bola na rede: a influência das novas mídias na popularização do futebol
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Estudo sobre a influência das novas mídias no processo de popularização epropagação do futebol, que tem por objetivo identificar como a Internet, em relaçãoaos outros meios, principalmente a televisão, potencializou a cobertura jornalísticadeste esporte e a sua popularidade a partir de suas específicas possibilidades decomunicação. Baseia-se em uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e umlevantamento de dados sobre o universo em questão, que mostra como apraticidade decorrente da Internet aumenta a adesão da população como um todo aeste meio como fonte de informação.TRANSCRIPT
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Bola na rede: a influência das novas mídias na popularização do futebol
Gabriela Pedroso Castelo Branco Cassemiro Martins1
Richardson Pontone2
RESUMO
Estudo sobre a influência das novas mídias no processo de popularização e propagação do futebol, que tem por objetivo identificar como a Internet, em relação aos outros meios, principalmente a televisão, potencializou a cobertura jornalística deste esporte e a sua popularidade a partir de suas específicas possibilidades de comunicação. Baseia-se em uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e um levantamento de dados sobre o universo em questão, que mostra como a praticidade decorrente da Internet aumenta a adesão da população como um todo a este meio como fonte de informação. Palavras-chave: Futebol. Internet. Propagação. Popularização. Jornalismo. Redes Sociais. Televisão. Introdução
O futebol deixou, há muitos anos, de ser apenas um esporte comum, para se tornar
a paixão do brasileiro. Porém, engana-se quem acredita que este processo se deu
de forma natural, por simples coincidência. Conquistas de títulos expressivos pelos
brasileiros no esporte e a influência das mídias foram fundamentais para a
popularização da modalidade e por tornar o futebol um negócio.
O interesse dos meios de comunicação pelo esporte, portanto, não se dá apenas
por mero acaso. As cifras obtidas, ao passar dos anos, com este esporte explicam
porque as televisões protagonizam verdadeiras "guerras financeiras" para ter o
direito de transmitir as competições na modalidade. Um levantamento feito pelo
1 Aluna do curso de Especialização em Mídia Eletrônica: Rádio e TV do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH). E-mail: [email protected] 2 Orientador, professor das Faculdades Promove, PUC Minas e Uni-BH e coordenador da divisão de Relações Públicas da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Betim. E-mail: [email protected]
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pesquisador Renato Pereira Amador (2004) em sua dissertação "Avaliação de
Empresas: Uma Aplicação aos Clubes de Futebol" mostra isso claramente. Apesar
da relativa defasagem dos números apontados pelo autor, decorrente do período
que já se passou, pois estamos falando do ano 2011, é possível perceber que o
esporte movimenta muito dinheiro.
Segundo Amador (2004), anualmente, no Brasil, são gastos cerca de 2 bilhões de
dólares com negócios esportivos, sendo que, destes, 1,5 bilhão é destinado ao
futebol. Quando este ponto é considerado em nível mundial, o esporte jogado com
os pés chega a movimentar mais de 250 bilhões de dólares ao ano.
O marco histórico do futebol no Brasil ocorreu no ano de 1894, quando o estudante
Charles Miller volta ao país após um período na Inglaterra com duas bolas de
futebol, um livro de regras do esporte e alguns uniformes. Desde então, o futebol
parece ter caído no gosto do brasileiro de uma forma especial, já que até políticos
se mobilizaram para dar uma “força” ao esporte: um deles foi o presidente Getúlio
Vargas. A vitória na Copa do Mundo de 1958 também contribuiu para a
popularização do futebol no Brasil, já que o esporte acabou servindo para criar uma
“identidade brasileira” diante do mundo.
Hoje, o futebol já virou rotina na vida do brasileiro. Programas esportivos em rádios,
TVs, jornais, internet trazem o cotidiano do esporte para perto do torcedor, que não
deixa escapar nenhuma notícia. Fato é que o futebol ganhou um espaço importante,
principalmente na TV e no rádio, como o horário nobre, já que, na atualidade, essas
mídias chegam a adequar toda a sua grade de programação visando atender à
modalidade. Além disso, cada vez mais surgem os canais voltados estritamente
para o esporte, como Sportv, Esporte Interativo, ESPN e Band Sports. Até no
cinema histórias sobre o esporte e seus astros são lembradas ou mencionadas em
filmes e documentários, como por exemplo, em Pelé Eterno, um documentário
brasileiro datado de 2004 e dirigido por Anibal Massaini Neto, que conta a história
do jogador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.
Até meados da década de 90, porém, o acompanhamento do futebol pelo seu
torcedor ficava restrito à programação do rádio e da TV e dos jornais impressos,
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que só dariam o resultado de um jogo no dia seguinte. Porém, quando a Internet
começou a se dissipar pelo mundo e, principalmente, pelo Brasil, trouxe uma nova
possibilidade para aquele mesmo amante do esporte. Agora, o torcedor não
precisaria mais esperar o programa para saber se o seu time venceu: ele teria esta
informação em tempo real. Além disso, ele poderia acompanhar também os jogos
de outros continentes, sem nenhum limite tempo-espaço. No entanto, mais
mudanças viriam por aí, com a chegada das redes sociais.
Sendo assim, o presente trabalho se propõe a responder à pergunta: "Como as
novas mídias influenciam na popularização e propagação do futebol?". Para isso,
vamos identificar como, com o advento da Internet, houve a mudança na forma de
se fazer jornalismo esportivo, no modo de se ver o processo comunicativo e a
participação/interatividade do usuário em todo este contexto.
Nosso objetivo com isso é verificar o surgimento de possibilidades resultantes da
entrada dessa nova mídia - entenda-se Internet e suas potencialidades - no nosso
cotidiano e como ela pode influenciar na popularização e propagação do esporte em
questão.
Para isso, foi feito um estudo teórico sobre o tema, a partir de uma literatura
específica, que leva em consideração o contexto da penetração da Internet no
Brasil e no mundo e como ela interferiu na forma de se fazer jornalismo esportivo.
A socialização da informação
No começo do século XX, muito se falava sobre a interferência dos meios de
comunicação na vida das pessoas, colocando as mídias, de certa forma, em uma
condição que nem sempre correspondia à realidade, como por exemplo, a de um
quarto poder. Estudos mais recentes sobre a relação entre emissor e receptor, no
entanto, questionam exatamente até que ponto o indivíduo realmente é influenciado
e tem sua vida determinada pelo que é veiculado ou não nos meios de
comunicação. Para muitos teóricos, foi-se a época em que o ser humano, receptor,
era um indivíduo passivo. Hoje em dia, com o advento da Internet e de novas
tecnologias é cada vez maior a participação do receptor no processo comunicativo,
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o que o torna um ser ativo, conforme já previa o espanhol, professor e doutor em
filosofia, Jesús Martín Barbero em seus estudos sobre as teorias da comunicação
em um mundo globalizado.
Os próprios donos de empresas de comunicação baseadas em Rádio, TV e
impressos em geral, seja jornal ou revista, perceberam estas novas possibilidades
de interação e passaram a adotá-las junto ao seu público. Atualmente, além de
chats, sites de bate-papo como ICQ e MSN e blogs, novidades como o microblog
Twitter - um dos grandes nomes no momento - e os sites de relacionamento Orkut e
Facebook mudaram a forma de se fazer o jornalismo e, ao mesmo tempo, dos
meios interagirem com as pessoas.
Essas mudanças também afetaram o futebol que, desde então, passou a ter mais
espaço de divulgação. Hoje em dia, os clubes do mundo inteiro não se limitam mais
ao que é divulgado pelos meios de comunicação. Agora considerados empresas, os
times de futebol contam com sites oficiais, blogs, espaço em redes sociais e
microblogs para divulgarem os seus trabalhos e serem lidos, vistos e ouvidos no
tempo, espaço e na forma que desejarem.
Há 27 anos, Bourdieu, citado por Cassapian, Eiras, Toledo e Tucunduva (1983), já
visualizava o esporte como um negócio. (...) “o esporte espetáculo apareceria mais
claramente como uma mercadoria de massa e a organização de espetáculos
esportivos como um ramo entre outros do show business”.
E quem ganhou com isso foram os usuários, ou internautas que, por um valor
mensal, pago para ter o sinal de Internet, podem ter acesso por tempo ilimitado e a
todo tipo de conteúdo que desejar, não se restringindo mais à informação divulgada
por um ou outro veículo de comunicação.
Uma nova forma de interação
A primeira transmissão de uma partida de futebol ao vivo foi feita pela TV alemã, em
1936. O jogo foi entre Alemanha e Itália e terminou empatado em 2 a 2. No entanto,
foi somente algumas décadas após ganhar popularidade no Brasil e no mundo, que
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o futebol passou a chamar a atenção dos meios de comunicação como um negócio
lucrativo, principalmente da TV, que passou a investir no esporte.
De acordo com Amador (2004), o primeiro contrato feito por uma emissora pelos
direitos de transmissão de jogos de uma competição ocorreu em 1965, quando a
BBC de Londres pagou cerca de 5 mil libras para transmitir as partidas da
temporada inglesa de futebol.
O futebol beneficiou-se de uma reversão fundamental na economia de mercado de radiodifusão. Enquanto no passado os programas tinham que competir face à escassez de canais de televisão, atualmente o grande número de canais disputam a escassez de programação. Uma conseqüência disto é que a renda migrou dos proprietários dos canais de televisão para os proprietários de programas, com as companhias de televisão dispostas a pagar mais para as autoridades desportivas pelo direito de transmissão das partidas. (AMADOR, 2004, p.33)
Porém, apesar de beneficiar os clubes e as emissoras de TVs, os contratos
televisivos acabaram prejudicando o torcedor, já que, muitas vezes, não é o seu
time que ele vê na televisão, estando condicionado aos interesses financeiros da
emissora responsável pela transmissão dos jogos.
Após alguns anos deste monopólio televisivo, no entanto, a chegada da Internet
promoveu mudanças substanciais na forma de se fazer a cobertura do esporte e do
acesso do torcedor a informações sobre a modalidade. Apesar de antes haver uma
participação deste público no processo produtivo, foi somente com a Internet que a
interatividade ganhou mais força.
Não podemos negar que veículos analógicos como jornais, revistas e emissoras de TV e rádio não eram antes interativos. Um leitor que liga para a redação sugerindo um ponto de pauta, um ouvinte que conversa no ar com o locutor de seu programa favorito, ou mesmo a resposta a uma pesquisa de opinião são, a rigor, formas de interação. O que precisamos é diferenciar os tipos de interação, seus contextos, intensidades e efeitos para respeitar a complexidade do fenômeno interacional e dar sentido às diferentes situações de comunicação. (PRIMO, 2009, p.21)
Atualmente, o usuário no Brasil pode acompanhar o minuto a minuto de um jogo
disputado na Europa, com detalhes de cada lance, em sites de cobertura esportiva.
Além disso, através do Twitvid - site em que qualquer pessoa pode publicar o seu
vídeo, que, em seguida, é encaminhado para o Twitter- o usuário pode ver uma
jogada quase que em tempo real.
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Mas não é somente desta forma que funcionam estas novas ferramentas. Hoje em
dia, em todo o mundo, tanto jogadores, quanto clubes, utilizam o microblog também
para dar "furos", como a transferência para uma nova equipe ou a contratação de
reforços, respectivamente. Em Belo Horizonte, Minas Gerais, o atual presidente do
Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, ficou famoso pelas suas "twittadas", quase
sempre antecipando novidades ou dando opiniões polêmicas, o que muitas vezes
acaba se tornando mais uma opção de pauta.
Os blogs e sites oficiais destas personalidades e clubes também permite uma outra
visão da notícia, já que estes espaços são de livre expressão de quem os cria,
conforme lembrado por Botero:
A Internet fez a mudança, a ruptura ou mais complexamente ‘a disruptiva’ de um modelo de comunicação e de negócio que tinha de um lado as empresas (de notícias, entretenimento etc.) e de outro um conglomerado de pessoas agrupadas sob o conceito de massa. (BOTERO, 2010, p.14)
Em seu artigo, Novaes (2010) destaca ainda as possibilidades econômicas oriundas
da utilização das redes sociais, que hoje integram os planos de comunicação de
diversas empresas.
"As redes sociais precisam ser tratadas como o espaço estratégico para criar o vínculo de admiração e respeito, engajar, ter propósitos transparentes, responder as questões da comunidade de forma participativa, acatar opiniões, críticas e sugestões, falar com a mesma autenticidade com todos os participantes, sem dar privilégios ou regalias aos mais fervorosos e lembrar-se todos os dias de que reconhecimento é necessário e faz bem. Parece até uma lista infindável de recomendações. Mas de fato, é." (NOVAES, 2010, p. 23)
O Brasil e a Internet
A propagação da Internet no Brasil teve início no começo da década de 90. No
entanto, no primeiro momento, a tecnologia, ainda bastante limitada, tinha a sua
utilização restrita a instituições de ensino superior e, posteriormente, foi
disponibilizada a algumas Organizações Não-Governamentais e a órgãos do
governo. O ano de 1995, segundo uma série especial de reportagens do portal
Terra em comemoração aos 10 anos da Internet, pode ser considerado um marco
na história da rede mundial de computadores no país. Nesta época, de acordo com
o portal, os ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia criaram "a
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figura do provedor de acesso privado à Internet e liberaram a operação comercial
no Brasil. No ano seguinte, muitos provedores começaram a vender assinaturas de
acesso à rede".
O mais surpreendente, porém, foi a velocidade com que a nova tecnologia ganhou
espaço entre a população mundial e, consequentemente, na vida dos brasileiros.
Em um levantamento apontado por Botero (2010), o alcance do novo meio é
comparado com o de tecnologias populares como o rádio e a TV. Nele, o autor
afirma que a Internet precisou apenas de quatro anos para ter uma audiência de 50
milhões, enquanto a TV levou 16 anos e o rádio 38 anos.
Apesar de se tratar de um país de economia emergente, o Brasil está no Top 10
quando o assunto é o número de usuários da Internet. Em pesquisa destacada por
Botero (2010), atualizada em 2009, o país aparece em quinto lugar, sendo o
primeiro na América Latina. A China lidera a lista, seguida por Estados Unidos,
Japão e Índia.
A grande penetração da Internet no país pode explicar o crescimento da Web 2.0 e
do jornalismo colaborativo no Brasil. Apontada por alguns como a "segunda
geração do universo digital", a Web 2.0 representa a ideia de interatividade dentro
da nova tecnologia.
O termo Web 2.0 é utilizado para descrever a segunda geração da World Wide Web --tendência que reforça o conceito de troca de informações e colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais. A idéia é que o ambiente on-line se torne mais dinâmico e que os usuários colaborem para a organização de conteúdo. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2006)
Essa nova geração ganha ainda mais força com a chegada das redes sociais como
Facebook e Orkut e do microblog Twitter, que funcionam como um novo espaço de
expressão para pessoas que, antes, ficavam restritas a ouvir, ver ou ler o que era
divulgado pelos meios de comunicação. Esses usuários, no entanto, agora com
uma função ativa, passam a utilizar estes novos "canais" também como fonte de
informação, passando de um simples receptor a um emissor. Para Recuero (2009),
essas novas redes são, portanto, a concretização da interatividade.
Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas, compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os nós da rede representam cada indivíduo e suas conexões, os laços
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sociais que compoem os grupos. Esses laços são ampliados, complexificados e modificados a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos. Com isso, é fácil entender porque a Internet deu tanta força para a metáfora: Nunca se conheceu e interagiu com tantas pessoas diferentes, nunca tivemos tantos amigos quanto no nosso perfil do Orkut ou tantos seguidores, como no Twitter. Mas nem todas as pessoas que seguimos ou são conexões na Internet são realmente as pessoas com quem trocamos mensagens. Daí dizermos que nem todas as redes são iguais: algumas são só compostas de conexões, outras, de conversas, outras ainda, de uma mistura de ambos. (RECUERO, 2009, p.25)
Sendo assim, os meios de comunicação em geral começaram a perceber que, além
de utilizar estas redes para propagar o seu conteúdo e ganhar em acessos, eles
poderiam também utilizá-las como fontes para a produção de conteúdo jornalístico.
Basta lembrar de casos que ficaram marcados, como a invasão, em 2010, do
Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), pela Polícia, que foi twittada em
tempo real por jovens moradores da região; o terromoto que atingiu o Japão, este
ano, no qual, alguns brasileiros utilizaram a rede para informar a sua situação
naquele país, sendo que, tudo isso, acabou sendo utilizado pela imprensa para
fazer a notícia.
Para Puccini (2010), o momento da Web 2.0, reflete, portanto, o comportamento do
consumidor moderno, o que leva a uma mudança na forma de se fazer
comunicação.
A economia colaborativa destaca no conhecimento formas de incorporar inteligência às suas atividades. Os consumidores de hoje são produtores de conteúdo e se comunicam por meio de redes e a forma de se relacionar na Internet não é mais de um para muitos, mas de muitos para muitos. (PUCCINI, 2010, p. 48)
Aspectos metodológicos: o futebol visto pela rede Como a intenção do presente trabalho é identificar como se dá a relação das
novas mídias com o processo de popularização e propagação do futebol, foi
adotado o tipo de pesquisa descritiva quantitativa, que tem como
características observar e registrar fatos. Para isso, a ferramenta utilizada foi a
rede social Facebook. Por meio dela, foi feita uma pergunta a membros de
grupos e páginas dos três principais times de futebol de Belo Horizonte (MG) -
América, Atlético e Cruzeiro - e aos "amigos" do perfil: "Quando você não está
assistindo à TV, qual o outro meio mais utilizado para acompanhar o dia-a-dia
do seu time de futebol? (Deixe o seu comentário explicando a sua opção)".
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Entre as opções de resposta colocadas para o usuário estiveram: a) Redes
sociais e twitter dos clubes; b) Sites oficias dos clubes; c) Sites de notícias
especializados no esporte; d) Sites de notícias; e) Jornais impressos; f) Rádio;
e g) Revistas especializadas. Além disso, os entrevistados foram convidados a
comentar a sua resposta. A enquete ficou no ar durante uma semana e, depois,
com o seu resultado e comentários dos usuários em mãos, foi feita uma análise
quantitativa e qualitativa. A ideia, com isso, era conhecer as preferências dos
indivíduos sobre os meios de comunicação para acompanhar o esporte. A TV,
neste caso, foi colocada à parte já que, no que se refere ao futebol, é um meio
muito forte na preferência do brasileiro.
Desta forma, foram recolhidos dados do universo real do problema em questão,
que pudessem trazer respostas. Aliado a isto, já temos a pesquisa bibliográfica,
que auxiliou na argumentação e em uma tentativa de resposta para o problema
proposto.
Redenção à Internet
Rapidez, facilidade, dinamismo, conteúdo conciso e comodidade. Estas
parecem ser umas das principais características que têm levado as pessoas a
acompanhar mais o seu time de futebol por meio das diversas possibilidades
permitidas pela Internet. A constatação veio através da enquete feita por meio
da rede social Facebook, que apontou o meio como principal fonte de
informação dos entrevistados.
Conforme indicado na metodologia, a pergunta foi colocada aos "amigos" do
meu perfil na rede social e via ferramenta Poll (de enquete) nos grupos de
América e Cruzeiro e em uma página do Atlético no Facebook pelo período de
30 de maio a 6 de junho de 2011. A maior participação na enquete, porém, veio
dos "amigos" e também de outros usuários ("amigos" dos "amigos), sendo que
alguns, inclusive, comentaram as suas respostas. A tentativa por meio dos
canais de discussão dos clubes não teve o resultado esperado e aqui só será
considerada em termos quantitativos.
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Ao todo, 82 pessoas responderam à pergunta: "Quando você não está
assistindo à TV, qual o outro meio mais utilizado para acompanhar o dia-a-dia
do seu time de futebol? (Deixe o seu comentário explicando a sua opção)" e a
resposta da grande maioria mostrou a superioridade da Internet frente aos
outros meios. Do total de votos, 78 foram destinados a canais de comunicação
via Internet, como as redes sociais e os sites de notícias. Confira o resultado
logo abaixo (ver ANEXO A):
* Redes sociais e twitter dos clubes – 12 votos
*Sites oficias dos clubes - 8 votos
*Sites de notícias especializados no esporte - 43 votos
*Sites de notícias - 12 votos
*Jornais impressos - 0 votos
*Rádio - 3 votos
*Revistas especializadas - 1 voto
*Poll – 3 votos (usuários escolheram os sites de notícias especializados no
esporte)
A informação via "sites de notícias especializados no esporte" foi a opção
escolhida por 56,09% dos entrevistados e corresponde às respostas dos
"amigos" e outros do perfil e ao resultado obtido pela ferramenta Poll. Isso só
vem confirmar que, cada vez mais, as pessoas têm procurado ser objetivas e
diretas para encontrar o assunto de seu interesse e, a consequência disso é a
maior segmentação dos meios de comunicação.
Outra constatação que pode ser feita, embora preocupante, é o fato de que o
jornal impresso parece estar ainda mais distante da realidade das pessoas.
Este meio de comunicação, um dos mais antigos da história, não recebeu
nenhum voto. Por outro lado, é importante destacar que, atualmente, boa parte
dos jornais impressos já apresentam a sua versão online, o que, de certa
forma, pode sinalizar apenas uma mudança de costume, resultando na
migração dos leitores de um meio para o outro, no caso, do impresso para a
Internet.
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Do total de entrevistados, 19, ou 23,17%, também aproveitaram para comentar
a sua escolha. Entre os principais motivos para a opção pelos canais da
Internet foi o fato de que boa parte deles já está conectado a ela principalmente
em função do trabalho. Outros três usuários também comentaram, mas, por
não acompanharem o futebol, deixaram de votar na enquete.
Consideração final
Com tantas novas possibilidades e a ausência de um limite espaço-temporal, a
Internet vem, portanto, potencializar e, ao mesmo tempo, modificar a forma de
se fazer a cobertura jornalística não só do futebol, mas de todo o conteúdo
esportivo, o que acaba interferindo diretamente no processo de popularização e
propagação deste esporte.
A televisão ainda tem o seu lugar especial entre a população, no entanto, a
instantaneidade, agilidade e comodidade da Internet, aliadas às novas formas
de interagir permitidas pela Web 2.0, como as redes sociais, os canais de bate-
papo e os microblogs, fazem com que, cada dia mais, este meio ganhe espaço
na vida das pessoas.
Referências
AMADOR, Renato Pereira. Avaliação de empresas: uma aplicação aos clubes
de futebol. 2004. 135 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de
Brasília, Programa Multi-institucional e Inter-regional de Pós-Graduação em
Ciências Contábeis, Brasília.
BOTERO, Ivan. Redes sociais, um negócio feito por pessoas. In: CLIQ, Paper; DOURADO, Danila. (Org.) Mídias Sociais: perspectivas, tendências e reflexões. 2010. Cap. 2, p.13-21. EDUCACIONAL. O contexto da chegada do futebol no Brasil. Disponível em: <http://www.educacional.com.br/reportagens/futebol/parte-01.asp, Educacional. Acesso em: 21 abr. 2011.
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MOURA, Mariluce. As formas mestiças da mídia. 2009. 6 f. Pesquisa Fapesp.
NOVAES, Antônio. Construindo uma rede social especializada. In: CLIQ, Paper; DOURADO, Danila. (Org.) Mídias Sociais: perspectivas, tendências e reflexões. 2010. Cap.3, p.22-27.
PORTAL, Terra. Notícias na Internet sobressaem com multimídias. In: Internet
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PORTAL, Terra. Anos 90: o desenvolvimento da internet no Brasil. In: Internet
10 anos. Disponível em: http://tecnologia.terra.com.br/internet10anos/interna/0,,OI541825-EI5026,00.html , Portal Terra. Acesso em: 21 abr. 2011.
PRIMO, Alex. Interatividade. In: SPYER, Juliano. (Org.) Para entender a
Internet: noções, práticas e desafios da comunicação em rede. 2009. p.21-22. PUCCINI, Henrique. Redes sociais e inteligência de mercado. In: CLIQ, Paper; DOURADO, Danila. (Org.) Mídias Sociais: perspectivas, tendências e reflexões. 2010. Cap.7, p.47-55. RECUERO, Raquel. Rede Social. In: SPYER, Juliano. (Org.) Para entender a
Internet: noções, práticas e desafios da comunicação em rede. 2009. p.25-26. RODRIGUES, Rodrigo. O futebol brasileiro do rádio à internet. Disponível em: <http://www.jrn72004.jex.com.br/esporte/ o+futebol+brasileiro+do+radio+a+internet>. JRN7, 2004. Acesso em: 24 nov. 2010. SÃO PAULO, Folha de. Entenda o que é a Web 2.0. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u20173.shtml, Folha.com. Acesso em: 25 mai. 2011. TUCUNDUVA, Bruno Barth Pinto; CASSAPIAN, Marina Redekop.; EIRAS Suélen Barboza; TOLEDO, Talyta Danyelle. Esporte, Emoções e Indústria
Cultural: a procura pelo esporte através das emoções. 1° Seminário Nacional Sociologia e Política, 2009. Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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ANEXO A – Enquete Facebook
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Respostas comentadas
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