brincar rrr
TRANSCRIPT
0
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA
Gabriella Chaves Oliver
A importância do brincar na Educação Infantil
Monografia apresentada como pré-
requisito para conclusão do curso de
Pedagogia, da Universidade Veiga de
Almeida, orientada pelo professor José
Luiz de Paiva Bello.
Rio de Janeiro – 2012
1
Dedico este trabalho à minha família,
em especial a minha mãe que sempre me
incentivou não me deixando desistir.
2
AGRADECIMENTOS
Na elaboração deste trabalho devo meus agradecimentos a:
À Deus por dar-me vida e saúde.
Às professoras Erotides Xavier e Márcia Lins Pereira por aceitarem compor a Banca
Examinadora.
Ao meu mestre e orientador José Luiz de Paiva Bello pelos ensinamentos, paciência,
pelo tempo que disponibilizou para me orientar com tanto carinho, compreensão, apoio e
incentivo. Obrigada Bello!!!
À minha família por estar ao meu lado sempre me dando força nesta jornada
acadêmica.
3
“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste
ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados
enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para
a formação do homem.”
Carlos Drummond de Andrade
4
RESUMO
Este trabalho trata de um assunto primordial para a Educação Infantil - a brincadeira
como proposta pedagógica. O brincar como ferramenta para o desenvolvimento cognitivo,
físico, social, emocional e cultural da criança. O papel do professor como mediador frente às
atividades lúdicas, dirigidas ou livres. A pesquisa tem como ponto de partida o brincar como
uma necessidade da criança para viver. Os pais em muitas situações não compreendem essa
importância e julgam ser apenas passatempo. O papel da escola de promover encontros,
palestras com objetivo de passar conhecimento aos pais sobre as etapas do desenvolvimento
de uma criança a fim de informar e esclarecer as dúvidas. Escola e família precisam ter um
relacionamento de parceria para que a educação aconteça de fato.
Palavras-chave: Educação Infantil, conscientização dos pais, papel da escola.
5
RÉSUMÉ
Ce travail est un sujet fondamental pour l’éducation des jeunes enfants – le jeu comme
une proposition pédagogique. Jouer comme un outil cognitif, physique, social, affectif et
culturel de l'enfant. Le rôle de l'enseignant en tant que médiateur dans le visage d'activités de
loisirs, dirigés ou libres. La recherche a comme point de départ du jeu que le besoin d'un
enfant de vivre. Les parents dans de nombreuses situations ne comprends pas cette importance
et le juge d'être juste un hobby. Le rôle des écoles dans la promotion de réunions,
conférences, afin de transmettre des informations aux parents sur les étapes de développement
d'un enfant dans le but d'informer et de répondre aux questions. École et la famille ont besoin
d'avoir une relation de partenariat pour l'éducation qui se passe réellement.
Mots-clés: éducation de la petite enfance, l'éducation des parents, rôle de l'école.
6
Lista de imagens
Fotografia 1 – Brincadeira coletiva .................................................................................... 10
Fotografia 2 – Brincadeira coletiva .................................................................................... 10
Fotografia 3 – Brincadeira coletiva .................................................................................... 11
Fotografia 4 – Brincadeira coletiva .................................................................................... 12
Fotografia 5 – Brincadeira individual ................................................................................. 13
Fotografia 6 – Brincadeira individual ................................................................................. 14
Fotografia 7 – Brincadeira individual – pintura ................................................................. 15
7
SUMÁRIO
Introdução ..................................................................................................................... 8
1 O que é o brincar? ............................................................................................................ 10
2 Por que se brinca na Educação Infantil? .......................................................................... 14
3 A motivação do brincar e atuação do professor............................................................... 17
3.1 O brincar livre.................................................................................................... 17
3.2 O brincar dirigido............................................................................................... 19
4 O Ambiente escolar para Educação Infantil.......... ........................................................... 20
5 A Importância do entendimento e participação dos pais com a Educação Infantil ......... 23
5.1 Como a escola pode contribuir para a conscientização dos pais? .................... 25
Conclusão ..................................................................................................................... 27
Referências ..................................................................................................................... 30
Apêndice - Categorias observadas na escola ...................................................................... 32
8
Introdução
A questão central deste trabalho é a brincadeira no ambiente da escola para as crianças
da Educação Infantil.
Tenho como objetivo neste trabalho mostrar que sempre uma brincadeira traz um
aprendizado, sendo ela uma atividade dirigida ou livre. E que é preciso que o educador
entenda que seu papel é importante como motivador deste processo educacional. E por fim a
conscientização dos pais, pois são peças fundamentais na vida de seus filhos.
Pude presenciar situações de professores já cansados ou desestimulados não
cumprindo seu papel de educador como, por exemplo, não fazer a rodinha, não sentar pra
contar uma história... coisas que parecem simples, bobas, mas são de extrema importância no
desenvolvimento do aluno. Por isso resolvi buscar este tema na intenção de mostrar a
importância do brincar dentro e fora de sala de aula, e porque acredito que a Educação Infantil
é a base para as demais etapas do processo educacional, formando cidadãos mais preparados,
críticos, capazes de agir e resolver situações problemas.
Entendo que o brincar é muito importante para o desenvolvimento da criança, por isso
a escolha do tema. Através da brincadeira é possível trabalhar o lado motor, cognitivo, social
e emocional do indivíduo.
Na Educação Infantil a criança, por não saber ainda expressar seus desejos através de
palavras ou frases, comunica-se com o corpo e, em uma brincadeira, é possível entendê-la.
Esta é a fase do brincar, de desenvolver a criatividade, a imaginação, do aprendizado de
regras etc..
Diante disto é essencial que a escola tenha profissionais de qualidade, preparados e
que defendam a prática do brincar nas instituições.
Outro ponto importante para o desenvolvimento integral da criança são os pais que,
infelizmente, nem sempre conseguem entender o papel da brincadeira, e julgam ser apenas um
passatempo. Deixam seus filhos na escola por não ter outra opção, às vezes porque trabalham
ou até mesmo por simples lazer.
A metodologia deste trabalho baseou-se no instrumental análise de conteúdo, uma vez
que foram lidos livros, artigos de revistas e sites da internet referentes ao tema trabalhado.
Além disso, foram feitas observações aproveitando do meu trabalho numa escola da Zona Sul
da cidade do Rio de Janeiro. Para efetivar tais observações foram levantadas categorias a
serem observadas, registradas em apêndice a este trabalho.
9
As fotografias utilizadas foram tiradas no meu local de trabalho. Como não houve uma
iniciativa para solicitar autorização de seu uso por parte dos pais das crianças, foram
colocadas uma tarja para não haver identificação dos alunos nem da escola, por motivos
éticos.
No primeiro capítulo procurei definir o que é o brincar e suas principais
características.
No segundo uma explicação do sentido da brincadeira nas salas de aula da Educação
Infantil.
No terceiro coloquei o brincar como peça fundamental para motivar o aluno dentro do
ambiente escolar e o professor como mediador deste processo.
No quarto fiz uma análise de como o ambiente escolar contribui para o aprendizado da
criança.
No quinto uma explicação da importância dos pais terem conhecimento sobre as
etapas do desenvolvimento dos seus filhos e a contribuição da escola.
10
1 O que é o brincar?
Brincar é criar, imaginar, interagir com o outro. A brincadeira não só desenvolve o
lado motor da criança, como promove processos de socialização e descoberta do mundo.
Fotografia 1 – Brincadeira coletiva
Crianças brincam de construir uma árvore para compreensão do meio ambiente.
Brincar é um direito das crianças, através das atividades lúdicas elas exploram o seu
mundo interior, imitam aspectos da vida adulta para compreendê-la.
O brincar tem funções lúdicas e educativas ambos com valor pedagógico. A
brincadeira pode ser livre ou dirigida, mas o importante é que o educador consiga equilibrar
estas funções para que aconteça o aprendizado.
Fotografia 2 – Brincadeira coletiva
Crianças brincam associando as cores com os recipientes.
11
Rir, pular, vibrar, contagiar, chorar, sentir medo, reclamar, entristecer-se faz parte do
processo de aprendizagem. É na brincadeira que os sentimentos, emoções e atitudes irão se
manifestar de forma natural, permitindo assim um desenvolvimento físico, mental, emocional
e social.
Segundo Kishimoto (2001, p. 52 apud SILVA, 2010):
O brincar infantil não é apenas uma brincadeira superficial
desprezível, pois no verdadeiro e profundo brincar, acordam e avivam forças
da fantasia, que, por sua vez, chegam a ter uma ação plasmadora sobre o
cérebro.
Nesse sentido o brincar é o ato de movimentar-se e é de grande importância biológica,
psicológica, social e cultural, pois é através da execução dos movimentos que as pessoas
interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, aprendendo sobre si, seus
limites capacidades e solucionando problemas.
Fotografia 3 – Brincadeira coletiva
Crianças brincam de identificar as partes do corpo através da música.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL, 1998, p.
21 apud CEBALOS; MAZARO, 2011):
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da
identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se
comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado
papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas
brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades
12
importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da
interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais.
Algumas instituições de ensino não valorizam o aprendizado através do lúdico, da
brincadeira. No entanto é primordial que as práticas pedagógicas nas salas de aula envolvam
brincadeiras ou jogos, para que a criança sinta prazer em aprender, como também em ir para a
escola, desenvolvendo assim, o raciocínio lógico, social e cognitivo.
Fotografia 4 – Brincadeira coletiva
Crianças brincam com os blocos lógicos reconhecendo as formas geométricas.
Ensinar por meio de jogos é um caminho para o educador desenvolver aulas
mais interessantes, descontraídas e dinâmicas, podendo competir em
igualdade de condições com os inúmeros recursos a que o aluno tem acesso
fora da escola, despertando ou estimulando sua vontade de freqüentar com
assiduidade a sala de aula e incentivando seu envolvimento no processo
ensino e aprendizagem, já que aprende e se diverte, simultaneamente.
(SILVA, 2004, p. 26 apud PASQUALI et al., 2011).
Na educação infantil o lúdico, as brincadeiras e os jogos facilitam a aprendizagem da
criança, fazendo com que o conhecimento aconteça de forma prazerosa. O brincar pode ter
diversos tipos de estruturação utilizando-se de regras ou não. Há brincadeiras que possuem
regras estabelecidas como Pega-Pega, Esconde-Esconde etc. Mas existem os momentos em
que a criança usa o faz- de- conta para expressar suas emoções criando suas próprias regras
exercitando sua imaginação e explorando as diferentes representações sociais.
13
A brincadeira estimula a criança a desenvolver a atenção, a memória, a autonomia, a
capacidade de resolver problemas, se socializar, desperta a curiosidade e a imaginação, de
maneira prazerosa e como participante ativo do seu processo de aprendizagem.
Fotografia 5 – Brincadeira individual
História:“Os três porquinhos” Criança brinca de ser o porquinho.
Na brincadeira infantil a criança assume e exercita os vários papéis com os
quais interage no cotidiano. Ela brinca, depois, de ser o pai, o cachorro, o
motorista, jogando estes papéis em situações variadas. (OLIVEIRA, 1992:57
apud TELLES.).
Desta maneira, é fundamental o ato de brincar na Educação Infantil, pois além de dar
prazer, a criança aprende a conviver melhor, a interagir no mundo.
14
2 Por que se brinca na Educação Infantil?
A criança desde muito cedo se comunica através de gestos e sons e mais tarde vem
representar determinados papéis nas brincadeiras. Isso faz com que aumente sua imaginação.
Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes,
como a atenção, a imitação, a memória. E amadurecem as capacidades de socialização, por
meio da interação, utilização e experimentação de regras e papéis.
A Educação Infantil é a fase das brincadeiras, é o momento em que as crianças estão
descobrindo o mundo, criando, experimentando.
O brincar dá prazer e para as crianças isto é fundamental, pois através da brincadeira
ela aprende. Para profissionais da educação é essencial que haja uma relação entre os
objetivos que precisam ser alcançados com a forma lúdica de ensinar.
Em algumas situações é possível perceber que o educando só consegue entender um
conceito, chegar ao conhecimento, se este for trabalhado dentro de uma brincadeira. Ao
contrário ele não acompanha e acaba se desinteressando.
O ambiente escolar é um espaço que precisa ser explorado, é importante que o
educador não utilize somente uma sala para ensinar, a criança necessita conhecer espaços
diferentes, sentir o gosto dos alimentos, tocar, visualizar. E em uma brincadeira é possível
trabalhar inúmeros conceitos como as cores, as formas geométricas, dentro/fora,
grande/pequeno, cheio/vazio e outros.
Fotografia 6 – Brincadeira individual
Criança brincando com o bambolê aprendendo o conceito dentro/fora.
15
A Educação Infantil é um processo para uma alfabetização. Através dos jogos de
encaixe, da pintura com o pincel, estão sendo trabalhadas o movimento para a escrita.
Fotografia 7 – Brincadeira individual - pintura
Criança brinca de pintar com o pincel.
Por isto a importância da Educação Infantil, pois com seus mecanismos, suas
ferramentas e suas estratrégias pedagógicas visa à criação de condições para satisfazer as
necessidades básicas da criança, oferecendo-lhe um clima de bem-estar físico, afetivo, social e
intelectual, mediante a proposição de atividades lúdicas que levam a criança a agir com
espontaneidade, estimulando novas descobertas.
A criança, portanto, tende explorar o mundo que a cerca e tirar dele
informações que lhe são necessárias. Nesse processo, o professor deve agir
como interventor e proporciona-lhe o maior número possível de atividades,
materiais e oportunidades de situações para que suas experiências sejam
enriquecedoras, contribuindo para a construção de seu conhecimento. Sua
interação com o meio se faz por intermédio de brincadeiras e jogos, da
manipulação de diferentes materiais, utilizando os próprios sentidos na
descoberta gradual do mundo. (ARANÃO, 2004, p. 16 apud PASQUALI et
al., 2011).
O brincar é a primeira linguagem da criança, a partir das atividades lúdicas é que ela
irá se desenvolver facilitando seu processo de socialização, comunicação, construção de
pensamentos. No primeiro momento a criança brinca sozinha, representando vários papéis,
dando vida aos objetos, atribuindo-lhes sensações e emoções. Aos poucos ela começa a sentir
necessidade de interagir com as outras crianças e a partir disto, a brincadeira começa a se
tornar mais complexa. O educando começa a ter que respeitar a vontade do outro. E assim a
16
brincadeira evolui na sua estruturação, fazendo com que haja uma evolução mental da criança.
As atividades lúdicas não só dão prazer como também prepara o sujeito para viver em
sociedade, impulsiona o indivíduo a buscar soluções para situações de conflitos do dia-dia.
viver de acordo com sua natureza, tratada corretamente, e deixada livre, para
que use todo seu poder. [...] A criança precisa aprender cedo como encontrar
por si mesmo o centro de todos os seus poderes e membros, para agarrar e
pegar com suas próprias mãos, andar com seus próprios pés, encontrar e
observar com seus próprios olhos. (FROEBEL, 1912c, p. 21 apud
FRIEDMANN).
A criança ao brincar desenvolve habilidades físicas, é capaz de respeitar regras,
desperta a vontade de socialização, ajuda no aprendizado e na criatividade. A Educação
Infantil é o “berço” das descobertas, é uma fase em que não podem faltar estímulos. Sendo
assim, o lúdico é a peça essencial no processo ensino–aprendizagem.
17
3 A motivação do brincar e atuação do professor
O brincar é considerado uma atividade social e cultural, este espaço deve ser
construído para e pela criança. É importante que o brincar esteja inserido em um projeto
pedagógico mais amplo da escola. Que a instituição valorize o brincar como uma maneira de
ensinar e não como um “passatempo”.
A escola deve disponibilizar de um espaço adequado para que as crianças possam ter
autonomia no brincar, como por exemplo, estantes baixas com brinquedos coloridos, de
encaixe, fantoches, livros de pano, e etc. Esse ambiente precisa ter bastantes cores que
estimulem o aprendizado da criança.
As instituições devem oferecer as condições necessárias para florescer o lúdico, pois o
brincar é uma forma adequada e que colabora para perceber a criança e estimular o que ela
precisa aprender e desenvolver.
A partir disto é importante que o professor saiba agir e coordenar este local. Este
profissional precisa estar capacitado para direcionar as atividades. O educador deve
considerar as múltiplas possibilidades educativas. Isto significa que o educador tem a
responsabilidade de proporcionar momentos e condições necessárias, contribuindo ao máximo
para desenvolvimento da criança. Ele precisa conscientizar-se que brincando as crianças
recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em
uma atividade interativa e imaginativa.
O professor necessita de um suporte teórico e, acima de tudo, acreditar que a
brincadeira se constitui em ferramentas indispensáveis no processo de desenvolvimento das
qualidades psíquicas, o que possibilitará a aquisição de conhecimentos de forma prazerosa e
adequada ao nível de desenvolvimento dessa etapa da vida.
Utilizar a brincadeira como recurso pedagógico, é tão complexo quanto
desenvolver o trabalho pedagógico em outras áreas de estudo, como
Português, Matemática, Artes, exigindo do educador fundamentação teórico-
prática, clareza de princípios e de finalidades. (LIMA, 2005, p. 158 apud
SOUZA; LIMA).
3.1 O brincar livre
A Educação Infantil tem como principal meio de aprendizagem o lúdico, a fantasia, a
brincadeira. E dentro do ambiente escolar pode-se observar que em alguns momentos estas
brincadeiras são livres, ou seja, o professor não dita uma regra ou objetivos a serem
18
cumpridos. E isto se dá propositalmente, pois é através do brincar livre que é possível saber
algumas preferências da criança, se ela comanda o grupo, se gosta de liderar, ou se é mais
tímida.
A brincadeira livre estimula a capacidade individual da criança, de acordo com a sua
maturidade, faz com que ela busque o porquê das coisas, é o momento de descobertas,
explorar o espaço que ela está inserida. O brincar livre leva a criança a se desenvolver
socialmente por meio da interação.
A maneira como a criança brinca e desenha reflete de maneira implícita na
forma como esta lida com a realidade. Ao mesmo tempo em que se diverte,
constrói laços de amizade, compartilha o funcionamento de um grupo,
aprende a respeitar limites e a ceder para que o outro também se satisfaça. É
um processo constante de construção da consciência de si mesmo e do outro
(OLIVEIRA, 1992 apud SOUZA, 2009).
A rotina na Educação Infantil tem uma sequência das diversas atividades do dia-dia de
uma criança, como o horário de chegada, a alimentação, a higiene, o repouso, as brincadeiras
como o faz-de-conta, os jogos imitativos e motores, de exploração de materiais gráficos e
plásticos, os livros de história, entre outras.
A criança precisa de regras para conseguir se organizar, mas os momentos livres são
importantes para seu desenvolvimento cultural e social. Não existe na criança um jogo
natural, portanto: “[...] a brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a
brincar.” (BROUGÉRE, 1989, p. 39 apud WAJSKOP, 1999, p. 29).
Sabe-se que a criança através da brincadeira se expressa, conhece o mundo,
desenvolvendo capacidades e habilidades. Mas o que se observa é que o brincar livremente
vem diminuindo por conta de uma sociedade conturbada, em que a mídia vem substituindo
esse espaço da fantasia e do lúdico.
Diante deste quadro, algumas instituições de ensino procuram não deixar que
momentos importantes como o da brincadeira se percam. Isto porque alguns educadores
considera o brincar essencial para o desenvolvimento social, motor, psicológico e cultural da
criança.
"A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo,
por isso, indispensável à prática educativa." (PIAGET apud AZEVEDO, p. 12).
Na Educação Infantil a prática pedagógica e a brincadeira precisam caminhar juntas,
só assim o aprendizado terá um significado para a criança.
19
3.2 O Brincar dirigido
O brincar dirigido sempre terá uma regra, um ponto de partida. É uma ferramenta
pedagógica que irá proporcionar uma troca de conhecimento entre educadores e educando.
Pode-se observar através de uma atividade dirigida se a criança tem a capacidade de
organizar seu pensamento, o nível de concentração, e se dentro das regras impostas consegue
resolver situações problemas. Com isto estará desenvolvendo seu raciocínio lógico, a
memorização e a capacidade de observação.
“Brincar é muito importante, pois enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da
criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos necessários ao seu crescimento”
(BETTELHEIM apud MALUF, 2003, p. 19).
O brincar dirigido é importante tanto quanto o brincar livre. Através dele a criança
desenvolve habilidades específicas como: percepção, atenção, concentração, identificar a voz
de comando, etc.
Dirigir uma atividade é colocar condições e regras para serem cumpridas. E dentro de
cada brincadeira existem conteúdos e objetivos a serem alcançados.
Por meio do brincar dirigido as crianças têm uma outra dimensão e uma
nova variedade de possibilidades estendendo-se a um relativo domínio
dentro daquela área ou atividade. (MOYLES, 2002, 33).
No ambiente escolar os educadores tem dificuldade em ensinar através de uma
brincadeira dirigida, isto porque falta conhecimento por parte dos professores quanto aos
objetivos para aquela faixa etária e um planejamento de aula. Ensinar através das atividades
dirigidas requer comprometimento e dedicação do corpo docente.
Quando há interesse, há aprendizado. Mas é necessário que o professor busque
alternativas e estratégias que estimulem a criança. A brincadeira infantil em algumas situações
precisa da participação do educador para ouvir, observar, perguntar enfim atuar como
facilitador da aprendizagem. "É o prazer de estudar, de investigar, de perguntar que faz da
educação uma coisa bonita, gostosa, brinquedo, feito empinar pipa". (ALVES, 1984, p. 191).
O brincar dirigido proporciona para Educação Infantil uma das maneiras de avaliar a
criança e ao professor um suporte para o processo aprendizagem.
20
4 O Ambiente escolar para Educação Infantil
A fase da Educação Infantil é o início da vida escolar de uma criança, é um mundo
desconhecido em que ela irá desenvolver a parte cognitiva, motora, psicológica, social e
cultural. Mas para que aconteça o processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem o
indivíduo tem que explorar este ambiente, por isto é importante que, seja um espaço limpo,
com cores vivas, com brinquedos atrativos etc..
Lápis e papel é importante, essencial dentro de uma escola, mas quando se trata de
educação infantil é preciso de algo a mais, algo que seja prazeroso, envolvente. Por isto o
lúdico é indispensável no ambiente escolar.
[...] prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma
intensa e total, criando um clima de entusiasmo. E este aspecto de
envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor
motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. [...] As
atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva,
motora e cognitiva. [...]. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age,
sente, pensa, aprende e se desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23 apud
FELTRIN, 2010).
Ninguém quer deixar seu filho em um local que transmita insegurança, desconfiança.
Existem crianças que passam a maior parte do tempo dentro da escola, fazem suas refeições
diárias, sua higiene, ou seja, é importante que seja um local seguro, saudável, atrativo e
acolhedor.
Para qualquer ser vivo, o espaço é vital, não apenas para a sobrevivência,
mas sobretudo para o seu desenvolvimento. Para o ser humano, o espaço,
além de ser um elemento potencialmente mensurável, é o lugar de
reconhecimento de si e dos outros, porque é no espaço que ele se
movimenta, realiza atividades, estabelece relações sociais. (LIMA, 1995, p.
187 apud SOUZA; LIMA).
O espaço, a estrutura física, os objetos disponíveis dentro da escola atuam como
facilitadores da aprendizagem. Por isso a importância das salas de aula serem arejadas, com
um espaço adequado para a quantidade de crianças, os brinquedos estarem ao alcance do
educando para que consiga manuseá-los livremente. Este ambiente precisa ser atrativo, com
cores vivas que atraem as crianças e estimule ao aprendizado. Sendo assim as trocas de
saberes acontecerão naturalmente através das diversas linguagens sejam elas:oral, corporal,
gestual, musical retratando a realidade de cada um.
21
É nesse meio que, ao estender a mão em busca do objeto, ela [a criança]
adquire a noção de distância; é nele que a mãe aparece e desaparece,
desligada do seu corpo; é ainda nele que exercita o seu domínio, equilibra-
se, caminha e corre. [...] É num espaço físico que a criança estabelece a
relação com o mundo e com as pessoas. (LIMA, 1989, p. 13).
A necessidade do ambiente escolar ser um espaço de qualidade, impulsiona a ter um
olhar diferenciado, tendo a preocupação de adequar sua estrutura de acordo com as fases de
desenvolvimento, de cada faixa etária. Por exemplo, nas salas de educação infantil os
brinquedos devem estar em estantes baixas para que as crianças possam manuseá-los, salas
amplas para que elas consigam se movimentar, área livre com jardins para que a criança possa
tocar, sentir a textura das plantas etc. São fatores que contribuem para a aprendizagem do
educando.
A criança precisa de estímulos tanto dos adultos, como do espaço físico. O
desconhecido para alguns indivíduos desperta curiosidade, mas para outros faz sentir medo, e
para a criança da educação infantil o novo, no primeiro momento assusta, e ao chegar numa
escola terá que passar por uma fase de adaptação ao ambiente e com as pessoas que as cerca.
Por isto a importância do ambiente escolar não só ter uma estrutura física adequada como
também profissionais da educação envolvidos e comprometidos com o ato de educar.
Assim que a criança nasce seu primeiro grupo social é a família e o segundo a escola.
É interessante observar que cada indivíduo chega à instituição trazendo uma “bagagem”
cultural, seu modo de vestir, a maneira de falar, de agir etc. e é neste cenário que a escola é
essencial para que o sujeito se desenvolva e troque experiências. Mas será que as instituições
de ensino realmente cumprem com o seu papel de incentivadora do aprendizado coletivo?
Será que estão abertas às mudanças? Ou será que os projetos pedagógicos apenas ficam no
papel? Até que ponto esse método contribui para a educação? É “engessando” o indivíduo em
sua fase escolar que ele será um cidadão, cumpridor dos seus deveres?
As regras são importantes para que a criança aprenda a se relacionar, respeitando umas
às outras, por isso elas tem que existir. Mas nem sempre estas regras são impostas de maneira
adequada dentro das instituições. Os cargos superiores usam do autoritarismo para ditar as
normas, sem se preocupar com a prática pedagógica para que o indivíduo possa compreender
os ensinamentos. Segundo Freire (1979), a ação docente é a base de uma boa formação
escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante. O educando passa anos
dentro de uma instituição para completar sua vida escolar e é dentro deste ambiente que ela
irá absorver costumes e valores. A preocupação precisa estar em desenvolver no aluno suas
22
capacidades cognitivas e habilidades, mas também fazer do sujeito um ser pensante,
questionador, formador de opiniões para que saiba agir em sociedade.
A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um
amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se
preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si e do mundo e
que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e
uma sociedade melhor. (ALMEIDA, 1987, p. 195 apud SOUZA).
O ambiente escolar envolve não só a estrutura física como também professores,
alunos, gestores e funcionários, ou seja, é o lugar de gente. É o espaço em que há trocas de
culturas e saberes a todo instante. É fundamental que haja uma sinergia entre as pessoas, e que
o foco seja em prol da educação.
23
5 A Importância do entendimento e participação dos pais com a Educação Infantil
A educação infantil é a base para o desenvolvimento cognitivo e social da criança. É a
etapa onde as fantasias estão afloradas, em que o lúdico está presente, nas mais diversas
atividades contribuindo para o ensino – aprendizagem.
A criança aprende brincando, a brincadeira faz parte da infância, assim como
precisamos comer, beber, fazer a higiene pessoal para viver, da mesma maneira a criança
precisa brincar para se desenvolver.
Diante deste fato, que o brincar é essencial para o aprendizado na fase da educação
infantil, muitos pais não acreditam que isto seja uma verdade. A educação não acontece
sozinha, precisa de recursos, uma equipe com profissionais capacitados e principalmente a
participação dos pais.
A família é muito importante na vida escolar do educando, podendo inibir ou despertar
a vontade de aprender. E cabe a ela, junto com a escola incentivar, participar e se envolver
para contribuir efetivamente com o processo aprendizagem dos seus filhos.
O fato de a educação infantil ser uma fase onde se aprende brincando, não quer dizer
que seja um simples “passatempo”. O lúdico, as brincadeiras, o brinquedo e os jogos atuam
como facilitadores da aprendizagem.
Apenas brincando
Anita Wadley
Quando estou construindo com blocos no quarto de brinquedos,
Por favor, não diga que estou apenas brincando,
Porque enquanto brinco, estou aprendendo sobre equilíbrio e formas.
Quando estou me fantasiando,
Arrumando a mesa e cuidando das bonecas.
Por favor, não me deixe ouvir você dizer ele está apenas brincando.
Porque enquanto eu brinco, eu aprendo.
Eu posso ser mãe ou pai algum dia.
Quando estou pintando até os cotovelos,
Ou de pé diante do cavalete, ou modelando argila,
Por favor, não diga que estou apenas brincando,
Porque enquanto eu brinco, eu aprendo.
Estou expressando e criando
24
Eu posso ser artista ou inventor algum dia.
Quando estou entretido com um quebra-cabeça ou com algum brinquedo na escola,
Por favor, não sinta que é um tempo perdido com brincadeiras.
Porque enquanto brinco, estou aprendendo.
Estou aprendendo a me concentrar e resolver problemas.
Eu posso estar numa empresa algum dia.
Quando você me vê aprendendo, cozinhando ou experimentando alimentos.
Por favor, não pense que porque me divirto, é apenas uma brincadeira.
Eu estou aprendendo a seguir instruções e perceber as diferenças.
Eu posso ser um chefe algum dia.
Quando você me vê aprendendo a pular, saltar, correr e movimentar meu corpo.
Por favor, não diga que estou apenas brincando.
Eu estou aprendendo como meu corpo funciona.
Eu posso ser um médico, enfermeiro ou um atleta algum dia.
Quando você me pergunta o que fiz na escola hoje.
E eu digo: eu brinquei.
Por favor, não me entenda mal.
Por que enquanto eu brinco, estou aprendendo.
Estou aprendendo a ter prazer e ser bem sucedido no trabalho.
Eu estou me preparando para o amanhã.
Hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar. (WADLEY, 2009).
Diante deste poema de Anita Wadley é possível observar a importância do brincar. A
criança na fase da educação infantil está experimentando tudo que tem ao seu redor, e as
aprendizagens começam através do próprio corpo, no qual ele ainda não conhece, não possui
a noção de tempo, espaço, lateralidade. Por isto a necessidade de estar mudando as atividades
do dia, usando materiais didáticos diversificados como jogos, fantoches, a pintura etc.
O movimento ajuda a criança a construir conhecimento do mundo que a
rodeia, pois é através das sensações e percepções que ela interage com a
natureza. É através de sua ação no meio ambiente que a criança pode
formular os primeiros conceitos lógico matemáticos, pois o sentido de tempo
e espaço é construído primeiramente no corpo, corpo este que media a
aprendizagem. Assim, brincando com seu corpo a criança vai construindo
diferentes noções. (OLIVEIRA, 1997, p. 34 apud LIMA).
Quando a criança é estimulada em casa o aprender para ela se torna mais prazeroso e a
escola passa a ser um ambiente agradável. O educador percebe quando o aluno tem uma
família presente e disposta a se envolver com a educação. Para se alcançar os objetivos
25
pedagógicos é importante esta troca entre família e escola, caso contrário, o aprender se torna
cansativo e o ensinar deixa a desejar.
Cada fase tem sua característica e objetivos a serem alcançados. E na educação infantil
o aprendizado se dá através do lúdico e das brincadeiras, sendo estas pautadas em
fundamentos teóricos e em uma metodologia adequada para cada faixa etária. Por isto a
participação do professor neste ambiente lúdico é essencial, ele será um incentivador e
mediador das atividades, e quando necessário irá intervir no processo ensino-aprendizagem.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL,
1998, p. 23 apud FANTACHOLI, 2011):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e
aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e
estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança,
e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade
social e cultural.
Brincar é coisa séria, não é somente uma recreação ou passatempo. É importante
existir um olhar diferenciado dos adultos diante das brincadeiras e perguntar a si mesmo
sempre que existir uma dúvida, o porquê de estar aplicando determinada atividade para aquele
público alvo, qual conteúdo está sendo trabalhado através deste jogo? Quais capacidades ou
habilidades se desenvolvem com esta brincadeira? Como disse o poeta Carlos Drummond de
Andrade: "Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas mais
triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação
humana."
5.1 Como a escola pode contribuir para a conscientização dos pais?
A participação dos pais na escola é importante para o crescimento integral da criança.
Mas o que pode ser observado dentro das instituições são pais descompromissados e sem
tempo. Colocam seus filhos em todas as aulas extras possíveis durante a semana, dando à
criança uma carga horária muito grande de atividades. Quando é solicitado para uma reunião
com a equipe pedagógica, para tratar dos assuntos referentes ao educando, não comparece.
Deste modo a educação deixa a desejar, onde o maior prejudicado é o aluno.
A escola precisa criar projetos para a conscientização dos pais, palestras com
pedagogos, psicopedagogos, psicólogos. Fazer reuniões de pais focadas no ensino,
26
apresentando práticas pedagógicas e tirando dúvidas, marcar encontros em horários
convenientes aos pais.
As instituições buscam famílias ativas e compromissadas e reclamam de pais passivos
e ausentes. Mas será que a escola tem se preocupado em aproximar essas famílias?O método
utilizado por gestores, diretores, pedagogos tem contribuído para esta relação?
Essa atuação dos pais ainda é bem rara, de acordo com os resultados de
pesquisa realizada no ano passado pelo Observatório do Universo Escolar. A
instituição, um braço do Instituto La Fabbrica do Brasil, parceira do
Ministério da Educação, ouviu mais de 100 pais e educadores da rede
pública e privada de todo país e constatou que só 13% das escolas públicas
mantêm um relacionamento próximo com a família. Por outro lado, 43,7%
dos pais de alunos da rede pública acreditam que, se fossem promovidos
mais encontros e palestras interessantes, haveria maior integração com a
escola. (BENCINI, 2003).
Os pais precisam conhecer o método da escola para que haja um entendimento das
atividades propostas pelos professores em sala de aula, saber os objetivos da proposta
pedagógica e os meios para atingi-los. Para isto é necessário uma relação dialógica entre
família e escola. As reuniões, palestras, oficinas organizadas pela escola deveriam ser
consultadas aos pais sobre seus interesses. Não adianta promover eventos internos para as
famílias se não forem assuntos de interesse por parte deles, e horários adequados. O resultado
serão salas com cadeiras vazias.
É importante a escola ouvir os pais e não intimidá-los, ouvindo suas queixas e
sugestões para que assim se desenvolva um relacionamento de cumplicidade. Quando a
criança percebe que existe esta aliança entre a escola e os pais, consequentemente se sente
mais segura. É papel da escola criar movimentos que despertem interesse dos pais e alunos,
como por exemplo as festas e as comemorações, feiras culturais, e etc.
uma das melhores formas de se atingir a família é através dos próprios
filhos; daí a relevância da escola desenvolver um trabalho participativo,
significativo, em que realmente o aluno se envolva e entenda o que está
sendo proposto para ele. Desta maneira, o próprio filho terá argumentos para
ajudar os pais a compreender, a proposta da escola. (VASCONCELOS,
1989, p. 80 apud SOARES).
Os pais precisam fazer parte do processo educacional dos seus filhos. A escola tem o
dever de influenciar positivamente seus alunos e família para uma interação e colaboração no
ambiente escolar.
27
Conclusão
Através desta pesquisa entendemos que o brincar envolve inúmeros aspectos de
desenvolvimento do educando, sendo eles físico, afetivo, cognitivo e social. Neste sentido é
fundamental que a escola, pais e professores estejam comprometidos com a educação.
As escolas devem proporcionar um espaço harmonioso que atenda a ludicidade
necessária à faixa de idade da Educação Infantil. Nas minhas observações na escola pude
perceber que nem sempre esse espaço é satisfatório. As salas pequenas para a quantidade de
alunos, o que não só dificultava a movimentação deles como os deixavam estressados,
agitados. Brinquedos faltando peças ou quebrados. Muitas vezes para eu conseguir em uma
aula transmitir o conhecimento de forma lúdica, precisei levar recurso de casa ou até mesmo
comprar. Senti muita falta dos materiais pedagógicos para que os alunos pudessem visualizar,
tocar, apertar etc..
Acredito que o espaço escolar é o cartão de visita de uma escola, precisa passar
credibilidade aos pais e familiares. É essencial que este ambiente seja prazeroso e harmonioso
para que a criança se envolva no processo ensino-aprendizagem de maneira a se desenvolver
plenamente, satisfazendo todas as suas expectativas, todos os seus anseios, enfim toda sua
vontade de aprender, para interagir no mundo como cidadão.
Sabendo que a finalidade da Educação Infantil tem como objetivo o desenvolvimento
integral da criança, entende-se que ela seja a base para as demais etapas do processo
educacional, e que toda sua proposta pedagógica deve estar direcionada às experiências e às
vivências do educando, viabilizando assim a formação do indivíduo.
Nas oportunidades que tive, pude observar que dentro das instituições são postas
muitas regras para as crianças, como por exemplo, não poder usar a cor do tênis desejada, não
usar bonés, ter que usar a meia da cor determinada, etc. Acreditando que o ambiente escolar é
um espaço de aprendizado constante, e que a criança é um ser integral, devemos conforme
apresentado, respeitar suas características afetivas, cognitivas, sociais, físicas, cultural, para
que consigamos desenvolver o máximo de suas possibilidades.
As regras devem existir, mas junto delas é preciso que haja uma ação pedagógica para
que a criança reflita e assim chegue ao entendimento.
Na minha vivência em espaço escolar tive contato com alguns pais e familiares, o que
me levou a pesquisar e refletir sobre o assunto.
E o que pude perceber é que há um desinteresse e falta de compromisso por parte dos
responsáveis.
28
Todos os dias, ao receber as crianças na sala para dar início a aula, era comum ouvir
dos pais “eu perguntei o que ele fez na escola ontem, ele me respondeu que brincou” e a fala
era acompanhada de risos. Pais que sequer sabiam das datas, comemorações e festas. O
horário da entrada também era outro fator que mostrava esta distorção: alunos que chegavam
atrasados, perdendo coisas importantes como a rodinha, a conversa entre os amigos e
professores etc.. Outro caso muito comum também é a criança que falta e depois conta que o
motivo da sua ausência foi por ter ido à praia com a mãe. O resultado disto são crianças
desestimuladas com o estudo: para que ir a escola, se eu posso ir à praia? É assim que a
criança pensa, se ela tem a opção de não ir para a escola ela irá escolher não ir.
É importante que os responsáveis tenham o conhecimento a respeito das fases de
desenvolvimento dos seus filhos, só assim o processo educacional terá eficácia em seus
resultados. E o julgamento que muitos pais fazem sobre a Educação Infantil, dizendo que é
uma etapa que não passa de “passatempos” acabaria ou ao menos diminuiria.
A escola deve promover encontros com os pais através de palestras com pedagogos,
psicólogos, psicopedagogos, para que as famílias tirem dúvidas sobre o desenvolvimento da
criança. Os encontros devem ocorrer em horários em que os pais possam comparecer, e que
sejam abordados temas de interesse dos mesmos.
Como foi apresentado nesta pesquisa o brincar é coisa séria, sendo assim é
fundamental o papel do professor como mediador deste processo ensino- aprendizagem.
Um verdadeiro professor mediador precisa ter competência acadêmica quanto a
psicologia do desenvolvimento humano, conhecer diferentes metodologia didática, ser um
incansável pesquisador para estar criando, inovando e contextualizando com a atualidade.
O educador deve estar comprometido com os princípios éticos, políticos e estéticos da
educação. As atividades pedagógicas precisam ter fundamentos e objetivos a serem
alcançados.
O brincar livre e o brincar dirigido contribuem para o aprendizado. A criança até
mesmo em uma atividade livre está aprendendo a criar, montar, desmontar, encaixar, etc. É o
momento em que o educador precisa estar atento, observar e fazer anotações se for preciso,
porque dentro da atividade livre é possível identificar a criança mais tímida, a líder, a que tem
dificuldades de se socializar, e outros.
Não basta apenas deixar as crianças brincarem, é importante que em alguns momentos,
esta brincadeira seja direcionada para que ampliem suas capacidades dos conhecimentos
necessários ao seu pleno desenvolvimento.
29
A Educação Infantil deve se preocupar em desenvolver habilidades e capacidades do
educando, levando o sujeito, envolvido no processo educacional, a buscar realizações nos
vários aspectos sociais, econômicos, político, cognitivo e emocional, para que seja capaz de
ser membro da sociedade, com possibilidades, inclusive de transformá-la.
30
Referências
ALVES, Rubem A.. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1984.
AZEVEDO, Lindaura Morais. Ludicidade: o jogo como motivação para estimular o
desenvolvimento infantil. Falnatal. Disponível em:
<http://webserver.falnatal.com.br/revista_nova/a5_v2/artigo_9.pdf>. Acesso em: 21 mar.
2012.
BENCINI, Roberta. Como atrair os pais para a escola.Nova Escola, out. 2003. Disponível
em: <http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/como-atrair-pais-escola-
423311.shtml>. Acesso em: 23 jan. 2012.
CEBALOS, Najara Moreira; MAZARO Renata Arantes. Atividade lúdica como meio de
desenvolvimento infantil. EFDeportes.com, novembro de 2011. Disponível em:
<http://www.efdeportes.com/efd162/atividade-ludica-como-meio-de-desenvolvimento.htm/>.
Acesso em: 18 fev. 2012.
ELALI, Gleice Azambuja. O ambiente da escola: o ambiente na escola: uma discussão sobre a
relação escola–natureza em educação infantil. Estudos de Psicologia, Natal, v. 2, n. 8, p. 309-
319, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v8n2/19047.pdf>. Acesso em: 08
fev. 2012.
FANTACHOLI, Fabiane das Neves. O brincar na educação infantil: jogos, brinquedos e
brincadeiras - um olhar psicopedagógico. Revista Científica Aprender, 5. ed. dez. 2011.
Disponível em: <http://revista.fundacaoaprender.org.br/index.php?id=148>. Acesso em: 02
abril.2012.
FELTRIN, Daniela. Educação Infantil: o lúdico como ferramenta de ensino-aprendizagem.
Artigonal, 12 set. 2010. Disponível em: <http://www.artigonal.com/educacao-infantil-
artigos/educacao-infantil-o-ludico-como-ferramenta-de-ensino-aprendizagem-3252307.html>.
Acesso em: 22 jan.2012.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FRIEDMANN, Adriana. A importância do brincar na educação infantil. Portal Cultura
Infância, Disponível em:
<http://www.culturainfancia.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id
=1571:a-importancia-do-brincar-na-educacao-infantil&catid=61:pedagogia&Itemid=79>.
Acesso em: 15 mar. 2012.
LABORATÓRIO DE BRINQUEDOS E MATERIAIS PEDAGÓGICOS - LABRIMP.
Reflexões sobre o brinquedo e a brincadeira na educação infantil através de diálogos com
Gilles Brougére. LABRIMP. Disponível em:
<http://www.labrimp.fe.usp.br/index.php?action=artigo&id=4>. Acesso em: 05 fev. 2012.
LIMA, Jaqueline da Silva. A importância do brincar e do brinquedo para crianças de três a
quatro anos na educação infantil. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/edinf01.htm>. Acesso em: 11 maio 2012.
31
MIRANDA, Elaine Cristina de Freitas, GOMES, Leda. Ambiente escolar e aprendizagem na
visão de pais e alunos do ensino fundamental. Boletim de Iniciação Científica em
Psicologia, v. 1, n. 3, p. 53-73, 2002. Disponível em:
<http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/Cursos/Psicologia/boletins/3/4__ambi
ente_escolar_e_aprendizagem.pdf>. Acesso em:13 mar. 2012.
MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Tradução: Maria
Adriana Veronese. Porto Alegre: Artmed, 2002.
PASQUALI, Genessi de Fátima; LAVISON, Claucimera Curmelatto; MACHADO, Rosimeri
Lazaretti Bastos A importância dos Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil. Slideshare, 02
jun. 2011. Disponível em: <http://www.slideshare.net/cefaprodematupa/artigo-cientifico-
aimportanciadosjogosebrincadeirasnaei>. Acesso em: 19 fev. 2012.
SANTOS, Juliana Rocha R A importância do brincar para a aprendizagem e o
desenvolvimento da criança. Webartigos, 01 ago. 2009. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-do-brincar-para-a-aprendizagem-e-o-
desenvolvimento-da-crianca/22309/>. Acesso em: 07 abr. 2012.
SILVA, Aline Gomes Fernandes da. Jogos e brincadeiras na escola. Webartigos, 18 mar.
2010. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/jogos-e-brincadeiras-na-
escola/34559/>. Acesso em: 27 jan. 2012.
SOARES, Jiane Martins. Família e escola: parceiras no processo educacional da criança.
Planeta Educacao. Disponível em:
<http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imagens/artigos/educacaoetecnologia/ARTIGO-
FAMILIA-ESCOLA-.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2012.
SOUZA, Natálya Camargo de Souza; LIMA, José Milton de Lima. O professor como
mediador da brincadeira no processo de desenvolvimento do pré-escolar. Faculdade de
Ciências e Tecnologia – UNESP. Campus de Presidente Prudente. Disponível em:
<http://prope.unesp.br/xxi_cic/99_32519542888.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2012
SOUZA, Laura Leyde. O lúdico: aprender brincando na educação infantil. Net saber
ARTIGOS. Disponível em:
<http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_22229/artigo_sobre_o_l%C3%9Adico:_aprend
er_brincando_na_educa%C3%87%C3%83o_infantil>. Acesso em: 24 fev. 2012.
TELLES, Cristina. Jogos e brincadeiras de faz-de-conta no processo pedagógico. Net saber
ARTIGOS. Disponível em:
<http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_13387/artigo_sobre_jogos_e_brincadeiras_de_
faz-de-conta_no_processo_pedagogico>. Acesso em: 06 abr. 2012.
WADLEY, Anita. Apenas brincando. Infantilidades, 29 jun. 2009. Disponível em:
<http://infantilidades.wordpress.com/2009/06/29/apenas-brincando/>. Acesso em: 17 mar.
2012.
32
Apêndice
Categorias observadas na escola
Para realizar a observação na escola levantei as seguintes categorias:
- Adequação de estrutura física.
- Falta de recursos pedagógicos.
- Regras impostas ao espaço escolar.
- Pais descompromissados com a aprendizagem dos seus filhos.
Para referência desta página:
OLIVER, Gabriella Chaves. A importância do brincar na Educação Infantil. Rio de Janeiro,
2012. 33 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Faculdade de
Pedagogia, Universidade Veiga de Almeida, 2012. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2012.
Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/>. Acesso em: dia mês ano.