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Federação Portuguesa de Bridge Boletim da Nº10, Dezembro 2014 Balanço da actividade desportiva de 2014 Sem prejuízo do relatório de actividades e contas detalhado que será apresentado na próxima Assembleia Geral, a reali- zar em 8 de Março de 2015, alguns dados relativos à activi- dade desportiva de 2014 podem, desde já, ser avançados. O número de Clubes filiados passou de 28 para 30, e o nú- mero de praticantes aumentou em 14,6%, terminando-se o ano com 918 praticantes federados, o que totaliza um au- mento de 44,6% desde o início do mandato, há dois anos atrás. A participação de pares e equipas nas provas federativas au- mentou, de forma significativa, em comparação com 2013. Nas provas nacionais de pares participaram 170 conjuntos (148 em 2013) e nas provas de equipas participaram 75 con- juntos (67 em 2013). De igual forma, o número de praticantes que participaram em provas particulares aumentou significativamente, face a 2013, o que se reflectiu num aumento de 25% nas receitas provenientes das homologações. A actividade do Núcleo de Alta Competição prosseguiu regu- larmente, havendo porém a registar o resultado abaixo das expectativas obtido pela Selecção Nacional Open nos Cam- peonatos da Europa. Do ponto de vista da regulamentação desportiva, há a assi- nalar a profunda revisão efectuada ao Regulamento Técnico de Provas e a criação do Prémio Fair Play Engenheiro Soares de Oliveira. O ano de 2015 vai trazer-nos novos desafios, consignados no Plano de Actividades aprovado pela Assembleia Geral, que iremos enfrentar com a mesma motivação e determina- ção, procurando corrigir os erros de percurso e evitar o co- modismo dos bons resultados. Inocêncio Araújo Presidente da FPB Editorial Editorial Editorial Dois novos Clubes filiados na FPB Entrevista a um praticante 4ª Cor Forcing O Salto para Parti- da em 4 dum Rico Segredos de Bridge O Principio da Escolha Restrita A Quarta Carta de Apoio Respostas a 3ST Gambling 1 2 e 3 4 e 5 6 a 11 12 13 14 e 15 16 17 Nesta edição:

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Federação Portuguesa de Bridge

Boletim da Nº10, Dezembro 2014

Balanço da actividade desportiva de 2014

Sem prejuízo do relatório de actividades e contas detalhado que será apresentado na próxima Assembleia Geral, a reali-zar em 8 de Março de 2015, alguns dados relativos à activi-dade desportiva de 2014 podem, desde já, ser avançados.

O número de Clubes filiados passou de 28 para 30, e o nú-mero de praticantes aumentou em 14,6%, terminando-se o ano com 918 praticantes federados, o que totaliza um au-mento de 44,6% desde o início do mandato, há dois anos atrás.

A participação de pares e equipas nas provas federativas au-mentou, de forma significativa, em comparação com 2013. Nas provas nacionais de pares participaram 170 conjuntos (148 em 2013) e nas provas de equipas participaram 75 con-juntos (67 em 2013).

De igual forma, o número de praticantes que participaram em provas particulares aumentou significativamente, face a 2013, o que se reflectiu num aumento de 25% nas receitas provenientes das homologações.

A actividade do Núcleo de Alta Competição prosseguiu regu-larmente, havendo porém a registar o resultado abaixo das expectativas obtido pela Selecção Nacional Open nos Cam-peonatos da Europa.

Do ponto de vista da regulamentação desportiva, há a assi-nalar a profunda revisão efectuada ao Regulamento Técnico de Provas e a criação do Prémio Fair Play Engenheiro Soares de Oliveira.

O ano de 2015 vai trazer-nos novos desafios, consignados no Plano de Actividades aprovado pela Assembleia Geral, que iremos enfrentar com a mesma motivação e determina-ção, procurando corrigir os erros de percurso e evitar o co-modismo dos bons resultados.

Inocêncio Araújo

Presidente da FPB

EditorialEditorial

Editorial Dois novos Clubes filiados na FPB

Entrevista a um praticante 4ª Cor Forcing O Salto para Parti-da em 4 dum Rico Segredos de Bridge O Principio da Escolha Restrita A Quarta Carta de Apoio Respostas a 3ST Gambling

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Nesta edição:

DOIS NOVOS CLUBES FILIADOS NA FPB

Em 2014, dois novos Clubes de Bridge passaram a fazer parte das estruturas federativas.

O CBC— Clube de Bridge de Coimbra, cujo acto constitutivo teve lugar em 1 de Agosto, por iniciativa do praticante Francisco Costa, tem a sua sede em Coimbra, na Rua António Augusto Gonçalves, nº 11/13, e partilha as excelentes instalações com o Recordatório Rainha Santa Isabel.

O novo clube, que inscreveu 9 praticantes na FPB, 7 dos quais novos praticantes e jovens com menos de 17 anos, realizou um torneio inaugural no dia 22 de Novembro. A Direcção do Clube anunciou que durante o ano de 2015 irá incidir a sua actividade na captação e formação de novos praticantes, provenientes dos meios universitários de Coimbra.

Nº10, Dezembro 2014 Federação Portuguesa de Bridge

Nº10, Dezembro 2014 — Página 3 Federação Portuguesa de Bridge

DOIS NOVOS CLUBES FILIADOS NA FPB (continuação)

Na sequência de contactos realizados pelas Direcções da ARBL e da FPB, o BcMG—Clube de Bridge de Monte Gordo, criado em 2004, e que vinha man-tendo uma actividade desportiva regular, sob a Direcção do Peter e da Mónica Tushuizen e do Peter Booker, decidiu regressar ao universo federativo.

Neste momento conta com 22 praticantes licenciados e os torneios, que se re-alizam às Sextas-Feiras à tarde, no restaurante Jopel, em Monte Gordo, são homologados pela FPB.

Aos dirigentes e praticantes de ambos os Clubes, a Direcção da FPB deixa aqui os seus agradecimentos pela adesão ao universo federativo e expressa os seus votos de sucessos desportivos.

Entrevista a um praticante

Luis Galvão

Quando é que começou a jogar Bridge e porquê?

Nos primeiros anos da década de sessenta, por o ter achado um jogo aliciante e muito diferente dos

usuais jogos de cartas.

Como tem sido essa experiência?

Tem sido uma ligação aliciante, motivadora, apaixonada e desafiante.

Como praticante e dirigente federativo, o que considera que pode ser

melhorado no Bridge nacional?

O grande salto, em minha opinião, tem que ser dado no sentido de se obter a adesão das camadas jo-

vens, o que até ao momento julgo ser a grande falha das sucessivas Direcções da FPB.

Qual a sua maior ambição, enquanto praticante e dirigente desportivo?

É uma dupla ambição ou dois sonhos: o crescimento expressivo do universo dos praticantes e a de que

o “fair-play” à mesa seja uma prática generalizada.

Qual foi o seu maior triunfo bridgístico?

Tenho a consciência de que sou apenas um jogador regular, pelo que os triunfos conseguidos não tive-

ram particular evidência, motivos que justificam não particularizar algum deles.

Tem alguma história sobre Bridge que queira partilhar?

Em 1972 estava colocado na Trafaria. Tínhamos um pequeno grupo que diariamente almoçava a correr

para alargar o período até às 14 horas, por forma a aproveitar o máximo duma habitual partida de Brid-

ge. Um dia aconteceu que o director do serviço, um coronel antigo no posto e que vivia o jogo com in-

tensidade, marcou e carteou um pequeno cheleme, o que o deixou muito excitado. Imediatamente a

seguir o clarim tocou a anunciar o reinício dos trabalhos da tarde. Abandonámos a sala e dirigimo-nos

para o Forte onde trabalhávamos. O trajecto obrigava a passarmos pela Porta de Armas onde a sentine-

la executou o cerimonial devido à passagem do coronel pelo local. Este postou-se em frente do militar já

em posição de apresentar armas e, numa forma enérgica fez a regulamentar continência e, numa voz

bem timbrada, declarou: - “Posso?” Não sei o que o mancebo terá pensado sobre o inusitado da voz. Só

sei que ignorou o eventual significado e efectuou o manejo da arma como se a declaração tivesse sido,

como devia: - “Descanse”. Nenhum de nós conseguiu convencer o coronel do lapso, consequência direc-

ta do cheleme. “Não estão vocês a brincar, mas eu não me deixo enganar”, afirmava. Enfim coisas que

o Bridge tece e os homens vivem.

Partilhe connosco algumas das suas preferências:

Nº10, Dezembro 2014 — Página 4 Federação Portuguesa de Bridge

Nº10, Dezembro 2014 — Página 5 Federação Portuguesa de Bridge

Entrevista a um praticante (continuação)

Prato preferido?

Salmonetes grelhados em Dezembro/Janeiro.

Bebida preferida?

Um bom tinto alentejano.

Outro “hobby” que não o Bridge?

A pesca, que no Verão me faz esquecer o Bridge.

O filme da sua vida?

Apocalipse Now

O livro da sua vida?

Crime e Castigo, de Dostoiewsky

Música preferida?

A 9ª Sinfonia, de Beethoven

Viagem de sonho (feita ou pensada)?

Roma, a cidade onde o passado e o presente convivem com harmonia.

4ª COR FORCING

Nº10, Dezembro 2014 — Página 6 Federação Portuguesa de Bridge

1. Para que é utilizada a 4ª Cor Forcing (4CF)?

Para obter um apoio retardado (com 3 cartas) no 1º naipe do respondente, permitindo

localizar um fit 5-3;

Para pedir defesa na 4ª cor para poder jogar Sem Trunfo;

Para dar um apoio forcing num dos naipes do abridor (quando o apoio direto seria não

forcing);

Para remarcar o seu 1º naipe em situação forcing, mostrando 6+ cartas (quando a remarcação direta seria não forcing).

2. A 4CF deve ser jogada como GF?

Quando a 4CF é económica - i.e., quando é feita abaixo do nível de 2 no primeiro naipe do respondente (p.ex. 1O-1C-1E-2P) - não há justificação para a usar como GF, pois há em geral espaço suficiente para avaliar a força conjunta das duas mãos e parar antes de partida se essa força for insuficiente. Assim, neste caso o respondente apenas necessita de ter força de convite a partida, no mínimo, para usar a 4CF. (Se não se dispuser desta 4CF como forcing apenas 1 volta, isso obriga a que certas mãos do respondente com força de convite necessitam de "improvisar", nomeadamente mãos com 5 cartas no 1º naipe e mãos que querem propor jogar ST mas sem defesa no naipe não falado).

Quando a 4CF é cara (inversa do respondente ao nível 2, p.ex. 1O-1C-2P-2E, ou ao nível 3, p.ex. 1C-1E-2O-3P), tem que ser jogada como GF (pois por falta de espaço não há maneira "inteligente" de parar abaixo de partida), e portanto o respondente necessita de ter força de partida para a utilizar.

3. Prioridades do abridor na resposta à 4CF

As prioridades do abridor são, por esta ordem:

- Mostrar um apoio retardado de 3 cartas no 1º naipe do respondente, dando voz nesse naipe;

- Mostrar defesa no naipe da 4CF, dando voz de ST;

- Descrever-se o mais naturalmente possível.

Nalguns casos o abridor não tem nenhuma descrição natural satisfatória e necessita de

-1E-2P-2O? Não tendo 3 cartas de E, nem defesa a O, nem comprimento extra em nenhum dos naipes, a menor mentira neste caso talvez seja dar 2C. Mas troque-se por exemplo o 9E com a DC e já é preferível dar 2E, com duas cartas de figura. O respondente tem que ter presente que o abridor pode ter-se visto forçado a uma "mentirinha" (mas atenção, é essencial que o abridor não se contorça na cadeira antes de o fazer, para não transmitir informação não autorizada).

Nº10, Dezembro 2014 Federação Portuguesa de Bridge

4. Resposta do abridor à 4CF económica

O abridor deve sempre que possível distinguir a força da sua mão ao responder à 4CF econó-mico, nomeadamente:

- Com fit de 3 cartas no 1º naipe do respondente, apoia esse naipe ao nível 2 se estiver míni-mo, ao nível 3 caso contrário;

- Com defesa no naipe da 4CF, anuncia ST ao nível mínimo se estiver mínimo, em salto no ca-so contrário.

Nos casos em que o abridor não tem fit de 3 cartas no 1º naipe do respondente nem defesa no naipe da 4CF, pode haver ou não possibilidade de, ao fazer a sua descrição mais natural possí-vel, distinguir também a sua força, dando voz sem ou com salto. Por exemplo, sobre 1C-1E-2P-2O, se o abridor tiver 6 cartas de C dará 2C se estiver mínimo, 3C caso contrário.

Quando a descrição natural do abridor é uma remarcação do seu 2º naipe, pode não ser possí-vel fazer uma distinção de força. Por exemplo, sobre o mesmo leilão do exemplo anterior, 1C-1E-2P-2O, se o abridor tiver um 5-5 C-P, terá que dar 3P para o descrever mesmo que esteja mínimo. Mas e se não estiver mínimo? Não faz sentido dar 4P ultrapassando 3ST. Portanto, es-ta é uma "zona de penumbra" da 4CF, em que a repetição do 2º naipe é ambígua em termos de força, e como tal tem que ser jogada como forcing (o que implica que o leilão pode ir parar alto demais se o respondente apenas tiver força de convite a partida).

Nos casos em que o abridor não tem fit de 3 cartas no 1º naipe do respondente nem defesa no naipe da 4CF, pode haver ou não possibilidade de, ao fazer a sua descrição mais natural possí-vel, distinguir também a sua força, dando voz sem ou com salto. Por exemplo, sobre 1C-1E-2P-2O, se o abridor tiver 6 cartas de C dará 2C se estiver mínimo, 3C caso contrário.

Quando a descrição natural do abridor é uma remarcação do seu 2º naipe, pode não ser possí-vel fazer uma distinção de força. Por exemplo, sobre o mesmo leilão do exemplo anterior, 1C-1E-2P-2O, se o abridor tiver um 5-5 C-P, terá que dar 3P para o descrever mesmo que esteja mínimo. Mas e se não estiver mínimo? Não faz sentido dar 4P ultrapassando 3ST. Portanto, es-ta é uma "zona de penumbra" da 4CF, em que a repetição do 2º naipe é ambígua em termos de força, e como tal tem que ser jogada como forcing (o que implica que o leilão pode ir parar alto demais se o respondente apenas tiver força de convite a partida).

5. Resposta do abridor à 4CF cara

No caso da 4CF cara o abridor em geral não dispõe de espaço para distinguir a sua força abai-xo de partida. Por exemplo, após 1C-1E-2O-3P, o abridor se tiver 3 cartas de E tem que dar 3E independentemente da sua força (não pode saltar para 4E pois o facto de o respondente ter usado a 4CF não garante que ele tenha 5 cartas de E).

No entanto, quando a 4CF cara foi ao nível 2 (p.ex. 1O-1C-2P-2E), o abridor quando tem defe-sa no naipe da 4CF pode distinguir a sua força dando 2ST ou 3ST. Repare-se que neste caso a distinção de força já não é com vista a jogar ou não partida (pois a 4CF cara é GF), mas para permitir ao respondente avaliar se há potencial para cheleme.

4ª COR FORCING (Continuação)

Nº10, Dezembro 2014 — Página 8 Federação Portuguesa de Bridge

4ª COR FORCING (Continuação)

O mais lógico é utilizar 2ST como mínimo (12-14) e 3ST como máximo (15-17). Se o leilão não excluir o abridor ter 18-19, com uma mão dessa força também pode começar-se por 2ST, que o respondente interpretará a priori como mínimo, mas na intenção de voltar a falar mes-mo sobre uma voz de conclusão em partida pelo respondente. (A situação é semelhante à do rebide em ST pelo abridor após um "2 sobre 1 GF").

Quando a 4CF foi ao nível 3 (1C-1E-2O-3P), o abridor já não dispõe de 2 vozes em ST sem passar o nível de partida que permitam distinguir a sua força. Qual é o máximo de pontos que o abridor pode ter neste leilão, ao ter dado 2O (e não saltado para 3O)? Assumamos que no máximo pode ter algo como 17-18 pontos. Se estiver nessa zona de força e ouvir uma 4CF do parceiro, não pode limitar-se a dar 3ST, a mesma voz que daria com uma abertura mínima. O que faz mais sentido é considerar que neste caso 4ST pelo abridor é uma voz natural quanti-tativa (não deve haver grande risco de colocar o leilão alto demais, pois o parceiro mostrou força de partida face a uma abertura que podia ser mínima, pelo que a força combinada das mãos deve andar pelo menos perto dos 30 pontos).

6. 4CF em salto

Uma voz relativamente rara é a 4ª cor em salto pelo respondente, como por exemplo 1C-1E-2P-3O. Esta voz é utilizada de forma natural para descrever um bicolor 5-5 (ou +) com ambi-ção de cheleme. (Com um bicolor não tão forte, com força de partida apenas, o respondente utiliza a 4CF sem salto e normalmente, conforme a resposta do abridor, conclui em partida no 1º naipe ou em 3ST).

A atitude do abridor perante uma 4CF em salto (que, obviamente, é GF) é simples, sendo as suas prioridades mostrar fit nos naipes do respondente, e dar ST ou remarcar um dos seus naipes quando misfitado. Em caso de estar fitado mas mínimo, pode e deve quando possível utilizar o princípio do "fast arrival", saltando para partida; se der um apoio abaixo do nível de partida está a mostrar uma mão não mínima e portanto a aceitar a sugestão de cheleme. Na sequência do exemplo anterior (1C-1E-2P-3O), o abridor com fit a E dará 4E se mínimo, 3E caso contrário.

7. Pesquisa de fit no naipe da 4CF

Por vezes acontece que o abridor tem 4 cartas no naipe da 4CF e nesse caso (quando o leilão não excluíu já essa possibilidade) a sua descrição mais natural seria "apoiar" esse naipe. Há no entanto que ter alguma cautela a este respeito. Por exemplo, após 1O-1E-2P-2C, o abridor não negou ter 4 copas (pode ter um tricolor sem força de inversa). No entanto, não faz senti-do pensar que ele possa, ao apoiar as C, fazer a distinção da sua força dando 3C com uma mão mínima e 4C caso contrário - isto porque, como é óbvio, o respondente nunca prometeu ter 4 cartas de C e o único contrato de partida pode ser 3ST. Assim, o mais sensato é: com fit no naipe da 4CF mas uma mão mínima, o abridor contenta-se em dar 2ST, e só dá um apoio simples no naipe (3C neste exemplo) com uma mão não mínima.

8. Continuação do leilão pelo respondente

Federação Portuguesa de Bridge Nº10, Dezembro 2014 — Página 9

4ª COR FORCING (Continuação)

Quando estamos numa situação de 4CF económica, se o abridor tiver dado uma resposta sem passar o nível 2 (mostrando uma mão mínima), o respondente pode obviamente passar quan-do, tendo uma mão com força apenas de convite a partida (convite esse que o parceiro já re-cusou), o contrato lhe pareça satisfatório. Mas é um bom princípio considerar que as continu-ações ao nível 2 são descritivas e não forcing, procurando apenas encontrar o melhor contrato de parcial.

-1C-1E-2P-2O, não há mo-tivo nenhum para deixar ficar o contrato em 2O no que pode ser um fit 5-1. O respondente deve escolher o contrato final de 2ST (que só não marcou directamente sobre 1E porque foi à procura do fit 5-naipes já sugere que pode ser melhor o contrato de 2E, num fit 4-3. (Note-se que o parceiro saberá que não existe fit oitavo a E, pois com uma mão com força apenas de convite a parti-da e 4 cartas de E o respondente teria simplesmente dado 3E sobre 1E, sem passar pela 4CF).

Quando o respondente quiser estabelecer o leilão como GF, terá (quando não concluir em partida) que dar uma voz ao nível 3. Por exemplo, após a mesma sequência 1O-1C-1E-2P-2O, as continuações do respondente em 3 em naipe são todas naturais e forcing.

Um problema decorrente da ambiguidade da 4CF (que pode ter sido dada por diferentes moti-vos e portanto com diferentes tipos de mãos) é que nem sempre o abridor dá a voz "que o parceiro queria ouvir". Por exemplo, após 1C-1E-2O-3P, suponhamos que o abridor dá 3E, mostrando 3 cartas de E (e força ambígua). Se o respondente tiver 5 cartas de E, o fit está encontrado; mas se, não as tendo, passou pela 4CF com a intenção de fazer um convite a cheleme em C, a situação é menos agradável. Como dizer ao parceiro que o trunfo não é E mas sim C? É certo que pode dar 4C, que é certamente natural, e, como passou pela 4CF em vez de marcar directamente 4C à segunda volta do leilão, mostra um convite a cheleme - mas tem que ser apenas isso, um convite, que o parceiro pode recusar, passando.

Repare-se que, mesmo no caso de o fit 5-3 a E ter sido encontrado, não é totalmente claro como é que se transmite ao parceiro essa mensagem quando o respondente tiver ambição de cheleme (pois caso contrário marca simplesmente 4E). Pode pensar-se em "dar um controlo" para clarificar o estabelecimento do fit, mas a verdade é que praticamente não há vozes de controlo disponíveis. Há que ter presente, por exemplo, que após a referida sequência a voz de 4O não é uma voz de controlo a O com fit a E mas sim o estabelecimento do fit (forcing) a O. E 4C como já vimos também tem que ser natural, e não controlo a C com fit a E. A única voz que resta para convidar a cheleme em E é 4P (remarcação do naipe da 4CF).

Vejamos outra sequência para clarificar (ou melhor, para mostrar como estas situações são pouco claras - e, se não discutidas, propensas a desentendimentos). Após 1C-1E-2P-2O, supo-nhamos que o abridor marca 3C, mostrando 6 cartas e uma mão não mínima. Que significam as diversas possíveis continuações em naipe pelo respondente? 3E é uma remarcação natural e forcing das E, mostrando 6 ou + (e tendencialmente com misfit a C, face ao leilão); 4P é uma voz de fit forcing a P. Não confundir estas vozes com vozes de controlo aceitando C co-mo trunfo. 4C tem que ser natural (contrato final), pelo que mais uma vez a única voz dispo-nível para mostrar fit a C e ambição de cheleme é 4O, a remarcação do naipe da 4CF.

O que significa 4ST pelo respondente directamente após a resposta do abridor à 4CF?

4ª COR FORCING (Continuação)

Nº10, Dezembro 2014 — Página 10 Federação Portuguesa de Bridge

O que faz mais sentido é considerar que, se a resposta do abridor foi em naipe, deve ser Blackwood com fit estabelecido nesse naipe. (Ou seja, no caso do exemplo anterior, 4ST so-bre 3C seria pergunta de ases aceitando que o trunfo é C). Mas, se a resposta do abridor tiver sido em ST, já faz mais sentido considerar que 4ST é um convite quantitativo, não for-cing.

Uma pergunta insinuosa: num leilão como 1O-1C-1E-2P-3C, o que significa 3ST pelo respon-dente? A primeira ideia que vem à cabeça é obviamente "natural, para jogar" (numa mão sem 5 cartas de C). Mas temos de questionar por que motivo, se não tinha 5C, não marcou ST diretamente sobre 2P e passou pela 4CF. A explicação lógica é que tem uma defesa "frágil" no naipe da 4CF, e o abridor deve ter isso em mente e só aceitar o contrato de 3ST se o seu resíduo nesse naipe constituir alguma ajuda, caso contrário deve optar por jogar em naipe no fit 4-3 conhecido.

Vimos exemplos acima da utilização da repetição da 4CF ao nível 4 para mostrar artificial-mente o fit no naipe em que o abridor respondeu à 4CF. Mas o que significa a repetição da 4CF quando essa repetição pode ser feita ao nível 3? Há duas situações diferentes a consi-derar.

Se o abridor não tiver dado voz em ST, a voz deve ser considerada especificamente como um pedido de defesa. Por exemplo, após 1P-1C-1E-2O-2C, se o respondente der 3O mostra que não tem 5 cartas de C e que só não marcou ST diretamente sobre 1E por não ter defesa suficiente a O. Repare-se que neste caso o abridor ao dar 2C sobre 2O não negou ter defesa a O, pois a sua primeira prioridade foi mostrar o fit retardado a C. Mas mesmo no caso em que a resposta do abridor já tenha negado (boa) defesa no naipe da 4CF, como por exemplo na sequência 1O-1C-1E-2P-2O, a repetição da 4CF deve ser interpretada como um pedido de meia defesa.

Se, ao invés, o abridor já tiver dado ST em resposta à 4CF (mostrando defesa nesse naipe), não faz muito sentido que a repetição da 4CF seja uma nova interrogativa. Faz mais sentido utilizá-la para descrever naturalmente um bicolor 5-5 com valores concentrados nos dois naipes (mas sem força de convite a cheleme, caso contrário teria dado a 4CF com salto co-mo já vimos), deixando o parceiro bem colocado para a escolha do melhor contrato. (Neste caso o naipe perigoso já não é obviamente o da 4CF mas pode ser um dos naipes do abri-dor).

9. Casos particulares

A 4CF mais económica do mercado é 1E, na sequência 1P-1O-1C-1E. É tradicional considerar que esta voz é natural e forcing uma volta, e que a "verdadeira" 4CF sobre 1P-1O-1C é 2E (negando 4 cartas de E). No entanto, esta não é utilização mais racional do espaço de mar-cação. Não há inconveniente nenhum em considerar a 4CF em 1E como uma 4CF económica "normal", não negando nem prometendo 4 cartas de E. Se o abridor tiver 4 cartas de E, sim-plesmente diz 2E se estiver mínimo, 3E se não o estiver;

4ª COR FORCING (Continuação)

e o respondente se não tiver 4 cartas e tiver utilizado a 4CF para pedir defesa, marca tranquila-mente ST ao nível apropriado (com o conhecimento de 4 cartas em frente); ou dá outra voz em naipe se o seu plano ao dar a 4CF tiver sido outro.

Não sendo necessária a voz de 2E como "4CF sem 4 E", para que deve ser usada? Uma possibili-dade lógica é considerar que se trata de uma voz normal de "4CF em salto", e portanto mostran-do um bicolor concentrado (neste caso, 6O+5E, para ter começado por 1O) com ambição de cheleme.

Um outro caso particular interessante é o da 4CF no contexto de uma sequência 2/1 forcing de partida. A seguir a um leilão de 1E-2P-2O, por que razão necessitaríamos de usar uma 4CF em 2C? Não é para criar uma sequência de apoio forcing num dos naipes do abridor, nem para fazer uma remarcação forcing do naipe do respondente, pois, pela natureza GF da mudança de naipe em 2 sobre 1, as vozes diretas de apoio ou remarcação na 2ª volta são forcing. O único tipo de mão com que poderia ser útil dispor de uma 4CF nesta sequência é uma mão sem fit em nenhum dos naipes do abridor, sem 6 cartas no naipe do respondente e sem defesa no naipe não falado - o que, tudo somado, corresponde a uma mão balançada 5332 com 3 cartas vis nesse naipe, por

pondente tiver 4 cartas de C, passa também pela 4CF em 2C; em todo o caso, a sequência não deixa grandes problemas ao abridor (que pode inclusivamente "apoiar" em 3C, isto se assumir-mos que o facto de ter rebidado 2O não exclui ter 4 cartas de C). No caso de uma sequência mais cara como 1E-2O-2C-3P, a situação é mais incómoda porque o abridor se tiver 4 cartas de P não pode de ânimo leve, ultrapassando 3ST, apoiar ao nível 4 um naipe em que o respondente não prometeu 4 cartas. (Uma alternativa interessante é considerar que a "preferência" pelo 1º naipe do abridor ao nível 2 pode ser feita com uma mão do tipo referido, e como tal não prome-ter mais que 2 cartas de apoio).

Finalmente, outro caso interessante de 4CF é no contexto de uma inversa do abridor, por exem-plo na sequência 1P-1E-2O-2C. Também aqui temos a circunstância de a 4CF não ser necessária para tornar forcing um apoio ou remarcação de naipe, pois essas vozes já são forcing dadas dire-tamente (isto supondo que se dispõe de um 2ST "tipo Lebensohl" para distinguir a força das mãos do respondente, e que a remarcação simples do naipe do respondente é forcing 1 volta, o que hoje em dia constitui prática standard). Neste caso, e sem aprofundar a questão, há mais argumentos inclusivamente para considerar que a voz seja natural (mostrando 5E+4C na se-quência referida), pois é difícil conceber uma mão sem 4 cartas de C que não consiga ser descri-ta de outra forma (começando por 2E ou por 2ST, nomeadamente).

Por Álvaro Chaves Rosa

Nº10, Dezembro 2014 — Página 11 Federação Portuguesa de Bridge

Nº11, Dezembro 2014 — Página 12 Federação Portuguesa de Bridge

O Salto para Partida em 4 dum Rico

Um dos crimes mais frequentes em Bridge é saltar para 4 num Rico com qualquer tipo de mão. Certamente é uma

barragem para os adversários mas também para o parceiro. Se você não tem nenhum respeito pelo seu parceiro,

continue a saltar para 4 / com qualquer tipo de mão. O salto imediato para partida deve ser uma barragem

– nada mais e nada menos. Que se faz com as mãos distribucionais que são um pouco melhor que uma barragem

e com comprimento de trunfo por isso porque deseja saltar para partida?

Há muitas maneiras de manejar estas mãos. Primeira regra. Um salto para partida mostra que não se têm contro-

los laterais ou um naipe útil fora do trunfo, e ponto. Se escolhe fazer um splinter, deve ter defesa, de contrário só

salte para partida. Se tem um naipe lateral e não demasiada força, há quem goste dum salto mostrando fit (fit

showing jump).

xxxxx x KQJ10x xx . Salte para 4 depois de ouvir a abertura em espadas. Mostrar uma chicana na era do

Exclusion Blackwood é arcaico. Dizer 4 e “mostrar o que se tem” mostra duas grandes vantagens. Ajuda o

seu parceiro na competição se os adversários voltam a marcar e está a ajudar num possível leilão de chele-

me. Com AKxxx Axx xxxx A em frente e tem umas 6 depois dos seus 4 . Se os adversários interferem

provavelmente fará uma nova oferta por causo do comprimento dos seus oiros.

OK. Como se faz uma oferta dum salto para 4 num Rico com controlos laterais? Digamos que tem xxxxxx Ax Ax

xxx e o seu parceiro abre em 1 . Gostaria de saltar para 4 mas está demasiado forte. Há quem modifique

o seu 2ST Jacoby para poder marcar 2ST com esta mão. Num leilão competitivo pode sair-se do acordo e saltar

para partida. Há uma regra que diz “não fazer uma barragem sobre uma barragem”. Assim que se o leilão é 1 -

3 -4 -P, o seu parceiro vai contar que tenha valores.

Deve haver algumas regras simples para o “fit showing” que salta para o nível quatro. Só deve acontecer com os

menores já que 1 -P-4 normalmente é para jogar como também 1 -P-4 .

Os splinters em competição são um caso perdido. Violam o princípio de ocultamento e só ajudam os adversários

na saída ou nas suas decisões competitivas. A vantagem táctica dum salto para partida é “mantê-los adivinhan-

do”. A inferência de que não fez um salto tipo “fit showing” significa que os seus valores são só de trunfos e defi-

ne essa voz. O mais provável é que tenha um singleton ou uma chicana nalgum lugar mas deixe-os encontra-lo

quando se estenda o morto. Mesmo com uma mão passada não deve saltar para partida com valores ou se o seu

parceiro fez uma intervenção. O salto para partida é barragem em todas as situações. Sempre se pode escolher

uma voz melhor para descrever uma mão que poderia jogar partida no rico do seu parceiro.

Já que temos as bases cobertas com um splinter, ou um salto para 2ST ou um “fit showing”, não há desculpa pa-

ra um salto para 4 / ambíguo. Salta-se para partida em situações competitivas, o seu parceiro saberá que

não tem um bom naipe para contribuir ou não tem controlos laterais. Saltar para partida já não é uma aposta for-

te deixando a todo (incluindo o seu parceiro) na escuridão. Estes tratamentos podem funcionar com uma mão

passada, com intervenções e sobre dobres de chamada.

Compilado por Luis Correia

Nº10, Dezembro 2014 — Página 13 Federação Portuguesa de Bridge

SEGREDOS DE BRIDGE

Avaliação da Mão; Decisões do Abridor; Decisões do Respondente… Avaliação da Mão 100 de Figuras — Impressionante Qualquer naipe que tem quatro figuras pode-se marcar como se tivesse uma carta mais.

A Figura Esquecida O 10 é uma figura. Assegure-se de o tratar com respeito.

Justamente o que receitou o médico Se para cumprir uma partida, tudo o que necessita do seu parceiro é o mínimo que lhe prometeu – marque-a.

Tenho muito de nada Quando tem um fit, o valor de corte do morto é igual ao número de trunfos que o morto tenha.

Número Um Deve fazer-se um upgrade às mãos cheias de ases, inclusivamente se esses ases não estão acompanhados.

Conheça o seu limite O salto limitado ideal num dos ricos inclui quatro trunfos e 10 a 12 pontos de distribuição. (Para quem joga natural)

Muito Difícil que Funcionem As figuras que tem no naipe(s) curto(s) do seu parceiro geralmente não valem muito.

Decisões do Abridor Leiloe mais com menos

Quando abre em 1 ou 1 e o seu parceiro faz um salto limitado, nunca passe se tem um singleton ou uma chicana.

Un Dilema Menor

Com 4 oiros e 5 paus, abra em 1 só quando a sua mão mínima inclui bons oiros.

6 – 4 – 6 Quando o abridor tem um 6-4, geralmente deve mostrar o seu naipe quarto antes de remarcar o naipe sexto.

Balançado

Uma vez que abriu em 1 com uma mão balançada (4-3-3-3), NUNCA introduza um naipe rico quarto na sua remarcação.

Não espere uma quarta

O abridor pode apoiar a resposta de 1 ou 1 ao nível dois só com três cartas de trunfo.

Fora de Balançado

Quando abre em 1 ou 1 e o seu parceiro responde 1 , frequentemente é correto redeclarar 1ST com um single-ton a espadas.

Não está Necessariamente terminado Quando o parceiro responde num novo naipe, o salto do abridor para partida NÃO é um signoff.

Toca-a de novo, Sam Numa sequência competitiva, o abridor pode redeclarar um menor quarto uma vez que foi apoiado.

Decisões do Respondente Uma pequena Mentira Se esta com dificuldades num leilão, não será crime mentir acerca do comprimento num naipe menor.

Dançar com Quem

Com possibilidade de escolher entre apoiar a voz de 1 do parceiro com 2 ou responder 1 – “Apoie com apoio.”

Temos Futuro? Responder “Sim, não ou talvez” a “Temos partida?” Frequentemente ajuda o respondente a decidir o que fazer.

Não estou preparado para um compromisso Quando o rico do respondente é apoiado ao nível dois, ele não deve saltar para partida só com quatro cartas de trunfo.

Estou disposto a tudo Depois do par ter nomeado três naipes, se o respondente marca o quarto naipe, a voz é forcing para partida.

Ter o seu pastel e come-lo também Quando o par nomeou três naipe ao nível um, o salto do respondente NÃO é forcing – é convite.

Esta figura não é Singleton Quando o parceiro promete um naipe sexto, pode-o apoiar com uma figura singleton.

Por Marty Bergen

Nº10, Dezembro 2014 — Página 14 Federação Portuguesa de Brid-

O PRINCÍPIO DA ESCOLHA RESTRITA

Um leitor escreveu-me para perguntar sobre o significado duma frase utilizada por um “expert” do seu clube de Bridge: o “Principio da Escolha Restrita”. Na sua forma mais simples, o princípio diz isto: deve-se assumir que um jogador não teve uma escolha, em vez de assumir que exerceu a opção duma maneira particular. A situação em que mais frequentemente se aplica o princípio é algo como isto: Morto

A1096 Você

K8754 Suponhamos que este é o naipe de trunfo, e suponhamos que, para dar um efeito dramático à mão, o seu contrato é sete espadas. Afortunadamente, você não tem perdentes fora das espadas. Oeste sai a um naipe lateral; ganha e decide jogar espadas da sua mão para o mor-

to… Oeste joga a dama. Ganha com o Ás, e joga o 10 da mesa. Este, que assistiu na pri-

meira volta com o 2 joga na segunda o 3. O que faz?

Originalmente é ligeiramente mais provável que Oeste tenha começado com QJ doubleton,

e não com a Q seca. Significa isto que se tem que jogar o K? Não, porque deve assumir

que Oeste jogou a Q porque estava seca e assim não tinha outra opção, mais do que por-

que como ele tinha uma opção, optou por exercê-la e assim jogou a Q de QJ double-

ton. Portanto, deve correr o 10 na segunda ronda, que funcionará mais ou menos duas vezes mais que a jogada do rei. O princípio pode-se utilizar para resolver um famoso problema não relacionado com Bridge. Você chegou à fase final dum concurso e mostram-lhe três caixas. Uma delas tem 1 milhão, as outras duas estão vazias. Selecciona uma delas ao acaso. O apresentador, que conhece a caixa que tem o dinheiro, abre uma das caixas que você não escolheu, para revelar que está vazia. Depois pergunta-lhe se deseja manter a sua escolha ou se deseja mudar para a outra caixar. Que faz você? Você deve mudar de caixa. Deve assumir que o apresentador do concurso abriu a caixa que escolheu porque não tinha outra opção – quer dizer, o milhão está na caixa que ele não esco-lheu – em vez de assumir que ele abriu a que escolheu entre duas caixas vazias. Nesse caso, ganhará o dobro das vezes mudando de caixa. O princípio pode-o ajudar em formas mais subtis quando está a jogar Bridge. Tente com esta mão jogando 1ST:

A62

87

9843

K875 —————

985

AK32

Q5

AJ109 Você, em Sul, abriu em 1ST fraco e acabou como declarante depois de três passes. Oeste sai

ao 3 e você pode assumir que saiu à quarta carta do seu naipe mais comprido, ou de com-

primento igual. É melhor que acerte a posição da Q, porque se perde essa vaza vai para o cabide. Bem… que faz?

Ganha com o Ás de espadas, cruza para o A e joga o J. A saída de Oeste ao 3, mostra que tem 4 cartas de espadas. Se tinha outro naipe de quatro cartas poderia tê-lo escolhido pa-ra sair em vez de espadas. Em conformidade com o princípio, supõe-se que fez o que fez por-que não tinha outra opção. E se ele não tinha nenhuma outra opção ele deve ter uma mão 4-3-3-3. Quer dizer, que é provável que tenha três paus e Este dois, e portanto é mais provável que tenha a dama. Por Zia Mahmood

Nº10, Dezembro 2014 — Página 15 Federação Portuguesa de Bridge

O PRINCÍPIO DA ESCOLHA RESTRITA (continuação)

O apoio quarto ao naipe quinto ou mais comprido do parceiro não é para defender parciais. A quarta car-

ta no naipe do parceiro é demasiado valiosa para propósitos defensivos.

Admitamos que um jogador tinha A10xx e um K lateral, nesta sequência:

1 -1 -1ST-?.

Diga 2 ou 3 com esta mão. Quem marcou 1ST anunciou que a figura de espadas que lhes falta es-

tá bem colocada, porque é você que tem o A. Dobrar 1ST deveria mostrar um apoio limitado em es-

padas ou mais. Deixar jogar com 4 cartas de apoio no naipe do parceiro, simplesmente não se faz. As

outras mesas apontarão +140 em espadas e nesta mesa apontarão +50 (um cabide em 1ST), ainda que

o declarante com um bom carteio poderia cumprir a mão. +90; +140 é uma perda de 6 IMPs e um cabi-

de uma perda de 3 IMPs. Jogando em MPs, +50 é um resultado horrível.

De facto, o quarto trunfo é tão importante que quase todos os pares têm uma voz para mostrar a quarta

carta de apoio.

Um em rico, 3 no rico mostra 4 cartas de apoio com valores mínimos. Metemos o apoio limitado na nossa

estrutura do Jacoby 2ST para libertar a antiga voz do apoio limitado. Fazemos o mesmo com a nossa es-

trutura com um menor já que a 5ª carta é muito importante e deve ser anunciada de imediato. O salto

limitado num menor está incluído na estrutura de menores invertidos. Isto liberta o salto limitado num

menor para mostrar um apoio simples com a 5ª carta de apoio.

Marque a sua quarta carta de apoio a um rico e a sua quinta carta de apoio a um menor de imediato.

A “Lei das Vazas Totais” esta baseada na 4ª carta de apoio a um rico e a 5ª carta de apoio a um menor.

Um fit de 9 cartas num rico, joga melhor que um fit de 8 cartas, ainda não estando definido o valor em

PH que se deva dar à quarta carta. É por isso que deve encontrar outra forma de informar o seu parceiro

da sua quarta carta de apoio. Fazer um apoio simples com 4 trunfos na era dos ricos quintos é como um

leilão em que falta uma pata. É uma herança dos dias do naipe rico quarto. É de estremecer quando o

parceiro faz um apoio simples a uma intervenção ou abertura com 4 trunfos. Não pode o parceiro encon-

trar uma voz melhor com esse quarto trunfo?

Voltando ao conceito de padrões . Há mãos com padrões defensivos e mãos com padrões ofensivos. Con-

tinue leiloando com as suas distribuições ofensivas. Não deixe jogar facilmente com uma mão 5-5 ou 6-5

ou naipes de 7 cartas. Estas distribuições estão construídas para a ofensiva e não para a defensiva.

Não deixe jogar quando tem 4 cartas de apoio ao naipe 5º ou mais comprido rico do seu parceiro. As

mãos 4-4-3-2 , 5-3-3-2 , 4-3-3-3 , 5-4-2-2 estão feitas para a defesa, este tipo de mãos não jogam bem

na ofensiva. Não seja um escravo do sistema de PH. O padrão da mão deve dominar as suas decisões de

leilão. O seu leilão competitivo vai melhorar e cada vez menos vezes vai deixar jogar quando não deve-

ria.

Por Luis Correia

A QUARTA CARTA DE APOIO

Nº10, Dezembro 2014 Federação Portuguesa de Bridge

Respostas Bergen a 3ST Gambling

4 Pede para jogar um parcial no menor: 4 ou 4

4 Pergunta ao abridor que marque um singleton, as

respostas são:

4 = singleton, 4 = singleton, 4ST= singleton

num menor, e 5 sem singleton.

Dependendo da localização do singleton e da sua mão, o

respondente geralmente está interessado em partida,

5 ou 5 ou cheleme, 6 ou 6 .

Exemplo: o respondente tem:

AKQx xx AKQx xxx

Com um singleton a copas em frente quer jogar

6 , senão quer jogar 5 .

4 e 4 são signoffs para jogar no naipe comprido do

respondente. O abridor deve passar.

4ST é convite para cheleme, pede ao abridor que marque

cheleme no menor se tem uma vaza extra (para quem jo-

ga com essa hipótese)

Exemplo: o respondente tem:

Qxx xx x AKQJxxx

5 Pede ao abridor para marcar partida, 5 ou 5 .

5 É um signoff do respondente, ele sabe que o Gam-

bling do abridor é em Oiros e quer jogar partida pela sua

mão.

6 É para jogar cheleme em 6 ou 6 , o abridor deve

escolher o naipe.

Novamente uma voz de 6 do respondente é para jogar

o cheleme em Oiros, ele sabe que esse é o naipe do abri-

dor.

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