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PsicoAjuda / Clínica Leirimédica - Rua Pero Alvito Nº23, Lj 2/3, 2400-208 Leiria http://www.psicoajuda.pt Telefones: 244 871 056 / 960 360 397 Email: [email protected]
Destaque deste mês:
A PsicoAjuda continua muito ativa
na imprensa nacional. Em Feverei-
ro publicamos mais um artigo no
SAPOLifestyle, agora sobre o por-
quê das mulheres sofrem mais de
doenças mentais. Ao adquirir
múltiplos papéis na sociedade, a
mulher trabalhadora acaba por
desenvolver sintomas que podem
levar ao adoecimento, como can-
saço, estresse, nervosismo, angús-
tia, insónia, diminuição do desejo
sexual, problemas no relaciona-
mento com a família e sentimento
de culpa em relação aos filhos por
não estarem presentes no seu
dia-a-dia.
Este mês falamos-lhe ainda sobre
o problema dos distúrbios ali-
mentares, que afeta cada vez mais
pessoas de meia-idade. Fatores
genéticos associados a uma preo-
cupação crescente com a imagem
corporal, influenciada por uma
pressão social para aparentar um
corpo jovem, fazem com que este
fenómeno tenha crescido bastan-
te nos últimos anos.
As suas sugestões são de suma
importância para melhorarmos
este boletim. Faça chegar-nos a
sua opinião enviando para:
Dra. Elisabete Condesso
Coordenadora do Boletim
Mais um artigo PsicoAjuda
no SAPOLifestyle
A mulher de hoje adquiriu múltiplos papéis. A mulher, ao inserir-se no
mercado de trabalho, mantém o seu papel de esposa, mãe e dona de
casa, e ao mesmo tempo, é também profissional. Por isso, ela tem de
administrar o seu tempo desdobrando-se entre as tarefas domésticas e
o seu trabalho. Assim, a mulher acaba por ficar mais exposta a sofrer de
doenças psicológicas, assim o mostram as estatísticas mais recentes.
No que dizem respeito ao ambiente de trabalho, as situações que
provocam mais stress na mulher são: o desgaste físico excessivo;
interrupção da amamentação e falta de berçário e creche (pela angústia
de não ter onde deixar o bebê e/ou os outros filhos menores); e o
assédio sexual por parte dos chefes e colegas. Assim, as mulheres ficam
mais sujeitas às doenças psicológicas.
Nesse sentido, sabe-se que muitas trabalhadoras quando apresentam
casos de doença, preferem omitir e continuar a trabalhar, pois muitas
empresas acabam por demiti-las quando descobrem que elas não
podem ou estão impedidas de trabalhar. Nestes casos, é necessário que
as mulheres cuidem da sua saúde, procurem orientações de profissionais
de saúde (médicos e/ou psicólogos) e se informem sobre aos seus
direitos.
Boletim Informativo Março 2016
PsicoAjuda / Clínica Leirimédica - Rua Pero Alvito Nº23, Lj 2/3, 2400-208 Leiria http://www.psicoajuda.pt Telefones: 244 871 056 / 960 360 397 Email: [email protected]
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A crise dos distúrbios alimen-
tares na meia-idade
Existe o mito de que os distúrbios alimentares,
como a anorexia e bulimia, são “problemas de
adolescentes”. Só que a realidade é bastante dife-
rente, como comprovam os últimos estudos reali-
zados nesta área, afetando cada vez mais pessoas
de meia-idade!
De fato, tem aumentado o número de mulheres
de meia-idade com distúrbios alimentares. Estas
são as conclusões dos estudos realizados pela
Dra. Cynthia Bulik, reconhecida especialista inter-
nacional em distúrbios alimentares e professora
na Universidade da Carolina do Norte, Estados
Unidos. Ela coordena desde 2003 um programa
de prevenção e tratamento de distúrbios alimen-
tares e observa que 70% dos seus pacientes são
mulheres e homens com mais de 40 anos. Isto
acontece porque, cada vez mais, há uma preocu-
pação com a imagem corporal. É interessante ve-
rificar que 75% das mulheres com mais de 50
anos afirmaram que o peso e imagem corporal
afetavam a sua
autoestima. Ain-
da que 36% já
tinham feito vá-
rias dietas nos
últimos 5 anos!
Este fato aumen-
ta o risco de de-
senvolvimento
da doença, uma
vez que se sabe
que muitos dis-
túrbios alimenta-
res começam “com a primeira dieta”.
Só que, por outro lado, parece existir um certo
desconhecimento desta realidade. Em muitos ca-
sos, quando a mulher de meia-idade recorre ao
médico de clinica geral, não lhe é diagnosticada
esta patologia, uma vez que os distúrbios alimen-
tares ainda se encontram muito associados com
algo que “só acontece às adolescentes”.
Porque é que os distúrbios alimentares
afetam as pessoas de meia-idade agora?
É importante referir que nos distúrbios alimenta-
res intervém sobretudo duas componentes: os fa-
tores genéticos e os fatores ambientais. Os fatores
genéticos representam um fator de risco e consti-
tuem uma predisposição para o desenvolvimento
da doença. Já os fatores ambientais têm um papel
“detonador”, o que significa que, caso exista uma
determinada predisposição genética, eles irão de-
sencadear o desenvolvimento da doença.
Então, porquê agora? Acontece que hoje em dia
existe uma pressão crescente nas mulheres e ho-
mens de meia-idade (sim, também é algo que
afeta os homens), para se manterem em boa for-
ma física, tentando contrariar assim o envelheci-
mento natural dos seus corpos, de modo a que
alguém com 50 pareça ter 30 anos, sendo essa
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“pressão social” um dos principais fatores ambi-
entais no desenvolvimento dos distúrbios alimen-
tares.
Existem ainda outros fatores de risco que propici-
am o desenvolvimento da doença. Incluímos aqui
acontecimentos como infidelidade, filhos emanci-
pados e já fora do ambiente familiar, perdas afeti-
vas, desemprego, doenças ou cirurgias, reforma.
Pensa-se também que a peri-menopausa e me-
nopausa podem contribuir para o desenvolvimen-
to da doença, embora ainda existam muito pou-
cos estudos sobre o impacto destas variáveis. É
ainda importante referir que os distúrbios alimen-
tares coexistem geralmente com outras doenças
do foro psicológico como a depressão ou a ansi-
edade.
Como tratar os distúrbios alimentares?
Os distúrbios alimentares são tratáveis, mas os vá-
rios subtipos requerem um tratamento diferenci-
ado. Nalguns subtipos de distúrbios alimentares,
como a bulimia ou o transtorno da compulsão
alimentar periódica, o recurso a medicamentos
funciona bem no curto prazo. Mas já a anorexia
requer um tratamento inicial de reabilitação e re-
cuperação do peso, pois esse primeiro passo é
absolutamente essencial para colocar novamente
o cérebro a funcionar. Contudo, para um trata-
mento de longo prazo, a psicoterapia tem sido
escolhida como a ferramenta de eleição no trata-
mento dos distúrbios alimentares, dado que é ho-
je a técnica terapêutica que melhores resultados
tem apresentado. Já a duração do tratamento é
dependente da complexidade do problema a ser
tratado.
Como recomendação geral, no tratamento de dis-
túrbios alimentares na meia-idade, deverá procu-
rar a ajuda conjunta de profissionais na área da
psiquiatria e psicologia, os quais o poderão acon-
selhar sobre a melhor abordagem terapêutica pa-
ra o subtipo de distúrbio alimentar em causa.
Dia internacional da mulher
Comemora-se no dia 8 de Março o dia internaci-
onal da mulher. A PsicoAjuda associa-se a essa
celebração. Oferecemos a todos os leitores deste
boletim uma frase que esperamos sirva de refle-
xão sobre a importância das doenças psicológica
e que, como referimos neste boletim, afeta mais
as mulheres.
Nunca diria “É só um cancro, isso passa”, pois
não? Então porque o dizemos de alguém que
sofre de depressão?
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Porque as mulheres sofrem
mais de doenças mentais?
Este artigo foi publicado no SAPO Lifestyle, em
16 de Fevereiro de 2016.
Os resultados do último estudo “PORTUGAL - Sa-
úde Mental em números – 2014”, realizado pela
Direção Geral de Saúde, revelam uma incidência
das doenças emocionais e psicológicas muito su-
perior nas mulheres. Este estudo está em linha
com outros estudos realizados internacionalmen-
te em países industrializados, como é o caso do
estudo realizado no Reino Unido pelo “British
Mental Health Foundation”. E ainda nos Estados
Unidos, o professor Daniel Freeman, investigador
no departamento de psiquiatria da Universidade
de Oxford, publicou o livro “The Stressed Sex: Un-
covering the Truth about Men, Women, and Men-
tal Health”, em que mostra que as mulheres reve-
lam maiores níveis de depressão, pânico, fobias,
insónias, stress pós-traumático e problemas ali-
mentares.
Mas, qual a razão de uma percentagem su-
perior de doenças psicológicas nas mulhe-
res?
Apesar de se reconhecer que as mulheres recor-
rem mais à ajuda externa quando são afetadas
por problemas emocionais e psicológicos – e por
isso aparecem mais nas estatísticas – este fato não
explica completamente a grande diferença entre
os dois géneros.
Daniel Freeman referiu que tradicionalmente tem
sido mencionado que a incidência dos problemas
mentais é semelhante nos homens e mulheres,
mas as evidências mostram que simplesmente
não é esse o caso. "Em geral, no ambiente atual,
as mulheres carregam com o ónus dos problemas
de saúde mental”, disse o professor Freeman.
Hoje em dia, devido aos múltiplos papéis que a
mulher tem que assumir, ela está mais exposta a
sofrer de doenças psicológicas. A mulher, ao inse-
rir-se no mercado de trabalho, mantém o seu pa-
pel de esposa, mãe e dona de casa, e ao mesmo
tempo, é também profissional. Por isso, ela tem
de administrar o seu tempo desdobrando-se en-
tre as tarefas domésticas e o seu trabalho.
Ao exercer a sua profissão, a mulher trabalhadora
sente-se “dividida” por não poder cuidar inte-
gralmente da sua família. Muitas mulheres que
priorizam o trabalho remunerado, angustiam-se
por considerarem que estão a deixar de ser boas
mães.
Além disso, este duplo papel da mulher tem como
consequência uma sobrecarga de funções resul-
tando em longas jornadas de trabalho dentro e
fora de casa. Ao adicionar o serviço de casa com o
trabalho remunerado, a mulher não consegue re-
cuperar da fadiga e do desgaste, e fica mais sujei-
ta a doenças mentais, tais como ansiedade, de-
pressão, fobias, pânico, insónias e diminuição do
desejo sexual.
Um terceiro aspeto que não pode ser ignorado
relaciona-se com o fato das mulheres tenderem a
ser mais pobres e/ou vitimas de abusos, o que é
um cocktail propicio a desenvolver problemas de
depressão, ansiedade e fobias.
Dra. Elisabete Condesso
Psicóloga e Psicoterapeuta