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CABAIA
C a b a i a N ú m e r o 8
D e z e m b r o 2 0 1 9
B o l e t i m T r i m e s t r a l
Fundação Casa de Macau
“As 8 cores
da China”
CABAIA – dezembro 2019
Editorial A última edição da CABAIA de 2019
encerra um ano de múltiplas iniciativas, em
comunhão com entidades e instituições
várias que enriqueceram em conteúdo e
diversidade a ação da Fundação Casa de
Macau. Num ano de retrospetiva imposta
pela efeméride do 20º Aniversário da
transferência de poderes da Administração
Portuguesa de Macau para a República
Popular da China, aplaudiram-se, acima de
tudo, os vínculos que permanecem no
tempo e celebraram-se os laços que
continuarão esta história comum. Entre
concertos, tertúlias poéticas, e
homenagens, em diversas formas, ao maior
ativo que é a Língua Portuguesa, a
Fundação viveu este ano de 2019 com os
olhos no futuro, explorando novos trilhos
para a manutenção da cultura macaense,
num mundo novo, dinâmico, acelerado,
mas que colhe prudência e conhecimento
desses saberes que são a História e a
Cultura. Nesta edição, destacamos um
evento que reuniu autores lusófonos e
jovens arrojados que ensaiam os seus
primeiros passos na escrita, o 5º Salão do
Livro – Portugal, e a exposição de fotografia
que elogia o talento e a paixão de um
fotografo amador fascinado pelo oriente.
Espaço ainda para um artigo de reflexão
sobre o futuro da Identidade Macaense,
assinado pelo Diretor da FCM, para então
encerrarmos esta edição e este ano de
2019 com sinceros votos de um Feliz e
Próspero Ano Novo.
A redação.
Dezembro 2019
5º SALÃO DO LIVRO PORTUGAL – ZL BOOKS
No passado dia 19 de outubro, realizou-
se no Centro de Documentação da
Fundação Casa de Macau o 5º Salão do
Livro – Portugal, organizado pela editora
ZL Books.
O evento, que conta já com diversas
edições realizadas em várias cidades,
entre as quais São Paulo e Nova Iorque,
por exemplo, reúne uma panóplia de
autores lusófonos que, num ambiente
mais próximo dos leitores do que o
normal, apresentam as obras que levam
para exposição e venda no evento.
Neste quadro, o Salão do Livro –
Portugal, tornou-se num verdadeiro
elogio à literatura em Língua
Portuguesa, pela reunião de obras e
autores lusófonos que proporcionou.
Além disso, o evento deu ainda palco
ao público mais jovem. Um grupo de
crianças entre os 10 e os 13 anos que
deram os primeiros passos no mundo da
escrita, através do fantástico "Projeto
Jovens Escritores", impulsionado pela
escola que frequentam, tendo
recebido, durante o evento e com
merecido orgulho, a obra que a
publicação dos seus trabalhos originou.
Atendendo ao sucesso da iniciativa, a
organizadora do evento, Jô Ramos,
revelou não só o desejo de repetir a
experiência no próximo ano, como
também a intenção e a perspetiva de,
eventualmente, replicar o evento em
Macau.
EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA “AS 8 CORES DA CHINA”
Antero Ricardo, fotógrafo amador e
confesso apaixonado da China,
inaugurou, no passado dia 24 de
outubro, a sua primeira exposição de
fotografia, no Centro de Documentação
da Fundação Casa de Macau.
Depois de ter visitado a China pela
primeira vez, no ano 2000, Antero
Ricardo foi invadido por uma
combinação de sensações que jamais
esqueceu e que o levaram a repetir
outras viagens com o mesmo destino,
nos anos que se seguiram.
Foi, então, através das sequentes
jornadas que fez à China, embora
sempre com itinerários diversos,
percorrendo as várias Províncias e
Regiões Autónomas, que o autor
conseguiu colher e reunir mais de 3000
registos fotográficos.
Assim, Antero Ricardo produziu um
acervo fotográfico ímpar, recheado de
momentos e peculiaridades próprias
daqueles lugares, imagens singulares e
cores únicas que foram o mote desta
exposição de fotografia.
REFLEXÃO SOBRE O FUTURO DA IDENTIDADE MACAENSE
No passado dia 6 de dezembro, foi
organizada pela Fundação Oriente
uma Mesa Redonda que levou a
debate a Identidade Macaense e o seu
futuro.
Os oradores convidados procuraram
elucidar, esclarecer e debater
abertamente, em primeiro lugar, o
conceito de identidade macaense e, a
posteriori, para onde esta se dirige, ou,
por outras palavras, o seu destino.
Nesta honrosa iniciativa, fui incumbido
da tarefa de comunicar e ilustrar sobre
o papel das instituições e entidades
afetas a Macau, erguidas por força da
existência da sua vasta Diáspora e, mais
importante ainda, para a defesa,
manutenção e continuidade da sua
identidade no tempo.
Sobre a primeira parte da minha
comunicação, ficou enaltecido o papel
que as entidades que trabalham com e
para Macau representam, ainda hoje,
no seio da sociedade civil, no contexto
português em particular. Quer pelo
envolvimento que imprimem entre o
público em geral e a cultura macaense,
através de profissionais que emprestam
o seu contributo, nas mais variadas
áreas, ao ideário macaense, por via da
História, da Ciência, da Educação, das
Artes e tantos outros saberes, quer pelo
dinamismo que conferem à identidade
macaense mantendo-a viva e próxima
da sociedade, as entidades afetas a
Macau continuam a representar um
papel fundamental e imperioso nos dias
de hoje.
Com efeito, e considerando as rápidas
e complexas alterações a que o mundo
está exposto quase diariamente,
também estas instituições, que se
concentram, funcionam e movem em
prol de domínios de lenta
transformação, como a cultura, por
exemplo, devem respeitar e
acompanhar, na medida do possível, as
mudanças a que estão expostas, bem
como refletir, metodicamente sobre a
sua ação e papel no mundo atual.
Esta reflexão, imperativa à luz do que
descrevo, leva-nos a um segundo
pensamento e debate que se ocupa de
saber para onde se dirigem estas
instituições ou, mais particularmente, a
própria identidade macaense.
Que futuro será então este? Sobre que
perspetivas e pilares assentará a
manutenção e a evolução da
identidade macaense?
A este respeito, permiti-me estabelecer
quatro dimensões que, quanto a mim,
configurarão o futuro desta identidade.
São elas, a tradição, a gastronomia, a
dimensão da Diáspora e a
expressividade cultural. Serão estes os
fatores que permitirão manter e
perpetuar a identidade macaense. Os
únicos veículos que poderão capacitar
esta continuidade, para além dos meios
e mecanismos atualmente existentes,
são, a meu ver, os apoios históricos, o
seu estudo e investigação em
academias nas latitudes mais diversas, a
permanência e o cultivo das tradições
familiares e a tolerância funcional nas
novas dinâmicas e palcos de
comunicação.
Para isto, haverá que congregar a ação
das diversas estruturas e instituições
atualmente existentes de matriz
macaense e outros veículos de
emulação e produção de
conhecimento, i. e. academias, centros
de investigação, universidades, think
tanks e outros. O sucesso deste desígnio
está igualmente dependente da
maleabilidade e capacidade de
adaptação às diversas conjunturas,
visando sempre manter o fio
identificador da denominada
“macaensidade”, tal como o bambu,
que se verga com a tempestade, mas
que se reergue de seguida.
Mário Matos dos Santos
Fundação Casa de Macau
dezembro 2019
MENSAGEM DE ANO NOVO
Segundo a lenda, o rato terá sido o primeiro animal a chegar junto do Imperador de
Jade, o que lhe concedeu o lugar cimeiro na disposição dos animais do zodíaco chinês.
Nesta senda de regresso ao início do ciclo, ao primeiro dos animais do zodíaco, a
Fundação Casa de Macau aspira a novas concretizações, enquanto instituição,
embrenhada na sua missão de manutenção da cultura macaense, traçando novos
rumos e aventurando-se por novas avenidas desta frenética metrópole global que o
mundo anuncia.
Acompanhada pelos pilares e figuras fundamentais da sua história, esta instituição
abraça as gerações futuras com a sabedoria das mais antigas.
2020 será o Ano do Rato cujo elemento associado é o Metal, o que significa novos
começos, além dos traços caraterísticos deste animal, no contexto da cultura chinesa,
que reverenciam a esperteza, pelo seu raciocínio rápido, e a fortuna, pela sua
capacidade de acumular e juntar riqueza.
Assim, aproveitamos a ocasião para desejar a todos um Feliz e Próspero Ano Novo
Chinês do Rato.
Kung Hei Fat Choy!