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Boletim Focus GUIA PARA INVESTIDORES
Prof. Elisson de Andrade
2016
Uso e Limitações das Expectativas de Mercado para seus Investimentos Financeiros
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Sobre o Autor
O Professor Elisson de Andrade é Mestre e Doutor em
Economia Aplicada pela USP, empreendedor digital com
diversos eBooks e cursos online sobre finanças pessoais, e
responsável por um dos mais respeitados Blogs sobre
Educação Financeira do Brasil.
Para conhecer mais sobre seu trabalho, clique nos links abaixo:
Blog do Prof. Elisson de Andrade
Curso Invista Sem Medo: um método simples e eficaz
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SUMÁRIO
1. SOBRE O BOLETIM ................................................................................. 4
2. MÉDIA E MEDIANA ................................................................................ 7
3. CONFIABILIDADE DAS PREVISÕES ................................................. 10
4. HORIZONTES DE PREVISÃO .............................................................. 13
Inflação dos próximos 12 meses ..................................................................... 13
Expectativas de curto prazo ............................................................................ 15
Expectativas de médio prazo .......................................................................... 16
Expectativas TOP 5 ........................................................................................ 17
5. VARIÁVEIS E PRAZOS DE INTERESSE ............................................ 18
6. INVESTIMENTOS VERSUS SELIC ....................................................... 20
7. INVESTIMENTOS VERSUS INFLAÇÃO .............................................. 22
8. TESOURO DIRETO E EXPECTATIVAS .............................................. 25
9. ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS ........................................................... 30
10. BOLETIM FOCUS: LIMITAÇÕES DE USO ......................................... 33
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 36
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1. SOBRE O BOLETIM
Logo de início, é importante deixar claro que o objetivo
dessa publicação não é focar nos detalhes técnicos sobre como o
Boletim Focus é elaborado1.
Apesar de, nesse eBook, existirem tópicos que tratam da
metodologia utilizada pelo Banco Central, nosso intuito principal
é ajudar você a melhorar suas decisões de investimentos,
compreendendo as virtudes e as limitações dos dados divulgados.
Feito tal esclarecimento vamos saber um pouco mais sobre o
Boletim Focus. Ele é um documento divulgado semanalmente
pelo Banco Central (clique aqui para ter acesso), que traz as
expectativas de diversos especialistas do mercado, sobre
variáveis macroeconômicas como inflação, taxa de juros e
câmbio.
Para os executores de política monetária (Banco Central)
esse monitoramento das expectativas do mercado ajuda a prever
mudanças no ambiente econômico e, consequentemente, tomar
decisões para corrigir os rumos da maneira que desejam.
1 Clique aqui e veja informações mais aprofundadas sobre a metodologia dos números divulgados no Boletim.
5
Já pelo lado do investidor (você), os dados do Boletim
podem ser utilizados para melhorar o processo de escolha dos
ativos que irão compor sua carteira de investimento,
administrando mais eficientemente os riscos envolvidos nessa
decisão.
É importante salientar que, sendo os resultados apresentados
no Boletim Focus, uma “média” das expectativas do mercado,
eles devem ser vistos com cautela. Abaixo, seguem alguns
motivos para tal:
1) Nenhum agente econômico, por mais conhecimento
que possua, consegue prever, com 100% de certeza, qualquer
evento futuro. Ainda mais em se tratando de um ambiente
complexo como o macroeconômico;
2) Dado que, diariamente, novas informações vão
surgindo, mesmo em um curto espaço de tempo, as
expectativas dos agentes mudam. Logo, as informações
oferecidas por um Boletim hoje, provavelmente, irão diferir
dos resultados da semana seguinte (ainda mais sendo o
número oferecido uma “média”).
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Dessa forma, antes de você prosseguir com a leitura desse
material, tenha clareza que ao lidar com o futuro, estamos lidando
com enormes incertezas.
Esse fato, de maneira alguma, faz do Boletim um
instrumento inútil ou desprezível. Certamente os dados nele
contidos, apesar das imperfeições, são um dos melhores
indicadores disponíveis sobre as expectativas
macroeconômicas no Brasil.
É preciso apenas que você tenha em mente que esse será
MAIS UM elemento à disposição para fazer suas escolhas de
investimentos. Nunca o único.
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2. MÉDIA E MEDIANA
No tópico anterior, quando citamos que os dados oferecidos
pelo Boletim Focus são uma “média” das expectativas de
mercado, as aspas colocadas na palavra média tem uma razão de
lá estarem.
É que, na verdade, a maioria dos valores divulgados pelo
Banco Central se refere a outra medida estatística chamada
Mediana (essa palavra irá aparecer em quase todos os gráficos do
relatório).
A seguir, vamos esclarecer a diferença entre Média e
Mediana.
Suponha que 5 agentes de mercado sejam indagados sobre
suas expectativas acerca da inflação no próximo ano, e que suas
respostas sejam as apresentadas na tabela a seguir.
Entrevistado Expectativa Inflação - Próximo
Ano
Agente 1 5,0%
Agente 2 5,3%
Agente 3 4,9%
Agente 4 5,1%
Agente 5 10,0%
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Se formos calcular uma média aritmética simples, basta que
somemos todos os valores indicados pelos agentes e dividamos
por 5.
Média = (5% + 5,3% + 4,9% + 5,1% + 10% ) / 5 = 6,06%
Todavia, para calcular a mediana, a primeira coisa a se fazer
é colocar os mesmos dados em ordem crescente e verificar qual é
o número que está no centro da série.
4,9% → 5% → 5,1% → 5,3% → 10%
Veja que a expectativa de 5,1% de inflação no próximo ano
é a mediana dessa série de dados, ou seja, a expectativa que está
“no meio” de todas as outras.
O argumento a favor do cálculo da mediana, nesses casos, se
refere a tal parâmetro estatístico ser menos sensível a valores
extremos. Expliquemos.
Veja que, no exemplo oferecido, a média (6,06%) foi maior
que a mediana (5,1%). Isso porque um agente de mercado
“inflacionou” a média, dando um palpite que a inflação seria de
10% (valor extremo), enquanto os outros ficaram entre 4,9% e
5,3%.
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No caso da mediana, mesmo que um agente oferecesse um
valor absurdo de 200%, esse número não influenciaria
negativamente o resultado final, como aconteceria em uma média
simples, pois se considera apenas o valor central da série.
Deu para entender?
A partir de agora, portanto, você já sabe que, ao olhar para
as tabelas do Boletim Focus, a tal mediana é uma medida
estatística bastante fácil de entender.
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3. CONFIABILIDADE DAS PREVISÕES
Para divulgar os dados semanais sobre diversas variáveis
macroeconômicas, todo dia útil o Gerin2, que é um departamento
do Banco Central, colhe tais informações de forma online,
obtendo as expectativas de instituições financeiras, consultorias e
empresas do setor não financeiro, previamente cadastradas em seu
sistema (o resumo desses dados diários é que são divulgados no
Boletim Focus Semanal).
Para poder participar da amostra da pesquisa, esses agentes
de mercado precisam demonstrar que possuem uma equipe
especializada para fazer previsões e oferecê-las de modo
contínuo.
E de forma a dar uma motivação adicional, para que essas
instituições busquem refinar cada vez mais os dados fornecidos
ao Gerin, criou-se o TOP 5.
Essa é uma lista que o Banco Central divulga mensalmente
– clique aqui para conferir – que traz as 5 instituições pesquisadas
que mais acertaram suas previsões, para cada um dos índices
analisados.
2 Gerin: Gerência Executiva de Relacionamento com Investidores
11
No Boletim Focus dá-se tanta importância ao TOP 5 que
você encontra as expectativas para diversas variáveis
macroeconômicas não só para o AGREGADO (mediana de todos
os agentes consultados), mas também a previsão apenas dos TOP
5 (das 5 instituições que mais vêm acertando suas previsões).
É dessa forma e também através de outras metodologias,
que o Banco Central busca atingir a difícil missão de oferecer-nos
um número semanal que reflita, da maneira mais próxima
possível, as expectativas do mercado.
Mas você sabe: prever o futuro com exatidão é
impossível, até mesmo para especialistas.
Para que tenhamos uma pequena amostra disso, consultemos
o passado.
No Boletim de 25 de janeiro de 2013, a mediana das
expectativas do mercado para o IPCA do ano de 2014 foi de
5,5%.
Ou seja, no começo de 2013 o mercado já estava tentando
descobrir quanto seria a inflação de 2014.
Será que acertaram?
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Infelizmente não, pois a verdadeira inflação de 2014 foi de
6,41%. Note que o erro não foi tão grande assim, não é mesmo?
Mas se olharmos o Boletim de 24 de janeiro de 2014 a
coisa muda de figura. O mercado tinha a expectativa de que o
IPCA ao final de 2015 seria de 5,5% e... hoje sabemos que esse
índice bateu os 10,67%.
Um erro e tanto!
Dessa forma, será que poderíamos concluir que tais
previsões não servem para nada?
No primeiro capítulo já fizemos esse alerta. As informações
do Boletim são uma das poucas fontes de parâmetros para
lidarmos com as incertezas do futuro. Podemos e devemos usá-
las, com a ressalva de saber claramente suas limitações.
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4. HORIZONTES DE PREVISÃO
O objetivo desse tópico é informar para quais prazos
(horizontes de tempo) o Boletim Focus divulga as previsões de
mercado.
Em outras palavras, responderemos a perguntas como:
- é possível encontrar dados sobre variáveis
macroeconômicas para o próximo mês?
- e para um horizonte de dois, cinco ou dez anos?
Inflação dos próximos 12 meses
Primeiramente, ao iniciar a leitura de um Boletim semanal
(clique aqui para ter acesso), você irá notar que a INFLAÇÃO
possui papel de destaque (isso porque tal variável é de grande
relevância para o Banco Central).
Os índices inflacionários são os únicos que, semanalmente,
tem suas expectativas para os próximos 12 meses divulgados,
conforme tabela abaixo (data de 15 de abril de 2016).
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Na primeira coluna temos 4 dos principais índices de
inflação apurados no Brasil. Já os valores das colunas 2, 3 e 4 são
as medianas das expectativas de todos os agentes do mercado
(agregado).
Note que a tabela demonstra como estavam essas
expectativas há 4 semanas, uma semana e no dia de emissão do
Boletim – sempre relativas aos próximos doze meses de inflação,
a partir da data da consulta.
As setinhas azuis e vermelhas mostram se a mediana
aumentou ou diminuiu, em relação à última semana de apuração,
sendo que o número entre parênteses indica por quantas semanas
essa tendência (de aumento ou queda na mediana) vem
perdurando.
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Expectativas de curto prazo
Seguindo em frente, o Boletim Focus também traz as
expectativas de mercado para outros parâmetros, além da
inflação, porém para o mês corrente e o seguinte. Explicamos.
Conforme tabela contida no relatório de 15/04/2016, a
seguir, note que são apresentadas as expectativas de curto prazo
para quatro índices de inflação, taxa de câmbio e Meta da Taxa
Selic (em base mensal).
Isso significa que, ao você baixar o último Boletim Focus
em determinado dia, você poderá ter a expectativa do mercado
sobre inflação, câmbio e Selic, para o mês atual e para o próximo
mês.
Note que, nesse caso, o Boletim também nos oferece a
informação de como vem se alterando as expectativas do mercado
(Medianas), para cada variável pesquisada, desde 4 semanas atrás
até a data da publicação que você está lendo.
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Expectativas de médio prazo
Outro horizonte de tempo que o Boletim Focus traz é a
expectativa do mercado para o ano corrente e o seguinte, de
diversas variáveis macroeconômicas.
Continuando com o documento de ABR/2016, a seguir
confira que essa é a tabela com o maior número de variáveis
macroeconômicas pesquisadas – nesse caso, para os anos de 2016
e 2017.
A tabela de médio prazo apresenta as expectativas de
mercado para inflação, câmbio, Selic, dívida pública, PIB,
produção industrial, conta corrente, balança comercial,
investimentos diretos e preços administrados.
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Importante destacar que todas as informações dessa tabela
são porcentagens em bases ANUAIS. Ou seja, é a expectativa do
mercado sobre como tais indicadores vão fechar cada um dos
anos analisados – 2016 e 2017.
Mais uma vez, o relatório também apresenta como vem se
comportando cada mediana ao longo das 4 últimas semanas.
Expectativas TOP 5
O Boletim termina suas estatísticas mostrando as
expectativas para o curto e médio prazos, com dados relativos às
medianas e também médias, dos TOP 5 – instituições que mais
vem acertando cada um dos parâmetros. A forma como interpretar
os dados e os prazos são semelhantes às tabelas já apresentadas.
Conclusão sobre os prazos analisados
Se pensarmos em utilizar as expectativas de mercado do Boletim Focus para
ajudar na escolha de nossos próprios investimentos, é importante termos em
mente que ele nos traz um prazo máximo de dois anos de previsão.
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5. VARIÁVEIS E PRAZOS DE INTERESSE
Como explicado até esse ponto do eBook, você viu que as
previsões do Boletim Focus se referem a diversas variáveis
macroeconômicas, como inflação, câmbio, Selic, PIB, produção
industrial, dentre outras, e também para horizontes de tempo
diferentes.
E, nesse ponto, enquanto investidor, você deve estar
pensando:
- devo considerar todas as variáveis para decidir qual ativo
adquirir?
- de que maneira devo fazer tal análise?
- todos os prazos (horizontes de previsão) são importantes?
Eis aqui uma das maiores contribuições desse eBook. Como
explicado nos capítulos iniciais, muito mais do que esclarecer o
que significa o Boletim Focus, vamos apresentar nossa visão de
como interpretá-lo, de forma a melhorar suas decisões de
investimento3.
3 Note, portanto, que a abordagem a ser apresentada é uma visão DO AUTOR dessa obra, sujeita a críticas e sugestões de melhoria.
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Para tal, sugerimos focar nossas análises nos índices de
inflação (principalmente no IPCA, que é o índice oficial e o
indexador utilizado em Títulos Públicos), além da expectativa da
meta Selic.
Isso porque, seja em títulos de renda fixa como Tesouro
Direto, ou aplicações indexadas à Selic ou DI, previsões quanto à
inflação e meta da taxa básica de juros já são suficientes para
adequadas tomadas de decisão, em se tratando de pequenos
investidores4.
Quanto ao prazo a ser analisado, nas expectativas referentes
ao ano corrente e próximo (médio prazo), desconsiderando a
possibilidade de posições especulativas para ganhos no curto
prazo. Apesar de, para alguns, trabalhar no curto prazo ser uma
estratégia corriqueira, não iremos considerá-la presente obra.
Tal abordagem significa que iremos resumir a análise do
Boletim Focus às previsões do IPCA e Meta Selic, para o prazo
de 1 a 2 anos, tanto no agregado, quanto no TOP 5.
4 Para renda variável, como Mercado de Ações, essa simplificação certamente é temerosa, mas mesmo assim, alguns comentários gerais serão feitos adiante.
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6. INVESTIMENTOS VERSUS SELIC
A seguir, iremos apresentar, em linhas gerais, como a
expectativa da Selic pode influenciar decisões de investimentos.
Iniciando nossa análise no campo da renda fixa, falaremos
sobre aplicações financeiras denominadas de prefixadas. Em
síntese, são investimentos em que se sabe, na data de sua
contratação, quais serão os juros a serem recebidos na data do
vencimento.
Nesses casos, ao prefixar uma determinada taxa de juros
“hoje”, essa decisão será ruim se a Selic subir ao longo do tempo,
e boa caso venha a cair.
Com relação aos pós-fixados, quando há uma expectativa de
subida da taxa básica de juros, essas são as alternativas indicadas,
pois tanto os investimentos pós-fixados indexados à Selic, quanto
aqueles atrelados ao DI (que, em certa medida, segue a Selic),
serão beneficiados. Do contrário, se houver expectativa de queda
na Selic, os pós-fixados são menos indicados.
Por fim, ao entrarmos no campo dos investimentos em renda
variável, é bastante complicado dizer de que forma cada uma das
ações negociadas em bolsa (ou o Índice Bovespa) irá reagir à
mudança de apenas uma variável econômica.
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Mesmo assim, nos aventuramos a dizer que, de maneira
geral, altas taxas de juros tendem a ser ruins para o crescimento
das empresas, tendo como possível consequência um
desaquecimento do mercado de renda variável.
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7. INVESTIMENTOS VERSUS INFLAÇÃO
A inflação, que nada mais é que um aumento generalizado
dos preços de uma economia, tem o poder de corroer o poder de
compra do dinheiro.
Imagine investir um capital por 4 anos numa aplicação
prefixada que paga 10% ao ano. Se, por exemplo, a partir da
metade desse período a inflação estiver na casa de 15%, isso
significa que você estará obtendo ganhos reais NEGATIVOS. Ou
seja, seu dinheiro rende 10% ao ano e o preço dos bens e serviços
que você compra sobem 15%. Um péssimo negócio.
Logo, podemos verificar que uma expectativa de aumento
da inflação no futuro, prejudica investimentos prefixados.
Em se tratando de pós-fixados indexados à Selic ou DI, se
tomarmos por verdade que os responsáveis pela política
monetária brasileira irão subir a taxa básica de juros, toda vez que
a inflação sair do controle, de certa forma essa modalidade de
aplicação tem uma certa blindagem em relação a aumentos
inflacionários. Mas isso em teoria...
Por fim, existem investimentos que são indexados à
inflação. Pagam determinada taxa de juros ACIMA de um índice,
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como o IPCA – no Tesouro Direto essa é uma modalidade
bastante acessível.
Nesses casos, as perdas causadas pelo aumento da inflação
são totalmente eliminadas, restando como fonte de risco apenas a
fração relativa à taxa de juros fixa, paga acima do índice
inflacionário, que irá variar conforme a relação entre inflação e
Selic – para saber mais sobre esse assunto clique aqui e conheça
nosso curso de investimentos.
Para facilitar seu entendimento e resumir de forma bastante
simples essas relações entre investimentos e variáveis
macroeconômicas como inflação e taxa Selic, construímos a
tabela a seguir.
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Quadro resumo sobre Inflação, Selic e Renda fixa
EXPECTATIVAS Inflação subir Inflação cair Selic subir Selic cair
Prefixado Ruim Bom Ruim Bom
Pós-fixado (Selic ou
DI)
Depende se Conselho
Monetário irá conter a inflação via aumento de
juros
Depende se Conselho
Monetário irá baixar a taxa
devido à queda da inflação
Bom Ruim
Pós-fixado (inflação)
Protege-se dos efeitos nocivos da
inflação
Ganhos nominais menores ao longo
do tempo
Depende da diferença relativa entre Inflação e
Selic (que determina a taxa
real de juros)
Depende da diferença relativa entre Inflação e
Selic (que determina a taxa
real de juros)
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8. TESOURO DIRETO E EXPECTATIVAS
Quando nos defrontamos com uma tabela do Boletim Focus,
tal qual vemos abaixo, sabemos que estamos lidando com
EXPECTATIVAS FUTURAS .
Em outras palavras, os números apresentados são
estimativas que o mercado faz para diversas variáveis
macroeconômicas, buscando descobrir como elas encerrarão os
anos de 2016 e 2017.
Acreditamos que isso esteja claro.
Agora analisemos o caso específico do Tesouro Direto
(saiba como investir clicando aqui), através da tabela apresentada
a seguir (data: 14/04/2016).
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Foquemos nossa análise nas taxas (% ao ano) para Compra,
iniciando de baixo para cima.
Nos títulos indexados à Selic, a taxa de compra é próxima
de zero porque a rentabilidade desse título irá acompanhar a taxa
básica de juros, até seu vencimento.
Mas o que dizer sobre as taxas dos títulos prefixados? O que
aqueles 13,10%, 13,19% e 13,05% ao ano, representam?
De forma simples, podemos interpretar essas porcentagens
como sendo as taxas anuais que o mercado está negociando
cada título, e que irão definir suas rentabilidades da data de
14/04/2016 até seus respectivos vencimentos.
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Portanto, se os agentes de mercado negociam, todos os dias
úteis, por quanto estão dispostos comprar e vender títulos
públicos, a uma taxa prefixada, com vencimentos para vários
anos, não poderíamos assumir que esses valores são também
EXPECTATIVAS FUTURAS ?
Claro que sim!
Só que de uma forma um pouco distinta do Boletim Focus.
No caso das taxas de compra/venda do Tesouro Direto, elas
representam as forças de oferta e demanda por títulos públicos, ao
invés de uma pesquisa com algumas dezenas de instituições
financeiras.
E mais, nas pesquisas do Boletim, os entrevistados são
indagados a, semanalmente, prever quais serão os valores de
diversas variáveis macroeconômicas para o mês seguinte, ou ano
seguinte.
No Tesouro, os agentes estão decidindo por qual percentual
irão comprar/vender títulos, considerando uma taxa de juros anual
que irá perdurar até a data de vencimento (que pode ser de 3 a
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mais de dez anos, ao considerarmos as datas da tabela do
Tesouro).
É como se os valores próximos a 13% ao ano dos títulos
prefixados fossem interpretados como a taxa justa que o mercado
considera que esses títulos valham até seu vencimento –
obviamente, considerando a data na tabela apresentada, pois elas
mudam diariamente.
Dessa forma, se houver consenso no mercado de que a taxa
Selic irá cair ao longo do prazo que vai até o vencimento,
certamente essa taxa de 13% ao ano da tabela apresentada sofrerá
uma queda com o passar dos dias – raciocínio contrário também
se mostra verdadeiro.
E para terminar a análise da tabela com as taxas do Tesouro
Direto, ao analisar os títulos indexados ao IPCA, o que são essas
taxas prefixadas, pagando juros em torno de 6% ao ano acima da
inflação, que não as expectativas médias do mercado, para os
referidos vencimentos?
O que estamos querendo deixar claro, nesse ponto, é uma
questão extremamente relevante: no Tesouro Direto, as taxas
negociadas, por serem relativas a vencimentos futuros,
também não deixam de ser um termômetro sobre o que o
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mercado espera do futuro, sobre taxa de juros (prefixados) e
acerca da relação entre Selic e Inflação (parte prefixada do
IPCA).
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9. ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS
Quando pensamos em investir nosso dinheiro, seja no
mercado financeiro (renda fixa ou variável), em imóveis ou
montando nosso negócio próprio, é importante fazer uma
adequada avaliação dos riscos e oportunidades de cada
possibilidade.
Nesses casos, são comuns dúvidas como:
- Será que é a hora de investir em imóveis?
- A ação X está barata, no momento?
- Devo comprar um título do Tesouro prefixado ou indexado
à Selic?
- Quais as chances de sucesso se investir minhas economias
num negócio próprio?
Perceba que, ao lidar com o futuro, as incertezas sempre irão
estar ao nosso lado. É impossível prever com exatidão como se
comportarão todas as variáveis que irão influenciar nossa decisão.
Então, o que fazer? Escolher qualquer alternativa,
aleatoriamente, e torcer? Contar apenas com a sorte? Confiar em
nosso talento ou intuição?
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Essa difícil questão (leia-se, lidar com incertezas) vem
acompanhando o ser humano há milhares de anos5. Queremos
tomar boas decisões hoje, mas as informações necessárias para tal
são sempre limitadas, em se tratando de futuro.
Nessa obra, argumentamos que o termo chave para tentar
dar conta desse anseio é ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS .
Perceba que ao utilizar o termo administração, ao invés de
eliminação, estamos assumindo uma postura realista de conviver
com o risco, com as incertezas, posicionando-nos de forma
consciente em relação aos nossos investimentos.
E para não alongar em demasia nesse assunto,
argumentamos que administrar riscos significa buscar absorver
as informações mais relevantes e utilizá-las dentro do
processo de tomada de decisão (tendo conhecimento das
possíveis consequências de nossos atos).
Assim, para montar nossa carteira de investimentos,
precisamos:
1) conhecer a fundo as características de cada ativo que irão
compô-la, e
5 Se desejar uma leitura agradável sobre o assunto, sugerimos o livro Desafio aos Deuses, do autor Peter Bernstein.
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2) fazer uma análise simples e eficiente sobre os possíveis
cenários econômicos.
É nesse segundo ponto que o Boletim Focus se encaixa.
Como prever o que irá acontecer com a economia nos
próximos meses, de forma a fazer as melhores escolhas hoje?
A resposta, com certeza, não é simples, mas se pudermos
contar com uma informação detalhada das expectativas médias do
mercado (composto por instituições gabaritadas para tal – EIS O
BOLETIM FOCUS), para diversas variáveis macroeconômicas,
isso com certeza poderá ajudar na formação de nossa própria
opinião sobre o futuro e, por conseguinte, em tomadas de decisão
sobre investimentos mais conscientes.
Esse é o nosso papel enquanto investidor: administrar
riscos com as informações disponíveis!
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10. BOLETIM FOCUS: LIMITAÇÕES DE USO
Quando lemos um artigo de algum economista que
admiramos falando de suas perspectivas quanto à situação do
país, ou assistimos uma reportagem no jornal falando sobre
aumento da taxa de desemprego, inevitavelmente vamos
formando em nossa mente uma expectativa própria em relação ao
futuro.
Mas a ciência já demonstrou, exaustivamente, que nossa
mente não é muito boa em fazer julgamentos precisos. Damos
mais peso a informações que estamos predispostos a acreditar,
usamos dados principalmente de nossa memória recente e não
estatísticas confiáveis, e por aí vai.
É nesse ponto que acreditamos ser o Boletim Focus uma
fonte interessante de acompanhamento. Lá se encontram números
frios, que representam em certa medida uma direção na qual o
mercado acredita que determinadas variáveis macroeconômicas
irão seguir.
Sugerimos fortemente que investidores conscientes bebam
dessa água, semanalmente. Sabendo das limitações dos números
ali contidos (vamos falar mais sobre isso adiante), mas utilizando-
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os de maneira a contribuir para decisões sobre alocações de
ativos.
Quando você se acostuma a ler (e entender) os dados
referentes à expectativa do mercado (e dos TOP 5) em relação a,
por exemplo, Meta Selic e IPCA, para o próximo mês ou para o
próximo ano, isso nos ajuda a refletir sobre questões como:
- Será que não é a hora de proteger meu capital investindo
em ativos que sejam indexados à inflação?
- Com essa expectativa de taxa de juros, será que não será a
hora de esperar um pouco para abrir meu negócio próprio?
- Dado o cenário de um possível impacto negativo no PIB e
aumento no desemprego, não seria o momento de começar a
pesquisar preços de imóveis para construir a minha própria casa?
Perceba que ao ler o Boletim, você não encontrará respostas.
Mas saiba que é dessa forma, fazendo leitura de possíveis
cenários, que pessoas bem sucedidas se posicionam. Tomam suas
decisões. E as informações do Boletim estão ao seu alcance e de
forma gratuita.
Dessa forma, quais seriam as principais limitações do
Boletim Focus, que precisamos ter clareza:
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- Já vimos que, dificilmente, as expectativas do mercado, ao
final do prazo analisado, batem com o que realmente acontece.
Ninguém consegue prever o futuro com exatidão.
- O prazo máximo das previsões é de dois anos. Logo, se
estou em dúvida sobre adquirir um título do governo pré ou pós-
fixado, com vencimento em 8 anos, o Boletim não ajudaria tanto
(e mesmo que o Boletim trouxesse tal previsão, você agora já tem
consciência que dificilmente ela seria 100% correta).
- Quando vamos fazer uma operação com investimentos em
renda fixa, em que existem prazos de vencimento, as taxas a nós
oferecidas já trazem consigo embutidas as expectativas do
mercado. Seja no Tesouro Direto ou na contratação de um CDB,
as taxas disponíveis já estão ajustadas ao que se tem de
informação naquele momento.
Dessa forma, tenha clareza que o Boletim Focus permite que
façamos uma leitura da economia no curto e médio prazo, através
da percepção dos agentes de mercado. Essa é uma informação
relevante e gratuita. Todavia, você precisa considerar todas as
limitações de uso apresentadas no presente tópico, para utilizá-lo
de maneira sábia.
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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para finalizar esse Guia, serão expostas algumas conclusões
importantes sobre tudo o que foi escrito até agora.
- Os números disponibilizados pelo Boletim Focus são uma
“média” das expectativas de mercado, para diversas variáveis
macroeconômicas;
- Apesar de suas limitações (pois se está trabalhando com o
futuro), é uma informação gratuita e bastante interessante para
que você forme sua opinião sobre quais decisões de investimentos
tomar a cada momento;
- Lembre-se sempre que a escolha de um ativo, além das
expectativas econômicas, também deve levar em consideração seu
próprio nível de conhecimento sobre determinado investimento,
seu grau de aversão ao risco e o prazo que deseja deixar o
dinheiro aplicado;
Enfim, esperamos que após a leitura desse material os
números contidos no Boletim sejam mais palatáveis e úteis para
seus investimentos. Pois agora tem consciência dos benefícios e
limitações dos dados nele contidos.
Qualquer dúvida, clique aqui e entre em contato.