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Edição 9 - Abril/2015 TRAIL rn u Alguns dos principais organizadores de provas off-road contam os detalhes envolvidos na organização, quais as principais dificuldades e as perpectivas de crescimento da modalidade APTR Pedra Azul/Divulgação

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Edição 9 - Abril/2015

TRAILr nu

Alguns dos principais organizadores de provasoff-road contam os detalhes envolvidos naorganização, quais as principais dificuldades eas perpectivas de crescimento da modalidade

APTR Pedra Azul/Divulgação

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Amigo

leitor,

A Revista Boratreinar é uma publicação

independente com reportagens, redação,

diagramação e edição de Paulo Henrique

Prudente - Mtb. 20.644-RJ

[email protected]

Carol Barradas não tem o hábito de treinar corrida, mastem bons tempos em meias maratonas. É possívelcorrer bem sem treinar corida?

Batemos um papo com Augusto Verrengia - CamisetasVamos Correndo. Sabe como ele se sente quando ficaum dia sem treinar?

Na seção “Meu quintal”, Marcos Zamith fala sobre o seulugar favorito para treinar. Por que ele gosta tento de ir láe o que sente quando corre neste lugar

Estamos de volta com mais uma edição da RevistaBoratreinar. Vamos continuar falando de corrida ede triathlon. Convidamos Juan Carlos Asef, AdevanPereira e Manuel Lago, respectivamenteorganizadores do Circuito Indomit e Circuito APTR,para falar um pouco sobre o universo das trail runs.Não é fácil organizar provas off-road, mas elesaceitaram o desafio e apostam no crescimento damodalidade no Brasil. Vale à pena conferir.Trazemos também uma reportagem sobre otreinamento específico de corrida. É possível correrbem sem treinar corrida? Conheça a história damineira Carolina Barradas, que não consegueincluir a corrida em rotina de treinos, mas temótimos tempos - para atletas amadoras - numameia maratona.A edição traz ainda o corredor Marcos Zamith, querevela na seção “Meu quintal” seu lugar favoritopara treinar. Temos também um rápido bate-papocom Augusto Verrengia - Camisetas Vamos Cor-rendo -, sobre seu envolvimento com as corridas.Fechamos com Carla Guerra e Livia Bustamante,que em abril representam o Rio de Janeiro no UB515, prova no formato Ultraman, em Paraty, no sul-fluminense. Boa leitura!

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Profissional de Educação Física, Caroline Barradas, de 33anos, completou a etapa Rio de Janeiro da Golden Four Asicsem 1:44:49. Nada demais não fosse o fato de Caroline nãotreinar corrida. Caroline corre provas desde 2009 e confessaque o condicionamento vem das aulas de ginástica, spinning,kangoo jump e dança que dá em academias de Juiz de Fora.“Meu trabalho dificulta o treino específico de corrida. Éatravés destas aulas que mantenho meu condicionamentoaeróbio”.

A atleta acredita que a genética ajuda, assim como o seuespírito competitivo. Seu melhor tempo numa meia maratonaé 1:39:00 na Meia Maratona do Rio. “É como se fosse umdom. Eu sei correr e pronto. Tem gente que aprende sozinhoa tocar instrumentos musicais, que possui habilidade parajogar futebol sem fazer escolinha. E desde novinha o únicoesporte que eu soube fazer foi a corrida. Sempre tivevelocidade e uma boa resistência. Também tenho um ladocompetitivo forte, então normalmente participo com o objetivode melhorar meus tempos. Se consigo, é uma alegria esensação de superação sem explicação, mas se as coisasnão saem como espero, confesso que me sinto muitofrustrada”.

Como profissional da área, Caroline sabe da importância dostreinos específicos de corrida. Treinos que certamente afariam desenvolver a técnica, aumentar a velocidade e aresistência. O treino específico aprimora as capacidades

motoras e cardiorrespiratórias de qualquer corredor. “Sei quese eu treinasse seria mais veloz, teria melhor técnica e maisresistência. Mas meu trabalho me limita um pouco”.

Sem treinos específicos de corrida, mas com forte preparaçãocardiorrespiratória e musculação, Caroline consegue se sairbem nas corridas. Mas será que isso pode acontecer comqualquer um? Talvez essa seja uma dúvida de muitoscorredores, especialmente daqueles que por algumimpedimento não consigam treinar corrida com a frequêncianecessária.

O personal trainer Anderson Brandão, que dirige umaacademia no Rio, garante que não chega a ser raro casoscomo o de Caroline, mas explica que o fator genético faz adiferença em situações assim. Os músculos são formadosbasicamente por dois tipos fibras. As fibras do tipo 1, asoxidativas, possuem mais mitocôndrias e por isso suportammais os estímulos aeróbios. “Essa quantidade de fibras édeterminada geneticamente. Se o indivíduo faz treinosaeróbios periodicamente e tem uma boa condiçãocardiorrespiratória e boa resistência muscular, seu rendimentona corrida será bom”.

Pablo Nunes é treinador de triathlon e também dá aulas despinning em academia. Ele lembra que qualquer treinamentofísico bem orientado gera adaptações fisiológicas,favorecendo a evolução da performance física de umindivíduo. “A prática regular e bem orientada, especificamentefalando de atividades com características aeróbias, geraadaptações cardiorrespiratórias e do sistema neuromuscular”.

Não há dúvidas de que um indivíduo impossibilitado de correrpor lesão terá benefícios com o treinamento de ciclismo enatação e ter um condicionamento melhor na volta aos treinosse comparado com outro indivíduo – de nível semelhante de

Correr bem sem trein

A genética ajuda, mas o

treinamento específico é

decisivo para boa performance

continua na página 6

corrida?

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nar

?

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performance – que ficou parado durantea recuperação da lesão. Mas segundo otreinador, há limites. “O Princípio daEspecificidade é fundamental notreinamento desportivo. Ele diz que osefeitos da sobrecarga são específicosao tipo de sobrecarga. Isso quer dizerque para gerarmos adaptaçõesmusculares, articulares, motores e dosistema de energia a ser utilizado, vocêdeve estimular seu organismo com opróprio exercício da modalidade a serpraticada”.

Em tese, para desenvolver o máximo decondicionamento físico para corrida, otreinamento deve desenvolver não só osistema aeróbio e anaeróbio, comotambém o gesto esportivo, os músculos e as articulaçõesmais exigidos na modalidade. Pablo explica que não é raroindivíduos que não praticam corrida, mas outra atividadefundamentalmente aeróbia - e com boa exigência demembros inferiores - , terem um bom rendimento numa meiamaratona. “Mas o fato é que se esse corredor tem boaperformance sem treinamento específico, poderia ser aindamelhor com uma planilha regular e bem elaborada. Só essetreinamento vai gerar adaptações para a melhora norendimento e também para a prevenção de lesões, ao queum corredor que não treina corrida está mais exposto”.

Fisiologista da Equipe Filé&Márcia Narloch, Sérgio Moreira,entre outros títulos, é mestre em bases biomédicas daEducação Física e doutor em Fisiologia do Exercício e emCiências Aeroespaciais. Especialista no trabalho com atletasde alto rendimento, Moreira, vai direto ao ponto quanto aotreinamento de corrida. “Podemos dizer que há atletas comum talento nato para a corrida, que a genética favorece. Maso treinamento específico certamente aprimora odesempenho. Para ser bom em corrida tem que correr. Oresto é figuração”.

Marcelo Nissenbaum, profissional de Educação Física emestre em Metabolismo, ressalta que mesmo havendo

exercícios e outras modalidades esportivas que podem treinaros grupamentos musculares utilizados na corrida, nada secompara ao treino específico. Segundo ele outros fatorespodem compensar, em parte, a falta do treino de corrida. “Odesempenho sempre ficará limitado se o atleta não treinar demodo específico. Também há outros fatores que devem serlevados em conta, como genética, peso, biomecânica, tempode treino em outra modalidade”.

Nissenbaum lembra ainda que um atleta que não treinacorrida, mas com forte preparo emocional pode se valer dissodurante uma prova. “O desejo de estar ali no desafio, opensamento positivo, a motivação, gestão do sofrimento,estratégia e até a velocidade de reação às adversidadespodem suprir em parte a falta do treino específico”.

Anderson Brandão ressalta que sem o treino específico aexposição a lesões é maior. Lesões que muitas vezes podemser provocadas pela falta de costume do gesto desportivo, damecânica da corrida. “Como o corpo não está preparado paramudanças bruscas durante a atividade, podem ocorrerlesões. Um exemplo são as situações em que o atleta perca oequilíbrio por conta de uma pisada errada ou por conta de umobstáculo. O corpo não está preparado para reagir a essamudança, mudando a pisada e recuperando o equilíbrio”.

Correr bem sem treinar

corrida?

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“A Corrida de Trilha ou Corrida de Montanha,popularmente chamada Trail Run, vem crescendo demaneira desenfreada no País. Há muitas provas pra poucademanda. Há até três ou quatro anos observávamosprovas desse tipo em distâncias de até 12, 15km. Algumaspioneiras, como a antiga K42 Bombinhas e o DesafioPraias e Trilhas já tinham distâncias maiores. De repente, uminesperado “boom” de provas Ultra Trail tomou conta do país.

Atletas pularam etapas, não fizeram uma transiçãoadequada de aumento de volume, atletas não foramdevidamente educados a correr na natureza, atletascolocaram a competição acima de tudo, enfim, nãocaptaram a essência do Trail Run.

Ao organizar um evento de Trail Run, muitos nãoentendem o valor mais alto cobrado nas inscrições.Apenas reclamam do preço, sem ao menos tentarentender a conta que se faz.

O primeiro aspecto é ligado à falta de apoio de um bompatrocinador, alguma empresa que consiga visualizar a

importância da sua marca estar atrelada a um evento queproporciona conceitos de sustentabilidade, saúde e lazer.Em seguida, boa parte dos locais onde são realizadas asprovas, não possuem uma boa infra-estrutura de hotéis erestaurantes, não sendo tão atrativos para os participantes,mesmo sendo locais de cenários deslumbrantes. É maisfácil ir para cidades já consagradas no cenário turístico doBrasil. Por isso, uma das missões da APTR é promover acidade, movimentar sua economia, gerar empregos.

Por trás de um bom percurso de prova, necessita-se de umbom Diretor Técnico e bons staffs. Isso implica em diversasidas ao local da prova, estudar os caminhos, verificarlogística de abastecimento e logística de socorro médico.Logo, envolve custos. Sim, as pessoas que trabalham noevento precisam ser remuneradas. E a organização precisagerar lucro para continuar no mercado.

A inscrição engloba: kit, postos de controle/abastecimento,congresso técnico, staffs, ambulâncias, chip decronometragem, locutor, hospedagem da equipe deorganização e LUCRO. Continua na página seguinte

NOS BASTIDORESde uma ultra trail run

por Adevan Pereira e Manuel Lago

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A Ultra Trail, modalidade do Trail Run que envolve distânciasacima dos 42k, está cada vez mais evidente no cenário dascorridas. Há muitas referências no exterior (Argentina, Chile,EUA, França, Espanha, Itália,...) e tentamos fazer situaçõesaqui na APTR que sigam a linha das provas nos paísescitados adaptando-as um pouco à realidade brasileira.

A marcação do percurso (fitas na maioria, placas, setas decal) segue um padrão, sempre comentado no CongressoTécnico. A presença de staffs se faz realmente necessária,somente onde há cruzamentos que circulem veículos. Porém,ainda colocamos staffs em pontos duvidosos durante opercurso, sendo isso uma adaptação à realidade brasileira.Não estão acostumados a seguir fitas e não tem o hábito defrequentar o Congresso Técnico.

Na APTR estamos desenvolvendo um trabalho de AtletaVoluntário (fato relevante para se inscrever nas principaisprovas de Montanha dos EUA) e isso ajuda a difundir acultura, o espírito do Trail Run. Também ficamos atentos aosatletas que jogam lixo no chão, sendo punidos com acréscimode tempo ao seu tempo de conclusão de prova. Dentro dessalinha, criamos o Atleta “Vassourinha”, que larga uns 10 a20min depois do último e vai recolhendo as fitas do percurso,além de ajudar com qualquer eventualidade. Normalmente,ele vai incentivando o último colocado e acaba setransformando numa grande festa na linha de chegada.

Mais um fato relevante, é tentar educar alguns atletas quereclamam com grosseria por algo inesperado que acontecemcom os mesmos durante a prova, sendo boa parte das vezes,culpa do atleta.

Na APTR, nossa equipe de staffs está sendo consolidada etemos mais que 75% dos staffs, praticantes de corrida. Isso éde uma grande valia para o bom andamento da prova e osucesso da mesma! E custa dinheiro!

Em termos de equipe e hierarquia, temos o Organizador(Adevan Pereira), o Diretor Técnico (Manuel Lago), DiretoraFinanceira (Aline Maynard) e os Coordenadores de Logística(Leonardo Oliveira, Jonathan Figueiredo e LeandroAlbuquerque – todos profissionais de Educação Física). Issocusta dinheiro!

Por fim, procuramos também, limitar o número departicipantes por evento, para não massacrar as trilhas(muitas delas, reservas ambientais) e para evitarmos aquelasfilas intermináveis em trechos únicos de passagem (single-tracks)”.

APTR Ouro Preto

APTR Ilha Grande

APTR Pedra Azul

APTR Valença

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O Vale das Videiras, em Petrópolis,será o cenário da próximaprova do circuito APTR. No dia 16 de maio os atletas vãocorrer e desfrutar das belezas naturais do lugar em percursosde 12K, 27K e 55K. A Ultra Videiras (55K) conta pontos para aUltra-Trail du Mont Blanc, que acaba sendo uma chancelapara a qualidade da prova.Manuel Lago, diretor técnico da prova, espera uma prova dealto nível técnico com os melhores atletas brasileiros damodalidade.“A cada ano, aprendemos com erros cometidos por nós etambém com características dos atletas brasileiros. Anopassado, fizemos a primeira Ultra em Videiras, cometemosalguns erros e fomos sabotados por arruaceiros também.Mas, como sempre gostamos de fazer e achamos certo,entramos em contato com os atletas dando uma satisfação.Esse ano, conseguimos liberar um percurso junto ao órgãocompetente e montamos um circuito extremamente técnicona primeira metade (25k com 2.000m positivos) e a segundametade ficou sendo o percurso integral dos 27k (28k com1200m positivo), uma parte mais rápida”.Para fazer da prova uma experiência única para aqueles quebuscam superar seus poróprios desafios, mas também

PRÓXIMA PARADA: VIDEIRASatraente para os atletas de alto rendimento, os organizadorescuidam minuciosamente da logística da prova e tambémd aseguarnaça dos atletas.“Analisamos sempre logística de abastecimento e de segu-rança, além do aspecto motivacional da prova. Acreditamosque o vencedor fará a prova em 5h30 a 6h. Por isso,extendemos o tempo de conclusão para 12h. Trabalhamossempre com o limite da prova sendo o dobro do tempo dovencedor ou um pouco mais. A prova tem tudo paras serperfeita e se tornar uma referência enorme no mercado.Nosso staff é formado por voluntários, todos atletas de ultratrail”, disse Manuel Lago.Para cadastro no iTRA (International Trail RunningAssociation), a prova deve atingir um número de KMs, associ-ado ao desnivel positivo, além do número depostos de controle na prova, que precisa ter um caráter autosuficiente. Na Ultra Videiras serão quatro postos de controlecompletos e um só com hidratação.

Mais Ultra Videiras na página 12

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“Estou correndo pelo Vale das Videiras e escuto: ‘Isotônico, água?Pão e paçoca….você quer ajuda?’ Pensei: cheguei ao paraíso...um posto de hidratação completo. Um staff atenciosamente meauxiliava a encher minha garrafinha com 400ml de água geladaenquanto eu pegava uma bisnaguinha de pão. Agradeci e volteipara as trilhas.Assim é que eu me lembro da APTR Videiras, uma das melhoresprovas que fiz e venci em 2014. O percurso é criativo e muito bemsinalizado, nos levando a longos trechos de terra batida e defloresta... na minha opinião a melhor etapa do circuito APTR.Imperdível!”

“Adoro o lugar, até porque sou petropolitana. Fiz os 27K em2013, já tinha achado a prova sensacional, muito bem organiza-da, percurso perfeito. Ano passado fiz os 55K, empolgadíssimaporque sabia que o percurso estava com muitas subidas e trilhasna medida certa. A prova foi ótima, muito bem organizada maisuma vez. Os postos de controle super animados e com pessoasmuito educadas davam uma levantada na moral. Ttive algunsproblemas com cãibra, mas no final sempre dá tudo certo!Esse ano estou muito mais empolgada, a prova de 55K está com3300m de desnível positivo, o que significa ser a prova maisdifícil do Brasil! Não é o máximo? Esse ano tem muito maistrilhas, lugares deslumbrantes! Já estou contando os dias!”

Luiza TaquechelVenceu os 55K em 2014

“Os 27K são uma prova que cabe bem aos iniciante que jápassaram por alguma corrida cross de 10k a 15k. O terreno épredominante em estradas de terra com subidas e descidasmoderadas. Os trechos em trilhas requerem mais atenção comnível técnico médio. Como todas as APTRs, o cenário é ótimo. Oclima, num dia de sorte a galera vai encarar muito calor, mas...”

Chico SantosVenceu os 27K em 2014

Por que Videiras?

Rosália CamargoVenceu os 27K em 2014

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O que o motivou a investir esforço na organização de

provas trail run no Brasil?

Foram vários motivos. O primeiro é que faz 30 anos quepasso o verão com minha família em Bombinhas e tambémfundei várias empresas em Santa Catarina desde 1992.Também porque achei a beleza de Bombinhas adequadapara fazer um maravilhoso percurso em praias, morros etrilhas, como aconteceu: um lugar paradisíaco!

Na época qual era o cenário mundial e que cenário

encontrou no Brasil?

Em 2009, quando começamos com a empresa BombinhasRunners, o trail run estava muito desenvolvido a nível mundi-al, mas ainda em crescimento. O cenário que vimos no Brasilera que não existiam provas de trail run de um nível importan-te. De fato, em 2009, fomos precursores ao realizar a maiordistância trail, a primeira maratona. Vimos oportunidades deum grande crescimento.

Conseguiu parceiros, apoios e patrocínios dispostos a

tocar isso com você?

Sem dúvidas. Os principais patrocinadores foram a PousadaVila do Farol e Vila do Coral, a empresa Asics, revista GoOutside, entre muitos outros. Também tivemos desde o

AO CHUÍ’‘DO OIAPOQUE

Criador e diretor do Circuito Indomit, oargentino Juan Carlos Asef anunciaum circuito com 20 etapas, cobrindotodo o litoral brasileiro. Precursos damodalidade no Brasil (2009),Asef fala sobre o cenárionacional do trail run esua perspectiva decrescimento

primeiro momento, e continuamos até hoje, o importanteapoio da Prefeitura de Bombinhas, através de diversasSecretarias. Sem isto não seria possível avançar. A partir de2014, com o lançamento da INDOMIT Costa Esmeralda Ultra-Trail®, primeira ultramaratona trail de 100 km no Brasil,somamos o apoio das Prefeituras de Itapema e Porto Belo.Finalmente formamos uma equipe humana de trabalho quecresce ano a ano, e que gera experiência.

Quais foram as principais dificuldades?

A principal dificuldade foi a criação de uma equipe quepermitisse realizar um evento com o nível de segurança eexcelência com que contamos hoje.

O cenário hoje está como você planejou lá atrás?

Sim. A maratona de Bombinhas, Vila do Farol INDOMITBombinhas, se transformou no encontro do trail run nacional.O número de participantes cresceu ano a ano, até chegar acompletar as suas 1.000 vagas em 2013, feito que se repetedesde então. A modalidade trail evoluiu no Brasil inteiro, emparte graças a termos levado nosso know-how a diversosestados através do circuito de 5 Meias Maratonas Trail querealizamos em 2012 e 2013.

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O que ainda precisamos avançar?

Estamos buscando que o esporte seja difundido em todos osestados brasileiros e para tal contamos inclusive com algu-mas facilidades para atletas de cidades mais distantes quequeiram participar dos nossos eventos.Também queremos que cada vez mais atletas do exteriorvenham correr em nosso país e assim possamos mostrar aomundo a evolução desta modalidade no Brasil.Outro ponto que gostaria de destacar é o de que busquemoscada vez mais motivar as comunidades das cidades-sede aparticiparem do evento.

Quais as dificuldades para organizar provas aqui atualmente?

O mais difícil é obter um nível de patrocínio que permitabaixar o valor das inscrições, coisa que cada dia é maiscomplicado, por incrível que pareça, mesmo sendo referênciano setor como é o caso do circuito INDOMIT. Claro que istotem a ver com a delicada situação econômica atual do país.No entanto, estamos otimistas com o futuro.

Prefeituras e órgão públicos atrapalham mais que aju-

dam? Parece que há uma lista extensa de autorizações...

De jeito nenhum atrapalham. As autorizações nos são outor-gadas rapidamente. Talvez, isto tenha a ver com que traba-

lhamos com municípios pequenos. Acredito que possa ser umpouco mais complicado em grande metrópoles. Mas, achoque os tramites no Brasil em geral são muito mais fáceis queem outros países.

Com uma natureza privilegiada o Brasil pode atrair

corredores estrangeiros para estas provas?

Claro. Sabemos deste grande pontecial e por isso estamosmontando um projeto ambicioso, junto aos principaisorganizadores trail do Brasil chamado INDOMIT Brasil Tour.Será uma prova que irá do Oiapoque ao Chui, com vinteetapas através do exuberante litoral brasileiro, com um totalde 800 km de corrida em aproximadamente 8000 km queseparam ambas cidades.

Que lugar ainda sonha realizar uma prova no Brasil?

Muitos! Somente para nomear um: os Lençóis Maranhenses.

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O MEUquintal“Atualmente meu quintal de treinos é a Floresta da Tijuca. Comecei acorrer no final de 2007, mas depois que conheci as provas de trailrun,os treinos em trilhas se tornaram uma rotina e uma paixão também. Lá,o contato com o verde, a natureza, o ar puro, a temperatura maisagradável, combinado com uma variedade incrível de trilhas de todosos tipos e níveis técnicos, faz com que os treinos se tornem puradiversão.A vista que se tem da cidade de alguns pontos mais altos da floresta,como o Pico da Tijuca (1.021m de altura), por exemplo, faz qualqueresforço valer a pena. Normalmente faço esses treinos no fim de sema-na, quando disponho de mais tempo para o deslocamento até lá, eainda ficar treinando em média umas duas horas por trilhas já conheci-das e, sempre que surge uma oportunidade, conhecendo novas trilhascom outros trailrunners.”

Marcos Zamith

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“Comecei a correr para...... me manter longe do tabagismo depois de 22

anos de vício e para poder acompanhar o pique

do meu filho, então com 3 anos.

Continuo correndo por que...... correr se tornou outro vício, mas um vício do

bem. Hoje, correr faz parte do meu negócio. A

corrida me fez mudar de negócio. De publicitário

a empreendedor do ramo de camisetas para

corrida.

Quando estou correndo...... a sensação de bem estar supera qualquer

outra. E quando a descarga de endorfina purifi-

ca corpo e mente o deixa preparado para o dia-

a-dia agitado.

Correr sozinho...... é um bom momento para colocar os planos e

as ideias em dia. Quse sempore as melhores

ideias surgem durante treinos longos e

sollitários.

Um dia de corrida é um dia...... completo.

A corrida faz com que no meu traba-

lho...... eu seja mais produtivo. Aliás, meu trabalho é

relacionado ás corridas.

Sem a corrida minha vida ficaria...... sem graça. Totalmente!

Meu sonho é correr...... a Maratona de Nova York ou Chicago”.

Augusto Verrengia é empresário, tem 43

anos e esto ano, em Buenos Aires, vai

correr sua primeira maratona

e a corridaAUGUSTO VERRENGIA

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Nos dias 17, 18 e 19 de abril, 26triatletas - 24 brasileiros, umcanadense e um norteamericano- vão participar da segundaedição do UB 515, o BrasilUltraTriathlon, no Rio deJaneiro. A prova tem as mesmasdistâncias do Ultraman, alendária competição de triathlonrealizada no Havaí, na Ilha dekailua-Kona, há 30 anos. Emtrês dias os atletas, entre elescinco mulheres vão nadar 10K,pedalar 421K e correr 84,4K.A base da prova será a cidadede Paraty, onde será a natação,a largada e a chegada doprimeiro dia do ciclismo; e alargada do segundo dia dociclismo, cuja chegada será emItaguaí. A corrida no terceiro diaterá largada em Santa Cruz echegada na Praia do Leblon.A ideia de organizar a prova foide dois apaixonados peloevento, o ultraman finisherAlexandre Luna e o maiorvencedor de todos os tempos dacompetição havaiana, Alexandre Ribeiro, que tem seis títulos.“Esse é um projeto que tenho desde 2008, quando fuicompetir no Havaí e me apaixonei pela prova. Agora chegouo momento de trazer esta odisseia para o Brasil, e seráinesquecível!”, diz Luna.Para participar da prova os atletas interessados enviaramseus currículos, que foram avaliados pela organização. Oprocediemnto não é novo, e é utilizado em outras provasimportantes de Ultraman no mundo.“O processo de avaliação das candidaturas, longe de ser

antipático, é necessáriosobretudo para segurança dosatletas. Reunimos o máximo deinformações para estarmosseguros que os candidatospossuem as condições físicas,psicológicas e motivacionaispara submeterem-se a umdesafio que pode ser extremodo ponto de vista físico emental. Neste processoavaliamos os seus currículosesportivos, solicitamos ascomprovações de seusresultados e entrevistamoscada um individualmente.Nosso objetivo principal é vercada atleta cruzar a linha dechegada do terceiro dia emsegurança, feliz e realizadocom a sua conquista”, afirmaLuna.Neste tipo de desafio extremouma característica é marcante,a média de idade acima dos 40anos. No UB515 deste ano,entre os homens esta médiaserá de 43 anos, e entre as

mulheres, 41 anos. Um dos maiores atletas do mundo deultratriathlon, Sergio Cordeiro, estará presente mais uma veze será o mais “veterano” – vamos por assim dizer – com“enxutos” 60 anos de idade. Na outra ponta, a mais jovem detodo evento será Luiza Tobar, com 27 anos.Somando os currículos dos participantes chega-se àimpressionante quantidade de 65 provas com as distânciasUltraman e 229 provas com as distâncias Ironman. Ochamado start list de peso.

UB 515só para ‘casca-grossas’

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Ultras,mas semperder a ternura

janeiro. Treinei poucovolume, meu treinadorsempre me diz quemenos é mais.Certamente fui a quemenos treinei, masconfio no trabalho queestamos fazendo”, cona Lívia.Assim como a amiga Carla Guerra, Lívia teve de fazer algumasescolhas quando decidiu participar de provas longas, como oIronman e agora o Ultraman. Mudou de cidade e optou por umavida mais tranquila, mesmo assim, confessa que ainda é vistacomo louca por alguns amigos e familiares, por conta dovolume de treinos e do perfil das provas de que participa.“Fiz algumas escolhas, como mudar de cidade, que meajudaram bastante. Hoje vivo na região serrana e minha vida émais tranquila. Numa cidade pequena a rotina de trabalho etreino é mais fácil de conciliar. Abri mão de algumas coisas praviver uma vida mais simples e treinar com mais calma. Algunsamigos e familiares me vêem com verdadeira admiração, outrosacham que sou louca (risos). Mas desde que resolvi fazerironman já era assim. A maioria também não entendeexatamente o que vamos fazer e até acho melhor que sejaassim”, diz a atleta, ressaltando que todas as mudanças erenúncias valeram à pena pela realização deste sonho.E na dura rotina de treinos e trabalho, nem mesmo a vaidade eos cuidados com a aparência resistem. Mas perder a ternura,jamais. Mas nem isso é capaz de tirar o foco e, por que nãodizer, o bom humor de Carla Guerra e Lívia Bustamante.“Falta tempo para ir ao salão. Aprendi a fazer minhas unhas,hidrato o cabelo no pedal. Sério, passo creme e vou pra estrada(risos). A pela fica castigada. Sou muito branquinha e tomeimuito sol. Mesmo com FPS 80 me queimei muito. Mas perder aternura, jamais! Acho que nunca fui muito ‘menininha boazinha’,mas tento me manter apresentável”, conta Lívia.Já Carla Guerra confessa que já não tem os mesmos cuidadosque a amiga e reage com uma risada quando o tema é avaidade.“(Risos) Sinceramente, ando pecando com esses cuidados.Minhas unhas e cabelos estão pedindo arrego! Falta tempo!

Cinco mulheres estão inscritas no UB 515, duas são do Rio deJaneiro. Carla Guerra mora na capital e Lívia Bustamante emTeresópolis, Região Serrana. Carla começou a praticar triathlonem 2005 e depois de completar quatro ironmans decidiu sedesafiar e fazer o Ultraman Reino Unido, em 2012.Analista de sistemas, Carla confessa que não foi fácil conciliara puxada rotina de trabalho com a desgastante rotina detreinos para uma prova longa como o UB 515. Emcontrapartida, mesmo um pouco ausente, teve o apoio dafamília e dos amigos.“Para mim foi especialmente difícil. Troquei de emprego há umano e tenho trabalhado muito. Houve dias em que achei quenão ia dar conta de trabalhar e treinar. À noite estou tãocansada que só quero dormir. Mas meus amigos e familiaressabem o quanto eu amo o triathlon e quero fazer essa prova,quase todos me apoiam e não reclamam muito das ausências”,diz a atleta.Responsável pela estratégia de nutrição de Carla Guerra napreparação para o Ultraman do Reino Unido, Lívia Bustamantese inspirou na amiga quando decidiu se inscrever na prova. Anutricionista mora em Teresópolis, só conseguiu fazer doistreinos de ciclismos junto com a amiga e confessa que foi aque menos treinou, mas confia no trabalho que vem fazendocom seu treinador.“Já conhecia a prova e as distâncias, mas só comecei a acharpossível quando vi a Carla fazer. Minha preparação começouno fim de novembro de 2014, mas se intensificou mesmo em

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