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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA UVA Gabriella Chaves Oliver A importância do brincar na Educação Infantil Monografia apresentada como pré- requisito para conclusão do curso de Pedagogia, da Universidade Veiga de Almeida, orientada pelo professor José Luiz de Paiva Bello. Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA

Gabriella Chaves Oliver

A importância do brincar na Educação Infantil

Monografia apresentada como pré-

requisito para conclusão do curso de

Pedagogia, da Universidade Veiga de

Almeida, orientada pelo professor José

Luiz de Paiva Bello.

Rio de Janeiro – 2012

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1

Dedico este trabalho à minha família,

em especial a minha mãe que sempre me

incentivou não me deixando desistir.

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2

AGRADECIMENTOS

Na elaboração deste trabalho devo meus agradecimentos a:

À Deus por dar-me vida e saúde.

Às professoras Erotides Xavier e Márcia Lins Pereira por aceitarem compor a Banca

Examinadora.

Ao meu mestre e orientador José Luiz de Paiva Bello pelos ensinamentos, paciência,

pelo tempo que disponibilizou para me orientar com tanto carinho, compreensão, apoio e

incentivo. Obrigada Bello!!!

À minha família por estar ao meu lado sempre me dando força nesta jornada

acadêmica.

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3

“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste

ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados

enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para

a formação do homem.”

Carlos Drummond de Andrade

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4

RESUMO

Este trabalho trata de um assunto primordial para a Educação Infantil - a brincadeira

como proposta pedagógica. O brincar como ferramenta para o desenvolvimento cognitivo,

físico, social, emocional e cultural da criança. O papel do professor como mediador frente às

atividades lúdicas, dirigidas ou livres. A pesquisa tem como ponto de partida o brincar como

uma necessidade da criança para viver. Os pais em muitas situações não compreendem essa

importância e julgam ser apenas passatempo. O papel da escola de promover encontros,

palestras com objetivo de passar conhecimento aos pais sobre as etapas do desenvolvimento

de uma criança a fim de informar e esclarecer as dúvidas. Escola e família precisam ter um

relacionamento de parceria para que a educação aconteça de fato.

Palavras-chave: Educação Infantil, conscientização dos pais, papel da escola.

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5

RÉSUMÉ

Ce travail est un sujet fondamental pour l’éducation des jeunes enfants – le jeu comme

une proposition pédagogique. Jouer comme un outil cognitif, physique, social, affectif et

culturel de l'enfant. Le rôle de l'enseignant en tant que médiateur dans le visage d'activités de

loisirs, dirigés ou libres. La recherche a comme point de départ du jeu que le besoin d'un

enfant de vivre. Les parents dans de nombreuses situations ne comprends pas cette importance

et le juge d'être juste un hobby. Le rôle des écoles dans la promotion de réunions,

conférences, afin de transmettre des informations aux parents sur les étapes de développement

d'un enfant dans le but d'informer et de répondre aux questions. École et la famille ont besoin

d'avoir une relation de partenariat pour l'éducation qui se passe réellement.

Mots-clés: éducation de la petite enfance, l'éducation des parents, rôle de l'école.

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Lista de imagens

Fotografia 1 – Brincadeira coletiva .................................................................................... 10

Fotografia 2 – Brincadeira coletiva .................................................................................... 10

Fotografia 3 – Brincadeira coletiva .................................................................................... 11

Fotografia 4 – Brincadeira coletiva .................................................................................... 12

Fotografia 5 – Brincadeira individual ................................................................................. 13

Fotografia 6 – Brincadeira individual ................................................................................. 14

Fotografia 7 – Brincadeira individual – pintura ................................................................. 15

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SUMÁRIO

Introdução ..................................................................................................................... 8

1 O que é o brincar? ............................................................................................................ 10

2 Por que se brinca na Educação Infantil? .......................................................................... 14

3 A motivação do brincar e atuação do professor............................................................... 17

3.1 O brincar livre.................................................................................................... 17

3.2 O brincar dirigido............................................................................................... 19

4 O Ambiente escolar para Educação Infantil.......... ........................................................... 20

5 A Importância do entendimento e participação dos pais com a Educação Infantil ......... 23

5.1 Como a escola pode contribuir para a conscientização dos pais? .................... 25

Conclusão ..................................................................................................................... 27

Referências ..................................................................................................................... 30

Apêndice - Categorias observadas na escola ...................................................................... 32

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Introdução

A questão central deste trabalho é a brincadeira no ambiente da escola para as crianças

da Educação Infantil.

Tenho como objetivo neste trabalho mostrar que sempre uma brincadeira traz um

aprendizado, sendo ela uma atividade dirigida ou livre. E que é preciso que o educador

entenda que seu papel é importante como motivador deste processo educacional. E por fim a

conscientização dos pais, pois são peças fundamentais na vida de seus filhos.

Pude presenciar situações de professores já cansados ou desestimulados não

cumprindo seu papel de educador como, por exemplo, não fazer a rodinha, não sentar pra

contar uma história... coisas que parecem simples, bobas, mas são de extrema importância no

desenvolvimento do aluno. Por isso resolvi buscar este tema na intenção de mostrar a

importância do brincar dentro e fora de sala de aula, e porque acredito que a Educação Infantil

é a base para as demais etapas do processo educacional, formando cidadãos mais preparados,

críticos, capazes de agir e resolver situações problemas.

Entendo que o brincar é muito importante para o desenvolvimento da criança, por isso

a escolha do tema. Através da brincadeira é possível trabalhar o lado motor, cognitivo, social

e emocional do indivíduo.

Na Educação Infantil a criança, por não saber ainda expressar seus desejos através de

palavras ou frases, comunica-se com o corpo e, em uma brincadeira, é possível entendê-la.

Esta é a fase do brincar, de desenvolver a criatividade, a imaginação, do aprendizado de

regras etc..

Diante disto é essencial que a escola tenha profissionais de qualidade, preparados e

que defendam a prática do brincar nas instituições.

Outro ponto importante para o desenvolvimento integral da criança são os pais que,

infelizmente, nem sempre conseguem entender o papel da brincadeira, e julgam ser apenas um

passatempo. Deixam seus filhos na escola por não ter outra opção, às vezes porque trabalham

ou até mesmo por simples lazer.

A metodologia deste trabalho baseou-se no instrumental análise de conteúdo, uma vez

que foram lidos livros, artigos de revistas e sites da internet referentes ao tema trabalhado.

Além disso, foram feitas observações aproveitando do meu trabalho numa escola da Zona Sul

da cidade do Rio de Janeiro. Para efetivar tais observações foram levantadas categorias a

serem observadas, registradas em apêndice a este trabalho.

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As fotografias utilizadas foram tiradas no meu local de trabalho. Como não houve uma

iniciativa para solicitar autorização de seu uso por parte dos pais das crianças, foram

colocadas uma tarja para não haver identificação dos alunos nem da escola, por motivos

éticos.

No primeiro capítulo procurei definir o que é o brincar e suas principais

características.

No segundo uma explicação do sentido da brincadeira nas salas de aula da Educação

Infantil.

No terceiro coloquei o brincar como peça fundamental para motivar o aluno dentro do

ambiente escolar e o professor como mediador deste processo.

No quarto fiz uma análise de como o ambiente escolar contribui para o aprendizado da

criança.

No quinto uma explicação da importância dos pais terem conhecimento sobre as

etapas do desenvolvimento dos seus filhos e a contribuição da escola.

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1 O que é o brincar?

Brincar é criar, imaginar, interagir com o outro. A brincadeira não só desenvolve o

lado motor da criança, como promove processos de socialização e descoberta do mundo.

Fotografia 1 – Brincadeira coletiva

Crianças brincam de construir uma árvore para compreensão do meio ambiente.

Brincar é um direito das crianças, através das atividades lúdicas elas exploram o seu

mundo interior, imitam aspectos da vida adulta para compreendê-la.

O brincar tem funções lúdicas e educativas ambos com valor pedagógico. A

brincadeira pode ser livre ou dirigida, mas o importante é que o educador consiga equilibrar

estas funções para que aconteça o aprendizado.

Fotografia 2 – Brincadeira coletiva

Crianças brincam associando as cores com os recipientes.

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Rir, pular, vibrar, contagiar, chorar, sentir medo, reclamar, entristecer-se faz parte do

processo de aprendizagem. É na brincadeira que os sentimentos, emoções e atitudes irão se

manifestar de forma natural, permitindo assim um desenvolvimento físico, mental, emocional

e social.

Segundo Kishimoto (2001, p. 52 apud SILVA, 2010):

O brincar infantil não é apenas uma brincadeira superficial

desprezível, pois no verdadeiro e profundo brincar, acordam e avivam forças

da fantasia, que, por sua vez, chegam a ter uma ação plasmadora sobre o

cérebro.

Nesse sentido o brincar é o ato de movimentar-se e é de grande importância biológica,

psicológica, social e cultural, pois é através da execução dos movimentos que as pessoas

interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, aprendendo sobre si, seus

limites capacidades e solucionando problemas.

Fotografia 3 – Brincadeira coletiva

Crianças brincam de identificar as partes do corpo através da música.

Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL, 1998, p.

21 apud CEBALOS; MAZARO, 2011):

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da

identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se

comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado

papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas

brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades

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importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.

Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da

interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais.

Algumas instituições de ensino não valorizam o aprendizado através do lúdico, da

brincadeira. No entanto é primordial que as práticas pedagógicas nas salas de aula envolvam

brincadeiras ou jogos, para que a criança sinta prazer em aprender, como também em ir para a

escola, desenvolvendo assim, o raciocínio lógico, social e cognitivo.

Fotografia 4 – Brincadeira coletiva

Crianças brincam com os blocos lógicos reconhecendo as formas geométricas.

Ensinar por meio de jogos é um caminho para o educador desenvolver aulas

mais interessantes, descontraídas e dinâmicas, podendo competir em

igualdade de condições com os inúmeros recursos a que o aluno tem acesso

fora da escola, despertando ou estimulando sua vontade de freqüentar com

assiduidade a sala de aula e incentivando seu envolvimento no processo

ensino e aprendizagem, já que aprende e se diverte, simultaneamente.

(SILVA, 2004, p. 26 apud PASQUALI et al., 2011).

Na educação infantil o lúdico, as brincadeiras e os jogos facilitam a aprendizagem da

criança, fazendo com que o conhecimento aconteça de forma prazerosa. O brincar pode ter

diversos tipos de estruturação utilizando-se de regras ou não. Há brincadeiras que possuem

regras estabelecidas como Pega-Pega, Esconde-Esconde etc. Mas existem os momentos em

que a criança usa o faz- de- conta para expressar suas emoções criando suas próprias regras

exercitando sua imaginação e explorando as diferentes representações sociais.

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A brincadeira estimula a criança a desenvolver a atenção, a memória, a autonomia, a

capacidade de resolver problemas, se socializar, desperta a curiosidade e a imaginação, de

maneira prazerosa e como participante ativo do seu processo de aprendizagem.

Fotografia 5 – Brincadeira individual

História:“Os três porquinhos” Criança brinca de ser o porquinho.

Na brincadeira infantil a criança assume e exercita os vários papéis com os

quais interage no cotidiano. Ela brinca, depois, de ser o pai, o cachorro, o

motorista, jogando estes papéis em situações variadas. (OLIVEIRA, 1992:57

apud TELLES.).

Desta maneira, é fundamental o ato de brincar na Educação Infantil, pois além de dar

prazer, a criança aprende a conviver melhor, a interagir no mundo.

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2 Por que se brinca na Educação Infantil?

A criança desde muito cedo se comunica através de gestos e sons e mais tarde vem

representar determinados papéis nas brincadeiras. Isso faz com que aumente sua imaginação.

Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes,

como a atenção, a imitação, a memória. E amadurecem as capacidades de socialização, por

meio da interação, utilização e experimentação de regras e papéis.

A Educação Infantil é a fase das brincadeiras, é o momento em que as crianças estão

descobrindo o mundo, criando, experimentando.

O brincar dá prazer e para as crianças isto é fundamental, pois através da brincadeira

ela aprende. Para profissionais da educação é essencial que haja uma relação entre os

objetivos que precisam ser alcançados com a forma lúdica de ensinar.

Em algumas situações é possível perceber que o educando só consegue entender um

conceito, chegar ao conhecimento, se este for trabalhado dentro de uma brincadeira. Ao

contrário ele não acompanha e acaba se desinteressando.

O ambiente escolar é um espaço que precisa ser explorado, é importante que o

educador não utilize somente uma sala para ensinar, a criança necessita conhecer espaços

diferentes, sentir o gosto dos alimentos, tocar, visualizar. E em uma brincadeira é possível

trabalhar inúmeros conceitos como as cores, as formas geométricas, dentro/fora,

grande/pequeno, cheio/vazio e outros.

Fotografia 6 – Brincadeira individual

Criança brincando com o bambolê aprendendo o conceito dentro/fora.

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A Educação Infantil é um processo para uma alfabetização. Através dos jogos de

encaixe, da pintura com o pincel, estão sendo trabalhadas o movimento para a escrita.

Fotografia 7 – Brincadeira individual - pintura

Criança brinca de pintar com o pincel.

Por isto a importância da Educação Infantil, pois com seus mecanismos, suas

ferramentas e suas estratrégias pedagógicas visa à criação de condições para satisfazer as

necessidades básicas da criança, oferecendo-lhe um clima de bem-estar físico, afetivo, social e

intelectual, mediante a proposição de atividades lúdicas que levam a criança a agir com

espontaneidade, estimulando novas descobertas.

A criança, portanto, tende explorar o mundo que a cerca e tirar dele

informações que lhe são necessárias. Nesse processo, o professor deve agir

como interventor e proporciona-lhe o maior número possível de atividades,

materiais e oportunidades de situações para que suas experiências sejam

enriquecedoras, contribuindo para a construção de seu conhecimento. Sua

interação com o meio se faz por intermédio de brincadeiras e jogos, da

manipulação de diferentes materiais, utilizando os próprios sentidos na

descoberta gradual do mundo. (ARANÃO, 2004, p. 16 apud PASQUALI et

al., 2011).

O brincar é a primeira linguagem da criança, a partir das atividades lúdicas é que ela

irá se desenvolver facilitando seu processo de socialização, comunicação, construção de

pensamentos. No primeiro momento a criança brinca sozinha, representando vários papéis,

dando vida aos objetos, atribuindo-lhes sensações e emoções. Aos poucos ela começa a sentir

necessidade de interagir com as outras crianças e a partir disto, a brincadeira começa a se

tornar mais complexa. O educando começa a ter que respeitar a vontade do outro. E assim a

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brincadeira evolui na sua estruturação, fazendo com que haja uma evolução mental da criança.

As atividades lúdicas não só dão prazer como também prepara o sujeito para viver em

sociedade, impulsiona o indivíduo a buscar soluções para situações de conflitos do dia-dia.

viver de acordo com sua natureza, tratada corretamente, e deixada livre, para

que use todo seu poder. [...] A criança precisa aprender cedo como encontrar

por si mesmo o centro de todos os seus poderes e membros, para agarrar e

pegar com suas próprias mãos, andar com seus próprios pés, encontrar e

observar com seus próprios olhos. (FROEBEL, 1912c, p. 21 apud

FRIEDMANN).

A criança ao brincar desenvolve habilidades físicas, é capaz de respeitar regras,

desperta a vontade de socialização, ajuda no aprendizado e na criatividade. A Educação

Infantil é o “berço” das descobertas, é uma fase em que não podem faltar estímulos. Sendo

assim, o lúdico é a peça essencial no processo ensino–aprendizagem.

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3 A motivação do brincar e atuação do professor

O brincar é considerado uma atividade social e cultural, este espaço deve ser

construído para e pela criança. É importante que o brincar esteja inserido em um projeto

pedagógico mais amplo da escola. Que a instituição valorize o brincar como uma maneira de

ensinar e não como um “passatempo”.

A escola deve disponibilizar de um espaço adequado para que as crianças possam ter

autonomia no brincar, como por exemplo, estantes baixas com brinquedos coloridos, de

encaixe, fantoches, livros de pano, e etc. Esse ambiente precisa ter bastantes cores que

estimulem o aprendizado da criança.

As instituições devem oferecer as condições necessárias para florescer o lúdico, pois o

brincar é uma forma adequada e que colabora para perceber a criança e estimular o que ela

precisa aprender e desenvolver.

A partir disto é importante que o professor saiba agir e coordenar este local. Este

profissional precisa estar capacitado para direcionar as atividades. O educador deve

considerar as múltiplas possibilidades educativas. Isto significa que o educador tem a

responsabilidade de proporcionar momentos e condições necessárias, contribuindo ao máximo

para desenvolvimento da criança. Ele precisa conscientizar-se que brincando as crianças

recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em

uma atividade interativa e imaginativa.

O professor necessita de um suporte teórico e, acima de tudo, acreditar que a

brincadeira se constitui em ferramentas indispensáveis no processo de desenvolvimento das

qualidades psíquicas, o que possibilitará a aquisição de conhecimentos de forma prazerosa e

adequada ao nível de desenvolvimento dessa etapa da vida.

Utilizar a brincadeira como recurso pedagógico, é tão complexo quanto

desenvolver o trabalho pedagógico em outras áreas de estudo, como

Português, Matemática, Artes, exigindo do educador fundamentação teórico-

prática, clareza de princípios e de finalidades. (LIMA, 2005, p. 158 apud

SOUZA; LIMA).

3.1 O brincar livre

A Educação Infantil tem como principal meio de aprendizagem o lúdico, a fantasia, a

brincadeira. E dentro do ambiente escolar pode-se observar que em alguns momentos estas

brincadeiras são livres, ou seja, o professor não dita uma regra ou objetivos a serem

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cumpridos. E isto se dá propositalmente, pois é através do brincar livre que é possível saber

algumas preferências da criança, se ela comanda o grupo, se gosta de liderar, ou se é mais

tímida.

A brincadeira livre estimula a capacidade individual da criança, de acordo com a sua

maturidade, faz com que ela busque o porquê das coisas, é o momento de descobertas,

explorar o espaço que ela está inserida. O brincar livre leva a criança a se desenvolver

socialmente por meio da interação.

A maneira como a criança brinca e desenha reflete de maneira implícita na

forma como esta lida com a realidade. Ao mesmo tempo em que se diverte,

constrói laços de amizade, compartilha o funcionamento de um grupo,

aprende a respeitar limites e a ceder para que o outro também se satisfaça. É

um processo constante de construção da consciência de si mesmo e do outro

(OLIVEIRA, 1992 apud SOUZA, 2009).

A rotina na Educação Infantil tem uma sequência das diversas atividades do dia-dia de

uma criança, como o horário de chegada, a alimentação, a higiene, o repouso, as brincadeiras

como o faz-de-conta, os jogos imitativos e motores, de exploração de materiais gráficos e

plásticos, os livros de história, entre outras.

A criança precisa de regras para conseguir se organizar, mas os momentos livres são

importantes para seu desenvolvimento cultural e social. Não existe na criança um jogo

natural, portanto: “[...] a brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a

brincar.” (BROUGÉRE, 1989, p. 39 apud WAJSKOP, 1999, p. 29).

Sabe-se que a criança através da brincadeira se expressa, conhece o mundo,

desenvolvendo capacidades e habilidades. Mas o que se observa é que o brincar livremente

vem diminuindo por conta de uma sociedade conturbada, em que a mídia vem substituindo

esse espaço da fantasia e do lúdico.

Diante deste quadro, algumas instituições de ensino procuram não deixar que

momentos importantes como o da brincadeira se percam. Isto porque alguns educadores

considera o brincar essencial para o desenvolvimento social, motor, psicológico e cultural da

criança.

"A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo,

por isso, indispensável à prática educativa." (PIAGET apud AZEVEDO, p. 12).

Na Educação Infantil a prática pedagógica e a brincadeira precisam caminhar juntas,

só assim o aprendizado terá um significado para a criança.

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3.2 O Brincar dirigido

O brincar dirigido sempre terá uma regra, um ponto de partida. É uma ferramenta

pedagógica que irá proporcionar uma troca de conhecimento entre educadores e educando.

Pode-se observar através de uma atividade dirigida se a criança tem a capacidade de

organizar seu pensamento, o nível de concentração, e se dentro das regras impostas consegue

resolver situações problemas. Com isto estará desenvolvendo seu raciocínio lógico, a

memorização e a capacidade de observação.

“Brincar é muito importante, pois enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da

criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos necessários ao seu crescimento”

(BETTELHEIM apud MALUF, 2003, p. 19).

O brincar dirigido é importante tanto quanto o brincar livre. Através dele a criança

desenvolve habilidades específicas como: percepção, atenção, concentração, identificar a voz

de comando, etc.

Dirigir uma atividade é colocar condições e regras para serem cumpridas. E dentro de

cada brincadeira existem conteúdos e objetivos a serem alcançados.

Por meio do brincar dirigido as crianças têm uma outra dimensão e uma

nova variedade de possibilidades estendendo-se a um relativo domínio

dentro daquela área ou atividade. (MOYLES, 2002, 33).

No ambiente escolar os educadores tem dificuldade em ensinar através de uma

brincadeira dirigida, isto porque falta conhecimento por parte dos professores quanto aos

objetivos para aquela faixa etária e um planejamento de aula. Ensinar através das atividades

dirigidas requer comprometimento e dedicação do corpo docente.

Quando há interesse, há aprendizado. Mas é necessário que o professor busque

alternativas e estratégias que estimulem a criança. A brincadeira infantil em algumas situações

precisa da participação do educador para ouvir, observar, perguntar enfim atuar como

facilitador da aprendizagem. "É o prazer de estudar, de investigar, de perguntar que faz da

educação uma coisa bonita, gostosa, brinquedo, feito empinar pipa". (ALVES, 1984, p. 191).

O brincar dirigido proporciona para Educação Infantil uma das maneiras de avaliar a

criança e ao professor um suporte para o processo aprendizagem.

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4 O Ambiente escolar para Educação Infantil

A fase da Educação Infantil é o início da vida escolar de uma criança, é um mundo

desconhecido em que ela irá desenvolver a parte cognitiva, motora, psicológica, social e

cultural. Mas para que aconteça o processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem o

indivíduo tem que explorar este ambiente, por isto é importante que, seja um espaço limpo,

com cores vivas, com brinquedos atrativos etc..

Lápis e papel é importante, essencial dentro de uma escola, mas quando se trata de

educação infantil é preciso de algo a mais, algo que seja prazeroso, envolvente. Por isto o

lúdico é indispensável no ambiente escolar.

[...] prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma

intensa e total, criando um clima de entusiasmo. E este aspecto de

envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor

motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. [...] As

atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva,

motora e cognitiva. [...]. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age,

sente, pensa, aprende e se desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23 apud

FELTRIN, 2010).

Ninguém quer deixar seu filho em um local que transmita insegurança, desconfiança.

Existem crianças que passam a maior parte do tempo dentro da escola, fazem suas refeições

diárias, sua higiene, ou seja, é importante que seja um local seguro, saudável, atrativo e

acolhedor.

Para qualquer ser vivo, o espaço é vital, não apenas para a sobrevivência,

mas sobretudo para o seu desenvolvimento. Para o ser humano, o espaço,

além de ser um elemento potencialmente mensurável, é o lugar de

reconhecimento de si e dos outros, porque é no espaço que ele se

movimenta, realiza atividades, estabelece relações sociais. (LIMA, 1995, p.

187 apud SOUZA; LIMA).

O espaço, a estrutura física, os objetos disponíveis dentro da escola atuam como

facilitadores da aprendizagem. Por isso a importância das salas de aula serem arejadas, com

um espaço adequado para a quantidade de crianças, os brinquedos estarem ao alcance do

educando para que consiga manuseá-los livremente. Este ambiente precisa ser atrativo, com

cores vivas que atraem as crianças e estimule ao aprendizado. Sendo assim as trocas de

saberes acontecerão naturalmente através das diversas linguagens sejam elas:oral, corporal,

gestual, musical retratando a realidade de cada um.

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21

É nesse meio que, ao estender a mão em busca do objeto, ela [a criança]

adquire a noção de distância; é nele que a mãe aparece e desaparece,

desligada do seu corpo; é ainda nele que exercita o seu domínio, equilibra-

se, caminha e corre. [...] É num espaço físico que a criança estabelece a

relação com o mundo e com as pessoas. (LIMA, 1989, p. 13).

A necessidade do ambiente escolar ser um espaço de qualidade, impulsiona a ter um

olhar diferenciado, tendo a preocupação de adequar sua estrutura de acordo com as fases de

desenvolvimento, de cada faixa etária. Por exemplo, nas salas de educação infantil os

brinquedos devem estar em estantes baixas para que as crianças possam manuseá-los, salas

amplas para que elas consigam se movimentar, área livre com jardins para que a criança possa

tocar, sentir a textura das plantas etc. São fatores que contribuem para a aprendizagem do

educando.

A criança precisa de estímulos tanto dos adultos, como do espaço físico. O

desconhecido para alguns indivíduos desperta curiosidade, mas para outros faz sentir medo, e

para a criança da educação infantil o novo, no primeiro momento assusta, e ao chegar numa

escola terá que passar por uma fase de adaptação ao ambiente e com as pessoas que as cerca.

Por isto a importância do ambiente escolar não só ter uma estrutura física adequada como

também profissionais da educação envolvidos e comprometidos com o ato de educar.

Assim que a criança nasce seu primeiro grupo social é a família e o segundo a escola.

É interessante observar que cada indivíduo chega à instituição trazendo uma “bagagem”

cultural, seu modo de vestir, a maneira de falar, de agir etc. e é neste cenário que a escola é

essencial para que o sujeito se desenvolva e troque experiências. Mas será que as instituições

de ensino realmente cumprem com o seu papel de incentivadora do aprendizado coletivo?

Será que estão abertas às mudanças? Ou será que os projetos pedagógicos apenas ficam no

papel? Até que ponto esse método contribui para a educação? É “engessando” o indivíduo em

sua fase escolar que ele será um cidadão, cumpridor dos seus deveres?

As regras são importantes para que a criança aprenda a se relacionar, respeitando umas

às outras, por isso elas tem que existir. Mas nem sempre estas regras são impostas de maneira

adequada dentro das instituições. Os cargos superiores usam do autoritarismo para ditar as

normas, sem se preocupar com a prática pedagógica para que o indivíduo possa compreender

os ensinamentos. Segundo Freire (1979), a ação docente é a base de uma boa formação

escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante. O educando passa anos

dentro de uma instituição para completar sua vida escolar e é dentro deste ambiente que ela

irá absorver costumes e valores. A preocupação precisa estar em desenvolver no aluno suas

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capacidades cognitivas e habilidades, mas também fazer do sujeito um ser pensante,

questionador, formador de opiniões para que saiba agir em sociedade.

A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um

amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se

preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si e do mundo e

que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e

uma sociedade melhor. (ALMEIDA, 1987, p. 195 apud SOUZA).

O ambiente escolar envolve não só a estrutura física como também professores,

alunos, gestores e funcionários, ou seja, é o lugar de gente. É o espaço em que há trocas de

culturas e saberes a todo instante. É fundamental que haja uma sinergia entre as pessoas, e que

o foco seja em prol da educação.

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5 A Importância do entendimento e participação dos pais com a Educação Infantil

A educação infantil é a base para o desenvolvimento cognitivo e social da criança. É a

etapa onde as fantasias estão afloradas, em que o lúdico está presente, nas mais diversas

atividades contribuindo para o ensino – aprendizagem.

A criança aprende brincando, a brincadeira faz parte da infância, assim como

precisamos comer, beber, fazer a higiene pessoal para viver, da mesma maneira a criança

precisa brincar para se desenvolver.

Diante deste fato, que o brincar é essencial para o aprendizado na fase da educação

infantil, muitos pais não acreditam que isto seja uma verdade. A educação não acontece

sozinha, precisa de recursos, uma equipe com profissionais capacitados e principalmente a

participação dos pais.

A família é muito importante na vida escolar do educando, podendo inibir ou despertar

a vontade de aprender. E cabe a ela, junto com a escola incentivar, participar e se envolver

para contribuir efetivamente com o processo aprendizagem dos seus filhos.

O fato de a educação infantil ser uma fase onde se aprende brincando, não quer dizer

que seja um simples “passatempo”. O lúdico, as brincadeiras, o brinquedo e os jogos atuam

como facilitadores da aprendizagem.

Apenas brincando

Anita Wadley

Quando estou construindo com blocos no quarto de brinquedos,

Por favor, não diga que estou apenas brincando,

Porque enquanto brinco, estou aprendendo sobre equilíbrio e formas.

Quando estou me fantasiando,

Arrumando a mesa e cuidando das bonecas.

Por favor, não me deixe ouvir você dizer ele está apenas brincando.

Porque enquanto eu brinco, eu aprendo.

Eu posso ser mãe ou pai algum dia.

Quando estou pintando até os cotovelos,

Ou de pé diante do cavalete, ou modelando argila,

Por favor, não diga que estou apenas brincando,

Porque enquanto eu brinco, eu aprendo.

Estou expressando e criando

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Eu posso ser artista ou inventor algum dia.

Quando estou entretido com um quebra-cabeça ou com algum brinquedo na escola,

Por favor, não sinta que é um tempo perdido com brincadeiras.

Porque enquanto brinco, estou aprendendo.

Estou aprendendo a me concentrar e resolver problemas.

Eu posso estar numa empresa algum dia.

Quando você me vê aprendendo, cozinhando ou experimentando alimentos.

Por favor, não pense que porque me divirto, é apenas uma brincadeira.

Eu estou aprendendo a seguir instruções e perceber as diferenças.

Eu posso ser um chefe algum dia.

Quando você me vê aprendendo a pular, saltar, correr e movimentar meu corpo.

Por favor, não diga que estou apenas brincando.

Eu estou aprendendo como meu corpo funciona.

Eu posso ser um médico, enfermeiro ou um atleta algum dia.

Quando você me pergunta o que fiz na escola hoje.

E eu digo: eu brinquei.

Por favor, não me entenda mal.

Por que enquanto eu brinco, estou aprendendo.

Estou aprendendo a ter prazer e ser bem sucedido no trabalho.

Eu estou me preparando para o amanhã.

Hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar. (WADLEY, 2009).

Diante deste poema de Anita Wadley é possível observar a importância do brincar. A

criança na fase da educação infantil está experimentando tudo que tem ao seu redor, e as

aprendizagens começam através do próprio corpo, no qual ele ainda não conhece, não possui

a noção de tempo, espaço, lateralidade. Por isto a necessidade de estar mudando as atividades

do dia, usando materiais didáticos diversificados como jogos, fantoches, a pintura etc.

O movimento ajuda a criança a construir conhecimento do mundo que a

rodeia, pois é através das sensações e percepções que ela interage com a

natureza. É através de sua ação no meio ambiente que a criança pode

formular os primeiros conceitos lógico matemáticos, pois o sentido de tempo

e espaço é construído primeiramente no corpo, corpo este que media a

aprendizagem. Assim, brincando com seu corpo a criança vai construindo

diferentes noções. (OLIVEIRA, 1997, p. 34 apud LIMA).

Quando a criança é estimulada em casa o aprender para ela se torna mais prazeroso e a

escola passa a ser um ambiente agradável. O educador percebe quando o aluno tem uma

família presente e disposta a se envolver com a educação. Para se alcançar os objetivos

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pedagógicos é importante esta troca entre família e escola, caso contrário, o aprender se torna

cansativo e o ensinar deixa a desejar.

Cada fase tem sua característica e objetivos a serem alcançados. E na educação infantil

o aprendizado se dá através do lúdico e das brincadeiras, sendo estas pautadas em

fundamentos teóricos e em uma metodologia adequada para cada faixa etária. Por isto a

participação do professor neste ambiente lúdico é essencial, ele será um incentivador e

mediador das atividades, e quando necessário irá intervir no processo ensino-aprendizagem.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL,

1998, p. 23 apud FANTACHOLI, 2011):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e

aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o

desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e

estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança,

e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade

social e cultural.

Brincar é coisa séria, não é somente uma recreação ou passatempo. É importante

existir um olhar diferenciado dos adultos diante das brincadeiras e perguntar a si mesmo

sempre que existir uma dúvida, o porquê de estar aplicando determinada atividade para aquele

público alvo, qual conteúdo está sendo trabalhado através deste jogo? Quais capacidades ou

habilidades se desenvolvem com esta brincadeira? Como disse o poeta Carlos Drummond de

Andrade: "Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas mais

triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação

humana."

5.1 Como a escola pode contribuir para a conscientização dos pais?

A participação dos pais na escola é importante para o crescimento integral da criança.

Mas o que pode ser observado dentro das instituições são pais descompromissados e sem

tempo. Colocam seus filhos em todas as aulas extras possíveis durante a semana, dando à

criança uma carga horária muito grande de atividades. Quando é solicitado para uma reunião

com a equipe pedagógica, para tratar dos assuntos referentes ao educando, não comparece.

Deste modo a educação deixa a desejar, onde o maior prejudicado é o aluno.

A escola precisa criar projetos para a conscientização dos pais, palestras com

pedagogos, psicopedagogos, psicólogos. Fazer reuniões de pais focadas no ensino,

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apresentando práticas pedagógicas e tirando dúvidas, marcar encontros em horários

convenientes aos pais.

As instituições buscam famílias ativas e compromissadas e reclamam de pais passivos

e ausentes. Mas será que a escola tem se preocupado em aproximar essas famílias?O método

utilizado por gestores, diretores, pedagogos tem contribuído para esta relação?

Essa atuação dos pais ainda é bem rara, de acordo com os resultados de

pesquisa realizada no ano passado pelo Observatório do Universo Escolar. A

instituição, um braço do Instituto La Fabbrica do Brasil, parceira do

Ministério da Educação, ouviu mais de 100 pais e educadores da rede

pública e privada de todo país e constatou que só 13% das escolas públicas

mantêm um relacionamento próximo com a família. Por outro lado, 43,7%

dos pais de alunos da rede pública acreditam que, se fossem promovidos

mais encontros e palestras interessantes, haveria maior integração com a

escola. (BENCINI, 2003).

Os pais precisam conhecer o método da escola para que haja um entendimento das

atividades propostas pelos professores em sala de aula, saber os objetivos da proposta

pedagógica e os meios para atingi-los. Para isto é necessário uma relação dialógica entre

família e escola. As reuniões, palestras, oficinas organizadas pela escola deveriam ser

consultadas aos pais sobre seus interesses. Não adianta promover eventos internos para as

famílias se não forem assuntos de interesse por parte deles, e horários adequados. O resultado

serão salas com cadeiras vazias.

É importante a escola ouvir os pais e não intimidá-los, ouvindo suas queixas e

sugestões para que assim se desenvolva um relacionamento de cumplicidade. Quando a

criança percebe que existe esta aliança entre a escola e os pais, consequentemente se sente

mais segura. É papel da escola criar movimentos que despertem interesse dos pais e alunos,

como por exemplo as festas e as comemorações, feiras culturais, e etc.

uma das melhores formas de se atingir a família é através dos próprios

filhos; daí a relevância da escola desenvolver um trabalho participativo,

significativo, em que realmente o aluno se envolva e entenda o que está

sendo proposto para ele. Desta maneira, o próprio filho terá argumentos para

ajudar os pais a compreender, a proposta da escola. (VASCONCELOS,

1989, p. 80 apud SOARES).

Os pais precisam fazer parte do processo educacional dos seus filhos. A escola tem o

dever de influenciar positivamente seus alunos e família para uma interação e colaboração no

ambiente escolar.

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Conclusão

Através desta pesquisa entendemos que o brincar envolve inúmeros aspectos de

desenvolvimento do educando, sendo eles físico, afetivo, cognitivo e social. Neste sentido é

fundamental que a escola, pais e professores estejam comprometidos com a educação.

As escolas devem proporcionar um espaço harmonioso que atenda a ludicidade

necessária à faixa de idade da Educação Infantil. Nas minhas observações na escola pude

perceber que nem sempre esse espaço é satisfatório. As salas pequenas para a quantidade de

alunos, o que não só dificultava a movimentação deles como os deixavam estressados,

agitados. Brinquedos faltando peças ou quebrados. Muitas vezes para eu conseguir em uma

aula transmitir o conhecimento de forma lúdica, precisei levar recurso de casa ou até mesmo

comprar. Senti muita falta dos materiais pedagógicos para que os alunos pudessem visualizar,

tocar, apertar etc..

Acredito que o espaço escolar é o cartão de visita de uma escola, precisa passar

credibilidade aos pais e familiares. É essencial que este ambiente seja prazeroso e harmonioso

para que a criança se envolva no processo ensino-aprendizagem de maneira a se desenvolver

plenamente, satisfazendo todas as suas expectativas, todos os seus anseios, enfim toda sua

vontade de aprender, para interagir no mundo como cidadão.

Sabendo que a finalidade da Educação Infantil tem como objetivo o desenvolvimento

integral da criança, entende-se que ela seja a base para as demais etapas do processo

educacional, e que toda sua proposta pedagógica deve estar direcionada às experiências e às

vivências do educando, viabilizando assim a formação do indivíduo.

Nas oportunidades que tive, pude observar que dentro das instituições são postas

muitas regras para as crianças, como por exemplo, não poder usar a cor do tênis desejada, não

usar bonés, ter que usar a meia da cor determinada, etc. Acreditando que o ambiente escolar é

um espaço de aprendizado constante, e que a criança é um ser integral, devemos conforme

apresentado, respeitar suas características afetivas, cognitivas, sociais, físicas, cultural, para

que consigamos desenvolver o máximo de suas possibilidades.

As regras devem existir, mas junto delas é preciso que haja uma ação pedagógica para

que a criança reflita e assim chegue ao entendimento.

Na minha vivência em espaço escolar tive contato com alguns pais e familiares, o que

me levou a pesquisar e refletir sobre o assunto.

E o que pude perceber é que há um desinteresse e falta de compromisso por parte dos

responsáveis.

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Todos os dias, ao receber as crianças na sala para dar início a aula, era comum ouvir

dos pais “eu perguntei o que ele fez na escola ontem, ele me respondeu que brincou” e a fala

era acompanhada de risos. Pais que sequer sabiam das datas, comemorações e festas. O

horário da entrada também era outro fator que mostrava esta distorção: alunos que chegavam

atrasados, perdendo coisas importantes como a rodinha, a conversa entre os amigos e

professores etc.. Outro caso muito comum também é a criança que falta e depois conta que o

motivo da sua ausência foi por ter ido à praia com a mãe. O resultado disto são crianças

desestimuladas com o estudo: para que ir a escola, se eu posso ir à praia? É assim que a

criança pensa, se ela tem a opção de não ir para a escola ela irá escolher não ir.

É importante que os responsáveis tenham o conhecimento a respeito das fases de

desenvolvimento dos seus filhos, só assim o processo educacional terá eficácia em seus

resultados. E o julgamento que muitos pais fazem sobre a Educação Infantil, dizendo que é

uma etapa que não passa de “passatempos” acabaria ou ao menos diminuiria.

A escola deve promover encontros com os pais através de palestras com pedagogos,

psicólogos, psicopedagogos, para que as famílias tirem dúvidas sobre o desenvolvimento da

criança. Os encontros devem ocorrer em horários em que os pais possam comparecer, e que

sejam abordados temas de interesse dos mesmos.

Como foi apresentado nesta pesquisa o brincar é coisa séria, sendo assim é

fundamental o papel do professor como mediador deste processo ensino- aprendizagem.

Um verdadeiro professor mediador precisa ter competência acadêmica quanto a

psicologia do desenvolvimento humano, conhecer diferentes metodologia didática, ser um

incansável pesquisador para estar criando, inovando e contextualizando com a atualidade.

O educador deve estar comprometido com os princípios éticos, políticos e estéticos da

educação. As atividades pedagógicas precisam ter fundamentos e objetivos a serem

alcançados.

O brincar livre e o brincar dirigido contribuem para o aprendizado. A criança até

mesmo em uma atividade livre está aprendendo a criar, montar, desmontar, encaixar, etc. É o

momento em que o educador precisa estar atento, observar e fazer anotações se for preciso,

porque dentro da atividade livre é possível identificar a criança mais tímida, a líder, a que tem

dificuldades de se socializar, e outros.

Não basta apenas deixar as crianças brincarem, é importante que em alguns momentos,

esta brincadeira seja direcionada para que ampliem suas capacidades dos conhecimentos

necessários ao seu pleno desenvolvimento.

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A Educação Infantil deve se preocupar em desenvolver habilidades e capacidades do

educando, levando o sujeito, envolvido no processo educacional, a buscar realizações nos

vários aspectos sociais, econômicos, político, cognitivo e emocional, para que seja capaz de

ser membro da sociedade, com possibilidades, inclusive de transformá-la.

Page 31: Brincar Rrr

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Apêndice

Categorias observadas na escola

Para realizar a observação na escola levantei as seguintes categorias:

- Adequação de estrutura física.

- Falta de recursos pedagógicos.

- Regras impostas ao espaço escolar.

- Pais descompromissados com a aprendizagem dos seus filhos.

Para referência desta página:

OLIVER, Gabriella Chaves. A importância do brincar na Educação Infantil. Rio de Janeiro,

2012. 33 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Faculdade de

Pedagogia, Universidade Veiga de Almeida, 2012. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2012.

Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/>. Acesso em: dia mês ano.