biografia de james hudson taylor

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Biografia de James Hudson Taylor - O Homem que Amou o Senhor e a China "James Hudson Taylor nasceu em 1832, em Barnsley, Inglaterra, filho de um sacerdote metodista. Com dezesseis anos, creu em Cristo como seu Salvador, numa tarde em que estava sozinho em casa e entediado. A vida religiosa dos pais não o atraía e ele desejava muito os prazeres do mundo. Passando os olhos pela biblioteca do pai, procurando algo com que se distrair, pegou um livro que falava sobre o Evangelho e começou a lê-lo. No mesmo instante, sua mãe, a mais de cem quilômetros de distância, era conduzida por Deus para orar pela salvação do filho. Taylor orou e a oração de sua mãe foi respondida: ele se rendeu ao Senhor. Oração tornou-se, posteriormente, uma das mais preeminentes marcas de seu serviço e ministério. Desde então, sentiu-se chamado para pregar o Evangelho na China. Por isso, passou a preparar-se dormindo sobre uma esteira, abrindo mão de qualquer luxo, vivendo com o mínimo de alimento necessário e dependendo exclusivamente do Senhor para seu sustento. Assim, aos dezenove anos, Taylor aprendeu que poderia confiar em Deus e obedecer-Lhe em qualquer área de sua vida - aprendeu que se pode levar a sério Deus e Sua Palavra. Após estudar medicina e teologia, foi para a China em 1854 como um missionário assalariado pela Sociedade para Evangelização da China. Em 20 de janeiro de 1858, após trabalhar num hospital por quatro anos, ele casou com Maria Dyer (1837? - 1870), missionária, filha de um dos primeiros missionários para a China. Eles tiveram oito filhos, quatro dos quais morreram com menos de dez anos. Por ser ela fluente no dialeto ningpo, ajudou Hudson no trabalho de tradução do Novo Testamento, no que ele investiu cinco anos. Essa tradução foi realizada na Inglaterra e, em 1866, Taylor retornou a China com dezesseis outros missionários e fundou a Missão para o Interior da China (MIC). Em 1870, sua esposa e dois de seus filhos morreram de cólera. Maria era uma torre forte e um conforto para o marido. Nas palavras dela, ela era "mais intimamente instruída que qualquer outra pessoa com as provações, as tentações, os conflitos, as falhas e quedas e as conquistas" do marido. Em 1871, Taylor casou-se com Jennie Faulding (1843 - 1903), missionária da MIC. Eles tiveram dois filhos, incluindo Howard, o biógrafo do pai e autor de O Segredo Espiritual de Hudson Taylor (Editora Mundo Cristão). Jennie cuidou do marido em meio a injúrias e doenças, editou o periódico China’s Millions da MIC e tinha um ministério especial entre as mulheres. Nos últimos anos de vida, ela viajou com Hudson, além de falar e escrever e organizar o trabalho da Missão. Partiu para o Senhor em 1904. Hudson permaneceu na China e quando dormiu no Senhor, em Changsha, em 1905 (antes que os comunistas tomassem o país que ele tanto amava), havia lá deixado 250 pontos missionários com 849 missionários da Inglaterra e 125.000 chineses cristãos dando testemunho do Evangelho. Sua vida é um dos mais impressionantes registros da história do evangelismo e um dos maiores testemunhos da fidelidade do Senhor e a Ele." Hudson Taylor

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Biografia de James Hudson Taylor - O Homem que Amou oSenhor e a China"James Hudson Taylor nasceu em 1832, em Barnsley, Inglaterra, filho de um sacerdotemetodista. Com dezesseis anos, creu em Cristo como seu Salvador, numa tarde em que estavasozinho em casa e entediado. A vida religiosa dos pais não o atraía e ele desejava muito osprazeres do mundo. Passando os olhos pela biblioteca do pai, procurando algo com que se

distrair, pegou um livro que falava sobre o Evangelho e começou a lê-lo. No mesmo instante,sua mãe, a mais de cem quilômetros de distância, era conduzida por Deus para orar pelasalvação do filho. Taylor orou e a oração de sua mãe foi respondida: ele se rendeu ao Senhor.Oração tornou-se, posteriormente, uma das mais preeminentes marcas de seu serviço eministério.

Desde então, sentiu-se chamado para pregar o Evangelho na China. Por isso, passou apreparar-se dormindo sobre uma esteira, abrindo mão de qualquer luxo, vivendo com o mínimode alimento necessário e dependendo exclusivamente do Senhor para seu sustento. Assim,aos dezenove anos, Taylor aprendeu que poderia confiar em Deus e obedecer-Lhe emqualquer área de sua vida - aprendeu que se pode levar a sério Deus e Sua Palavra.

Após estudar medicina e teologia, foi para a China em 1854 como um missionário assalariadopela Sociedade para Evangelização da China.

Em 20 de janeiro de 1858, após trabalhar num hospital por quatro anos, ele casou com MariaDyer (1837? - 1870), missionária, filha de um dos primeiros missionários para a China. Elestiveram oito filhos, quatro dos quais morreram com menos de dez anos. Por ser ela fluente nodialeto ningpo, ajudou Hudson no trabalho de tradução do Novo Testamento, no que eleinvestiu cinco anos. Essa tradução foi realizada na Inglaterra e, em 1866, Taylor retornou aChina com dezesseis outros missionários e fundou a Missão para o Interior da China (MIC).

Em 1870, sua esposa e dois de seus filhos morreram de cólera. Maria era uma torre forte e umconforto para o marido. Nas palavras dela, ela era "mais intimamente instruída que qualquer outra pessoa com as provações, as tentações, os conflitos, as falhas e quedas e as conquistas"

do marido.

Em 1871, Taylor casou-se com Jennie Faulding (1843 - 1903), missionária da MIC. Elestiveram dois filhos, incluindo Howard, o biógrafo do pai e autor de O Segredo Espiritual deHudson Taylor (Editora Mundo Cristão). Jennie cuidou do marido em meio a injúrias e doenças,editou o periódico China’s Millions da MIC e tinha um ministério especial entre as mulheres.Nos últimos anos de vida, ela viajou com Hudson, além de falar e escrever e organizar otrabalho da Missão. Partiu para o Senhor em 1904.

Hudson permaneceu na China e quando dormiu no Senhor, em Changsha, em 1905 (antes queos comunistas tomassem o país que ele tanto amava), havia lá deixado 250 pontosmissionários com 849 missionários da Inglaterra e 125.000 chineses cristãos dandotestemunho do Evangelho. Sua vida é um dos mais impressionantes registros da história do

evangelismo e um dos maiores testemunhos da fidelidade do Senhor e a Ele."

Hudson Taylor

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O pai das missões no interior da China(1832-1905)

Tiago Taylor tinha-se levantado cedo de madrugada. Chegara por fim o auspicioso eanunciado dia de seu casamento; o moço ocupava-se em arrumar tudo para receber a

noiva na casa que iam ocupar. Enquanto trabalhava, estava meditando sobre asocorrências recentes na aldeola.

Duas famílias, a dos Cooper e a dos Shaw, converteram-se e convidaram João Wesley a pregar na feira. O velho discursou sobre "a ira vindoura" de tal maneira, que o povodesistiu da amarga perseguição, deixando o intrépido pregador hospedar-se na casa do

senhor Shaw.

Enquanto Tiago preparava a casa para a chegada da noiva, ouvia-se a voz da vizinha, asenhora Shaw, cantando. Lembrou-se de como ela, meses antes, passava todo o tempoacamada, gemendo dia após dia por causa do reumatismo que a deixara aleijada. Mas

quando "confiou no Senhor", como disse, para a cura imediata, grande foi atransformação. E indizível foi a surpresa do marido ao voltar a casa: a esposa não

somente estava curada e de pé, mas estava varrendo a cozinha!Tiago Taylor odiava areligião. Ainda mais: esse era o dia em que se ia casar. Depois do casamento iam dançar 

e beber como se fazia em tais ocasiões. Mas não podia livrar-se das palavras, talvezouvidas do sermão do pregador: "Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor." 

Sim, ia ter uma esposa e assumir as responsabilidades de marido e de pai de família.Grande tinha sido seu descuido. Resolvido, então, a entrar seriamente na vida de casado,

começou a repetir as palavras: "Serviremos ao Senhor!" 

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As horas se passavam. O sol subia mais e mais sobre as casas cobertas de neve. Mas o jovem Tiago, esquecido de tudo que é material, e tomado pela realidade das coisaseternas, permaneceu de joelhos, face a face com Deus. O amor do Salvador, por fim,venceu o seu coração e Tiago Taylor levantou-se com a alma cheia do Senhor Jesus.

Podemos imaginar como os sinos dobraram, como a noiva e os convivas seimpacientaram, nesse dia. Já havia passado a hora para o culto de casamento quando o jovem despertou do enlevo com Deus e se levantou da oração. Depois de vestir-se,

venceu rapidamente os três quilômetros até o vilarejo de Royston.

Sem perderem tempo em perguntar ao rapaz a razão de tanto atraso, realizou-se o culto,e Tiago e Elisabete saíram da igreja, casados. O jovem não vacilou, mas ao sair contou

tudo acerca da sua conversão, ao ouvido de Bete. Ao ouvir o que ele relatava, elaexclamou em tom de desespero: "Casei-me, então, com um desses metodistas!"

 Não houve dança nesse dia; a voz e o violino do noivo foram usados para glorificar oMestre. Bete, apesar de saber em seu coração que Tiago tinha razão, continuou a resistir e a queixar-se dia após dia. Então, certo dia, quando se mostrava ainda mais contrariada,o robusto Tiago levantou-a nos braços e a levou para o quarto, onde se ajoelhou ao seulado, derramando a sua alma em oração por ela. Comovida pela profundeza da mágoa ecuidado que Tiago sentia por sua alma, ela começou a sentir também seu pecado e, no

dia seguinte, de joelhos, ao lado do marido, Elisabete Taylor clamou a Deus,renunciando a vaidade do mundo e entregando-se a Cristo.É, assim, com os bisavós, que

começa a verdadeira biografia do herói da fé, Hudson Taylor. Os avós e os pais, namesma ordem, criaram seus filhos no mesmo temor de Deus.

 Num memorável dia, antes do nascimento de Hudson, o primogênito da família, o pai procurou a sua esposa para conversar sobre uma passagem das Escrituras que o im-

 pressionava profundamente. Na sua Bíblia leu para ela uma parte dos capítulos 13 deÊxodo e 3 de Números: "Santifica-me todo o primogênito... Todo o primogênito meu

é... Meus serão... Apartarás para o Senhor..." 

Os dois conversaram muito tempo sobre o gozo que esperavam ter. Então, de joelhos,

entregaram seu primogênito ao Senhor, pedindo que desde já ele o separasse para a suaobra.

Tiago Taylor, o pai de Hudson, não somente orava fervorosamente por seus cincofilhos, mas ensinou-os a pedirem detalhadamente a Deus todas as coisas. Ajoelhados,diariamente, ao lado da cama, o pai colocava o braço ao redor de cada um enquanto

orava insistentemente por ele. Desejava que cada membro da família passasse, também,ao menos meia hora, todos os dias, perante Deus, renovando a alma por meio de oração

e estudo das Escrituras.

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A porta fechada do quarto da sua mãe, diariamente ao meio-dia, apesar das suasconstantes e inumeráveis obrigações, tinha também grande influência sobre todos, poissabiam que ela, assim, se prostrava perante Deus para renovar suas forças e para que o

 próximo se sentisse atraído ao Amigo invisível que habitava nela.

 Não é de admirar, portanto, que, ao crescer, Hudson se consagrasse inteiramente a Deus.O grande segredo do seu incrível êxito é que em tudo que carecia, no sentido espiritual

ou material, recorria a Deus e recebia dos tesouros infinitos.

Contudo, não devemos julgar que a mocidade de Hudson Taylor fosse isenta de grandeslutas. Como acontece com muitos, o moço chegou à idade de dezessete anos sem

reconhecer Cristo como seu Salvador. Acerca disso ele escreveu mais tarde:"Pode ser coisa estranha, mas sou grato pelo tempo que passei no ceticismo. O absurdo de crentesque professam crer na Bíblia enquanto se comportam justamente como se não existisse

tal livro, era um dos maiores argumentos dos meus companheiros céticos.Freqüentemente afirmava que, se eu aceitasse a Bíblia, ao menos faria tudo para seguir o que ela ensina e no caso de achar que tal coisa não era prática, lançaria tudo fora. Foiessa a minha resolução quando o Senhor me salvou. Acho que desde então realmente

 provei a Palavra de Deus. Certamente nunca me arrependi de confiar nas suas promessas ou de seguir a sua direção.

"Quero relatar então como Deus respondeu às orações da minha mãe e da minha queridairmã, por minha conversão:

"Certo dia, para mim inesquecível,... para me divertir, escolhi um tratado na bibliotecade meu pai. Pensei em ler o começo da história e não ler a exortação do fim.

"Eu não sabia o que acontecia ao mesmo tempo no coração da minha querida mãe, queestava a mais de cem quilômetros de casa. Ela levantara-se da mesa anelando a salvação

de seu filho. Estando longe da família e livre da lida doméstica, entrou no seu quarto,resolvida a não sair antes de receber a resposta às suas orações. Orou hora após hora, atéque, por fim, só podia louvar a Deus: o Espírito Santo revelou-lhe que o filho por quem

orava já se havia convertido.

"Eu, como já mencionei, fui dirigido ao mesmo tempo a ler o tratado. Fui atraído pelas palavras: A obra consumada. Perguntei-me a mim mesmo: "Por. que o escritor não

escreveu: A obra propiciatória? Qual é a obra consumada?" Então vi que a propiciaçãode Cristo era plena e perfeita. Toda a dívida de nossos pecados ficou paga e não restavacoisa alguma que eu fizesse. Então raiou em mim a gloriosa convicção; fui iluminado

 pelo Espírito Santo, para reconhecer que eu somente precisava de prostrar-me e,aceitando o Salvador e a sua salvação, louvá-lo para todo o sempre.

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"Assim, enquanto a minha querida mãe, no seu quarto, de joelhos, estava louvando aDeus, eu também louvava a Deus na biblioteca de meu pai, onde entrara para ler o li-

vrinho."

Foi assim que Hudson Taylor aceitou, para a sua própria vida, a obra propiciatória deCristo, um ato que transformou todo o resto da sua vida. Acerca da sua consagração, eleescreveu:

"Lembro-me bem da ocasião, quando, com gozo no coração, derramei a alma peranteDeus, repentinamente, confessando-me grato e cheio de amor porque Ele tinha feito

tudo - salvando-me quando eu não tinha mais esperança, nem queria a salvação.Supliquei-lhe que me concedesse uma obra para fazer, como expressão do meu amor egratidão, algo que envolvesse abnegação, fosse o que fosse; algo para agradar a quemfizera tanto para mim. Lembro-me de como, sem reserva, consagrei tudo, colocando a

minha própria pessoa, a minha vida, os amigos, tudo sobre o altar. Com a certeza de quea oferta fora aceita, a presença de Deus se tornou verdadeiramente real e preciosa. Pros-trei-me em terra perante Ele, humilhado e cheio de indizível gozo. Para que serviço fora

aceito eu não sabia. Mas fui possuído de uma certeza tão profunda de não pertencer mais a mim mesmo, que esse entendimento, depois dominou toda a minha vida".

O moço que entrou no quarto para estar sozinho com Deus nesse dia, não era o mesmoquando dali saiu. Um alvo e um poder se apossaram dele. Não mais ficou satisfeito em

somente alimentar a sua própria alma nos cultos; começou a sentir a sua

responsabilidade para com o próximo - anelava tratar dos negócios de seu Pai.Regozijava-se com riquezas e bênçãos indizíveis. E, como os leprosos no arraial dossiros, Hudson e sua irmã, Amélia, diziam: Não fazemos bem; este dia é de boas novas, e

nos calamos. Desistiram, pois, de assistir aos cultos aos domingos à noite e saíram paraanunciar a mensagem, de casa em casa, entre as classes mais pobres da cidade. Mas

Hudson Taylor não se sentia satisfeito; sabia que ainda não estava no centro da vontadede Deus. Na angústia de seu espírito, como aquele da antiguidade, clamou: Não te

deixarei ir, se me não abençoares. Então, sozinho e de joelhos, surgiu na sua alma umgrande propósito: se Deus rompesse o poder do pecado e o salvasse em espírito, alma e

corpo para toda a eternidade, ele renunciaria tudo na terra para ficar sempre ao seu

dispor. Acerca desta experiência, foi ele mesmo que se expressou:

"Nunca me esquecerei do que senti então; não há palavras para descrever. Senti-me na presença de Deus, entrando numa aliança com o Todo-poderoso. Pareceu-me que ouvienunciadas as palavras: Tua oração é ouvida; todas condições são aceitas.' Desde então

nunca duvidei da convicção de que Deus me chamava a trabalhar na China."

A chamada de Deus, apesar de Hudson Taylor quase nunca a mencionar, ardia como umfogo dentro do seu coração. Copiamos a seguir o seguinte trecho de uma das cartas

enviada a sua irmã:

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"Imagina, centenas de milhões de almas sem Deus, sem esperança, na China! Pareceincrível; milhões de pessoas morrem dentro de um ano sem qualquer conforto do

Evangelho!... Quase ninguém liga importância à China, onde habita cerca da quarta parte da raça humana... Ora por mim, querida Amélia, pedindo ao Senhor que me dê

mais da mente de Cristo... Eu oro no armazém, na estrebaria, em qualquer canto onde posso estar sozinho com Deus. E ele me concede tempos gloriosos... Não é justo esperar que V... (a noiva de Hudson) vá comigo para morrer no estrangeiro. Sinto

 profundamente deixá-la, mas meu Pai sabe qual é a melhor coisa e não me negará coisaalguma que seja boa..."

A falta de espaço não permite relatarmos aqui o heroísmo da fé que o jovem mostrousuportando os sacrifícios e as privações necessárias para cursar a escola de medicina e

de cirurgia para melhor servir o povo da China.

Antes de embarcar, escreveu estas palavras à sua mãe: "Anelo estar aí uma vez mais esei que a senhora quer verme, mas acho melhor não nos abraçarmos um ao outro mais,

 pois isso seria encontrarmo-nos para logo nos separarmos para todo o sempre..."Contudo a sua mãe foi ao porto de onde o navio se ia fazer à vela. Alguns anos depoisele assim registrou a partida:"A minha querida mãe, que agora está com Cristo, veio aLiverpool para despedir-se de mim. Nunca me esquecerei de como ela entrou comigono camarote em que eu ia morar quase seis longos meses. Com o carinho de mãe, en-

direitou os cobertores da pequena cama. Assentou-se ao meu lado e cantamos o últimohino antes de nos separarmos um do outro. Ajoelhamo-nos e ela orou. Foi a última

oração de minha mãe antes de eu partir para a China. Ouviu-se então o sinal para quetodos os que não eram passageiros saíssem do navio. Despedimo-nos um do outro, sema esperança de nos encontrarmos outra vez... Ao passar o navio pelas comportas, e

quando a separação começou a ser realidade, do seu coração saiu um grito de angústiatão comovente, que jamais esquecerei. Foi como que meu coração fosse traspassado por uma faca. Nunca reconheci tão plenamente até então, o que significam as palavras: Pois

assim amou Deus ao mundo. Estou certo de que a minha preciosa mãe, nessa ocasião,chegou a compreender mais do amor de Deus para com um mundo que perece do que

em qualquer outro tempo da sua vida. Oh! como se entristece o coração de Deus ao ver como seus filhos fecham os ouvidos à chamada divina para salvar o mundo pelo qual

seu amado, seu único Filho sofreu e morreu!"

Os passageiros de navios modernos conhecem muito pouco do incômodo de viajar emnavio à vela. Depois de uma das muitas tempestades por que passou o "Dumfries", o

nosso herói escreveu: "A maior parte do que possuo está molhado. O camarote docomissário, coitado, inundou-se..." Somente pelas orações e grandes esforços de todos a bordo é que conseguiram salvar as próprias vidas quando o navio, levado por grande

temporal, estava prestes a naufragar nas pedras da praia de Gales. A viagem queesperavam realizar em quarenta dias levou cinco meses e meio! Somente em 1 de março

de 1854, Hudson Taylor, com a idade de vinte e um anos, conseguiu desembarcar emShanghai, quando então ele escreveu estas impressões:

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"Não posso descrever o que senti ao pisar em terra. Parecia-me que o coração iaestourar; as lágrimas de gratidão e gozo corriam-me pelas faces."Sobreveio-lhe, então,uma grande onda de saudade; não havia amigos, nem conhecidos, nem qualquer pessoa

em todo o país para saudá-lo bem-vindo nem mesmo alguém que conhecesse o seunome.

 Nesse tempo a China era terra incógnita, a não ser os cinco portos no litoral, abertos àresidência de estrangeiros. Foi na casa de um missionário em Shanghai, um dos cinco

 portos, que o moço achou hospedagem.

A vitória em todas as variadas provações nesse tempo era devida à característica maissaliente de Hudson Taylor, talvez a de nunca ficar parado na sua obra, fosse qual fosse o

contratempo.

Durante os primeiros três meses na China, distribuiu 1.800 Novos Testamentos eEvangelhos e mais de 2 mil livros. Durante o ano de 1855, fez oito viagens - uma de tre-

zentos quilômetros, subindo o rio Yangtzé. Em outra viagem visitou cinqüenta e umacidades onde nunca antes se ouvira a mensagem do Evangelho. Nessas viagens foi sem-

 pre prevenido do perigo que corria a sua vida entre um povo que nunca tinha vistoestrangeiros.

Para ganhar mais almas para Cristo, apesar da censura dos demais missionários, adotou

o hábito de vestir-se como os chineses. Rapou a cabeça na frente, deixando o resto doscabelos a formar trança comprida. A calça, que tinha mais de meio metro de folga, ele asegurava conforme o costume, com um cinto. As meias eram de chita branca, o calçado

de cetim. O manto pendendo dos ombros, sobressaía-lhe a ponta dos dedos das mãosmais que setenta centímetros.

Mas uma das cruzes mais pesadas que o nosso herói teve de levar foi a falta de dinheiro,quando a missão que o enviara se achava sem recursos.

Em 20 de janeiro de 1858, Hudson Taylor casou-se com Maria Dyer, uma missionária

de talento na China. Desse enlace nasceram cinco filhos. A casa em que moraram pri-meiro, na cidade de Ningpo, tornou-se depois o berço da famosa Missão do Interior da

China.

As privações e os encargos de serviço em Shanghai, Ningpo e outros lugares eram taisque Hudson Taylor, antes de completar seis anos na China, foi obrigado a voltar à

Inglaterra para recuperar a saúde. Foi para ele quase como que uma sentença de mortequando os médicos informaram-lhe de que nunca mais devia voltar à China.

Entretanto, o fato de perecerem mais de um milhão de almas todos os meses na Chinaera uma realidade para Hudson Taylor; com seu espírito indômito, ao chegar à In-

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glaterra, iniciou imediatamente a tarefa de preparar um hinário e a revisão do NovoTestamento para os novos convertidos que deixara na China. Usando ainda o traje dechinês, trabalhava tendo o mapa da China na parede e a Bíblia sempre aberta sobre a

mesa. Depois de alimentar-se e fartar-se da Palavra de Deus, fitava o mapa, lembrando-

se dos que não tinham tais riquezas. Todos os problemas ele os levava a Deus; nãohavia coisa alguma demasiado grande, nem tão insignificante, que a não deixasse com oSenhor em oração.

Em razão de suas atividades, estava tão sobrecarregado de correspondência e nostrabalhos dos cultos em prol da China, que após a sua chegada passaram-se mais de

vinte dias antes de conseguir abraçar seus queridos pais em Bransley.

Passava, às vezes, a manhã, outras vezes a tarde, em jejum e oração. O seguinte trechoque ele escreveu mostra como a sua alma continuou a arder nos seus discursos nas

igrejas da Inglaterra, sobre a obra missionária.

"Havia a bordo, entre os companheiros de viagem, certo chinês que se chamava Pedro.Passara alguns anos na Inglaterra, mas, apesar de conhecer algo do Evangelho, não

reconhecia coisa alguma do seu poder para salvar. Senti-me ligado a ele e esforcei-meem orar e falar para levá-lo a Cristo. Mas quando o navio se aproximava de Sung-Kiange eu me preparava para ir a terra, pregar e distribuir tratados, ouvi o grito de um homem

que caíra na água. Fui ao convés com os outros - Pedro tinha desaparecido.

"Imediatamente arriamos as velas, mas a correnteza da maré era tal que não tínhamos acerteza do lugar onde o homem caíra. Vi alguns pescadores próximos, que usavam umarede varredoura. Angustiado clamei:

- Venham passar a rede aqui, pois um homem está morrendo afogado!- Veh bin, foi aresposta inesperada, isto é, "Não é conveniente".

- Não falem se é ou não é conveniente. Venham depressa antes que o homem pereça.

- Estamos pescando.

- Eu sei! Mas venham imediatamente e pagarei bem.

- Quanto nos quer dar?

- Cinco dólares, mas não fiquem conversando. Salvem o homem sem demora!

- Cinco dólares não basta - responderam eles. Não o faremos por menos de trintadólares.

- Mas não tenho tanto! - darei tudo que eu tenho.

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- Quanto tem o senhor?

- Não sei - porém não é mais do que catorze dólares. "Então os pescadores vieram,

 passaram a rede no lugar indicado. Logo à primeira vez apanharam o corpo do homem.Mas todos os meus esforços para restaurar-lhe a respiração foram inúteis. Uma vida forasacrificada pela indiferença dos que podiam salvá-la quase sem esforço."

Ao ouvirem contar esta história, uma onda de indignação passou por todo o grandeauditório. Haveria em todo o mundo um povo tão endurecido e interesseiro como esse!Mas ao continuar o seu discurso, a convicção feriu ainda mais o coração dos ouvintes.

- "O corpo então tem mais valor que a alma? Censuramos esses pescadores, dizendo queforam culpados da morte de Pedro, porque era coisa fácil salvá-lo. - Mas que acontece

com os milhões que estamos deixando perecer para toda a eternidade? Que diremosacerca da ordem implícita: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura?

Deus nos diz também: 'Livra os que estão destinados à morte, e os que são levados paraa matança, se os puderes retirar. Se disseres: eis que não o sabemos; porventura aquele

que pondera os corações não o considerará? e aquele que atenta a tua alma não osaberá? não pagará ele ao homem conforme a sua obra?'

- "Credes que cada pessoa entre esses milhões da China, tem uma alma imortal e quenão há outro nome debaixo do céu, dado entre os homens a não ser o precioso nome de

Jesus, pelo qual devamos ser salvos? - Credes que Ele,Ele só, é o Caminho, a Verdade ea Vida e que ninguém vai ao Pai senão por Ele? Se assim o credes, examinai-vos a vósmesmos para ver se estais fazendo todo o possível para levar seu nome a todos.

"Ninguém deve dizer que não é chamado para ir à China. Ao enfrentar tais fatos, todasas pessoas precisam saber se têm uma chamada para ficarem em casa. Amigo, se não

tens certeza de uma chamada para continuar onde estás, como podes desobedecer à claraordem do Salvador, para ir? - Se estás certo, contudo, de estares no lugar onde Cristoquer, não por causa do conforto ou dos cuidados da vida, então estás tu orando como

convém a favor dos milhões de perdidos da China? Estás tu usando teus recursos para a

salvação deles?"

Certo dia, não muito depois de haver regressado à Inglaterra, Hudson Taylor, aocompletar a estatística, veio a saber que o número de missionários evangélicos na Chinadiminuira em vez de aumentar. Apesar de a metade da população pagã estar na China, onúmero de missionários durante o ano tinha diminuído de cento e quinze para somentenoventa e um. Começaram a soar aos ouvidos do missionário estas palavras: "Quando

eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; não avisando tu, não falando para avisar o

ímpio acerca do seu caminho ímpio, para salvar a sua vida. aquele ímpio morrerá na

 sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei".

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Era um domingo, 25 de junho de 1865, de manhã, à beira-mar. Hudson Taylor, cansadoe doente, estava com alguns amigos em Brighton. Mas não podendo suportar mais o

regozijo da multidão na casa de Deus, retirou-se para andar sozinho nas areias da marévazante. Tudo em redor era paz e bonança, mas na alma do missionário rugia uma

tempestade. Por fim, com alívio indizível, clamou: "Tu, Senhor, tu podes assumir todo oencargo. Com tua chamada, e como teu servo, avançarei, deixando tudo nas tuas mãos."

Assim "a Missão do Interior da China foi concebida na sua alma e todas as etapas doseu progresso realizaram-se por seus esforços. Na calma do seu coração, na comunhão

 profunda e indizível com Deus, originou-se a missão."Com o lápis na mão, abriu aBíblia e, enquanto as ondas do vasto mar batiam aos seus pés, escreveu as simples mas

memoráveis palavras: "Orei em Brighton pedindo vinte e quatro trabalhadorescompetentes e dispostos, em 25 de junho de 1865".

Mais tarde, recordando-se da vitória dessa ocasião escreveu:

"Grande foi o alívio de espírito que senti ao regressar da praia. Depois de findar oconflito, tudo era gozo e paz. Parecia que me faltava muito pouco para voar até a casa

do senhor Pearse. Na noite desse dia dormi profundamente. A querida esposa achou quea visita a Brighton serviu para renovar-me maravilhosamente. Era verdade!"

O vitorioso missionário, juntamente com a família e os vinte e quatro chamados por Deus, embarcaram em Londres, no "Lammermuir", para a China em 26 de setembro de

1865. O anelante alvo de todos era o de erguer a bandeira de Cristo nas onze provínciasainda não ocupadas da China. Alguns dos amigos os animaram, mas outros disseram:"Todo o mundo ficará esquecido dos irmãos. Sem uma junta aqui na Inglaterra ninguém

se importará com a obra por muito tempo. Promessas são fáceis de fazer hoje em dia;dentro de pouco tempo não terão o pão cotidiano".

A viagem levou mais que quatro meses. Acerca de uma das tempestades, um dosmissionários escreveu:

"Durante todo o temporal, o senhor Taylor se comportou com a maior calma. Por fim os

marinheiros recusaram-se a trabalhar. O comandante aconselhou todos a bordo aamarrarem os cintos de salvação, dizendo que o navio não resistiria à força das ondasmais que duas horas. Nessa altura, o comandante avançou na direção dos marinheiroscom o revólver na mão. O senhor Taylor então aproximou-se dele e pediu-lhe que nãoobrigasse dessa forma os marinheiros a trabalhar. O missionário dirigiu-se também aos

homens e explicou-lhes que Deus ia salvá-los, mas que eram necessários os maioresesforços de todas as pessoas a bordo. Acrescentou que tanto ele como todos os passagei-

ros estavam prontos a ajudá-los, e que, como era evidente, as vidas deles tambémcorriam perigo. Os homens convencidos por esses argumentos começaram a tirar os

destroços,ajudados por todos nós; em pouco tempo conseguimos amarrar os grandesmastros, que batiam com tanta força que estavam demolindo um lado do navio".

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Foram horas de grande regozijo quando o "Lammermuir", por fim, aportou, com todossãos a bordo, em Shanghai. Outro navio que chegou logo após, perdera dezesseis das

vinte e duas pessoas a bordo!

Os missionários iniciaram o ano de 1867 com um dia de jejum e oração, pedindo, comoJabez, que Deus os abençoasse e estendesse os seus termos. O Senhor os ouviu dando-lhes entrada, durante o ano, em outras tantas cidades! Encerraram o ano com outro diade jejum e oração. Um culto durou das onze da manhã às três da tarde, sem ninguém sesentir enfadado. Outro culto se realizou às 8,30 da noite quando sentiram ainda mais a

unção do Espírito Santo. Continuaram juntos em oração até a meia-noite, quandocelebraram a Ceia do Senhor.

 No início de 1867, o Senhor chamou Graça Taylor, filha de Hudson Taylor, para o Lar 

Eterno, quando ela completava oito anos de idade. No ano seguinte, a senhora Taylor eo filho, Noel, faleceram de cólera. Foi assim que se expressou o pai e marido:

"Ao amanhecer o dia, apareceu à luz do sol o que fora ocultado pela luz de vela - a cor característica da morte no rosto da minha esposa. O meu amor não podia ignorar por mais, não somente o seu estado grave, mas que realmente ela estava morrendo. Ao

conseguir acalmar o meu espírito, eu lhe disse:

- Sabes, querida, que estás morrendo?

- Morrendo! Achas que sim? Por que pensas tal coisa?

- Posso ver, que sim, querida. As tuas forças estão se acabando.

- Será mesmo? Não sinto qualquer dor, apenas cansaço.

- Sim, estás saindo para a Casa Paterna. Brevemente estarás com Jesus.

"Minha preciosa esposa, lembrando-se de mim e de como eu devia ficar sozinho, em um

tempo de tão grandes lutas, privado da companheira com a qual tinha o costume delevar tudo ao trono da graça, disse:- Sinto muito!

Então ela parou, como que querendo corrigir o que dissera, porém eu lhe perguntei:

- Estás triste por causa da partida para estar com Jesus?

"Nunca me esquecerei de como ela olhou para mim e respondeu:

- Oh! não. Bem sabes, querido, que durante mais de dez anos, não houve sombraalguma entre mim e meu Salvador. Não estou triste por causa da partida para estar com

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Ele, mas me entristeço porque terás de ficar sozinho nessas lutas. Contudo... Ele estarácontigo e suprirá tudo o que é mister."

"Nunca presenciei uma cena tão comovente" - escreveu o senhor Duncan. - "Com a

última respiração da querida senhora Taylor, o senhor Taylor caiu de joelhos, o coraçãotransbordando, e a entregou ao Senhor, agradecendo-lhe a dádiva e os doze anos e meioque passaram juntos. Agradeceu-lhe, também, pela bênção de Ele mesmo a levar para a

sua presença. Então, solenemente dedicou-se a si mesmo novamente ao serviço doMestre.

 Não é de supor que Satanás deixasse a Missão do Interior da China invadir seu territóriocom vinte e quatro outros obreiros, sem incitar o povo a maior perseguição. Foram

distribuídos em muitos lugares, impressos atribuindo aos estrangeiros os maishorripilantes e bárbaros crimes, especialmente aos que propagavam a religião de Jesus.

Alvoroçaram-se cidades inteiras e muitos dos missionários tiveram de abandonar tudo efugir para escapar com vida.

Quase seis anos depois de o grupo do "Lammermuir" haver desembarcado na China,Hudson Taylor estava novamente na Inglaterra. Durante esse tempo da obra na China, amissão aumentava de duas estações com sete obreiros, para treze estações com mais detrinta missionários e cinqüenta obreiros, estando separadas as estações, uma da outra, na

média de cento e vinte quilômetros.

Foi durante essa visita à Inglaterra que Hudson Taylor se casou com Miss Faulding,também fiel e provada missionária na China.

Acerca de Hudson Taylor, nesse tempo, certa pessoa amiga, escreveu:

"O senhor Taylor anunciou um hino, sentou-se ao harmônio e tocou. Não fui atraído por sua personalidade. Era de físico franzino e falou com voz mansa. Como os demais

 jovens, eu julgava que uma grande voz sempre acompanhava um verdadeiro prestígio.Mas quando ele disse: 'Oremos e nos dirigiu em oração, mudei de parecer; eu nunca

ouvira alguém orar como ele. Havia na sua oração uma ousadia, um poder que fez todas

as pessoas presentes se humilharem e sentirem-se na presença de Deus. Falava face aface com Deus como um homem com um amigo. Sem dúvida, tal oração era o fruto de

longa permanência com o Senhor; era como o orvalho descendo dos céus. Tenho ouvidomuitos homens orarem, mas não ouvi ninguém como o senhor Taylor e o senhor 

Spurgeon. Ninguém, depois de ouvir como esses homens oravam, pode esquecer-se detais orações. Foi a maior experiência da minha vida ouvir o senhor Spurgeon, quandotomou, como se fosse a mão do auditório de seis mil pessoas e as levou ao Santo dos

Santos. E ouvir o senhor Taylor rogar pela China era reconhecer algo do que significa a súplica fervorosa do justo. " 

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Foi em 1874 quando, com a esposa, subiam o grande rio Yangtze e ele meditava sobreas nove províncias que se estendiam dos trópicos de Burma ao planalto de Mongólia e

as montanhas de Tibete, que Hudson Taylor escreveu:

"A minha alma anseia, e o coração arde pela evangelização de centenas de milhões dehabitantes dessas províncias sem obreiros. Oh! se eu tivesse cem vidas a dar ou gastar  por eles!"

Mas, no meio da viagem, receberam notícias da morte da fiel missionária AméliaBlatchley, na Inglaterra. Ela não somente cuidava dos filhos do senhor Taylor, mas

também servia como secretária da Missão.

Grande foi a tristeza de Hudson Taylor ao chegar à Inglaterra e achar não somente osseus queridos filhos separados e espalhados, mas a obra da Missão quase paralisada.

Mas isso não foi ainda a sua maior tristeza. Na sua viagem pelo rio Yangtze, o senhor Taylor, ao descer a escada do navio, levou uma grande queda, caiu sobre os calcanharese de tal maneira que o choque ofendeu a espinha dorsal. Depois que chegou à Inglaterra

o incômodo da queda agravou-se até ele ficar acamado. Sobreveio-lhe então a maior crise da sua vida, justamente quando havia maior necessidade de seus esforços.

Completamente paralítico das pernas, tinha de passar todo o tempo deitado de costas!

Uma pequena cama era a sua prisão; é melhor dizer que era a sua oportunidade. Ao péda cama, na parede, estava afixado um mapa da China. E ao redor dele, de dia e de

noite, estava a presença divina.

Aí, de costas, mês após mês, permaneceu o nosso herói, rogando e suplicando aoSenhor a favor da China. Foi-lhe concedida a fé para pedir que Deus enviasse dezoito

missionários. Em resposta aos seus apelos para oração, escritos com a maior dificuldade e publicados no jornal, sessenta moços responderam de uma vez. Dentreeles, vinte e quatro foram escolhidos. Ali, ao lado do leito, ele iniciou aulas para os

futuros missionários e ensinou-lhes as primeiras lições da língua chinesa - e o Senhor osenviou para a China.

Lê-se o seguinte acerca de como o missionário inutilizado em corpo, nesse tempo, ficou bom:

"Ele foi tão maravilhosamente curado, em resposta à oração, que podia cumprir com umincrível número de suas obrigações. Passou quase todo o tempo das férias, com seus

filhos em Guernsey, escrevendo. Durante os quinze dias que passou ali, apesar dedesejar compartilhar da delícia da linda praia, com seus filhos, saiu com eles apenasuma vez. Mas as cartas que enviou para a China e outros lugares valiam mais do que

ouro."

Certo missionário assim escreveu acerca de uma visita que lhe fez na China:

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"Nunca me esquecerei do gozo e da amável maneira com que me saudou. Conduziu-melogo para o 'escritório' da Missão do Interior da China. Devo dizer que foi para mimuma surpresa, ou choque, ou ambas as coisas. Os 'móveis' eram caixotes. Uma mesa

estava coberta de inúmeros papéis e cartas. Ao lado do lume havia uma cama, bemarrumada, tendo um pedaço de tapete a servir de cobertor. Nessa cama o senhor Taylor descansava de dia e de noite.

"O senhor Taylor, sem qualquer palavra de desculpa, deitou-se na cama e travamos a palestra mais preciosa da minha vida. Toda a idéia que eu tinha das qualificações para

ser um 'grande homem' foi completamente mudada; não havia nele coisa alguma doespírito de superioridade. Vi nele o ideal de Cristo, da verdadeira grandeza, tão evidente

que permanece ainda no meu coração, através dos anos, até o presente momento.Hudson Taylor reconhecia profundamente que, para evangelizar os milhões da China,

era imperioso que os crentes na Inglaterra mostrassem muito mais de abnegação esacrifício. - Mas como podia ele insistir em sacrifício sem primeiramente praticá-lo nasua própria vida? Assim ele, deliberadamente, cortou da sua vida toda a aparência de

conforto e luxo.

"Nas viagens pelo interior da China, ele, invariavelmente, se levantava para passar umahora com Deus antes de clarear o dia, às vezes, para depois dormir novamente. Quandoeu despertava para alimentar os animais, sempre o achava lendo a Bíblia à luz de vela.Fosse qual fosse o ambiente ou o barulho nas hospedarias imundas, não descuidava o

hábito de ler a Bíblia. Geralmente em tais viagens, orava de bruços, porque lhe faltavamas forças para permanecer tanto tempo de joelhos.

- Qual será o assunto do seu discurso, hoje? - perguntou-lhe certo crente que viajavacom ele, de trem.

- Não tenho certeza; ainda não tive tempo de resolver, respondeu-lhe Hudson Taylor.

- Não teve tempo! - exclamou o homem. - Ora, que faz o senhor a não ser descansar depois de assentar-se aí?

- Não conheço o que seja descansar. - foi a resposta calma que ele deu.

"Depois de embarcarmos em Edinburgo, passei todo o tempo orando e levando todos osnomes dos membros da Missão do Interior da China, e os problemas de cada um, ao

Senhor."

Está além da nossa compreensão como no meio de uma das maiores obras deevangelização de toda a história, ele podia dizer:"Nunca fomos obrigados a abandonar 

uma porta aberta, por falta de recursos. Apesar de muitas vezes gastarmos até o último pêni, a nenhum dos obreiros nacionais nem a nenhum dos missionários, faltou o

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 prometido 'pão' cotidiano. Os tempos de provações são sempre tempos abençoados e oque é necessário nunca chega demasiado tarde."

Outro segredo do seu grande êxito de levar a mensagem de salvação ao interior da

China era a determinação de que a obra não somente continuasse com caráter internacional, mas também, interdenominacional - que aceitasse missionários dedicadosa Deus, de qualquer nação e de qualquer denominação.

Em 1878, ao regressar de uma viagem, começou a orar pedindo que Deus enviasse maistrinta missionários antes de findar o ano de 1879. Diremos, ao lembrarmo-nos do di-nheiro necessário para pagar as passagens e sustentar tantas pessoas, que a sua fé era

grande. Pois bem, vinte e oito pessoas, com os corações acesos pelo desejo de salvaçãodos perdidos na China, confiando em Deus para o seu sustento cotidiano, embarcaram

antes de findar o ano de 1878 e mais seis em 1879.

Conversando com um companheiro de lutas, na cidade de Wuchang, Hudson Taylor começou a enumerar os pontos estratégicos em que deviam começar logo a evangelizar os dois milhões de habitantes do vale do grande rio Yangt-ze e o do seu tributário, o rio

Hã. Com menos de cinqüenta ou sessenta novos obreiros, a Missão não podia dar tal passo - e a própria Missão não tinha mais de um total de cem! Contudo, a HudsonTaylor foi dada a fé de pedir outros setenta - lembrado das palavras: "Designou o

Senhor ainda outros setenta".

"Reunimo-nos hoje para passar o dia em jejum e oração" - escreveu Hudson Taylor em30 de junho de 1872. - "O Senhor nos abençoou grandemente... Alguns passaram amaior parte da noite em oração... O Espírito Santo nos encheu até nos parecer ser 

impossível receber mais semmorrer."

Em certo culto, durante quase duas horas, louvaram ininterruptamente a Deus pelossetenta obreiros já recebidos - pela fé. E, em realidade, foram recebidos mais do que

setenta, e dentro do prazo marcado.

O Senhor conduziu a Missão, pouco a pouco para uma visão ainda mais larga - levou osobreiros a pedirem ao Senhor outros cem, em 1887. Assim, disse o senhor Stephenson:"Se me mostrassem uma foto de todos os cem, batida aqui na China, não seria mais real

do que realmente é."

Contudo, Hudson Taylor não iniciou precipitadamente o programa de orar e se esforçar  para receber mais cem missionários. Como sempre, devia ter certeza da direção de Deus

antes de resolver orar e se esforçar para alcançar o alvo.

Seis vezes mais do que o número que pediram, se ofereceram para ir! Mas, a Missãorejeitou fielmente a todos que não concordaram com os princípios declarados desde o

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início. Assim, exatamente o número pedido embarcou para a China. - Não foram cento eum, nem noventa e nove, mas exatamente cem.

Depois da visita de Hudson Taylor ao Canadá, aos E.U.A. e à Suécia em 1888 e 1889, a

Missão do Interior da China gozou de um dos maiores impulsos para avançar em todosos anais da história de missões. Assim escreveu depois, o nosso missionário, acerca doque lhe pesava grandemente no coração durante toda a sua visita à Suécia:

"Confesso-me envergonhado de que, até essa ocasião, nunca tinha meditado sobre o queo Mestre realmente queria dizer ao mandar pregar o Evangelho 'a toda a criatura'.

Esforcei-me durante muitos anos, como muitos outros servos de Deus, para levar oEvangelho aos lugares mais distantes; planejei alcançar todas as províncias e muitos dos

distritos menores da China, sem compreender o sentido evidente das palavras doSalvador.

"'a toda a criatura'? O número total de comunicantes entre os crentes da China nãoexcedia quarenta mil. Se houvesse outro tanto de aderentes, ou mesmo três vezes mais,

e se cada um levasse a mensagem a oito de seus patrícios - mesmo assim, nãoalcançariam mais de um milhão. 'a toda a criatura'! as palavras abrasavam-lhe o íntimo

da alma. Mas como a Igreja, e eu mesmo, falhávamos em aceitá-las justamente comoCristo queria! Isso eu percebi então; para mim havia apenas uma saída, a de obedecer.

"Qual será a nossa atitude para com o Senhor Jesus Cristo quanto a essa ordem?

Suprimiremos o título Penhor', que lhe foi dado, para reconhecê-lo apenas como nossoSalvador? Aceitaremos o fato de Ele tirar a penalidade do pecado, e recusaremos aconfessarmo-nos comprados por bom preço, e que Ele tem o direito de esperar a nossa

obediência implícita? Diremos que somos os nossos próprios senhores, prontos aconceder-lhe apenas o que lhe é devido, a Ele que comprou-nos com seu própriosangue, com a condição de Ele não pedir demasiado? As nossas vidas, os nossosqueridos, as nossas possessões são somente nossas, não são dele? Daremos o que

acharmos conveniente e obedeceremos à sua vontade somente se Ele não nos pedir demasiado sacrifício? Estamos prontos a deixar Jesus Cristo nos levar aos céus, mas não

queremos que esse homem 'reine sobre nós'?

"O coração de todos os filhos de Deus rejeitará, certamente uma afirmação assimformulada. Mas não é verdade que inumeráveis crentes, em todas as gerações, se com- portaram tal como se isso fosse a base própria para suas vidas? São poucas as pessoasentre o povo de Deus que reconhecem a verdade de que, ou Cristo é o Senhor de tudo,ou então não é Senhor de coisa alguma! Se somos nós que julgamos a Palavra de Deus,e não a Palavra que nos julga; se concedemos a Deus somente o quanto quisermos entãosomos nós os senhores e Ele o nosso devedor e, conseqüentemente, Ele deve ser grato pela esmola que lhe concedemos; deve sentir-se obrigado por nossa concordância aos

seus desejos. Se, ao contrário, Ele é Senhor então tratemo-lo como Senhor: 'E por queme chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?'" 

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Foi assim que Hudson Taylor, sem esperar, alcançou a mais larga visão da sua vida, avisão que dominou a última década de seu serviço. Com os cabelos já grisalhos, após

cinqüenta e sete anos de experiência, enfrentou o novo sentido de responsabilidade com

a mesma fé e confiança que o caracterizavam quando era mais novo. Sua alma ardia aomeditar nos alvos antigos! Ficou ainda mais firme ao executar a visão de outrora!

Foi assim que sentiu a direção de unificar todos os grupos evangélicos, que trabalhavamna evangelização da China, para orarem e se esforçarem para aumentar o número demissionários, enviando-se à China outros mil, dentro de cinco anos. O número exato

enviado à China durante esse prazo, foi de mil cento e cinqüenta e três!

 Não é, pois, de admitir que as forças físicas de Hudson Taylor começassem a faltar, nãotanto pelas privações e cansaço das viagens contínuas, nem pelos esforços incansáveis

em escrever e pregar, nem pelo peso das grandes e inumeráveis responsabilidades dedirigir a Missão do Interior da China. Os que o conheciam intimamente sabiam que era

um homem gasto de tanto amar.

A gloriosa colheita de almas na China aumentava cada vez mais. Mas a situação políticado país piorava dia após dia até culminar na Carnificina dos Boxers, no ano de 1900,

quando centenas de crentes foram mortos. Somente da China Inland Mission pereceramcinqüenta e oito missionários, e vinte e um de seus filhos.

Hudson Taylor, com a sua esposa, estavam novamente na Inglaterra, quandocomeçaram a chegar telegrama após telegrama avisando-os dos horripilantesacontecimentos na China; aquele coração que tanto amava a cada missionário, quase

cessou de pulsar. Acerca desse acontecimento assim se manifestou: "Não sei ler, não sei pensar, nem mesmo sei orar, mas sei confiar."

Certo dia, alguns meses depois, Hudson Taylor, com o coração transbordante e aslágrimas correndo-lhe pelas faces, estava contando o que lera em uma carta que acabara

de receber de duas missionárias, escrita um dia antes de elas morrerem nas mãos dos boxers. Eis o que ele disse:

"Oh! o gozo de sair de tal motim de pessoas enfurecidas para estar na sua presença, paraver o seu sorriso!" Quando pôde continuar, acrescentou: "Elas agora não estão ar-

rependidas. Têm a imperecível coroa! Andam com Cristo em vestes brancas, porque

 são dignas".

Falando acerca de seu grande desejo de ir a Shanghai, para estar ao lado dos refugiados,ele disse: "Não sei se poderia ajudá-los, mas sei que me amam. Se pudessem chegar-se amim nas tristezas para chorarmos juntos, ao menos poderiam ter um pouco de conforto."

Mas ao lembrar-se de que tal viagem lhe era impossível por causa da saúde, a suatristeza parecia maior do que podia suportar.

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Apesar de sentir profundamente a sua incapacidade para trabalhar como de costume,achou grande conforto em estar com a sua esposa, a qual tanto amava. Findara o tempoem que deviam passar longos meses e anos separados um do outro, nas lutas em tantos

lugares.

Foi em 30 de julho de 1904 que sua esposa faleceu. "Não sinto nada de dor, nada dedor", dizia ela, apesar da ânsia em respirar. Então, de madrugada, percebendo a angústiade espírito do seu marido, pediu-lhe que orasse rogando ao Senhor que a levasse logo.

Foi a oração mais difícil da vida de Hudson Taylor, mas por amor dela, ele orou pedindo a Deus que libertasse o espírito da sua esposa. Logo que orou, dentro de cinco

minutos cessou a ânsia e não muito depois ela adormeceu em Cristo.

A desolação de espírito de Hudson Taylor sentiu depois da partida da sua fiel

companheira era indescritível. Todavia, achou indizível paz nesta promessa: "A minha graça te basta." Começou a recuperar as forças físicas e na primavera fez a sua sétimaviagem aos E.U.A. Daí fez a última viagem à China, desembarcando em Shanghai em

17 de abril de 1905.

O valente líder da Missão, depois de tão prolongada ausência, foi recebido em todos oslugares com grandes manifestações de amor e estima da parte dos missionários e

crentes, especialmente dos que escaparam dos intraduzíveis espetáculos da insurreiçãodos Boxers.

Em Chin-Kiang, o veterano missionário visitou o cemitério onde estão gravados osnomes de quatro filhos e o da esposa. As recordações eram motivo de grande gozo, isto

é, o dia da grande reunião se aproximava.

 No meio da viagem, quando visitava as igrejas na China, sem ninguém esperar, nem elemesmo, findou a sua carreira na terra. Isso aconteceu na cidade de Chang-sha em 3 de

 junho de 1905. Sua nora contou o seguinte, sobre esse acontecimento:"O querido papaiestava deitado. Como sempre gostava de fazer, tirou as cartas, dos queridos, da sua

carteira e as estendeu sobre a cama. Baixou-se para ler uma das cartas perto do

candeeiro aceso colocado na cadeira ao lado do leito. Para que ele não se sentissedemasiadamente incomodado, puxei outro travesseiro e o coloquei por baixo da suacabeça e assentei-me numa cadeira ao seu lado. Mencionei as fotografias da revista,

Missionary Review, que estava aberta sobre a cama. Howard tinha saído para ir buscar algo para comer, quando papai, de repente, virou a cabeça e abriu a boca como se

quisesse espirrar. Abriu a boca a segunda, e a terceira vez. Não clamou; não pronunciouqualquer palavra. Não mostrou qualquer dificuldade para respirar - nada de ânsia. Nãoolhou para mim, e não parecia cônscio... Não era a morte, era a entrada na vida imortal.Seu semblante era de descanso e sossego. Os vincos do rosto feitos pelo peso da luta de

longos anos pareciam haver desaparecido em poucos momentos. Parecia dormir comocriança no colo da mãe; o próprio quarto parecia cheio de indizível paz."

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 Na cidade de Chin-Kiang, à beira do grande rio que tem a largura de mais de doisquilômetros, foi enterrado o corpo de Hudson Taylor.

Muitas foram as cartas de condolências recebidas de fiéis filhos de Deus no mundointeiro. Emocionante foram os cultos celebrados em vários países, em sua memória.Impressionantes foram os artigos e livros impressos acerca das suas vitórias na obra deDeus. Mas as vozes mais destacadas, as que Hudson Taylor apreciaria mais, se pudesseouvi-las, eram as das muitas crianças chineses, que, cantando louvores a Deus, deitaram

flores sobre o seu túmulo.

(extraido do livro hérois da fé)

MISSÕES MODERNAS: A VIDA DE J. HUDSON TAYLOR

china: um Gigante adormecido: Missão, Paixão eSonhosJ. Hudson Taylor foi um homem consagrado a Deus para obras de missões antes mesmo do seunascimento, pois seu pai tinha grande amor pela nação chinesa, e sabendo que ele não poderia estar lá,orou a Deus que lhe desse um filho e que o chamasse para missões e que também amasse a Chinacomo ele amava.

Estarei relatando fatos à respeito da vida deste homem que mudou o interior da China, abriu espaço paraque o Evangelho lá entrasse. Relatarei suas viagens e experiências com Deus, sua vida de amor egratidão.

Taylor : Um Exemplo de Abnegação e Serviço

Não era um gigante no físico, era de pequena estatura, sem grandes energias, levando em conta suaslimitações físicas. Tornou-se um homem de grande atividade e médico eficiente. Tanto sabia cuidar de umbebê, como preparar uma refeição, ou escriturar despesas e consolar doentes e aflitos. Com a mesma

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segurança que se lançava a grandes empreendimentos, sabia também proporcionar uma tão seguraliderança espiritual aos homens e mulheres que o auxiliavam.

Teve uma educação com bases fortes na Palavra de Deus, foi incentivado a viver uma vida entregue aoserviço do Senhor, sendo este o melhor caminho que um homem poderia percorrer. Porém, com todaessa bagagem, nada sentia de Deus, tinha muitas dúvidas e chegou até se envolver com livrespensadores.

A Obra Consumada de CristoAos seus 15 anos teve uma experiência que mudou sua vida, estava em sua casa sozinho, sua mãe nãoestava, e mexendo em alguns livros e folhetos de seu pai, parou para ler alguma coisa . Estava em totalindiferença em relação às verdades ali contidas até que de repente algo chamou a sua atenção “... a obraconsumada de Cristo.” Questionou o porque consumada e o Espírito Santo ministrou seu coração e eleentendeu que se a obra já estava consumada e a dívida inteiramente paga, só lhe restava aceitar a Cristo, a sua salvação e servi-lo de todo coração e assim o fez.

A Oração de sua Mãe e o chamado Missionário para ChinaEnquanto tudo isso acontecia, a 120 km dali sua mãe orava incessantemente por ele, para que fossesalvo. Após esta experiência, sentiu forte desejo de colocar sua vida totalmente diante de Deus e nestemomento entendeu que Deus o chamara para o seu serviço, entendeu que já não mais pertencia a simesmo. Passou por um momento depois disto de grande necessidade da graça de Deus e ali em sua

busca entendeu que fora chamado para ser missionário na China.

Estudo e Preparação para Obra MissionáriaA partir disso passou a ter uma vida de preparo, até na alimentação se cuidou. Evangelizava nos bairrospobres, e em vários lugares já era bem recebido. E iniciou o estudo do idioma chinês. Passou-se algunsanos e foi então para Londres, onde entrou como estudante de medicina. Seu conforto ou desconforto emLondres, os recursos ou falta deles, pareciam coisas insignificantes comparadas ao conhecimento maisprofundo dAquele de quem tudo depende. Foram muitas e inconfundíveis as respostas às orações nestelugar que tornaram mais forte sua fé, dando-lhe o preparo necessário para o imprevisto desenrolar deacontecimentos que precipitariam sua ida a China em menos de um ano.

As Portas se abrem e Taylor vai para XangaiHudson Taylor tinha apenas 21 anos quando o caminho abriu-se para embarcar para Xangai, através daSociedade Evangelizadora da China. Xangai e quatro outros portos comerciais eram os únicos lugaresonde se permitia a residência de estrangeiros; e no interior, isto é, longe do litoral, não havia ummissionário qualquer. Passou algum tempo ali, evangelizando, mas para ele não era suficiente sair àsruas e vielas de Xangai, seu coração queria ir além.

Alegria em Meio a Dor Desejava aproximar-se do povo, fez uma viagem de vinte e cinco dias , sozinho pelo rio Yangtsé, visitoucinqüenta e oito vilas, muitas da quais nunca tinham recebido visita de um cristão. Foi até Tsungming commais de um milhão de habitantes e nenhum missionário protestante e então se estabeleceu no seuprimeiro lar no “interior da China”. Fez pontos de pregação, converteram-se alguns chineses de influenciae isto muito animou seu coração. Porém , logo veio uma triste notícia de que teria de sair da ilha, poisestrangeiros só poderiam permanecer em Xangai.

O Senhor William Burns e a amizade que nasceu da paixão de servir a DeusSem que Taylor soubesse havia outro coração mais forte, mais experimentado nas coisas do Senhor eque enfrentava o mesmo problema. Este homem sentia também grande amor e responsabilidade para

com os milhões de perdidos no interior da China, tratava-se de William Burns, pregador e evangelistausado por Deus no avivamento de 1839 e estava nesta época em Xangai. Veio ao encontro de Taylor eapesar da grande diferença de idade houve uma amizade que se destinara a moldar não só a vidamissionária dele, mas também a natureza do empreendimento de longo alcance.

A Perseguição de Burns e Tailor Trabalharam muito juntos evangelizando através dos barcos, mas a situação política estava em guerra,Burns foi preso e Taylor ficou só em Ningpo. E a situação ficara pior quando souberam que armaram um

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plano para massacrar todos os estrangeiros, e taylor teve que retornar a Xangai e deixar uma jovem por quem estava apaixonado e mais tarde veio a casar-se com uma mulher amava as almas tanto quanto ele.

Expositor Eloquente com alma ardente por missõesRetornou então viveu um período de grandes Bênçãos. Em suas reuniões , onde pregava muitoschineses foram convertendo-se. Era uma vida bastante ocupada essa que levavam ele e seus colegas eenquanto isso jovens cristãos progrediam e cresciam em torno deles. Pois além de pregar nas ruas e na

capela, receber visitas, cuidar da correspondência, escrituração, fazia também muito trabalho médico.Considerava uma tarefa principal: conversar instrutivamente todos os dias com os cristãos interessados.Assim a igreja crescia.

O Médico Dr. Taylor e Seu Amigo Dr. Parker O tratado de Tientsin desimpediu a entrada a todas as províncias do interior, e em meio a toda essaalegria da ceifa de almas, um novo e inesperado pesar trouxe novas responsabilidades a Taylor, a deajudar seu amigo Dr. Parker que perdera esposa e com uma filha doente precisaria dele para substituí-lono seu hospital.

Assim sentindo direção de Deus foi. Mas passou-se o tempo, e um dia meditando, pois sentia insatisfeitoonde estava, preocupava-se com os perdidos da China e então Deus falou-lhe ao coração. Quandopensava que morria um milhão de pessoas por mês naquela terra e sem Deus, isso fuzilava o seuespírito. Era preciso tomar uma atitude, não suportava mais o conflito.

Cinquenta dólares e a Missão do Interior da ChinaOrar por obreiros, até certo ponto não era difícil, mas não sabia se poderia ele assumir o encargo daliderança. Pediu ao Senhor vinte e quatro companheiros de trabalho, dois para cada uma das onzeprovíncias que estavam sem missionários e dois para a Mongólia. Abriu uma conta com seus únicoscinqüenta dólares em nome de “Missão do Interior da China”, e um a um vieram chegando atendendo aoração de Taylor.

O panfleto que se criou “A Necessidade Espiritual e o Clamor da China” este foi especialmente eficazpara convencer o povo de Deus, para muitos serem enviados, conquistar simpatizantes para a obramissionária, edificar a fé de muitos. Em meio a muitas respostas recebeu uma carta que lhe dava umagenerosa oferta e incentivava-o dizendo: “Peça cem obreiros, e o Senhor lhos dará”.

A tarefa a que se propunha era grande demais para ser limitada a uma só denominação e o fato de que amissão não oferecia salários já era suficiente para deter todos, menos aqueles cujas experiências lhesdavam a certeza de Deus. E assim o fizeram e muita oração para os primeiros preparativos para aprimeira turma que se dirigia à China.

Eram então numa viagem durara quatro meses, de dezesseis missionários e quatro crianças. Antes donatal já haviam auditórios atentos de cinqüenta ou sessenta pessoas. No próximo verão houve uma tristesituação: a morte de sua filha mais velha de oito anos, mas isto não os desanimou, continuaram com suavida nas mãos de Deus. E em pouco tempo tinham visitado todas as cidades sedes do município daprovíncia de Chekiang, Nanquim, e já trabalhavam em centros distantes.

A Calúnia, notícias falsas contra o servo do Senhor e a confiança no Deus que o chamou e confiouaquela tarefaE foram alcançando outros locais e ali onde estava a missão, a igreja contava com cinqüenta membrosbatizados. Estabeleceram-se na grande cidade de Yangchow e alcançaram a famosa cidade do qual olendário Marco Polo foi um dia governador.

Mas o inimigo agiu e usou pessoas da elite para escreverem panfletos que atribuíam crimes horríveis aosestrangeiros, foram rejeitados, sofreram agressões morais, intimidações, incêndios. Devagar e com ajudade alguns missionários as coisas foram acalmando, porem , na Inglaterra informações mal interpretadasderam origens a outras notícias falsas à respeito da Missão na China. E este assunto “Missão emYangchow” continuava a pegar fogo. Muitos membros da missão desistiram na Inglaterra, alterando assimo apoio financeiro. Mas nada parava a evangelização na China.

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George Muller Movido por Deus para orar eAjudar a Missão de Taylor Mas grande foi a bênção quando Deus moveu o coração de George Muller para ajudar em oração, mastambém financeiramente cada missionário da equipe de Taylor, inclusive ele. Mandava cheques paracada um e o valor fechava exatamente com o daqueles que desistiram de ajudar. Diante de todas asadversidades e bênçãos, Taylor nunca deixava de buscar a Deus e amá-lo mais e mais.

A Perda da Esposa e o Vale da Sobra de MorteFoi uma experiência que resistia às provas, à medida que os meses e os anos passavam. O clima naChina estava muito quente e trazia enfermidades, seus filhos não tinham onde estudar, o que o levou adeixá-los ir para a Inglaterra com uma grande amiga. Por causa da cólera, a Sra. Taylor veio a falecer, epara ele foi uma grande perda, que sofreu nos braços consoladores de Deus

Neste ínterim não diminuíram as dificuldades externas, politicamente a situação era ameaçadora, muitosestrangeiros perderam a vida, a Europa em guerra, a China deixou de tomar as medidas necessárias paraconter as agitações contra os estrangeiros. Passou também por problemas de saúde, e em cada situaçãosabia tirar uma lição para sua vida. Em tudo via Deus lhe ensinando e tinha um coração grato.

Uma Longa Caminhada na mesma direçãoTrinta anos de vida ativa como diretor da Missão do Interior da China. Viveu experiências que não foramirreais e nem emocionais apenas, mas de poder de Deus e até hoje se vê os resultados.Teve que retornar a Inglaterra para trabalhar na sede da Missão e ali recrutou pessoas fiéis para fazeremo trabalho ali e quando voltou a China depois de cinco anos encontrou tudo muito desolado e um tantoabandonado.

O Reinicio e o Amor pelas AlmasEncontrou forças e seguiu novamente, casou então novamente Trabalhava incessantemente,evangelizando, como médico, não parava. Continuavam os acontecimentos, até que caiu e ficou em umacama na Inglaterra e ali esperava em Deus.

E como sempre o reabilitou, continuou enviando pessoas à China, logo que foram abertos todos osacessos à china, pelo Governo. Os pioneiros da missão viajaram nos dois anos seguintes, quarenta ecinco mil quilômetros, andaram por todas as províncias do interior da China. Iniciaram um trabalho commulheres, missionárias que conquistaram outras mulheres ali e que também entraram no interior daChina.

O Fruto de uma longa caminhadaSurge um novo desafio: pediram mais setenta novos obreiros para serem enviados em três anos. E assimDeus fez, os setenta obreiros vieram neste período, e grandes e grandes coisas aconteceram; e o de

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1886 foi considerado ano de bênção, onde Taylor via só os frutos de tudo que tinha sido semeado.

A partir daí começou a ter vários contatos com outras missões, sendo o trabalho de Missões no Interior daChina estava conhecido por todos, e não só conhecido como estava sendo apoiado por todos os países, jovens missionários eram enviados de todos os países. Um grande passo a frente foi dado, a Missãopassou de interdenominacional para internacional Taylor tornou simpático a todas as nações vizinhas, oconselho Chinês de Xangai tornou-se o centro de uma grande organização.

O martírio de vários missionários e a última viagem de Taylor até HunanPor onde passava era um exemplo da paz de Deus. Mas depois de toda esse momento de glória, em1900 estourou a rebelião de Bóxer que assolou o país e a Missão sofreu horrores, muitos missionáriosforam mortos selando seu testemunho com seu sangue. Taylor ainda antes de morrer viu dias deoportunidade para a China, fez uma última viagem até Hunan, interior e ali recebeu o bem-vindo dosnovos convertidos por quem tinha orado tanto.

Em 1900 a MIC tinha 750 missionários. Trinta anos depois, tinha 1285 membros. Alcançou milhões dedólares, sem nunca pedir nada a ninguém, nem teve dívidas. Neste mesmo ano tinha 700 obreiros ligadosa Missão. Do início da obra até esta data o total de batizados convertidos era de 13000 mil.

Cida Soares LopesMissionária da ADI, ex professora de Religião, Bacharel em Ciências da Contabilidade, pelaUniversidade do Sul (Unisul) e Bacharel em Teologia com Ênfase em Missiologia.

J. HUDSON TAYLOR

Como introdução a esta série, temos que dizer que falta muito na

vida familiar dos cristãos de hoje. O lar deve ser um refúgio diante dastentações do mundo e dos pecados. Deve ser um lugar onde reine o

amor de Deus; cheio de paz e alegria. Mas, infelizmente, não são

assim a maioria dos lares cristãos. Os pais discutem entre si, quase

nunca se sentam juntos com toda a família para comer na mesma

mesa, faltam membros da família em muitos dos cultos públicos da

igreja e em muitos lares falta o culto diário familiar.

Mas, Deus quer mudar tudo isto. E para animar aos pais no que

fazer diante desta falta, são dadas estas "Histórias do Lar" de cristãos

muito conhecidos. Tenho que dizer que talvez não foram boas todas

as doutrinas e práticas das pessoas de quem se escreve. Da mesma

forma, as denominações mencionadas não foram sempre retas

quanto a suas doutrinas e práticas. Contudo, podemos aprender dos

 pontos corretos e descartar os demais.

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Hudson Taylor foi o fundador da Missão no interi or da China. Somente aeternidade revelará a influência que ele deixou sobre os milhões de pessoas que,antes da chegada da sua missão, não haviam sido alcançadas pelo evangelho. Naépoca de Hudson, as missões eram uma idéia nova e era necessário ter uma

 profunda dedicação a Cristo e um espírito pioneiro para começar tal santainiciativa. Somente um homem bem fundamentado em Cristo pôde realizar estainiciativa. Quão maravilhoso é contemplar a obra de Deus, que é um Deusmissionário, assentando um alicerce sólido durante várias gerações na vida deHudson, através de seus antepassados, que abundaram em amor fervoroso e emconsagração! Oh! Que alegria saber da história de Hudson e ver ao Pai operandotudo, segundo o conselho da sua própria vontade e propósito — muito antes delenascer!

Antes de Hudson, houve três gerações seguidas de metodistas fervorosos.Deveras, o seu bisavô, Santiago Taylor, colocou um alicerce sólido em seu lar, oqual durou por várias gerações. No dia de seu casamento, Santiago Taylor esteveorando em seu sítio, sentindo uma grande convicção: Deus lhe impressionavavárias vezes, quanto ao versículo de Josué 24:15: “Porém eu e a minha casa…”“Porém eu e a minha casa…” “Porém eu e a minha casa…”. Que maravilhosoversículo para determiná-lo em sua vida, no dia do seu casamento! Contudo,Santiago chegou tarde em seu casamento, mas chegou com o seu coração

 preparado diante de Deus. Há muito sobre a vida familiar deste homem, masvamos enfocar o estudo sobre a influência do pai e da mãe de Hudson. É um lar singular, com respeito a todas as biografias que estudamos.

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Santiago Taylor, pai de Hudson, levou o mesmo nome do bisavô. Junto comAmélia, a mãe, chegaram no casamento com as suas vidas e corações totalmenteentregues a Deus e nos propósitos dele, consagrando-se assim desde a sua

 juventude. Os dois foram criados por seus pais no ambiente do ardoroso

metodismo primitivo. Santiago foi ordenado no ministério a idade de 19 anos eencarregado para pregar em um circuito local. Passaram cinco anos paraestabelecer um negócio e depois casar-se com Amélia. Parece que tiveram umnamoro correto, ao estilo antigo e se casaram com a plena bênção de seus pais,familiares e igreja. Louvado seja Deus! Passado o tempo, Amélia ficou grávida.Os dois, Santiago e Amélia, se regozijavam com a idéia de ter um filho.Refletindo sobre isto, Santiago foi guiado a considerar o preceito do AntigoTestamento de dedicar o seu primogênito ao Senhor: “Santifica-me todo o

 primogênito”. (Êxodo 13:2)

Compartilhando com Amélia as suas reflexões, se ajoelharam e o consagraramao Senhor, que lhes havia dado o menino. Estou seguro que não entenderam nasua totalidade o que isto significaria para eles, nem para o menino, aquele queainda estava no ventre de sua mãe.

 Neste ambiente santo e consagrado nasceu (Tiago) Hudson Taylor, em 21 demaio de 1832. (Tiago Hudson Taylor, o missionário, é mais conhecido comoHudson Taylor ou como J. Hudson Taylor, pois não usava muito o seu primeironome, James (Tiago em português). Neste artigo sempre será chamado pelo seusegundo nome, Hudson, pois é o mais conhecido.) Que exemplo inspirador para

todos nós, os que ansiamos criar filhos piedosos para a glória de Deus. Asmisericórdias de Deus eram derramadas sobre a vida de Hudson desde a suainfância, pois os seus pais tinham sede de Deus e de Sua vontade. Assim, asrecordações mais antigas que teve Hudson foram as de reunir-se cada semanacom os santos, na Igreja da Colina Pinfold.

Indagando a história da vida familiar de Hudson, se acha uma grandequantidade de exemplos dignos de ser imitados, tanto que não se podem ensinar todos em apenas um artigo. É uma alegria encontrar todo este material, o qual seescreveu e se guardou para transmiti-lo para as gerações futuras. Deus não faz

acepção de pessoas, e desta forma as promessas e os princípios de Deus podemser aproveitados por todos. Vamos estudar alguns destes princípios, divididosentre quatro categorias.

O PIEDOSO PAI DE HUDSON

Trabalhava em sua oficina, que estava pegada a sua casa. A oficina tinhaum grande vidro que lhe permitia poder ver os acontecimentos da casatodo o tempo. Desta forma pôde ter um papel ativo em guiar e treinar as

crianças.

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Quando foi necessário, aplicou uma firme disciplina (isto quer dizer que usavaa vara, como nos ensina o livro de Provérbios.) Quando Hudson estava ainda nasua infância, adoecia frequentemente. Por isto, seus pais foram induzidos a nãoaplicar-lhe da forma correta a disciplina necessária, pensando que ele não a

aguentaria, por causa da sua pouca saúde. No entanto, a obediência e amoderação são necessárias em todos os filhos, e assim se lhe deu a disciplina. O pai de Hudson acreditava que uma vida indisciplinada não valia nada.

Tinha altas metas para seus filhos. Ser “normal” (segundo as medidas dosnão convertidos), ou ser medíocre não era suficiente para Santiago.

Era um homem que compreendia bem os seus deveres. Naquilo que senecessitava cumprir, insistia, e tiveram prioridade sobre os seus própriosdesejos, prazeres e alegrias. Esta virtude foi colocada em prática no seutrabalho, ministério e nas suas responsabilidades do lar.

Ocupou as vidas de seus filhos com muitas atividades que edificaram ocaráter deles. Temos que ajudar aos nossos filhos a que aprendam bonshábitos, porque disto provém a temperança. “Melhor é…o que controla oseu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” (Provérbios 16:32)

Fizeram cultos familiares duas vezes ao dia: depois do café da manhã edepois de tomar chá à tarde. Estes consistiram em ler alguma parte daEscritura, explicando-a de tal maneira que as crianças puderam entendê-la.Faziam da leitura do Antigo bem como do Novo Testamento, anotando nasua grande Bíblia, a data de cada leitura. Aos domingos dedicou maistempo nestes cultos, porque não assistiam a escola dominical. Tiago a

considerava boa para aqueles que necessitavam dela, mas, ele não queriadar a outra pessoa o privilégio de ensinar aos seus filhos a respeito dascoisas de Deus.

Desde a tenra idade, ensinou aos seus filhos a orar e a buscar asoportunidades para aproximar-se de Deus durante o decorrer do dia.Muitas vezes levou consigo os seus filhos no andar superior da casa, parater um tempo de oração por si mesmos. Todos se ajoelhavam e Tiago osabraçava, orando fervorosamente de uma maneira inesquecivel. Taisorações, intercedendo pela China, inspiraram a Hudson, na idade de cincoanos, a dizer com determinação: — Irei para a China.

A VIRTUOSA MÃE DE HUDSON

Desde a sua infância Amélia foi reconhecida pela sua natureza criativa.Aos quinze anos teve que deixar a escola e ajudar a sustentar a família.Isto foi uma providência de Deus, pois se ocupou como professora,durante três anos, na escola doméstica para três meninos. Isto serviu detreinamento para o seu futuro lar.

Teve duas virtudes que praticou desde a sua juventude que a fizeram ser amada por muitos: pensar no bem-estar de outros e a sinceridade (umavida sem pretensão).

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Era de linda aparência, tinha vários talentos e era inteligente. Contudo, asua vida caritativa a ajudou a não desejar a própria proeminência; antes

 preferiu que outros fossem admirados. As mesmas qualidades eramdemonstradas amplamente no seu próprio lar, bendizendo aos seus filhos ea seu marido. Da mesma forma, a submissão e a reverência para com seumarido adornaram o seu casamento e abençoaram os seus filhos duranteseus anos de formação.

A sua disciplina benévola trouxe estabilidade e felicidade aos seus filhos.Sempre foi sensata e constante em toda direção e correção que lhes deu.Dizer “sensata” não quer dizer que era inconsistente: o que ela dizia era oque realmente procurava pôr em prática.

Por causa das circunstâncias de pobreza que sofreu as vezes, os Taylor não puderam contratar empregadas. Amélia tinha somente uma ajudante

 para os quefazeres da casa, asim os pais conseguiam cuidar por si mesmosde seus filhos. Parece que realmente não o queriam assim, mas se tornouuma grande bênção para Hudson: seus pais foram seus amigos eacompanhantes, e assim ele esteve debaixo de sua amável supervisão. Amãe trabalhava com ele e o ensinou e cuidou, chegando a ser o sol e ocentro durante a sua vida infantil.

Ela teve a capacidade de ensinar-lhe acerca da obediência de formacompleta: uma só vez foi-lhe dado cada mandamento, de tal maneira queentendeu que deveria cumprir em absoluto. Por exemplo: se ela dizia“Apronte-se para jantar.”, queria dizer que estava incluido lavar as mãos,mudar de camisa, pentear-se e sentar-se a mesa antes que o papai se

sentasse. E, não necessitou dizê-lo várias vezes; era cumpridoimediatamente. Ficou conhecida por ter uma casa ordeira, como disse o refrão: “Um lugar 

 para tudo e tudo em seu lugar.” Hudson se criou em tal santa harmonia. Os brinquedos eram sempre colocados em seus devidos lugares antes deiniciar outra atividade. O dormitório era sempre limpo e ordenado antes desair para o café da manhã. Estas tarefas tornaram-se fáceis para os filhos,

 pois viram o constante exemplo de sua mãe. Somente com a prática dadiligência pôde manter tal ordem em seu lar. Tinha que trabalhar todo odia para poder cumprí-la. Deveras, ela foi uma mãe e esposa do “tipo de

Provérbios 31”, e o jovem soldado missionário que treinava se beneficiougrandemente de todos os seus virtuosos caracteres. Como um sinal de submissão para com o seu marido, usou o véu todo o

tempo. Estudando a sua vida e a história do primitivo metodismo, percebe-se que todas as cristãs de seu tempo fizeram o mesmo desde o diado casamento. Tão logo se perderam os princípios bíblicos em somenteduas gerações! Que Deus nos mantenha vigilantes na nossa própria época!

ALGUMAS DAS SANTAS RECORDAÇÕES DA SUA INFÂNCIA

O sorriso de seu avô depois das reuniões dominicais. Hudson foi bastanteinfluenciado por seu avô, João Taylor. Se Hudson se comportasse bem

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durante o culto, teria o privilégio de visitar ao seu avô depois. Este santohomem, a quem Hudson amava muitíssimo, o abençoou e lhe deu palavrasde consolo.

Aprendeu o alfabeto hebraico, sentado no joelho de seu pai. Isto é muitodiferente das atividades de hoje, não é mesmo?

Teve a sua primeira experiência de escrever um conto, a idade de quatroanos. Esta pequena estória foi um conto acerca de um velho homem quehavia vivido todos os seus dias na mesquinharia, e por isto não estava

 preparado para morrer. Realmente, Hudson escreveu somente um capítulo,mas com isto percebe-se a seriedade da sua mentalidade em tal idade.

A tenebrosidade dos pagãos impressionou a sua mente, aos quatro oucinco anos de idade. Quando ainda era um menino, Hudson disse: — Quando eu chegar a ser um homem, quero ser missionário na China — Que santas palavras, saíram da boca de um menino! E, Deus as escutou,tomando-as em conta.

A natureza. Hudson amava a natureza, e cresceu memorizando através daexploração todos os aspectos da criação de Deus. O seu pai lhe fez umaassinatura de uma revista sobre natureza, e que chegava na sua casamensalmente. Esta revista estimulou-lhe o desejo de aprender mais arespeito do ecossistema.

O calendário com as marcas vermelhas. Estas marcas indicavam as datasque a sua mãe havia indicado como dias especiais: um passeio, uma visita,um dia familiar, etc. Houve muitas destas marcas nos calendários, durantea sua infância.

Os longos passeios que fez com seu papai, aos sábados pela tarde. Estes passeios e as conversas aumentaram o companheirismo que existia entre pai e filho. O papai explicou-lhe a respeito de muitas coisas durante estestempos especiais, sobre as aves, sobre as flores e sobre as mariposas.

Os dias de domingo. Estes foram dias muito especiais, mais do que o restodos dias da semana. Ainda mais pelo fato de que se alegravam nos cultos.

 Nestes dias a mãe dava toda a sua atenção a sua preciosa família, semdistrações. Dedicava-se a ensiná-los a respeito da Bíblia, no dia dedomingo e também todas as relações entre ela e seus filhos forammelhoradas. Amélia soube tornar diferente e encantador esse dia. Guardou

as melhores coisas para esse dia de descanso. Cantavam hinos,conversavam a respeito da Bíblia e de outros livros edificantes (como OProgresso do Peregrino), bem como comiam frutos; desta formasantificavam o dia do Senhor, e faziam com que fosse um dia esperadodurante todo a semana. Oh, que sabedoria em tudo isto!

As conversas dos adultos. Hudson teve muitas lembranças de seu pai e deoutros homens piedosos, conversando sobre teologia, as missões e sobreassuntos da época. Também, acompanhou a seu pai nas viagens deevangelismo. O pai, no final de cada reunião fazia a chamada ao “altar”, emuitos dos que buscavam a Deus se dirigiam a frente para clamar por 

ajuda. Hudson frequentemente foi contado nesses grupos. Imagine as

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impressões recebidas nestas ocasiões; especialmente quando por fimchegou a vitória a sua própria vida, motivando aos santos a louvar a Deus.

O CARÁTER SANTO

Durante as tardes de domingo, os filhos dos Taylor tinham a permissão para fazer a sua própria “reunião” em um quartinho. A cadeira de papai setranformava no púlpito, e os filhos faziam turnos para pregar a Palavra.Brincando? Em partes, mas a brincadeira dos meninos os treinava para ofuturo.

Tiago ficou conhecido por todos pela sua fidelidade e honestidade quantoas ‘riquezas injustas’. Estas mesmas qualidades foram passadas a seusfilhos. Um centavo teria que ser ganho honestamente, e quando fossemganhos onze, o papai acrescentava outro para somar doze. O economizar,o dar e o cuidadoso gastar foram infundidos nas crianças desde a tenraidade. É maravilhoso ver como Deus ensinava a seu servo, que no futuroadministraria grandes somas de dinheiro, e também as verdadeirasriquezas - as do reino de Deus!

Enquanto os filhos eram ainda pequenos, a mãe inventou uma brincadeirachamada “quieto”. Se a criança permanecesse sentada e quieta durante dezminutos, ganhava um centavo. Claro, a mãe teve motivos especiais, maisdo que apenas brincar! Mas com tal brincadeira pôde ensinar-lhes sobre o

 bom caráter. O pai inculcou-lhe acerca da importância de ser pontual, com o seu

exemplo e com o seu ensino. A ninguém dava permissão de chegar tardenas refeições, nem em outras ocasiões. A mãe acordava os filhos as setehoras da manhã, e todos tinham que estar na mesa, para tomar o café damanhã, as oito horas – sem outro aviso. O pai lhes dizia regularmente: - Sevocê fizer cinco pessoas esperar um minuto, não percebe como perdeucinco minutos?

Estudando a vida familiar dos Hudson, percebemos que os hábitos decomer foram regulados em cada filho. As refeições simples eram normais,e somente em certas ocasiões se comeram comidas especiais. Os doces eas marmeladas foram permitidas com moderação. A meta foi a de

assegurar-se que a criança obtivessem temperança. As palavras “a prova que pode negá-la” foram ouvidas frequentemente namesa, quando havia sobremesa. Ninguém era obrigado a obedecê-las, mashavia recompensas para aqueles que dissesse, — Obrigado, mas não querosobremesa hoje.

Tiago Taylor, pois, foi um homem espiritual, nunca parou de incentivar osseus filhos a manter acesa a vida interior através da oração e por estudar aBíblia. Arrumou as coisas para que todos tivessem a oportunidade de ter meia hora, diariamente, a sós com Deus. Até mesmo os pequenos seenvolviam nisto. Antes de tomar o café da manhã e depois de jantar, cada

filho se dirigia ao seu quarto para ler e orar.

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CONCLUSÃO

São inspiradores e desafiantes todos estes pontos. Toda a informação desteestudo foi retirada do livro Hudson Taylor, The Growth of a Soul (Hudson

Taylor, o crescimento de uma alma). Este livro é uma pequena obra, com

cinquenta páginas, nada mais, mas contém uma grande quantidade de instrução einspiração. Dediquei muitas horas, meditando sobre todo o conteúdo dele.Deveras, Hudson Taylor foi criado num lar piedoso, com pais que com propósitodefinido se puseram ao trabalho, para a honra e a glória de Deus. Observandoeste lar, quanto a responsabilidade do homem, os Taylor obedeceram asEscrituras acerca do ensinar aos filhos, e assim, receberam o fruto dos seus fiéislabores: uma piedosa e poderosa semente na terra.

 Nunca havia lido algo igual a este livro, que consolida tão claramente asverdades dos princípios referentes a um lar piedoso. Não sei como você pensa,mas é convincente que Deus não faz diferença entre pessoas. Qualquer pai oumãe que se proponha, pela graça de Deus, a treinar a seus filhos de tal maneira,receberá os mesmos preciosos frutos anteriormente mencionados. Que Deus nosajude a focalizar bem as nossas prioridades, enquanto criamos aos nossos filhos

 para o serviço do nosso grande Rei e Salvador, O Senhor Jesus Cristo!

Matthew Henry

Comentarista bíblico Presbiteriana e alto-falante. O filho de um pastorevangélico de uma igreja da Inglaterra, nascido em Broad Oak, no condado

galês de Flintshire elenco logo após o ministério de seu pai como umresultado do decreto de Homogeneidade passou pelo Rei George II. Matthew

Henry foi levado por seu pai para um pequeno condado galês Iscoed,Flintshire, em outubro de 1662.

Seu pai, Philip Henry, nomeado ministro da Igreja da Inglaterra, foiconsiderado um dissidente. Sua mãe veio de uma família com sua própria

história no Parlamento.

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Ele tinha um patrimônio modesto, Philip Henry, portanto, deve ter vivido notrabalho agrícola e como um ministro sem sutiã.

Mateus, como seu pai, que nasceu tão frágil foi batizado um dia de vida

apenas pelo medo de que ele não iria sobreviver uma semana.

Mateus era um garoto fraco fisicamente, mas mentalmente eespiritualmente muito forte. Este aspecto foi destacado para se destacar

como estudante hábil e diligente. Alguém disse que ele poderia repetir emvoz alta o que ele tinha lido a Bíblia quando tinha apenas três anos!

Sua conversão ocorre em 1672.

Philip Henry, assumiu a preparação ministerial de Mateus. Até a idade de 18anos, sua educação foi supervisionado por seu pai.

Como aconteceu a outros, seu estatuto de independente o impediu de sematricular na Oxford ou Cambridge, as universidades mais prestigiadas daépoca. Assim, em 1680, ele se matriculou na faculdade como "dissidentes"

em Islington.

A universidade logo ganhou enorme prestígio e foi considerada a maioracademia presbiteriana.

O rotulados como "dissidentes" eram absolutamente proibidos de expressão

pública. Mas isto não era segundo o espírito de Mateus.

Portanto decide voltar a Londres. Lá encontrou-se extensivamente apregação do Dr. Stillingfleet e Dr. Tillotson. Ele se juntou a um pequeno

grupo de oração e estudo da Bíblia, que iria consolidar Wesley mais tarde,como o Clube Santo em Oxford.

Ele retornou à sua aldeia para definir a sua visão ministerial. Após uma

análise aprofundada si mesmo, que ele escolheu para responder a suachamada ".

Alguns ministros de Londres consagrada ele em particular em 9 de maio de1687. Não foi até 1702 que ele poderia obter uma licença oficial.

A tragédia da família sofreu com a morte de sua primeira esposa e três dosseus nove filhos.

Matthew usado para orar pela manhã e à tarde. Na parte da manhã

estudando o Antigo Testamento e à tarde em Novo.

Seus sermões eram destinadas a pessoas, não importa politicamente,

embora ele nunca deixou de mencionar os perseguidos e discriminados naFé

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Em 1704, após se recuperar de uma doença grave, que começou suascartas para o Novo Testamento, a base de seus comentários famosos.

Seis anos depois, em 1710, começou a trabalhar em sua maior obra: The

Complete comentários bíblicos, um cinco monumental-obra volume.

O trabalho duro alimentou a sua alma mas o corpo consumido.Em 1714, ao visitar um amigo em Chester, murió.tenía apenas 52 anos.

À primeira vista, olhando para a sua volumosa obra, ninguém pode imaginar

que seu autor tinha morrido com cinquenta apenas dois. Ao escrever umapeça que foi pedida à disposição de todos e, embora o comentário é cheiade esboços para sermões, é claro que Matthew Henry foi um mestre das

línguas originais das Escrituras, muito mais do que os críticos mais

modernos, e que, em sua teologia, não poucos cristãos evangélicos para sequalificar como intransponíveis. Sua teologia é uma fiel testemunha da

verdade do evangelho, enfatizando a depravação total do homem esoberana graça e glória de Deus. Seu trabalho também mostra não só a

capacidade de um fundo para a profundidade espiritual, mas a bolsa deestudos que oferece um grande conhecimento do grego e hebraico.

Charles Spurgeon, entre muitos, reconheceu a importante influência que eleexerce sobre sua vida e ministério.

Martin Luther King, Jr

.

"Eu tenho um sonho: que um dia esta nação se porá de pé e viverá o

verdadeiro significado de sua crença: Nós conservamos esta verdade paraser auto-declarada, que todos os homens foram criados iguais. Eu tenho umsonho, e nele, meus quatro filhos pequenos viverão em uma nação em que

não serão julgados pela cor de suas peles, mas pelo conteúdo de seuscaráteres."

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Martin Luther King, Jr.

15/01/1929 - 04/04/1968.

 Tradução de João Cruzué

Nascido Michael Luther King, Jr., mais tarde seu nome foi mudado para

Martin. Seu avô começou o longo mandato da família King como pastores

da Igreja Batista Ebenezer em Atlanta, servindo de 1914 a 1931; seu pai

deu seqüência até 1960. E, de 1960 até 1968 quando morreu, Martin, atuou

como co-pastor da igreja.

Martin freqüentou as escolas públicas no Estado da Georgia nos tempos

da segregação racial, completando o segundo grau aos 15 anos. Em 1948,concluiu a faculdade no Morehouse College, uma destacada instituição

negra de Atlanta, na qual, tanto seu pai quanto o avô também se

graduaram.

Em 1951, ele concluiu o bacharelado, depois de três anos de estudos

teológicos no Seminario Teológico Crozer, na Pennsylvânia, onde foi eleito

presidente de uma classe de veteranos predominantemente branca. Com a

amizade conquistada em Crozer, ele se inscreveu em estudos avançados na

Universidade de Boston, completando sua residência para o doutorado em

1953 e se graduando em 1955. Ali em Boston, ele conheceu se casou com

Coretta Scott, uma jovem de talentos intelectuais e artísticos incomuns.

Dois filhos e duas filhas completaram a família.

Em 1954, Martin Luther Kink foi aceito como pastor da Igreja Batista da

Avenida Dexter em Montgomery - Alabama, onde sempre foi um ferrenho

defensor dos direitos civis para os membros de sua raça. King era, naquele

tempo, um membro do comite executivo da Associação Nacional para o

Avanço das Pessoas de Cor, a organização líder de seu gênero na América.

Ele estava preparado, pois, bem cedo, em dezembro de 1955, para

aceitar a liderança da primeira grande demonstração negra de não violência

contemporânea nos Estados Unidos - o boicote a companhia de ônibus de

Montgomery.

O boicote durou 382 dias. Em 21 de dezembro de 1956, a Suprema Corte

amaricana decretou a incostitucionalidade do decreto que exigia segregação

racial em ônibus, [e a partir dali ] negros e brancos passaram a usar o

mesmo ônibus com os mesmos direitos.

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Durante os dias do boicote King foi preso, sua casa explodida, ele sofreu

abuso pessoal, mas, ao mesmo tempo, emergia com um lider negro de

primeira magnitude.

Em 1957, ele foi eleito presidente da Conferência de Lideranças Cristãs doSul, uma organização formada para prover novas lideranças para o agora

emergente, Movimento dos Direitos Civis.Os ideais da nova organização

foram tomados do cristianismo, mas com as táticas operacionais de Gandhi.

No período de 11 anos ( 1957 - 1968 ), King viajou mais de 10 milhões de

quilômetros, e discursou mais de 2.500 vezes; e aparecendo sempre onde

havia injustiça, protesto, ações. Neste interim, escreveu cinco livros e

numerosos artigos. Naqueles anos, ele liderou um protesto maçiço em

Birmingham, Alabama, que chamou a atenção do mundo inteiro,

providenciando o que se chamou "coalizão de consciências", e se inspiroupara escrever " Carta de um cárcere de Birmingham" um manifesto da

revolução negra; ele planejou a grande carreata no Alabama pelo direito de

votar dos negros, e ele dirigiu a marcha pela paz em Washington, D.C ,a

frente de 250.000 pessoas para quem pregou seu mais famoso sermão, "

Eu tenho um Sonho".

Ele foi recebido pelo presidente Lyndon B Johnson; foi preso, depois disso,

cerca de 20 vezes, e atacado no mínimo por 4 vezes, e ele foi agraciado

com 05 honrarias , e ele foi nomeado o "Homem do ano" pela Revista Timeem 1963; e ele se tornou não apenas o símbolo dos negros americanos

como também em uma figura reconhecida mundialmente.

Com a idade de 35 anos, Martin Luther King, Jr. foi o homem mais jovem

a receber o Prêmio Nobel da Paz. Quando recebeu a notícia da sua escolha,

ele anunciou que entregaria o dinheiro do prêmio para o fomento do

movimento dos direitos civis.

Na tarde de 04 de abril de 1968, enquanto estava na janela de um quartode hotel em Memphis, Tennesse onde ele fora para liderar uma marcha de

protesto em apoio a greve dos lixeiros daquela cidade, ele foi assassinado. 

Kathryn Kuhlman

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Em um mundo marcado pela doença e a escuridão espiritual, Kathryn Kuhlman

ofereceu Esperança às pessoas. Com seus serviços de ministração, desde os anos 1950

até sua morte em 1976, milhares de pessoas entregaram suas vidas a Jesus Cristo.

Kathryn nasceu em 9 de maio de 1907, em uma fazenda fora de Concordia, Missouri,

nos Estados Unidos e converteu-se em uma reunião quando tinha 14 anos. Dois anos

mais tarde, saiu da casa com sua irmã e cunhado, Myrtle e Everett Parrott, pregando

em tendas de avivamento no noroeste e no Midwest. Permaneceu com eles até

completou 21 anos, o ano onde iniciou um trabalho evangelístico por conta própria.

Embora seu primeiro sermão fosse em um salão pequeno e sujo, Kathryn construiu

um nome forte como pregadora de tendas em Idaho, Utá, e Colorado.

Estabeleceu-se em 1933 e abriu um trabalho avivalista no altamente bem sucedido

Tabernacle de Denver de Colorado. As pessoas atravessavam o país para ouvir

Kathryn, e evangelistas de renome vieram pregar em seu púlpito. Por cinco anos, oministério floresceu e promoveu um avivamento grande na área. Seu ministério

promissor foi comprometido quando o Evangelista Burroughs Waltrip veio pregar.

Waltrip divorciou-se de sua esposa e abandonou seus dois filhos novos logo após a

reunião de Kathryn. Mudou-se para Iowa, iniciou um programa de rádio e uma igreja

e manteve seu passado em segredo. Quando ele e Kathryn casaram-se em 18 de

outubro de 1938, iniciou suas pregações em torno de Midwest. Entretanto, os líderes

das igrejas descobriram seu passado e pediram que saísse.

Kathryn ao perceber as circunstâncias que lhe fizeram parar de pregar, resolveu

deixar Waltrip em 1944. Kathryn disse que “morria a cada dia por ter posto de lado

os desejos de seu coração para assim poder servir inteiramente a Deus”.

Encontrou finalmente um “paraíso” seguro da bisbilhotice e com pessoas famintas de

se alimentar com o Evangelho quando chegou em Franklin, Pensilvânia, em 1946.

Kathryn começou um programa de rádio popular e uma igreja e construiu um

ministério que foi seguido por milagres, por sinais, e por maravilhas. Era em Franklin

que ela veio compreender o poder do Espírito Santo e dos milagres.

Kathryn mudou-se para Pittsburgh em 1948, onde viveu até o fim de sua vida.

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Prestava seus famosos cultos de milagres no Carnegie Hall por 20 anos, lotando a

capacidade do grande auditório em todos os cultos. Pessoas de todo o mundo vinham

às suas reuniões de milagres e assistiam seus programas de rádio e de televisão.

Kathryn Kuhlman morreu em 20 de fevereiro de 1976 após complicadíssimosproblemas no coração. Seu ministério não terminou, pois ela deixou um legado na

pregação e ministração de milagres, amor e do poder do Espírito de Deus.

Joseph Alleine

 Joseph Alleine (batizado 8 de abril de 1634 - 17 Novembro 1668) foi umpastor Puritano Inglês dissidente e autor de muitas obras religiosas.

Alleine pertencia a uma família que havia estabelecido originalmente noSuffolk. Já em 1430 alguns dos descendentes de Alan, Senhor do Buckenhall

assente no bairro de Calne e Devizes.

Estes eram os ancestrais imediatos da "digno senhor Tobie Alleine deDevizes", o pai de José, que era o quarto de uma grande família, nascido em

Devizes no início de 1634. 1645 está marcado na página-título de umtratado singular de idade, por uma testemunha ocular, como o ano da sua

criação frente na corrida cristã.

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Seu irmão mais velho Edward foi um clérigo, mas neste ano morreram, e José suplicou ao pai que ele poderia ser educado para suceder o irmão no

ministério.

Em abril de 1649 ele entrou Lincoln College, Oxford, e em 3 de novembro de1651, tornou-se estudioso de Corpus Christi College. Em 6 de julho de 1653,

tomou o grau de BD, e tornou-se professor e capelão do Corpus Christi,preferindo isto a uma bolsa.

Em 1654 ele tinha ofertas de preferment alta no estado, que declinou, mas

em 1655 George Newton, da grande Igreja de Santa Maria Madalena, Taunton, procurou-o para assistente e Alleine aceitou o convite. Quase

coincidente com a sua ordenação como pastor associado veio de seucasamento com Theodosia Alleine, filha de Richard Alleine.

Amizades entre os "gentil e simples" do primeiro, com Lady Farewell, netado testemunho protetor Somerset para a atração da vida privada Alleine's.

Sua vida pública foi um modelo de dedicação pastoral, ainda encontroutempo para continuar seus estudos, um monumento de que era a sua

 Theologia Philosophica (a MS perdeu.), Uma tentativa aprendeu aharmonizar a revelação ea natureza, que era admirado por Richard Baxter.

Alleine era nenhum estudioso meros ou divino, mas um homem queassociados em condições de igualdade com os fundadores da Royal Society.Estes estudos científicos, entretanto, foram mantidos em subordinação aoseu bom trabalho. Ele foi surpreendentemente influente para um homem

tão jovem, e isso foi graças a sua seriedade e contundência.

O ano de 1662 encontrou pastores seniores e juniores da mesma opinião, eambos estavam entre os dois mil ministros ejetado. Alleine, com John

Wesley (avô do célebre John Wesley), também expulso, depois viajouaproximadamente, pregando sempre oportunidade foi encontrado.

Por isso ele foi preso, indiciado por ocasião das sessões, prepotências e

multado. Suas cartas da prisão foi um Cardiphonia mais cedo do que JohnNewton. Ele foi libertado em 26 de maio de 1664, e apesar da Conventicle,ou Five Mile Act, ele retomou a sua pregação. Ele encontrou-se novamente

na prisão, e outra vez um sofredor.

Sua Morte

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Desgastados pela constante perseguição, ele morreu em novembro de

1668; e as rezadeiras, lembrando as palavras do seu ministro da amada,enquanto ainda com eles, "Se eu morrer cinquenta milhas de distância,

deixe-me ser enterrado em Taunton," encontrou um túmulo para ele emmor de Santa Maria.

Nenhum nome é tão puritano inconformado carinhosamente acalentadocomo o de Joseph Alleine. Sua obra literária foi chefe de um alarme para osnão-convertidos (1672), também conhecido como o guia seguro para o Céu,

que tinha uma enorme circulação. Seus restos apareceram em 1674.

John Knox

“Deus é minha testemunha, nunca

preguei Jesus Cristo com desrespeito a qualquer homem.”

1513: Reformador escocês, Nasce em nas proximidades da cidade de

Haddington (a 20 kms a leste de Edimburgo). Filho de uma família distintaseu pai se chamava William Knox e sua mãe Sinclair. Nunca teve vergonha

ou se escusou de suas origens rústicas mesmo quando a providênciacolocou-o entre os bem nascidos de seu tempo.

1522: Prosseguiu os seus estudos na Universidade de Glasgow, onde onome "John Knox" figura entre os matriculados em 1522 ou em St. Andrews,

onde se afirma que ele tenha sido aluno do celebrado John Major, nativocomo Knox da região escocesa de East Lothian, e um dos maiores

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acadêmicos dos seu tempo. Ele aprendeu Grego e Hebraico num períodoposterior, como indicado na sua escrita.

1540: È ordenado padre. Até 1543, Knox ainda se mantinha sob o comando

de Roma. Um documento assinado a 27 de Março desse ano, guardado nocastelo de Tyninghame, prova-o.

1545: Knox professou pela primeira vez a fé protestante . Antes disso játinha mostrado sinais de simpatia pela fé, sem o ter declarado

explicitamente. De acordo com Thomas Guillaume Calderwood, um nativo

de East Lothian, a ordem de Blackfriars em 1543, foi a primeira a "dar ao Sr.Knox um cheirinho da verdade". A sua mudança de opinião original tem sido

atribuída ao seu estudo na sua juventude ao ler Agostinho e Jerônimo emparticular lhe apresentaram os grandes temas das Escrituras: graça, fé,

pecado, justificação, providência. Pelo resto de sua vida sua passagempredileta era João 17, na qual Jesus às vésperas de ser traído ora por

aqueles que o Pai lhe dera, e ora especificamente para que sejamsustentados em todas as tormentas pelas quais passariam – não só eles,

mas por todos os Filhos de Deus em qualquer época.

1547: Ele pregou no castelo de St. Andrew, criticando duramente aguarnição do castelo por sua degradação – e assim foi surpreendido

subitamente ao ser chamado de pastor da congregação. Mas isto não durou

muito. Dois meses após, vinte e uma galés francesas bombardearam ocastelo furiosamente. Já enfraquecidos pela peste, a guarnição do castelo serendeu. Knox e outros homens foram acorrentados a bancos, como

remadores, e foram submetidos a violento esforço físico de dia, e a noite se

 juntavam para se aquecer sob as bancas comendo feito lobos. O rei daFrança, presumindo que agora poderia usar agora a Escócia como base paraatacar a Inglaterra pensou que um patriota e um líder como Knox ajudaria-oa fazer isso. Ele soltou o escocês depois de 19 meses de agonia nas galés

francesas. O monarca gaulês havia cometido um erro de cálculo, o escocêsera qualquer coisa exceto antiinglês. Logo Knox estava na Inglaterra

pregando para a crescente congregação que havia reunido. Aqui osreformadores ingleses ressaltaram os seus dons na teologia e na liturgia,

incorporando seu trabalho no Livro de Orações da Igreja Anglicana.

1554-59: Deixando a Inglaterra pouco depois da morte de Eduardo, Knoxdirigiu-se para o continente, uma viagem de que não temos as paragens ou

datas em certeza. Em 1554, vivendo já em Genebra, ele aceitou, em acordocom João Calvino, uma posição na igreja inglesa de Frankfurt.

1555: Em 1555 regressou a Escócia, e cinco anos depois logró que oParlamento aprovara a Confissão Scótica, donde se perfilavam já os

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princípios do presbiterianismo, movimento protestante caracterizado poruma acentuação da forma de organização eclesiástica proposta por Calvino.

Knox foi um destacado opositor da rainha Maria, a sanguinária.

1572: Faleceu em Edimburgo a 24 de Novembro. A voz trovejante podiaapenas sussurrar agora. Enquanto a morte chegava mais perto a sua esposa

lia e relia suas passagens favoritas da Bíblia, sempre terminando com João17, segundo ele “o lugar onde eu primeiro pus minha âncora”. No túmulouma pessoa que foi ao funeral afirmou “Aqui jaz um homem que nunca

dissimulou com palavras ou temeu a morte”.

João Calvino

 João Calvino(1509-1564)

“Deus sujeitou-me o coração à docilidade através duma conversãorepentina”.

"Ninguém pode receber sequer a mínima parcela de reta e sã doutrina se

não passar a ser um discípulo das Escrituras e não as interpretar guiado

pelo Espírito Santo."

 Jean Calvin

1509: Nasce em Noyon, na Picardia, (próximo a Paris), no dia 10 de julho.Seu pai, Gérard Cauvin, era secretário do bispado de Noyon. A transposiçãodo nome "Cauvin" para o Latim (Calvinus) deu a origem ao nome "Calvin"pelo qual ele é conhecido. Martinho Lutero escreveu as suas 95 teses em

1517, quando Calvino tinha 8 anos de idade. Para muitos, Calvino terá sidopara a língua francesa aquilo que Lutero foi para a língua alemã.

1515: Jeanne sua mãe falece, quando tinha apenas 6 anos de idade.

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1521: Aos 12 anos, devido à influência que seu pai tinha, passou a receber

alguns cargos eclesiásticos na região.

1523: Ingressa na Universidade de Paris.

1528: Forma-se em Filosofia e Dialética na Universidade de Paris. Aos 19anos recebe o grau de mestre em Teologia

1528: Na Universidade de Orleans, França, começa a estudar Direito. 1529:

Muda-se para a Universidade de Bourges, França, onde inicia também osseus estudos de Grego. Seu pai mudou de planos em relação ao seu futuro

e quer que ele siga Direito. A "ciência das leis torna normalmente ricosaqueles que se debatem com ela", referia o seu pai (ele próprio um

advogado do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino. Cumpriu avontade do pai e foi estudar

Direito, mas nunca deixou de preferir a teologia. Como disse mais tarde: "Se

Deus me deu forças para que eu cumprisse a vontade de meu pai,determinou ele pela providência oculta que eu tomasse finalmente um outrocaminho" (o da Teologia). Inicialmente Calvino preparava-se para ser padre,enveredaria pelo estudo do Direito, mas Deus trouxe-o de novo ao caminho

da Teologia.

1531: Forma-se em Direito pela Universidade de Bourges. Perde seu pai,que falece neste ano. Regressa a Paris onde estuda grego e hebraico no

Colégio da França.

1532: A publicação de seu Comentário ao Tratado de Sêneca sobre aClemência, em abril, já era um indício de que sua conversão estava

iminente. Neste mesmo ano converte-se à doutrina protestante. 1533:

Começa a defender os protestantes contra a Inquisição. Em 1° denovembro, Nicolas Cop profere seu discurso de posse como reitor da

Universidade de Paris. Cop recebe ajuda de Calvino para escrever odiscurso, que continha idéias de Erasmo e Lutero. Não eram também

chamados de heréticos os primeiros seguidores do cristianismo? O resultadofoi a perseguição do próprio Nicolas Cop, que teve de se refugiar em

Basiléia. Esconde-se junto com Cop em Angoulême, França, fugindo do reiFrancisco I, opositor de todos os simpatizantes de Lutero. Entretanto, o papa

Clemente VII pressionava o rei de França a reprimir os protestantesfranceses. Em bulas de 30 de Agosto e de 10 de Novembro do mesmo ano,o papa exortava à "aniquilação da heresia Luterana e de outras seitas que

ganham influência neste reino". Os dois encontram-se, então, nesse mesmoano, em Marselha, onde discutem entre outras coisas a "guerra contra os

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turcos, lá fora, e a repressão das heresias cá dentro".

1534: Em 4 de maio chaga à Noyon afim de renunciar aos benefícioseclesiásticos que detinha. Ao chegar na cidade é preso. Escreve o seu

segundo livro, que será também o primeiro sobre religião, e é relativamentepouco conhecido, em comparação com suas outras obras. Faz uma crítica

severa aos anabatistas, que acusa de serem uma seita debandada. O livrocoloca questões teológicas, mais do que oferece respostas. O título

completo era: "Psychopannychia” - tratado pelo qual se prova que as almaspermanecem vigilantes e vivas uma vez que tenham deixado os corpos, o

que contraria o erro de alguns ignorantes que sustentam que elas dormematé ao último momento" - o que é, também, um ataque aos anabatistas.

Apesar de escrito em 1534, o livro seria apenas publicado em 1542. Em 18de Outubro de 1534, a história do protestantismo francês vive um dos seus

momentos fundamentais. Cartazes de 37 por 25 cm que criticam acelebração da missa tal como ela é feita oficialmente pela Igreja católica

são afixados em vários locais. É particularmente atacada a repetiçãocerimonial da morte de Cristo, simbólica, no altar.

Se o sacrifício já foi consumado, por que se apoderam os sacerdotescatólicos deste ritual simbólico? Os argumentos teológicos dos protestantesfundamentam-se na Epístola de São Paulo aos Hebreus. A situação tornou-se particularmente crítica e descambou numa reação brutal por parte da

Igreja católica e do estado francês.

1535: Protestantes franceses seriam encarcerados e assassinados. Em Janeiro , o rei Francisco I organiza uma procissão macabra pelas ruas de

Paris. A procissão pára em 6 locais distintos. Em cada uma das paragens háum pódio onde o rei, os embaixadores e dignos membros do "parlement" seinstalam para assistir à morte pela fogueira de 6 "heréticos" envolvidos nocaso dos cartazes do ano anterior. Calvino foge para Basiléia, cidade onde

vive até Março de 1536. È publicada a primeira bíblia escrita por umprotestante, em francês. Tratava-se de uma tradução direta do Hebraico (o

antigo testamento) e do Grego (o novo testamento) - línguas originais dasescrituras - e não das versões então em uso, em latim. O autor é Olivétan,

aliás Pierre Robert (1506-1538), primo de Calvino. o seu estilo de escrita foiconsiderado de difícil compreensão, além de uma certa falta de fluidez

discursiva. O texto seria revisto (com a colaboração de Calvino) e publicadonovamente em 1546.Em 16 de Julho, o rei Francisco I faz publicar o Édito de

Coucy, uma medida de contemporização para com os protestantes e quecorresponde também a uma nova guerra de Francisco I contra Carlos V

(Guerra de 1535-1538). Necessitando do apoio dos protestantes alemães

para o esforço de guerra e não convinha, necessariamente, perseguir os"Luteranos" em França. É prometido que se deixarão os protestantes em

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paz desde que vivam como "bons cristão" e renunciem à sua fé. Mas, emDezembro de 1538, o Édito de Coucy é suspenso e as perseguições aos

protestantes retomam a intensidade anterior.

1536: Novamente é preso por pregar doutrinas do protestantismo. Tevebreve passagem pela corte de Ferrara, Itália, onde tenta converter sua

compatriota, a Duquesa Renata. Em Março é publicada em Basiléia aprimeira edição de "Institutio religionis Christianae". No prefácio menciona a

sua estadia em Basiléia, "enquanto na França são queimados na fogueiracrentes e pessoas santas". Fala de santos mártires. Dirige-se no livro ao Rei

Francisco I, que procura convencer das boas intenções da reforma. Aomesmo tempo, a sua teologia começa a adquirir contornos mais marcados e

mais autônomos em relação ao Luteranismo. Uma tendência que sefortalecerá no futuro. Critica a vida dos mosteiros, que compara a bordéis.

Calvino pretende não só a reforma da Igreja mas de todos os indivíduos.Fugindo da Inquisição Católica, se estabelece em Genebra. A cidade já

estava aberta para acolher a nova fé, Em 1533 há o primeiro cultoprotestante de que há conhecimento nesta cidade. São então cunhadas

moedas com a inscrição: "Post tenebras lux" (após a escuridão, a luz).

1537: Em Abril, por sugestão de Calvino, é constituído um "syndic" (síndico)que tem por objetivo ir de casa em casa e inquirir sobre a confissão dos

moradores. A ação é contestada. Alguns moradores recusam-se a

pronunciar-se sobre a sua fé.Em junho, as autoridades de Genebra decidemque o Domingo é o único dia feriado. Futuramente nenhum outro feriadoserá considerado.Em 30 de Outubro é definido como o prazo para todos osmoradores de Genebra se pronunciarem quanto à sua religião. Aqueles que

não reconhecem os decretos de Guillaume Farell são obrigados a deixar acidade em 12 de Novembro.Após esta data, a situação complica-se paraFarell e Calvino. Particularmente provocante é o fato de um estrangeiro

(francês), como Calvino, decidir sobre a excomunhão e expulsão de

habitantes naturais de Genebra. As autoridades, perante estes protestos,passam a ser mais críticas para com os líderes protestantes.1538: Junto

com Farel, é expulso de Genebra acusado injustamente de arianismo.

Se estabelece em Strassburgo, na França (divisa com a Alemanha). emEstrasburgo Martin Bucer será o protetor de Calvino. Durante três anosCalvino dirigiu em Estrasburgo uma igreja de protestantes franceses, a

convite de Bucer. Segundo o biógrafo Courvoisier, Estrasburgo é a cidade

onde Calvino se torna verdadeiramente Calvino.

1539: No outono deste ano, Calvino escreve também um comentário à carta

de Paulo aos Romanos. Este tema é particularmente querido doprotestantismo, porque ali se encontra a justificação através da fé como a

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base de sustentação do movimento protestante, pois somente a fé salva e justifica. Os sacramentos só recebem o seu sentido através da fé. Sem fé

não têm qualquer efeito. Já Lutero tinha destacado a carta de Paulo aosromanos como o cerne do Novo Testamento e o mais alto do evangelho.

1540: Em Estrasburgo, Calvino casa-se em Agosto, com a viúva Idelette de

Bure, que tinha sido previamente adepta do anabatismo. Traz duas criançasdo seu prévio casamento. Calvino tem 31 anos de idade. A cerimônia do

casamento foi dirigida por Guillaume Farel.

1541: O partido de seus amigos assume o poder em Genebra. A 13 deSetembro, Calvino chega pela segunda vez a Genebra. Instala-se aí 

definitivamente até ao fim da sua vida, tendo ali organizado a estruturaçãoda organização de ministérios, de professores, de diáconos, de acordo com

as linhas bíblicas. Estabelece uma nova Constituição, as chamadasOrdenanças Eclesiásticas, onde redefinia a ordem de poder na Igreja Suíça

As "Ordonnances de 1541" dispõem a formação de 4 corpos:Pasteurs: pastores, que pregam.

Docteurs: ensinam.Anciens: os mais velhos, chamam à ordem aqueles que prevaricam.

Diacres: diáconos, ocupam-se dos pobres e doentes - mendigar éestritamente proibido.

1542: Publica em Genebra o seu livro de catecismo: "Catéchisme de l'Églisede Genève, c'est-a-dire, le formulaire d'instruire les enfants en lachrétienté". A chave do projeto de Calvino passa pela pedagogia. Objetivo é

uma profunda transformação da mentalidade. Cada resquício de

superstição, de práticas de magia, qualquer resto de catolicismo éperseguido como idolatria. o filho de Calvino, Jacques, morre pouco depois

de nascer em 28 de Julho.

1546: Em Janeiro, é preso Pierre Ameaux, que tinha injuriado publicamenteCalvino, esse "picard" que prega uma falsa fé.

1547: A 23 de Setembro, François Favre comparece perante tribunal por ter

afirmado que Calvino se auto-nomeou de bispo de Genebra e os francesestinham escravizado a sua cidade natal.

1548: Um senhor chamado Nicole Bromet declara que os franceses

deveriam ser todos colocados num barco e enviados pelo rio Reno abaixo.

1549: Morre Idellete Calvino, após doença. Calvino não voltará a casar.

Dedica-se ainda mais decididamente ao trabalho.

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1550: Calvino escreve ao rei Eduardo VI de Inglaterra, um protestante,encorajando-o nas suas reformas. O rei Eduardo VI fez acolher protestantes

franceses, perseguidos no país natal. Após o reinado de Eduardo VI (1547-1553) o catolicismo regressa à Inglaterra sob a liderança de Maria Tudor.

1551: Sofre oposição de Bolsec, que afirma: "a teoria da predestinação é

falsa". Ele é expulso de Genebra, volta para a Igreja Romana e escreve umabiografia caluniosa de Calvino

1553: Ordena a morte de seu opositor, o espanhol Miguel Servet, que morre

queimado.

1555: Em Janeiro, há uma procissão noturna de pessoas em Genebra,caminhando de vela na mão, ridicularizando Calvino. Todos os calvinistas

são excomungados do catolicismo Também a doutrina da Predestinação foimuito atacada nestes anos. Um particular crítico foi o monge carmelita

chamado Hiérome Bolsec, nascido em Paris, que se tinha estabelecido emGenebra. Ele argumenta que “uma vez que Deus é o responsável por tudo o

que se passa, então Deus é também responsável pelos nossos pecados”.Calvino responde que “nunca disse isso”.( A teoria da predestinação de

Calvino nasceu da sua crença na presciência absoluta de Deus, e da firmaconvicção, robustecida pelas suas leituras de São Paulo e Santo Agostinho,de que o homem é incapaz de se salvar pelas suas próprias ações; somente

pode ser salvo pela imerecida graça de Deus, livremente concedida). Asautoridades apoiam Calvino. Em Berna, críticos de Calvino são expulsos dacidade. são erguidas as primeiras igrejas calvinistas em França,

nomeadamente em Paris, Meaux, Angers, Poitiers e Loudun. Nos três anos

seguintes surgem as comunidades de Orléans, Rouen, La Rochelle, Toulouse, Rennes e Lyon.

1559: Funda a Universidade de Genebra. Entre 26 e 29 de Maio, realiza-se

em Paris um sínodo nacional protestante. Cerca de 30 paróquias estãorepresentadas. Vão elaborar um texto de linhas de orientação, (com a

participação de Calvino na sua criação), que se vai chamar Confession de LaRochelle (foi confirmado nesta cidade em 1571).

1564: Morre no dia 27 de maio, aos 55 anos. A saúde de Calvino começou avacilar. Ele sofria de enxaquecas, hemorragia pulmonar, gota e de pedrasnos rins. Por vezes foi levado carregado para o púlpito. Calvino também

tinha os seus detratores. Foi ameaçado e abusaram dele. Calvino apreciavapassar os seus tempos livres no lago de Genebra, lendo as escrituras e

bebendo vinho tinto. Nos finais de sua vida disse a seus amigos que

estavam preocupados com o seu regime diário de trabalho: "Qual quê ?Querem que o senhor me encontre ocioso quando ele chegar ?"

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 João Calvino faleceu em Genebra a 27 de Maio de 1564.

Foi enterrado numa sepultura simples e não marcada, a seu próprio pedido.A influência que ele exerceu desde a cidade de Genebra, que praticamente

governou a partir de 1541 até à sua morte, em 1564, espalhou-se pelaEuropa inteira e mais tarde pela América.

John Huss

 John Huss (1373-1415)

Nascido em Hussinec, na Boêmia, hoje Tchecoslováquia, em 1373, de umafamília pobre que vivia da agricultura. Ele recebeu boa educação elementar

e cursou na Universidade de Praga (capital atual da República Tcheca), ondeterminou seu mestrado em Filosofia no ano de 1396.

Dois anos depois, Huss começou ensinar na Universidade, e em 1401, veio aser o seu reitor. Em 1400, Huss foi separado como padre e foi-lhe entregue

a responsabilidade da prestigiada Capela de Belém.

Após o casamento do rei inglês, Ricardo II da Inglaterra com Ana, filha doimperador Carlos IV da Boêmia em 1382, os ensinamentos de Wycliff foram

logo introduzidos no país. Estudando-os bem de perto, Huss começou não sóa pregar, como também traduzir as obras de Wycliff na língua Tcheca.

Pregador e Precursor da Reforma na Boêmia Em 1403, John Huss se propôsa reformar a Igreja Romana na Boêmia, ensinando que o papado não tinhanenhuma autoridade de oferecer a remissão dos pecados através da vendade indulgências, como também questionou a legitimidade dos dois papasrivais Gregorio XII e AlexandreV. Por esta razão, em 1408, os incontentos

padres e colegas da Universidade de Praga condenaram a Huss, e comoresultado, foi proibido de exercer suas funções eclesiásticas em Praga.

Um ano depois, ele recebe novas acusações de estar ensinando heresias;

mas não para de pregar na Capela de Belém. Em 1411, Huss é

excomungado de sua congregação, e todos os cultos, cerimônias debatizado e funeral foram anulados. Tal ato trouxe grande revolta nos

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cidadãos de Praga, os quais defenderam a Huss.

O cúmulo da corrupção papal sucedeu em 1412, quando João XXIII lançouuma cruzada contra o Rei Ladislau de Nápoles, e ofereceu a remissão

completa de pecados a todos os que participassem na guerra, ou a vendada indulgência para os que a suportassem. Ao ouvir tal notícia contrária a

todos os preceitos bíblicos, Huss se levanta e ataca o papado de usarsanções espirituais e indulgências para fins pessoais e políticos. Em contra-

ataque, Jan Huss foi excomungado de Roma e obrigado a deixar Praga.

A Intimidação Se Inicia Durante o seu exílio, Huss teve a oportunidade deconcluir uma de suas obras mais importantes, “De Ecclesia”. No ano de

1414, os líderes da Igreja Romana se reuniram para um Concílio emConstança (atualmente na Alemanha), e John Huss foi convocado a

comparecer a fim de esclarecer seus ensinos controversiais com o da Igreja.O imperador Boêmio, Sigismund, prometeu salvo-conduto, mas, após um

mês em Constança, os seguidores do Papa João XXIII o prenderam, e ele foiimpelido pelo Concílio de se retratar. Huss permanceceu preso durante os

sete meses de seu julgamento, e pouca oportunidade foi-lhe dada de sedefender. Por não voltar atrás, Jan Huss foi condenado como hereje, despido

e queimado na estaca fora da cidade no dia 6 de julho de 1415.

Huss morreu cantando o hino em grego “Kyrie eleeson” (Senhor, tem

misericórdia). O local de sua morte é marcado até hoje com uma pedramemorial. Como Wycliff, Huss lutou pela reforma da Igreja pagando o preçocom sua vida. Os perseguidores destruíram o corpo, mas não os ensinos deHuss, que foi espalhado por toda a Europa por seus discípulos mais radicais,

conhecidos como Taboritas. Estes rejeitaram tudo na fé e na prática daIgreja Romana que não se encontrasse na Bíblia. Destes discípulos surgiu a

Igreja Moraviana, a qual tornou-se mais tarde numa das igrejas de maisvisão missionária da História da Igreja. O resultado do trabalho de Huss e de

tantos outros foi vista um século depois, na pessoa de Lutero.

Jônatas Goforth

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«por meu espírito» 

(1859-1936)

Certo dia, no ano de 1900, em Changte, no interior da China, passou um correiogalopando à doida. Levava um despacho da imperatriz para o governador, ordenandoque tomasse medidas para exterminar imediatamente todos os estrangeiros. Na horrendacarnificina que se seguiu, Jônatas Goforth, com sua esposa e filhinhos, foram cercados

 por milhares de Boxers, determinados a tirar-lhes a vida.

O pai da família, ao cair no chão com uma tremenda pancada que quase lhe partiu ocrânio, ouviu uma voz dizer-lhe: "Não temas! Teus irmãos estão orando por ti." Antesde ficar inconsciente, viu chegar a galope um cavalo que ameaçava atropelá-lo. Ao

voltar a si, viu que o cavalo caíra ao seu lado, esperneando de tal maneira que os seusatacantes foram obrigados a desistirem do propósito de matar o missionário. Assim elereconheceu que a mão de Deus o guardava maravilhosa e constantemente durante otempo do morticínio dos boxers, no qual centenas de crentes foram mortos. JônatasGoforth e sua família, foram sal-vos de inumeráveis situações angustiosas entre o povoamotinado, até que, por fim, vinte dias depois, chegaram ao litoral do país.

Rosalind e Jônatas Goforth tinham as suas vidas escondidas com Cristo em Deus. Eiscomo viviam, nas suas próprias palavras: "Não é somente tolice aceitar para nósmesmos a glória que pertence a Deus, mas é grave pecado, porque o Senhor diz: 'A

minha glória a outrem não darei'."

Quando ainda jovem, Jônatas Goforth adotou as palavras de Zacarias 4.6 como lema dasua vida: "Não por força nem por violência, mas por meu espírito, diz o Senhor dosExércitos."

Alguém que o conhecia intimamente escreveu: "Antes de tudo, Jônatas Goforth era umganhador de almas. Foi por essa razão que se tornou missionário para o estrangeiro; nãohavia outro interesse, outra atividade, outro ministério que o atraísse. Com o fogo do

amor de Deus no coração, ele manifestava um entusiasmo irresistível e uma energiaincansável. Nada podia impedir os esforços dinâmicos na obra, para a qual Deus o

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chamara. Era assim tanto aos setenta e sete anos como quando tinha cinqüenta e sete.Com a perda da vista durante os últimos três anos da sua vida, não diminuíram seusesforços - parece que aumentaram."

Revela-se, nas suas próprias palavras, como foram lançados os alicerces da sua vidaconstantemente esforçada no serviço do Senhor: "Minha mãe, quando eu e meus irmãoséramos ainda crianças, com desvelo incessante, nos ensinava as Escrituras e oravaconosco. Uma coisa que teve grande influência sobre a minha vida foi o fato de minhamãe me pedir que lesse os Salmos para ela em voz alta. Tinha apenas cinco anos,quando comecei a fazer esse exercício e achei a leitura fácil. Com a continuação, adquirio costume de decorar as Escrituras, coisa que continuei a fazer com grande proveito".

Todos podemos testificar que é fácil fazer com que a leitura das Escrituras e a oraçãocheguem a uma monótona formalidade. Mas, ao contrário, o semblante de Jônatas

Goforth se iluminava com o reflexo da glória das Escrituras que recebia na alma.Depois da sua morte, uma criada católica romana declarou: "Quando o senhor Goforthse hospedava na casa onde trabalho, eu mirava seu rosto e dizia a mim mesma: O rostode Deus pode ser assim!"

Acerca da conversão de seu pai, Jônatas escreveu: "No tempo da minha conversão,morava com meu irmão Guilherme. Certa vez, nossos pais nos visitaram, passando co-nosco mais ou menos um mês. Fazia tempo que o Senhor me dirigira a fazer cultodoméstico. Assim, certo dia, anunciei: Taremos o culto doméstico de hoje e peço que

todos se reúnam depois do jantar'. Esperava que meu pai se manifestassecontrariamente, porque em casa não costumávamos dar graças antes das refeições,quanto mais fazer culto doméstico! Li um capítulo de Isaías e, depois de falar algumas

 palavras, oramos juntos, de joelhos. Continuamos a realizar os cultos domésticosdurante o tempo que eu estava em casa. Depois de alguns meses meu pai foi salvo."

O jovem Goforth, no tempo de estudante no ginásio, visava a ser advogado, até que,certo dia, leu a inspiradora biografia do pregador Roberto McCheyne. Não somente sedesvaneceram para sempre todas as suas visões de ambição, mas ele dedicou, também, asua própria vida a levar almas ao Salvador. Nesse tempo, "devorou" os livros: "Os

Discursos de Spurgeon"; "Os Melhores Sermões de Spurgeon"; "Graça Abundante"(Bunyan); e "O Descanso dos Santos" (Baxter). A Bíblia, contudo, era o seu livro predi-leto, e costumava levantar-se duas horas mais cedo para estudar as Escrituras, antes dese ocupar em qualquer outro serviço do dia.

Acerca da sua chamada, nesse tempo, ele escreveu: "Apesar de sentir-me dirigido aoministério da Palavra, recusava terminantemente a ser missionário no estrangeiro. Masum colega me convidou a assistir à reunião de um missionário, o qual fez o seguinteapelo: 'Faz dois anos que passo de cidade em cidade contando a situação de Formosa e

rogando que algum jovem se ofereça para me auxiliar. Mas parece que não conseguitransmitir a são a nenhum. Volto, então, sozinho. Dentro de pouco tempo meus ossos

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estarão enbranquecendo na encosta dum morro em Formosa. Quebranta-me o coraçãosaber que nenhum moço se sente dirigido a continuar o trabalho que iniciei'.

"Ao ouvir essas palavras, senti-me vencido pela vergonha. Se o chão tivesse me

engolido, teria sido um alívio. Eu, comprado com o precioso sangue de Cristo, ousava planejar a minha vida como eu mesmo queria. Ouvi a voz do Senhor dizer: 'A quemenviarei, e quem há de ir por nós?' E respondi: Eis-me aqui, envia-me a mim! Desdeentão sou missionário. Lia avidamente tudo que podia achar acerca de missões noestrangeiro e me esforçava por transmitir aos outros a visão que eu alcançara - a visãodos milhões da terra sem oportunidade de ouvirem um pregador".

Por fim chegou o tempo de iniciar seus estudos em Toronto. O primeiro domingo ele o passou trabalhando entre os prisioneiros, na prisão "Don", um costume que continuoudurante todos os anos de estudos nessa cidade. Durante a semana, dedicava muito tempo

a andar de casa em casa ganhando almas para Cristo. Quando o diretor do colégio ondeestudava perguntou-lhe quantas casas visitara durante os meses de junho a agosto, elerespondeu: "Novecentas e sessenta."

Foi nesse tempo dos estudos que Jônatas Goforth se casou com Rosalind Bell-Smith.Acerca desse ato ela escreveu:

"Comecei, aos vinte anos de idade, a orar pedindo que, se o Senhor desejasse que eu mecasasse, Ele me dirigisse um moço inteiramente dedicado a Ele e ao seu serviço... Certo

domingo, achei-me em uma reunião de obreiros da Toronto Mission Union. Um poucoantes de começar a reunião, alguém à porta chamou Jônatas Goforth. Ele, ao levantar-se para ir lá fora, deixou a Bíblia na cadeira. Então eu fiz uma coisa que nunca pudeexplicar, nem para ela achei desculpas; senti-me impelida a ir à cadeira dele, apanhei aBíblia, e voltei à minha cadeira. Ao folhear rapidamente o livro, achei-o quase gasto

 pelo uso, e marcado de capa a capa. Fechei-o, e sem demora, coloquei-o de novo nacadeira. Tudo isso aconteceu em um intervalo de poucos segundos. Ali, sentada noculto, eu disse a mim mesma: 'Esse é o moço com quem seria bom que eu me casasse'.

"No mesmo dia fui apontada, juntamente com outras para abrir um ponto de pregação

em outra parte de Toronto. Jônatas Goforth estava também entre o grupo. Durante assemanas que se seguiram, eu tive muitas oportunidades de ver a verdadeira grandeza daalma desse homem, a qual nem seu exterior desprezível podia esconder. Assim, quandoele me perguntou: - 'Queres unir a tua vida à minha para irmos à China?' Sem vacilar um só momento, respondi: - Quero! Mas, alguns dias depois, foi grande a minhasurpresa quando ele me perguntou: - 'Prometes nunca me impedir de colocar o Senhor ea sua obra em primeiro lugar, mesmo antes de ti?' Era essa mesma a qualidade de moçoque eu pedira, em oração, para que Deus mo desse como marido, e firmementerespondi: Prometo fazê-lo sempre! Oh! Como fora benigno o Mestre, ao esconder-me o

que essa promessa significava!

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"Poucos dias depois de eu haver prometido o que me pediu, veio a primeira prova. Eusonhava, como mulher que era, com o bonito anel de casamento que ia receber. Foi en-tão que Jônatas me disse: - 'Não te importas se eu te não comprar uma aliança?' A seguir explicou com grande entusiasmo, como se esforçava na distribuição de livros e folhetos

sobre o trabalho na China. Queria economizar o mais possível para essa importanteobra. Ao ouvi-lo, e depois de contemplar a luz no seu rosto, as visões de uma aliança bonita se desvaneceram: Era a minha primeira lição sobre os verdadeiros valores!"

Em 19 de janeiro de 1888, centenas de crentes se reuniram na estação em Toronto parase despedirem do casal Goforth que ia trabalhar na obra de Deus na China. Antes de sair o trem, todos baixaram a cabeça em oração e, ao partir o trem, a grande multidãocantava: "Avante, soldados de Cristo!" E, uma vez fora da estação, os dois no tremrogaram a Deus que os guardasse para viverem eternamente dignos da grande confiançaque esses irmãos depositaram neles.

 Não muito depois de chegarem à China, Hudson Taylor lhes escreveu: "Faz dez anosque a nossa missão se esforça para entrar no Sul da província e somente agora é que oconseguimos..." Se a China Inland Mission, com missionários e auxiliares experientesna língua e nos costumes do povo sofre fracasso durante dez anos nessa província, como

 podia entrar ele, jovem inexperiente e sem conhecer a língua?! As palavras de HudsonTaylor, "avançar de joelhos", tornaram-se o lema da missão de Goforth para entrar no

 Norte de Honã.

Jônatas Goforth levou mais tempo a aprender a língua, do que seu companheiro quechegara um ano depois dele. Certo dia, ao sair para pregar, ele, em grande desespero,disse à sua esposa: "Se o Senhor não operar um milagre para eu aprender essa língua,serei um grande fracasso como missionário!" Duas horas depois voltou, dizendo: "Oh!Rosa! Que maravilha! Ao começar a pregar, as palavras e as frases tornaram-se tãofáceis que o povo me compreendeu bem." Dois meses depois receberam uma carta dosestudantes no colégio Knox, em Toronto, contando como em certo dia a certa hora elesse reuniram para orar por eles - "Somente pelos Goforth" - e ficaram convencidos deque eles foram abençoados por Deus, porque sentiram muito a presença e o poder deDeus na oração. Goforth, ao abrir seu diário, descobriu que foi no mesmo dia e hora que

Deus lhe deu a habilidade de falar fluentemente. Alguns anos depois, certo patrício seu,que falava bem o chinês, disse-lhe acerca do seu estilo de falar: "Compreende-se a falado senhor sobre uma área maior do que de qualquer outra pessoa que conheço."

Um missionário veterano assim aconselhou a Goforth: "Os chineses têm tantos preconceitos do nome de Jesus que deve esforçar-se para demolir os deuses falsos e sódepois mencionar o nome de Jesus, se houver oportunidade." Ao contar isso à suaesposa, Goforth exclamou indignado: "Nunca! Nunca! NUNCA!" Em nenhum tempoele se levantou para pregar sem a Bíblia aberta na mão.

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Quando, alguns anos depois, os missionários novatos lhe perguntaram o segredo dofruto extraordinário do seu ministério, ele respondeu: "Deixo Deus falar às almas dosouvintes por intermédio da sua própria Palavra. Meu único segredo para tocar nocoração dos mais vis pecadores é mostrar-lhes a sua necessidade e pregar-lhes o

Salvador poderoso para os salvar... Esse era o segredo de Lutero, era o segredo de JoãoWesley e ninguém se aproveitou mais dele do que D. L. Moody". Para manejar a''Espada do Espírito" com grande execução, Goforth a "afiava", estudando-adiariamente, sem falhar. Em vez de falar contra os ídolos, ele exaltava a Cristocrucificado. Isso atraía os pecadores para deixarem as suas vaidades.

Em 1896, ele escreveu: "Depois de chegar a Changté, há cinco meses, o poder doEspírito Santo se manifesta quase diariamente para nos alegrar. Durante esses meses,um total de mais de 25.000 homens e mulheres nos visitaram em casa, e todos ouvirama pregação do Evangelho. Pregamos, na média, oito horas por dia. Há, às vezes, mais de

cinqüenta mulheres de uma vez no terraço. (Ele pregava aos homens, enquanto a suaesposa pregava às mulheres.) Quase todas as vezes que apresentamos Cristo comoRedentor e Salvador, o Espírito Santo salva alguém e, às vezes, dez a vinte."

Contudo, não se deve pensar que esses missionários escaparam de grandes tribulações. Não muito depois de chegarem à China, um incêndio destruiu todas as suas possessõesterrestres. O calor do verão era tão intenso que sua primogênita, Gertrude, faleceu e foinecessário levar o cadáver a uma distância de 75 quilômetros, a um lugar onde se

 permitia enterrar os estrangeiros. Quando faleceu outro filhinho, Donald, foi necessário

fazer de novo a mesma longa viagem de 75 quilômetros com os restos mortais. Depoisde passarem doze anos na China, novamente perderam tudo quanto tinham em casa,quando as águas de uma enchente subiram à altura de dois metros dentro da casa.

 No ano 1900, logo após outra filha, Florença, morrer de meningite, veio a insurreiçãodos Boxers - acerca da qual já nos referimos. No levante dos Boxers, muitas centenas demissionários e crentes foram brutalmente mortos. Só a mão de Deus os guiou e ossustentou na fuga de Changté -uma viagem de 1.500 quilômetros, em tempo de intensocalor e de doença em um dos quatro filhos. Inúmeras vezes foram cercados pelasmultidões que clamavam: "Matai-os! Matai-os!" Uma vez a multidão enfurecida

arremessou pedras tão grandes que quebraram a espinha dos cavalos que puxavam acarroça, mas todas as pessoas do grupo escaparam! Goforth levou vários golpes deespada, um dos quais atingiu o osso do braço esquerdo, quando o ergueu para defender a cabeça. Apesar de o grosso capacete, que tinha na cabeça, ficar quase inteiramentecortado em pedaços, ele conseguiu manter-se em pé até que recebeu um golpe que, por 

 pouco, não lhe partiu o crânio. Mas Deus não permitiu que a mão dos homens osdestruíssem, porque ainda tinha uma grande obra para fazer na China por intermédiodesses servos. Assim, sem poderem cuidar das feridas e com as roupas ensangüentadas,o grupo enfrentava as multidões furiosas, dia após dia, até alcançar Shanghai. De lá, a

família embarcou em um navio para o Canadá.

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Logo que diminuiu o perigo na China, os nossos incansáveis heróis estavam novamenteocupados no trabalho em Changté. A região foi dividida em três: a parte que caiu emsorte a Goforth foi o vasto território ao norte da cidade com inúmeras vilas e povoados.

O plano de Goforth era alugar uma casa em um centro importante, passar um mêsevangelizando e, depois mudar-se para outro centro. Queria que a sua esposa pregasseno pátio da casa, de dia, enquanto ele e seus auxiliares pregavam nas ruas e nos

 povoados ao redor. À noite, faziam os cultos juntos, ela tocando o harmonium. No fimdo mês, podiam deixar um dos auxiliares para ensinar os novos convertidos, enquanto ogrupo passava para outro centro. Acerca desse plano a esposa de Goforth escreveu:

"De fato, o plano foi bem concebido, a não ser uma coisa: não se lembrou das

crianças... Lembrei-me de como os meninos com varíola, em Hopei, me cercaramquando segurava a criança no colo. Lembrei-me das quatro covas de nossos pequeninos,

e endureci o coração, como pederneira, contra o plano. Como meu marido suplicava diaapós dia! 'Rosa, por certo o plano é de Deus e receio o que possa acontecer aos filhos sedesobedecermos. O lugar mais seguro para ti e os filhos é no caminho da obediência.

Pensas em guardar os filhos seguros em casa, mas Deus pode mostrar-te que não podes.Contudo, Ele guardará os filhos se obedeceres confiando nele!' Não muito depois,Wallace caiu doente de disenteria asiática e por quinze dias lutamos para salvar acriança; meu marido me disse: 'Oh! Rosa, cede a Deus, antes de perder tudo.' Mas

 parecia-me que Jônatas era duro e cruel. Então nossa filha Constância caiu enferma damesma doença. Deus revelou-se a mim como um Pai em quem eu podia confiar para

conservar os meus filhos. Baixei a cabeça e disse: 'Ó Deus, é tarde demais para aConstância, mas confio em ti, guarda os meus filhos. Irei aonde quer que me mandes.' Na tarde do dia em que a criança faleceu, mandei chamar a senhora Wang, uma crentefervorosa e amada e lhe disse: 'Não posso contar-lhe tudo agora, mas estou resolvida aacompanhar meu marido nas viagens de evangelização. Quer ir comigo?' Com lágrimasnos olhos, ela respondeu: 'Não posso, pois a menina pode adoecer sob tais condições.'

 Não querendo insistir, pedi que ela orasse e me respondesse depois. No dia seguinte elavoltou com os olhos cheios de lágrimas e, com um sorriso, disse: 'Irei com vocês'."

É coisa notável que não faleceu mais nenhum filho dos Goforth, na China, apesar dos

muitos anos que passaram na vida nômade de evangelização. Goforth observou tãofielmente seu costume de levantar-se às 5 horas para oração e estudo das Escrituras,como quando estava em casa, em Chantgé. Geralmente, para o estudo tinha de ficar em

 pé diante da janela, com as costas viradas para a família. Acerca da obra em Chantgé,são de Goforth estas palavras: "Nos primeiros anos de meu trabalho na China,contentava-me com a lembrança de que sempre há sementeira antes da colheita. Mas já

 passavam mais de treze anos e a colheita parecia ainda distante. Tinha a certeza de quehaveria uma coisa melhor para mim se eu tivesse a visão e a fé necessárias para adquiri-la. Estavam constantemente perante mim as palavras do Mestre em João 14.12: 'Na

verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu

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faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para meu Pai.' E sentia profundamente como no meu ministério faltavam as 'maiores obras'."

 No ano de 1905, Jônatas Goforth leu na Autobiografia de Carlos Finney que um

lavrador podia, com muita razão, orar pedindo uma colheita materialindependentemente de se cumprirem as leis da natureza, assim como os crentes podemesperar uma grande colheita de almas sem se cumprirem as leis que governam a colheitaespiritual. Resolveu então saber quais eram essas leis e decidiu-se a cumpri-las, aqualquer preço.

Fez um estudo a fundo e de joelhos, sobre o Espírito Santo e escreveu as notas nasmargens da sua Bíblia chinesa. Quando começou a ensinar essas lições aos crentes,houve grande quebrantamento, com confissão de pecados. Foi na grande exposiçãoidólatra de Hsun Hsien que Deus primeiramente mostrou seu grande poder no

ministério de Goforth. Durante o sermão, um obreiro exclamou em voz baixa: "Esse povo está tão comovido, pela pregação, como a multidão no dia de Pentecoste, pelosermão de Pedro". Na noite do mesmo dia, num salão alugado e que não comportavatoda a grande multidão pagã que queria assistir, Goforth pregou sobre o texto: "LevandoEle em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro". Quase todos mostraram-seconvictos do pecado e quando o pregador fez o apelo, levantaram-se clamando:"Queremos seguir a esse Jesus que morreu por nós!" Um dos obreiros presentes assimexpressou o que viu: "Irmão, aquele a quem oramos durante tanto tempo para queviesse, veio de fato esta noite." Nos dias que se seguiram, pecadores foram salvos em

todos os pontos de pregação e em todos os cultos.

Acerca do avivamento, que nesse tempo visitou a Coréia, um dos missionários escreveusobre o que presenciou: "Os missionários eram como os demais crentes: não haviaalguém entre eles de talento extraordinário. Viviam e trabalhavam como quaisquer outros, a não ser nas orações... Nunca senti a presença divina como a senti nos seusrogos a Deus. Parecia que esses missionários nos levavam ao próprio trono no Céu!Fiquei muito impressionada, também, ao ver como o avivamento era prático... Haviadezenas de milhares de homens e mulheres transformados completamente pelo fogodivino. Grandes templos, com assentos para 1.500 pessoas, ficavam superlotados; era

necessário realizar um culto para os homens e, em seguida, outro para as mulheres, afim de que todos pudessem assistir. Em todos ardia o desejo de espalhar as 'boas-novas'.Crianças se aproximavam das pessoas que passavam pelas ruas, rogando-lhes queaceitassem a Cristo por seu Salvador... A pobreza do povo da Coréia era conhecida emtodo o mundo. Contudo, havia tanta liberalidade nas ofertas, que os missionários nãoqueriam ensinar mais sobre o dever de contribuir. Havia grande dedicação à Bíblia,quase todos levando um exemplar no bolso. E o maravilhoso espírito de oração

 permeava tudo."

Ao voltar da Coréia, Goforth foi chamado a Manchúria. Mais tarde, ele escreveu:"Quando iniciei a longa viagem, estava convicto de que eu tinha uma mensagem de

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Deus para entregar àquele povo. Mas não tinha idéia de como presidir a um avivamento.Sabia pronunciar um discurso e sabia levar o povo a orar, porém nada mais sabia do queisso..."

Goforth teve um grande desapontamento ao chegar à Manchúria: os crentes não oravamcomo lhe prometeram fazer e a igreja estava dividida! Depois do primeiro culto, ele,sozinho no seu quarto, caiu de joelhos em desespero. E Deus respondeu à suainsistência, enviando tão grande desejo de oração nas igrejas e tão profunda contrição

 pelo pecado, que elas não somente foram purificadas de toda a classe de pecado,inclusive dos mais horrendos crimes, mas os perdidos, em grande número, vinham eeram salvos.

A senha do avivamento do ano de 1859 foi: "Necessário vos é nascer de novo" e a de1870: "Crê no Senhor Jesus!" Mas a meta de Goforth foi: "Não por força, nem por vio-

lência, mas por meu Espírito" (Zc 4.6). Que o Espírito Santo operava em vários lugaresna Manchúria, em resposta às orações insistentes e em face de embaraços de toda asorte, vê-se claramente no que ele escreveu acerca da obra na cidade de Newchang:

"Ao subir ao púlpito, ajoelhei-me um momento, como de costume, para orar. Quandoolhei para o auditório, parecia como que todos os homens, mulheres e crianças na igrejaestivessem com dores de julgamento. As lágrimas corriam copiosamente e houveconfissão de toda a espécie de pecado. Como se explica isso? A igreja era conhecidacomo igreja morta e sem mais esperança, contudo, antes de enunciar sequer uma

 palavra, sem mesmo cantar um hino e antes de orar, começou essa obra maravilhosa. Não há outra explicação: foi o Espírito de Deus, que operou em resposta às orações dasigrejas de Mukden, Liaoyang e de outros lugares na Manchúria, as quais haviamexperimentado a mesma qualidade de avivamento e foram induzidas a interceder por sua pobre e necessitada igreja irmã".

Jônatas Goforth, quando foi à Manchúria, era quase desconhecido fora do pequenocírculo da sua denominação. Depois de algumas semanas, quando voltou, os olhos doscrentes de todo o mundo estavam fitos nele. Contudo, permaneceu o mesmo humildeservo de Deus, reconhecendo que a obra não era dele mas do Espírito de Deus.

Chansi é conhecida como "a província dos mártires". Certo chinês douto contou aGoforth como presenciara nessa província, durante a Insurreição dos Boxers, em 1900,de uma só vez a morte de 59 missionários. Todos eles encararam o carrasco com amaior calma. Uma mocinha, de cabelos louros, perguntou ao governador: "Por quedevemos morrer? Os nossos médicos não vieram de países remotos para dar suas vidas

 para servir ao seu povo? Muitos doentes sem esperança não foram curados? Diversoscegos não receberam a vista? É por causa do bem que fizemos que devemos morrer?" Ogovernador baixou a cabeça, e não respondeu. Mas um soldado, pegou a mocinha pelos

cabelos, e com um só golpe, decepou-lhe a cabeça. Um após outro foram mortos; todosmorreram com um sorriso de paz. Esse mesmo chinês contou como viu, entre eles, uma

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senhora falando alegremente ao filhinho. Com um só golpe ela foi prostrada, mas acriança continuou a segurar-lhe a mão; logo a seguir outro golpe, um pequeno cadáver 

 jazia ao lado do cadáver da mãe.

Foi a essa mesma "província dos mártires" que Deus enviou seus servos, os Goforth,oito anos depois, e aconteceu o que vamos ler: "Em Chuwahsien, não muito depois decomeçar a falar, vi muitos dos ouvintes baixarem a cabeça, convictos, enquanto aslágrimas corriam-lhes pelas faces. Depois do discurso, todos que experimentaram orar,estavam quebrantados. O avivamento, que começou assim, continuou durante quatrodias. Houve confissão de toda a qualidade de pecados. O delegado regional se admirougrandemente ao ouvir confissões de homicídios, de roubos e de crimes de toda a sorte -confissões que ele só conseguiria arrancar deles açoitando-os até quase os deixar mortos. Às vezes, depois de um culto de três horas, ou mais, o povo voltava a casa paracontinuar a orar. Mesmo em horas tardias da noite, havia pequenos grupos reunidos em

vários lugares para orarem até quase clarear o dia".

 No colégio de moças, em Chuwu, na mesma "província dos mártires", "as alunasinsistiram para que lhes concedessem tempo para jejuar e orar... No dia seguinte,quando as moças se reuniram de manhã, para oração, o Espírito caiu sobre elas eficaram de joelhos até a tarde desse dia."

Das centenas de exemplos evidentes da operação poderosa do Espírito Santo noscorações, dentre muitos outros lugares, citaremos aqui apenas os seguintes:

Changté: "Quase setecentas pessoas assistiram pela manhã. Havia um ferver de homensse esforçando para ir à frente, de modo que Goforth só conseguiu pregar à tarde. O cultoera contínuo, prolongava-se o dia inteiro, com intervalos para as refeições."

 Kwangchow: "A igreja, com assentos para 1.400 ouvintes, não comportava asmultidões. O Espírito Santo veio com poder extraordinário. Havia, às vezes, centenas de

 pecadores contritos chorando..." Dois endemoninhados foram libertos e se tornaramcrentes fervorosos na obra de Deus. Em quatro anos o número dos salvos aumentou de2.000 para 8.000.

Shuntehfu: "Inesperadamente, uma dúzia de homens começaram a orar e a chorar... sem poderem resistir ao poder do Espírito Santo... Velhos discípulos de Confúcio, vinham àfrente, quebrantados e humilhados, para confessarem a Cristo como seu Senhor. Umtotal de quinhentos homens e mulheres foram salvos. Foi, talvez, a maior obra doEspírito Santo que eu tinha visto."

 Nanquim: "Assistiram mais de 1.500 pessoas. Centenas que também queriam assistir,não puderam entrar e voltaram a casa. O culto da manhã durou quatro horas. O resto do

tempo foi dedicado à oração e confissão de pecados. A massa de pessoas que desejavachegar ao estrado para confessar seus pecados foi tão grande que se tornou necessário

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construir outra escada... Subi de novo ao estrado, às 3 horas da tarde, para iniciar osegundo culto. Centenas de pessoas, nesse momento, começaram a vir à frente e por isso eu não podia pregar... Às nove horas da noite, seis horas depois de iniciar o culto,fui obrigado a me retirar e embarcar para Pequim onde os crentes me esperavam para

outra série de cultos."

Shantung: "O avivamento foi tão grande que cerca de 3.000 membros foramacrescentados à igreja em três anos."

Acerca dos cultos entre os soldados do general Feng, a esposa de Goforth escreveu:''Desde o início, sentimos a presença de Deus. Duas vezes, todos os dias, Goforth tinhaauditórios de cerca de 2.000 pessoas, principalmente oficiais, que se mostravamgrandemente interessados... A três cultos, às esposas foi permitido assistirem, e Deusme deu poder para falar-lhes. Quase todas declararam-se prontas a seguir a Cristo. O

general Feng, ao experimentar orar, ficou quebrantado... A seguir outros oficiais, umapós outro, começaram a clamar a Deus entre soluços e lágrimas."

Assim continuou a obra, ano após ano, geralmente com três cultos por dia, apesar degrandes obstáculos. No período da seca de 1920, 30 a 40 milhões dos habitantes aoredor encararam a morte pela fome. Em 1924, Goforth assim escreveu à sua esposa,forçada por doença a voltar ao Canadá: "Completo hoje 65 anos... Oh! Como cobiço,mais que qualquer avarento cobiça o ouro, vinte anos ainda para ganhar almas!"

Depois de completar 68 anos de idade e sua esposa 62, idades em que a maioria doshomens se afastam do serviço ativo, os dois foram enviados para um campointeiramente novo, na Manchúria - campo distante, vasto e frio, que se estende até asfronteiras da Rússia e da Mongólia. Acerca da sua partida, Goforth escreveu:

"Certo dia, em fevereiro de 1926, a minha esposa estava deitada esperando a chegada daassistência para levá-la ao Hospital Geral de Toronto. De repente, a campainha da portae a do telefone tocaram simultaneamente. Pelo telefone fomos avisados de que nãohaveria lugar no hospital antes de três dias. Na porta recebemos um cabograma dogeneral Feng, da China, rogando que eu fosse sem demora. Nesse momento eu disse à

minha esposa: 'Que farei? Não posso deixar-te'. (Todos pensávamos que ela não viveriamuitos meses mais.) Minha esposa, depois de orar, disse: 'Vou contigo.' Os membros da

 junta estavam reunidos na ocasião; apresentei-lhes o cabograma do general Feng econcordaram que eu fosse. Mas quando os informaram de que a minha esposa queriaacompanhar-me, mostraram-se horrorizados, respondendo que ela morreria no caminho.Então eu lhes disse: 'Os irmãos não conhecem essa mulher como eu. Quando ela diz quevai, ela vai!' Assim concordaram em que ela fosse."

Durante muito tempo, avisados pelo cônsul do novo campo da Manchúria, viviam com

as malas arrumadas, a fim de partirem imediatamente no caso de haver uma segundainsurreição dos Boxers, como todos esperavam. Contudo, desde o início, Deus honrou o

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serviço desses servos, conforme se lê no que ele escreveu na avançada idade de 70 anos:"Realizavam-se três horas de pregação de manhã pelo grupo de missionários e quatrohoras à tarde... Desde o primeiro dia houve conversões; às vezes doze em um só dia.Grande foi o nosso gozo ao vermos cerca de duzentas pessoas aceitaram a Cristo

durante o mês de maio."

Havia muito tempo que diversos amigos insistiam em que ele escrevesse a história decomo o Espírito Santo operava no seu ministério. Em tempo de intenso frio, viu-seobrigado a extrair os dentes; durante quatro longos meses sofreu dores cruciantes nosmaxilares, a ponto de não poder pregar. Foi nessa época que seu filho menor chegou doCanadá. Goforth então conseguiu ditar a matéria para o filho datilografar. Dessa formafoi impresso o livro "Por Meu Espírito", obra de grande circulação e influência.

Após quatro anos de serviço, foi-lhe necessário voltar ao Canadá, por causa da vista de

sua esposa. Foi durante esse tempo que Goforth, também, começou a perder a vista.Enquanto convalescia das operações mal-sucedidas para restaurar-lhe a visão de umolho. Ele relatou, uma por uma, as histórias da obra na China, histórias que a sua en-fermeira estenografou e que, agora, completam o famoso livro intitulado: "VidasMilagrosas da China".

Em 1931, Goforth e sua esposa, ela com 67 anos e ele com 72, com os corações ardendo pelo desejo de ganhar almas, voltaram mais uma vez à obra na Manchúria. Quatrocentose setenta e dois convertidos foram batizados em 1932. Um dia Goforth voltou de uma

viagem evangelística para entrar em casa às apalpadelas. Depois de ficar um momentoao lado da sua esposa, ele lhe disse em voz baixa: "Receio que a retina do olho esquerdotenha saído do lugar." E assim tinha acontecido. A perda completa da visão era para eleuma tristeza, uma tragédia, sentida por todos. Ao mesmo tempo chegou-lhes uma cartainformando-os de uma redução tão grande no que recebiam para o sustento dosmissionários e nas despesas das viagens evangelísticas, que parecia impossívelcontinuar a obra. Foi a maior crise de toda a vida de Jônatas Goforth. Contudo, semvacilar, olhou para Deus. A própria cegueira parecia mais uma bênção do que umaaflição: os crentes mostravam-se mais ligados a ele do que antes. Vencendo o desânimoinevitável dos que perdem a vista, não cessou de pregar com a Bíblia que amava, aberta

nas mãos. No ano de 1933, setecentos e setenta e oito convertidos foram batizados.

Por fim, os Goforth cederam ao apelo dos crentes do Canadá a que voltassem paraanimar as igrejas a enviarem mais missionários. Durante os preparativos para a viagem,souberam que novecentos e sessenta e seis convertidos foram batizados naquele ano,1934. O culto de despedida foi um dos mais comoventes em toda a história da obra mis-sionária. O missionário, tão amado pelos crentes, agora, por causa da cegueira, não

 podia ver como tinham enfeitado o templo, mas eles bondosamente e com prazer lhedescreveram tudo acerca das muitas e lindas bandeiras de seda e veludo que cobriam

inteiramente as quatro paredes do templo. Os pregadores que falaram, o fizeram choran-

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do. Um deles disse: "Agora Elias está para sair de nosso meio e cada um de nós devetornar-se um Eliseu".

 Na hora da despedida, na plataforma da estação estava uma multidão de crentes

chorando. Goforth, sentado diante da janela no trem, com o rosto virado para aquelescrentes que tanto amava, mas não podia ver, continuava a fazer-lhes sinais com acabeça, de vez em quando, levantando os olhos para cima, indicando, assim, a benditaesperança de uma reunião no Céu. Quando o trem partiu, os crentes com os olhos cheiosde lágrimas, tentaram acompanhá-lo, correndo paralelamente, a fim de conseguiremolhar mais uma vez para o rosto desses queridos missionários.

Durante dezoito meses, Goforth pregou a grandes auditórios no Canadá e nos EstadosUnidos. Dia após dia, esse veterano estava em pé diante desses auditórios, com a suaamada Bíblia aberta nas mãos. Abria o livro, aproximadamente nas páginas, das quais

citava as passagens de cor, durante o sermão. Isso ele fazia, tendo os olhos abertos ecom tanta prática, que era difícil crer que as não lia como outrora.

O ponto principal de suas mensagens descobre-se nestas palavras que ele disse certo diaà sua esposa: "Querida, acabo de fazer um cálculo mental que prova com certeza qual oresultado de dar ao Evangelho a oportunidade de operar. Se cada um dos missionáriosenviados à China tivesse levado tantas almas a Jesus como os seis missionários donosso campo durante o ano de 1934, o último ano que passamos na Manchúria, isto é,166 por cada missionário, o número de conversões na China teria alcançado a cifra de

quase um milhão de almas, em vez de apenas 38.724, isto é, teria sido vinte e cincovezes maior!"

Certo dia, quando tinha de pregar somente à noite, ele disse á sua esposa: "Em vez desairmos de casa hoje, acho melhor participarmos de um banquete da Palavra. Lê paramim o precioso Evangelho de João". Ela leu dezesseis capítulos desse livro. "Percebia-se que era um verdadeiro banquete para ele, pela atenção que prestava à leitura de certas

 passagens." Antes de falecer, tinha lido a Bíblia, de capa a capa, mais de setenta e trêsvezes.

 Na noite do dia 7 de outubro de 1936, Jônatas Goforth, depois de um discurso fervorosoe longo, sobre o tema: "Como o Fogo do Espírito Varreu a Coréia", deitou-se tarde paradormir. Às sete horas da manhã seguinte, a sua esposa levantou-se e vestiu-se. Logo aseguir verificou que foi mais ou menos no momento em que ela se levantou que ele,"dormindo aqui na terra, num instante, acordou-se na Glória, vendo de novo." Poucosdias antes, ele tinha dito que se regozijava em saber que o primeiro rosto que ia ver,seria o de seu Salvador.

Cinco anos e meio depois de Jônatas Goforth haver dormido no Senhor, Rosalind

Goforth reuniu-se ao seu amado marido e companheiro de lutas. As últimas palavrasque pronunciou, foram estas: "O Rei me chama. Estou pronta".

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Dela também pode-se dizer, como foi dito a respeito dele: "Entregava-se à oração e aoestudo da Palavra, para saber a vontade de Deus. Foi esse amor pela leitura da Bíblia e aininterrupta comunhão com Deus que lhe deram o poder de comover auditórios e

convencê-los do pecado e da necessidade do arrependimento. Em todas as ocasiões eledominava a sua própria pessoa e confiava inteiramente no poder do Espírito Santo paradescobrir as coisas de Jesus aos ouvintes."

Que o mesmo brado de guerra seja sempre nosso: "Não por força, nem por violência,

mas por meu Espírito" - "Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo".

(extraido do livro hérois da fé)

Dwight Lyman Moody

Célebre ganhador de almas

(1837-1899)Tudo aconteceu durante uma das famosas campanhas de Moody e Sankey para salvar almas. A noite de uma segunda-feira tinha sido reservada para um discurso dirigido aosmaterialistas. Carlos Bradlaugh, campeão do ceticismo, então no zênite da fama,ordenou que todos os membros dos clubes que fundara assistissem à reunião. Assim,cerca de 5000 homens, resolvidos a dominar o culto, entraram e ocuparam todos os

 bancos.

Moody pregou sobre o texto: " A rocha deles não é como a nossa Rocha, sendo os

nossos próprios inimigos os juizes" (Deuteronômio 32.31).

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"Com uma rajada de incidentes pertinentes e comoventes das suas experiências com pessoas presas ao leito de morte, Moody deixou que os homens julgassem por si mes-mos quem tinha melhor alicerce sobre o qual deviam basear sua fé e esperança. Semquerer, muitos dos assistentes tinham lágrimas nos olhos. A grande massa de homens,

demonstrando o mais negro e determinado desafio a Deus estampado nos seus rostos,encarou o contínuo ataque de Moody aos pontos mais vulneráveis, isto é, o coração e olar.

"Ao findar, Moody disse: 'Levantemo-nos para cantar: Oh! vinde vós aflitos! e,enquanto o fazemos, os porteiros abram todas as portas para que possam sair todos osque quiserem. Depois faremos o culto, como de costume, para aqueles que desejaremaceitar o Salvador.' Uma das pessoas que assistiu a esse culto, disse: 'Eu esperava quetodos saíssem imediatamente, deixando o prédio vazio. Mas a grande massa de cincomil homens se levantou, cantou e assentou-se de novo; nenhum deles deixou seu

assento!'

"Moody, então disse: 'Quero explicar quatro palavras: Recebei, crede, confiai, aceitai.' 

Um grande sorriso passou de um a outro em todo aquele mar de rostos. Depois de falar um pouco sobre a palavra recebei, fez um apelo: 'Quem quer recebê-lo? É somentedizer: Quero.' Cerca de cinqüenta dos que estavam em pé e encostados às paredes,responderam: 'Quero', mas nenhum dos que estavam sentados. Um homem exclamou:'Eu não posso', ao que Moody replicou: 'Falou bem e com razão, amigo; foi bom ter fa-lado. Escute e depois poderá dizer: Eu posso'. Moody então explicou o sentido da

 palavra crer e fez o segundo apelo: 'Quem dirá: Quero crer nele?' De novo alguns doshomens que estavam em pé responderam, aceitando, mas um dos chefes dirigente dumclube, bradou: 'Eu não quero!' Moody, vencido pela ternura e compaixão, respondeucom voz quebrantada: 'Todos os homens que estão aqui esta noite têm de dizer: Euquero ou Eu não quero'.

"Então, levou todos a considerarem a história do Filho Pródigo, dizendo: 'A batalha ésobre o querer - só sobre o querer. Quando o Filho Pródigo disse: Levantar-me-ei a lutafoi ganha, porque alcançara o domínio sobre a sua própria vontade. É com referência aeste ponto que depende tudo hoje. Senhores, tendes aí em vosso meio o vosso campeão,

o amigo que disse: Eu não quero . Desejo que todos aqui, que acreditam que essecampeão tem razão levantem-se e sigam o seu exemplo, dizendo: Eu não quero.' Todosficaram quietos e houve grande silêncio até que, por fim, Moody interrompeu, dizendo:'Graças a Deus! Ninguém diz: Eu não quero. Agora quem dirá: Eu quero?Instantaneamente parece que o Espírito Santo tomou conta do grande auditório deinimigos de Jesus Cristo, e cerca de quinhentos homens puseram-se de pé, as lágrimasrolando pelas faces e gritando: 'Eu quero! Eu quero!' Clamaram até que todo o ambientese transformou. A batalha foi ganha.

"O culto terminou sem demora, para que se começasse a obra entre aqueles que estavamdesejosos de salvação. Em oito dias, cerca de dois mil foram transferidos das fileiras do

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inimigo para o exército do Senhor, pela rendição da vontade. Os anos que se seguiram provaram a firmeza da obra, pois os clubes nunca se ergueram. Deus, na sua mise-ricórdia e poder, os aniquilou por seu Evangelho."

Um total de quinhentas mil preciosas almas ganhas para Cristo, é o cálculo da colheitaque Deus fez por intermédio de seu humilde servo, Dwight Lyman Moody. R. A.Torrey, que o conheceu intimamente, considerava-o, com razão, o maior homem doséculo XIX, isto é, o homem mais usado por Deus para ganhar almas.

 Não é exagero dizer que, hoje em dia, muitas décadas depois de sua morte, os crentes sereferem ao seu nome mais do que a qualquer outro nome depois dos tempos dosapóstolos.

Que ninguém julgue, contudo, que D. L. Moody era grande em si mesmo ou que tinha

oportunidades que os demais não têm. Seus antepassados eram apenas lavradores queviveram por sete gerações, ou duzentos anos, no vale do Connecticut, nos EstadosUnidos. Dwight nasceu a 5 de fevereiro de 1837, de pais pobres, o sexto entre novefilhos. Quando era ainda pequeno, seu pai faleceu e os credores tomaram conta do queficou, deixando a família destituída de tudo, até da lenha para aquecer a casa em tempode intenso frio.

 Não há história que comova e inspire tanto quanto a daqueles anos de luta da viúva, mãede Dwight. Poucos meses depois da morte de seu marido, nasceram-lhe gêmeos e o

filho mais velho tinha apenas doze anos. O conselho de todos os parentes foi que elaentregasse os filhos para outros criarem. Mas com invencível coragem e santa dedicaçãoa seus filhos, ela conseguiu filhos no próprio lar. Guarda-se ainda, como tesouro pre-cioso, sua Bíblia com as palavras de Jeremias 49.11 sublinhadas: "Deixa os teus órfãos,eu os conservarei em vida; e confiem em mim tuas viúvas."

- "Pode-se esperar outra coisa a não ser que os filhos ficassem ligados à mãe e quecrescessem para se tornarem homens e mulheres que conhecessem o mesmo Deus queela conhecia?" - Assim se expressou Dwight, ao lado do ataúde quando ela faleceu coma idade de noventa anos: -"Se posso conter-me, quero dizer algumas palavras. É grande

honra ser filho de uma mãe como ela. Já viajei muito, mas nunca encontrei alguémcomo ela. Ligava a si seus filhos de tal maneira que representava um grande sacrifício

 para qualquer deles afastar-se do lar. Durante o primeiro ano depois que meu paifaleceu, ela adormecia todas as noites chorando. Contudo, estava sempre alegre e ani-mada na presença dos filhos. As saudades serviam para chegá-la mais perto de Deus.Muitas vezes eu me acordava e ela estava orando, às vezes, chorando. Não possoexpressar a metade do que desejo dizer. Aquele rosto, como é querido! Durantecinqüenta anos não senti gozo maior do que o gozo de voltar a casa. Quando estavaainda a setenta e cinco quilômetros de distância, já me sentia tão inquieto e desejoso de

chegar que me levantava do assento para passear pelo carro até o trem chegar àestação... Se chegava depois de anoitecer, sempre olhava para ver a luz na janela da

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minha mãe. Senti-me tão feliz esta vez por chegar a tempo de ela ainda me reconhecer!Perguntei-lhe: -'Mãe, me conhece?' Ela respondeu: - 'Ora, se eu te conheço!' Aqui está asua Bíblia, assim gasta, porque é a Bíblia do lar; tudo que ela tinha de bom veio destelivro e foi dele que nos ensinou. Se minha mãe foi uma bênção para o mundo é porque

 bebia desta fonte. A luz da viúva brilhou do outeiro durante cinqüenta anos. Que Deus aabençoe, mãe; ainda a amamos! Adeus, por um pouco, mãe!"

Ao contemplar o êxito de Dwight L. Moody, somos constrangidos a acrescentar: -Quem pode calcular as possibilidades de um filho criado num lar onde os pais amamsinceramente ao Pai celestial a ponto de chamar diariamente todos os filhos paraescutarem a sua voz na leitura da Bíblia e reverentemente clamarem a Ele em oração?Todos os filhos da viúva Moody assistiam aos cultos nos domingos; levavam merenda

 para passar o dia inteiro na igreja. Tinham de ouvir dois prolongados sermões e, nointervalo, assistir à Escola Dominical. Dwight, depois de trabalhar a semana inteira,

achava que sua mãe exigia demais obrigando-o a assistir aos sermões, os quais nãocompreendia. Mas, por fim, chegou a ser agradecido a essa boa mãe pela dedicaçãonesse sentido.

Com a idade de dezessete anos, Moody saiu de casa para trabalhar na cidade de Boston,onde achou emprego na sapataria de um seu tio. Continuou a assistir aos cultos, masainda não era salvo.

 Notai bem, os que vos dedicais à obra de ganhar almas: não foi num culto que Dwight

Moody foi levado ao Salvador. Seu professor da Escola Dominical, Eduardo Kimball,conta:

"Resolvi falar-lhe acerca de Cristo e de sua alma. Vacilei um pouco em entrar nasapataria, não queria embaraçar o moço durante as horas de serviço. Por fim, entrei, re-solvido a falar sem mais demora. Achei Moody nos fundos da loja, embrulhandocalçados. Aproximei-me logo dele e, colocando a mão sobre seu ombro, fiz o quedepois parecia-me um apelo fraco, um convite para aceitar a Cristo. Não me lembro doque eu disse, nem mesmo Moody podia lembrar-se alguns anos depois. Simplesmente

falei do amor de Cristo para com ele, e o amor que Cristo esperava dele, de volta.Parecia-me que o moço estava pronto para receber a luz que o iluminou naquelemomento e, lá nos fundos da sapataria, entregou-se a Cristo."

 Na história dos crentes, através dos séculos, não há crente que fosse, no zelo, menosremisso e, no espírito, mais fervoroso em servir ao Senhor, desde a conversão até o diada morte, do que Moody de Northfield. Quantas vezes depois, o senhor Kimball davagraças a Deus por não ter sido desobediente à visão celestial; qual teria sido o resultadose não tivesse falado ao moço naquela manhã na sapataria?!Era costume das igrejas

daquela época, alugarem os assentos. Moody, logo depois da sua conversão,transbordando de amor para com seu Salvador, pagou aluguel de um banco, percorrendo

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as ruas, hotéis e casas de pensão solicitando homens e meninos para enchê-lo em todosos cultos. Depois alugou mais um, depois outro, até conseguir encher quatro bancos,todos os Domingos. Mas isso não era suficiente para satisfazer o amor que sentia paracom os perdidos. Certo domingo visitou uma Escola Dominical em outra rua. Pediu

 permissão para ensinar também, uma classe. O dirigente respondeu: "Há doze professores e dezesseis alunos, porém o senhor pode ensinar todos os alunos queconseguir trazer à escola." Foi grande a surpresa de todos quando Moody, no domingoseguinte, entrou com dezoito meninos da rua, sem chapéu, descalços e de roupa suja eesfarrapada, mas, como ele disse: "Todos com uma alma para ser salva." Continuou alevar cada vez mais alunos à Escola até que, alguns domingos depois, no prédio não ca-

 biam mais; então resolveu abrir outra escola em outra parte da cidade. Moody nãoensinava, mas arranjava professores, providenciava o pagamento do aluguel e de outrasdespesas. Em poucos meses essa Escola veio a ser a maior da cidade de Chicago. Não

 julgando conveniente pagar outros para trabalhar no Domingo, Moody, cedo, pela ma-

nhã, tirava as pipas de cerveja (outros ocupavam o prédio durante a semana), varria e preparava tudo para o funcionamento da escola. Depois, então, saía para convidar alu-nos. Às duas horas, quando voltava de fazer os convites, achava o prédio repleto dealunos.

Depois de findar a escola, ele visitava os ausentes e convidava todos para ouvirem a pregação, à noite. No apelo, após o sermão, todos os interessados eram convidados aficar para um culto especial, no qual tratavam individualmente com todos. Moodytambém participava nessa colheita de almas.

Antes de findar o ano, 600 alunos, em média, assistiam à Escola Dominical, divididosem 80 classes. A seguir a assistência subiu a 10000 e, às vezes, a 1500.

O êxito de Moody na Escola Dominical atraiu a atenção de outros que se interessavam pelo mesmo trabalho.De vez em quando era convidado a participar nas grandesconvenções das Escolas Dominicais. Certa vez, depois de Moody haver falado numaconvenção, um orador censurou-o severamente por não saber dirigir-se a um auditório.Moody foi para a frente, e depois de explicar que reconhecia não ser instruído,agradeceu ao ministro por ter mostrado seus defeitos e pediu-lhe que orasse a Deus para

que o ajudasse a fazer o melhor que pudesse.

Ao mesmo tempo que Moody se aplicava à Escola Dominical com tais resultados,esforçava-se, também, no comércio todos os dias. O grande alvo da sua vida era vir aser um dos principais comerciantes do mundo, um multimilionário. Não tinha mais de23 anos e já tinha ajuntado 7000 dólares! Mas seu Salvador tinha um plano ainda maisnobre para seu servo.

Certo dia, um dos professores da Escola Dominical entrou na sapataria onde Moody

negociava. Informou-o de que estava tuberculoso e que, desenganado pelo médico,resolvera voltar para Nova Iorque e aguardar a morte. Confessou-se muito perturbado,

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não porque tinha de morrer, mas porque até então não conseguira levar ao Salvador nenhuma das moças da sua classe da Escola Dominical. Moody, profundamentecomovido, sugeriu que visitassem juntos as moças em suas casas, uma por uma.Visitaram uma, o professor falou-lhe seriamente acerca da salvação da sua alma. A

moça deixou seu espírito leviano e começou a chorar, entregando-se ao seu Salvador.Todas as outras moças que foram visitadas naquele dia fizeram o mesmo.

Passados dez dias, o professor foi novamente à sapataria. Com grande gozo informou aMoody que todas as moças se haviam entregado a Cristo. Resolveram então convidar todas para um culto de oração e despedida na véspera da partida do professor para NovaIorque. Todos se ajoelharam e Moody, depois de fazer uma oração, estava para selevantar quando uma das moças começou, também, a orar. Todos oraram suplicando aDeus em favor do professor. Ao sair Moody suplicou: "Ó Deus, permite-me morrer antes de perder a bênção que recebi hoje aqui!"Moody, mais tarde, confessou: "Eu não

sabia o preço que tinha de pagar, como resultado de haver participado na evangelizaçãoindividual das moças. Perdi todo jeito de negociar; não tinha mais interesse nocomércio. Experimentara um outro mundo e não mais queria ganhar dinheiro... Oh!delícia, a de levar uma alma das trevas deste mundo à gloriosa luz e liberdade doEvangelho!"

Então, não muito depois de casar-se, com a idade de vinte e quatro anos, Moody deixouum bom emprego com o salário de cinco mil dólares por ano, um salário fabulosonaquele tempo, para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de

receber um único cêntimo. Depois de tomar essa resolução, apressou-se em ir à firma B.F. Jacobs & Cia., onde, muito comovido, anunciou: - "Já resolvi empregar todo o meutempo no serviço de Deus!" -"Como vai manter-se?" - "Ora, Deus me suprirá de tudo, seEle quiser que eu continue; e continuarei até ser obrigado a desistir."

É muito interessante notar o que ele escreveu não muito depois, a seu irmão Samuel:"Caro irmão: As horas mais alegres que já experimentei na terra foram as que passei naobra da Escola Dominical. Samuel, arranja uma classe de moços perdidos leva-os àEscola Dominical e pede a Deus sabedoria, e instrui-os no caminho da vida eterna!" Aomesmo tempo em que Moody descrevia a sua alegria, foi obrigado a deixar a pensão, a

alimentar-se mais simplesmente e a dormir num dos bancos do salão.

Acerca de seu desprendimento pelo dinheiro, R. A. Tor-rey fez esta observação: "Ele(Moody) disse-me que, se tivesse aceitado lucros provenientes da venda dos hinários

 por ele publicados, eles somariam um milhão de dólares. Porém Moody recusou-se atocar naquele dinheiro, embora por direito fosse seu... Numa certa cidade visitada por Moody nos últimos dias de sua vida, estando eu em sua companhia, foi publicamenteanunciado que ele não aceitaria qualquer recompensa por seus serviços. O fato era queele quase não tinha outros meios de sustento senão aquilo que recebia nas suas

conferências, todavia ele não comentou o anúncio feito, mas saiu daquela cidade sem

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receber um centavo sequer pelo seu árduo trabalho; e, parece-me, que foi ele mesmoquem pagou sua conta no hotel onde se hospedara."

A parte da biografia de D. L. Moody que trata dos primeiros anos do seu ministério está

repleta de proezas feitas na carne. Mencionamos aqui apenas uma, isto é, o fato deMoody fazer 200 visitas em um só dia. Ele mesmo mais tarde se referia àqueles anoscomo uma manifestação do "zelo de Deus, mas sem entendimento", acrescentando: Há,contudo muito mais esperança para o homem com zelo e sem entendimento do que parao homem de entendimento sem zelo."

Rompeu a tremenda Guerra Civil e Moody chegou com os primeiros soldados aoacampamento militar onde armou uma grande tenda para os cultos. Depois ajuntou di-nheiro e levantou um templo onde dirigiu 1500 cultos durante a guerra. Uma pessoa queo conhecia assim comentou sua ação: "Moody precisa estar constantemente em todos os

lugares, dia e noite, nos domingos e todos os dias da semana; orando, exortando,tratando com os soldados acerca das suas almas, regozijando-se nas oportunidadesabundantes de trabalhar no grande fruto ao seu alcance por causa da guerra."

Depois de findar a guerra, dirigiu uma campanha para levantar em Chicago um prédio para os cultos, com capacidade para três mil pessoas. Quando, mais tarde esse edifíciofoi destruído por um incêndio, ele e dois outros iniciaram outra campanha, antes de osescombros haverem esfriado, para levantar novo edifício. Trata-se do Farwell Hall II,que se tornou um grande centro religioso em Chicago. O segredo desse êxito foram os

cultos de oração que se realizavam diariamente, ao meio-dia, precedidos por uma horade oração de Moody, escondido no vão debaixo da escada.

 No meio desses grandes esforços, Moody resolveu, inesperadamente, fazer uma visita àInglaterra.

Em Londres, antes de tudo, foi ouvir Spurgeon pregar no Metropolitan Tabernacle. Játinha lido muito do que "o príncipe dos pregadores" escrevera, mas ali pôde verificar que a grande obra não era de Spurgeon, mas de Deus, e saiu de lá com uma outra visão.

Visitou Jorge Müller e o orfanato em Bristol. Desde aquele tempo a Autobiografia deMüller exerceu tanta influência sobre ele como já o tinha feito "O Peregrino", deBunyan.

Entretanto, nessa viagem, o que levou Moody a buscar definitivamente uma experiênciamais profunda com Cristo, foram estas palavras proferidas por um grande ganhador dealmas de Dubim, Henrique Varley: "O mundo ainda não viu o que Deus fará com,

 para, e pelo homem inteiramente a Ele entregue." Moody disse consigo mesmo: "Elenão disse por um grande homem, nem por um sábio, nem por um rico, nem por um

eloqüente, nem por um inteligente, mas simplesmente por um homem. Eu sou um ho-mem, e cabe ao homem mesmo resolver se deseja ou não consagrar-se assim. Estou

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resolvido a fazer todo o possível para ser esse homem." Apesar de tudo isso, Moody,depois de voltar à América, continuava a se esforçar e a empregar métodos naturais. Foinessa época que a cidade de Chicago foi reduzida a cinzas no pavoroso incêndio de1871.

 Na noite do início do pavoroso incêndio, Moody pregou sobre este tema: - "Que farei,então, de Jesus, chamado Cristo?" Ao concluir seu sermão, ele disse ao auditório, omaior a que pregara em Chicago: "Quero que leveis esse texto para casa e nele mediteis

 bem durante a semana e no domingo vindouro iremos ao Calvário e à cruz e resolvere-mos o que faremos de Jesus de Nazaré."

- "Como errei!" disse Moody, depois. - "Não me atrevo mais a conceder uma semana de prazo ao perdido para decidir sobre a salvação. Se se perderem serão capazes de selevantar contra mim no dia do juízo. Lembro-me bem de como Sankey cantou e como

sua voz soou quando chegou a estrofe de apelo: "O Salvador chama para o refúgio.Rompe a tempestade e breve vem a morte."

"Nunca mais vi aquele auditório. Ainda hoje desejo chorar... Prefiro ter a mão direitadecepada, a conceder ao auditório uma semana para decidir o que fará de Jesus. Muitosme censuram dizendo: - "Moody, o senhor quer que o povo se decida imediatamente.Por que não lhe dá tempo para consultar?"

"Tenho pedido a Deus muitas vezes que me perdoe por ter dito naquela noite que

 podiam passar oito dias para considerar, e se Ele poupar minha vida não o farei denovo."

O grande incêndio rugiu e ameaçou durante quatro dias; consumindo Farwell Hall, otemplo de Moody e a sua própria residência. Os membros da igreja foram todos dis-

 persos. Moody reconheceu que a mão de Deus o castigara para o ensinar, e isso tornou-se para ele motivo de grande regozijo.

Foi a Nova Iorque, a fim de granjear dinheiro para os flagelados do grande sinistro.Acerca do que se passou, ele mesmo escreveu: "Não sentia o desejo no coração de

solicitar dinheiro. Todo o tempo eu clamava a Deus pedindo que me enchesse do seuEspírito. Então, certo dia, na cidade de Nova Iorque - Ah! que dia! Não posso descrevê-lo, nem quero falar no assunto; é experiência quase sagrada demais para ser mencionada. O apóstolo Paulo teve uma experiência acerca da qual não falou por catorze anos. Posso apenas dizer que Deus se revelou a mim e tive uma experiência tãogrande do seu amor que tive de rogar-lhe que retirasse de mim sua mão. Voltei a pregar.Os sermões não eram diferentes; não apresentei outras verdades; contudo, centenas seconverteram. Não quero voltar para viver de novo como vivi outrora nem que eu

 pudesse possuir o mundo inteiro."

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Acerca dessa experiência, um de seus biógrafos acrescentou: "O Moody que andava narua parecia outro. Nunca jamais bebera mosto, mas então conhecia a diferença entre o

 júbilo que Deus dá e o falso júbilo de Satanás. Enquanto andava, parecia-lhe que um pédizia a cada passo, 'Glória!' e o outro respondia, 'Aleluia!'. O pregador rompeu em

soluços, balbuciando: 'Ó Deus, constrange-nos andar perto de ti para todo o sempre.'"

Sobre o mesmo acontecimento, ainda outro escreveu o seguinte: "O fruto da sua pregação tinha sido pequeno. Angustiado em espírito, ele andava pelas ruas da grandecidade de noite orando: 'Ó Deus unge-me com teu Espírito!' - Deus ouviu e concedeu-lhe lá mesmo na rua, aquilo por que rogava. Sua vida anterior era como se experimen-tasse puxar água dum poço que parecia seco. Fazia funcionar a bomba com toda a força,mas tirava muito pouca água. Agora Deus fez sua alma como um poço artesiano ondenunca falta água. Assim chegou a compreender o que significam as palavras: "A águaque eu lhe der, virá a ser nele uma fonte de água que mana para a vida eterna."

O Senhor supriu dinheiro para Moody construir um edifício provisório para realizar oscultos em Chicago. Era de madeira rústica, forrado de papel grosso para evitar o frio; oteto era sustentado por fileiras de estacas colocadas no centro. Nesse templo provisóriorealizaram-se os cultos, durante três anos, no meio dum deserto de cinzas. A maior partedo trabalho de construção fora feita pelos membros que moravam em ranchos oumesmo em lugares escavados por debaixo das calçadas das ruas. Ao primeiro cultoassistiram mais de mil crianças com seus respectivos pais!

Esse templo provisório serviu de morada para Moody e Sankey, seu evangelista-cantor;eram tão pobres como os outros em redor, mas tão cheios de esperança e gozo queconseguiram levar muitos a Cristo e se tornarem ricos, apesar de nada possuírem. Ondaapós onda de avivamento passou sobre o povo. Os cultos continuavam dia e noite, quasesem cessar, durante alguns meses. Multidões choravam seus pecados, às vezes diasinteiros e no dia seguinte, perdoados, clamavam e louvavam em gratidão a Deus.Homens e mulheres até então desanimados participavam do gozo transbordante deMoody, transformado pelo batismo com o Espírito Santo.

 Não muito depois de haver construído o templo permanente (com assentos para 2000

 pessoas - e sem endividar-se), Moody fez a sua segunda viagem à Inglaterra. Nos seus primeiros cultos nesse país, encontrou igrejas frias, com pouca assistência e o povo seminteresse nas suas mensagens. Mas a unção do Espírito, que Moody recebera nas ruas de

 Nova Iorque, ainda permanecia na sua alma e Deus o usou como seu instrumento paraum avivamento mundial.

 Não desejava métodos sensacionais, mas usou os mesmos métodos humildes até o fimda vida: sermão dirigido direto aos ouvintes; aplicação prática da mensagem doEvangelho à necessidade individual; solos cantados sob a unção do Espírito; apelo para

que o perdido se entregasse imediatamente; uma sala no lado aonde levava os que seachavam em "dificuldades" em aceitar a Cristo; a obra que depois os salvos faziam entre

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os "interessados" e recém-convertidos; diariamente uma hora de oração ao meio-dia, ecultos que duravam dias inteiros.

O próprio Moody disse estas palavras: "Se estamos cheios do Espírito, e de poder, um

dia de serviço com poder vale mais do que um ano de serviço sem esse poder." Outravez acrescentou: "Se estamos cheios do Espírito, ungidos, nossas palavras alcançarão oscorações do povo."

 Na Inglaterra, as cidades de York, Senderland, Bishop, Auckland, Carlisle e Newcastleforam vivificadas como nos dias de Whitefield e Wesley. Na Escócia, em Edinburgh, oscultos se realizaram no maior edifício e "a cidade inteira ficou comovida." Em Glasgow,a obra começou com uma reunião de professores da Escola Dominical, a que assistirammais de 3000. O culto de noite foi anunciado para às 6,30, mas muito antes da horamarcada, o grande edifício ficou repleto e a multidão que não pôde entrar foi levada

 para as quatro igrejas mais próximas. Essa série de cultos transformou radicalmente avida diária do povo. Na última noite Sankey cantou para 7000 pessoas que estavamdentro do edifício, e Moody, sem poder entrar no auditório, subiu numa carruagem e

 pregou a 20 mil pessoas que se achavam congregadas do lado de fora. O coral cantou oshinos de cima dum galpão. Em um só culto mais de 2000 pessoas responderam ao apelo

 para se entregarem definitivamente a Cristo.

Durante o verão, pregou em Aberdeen, Montrose, Brechin, Forfar, Huntley, Inverness,Arbroath, Fairn, Nairn, Elgin, Ferres, Grantown, Keith, Rothesay e Campbel-town;

muitos milhares assistiam a todos os cultos.

 Na Irlanda, Moody pregou nos maiores centros com os mesmos resultados, como naInglaterra e Escócia. Os cultos em Belfast continuaram durante quarenta dias. O últimoculto foi reservado para os recém-convertidos, que só podiam ter ingresso por meio de

 bilhetes, concedidos gratuitamente. Assistiram 2.300 pessoas. Belfast fora o centro devários avivamentos, mas todos concordam em que nunca houvera um avivamento antesdesse de resultados tão permanentes.

Depois da campanha na Irlanda, Moody e Sankey voltaram à Inglaterra e dirigiram

cultos inesquecíveis em Shefield, Manchester, Birgmingham e Liverpool. Durantemuitos meses, os maiores edifícios dessas cidades ficaram superlotados de multidõesdesejosas de ouvirem a apresentação clara e ousada do Evangelho por um homem livrede todo o interesse e ostentação. O poder do Espírito se manifestou em todos os cultos

 produzindo resultados que permanecem até hoje.

O itinerário de Moody e Sankey na Europa, findou-se após quatro meses de cultos emLondres. Moody pregava alternadamente em quatro centros. Os seguintes algarismosnos servem para compreender algo da grandeza dessa obra durante os quatro meses:

Realizaram-se 60 cultos em Agricultural Hall, aos quais um total de 720.000 pessoasassistiram; em Bow Road Hall, 60 cultos, aos quais 600.000 assistiram; em Camberwell

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Hall, 60 cultos, com a assistência de 480.000; Haymarket Opera House, 60 cultos,330.000; Vitória Hall, 45 cultos, 400.000 assistentes.

Como é glorioso acrescentar aqui o seguinte: "As diferenças entre as denominações

quase desapareceram. Pregadores de todas as igrejas cooperavam numa plataformacomum para a salvação dos perdidos. Abriram-se de novo as bíblias e houve um grandeinteresse pelo estudo da Palavra de Deus."

Quando Moody saiu dos Estados Unidos em 1873, era conhecido apenas em algunsEstados e tinha fama, apenas como obreiro de Escola Dominical e da Associação Cristãde Moços. Mas quando voltou da campanha na Inglaterra em 1875, era conhecido comoo mais famoso pregador do mundo. Contudo continuou o mesmo humilde servo deDeus. Foi assim que uma pessoa que o conhecia intimamente descreveu sua

 personalidade: "Creio que era a pessoa mais humilde que jamais conheci... Ele não

fingia humildade. No íntimo do seu coração rebaixava-se a si mes-mo e superestimavaos outros. Ele engrandecia outros homens, e, sempre que possível arranjava para queeles pregassem. Fazia tudo para não aparecer."

Ao chegar novamente aos Estados Unidos, Moody recebeu convites, para pregar, detodas as partes do País. Sua primeira campanha (em Brooklyn) foi um modelo para to-das as outras. As denominações cooperavam; alugaram um prédio que comportava 3000

 pessoas. O resultado foi uma grande e permanente obra.

Durante um período de vinte anos, ele dirigiu campanhas com grandes resultados nasmaiores cidades dos Estados Unidos, Canadá e México. Em diversos lugares ascampanhas duraram até seis meses. Em todos os lugares Moody proclamava clara e

 praticamente a mensagem do Evangelho.

 Nas suas campanhas havia ocasiões que eram realmente dramáticas. Em Chicago, oCirco Forepaugh, com uma tenda de lona que tinha assentos para 10.000 pessoas e lu-gares para outras 10.000 em pé, anunciou representações para dois domingos. Moodyalugou a tenda para os cultos de manhã, os donos achando muita graça em tal tentativa.Mas no primeiro culto a tenda ficou repleta. Foram tão poucos os que assistiram às

representações do circo à tarde, que os donos resolveram não fazer sessão no segundodomingo. Entretanto, o culto realizou-se sob a lona no segundo domingo, o calor eratanto que dava a impressão de matar a todos, porém 18.000 pessoas ficaram em pé, ba-nhados em suor e esquecidos do calor. No silêncio que reinava durante a pregação deMoody, o poder desceu e centenas foram salvos. Acerca de um desses cultos certo assis-tente deu estas impressões:

"Nunca jamais me esquecerei de certo sermão que Moody pregou. Foi no Circo deForepaugh durante a Exposição Mundial. Estavam presentes 17.000 pessoas, de todas as

classes e de todas as qualificações. O texto do sermão foi: Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.' Grandiosa era a unção do pregador; parecia que

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estava em íntimo contacto com todos os corações daquela massa de gente. Moody disserepetidamente: Pois o Filho do homem veio - veio hoje ao Circo Forepaugh - para

 procurar e salvar o que se perdera.' Escrito e impresso, isso parece um sermão comum,mas as suas palavras, pela santa unção que lhe sobreveio, tornaram-se palavras de

espírito e de vida."

Durante a Exposição Mundial, no dia designado em honra de Chicago, todos os teatrosda cidade fecharam, porque se esperava que todo o mundo fosse à Exposição a seisquilômetros de distância. Porém Moody alugou o Central Music Hall e R. A. Torreytestificou que a assistência era tão grande, que ele só conseguiu entrar por uma janelados fundos do prédio. Os cultos de Moody continuaram tão concorridos que aExposição Mundial teve de deixar de funcionar aos domingos, por falta de assistência.

Henrique Moorehouse, pregador escocês, dá a seguinte opinião acerca dos discursos de

Moody:

1) "Crê firmemente que o Evangelho salva os pecadores, quando eles crêem, e confia nahistória simples do Salvador crucificado e ressuscitado.

2) "Espera a salvação de almas, quando prega, e o resultado é que Deus honra a sua fé.

3) "Prega como se nunca jamais se realizasse outro culto e como se os pecadores nuncamais tivessem oportunidade de ouvir o som do Evangelho. Seus apelos a decisão agora

mesmo são comoventes.

4) "Consegue levar os crentes a trabalhar com os interessados depois do sermão. Insisteem que perguntem aos que estão assentados ao lado se são salvos ou não. Tudo na suaobra é muito simples e aconselho os obreiros da seara do Senhor a aprenderem de nossoamado irmão algumas lições preciosas sobre a obra de ganhar almas."

O doutor Dale disse: "Acerca do poder de Moody, acho difícil falar. É tão real e aomesmo tempo tão diferente do poder dos demais pregadores, que não sei descrevê-lo.Sua realidade é inegável. Um homem que pode cativar o interesse de um auditório de

três a seis mil pessoas, por meia hora, de manhã, por quarenta minutos, de novo, aomeio-dia e de um terceiro auditório, de 13 a 15 mil, durante quarenta minutos, à noite,deve ter um poder extraordinário."

Acerca desse poder maravilhoso, Torrey testificou: "Várias vezes tenho ouvido diversas pessoas dizerem que viajaram grandes distâncias para ver e ouvir D. L. Moody, e queele, de fato, é um maravilhoso pregador. Sim, ele era em verdade um maravilhoso

 pregador; considerando tudo, o mais maravilhoso que eu jamais ouvi; era grande o privilégio de ouvi-lo pregar, como só ele sabia pregar. Contudo, conhecendo-o

intimamente, quero testificar que Moody era maior como intercessor do que como pregador. Enfrentando obstáculos aparentemente invencíveis, ele sabia vencer todas as

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dificuldades. Sabia, e cria no mais profundo de sua alma, que não havia nadademasiadamente difícil para Deus fazer, e que a oração podia conseguir tudo que Deus

 pudesse realizar."

Certo dia, na sua grande campanha em Londres, Moody estava pregando num teatrorepleto de pessoas da alta sociedade, e entre elas havia um membro da família real.Moody levantou-se e leu Lucas 4.27: "E havia muitos leprosos em Israel no tempo do

 profeta Eliseu..." Ao chegar à palavra "Eliseu", ele não a podia pronunciar e começou agaguejar e balbuciar. Começou a ler o versículo de novo, mas de novo não podia passar adiante. Experimentou a terceira vez e falhou pela terceira vez. Então fechou o livro emuito comovido olhou para cima, dizendo: "Ó Deus! use esta língua de gago para

 proclamar Cristo crucificado a este povo!" Desceu sobre ele o poder de Deus e elederramou sua alma em tal torrente de palavras que o auditório inteiro ficou como quederretido pelo fogo divino.

Foi durante essa segunda visita às Ilhas Britânicas que fez a sua obra entre os homensdas suas célebres universidades, Oxford e Cambridge. É uma história muitas vezesrepetida de como ele, sem instrução, mas, com a graça de Deus e diplomacia, venceu acensura e fez entre os intelectuais o que alguns consideram a maior obra da sua vida.

Apesar de Moody não ter instrução acadêmica, reconhecia o grande valor da educação esempre aconselhava a mocidade a se preparar para manejar bem a Palavra de Deus.Reconhecia a grande vantagem da instrução também para os que pregam no poder do

Espírito Santo. Ainda existem três grandes monumentos às suas convicções nesse ponto- as três escolas que ele fundou: O Instituto Bíblico em Chicago, com 38 prédios e16000 alunos matriculados nas aulas diurnas, noturnas e Cursos por Correspondência; o

 Northfield Seminário, com 490 alunos, e a Escola do Monte Hermom, com 500 alunos.

Entretanto, ninguém se engane como alguns desses alunos e como diversos crentes entrenós, pensando que o grande poder de Moody era mais intelectual do que espiritual.

 Nesse ponto ele mesmo falava com ênfase: para maior clareza, citamos o seguinte deseus "Short Talks": "Não conheço coisa mais importante que a América precise do quede homens e mulheres inflamados com o fogo do Céu; nunca encontrei um homem (ou

uma mulher) inflamado com o Espírito de Deus que fracassasse. Creio que isso sejamesmo impossível; tais pessoas nunca se sentem desanimadas. Avançam mais e mais ese animam mais e mais. Amados, se não tendes essa iluminação, resolvei adquiri-la, eorai: 'Ó Deus ilumina-me com o teu Espírito Santo!'"

 No que R. A. Torrey escreveu aparece o espírito dessas escolas que fundou:

"Moody costumava escrever-me antes de iniciar uma nova campanha, dizendo:Pretendo dar início ao trabalho no lugar tal e em tal dia; peço-lhe que convoque os estu-

dantes para um dia de jejum e oração.' Eu lia essas cartas aos estudantes e lhes dizia:Moody deseja que tenhamos um dia de jejum e oração para pedir, primeiramente, as

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 bênçãos divinas sobre nossas próprias almas e nosso trabalho! Muitas vezes ficávamosali na sala das aulas até alta noite - ou mesmo até a madrugada - clamando a Deus,

 porque Moody nos exortava a esperar até que recebêssemos a bênção. Quantos homense mulheres não tenho eu conhecido, cujas vidas e caracteres foram transformados por 

aquelas noites de oração, e quantos têm conseguido grandes coisas, em muitas terras,como resultado daquelas horas gastas em súplicas a Deus!

"Até o dia da minha morte não poderei esquecer-me de 8 de julho de 1894. Era o últimodia da Assembléia dos Estudantes de Northfield... Às 15 horas reunimo-nos em frente àcasa da progenitora de Moody... Havia 456 pessoas em nossa companhia... Depois deandarmos alguns minutos, Moody achou que podíamos parar. Nós nos sentamos nostroncos de árvores caídas, em pedras, ou no chão. Moody então franqueou a palavra,dando licença para qualquer estudante expressar-se. Uns 75 deles, um após outro,levantaram-se, dizendo: 'Eu não pude esperar até às 15 horas, mas tenho estado sozinho

com Deus desde o culto de manhã e creio que posso dizer que recebi o batismo com oEspírito Santo.' Ouvindo o testemunho desses jovens, Moody sugeriu o seguinte:'Moços, por que não podemos ajoelhar-nos aqui, agora, e pedir que Deus manifeste emnós o poder do seu Espírito de um modo especial, como fez aos apóstolos no dia dePentecoste?' E ali na montanha oramos.

"Na subida, tínhamos notado como se iam acumulando nuvens pesadas; no momentoem que começamos a orar, principiou a chuva a cair sobre os grandes pinheiros e sobrenós. Porém houve uma outra qualidade de nuvem que há dez dias estava se acumulando

sobre a cidade de Northfield - uma nuvem cheia da misericórdia, da graça e do poder divino, de sorte que naquela hora parecia que nossas orações bombardeavam essasnuvens, fazendo descer sobre nós, em grande poder, a virtude do Espírito Santo.

"Homens e mulheres, eis o de que todos nós carecemos - o batismo com o Espírito

Santo!" 

Que Moody mesmo era um estudante incansável, vê-se no seguinte:

"Todos os dias da sua vida, até o fim, segundo creio, ele se levantava muito cedo de

manhã para meditar na Palavra de Deus. Costumava deixar sua cama às quatro horas damadrugada, mais ou menos, para estudar a Bíblia. Um dia ele me disse: Tara estudar,

 preciso me levantar antes que as outras pessoas acordem'. Ele se fechava num quartoafastado do resto da família, sozinho com a sua Bíblia e com o seu Deus.

"Pode-se falar em poder, porém, ai do homem que negligenciar o único Livro dado por Deus, que serve de instrumento, por meio do qual Ele dá e exerce seu poder. Umhomem pode ler inúmeros livros e assistir a grandes convenções; pode promover reuniões de oração que durem noites inteiras, suplicando o poder do Espírito Santo, mas

se tal homem não permanecer em contato íntimo e constante com o único Livro, a

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Bíblia, não lhe será concedido o poder. Se já tem alguma força não conseguirá mantê-la,senão pelo estudo diário, sério e intenso desse Livro."

Tudo no mundo tem de findar; chegou o tempo também para D. L. Moody findar o seu

ministério aqui na terra. Em 16 de novembro de 1899, no meio de sua campanha emKansas City, com auditórios de 15.000 pessoas, pregou seu último sermão. É provávelque soubesse que seria o último: certo é que seu apelo era ungido com poder vindo doAlto e centenas de almas foram ganhas para Cristo.

Para a nação, a sexta-feira, 22 de dezembro de 1899, foi o dia mais curto do ano, mas para D. L. Moody, foi o dia que clareou, foi o começo do dia que nunca findará. Às seishoras da manhã dormiu um ligeiro sono. Então os seus queridos ouviram-no dizer emvoz clara: "Se isto é a morte, não há nenhum vale. Isto é glorioso. Entrei pelas portas evi as crianças! (Dois de seus netos já falecidos). A terra recua; o céu se abre perante

mim. Deus está me chamando!" Então virou-se para a sua esposa, a quem ele queriamais do que a todas as pessoas, a não ser Cristo, e disse: "Tu tens sido para mim umaboa esposa."

 No singelo culto fúnebre, Torrey, Scofield, Sankey e outros falaram à grande multidãocomovida que assistiu. Depois o ataúde foi levado pelos alunos da Escola Bíblica deMonte Hermom a um lugar alto que ficava próximo, chamado "Round Top". Três anosdepois, a fiel serva de Deus, Ema Moody, sua esposa, também dormiu em Cristo e foienterrada ao lado do marido, no mesmo alto, onde permanecerão até o glorioso dia da

ressurreição.

Contemplemos de novo, por um momento, a vida extraordinária desse grande ganhador de almas. Quando o jovem Moody chorava sob o poder do alto na pregação do jovemSpurgeon, foi inspirado a exclamar: "Se Deus pode usar Spurgeon, Ele me pode usar também". A biografia de Moody é a história de como ele vivia completamente submissoa Deus, para esse fim. R. A. Torrey disse: "O primeiro fator por cujo motivo Moody foiinstrumento tão útil nas mãos de Deus é que ele era um homem inteiramente submisso àvontade divina. Cada grama daquele corpo de 127quilos pertencia ao Senhor; tudo queele era e tudo que tinha pertencia inteiramente a Deus... Se nós, tu e eu, leitor, queremos

ser usados por Deus, temos de nos submeter a Ele absolutamente e sem reservas."

Leitor, resolve agora, com a mesma determinação e pelo auxílio divino: "Se Deus podiausar Dwight Lyman Moody, Ele me pode usar também!"

Que assim seja! Amém!

Pastor Hsi

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Amado líder chinês(1836-1896)

Acontecera "o impossível" e toda a população se condoía de tal "tragédia": o senhor Hsi, cidadão respeitado por todos, tornara-se crente! Fazia dois anos que um pregador 

da "nova religião" pregava na província de Shan-si. Enquanto se esperava que enredassealguns dos mais ignorantes, ninguém imaginava que o senhor Hsi, homem culto, de

grande influência entre o povo e destacado adepto de Confúcio, seria o primeiro a ficar "enfeitiçado" pelos "diabos estrangeiros!"

 Não havia entre o povo quem odiasse tanto os estrangeiros como o senhor Hsi. Mas, derepente, eis que ele estava ligado em espírito ao missionário. Abandonara todos os

ídolos; dizia-se que os queimara! Deixara de adorar as tábuas ancestrais. Não havia mais

o cheiro de incenso na sua casa. E o que era ainda mais estranho: o senhor Hsi desistirade fumar ópio!

Os velhos recordavam que Shan-si fora uma das províncias mais prósperas da China econtavam como fora introduzido o "fumo estrangeiro", isto é, o ópio. O vício se tornaratão generalizado que todo o povo estava reduzido à maior pobreza. Nem mesmo os maisvelhos se recordavam de alguém, habituado a fumar ópio, que, no decorrer dos anos, selibertasse do vício. Contudo, o erudito Hsi abandonara, por completo, seu aparelho de

fumar e parecia não sentir a ânsia que sentem os que são privados da droga en-torpecente.

O tempo que passara outrora preparando e fumando o ópio, ele agora o empregava nas práticas, para eles estranhas, da nova religião. Dia e noite o recém-convertido seaplicava ao estudo dos "livros dos estrangeiros"; às vezes cantava de uma maneirasingular e outras vezes de joelhos e, com os olhos fechados, falava ao "Deus dos

estrangeiros", o Deus que ninguém via e que não tinha santuário para localizar-se.

Dia após dia a senhora Hsi notava a grande transformação da vida do marido e começoua abandonar o intenso ódio que sentiu quando ele se converteu. Ao acordar-se de noite,

via-o absorto, lendo o precioso Livro dos livros, ou ajoelhado suplicando ao Deusinvisível, que sentia estar presente. A persistência do homem em ajuntar todos os

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membros da família diariamente para os cultos estranhos, foi tal, que ganhou, também,sua esposa para Cristo.

Para o crente Hsi, Satanás era o temível adversário que realmente é, sempre incansável e

constantemente espreitando para derrubar e destruir os crentes. Contudo, para ele o poder de Cristo era igualmente real e Hsi saía mais que vencedor em todas asdificuldades. Considerava a oração indispensável e não muito depois de se converter 

chegou a reconhecer o valor de jejuar para melhor orar.

Foi então que aconteceu a coisa menos esperada: a própria natureza da senhora Hsi parecia mudada. Ao converter-se, tornara-se profundamente alegre e recebia as liçõesdas Escrituras avidamente. O marido esperava que breve ela se tornasse uma verdadeira

companheira na obra de ganhar almas. Mas, repentinamente, parecia pairar sobre elauma nuvem do mal. Apesar de todos os esforços, sentia-se levada, contra a própria

vontade, a praticar tudo quanto o Diabo sugerisse. Caía, especialmente na hora de cultodoméstico, com ataques violentos de cólera.

O povo então dizia: "O Hsi e sua esposa estão ceifando o que semearam! É, comoafirmamos desde o começo, uma doutrina do Diabo e agora a senhora Hsi está possuída

de demônios."

Durante algum tempo o inimigo das almas parecia invencível. A senhora Hsi, apesar detodas as orações dos crentes, continuava a definhar, ficando quase sem forças.

 Nesta altura, Hsi, confiando no poder de Deus, chamou todos os membros da família para jejuarem e dedicarem-se à oração. Depois de orarem três dias e três noites

seguidas, em jejum, Hsi, sentindo-se fraco no físico, mas forte no espírito, pôs as mãossobre a cabeça da esposa e ordenou, em nome de Jesus, que os espíritos imundossaíssem para nunca mais a atormentarem. A cura da senhora Hsi foi tão notável e

completa que houve grande repercussão em toda a cidade. O povo reconhecera o poder dos demônios sobre o corpo e ali, diante dos olhos, estava agora a prova de um poder 

maior do que o do Diabo.

Mas foi o senhor Hsi, mais que qualquer outra pessoa, que se aproveitou dessasensacional maravilha. Esforçou-se, desde então, de uma maneira nova, a proclamar o

Evangelho e dedicou-se, com crescente fé em Cristo, a orar sob todas as circunstâncias.

Assim, de uma maneira simples e natural, Hsi confiava que o Senhor faria o que prometera em Marcos 16.17,18: "Estes sinais acompanharão aos que crerem: Em meunome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes;e, se beberemalguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e

estes serão curados."

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Em resposta à oração desse humilde crente, o Senhor cooperava com ele e confirmava aPalavra com sinais como em Samaria, Lida, e outros lugares nos tempos dos apóstolos.E, como os tempos antigos, homens e mulheres, ao verem o poder de Deus, convertiam-

se ao Senhor.

 Nunca antes houve alguém para contrariar a Satanás em toda a província de Shan-si; portanto não é de admirar que então ele se enfurecesse. Isso também foi como nos

tempos antigos.

A perseguição, entretanto, se tornou mais e mais severa até que, por fim, o povo planejou, ao tempo de uma grande festa pagã, passar cordas por cima dos caibros nos

templos idólatras e pendurar todos os crentes pelas mãos até que se retratassem enegassem a fé na "religião dos estrangeiros".

Ora, Hsi era tão prático como espiritual e levou o caso ao conhecimento dasautoridades. Era novato na fé e não conhecia bem trechos das Escrituras como estes:

"Não resistais ao mal" e "Minha é a vingança, eu recompensarei, diz o Senhor". Fez tãogrande alvoroço perante o mandarim que este, para se ver livre do homem, mandou

soldados para defenderem os crentes.

A perseguição, por isso, fracassou; o povo, assombrado da "religião dos estrangeiros",submeteu-se; e grandes multidões afluíram aos cultos. Contudo, Hsi, com o passar dotempo, sentia-se descontente; os crentes não se desenvolviam como ele esperava. As

 pequenas igrejas, apesar de todos os seus esforços para alimentá-las, não cresciam e,com qualquer perturbação, grande número de crentes se desviava da fé.

O seguinte, que se encontra entre os seus próprios escritos, mostra como, nesse tempo,viu seu erro e se deu à oração:

"Por causa das investidas de Satanás, dormimos, eu e minha esposa, durante o espaço detrês anos, com a roupa que vestíamos de dia, a fim de melhor podermos vigiar e orar. Às

vezes, num lugar solitário, passávamos toda a noite orando e o Espírito Santo desciasobre nós... Sempre cuidávamos de pensar, falar e nos comportar de modo a agradar ao

Senhor, mas então reconhecíamos como nunca, a nossa fraqueza; que de fato nãoéramos coisa alguma, e nos esforçávamos para saber a vontade de Deus."

 Não há maior prova, talvez, de verdadeira conversão do que a influência sobre o próximo. Depois de Hsi procurar estar mais perto do Senhor, foi eleito chefe pelo povo

do vilarejo onde morava, cargo que recusou de início porque não podia participar dosritos no templo pagão. Mas esse fato foi previsto pelo povo, de modo que insistiram

 para que aceitasse a magistratura, com a condição de ficar desobrigado de quaisquer solenidades que diziam respeito aos deuses."É somente ele nos mandar e nós faremos",

dizia a multidão. Porém quando Hsi recusou, a não ser que o povo cessasse todas ascerimônias pagãs e fechasse o seu templo, todos voltaram para casa.

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Grande foi, pois, a surpresa quando, alguns dias depois, o povo voltou e concordou emfechar o templo. O erudito Hsi era o único entre eles liberto do ópio e capacitado para

chefiar o povo.

O fervoroso crente, então, assumiu o cargo, como um serviço a ser feito perante oSenhor; houve boa safra, bom êxito na parte financeira e prevaleceram a paz e o conten-tamento. Foi reeleito para o segundo ano e para o terceiro. Mas quando reeleito para o

quarto ano, recusou o cargo, insistindo em dizer que devia entregar todo o seu tempo naobra de evangelização, obra que aumentara grandemente. Quando o povo o elogiava

 pela boa maneira como servia a todos, ele respondia, com um sorriso: "Agora os ídolos por certo já morreram de fome e seria mais econômico se os não ressuscitásseis."

Foi uma lição prática e que perdurou por muito tempo.

O grande problema que o Pastor Hsi tinha de enfrentar era o da salvação de um povodado a fumar ópio. Devia haver um meio para libertar os infelizes escravos do desespe-ro indescritível, porque o Filho de Deus veio com o alvo definido de procurar e salvar 

os perdidos.

Enquanto o Pastor Hsi orava sobre esse problema, foi dirigido a converter a sua casa emAbrigo e convidou para o ajudar um missionário que tinha um remédio para aliviar a

ânsia dos viciados quando privados da droga. No início somente dois dos interessados

tinham a coragem de experimentar o tratamento; os outros freqüentavam o Abrigo, diaapós dia, para verem o resultado.

Por fim, um dos pacientes, agonizante de corpo e mente, acordou os outros à meia-noite. Em resposta à oração, o Senhor, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre, o ali-

viou imediatamente. O gozo do homem que fora liberto era tanto, que um após outrodos mais interessados solicitaram permissão para começarem o tratamento imediata-

mente.

 Nessa altura faltou-lhes o remédio importado que usavam para diminuir os sofrimentos

dos enfermos. Acerca disso, assim escreveu o fervoroso Hsi: "Em oração e jejum permaneci perante o Senhor, rogando que me mostrasse quais os ingredientesnecessários e me fortalecesse e ajudasse a preparar as pílulas para aliviar os que

sofriam."

Para distrair os pacientes e aproveitar o ensejo, o missionário ensinava-lhes hinos e passagens da Bíblia; realizava cultos duas vezes por dia e fazia os interessados repetir,hora após hora, trechos das Escrituras. Quando lhes faltava outro recurso, recorriam às

 pílulas preparadas pelo pastor Hsi, as quais faziam o mesmo efeito do remédio im-

 portado. Contudo o fiel Hsi não confiava nas pílulas, nem as fabricava sem antes jejuar e orar. Costumava, ao fabricar as pílulas, passar o dia inteiro jejuando. Às vezes, de

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tarde, estando demasiadamente cansado para continuar de pé, saía para passar algunsminutos perante Deus. "Senhor é a tua obra. Dá-me a tua força", era o seu pedido e

sempre voltava renovado como se tivesse comido e descansado.

Um dos segredos do incrível êxito do Pastor Hsi, na obra do Abrigo, era a audácia doseu amor para com os infelicitados cativos do vício do ópio; amor que o levou a per-sistir e sacrificar tudo por eles. Quando caíam em alguma falta, ou mesmo tramavam

 para o derrubar, suportava tudo como somente o amor sabe suportar.

Quanto mais o pastor Hsi orava tanto mais Deus aumentava a obra; e quanto maiscrescia a obra, tanto mais ele sentia o anelo de orar. Em vez de ficar escravizado pelas

inumeráveis obrigações, deliberadamente dedicava horas e mesmo dias, freqüentementeem jejum, para orar perante o Senhor, a fim de saber a sua vontade e receber da sua

 plenitude.

Certo dia, quando assim orava, o Senhor o impressionou profundamente acerca do povoda cidade de Chao-ch'eng, que vivia e morria sem saber o caminho da salvação. - Mascomo podia ele abrir outro abrigo em uma cidade da qual não conhecia os costumes?

Como podia arranjar tempo? Porém enquanto orava o Senhor lhe disse: "Todo o poder me é dado." Mas como podia ir, sem recursos; não possuía dinheiro suficiente para

 pagar a passagem até aquela cidade. Continuou a orar e o Senhor continuou a aplainar as dificuldades. - "Dinheiro? era de dinheiro que precisava para abrir os corações e

ganhar almas? Se o Senhor chamava, não supriria Ele todo o necessário? Os muros de

Jericó não caíram rentes ao chão, sem a intervenção de mãos humanas?..."

"Assim, ao findar o ano de 1884, cinco anos depois da sua conversão, o pastor Hsi era odirigente de uma obra que se estendia de Teng-ts'uen, ao sul de onde morava, até Chao-ch'eng sessenta quilômetros para o norte. Havia então oito abrigos e um bom número de

congregações espalhadas entre eles.

Mas o pastor Hsi não podia conter-se. À distância de um dia de viagem ainda mais aonorte, estava a grande cidade do Hoh-chau. Constrangido pelo amor de Deus, suplicava

ao Senhor que o usasse para abrir a obra ali. Todos os dias orava insistentemente por 

Hoh-chau, no culto doméstico. Por fim, a senhora Hsi não mais se conteve e perguntou:- "Já oramos durante tanto tempo, será que agora não convém agir?"

- "Por certo, se tivéssemos dinheiro?", respondeu seu marido.

 No dia seguinte, o pastor Hsi, no culto doméstico, orou como de costume. Ao findar oculto, a esposa, em vez de retirar-se, avançou e colocou um pacotinho sobre a mesa, di-

zendo: "Acho que o Senhor já respondeu às nossas súplicas."

Admirado e ignorando o que ela queria fazer, com aquele gesto, tomou o pacote damesa. Continha algo pesado, embrulhado em várias tiras de papel, e dentro do papel um

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lenço. Ao abrir o lenço, encontrou os objetos mais prezados por uma senhora chinesa:anéis, pulseiras, brincos, grampos de ouro e de prata - objetos que lhe foram presen-

teados quando se casaram.

Com os olhos cheios de lágrimas, ele olhou para a esposa, notando, pela primeira vez, adiferença na sua aparência, sem os enfeites usados pelas mulheres casadas. Nãohaviamais aliança no dedo; em vez dos enfeites de prata nos cabelos, viam-se as trancas

seguras por fios de barbante!

Quando ele quis recusar a oferta, ela insistia alegremente, dizendo: "Não faz mal. Possodispensar essas coisas. Hoh-chau deve ter o Evangelho."

O pastor aceitou a oferta de sua esposa, oferta que representava profundo sacrifício, masera suficiente para abrir o abrigo, que logo se tornou um centro de luz e bênção na

grande cidade.

Depois de abrir o trabalho em Hoh-chau, realizou-se uma convenção na qual foram batizados setenta dos novos convertidos. O poder de Deus era tal e a assistência tão

grande a essas reuniões que foi necessário realizar os cultos ao ar livre, apesar dasgrandes chuvas. Isso aconteceu após um grande período de seca, e os crentes não

queriam orar ao Senhor que retivesse a chuva.

Certo moço endemoninhado, do Abrigo de Chao-ch'eng, assistiu a essa convenção. Ao

cair o poder de Deus sobre os cultos, ele se tornou violento, tentando destruir-se e ferir as pessoas que estavam em redor. Quando o pastor Hsi se aproximou, o moço deixou degritar e de lutar; os homens que o seguravam, disseram: "Ele está bom! Agora está bom!

O espírito já saiu."

O pastor, contudo, não se enganou; pondo as mãos sobre a cabeça do moço, orou cominstância, no nome de Jesus. Houve alívio imediato e quando o pastor se retirou o moço

 parecia completamente liberto.

Certo crente, comovido ao presenciar tudo isso, tirou cinqüenta dólares do bolso e disse

ao pastor: "Aceite isso; sei que as despesas da obra são grandes."

O pastor, surpreendido, aceitou o dinheiro, mas ao pensar sobre o caso, sentiu-seturbado; a importância era muito elevada e aceitara-a sem pedir conselho ao Senhor.

Retirou-se imediatamente para levar o caso a Deus.

Apenas tinha começado a orar, chegou um crente, apressadamente. O endemoninhadoestava mais violento do que nunca, e os homens não podiam segurá-lo.

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Ao chegar o pastor à presença do moço, o espírito clamou: "Podes vir, mas não te temomais. Parecias tão elevado como os céus, mas agora és baixo, vil e insignificante! Não

mais tens poder para me domar!"

O Pastor, reconhecendo que perdera a fé e o poder, ao aceitar o dinheiro, dirigiu-se aocrente que lho dera, enquanto o infeliz endemoninhado blasfemava em alta voz.Devolveu toda a importância, explicando como, ao receber o dinheiro, perdera seu

contato com Deus.

Depois, com as mãos vazias, mas com o coração cheio de gozo, voltou novamente paraonde estava a multidão alvoroçada. O moço continuava furioso; porém o pastor estava

em contato com o Mestre. Calmamente, e em nome de Jesus, ordenou ao espírito que secalasse e saísse. O moço, deu um grito, foi lançado ao chão pelo demônio, onde ficoualguns minutos contorcendo-se em dores agonizantes. Então se levantou, com o corpo

abatido, mas completamente liberto do espírito maligno.

Certo missionário escreveu o seguinte acerca de Hsi:

"O pastor Hsi era perenemente alegre; servia ao próximo incansavelmente; tratava atodas as pessoas com a maior delicadeza. Nunca se comportou levianamente, nem

desperdiçou o tempo em assuntos desnecessários. Ganhar almas era a paixão da suavida... Era impossível estar com o pastor Hsi sem orar. Seu instinto em tudo era o de

olhar para Deus. Muito antes de clarear o dia, ouvia-o, no seu quarto orando e cantando

horas a fio. A oração se parecia com a atmosfera em que vivia e ele esperava e recebiade Deus as mais destacadas respostas.

"Lembro-me de que certa vez, quando viajava com ele, hospedamo-nos em uma pequena pensão. Foi procurado por uma mulher que tinha uma criança de colo enferma

e que sofria muito. Homens e mulheres em todos os lugares por onde ele passavatambém o procuravam. Reconheciam que era homem de Deus e que podia socorrê-los.

O pastor Hsi imediatamente ficou em pé, cumprimentou a mulher com o filhinho;tomou o mesmo nos braços e orou pedindo a Deus que o curasse. A mulher,

grandemente consolada, partiu. Algumas horas depois vi o menino são, correndo e

 brincando. Tais acontecimentos eram comuns.

"Nunca me esquecerei da convenção realizada em P'ing-vang. Ao aproximarmo-nos dolocal, durante a noite,ouvi os crentes chorando e orando em voz baixa. Ali estava oquerido pastor Hsi juntamente com um grande número de irmãos, todos ajoelhados,

clamando ao Senhor e suplicando que salvasse seus parentes e amigos... Acreditavamno poder da oração, e se dedicavam à intercessão...

"Durante todo o inverno, o pastor Hsi esteve sob o poder do Espírito e transmitia esse

 poder ao próximo. Quando encontrava um auxiliar passando por alguma prova, jejuava,

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orava e impunha-lhe as mãos. O resultado era que, geralmente, os auxiliares recebiam omesmo poder.

"Nesse tempo, também havia grande falta de sujeição à Palavra de Deus. O pastor Hsi,

 porém, em tudo entregava-se à oração; no decorrer dos anos, tornou-se poderoso emexpor as Escrituras".

A força e a resistência que manifestava sob provações físicas e mentais eramextraordinárias; recebia virtude de Deus para realizar a obra divina. Quando já velho,

 podia andar quarenta e cinco quilômetros de uma vez, e depois de jejuar por dois diasseguidos, podia ainda batizar cinqüenta pessoas sem descansar, e sem interrupção.

Por fim, com a idade de sessenta anos, no meio da lida desta vida, Deus o chamou. Namesma sala onde, antes da sua conversão fumava ópio, passou alguns meses de cama,

sem qualquer sofrimento, apenas com as forças quase completamente esgotadas. Aofechar os olhos aqui no mundo, na manhã do dia 19 de fevereiro de 1896, para ir estar na presença de seu Senhor, centenas de seus filhos na fé, que o amavam ardentemente,

não puderam mais conter-se, rompendo em grande choro e fortes soluços.

Durante a vida aqui entregou tudo ao Senhor. Para ele, não existia coisa demasiado preciosa, que não pudesse usá-la para o seu Jesus. Não havia labor árduo demais, se pu-desse ganhar uma alma pela qual seu Salvador morrera. Nunca encontrou "cruz" pesada,

se pudesse levá-la por amor de Cristo. Jamais julgou o caminho difícil, tratando-se de

seguir as pisadas de seu Mestre.

Assim o fiel pastor Hsi foi promovido para fazer serviço mais alto, mais sublime, paraestar em mais íntima ligação com Jesus.A obra pioneira que deixou em Chao-eh'eng,

Teng-ts'uen, Hoh-chau, T'ai-yuan, Ping-yang e dezenas de outros lugares, é como pujante fortaleza e como resplandecente farol, dissipando as trevas do paganismo naChina. Os abrigos e as igrejas fundados nesses lugares permanecem como imponente

monumento à sua memória.

(extraido do livro hérois da fé)

Carlos Spurgeon

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O príncipe dos pregadores(1834-1892)

 No período da Inquisição, na Espanha, sob o reinado do imperador Carlos V, umnúmero elevadíssimo de crentes foram queimados em praça pública ou enterrados

vivos. O filho de Carlos V, Filipe II, em 1567, levou a perseguição aos Países Baixos,declarando que ainda que lhe custasse mil vezes a sua própria vida,limparia todo o seudomínio do "protestantismo". Antes da sua morte gabava-se ter mandado ao carrasco,

 pelo menos, 18.000 "hereges".

Ao começar esse reinado de terror nos Países Baixos, muitos milhares de crentesfugiram para a Inglaterra. Entre os que escaparam do "Concilio de Sangue", encontrava-

se a família Spurgeon.

 Na Inglaterra, o povo de Deus, contudo, não estava livre de toda a perseguição"passando a maior parte do tempo sentado, por se achar fraco demais para se deitar". Os bisavôs de Carlos eram crentes fervorosos, criando os filhos na admoestação do Senhor.

Seu avô paterno, depois de quase cinqüenta anos de pastorado no mesmo lugar, podiadizer: "Não passei nem uma hora triste com a minha igreja depois que assumi o cargo

de pastor!" O pai de Carlos, Tiago Spurgeon, era o amado pastor de Stambourne.

Carlos, quando ainda criança, interessava-se pela leitura de "O Peregrino", pela históriados mártires e por diversas obras de teologia. É impossível calcular a influência dessas

obras sobre a sua vida.

Que era precoce nas coisas espirituais, vê-se no seguinte acontecimento: Apesar decriança de apenas cinco anos de idade, sentiu profundamente o cuidado do avô, por cau-sa do procedimento de um dos membros da igreja, chamado "Velho Roads". Certo dia,Carlos, a criança, encontrando Roads em companhia de outros fumando e bebendo cer-

veja, dirigiu-se a ele, dizendo: "Que fazes aqui, Elias?" O "Velho Roads" arrependido,

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contou, então, ao seu pastor, como a princípio se irou com a criança, mas por fim ficouquebrantado. Desde aquele dia, o "Velho Roads" andou sempre perto do Salvador.

Quando Carlos era ainda pequeno, foi por Deus convencido do pecado. Durante alguns

anos sentia-se uma criatura sem esperança e sem conforto; visitava um lugar de cultoapós outro, sem conseguir saber como podia livrar-se do pecado. Então, quando tinhaquinze anos de idade, aumentou nele o desejo de ser salvo. E aumentou de tal forma,que passou seis meses agonizando em oração. Nesse tempo assistiu a um culto numaigreja; nesse dia, o pregador não fora ao culto, por causa duma grande tempestade de

neve. Na falta do pastor, um sapateiro se levantou para pregar às poucas pessoas presentes, e leu este texto: "Olhai para mim e sede salvos, todos os confins da terra"

(Isaías 45.22). O sapateiro, inexperiente na arte de pregar, podia apenas repetir a passagem e dizer: "Olhai! Não vos é necessário levantar um pé, nem um dedo. Não vos

é necessário estudar no colégio para saber olhar; nem contribuir com mil libras. Olhai

 para mim, não para vós mesmos. Não há conforto em vós. Olhai para mim, suandograndes gotas de sangue. Olhai para mim, pendurado na cruz. Olhai para mim, morto esepultado. Olhai para mim, ressuscitado. Olhai para mim, à direita de Deus". Em se-

guida, fitando os olhos em Carlos, disse: "Moço, tu pareces ser miserável. Serás infelizna vida e na morte se não obedeceres". Então gritou ainda mais: "Moço, olha para Je-

sus! Olha agora!" O rapaz olhou e continuou a olhar, até que por fim, um gozo indizívelentrou na sua alma.

O recém-salvo, ao contemplar o constante zelo do Maligno, foi tomado pela aspiração

de fazer todo o possível para receber o poder divino, para frustrar a obra do inimigo do bem. Spurgeon aproveitava todas as oportunidades para distribuir folhetos. Entregava-sede todo o coração a ensinar na Escola Dominical, onde alcançou, de início, o amor dosalunos e, por intermédio desses a presença dos pais na escola. Com a idade de dezesseisanos começou a pregar. Acerca desse fato ele disse: "Quantas vezes me foi concedido o

 privilégio de pregar na cozinha duma casa de agricultor, ou num celeiro!"

Alguns meses depois de pregar seu primeiro sermão, foi chamado a pastorear a igrejaem Waterbeach. Ao fim de dois anos, essa igreja de quarenta membros, passou a ter 

cem. O jovem pregador desejava educar-se e o diretor duma escola superior, que estava

de visita à cidade, marcou uma hora para tratar com ele acerca desse assunto. A criada, porém, que recebeu Carlos, por descuido, não chamou o professor e este saiu sem saber que o moço o esperava. Depois, Carlos, já na rua, um tanto triste, ouviu uma voz dizer-

lhe: "Buscas grandes coisas para ti? Não as busques!" Foi então , ali mesmo queabandonou a idéia de estudar nesse colégio, convencido de que Deus o dirigia paraoutras coisas. Não se deve concluir, contudo, que Carlos Spurgeon resolveu não se

educar. Depois disso, ele aproveitava todos os momentos livres para estudar. Diz-se quealcançou fama de ser um dos homens mais instruídos de seu tempo.

Spurgeon havia pregado em Waterbeach apenas durante dois anos quando foi chamadoa pregar na Park Street Chapei, em Londres. O local era inconveniente para os cultos, e

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o templo, que tinha assentos para mil e duzentos ouvintes, era demasiado grande para osauditórios. Contudo, "havia ali um grupo de fiéis que nunca cessaram de rogar a Deus

um glorioso avivamento". Este fato é assim registrado nas palavras do próprioSpurgeon: "No início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me

esqueço da insistência das suas orações. Às vezes parecia que rogavam até veremrealmente presente o Anjo do Concerto (Cristo), querendo abençoá-los. Mais que umavez nos admiramos com a solenidade das orações até alcançarmos quietude, enquanto o

 poder do Senhor nos sobrevinha... Assim desceu a bênção, a casa se encheu de ouvintese foram salvas dezenas de almas!"

Sob o ministério desse moço de dezenove anos, a concorrência aumentou em poucosmeses a ponto de o prédio não mais comportar as multidões; centenas de ouvintes

 permaneciam na rua para aproveitar as migalhas que caíam do banquete que haviadentro da casa.

Foi resolvido reformar a New Park Street Chapei e, durante o tempo da obra,realizavam-se os cultos em Exeter Hall, prédio que tinha assentos para quatro mil e

quinhentos ouvintes. Aí, em menos que dois meses, os auditórios eram tão grandes, queas ruas, durante os cultos, se tornavam intransitáveis.

Quando voltaram para a Chapei, o problema, em vez de ser resolvido, era maior; trêsmil pessoas ocupavam o espaço preparado para mil e quinhentas! O dinheiro gasto, quealcançou uma elevada quantia, fora desperdiçado! Tornou-se necessário voltar para o

Exeter Hall.

Mas nem o Exeter Hall comportava mais os auditórios e a igreja tomou uma atitudeespetacular - alugou o Surrey Music Hall, o prédio mais amplo, imponente e magnífico

de Londres, construído para diversões públicas.

As notícias, de que os cultos passaram do Exeter Hall para Surrey Music Hall,eletrificaram toda a cidade de Londres. O culto inaugural foi anunciado para a noite de

19 de outubro de 1856. Na tarde do dia marcado, milhares de pessoas para lá sedirigiram para achar assento. Quando, por fim, o culto começou, o prédio no qual

cabiam 12.000 pessoas, estava superlotado e havia mais 10.000 fora que não puderamentrar.

 No primeiro culto em Surrey Music Hall, notaram-se vestígios da perseguição queSpurgeon tinha de encarar.Ele estava orando, e depois da leitura das Escrituras, os

inimigos da obra de Deus se levantaram, gritando: 'Togo! Fogo!" Apesar de todos osesforços de Spurgeon e de outros crentes, a grande massa de gente alvoroçou-se emovimentou-se em pânico, de tal modo que sete pessoas morreram e vinte e oito

ficaram gravemente feridas. Depois que tudo serenou, acharam-se espalhados em toda a

 parte do prédio, roupas de homens e senhoras; chapéus, mangas de vestidos, sapatos, pernas de calças, mangas e paletós, xales, etc., objetos esses que os milhares de pessoas

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aflitas deixaram, na luta para escapar do prédio. Spurgeon comportou-se com a maior calma durante todo o tempo da indescritível catástrofe, mas depois passou dias

 prostrado, sofrendo em conseqüência do tremendo choque.

As notícias sobre as trágicas ocorrências durante o primeiro culto em Surrey MusicHall, em vez de prejudicarem a obra, concorreram para aumentar o interesse peloscultos. De um dia para outro Spurgeon, o herói do Sul de Londres, tornou-se um vulto

de projeção mundial. Aceitou convites para pregar em cidades da Inglaterra, Escócia, Ir-landa, Gales, Holanda e França. Pregava ao ar livre e nos maiores edifícios, em média

oito a doze vezes por semana.

 Nesse tempo, quando ainda moço, revelou como conseguia entender, nas Escrituras, ostextos difíceis, isto é, simplesmente pedia a Deus: - "Ó Senhor, mostra-me o sentidodeste trecho!" E acrescentou: "É maravilhoso como o texto, duro como a pederneira,

emite faíscas quando batido com o aço da oração." Quando mais velho, disse: "Orar acerca das Escrituras, é como pisar uvas no lagar, trilhar trigo na eira, ou extrair ouro do

minério."

Acerca da vida familiar, Susana, a esposa de Spurgeon, assim escreveu: "Fazíamos cultodoméstico, quer hospedados em um rancho nas serras, quer num suntuoso quarto dehotel na cidade. E a bendita presença de Cristo, que muitos crentes dizem impossível

alcançar, era para ele a atmosfera natural; ele vivia e respirava nele (em Deus).

Antes de iniciar a construção do famoso templo em Londres, o MetropolitanTabernacle, Spurgeon, com alguns dos seus membros, se ajoelharam no terreno entre as pilhas de materiais e rogaram a Deus que não permitisse que trabalhador algum

morresse ou ficasse ferido durante a execução das obras de construção. Deus respondeumaravilhosamente, não deixando acontecer qualquer acidente durante o tempo da

construção do imponente edifício que media oitenta metros de comprimento, vinte eoito de largura e vinte de altura.

A igreja começou a edificar o tabernáculo com o alvo de liquidar todas as dívidas demateriais e pagar toda a mão-de-obra antes de findar a construção. Como de costume,

 pediram a Deus que os ajudasse a realizar esse desejo, e tudo foi pago antes do dia dainauguração.

"O Metropolitan Tabernacle foi acabado em março de 1861. Durante os trinta e um anosque se seguiram, uma média de 5.000 pessoas se congregavam ali todos os domingos, pela manhã e à noite. De três em três meses Spurgeon pedia aos que haviam assistido

neste período, que se ausentassem. Eles assim faziam, porém, o tabernáculo erasuperlotado por outras pessoas das massas ainda não alcançadas pela mensagem."

Durante certo período, pregou trezentas vezes em doze meses. O maior auditório, noqual pregou, foi no Crystal Palace, Londres, em 7 de outubro de 1857. O número exato

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de assistentes era de 23.654. Spurgeon esforçou-se tanto nessa ocasião, e o cansaço foital, que após o sermão da noite de quarta-feira, dormiu até a manhã de sexta-feira!

Todavia, não se deve julgar que era somente no púlpito que a sua alma ardia pela

salvação dos perdidos. Também se ocupava grandemente no evangelismo individual. Nesse sentido citamos aqui o que certo crente disse a respeito dele: "Tenho vistoauditórios de 6.500 pessoas inteiramente levadas pelo fervor de Spurgeon. Mas ao ladode uma criança moribunda, que ele levara a Cristo, achei-a mais sublime do que quando

dominava o interesse da multidão".

Parece impossível que tal pregador tivesse tempo para escrever. Entretanto os livros dasua autoria, constituem uma biblioteca de cento e trinta e cinco tomos. Até hoje não há

obra mais rica de jóias espirituais do que a de Spurgeon, de sete volumes sobre osSalmos: "A Tesouraria de Davi". Ele publicou tão grande número de seus sermões,que,

mesmo lendo um por dia, nem em dez anos o leitor os poderia ler todos. Muitos foramtraduzidos em várias línguas e publicados nos jornais do mundo inteiro. Ele mesmoescrevia grande parte da matéria para seu jornal, "A Espada e a Colher", título este

sugerido pela história da construção dos muros de Jerusalém no tempo angustioso de Neemias.

Além de pregar constantemente a grandes auditórios e de escrever tantos livros,esforçou-se em vários outros ramos de atividades. Inspirado pelo exemplo de Jorge

Müller, fundou e dirigiu o orfanato de Stockwell. Pediam a Deus e recebiam o

necessário para levantar prédio após prédio e alimentar centenas de criançasdesamparadas.

Reconhecendo a necessidade de instruir os jovens chamados por Deus a proclamar oEvangelho, e, assim, alcançar muito maior número de perdidos, fundou e dirigiu oColégio dos Pastores, com a mesma fé em Deus que mostrou na obra de cuidar dos

órfãos.

Impressionado pela vasta circulação de literatura viciosa, formou uma junta devendagem de livros evangélicos. Dezenas de vendedores foram sustentados e milhares

de discursos feitos, além de muitas toneladas de Escrituras e outros livros vendidos decasa em casa.

Acerca de tão estupendo êxito na vida de Spurgeon, convém notar o seguinte: Nenhumdos seus antepassados alcançou fama. Sua voz podia pregar às maiores multidões, mas

outros pregadores sem fama gozavam também da mesma voz. O Príncipe dos

 Pregadores era, antes de tudo, O Príncipe de Joelhos. Como Saulo de Tarso, entrou noReino de Deus, também agonizando de joelhos. No caso de Spurgeon, essa angústiadurou seis meses. Depois (assim aconteceu com Saulo) a oração fervorosa era um

hábito na sua vida. Aqueles que assistiam aos cultos no grande Ta-bernáculoMetropolitano diziam que as orações eram a parte mais sublime dos cultos.

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Quando alguém perguntava a Spurgeon a explicação do poder na sua pregação, O

 Príncipe de Joelhos apontava para a loja que ficava sob o salão do Metropolitan Taber-nacle e dizia: "Na sala que está embaixo, há trezentos crentes que sabem orar. Todas as

vezes que prego eles se reúnem ali para sustentar-me as mãos, orando e suplicandoininterruptamente. Na sala que está sob os nossos pés é que se encontra a explicação domistério dessas bênçãos."

Spurgeon costumava dirigir-se aos alunos no Colégio dos Pastores desta forma:"Permanecei na presença de Deus!... Se o vosso fervor esfriar, não podereis orar bem no púlpito... pior com a família... e ainda pior nos estudos, sozinhos. Se a alma se tornar 

magra, os ouvintes, sem saberem como ou por quê, acharão que vossas orações públicastêm pouco sabor."

Ainda sobre a oração, sua esposa deu este testemunho: "Ele dava muita importância àmeia-hora de oração que passava com Deus antes de começar o culto." Certo crente

também escreveu a esse respeito: "Sente-se, durante a sua oração pública, que ele é umhomem de bastante força para levar nas mãos ungidas as orações duma multidão. Isto é

a idéia mais grandiosa, de sacerdote entre Deus e os homens".

Convicto do grande poder da oração, Spurgeon designou o mês de fevereiro, de cadaano, no Grande Tabernáculo, para realizar a convenção anual e fazer súplicas por um

avivamento na obra de Deus. Nessas ocasiões, passavam dias inteiros em jejum e

oração, oração que se tornava mais e mais fervorosa. Não só sentiam a gloriosa presençado Espírito Santo nesses cultos, mas era-lhes aumentado o poder com frutos abundantes.

 Na sua autobiografia, desde o começo do seu ministério em Londres, consta que pessoasgravemente enfermas foram curadas em resposta às suas orações.

A vida de Spurgeon não era vida egoísta e de interesse próprio. Juntamente com suaesposa, fez os maiores sacrifícios para colocar livros espirituais nas mãos de um grandenúmero de pregadores pobres e ambos contribuíam constantemente para o sustento das

viúvas e órfãos. Recebiam grandes somas de dinheiro, mas davam tudo para o progresso

da obra de Deus.

 Não buscava fama nem a honra de fundador de outra denominação, como muitosamigos esperavam. A sua pregação nunca foi feita para sua própria glória, porém tinha

como alvo a mensagem da Cruz, para levar os ouvintes a Deus. Considerava seussermões como se fossem setas e dava todo o seu coração, empregava toda a sua força

espiritual em produzir cada um. Pregava confiando no poder do Espírito Santo,empregando o que Deus lhe concedera para "matar" o maior número de ouvintes.

"Carlos Hadon Spurgeon recebia o fogo do Céu, estudando a Bíblia, horas a fio, emcomunhão com Deus."

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Cristo era o segredo do seu poder. Cristo era o centro de tudo, para ele; sempre eunicamente Cristo.

J. P. Fruit disse: "Quando Spurgeon orava, parecia que Jesus estava em pé ao seu lado."

As suas últimas palavras, no leito de morte, dirigidas à sua esposa, foram: "Oh! querida,tenho desfrutado um tempo mui glorioso com meu Senhor!" Ela, ao ver, por fim, queseu marido passaria para o outro lado, caiu de joelhos e com lágrimas exclamou. "Oh! bendito Senhor Jesus, eu te agradeço o tesouro que me emprestaste no decurso destes

anos; agora Senhor, dá-me força e direção durante todo o futuro."

Seis mil pessoas assistiram ao culto de funeral. No caixão estava uma Bíblia aberta,mostrando este texto usado por Deus para convertê-lo: "Olhai para mim, e sede salvos,

todos os confins da terra."

O cortejo fúnebre passou entre centenas de milhares de pessoas postadas em pé nascalçadas; os homens descobriam-se à passagem do cortejo e as mulheres choravam.

O túmulo simples do célebre Príncipe dos Pregadores, no cemitério de Norwood,testifica da verdadeira grandeza da sua vida. Ali estão gravadas estas humildes palavras:

Aqui jaz o corpo deCARLOS HADON SPURGEON

esperando o aparecimento do seu

Senhor e Salvador 

JESUS CRISTO

João Paton

Missionário aos antropófagos(1824-1907)Perto de Dalswinton, na Escócia, morava um casal conhecido em toda a região como os

velhos Adão e Eva. A esse lar veio em visita uma sobrinha, Janete Rogerson. É desupor-se que não houvesse muita coisa na casa isolada dos velhos para distrair a jovem,

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sempre viva e alegre. Mas uma coisa atraiu-lhe o interesse: um rapaz chamado TiagoPaton, que entrava, dia após dia, no matagal perto da casa. Levava sempre um livro namão, como se fosse ali para estudar e meditar. Certo dia, a moça, vencida pela curiosi-dade, entrou furtivamente por entre as árvores e espiou o rapaz recitando os Sonetos

Evangélicos de Erskine. A sua curiosidade tornou-se em santa admiração quando o jo-vem, deixando o chapéu no chão, ajoelhou-se debaixo duma árvore para derramar aalma em oração perante Deus. Ela, espírito de brincalhona, avançou e pendurou o

chapéu em um galho que estava próximo. Em seguida escondeu-se onde podia, sem ser vista, para presenciar o rapaz perplexo, a procurar o chapéu. No dia seguinte a cena serepetiu. Mas o coração da moça comoveu-se ao ver a perturbação do rapaz, imóvel por alguns minutos com o chapéu na mão. Foi assim que ele, ao voltar no dia seguinte aolugar onde se ajoelhava diariamente, achou um cartão preso na árvore. No cartão leu:

"A pessoa que escondeu seu chapéu confessa-se sinceramente arrependida de tê-lo feitoe pede que ore, rogando a Deus que a torne crente tão sincera como o senhor".

O jovem fitou por algum tempo o cartão esquecendo-se completamente naquele dia dossonetos. Por fim, tirou o cartão da árvore. Estava reprovando a si mesmo e à sua es-tupidez por não saber que fora um ser humano quem escondera o chapéu duas vezes,

quando, por entre as árvores, uma moça, balde na mão e cantando um hino escocês, pas-sou na frente da casa do velho Adão.

 Naquele momento, o moço, por instinto divino e tão infalivelmente, como por qualquer voz que jamais falara a um profeta de Deus, sabia que a visita angélica que invadira seu

retiro de oração fora a gentil e hábil sobrinha dos velhos Adão e Eva. Tiago Paton aindanão conhecia Janete Rogerson, mas ouvira falar nas suas extraordinárias qualificaçõesintelectuais e espirituais.

E provável que Tiago Paton começasse a orar  por ela -em um sentido diferente daqueleque ela pedira. De qualquer forma, a moça furtara não somente o chapéu do rapaz, mas

também, o seu leal coração - um furto que resultou, por fim, no casamento dos dois.

Tiago Paton, fabricante de meias no condado de Dunfries, e sua esposa Janete,andavam, como Zacarias e Isabel na Antiguidade, irrepreensíveis perante o Senhor. Ao

nascer-lhes o primogênito, deram-lhe o nome de João, dedicando-o solenemente a Deus,com oração, para ser missionário ao povos que não tinham oportunidade de conhecer a

Cristo.

Entre a casa própria, em que morava a família dos Patons, e a parte que servia defábrica, havia um pequeno aposento. Acerca desse quarto, João Paton escreveu:

"Era o santuário de nossa humilde casa. Várias vezes ao dia, geralmente depois dasrefeições, o nosso pai entrava nesse quarto e, 'fechada a porta', orava. Nós, seus filhos,

compreendíamos, como se fosse por instinto espiritual, que se derramavam orações por nós, como fazia na antiguidade o sumo sacerdote, quando entrava no Santo dos Santos,

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em favor do povo. De vez em quando se ouvia o eco duma voz em tons de quem suplica pela vida; passávamos pela porta nas pontinhas dos pés, de modo a não perturbar a santa

e íntima conversação. O mundo lá fora não sabia de onde vinha o gozo que brilhava norosto de nosso pai, mas nós, seus filhos, o sabíamos: era o reflexo da presença divina,

que era sempre uma realidade para ele na vida cotidiana. Nunca espero, quer numtemplo, quer nas serras, quer nos vales, sentir Deus mais perto, mais visível, andando econversando mais intimamente com os homens do que naquela humilde casa coberta de

 palha. Se, por uma catástrofe indizível, tudo quanto pertence à religião fosse apagado damemória, minha alma reverteria de novo ao tempo da minha mocidade: ela fechar-se-ianaquele santuário e, ao ouvir novamente os ecos daquelas súplicas a Deus, lançaria paralonge toda a dúvida com este grito vitorioso: 'Meu pai andava com Deus; porque não

 posso eu também andar?'".

 Na autobiografia de João Paton, vê-se que as suas lutas diárias eram grandes. Mas o que

lemos abaixo revela qual a força que operava para que ele sempre avançasse na obra deDeus.

"Antes, realizava-se culto doméstico na casa de meus avós somente aos domingos, masmeu pai convenceu primeiro a minha avó a orar, ler um trecho da Bíblia e cantar um

hino diariamente, pela manhã e à noite; depois todos os membros da família seguiramesse costume. Foi assim que meu pai começou, aos dezessete anos de idade, o benditocostume de fazer cultos matutinos e vespertinos em casa; costume que observou, talvezsem uma única exceção, até se achar no leito de morte, com setenta e sete anos de idade,

quando, no último dia da sua vida, uma passagem das Escrituras foi lida, e ouviu-se suavoz na oração. Nenhum dos filhos se recorda de um só dia que não fosse assimsantificado; muitas vezes havia pressa em atender a um negócio; inúmeras vezeschegavam os amigos, mas nada impedia que nos ajoelhássemos em redor do altar 

familiar, enquanto o 'sumo sacerdote' dirigia as nossas orações a Deus e se oferecia a simesmo e a seus filhos ao mesmo Senhor. A luz de tal exemplo era uma bênção, tanto para o próximo, como para a nossa família. Muitos anos depois, contaram-me que amais depravada mulher da vila, uma mulher da rua, mas depois salva e transformada

 pela graça divina, declarou que a única coisa que evitou o seu suicídio foi que, numanoite escura, perto da janela da casa de meu pai, ouviu-o implorando no culto

doméstico, que Deus convertesse 'o ímpio do erro do seu caminho e o fizesse luzir comouma jóia na coroa do Redentor'.' Vi', disse ela, 'como eu era um grande peso sobre ocoração desse bom homem e sabia que Deus responderia à sua súplica. Foi por causa

dessa certeza que não entrei no Inferno e que achei o único Salvador'".

 Não é de admirar que, em tal ambiente, três dos onze filhos de Tiago Paton: João, Valter e Tiago, fossem constrangidos a dar suas vidas à obra mais gloriosa, a de ganhar almas.

 Não julgamos estar esse ponto completo sem lhe acrescentar mais um trecho dessaautobiografia:

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"Até que ponto fui impressionado nesse tempo pelas orações de meu pai, não possodizer, nem ninguém pode compreender. Quando de joelhos, e todos nós ajoelhados emredor dele no culto doméstico, ele derramava toda a sua alma em oração, com lágrimas,não só por todas as necessidades pessoais e domésticas, mas também pela conversão da

 parte do mundo onde não havia pregadores para servirem a Jesus, sentíamo-nos na presença do Salvador vivo e chegamos a conhecê-lo e a amá-lo como nosso Amigodivino. Ao levantarmo-nos da oração, eu costumava olhar para a luz do rosto do meu

 pai e cobiçava o mesmo espírito; anelava, em resposta às suas orações, pela oportunida-de de me preparar e sair, levando o bendito Evangelho a uma parte do mundo então sem

missionários".

Acerca da disciplina do lar, eis o que ele escreveu: "Se houvesse algo realmente sério para corrigir, meu pai se retirava primeiramente para o quarto de oração e nós com-

 preendíamos que ele levava o caso a Deus; essa era a parte mais severa do castigo para

mim! Eu estava pronto a encarar qualquer penalidade, mas o que ele fazia penetrava naminha consciência como uma mensagem de Deus. Amávamos ainda mais o nosso pai

ao ver quanto tinha de sofrer para nos castigar, e, de fato, tinha muito pouco a castigar-nos, pois - dirigia a todos nós, onze filhos, muito mais pelo amor do que pelo temor".

Por fim chegou o dia em que João tinha de deixar o lar paterno. Sem o dinheiro para a passagem e com tudo que possuía, inclusive uma Bíblia embrulhada num lenço, saiu a

 pé para trabalhar e estudar em Glasgow. O pai o acompanhou até uma distância de novequilômetros. O último quilômetro, antes de se separarem um do outro, os dois ca-

minhavam sem poderem falar uma só palavra - o filho sabia pelo movimento dos lábiosdo pai que este orava em seu coração por ele. Ao chegarem ao lugar combinado para sesepararem, o pai balbuciou: "Deus te abençoe, meu filho! O Deus de teu pai te prospere

e te guarde de todo o mal". Depois de se abraçarem, o filho saiu correndo enquanto o pai, em pé, no meio da estrada, imóvel, o chapéu na mão e com lágrimas correndo pelas

faces, continuava a orar em seu coração.

Alguns anos depois, o filho testificou de que essa cena, gravada na sua alma, oestimulava como um fogo inextinguível a não desapontar o pai no que esperava dele,

seu filho, que seguisse o seu bendito exemplo de andar com Deus.

Durante os três anos de estudos em Glasgow, apesar de trabalhar com as próprias mãos para se sustentar, João Paton, no gozo do Espírito Santo, fez uma grande obra na searado Senhor. Contudo, soava-lhe constantemente aos ouvidos o clamor dos selvagens nasilhas do Pacífico e isso foi, antes de tudo, o assunto que ocupava as suas meditações eorações diárias. Havia outros para continuar a obra que fazia em Glasgow, mas quem

desejava levar o Evangelho a esses pobres bárbaros?!

Ao declarar sua resolução de trabalhar entre os antropófagos das Novas Hébridas, quase

todos os membros da sua igreja se opuseram à sua saída. Um muito estimado irmãoassim se exprimiu: "Entre os antropófagos! será comido por eles!" A isso João Paton

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respondeu: 'O irmão é muito mais velho que eu, breve será sepultado e comido por vermes; declaro ao irmão que, se eu conseguir viver e morrer servindo o Senhor Jesus ehonrando o seu nome, não me importarei ser comido por antropófagos ou por vermes;

no grande dia da ressurreição, o meu corpo se levantará tão belo como o seu, na

semelhança do Redentor ressuscitado".

De fato, as Novas Hébridas haviam sido batizadas com sangue de mártires. Os doismissionários, Williams e Harris, enviados para evangelizar essas ilhas, poucos anos an-

tes desse tempo, foram mortos a cacetadas, e seus cadáveres cozidos e comidos. "Os pobres selvagens não sabiam que assassinavam seus amigos mais fiéis; assim os crentes

em todos os lugares, ao receberem as notícias do martírio dos dois, oraram comlágrimas por esses povos."

E Deus ouviu as súplicas, chamando, entre outros, a João Paton. Porém, a oposição à

sua saída era tal, que ele resolveu escrever a seus pais; pela resposta veio a saber queeles o haviam dedicado para tal serviço, no dia do seu nascimento. Desde esse

momento, João Paton não mais duvidou da vontade de Deus, e assentou no seu coraçãogastar a vida servindo aos indígenas das ilhas do Pacífico.

O nosso herói conta muitas coisas de interesse acerca da longa viagem à vela para as Novas Hébridas. Quase no fim da viagem, quebrou-se o mastro do navio. As águas os

levavam lentamente para Tana, uma ilha de antropófagos, onde a bagagem teria sidosaqueada e todos a bordo cozidos para serem comidos. Contudo, Deus ouvira suas súpli-

cas e alcançaram uma outra ilha. Alguns meses depois, foram à mesma ilha de Tana,onde conseguiram comprar o terreno dos silvícolas e edificar uma casa. Comove o cora-ção ler que construíram a casa sobre os mesmos alicerces lançados pelo missionário

Turner, quinze anos antes, o qual teve de fugir da ilha para escapar de ser morto e comi-do pelos selvagens.

Acerca da sua primeira impressão sobre o povo, Paton escreveu: "Fui levado ao maior desespero. Ao vê-los na sua nudez e miséria, senti tanto horror como compaixão. Eu ti-

nha deixado a obra entre os amados irmãos em Glasgow, obra em que sentia muitogozo, para dedicar-me a criaturas tão degeneradas. Perguntei-me a mim mesmo: - 'É

 possível ensiná-las a distinguir entre o bem e o mal, e levá-las a Cristo, ou mesmo acivilizá-las? Mas tudo isso eram apenas sentimentos passageiros. Logo senti um desejotão profundo de levá-los ao conhecimento e amor de Jesus, como jamais sentira quando

trabalhava em Glasgow .

Antes de completar a casa em que o casal Paton iria morar, houve uma batalha entreduas tribos. As mulheres e crianças fugiram para a praia onde conversavam e riamruidosamente, como se seus pais e irmãos estivessem ocupados em algum trabalho

 pacífico. Mas enquanto os selvagens gritavam e se empenhavam em conflitos

sangrentos, os missionários entregavam-se à oração por eles. Os cadáveres dos mortosforam levados pelos vencedores a uma fonte de água fervente, onde foram cozidos e

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comidos. A noite ainda se ouvia pranto e gritos prolongados nas vilas em redor. Osmissionários foram informados de que um guerreiro, ferido na batalha, acabara de

morrer em casa. A sua viúva foi estrangulada imediatamente, conforme o costume, paraque o seu espírito acompanhasse o do marido e lhe continuasse a servir de escrava.

Os missionários, então, nesse ambiente da mais repugnante superstição, da mais baixacrueldade e da mais flagrante imoralidade, esforçavam-se para aprender a usar todas as

 palavras possíveis desse povo que não conhecia a escrita. Anelavam falar de Jesus e doamor de Deus a esses seres que adoravam árvores, pedras, fontes, riachos insetos,espíritos dos homens falecidos, relíquias de cabelos e unhas, astros, vulcões, etc.

A esposa de Paton era uma ajudadora esforçada e dentro de poucas semanas reuniu oitomulheres da ilha e as instruía diariamente. Três meses depois da chegada dos

missionários à ilha, a esposa de Paton faleceu de maleita e um mês depois o filhinho

também morreu. - Quem pode avaliar as saudades de Paton, durante os anos que traba-lhou sem ajudadora em Tana?! Apesar de quase haver morrido também de maleita, de

os crentes insistirem para que voltasse à sua terra, e de os indígenas fazerem plano após plano de matá-lo para o comerem, esse herói permaneceu orando e trabalhando

fielmente no posto onde Deus o colocara.Um templo foi construído e um bom númerose congregava para ouvir a mensagem divina. Paton não somente conseguiu reduzir alíngua dos tanianos à forma escrita, mas também traduziu uma parte das Escrituras, a

qual imprimiu, apesar de não conhecer a arte tipográfica. Acerca dessa gloriosa façanhade imprimir o livro em Taniano, assim escreveu: "Confesso que gritei de alegria quando

a primeira folha saiu do prelo, tendo todas as páginas na ordem própria; era uma hora damadrugada. Eu era o único homem branco na ilha e havia horas em que todos os nativosdormiam. Contudo, atirei ao ar o chapéu e dancei como um menino, por algum tempo,

ao redor do prelo".

- "Terei eu perdido a razão? Não devia, como missionário, estar de joelhos louvando aDeus, por mais esta prova de sua graça? Crede, amigos, o meu culto foi tão sincero

como o de Davi, quando dançou diante da Arca do seu Deus! Não deveis pensar que,depois de pronta a primeira página, eu não me tivesse ajoelhado pedindo ao Todo-

Poderoso que propagasse a luz e a alegria do seu Santo Livro nos corações

entenebrecidos dos habitantes daquela terra inculta".

Depois de Paton haver passado três anos em Tana, o casal de missionários que vivia nailha vizinha, Erromanga, foi martirizado barbaramente a machadadas, em pleno dia. Ao

completar quatro anos de estada em Tana, o ódio dos indígenas dessa ilha chegou aoauge. Diversas tribos combinaram matar o "indefeso" missionário e findar, assim, com a

religião do Deus de amor, em toda a ilha. Contudo, como ele mesmo se declaravaimortal até findar sua obra na terra, evitava, em pleno campo, os inúmeros golpes delanças, machadinhas e cacetes, armados pelas mãos dos indígenas, e assim conseguiu

escapar para a ilha de Aneitium. Planejou então ocupar-se na obra de tradução do restodos Evangelhos na língua taniana, enquanto esperava a oportunidade de voltar a Tana.

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Contudo, sentiu-se dirigido a aceitar a chamada para ir à Austrália. Em poucos meses,animou as igrejas ali a comprarem um navio à vela, para servir aos missionários.

Despertou-as, também, a contribuírem liberalmente e a enviarem mais missionários aevangelizar todas as ilhas. 

Acerca da sua viagem à Escócia, depois de alguns anos nas Novas Hébridas, eleescreveu: "Fui, de trem, a Dunfries e lá achei condução para o querido lar paterno, ondefui acolhido com muitas lágrimas. Havia somente cinco curtíssimos anos que saíra desse

santuário com a minha jovem esposa, e agora, ai de mim! - mãe e filhinho jaziam notúmulo, em Tana, nos braços um do outro, até o dia da ressurreição... Não foi com

menos gozo, apesar de sentir-me angustiado, que, poucos dias depois, me encontrei comos pais da minha querida falecida esposa."

Antes de deixar a Escócia, para nova viagem, Paton casou-se com a irmã de outro

missionário. Chamada por Deus a trabalhar entre os povos mergulhados nas trevas das Novas Hébridas, ela serviu como fiel companheira de seu marido, por muitos anos.

"Meu último ato na Escócia foi ajoelhar-me no lar paterno, durante o culto doméstico,enquanto meu venerando pai, como sacerdote, de cabelos brancos, nos encomendava,

uma vez mais, 'aos cuidados e proteção de Deus, Senhor das famílias de Israel.' Eu tinha por certo, quando nos levantamos da oração e nos despedimos uns dos outros, que nãonos encontraríamos com eles antes do dia da ressurreição. Porém ele e minha queridamãe, com corações alegres, nos ofertaram de novo ao Senhor, para o seu serviço entre

os silvícolas. Mais tarde, meu querido irmão me escreveu que a 'espada' que traspassaraa alma da minha mãe, era demasiado aguda e que, depois da nossa saída, ela jazeu por muito tempo como morta, nos braços de meu pai."

De volta às ilhas, Paton foi constrangido pelo voto de todos os missionários a não voltar a Tana, mas abrir a obra na vizinha ilha de Aniwa. Dessa forma, tinha de aprender outralíngua e começar tudo de novo. Na obra de preparar o terreno para a construção da casa,

Paton ajuntou dois cestos de ossos humanos de vítimas comidas pelo povo da ilha!

"Quando essas pobres criaturas começavam a usar um pedacinho de chita, ou um saiote,

era sinal exterior de uma transformação, apesar de estarem longe da civilização. Equando começavam a olhar para cima, e a orar Àquele a quem chamavam de 'Pai, nossoPai', meu coração se derretia em lágrimas de gozo; e sei por certo que havia um coração

divino nos céus que se regozijava também."

Contudo, como em Tana, Paton considerava-se imortal até completar a obra que lhe foradesignada por Deus. Inúmeras vezes evitou a morte agarrando a arma levantada contra

ele pelos selvagens para o matarem.

Por fim, a força das trevas unidas contra o Evangelho em Aniwa cedeu. Isso data dotempo em que cavou um poço na ilha. Para os indígenas, a água de coco, para satisfazer 

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a sede, era suficiente, porque se banhavam no mar e usavam pouco a água para cozinhar - e nenhuma para lavar a roupa! Mas para os missionários, a falta de água doce era o

maior sacrifício e Paton resolveu cavar um poço.

 No início, os indígenas auxiliaram-no na obra, apesar de considerarem o plano, "doDeus de Missi dar chuva de baixo", concepção de uma mente avariada. Mas depois,amedrontados pela profundeza da cavidade, deixaram o missionário a cavar sozinho, diaapós dia, enquanto o contemplavam de longe, dizendo uns aos outros: - "Quem jamaisouviu falar em chuva que vem debaixo?! Pobre Missi! Coitado!" Quando o missionário

insistia em dizer que o abastecimento de água em muitos países vinha de poços, elesrespondiam: - "É assim que se dá com os doidos; ninguém pode desviá-los de suas

idéias loucas."

Depois de longos dias de labor enfadonho, Paton alcançou terra úmida. Confiava em

Deus obter água doce, em resposta às suas orações; contudo, nessa altura, ao meditar sobre o efeito que causaria entre o povo, sentia-se quase tomado do horror ao pensar 

que podia encontrar água salgada. "Sentia-me", escreveu ele, "tão comovido que fiqueimolhado de suor e tremia-me todo o corpo, quando a água começou a borbulhar debaixo

e a encher o poço. Tomei um pouco de água na mão, levei-a à boca para prová-la. Eraágua! Era água potável! era água viva do poço de Jeová!"

Os chefes indígenas com seus homens a tudo assistiam. Era uma repetição, em ponto pequeno, dos israelitas rodeando Moisés, quando ele fez água sair da rocha. O mis-

sionário, depois de passar algum tempo louvando a Deus, ficou mais calmo, desceunovamente, encheu um jarro da"chuva que Deus Jeová lhe dava pelo poço", e entregou-o ao chefe. Este sacudiu o jarro para ver se realmente havia água dentro; então tomouum pouco na mão e, não satisfeito com isso, levou à boca um pouco mais. Depois derevolver os olhos de alegria, bebeu-a e rompeu em gritos: "Chuva! Chuva! É chuva

mesmo! - Mas como a arranjou?" Paton respondeu: - "Foi Jeová, meu Deus, quem a deuda sua terra em resposta ao nosso labor e orações. Olhai e vede por vós mesmos como

 borbulha a terra!"

 Não havia um homem entre eles que tivesse coragem de chegar-se perto da boca do

 poço; então formaram uma fila comprida e, segurando-se uns aos outros pelas mãos,avançaram até que o homem da frente pudesse olhar para dentro do poço; a seguir o que

tinha olhado passava para a retaguarda, deixando o segundo olhar para a "chuva deJeová, mui embaixo".

Depois de todos olharem, um por um, o chefe dirigiu-se a Paton e disse: "Missi, a obrade seu Deus Jeová é admirável, é maravilhosa! Nenhum dos deuses de Aniwa jamaisnos abençoou tão maravilhosamente. - Mas, Missi, Ele continuará para sempre a dar chuva por essa forma?, ou acontecerá como a chuva das nuvens?" O missionário ex-

 plicou, para gozo indizível de todos, que essa bênção era permanente e para todos osaniwanianos.

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Os nativos experimentaram, durante os anos que se seguiram, em seis ou sete doslugares mais prováveis, perto de várias vilas, cavar poços. Todas as vezes que o fizeramou encontraram pederneira ou o poço dava água salgada. Diziam entre si: - "Sabemos

cavar, mas não sabemos orar como Missi e, portanto, Jeová não nos dá chuva debaixo!"

 Num domingo, depois que Paton alcançou água do poço, o chefe Namakei convocou o povo da ilha. Fazendo seus gestos com a machadinha na mão, dirigiu-se aos ouvintes da

seguinte maneira: - "Amigos de Nakamei, todos os poderes do mundo não podiamobrigar-nos a crer que fosse possível receber chuva das entranhas da terra, se não a ti-véssemos visto com os próprios olhos e provado com a boca... Desde já, meu povo,

devo adorar o Deus que nos abriu o poço e nos dá chuva debaixo. Os deuses de Aniwanão podem socorrer-nos como o Deus de Missi. Para todo o sempre sou um seguidor de

Deus Jeová. Todos vós que quiserdes fazer o mesmo, tomai os ídolos de Aniwa, os

deuses que nossos pais temiam e lançai-os aos pés de Missi... Vamos a Missi para elenos ensinar como devemos servir a Jeová... que enviou seu Filho Jesus para morrer por 

nós e nos levar aos céus."

Durante os dias que se seguiram, grupo após grupo, alguns dos silvícolas com lágrimase soluços, outros aos gritos de louvor a Jeová, levaram seus ídolos de pau e pedra, os

quais lançaram em montes perante o missionário. Os ídolos de pau foram queimados, osde pedra enterrados em covas de quatro a cinco metros de profundidade e alguns, de

maior superstição, foram lançados no fundo do mar, longe da terra.

Um dos primeiros passos da vida cotidiana da ilha, depois de destruírem os ídolos, foi ainvocação da bênção do Senhor às refeições. O segundo passo, uma surpresa maior e

que também encheu o missionário de gozo, foi um acordo entre eles de fazer cultodoméstico de manhã e à noite. Sem dúvida esses cultos eram misturados, por algum

tempo, com muitas das superstições do paganismo

Mas Paton traduziu as Escrituras, e as imprimiu na língua aniwaniana e ensinou o povoa lê-las. A transformação do povo da ilha foi uma das maravilhas dos tempos modernos.Como arde o coração ao ler acerca da ternura que o missionário sentia para com esses

amados filhos na fé, e do carinho com que esses, outrora cruéis selvagens que comiamuns aos outros, mostravam para com o missionário!

Que o nosso coração arda também para ver a mesma transformação dos milhares desilvícolas no interior de nosso querido Brasil!

Paton descreveu a primeira Ceia do Senhor com as seguintes palavras: "Ao colocar o pão e o vinho nas mãos, outrora manchadas do sangue de antropofagia, agora estendidas para receber e participar dos emblemas do amor do Redentor, antecipei o gozo da glória

até o ponto de o coração não suportar mais. É-me impossível experimentar delícia maior antes de eu poder fitar o rosto glorificado do próprio Senhor Jesus Cristo!"Deus, não

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somente concedeu ao nosso herói o indizível gozo de ver os aniwanianos iremevangelizar as ilhas vizinhas, mas também de ver seu próprio filho, Frank Paton, e

esposa, morando na ilha de Tana e continuando a obra que ele começara com o maior sacrifício.

Foi com a idade de 83 anos, que João G. Paton ouviu a voz de seu precioso Jesus,chamando-o para o lar eterno. Quão grande o seu gozo, não somente ao reunir-se aos

seus queridos filhos das ilhas do Sul do Pacífico, que entraram no Céu antes dele, mas,também, saudar bem-vindos os outros ao chegarem ali, um por um!

(extraido do livro hérois da fé)Davi Livingstone

Célebre missionário e explorador(1813-1873)

Certo comerciante, ao visitar a abadia de Westminster, em Londres, onde se achamsepultados os reis e vultos eminentes da Inglaterra, inquiriu qual o túmulo, excluindo o

do "soldado desconhecido", que é mais visitado. O porteiro respondeu que era o de DaviLivingstone. São poucos os humildes e fiéis servos de Deus que o mundo distingue e

honra assim.

Conta-se que, em Glasgow, depois de passar dezesseis anos na África, Livingstone foiconvidado a fazer um discurso perante o corpo discente da universidade. Os alunos

resolveram vaiar esse "camarada missionário'', fazendo o maior barulho possível. Certatestemunha do acontecimento disse: "Contudo, desde o momento em que Livingstonecompareceu perante eles, magro e delgado, depois de cair trinta e uma vezes de febre

nas matas da África, e com um braço descansando numa tipóia, depois do encontro comum leão, os alunos guardaram grande silêncio. Ouviram, com o maior respeito, tudo que

o orador relatou e amaneira como Jesus cumprira a sua promessa: "Eis que eu estouconvosco todos os dias, até a consumação dos séculos".

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Davi Livingstone nasceu na Escócia. Seu pai, Neil Livingstone, contava aos filhos as proezas de seus antepassados, por oito gerações. Um dos bisavôs de Davi, com a

família, fugira dos cruéis pactuários, para os pantanais e montes escabrosos, onde podiaadorar a Deus em espírito e em verdade. Mas mesmo esses cultos, que se realizavam

entre os espinhos e, às vezes, no gelo, eram interrompidos, de vez em quando, pelacavalaria que chegava galopando para matar ou levar presos, tanto homens comomulheres.

Os pais de Davi criaram seus filhos no temor do Senhor. O lar era sempre alegre eservia como notável modelo de todas as virtudes domésticas. Não se perdia uma hora

durante os sete dias da semana e o domingo era esperado e honrado como o dia dedescanso. Com a idade de nove anos, Davi ganhou um Novo Testamento, prêmio

oferecido ao repetir de cor o capítulo mais comprido da Bíblia, o Salmo 119.

"Entre as recordações mais sagradas da minha infância", escreveu Livingstone, "estão asda economia da minha mãe para que os poucos recursos fossem suficientes para todosos membros da família. Quando completei dez anos de idade, meus pais me colocaramem uma tecelagem para que eu ajudasse a sustentar a família. Com parte do salário da

 primeira semana, comprei uma gramática de latim".

Davi iniciava o dia na tecelagem, às seis horas da manhã e, com intervalos para o café eo almoço, trabalhava até oito da noite. Segurava a sua gramática aberta na máquina defiar algodão e, enquanto trabalhava, estudava-a linha por linha. Às oito horas da noite,

dirigia-se, sem perder tempo, à escola noturna. Depois das aulas, estudava as lições parao dia seguinte, às vezes, até a meia-noite, quando a mãe tinha de obrigá-lo a apagar a luze dormir.

A inscrição no túmulo dos pais de Davi Livingstone indica as privações no lar paterno:

Para marcar o lugar onde descansa

 Neil Livingstone, e

Agnes Hunter, sua esposa

e para exprimir a gratidão a Deusdos seus filhos:

João, Davi, Janet, Carlos e Agnes,

 por pais pobres e piedosos

Os amigos insistiam em que ele mudasse as últimas palavras para "pais pobres, mas

 piedosos". Contudo, Davi recusou porque, para ele, tanto a pobreza, como a piedadeeram motivos de gratidão. Sempre considerou o fato de aprender a trabalhar longos dias,mês após mês, ano atrás ano, na fábrica de algodão, uma das maiores felicidades da sua

vida.

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 Nos dias feriados, Davi gostava de pescar e fazer longas excursões pelos campos e àsmargens dos rios. Esses passeios extensos lhe serviam tanto de instrução como de re-

creio; saía para verificar na própria natureza o que estudara nos livros sobre botânica egeologia. Sem o saber, ele assim se preparava em corpo e mente para as explorações

científicas e para o que escreveria com exatidão acerca da natureza na África.

Aos vinte anos, houve grande mudança espiritual em Davi Livingstone, que determinouo rumo de todo o resto da sua vida. "A bênção divina inundou-lhe o ser como inundarao coração do apóstolo Paulo ou de Agostinho, e outros do mesmo tipo, dominando os

desejos carnais... Atos de abnegação, muito difíceis de executar sob a lei férrea daconsciência, tornaram-se em serviços de vontade livre sob o brilho do amor divino... É

evidente que fora movido por uma força calma, mas tremenda, dentro do própriocoração, até o fim da vida. O amor que começou a comovê-lo, na casa paterna,

continuou a inspirá-lo durante todas as longas e enfadonhas viagens pela África, e o

levou a ajoelhar-se, à meia-noite, no rancho em Ilala, de onde seu espírito, enquantoainda orava, voltou ao seu Deus e Salvador.

Davi, desde a infância, ouvia falar de um missionário valente na China, cujo nome eraGutzlaff. Nas suas orações, à noite, ao lado de sua mãe, orava por ele. Com a idade dedezesseis anos, Davi começou a sentir desejo profundo de fazer conhecido o amor e a

graça de Cristo àqueles que jaziam em densas trevas, e resolveu firmemente no coraçãodar, também sua vida, como médico e missionário, ao mesmo país, a China.

Ao mesmo tempo, o professor da sua classe na Escola Dominical, Davi Hogg, oaconselhava: "Ora, moço, faça da religião o motivo principal da sua vida cotidiana e nãouma coisa inconstante, se quer vencer as tentações e outras coisas que o querem

derribar". E Davi assentou no seu coração dirigir sua vida por essa norma.

Ao completar nove anos de serviços na fábrica, foi promovido a um trabalho maislucrativo. Conseguiu completar seus estudos, recebendo o diploma de licenciado da Fa-culdade de Médicos e Cirurgiões de Glasgow, sem ter recebido um tostão de auxílio de

alguém.

Se os crentes não o tivessem aconselhado a que falasse à Sociedade Missionária deLondres acerca de enviá-lo como missionário, ele depois declarou que teria ido por seus

 próprios esforços.

Durante todos os anos de estudos para ser médico e missionário, sentia-se dirigido parair a China. Certa vez, numa reunião, ouviu o discurso de um homem, de barba comprida

e branca, alto, robusto e de olhos bondosos e penetrantes, chamado Roberto Moffat.Esse missionário voltara da África, um país misterioso, cujo interior era então

desconhecido. Os mapas desse continente tinham no centro enormes espaços em branco,

sem rios e sem serras. Falando da África, Moffat disse a Davi Livingstone: "Há uma

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vasta planície ao norte, onde tenho visto, nas manhãs ensolaradas, a fumaça de milharesde aldeias, onde nenhum missionário ainda chegou".

Comovido, ao ouvir falar em tantas aldeias sem o Evangelho e sabendo que não podia

mais ir à China por causa de guerra que havia naquele país, Livingstone respondeu: "Ireiimediatamente para a África".

Com isso os irmãos da missão concordaram e Davi voltou ao humilde lar em Blantire para se despedir dos pais e irmãos. Às cinco horas da manhã, do dia 17 de novembro de

1840, a família se levantou. Davi leu os salmos 121 e 135com eles. As seguintes palavras ficaram gravadas no seu coração, para o fortalecerem no calor e perigos

durante os longos anos que passou depois, na África: "O sol não te molestará de dia enem a lua de noite... O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e parasempre". Depois de orarem, despediu-se da sua mãe e irmãs e andou a pé, com seu pai

que o acompanhou até Glasgow. Depois de se despedirem um do outro, Davi embarcouno navio para não mais ver, aqui na terra, o rosto nobre de Neil Livingstone.

A viagem de Glasgow ao Rio de Janeiro e, por fim, à cidade do Cabo, na África, duroutrês meses. Mas Davi não desperdiçou o tempo. O comandante se tornou seu amigo

íntimo e ajudou-o a preparar os cultos, nos quais Davi pregava aos tripulantes do navio.O novo missionário aproveitou, também, a oportunidade a bordo para aprender a usar o

sextante e saber exatamente a posição do navio, observando a lua e as estrelas. Essaciência lhe foi mais tarde de incalculável valor para orientar-se nas viagens de

evangelização e exploração no imenso interior desconhecido do qual "subia a fumaça demil vilas sem missionário".

Da cidade do Cabo, a viagem de 190 léguas foi feita aos solavancos, num carro de boi,através de campos incultos. A viagem durou dois meses, até chegar em Curumã, onde

devia esperar o regresso de Roberto Moffatt. Desejava estabelecer-se em um lugar cinqüenta a sessenta léguas mais para o norte de qualquer outro em que houvesse obra

missionária.

Para aprender a língua e os costumes do povo, nosso pioneiro passava o tempo viajando

e vivendo entre os indígenas. O seu boi de sela passava a noite amarrado, enquanto eleassentava-se com os africanos ao redor do fogo, ouvindo as lendas dos seus heróis.

Livingstone, por sua vez, contava-lhes as preciosas e verdadeiras histórias de Belém, daGaliléia e da Cruz. Continuou sempre os seus estudos enquanto viajava, fazendo mapas

dos rios e serras do território percorrido. Em uma carta a um amigo escreveu quedescobrira trinta e duas qualidades de raízes comestíveis e quarenta e três espécies de

fruteiras que davam no deserto sem serem cultivadas. De um ponto que alcançou,faltavam-lhe apenas dez dias de viagem para chegar ao grande lago Ngami, que

descobriu sete anos depois.

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De Curumã, o missionário, licenciado da Faculdade de Médicos e Cirurgiões deGlasgow, escreveu a seu pai: "Tenho uma clientela grande. Há pacientes aqui que

andaram mais de sessenta léguas para receberem tratamento médico. Esses, aoregressarem, enviarão outros para o mesmo fim".

Estabeleceu a sua primeira missão no lindo vale de Mabotsa, na terra de Bacarla. Emuma carta, escrita de Curumã, Livingstone assim descreveu o local que escolhera para

centro de evangelização: "Está situado em um anfiteatro de serras que se intitula'Mabotsa', isto é, 'Ceia de Bodas'. Que Deus nos ilumine com a sua presença, para que,

 por intermédio de servos tão fracos, muito povo ache entrada para a Ceia das Bodas doCordeiro!"

Foi em Mabotsa que teve o histórico encontro com um leão. Acerca disso escreveuDavi: "Ele saltou e me alcançou o ombro; ambos fomos ao chão. Rosnando horrivel-

mente perto do meu ouvido, sacudiu-me como um cão faz a um gato. Os abalos que medeu o animal produziram-me um entorpecimento igual ao que deve sentir um rato, de-

 pois da primeira sacudidela que lhe dá o gato. Atacou-me uma espécie deadormecimento, em que não senti dor nem sensação de temor".

Contudo, antes de a fera ter tempo de o matar, deixou-o para atacar outro homem que,de lança na mão, entrara na luta. O ombro dilacerado de Livingstone nunca sarou

completamente: ele nunca mais pôde apontar um rifle ou levar a mão à cabeça semsentir dores.

Foi na casa de Roberto Moffatt, em Curumã, que chegou a conhecer Maria, a filha maisvelha desse missionário. Depois de abrir a missão em Mabotsa os dois se casaram. Seis

filhos foram o fruto desse enlace.

Depois de Livingstone se casar, a Escola Dominical em Mabotsa transformou-se emescola diária, tendo sua esposa como professora. Schele, o chefe da tribo, tornou-se

grande estudante da Bíblia, mas queria "converter" todo o seu povo à força de "litupa",isto é, chicote de couro de rinoceronte. Schele iniciou culto doméstico em casa e o

 próprio Livingstone se admirou da sua maneira, simples e nata, de orar. Era o costume

de Livingstone começar o dia com culto doméstico e não é de admirar que o chefe oadotasse também.

Livingstone foi obrigado a mudar-se para Chonuane, dez léguas distante e, mais tarde, por falta de água, ele e todo o povo mudaram-se para Colobeng. Foi nesse último lugar 

que o chefe da tribo construiu uma casa para os cultos e Livingstone construiu comgrande sacrifício de dinheiro e labor, a sua terceira casa de residência. Nessa casa morou

cinco anos para nunca mais conseguir fixar residência em qualquer lugar na terra.

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Acerca do trabalho nesse lugar, assim se expressou: "A-qui temos um campomuitíssimo difícil de cultivar... Se não confiássemos que o Espírito Santo opera em nós,

desistiríamos em desespero".

Através do deserto de Calari, chegavam boatos de um grande lago e de um lugar chamado ''Fumaça Barulhenta", o que ele julgava ser uma grande cachoeira. As secas ooprimiam tanto em Colobeng que Livingstone resolveu fazer uma viagem de exploração

e achar um lugar mais ideal para estabelecer a sua missão. Assim, em 1º de junho de1849, com o chefe da tribo, seus "guerreiros", três brancos e sua família, saíram para

atravessar o grande deserto de Calari. O guia do grupo, Romotobi, conhecia o segredode subsistir no deserto, cavando com as mãos e chupando a água debaixo da areia por 

meio dum canudo.

Depois de viajarem muitos dias, chegaram ao rio Zouga. Ao inquirir os indígenas, estes

o informaram de que o rio tinha nascente em uma terra de rios e florestas. Livingstoneficou convicto de que o interior da África não era um grande deserto como o mundo deentão supunha, e o seu coração ardia com o desejo de achar uma via fluvial, para outros

missionários irem para o interior do continente, com a mensagem de Cristo.

"A perspectiva", escreveu ele, "de achar um rio que dê entrada a uma vasta, populosa edesconhecida região, aumentou constantemente desde então; aumentou tanto que,quando, por fim chegamos ao grande lago, esse importante descobrimento, em si

mesmo, parecia de pouca monta". 

Foi em 1º de agosto de 1849 que o grupo atingiu o lago Ngami, tão grande é esse lagoque, de uma margem, não se avista a margem oposta. Sofreram longos dias de cruciantesede sem obter uma gota dágua, mas venceram todas as dificuldades e descobriram esse

lago enquanto outros exploradores mais bem equipados, mas menos persistentes, fa-lharam.

As notícias do descobrimento foram comunicadas à Royal Geographical Society, o quelhe votou uma bela recompensa de vinte e cinco guinéus, "por ter descoberto uma

importante terra, um importante rio e um grande lago".

O grupo teve de voltar a Colobeng. Depois de alguns meses, porém, iniciou novamenteviagem para o lago Ngami. Não queria separar-se da sua família e levou-a em um carrode boi. Mas, ao alcançar o rio Zouga, os filhos foram atacados pela febre e ele teve de

voltar com a família. Nasceu-lhe uma filha, que morreu logo de febre. Livingstone,contudo, ficou mais firme do que nunca, na sua resolução de achar um caminho para

levar o Evangelho ao interior da África.

Depois de descansar alguns meses com a família, na casa de seu sogro, em Curumã,

saíram com o propósito de achar um lugar saudável onde pudesse estabelecer uma

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missão mais para o interior. Foi nessa viagem, em junho de 1851, que descobriu o maior rio da África Oriental, o Zambeze, rio do qual o mundo de então nunca ouvira falar.

 No seguinte trecho que Livingstone escreveu, descobre-se algo do que tinham de sofrer 

nessas viagens: "Um dos assistentes desperdiçou a água que levávamos no carro e, àtarde, tínhamos apenas um restinho para as crianças. Passamos a noite angustiados e namanhã seguinte, quanto menos havia de água, tanto mais aumentava a sede das crianças.

O pensamento de elas perecerem diante de nossos olhos, nos perturbava. Na tarde doquinto dia, sentimos grande alívio, quando um dos homens voltou trazendo tanto desse

líquido como jamais antes havíamos pensado."

Livingstone, convicto de que era a vontade de Deus que saísse para estabelecer outrocentro de evangelização, ecom indômita fé de que o Senhor supriria todo o necessário

 para cumprir a sua vontade, avançava sem vacilar.

Depois de descobrir o rio Zambeze, Livingstone veio a saber que os lugares saudáveiseram sujeitos a serem saqueados em qualquer tempo por outras tribos. Só nos lugares

infestados de doença e febre é que se achavam tribos específicas.

Resolveu, portanto, enviar a esposa para descansar na Inglaterra enquanto elecontinuava as suas explorações a fim de estabelecer um centro para a obra de

evangelização. Via-se forçado a estabelecer tal centro, porque os boêres holandesesinvadiam o território, roubando as terras e o gado dos indígenas, pondo em prática um

regime da mais vil escravatura. Livingstone enviou crentes fiéis para evangelizar os povos em redor, mas os boêres acabaram com essa obra, matando muitos dos indígenase destruindo todos os bens que o missionário possuía em Colobeng.

Livingstone levou sua família para a cidade do Cabo, de onde seus queridosembarcaram em um navio para a Inglaterra.

Foi nesse tempo, quando Deus suprira todo o necessário para a família voltar àInglaterra, que disse: "Oh! Amor divino, eu não te amo com a força, a profundidade e o

ardor que convém!"

A separação da família causou-lhe profunda mágoa, mas dirigiu o rosto heroicamente denovo para socorrer as infelizes tribos do interior da África.

Havia três motivos que o aconselhavam a fazer uma viagem de exploração: Primeiro,queria achar um lugar para residir com a família entre os "barotses" e evangelizá-los.

Segundo, a comunicação entre o território dos "barotses" e a cidade do Cabo era muitodemorada e difícil e queria descobrir um caminho para um porto mais próximo.

Terceiro, queria fazer todo o possível para influenciar as autoridades contra o horrendo

tráfico de escravos.

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Foi nessa época da sua vida que Livingstone, por suas proezas, tornou-se conhecido nomundo inteiro.

 No seu ardor, desejando que Deus lhe poupasse a vida e o usasse em abrir o continente

 para a entrada do Evangelho, orou assim: "Ó Jesus, rogo que me enchas agora com oteuamor e me aceites e me uses um pouco para a tua glória. Até agora não fiz nada para ti,mas quero fazer algo. Oh! eu te imploro que me aceites e me uses e que seja tua toda a

glória". Escreveu mais ainda: "Não valeria coisa alguma o que possuo ou o que possuirei, a não ser em relação ao reino de Cristo. Se alguma coisa que tenho podeservir para o seu reino, dar-lha-ei a Ele, a quem devo tudo neste inundo e durante a

eternidade".

Livingstone atravessou, ida e volta, o continente africano, desde a foz do Zambeze aSão Paulo de Luanda, façanha essa realizada pela primeira vez por um branco. Nas suas

memórias que escrevia diariamente, nota-se como admirava as lindas paisagens de umcontinente que o mundo julgava ser um vasto deserto.

Chegou a Luanda, magro e doente. Apesar da insistência do cônsul britânico para queregressasse à Inglaterra, a fim de recuperar a saúde abalada, ele voltou novamente, por 

outro caminho, para levar seus fiéis companheiros até em casa, conforme lhes prometeraantes de iniciarem a viagem.

 Nessa viagem, Livingstone descobriu as magníficas cataratas de Vitória, nome que ele

deu às grandes quedas em honra da rainha da Inglaterra. Nesse lugar, o rio Zambeze tema largura de mais de um quilômetro; ali as águas desse grande rio se precipitamespetacularmente de uma altura de cem metros.

Levingstone continuou a pregar o Evangelho constantemente, às vezes a auditórios demais de mil indígenas. Antes de tudo, esforçava-se para ganhar a estima das tribos

hostis, por onde passava, por sua conduta cristã, em grande contraste com a dosmercadores de escravos.

Sozinho, com os seus fiéis macololos, caiu trinta e uma vezes de febre nos matagais,

durante um período de sete meses. Mas não era tanto o sofrimento físico. Suas cartasrevelam a sua angústia de espírito ao ver os horrores do povo africano massacrado e

arrebatado dos seus lares, conduzido como gado para ser vendido no mercado. De umlugar alto onde subiu, contou dezessete aldeias em chamas, incendiadas por esses

nefandos mercadores de seres humanos.Prometera à sua esposa reunir-se com a famíliadepois de dois anos, mas passaram-se quatro anos e meio antes que ela recebesse

qualquer notícia dele!

Por fim, após uma ausência de dezessete anos da pátria, regressou à Inglaterra. Voltou à

civilização e à sua família como quem volta da morte. Antes de desembarcar, soube queseu querido pai falecera. Em toda a história de Livingstone, não se conta um

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acontecimento mais comovente do que o seu encontro com a esposa e filhos. Na In-glaterra, foi aclamado e honrado como heróico descobridor e grande benfeitor da

humanidade. Os diários publicavam os seus atos de bravura. As multidões afluíam paraouvi-lo contar a sua história. "O doutor Livingstone era muito humilde... Temia passear 

nas ruas, receando ser atropelado pelas massas. Certo dia, na Regent Street, emLondres, foi apertado por tão grande multidão, que só com grande dificuldadeconseguiu refugiar-se num táxi. Pela mesma razão evitava ir aos cultos. Certa vez,desejoso de assistir ao culto, meu pai persuadiu-o a ocupar um assento debaixo da

galeria, em um lugar não visível ao auditório. Mas foi descoberto e o povo passou por cima dos bancos para cercá-lo e apertar-lhe a mão".

Uma das muitas coisas que levou a efeito, enquanto na Inglaterra, foi a de escrever seulivro: Viagens Missionárias, obra que alcançou enorme circulação e produziu mais

interesse na questão africana do que qualquer movimento anterior.

Em março de 1858, com a idade de 46 anos, Livingstone, acompanhado de sua esposa efilho mais novo, Osvaldo, embarcou novamente para a África. Deixando os dois na casa

do sogro, o missionário Moffatt, Livingstone continuou as suas viagens. No anoseguinte, descobriu o lago Niassa. Recebeu, também, uma carta da esposa, da casa deseus pais em Curumã, informando-o do nascimento de mais uma filha. A menina já

estava há quase um ano no mundo quando o pai soube do seu nascimento.

As explorações dos rios Zambeze, Tete e Shire e do lago Niassa, foram feitas com o

 propósito de saber quais os pontos mais estratégicos para a evangelização, emissionários foram enviados da Inglaterra para ocuparem esses lugares.Em 1862 aesposa reuniu-se a ele novamente, e acompanhava-o nas viagens, mas três meses depois

faleceu, vítima da febre e foi enterrada em uma encosta verdejante na margem do rioZambeze. Np seu diário, Livingstone assim escreveu: "Chorei-a porque merece as

minhas lágrimas. Amei-a ao nos casarmos, e quanto mais tempo vivíamos juntos, tantomais a amava. Que Deus tenha piedade dos filhos..."

Um dos maiores obstáculos que Livingstone enfrentou na obra missionária foi o terror dos indígenas ao verem um rosto de homem branco. Aldeias inteiras em ruínas; fugiti-

vos escondendo-se nos campos de alto capim, sem nada terem para comer; centenas deesqueletos e cadáveres insepultos; comboios de homens e mulheres algemados aos

troncos, seguros pelo pescoço, eram conduzidos aos portos - É difícil concebermos amagnitude da desolação criada por homens cruéis que participavam do tráfico de escra-

vos.

Esses homens tentavam, também, com ódio cruel e arte diabólica, terminar com a obrade Livingstone. Finalmente conseguiram, por meio da política do seu país, induzir a

Inglaterra a chamá-lo de volta à sua terra. Foi assim que Livingstone chegou de novo à

sua pátria depois de uma ausência de cerca de oito anos.

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Os crentes e amigos na Inglaterra, animados pela visão de Livingstone, começaram aorar e enviar-lhe dinheiro para continuar sua obra no continente negro. O nosso herói

desembarcou pela terceira e última vez na África, em Zanzibar.

 Na expedição que iniciou em Zanzibar, descobriu os lagos Tanganyka (1867), Moero(1867) e Bangueolo (1868). Passou cinco longos anos explorando as bacias desses la-gos. A oração e a Palavra de Deus foram o seu sustento espiritual durante esses anos de

 provações, que sofria por parte dos negociantes de escravos.

Resolveu, então, fazer o possível para descobrir as nascentes do rio Nilo e solver um problema que durante milhares de anos havia zombado dos geógrafos. Sabia que sedescobrisse as nascentes do famoso Nilo, o mundo todo lhe daria ouvidos acerca da

chaga aberta da África, com o comércio de escravos. É interessante conhecer o que eleescreveu: "O mundo acha que busco fama, porém eu tenho uma regra, isto é, não leio

coisa alguma sobre os elogios que me fazem". Ele sabia que, ao findar a escravatura, ocontinente se abriria para deixar entrar o Evangelho.

Durante os longos intervalos entre os períodos em que suas cartas eram recebidas naInglaterra, vindas do coração da África, circularam boatos de que Livingstone morrera. Não só os homens que traficavam com escravos queriam matá-lo, mas também muitosdos próprios indígenas, por não acreditarem existir um homem branco que fosse amigo

de coração. Ele mesmo contou muitos fatos relacionados com as ciladas na terra doManiuema para o matarem. Nesse lugar, ele escreveu no seu diário: "Li toda a Bíblia

quatro vezes, enquanto estive em Maniuema". Na solidão achou grande conforto nasEscrituras.

Reconhecia sempre a possibilidade de perecer nas mãos dos inimigos, mas semprerespondia à insistência dos amigos com esta pergunta: - "Não pode o amor de Cristo

constranger o missionário a ir onde a traficância leva o mercador de escravos?"

Pela primeira vez, nos milhares de léguas que caminhou, os pés do pioneiro falharam.Obrigado a ficar algum tempo em uma cabana, todos os seus companheiros o

abandonaram, à exceção de três que ficaram com ele.

Por fim, chegou a Ujiji, reduzido a pele e ossos, por causa da grave doença que sofreraem Maniuema. Não tinha recebido cartas havia dois anos e esperava receber também as provisões que enviara para lá. Contudo, as cartas não haviam chegado. Com o corpoenfraquecido, e destituído de roupas e alimentos, veio a saber que lhe tinham roubadotudo. Nessa situação, ele escreveu: "Na minha pobreza senti-me como o homem que,descendo de Jerusalém a Jericó, caiu nas mãos de ladrões. Não tinha esperança de quesacerdotes, levitas ou o bom samaritano viesse em meu socorro. Entretanto, quandominha alma se achava mais abatida, o bom samaritano já estava bem perto de mim!"

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O "bom samaritano" era Henrique Stanley, enviado pelo New York Herald, à insistênciade muitos milhares de leitores desse jornal, para saber ao certo se Livingstone ainda

vivia, ou, no caso de ter morrido, para trazer seu corpo.

Stanley passou o inverno com Livingstone. Mas este se recusou a ceder à insistênciadaquele de voltar à Inglaterra. Livingstone podia voltar e descansar entre amigos, comtodo o conforto, mas preferiu ficar e realizar seu anelo de abrir o continente africano ao

Evangelho.

A sua última viagem foi feita para explorar o Luapula, a fim de verificar se esse rio eraa nascente do Nilo ou do Congo. Nessa região chovia incessantemente. Livingstone

sofria dores atrozes; dia após dia tornava-se-lhe mais e mais difícil caminhar. Foi entãocarregado, pela primeira vez, pelos fiéis companheiros: Susi, Chuman e Jacó

Wainwright, todos indígenas.

 No seu diário, as últimas notas que escreveu dizem: "Cansadíssimo, fico... Recuperada asaúde... Estamos nas margens do Mililamo".

Chegaram à aldeia de Chitambo, em Ilala onde Susi fez uma cabana para ele. Nessacabana, a 1º de maio de 1873, fiel Susi achou seu bondoso mestre de joelhos, ao lado da

cama - morto. Orou enquanto viveu e partiu deste mundo orando!

Os dois fiéis companheiros, Susi e Chuman, enterraram o coração de Livingstone

abaixo de uma árvore em Chitambo, secaram e embalsamaram o corpo, e o levaram atéa costa - viagem que durou alguns meses, pelo território de várias tribos hostis. Osacrifício desses valentes filhos da África, sem terem qualquer propósito de remunera-

ção, não será esquecido por Deus, nem pelo mundo.

O corpo, depois de chegar em Zanzibar, foi transportado para a Inglaterra, onde foisepultado na Abadia de Westminster, entre os monumentos dos reis e heróis daquela

nação. Não havia dúvida quanto ao corpo de Livingstone; era fácil de identificar: o ossode cima do braço esquerdo tinha distintamente as marcas dos dentes do leão que o

atacara.

Entre os que assistiram ao enterro, estavam seus filhos e o velho missionário RobertoMoffatt, pai da sua querida esposa. A multidão consistia de povo humilde, que o amava

e dos grandes, que o honravam e respeitavam.Conta-se que havia, entre as multidõesque permaneciam nas calçadas das ruas de Londres no dia em que o cortejo, com o

corpo de Davi Livingstone, passava, um velho chorando amargamente. Ao lhe perguntarem por que chorava, respondeu: - "É porque Davizinho e eu nascemos namesma aldeia, cursamos o mesmo colégio e assistimos a mesma Escola Dominical,

trabalhávamos na mesma máquina de fiar. Mas Davizinho foi por aquele caminho, eu

 por este. Agora ele é honrado pela nação, enquanto eu sou desprezado, desconhecido edesonrado. O único futuro para mim é o enterro de beberrão".

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 Não é somente o ambiente, mas a escolha na mocidade é que determina o destino, nãosó aqui no mundo, mas para toda a eternidade.

Quando Livingstone falou aos alunos da Universidade de Cambridge, em 1857, disse:"Por minha parte, nunca cesso de me regozijar por Deus ter-me apontado para tal ofício.O povo fala do sacrifício de eu passar tão grande parte da vida na África. - Será

sacrifício pagar uma pequena parte da dívida, dessa dívida que nunca poderemos li-quidar, do que devemos ao nosso Deus? É sacrifício aquilo que traz a bendita

recompensa de saúde, o conhecimento de praticar o bem, a paz de espírito e a vivaesperança de um glorioso destino? Longe esteja tal idéia! Digo com ênfase: Não ésacrifício... Nunca fiz sacrifício. Não devemos falar dos nossos sacrifícios, ao nos

lembrarmos do grande sacrifício que fez Aquele que desceu do trono de seu Pai, nasalturas, para se entregar por nós".

Se Livingstone não tivesse adoecido, teria descoberto as nascentes do Nilo. Durante ostrinta anos que passou na África, nunca se esqueceu do seu alvo principal que era levar Cristo aos povos desse escuro continente. Todas as viagens que realizou foram viagens

missionárias.

Gravadas no seu túmulo podem ser lidas estas palavras: "O coração de Livingstone jazna África, seu corpo descansa na Inglaterra, mas sua influência continua".

Gravados para sempre na história da Igreja de Cristo estão os grandes êxitos na Áfricadurante um período demais de 75 anos depois de sua morte, êxitos inspirados, emgrande parte, pelas orações e persistência desse eminente servo de Deus, que foi fiel até

a morte.

(extraido do livro hérois da fé)

Jorge Müller

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Apóstolo da fé(1805-1898)

"Pela fé, Abel... Pela fé, Noé... Pela fé, Abraão..." Assim é que o Espírito Santo conta asincríveis proezas que Deus fez por intermédio dos homens que ousavam confiar 

unicamente nele. Foi no século XIX que Deus acrescentou o seguinte a essa lista: "Pelafé, Jorge Müller levantou orfanatos, alimentou milhares de órfãos, pregou a milhões de

ouvintes em redor do globo e ganhou multidões de almas para Cristo".

Jorge Müller nasceu em 1805, de pais que não conheciam a Deus. Com a idade de dezanos, foi enviado a uma universidade, a fim de preparar-se para pregar o Evangelho,

não, porém, com o alvo de servir a Deus, mas para ter uma vida cômoda. Gastou esses primeiros anos de estudo nos mais desenfreados vícios, chegando, certa vez, a ser preso por vinte e quatro dias. Jorge, uma vez solto, esforçava-se nos estudos, levantando-se às

quatro da manhã e estudando o dia inteiro até as dez da noite. Tudo isso, porém, elefazia para alcançar uma vida descansada de pregador.

Aos vinte anos de idade, contudo, houve uma completa transformação na vida dessemoço. Assistiu a um culto onde os crentes, de joelhos, pediam que Deus fizesse cair sua bênção sobre a reunião. Nunca se esqueceu desse culto, em que viu, pela primeira vez,crentes orando ajoelhados; ficou profundamente comovido com o ambiente espiritual a ponto de buscar também a presença de Deus, costume esse que não abandonou durante

o resto da vida.

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Foi nesses dias, depois de sentir-se chamado para ser missionário, que passou doismeses hospedado no famoso orfanato de A. H. Frank. Apesar de esse fervoroso servo de

Deus, o senhor Frank, ter morrido quase cem anos antes (em 1727), o seu orfanatocontinuava a funcionar com as mesmas regras de confiar inteiramente em Deus para

todo o sustento. Mais ou menos ao mesmo tempo em que Jorge Müller hospedou-se noorfanato, um certo dentista, o senhor Graves, abandonou as Suas atividades que lhedavam um salário de 7.500 dólares por ano, a fim de ser missionário na Pérsia,

confiando só nas promessas de Deus para suprir todo o seu sustento. Foi assim queJorge Müller, o novo pregador, recebeu nessa visita a inspiração que o levou mais tarde

a fundar seu orfanato sobre os mesmos princípios.

Logo depois de abandonar sua vida de vícios, para andar com Deus, chegou areconhecer o erro, mais ou menos universal, de ler muito acerca da Bíblia e quase nada

da Bíblia. Esse livro tornou-se a fonte de toda a sua inspiração e o segredo do seu

maravilhoso crescimento espiritual. Ele mesmo escreveu: "O Senhor me ajudou aabandonar os comentários e a usar a simples leitura da Palavra de Deus como

meditação. O resultado foi que, quando, a primeira noite, fechei a porta do meu quarto para orar e meditar sobre as Escrituras, aprendi mais em poucas horas do que antes

durante alguns meses." E acrescentou: "A maior diferença, porém, foi que recebi, assim,força verdadeira para a minha alma". Antes de falecer, disse que lera a Bíblia inteira

cerca de duzentas vezes; cem vezes o fez estando de joelhos.

Quando estava ainda no seminário, nos cultos domésticos de noite com os outros

alunos, freqüentemente continuou orando até a meia-noite. De manhã, ao acordar, cha-mava-os de novo para a oração, às seis horas.

Certo pregador, pouco tempo antes da morte de Jorge Müller, perguntou-lhe se oravamuito. A resposta foi esta: "Algumas horas todos os dias. E ainda, vivo no espírito de

oração; oro enquanto ando, enquanto deitado e quando me levanto. Estouconstantemente recebendo respostas. Uma vez persuadido de que certa coisa é justa,

continuo a orar até a receber. Nunca deixo de orar!... Milhares de almas têm sido salvasem respostas às minhas orações... Espero encontrar dezenas de milhares delas rio Céu...

O grande ponto é nunca cansar de orar antes de receber a resposta. Tenho orado 52

anos, diariamente, por dois homens, filhos dum amigo da minha mocidade. Não sãoainda convertidos, porém, espero que o venham a ser. - Como pode ser de outra forma?

Há promessas inabaláveis de Deus e sobre elas eu descanso".

 Não muito antes de seu casamento, não se sentia bem com o costume de salário fixo, preferindo confiar em Deus em vez de confiar nas promessas dos irmãos. Deu sobre isso

as três seguintes razões:

1) "Um salário significa uma importância designada, geralmente adquirida do aluguel

dos bancos. Mas a vontade de Deus não é alugar bancos (Tiago 2.1-6)".

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2) "O preço fixo dum assento na igreja, às vezes, é pesado demais para alguns filhos deDeus e não quero colocar o menor obstáculo no caminho do progresso espiritual da

igreja".

3) "Toda a idéia de alugar os assentos e ter salário torna-se tropeço para o pregador,levando-o a trabalhar mais pelo dinheiro do que por razões espirituais".

Jorge Müller achava quase impossível ajuntar e guardar dinheiro para qualquer imprevisto, e não ir direto a Deus. Assim o crente confia no dinheiro em caixa, em vez

de confiar em Deus.

Um mês depois de seu casamento, colocou uma caixa no salão de cultos e anunciou que podiam deitar lá as ofertas para o seu sustento e que, daí em diante, não pediria maisnada, nem a seus amados irmãos; porque, como ele disse, "Sem me aperceber, tenho

sido levado a confiar no braço de carne, mas o melhor é ir diretamente ao Senhor"O primeiro ano findou com grande triunfo e Jorge Müller disse aos irmãos que, apesar da

 pouca fé ao começar, o Senhor tinha ricamente suprido todas as suas necessidadesmateriais e, o que foi ainda mais importante, tinha-lhe concedido o privilégio de ser um

instrumento na sua obra.

O ano seguinte foi, porém, de grande provação, porque muitas vezes não lhe restavanem um xelim. E Jorge Müller acrescenta que no momento próprio a sua fé sempre foi

recompensada com a chegada de dinheiro ou alimentos.

Certo dia, quando só restavam oito xelins, Müller pediu ao Senhor que lhe dessedinheiro. Esperou muitas horas sem qualquer resposta. Então chegou uma senhora e

 perguntou: - "O irmão precisa de dinheiro?" Foi uma grande prova da sua fé, porém, o pastor respondeu: - "Minha irmã, eu disse aos irmãos, quando abandonei meu salário,que só informaria o Senhor a respeito das minhas necessidades". - "Mas", respondeu asenhora, "Ele me disse que eu lhe desse isto", e colocou 42 xelins na mão do pregador.

Outra vez passaram-se três dias sem terem dinheiro em casa e foram fortementeassaltados pelo Diabo, a ponto de quase resolverem que tinham errado em aceitar a

doutrina de fé nesse sentido. Quando, porém, voltou ao seu quarto achou 40 xelins queuma irmã deixara. E ele acrescentou então: "Assim triunfou o Senhor e nossa fé foi

fortalecida".

Antes de findar o ano, acharam-se de novo inteiramente sem dinheiro, num dia em quetinham de pagar o aluguel. Pediram a Deus e o dinheiro foi enviado. Nessa ocasião,Jorge Müller fez para si a seguinte regra da qual nunca mais se desviou: "Não nos

endividaremos, porque achamos que tal coisa não é bíblica (Romanos 13.8), e assim nãoteremos contas a pagar. Somente compraremos o que pudermos, tendo o dinheiro em

mãos, assim sempre saberemos quanto realmente possuímos e quanto temos o direito degastar".

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Deus, assim, gradualmente treinava o novo pregador a confiar nas suas promessas.Estava tão certo da fidelidade das promessas da Bíblia, que não se desviou, durante oslongos anos da sua obra no orfanato, da resolução de não pedir ao próximo, e de não se

endividar.

Um outro segredo que o levou a alcançar tão grande bênção de confiarem Deus, foi asua resolução de usar o dinheiro que recebia somente para o fim a que fora destinado.Essa regra nunca infringiu, nem para tomar emprestado de tais fundos, apesar de se ter 

achado milhares de vezes face a face com as maiores necessidades.

 Nesses dias, quando começou a provar as promessas de Deus, ficou comovido peloestado dos órfãos e pobres crianças que encontrava nas ruas. Ajuntou algumas dessas

crianças para comer consigo às oito horas da manhã e a seguir, durante uma hora e

meia, ensinava-lhes as Escrituras. A obra aumentou rapidamente. Quanto mais crescia onúmero para comer, tanto mais recebia para alimentá-las até se achar cuidando de trinta

a quarenta menores.

Ao mesmo tempo, Jorge Müller fundou a Junta para o Conhecimento das Escrituras na

 Nação e no Estrangeiro. O alvo era: 1) Auxiliar as escolas bíblicas e as escolas do-minicais. 2) Espalhar as Escrituras. 3) Aumentar a obra missionária. Não é necessário

acrescentar que tudo foi feito com a mesma resolução de não se endividar, mas sempre pedir a Deus, em secreto, todo o necessário.

Certa noite, quando lia a Bíblia, ficou profundamente impressionado com as palavras:"Abre bem a tua boca, e ta encherei" (Salmo 81.10). Foi levado a aplicar essas palavrasao orfanato, sendo-lhe dada a fé de pedir mil libras ao Senhor; também pediu que Deuslevantasse irmãos com qualificação para cuidar das crianças. Desde aquele momento,esse texto (Salmo 81.10), serviu-lhe como lema e a promessa se tornou em poder que

determinou todo o curso da sua vida.

Deus não demorou muito a dar a sua aprovação de alugar uma casa para os órfãos. Foiapenas dois dias depois de começar a pedir, que ele escreveu no seu diário: "Hoje recebi

o primeiro xelim para a casa dos órfãos".

Quatro dias depois foi recebida a primeira contribuição de móveis: um guarda-roupa; euma irmã ofereceu dar seus serviços para cuidar dos órfãos. Jorge Müller escreveunaquele dia que estava alegre no Senhor e confiante em que Ele ia completar tudo.

 No dia seguinte, Jorge Müller recebeu uma carta com estas palavras: "Oferecemo-nos para o serviço do orfanato, se o irmão achar que temos as qualificações. Oferecemos

também todos os móveis, etc, que o Senhor nos tem dado. Faremos tudo isto sem

qualquer salário, crendo que, se for a vontade do Senhor usar-nos, Ele suprirá todas as

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nossas necessidades". Desde aquele dia, nunca faltaram, no orfanato, auxiliares alegrese devotados, apesar de a obra aumentar mais depressa do que Jorge Müller esperava.

Três meses depois, foi que conseguiu alugar uma grande casa e anunciou a data da

inauguração do orfanato para o sexo feminino. No dia da inauguração, porém, ficou de-sapontado: nenhuma órfã foi recebida. Somente depois de chegar a casa é que selembrou de que não as tinha pedido. Naquela noite humilhou-se rogando a Deus o queanelava. Ganhou a vitória de novo, pois veio uma órfã no dia seguinte. Quarenta e duas

 pediram entrada antes de findar o mês, e já havia vinte e seis no orfanato.

Durante o ano, houve grandes e repetidas provas de fé. Aparece, por exemplo, no seudiário: "Sentindo grande necessidade ontem de manhã, fui dirigido a pedir com insis-tência a Deus e, em resposta, à tarde, um irmão deu-me dez libras". Muitos anos antes

da sua morte, afirmou que, até aquela data, tinha recebido da mesma forma 5.000 vezes

a resposta, sempre no mesmo dia em que fazia o pedido.

Era seu costume, e recomendava também aos irmãos, guardar um livro. Numa páginaassentava seu pedido com a data e no lado oposto a data em que recebera a resposta.Dessa maneira, foi levado a desejar respostas concretas aos seus pedidos e não havia

dúvida acerca dessas respostas.

Com o aumento do orfanato e do serviço de pastorear os quatrocentos membros de suaigreja, Jorge Müller achou-se demasiadamente ocupado para orar. Foi nesse tempo que

chegou a reconhecer que o crente podia fazer mais em quatro horas, depois de uma emoração, do que em cinco sem oração. Essa regra ele a observou fielmente durante 60anos.Quando alugou a segunda casa, para os órfãos de sexo masculino, disse: "Ao orar,estava lembrado de que pedia a Deus o que parecia impossível receber dos irmãos, mas

que não era demasiado para o Senhor conceder". Ele orava com noventa pessoassentadas às mesas: "Senhor, olha para as necessidades de teu servo..." Essa foi uma

oração a que Deus abundantemente respondeu. Antes de morrer, testificou que, pela fé,alimentava 2.000 órfãos, e nenhuma refeição se fez com atraso de mais de trinta

minutos.

Muitas pessoas perguntavam a Jorge Müller como conseguia ele saber a vontade deDeus, pois não fazia nada sem primeiro ter a certeza de ser da vontade do Senhor. Ele

respondia:

1) "Procuro manter o coração em tal estado que ele não tenha qualquer vontade própriano caso. De dez problemas, já temos a solução de nove, quando conseguimos ter um

coração entregue para fazer a vontade do Senhor, seja essa qual for. Quando chegamosverdadeiramente a tal ponto, estamos, quase sempre, perto de saber qual é a sua

vontade.

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2) "Tenho o coração entregue para fazer a vontade do Senhor, não deixo o resultado aomero sentimento ou a uma simples impressão. Se o faço, fico sujeito a grandes enganos.

3) "Procuro a vontade do Espírito de Deus por meio da sua Palavra. É essencial que o

Espírito e a Palavra acompanhem um ao outro. Se eu olhar para o Espírito, sem aPalavra, fico sujeito, também, a grandes ilusões.

4) "Depois considero as circunstâncias providenciais. Essas, ao lado da Palavra de Deuse do seu Espírito, indicam claramente a sua vontade.

5) "Peço a Deus em oração que me revele sua própria vontade.

6) "Assim, depois de orar a Deus, estudar a Palavra e refletir, chego à melhor resoluçãodeliberada que posso com a minha capacidade e conhecimento; se eu continuar a sentir 

 paz, no caso, depois de duas ou três petições mais, sigo conforme essa direção. Noscasos mínimos e nas transações da maior responsabilidade, sempre acho esse métodoeficiente".Jorge Müller, três anos antes da sua morte, escreveu: "Não me lembro, em

toda a minha vida de crente, num período de 69 anos, de que eu jamais buscasse, sinceramente e com paciência, saber a vontade de Deus pelo ensinamento do Espírito

Santo por intermédio da Palavra de Deus, e que não fosse guiado certo. Se me faltava, porém, sinceramente de coração e pureza perante Deus, ou se eu não olhava para Deus,

com paciência pela direção, ou se eu preferia o conselho do próximo ao da Palavra do

 Deus vivo, então errava gravemente".

Sua confiança no "Pai dos órfãos" era tal, que nem uma só vez recusou aceitar criançasno orfanato. Quando lhe perguntavam porque assumira o encargo do orfanato,

respondeu que não fora apenas para alimentar os órfãos material e espiritualmente, mas"o primeiro objetivo básico do orfanato era - afirmava -, e ainda é, que Deus sejamagnificado pelo fato de que os órfãos sob os meus cuidados foram e estão sendo

supridos de todo o necessário, somente por oração e fé, sem eu nem meus companheirosde trabalho pedirmos ao próximo; por isso mesmo se pode ver que Deus continua fiel e

ainda responde às nossas orações".

Em resposta a muitos que queriam saber como o crente pode adquirir tão grande fé, deuas seguintes regras:

1) Lendo a Bíblia e meditando sobre o texto lido, chega-se a conhecer a Deus, por meiode oração.

2) Procurar manter um coração íntegro e uma boa consciência.

3) Se desejamos que a nossa fé cresça, não devemos evitar aquilo que a prove e por 

meio do que ela seja fortalecida.

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"Ainda mais um ponto: para que a nossa fé se fortaleça, é necessário que deixemosDeus agir por nós ao chegar a hora da provação, e não procurar a nossa própria liberta-

ção.

"Se o crente desejar grande fé, deve dar tempo para Deus trabalhar."

Os cinco prédios construídos de pedras lavradas e situados em Ashley Hill, Bristol,Inglaterra, com 1.700 janelas e lugar para acomodar mais de 2.000 pessoas, são teste-

munhas atuais dessa grande fé de que ele escreveu.

Cada uma dessas dádivas (devemo-nos lembrar) Jorge Müller lutou com Deus emoração para obter; orou com alvo certo e com perseverança, e Deus lhe respondeu.

São de Jorge Müller estas palavras: "Muitas repetidas vezes tenho-me encontrado em

 posição muito difícil, não só com 2.000 pessoas comendo diariamente às mesas, mastambém com a obrigação de atender a todas as demais despesas, estando a nossa caixacom os fundos esgotados. Havia ainda 189 missionários para sustentar, cerca de 100

colégios com mais ou menos 9.000 alunos, além de 4.000.000 de tratados paradistribuir, tudo sob nossa responsabilidade, sem que houvesse dinheiro em caixa para as

despesas".

Certa vez o doutor A. T. Pierson foi hóspede de Jorge Müller no seu orfanato. Umanoite, depois que todos se deitaram, Jorge Müller o chamou para orar dizendo que não

havia coisa alguma em casa para comer. O doutor Pierson quis lembrar-lhe que ocomércio estava fechado, mas Jorge Müller bem sabia disso. Depois da oração deita-ram-se, dormiram e, ao amanhecer, a alimentação já estava suprida e em abundância

 para 2.000 crianças. Nem o doutor Pierson, nem Jorge Müller chegaram a saber como aalimentação foi suprida. A história foi contada naquela manhã, ao senhor Simão Short,

sob a promessa de guardá-la em segredo até o dia da morte do benfeitor. O Senhor despertara essa pessoa do sono, à noite, e mandara que levasse alimentos suficientes para suprir o orfanato durante um mês. E isso sem a pessoa saber coisa alguma da

oração de Jorge Müller e do doutor Pierson!

Com a idade de 69 anos Jorge Müller iniciou suas viagens, nas quais pregou centenas devezes em quarenta e duas nações, a mais de três milhões de pessoas. Recebeu, em

resposta às suas orações, tudo de Deus para pagar as grandes despesas. Mais tarde, eleescreveu: "Digo com razão: Creio que eu não fui dirigido a nenhum lugar onde nãohouvesse prova evidente de que o Senhor me mandara para lá". Ele não fez essas

viagens com o plano de solicitar dinheiro para a junta; não recebeu o suficiente nem para as despesas de doze horas da junta. Segundo as suas palavras, o alvo era "que eu pudesse, por minha experiência e conhecimento das coisas divinas, comunicar uma bênção aos crentes... e que eu pudesse pregar o Evangelho aos que não conheciam o

Senhor".

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Assim escreveu ele sobre um seu problema espiritual: "Sinto constantemente a minhanecessidade... Nada posso fazer sozinho, sem cair nas garras de Satanás. O orgulho, a

incredulidade ou outros pecados me levariam à ruína. Sozinho não permaneço firme ummomento. Que nenhum leitor pense que devido à minha dedicação, eu não me possa

'inchar' ou me orgulhar, ou que eu não possa descrer de Deus!"

O estimado evangelista, Carlos Inglis, contou a respeito de Jorge Müller:

"Quando vim pela primeira vez à América, faz trinta e um anos, o comandante do navioera devoto tal que jamais conheci. Quando nos aproximamos da Terra Nova, ele me

disse: 'Sr. Inglis, a última vez que passei aqui, há cinco semanas, aconteceu uma coisatão extraordinária que foi a causa de uma transformação de toda a minha vida de crente.Até aquele tempo eu era um crente comum. Havia a bordo conosco um homem de Deus,o senhor Jorge Müller, de Bristol. Eu tinha passado 22 horas sem me afastar da ponte de

comando, nem por um momento, quando fui assustado por alguém que me tocou noombro. Era o senhor Jorge Müller. Houve, então, entre nós o seguinte diálogo:

- Comandante - disse o senhor Müller, - vim dizer-lhe que tenho de estar em Quebec nosábado, à tarde.

Era quarta-feira.

- Impossível - respondi.

- Pois bem, se seu navio não pode levar-me, Deus achará outro meio de transporte.Durante 57 anos nunca deixei de estar no lugar à hora em que me achavacomprometido.

- Teria muito prazer em ajudá-lo, mas o que posso fazer? - Não há meios!

- Vamos aqui dentro para orar - sugeriu.

Olhei para aquele homem e disse a mim mesmo: 'De qual casa de doidos escapou este?' Nunca eu ouvira alguém falar desse modo.

- Sr. Müller, o senhor vê como é espessa esta neblina.

- Não - respondeu ele - os meus olhos não estão na neblina, mas no Deus vivo quegoverna todas as circunstâncias da minha vida.

O senhor Müller caiu de joelhos e orou da forma mais simples possível. Eu pensei: 'Éuma oração como a de uma criança de oito ou nove anos'. Foi mais ou menos assim queele orou: 'Ó Senhor, se for da tua vontade, retira esta neblina dentro de cinco minutos.

Sabes como me comprometi a estar em Quebec no sábado. Creio ser isso a tua vontade."

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Quando findou, eu queria orar também, mas o senhor Müller pôs a sua mão no meuombro e pediu que não o fizesse, dizendo:

- Comandante, primeiro o senhor não crê que Deus faça isso, e, em segundo lugar, eu

creio que Ele já o fez. Não há, pois, qualquer necessidade de o senhor orar nessesentido. Conheço, comandante, o meu Senhor há cinqüenta e sete anos e não há dia emque eu não tenha audiência com Ele. Levante-se, por favor, abra a porta e verá que a

neblina já desapareceu.

Levantei-me, olhei, e a neblina havia desaparecido. No sábado, à tarde, Jorge Müller estava em Quebec.'"

Para o ajudar a levar a carga dos orfanatos e a apropriar-se das promessas de Deus emoração, lado a lado com ele, Jorge Müller tinha consigo, havia quase quarenta anos, uma

esposa sempre fiel. Quando ela faleceu, milhares de pessoas assistiram ao seu enterro,das quais cerca de 1.200 eram órfãos. Ele mesmo, fortalecido pelo Senhor, conforme

confessou, dirigiu os cultos fúnebres no templo e no cemitério.

Com a idade de 90 anos pregou o sermão fúnebre da segunda esposa, como o fizera namorte da primeira. Uma pessoa que assistiu a esse enterro, assim se expressou: -"Tive o privilégio, sexta-feira, de assistir ao enterro da senhora Müller... e presenciar um cultosimples, que foi, talvez, pelas suas peculiaridades, o único na história do mundo: Umvenerável patriarca preside ao culto do início ao fim. Com a idade de noventa anos,

 permanece ainda cheio daquela grande fé que o tem habilitado a alcançar tanto, e que otem sustentado em emergência, problemas e trabalhos duma longa vida..."

 No ano de 1898, com a idade de noventa e três anos, na última noite antes de partir paraestar com Cristo, sem mostrar sinal de diminuição de suas forças físicas, deitou-se como

de costume. Na manhã do dia seguinte foi "chamado", na expressão de um amigo aoreceber as notícias que assim explicam a partida: "O querido ancião Müller desapareceu

de nosso meio para o Lar, quando o Mestre abriu a porta e o chamou ternamente,dizendo: 'Vem!'"

Os jornais publicaram, meio século depois da sua morte, a seguinte notícia: "O orfanatode Jorge Müller, em Bristol, permanece como uma das maravilhas do mundo. Desde asua fundação, em 1836, a cifra que Deus tem concedido, unicamente em resposta às

orações, sobe a mais de vinte milhões de dólares e o número de órfãos ascende a19.935. Apesar de os vidros de cerca de 400 janelas terem sido partidos recentemente

 por bombas (na segunda guerra mundial), nenhuma criança e nenhum auxiliar foi feri-do".

(extraido do livro hérois da fé)

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Carlos Finney

Apóstolo de avivamentos(1792-1875)

Perto da aldeia de New York Mills, no século dezenove, havia uma fábrica de tecidosmovida pela força das águas do rio Oriskany. Certa manhã, os operários se achavam co-

movidos, conversando sobre o poderoso culto da noite anterior, no prédio da escola pública.

 Não muito depois de começar o ruído das máquinas, o pregador, um rapaz alto eatlético, entrou na fábrica. O poder do Espírito Santo ainda permanecia sobre ele; osoperários, ao vê-lo, sentiram a culpa de seus pecados a ponto de terem de se esforçar  para poderem continuar a trabalhar. Ao passar perto de duas moças que trabalhavam juntas, uma delas, no ato de emendar um fio, foi tomada de tão forte convicção, quecaiu em terra, chorando. Segundos depois, quase todos em redor tinham lágrimas nosolhos e, em poucos minutos, o avivamento encheu todas as dependências da fábrica.

O diretor, vendo que os operários não podiam trabalhar, achou que seria melhor 

cuidassem da salvação da al-ma, e mandou que parassem as máquinas. A comporta daságuas foi fechada e os operários se ajuntaram em um salão do edifício. O Espírito Santooperou com grande poder e dentro de poucos dias quase todos se converteram.

Diz-se acerca deste pregador, que se chamava Carlos Finney, que, depois de ele pregar em Governeur, no Estado de New York, não houve baile nem representação de teatro nacidade durante seis anos. Calcula-se que, durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100mil pessoas foram ganhas para Cristo pela obra direta e indireta de Finney. A sua au-

tobiografia é o mais maravilhoso relato de manifestação do Espírito Santo, excetuando olivro de Atos dos Apóstolos. Alguns consideram o seu livro, "Teologia Sistemática", a

maior obra sobre teologia, a não ser as Sagradas Escrituras.

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- Como se explica o seu êxito tão destacado nos anais dos servos da Igreja de Cristo? -Sem dúvida era, antes de tudo, o resultado da sua profunda conversão.

 Nasceu de uma família descrente e se criou em um lugar onde os membros da igreja

conheciam, apenas, a formalidade fria dos cultos. Finney era advogado; ao encontrar,nos seus livros de jurisprudência, muitas citações da Bíblia comprou um exemplar coma intenção de conhecer as Escrituras. O resultado foi que, após a leitura, achou mais e

mais interesse nos cultos dos crentes. Acerca da sua conversão ele relata, na suaautobiografia, o seguinte:

"Ao ler a Bíblia, ao assistir às reuniões de oração, e ouvir os sermões de senhor Gale, percebi que não me achava pronto a entrar nos céus... Fiquei impressionado especial-

mente com o fato de as orações dos crentes, semana após semana, não seremrespondidas. Li na Bíblia: 'Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-

vos-á'. Li, também, que Deus é mais pronto a dar o Espírito Santo aos que lho pedirem,do que os pais terrestres a darem boas coisas aos filhos. Ouvia os crentes pedirem um

derramamento do Espírito Santo e confessarem, depois, que não o receberam.

"Exortavam uns aos outros a se despertarem para pedir, em oração, um derramamentodo Espírito de Deus e afirmavam que assim haveria um avivamento com a conversão de

 pecadores... Mas ao ler mais a Bíblia, vi que as orações dos crentes não eramrespondidas porque não tinham fé, isto é, não esperavam que Deus lhes daria o que

 pediam... Entretanto, com isso senti um alívio acerca da veracidade do Evangelho... e

fiquei convicto de que a Bíblia, apesar de tudo, é a verdadeira Palavra de Deus.

"Foi num domingo de 1821 que assentei no coração resolver o problema sobre asalvação da minha alma e ter paz com Deus. Apesar das minhas grandes preocupações

como advogado, resolvi seguir rigorosamente a determinação de ser salvo. Pela providência de Deus, não me achei muito ocupado nem segunda nem terça-feira, e

consegui passar a maior parte do tempo lendo a Bíblia e orando.

"Mas ao encarar a situação resolutamente, achei-me sem coragem para orar sem tapar o buraco da fechadura. Antes deixava a Bíblia aberta na mesa com os outros livros e não

me envergonhava de lê-la diante do próximo. Mas então, se entrasse alguém, eucolocaria um livro aberto sobre a Bíblia para escondê-la.

"Durante a segunda e a terça-feira, a minha convicção aumentou, mas parecia que ocoração se havia endurecido: eu não podia chorar, nem orar... Terça-feira, à noite, senti-me muito nervoso e parecia-me estar perto da morte. Reconhecia que, se eu morresse,

 por certo iria para o Inferno.

"De manhã cedo, fui para o gabinete... Parecia que uma voz me perguntava: - 'Por que

esperas? Não prometes-te dar o coração a Deus? O que experimentas fazer? - alcançar a justificação pelas obras?' Foi então que vi, claramente, como qualquer vez depois, a

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realidade e a plenitude da propiciação de Cristo. Vi que sua obra era completa e, em vezde eu necessitar duma justiça própria para Deus me aceitar, tinha de sujeitar-me à

 justiça de Deus por intermédio de Cristo... Sem o saber, fiquei imóvel, não sei por quanto tempo, no meio da rua, no lugar onde a voz de dentro se dirigiu a mim. Então me

veio a pergunta: - 'Aceitá-lo-ás, agora, hoje?' Repliquei: - 'Aceita-lo-ei hoje ou meesforçarei para isso até morrer...' Em vez de ir ao gabinete, voltei para entrar na floresta,onde podia derramar a alma sem alguém me ver nem me ouvir."Porém, o meu orgulhocontinuava a se manifestar; passei por cima dum alto e andei furtivamente atrás duma

cerca, para que ninguém me visse, e pensasse que ia orar. Penetrei dentro da mata cercade meio quilômetro, onde achei um lugar mais escondido entre algumas árvores caídas.Ao entrar, disse a mim mesmo: 'Entregarei o coração a Deus, ou então não sairei daqui'.

"Mas ao tentar orar, o coração não queria. Pensara que, uma vez sozinho, onde ninguém pudesse ouvir-me, podia orar livremente. Porém, ao experimentar fazê-lo, achei-me sem

coisa alguma a dizer a Delis. Toda a vez que tentava orar, parecia-me ouvir alguémchegando.

"Por fim, achei-me quase em desespero. O coração estava morto para com Deus e nãoqueria orar. Então reprovei-me a mim mesmo por ter-me comprometido a entregar o

coração a Deus antes de sair da mata. Comecei a pensar que Deus já me tivesseabandonado... Achei-me tomado de uma fraqueza demasiadamente grande para ficar de

 joelhos.

"Foi justamente nessa altura que pensei novamente que ouvia alguém se aproximando eabri os olhos para ver. Logo foi-me revelado que o orgulho do meu coração era a barreira entre mim e a minha salvação. Fui vencido pela convicção do grande pecado deeu envergonhar-me se alguém me encontrasse de joelhos perante Deus, e bradei em alta

voz que não abandonaria o lugar, nem que todos os homens da terra e todos osdemônios do Inferno me cercassem. Gritei: 'Ora, um vil pecador como eu, de joelhos

 perante o grande e santo Deus, e confessando-lhes os pecados, e me envergonho dele perante o próximo, pecador também, porque me encontro de joelhos para achar paz como meu Deus ofendido!' O pecado parecia-me horrendo, infinito. Fiquei quebrantado até

o pó perante o Senhor. Nessa altura, a seguinte passagem me iluminou: 'Então me

invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis,quando me buscardes de todo o vosso coração...'

"Continuei a orar e a receber promessas e a apropriar-me delas, não sei por quantotempo. Orei até que sem saber como, achei-me voltando para a estrada. Lembro-mede

que disse a mim mesmo: 'Se eu me converter, pregarei o Evangelho'.

"Na estrada, voltando para a aldeia, certifiquei-me da preciosa paz e da gloriosa calmana minha mente. - 'Que é isso?' Perguntei-me a mim mesmo. - 'Entristecera eu o Espírito

Santo até retirar-se de mim? Não sinto mais convicção...' Então lembrei-me de quedissera a Deus, que confiaria na sua Palavra... A calma de meu espírito era in-

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descritível... Fui almoçar, mas não tinha vontade de comer. Fui ao gabinete, mas meusócio não voltara do almoço. Comecei a tocar a música de um hino no rebecão, como decostume. Porém, ao começar a cantar as palavras sagradas, o coração parecia derreter-se

e só podia chorar...

"Ao entrar e fechar a porta atrás de mim, parecia-me ter encontrado o Senhor JesusCristo face a face. Não me entrou na mente, na ocasião, nem por algum tempo depois,que era apenas uma concepção mental. Ao contrário, parecia-me que eu o encontrara

como encontro qualquer pessoa. Ele não disse coisa alguma, mas olhou para mim de talforma, que fiquei quebrantado e prostrado aos seus pés. Isso, para mim, foi, depois, uma

experiência extraordinária, porque parecia-me uma realidade, como se Ele mesmoficasse em pé perante mim, e eu me prostrasse aos seus pés e lhe derramasse a minhaalma. Chorei alto e fiz tanta confissão quanto foi possível, entre soluços. Parecia-meque lavava os seus pés com as minhas lágrimas; contudo, sem sentir ter tocado na sua

 pessoa...

"Ao virar-me para me sentar, recebi o poderoso batismo com o Espírito Santo. Sem oesperar, sem mesmo saber que havia tal para mim, o Espírito Santo desceu de tal ma-neira, que parecia encher-me corpo e alma. Senti-o como uma onda elétrica que me

traspassava repetidamente. De fato, parecia-me como ondas de amor liquefeito; porquenão sei outra maneira de descrever isso. Parecia o próprio fôlego de Deus.

"Não existem palavras para descrever o maravilhoso amor derramado no meu coração.

Chorei de tanto gozo e amor que senti; acho melhor dizer que exprimi, chorando em altavoz, as inundações indizíveis do meu coração. As ondas passaram sobre mim, uma apósoutra, até eu clamar: 'Morrerei, se estas ondas continuarem a passar sobre mim!.Senhor,

não suporto mais!' Contudo, não receava a morte.

"Não sei por quanto tempo este batismo continuou a passar sobre mim e por todo o meuser. Mas sei que era já noite quando o dirigente do coro veio ao gabinete para me visitar.Encontrou-me nesse estado de choro aos gritos e perguntou: - 'Sr. Finney, que tem?' Por algum tempo não pude responder-lhe. Então ele perguntou mais: - 'Está sentindo alguma

dor?' Com dificuldade respondi: - Não, mas sinto-me demasiado feliz para viver.

"Saiu e, daí a pouco, voltou acompanhado por um dos anciãos da igreja. Esse anciãosempre foi um homem de espírito ponderado e quase nunca ria. Ele, ao entrar, en-controu-me no mesmo estado, mais ou menos, como quando o rapaz o foi chamar.

Queria saber o que eu sentia e eu comecei a lhe explicar. Mas, em vez de responder-me,foi tomado de um riso espasmódico. Parecia impossível evitar o riso que procedia do

fundo do seu coração."

 Nessa altura, entrou certo rapaz que começara a freqüentar os cultos da igreja.

Presenciou tudo por alguns momentos, até cair ao chão em grande angústia de alma,clamando: "Orem por mim!"

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O ancião da igreja e o outro crente oraram e depois Finney também orou e logo apóstodos se retiraram deixando Finney sozinho.

Ao deitar-se para dormir, Finney adormeceu, mas logo se acordou, por causa do amor que lhe transbordava do coração. Isso aconteceu repetidas vezes durante a noite. Sobreisso ele escreveu depois:

"Quando me acordei, de manhã, a luz do sol penetrava no quarto. Faltam-me palavras para exprimir os meus sentimentos ao ver a luz do sol. No mesmo instante, o batismo do

dia anterior voltou sobre mim. Ajoelhei-me ao lado da cama e chorei pelo gozo quesentia. Passei muito tempo sem poder fazer coisa alguma senão derramar a alma perante

Deus".

Durante o dia, o povo se ocupava em falar na conversão do advogado. Ao anoitecer,sem qualquer anúncio do culto, ajuntou-se uma multidão no templo. Quando Finneyrelatou o que Deus fizera na sua alma, muitos foram profundamente comovidos; um,sentiu-se tão convicto que voltou a casa sem o chapéu. Certo advogado afirmou: "Éclaro que ele é sincero; mas que enlouqueceu, é evidente." Finney falou e orou comgrande liberdade. Realizavam-se cultos todas as noites por algum tempo, aos quais

assistiam pessoas de todas as classes. Esse grande avivamento espalhou-se para muitoslugares em redor.

Finney continuou:

"Por oito dias [depois da sua conversão) o meu coração permanecia tão cheio, que nãosentia desejo de comer nem de dormir. Parecia-me que tinha um manjar para comer que

o mundo não conhecia. Não sentia necessidade de alimentar-me nem de dormir... Por fim, cheguei a ver que devia comer como de costume e dormir quanto fosse possível.

"Grande poder acompanhava a Palavra de Deus; todos os dias admirava-me ao notar como poucas palavras, dirigidas a uma pessoa, traspassavam-lhe o coração como uma

seta.

"Não demorei muito em ir visitar meu pai. Ele não era salvo; o único membro da famíliaque fizera profissão de religião era meu irmão mais novo. Meu pai encontrou-me no

 portão e me perguntou: - 'Como tem passado, Carlos?' Respondi-lhe: - Bem, meu pai,tanto no corpo como na alma. Meu pai, o senhor já é idoso, todos os seus filhos estão

crescidos e casados; e nunca ouvi alguém orar na sua casa. Ele baixou a cabeça ecomeçou a chorar, dizendo: - 'É verdade, Carlos; entre, e você mesmo ore'.

"Entramos e oramos. Meus pais ficaram comovidos e, não muito depois, converteram-

se. Se a minha mãe tinha qualquer esperança antes, ninguém o sabia".

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Assim, esse advogado, Carlos G. Finney, perdeu todo o gosto pela sua profissão e setornou um dos mais famosos pregadores do Evangelho. Acerca de seu método de

trabalhar, ele escreveu:

"Dei grande ênfase à oração como indispensável, se realmente queríamos umavivamento. Esforçava-me por ensinar a propiciação de Jesus Cristo, sua divindade, suamissão divina, sua vida perfeita, sua morte vicária, sua ressurreição, a necessidade dearrependimento e de fé, a justificação pela fé, e outras doutrinas que se tornaram vivas

 pelo poder do Espírito Santo.

"Os meios empregados eram simplesmente pregação, cultos de oração, muita oração emsecreto, intensivo evangelismo pessoal e cultos para a instrução dos interessados.

"Eu tinha o costume de passar muito tempo orando; acho que, às vezes, orava realmente

 sem cessar. Achei, também, grande proveito em observar freqüentemente dias inteirosde jejum em secreto. Em tais dias, para ficar inteiramente sozinho com Deus, eu entrava

na mata, ou me fechava dentro do templo..."

Vê-se no seguinte, a maneira como Finney e seu companheiro de oração, o irmão Nash,"bombardeavam" os céus com as suas intercessões:

"Quase um quilômetro distante da residência do senhor S, morava certo adepto douniversalismo. Nos seus preconceitos religiosos, recusava-se a assistir aos cultos. Certa

vez o irmão Nash, que se hospedava comigo na casa do senhor S, retirou-se para dentroda mata para lutar em oração, sozinho, bem cedo de madrugada, conforme seu costume.A atmosfera era tal nessa ocasião que se ouvia qualquer som de longe. O universalistaao levantar-se, de madrugada, saiu de casa e ouviu a voz de quem orava, e, apesar de

não compreender muitas das palavras, reconheceu quem orava. E isso traspassou-lhe ocoração como uma flecha. Sentiu a realidade da religião como nunca. A flecha

 permanecia. E ele achou alívio somente crendo em Cristo".

Acerca do espírito de oração, Finney afirmou que "era coisa comum nessesavivamentos, os recém-convertidos se acharem tomados pelo desejo de orar noites

inteiras até lhes faltarem as forças físicas. O Espírito Santo constrangia grandemente ocoração dos crentes, e sentiam constantemente a responsabilidade pela salvação das

almas imortais. A solenidade da mente se manifestava no cuidado com que falavam e secomportavam. Era muito comum encontrar crentes juntos caídos de joelhos em oração

em vez de ocupados em palestras".

Em certo tempo, quando as nuvens de perseguição enegreciam cada vez mais, Finney,como era seu costume sob tais circunstâncias, sentia-se dirigido a dissipá-las, orando.Em vez de falar pública ou particularmente acerca das acusações, ele orava. Acerca da

sua experiência escreveu: "Eu olhava para Deus com grande anelo, dia após dia, ro-gando que Ele me mostrasse o plano a seguir e a graça para suportar a borrasca... O

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Senhor mostrou-me, em uma visão, o que eu tinha de enfrentar. Ele chegou-se tão pertode mim, enquanto eu orava, que a minha carne literalmente estremecia sobre os ossos.

Eu tremia da cabeça aos pés, sob o pleno conhecimento da presença de Deus".

Acrescentamos mais um exemplo, tirado da sua autobiografia, da maneira de o EspíritoSanto operar na sua pregação:

"Ao chegar, na hora anunciada para iniciar o culto, achei o prédio da escola repleto etinha de ficar em pé perto da entrada. Cantamos um hino, isto é, o povo pretendia

cantar. Entretanto, eles não tinham o costume de cantar os hinos de Deus, e cada umdesentoava à sua própria maneira. Não podia conter-me e lancei-me de joelhos e come-

cei a orar. O Senhor abriu as janelas dos céus, derramou o espírito de oração eentreguei-me de toda a alma a orar.

"Não escolhera um texto, mas logo ao levantar-me dos joelhos, eu disse: Levantai-vos,saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade . Acrescentei que havia doishomens, um se chamava Abraão, e outro, Ló... Contei-lhes como Ló se mudara paraSodoma... O lugar era excessivamente corrupto... Deus resolveu destruir a cidade e

Abraão orou por Sodoma. Mas os anjos acharam somente um justo lá, era Ló. Os anjosdisseram: 'Tens alguém mais aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos

quantos tens nesta cidade, tira-os fora deste lugar; porque nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem engrossado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a

destruí-lo'.

"Ao relatar estas coisas, os ouvintes se mostraram irados a ponto de me açoitarem. Nessa altura, deixei de pregar e lhes expliquei que compreendera que nunca se realizara

culto ali e que eu tinha o direito de, assim, considerá-los corruptos. Salientei isso commais e mais ênfase e, com o coração cheio de amor até não poder mais conter-me.

"Depois de eu assim falar cerca de quinze minutos, parecia cair sobre os ouvintes umatremenda solenidade e começaram a cair ao chão, clamando e pedindo misericórdia. Se

eu tivesse tido uma espada em cada mão, não os poderia derrubar tão depressa comocaíram. De fato, dois minutos depois de os ouvintes sentirem o choque do Espírito vir 

sobre eles, quase todos estavam ou caídos de joelhos ou prostrados no chão. Todos osque podiam falar de qualquer maneira, oravam por si mesmos.

"Tive de deixar de pregar, porque os ouvintes não prestavam mais atenção. Vi o anciãoque me convidara para pregar, sentado no meio do salão, olhando em redor, estupefato.

Gritei bem alto para ele ouvir, apesar da balbúrdia, pedindo-lhe que orasse. Caiu de joelhos e começou a orar em voz retumbante; mas o povo não prestou atenção. Gritei:Vós não estais ainda no Inferno; quero dirigir-vos a Cristo. O coração transbordava degozo ao presenciar tal cena. Quando pude dominar os meus sentimentos, virei-me para

um rapaz que estava perto de mim, consegui atrair a sua atenção e preguei Cristo, emvoz bem alta, ao seu ouvido. Logo, ao olhar para a 'cruz' de Cristo, ele acalmou-se por 

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um pouco e então rompeu em oração pelos outros. Depois fiz o mesmo com um outro;depois com mais outro e continuei assim tratando com eles até a hora do culto da noite,na aldeia. Deixei o ancião que me convidara a pregar, para continuar a obra com os que

oravam.

"Ao voltar, havia tantos clamando a Deus que não podemos encerrar a reunião, quecontinuou o resto da noite. Ao amanhecer o dia, alguns ainda permaneciam com a almaferida. Não se podiam levantar e, para dar lugar às aulas, foi necessário levá-los a umaresidência não muito distante. De tarde mandaram chamar-me porque ainda não findara

o culto.

"Só nesta ocasião cheguei a saber a razão de o auditório agastar-se da mensagem.Aquele lugar cognominava-se 'Sodoma' e havia somente um homem piedoso lá a quem

o povo tratava de 'Ló'. Era o ancião que me convidara a pregar."Depois de já velho,

Finney escreveu acerca do que o Senhor fez em "Sodoma". "Embora esse avivamentocaísse tão repentinamente sobre eles era tão empolgante que as conversões eram

 profundas e a obra permanente e genuína. Nunca ouvi falar em qualquer repercussãodesfavorável."

 Não foi só na América do Norte que Finney viu o Espírito Santo cair e abater osouvintes em terra. Na Inglaterra, durante os nove meses de evangelização, que Finney

 promoveu lá, multidões também se prostraram enquanto ele pregava - em certa ocasiãomais de dois mil, de uma vez.

Alguns pregadores confiam na instrução e ignoram a obra do Espírito Santo. Outros,com razão, rejeitam tal ministério infrutífero e sem graça; oram a Deus para o Espírito

Santo tomar conta e alegram-se no grande progresso da obra de Deus. Mas, aindaoutros, como Finney, dedicam-se a buscar o poder do Espírito Santo, sem desprezar a

arma de instrução, e vêem resultados incrivelmente mais vastos.

Durante os anos de 1851 a 1866, Finney foi diretor do Colégio de Oberlin e ensinou aum total de 20 mil estudantes. Dava mais ênfase ao coração puro e ao batismo com o

Espírito Santo do que à preparação do intelecto; de Oberlin saiu uma corrente contínua

de alunos cheios do Espírito Santo. Assim, depois dos anos de uma campanha intensivade evangelismo e no meio dos seus esforços no colégio, "em 1857, Finney via cerca de50 mil, todas as semanas, converterem-se a Deus." (By My Spirit, Jônathan Goforth, p.183.) Os diários de New York, às vezes quase não publicavam outras notícias, senão do

avivamento.

Suas lições aos crentes sobre avivamento foram publicadas, primeiro em um jornal edepois em um livro de 445 páginas e que se intitulava "Discursos Sobre Avivamentos".

As primeiras duas edições, de 12 mil exemplares, foram vendidas logo ao saírem do

 prelo. Outras edições foram impressas em vários idiomas. Uma só editora em Londres

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 publicou 80 mil. Entre suas outras obras de circulação mundial, contam-se as seguintes:sua "Autobiografia", "Discursos aos Crentes" e "Teologia Sistemática".

Os convertidos nos cultos de Finney eram pela graça constrangidos a andar de casa em

casa para ganhar almas. Ele mesmo se esforçava para preparar o maior número deobreiros em Oberlin College. Mas o desejo que ardia sempre em tudo era o de transmitir a todos o espírito de oração. Pregadores como Abel Câry e Father Nash viajavam comele e, enquanto ele pregava, eles continuavam prostrados em oração. Vejamos isso nas

 palavras de Finney:

"Se eu não tivesse o espírito de oração, não alcançaria coisa alguma. Se por um dia, ou por uma hora eu perdesse o espírito de graça e de súplica, não poderia pregar com poder 

e fruto, e nem ganhar almas pessoalmente."

Para que alguém não julgue que a obra era superficial, citamos outro escritor:"Descobriu-se, por pesquisa empolgante, que mais de 85 pessoas de cada 100 que se

convertiam sob a pregação de Finney, permaneciam fiéis a Deus; enquanto 75 pessoasde cada cem, das que professaram conversão nos cultos de algum dos maiores pregadores, se desviavam. Parece que Finney tinha o poder de impressionar a

consciência dos homens, sobre a necessidade de um viver santo, de tal maneira que produzia fruto mais permanente." (Deeper Experiences of Famous Christians, p. 243.)

Finney continuou a inspirar os estudantes de Oberlin College até a idade de 82 anos. Já

no fim da vida, permanecia tão lúcido de mente como quando jovem e sua vida nuncafoi tão rica no fruto do Espírito e na beleza da sua santidade do que nesses últimos anos. No domingo, 16 de agosto de 1875, pregou seu último sermão. Mas de noite não

assistiu ao culto. Ao ouvir os crentes cantarem "Jesus lover of my soul, let me to Thy bosom fly", saiu até o portão na frente da casa, e com estes que tanto amava, foi a

última vez que cantou na terra. Acordou-se à meia-noite, sofrendo dores lancinantes nocoração. Sofrera assim muitas vezes durante a sua vida. Semeara as sementes de avi-

vamento e as regara com lágrimas. Todas as vezes que recebeu o fogo da mão de Deus,foi com sofrimento. Finalmente, antes de amanhecer o dia, dormiu na terra para acordar na Glória, nos céus. Faltavam-lhe apenas treze dias para completar 83 anos de vida aqui

na terra

(extraido do livro hérois da fé)

Adoniram Judson

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Missionário, pioneiro à Birmânia(1788-1850)O missionário, magro e enfraquecido pelos sofrimentos e privações, foi conduzido entreos mais endurecidos criminosos, com gado, a chicotadas e sobre a areia ardente, para a

 prisão. Sua esposa conseguiu entregar-lhe um travesseiro para que pudesse dormir melhor no duro solo da prisão. Porém ele descansava ainda melhor porque sabia que

dentro do travesseiro, que tinha abaixo da cabeça, estava escondida a preciosa porção daBíblia que traduzira com grandes esforços para a língua do povo que o perseguia.

Aconteceu que o carcereiro requisitou o travesseiro para o seu próprio uso! Que podiafazer o pobre missionário para readquirir seu tesouro? A esposa então preparou, comgrandes sacrifícios, um travesseiro melhor e conseguiu trocá-lo com o do carcereiro.

Dessa forma a tradução da Bíblia foi conservada na prisão por quase dois anos; a Bíbliainteira, depois de completada por ele, foi dada, pela primeira vez, aos milhões de

habitantes da Birmânia.Em toda a história, desde o tempo dos apóstolos, são poucos osnomes que nos inspiram tanto a esforçarmo-nos pela obra missionária como os nomesdesse casal, Ana e Adoniram Judson. Em certa igreja em Malden, subúrbio de Boston,

encontra-se uma placa de mármore com a seguinte inscrição:

Memorial

Rev. Adoniram Judson

 Nasceu: 9 - agosto - 1788

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Morreu: 12 - abril - 1850

Lugar de seu nascimento: Malden

Lugar de seu sepultamento: o mar 

Seu monumento: OS SALVOS DA BIRMÂNIA E A

BÍBLIA BIRMANESA

Seu histórico: nas alturas

Adoniram fora uma criança precoce; sua mãe ensinou-o a ler um capítulo inteiro daBíblia, antes de ele completar quatro anos de idade.

Seu pai inculcou-lhe o desejo ardente de, em tudo quanto fazia, aproximar-se sempre da perfeição, sobrepondo-se a qualquer de seus companheiros. Esta foi a norma de toda a

sua vida.

O tempo que passou nos estudos foram os anos em que o ateísmo, que teve sua origemna França, se infiltrou no país. O gozo de seus pais, ao saberem que o filho ganhara o

 primeiro lugar na sua classe, transformou-se em tristeza, quando ele os informou de quenão mais acreditava na existência de Deus. O recém-diplomado sabia enfrentar osargumentos de seu pai, que era pastor instruído, e jamais sofrera de tais dúvidas.

Contudo as lágrimas e admoestações de sua mãe, depois de o moço sair da casa paterna,estavam sempre perante ele.

 Não muito depois de "ganhar o mundo", na casa dum tio, encontrou-se com um jovem pregador. Este conversou com ele tão seriamente acerca da sua alma, que Judson ficoumuito impressionado. Passou o dia seguinte sozinho, em viagem a cavalo. Ao anoitecer,

chegou a uma vila onde passou a noite numa pensão. No quarto contíguo ao que eleocupou, estava um moço moribundo, e Judson não conseguiu reconciliar o sono durantea noite. - O moribundo seria crente? Estaria preparado para morrer? Talvez fosse "livre

 pensador", filho de pais piedosos que oravam por ele! O que também o perturbava era alembrança dos seus companheiros, os alunos agnósticos do colégio de Providence.

Como se envergonharia, se os antigos colegas, especialmente o sagaz compadreErnesto, soubessem o que agora sentia em seu coração!

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Ao amanhecer o dia, disseram-lhe que o moço morrera. Em resposta à sua pergunta, foiinformado de que o falecido era um dos melhores alunos do colégio de Providence, cujo

nome era Ernesto!

Judson, ao saber da morte de seu companheiro ateu, ficou estupefato. Sem saber como,estava em viagem de volta a casa. Desde então desapareceram todas as suas dúvidasacerca de Deus e da Bíblia. Soavam-lhe constantemente aos ouvidos as palavras:

"Morto! Perdido! Perdido!"

 Não muito depois deste acontecimento, dedicou-se solenemente a Deus e começou a pregar. Que a sua consagração era profunda e completa ficou provado pela maneira

como se aplicou à obra de Deus.

 Nesse tempo, Judson escreveu à noiva: "Em tudo que faço, pergunto a mim mesmo: Isto

agradará ao Senhor?... Hoje alcancei maior grau do gozo de Deus, tenho sentido grandealegria perante o seu trono".

É assim que Judson nos conta a sua chamada para o serviço missionário: "Foi quandoandava num lugar solitário, na floresta, meditando e orando sobre o assunto e quase

resolvido a abandonar a idéia, que me foi dada a ordem: 'Ide por todo o mundo e pregaio Evangelho a toda a criatura'. Este assunto foi-me apresentado tão claramente e comtanta força, que resolvi obedecer, apesar dos obstáculos que se apresentaram diante de

mim".

Judson, com quatro dos seus colegas, reuniram-se junto a um montão de feno, paraorarem e ali solenemente dedicarem, perante Deus, suas vidas para levar o Evangelho"aos confins da terra". Não havia qualquer junta de missões para os enviar. Contudo,

Deus honrou a dedicação dos moços, tocando nos corações dos crentes, para suprirem odinheiro.Judson foi chamado, então, a ocupar um lugar no corpo docente na

universidade de Brown, mas recusou o convite. Depois foi chamado a pastorear uma dasmaiores igrejas da América do Norte. Este convite, também, foi rejeitado. Foi grande o

desapontamento de seu paí e o choro de sua mãe e irmã ao saberem que Judson seoferecera para a obra de Deus no estrangeiro, onde nunca fora proclamado o Evangelho.

A esposa de Judson mostrou ainda mais heroísmo porque era a primeira mulher quesairia dos Estados Unidos, como missionária. Com a idade de dezesseis anos, teve a sua

 primeira experiência religiosa. Vivia tão entregue à vaidade que seus conhecidosreceavam o castigo repentino de Deus sobre ela. Então, em certo domingo, enquanto se

 preparava para o culto, ficou profundamente comovida pelas palavras: "Aquela que vivenos prazeres, apesar de viver, está morta". Acerca da sua vida transformada, escreveu-lhe ela mais tarde: "Eu desfrutava dia após dia, a doce comunhão com o bendito Deus;no coração sentia o amor que me ligava aos crentes de todas as denominações; achei as

sagradas Escrituras doces ao paladar, senti tão grande sede de conhecer as coisasreligiosas que, freqüentemente, passava quase noites inteiras lendo". Todo o ardor que

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mostrara na vida mundana agora o sentia na obra de Cristo. Por alguns anos, antes deaceitar a chamada missionária, era professora e se esforçava em ganhar os alunos para

Cristo.

Adoniram, depois de despedir-se de seus pais para iniciar sua viagem à Índia, foiacompanhado até Boston por seu irmão, Elnatã, moço ainda não-salvo. No caminho, osdois apearam dos seus cavalos, entraram na floresta e lá, de joelhos, Adoniram rogou a

Deus que salvasse seu irmão. Quatro dias depois, os dois se separaram para não severem mais neste mundo. Alguns anos depois, porém, Adoniram teve notícias de que

seu irmão recebera também a herança no reino de Deus.

Judson e sua esposa embarcaram para a Índia em 1812, passando quatro meses a bordodo navio. Aproveitando essa oportunidade para estudar, os dois chegaram a com- preender que o batismo bíblico é por imersão, e não por aspersão, como a sua

denominação o praticava. Não considerando a oposição de seus muitos conhecidos, nemo seu sustento, não vacilaram em informar isso àqueles que os tinham enviado. Foram

 batizados por imersão no porto de desembarque, Calcutá.

Expulsos logo dessa cidade, por causa da situação política, fugiram de país em país. Por fim, dezessete longos meses depois de partirem da América, chegaram a Rangum, naBirmânia. Judson estava quase exausto por causados horrores que sofrera a bordo; suaesposa, estava tão perto da morte que não mais podia caminhar, sendo levada para terra

em uma padiola.

O império da Birmânia de então era mais bárbaro, e de língua e costumes maisestranhos do que qualquer outro país que os Judson tinham visto. Ao desembarcarem osdois, em resposta às orações feitas durante as longas vigílias da noite, foram sustentados

 por uma fé invencível e pelo amor divino que os levava a sacrificar tudo, para que agloriosa luz do Evangelho raiasse também nas almas dos habitantes desse país.

Agora, um século depois, podemos ver como o Mestre dirigia seus servos, fechando as portas, durante a prolongada viagem, para que não fossem aos lugares que esperavam edesejavam ir. Hoje pode-se ver claramente que Rangum, o porto principal da Birmânia,

era justamente o ponto mais estratégico para iniciar a ofensiva da Igreja de Cristo contrao paganismo no continente asiático.

 No difícil estudo do idioma birmanês foi necessário fazer o seu próprio dicionário egramática. Passaram-se cinco anos e meio antes de fazerem o primeiro culto para o po-vo. No mesmo ano batizaram o primeiro convertido apesar de cientes da ordem do rei

de que ninguém podia mudar de crença sem ser condenado à morte.

Ao sair da sua terra para ser missionário, Judson levava uma soma considerável de

dinheiro. Essa quantia ele a ganhara de seu emprego e parte recebeu-a de ofertas de pa-rentes e amigos. Não só colocou tudo isto aos pés daqueles que dirigiam a obra

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missionária mas, também, a elevada quantia de cinco mil e duzentos rúpias que oGovernador Geral da Índia lhe pagara por seus serviços prestados por ocasião do

armistício de Yandabo.

Recusou o emprego de intérprete do governo, com salário elevado, escolhendo antessofrer as maiores privações e o opróbrio, para ganhar as almas dos pobres birmaneses para Cristo.

Durante onze meses, esteve preso em Ava. (Ava era naquele tempo a capital daBirmânia.) Passou alguns dias, com mais sessenta outros sentenciados à morte,

encerrado em um edifício sem janelas, escuro e quente, abafado e imundo em extremo.Passava o dia com os pés e mãos no tronco. Para passar a noite, o carcereiro enfiava-lheum bambu entre os pés acorrentados, juntando-o com outros prisioneiros e, por meio de

cordas, arribava-os para apenas os ombros descansarem no chão. Além desse

sofrimento, tinha de ouvir constantemente gemidos misturados com o falar torpe dosmais endurecidos criminosos da Birmânia. Vendo os outros prisioneiros arrastados parafora para morrer às mãos do carrasco, Judson podia dizer: "Cada dia morro". As cincocadeias de ferro pesavam tanto, que levou as marcas das algemas no corpo até a morte.

Certamente ele não teria resistido, se a sua fiel esposa não tivesse conseguido permissãodo carcereiro para, no escuro da noite, levar-lhe comida e consolá-lo com palavras de

esperança.

Um dia porém, ela não apareceu; essa ausência durou vinte longos dias. Ao reaparecer,

trazia nos braços uma criancinha recém-nascida.

Judson, uma vez liberto da prisão, apressou-se o mais possível a chegar a casa, mastinha as pernas estropiadas pelo longo tempo que passara no cárcere. Fazia muitos diasque não recebia notícias de sua querida Ana! - Ela ainda vivia? Por fim, encontrou-a,

ainda viva, mas com febre, e próximo de morte.

Dessa vez ela ainda se levantou, mas antes de completar 14 anos na Birmânia, faleceu.Comove a alma ao ler a dedicação de Ana Judson ao marido, e a parte que desem-

 penhou na obra de Deus, e em casa até o dia da sua morte.

Alguns meses depois da morte da esposa de Judson, a sua filha também morreu.Durante os seis longos anos que se seguiram, ele trabalhou sozinho, casando-se, então,

com a viúva de outro missionário. A nova esposa, gozando os frutos dos esforçosincessantes na Birmânia, mostrou-se tão dedicada ao marido como a primeira.

Judson perseverou durante vinte anos para completar a maior contribuição que se podiafazer à Birmânia, a tradução da Bíblia inteira na própria língua do povo.

Depois de trabalhar constantemente no campo estrangeiro durante trinta e dois anos, para salvar a vida da esposa, embarcou com ela e três dos filhos, de volta à América, sua

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terra natal. Porém, em vez de ela melhorar da doença que sofria, como se esperava,morreu durante a viagem, sendo enterrada em Santa Helena, onde o navio aportou.

- Quem poderá descrever o que Judson sentiu ao desembarcar nos Estados Unidos,

quarenta e cinco dias depois da morte da sua querida esposa?! Ele, que estivera ausentedurante tantos anos da sua terra, sentia-se agora perturbado acerca da hospedagem nascidades de seu país. Surpreendeu-se, depois de desembarcar, ao verificar que todas as

casas se abriam para recebê-lo. Seu nome tornara-se conhecido de todos. Grandesmultidões afluíam para ouvi-lo pregar. Porém, depois de passar trinta e dois anos

ausente na Birmânia, naturalmente, sentia-se como se estivesse entre estrangeiros, e nãoqueria levantar-se diante do público para falar na língua materna. Também sofria dos

 pulmões e era necessário que outrem repetisse para o povo o que ele apenas podia dizer  balbuciando.

Conta-se que, certo dia, num trem, entrou um vendedor de jornais. Judson aceitou um e,distraído, começou a lê-lo; o passageiro ao lado chamou-o a atenção, dizendo que o

rapaz ainda esperava o níquel pelo jornal. Olhando para o vendedor, pediu desculpas, pois pensara que oferecessem o jornal de graça, visto que ele estava acostumado adistribuir muita literatura na Birmânia sem cobrar um centavo, durante muitos anos.

Passara apenas oito meses entre seus patrícios, quando se casou de novo e embarcou pela segunda vez para a Birmânia. Continuou a sua obra naquele país, sem cansar, atéalcançar a idade de sessenta e um anos. Judson foi, então, chamado a estar com o seu

Mestre enquanto viajava longe da família. Conforme o seu desejo, foi sepultado em altomar.

Adoniram Judson costumava passar muito tempo orando de madrugada e de noite. Diz-se que gozava da mais íntima comunhão com Deus enquanto caminhava

apressadamente. Os filhos, ao ouvirem seus passos firmes e resolutos dentro do quarto,sabiam que seu pai estava levando suas orações ao trono da graça. Seu conselho era:"Planeja os teus negócios se for possível, para passares duas a três horas, todos os

dias, não só em adoração a Deus, mas orando em secreto".

Sua esposa conta que, durante a sua última doença, antes de falecer, ela leu para ele anotícia de certo jornal, acerca da conversão de alguns judeus na Palestina, justamenteonde Judson queria trabalhar antes de ir à Birmânia. Esses judeus, depois de lerem a

história dos sofrimentos de Judson na prisão de Ava, foram inspirados a pedir, também,um missionário e assim iniciou-se uma grande obra entre eles.

Ao ouvir isto, os olhos de Judson se encheram de lágrimas, tendo o semblante solene e aglória dos céus estampada no rosto, tomou a mão de sua esposa dizendo: "Querida, istome espanta. Não compreendo. Refiro-me à notícia que leste. Nunca orei sinceramente

 por uma coisa sem a receber; recebi-a apesar de demorada, de alguma maneira, e talveznuma forma que não esperava, mas a recebi. Contudo, sobre este assunto eu tinha tão

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 pouca fé! Que Deus me perdoe e, enquanto na sua graça quiser me usar como seuinstrumento, limpe toda a incredulidade de meu coração".

 Nesta história, nota-se outro fato glorioso: Deus não só concede frutos pelos esforços

dos seus servos, mas, também, pelos seus sofrimentos. Por muitos anos, até pouco antesda sua morte, Judson considerava os longos meses de horrores da prisão em Ava, comointeiramente perdidos à obra missionária.

 No começo do trabalho na Birmânia, Judson concebeu a idéia de evangelizar, por fim,todo o país. A sua maior esperança era ver durante a sua vida, uma igreja de cem

 birmaneses salvos e a Bíblia impressa na língua desse país.No ano da sua morte, porém,havia sessenta e três igrejas e mais de sete mil batizados, sendo os trabalhos dirigidos por cento e sessenta e três missionários, pastores e auxiliares. As horas que passou

diariamente suplicando ao Deus que dá mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos,

não foram perdidas.

Durante os últimos dias da sua vida fazia menção, muitas vezes, do amor de Cristo.

Com os olhos iluminados e as lágrimas correndo-lhe pelas faces, exclamava: "Oh! oamor de Cristo! O maravilhoso amor de Cristo, a bendita obra do amor de Cristo!" Certa

ocasião ele disse: "Tive tais visões do amor condescendente de Cristo e da glória doCéu, que, creio, quase nunca são concedidas aos homens. Oh! o amor de Cristo! É omistério da inspiração da vida e a fonte da felicidade nos céus. Oh! o amor de Jesus! Não o podemos compreender agora, mas quão grande será em toda a eternidade!

Acrescentamos o último parágrafo da biografia de Adoniram Judson escrita por um dosseus filhos. Quem pode lê-lo sem sentir o Espírito Santo o animar a tomar parte ativa e

definida em levar o Evangelho a um dos muitos lugares sem o Evangelho?

Até aquele dia, quando todo o joelho se dobrará perante o Senhor Jesus, os coraçõescrentes serão movidos aos maiores esforços, pela lembrança de Ana Judson, enterradadebaixo do hopiá (uma árvore) na Birmânia; de Sara Judson, cujo corpo descansa na

ilha pedregosa de Santa Helena e de Adoniram Judson, sepultado nas águas do oceanoÍndico.

(extraido do livro hérois da fé)

Henrique Martyn

Luz inteiramente gasta por Deus(1781-1812)

Ajoelhado na praia da Índia, Henrique Martyn derramava a alma perante o Mestre eorava: "Amado Senhor, eu também andava no país longínquo; minha vida ardia no

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 pecado... desejaste que eu me tornasse, não mais um tição para espalhar a destruição,mas uma tocha brilhando por ti (Zacarias 3.2). Eis-me aqui nas trevas mais densas, sel-

vagens e opressivas do paganismo. Agora, Senhor, quero arder até me consumir inteiramente por ti!"

O intenso ardor daquele dia sempre motivou a vida desse moço. Diz-se que o seu é "onome mais heróico, que adorna a história da Igreja da Inglaterra, desde os tempos da

rainha Elisabete." Contudo, até entre seus patrícios, ele não é bem conhecido.

Seu pai era de físico franzino. Depois de o seu progenitor falecer, os quatro filhos,inclusive Henrique, não tardaram a contrair a mesma enfermidade, a tuberculose.

Com a morte do pai, Henrique perdeu seu intenso interesse pela matemática e seinteressou grandemente na leitura da Bíblia. Diplomou-se com mais honras do que

todos da sua classe. O Espírito Santo, porém, falou à sua alma: "Buscas grandes coisas para ti. Não as busques!" Acerca dos seus estudos testificou: "Alcancei o ponto mais

alto que desejara, mas fiquei desapontado ao ver como, apenas, tinha agarrado umasombra."

Tinha por costume levantar-se cedo, de madrugada, e andar sozinho, pelos campos paradesfrutar de comunhão íntima com Deus. O resultado foi que abandonou para sempre o plano de ser advogado, um plano que, até aí, ainda seguia, porque "não podia consentir 

em ser pobre pelo amor de Cristo."

Ao ouvir um sermão sobre "O Estado Perdido dos Pagãos" resolveu dar a sua vida comomissionário. Ao conhecer a vida abnegada do missionário Guilherme Carey, na sua

grande obra na Índia, sentiu-se dirigido a trabalhar no mesmo país.

O desejo de levar a mensagem de salvação aos povos que não conheciam a Cristo,tornou-se como um fogo inextinguível na sua alma pela leitura da biografia de David

Brainerd, o qual morrera quando ainda muito jovem, com a idade de vinte e nove anos(sua vida fora gasta inteiramente no serviço de amor intenso aos silvícolas da Américado Norte). Henrique Martyn reconhecia que, como foram poucos os anos da obra de

David Brainerd, havia também para ele pouco tempo, e se acendeu nele a mesma paixãode gastar-se, inteiramente por Cristo, no breve espaço de tempo que lhe restava. Seussermões não consistiam em palavras de sabedoria humana, mas sempre se dirigia ao

 povo como "um moribundo, pregando aos moribundos".

Havia um grande embaraço para Henrique Martyn: a mãe da sua noiva, Lídia Grenfel,não consentiria que eles se casassem, se ele insistisse em levá-la para o estrangeiro.

Henrique amava a Lídia e o seu maior desejo terrestre era estabelecer um lar e trabalhar  junto com ela na seara do Senhor. Acerca disto, ele escreveu no seu diário: "Continuei

uma hora e mais em oração, lutando contra o que me ligava... Cada vez que estava pertode ganhar a vitória, o coração voltava para o seu ídolo, e finalmente, deitei-me sentindo

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grande mágoa."Então se lembrou de David Brainerd, o qual negava a si mesmo todos osconfortos da civilização, andava grandes distâncias sozinho na floresta, passava dias

com fome e depois de assim se esforçar por cinco anos, voltou para falecer tuberculosonos braços da sua noiva, Jerusa, filha de Jônatas Edwards.

Por fim, Henrique Martyn, também, ganhou a vitória, obedecendo à chamada parasacrificar-se à salvação dos perdidos. Ao embarcar para a Índia, em 1805, escreveu: "Se

eu viver ou morrer, que Cristo seja magnificado pela colheita de multidões para Ele".

A bordo do navio, ao afastar-se da sua pátria, Henrique Martyn chorou como umacriança. Contudo nada podia desviá-lo da sua firme resolução de seguir a direção divina.Ele era "um tição arrebatado do fogo" e repentinamente dizia: "Que eu seja uma chama

de fogo no serviço divino".

Depois de nove longos meses a bordo, e quando já se achava perto do seu destino, passou um dia inteiro em jejum e oração. Sentia quão grande era o sacrifício da Cruz ecomo era, igualmente, grande a sua responsabilidade para com os perdidos na idolatriada Índia. Continuava a repetir: "Tenho posto vigias sobre os teus muros, ó Jerusalém;

eles não se calarão jamais em todo o dia nem em toda a noite: não descanseis vós os quefazeis lembrar a Jeová, e não lhe deis a Ele descanso, até que estabeleça, e até que

 ponha a Jerusalém por objeto de louvor na terra!" (Isaías 62.6).

A chegada de Henrique Martyn à Índia, no mês de abril de 1806, foi também em

resposta à oração de outros. A necessidade era tão grande nesse país, que os poucosobreiros concordaram em se reunirem em Calcutá, de oito em oito dias, para pedirem aDeus que enviasse um homem cheio do Espírito Santo e poder à Índia. Martyn, logo ao

desembarcar, foi recebido alegremente por eles como a resposta às suas orações.

É difícil imaginar o horror das trevas em que vivia esse povo, entre o qual Martyn seachava. Um dia, perto do lugar onde se hospedara, ouviu uma música e viu a fumaça de

uma das piras fúnebres de que ouvira falar antes de sair da Inglaterra. As chamas jácomeçavam a subir do lugar onde uma viúva se achava sentada ao lado do cadáver deseu marido morto. Martyn, indignado, esforçou-se, mas não pôde conseguir salvar a

 pobre vítima.

Em outra ocasião, foi atraído pelo ruído do címbalo, a um lugar onde o povo fazia cultoaos demônios. Os adoradores se prostravam perante o ídolo, obra das suas próprias

mãos, do qual adoravam e temiam! Martyn sentia-se "mesmo na vizinhança do Inferno".

Cercado de tais cenas, ele se aplicava mais e mais e sem cansar, dia após dia, a aprender a língua. Não desanimava com a falta de fruto da sua pregação, reconhecendo ser de

maior importância traduzir as Escrituras e colocá-las nas mãos do povo. Com esse alvo,

 perseverava no trabalho de tradução, cuidadosamente, aperfeiçoando a obra, pouco a pouco, e parando de vez em quando para pedir o auxílio de Deus.

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Como a sua alma ardia no firme propósito de dar a Bíblia ao povo, vê-se no seguintetrecho de um dos seus sermões conservado no Museu Britânico:

"Pensai na situação triste do moribundo, que apenas conhece bastante da eternidade paratemer a morte, mas não conhece bastante do Salvador para olhar o futuro comesperança. Não pode pedir uma Bíblia para saber algo sobre o que se firmar nem pode pedir a esposa ou ao filho que lhe leiam um capítulo para o confortar. A Bíblia, ah! éum tesouro que eles nunca possuíram! Vós que tendes um coração para sentir a misériado próximo, vós que sabeis como a agonia de espírito é mais que qualquer sofrimentodo corpo, vós que sabeis que vem o dia em que tendes de morrer, oh! dai-lhes aquilo

que lhes será um conforto na hora da morte!"

Para alcançar esse alvo, de dar as Escrituras aos povos da Índia e da Pérsia, Martyn

aplicou-se à obra de tradução de dia e de noite, até mesmo quando descansava e quandoem viagem. Não diminuía a sua marcha quando o termômetro registrava o intenso calor de 70" nem quando sofria da febre intermitente, nem com o avanço da peste branca que

ardia no seu peito.

Como David Brainerd, cuja biografia sempre serviu para inspirá-lo, Henrique Martyn passou dias inteiros em intercessão e comunhão com o seu "Amado", seu querido Jesus.

- "Parece", escreveu ele, "que posso orar para sempre sem nunca cansar. Quão doce éandar com Jesus e morrer por Ele..." Para ele, a oração não era uma formalidade, mas o

meio certo de quebrantar os endurecidos e vencer os adversários.

Seis anos e meio depois de ter desembarcado na Índia, enquanto empreendia longaviagem, faleceu com a idade de 31 anos. Separado dos irmãos, do resto da família, coma noiva esperando-o na Inglaterra, e cercado de perseguidores, foi enterrado em lugar 

desconhecido.

Era grande o ânimo, a perseverança, o amor, a dedicação com que trabalhava na searado seu Senhor! O zelo ardeu até ele se consumir neste curto espaço de seis anos e meio.É-nos impossível apreciar quão grande foi a sua obra feita em tão poucos anos. Além de

 pregar, conseguiu traduzir porções das Sagradas Escrituras para as línguas de umaquarta parte de todos os habitantes do mundo. O Novo Testamento em hindu, hindustão

e persa e os Evangelhos em judaico-persa são apenas uma parte das suas obras.

Quatro anos depois da sua morte, nasceu Fidélia Fiske, no sossego da Nova Inglaterra.Quando ainda aluna na escola, leu a biografia de Henrique Martyn. Andou quarenta e

cinco quilômetros de noite, sob violenta tempestade de neve, para pedir à sua mãe que adeixasse ir pregar o Evangelho às mulheres da Pérsia. Ao chegar à Pérsia reuniu muitasmulheres e lhes contou o amor de Jesus, até que o avivamento em Oroomiah se tornou

em outro Pentecoste.

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Se Henrique Martyn, que entregou tudo para o serviço do Rei dos reis, pudesse visitar aÍndia, e a Pérsia, hoje, quão grande seria a obra que encontraria, obra feita por tão

grande número de fiéis filhos de Deus nos quais ardeu o mesmo fogo pela leitura da biografia desse pioneiro.

(extraido do livro hérois da fé)

sábado, 22 de maio de 2010

BIOGRAFIA DE JOHN STOTT: SERVO, TEÓLOGO EPASTOR. 

O inglês John Stott nasceu em 27 de abril de 1921. Foi um agnóstico até 1939, quando ouviu umamensagem do reverendo Eric Nash e se converteu ao cristianismo evangélico.

Estudou Línguas Modernas na Faculdade Trinity, de Cambridge. Foi ordenado pela Igreja Anglicanaem 1945, e iniciou suas atividades como sacerdote na Igreja All Souls, em Langham Place. Lá continuouaté se tornar pastor emérito, em 1975. Foi capelão da coroa britânica de 1959 a 1991.

Stott tornou-se ainda mais conhecido depois do Pacto de Lausanne - grande congresso mundial deevangélicos que ocorreu em 1974 na Suíça, onde foi criado um comitê mundial das igrejas evangélicas. Oteólogo se destacou na defesa do conceito de Evangelho Integral - uma abordagem cristã mais ampla,abrangendo a promoção do Reino de Deus não apenas na dimensão espiritual, mas também, natransformação da sociedade a partir da ética e dos valores cristãos. Em 1982, fundou o London Institute

for Contemporary Christianity, do qual hoje é presidente honorário.

Além da vasta produção literária, Stott há 30 anos atua no apoio à formação de pastores e líderes etambém facilitando o acesso à literatura nos mais diversos países, através de sua organização John StottMinistries e o fundo Langham Partnership International. Ambos estão encarregados de perpetuar a visãode Stott. A JSM continuará sob a presidência de Chris Wright, que desde 2001 é seu principal executivo.

Em 2006, a organização apresentou seu projeto mais ousado: a publicação do Comentário BíblicoAfricano. A obra conta com a inédita participação de 70 estudiosos africanos e foi elaborado com foco narealidade do continente, sem perder seu aspecto universal.

Aclamado pelo jornal The New York Times como o “papa” dos evangélicos pelo seu imenso prestígio,Stott escreveu mais de 50 livros, dentre eles Entenda a Bíblia.

Entre os seus títulos mais famosos estão: Cristianismo Básico; Crer é Também Pensar; Porque SouCristão; A Cruz de Cristo; Eu Creio na Pregação; Firmados na Fé; Cristianismo Equilibrado; Entenda aBíblia; Cristianismo Autêntico; O Perfil do Pregador; Ouça o Espírito, ouça o mundo, a maioria delesdisponível para empréstimo em nossa biblioteca.

A sua obra mais importante, Cristianismo Básico, vendeu mais de 2 milhões de cópias e já foi traduzidopara mais de 60 línguas. Billy Graham chamou John Stott de "o mais respeitável clérigo no mundohoje".

Leia abaixo uma frase marcante de John Stott:

"Alguma vez abrimos nossas portas a Cristo? Nós já o convidamos? Esta foi exatamente a questãoque eu precisei ter colocado a mim. Pois, intelectualmente falando, eu tinha acreditado em Jesus toda aminha vida, do outro lado da porta. Regularmente tive dificuldades para fazer minhas orações pelo buracoda fechadura. Eu tinha mesmo empurrado tostões por debaixo da porta em uma vã tentativa de acalmá-lo. Eu fui batizado, sim, e confirmado também. Eu fui à igreja, li a Bíblia, tive altos ideais, e tentei ser bome fazer o bem.

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Mas o tempo todo, muitas vezes sem perceber , eu estava afastando Cristo no comprimento do braço,e mantendo-o longe. Eu sabia que abrir a porta poderia ter consequências. Estou profundamente grato aele por permitir-me abrir a porta. Olhando para trás agora por mais de cinqüenta anos, percebi que essepasso simples mudou toda a direção, o rumo e a qualidade da minha vida”.

Priscila Rocha com informações da editora Mundo Cristão

Estaremos neste blog colocando vários estudos do Dr. John Stott, para enriquecer o leitor e aliderança da igreja evangélica brasileira. A voz de Stott deve ser ouvida por esta geraçào fascinadapelo reino aqui e agora, pelo evangelho água com açucar e pelo evangelho estranho dasfacilitações urbanas.

Christmas Evans

O «João Bunyan de Gales»(1766-1838)Seus pais deram-lhe o nome de Christmas porque nasceu no dia de "Christmas" (Natal),em 1766. O povo deu-lhe a alcunha de "Pregador Caolho" porque era cego de um olho.

Alguém assim se referiu a Christmas Evans: "Era o mais alto dos homens, de maior força física e o mais corpulento que jamais vi. Tinha um olho só; se há razão para dizer 

que era olho, pois mais propriamente pode-se dizer que era uma estrela luzente, brilhando como Vênus". Foi chamado, também, "O João Bunyan de Gales", porque erao pregador que, na história desse país, desfrutava mais do poder do Espírito Santo. Emtodo o lugar onde pregava, havia grande número de conversões. Seu dom de pregar era

tão extraordinário, que, com toda a facilidade, podia levar um auditório de 15 a 20 mil pessoas, de temperamento e sentimentos vários, a ouvi-lo com a mais profunda atenção.

 Nas igrejas, não cabiam as multidões que iam ouvi-lo durante o dia; à noite, sempre pregava ao ar livre, sob o brilhar das estrelas.Durante a sua mocidade, viveu entregue àdevassidão e à embriaguez. Numa luta, foi gravemente esfaqueado; outra vez foi tirado

das águas como morto e, ainda doutra vez, caiu de uma árvore sobre uma faca. Nascontendas era sempre o campeão, até que, por fim, numa briga, seus companheiros

cegaram-lhe um olho. Deus, contudo, fora misericordioso durante esse períodoguardando-o com vida para, mais tarde, fazê-lo útil no seu serviço.

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Com a idade de 17 anos, foi salvo: aprendeu a ler e, não muito depois, foi chamado a pregar e separado para o ministério. Seus sermões eram secos e sem fruto até que, umdia, em viagem para Maentworg, segurou seu cavalo e entrou na mata onde derramou a

sua alma em oração a Deus. Como Jacó em Peniel, de lá não saiu antes de receber a

 bênção divina. Depois daquele dia reconheceu a grande responsabilidade de sua obra;regozijava-se sempre no espírito de oração e surpreendeu-se grandemente com os frutosgloriosos que Deus começou a conceder-lhe. Antes destas coisas, possuía dons e corpo

de gigante; porém, depois, foi-lhe acrescentado o espírito de gigante. Era corajoso comoum leão e humilde como um cordeiro; não vivia para si, mas para Cristo. Além de ter, por natureza, uma mente ativa e uma maneira tocante de falar, tinha um coração quetransbordava de amor para com Deus e o próximo. Verdadeiramente era uma luz que

ardia e brilhava.

 No Sul de Gales andava a pé, pregando, às vezes, cinco sermões num só dia. Apesar de

não andar bem vestido e de possuir maneiras desastrosas, afluíam grandes multidões para ouvi-lo. Vivificado com o fogo celestial, subia em espírito como se tivesse asas deanjo e quase sempre levava o auditório consigo. Muitas vezes os ouvintes rompiam emchoro e outras manifestações, coisas que não podiam evitar. Por isso eram conhecidos

 por "Saltadores Galeses".

Era convicção de Evans que seria melhor evitar os dois extremos: o excesso de ardor e afrieza demasiada. Porém Deus é um ser soberano, operando de várias maneiras. A

alguns Ele atrai pelo amor, enquanto a outros Ele espanta com os trovões do Sinai, para

acharem preciosa paz em Cristo. Os vacilantes, às vezes, são por Deus sacudidos sobreo abismo da angústia eterna, até clamarem pedindo misericórdia e acharem gozoindizível. O cálice desses transborda até que alguns, não compreendendo, perguntaram:

- "Por que tanto excesso?"

Acerca da censura que faziam dos cultos, Evans escreveu: "Admiro-me de que o gêniomau, chamando-se 'o anjo da ordem , queira experimentar tornar tudo, na adoração a

Deus, em coisa tão seca como o monte Gilboa. Esses homens da ordem desejam que oorvalho caia e o sol brilhe sobre todas as suas flores, em todos os lugares, menos nos

cultos ao Deus todo-poderoso. Nos teatros, nos bares e nas reuniões políticas, os

homens comovem-se, entusiasmam-se e são tocados de fogo como qualquer 'Saltador Galês'. Mas, segundo eles desejam, não deve haver coisa alguma que dê vida e

entusiasmo à religião! Irmãos, meditai nisto! - Tendes razão, ou estais errados?"

Conta-se que, em certo lugar, havia três pregadores para falar, sendo Evans o último.Era um dia de muito calor; os primeiros dois sermões foram muito longos, de forma quetodos os ouvintes ficaram indiferentes e quase exaustos. Porém, depois de Evans haver 

 pregado cerca de quinze minutos, sobre a misericórdia de Deus, tal qual se vê na parábola do Filho Pródigo, centenas dos que estavam sentados na relva, repentinamente,

ficaram em pé. Alguns choravam e outros oravam sob grande angústia. Foi impossível

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continuar o sermão: o povo continuou a chorar e orar durante o dia inteiro e de noite atéamanhecer.

 Na ilha de Anglesey, porém, Evans teve de enfrentar certa doutrina chefiada por um

orador eloqüente e instruído. Na luta contra o erro dessa seita, começou a esfriar es- piritualmente. Depois de alguns anos, não mais possuía o espírito de oração nem o gozoda vida cristã. Mas ele mesmo descreveu como buscou e recebeu de novo a unção do

 poder divino que fez a sua alma abrasar-se ainda mais do que antes:

"Não podia continuar com o meu coração frio para com Cristo, sua expiação e a obra deseu Espírito. Não suportava o coração frio no púlpito, na oração particular e no estudo,

especialmente quando me lembrava de que durante quinze anos o meu coração seabrasava como se eu andasse com Jesus no caminho de Emaús. Chegou o dia, por 

fim,que nunca mais esquecerei. Na estrada de Dolgelly, senti-me obrigado a orar, apesar 

de ter o coração endurecido e o espírito carnal. Depois de começar a suplicar, senticomo que pesados grilhões me caíssem e como que montanhas de gelo se derretessem

dentro de mim. Com esta manifestação, aumentou em mim a certeza de haver recebido a promessa do Espírito Santo. Parecia-me que meu espírito inteiro fora solto de uma

 prisão prolongada, ou como se estivesse saindo do túmulo num inverno muitíssimo frio.Correram-me abundantemente as lágrimas e fui constrangido a clamar e pedir a Deus ogozo da sua salvação, e que Ele visitasse, de novo, as igrejas de Anglesey que estavam

sob meus cuidados. Tudo entreguei nas mãos de Cristo... No primeiro culto depois,senti-me como que removido da região estéril e frígida de gelo espiritual, para as terras

agradáveis das promessas de Deus. Comecei, então, de novo os primeiros combates emoração, sentindo um forte anelo pela conversão de pecadores, tal como tinha sentido emLeyn. Apoderei-me da promessa de Deus. O resultado foi, que vi, ao voltar a casa, o

Espírito operar nos irmãos de Anglesey, dando-lhes o espírito de oração comimportunação."

Passou então o grande avivamento do pregador ao povo em todos os lugares da ilha deAnglesey e em todo o Gales. A convicção de pecado, como grandes enchentes passavasobre os auditórios. O poder do Espírito Santo operava até o povo chorar e dançar de

alegria. Um dos que assistiram ao seu famoso sermão sobre o Endemoninhado

Gadareno, conta como Evans retratou tão fielmente a cena do livramento do pobreendemoninhado, a admiração do povo ao vê-lo liberto, o gozo da esposa e dos filhos

quando voltou a casa, curado, que o auditório rompeu em grande riso e choro. Alguémassim se expressou: "O lugar tornou-se em um verdadeiro 'Boquim' de choro" (Juizes

2.1-5). Outro ainda disse que o povo do auditório ficou como os habitantes duma cidadeabalada por um terremoto, correndo para fora, prostrando-se em terra e clamando a

Deus.

 Não semeava pouco, portanto colhia abundantemente; ao ver a abundância da colheita,

sentia seu zelo arder de novo, seu amor aumentar e era levado a trabalhar ainda mais. Asua firme convicção era de que nem a melhor pessoa pode salvar-se sem a operação do

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Espírito Santo e nem o coração mais rebelde pode resistir ao poder do mesmo Espírito.Evans sempre tinha um alvo quando lutava em oração: firmava-se nas promessas de

Deus, suplicando com tanta importunação como quem não podia desistir antes dereceber. Dizia que a parte mais gloriosa do ministério do pregador era o fato de

agradecer a Deus pela operação do Espírito Santo na conversão dos pecadores.

Como vigia fiel, não podia pensar em dormir enquanto a cidade se incendiava.Humilhava-se perante Deus, agonizando pela salvação de pecadores, e de boa vontadegastou suas forças físicas, ou mentais, pregou o último sermão, sob o poder de Deus,

como de costume. Ao findar disse: "Este é meu último sermão". Os irmãos entenderamque se referira ao último sermão naquele lugar. Caiu doente, porém, na mesma noite. Na

hora da sua morte, três dias depois, dirigiu-se ao pastor, seu hospedeiro, com estas palavras: "O meu gozo e consolação é que, depois de me ocupar na obra do santuáriodurante cinqüenta e três anos, nunca me faltou sangue na bacia'. Prega Cristo ao povo".

Então, depois de cantar um hino, disse: "Adeus! Adeus!" e faleceu.

A morte de Christmas Evans foi um dos eventos mais solenes em toda a história do principado de Gales. Houve choro e pranto no país inteiro.

O fogo do Espírito Santo fez os sermões deste servo de Deus abrasar de tal forma oscorações, que o povo da sua geração não podia ouvir pronunciar o nome de ChristmasEvans sem ter uma lembrança vivida do Filho de Maria na manjedoura de Belém; do

seu batismo no Jordão; do jardim do Getsêmani; do tribunal de Pilatos; da coroa de es-

 pinhos; do monte Calvário; do Filho de Deus imolado no altar, e do fogo santo queconsumia todos os holocaustos, desde os dias de Abel até o dia memorável em que essefogo foi apagado pelo sangue do Cordeiro de Deus.

(extraido do livro hérois da fé)

Guilherme Carey

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Pai das missões modernas(1761-1834)O menino Guilherme Carey, era apaixonado pelo estudo da natureza. Enchia seu quartode coleções de insetos, flores, pássaros, ovos, ninhos, etc. Certo dia, ao tentar alcançar 

um ninho de passarinhos, caiu de uma árvore alta. Ao experimentar a segunda vez, caiunovamente. Insistiu a terceira vez: caiu e quebrou uma perna. Algumas semanas depois,

antes de a perna sarar, Guilherme entrou em casa com o ninho na mão. - "Subiste à

árvore novamente?!" -exclamou sua mãe. - "Não pude evitar, tinha de possuir o ninho,mamãe" - respondeu o menino.

Diz-se que Guilherme Carey, fundador das missões atuais, não era dotado deinteligência superior e nem de qualquer dom que deslumbrasse os homens. Entretanto,

foi essa característica de persistir, com espírito indômito e inconquistável, até completar tudo quanto iniciara, que fez o segredo do maravilhoso êxito da sua vida.

Quando Deus o chamava a iniciar qualquer tarefa, permanecia firme, dia após dia, mês

após mês e ano após ano,até acabá-la. Deixou o Senhor utilizar-se de sua vida, nãosomente para evangelizar durante um período de quarenta e um anos no estrangeiro,mas também para executar a façanha por incrível que pareça, de traduzir as Sagradas

Escrituras em mais que trinta línguas.

O avô e o pai do pequeno Guilherme eram sucessivamente professor e sacristão (IgrejaAnglicana) da Paróquia. Assim o filho aprendeu o pouco que o pai podia ensinar-lhe.

Mas não satisfeito com isso, Guilherme continuou seus estudos sem mestre.

Aos doze anos adquiriu um exemplar do Vocabulário Latino, por  Dyche,. o qual

decorou. Aos quatorze anos iniciou a carreira como aprendiz de sapateiro. Na lojaencontrou alguns livros, dos quais se aproveitou para estudar. Assim iniciou o estudo do

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grego. Foi nesse tempo que chegou a reconhecer que era um pecador perdido, ecomeçou a examinar cuidadosamente as Escrituras.

 Não muito depois da sua conversão, com 18 anos de idade, pregou o seu primeiro

sermão. Ao reconhecer que o batismo por imersão é bíblico e apostólico, deixou a deno-minação a que pertencia. Tomava emprestados livros para estudar e, apesar de viver em pobreza, adquiria alguns livros usados. Um de seus métodos para aumentar o conhe-cimento de outras línguas, consistia em ler diariamente a Bíblia em latim, em grego e

em hebraico.

Com a idade de vinte anos, casou-se. Porém os membros da igreja onde pregava eram pobres e Carey teve de continuar seu ofício de sapateiro para ganhar o pão cotidiano. O

fato de o senhor Old, seu patrão, exibir na loja um par de sapatos fabricados por Guilherme, como amostra, era prova da habilidade do rapaz.

Foi durante o tempo que ensinava geografia em Moulton, que Carey leu o livro As

Viagens do Capitão Cook e Deus falou à sua alma acerca do estado abjeto dos pagãossem o Evangelho. Na sua tenda de sapateiro afixou na parede um grande mapa-mundi,que ele mesmo desenhara cuidadosamente. Incluíra neste mapa todos os dizeres dis-

 poníveis: o número exato da população, a flora e a fauna, as características dosindígenas, etc., de todos os países.Enquanto consertava sapatos, levantava os olhos, de

vez em quando, para o mapa e meditava sobre as condições dos vários povos e amaneira de os evangelizar. Foi assim que sentiu mais e mais a chamada de Deus para

 preparar a Bíblia, para os muitos milhões de indus, na própria língua deles.

A denominação a que Guilherme pertencia, depois de aceitar o batismo por imersão,achava-se em grande decadência espiritual. Isto foi reconhecido por alguns dos mi-

nistros, os quais concordaram em passar "uma hora em oração na primeira segunda-feirade todos os meses" pedindo de Deus um grande avivamento da denominação. De fato

esperavam um despertamento, mas, como acontece muitas vezes, não pensaram namaneira em que Deus lhes responderia.

As igrejas de então não aceitavam a idéia, que consideravam absurda, de levar o

Evangelho aos pagãos. Certa vez, numa reunião do ministério, Carey levantou-se e su-geriu que ventilassem este assunto: O dever dos crentes em promulgar o Evangelho às

nações pagãs. O venerável presidente da reunião, surpreendido, pôs-se em pé e gritou:"Jovem, sente-se! Quando agradar a Deus converter os pagãos, ele o fará sem o seu

auxílio, nem o meu."

Porém o fogo continuou a arder na alma de Guilherme Carey. Durante os anos que seseguiram esforçou-se ininterruptamente, orando, escrevendo e falando sobre o assunto

de levar Cristo a todas as nações. Em maio de 1792, pregou seu memorável sermão

sobre Isaías 54.2,3: "Amplia o lugar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações seestendam; não o impeças; alonga as tuas cordas, e firma bem as tuas estacas. Porque

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transbordarás à mão direita e à esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e faráque sejam habitadas as cidades assoladas."

Discursou sobre a importância de esperar grandes coisas de Deus e, em seguida,

enfatizou a necessidade de tentar grandes coisas para Deus.

O auditório sentiu-se culpado de negar o Evangelho aos países pagãos, a ponto de"levantar as vozes em choro." Foi então organizada a primeira sociedade missionária na

história das igrejas de Cristo para a pregação do Evangelho entre os povos nuncaevangelizados. Alguns como Brainerd, Eliot e Schwartz já tinham ido pregar em lugares

distantes, mas sem que as igrejas se unissem para sustentá-los.

Apesar de a sociedade ser o resultado da persistência e esforços de Carey, ele mesmonão tomou parte na sua formação. O seguinte, porém, foi escrito acerca dele nesse

tempo:

"Aí está Carey, de estatura pequena, humilde de espírito, quieto e constante; temtransmitido o espírito missionário aos corações dos irmãos, e agora quer que saibam da

sua prontidão em ir onde quer que eles desejem, e está bem contente que formulemtodos os planos".

 Nem mesmo com esta vitória, foi fácil para Guilherme Carey concretizar o sonho delevar Cristo aos países que jaziam nas trevas. Dedicava o seu espírito indômito a alcan-

çar o alvo que Deus lhe marcara.

A igreja onde pregava não consentia que deixasse o pastorado: somente com a visita dosmembros da sociedade a ela é que este problema foi resolvido. No relatório da igrejaescreveram: "Apesar de concordar com ele, não achamos bom que nos deixe aquele a

quem amamos mais que a nossa própria alma."

Entretanto, o que mais sentiu foi quando a sua esposa recusou terminantemente deixar aInglaterra com os filhos. Carey estava tão certo de que Deus o chamava para trabalhar 

na Índia que nem por isso vacilou.

Havia outro problema que parecia insolúvel: Era proibida a entrada de qualquer missionário na Índia. Sob tais circunstâncias era inútil pedir licença para entrar. Nestascondições, conseguiram embarcar sem esse documento. Infelizmente o navio demoroualgumas semanas e, pouco antes de partir, os missionários receberam ordem de desem-

 barcar.

A sociedade missionária, apesar de tantos contratempos, continuou a confiar em Deus;conseguiram granjear dinheiro e compraram passagem para a Índia em um navio

dinamarquês. Uma vez mais Carey rogou à sua querida esposa que o acompanhasse. Elaainda persistia na recusa e nosso herói, ao despedir-se dela, disse: "Se eu possuísse o

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mundo inteiro, daria alegremente tudo pelo privilégio de levar-te e os nossos queridosfilhos comigo; mas o sentido do meu dever sobrepuja todas as outras considerações.

 Não posso voltar para trás sem incorrer em culpa a minha alma."

Porém, antes de o navio partir, um dos missionários foi à casa de Carey. Grande foi asurpresa e o regozijo de todos ao saberem que esse missionário conseguiu induzir aesposa de Carey a acompanhar o seu marido. Deus comoveu o coração do comandante

do navio a levá-la em companhia dos filhos, sem pagar passagem.

Certamente a viagem a vela não era tão cômoda como nos vapores modernos. Apesar dos temporais, Carey aproveitou-se do ensejo para estudar o bengali e ajudar um dos

missionários na obra de verter o livro de Gênesis para a língua bengaleza.

Guilherme Carey aprendeu suficiente o bengali, durante a viagem, para conversar com o

 povo. Pouco depois de desembarcar, começou a pregar e os ouvintes vinham para ouvir em número sempre crescente.

Carey percebeu a necessidade imperiosa de o povo possuir a Bíblia na própria língua e,sem demora, entregou-se à tarefa de traduzi-la. A rapidez com que aprendeu as línguas

da Índia é uma admiração para os maiores lingüistas.

 Ninguém sabe quantas vezes o nosso herói se mostrou desanimadíssimo na Índia. Aesposa não tinha interesse nos esforços de seu marido e enlouqueceu. A maior parte dos

ingleses com quem Carey teve contato, o tinham como louco; durante quase dois anosnenhuma carta da Inglaterra lhe chegou às mãos. Muitas vezes faltava aos seus dinheiroe alimento. Para sustentar a família, o missionário tornou-se lavrador da terra e

empregou-se em uma fábrica de anil.

Durante mais de trinta anos Carey foi professor de línguas orientais no colégio de FortWilliams. Fundou também, o Serampore College para ensinar os obreiros. Sob a sua

direção, o colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo na evangelização do país.  

Ao chegar à Índia, Carey continuou os estudos que começara quando menino. Não

somente fundou a Sociedade de Agricultura e Horticultura, mas criou um dos melhores jardins botânicos, redigiu e publicou o "Hortus Bengalensis". O livro "Flora Índica",

outra de suas obras, foi considerada obra-prima por muitos anos.

 Não se deve concluir, contudo, que, para Guilherme Carey, a horticultura fosse mais doque um passatempo. Passou, também, muito tempo ensinando nas escolas de crianças

 pobres. Mas, acima de tudo, sempre lhe ardia no coração o desejo de se esforçar na obrade ganhar almas.

Quando um de seus filhos começou a pregar, Carey escreveu: "Meu filho, Félix,respondeu à chamada para pregar o Evangelho". Anos depois, quando esse filho aceitou

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o cargo de embaixador da Grã Bretanha no Sião, o pai, desapontado e angustiado,escreveu para um amigo: "Félix encolheu-se até tornar-se um embaixador!"

Durante o período de quarenta e um anos, que passou na Índia, não visitou a Inglaterra.

Falava, embora com dificuldade, mais de trinta línguas da Índia, dirigia a tradução dasEscrituras em todas elas e foi apontado ao serviço árduo de tradutor oficial do governo.Escreveu várias gramáticas indianas e compilou notáveis dicionários dos idiomas

 bengali, marati e sânscrito. O dicionário do idioma bengali consta de três volumes einclui todas as palavras da língua, traçadas até a sua origem e definidas em todos os seus

sentidos.

Tudo isto era possível porque sempre economizava o tempo, segundo se deduz do queescreveu seu biógrafo:

"Desempenhava estas tarefas hercúleas sem pôr em risco a sua saúde, aplicando-semetódica e rigorosamente ao seu programa de trabalho, ano após ano. Divertia-se, passando de uma tarefa para outra. Dizia que se perde mais tempo, trabalhando

inconstante e indolentemente do que nas interrupções de visitas. Observava, portanto, anorma de entrar, sem vacilar, na obra marcada e de não deixar coisa alguma desviar a

sua atenção para qualquer outra coisa durante aquele período."O seguinte escrito pedindo desculpas a um amigo pela demora em responder-lhe a carta, mostra como

muitas das suas obras avançavam juntas:

"Levantei-me hoje às seis, li um capítulo da Bíblia hebraica; passei o resto do tempo, atéàs sete, em oração. Então assisti ao culto doméstico em bangali, com os criados.Enquanto esperava o chá, li um pouco em persa com um munchi que me esperava; li

também, antes de comer, uma porção das Escrituras em industani. Logo depois decomer sentei-me, com um pundite que me esperava, para continuar a tradução do

sânscrito para o ramayuma. Trabalhamos até as dez horas, quando então fui ao colégio para ensinar até quase as duas horas. Ao voltar para casa, li as provas da tradução de

Jeremias em bengali, só findando em tempo para jantar. Depois do jantar, traduzi,ajudado pelo pundite chefe do colégio, a maior parte do capítulo oito de Mateus em

sânscrito. Nisto fiquei ocupado até as seis. Depois das seis assentei-me com um pundite

de Telinga, para traduzir do sânscrito para a língua dele. Às sete comecei a meditar sobre a mensagem para um sermão e preguei em inglês, às sete e meia. Cerca de

quarenta pessoas assistiram ao culto, entre as quais, um juiz do Sudder Dewany'dawlut.Depois do culto, o juiz contribuiu com 500 rupias para a construção de um novo templo.Todos os que assistiram ao culto tinham saído às nove horas; sentei-me para traduzir ocapítulo onze de Ezequiel para o bengali. Findei às onze, e agora estou escrevendo estacarta. Depois, encerrei o dia com oração. Não há dia em que disponha de mais tempo do

que isto, mas o programa varia."

Com o avançar da idade, seus amigos insistiam em que diminuísse os seus esforços,mas a sua aversão à inatividade era tal, que continuava trabalhando mesmo quando a

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força física não dava para a necessária energia mental. Por fim, viu-se obrigado a ficar de cama, onde continuava a corrigir as provas das traduções.

Finalmente, em 9 de junho de 1834, com a idade de 73 anos, Guilherme Carey dormiu

em Cristo.

A humildade era uma das características mais destacadas da sua vida. Conta-se que, nozênite da fama, ouviu certo oficial inglês perguntar cinicamente: - "O grande doutor 

Carey não era sapateiro?" Carey, ao ouvir casualmente a pergunta, respondeu: "- Não,meu amigo, era apenas um remendão."

Quando Guilherme Carey chegou à Índia, os ingleses negaram-lhe permissão paradesembarcar. Ao morrer, porém, o governo mandou içar as bandeiras a meia haste em

honra de um herói que fizera mais para a Índia do que todos os generais britânicos.

Calcula-se que traduziu a Bíblia para a terça parte dos habitantes do mundo. Assimescreveu um de seus sucessores, o missionário Wenger: "Não sei como Carey conseguiu

fazer nem a quarta parte das suas traduções. Faz cerca de vinte anos (em 1855), quealguns missionários, ao apresentarem o Evangelho no Afeganistão (país da Ásia

central), acharam que a única versão que esse povo entendia era o Pushtoo, feita emSarampore por Carey."

O corpo de Guilherme Carey descansa, mas a sua obra continua a servir de bênção a

uma grande parte do mundo.

(extraido do livro hérois da fé)

Davi Brainerd

Um arauto aos peles-vermelhas

(1718-1747)

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Certo jovem, franzino de corpo, mas tendo na alma o fogo do amor aceso por Deus,encontrou-se na floresta, para ele desconhecida. Era tarde e o sol já declinava até quase

desaparecer no horizonte, quando o viajante, enfadado da longa viagem, avistou afumaça das fogueiras dos índios "peles-vermelhas". Depois de apear e amarrar seu

cavalo, deitou-se no chão para passar a noite, agonizando em oração.

Sem ele o saber, alguns dos silvícolas o haviam seguido silenciosamente, comoserpentes, durante a tarde. Agora estacionavam atrás dos troncos das árvores para

contemplar a cena misteriosa de um vulto de cara pálida, sozinho, prostrado no chão,clamando a Deus.

Os guerreiros da vila resolveram matá-lo, sem demora, pois, diziam, os brancos davamuma aguardente aos peles-vermelhas, para, enquanto bêbados, levar-lhes as cestas e as

 peles de animais, e roubar-lhes as terras. Mas depois de cercarem furtivamente o

missionário, que orava,prostrado, e ouvirem como clamava ao "Grande Espírito",insistindo que lhes salvasse a alma, eles partiram tão secretamente como chegaram.

 No dia seguinte, o moço, não sabendo o que acontecera em redor, enquanto orava noermo, foi recebido na vila de uma maneira não esperada. No espaço aberto entre as"wigwams" (barracas de peles) os índios o cercaram e o moço, com o amor de Deus

ardendo na alma, leu o capítulo 53 de Isaías. Enquanto pregava, Deus respondeu a suaoração da noite anterior e os silvícolas ouviram o sermão, com lágrimas nos olhos.

Esse cara-pálida chamava-se Davi Brainerd. Nasceu em 20 de abril de 1718. Seu paifaleceu quando Davi tinha 9 anos de idade, e sua mãe, filha dum pregador, faleceuquando ele tinha 14 anos.

Acerca de sua luta com Deus, no tempo da sua conversão, na idade de vinte anos, eleescreveu.

"Designei um dia para jejuar e orar, e passei esse dia clamando quase incessantemente aDeus, pedindo misericórdia e que ele abrisse meus olhos para a enormidade do pecado eo caminho para a vida em Jesus Cristo... Contudo, continuei a confiar nas boas obras...

Então, uma noite andando na roça, foi me dada uma visão da grandeza do meu pecado, parecendo-me que a terra se abrira por baixo dos meus pès para me sepultar e que aminha alma iria ao Inferno antes de eu chegar em casa... Certo dia, estando longe docolégio, no campo, sozinho em oração, senti tanto gozo e doçura em Deus, que, se eu

devesse ficar neste mundo vil, queria permanecer contemplando a glória de Deus. Sentina alma um profundo amor ardente para com todos os homens e anelava que eles

desfrutassem desse mesmo amor de Deus.

"No mês de agosto, depois, senti-me tão fraco e doente, como resultado de aplicar-me

demais aos estudos, que o diretor do colégio me aconselhou a voltar para casa. Estavatão fraco que tive algumas hemorragias. Senti-me perto da morte, mas Deus renovou em

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mim o conhecimento e o gosto das coisas divinas. Anelava tanto a presença de Deus eficar livre do pecado, que, ao melhorar, preferia morrer a voltar ao colégio, e me afastar de Deus...Oh! uma hora com Deus excede infinitamente todos os prazeres do mundo." 

De fato, depois de voltar ao colégio, Brainerd esfriou em espírito, mas o Grande Avivamento, dessa época, alcançou a cidade de New Haven, o colégio de Yale e o

coração de Davi Brainerd. Ele tinha o costume de escrever diariamente uma relação dosacontecimentos mais importantes da sua vida, passados durante o dia. É por esses

diários escritos para si próprio e não para o mundo ler, que sabemos da sua vida íntimade profunda comunhão com Deus. Os seguintes poucos trechos servem como amostrasdo que ele escreveu em muitas páginas de seu diário e descobrem algo de sua luta com

Deus, enquanto estudava para o ministério:

"Fui tomado repentinamente pelo horror da minha miséria. Então clamei a Deus,

 pedindo que me purificasse da minha extrema imundícia. Depois a oração se tornou mui preciosa para mim. Ofereci-me alegremente para passar os maiores sofrimentos pela

causa de Cristo, mesmo que fosse para ser desterrado entre os pagãos, desde que pudesse ganhar suas almas. Então Deus me deu o espírito de lutar em oração pelo reino

de Cristo no mundo.

"Retirei-me cedo, de manhã, para a floresta, e foi-me concedido fervor em rogar peloavanço do reino de Cristo no mundo. Ao meio-dia, ainda combatia em oração a Deus, e

sentia o poder do divino amor na intercessão.

"Passei o dia em jejum e oração, implorando que Deus me preparasse para o ministério,e me concedesse auxílio divino e direção, e que ele me enviasse para a seara no dia que

ele designasse. Pela manhã, senti poder na intercessão pelas almas imortais e pelo progresso do reino do querido Senhor e Salvador no mundo... À tarde, Deus estavacomigo de verdade. Quão bendita a sua companhia! Ele me concedeu agonizar em

oração até ficar com a roupa encharcada de suor, apesar de eu me achar na sombra, e desoprar um vento fresco. Sentia a minha alma grandemente extenuada pela condição domundo: esforçava-me para arrebatar multidões de almas. Sentia-me mais dilatado pelos pecadores do que pelos filhos de Deus, contudo anelava gastar a minha vida clamando

 por ambos."Passei duas horas agonizando pelas almas imortais. Apesar de ser aindamuito cedo, meu corpo estava molhado de suor... Se eu tivesse mil vidas, a minha alma

as teria dado pelo gozo de estar com Cristo...

"Dediquei o dia para jejuar e orar, implorando a Deus que me dirigisse e me abençoassena grande obra que tenho perante mim, a de pregar o Evangelho. Ao anoitecer, o Senhor me visitou maravilhosamente na oração; senti a minha alma angustiada como nunca...

Senti tanta agonia que me achava ensopado de suor. Oh! e Jesus suou sangue pelas pobres almas! Eu anelava mostrar mais e mais compaixão para com elas.

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"Cheguei a saber que as autoridades esperam a oportunidade de me prender e encarcerar  por ter pregado em New Haven. Fiquei mais sóbrio e abandonei toda a esperança detravar amizade com o mundo. Retirei-me para um lugar oculto na floresta e coloquei o

caso perante Deus."

Completados os seus estudos para o ministério, ele escreveu:

"Preguei o sermão de despedida ontem, à noite. Hoje, pela manhã orei em quase todosos lugares por onde andei, e, depois de me despedir dos amigos, iniciei a viagem para o

habitat dos índios."

Essas notas do diário revelam, em parte, a sua luta com Deus enquanto estudava para oministério. Um dos maiores pregadores atuais, referindo-se a esse diário, declarou: "FoiBrainerd quem me ensinou a jejuar e orar. Cheguei a saber que se fazem maiores coisas

 por meio de contato cotidiano com Deus do que por pregações."

 No início da história da vida de Brainerd, já relatamos como Deus lhe concedeu entradaentre os silvícolas violentos, em resposta a uma noite de oração, prostrado em terra, nas

 profundezas da floresta. Mas, apesar de os índios lhe darem a toda hospitalidade,concedendo-lhe um lugar para dormir sobre um pouco de palha e, ouvirem o sermão,

comovidos, Brainerd não estava satisfeito e continuava a lutar em oração, como revelaseu diário:

"Continuo a sentir-me angustiado. À tarde preguei ao povo, mas fiquei maisdesanimado acerca do trabalho do que antes; receio que seja impossível alcançar asalmas. Retirei-me e derramei a minha alma pedindo misericórdia, mas sem sentir alívio.

"Completo vinte e cinco anos de idade hoje. Dói-me a alma ao pensar que vivi tão pouco para a glória de Deus. Passei o dia na floresta sozinho, derramando a minha

queixa perante o Senhor.

"Cerca das nove horas, saí para orar na mata. Depois do meio-dia, percebi que os índiosestavam se preparando para uma festa e uma dança... Em oração, senti o poder de Deus

e a minha alma extenuada como nunca antes na minha vida. Senti tanta agonia e insisticom tanta veemência que, ao levantar-me, só consegui andar com dificuldade. O suor 

corria-me pelo rosto e pelo corpo. Reconheci que os pobres índios se reuniam paraadorar demônios e não a Deus; esse foi o motivo de eu clamar a Deus, que se apressasseem frustrar a reunião idólatra. Assim, passei a tarde orando incessantemente, pedindo oauxílio divino para que eu não confiasse em mim mesmo. O que experimentei, enquantoorava, foi maravilhoso. Parecia-me que não havia nada de importância em mim, a não

 ser santidade de coração e vida, e o anelo pela conversão dos pagãos a Deus.

Desapareceram todos os cuidados, receios e anelos; todos juntos pareciam-me de menor 

importância que o sopro do vento. Anelava que Deus adquirisse para si um nome entreos pagãos e lhe fiz o meu apelo com a maior ousadia, insistindo em que ele

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reconhecesse que eu 'o preferia à minha maior alegria.' De fato, não me importava ondeou como morava, nem da fadiga que tinha de suportar, se pudesse ganhar almas para

Cristo. Continuei assim toda a tarde e toda a noite."

Assim revestido, Brainerd, pela manhã, voltou da mata para enfrentar os índios, certo deque Deus estava com ele, como estivera com Elias no monte Carmelo. Ao insistir comos índios para que abandonassem a dança, eles, em vez de matá-lo, desistiram da orgia e

ouviram a sua pregação, de manhã e à tarde.

Depois de sofrer como poucos sofrem, depois de se esforçar de noite e de dia, depois de passar horas inumeráveis em jejum e oração, depois de pregar a Palavra "a tempo e fora

de tempo", por fim, abriram-se os céus e caiu o fogo. Os seguintes excertos do seudiário descrevem algumas dessas experiências gloriosas:

"Passei a maior parte do dia em oração, pedindo que o Espírito fosse derramado sobre omeu povo... Orei e louvei com grande ousadia, sentindo grande peso pela salvação das

 preciosas almas.

"Discursei à multidão extemporaneamente sobre Isaías 53.10: Todavia, o Senhor agradou moê-lo'. Muitos dos ouvintes entre a multidão de três a quatro mil, ficaram

comovidos a ponto de haver um 'grande pranto, como o pranto de Hadadrimom'. [Ver Zacarias 12.11)

"Enquanto eu andava a cavalo, antes de chegar ao lugar para pregar, senti o meu espíritorestaurado e a minha alma revestida com o poder para clamar a Deus, quase sem cessar, por muitos quilômetros a fio.

"De manhã, discursei aos índios onde nos hospedamos. Muitos ficaram comovidos e, aofalar-lhes acerca da salvação da sua alma, as lágrimas correram abundantemente e elescomeçaram a soluçar e a gemer. À tarde, voltei ao lugar onde lhes costumava pregar;eles ouviram com a maior atenção quase até o fim. Nem a décima parte dos ouvintes

 pôde conter-se de derramar lágrimas e clamar amargamente. Quanto mais eu falava doamor e compaixão de Deus, ao enviar seu Filho para sofrer pelos pecados dos homens,

tanto mais aumentava a angústia dos ouvintes. Foi para mim uma surpresa notar comoseus corações pareciam traspassados pelo terno e comovente convite do Evangelho,

antes de eu proferir uma única palavra de terror.

"Preguei aos índios sobre Isaías 53.3-10. Muito poder acompanhava a Palavra e houvegrande convicção entre os ouvintes; contudo, não tão geral como no dia anterior. Mas amaioria ficou comovida e em grande angústia de alma; alguns não podiam caminhar,nem ficar em pé: caíam no chão como se tivessem o coração traspassado e clamavamsem cessar, pedindo, misericórdia... Os que vieram de lugares distantes foram levados

logo à convicção, pelo Espírito de Deus.

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"À tarde, preguei sobre Lucas 15.16-23. Havia muita convicção visível entre osouvintes, enquanto eu discursava; mas, ao falar particularmente, depois, a alguns que se

mostravam comovidos, o poder de Deus desceu sobre o auditório 'como um ventoveemente e impetuoso e varreu tudo de uma maneira espetacular.

"Fiquei em pé, admirado da influência que se apoderou do auditório quase totalmente.Parecia, mais que qualquer outra coisa, a força irresistível de uma grande correnteza, ou

dilúvio crescente, que derrubava e varria tudo que encontrava na sua frente.

"Quase todos oravam e clamavam, pedindo misericórdia, e muitos não podiam ficar em pé. A convicção que cada um sentiu foi tão grande, que pareciam ignorar por completo

os outros em redor, mas cada um continuava a orar por si mesmo.

"Lembrei-me de Zacarias 12.10-12, porque havia grande pranto como o pranto de

'Hadadrimom', parecendo que cada um pranteava à parte.

"Parecia-me um dia muito semelhante ao dia em que Deus mostrou seu poder a Josué(Josué 10.14), porque era um dia diferente de qualquer dia que tinha presenciado antes,

um dia em que Deus fez muito para destruir o reino das trevas entre esse povo".

É difícil reconhecer a magnitude da obra de Davi Brainerd entre as diversas tribos deíndios, nas profundezas das florestas; ele não entendia os seus idiomas. Se lhes

transmitia a mensagem de Deus ao coração, deveria achar alguém que pudesse servir 

como intérprete. Passava dias inteiros simplesmente orando para que viesse sobre ele o poder do Espírito Santo com tanto poder, que esse povo não pudesse resistir àmensagem. Certa vez teve que pregar por meio de um intérprete tão bêbado, que quasenão podia ficar em pé, contudo, vintenas de almas foram convertidas por esse sermão.

Ele andava, às vezes, perdido de noite no ermo, apanhando chuva e atravessandomontanhas e pântanos. Franzino de corpo, cansava-se nas viagens. Tinha que suportar ocalor do verão e o intenso frio do inverno. Dias a fio passava-os com fome. Já começava

a sentir a saúde abalada e estava a ponto de casar-se (sua noiva era Jerusa Edwards,filha de Jônatas Edwards) e estabelecer um lar entre os índios convertidos ou voltar e

aceitar o pastorado de uma igreja que o convidava. Contudo, reconhecia que não podiaviver, por causa da sua doença, mais que um ou dois anos e resolveu então ''arder até o

fim".

Assim, depois de ganhar a vitória em oração, clamou: "Eis-me aqui, Senhor, envia-me amim até os confins da terra; envia-me aos selvagens do ermo; envia-me para longe de

tudo que se chama conforto da terra; envia-me mesmo para a morte, se for no teuserviço e para promover o teu reino..."

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Então acrescentou: "Adeus amigos e confortos terrestres, mesmo os mais anelados detodos. Se o Senhor quiser, gastarei a minha vida, até os últimos momentos, em cavernas

e covas da terra, se isso servir para o progresso do Reino de Cristo."

Foi nessa ocasião que escreveu: "Continuei lutando com Deus em oração pelo rebanhoaqui e, especialmente, pelos índios em outros lugares, até a hora de deitar-me. Oh!como senti ser obrigado a gastar o tempo dormindo! Anelava ser uma chama de fogo,constantemente ardendo no serviço divino e edificando o reino de Deus, até o último

momento, o momento de morrer."

Por fim, depois de cinco anos de viagens árduas no ermo, de aflições inumeráveis e desofrer dores incessantes no corpo, Davi Brainerd, tuberculoso e com as forças físicas

quase inteiramente esgotadas, conseguiu chegar à casa de Jônatas Edwards.

O peregrino já completara a sua carreira terrestre e esperava o carro de Deus para levá-lo à Glória. Quando, no seu leito de sofrimento, viu alguém entrar no quarto com a

Bíblia, exclamou: "Oh! o querido Livro! Breve hei de vê-lo aberto. Os seus mistériosme serão então desvendados!"

Minguando sua força física e aumentando sua percepção espiritual, falava com mais emais dificuldade: "Fui feito para a eternidade. Como anelo estar com Deus e prostrar-

me perante Ele! Oh! que o Redentor pudesse ver o fruto do trabalho da sua alma e ficar satisfeito! Oh! vem,Senhor Jesus! Vem depressa! Amém!" - e dormiu no Senhor.

Depois desse acontecimento, a noiva de Brainerd, Jerusa Edwards, começou a murchar como uma flor e, quatro meses depois também foi morar na cidade celeste. Dum lado do

seu túmulo, está o de Davi Brainerd e do outro lado está o túmulo de seu pai, JônatasEdwards.

O desejo veemente da vida de Davi Brainerd era o de arder como uma chama, por Deus,até o último momento, como ele mesmo dizia: "Anelo ser uma chama de fogo,

constantemente ardendo no serviço divino, até o último momento, o momento defalecer."

Brainerd findou a sua carreira terrestre aos vinte e nove anos. Contudo apesar de suagrande fraqueza física, fez mais que a maioria dos homens faz em setenta anos.

Sua biografia, escrita por Jônatas Edwards e revisada por João Wesley, teve maisinfluência sobre a vida de A. J. Gordon do que qualquer outro livro, exceto a Bíblia.

Guilherme Carey leu a história da sua obra e consagrou a sua vida ao serviço de Cristo,e nas trevas da Índia! Roberto McCheyne leu o seu diário e gastou a sua vida entre os

 judeus. Henrique Martyn leu a sua biografia e se entregou para consumir-se dentro de

um período de seis anos e meio no serviço de seu Mestre, na Pérsia.

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O que Davi escreveu a seu irmão, Israel Brainerd, é para nós um desafio à obramissionária: "Digo, agora, morrendo, não teria gasto a minha vida de outra forma, nem

 por tudo que há no mundo."

(extraido do livro hérois da fé)

George Whitefield

Pregador ao ar livre(1714-1770)

Mais de 100 mil homens e mulheres rodeavam o pregador, há mais de duzentos anos,em Cambuslang, Escócia. As palavras do sermão, vivificadas pelo Espírito Santo, ou-

viam-se distintamente em todas as partes que formavam esse mar humano. É-nos difícilfazer uma idéia do vulto da multidão de 10 mil penitentes que responderam ao apelo

 para se entregarem ao Salvador. Estes acontecimentos servem-nos como um dos poucos

exemplos do cumprimento das palavras de Jesus: "Na verdade vos digo que aquele quecrê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque

vou para meu Pai" (João 14.12).

Havia "como um fogo ardente encerrado nos ossos" deste pregador, que era JorgeWhitefield. Ardia nele um zelo santo de ver todas as pessoas libertas da escravidão do pecado. Durante um período de vinte e oito dias fez a incrível façanha de pregar a 10mil pessoas diariamente. Sua voz se ouvia perfeitamente a mais de um quilômetro dedistância, apesar de fraco de físico e de sofrer dos pulmões.Não havia prédio no qualcoubessem os auditórios e, nos países onde pregou, armava seu púlpito nos campos,fora das cidades. Whitefield merece o título de príncipe dos pregadores ao ar livre,

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 porque pregava em média dez vezes por semana, e isso fez durante um período de trintae quatro anos, em grande parte sob o teto construído por Deus -os céus.

A vida de Jorge Whitefield era um milagre. Nasceu em uma taberna de bebidas

alcoólicas. Antes de completar três anos, seu pai faleceu. Sua mãe casou-se novamente,mas a Jorge foi permitido continuar os estudos na escola. Na pensão de sua mãe, fazia alimpeza dos quartos, lavava roupa e vendia bebidas no bar. Estranho que pareça e apesar de não ser salvo, interessava-se grandemente pela leitura das Escrituras, lendo a Bíblia

até alta noite preparando sermões.  Na escola era conhecido como orador: Suaeloqüência era natural e espontânea, um dom extraordinário de Deus, dom que possuía

sem ele mesmo saber.

Custeou os próprios estudos em Pembroke College, Oxford, servindo como garçom emum hotel. Depois de estar algum tempo em Oxford, ajuntou-se ao grupo de estudantes a

que pertenciam João e Carlos Wesley. Passou muito tempo, como os demais do grupo, jejuando e esforçando-se para mortificar a carne, a fim de alcançar a salvação, semcompreender que "a verdadeira religião é a união da alma com Deus e a formação de

Cristo em nós."

Acerca da sua salvação, escreveu algum tempo antes de morrer: "Sei o lugar onde...Todas as vezes que vou a Oxford, sinto-me impelido a ir primeiro a este lugar onde Je-

sus se revelou a mim, pela primeira vez, e me deu o novo nascimento".

Com a saúde abalada, talvez pelo excesso de estudo, Jorge voltou a casa para recuperá-la. Resolvido a não cair no indiferentismo, inaugurou uma classe bíblica para jovensque, como ele, desejavam orar e crescer na graça de Deus. Visitavam diariamente osdoentes e os pobres e, freqüentemente, os prisioneiros nas cadeias, para orarem com

eles e prestarem-lhes qualquer serviço manual que pudessem. Jorge tinha no coração um plano que consistia em preparar cem sermões e apresentar-se para ser separado para oministério. Porém quando havia preparado apenas um sermão, seu zelo era tanto, que aigreja insistia em ordená-lo, tendo penas vinte e um anos apesar de ser regra não aceitar 

ninguém para tal cargo, com menos de 23 anos.

O dia antes da sua separação para o ministério, passou-o em jejum e oração. Acercadesse fato, ele escreveu: "À tarde, retirei-me para um alto, perto da cidade, onde orei

com instância durante duas horas, pedindo a meu favor e também por aqueles queestavam para ser separados comigo. No domingo, levantei-me de madrugada e orei

sobre o assunto da epístola de Paulo a Timóteo, especialmente sobre o preceito:' Ninguém despreze a tua mocidade'. Quando o ancião me impôs as suas mãos, se meuvil coração não me engana, ofereci todo o meu espírito, alma e corpo para o serviço no

santuário de Deus... Posso testificar; perante os céus e a terra, que dei-me a mimmesmo, quando o ancião me impôs as mãos, para ser um mártir por aquele que foi

 pregado na cruz em meu lugar".

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Os lábios de Whitefield foram tocados pelo fogo divino do Espírito Santo na ocasião dasua separação para o ministério. No domingo seguinte, naquela época de gelo espiritual,

 pregou pela primeira vez. Alguns se queixaram de que quinze dos ouvintesenlouqueceram ao ouvirem o sermão. O ancião, porém, compreendendo o que se

 passava, respondeu que seria muito bom, se os quinze não se esquecessem da sua"loucura" antes de chegar o outro domingo.

Whitefield nunca se esqueceu nem deixou de aplicar a si as seguintes palavras doDoutor Delaney: "Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar essa

oportunidade como a última que me é dada de pregar, e a última dada ao povo deouvir". Alguém assim escreveu sobre uma de suas pregações: "Quase nunca pregavasem chorar e sei que as suas lágrimas eram sinceras. Ouvi-o dizer: 'Vós me censurais

 porque choro. Mas, como posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem a beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o

último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo!"Chorava, às vezes, até parecer que estava morto e custava a recuperar as forças. Diz-se

que os corações da maioria dos ouvintes eram derretidos pelo calor intenso de seuespírito, como prata na fornalha do refinador.

Quando estudante no colégio de Oxford, seu coração ardia de zelo e pequenos grupos dealunos se reuniam no seu quarto, diariamente; eles eram movidos, como os discípuloslogo depois do derramamento do Espírito Santo, no Pentecoste. O Espírito continuou a

operar poderosamente nele e por ele durante o resto da sua vida, porque nunca

abandonou o costume de buscar a presença de Deus. Dividia o dia em três partes: oitohoras sozinho com Deus e em estudos, oito horas para dormir e as refeições, oito horas para o trabalho entre o povo. De joelhos, lia, e orava sobre as leituras das Escrituras e

recebia luz, vida e poder. Lemos que numa das suas visitas aos Estados Unidos, "passoua maior parte da viagem a bordo, sozinho em oração". Alguém escreveu sobre ele: "Seucoração encheu-se tanto dos céus que anelava por um lugar onde pudesse agradecer a

Deus; e sozinho, durante horas, chorava comovido pelo amor consumidor do seuSenhor". Suas experiências no ministério confirmavam a sua fé na doutrina do EspíritoSanto, como o Consolador ainda vivo, o poder de Deus operando atualmente entre nós.

A pregação de Jorge Whitefield era feita de forma tão vivida que parecia quasesobrenatural. Conta-se que, certa vez pregando a alguns marinheiros, descreveu umnavio perdido num furacão. Tudo foi apresentado em manifestações tão reais que,

quando chegou ao ponto de descrever o barco afundando, alguns marinheiros pularamdos assentos, gritando: "Às baleeiras! Às baleeiras!". Em outro sermão falou acerca dumcego andando na direção dum precipício desconhecido. A cena foi tão real que, quando

o pregador chegou ao ponto de descrever a chegada do cego à beira do profundoabismo, o camareiro-mor, Chesterfield, que assistia, deu um pulo gritando: "Meu Deus!

ele desapareceu!"

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O segredo, porém, da grande colheita de almas salvas não era a sua maravilhosa voznem a sua grande eloqüência. Não era também porque o povo tivesse o coração aberto para receber o Evangelho, porque era tempo de grande decadência espiritual entre os

crentes.

Também não foi porque lhe faltasse oposição. Repetidas vezes Whitefield pregou noscampos, porque as igrejas fecharam-lhe as portas. Às vezes nem os hotéis queriamaceitá-lo como hóspede. Em Basingstoke foi agredido a pauladas. Em Staffordshire

atiraram-lhe torrões de terra. Em Moorfield destruíram a mesa que lhe servia de púlpitoe arremessaram contra ele o lixo da feira. Em Evesham, as autoridades, antes de seu

sermão, ameaçaram prendê-lo, se pregasse. Em Exeter, enquanto pregava a dez mil pes-soas, foi apedrejado de tal forma que pensou haver chegado para ele a hora, como o

ensangüentado Estevão, de ser imediatamente chamado à presença do Mestre. Em outrolugar, apedrejaram-no novamente, até ficar coberto de sangue. Verdadeiramente levava

no corpo, até a morte, as marcas de Jesus.

O segredo de tais frutos na sua pregação era o seu amor para com Deus. Quando aindamuito novo, passava noites inteiras lendo a Bíblia, que muito amava. Depois de se

converter, teve a primeira daquelas experiências de sentir-se arrebatado, ficando a suaalma inteiramente aberta, cheia, purificada, iluminada da glória e levada a sacrificar-se,inteiramente, ao seu Salvador. Desde então nunca mais foi indiferente em servir a Deus,mas regozijava-se no alvo de trabalhar de toda a sua alma, e de todas as suas forças, e de

todo seu entendimento. Só achava interesse nos cultos e escreveu para sua mãe que

nunca mais voltaria ao seu emprego. Consagrou a vida completamente a Cristo. E amanifestação exterior daquela vida nunca excedia a sua realidade interior, portanto,

nunca mostrou cansaço nem diminuiu a marcha durante o resto de sua vida.

Apesar de tudo, ele escreveu: "A minha alma era seca como o deserto. Sentia-me comoencerrado dentro duma armadura de ferro. Não podia ajoelhar-me sem estar tomado degrandes soluços e orava até ficar molhado de suor... Só Deus sabe quantas noites fiquei

 prostrado, de cama, gemendo, por causa do que sentia, e ordenando, em nome de Jesus,que Satanás se apartasse de mim. Outras vezes passei dias e semanas inteiros prostrado

em terra, suplicando para ser liberto dos pensamentos diabólicos que me distraíam.

Interesse próprio, rebelião, orgulho e inveja me atormentavam, um após outro, até queresolvi vencê-los ou morrer. Lutei até Deus me conceder vitória sobre eles".

Jorge Whitefield considerava-se um peregrino errante no mundo, procurando almas. Nasceu, criou-se e diplomou-se na Inglaterra. Atravessou o Atlântico treze vezes.

Visitou a Escócia quatorze vezes. Foi ao País de Gales várias vezes. Visitou uma vez aHolanda. Passou quatro meses em Portugal. Nas Bermudas, ganhou muitas almas para

Cristo, como nos demais lugares onde trabalhou.

Acerca do que sentiu em uma das viagens à colônia da Geórgia, Whitefield escreveu:'Foram-me concedidas manifestações extraordinárias do alto. Cedo de manhã, ao meio-

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dia, ao anoitecer e à meia-noite, de fato durante o dia inteiro, o amado Jesus me visitava para renovar-me o coração. Se certas árvores perto de Stonehourse pudessem falar,

contariam acerca da doce comunhão, que eu e algumas almas amadas desfrutamos alicom Deus, sempre bendito. Às vezes, quando de passeio, a minha alma fazia tais in-

cursões pelas regiões celestes, que parecia pronta a abandonar o corpo. Outras vezessentia-me tão vencido pela grandeza da majestade infinita de Deus, que me prostravaem terra e entregava-lhe a alma, como um papel em branco, para Ele escrever nela o quedesejasse. De uma noite nunca me esquecerei. Relampejava excessivamente. Eu pregara

a muitas pessoas e algumas ficaram receosas de voltar a casa. Senti-me dirigido aacompanhá-las e aproveitar o ensejo para as animar a se prepararem para a vinda do

Filho do homem. Oh! que gozo senti na minha alma! Depois de voltar, enquanto algunsse levantavam das suas camas, assombrados pelos relâmpagos que andavam pelo chão e

 brilhavam duma parte do céu até outra, eu com mais um irmão ficamos no campoadorando, orando, exultando ao nosso Deus e desejando a revelação de Jesus dos céus,

uma chama de fogo!"

- Como se pode esperar outra coisa a não ser que as multidões, a quem Whitefield pregava, fossem levadas a buscar a mesma Presença? Na sua biografia há um grande

número de exemplos como os seguintes: "Oh! quantas lágrimas foram derramadas, comforte clamor, pelo amor do querido Senhor Jesus! Alguns desmaiavam e quando re-

cobravam as forças, ouviam e desmaiavam de novo. Outros gritavam como quem sentea ânsia da morte. E depois de eu findar o último discurso, eu mesmo senti-me tão ven-

cido pelo amor de Deus que quase fiquei sem vida. Contudo, por fim, revivi e, depois de

me alimentar um pouco, estava fortalecido bastante para viajar cerca de trinta quilô-metros, até Nottingham. No caminho, a alma alegrou-se cantando hinos. Chegamosquase à meia-noite; depois de nos entregarmos a Deus em oração, deitamo-nos e

descansamos na proteção do querido Senhor Jesus. Oh! Senhor, jamais existiu amor como o teu!"

Então Whitefield continuou, sem cansar: "No dia seguinte em Fog's Manor, aconcorrência aos cultos foi tão grande como em Nottingham. O povo ficou tão

quebrantado que, por todos os lados, vi pessoas banhadas em lágrimas. A palavra eramais cortante que espada de dois gumes e os gritos e gemidos alcançavam o coração

mais endurecido. Alguns tinham semblantes pálidos como a palidez de morte; outrostorciam as mãos, cheios de angústia; ainda outros foram prostrados ao chão, ao passo

que outros caíam e eram aparados nos braços de amigos. A maior parte do povolevantava os olhos para os céus, clamando e pedindo a misericórdia de Deus. Eu,enquanto os contemplava, só podia pensar em uma coisa: o grande dia. Pareciam pessoas acordadas pela última trombeta, saindo dos seus túmulos para o juízo."

"O poder da presença divina nos acompanhou até Baskinridge, onde os arrependidoschoravam e os salvos oravam, lado a lado. O indiferentismo de muitos transformou-se

em assombro, e o assombro, depois, em grande alegria. Alcançou todas as classes,idades e caracteres. A embriaguez foi abandonada por aqueles que eram dominados por 

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esse vício. Os que haviam praticado qualquer ato de injustiça foram tomados deremorso. Os que tinham furtado foram constrangidos a fazer restituição. Os vingativos

 pediram perdão. Os pastores ficaram ligados ao seu povo por um vínculo mais forte decompaixão. O culto doméstico foi iniciado nos lares. Os homens foram levados a

estudar a Palavra de Deus e a terem comunhão com o seu Pai, nos céus".

Mas não foi somente os países populosos que o povo afluiu para o ouvir. Nos estadosUnidos, quando eram ainda um país novo, ajuntaram-se grandes multidões dos que

moravam longe um do outro, nas florestas. O famoso Benjamim Franklin, no seu jornal,assim noticiou essas reuniões: "Quinta-feira o reverendo Whitefield partiu de nossacidade, acompanhado de cento e cinqüenta pessoas a cavalo, com destino a Chester,onde pregou a sete mil ouvintes, mais ou menos. Sexta-feira pregou duas vezes em

Willings Town a quase cinco mil; no sábado, em Newcastle, pregou a cerca de duas mile quinhentas, e na tarde do mesmo dia, em Cristiana Bridge, pregou a quase três mil; no

domingo, em White Clay Creek, pregou duas vezes (descansando uma meia hora entreos sermões a oito mil pessoas, das quais, cerca de três mil, tinha vindo a cavalo. Choveu

a maior parte do tempo, porém, todos se conservaram em pé, ao ar livre".

Como Deus estendeu a sua mão para operar prodígios por meio de seu servo, vê-se noseguinte: Num estrado perante a multidão, depois de alguns momentos de oração em

silêncio, Whitefield anunciou de maneira solene o texto: "É ordenado aos homens quemorram uma só vez, e depois disto vem o juízo". Depois de curto silêncio, ouviu-se umgrito de horror, vindo dum lugar entre a multidão. Um pregador presente foi até o local

da ocorrência, para saber o que tinha acontecido. Logo voltou e disse: - "Irmão Whi-tefield, estamos entre os mortos e os que estão morrendo. Uma alma imortal foichamada à eternidade. O anjo da destruição está passando sobre o auditório. Clame em

alta voz e.não cesse". Então foi anunciado ao povo que um dentre a multidão haviamorrido. Então Whitefield leu a segunda vez o mesmo texto: "É ordenado aos homens

que morram uma só vez". Do local onde a Senhora Huntington estava em pé, veio outrogrito agudo. De novo, um tremor de horror passou por toda a multidão quando

anunciaram que outra pessoa havia morrido. Whitefield, porém, em vez de ficar tomadode pânico, como os demais, suplicou graça ao Ajudador invisível e começou, comeloqüência tremenda, a prevenir os impenitentes do perigo. Não devemos concluir,

contudo, que ele era ou sempre solene ou sempre veemente. Nunca houve quemexperimentasse mais formas de pregar do que ele.

Apesar da sua grande obra, não se pode acusar Whitefield de procurar fama ou riquezasterrestres. Sentia fome e sede da simplicidade e sinceridade divina. Dominava todos osseus interesses e os transformava para glória do reino do seu Senhor. Não ajuntou ao

redor de si os seus convertidos para formar outra denominação, como alguns es- peravam. Não, apenas dava todo o seu ser, mas queria "mais línguas, mais corpos, mais

almas a usar para o Senhor Jesus".

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A maior parte de suas viagens à América do Norte foram feitas a favor do orfanato quefundara na colônia da Geórgia. Vivia na pobreza e esforçava-se para granjear o

necessário para o orfanato. Amava os órfãos ternamente, escrevendo-lhes cartas edirigindo-se a cada um pelo nome. Para muitas dessas crianças, ele era o único pai, o

único meio de elas terem o sustento. Fez uma grande parte da sua obra evangelísticaentre os órfãos e quase todos permaneceram crentes fiéis, sendo que um bom númerodeles se tornaram ministros do Evangelho.

Whitefield não era de físico robusto: desde a mocidade sofria quase constantemente,anelando, muitas vezes, partir e estar com Cristo. A maior parte dos pregadores acham

impossível pregar quando estão enfermos como ele.

Assim foi que, aos 65 anos de idade, durante sua sétima viagem à América do Norte,findou a sua carreira na Terra, uma vida escondida com Cristo em Deus e derramada

num sacrifício de amor pelos homens. No dia antes de falecer, teve de esforçar-se paraficar em pé. Porém, ao levantar-se, em Exeter, perante um auditório demasiado grande

 para caber em qualquer prédio, o poder de Deus veio sobre ele e pregou, como decostume, durante duas horas. Um dos que assistiram disse que "seu rosto brilhava comoo sol". O fogo aceso no seu coração no dia de oração e jejum, quando da sua separação

 para o ministério, ardeu até dentro dos seus ossos e nunca se apagou (Jeremias20.9).Certo homem eminente dissera a Whitefield: "Não espero que Deus chame o

irmão, breve, para o lar eterno, mas quando isso acontecer, regozijar-me-ei ao ouvir oseu testemunho". O pregador respondeu: "Então ficará desapontado; morrerei calado. A

vontade de Deus é dar-me tantos ensejos para testificar dele durante minha vida, quenão me serão dados outros na hora da morte".

E sua morte ocorreu como predissera.

Depois do sermão, em Exeter, foi a Newburyport para passar a noite na casa do pastor.Ao subir para o quarto de dormir, virou-se na escada e, com a vela na mão, proferiu

uma curta mensagem aos amigos que ali estavam e insistiam em que pregasse.

Às duas horas da madrugada acordou. Faltava-lhe o fôlego e pronunciou para o seu

companheiro as suas últimas palavras na Terra: "Estou morrendo".

 No seu enterro, os sinos das igrejas de Newburyport dobraram e as bandeiras ficaram ameia-haste. Ministros de toda a parte vieram assistir aos funerais; milhares de pessoas

não conseguiram chegar perto da porta da igreja, por causa da imensa multidão.Conforme seu pedido, foi enterrado sob o púlpito da igreja.

Se quisermos os mesmos frutos de ver milhares salvos, como Jorge Whitefield os teve,temos de seguir o seu exemplo de oração e dedicação.

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- Alguém pensa que é tarefa demais? Que diria Jorge Whitefield, junto, agora, com osque levou a Cristo, se lhe fizéssemos essa pergunta?

(extraido do livro hérois da fé)

João Wesley

Tocha tirada do fogo

(1703-1791)O céu, à meia-noite, era iluminado pelo reflexo sombrio das chamas que

devoravam vorazmente a casa do pastor Samuel Wesley. Na rua, ouviam-se osgritos: "Fogo! Fogo!" Contudo, a família do pastor continuava a dormir

tranqüilamente, até que os escombros ardentes caíram sobre a cama de umafilha, Hetty. A menina acordou sobressaltada e correu para o quarto do pai. Sempoder salvar coisa alguma das chamas, a família foi obrigada a sair casa a fora,

 vestindo apenas as roupas de dormir, numa temperatura gélida.

 A ama, ao ser despertada pelo alarme, arrebatou a criança menor, Carlos, do berço. Chamou os outros meninos, insistindo que a seguissem, desceu a escada;

porém, João, que então contava cinco anos e meio, ficou dormindo.

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Três vezes a mãe, Susana Wesley, que se achava doente, tentou, debalde, subir aescada. Duas vezes o pai tentou, em vão, passar pelo meio das chamas,

correndo. Sentindo o perigo, ajuntou a família no jardim, onde todos caíram de

 joelhos e suplicaram a favor da criança presa pelo fogo.

Enquanto a família orava, João acordou e, depois de tentar descer pela escada,subiu numa mala que estava em frente a uma janela, onde um vizinho o viu empé. O vizinho chamou outras pessoas e conceberam o plano de um deles subir

nos ombros de um primeiro enquanto um terceiro subia nos ombros dosegundo, e alcançaram a criança. Dessa maneira, João foi salvo da casa em

chamas, apenas instantes antes de o teto cair com grande fragor.

O menino foi levado, pelos intrépidos homens que o salvaram, para os braços do

pai. "Cheguem, amigos!", clamou Samuel Wesley, ao receber o filhinho,"ajoelhemo-nos e agradecemos a Deus! Ele me restituiu todos os meus filhos;

deixem a casa arder; os meus recursos são suficientes." Quinze minutos depois,casa, livros, documentos e mobiliários, não existiam mais.

 Anos depois, em certa publicação, apareceu o retrato de João Wesley e embaixoa representação de uma casa ardendo, com as palavras: "Não é este um tição

tirado do fogo?" (Zacarias 3.2).

Encontra-se nos escritos de Wesley, a seguinte referência interessante, dessehistórico sinistro: "Em 9 de fevereiro de 1750, durante um culto de vigília, cercadas onze horas da noite, lembrei-me de que era esse o dia e a hora, havia

quarenta anos, em que me tiraram das chamas. Aproveitei-me do ensejo pararelatar a maravilhosa providência. Os louvores e as ações de graças subiram às

alturas e grande foi o regozijo perante o Senhor". Tanto o povo, como João Wesley, já sabiam naquele tempo porque o Senhor o poupara do incêndio.

O historiador Lecky, nomeia o Grande Avivamento como sendo a influência quesalvou a Inglaterra de uma revolução, igual à que, na mesma época, deixou a

França em ruínas. Dos quatro vultos que se destacaram no Grande Avivamento,João Wesley era o maior. Jônatas Edwards, que nasceu no mesmo ano de

 Wesley, faleceu trinta e três anos antes dele; Jorge Whitefield, nascido onzeanos depois de Wesley, faleceu vinte anos antes dele; e Carlos Wesley continuouo seu itinerário efetivo somente dezoito anos, enquanto João continuou durante

meio século.

Mas a biografia deste célebre pregador, para ser completa, deve incluir ahistória de sua mãe, Susana. De fato, é como certo biógrafo escreveu: "Não se

pode traçar a história do Grande Avivamento do século passado (1700), naInglaterra, sem dar uma grande parte da herança merecida à mãe de João e

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Carlos Wesley; isso não somente por causa da instrução que inculcouprofundamente aos filhos, mas por causa da direção que deu ao avivamento."

 A mãe de Susana era filha de um pregador. Esforçada na obra de Deus, casou-se

com o eminente ministro, Samuel Annesley. Dos vinte e cinco filhos desteenlace, Susana era a vigésima quarta. Durante a vida, seguiu o exemplo da suamãe, passando uma hora de madrugada e outra à noite, orando e meditandosobre as Escrituras. Pelo que ela escreveu certo dia, vê-se como se dedicava àoração: "Que Deus seja louvado por todos os dias em que nos comportamos

 bem. Mas estou ainda descontente, porque não desfruto muito de Deus; sei queme conservo demasiadamente longe dele; anseio ter a alma mais intimamente

ligada a Ele pela fé e amor".

João era o décimo-quinto filho dos dezenove filhos de Samuel e Susana Wesley.

O que vamos transcrever, escrito pela mãe de João, mostra como ela era fiel em"ordenar a seus filhos e a sua casa depois" dela (Gênesis 18.19): "Para formar amente da criança, a primeira coisa é vencer-lhe a vontade. A obra de instruir o

intelecto leva tempo e deve ser gradual, conforme a capacidade da criança. Maso subjugar-lhe a vontade deve ser feito de uma vez, e quanto mais cedo tanto

melhor... Depois, pode-se governar a criança pela razão e piedade dos pais, atéchegar o tempo de a criança poder, também exercer o raciocínio."

 Acerca de Samuel e Susana Wesley e seus filhos, o célebre comentador da Bíblia,

 Adão Clark, escreveu: "nunca li nem ouvi falar duma família; não conheço enem existe outra, desde os dias de Abraão e Sara, de José e Maria de Nazaré, àqual a raça humana deve tanto."

Susana Wesley acreditava que "aquele que poupa a vara, aborrece a seu filho"(Provérbios 13.24), e não consentia que seus filhos chorassem em voz alta.

 Assim, apesar de a casa estar repleta de crianças, nunca havia tempos tristonhosnem balbúrdia no lar do pastor. Um filho jamais ganhou coisa alguma

chorando, na casa de Susana Wesley.

Susana marcava o quinto aniversário de cada filho como o dia em que deviamaprender o alfabeto; e todos, a não ser dois, cumpriram a tarefa no tempo

marcado. No dia seguinte, a criança que completava cinco anos e aprendia oalfabeto, começava o estudo da leitura, iniciando-o com o primeiro versículo da

Bíblia.

"Os meninos no lar de Samuel Wesley aprenderam o valor que há em observarfielmente os cultos. Não há em outras histórias fatos tão profundos e atraentescomo o que consta acerca dos filhos de Samuel e Susana Wesley, pois antes de

saberem ajoelhar-se ou falar, eram instruídos a dar graças pelo alimento, pormeio de acenos apropriados. Logo que aprendiam a falar, repetiam a Oração

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Dominical de manhã e à noite; e eram ensinados, também, a acrescentar outrospedidos, conforme o seu desejo... Ao chegarem à idade própria, um dia da

semana era designado a cada filho, para conversar sobre as 'dúvidas e dificulda-des'. Na lista aparecem os nomes de João, para quarta-feira, e o de Carlos, para

o sábado. E para os filhos, o dia de cada um tornou-se precioso e memorável... Écomovente ler o que João Wesley, vinte anos depois de sair da casa paternadisse à sua mãe: "Em muitas coisas a senhora tem intercedido por mim e tem

prevalecido. Quem sabe se agora também, na intercessão para que eu renuncieinteiramente o mundo, terá bom êxito?... Sem dúvida será tão eficaz para

corrigir o meu coração, como era então para formar o meu caráter."

Depois do espetacular salvamento de João do incêndio, sua mãe,profundamente convencida de que Deus tinha grandes planos para seu filho,

resolveu firmemente criá-lo para servir e ser útil na obra de Cristo. Susana

escreveu estas palavras nas suas meditações particulares: "Senhor, esforçar-me-ei mais definitivamente em prol desta criança, a qual salvaste tão

misericordiosamente. Procurarei transmitir-lhe fielmente ao coração osprincípios da tua religião e virtude. Senhor, dá-me a graça necessária para fazer

isso sincera e sabiamente, e abençoa os meus esforços com grande êxito!"

Ela era tão fiel, em cumprir sua resolução, que João foi admitido a participar daCeia do Senhor, com a idade de oito anos.

Nunca se omitia o culto doméstico do programa do dia, no lar de Samuel Wesley. Fosse qual fosse a ocupação dos membros da família, ou dos criados,todos se reuniam para adorar a Deus. Na ausência do marido, Susana, com o co-ração aceso pelo fogo dos céus, dirigia os cultos. Conta-se que, certa vez, quando

ele prolongou a ausência mais do que de costume, trinta e quarenta pessoasassistiram aos cultos no lar dos Wesley e a fome pela Palavra de Deus au-

mentou, a ponto de a casa ficar repleta das pessoas da vizinhança que assistiamaos cultos.

 A família do pastor Samuel Wesley vivia rodeada de pobreza, mas pela

influência do Duque de Buckinghan, conseguiram um lugar para João naCharterhouse, em Londres. Assim, o menino, antes de completar onze anos,deixou a atmosfera fragrante de oração ardente, para enfrentar as porfias de

uma escola pública. Contudo, não cedeu ao ambiente de pecado de que estavarodeado. Conservava, também, as suas forças físicas, obedecendo fielmente o

conselho de seu pai, que corresse três vezes, de madrugada, em redor do grande jardim da Charterhouse. Tomou como regra da sua vida, dali em diante, manter

o vigor do corpo. Aos 80 anos, apesar de seu físico franzino, considerava coisainsignificante andar de pé uma légua e meia, para pregar.

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Conta-se um exemplo da influência que João exercia sobre seus colegas deCharterhouse. Certo dia o porteiro sentiu falta dos meninos no terraço de

recreio e foi achá-los em uma das salas, congregados em redor de João. Estecontava-lhes histórias instrutivas, as quais atraíam mais do que o recreio.

 Acerca deste tempo, João Wesley escreveu: "Eu participava de várias coisas quereconhecia como sendo pecado, embora não fossem escandalosas aos olhos do

mundo. Contudo, continuei a ler as Escrituras e a orar de manhã e à noite.Baseava a minha salvação sobre os seguintes pontos:1) Não me considerava tãoperverso como o próximo. 2) Conservava a inclinação de ser religioso. 3) Lia a

Bíblia, assistia aos cultos e fazia oração".

Depois de estudar seis anos na Charterhouse, Wesley cursou em Oxford,tornando-se proficiente no latim, grego, hebraico e francês. Mas seu interesse

principal não era o intelecto. Sobre esse assunto ele escreveu: "Comecei a re-conhecer que a religião verdadeira tem a sua fonte no coração... reservei duas

horas, todos os dias, para ficar sozinho com Deus. Participava da Ceia do Senhorde oito em oito dias. Guardei-me de todo o pecado, quer de palavras, quer de

atos. Assim, na base das boas obras que praticava, eu me considerava um bomcrente".

João se esforçava para levantar-se todos os dias às quatro horas. Por meio deanotações que escrevia diariamente de tudo que fazia durante o dia, conseguia

dar conta de seu tempo para não desperdiçar um momento. Continuou aobservar esse costume até quase o último dia da sua vida.

Certo dia, quando ainda jovem, assistiu a um enterro em companhia de ummoço, e conseguiu levá-lo a Cristo, ganhando, assim, a primeira alma para seu

Salvador. Alguns meses depois, com a idade de 24 anos, e depois de um períodode oração, foi separado para o diaconato.

Enquanto estudava em Oxford, ajuntava-se ali um pequeno grupo dosestudantes para orar, estudar as Escrituras juntos diariamente, jejuar às quartas

e sextas-feiras, visitar os doentes e encarcerados e confortar os criminosos nahora da execução. Todas as manhãs e todas as noites cada um passava uma hora

orando sozinho em oculto. Nas orações paravam de vez em quando paraobservarem se oravam com o devido fervor. Sempre oravam ao entrar e ao sair

dos cultos na igreja. Três dos membros desse grupo, mais tarde tornaram-sefamosos entre os crentes: 1) João Wesley, que talvez tenha feito mais que

qualquer outro para aprofundar a vida espiritual, não somente de então, mastambém de nosso tempo; 2) Carlos Wesley, que chegou a ser um dos mais

espirituais e famosos escritores de hinos evangélicos; e 3) Jorge Whitefield, que

se tornou o comovente pregador ao ar livre.

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Naquele tempo, sentia-se a influência de João Wesleyem muitas partes das Américas, e hoje ainda é sentida. Contudo, passou menos que dois anos nestecontinente, e isto durante o período da sua vida, quando se achava perturbado

por causa de dúvidas. Aceitou a chamada para pregar o Evangelho aos silvícolas

na colônia de Geórgia, desejoso de ganhar sua salvação por meio de boas obras.Pensou que vaidade e ostentação mundana não se encontrariam nas matas da América.

Como era característico em sua vida, a bordo do navio em viagem à América doNorte, observava, com outros de seu grupo, um programa para não desperdiçar

um momento durante o dia; levantava-se às quatro horas e deitava-se depoisdas vinte e uma. As primeiras três horas do dia eram dedicadas à oração e

estudo das Escrituras. Depois de cumprir tudo que estava indicado no programado dia, o cansaço era tanto que, não obstante o bramido do mar e o balanço do

navio, dormiam sem perturbação, deitados sobre um cobertor estendido noconvés.

Na Geórgia, a população inteira afluía à igreja para ouvir a sua pregação. A influência de seus sermões foi tal que, depois de dez dias, uma sala de baile ficou

quase inteiramente abandonada, enquanto a igreja se enchia de pessoas queoravam e eram salvas.

 Whitefield, que desembarcou na Geórgia alguns meses depois de Wesley voltar

à Inglaterra, assim descreveu o que viu: "O êxito de João Wesley na América éindizível. Seu nome é precioso entre o povo, onde lançou os alicerces que nemos homens nem os demônios podem abalar. Oh! que eu possa segui-lo como ele

seguiu a Cristo!" Contudo, a Wesley faltava uma coisa muito importante,conforme se vê pelos acontecimentos que o levaram a sair da Geórgia, como ele

mesmo escreveu:

"Faz dois anos e quase quatro meses que deixei a minha terra natal para pregarCristo aos índios da Geórgia; entretanto, o que cheguei eu â saber? Ora, vim a

saber o que eu menos esperava: fui à América para converter outros, mas nunca

fora realmente convertido a Deus."

Depois de voltar à Inglaterra, João Wesley começou a servir a Deus com a fé deum filho e não mais com a fé dum simples servo. Acerca desse assunto, eis o que

ele escreveu:"Não reconhecia que esta fé era dada instantaneamente, que ohomem podia sair das trevas para a luz imediatamente, do pecado e da misériapara a justiça e gozo do Espírito Santo. Examinei de novo as Escrituras sobre

este ponto, especialmente Atos dos Apóstolos. Fiquei grandementesurpreendido ao ver quase que somente conversões instantâneas; quase

nenhuma tão demorada como a de Saulo de Tarso". Desde então começou asentir mais e mais fome e sede de justiça, a justiça de Deus pela fé.

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Fracassara na sua primeira tentativa de pregar o Evangelho na América, porque,apesar de seu zelo e bondade de caráter, o cristianismo que possuía era uma

coisa que recebera por instrução. Mas a segunda etapa de seu ministério

destacou-se por um êxito fenomenal. E porque o fogo de Deus ardia na suaalma, chegara a ter contato direto com Deus por uma experiência pessoal.

Relatamos aqui, com suas próprias palavras, a sua experiência na qual oEspírito testificou ao seu espírito que era filho de Deus. Essa experiência

transformou completamente a sua vida.

"Eram quase cinco horas, hoje, quando abri o Novo Testamento e encontreiestas palavras: 'Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas para quepor elas fiqueis participantes da natureza divina" (2 Pedro 1.4). Antes de sair,

abri mais uma vez o Novo Testamento para ler estas outras palavras: 'Não estáslonge do reino de Deus...' (Marcos 12.34). À noite, senti-me impelido a assistir

em Aldersgate... Senti o coração abrasado; confiei em Cristo, somente em Cristo,para a salvação: foi-me dada a certeza de que Ele levara os meus pecados e deque me salvara da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todas as mi-

nhas forças... e testifiquei a todos os presentes do que sentia no coração."

Depois dessa experiência em Aldersgate, Wesley aspirava a bênçãos aindamaiores do Senhor, conforme ele mesmo escreveu: "Eu suplicava a Deus que

cumprisse todas as suas promessas na minha alma. O Senhor honrou este anelo,em parte, não muito depois, enquanto eu orava com Carlos, Whitefield e cercade sessenta outros crentes em Fetter Lane". São de João Wesley também estaspalavras: "Cerca das três horas da madrugada, enquanto perseverávamos emoração (Romanos 12.12), o poder de Deus nos sobreveio de tal maneira, que

 bradamos impulsionados de grande gozo e muitos caíram ao chão. A seguir, aopassar um pouco o temor e a surpresa que sentimos na presença da majestadedivina, rompemos em uma só voz: 'Louvamos-te, ó Deus, aceitamos-te como

Senhor'".

Essa unção do Espírito Santo dilatou grandemente os horizontes espirituais de Wesley; o seu ministério tornou-se excepcionalmente frutuoso e ele trabalhouininterruptamente durante 53 anos, com o coração abrasado pelo amor divino.

Um pastor prega, em média, cem vezes por ano, mas João Wesley pregou cercade 780 Vezes por ano, durante 54 anos. Esse homenzinho, com a altura de

apenas um metro e sessenta e seis centímetros e pesando menos de sessentaquilos, dirigia-se a grandes multidões e sob as maiores provações. Quando as

igrejas lhe fecharam as portas, levantou-se para pregar ao ar livre.

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 Apesar de enfrentar a apatia espiritual quase geral nos crentes, a par de umaonda de devassidão e crimes no país inteiro, multidões de 5 mil a 20 mil afluíam

para ouvir seus sermões. Tornou-se comum, nesses cultos, os pecadoresacharem-se tão angustiados, que gritavam e gemiam. Se célebres materialistas,

tais como Voltaire e Tomaz Paine, gritaram de convicção ao se encontrarem comDeus no leito de morte, não é de admirar que centenas de pecadores gemessem,gritassem e caíssem ao chão, como mortos, quando o Espírito Santo os levava a

sentir a presença de Deus. Multidões de perdidos, assim, tornavam-se novascriaturas em Cristo Jesus, nos cultos de João Wesley. Muitas vezes os ouvintes

eram levados às alturas de amor, gozo e admiração; recebiam também visões daperfeição divina e das excelências de Cristo, até ficarem algumas horas como

mortos. (Ver Apocalipse 1.17.)

Como todos que invadem o território de Satanás, os irmãos Carlos e João

 Wesley, tinham de sofrer terríveis perseguições. Em Moorfield os inimigos doEvangelho acabaram com o culto, destruindo a mesa em que João subira parapregar e o insultaram e maltrataram. Em Sheffield, a casa foi demolida sobre acabeça dos crentes. Em Wednesbury, destruíram as casas, roupas e móveis dos

crentes, deixando-os desabrigados, expostos à neve e ao temporal. Diversas vezes João Wesley foi apedrejado e arrastado como morto, na rua. Certa vez foi

espancado na boca, no rosto e na cabeça até ficar coberto de sangue.

Mas a perseguição da parte da igreja decadente era a sua maior cruz. Foram

denunciados como "falsos profetas", "paroleiros", "impostores arrogantes","homens destros na astúcia espiritual", "fanáticos", etc. Ao voltar para visitarEpworth, onde nascera e se criara, João assistiu, no domingo, ao culto da

manhã e ao culto da tarde, na igreja onde seu pai fora fiel pastor durante muitosanos, mas não lhe foi concedida a oportunidade de falar ao povo. Às dezoito

horas, João, em pé, sobre o monumento, que marcava o lugar em queenterraram seu pai, ao lado da igreja, pregou ao maior auditório jamais visto em

Epworth - e Deus salvou muitas almas.

- Qual a causa de tão grande oposição? Entre os crentes da igreja dormente ,

alegava-se que eram as suas pregações sobre a justificação pela fé, e asantificação. Os descrentes não gostavam dele porque "levou o povo a se

levantar para cantar hinos às cinco da madrugada."

João Wesley não somente pregava mais que os outros pregadores, mas osexcedia como pastor, exortando e confortando os crentes, e visitando de casa em

casa.

Nas suas viagens, andava tanto a cavalo, como a pé, ora em dias ensolarados,

ora sob chuvas, ora em temporais de neve. Durante os 54 anos do seu

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ministério, andou, em média, mais de 7 mil quilômetros por ano, para alcançaros pontos de pregação.

Esse homenzinho que andava 7 mil quilômetros por ano, ainda tinha tempo

para a vida literária. Leu não menos de 1.200 tomos, a maior parte enquantoandava a cavalo. Escreveu uma gramática hebraica, outra de latim, e aindaoutras de francês e inglês. Serviu durante muitos anos como redator dum jornalde 56 páginas. O dicionário completo que compilou da língua inglesa era muito

popular, e seu comentário sobre o Novo Testamento ainda tem grandecirculação. Revisou e republicou uma biblioteca de cinqüenta volumes,

reduzindo-a para trinta volumes. O livro que escreveu sobre a filosofia naturalteve grande aceitação entre o ministério. Compilou uma obra de quatro volumes

sobre a história da Igreja. Escreveu e publicou um livro sobre a história deRoma e outro sobre a da Inglaterra. Preparou e publicou três volumes sobre

medicina e seis sobre música para os cultos. Depois da sua experiência emFetter Lane, ele e seu irmão Carlos, escreveram e publicaram 54 hinários. Diz-se

que ao todo escreveu mais que 230 livros.

Esse homem de físico franzino, ao completar 88 anos, escreveu: "Durante maisde 86 anos não experimentei qualquer debilidade de velhice; os olhos nuncaescureceram, nem perdi o meu vigor". Com a idade de 70 anos, pregou a um

auditório de 30 mil pessoas, ao ar livre, e foi ouvido por todos. Aos 86 anos fezuma viagem à Irlanda, na qual, além de pregar seis vezes ao ar livre, pregou cem

 vezes em sessenta cidades. Certo ouvinte assim se referiu a Wesley: "Seu espíritoera tão vivo como aos 53 anos, quando o encontrei pela primeira vez".

 Atribuiu a sua saúde às seguintes regras: 1) Ao exercício constante e ar fresco. 2) Ao fato de nunca, mesmo doente ou com saúde, em terra ou no mar, haver

perdido uma noite de sono desde o seu nascimento. 3) À habilidade de dormir,de dia ou de noite, ao sentir-se cansado. 4) Ao fato de observar a regra por maisque sessenta anos de se levantar às 4 horas da manhã. 5) Ao costume de sempre

orar às 5 da manhã, durante mais que cinqüenta anos. 6) Ao fato de quasenunca sofrer de dor, desânimo ou cuidado durante a vida inteira.

Não nos devemos esquecer da fonte desse vigor que João Wesley manifestava.Passava duas horas diariamente em oração, e muitas vezes mais. Iniciava o dia

às quatro horas. Certo crente que o conhecia intimamente, assim escreveuacerca dele: "Considerava a oração a coisa mais importante da sua vida e eu otenho visto sair do quarto com a serenidade de alma visível no rosto até quase

 brilhar".

 A qualquer história da vida de João Wesley faltará o ponto principal, se não se

fizer menção dos cultos de vigília que se realizavam uma vez por mês entre oscrentes. Esses cultos se iniciavam às 20 horas e continuavam até depois da

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meia-noite - ou até cair o Espírito Santo sobre eles. Baseavam tais cultos sobreas referências no Novo Testamento, de noites inteiras passadas em oração. Foi

assim que alguém se referiu ao sucesso: "Explica-se o poder de Wesley pelo fatode ele ser 'homo unius libri', isto é, um homem de um livro, e esse Livro é a

Bíblia".

Pouco antes da sua morte, escreveu: "Hoje passamos o dia em jejum e oraçãopara que Deus alargasse a sua obra. Só encerramos depois de uma noite de vigília, na qual o coração de muitos irmãos foi grandemente confortado".

No seu diário, João Wesley escreveu, entre outras coisas, sobre oração e jejum, oseguinte: "Enquanto cursava em Oxford... jejuávamos às quartas e às sextas-

feiras, como faziam os crentes primitivos em todos os lugares. EscreveuEpifânio (310-403): 'Quem não sabe que o jejum das quartas e das sextas-feiras

é observado pelos crentes do mundo inteiro?"' Wesley continuou: "Não seiporque eles guardavam esses dois dias, mas é boa a regra; se lhes servia,

também me serve. Contudo, não quero dar a entender que o único tempo de jejuar seja esses dois dias da semana, porque muitas vezes é necessário jejuarmais do que dois dias. É necessário permanecer sozinho e na presença de Deus,enquanto jejuamos e oramos, para que Deus possa mostrar-nos a sua vontade e

dar-nos direção. Nos dias de jejum devemos afastar-nos, o mais possível, detodo serviço, de fazer visitas e das diversões, apesar dessas coisas serem lícitas

em outras ocasiões".

Seu gozo em pregar ao ar livre não diminuiu na velhice: Em 7 de outubro de1790, pregou pela última vez fora de casa, sobre o texto: "O reino de Deus está

próximo, arrependei-vos, e crede no Evangelho". "A palavra manifestou-se comgrande poder e as lágrimas do povo corriam em torrentes".

Um por um, seus fiéis companheiros de luta, inclusive sua esposa, foramchamados para o descanso, mas João Wesley continuava a trabalhar. Com a

idade de 85 anos, seu irmão, Carlos, foi chamado pelo Senhor e João sentou-seperante a multidão, cobrindo o rosto com as mãos, para esconder as lágrimas

que lhe corriam pelas faces. Seu ir-mão a quem amava tanto durante tão longotempo, partira e ele, agora, tinha de trabalhar sozinho.

Em 2 de março de 1791, com a idade de quase 88 anos, completou a sua carreiraterrestre. Durante toda a noite anterior, não cessaram em seus lábios o louvor ea adoração, pronunciando estas palavras: "As nuvens distilam a gordura". Suaalma saltou de alegria com a antecipação das glórias do lar eterno e exclamou:

"O melhor de tudo é que Deus está conosco". Então, levantando a mão, como sefosse o sinal da vitória, novamente repetiu: "O melhor de tudo é que Deus está

conosco". Às 10 horas da manhã, enquanto os crentes rodeavam o leito, emoração, ele disse: "Adeus!", e assim passou para a presença do Senhor.

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Um crente que assistiu à sua morte, assim relatou o ato: "A presença divinapairava sobre todos nós; não existem palavras para descrever o que vimos no

seu semblante! Quanto mais o fitávamos, tanto mais víamos parte dos indizíveis

céus".

Calcula-se que dez mil pessoas em desfile passaram diante do ataúde para ver orosto que ainda retinha um sorriso celestial. Por causa das grandes massas que

afluíram para honrá-lo, foi necessário enterrá-lo às cinco horas da manhã.

João Wesley nasceu e criou-se em um lar onde não havia abundância de pão.Com a venda dos livros da sua autoria ganhou uma fortuna, com a qual

contribuía para a causa de Cristo; ao falecer, deixou no mundo "duas colheres,uma chaleira de prata, um casaco velho" e dezenas de milhares de almas, salvas

em épocas de grande decadência espiritual.

 A tocha em Epworth foi arrebatada do fogo, em Aldersgate e Fetter Lanecomeçou a arder intensamente, e continua a iluminar milhões de almas no

mundo inteiro.

(estraido do livro hérois da fé)

Jônatas Edwards

Grande despertador(1703-1758)

Há dois séculos que o mundo fala do famoso sermão: Pecadores nas mãos de

um Deus irado e dos ouvintes que se agarravam aos bancos pensando que iamcair no fogo eterno. Esse fato foi, apenas, um dos muitos que aconteceram nasreuniões em que o Espírito Santo desvendava os olhos dos presentes para eles

contemplarem as glórias do Céu e a realidade do castigo que está bem pertodaqueles que estão afastados de Deus.

Jônatas Edwards, entre os homens, era o vulto maior nesse avivamento, que seintitulava O grande despertamento. Sua vida é um exemplo destacado deconsagração ao Senhor para o desenvolvimento maior do intelecto e, sem

qualquer interesse próprio, de deixar o Espírito Santo usar o mesmo intelectocomo instrumento nas suas mãos. Amava a Deus, não somente de coração e

alma, mas também de todo o entendimento. "Sua mente prodigiosa apoderava-se das verdades mais profundas". Contudo, "sua alma era, de fato, um santuário

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do Espírito Santo". Sob aparente calma exterior, ardia nele o fogo divino, comoum vulcão.

Os crentes atuais devem a esse herói, graças à sua perseverança em orar e

estudar sob a direção do Espírito, a volta às várias doutrinas e práticas da igrejaprimitiva. Grande é o fruto da dedicação do lar em que Edwards nasceu e secriou. Seu pai foi o amado pastor de uma só igreja durante um período de

sessenta e quatro anos. Sua piedosa mãe era filha de um pregador que pastoreouuma igreja durante mais de cinqüenta anos.

Dez das irmãs de Jônatas, quatro eram mais velhas do que ele e seis mais novas."Muitas foram as orações que os pais ofereceram a Deus, para que o único e

amado filho fosse cheio do Espírito Santo, e que se tornasse grande perante oSenhor. Não somente oravam assim, fervorosa e constantemente, mas

mostravam-se igualmente zelosos em criá-lo para Deus. As orações, à volta dalareira, os estimularam a se esforçarem, e seus esforços redobrados os moti-

 varam a orarem mais fervorosamente... O ensino religioso e permanenteresultou em Jônatas conhecer intimamente a Deus, quando ainda criança".

Quando Jônatas tinha sete ou oito anos, houve um despertamento na igreja deseu pai, e o menino acostumou-se a orar sozinho, cinco vezes, todos os dias, e a

chamar outros da sua idade para orarem com ele.

Citamos aqui as suas palavras sobre esse assunto: "A primeira experiência, deque me lembro, de sentir no íntimo a delícia de Deus e das coisas divinas, foi aoler as palavras de 1 Timóteo 1.7: 'Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível; ao

único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém'. Sentia a presençade Deus até arder o coração e abrasar a alma de tal maneira, que não seidescrevê-la... Gostava de passar o tempo olhando para a lua e, de dia, a

contemplar as nuvens e os céus. Passava muito tempo observando a glória deDeus, revelada na natureza e cantando as minhas contemplações do Criador e

Redentor... Antes me sentia demasiado assombrado ao ver os relâmpagos eouvir a troar do trovão. Porém mais tarde eu me regozijava ao ouvir a majestosa

e terrível voz de Deus na trovoada". Antes de completar treze anos, iniciou seucurso em Yale College, onde, no segundo ano, leu atentamente a famosa obra deLocke: Ensaio sobre o entendimento humano. Vê-se, nas suas próprias palavrasacerca dessa obra, o grande desenvolvimento intelectual do moço: "Achei maisgozo nisso do que o mais ávido avarento, em ajuntar grandes quantidades de

ouro e prata de tesouros recém-adquiridos".

Edwards, antes de completar dezessete anos, diplomou-se no Yale College comas maiores honras. Sempre estudava com esmero, mas também conseguia

tempo para estudar a Bíblia, diariamente. Depois de. diplomar-se, continuouseus estudos em Yale, durante dois. anos e foi então separado para o ministério.

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Foi nessa altura que seu biógrafo escreveu acerca de seu costume de dedicarcertos dias para jejuar, orar e examinar-se a si mesmo.

 Acerca da sua consagração, com idade de vinte anos, Edwards escreveu:"Dediquei-me solenemente a Deus e o fiz por escrito, entregando a mim mesmoe tudo que me pertencia ao Senhor, para não ser mais meu em qualquer sentido,

para não me comportar como quem tivesse direitos de forma alguma...travando, assim, uma batalha com o mundo, a carne e Satanás até o fim da

 vida".

 Alguém assim se referiu a Jônatas: "Sua constante e solene comunhão comDeus, em secreto, fazia com que o rosto dele brilhasse perante o próximo, e sua

aparência, semblante, palavras e todo o seu comportamento eram

acompanhados por seriedade, gravidade e solenidade".

 Aos vinte e quatro anos casou-se com Sara Pierrepont, filha de um pastor, edesse enlace nasceram, como na família do pai de Edwards, onze filhos.

 Ao lado de Jônatas Edwards, no Grande Despertamento, estava o nome de SaraEdwards, sua fiel esposa e ajudadora em tudo. Como seu marido, ela nos serve

como exemplo de rara intelectualidade. Profundamente estudiosa, inteiramenteentregue ao serviço de Deus, ela era conhecida por sua santa dedicação ao lar,

pelo modo de criar seus filhos e pela economia que praticava, movida pelaspalavras de Cristo: "Para que nada se perca". Mas antes de tudo, tanto ela comoseu marido eram conhecidos por suas experiências em oração. Faz-se mençãodestacada especialmente dum período de três anos, durante o qual, apesar de

gozar de perfeita saúde, ficava repetidas vezes sem forças, por causa dasrevelações do Céu. A sua vida inteira foi de intenso gozo no Senhor.

Jônatas Edwards costumava passar treze horas, todos os dias, estudando eorando. Sua esposa, também, diariamente o acompanhava na oração. Depois daúltima refeição, ele deixava toda a lida, a fim de passar uma hora com a família.

- Mas, quais as doutrinas de que a igreja havia esquecido e quais as que Edwardscomeçou a ensinar e a observar de novo, com manifestações tão sublimes?

Basta uma leitura superficial para descobrir que a doutrina, à qual deu maisênfase, foi a do novo nascimento, como sendo uma experiência certa e definida,

em contraste com a idéia da Igreja Romana e de várias denominações.

O evento que marcou o começo do Grande Despertamento foi uma série de

sermões feitos por Edwards sobre a doutrina da justificação pela fé, que fez osouvintes sentirem a verdade das Escrituras, de que toda a boca ficará fechada no

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dia de juízo, e que "não há coisa alguma que, por um momento, evite que opecador caia no Inferno, senão o bel prazer de Deus".

É impossível avaliar o grau do poder de Deus, derramado para despertar

milhares de almas, para a salvação, sem primeiro nos lembrarmos dascondições das igrejas da Nova Inglaterra, e do mundo inteiro, nessa época.Quem, até hoje, não se admira do heroísmo dos puritanos que colonizaram as

florestas da Nova Inglaterra? Passara, porém, essa glória e a igreja, indiferente echeia de pecado, se encontrava face com o maior desastre. Parecia que Deus não

queria abençoar a obra dos puritanos, obra que existiu unicamente para suaglória. Por isso, no mesmo grau que havia coragem e ardor entre os pioneiros,

houve entre seus filhos, perplexidade e confusão. Se não pudessem alcançar, denovo, a espiritualidade, só lhes restava esperar o juízo dos céus.O famoso

sermão de Edwards, ''Pecadores nas mãos de um Deus irado", merece menção

especial.

O povo, ao entrar para o culto, mostrava um espírito leviano, e mesmo dedesrespeito, diante dos cinco pregadores que estavam presentes. Jônatas

Edwards foi escolhido para pregar. Era homem de dois metros de altura; seurosto tinha aspecto quase feminino, e o corpo magro de jejuar e orar. Sem

quaisquer gestos, encostado num braço sobre a tribuna, segurando omanuscrito na outra mão, falava em voz monótona. Discursou sobre o texto de

Deuteronômio 32.35: "Ao tempo em que resvalar o seu pé".

Depois de explicar a passagem, acrescentou que nada evitava, por um momento,que os pecadores caíssem no Inferno, a não ser a própria vontade de Deus; que

Deus estava mais encolerizado com alguns dos ouvintes do que com muitaspessoas que já estavam no Inferno; que o pecado era como um fogo encerrado

dentro do pecador e pronto, com a permissão de Deus, a transformar-se emfornalhas de fogo e enxofre, e que somente a vontade do Deus indignado os

guardava da morte instantânea.

Prosseguiu, então, aplicando o texto ao auditório: "Aí está o Inferno com a boca

aberta. Não existe coisa alguma sobre a qual vós vos possais firmar e segurar.Entre vós e o Inferno existe apenas a atmosfera... há, atualmente, nuvens negras

da ira de Deus pairando sobre vossas cabeças, predizendo tempestadesespantosas, com grandes trovões. Se não existisse a vontade soberana de Deus,que é a única coisa para evitar o ímpeto do vento até agora, serieis destruídos e vos tornaríeis como a palha da eira... O Deus que vos segura na mão, sobre o

abismo do Inferno, mais ou menos como o homem segura uma aranha ou outroinseto nojento sobre o fogo, durante um momento, para deixá-lo cair depois,

está sendo provocado em extremo... Não há que admirar, se alguns de vós com

saúde e calmamente sentados aí nos bancos, passarem para lá antes de ama-nhã..."

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O resultado do sermão foi como se Deus arrancasse um véu dos olhos damultidão para contemplar a realidade e o horror da posição em que estavam.Nessa altura o sermão foi interrompido pelos gemidos dos homens e os gritos

das mulheres; quase todos ficaram de pé, ou caídos no chão. Foi como se umfuracão soprasse e destruísse uma floresta. Durante a noite inteira a cidade deEnfield ficou como uma fortaleza sitiada. Ouvia-se, em quase todas as casas, o

clamor das almas que, até aquela hora, confiavam na sua própria justiça.Esperavam que, a qualquer momento, o Cristo descesse dos céus com os anjos e

apóstolos ao lado, e que os túmulos entregassem os mortos que neles havia.

Tais vitórias, contra o reino das trevas, foram ganhas de joelhos. Edwards nãoabandonara, nem deixara de gozar os privilégios das orações, costume que vinha

desde a meninice. Continuou a freqüentar, também, os lugares solitários na

floresta onde podia ter comunhão com Deus. Como um exemplo citamos a suaexperiência com a idade de trinta e quatro anos, quando entrou na floresta, a

cavalo. Lá, prostrado em terra, foi-lhe concedido ter uma visão tão preciosa dagraça, amor e humilhação de Cristo como Mediador, que passou uma hora

 vencido por uma torrente de lágrimas e pranto.

Como era de esperar, o Maligno tentou anular a obra gloriosa do Espírito Santono "Grande Despertamento", atribuindo tudo ao fanatismo. Em sua defesa

Edwards escreveu : "Deus, conforme as Escrituras, faz coisas extraordinárias.

Há motivos para crer, pelas profecias da Bíblia, que sua obra mais maravilhosaseria feita nas últimas épocas do mundo. Nada se pode opor às manifestaçõesfísicas, como as lágrimas, gemidos, gritos, convulsões, falta de forças... De fato, énatural esperar, ao lembrarmo-nos da relação entre o corpo e o espírito, que tais

coisas aconteçam. Assim falam as Escrituras: do carcereiro que caiu perantePaulo e Silas, angustiado e tremendo; do Salmista que exclamou, sob a

convicção do pecado: 'Envelheceram os meus ossos pelo meu bramido durante odia todo' (Salmo 32.3); dos discípulos, que, na tempestade do lago, clamaram de

medo; da Noiva, do Cântico dos Cânticos, que ficou vencida, pelo amor deCristo, até desfalecer..."

Certo é que na Nova Inglaterra começou, em 1740, um dos maiores avivamentosdos tempos modernos. É igualmente certo que este movimento se iniciou, nãocom os sermões célebres de Edwards, mas com a firme convicção deste, de quehá uma "obra direta que o Espírito divino faz na alma humana". Note-se bem:

Não foram seus sermões monótonos, nem a eloqüência extraordinária dealguns, como Jorge Whitefield, mas, sim, a obra do Espírito Santo no coraçãodos mortos espiritualmente, que, "começando em Northampton, espalhou-se

por toda a Nova Inglaterra e pelas colônias da América do Norte, chegando até a

Escócia e a Inglaterra". De uma época de maior decadência, a Igreja de Cristo,

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entre a população escassa da Nova Inglaterra, despertou e foram arrebatadas detrinta a cinqüenta mil almas do Inferno durante um período de dois a três anos.

No meio das suas lutas, sem ninguém esperar, a vida de Jônatas Edwards foi

tirada da Terra. Apareceu a varíola em Princeton e um hábil médico foichamado de Filadélfia para inocular os estudantes. O nosso pregador e duas desuas filhas foram também vacinados. Na febre que resultou, as forças de nosso

herói diminuíram gradualmente até que, um mês depois, faleceu.

 Assim diz um de seus biógrafos: "Em todo o mundo onde se falava o inglês, eraconsiderado o maior erudito desde os dias do apóstolo Paulo ou de Agostinho".

Para nós, a vida de Jônatas Edwards é uma das muitas provas de que Deus nãoquer que desprezemos as faculdades intelectuais que Ele nos concede, mas que

as desenvolvamos, sob a direção do Espírito Santo, e que as entreguemosdesinteressadamente para o seu uso.

(estraido do livro hérois da fé)

João Bunyan

Sonhador imortal(1628-1688)

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"Caminhando pelo deserto deste mundo, parei num sítio onde havia uma caverna (a prisão de Bedford): ali deitei-me para descansar. Em breve adormeci e tive um sonho.

Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação,

tendo sobre os ombros uma pesada carga e nas mãos um livro".

Faz três séculos que João Bunyan assim iniciou o seu livro, o Peregrino. Os queconhecem as suas obras literárias podem testificar de que ele é, de fato, "o Sonhador Imortal" - "Estando ele morto, ainda fala". Contudo, enquanto miríades de crentes

conhecem o Peregrino, poucos conhecem a história da vida de oração desse valente pregador.

Bunyan, na sua obra, Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, nos informa queseus pais, apesar de viverem em extrema pobreza, conseguiram ensiná-lo a ler e es-crever. Ele mesmo se intitulou a si próprio de "o principal dos pecadores"; outros

atestam que era "bem-sucedido" até na impiedade. Contudo, casou-se com uma moça defamília cujos membros eram crentes fervorosos Bunyan era funileiro e, como acontecia

com todos os funileiros, era paupérrimo; ele não possuía um prato nem uma colher -apenas dois livros: O Caminho do Homem Simples para os Céus e A Prática da

 Piedade, obras que seu pai, ao falecer, lhe deixara. Apesar de Bunyan achar algumascoisas que lhe interessavam nesses dois livros, somente nos cultos é que se sentiu

convicto de estar no caminho para o Inferno.

Descobre-se nos seguintes trechos, copiados de Graça Abundante ao Principal dos

 Pecadores, como ele lutava em oração no tempo da sua conversão:

"Veio-me às mãos uma obra dos 'Ranters', livro estimado por alguns doutores. Nãosabendo julgar os méritos dessas doutrinas, dediquei-me a orar desta maneira: 'Ó

Senhor, não sei julgar entre o erro e a verdade. Senhor, não me abandones por aceitar ourejeitar essa doutrina cegamente; se ela for de ti, não me deixes desprezá-la; se for doDiabo, não me deixes abraçá-la!' - e, louvado seja Deus, Ele que me dirigiu a clamar;

desconfiando na minha própria sabedoria, Ele mesmo me guarda do erro dos 'Ranters'.A Bíblia já era para mim muito preciosa nesse tempo."

"Enquanto eu me sentia condenado às penas eternas, admirei-me de como o próximo seesforçava para ganhar bens terrestres, como se esperasse viver aqui eternamente... Se eu pudesse ter a certeza da salvação da minha alma, como se sentiria rico, mesmo que não

tivesse mais para comer a não ser feijão."

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"Busquei o Senhor, orando e chorando e do fundo da alma clamei: 'Ó Senhor, mostra-me, eu te rogo, que me amas com amor eterno!' Logo que clamei, voltaram para mim as palavras, como um eco: 'Eu te amo com amor eterno!' Deitei-me para dormir em paz e,

ao acordar, no dia seguinte, a mesma paz permanecia na minha alma. O Senhor me

assegurou: 'Amei-te enquanto vivias no pecado, amei-te antes, amo-te depois e amar-te-ei por todo o sempre'."

"Certa manhã, enquanto tremia na oração, porque pensava que não houvesse palavra deDeus para me sossegar, Ele me deu esta frase: 'A minha graça te basta'."O meu

entendimento foi tão iluminado como se o Senhor Jesus olhasse dos céus para mim, pelo telhado da casa, e me dirigisse essas palavras. Voltei para casa chorando,

transbordando de gozo e humilhado até o pó."

"Contudo, certo dia, enquanto andava no campo, a consciência inquieta, de repente estas palavras entraram na minha alma: 'Tua justiça está nos céus.' E parecia que, com os

olhos da alma, via Jesus Cristo à destra de Deus, permanecendo ali como minha justiça... Vi, além disso, que não é o meu bom coração que torna a minha justiçamelhor, nem que a prejudica; porque a minha justiça é o próprio Cristo, o mesmo

ontem, hoje e para sempre. As cadeias então caíram-me das pernas; fiquei livre dasangústias; as tentações perderam a força; o horror da severidade de Deus não mais me

 perturbava, e voltei para casa regozijando-me na graça e no amor de Deus. Não achei naBíblia a frase: 'Tua justiça está nos céus.' Mas achei 'o qual para nós foi feito por Deus

sabedoria e justiça, e santificação, e redenção' (1 Coríntios 1.30) e vi que a outra fraseera verdade.

"Enquanto eu assim meditava, o seguinte trecho das Escrituras penetrou no meu espíritocom poder: 'Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua

misericórdia, nos salvou.' Assim fui levantado para as alturas e me achava nos braços dagraça e misericórdia. Antes temia a morte, mas depois clamei: 'Quero morrer.' A mortetornou-se para mim uma coisa desejável. Não se vive verdadeiramente antes de passar  para a outra vida. 'Oh!' - pensava eu - 'esta vida é apenas um sonho em comparação àoutra!' Foi nessa ocasião que as palavras 'herdeiros de Deus' se tornaram tão cheias desentido, que eu não posso explicar aqui neste mundo. 'Herdeiros de Deus!' O próprio

Deus é a porção dos santos. Isso vi e disso me admirei, contudo, não posso contar o quevi... Cristo era um Cristo precioso na minha alma, era o meu gozo; a paz e o triunfo por 

Cristo eram tão grandes que tive dificuldade em conter-me e ficar deitado."

Bunyan, na sua luta para sair da escravidão do vício e do pecado, não fechava a almados perdidos que ignoravam os horrores do inferno. Acerca disto ele escreveu:

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"Percebi pelas Escrituras que o Espírito Santo não quer que os homens enterrem os seustalentos e dons, mas antes que despertem esses dons... Dou graças a Deus, por me haver concedido uma medida de entranhas e compaixão, pela alma do próximo, e me enviou aesforçar-me grandemente para falar uma palavra que Deus pudesse usar para apoderar-

se da consciência e despertá-la. Nisso o bom Senhor respondeu ao apelo de seu servo, eo povo começou a mostrar-se comovido e angustiado de espírito ao perceber o horror doseu pecado e a necessidade de aceitar a Jesus Cristo."

"De coração, clamei a Deus com grande insistência que Ele tornasse a Palavra eficaz para a salvação da alma... De fato, disse repetidamente ao Senhor que, se o meu

enforcamento perante os olhos dos ouvintes servisse para despertá-los e confirmá-los naverdade, eu o aceitaria alegremente."

"O maior anelo em cumprir meu ministério era o de entrar nos lugares mais escuros do país... Na pregação, realmente, sentia dores de parto para que nascessem filhos paraDeus. Sem fruto, não ligava importância a qualquer louvor aos meus esforços; com

fruto, não me importava com qualquer oposição."

Os obstáculos que Bunyan tinha de encarar eram muitos e variados. Satanás, vendo-segrandemente prejudicado pela obra desse servo de Deus, começou a levantar barreiras

de todas as formas. Bunyan resistia fielmente a todas as tentações de vangloriar-se sobre

o fruto de seu ministério e cair na condenação do Diabo. Quando, certa vez, um dosouvintes lhe disse que pregara um bom sermão, ele respondeu: "Não precisa dizer-me

isso, o Diabo já cochichou a mesma coisa no meu ouvido antes de sair da tribuna."

Então o inimigo das almas suscitou os ímpios para caluniá-lo e espalhar boatos em todoo país, a fim de induzi-lo a abandonar seu ministério. Chamavam-no de feiticeiro,

 jesuíta, cangaceiro e afirmavam que vivia amancebado, que tinha duas esposas e que osseus filhos eram ilegítimos.

Quando o Maligno falhou em todos esses planos de desviar Bunyan do seu ministérioglorioso, os inimigos denunciaram-no por não observar os regulamentos dos cultos da

igreja oficial. As autoridades civis o sentenciaram à prisão perpétua, recusandoterminantemente a revogação da sentença, apesar de todos os esforços de seus amigos e

dos rogos da sua esposa - tinha de ficar preso até se comprometer a não mais pregar.

Acerca da sua prisão, ele diz: "Nunca tinha sentido a presença de Deus ao meu lado emtodas as ocasiões como depois de ser encerrado... fortalecendo-me tão ternamente com

esta ou aquela Escritura até me fazer desejar, se fosse lícito, maiores provações parareceber maiores consolações".

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"Antes de ser preso, eu previa o que aconteceria, e duas coisas ardiam no coração,acerca de como podia encarar a morte, se chegasse a tal ponto. Fui dirigido a orar 

 pedindo a Deus me fortalecesse com toda a força, segundo o poder da sua glória, em

toda a fortaleza e longanimidade, dando com alegria graças ao Pai. Quase nunca orei,durante o ano antes de ser preso, sem que essa Escritura me entrasse na mente e eu

compreendesse que para sofrer com toda a paciência devia ter toda a fortaleza,especialmente para sofrer com alegria."

"A segunda consideração foi na passagem que diz: 'Mas nós temos tido dentro de nósmesmos a sentença de morte para que não confiássemos em nós mesmos, porém em

Deus que ressuscita os mortos'. Cheguei a ver, por essa Escritura que, se eu chegasse a ponto de sofrer como devia, primeiramente tinha de sentenciar à morte todas as coisas

que pertencem à nossa vida, considerando-me a mim mesmo, minha esposa, meusfilhos, a saúde, os prazeres, tudo, enfim, como mortos para comigo e eu morto para com

eles.

"Resolvi, como Paulo disse, não olhar para as coisas que se vêem, mas sim, para as quese não vêem, porque as coisas que se vêem, são temporais, mas as coisas que se não

vêem, são eternas. E compreendi que se eu fosse prevenido apenas de ser preso, poderia,de improviso, ser chamado, também, para ser açoitado, ou amarrado ao pelourinho.

Ainda que esperasse apenas esses castigos, não suportaria o castigo de desterro. Mas amelhor maneira para passar os sofrimentos seria confiar em Deus, quanto ao mundo

vindouro; quanto a este mundo, devia considerar o sepulcro como minha morada,estender o meu leito nas trevas, dizer à corrupção: Tu és meu pai', e aos vermes: 'Vós

sois minha mãe e minha irmã' (Jó 17.13,14).

"Contudo, apesar desse auxílio, senti-me um homem cercado de fraquezas. A separaçãoda minha esposa e de nossos filhos, aqui na prisão torna-se, às vezes, como se fosse aseparação da carne dos ossos. E isto não somente porque me lembro das tribulações e

misérias que meus queridos têm de sofrer; especialmente a filhinha cega. Minha pobrefilha, quão triste é a tua porção neste mundo! Serás maltratada, pedirás esmolas; passarás fome, frio, nudez e outras calamidades! Oh! os sofrimentos da minha ceguinha

quebrar-me-iam o coração aos pedaços!"

"Eu meditava muito, também, sobre o horror ao Inferno para os que temiam a Cruz a ponto de se recusarem a glorificar a Cristo, suas palavras e leis perante os filhos dos

homens. Além do mais, pensava sobre a glória que Ele preparara para os que, em amor,fé e paciência, testificavam dele. A lembrança destas coisas serviam para diminuir a

mágoa que sentia ao lembrar-me de que eu e meus queridos sofriam pelo testemunho deCristo".

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 Nem todos os horrores da prisão abalaram o espírito de João Bunyan. Quando lhesofereciam a sua liberdade sob a condição de ele não pregar mais, respondia: "Se eu sair 

hoje da prisão, pregarei amanhã, com o auxílio de Deus".

Mas se alguém pensar que, afinal de contas, João Bunyan era apenas um fanático, develer e meditar sobre as obras que nos deixou: Graça Abundante ao Principal dos

 Pecadores; Chamado ao Ministério; O Peregrino; A Peregrina; A Conduta do Crente;

 A Glória do Templo; O Pecador de Jerusalém é Salvo; As Guerras da Famosa Cidade

de Alma-humana; A vida e a Morte de Homem Mau; O Sermão do Monte; A Figueira

 Infrutífera; Discursos Sobre Oração; O Viajante Celestial; Gemidos de Uma Alma no

 Inferno; A Justificação é Imputada, etc.

Passou mais de doze anos encarcerado. É fácil dizer que foram doze longos anos, mas édifícil conceber o que isso significa - passou mais da quinta parte da sua vida na prisão,

na idade de maior energia. Foi um quacre, chamado Whitehead, que conseguiu a sualibertação. Depois de liberto, pregou em Bedford, Londres, e muitas outras cidades. Era

tão popular, que foi alcunhado de "Bispo Bunyan". Continuou o seu ministériofielmente até a idade de sessenta anos, quando foi atacado de febre e faleceu. O seu

túmulo é visitado por dezenas de milhares de pessoas.

- Como se explica o êxito de João Bunyan? O orador, o escritor, o pregador, o professor da E scola Dominical e o pai de família, cada um conforme o seu ofício, pode lucrar 

grandemente com um estudo do estilo e méritos de seus escritos, apesar de ele ter sidoapenas um humilde funileiro, sem instrução.

- Mas como se pode explicar o maravilhoso sucesso de Bunyan? Como pode umiletrado pregar como ele pregava e escrever num estilo capaz de interessar à criança e aoadulto; ao pobre e ao rico; ao douto e ao indouto? A única explicação do seu êxito é que

"ele era um homem em constante comunhão com Deus". Apesar de seu corpo estar  preso no cárcere, a sua alma estava liberta. Porque foi ali, numa cela, que João Bunyanteve as visões descritas nos seus livros - visões muito mais reais do que os seus perse-guidores e as paredes que o cercavam. Depois de desaparecerem os perseguidores da

terra e as paredes caírem em pó, o que Bunyan escreveu continua a iluminar e alegrar atodas as terras e a todas as gerações.

O que vamos citar mostra como Bunyan lutava com Deus em oração:

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"Há, na oração, o ato de desvelar a própria pessoa, de abrir o coração perante Deus, dederramar afetuosamente a alma em pedidos, suspiros e gemidos. 'Senhor', disse Davi,'diante de ti está todo o meu desejo e o meu gemido não te é oculto' (Salmo 38.9). E

outra vez: 'A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me

apresentarei ante a face de Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo aminha alma!' (Salmo 42.2-4). Note: 'Derramo a minha alma!' é um termo demonstrativode que em oração sai a própria vida e toda a força para Deus".

Em outra ocasião escreveu: "As melhores orações consistem, às vezes, mais de gemidosdo que de palavras e estas palavras não são mais que a mera representação do coração,

vida e espírito de tais orações".

Como ele insistia e importunava em oração a Deus, é claro no trecho seguinte: "Eu tedigo: Continua a bater, chorar, gemer e prantear; se Ele se não levantar para te dar, porque és seu amigo, ao menos por causa da tua importunação, levantar-se-á para dar-te

tudo o que precisares".

Sem contestação, o grande fenômeno da vida de João Bunyan consistia no seuconhecimento íntimo das Escrituras, as quais amava; e na perseverança em oração aoDeus que adorava. Se alguém duvidar de que Bunyan seguia a vontade de Deus nos

doze longos anos que passou na prisão de Bedford, deve lembrar-se de que esse servo

de Cristo, ao escrever O Peregrino, na prisão de Bedford, pregou um sermão que jádura quase três séculos e que hoje é lido em cento e quarenta línguas. É o livro de maior 

circulação depois da Bíblia. Sem tal dedicação a Deus, não seria possível conseguir oincalculável fruto eterno desse sermão pregado por um funileiro cheio da graça de

Deus!

(extraido do livro hérois da fé)

Martinho Lutero

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O grande reformador(1483-1546)

No cárcere, sentenciado pelo Papa a ser queimado vivo, João Huss disse:"Podem matar o ganso (na sua língua, 'huss' é ganso), mas daqui a cem anos,

Deus suscitará um cisne que não poderão queimar".

Enquanto caía a neve, e o vento frio uivava como fera em redor da casa, nasceuesse "cisne", em Eisleben, Alemanha. No dia seguinte, o recém-nascido era batizado na Igreja de São Pedro e São Paulo. Sendo o dia de São Martinho,

recebeu o nome de Martinho Lutero.

Cento e dois anos depois de João Huss expirar na fogueira, o "cisne" afixou, naporta da Igreja em Wittenberg, as suas noventa e cinco teses contra as

indulgências, ato que gerou a Grande Reforma. João Huss enganara-se em

apenas dois anos, na sua predição.

Para dar o valor devido à obra de Martinho Lutero, é necessário notar algo dastrevas e confusão dos tempos em que nasceu.

Calcula-se que, pelo menos, um milhão de albigenses foram mortos na França, afim de cumprir a ordem do Papa, para que esses "hereges" fossem cruelmenteexterminados. Wyclif, "a Estrela da Alva da Reforma", traduzira a Bíblia para a

língua inglesa. João Huss, discípulo de Wyclif, morrera na fogueira, na Boêmia,suplicando ao Senhor que perdoasse aos seus perseguidores. Jerônimo de

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Praga, companheiro de Huss e também erudito, sofrera o mesmo suplício,cantando hinos, nas chamas, até o último suspiro. João Wessália, notável

pregador de Erfurt, fora preso por ensinar que a salvação é pela graça; seu frágilcorpo fora metido entre ferros, onde morreu quatro anos antes do nascimento

de Lutero. Na Itália, quinze anos depois de Lutero nascer, Savonarola, homemdedicado a Deus e fiel pregador da Palavra, foi enforcado e seu corpo reduzido acinzas, por ordem da Igreja Romana.

Em tempos assim, nasceu Martinho Lutero. Como muitos dos mais célebresentre os homens, era de família pobre. Dizia ele: "Sou filho de camponeses; meupai, meu avô e meu bisavô eram verdadeiros camponeses". A isso acrescentava:"Há tanta razão para vangloriarmo-nos de nossa ascendência, quanto há para o

Diabo se orgulhar da sua linhagem angélica".

Os pais de Martinho, para vestir, alimentar e educar seus sete filhos,esforçavam-se incansavelmente. O pai trabalhava nas minas de cobre; a mãe,

além do serviço doméstico, trazia lenha às costas, da floresta.

Os pais, não somente se interessavam pelo desenvolvimento físico e intelectualdos filhos, mas também do espiritual. O pai, quando Martinho chegou à idade

de compreender, ensinou-o a ajoelhar-se ao lado da sua cama, à noite, e rogava

a Deus que fizesse o menino lembrar-se do nome de seu Criador (Eclesiastes12.1)..

 A sua mãe era sincera e devota; ensinou seus filhos a considerarem todos osmonges como homens santos, e a sentirem todas as transgressões dos

regulamentos da igreja como transgressões das leis de Deus. Martinho aprendeuos Dez Mandamentos, o "Pai Nosso", a respeitar a Santa Sé na distante e

sagrada Roma, e a olhar, tremendo, para qualquer osso ou fragmento de roupaque tivesse pertencido a algum santo. A base da sua religião formava-se mais em

que Deus é um juiz vingativo, do que um amigo de crianças (Mateus 19.13-15).Quando já era adulto, Lutero escreveu: "Estremecia e tornava-me pálido ao

ouvir alguém mencionar o nome de Cristo, porque fui ensinado a considerá-locomo um juiz encolerizado. Fomos ensinados que devíamos, nós mesmos, fazerpropiciação por nossos pecados; que não podemos fazer compensação suficientepor nossa culpa, que é necessário recorrer aos santos nos céus, e clamar a Maria

para desviar de nós a ira de Cristo."

O pai de Martinho, satisfeitíssimo pelos trabalhos escolares do filho, na vilaonde morava, mandou-o, aos treze anos, para a escola franciscana na cidade de

Magdeburgo.

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O moço apresentava-se freqüentemente no confessionário, onde o padre lheimpunha penitências e o obrigava a praticar boas obras, para obter a absolvição.

Esforçava-se incessantemente para adquirir o favor de Deus, pela piedade,

desejo esse que o levou mais tarde à vida de convento.

Para conseguir a sua subsistência em Magdeburgo, Martinho era obrigado aesmolar pelas ruas, cantando canções de porta em porta. Seus pais, achando que

em Eisenach passaria melhor, mandaram-no para estudar nessa cidade, ondemoravam parentes de sua mãe. Porém esses parentes não o auxiliaram, e o

moço continuou a mendigar o pão.

Quando estava a ponto de abandonar os estudos, j)ara trabalhar com as mãos,certa senhora de recursos, D. Ursula Cota, atraída por suas orações na igreja e

comovida pela humilde maneira de receber quaisquer restos de comida, naporta, acolheu-o entre a família. Pela primeira vez Lutero sentira fartura. Maistarde, ele referia-se à cidade de Eisenach como a "cidade bem amada". QuandoLutero se tornou famoso, um dos filhos da família Cota cursava em Wittenberg,

onde Lutero o recebeu na sua casa.

Domiciliado na casa da sua extremosa mãe adotiva, D. Ursula, Martinho

desenvolveu-se rapidamente, recebendo uma sólida educação. Seu mestre, JoãoTrebunius, era homem culto e de métodos esmerados. Não maltratava os alunos

como os demais mestres. Conta-se que, ao encontrar os moços da sua escola,cumprimentava-os tirando o chapéu, porque "ninguém sabia quais seriam

dentre eles os doutores, regentes, chanceleres e reis..." O ambiente da escola eno lar era-lhe favorável para produzir um caráter forte e inquebrantável, tão

necessário para enfrentar os mais temíveis inimigos de Deus.

Martinho Lutero era mais sóbrio e devoto que os demais rapazes da sua idade. Acerca deste fato, D. Ursula, na hora da morte, disse que Deus tinha abençoado

o seu lar grandemente desde o dia em que Lutero entrara em sua casa.

Logo depois, os pais de Martinho alcançaram certa abastança. O pai alugou umforno para fundição de cobre e depois passou a possuir mais dois. Foi eleito

 vereador na sua cidade e começou a fazer planos para educar seus filhos. MasMartinho nunca se envergonhou dos dias da sua provação e miséria; antesreconhecia que fora a mão de Deus dirigindo-o e qualificando-o para a sua

grande obra.

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- Como poderia alguém, depois de homem feito, encarar fiel e destacadamenteas vicissitudes da vida, se não aprendesse por experiência enquanto era jovem?

 Aos dezoito anos, Martinho ansiava estudar numa universidade. Seu pai,reconhecendo a idoneidade do filho, enviou-o a Erfurt, o centro intelectual do

país, onde cursavam mais de mil estudantes. O moço estudou com tanto afincoque, no fim do terceiro semestre, obteve o grau de bacharel em filosofia. Com aidade de vinte e um anos, alcançou o segundo grau acadêmico e o de doutor emfilosofia. Os estudantes, professores e autoridades prestaram-lhe significativa

homenagem.

Havia dentro dos muros de Erfurt, cem prédios que pertenciam à igreja,

inclusive oito conventos. Havia, também uma importante biblioteca, quepertencia à universidade, e aí Lutero passava todo o tempo de que podia dispor.Sempre suplicava fervorosamente a Deus que o abençoasse nos estudos. Dizia

ele: "Orar bem é a melhor parte dos estudos." Acerca dele escreveu certo colega:"Cada manhã ele precede seus estudos com uma visita à igreja e uma prece aDeus".Seu pai, desejoso de que seu filho se formasse em direito e se tornasse

célebre, comprou-lhe a caríssima obra: "Corpus Juris".

Mas a alma de Lutero suspirava por Deus, acima de todas as coisas. Vários

acontecimentos influenciaram-no a entrar para a vida monástica, passo queentristeceu profundamente seu pai e horrorizou seus companheiros de

universidade.

Primeiro, achou na biblioteca o maravilhoso Livro dos livros, a Bíblia completa,em latim. Até aquela ocasião, supunha que as pequenas porções escolhidas pelaigreja para serem lidas aos domingos, constituíssem o todo da Palavra de Deus.

Depois de uma longa leitura, exclamou: "Oh! se a Providência me desse um livrocomo este, só para mim!" Continuando a ler as Escrituras, o seu coração

começou a perceber a luz, e a sua alma a sentir ainda mais sede de Deus.

 A essa altura, quando se bacharelou, os estudos custaram-lhe uma doença que olevou às portas da morte. Assim, a fome pela Palavra de Deus ficou ainda mais

enraizada no coração de Lutero. Algum tempo depois da sua doença, em viagempara visitar a família, sofreu um golpe de espada, e duas vezes quase morreu

antes de um cirurgião conseguir pensar-lhe a ferida. Para Lutero, a salvação dasua alma ultrapassava qualquer outro anelo.

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Certo dia, um de seus íntimos amigos na Universidade foi assassinado. "Ah!"exclamou Lutero, horrorizado, "o que seria de mim se eu tivesse sido chamado

desta para a outra vida tão inopinadamente!"

Mas, de todos esses acontecimentos, o que mais o abalou em espírito, foi o queexperimentou durante uma terrível tempestade, quando voltava de visitar seus

pais. Não havia abrigo próximo. Os céus estavam em brasa, os raios rasgavam asnuvens a cada instante. De repente um raio caiu ao seu lado. Lutero, tomado degrande susto, e sentindo-se perto do Inferno, prostrou-se gritando: "Sant'Ana,

salva-me e tornar-me-ei monge!"

Lutero chamava a esse incidente "A minha estrada, caminho de Damasco" e não

tardou em cumprir a sua promessa feita a Sant'Ana. Convidou então os seuscolegas para cearem com ele. Depois da refeição, enquanto eles se divertiamcom palestras e música, repentinamente anunciou-lhes que dali em diante

poderiam considerá-lo como morto, pois ia entrar para o convento. Debalde osseus companheiros procuraram dissuadi-lo do seu plano. Na escuridão damesma noite, o moço, antes de completar vinte e dois anos, dirigiu-se aoconvento dos agostinianos e bateu. A porta abriu-se e Lutero entrou. O

professor admirado e festejado, a glória da universidade, aquele que passara osdias e as noites curvado sobre os livros, tornara-se irmão agostiniano!

O mosteiro dos agostinianos era o melhor dos claustros de Erfurt. Seus mongeseram os pregadores da cidade, estimados por suas obras entre os pobres e

oprimidos. Nunca houve um monge naquele convento mais submisso, maisdevoto, mais piedoso, do que Martinho Lutero. Submetia-se aos serviços mais

humildes, como o de porteiro, coveiro, varredor da igreja e das celas dosmonges. Não recusava mendigar o pão cotidiano para o convento, nas ruas de

Erfurt.

Durante o ano de noviciado, antes de Lutero ser feito monge, os seus amigosfizeram tudo para dissuadi-lo de confirmar esse passo. Os companheiros, que

convidara para cearem com ele, quando anunciou a sua intenção de ser monge,ficaram no portão do convento dois dias, esperando que ele voltasse. Seu pai,

 vendo que seus rogos eram inúteis e que todos os seus anelantes planos acercado filho iam fracassar, quase enlouqueceu.

 Assim se justificou Lutero: "Fiz a promessa a Sant'Ana, para salvar a minhaalma. Entrei para o convento e aceitei esse estado espiritual somente para servir

a Deus e ser-lhe agradável durante a eternidade."

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Quão grande, porém, era a sua ilusão. Depois de procurar crucificar a carnepelos jejuns prolongados, pelas privações mais severas, e com vigílias sem

conta, achou que, embora encarcerado na sua cela, tinha ainda de lutar contra

os maus pensamentos. A sua alma clamava: "Dá-me santidade ou morro portoda a eternidade; leva-me ao rio de água pura e não a estes mananciais de

águas poluídas; traze-me as águas da vida que saem do trono de Deus!"Certo diaLutero achou, na biblioteca do convento, uma velha Bíblia latina, presa à mesapor uma cadeia. Achara, enfim, um tesouro infinitamente maior que todos ostesouros literários do convento. Ficou tão embevecido que, durante semanas

inteiras, deixou de repetir as orações diurnas da ordem. Então, despertado pelas vozes da sua consciência, arrependeu-se da sua negligência: era tanto o

remorso, que não podia dormir. Apressou-se a reparar o seu erro: fê-lo comtanto anseio que não se lembrava de alimentar-se.

Então, enfraquecidíssimo por tantos jejuns e vigílias, sentiu-se oprimido pelasapreensões até perder os sentidos e cair por terra. Aí os outros monges o

acharam, admirados novamente de sua excepcional piedade! Lutero somente voltou a si depois de um grupo de coristas o haver rodeado, cantando. A suaveharmonia penetrou-lhe o coração e despertou o seu espírito. Porém ainda assim

lhe faltava a paz perpétua para a alma; ainda não havia ouvido cantar o corocelestial: "Glória a Deus nas maiores alturas, paz na terra, boa vontade para com

os homens!"

Nessa altura, o vigário geral da ordem agostiniana, Staupitz, visitou o convento.Era homem de grande discernimento, e devoção enraizada; compreendeu logo o

problema do jovem monge; ofereceu-lhe uma Bíblia na qual Lutero leu que "o justo viverá da fé". Por quanto tempo tinha ele anelado: "Oh! se Deus me desse

um livro destes só para mim!" - e agora o possuía!

Na leitura da Bíblia achou grande consolação, mas a obra não podia completar-se em um dia. Ficou mais determinado do que nunca a alcançar paz para a suaalma, na vida monástica, jejuando e passando noites a fio sem dormir.

Gravemente enfermo, exclamou: "Os meus pecados! Os meus pecados!" Apesarda sua vida ter sido livre de manchas, como ele afirmava e outros testificavam,

sentia sua culpa perante Deus, até que um velho monge lhe lembrou umapalavra do Credo: "Creio na remissão dos pecados". Viu então que Deus não

somente perdoara os pecados de Daniel e de Simão Pedro, mas também os seus.

Pouco tempo depois destes acontecimentos, Lutero foi ordenado padre. A primeira missa que celebrou foi um grande evento. O pai, irreconciliável, desde

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o dia em que o filho abandonara os estudos de advocacia até aquela ocasião,assistiu à primeira missa, vindo a cavalo de Mansfield, com uma boa oferta para

o convento, acompanhado por vinte e cinco amigos.

Depois de completar vinte e cinco anos de idade, Lutero foi nomeado para acadeira de filosofia em Wittenberg, para onde se mudou para viver no convento

da sua ordem. Porém a sua alma anelava pela Palavra de Deus, e pelo co-nhecimento de Cristo. No meio das ocupações do professorado, dedicou-se ao

estudo das Escrituras e no primeiro ano conquistou o grau de baccalaureus ad 

bíblia. Sua alma ardia com o fogo dos céus; de todas as partes acorriam mul-tidões para ouvir os seus discursos, os quais fluíam abundante e vivamente doseu coração, sobre as maravilhosas verdades reveladas nas Escrituras. Um dos

mais afamados professores de Leipzig, conhecido como a "Luz do Mundo",

disse: "Este frade há de envergonhar todos os doutores; há de propalar umadoutrina nova e reformar toda a igreja, porque ele se baseia na Palavra de

Cristo, Palavra à qual ninguém no mundo pode resistir, e que ninguém poderefutar, mesmo atacando-a com todas as armas da filosofia.

Um dos pontos iluminantes da biografia de Lutero é a sua visita a Roma. Surgiuuma disputa renhida entre sete conventos dos agostinianos e decidiram deixar

os pontos de dissidência para o Papa resolver. Lutero, sendo o homem maishábil, mais eloqüente e altamente apreciado e respeitado por todos que o

conheciam, foi escolhido para representar o seu convento em Roma.

Fez a viagem a pé, acompanhado de outro monge. Nesse tempo Lutero aindacontinuava a dedicar-se fiel e inteiramente à Igreja Romana. Quando, por fim,

chegaram ao ponto da estrada onde se avistava a famosa cidade, Lutero caiu emterra e exclamou: "Saúdo-te, santa cidade!"

Os dois monges passaram um mês em Roma, visitando os vários santuários e os

lugares de peregrinação. Lutero celebrou missa dez vezes. Lastimou, ao mesmotempo, que seus pais ainda não tivessem morrido a fim de poder resgatá-los do

Purgatório! Um dia, subindo a Santa Escada de joelhos, desejando a indulgênciaque o chefe da igreja prometia por esse ato, ressoaram nos seus ouvidos como voz de trovão, as palavras de Deus: "O justo viverá da fé". Lutero ergueu-se e

saiu envergonhado.

Depois da corrupção generalizada que viu em Roma, a sua alma aderiu à Bíbliamais que nunca. Ao chegar novamente ao seu convento, o vigário geral insistiu

em que desse os passos necessários para obter o título de doutor, com o qualteria o direito de pregar. Lutero, porém, reconhecendo a grande

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responsabilidade perante Deus e não querendo ceder, disse: "Não é de poucaimportância que o homem fale em lugar de Deus... Ah! Sr. Dr., fazendo isto, metirais a vida; não resistirei mais que três meses." O vigário geral respondeu-lhe:"Seja assim, em nome de Deus, pois o Senhor Deus também necessita nos céus

de homens dedicados e hábeis".

O coração de Lutero, elevado à dignidade de doutor em teologia, abrasava-seainda mais do desejo de conhecer as Sagradas Escrituras e foi nomeado

pregador da cidade de Wittenberg. Os livros que estudou e as margens cheias deanotações que escreveu em letras miúdas, servem aos eruditos atuais comoexemplo de como cuidadosa e minuciosamente estudava tudo em ordem.

 Acerca da grande transformação da sua vida, nesse tempo, ele mesmo escreve:"Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudoda Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo consta que a justiçade Deus se revela no Evangelho (vv. 16,17). Eu detestava as palavras: a justiça

de Deus, porque, conforme fui ensinado, eu a considerava como um atributo doDeus santo que o leva a castigar os pecadores. Apesar de viver

irrepreensivelmente, como monge, a consciência perturbada me mostrava queera pecador perante Deus. Assim odiava a um Deus justo, que castiga os peca-

dores... Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltavasempre para o mesmo versículo, porque queria saber o que Paulo ensinava.

Contudo, depois de meditar sobre esse ponto durante muitos dias e noites,Deus, na sua graça, me mostrou a palavra: 'O justo viverá da fé.' Vi então que a justiça de Deus, nesta passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de

Deus pela fé, como dádiva."

 A alma de Lutero dessa forma saiu da escravidão; ele mesmo escreveu assim:"Então me achei recém-nascido e no Paraíso. Todas as Escrituras tinham para

mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a'justiça de Deus'. Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebocom o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do Paraíso."

Depois dessa experiência, pregava diariamente; em certas ocasiões, pregava atétrês vezes ao dia, conforme ele mesmo conta: "O que o pasto é para o rebanho,

a casa para o homem, o ninho para o passarinho, a penha para a cabra

rnontês, o arroio para o peixe, a Bíblia é para as almas fiéis. "  A luz doEvangelho, por fim, tomara o lugar das trevas e a alma de Lutero abrasava por

conduzir os seus ouvintes ao Cordeiro de Deus, que tira todo o pecado.

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Lutero levou o povo a considerar a verdadeira religião, não como uma meraprofissão, ou sistema de doutrinas, mas como vida em Deus. A oração não eramais um exercício sem sentido, mas o contato do coração com Deus que cuidade nós com um amor indizível. Nos seus sermões, Deus revelou o seu próprio

coração a milhares de ouvintes, por meio do coração de Lutero.

Convidado a pregar durante uma convenção dos agostinianos, não deu umamensagem doutrinai de sabedoria humana, como se esperava, mas fez umdiscurso ardente contra a língua maldizente dos monges. Os agostinianos,

levados pela mensagem, elegeram-no diretor sobre onze conventos!

Lutero não somente pregava a virtude, mas praticava-a, amando

 verdadeiramente o próximo. Nesse tempo, a peste vinda do Oriente, visitou Wittenberg. Calcula-se que a quarta parte do povo da Europa, inclusive ametade da população alemã, foi ceifada pela morte. Quando professores e

estudantes fugiram da cidade, instaram que Lutero fugisse também, porém elerespondeu: - "Para onde hei de fugir? O meu lugar é aqui: o dever não me

permite ausentar-me do meu posto até que Aquele que me mandou para aquime chame. Não que eu deixe de temer a morte, mas espero que o Senhor me dêânimo". Assim ele ministrava à alma e ao corpo do próximo durante um tempo

de aflição e de angústia.

 A fama do jovem monge espalhou-se ate longe. Entretanto, sem o reconhecer,enquanto trabalhava incansavelmente para a igreja, já havia deixado o rumo

liberal que ela seguia em doutrina e prática.

Em outubro de 1517, Lutero afixou à porta da Igreja do Castelo em Wittenberg,as suas 95 teses, o teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a

tristeza pelo pecado e não a penitência. Lutero afixou as teses ou proposiçõespara um debate público, na porta da igreja, como era costume nesse tempo. Mas

as teses, escritas em latim, foram logo traduzidas em alemão, holandês eespanhol. Antes de decorrido um mês, para surpresa de Lutero, já estavam naItália, fazendo estremecer os alicerces do velho edifício de Roma. Foi desse atode afixar as 95 teses da Igreja de Wittenberg, que nasceu a Reforma, isto é, que

tomou forma o grande movimento de almas que em todo o mundo ansiavam voltar para a fonte pura, a Palavra de Deus. Contudo Lutero não atacara a Igreja

Romana, mas antes, pensou fazer a defesa do Papa contra os vendedores deindulgências.

Em agosto de 1518, Lutero foi chamado a Roma para responder a uma denúnciade heresia. Contudo, o eleitor Frederico não consentiu que fosse levado para

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fora do país; assim Lutero foi intimado a apresentar-se em Augsburgo. "Eles tequeimarão vivo", insistiram seus amigos. Lutero, porém, respondeu

resolutamente: "Se Deus sustenta a causa, ela será sustentada".

 A ordem do núncio do Papa em Augsburgo foi: "Retrate-se ou não voltarádaqui". Contudo Lutero conseguiu fugir, passando por uma pequena cancela nomuro da cidade, na escuridão da noite. Ao chegar de novo em Wittenberg, umano depois de afixar as teses, era o homem mais popular em toda a Alemanha.

Não havia jornais nesse tempo, mas fluíam da pena de Lutero respostas a todosos seus críticos para serem publicadas em folhetos. O que escreveu dessa forma,

hoje seriam cem volumes.

O célebre Erasmo, da Holanda, assim escreveu a Lutero: "Seus livros estãodespertando todo o país... Os mais eminentes da Inglaterra gostam de seusescritos..."

Quando a bula de excomunhão, enviada pelo Papa, chegou em Wittenberg,Lutero respondeu com um tratado dirigido ao Papa Leão X, exortando-o, nonome do Senhor, a que se arrependesse. A bula do Papa foi queimada fora domuro da cidade de Wittenberg, perante grande ajuntamento do povo. Assim

escreveu Lutero ao vigário geral: "No momento de queimar a bula, estava

tremendo e orando, mas agora estou satisfeito de ter praticado este atoenérgico". Lutero não esperou até que o Papa o excomungasse, mas deu logo o

pulo da Igreja Romana para a Igreja do Deus vivo.

Porém, o imperador Carlos V, que ia convocar sua primeira Dieta na cidade de Worms, queria que Lutero comparecesse para responder, pessoalmente, aos

seus acusadores. Os amigos de Lutero insistiam em que recusasse ir. -Não foraJoão Huss entregue a Roma para ser queimado, apesar da garantia de vida da

parte do imperador?! Mas em resposta a todos que se esforçavam por dissuadi-

lo de comparecer perante seus terríveis inimigos, Lutero, fiel à chamada deDeus, respondeu: "Ainda que haja em Worms, tantos demônios quantas sejam

as telhas nos telhados, confiando em Deus, eu aí entrarei". Depois de dar ordensacerca do trabalho, no caso de ele não voltar, partiu.

Na sua viagem para Worms, o povo afluía em massa para ver o grande homemque teve coragem de desafiar a autoridade do Papa. Em Mora, pregou ao ar

livre, porque as igrejas não mais comportavam as multidões que queriam ouvirseus sermões. Ao avistar as torres das igrejas de Worms, levantou-se na carroça

em que viajava e cantou o seu hino, o mais famoso da Reforma: "Ein FesteBerg", isto é: ''Castelo forte é nosso Deus". Ao entrar, por fim, na cidade, estava

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acompanhado de uma multidão de povo muito maior do que a que fora aoencontro de Carlos V. No dia seguinte foi levado perante o imperador, ao ladodo qual se achavam o delegado do Papa, seis eleitores do império, vinte e cinco

duques, oito margraves, trinta cardeais e bispos, sete embaixadores, os

deputados de dez cidades e grande número de príncipes, condes e barões.

É fácil imaginar que o reformador era um homem de grande coragem e de físicoforte para enfrentar tantas feras que ansiavam despedaçar-lhe o corpo. A 

 verdade é que passara uma grande parte da vida afastado dos homens e, maisainda, achava-se fraco da viagem, na qual foi necessário que um médico o

atendesse. Entretanto mostrou-se corajoso, não na sua própria força, mas nopoder de Deus.

Sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais imponentesassembléias de autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou

a noite anterior de vigília. Prostrado com o rosto em terra, lutou com Deus,chorando e suplicando. Um dos seus amigos ouviu-o orar assim: "Oh! Deus

todo-poderoso! a carne é fraca, o Diabo é forte! Ah! Deus, meu Deus, que pertode mim estejas contra a razão e a sabedoria do mundo! Fá-lo, pois somente tu opodes fazer. Não é a minha causa, mas sim a tua. - Que tenho eu com os grandes

da terra? É a tua causa, Senhor, a tua justa e eterna causa. Salva-me, oh! Deusfiel! Somente em ti confio, oh! Deus! meu Deus... vem, estou pronto a dar, como

um cordeiro, a minha vida. O mundo não conseguirá prender a minhaconsciência, ainda que esteja cheio de demônios, e, se o meu corpo tem de ser

destruído, a minha alma te pertence, e estará contigo eternamente..."

Conta-se que, no dia seguinte, na ocasião de Lutero transpor a porta paracomparecer perante a Dieta, o veterano general Freudsburgo, colocou a mão no

ombro do Reformador e disse-lhe: "Pequeno monge, vais a um encontrodiferente, que eu ou qualquer outro capitão jamais experimentamos, mesmo nasnossas conquistas mais ensangüentadas. Contudo, se a causa é justa, e sabes que

o é, avança no nome de Deus, e não temas nada! Deus não te abandonará" - Ogrande general não sabia que Martinho Lutero vencera a batalha em oração e

que entrava somente para declarar-lhes que a havia vencido de maioresinimigos.

Quando o núncio do papa exigiu de Lutero, perante a augusta assembléia, quese retratasse, ele respondeu: "Se não me refutardes pelo testemunho das

Escrituras ou por argumentos - desde que não creio somente nos papas e nos

concílios, por ser evidente que já muitas vezes se enganaram e secontradisseram uns aos outros - a minha consciência tem de ficar submissa à

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Palavra de Deus. Não posso retratar-me, nem me retratarei de qualquer coisa,pois não é justo nem seguro agir contra a consciência. Deus me ajude! Amém."

De volta ao seu aposento, Lutero levantou as mãos ao Céu e exclamou com orosto todo iluminado: "Está cumprido! Está cumprido! Se eu tivesse mil

cabeças, preferiria que todas fossem decepadas antes de me retratar".

 A cidade de Worms, ao receber as notícias da ousada resposta de Lutero aonúncio do papa, alvoroçou-se. As palavras do reformador foram publicadas e

espalhadas entre o povo que afluiu para honrá-lo.

 Apesar de os papistas não conseguirem influenciar o imperador a violar o salvo-conduto, para que pudessem queimar numa fogueira o assim chamado herege,

Lutero teve de enfrentar outro grave problema. O edito de excomunhão entrariaimediatamente em vigor; Lutero por causa da excomunhão, era criminoso e, aofindar o prazo do seu salvo-conduto, devia ser entregue ao imperador; todos osseus livros deviam ser apreendidos e queimados; o ato de ajudá-lo em qualquer

maneira era crime capital.

Mas para Deus é fácil cuidar dos seus filhos. Lutero, regressando a Wittenberg,

foi repentinamente rodeado num bosque por um bando de cavaleirosmascarados que, depois de despedirem as pessoas que o acompanhavam, con-duziram-no, alta noite, ao castelo de Wartburgo, perto de Eisenach. Isto foi um

estratagema do príncipe de Saxônia para salvar Lutero dos inimigos queplanejavam assassiná-lo antes de chegar a casa.

No castelo, Lutero passou muitos meses disfarçado; tomou o nome de cavaleiroJorge e o mundo o considerava morto. Fiéis servos de Deus oravam dia e noitepelo reformador. As palavras do pintor Alberto Durer, exprimem o sentimento

do povo: - "Oh! Deus! se Lutero fosse morto, quem agora nos exporia oEvangelho?"

Contudo, no seu retiro, livre dos inimigos, foi-lhe concedida a liberdade deescrever, e o mundo logo soube, pela grande quantidade de literatura, que essaobra saía da sua pena e que, de fato, Lutero vivia. O reformador conhecia bem ohebraico e o grego e em três meses tinha vertido todo o Novo Testamento para o

alemão - em poucos meses mais a obra estava impressa e nas mãos do povo.Cem mil exemplares foram vendidos, em quarenta anos, além das cinqüenta e

duas edições impressas em outras cidades. Era circulação imensa para aqueletempo, mas Lutero não aceitou um centavo de direitos.

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 A maior obra de toda a sua vida, sem dúvida, fora a de dar ao povo alemão aBíblia na sua própria língua - depois de voltar a Wittenberg. Já havia outrastraduções, mas escritas em uma forma de alemão latinizado que o povo não

compreendia. A língua alemã desse tempo era um agregado de dialetos, masLutero, ao traduzir a Bíblia, deu ao povo a língua que serviu depois a homens

como Goethe e Schiler para escreverem as suas obras. O seu êxito em traduzir asSagradas Escrituras para o uso dos mais humildes, verifica-se no fato de que,

depois de quatro séculos, a sua tradução permanece como a principal.

Outra coisa que contribuiu para o êxito da tradução de Lutero, é que ele eraerudito em hebraico e grego e traduziu direto das línguas originais. Contudo, o

 valor da sua obra não se baseia tão-somente sobre seus indiscutíveis dotes

literários. O que lhe deu realidade é que ele conhecia a Bíblia, como ninguémpodia conhecê-la, sem primeiro sentir a angústia eterna e achar nas Escrituras a

 verdadeira e profunda consolação. Lutero conhecia intimamente e amavasinceramente o autor do Livro. O resultado foi que o seu coração abrasou-secom o fogo e poder do Espírito Santo. Foi esse o segredo de ele traduzir tudo

para o alemão em tão pouco tempo.

Como todo mundo sabe, a fortaleza de Lutero e da Reforma foi a Bíblia.Escreveu de Wartburgo para o seu povo em Wittenberg: "Jamais em todo o

mundo se escreveu um livro mais fácil de compreender do que a Bíblia.Comparada aos outros livros, é como o sol em contraste com todas as demais

luzes. Não vos deixeis levar a abandoná-la sob qualquer pretexto da parte deles.Se vos afastardes dela por um momento, tudo estará perdido; podem levar-vos

para onde quer que desejem. Se permanecerdes com as Escrituras, sereis vitoriosos."

Depois de abandonar o hábito de monge, Lutero resolveu deixar por completo a

 vida monástica, casando-se com Catarina von Bora, freira que também saíra doclaustro, por ver que tal vida é contra a vontade de Deus. O vulto de Luterosentado ao lume, com a esposa e seis filhos que amava ternamente, inspira os

homens mais que o grande herói ao apresentar-se perante o legado em Augsburgo.

Nos cultos domésticos, a família rodeava um harmônio, com o qual louvavam aDeus juntos; o reformador lia o Livro que traduzira para o povo e depois

louvavam a Deus e oravam até sentirem a presença divina entre eles.

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Havia entre Lutero e sua esposa profundo amor de um para com o outro. São deLutero estas palavras: "Sou rico, Deus me deu a minha freira e três filhos; nãome importo das dívidas: Catarina paga tudo." Catarina von Bora era estimadapor todos. Alguns, de fato, censuravam-na porque era demasiado econômica;

mas que teria acontecido a Martinho Lutero e à família se ela tivesse feito comoele? Dizia-se que ele, aproveitando-se da doença dela, cedeu o seu prato decomida a certo estudante que estava com fome. Não aceitava um kreuzer dos

seus alunos e recusava vender seus escritos, deixando todo o lucro para ostipógrafos.

Nas suas meditações sobre as Escrituras, muitas vezes se esquecia das refeições. Ao escrever o comentário sobre o Salmo 23, passou três dias no quarto comendo

somente pão e sal. Quando a esposa chamou um serralheiro e quebraram a

fechadura, acharam-no escrevendo, mergulhado em pensamentos e esquecidode tudo em redor.

É difícil concebermos a magnitude das coisas que devemos atualmente aMartinho Lutero. O grande passo que deu para que o povo ficasse livre para

servir a Deus, como Ele mesmo ensina, está além da nossa compreensão. Eragrande músico e escreveu alguns dos hinos mais espirituais cantados

atualmente. Compilou o primeiro hinário e inaugurou o costume de todos osassistentes aos cultos cantarem juntos. Insistiu em que não somente os do sexo

masculino, mas também os do feminino fossem instruídos, tornando-se, assim,o pai das escolas públicas. Antes dele, o sermão nos cultos era de pouca

importância. Mas Lutero fez do sermão a parte principal do culto. Ele mesmoserviu de exemplo para acentuar esse costume: era pregador de grande porte.

Considerava-se como sendo nada; a mensagem saía-lhe do íntimo do coração: opovo sentia a presença de Deus. Em Zwiekau pregou a um auditório de 25 mil

pessoas na praça pública. Calcula-se que escreveu 180 volumes na línguamaterna e quase um número igual no latim. Apesar de sofrer de várias doenças,sempre se esforçava dizendo: "Se eu morrer na cama será uma vergonha para o

papa."

Os homens geralmente querem atribuir o grande êxito de Lutero à suaextraordinária inteligência e aos seus destacados dons. O fato é que Luterotambém tinha o costume de orar horas a fio. Dizia que se não passasse duashoras de manhã orando, recearia que Satanás ganhasse a vitória sobre ele

durante o dia. Certo biógrafo seu escreveu: "O tempo que ele passa em oração,produz o tempo para tudo que faz. O tempo que passa com a Palavra vivificanteenche o coração até transbordar em sermões, correspondência e ensinamentos".

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 A sua esposa disse que as orações de Lutero "eram", às vezes, como os pedidosinsistentes do seu filhinho Hanschen, confiando na bondade de seu pai; outras

 vezes, eram como a luta de um gigante na angústia do combate".

Encontra-se o seguinte na História da Igreja Cristã, por Souer, Vol. 3, pág. 406:"Martinho Lutero profetizava, evangelizava, falava línguas e interpretava;

revestido de todos os dons do Espírito".

Nos seus sessenta e dois anos pregou seu último sermão sobre o texto:"Ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos".

No mesmo dia escreveu para a sua querida Catarina: "Lança o teu cuidado sobreo Senhor, e Ele te susterá. Amém". Isso foi na última carta que escreveu. Vivia

sempre esperando que o papa conseguisse executar a repetida ameaça dequeimá-lo vivo. Contudo não era essa a vontade de Deus: Cristo o chamou en-quanto sofria dum ataque do coração, em Eisleben, cidade onde nascera.Sãoestas as últimas palavras de Lutero: "Vou render o espírito". Então louvou a

Deus em alta voz: "Oh! meu Pai celeste! meu Deus, Pai de nosso Senhor JesusCristo, em quem creio e a quem preguei e confessei, amei e louvei! Oh! meu

querido Senhor Jesus Cristo, encomendo-te a minha pobre alma. Oh! meu Paiceleste! em breve tenho de deixar este corpo, mas sei que ficarei eternamentecontigo e que ninguém me pode arrebatar das tuas mãos". Então, depois de

recitar João 3.16 três vezes, repetiu as palavras: "Pai, em tuas mãos entrego o

meu espírito, pois tu me resgataste, Deus fiel". Assim fechou os olhos eadormeceu.

Um imenso cortejo de crentes que o amavam ardentemente, com cinqüentacavaleiros à frente, saiu de Eisleben para Wittenberg; passando pela porta da

cidade onde o reformador queimara a bula de excomunhão, entrou pelas portasda igreja onde, há vinte e nove anos, afixara suas 95 teses. No culto fúnebre,Bugenhangen, o pastor, e Melancton, inseparável companheiro de Lutero,

discursaram. Depois abriram a sepultura, preparada ao lado do púlpito, e alidepositaram o corpo.

Quatorze anos depois, o corpo de Melancton achou descanso do outro lado dopúlpito. Em redor dos dois, jazem os restos mortais de mais de noventa mestres

da universidade.

 As portas da Igreja do Castelo, destruídas pelo fogo no bombardeio de Wittenberg em 1760, foram substituídas por portas de bronze em 1812, nasquais estão gravadas as 95 teses. Contudo, este homem que perseverou em

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oração, deixou gravadas, não no metal que perece, mas em centenas de milhõesde almas imortais, a Palavra de Deus que dará fruto para toda a eternidade.

(estraido do livro: Hérois da fé)

Jerônimo Savonarola

Precursor da Grande Reforma(1452-1498)

O povo de toda a Itália afluía, em número sempre crescente, a Florença. A famosa Duomo não mais comportava as enormes multidões. O pregador,

Jerônimo Savonarola, abrasado com o fogo do Espírito Santo e sentindo a imi-nência do julgamento de Deus, trovejava contra o vício, o crime e a corrupção

desenfreada na própria igreja. O povo abandonou a leitura das publicaçõestorpes e mundanas, para ler os sermões do ardente pregador: deixou os cânticos

das ruas, para cantar os hinos de Deus. Em Florença, as crianças fizeram

procissões, coletando as máscaras carnavalescas, os livros obscenos e todos osobjetos supérfluos que serviam à vaidade. Com isso formaram em praça pública

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uma pirâmide de vinte metros de altura e atearam-lhe fogo. Enquanto o monteardia, o povo cantava hinos e os sinos da cidade dobravam em sinal de vitória.

Se o ambiente político fosse o mesmo que depois veio a ser na Alemanha, ointrépido e devoto Jerônimo Savonarola teria sido o instrumento usado para

iniciar a Grande Reforma, em vez de Martinho Lutero. Apesar de tudo,Savonarola tornou-se um dos ousados e fiéis arautos para conduzir o povo à

fonte pura e às verdades apostólicas registradas nas Sagradas Escrituras.

Jerônimo era o terceiro dos sete filhos da família. Nasceu de pais cultos emundanos, mas de grande influência. Seu avô paterno era um famoso médico

na corte do duque de Ferrara e os pais de Jerônimo planejavam que o filho

ocupasse o lugar do avô. No colégio, era aluno esmerado. Mas os estudos dafilosofia de Platão e de Aristóteles, deixaram-lhe a alma sequiosa. Foram, semdúvida, os escritos de Tomaz de Aquino que mais o influenciaram (a não ser aspróprias Escrituras) a entregar inteiramente o coração e a vida a Deus. Quando

ainda menino, tinha o costume de orar e, ao crescer, o seu ardor em orar e jejuaraumentou. Passava horas seguidas em oração. A decadência da igreja, cheia detoda a qualidade de vício e pecado, o luxo e a ostentação dos ricos em contrastecom a profunda pobreza dos pobres, magoavam-lhe o coração. Passava muito

tempo sozinho, nos campos e à beira do rio Pó, em contemplação perante Deus,ora cantando, ora chorando, conforme os sentimentos que lhe ardiam no peito.

Quando ainda jovem, Deus começou a falar-lhe em visões. A oração era a suagrande consolação; os degraus do altar, onde se prostrava horas a fio, ficavam

repetidamente molhados de suas lágrimas.

Houve um tempo em que Jerônimo começou a namorar certa moça florentina.Mas quando ela mostrou ser desprezo alguém da sua orgulhosa família Strozzi,unir-se a alguém da família de Savonarola, Jerônimo abandonou para sempre a

idéia de casar-se. Voltou a orar com crescente ardor. Enojado do mundo,desapontado acerca dos seus próprios anelos, sem achar uma pessoa

compassiva a quem pudesse pedir conselhos, e cansado de presenciar injustiçase perversidades que o cercavam, coisas que não podia remediar, resolveu

abraçar a vida monástica.

 Ao apresentar-se no convento, não pediu o privilégio de se tornar monge, masrogou que o aceitassem para fazer os serviços mais vis, da cozinha, da horta e domosteiro.Na vida do claustro, Savonarola passava ainda mais tempo em oração, jejum e contemplação perante Deus. Sobrepujava todos os outros monges em

humildade, sinceridade e obediência, sendo apontado para lecionar filosofia,posição que ocupou até sair do convento.

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Depois de passar sete anos no mosteiro de Bolongna, frei (irmão) Jerônimo foipara o convento de São Marcos, em Florença. Grande foi o seu desapontamentoao ver que o povo florentino era tão depravado como o dos demais lugares. (Até

então ainda não reconhecia que somente a fé em Deus salva o pecador.)

 Ao completar um ano no convento de São Marcos, foi apontado instrutor dosnoviciados e, por fim, designado pregador do mosteiro. Apesar de ter ao seu

dispor uma excelente biblioteca, Savonarola utilizava-se mais e mais da Bíbliacomo seu livro de instrução.

Sentia cada vez mais o terror e a vingança do Dia do Senhor que se aproxima e,

às vezes, entregava-se a trovejar do púlpito contra a impiedade do povo. Eramtão poucos os que assistiam às suas pregações, que Savonarola resolveu dedicar-

se inteiramente à instrução dos noviciados. Contudo, como Moisés, não podiaescapar à chamada de Deus!

Certo dia, ao dirigir-se a uma feira, viu, repentinamente, em visão, os céusabertos e passando perante seus olhos todas as calamidades que sobrevirão àigreja. Então lhe pareceu ouvir uma voz do Céu ordenando-lhe anunciar estas

coisas ao povo.

Convicto de que a visão era do Senhor, começou novamente a pregar com voz detrovão. Sob a nova unção do Espírito Santo a sua condenação ao pecado era feita

com tanto ímpeto, que muitos dos ouvintes depois andavam atordoados semfalar, nas ruas. Era coisa comum, durante seus sermões, homens e mulheres de

todas as idades e de todas as classes romperem em veemente choro.

O ardor de Savonarola na oração aumentava dia após dia e sua fé crescia na

mesma proporção. Freqüentemente, ao orar, caía em êxtase. Certa vez,enquanto sentado no púlpito, sobreveio-lhe uma visão, durante a qual ficou

imóvel por cinco horas, quando o seu rosto brilhava, e os ouvintes na igreja ocontemplavam.

Em toda a parte onde Savonarola pregava, seus sermões contra o pecadoproduziam profundo terror. Os homens mais cultos começaram então a assistiràs pregações em Florença; foi necessário realizar as reuniões na Duomo, famosa

catedral, onde continuou a pregar durante oito anos. O povo se levantava àmeia-noite e esperava na rua até a hora de abrir a catedral.

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O corrupto regente de Florença, Lorenzo Medici, experimentou todas as formas:a bajulação, as peitas, as ameaças, e os rogos, para induzir Savonarola a desistir

de pregar contra o pecado, e especialmente contra a perversidade do regente.

Por fim, vendo que tudo era debalde, contratou o famoso pregador, FreiMariano, para pregar contra Savonarola. Frei Mariano pregou um sermão, mas

o povo não prestou atenção à sua eloqüência e astúcia, e ele não ousou maispregar.

Nessa altura, Savonarola profetizou que Lorenzo, o Papa e o rei de Nápolesmorreriam dentro de um ano, e assim sucedeu.

Depois da morte de Lorenzo, Carlos VIII, da França, invadiu a Itália e ainfluência de Savonarola aumentou ainda mais. O povo abandonou a literatura

torpe e mundana para ler os sermões do famoso pregador. Os ricos socorriam ospobres em vez de oprimi-los. Foi neste tempo que o povo fez a grande fogueira,na "piazza" de Florença e queimou grande quantidade de artigos usados paraalimentar vícios e vaidade. Não cabia mais, na grande Duomo, o seu imenso

auditório.

Contudo, o sucesso de Savonarola foi muito curto. O pregador foi ameaçado,

excomungado e, por fim, no ano de 1498, por ordem do Papa, foi queimado empraça pública. Com as palavras: "O Senhor sofreu tanto por mim!", terminou a

 vida terrestre de um dos maiores e mais dedicados mártires de todos os tempos.

 Apesar de ele continuar até a morte a sustentar muitos dos erros da IgrejaRomana, ensinava que todos os que são realmente crentes estão na verdadeiraIgreja. Alimentava continuamente a alma com a Palavra de Deus. As margens

das páginas da sua Bíblia estão cheias de notas escritas enquanto meditava nasEscrituras. Conhecia uma grande parte da Bíblia de cor e podia abrir o livro

instantaneamente e achar qualquer texto. Passava noites inteiras em oração eforam-lhe dadas revelações quando em êxtase, ou por visões. Seus livros sobre

"A Humildade", "A Oração", "O Amor", etc., continuam a exercer grandeinfluência sobre os homens. Destruíram o corpo desse precursor da Grande

Reforma, mas não puderam apagar as verdades que Deus, por seu intermédio,gravou no coração do povo.

(extraído do livro: Heróis da fé)

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Pr Bernhard Johnson

(1931-1995)

Nasceu em Alameda, Califórnia - EUA, em 20/06/1931. Iniciou seu

profícuo ministério, em 1952, pastoreando duas igrejas nos EstadosUnidos da América.

Em 1957, chegou ao Brasil onde pastoreou igrejas no sul de MinasGerais e fundou a Convenção Estadual das Assembléias de Deus

daquele estado.

Em 1964, recebendo uma chamada especial de Deus para o evangelismo em massa,fundou a "Cruzada Boas Novas", que mais tarde passou a se chamar "Cruzada Bernhard

Johnson". Esse trabalho resultou em 225 cruzadas evangelísticas no Brasil e em mais

de 70 países do mundo.

Em 1972, fundou, no Brasil, o ICI - Instituto por Correspondência Internacional.

Em 1973, foi co-fundador do Desafio Jovem do Brasil, ocupando a presidência até 1979.Em 1976, através de uma visão especial dada por Deus, deu início ao arrojado projeto

da EETAD - Escola de Educação Teológica das Assembléias de Deus, com sede emCampinas, SP, o qual se consolidou em 1979, com o lançamento do Curso Básico de

Teologia.

Em 1980, lançou um programa evangelístico na televisão brasileira, mantido no ar por7 anos.

Em 1981, fundou a ABEM - Associação Beneficente Evangélica para Menores,emCampinas um trabalho em favor de crianças carentes.

Em 1984, fundou o IBICAMP - Instituto Bíblico de Campinas, para atender as

necessidades das mais diversas denominações evangélicas da região.

Em 1987, fundou a FAETAD - Faculdade de Educação Teológica das Assembléias deDeus, em Campinas, lançando o Curso Médio em Teologia e, mais recentemente, o

Bacharel em Teologia.

Em 1993, o IBP - Instituto Bíblico Pentecostal, no Rio de Janeiro(RJ), passou a integraro Ministério Bernhard Johnson. Pastor Bernhard Johnson foi alvo de diversas

honrarias, com títulos honoríficos e de cidadania, tendo, dentre muitos, recebido em1983, o título de "Doctor of Humane Letters", concedido pela Faculdade Betânia das

 Assembléias de Deus de Santa Cruz, Califórnia - EUA. Foi também orador oficial emduas Conferências Mundiais Pentecostais: Inglaterra e Quênia. Pastor Bernhard

Johnson, tendo sido chamado para a eternidade em 16/02/1995, deixou para o Brasilum legado inestimável de trabalho em favor do reino de Deus, tanto na área de

Pr Bernhard Johnson

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evangelismo, como nas áreas de ensino teológico e assistência social.

O Senhor o levou. Seu exemplo ficou.

Bendito seja o nome do Senhor!

William Wilberforce

No século 18, a Inglaterra detinha o monopólio do comércio de escravos negros. Os

meios de transporte eram os mais cruéis imagináveis. Boa parte da população inglesa

tirava proveito desse comércio, e o povo, de maneira geral, aceitava a escravidão. Haviaaqueles que enriqueciam e, por isso, defendiam com veemência o escravagismo. MasDeus graciosamente ergueu uma geração de políticos cristãos para lutar contra o que

 William Carey chamou de "maldito comércio de escravos".

Preciosa graça

É surpreendente que nenhum grande reformador da história ocidental seja tão poucoconhecido como William Wilberforce. Ele nasceu numa família nobre da Inglaterra, nacidade portuária de Hull, em Yorkshire, em 24 de agosto de 1759. Naquela época, como

hoje, a aristocracia vivia em meio a contradições: nela se encontravam alguns dosgrandes benfeitores da nação e alguns de seus maiores corruptores. Wilberforce era

fruto dessas ambigüidades.

 Após estudar em uma escola em Pocklington, foi aceito em 1776 no St. John's College,

na Universidade de Cambridge, onde decidiu dedicar-se à carreira política, tendo sidoeleito representante de seu povoado aos 21 anos de idade. Além de repartir o dinheiroque possuía, mandou fazer um grande churrasco para todo o vilarejo, o que lhe valeu

um bom número de votantes. Aos 24 anos, já era um político famoso por sua

eloqüência e acabou por ser eleito representante de Yorkshire, o maior e maisimportante condado da Inglaterra, chegando a Londres cheio de popularidade.

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Em 1784, ainda aos 24 anos de idade, partiu para uma viagem a Nice, na França, quetraria grande transformação em seu caráter. Levou consigo a mãe, Elizabeth, a irmã

Sally, uma amiga dela e Isaac Milner, seu antigo professor primário, e que veio a se

tornar presidente do Queen's College, na Universidade de Cambridge. Na bagagem deMilner, Wilberforce viu uma cópia do livro de Philip Doddridge - mais conhecido porter escrito o famoso hino "Oh! Happy Day" [Oh! Dia Feliz!] -, The Rise and Progress of 

Religion in the Soul [O começo e o progresso da religião na alma]. Ele perguntou paraseu amigo o que era aquilo e recebeu a resposta: "Um dos melhores livros já escritos".

Os dois concordaram em lê-lo juntos na jornada.

 A leitura desse livro e das Escrituras, acompanhada de conversas com Milner, levaramo jovem político à conversão. Ele declarou em seu diário, em fins de outubro daquele

ano:

 Assim que me compenetrei com seriedade, a profunda culpa e tenebrosa ingratidão deminha vida pregressa vieram sobre mim com toda sua força, condenei-me por terperdido tempo precioso, oportunidades e talentos [...]. Não foi tanto o temor dapunição que me afetou, mas um senso de minha grande pecaminosidade por ter

negligenciado por tanto tempo as misericórdias indescritíveis de meu Deus e Senhor.

Eu me encho de tristeza. Duvido que algum ser humano tenha sofrido tanto quanto eusofri naqueles meses.

 Wilberforce começou um programa que durou toda sua vida, de separar os domingos eum intervalo a cada manhã para se dedicar à oração e às leituras espirituais.

Uma longa e dura luta

Já de volta a Londres, a vida de Wilberforce tomou novos rumos. Ele considerou suasopções, inclusive o ministério cristão, mas foi convencido por John Newton que Deus oqueria permanecendo na política, em vez de entrar para o ministério. "Espera e crê que

o Senhor te levantou para o bem da nação", escreveu Newton.

Depois de muito pensar e orar, Wilberforce concluiu que Newton estava certo. Deus ochamara para defender a liberdade dos oprimidos como parlamentar. "Minha

caminhada é de vida pública. Meu negócio está no mundo, e é necessário que eu me

misture nas assembléias dos homens ou deixe o cargo que a Providência parece ter-meimposto", escreveu em seu diário, em 1788.

Outro que o influenciou fortemente foi JohnWesley. Newton e Wesley tinham, além de

uma fé vibrante no evangelho, uma forte convicção de que não havia maior pecadopesando sobre as costas do Império Britânico do que o terrível e abominável tráfico de

escravos, que Wesley batizara de "execrável vileza".

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Bruce Shelley diz que os ingleses entraram nesse comércio em 1562, quando Sir JohnHawkins pegou uma carga de escravos em Serra Leoa e a vendeu em São Domingos.

Então, depois que a monarquia foi restaurada em 1660, o rei Carlos II deu uma

concessão especial para uma companhia que levava 3 mil escravos por ano para as

Índias Orientais. A partir daí, o comércio cresceu e atingiu enormes proporções. Em1770, os navios ingleses transportavam mais da metade dos cem mil escravos vindos da África Oriental. Muitos ingleses consideravam o tráfico de escravos inseparavelmente

ligado ao comércio e à segurança nacional da Grã-Bretanha.

John Wesley escreveu sua última carta a Wilberforce, em 24 de fevereiro de 1791, seisdias antes de morrer, encorajando-o a executar o plano da abolição da escravatura. Um

parágrafo dessa carta diz o seguinte: "Oh! Não vos desanimeis de fazer o bem. Ideavante, em nome de Deus, e na força do seu poder, até que desapareça a escravidão

americana, a mais vil que o sol já iluminou".

Foi por conta dessas influências que Wilberforce decidiu dedicar toda a força de sua juventude e todo o talento que tinha a um único objetivo que consumiria toda sua vida:

a abolição do tráfico negreiro. Algum tempo depois, num domingo, 28 de outubro de1787, ele escreveu em seu diário as palavras que se tornaram famosas: "O Deus todo-poderoso tem colocado sobre mim dois grandes objetivos: a supressão do comércio

escravocrata e a reforma dos costumes.

Uma fonte de estímulo nessa luta foi sua participação ativa no chamado Grupo de

Clapham (Clapham Sect), constituído de pessoas ricas cujas residências ficavam emClapham, um elegante bairro localizado a 8 quilômetros de Londres, que apoiavamuitos líderes leigos na busca de uma reforma social, liderados por um humilde

ministro anglicano, John Venn. Como destacam Clouse, Pierard & Yamauchi, o Grupode Clapham foi, de longe, a mais importante expressão anglicana na esfera da ação

social. Esse grupo de leigos geralmente se reunia para estudar a Bíblia, orar e dialogarna biblioteca oval de Henry Thornton, um rico banqueiro que todo ano doava grande

parte de seus rendimentos para a filantropia.

Outros que participavam do grupo eram: Charles Grant, presidente da Companhia das

Índias Orientais; James Stephens, cujo filho, chefe do Departamento Colonial, auxiliou bastante os missionários nas colônias; John Shore, Lorde Teignmouth, governador-

geral da Índia e primeiro presidente da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira;

Zachary Macauley, editor do Observador Cristão; Thomas Clarkson, famoso líderabolicionista; a educadora Hannah More, além de outros líderes evangélicos. Dentre

 várias atividades, eles ajudaram a fundar a colônia de Serra Leoa, onde escravoslibertos poderiam viver livres.

Clouse, Pierard & Yamauchi dizem:

Este grupo uniu-se numa intimidade e solidariedade incríveis, quase como uma grande

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família. Eles se visitavam e moravam um na casa do outro, tanto em Clapham, como naprópria Londres e no campo. Ficaram conhecidos como 'os Santos' por causa de seu

fervor religioso e desejo de estabelecer a retidão no país. Vários comentaristas

observaram que eles planejavam e trabalhavam com um comitê que estava sempre

reunido em 'conselhos de gabinete' em suas residências pata discutir o que precisavaser consertado e estratégias que poderiam usar para alcançar seus objetivos.

Neste grupo, discutiam os erros e as injustiças de seu país, e as batalhas que teriam detravar para estabelecer a justiça.

Os membros do Grupo de Clapham demonstraram a diferença que um grupo de

cristãos pode fazer. Eles elaboraram 12 marcas que nortearam seu esforço pela reformasocial na Inglaterra do século 19:

1. Estabeleça objetivos claros e específicos.2. Pesquise cuidadosamente para produzir uma proposta realista e irrefutável.

3. Construa uma comunidade comprometida que apóie uns aos outros. A batalha nãopode ser vencida sozinha.

4. Não aceite retiradas como uma derrota final.5. Comprometa-se a lutar de forma contínua, mesmo que a luta demore décadas.

6. Mantenha o foco nas questões; não permita que os ataques malignos de oponentes odistraiam ou provoquem resposta similar.

7. Demonstre empatia com a posição do oponente, de forma que diálogo significativo

aconteça.8. Aceite ganhos parciais quando tudo o que é desejado não puder ser obtido de uma só vez.

9. Cultive e apóie suas bases populares quando outros, que estiverem no poder, seopuserem a seus projetos.

10. Transcenda à mentalidade simplista e direcione-se às questões maiores,principalmente as que envolvem questões éticas!

11. Trabalhe através de canais reconhecidos, sem lançar mão de táticas sujas ou violentas.

12. Prossiga com senso de missão e convicção de que Deus o guiará providencialmente

se estiver verdadeiramente a seu serviço.

Em 1797, Wilberforce publicou um livro intitulado Practical View of Real Christianity 

[Panorama prático do cristianismo verdadeiro], amplamente lido e ainda publicado,que evidenciava o interesse evangélico na redenção como a única força regeneradora,na justificação pela graça por meio da fé e na leitura da Escritura em dependência aoEspírito Santo, ou seja, numa piedade prática que redundasse em serviço relevante

para a sociedade. Nessa obra, ele disse sobre o cristianismo verdadeiro:

Eu compreendo que a marca prática e essencial dos verdadeiros cristãos é a seguinte:que os pecadores arrependidos, confiando na promessa de serem aceitos [por Deus],

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mediante o Redentor, têm renunciado e abjurado todos os outros senhores, e têm demaneira integral se devotado a Deus. Agora, seu propósito determinado é se dedicarintegralmente ao justo serviço do legítimo Soberano. Eles não mais pertencem a si

mesmos: todas as faculdades físicas e mentais, sua herança, sua essência, sua

autoridade, seu tempo, sua influência, tudo o que desconsideram como sendo seus [...]devem ser consagrados em honra a Deus e empregados a seu serviço.

E sobre o poder e o direito:

Eu devo confessar [...] que minhas próprias [e sólidas] esperanças pelo bem-estar domeu país não depende de seus navios e exércitos, nem da sabedoria de seus

governantes, ou ainda do espírito de seu povo, mas sim da [capacidade de] persuasãode todos aqueles que amam e obedecem ao evangelho de Cristo.

No tempo de Deus

 Wilberforce e seus amigos do Grupo de Clapham também ajudaram a fundar escolascristãs para os pobres, a reformar as prisões, a combater a pornografia, a realizar

missões cristãs no estrangeiro e a batalhar pela liberdade religiosa. Mas Wilberforceacabou por se tornar mais conhecido por seu compromisso incansável pela abolição de

escravidão e do comércio de escravos.

Sua luta começou por volta de 1787 - ele já era parlamentar desde 1780. Haviam pedido

a Wilberforce que propusesse a abolição do comércio de escravos, embora quase todosos ingleses achassem a escravidão necessária, ainda que desagradável, e que a ruínaeconômica certamente viria ao acabar com a escravidão. Apenas uns poucos achavam o

comércio de escravos errado. A pesquisa de Wilberforce o pressionou até conclusõesdolorosamente claras. "Tão enorme, tão terrível, tão irremediável aparentou a maldade

desse comércio que minha mente ficou inteiramente decidida em favor da abolição",disse ele à Casa dos Comuns. "Sejam quais forem as conseqüências, deste momento emdiante estou resolvido que não descansarei até efetuar sua abolição." Wilberforce falouprimeiramente sobre o comércio de escravos na Casa de Câmara dos Comuns em 1788,

num discurso de três horas e meia, que concluiu dizendo: "Senhor, quando nós

pensamos na eternidade e em suas futuras conseqüências sobre toda conduta humana,se existe esta vida, o que esta fará a qualquer homem que contradisser as ordens de sua

consciência e os princípios da justiça e da lei de Deus!". Sua luta custou-lhe dezoito

anos de trabalho incansável.

Os feitos de Wilberforce foram realizados em meio a tremendos desafios. Ele era umhomem de constituição fraca e com uma fé desprezada. Quanto à tarefa, enquanto a

prática da escravatura era quase universalmente aceita, o comércio de escravos era tãoimportante para a economia do Império Britânico quanto é a indústria de armamentos

para os Estados Unidos hoje. Quanto à sua oposição, incluía poderosos interessesmercantis e coloniais e personalidades como o famoso Almirante Horacio Nelson e a

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maior parte da família real. E quanto à sua perseverança, Wilberforce continuouincansavelmente, anos a fio, antes de alcançar seu alvo. Sempre desprezado, ele foi

duas vezes assaltado e surrado. Certa vez, um amigo lhe escreveu, dizendo-lhe que, do

 jeito que as coisas andavam, "eu espero ouvir dizer que foste carbonizado por algum

dono de fazenda das Índias Ocidentais, feito churrasco por mercadores africanos ecomido por capitães da Guiné, mas não desanime - eu escreverei o seu epitáfio!"

O comércio de escravos foi finalmente abolido em 25 de março de 1806. Quando a leifoi aprovada, todo o Parlamento se pôs de pé e aplaudiu Wilberforce por vários

minutos, enquanto ele, já desgastado pelos anos, chorava com o rosto entre as mãos.

Ele continuou a campanha contra a escravidão em todos os territórios britânicos, e o voto crucial da famosa Lei de Emancipação chegou quatro dias antes de sua morte, em

29 de julho de 1833.

Por conta da decisão parlamentar, poderosa como era e não querendo ser lesada emseus interesses, a Grã-Bretanha declarou ao mundo que nem ela nem ninguém mais

poderia traficar escravos. Além disso, tornou-se a guardiã dos mares. Logo, Portugal eBélgica, as duas nações rivais, tiveram também de parar com o tráfico, por força do

poderio naval inglês.

Um ano depois da morte de Wilberforce, em julho de 1834, 800 mil escravos,principalmente na Índia Ocidental britânica, foram libertos. Em pouco tempo, a maior

parte dos países ocidentais aboliria a escravidão em definitivo.

Aimee Semple Macpherson

(9 de outubro de 1890 - 27 de set de 1944)

Havia muita coisa que uma mulher não podia fazer na primeira metade do século XX,mas boa parte delas Aimee Semple McPherson fez. Não é a toa que ela foi citada pela

revista Time, junto com Billy Graham, como uma das 100 pessoas mais importantes do

mundo durante o século XX.

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Quando mulheres não podiam subir em púlpitos para pregar a palavra de Deus, elaliderou reuniões para milhares de pessoas em diversos continentes. Sua fama se

espalhou por todo o mundo. Centenas de milhares foram salvos, curados e tocados pelo

Espírito Santo de Deus.

Ela realizou milhares de campanhas, construiu o “Angelus Temple”, promoveu aabertura de mais de 400 igrejas no país, diplomou 3000 alunos pelo “Life Bible

College”, inaugurou a primeira rádio evangélica e foi a primeira mulher a pregar apalavra de Deus em uma rádio nos Estados Unidos.

Com todo esse currículo, porém, em uma lição de humildade, que faz com que qualquer

um de nós sinta que não fez nada por Deus, ela termina sua vida dizendo: "...sinto quefiz muito pouco, embora tenha pregado ao redor do mundo e visto milhares de pessoasserem salvas. Sinto não ter feito virtualmente nada. Se fosse homem, poderia ter feito

muito mais. Mas sou apenas uma mulher que se entregou a Deus para ser usada porEle. Toda glória por qualquer coisa realizada pertence completa e unicamente ao

Senhor, a quem amo e rendi toda a minha alma..."

 A HISTÓRIA DE SUA VIDA

 Aimee Semple McPherson, desde a sua adolescência, sentia o forte chamado de Deusque a impulsionava em busca da verdade.

Em sua caminhada, assim como Jesus, ela foi caluniada, enganada e perseguida;chegou quase à morte, mas Deus a resgatou, porque aquela enfermidade era para aglória de Deus.

Ela venceu a morte, venceu suas necessidades humanas, os seus esforços contribuíram

para que Deus agisse de forma maravilhosa em seu ministério.

O seu amor pelas almas era maior que as dificuldades que encontrava pelo caminho,sua vida foi dedicada, quase que por completo, ao ministério. Sua prioridade era levar a

salvação, a cura e a restauração, através do poder do nome de Jesus Cristo.

O SEU NASCIMENTO

Em Salford, próximo a Ingersoll, em Ontário, Canadá, viviam o Sr. James Morgan

Kennedy e sua esposa, a Sra. Elizabeth Kennedy. A senhora Elizabeth ficou muitodoente e James publicou um anúncio para contratar alguém para cuidar dela. A Srta.

Mildred Ona Pearce, ou simplesmente "Minnie", que tinha 14 anos de idade, aceitou oemprego. Ela era órfã e filha adotiva de um casal metodista que atuava no "Exército da

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Salvação", um movimento evangelista da Igreja Metodista.

 Algum tempo depois, a Sra. Elizabeth Kennedy veio a falecer e o Sr. Kennedy, já com 50

anos de idade, tomou à jovem Minnie em casamento. Isso gerou muita confusão no

lugar onde moravam, e se sentiram forçados a mudar para Michigan, nos EstadosUnidos da América, amenizando o escândalo.Em nove de outubro de 1890, de volta ao Canadá e agora morando em uma fazenda

perto de Ingersoll, nasce a filha única do casal James e Minnie, a qual recebeu o nomeda falecida esposa de James, Elizabeth Kennedy. Com o passar dos anos, a menina,muito desenvolta, adotou para si mesma o nome de Aimee Elizabeth Kennedy para

diferenciar-se da falecida Elizabeth Kennedy.

 Aimee passou sua infância e mocidade em Ingersoll, formando-se no colégio comhonras especiais.Entre 14 e 16 anos, Aimee tornou-se muito ativa.

Ela tinha um profundo desejo de ser atriz e interessou-se cada vez mais pelosprogramas sociais e recreativos da Igreja Metodista que ela freqüentava, usando seus

talentos criativos nas apresentações teatrais da igreja. Cinema, patinação no gelo,romances e bailes foram as diversões que a traíram até o ponto de seu coração ficar

cada vez mais frio e longe de Deus.

Com a idade de dezessete anos, conheceu a Teoria da Evolução, de Darwin, o que muito

a fascinou. Sendo muito perspicaz, poucos religiosos conseguiam debater com ela e vencer. Mesmo sendo criada num lar cristão, Aimee começou a duvidar da veracidadede suas crenças religiosas e até da existência de Deus.

Nessa condição de indiferença ateísta, Aimee sentia-se infeliz. Entre as dúvidas e a

tristeza por ter discutido com a sua mãe, tendo-a magoado com sua descrença, a lutaem seu coração era muito grande.

 A CONVERSÃO DE AIMEE 

Uma noite ela foi para seu quarto, determinada a achar uma solução para suas dúvidas.

Sem acender a lamparina, ajoelhou-se em frente à janela aberta onde contemplava apaisagem branca, toda coberta de neve.

Levantando seus olhos aos céus, vendo a lua e as estrelas, pensou: "Certamente deveexistir um grande Criador que fez tudo isto". De repente, ergueu os seus braços para o

céu e clamou: "Ó Deus… se há um Deus... revele-se a mim!”

“Suponho que o Pai Celestial responda a essa oração para cada ente humano que enviesua petição desesperada em direção aos céus. Pelo menos, Ele respondeu à minha antes

da meia-noite seguinte", disse Aimee.

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Depois das aulas daquele dia, enquanto esperava o horário para o ensaio da peça deNatal no salão da prefeitura, Aimee saiu andando pela rua de neve com seu pai e notou

um aviso no salão de Missões que dizia: "Reunião de Avivamento, Robert Semple,

evangelista irlandês. Todos são bem vindos".

O pai de Aimee sugeriu que entrassem e ela aceitou sem discutir, pois notícias dessereavivamento haviam chegado ao seu conhecimento e a curiosidade a impulsionava a

estar ali. Tudo era interessante, os cânticos eram bastante animados, todos cantavamlevantavam as mãos e Aimee se divertia com isso.

 A seriedade tomou conta do semblante de Aimee ao ver o evangelista entrar com a

Bíblia debaixo do braço. Moço alto, tinha um topete de cabelo crespo castanho queteimava em cair sobre os olhos azuis irlandeses. Era possível rir com ele, pois sua

mensagem borbulhava com um humor claro e sadio, mas não se podia rir dele: "Nem

pensar!", comenta Aimee.

"Leiamos Atos 2:38-39", Robert disse e leu…” Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados e recebereis o dom

do Espírito Santo“.

E começou. Arrepios correram pelas costas de Aimee, pois ela jamais ouvira um sermãodestes. Usando a Bíblia como espada, ele dividiu o mundo em dois. De um lado, colocouos cristãos, do outro, os pecadores. Segundo o seu evangelho, todos estavam destinados

ao céu ou ao inferno.

 Ao ouvi-lo pregar, a pessoa entendia haver diferença visível entre o pecador e omembro da igreja. O pregador passou a falar do Espírito Santo e, de repente, a falarnuma língua desconhecida. Aimee diz que, para ela, este pronunciamento, inspirado

pelo Espírito Santo, era como a voz de Deus trovejando em sua alma palavras terríveisde juízo e condenação.

 Apesar da mensagem falada em línguas, ela entendia perfeitamente Deus dizer “que ela

era uma pecadora, perdida no caminho do inferno…". Aquela noite mudou a vida de

 Aimee.

Jamais alguém disse tamanha verdade a ela. Era como se mãos invisíveis houvessem se

estendido sobre ela e começassem a sacudir sua alma. Uma convicção genuína aenvolveu e ela sabia que havia um Deus e ela atuava como uma pecadora. Ainda assim,

 Aimee tentou fugir procurando pôr três dias, se distrair das palavras do evangelistaouvindo músicas de jazz.

Mas numa tarde de dezembro de 1907, três dias após aquela pregação, voltando para

casa de trenó, Aimee não conseguiu mais suportar. Era como se os céus de bronzefossem cair sobre ela e que em poucos momentos seria demasiado tarde.

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"Deus, tenha misericórdia de mim, sou uma pecadora!", tudo mudou em sua volta euma grande paz invadiu a sua vida.

Diz Aimee: “Foi como se o sangue do calvário, ainda quente, se derramasse sobre todoo meu ser. Grandes lágrimas escorriam sobre minhas mãos enluvadas enquantosegurava as rédeas. Quando entrei em casa, senti Aquele que é invisível bem próximo

de mim. Meus pais estavam no estábulo e me alegrei pôr estar só. A casa inteira pareciainundada de uma glória cor de ouro. Levantando a tampa do fogão de metal, na sala deestar, queimei minhas sapatilhas de dança, minhas partituras de jazz e meus romances.Meu pai quis saber o que estava acontecendo e expliquei: Converti-me e não tenho mais

necessidade dessas coisas!"

 BUSCA DO ESPÍRITO SANTO

Depois de sua conversão, Aimee passou duas semanas numa alegria impossível dedescrever. Deste dia em diante, Aimee passou a buscar a presença de Deus. Não perdia

tempo para orar e ler a Bíblia. Diz Aimee que, quando orava, falava com Cristo, e,quando lia a Sua Palavra, Ele falava com ela.

Um dia, em oração, esta serenidade foi abalada ao analisar: “O Senhor me dá tudo e eusó recebo. O egoísmo é um traço de caráter abominável. Senhor, que posso fazer emtroca?” Aimee abriu a Bíblia e leu “... o que ganha almas é sábio e ... resplandecerão

como as estrelas sempre e eternamente."

Era como se uma voz poderosa falasse em tom de clarim: "Agora que você foi salva, vá eajude a salvar os outros."

Começou a procurar almas. Desde aquele momento ela começou incessantemente a buscar o Espírito Santo, perdendo muitos dias no colégio para assistir reuniões na casa

de uma senhora, já batizada com Espírito Santo, que pertencia à Missão Pentecostalonde Aimee ouvia o Evangelho.

Quando a mãe de Aimee recebeu uma carta do diretor do colégio comunicando o fatodela estar perdendo muitas aulas, proibiu-a de freqüentar os cultos, chamando o povo

da missão de fanáticos.

Na segunda-feira seguinte resolveu não ir ao colégio, mas passar o dia em oração nacasa da irmã da missão. Elas oraram juntas, pedindo ajuda a Deus para que Aimee

ficasse na cidade até receber o batismo. O Senhor ouviu a oração e a neve começou a

cair numa tempestade forte.

Ela orou o dia todo e quando foi pegar o trem para voltar à sua casa, descobriu quetodos os trens estavam parados, as linhas telefônicas interrompidas e as estradas

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intransitáveis. Essas condições prevaleceram uma semana e Aimee ficou na casa dairmã, passando a maior parte do tempo ajoelhada e orando horas a fio, comendo e

dormindo pouco, levantando na madrugada, e, embrulhada em cobertores, continuava

em oração.

Na sexta-feira ela ficou na presença do Senhor até a meia noite. Levantando bem cedono sábado, antes que qualquer pessoa da casa estivesse acordada, foi à sala, ajoelhou-

se, levantou as mãos e começou a orar pedindo ao Espírito Santo, para melhor servir aoSenhor, contando o seu amor para os outros. Num momento, uma alegria maravilhosa

encheu o seu coração e Aimee com os olhos fechados, viu o mundo como um vastocampo de trigo, já branco para a ceifa.

 Ainda em oração, o trigo começou a se transformar em rostos humanos; a folhagem, emmãos levantadas; e sobre tudo apareceram as palavras do Senhor: “Os campos já estão

 brancos para a ceifa. A ceara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai aoSenhor da ceara que mande ceifeiros para a sua ceara.” Naquela hora, o Senhor colocou

na sua mão uma foice de dois gumes (A Palavra Deus) e no seu coração soaram estaspalavras:

“Vais recolher o trigo, mas lembre sempre que a foice te é dada para cortar o trigo.

Muitos ceifeiros usam-na corretamente apenas poucas horas, e depois começam acortar e marcar os seus colegas. Aplica-te a tarefa que está perante ti, corte somente o

trigo e recolhe os molhos preciosos.“

Esta foi uma lição que a irmã Aimee nunca esqueceu. Apesar das críticas, perseguiçõese mesmo calúnias terríveis, não procurava se defender, criticando ou ferindo os outros.

Naquele mesmo sábado inesquecível, Aimee Elizabeth Kennedy recebeu o batismo no

Espírito Santo, louvando e glorificando ao Senhor numa língua que ela nuncaaprendeu, “Segundo o Espírito lhe concedia que falasse.”

Era quase meio dia quando se levantou com o rosto radiante, após ter ficado muito

tempo na presença do Senhor em oração. Fora, a tempestade havia cessado, os irmãos

da casa entraram na sala e regozijaram-se com Aimee.

Ela escreveu mais tarde: “Dentro do meu coração ficaram duas convicções: a primeira,

que o Consolador tinha entrado para ficar e eu deveria viver em consagrada obediênciaà Sua vontade; a segunda, que eu tinha recebido uma chamada para pregar o evangelho

eterno.”

CASAMENTO, VIAGEM PARA CHINA E VIUVEZ.

Certa noite, enquanto Aimee estava na casa de um vizinho com duas crianças quetinham apanhado febre tifóide, a porta se abriu e Robert Semple, o evangelista, surgiu

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diante dela.

Um impulso de alegria a envolveu. Robert disse-lhe que havia chegado de Stratford e,

sabendo que as crianças adoeceram, viera fazer-lhes companhia. Naquela noite, as

crianças tiveram os dois como enfermeiros. Aimee e Robert conversaram por algumtempo a respeito das cartas que trocavam entre si, sobre o batismo do Espírito Santoque ela havia recebido, e do grande desejo que ela tinha de ser ganhadora de almas.

Enquanto ele falava, Aimee percebia os grandes olhos azuis de Robert fixos nela. Elefalava de sua estada em Stratford, de suas realizações como homem de Deus, de suas

reuniões, salões cheios e milhares de homens e mulheres aceitando a Cristo.

 Aimee não escondia o seu contentamento e não negava o seu desejo de ser umamissionária.

 Ao olhar os livros espalhados sobre a mesa, Robert deparou com o livro de geografia e,folheando as páginas, abriu no mapa do Oriente. "A China será o meu desafio, o meudestino". "Que maravilha", suspirou Aimee. Gostaria de dedicar a minha vida a uma

causa como esta.

Foi então que Robert disse: “Aimee sei que tem apenas 17 anos, mas eu a amo de todocoração. Logo vai fazer 18. Quer casar-se comigo e ir em minha companhia para a

China?"

 Aimee ficou olhando estarrecida para ele. O rosto honesto, não conseguia falar, mas umdesejo irreprimível de ajudá-lo nasceu em seu coração.

Ela sabia que o amava profundamente. Amava seu ministério, seu Cristo, seu ensino,

sua mensagem. Não foi preciso respondê-lo imediatamente. Oraram juntos. Enquantooravam, Aimee, numa visão, viu uma estrada longa e brilhante se estendendo em

direção á Cidade Celestial, Robert e ela estavam subindo pôr um caminho ladeado deanjos que levava ao trono de Deus. Aimee o aceitou.

Robert falou com os pais de Aimee, pedindo consentimento, e de maneira simples efranca tiveram sua bênção.

No dia 22 de agosto de 1908 se casaram. E, segundo Aimee, ele foi o seu SeminárioTeológico, seu mentor espiritual, seu marido terno, paciente e dedicado.

Juntos entraram no campo evangelista, seguindo um programa de trabalho intensivo.

Foi nessa fase do seu ministério que Aimee recebeu o dom de interpretação de línguas.Um dia, enquanto estava orando em seu quarto, começou a falar em línguas pelo

Espírito Santo.

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Logo ela ficou consciente pelo fato de poder entender o significado das palavras dadaspelo Espírito Santo. Durante o culto daquela mesma noite, Reverendo Durham deu

uma mensagem em línguas e Aimee recebeu a interpretação, mas, por causa da timidez,

não deu a interpretação. Porém, na reunião seguinte, quando uma mensagem de

línguas foi dada, com medo de apagar o Espírito, Aimee foi obediente, deixando que oEspírito Santo desse a interpretação através dela.

 Algum tempo depois, assistindo a uma série de conferências, Aimee caiu numaescadaria e fraturou o osso de um dos pés, ficando com quatro dos ligamentos

completamente soltos, a ponto dos dedos serem puxados para baixo apontando adireção do calcanhar. Depois de colocar o gesso, o médico deu pouca esperança de

recuperação dos ligamentos e da flexibilidade do pé e do tornozelo.

Com os dedos do pé inchados, pretos e com muita dor, Aimee foi assistir ao culto à

tarde, dirigido pelo Reverendo Durham. Não suportando mais a dor, deixou o culto,resolvendo descansar no seu quarto, que ficava a um quarteirão de distância do salão

dos cultos.

Chegando ao quarto ela ouviu uma voz dizendo: “Se tu embrulhares o sapato do péfraturado, e voltares ao culto, e pedires ao Reverendo Durham para orar por ti, levando

consigo o sapato para calçá-lo na volta, eu curá-la-ei.” A principio ela estranhou a idéia,mas a voz no seu coração insistiu tanto que finalmente, com a ajuda de muletas, voltou

ao culto levando o sapato. Chegou tremendo e atormentada porque, no caminho, a

muleta entrou num buraco na calçada, causando aos dedos, já sensíveis, uma dorterrível por haverem tocado o chão.

Contando aos irmãos reunidos o que Deus tinha falado e após uns momentos de oraçãosilenciosa, o Reverendo Durham colocou suas mãos no tornozelo dela e disse: “No

nome de Jesus receba a cura.” Instantaneamente, ela sentiu que fora curada; o gesso foitirado e num salto ela colocou-se em pé e começou a andar, louvando ao Senhor.

O testemunho de Aimee foi este: “Desde aquela vez o poder de cura divina se

manifestou na minha vida e na daqueles que eu tive privilégio de oferecer a oração da

fé.

Pouco tempo depois disso, o casal Semple seguiu em viagem para a China, passando

antes pela Irlanda para conhecer a família de Robert. Na viagem, enfrentaram umaforte tempestade e, em meio a enjôos, medos e temores, Aimee conta ao marido que

está grávida.

Depois da Irlanda, seguiram para a Inglaterra para encontrar Cecil Polhill, ummilionário cristão que os ajudaria a chegar a China. Ali, Aimee fez a sua primeira

pregação, numa convenção onde estavam reunidas cerca de 15 mil pessoas.

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Na China, Aimee foi acometida de uma malária tropical, ficando um mês, dia e noite,no leito. A sua única preocupação era a criança. Robert logo caiu doente, tentou relutar,

mas a cada dia foi piorando e a malária levou sua vida sepultando-o em Hong Kong.

 Aimee disse ao ver o marido falecer: "O Senhor deu e o tomou. Bendito seja o nome do

Senhor".

 Aimee teve uma menina a quem chamou de Roberta Star Semple. Menos de um mês

depois da morte de Robert, Aimee voltou aos EUA para morar em Nova York 

 AS DIFICULDADES PESSOAIS E MINISTERIAIS 

Com a morte de Robert Semple, Aimee passou pôr dificuldades financeiras e tambémnecessitou dedicar mais tempo a sua filha, pois ela estava com a saúde muito fragilizada

e os problemas pessoais a cada dia dificultavam mais sua vida ministerial.

Em meio a tantas dificuldades pessoais e ministeriais, Aimee conheceu e se apaixonoupor Harold McPherson, um contador de Nova York, com quem reconstruiu um lar

seguro para ela e sua filha.

Durante algum tempo o marido de Aimee passou pôr dificuldades financeiras; elacomeçou a arrecadar ofertas para o exercito de Salvação, com isso conseguia ajudar nasdespesas da casa. Neste período engravidou; quando seu filho Rolf McPherson nasceu

teve que parar de trabalhar.

 Aimee começou a dedicar-se aos filhos e à rotina do lar, porém, não estava feliz,porque, na intensa chamada de Deus e o dever com a sua família, Aimee caiu num

estado de depressão pós-parto, adoecendo gravemente e sendo levada a um hospital.

 Aimee pedia a cura a Deus, mas a cada pedido ouvia o Senhor dizendo: "Tu irás?Pregarás a palavra?". Mas somente depois de um ataque repentino de apendicite, que a

levou a cinco operações em um mesmo dia chegando ao ponto de pedir a morte,

durante a madrugada ouviu a voz do Senhor: "Agora tu irás?"; quase sem forças

respondeu-lhe; "Sim, Senhor, eu irei".

Em 15 dias ela estava totalmente recuperada. Sentindo-se fraca para entrar em

discussão com seu marido e sogra, quanto ao seu chamado divino, Aimee resolveupartir com seus filhos para o Canadá, buscando o apoio de seus pais, que se ofereceram

para cuidar de seus filhos.

Telegrafou então para seu marido, pedindo que fosse ao seu encontro. Aimee participoude um encontro Pentecostal em Ontário, onde teve um novo encontro com Deus, assim

iniciando o seu ministério no Canadá; apesar de na época ser raro encontrar umapregadora mulher, foi respeitada e aceita pelos sinais que Deus operava através de sua

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 vida.

O INÍCIO DO SEU MINISTÉRIO

Na primeira noite, a irmã McPherson, como era conhecida, ficou desapontada aoencontrar um número reduzido de pessoas assistindo ao culto. Na segunda noitepregou àquelas mesmas pessoas, que durante ou por quase dois anos haviam

freqüentado os trabalhos. Na terceira noite, antes do culto, ela pegou uma cadeira edirigiu-se à esquina principal da pequena cidade, a apenas um quarteirão do salão deculto. Subiu na cadeira e, com os braços erguidos, começou a orar em silêncio. Logo

após, ouviu vozes ao seu redor comentando o fato. Ela parou de orar e abrindo os olhos

 viu um grupo grande de pessoas. Pegando a cadeira, saiu correndo e gritando"depressa, venham comigo". Todos correram atrás dela, e, chegando ao salão, ela disseao porteiro: "Quando todos estiverem dentro, feche a porta e não deixe ninguém sair".

Realmente ninguém procurou sair da pregação que durou quarenta minutos.

Na noite seguinte, o salão ficou lotado e muitos não puderam entrar. O problema sóficou resolvido com a remoção do culto para a grande área gramada que ficava atrás do

salão. O número de pessoas que assistia às reuniões cresceu tanto que ultrapassou aquinhentos e, como resultado muitas almas se entregaram a Jesus.

Harold McPherson mandou-lhe um telegrama para que voltasse para sua casa, mas Aimee recusou-se a voltar. Ele veio então ao seu encontro e ouvindo uma de suas

pregações reconheceu o chamado de Deus na vida de Aimee, estimulando-a acontinuar.

No fim da primeira semana de trabalho ela recebeu uma oferta do povo e, com odinheiro, foi à cidade vizinha e comprou uma tenda de lona já usada. O vendedor

(homem desonesto) "abaixou" o preço com a condição que não seria necessário tirar atenda da sacola antes de vendê-la. Quando ela voltou a Mount Forest e abriu a "catedral

de lona", descobriu que estava mofada e rasgada. Foi necessário remendar e limpar atenda, que com muito esforço finalmente ficou pronta.

No primeiro culto realizado na tenda, quando Aimee ia começar a pregar, a lonacomeçou a rasgar-se e vinha caindo sobre o povo ali presente, devido ao forte vento;irmã McPherson levantou os braços e orou: "Em nome do Senhor Jesus, ordeno que

não caia até depois do culto".

Naquele instante a lona ficou presa num prego e não caiu. No dia seguinte, um grupode senhoras da congregação ajudou a remendar a tenda. Depois de trabalhar o dia todo,

irmã McPherson sentiu-se tão cansada que resolveu cancelar o culto daquela noite.Deixando um aviso na tenda, foi para casa descansar.

 Antes de deitar-se, tomou a Bíblia e ajoelhou-se para orar e meditar nas Escrituras. A 

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Bíblia caiu da cama e quando ela foi pegá-la no chão, percebeu que estava aberta neste versículo: "Qualquer que procurar salvar sua vida, perdê-la-á, e qualquer que perder a

sua vida por amor de mim, esse a salvará." (Mateus 16:25).

Ela entendeu que Deus tinha falado mais uma vez ao seu coração. Levantou-se eimediatamente se preparou para pregar na tenda. Ainda sentia grande cansaço quandosubiu ao púlpito, mas, na hora em que se levantou para cantar o primeiro hino, todo o

cansaço a tinha deixado.

Depois de muitos anos no ministério ela escreveu este maravilhoso testemunho: "Temsido assim desde aquela vez. Não importa o que seja, o labor ou os apuros do dia a dia,

nem importa a fadiga física e mental que eles produzem em mim, estou sempre refeitano instante em que fico em pé no púlpito." O resultado glorioso de sua obediência veio

naquela noite, quando dezoito fazendeiros se converteram a Cristo.

 As campanhas em tendas de lona nas cidades de orla marítima do Atlânticocontinuaram até 19l8, com o povo em número sempre crescente, reunindo-se para

ouvir esta extraordinária evangelista.

Em junho de 1917 foi lançada a primeira edição da sua revista, "Bridal Call", contendo

testemunhos e notícias das campanhas, sermões, poesias e outros artigos. Em de trêsmeses, a revista foi aumentada de uma edição simples de quatro páginas somente, para

uma revista mensal de dezesseis páginas.

 Atualmente a revista é publicada sob o nome "The Foursquare World Advance",contendo notícias da Igreja Quadrangular no mundo inteiro, com uma tiragem mensal

de mais de 50.000 exemplares.

 As campanhas evangelistas desses primeiros anos foram marcadas com grandesexperiências de fé e maravilhosas vitórias. Foi nesse período que Deus começou a usar

irmã McPherson no ministério da cura divina. Uma noite ela pregou sobre o tema"Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente", mostrando que Ele vive hoje para

curar e batizar com o Espírito Santo.

 A fé foi despertada e ela viu uma figura patética vindo voluntariamente à frente: umamoça auxiliada por duas pessoas, estava curvada, com o queixo puxado para baixo

tocando no peito, pernas e mãos deformadas pela artrite reumatóide, chegavaapoiando-se em muletas.

 A moça foi carregada até o púlpito e assentada numa cadeira. Em poucos minutos, ela

aceitou Jesus e, em seguida, foi batizada com o Espírito Santo. Depois de orar pela suacura, irmã McPherson disse-lhe que levantasse as mãos e louvasse ao Senhor.

 Assim ela o fez, e louvando ao Senhor começou a levantar os braços e as mãos

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deformadas começaram endireitar-se. Com os braços libertos e erguidos, aindalouvando ao Senhor, o queixo e o pescoço, há tanto tempo endurecidos, foram-se

tornando livres ao ponto dela poder olhar para o céu.

Com isso ela se levantou e, apoiando-se com as mãos, começou a andar através da forçaque suas pernas receberam para sustentá-la. Saiu andando e glorificando ao Senhor.

Numa campanha em Durant, Flórida, novamente Deus provou o Seu poder na vida de Aimee Semple McPherson. As reuniões foram realizadas num tabernáculo de madeira

em local onde não havia eletricidade.

 A luz de lampiões a querosene e gasolina era muito fraca para o tamanho dotabernáculo, então, colocaram um aparelho de luz a gás para iluminar o lugar.

Uma noite, antes do culto, enquanto irmã McPherson estava fazendo uns ajustes noaparelho, houve uma pequena explosão no mesmo e as chamas atingiram seu rosto. A 

dor foi tão aguda que ela, sem pensar nas conseqüências, saiu correndo e colocou orosto numa bacia com água fria.

 Ao tirá-lo da água, a dor, já intensa, aumentou e bolhas brancas começaram a se

formar. Irmã McPherson ficou andando de um lado para outro sob as árvores,esperando em Deus sempre, enquanto alguém consertava o aparelho danificado. O

povo continuava a chegar, mas a hora de iniciar o culto já estava atrasada, devido ao

imprevisto que acontecera com o aparelho.

Um senhor, que estava combatendo as reuniões e a pregação de cura divina,aproveitando a oportunidade, levantou-se para avisar ao povo que não haveria reunião

porque a pregadora da cura divina tinha queimado o rosto.

Quando a irmã McPherson soube disso, orando e pedindo força, subiu ao púlpito e, emnome de Jesus, anunciou um hino com os lábios tão endurecidos por causa da

queimadura que quase não pode pronunciar as palavras. Terminando a primeira

estrofe, ela levantou sua mão e disse pela fé: "Louvado seja o Senhor que me cura e me

tira toda a dor."

O povo começou a louvar a Deus e, instantaneamente, o sofrimento intenso foi aliviado

e, perante os olhos de todos, o vermelhão do rosto começou a diminuir e as bolhasdesapareceram. No final do culto, a sua pele estava completamente normal e Deus foi

glorificado.

Na cidade de Filadélfia, em 1917, a campanha realizada numa tenda grande, trouxepessoas de muitas cidades vizinhas que acamparam em tendas pequenas ao redor de

cultos. Na primeira noite, o poder do Espírito Santo caiu sobre o povo que clamava aDeus pedindo um avivamento. Na segunda noite, o inimigo começou a atacar a obra. O

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terreno alugado para levantar a tenda, antes era utilizado como campo de futebol porum colégio vizinho e os jovens, ressentidos por terem perdido o campo, começaram a

perturbar o culto.

Centenas deles cercaram a tenda e, cada vez que havia uma manifestação do Espírito,eles zombavam e davam gargalhadas. O barulho tornou-se tão forte que dentro datenda era impossível ouvir a voz dos solistas e dos dirigentes que falavam ao povo.

Mais tarde foi descoberto que os jovens esconderam latas de querosene e gasolina paraincendiar tudo que havia no terreno. Enquanto o povo cantava hinos, irmã McPherson

orava pedindo a orientação do Senhor.

 A resposta veio pelo Espírito Santo de Deus, dizendo-lhe: "Começa a louvar, porque aalegria do Senhor é a tua força."

Ela começou em voz baixa, com os olhos fechados; mas aos poucos, a sua voz tornou-semais forte, então clamou: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim

 bendiga ao Seu Santo nome." O povo sentindo o Espírito, também levantou a vozlouvando ao Senhor. Irmã McPherson relata o que aconteceu depois:

"Enquanto eu louvava ao Senhor, vi muitos demônios com asas estendidas,semelhantes às de morcego, entrelaçadas uma a uma, lado a lado, ao redor do

tabernáculo. Mas cada vez que eu dizia: Louvado seja o Senhor, eu percebia que as

forças diabólicas davam um passo para trás, até que, finalmente, desapareceram entreas árvores."

Ela continuou clamando: "Glória a Jesus! Aleluia! Louvado seja o Senhor." De repente viu que, no lugar onde as forças diabólicas haviam desaparecido, um grande bloco de

anjos, vestidos de branco, estava avançando, também com asas estendidas eentrelaçadas, e cada vez que se expressava: "Louvado seja o Senhor", eles davam mais

um passo à frente. Sem parar, avançavam ao ponto de cercar completamente a orlaexterior da tenda de lona.

Quando irmã McPherson abriu os olhos, os jovens que perturbavam o culto aindaestavam presentes, mas todos quietos, com os olhos atentos e olhando para ela. Houveuma atenção perfeita durante a pregação, muitos aceitaram Jesus como Salvador e nos

outros cultos eles voltaram trazendo os doentes e aflitos para que recebessem a oraçãoda fé.

Sua primeira viagem transcontinental foi em 1918, quando atravessou o continente em

seu carro com as frases escritas: “Carro do Evangelho” e "Jesus voltará, prepare-se!”.

 Viajava acompanhada pelo casal de filhos, sua mãe e uma secretária; irmã McPhersoncorajosamente pegou a direção do carro e enfrentou chuva, neve, tempestades terríveis,

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lama e montanhas na sua viagem de 6.400 km, pregando e distribuindo milhares defolhetos, ela se dirigiu a cidade de Tulsa, no estado de Oklahoma, ponto intermediáriono seu itinerário para a Califórnia. Antes de lá chegar, recebeu um telegrama avisando-

a que todas as igrejas de Tulsa estavam fechadas por causa de muitas mortes,

resultantes da epidemia de gripe. Em oração, o Senhor falou com ela dizendo: "Nãotemas. Continues a viagem, e quando chegares ali, as igrejas estarão abertas".

Quando chegou em Tulsa, num domingo pela manhã, ouviu os sinos de muitas igrejas.Perguntando a razão de tudo isso, irmã McPherson descobriu que a cidade de Tulsa

estava regozijando-se pela reabertura de suas igrejas naquele mesmo dia.

Entre 1918 e 1923, irmã McPherson atravessou os Estados Unidos oito vezes,realizando trinta e oito campanhas evangélicas nos maiores auditórios do país. Esses

auditórios tinham capacidades entre 3.000 a 16.000 pessoas sentadas, e muitas

chegaram para receber a salvação e a cura em Jesus, e para serem batizadas com oEspírito Santo.

Durante a grande campanha na cidade de Oakland, na Califórnia, no ano de 1922, Aimée Semple McPherson foi inspirada a chamar sua mensagem de

"QUADRANGULAR".

Esta lhe foi revelada enquanto pregava sobre a visão de Ezequiel, dos quatro querubinscom quatro rostos que simbolizavam o quádruplo ministério do Senhor Jesus Cristo:

1 – O Salvador2 – O Batizador com o Espírito Santo

3 – O Grande Médico4 – O Rei que há de Voltar

 Aimee começou a proclamá-la com o nome dado por Deus: " O EVANGELHOQUADRANGULAR"

 AS CORES DA BANDEIRA 

ESCARLATE – O Sangue de Jesus para salvação da humanidade AMARELO OURO – O Poder Ofuscante do Espírito Santo

 AZUL CELESTE – A Cura Divina que vem do céuPÚRPURA – A vestimenta do Rei Eterno (Jesus Cristo)

No dia 1 de janeiro de 1923, foi inaugurado o templo Sede Internacional da Igreja

Quadrangular, o “Angelus Temple” com capacidade para 5000 pessoas. Aimee dirigia21 cultos por semana; nos primeiros meses 7000 pessoas encontraram a Salvação em

Jesus Cristo.

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Trinta e três dias depois, foi inaugurado o Instituto de Treinamento Evangélico eMissionário; Aimee também consagrou uma sala de oração baseada no versículo "Orar

sem Cessar".

Em 06 de fevereiro de 1924 consagrou a primeira rádio pertencente a uma igreja nosEstados Unidos e a terceira emissora em Los Angeles a KFSG.

 Aimee também foi autora de vários livros, 105 hinos e 13 óperas sagradas.

 Aimee não conseguiu conciliar sua vida de evangelista com a sua vida de esposa e, em1921, sentindo-se preterido devido às muitas viagens de Aimee, Harold pede o divórcio

alegando abandono do lar. Seu casamento durou perto de 9 anos.

Uma das grandes campanhas dessa época foi realizada na cidade de Denver, no estado

de Colorado, no auditório municipal com capacidade para 15.000 pessoas. O auditórioestava sempre lotado e, cada noite, milhares de pessoas que chegavam não podiam

entrar; uma noite, o número de excedentes chegou a 8.000. Muitos se esconderam nos banheiros após o culto à noite, como garantia de que, no dia seguinte, haveria um lugarpara assistir ao culto matinal. O número de conversões era tão grande que houve cultosnos quais quase a metade dos ouvintes se levantava para aceitar Jesus. Havia sempre

um lugar especial para os cegos e paralíticos, cento e cinqüenta pessoas sobre macasforam colocadas numa área que ficava em frente ao grande palco. Por duas horas e

quarenta e cinco minutos, irmã McPherson foi de maca em maca, orando pelos

doentes, individualmente. Um repórter escreveu o seguinte relatório do culto:

"Foi literalmente um reavivamento de corpos doentes. Pessoa por pessoa, uma apósoutra, levantou-se da maca, e erguendo as mãos e o rosto para o céu, declaravam sua

cura."

Outra campanha de grandes dimensões aconteceu em San Diego, na Califórnia. Oscultos foram realizados num ginásio de esportes reservado para lutas de boxe onde, na véspera da campanha, irmã McPherson conseguiu, no intervalo da luta, licença para

fazer o aviso da campanha.

Durante cinco semanas a cidade foi abalada e o número cresceu tanto que foinecessário reservar uma parte do ginásio para pessoas com convites especiais. Isto foi

feito para dar oportunidade a mais pessoas assistirem aos dois cultos por dia. Grandeslojas pediram convites para os seus funcionários, entidades civis e militares também

fizeram o mesmo.Cada noite era um grupo diferente que assistia ao culto. Não era possível orar por todos

os doentes que chegavam, porque o ginásio, com capacidade para 3.000 pessoas, ficoupequeno demais. Finalmente conseguiram um lugar para a realização dos cultos de

cura divina ao ar livre, na grande concha acústica do Parque de Balboa (somente pordois dias), um lugar para exposições e feiras, semelhante ao Parque do Anhembi, em

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São Paulo.

 Após marcada a campanha especial, a cidade foi convocada para oração e jejum. Na

 véspera, setecentos carros chegaram e seus ocupantes aguardavam o início dos

trabalhos, dormindo nos próprios carros. Muitos chegaram a pé, empurrando cadeirasde rodas ou carregando os doentes em macas. As 10:30 hs, irmã McPherson deu inícioao culto; depois de alguns hinos e testemunhos maravilhosos, ela pregou sobre a cura

dupla – do pecado e da doença. Daí, ela e um grupo de ministros começaram a orarpêlos enfermos.

Foi uma fila contínua o dia todo. Eles oraram desde cedo até o pôr-do-sol, ocupando

apenas quinze minutos para um lanche. A polícia estimava que, conforme a hora, haviauma assistência que variava entre 10.000 a 30.000 pessoas durante o dia todo. No dia

seguinte, Deus continuou os milagres de salvação e cura em nome de Jesus.

O ministério de Aimee Semple McPherson tornou-se internacional em 1922 quando elarealizou uma campanha na Austrália. Mais tarde, ela levou o evangelho a muitas outras

nações. O ministério da irmã McPherson foi marcado por uma paixão imensa pelasalmas. A mensagem de salvação recebeu ênfase, seguida de sinais prodigiosos ou sinais

e prodígios.

Nessas campanhas de salvação e cura divina, a mensagem do Espírito Santo tambémfoi

proclamada. No final dos cultos, um outro culto de oração era realizado àqueles queestavam buscando o batismo com o Espírito Santo, o qual, muitas vezes, durou até ascinco ou seis horas do dia seguinte.

O SEQÜESTRO

Em 18 de maio de 1926, Aimee e sua secretária, Emma Schaffer foram à praia. Aimeefoi ao mar e não mais foi vista. Inicialmente, achou-se que tinha-se afogado e grande

rebuliço aconteceu em todos EUA, especialmente em Los Angeles, centro de suasatividades evangelistas ou evangelizadoras ou evangélicas. Equipes de busca foram

organizadas e incansavelmente buscaram o corpo da Sra. Aimee Semple Mcpherson.

Uma jovem, devota de Aimee, mergulhou em sua busca e acabou morrendo afogada.

 Aimee contou que foi abordada por uma senhora que chorava muito e pedia para que

fosse orar por sua filha que estava morrendo no carro. Chegando ao carro, percebeuque era uma cilada e foi seqüestrada.

Chegando ao cativeiro, indagou aos seqüestradores o porquê do seu seqüestro; eles

disseram que pediriam um resgate e ficariam com o Templo. Ela ficou presa por quaseum mês em uma casa, depois foi levada para uma cabana primitiva por dois ou três

dias; quando se viu sozinha pulou a janela, conseguindo escapar para o deserto, ondeandou o dia inteiro, passando pôr muitos perigos. Já era madrugada quando avistou

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uma casa, aonde foi pedir ajuda.

O senhor Gonzáles, dono da casa, chamou a policia do Arizona para registrar o

seqüestro e avisar sua mãe; a policia registrou o seqüestro e a encaminhou para o

hospital. Não acreditando que se tratava da senhora McPherson, chamaram um editorpara identificá-la; ele confirmou e assim ela pode entrar em contato com sua mãe pelotelefone.

Todos, quando souberam da noticia, no Templo, ficaram muito felizes com a volta dairmã McPherson; nesta época ela foi muito perseguida pelos jornalistas e autoridades

que não acreditaram em sua história.

Depois de terem esgotado esta história, resolveram acrescentar algo mais picante, comose esse tempo de cativeiro fosse desculpa para encontros amorosos, denegrindo sua

imagem de evangelista, inventaram até um possível aborto.

Mais uma vez, Deus esteve com ela e nada foi provado, desta forma foi encerrado oinquérito por falta de provas.

 A VOLTA AO MINISTÉRIO

 Aimee voltou às suas viagens evangelistas. Uma parada nessa viagem foi na cidadeBaltimore, onde os jornais divulgaram-na como “Mulher Milagrosa”. Através desseanúncio, o teatro ficou repleto de paralíticos e doentes e Aimee foi orar ao Senhor

porque sabia que não tinha o poder para curá-los; e o Senhor respondeu-lhe que quemtem o poder de curar e salvar é Ele e que ela seria um instrumento em suas mãos.Naquela noite muitos milagres aconteceram.

Durante as viagens evangélicas, sua mãe cuidava com eficiência do Templo em Los

 Angeles; com a morte de sua mãe, Aimee assumiu o Templo, tendo um desgaste físico emental, adoecendo gravemente e seu filho Rolf, que havia voltado de uma viagem

evangélica, assumiu a liderança.

O SEU ÚLTIMO CASAMENTO E SUA MORTE 

 Após os casamentos de seus filhos, Aimee sentiu-se muito sozinha; foi quandoconheceu um cantor, David Hutton e apaixonou-se, casando-se novamente. Mais uma

 vez foi enganada pelos seus sentimentos, logo descobriu que ele não a amava, somentea usou para obter sucesso em sua carreira, assim divorciaram-se.

Na noite de 26 de setembro de 1944, Aimee pregou o seu último sermão perante uma

multidão na Califórnia.

Esta foi a mesma cidade em que, 22 anos atrás, ela recebera a visão do EvangelhoQuadrangular. O ministério terreno de Aimee terminou incansável como começara.

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Quando seu filho Rolf encontrou-a na manhã seguinte, ele soube que o desejo dela foraconcedido. E assim ela partiu para o Senhor.

terça-feira, 7 de junho de 2011A.W. Tozer - Uma Curta Biografia 

"Nascido em Newburg, Pensilvânia, Estados Unidos, em 21 de abril de 1897.

Sua pregação e seus livros concentraram-se inteiramente em Deus. Ele não tinha

tempo para mercenários religiosos que inventavam novas formas para promover suas

mercadorias e subir nas estatísticas

“Penso que minha filosofia seja esta: tudo está errado até que Deus endireite.”

Esta afirmação do Dr. A. W. Tozer resume perfeitamente a sua crença e o que ele

tentou realizar durante seus anos de ministério. Tozer marchou ao ritmo de uma batida

diferente e, por esta razão, normalmente não acompanhava os passos de muitas das

pessoas que participavam de desfiles religiosos.

No entanto, foi esta excentricidade cristã que nos fez amá-lo e apreciá-lo. Ele não

tinha receio em apontar o que era errado. Nem hesitou em dizer como Deus poderia

endireitar todas as coisas. Se é que um sermão pode ser comparado à luz, então, A.

W. Tozer emitia raios laser do púlpito, um feixe de luz que penetrava o nosso coração,

exauria nossa consciência, expunha nossos pecados e nos fazia clamar: “O que devo

fazer para ser salvo?” A resposta era sempre a mesma: entregar-se a Cristo; procurar 

conhecê-lo de forma pessoal; crescer para tornar-se como Ele.

Aiden Wilson Tozer nasceu em Newburg (naquele tempo conhecida como La Jose),

Pensilvânia, Estados Unidos, em 21 de abril de 1897. Em 1912, sua família deixou a

fazenda e foi para Akron, Ohio; e, em 1915, ele se converteu a Cristo. No mesmo

instante passou a levar uma vida fervorosa de devoção e testemunho pessoal. Em1919, começou a pastorear a Alliance Church, em Nutter Fort, West Virginia. Também

pastoreou igrejas em Morgantown, West Virginia; Toledo; Ohio; Indianapolis, Indiana;

e, em 1928, foi para a Southside Alliance Church, em Chicago. Ali, ministrou até

novembro de 1959, quando tornou-se pastor da Avenue Road Church, em Toronto, no

Canadá. Um ataque cardíaco, em 12 de maio de 1963, pôs fim àquele ministério, e

Tozer foi chamado para a Glória.

Tozer alcançou um número maior de pessoas por intermédio de suas obras do que por 

suas pregações. Grande parte do que escreveu era refletido na pregação de pastores

que alimentavam a alma com as palavras de Tozer. Em maio de 1950, foi nomeado

editor de The Alliance Weekly, agora conhecida como The Alliance Witness, que

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provavelmente foi a única revista religiosa a ser adquirida graças, sobretudo, aos seus

editoriais. Certa vez, o Dr. Tozer, em uma conferência na Evangelical Press

Association (Associação da Imprensa Evangélica), censurou alguns editores que

praticavam o que ele chamava de “jornalismo de supermercado” – duas colunas de

propagandas e uma nota de material para leitura. Era um escritor exigente e tão duroconsigo mesmo quanto com os outros.

O que há nas obras de A. W. Tozer que nos prende a atenção e nos cativa? Primeiro,

ele Tozer escrevia com convicção. Não estava interessado nos cristãos superficiais de

Atenas que estavam à procura de algo novo. Tozer mergulhou novamente nas antigas

fontes e nos chamou de volta às veredas do passado, tendo plena convicção e

colocando em prática as verdades que ensinava.

Tozer era um místico cristão em uma época pragmática e materialista. Ele ainda nos

convida a ver aquele verdadeiro mundo das coisas espirituais que transcendem o

mundo material que tanto nos atraem. Suplica para que agrademos a Deus enos

esqueçamos da multidão. Ele nos implora que adoremos a Deus de modo que nos

tornemos mais parecidos com Ele. Como esta mensagem é desesperadamente

necessária em nossos dias!

A. W. Tozer recebeu a dádiva de compreender uma verdade espiritual e erguê-la para

a luz para que, como um diamante, cada faceta fosse observada e admirada. Ele não

se perdeu nos pântanos da homilética; o vento do Espírito soprava e ossos mortos

reviviam. Suas obras eram como graciosos camafeus cujo valor não se avalia por seutamanho. Sua pregação se caracterizava pela intensidade espiritual que penetrava no

coração do ouvinte e o ajudava a ver Deus. Feliz é o cristão que possui um livro de

Tozer à mão quando sua alma está sedenta e ele sente que Deus está longe.

Tozer, em suas obras, nos entusiasma tanto sobre a verdade que nos esquecemos de

Tozer e tratamos de pegar a Bíblia. Ele mesmo sempre dizia que o melhor livro é

aquele que faz o leitor parar e pensar por si mesmo. Tozer é como um prisma que

concentra a luz e depois revela sua beleza.

(Adaptado da Introdução do livro O Melhor de Tozer, vol. 2. © CCC

KabúO jovem africano que ensinou aos seus mestres acerca do

Espírito Santo

 Kabú era oriundo da África, mais precisamente da tribo Kru. Ele eraum puro africano. Também era filho de um rei, mas isto não querdizer que a sua família era rica. Um rei naquela terra podia ser um

homem que guiava a um pequeno grupo de famílias.

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Quando ele ainda era muito pequeno, outra tribo africana fezguerra com a tribo de seu pai e esta outra tribo venceu. Levaram aopequeno Kabú como prisioneiro. Os seus captores realmente não o

queriam para fazer dele um escravo, mas antes, o fizeram um refém,com a esperança de que o seu pai ou outros parentes pagassem para

libertá-lo. Nos anos posteriores, Kabú supôs que alguém havia pago opreço, (embora, sendo ele ainda muito pequeno, não podia certificar-

se do que ocorria) pois, passando o tempo, foi restaurado a suaprópria gente, permanecendo com ela até os onze anos. Nesta idade,

foi sequestrado outra vez. Desta experiência ele podia lembrar-semuito bem, visto que já era maior um pouco.

Em certa ocasião, seu pai foi até os captores para resgatá-lo. Mas,não tinha o suficiente para cumprir com o seu propósito. O seu

“dinheiro” consistia de marfim, goma e outras coisas semelhantes,pois não se utilizava o dinheiro naquela terra assim como o

conhecemos hoje. Além de oferecer estas coisas, o seu pai ofereceudar a irmã de Kabú ─ que era mais jovem do que ele ─ em troca. Masos seus captores não quiseram, pensando que um menino valia muito

mais do que uma menina. Ao tomar conhecimento disto, Kabúexclamou a seu pai para não fazer tal coisa, dizendo-lhe que ele

próprio era mais maduro do que ela, e poderia aguentar asdificuldades melhor do que a sua irmanzinha. Mas os dois reis não

puderam chegar a um acordo, e Kabú foi deixado no cativeiro.Depois, o dono de Kabú começou a abusar de Kabú muito mais do

que antes. Ele pensava que por agir assim, o pai de Kabú voltaria epagaria o preço desejado, pois o captor informou ao pai sobre os

sofrimentos do filho. Numa conversação que ocorreu anos depois,Kabú comentou a respeito desta época da sua vida, dizendo:— Aquele homem tão cruel me açoitava cada dia sem motivo

algum, e a cada dia o fazia com mais força.— Com o que te açoitava?

— Com algo parecido a uma corda.— E ele fazia você tirar a blusa para isto?

—Oh, senhor Reade! — respondeu Kabú com um sorriso — Tirar ablusa? No meu país não tínhamos blusas, nem camisas, nem calças

compridas!Desta forma era Kabú açoitado sem compaixão pelo cruel homem,com o objetivo de poder conseguir um pouco daquilo que é materialdeste mundo passageiro. Mas um dia, os açoites chegaram a ser tãoduros que Kabú já não podia aguentar mais. De repente, enquantorecebia um açoite, Kabú saiu correndo para a mata, sem saber para

onde se dirigia. Mas, Deus ─ Que cuidou de Ismael quando a sua mãeo lançou sob uma árvore, abandonando-o para não ver o seu

sofrimento ─ cuidou de Kabú também. Deus tinha uma obra paraKabú realizar, e, mais tarde, os seus sofrimentos se converteriam embênçãos para outros. Assim...a senda da sua vida foi marcada desde o

princípio.

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Deus o guiou através da selva, de um lugar para o outro, até quechegou na costa. Não se sabe o quão longe Kabú havia viajado,

tampouco ele mesmo o soube. Sabia somente que levou muitos dias,e que havia muitos perigos pelo caminho.

Kabú era um pagão, e não sabia nada a respeito do Deus

verdadeiro. Contudo, o Deus que cuida das aves providenciou a suacomida, e o Poder que guiou os magos a Belém, guiou a este pobremenino para a costa e depois ao próprio Cristo. Depois de chegar na

costa, começou a trabalhar numa plantação de café, recebendo comopagamento, comida e alguma roupa.

Mas Deus estava mostrando a Sua misericórdia a Kabú, mesmosendo muito provável que ele não reconhecesse isto naquela ocasião.Havia outro jovem que trabalhava na mesma plantação, que havia seconvertido a Cristo. Este jovem falou da sua fé a Kabú, e o levou a um

culto da sua igreja ─ apesar de que Kabú não podia entender nem

sequer uma só palavra na igreja (pois ainda não sabia o idiomainglês), e não podia compreender o que era a igreja, a Bíblia e apregação. Anos depois, Kabú testificava que sentiu a presença de

Deus naquele lugar. Enquanto ele estava ali, reconheceu a suaperdição e a sua pecaminosidade. Desta forma saiu daquele culto ─ oseu primeiro ─ com um coração ansioso e uma mente desejosa. Semsaber, era como o estudioso eunuco Etíope, que necessitava de um

Filipe para que o guiasse.Depois de escutar o seu amigo orar, Kabú perguntou-lhe o que

estava fazendo. O seu companheiro lhe disse que falava com Deus.

— E, quem é Deus? — continuou perguntando Kabú.— É o meu Pai — disse-lhe o seu amigo.— Então — argumentou Kabú —, está falando a teu Pai.

A partir deste momento, Kabú sempre chama a oração “falar aoPai”. E, ao sentir a convicção do pecado naquele culto, ele, também,começou a “falar ao Pai”. A convicção que sentiu não foi a do tipo queé tão comum hoje: foi forte e constante, tanto... que foi impulsionado

a “falar ao Pai” em voz alta, em horas “fora de tempo”, segundopensaram alguns. As vezes os seus gritos eram ouvidos a meia-noite.

Por fim, os que trabalhavam com ele o declararam que ele os

perturbava e lhe disseram que se não pudesse ficar em silêncio entãoque teria que sair do quarto. Então, saiu para a mata ─ noite apósnoite ─ para continuar a sua luta, assim como Jacó em Peniel.

Certa noite, permaneceu na mata até muito tarde, e por fim voltoupara o seu humilde quarto para dormir, já todo cansado e afligido.

Mas ele não podia dormir. Ainda que a sua língua ficasse em silêncio,mas o seu coração continuava orando até que, de repente... o seu

quarto pareceu iluminar-se! A princípio, Kabú pensou que era oamanhecer, mas todos os outros continuavam dormindo. A luz

iluminava mais e mais, até que o quarto se encheu da glória de Deus.Por sua vez, o peso do seu coração desapareceu e em seu lugar

reinou grande paz. Ele sentiu o seu corpo tão leve como uma pluma,tanto... que Kabú pensou que poderia voar!

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 Tanta glória não podia ser contida. Kabú começou a louvar e asaltar como o homem que foi curado na porta Formosa (Atos 3:8). Em

seguida, todos os que estavam no quarto despertaram e nãopuderam dormir pelo resto daquela noite, mas muitos creram que

Kabú havia enlouquecido.

Assim foi a sua conversão: simples, definitiva e poderosa.Normalmente, Kabú não era muito emotivo nem muito aberto: Aocontrário, ele era considerado como uma pessoa muito calma. Mas

quando falava da sua conversão, os seus olhos reluziam como o fogoe todo o seu corpo tremia de emoção. A sua aparência era a de um

poeta quando cantava: 

Oh, momento sagrado!Oh, sacrossanto lugar!

Não importa o que me aconteça,Meu coração sempre pensará em ti.

E quando me levantar para ir,Acima no meu lar celestial,

Olharei uma vez mais,Ao lugar onde fui perdoado.

Não se sabe por quanto tempo ele ficou trabalhando naquelaplantação de café. Somente se sabe que foi suficiente para aprender

o inglês, e para aprender a ler e a escrever um pouco. Enquantotrabalhava ali, uma missionária apelidou-o de ‘Samuel Morris’. E, por

este nome o conhecia a maioria dos que falavam este idioma. Alémde ensinar-lhe a ler e a escrever, a mesma mulher ensinou-lhe obásico do evangelho.

Com o passar do tempo, deixou a plantação de café e se mudoupara um povoado, onde aprendeu a pintar casas. Em tal ocupação

trabalhou por alguns anos. Mas, em seu coração, sentiu um crescentedesejo de pregar para a sua própria gente a respeito do bendito

Salvador que havia lhe dado tão gloriosa salvação. Foi assim que umdia visitou a um missionário, e compartilhou com ele o que sentia em

seu coração ─ sobre o desejo em seu coração de pregar para a sua

própria gente.O que ocorreu causa grande tristeza, sendo que o mesmo aindaocorre muitas vezes. Aquele missionário disse a Kabú que para poderpregar o evangelho, necessitava educar-se. E, para educar-se, teria

que ir aos Estados Unidos. Além disso, para ir aos Estados Unidos, lhecustaria US$100.00. [Hoje em dia, poderia ser uns US$1000.00: uma

grande quantia para um jovem tão pobre.]Que conselho errado! Mas tal atitude é muito comum, isto é, a idéia

de que um homem tenha a necessidade de estudar numauniversidade ou num seminário para poder pregar. A Bíblia não

ensina tal coisa. Na verdade, muitos dos apóstolos eram homenspobres e sem estudo: exatamente como Kabú!

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Mas apesar de receber um conselho equivocado, Deus o usou.Deus na Sua grande sabedoria e misericórdia, permitiu que Kabúseguisse tal conselho... para demonstrar quão errado o mesmo

realmente era!Ao receber este conselho, Kabú se retirou para a mata ─ o lugar

que usava para conversar com o seu Pai ─ para falar-lhe a respeito dasituação. Ele orou desta maneira:

— Agora, Pai meu... Tu me chamou para pregar para a minhaprópria gente. Mas, o missionário disse que não posso pregar sem sereducado, e para educar-me, tenho que ir para os Estados Unidos. Pai

meu, Tu sabes que não tenho nem sequer um centavo. Agora, porfavor, abra-me o caminho.

A partir daquela oração em diante, Kabú sempre acreditou queDeus já havia determinado que o caminho fosse aberto. Destamaneira, estava esperando que viesse uma embarcação que o

levaria até o país tão distante de seu lar.Durante este tempo, houve uma jovem missionária que havia

chegado dos JUL. para trabalhar na África. Esta jovem havia nascidodo Espírito Santo e havia aprendido a diariamente andar debaixo da

Presença Divina. Seus co-missionários pensavam que ela não poderiaconseguir nada no seu campo de trabalho, visto que, muitas vezes,

ela preferia estar sozinha. Mas, parece que ela estava desfrutando daíntima comunhão com o Pai.

Quando Kabú escutou a respeito da chegada dela, caminhoumuitos quilometros para visitá-la. Cheia do Espírito Santo, ela ficou

muito alegre, compartilhando com Kabú sobre o que experimentava.Não se sabe se era por falta de ensino acerca do Espírito Santo ounão, mas Kabú sentiu um grande desejo de saber mais sobre Ele. Elevisitou e escutou a missionária várias vezes para aprender mais, mas,por fim, ela, cansada pelas muitas perguntas de Kabú, disse-lhe quese desejasse saber mais, teria que perguntar a Estevam Merritt, pois

este homem havia ensinado a ela tudo o que ela sabia acerca doEspírito Santo.

Ao escutar este conselho, Kabú lhe disse:—Então, irei. Aonde ele vive?

—Em Nova York — respondeu ela sorrindo.Outra vez percebe-se que deram a Kabú outro conselho errado. Porque não o aconselharam a procurar na Bíblia ou que se valesse da

oração?Contudo, a missionária não viu a Kabú outra vez: ele já havia

empreendido a sua viagem aos Estados Unidos! Ele viajou muitosquilometros, até que por fim viu uma embarcação, e logo um

barquinho desceu com alguns marinheiros. Kabú se aproximou docapitão e lhe pediu que o levasse para Nova York. Com maldições e

maus-tratos ... foi-lhe negado. Mas, Kabú tinha a plena segurança que

era a vontade de Deus que ainda fosse. Depois de receber umaresposta negativa na sua segunda tentativa, dormiu na areia da praianesta noite.

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Na manhã seguinte, Kabú pediu pela terceira vez que o levassem aNova York.

O capitão lhe perguntou:— Em que podes trabalhar?

— Em qualquer coisa — respondeu Kabú.O capitão pensou que isso queria dizer que Kabú sabia fazerqualquer trabalho de um navio, mas, realmente, o que Kabú queriadizer era que estava disposto a fazer qualquer tipo de trabalho. E,visto que dois marinheiros recentemente haviam abandonado as

suas posições, o capitão mandou que Kabú entrasse no navio.— E, o que deseja? — perguntou o capitão, referindo-se ao salário

de Kabú.— Quero ver a Estevam Merritt — explicou Kabú.

Dessa forma, Kabú começou a sua viagem pelo mar, não sabendo

nada sobre navios e nem sobre o mar. No terceiro dia, Kabúencontrou-se com outra prova: o enjôo. Mas, outra vez, a fé delevenceu. Ele se ajoelhou e orou, dizendo ao Pai:

— Pai, Tu sabes que prometi trabalhar para o capitão todos os diasaté que cheguemos a América. Mas não poderei se estiver doente.

Retire de mim, então, esta enfermidade. — E, daquele momento emdiante, sempre esteve bem e pôde cumprir com os seus quefazeres.

A sua ignorância lhe causou muitos sofrimentos ─ ele foi golpeado,malfalado e maltratado muito. Mas, a sua paz era como um rio, a sua

confiança era grande e a sua segurança era doce. Tanto...que o

capitão convenceu-se de seu pecado e se converteu! E, o fogo doavivamento correu pelo navio, até que a metade dos marinheirostambém se entregaram a Cristo!

Ao chegar a Nova York, os marinheiros deram-lhe roupas (poiscomeçou a viagem com muito pouca roupa e sem sapatos) e odespediram. Kabú desceu do navio e se aproximou do primeiro

homem que viu; um transeunte.— Onde está Estevam Merritt? — Kabú perguntou-lhe.

Deus estava guiando a Kabú, porque Estevam Merritt vivia na outraparte da grande cidade ─ a uns 5 ou 6 quilometros deste lugar. No

entanto, o homem lhe respondeu:— Eu o conheço; ele mora na Oitava Avenida, do outro lado dacidade. Guiarei você até lá se me pagar um dólar.

— Vamos — disse Kabú; apesar de que não tinha nem sequer umcentavo.

Ao chegar ao lar de Estevam, este estava saindo de sua casa parair ao culto.

— Ali está — disse o guia. Kabú se aproximou de Estavam e lheperguntou:

— Você é Estevam Merritt?

— Sim — respondeu Estevam.

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— Meu nome é Samuel Morris ─ Kabú usou o seu nome inglês daAmérica ─ Acabo de chegar da África para falar com você a respeito

do Espírito Santo.—Muito bem — disse Estevam — vou ao culto de oração na rua

 Jane. Entre na missão aí na próxima porta. Quando eu voltar,

prepararei para você o teu alojamento.Estevam pagou ao guia e foi para o culto. Kabú entrou na missão.Ao voltar para a sua casa, as dez e meia da noite, Estevam se

lembrou de Kabú. Apressou-se em direção a missão para preparar-lheo seu alojamento. Mas, ao entrar pela porta da missão, o que viu?Kabú já tinha 17 homens ajoelhados ao redor dele! Ele os haviaguiado a Jesus, e todos estavam regozijando-se em Seu perdão.

Depois, Estevam testemunhou que ele nunca havia visto tal coisa emtoda a sua vida. O Espírito Santo havia operado por meio de um pobre jovem africano, que não tinha muita educação e nem tinha “cultura”.

No entanto, ficou claro que o poder do Espírito Santo morava nele.Kabú havia chegado a Nova York numa sexta-feira. Dois dias

depois, no domingo, Estevam convidou a Kabú a acompanhá-lo naEscola Dominical. Kabú nunca havia visitado uma Escola Dominical,

mas consentiu em ir. Assim, Estevam introduziu a Kabú como alguemque havia chegado da África para escutar acerca do Espírito Santo.

Muitos dos que estavam ali riram ao escutar isto. Não obstante,Estevam deu a Kabú a oportunidade de falar.

Estevam nunca soube o que Kabú disse, pois ele teve que atendera outra situação enquanto Kabú falava. Mas ao regressar outra vez,

Estevam se maravilhou: muitos jovens haviam se aproximado ao“altar”, chorando! A presença e o poder do Espírito Santo haviamenchido o lugar.

Alguns dias depois, Estevam teve que ir a outra parte da cidadepara oficiar um funeral. Ele convidou a Kabú para que o assistisse,

dizendo-lhe:— Samuel, quero mostrar-te algo da nossa cidade e do Parque

Central.Kabú nunca havia entrado em um carro puxado por cavalos, e a

sua ignorância sobre tais coisas quase fez com que Estevam sorrisse.

Passaram pelas ruas e por fim chegaram na Grande Ópera. Estevammostrou-a a Kabú e começou a lhe explicar sobre ela. De repente,Kabú lhe perguntou:

— Estevam Merritt, você ora as vezes em um carro?— Sim — respondeu Estevam — muitas vezes tenho sido

abençoado enquanto viajava no carro.Ao receber esta resposta, Kabú pôs a sua mão sobre a mão de

Estevam, guiou-o para que se ajoelhasse e disse:— Vamos orar.

Esta era a primeira vez que Estevam havia se ajoelhado em um

carro para orar. Kabú falou ao Espírito Santo dizendo-lhe que elehavia vindo da África para falar com Estevam acerca dEle, mas que

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Estevam sempre falava de outras coisas, e, que, além disso, queriamostrar-lhe a igreja, a cidade e as pessoas; e que, enquanto isto, eletinha grandes desejos de escutar e aprender acerca do Espírito Santo.

Kabú continuou orando, pedindo que o Espírito Santo tirasse docoração de Estevam todas estas coisas e que o enchesse muito de Si

Mesmo... de modo que Estevam não escrevesse, pregasse e nemfalasse de outra coisa a não ser somente do Espírito Santo.

Sobre aquele dia, Estevam escreveu depois: “Realmente, havia trêspessoas no carro neste dia. Nunca conheci outro dia igual; fomoscheios do Espírito Santo, e Ele fez de Kabú o canal pelo qual eu fui

instruido e capacitado mais do que nunca. Muitos bispos colocaram assuas mãos sobre mim várias vezes e até fui ordenado pelos anciãos

da igreja: mas estes eventos não podem ser comparados com o poderque me sobreveio quando Kabú orava. Santiago Caughey pôs as suas

santas mãos sobre a cabeça de Tomás Harrison e sobre a minha,

orando para que o Espírito de Elías caísse sobre nós, os Eliseus: E,sim, o fogo caiu e o poder veio. Não obstante, recebi poderpermanente no carro, ao lado de Kabú. Desde então, não tenho

escrito nem falado nem sequer uma palavra, senão por e no EspíritoSanto. Kabú foi um instrumento nas mãos do Espírito Santo para omeu crescimento e desenvolvimento nas extraordinárias coisas de

Deus. Kabú foi a Fort Wayne, Indiana, e alvoroçou a Universidade dali(Atos 17:6). Ele viveu e morreu no Espírito Santo, após terminar a sua

obra. E, visto que um homem ou mulher ungidos nunca morrem, avida de Kabú continua dando testemunho hoje em dia. Enquanto euviver, as memórias dele nunca morrerão. Para mim, esse humilde

 jovem era uma maravilha ─ um milagre da graça de Deus. Aprendi aamá-lo como a um irmão, e dele aprendi lições de fé e de

consagração, as quais eu nunca antes conheci.”Então podemos ver que Kabú, aquele jovem africano, ensinou ao

seu mestre Estevam Merritt ─ que era reconhecido por muitos comoum homem muito espiritual ─ acerca do Espírito Santo.

Alguns dos jovens da Escola Dominical haviam formado umasociedade missionária chamada “Sociedade Missionária Samuel

Morris”. Planejaram prover todas as necessidades de Kabú até queele entrasse na universidade, se esta provesse uma educação

gratuita a Kabú. Desta forma, Estevam Merritt escreveu uma carta aUniversidade, pedindo o mesmo. Apesar de que a Universidade haviasido formada recentemente e tinha uma grande dívida, foram dadasas boas vindas a Kabú. E, no mês de dezembro, chegou a Fort Wayne,

Indiana para começar os seus estudos.Imediatamente, Kabú tornou-se uma curiosidade para os outros

estudantes. Não sabia comer muitas das comidas americanas e tinhaque aprender os costumes e a cultura de seu novo lar. Além disso,

havia coisas estranhas para ele, como a neve; tal coisa nunca é vistana sua terra nativa tão quente!

Mas, repentinamente, por meio da sua vida consagrada, foi aceitocomo um filho de Deus. No relato seguinte, pode-se ver um exemplo

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de como pôde ganhar o respeito de seus novos amigos. Ao entrarpara a universidade, um dos mestres perguntou-lhe:

— Samuel, qual dos quartos deseja usar como dormitório?— Oh, Senhor Reade — respondeu Kabú — qualquer quarto estará

bem para mim. Se houver um quarto que ninguém quer, dê-me este.Ao escutar esta resposta... o mestre teve que chorar. Depois deutestemunho de que, em todos os seus anos como mestre nessa

universidade, havia perguntado a mais de mil estudantes cristãossobre qual quarto preferiam; mas Kabú foi o único que respondeu que

queria o quarto que ninguém quisesse.Outra vez, Kabú ensinou a seu mestre acerca do Espírito Santo.

Apesar da sua incapacidade de falar bem o idioma inglês, as vezespregou na igreja. A sua maneira simples, quieta, natural e eficaz de

falar cativou a audiência. Mas as suas “conversas com seu Pai” foramas que ganharam o respeito de seus co-estudantes e mestres.

Enquanto outros dormiam, Kabú orava: nas manhãs, a meia-noite;onde e quando queria. Tão absorto ficava em suas orações, que, asvezes, muitos entravam para ver a cena, mas Kabú não percebia. Seescutasse um toque na porta enquanto orava, continuava orando atéterminar a sua conversa com seu Pai. Depois, com um sorriso, abria a

porta ao visitante, dizendo-lhe:— Entre. Já terminei de falar com meu Pai, por enquanto.

Além de ser amante da oração, Kabú se converteu em um amanteda Palavra, apesar de que a leitura era difícil para ele. No entanto,

quando tinha a oportunidade, fazia a leitura, ou, se alguém estivesse

visitando-o, lhe pedia que fizesse a leitura de um capítulo. Para Kabú,a Bíblia era outro meio de escutar a voz de seu Pai.

Kabú gostava de viver nos Estados Unidos. Mas o seu desejo eravoltar para o seu próprio país para pregar para a sua própria gente. O

seu amor a Cristo era mais forte do que o amor a comodidade.Contudo, o desejo de Kabú nunca se tornou realidade. O forte frio de

Indiana, com temperaturas de 20 graus abaixo de zero, erademasiado para o seu corpo africano, e no mês de janeiro do ano de1893, sofreu um forte resfriado. Durante os meses seguintes, pôde

estudar, mas não pôde vencer a enfermidade por completo.

Pouco a pouco, o seu corpo foi perdendo as forças. Kabú soube queo seu fim se aproximava; mas dele não se escutou nem sequer umaqueixa. Quando lhe perguntaram de seu desejo de voltar ao seu país

para pregar, disse:— Outros podem fazer a obra melhor do que eu. Não é a minha

obra, é de Cristo; Ele tem que escolher a seus próprios obreiros.Vendo que a sua morte estava muito próxima, perguntaram-lhe se

temia a morte. Kabú sorriu e respondeu:— Oh não, Senhor Reade. Depois que eu conheci a Jesus, a morte

se converteu em minha amiga.

Depois, Kabú passou para a eternidade num dia do mês de maio doano de 1893.

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O seu funeral foi presenciado por centenas de pessoas, e muitoshomens fortes choraram sem ter vergonha alguma. Por quê? Não era

Kabú somente um pobre jovem africano?Sim, Kabú era somente um pobre jovem africano. Mas esse jovemsem educação, sem dinheiro e sem criação cristã tinha algo que

muitos ─ seus mestres, inclusive ─ não tinham: uma íntima relaçãocom o Deus Vivente. Kabú falava com Deus, e Deus com ele. Kabú

caminhava com Deus.Pouco depois da sua morte, durante uma reunião, várias pessoas

estavam compartilhando de como a vida de Kabú havia afetado assuas vidas. De repente, um jovem se colocou de pé e disse que

sentia que Deus o estava chamando para ir a África para pregar parao povo de Kabú, no lugar dele. Quando este jovem se sentou, outro secolocou de pé e disse o mesmo. E, ao sentar-se o segundo, o terceiro

 jovem se colocou de pé e proclamou que ele também sentia o

chamado de Deus. Assim, os três jovens começaram a preparar-separa ir para a África no lugar de Kabú.

O segredo da vida de Kabú está na sua consagração, humildade e fé.Deus é o mesmo hoje em dia. Deus não está buscando a educação, a

riqueza, a sabedoria humana nem a personalidade atrativa; Elebusca uma entrega total e uma fé simples. Qualquer um que se

render a Ele, receberá o mesmo que Kabú recebeu: o derramamentodo Espírito Santo na sua alma.

Glikhikan 

Glikhikan é um nome que poucos, mas muito poucos, conhecem. Já é tempo para istomudar.

 Não se deseja glorificar ao homem mais do que ao Deus que o renovou. Mas por meio de uma vida transformada, alguém pode ver ao Deus Eficaz. Assim, a seguir é

narrada a triste, mas triunfal história de um cristão: um verdadeiro seguidor de Cristo.Glikhikan nasceu em tempos tempestuosos para o seu povo. A Leni Lenape[1] era

uma tribo entre as várias que existiam no leste do que é atualmente os Estados Unidos.

Pela sua natureza, essa tribo não era tão guerreira, como os seus vizinhos, os iroqueses. Não obstante, a natureza humana que se encontra em todo o ser humano não renascidose manifestou nos Leni Lenape também. Havia guerras, reféns e homicídios, junto com

cada pecado nomeado.Além disso, nas décadas antes do nascimento de Glikhikan, homens estranhos

apareceram desde o outro lado do oceano: homens altos, com peles brancas e barbudos.A princípio, haviam poucos, e esses diziam que fugiam da perseguição de seus

governantes, quanto a sua religião. E, os antepassados de Glikhikan venderam-lhes terra[2], pois a terra que ocupavam era uma terra ampla, e, principalmente, viviam em paz

com eles.

Passando o tempo, chegaram mais e mais desses homens brancos. E, além deintroduzir as suas ferramentas de ferro entre os nativos, trouxeram as suas típicas

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guerras ao ‘novo mundo’. Os ingleses, os franceses e os espanhóis lutavam paracontrolar a terra; não somente a terra dos Leni Lenape, mas também terras

desconhecidas por eles, em todas as partes deste mundo. Certamente, os nativossentiam um crescente ressentimento para com todos. Muitos dos primeiros

colonizadores os haviam tratado mais ou menos justamente; mas com o passar do

tempo, se encontravam mais e mais apertados entre mercadores enganosos: entre osfranceses, agora em aliança com os espanhóis, desde o Norte até o Oeste, e os ingleses, pelo lado do Leste.

Os dois grupos pagavam a vários grupos nativos para lutar do seu lado. A tribo deGlikhikan fez aliança com os ingleses, e, no final, estes ganharam, terminando assim os

sete anos das chamadas “Guerras dos Franceses e Índios”. Os exércitos francesesvoltaram para o seu próprio país, deixando a América do Norte nas mãos inglesas e

espanholas.Entre tais eventos revolucionários, nasceu e cresceu Glikhikan. E, certamente, ele

aprendeu como lutar e fazer a guerra. Sabia esfolar bem o crânio de seu inimigo e,

depois, secar o couro cabeludo e levá-lo pendurado como um troféu. Além de chegar aser capitão do clã Lobo dos Leni Lenape, a sua valentia e sabedoria abriu-lhe caminho para ser conselheiro do grande cacique Custaloga. De fato, a sua fama entre os Leni

 Lenape estabeleceu-o como sendo um grande orador nos conselhos.A sua habilidade para expressar-se foi o que permitiu contato com os “mantos

negros”: missionários jesuitas que chegaram com os franceses para “converter” aosselvagens”. Glikhikan estudou o que eles proclamavam, e concluiu que era verdade:mas, somente para os que viviam do outro lado do oceano, não para os  Leni Lenape.Dessa forma, determinou Glikhikan, que aquilo que diziam os Shaman[3]  dos Leni

 Lenape não deveria ser desprezado.Em certa ocasião, Glikhikan foi convidado a debater publicamente com os ‘Mantos

 Negros’ quanto a religião. Foi no lugar indicado e, segundo os outros nativos queassistiram ao debate, Glikhikan venceu ao sacerdote jesuita por completo.

Com o passar do tempo, chegaram outros ‘mantos negros’ para pregar entre os Leni

 Lenape. E, outra vez, os Leni Lenape chamaram a Glikhikan para que fosse a outrodebate público contra a nova religião. Junto com alguns shamanes, ele viajou ao

acampamento dos missionários as margens do rio Allegheny, pensando vencê-los outravez com a sua sabedoria.

Que surpresa encontrou! Em vez de um sujo acampamento de ingleses ou defranceses, encontrou somente com outras pessoas indígenas, como ele próprio. Em vezde soldados ociosos, flertando com as mulheres, e mercadores vendendo rum a todos,

encontrou gente quieta e atarefada vivendo em cabanas construidas com troncos. A ruaestava varrida. As mulheres, vestidas com vestidos longos sem adornos e um amplovéu, que cuidavam das crianças.

Por todos os lados, Glikhikan achou sinais de paz e de ordem. Milhos e abóborascresciam nos campos bem ordenados e cuidados atrás das cabanas. E, quando um grupo

de homens guiado por um ancião chamado Antonio, da tribo Monsi, se aproximou elhes convidaram para comer com eles um banquete de companheirismo com a

comunidade, Glikhikan se impressionou profundamente. Esta religião não era igual ados ‘Mantos Negros’ de Quebec![4]

Chegou o tempo do debate, mas os argumentos e raciocínios de Glikhikan já não

 pareciam válidos, e assim pediu que Antonio falasse primeiro.

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Antonio se colocou de pé e falou acerca do Criador de todas as coisas e depois sesentou.

Depois de um longo silêncio, Glikhikan ainda não sabia o que dizer. Fez sinal aAntonio para que falasse outra vez. Assim, Antonio continuou com a história do Filho

do Criador de todas as coisas, e como ele permitiu que outros o matassem para que

 pudesse dar vida a todos os homens. — Creio que fala a verdade — disse Glikhikan. Depois, se levantou, e juntamente

com todos os seus companheiros seguindo-o em silêncio, voltou ao acampamento dos Leni Lenape, localizado a alguns dias de viagem para o sul.

Ao chegar ao seu próprio povo, Glikhikan pediu ao cacique que este convidasse aosindígenas cristãos, junto com seus mestres, para que viessem a sua comunidade para que

ensinassem aos Leni Lenape como deviam viver. Glikhikan conhecia muito bem asvidas degeneradas e violentas de seu povo e das superstições que os escravizavam.Custaloga, embora com reservas, consentiu, e logo uma nova comunidade chamada

 Langunto Utenuenk [5] foi construida não muito longe deles.

Muitos dos Leni Lenape resistiram aos ensinos dos cristãos nativos. Compraram rume organizaram degeneradas festas e bailes próximo de Langunto Utenuenk , com o

intuito de atrair aos cristãos a seus pecados outra vez. Mas com um categórico propósitoos cristãos continuaram firmes. Em vez de ir as festas e embriagar-se, cuidaram de seussemeados, pagaram as suas dívidas, compartilharam os seus bens materiais com outros

e assistiram as reuniões nas noites para orar e cantar. Tal era a sua firmeza, que osdemais pensavam que os convertidos estavam enfeitiçados!

Depois de observar aos cristãos durante alguns meses, Glikhikan decidiu mudar-se para Langunto Utenuenk. E, depois de chegar numa das reuniões celebradas na igreja,

escutou a um dos ministros: David Zeisberger da Morávia, quando este pregava.Comovido profundamente em seu coração, começou a chorar e voltou para o seu quarto.

Ali, se entregou ao Filho de Deus, e uma grande paz encheu todo o seu ser ao ser  batizado. Era o ano de 1770. O grande guerreiro Glikhikan já havia deixado o reino das

trevas e havia entrado em outro: No reino do Príncipe da paz!De acordo com o costume da época, ele recebeu um nome bíblico no seu batismo:

Isaque. Mas nesta biografía, continuarei usando o seu nome nativo. No decorrer dealguns meses, depois do seu batismo, Glikhikan começou a sua primeira viagem

missionária, juntamente com Antonio da tribo Monsi, Jeremias um cacique Mingo,David Zeisberger da Europa e um outro homem dos Leni Lenape. Em cada comunidade

que visitavam, Glikhikan, por causa do respeito que todos tinham por ele, encontrou pessoas atentas para escutar o seu testemunho.

 No entanto, o cacique Custaloga não gostava da idéia de que Glikhikan havia seconvertido, e disse-lhe — O que quer? Será que pensa que irá receber uma pele branca

 por ter recebido a religião dos homens brancos?Mas Glikhikan respondeu dizendo que não queria uma pele branca, mas sim, queria

conhecer ao Filho de Deus e viver com Ele para sempre.Outro capitão Leni Lenape, que se chamava Koquethagakhton (Olhos Brancos) que

era muito amigo de Glikhikan desde a sua juventude, perguntou-lhe a respeito da suaconversão. Ao escutar a pergunta, Glikhikan lhe perguntou de volta, — Lembra-sequando coloquei a minha bolsinha de tabaco[6] entre nós e lhe permiti servir-se a

qualquer momento dela, para o resto da tua vida? Lembra-se como prometemos um ao

outro compartilhar todas as coisas, e se caso algum de nós encontrasse algo bom que

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deveria informar ao outro? Bem, eu encontrei aquela coisa boa, e a quero compartilhar com você. Encontrei uma nova vida com o Filho de Deus.

Depois de converter-se, Glikhikan se encontrou com o perigo. Mas, igual ao seuMestre, enfrentou-o sem armas mundanas. Alguns dos indígenas convertidos

construiram novos povoados no vale Tuscarawas no que atualmente é o estado de Ohio.

Sem demora outra tribo muito guerreira do Norte, os Wyandot, atacou-os. Glikhikansaiu para enfrentá-los, mas com dádivas e palavras pacificadoras. E, o cacique dos

Wyandot, Pomoacan, escutou-o e não fez dano aos irmãos.Mas, logo chegaram mais problemas. Durante a guerra revolucionária dos Estados

Unidos, uma jovem cristã (que anteriormente era prostituta) se foi da comunidade dosWyandot. Pois a moça era parente de Glikhikan, e seus captores, irados, rodearam acasa de Glikhikan durante a noite, gritando que o crânio de Glikhikan merecia ser 

esfolado. Glikhikan abriu a porta, iluminando-se com a luz de um lamparina. O silênciotomou a todos.

 — Eu lutaria contra vocês — disse Glikhikan — Sei como lutar e esfolei os crânios

de muitos guerreiros antes de que vocês soubessem a diferença entre o seu pé direito eo seu pé esquerdo. Porém, nunca mais lutarei com arco e com o machado guerreiro.Agora luto ajudado com o poder do Grande Espírito. Não luto mais contra os fazedoresde maldade, mas, luto contra a própria maldade. Aqui estou. Podem levar-me cativo e

levar-me ao seu cacique!O cacique Wyandot o libertou. Porém, mais problemas vieram depois.

Os indígenas convertidos colocaram em prática os ensinos de Jesus quanto a amar aos seus inimigos. A guerra de independência da União Americana estava para estourar,

e ambos os lados, os britânicos e os colonizadores, olhavam para os indígenas comdesconfiança. De fato, os cristãos não se encontravam em nenhum dos dois lados dos

inimigos, e hospedaram a ambos. Por último, o general britânico ordenou que osWyandot levassem os crentes bem ao Norte de Ohio.

As ordens chegaram no final de agosto. No hemisfério Norte, esta é a época do finalde verão, um pouco antes das plantações amadurecerem. Assim, o milho e as abóboras

não estavam no ponto de colheita quando as ordens de partir chegaram. Com muitatristeza, os crentes abandonaram os seus prósperos povoados: Gnadenhütten (Refúgiosda Graça), Schönbrun (Fonte Formosa) e Salém (Paz). A marcha para o Norte foi longa

e dura, e enquanto viajavam, algumas das crianças morreram. A escassa comida que puderam levar consigo, logo se acabou, e antes da chegada do inverno (o mês de

dezembro geralmente), os Wyandot começaram a sofrer de fome no seu novoacampamento.

Durante vários meses, os crentes puderam comprar milho de seus captores. Mesmoestando no cativeiro, os negociantes notaram que os irmãos pagavam as suas dívidas e

não gastavam de maneira errada o seu dinheiro. Mas, na chegada do mês de fevereiro, odinheiro deles se acabou. Haviam comido todas as raízes comestíveis existentes naregião e haviam caçado todos os animais silvestres das redondezas. Desta forma,

Glikhikan e quase outros cem irmãos e irmãs decidiram regressar aos seus povoadosabandonados.

Seus amigos, tanto europeus como indígenas, lhes avisaram quanto aos perigos devoltar para aquela parte do país, pois a guerra prosseguia nesse lugar. Mas as

necessidades eram tão grandes que Glikhikan e os outros irmãos pensaram que não

haveria outra opção melhor. Foi desta maneira que voltaram e começaram a desenterrar as espigas de milho que estavam debaixo da neve, no povoado de Gnadenhütten.

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Em poucas semanas, um dos lados colonizadores os encontrou, isso foi no começo domês de março. Os irmãos os receberam como sempre; como amigos e com

hospitalidade. A princípio, eles fingiram ter interesse na fé dos indígenas. Glikhikan eoutro ancião ministro chamado Tobías falaram com muito zelo aos jovens soldados

 brancos. Os soldados responderam: — Vocês são bons cristãos! — e, pediram que todos

eles se reunissem no dia seguinte.Depois de dois dias de hospedagem entre eles, os soldados revelaram as suas reais

intenções. Até este ponto haviam somente decepcionado aos indígenas, dizendo paraeles que existia um novo lugar pacífico, onde iriam guiá-los para que lá fossem viver.

Mas, então, quando estavam reunidos por volta de noventa homens, mulheres ecrianças, os soldados mudaram o seu tom de voz e começaram a acusar aos indígenascrentes. — Vocês são guerreiros —disseram — Além disso, sabemos que são ladrões.Olhem as panelas, as ferramentas e as roupas dos europeus que vocês usam. Roubaram-

nas de nossos colonizadores!Os irmãos indígenas estavam tão surpresos que não sabiam o que fazer. — Já não

 praticamos a guerra —explicou Glikhikan — Somos seguidores do Filho de Deus e não prejudicamos a ninguém.Mas os colonizadores não fizeram caso das suas palavras, e fizeram uma votação

entre si sobre o que fazer com eles. O coronel Williamson ordenou que todos ossoldados que quisessem perdoar aos irmãos, que dessem um passo a frente. Somente 16

deles o fizeram, deixando a grande maioria a favor de matar a todos.Glikhikan, o guerreiro convertido, olhou nos olhos dos colonizadores. — Somos deCristo — disse — Estamos prontos para morrer. Mas, podem permitir-nos que

tenhamos uma noite mais para nos reunir neste lugar?A permissão foi dada, e trancaram todos os homens crentes dentro de uma das casas

de troncos, e as mulheres crentes dentro de outra. Ali, confessaram os seus pecados,oraram e cantaram toda a noite, animando-se um ao outro e clamando a Cristo.

A matança começou na manhã seguinte. O primeiro que os colonizadores golpearamde morte foi a Abraham[7], um ancião, irmão da tribo Mohicana, que havia crido emCristo por muitos anos. Depois, mataram aos cinco ministros: Jonas, Christian, João

Martín, Samuel e Tobias. Depois, a sete homens casados: Adão, Enrique, Lucas, Felipe,Ludwig, Nicolas e Israel. Depois, aos jovens: José, Marcos, João, Abel, Paulo, Enrique,Hans, Miguel, Pedro, Gottlob e David. Ao terminar com estes, golpearam com a morte

as crianças: Christian, José, Marcos, Jonatan, Christian Gottlieb, Timóteo, Antonio,Jonas Gottlieb, Benjamín e Tomás.

Morreram com nomes bíblicos. Mas, o mais importante de tudo, foi que morreram

como Cristo, não resistindo a seus inimigos, em vez de lutar nas guerras com oshomens.

Da mesma forma, as irmãs morreram, sem resistir aos colonizadores. Amelie, esposade Jonas, Augustina, esposa de Christian, e sete das outras irmãs casadas: Cornélia,

Ana, Joana Salomé, Lucia, Lorel, Rute e Joana Sabina foram golpeadas de morte. Osnomes das irmãs solteiras, de cujas cabeças os soldados retiraram os véus brancos antesde quebrar-lhes as cabeças, foram Catalina, Judit, Christiana, Maria, Rebeca, Raquel,

Maria Susana, Ana Rosina, e Salomé. Depois, onze meninas receberam golpes: Cristina,Léa, Benigna, Gertrud, Ana Cristina, Ana Salomé, Maria Elizabet, Sara, Ana e Ana

Elizabet.

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Além de todos estes (e cinco pessoas que não haviam sido batizadas) os soldadosgolpearam mortalmente com um martelo a doze bebês. Não destruíram as cabeças

destes, pois eram muito pequeninos.Um dos homens mais jovens pôde escapar, escondendo-se sob o piso[8] de madeira

de uma das “casas de matança”. Enquanto acima os soldados golpeavam as cabeças dos

crentes com um grande martelo, Jacob permanecia embaixo do piso, até que tantosangue fluiu sobre ele que se viu forçado a sair do seu esconderijo e fugir para o

 bosque. Pôde escapar, foi um dos dois sobreviventes que puderam voltar aos outroscrentes, aos que não haviam vindo a Gnadenhütten para colher o que fora semeado. Ooutro que sobreviveu foi um menino chamado Tomás. Os soldados o golpearam e o

deixaram como morto em um monte de corpos. No entanto, durante a noite, depois quetodos haviam ido embora, voltou a Neuschönbrunn, já consciente se arrastando, meio

morto e sangrando muito, onde achou ajuda.Glikhikan, o líder dos irmãos, não foi o primeiro a ser morto. Não se sabe o porquê.

Mas quando os soldados agarraram a ele e a sua esposa, Ana Benigna, morreu como

Cristo: amando a seus inimigos.A data deste acontecimento foi em 10 de março de 1782, o dia da última batalha deGlikhikan…e o dia de seu mais notável triunfo. Morreu amando a Deus e a seus

inimigos: uma prova indiscutível de que o reino de Deus havia chegado na terra dosindígenas norte-americanos.

Glória a Deus! 

 ______________________________________________  

[1] São mais conhecidos pelo seu nome inglês: Delaware. Este nome originou-se pelo fato de que muitos dos Leni Lenape viviam próximo do rio Delaware.[2] Segundo alguns, foram os Leni Lenape que venderam a ilha Manhattan aos

holandeses no ano de 1624, pela soma de $ 24. O próprio nome Manhattan é uma palavra indígena que quer dizer “ilha da enconsta”. E, provavelmente foram os Leni

 Lenape a quem o quacre Guillermo Penn lhes comprou a terra, para estabelecer a suanova colônia [No atual Estado da Pensilvânia]. O trato de Penn com os indígenas é

muito merecedor de nota. Tratou aos originários como iguais, pagando-lhes um preço justo pela terra, ainda que o próprio rei da Inglaterra previamente havia dado a referida

terra a Penn, para pagar-lhe uma dívida. Como consequência, não houve lutas entre oscolonizadores da Pensilvânia e os povos originários durante os seguintes cinquentaanos, até que outros homens começaram a tirar a terra dos nativos injustamente.[3] Os ‘Shaman’ foram homens que praticavam o espiritualismo entre os indígenas.

Talvez a palavra ‘bruxo’ seja a que os descreve melhor.[4] Referente aos jesuítas anteriormente mencionados. Este novo grupo era o dos

cristãos chamados ‘irmãos morávios’. As vezes este grupo usava o nome Unitas Fratum[Irmãos Unidos], mas são mais conhecidos como ‘os morávios’, pois muitos saíram de

Hernnhut, uma comunidade cristã do referido país. Alguns dos ‘irmãos morávios’fizeram parte de um remanecente do antigo grupo chamado ‘os irmãos boêmios’, que

tem as suas raízes na reforma promovida por John Hus. A história dos missionários dosirmãos morávios é muito interessante e comovedora. Esta biografía de Glikhikan ésomente um exemplo das suas muitas realizações.

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[5] Este nome quer dizer, ‘cidade de paz’.[6] Parece ser uma forma de fazer compromissos entre aquelas pessoas.

[7] Deve-se lembrar que os nomes relacionados dos crentes aqui em diante são seusnomes bíblicos. Todos foram crentes indígenas.

[8] As casas de madeira nos Estados Unidos muitas vezes tem um piso de madeira uns30 centímetros acima do nível do solo, dando assim espaço para que possa entrar alguém por debaixo do mesmo.

A obra de Deus através deSamuel Heinrich Fröhlich

  A fundação dos “Cristãos apostólicos” na Suíça para a obra

(pregação) de S. H. Fröhlich, nascido em 4 de julho de 1803, emBrugg (Argóvia)

Samuel Heinrich Fröhlich era descendente de uma antigafamília de huguenotes[1]da França, cujo sobrenome era

DeJoyeau. Quando o rei Luis XIV da França revogou o edito deNantes, segundo o qual era permitido aos huguenotes vivertranqüilamente na França, e quando naquela noite de SãoBartolomeu, foram assassinados mais de 40.000 deles, os

sobreviventes escaparam por todas as direções.A família DeJoyeau buscou refúgio na Suíça e ali traduziu o

seu sobrenome para Fröhlich (que significa a mesma coisa).[2]O pai de Fröhlich ere sacristão em Brugg, e por obediência aos

pais, o jovem Fröhlich estudou Teologia. A educação humanista,ele cursou no Ginásio de Zurique, para passar depois para a

nova Universidade de Basiléia.

Naquela época, a doutrina do racionalismo e a lógica,desempenhavam uma parte importante na Teologia. Fröhlich

também a aceitou a princípio, mas esta doutrina não pôdepreservar a Fröhlich de erros e de pecados.

Mas estes pecados não pesavam em sua consciência, graças areferida doutrina, e até chegou a enganar a si próprio dizendo:“O que eu faço não é pecado”; e por último se transformou em

um enganador, caluniador e blasfemador, e neste estado estavaquando fez a sua estréia como pregador. Contudo, esta ocasiãofoi ao mesmo tempo, a última pregação que ele fez estando em

tais condições.

Pela força da Palavra de Deus e pela piedade de Cristo, foilevado ao arrependimento e se deu conta de seu estado

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calamitoso e perdido. Ele tinha calafrios somente em pensarnisto.

Parece que uma voz suave, mas persuasiva e penetrante,dizia-lhe: “Desta forma não poderá prosseguir. Terá que mudar.”

E se sentia atraído, pela primeira vez, em dobrar os joelhos emsilêncio, para orar para aquele Deus desconhecido, o qualprometeu mudar-lhe a a vida (abril de 1825).

A partir deste dia, verificou-se nele uma grande mudança; jánão estava tranqüilo e nem se encontrava a vontade em

nenhuma parte, e procurava algo para preencher o vazio quehavia nele. A sua vida inteira tornou-se em anseio, amargura etemor; e buscava ao Senhor Jesus com muitas lágrimas e com

ardor.

O Salvador transformou-se no ponto central de seuspensamentos e assim escreveu:

“ Todo o meu ser foi mantido constantemente debaixo dadisciplina do Espírito Santo, pois a luta contra a natureza antiga,

contra a lei do pecado que vivia em meus membros, logotornou-se difícil, mas em todas as fraquezas que ainda

chegaram a me vencer, jamais fiquei desamparado pelafidelidade do Senhor.

 Tanto os meus pecados, como também a piedade do Senhorme humilhavam de igual modo. Neste forno purificador eu

permaneci por muito tempo, até que por fim, firmada a minha fécompletamente em Cristo, o Crucificado, me concedeu a paz,

tranqüilidade e luz, e me transformou em um novo ser.”(Outubro de 1825)

Nem sequer o seu corpo ficou ileso naquela ocasião, poissobreveio-lhe uma enfermidade do peito da qual padeceudurante um ano. Mas nunca se lhe apresentou mais viva abenignidade do Senhor em seu coração, do que naquela

temporada (1826).

No dia 27 de maio de 1827, depois de repetidos exames,Fröhlich foi confirmado como pregador da igreja protestante,concebendo depois de uma prolongada espera um lugar de

representante interino em Wagenhausen (Turgóvia) e depois depastor em Leutwill na costa do lago Hallwil (Argóvia)

O poder do Senhor o acompanhava e deu as suas palavras talforça, que a sua pregação do Cristo ressuscitado passava como

uma espada de dois gumes pelos corações dos ouvintes eoriginou uma grande incitação, tanto que muitos se prostraram

aos pés de Jesus. Também dos povoados vizinhos recorriam

pessoas ansiosas da sua salvação, para escutar a sua Palavra,tal era a situação que a igreja, antes pouco freqüentada, tornou-

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se depois muito pequena. Mas aqueles que eram contra oevangelho, procuravam motivos para eliminar a este novo

pregador da Verdade, que lhes era muito incômodo. O próprioancião e enfermo pregador dessa igreja se converteu, ao

escutar a doutrina evangélica de Fröhlich. No serviço funeraldele, Fröhlich pregou que esse recém convertido, havia recebidoo perdão de pecados nas suas horas finais, através de colocar a

sua fé em Cristo: o qual não agradou aos outros pregadoresprotestantes.

Nos dias da páscoa de 1830, o conselho eclesiástico substituiuo anterior catecismo de Heidelbern por um novo de tendênciaracionalista, para os ensinos religiosos das crianças. Depois de

um minucioso exame, Fröhlich não podia determinar o uso destenovo compêndio porque: “em vez de guiar para a verdadeira fé

de Cristo, continha os fundamentos da doutrina da lógicaracionalista”.

Por este motivo e por outros, segundo os quais Fröhlich sepermitiu opor certa resistência, foi chamado a prestar contasperante o conselho eclesiástico (27 de setembro de 1830).Defendeu-se bem e se impôs com os fundamentos da sua

persuasão de modo que despediram-lhe sem resultados, depoisde submetê-lo a várias perguntas. Mas os eclesiásticos deArgóvia resolveram censurar, pelo decano Frikart, as suas

futuras pregações.

Certamente, uma doutrina que ensinava o renascimento porarrependimento, fé e batismo era obrigado a lutar contra o

consistório; o qual exercia uma doutrina de fórmula sem vida.

Depois do envio de dois pastores de Basiléia que tiveram amissão de examinar e convencer a Fröhlich, e que não tiveram

êxito, persuadiu-se o conselho eclesiástico da inutilidade deseus esforços.

A respeito da transferência do seu posto na igreja Leutwil,com cujos componentes se havia apegado carinhosamente,

escreveu uma carta:“A minha transferência me foi comunicada prontamente no

dia 22 de outubro de 1830, pelo Conselho, de modo que nemsequer permitiu-me realizar uma pregação de despedida aos

meus amigos tão queridos. Acompanhado de milhares delágrimas e bênçãos, seguia o meu caminho no dia 25 de

outubro.”

No dia 4 de julho de 1831, o chefe de departamento de Brugg,convocou-o para comunicar-lhe as seguintes resoluções do

governo de Argóvia:

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a) Fica apagado o seu nome da lista dos pastores da provínciade Argóvia.

b) Qualquer função, como ensinar, batizar e repartir a SantaCeia, lhes são proibidas.

c) A todas as dependências protestantes e católicas daprovíncia, foi-lhes comunicada a ordem severa, em caso dedesobediência, de prendê-los pela policia e enviá-lo, depois de

duras repreensões, ao seu povoado natal.

Depois, a ruptura com a igreja oficial foi um ato consumado. Oque fazer agora?... Submeter-se a lutar contra o poderio das

trevas? Procurando esclarecimento destas perguntas, entrega-se em suas aflições a Deus.

Depois, foi para a sua casa paterna em Brugg, onde preparava

em silêncio durante um ano, a sua vida para a obra para a qualDeus o tinha destinado. Sentia-se como que sacudido e como Josué na prisão, esperando que Deus o livrasse dela. Mas não

podia estar ocioso tampouco, pois uma vertente viva e forte nãose esconde tão facilmente.

Aceitou como uma providência divina a um convite deWilhelmsford em Wurtemburg (Alemanha) para pregar a um

grupo de crentes (1831) que havia se separado da igreja estatal.Não obstante, a estes também não se agradavam da doutrina

de Fröhlich, pois apoiavam o batismo de crianças e somente por

causa das fórmulas da liturgia batismal haviam se separado daigreja oficial.

Mas a convicção interna de Fröhlich não lhe permitia batizaras criancinhas, na qual se acostumava (segundo a liturgia

antiga) chamá-las pelo seu nome e formular-lhes cincoperguntas, as quais deviam ser respondidas por testemunhas.

As perguntas e respostas eram as seguintes:

1) Você se opõe a Satanás e a todas as suas obras? Resposta:“Sim, oponho-me!”

2) Você crê em Deus, o Pai Celestial? Resposta: “Sim, creio!”3) Você crê em Jesus Cristo? Resposta:“Sim, creio!”

4) Você crê no Espírito Santo? Resposta: “Sim, creio!”

5) Quer ser batizado, pois, nessa fé? Resposta: “Sim, quero!”

Fröhlich escreveu a respeito disto: “Este jogo com o sagrado,eu não permitiria que se tornasse minha convicção”. Por este

motivo, tornou-se impossível solicitar ou aceitar um posto comopregador em qualquer parte.

Através de um pregador de Frankfort-am-Main, conheceu aSociedade Continental em Londres, a qual sustentava a

missionários e pregadores. Um destes, o também transferido

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pastor Bost, já havia conseguido um posto em Genebra. Porintermédio dele, solicitou e conseguiu Fröhlich um posto de

pregador-diáspora nas margens do rio Reno.

Primeiramente Fröhlich ocuparia um posto como mestre

particular em diferentes famílias e em diferentes povoados. Aomesmo tempo freqüentava os círculos dos “Antigos Batistas”[3](Menonitas), aos quais também pregava. Também ficava aindaem comunicação com a sua igreja anterior de Leutwil (Suíça).

Em fevereiro de 1832, foi batizado por Bost em Genebra ecomeçou outra vez a pregar em comunhões privadas aqui eacolá, mas agora pregava o verdadeiro evangelho. Dirigia osseus ouvintes para Cristo por meio do arrependimento, fé e

batismo, segundo a palavra do Senhor e assim como o faziam osprimeros cristãos.

No dia 9 de janeiro de 1836, Fröhlich escreve em uma carta:“ Jamais tive a intenção de fundar uma seita, mas o meu fim

era e é ajuntar aos filhos de Deus.

Se eu não tivesse colocado a minha confiança no Senhor, meuDeus, convencido de que ele me havia ordenado para pregar oEvangelho, teria que me lamentar de ter começado uma obrasem contar com a bênção divina ou contra a vontade de Deus.

Mas agora eu lhe encomendava toda a obra em suas mãos, paraque ele a guie conforme a sua vontade.”

A evangelização

Em abril de 1831, Fröhlich começou com a sua missãonaquela igreja Leutwil, onde já atuou anteriormente como pastor

protestante. Nem bem havia se divulgado a notícia da suachegada, juntavam-se diariamente (ao entardecer) de 200 a 300pessoas para escutar dele o Evangelho de Cristo. E ainda que a

maioria estava ansiosa, havia entre eles também espiões.Decorrido 8 dias, solicitaram-lhe muitos ouvintes, que mesmo

antes haviam recebido os seus ensinos, aos quais Deus já havia

preparado, que os batiza-se. Fröhlich os examinava primeirocom profundidade, para ficar completamente convencido dasinceridade da sua fé e de seu conhecimento da Palavra, epedia-lhes que pensassem bem no que estava envolvido e

também nas conseqüências, antes de carregar a cruz de Cristo.Logo depois, os batizava segundo as instruções do Senhor; e nodia de Pentecostes do ano de 1831, tomou pela primeira vez a

Santa Ceia com 38 membros.

Mas, enquanto isto, os inimigos não ficaram com os braçoscruzados ou melhor dizendo, Satanás. No dia de 13 de abril de

1831, ao entardecer, havendo-se reunido muitos, apareceu umpolicial, ordenando que todos os que haviam dado hospedagem

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a Fröhlich aparecessem diante do prefeito. Não obstante,Fröhlich continuava sem temor pregando a Boa Nova, o que

teve como conseqüência de ter que apresentar-se também aoprefeito. Ali ordenaram-lhe que abandonasse imediatamente o

povoado e que fosse para o seu povoado natal, Brugg. Semresultados apelava para a última instância provincial,

apresentando-se pessoalmente. Sob ameaças, foi despedido.

Em 6 de maio, um policial arrancou-o do meio de uma reuniãoe levou-o para Lenzburg para dar contas do seu proceder.

Quanto a pergunta: Quem te ordenou que pregasse?, Fröhlichrespondeu tranqüilamente:

— Cristo!

O irado prefeito levantou a mão para pegar-lhe, mas asegurou e lançou-lhe uma torrente de insultos. Por último, abriu-lhe a sua roupa e esvaziou os seus bolsos, procurando os seus

livros e depois ordenou ao policial que o colocasse no calabouço.Mas como Fröhlich alegava que o prefeito da província de

Argóvia não o havia prendido, então soltaram-no. Do lado defora, esperavam-lhes dois irmãos que o haviam seguido até ali

para ver o que fariam com ele. Saudou-os como se fossemanjos, e os três voltaram juntos até Brugg.

Visto que parecia impossível poder continuar pregando naprovíncia de Argóvia, Fröhlich dirigiu-se outra vez ao pastor Bost

em Genebra com as palavras:— Aqui em Argóvia sou declarado proscrito. Aonde devo

dirigir-me?

E considerava a si mesmo em sua missão como “principianteou aprendiz”. De fato, desejava que pudesse ter acompanhado a

São Paulo para aprender “como se divulga o Evangelho comsimplicidade e sabedoria”.

Quando Fröhlich apelou para as autoridades alegando a“liberdade de confissões”, responderam-lhe:

— Pode crer no que quiser, mas não divulgá-lo.Em julho de 1832, Fröhlich viajou para Berna onde planejava

encontrar-se com o pastor Bost, mas este já havia ido outra vez,pois haviam-lhe dito que Fröhlich não viria, porque estava presoem Argóvia. E com a intenção de não desperdiçar a longa e cara

viagem que fez, Fröhlich decidiu iniciar desde a própria Bernaem viagem missionária. O seu caminho o conduziu a Thun, ondeencontrou amável acolhida na casa do Governador Goumoens,sendo que na sua casa já celebravam reuniões de culto cristão,e por isto, este já havia sido acusado publicamente. No dia 21de julho, Fröhlich pregava ali, na presença de uns 30 irmãos,sobre Lucas 14:25-27. No domingo seguinte, pregou em uma

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aldeia próxima e também para as crianças. Ali entendeu que justamente aqueles que parecem ter bom fundamento no

Evangelho são os que mais se opõem a pura verdade, e disse arespeito:

“ Tenho adquirido a experiência de que não é bom ensinar aseus semelhantes já suficientemente instruídos, pois assim secorre o perigo de edificar sobre fundamento alheio, e que

convém muito mais colocar primeiro, bom alicerce para poderconstruir com toda confiança.”

Em Lauterbrunnen, encontrou-se com outro pastor crente, oqual também esperava a sua transferência, e juntos pregaram

ali o Evangelho. Estas reuniões foram muito abençoadas.

Em 4 de agosto de 1832, caminharam estes dois evangelistasa uma distância de oito léguas, sendo surpreendidos no caminho

por uma forte chuva, mas por fim chegaram, na entrada deWengernalps, a Grindelwald (província de Grisón). Ali

 justamente estava sendo celebrada a festa tradicional dosmontanheses, ou seja a “luta suíça”. Portanto, pouco era odesejo das pessoas de escutar as palavras de Fröhlich, que

dirigiu-lhes algumas palavras do Evangelho. No dia seguinte, nocaminho para Interlaken, Fröhlich ficou gravemente enfermocom um resfriado e com febre, vendo-se obrigado a passar anoite em Gsteig, onde, apesar de tudo, falou diante de uma

reunião que se formou ali. E ocorreu-lhe o de sempre, querdizer: enquanto pregava, se sentia regular, mas nem bem haviaterminado, abandonaram-lhe as forças.

Contudo, se levantou no outro dia, mas muito doente, e comonão podia ficar ali, caminhou como pôde para Unterseen, ondeembarcou para Thun. O já mencionado Governador Goumens,assustou-se ao vê-lo tão decaído e enviou-o imediatamente a

um médico cristão em Berna que se chamava Dr. Niehms; e alirecuperou as suas forças depois de duas semanas.

Em 11 de agosto de 1832, Fröhlich se comunicou por escrito

com Cristian Gerber, Langnau (Enmenthal), que dirigia ali umacongregação de Batistas; ainda que nunca o havia visto, mashavia ouvido falar deste Gerber, e sabia que ele pensava do

mesmo modo que ele a respeito do batismo.

Dez dias mais tarde, foi pessoalmente a Langnau para visitá-lo. Gerber era um ancião de barba longa e branca, e se

aproximava dos 70 anos de idade. Numa reunião de todos osdiáconos (dos Batistas) daquele lugar, Fröhlich apresentou comolegitimação [4] a cópia daquela carta que continha as respostas

a seis perguntas que lhe haviam sido apresentadas no dia 14 demaio do mesmo ano. Os presentes pareciam satisfeitos com

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isto, somente observaram que na carta não havia tocado notema do serviço militar.[5]

Fröhlich pregava diariamente naqueles lugares, quase sempreacompanhado de Gerber. O interesse nestas reuniões crescia

constantemente e no dia de domingo, 2 de outubro, oscilou onúmero de crentes e ouvintes entre 400 e 500, em Laugnau.Segundo o costume da época, a pregação durou 3 horas, e o

tema foi o de São João 16:7. A palavra não ficou sem resultados,não obstante, o inimigo advertiu o perigo para ele. Na manhã

seguinte, o pastor da igreja protestante levantou a voz,prevenindo o povo do “perigo”. Apesar da defesa que um

diácono presente se animou a fazer a favor do acusado Fröhlich,este foi convidado a apresentar-se ao Governador, o qual

resolveu, depois de um breve interrogatório, que o acusado

deveria abandonar o povoado dentro de 24 horas. O anciãoGerber o levou com a sua própria carruagem por 4 léguas nocaminho e dali seguiu a pé, o valente pregador Fröhlich.

Chegando ao seu povoado natal, Brugg, não pôde resistir atentação, mesmo estando proibido de visitar as congregações

perseguidas em Argóvia. Em Leutwil, onde havia 45 almasbatizadas, havia sido aplicado multas a aqueles que tolerassem

reuniões nas suas casas. Naquela ocasião Fröhlich escreveu:

 Temos em redor uma grande nuvem de testemunhas, as

quais sacrificaram o seu sangue e os seus bens para conseguir aliberdade em Cristo; e nós devemos segui-los na fé e napaciência. (24-9-1832)

Em outubro começou a sua missão em Zurique, onde viviamduas irmãs suas. Ainda que estas se recusassem a segui-lo emseu caminho, pelo menos já não se escandalizavam dele. Entreos seus conhecidos de antes, não encontrou quem o ouvisse,

sendo que ao contrário, se encontrou com um humilde operário:Adolf, que o ajudou na sua obra. Além disso, em Winterthurconheceu a um homem jovem que havia se convertido em

Genebra, e que agora havia se desviado do evangelho.Grande foi a alegria quando voltou a ver os seus conhecidos

de Wagenhausen (Turgóvia), onde há 4 anos ocupava o posto devigário, e visto que não compartilhava a sua opinião a respeito

do batismo, despediu-se deles na confiança de que oentenderiam no futuro.

 Também na província São Galo, encontrou obstáculos, porcausa do batismo, enquanto que em Ferisan (província de

Appenzell) encontrou a muitas almas receptivas.

No dia 21 de novembro de 1832, chegou em Wattwill, onde jáhavia atuado aquele operário Adolf de Zurique, que tendo sido

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expulso pelas autoridades de Zurique, espalhou a palavra edeixou ali (Watwill) várias almas ansiosas. Neste lugar, Fröhlich

ficou durante várias semanas, pregando e firmando osconhecimentos dos crentes do batismo da fé. Depois voltou aHerisan e São Galo. Em Hautwil (Turgóvia) onde nunca esteve

antes, conheceu a certa Família Brunschwiler que estavadesejosa para achar a verdade divina, e que se emocionou

muito pela palavra de Fröhlich e sua interpretação do batismode fé. Com uma das filhas desta família, Fröhlich se casou, no

ano de 1836.

Em Hauptwil, ele recebeu um convite da SociedadeContinental de Londres, para uma temporada de três meses.Ficou surpreendido pela oferta, mas resolveu aceitá-la. Masantes de sair, terminou com as suas visitas e visitou ao seu

povoado natal. Em Argóvia, havia um irmão que recusoupermitir que batizassem a seu filhinho. Por isso, o levaram presoe batizaram a criaturinha a força. Algumas recaídas de crentes

aumentavam a aflição, pela prosperidade da obra.

No final de janeiro de 1833, Fröhlich foi para Londres, ondepermaneceu quase cinco meses. Esta viagem, que se projetoudo Reno para Antuérpia, o levou em vez disso, para Paris. Nos

arquivos da “Strict Baptist Church” (Igreja Batista Estrita), a qualera partidária do batismo da fé, há anotações sobre a estadia deFröhlich em Londres. Mas, se sentia nesta grande cidade como

Elias em cima do monte Horebe e escreveu:“O que estou fazendo aqui em Londres? Não sei bem o porquêdesta viagem por aqui. Sei somente que foi pela vontade do

Senhor e guiado por ele que vim; e aqui estou esperando o quetenho que fazer.”

Ainda que Fröhlich tivesse apreciado muito ter um forterespaldo econômico, se deu conta da difícil situação que seapresentava , pois também a Sociedade encontrava-se emdificuldades econômicas, e de tal modo que já nem podia

sustentar ao pastor Bost em Genebra. Por conselho daSociedade, voltou para o continente para trabalhar onde oEvangelho não era ainda conhecido e onde houvesse mais

consideração e tolerância. Contudo, a indicação de Fröhlich decontinuar a obra em Estrasburgo (porque a França era naquelaépoca o único país que permitia a pregação livre do Evangelho)fracassou, pois o translado, certamente por motivos políticos,

tornava-se impossível. E assim voltou para Brugg.

Tempo de luta

Com nova coragem, depois da sua viagem a Londres, Fröhlichprosseguiu a sua obra na sua pátria. Durante a sua ausência,

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dois irmãos administraram, desde Wurttemberg (Alemanha), ascongregações em Argóvia. A um deles, a polícia levou do meioda reunião, e ao outro quando visitava a um enfermo; assim osdois estiveram durante semanas no calabouço de Lenzberg. Emsetembro de 1833, foram levados para a fronteira, e seus bens

foram vendidos em leilão, “para gastos”.Um irmão de Berna: Matias Hauptm, foi exilado da província

de Argóvia e foi para Toggemburg, de onde fez um chamadourgente a Fröhlich, pois havia várias almas que pediam para serbatizadas. Contudo, Fröhlich escreveu em seu diário (setembro

de 1833):

“Não se aflija tanto nisto, pois a experiência tem me ensinado,e vários se voltam para trás quando Satanás os perseguia

demasiadamente. Todos aqueles que se permitem batizar-se,

devem estar dispostos não somente a participar das bênçãos dacruz de Cristo, mas também devem carregar esta cruz.”

No princípio de outubro, chegou a notícia de Londres (do Dr.Cose) que se havia dissolvido a Sociedade Continental por falta

de condições. Mas Fröhlich não se desanimou com esta mánotícia. Com grande coragem, iniciou uma viagem por Argóvia,

passando pelos povoados: Luhr, Rupperwil, Hunzenschil,Schafisheim, Aesch, e Teufenthal.

Em todas as partes, organiza reuniões e prega, apesar da

terrível dor de um dente molar que o incomodavaconstantemente. A perseguição se levanta. Disse Fröhlich:

“Enquanto eu me calava, me deixavam em paz; mas nembem comecei a falar e testemunhar de Cristo, veio a

perseguição.”

Pela primeira vez, foram nomeados três anciãos (obispos)para cuidar das congregações (dos Batistas) na província de

Argóvia.

 Também em Hauptwil (Turgóvia), onde Fröhlich continuou a

sua obra, havia aceitação da Palavra. As reuniões eramcompostas de até 200 pessoas e já no começo do ano de 1834,havia aumentado o número dos batizados para 60. Este

progresso forçosamente tinha que preocupar ao opositor. Empúblico e até nos jornais, admoestava-se e advertia-se as

pessoas quanto a cuidarem-se destes “sectários ou idealistas”.O resultado era que muitos dos que iam as reuniões foram

espancados com paus e apedrejados. Doze pastores(Protestantes) solicitaram a expulsão de Fröhlich de Hauptwil.

No final de fevereiro, foi derrubada e destruida uma casa (usada

pelos irmãos batistas) por um bando de várias centenas de

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exaltados e mal-informados, sendo que os habitantes puderamescapar a duras penas.

E já estourou a tormenta! Todos os jornais publicaram notíciasde modo que Fröhlich tornou-se célebre em toda a Suíça, sendo

caluniado e contestado. Teve que fugir da Turgóvia, e no seupassaporte figurava como sectário; deste modo foi vigiado emtodas as partes com a maior atenção das autoridades.

As perseguições o levaram várias vezes a Zurique, ondeviviam os seus irmãos, e se hospedava por algum tempo. Neste

lugar, conheceu a Jacques Jacot, com o qual manteve ativacorrespondência a partir desse tempo.

Em Zurique, a verdade ganhou terreno. Jacot se converte eencontra a outros que se harmonizam com ele e que

trabalhavam na obra, não somente nos arredores, mas tambémem toda a província. Os irmãos se juntam principalmente em

Rohr, próximo de Kloten, lugar que durante anos era “ponto deencontro” não somente para reuniões dominicais, mas para

assembléias gerais.

O movimento foi divulgado, graças ao incessante labor deFröhlich, sempre mais e mais, e se estendeu assim também a

outras províncias. E isto nem os jornais conseguiam impedir coma sua propaganda contrária:

“Os Batistas aumentam nas províncias de São Galo,

Appenzell, Turgóvia e Zurique”.E na Argóvia, qualificaram a Fröhlich como “sectário perigoso”

e recomendaram colocar um final nas suas andanças. EmAppenzell, castigaram a alguns crentes até sangrar e os

condenaram, além disso, a pagar uma elevada multa (100florins). Um irmão colocou o Novo Testamento diante do juiz

com as palavras:

— Esta é a doutrina da nossa fé, e se esta é uma doutrina desectários, então nós somos sectários.

Em 26 de fevereiro de 1836, Fröhlich escreveu ao comitê daAssociação dos Batistas em Londres sobre o bom efeito de seconseguir a união das diferentes congregações partidárias do

batismo de fé. Mas, convencendo-se da impossibilidade da suainiciativa, teve que conformar-se com as diferentes

congregações fundadas por ele. Mais tarde (16 de agosto de1836), se dissolveu também a Associação dos Batistas emLondres por motivos econômicos, e como Fröhlich estava a

serviço desta Associação, depois de extinguir-se a “SociedadeContinental”, agora ficou completamente assistido pelos seus

próprios meios. E nesta situação, ele escreveu:

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“Parecia-me que se queria edificar uma casa, sem fazer anteso orçamento. E quanto a mim, eu esperava e confiava em Deus,

sem cuja vontade não caía nem um cabelo da minha cabeça. Jamais depositava a minha confiança somente nestas

Associações, mas no Deus vivente: e aquele que sabe o quesignifica isto não deve temer a nada, ainda que o seu caminhopasse pelo vale das trevas. O Senhor ao qual sirvo, me ensinou

desde o princípio que o seu caminho é estreito e onde seoriginam gastos que somente a piedade de Cristo pode salvar,assim como Paulo experimentou em 2ª Coríntios 12:9; que na

sua fraqueza se manifesta o poder de Cristo.”

A Jos Curney em Londres, Fröhlich escreveu:

“O Senhor me dê sabedoria e piedade para administrarfielmente esta parte da sua casa e para que eu saiba como

andar em qualquer situação. Além disso, é possível que oSenhor separe ainda um grande povo para si, e é possível que

para este fim chegue a utilizar amigos e inimigos.”

Aflições

No ano de 1837, Fröhlich se convenceu da impossibilidade depermanecer por mais tempo no seu povoado natal de Brugg. Até

a esposa do pastor o advertiu “amistosamente” que não erabom que os adeptos de Fröhlich se separassem todos da igreja

oficial, o que ocorria até com os do povo.

Preparando-se para a sua peregrinação, lhe chega uma mánotícia de Zurique: O sínodo eclesiástico proibiu (11 de fevereirode 1837) as reuniões dos Batistas, admoestando seriamente ao

principal, Jacot. Com o trem do correio expresso, Fröhlich sedesloca a Zurique e observa em todas as partes aversão eperseguição. Participantes de uma reunião noturna foram

castigados. Em Rumlang, retiraram do meio de uma reunião aoirmão Huni e o castigaram.

Em seu diário pessoal, Fröhlich ilustra com todos os detalhesas aflições daquela época. Em Zurique, intencionou-se conseguiruma revisão do artigo sobre liberdade religiosa da Constituição

(26 de fevereiro de 1837), a fim de anular esta liberdade eimpor a proibição das reuniões dos Batistas. Aplicava-se multas

em abundância. Em Berna, foi assaltada uma reunião ecastigados os pregadores. Um mestre de escola, Marti, que seconverteu em Batista, foi suspenso de seu cargo e expulso daprovíncia. Em Turgóvia, mergulharam a recém batizados uma

infinidade de vezes na água, quase afogando-os. Lutadorimutável como era Fröhlich, viajava sem cessar de uma parte

para outra, para fortalecer e consolar aos irmãos na fé,encontrando-se em constante perigo. O seu casamento com

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Susana Brunschwiler, o qual não foi realizado pela igreja estatal,ficou também anulado por causa disto, pelas autoridades civis.

Surgiram transtornos sem fim para ele.

Durante meses, Jacot tentou procurar, na parte francesa da

Suíça, cidadania para Fröhlich, mas sem êxito, pois se exigiaestadia de vários anos naqueles lugares. Enquanto isto, asautoridades de Argóvia se apoderaram dos documentos

matrimoniais dos noivos, os quais se achavam em Zurique, e ossubstituiram por uma legitimação para Fröhlich somente. Deste

modo, ficou definitivamente ilegal o seu casamento. Nemsequer permitiram-lhe estar presente (no povoado dela) ao

nascer o seu primeiro filho, e o pastor do povoado requereu daesposa (9 de fevereiro de 1841) que impetrasse ação judicial a

Fröhlich por delito de paternidade. Em 8 de julho do mesmo ano,

a sua filhinha adoeceu gravemente, e quando o aflito pai tentousocorrê-la, não lhe permitiram permanecer junto a sua esposa eda filhinha por uma só noite sequer. Em 3 de julho, a filhinhafaleceu, na ausência obrigada do pai. Em 10 de outubro, foi

aplicada uma multa de 500 Francos para a esposa de Fröhlich.

Em 14 de abril de 1842, nasceu um filho de Fröhlich, e aochegar para uma breve visita por causa deste acontecimento,foi encarcerado em Hauptwil, e a sua esposa foi-lhe aplicadaoutra multa de 150 Francos. Desde então, ficou cruelmenteseparado da sua família, em Zurique, onde ele se radicava.

Em 6 de fevereiro, em Rhor, realizou-se uma assembléia geraldos irmãos, para discutir a situação originada por uma nova lei,a qual aplicava uma pena de 3 anos no presídio correcional parapais que não batizassem os seus filhos, e 9 anos para os que se

negassem a casar-se na igreja oficial.

Pouco tempo depois, uma grande reunião em Freienstein foiassaltada por um grupo de zombadores e de trabalhadores

(várias centenas), com gritos e brutalidades. Mas, quando osassaltantes quiseram apoderar-se de Fröhlich, originou-se uma

confusão e os intrusos espancaram-se mutuamente, enquantoque os irmãos reunidos permaneciam tranqüilos, dispersando-se

depois cada qual para a sua casa.

Em 20 de março de 1843, Fröhlich foi expulso da cidade deZurique por ser “sectário”. Uma apelação dele foi rejeitada, e selhe concedeu um prazo de 5 dias para abandonar a cidade. Em18 de abril, se despede de Zurique, falando aos irmãos sobre o

Salmo 22:15, e apesar de tudo, com muita alegria.

Viaja para Wil, depois a São Galo, onde um dia a sua família o

visitou. Uma permanência em Hauptwil não lhe foi possível, poishaviam colocado prêmio a sua captura. Em 27 de junho, foi

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expulso também de São Galo. Fugiu a noite e chega aRapperswil, procurando refúgio em Hirzel.

Em Rhor, resolveu-se, em outra assembléia geral dos irmãos(10 de julho de 1843) solicitar novamente a aprovação dos

Batistas pelo Governador, e além disso, concordaram todos empermanecer fiéis e firmes na sua fé e em seus propósitos, “custeo que custar”. Concordaram que os filhos devem ser retiradosdo ensino religioso oficial e em vez disso, devem ser instruídos

na fé verdadeira.

Depois viaja o tão perseguido peregrino Fröhlich, paraHoochfelden, Freinstein, Hirzel, Wadenwil, Mannedorf, Oetwil,Binzikon, Hziken, Ehrenstick, Abis e Danikon; pregando nas

reuniões. E como havia sido expulso também, em setembro de1843, de todo o território da província de Zurique, não podia

permanecer em nenhuma parte por muito tempo se nãoquisesse correr o risco de ser preso e espancado. Nestas

aflições, ele se lembrou do conselho que lhe deram em Londresde estabelecer-se em Estrasburgo, onde existia liberdade da

palavra.

E assim começou a fazer os preparativos necessários, duranteos quais chegou ainda três vezes em Zurique. Em 13 de

novembro de 1843, participou na Assembléia Geral em Rohr edali se transferiu para Lenzburgo. Em Basiléia, solicitaram-lhes

os crentes que permanecesse em São Luis, para que assimestivesse próximo deles; mas um pedido para as autoridadesneste sentido foi rejeitado, e nisto Fröhlich viu um sinal para

seguir até Estrasburgo.

Em fevereiro de 1844, voltou a Suíça para examinar os seuspreparativos da sua transferência definitiva a Estrasburgo. E

outra vez, teve nesta ocasião um conflito com as autoridades.Em 11 de junho de 1844, o irmão Jean Leuthold em Wadenswilfaleceu. A comunidade se encarregou do cadáver e negou aos

Batistas o direito de sepultá-lo segundo os seus costumes. Nesta

ocasião, Fröhlich foi acusado outra vez por causa da suapresença, e escreve:

“De todas as partes me importunam e por isso devo irembora. Minha luta interior também é grande e o meu caminho

me parece oculto.”

Mas, se assegurou da sua decisão de emigrar e a sua partidaestava muito próxima.

Em 14 de junho, abandonou Zurique, passando pelo seupovoado natal, Brugg, onde tentou novamente recuperar os

seus documentos matrimoniais. Mas foi em vão, pois lhedeclararam que somente permitindo batizar os seus filhos, lhe

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seria concedida a sua solicitação. Não obstante, como a suaconsciência não lhe permitia isto, não lhe restou outra

alternativa a não ser sacudir o pó de seus pés da sua pátriaterrena e ir para Estrasburgo, onde esperava encontrar umasegunda pátria. No início, não lhe foi possível levar consigo a

sua família e em 3 de junho de 1846 (depois de uma separaçãoforçada de 7 anos) conseguiu definitivamente a autorizaçãocorrespondente para reunir-se em Estrasburgo com a sua

família.

A ausência de Fröhlich da Suíça significava para seus irmãosdaquele país uma prova muito dura. Nas tribulações daquelesanos, teria sido para eles de muita utilidade a sua experiência.

Abundante era a correspondência que o unia com os seusirmãos suíços e para este fim foram utilizados muitas vezes os

serviços de irmãos que viajavam à Suíça na qualidade deturistas. Relata-se que um deles levou em uma ocasião cerca de70 cartas escritas por Fröhlich.

Pelas mútuas visitas, permaneceram também intactas ascomunicações e principalmente as excursões do próprio Fröhlichà Suíça proporcionavam muitas bênçãos a seus irmãos daquelelugar. Ele empreendeu a sua primeira visita a Zurique em marçode 1845, a segunda em agosto, as duas originadas por graves

aflições internas das congregações. Outras visitas foramefetuadas de abril a julho de 1850, as quais o levaram a

Zurique, Oberrieden, Meilen, Oetwil, Bachanbulach, Eglisan,Seglingen, Tossriedern, Lenzburg, Schaffhausen, Giebel, Berna,Diessbach, Reiben, Buren no Vale do Aar, Wil e Hauptwil; e em

setembro participou na inauguração da nova sala de reunião em Tapetenhof, Zurique. No verão de 1854, voltou a Zurique, ondeos mórmons faziam viva propaganda. Dali, foi para Berna ondehavia uma epidemia de cólera e adoeceu. Felizmente, não era a

cólera que o atacou, pois o seu corpo debilitado não teriaresistido. Pela última vez, de julho a outubro de 1856, fez uma

extrema volta pela Suíça.Enquanto isto, as perseguições continuaram, principalmentena província de Argóvia, onde somente era possível aos irmãosreunir-se em lugares separados e em bosques, muitas vezes de

noite (23 de setembro de 1846).

Na já mencionada viagem do ano de 1853 de Fröhlich, se juntaram quase todos os irmãos, uma manhã no bosque de

Rupperswil. Fröhlich relata aquela reunião em seu diário:

“Que reunião no meio do bosque! Foi um dia de alegria e debênção, junto ao Senhor. Por último, tomamos a Santa Ceia e

cada qual se retirou para a sua casa.”

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Várias vezes foram interrompidas as reuniões pela polícia, aqual os colocavam em grilhões e os levava junto com

delinqüentes comuns.

Durante os agitados anos em meados do século XIX, muitas

conversões foram registradas, apesar das perseguições. Edurante as turbulentas políticas, chegaram notícias favoráveisde Mulhausen (Alsácia) Miedereggenen (Baden), Nagold

(Wurttemberg), Pest (Hungria) e de Pruntaut (Suíça francesa),além de muitos outros lugares.

A partir do ano de 1850, foi introduzido na Suíça o casamentopor registro civil, o qual significava um grande alívio para os

Batistas. E ainda que os pastores da igreja oficial aindaexercessem este cargo, a cerimônia era limitada a pergunta

sobre fidelidade matrimonial. Deste modo, se realizou o

casamento do irmão Enrique Geistlich, em Greifensee (5 de janeiro de 1852). Em junho de 1854, foi introduzida esta

inovação na província de Zurique.

Em julho de 1854, foi outorgado ao pastor de Frankendorf (Basiléia) na ocasião de um enterro, falar algumas palavras pelofalecido, seguido por uma oração. Depois ao irmão Fröhlich, foi-lhe concedido falar sobre o túmulo, sobre São João 1:51; e por

último cantaram entre todos o canto Nº 104, do hinário “Arpa deSião” .

Mas estando ainda em perigo e perseguições naqueles anosruins, (1850-1860), muitas famílias optaram por emigrar para aAmérica, onde havia completa liberdade religiosa e onde tinhama esperança de melhorar a sua situação econômica. O diário de

Fröhlich, datado de 28 de fevereiro de 1855, relata:

“Esta manhã chegou a irmã Bárbara Ingold (Brunner) deNiederwil (Argóvia) em minha casa com o seu esposo e cincofilhos menores e com outras 33 pessoas, informando-me queemigrariam para a América do Norte, pois ficaram tão pobresque as autoridades do seu povoado tinha que sustentá-los. O

Conselho Superior custeria a viagem por meio de Nova Orleansa São Luis. O seu destino era (Estado de) Illinios e eu lhes deu os

endereços dos irmãos que viviam ali. (Ela não sabia ler.)

Fim da obra de Fröhlich

A última pregação de Fröhlich (antes da enfermidade que olevou para a sepultura) foi realizada em Estrasburgo, no dia 28de dezembro de 1856, tendo por texto Isaías 24:21-23. Estas

palavras foram como um presente espiritual para os seusqueridos irmãos, as que são compartilhadas a seguir:

“E será que naquele dia o SENHOR castigará os exércitos doalto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra. E serão

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ajuntados como presos numa masmorra, e serão encerradosnum cárcere; e outra vez serão castigados depois de muitosdias. E a lua se envergonhará, e o sol se confundirá quando oSENHOR dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém, e

perante os seus anciãos gloriosamente.”

As últimas palavras de Fröhlich foram: “Eu estou morrendo óSenhor, meu Deus; te rogo que preserves aos teus santos da

corrupção que reina no mundo, para que não pereçam, mas quefiquem contigo, para que tu lhes dê a vida eterna. Pois o rei

deste século se preparou com o seu tenebroso poderio e com ospregadores de injustiça, e procura destruir a tua obra e procuraenganar aos teus eleitos. Mas, tu sabes que eu não busquei a

honra da parte de homens, mas somente a tua honra euprocurava ampliar e preguei o teu nome diante de todos, não

envergonhando-me de ti e lutando até esta hora.”Depois de falar ainda com o irmão Weiler da sua

experimentação na fé e de seus temores por ela, eleencomendou a sua família e as congregações em geral ao

amparo do Senhor e disse:

“Quando eu chegava em um certo ponto de repouso, montavaa minha tenda; mas de repente estourava uma grande tormentae lançava abaixo o meu refúgio, vendo-me obrigado de novo a

peregrinar. Não devemos arrepender-nos do nosso caminho, não

devemos nem queremos assustar-nos por nada; e se todos seunem com equilíbrio em Deus, não haverá lugar para osinimigos e tampouco se poderá infiltrar um espírito estranho.

Não conheço nada melhor. Minha alma está salva e estouconsolado no Senhor.”

No dia 15 de janeiro de 1857, Fröhlich fecha os seus olhos,tendo 53 anos e meio de idade. Demasiadamente cedo, ao

parecer de seus queridos; não obstante ficamos admirados coma gigantesca obra de um corpo tão fraco e afligido por tantas

enfermidades, perseguições e privações. Em um só ano, presidia

até 450 reuniões, começando em suas pregações do princípiodo Evangelho, capítulo por capítulo e versículo por versículo. Asvezes se encontrava tão debilitado que tinha que ser conduzidopara a reunião, onde recobrava as forças e satisfação ao pregar

a Palavra de Deus.

Além disso, pregava em reuniões infantis, fez viagensfortalecedoras e escrevia e copiava por ano de 200 a 300 cartas,

além do seu diário.

Estes diários foram conservados até a atualidade (os anos de

1827 a 1856, exceto um ano) e foram colocados à nossadisposição pela sua família, a qual somos muito agradecidos.

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A Deus seja toda a glória. Amém.

 

[1] Nome dado a certos cristãos “Protestantes” franceses.

[2]Os dois sobrenomes significam “alegres, felizes, afortunados”cada qual em seu idioma.

[3]Melhor dizendo, “anabatistas” (palavra que significa “aqueleque batiza de novo”, pois não valorizavam o batismo infantil).

[4]Ou seja, como prova da sua ortodoxia doutrinal.

[5]Estes “Batistas” podem ser os “Antigos”, que, de acordo como Sermão do monte de Cristo, não usavam armas nas guerras

terrenas.

 

Fonte da Matéria: www.elcristianismoprimitivo.com

Os textos bíblicos citados neste artigo fazem parte de:A Bíblia Sagrada - Tradução de João Ferreira de Almeida, (ACF)

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CDNeyra – Maio/2007