boletim científico do instituto de ensino e pesquisa · a qual está vinculado, e-mail para...
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Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa
ISSN 2238-3042 EDIÇÃO 43 ANO 07 OUTUBRO 2016
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1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência, rela-to de caso, e estudo reflexivo.2 • Para cada estudo, a metodologia segue nos seguintes pa-drões:Pesquisa qualitativa: Título, resumo, palavras-chave, introdu-ção, objetivo, metodologia, trajetória metodológica, constru-ção dos resultados, considerações finais e referências. Pesquisa quantitativa: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, material e método, resultado e discussão, conclusão e referências. • Revisão de literatura: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, revisão de literatura, conside-rações finais e referências. • Relato de Experiência: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, descrição do relato de experi-ência, considerações finais e referências. • Relato de caso: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de caso, considerações fi-nais e referências. • Estudo reflexivo: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de reflexão, considerações finais e referências. 3 • Para apresentação dos trabalhos o texto deve vir em Word• Fonte Times New Roman, tamanho 12, justificado• No máximo 12 páginas, com espaçamentos entre linhas de 1,5 cm,• Margem superior de 3 cm, margem inferior de 2 cm, mar-gens laterais de 2 cm. • O texto não deve ultrapassar 15.000 palavras, excluindo re-ferências e tabelas. • O nº total de tabelas e ilustrações não deve ser superior a 6 e o da referências, a 20 citações. • O trabalho deve seguir o seguinte roteiro: Tema, resumo, palavra-chave introdução, método, resultado, considerações finais, referências.4 • Siglas, abreviaturas, unidades de medidas, nomes de ge-
nes e símbolos devem ser usados utilizando o modelo pa-drão internacional e de conhecimento geral. Na primeira ci-tação de siglas, elas devem vir acompanhadas do significado por extenso. 5 • Citações e referências devem seguir as normas de Van-couver. 6 • Caberá ao diretor científico julgar o excesso de ilustrações, suprimindo redundâncias. A ele caberá também a adaptação dos títulos e subtítulos dos trabalhos, bem como a prepa-ração do texto, com a finalidade de uniformizar a produção editorial. 7 • O conteúdo pode estar relacionado com apresentação de caso ilustrativo, atualização terapêutica, análise de métodos diagnósticos, apresentação de casuística etc.8 • Deverão ser enviadas as seguintes informações sobre o(s) autor (es): Nome completo, formação acadêmica, instituição a qual está vinculado, e-mail para contato, foto de rosto e uma titulação conforme prefere ser apresentado.9 • Ao enviar o texto, o autor estará automaticamente con-cordando com sua veiculação via correio e via Internet, não ficando responsável a Secretaria Técnica por sua reprodução ou utilização depois de publicado.10 • Cabe ao Departamento de Divulgação do IEP a data de publicação do artigo.11 • Ilustrações: constam de figuras e gráficos, referidos em números arábicos (exemplo: Fig.3, Gráfico 7), sob a forma de desenhos à nanquim, fotografias ou traçados (ECG etc).Se forem “escaneadas”, deverão ser enviadas em formato TIF ou JPG e ter , no mínimo, 270 DPI de resolução. CONSTAR FONTE. Quando possível deverão ser enviadas em forma ori-ginal. Somente serão aceitas as ilustrações que permitirem boa reprodução.12 • Os trabalhos devem ser encaminhados ao Núcleo de Pu-blicações do IEP através do e-mail: [email protected]
Telefones para contato: (11) 3677-4507 / 3677-4405
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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NO BOLETIM CIENTÍFICO DO INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DO HOSPITAL SÃO CAMILO
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EXPEDIENTE
A responsabilidade pelos dados e conteúdo dos artigos é exclusiva de seus autores. Permitida reprodução total ou parcial dos artigos, desde que mencionada a fonte.
Sociedade Beneficente São CamiloPresidente: João Batista Gomes de LimaVice-Presidente: Anísio Baldessin 1º tesoureiro: Mateus Locatelli 2º tesoureiro: Zaqueu Geraldo Pinto 1º secretário: Niversindo Antonio Cherubin2º secretário: Marcelo Valentim De Oliveira Superintendente: Justino Scatolin
Hospitais São Camilo de São PauloSuperintendente: Antonio Mendes Freitas
Redação e AdministraçãoOs manuscritos deverão ser encaminhados para: IEP - Hospital São Camilo Rua Tavares Bastos, 651 - PompeiaCEP 05012-020 - São Paulo - SP ou enviados para os e-mails: [email protected]
Diretor Editorial: Dr. Marcelo Ricardo de Andrade SartoriDiretora Científica: Profa. Dra. Ariadne da Silva FonsecaCoordenação Editorial: Amanda IlkiuProdução Editorial: Amanda IlkiuJornalista Responsável: Hugo Politi PacíficoEditor de Arte: Fabiana Sant´AnaProdução Gráfica: MaisTypeTiragem: 1000 exemplaresDiagramação: Ei Viu! Design e Comunicação
Conselho Editorial
• Adriano Francisco Cardoso Pinto• Ana Lucia das Graças Gomes• Ariadne da Silva Fonseca• Carlos Augusto Dias• Carlos Gorios• Jair Rodrigues Cremonin Junior• José Antonio Pinto• José Ribamar Carvalho Branco Filho• Leonardo Hiroki Kawasaki• Leonardo Aldigueri Rodriguez• Lucia de Lourdes Leite de Souza Campinas• Marcelo Alvarenga Calil• Luiz Carlos Bordim• Marcelo Ricardo de Andrade Sartori• Marco Aurélio Silvério Neves• Vânia Ronghetti
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SUMÁRIO
Editorial
Previdência Social e Acidente de Trabalho: revisão de literatura
Welfare and Work Accidents: Review of literature
Previsión Social y Accidente de Trabajo: revisión de la literatura
Debora Regina Reducino, Vitor Hugo Marques
Assistência ao Parto em Casa de Parto: mulheres que vivenciaram esta experiência
Childbirth Assistance at Birth Centers: women who went through the experience
Asistencia al Parto en Casa de Parto: mujeres que vivieron esta experiencia
Fernanda Farias Pando, Paula de Souza e Castro
Percepção de Técnicos de Enfermagem Sobre Liderança do Enfermeiro
Perception of the Technical Nursing about the Leadership of the Nurse
Percepción de Técnicos de Enfermería Sobre Liderazgo del Enfermero
Amanda Leal Rocha, Cristiane Pavanello Rodrigues Silva
Caracterização do Perfil Para Riscos Cardiovasculares em População em Situação de Rua na Região Central de São Paulo.
Profile Characterization of Cardiovascular Risk in People on the Streets in the Central Region of São Paulo.
Caracterización del Perfil de Riesgo Cardiovascular en Personas en las Calles de la Región Central de Sao Paulo
Douglas Pereira da Silva, Claudia Cristina Soares Muniz
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O Instituto de Ensino e Pesquisa em conjunto com o Departamento de Recursos Hu-
manos da Rede de Hospitais São Camilo organizaram o 1º Simpósio de Educação Conti-
nuada nos dias 29 e 30 de setembro de 2016. O evento contou com 4 workshops, sendo
eles: Comunicação assertiva em busca da excelência no atendimento, Potencialize seu
treinamento com jogos interativos, Construção de cenários e Inteligência emocional no
atendimento ao cliente. Os workshops ocorreram simultaneamente e os participantes vi-
venciaram situações que fazem parte da sua atuação enquanto profissional de saúde.
Este evento contou com a presença do Diretor Geral, Rogério Quintela, Diretor de Práti-
cas Assistenciais, Marcelo Sartori, Vice Presidente do COREN-SP, Mauro Antônio da Silva
Dias, Presidente da ABEn-SP e Gerente do IEP e do Centro de Simulação Ariadne da Silva
Fonseca e Wilma Cintra Sampietri, Gerente de Recursos Humanos, que participaram da
mesa de abertura. A enfermeira Fabiana de Melo foi a mestre de cerimonia e conduziu o
evento durante todo período.
Participaram deste evento aproximadamente 120 pessoas da cidade de São Paulo, in-
terior e Rio de Janeiro. Foram apresentados 23 trabalhos de diferentes temáticas e ins-
tituições. Ocorreram ainda 2 simpósios satélites coordenados por patrocinadores, tendo
como foco principal as diferentes abordagens utilizadas no treinamento profissional. A
conferência de abertura foi realizada pelo Sr. Marcelo Chanes que tratou do Panorama da
Educação nos Serviços de Saúde. Completando a programação, ocorreram também me-
sas redondas, onde profissionais de diferentes instituições trouxeram suas experiências.
Agradecemos a participação dos inscritos, patrocinadores, comissão organizadora, co-
missão científica, direção que acreditaram e compartilharam experiências que possibili-
taram repensar o fazer do profissional de saúde. Esperamos a participação de todos nos
próximos eventos.
Boa leitura!
EDITORIAL
Educação Continuada como foco na assistência à saúde
Ariadne da Silva FonsecaGerente do Instituto de Ensino
e Pesquisa e do Centro
de Simulação da Rede de
Hospitais São Camilo
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This September 29 and 30, the Education and Research In-
stitute, alongside the Human Resources Department of the
São Camilo Hospital Network, organized the 1st Symposium
on Continued Education. The event was split into four work-
shops: Assertive communication in search for excellence in
caring, Power up your training with interactive games, Build-
ing scenarios and Emotional intelligence in assisting the cli-
ent. The workshops were held simultaneously and partici-
pants went through situations similar to those of their work as
health professionals.
The event was brightened by the presences of General Di-
rector Rogério Quintela, Assistance Practices Director Mar-
celo Sartori, COREN-SP Vice President Mauro Antônio da
Silva Dias, President of ABEn-SP, IEP Manager and Simulation
Center Ariadne da Silva Fonseca, and of Human Resources
Manager Wilma Cintra Sampietri, who took part of the open-
ing. Registered nurse Fabiana de Melo was the master of cer-
emonies and steered the event all along.
At hand were about 120 people from São Paulo (city proper
and countryside) and Rio de Janeiro. In all, 23 works broach-
ing different themes and institutions were presented. More-
over, two satellite symposiums, coordinated by sponsors and
focused especially on different approaches used in profes-
sional training, were also held. The opening conference was
conducted by Mr. Marcelo Chanes, who tackled the Educa-
tion Panorama in Health Services. Rounding up the program,
round tables were also held, in which professionals from dif-
ferent institutions shared their experiences.
We appreciate the participation of all applicants, the spon-
sors, the organizing committee, the scientific committee and
the management, who believed and shared experiences that
led to a rethinking of the praxis of the health professional. We
look forward to the attendance of all in future events.
Good reading!
A fines del mes de septiembre el Instituto de Enseñanza e
Investigación junto con el Departamento de Recursos Huma-
nos de la Red de Hospitales São Camilo organizaron el 1er
Simposio de Educación Continua durante los días 29 y 30 de
septiembre de 2016. El evento contó con los siguientes 4 work-
shops: Comunicación asertiva en búsqueda de la excelencia
en la atención, Potencie su entrenamiento con juegos interac-
tivos, Construcción de escenarios e inteligencia emocional en
la atención al cliente. Los workshops ocurrieron simultánea-
mente y los participantes experimentaron situaciones que ha-
cen parte de su actuación como profesional de salud.
Este evento contó con la presencia del Director General, Ro-
gério Quintela, Director de Prácticas Asistenciales, Marcelo
Sartori, Vicepresidente del Colegio Regional de Enfermería –
Estado de São Paulo (COREN-SP), Mauro Antônio da Silva Dias,
Presidente de la Asociación Brasileña de Enfermería – Estado
de São Paulo (ABEn-SP) y Gerente del IEP y del Centro de Si-
mulación Ariadne da Silva Fonseca y Wilma Cintra Sampietri,
Gerente de Recursos Humanos, que participaron de la mesa
de apertura. La enfermera Fabiana de Melo fue la maestra de
ceremonia y condujo el evento durante todo el período.
Participaron en este evento alrededor de 120 personas de la
ciudad de São Paulo, interior y Rio de Janeiro. Se presentaron
23 trabajos de distintas temáticas e instituciones. Ocurrieron
también 2 simposios satélites coordinados por patrocinado-
res, teniendo como principal enfoque los distintos abordajes
utilizados en el entrenamiento profesional. La conferencia de
apertura fue realizada por el Sr. Marcelo Chanes que trató del
Panorama de la Educación en los Servicios de Salud. Comple-
tando la programación, también ocurrieron mesas redondas
donde los profesionales de distintas instituciones aportaron
sus experiencias.
Agradecemos la participación de los inscritos, patrocinado-
res, comisión organizadora, comisión científica, dirección, que
creyeron y compartieron experiencias que hicieron posible
repensar el quehacer del profesional de salud. Esperamos la
participación de todos en los próximos eventos.
¡Buena lectura!
Health assistance focused on Continued Education
El enfoque de la Educación Continua en la asistencia a la salud
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ResumoEste estudo tem como objetivo levantar na literatura artigos rela-
cionados à previdência social e acidente de Trabalho. Utilizou-se
como metodologia a revisão de literatura, onde foram utilizados
periódicos indexados no banco de dados Lilacs. Foram encontra-
dos sete artigos que após leitura e análise evidenciou a importân-
cia da notificação integral dos acidentes de trabalho.
Palavras-chave: previdência social; acidente de trabalho.
AbstractThis study aims to survey in the literature articles related to social
security and occupational work accidents. As methodology, it was
used a literature review, in which publications in the Lilacs database
were tapped into. Seven articles were found which, after reading
and analysis, showed the importance of full notification of occu-
pational
Key words: social security, occupational work accident.
ResúmenEste estudio tiene como objetivo levantar en la literatura artículos
relacionados a la previsión social y accidente de trabajo. Se utilizó
la revisión de literatura como metodología, donde se usaron peri-
ódicos indexados en la base de datos Lilacs. Se encontraron siete
artículos que, después de la lectura y del análisis se evidenció la
importancia de la notificación integral de los accidentes de trabajo.
Palabras-clave: previsión social; accidente de trabajo.
Previdência Social e Acidente de Trabalho: revisão de literatura
Debora Regina ReducinoEnfermeira, Pós graduanda em Enfermagem pela Universidade Nove de Julho. [email protected]
Vitor Hugo MarquesEnfermeiro, Professor Mestre em Ciências pela Escola de Enfermagem da USP. [email protected]
Welfare and Work Accidents: Review of literature
Previsión Social y Accidente de Trabajo: revisión de la literatura
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IntroduçãoSaúde do Trabalhador é definida como um conjunto de ati-
vidades que se destina, através das ações de vigilância epi-demiológica e sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.1
A preocupação do governo brasileiro com o número de acidentes e doenças laborais levou à construção de uma Po-lítica Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) como forma de promover a melhoria da qualidade de vida e da saúde do trabalhador, mediante a articulação e integra-ção, de forma contínua, das ações de governo no campo das relações de produção-consumo, ambiente e saúde. Tal po-lítica foi instituída também com o propósito de implementar a estrutura de promoção da segurança e saúde no trabalho, com vista a atender os ditames da Organização Internacio-nal (OIT) via Convenção nº 187. Vale ressaltar que na data de 05/05/2005 foi publicada no DOU o texto base da Minu-ta para consulta pública da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador onde o governo citava os objetivos e instrumentos de execução, dentre os quais destacamos: A precedência das ações de prevenção sobre as de reparação, tendo como estratégias estabelecer política tributária que privilegie as empresas com menores índices de doenças e acidentes de trabalho e que invistam na melhoria das condi-ções de trabalho.2
Em 1998, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), mediante a Resolução nº 1.101, de 16 de julho, aprovou uma sistemática para elaboração de indicadores de acidente de trabalho, consubstanciada no documento “Metodologia para Avaliação e Controle dos Acidentes de Trabalho”, com o ob-jetivo de identificar os ramos de atividade econômica em que se verificava um nível mais elevado de riscos no ambiente de trabalho, bem como o de aperfeiçoar o enquadramento dos ramos de atividade econômica por grau de risco para fins de
11
incidência de contribuição previdenciária. A tarifação coletiva está prevista no art. 22 da Lei 8.212/1991 que estabelece as taxas de 1, 2 e 3% calculados sobre o total das remunerações pagas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos.3
As alíquotas aplicadas para o financiamento dos benefícios pagos pela Previdência Social decorrentes dos riscos am-bientais do trabalho foi materializada mediante a aplicação da metodologia do Fator Acidentário de Prevenção, mediante análise e avaliação da proposta metodológica e publicação das Resoluções CNPS nºs 1308 e 1309, ambas de 2009.3
Vale ressaltar que esta metodologia FAP entrou em vigor em janeiro de 2010 e servirá para ampliar a cultura da pre-venção dos acidentes e doenças do trabalho, auxiliar a es-truturação do Plano Nacional de Segurança e Saúde do Tra-balhador (PNSST) oficializado conforme publicação no DOU 08/11/2011 Decreto 7.602.4
A motivação pela escolha do tema para a elaboração da monografia norteia-se na indagação de como vem sendo abordada a relação entre a previdência social e acidente de trabalho.
O interesse surgiu a partir de experiência vivenciada pelo
“A preocupação do governo brasileiro com o número de acidentes e doenças
laborais levou à construção de uma Política Nacional de Segurança e Saúde
no Trabalho (PNSST) como forma de promover a melhoria da qualidade de
vida e da saúde do trabalhador...”
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autor deste estudo na qual tive a oportunidade de vivenciar no período que fiz cobertura de licença médica em uma Em-presa Multinacional do Estado de São Paulo como Enfermeira do Trabalho e destaca-se como principal função do referido cargo dar subsidio técnico ao departamento jurídico quando da elaboração de contestação junto ao INSS nos casos de benefícios que sofram alterações de benefícios previdenciá-rio (B31) para acidentário (B91).
Após vivenciar as seguintes situações, surgiram curiosida-des que levaram a construção e realização dessa pesquisa. Desta forma, fica então, a pergunta: como esta o avanço dos registros de comunicação de acidente de trabalho? Diante deste contexto, este estudo tem como objetivo realizar revi-são bibliográfica sobre previdência social e acidente de tra-balho.
MetodologiaNa expectativa de atingir os objetivos pré-estabelecidos,
optou-se por uma pesquisa do tipo bibliográfica de revisão integrativa. Esta pesquisa tem como objeto os artigos da últi-ma década que abordavam previdência social e acidente de trabalho.
A coleta dos dados ocorreu, no mês de junho de 2012, por meio da busca efetuada na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), na qual foi possível levantar os artigos presentes nos periódi-cos indexados à Literatura Latina Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) através da associação da palavra chave previdência social. Para seleção dos artigos que com-puseram este estudo, foram considerados:
1 • Artigos publicados, independente do contexto, nos perió-dico indexados à Lilacs no período entre 1990 a 2012;2 • Artigos que abordavam a previdência social e acidente de trabalho.3 • Artigos disponibilizados na íntegra nos bancos de dados virtuais.
ResultadosNo processo de busca dos artigos na Base de Dados se-
lecionada por meio da palavra chave, Previdencia Social e Acidente de Trabalho obteve-se um total de 12 artigos na LILACS.
Figura 1 - Seleção de artigos que abordam Previdência So-cial e Acidente de Trabalho. São Paulo, 2012
Previdência Social - Acidente do Trabalho
LILACS
Artigos Selecionados
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Quadro 1 - Resumo do conteúdo dos trabalhos que abordavam previdência social e acidente de trabalho. São Paulo, 2012.
Ano / Autor Título Objetivo Metodologia Conclusão
1990
Navarro Dias A.R;
Saporito W.F; Souza
S. A. B; Vitório . P.
K; Wilcken M.F.T;
Nascimento V. B.
1992 à 1993
Oliveira P.A.B;
Mendes J.M
1994
Machado J.M.H;
Gomez C.M
2002
Domingos G. N;
Ricardo C. C;. Vidal
H. Jr.
Acidente do
Trabalho Análise
de Algumas
Variáveis
Epidemiológicas
Acidentes de
Trabalho: Violência
urbana e morte
em Porto Alegre,
Rio Grande do Sul,
Brasil
Acidentes de
Trabalho: Uma
expressão da
Violência Social
Acidentes de
trabalho: em
pescadores
artesanais da
região do Médio Rio
Araguaia, Tocantins,
Brasil
Utilização dos métodos
de investigação
epidemiológica que
sugere múltipla
causalidade
Ampliar os
conhecimentos sobre
a subnotificação dos
acidentes de trabalho
com morte, a avaliar as
declarações de óbito
como instrumento de
registro dos óbitos
relacionados ao
trabalho.
Relacionar a violência
e o processo de
trabalho
O presente estudo
relata acidentes de
trabalho ocorridos entre
pescadores profissionais
artesanais da região
do Médio Rio Araguaia,
Tocantins, Brasil,
estimando sua incidência
e estabelecendo sua
relação com fatores
sócio-econômicos e
ocupacionais.
Levantamento de fichas de CAT
INAMPS DE SBC, período de
janeiro a dezembro de 1989.
Análise de 1759 fichas, não foram
considerados aqueles casos que
evoluíram com complicações e/
ou óbito.
Trabalho de pesquisa
epidemiológica de caráter
prospectivo, análise de declarações
de óbitos e outras colhidas junto
ao IML decorrentes de causas
externas ocorridos, período de
abril de 1992 à março de 1993.
Informações Secretaria de Saúde
e Meio Ambiente do Estado do Rio
Grande do Sul.
Relacionar a violência e o processo
de trabalho
Estudo de delineamento
transversal, período junho a
agosto de 2002.Coleta de dados
questionários semi-estruturados
individuais, além das informações
sobre as pessoas que relataram ter
sofrido acidente nos últimos seis
meses, incluindo o período das
entrevistas.
Evidenciam-se que existe uma grande
ocorrência de acidentes do trabalho
em indivíduos do sexo masculino, os
acidentes estudados acometem em
maior escala trabalhadores entre vinte
e trinta e nove anos, A região do corpo
mais atingida nos acidentes do trabalho
são apontadas membro superior.
Destaca-se uma significação no registro
inadequado das fichas no sentido de sua
caracterização e registro.
Identificou que apenas 1/5 dos
óbitos relacionados com o trabalho
são notificados como tais, visando
a necessidade urgente de se
reorganizarem os instrumentos de
coleta de dados relacionados à saúde
e ao trabalho.
A relação entre o processo de trabalho
e a violência urbana, passa a ser objeto
de intervenção das políticas preventivas
de acidentes, demandando uma maior
articulação do setor saúde com outros
setores, entre eles o planejamento
urbano. Os sistemas de registros não
são feitos adequadamente.
Entre os pescadores do Município de
Araguacema, foi possível observar uma
grande quantidade de pescadores que
possuíam o hábito de beber e fumar. A
dura jornada de trabalho, que inclui a
exposição a fatores ambientais.
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DiscussãoExiste uma grande ocorrência de acidentes do trabalho em in-
divíduos do sexo masculino, sendo a faixa etária entre vinte e trinta e nove anos de idade.5 Outras limitações importantes são a falta de informações dos dados registrados na CAT, ou seja, houve um significativo número de fichas em branco o que dificulta a carac-terização e registro dos eventos aqui referido.
Buscar formas alternativas de trabalho faz parte de nossa reali-dade social. Isto exige, portanto, que sejam repensados os meca-nismo de diagnóstico, buscando-se valorizar as diferentes formas de inserção no mercado de trabalho, incluindo o mercado formal desassistido pelo seguro acidente de trabalho e o mercado infor-mal, sob seus diferentes nexos, significados e dimensões.7
Para fins de notificação epidemiológica e para fins de Vigilância
Ano / Autor Título Objetivo Metodologia Conclusão
2006
Santana V.S; Filho J.
B.A; P. R.A; Branco
A.B
2007
Iwamoto H. H;
Camargo F. C;
Tavares L.C; Miranzi
S. S. C.
2008
Souza N. S;
Santana V.S; Oliveira
P.R.A.;
Acidentes de
trabalho: custos
previdenciários e
dias de trabalho
perdidos
Acidentes de
trabalho fatais e
a qualidade das
informações de
seus registros em
Uberaba, em Minas
Gerais e no Brasil,
1997 a 2006
Doenças do
trabalho e
benefícios
previdenciários
relacionados à
saúde, Bahia, 2000
Estimar a contribuição
de benefícios
concedidos por
acidentes de trabalho
dentre o total de
benefícios relacionados
com a saúde da
Previdência Social,
focalizando os custos
conforme o tipo de
benefício, e o impacto
sobre a produtividade
relativa a dias perdidos
de trabalho.
Caracterizar os acidentes
de trabalho fatais e
analisar a qualidade das
informações de seus
registros.
Estimar a contribuição
das doenças
relacionadas
ao trabalho nos
afastamentos por
problemas de saúde
em geral e
ocupacionais.
Utilizam-se registros dos
despachos de benefícios do
Sistema Único de Benefícios do
Instituto Nacional de Seguridade
Social da Bahia, em 2000.
Acidentes de trabalho foram
definidos com o diagnóstico clínico
para Causas Externas, Lesões e
Envenenamentos (SS-00 a T99)
da Classificação Internacional de
Doenças 10ª Revisão, e o tipo de
benefício que distingue problemas
de saúde ocupacionais e não
ocupacionais.
Estudo ecológico com análise
descritiva, período de 1997 a 2006.
Utilizou-se como fonte de dados
as informações do Sistema de
Informações sobre Mortalidade
(SIM), do Ministério da Saúde, e o
Sistema Único de Benefícios (SUB),
do Ministério da Previdência e
Assistência Social.
Foram analisados dados
sociodemográficos, ocupacionais
e de saúde referentes a 29.658
registros dos benefícios por
incapacidade temporária
concedidos por agravos à saúde
pelo INSS, no Estado da Bahia, em
2000. Foram considerados casos
todos os diagnósticos clínicos
constantes da CID-10, com exceção
das causas externas e fatores
que influenciam o contato com os
serviços de saúde. A vinculação
do diagnóstico com a ocupação
baseou-se no código CID-10 e
se a espécie do benefício era
“acidentária”.
Apesar do conhecimento de que
esses dados são sub-enumerados,
e restritos aos trabalhadores que
conseguiram receber benefícios
relacionados com a saúde, os achados
revelam o grande impacto sobre a
produtividade e o orçamento do Instituto
Nacional de Previdência Social de
agravos reconhecidos como evitáveis,
reforçando a necessidade de sua
prevenção.
São necessárias, portanto, formas mais
eficazes de registro das informações
relacionadas aos acidentes de trabalho
fatais.
Os resultados sugerem a existência de
possíveis fatores de risco ocupacionais
para enfermidades nesses ramos de
atividade, como também o sub-registro
da vinculação das patologias com o
trabalho, camuflando a responsabilidade
das empresas e a perspectiva de
prevenção pela reorganização do
trabalho.
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Referências1 • Ministério da Saúde – Saúde do Trabalhador – cad-erno de atenção básica nº 5. Brasília – 2002 http://portal.saude.gov.br/portal/saude
2 • SESI. Acessado em http://www.sesi.org.br
3 • Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional.Manual NTEP e FAP: Nexo Técnico Epidemiológico Prev-idenciário (NTEP)e suas implicações na composição do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) /SESI/DN. – Bra-sília, 2011.
4 • BRASIL. Ministério da Saúde. Portal de notícias da saúde: A Saúde e seus determinantes Sociais [periódico na internet].Brasil; 2007. Disponível em http://portal.sau-de.gov.br/portal/arquivos/pdf/saudeedeterminantes-sociais_artigo.pdf
5 • Nascimento V.B. do et al. Acidente do Trabalho – Análise de Algumas Variáveis Epidemiológicas. Arq. med. ABC, 13 (1-2): 10-14, 1990
6 • Santana VS, Filho JBA, Oliveira PRA, Branco AB. Aci-dentes de trabalho: custos previdenciários e dias de tra-balho perdidos. Rev. Saúde Pública 2006; 40(6): 1004-12
7 • Oliveira PAB, Mendes JM. Acidentes de trabalho: vi-olência urbana e morte em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 13 (Supl. 2): 73-83, 1997
8 • Machado JMH, Gomez CM. Acidentes de trabalho: uma expressão da violência social. Cad. Saúde Pública vol.10 suppl. 1 Rio de Janeiro 1994
9 • Souza NSS, Santana VS, Oliveira PRA, Branco AB. Doenças do trabalho e benefícios previdenciários rela-cionados à saúde, Bahia, 2000. Ver Saúde Pública 2008; 42(4):630-8
10 • Iwamoto HH, Camargo FC, Tavares LC, Miranzi SSC. Acidentes de Trabalho fatais e a qualidade das infor-mações de seus registros em Uberaba, em Minas Ge-rais e no Brasil, 1997 a 2006. Rev. bras. Saúde ocup., São Paulo,36 (124):208-215,2011
11 • Neto DG, Cordeiro RC, Jr Haddad V. Acidentes do trabalho em pescadores artesanais da região do Médio Rio Araguaia, Tocantis, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(3):795-803, mai-jun,2005
em Saúde, é necessária a urgente revisão do conceito de óbito por acidente de trabalho.7
Do ponto de vista das condições de defesa dos interesses dos trabalhadores, o segmento mais atingido pela morte no trabalho é aquele desassistido pelo Estado, através de suas políticas públi-cas de prevenção e assistência ao acidentado.8
O conhecimento dos direitos sobre saúde e segurança de parte dos trabalhadores é um dos fatores reconhecidos como determi-nantes do maior registro de agravos ocupacionais.9
Empregando-se uma estimativa conservadora de que doenças registradas em determinados ramos de atividades, com frequên-cia duas vezes maior que a verificada no total de benefícios, veri-fica-se expressiva sub notificação da vinculação com o trabalho.10
Diferentemente dos acidentes de trabalho típicos, cujo nexo com o trabalho é menos subjetivo, para as doenças ocupacionais ocorrem maiores dificuldades no estabelecimento da relação causal com o trabalho pois se refere primordialmente ao período de latência muito extenso entre a exposição e os sintomas iniciais da doença. 11
Os acidentes de trabalho não são eventos fortuitos ou aciden-tais, mas fenômenos socialmente previsíveis e preveníveis. Por essas razões, a fim de se propor enfrentamento efetivo e promo-ção da saúde do trabalhador. 10
Devido os sub-registros de agravos ocupacionais em hospitais, clínicas e ambulatórios, somente dados primários poderão revelar estimativas fidedignas. 6
Os primeiros efeitos do Nexo Técnico Epidemiológico desde sua implantação abril/2007 apontou um acréscimo considerável com a aproximação da nossa realidade com o registro de conces-sões de auxílios doença acidentários. 9
ConclusãoO estudo possibilitou adquirir conhecimento no campo do direi-
to do trabalho e no direito previdenciário, observando a dinâmica da importância da notificação integral dos acidentes de trabalho caracterizando e classificando-os de acordo com o preconizado.
É sabido que prevenção de acidentes não se faz simplesmen-te com a aplicação de normas, porém elas indicam o caminho obrigatório e determinam limites mínimos de ação para que se alcance, na plenitude os recursos existentes na legislação.
Diante dos artigos discutidos foi evidenciado o sub registro de acidentes de trabalho, bem como os casos fatais de mortalidade. Vale ressaltar que os referidos autores mostraram uma preocu-pação na importância de registros de dados fidedignos tanto para fins de benefícios como para a empresa interpor recurso da concessão do benefício em espécie acidentária.
Conclui que mudanças benéficas poderão ser alcançadas por meio da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, bem como a metodologia FAP servirá para ampliar a cultura da prevenção dos acidentes e doenças do trabalho.
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ResumoEste estudo tem como objetivo conhecer a vivência das puérperas
na assistência ao parto na casa de parto, bem como aspectos posi-
tivos e negativos no atendimento prestado. Trata-se de um estudo
qualitativo. Participaram desta pesquisa 22 mulheres que optaram
pela assistência em casa de parto. A coleta de dados foi realiza-
da por meio de entrevista semiestruturada, no período de julho e
agosto de 2015. A média da idade das mulheres entrevistadas foi
de 30 anos, 17 mulheres possuem o Ensino Superior Completo.
85% eram primíparas e 15% eram multíparas. Destas, 1 (5%) mulher
já teve experiência de parto hospitalar anterior, 1 (5%) mulher está
gestante e realizando acompanhamento na Casa de Parto nova-
mente, 3 (15%) mulheres necessitaram de transferência para o hos-
pital durante o trabalho de parto e 17 (85%) tiveram o bebê na Casa
de Parto. Analisando os dados, surgiram seis categorias: Fatores
que levaram a optar pelo parto na Casa de Parto; Expectativas em
relação ao parto na Casa de Parto; Preparação para o Parto na Casa
de Parto; Satisfação quanto ao atendimento prestado; O Trabalho
da Doula no pré-natal, parto e pós-parto; Experiência do Parto na
Casa de Parto. O estudo mostrou que as mulheres se sentem mais
seguras e que a qualidade da assistência é integral, o preparo para
o parto, amamentação, cuidados com o RN, puerpério e acompa-
nhamento até o bebê completar um ano de idade.
Palavras-chave: Parto Humanizado. Casa de Parto. Obstetrícia.
AbstractThis study aims to evaluate the experience of pregnant women in
childbirth assistance at Birth Centers, as well as the positive and
negative aspects of the care provided. This qualitative study in-
cluded 22 women who opted for assistance at Birth Centers. The
data collection was obtained through semi-structured interviews
between July and August 2015. The medium age of the interviewed
women was 30 years, 17 women had completed higher education,
85% were primiparous and 15% were multiparous. Of these, 1 (5%)
woman is pregnant and had a previous hospital delivery experien-
ce, 1 (5%) woman is pregnant and is undergoing monitoring at the
Assistência ao Parto em Casa de Parto: mulheres que vivenciaram esta experiência
Fernanda Farias PandoPós Graduanda em Ginecologia e Obstetrícia. Faculdade de
Enfemagem Hospital Israelita Albert Einstein. Técnica de
Simulação no Centro de Simulação da Rede de Hospitais São
Camilo. e-mail: [email protected]
Paula de Souza e CastroEspecialista em Gerenciamento de Serviços de Enfermagem
pela Universidade Federal de São Paulo e em Saúde da
Família pela Universidade de Paulo. Mestre em Ciências pela
Universidade de São Paulo. Professor adjunto da Universidade
Paulista-Unip. Enfermeiro Judiciário no Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo.
Childbirth Assistance at Birth Centers: women
who went through the experience
Asistencia al Parto en Casa de Parto: mujeres
que vivieron esta experiencia
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Birth Center again, 3 (15%) women required transfer to hospitals du-
ring labor and 17 (85%) had their babies at the Birth Center. Analyzing
the data, six categories came up: factors that led to opt for birth at the
Birth Center; Expectations regarding birth at the Birth Center; Prepa-
ration for Childbirth at the Birth Center; Satisfaction with the service
provided; The work of the doula in prenatal, delivery and postpartum;
Childbirth Experience at the Birth Center. The study showed that wo-
men feel safer and that the care quality is total, including preparation
for childbirth, breastfeeding, care of the newborn, postpartum and
monitoring until the baby is one year old.
Key words: Humanized Birth. Birth Center. Obstetrics.
ResúmenEste estudio tiene como objetivo conocer la vivencia de las puér-
peras en la asistencia al parto en la casa de parto, como también
aspectos positivos y negativos en la atención prestada. Se trata de
un estudio cualitativo. Participaron de esta encuesta 22 mujeres que
optaron por la asistencia en casa de parto. La recolección de datos
se realizó por medio de entrevista semiestructurada, en el período
de julio y agosto de 2015. El promedio de edad de las mujeres entre-
vistadas fue de 30 años, 17 mujeres tienen Enseñanza Superior Com-
pleta. El 85% eran primíparas y el 15% eran multíparas. De éstas, 1 (5%)
mujer ya tuvo experiencia de parto hospitalario anterior, 1 (5%) mujer
está embarazada y realizando acompañamiento en la Casa de Parto
nuevamente, 3 (15%) mujeres necesitaron de transferencia al hospital
durante el trabajo de parto y 17 (85%) tuvieron el bebé en la Casa de
Parto. Analizando los datos, surgieron seis categorías: Factores que
llevaron a optar por el parto en la Casa de Parto; Expectativas en rela-
ción al parto en la Casa de Parto; Preparación para el Parto en la Casa
de Parto; Satisfacción en cuanto a la atención prestada; El Trabajo
de Doula en el prenatal, parto y posparto; Experiencia del Parto en la
Casa de Parto. El estudio mostró que, las mujeres se sienten más se-
guras y que la calidad de la asistencia es integral, la preparación para
el parto, amamantamiento, cuidados con el recién nacido, puerperio
y acompañamiento hasta que el bebé complete un año de edad.
Palabras-clave: Parto Humanizado. Casa de Parto. Obstetricia.
“O parto natural é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
devido aos benefícios que já foram comprovados e a diminuição dos riscos
maternos e neonatais...”
IntroduçãoA gravidez e o parto são eventos sociais que integram a vi-
vência reprodutiva de homens e mulheres. A gestação, parto e puerpério constituem uma experiência humana das mais significativas, com forte potencial positivo e enriquecedora para todos que dela participam.1
Entre o século XVI e o século XVIII os partos eram reali-zados em casa, de maneira não intervencionista, assistidos por parteiras, que desenvolviam suas práticas com base em um saber empírico transmitido de geração a geração. Com o advento do capitalismo, a medicina adquiriu um papel rele-vante devido à necessidade de controle das forças produti-vas, levando aumento do interesse médico pela reprodução, o que acarretou a incorporação da obstetrícia à medicina e, posteriormente, a um gradativo processo de medicalização e institucionalização do parto, com a justificativa do suposto potencial patológico deste evento.2
No final do século XVI, o cirurgião inglês Peter Chamber-lain passou a utilizar o fórceps obstétrico com frequência, fazendo com que o trabalho da parteira, reconhecido pela sociedade, começasse a sofrer declínio. A intervenção mas-culina passou a substituir o paradigma não-intervencionista das parteiras, e estas passaram a ser rejeitadas.3
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Atualmente, no Brasil, o número de cesarianas está entre os mais altos do mundo, ultrapassando 80% dos casos em instituições hospitalares privadas e nos serviços públicos esse número chega a 50%, submetendo mulheres e recém--nascidos a riscos desnecessários. O recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é que não ultrapasse 15%.4
O parto natural é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devido aos benefícios que já foram compro-vados e a diminuição dos riscos maternos e neonatais. Existe uma diferenciação entre o parto normal (tradicional) e o par-to natural, pois, já há algum tempo, o parto normal tem ocor-rido de maneira oposta à sua normalidade e naturalidade, com muitas intervenções sendo realizadas.4,5 Ou seja, para a realização do parto de forma tradicional, são utilizados, de maneira rotineira, alguns procedimentos como a episioto-mia, a colocação de acesso venoso periférico, a raspagem dos pelos, a suspensão da alimentação, o repouso na cama hospitalar, a proibição da presença de um acompanhante, dentre outras ações, que só causam sofrimento, dor e au-mento do risco de inúmeras complicações à parturiente e ao bebê. Dentro deste contexto é que surge o parto natural ou humanizado, que se diferencia do tradicional parto nor-mal pela centralização das condutas e atitudes profissionais nas necessidades da mulher. As intervenções devem ocorrer apenas quando há uma real indicação e não como protocolo da instituição.5
As atitudes dos profissionais envolvidos neste parto tam-bém são fundamentais, e devem respeitar o tempo, limites, desejos, anseios e expectativas de cada mulher, durante todo o acompanhamento do trabalho de parto e parto.
O foco do parto natural é o resgate do nascimento, através de sua simplicidade e das mudanças de comportamento e atitudes dos profissionais envolvidos no processo. Paciência, tranquilidade, respeito ao outro e conhecimento científico são fundamentais para o acompanhamento do parto natural. Humanizar significa respeitar a individualidade da mulher.4
Para que ocorra a humanização da assistência ao parto no ambiente hospitalar, é necessário uma mudança na cultura assistencial, promovendo uma assistência voltada mais para as necessidades maternas e familiares. É também indispen-sável modificações na estrutura física, proporcionando um ambiente mais acolhedor e favorável à implantação de prá-ticas humanizadas.6
O Ministério da Saúde adotou como estratégia a implan-tação da Política Nacional de Humanização (PNH) que, no âmbito do parto e nascimento, tem ligação com o Programa de humanização do Pré-natal e Nascimento e com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, e se fun-
damenta na premissa de resgatar o parto enquanto evento fisiológico e na devolução do protagonismo da mulher e do bebê, buscando promover um nascimento mais humano e digno.2
Os Centros de Parto Normal surgiram com o objetivo de resgatar o direito à privacidade e à dignidade da mulher no processo de parturição oferecendo um local acolhedor, semelhante ao seu ambiente familiar, e ao mesmo tem-po garantindo segurança ao binômio mãe e filho. Em caso de eventual necessidade oferecem recursos técnológicos apropriados além de seguir um padrão de procedimentos previamente estabelecidos.7
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) baixou a Resolução n°223/1999, que dispõe sobre a atuação dos pro-fissionais enfermeiros e obstetrizes na assistência à mulher na gravidez e no puerpério8. A normatização da atuação do enfermeiro obstetra e obstetrizes nas Casas de Parto ou nos CPNs, bem como a responsabilidade civil desse profissio-nal foram feitas pelo COFEN, em 2008, pela Resolução n° 339/2008.9
Portanto, neste trabalho pretende-se descrever a experi-ência de mulheres que foram atendidas na Casa de Parto, destacar aspectos positivos e negativos no atendimento prestado, além de evidenciar a importância da atuação da enfermagem obstétrica e da obstetriz para a humanização do nascimento.
Objetivo
Conhecer a vivência das puérperas na assistência ao parto na casa de parto, bem como aspectos positivos e negativos no atendimento prestado.
MetodologiaA pesquisa foi desenvolvida na perspectiva de um es-
tudo descritivo de abordagem qualitativa. Foi realizada na Casa Ângela e na residência das mulheres entrevistadas, respeitando a disponibilidade de horário das mesmas, com aprovação da instituição (ANEXO 1). Foram entrevistadas 20 mulheres que optaram pela assistência ao parto na Casa de Parto.
A Casa Angela ficou pronta em 2008 e começou a fun-cionar parcialmente em março de 2009, com os primeiros atendimentos de pré-natal e pós-parto. A proposta da casa de parto era dar prosseguimento ao trabalho desenvolvido por Angela Gehrke durante 10 anos no ambulatório da Mon-te Azul. Nesse período, ela acompanhou um total de 1500 partos normais, com baixos índices de intervenção, alto grau de satisfação das mulheres e nenhum caso de morte mater-na ou neonatal.
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A parteira Angela Gehrke, nascida e formada na Alema-nha, chegou ao Brasil em 1983 para trabalhar na área de saúde da Associação Comunitária Monte Azul e logo passou a se dedicar ao acompanhamento da gravidez, do parto e do pós-parto das mulheres da favela de mesmo nome, na zona Sul de São Paulo.
A Casa Angela desenvolve atividades que compreende todo o período do pré-natal, parto e pós-parto. Para iniciar o pré-natal todos devem participar do grupo de acolhimento onde os profissionais contam a história da casa, apresentam o modelo de assistência, a equipe e as instalações. Caso atenda as expectativas dos participantes realizam o agen-damento da 1ª consulta individual. As consultas são reali-zadas por enfermeiras obstetras e obstetrizes. As gestantes de baixo risco ou risco habitual realizam o pré-natal na Casa Angela e na Unidade Básica de Saúde ou médico de sua preferência e podem ter o parto normal assistido na Casa. As gestantes de médio e alto risco são encaminhadas para acompanhamento médico podendo continuar o acompa-nhamento na casa, porém sem possibilidade de ter o parto.
Para ter o parto na Casa Angela a gestante deverá ingres-sar no pré-natal até 35 semanas de gestação, ter no míni-mo 6 consultas de pré-natal, não possuir fatores de risco e participar do curso para gestantes e acompanhantes. A proposta de assistência é o acompanhamento do pré-natal (consultas, cursos, oficinas e trabalho corporal), assistência ao parto natural, atendimento de pós-parto, visita domiciliar, consultas de puericultura, incentivo e apoio ao aleitamento materno com posto de coleta, cursos mãe-bebê e oficinas que se estendem até o 1º ano de vida.
Coleta de DadosA coleta de dados foi realizada por meio de entrevista se-
mi-estruturada, no período de julho e agosto de 2015, com questões abertas que buscaram conhecer a qualidade da assistência recebida, as expectativas e percepções das mu-lheres no atendimento da Casa de Parto.
Após contato prévio com a puérpera e o seu consenti-mento, a entrevista foi realizada por meio de perguntas pré--estabelecidas, gravadas e transcritas durante um encontro.
Análise dos DadosOs dados foram analisados a partir da coleta de dados,
transcrição dos dados coletados, releitura dos mesmos e análise do conteúdo.
A análise de conteúdo é a expressão utilizada para repre-sentar o tratamento dos dados de uma pesquisa qualitativa.
Fazer uma análise temática consiste em descobrir os nú-cleos de sentido que compõem uma comunicação cuja pre-
sença ou frequência signifiquem alguma coisa para o obje-tivo analítico visado.
A técnica de análise temática é dividida estruturalmente em três etapas: ordenação dos dados, classificação dos da-dos e análise final.
Aspectos ÉticosO projeto foi encaminhado para o Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Paulista – UNIP, obtendo o número de parecer: 1.103.808 (ANEXO 2).
Cada sujeito da pesquisa recebeu o Termo de Consen-timento Livre e Esclarecido, sendo que antes do início da pesquisa as mulheres foram informadas sobre o objetivo, ficando claro que os dados foram utilizados somente para fins de estudo e que manteremos em sigilo a identidade da participante. O Termo foi entregue em duas vias, sendo que uma das vias ficou em posse da participante e outra em posse da pesquisadora. Os dados de áudio foram transcri-tos e apagados, sendo que estas transcrições ficarão com a pesquisadora por até 5 anos, e depois removidas.
As entrevistadas foram identificadas apenas pelas iniciais do nome, garantindo o anonimato.
Descrição do RelatoA análise dos dados da pesquisa foi realizada através das
entrevistas realizadas com as mulheres a partir dos relatos referentes as suas expectativas, vivências e satisfação com o atendimento realizado pela equipe da Casa de Parto du-rante o pré-natal, parto e puerpério.
“O foco do parto natural é o resgate do nascimento, através de sua
simplicidade e das mudanças de comportamento e atitudes dos
profissionais envolvidos no processo. Paciência, tranquilidade, respeito ao outro e conhecimento científico são
fundamentais para o acompanhamento do parto natural”
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Quadro 1 - Distribuição das mulheres de acordo com a ida-de, estado civil, escolaridade, número de gestações e local de realização do pré-natal. São Paulo. 2015
A média da idade das mulheres entrevistadas foi de 30 anos. Considerando o Ministério da Saúde, apenas uma das mulheres (5%) encontra-se na faixa de risco gestacional, ou seja, menor de 15 anos e maior de 35 anos.10
Em relação ao estado civil, 59% das mulheres são casadas e 41% são solteiras ou união estável e 95% moram com seus companheiros.
Quanto à escolaridade, podemos observar um elevado grau de escolaridade entre as participantes, o que nos de-monstra que possivelmente pessoas com maior escolaridade conseguem em sua maioria ter os direitos garantidos.
Das mulheres entrevistadas, 86% são primíparas e 14% são multíparas. Destas, 1 (5%) mulher já teve experiência de parto hospitalar anterior, 1 (5%) mulher está gestante e realizando acompanhamento na Casa de Parto novamente, 3 (14%) mu-lheres necessitaram de transferência para o hospital durante o trabalho de parto e 19 (86%) tiveram o bebê na Casa de Parto.
Quanto ao pré-natal, todas as mulheres realizaram acom-panhamento na Casa de Parto, sendo que 10 (45%) mulheres realizaram o pré-natal na UBS do bairro, 10 (45%) mulheres realizaram o pré-natal com obstetra do convênio ou particu-lar e 2 (10%) realizaram o pré-natal no hospital de referência.
Analisando os dados, surgiram seis categorias:
• Fatores que levaram a optar pelo parto na Casa de Parto;• Expectativas em relação ao parto na Casa de Parto;• Preparação para o Parto na Casa de Parto;• Satisfação quanto ao atendimento prestado;• O Trabalho da Doula no pré-natal, parto e pós-parto;• Experiência do Parto na Casa de Parto.
Fatores que levaram a optar pelo Parto na Casa de PartoTodas as mulheres entrevistadas desejavam um parto hu-
manizado, sem intervenções desnecessárias e com a presen-ça de um acompanhante de sua escolha. Segundo o COREN, no parto humanizado os desejos e escolha da parturiente são acolhidos, as intervenções são realizadas de forma criteriosa e apenas quando realmente é necessário.11
“(...) como já é chamado de parto humanizado, é bem essa questão de você se sentir em casa e foi isso que eu esperei, que eu me sentisse a vontade pra sentir as minhas dores, gritar se fosse necessário e eu tive exa-tamente esse retorno deles, respeito, de te dar uma atenção de verdade, olhando no olho, faz toda a dife-rença (...)”(A. C. B.)“(...) todas as minhas amigas que queriam parto nor-mal tiveram cesárea, daí já achei estranho, na primeira consulta já falei pro médico que queria normal e ele disse que parto normal por protocolo tem fórceps, epi-siotomia, etc, e como eu não tinha muita informação fui levando, mas cada vez fui me informando mais (...)” (S.C.)
Outra questão que levou a optar pelo parto na Casa de Par-to foi o medo de sofrer violência obstétrica nas instituições de saúde:
“(...) medo de passar por violência obstétrica e porque eu sei dos benefícios do parto normal (...)” (C. C. L.)“(...) a gente escuta histórias das pessoas que tiveram o bebê em hospital público e fica assustada (...)”(D. F. G.)
Violência obstétrica são todos os atos praticados contra a mulher no exercício de sua saúde sexual e reprodutiva, po-dendo ser cometidos por profissionais de saúde, servidores públicos, profissionais técnico-administrativos de instituições públicas e privadas, bem como civis, de caráter físico, psico-lógico, sexual, institucional, material e midiático.12
“(...) eu estava buscando alguém em que eu pudesse confiar, se realmente fosse necessário fazer alguma intervenção tudo bem, mas eu queria alguém em que eu pudesse confiar de verdade e que só fizesse inter-
Idade
Estado Civil
Escolaridade
Gestações
Pré-Natal
Entre 21 e 37 anos
13 mulheres casadas (59%)
9 mulheres união estável ou solteiras (41%)
17 mulheres com Ensino Superior Completo (77%)
2 mulher com Ensino Superior Incompleto (9%)
2 mulher com Ensino Médio Completo (9%)
1 mulher com Nível Técnico Completo (5%)
19 mulheres primíparas (86%)
3 mulheres multíparas (14%)
10 mulheres realizaram o pré-natal na UBS (45%)
10 mulheres realizaram o pré-natal no obstetra do
convênio ou particular (45%)
2 mulheres realizaram o pré-natal no Hospital de
referência (10%)
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venções se fosse realmente necessário (...)” (F. S. D. M)”“(...) eu queria ter o parto lá porque eu queria ser a úni-ca protagonista deste parto porque o meu primeiro parto foi muito rápido, foi em 40 minutos, eu não sa-bia nem o que era uma contração, não tive nenhuma contração, eu cheguei e ele já estava coroando, então pensei se o primeiro foi assim o segundo vai ser rápi-do demais. Então eu queria mesmo pela ideia de parir sozinha, onde me recebem bem e vão me deixar ser a protagonista, por isso escolhi lá (...)” (D.S)
Como podemos observar no relato de D.S fica evidente que o protagonismo da mulher durante o trabalho de parto e parto é de extrema importância, ou seja, liberdade de mo-vimentação, escolha de posições, alimentação, escolha do acompanhante de preferência e principalmente ser respeita-da pelo profissional que está acompanhando diante de suas necessidades.
Expectativas em relação ao parto na Casa de PartoTodas as mulheres entrevistadas desejavam um parto na-
tural, sem intervenções ou então, intervenções que fossem realmente necessárias, relataram que desejavam um am-biente agradável, familiar, onde estivesse presente pessoas do seu convívio.
“ (...) é bem essa questão de você se sentir em casa e foi isso que eu esperei, que eu me sentisse a vontade pra sentir as minhas dores, gritar se fosse necessário (...)” (A.C.B.) “ (...) eu entendi exatamente o que é um parto huma-nizado lá, as minhas expectativas foram mais do que superada (...)” (N.O.S.)
Muitas mulheres sentem atração pela água durante o tra-balho de parto e acham que a imersão em água aquecida é um ótimo meio de relaxar e de se deixar levar pelas for-ças involuntárias que atuam no corpo e para aliviar a dor e
o desconforto das contrações fortes. A importância do uso de água morna durante o trabalho de parto é cada vez mais reconhecida.13
“ (...) que tudo fosse no tempo do bebê, nada que pu-desse acelerar o processo e desde que eu pensava em ser mãe eu tinha uma idealização de um parto na água, não sei porque, não sei de onde veio isso e quando visitei a casa e vi que tinha banheira, que dava pra ter o parto na água eu me encantei ainda mais e até no meu plano de parto tinha lá que eu gostaria muito que o meu bebê nascesse na água (...)” (V.M.C.)
O plano de parto é uma lista de itens relacionados ao parto, sobre os quais a gestante pensou e refletiu. Isto in-clui escolher onde quer ter o bebê, quem vai estar presen-te, quais são os procedimentos médicos que aceita e quais prefere evitar. O plano funciona como uma carta, onde a gestante diz como prefere passar pelas diversas fases do trabalho de parto e como gostaria que seu bebê fosse cui-dado após o nascimento.14
“(...) Minha maior expectativa era de que eu fosse res-peitada e isso eu fui completamente atendida, eles são bastante respeitosos, meu plano de parto foi todo seguido, todos os procedimentos foram perguntados e explicados antes (...)” (L.B.)
Durante o pré-natal as gestantes conhecem toda a equipe para que quando entre em trabalho de parto já tenha um vín-culo com o profissional que irá atendê-la. Questões emocio-nais também são trabalhadas durante o atendimento.
“(...) não é aquele pré-natal de: Faz ultrassom, aquela coisa maquinada. Lá é como você está emocional-mente, uma atenção mesmo, o carinho. Atendeu com-pletamente mesmo minhas expectativas (...)” (J.M.M)
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“(...) já venho de um histórico de ativismo, de estar na comunidade, de trabalhar com mulheres, de atender mulheres que já estão fragilizadas ou estão separadas, ou tem problema com os filhos, então eu já tenho a consciência e fui buscar um lugar onde o meu seme-lhante atua, você não pode ir em um lugar onde a pes-soa pensa diferente de você (...)” (D.S.)
Preparação para o parto na Casa de PartoTodas as mulheres entrevistadas participaram do grupo
de “Acolhimento”, que acontece semanalmente na Casa de Parto, onde apresentam a estrutura física da casa e a forma como o atendimento é conduzido ao longo da gestação, par-to e pós-parto. Após esse encontro, caso a gestante tenha interesse em prosseguir com o acompanhamento, a consulta individual é agendada.
O pré-natal deve ser realizado na Casa de Parto juntamente com a UBS ou Obstetra de preferência da paciente. Os partos realizados na Casa são de gestações de baixo risco ou risco habitual e qualquer intercorrência durante o trabalho de par-to a gestante é transferida para o hospital de referência ou de sua escolha.
Durante o pré-natal são oferecidos cursos para gestantes e acompanhantes para preparação para o parto, amamenta-ção, cuidados com o bebê, puerpério, dentre outros.
“(...) tem uma série de cursos aos sábados que elas nos preparam, além das consultas de pré-natal tem cursos sobre amamentação, que é super importante, parto, puerpério. Elas te preparam muito bem e o parto, né, que eu pensei que fosse uma coisa super assustado-ra, mas não é nada comparado a depois que o bebê nasce (...)” (C.C.L)“(...) fui em todos os grupos, essa ideia de preparar to-dos juntos, tirar as dúvidas, as consultas, o preparo psi-cológico (...)” (C. A. P)
Informações sobre as diferentes vivências devem ser tro-cadas entre as mulheres e os profissionais de saúde. Essa possibilidade de intercâmbio de experiências e conhecimen-tos é considerada a melhor forma de promover a compreen-são do processo de gestação.10
“(...) elas me mostraram que o corpo da mulher é muito bem preparado, que eu estava preparada para o parto, sempre através de conversa, elas me mostraram que tudo ia dar certo, que tudo é possível, elas foram pre-parando psicologicamente e fisicamente. Me deram muita segurança (...)” (N. O. S.)
“(...) ali é o nosso grande momento de preparação por-que elas dividem em assuntos, começa falando de fa-mília, do parto, de todas as intercorrências que podem acontecer, é abordada a questão de emoção e termi-na com os cuidados com o bebê (...)” (V. B. A.)
O profissional de saúde deve acrescentar à sua avaliação clínica essencial uma avaliação da mulher, com sua história de vida, seus sentimentos e suas ansiedades. Os aspectos emocionais da gravidez, do parto e do puerpério são ampla-mente reconhecidos, e a maioria dos estudos nos mostra que esse período é um tempo de grandes transformações psíqui-cas, de que decorre importante transição existencial.10
Satisfação quanto ao atendimento prestado
“(...) muito amor, todas as que eu passei, todas as en-fermeiras, todas as técnicas, auxiliares, quem cuida da faxina, quem cozinha, elas transbordam amor, elas gostam do que elas fazem e isso transparece na re-lação delas. Não tenho nada de negativo para falar, tanto profissionalmente, tecnicamente quanto huma-namente mesmo falando (...)” (R.C)
A história que cada mulher grávida traz deve ser acolhida in-
tegralmente, a partir do seu relato e do seu parceiro. São tam-bém parte desta história fatos, emoções ou sentimentos per-cebidos pelos membros da equipe envolvida no pré-natal.10
“ (...) elas são extremamente atenciosas, realmente pre-ocupadas com o caso individualmente, porque cada pessoa é uma pessoa e eu achei interessante porque todas as obstetrizes me atenderam para que todas soubessem quem eu era, para que quando eu che-gasse lá eu já conhecesse quem me acompanharia, tanto que no dia mesmo que eu não lembrasse quem era ela já saberia quem eu era, quantas semanas eu estava, sabia de tudo que eu queria, que eu gostava e me chamar pelo nome, esse contato mesmo, esse direito de você ser você e não ser um número, uma quantidade, uma “mãezinha”. Singularidade (...)” (D.S.)
De acordo com os relatos, ficou claro como é estabelecida a relação entre a equipe da Casa de Parto com a parturiente e acompanhantes. Cria-se um vínculo desde o início do acom-panhamento para que todos se sintam à vontade para tirar dúvidas, expor medos, angústias, desejos, etc.
“ (...) elas tem uma comunicação interna pra que todas saibam todos os sentimentos, todas as vontades que
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as grávidas tem, no que diz respeito ao plano de parto e tudo o mais e é engraçado que você vai passando com uma e com outra e parece que ela já te conhe-ce a muito tempo, você percebe que tem um carinho, uma atenção que não tem na medicina convencional (...)” (V.M.C)
As atitudes dos profissionais envolvidos no parto são fun-damentais, devem respeitar o tempo, limites, desejos, an-seios e expectativas de cada mulher, durante todo o acom-panhamento do trabalho de parto e parto. Chamá-la pelo nome, explicar o que está acontecendo em cada momento, orientar o acompanhante fazendo com que sintam-se segu-ros em relação a assistência prestada.11
“(...) respeito. Eles nos respeitam muito (...)” (C.C.L)“(...) tenho a impressão que eles fazem um trabalho tão bom que parece uma família mesmo, sabe? (...)”(A.C.B)
Todas as entrevistadas relataram que teriam um parto na Casa de Parto novamente, sendo que 3 (14%) delas desejam vivenciar a experiência do parto domiciliar também. Fica cla-ro uma grande satisfação quanto ao atendimento recebido pela equipe, as parturientes foram respeitadas, acolhidas de acordo com as suas necessidades e encorajadas a confiar na capacidade do corpo feminino de parir sem intervenções que são comumente utilizadas nas instituições hospitalares.
“(...) com certeza, os dois próximos serão lá (...)”(B.C.G) “(...) já estamos planejando exatamente isso, que-ro mais um daqui uns 3 anos no máximo e quero lá (...)”(N.O.S)
O trabalho da Doula no pré-natal, parto e pós-partoDas mulheres entrevistadas, 6 (27%) relataram que con-
trataram uma doula. Doula é uma palavra de origem gre-ga, que significa mulher servente, escrava. Oferece apoio à parturiente e a seu acompanhante, esclarece a respeito da evolução do trabalho de parto, aconselha as posições mais confortáveis durante as contrações, promove técnicas de respiração e relaxamento, proporciona contato físico e apoio psicológico.
“(...) acredito que seja essencial, é uma pessoa que te ajuda bastante, o pai da C. acompanhou o parto, me ajudou bastante, mas é diferente uma pessoa que é da família acompanhar de uma doula, uma doula não é da sua família, então ela não está assustada, ela tem um preparo pra aquilo, então é essencial pra dar uma força na hora (...)”(C.C.L)
Uma pesquisa de revisão sistemática envolvendo 5.000 mulheres constatou que presença contínua de uma pes-soa que ofereça apoio físico e emocional no cenário do nascimento, embora sem vínculo prévio com a parturiente como as doulas, está associada a uma diminuição da pro-babilidade do emprego de fármacos para o alívio da dor, da taxa de cesariana, do parto vaginal operatório e do ín-dice de Apgar inferior a sete no quinto minuto de vida do recém-nascido.
“(...) se não fosse por ela eu não sei o que teria sido, acho que teria pedido analgesia. Ter uma doula pode mudar a experiência de um parto, antes, durante e de-pois (...)”(S.C.)
“(...) apoio físico, moral, técnica de respiração, mano-bras, massagens, eu lembro que brincava com ela di-zendo que era a mão dela que eu iria segurar na hora H. Eu lembro que ela chegou bem depois, eu já estava em trabalho de parto e a hora que eu estendi a mão e olhei ela estava lá (...)”(V.B.A)
As parturientes que recebem o apoio emocional relatam o parto como uma experiência mais positiva e menos traumáti-ca e, por isso, sentem-se mais satisfeitas com o parto.16
“(...) foi muito bom, durante todo o parto ela ficou do meu lado, me ajudou a direcionar a dor pra que não fosse tão sofrido e no pós parto ela também me aju-dou muito. A doula tem essa vantagem de ser alguém que te ajuda tanto na gestação, no parto e no pós--parto (...)”(L.B)
Antes do parto, a doula orienta o casal sobre o que espe-rar do parto e pós-parto. Explica os procedimentos comuns e
Segundo o COREn, no parto humanizado os desejos e escolha da parturiente são acolhidos, as
intervenções são realizadas de forma criteriosa e apenas quando realmente
é necessário.”
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ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.17
“(...) achei que o trabalho da doula foi muito bom princi-palmente antes do parto para auxiliar com algumas in-quietudes que eu tive durante o pré-natal. Ela fez algu-mas massagens em mim, ficamos um pouco doloridas principalmente no final da gestação (...)”(L.L.M)
Após o parto, a doula faz visitas à família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê. (DUARTE, 2015)
“(...) hoje vejo que é necessário por conta do pós-parto, tive um pós-parto bem difícil e eu senti falta da doula (...)”(R.C.)
“(...) eu acho super válido sim, é a primeira coisa que toda gestante deve buscar pra criar o vínculo e para di-recionar tudo de melhor (...)”(V. B. A.)
O ambiente hospitalar, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mu-lher, tende a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade re-fletindo diretamente na evolução do trabalho de parto. A doula se encarrega de tratar desse lado emocional e afetivo. Ela não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido, não substitui qualquer pro-fissional envolvido na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.17
Experiência do parto na Casa de Parto Todas as mulheres são orientadas quanto as fases do tra-
balho de parto durante o pré-natal, então quando começam a sentir contrações mais intensas e regulares entram em contato com a equipe antes de ir pra lá. Nesse contato, geralmente as enfermeiras/obstetrizes orientam que a mulher tome um banho demorado para alívio das contrações, caso isso ocorra, orientam também para que descanse e aguarde novas con-trações, pois possivelmente o trabalho de parto ainda não co-meçou.
“(...) comecei a sentir as contrações do trabalho de parto ativo, quando acontecem de 3 a cada 10 minutos e elas não cessam nem com banho quente e nem com des-canso (...)” (V.M.C.)
A intensidade da dor sentida pelas mulheres no trabalho de parto e parto é amplamente variável, e está sujeita a influên-
cias psíquicas, temperamentais, culturais, orgânicas e aos pos-síveis desvios da normalidade.18 Todas as mulheres relataram sentir dor, umas com maior intensidade, outras com menor.
“(...) foram 12 horas nas quais eu não sofri muito, foi óti-mo, era aquilo mesmo que eu queria, eu acho que eu tinha que passar por aquilo, fisiológico, não foi invasivo, ninguém me obrigou a nada, eu fiz tudo que eu queria e foi ótimo (...)” (D.S.)
O Fator emocional também influencia muito na evolução do trabalho de parto, como podemos observar no depoimento de R. F.
“(...) muitas questões emocionais mesmo, parece que foi na hora do parto que caiu a ficha que eu ia ser mãe e pensava: e agora (...)” (R.F.)
A manutenção do equilíbrio emocional durante o trabalho de parto é fundamental, pois quando os níveis de adrenalina estão altos, o sistema nervoso simpático é imediatamente ati-vado, aumentando os níveis plasmáticos do hormônio libera-dor de corticotrofinas, do hormônio adenocorticotrófico e do cortisol, comprovando que o estresse é um mecanismo bioló-gico adaptativo e de defesa.18
“(...) usei tudo que eu podia, fui pra banheira, pro chu-veiro, pra bola, fazendo todos os exercícios, sempre sendo orientada, meu parto doeu muito pouco, foram 4h intensas, mas ao mesmo tempo eu me senti mui-to respeitada, tranquila, acolhida, me senti livre, a todo momento podia sentar, andar, sair, fui a protagonista do meu parto, porém sempre acompanhada por elas (...)” ( N.O.S.)
A deambulação é um recurso terapêutico utilizado para re-duzir a duração do trabalho de parto, beneficiando-se do efei-to favorável da gravidade e da mobilidade pélvica que atuam na coordenação miometrial e aumentam a velocidade da di-latação cervical e descida fetal. Alguns estudos demonstram que a deambulação aumenta a tolerância à dor no trabalho de parto.19
“(...) eu me sentia muito a vontade quando dava as do-res, eu sentia vontade de andar, andei tanto naquele jardim, ia no jardim da frente, no jardim de trás, subia, descia e foi assim até ir diminuindo o intervalo entre as contrações (...)” (F.S.D.M.)“(...) eu fui muitas vezes para a ducha, tive liberdade para caminhar, tentar várias posições (...)” (V. B. A.)
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O contato pele-a-pele logo após o parto ajuda na adap-tação do recém-nascido à vida extra-uterina. Essa prática promove a amamentação logo após o parto, pois aproveita o primeiro período de alerta e o comportamento inato do bebê de abocanhar e sugar a mama durante a primeira hora de vida.20
“(...) foi muito legal que elas já me deram o bebê a hora que ele saiu, antes de ele sair eu já havia tocado a cabecinha dele, já colocaram ele corpo a corpo, ele já abriu os olhinhos, esperaram bastante para cortar o cordão, retirar a placenta (...)” (L.L.M.)“(...) ela nasceu, ficou comigo, mamou logo de cara(...)”(J.M.M.)
A Casa de Parto trabalha com protocolos de atendimento e em alguns casos é necessário transferir a paciente para am-biente hospitalar para dar continuidade no trabalho de parto ou para a realização da cesariana, caso tenha indicação.
“(...) o batimento estava um pouco abaixo e resolve-ram me transferir, mas foi bem tranquilo, só fiquei com medo de não conseguir ter normal, uma delas me acompanhou até o hospital e chegando lá fizeram outro exame e estava tudo bem com a bebê então me examinaram e disseram que dava pra ter normal (...)” (F. R. S.)
Após o nascimento do bebê, a parturiente é encaminhada ao quarto com o acompanhante e o bebê e recebe todas as orientações referentes ao pós-parto, cuidados com o bebê, alimentação, banho, auxílio sempre que necessário.
“(...) esses dois dias foram intensos em aprendizado pra saber tudo que a gente precisava fazer com o bebê, banho vacina cólica, troca de fralda, tudo que a gente precisava saber pra sair de lá com todos os conhecimentos necessários pra lidar com o bebê (...)”
(V. M. C)“(...) fiquei bem fraca no pós-parto par cuidar da bebê e tive bastante assistência na casa Angela, fiquei lá 3 dias e elas cuidaram da minha alimentação, me de-ram uma assistência muito boa e isso foi muito impor-tante pra mim (...)” (R. F.)
As práticas adequadas de assistência ao parto normal de-vem ser oferecidas às parturientes conforme o preconiza-do pela OMS. É necessário levar em conta a existência de diferentes vivências e sentidos atribuídos a essas práticas, portanto, cabe aos profissionais identificarem e respeitarem as perspectivas pessoais das mulheres.16
Considerações FinaisO desenvolvimento deste estudo proporcionou um melhor
entendimento sobre a vivência das mulheres que optaram por ter um acompanhamento de pré-natal e parto em uma casa de parto.
As mulheres geralmente optam pelo parto na casa de par-to por se sentirem mais acolhidas, por terem mais privacida-de, liberdade para caminhar, se alimentar, ter acompanhante de sua preferência e por buscar um parto mais natural possí-vel, sem intervenções que são realizadas em hospitais muitas vezes por protocolos.
Todas as mulheres entrevistadas pesquisaram muito e se informaram a respeito do processo de parturição e entende-ram que o parto é um fenômeno totalmente fisiológico, ocor-re de forma natural e a casa de parto é o ambiente adequado para a realização desse processo, desde que seja uma ges-tação de baixo risco.
O atendimento prestado em uma casa de parto é diferen-ciado e cada vez mais mulheres tem optado por esse tipo de atendimento para vivenciar a maternidade. Ressalto a impor-tância da assistência da enfermeira obstetra e obstetriz nesse processo proporcionando atendimento humanizado desde o início da gestação até que o bebê complete um ano de vida.
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saúde. Área técnica de saúde da mulher. Parto, aborto e pu-
erpério: Assistência humanizada à mulher. Brasilia: Ministério
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porânea. Salvador, 2012.
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no parto domiciliar e hospitalar. Escola Anna Nery Revista de
Enfermagem. Rio de Janeiro, 2007.
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calização X Humanização: O cuidado ao parto na história.
Revista de Enfermagem UERJ. Rio de Janeiro, 2005.
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D’orsi E, Pereira APE, Schilithz AOC, Leal MC. Processo de
decisão pelo tipo de parto no Brasil: da preferência inicial
das mulheres à via de parto final. Caderno de Saúde Pública.
Rio de Janeiro, 2014.
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letiva. São Paulo, 2005
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sistência obstétrica centrada nas necessidades da parturi-
ente. Revista Escola de Enfermagem USP. São Paulo, 2006.
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lução COFEN-223/1999. Dispõe sobre atuação de enfermei-
ros na Assistência à Mulher no ciclo gravídico e puerperal.
In: Resoluções. Portal do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN).
9 • CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Reso-
lução COFEN-339/2008. Normatiza a atuação e a responsa-
bilidade civil do Enfermeiro Obstetra nos Centros de Parto
Normal e/ou Casas de Parto e dá outras providências. In:
Resoluções. Portal do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN).
10 • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-
natal de baixo risco. Brasília, 2012.
11 • CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO ESTADO
DE SÃO PAULO. Parto natural. São Paulo: COREN-SP, 2010.
12 • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à
Saúde. Parto e Nascimento Assistidos por Parteiras Tradicio-
nais: o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais e
experiências exemplares. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
13 • Balaskas J. Parto ativo. 2ª ed, São Paulo: Editora Ground:
2014.
14 • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégi-
cas. Além da sobrevivência: práticas integradas de atenção
ao parto benéficas para a nutrição e a saúde de mães e cri-
anças. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
15 • BRASIL, Ministério da Saúde. Humanização do parto e do
nascimento/Ministério da Saúde. Universidade Estadual do
Ceará. (Caderno HumanizaSUS: v. 4). Brasília, 2014.
16 • Jamas MT, Hoga LAK, Reberte LM. Narrativas de mul-
heres sobre a assistência recebida em um centro de parto
normal. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2013
17 • Moura FMJ. S. P. A humanização e a assistência de enfer-
magem ao parto normal. Revista Brasileira de Enfermagem.
Brasília, 2007.
18 • Nilsen, E, Sabatino H, Lopes MHB. M. Dor e comporta-
mento de mulheres durante o trabalho de parto e parto em
diferentes posições. Revista Escola de Enfermagem USP.
São Paulo, 2010.
19 • Gallo RBS, Santana LS, Marcolin AC, Ferreira CHJ, Duarte
G, Quintana SM, Recursos não-farmacológicos no trabalho
de parto: protocolo assistencial. Femina. Rio de Janeiro, 2011.
20 • BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1459/GM, de
24 de junho de 2011. Institui, no âmbito do Sistema Único de
Saúde - SUS - a Rede Cegonha. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil. Brasília, 2011.
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ResumoEsta pesquisa delineou analisar qual a percepção de técnicos de
enfermagem sobre a liderança do enfermeiro de uma unidade la-
boratorial localizada na cidade de São Paulo. Os dados foram co-
letados por meio de questionário com base na escala de Likert,
sendo a escala mais utilizada para pesquisas de opinião, respondi-
dos por 20 técnicos, com idade entre 25 a 45 anos, sexo feminino
e masculino, que possuem nível técnico, com tempo de empresa
superior a 5 anos. Através desta pesquisa foi possível verificar atra-
vés de interpretações de dados estatísticos, no qual a percepção
dos técnicos expressa que quase sempre o enfermeiro avaliado foi
constatado como um líder ausente nas questões assistenciais ou
com a própria equipe devido às atividades burocráticas que com-
pete somente a si. A relevância do estudo situa-se a partir do mo-
mento que enfermeiro líder tende a visualizar seu modo de liderar,
as consequências destes atos e o que pode interferir para que sua
forma de liderar se torne produtiva, ágil, compreensiva, transfor-
macional, para que se extingue qualquer insatisfação pela equipe,
os demais profissionais e a própria instituição. Para que ocorram
melhorias, é preciso que haja maior interação do enfermeiro com a
equipe sem deixar questões burocráticas à parte contribuindo para
a mudança na forma de aplicar a liderança e assim permitir que a
própria equipe também possa exercer participações na gestão de
tarefas como discussão de escalas, sugestões e questionamentos
acatados e demais questões apontadas neste estudo. Não basta
ser líder, é preciso saber desenvolver a liderança!
Palavras-chave: Liderança, Enfermagem, Equipe.
AbstractThis research outlined analyze the perception of nursing techni-
cians on nursing leadership in a laboratory unit located in São Pau-
lo. Data were collected through a questionnaire based on the Likert
scale, with the most widely used scale to opinion polls, answered
by 20 technicians, aged 25-45 years, female and male, having a te-
chnical level, with time higher now to 5 years. Through this research
was verified by statistical data interpretation, in which the percep-
Percepção de Técnicos de Enfermagem Sobre Liderança do Enfermeiro
Amanda Leal RochaGraduação: Bacharel em Enfermagem - Universidade Paulista - UNIP.
Cristiane Pavanello Rodrigues SilvaDoutorado em Programa Saúde do Adulto – Escola de Enfermagem da USP. Mestrado em Saude do Adulto – Escola de Enfermagem da USP. Especialização em Especialidade Associadas – COESAS – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica. Especialização em Gerenciamento em Recursos em Unid. de Saude – Secretaria de Higiene e Saúde de Marília. Graduação em Enfermagem e Obstetrícia – Escola de Enfermagem da USP.
Perception of the Technical Nursing about the Leadership of the Nurse
Percepción de Técnicos de Enfermería Sobre Liderazgo del Enfermero
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tion of technical expressed that almost always evaluated nurse was
found to an absent leader in healthcare issues or the team itself due
to bureaucratic activities racing itself the only. The relevance of this
study lies from the time that nurse leader tends to view its way to
lead, the consequences of these acts and which may interfere to
your way of leading to become productive, responsive, comprehen-
sive, transformational, that they extinguishes any dissatisfaction by
staff, other professionals and the institution itself. To occur improve-
ments, there needs to be more interaction with the nursing staff while
bureaucratic issues aside contributing to the change in the way you
apply the leadership and thus allow the team itself can also have in-
terests in management tasks such as discussion scales, suggestions
and carried questions and other issues raised in this study. Do not just
be a leader ... you need to know to develop leadership!
Key words: Leadership, Nursing, Team.
ResúmenEsta encuesta delineó analizar cuál es la percepción de técnicos de
enfermería sobre el liderazgo del enfermero de una unidad de labo-
ratorio ubicada en la ciudad de São Paulo. Se recolectaron los datos
por medio de cuestionario con base en la escala de Likert, siendo la
escala más utilizada para encuestas de opinión, respondidas por 20
técnicos, con edad entre 25 y 45 años, del sexo femenino y mascu-
lino, que tienen nivel técnico, con tiempo de empresa mayor que 5
años. Fue posible por medio de esta encuesta verificar a través de
interpretaciones de datos estadísticos, en la cual la percepción de
los técnicos expresa que, casi siempre el enfermero evaluado fue
constatado como un líder ausente en las cuestiones asistenciales o
con el propio equipo en virtud de las actividades burocráticas que
corresponde solamente a sí. La relevancia del estudio se sitúa desde
el momento que el enfermero líder tiende en visualizar su modo de
liderar, las consecuencias de estos actos y lo que puede interferir
para que su manera de liderar se haga productiva, ágil, compren-
siva, transformacional, para que se extinga cualquier insatisfacción
por el equipo, los demás profesionales y la propia institución. Para
que ocurran mejoras es necesario que exista una mayor interacci-
ón del enfermero con el equipo sin dejar temas burocráticos aparte,
contribuyendo con el cambio en la manera de aplicar el liderazgo y
así poder permitir que el mismo equipo también pueda ejercer parti-
cipaciones en la gestión de tareas como discusión de escalas, suge-
rencias y cuestionamientos acatados y demás cuestiones señaladas
en este estudio. No basta ser líder ¡es necesario saber desarrollar el
liderazgo!
Palabras-clave: Liderazgo, Enfermería, Equipo.
IntroduçãoLiderança para Reddin, é definido por alguém que influên-
cia um grupo em prol de atingir metas, gerando atitudes que conquiste objetivos estipulados pelo líder,chefe.A liderança é um fator proveniente do líder/gerente e da circunstância exercida,afim de estipular ações para solucionar problemas e/ou alcançar objetivos.Segundo Torres, alguns estudiosos
“As organizações e instituições hospitalares passaram por reformulações
ao longo dos últimos anos e como consequência, novos modelos de sistema
de saúde foram inseridos pelas políticas de saúde, extinguindo-se
políticas antigas e estipuladas pelas instituições de saúde.”
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consideram o gerenciamento como ações,com finalidade de fornecer consistência,e a liderança como um processo de influência no grupo com a finalidade de alcançar objeti-vos organizacionais.Para Dorfman, a única diferença exis-tente entre liderança e gerenciamento é a terminologia, pois seja líder, que estimula a equipe e motiva o grupo, ou seja gerente que executa ações para tornar concretos o que foi estipulado,ambos fixam tarefas com a finalidade de buscar objetivos.1
As organizações e instituições hospitalares passaram por reformulações ao longos dos últimos anos e como consequ-ência, novos modelos de sistema de saúde foram inseridos pelas políticas de saúde, extinguindo-se políticas antigas e estipuladas pelas instituições de saúde. Com isso houve -se interferências internas e externas que promoveu mudan-ças, por exemplo a inserção do Sistema Único de Saúde, o que interferiu e influenciou organizações gerencias pelos enfermeiros(as) líderes exigindo competências específicas e atualizadas para atuarem no novo modelo de gestão2 e assim, tornando as funções administrativas e assistenciais como re-cursos influenciáveis pelo enfermeiro(a) e devido a posição hierárquica que ocupa e a formação qualificada.3
A base para o enfermeiro liderar consiste na formulação e concretização de tomadas de decisões, responsabilidades, desenvolvimento cognitivo e comunicativo, gerenciamento dos instrumentos bem como execução de tarefas privativas, todos em prol de uma liderança significativa.4
ObjetivoAnalisar a percepção de uma equipe de técnicos de en-
fermagem de um laboratório, sobre a liderança do enfer-meiro (a).
MetodologiaInvestigação proveniente de natureza exploratória de pes-
quisa quantitativa, devido a aplicação de questionário para definição de opinião sobre o tema. Realizada em um labo-ratório de análises clínicas, empresa no qual é classificada como grande porte, situado na cidade de São Paulo. Realiza-da por Técnicos de enfermagem de uma unidade laboratorial com amostragem probabilística.
Os critérios de inclusão foram profissionais com idade entre 25 a 45 anos, sexo feminino e masculino, que possuem ní-vel técnico, com tempo de empresa superior a 5 anos. Já os critérios de exclusão foram profissionais com licença mater-nidade/paternidade, afastamento devido a férias, atestado médico, e/ou recusa.
O instrumento de coleta de dados escala de Likert,31 um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitual-mente em questionários, sendo a escala mais utilizada para
pesquisas de opinião. Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os perguntados expressam seu nível de concordância com uma afirmação. A Escala de Likert é a soma das respostas dadas a cada item Likert. Um item Likert é apenas uma afirmação à qual o pesquisado responde atra-vés de um critério que pode ser objetivo ou subjetivo, na qual são utilizados cinco níveis de respostas.
Com a utilização do questionário baseado na escala de Likert, a coleta de dados foi aplicada de forma prática na unidade laboratorial e de acordo com o que foi estipulado no estudo. Visto que com os resultados, foi possível, me-diante a elaboração de gráficos e análises dos dados cole-tados, a conclusão e inserção dos resultados de forma clara e objetiva.
Risco mínimo e benefícios no intuito de permitir que o en-fermeiro visualize seu modo de liderar para que o mesmo (a) realize uma liderança eficaz em prol da equipe e instituição.
Por tratar de uma pesquisa com seres humanos, esta será submetida à análise e apreciação do Comitê de ética em Pes-quisa com seres Humanos da Universidade Paulista, que é reconhecida pelo Conselho Nacional de Pesquisa com Seres Humanos ( CONEP), sendo apresentado por meio de seu en-vio e de carta de conhecimento de estudo, serão seguidas as diretrizes e as normas regulamentadoras de pesquisa que envolvem seres humanos, aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde. Resolução 752/867
Resultados e DiscussãoCom a análise dos dados, foi possível verificar o perfil epi-
demiológico, a percepção dos técnicos relativo à liderança do enfermeiro na gestão de tarefas, gestão da informação e comunicação, e na gestão das atividades de resolução de conflitos, em que tais resultados foram organizados em tabe-las para posterior discussão.
Percebe-se que há predominância do sexo feminino, com idade média de 29 anos. Contudo em relação ao tempo de formação, à média foi de 5 anos com variação de 1 à 10 anos. Relacionado ao tempo de trabalho na empresa, os critérios para responder o questionário eram profissionais com tempo superior de 5 anos de empresa, porém o mínimo de tempo deveria ser de 5 meses. Portanto houve variação de 5 meses à 7 anos sobre o tempo de trabalho na empresa com média de 2 anos.
Na percepção dos técnicos sobre a liderança do enfer-meiro na gestão de tarefas, relacionada à organização das tarefas por turno de trabalho 75% percebe que o sempre ou quase sempre há gestão do enfermeiro. Em relação à condu-ta do enfermeiro sobre a organização das tarefas por turno de trabalho e planejamento das tarefas antes de gerencia--las, expressa insatisfação dos mesmos pela forma de como
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“A liderança não pode ser apenas idealizada. O enfermeiro deve
desenvolver habilidades gerenciais, convenientes para identificar a
diferença entre gerenciamento e liderança.”
ocorre o planejamento realizado pelo enfermeiro, pelo fato de que o mesmo possui demais questões burocráticas a serem executadas não se empenhando em informar a equipe com antecedência o que pretende delegar para que os mesmos se organizem durante o turno. No caso é necessário que a equipe de enfermagem possua conhecimento sobre a tomada de de-cisões complexas do enfermeiro e cabe ao líder fazer com que ocorra a oportunidade de se organizar junto à equipe, e permitir
compartilhar ideias e propostas junto à chefia com o intuito de promover satisfação e motivação, influenciando atitudes e com-portamentos da equipe.
Sobre a realização de sistemas de trocas de escala e discus-são das escalas, 60% consideram o ás vezes como resposta e enquanto apenas 5% dos técnicos, variaram na resposta sem-pre e raramente. Com o resultado foi expresso que o enfermeiro extingue a justificativa pela qual a troca foi solicitada, enquan-to apenas alguns dos técnicos consideram que o enfermeiro realiza e acata a justificativa pela troca de escala. Pertinente à discussão, 70% considera o ás vezes como afirmação de que na maioria das vezes o enfermeiro não discute com a equipe e os 25% que escolheram o raramente como resposta, afirmam que a discussão de escala é dito como algum raro demonstran-do que a maioria dos técnicos considera que o enfermeiro não discute com a equipe o porquê realizou a troca de escala, ex-pressando uma falta de comunicação e interação com a equipe, ou porque existem as demais questões burocráticas para serem resolvidas, se limitando a resolver sobre a escala e os demais técnicos afirmam que a discussão de escala é dito como algum raro. O modo de que alguns líderes se impõem e intimidam através de sua posição hierárquica, o não posicionamento para tomadas de decisões ou escolhas equívocas, permitindo que sentimento pessoal interfira nesse processo, promovendo injus-tiças devem ser extintas, pois o líder necessita é de sabedoria para que haja uma construção interpessoal na enfermagem, promovendo uma convivência melhor, e facilitada para ocorrer ideias, sugestões, opiniões e construção de relacionamento e não a desmotivação e desanimo da equipe em realizar tarefas determinadas pelo líder.
Em relação se o enfermeiro acompanha frequentemente o exercício das tarefas apenas 10% considerou o quase sempre como resposta ao afirmar que o enfermeiro está presente nas questões assistenciais da equipe, mas se comparado aos 90% que consideraram o ás vezes como resposta, o enfermeiro está mais ausente do que presente. Sobre se o enfermeiro desenvol-
Quadro 1 - Perfil epidemiológico da amostra do estudo, São Paulo, 2014, UNIP
Cardiológico
Endoscopia /Colonoscopia
Medicina Nuclear
Ultrassom
Total
6
4
4
6
20
30
20
20
30
100
Setor de Trabalho n %
Feminino
Masculino
Total
16
4
20
80
20
100
Sexo n %
Variação
Média
23 a 36 anos
29 anos
Idade
Variação
Média
01 a 10 anos
05 anos
Tempo de Formação Profissional
Variação
Média
05 meses a 7 anos
02 anos
Tempo de Trabalho na Empresa
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ve não apenas o cumprimento de questões burocráticas, mas também as questões assistenciais, 15%, se somados as respos-tas de quase sempre e raramente, afirmam que o enfermeiro desenvolve o cumprimento de questões tanto burocráticas como assistenciais, porém 85% dos técnicos consideram o ás vezes como resposta.
Os resultados demonstram que em relação se o enfermei-ro acompanha frequentemente o exercício das tarefas, apenas uma porcentagem de técnicos afirma o fato de que o enfermei-ro está presente nas questões assistenciais da equipe, mas qua-se todos da equipe consideram que o enfermeiro está mais au-sente do que presente. Sobre se o enfermeiro desenvolve não apenas o cumprimento de questões burocráticas, mas também as questões assistenciais, alguns dos técnicos afirmam que o enfermeiro desenvolve o cumprimento de questões tanto bu-rocráticas como assistenciais, porém a percepção da maioria é de que o enfermeiro nem sempre desenvolve e está presente nas atividades assistenciais por ter que realizar atividades buro-cráticas que compete somente a si, o que permite menor tempo e dedicação total ao paciente fazendo com que os técnicos as-sumam a assistência. Devido à diligência de tarefas administra-tivas o enfermeiro absorve questões burocráticas, se apartando de tarefas assistenciais.8 Qualquer que seja a atuação do profis-sional e as ações que o mesmo execute, estas funções são pri-vativas do enfermeiro, mesmo que estas atividades administra-tivas estariam permutando atividades assistências, ocasionando o apartamento do líder com a equipe.
Quando questionados se o enfermeiro exerce a promoção
de treinamentos, 10% consideraram a resposta quase sempre como afirmativa de que o enfermeiro realiza promoção, e 90% dos técnicos escolheram se somadas as respostas, o ás vezes e raramente como forma de expressar suas percepções. Apenas alguns dos profissionais técnicos afirmam de que o enfermeiro realiza promoção, expressando de que a maioria considera que o profissional erra por não investir nos treinamentos, que poste-riormente poderia desenvolver qualificações e postura na equi-pe diante as tarefas exigidas no cotidiano. O enfermeiro deve ter competências para gerenciar recursos materiais e destreza para capacitar a equipe de enfermagem no uso correto e coeren-te de materiais. A supervisão e gerenciamento não se aplicam apenas na assistência do paciente, mas na qualidade do aten-dimento na implementação de orientações continuas a equipe para extinguir quaisquer tipo de absenteísmo nas tarefas.
Ao afirmar se o enfermeiro ouve atentamente os questiona-mento e sugestões, apenas 20% consideram o quase sempre como resposta e 65% consideraram ás vezes e 15% como rara-mente, considerando que o enfermeiro não atende/ouve o que foi sugerido ou questionado. Ao afirmar se o enfermeiro ouve atentamente os questionamento e sugestões, alguns conside-ram que o profissional acata tais questionamentos e/ou suges-tões, porém a maioria afirma que o enfermeiro não atende/ouve o que foi sugerido ou questionado, o que expressa à ausência de interação com a equipe. O relacionamento é essencial para ocorrer comunicação adequada e com isso gerenciar decisões de forma robusta e atender as necessidades da equipe, favore-cendo a obtenção de objetivos.18 A relação do enfermeiro com
Quadro 2 - Percepção dos técnicos de enfermagem, sobre a liderança do enfermeiro na gestão de tarefas. São Paulo, 2014, UNIP
O enfermeiro(a) organiza as atividades do turno de trabalho:
O enfermeiro(a) realiza o planejamento das tarefas antes de gerencia-las:
O enfermeiro(a) realiza sistema de trocas na escala de acordo com o que foi solicitado
pelos subordinados:
O enfermeiro(a) discute sobre troca de escala:
O enfermeiro(a) acompanha frequentemente o exercício das tarefas:
O enfermeiro(a) realiza a promoção de treinamentos:
O enfermeiro(a) desenvolve não apenas o cumprimento de questões burocráticas,
mas também as questões assistenciais:
O enfermeiro(a) ouve atentamente os questionamentos e sugestões:
40%
20%
5%
0%
0%
0%
0%
0%
25%
25%
60%
70%
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0%
0%
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15%
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5%
10%
10%
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a equipe deve ter pontos em comum. Dentre esses pontos: a cooperação, a busca por objetivos e metas, soluções e visão de problema, envolvendo vivencia, empatia, compreensão para lhe dar com os sucessos e fracassos que percorre o cotidiano dos profissionais, permitindo a equipe compartilhar de conhecimen-tos, e principalmente expressar sugestões e questionamentos.
Quando os mesmos foram questionados sobre se o en-fermeiro passa às informações de uma forma clara e objetiva a equipe, 50% consideram o quase sempre como resposta, e apenas 35% afirmam que as informações são sempre objetivas e claras e 15% consideraram o ás vezes como resposta. Uma parcela da equipe afirma que as informações são frisadas de forma clara e objetiva, enquanto a maior parte afirma que as respostas não são expostas de uma forma objetiva e clara. Reu-niões de equipe são um instrumento importante para favorecer o crescimento profissional e pessoal da equipe, e com isso uma forma de melhorar o desempenho para a prestação de uma as-sistência eficaz, porém para que tal fato ocorra é fundamental as reuniões fornecerem oportunidades de discussão, reflexão, troca de ideias e divulgação de conhecimento e não somente uma tentativa de resol¬ver problemas.
Ao serem questionados sobre se o enfermeiro reforça e re-passa as informações diretamente a quem precisa, somando as repostas de quase sempre e ás vezes, 85% consideram que o enfermeiro relembra/repassa as informações e 15% ainda con-sideram que as informações não são repassadas de forma clara pelo líder, porém uma pequena parcela de profissionais ainda considera que as informações não são repassadas de forma clara pelo líder.
Em relação sobre as informações passadas pelo enfermeiro são objetivas e de fácil entendimento, os profissionais afirmam que nem sempre interpretam as informações como de fácil entendimento, enquanto a metade da equipe considera que as informações não são passadas de uma forma de fácil com-preensão ou objetiva em relação ao que o chefe deseja. Dentro
da organização hospitalar, a comunica¬ção é essencial uma vez que se trata de vidas, sendo necessário que as informações re-passadas sejam de fácil entendimento a quem delas necessita, e princi-palmente que sejam compreendidas, em que se não compreendidas o pode acarretar consequências irreversíveis à qualida¬de do atendimento. Portanto a co¬municação constitui um elemento importante para o processo de trabalho da equipe de enfermagem.
Nas informações passadas pelo enfermeiro são objetivas e de fácil entendimento, apenas 30% consideraram o ás vezes como escolha e enquanto a metade da equipe, precisamente 70%, considera que as informações não são passadas de uma forma de fácil compreensão ou objetiva. Uma parcela da equipe afirma que as informações são frisadas de forma clara e obje-tiva, enquanto a maior parte afirma que as respostas não são expostas de uma forma objetiva e clara. Reuniões de equipe são um instrumento importante para favorecer o crescimento pro-fissional e pessoal da equipe, e com isso uma forma de melho-rar o desempenho para a prestação de uma assistência eficaz, porém para que tal fato ocorra é fundamental as reuniões for-necerem oportunidades de discussão, reflexão, troca de ideias e divulgação de conhecimento e não somente uma tentativa de resol¬ver problemas.
O enfermeiro dá retorno de como o seu trabalho está sendo desenvolvido, apenas 35% optaram pelo ás vezes e 60% consi-deram o raramente e 5% consideraram o nunca como resposta e com isso os técnicos afirmam que é muito raro o mesmo dar re-torno. A avaliação de desempenho profissional indivi¬dualizada e sistematizada não é uma prática comum nas organizações de saúde, porém fica evidente a necessidade de um retorno de como o profissional vem de-senvolvendo/desempenhando suas atividades com o objetivo de aprimorar o desenvolvimen-to das pessoas, o que permite proporcionar crescimento pro-fissional e pessoal e alcançando os objetivos organizacionais e principal¬mente na produção do cuidado.
Quadro 3 - Percepção dos técnicos de enfermagem, sobre a liderança do enfermeiro na informação e comunicação. São Paulo, 2014, UNIP
O enfermeiro(a) passa as informções de uma forma clara, objetiva a toda equipe:
O enfermeiro(a) reforça e repassa as informações diretamente a quem precisa:
As informações repassadas pelo enfermeiro(a) são objetivas e de fácil entendimento:
O enfermeiro(a) ouve atentamente sugestões e questionamentos:
Dá retorno de como seu trabalho está sendo desenvolvido
35%
0%
0%
0%
0%
15%
50%
30%
65%
35%
0%
5%
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10%
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25%
60%
50%
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sempre
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Quanto ao questionamento se o enfermeiro resolve confli-tos 55% afirmam como que sempre e 30% consideram o quase sempre demonstrando que o profissional não executa geren-ciamento de conflitos de forma participativa. Quando questio-nados se o enfermeiro exerce conflitos na própria equipe 30% de técnicos optaram pela escolha de sempre, 40% como quase sempre, 20% como ás vezes. Sobre se o enfermeiro tem impar-ciabilidade na forma de resolução dos conflitos, 50% dos técni-cos escolheram sempre e 40% como quase sempre e apenas 10% consideraram o ás vezes extinguindo o nunca. Em relação se o enfermeiro resolve conflitos à maioria afirma que o líder exerce gerenciamento de conflitos com os demais profissionais de saúde, porém alguns discordam e afirmam que o profissio-nal não executa gerenciamento de conflitos de forma participa-
tiva permitindo a insatisfação por esta parte da equipe. Sobre se o enfermeiro tem imparcialidade na forma de resolução dos conflitos, os técnicos afirmam que perceberam uma diferencia-ção no momento de resolver tais conflitos, havendo inclusive privilégios, enquanto a minoria considera que o fato só ocorre ás vezes. Em relação se o enfermeiro exerce conflitos na pró-pria equipe, grande maioria também considera o enfermeiro como um líder presente, porém alguns expressam de que há ausência do líder nesta questão. A gestão de conflitos é uma tarefa fundamental da liderança, uma vez que os conflitos fa-zem parte da comple¬xidade humana, em que é necessária a intervenção quando as situações conflituosas em decorrência de confron¬tos de ideias, muitas vezes provocadas por desejos, interesses e necessidades diferentes passam ser frequentes.32
Quadro 4 - Percepção dos técnicos de enfermagem, sobre a liderança do enfermeiro na resolução de conflitos. São Paulo, 2014, UNIP
O enfermeiro(a) resolve conflitos na equipe com os demais profissionais de saúde:
O enfermeiro(a) resolve conflitos na própria equipe:
O enfermeiro(a) tem a imparciabilidade na forma de resolução dos conflitos:
55%
30%
50%
15%
20%
10%
0%
0%
0%
0%
10%
0%
30%
40%
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ConclusãoAs competências adquiridas na graduação e no exercício da
prática torna o enfermeiro hábil para gerenciar instrumentos para sistematizar, implementar, planejar, coordenar, ser decisi-vo, comunicativo para proporcionar efetividade em suas ações e qualidade de atendimento assistencial. A liderança não pode ser apenas idealizada. O enfermeiro deve desenvolver habilida-des gerenciais, convenientes para identificar a diferença entre gerenciamento e liderança. Portanto idealizar a liderança é um primeiro passo para planejamento e concretização de liderança, no qual a busca pelo desenvolvimento de habilidades deve ser preferencial.
Devido às ações executadas a favor dos objetivos da insti-tuição, o enfermeiro torna-se proeminente devido suas habili-dades e competências para solucionar e promover objetivos e metas em prol da instituição, o que torna nítido seu gerencia-mento administrativo, tornando escasso o gerenciamento as-sistencial gerando confrontamentos sobre seu modo de liderar. Em alguns casos o que atrapalha o exercício de liderança é o modo de que alguns líderes se impõem e intimidam através de sua posição hierárquica, o não posicionamento para tomadas de decisões, permitindo que sentimento pessoal interfira nes-se processo, promovendo injustiças e acarretando a desmoti-vação e desanimo da equipe em realizar tarefas determinadas pelo líder. O respeito e a comunicação deve ser também uma ferramenta imprescindível no gerenciamento de um líder, eli-minando qualquer fator que intrigue e desrespeite a equipe e demais profissionais promovendo uma convivência melhor, e facilitada para ocorrer ideias, sugestões, opiniões e construção de relacionamento.
De acordo com pesquisas realizadas, qualquer que seja a atu-ação do profissional e as ações que o mesmo execute, estas funções são privativas do enfermeiro, porém estas atividades administrativas estariam permutando atividades assistências, no qual ocorrem cobranças além de burocráticas, e assistenciais que gera cobranças e a apartamento do líder com a equipe. É necessária que a equipe de enfermagem possua conhecimen-to sobre liderança e tomada de decisões complexas já que o gerenciamento administrativo gera afastamento do enfermeiro dos cuidados assistenciais e com isso a equipe se sobrepõe das funções administrativas do enfermeiro causando insatisfação da equipe. A chave para a liderança esta situada na transmissão de valores e concretização de poder, promovendo interação entre as pessoas, ouvir questionamentos e sugestões, intera-gir com a equipe, gerenciar conflitos, promover comunicação e mobilização para tais ações determinadas se converterem em compromissos e no prazer em cuidar.
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ResumoO presente estudo tem como objetivo, caracterizar o perfil da vul-
nerabilidade da população em situação de rua, residentes nas ruas
centrais de São Paulo, para riscos cardiovasculares e analisar cri-
teriosamente tais variáveis envolvidas nesta população. Trata-se
de um estudo do tipo de campo, exploratório, transversal e quan-
titativo. A coleta de dados foi realizada na região central de São
Paulo, foram submetidos à entrevista semiestruturada com ques-
tões abertas e fechadas avaliando perfil sócio demográfico, riscos
cardiovasculares e fatores de risco envolvidas no grupo de estudo,
também foi realizada a aferição da pressão arterial conforme os
critérios da VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão. Foram entrevis-
tados 70 indivíduos em situação de rua nos locais de coletas, o per-
fil dessa população evidencia dados também encontrados no Cen-
so de População em Situação de Rua na Cidade de São Paulo 2015,
onde apenas 8,57% eram mulheres, a maioria desta população são
de homens, em idade produtiva, entre 30 e 49 anos, com segundo
grau completo e usuários de drogas. O número de população em
situação de rua em São Paulo é uma crescente constante, essa
situação vulnerável expõe essa população ao risco de desenvolvi-
mento de DCV por questões socioeconômicas, ambientais e psico-
lógicas. Muito do ponto de vista intervencionista deve ser realizado,
ações com base na atenção primária e políticas públicas sociais
fazem-se necessário para se reduzir esses agravos.
Palavras-chave: Pessoas em situação de rua, Cardiologia, hiper-
tensão, drogas ilícitas.
AbstractThis study aims to characterize the population’s vulnerability profile
on the streets, residents in the central streets of São Paulo, for car-
diovascular risk and carefully analyze such variables involved in this
population. It is a study of the type of field, exploratory, transversal
and quantitative. Data collection was carried out in the central re-
gion of São Paulo, underwent semistructured interviews with open
and closed questions assessing socio-demographic profile, cardio-
vascular risk and risk factors involved in the study group, the blood
Caracterização do Perfil Para Riscos Cardiovasculares em População em Situação de Rua na Região Central de São Paulo.
Douglas Pereira da SilvaResidente de Enfermagem em Oncologia pelo A.C Camargo
Cancer Center – Fundação Antônio Prudente, Graduado em
Bacharel em Enfermagem pela Universidade Nove de Julho.
Claudia Cristina Soares MunizDoutora em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo Coordenadora de Pós Graduação Lato
Sensu dos cursos de Enfermagem em Urgência e Emergência,
UTI Neonatal e Pediátrica, Cardiologia e hemodinâmica, Centro
Cirúrgico e Central de Material Esterilizado, Saúde Mental e
Psiquiátrica, Oncologia, e Gerenciamento de Enfermagem
na Universidade Nove de Julho. Professora de Graduação na
Universidade Nove de Julho.
Profile Characterization of Cardiovascular Risk in People on the Streets in the
Central Region of São Paulo.
Caracterización del Perfil de Riesgo Cardiovascular en Personas en las Calles de
la Región Central de Sao Paulo
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pressure measurement was also performed according to the criteria
of the VI Brazilian Guidelines of Hypertension. A total of 70 individuals
on the streets in local collections, the profile of this population shows
data also found in the Population Census in street situation in São
Paulo in 2015, where only 8.57% were women, most of this population
are men of working age, between 30 and 49 years with a high school
diploma and drug users. The number of population in street situa-
tion in São Paulo is constantly increasing, this vulnerable population
exposes it to the risk of developing CVD by socioeconomic, environ-
mental and psychological issues. Much of the interventionist point of
view should be performed, actions based on primary care and social
policies make it necessary to reduce these diseases.
Key words: People on the street situation, cardiology, hypertension,
illicit drugs.
ResúmenEste estudio tiene como objetivo caracterizar el perfil de vulnerabili-
dad de la población en las calles, los residentes en las calles del cen-
tro de Sao Paulo, para el riesgo cardiovascular y analizar cuidadosa-
mente estas variables involucradas en esta población. Es un estudio
del tipo de campo, exploratorio, transversal y cuantitativo. La recolec-
ción de datos se llevó a cabo en la región central de Sao Paulo, se so-
metieron a entrevistas semi estructuradas con preguntas abiertas y
cerradas que evalúan el perfil sociodemográfico, los factores de ries-
go cardiovasculares y de riesgo implicados en el grupo de estudio,
la medición de la presión arterial también se llevó a cabo de acuerdo
con el criterios de las Directrices brasileñas VI de la hipertensión. Un
total de 70 personas en las calles de colecciones locales, el perfil de
esta población muestra datos también se encuentran en el censo de
población en situación de calle en Sao Paulo en 2015, donde sólo el
8,57% eran mujeres, la mayor parte de esta población son hombres
en edad de trabajar, entre 30 y 49 años con un diploma de escuela
secundaria y los usuarios de drogas. El número de población en si-
tuación de calle en Sao Paulo está en constante aumento, esta po-
blación vulnerable lo expone al riesgo de desarrollar enfermedades
cardiovasculares por cuestiones socioeconómicas, ambientales y
psicológicos. Gran parte del punto de vista intervencionista se debe
realizar, las acciones basadas en la atención primaria y las políticas
sociales hacen que sea necesario reducir estas enfermedades.
Palabras-clave: La gente en la calle, la cardiología, la hipertensión,
las drogas ilícitas.
IntroduçãoA hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um importante fa-
tor de risco (FR) para a doença cardiovascular (DCV),1 a pres-são arterial (PA) elevada é causada pelo volume excessivo de líquido extracelular, caracterizada pela PA acima da normali-dade (135x90 mmHg).2 De acordo com o Ministério da Saúde (MS), sua medida deve ser realizada em toda a consulta de saúde.3 A ocorrência de elevação da PA resulta em um di-minuição significativa da expectativa de vida do individuo, a partir de efeitos letais causados principalmente pela sobre-carga de trabalho do músculo cardíaco, levando ao desen-
“A equipe de enfermagem por estar mais tempo presente a beira leito do paciente, ao detectar padrões
fisiológicos anormais deve acionar o Time de resposta rápida da Instituição
caso esteja em uma unidade sem apoio médico imediato.”
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volvimento precoce de cardiopatia congestiva, cardiopatia coronária, ou ambas.2,4 Essa ocorrência pode levar ao infar-to agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular encefálico (AVE), doença vascular periférica (DVP), insuficiência cardíaca congestiva (ICC), doença renal terminal (DR) e outras insufici-ências no organismo, sendo responsáveis por grandes cau-sas de morbidade e mortalidade, com elevado custo social.5
Grande parte dos eventos cardiovasculares acometem in-divíduos com alterações leves dos FR que sem tratamento, levam a manifestação da doença, de acordo com a VI Dire-trizes Brasileira de Hipertensão, os esses FR são idade, gê-nero e etnia, excesso de peso e obesidade, ingesta de sal e ingesta de álcool. Vários ensaios clínicos e epidemiológicos já demonstraram a drástica diminuição da morbimortalidade cardiovascular com o tratamento adequado da HA. Há evi-dências clínicas de que a medida da PA pode identificar os adultos com maior risco de desenvolvimento de DCV, em ra-zão da HA.3,5
No Brasil, pesquisas de abrangência nacional demonstram que na população adulta aumentaram a prevalência de ex-cesso de peso e obesidade, de forma diferenciada entre os sexos.6 Segundo o MS, a inatividade física é responsável por 54% dos ricos de morte por DCV e 50% dos acidentes vascula-res fatais. O sedentarismo é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmis-síveis (DCNT), como DCV, cânceres e Diabetes Mellito (DM).7 Com relação a questão de etnia, em média, a PA sanguínea entre afrodescendentes e brancos é igual durante a adoles-cência, porém, afrodescendentes na fase adulta apresentam HAS com maior frequência, produzindo, assim, maior taxa de morbi-mortalidade.8
A HAS é uma doença multifatorial, isto é, na maioria dos casos é resultante da interação de vários fatores. Junto com o modo de vida do “homem moderno”, surgiram os distúrbios sonoros, o consumismo, a competição, a falta de solidarie-dade, preocupação profissional, social e econômica, além da violência que assola a sociedade de uma forma geral, que em conjunto chamamos estresse. Esse é um fator agravante da HAS, que seria uma “adaptação” do organismo humano.9
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quem é portador da HAS e não realiza acompanhamento regular, pode ter redução na expectativa de vida em até 16 anos e 6 meses e que a população de adolescente e jovens são as mais envolvidas com drogas ilícitas, este consumo é maior entre jovens do sexo masculino e que moram sem a família, e o consumo de álcool e tabaco são as substâncias mais con-sumidas.10,11
Justificativa: Diante do exposto e à presença constante de grupos vulneráveis em situação de rua nos inquieta a propos-ta de como o mecanismo regulador de PA se manifesta numa
população com fatores de risco hereditários intrínsecos a sua condição e fatores extrínsecos como ambientais (exposição ao frio e calor), nutricionais (desacordo com a ingestão con-siderada adequada) e utilização de recursos de substâncias ilícitas de ação central que pudesse alterar tais parâmetros.
ObjetivoCaracterizar o perfil da vulnerabilidade da população em
situação de rua, residentes nas ruas centrais de São Paulo, para riscos cardiovasculares e analisar criteriosamente tais variáveis envolvidas nesta população.
Materiais e MétodosO presente estudo caracteriza-se como estude de campo,
exploratório, transversal e quantitativo. Os dados foram co-letados em ruas aleatórias da região central de São Paulo, focando a região da Rua Vergueiro e Viaduto Pedroso.
A população estudada foi submetida a uma entrevista se-miestruturada com questões abertas e fechadas avaliando perfil sócio demográfico, riscos cardiovasculares e fatores de risco envolvidas no grupo de estudo. Foram incluídos como sujeitos da pesquisa, população em situação de rua instala-da próximas às ruas Vergueiro, Viaduto Pedroso e Avenida 23 de Maio, na região central de São Paulo. Exigida maioridade (idade superior a 18 anos), independente de gênero, raça ou credo, que estejam interessados em responder ao questio-nário e verificar PA.
Exclusão: não estar disponível para coleta de dados no pe-ríodo em que essa etapa do projeto foi realizada. Serão des-cartados instrumentos que sugerem que seus participantes estejam supostamente comprometidos em juízo de suas res-postas.
Instrumento de Coleta de Dados
O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário do tipo múltipla escolha check-list composto de questões fe-chadas, e uma dissertativa.
A coleta de dados ocorreu do intervalo de julho e novem-bro de 2015, nos períodos diurno e vespertino na área da re-gião da Rua Vergueiro e Viaduto Pedroso.
O procedimento da verificação da pressão arterial, em lis-ta de verificação, contendo os seguintes itens: interação com o examinando, posição do paciente, considerando a posição sentada ou deitada, período de repouso de 3 a 5 minutos an-tes de verificar a PA, posição do braço do indivíduo a 45° e ao nível do coração, mensuração da circunferência braquial, seleção da bolsa inflável de borracha, de acordo com a cir-cunferência braquial, colocação do manguito no braço despi-do, manômetro adequadamente visível, localização da artéria braquial, braçadeira adequadamente envolvida no braço, de-
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terminação prévia do nível de insulflação por meio da palpa-ção, desinsulflação do manguito com velocidade de 2 a 3 mm Hg/s, intervalo de 30 segundos entre duas medidas, posição da campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial; ou-tras informações onde, por meio de entrevista semiestrutu-rada e observação direta, eram obtidos os seguintes dados: membro selecionado para verificação da PA, posição do pa-ciente: sentado, deitado ou de pé; valor pressão arterial em mm Hg obtido durante a primeira e a segunda medidas se houvesse; o tipo de esfigmomanômetro utilizado na prática diária: aneróide/coluna de mercúrio; frequência com que ca-libra seus equipamentos.
Variáveis do estudo Os riscos cardiovasculares em população vulnerável em
situação de risco em ruas.Os dados coletados foram analisados estatisticamente por
meio de proporções em gráficos e tabelas que representa-ram de forma quantitativa os resultados obtidos. Posterior-mente quando comparadas populações de áreas diferentes de coleta, os dados foram submetidos ao tratamento estatís-tico adequado. Esta pesquisa não ofereceu risco para o vo-luntário envolvido.
Aspectos éticosO presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da Universidade Nove de Julho sob o Proto-colo: 21519413.4.0000.5511, bem como inclusa na Plataforma Brasil como registro oficial. Esta etapa é fundamental por se tratar de uma pesquisa envolvendo seres humanos, respei-tando a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que trata das questões éticas envolvidas em pesqui-sas com seres humanos.
Resultados esperadosEsperamos com esse trabalho dimensionar a prática de
comportamentos preventivos para DCV numa população vul-nerável em situação de risco e não possuem conhecimento científico desse assunto.
Diversos estudos apontam que o conhecimento formal so-bre prevenção de DCV não implica adoção de medidas pre-ventivas. A ação e exposição ambiental, alcoolismo e drogas possam ter influência nesses fatores de risco.
DiscussãoAs doenças cardiovasculares (DCV) são atualmente uma
das principais causa de mortalidade no mundo, responsável por cerca de 30% dos óbitos.12,16 Desse total de óbitos 80% estão associados a fatores de riscos já conhecidos e de alta
prevalência em diversas populações como o diabetes melli-tus (DM), a obesidade, o sedentarismo, o fumo, a hiperlipi-demia e a hipertensão arterial sistêmica (HAS).17 Além des-ses fatores descritos também se deve associar o consumo de álcool capaz de alterar os valores pressóricos e elevar os níveis de triglicérides na população aumentando os riscos de DCV. 18
Nos Estados Unidos o uso de drogas ilícitas como a coca-ína está relacionado a 40% das mortes, por uso de drogas, advindas de eventos cardiovasculares como angina, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e morte súbita. A cocaína piora a hipertensão, aumenta hipertrofia ventricular esquerda e ace-lera a aterosclerose. No Brasil o uso de drogas ilícitas tem se tornado uma crescente, 1,7% dos jovens entre 13 e 17 anos consomem drogas legais e ilegais como álcool, cigarro, ma-conha e cocaína.19
De acordo com Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do MS, no ano de 2000 cerca de 27% do total de óbitos no Brasil ocorreram devido a DCV. No Sistema Único de Saúde (SUS), as comorbidades relacionadas às DCV são responsáveis por 1.150.000 das in-ternações/ano, com um custo aproximado de 475.000.000 reais.20 A modificação socioeconômica que o Brasil passou nos últimos anos gerou alterações nas causas de morbi-mor-talidade e no perfil epidemiológico em cenário nacional e as doenças parasitárias e infectocontagiosas deram lugar as do-enças crônicas não transmissíveis ou também chamadas de doenças e agravos não transmissíveis (DANT), entre as mais importantes encontra-se a HAS e o DM.21
A HAS é um dos principais fatores de risco cardiovascular e
“Pesquisas desenvolvidas em hospitais da América do Norte enfatizam que após a implementação do TRR, no decorrer de 2 anos, ocorreu uma redução de 33 a 50 % do número
de paradas cardiorrespiratórias em pacientes de unidades de internação
que não tinham a atuação da equipe treinada para esse tipo de
intercorrência.”
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considerado um fator modificável para minimização do risco de mortalidade por DCV, a elevação dos níveis pressóricos acima de 115/75 mmHg de maneira linear, contínua e inde-pendente, aumentam progressivamente o risco de óbito.22
Ainda que seja moderada a elevação da pressão arterial há redução da expectativa de vida, sob pressões arteriais altas extremas na média de 50% ou mais que os valores nor-mais, a expectativa de vida é de poucos anos, a menos que haja tratamento adequado.23
De acordo com conceitos hemodinâmicos a pressão ar-terial é determinada pelo débito cardíaco multiplicado pela resistência vascular periférica, determinantes estes que de-pendem da interação de diversos fatores, desta forma a hi-pertensão pode surgir por anormalidades em um deles ou em ambos.24
O controle da PA depende de medidas farmacológicas e as não farmacológicas, as não farmacológicas são indicadas de forma indiscriminadas para todos hipertensos e abran-gem a modificação dos fatores de riscos como restrição do consumo de álcool, dieta equilibrada, controle da obesida-de, prática de atividade física e cessação do tabaco, essas ações facilitam a redução dos níveis pressóricos e minimizar as possibilidades de complicações. Com tudo há uma esti-mativa de somente um terço dos pacientes acompanhados em serviços de saúde tem os níveis pressóricos em valores desejáveis e a não adesão ao tratamento constitui um im-portante determinante para DCV.25,26
Analisando-se os conceitos de Populações vulneráveis, pode-se definir como aquelas que possuem uma maior chance de exposição ao adoecimento como conjunto de aspectos individuais e coletivos, que proporcionam uma elevada suscetibilidade a um agravo de saúde e ao ado-ecimento, dessa mesma forma possuem também mais ou menos disponibilidade de recursos para se proteger. A vul-nerabilidade está ligada a todos os seres humanos, com tudo pode-se reconhecer que a suscetibilidade e o grau de risco não se distribuem ao acaso na sociedade e como con-sequência disso o agravamento da vulnerabilidade não é a mesma entre todos os membros de uma comunidade.27,28
A vulnerabilidade Social avalia a obtenção de informações, o acesso aos meios de comunicação, a disponibilidade de recursos cognitivos e materiais e o poder de participar de decisões políticas e em instituições. Assim, tomamos como exemplo os aspectos econômicos, a violência, o acesso à educação, a desigualdade de gênero e de raça e por fim ausência de participação social.27
O consumo de substâncias ilícitas como a cocaína e o cra-ck no Brasil encontra-se discreto e estável entre os anos de 2001 e 2005. Observam-se, com tudo, fortes evidências de que a partir do ano de 2009 o uso desta substância, bem
como sua associação a diversos agravos à saúde, tem se tornado mais frequente. Usuários de crack frequentemen-
te se envolvem em comportamentos de risco, para manter seus padrões de consumo e se encontram em situação de maior vulnerabilidade social. De modo geral, não têm aces-so à educação, ao trabalho formal e grande parte destes encontra-se em situação de rua.29
O Crack é uma droga derivada da cocaína associada a outras substâncias tóxicas, de maneira que também cau-sam alterações hemodinâmicas atingindo diversos apa-relhos e sistemas, seus efeitos no sistema cardiovascular constituem motivos frequentes de procura de serviços de emergência. As complicações mais comuns são isquemia miocárdica, IAM, cardiomiopatias, miocardites, arritmias e endocardites.30 Desde o início dos anos 90 o crack tem se disseminado por diversas cidades brasileiras e se tornou predominante em usuários de drogas em situação de rua, esses usuários apresentam uma variedade de problemas de saúde e sociais, mesmo quando comparados a usuários de outras drogas ilícitas, são tipicamente jovens em idade pro-dutiva, marginalizados, em situação de rua ou sem teto e de origem empobrecida, muitos estão envolvidos com crimes violentos e cumprimento de regimes carcerários por tráfico. Desde seu surgimento o crack vem substituindo o uso de drogas injetáveis e a maioria de seus usuários faz uso de outras drogas licitas e ilícitas.31
Usuários de cocaína e seus derivados tem prolongados quadros de dor precordial, o que exige melhor avaliação de lesões cardíacas ocorridas antes de sua ida ao serviço de emergência e uma constante busca ativa pós-alta através dos demais serviços multiprofissionais para manter essa avaliação atualizada.29 Um estudo realizado com 59 pacien-tes com dor torácica associada ao uso de cocaína traçou um perfil destes usuários, sendo em sua maioria, negros, do sexo masculino e com idade média 45,6 anos33 característi-cas essas que por si só, já são fatores de risco para o desen-volvimento de DCV.
ResultadosForam entrevistados 70 indivíduos em situação de rua nos
locais de coletas, a tabela abaixo descreve as variáveis en-contradas nesta população:
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Tabela 1 - Caracterização do Perfil encontrado em situação de rua na cidade São Paulo
Faixa Etária
16-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60 e +
Escolaridade
Analfabeto
1ª a 4ª Série
5ª a 9ª Série
2º Grau Completo
2º Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Raça
Brancos
Negros
Pardos
Drogas Ilícitas
Usuário de Drogas
Não Usuário
0
7
20
16
11
10
18
5
5
21
11
1
3
23
11
30
40
24
2
1
2
1
0
0
2
0
0
1
3
0
0
5
0
1
6
0
2
8
22
17
11
10
20
5
5
22
14
1
3
28
11
31
46
24
Características Homem (N) Mulher (N) Total (N=70)
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42
De acordo com dados da Secretária de Assistência e De-senvolvimento Social da cidade de São Paulo, entre 2000 e 2015 praticamente duplicou o número da população em situ-ação de rua, sendo que aproximadamente 53% dessa popu-lação encontram-se na região central da cidade, local onde foi realizada a coletada de dados para esta pesquisa. Na ca-racterização dessa população feita pelo censo, observa-se que 82% dessa população são homens e 14,6% mulheres e a faixa etária predominante encontram-se entre 31 e 49 anos, dado esse que foi evidenciado na pesquisa.12,13 Grande parte da população em situação de rua é de homens, em idade produtiva, entre 30 e 49 anos, com segundo grau completo e usuários de drogas.
Gráfico 1 - Gênero X Faixa Etária
Ao se comparar os sexos encontrados, podemos notar uma grande discrepância, nas regiões onde houve a realização da pesquisa, participaram do estudo apenas 6 mulheres tam-bém em idade produtiva e 100% faziam uso de drogas ilícitas.
O número de não brancos em situação de rua chegava a ser de 61,7% no ano de 2000 de acordo com o levantamento censitário e a caracterização socioeconômica da população moradora de rua na cidade de São Paulo,14 dado que tam-bém se assemelhou ao que foi encontrado na pesquisa, da população entrevistadas negros e pardos juntos representa-vam cerca de 60% e as variações pressóricas arteriais encon-tradas evidenciavam picos hipertensivos comparados aos de pessoas brancas.
Ao se avaliar os níveis pressóricos com relação à raça, evi-denciamos o que foi encontrado no levantamento bibliográ-fico, a população negra mantém a PA mais elevada em com-paração com os demais mesmo em situação de repouso, como pode ser observado no gráfico a seguir.
Gráfico 2 - Raça X Médias PAS e PAD
A análise dos riscos multifatorial evidencia que além da si-tuação de vulnerabilidade, esta população possui fatores de risco não modificáveis e que associado às questões sociais, estilo de vida, uso de álcool e drogas, alimentação e estresse corrobora para o agravamento do quadro.
Gráfico 3 - Usuário de Drogas X Médias PAS e PAD
O uso de drogas não evidenciou alterações pressóricas nesta população, entretanto, durante a abordagem os par-ticipantes não apresentavam sintomas clínicos de entorpe-cimento, outro fator observado foi à contextualização do uso de drogas, onde notava-se estigmatização pelos próprios en-trevistados ao responder a questão o que torna sugestivo a possível presença de inverdades nesse quesito.
ConclusãoO número de população em situação de Rua em São
Paulo é uma crescente constante, essa situação vulnerá-vel expõe essa população ao risco de desenvolvimento de DCV por questões socioeconômicas, ambientais e psicoló-gicas. É possível observar que os níveis pressóricos desta
7
20
16
1110
0
16-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69
12
1 0 0
2
20 %
15 %
10 %
5 %
0 %
Homem Mulher
77,36
116,75
166,28
103,91
91,87
142,97
Brancos Negros Pardos
150 %
100 %
50 %
0 %
PAS PAD
153,33
82,93
PAS PAD
150 %
100 %
50 %
0 %
Usuário Não usuário
97,58127,17
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população encontram-se acima do valor de normalidade em um contexto geral. A falta de uma alimentação sau-dável, estresse psicológico, o álcool, tabagismo e uso de drogas ilícitas foi evidenciado como agravante para HAS, fatores esses encontrados em toda população estudada. Muito do ponto de vista intervencionista deve ser realiza-do, ações com base na atenção primária e políticas pú-
blicas sociais fazem-se necessário para se reduzir esses agravos.
Almeja-se que esse estudo sirva como referencial para posteriores trabalhos e ações de saúde sobre o referido tema, enfatizando e estimulando também estudos reflexi-vos e discussões, resultando na melhoria da qualidade de vida da população.
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ATIVIDADE Nø DE PONTOS
Congresso nacional da especialidade
Congresso da especialidade no exterior
Congresso/jornada regional/estadual da especialidade
Congresso relacionado à especialidade com apoio da
sociedade nacional da especialidade
Outras jornadas, cursos e simpósios
Programa de educação à distância por ciclo
Artigo publicado em revista médica
Capítulo em livro nacional ou internacional
Edição completa de livro nacional ou internacional
Conferência em evento nacional apoiado pela
Sociedade de Especialidade
Conferência em evento internacional
Conferência em evento regional ou estadual
Apresentação de tema livre ou pôster em congresso ou
jornada da especialidade
Participação em banca examinadora (mestrado,
doutorado, livre-docência, concurso, etc.).
Mestrado na especialidade
Doutorado ou livre docência na especialidade
Coordenação de programa de residência médica
Projetos de pesquisa aprovado
Elaboração de manual de rotinas
Congresso internacional
Apresentação congresso internacional (São Camilo)
Reuniões Científicas
Coordenação de Eventos
Eventos
Atividades Científicas
Atividades Acadêmicas
Atividades Institucionais
TOTAL OBRIGATÓRIO ANUALMENTE Do total obrigatório anualmente, 20 pontos deverão ser em atividades institucionais.
40
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05
15
10
0,5/h (mín.1 e máx.10)
0,5/h (máx.10)
05
05
10
05
05
02
02 (máx. 10)
05
15
20
5/ano
20
10
+15
+03
1,0/h
5,0 (máx. 20)
REGRAS DE PREMIAÇÃO
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BENEFÍCIOS DIAMANTE PRATAOURO BRONZE
Pontos mínimos para atingir a premiação
Confecção de Banner / Assessoria
Inscrição em Congresso Nacional
Inscrição em Congresso Internacional
Viagem (passagem)
Pacote completo para Congresso Nacional
(passagem, inscrição, banner)
Pacote completo para Congresso Internacional
(passagem, inscrição, banner)
Intercambio internacional
200
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
80
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
140
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
60
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
COTAS PARA PREMIAÇÃO
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