valor para as proporções dos quatro níveis de informação da
escala Epstein & Roy (2003) nas 501 iniciativas em BSE da amostra, com diversas
proporções teóricas (testes unicaudais, com α=5%).
Hipótese nula (H0) Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
0% 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
1% 0,0000 0,0000 0,0007 0,9606
2% 0,0000 0,0000 0,1348 0,9995
5% 0,0000 0,0000 0,9946 1,0000
10% 0,0000 0,0000 1,0000 1,0000
15% 0,0000 0,0000 1,0000 1,0000
20% 0,0000 0,0000 1,0000 1,0000
25% 0,0000 0,0000 1,0000 1,0000
30% 0,0126 0,0000 1,0000 1,0000
35% 0,5670 0,0000 1,0000 1,0000
40% 0,9933 0,0000 1,0000 1,0000
45% 1,0000 0,0000 1,0000 1,0000
50% 1,0000 0,0000 1,0000 1,0000
55% 1,0000 0,0002 1,0000 1,0000
60% 1,0000 0,1021 1,0000 1,0000
Observa-se que a ocorrência dos níveis 3 e 4 na amostra não tem relevância
estatística, não sendo possível rejeitar a hipótese nula com proporções teóricas tão
pequenas como 1% (nível 4) e 2% (nível 3). Por outro lado, o nível 2, com informações
quantitativas físicas e operacionais, que podem gerar informações financeiras com algum
esforço adicional, não rejeita a hipótese nula até a proporção teórica de 55%, sugerindo
uma posição consistente nas iniciativas das empresas brasileiras líderes em
sustentabilidade.
A não-rejeição até a proporção teórica de 30% das informações de nível 1, de
natureza qualitativa, pode ter dupla interpretação: por um lado sugere algum envolvimento
inicial com o tema, por outro pode significar que informações genéricas, sem indicadores
quantitativos que os sustentem, podem ser uma forma das empresas marcarem presença
em um tema em que sua atuação não é consistente.
- 66 -
A partir dessas constatações, é útil examinar os resultados do segundo grupo de
testes estatísticos, que verificou o nível mais alto de associação com o desempenho
financeiro corporativo que cada empresa conseguiu atingir nas suas informações públicas
sobre iniciativas em BSE. A Tabela 8 consolida esses resultados.
Tabela 8: Resultados do p-valor para a proporção das 55 empresas da amostra que
atingiram cada um dos quatro níveis de informação da escala de Epstein & Roy (2003),
com diversas proporções teóricas (testes unicaudais, com α=5%).
Hipótese nula (H0) Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
0% 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
1% 0,0000 0,0000 0,0000 0,1050
2% 0,0001 0,0000 0,0000 0,3013
5% 0,0193 0,0000 0,0015 0,7681
10% 0,3096 0,0000 0,0944 0,9784
15% 0,7372 0,0000 0,4449 0,9986
20% 0,9424 0,0000 0,7975 0,9999
25% 0,9920 0,0000 0,9546 1,0000
30% 0,9993 0,0000 0,9934 1,0000
35% 1,0000 0,0000 0,9994 1,0000
40% 1,0000 0,0000 1,0000 1,0000
45% 1,0000 0,0000 1,0000 1,0000
50% 1,0000 0,0002 1,0000 1,0000
55% 1,0000 0,0022 1,0000 1,0000
60% 1,0000 0,0175 1,0000 1,0000
65% 1,0000 0,0874 1,0000 1,0000
70% 1,0000 0,2827 1,0000 1,0000
Observa-se, novamente, a irrelevância estatística do nível 4, com não-rejeição da
hipótese nula com proporção teórica de apenas 1%. Apenas uma empresa, do setor
elétrico (Cemig), relatou iniciativa em BSE neste nível, plenamente associada com o
desempenho financeiro corporativo.
O cenário ficou um pouco mais favorável quando examinado o nível 3, em que a
hipótese nula é rejeitada a partir de proporções teóricas superiores a 8%. Na amostra, as
informações de oito empresas, em seis setores, alcançaram esse nível: Braskem,
Celulose Irani, Fibria, Monsanto, Natura, Petrobras, Samarco e Vale. Chama a atenção o
fato de que todas estão presentes em rankings e índices de sustentabilidade tradicionais
ou têm suas atividades principais fortemente ligadas ao uso de recursos naturais e a
impactos ambientais relevantes.
- 67 -
Todas as empresas da amostra tiveram ao mesmo uma iniciativa em BSE
registrada em suas informações corporativas públicas, mas 6 delas adotaram apenas
abordagem qualitativa ou descritiva. Com isso, a rejeição da hipótese nula para o nível 1
se deu a partir da proporção teórica de 7%.
A rejeição da hipótese nula para o nível 2 só ocorreu a partir da proporção teórica
de 63%. Isto sugere que boa parte das empresas líderes em sustentabilidade já alcançou
um estágio de monitoramento de suas iniciativas em BSE que permite associação com o
desempenho financeiro corporativo, sendo necessário algum esforço adicional de
precificação de indicadores operacionais e físicos. Foram 40 empresas na amostra, de
diversos setores, limitadas ao nível 2 da escala de Epstein e Roy (2003).
Foram encontrados relatórios de qualidade entre os diferentes setores. A
sequência de quadros, de números 11 a 20, reúne as principais iniciativas ambientais
coletadas por meio do estudo dos relatórios anuais das 55 empresas da amostra. Nele,
buscou-se identificar a iniciativa ambiental relevante, associar o impacto econômico
evidenciado nos relatórios das empresas e, a despeito de sua natureza quantitativa ou
qualitativa, traduzir seu efeito econômico para o método de fluxo de caixa.
No apêndice 8 é possível encontrar mais detalhes sobre os quadros 11 a 20 como
por exemplo: a empresa responsável pela iniciativa, o nível de associação com
desempenho financeiro em que a iniciativa foi classificada e um indicativo sobre se a
iniciativa está relacionada a PSE ou não.
- 68 -
Quadro 11: Setor de Alimentos - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa
Quadro 12: Setor Produtos de uso pessoal e limpeza - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Logística Reversa.
Retorno do óleo vegetal utilizado pelos seus
consumidores que é transformado em sabão com 95%
de biodegradabilidade ou em biocombustível que
reduz a emissão de GEE.
- Receitas - venda de coproduto
- Receitas - venda de crédito de
carbono
- Receitas - venda de produtos
- Receitas - renda de cota de
destinação adequada (CDA) na BVRio.
Pecuária integrada de baixo carbono.
Aumento da produtividade;
Menor necessidade de conversão de novas áreas de
floresta em pastagem por meio da assistência técnica
e orientação dos pecuaristas para adotar boas práticas
agropecuárias recomendadas pela Embrapa Gado de
Corte.
- Custos
- Imobilizações / Ativo diferido -
Terrenos
Resíduos industriais para geração de
energia térmica.
O sebo proveniente do processamento de aves e o
conteúdo ruminal bovino em substituição ao
combustível não renovável;
Redução das emissões de GEE provenientes do
tratamento de efluentes.
- Custos - energia elétrica
- Receitas - venda de crédito de
carbono
Substituição da queima de carvão
por queima de sementes.
Queima de cerca de 8.000 t de sementes por ano
deixando de usar 4.500 t de carvão;
Redução de custos em 800 mil dólares por menor
custo com eliminação do milho e menor compra de
carvão.
- Custos - insumo
- Custos - manutenção
Parceria entre empresas e
fazendeiros em prol de práticas
produtivas mais sustentáveis.
Aumento da produtividade por meio do programa de
repasse aos agricultores das melhores técnicas
agrícolas que vão desde escolha de sementes, plantio
até colheita.
- Custos
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Projeto FreePacking.
Fornecedor de frascos de vidro permite reutilizar de
oito a dez vezes as caixas e embalagens que
envolvem os frascos.
Redução de custo equivalente à 12.057.283 caixas.
- Custos - insumo
- 69 -
Quadro 13: Setor Energia elétrica - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Medidas de controle: conscientização
dos empregados, substituição de
equipamentos hidráulicos antigos,
utilização de arejadores nas torneiras,
entre outras.
Redução do consumo administrativo de água de
24% em relação a 2011. - Custos - água
Operação de duas novas torres de
resfriamento para aumento da
eficiência do sistema de resfriamento
da planta.
Redução de 31% no consumo de água nos
últimos 4 anos. - Custos - água
Produção de sementes e mudas para
revegetação de áreas protegidas.
Gastos com reflorestamento como
condicionante à licença de operação.
- Imobilizações / Ativo diferido -
reflorestamento de áreas
degradadas;
- Receitas - venda de cota de
reposição florestal (BVRio).
Programa de Eficiência Energética por
meio da substituição de chuveiro por
sistema de aquecimento solar: 6000
sistemas implementados.
11.8 MM investidos;
Economia de energia 1.807 Mwh/ano;
Emissões evitadas 124 t CO2 e.
- Custos - energia elétrica;
- Receitas - venda de crédito de
carbono.
Gerenciamento de resíduos.
1.48 MM investidos para gerenciamento de
resíduos;
26.319 t de resíduos e material industrial
alienado ou reciclado;
Receita gerada de 8.4MM.
- Custos - armazenamento e
transporte de resíduos;
- Despesas - contingência
ambiental;
- Receitas - venda de cota de
destinação adequada (BVRio).
Manejo integrado de vegetação em
faixas de passagens de linha de
transmissão.
Investimento 5MM;
Redução 34 % dos desligamentos (interrupções
de energia) causados pelo contato com as
árvores;
- Receitas - venda de produtos
- Custos - podas.
Programa de reflorestamento ciliar em
parceria com proprietários rurais e
com o Ministério Público.
Efetivação de 74,2 he de matas plantadas no
entorno de 8 reservatórios de usinas;
Produção de sementes e mudas.
- Receitas - venda de produtos
- Custos - manutenção
-Receitas - venda de cota de
reposição florestal (BVRio).
Coproduto cinzas utilizado para
produção de cimento.
As cinzas geradas pela combustão de carvão no
processo de geração de energia nas usinas
termelétricas servem para a indústria
cimenteira como insumo do cimento pozolânico
substituindo o calcário em sua composição.
- Receitas - venda de coproduto
- 70 -
Quadro 14: Setor Madeira e Papel - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Plantio de árvores.
Restauração da mata atlântica;
Previsão de plantio de 200 milhões de árvores em 150 mil
hectares nos próximos 10 anos;
Investimento de R$ 3bi.
- Receitas - venda de cota de reserva
ambiental (CRA) na BVRio;
- Despesas - reflorestamento de
áreas degradadas.
Reciclagem.
Lama de cal, cinza de biomassa, dregs e grits são resíduos
reaproveitados como corretivo de solo;
Economia na compra de calcário e outros fertilizantes
minerais;
65.150 t recicladas gerou uma economia de R$ 9,85
milhões.
- Custos - insumos
Corredores Ecológicos(CE);
árvores-ponte (AP); mosaico de
colheita (MC); dormitórios de
psitacídeos (DP).
CE - faixas de plantios de eucalipto destinadas à conexão
de fragmentos de mata nativa contribuem para o
deslocamento dos animais da região; AP - manutenção de
árvores em pé nas áreas de colheita de eucalipto para
facilitar o deslocamento das aves entre fragmentos de
mata nativa; MC - manutenção de talhões de eucalipto em
pé enquanto outros são colhidos numa mesma região, de
forma a manter a estabilidade ambiental; DP - alguns
talhões de eucalipto são utilizados por grupos de
psitacídeos para pouso e dormitório.
- Receitas - venda de produtos
Gerenciamento de resíduos.
Utilização do lodo resultante do processo de
branqueamento de fibras recicladas em olarias de
cimento ou na caldeira de biomassa.
- Receitas - venda de coproduto
- 71 -
Quadro 15: Setor Materiais e construção - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Gerenciamento de resíduos.
Aproveitamento de restos de concreto, argamassa,
alvenaria, cerâmica podem compor misturas como de
argamassa para assentamentos, revestimentos e contra
pisos.
6.500 m3 de resíduos aproveitáveis dos canteiros de
obra correspondentes a 1.625 caçambas de plástico e
papel.
- Receitas - venda de coproduto
Gerenciamento de resíduos
Destinação dos resíduos de madeira das obras a uma
empresa que os transforma em biomassa para produção
de energia limpa.- Receitas - venda de coproduto
Logística Reversa.Devolução de entulho para produção de blocos
estruturais.
- Receitas - venda de coproduto
- Receitas - venda de cota de
destinação adequada (CDA) na
BVRio.
Reciclagem de Gesso.Reciclagem de 558,4 t que produziram 11.167 t de
cimento. - Receitas - venda de coproduto
- 72 -
Quadro 16: Setor Metalurgia - principais iniciativas e seus impactos econômicos no fluxo de caixa.
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Construção de cinturões
verdes e barreiras vegetais
ao redor dos pátios
produtivos.
Redução da suspensão de material particulado;
Redução da velocidade com que os ventos incidem nas
pilhas de matérias-primas por meio de adubação e
realização de novos plantios de modo a enriquecer
floresta existente, aumentando sua diversidade
florestal, sustentabilidade e eficácia na redução de
materiais particulados suspensos.
- Custos - insumo
Mecanismo de
desenvolvimento limpo
(MDL).
Projeto de cogeração de energia elétrica pela
reutilização de gases da aciaria, resultando na
aprovação pelo Comitê executivo das nações unidas
para a comercialização de um segundo lote de créditos
de carbono;
Venda de 140 mil t de CO2 no valor de 3,34 milhões de
reais.
- Custos - energia elétrica
- Receitas - venda de crédito de
carbono
Fechamento do circuito de
águas para reciclagem e
reaproveitamento.
Investimento em avançados sistemas fechados de
tratamento e recirculação de água trazendo economia
de 2 trilhões de litros de água;
Menores impactos ambientais.
- Imobilizações / Ativo diferido -
instalações Fabris
- Custos
Sistema de despoeiramento.
Captação de partículas sólidas geradas no processo de
produção de aço, que posteriormente são
transformadas em coprodutos utilizados em outro
segmento da indústria.
- Receitas - venda de coproduto
- Custos
- 73 -
Quadro 17: Setor Mineração - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Substituição de combustível
fóssil por cavaco de madeira.
Redução de emissão de 22 mil t de CO2 com o mesmo
consumo de energia;
Economia de R$6 milhões por substituição de insumo.
- Receitas - venda de crédito de
carbono
- Custos - insumo
Instalação de barreiras de vento
nos pátios de estocagem de
pelotas e finos de minério de
ferro.
Investimento de R$ 88,6 MM;
67,1% de progresso na redução da emissão de
particulados nos pátios
- Imobilizações / Ativo diferido -
instalações fabris
Fechamento do circuito de águas
para reciclagem e
reaproveitamento.
Investimento de R$ 90MM em tanques de decantação,
rampas, bomba, tubulação e caixas d'água em fibras e
gestão de recursos hídricos em geral;
Reaproveitamento da água resultante da limpeza dos
caminhões;
Reuso da água nos processos de concretagem, com
economia de 3,2 milhões de m3 de água;
70% da água consumida nos processos produtivos vem
de reuso (953 bilhões de litros de água).
- Custos - água
- Imobilizações / Ativo diferido -
instalações fabris
Guia de fechamento de minas.82MM investidos em fechamento de minas;
Disponibilização de terreno para usos alternativos.
- Despesas - contingência ambiental
- Imobilizações / Ativo diferido -
instalações fabris
Incentivo à melhoria da gestão
ambiental e ao
desenvolvimento de economias
municipais sustentáveis;
Apoio à conservação de áreas
protegidas e sua biodiversidade;
Monitoramento estratégico do
bioma.
Redução de 40% na taxa de desmatamento no Pará
(2009-2011);
Área de floresta que deixou de ser suprimida equivale a
1000 Km2.
- Receitas - venda de cota de reserva
ambiental (CRA) na BVRio
- Despesas - reflorestamento de
áreas degradadas
Reaproveitamento do fino de
minério de ferro depositado nas
barragens após o processo de
beneficiamento.
Investimento em dragas, baias, planta de
repeineramento
Reprocessamento do material e reincorporação à
produção mineral;
Total de 2,5 milhões t de finos reprocessados.
- Imobilizações / Ativo diferido -
instalações fabris
- Custos - insumo
Sistema de gestão de barragens
e pilhas.
Reaproveitamento da escória para geração de
coprodutos;
Receita com a venda dos coprodutos para indústrias de
construção civil, pavimentação e de fertilizantes:
cimento, cerâmica e outros agregados.
Lucro médio de USD 88k pelo gerenciamento adequado
dos resíduos e seus coprodutos.
- Imobilizações / Ativo diferido -
instalações fabris
- Receitas - venda de coproduto
Tecnologia de peneiramento por
meio da umidade da mina.
Economia de 19,7 bi de litros de água anuais;
Redução do consumo de energia em mais de 18k
MW/ano;
Evita construção de barragens de rejeitos.
- Custos - água
- Custos - energia elétrica
- Imobilizações / Ativo diferido -
terrenos
- 74 -
Quadro 18: Setor Petróleo e gás - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.
Quadro 19: Setor Saneamento básico - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.
Quadro 20: Setor Transporte - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.
As 14 iniciativas mapeadas nos níveis 3 e 4 foram oriundas dos setores de
agropecuária, energia elétrica, madeira e papel, mineração, óleo e gás, produtos de uso
pessoal e limpeza e químico. As empresas responsáveis pela iniciativas foram Monsanto,
Cemig, Irani, Fibria, Vale, Samarco, Petrobrás, Natura e Braskem. Pode-se dizer que
essas empresas e setores foram destaque em termos de engajamento em iniciativas de
BSE.
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Produção de biocombustível (etanol) a
partir do bagaço da cana.
Aumento de 40% do potencial de produção do
etanol por área plantada;
Menor custo de insumo, por se tratar de um
subproduto.
- Imobilizações / Ativo diferido -
pesquisa & desenvolvimento e
terrenos
- Custos - insumo
Proclima - Programa tecnológico para
mitigação de mudanças climáticas.
Recebimento de recursos pela negociação de
créditos de carbono.
- Receitas - venda de créditos de
carbono
- Imobilizações / Ativo diferido -
instalações fabris
Reuso de efluente no sistema de
resfriamento com o seu emprego no
processo de dessalinização por eletro
diálise reversa.
Economia de 293 mil m3 de água. - Custos - água
Estação de tratamento de despejos
industriais.
Economia potencial de 2,6MM m3 de água por
ano.- Custos - água
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Aproveitamento do biogás gerado a
partir do tratamento de esgotos para
geração de energia.
Proteção dos lençóis freáticos;
Economia de energia elétrica. - Custos - energia elétrica
Gerenciamento de resíduos.
Transformação do lodo produzido na estação de
tratamento de esgoto em composto agrícola;
Compostagem de 70 t diárias, redução de 58% dos
custos operacionais de tratamento e disposição
final do lodo.
- Receitas - venda de coproduto
- Custos - manutenção
- Receitas - venda de cota de
destinação adequada (CDA) BVRio.
Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa
Tecnologia de asfalto morno.
Redução das emissões de GEE por meio de um
processo de pavimentação em que a temperatura
utilizada na usina para a mistura dos agregados é
reduzida significativamente.
- Custos - energia elétrica
- Receitas - venda de crédito de
carbono
- 75 -
Em termos de qualidade de informações publicadas em relatórios anuais, o
presente estudo destacaria os setores de alimentos, energia elétrica e mineração. Essa
classificação se deu a partir de uma compilação das 41 iniciativas mapeadas no apêndice
8, o que resultou no quadro 11 com um resumo da origem das 41 iniciativas por setor e
empresa. Os três setores citados respondem por 51% das iniciativas ambientais
selecionadas por relevância.
- 76 -
Quadro 21: Resumo por empresa e setor das principais iniciativas ambientais mapeadas.
Setor econômico EmpresaRef. da iniciativa
mapeada no Apêndice 8
Nível de associação com o
desempenho financeiro
Total iniciativas
por setor
Bunge 1 2
JBS 2 2
JBS 3 1
Monsanto 4 3
Nestlé 5 1 5
Cosméticos O Boticário 6 2 1
Cemig 7 2
Cemig 8 2
Cemig 9 1
Cemig 10 3
Cemig 11 4
Cemig 12 2
Cemig 13 2
Tractebel 14 2 8
Fibria 15 2
Fibria 16 3
Fibria 17 2
Kimberly-clark 18 2 4
Cyrela19 2
Even 20 1
Even 21 1
Even 22 2 4
Arcelor 23 1
Arcelor 24 2
Gerdau 25 2
Gerdau 26 1 4
Anglo American 27 2
Samarco 28 3
Vale 29 3
Vale 30 2
Vale 31 1
Vale 32 2
Vale 33 3
Vale 34 2 8
Petrobrás 35 2
Petrobrás 36 1
Petrobrás 37 2
Petrobrás 38 2 4
Saneamento BásicoSabesp
39 1
Sabesp 40 2 2
Transporte CCR 41 1 1
TOTAL 41
Petróleo e Gás
Materias e
Construção
Madeira e Papel
Energia Elétrica
Alimentos
Metalurgia
Mineração
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A Cemig foi a única empresa que forneceu uma iniciativa de nível 4. Nela menciona
um programa de gerenciamento de resíduos com investimento de BRL 1,48 milhões
responsável pela reciclagem ou alienação de 26.319 toneladas de resíduos e material
industrial e pela geração de receita de BRL 8,4 milhões. Tal iniciativa foi classificada como
nível 4 por fornecer as informações monetárias de investimento e receita gerada,
atrelando o impacto na operação (reciclagem).
Foram encontradas iniciativas de nível 2 e 3 que, embora não tenham fornecido
todas as informações monetárias, ficaram a poucos passos de se tornarem um nível 4. Por
exemplo, a iniciativa de referência 29 no apêndice 8, da Vale, sobre o fechamento do
circuito de águas para reciclagem e reaproveitamento, fornece os seguintes dados:
1) Investimento de BRL 90 milhões em tanques de decantação, rampas, bomba,
tubulação e caixas d’água em fibras e em gestão de recursos hídricos em geral;
2) Ação: reaproveitamento da água resultante da limpeza dos caminhões, reúso da
água nos processos de concretagem
3) Benefício: economia de 3,2 milhões de m3 de água com a concretagem e reuso de
953 bilhões de litros de água nos processos produtivos (o que corresponde a 70% da
demanda por água).
Nesse caso, a ação foi melhor detalhada do que aquela classificada como nível 4,
faltando somente o valor monetário do total de água economizada com o investimento.
Assumindo o custo médio para o metro cúbico da água de R$2,9933, o benefício monetário
seria de BRL 2,9 bilhões por ano. E dessa maneira, uma informação de nível 3 poderia ser
rapidamente transformada em nível 4.
Da mesma maneira, a iniciativa de referência 4, da JBS, relacionada à substituição
da queima de carvão por queima de sementes fornece os seguintes dados:
1) Ação: queima de 8.000 toneladas de sementes por ano em substituição à 4.500
toneladas de carvão
2) Benefício: redução de custos de USD 800 mil por menor quantidade de carvão
consumida e menor custo de eliminação de milho não aproveitável.
Nesse caso, a empresa poderia ter registrado o investimento necessário para a
posse dos equipamentos de queima das sementes e geração da energia térmica, assim
como do possível espaço demandado para colocar essa operação em atividade.
33 Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/sabesp-defende-tarifa-media-de-r-3-38-m3
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Por mais que as informações de nível 1 sejam as mais distantes de um business
case, algumas delas também foram incluídas no apêndice 8 com o objetivo de demonstrar
como essas poderiam se transformar em uma informação de nível 4. Por exemplo, a
iniciativa de referência 23, da Arcelor, relacionada à construção de cinturões verdes e
barreiras vegetais ao redor dos pátios produtivos fornece os seguintes dados:
1) Ação: adubação e realização de novos plantios para enriquecimento da floresta
existente;
2) Benefício: redução da velocidade com que os ventos incidem nas pilhas de matérias-
primas e, consequentemente, dos materiais particulados suspensos, além do aumento da
diversidade florestal e sustentabilidade.
Com a adição das informações abaixo, a informação de nível 1 poderia se
transformar em nível 3:
3) Investimento: custos incorridos para construção dos cinturões verdes como compra
de mudas de árvores e força de trabalho contratada para plantio;
4) Benefício: quantidade e precificação dos materiais particulados retidos.
4.3) TENDÊNCIAS DE INICIATIVAS AMBIENTAIS E A ABORDAGEM DE PSE PELAS
ORGANIZAÇÕES.
Nota-se que há um esforço comum das organizações estudadas em fechar o ciclo
de suas operações de maneira que se atinja um impacto líquido positivo (NPI-net positive
impact) no meio ambiente e sociedade. Pouco mais da metade dos subsetores estudados,
oito dos quatorze, apresentaram iniciativas nessa direção: alimentos, energia elétrica,
madeira e papel, materiais e construção, metalurgia, mineração, petróleo & gás e
saneamento básico.
Grande parte visa à eliminação/reaproveitamento de desperdício, efluentes,
resíduos, circuito fechado da água e autossuficiência energética. A Anglo American, por
exemplo, realiza pesquisas em parceria com o Senai e a Embrapa para o aproveitamento
de escória de níquel em produtos para a construção civil e fertilizante. Os estudos testam
a resistência de produtos que utilizam a escória, comparando-os com aqueles produzidos
a partir de materiais mais tradicionais, como cimento e brita. Embora ainda em
andamento, os resultados devem trazer a análise de produtos que podem ser
manufaturados com o uso da escória de forma segura e economicamente viável.
Igualmente, a Dow Chemical investe em iniciativas para a redução de emissão de
resíduos sólidos enviados para aterros em Aratu (BA) e Jacareí (SP), levando a uma
- 79 -
economia de R$158 mil por ano somente em Jacareí. Além disso, também recupera 100%
das embalagens junto ao consumidor final, sendo membro da InPEV (Instituto Nacional de
Processamento de Embalagens Vazias) que as coleta e dá o destino adequado a elas.
A Alcoa dedica-se ao coprocessamento do revestimento gasto de cubas em
fábricas de cimento, o que, além de reduzir as emissões atmosféricas e a necessidade de
aterro para dispor os resíduos sólidos, ainda traz vantagens para as fábricas de alumínio e
cimenteiras, sem causar qualquer efeito na produção e na qualidade do cimento.
Na Arcelor o foco é na redução do consumo de água industrial. Para isso foi
realizada a coleta e análise físico-química dos efluentes da usina para verificar a
possibilidade de aproveitamento e, em caso positivo, em qual processo da aciaria. Os
resultados apontaram a necessidade de tratamento físico (decantação e filtragem) para
que esse efluente pudesse ser utilizado nos sistemas de água industrial. Dessa forma, foi
construída uma miniestação de tratamento dentro da Aciaria, composta de células de
sedimentação, bombeamento e filtragem. O próximo passo será a replicação do projeto na
Laminação. Depois de concluído e totalmente em operação, a expectativa é que o projeto
gere uma redução no consumo de água de aproximadamente 156 mil m³ por ano.
Além disso, o reaproveitamento dos resíduos da produção de aço (10 milhões de
toneladas de aço geram 3,7 milhões de t de resíduos e coprodutos) é superior a 95%, bem
acima da média do setor, de 80%. Em 2011, esse reaproveitamento gerou uma receita
total de R$ 142,37 milhões. A Arcelor Mittal Aços Longos obteve uma receita líquida de R$
32,9 milhões com a venda de coprodutos. Já a Arcelor Tubarão (média de 99,2% de
aproveitamento de resíduos e coprodutos) teve receita de R$ 109,47 milhões com a
comercialização de gases, energia elétrica e coprodutos. Desse total, R$ 61,2 milhões
correspondem à comercialização de 2,47 milhões toneladas de coprodutos.
A partir de tais dados observa-se o esforço de algumas empresas em fechar o ciclo
de produção com o mínimo desperdício e o máximo de reaproveitamento. Além de trazer
inúmeros benefícios ao meio ambiente, como a redução da pressão por área de aterro
sanitário, ainda é capaz de trazer receitas na ordem de R$ 92,1 MM, como foi o caso da
AMBEV, em 2011.
Outra tendência observada é o estabelecimento de parceria intersetorial para
ações ambientais. A Alcoa (setor Mineração) e a Ambev (setor de Bebidas) desenvolvem
um projeto para reaproveitar, nas operações da refinaria Alumar, parte dos 3.100 m3 de
água que a cervejaria trata em sua estação de tratamento de efluentes Industriais e
descarta no Rio Pedrinhas, no Maranhão. Tal iniciativa levou à economia de 2.100 m3 de
água, pela Alcoa no ano de 2012.
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Outro exemplo é o da JBS, que realizou uma parceria, em 2013 com a rede
varejista Walmart Brasil, sendo a primeira empresa no segmento de carnes a participar do
Programa Sustentabilidade de Ponta a Ponta, que teve como principal foco a análise do
ciclo de vida do hambúrguer Friboi. O projeto possibilitou à companhia reduzir o uso de
recursos naturais na produção do hambúrguer, com a redução de 21% no consumo de
água, corte de 13% em energia e aumento de 214% na recuperação de subprodutos, que
são destinados a outras iniciativas. Além disso, a geração de resíduos sólidos diminuiu em
80% e o consumo de lenha nas caldeiras industriais reduziu em 19%. Com as inovações
aplicadas na produção do hambúrguer Friboi, a JBS reduziu suas emissões de CO2
equivalente relacionadas ao processo de tratamento de efluentes em 87%.
Já em relação ao indicador ambiental relacionado à Biodiversidade, notou-se que
os benefícios proporcionados pela mesma ainda são desconhecidos pela maioria das
empresas. Dentre as iniciativas listadas, grande parte está ligada ao cumprimento de
exigências legais, sendo descritas apenas qualitativamente. Por exemplo, as empresas do
setor de Saneamento Básico empenham ações voltadas para a proteção da Ictiofauna:
programa de monitoramento que inclui campanhas de inspeção regulares, para
comparação de resultados entre a fase de implantação e a fase de operação da usina. Já
a Anglo American detém 158m2 de habitats protegidos ou restaurados e ainda 3000
mudas nativas plantadas em 2012. Embora representem iniciativas relevantes, um
potencial investidor poderia querer entender melhor de que maneira essas ações
influenciam o negócio.
Nesse sentido o apêndice 8 e os quadros 11 à 20 buscam, a partir do
conhecimento reunido na revisão de literatura, relacionar de que maneira essas ações
classificadas como nível 1 se conectam com a criação de valor para a empresa. No caso
da proteção da ictiofauna, por exemplo, a iniciativa pode ter influência na redução do risco
de conformidade legal e na garantia de qualidade da água e do regime hidrológico natural,
por meio da limitação do deslocamento de espécies migratórias que reduz a perda biota
aquática.
Além disso, também foram atreladas às ações desses quadros as possibilidades
de comercialização de cotas de reserva ambiental, reposição florestal, destinação
adequada e de carbono como oportunidade de geração de receita para a companhia. Tais
fatos seriam viáveis graças ao mercado em desenvolvimento que está sendo criado pela
Bolsa Verde do Rio de Janeiro.
O estágio de desenvolvimento para os indicadores específicos de biodiversidade
pode ser retratado pela descrição qualitativa de abordagem integrada feita pela Fibria e
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Anglo American, exibido nos quadros 12 e 13. Essas empresas fizeram um estudo sobre
os impactos de suas atividades na Biodiversidade, que pode ser o primeiro passo para
uma posterior conexão do controle de tais impactos com a geração de valor para a
organização.
Quadro 22: Mapeamento dos impactos em Biodiversidade da Fibria
Fonte: Relatório de sustentabilidade 2012, Fibria.
Quadro 23: Mapeamento dos impactos em Biodiversidade da Anglo American
Fonte: Relatório à sociedade 2012, Anglo American.
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Adicionalmente, a Masisa descreve diversas parcerias com universidades para
adequada gestão da biodiversidade e afirma que o projeto de plantações de nova geração
para o manejo sustentável promove uma nova forma de projetar e gerir as plantações,
gerando crescimento econômico, emprego e mantendo a integridade dos ecossistemas e
biodiversidade. Nesse caso, a empresa fornece um direcionamento de criação de valor,
porém não dá detalhes suficientes para o leitor.
No que se refere à menção clara a pagamentos por serviços ecossistêmicos, ainda
verifica-se a incipiência do tema na iniciativa privada. Dentre os 55 relatórios estudados,
apenas 15 iniciativas se aproximaram de um esforço nessa direção e 4 foram utilizadas,
no quadros 11 a 20 como seleção das principais iniciativas ambientais. As quatro
iniciativas foram classificadas como nível 1 ou 2 nos subsetores de energia elétrica,
alimentos e metalurgia, representados pelas empresas Cemig, Nestlé, JBS e Arcelor.
A JBS investe na pecuária integrada de baixo carbono por meio da assistência
técnica e orientação dos pecuaristas para adotar boas práticas agropecuárias
recomendadas pela Embrapa gado de corte. O programa resultou no aumento da
produtividade por meio da redução de uso de terra, de 1 para 3 animais por hectare.
Nesse caso os gestores do ecossistema não recebem o pagamento em dinheiro, mas em
orientação técnica para a liberação de terra para provisão de outros serviços
ecossistêmicos igualmente importantes para a JBS.
A Cemig conta com um programa de reflorestamento ciliar em parceria com
proprietários rurais e com o Ministério público. O resultado foi de 74,2 hectares de matas
plantadas no entorno de oito reservatórios de usinas que contribuíram para a qualidade do
produto final. Em ambos os casos percebe-se que as empresas ainda não aderiram ao
pagamento monetário aos donos de terra, mas somente ao estabelecimento de parcerias
e treinamentos que os influenciem na adoção de práticas mais sustentáveis.
A Basf, organização do setor químico, também parece estar engajada no assunto.
Em 2011, a empresa participou do programa Produtor de Água que incentiva a proteção e
a disponibilidade de água nas bacias hidrográficas do município de Guaratinguetá (Brasil).
A empresa é parceira oficial do projeto e integra seu Comitê Gestor, contribuindo com
recursos para a sua execução. O Produtor de Água é realizado na Bacia Hidrográfica do
Ribeirão de Guaratinguetá, principal manancial de abastecimento público do município e
também local onde são realizadas ações de recuperação de matas ciliares. Trata-se de
uma iniciativa voluntária de restauração do potencial hídrico e do controle da poluição do
meio rural. O programa prevê pagamentos aos produtores rurais que desenvolvem
práticas de conservação ambiental, como melhoria da cobertura vegetal, proteção de
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nascentes, combate à erosão e aumento da infiltração de água no solo. Esse tipo de
remuneração por serviços ambientais é uma ação pioneira no estado de São Paulo e tem
como base uma experiência bem-sucedida realizada em Extrema (Brasil). Os primeiros
pagamentos ocorreriam em março de 2012, em comemoração ao Dia da Água.
Já a COPASA cita PSE de forma indireta por meio da iniciativa para a recuperação,
proteção e preservação das sub-bacias dos mananciais que utiliza. Com a autorização do
proprietário da área onde está localizado o manancial, técnicos da empresa efetuam um
levantamento da situação da propriedade, de forma a identificar a necessidade de ação
ambiental a ser realizada para preservar o manancial, tais como: plantio de mudas nativas,
proteção de nascentes ou implantação de bacias de contenção de águas pluviais
(bolsões). Com o intuito de ampliar essas ações, também são realizadas oficinas de
educação ambiental e outras atividades educacionais, especialmente para promover o
engajamento dos proprietários rurais para que essas atividades tenham a continuidade
necessária.
A Tractebel desenvolve um projeto similar de proteção de nascentes, desenvolvido
em parceria com a Casa Familiar Rural (instituição de ensino que alterna atividades em
sala de aula e no campo). Em 2012, 182 nascentes foram protegidas, atingindo cerca de
60% do total do escopo do projeto, que envolve estudantes da zona rural da região, e o
benefício direto de 192 famílias.
A Fibria relata que se encontra em estágio de evolução quanto ao uso e aplicação
dos serviços ecossistêmicos. Nesse contexto, cita os SE’s que consome e que ajuda a
produzir, conforme trecho: “... Foi identificado como serviços ecossistêmicos consumidos a
fertilidade natural do solo, a utilização de resíduos industriais como fertilizantes e a água
consumida na indústria e nos plantios, entre outros. Já os serviços ecossistêmicos
produzidos incluem sequestro de carbono, regulação do clima, controle de erosão e
produção de eletricidade a partir da biomassa...”. Além disso, se encontra em processo de
busca e compreensão de modelos de valoração de serviços ambientais. O The Nature
Conservancy e o grupo Votorantim industrial iniciaram uma análise de aplicabilidade, para
o negócio da Fibria, de ferramentas de valoração de serviços ambientais como o Invest e
o ESR.
A Danone não somente descreve de que maneira reconhece os serviços
ecossistêmicos dos quais depende como também descreve de que maneira suas ações
influenciaram na preferência dos consumidores por seus produtos:
“... Para preservar a sua fonte natural de água mineral, a marca Villavicencio protege sua
reserva natural circundante de 72.000 hectares (178.000 acres) e sua rica biodiversidade.
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Em parceria inovadora com a ONG Banco de Bosques para implantar a operação "Deja tu
Huella" ("deixe sua marca"), permite que os consumidores participem na criação de uma
nova reserva natural na região do Chaco, um enorme reservatório de biodiversidade de
250.000 hectares (618.000 acres), o lar de espécies de anta e onça em extinção. Por cada
garrafa comprada, a Villavicencio compromete-se a proteger um metro quadrado de
reserva. As ações também são tomadas para informar o público sobre os perigos do
desmatamento e da importância da biodiversidade no ecossistema local. Os resultados
são convincentes, com cerca de 2.200 hectares (5.400 acres) protegidos, participação
ativa do público no projeto e aumento da preferência do consumidor pela marca
Villavicencio. Em 2013, em parceria com a ONG local Pronatura Sur, a Bonafont também
desenvolveu um projeto de restauração de manguezais ao longo das costas mexicanas
devastadas pelo furacão em Chiapas e Oaxaca, voltada principalmente para replantar
árvores. O projeto também ajudou a aumentar os recursos haliêuticos do mangue, o que
contribui para garantir os rendimentos de 5.500 pescadores da região...”.
Dessa forma, percebe-se que algumas das empresas brasileiras líderes em
sustentabilidade já conhecem e praticam o conceito de PSE, com destaque para os
subsetores de alimentos, energia elétrica, químico e madeira e papel. No entanto, da
mesma maneira que se concluiu para os demais indicadores de BSE, ainda é necessário
evoluir nas métricas qualitativas e quantitativas e na tradução da geração de valor das
iniciativas em fluxos financeiros.
4.4) PROPOSIÇÃO DE UM MODELO FINANCEIRO PRELIMINAR PARA AVALIAÇÃO
DE INICIATIVAS EMPRESARIAIS EM BSE
A partir dos impactos econômicos identificados como decorrentes das iniciativas
ambientais selecionadas, conforme quadro 11 a 20 e apêndice 8, foi construído um
modelo preliminar de avaliação financeira de empresas aplicável aos 14 subsetores
estudados (madeira e papel, materiais diversos, mineração, produtos de uso pessoal e
limpeza, água e saneamento, alimentos processados, químicos, agropecuária, siderurgia e
metalurgia, bebidas, petróleo, gás e biocombustíveis, transporte, construção e engenharia
e energia elétrica).
O modelo proposto é composto por linhas indicativas dos recursos empregados
pelas empresas em práticas socioambientais, bem como por linhas que refletem o retorno
gerado para as empresas em função dessas práticas. Uma vez identificados esses
impactos, a despeito de sua natureza descritiva ou quantitativa, traduziu-se seu efeito
econômico para o método de fluxo de caixa. Desta forma, procurou-se expressar os
- 85 -
impactos das práticas socioambientais em três categorias: recebimentos, desembolsos
operacionais e investimentos corporativos34. Para tanto, foi adotado como referência o
modelo de fluxo de caixa apresentado no quadro 14.
Quadro 24: Cálculo do fluxo de caixa livre para empresa
Fonte: MARTELANC, PASIN E PEREIRA (2010)
No quadro 25 é apresentado o modelo proposto baseado no apêndice 8.
34 Optou-se pelo agrupamento dos itens que resultam no cálculo do fluxo de caixa livre em apenas três categorias para facilitar a apresentação do modelo. Em síntese, este cálculo permite estimar os recursos disponíveis para os proprietários e financiadores da empresa. Ademais, é importante ressaltar que há diferenças entre o lucro líquido e o fluxo de caixa, tais como eventuais diferenças temporais entre receitas e recebimentos, bem como entre custos e despesas e desembolsos. Uma fonte de consulta para aprofundamento do assunto é o livro “Avaliação de empresas” de Roy Martelanc, Rodrigo Pasin e Fernando Pereira (2010).
(+) Receitas
(-) Custos
(-) Depreciação
(-) Despesas operacionais
(-) Imposto de renda sobre operações
(=) Lucro Operacional após Imposto de renda
(+) Depreciação
(-) Imobilizações
(-) Aumento de capital de giro
(=) Fluxo de caixa livre para empresa
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Quadro 25: Modelo preliminar de avaliação econômica das iniciativas de BSE.
(+) Recebimentos
Receitas - venda de coproduto
Receitas - venda de crédito de carbono
Receitas - venda de produtos
Receitas - venda de cota de destinação adequada (BVRio)
Receitas - venda de cota de reposição florestal (BVRio)
Receitas - venda de cota de reserva ambiental (BVRio)
(-) Desembolsos operacionais
Custos - energia elétrica
Custos - insumo
Custos - manutenção
Custos - água
Custos - armazenamento e transporte de resíduos
Custos - podas
Despesas Operacionais - água
Despesas - contingência ambiental
Despesas - desenvolvimento de comunidades locais
(=) Fluxo de caixa operacional
(-) Investimentos
Imobilizações / Ativo diferido - Equipamentos agrícolas
Imobilizações / Ativo Diferido - Equipamentos florestais
Imobilizações / Ativo diferido - Instalações fabris
Imobilizações / Ativo diferido - Pesquisa e desenvolvimento
Imobilizações / Ativo diferido - Terrenos
Imobilizações / Ativo diferido - reflorestamento de áreas degradadas
(=) Fluxo de caixa livre para a empresa
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4.5) TESTE DO MODELO
Após a proposição do modelo que incorpora as iniciativas de BSE à avaliação
econômica das empresas, foi testada a sua aplicação a partir de dois exemplos extraídos
do conjunto de iniciativas mapeadas nos quadros 12 a 21. Foi escolhido um exemplo
classificado como nível 4 de integração com o desempenho financeiro e outro classificado
como nível 3, ambos da empresa Cemig, setor de energia elétrica. O quadro 26 exibe os
dois exemplos:
Quadro 26: Exemplos escolhidos para teste do modelo.
Para efetuar o cálculo de VPL de tais iniciativas foi considerado um horizonte
hipotético de 10 anos e nenhum valor residual. Em relação ao custo de capital optou-se
pela utilização da taxa usual do setor/atividade. Por questões de escopo deste trabalho
não foi tratada a questão da taxa de desconto ambiental diferenciada, decorrente das
preferências das gerações futuras. Dessa forma buscou-se manter a credibilidade do
modelo preliminar perante as instituições financeiras, dada a incipiência da discussão.
A partir das informações compiladas no quadro 26, foi feito o cálculo de VPL com a
aplicação do modelo proposto na seção 4.4. Abaixo é possível verificar o racional de
cálculo e resultados:
Iniciativa de referência número 10, quadro 26:
Nesse caso foi necessário transformar as iniciativas classificadas como nível 3 de
integração com desempenho financeiro em nível 4. Para tal, as métricas operacionais,
como emissões de carbono evitadas (124t CO2 e) e economia de energia elétrica (1.807
Ref.Práticas
sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício
Reflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&R
10
Programa de Eficiência
Energética por meio da
substituição de
chuveiro por sistema de
aquecimento solar:
6000 sistemas
implementados.
11.8 MM investidos;
Economia de energia 1.807
Mwh/ano;
Emissões evitadas 124 t
CO2 e.
Redução no consumo de
energia (despesas
funcionais);
Acúmulo de créditos de
carbono.
- Energia elétrica
- Venda de crédito
de carbono
CemigEnergia
Elétrica3
11Gerenciamento de
resíduos.
1.48 MM investidos para
gerenciamento de
resíduos;
26.319 t de resíduos e
material industrial
alienado ou reciclado;
Receita gerada de 8.4MM.
Redução do volume de
material disposto em
aterros;
Redução da exposição a
passivos ambientais pela
gestão de resíduos;
Possível acúmulo de cota
por gestão adequada de
resíduos.
- Armazenamento e
transporte de
resíduos;
- Contingências
ambientais.
- Venda de cota de
destinação
adequada na
BVRio.
CemigEnergia
Elétrica4
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Mwh/ano), em informações monetárias. Os dados abaixo foram utilizados para a
conversão:
1) Custo da energia elétrica para indústria – R$313,16/Mwh35
2) Cotação de 1t de crédito de carbono - € 5,78/ton36
3) Cotação Euro/Real – 3,1237
(+) Recebimentos BRL
Receitas - venda de crédito de carbono 2,23438
Redução custo - energia elétrica 565,88039
(=) Fluxo de caixa operacional 568,114
(-) Investimentos Imobilizações / Ativo diferido - Equipamentos -11,800,000
Para fins de simplicação de cálculo não foram considerados impostos, depreciação ou
valor residual no cálculo de fluxo de caixa. Na tabela 9 é possível ver o VPL da iniciativa
para taxas de desconto de 8%, 10% e 12%.
Tabela 9: VPL (BRL) iniciativa 10.
Iniciativa de referência número 11, quadro 26:
(+) Recebimentos BRL
Receitas - venda de coproduto 8,400,000
(=) Fluxo de caixa operacional 8,400,000
(-) Investimentos
Imobilizações / Ativo diferido - Equipamentos -1,480,000
35 Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-07/custo-da-energia-para-industria-sobe-para-r-31316-o-megawatt-hora, consulta em 30/09/2014 36 Fonte: http://br.investing.com/commodities/carbon-emissions, consulta em 30/09/2014 37 Fonte: http://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio/euro-uniao-europeia/, consulta em 30/09/2014 38 Cálculo: 5,78*3,12*124 39 Cálculo: 313,16*1807
VPL i n
-7,987,911 8% 10
-8,309,188 10% 10
-8,590,031 12% 10
- 89 -
Os dados de fluxo de caixa foram inteiramente extraídos das informações
disponíveis no relatório anual da Cemig (extrato no quadro 26) e para fins de simplicação
de cálculo não foram considerados impostos, depreciação ou valor residual no cálculo de
fluxo de caixa. Na tabela 9 é possível ver o VPL da iniciativa para taxas de desconto de
8%, 10% e 12%.
Tabela 10: VPL (BRL) iniciativa 11.
4.6) CONSIDERAÇÕES AO TESTE DO MODELO
O experimento de aplicar o modelo proposto de incorporação das iniciativas de BSE
à avaliação econômica de empresas com base em informações divulgadas nos relatórios
anuais e de sustentabilidade mostrou que, hoje, as empresas já dispõem de controles e
informações suficientes para a viabilização da análise financeira dessas iniciativas. Sendo
necessário algum nível de esforço para se transformar as métricas operacionais que já
fazem parte de seu sistema de informações em informações monetárias.
5. CONCLUSÃO
O presente estudo, de natureza exploratória, teve o objetivo de estabelecer um
diagnóstico do posicionamento das empresas brasileiras em relação ao tema de
biodiversidade e serviços ecossistêmicos, tentando, adicionalmente, propor um modelo
preliminar capaz de incorporar as iniciativas em questão à avaliação financeira de
empresas. A construção do modelo se deu em três etapas principais. Primeiramente,
foram mapeadas em uma matriz as principais iniciativas em BSE das 55 empresas
selecionadas. A partir desses dados, foram reunidas as iniciativas que mais se
aproximavam de um business case e atrelados os seus principais impactos econômicos.
E, finalmente, os impactos econômicos foram organizados e reunidos dentro de um
modelo financeiro de fluxo de caixa.
O mapeamento das 501 iniciativas mostrou que as empresas líderes em
sustentabilidade estão razoavelmente próximas de estabelecer a conexão das iniciativas
em BSE com o desempenho financeiro corporativo. Mesmo publicando informações
preponderantemente de nível 2 na escala de Epstein e Roy (2003), foi possível mostrar
que essas poderiam, com algum esforço adicional, ser traduzidas para os níveis 3 e 4 de
VPL i n
54,884,684 8% 10
50,134,364 10% 10
45,981,873 12% 10
- 90 -
associação com o desempenho financeiro. Para que isso aconteça de maneira mais
consistente é necessária maior aproximação e integração dos gestores do negócio com a
área de gestão ambiental. Dessa maneira, as informações de métricas operacionais,
ambientais, benefícios e impactos advindos das iniciativas e sua ligação com a geração de
fluxo financeiro para a organização seriam mais facilmente reconhecidas e registradas.
O presente trabalho também pode contribuir para a padronização de uma estrutura
de fluxo de caixa para a avaliação financeira empresarial dos fatores de BSE. Observou-
se que é possível a categorização dos reflexos econômicos das práticas ambientais em
três grupos: recebimentos, desembolsos operacionais e investimentos.
Ademais, os resultados que registram as iniciativas com potencial de business
case podem ser úteis para as empresas que desejam avançar no entendimento das
melhores práticas ambientais em BSE em seu setor, servindo como inspiração para
criação de vantagem competitiva.
Observou-se certa lacuna que precisa ser preenchida no que se refere aos
indicadores de BSE. A padronização desses indicadores acaba sendo dificultada pela: (i)
complexidade envolvida no conceito de biodiversidade e no estabelecimento de métricas
físicas; (ii) variedade de circunstâncias em que cada empresa e setor opera, resultando
em uma gama de atividades e impactos a serem abrangidos; e, (iii) diversidade biológica
regional, que faz com que determinado nível de indicador possa ser considerado aceitável
em uma região, porém inaceitável em outra.
Outra possível contribuição desta pesquisa para o meio acadêmico podem ser as
sugestões para os indicadores ambientais do GRI. A influência do GRI na padronização
das publicações empresariais se revelou como ferramenta útil para o alcance de um nível
maior de conexão das iniciativas com o desempenho financeiro corporativo. Para isso foi
sugerido que a instituição colocasse um foco maior em indicadores baseados em
resultados.
Finalmente, constatou-se a contribuição das políticas públicas para o engajamento
empresarial nas questões ambientais. Como exemplos, o ICMS ecológico, as leis de
compensação ambiental e reposição florestal, a isenção fiscal para RPPN’s e o projeto de
Extrema voltado para o PSE mostraram influência no direcionamento das políticas
empresariais ambientais. O estabelecimento de parcerias entre o governo e instituições
geradoras de conhecimento nessa área poderia resultar na confecção de políticas públicas
eficazes para redução das externalidades ambientais causadas pela iniciativa privada.
Como sugestão para pesquisas futuras coloca-se a atualização desse estudo com
a utilização de uma matriz que atrelasse a cada ação ambiental o tipo de risco ou
- 91 -
oportunidade que a organização estaria tentando gerir. Conforme discutido, os riscos
poderiam ser regulação, reputação, físico, de mercado, litigação e social. Já as
oportunidades seriam reputação e marca, inovação e aprendizado, novos produtos,
serviços e mercados, redução de custos e acesso ao capital. Outra sugestão seria a
seleção de uma empresa considerada benchmark em iniciativas de biodiversidade e
serviços ecossistêmicos para a confecção de um estudo de caso que integrasse as
iniciativas em um modelo financeiro detalhado.
- 92 -
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- 98 -
APÊNDICE 1: MÉTODOS DE VALORAÇÃO DA BSE
Abordagem de Avaliação Exemplos de Metodologia Descrição da Abordagem
Técnicas Monetárias
Abordagem de Preços de Mercado de
Bens SubstitutosPreços de Mercado
Utiliza preços de mercados reais relacionados ao ativo ambiental
como uma aproximação para o valor daquele ativo. Ex: Receitas
com Turistas para áreas de alta biodiversidade
Abordagem de Custo de MercadoNão mede o TEV, mede e avalia o proxy
definido.
Custo de Reposição/ Custo de Recuperação
Estima o custo de repor ou restaurar o recurso ambiental
danificado de maneira a restabelecer a qualidade ambiental inicial.
Ex: Gasto na Recuperação da qualidade ambiental da Baía de
Guanabara, alterada pelo derramamento de óleo da Petrobras
ocorrido em 2000.
Custo Evitado
O valor é estimado com base no bem substituto produzido
especialmente com o intuito de evitar alteração na quantidade
consumida ou qualidade do recurso ambiental analisado (é preciso
que o bem seja um substituto perfeito. Ex: Valoração de uma Erva
Medicinal para curar dor de cabeça, baseado no preço de um
medicamento alopático (tylenol, aspirina).
Custo de Controle
Custo incorrido, a priori, para evitar a perda de capital natural. É o
custo de investimento que deve ser feito no presente para manter
a capacidade de resposta dos ativos naturais, que é reduzida por
efeitos da degradação. Ex: Custo de investimento nas instalações
de visitação da Gruta de Maquiné, em MG.
Custo Oportunidade
Custo do uso alternativo do ativo natural, sinalizando que o preço
do recurso natural pode ser estimado a partir do uso da área não
degradada para um outro fim, econômico, social ou ambiental. Ex:
Na Floresta Amazônica a captura de carbono e a convervação da
biodiversidade foi precificada pelo uso alternativo do local como
um sistema de produção da agricultuta familiar (no caso utilizaram
as informações de sistemas de produção no NE do Estado do Pará(.
Custo Irreversível
É útil para se estimar o custo do recurso natural quando há um
entendimento de que a despesa realizada no meio ambiente é
irrecuperável, ou seja, o investimento é independente de se o
ativo natural gerará retorno econômico. Ex: Custo para recuperar
uma área de nascente da bacia de um rio, sem interesse para o
capital privado (retorno econômico abaixo das taxas oferecidas
pelo mercado), mas com significante interesse social e ambiental.
Produtividade Marginal
É aplicável quando o recurso natural em questão é utilizado como
insumo de produção de algum bem ou serviço comercializado no
mercado. Ou seja, o aproximação do valor do recurso natural é
feita através de variações de produção em função da alterações
qualidade/quantidade do ativo natural. Ex: Em uma atividade
agrícola que é afetada pela piora da qualidade do solo causada pela
poluição atmosférica, o recurso ambiental poluição atmosférica
será valorado pela alteração causada na oferta do produto agrícola
em questão, no mercado.
Produção Sacrificada
Se refere à perda de produção decorrente da cessação do capital
humano usado no processo de produção. Logo, danos ambientais
que comprometam a saúde ou a vida humana podem ser valorados
pelo valor presente das rendas futuras que deixaram de ser
geradas pela morte dos indivíduos.
Abordagem das Preferências
ReveladasCusto de Viagem
Dados sobre os custos de viagens incorridos para visita a
determinado recurso natural são utilizados para se avaliar os
benefícios recreacionais do recurso natural.
Utiliza observações de mercados reais que
estejam relacionados a algum ativo ou
serviço ambiental.
Preços Hedônicos
Estima o preço implícito de bens e serviços de mercados reais que
são influenciados por atributos ambientais. Os dois principais são o
mercado imobiliário (método do valor de propriedade) e o
mercado de trabalho (método de salário de compensação). A
técnica estima uma função de preço do bem no mercado tendo
como variável explicativa as características ambientais a serem
avaliadas, resultando em uma função de disposição marginal a
pagar. Ex: Redução do preço de residência em função da perda de
belezas naturais raras.
Técnicas Monetárias e não Monetárias para avaliar o valor da biodiversidade
- 99 -
APÊNDICE 2: RISCOS E OPORTUNIDADES
Abordagem de Avaliação Exemplos de Metodologia Descrição da Abordagem
Técnicas Monetárias
Abordagem de Preferências
DeclaradasSão capazes de avaliar todos os
componentes do TEV
Valoração Contingente
Estima valores econômicos a partir da construção de mercados
hipotéticos onde os participantes da pesquisa são solicitados a
responder sua Disposição a Pagar (WTP - Willing to Pay ) para obter
o ativo natural ou sua Disposição a Aceitar (WTA - willing to accept )
a desistência de um ativo.
Conjoint Analysis
Se trata de uma análise conjunta, onde os indíviduos recebem um
conjunto de cartões com diversos itens para serem ordenados por
preferência. Assim é possível calcular as taxas marginais de
substituição entre as características e o recurso ambiental, e se
algum dos cartões tiver um bem com preço de mercado será
possível calcular a WTP do candidato pelo recurso ambiental. Esse
tipo de pesquisa é muito útil para comunidades com pouca ou
nenhuma inserção na economia de mercado, como a indígena, que
apresentam dificuldades em expressar suas preferências em
termos monetários.
Técnicas Não Monetárias
Métodos de Consulta Questionários
Entrevista in-depth
Abordagem Participativa Grupo Foco
Busca Informações sobre o
relacionamento da comunidade com o
meio ambiente
Júris de Cidadãos
Envolve um processo de juri para avaliação das evidências
disponíveis antes de se chegar ao julgamento final sobre o futuro
do ativo ambiental.
Health BasedMede os impactos de fatores relacionados à saúde na qualidade e
longevidade da vida humana
Metodologia Q
Pesquisa Delphi
Participatory Rural Appraisal (PRA)
Participatory Action Research (PAR)
Utilizados em países em desenvolvimento para promovero
conhecimento local e capacitar as pessoas a fazerem suas próprias
avaliações, análises e planos.
Técnicas Monetárias e não Monetárias para avaliar o valor da biodiversidade
Tabela XX Tendências e Ponteciais Implicações para Biodiversidade e Negócios // Fonte: TEEB for Business
Tendência Risco Empresarial relacionado à Biodiversidade e Implicações Oportunidade Empresarial relacionada à Biodiversidade e Implicações
Esgotamento dos Recursos Naturais
Risco:
* Aumento da escassez de recursos naturais um menor acesso e
maior custo. Riscos secundários como conflitos interestaduais,
nacionalismos de recursos, terrorismo e migração em massa,
podem também reduzir o acesso aos recursos naturais.
Implicação:
* Necessidade de ferramentas para monitorar os estoques de
recursos naturais dos quais o negócio depende, e considerar a
potencial escassez de recursos para um adequado planejamento
de longo prazo.
* Encontrar caminhos criativos para acessar os recursos naturais
necessários, particularmente terras férteis e bem irrigadas, que
demanda cuidados com a necessidade de outros stakeholders.
Oportunidade:
* Eficiência de Recursos se tornará cada vez mais importante para cantagem
competitiva. Negócios com ações antecipadas podem ganhar vantagem
competitiva.
Aumento da Cobertura de Áreas de
Proteção Ambiental.
Nas últimas três décadas a cobertura de
áreas protegidas (UNEP 2007) aumentou
três vezes, expansão que deve
continuar, particularmente para áreas
marinhas e costeiras.
Risco:
* A contínua expansão de áreas protegidas restringirá as
operções de alguns negócios ou aumentará os custos de negócios
que dependem do acesso ou conversão de tais áreas. Isso afetará
os setores de turismo, agricultura, sivicultura, pesca, transporte e
extrativo.
Implicação:
* Empresas precisarão trabalhar em parceria com parceiros,
órgaos reguladores e ONG's para garantir sua licença para operar.
Isso pode incluir contribuições diretas do negócio para as metas
de áreas protegidas.
* Alguns negócios precisarão dedicar mais recursos para o
controle interno da gestão ambiental para assegurar e manter as
operações nas área de Proteção Ambiental concedidas.
Oportunidade:
* Negócios capazes de gerar o mesmo resultado a partir de menores pegadas
ecológicas (terra e mar) terão melhores resultados que seus concorrentes
com restrição de acesso às áreas de proteção ambiental (PA).
* Um bom histórico relacionado à administração e suporte de áreas de PA,
pode ser visto favoravelmente pelos reguladores nos momentos de
solicitação de acesso à recursos.
- 100 -
Tendência Risco Empresarial relacionado à Biodiversidade e Implicações Oportunidade Empresarial relacionada à Biodiversidade e Implicações
Melhora do Conhecimento Científico.
Uma combinação de pesquisas e
aperfeiçoamentos na tecnologia de
informação significa que as informações
ecológicas estão cada vez mais
confiáveis , acessíveis e daods espaciais
com maior resolução. Por exemplo, 2007-
2009 viram maior qualidade e
acuracidade das informações ecológicas
no World Database on Protected Areas,
incluindo a integração das áreas
marinhas, agora disponíveis on-line
(WDPA 2009).
Risco:
* Avanços na medição do consumo de recursos naturais irá
permitir um maior controle por parte de stakeholders externos
do uso empresarial de recursos e seus impactos na
biodiversidade e ecossistemas.
Implicação:
* Melhores evidências sobre de que maneira as empresas
dependem da biodiversidade e serviços ecossistêmicos irá
colocar os assuntos relacionados a Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos (BSE) na lista de prioridades das agendas
empresariais.
Oportunidade:
* Empresas que utilizarem as informações ecológicas de maneira eficaz
poderão dquirir vantagem através de aquisições antecipadas de recursos de
elevado valor, acordos de SE e/ou licenças de operação.
Inovação Tecnológica.
Desenvolvimento contínuo da
engenharia de biomimetismo,
bioecnologia, etc. Por exemplo, em 2008,
a 2ª geração de biocombustíveis
(bioquímicos e termoquímicos)
alcaçaram o estágio de demonstração,
enquanto a 3ª geração de
biocombustíveis de algas prometem
mais aumentos de produtividade (IEA
2008).
Risco:
* Algumas tecnologias e sistemas de gestão de recursos podem
reduzir a diversidade genética ou prejudicar o ecossistema,
gerando riscos tanto operacionais quanto de reputação.
Implicação:
* Mais políticas para proteger as espécies em perigo e o
ecossistema dos riscos impostos pelas novas tecnologias. Ex:
Aumento do Controle de Qualidade, punições para novos
produtos próximos à habitats sensíveis.
Oportunidade:
* Empresas podem usar de educação e comunicação, em colaboração com
peers e ONG's, para reduzir as preocupações públicas com novas tecnologias.
* Oportunidades Comercias potencias para empresas que investem ou
desenvolvem novas tecnologias e práticas de produção que são favoráveis à
biodiversidade e SE.
Aumento da Regulação Ambiental.
Aumento da frequência de mudança,
rigor, monitoramento das políticas
públicas para proteger e garantir os
pagamentos por danos à
biodiversidade. Ex: EU Environmental
Liability Directive, EU Habitats Directive,
US Clean Water Act, Mexico Sustainable
Forestry Code (Ecosystem Marketplace
2010), Lei de Compensação Ambiental do
Brasil. Ações Voluntárias estão cada vez
mais influenciando as políticas públicas.
Risco:
* Mudanças de regulação não previstas e aumento da regulação
direcionados às empresas para redução dos impactos na
biodiversidade, com governos aplicando cada vez mais
amplamente o "Princípio do Poluidor Paga".
* Custos de conformidade e impostos verdes sobre o carbono,
recurso de terra, água e outros implicarão em maiores custos
para as empresas.
Implicação:
* Empresas deveriam se familiarizar com as políticas ambientais
emergentes de maneira a identificar, controlar, monitorar e
reportar seu desempenho ambiental.
* Mais tempo e esforço podem ser demandados para expansão
de negócios à medida que os impactos na biodiversidade são
sujeitos a maior controle.
Oportunidade:
* Algumas empresas vão além da conformidade para se preparar para
iminentes mudanças regulatórias. Firmas podem se beneficiar por meio da
influência em regulações futuras e melhora da relação com stakeholders.
* Maior confiança nas políticas de mercado ambientais por parte dos agentes
reguladores, podem oferecer novas oportunidades de receita para alguns
negócios e/ou fazer a mitigação de impactos de maneira mais flexivel e
menos custosa.
Insegurança Energética.
Redução e aumento da
inacessibilidadedas reservas de
combustíveis fósseis, combinado com
risco político de fornecimento de energi,
estão forçando os países e e empresas a
reavaliarem e diversificarem suas fontes
de energia.
Risco:
* A maior confiança nas fontes de energia apoiadas em uso
intensivo de terra (bio-energia, energia solar concentrada
térmica, areias betuminosas, vento onshore) podem aumentar a
competição e pressão pelo uso da terra.
* Negócios de energia estão cada vez mais enfrentando desafios
operacionais técnicos relacionados ao meio ambiente (Ex: Águas
Profundas e Ártica) para garantir o acesso aos hidrocarbonetos.
Implicação:
* Negócios que operam em áreas que estimulam o uso intensivo
de terra para geração de energia terão que se planejar para
garantir o seu acesso futuro. Por exemplo, os agronegócios na
Índia podem encontrar dificuldade de encontrar terras férteis,
em função do programa nacional de desenvolvimento de
biocombustíveis (política demanda que 20% da demanda por
diesel seja suprida pelos biocombustíveis até 2017, o que poderá
requerer 14 milhões de hectares de terra (NCAER 2009)).
Oportunidade:
* Negócios podem desenvolver tecnologias de biocultura e biocombustíveis
que não competem com as culturas alimentares por terra e água.
* Oportunidade para ganhar vantagem competitiva por meio de um
planejamento antecipado que garanta o acesso à fontes de energia.
Tabela XX Tendências e Ponteciais Implicações para Biodiversidade e Negócios // Fonte: TEEB for Business
- 101 -
APÊNDICE 3: PANORAMA DO MERCADO DE SE
- 102 -
APÊNDICE 4: AMOSTRA
Empresa (Nome Padrão) Subsetor CDP CEBDS DJSI EXAME GRI ISE RTC Presença em Índices
Natura Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 1 1 1 1 1 1 6
CEMIG Energia Elétrica 1 1 1 1 1 1 6
Petrobras Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1 1 1 1 5
Vale Mineração 1 1 1 1 1 5
Fibria Madeira e Papel 1 1 1 1 4
CPFL Energia Energia Elétrica 1 1 1 1 4
Braskem Químicos 1 1 1 1 4
COPEL Energia Elétrica 1 1 1 1 4
EDP Energias do Brasil SA Energia Elétrica 1 1 1 1 4
Anglo American Mineração 1 1 1 3
CCR SA Transporte 1 1 1 3
TRACTEBEL Energia Elétrica 1 1 1 3
SABESP Água e Saneamento 1 1 1 3
LIGHT S/A Energia Elétrica 1 1 1 3
BRF FOODS Alimentos Processados 1 1 1 3
ALCOA Mineração 1 1 1 3
ELETROPAULO Energia Elétrica 1 1 1 3
Even Construtora e Incorporadora S.A. Construção e Engenharia 1 1 1 3
Eletrobras Energia Elétrica 1 1 1 3
ECORODOVIAS Transporte 1 1 1 3
Duratex Madeira e Papel 1 1 1 3
SUZANO PAPEL Madeira e Papel 1 1 2
Dow Chemical Químicos 1 1 2
Bunge Alimentos Processados 1 1 2
Klabin Madeira e Papel 1 1 2
Samarco Mineração Mineração 1 1 2
Masisa Madeira e Papel 1 1 2
AMBEV Bebidas 1 1 2
CESP Energia Elétrica 1 1 2
TAM Transporte 1 1 2
COELCE Energia Elétrica 1 1 2
COPASA Água e Saneamento 1 1 2
GERDAU Siderurgia e Metalurgia 1 1 2
Ampla Energia Elétrica 1 1
Thyssenkrupp Siderurgia e Metalurgia 1 1
Shell Brasil S.A. Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1
Brookfield Incorporações S.A. Construção e Engenharia 1 1
Unilever Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 1 1
CSN Siderurgia e Metalurgia 1 1
Corsan Água e Saneamento 1 1
Gol Transporte 1 1
AES Brasil Energia Elétrica 1 1
Marfrig Alimentos S.A. Alimentos Processados 1 1
The Coca-Cola Company Bebidas 1 1
Águas do Brasil Água e Saneamento 1 1
ENERGIAS BR Energia Elétrica 1 1
BASF S.A. Químicos 1 1
Coelba Energia Elétrica 1 1
Bayer S.A. Químicos 1 1
Furnas Centrais Elétricas S.A. Energia Elétrica 1 1
Monsanto Agropecuária 1 1
Solvay do Brasil Ltda. Químicos 1 1
Ecofrotas Transporte 1 1
Syngenta Seeds Ltda. Agropecuária 1 1
Nestlé Brasil Ltda. Alimentos Processados 1 1
Lorentzen Empreendimentos S.A. Construção e Engenharia 1 1
O Boticário Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 1 1
UNICA Agropecuária 1 1
PEPSICO INC Bebidas 1 1
Usina São Manoel Agropecuária 1 1
CHEVRON Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1
Celulose Irani Madeira e Papel 1 1
Raízen Energia S. A. Energia Elétrica 1 1
ARCELOR Siderurgia e Metalurgia 1 1
RENOVA Energia Elétrica 1 1
DNV - Det Norske Veritas Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1
Amanco do Brasil S.A. Materiais Diversos 1 1
All America Latina Logistica Transporte 1 1
Elektro Energia Elétrica 1 1
Sanasa Água e Saneamento 1 1
Cyrela Construção e Engenharia 1 1
Ipiranga Produtos de Pretróleo S.A Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1
JBS Alimentos Processados 1 1
Itaipu Binacional Energia Elétrica 1 1
QGEP Participações S.A. Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1
Kimberly-Clark Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 1 1
Lafarge Construção e Engenharia 1 1
TOTAL EMPRESAS 77
- 103 -
APÊNDICE 5: CONJUNTO DE EMPRESAS ANALISADAS
Subsetor Empresa (Nome Padrão) CDP CEBDS DJSI EXAME GRI ISE RTC Presença em Índices
Agropecuária Monsanto 1 1
Agropecuária Syngenta Seeds Ltda. 1 1
Agropecuária Usina São Manoel 1 1
Água e Saneamento Águas do Brasil 1 1
Água e Saneamento COPASA 1 1 2
Água e Saneamento SABESP 1 1 1 3
Água e Saneamento Sanasa 1 1
Alimentos Processados BRF FOODS 1 1 1 3
Alimentos Processados Bunge 1 1 2
Alimentos Processados JBS 1 1
Alimentos Processados Nestlé Brasil Ltda. 1 1
Bebidas AMBEV 1 1 2
Bebidas The Coca-Cola Company 1 1
Construção e Engenharia Brookfield Incorporações S.A. 1 1
Construção e Engenharia Cyrela 1 1
Construção e Engenharia Even Construtora e Incorporadora S.A. 1 1 1 3
Energia Elétrica CEMIG 1 1 1 1 1 1 6
Energia Elétrica COPEL 1 1 1 1 4
Energia Elétrica CPFL Energia 1 1 1 1 4
Energia Elétrica EDP Energias do Brasil SA 1 1 1 1 4
Energia Elétrica Elektro 1 1
Energia Elétrica ELETROPAULO 1 1 1 3
Energia Elétrica LIGHT S/A 1 1 1 3
Energia Elétrica RENOVA 1 1
Energia Elétrica TRACTEBEL 1 1 1 3
Madeira e Papel Celulose Irani 1 1
Madeira e Papel Duratex 1 1 1 3
Madeira e Papel Fibria 1 1 1 1 4
Madeira e Papel Klabin 1 1 2
Madeira e Papel Masisa 1 1 2
Madeira e Papel SUZANO PAPEL 1 1 2
Materiais Diversos Amanco do Brasil S.A. 1 1
Mineração ALCOA 1 1 1 3
Mineração Anglo American 1 1 1 3
Mineração Samarco Mineração 1 1 2
Mineração Vale 1 1 1 1 1 5
Petróleo, Gás e Biocombustíveis CHEVRON 1 1
Petróleo, Gás e Biocombustíveis Ipiranga Produtos de Pretróleo S.A 1 1
Petróleo, Gás e Biocombustíveis Petrobras 1 1 1 1 1 5
Petróleo, Gás e Biocombustíveis Shell Brasil S.A. 1 1
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Kimberly-Clark 1 1
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Natura 1 1 1 1 1 1 6
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza O Boticário 1 1
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Unilever 1 1
Químicos BASF S.A. 1 1
Químicos Bayer S.A. 1 1
Químicos Braskem 1 1 1 1 4
Químicos Dow Chemical 1 1 2
Siderurgia e Metalurgia ARCELOR 1 1
Siderurgia e Metalurgia GERDAU 1 1 2
Siderurgia e Metalurgia Thyssenkrupp 1 1
Transporte All America Latina Logistica 1 1
Transporte CCR SA 1 1 1 3
Transporte ECORODOVIAS 1 1 1 3
Transporte TAM 1 1 2
TOTAL EMPRESAS ANALISADAS 55
- 104 -
APÊNDICE 6 FONTE DE COLETA DE DADOS DA AMOSTRA
Subsetor Empresa (Nome Padrão) Tipo de Relatório Ano Relatório Data de Consulta
Agropecuária Monsanto Relatório Sustentabilidade 2012 abr/14
Agropecuária Syngenta Seeds Ltda. Relatório Anual 2013 abr/14
Agropecuária Usina São Manoel Relatório Sustentabilidade 2012 jun/14
Água e Saneamento Águas do Brasil ago/13
Água e Saneamento COPASA Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 ago/13
Água e Saneamento SABESP Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Água e Saneamento Sanasa Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 jun/13
Alimentos Processados BRF FOODS Relatório Anual 2012 mai/13
Alimentos Processados Bunge Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Alimentos Processados JBS Relatório Anual e de Sustentabilidade 2013 jun/14
Alimentos Processados Nestlé Brasil Ltda. Relatório de Criação de Valor Compartilhado 2011 jun/13
Bebidas AMBEV Relatório Anual e de Sustentabilidade 2011 jun/13
Bebidas The Coca-Cola Company Relatório Sustentabilidade 10/11 abr/14
Construção e Engenharia Brookfield Incorporações S.A. Relatório Anual 2012 jun/14
Construção e Engenharia Cyrela Relatório Anual 2013 jun/14
Construção e Engenharia Even Construtora e Incorporadora S.A. Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Energia Elétrica CEMIG Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 jun/13
Energia Elétrica COPEL Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 abr/14
Energia Elétrica CPFL Energia Relatório Anual 2011 jun/13
Energia Elétrica EDP Energias do Brasil SA Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 jun/13
Energia Elétrica Elektro Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Energia Elétrica ELETROPAULO Relatório Sustentabilidade 2013 mai/14
Energia Elétrica LIGHT S/A Relatório Sustentabilidade 2012 abr/13
Energia Elétrica RENOVA Relatório Sustentabilidade 2012 mai/14
Energia Elétrica TRACTEBEL Relatório Sustentabilidade 2012 abr/14
Madeira e Papel Celulose Irani Relatório Sustentabilidade 2012 mai/14
Madeira e Papel Duratex Relatório Sustentabilidade 2012 jul/13
Madeira e Papel Fibria Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Madeira e Papel Klabin Relatório Sustentabilidade 2012 mai/14
Madeira e Papel Masisa Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 jun/13
Madeira e Papel SUZANO PAPEL Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Materiais Diversos Amanco do Brasil S.A. Relatório Sustentabilidade 2012 jun/14
Mineração ALCOA Relatório Sustentabilidade 2011/12 jun/13
Mineração Anglo American Relatório à Sociedade 2012 jun/13
Mineração Samarco Mineração Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Mineração Vale Relatório Sustentabilidade 2011 jun/13
Petróleo, Gás e Biocombustíveis CHEVRON Relatório Anual 2013 abr/14
Petróleo, Gás e Biocombustíveis Ipiranga Produtos de Pretróleo S.A Relatório Anual 2012 mai/14
Petróleo, Gás e Biocombustíveis Petrobras Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Petróleo, Gás e Biocombustíveis Shell Brasil S.A. Relatório Sustentabilidade 2012 abr/14
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Kimberly-Clark Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Natura Relatório Anual 2012 abr/13
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza O Boticário Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Unilever Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Químicos BASF S.A. Relatório Anual 2011 jul/13
Químicos Bayer S.A. Relatório Anual 2013 abr/14
Químicos Braskem Relatório Anual 2011 jun/13
Químicos Dow Chemical Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13
Siderurgia e Metalurgia ARCELOR Relatório Sustentabilidade 2011 jul/13
Siderurgia e Metalurgia GERDAU Relatório Anual 2012 jul/13
Siderurgia e Metalurgia Thyssenkrupp Relatório Anual 12/13 mai/14
Transporte All America Latina Logistica Relatório Anual 2012 jun/14
Transporte CCR SA Relatório Sustentabilidade 2013 jun/13
Transporte ECORODOVIAS Relatório Anual 2011 jun/13
Transporte TAM Relatório Anual 2013 mai/14
Consulta Site (Relatório Anual não disponível)
- 105 -
APÊNDICE 7: NÚMERO DE INICIATIVAS GRI POR SETOR
Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Madeira e Papel
Total de água consumida por fonte. EN8 4
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 2
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 5
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 5
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 3
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 3
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade.EN14 6
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 3
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 5
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 1
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 5
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 2
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 4
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 7
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 2
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 1
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 5
PSE Menciona PSE no relatório PSE 2
PSE Life Cycle Assessment LCA 1
PSE Positive Net Impact PNI 1
TOTAL 68
Água
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
- 106 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Materiais
Diversos
Total de água consumida por fonte. EN8 0
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 1
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 0
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 0
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade.EN14 0
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 0
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 0
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 0
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 0
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 0
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 0
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 0
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 0
Literatura Menciona PSE no relatório PSE 0
Literatura Life Cycle Assessment LCA 0
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 1
Água
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
- 107 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Mineração
Total de água consumida por fonte. EN8 3
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 6
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 3
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 6
Quantidade de terra (própria ou alugada, e administrada para atividade
produtiva ou extrativa) danificada ou reabilitada.MM1 2
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 3
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre
os serviços ecossistêmicos).
EN14 5
Número e percentagem total de plantas que demandam planos de
gestão da biodiversidade. Fornecer também o número de plantas com
um plano em ação.
MM2 2
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 2
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 3
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 3
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 2
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 1
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 2
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 9
Quantidade de pedras, rejeitos, barragens e os riscos associados. MM3 3
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 3
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 4
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 1
Literatura Life Cycle Assessment LCA 1
Literatura Positive Net Impact PNI 1
TOTAL 66
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Água
Biodiversidade
- 108 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Produtos de Uso
Pessoal e de
Total de água consumida por fonte. EN8 2
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 6
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 3
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 3
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 1
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade.EN14 2
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 1
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 3
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 4
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 3
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 4
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 7
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 4
Literatura Menciona PSE no relatório PSE 3
Literatura Life Cycle Assessment LCA 3
Literatura Positive Net Impact PNI 1
TOTAL 52
Água
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
- 109 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Água e
Saneamento
Total de água consumida por fonte. EN8 0
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 2
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 3
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 1
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 0
Biodiversidade de habitats de compensação em relação à
biodiversidade dos afetadosEU13 2
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade (áreas florestais - alteração na densidade de árvores,
perda de espécies indígenas, paisagens - impactos em parques eólicos,
linhas de transmissão, água doce marinha, ecossistemas de zonas
úmidas - qualidade da água incluindo turvação, sedimentação,
assoreamento).
EN14 0
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 0
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 1
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 2
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas (indicador
principal).EN18 1
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 0
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 2
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 2
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 3
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 1
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 3
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0
Literatura Life Cycle Assessment LCA 0
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 23
Água
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
- 110 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Alimentos
Processados
Total de água consumida por fonte (indicador principal). EN8 1
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 4
Localização e tamanho de terras ou água próprias, arrendadas,
administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor
de biodiversidade fora de áreas protegidas (indicador principal).
EN11 1
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas
(indicador principal).
EN12 0
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre
os serviços ecossistêmicos).
EN14 5
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 0
Emissão direta e indireta de GHG por peso (indicador principal). EN16 2
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso (indicador
principal).EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 4
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso
(indicador principal).EN19 0
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso
(indicador principal).EN20 0
Total de água descarregada por qualidade e destinação (indicador
principal).EN21 3
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição (indicador
principal).EN22 6
Número total e volume de derramamentos significativos (indicador
principal).EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 2
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 3
Literatura Life Cycle Assessment LCA 2
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 34
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Biodiversidade
Água
- 111 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Químicos
Total de água consumida por fonte. EN8 3
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 2
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 3
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 2
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 0
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 2
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade.EN14 2
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 0
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 2
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 3
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 7
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 2
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 3
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 5
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 3
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 1
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 5
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 2
Literatura Life Cycle Assessment LCA 2
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 50
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Biodiversidade
Água
- 112 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Agropecuária
Total de água consumida por fonte. EN8 1
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 2
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 0
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 1
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade.EN14 3
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 0
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 2
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 1
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 0
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 2
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 1
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 1
Literatura Menciona PSE no relatório PSE 0
Literatura Life Cycle Assessment LCA 0
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 17
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Água
- 113 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Siderurgia e
Metalurgia
Total de água consumida por fonte. EN8 1
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 2
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 2
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 1
Quantidade de terra (própria ou alugada, e administrada para atividade
produtiva ou extrativa) danificada ou reabilitada.MM1 0
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 1
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre
os serviços ecossistêmicos).
EN14 1
Número e percentagem total de plantas que demandam planos de
gestão da biodiversidade. Fornecer também o número de plantas com
um plano em ação.
MM2 0
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 1
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 1
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 2
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 0
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 1
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 0
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 3
Quantidade de pedras, rejeitos, barragens e os riscos associados. MM3 0
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 1
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 2
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0
Literatura Life Cycle Assessment LCA 0
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 19
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Biodiversidade
Água
- 114 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Bebidas
Total de água consumida por fonte (indicador principal). EN8 3
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 4
Localização e tamanho de terras ou água próprias, arrendadas,
administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor
de biodiversidade fora de áreas protegidas (indicador principal).
EN11 2
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas
(indicador principal).
EN12 0
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre
os serviços ecossistêmicos).
EN14 1
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 1
Emissão direta e indireta de GHG por peso (indicador principal). EN16 1
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso (indicador
principal).EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 2
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso
(indicador principal).EN19 0
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso
(indicador principal).EN20 0
Total de água descarregada por qualidade e destinação (indicador
principal).EN21 2
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição (indicador
principal).EN22 3
Número total e volume de derramamentos significativos (indicador
principal).EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 2
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 1
Literatura Life Cycle Assessment LCA 1
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 23
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Água
- 115 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Petróleo, Gás e
Biocombustíveis
Total de água consumida por fonte.
Reportar separadamente a retirada de água para cada operação de uso
inensivo de água.
Reportar os tipos de operações definidas como de uso de água intensivo.
EN8 2
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água
(indicador principal).
Reportar metodologias utilizadas para definir fronteiras de retirada de
água.
Reportar importância das fontes de água para as comunidades.
Reportar se para determinado consumo ou retirada de água foi definida
alguma fronteira.
EN9 2
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 2
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 2
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 1
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 1
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade (indicador principal).
Indicadore relacionamentos potencialmente complexos com o ambiente
marinho, terrestre e de água e sobre como desenvolver essas
divulgações.
Estratégia para gestão da biodiversidade incluindo: relacionamento
local, e quando e como compensações ambientais foram utilizadas como
política.
EN14 3
Número e percentual de plantas de operação onde o risco de
biodiversidade tenha sido avaliado e monitorado.OG4 0
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 0
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 2
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. (indicador
principal).EN18 4
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 1
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1
Volume de formação e produção de água OG5 2
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 1
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 2
Volume de Hidrocarboneto queimado e liberado OG6 0
Quantidade de resíduos de perfuração e estratégias de tratamento e
disposição.OG7 2
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 1
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 1
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 2
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0
Literatura Life Cycle Assessment LCA 1
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 34
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Água
- 116 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Transporte
Total de água consumida por fonte . EN8 2
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 1
Localização e tamanho de terras ou água próprias, arrendadas,
administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor
de biodiversidade fora de áreas protegidas .
EN11 2
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas .EN12 3
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 2
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre
os serviços ecossistêmicos).
EN14 2
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 0
Emissão direta e indireta de GHG por peso . EN16 2
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso . EN17 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 4
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso . EN19 0
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso . EN20 0
Total de água descarregada por qualidade e destinação . EN21 0
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição . EN22 2
Número total e volume de derramamentos significativos . EN23 1
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 4
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0
Literatura Life Cycle Assessment LCA 0
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 25
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Água
- 117 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Construção e
Engenharia
Total de água consumida por fonte.
Reportar ações para mitigar e reduzir o consumo de água assim como
informações financeiras relevantes.
EN8 2
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1
Intensidade do uso de água por atividade CRE2 0
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 1
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 1
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 0
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 1
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade.EN14 0
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 0
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 1
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0
Intensidade de emissão de GHG das atividades principais (construção). CRE3 0
Intensidade de emissão de GHG das atividades relacionadas a novas
construções e redesenvolvimento de atividades.CRE4 0
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas (indicador
principal).EN18 3
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 1
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 3
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Degradação de
terra,
contaminação e
Terras recuperadas ou na necessidade de recuperação para uso do solo
já existente ou daqueles pretendidos, de acordo com as designações
legais aplicáveis.
CRE5 1
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 1
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0
Literatura Life Cycle Assessment LCA 0
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 18
Biodiversidade
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Água
- 118 -
Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Energia Elétrica
Total de água consumida por fonte. EN8 4
Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 2
Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas
em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de
biodiversidade fora de áreas protegidas.
EN11 5
Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas
atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 5
Biodiversidade de habitats de compensação em relação à
biodiversidade dos afetadosEU13 1
Habitats protegidos ou restaurados. EN13 3
Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na
biodiversidade (áreas florestais - alteração na densidade de árvores,
perda de espécies indígenas, paisagens - impactos em parques eólicos,
linhas de transmissão, água doce marinha, ecossistemas de zonas
úmidas - qualidade da água incluindo turvação, sedimentação,
assoreamento).
EN14 7
Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação
com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de
extinção.
EN15 1
Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 4
Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 1
Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas (indicador
principal).EN18 7
Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 2
Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 3
Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1
Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 11
Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0
Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios
tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos
Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados
internacionalmente.
EN24 0
Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de
corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos
descarregamentos e o escoamento de água da organização.
EN25 0
Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 11
Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 3
Literatura Life Cycle Assessment LCA 0
Literatura Positive Net Impact PNI 0
TOTAL 71
Emissões,
Efluentes e
Desperdício.
Biodiversidade
Água
- 119 -
APÊNDICE 8: PRINCIPAIS INICIATIVAS AMBIENTAIS E IMPACTOS NO FLUXO DE CAIXA
RefPráticas
sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício Reflexos no fluxo de caixa Empresa Setor
Nível
E&RPSE?
1Logística
Reversa.
Retorno do óleo vegetal util izado pelos seus
consumidores que é transformado em sabão com
95% de biodegradabilidade ou em biocombustível
que reduz a emissão de GEE.
Aumento da base de clientes pela crescente
demanda de consumidores por produtos
sustentáveis.
Possível acúmulo de cota de destinação
adequada para transação na BVRio.
- Receita coproduto
- Venda de crédito de
carbono
- Venda de produtos
- Venda de cota de
destinação adequada
(CDA) na BVRio.
Bunge Alimentos 2
2
Pecuária
integrada de
baixo carbono.
Aumento da produtividade;
Menor necessidade de conversão de novas áreas
de floresta em pastagem por meio da assistência
técnica e orientação dos pecuaristas para adotar
boas práticas agropecuárias recomendadas pela
Embrapa Gado de Corte.
Ganho de escala com redução de custo
direto (1 para 3 animais por hectare).
- Custo direto
- TerrenosJBS Alimentos 2 Sim
3
Resíduos
industriais para
geração de
energia térmica.
O sebo proveniente do processamento de aves e o
conteúdo ruminal bovino em substituição ao
combustível não renovável;
Redução das emissões de GEE provenientes do
tratamento de efluentes.
Redução nas emissões de GEE;
Redução custo indireto (energia).
- Energia elétrica
- Venda de crédito de
carbono
JBS Alimentos 1
4
Substituição da
queima de
carvão por
queima de
sementes.
Queima de certa de 8.000 t de sementes por ano
deixando de usar 4.500 t de carvão;
Redução de custos em 800 mil dólares por menor
custo com eliminação do milho e menor compra
de carvão.
Menor custo insumos
Menores custos de manutenção com a
eliminação de sementes.
- Insumos
- Custo manutenção
Monsa
ntoAlimentos 3
5
Parceria entre
empresas e
fazendeiros em
prol de práticas
produtivas mais
sustentáveis.
Aumento da produtividade por meio do programa
de repasse aos agricultores das melhores técnicas
agrícolas que vão desde escolha de sementes,
plantio até colheita.
Ganho de escala com redução de custo
direto;
Maior qualidade de serviço ecossistêmico
provido.
- Custo direto Nestlé Alimentos 1 Sim
- 120 -
Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
6 Projeto FreePacking.
Fornecedor de frascos de vidro permite
reutilizar de oito a dez vezes as caixas e
embalagens que envolvem os frascos.
Redução de custo equivalente à
12.057.283 caixas.
Redução de custos diretos. - Insumos O Boticário Cosméticos 2
7
Medidas de controle:
conscientização dos
empregados, substituição de
equipamentos hidráulicos
antigos, utilização de arejadores
nas torneiras, entre outras.
Redução do consumo administrativo de
água de 24% em relação a 2011.
Redução despesas indiretas
(funcionais). - Água Cemig Energia Elétrica 2
8
Operação de duas novas torres
de resfriamento para aumento
da eficiência do sistema de
resfriamento da planta.
Redução de 31% no consumo de água nos
últimos 4 anos.Redução custo direto.
- Custo direto
(água) Cemig Energia Elétrica 2
9
Produção de sementes e mudas
para revegetação de áreas
protegidas.
Gastos com reflorestamento como
condicionante à licença de operação
Redução dos riscos com
conformidade legal;
Possível acúmulo de áreas de
reposição florestal para
transação na BVRio.
- Reflorestamento
de áreas
degradadas;
- Venda de cota de
reposição florestal
(BVRio).
Cemig Energia Elétrica 1
10
Programa de Eficiência
Energética por meio da
substituição de chuveiro por
sistema de aquecimento solar:
6000 sistemas implementados.
11.8 MM investidos;
Economia de energia 1.807 Mwh/ano;
Emissões evitadas 124 t CO2 e.
Redução no consumo de
energia (despesas funcionais);
Acúmulo de créditos de
carbono.
- Energia elétrica
- Venda de crédito
de carbono
Cemig Energia Elétrica 3
- 121 -
Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
11Gerenciamento de
resíduos.
1.48 MM investidos para gerenciamento
de resíduos;
26.319 t de resíduos e material industrial
alienado ou reciclado;
Receita gerada de 8.4MM.
Redução do volume de material
disposto em aterros;
Redução da exposição a
passivos ambientais pela
gestão de resíduos;
Possível acúmulo de cota por
gestão adequada de resíduos.
- Armazenamento e
transporte de
resíduos;
- Contingências
ambientais.
- Venda de cota de
destinação
adequada na BVRio.
Cemig Energia Elétrica 4
12
Manejo integrado de
vegetação em faixas de
passagens de linha de
transmissão.
Investimento 5MM;
Redução 34 % dos desligamentos
(interrupções de energia) causados pelo
contato com as árvores;
Redução da frequência de podas.
Qualidade do produto final;
Redução de custo direto
(podas).
- Venda de Produtos
- Custo direto
(podas).
Cemig Energia Elétrica 2
13
Programa de
reflorestamento ciliar em
parceria com
proprietários rurais e com
o Ministério Público.
Efetivação de 74,2 he de matas
plantadas no entorno de 8 reservatórios
de usinas;
Produção de sementes e mudas.
Qualidade do produto final;
Redução de gastos com
medidas corretivas da água;
Possível acúmulo de áreas de
reposição florestal para
transação na BVRio.
- Venda de Produtos
- Custo Manutenção
- Venda de cota de
reposição florestal
na BVRio.
Cemig Energia Elétrica 2 Sim
14
Coproduto cinzas
utilizado para produção
de cimento.
As cinzas geradas pela combustão de
carvão no processo de geração de
energia nas usinas termelétricas servem
para a indústria cimenteira como insumo
do cimento pozolânico substituindo o
calcário em sua composição.
Redução de impacto mbiental;
Venda de coproduto.- Receita coprodutos Tractebel Energia Elétrica 2
- 122 -
Ref.Práticas
sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício Reflexos no fluxo de caixa Empresa Setor
Nível
E&RPSE?
15Plantio de
árvores.
Restauração da mata atlântica;
Previsão de plantio de 200 milhões de árvores
em 150 mil hectares nos próximos 10 anos;
Investimento de R$ 3bi
Redução dos riscos com
conformidade legal;
Gastos com reflorestamento como
condicionante à licença de operação.
Possível acúmulo de cota de reserva
ambiental para transação na BVRio.
- Venda de cota de
reserva ambiental
(CRA) na BVRio;
- Reflorestamento de
áreas degradadas.
FibriaMadeira
e Papel2
16 Reciclagem.
Lama de cal, cinza de biomassa, dregs e grits
são resíduos reaproveitados como corretivo de
solo;
Economia na compra de calcário e outros
fertilizantes minerais;
65.150 t recicladas ferou uma economia de R$
9,85 milhões.
Redução do volume de material
disposto em aterros;
Redução da exposição a passivos
ambientais pela gestão de resíduos.
Redução custo direto (insumos)
- Insumos FibriaMadeira
e Papel3
17
Corredores
Ecológicos(CE);
árvores-ponte
(AP); mosaico
de colheita
(MC);
dormitórios de
psitacídeos
(DP).
CE - faixas de plantios de eucalipto destinadas à
conexão de fragmentos de mata nativa
contribuem para o deslocamento dos animais da
região; AP - manutenção de árvores em pé nas
áreas de colheita de eucalipto para facilitar o
deslocamento das aves entre fragmentos de
mata nativa; MC - manutenção de talhões de
eucalipto em pé enquanto outros são colhidos
numa mesma região, de forma a manter a
estabilidade ambiental; DP - alguns talhões de
eucalipto são utilizados por grupos de
psitacídeos para pouso e dormitório.
Conservação da biodiversidade;
Qualidade do processo produtivo via
fomento da diversidade biológica
para garantia da qualidade dos
serviços ecossistêmicos.
Aumento da base de clientes pela
crescente demanda de consumidores
por produtos sustentáveis.
- Venda de produtos FibriaMadeira
e Papel2
- 123 -
Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
18Gerenciamento de
resíduos.
Utilização do lodo resultante do processo
de branqueamento de fibras recicladas
em olarias de cimento ou na caldeira de
biomassa.
Redução do volume de material
disposto em aterros.- Receita coproduto
Kimberly-
clarkMadeira e Papel 2
19Gerenciamento de
resíduos.
Aproveitamento de restos de concreto,
argamassa, alvenaria, cerâmica podem
compor misturas como de argamassa
para assentamentos, revestimentos e
contrapisos.
6.500 m3 de resíduos aproveitáveis dos
canteiros de obra correspondentes a
1.625 caçambas de plástico e papel.
Redução do volume de material
disposto em aterros;
Redução da exposição a
passivos ambientais pela
gestão de resíduos.
- Receita coprodutosCyrela
Materias e
Construção2
20Gerenciamento de
resíduos
Destinação dos resíduos de madeira das
obras a uma empresa que os transforma
em biomassa para produção de energia
limpa.
Redução do volume de material
disposto em aterros;
Redução da exposição a
passivos ambientais pela
gestão de resíduos.
- Receita coprodutosEven
Materias e
Construção1
21 Logística Reversa.Devolução de entulho para produção de
blocos estruturais.
Redução do volume de material
disposto em aterros;
Redução da exposição a
passivos ambientais pela
gestão de resíduos.
Possível acúmulo de cota de
destinação adequada para
transação na BVRio.
- Receita coprodutos
-Venda de cota de
destinação
adequada (CDA) na
BVRio.
EvenMaterias e
Construção1
- 124 -
Ref.Práticas
sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício
Reflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
22 Reciclagem de Gesso.Reciclagem de 558,4 t que produziram
11.167 t de cimento.
Redução do volume de
material disposto em
aterros;
Redução da exposição a
passivos ambientais pela
gestão de resíduos.
- Receita coprodutosEven
Materias e
Construção2
23
Construção de
cinturões verdes e
barreiras vegetais ao
redor dos pátios
produtivos.
Redução da suspensão de material
particulado;
Redução da velocidade com que os
ventos incidem nas pilhas de matérias-
prima por meio de adubação e realização
de novos plantios de modo a enriquecer
floresta existente, aumentando sua
diversidade florestal, sustentabilidade e
eficácia na redução de materiais
particulados suspensos.
Redução desperdício de
matéria-prima- Insumos Arcelor Metalurgia 1 Sim
24
Mecanismo de
desenvolvimento limpo
(MDL).
Projeto de cogeração de energia elétrica
pela reutilização de gases da aciaria,
resultando na aprovação pelo Comitê
executivo das nações unidas para a
comercialização de um segundo lote de
créditos de carbono;
Venda de 140 mil t de CO2 no valor de
3,34 milhões de reais.
Redução nas emissões de
GEE;
Redução custo indireto
(energia).
- Energia elétrica
- Venda de crédito
de carbono
Arcelor Metalurgia 2
- 125 -
Ref.Práticas
sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício
Reflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
25
Fechamento do circuito
de águas para
reciclagem e
reaproveitamento.
Investimento em avançados sistemas
fechados de tratamento e recirculação de
água trazendo economia de 2 trilhões de
litros de água;
Menores impactos ambientais.
Redução do custo direto na
produção do aço
- Instalações Fabris
- Custo diretoGerdau Metalurgia 2
26Sistema de
despoeiramento.
Captação de partículas sólidas geradas
no processo de produção de aço, que
posteriormente são transformadas em
coprodutos utilizados em outro segmento
da indústria.
Redução de custo de
manutenção;
Receita gerada com a
venda dos coprodutos.
- Receita coprodutos
- Custo indiretoGerdau Metalurgia 1
27
Substituição de
combustível fóssil por
cavaco de madeira.
Redução de emissão de 22 mil t de CO2
com o mesmo consumo de energia;
Economia de R$6 milhões por
substituição de insumo.
Redução de custos
indiretos;
Redução nas emissões de
GEE.
- Venda de crédito
de carbono
- Insumos
Anglo
AmericanMineração 2
28
Instalação de barreiras
de vento nos pátios de
estocagem de pelotas
e finos de minério de
ferro.
Investimento de R$ 88,6 MM;
67,1% de progresso na redução da
emissão de particulados nos pátios
Redução dos riscos com
conformidade legal.- Instalações fabris Samarco Mineração 3
- 126 -
Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
29
Fechamento do circuito de
águas para reciclagem e
reaproveitamento.
Investimento de R$ 90MM em
tanques de decantação, rampas,
bomba, tubulação e caixas d'água
em fibras e gestão de recusrsos
hídricos em geral;
Reaproveitamento da água
resultante da limpeza dos
caminhões;
Reuso da água nos processos de
concretagem, com economia de 3,2
milhões de m3 de água;
70% da água consumida nos
processos produtivos vem de reúso
(953 bilhões de litros de água).
Redução de custo direto
(redução dos dispêndios
com a água captada em
bacias hidrográficas).
- Água
- Instalações fabrisVale Mineração 3
30Guia de fechamento de
minas.
82MM investidos em fechamento
de minas;
Disponibilização de terreno para
usos alternativos.
Redução dos riscos com
conformidade legal.
- Contingências
ambientais
- Instalações fabris
Vale Mineração 2
31
Incentivo à melhoria da
gestão ambiental e ao
desenvolvimento de
economias municipais
sustentáveis;
Apoio à conservação de
áreas protegidas e sua
biodiversidade;
Monitoramento estratégico
do bioma.
Redução de 40% na taxa de
desmatamento no Pará (2009-
2011);
Área de floresta que deixou de ser
suprimida equivale a 1000 Km2.
Redução dos riscos com
conformidade legal;
Possível acúmulo de áreas
de reserva ambiental para
transação na BVRio.
- Venda de cota de
reserva ambiental
(CRA) na BVRio
- Reflorestamento
de áreas
degradadas
Vale Mineração 1
- 127 -
Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
32
Reaproveitamento do fino de
minério de ferro depositado
nas barragens após o
processo de beneficiamento.
Investimento em dragas, baias,
planta de repeineramento
Reprocessamento do material e
reincorporação à produção mineral;
Total de 2,5 milhões t de finos
reprocessados.
Redução de custo direto
Redução do impacto no
meio ambiente pois reduz
área destinada a barragens.
- Instalações fabris
- InsumosVale Mineração 2
33Sistema de gestão de
barragens e pilhas.
Reaproveitamento da escória para
geração de coprodutos;
Receita com a venda dos
coprodutos para indústrias de
construção civil, pavimentação e de
fertilizantes: cimento, cerâmica e
outros agregados.
Lucro médio de USD 88k pelo
gerenciamento adequado dos
residuos e seus coprodutos.
Redução do volume de
material disposto em
aterros;
Redução da exposição a
passivos ambientais pela
gestão de resíduos.
- Instalações fabris
- Receita coprodutosVale Mineração 3
34
Tecnologia de peneiramento
por meio da umidade da
mina.
Economia de 19,7 bi de litros de
água anuais;
Redução do consumo de energia
em mais de 18k MW/ano;
Evita construção de barragens de
rejeitos.
Redução de custo direto
(redução dos dispêndios
com a água captada em
bacias hidrográficas e
energia elétrica);
Menor necessidade de terra
para processo produtivo.
- Água
- Energia elétrica
- Terrenos
Vale Mineração 2
- 128 -
Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
35
Produção de biocombustível
(etanol) a partir do bagaço da
cana.
Aumento de 40% do potencial de
produção do etanol por área
plantada;
Menor custo de insumo, por se
tratar de um subproduto.
Redução de Custo direto;
Menor necessidade de terra
para processo produtivo.
- Pesquisa e
Desenvolvimento
- Insumo
- Terrenos
Petrobrás Petróleo e Gás 2
36
Proclima - Programa
tecnológico para mitigação
de mudanças climpaticas.
Recebimento de recursos pela
negocioção de créditos de carbono.
Redução dos riscos com
conformidade legal;
- Venda de créditos
de carbono
- instalações fabris
Petrobrás Petróleo e Gás 1
37
Reúso de efluente no sistema
de resfriamento com o seu
emprego no processo de
dessalinização por
eletrodiálise reversa.
Economia de 293 mil m3 de água.
Redução de custo direto
(redução dos dispêndios
com a água captada em
bacias hidrográficas e
energia elétrica).
- Água Petrobrás Petróleo e Gás 2
38Estação de tratamento de
despejos industriais.Economia potencial de 2,6MM m
3
de água por ano.
Redução de custo direto
(redução dos dispêndios
com a água captada em
bacias hidrográficas e
energia elétrica).
- Água Petrobrás Petróleo e Gás 2
- 129 -
Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo
de caixaEmpresa Setor
Nível
E&RPSE?
39
Aproveitamento do biogás
gerado a partir do tratamento
de esgotos para geração de
energia.
Proteção dos lençõis freáticos;
Economia de energia elétrica.
Redução despesas indiretas
(funcionais). - Energia elétrica Sabesp
Saneamento
Básico1
40 Gerenciamento de resíduos.
Transformação do lodo produzido
na estação de tratamento de
esgoto em composto agrícola;
Compostagem de 70 t diárias,
redução de 58% dos custos
operacionais de tratamento e
disposição final do lodo.
Receita com a venda do
fertilizante;
Redução custos indiretos;
Possível acúmulo de cota
por destinação adequada
de resíduos para transação
na BVRio.
- Receita coproduto
- Custo indireto
(manutenção)
- Venda de cota de
destinação
adequada (CDA)
BVRio.
SabespSaneamento
Básico2
41 Tecnologia de asfalto morno.
Redução das emissões de GEE por
meio de um processo de
pavimentação em que a
temperatura utilizada na usina para
a mistura dos agregados é reduzida
significativamente.
Redução custo indireto
(energia);
Redução nas emissões de
GEE.
- Energia elétrica
- Venda de crédito
de carbono
CCR Transporte 1
- 130 -
ANEXO I
Código Categoria Descrição Pp/gu
1Extração e Tratamento
de Minerais
- pesquisa mineral com guia de utilização; lavra a
céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem
beneficiamento; lavra subterrânea com ou sem
beneficiamento, lavra garimpeira, perfuração de
poços e produção de petróleo e gás natural.
AAlto
2Indústria de Produtos
Minerais Não Metálicos
- beneficiamento de minerais não metálicos, não
associados a extração; fabricação e elaboração de
produtos minerais não metálicos tais como
produção de material cerâmico, cimento, gesso,
amianto, vidro e similares.
MMédio
3 Indústria Metalúrgica
- fabricação de aço e de produtos siderúrgicos,
produção de fundidos de ferro e aço, forjados,
arames, relaminados com ou sem tratamento; de
superfície, inclusive galvanoplastia, metalurgia dos
metais não-ferrosos, em formas primárias e
secundárias, inclu
AAlto
4 Indústria Mecânica
- fabricação de máquinas, aparelhos, peças,
utensílios e acessórios com e sem tratamento
térmico ou de superfície.
MMédio
5
Indústria de material
Elétrico, Eletrônico e
Comunicações
- fabricação de pilhas, baterias e outros
acumuladores, fabricação de material elétrico,
eletrônico e equipamentos para telecomunicação
e informática; fabricação de aparelhos elétricos e
eletrodomésticos.
MMédio
6Indústria de Material
de Transporte
- fabricação e montagem de veículos rodoviários e
ferroviários, peças e acessórios; fabricação e
montagem de aeronaves; fabricação e reparo de
embarcações e estruturas flutuantes.
MMédio
7 Indústria de Madeira
- serraria e desdobramento de madeira;
preservação de madeira; fabricação de chapas,
placas de madeira aglomerada, prensada e
compensada; fabricação de estruturas de madeira
e de móveis.
Médio
8Indústria de Papel e
Celulose
- fabricação de celulose e pasta mecânica;
fabricação de papel e papelão; fabricação de
artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e
fibra prensada.
Alto
9 Indústria de Borracha
- beneficiamento de borracha natural, fabricação
de câmara de ar, fabricação e recondicionamento
de pneumáticos; fabricação de laminados e fios de
borracha; fabricação de espuma de borracha e de
artefatos de espuma de borracha, inclusive látex.
Pequeno
10Indústria de Couros e
Peles
- secagem e salga de couros e peles, curtimento e
outras preparações de couros e peles; fabricação
de artefatos diversos de couros e peles; fabricação
de cola animal.
Alto
- 131 -
Código Categoria Descrição Pp/gu
11
Indústria Têxtil, de
Vestuário, Calçados e
Artefatos de Tecidos
- beneficiamento de fibras têxteis, vegetais,
de origem animal e sintéticos; fabricação e
acabamento de fios e tecidos; tingimento,
estamparia e outros acabamentos em peças do
vestuário e artigos diversos de tecidos;
fabricação de calçados e componentes p
Médio
12Indústria de Produtos
de Matéria Plástica.
- fabricação de laminados plásticos, fabricação
de artefatos de material plástico.Pequeno
13 Indústria do Fumo- fabricação de cigarros, charutos, cigarrilhas e
outras atividades de beneficiamento do fumo.Médio
14 Indústrias Diversas - usinas de produção de concreto e de asfalto. Pequeno
15 Indústria Química
- produção de substâncias e fabricação de
produtos químicos, fabricação de produtos
derivados do processamento de petróleo, de
rochas betuminosas e da madeira; fabricação
de combustíveis não derivados de petróleo,
produção de óleos, gorduras, ceras, veget
Alto
16Indústria de Produtos
Alimentares e Bebidas
- beneficiamento, moagem, torrefação e
fabricação de produtos alimentares;
matadouros, abatedouros, frigoríficos,
charqueadas e derivados de origem animal;
fabricação de conservas; preparação de
pescados e fabricação de conservas de
pescados; beneficiamen
Médio
17 Serviços de Utilidade
- produção de energia termoelétrica;
tratamento e destinação de resíduos
industriais líquidos e sólidos; disposição de
resíduos especiais tais como: de agroquímicos
e suas embalagens; usadas e de serviço de
saúde e similares; destinação de resíduos de
esg
Médio
18Transporte, Terminais,
Depósitos e Comércio
- transporte de cargas perigosas, transporte
por dutos; marinas, portos e aeroportos;
terminais de minério, petróleo e derivados e
produtos químicos; depósitos de produtos
químicos e produtos perigosos; comércio de
combustíveis, derivados de petróleo e pr
Alto
19 Turismo- complexos turísticos e de lazer, inclusive
parques temáticos.Pequeno
20Uso de Recursos
Naturais
- silvicultura; exploração econômica da
madeira ou lenha e subprodutos florestais;
importação ou exportação da fauna e flora
nativas brasileiras; atividade de criação e
exploração econômica de fauna exótica e de
fauna silvestre; utilização do patrimônio
Médio
21 (VETADO) x x
22 (VETADO) x x
- 132 -