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RESENHA DO FILME “BLACK” Black . Direção: Sanjay Leela Bhansali. Índia, 2005. 119 minutos. O filme Black, baseado na história real de uma escritora indiana, retrata as dificuldades e o progresso vividos por uma pessoa surda e cega desde criança até a idade adulta. A personagem central da trama é Michelle McNally. Dotado de muita emoção e superações, o longa-metragem se inicia com a própria personagem principal, que na idade adulta resolve escrever um livro sobre suas experiências. Para tanto, retoma sua história desde ainda quando pequena, quando fora acometida por uma doença que lhe trouxe como sequela a surdo-cegueira. A família de Michelle, de origem anglo-indiana e de classe alta, procura as mais variadas maneiras para possibilitar uma comunicação com sua filha e sua posterior inserção, o que resultara sempre em fracassos, bem como em ciúmes por parte da irmã mais velha de Michelle, ao ver toda a atenção dos pais dirigida à irmã caçula. Tudo muda quando os pais resolvem buscar a ajuda de uma escola especializada no ensino de crianças surdas e cegas, o que os leva a conhecer o professor Debraj Sahai.

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Resenha acerca do filme indiano Black, voltado para compreensão da cultura surda e do preconceito

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Page 1: Black

RESENHA DO FILME “BLACK”

Black. Direção: Sanjay Leela Bhansali. Índia, 2005. 119 minutos.

O filme Black, baseado na história real de uma escritora indiana, retrata

as dificuldades e o progresso vividos por uma pessoa surda e cega desde

criança até a idade adulta. A personagem central da trama é Michelle McNally.

Dotado de muita emoção e superações, o longa-metragem se inicia com

a própria personagem principal, que na idade adulta resolve escrever um livro

sobre suas experiências. Para tanto, retoma sua história desde ainda quando

pequena, quando fora acometida por uma doença que lhe trouxe como sequela

a surdo-cegueira.

A família de Michelle, de origem anglo-indiana e de classe alta, procura

as mais variadas maneiras para possibilitar uma comunicação com sua filha e

sua posterior inserção, o que resultara sempre em fracassos, bem como em

ciúmes por parte da irmã mais velha de Michelle, ao ver toda a atenção dos

pais dirigida à irmã caçula. Tudo muda quando os pais resolvem buscar a ajuda

de uma escola especializada no ensino de crianças surdas e cegas, o que os

leva a conhecer o professor Debraj Sahai.

Sahai, utilizando-se de um método de ensino que pareceu, num primeiro

momento, violento, consegue aos poucos transformar a menina que fora

anteriormente insubordinada e quase animalesca em seus modos. Michelle

acaba, enfim, compreendendo a proposta comunicativa de seu professor e

desenvolve um relacionamento com ele que duraria por anos à frente.

Um dos pontos altos do filme se apresenta com a decisão de Michelle,

em conjunto com seu professor, de ingressar em uma universidade para

formar-se em Artes, o que fora primeiramente visto com estranheza por conta

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de suas limitações. Contudo, superando expectativas, Michelle chega à

universidade.

O drama do enredo, contudo, novamente se afirma em vista das

dificuldades enfrentadas pela personagem no avançar de seu curso, mesmo

tendo ao seu lado o professor e intérprete Sahai. Este ainda começa a

apresentar os sinais de Alzheimer e acaba por sumir da vida de Michelle.

Apesar dos empecilhos, a não mais garota Michelle consegue se formar

e busca o professor para repartir sua felicidade consigo e retribuir os

ensinamentos diante do avançar de sua doença.

Diante disso, afirma-se que o grande objetivo do filme seria de reforçar a

ideia de que a superação diante dos obstáculos que se apresentam é possível.

O que releva o caráter sui generis do longa, no entanto, é a riqueza com que

este apresenta as mais variadas dificuldades por que passa a personagem

principal, através da expressividade e da persistência na busca de seu mote de

elevar o conhecimento ao grau de luz para quem enxerga somente a escuridão

diante de si.

É interessante realçar, para tanto, o contexto em que o enredo se

desenvolve, recoberto ainda de preconceito em face da condição de Michelle,

bem como o status social de sua família, que possibilitou de forma maior sua

inserção. Daí se tira um paralelo com a situação das novas crianças surdas e

cegas, que ainda convivem com certo preconceito, apesar do famigerado

discurso inclusivo, e que por diversos fatores ainda não têm uma presença tão

perceptível na sociedade, muito por conta também da situação social em que

estão inseridas.