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VEJA NESTA EDIÇÃO Comunicação e Informação para o fortalecimento da Agroecologia na Amazônia Boletim da Articulação Nacional de Agroecologia - ANA Região Amazônica Produzido pela Rede de Informações Agroecológicas da Amazônia - RIAA Ano III - Nº 4 - Outubro de 2006 A comunicação e a informação são ele- mentos essenciais para que a Agroecolo- gia consiga, entre outras coisas, dar visibi- lidade ao modelo sustentável de desenvol- vimento pelo qual luta, além de promo- ver a produção e o intercâmbio de conhe- cimentos e experiências entre os atores li- gados à temática. Neste sentido, o quarto número do Boletim ANA Amazônia terá como tema “comunicação e informação como instrumento de fortalecimento da Agroecologia na Amazônia”. Nesta edição você poderá conferir ar- tigos sobre a experiência do uso de rá- dios comunitárias pelo projeto Proteger, visando contribuir para a diminuição de queimadas na Amazônia, e sobre o di- agnóstico produzido pela Rede de Infor- mações Agroecológicas da Amazônia, que apresenta informações interessantes sobre a comunicação desenvolvida pe- las organizações da região que trabalham pela construção da Agricultura Susten- tável. Editorial A Amazônia no II Encontro Nacional de Agroecologia - pg. 02 GTs da ANA preparam série de cadernos temáticos sobre Agroecologia pg. 04 ANA avalia II ENA e faz balanço político da Articulação pg. 04 RIAA inicia seminários-oficinas para estruturação da Rede pg. 05 Diversidade marca o II ENA Vladia Lima/Ag. Balão O Boletim da ANA Amazônia também traz uma matéria especial sobre o II En- contro Nacional de Agroecologia e con- ta como foi a participação da Amazônia neste importante evento. Você poderá conferir ainda as últimas novidades so- bre a Rede de Informações Agroecológi- cas da Amazônia (RIAA), sobre o Banco de Assessores/as em Agroecologia na Amazônia (BAS), sobre a Rede de Mulhe- res Empreendedoras da Amazônia (RMEA) e sobre o Grupo de Intercâmbio da Agricultura Sustentável (GIAS). Sabe- rá como foi o intercâmbio no qual enti- dades e produtores/as familiares da Bolí- via e México puderam conhecer um pou- co mais como se dá a agricultura no Bra- sil, ficará por dentro dos principais even- tos ligados à agroecologia que acontece- rão na Amazônia e no país, além de co- nhecer algumas oportunidades de finan- ciamento e concursos. Boa leitura! Comunicação e Informação como instrumento de fortalecimento da Agroecologia na Amazônia é o tema dos artigos desta edição pg. 06 Confira os principais eventos sobre Agroecologia na Amazô- nia e no Brasil pg. 09 BAS abre cadastro para asses- sores/as técnicos/as em Agro- ecologia pg. 10 Mulheres da Amazônia discu- tem gênero e empreendimen- tos rurais pg. 10 GIAS promove encontro amazô- nico sobre sementes tradicio- nais pg. 11 Bolívia e México conhecem experiências agroecológicas do Brasil pg. 12

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VEJA NESTA EDIÇÃOComunicação e Informação para o fortalecimento da

Agroecologia na Amazônia

Boletim daArticulação Nacionalde Agroecologia - ANARegião Amazônica

Produzido pelaRede de InformaçõesAgroecológicas daAmazônia - RIAA

Ano III - Nº 4 - Outubro de 2006

A comunicação e a informação são ele-mentos essenciais para que a Agroecolo-gia consiga, entre outras coisas, dar visibi-lidade ao modelo sustentável de desenvol-vimento pelo qual luta, além de promo-ver a produção e o intercâmbio de conhe-cimentos e experiências entre os atores li-gados à temática. Neste sentido, o quartonúmero do Boletim ANA Amazônia terácomo tema “comunicação e informaçãocomo instrumento de fortalecimento daAgroecologia na Amazônia”.

Nesta edição você poderá conferir ar-tigos sobre a experiência do uso de rá-dios comunitárias pelo projeto Proteger,visando contribuir para a diminuição dequeimadas na Amazônia, e sobre o di-agnóstico produzido pela Rede de Infor-mações Agroecológicas da Amazônia,que apresenta informações interessantessobre a comunicação desenvolvida pe-las organizações da região que trabalhampela construção da Agricultura Susten-tável.

Editorial

A Amazônia no II Encontro Nacional de Agroecologia - pg. 02

GTs da ANA preparam série decadernos temáticos sobreAgroecologiapg. 04

ANA avalia II ENA e faz balançopolítico da Articulaçãopg. 04

RIAA inicia seminários-oficinaspara estruturação da Redepg. 05

Diversidade marca o II ENAVla

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O Boletim da ANA Amazônia tambémtraz uma matéria especial sobre o II En-contro Nacional de Agroecologia e con-ta como foi a participação da Amazônianeste importante evento. Você poderáconferir ainda as últimas novidades so-bre a Rede de Informações Agroecológi-cas da Amazônia (RIAA), sobre o Bancode Assessores/as em Agroecologia naAmazônia (BAS), sobre a Rede de Mulhe-res Empreendedoras da Amazônia(RMEA) e sobre o Grupo de Intercâmbioda Agricultura Sustentável (GIAS). Sabe-rá como foi o intercâmbio no qual enti-dades e produtores/as familiares da Bolí-via e México puderam conhecer um pou-co mais como se dá a agricultura no Bra-sil, ficará por dentro dos principais even-tos ligados à agroecologia que acontece-rão na Amazônia e no país, além de co-nhecer algumas oportunidades de finan-ciamento e concursos.

Boa leitura!Comunicação e Informaçãocomo instrumento defortalecimento da Agroecologiana Amazônia é o tema dosartigos desta ediçãopg. 06

Confira os principais eventossobre Agroecologia na Amazô-nia e no Brasilpg. 09

BAS abre cadastro para asses-sores/as técnicos/as em Agro-ecologiapg. 10

Mulheres da Amazônia discu-tem gênero e empreendimen-tos ruraispg. 10

GIAS promove encontro amazô-nico sobre sementes tradicio-naispg. 11

Bolívia e México conhecemexperiências agroecológicasdo Brasilpg. 12

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Mato Grosso e Pará fazem denúnciasna plenária sobre o agronegócio

De 2 a 6 de junho de 2006, a cidade deRecife, no estado de Pernambuco, nordestebrasileiro, recebeu caravanas e organizaçõesde todos os estados e regiões brasileiras. Láaconteceu o II ENA - Encontro Nacional deAgroecologia, promovido pela ArticulaçãoNacional de Agroecologia (ANA).

O Encontro contou com a participação de1.730 pessoas de todas as regiões do Brasil, sen-do 54% homens e 46% mulheres. Entre os ins-critos, 65% eram agricultores e agricultoras, in-cluindo produtores/as familiares, camponeses/as, extrativistas, indígenas, quilombolas, ribei-rinhos/as e geraizeiros/as. Os demais 35% eramtécnicos e técnicas de organizações da socie-dade civil e da extensão rural oficial, pesquisa-dores/as, professores/as universitários e de es-colas agrícolas, estudantes e consumidores.

Todos os estados da Amazônia estiverampresentes no II ENA. A delegação contou coma participação de 344 pessoas, sendo que des-tas 68% eram produtores e produtoras ruraisfamiliares, e 32% eram técnicos/as pesquisa-dores/as, professores/as e estudantes. A parti-cipação de mulheres da Amazônia foi superi-or à média nacional: 49% dos/as participan-tes/as da região eram mulheres e 51% eramhomens.

A ampla participação das mulheres no IIENA é resultado de um posicionamento daANA em fortalecer e qualificar a participaçãodas mulheres nos debates sobre agroecologia,assim como divulgar suas experiências. Foiestabelecida como meta a participação de 50%de mulheres e a apresentação de suas experi-ências em todas as plenárias, nos seminários enas oficinas. Apesar de não ter alcançado estenúmero de participantes, foi bastante positivaa participação das mulheres em todos os espa-ços do encontro.

A troca de experiências e construção de es-tratégias comuns de fortalecimento da agroe-cologia; a discussão de estratégias para o en-frentamento do agronegócio; e a construçãode políticas públicas que permitam a amplia-ção das iniciativas de fortalecimento da pro-dução familiar pela via da agroecologia, foramos objetivos principais do II ENA.

Houve três grandes plenárias no II ENA. Aplenária inicial foi sobre a construção da Agro-ecologia. Nela foram apresentados os “Ma-pas das Expressões da Agroecologia”, obtidosa partir do mutirão nacional para o levanta-

A AMAZÔNIA NO II ENCONTRO NACIONAL DE AGROECOLOGIA

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mento das experiências identificadas nas vári-as regiões do Brasil. Também nesta plenáriafoi apresentado o Vídeo com as diferentes ex-periências agroecológicas desenvolvidas noBrasil, e alguns resultados dos estudos sobreos impactos econômicos da agroecologia. Paracontribuir com o debate, dois agricultores euma agricultora fizeram depoimentos sobresuas vivências com a agroecologia. Debateu-se sobre a construção da agroecologia, comoestá hoje e como deve avançar.

A segunda plenária foi sobre o agronegó-cio. Foi apresentada uma peça de teatro querefletia sobre os problemas que o modelo deagricultura representado pelo agronegócio vemcausando na vida das pessoas e no meio am-biente, levando a um desenvolvimento injus-to e desigual da sociedade brasileira. Nesta ple-nária foram debatidas idéias e elaboradas pro-postas de como enfrentar este modelo. O Sin-dicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas doRio Verde, de Mato Grosso, apresentou umadenúncia sobre os efeitos de uma pulveriza-ção ilegal de agrotóxicos sobre o município,que é o segundo maior produtor de soja doBrasil, ocorrida em abril de 2006. Também foidado testemunho sobre o avanço da soja noBaixo Amazonas pelo Sindicato dos Trabalha-dores Rurais de Santarém, no Pará.

Na plenária final debateu-se sobre a CartaPolítica do II ENA, que expressou as avalia-ções, experiências e propostas das pessoas eorganizações que promovem a agroecologiano Brasil, a partir dos consensos construídosaté o momento pelo movimento agroecológi-co, e deu pistas e diretrizes para a atuação daArticulação Nacional de Agroecologia. Parti-ciparam desta plenária, representando o Go-verno Federal, o Secretário de Agricultura Fa-miliar do Ministério do Desenvolvimento Agrá-rio (MDA), Valter Bianchini; o Secretário deDesenvolvimento Territorial, também doMDA, Humberto Costa; o Coordenador doprograma agenda 21, da Secretaria de Políti-cas para o Desenvolvimento Sustentável do Mi-nistério do Meio Ambiente, Roberto Vizentim;e o Diretor de Logística, da Companhia Naci-onal de Abastecimento, vinculada ao Ministé-rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,Silvio Porto. No encerramento foi realizadauma Mística do Compromisso, com a distri-buição de sementes entre os/as participantes,que firmou e celebrou o compromisso de le-

var adiante os princípios de vida, as propostasconstruídas e sistematizadas na Carta Políticae o conjunto de desafios colocados a partir dasexperiências e debates ocorridos. LeonardoBoff enviou uma mensagem aos participantesdo II ENA, que foi trasmitida ao final desta ple-nária.

Os almoços e jantares servidos diariamen-te a todos/as participantes foram preparadoscom produtos agroecológicos.

O fechamento do evento se deu com umamanifestação pública, que aconteceu no cen-tro do Recife, e teve como objetivo dar visibi-lidade ao Encontro e interagir com a popula-ção e as organizações populares da cidade. Osparticipantes das diferentes regiões levaramsuas bandeiras, faixas e símbolos e organiza-ram suas manifestações culturais. A panfleta-gem agroecológica tomou conta da praça. Umaciranda dançada pelos/as participante fechoucom muita animação o II ENA.

Saiba mais sobre os outros espaços de de-bate e intercâmbio do II ENA:

Seminários TemáticosForam realizados debates em torno dos te-

mas mobilizadores do Encontro, através de seisseminários temáticos, promovidos pelos Gru-pos de Trabalho e Comissões da ANA. Combase na apresentação de experiências concre-tas sistematizadas, esses seminários se volta-ram para a troca de informações e conheci-mentos e a formulação de propostas de políti-cas públicas promotoras da agroecologia.

A Amazônia esteve representada nestes se-minários. Foram apresentadas as seguintes ex-periências em cada tema mobilizador:

• Conservação e uso dos recursos naturaise da biodiversidade: Diversificação através dossistemas agroflorestais desenvolvidos pelo Pro-jeto Reca, em Rondônia; Movimento Interesta-dual da Quebradeiras de Coco de Babaçu, noMaranhão; e o manejo florestal comunitário de-senvolvido por organizações comunitárias emparceria com a FASE, em Gurupá, no Pará.

• Construção do conhecimento agroeco-lógico: Agroecologia - um desafio para peque-

II ENCONTRO NACIONALDE AGROECOLOGIA

Mística firmou o compromisso de levaradiante os princípios da vida e celebrouas propostas construídas no Encontro

Manifestação pública no centro deRecife fecha o II Encontro Nacional deAgroecologia

Leitura da Carta política marca aplenária final do II ENA

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II ENCONTRO NACIONALDE AGROECOLOGIA

na produção, pela APA de Rondônia; Forma-ção de Agentes Multiplicadores, pela APACC,de Cametá, no Pará.

• Formas de financiamento e gestão socialdo desenvolvimento agroecológico: Iniciativados movimentos sociais na conversão de ma-deira apreendida pelo IBAMA em um fundo(Fundo Dema) para implementação de proje-tos de desenvolvimento para região da Tran-samazônica, no Pará, apresentado pela FASEAmazônia (Pará); Crédito diferenciado paramulheres através do Banco da Mulher no Ma-ranhão, pela ASSEMA; Financiamento para odesenvolvimento da produção familiar (Pró-Ambiente), resultados dos Pólos de Juína (MatoGrosso, apresentado pela Ajopam), da Pesca(Marajó, Pará), do Acre (apresentado pelo PE-SACRE) e da Baixada Maranhense (Maranhão,apresentado pela COOPAT).

• Relação com Mercados: Comercializaçãode artesanato indígena Apurinã, no Amazonas;Comercialização coletiva de açaí orgânico por4 organizações do Baixo Tocantins, Pará, apre-sentado pela COFRUTA.

• Segurança e Soberania Alimentar comoestratégia de construção da agroecologia: Gru-pos de Mulheres da APA produzindo produ-tos alternativos, pela APA, em Rondônia; Es-tratégias de Segurança alimentar e nutricionalnos babaçuais do Médio Mearim, pela ASSE-MA, no Maranhão; Segurança alimentar e in-tercâmbio de saberes ambientais sobre cerra-do entre comunidades rurais do sudoeste doMato Grosso, pela FASE MT.

• Direitos Territoriais, reforma agrária eagroecologia: Organização comunitária em umterritório protegido por lei – a experiência dasprimeiras Reservas de Desenvolvimento Sus-tentável do Brasil, pelas Associações Comuni-tárias de Moradores da RDS Amanã e Mami-rauá e IDSM, no Amazonas; Regularizaçãofundiária e manejo dos recursos naturais emGurupá (Pará), pela FASE Gurupá e STR de Gu-rupá; Manejo de produtos florestais não-ma-deireiros (Projeto Andiroba), pela APIO, doAmapá; Reserva Extrativista Chico Mendes,pelo CNS, no Acre; e Lei do Babaçu Livre,pelo MIQCB, no Tocantins.

Oficinas temáticasForam realizadas diversas oficinas temáticas,

nas quais houve intercâmbio e troca de experi-ências sobre temas técnicos específicos relacio-nados à sustentabilidade da produção familiar.

A Amazônia esteve envolvida na organiza-ção de algumas destas oficinas. São elas: “Mu-lheres e Agroecologia” (GT Gênero da ANA –que inclui a RMEA); “Como organizar um

Banco de sementes comunitário” (AS-PTA PB,ASA PB e GIAS); “Desafios da Gestão Demo-crática de Fundos Públicos” (GT-Financiamen-to/ANA, FASE-Amazônia e PATAC); e “Siste-mas de Informação e Comunicação relaciona-dos às experiências em agroecologia e oSoftware Livre como estratégia de fortalecimen-to da cooperação e da democratização da in-formática” (GT Informação/ANA – que incluia RIAA).

Feira Nacional de Saberes e SaboresA Feira Nacional de Saberes e Sabores foi

um espaço de apresentação e troca de experi-ências, onde foram experimentados e vendi-dos diferentes produtos e pratos que mostra-ram a biodiversidade das regiões. Lá foi co-mercializado e apreciado por muitos o pato-no-tucupi, levado por uma produtora de Ca-metá. Tinha artesanato indígena do Amazonase do Acre. Palmito e doces de Rondônia e MatoGrosso, babaçu do Tocantins e sabonetes doMaranhão são apenas alguns exemplos do quepôde ser conferido na feira. Além dos produ-tos, foram expostos fotos, cartazes, folhetos dasorganizações, amostras de frutos, plantas dasregiões, entre outros. A Feira também foi es-paço de diversas manifestações culturais, como

marcantes: as monoculturas da soja e do eu-calipto, os cultivos transgênicos e o uso deagrotóxicos.

Vídeo sobre as expressões da agroecologiaFoi apresentado no II ENA um vídeo sobre

a construção da agroecologia nas diferentesregiões do país, que retratou e permitiu umavisualização da grande diversidade de atores,produtos e experiências que configuram o“campo agroecológico”. Em Rio Branco (Acre)foi filmada a X Flora – Feira de Produtos daFloresta - e uma experiência com Agroflorestano município. Participaram das gravações tam-bém as comunidades da Reserva ExtrativistaChico Mendes e o Grupo de Mulheres da Si-béria (ambos em Xapuri). No Pará, as filma-gens foram feitas em Cametá, na região dasilhas, onde existe uma experiência de forma-ção de multiplicadores desenvolvida pelaAPACC. Este vídeo servirá de apoio ao traba-lho nas regiões após o Encontro.

Mural de Denúncias do AgronegócioDurante todo II ENA ficou exposto um

mural de denúncias sobre o agronegócio, noqual foram apresentados exemplos das regi-ões. Houve ainda um espaço em que foramapresentados testemunhos de vida, com de-poimentos marcantes de pessoas sobre suahistória, mostrando o impacto do modelo con-servador/agronegócio nas suas vidas e decomo a agroecologia vem apontando novoscaminhos.

Cultura e comunicaçãoManifestações culturais e simbólicas per-

mearam vários momentos e espaços do Encon-tro. Vídeos produzidos pelos/as participantesforam apresentados no “Cine Agroecológico”.Foi montada uma rádio, que transmitiu o even-to diariamente.

Produtos e publicações do II ENAEstão disponível na página da ANA na in-

ternet (www.agroecologia.org.br) a Carta Po-lítica, fotos e notícias do II ENA, além de do-cumentos de apoio construídos pelos Gruposde Trabalho e Comissões da ANA para esti-mular os debates em torno dos temas mobili-zadores do Encontro.

Os Anais, cadernos temáticos e vídeo do IIENA estão sendo elaborados. Eles serãoencaminhados às organizações participantesdo encontro e disponibilizados na página daANA, para servir de instrumento de formaçãoe divulgação da agroecologia no Brasil.

Oficina “Mulheres e Agroecologia”

Vladia Lima/Ag. Balão

Feira Saberes e Sabores mostra a rique-za e diversidade da produção rural fa-miliar brasileira

Vladia Lima/Ag. Balão

danças indígenas, expressões da cultura negra(que contagiou os/as participantes com as tran-ças Afro), entre outras.

Mapa das Expressões da Agroecologia noBrasil

Com base na identificação das experiênci-as de agroecologia existentes nas diferentesregiões, o mapa permitiu uma visualização doavanço da agroecologia no Brasil, apresentan-do a localização das experiências, sua ampli-tude, a diversidade sócio-cultural e ambientale os produtos da agroecologia.

Foram identificadas 191 experiências naAmazônia: 2 do Amapá, 1 de Roraima, 12 doAcre, 5 de Rondônia, 32 do Amazonas, 51 doPará, 18 do Tocantins, 50 de Mato Grosso e20 do Maranhão.

As experiências identificadas na região sãoprincipalmente sobre manejo da vegetação na-tiva e agroextrativismo, processamento e bene-ficiamento da produção, sistemas agroflorestais,construção do conhecimento agroecológico,manejo de recursos hídricos, sistemas de cria-ção animal, sistemas de produção agrícola eeducação. Os resumos estão sendo incluídosno banco de experiências do Agroecologia emRede (www.agroecologiaemrede.org.br)

Deve-se destacar a motivação das pessoasde diferentes instituições, sindicatos, associa-ções, cooperativas e ONGs no levantamentodas experiências, mostrando que este é umprocesso importante de mobilização que deveter continuidade.

Estudos sobre impactos da agroecologia e doagronegócio

Em cada região foram sistematizados osestudos existentes sobre os impactos econô-micos das práticas agroecológicas sobre os sis-temas familiares de produção para apresenta-ção durante o II ENA.

Na Amazônia, um primeiro levantamentoidentificou 57 estudos entre teses, dissertações,relatórios de pesquisas, relatórios de ativida-des e sistematizações sobre as iniciativas agro-ecológicas na Amazônia. Destes, apenas 8%apresentavam alguma informação sobre osimpactos econômicos. Apesar dos poucos es-tudos realizados na região, as informaçõesobtidas foram integradas à síntese nacionalapresentada no II ENA.

Simultaneamente, foram apresentados edebatidos no Encontro os resultados de estu-dos específicos sobre os impactos socioambi-entais e econômicos do agronegócio, exem-plificados por algumas de suas expressões mais

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ANA PREPARA SÉRIE DE CADERNOSTEMÁTICOS SOBRE AGROECOLOGIA

II ENCONTRO NACIONALDE AGROECOLOGIA

A Articulação Nacional de Agroecologia iráproduzir uma série com oito cadernos temáticosque abordarão a síntese das experiências e asdiscussões realizadas no II Encontro Nacionalde Agroecologia (ENA). Estes materiais irão ser-vir como instrumentos de socialização do quefoi tratado no Encontro e de formação dentrodos temas mobilizadores do II ENA.

A série será composta por cadernos nasseguintes temáticas: conservação e uso dosrecursos naturais e da biodiversidade pelos/asprodutores/as familiares e populações tradici-onais; segurança e soberania alimentar comoestratégia de construção da agroecologia; for-

Nos dias 4 a 6 de setembro a CoordenaçãoNacional da ANA (Articulação Nacional de Agro-ecologia) reuniu-se no Rio de Janeiro para avali-ar o II ENA (Encontro Nacional de Agroecolo-gia) e fazer um balanço político da Articulação.

A avaliação do II ENA foi predominantemen-te positiva: a preparação para o evento mobili-zou os estados e regiões, fortaleceu articulaçõesjá existentes e permitiu a criação de outras, au-xiliou na construção de uma identidade no cam-po da agroecologia, clareou a questão da dis-puta de modelos de desenvolvimento e a ne-cessidade de enfrentamento do agronegócio.

O grande desafio do pós-ENA é fortaleceros processos locais e estaduais, dando conti-nuidade tanto à construção da agroecologiaquanto aos enfrentamentos ao agronegócio. Épreciso garantir a continuidade das articulações,das trocas e intercâmbios, o aprofundamentodos temas e o avanço na construção de políti-cas públicas. Para isso, estão sendo preparadosmateriais de apoio para serem enviados aos par-ticipantes do II ENA (veja mais informações namatéria anterior). Outro desafio é levar os mo-vimentos sociais a assumirem efetivamente aagroecologia nas suas pautas de luta.

Além da avaliação do II ENA, a coordena-ção nacional também fez um balanço da ANAe de suas perspectivas futuras. A Articulaçãosaiu fortalecida do II ENA e novos desafios es-

ANA AVALIA II ENA E FAZ BALANÇOPOLÍTICO DA ARTICULAÇÃO

mas de financiamento e gestão social do de-senvolvimento agroecológico; relação commercados; direitos territoriais, reforma agráriae agroecologia; construção do conhecimentoagroecológico; mulheres e agroecologia; im-pactos econômicos e mapas da agroecologia.

O conselho editorial desta série está for-mado por representantes do GT Construção doConhecimento Agroecológico (Romier Sousa),do GT Informação (Patrícia Mourão), daSecretaria Executiva da ANA (Julian Perez) edo Núcleo Executivo. A previsão é de que atéo fim de 2006 se tenha a série produzida e publicada, assim como os anais do II ENA.

tão colocados. A ANA deve continuar sendoum espaço de convergência entre movimen-tos e organizações que constroem a agroeco-logia em contraposição ao agronegócio. Opapel da ANA é dar visibilidade e valorizarexperiências existentes, fortalecendo os inter-câmbios e interações entre elas, promovendoa sinergia entre movimentos, redes, organiza-ções, dinâmicas e processos locais e regionais.

É preciso avançar na elaboração de estra-tégias para o enfrentamento do agronegócio epara a construção da agroecologia, seja no pla-no local ou nacional. Na reunião houve umdebate intenso sobre o papel da ANA na ne-gociação de políticas públicas. Há um consen-so de que a ANA não deve ter uma represen-tação formal, dada a sua diversidade interna,mas que os Grupos de Trabalho podem assu-mir um papel de negociação de políticas emquestões específicas, sobre as quais haja con-senso internamente. Viu-se que é preciso cons-truir uma maior interação dos Grupos de Tra-balho da ANA nos Estados e regiões.

Entre as ações estratégicas para a ANA nospróximos anos estão fortalecer os intercâmbi-os, tanto dentro das regiões quanto entre elas;dar continuidade à construção do mapa dasexpressões da agroecologia; dar continuidadeà sistematização das experiências para subsi-diar a formulação de políticas públicas; moni-

torar os impactos da agroecologia e divulgá-los ao conjunto da sociedade; monitorar os im-pactos do agronegócio e denunciá-los.

Avaliação da ANA Amazônia sobre o II ENA

terno ao evento na Feira Saberes e Sabores.Também se esperava que o Encontro tivessemaior inserção na grande mídia nacional.

Na visão dos/as animadores/as estaduais daAmazônia e da comissão executiva da Articula-ção na região, o II ENA contribuiu na ampliação

do número de organiza-ções dispostas a investirna construção da ANAAmazônia e foi mais umpasso na consolidaçãodesta iniciativa.

O evento colocou aAgroecologia na pautados estados e reveloua necessidade da cria-ção de articulações es-taduais, o que vemacontecendo. Porexemplo, no Mara-nhão, o II ENA contri-buiu para o fortaleci-mento da RAMA (RedeAgroecológica do Ma-ranhão). Em decorrên-

cia, houve o estímulo à proposição de umevento estadual. A discussão acerca da ques-tão das sementes e das feiras também ganhounovo impulso. Em Rondônia surgiu a iniciati-va de estruturar uma articulação local parainteragir melhor com a ANA. Pará e Rondô-nia também pensam na formação de uma redede agricultores/as multiplicadores/as. Umoutro resultado foi a sensibilização de filhos/as de agricultores/as para os princípios daagroecologia.

Para o pós-ENA, fica o esforço de qualifi-car e aprofundar as discussões nos estadospara entrar nos temas específicos, como, porexemplo, o Pró-Ambiente, os serviços ambi-entais, etc.

Saiba maissobre o II ENA!

O II ENA foi realizado pela Articula-ção Nacional de Agroecologia (ANA).Mais informações sobre o evento e so-bre a articulação podem ser acessadasem www.agroecologia.org.br, pelo te-lefone (21) 2253-8317, ou pelo [email protected].

ANA Amazônia avaliou o II ENA

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A ANA Amazônia realizou dias 30 e 31 deagosto, em Belém do Pará, uma avaliação comcerca de 25 entidades que fazem parte da ani-mação da Articulação dos estados amazôni-cos e que participaram do II ENA, levando ele-mentos de reflexão para a reunião nacional.

Foram avaliados aspectos relativos ao pro-cesso preparatório do II ENA, à participaçãoda região no evento, à metodologia e progra-mação, ao conteúdo, à organização, à coor-denação e aos resultados do Encontro.

A experiência da Amazônia na articulaçãodos estados para participação no II ERA (ocorri-do de 27 a 30 de setembro de 2005, em Cuiabá,Mato Grosso) foi válida para organizar a repre-sentação da região no Encontro Nacional. Hojeos/as animadores/as estaduais são distribuídos deforma microrregional, não havendo mais ape-nas um representante por estado, mas sim emmédia de dois a quatro representantes, o que pos-sibilita uma melhor disseminação das informa-ções e agilização nos processos de mobilização.

A quantidade e a qualidade da participa-ção dos/as representantes da Amazônia cres-ceu bastante em relação ao I ENA, especial-mente das mulheres - a Rede de MulheresEmpreendedoras da Amazônia teve papel im-portante nesta conquista.

Na avaliação da ANA Amazônia, futuramen-te deve-se buscar maior aproximação com con-sumidores/as e com a sociedade como um todo,pois houve baixa participação do público ex-

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COMUNICAÇÃO EINFORMAÇÃO

Definir participativamente questõesoperacionais e políticas sobre o funciona-mento da Rede de Informações Agroeco-lógicas da Amazônia (RIAA), propiciarmomentos de capacitação em comunica-ção e de articulação com potenciais apoi-adores e parceiros. Estes são os objetivosdos cinco Seminários-Oficinas (SEMOFs)que a RIAA estará promovendo a partir deoutubro de 2006.

O primeiro será em Cáceres, Mato Gros-so, e acontecerá de 23 a 25 de outubro. Osegundo Seminário-Oficina da RIAA acon-tecerá de 27 a 29 de novembro, em Be-lém, Pará. No primeiro semestre de 2007,os SEMOFs acontecerão em Rio Branco(Acre), Marabá (Pará) e Imperatriz (MA).

Participarão dos Seminário-Oficinas daRIAA associações, cooperativas, sindicatos,movimentos sociais, organizações não-go-vernamentais, instituições de pesquisa eextensão, rádios comunitárias, pontos deculturas, escolas família-agrícola, entre ou-tros atores que trabalham na construção daagroecologia na região Amazônia, que te-nham participado do diagnóstico da RIAAou que desenvolvam trabalhos consolida-dos na área de comunicação.

Os SEMOFs terão como facilitadoresDiego Heredia e Alfonso Klawsmeyer, doIBASE (Instituto Brasileiro de Análises So-ciais e Econômicas), profissionais com lar-

RIAA INICIA SEMINÁRIOS-OFICINASPARA ESTRUTURAÇÃO DA REDE

ga experiência em comunicação e na con-dução de processos participativos, que vêmprestando consultoria na construção da RIAAdesde 2004.

Serão apresentados os principais resul-tados do diagnóstico realizado em 2005junto a mais de 60 organizações situadasna Amazônia que atuam na área da agroe-cologia. A pesquisa teve o intuito de co-nhecer principalmente os sistemas de co-municação das organizações, as temáticascom que trabalham e suas expectativas emrelação à RIAA. Os resultados desse tra-balho estão sendo tratados e serão dispo-nibilizados em forma de uma publicação,que abordará também sobre o processo deconstrução da Rede.

RIAA na internet

Em breve estará no ar a página da RIAAna internet (www.riaa.org.br). Lá será pos-sível encontrar notícias ligadas à produ-ção rural familiar, além de publicações,vídeos, programas de rádio, documentos,entre outros, relacionados à temática agro-ecológica. Também terá ligação com oBanco de Informações sobre Sementes Tra-dicionais (BIS), Banco de Assessores/as emAgroecologia na Amazônia (BAS), Rede deMulheres Empreendedoras da Amazônia(RMEA) e Agroecologia em Rede.

Conheça algumas iniciativas na AméricaLatina com propostas similares à da RIAA

SIMAS – Servicio de Infor-macion Mesoamericano so-bre Agricultura Sostenible(Nicaragua)

Tem como missão o manejo democráti-co de informação e conhecimento e facilita-ção de espaços de comunicação sobre agri-cultura sustentável, a captação de informa-ções de distintos atores, seu processamentoe difusão mediante meios, formatos e lin-guagens acessíveis para os públicos-chaves

do desenvolvimento rural: grupos de agri-cultores, ONGs, redes e instituições.

Na página do SIMAS (www.simas.org.ni)podem ser encontradas publicações, expe-riências, entre outros materiais sobre agri-cultura sustentável.

Agrecol An-des - Centrode Informa-

cion y Intercambio para la Agricultura Eco-logica/Fundacion Agrecol Andes (Bolivia)

O Agrecol presta serviços para a gestãode conhecimentos em Agroecologia através

A Revista Agriculturas estará receben-do artigos a serem publicados em seu quar-to número, que terá como tema “A pes-quisa em agroecologia para o desenvolvi-mento local”. Esta edição será dedicadaà apresentação de casos concretos de en-volvimento de pesquisadores ou mesmode instituições de pesquisa em programaslocais voltados para promoção da agroe-cologia. Serão publicadas experiências quedemonstrem os avanços e as limitaçõesainda encontradas para que a organizaçãoe os métodos empregados pelas institui-

REVISTA AGRICULTURAS RECEBE ARTIGOSSOBRE PESQUISA EM AGROECOLOGIA PARAO DESENVOLVIMENTO LOCAL

ções oficiais de pesquisa se flexibilizem,permitindo a integração mais efetiva en-tre diferentes formas de produzir e disse-minar conhecimento agroecológico.

Os textos podem ser enviados até dia03 de novembro de 2006. Instruções paraelaboração do artigo e todas as ediçõesda revista Agriculturas estão disponíveisvia internet no endereço http://www.aspta.org.br (na seção “Revista Agri-culturas”) e também podem ser solicita-das pelo e-mail [email protected] oupelo telefone (21) 2253 8317.

Foi lançado pela ALAI (Agência Latino-americana de Informação) o vídeo “Com-partiendo Saberes Comunitarios”, que res-gata saberes e culturas tradicionais na áreaagrícola, que estão correndo perigo de per-der-se pela imposição de técnicas moder-nas de agricultura.

Realizado durante o “Taller Sur-Sur:TICs e Intercambio de Conocimientos parael Desarrollo Comunitario Rural” (Equa-dor, 2006), o vídeo aborda, entre outrasquestões, como complementar estes co-nhecimentos milenares com novos apor-tes científicos e técnicos, como as novas

VÍDEO SOBRE SABERES COMUNITÁRIOS

da capacitação, sistematização de experiên-cias, promoção de metodologias participati-vas, difusão de informações, orientação eacompanhamento a processos de mudançapara contribuir ao melhoramento das condi-ções de vida nas sociedades rurais andinas.

No endereço www.agrecolandes.org po-dem ser acessados documentos, experiênci-as, revistas (confira o quinto número da Revis-ta Agricultura Ecologica), livros, notícias, bo-letins, entre outros materiais.

InfoAndina (Peru)InfoAndina é uma inici-

ativa do Consorcio para el

tecnologias da informação e da comuni-cação podem contribuir para sistematizare intercambiar conhecimentos, ou aindapara apoiar sistemas de produção e comer-cialização.

O vídeo, realizado por Verónica León-Burch, com o apoio de Hivos, IICD e IDRC,tem duração de 15 minutos e está disponí-vel em DVD e CD, no idioma espanhol.

Pedidos podem ser feitos à ALAI: Casi-lla 17-12-877, Quito, Ecuador. E-mail:[email protected]. O vídeo custa US$ 2,00mais o envio postal (que para a AméricaLatina fica em US$ 2,00).

Desarrollo Sostenible de la Ecorregión An-dina (CONDESAN), que promove a gera-ção de conhecimentos, difunde informa-ções e propicia o aprendizado entre os di-ferentes atores do desenvolvimento susten-tável de montanhas, provendo diversos ser-viços de informação.

No portal de informações http://www.infoandina.org/ estão disponíveis pu-blicações, vídeos, imagens e outros recur-sos eletrônicos relacionados ao desenvol-vimento sustentavel de montanhas, bemcomo boletins eletrônicos e informaçõessobre usuários da Rede, instituições e pro-jetos.

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ARTIGOS

A comunicação e a informação cada vezmais estão sendo reconhecidas pelas orga-nizações ligadas ao campo agroecológicoda Amazônia como elementos estratégicospara o fortalecimento e visibilidade de suapolítica de desenvolvimento para umaAmazônia sustentável, tendo como princí-pio a conservação da biodiversidade, aigualdade de gênero, o comércio justo, asegurança e soberania alimentar, os direi-tos territoriais, a justiça social e ambiental,a valorização e respeito aos conhecimen-tos e culturas tradicionais, entre outros.

Percebe-se que a troca de experiências einformações desenvolvidas no âmbito daagricultura sustentável tem sido um fatordecisivo para a consolidação de uma novaproposta de desenvolvimento. Outra ques-tão que tem sido relevante é a necessidadeda sociedade em geral estar informada so-bre aspectos que normalmente são desco-nhecidos pela população, referentes aosimpactos negativos gerados pelo modelo dedesenvolvimento econômico vigente noBrasil, representado pelo agronegócio. Épreciso que esta problemática dos conflitosentre dois modelos de desenvolvimento sejamais bem entendida e comparada, refletin-do sobre qual delas conduz a região parasustentabilidade e qual é a mais correta eeficiente para as populações rurais, a fim deque se construa uma opinião pública favo-rável à vida, ao respeito à natureza e ao serhumano, como propõe a agroecologia.

Se por um lado isso é desejável, poroutro o campo agroecológico ainda se res-sente da dificuldade em conhecer as ini-ciativas desenvolvidas pelas diversas or-ganizações que atuam neste âmbito (quese encontram muitas vezes dispersas e iso-ladas entre si devido à dimensão continen-tal da Amazônia e à dificuldade de acessoaos meios de comunicação), de obter in-formações sobre políticas públicas volta-das para o setor, técnicas e tecnologias

PARCERIAS E ALIANÇAS ESTRATÉGICAS EM COMUNICAÇÃO PARA OFORTALECIMENTO DA AGROECOLOGIA NA AMAZÔNIA

Daniela de Oliveira Danieli*

agrícolas apropriadas, oportunidades definanciamento e de capacitação, materi-ais didáticos de apoio às atividades comgrupos rurais, etc. Sente-se também que aagroecologia ainda é pouco abordada nosmeios de comunicação.

Parcerias e aliançasestratégicas em comunicação

Tem se percebido que é crescente o es-tabelecimento de parcerias entre institui-ções para executar as iniciativas com enfo-que agroecológico na Amazônia, de formaa evitar a duplicidade e superposição deações, e para garantir que a soma de esfor-ços permita melhor utilização de recursos,além de maior visibilidade e retorno para oque se está empreendendo. Existem seg-mentos governamentais que somam nessasparcerias, na busca por construir aliançasentre sociedade e poder público.

Num contexto em que os grandes veí-culos de comunicação estão nas mãos deum grupo hegemônico, e que as organi-zações sociais têm seus recursos (huma-nos, financeiros e técnicos) limitados parainvestir em comunicação, é necessáriocada vez mais realizar parcerias e alian-ças não só nas atividades fins, mas tam-bém no âmbito da comunicação e da in-formação, tendo uma visão estratégica decomo otimizar os investimentos nestas áre-as através da união de forças.

Tanto as parcerias (que envolvem umaatuação conjunta de caráter pontual, comum objetivo específico), quanto as alian-ças estratégicas (relacionadas à atuaçãoconjunta em longo prazo), ocorrem nosentido de fortalecer mutuamente os en-volvidos, para o alcance de um objetivomaior, que vai além das propostas de umou de outro ator: é uma terceira iniciativa,que nasce do desejo de somar esforços erecursos para que todos os parceiros pos-sam progredir numa missão comum, aces-

sando o potencial um do outro e apren-dendo a partir de trocas.

Comunicação e informação aserviço da Agroecologia

Neste contexto, surge a proposta da cria-ção de uma rede de informação com abran-gência Amazônica, que contribua para ademocratização da comunicação na região,de forma a incluir produtores/as rurais fami-liares, técnicos/as de organizações não-go-vernamentais e de instituições de pesquisae extensão, estudantes e professores/as deescolas Família-Agrícola e de Universidades,rádios comunitárias, entidades representati-vas dos/as agricultores/as, movimentos so-ciais e outros atores estratégicos.

Esta demanda estava latente, pois ne-cessitava-se de espaços de diálogo volta-dos para a agroecologia, que respeitassemos processos de comunicação já existen-tes e que fossem capazes de potencializarestas iniciativas, tirando-as do isolamen-to, dando maior visibilidade e alcance.Dentro desta proposta surge em 2004 aRede de Informações Agroecológicas daAmazônia (RIAA), que passa a atuar noâmbito da Articulação Nacional de Agro-ecologia – Regional Amazônia.

Para conhecer melhor o público queseria convidado a construir e fazer parteda RIAA, bem como para saber quais eramsuas demandas e potencialidades, foi rea-lizado no ano de 2005 um diagnósticocom organizações que atuam com basenos princípios da agroecologia nos noveestados da Amazônia brasileira.

Foram enviados 225 questionários comaproximadamente 40 perguntas semi-aber-tas sobre os sistemas de comunicação uti-lizados por estas organizações, sua infra-estrutura e equipamentos disponíveis, astemáticas trabalhadas, suas fontes de in-formação e as expectativas em relação auma rede de informações. Destas organi-

zações, 62 responderam ao questionário,sendo que a maioria delas é formada porOrganizações de Assessoria1 (48,39%),Entidades Representativas Locais2

(19,32%) e Entidades Representativas Ge-rais3 (17,74%), totalizando 85,45% daamostra. Participaram também organiza-ções governamentais, instituições de pes-quisa e de ensino, que, somadas, repre-sentam 14,55% dos entrevistados. Para finsde análise, foram consideradas as respos-tas dos três grupos mais representativos.

Resultados do diagnósticoda Rede de InformaçõesAgroecológicas da Amazônia

A análise4 do diagnóstico da RIAA temcomo objetivo dar suporte aos próximospassos na construção da Rede, a partir deuma amostra de dados que podemos con-siderar como significativa, pois abrangeuquase 30% das principais iniciativas emagroecologia existentes na Amazônia.

Os entrevistados possuem, de forma ge-ral, a infra-estrutura básica necessária paraparticipar de uma Rede de Informações. Boaparte possui equipamentos como telefone,computador, impressora, fax, televisão, ví-deo cassete, scanner e máquina fotográfica(convencional e digital). Além disso, a mai-oria das instituições possui internet com ban-da larga5 nos escritórios. A grande maioriados entrevistados dispõe de acesso a correioeletrônico, o acessa freqüentemente e cos-tuma escrever e responder mensagens.

1 Organizações não-governamentais, entidades ecle-siásticas, etc.2 Associações, cooperativas, grupos locais, sindicatos, etc.3 Federações, confederações, movimentos sociais, etc.4 Os consultores Alfons Klausmeyer e Diego Herediacontribuíram na análise do diagnóstico da RIAA, soba orientação e coordenação da animadora geral daRede, Daniela de Oliveira Danieli. Parte dos resulta-dos desta análise estão apresentados neste artigo.5 Considerando internet a cabo e via rádio.

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ARTIGOS

6 Encontros presenciais (reuniões, atividades de extensão, oficinas, etc), emissoras de Televisão e Rádiolocais, relatórios, radiofonia em comunidades, boletins eletrônicos, folder, cartaz, banner, ofícios e vídeoconferência foram apontados como formas de comunicação alternativas aos impressos, vídeos, rádio e site.* Daniela de Oliveira Danieli ([email protected]) é bacharel em Relações Públicas pela Universidade Federaldo Rio Grande do Sul (UFRGS). Desde 2004, é Assessora de Comunicação do Grupo de Assessoria emAgroecologia na Amazônia (GTNA) e animadora de Rede de Informações Agreocológicas da Amazônia (RIAA).

TRISTEZA DE CHORARMara Régia di Perna*

Os participantes do diagnóstico perce-bem a necessidade de estabelecer um di-álogo com os diferentes atores com osquais se relacionam, seja público benefi-ciário, parceiros em projetos, parceirospolíticos ou financiadores. Para isso, utili-zam diversas ferramentas, principalmenteos impressos (boletins, jornais, revistas,etc), a internet (sites, boletins eletrônicos,etc) e outras6 formas de comunicação.

As organizações investem prioritaria-mente seus recursos na comunicação ins-titucional, na busca de visibilidade paraseus projetos, como meio de apoio para aeducação e na valorização dos conheci-mentos das comunidades atuantes naAmazônia. Desta maneira, cada entidadecontribui em sua medida e modo para atroca de informações agroecológicas.

A pesquisa aponta que grande parte dasorganizações não possui equipe de comu-nicação e menos ainda profissionais forma-dos na área. Outro dado interessante é quea quantidade de material produzido nãovaria com a presença de profissionais decomunicação, mas percebe-se que há mai-or produção de programas de rádio e vídeoquando há participação deles na instituição.

Existem dois níveis gerais em que as in-formações transitam entre as organizaçõesentrevistadas: a) um é através dos encon-tros presenciais, tais como fóruns, seminá-rios, oficinas, congressos, simpósios e in-tercâmbios. Nestes eventos ocorre tambémintercâmbio de materiais sobre agroecolo-gia; b) o outro é através de telecomunica-ção: envio de material impresso por cor-reio e fax, rádio, telefone e internet.

A pesquisa apontou que as melhoresformas de comunicação junto às organi-zações de base ligadas aos participantesdo diagnóstico são os impressos, o rádio eoutras ferramentas como telefone e encon-tros presenciais, principalmente. Boa par-te dos entrevistados desenvolve seus tra-balhos diretamente com as comunidadesrurais, o que é um fator importante para ainclusão destes atores na RIAA.

A maioria dos participantes do diagnósti-co afirmou que o acesso a informações sobreAgroecologia poderia contribuir para a me-lhoria dos trabalhos. A busca de informaçõesagroecológicas atualmente é feita especial-

mente através de encontros, seminários, in-tercâmbios, acesso diário à internet e em pu-blicações. Em relação aos materiais disponí-veis sobre agroecologia, destaca-se, de modogeral, a necessidade de informações mais prá-ticas, concretas e voltadas para a realidadeAmazônica. Ainda é baixo o grau de utiliza-ção pelos entrevistados de jornais e revistasproduzidas por organizações não-governa-mentais, governamentais e de pesquisa comofonte de informação sobre agroecologia.

Dos materiais (impressos e internet) pro-duzidos pelos participantes da pesquisa foipossível observar que há um grande volumede informações sendo produzidas pelos ato-res. São produzidos folders institucionais, fol-ders de campanhas, cartilhas (para uso espe-cifico em capacitações) e, principalmente,informes e jornais. Estes últimos apresentaminformações sobre projetos, cobertura de en-contros e eventos, informações práticas, etc.Em geral, o processo é bastante otimizado,utilizando-se todo o espaço disponível comtextos e fotos informativas. Na internet, aspáginas apresentam diferentes periodicidadesnas atualizações e conteúdos diversos, refle-tindo a cultura da produção de impressos.

Outra questão apontada é a dificuldadede se obter recursos para comunicação. Épreciso refletir se realmente estas fontes sãotão escassas, afinal, uma possibilidade quevem sendo estimulada por financiadores queapóiam projetos socioambientais é a previ-são de recursos para divulgação de ações,aprendizados e resultados gerados pelas ini-ciativas. É possível que a comunicação ve-nha sendo vista pelas organizações como algoisolado das atividades fins, e não como umelemento que pode contribuir para o fortale-cimento das ações, permeando todo o seuprocesso de execução.

A Rede tem a oportunidade de se posici-onar como ator estratégico, detectando ondeestão sendo criadas informações relevantespara cada grupo de atores, processando estasinformações e distribuindo-as através dosmúltiplos meios de comunicação disponíveis,de forma colaborativa e descentralizada.

Considerações finaisDe posse das informações oferecidas

pelo diagnóstico, a RIAA irá promover cin-

co seminários-oficinas que envolverão to-dos os participantes da pesquisa e aquelasorganizações que já possuem iniciativasem comunicação. Estes momentos presen-ciais – que envolverão mais de cem insti-tuições - serão espaços estratégicos paraconsolidação da Rede, pois se definirácomo deve ser, concretamente, o funcio-namento operacional e político da RIAA.

Certamente, a RIAA possibilitará o esta-belecimento de um ambiente de troca e defortalecimento mútuo, através da consoli-dação de parcerias e alianças entre atoresque possuem uma missão comum: a lutapor uma proposta de desenvolvimento queseja de fato ambiental, econômica, social eculturalmente viável e sustentável.

É essencial, entretanto, que as institui-ções incorporem o papel de intermediári-as de informações oriundas e destinadasàs comunidades rurais, para que elas defato possam participar ativamente da Rede.

Espera-se que com a otimização e di-namização dos processos de comunicaçãoque já estão ocorrendo no âmbito da agro-ecologia na Amazônia, seja possível po-tencializar o alcance das mensagens pro-duzidas e o intercâmbio de conhecimen-tos para o fortalecimento e consolidaçãoda agricultura sustentável na Amazônia.

Referências bibliográficas:Danieli, Daniela de O. (org). Comunica-ção e Informação para o Fortalecimentoda Agroecologia: processo de construçãoda Rede de Informações Agroecológicasda Amazônia – RIAA. Daniela de OliveiraDanieli, Diego Heredia, Alfons Klaus-meyer. Belém: GTNA:PPM, 2006. (SérieAgroecologia & Movimento nº 2)Noleto, Marlova J. Parcerias e Alianças estraté-gicas: uma abordagem prática. São Paulo: Glo-bal, 2000. (Coleção gestão e sustentabilidade)

“Mara querida, gostaria que tua voz le-vasse Amazônia afora alguns acontecimen-tos lamentáveis que vêm acontecendo aquino Mato Grosso. Adalto e Valquiria chega-ram em casa e encontraram o sítio quei-mado. O incêndio foi provocado por umvândalo que nunca participou das ativida-des do nosso Projeto e causou um danoincalculável. Ele pôs fim a dez lotes, inclu-sive as reservas legais e matas ciliares daárea. UMA TRISTEZA DE CHORAR.

Além disso, o assentamento São JoséUnião em Matupá também foi incendia-do. No início do mês o Marca, lá da En-treios, teve que contar com a ajuda dosamigos para evitar que seu lote queimas-se, seu lote e suas abelhas...

No assentamento Califórnia, de Vera,a comunidade do Argeu e do Jonas tam-bém foi incendiada. Nem a reserva da As-

sociação onde instalaríamos as caixas deabelha do PADEQ escapou.

É isso que acontece em MT, nós leva-mos o povo pra conhecer experiências bemsucedidas de produção agrícola sustentávele os desavisados incendeiam nossa terra.

Contamos com tua voz na divulgaçãodos fatos no Natureza Viva**”

Epifânia Vuaden

O relato de Epifânia, CoordenadoraEstadual do Projeto Proteger do GTA -Grupo de Trabalho Amazônico, em MatoGrosso, traduz, sem meias palavras, a pai-sagem do verão Amazônico. O próprioProteger nasceu de uma situação emer-gencial quando em 1998 o fogo devas-tou grande parte do estado de Roraimanum incêndio que entrou para a históriado Brasil.

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ARTIGOS

ças comunitárias, monitores/as do Projeto epessoas envolvidas com o trabalho em rádi-os comunitárias, foi possível melhor dimen-sionar a eficácia dessa comunicação.

“Nós contamos com esse grande ele-mento de difusão das nossas experiências,que é o rádio. A gente sabe que ele é ummeio importantíssimo de comunicação naAmazônia. Por isso, a gente está privilegi-ando esse veículo. Estamos contando comas rádios comunitárias. Para isso, estamosnos mexendo para produzir o material ne-cessário para essa divulgação para que es-ses assuntos passem a fazer parte da pro-gramação das rádios locais. Estamos pre-parando spots, recolhendo informações nosnossos seminários, entrevistas, porque nósqueremos ouvir e dar voz ao agricultor paraque, juntos, nós possamos tentar construirum futuro melhor para nós, nossos filhos,para os jovens e as mulheres, enfim paratoda a população da Amazônia”.

Júlio César Magalhães,coordenador técnico do Projeto Proteger

A força e expressão das lideranças fe-mininas e dos jovens que participam doProjeto Proteger merecem destaque. Commuita competência colocam o rádio a ser-viço das ações do Proteger.

Mulheres em açãoNa Oficina de Conceição do Araguaia,

por exemplo, a amiga do Proteger, MariaMeire, comandou o Programa Mulheresem Ação e com isso realizou um sonhodas trabalhadoras rurais de sua comuni-dade que há muito tempo queriam produ-zir um programa de rádio só para as mu-lheres e para os homens que gostam mui-to das mulheres. Ao final da transmissão,pela Rádio Regional do Araguaia, Meireavaliou a experiência em nome do grupo.

“Foi assim, muito rico saber que tinhammilhares de trabalhadoras/es naquele mo-mento, ouvindo a nossa mensagem. Pranós, foram vários sonhos realizados. Primei-ro trazer Mara Régia aqui para fazer umaoficina onde a gente poderia capacitar asmulheres e os jovens para ocuparem asrádios comunitárias da região. Foi umaemoção muito grande e, com certeza, esse

Programa vai trazer muitos frutos porquejá tem muitas pessoas trabalhando de fatopara que nós possamos colocar a nossa rá-dio no ar. Estamos lutando aqui para o pro-cesso avançar e, com certeza essa Oficinafoi um grande primeiro passo. O segundoserá criar um programa onde a gente possausar o espaço para conscientizar as mulhe-res, para que elas possam sair da opres-são, lutar contra a violência , contra a ques-tão do machismo que ainda é grande emnosso país. Nós mulheres merecemos umasociedade igualitária , onde todas possamter o mesmo direito que os homens têm”.

Cidadania nas ondas do rádioCapítulo I – Dos direitos e deveres in-

dividuais e coletivos Art.5º-IX – é livre a expressão da atividade

intelectual, artística, científica e de comunica-ção, independente de censura ou licença.

Graças ao que diz a nossa Lei Maior, asrádios comunitárias têm conseguido cum-prir seus ideais democráticos, muito emboraestejam submetidas à Lei 9.612/98. Umalei menor que parece ter sido feita para di-minuir a importância de uma comunicaçãoplural voltada unicamente para os interes-ses da comunidade. Infelizmente, o mode-lo de comunicação no Brasil privilegia umgrupo muito pequeno de pessoas. A maio-ria dos veículos estão entregues a famíliasque, sozinhas, controlam quase tudo o quea gente vê, escuta e lê!

O direito à comunicação nas ondas daRádio Comunitária e na tela da TV Comuni-tária ainda não saiu do papel! Aqui e ali,ainda estamos à mercê da arbitrariedade! Sãomilhares de transmissores lacrados, equipa-mentos apreendidos, pessoas processadas epedidos de concessão engavetados no Mi-nistério da Comunicação. Esta é a realidadeda radiodifusão comunitária no Brasil. Comodiz Toinha, do município de Altamira (PA),participante da Oficina que deu origem auma Campanha em prol da liberdade dasrádios comunitárias, em janeiro de 2005:

“Infelizmente neste país muita gente achaque a comunicação deve ser daqueles quetêm o poder político e poder econômico.Nós, na luta por uma comunicação comu-nitária, fomos derrotados. Em maio de 2004,

* Mara Régia di Perna ([email protected])é publicitária e jornalista, formada pela Universidadede Brasília (UnB). Desde 1990, desenvolve projetosde capacitação para o uso do rádio nos temas ligadosà cidadania, com ênfase nas questões de gênero e meioambiente. Foi responsável pela condução das Ofici-nas de Comunicação, realizadas pelo Projeto Proteger/ GTA. Desde 1993 apresenta e produz o ProgramaNatureza do WWF- Brasil nos limites da Amazônialegal através da Rádio Nacional da Amazônia.** Natureza Viva é transmitido em ondas curtas pelaRádio Nacional da Amazônia, a única capaz de atin-gir simultaneamente os nove estados da Amazônia Le-gal. Vai ao ar aos domingos, das 9h às 10h (horário deBrasília), nas freqüências 11.780 kHz, faixa de 25 me-tros e 6.180 kHz, faixa de 49 metros. No Acre, o pro-grama é retransmitido em FM pela Rede Aldeia deRádios Educativas do Estado e, de 8h às 9h – horalocal – pela Rádio Difusora Acreana – AM, 1.400 kHz.

nossa rádio foi fechada pela Polícia Federale pela Anatel (Agência Nacional de Teleco-municações), e nós não pudemos fazer nada,só ficamos lá olhando eles lacrarem nossarádio e ainda bem que não levaram nossoscomputadores. Mas eles disseram que, napróxima, vão levar...

Eu pensei que, nesse governo, as coisasiam ser diferentes porque Lula sabe que ascoisas estão funcionando assim porque o pró-prio Ministério não legaliza. Nós não temosculpa da burocracia do Estado. O mínimoque a gente esperava é que legalizasse rápi-do ou então, enquanto não legalizasse dei-xasse a gente funcionando porque são rádiosque não fazem mal a ninguém. Só faz o bem.”

Toinha, a exemplo de tantas outras lide-ranças comunitárias, com a mesma coragemcom que enfrenta o fogo na mata, enfrenta àrepressão contra as rádios comunitárias.

No momento em que se discute o direitoà informação como o direito não só de rece-ber informação, mas de produzir informação,é importante que Toinhas de todo o país seunam na construção de veículos alternativosde comunicação. Afinal, durante anos, ape-nas a elite brasileira teve acesso aos meios decomunicação. Construíram uma determina-da hegemonia de pensamento, uma determi-nada cultura, e agora é hora de disputarmostambém essa hegemonia do pensamento, es-colhermos o padrão de cultura que a gentequer, enfim, o que queremos mostrar e falarpara todo o Brasil. Abaixo o latifúndio do arque, assim como o latifúndio da terra, preci-sa de uma reforma agrária urgente!

“O incêndio de 98 foi um marco. Agente pode avaliar de várias formas. Euacho que o agricultor, ele sentiu na peleo peso da própria revolta da natureza pe-los maus tratos, pelo que vinha sendo fei-to com as savanas e áreas de transição deRoraima. Houve propriedades que foramqueimadas 100%. O fogo entrou na fren-te, saiu e deixou tudo queimado. Tevegente que saiu só com a família. Essa ex-periência, no campo ambiental, foi muitodolorosa, mas deu para tirar boas lições”.

Guilherme da Silva Ramos,Proteger de Roraima

Apesar das boas lições, como disse Gui-lherme, passados quase 10 anos, a Amazô-nia continua convivendo com a mesmaameaça. E, desgraçadamente, a ocorrênciado fogo nem sempre é espontânea. A car-ta-denúncia de Epifãnia é prova disso.

Nesse contexto, o rádio e, em especi-al, as rádios comunitárias, tem se revela-do espaço estratégico para as liderançascomunitárias envolvidas em projetos vol-tados para a mobilização social, educaçãoambiental e produção sustentável. É o casodo Proteger que, através dessa estratégiatem conseguido dar visibilidade ao traba-lho de seus monitores e colabores e, aomesmo tempo, estabelecer um canal per-manente de comunicação com as comu-nidades envolvidas em sua proposta.

Na Rádio Nacional da Amazônia, o pro-grama Natureza Viva, do WWF- Brasil emparceria com o GTA, é matriz e inspiraçãopara uma série de experiências radiofônicasvoltadas para a defesa e proteção da Flores-ta. O programa promove também a troca deexperiências e dá voz às lideranças rurais.

Breve históricoNavegando os rios da Amazônia nas on-

das do rádio desde 1993, Natureza Viva setransformou numa espécie de laboratório depráticas e redescobertas voltadas para a sus-tentabilidade. Seu processo de produção nãotardou a se transformar em metodologia paraoficinas de comunicação de várias entidadesambientalistas. Contudo, foi graças ao Prote-ger que esse “modelo” pôde ser testado eaprovado. Durante a capacitação das lideran-

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1o. Seminário-Oficina da RIAAData: 23 a 25/10/2006Local: Cáceres - MTPúblico: organizações do campo agroeco-lógico que participaram do diagnóstico daRIAA (Rede de Informações Agroecológi-cas da Amazônia) ou que tenham trabalhosconsolidados na área de comunicação.Promoção: RIAA e FASE-MTMais informações: Daniela – [email protected] (65)3223-4461 e (91)3231-8413

II Curso Ferramentas de Bom Manejo de Fogopara Áreas de Produção Familiar RuralData: 06 –13/11/2006Local: Bragança - ParáPúblico: assessores/as de projetos de de-senvolvimento sustentável que atuam jun-to a produtores/as familiares na AmazôniaPromoção: IPAM - Instituto de PesquisaAmbiental da AmazôniaMais informações: http://www.ipam.org.br

VIII Eco TaciateuaraData: 13 – 19/11/2006Local: Santa Maria do Pará - PAPublico: produtores/as, consumidores/as etodas as pessoas que desenvolvem traba-lho sobre meio ambientePromoção: ACET- Assoc. Cultural e Ecológi-ca Taciateuara, MMNEPA - Mov. de Mulhe-res do Nordeste Paraense e SEMEA - Sec.Municipal de Meio Ambiente de Sta Maria Mais informações: Rita e Eliza –[email protected] - (91) 3462-1818

2a. Oficina sobre Metodologias Participa-tivas do BASData: 16-18/11/2006Local: Mato GrossoPúblico: agricultores/as e técnicos/as ca-dastrados/as no Banco de Assessores/as emAgroecologia na Amazônia (BAS)Promoção: BASMais informações: Aldrin – [email protected] (91)3231-8413

EVENTOS, EDITAIS ECONCURSOS

AGENDA DAAGROECOLOGIA

IV Congresso Brasileiro de AgroecologiaData: 20-23/11/2006Local: Belo Horizonte - MGPúblico: pesquisadores/as, técnicos/as eestudantesPromoção: ABA - Associação Brasileira deAgroecologiaMais informações: www.emater.mg.gov.brObs.: Em parceria com a ABA, a ANA (Ar-ticulação Nacional de Agroecologia) pro-moverá dentro do evento o Seminário“Metodologias Participativas e a Constru-ção do Conhecimento Agroecológico noBrasil”, nos dias 21 e 22/novembro, de 13a 18 horas.

VII Seminário Internacional sobre Agro-ecologia e VIII Seminário Estadual sobreAgroecologiaData: 21-23/11/2006Local: Porto Alegre – RSPúblico: Interessados em geral pela temáticaPromoção: EMATER/RS-ASCAR,EMBRAPA, Ministério do Desenvolvimen-to Agrário, Assembléia Legislativa e Go-verno do Estado do Rio Grande do Sul,junto a diversas organizações governamen-tais e não-governamentais.Mais informações: www.emater.tche.br,(51)2125-3100 e [email protected]

3a. Oficina sobre Metodologias Participa-tivas do BASData: 23-25/11/2006Local: RondôniaObjetivo:Público: agricultores/as e técnicos/as ca-dastrados/as no Banco de Assessores/as emAgroecologia na Amazônia (BAS)Promoção: BASMais informações: Aldrin –[email protected] - (91)3231-8413

2o. Seminário-Oficina da RIAAData: 27 - 29/11/2006Local: Belém - PAPúblico: organizações do campo agroeco-lógico que participaram do diagnóstico daRIAA (Rede de Informações Agroecológi-cas da Amazônia) ou que tenham trabalhosconsolidados na área de comunicação.

Centro Cultural do BID apoiará peque-nos projetos

Projetos que visem contribuir para osvalores culturais, estimular a atividade eco-nômica e social de forma inovadora e bem-sucedida, apoiar a excelência artística econtribuir para o desenvolvimento da co-

EDITAIS ECONCURSOS

munidade e dos jovens podem pleitear oapoio do Centro Cultural do BID.

As propostas devem ser apresentadas en-tre 1 de outubro de 2006 e 31 de janeiro de2007, e os valores solicitados devem estarentre US$3.000 e US$10.000. Podem serfinanciados até dois terços de um projeto.

O programa foi criado para estimular odesenvolvimento de projetos inovadoresque preservem e recuperem as tradições econservem o patrimônio cultural, entreoutros objetivos. Para mais informações,acesse http://www.iadb.org/cultural/information_bulletins/BASES06_por.pdf

Abertas as inscrições para concursos detextos sobre desenvolvimento rural

Até 30 de outubro podem se feitas asinscrições para a 2a. edição do PrêmioMargarida Alves. A participação pode sedar em duas categorias: ensaio acadêmi-co inédito e relato de experiências e me-mórias. Os textos devem abordar o temadas trabalhadoras rurais em diversas esfe-ras. Este prêmio é organizado pelo NEADe Programa de Promoção da Igualdade deGênero, Raça e Etnia (Ppigre), numa coo-peração técnica com movimentos sociaise instituições ligadas a ensino e pesquisa.

Já o Prêmio Direito Agrário tem inscri-ções abertas até 4 de novembro. Estão ap-tas a participar as pessoas que tenham títu-lo de doutorado, mestrado, especializaçãoe graduação, ou ainda estudantes destasmodalidades. Nesta iniciativa, o NEAD estáao lado da Conjur/MDA e do Instituto Na-cional de Colonização e Reforma Agrária(INCRA), juntamente com a AssociaçãoBrasileira de Direito Agrário (ABDA).

Há ainda o Concurso Josué de Castro.Para este não haverá inscrição prévia e osartigos científicos devem ser enviados en-tre os dias 16 e 25 de outubro. Podem seinscrever os graduados nas áreas de Ciên-cias Humanas, Agrárias e afins. Uma exi-gência importante para a elaboração dosartigos é a utilização das informações exis-tentes em pelo menos um dos bancos dedados relacionados a desenvolvimento ru-ral disponíveis no site do CIS - Consórciode Informações Sociais (www.cis.org.br).

Os editais completos e fichas de inscriçãopodem ser acessados em http://www.nead.org.br/index.php?acao=princ&id_prin=63

Promoção: RIAA, GTNA, GTZ-Amapá eAPACC.Mais informações: Daniela – [email protected] (65)3223-4461 e (91)3231-8413

III Feira de Economia SolidáriaData: 30/11-3/12/2006Local: Rio Branco - AcrePúblico: Interessados/as em geralPromoção: Secretaria de Economia Soli-dária do Acre, em parceria com diversasONGs e organizações GovernamentaisMais informações: Hilza – [email protected] (68) 3226-5288 e 3226-5961

Seminário estadual de estruturação darede de produção e comercialização deprodutos oriundos da agricultura famili-ar e extrativismoData: 6-8/12/2006Local: Cuiabá-MTPúblico: Agricultores/as familiares e suasentidades representativas e de apoioPromoção: AJOPAM, FASE-MT, CONABe PNUDMais informações: Ronaldo Freitas –[email protected] - (65)3223-4615

Feira do Fórum Paraense de EconomiaSolidária e Encontro de Comercializaçãoda CONAB ParáData: 13-17/12/2006Local: Belém - ParáPúblico: produtores/as e consumidores/asdo estadoPromoção: CONAB,- Companhia Nacio-nal de AbastecimentoMais informações: João Correa –[email protected]

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NOVIDADES

O Banco de Assessores/as em Agroe-cologia na Amazônia (BAS) está cadastran-do assessores/as e agricultores/as técnicos/as com experiência na realização de ca-pacitações junto a produtores/as rurais fa-miliares através de metodologias partici-pativas, em temáticas ligadas à Agroeco-logia.

Hoje o BAS tem 37 pessoas cadastra-das, que realizam assessorias em temáti-cas como agroextrativismo, artesanato,experimentação na agricultura, horta or-gânica, uso do solo, cooperativismo e as-sociativismo, roça sem queima, benefici-amento da produção, gênero, manejo flo-restal comunitário, segurança alimentar,comercialização, metodologias participa-tivas, agroecologia, criação de pequenosanimais e sistemas agroflorestais.

É preciso que a organização da qual o/a agricultor/a ou o/a técnico/a que desejase cadastrar no BAS faz parte envie infor-

BAS ABRE CADASTRO PARAASSESSORES/ AS TÉCNICOS/ AS EMAGROECOLOGIA

mações sobre o/a assessor/a, através de uma ficha decadastro, que pode ser soli-citada pelo [email protected] enviar um cadastropara o BAS, ou fazer umabusca por assessores/as jácadastrados/as, entre emcontato com Aldrin Benja-min pelo telefone (91)3231-8413 ou pelo correio ele-trônico [email protected].

Os/as assessores/as ca-dastrados terão seus dadosdivulgados através do site

da Rede de Informações Agroecológicasda Amazônia - RIAA (que estará no ar aofinal de outubro, no endereçowww.riaa.org.br); de um folder, que che-gará às diversas organizações da Amazô-nia que trabalham com agroecologia eagroextrativismo; e nas ferramentas decomunicação dos parceiros do BAS. Quemestiver cadastrado/a será convidado/a aparticipar de encontros e oficinas de in-tercâmbio e capacitação.

Será realizada a 2a. Oficina sobre Me-todologias Participativas do BAS, em MatoGrosso, nos dias 16 a 18 de novembro. A3a. Oficina será em Rondônia, de 23 a 25de novembro. Haverá também Oficinas noMaranhão e no sul do Pará, com datas aserem confirmadas. O 2o. Encontro deAgricultores/as Técnicos/as da Amazônia,também promovido pelo BAS, aconteceráno primeiro semestre de 2007, no Mara-nhão. Veja mais detalhes sobre estes even-tos na seção “Agenda” deste Boletim, napágina 9.

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Encontro reuniu agricultores/as técni-cos/as e Assessores/as em Agroecologi-ana Amazônia

A construção do Banco de Assessores da Amazônia (BAS) tem como perspectiva po-tencializar a disseminação, capacitação e assessoramento técnico baseado nos princí-pios da Agroecologia

Aconteceu dia 27 de abril de 2006 oIII Encontro da Rede de Mulheres Empre-endedoras da Amazônia (RMEA), em Be-lém do Pará, contando com participaçãode 90 organizações de muheres rurais detodos estados da Amazônia. No eventoforam apresentados os resultados do diag-nóstico da RMEA, além das iniciativas epropostas no âmbito da economia solidá-ria. Discutiu-se sobre desafios e perspec-tivas da Rede e sobre a forma de os gru-pos se organizarem e apresentarem suasexperiências nos espaços temáticos do IIEncontro Nacional de Agroecologia (ENA).Realizou-se ainda uma feira de venda deprodutos dos grupos de mulheres.

Seguido ao III Encontro da RMEA, de28 a 30 de abril aconteceu, também emBelém, o Encontro Nacional de Mulherese Agroecologia. O evento reuniu 128 mu-lheres, de 22 estados das 5 regiões do Bra-sil, que apresentaram 42 experiências agro-ecológicas protagonizadas por mulheres.

MULHERES DA AMAZÔNIA DISCUTEMGÊNERO E EMPREENDIMENTOS RURAIS

Participantes do III Encontro da RMEA discutiram sobre gênero e empreendimentosrurais

Estão programados vários encontros es-taduais da RMEA para avançar no proces-so de fortalecimento das iniciativas no ní-vel regional. No Mato Grosso, o GIAS(Grupo de Intercâmbio da Agricultura Sus-tentável) fez um levantamento de experi-ências empreendedoras de grupos de mu-lheres e foram selecionadas 16 delas paraparticipar de uma Oficina sobre mulheres,direitos e desenvolvimento comunitário,que aconteceu de 26 a 29 de setembro,em Cáceres.

A RMEA irá realizar um seminário so-bre gênero e masculinidade, em data aconfirmar, com a participação da Coor-denadoria Ecumênica de Serviços (CESE)na facilitação do encontro. Serão convi-dadas também organizações que traba-lham com esse tema no México e quefazem parte do PIDAASSA (Programa deIntercambio, Diálogo y Asesoría en Agri-cultura Sostenible y Seguridad Alimen-taria).

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O GIAS (Grupo de Intercâmbio da Agri-cultura Sustentável) realizou de 5 a 7 deoutubro, em Pontes e Lacerda, Mato Gros-so, o Encontro de Sementes Tradicionaisda Amazônia. O objetivo do evento foiexpandir para toda Amazônia a participa-ção na Rede de Sementes Tradicionais doGIAS e promover a troca de experiênciasentre os produtores/as rurais familiares etécnicos/as que desenvolvem atividadesde resgate, manejo, conservação e valori-zação da biodiversidade.

Participaram do evento aproximada-mente 40 pessoas de várias entidades emovimentos da região Amazônica, repre-

GIAS PROMOVE ENCONTRO AMAZÔNICO SOBRE SEMENTES TRADICIONAIS

Biodiversidade é o foco dos debates no Encontro de Sementes da Amazônia

sentantes de nove estados da Amazôniabrasileira. Os participantes fizeram umaavaliação da realidade dos seus estadosem relação às sementes tradicionais. Fo-ram apresentadas as experiências do GIASe da ASSEMA (Associação em Áreas deAssentamento no Estado do Maranhão)sobre gestão coletiva de sementes e re-cursos genéticos. Também foram feitasapresentações relacionadas a manejo econservação de florestas e da biodiversi-dade. Discutiu-se ainda sobre as estraté-gias de ampliação e articulação dos tra-balhos com sementes tradicionais naAmazônia.

NOVIDADESFA

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O GIAS apresentou aos/às participan-tes o funcionamento do BIS (Banco de In-formações sobre Sementes Tradicionais),fez um treinamento sobre alimentação ebusca no banco de dados, e uma avalia-ção da metodologia de coleta de informa-ções sobre sementes. Houve também umespaço para a realização de troca de se-mentes tradicionais.

Os/as participantes foram a Vila Belada Santíssima Trindade, visitar o Sítio Flordo Prado, que tem se tornado uma refe-rência de experiência bem sucedida naadoção da agroecologia e dos sistemasagroflorestais na Amazônia.

Entenda a dinâmica da Rede de Semen-tes Tradicionais do GIAS

A Rede de Sementes Tradicionais doGIAS envolve atualmente agricultoras eagricultores familiares da região sudoestede Mato Grosso, que fazem o papel deanimadoras/es, identificando onde há se-mentes tradicionais nas comunidades efazendo o registro das mesmas para inclu-são no Banco de Informações sobre Se-mentes Tradicionais (BIS). As/os animado-ras/es também contribuem na conservaçãoe disseminação destas sementes ao plan-tarem em suas propriedades uma grandevariedade de espécies agrícolas e flores-tais, as quais repassam nos eventos da agri-cultura familiar e nas próprias comunida-des.

As entidades de apoio destas/es agri-cultoras/es também têm o papel de fazero resgate das sementes, bem como o defacilitar o envio das fichas de cadastro àsecretaria do GIAS para inserção do BIS, ebuscar informações sobre variedades de-mandadas pelos/as agricultores/as que nãotêm acesso à internet (pois o BIS está hos-pedado no site www.gias.org.br).

Tanto as/os animadores/as quanto as en-tidades de apoio promovem também nascomunidades, em reuniões, encontros eoutros espaços o debate político sobre aquestão da importância da conservaçãodas sementes tradicionais.

Saiba mais sobre o BIS

O BIS (Banco de Informações sobre Se-mentes Tradicionais – disponível emwww.gias.org.br) é um sistema integradoà internet que permite a usuários previa-mente cadastrados, inserir dados sobresementes tradicionais da Amazônia, bemcomo buscar informações sobre a locali-zação de espécies, a partir de parâmetroscomo tipos de usos da planta, variedade,entre outros. Para mais informações, es-creva para [email protected] ou telefonepara (65)3223-4615.

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NOVIDADES

Conhecer experiências em agroecologiadas organizações e redes participantes doPrograma de Diálogo e Intercâmbio da Agri-cultura Sustentável (PRODIAS) na região daAmazônica brasileira e ter um panorama na-cional em relação à agricultura sustentável.Este foi o principal objetivo do segundo in-tercâmbio do PIDAASSA Continental (vejamais informações sobre o PIDAASSA no fi-nal desta matéria), que ocorreu entre os dias26 de maio e 5 de junho de 2006, no qualparticiparam produtores/as rurais familiarese técnicos/as da Bolívia e do México.

Estiveram presentes os bolivianos DelfinCuentas (assessor local do programa Campe-sino a Campesino da Bolívia), e Idelma Zam-brana, da COMUVA (Coordenaria de Muje-res del Valle Alto); e os mexicanos AurelioLopes Vargas (diretor do grupo dos promoto-res e assessores conservacionistas da regiãode Calakmul), Nora Maria Vargas Contreras,do EMAS (Equipo Mujeres en Accion Solida-ria), e Fermia Zarate, da Union de MujeresIndigenas y Campesinas de Querétaro.

As experiências visitadas focavam es-pecialmente questões de gênero, a meto-dologia Campesino a Campesino e estra-tégias para manutenção da biodiversida-de. Durante o intercâmbio os visitantesestiveram, no estado do Pará, em São Do-mingos do Capim, na comunidade deMonte Sião, área de várzea onde há vári-

as experiências de Sistemas Agroflorestais.Os participantes se impressionaram coma diversidade de frutas, legumes e hortali-ças na propriedade, o que faz com queseus donos fiquem vários dias sem ir aomercado local a procura de alimentos.

A outra visita foi em Santa Luzia do Pará,no Bairro Novo. Lá conheceram o lado opos-to do que foi visto em São Domingos doCapim: muitas famílias vivendo de formaprecária sem seus direitos constitucionaissendo cumprido, o que chocou os visitan-tes. Também foi visitada a Associação daMulher Luziense Olímpia da Luz. Estes gru-pos são filiados ao Movimento de Mulheresdo Nordeste Paraense (MMNEPA).

Em Pernambuco, as experiências -acompanhadas pelo Centro Sabiá - tive-ram como destaque os impactos que aconjuntura política traz para as comuni-dades e o papel assumido pelas mulherespara enfrentar esta situação na luta pelamelhoria das condições das famílias.

O grupo participou também do II Encon-tro Nacional de Agroecologia (ENA), ocor-rido de 2 a 6 de junho, em Recife, Pernam-buco. Eles/as avaliaram que foi muito im-portante a possibilidade de verem e senti-rem a riqueza e a diversidade dos produ-tos, experiências e discussões políticas etemáticas existentes, mas relataram que nãoesperavam encontrar situações tão dramá-tica e chocante num país como Brasil.

Percebeu-se que, apesar de haver diferen-ças regionais, alguns problemas que aconte-cem no Brasil, na Bolívia, no México e emoutros países latino-americanos são similares.Isso reafirmou a importância dos intercâmbi-os entre os países da América Latina comoinstrumento essencial para estimular a trocade conhecimento através das experiênciasconcretas locais. Em 2005 houve um inter-câmbio na Nicarágua, também promovidopelo PIDAASSA, em que 12 representantesde redes da Amazônia ligadas ao Prodias/Bra-sil, estiveram presentes (para mais informa-ções sobre este intercâmbio, leia o boletimnúmero 3 da ANA Amazônia).

BOLÍVIA E MÉXICO CONHECEM EXPERIÊNCIASAGROECOLÓGICAS DO BRASIL

EXPEDIENTE

Boletim ANA AmazôniaNº 4, ano III, outubro de 2006

O Boletim ANA Amazônia é uma publicação da Articu-lação Nacional de Agroecologia na região Amazônica,produzido pela Rede de Informações Agroecológicas daAmazônia.

Comissão Executiva da ANA AmazôniaGrupo de Assessoria em Agroecologia da Amazônia(GTNA)Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacio-nal (FASE Amazônia)Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflores-tais do Acre (Pesacre)

Rede de Informações Agroecológicas da AmazôniaAnimação Geral – Daniela de Oliveira Danieli – Grupode Assessoria em Agroecologia na Amazônia (GTNA) –[email protected] - (91)3231-8413Comitê Gestor – Grupo de Assessoria em Agroecologiana Amazônia – GTNA ([email protected] );Grupode Intercâmbio em Agricultura Sustentável – GIAS([email protected]); Rede de Mulheres Empreendedoras daAmazônia - RMEA ([email protected],patrí[email protected], [email protected]); Pro-grama de Capacitação de Técnicos/as e Agricultores/asda Amazônia – PCTA ([email protected]) e Progra-ma de Diálogo e Intercâmbio da Agricultura Sustentável– Prodias ([email protected]).Edição: Daniela de Oliveira DanieliColaboraram nesta edição: Aldrin Benjamin, DenyseGomes, James Frank , Julian Perez, Mara Régia di Perna,Patrícia Mourão, Rita Teixeira, Rosângela Cintrão (Bibi)e Uli Ide.Textos: Daniela de Oliveira Danieli, Julian Perez, MaraRégia di Perna e Rosângela Cintrão (Bibi)Imagens: Vladia Lima/Agência Balão, Articulação Nacio-nal de Agroecologia (ANA), Grupo de Assessoria em Agro-ecologia na Amazônia (GTNA), Federação de Órgãos paraAssistência Social e Educacional (Regional Mato Gros-so), Rede de Informações Agroecológicas da Amazônia(RIAA), SIMAS, Agrecol, Infoandina e Grupo de Pesquisae Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre (PESACRE).Revisão: Aldrin Benjamin, Denyse Gomes, Patrícia Mou-rão, Uli Ide, Rita Teixeira e Daniela Danieli.Contato: Av. Tavares Bastos, 933/201, bloco F, Conjun-to Colúmbia, Bairro Marambaia - Belém, PA - CEP 66615-000 – tel. (91) 3231-8413 e (65)3223-4461- E-mail:[email protected]: Pão para o Mundo e Subprograma Projetos De-monstrativos – PDA/Ministério do Meio AmbienteProjeto Gráfico e Diagramação: RL|2 Comunicação e DesignTiragem: 1000 exemplaresImpressão: Gráfica Alves

A ANA Amazônia estimula a livre circulação dos conteú-dos publicados neste boletim e solicita que ele seja cita-do como fonte de informação.

Bolivianos/as e Mexicanos/as conhece-ram a situação da agricultura no Brasilno 2º intercâmbio do PIDAASSA

Sobre o PIDAASSA e o Prodias Brasil:O PIDAASSA (Programa de Intercam-

bio, Diálogo y Asesoría en Agricultura Sos-tenible y Seguridad Alimentaria) é um es-paço destinado à reflexão, ao diálogo, aointercâmbio de experiências e aprendiza-gens participativas sobre conceitos e prá-ticas no campo da Agricultura Sustentável,Segurança Alimentar e da metodologiaCampesino a Campesino. Envolve paísesda América Latina, como Bolívia, Peru,México e Nicarágua.

O Prodias é a versão Brasileira doPIDAASSA, e envolve iniciativas de abran-gência estadual e regional ligadas ao cam-po agroecológico na Amazônia, visandofortalecer e apoiar a consolidação da Arti-culação Nacional de Agroecologia – regi-onal Amazônia. Os temas tratados giramem torno da comercialização, biodiversi-dade, gênero e metodologias participati-vas para construção de conhecimentosagroecológicos.

Participam do Prodias a RMEA (Redede Mulheres Empreendedoras da Amazô-nia), o GIAS (Grupo de Intercâmbio daAgricultura Sustentável), o PCTA (Progra-ma de Capacitação de Técnicos/as e Agri-cultores/as da Amazônia), o BAS (Bancode Assessores/as em Agroecologia na Ama-zônia), a APA –RO (Associação de Produ-tores Alternativos) e a RIAA (Rede de In-formações Agroecológicas da Amazônia).Para mais informações, entre em contatocom os integrantes do NuD: Rita([email protected]), Patrícia([email protected]), Denyse([email protected]), Edival-do ([email protected]), Hilza ([email protected]), Vicente ([email protected]) e Uli ([email protected]).

O Prodias e o PIDAASSA são apoiadospela agência de cooperação alemã Pãopara o Mundo. Para saber mais sobre oPIDAASSA, acesse www.pidaassaperu.orge www.laneta.apc.org/xilotl.

Apoio:

Realização: