boletim epidemiolÓgico covid-2019 semana ......este boletim descreve os 431 casos confirmados para...
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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO – COVID-2019
CENTRO DE OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA DO RIO GRANDE DO SUL/COERS
SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 17 de 2020
SITUAÇÃO MUNDIAL
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, no dia 28/04/2020, o número de 2.954.222 casos
confirmados no mundo, dos quais 202.597 evoluíram para óbito até esta data. Nas Américas, foram
confirmados 1.179.607 casos e, entre estes, 60.211 óbitos até o momento, sendo os Estados Unidos da
América o país com o maior número de casos e óbitos, 960.916 e 49.170 respectivamente.
SITUAÇÃO NO BRASIL
O primeiro caso de COVID-19 no Brasil foi confirmado em 26/02/2020 em São Paulo, com histórico de
viagem para a Itália. O Ministério da Saúde (MS) atualizou, em 28/04/2020, a situação dos casos no
território nacional: 71.886 confirmados, sendo que 5.017 destes evoluíram para óbito até esta data. Foram
registrados óbitos em todas as unidades da federação.
SITUAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL (RS)
O primeiro caso de COVID-19 foi identificado no estado em 29/02/2020 (confirmação laboratorial em
10/03/2020). Desde a primeira confirmação até o término da Semana Epidemiológica (SE) 17 (25/04/2020),
foram confirmados, considerando as diferentes definições de caso empregadas no período, 1.286 casos.
Deste total, 431 foram notificados como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com hospitalização,
dentre os quais 43 evoluíram para óbito até o dia 27/04/2020.
OBJETO DE ANÁLISE
ESTE BOLETIM DESCREVE OS 431 CASOS CONFIRMADOS PARA SARS-COV-2 DOS 3.116 CASOS DE SRAG
HOSPITALIZADOS NO RS, NOTIFICADOS NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO SIVEP-GRIPE ATÉ A SE 17 DE 2020.
Os dados são preliminares, em especial para os últimos dias das séries temporais descritas, uma vez que o
sistema de informação Sivep-gripe permite a inserção de dados retroativos de casos novos e a investigação
de casos já notificados, sendo comum o transcurso de alguns dias entre a hospitalização e o registro no
sistema.
DESCRIÇÃO DOS CASOS DE SRAG HOSPITALIZADOS
A Figura 1 apresenta série temporal da ocorrência de hospitalizações e óbitos por SRAG nos últimos cinco
anos. Nos anos de 2016 (epidemia de Influenza - H1N1) e 2020, as frequências são amplamente superiores
quando comparadas às dos demais anos. Tal diferença é notável a partir da SE 10.
2
A queda no total de hospitalizações na SE 17 de 2020 deve-se à baixa oportunidade da informação para
este período mais recente. A baixa no número de óbitos nas SE 15, 16 e 17 de 2020 deve-se ao fato de que
proporção importante das hospitalizações deste período ainda não possuem desfecho (Figura 1).
Figura 1 – Casos hospitalizados e óbitos por SRAG, 2016 a 2020, RS
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Semana epidemiológica de início dos sintomas
2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
No presente ano, a elevação acentuada de notificações de SRAG iniciou em 16/03/2020, cerca e 15 dias
após o registro do caso índice de COVID-19 identificado no RS. A partir do início do mês de abril, percebe-
se uma estabilização na ocorrência de hospitalização por SRAG (Figura 2).
Em relação ao último Boletim Epidemiológico (SE 16), houve um incremento de 23% no número de SRAG,
totalizando 3.116 casos hospitalizados até a SE 17. Este aumento foi de 44% entre casos confirmados para
SARS-CoV-2, resultando em 431 casos. Considera-se descartado para COVID-19 o caso não detectável para
SARS-CoV-2 ou positivo para outros agentes virais no RT-PCR (Figura 2).
Figura 2 – Casos de SRAG hospitalizados segundo confirmação para COVID-19, 23/02 a 25/04, RS
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Data da Hospitalização
COVID-19 Confirmado (N=431) COVID-19 Descartado (N=2.273) Em investigação (N=412)
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
1º caso confirmado
de COVID-19 no RS,
não hospitalizado
1º caso
hospitalizado por
COVID-19 no RS
3
Dentre os 336 óbitos por SRAG no período, 43 confirmaram para SARS-CoV-2 (Figura 3). Chama atenção a
baixa proporção de casos confirmados nas hospitalizações e óbitos em relação ao total de indivíduos
testados. Em decorrência disto, realizou-se protocolo de resgate no Laboratório Central de Saúde Pública
do RS, com nova testagem de um conjunto de amostras de óbitos cujo resultado havia sido não detectável
para SARS-CoV-2, e os resultados prévios foram ratificados. Estas amostras permanecem em investigação
laboratorial, aguardando insumos da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública –
CGLAB/Ministério da saúde, para testagem de outros vírus respiratórios.
Figura 3 – Óbitos por SRAG segundo confirmação para COVID-19, 23/02 a 25/04, RS
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Data da hospitalização
COVID-19 Confirmado (N=43) COVID-19 Descartado (N=23) Em investigação (N=270)
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
O aumento expressivo de casos de SRAG foi parcialmente acompanhado pela elevação do número de
internações em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e do uso de suporte ventilatório invasivo (Figura 4).
Observa-se que a proporção de casos que demandaram tais medidas de suporte de alta complexidade
tornou-se menor após o aumento da incidência de hospitalizações. No período de 23/02 a 15/03 esta
proporção foi de 43%, passando para 27% no período de 16/03 até 25/04. Tal variação pode indicar uma
alteração na percepção de risco na atenção aos usuários atendidos na rede hospitalar.
4
Figura 4 – Casos de SRAG hospitalizados segundo internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e uso
de ventilação invasiva, 23/02 a 25/04, RS
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Data da hospitalização
Total SRAG (N=3.116) UTI (N=887) Ventilação Invasiva (N=496)
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
A Figura 5 apresenta a evolução do número de hospitalizações com necessidade de UTI e de ventilação
invasiva dentre os casos confirmados para COVID-19.
Figura 5 – Casos de SRAG hospitalizados confirmados para COVID-19 segundo internação em Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) e uso de ventilação mecânica invasiva, 23/02 a 25/04, RS
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Data da hospitalização
Total COVID-19 (N=431) UTI (N=137) Ventilação Invasiva (N=68)
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
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Dos 431 casos confirmados para COVID-19, 247 (57%) possuem evolução por “alta por cura” ou “óbito” no
Sivep-gripe (Figura 6). Dentre os casos que internaram em UTI, esta proporção é de 52% (Figura 7).
Observa-se que 32 dos 43 óbitos ocorreram em UTI e 11 não possuem registro de ingresso em Unidade de
Terapia Intensiva.
Figura 6 – Casos de SRAG hospitalizados confirmados para COVID-19 segundo evolução do caso, 2020, RS
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
Figura 7 – Casos de SRAG hospitalizados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) confirmados para COVID-
19 segundo evolução do caso, 2020, RS
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
A mediana de dias entre a hospitalização e o desfecho para os 43 óbitos foi de 9 dias (variação de 1 a 32). Já
entre a hospitalização e a alta por cura de 204 casos foi de 6 dias (variação de 1 a 29). Tais distribuições são
visualizadas na Figura 8.
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Figura 8 – Casos de SRAG hospitalizados por COVID-19 segundo duração em dias até o desfecho, 2020, RS
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Número de dias
Hospitalização até o óbito (N=43) Hospitalização até a alta (N=204)
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
No universo de casos de SRAG confirmados para COVID-19 que internaram em UTI, a mediana de dias entre
a hospitalização e o desfecho para os 32 óbitos foi de 10 dias (variação de 1 a 32). Já entre a hospitalização
e a alta por cura de 40 casos foi de 10,5 dias (variação de 1 a 27). Devido ao número relativamente
pequeno de casos, as distribuições de frequência ainda não representam um padrão consistente de tempo
para as internações em UTI (Figura 9).
Figura 9 – Casos de SRAG hospitalizados em UTI por COVID-19 segundo duração em dias até o desfecho,
2020, RS
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Número de dias até o desfecho
Hospitalização até o óbito (N=32) Hospitalização até a alta (N=40)
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
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Número de dias até o desfecho
Hospitalização até o óbito (N=32) Hospitalização até a alta (N=40)
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Ao analisar a evolução do número de indivíduos que se encontram hospitalizados em um mesmo dia,
observa-se aumento importante no total de pessoas em leitos clínicos entre 13/04 e 23/04. Para leitos de
UTI, o número manteve-se estável de 08/04 em diante (Figura 10).
Figura 10 – Casos de SRAG confirmados para COVID-19 hospitalizados em um mesmo dia em leito clínico
e em UTI, 2020, RS
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
DESCRIÇÃO DO PERFIL DOS INDIVÍDUOS NOTIFICADOS POR SRAG CONFIRMADOS PARA SARS-COV-2
A frequência de casos foi 32% maior para o sexo masculino. Para óbitos, tal diferença relativa foi de 69%
(Figura 11).
Figura 11 – Hospitalizações, internações em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e óbitos por SRAG
confirmados para COVID-19 segundo sexo, 2020, RS
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Sexo
Hospitalizações COVID-19
UTI COVID-19
Óbitos COVID-19
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
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Ao analisar a distribuição destes casos por faixa etária, percebe-se que a proporção que necessitou de UTI é
crescente em direção às faixas de maior idade. Entre os casos nas faixas etárias acima de 70 anos esta
proporção foi de a 49%. A distribuição dos óbitos apresenta padrão semelhante, na faixa etária com 80 e
mais anos 34% tiveram este desfecho (Figura 12).
Figura 12 – Hospitalizações, internações em UTI e óbitos por SRAG confirmados para COVID-19 segundo
faixa etária, 2020, RS
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10 1421
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1718
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20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 a 69 anos
70 a 79 anos
80 e mais
Nº
de
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Faixa etária
Óbitos COVID-19 UTI COVID-19 Hospitalizações COVID-19
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
Na Figura 13, observa-se que a raça/cor branca foi majoritária nas hospitalizações e óbitos por COVID-19.
As categorias de raça/cor amarelo e indígena não apresentaram caso. Não obstante, há evidência de
alteração do perfil socioeconômico da população acometida pela pandemia no estado. A Figura 14
demonstra a queda acentuada e constante na proporção de indivíduos com escolaridade de nível superior.
No estágio inicial da curva epidêmica, a população em melhor posição socioeconômica esteve mais
exposta, porém uma rápida transição encontra-se em andamento. Esta tendência está relacionada com a
ampliação da disseminação do vírus e possivelmente com a diferença de distanciamento social observada
entre os estratos socioeconômicos. Cresce a importância da Atenção Primária à Saúde no atendimento dos
casos suspeitos nos territórios mais vulneráveis, na coordenação do cuidado de acordo com a gravidade
dos casos e na implementação das medidas de isolamento.
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Figura 13 – Casos de SRAG hospitalizados (A) e óbitos (B) confirmados para COVID-19 segundo raça/cor,
2020, RS
341
1912
58
Branca Preta Parda Ignorada
33
3
3
4
Branca Preta Parda Ignorada
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
Figura 14 – Proporção de indivíduos com ensino superior entre os casos de SRAG hospitalizados
confirmados para COVID-19, 2020, RS
0%
5%
10%
15%
20%
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par
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OV
ID-1
9
Semana epidemiológica de início dos sintomas
% com ensino superior
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
Considerando-se que o objeto em análise na Figura 15 são os 431 casos de SRAG hospitalizados com confirmação para COVID-19, observa-se a esperada alta prevalência dos sintomas que caracterizam a síndrome, com predomínio de febre (86%), tosse (84%) e dispneia (72%). Chama atenção que aproximadamente 80% dos indivíduos que evoluíram para óbito apresentaram dispneia e saturação de O2 < 95% no momento da hospitalização.
A B
10
Figura 15 – Proporção de sintomas em casos de SRAG hospitalizados e óbitos por COVID-19, 2020, RS
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
Diarreia
Dor de garganta
Saturação O2 < 95%
Desconforto respiratório
Dispneia
Tosse
Febre
% de hospitalizações e óbitos
Sin
tom
as
Óbitos COVID-19 Hospitalizações COVID-19
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
Dentre os casos hospitalizados por COVID-19, 62% apresentaram pelo menos uma comorbidade. Esta
proporção é maior entre indivíduos com 60 anos ou mais (Figura 16 – A). No conjunto dos casos que
evoluíram para óbito, 88% tinham pelo menos uma comorbidade (Figura 16 – B).
Figura 16 – Casos de SRAG hospitalizados confirmados para COVID-19 por faixa etária segundo presença
de comorbidade, 2020, RS, casos (A) e óbitos (B)
11 9
17
35
50
6658
29
2
9
36
41
34
22
15
6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0-9 anos 10-19 anos
20-29 anos
30-39 anos
40-49 anos
50-59 anos
60-69 anos
70-79 anos
80 e mais anos
Cas
os
con
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VID
-19
Faixa etária
Com pelo menos uma comorbidade Sem comorbidade
A
11
11
3
8
15
10
0
1
1
2
0
2
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8
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12
14
16
30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70-79 anos 80 e mais anos
Ób
ito
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os
par
a C
OV
ID-1
9
Faixa etária
Com pelo menos uma comorbidade Sem comorbidade
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
Entre os indivíduos hospitalizados, 72% apresentaram ao menos um fator de risco (comorbidade ou idade
acima de 60 anos). Para aqueles que evoluíram a óbito, essa proporção chegou a 95%. A comorbidade mais
prevalente foi doença cardiovascular (Figura 17).
Figura 17 – Prevalência de fatores de risco em casos de SRAG hospitalizados e óbitos por COVID-19, 2020,
RS
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Doença Hepática
Doença Hematológica
Imunodeficiência
Doença Renal Crônica
Doença Neurológica
Outra Pneumatopatia
Asma
Diabetes mellitus
Outras Comorbidades
Doença Cardiovascular
> 60 anos
Ao menos 1 fator de risco
% de hospitalizações e óbitos confirmados para COVID-19
Fato
res
de
risc
o
Óbitos COVID-19 Hospitalizações COVID-19
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
DESCRIÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS CASOS DE SRAG CONFIRMADOS PARA SARS-COV-2
Em relação à distribuição espacial, percebe-se maior frequência de casos e óbitos por SRAG confirmados
para COVID-19 na região metropolitana de Porto Alegre, especialmente ao longo da rodovia BR 116. A
ocorrência também é expressiva em municípios conectados à capital pela BR 386, com destaque para Passo
Fundo e Lajeado (Figura 18).
B
12
Figura 18 – Distribuição espacial do número de casos de SRAG hospitalizados e óbitos confirmados para COVID-19 por município de residência, 2020, RS
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
Das 30 Regiões de Saúde a 17 - Planalto (município de Passo Fundo 47 hospitalizações), a 25 – Vinhedos e Basalto (município de Bento Gonçalves 18 hospitalizações) e a 29 – Vales e Montanhas (município de Lajeado 26 hospitalizações) apresentam incidências cumulativas acima de 10 casos de SRAG confirmados para COVID-19 por 100.000 habitantes, sendo até o momento os territórios de maior risco para hospitalizações. Já as Regiões de Saúde 10 – Capital/Vale do Gravataí e 17 apresentam maior número absoluto de óbitos, 16 e 12, respectivamente (Figura 19).
Figura 19 – Incidência cumulativa de SRAG e número de óbitos confirmados para COVID-19 por Região de
Saúde de residência, 2020, RS
Fonte: Sivep-gripe/RS, dados atualizados em 27/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
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DESCRIÇÃO DOS SURTOS DE SÍNDROME GRIPAL EM INSTITUIÇÕES FECHADAS Do dia 20 de março até o dia 27 de abril, foram notificados 11 surtos de síndrome gripal associados a
COVID-19, distribuídos em sete municípios integrantes das Regiões de Saúde 17, 18, 25 e 29. Dentre os
locais que registraram surtos, nove são frigoríficos e dois são Instituições de Longa Permanência de Idosos
(ILPI). A Tabela 1 ilustra os dados da investigação, até o dia 28/04/2020.
Tabela 1 – Descrição dos surtos síndrome gripal em instituições fechadas
Município Região
de Saúde
Instituição Total de expostos
Sintomáticos de Síndrome
Gripal
Casos Confirmados
para COVID-19 Óbitos
Óbitos secundários*
Passo Fundo
17 Frigorífico 2410 284 43 0 4
ILPI 46 NI** 16 1 0
Marau 17 Frigorífico 3000 18 12 0 0
Garibaldi 25 Frigorífico 1 1157 4 3 1 0
Frigorífico 2 1127 52 10 0 0
Lajeado 29
ILPI 12 8 3 1 0
Frigorífico 1 1800 725 35 0 0
Frigorífico 2 2347 466 10 0 1
Carlos Barbosa
25 Frigorífico 347 NI** 4 NI** NI**
Encantado 29 Frigorífico 1757 4 4 0 0
Tapejara 18 Frigorífico 2400 17 3 NI** 1
TOTAL 11 16.403 1.578 143 3 6
*Óbito de contactante domiciliar de caso confirmado de COVID-19. ** Não Informado.
Os casos de COVID-19 podem ser confirmados pelos critérios, laboratorial ou cliníco-epidemiológico. No
processo de investigação de um surto em estabelecimento fechado são testados laboratorialmente os
primeiros caos suspeitos, sendo os demais classificados como clínico epidemiológico (com clínica
compatível e vínculo temporal de até 7 dias entre as datas de início dos sintomas dos casos confirmados).
Foram testados positivamente para COVID-19, 127 dos 143 casos confirmados. A maior parte dos casos em
confirmação pelo critério clínico epidemiológico ainda não foram notificados no sistema de informação à
vigilância estadual.
Dos trabalhadores expostos nos frigoríficos, um evoluiu para óbito e outros seis óbitos de casos
secundários foram registrados. Dentre os 58 idosos residentes nas ILPIs que registraram surtos, foram
confirmados 19 casos, com dois óbitos.
14
Figura 20 – Municípios com registro de surtos de COVID-19, 2020, RS
Fonte: COE/RS, dados atualizados em 28/04/2020 às 16:00 horas, sujeitos à revisão.
PERFIL DOS CASOS DE SG DAS UNIDADES SENTINELAS (US)
Os municípios que compõem a rede sentinela são: Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Pelotas e
Uruguaiana. O objetivo principal das US é acompanhar o perfil de ocorrência de Síndrome Gripal (SG) para
detectar padrões inusitados e coletar amostras que subsidiarão a composição da vacina de influenza anual
do Hemisfério Sul.
O padrão de ocorrência da SG é acompanhado através da proporção de SG em relação a outras causas de
atendimentos nas US. No diagrama de controle, observa-se aumento deste indicador, com picos nas SE 11
e 16, no entanto a proporção de SG tem-se mantido abaixo do limite endêmico superior (Figura 21).
15
Figura 21 – Diagrama de controle da proporção de Síndrome Gripal (SG), 2012-2020, RS
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
% de SG 2020 Limite endêmico superior pandemia Influenza 2009
Fonte: Sivep-gripe/RS, acessado em 29/04/2020 às 8h.
Até a SE 17, foram coletadas 324 amostras (224 processadas) das 640 preconizadas, o que corresponde a 5
amostras semanais por US (47,6%). Destas, apenas 13 amostras foram positivas para vírus respiratórios: 4
SARS CoV-2, 4 Influenza B, 1 influenza A (H1N1) e 4 outros vírus, totalizando 5,8% de positividade para os
vírus respiratórios pesquisados entre as amostras processadas (Figura 22).
A prioridade laboratorial está sendo o SARS-CoV-2. Com a expansão da rede de laboratórios colaboradores
serão ampliados o volume das amostras testadas para outros vírus respiratórios que estejam circulando de
forma concomitante ao novo coronavírus.
16
Figura 22 – Distribuição dos vírus respiratórios nos casos de Síndrome Gripal segundo semana
epidemiológica de início dos sintomas, 2020, RS
Fonte: Sivep-gripe/RS, acessado em 27/04/2020 às 18h.
Ressalta-se que as US realizaram um número de coletas abaixo do preconizado, prejudicando a avaliação
do perfil de circulação dos vírus respiratórios para os casos de SG, o que reforça a necessidade de fortalecer
o monitoramento da produção destas unidades para elevar a sensibilidade da rede sentinela.
Data de elaboração do Boletim Epidemiológico: 28 de abril de 2020.