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Caderno Resumos de ISSN: 2236-314

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Page 1: Caderno · 2013. 5. 20. · veramstos@yahoo.com.br Concursos públicos para o magistério primário na Parahyba oitocentista (1837- 1864) ... mrosario@ufpa.br Maria de Fátima Matos

Caderno Resumos

deISSN: 2236-314

Page 2: Caderno · 2013. 5. 20. · veramstos@yahoo.com.br Concursos públicos para o magistério primário na Parahyba oitocentista (1837- 1864) ... mrosario@ufpa.br Maria de Fátima Matos

Sumário

Eixo I ................................................................................................95“A escola como casa de higiene”: discurso biopolítico na legislação educacional mineira de 1927 .............................................................................. 96 Eliane Vianey de Carvalho (UNICAMP) [email protected]

A avaliação de rendimento como um aspecto da política educacional de Amaral Peixoto para o antigo estado Rio de Janeiro nas décadas de 1940 e 1950 ...................................................................................... 97Márcia da Silva Quaresma (UERJ-PROPED) [email protected]

“A batalha da produção”: a escola de agronomia do nordeste durante a interventoria de Ruy Carneiro (paraíba, 1940-1945) ..... 99Luiz Mário Dantas Burity (UFPB/PIBIC Antonio Carlos Ferreira Pinheiro (UFPB/PPGE)

A categoria inclusão no contexto da educação superior no Brasil e na América Latina ................................................................................. 100Uyguaciara Veloso Castelo Branco (UFPB) [email protected]

A construção da escola primária da Bahia na primeira república: relato de um projeto de levantamento e pesquisa e dos seus resultados ......101Elizabete Santana (UNEB) [email protected]

A educação profissional no Brasil: os meandros de sua formação e a atuação do estado .................................. 103Desiré Luciane Dominschek Lima (Unicamp) [email protected]

A efetividade do direito à educação no Brasil na Primeira República: um estudo das constituições estaduais ............................................................ 104Mário Márcio Negrão (UTP) [email protected]

Heloísa H. D. Pereira (UTP) [email protected]

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A escola complementar paulista (1890-1911) ................................................. 105Tony Honorato [email protected]

A escola e a invenção das identidades nacionais ........................................... 107Luiz Eduardo Oliveira (UFS) [email protected]

A escola nova em São Paulo e no Rio de Janeiro: propagação e apropriação de modelos pedagógicos no Brasil do início do século xx ........................................108André Luiz Paulilo (Unicamp/FE) [email protected]

A formação inicial dos professores fluminenses – a política de formação do antigo estado do Rio durante o governo do comandante Amaral Peixoto (1937 a 1945 / 1951 a 1954) ............................................................................... 110Márcia da Silva Quaresma (UERJ/PROPED) [email protected]

A formação dos professores do campo: construções históricas na região do Araguaia (1950-1980) ........................... 111Terezinha de Jesus Aires Duarte [email protected]

A formação militar infantil na perspectiva da assistência aos desvalidos: a companhia de aprendizes militares de Minas Gerais (1876-1891) ............ 113Felipe Osvaldo Guimarães (FaE/UFMG) [email protected]

A história da escola pública de instrução primária brasileira. Província da Parahyba do Norte: 1822-1849 ................................................. 114Mauriceia Ananias  [email protected]

A história da educação em Mato Grosso do Sul (1977-2007) ........................ 116Nilce A.S.F. Fedatto (DCR/UEMS/CNPq) [email protected]

A historicidade do conceito de formação continuada: uma análise da visão de Paulo Freire sobre a formação permanente ......... 117Andréia Nunes Militão (FAPESP)

A instrução pública no Brasil de 1808 a 1834 - levantamento e análise da legislação .......................................................................................... 119Daniela Almeida Tonholli [email protected]

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A nomeação da escola rural em Minas Gerais: um estudo sobre representações e práticas (1889-1899) ............................... 120Gilvanice Barbodsa da Silva Musial (FAE/UEMG) [email protected]

A organização do ensino profissional no Distrito Federal (1892-1902): poderes públicos e práticas sociais ................................................................... 121Clarissa dos Santos Rego de Abreu Sant’ Anna [email protected]

Suzana Teixeira Pinto [email protected]

A política educacional do estado do Paraná no Brasil republicano (1889 a 1900): o debate sobre obrigatoriedade e liberdade de ensino ................................ 123Maria Cristina Gomes Machado (UEM/CNPq) [email protected]

A prática de composição de álbuns fotográficos escolares a partir da análise do álbum do jornal “nosso esforço”, da escola Caetano de Campos-SP ..... 124Rachel Duarte Abdala (FEUSP/ UNITAU) [email protected]

A primeira lei de diretrizes e bases da educação nacional, na ótica dos dirigentes de estabelecimentos particulares de ensino ................................. 126Eduardo Norcia Scarfoni (UCS) [email protected]

A qualificação profissional no estado de Pernambuco entre 1889 e 1930 .............................................................................................. 127Ramon de Oliveira [email protected]

A reforma do ensino no estado de São Paulo: conflitos e disputas (1891-1892) ....................................................................... 129Lidiany Cristina de Oliveira Godoi (FE/ Unicamp/GEPH) [email protected]

A Revista de Educação e a escolarização da educação física no Espírito Santo: autores, atores e editores (1934-1937) ............................................................ 130Omar Schneider (CEFD/ UFES/ Proteoria) [email protected]

Marcela Bruschi (CEFD/UFES/Proteoria) [email protected]

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Abrangência da escola mineira na Revista Vida Escolar (1916-1926) ...................................................................... 132Sandra Maria Caldeira-Machado (USP/FE) [email protected]

Ampliação e modernização do sistema de ensino primário no interior do Maranhão .......................................................133Mariléia dos Santos Cruz (UFMA/CCSST/ITZ) [email protected]

Anísio Teixeira e o sistema nacional de educação: contribuições para o debate sobre as políticas educacionais no Brasil ........ 134Rosenery Pimentel do Nascimento (UFES) [email protected]

Aprendizes marinheiros, aprendizes de guardas-marinha no ensino naval: educação para o trabalho ......................................................... 136Guaraci Fernandes Marques de Melo (UERJ) [email protected]

As colônias de férias como objeto de pesquisa da história da educação na América do Sul ................................................................................................... 137André Dalben (PPG/ FE/UNICAMP) [email protected]

As escolas da colônia D. Pedro II em Juiz de Fora e acesso à educação primária na transição do Império à República ................................................ 138Marco Aurélio Corrêa Martins (PPGE/ UFJF [email protected]

As propostas educacionais de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias): uma análise da instrução rio-grandense do séc. XIX (1842-1846) ....................140Hardalla do Valle (PPGE/UFPEL/CEIHE) [email protected]

Eduardo Arriada (PPGE/FaE/UFPEL/CEIHE) [email protected]

As propostas para educação do ensino médio no plano de governo de 1956-61: os pronunciamentos oficiais e a legislação federal de n.3552/59 vigente no período ................................... 141Denise de Amorim Ramos (PIBID/ UFTO)

Educação para todos, modernidade e escola nova na escola primária da Bahia em 1950 .................................................................. 142Jaci Maria Ferraz de Menezes [email protected]

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As origens do ensino da língua inglesa no Brasil colônia .............................. 144Daniele Barbosa de Souza Almeida [email protected]

As reformas educacionais e as mudanças no pensar e fazer da escola normal em Sergipe (1911-1932) ........................................... 145Cristina de Almeida Valença Cunha Barroso [email protected]

Aulas de contar e aulas de comércio na formação do estado moderno português .............................................................................. 146Thadeu Vinícius Souza Teles (UFSE) [email protected]

Vera Maria dos Santos (UFSE) [email protected]

Concursos públicos para o magistério primário na Parahyba oitocentista (1837- 1864) .................................................................. 148Priscila Mikaelle Costa de Araújo (UFPB) [email protected]

Rose Mary de Souza Araújo (UFPB) [email protected]

Políticas de instrução pública e constituição das redes de ensino na região Norte do Ceará a primeira metade do século XX – concepções e embates envolvendo igreja, estado e sociedade no contexto republicano ................ 149José Edvar Costa de Araújo (UVA) [email protected]

Controle estatal para nacionalizar a infância no Paraná no início do século XX .......................................................................... 150Valquiria Elita Renk (PUCPR)

Cultura política republicana e educação profissional: leituras das mensagens dos presidentes do estado de Minas Gerais (1891-1930) ....................................................................... 152Irlen Antônio Gonçalves (CEFET/MG) [email protected]

Hozana Penha de Souza (CEFET/MG) [email protected]

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Cultura política, Estado Novo e educação: o ensino agrícola em Minas Gerais a partir da inauguração da fazenda-escola de Florestal-MG ....................................................................... 153Bruno Geraldo Alves (UFMG) [email protected]

Bernardo Jefferson de Oliveira (UFMG) [email protected]

Milton Ramon Pires de Oliveira (UFV) [email protected]

De criança a estudante: por entre jogos, brinquedos e brincadeiras .................................................... 155Márcia Cardoso da Costa do Nascimento [email protected]

Democratização do acesso ao ensino superior: análise dos dispositivos legais postos em vigência desde os anos de 1990 ......156Silvana Rodrigues de Souza Sato (UFSC) [email protected]

Ione Ribeiro Valle (UFSC) [email protected] / [email protected]

Desvelando os exames de admissão ao ginásio na educação paranaense ........158Elisângela Zarpelon Aksenen (PUCPR) [email protected]

Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUCPR) [email protected]

Educação integral e ampliação do tempo escolar diário na cidade do Rio de Janeiro: aproximações e diferenças entre o projeto CIEP e o Programa Escolas do Amanhã ............................................. 159Leonardo Nolasco-Silva (UERJ/ Instituto Infnet) [email protected]

Lia Faria (UERJ) [email protected]

Educação nacional: realidade brasileira e embates na década de 1910 ...... 161Tereza Maria Trindade da Silva (UFMG) [email protected]

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Educação superior e o processo de formulação de políticas de avaliação educacional: considerações sobre os exames de desempenho dos cursos de graduação e de formação de professores na recente história da educação no Brasil (1990-2012) ....................................... 162Regina Lúcia Ferreira Cravo (PUC-Rio/ UESá) [email protected]

Entre hinos, bandeiras e heróis: imigração européia, classe operária e a constituição da nacionalidade nos grupos escolares da cidade de Santos ............................. 163André Luiz Rodrigues Carreira (UCS) [email protected]

Escola primária e formação para a “solidariedade social” no Brasil (1946-1964) ............................................................................................... 165Flávio Anício Andrade [email protected]

Escolas étnicas ucranianas e polonesas no Paraná: entre a legalidade e a manutenção da identidade étnica .......................... 166Valquiria Elita Renk (PUCPR)

Estratégias e práticas culturais de um colégio americano no interior paulista ................................................. 168Cesar Romero Amaral Vieira [email protected]

Thais Gonsales Soares [email protected]

Expansão da escola primária no estado do Rio de Janeiro: 1930 a 1955 ........ 169Irma Rizzini [email protected]

Extensão na Universidade Federal do Paraná: constituição histórica .......... 171Nadia Gaiofatto Gonçalves (UFPR) [email protected]

Carina Silva Vieira Santos (UFPR) [email protected]

Formação docente no contexto dos acordos internacionais ......................... 172Fátima Pacheco de Santana Inácio [email protected]

Gestão democrática: reflexões teóricas a partir da história ......................... 174Adriana Mota de Oliveira Sidou (UECE)

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Grupo Padre Luiz Gonzaga - Bragança-PA: arquivos e fontes da História da Educação da Amazônia, no século XX ........175Maria José Aviz do Rosário (UFPA) [email protected]

Maria de Fátima Matos de Souza (UFOPA) [email protected]

Governar é abrir escolas: estado, civilização industrial e a expansão do ensino primário no Brasil (1946-1964) ...................................... 177Flávio Anício Andrade [email protected]

História da educação brasileira: como se constituiu a juventude na legislação educacional do país (1940 – 2012) .................................................. 178Luani de Liz Souza (UDESC/PPGE) [email protected]

Celso João Carminati (UDESC/PPGE) [email protected]

Ideias sobre instituições de ensino para a infância menorizada nos congressos do centenário da independência do Brasil .................................. 180Fernando Rodrigo dos Santos Silva (PUC-Rio) [email protected]

Igualdade na fronteira: as escolas coloniais de Belo Horizonte no início do século XX ............................................................................................. 181Maysa Gomes Rodrigues (UFUMEC) [email protected]

Indicadores de qualidade da educação no Brasil: um estudo a partir da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (1944/1971) ................... 182Berenice Corsetti (UNISINOS) [email protected]

Instituto Ferreira Vianna - escotismo e educação: o projeto civilizador republicano no interior da escola (1929 – 1939) ......... 184Mariza da Gama Leite de Oliveira (PPGE/UFRJ) [email protected]

Inovação pedagógica na escola primária na década de 1960 ...................... 185Cleonara Maria Schwartz [email protected]

Instrução elementar na província mineira de 1822 a 1834: notas sobre o financiamento público .............................................................. 187Vania Rosaura de Lima Castro (FAPEMIG/ FAE/UFMG/UFSJ) [email protected]

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Instrumento de civilidade e progresso: instrucção primária em Santa Catharina e São Paulo (1920-1935) ............... 188Virgínia Pereira da Silva de Ávila (PPGEE/UNESP) [email protected]

Intelectuais, instrução e esfera pública no Brasil império: uma análise do pensamento político e educacional de Tavares Bastos ....... 190Jean Carlo de Carvalho Costa (CE/ PPGE/ PPGS/UFPB) [email protected]

Ingrid Karla Cruz Bizerra (PIBIC)

Livros didáticos de história para o ensino médio: abordagens e silêncios sobre as questões de gênero .................................... 191Ana Maria Marques (UFMT) [email protected]

Memória e ideologia da sciência. Faculdade de medicina da bahia e as ideias sobre progresso e desenvolvimento ................................... 193Tânia Regina Braga Torreão Sá (PGMLS/UESB/ DCHL/UESB) [email protected]

Modernizar, instruir e civilizar: princípios das reformas educacionais de Minas Gerais (1982-1928) ..... 194Carlos Henrique de Carvalho (UFU) [email protected]

O acervo bibliográfico do mestre Anton Dakitsch ......................................... 196Wania Manso de Almeida (IFF) [email protected]

O acesso ao livro didático de história no programa nacional do livro didático, dos anos finais do ensino fundamental, entre 1999 e 2008 ........197Magda Carvalho Fernandes (UFMS/UEMS/UNIGRAN) [email protected]

O Banco Mundial e a educação no estado de São Paulo .............................. 199Tatiana Silverio Kapor [email protected]

O currículo do ensino médio e da educação profissional no Espírito Santo na década de 1970 .................................................................... 200Antonio Henrique Pinto (IFES) [email protected]

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O currículo escolar e as avaliações em larga escala: representação na produção científica nacional ............................................. 201Carmem Lucia Albrecht da Silveira(UPF/RS) [email protected]

Rosimar Serena Siqueira Esquinsani (UPF/RS) [email protected]

O debate em torno da educação escolar primária no Piauí: constituição, expansão e composição da rede escolar (1946 – 1961) ......... 203Antonio de Pádua Carvalho Lopes (UFPI) [email protected]

O decreto nº 2.208/97 e a reforma da educação profissional na unidade Florianópolis da Escola Técnica Federal de Santa Catarina ............ 204Juçara Eller Coelho (IFSC/SC) [email protected]

O discurso educativo para a população na legislação da saúde pública de Minas Gerais em 1927 ......................................................... 205Eliane Vianey de Carvalho( UNICAMP) [email protected]

O ensino secundário nas lentes do CRPE de Porto Alegre (1956-1964) ....... 207Fabiana Teixeira da Rosa (PPGE/UDESC) [email protected]

Norberto Dallabrida (PPGE/UDESC) [email protected]

O impacto das mudanças de governo nas políticas de formação continuada de professores .............................................................. 208Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira (PUCPR) [email protected]

O papel dos exames finais na configuração do currículo escolar do ensino secundário paulista: um estudo do primeiro gymnasio da capital na primeira república ............................................................................ 210Maria Aparecida da Silva Cabral (FFP-UERJ e PUC-SP) [email protected]

O Plano Nacional de Educação de 1936/1937 ................................................. 211Carlos Roberto Jamil Cury (PUC/MG) [email protected]

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Os conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem nos manuais de psicologia educacional (1925-1969) ........... 212Ana Laura Godinho Lima (USP) [email protected]

Os homens cordiais na socialização dos pedrinhos de Lobato e Lourenço Filho: o negro sabido, a excelente negra de estimação e o velho caboclo ...................214Raquel de Abreu (UFSC) [email protected]

Os 40 anos do curso de mestrado e o projeto Memória da Faculdade de Educação da UFRJ: desafios e possibilidades de pesquisa ........................ 215Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro [email protected]

Gabriela de Castro Almeida de Oliveira Arosa [email protected]

Os reformadores da instrução pública profissional mineira nos primeiros anos republicanos (1891-1910) ........................................................ 216Raphael Ribeiro Machado [email protected]

Para uma genealogia da escola primaria rural: entre o espaço e a configuração pedagógica (São Paulo, 1889 - 1947) ..........218Rosa Fátima de Souza (UNESP) [email protected]

Virgínia Pereira da Silva de Ávila (IFSRG) [email protected]

Política de formação docente no Brasil: uma reflexão legal e histórica .......................................................................... 219Armindo Quillici Neto (FACIP/PPGE//UFU) [email protected]

Sônia Aparecida Siquelli (UNIVAS) [email protected]

Política educacional nos anos 2007-2011: um balanço das produções acadêmicas .......................................................... 221Melânia Mendonça Rodrigues (UFCG) [email protected]

Política educacional pombalina: a reforma dos estudos menores e a mudança no método de ensinar ................................................................... 222Sara Rogéria Santos Barbosa (FSLF/UFS-NEC) [email protected]

Genivaldo Gonçalves dos Santos Filho (FSLF/UFS-NEC) [email protected]

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Políticas Públicas para a escola primária na Bahia expansão na gestão Anísio Teixeira (1947 a 1951) ................................................................ 224Sara Martha Dick (UFBA) [email protected]

Por entre o império e a república: escolarização em Mato Grosso .............. 225Dimas Santana Souza Neves (UNEMAT) Fernanda Taques de Oliveira Leite (UNEMAT)

Problemas de rendimento escolar no ensino elementar e atuação docente: discurso oficial paulista na década de 1930 .............................................................227Luciana Maria Viviani (USP) [email protected]

Produções cinematográficas de Mazzaropi e sua contribuição para a história e a historiografia da educação brasileira ....................................... 228Juscimar Maria de Paula (UFU/MG) [email protected]

Produtivismo e pacto social: concepções da UNESCO para a educação e a formação de professores no Brasil (1980) ....................................................... 230Angela Galizzi Vieira Gomide (UEL) [email protected]

Projeto estratégico prioritário operação-escola: considerações sobre a política educacional brasileira nos anos de 1968 – 1970 ............................... 231Cecilia Neves Lima (PUC-Rio) [email protected]

Regimes de comparação nas escritas da história da educação no Brasil e em Portugal .................................................................... 233Roni Cleber Dias de Menezes [email protected]

Sentido novo da vida rural: Abgar Renault e a política educacional em Minas Gerais ............................. 234NEVES, Leonardo dos Santos Neves (FaE/UFMG-FAPEMIG) [email protected]

Helder de Moraes Pinto (FaE/UFMG-FAPEMIG) [email protected]

Trajetórias de alunos em um grupo escolar mineiro, entre 1907 e 1916: o tema da repetência escolar ........................................................................... 236Fernanda Cristina Campos da Rocha (Belo Horizonte) [email protected]

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Um caso muito especial: a educação de crianças com deficiência física na cidade do Rio de Janeiro (1975 -1985) ............................................................. 237Leila de Macedo Varela Blanco (PROPED/UERJ) [email protected]

Um gaúcho nos trópicos- a ação Drummoniana no ministério Capanema e os enlaces entre educação, política e poesia (1934-1945) .................................. 239Geovani Lever de Mendonça (UERJ) [email protected]

Um novo lócus de formação de professores no marco das políticas neoliberais no Brasil na década 1990............................................................... 240Letícia Carneiro Aguiar (UNISUL) [email protected]

Uma escola na fronteira – entre a cidade e a vida rural ................................ 242Adriana de Fátima Bernaardes Rodrigues [email protected]

Silvia Cassia da Costa Lima [email protected]

Visionários de um novo tempo: mentores da interiorização da universidade na Bahia (1950-1960) ............. 243Ana Maria Fontes dos Santos (UEFS) [email protected]

Os conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem nos manuais de psicologia educacional (1925-1955) ........... 245Profa . Dra. Ana Laura Godinho Lima Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo [email protected]

A repetência, a evasão e os serviços escolares do departamento de educação do Distrito Federal entre 1933 e 1935 ............................................ 246André Luiz Paulilo Faculdade de Educação/Unicamp [email protected]

Trajetórias de alunos em um grupo escolar mineiro, entre 1907 e 1916: o tema da repetência escolar ........................................................................... 248Fernanda Cristina Campos da Rocha Professora da Rede Municipal de Belo Horizonte [email protected]

As reprovações na escola primária paulista (1936-1938) ............................... 249Natália Gil Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) [email protected]

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Chaguismo e brizolismo: territorialidades políticas da escola fluminense ......251Lia Faria – Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected]

Leonardo Nolasco-Silva – Instituto Infnet [email protected]

A formação de professores para uma escola de tempo integral: um estudo de caso ............................................................................................. 252Maria Angélica da Gama Cabral Coutinho Professora UFRRJ

Doutoranda PROPEd / UERJ [email protected]

Escola em tempo integral ou aluno em tempo integral – o papel dos projetos nas escolas do amanhã ....................................................................... 254Leonardo Nolasco-Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Instituto Infnet [email protected]

Lia Faria Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected]

Renato Kehl, Victor Delfino e Alfredo Verano: circulação de ideias eugênicas entre Brasil e Argentina ................................ 256Autora: Carolina Toshie Kinoshita Faculdade de Educação/UNICAMP [email protected]

Co-autora: Heloísa Helena Pimenta Rocha Faculdade de Educação/UNICAMP [email protected]

Eixo 2 .............................................................................................258A capoeira na revista Kosmos (1906): cultura material, formação e informação ilustrada no Rio de Janeiro ........ 259 Ricardo Martins Porto Lussac PROPED – Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected]

A educação escolar Pomerana: uma aproximação intercultural .................. 261Jandira Marquardt Dettmann [email protected]

Laura Maria Bassani Muri Paixão [email protected]

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A escrituração escolar nas colônias italianas de Curitiba: o que informam os mapas de frequência? ..................................................... 262Elaine Cátia Falcade Maschio (UNINTER) [email protected]

A história da educação e a formação de professores para a educação das relações étnico-raciais: uma questão a pensar ....................................................................................... 263Dulcinea Benedicto Pedrada [email protected]

A influência da cultura popular na produção de sentidos e no engajamento de alunos para a preservação ambiental ........................... 265Ana Paula Dias Pazzaglini Roldi  [email protected]

Anarquismo e educação em Rio Grande (1918-1927): educação de, para e pelos trabalhadores ....................................................... 266Francisco Furtado Gomes Riet Vargas Esc. Est. de Ens. Fund. Cel. Juvêncio Lemos [email protected]

Elomar Antônio Callegaro Tambara FaE/UFPel [email protected]

Controvérsias no ensino do idioma nacional nas escolas elementares públicas e privadas italianas localizadas na cidade de São Paulo nos anos iniciais do século XX .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268Eliane Mimesse UNINTER/ PUCSP [email protected]

Educação e trabalho em escritos de Robert Owen (1771 – 1858): uma análise de the life of Robert Owen (1967) ............................................. 269Cláudio Rodrigues da Silva Universidade Estadual Paulista (UNESP) [email protected]

Educação popular em Tefé/AM: limites e possibilidades do movimento de educação de base no período da ditadura militar ............ 271Leni Rodrigues Coelho Universidade do Estado do Amazonas [email protected]

Cristiane da Silveira Universidade do Estado do Amazonas [email protected]

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Educação, saúde e resistência: estudo de caso em serra Nova Dourada/MT nos anos de 1960 e 1970 ........ 272Paulo Cesar Moreira Santos (UFMT) [email protected]

Márcia dos Santos Ferreira (UFMT) [email protected]

Escola nacional Florestan Fernandes (ENFF) – história imediata de uma escola em construção ................................................................................ 274 Carlos Bauer [email protected]

João Elias Nery [email protected]

Escolarização e profissionalização docente de mulheres afrodescendentes em Santa Catarina (1950-80) .......................... 275 Maria Aparecida Clemêncio UDESC – Florianópolis - SC - Brasil [email protected]

Sujeitos da educação no século XIX: experiências étnico- sociais de discentes e docentes nas províncias de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Parayba do Norte e Pernambuco .................................................................... 277Marcus Vinícius Fonseca Universidade Federal de Ouro Preto [email protected]

Etnia e gênero no pontal mineiro (1950-1960): escolarização das migrantes nordestinas ........................................................ 278Daiane de Lima Soares Silveira (UFU) [email protected]

Sauloéber Társio de Souza(UFU) [email protected]

Hollanda Loyola e a ação integralista brasileira: elaboração de um plano nacional de educação física na década de 1930 ........280Renata Duarte Simões (USP) [email protected]

Silvana Vilodre Goellner (UFRGS) [email protected]

Migrantes nordestinos e escolarização no pontal mineiro (décadas de 1970 a 1990) ....................................................... 282Sauloéber tarsio de souza (ufu) (CNPq/FAPEMIG) [email protected]

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Japoneses no Vale do Ribeira - formação da colônia e educação nos anos de 1908 a 1943 .................................................................. 283Rafael da Silva e Silva [email protected]

Movimento estudantil no Pontal do Triângulo Mineiro: união estudantil de Ituiutaba, 1952-1968 ....................................................... 285Isaura Melo Franco Universidade Federal de Uberlândia- UFU/CAPES [email protected]

O colégio batista mineiro: fronteiras religiosas e identidades étnicas em Belo Horizonte – MG (1918-1942) ......................... 286Hercules Pimenta dos Santos Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação - GEPHE [email protected]

Operação amazônia nativa e os desafios da formação indigenista ......................................................................................... 288Maria Dolores Campos Rebollar [email protected] Mestranda do PPGE/IE/UFMT

Artemis Torres [email protected] PPGE/UFMT

Organizações indígenas no amazonas e a luta por educação escolar .............................................................................. 289Marcos André Ferreira Estácio Universidade do Estado do Amazonas (UEA) E-mail: [email protected]

Prática pedagógica e o processo de escolarização da escola alemã como elemento constituinte das relações sociais dos Teuto-brasileiros ................. 291Alessandra Helena Wiederkehr Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC [email protected]

Propagação e circulação de ideias sobre o negro em São Paulo no início do século XX: o Clarim da Alvorada (1924-1940) ................................ 292Rosangela Ferreira de Souza USP-UNIBAN [email protected]

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Registros de batismo da paróquia Nossa Senhora Penha de França: uma fonte para o estudo dos processos educativos no cotidiano privado das crianças negras livres na província de São Paulo (1871-188). Desafios e possibilidades. .................................................................................. 294Daniela Fagundes Portela Faculdade de Educação da USP. [email protected]

Sociedade união operária e a educação em Rio Grande/RS (1893-1928) .... 295Francisco Furtado Gomes Riet Vargas Esc. Est. de Ens. Fund. Cel. Juvêncio Lemos [email protected]

Rita de Cássia Grecco dos Santos PPGE-FaE/UFPel e Universidade Federal do Rio Grande [email protected]

Elomar Antônio Callegaro Tambara FaE/UFPel [email protected]

Eixo 3 .............................................................................................297A categoria gênero no GT de História da Educação da ANPED (2000-2010) ..................................................................... 298André Luiz Sena Mariano (UNIFAL-MG) [email protected]

Romeu Adriano da Silva (UNIFAL-MG) [email protected]

A história e memória da educação do Cariri cearense na Revista Itaytera ................................................................................................... 299 Zuleide Fernandes de Queiroz – URCA [email protected]

Grupo de Trabalho: Fontes e Métodos em História da Educação Agência Financiadora: CNPq, FUNCAP, URCA

A influência do marxismo na pesquisa em educação brasileira ................... 300Amarilio Ferreira Jr. Universidade Federal de São Carlos [email protected]

A legislação escolar como fonte de investigação ........................................... 302Elizandra de Siqueira (PPGE/UFMT) Nicanor Palhares Sá (PPGE/UFMT)

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A literatura do escritor Érico Veríssimo (1905-1975): possibilidades de uso das fontes e de métodos para a História da Educação .......303Roselusia Teresa Pereira de Morais (FaE/UFPel) [email protected]

A memória escolar como fonte documental: o contributo da museologia para a História da Educação ............................ 305Vanessa Barrozo Teixeira Universidade Federal de Pelotas (UFPel) [email protected]

A perspectiva histórica transnacional como instrumental teórico para análise da história da educação brasileira entre as décadas de 1950 a 1960 .....306Daniel Ferraz Chiozzini [email protected]

A pesquisa em história da educação (sul) mato-grossense e seus indicadores de produção: base de dados e periódicos acadêmicos ..... 308Adriana Aparecida Pinto [email protected]

A Revista Echos do Collegio Archidiocesano de São Paulo (1908-1963): possibilidades para estudos em história da educação ................................... 309Raquel Quirino Pinas [email protected]

Ricardo Tomasiello Pedro [email protected]

Acervo da escola estadual professor Leopoldo Miranda, Diamantina, MG: fontes para história da educação ..................................................................... 311Gabriela Marquesi Sousa (UFVJM) [email protected]

Flávio César Freitasii Vieira (UFVJM) [email protected]

Alunos da Faculdade de Direito de Pelotas/RS em 1962 e 1964: herdeiros de qual tradição? .............................................................................. 312Valesca Brasil Costa [email protected]

Apontamentos sobre a produção do conhecimento científico e a construção do conceito de historicidade ...................................................... 314Carlos Bauer [email protected]

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Apontamentos teórico-metodológicos para a investigação do ensino da linguagem escrita em classes de alfabetização ............................. 315Fernanda Zanetti Becalli UFES/NEPALES/IFES [email protected]

As contribuições de e. P. Thompson e o “fazer-se” da Escola Profissional Visconde de Mauá ............................................................. 316Isabella Paula Gaze UNIRIO/CEMEF [email protected]

As leituras de ciências empíricas em Caicó-RN (século XIX) ........................... 318Franselma Fernandes de Figueirêdo Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected]

Cartas e educação jesuíticas: memórias da segunda vinda dos jesuítas portugueses ao nordeste do Brasil ..................................................... 319Carlos Ângelo de Meneses Sousa (UCB) [email protected] / [email protected]

Colégio metodista Izabela Hendrix (1904-1935): resgate e organização dos documentos históricos ......................................... 321Reginaldo Leandro Plácido Plá[email protected]

Wesley Jesus dos Santos [email protected]

Constituição de um catálogo fotográfico digital como ferramenta de pesquisa em história da educação ................................................................... 322Andreína de Melo Louveira [email protected]

Maria Eduarda Ferro [email protected]

Das ondas do rádio às páginas dos impressos: debates sobre linguagem humorística, radiodifusão e educação no Brasil (anos 1930-1940) ............... 324Maria angela borges salvadori [email protected]

Documentação camarária e história da educação em Minas Gerais: algumas possibilidades ...................................................................................... 325Marileide Lopes dos Santos FaE-GEPHE/UFMG,RME/BH [email protected]

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História da educação de Goiás: documentos em rede ................................... 327Diane Valdez [email protected]

Valdeniza Maria Lopes da Barra [email protected]

Dos vestígios ao tema de estudo: o caminho percorrido na pesquisa sobre a Escola Mixta da Imperial Fazenda de Santa Cruz ............. 328Adriana Valentim Beaklini [email protected]

É tempo de lembrar: a memória oral das normalistas no Instituto de Educação de Pernambuco (1946-1955) ....................................... 330Ana Paula Rodrigues Figueirôa [email protected]

José Luis Simões [email protected]

Entre a determinação e a prática: a história da educação primária impressa nos relatórios de professores e inspetores escolares paranaenses ......331Etienne Baldez Louzada Barbosa (UFPR) [email protected]

Franciele F. França (UFPR) [email protected]

Ficha da vida escolar do alunado como fonte para a história de instituições escolares: uma discussão ............................................ 333Vívia de Melo Silva (PPGE/UFPB) [email protected]

“Folha do Norte” e “o Correio de São Felix” de 1930 a 1939: o debate educacional em Feira de Santana e Recôncavo Fumageiro na imprensa ................................................................. 334Elizabete Pereira Barbosa (UEFS) [email protected]

Sandra Nivia Soares de Oliveira (UEFS) [email protected]

Fontes literárias contribuições do Bildungsroman para estudos e pesquisas no campo da história da educação ............................... 335Léo Antônio Perrucho Mittaraquis Universidade Federal de Sergipe [email protected]

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Fontes para pesquisa e escrita da história da educação em Dourados e região (1940-1990): mapeamento e inventário ......................... 337Alessandra Cristina Furtado Universidade Federal da Grande Dourados - MS [email protected]

Inês Velter Marques Universidade Federal da Grande Dourados - MS [email protected]

Fronteiras entre dois campos: um estudo das influências teóricas na história e na história da educação no século XX ..... 339Silvia Alicia Martínez Universidade Estadual do Norte Fluminense [email protected]

Fundamentos teóricos, áreas de comparação e procedimentos investigativos: os estudos comparados e a escrita de uma história curricular ..................................................................... 340Fabiany de Cássia Tavares SILVA Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) [email protected]

História da alfabetização em Minas Gerais: as especificidades do município de Canápolis (1931 – 1971) ........................ 342Vanessa Ferreira Silva Arantes Universidade de Uberaba-UNIUBE [email protected]

Gustavo Araújo Batista Universidade de Uberaba-UNIUBE [email protected]

História da Educação “vista de baixo”: abordagens, limites e possibilidades de pesquisa .......................................... 343Alexandra Lima da Silva [email protected]

Marcelo Gomes da Silva [email protected]

História e memória de uma instituição de ensino por meio de seu acervo fotográfico: o caso da Escola Estadual de Ensino Fundamental General Osório ............................................................... 345Maria Augusta Martiarena de Oliveira (UFPel) [email protected]

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História Oral: método de preferência na produção científica no Brasil ...... 346Maria do Socorro Pereira Lima [email protected]

Imagens antijudaicas na Espanha inquisicional enquanto fonte para a história da educação .......................................................................................... 347Sandra Regina Franchi Rubim (PPE/GTSEAM/UEM) [email protected]

Terezinha Oliveira (DFE/PPE/GTSEAM/UEM) [email protected]

Imigração e educação no Paraná: o que diziam as mensagens oficiais dos governadores à Assembleia Legislativa, da década de trinta à década de cinquenta ......................................... 349Manuela Pires Weissbock Eckstein Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO [email protected]

Instrução pública primária na imprensa periódica mato-grossense no início do século XX ....................................................................................... 350Marijane Silveira da Silva [email protected]

Nicanor Palhares Sá [email protected]

Leituras e leitores da Coleção Biblioteca das Moças. Pontos para uma pesquisa a partir das marcas de leitura feitas por normalistas ..................... 351Cássia Aparecida Sales M. Kirchnerii Faculdade de Educação – Unicamp – Grupo Civilis [email protected]

Localização, identificação e catalogação de livros didáticos: contribuições para a história das disciplinas escolares ................................... 353Kênia Hilda Moreira(FAED/UFGD) [email protected]

Mapas de frequência escolar: fontes para a história dos processos de escolarização primária (1929-1949) ........................................... 354Amália Dias [email protected]

Memória, história oral e narrativa: o encontro do possível na multiplicidade de pontos de vista .................................................................... 356Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira (UFPI) [email protected]

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Diálogos entre a micro-história e a história da educação ............................. 357Eliana Gasparini Xerri [email protected]

Narrativas autobiográficas como fonte de pesquisa para a história da educação em Minas Gerais ............................................................ 359Leonardo dos Santos Neves FaE/UFMG-FAPEMIG [email protected]

Helder de Moraes Pinto FaE/UFMG-FAPEMIG [email protected]

O cinema como fonte para a história da educação: o caso da sessão das moças (Florianópolis: 1943-1962).............................. 360Alexandre Sardá Vieira Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina [email protected]

O cotidiano de bacharéis na Universidade de Paris: uma análise de cartas parisienses (1270-1274) ............................................... 362Terezinha Oliveira (DFE/PPE/UEM) [email protected] Pesquisa Financiada pelo CNPq – PQII

Ensino secundário ou educação secundária? Controvérsias e singularidades na escrita de sua história ............................. 363Stella Sanches de Oliveira Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [email protected]

“O mensageiro de Nossa Senhora da Salette”: a ação educativa de uma congregação religiosa através de uma revista (1917-1921) .................. 365Letícia Aparecida Mazochi (Universidade São Francisco - SP) [email protected]

Paula Leonardi (Universidade São Francisco - SP) [email protected]

O negro, da senzala para escola: a educação nos congressos agrícolas do Rio de Janeiro e Pernambuco (1878) ............................................................... 366Maria Isabel Moura Nascimento [email protected] Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG

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Os impressos para crianças como fonte de pesquisa em história da educação: uma análise da coluna Lições do Vovô da Revista O Tico-Tico .............................368Luciana Borges Patroclo (PUC-RIO) [email protected] Bolsista CAPES

Os testamentos setecentistas como instrumentos de percepção do alfabetismo e letramento em Sergipe Del Rey ...................... 369Eugênia Andrade Vieira da Silvai Universidade Federal de Sergipe [email protected]

Papéis velhos: a história do orfanato de São Cristóvão e da Escola da Imaculada Conceição através de suas fontes ................................. 371Josineide Siqueira de Santana (UFS) [email protected]

Periódicos e imprensa como fontes para o estudo da educação dos sentidos em Minas Gerais: o tempo livre como possibilidade de formação (entre as décadas finais do século XIX e as décadas iniciais do século XX) .........372Luísa Cecília Belotti Oscar– PIBIC/CNPQ [email protected] Universidade Federal de Minas Gerais

Marcus Aurelio Taborda de Oliveira – CNPq [email protected] Universidade Federal de Minas Gerais

Por uma estética escolar brasileira na década de 1950: as imagens na Revista Atualidades Pedagógicas ............................................ 374Diogo Franco Rios [email protected]

Marcos Villela Pereira [email protected]

Primeiras Lições de Coisas na transição do Império para a República: contribuições de Rui Barbosa ........................................................................... 375Enilda Fernandes (UEMS) [email protected]

Produzindo fontes para a história da educação católica: leituras, diálogos e caminhos entrecruzados .................................................. 377Evelyn de Almeida Orlando [email protected]

Maria José Dantas [email protected]

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Ramon Llull e o livro da Ordem de Cavalaria: tentativa de retomada dos ideais da cavalaria cristã ..................................... 378Paula Carolina Teixeira Marroni GTSEAM - PPE/UEM – CAPES

Os conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem nos manuais de psicologia educacional (1925-1955) ........... 380Profa . Dra. Ana Laura Godinho Lima Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo [email protected]

Eixo 4 ............................................................................................382A concepção de infância no Compêndio de Pedagogia Prática de Joaquim José de Araújo ............................................................................... 383Izabela Cristina de Melo Santos (UFAL) [email protected]

Roseane Maria de Amorim (UFAL) [email protected]

A concepção de infância nos pareceres da reforma do ensino primário de Rui Barbosa ....................................................................... 384Amanda Sousa Galvíncio (PPGE/UFPB) [email protected]

A constituição histórica da educação infantil no município de Aracruz – ES: permanências e mudanças .........................................................................................385Maria Lúcia de Resende Lomba (UFES) [email protected]

A criança e a escola: uma análise sócio-histórica ..............................................................................387Maria Aparecida Augusto Satto Vilela [email protected]

A educação da criança desvalida em instituições de assistência à infância (Curitiba, 1947-1957) ..................................................... 388Joseane de Fátima Machado da Silva (UFPR) [email protected]

A educação da criança nas proposições de D. Antonio Joaquim de Melo nas suas cartas pastorais (Diocese de São Paulo, 1852-1861) ........................ 390Juarez José Tuchinski dos Anjos (UFPR) [email protected]

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A história da escolarização da infância pobre em Minas Gerais: desafios e perspectivas da pesquisa ................................................................. 391Paula Cristina David Guimarães (UFMG) [email protected]

A infância e sua educação na Bahia: especificidades do Recôncavo Fumageiro ....................................................... 392Elizabete Pereira Barbosa (UEFS) [email protected]

A máscara do ABC: a Cartilha da Infância nas práticas de alfabetização de Aurélia de Souza Braga ....................................................... 394Kátia Maria Soares (UERJ/ProPEd) [email protected]

A Revolução Francesa e as repercussões na educação de surdos ................. 395Niédja Maria Ferreira de Lima (UFCG/UAEd) ié[email protected]

Colégio João de Deus – Porto ........................................................................... 396Aires Antunes Diniz Universidade de Coimbra- Portugal [email protected]

Contexto histórico versus responsabilidade social: a contribuição da UNIGRAN para a Educação de Jovens e Adultos ............. 398Elizabete Velter Borges (UNIGRAN) [email protected]

Crianças pequenas e adultos grandes: trajetos históricos e discussões atuais sobre crianças e infâncias .................. 399Gislaine Azevedo da Cruz (UFGD/CAPES) [email protected]

Magda Sarat (UFGD) [email protected]

Crianças personagens da história da educação na Amazônia: uma representação literária no conto Chão de Lobos ................................... 401Maria do Socorro Pereira Lima (UFPA) [email protected]

Criando órfãos – instrução e assistência na capitania do Rio Grande do Norte (séc. XVIII) ...................................................................... 402Muirakytan Kennedy de Macêdo (UFRG) [email protected]

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De aprendizes do Arsenal de Guerra (1842-1899) a Aprendizes da Escola de Artífices (1909-1941): algumas observações sobre a educação profissional de jovens e meninos na história da educação de Mato Grosso .....404Sílvio Takeshi Tamura (UFMT)

Discursos republicanos e governo da infância ...............................................405Maria do Socorro Nóbrega Queiroga (UFPB) [email protected]

Do amor ao casamento: análise de um manual de preparação das moças para assumir os deveres de esposa, mãe e dona-de-casa, em circulação no nordeste do Brasil em meados do século XX ........................................................................ 407Patrícia Helena Carvalho Holanda (FACED-UFC) [email protected]

Maria Juraci Maia Cavalcante (FACED-UFC) [email protected]

Educação e vestimentas: infâncias pomeranas na Serra dos Tapes .................. 408Carmo Thum (Educamemória/IE/FURG) [email protected]

Escolas isoladas: produção da precariedade e invisibilidade histórica (Minas Gerais 1911-1930) ............................................................................................... 410Ellen Rose Fernandes Figueiredo(UFMG) [email protected]

Henrique Dumont(UFMG) [email protected]

Maria Cristina Soares de Gouvea ( UFMG) [email protected]

Educar pelo jornal: o ABC em seis lições para infância pobre de Fortaleza ....411Francisco Ari de Andrade [email protected]

Escolas maternais em Santos (1902- 1930): contribuição para a história da infância e da formação de professoras ...... 413Maria Apparecida Franco Pereira (UCS/SP) [email protected]

“Filosofia para crianças” análise do projeto educação para o pensar implantado nas séries inicias da rede municipal de São José – SC (2001-2008) ...........................414Karine Rodrigues Ramos (UDESC) [email protected]

Celso João Carminati (UDESC) [email protected]

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História da alfabetização: reflexões sobre as contribuições da Companhia de Jesus .......................................................................................... 416Ayala de Sousa Araújo (UFS/NPGED) [email protected]

Histórias de um passado não tão distante: políticas e práticas de educação infantil no interior do Brasil ............................................................ 417Caroline M. Cortelini Conceição Unisinos/Unioestei [email protected]

Juventude e Escola Nova durante a era Vargas .............................................. 418Eliezer Raimundo de Souza Costa, (UFMG) [email protected]

Localização, identificação e catalogação de livros didáticos: contribuições para a história das disciplinas escolares ................................... 420Kênia Hilda Moreira FAED/UFGD [email protected]

Na algazarra das brincadeiras e no acalanto das histórias e músicas: os primeiros aprendizados de criança (Caetité-Ba, 1910-1930) ..........................421Giane Araújo Pimentel Carneiro (UFMG/UNEB) [email protected]

O atendimento a criança pequena no Brasil (1870 – 1920)........................... 422Rosemeire Messa de Souza Nogueira (UFGD) [email protected]

O ensino de história para crianças nos livros de leitura: a pátria brasileira e argentina na primeira metade do século XX ............... 424Diane Valdez Universidade Federal de Goiás (UFG) Universidad Nacional de La Plata (UNLP) [email protected]

O jovem dos clubes 4-S como elemento difusor da modernização das práticas agrícolas em Minas Gerais nas décadas de 1950 e 1960 ................................ 425Leonardo Ribeiro Gomes(FAE/UFMG) [email protected]

O lugar da mulher e da criança na obra Casa-Grande & Senzala ................. 427Msc. Ana Regina Ferreira de Barcelos UFSC [email protected]

Msc. Júlia Siqueira da Rocha UFSC [email protected]

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Origem, prática educativa e evolução do Movimento de Educação de Base (MEB) em Itacoatiara-AM .................................................................................. 428Fabricio Valentim da Silva  [email protected]

Os alunos e a instrução pública em Cotia, província de São Paulo, na segunda metade do século XIX ................................................................... 430Fernanda Moraes dos Santos  [email protected]

Percurso histórico do Cineduc: o fazer-se de seus protagonistas ................. 431Aldenira Mota do Nascimento (Unirio) [email protected]

Prática Pedagógica do Movimento de Educação de Base (MEB) em Itacoatiara-AM ................................................................................................... 433Fabricio Valentim da Silva [email protected]

Sobre a educação feminina: o caso de Helena Morley (1893-1895) ............. 434Márcia Cabral da Silva (UERJ) [email protected]

Eixo 5 .............................................................................................436(In) visibilidade das professoras de criança: feminização do magistério no município de Dourados/MS (1980-2010) ............................... 437Gislaine Azevedo da Cruz [email protected] Sarat [email protected]

“Com quatorze anos comecei a ensinar”: lembranças (quase) esquecidas do “ser” e “fazer” docente .................438Joaquim Francisco Soares Guimarães Universidade Tiradentes/UNIT [email protected] Rei do Nascimento Silva Universidade Tiradentes/UNIT [email protected]

“Como aprendi, ensinei”: modos de ser e constituir-se professora ..................................................... 440Joaquim Francisco Soares Guimarães Universidade Tiradentes/UNIT [email protected]é Rodrigo Vieira Febrônio Universidade Tiradentes/UNIT [email protected]

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“Quando crescer, vou ser doutora”: a história de vida da professora e advogada Marlene Francisca do Carmo Procópio .......................................... 441Diogo Lisboa Ribeiro [email protected]

Rodrigo Jose Vieira Febrônio [email protected]

A Califasia na formação docente: contribuições de Francisco Silveira Bueno ...................................................... 443Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas [email protected]

A construção do conhecimento pedagógico compartilhado: reflexões sobre o papel do professor universitário na contemporaneidade .....444Dominick do Carmo Jesus1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB domini_nick@@hotmail.com

Ennia Débora Passos Braga Pires2 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB [email protected]

A Escola Normal de Natal/Instituto de Educação: precursora da pesquisa educacional no Rio Grande do Norte (1958-1965) .......446Luciene Chaves de Aquino (UFPB) [email protected]

A formação de professores na UNESP após a LDB 9394/96: novas questões, velhos desafios ....................................................................... 447Julio Cesar Torres [email protected]

Maria Dalva Silva Pagotto [email protected]

A formação de professores para o ensino superior em Minas Gerais na década de 1970: tornar-se especialista em (bio) mecânica? ..........................449Fernanda Cristina Dos Santos EEFFTO-UFMG [email protected]

A formação do docente primário entre continuidades e rupturas – um estudo comparativo dos regulamentos de 1888 e 1890 na capital da república .......................................................................................... 450Marina Natsume Uekane Universidade Federal Fluminense [email protected]

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A institucionalização da polivalência no trabalho docente da escola primária em Pernambuco ...................................................................... 452Shirleide Pereira da Silva Cruz - UnB/NEPHEPE-GEPFAPe [email protected]

Fabiana Cristina da Silva - UFPE/NEPHEPE [email protected]

Margarete Maria da Silva UFPE/NEPHEPE [email protected]

A produção social de uma escola popular de massa: experiências de professores nas periferias da cidade de São Paulo (1970 – 2000) ............................................................453João do Prado Ferraz de Carvalho Universidade Federal de São Paulo [email protected]

A profissionalização docente à luz do jogo de escalas .................................. 455Fábio Garcez de Carvalho Universidade Federal do Rio de Janeiro / PPGE [email protected]

As licenças médicas como indício de mal-estar docente no início do século XX: o caso do Grupo Escolar Silveira Brum (1912-1930) ................................ 456Talitha Estevam Moreira Cabral Universidade Federal de Viçosa [email protected]

Denilson Santos de Azevedo Universidade Federal de Viçosa [email protected]

As mulheres e o magistério: algumas contribuições para a história da educação ...................................... 458Valeria Pall Oriani [email protected]

As orientações e representações da prática docente nos manuais didáticos dos normalistas ................................................................... 459Analete Regina Schelbauer [email protected]

Shirlei Terezinha Roman Guedes [email protected]

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Auxiliar de sala é professor? Dilemas da profissionalização docente na educação infantil ........................................................................... 461Luciana Mara Espíndola Santos Prefeitura Municipal de Florianópolis [email protected]

Condições de trabalho docente no estado do Rio de Janeiro no contexto das reformas educacionais das últimas décadas ............................ 462Amanda Aoreira da Silva [email protected]

Conferências Pedagógicas no século XIX: a circulação do modelo ............. 464Daniel Cavalcanti de Albuquerque Lemos [email protected]

Construindo o seu quadro docente: as primeiras gerações de professores do Colégio de Pedro II ....................... 466Ana Waleska Pollo Campos Mendonça - PUC-Rio [email protected]

Fernando Rodrigo dos Santos Silva (Doutorando – PUC-Rio) [email protected]

Luciana Borges Patroclo (Doutoranda – PUC-Rio) [email protected]

Renata dos Santos Soares (Doutoranda – PUC-Rio) [email protected]

Representações do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 nos manuais de história da educação publicados em coleções (1933-1945) .............467Orlando José de Almeida Filho [email protected]

Curso de especialização e aperfeiçoamento: análise do decreto nº 2.539/1931 para a formação de professores em Niterói .................................................................................. 469Ariadne Lopes Ecar Universidade de São Paulo [email protected]

Do “despreparo” à “recuperação”: a identidade do professor primário em Mato Grosso na década de 1960......470Márcia Santos Ferreira Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT [email protected]

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Ensino mútuo no Brasil: circulação e permanência a partir de um estudo de caso ............................................................................................. 472Alcides Caetano da Silva Junior Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo [email protected]

Entre a religião e a laicidade: incursão nas memórias de professores catarinenses dos anos 1960 ............ 473Marilândes Mol Ribeiro de Melo Universidade Federal de Santa Catarina [email protected]

Rafaela Azevedo de Souza Universidade Federal de Santa Catarina [email protected]

Escola Normal de Caxias-MA: formação docente, práticas e saberes de “Tia Miroca” a guardadora das memórias da princesa do sertão ...475Salânia Maria Barbosa Melo Professora do Curso de História da UEMA-Caxias e da UESPI Doutora em Educação pela UFC. Em Estágio Pós-Doutoral na UFPB. Bolsista FAPEMA. [email protected]

Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul: modelo católico de formação docente ........................................................... 476Maria Irinilda da Silva Bezerra Universidade Federal Fluminense- UFF [email protected]

Heloísa de Oliveira Santos Villela Universidade Federal Fluminense- UFF [email protected]

Escolas Católicas e o Curso Normal: um olhar sobre a formação das professoras ................................................. 478Maria Nahir Batista Ferreira Universidade Estadual do Ceará - UECE [email protected]

Antonio Germano Magalhães Júnior Universidade Estadual do Ceará - UECE [email protected]

Experiência docente de uma mestra de meninas Paranaguá 1835-1851 .... 479Fabiana Garcia Munhoz - USP [email protected]

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Formação e atuação de normalistas Mato-grossenses: a trajetória de Maria Constança Barros Machado .......................................... 481Gilberto Abreu de Oliveira [email protected]

Ademilson Batista Paes [email protected]

Formação identitária do professor alfabetizador na formação continuada: uma análise histórico-sociológica ..................................................................... 482Fernanda Izidro Monteiro (PPGE/LEDUC/UFRJ) [email protected]

Wânia Cristina dos Reis José Balassiano (PPGE/PROEDES/UFRJ) [email protected]

Formando profissionais para a indústria: os primeiros professores da Escola Técnica Nacional ..................................... 484Tereza Fachada Levy Cardoso [email protected]

Fran Paxeco, Lenthe da revitalização pedagógica moderna e organizador do 1º Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão em 1920 ......................................................................... 485Rosângela Silva Oliveira Doutoranda em Educação Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected]

História da formação de professores em São Paulo (1875-1894) ................ 486Tatiane Tanaka Perez Universidade de São Paulo [email protected]

História de vida de professoras migrantes na fronteira ................................ 488Maria das Graças Campos UERJ/PPFH

Histórias de vida-formação: interfaces com a história da educação na Bahia ........................................... 489Joselito Brito de Almeida [email protected]

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Histórias de vida e profissão docente: quando engenheiros tornam-se professores ................................................. 490Francisco das Chagas Silva Souza - PPGEP [email protected]

Albino Oliveira Nunes Professor do IFRN [email protected]

Igreja católica e formação de professores em São Paulo a Escola Normal Livre Sagrado Coração de Jesus (1943) ........... 492Leila Maria Inoue [email protected]

Inscritas em linho branco: os concursos públicos para candidatas as vagas das escolas mistas e femininas de São Paulo (1893 – 1897) .......... 493Rosiley A. Teixeira Universidade Nove de Julho – SP [email protected]

Mais escolas, mais professores: história da constituição do corpo docente de ensino secundário no Piauí (1950 – 1970) ....................... 495Antonio de Pádua Carvalho Lopes Universidade Federal do Piauí [email protected]

Manuais didáticos formando professores de história .................................... 496Antonio Simplicio de Almeida Neto [email protected]

Movimento escolanovista e formação de professores no Espírito Santo: Attílio Vivacqua, Deodato de Moraes e Adolphe Ferrière ............................ 498Regina Helena Silva Simões [email protected]

Rosianny Campos Berto [email protected] Universidade Federal do Espírito Santo

Muitos fios e poucas opções: a profissão docente em Araguari no Estado Novo ................................................................................. 499Gilma Maria Rios UNIPAC/Araguari- MG e CESUC/Catalão – Go [email protected]

Mulheres negras no magistério da Bahia do século XIX - as aspirantes ao Internato Normal ......................................................................................... 501Ione Celeste Jesus de Sousa [email protected]

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O Conservatório Nacional de Canto Orfeônico como instituição modelo e a experiência no Paraná ................................................ 502Wilson Lemos Junior (IFC / PUC-PR) [email protected]

Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUC-PR) [email protected]

Narrativas e representações de um percurso docente e de um ideário educativo estrangeiro nas cartas de uma educadora ............... 504Silmara de Fatima Cardoso [email protected]

O curso de férias para professoras leigas em Mato Grosso na década de 1960 .................................................................................................. 505Rômulo Pinheiro de Amorim Universidade Federal de Mato Grosso [email protected]

O curso de pedagogia da UFPR: um pouco de sua história mediante a presença de seus paraninfos nas cerimônias de colação de grau nas últimas três décadas .............................. 507Leziany Silveira Daniel Universidade Federal do Paraná [email protected]

O curso normal regional de Pau dos Ferros (RN): a inauguração da formação docente no Alto Oeste Potiguar (1951-1961) .......508Luciene Chaves de Aquino (UFPB) [email protected]

Olivia Morais de Medeiros Neta (IFRN) [email protected]

O lugar do feminino no ensino de primeiras letras no século XVIII e XIX ......510Vera Maria dos Santos Universidade Federal de Sergipe – NPGED [email protected]

Simone Silveira Amorim Universidade Tiradentes/NPED [email protected]

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Os professores pioneiros do Distrito Federal: história e memória da profissão docente ...................................................... 511Renata Souza Silva Faculdade Projeção [email protected]

Eva Waisros Pereira Universidade de Brasília [email protected]

Por uma história da profissão docente vista de baixo: modos de educar, práticas escolares e cultura escolar no território Sul Sergipano (1930-1950) ..513Raylane Andreza Dias Navarro Barreto -UNIT-PPED [email protected]

Laísa Dias Santos - UNIT -PROBIC [email protected]

Luzianne dos Santos - UNIT -PROVIC [email protected]

Rony Rei do Nascimento Silva - UNIT –CNPQ [email protected]

Professores inesquecíveis docência e prestígio no Instituto de Educação do Rio de Janeiro dos anos 1950-60 .............................................. 514Sonia de Castro Lopes Faculdade de Educação Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) [email protected]

Professora Julia Wanderley, um mito na feminização do magistério paranaense (1874 - 1918) ............................................................... 516Silvete Aparecida Crippa Araujo – UFPR [email protected]

Queixas de comportamento e desempenho das professoras da Escola Primária de Minas Gerais (1889-1907): tensões sociais no processo de feminização do magistério .......................................................... 517Talita Barcelos Silva Lacerda Universidade Federal de Minas Gerais/FAE/GEPHE [email protected]

Reflexões sobre a formação de professores do ensino secundário nos anos 1920-30 no Brasil ....................................................................................... 519Maria Cristina Ferreira dos Santos Universidade do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense [email protected]

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Representações do bom professor primário nas memórias de professores aposentados da rede Estadual de Ensino de Santa Catarina década de 1970 ........................................................................ 520Marilândes Mol Ribeiro de Melo Universidade Federal de Santa Catarina [email protected]

Ione Ribeiro Valle Universidade Federal de Santa Catarina [email protected]

Representações oficiais sobre os professores capixabas no Século XIX: “oportunista, inábil, preguiçoso” (?) ............................................................... 522Karen Calegari dos Santos Universidade Federal do Espírito Santo [email protected]

Roberto Faria um lorde camponês na educação ............................................ 523Marilene Alves Maia [email protected]

Saberes docentes nos relatos orais e a ressignificação do mito político: Tancredo de Almeida Neves ............................................................................. 525Raína de Castro Ferreira [email protected]

Tiago Saraiva de Sabóia [email protected]

Ser professor na província piauiense no período imperial ............................ 526Jose Carlos Souza Araujo

Ser professor normalista segundo os anais da Conferência Interestadual de Ensino Primário de 1921................................. 528Jose Carlos Souza Araujo

Tematizações de professores paulistas sobre a arte da leitura, no século XIX ...................................................................................................... 529Franciele Ruiz Pasquim. Mestranda em Educação (Bolsa FAPESP). FFC-UNESP- Marília/SP [email protected]

Trabalho docente, gênero e poder em denúncias e defesas públicas da década de 1880 ................................................................ 531Clarice Nascimento de Melo Universidade Federal do Pará (UFPA)

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Trajetórias profissionais de diretoras ............................................................... 532Maria das Dores Cardoso Frazão Universidade Federal do Maranhão [email protected]

Uma biblioteca para formação de professores, circulação de saberes pedagógicos entre professores e alunos da Escola Normal .......................... 534Gizelma Guimarães Pereira Sales [email protected]

Um pioneiro de múltiplas funções – Pelotas (1879-1898) ............................. 535Maria Angela Peter da Fonseca – UFPel [email protected]

Elomar Antônio Callegaro Tambara – UFPel [email protected]

Liceus e Escolas Normais em evidência no jornal “O fluminense” – 1894 ......537Ariadne Lopes Ecar Universidade de São Paulo [email protected]

Excursões escolares e formação de professores na primeira república ........ 538Carlos Augusto de Amorim Cardoso (UFPB/UERJ) [email protected]

A institucionalização do ensino primário em São João Del-Rei, MG: escolarização e concepção de ensino (1898-1910) ......................................... 540Maria Aparecida Arruda Universidade Federal de São João del-Rei/UFSJ [email protected]

Aos leitores dos jornais da Paraíba e do Rio de Janeiro, notícias sobre os professores dos Liceus no império ...................................... 541Fabiana Sena - UFPB [email protected]

Eixo 6 .............................................................................................543“Associações auxiliares” - vestígios de apropriações escolanovistas em grupos escolares de Florianópolis e Brusque - SC (1947 e 1951) ................... 544Fernanda Ramos Oliveira Prates – UDESC [email protected]

Gladys Mary Ghizoni Teive – UDESC [email protected]

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“Cantando espalharei por toda a parte” – propostas para o ensino da música nas escolas públicas, nas décadas de 1960 e 1970 ........... 545Vera Lucia Gomes Jardim – UNIFESP [email protected]

“Tão próximo e tão distante”: um estudo comparado do ensino secundário nas cidades de Pelotas e Rio Grande/RS (décadas de 1870 a 1910) .....................547Giana Lange Do Amaral – UFPEL [email protected]

Hardalla Santos do Valle – UFPEL [email protected]

A “área” da geografia no curso de Geografia e História da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe (1951-1962)................................ 548João Paulo Gama Oliveira – UFS [email protected]

A cadeira de religião no Curso Normal de Sergipe (1870-1900) ............................................................. 550Eva Maria Siqueira Alves – UFS [email protected]

Simone Paixão Rodrigues – UFS [email protected]

A cultura material escolar e as memórias de docentes de geografia entre 1960 e 1989 em Curitiba: vestígios da história das disciplinas escolares .............551Márcio Willyans Ribeiro – PUC/PR [email protected]

Rosa Lydia Teixeira Corrêa – PUC/PR [email protected]

A disciplina de Biologia educacional no curso de magistério da Escola Dom Bosco do Distrito de Indápolis, município de Dourados (1977 a 2000) ................................................................................... 553Rozangela Soares Grangeiro Borges – UFGD [email protected]

A disciplina economia doméstica e sua relação com a normalista dos anos 1950 no Instituto Sagrado Coração de Jesus da cidade de Estância-Sergipe ............................................................................... 554Rogério Freire Graça [email protected]

A escolarização segundo Proust: distinção e modernidade .......................... 556Elisabete Zardo Búrigo – UFRGS [email protected]

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A matemática do colégio: livros didáticos e história de uma disciplina escolar .......557Francisco de Oliveira Filho – UNIBAN [email protected]

A matemática na disciplina de Metodologia e Prática do Ensino na Escola Normal Caetano de Campos ................................................................. 559Adauto Douglas Parré – UNIFESP [email protected]

Maria Célia Leme da Silva – UNIFESP [email protected]

A produção científica acerca da história do ensino de língua portuguesa no Brasil .............................................................................. 560Danilo Morais Lima – UEMS [email protected]

Estela Natalina Mantovani Bertoletti – UEMS [email protected]

A trajetória da ginástica no currículo do ensino público primário paranaense (fim do século XIX e início do século XX) ................................... 562Diogo Rodrigues Puchta – UFMG [email protected]

Análise da configuração textual de “linguagem nas classes adiantadas”, de A. F. Proença (1880-1946) e a história da alfabetização no Brasil ........... 563Monalisa Renata Gazoli [email protected]

As instruções públicas para os professores régios e o ensino de língua latina durante o período pombalino ................................................... 564Sara Rogéria Santos Barbosa – UFS [email protected]

Genivaldo Gonçalves dos Santos Filho – UFS [email protected]

As múltiplas possibilidades que o processo educativo oportuniza nos vários contextos, e muito além do espaço escolar ......................................... 566Miriam Ferreira de Matos [email protected]

As práticas curriculares e concepção de história no livro da série Braga: um estudo do compêndio no início da república brasileira .......................... 568Roseane Maria de Amorim – UFAL [email protected]

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Aspectos teórico-metodológicos das pesquisas em história das disciplinas escolares: um estudo preliminar para uma história das disciplinas de didática nas instituições de formação de professores no Brasil (1827-2011) ...............................569Rosane Michelli de Castro – UNESP [email protected]

Elieuza Aparecida de Lima – UNESP [email protected]

Avaliação na escola primária graduada: prescrições nas páginas dos regimentos internos dos grupos escolares (Santa Catharina - 1911 e 1914) ......571Carolina Ribeiro Cardoso da Silva – UDESC [email protected]

Breve panorama da língua inglesa na legislação imperial brasileira (1809-1828) ......................................................................................................... 572Marcle Vanessa Menezes Santana – UFS [email protected]

Cultura escolar e disciplina na formação de professores em Minas Gerais: a Escola Normal de Montes Claros (1888-1903) .............................................. 574Wenceslau Gonçalves Neto – UFU [email protected]

Ensino de história e educação moral: relações internacionais e representações pacifistas no período entre guerras .................................... 575Juçara Luzia Leite

Estatística educacional na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP processos de consolidação de uma disciplina ..................577Martha R. I. Santana da Silva – UNIFESP [email protected]

Wagner Rodrigues Valente – UNIFESP [email protected]

História da Escola Geraldino Neves Correa do Distrito da Picadinha, município de Dourados (1974-1996) ................................................................ 578Clovis Irala – UEMS [email protected]

História do ensino de história no Brasil no século XXI: mapeamento da produção acadêmica recente .............................................. 580Rodolfo Calil Bernardes – PUC/SP [email protected]

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Literatura Infantil: de saber comum à invenção como disciplina ................. 581Rosa Lydia Teixeira Corrêa – PUC/PR [email protected]

Gladiomar Saade de Castilhos – PUC/PR [email protected]

Livros didáticos de espanhol publicados no Brasil (1920-1960) .................... 582Anselmo Guimarães – UFS [email protected]

Memórias da cultura estudantil tijucana: Ituiutaba-MG (décadas de 1950 e 1960) ...................................................... 584Isaura Melo Franco – UFU [email protected]

Sauloéber Tarsio de Souza – UFU [email protected]

Missão pedagógica paulista em Goiás ............................................................. 585Ana Maria Gonçalves – UFG [email protected]

Selma Martines Peres – UFG [email protected]

Modelos pedagógicos, formação docente e práticas escolares. O ensino de Educação Física na cidade de Belo Horizonte (1947-1977) ..........587Meily Assbú Linhales – UFMG [email protected]

O carvalho para a sombra e os frutos do amanhã: as aulas de matemática no ginásio Mairi (1967 – 1975) .............................. 588Joubert Lima Ferreira – UFBA/UEFS [email protected]

O corpus africano na história e no ensino da matemática: práticas e sentidos da/na operação historiográfica ........................................ 590Gustavo Henrique Araújo Forde – UFES/IFES [email protected]

O ensino da disciplina didática na formação de professores no curso normal em Paranaíba/MS (1964- 1971) ....................... 591Noely Costa Dias Garcia – UEMS [email protected]

Milka Helena Carrilho Slavez – UEMS [email protected]

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O problema da disciplina filosofia ou onde, quando e como ensiná-la: reflexões sobre o seu lugar no currículo da escola moderna ........................ 593Gilson Ruy Monteiro Teixeira – UESB [email protected]

Os cadernos MEC de história e matemática: dispositivos pedagógicos e constituição da cultura escolar ......................................................................... 594Juliana Miranda Filgueiras – UNIFESP [email protected]

Os Congressos Brasileiros de História da Educação e as culturas escolares: tessituras dos eixos temáticos e suas produções (2000-2011) ....................... 596Olivia Morais de Medeiros Neta – IFRN [email protected]

Marlúcia Menezes de Paiva – UFRN [email protected]

Permanências e descontinuidades na matemática da escola primária do Paraná (1940-1960) ........................................................... 597Mariliza Simonete Portela – UNESPAR [email protected]

Poesia na escola e educação da sensibilidade - o papel dos livros didáticos .................................................................................................... 599Suzete de Paula Bornatto [email protected]

A presença norte-americana na constituição do projeto formador das associações cristãs de moços brasileiras (1893-1929) ...................................... 600Anderson da Cunha Baía – UFV [email protected]

Saberes elementares matemáticos no curso primário nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe ............................... 602Ivanete Batista dos Santos [email protected]

Maria Célia Leme da Silva [email protected]

Neuza Bertoni Pinto [email protected]

Wagner Rodrigues Valente [email protected]

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Saberes para formar mulheres em professoras: na Escola Normal da Bahia entre 1890 a 1914 ................................................ 603Debora Magali Miranda Vieira – UFBA [email protected]

Sara Martha Dick – UFBA [email protected]

Trajetória histórica da disciplina “história da educação” nos cursos normais mineiros: da institucionalização a fragmentação (1928 a 1963) ..........................605Rosângela Maria Castro Guimarães – UFU  [email protected]

Décio Gatti Junior – UFU  [email protected]

Um estudo sobre a disciplina “teoria e prática da escola primária” no curso de pedagogia (1962-1969) ...................................................................... 606Viviane Lovatti Ferreira – PUC/SP [email protected]

Laurizete Ferragut Passos – PUC/SP [email protected]

Eixo 7 .............................................................................................608“A preencher cabalmente os fins a que foi creada”: formulação e constituição da caixa escolar em Minas Gerais (1879-1911) .....609Priscilla Nogueira Bahiense – FAPEMIG/UFMG [email protected]

“A voz de Santa Teresa”: periódico de orientação pedagógica ................... 610Tania Maria Rodrigues Lopes – FACED/UFC [email protected]

“Nenhum bicho barbado se atreveu a manter a disciplina”: o debate sobre a indicação de Esther Pedreira de Mello para a direção da Escola Normal do Distrito Federal (1920-1923) ........................... 612Heloisa Helena Meirelles dos Santos – UERJ [email protected]

“Um meio de vida decente para os futuros dias”: a Companhia de Aprendizes Marinheiros de Sergipe ................................... 613Solyane Silveira Lima – UFMG [email protected]

A conquista do ensino superior em Mato Grosso: história e memória ........ 614Renata Neves Tavares de Barros Freitas – UFMT [email protected]

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A constituição do sujeito em gênero escolar de leitura da década de 50 .......616Raimunda Dias Duarte – UFP [email protected]

A criação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”-SP: resgate por meio das notícias da imprensa do Estado de São Paulo (1975-1976) ..........................................................................617Édison Trombeta de Oliveira - FCT/UNESP [email protected]

Arilda Inês Miranda Ribeiro - FCT/UNESP [email protected]

A Educação dos Sentidos e a concepção de educação dos irmãos maristas entre os anos de 1865 a 1931: O Guide des Ècoles como instrumento metodológico ............................................................................... 619Paula Maria de Assis – PUC/SP [email protected]

A educação em São Félix do Araguaia: Ginásio Estadual do Araguaia - GEA (1968 - 1973) .................................................620Maria Teresinha Fin – SEDUC/MT [email protected]

A educação escolar de Aprendizes de Artífices (Rio Grande do Norte, 1910-1936) ................................................................... 621Francisco Carlos Oliveira de Sousa – PPGED/UFRN [email protected]

A educação feminina nos colégios religiosos e as leituras aconselháveis e desaconselháveis para a mulher ......................... 623Miguel André Berger - UNIT [email protected]

A educação na congregação das filhas de Santa Teresa de Jesus: um resgate histórico das Instituições Teresianas na Região do Cariri .......... 624Ivaneide Severo Goiana – SEE/PE [email protected]

Zuleide Fernandes de Queiroz – URCA [email protected]

A educação promovida pelas filhas do amor divino em Caicó (1925 - 1941) ....................................................................................................... 626Alexandre Remo Miranda de Araújo – UFRGN [email protected]

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A educação universitária da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal (Rio Grande do Norte, 1957-1967) ........................................ 627Isaac Terciano Mendonça Ferreira – PPGED/UFRN [email protected]

A escola Azevedo Sodré no contexto dos anos 1920: tempos e espaços educativos na modernização da capital ........................... 629Pedro Paulo Hausmann Tavares – UFRJ [email protected]

A Escola Industrial de Natal e a constituição do seu quadro docente (1942-1968) ...................................................................... 630Maria da Guia de Sousa Silva – IFRN [email protected]

A escola Normal da Província do Grão-Pará no império ............................... 632Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França – UFEP [email protected]

A escolarização e a profissionalização como prática educativa na “ressocialização” de jovens em conflito com a lei privados de liberdade ......633Lia Machado Fiuza Fialho – UFC [email protected]

A estrutura administrativo-burocrática da instrução pública paulista instituída no final da década de 1890 ............................................................. 635Marco Antonio Rodrigues Paulo – UFGD [email protected]

A experiência do SENAI na formação de técnicos de nível secundário ....... 636Wojciech Andrzej Kulesza – UFP [email protected]

A formação da mão de obra para o trabalho agrícola: os ofícios na Escola Agrícola de Urutaí-GO (1960 - 1976) .............................. 638Sílvia Aparecida Caixeta Issa – PPGEDUC/UFG [email protected]

A formação do cidadão: moralidade laica nas práticas educativas do grupo escolar “João dos Santos” (São João Del-Rei, Minas Gerais, 1930-1946) ...........639Adélia Carolina Bassi [email protected]

Christianni Cardoso Morais [email protected]

A história do CAIC Paulo Dacorso Filho a educação integral em Seropédica ....640Maria Angélica da Gama Cabral Coutinho – UFRRJ [email protected]

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A implantação da Escola Confessional Presbiteriana em Chapada dos Guimarães (1923-1948) .............................................................. 642Lucas Paulo de Freitas – UFMT [email protected]

Elizabeth Figueiredo de Sá – UFMT [email protected]

A implantação e expansão da Escola Normal no sul do Mato Grosso (1930-1970) ....................................................................... 643Caroline Hardoim Simões – UFMS [email protected]

Luciana Belissimo de Carvalho – UFMS [email protected]

Margarita Victoria Rodríguez – UFMS [email protected]

Silvia Helena Andrade de Brito – UFMS [email protected]

A inserção do rádio educativo na modernidade brasileira: a Universidade do Ar em questão .................................................................... 645Maria Helena Cicci Romero – UFU [email protected]

A invasão aérea da capital carioca: esforços para a legitimação do recenseamento escolar de 1927 ................. 646José Cláudio Sooma Silva – UFRJ [email protected]

A organização do trabalho escolar da Escola Estadual Nilza de Oliveira Pipino na década de 1970 ................................................................... 647Josiane Brolo Rohden – UFMT [email protected]

Elizabeth Figueiredo de Sá – UFMT [email protected]

A política higienista no Pará da Belle Époque e a proteção à infância pobre em 1912 .............................................................. 649Laura Maria Silva Araújo Alves – UFP [email protected]

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A prática educativa em instituições primárias (Santa Catarina, 1911-1945): “tradicional” ou “escolanovista”? .............................................................................650Ana Paula da Silva [email protected]

Joseilma Lima Coelho – UFSC [email protected]

A presença dos ideais educacionais de John Dewey na antiga Escola Normal Secundária de São Carlos – SP ..................................... 652Adélia Carolina Bassi – UFMG [email protected]

Christianni Cardoso Morais – UFMG [email protected]

A produção acerca da história das instituições educacionais em Sergipe .......653João Paulo Gama Oliveira [email protected]

A reconstrução da história de uma instituição de educação superior a partir de relatos dos colaboradores ................................................................. 654Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira – PUCPR [email protected]

A relação do ensino técnico na vida dos alunos da Escola Rosa Perrone Scavone – Itatiba/SP .................................................... 656Anderson Wilker Sanfins [email protected]

A relação do público e do privado na gênese da Escola Rotary no interior das geraes no município de Ituiutaba – MG (1950-1960) ................ 657Josiane Aparecida Marçal – UFU [email protected]

A socialização religiosa de um colégio católico no Rio de Janeiro dos anos 1950: as razões da distinção ............................................659Miriam Waidenfeld Chaves – UFRJ [email protected]

A Universidade de Coimbra reformada ........................................................... 660Cristiane Tavares Fonseca De Moraes Nunes [email protected]

Alimentação escolar e Educação Física num colégio interno masculino na década de 40: um remédio universal capaz de eliminar muitos males ...........662Roseli Bilobran Klein – UNICAMP [email protected]

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Analfabetismo e precariedade da escola pública nos anos 50: um estudo da gênese escolar no interior das geraes ..................................... 663Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro – UFU [email protected]

Fernanda Coelho Peres – UFU [email protected]

Análise histórica da influência da Faculdade Triângulo Mineiro (FTM) na formação de bacharéis em Administração e Contabilidade: décadas de 1970 a 2000 .................................................................................... 664Marli Auxiliadora da Silva – UFU [email protected]

Análise histórica das práticas educativas da Escola Rivadávia Corrêa de 1913 a década de 1950 ....................................... 666Angela Maria Souza Martins – UFRJ [email protected]

As ações de associativismo estudantil para assistência ao estudante pobre na Universidade de Minas Gerais (1912-1936) .................. 667Alice Conceição Christófaro – UFMG [email protected]

As associações estudantis no Atheneu sergipense do século XIX ................. 669Simone Paixão Rodrigues – UFS [email protected]

As contribuições de Peter Ramus à escola moderna ...................................... 670Patricia Aparecida Bioto Cavalcanti – PUC/SP [email protected]

As mudanças no estatuto e regimento geral da UFRRJ no período de 1970-2011: novas políticas e novos rumos para a instituição .... 672Aline Nunes Ferreirinha de Souza – UFRRJ [email protected]

Celia Regina Otranto [email protected]

Os órfãos sociais dos Colégios das Irmãs: as escolas gratuitas nos colégios confessionais católicos no século XX ...........673Samara Mendes Araújo Silva [email protected]

As práticas educativas na Escola de Aprendizes Artífices de Minas Gerais (1910-1942) .................................................................................. 675Bernadetth Maria Pereira – UNICAMP [email protected]

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As raízes do ensino secundário público na província das Alagoas ........................................................................................ 676Ivanildo Gomes dos Santos [email protected]

Aspectos do americanismo no ensino ginasial brasileiro: os Ginásios Polivalentes ..................................................................................... 678Nilton Ferreira Bittencourt Junior [email protected]

Aspectos históricos do ensino superior em Mato Grosso .............................. 679Luiz Rodrigues – UFMT [email protected]

Vanusa Aparecida Almeida – UNEMAT [email protected]

Biblioteca Municipal de Feira de Santana – 1890 – 1962............................... 681Rita de Cassia Brêda Mascarenhas Lima [email protected]

Grupo Escolar Modelo Augusto Severo (Natal/RN, 1908-1920): história e práticas ............................................................................................... 682Francinaide de Lima Silva [email protected]

Casa de ciência, casa de educação: ações educativas do Museu Nacional (1818 – 1935) ...................................... 684Paulo Rogério Marques Sily – UERJ [email protected]

Casa, armazém e escola: “civilizar o rural”– memórias de práticas em torno da aula pública municipal no Morro dos Bois/RS (1933-1952) ........... 685José Edimar de Souza – UNISINOS [email protected]

Catequese e instrução: na fronteira das possibilidades para índios e desvalidos ............................... 687Daiane Gomes De Oliveira – UNEMAT [email protected]

Dimas Santana Souza Neves – UNEMAT [email protected]

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Cem anos de vida, vinte e seis de docência: entre a escola, reformas educacionais e resistências ............................................................... 688Ilka Miglio De Mesquita [email protected]

Laisa Dias Santos [email protected]

Luzianne dos Santos [email protected]

Raylane Andreza dias Navarro Barreto [email protected]

Centro de memórias da Escola Técnica Estadual Sylvio de Mattos Carvalho: uma contribuição historiográfica ..............................................................................690Carlos Alberto Diniz [email protected]

Colégio Estadual da Polícia Militar da Bahia: formando brasileiros e soldados (1957-1972) ................................................. 691Andréa Reis de Jesus – UFBA [email protected]

Colégio Estadual de Olinda (CEO) – alguns fragmentos de sua história nos anos 1960 ................................................................................ 692Cristiane Souza de Menezes – UFPE/UFPB [email protected]

Colégio Metodista Izabela Hendrix (1904-1935): resgate e organização dos documentos históricos ......................................... 694Reginaldo Leandro Plácido – CEUNIH }Plá[email protected]

Wesley Jesus dos Santos – CEUNIH [email protected]

Colégio Regina Coeli: de escola confessional à escola comunitária ............. 695Marina Matiello – UCS [email protected]

Colégio salesiano e escola estadual Santa Teresa em Corumbá: o convênio celebrado entre os salesianos e o estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (1972-1987) ............................................ 697Celeida Maria Costa de Souza e Silva – UCDB [email protected]

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Colégio São Carlos: história de uma instituição escolar feminina em Caxias do Sul, RS (1936 – 1971) ....................................................... 698Valéria Alves Paz Universidade de Caxias do Sul

Como se deveria fazer e como era feito: os manuais de ensino mútuo e a prática cotidiana nas escolas de primeiras letras na Bahia (1836- 1852)............................................................. 699José Carlos de Araujo Silva – UEBA [email protected]

A companhia de Jesus e a pedagogia da vigilância: um estudo da prática pedagógica jesuítica a partir de documentos raros da América portuguesa do século XVI ............................ 701Marcos Roberto de Faria – UNIFAL [email protected]

Corpo e educação no escotismo: um estudo a partir do pensamento de Baden-Powell (1908-1941) .................................................... 702Carlos Herold Junior – Unicentro/Guarapuava/PR [email protected]

Cuidar e educar: o CEIM Maria de Nazaré de Dourados-MS de 1983 a 2010 ........................................................................... 704Maria de Lourdes dos Santos – UFGD [email protected]

Cultura escolar e modernidade educacional na escola doméstica de Natal-RN (1914-1945) ..................................................... 705Andréa Gabriel Francelino Rodrigues [email protected]

Da prescrição à realização: os colégios elementares como um novo modelo de escola primária no Rio Grande do Sul (1909 – 1927) ........ 706Terciane Ângela Luchese – UCS [email protected]

Das aulas avulsas ao Lyceu provincial: as primeiras configurações da instrução secundária na província da Parahyba do Norte (1836-1884) ....... 708Cristiano De Jesus Ferronato [email protected]

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Das escolas isoladas ao grupo escolar: a organização da educação no município de Ituiutaba, Minas Gerais (1889-1910) ......................................... 709Ana Emília Cordeiro Souto Ferreira – UFU [email protected]

Carlos Henrique de Carvalho – UFU [email protected]

Nicola José Frattari Neto – UFU [email protected]

De Escola Normal a Instituto de Educação Sarah Kubitscheck: memória e monumentalização no sertão carioca (1959-1974) ..................... 711Luciana Felippe Cardoso – PUC/RIO [email protected]

Diplomacia e história da educação: o caso do Institute of International Education (1919-1946) .......................... 712Márcio Mello Pessoa [email protected]

Diretrizes para o uso pelos senhores professores do “Método Português” de Antônio de Castilho ................................................ 714Cesar Augusto Castro [email protected]

Disseminando saberes: o Grupo Escolar de um bairro operário ........................................................... 715Valdelice Borghi Ferreira – Uniso/SP [email protected]

Dissensão, imbricação e convergência nas propostas de educação integral de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro .................................... 717Edilson de Souza – UERJ [email protected]

Do Museu da Quinta da Boa Vista ao Museu do Palácio do Ipiranga: a invenção do museu social republicano nas experiências de geração de Edgard Roquette-Pinto e Affonso E. Taunay (1917-1939) ......... 718Jorge Antonio Rangel Fidel – NIPHEI/UERJ [email protected]

E, tudo começou alí, naquela salinha de chão batido! – considerações sobre a história da primeira instituição escolar de Sinop-MT (1973-1979) .....720Josiane Brolo Rohden – UFMT [email protected]

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Educação católica em Goiás (GO): irmãs dominicanas e a instrução de meninas no Colégio Sant´anna ........... 721Kênia Guimarães Furquim Camargoi – UFMS [email protected]

Ademilson Batista Paes – UFMS [email protected]

“Educação em foco”: a Escola 20 de Julho nas páginas do Álcalis Jornal no período de 1969 a 1974 – uma retrospectiva na história da educação de Arraial do Cabo (RJ) ................................................. 723Márcia Simões Mattos – UCP/RJ [email protected]

Educação protestante: debate e repercussão na imprensa no final do século XIX ....................................................................... 724Thais Gonsales Soares – UMP [email protected]

Educação secundária confessional e laica no sul de Mato Grosso: Colégio Imaculada Conceição e Liceu campograndense ............................... 726Stella Sanches de Oliveira – UFMS [email protected]

Em nome da ordem: as escolas municipais de primeiro grau na cidade de São Paulo na época da ditadura militar (1964-1985) ................... 727Helenice Ciampi – PUC/SP [email protected]

Alexandre Pianelli Godoy – UNIFESP [email protected]

Ensino Comercial no Vale do Mamanguape – PB: o olhar sobre duas instituições educativas de ensino contábil (1958-1997) .......729José Jassuipe da Silva Morais – UFPB/CCAE/GHEC [email protected]

Luiz Antônio Felix Júnior – UFPB/CCAE/GHEC [email protected]

Escola Complementar do Comércio de Sete Lagoas: uma instituição educativa criada para a formação do trabalhador do comércio .................................................................................. 730Fabio Vasconcelos Lima Pereira – CEFET/MG [email protected]

Irlen Antônio Gonçalves – CEFET/MG [email protected]

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Escola Estadual de Auxiliares de Enfermagem Dr. Mário Corrêa da Costa: limites e possibilidades na formação de profissionais de enfermagem em Mato Grosso (1952-1975) .................................................... 732Lidiana Laura Campos Borralho – UFMT [email protected]

Escolas isoladas rurais londrinenses (PR): primeiras reflexões ............................................................................................. 733Thais Bento Faria – UEL [email protected]

Escolas profissionais femininas no estado do Rio de Janeiro: a gênese da “Nilo Peçanha” de Campos (1919-1929) .................................... 735Silvia Alicia Martínez [email protected]

Espaços e tempos de grupos escolares capixabas na cena republicana do início do século XX: arquitetura, memórias e história ...........................................736Andrea Brandão Locatelli – PROTEORIA/UFES [email protected]

Esquerda e folha acadêmica compondo a história do ensino superior do Maranhão: impressos estudantis lugares de memória .................738Márcia Cordeiro Costa – UFMA [email protected]

Estratégias de escolarização: o lugar da escola na sociedade rioclarense ..........739Daniela Cristina Lopes de Abreu – FE/USP [email protected]

Experiências inovadoras de escolas primárias rurais no estado de São Paulo: grupos escolares rurais, granjas escolares e escolas típicas rurais (1933-1968) ...................................................................... 741Agnes Iara Domingos Moraes – UNESP [email protected]

Explorando o oeste paulista: expansão das escolas primárias isoladas e a civilização da população da “zona de sertão” ............................................ 742Angélica Pall Oriani – Unesp/Marília [email protected]

Gênese do atendimento as crianças em instituições infantis no município de Tubarão/SC (1950-1990) ............................................................. 744Marlise de Medeiros Nunes de Pieri – UNISUL/FUMDES [email protected]

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Grupos Escolares e Escolas Reunidas: a implantação da escola graduada em Mato Grosso (1927-1945) .............................................. 745Elton Castro Rodrigues dos Santos – UFMT [email protected]

Higiene e educação física nos projetos da associação brasileira de educação (1924-1937) ............................................... 746Liliane Tiburcio de Oliveira [email protected]

História da Universidade Estadual do Piauí: origem e expansão ................. 748Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira – UFPI [email protected]

Maria do Amparo Borges Ferro – UFPI [email protected]

História de uma instituição escolar de ensino secundário no sul de Mato Grosso: a escola presidente Vargas de Dourados (1958-1971) ........... 749Inês Velter Marques (UFGD) [email protected]

História e cultura escolar da Escola Rural Mista de Serraria (1956-1970) 751Maria José dos Santos Provásio – UEMS [email protected]

Maria Eduarda Ferro – UEMS [email protected]

História e práticas pedagógicas das professoras: o Colégio Nossa Senhora das Vitórias em Assú/RN (1927-1937) ................... 752Silvia Helena de Sá Leitão Morais Freire – UERGN [email protected]

Histórias de instituições educativas, Diamantina/MG: supressão e reabertura da escola normal oficial de Diamantina (1938-1951) ....753Layane Camposi Soares – UFVJM [email protected]

Flávio César Freitasi Vieira – UFVJM [email protected]

Imagens de civismo: os desfiles cívicos em região de colonização recente de Mato Grosso, em tempos de ditadura militar ................................................. 755Carlos Edinei de Oliveira – UNEMAT/Barra do Bugres [email protected]

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Implementação e expansão de instituições auxiliares do ensino nos grupos escolares paraibanos durante o Estado Novo (1937-1945) .............. 756EvelyanneNathaly Cavalcanti de Araújo Silva – PIBIC/UFPB [email protected]

Antonio Carlos Ferreira Pinheiro – PPGE/UFPB [email protected]

Indícios da cultura escolar no sudeste goiano: práticas, normas e métodos 758Aparecida Maria Almeida Barros – PPGEDUC/UFG/Catalão [email protected]

Patrícia Rodrigues Luiz Peixoto – PPGEDUC/UFG/Catalão [email protected]

Sílvia Aparecida Caixeta Issa – PPGEDUC/UFG/Catalão [email protected]

Indícios de leituras na formação de uma normalista: um olhar ao arquivo de Maria Eulália Cantalice Cavalcanti ......................... 759Tatiana de Medeiros Santos – PPGE/UFPB [email protected]

Maria Lúcia da Silva Nunes – PPGE/UFPB [email protected]

Instituições escolares e práticas educativas: memórias de imigrantes italianos (1915-1950) ............................................... 761Jordana Wruck Timm – UCS [email protected]

Milena Cristina Aragão Ribeiro de Souza – UFS [email protected]

Lúcio Kreutz – UCS [email protected]

José Aloísio de Campos: um reitor e o surgimento de um campus (1976-1980) ..762Patrícia Francisca de Matos Santos [email protected]

Justificativas pedagógicas para a invenção dos recreios nas escolas primárias Paranaenses: o lugar da educação do corpo, dos sentidos e das sensibilidades no currículo escolar a partir da experiência de professores ................................................................................ 764Sidmar dos Santos Meurer – UFPR [email protected]

Marcus Aurélio Taborda de Oliveira – UFMG/CNPq [email protected]

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Leitura das fontes: caracterização da clientela e do espaço instrucional de primeiras letras na província alagoana ................................................................765Suzana Lopes de Albuquerque – UFAL [email protected]

Liceu do Ceará: o retrato das práticas avaliativas .......................................... 766Antonio Germano Magalhães Junior – UECE [email protected]

Maria de Lourdes da Silva Neta – UVA/UECE [email protected]

Karolynne Barrozo de Paula – UECE [email protected]

Vitória Chérida Costa Freire – UECE [email protected]

Liceu Francês do Rio de Janeiro: o olhar para a escola do outro ................. 768Ana Luiza Grillo Balassiano – USP [email protected]

Luiz Antonio dos Santos Lima sob a perspectiva educacional: higiene mental e educação nas primeiras décadas do séc XX ...................... 769Karoline Louise Silva da Costa – UFRN [email protected]

Maria Arisnete Câmara de Morais – UFRN [email protected]

Marinha e império no Brasil: o ensino naval .................................................. 771Simone Vieira de Mesquitai – UFC [email protected]

Memórias de docentes e discentes: vivendo a e na escola ........................................................................................ 772Silvânia Santana Costa – PUCRS/UNIT [email protected]

Meninas órfãs: educação no orfanato “Antonio Lemos” no Pará no final do século XIX e início do XX ...................................................... 774Antonio Valdir Monteiro Duarte  [email protected]

Modelando corpos: a vestimenta escolar na cultura da escola doméstica de Natal-RN (1914-1945) ..................................................... 775Andréa Gabriel Francelino Rodrigues – IFRN [email protected]

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Na transição rural-urbana, a passagem da escola mista do Bairro Felipão na história da educação pública campineira ......................... 776Eliana Nunes da Silva  [email protected]

No caminho da roça: o processo de expansão da escola rural em Mato Grosso (1927-1945) .................................................................................. 777Marineide de Oliveira da Silva – UFMT [email protected]

Nos impressos pedagógicos: a circulação de práticas de ensino de leitura .....779Neusa Balbina de Souza – UFES [email protected]

Fernanda Zanetti Becalli – UFES [email protected]

Novas práticas educativas da Escola Rosa da Fonseca (1938) ........................ 780José Carlos X. Bonfim – UERJ [email protected]

O campo escolar e a cultura escolar de Pilar do Sul e a imigração japonesa (1934-1976) ................................................................... 782Adriana Aparecida Alves da Silva – UNISO [email protected]

Wilson Sandano – UNISO [email protected]

O Conselho de Educação Superior para as Repúblicas Americanas: um vôo para além do céu Pan-americano (1958-1964) ................................. 783Fernando César Ferreira Gouvêa – UFRRJ [email protected]

O corpo docente e o processo de nacionalização da Escola Alemã de Vila Mariana em São Paulo .................................................. 785Renan Gonçalves Bressan  [email protected]

O debate sobre os grupos escolares nos Congressos Brasileiros de História da Educação no período de 2000 a 2011 .......................................... 786Lidiane Picoli Lima – UFES [email protected]

Andrea Brandão Locatelli – UFES [email protected]

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O ensino de História no contexto da História da Educação brasileira: práticas de professores de história no ensino fundamental ......................... 788Miriã Lúcia Luiz – UFES [email protected]

O ensino ministrado aos considerados “menores em risco social” no instituto de preservação e reforma do estado da Bahia (1939 -1947) .............789Jerusa da Silva Gonçalves Almeida – UESB [email protected]

O ensino profissional nas mensagens dos presidentes da Paraíba: 1922 -1930 ....................................................................................... 791Rosângela dos Santos Silva – UFPB [email protected]

Rose Mary de Souza Araújo – CE/UFPB [email protected]

Suenya do Nascimento Costa – UFPB [email protected]

Patrícia de Oliveira Magalhães – UFPB [email protected]

O grupo escolar de Itaúna: constituição, trajetórias e memórias ................. 792Vânia de Araújo Silva – USF [email protected]

O Grupo Escolar em Lages/Santa Catarina: o discurso da modernidade na escolarização da infância da Serra Catarinense .............................................. 794Tania Cordova – UDESC [email protected]

O Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão e os ideais republicanos - (1930-1950) ................................................................ 795Rosa Maria De Sousa Martins  [email protected]

O hospital de crianças de Curitiba. Educação e saúde no Paraná no início do século XX .......................................................................... 796Claudinéia Maria Vischi Avanzini – UFPR [email protected]

O instituto disciplinar de Mogi Mirim ou uma história de violência e abandono do menor ...................................................................... 798Izalto Junior Conceição Matos – UNICAMP [email protected]

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O internato que se tece: dísticos de uma congregação católica belga em Pernambuco (1894-1945) ................................................... 799Ramsés Nunes e Silva [email protected]

O jardim de infância em Goiás: educação e civilidade .................................. 801Lara Cariny Celestino Fonseca  [email protected]

Selma Martines Peres  [email protected]

O lugar do grupo escolar César Bastos no contexto histórico-educacional de Rio Verde (1947-61) ................................................ 802Maria Aparecida Alves Silvai – UFU [email protected]

O movimento abolicionista niteroiense, o clube dos libertos e o projeto de uma creche para filhos de escravos e ex-escravos .................... 803Heloísa de Oliveira Santos Villela – UFF [email protected]

O museu escolar na revista A Escola Primaria (1918-1938) ........................... 805Josy de Almeida Santos  [email protected]

O percurso da educação de surdos retratado nas histórias de três instituições públicas de ensino da Paraíba .......................... 806Eleny Gianini – UFCG [email protected]

O processo educativo das crianças negras no Paraná .................................... 808Lucia Mara de Lima Padilha – UEPG [email protected]

Maria Isabel Moura Nascimento – UEPG [email protected]

Ofícios do diretor: o Instituto de Educação a partir das correspondências de Lourenço Filho e Anísio Teixeira .................................. 809Anaise Cristina da Silva Nascimento – UERJ [email protected]

Ordenar e regular a vida da escola: as ações da inspetoria da instrução no Maranhão (1840-1889) ................... 810Cesar Augusto Castro  [email protected]

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Organização da escola primária em Paranaíba/MS (1935-1975) .................. 811Estela Natalina Mantovani Bertoletti – UEMS [email protected]

Os álbuns de fotografias dos alunos do curso primário do Colégio Farroupilha (Porto Alegre/RS 1948-1966) ........................................................ 813Alice Rigoni Jacques – PUCRS [email protected]

Os espaços educativos do Ginásio Paranaense e Escola Normal (1904-1949) ................................................................................ 814Mariana Rocha Zacharias – UFPR [email protected]

Os métodos de ensino propostos no livro curso prática de pedagogia de Jean Baptiste Daligualt e sua relação com a organização das escolas de primeiras letras em Santa Catarina na década de 1860 ....... 816Leonete Luzia Schmidt  [email protected]

Olivia Rochadel [email protected]

Os Programas de Pós-graduação em Educação do norte do Paraná: algumas considerações ...................................................................................... 817Simone Burioli Ivashita – UEL [email protected]

Páginas de História do Brasil: Um estudo dos livros escolares de Manoel Bomfim e Olavo Bilac e Afrânio Peixoto ........................................... 819Gisele dos Santos Oliveira – UERJ [email protected]

Para além das salas de aula: vivências em um internato masculino nas memórias de educandos e educadores ........................................................... 820Rita de Cássia de Souza – UFV [email protected]

Para além do ensino religioso: as práticas religiosas católicas no interior da escola ................................................................................................ 822Rosana Areal de Carvalho – UFOP [email protected]

Karla Karoline Pereira – UFOP [email protected]

Janaína Maria de Souza – UFOP [email protected]

Wanessa Costa Rodrigues – UFOP [email protected]

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Postos de puericultura: educação e saúde de mães e filhos (Curitiba 1940 -1942) ......................................................................................... 823Jaqueline dos Santos Rodrigues – UFPR [email protected]

Práticas de castigos escolares: a palmatória como símbolo em salas de aula sergipanas ............................................................... 825Milena Aragão – UFS [email protected]

Práticas educativas no colégio Cajurú em Curitiba (1957- 1972): a revista Família Cristã como instrumento de inculcação do ideário ultramontano francês ........................................................................... 826Heloísa Helena Daldin Pereira – UTP/PR [email protected]

Ariclê Vechia – UTP/PR [email protected]

Práticas educativas no universo feminino: a função materna na formação do clero ......................................................... 828Kelly Lislie Julio – UFMA/UFMG [email protected]

Processos de ensinar a cuidar: práticas para civilizar? ....................................................................................... 829Elizabeth Jeanne Fernandes Santos Santana  [email protected]

Público e privado: práticas educativas dos órfão “mais abastados” da comarca do Rio das Velhas. (1750-1800) ......................................................... 830Talítha Maria Brandão Gorgulho – UFMG [email protected]

Quem foram os alunos do primeiro grupo escolar de Campinas? Um percurso pelos livros de matrícula escolar, atas de exames, registros de notas e promoções nas primeiras décadas do século XX ......... 832Silvia Regina Cason – Unicamp [email protected]

Regras de civilidade da Companhia de Jesus e manuscrito da Provincia Portugueza em circulação na escola apostólica de Baturité-Ceará: o uso do tempo e a conformação da conduta de jovens noviços ................ 833Maria Juraci Maia Cavalcante – UFC [email protected]

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Romper com a tradição e instalar o ensino intuitivo de matemática: os documentos dos arquivos da pioneira Escola Americana ......................... 835Nara Vilma Lima Pinheiro – UFSP [email protected]

Wagner Rodrigues Valente – UFSP [email protected]

Sala de aula à sombra da magnólia: precariedade da escolarização pública em Ituiutaba, MG (1940-60) ........... 836Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro – FACIP/UFU [email protected]

Elizabeth Farias da Silva – UFSC [email protected]

Sanear pela educação. Teses da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, início dos anos 1920 ................................ 838Liane Maria Bertucci – UFPR [email protected]

Sobre as modalidades de ensino nos regimentos da escola primária do Rio Grande do Norte (1925) ............................................. 839José Mateus do Nascimento – IFRN [email protected]

Rachel Ribeiro de Oliveira Alves – UFRN [email protected]

Sociabilidade das práticas educativas e culturais em Mato Grosso colonial (1748-1822) .................................................................... 841Nileide Souza – UFMT [email protected]

Tempo e história: o curso normal do Instituto Estadual de Educação/SC - década de 1960 .......................................................................... 842Karin Sewald Vieira – UDESC [email protected]

Tornando-se “doutor”: o lugar e o papel das insignias nas tradições acadêmicas da Universidade de Coimbra ....................................... 843Márcia Terezinha Jerônimo Oliveira Cruz – UFS [email protected]

Traços da cultura escolar e história do educandário Nossa Senhora Aparecida (Ipameri- GO-1935 a 1969) ..........................................................................................845Patrícia Rodrigues Luiz Peixoto – UFG/Catalão [email protected]

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Transformações materiais e pedagógicas no Instituto Profissional João Alfredo (IPJA): Rio de Janeiro -1902-1922 ....................................................... 846Maria Zélia Maia de Souza  [email protected]

“Um poderoso estímulo de soerguimento nacional”: a realização do “Projeto Brasil” na escola de educação física da UFMG, 1974 ................ 848Fernanda Cristina dos Santos – UFMG [email protected]

Uma educação para o progresso: narrativas sobre a instalação da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte, em Mossoró ...................... 849Francisco Das Chagas Silva Souza  [email protected]

Uma escola para meninas órfãs e desvalidas em São Cristóvão - SE no início do século XX ............................................................................................. 851Josineide Siqueira de Santana – UFS [email protected]

Uma leitura da inserção do presbiteranismo de origem norte americana no Brasil na segunda metade do século XIX e início do XX e sua proposta educacional como estratégia de expansionismo planetário ......................... 852Ivanilson Bezerra da Silva – USP [email protected]

Uma narrativa histórica acerca da escola complementar e da primeira escola normal de Rio Grande/RS (1930-1975): o prestigioso Colégio Santa Joanna D’arc ....................................................... 854Rita de Cássia Grecco dos Santos - UFRN [email protected]

Francisco Furtado Gomes Riet Vargas Colégio Estadual Lemos Júnior [email protected]

Universidade popular de Piracicaba: a vulgarização do ensino .................... 855Ana Clara Bortoleto Nery – UNESP [email protected]

Cesar Romero Amaral Vieira – UNIMEP [email protected]

Vadiagem, ociosidade e crime: a casa de detenção da corte como espaço para reeducação de “vadio(a)s” (1870-1889) ................................................. 857Jailton Alves de Oliveira – UERJ [email protected]

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“Vamos à caça”: o Colégio Izabel de Dumbazinho e a Companhia de Aprendizes Militares em Goiás ............................................ 858Karla Alves Coelho Tertuliano de Barros  [email protected]

Wolney Honorio Filho  [email protected]

Vestígios da Escola de Educação Física de Minas Gerais nas práticas educativas em escolas estaduais mineiras (1961-1974) ................... 860Guilherme de Souza Lima Oliveira – FaE/UFMG [email protected]

Vou à escola ou vou ao ginásio? A Escola Normal de Feira de Santana e o Ginásio Santanópolis nas páginas do Jornal Folha do Norte (1918 - 1940) ....861Daiane Silva Oliveira [email protected]

Ione Celeste Jesus De Sousa  [email protected]

Wilhelm Von Schaumburg-lippe: um notável pedagogo militar ........................................................................... 863Maria Luiza Cardoso – UNIFA [email protected]

A educação da juventude no Colégio Atheneu de Natal (Rio Grande do Norte, 1835-1889) ................................................................... 864Marta Maria de Araújo – UFRN [email protected]

Educação doméstica e escolaridade formal no Rio de Janeiro oitocentista ......866Maria Celi Chaves Vasconcelos – UERJ/UCP [email protected]

As escolas primárias rurais da Colônia Hansa: Santa Catarina(1897-1930) .....867Ademir Valdir dos Santos – UFSC [email protected]

A Deutsche Schule de Curitiba de 1867 a 1889: do evangelho à germanidade .......................................................................... 869Ariclê Vechia – UTP [email protected]

O ensino secundário e a formação das elites na Morada do Sol (Araraquara - SP, 1911 - 1950) ........................................................................... 870Rosa Fátima de Souza – UNESP/Campus Marília [email protected]

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A incorporação de modelos e referências externos à prática da assistência à infância em Ribeirão Preto (1917-1952) .................................... 871Sérgio César da Fonseca – USP [email protected]

Sociedade em movimento ou revolução burguesa em curso? Educação, civilização e implementação capitalista no interior paulista ...... 873Marcelo Augusto Totti – Unesp/Marília [email protected]

Por uma história dos Congressos Brasileiros de História da Educação (2000-2011) .................................................................... 874Kilza Fernanda Moreira de Viveiros – UFRN [email protected]

Gênero e mulheres nos Congressos Brasileiros de História da Educação (2000-2011) .................................................................... 875Iran de Maria Leitão Nunes – UFMA

[email protected]

Experiências de escolarização de negros na província de Santa Catarina ... 877Graciane Daniela Sebrão – UERJ [email protected]

História da Educação de negros em tempo de escravidão ............................ 878Mariléia dos Santos Cruz – UFMA/CCSST/ITZ [email protected]

O não dito: história da escola primária rural nas páginas da revista Escola Portuguesa (Portugal, 1934 a 1939) ................................................................. 880Sandra Cristina Fagundes de Lima – UFU/MG [email protected]

Práticas educativas e organização do ensino rural em Minas Gerais (1899 - 1911) ................................................................................ 881Josemir Almeida Barros – FaE/UEMG /PPGEd/UFU [email protected]

Educação secundária profissionalizante: economia rural doméstica em Uberaba/MG (1953-1962) .............................. 882Nilce Vieira Campos Ferreira – IFMT/PPGEd/UFU [email protected]

O retorno dos jesuítas na Bahia e a reação de grupos republicanos ........... 884Jaci Maria Ferraz de Menezes – UNEB Grupo Memória da Educação na Bahia

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Do exílio dos jesuítas portugueses em outra República: cartas, histórias e educação jesuíticas e os primeiros anos do Colégio Nóbrega em Recife-Pernambuco (1917-1920) .................................. 885Carlos Ângelo de Meneses Sousa – PPGE/UCB [email protected] /[email protected]

A volta da companhia de Jesus ao Nordeste do Brasil e a civilidade católica das instituições educativas dos jesuítas portugueses no Ceará entre a primeira República e o Estado Novo .................................. 887Maria Juraci Maia Cavalcante – UFC [email protected]

Gabriel Malagrida e os clássicos latinos: um itinerário de formação ................................................................................ 888Maria das Graças de Loiola Madeira - UFAL [email protected]

Interfaces disciplinares dos regulamentos gerais da Instrução na Parahyba do Norte (1849-1886) ................................................. 890Itacyara Viana Miranda – PPGE/UFPB [email protected]

Castigos escolares oitocentistas: alinhavando discursos, legislações e práticas .................................................. 891Milena Aragão – PPGE/UFS/ FAPITEC mi.aragã[email protected]

Técnicas diciplinares - correlação corpo e gesto na formação das meninas do oratório festivo São João Bosco .......................... 892Nadja Santos Bonifácio – UNICAMP/MEMÓRIA [email protected]

Práticas disciplinares em instituições de ensino: relações históricas entre normas e cotidiano .................................................. 894Milena Aragão – PPGE/UFSE/ FAPITEC mi.aragã[email protected]

Itacyara Viana Miranda – PPGE/UFPB [email protected]

Nadja Bonifácio – PPGE/UNICAMP [email protected]

Jeová Silva Santana – UNEAL [email protected]

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Eixo 8 .............................................................................................896A “luz sobre as trevas”: debates sobre a relação disciplina-civilização na província da Parahyba do Norte ...................................................................... 897Itacyara Viana Miranda – PGE/UFPB [email protected]

A apropriação das concepções educacionais de John Dewey na educação infantil brasileira (1934-1971) ......................................................... 898Michele Varotto – UFSCar [email protected]

Alessandra Arce – UFSCar [email protected]

A Associação Paraibana pelo Progresso Feminino (APPF) e suas ações de incentivo à leitura (1933-1937) ................................................. 900Maria Lúcia da Silva Nunes [email protected]

Charliton José dos Santos Machado – UFPB/Campus I [email protected]

A campanha pela sobrevivência da escola primária superior em Portugal no final da Primeira República ......................................................... 901Luiz Carlos Barreira – Universidade Católica de Santos [email protected]

A circulação das ideias de Heloísa Marinho em Florianópolis e sua presença no “projeto núcleos de educação infantil”, de 1976 .............. 903Patrícia Regina Silveira de Sá Brant – Udesc [email protected]

Gladys Mary GhizoniTeive – Udesc [email protected]

A circulação de ideias da escola nova: perspectiva da vertente católica sobre a prática de ensino (1946-1961) ............................... 904Manuela Priscila de Lima Bueno Unesp – Campus Rio Claro [email protected]

A defesa da língua nacional em Nossa Senhora do Desterro no século XIX: discursos do jornal O Cacique .....................................................................................906Suzane Cardoso Gonçalves Madruga PPGE – UDESC [email protected]

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A difusão da educação nova por meio dos impressos de um bandeirante do ensino paulista: José Scaramelli ..................................... 907Débora Alfaro São Martinho da Silva – UFSCar [email protected]

Alessandra Arce Hai – UFSCar [email protected]

A disseminação da pedagogia moderna por Rui Barbosa ............................ 909Mariângela Dias Santos Universidade Tiradentes [email protected]

A infância no horizonte médico paulista (1918-1929): uma análise das propostas relacionadas à infância e sua educação no âmbito da higiene e da eugenia ........................................ 910Paulo Ricardo Bonfim – USF [email protected]

MoysésKuhlmann Jr. – USF Fundação Carlos Chagas [email protected]

A influência de Heloísa Marinho para a educação dos menores de 06 anos no Brasil entre as décadas de 50 e 70 ........................... 912Mariana de Oliveira Faria [email protected]

Alessandra Arce Hai – UFSCar [email protected]

A intendência municipal e a educação na cidade de Santos (1889 – 1908): palco de disputas................................................................................................ 913Anderson Manoel Caleffi – USP [email protected]

A obra da escravidão: instrução para o trabalho e educação para o trabalhador ........................... 915Dalva Regina A. da Silva – PPGE/UFPB [email protected]

A organização da Instrução Pública de Patos de Minas Gerais no contexto republicano de 1892 a 1928 ................................. 916Andréa Fabiane Machado Diniz Luciana Beatriz de Carvalho Universidade de Uberaba – UNIUBE

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A questão da autoria e as gramáticas de língua inglesa dos séculos XVIII e XIX .............................................................. 918Elaine Maria Santos – UFS [email protected]

Rodrigo Belfort Gomes – UFS [email protected]

A renovação escolar: ditos e significados em João Craveiro Costa ........................................................................................... 919Iane Campos Martins

Elione Maria Nogueira Diógenes

A representação da mulher portuguesa no jornal O Beija-flor (1838) ........ 921Charliton José dos Santos Machado PPGE/UFPB

Fabiana Sena PPGE/UFPB

A revista Careta e a educação das mulheres: uma dispersão discursiva para a normalização feminina no contexto urbano (1914-1918) ........................................................................... 922Fernanda C. Costa Frazão – UFSJ [email protected]

A Revista de Educação da Sociedade Amazonense de Professores: contribuições para a história da educação no Amazonas ............................. 924Lucia Regina de Azevedo Nicida – UEAM [email protected]

Marcos André Ferreira Estácio – UEAM [email protected]

A Revista Educação como estratégia de implementação das políticas educacionais do regime militar na década de 1970........................ 925Maria Rita de Almeida Toledo – Unifesp [email protected]

Daniel Revah –Unifesp [email protected]

A tradução de John Dewey publicada na coleção Biblioteca da Educação ........................................................................ 927Maria Rita de Almeida Toledo – UFSP [email protected]

Marta Maria Chagas de Carvalho – USP/ UFSP [email protected]

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A universidade nas “notas e informações” de O estado de São Paulo (1947-1962): a militância Uspiana de Laerte Ramos de Carvalho ...................................................928Bruno Bontempi Jr. FEUSP

Ana Beatriz Feltran Maia FEUSP

Ações intelectuais de formação da memória: a produção de materialidade pedagógica sobre a história da cidade de Campina Grande, 1948-1998 ...........930Vanessa Costa de Macêdo – UFMG [email protected]

Antonio Garcia Filho (1941-1999), um intelectual engajado ........................ 931Patrícia de Sousa Nunes Silva Universidade Tiradentes [email protected]

Apropriações ou táticas?: estudo historiográfico sobre circulação de ideias pedagógicas .................... 933Norberto Dallabrida [email protected]

Armanda Álvaro Alberto, Edgard Roquette-Pinto e Jonathas Serrano: censores da comissão de censura cinematográfica de 1932 ......................... 934Ana Gabriela Saba de Alvarenga – UFF [email protected]

Arthur Ramos e Durval Marcondes: higiene mental, psicanálise e medicina aplicadas à educação nacional (1930-1950) ............................... 936Ronaldo Aurélio Gimenes Garcia Secretaria de Estado da Educação/SP [email protected]

As imagens de Mato Grosso nos livros escolares (1889 – 1930) .................... 937Aparecido Borges da Silva – UFMT [email protected]

Nicanor Palhares Sá – UFMT [email protected]

As prescrições de Lourenço Filho, na década de 1950, para o ensino da literatura infantil nos cursos normais Paulistas................. 939Fernando Rodrigues de Oliveira UNESP/ Campus de Marília-SP [email protected]

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As reinações de Monteiro Lobato: do projeto editorial ao projeto literário infantil .................................................................................... 940Lucilene Rezende Alcanfor – EHPS/ PUC/SP/ CNPq [email protected]

As representações da educação da mulher veiculadas na revista “Violeta – MT” (1916-1950) .................................................................. 941Linet de Sá Santos – UFMT [email protected]

As sensibilidades na história: uma questão de educação. O caso da Revista Brasileira de Folclore (1961-1976) ..................................... 943Jenifer Lourenço Borges Vieira – PPGEL/ EEFFTO/UFMG [email protected]

Boletim Catequético: produção e circulação de um ideário pedagógico católico moderno ...................................................... 944Evelyn de Almeida Orlando [email protected]

Cecília Meireles: uma cronista no cenário cultural e educativo (1930-1933)......945 Patricia Vianna Lacerda de Almeida – UERJ/PROPED [email protected]

Céu cinzento... mar revolto: os artigos do intelectual Anísio Teixeira no jornal Folha de São Paulo em 1968 .................................. 947Fernando César Ferreira Gouvêa – UFR/RJ [email protected]

Ciência, fé e Noções de História da Educação no Brasil ................................. 948Aline de Morais Limeira [email protected]

Fátima Aparecida do Nascimento [email protected]

Circulação da cultura letrada e a comunidade de leitores em Caetité-BA (1897-1930) ................................................................ 950Joseni Pereira Meira Reis [email protected]

Círculos Bíblicos e a Comunidade Eclesial de Base na Diocese de Guarapuava (1978-1992) ..............................................................951Janete Queirós – UEPG [email protected]

Névio de Campos – UEPG [email protected]

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Considerações sobre os impressos literários publicados pela Impressão Régia (1808-1821) ............................................. 953Anelise Martinelli Borges de Oliveira [email protected]

Constituição da Faculdade de Filosofia de Ponta Grossa: entre uma abordagem da história intelectual e da história dos intelectuais ............................................................................... 954Névio de Campos – UEPG [email protected]

Contribuições da educadora Eglantine do Rêgo Barros à expansão do ensino médio em Pernambuco .................................................. 956Cristiane Souza de Menezes – UFPE/UFPB [email protected]

Da unificação a federalização: a Universidade do Paraná nas páginas da imprensa paranaense (1946-1950) ............................................... 957Eliezer Felix de Souza – UEPG [email protected]

Névio de Campos – UEPG [email protected]

Debates e impasses no processo de produção da legitimidade da escola pública elementar obrigatória na vila de São João Del Rei (1827-1839) ..... 959Eliane de Lourdes Calsavara Lima [email protected]

Discursos da pedagogia moderna em impressos não pedagógicos do Rio de Janeiro (1920 -1930) .............................................................................. 960Giselle Baptista Teixeira – UFF [email protected]

Discursos, estratégias, “jogos de verdade”: a imprensa de Juiz de Fora como instrumento educativo, cultural e político ...962Cíntia Borges de Almeida – UERJ [email protected]

Doutor em Ciências Sociais e Jurídicas: cultura jurídica, formação do intelectual e da elite política do império do Brasil (1850 - 1889) ........................................963Ilka Miglio de Mesquita [email protected]

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Educação e analfabetismo na primeira república: a crítica do intelectual paraibano Carlos Dias Fernandes .............................. 965Amanda Sousa Galvíncio – PPGE/UFPB [email protected]

Jean Carlo de Carvalho Costa – PPGE/PPGS/UFPB [email protected]

Educação e modernização: Mário Casasanta e a indissociabilidade entre a ação política e a renovação pedagógica .......... 966Maria do Carmo Xavier [email protected]

Maria do Carmo de Matos [email protected]

Ana Amélia Borges de Magalhães Lopes [email protected] PUC/MG

Educação e socialismo: notas sobre Charles Fourir, Saint Simon e Pierre-Josep Proudhon ...................................................................................... 968Jose Damiro De Moraes

[email protected]

Educação estética na Revista do Ensino (1925-1940) ..................................... 969Ismael Krishna de Andrade Neiva Centro de Pesquisa em Historia da Educação – FaE /UFMG [email protected]

Educação na imprensa: elementos para a escrita da história da escola primária do Maranhão no século XIX..............................970Joseilma Lima Coelho – PPGE/UFSC [email protected]

Ana Paula Silva – PPGE/UFSC [email protected]

Educação, pedagogia e psicologia no pensamento educacional de Carlos da Silveira ................................................................................................ 972Camila Maria Chiari – UFSCar [email protected]

Hemetério José dos Santos: homem de letras e de cor e sua obra ..............................................................973Tadeu Luis Maciel Rodrigues Dep. de Educação II/UFMA Curso de História/Bolsistas/GHICERER/UFMA

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Entre páginas e práticas: a influência do jornal Expositor Cristão para a efetivação da obra missionária no sul de Mato Grosso .............................. 975Rodrigo dos Reis – UFGD [email protected]

A campanha pela sobrevivência da escola primária superior em Portugal no final da Primeira República ......................................................... 976Luiz Carlos Barreira Universidade Católica de Santos/ PPGE [email protected]

Escrita feminina: a concepção de infância na obra de escritoras de literatura infanto juvenil (1858 – 1945) ........................................................... 978Priscila Kaufmann Corrêa – Unicamp Rede Municipal de Educação de Vinhedo/SP [email protected]

Gramsci e a educação: uma leitura das cartas de Gramsci aos seus filhos (1935-1937) .............................................................979Jarbas Mauricio Gomes – UEM [email protected]

Guiando “almas femininas”: um olhar sobre a educação evangélica na Revista Estrela (Porto, 1925-1930) .................................................................... 981Sandra Cristina da Silva [email protected]

Gustavo Capanema: a organização do ensino primário brasileiro no período de 1934-1945 ....................................................................................... 982Raquel dos Santos Quadros [email protected]

História dos intelectuais, educação e civilidade: uma análise da atuação política de Antônio Alfredo da Gama e Mello (1896-1900) ......................................................................................................... 983Suenya do Nascimento Costa – CE/UFPB [email protected]

Patrícia de Oliveira Magalhães – CE/UFPB [email protected]

Histórias de vida e formação: os “amados” intelectuais de Sergipe .............................................................. 985Alice Angela Thomaz Universidade Tiradentes [email protected]

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Imprensa espírita e elite letrada no Brasil oitocentista ................................. 986Alessandro Santos da Rocha – UEM [email protected]

Cézar de Alencar Arnaut de Toledo – UEM [email protected]

Imprensa pedagógica, circulação de modelos educacionais no Brasil e na França (1925-1930): Revista do Ensino e L’École et La Vie ................................................................ 988Maurilane de Souza Bicas [email protected]

Impressa especializada em educação e ensino: produção e circulação de identidades para a criança-aluno - (1964 a 1976) ........................................989Elaine Rodrigues – PPE/UEM Líder do Grupo de Pesquisas HEDUCULTES [email protected]

Impressos católicos e o debate educacional: conexões com a modernidade na década de 1930 ........................................ 991Adriana Duarte Leon – UFMG/CNPq [email protected]

Impressos e circulação de modelos pedagógicos: a difusão da pedagogia de Francis Parker na imprensa educacional paulista ......................................................................... 992Marta Maria Chagas de Carvalho – USP/UFS [email protected]

Impressos raros e preciosos para a história da educação no Brasil: o acervo da Biblioteca histórica do Colégio Pedro II ...................................... 994Elisabeth Monteiro da Silva [email protected]

Infância de Graciliano Ramos: educação pela pedra na “civilização do couro” ....................................................................................... 995Jorge Garcia Basso – EHPS/PUC-SP/CNPq [email protected]

Instituições educadoras: imprensa, biblioteca e universidade popular no governo Castro Pinto na Parahyba (1912-1915) ....................................................................................... 996Maíra Lewtchuk Espindola [email protected]

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Intelectuais e discursos educacionais veiculados pelo jornal O Matto-grosso (1910-1930) ...............................................................................................................998Marijâne Silveira da Silva – PPGE/UFMT [email protected]

Nicanor Palhares Sá – PPGE/UFMT [email protected]

Intelectuais na faculdade de filosofia do Paraná: confluências e confrontos (1951-1971) ............................................................ 999Névio de Campos – UEPG [email protected]

Intelectuais e a imprensa: a contenda entre Sud Mmennucci e Renato Jardim .................................................................................................. 1001Henrique de Oliveira Fonseca – GEPHE/ UFMG [email protected]

José Curvelo Soares e o ensino secundário em Propriá-Sergipe: a implantação do curso ginasial para o sexo masculino .............................. 1002Simone Silvestre Santos Freitas – UFS [email protected]

José Ricardo Pires de Almeida e a instrução primária no império brasileiro (1822-1889): um estudo sobre a obra História da Instrução Pública no Brasil (1889) ...................................... 1003Cristiane Silva Melo – UEM [email protected]

Maria Cristina Gomes Machado – UEM [email protected]

José Rollemberg Leite: professor de matemática do Atheneu sergipense durante a Reforma Francisco Campos ........................ 1005Suely Cristina Silva Souza – UFSE [email protected]

José Veríssimo (Brasil) e Andrés Bello (Venezuela): um estudo comparado do pensamento educacional latino-americano no século XIX .................................................................................................... 1006Sônia Maria da Silva Araújo – UFPA [email protected]

Júlio Ribeiro: uma leitura sobre a trajetória de um intelectual maçon e protestante na cidade de Sorocaba na segunda metade do século XIX ... 1008Ivanilson Bezerra da Silva – USP [email protected]

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Leituras de Cuore: discursos sobre a família em um livro escolar do programa do ensino primário de Minas Gerais (1927) ................................ 1009Kamila Amorim [email protected]

Laerthe de Moraes Abreu Junior [email protected]

Liga Pró-Língua Nacional e a construção da nacionalidade no jornal escolar A Criança Brasileira (Santa Catarina, 1942-1950) ................. 1011Cristiani Bereta da Silva – UDESC [email protected]

Malhadas e remalhadas: Raul Gomes e o uso da imprensa em prol da educação e da cultura (1920-1970) ................................................... 1012Dulce Regina Baggio Osinski – UFPR [email protected]

Anna Carolina Brandalise – UFPR [email protected]

Modernidade e tradição na crítica cultural e política nos primeiros escritos de Sergio Buarque de Holanda: questões para a história da educação no Brasil ............................................ 1014Marcus Vinicius Corrêa Carvalho [email protected]

Na arquitetura de um impresso: a história de uma livraria no Boletim Bibliographico e Commercial do Ao Livro Verde (1934) .............................. 1015Valéria Maria Neto Crespo de Oliveira Lima – PROPED/UERJ [email protected]

No archéion da história da educação: a presença dos manuais para a formação de professores ..................................................... 1017Roberlayne de Oliveira Borges Roballo – UFPR Secretária Municipal da Educação de Curitiba [email protected]

Noções de psicologia da criança: estudo sobre um manual didático de Theobaldo Miranda Santos ............ 1018Rodrigo Augusto de Souza – UFPR [email protected]

Notícias de uma guerra surda: o embate entre autores de um compêndio de gramática, os professores primários e a imprensa na corte imperial .......... 1019Angélica Borges – NIEPHE/USP/CNPq [email protected]

Giselle Baptista Teixeira – UFF [email protected]

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O caráter educativo do jornal O Dezenove de Dezembro na província do Paraná, (1854-1855) ................................................................... 1021Celina M. Murasse Mizuta [email protected]

O educador brasileiro João Roberto Moreira (1912-1967) e os métodos de comparação dos sistemas de ensino .................................... 1022Leziany Silveira Daniel – UFPR/Brasil [email protected]

O impresso escolar no ensino religioso brasileiro do século XIX ................ 1024Fábia Liliã Luciano – UFSC [email protected]

O jornal Correio Mercantil e a circulação de livros didáticos na Bahia oitocentista ............................................................................................ 1025Nelson de Jesus Teixeira Júnior – UEBA [email protected]

O jornal o universal e a educação do tempo livre na província de Minas Gerais (1825-1842) ......................................................... 1027Sarah Teixeira Soutto Mayor – UFMG [email protected]

O mecenato pombalino na gramática inglesa de Teles de Menezes .......1028Elaine Maria Santos – UFS [email protected]

Ana Lúcia Simões da Fonseca – UFS [email protected]

O educador Luiz Antonio dos Santos Lima e o personagem Simão Bacamarte, do escritor Machado de Assis, numa mesma sintonia de pensamento ........... 1030Juliana da Rocha e Silva – UFRGN [email protected]

O país, a ciência e o engenheiro nos anuários da escola politécnica de São Paulo (1900-1947) ......................................... 1031Bruno Bontempi Jr – FEUSP

O papel dos pais na educação dos filhos: o discurso dos médicos e educadores no início do século XX no Brasil ................................................. 1032Ronaldo Aurélio Gimenes Garcia Secretaria de Estado da Educação de São Paulo [email protected]

O papel político e pedagógico do manual didático “Lições de Coisas” .... 1034Mariângela Dias Santos Universidade Tiradentes [email protected]

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O posicionamento do jornal “O Fluminense” em relação aos conflitos interoligárquicos e as políticas educacionais entre Rio de Janeiro e Niterói (1918 – 1923) ........................................................... 1035Vivian Machado Dutra [email protected]

O professor Adolpho Avila Lima e a inspeção escolar em Sergipe. 1913-1935 .......................................................................................................... 1037Cristina de A. Valença C. Barroso – UFS/NMS [email protected]

O Sítio do Pica-Pau-Amarelo na produção de Therezinha Casasanta ........ 1038Isabel Cristina Alves da Silva Frade – Ceale/ FaE/UFMG [email protected]

Tatiane Elza Maria Pessoa – Fapemig/ FaE/UFMG [email protected]

Os livros de Dewey e Thorndike: análise da circulação por meio das bibliotecas nacionais ............................ 1040Rafaela Silva Rabelo – USP [email protected]

Os manuais escolares utilizados para o ensino de filosofia no secundário brasileiro (1836-1881) .......................................... 1041Gilson Ruy Monteiro Teixeira [email protected]

Os periódicos científicos eletrônicos como fonte de pesquisa para a história da educação: novos desafios ................................. 1043Karina Klinke [email protected]

Os programas experimentais para o ensino primário: entre a idealidade e a realidade pedagógica ............................................... 1044Rossano Silva – UFPR [email protected]

Para além do engajamento, a criação: a produção literária de Antonio Garcia Filho ......................................... 1046Patrícia de Sousa Nunes Silva Universidade Tiradentes [email protected]

Para continuar uma vivência estética: publicações de Liddy Chiaffarelli Mignone para a formação de professores de iniciação musical ................. 1047Inês De Almeida Rocha [email protected]

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Para despertar no coração da mocidade o sentimento de amor à pátria: o livro Seleta Literária, do professor Francisco Ferreira Vilhena Alves ....... 1049Maricilde Oliveira Coelho Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará [email protected]

Pensamento católico de Ruy de Ayres Bello, uma vertente tradicional .... 1050Andrea Carla Agnes E Silva Pinto [email protected]

José Carlos Souza Araujo [email protected]

Pensamento educacional de Theobaldo Miranda ........................................ 1052Jaqueline de Andrade Calixto – UFU [email protected]

Armindo Quillici Neto – UFU [email protected]

Perfis de crianças leitoras na história da educação em artigos de periódicos ....................................................................................... 1053Fernanda Alves da Silva [email protected]

Karina Klinke [email protected]

Pioneiros da rádioeducação: os intelectuais e a implementação da radiofonia educativa no Brasil ( 1920-1930) ................................................. 1054Patrícia Coelho – PUC-Rio [email protected]

Professoras de música: o impresso como dispositivo estratégico de inclusão no campo intelectual (Brasil, 1ª metade do século XX) .............. 1056Susana Cecilia Almeida Igayara de Souza [email protected]

Professores em revista: a Revista de Filosofia Kriterion e sua interlocução no debate educacional mineiro ........................................ 1057Lucimar Lacerda Machado – PUC/MG [email protected]

Maria do Carmo Xavier – PUC/MG [email protected]

Quando poderemos ler o nosso livro? Villa-Lobos e a educação musical entre cartas e (auto) biografia .............. 1059Ednardo Monteiro Gonzaga do Monti – UERJ [email protected]

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Recuperação econômica e formação dos trabalhadores: debates das elites produtoras mineiras nos primeiros anos do século XX 1060Carolina Mostaro Neves da Silva – USP [email protected]

Reflexões sobre a formação de professores do ensino secundário nos anos 1920-30 no Brasil .............................................. 1061Maria Cristina Ferreira dos Santos [email protected]

Reforma educacional de 1965 en Chile: participación de Mario Leyton Soto ............................................................... 1063Jaime Caiceo Escudero Universidad de Santiago de Chile [email protected]

Representações do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 nos manuais de história da educação publicados em coleções (1933-1945) ........................................................................................ 1064Orlando José de Almeida Filho – UFSJ [email protected]

Representações tecidas por Monteiro Lobato sobre a História de seu tempo ..................................................................................... 1066Cássia Aparecida Sales M Kirchnerii – FE/Unicamp/Grupo Civilis [email protected]

Reflexões sobre a produção intelectual de Carvalho Neto e a história da educação em Sergipe ................................................................ 1067Maria do Socorro Lima [email protected]

Romances para meninas e moças: entre os discursos moralizantes e as tradutoras de renome ....................... 1069Mariana Elena Pinheiro dos Santos de Souza – IC/FAPERJ/ UERJ [email protected]

Rubem Alves e o pensamento educacional liberal: aproximações ............. 1070Denise Camargo Gomide [email protected]

Saberes em foco: diálogos de M. B. Lourenço Filho na Série de Leitura Graduada Pedrinho (1953 – 1970) .................................................... 1072Marlene Neves Fernandes – UDESC [email protected]

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Série Currículos – as práticas de leitura e escrita como distinção social nos impressos pedagógicos do laboratório de currículos da SEEC/RJ ............... 1073Regina Márcia Gomes Crespo – PPGSPUENF [email protected]

Ser-professor, ser-aluno-infantil, prescrições de identidade(s) em circulação na revista “Pátio Educação Infantil (2003 a 2009) ...................... 1074Rosimari Bueno Barbosa [email protected]

Elaine Rodrigues – UEM [email protected]

Tavares Bastos e os manuscritos sobre a instrução no império (1861 – 1875) .....1076Juliana Cesário Hamdan – Ufop [email protected]

Mila Araújo – Ufop [email protected]

Tobias Barreto e a defesa da educação feminina no séc. XIX ..................... 1077Ronaldo Antonio Pereira da Silva [email protected]

Um entusiasta da educação: sujeitos, projetos e instituições na História do Estado do Rio Grande do Norte, de Rocha Pombo ...................................... 1079Alexandra Lima da Silva – UERJ [email protected]

Um estudo sobre a revista O Estimulo da Escola Normal da Capital (1906-1927) ........................................................... 1080Áurea Esteves Serra – FATEB/Birigui/SP [email protected]

Um intelectual e sua trajetória: contribuições do estudo sobre Aurélio Pires, seus escritos e suas memórias para a história da educação - Minas Gerais (1878-1936) ..................................................................... 1082Luísa Marques de Paula – UFMG [email protected]

Um olhar para além das fronteiras: análise do Fronstispício da revista “A Galeria Illustrada” (1889-1889) ................................................................. 1083Iriana Nunes Vezzani – PPGE/UFPR

Um tempo novo para a instrução pública de Minas Gerais? Críticas de Estevam de Oliveira à reforma João Pinheiro de 1906 ................................ 1084Cristiane Oliveira de Souza – PPGE/UFJF [email protected]

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Uma análise do discurso sobre os negros no livro escolar de história do Brasil “Nossa Pátria” de Rocha Pombo, editado de 1917 a 1970 ............... 1086Cristina Carla Sacramento – UFSJ/MG [email protected]

Laerthe de Moraes Abreu Jr

Visionários de um novo tempo: mentores da interiorização da Universidade na Bahia (1950-1960) .......... 1087Ana Maria Fontes dos Santos – UEFS/BA [email protected]

O impresso estudantil e as práticas culturais e de sociabilidade na Cuiabá das décadas de 20 e 30 ....................................................................... 1089Simone Ribeiro Nolasco – PPGE/UFMT [email protected]

O jornalzinho escolar: orientações para as educadoras na Revista do Ensino/RS (1950-1960) ................................................................... 1090Tatiane de Freitas Ermel Escola Monteiro Lobato/Porto Alegre/RS [email protected]

O crisol: o periódico das alunas do Colégio Americano (1945 -1964) ........ 1091Dóris Bittencourt Almeida – FE/UFRGS [email protected]

O ideário feminino e a educação da mulher nos jornais “A Reforma” (1901-1912) e “A Federação” (1901-1915) .................................................... 1093Dilza Porto Gonçalves – SEDUC/RS [email protected]

Eixo 9 ...........................................................................................1095A arte e o Ensino de História da Educação Brasileira .......................................................................................... 1096Fátima Maria Neves – UEM/PR Rosimara Albuquerque Mello – UEM/PR

A inclusão da História da Educação na formação de professores primários de Cuiabá/MT ......................................................................................................... 1097Maria Teresinha Fin [email protected]

Educação e instrução na 5ª comarca de São Paulo ..................................................................................................... 1099Fátima Maria Neves – UEM/PR [email protected] [email protected]

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Fazer Pedagógico e Ensino de História da Educação: experiências, reflexões e possibilidades.................................................................................................... 1100José Roberto Gomes Rodrigues – UEBA [email protected]

História da Educação: a disciplina e o ensino em análise, a experiência do Curso de Pedagogia da UEL/PR ...................................................................... 1102Marta Regina Gimenez Favaro [email protected]

Lições do passado para o presente: a história da educação na Revista do Ensino/RS (1951-1963) ...................................................................................... 1103Maria Helena Camara Bastos – PPGE/PUCRS

O Ensino de História da Educação com filmes .............................................. 1105Jocyléia Santana dos Santos – UFT [email protected]

O manual escolar Noções de História da Educação (Theobaldo Miranda Santos) como material pedagógico no ensino da História da Educação do Colégio Normal Nossa Senhora do Patrocínio (Patrocínio – Minas Gerais, 1947 – 1971) ............................................................... 1106Geraldo Gonçalves de Lima – UFU/FAPEMIG [email protected] [email protected]

Panorama e perspectivas do ensino de História da Educação no Centro-Oeste ...................................................... 1108Reinaldo dos Santos – PPGE/UFGD/MS [email protected]

Um roteiro de leituras para professores presente nos manuais de História da Educação: problematizando as ideias pedagógicas de Pestalozzi e Rousseau ...................................................................................... 1109Roberlayne de Oliveira Borges Roballo [email protected]

Mister é tornar “o presente mais inteligível”: a história da Educação por Thomas R. Giles .................................................. 1111Aline de Morais Limeira Fundação Biblioteca Nacional [email protected]

Entre Europa e América: a escrita da História da Educação na Argentina por Lorenzo Luzuriaga.................................................................. 1112Jorgelina Mendez – UNCPBA/UNLP [email protected]

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Um curso breve de História da Educação por Paul Monroe ............................................................................. 1114Marta Regina Gimenez Favaroi – UEL/PR [email protected]

Narrativas ibero-americanas: trânsito e recepção de História da Educação e da Pedagogia de Lorenzo Luzuriaga no Brasil ......................... 1115Roni Cleber Dias de Menezes – ProPEd/UERJ [email protected]

Tróia e a guerra de tróia: releituras da Ilíada de Homero ....................................................................... 1117Sauloéber Tarsio de Souza – UFU [email protected]

Guerra do fogo: um conto da modernidade ou quem conta um conto, esconde muitos pontos ................................................................................... 1118Profa. Elizabeth Farias da Silva – UFSC [email protected]

Escritores da liberdade: memória da barbárie ou vidas na barbárie? ................................................. 1120Luciana Beatriz Carvalho – UNIUBE [email protected]

Eixo 10 .........................................................................................1122A carta circular do Ginásio Santa Rita (1949): vestígios da formação da moça virtuosa ....................................................... 1123Francymara Antonino Nunes de Assis – UFPB [email protected]

A cartilha - O Método rápido para aprender a ler: um estudo sobre o tortuoso processo de adoção da primeira cartilha escolar de João Köpke pelas escolas públicas da província de São Paulo (1875 -1879) .......................................... 1124Claudia Panizzolo – UNIFESP [email protected]

Marco Antonio Rodrigues Paulo – UFGD [email protected]

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A História da Educação da região de Diadema através de arquivos escolares: o caso da E. E João Ramalho .......................................................................... 1126Reginaldo Alberto Meloni – UNIFESP [email protected]

Giseli de Oliveira Cardoso – UNIFESP [email protected]

Mara Regina Prata Walério – UNIFESP [email protected]

Arquivos escolares: Grupo Escolar Joaquim Salles (Rio Claro – 1900-1930) .....................................................................................1127Daniela Cristina Lopes de Abreu – FE/USP [email protected]

As línguas vivas em uma escola para meninas: tecendo a história do currículo nas entrelinhas das materialidades escolares (1934-1961) ............................................................ 1129Marta Banducci Rahe [email protected]

Eurize Caldas Pessanha – UFMS/PPGE [email protected]

As transformações urbanas em Cuiabá-MT na gestão de Júlio Müller e a formação do cidadão cuiabano para a modernidade (1937-1945) ......... 1130Gino Francisco Buzato – PPGE/UFMT [email protected]

Circulação de livros, compêndios e artefatos escolares na Parahyba do Norte do oitocentos .................................................................. 1132Cláudia Engler Cury [email protected]

Cultura e práticas escolares: formas do ensinar e do aprender de velhos mestres no sertão mineiro (1937-44) ..................... 1133Maria Zeneide Carneiro M. de Almeida PUC-Goiás/PPGE/EDU [email protected]

Discursos educacionais e ações arquiteturais: o espaço Escolar na “Atenas Mineira” (Juiz de Fora 1907-1927) ............... 1135Marina Fernandes Braga [email protected]

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Entre a história e a arquivística: organização dos acervos do CEMEF/UFMG .............................................. 1136Adalson de Oliveira Nascimento – UFMG [email protected]

Escola experimental da lapa: a cultura material revelando uma experiência curricular renovadora ................................................................. 1137Laurizete Ferragut Passos – PUC/SP [email protected]

Viviane Lovatti Ferreira – PUC/SP/FAPESP [email protected]

Cecília Hanna Matte – USP [email protected]

História nas imagens arquitetura de duas instituições escolares para crianças pequenas em Florianópolis .............................................................. 1139Adriana de Souza Broering - UDESC [email protected]

Inovação material e formação de professores: o lugar do museu escolar nos currículos da Escola Normal e Grupos Escolares de Santa Catarina (1900-1950) ........................................ 1140Marilia Gabriela Petry - PPGE/UDESC [email protected]

Vera Lucia Gaspar da Silva - PPGE/UDESC [email protected]

Memória arquivada: acervo documental do Movimento de Educação de Base no município de Tefé/AM ................................................ 1142Leni Rodrigues Coelho - UEAM [email protected]

Cristiane da Silveira - UEAM [email protected]

Memória e História da Educação brasileira nos periódicos científicos (1990-2012) .................................................................. 1143Thabatha Aline Trevisan [email protected]

Memória e patrimônio científico e tecnológico: o Centro de Memória da Engenharia da UFMG ........................................... 1145Patrícia Carla Oliveira Carneiro - CEFET/MG [email protected]

Carla Simone Chamon - CEFET/MG [email protected]

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O modelo anatômico humano da Maison Deyrolle: as viagens de um “homem esfolado” pelas escolas do mundo ................. 1146Katya Mitsuko Zuquim Braghini [email protected]

O uso de animais taxidermizados como materiais didáticos em fins do século XIX e começo do século XX ................................................................. 1148José Maurício Ismael Madi Filho PPGE: História, Política e Sociedade – PUC/SP [email protected]

Olha o passarinho! Luzes e poses na dinâmica urbana e educacional paranaense no olhar do fotógrafo Guilherme Glück ............ 1149Ederson Prestes Santos Lima - IFPR/UFPR [email protected]

Organização do acervo histórico do CEFET- MG: fontes para história da educação profissional no Brasil .............................. 1151Carla Simone Chamon – CEFET/MG [email protected]

Adalson Nascimento – UFMG [email protected]

Os espaços provisórios de ensino: elementos da cultura material escolar da escola de engenharia industrial da cidade do Rio Grande/RS (1954-1960) ................ 1152Vanessa Barrozo Teixeira – UFPel [email protected]

Elomar Antonio Callegaro Tambara – UFPel [email protected]

O que se deve observar para “observações bem feitas” das coisas? ......... 1154Kazumi Munakata [email protected]

A escola como lugar privilegiado de memórias: o caso do Instituto de Educação de Vitória-ES ............................................. 1155Rita de Cássia Oliveira Pessanha da Costa – UFES/PPGE [email protected]

Planejamentos de aula de alfabetizadoras: ‘escritas ordinárias de natureza profissional’ como objeto e fonte de pesquisa em História da Alfabetização (1972-2010) .................... 1157Gisele Ramos Lima – PPGE/Fae/UFPEel [email protected]

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Um professor em dois mundos: a viagem do professor Luiz Augusto dos Reis a Europa (1891) .................. 1158Inára de Almeida Garcia Pinto  [email protected]

Representações do cotidiano escolar: uma leitura da memória por meio da imagem (1890/1940) ....................... 1159Maria de Fatima da Silva Costa Garcia de Mattos Centro Universitário Moura Lacerda/Ribeirão Preto/SP [email protected]

Os livros escolares nas instituições de ensino no Maranhão imperial ........ 1161Samuel Luis Velázquez Castellanos – UFMA [email protected]

A propagação dos modernos preceitos pedagógicos: materiais, métodos e práticas nas escolas paulistas em fins do século XIX ..... 1162Claudia Panizzolo – UNIFESP [email protected]

As aulas de leitura e escrita em Sergipe para meninas, na passagem do século XIX e XX .................................................................... 1164Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas – UFSE [email protected]

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Eixo I

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Caderno de Resumos - Eixo I

96 Sumário Eixo 1

“A escola como casa de higiene”: discurso biopolítico na legislação

educacional mineira de 1927

Eliane Vianey de Carvalho (UNICAMP) [email protected]

O objetivo deste trabalho é evidenciar manifestações de discurso biopolítico presentes no Regulamento e nos Programas do Ensino Primário de 1927 em Minas Gerais. Estes documentos resultaram da reforma do ensino empreendida durante o Governo Antonio Carlos (1926-1930) pelo Secretário dos Negócios do Interior Francisco Campos. Nos documentos analisados aparecem explicitamente propostas biopolíticas voltadas para a educação dos hábitos higiênicos e cuidados com a saúde no espaço escolar mineiro. Para Foucault, “a biopolítica lida com a população, e a população como problema político, como problema a um só tempo científico e político, como problema biológico e como problema de poder” (FOUCAULT, 1999, p. 292-293). A preocupação com a saúde, principalmente, do aluno, mas também a do professor aparece de forma alastrada nas determinações do Regulamento, sobretudo, no que tange os serviços de inspeção e assistência médica e dentária escolar; os exames de saúde de alunos e professores; os testes para classificar os indivíduos em normais e anormais; e as incumbências de diferentes profissionais para as atividades ligadas à saúde. A Higiene era umas das disciplinas que deveriam ser obrigatoriamente ministradas no ensino primário, partindo da concepção do “exemplo permanente da escola como casa de higiene, que ela deve ser” (MINAS GERAIS, 1928, V. 3, p. 1698). O discurso presente deixa explícita a preocupação do Estado com a saúde dos alunos ao citar medidas criadas pelo Regulamento do Ensino, como por exemplo, o pelotão de saúde (composto por alunos) e ao especificar os objetivos de seus “alvos” no ensino de higiene correspondente a cada ano escolar. A preocupação não é apenas com a saúde de cada aluno, mas também com a “saúde pública, da qual depende

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aquela” (MINAS GERAIS, 1928, V. 3, p. 1698). As propostas de ensino evidenciam o objetivo de alcançar a saúde dos escolares e generalizá-la para a sociedade por meio da divulgação dos hábitos de higiene pela escola. Seu papel nesse “projeto de saúde” é ser um dispositivo de poder relacionado a um saber sobre o que é verdadeiro quanto à saúde. Portanto, percebe-se por meio da análise do discurso desses documentos que há uma tentativa de moldar os indivíduos no ensino primário por meio de determinações para as práticas de saúde e prescrições no ensino de higiene permeadas por apelos morais. Este estudo permite compreender a tentativa de normalizar a sociedade mineira utilizando-se de dispositivos educacionais vigentes no período.

A avaliação de rendimento como um aspecto da política educacional de Amaral Peixoto

para o antigo estado Rio de Janeiro nas décadas de 1940 e 1950

Márcia da Silva Quaresma (UERJ-PROPED) [email protected]

Esta comunicação pretende analisar a avaliação do rendimento dos alunos da rede estadual de ensino do antigo Estado do Rio de Janeiro na década de 1940, como um dos aspectos da política educacional implantada pelo interventor federal Ernani do Amaral Peixoto que esteve à frente do governo do Estado durante o período de 1937 a 1945 e depois no período de 1951 a 1954 quando retorna então, ao comando do Estado como governador eleito. A avaliação de rendimento dos alunos da rede estadual do Rio de Janeiro foi aplicada pela primeira vez em 1942 e considerada por Lourenço Filho, à época diretor do INEP, como “(...) a mais extensa, no gênero, já realizada entre nós, (...)”. Podemos dizer, hoje, que foi uma avaliação de larga escala tendo em vista que foi aplicada à toda rede estadual com certa frequência. Esta avaliação consistia de provas objetivas aplicadas

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aos alunos estaduais e, entre outras finalidades, pretendia verificar as dificuldades apresentadas pelos programas oficiais que estavam sendo utilizados, assim como revisar o julgamento realizado pelos professores da rede. Esta avaliação era analisada pela divisão de pesquisas educacionais e gerava dados estatísticos em termos de aprovação e reprovação; produzia “scores” por regiões do estado e por inspetorias, possibilitando perceber as dificuldades e especificidades de cada região ou inspetoria, facilitando, segundo o chefe do Departamento de Educação no período de 1942, Rubens Falcão, ajustar as políticas educacionais do Estado às especificidades que se apresentavam através da avaliação do rendimento, buscando oferecer uma melhor qualidade de ensino aos alunos. Analisaremos a influência da escola nova e de Anísio Teixeira e suas ações nesta prática educacional da avaliação do rendimento, pois, Anísio Teixeira já havia realizado a avaliação de rendimento dos alunos da rede escolar do Distrito Federal. As fontes utilizadas para esta pesquisa são o Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro que publicava à época os ofícios e circulares do Departamento de Educação destinados às escolas e inspetorias, além dos “scores” das avaliações, bibliografia específica sobre o estado do Rio de Janeiro, documentos do período em que Amaral Peixoto esteve à frente do Estado do Rio de Janeiro, entre outros. Compreender a importância da avaliação do rendimento para a rede estadual do Rio de Janeiro nas décadas de 40 e 50 é essencial para refletirmos sobre as mudanças e inovações implantadas pelo interventor Amaral Peixoto e também compreender de que forma elas possibilitaram que o antigo Estado do Rio de Janeiro participasse do momento politico, econômico e cultural que o país passava. Propomos ainda recuperar um período pouco estudado da educação fluminense, revendo e analisando os discursos oficiais, as memórias das escolas e professores, que proporcionam um conhecimento específico sobre a educação fluminense e sua relação com o projeto de nação do Brasil e seu ideário republicano.

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“A batalha da produção”: a escola de agronomia do nordeste durante a interventoria

de Ruy Carneiro (Paraíba, 1940-1945)

Luiz Mário Dantas Burity (UFPB/PIBIC Antonio Carlos Ferreira Pinheiro (UFPB/PPGE)

Este trabalho apresenta resultados parciais de um projeto que se encontra em andamento intitulado: Educação Estadonovista na Paraíba: escolarização para a profissionalização, o civismo e o nacionalismo (1940-1945), parcialmente financiado pelo – CNPq/UFPB. Parte significativa do levantamento foi realizado no Arquivo Público Waldemar Bispo Duarte, situado na Fundação Espaço Cultural – FUNESC, em João Pessoa, PB. Entre outras fontes levantadas nos detemos, todavia, mais particularmente, nas notícias publicadas do Jornal A União. Efetuamos a análise da documentação realizando um intercruzamento com leituras críticas acerca da historiografia relacionada ao período estadonovista, procurando observar a maneira como as políticas educacionais acabaram por incentivar o desenvolvimento de novas atividades didático-pedagógicas na Escola de Agronomia do Nordeste. Para tanto, utilizamos o referencial teórico propugnado por Hobsbawm (1998) no que concerne as mudanças e permanências, processadas tanto pela política local, no seu sentido mais amplo quanto àquelas que atingiram mais diretamente o funcionamento da Escola de Agronomia do Nordeste. Fundada em 1936, a referida Escola, localizada na cidade Areia, interior do Estado da Paraíba teve os seus primeiros anos de existência em um regime de exceção, qual seja: o Estado Novo. Assim sendo, na condução da política local estiveram os interventores Argemiro de Figueiredo (1937-1940) e Ruy Carneiro (1940-1945). No entanto, foi no mandato de Ruy Carneiro que observamos a implementação de novas práticas sócio-escolares que marcaram o desenvolvimento das atividades da referida Escola. Para além do objetivo de desenvolver o ensino técnico-profissional agrícola, ou seja, o de promover discussões acerca das melhores práticas para o aproveitamento agrícola e, sobretudo, transmitir os novos conhecimentos aos fazendeiros bem aos médios e, menor proporção aos pequenos agricultores paraibanos, a Escola foi envolvida na “Batalha da Produção”, que em poucas palavras

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verteu-se no sentido de conduzir à criação de pelo menos uma granja-modelo em cada município paraibano e ao mesmo tempo em se autotransformar em um dos principais centros de produtos horte-frute-grangeiros, visando contribuir no Esforço de Guerra contra os inimigos da Pátria, abastecendo, não somente o mercado interno, mas principalmente a Base Militar norte-americana, localizada no Estado do Rio Grande do Norte. Nesse sentido, a Escola perdeu a sua função, primordialmente, educativa e passou a ser espaço destinado à produção agrícola.

A categoria inclusão no contexto da educação superior no Brasil e na América Latina

Uyguaciara Veloso Castelo Branco (UFPB) [email protected]

O presente trabalho objetiva fornecer fundamentos teórico-metodológicos para os estudos e pesquisas desenvolvidas na área de História da Educação, tendo como foco a Educação Superior no Brasil e nos países latino-americanos. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico, análise crítica e síntese de conteúdo em periódicos de circulação internacional, que enfatizem a temática inclusão na Educação Superior. O estudo se insere dentro da temática abordada no Projeto intitulado Inclusão, Equidade e Excelência Acadêmica nas Políticas de Educação. O acesso ao Ensino Superior no contexto da globalização e é parte integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Superior e Movimentos Sociais, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFPB). Foram catalogados os artigos da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBHE), Revista Lusófona de Educação, Revista de Educación Inclusiva, no período de 2000 a 2012. Os artigos foram identificados por ano, autores, título, tema e conteúdo resumido, sendo feita uma análise crítica e síntese do conteúdo dos artigos encontrados nos periódicos indicados, traçando um perfil temático para cada um dos periódicos analisados. Os dados apontam, sinteticamente, que os estudos desenvolvidos no Brasil enfocam a temática de inclusão ainda como tentativa de garantia de acesso à educação superior de minorias, a

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exemplo da população negra, das pessoas com deficiência, e dos alunos oriundos de escolas públicas, através de cotas sociais e/ou raciais e das Políticas de Inclusão ou Compensatórias executadas pelo Governo Federal Brasileiro, enfocando as duas últimas décadas (anos 1990 e 2000) e os governos Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. Em nível latino-americano, a inclusão é tratada como temática mais ampla de garantia de direitos cidadãos à população em geral, incluindo as minorias, sem enfocar diretamente o acesso à educação superior, mas o acesso a qualidade da educação. Segundo González (2012, p.1), a temática da inclusão deverá ser tratada levando em conta o aumento de alunos de culturas diferentes, na perspectiva do desenvolvimento de uma educação multicultural, repensando os seus objetivos e considerando como condição fundamental o “complexo fenômeno da diversidade humana”. Desta feita, o tema inclusão aborda a criação de sistemas de orientação e de apoio para alunos “diferentes”, assegurando a “igualdade de oportunidades”, através de ações compensatórias feitas por medidas que facilitem o acesso aos estudantes cujas diferenças os impedem de participar dos “recursos disponíveis para todos”.

A construção da escola primária da Bahia na primeira república: relato de um projeto de

levantamento e pesquisa e dos seus resultados

Elizabete Santana (UNEB) [email protected]

A necessidade de uma história da construção da escola primária na Bahia que inclua de modo abrangente e articulado os diferentes aspectos do seu funcionamento deu origem ao projeto “Mudanças curriculares na construção da escola primária na Bahia: os currículos prescritos nas reformas do ensino e suas relações com o currículo em uso nas escolas (1889-1930)”. Ao tomar como eixo para a estruturação das atividades de levantamento e sistematização de dados os conceitos de currículo, currículo prescrito e currículo em uso, o projeto contemplou temas que, estando presentes no funcionamento e

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no cotidiano da escola, estão de algum modo relacionados com os conteúdos escolares. As bases teóricas e metodológicas da pesquisa foram construídas a partir do aporte teórico encontrado em, Johnson Jr. (1980), Giroux (1986) Sacristán (2000) Faria Filho e Vidal, (2000), e outros. Reconhecendo que o conhecimento da legislação oferece pistas para buscar outras peças e elementos que permitam uma aproximação e uma interpretação da história, o projeto privilegiou em um primeiro momento os documentos legais. Buscou-se construir uma base para o conhecimento das medidas oficiais que estiveram presentes no processo de estruturação do sistema público de ensino primário. Daí surgiu o “GUIA DE REFERÊNCIAS TEMÁTICAS NAS LEIS DE REFORMA E REGULAMENTOS. 1890-1930” organizado em torno daqueles temas ou itens relevantes para o estudo do currículo e da escola primária os quais, geralmente, são objeto de regulamentação no conteúdo dos documentos legais. Entre eles, estão: as matérias de estudo, métodos, organização pedagógica e administrativa da escola, rotinas escolares, materiais didáticos, sistema de exames, etc. No curso das atividades de levantamento e de leitura inicial dos documentos levantados tomamos conhecimento da passagem, em 1895, da administração das escolas estaduais do município da Capital para a órbita da Intendência Municipal de Salvador, decisão que se manteve até a gestão de Anísio Teixeira, iniciada no ano de 1924. Daí surgiu um levantamento no Arquivo Histórico Municipal de Salvador sobre a escola primária na administração da Intendência Municipal, do qual resultou um arquivo com fotografias dos manuscritos localizados organizado de acordo com os 17 temas que serviram de base para a coleta. Os documentos levantados estão apoiando o estudo de questões que foram levantadas no percurso da pesquisa. O tratamento dessas questões em articulação com os documentos localizados e com outros complementares está possibilitando a elaboração de livros, artigos, monografias de TCC e dissertações de mestrado. Portanto, novos conhecimentos sobre a construção da escola primária da Bahia, na Primeira República, estão se tornando disponíveis.

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A educação profissional no Brasil: os meandros de sua formação e a atuação do estado

Desiré Luciane Dominschek Lima (Unicamp) [email protected]

Neste trabalho, dedico-me a apresentar alguns elementos necessários para a compreensão e análise da história do ensino profissional no Brasil. Para tanto, apresento algumas características concernentes aos trabalhos de caráter manual que eram realizados no país a partir da República, bem como as relações e atuações do Estado na modalidade do ensino técnico e profissional. Para esta análise utilizaremos as bases teóricas dos autores - Mészáros, Cury, Weistein, Cunha, Sanfelice. Nos primórdios do Império, permaneceu a mentalidade conservadora desenvolvida ao longo dos três séculos de duração do período colonial. Tal mentalidade pautava-se em destinar o ensino dos ofícios manuais aos humildes, pobres e desvalidos, continuando, portanto, o processo discriminatório em relação às ocupações antes atribuídas somente aos escravos. A humanidade, durante os primeiros estágios da civilização, considerava a aprendizagem de ofícios como inteiramente dissociada dos processos de educação, encarando-a como simples forma de trabalho, sem nenhuma expressão educativa. A transmissão dos conhecimentos profissionais ainda estava situada fora dos estabelecimentos escolares. Considerei importante iniciar trazendo neste momento contribuições da historiografia da educação brasileira para a discussão da educação profissional, objetivei compreender a concepção de ensino das escolas profissionais, sobretudo amparando-me na análise documental de “O Escudo”. O Escudo era uma publicação semestral preparada pelos alunos do SENAI-PR, constituindo uma fonte de informação significativa quanto às percepções discentes. A análise deste periódico, enquanto uma fonte histórica sugere que se lancem outras perspectivas sobre o processo de formação para o trabalho no Paraná, bem como revela nuances do ensino profissional no Estado, indicando alguns elementos da educação profissional emanada pelo SENAI no período de 1940 á 1960. A abordagem foi no sentido de pensarmos os tentáculos do Estado sobre a organização do ensino em todas as modalidades e

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especificamente no ensino profissional. Percebemos que o Estado desde a segunda metade do século XIX vai se consolidando como responsável pela educação do povo, e que no ensino profissional esta articulação também é presente mesmo nas escolas que não formam a “rede pública” de ensino.

A efetividade do direito à educação no Brasil na Primeira República:

um estudo das constituições estaduais

Mário Márcio Negrão (UTP) [email protected]

Heloísa H. D. Pereira (UTP) [email protected]

A efetividade do Direito à Educação no Brasil tem sofrido empecilhos persistentes apesar de declarada na Constituição de 1988 como direito de todos e dever do Estado onde leis, decretos e outros dispositivos obrigam o Poder Público a garantir esse direito. Tais instrumentos normativos são fruto de um longo caminho trilhado dentro da evolução dos direitos sociais no Brasil, assim sendo há espaço para a análise das circunstâncias onde foram construídos recursos semelhantes que possam ter servido como antecessores desses instrumentos jurídicos atuais. Tendo em vista que a promulgação de uma constituição nacional acarreta a necessidade de alterações significativas nas constituições estaduais e que é possível levantar hipóteses de que essas preparam o caminho para inovações jurídico-legais, este estudo tem por objetivos analisar comparativamente a Constituição Estadual do Paraná de 1892 e a Constituição Estadual da Bahia de 1891, bem como verificar as concepções de normatização do ensino adotadas em ambas. Constata-se que, na primeira, o ensino primário é declarado como um direito universal e gratuito (Tit. VIII cap. único art. 131), e que cabe aos poderes da Assembleia Legislativa legislar sobre o ensino público (Tit. III art. 26 §8) porém não estão claros os dispositivos para uma política de justiça distributiva do ponto de vista financeiro. Representa um recuo em relação ao decreto n.31 de 29 de janeiro de 1890, o primeiro regulamento de organização da instrução pública do Estado do Paraná da 1ª Republica,

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que propõe gratuidade, obrigatoriedade e laicidade para o ensino, mas carece elementos garantidores de efetividade, de tal forma que o mesmo foi revogado logo a seguir, com a justificativa de que sua implementação excedia as verbas disponíveis. Já a Constituição Estadual da Bahia de 1891, no Tit. II, cap. IV, art 36 §7 permite à Assembléia Legislativa legislar sobre o ensino primário secundário e superior além do ensino técnico e profissional. De especial interesse é o Tit.V art. 409 §1 estabelecendo que os fundos virão de multas, taxas e outras fontes. O estudo comparativo desses documentos revela nítidas diferenças entre a concepção de normatização do ensino, sendo que o Paraná contraria o silêncio sobre gratuidade e universalidade presente na Constituição Republicana enquanto que o Estado da Bahia segue as tendências da Carta Magna Federal de 1891. Também notável é que o Estado da Bahia normatiza as fontes de financiamento do ensino enquanto o Estado do Paraná segue com uma linha mais tímida a esse respeito. As fontes utilizadas são compostas por fac-símiles eletrônicas dos documentos originais encontrados na internet. O quadro teórico está embasado em Norberto Bobbio (2004), sobretudo na relação dialética entre liberdades e poderes, sendo adotadas as seguintes categorias de análise: formal, política, ética e normativa dos princípios constitucionais.

A escola complementar paulista (1890-1911)

Tony Honorato [email protected]

A proposta é compreender a instalação das escolas complementares como alternativa republicana para disseminar a formação de professores no Estado de São Paulo (1890-1911). Como fonte assumiu a legislação da instrução pública e debates registrados nos Anais da Câmara dos Deputados de São Paulo. A periodização justifica seu início em razão da reforma de 1890, conhecida como Caetano de Campos, e o término em razão da reforma de 1911, conhecida como Oscar Thompson. A auspiciosa reforma de 1892 regulou a instrução pública do Estado de São Paulo nas primeiras décadas republicanas e os reformadores do ensino enfrentaram entraves para implementar suas propostas, haja vista o caráter audacioso da Lei n°. 88 se considerarmos o perfil do

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quadro docente existente na época para as instituições almejadas. O Deputado Gabriel Prestes, em discurso proferido em 1893 na Câmara dos Deputados, desenhou o quadro docente paulista composto por professores normalistas formados em diferentes épocas e programas de ensino, professores habilitados por um exame elementar conforme Lei de 1869, professores chamados de concursos de acordo regulamento de 1882 e pelos professores formados pela a Escola Normal da Capital já no período republicano. Com esse desenho, o reformador Prestes diagnosticou que a formação do professorado era mais heterogênea possível, e inutilmente se tentaria por em execução um só programa de ensino em todo o Estado. (PRESTES. In: ANAIS, 1893, p. 186). A questão evocada por Prestes pode ser interpretada da seguinte forma: como é possível a instrução pública republicana garantir o progresso da educação do povo, sem garantir um forte alicerce – a formação do professor? De outro lado a reforma de 1892 em seu artigo 1º estabelecia três níveis de ensino: primário, secundário e superior. Para esta organização de ensino demandaria um alto coeficiente de professores. A demanda maior situava-se no ensino primário, pois em toda localidade onde houvesse de 20 a 40 alunos uma escola preliminar seria fundada. O ensino primário era compreendido pelos cursos preliminar e complementar. O preliminar teria suas aulas regidas por professores normalistas, era obrigatório, destinava à educação de crianças de 07 a 12 anos e ofertado em escolas preliminares ou nas auxiliares intermédias e provisórias. As escolas intermédias seriam regidas por professores habilitados conforme os regulamentos de 1869 e 1887, e as escolas provisórias deveriam ter professores interinos examinados pelos inspetores de distrito ou pelas comissões nomeadas pelos municípios. Havia ainda possibilidade de escolas ambulantes para aquelas localidades com baixa densidade populacional. (DECRETO n°218, de 27 de novembro de 1893, p. 20-22). O fato é que a questão sobre a demanda de professores era muito acentuada. Por isso, dentre outras razões, os legisladores republicanos paulistas precisariam encontrar uma solução para formação/diplomação de professores. Foi neste sentido que a proposta de escola complementar colaborou para solução paliativa do problema a partir de 1896.

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A escola e a invenção das identidades nacionais

Luiz Eduardo Oliveira (UFS) [email protected]

O nacionalismo, em função de uma língua e uma literatura nacional que apaga as diferenças étnicas, sociais, linguísticas e culturais que não se encaixam no projeto nacional de que o Estado e os homens de letras são os principais representantes, estabelece o padrão necessário para a produção de dicionários, gramáticas, antologias, parnasos e, principalmente, histórias literárias, os quais, institucionalizando-se nos sistemas de educação nacionais, serão uma instância preponderante, no século XIX, para a legitimação das identidades nacionais. Estas constituem-se discursivamente, em confronto com uma alteridade que pode ser representada pelo colonizador ou pelas nações concorrentes, em relação às quais, ou em decorrência das quais, suas narrativas vão sendo produzidas. Nesse sentido, o processo de institucionalização do ensino das línguas nacionais, seja como instância legitimadora do Estado-Nação, seja como disciplina escolar e acadêmica, encontra-se indissoluvelmente associado ao da configuração das identidades nacionais. A maioria dos preâmbulos das peças legislativas pombalinas assume um caráter de recuperação – econômica, política, literária etc. – de um tempo perdido, filiando-se assim à mitologia do eterno retorno da Idade de Ouro. Um tempo na verdade mítico, uma vez que perde suas origens nos próprios mitos do tempo. O período eleito é o século XVI: época, como se sabe, da formação dos Estados europeus, da revolução científica, das reformas religiosas, da colonização, da ascensão dos vernáculos, da gramatização e da escolarização. Não por acaso, é o período eleito pela historiografia ocidental para demarcar e fundamentar o conceito de “modernidade”. A grande inovação da legislação pombalina, especialmente aquela voltada para a instrução pública, de modo geral, e ao ensino das línguas, em particular, foi a ênfase dada à institucionalização do ensino da língua portuguesa, desde então assumida como língua nacional. Embora as motivações da Lei do Diretório, de 1757, fossem de ordem muito mais político-econômica do que propriamente linguística, uma vez que visavam o

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108 Sumário Eixo 1

aumento da Fazenda Real e o incremento do “commercio do Sertão”, tal documento foi de fundamental importância para a consolidação da língua portuguesa como língua nacional em Portugal e no Brasil, principalmente por consolidar o papel do catecismo como o dispositivo principal no processo de escolarização e como método do ensino das primeiras letras. Desse modo, se Luís Antônio Verney (1713-1792), já em 1747, mostrava-se preocupado com a valorização da “índole” da língua vernácula, e se em 1757 a Lei do Diretório enfatizava a necessidade da imposição da “Língua do Príncipe”, proibindo que meninos e meninas usassem “da língua própria das suas Nações”, já em 1827, alguns anos depois de o Brasil ter negociado, por intermédio da Inglaterra, sua independência, a Lei de 15 de outubro, mandando criar escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império, estabelecia, em seu artigo sexto, a “gramática da língua nacional” – isto é, da língua portuguesa – entre as matérias a serem ensinadas pelos professores.

A escola nova em São Paulo e no Rio de Janeiro: propagação e apropriação de modelos

pedagógicos no Brasil do início do século xx

André Luiz Paulilo (Unicamp/FE) [email protected]

Este comunicação se propõe apresentar os resultados parciais do projeto A escola nova em São Paulo e no Rio de Janeiro cujo escopo é a investigação das estratégias de apropriação e difusão dos métodos da chamada escola nova na atuação de Fernando de Azevedo e Lourenço Filho em São Paulo e no Distrito Federal. Trata-se de um esforço de compreensão de algumas das maneiras das suas administrações na Diretoria de Instrução empreenderem reformas nesse período. Assim, o principal problema de pesquisa tem sido discutir as diferenças entre São Paulo e o Distrito Federal no que diz respeito à propagação e recepção das ideias educacionais e das práticas pedagógicas do início do século passado. A partir

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109 Sumário Eixo 1

do círculo social em que Azevedo e Lourenço Filho se moviam em São Paulo e no Distrito Federal notam-se as possibilidades de elaboração de uma reflexão acerca das manobras e artifícios utilizados para garantir a recepção de suas estratégias de reforma. Ao fundo dessa discussão, também há uma discussão sobre as redes de sociabilidade que permitiram a apropriação de certas concepções de Escola Nova, assim como a produção de uma leitura própria do que essa nova escola deveria ser ou não. Nesse sentido, importou ainda à pesquisa procurar conhecer tanto quanto os ambientes em que Azevedo e Lourenço Filho se moviam, as formas como organizaram seus espaços de mando e produção intelectual. Por essa razão, a pesquisa propõe a investigação das estratégias que utilizaram para construir suas redes de sociabilidade fundamental e, desse modo, os desdobramentos políticos e sociais das suas interpretações para o que se entendia e desejava postular como escola nova. O modo de proceder da pesquisa tomou como ponto de partida a análise dos relatórios administrativos, os textos oficiais e a produção bibliográfica dos administradores dos sistemas de ensino da então capital do país e de São Paulo entre as décadas de 1920 e 1930. Ele partiu assim da recolha e do tratamento de referências buscadas junto ao que Anísio Teixeira (1935), Fernando de Azevedo (1929; 1931) e Lourenço Filho (1930; 1963) escreveram sobre a administração dos serviços educacionais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Reuniu-se e se vem analisando esta bibliografia sobre a administração escolar para em seguida consultar os arquivos pessoais de Fernando de Azevedo, sob guarda do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), e de Lourenço Filho e Anísio Teixeira, localizados no Centro de Documentação de História Contemporânea da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC). A partir desse conjunto de referências vem sendo elaborado um quadro de considerações com o qual se pretende evidenciar a forma como diversos intelectuais circularam pelos gabinetes de Azevedo e Lourenço Filho e as principais estratégias de apropriação e difusão de práticas, modelos e objetos culturais que então se realizou em suas reformas do ensino.

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110 Sumário Eixo 1

A formação inicial dos professores fluminenses – a política de formação do

antigo estado do Rio durante o governo do comandante Amaral Peixoto (1937 a 1945 / 1951 a 1954)

Márcia da Silva Quaresma (UERJ/PROPED) [email protected]

O objetivo desta comunicação é investigar e analisar a formação inicial oferecida aos futuros professores do antigo Estado do Rio de Janeiro durante o período de intervenção do Comandante Amaral Peixoto (1937 a 1945) e depois no seu retorno ao governo do Estado como governador eleito (1951 a 1954). Este estudo tem como base documental a legislação do Estado do Rio de Janeiro referente à educação neste período, arquivos do Comandante Amaral Peixoto e de análise bibliográfica dos estudos feitos sobre o antigo estado do Estado do Rio de Janeiro, além de estudos de história da educação brasileira. A comunicação se desenvolverá a partir do período de intervenção de Amaral Peixoto que começa em novembro de 1937. Nesta época, o antigo Estado do Rio possuía duas Escolas Normais oficiais, a Escola Normal de Niterói e a Escola Normal de Campos, além de algumas Escolas Normais particulares. Em 1938 o governo do estado do Rio de Janeiro faz a união do Liceu Nilo Peçanha com a Escola Normal de Niterói criando assim o Instituto de Educação do Estado do Rio de Janeiro e realiza o mesmo com o Liceu de Humanidades e a Escola Normal de Campos que passa a se chamar Instituto de Educação de Campos. Veremos que a criação dos Institutos de Educação engloba a implantação em cada um deles, de um curso secundário fundamental e complementar, um curso de formação de professores com a denominação de Escola de Professores, um curso primário e pré-primário que se constituiriam numa Escola de Aplicação. Esta organização está claramente baseada na transformação da antiga Escola Normal do Distrito Federal em Instituto de Educação, realizada por Anísio Teixeira em 1932. A partir desta constatação, faremos uma

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reflexão de como o escolanovismo e as politicas educacionais aplicadas no Distrito Federal influenciaram a politica educacional para a formação do professor fluminense. Quando Amaral Peixoto retorna ao governo do Estado do Rio como governador em 1951, logo no segundo mandato cria o Curso Normal Rural de Cantagalo que, com um curso de 18 meses, em regime de internato, tinha como objetivo formar professores habilitados para os municípios que não possuíam cursos para a formação ou ficavam distantes dessas escolas oficiais ou equiparadas. Continuava, portanto, a preocupação com a formação inicial para o magistério fluminense e a influência do escolanovismo e seus ideais. Paralelamente também abordaremos as Escolas Normais equiparadas – escolas particulares para a formação de professores neste período no estado do Rio de Janeiro. Compreender estas politicas de formação inicial para os professores fluminenses, as influências que elas sofreram e em que condições que elas aconteceram, fazem parte da proposta deste estudo.

A formação dos professores do campo: construções históricas na região do Araguaia

(1950-1980)

Terezinha de Jesus Aires Duarte [email protected]

O ensino escolar, presentes nos textos constitucionais, foi contemplada nos mais de 200 anos de história educativa do Brasil. No entanto, o alcance desta politica pública foi se constituindo como questão emblemática. Com essa reflexão, a intenção deste texto foi propor uma discussão em torno da história da formação do ensino em Mato Grosso e a especificidade da “Educação do Campo” enquanto exigência da sociedade para formação de professores e melhoria da qualidade do ensino. Por esse ângulo, a formação de professores foi desconsiderada nos textos prescritivos legais enquanto política de Estado. Dai a necessidade de conhecer os aspectos de formulação legal e organização da escola do campo, em especial a potencialização da modalidade com a qualificação

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de professores. Com a análise de documentos, depoimentos orais e relatórios pessoais, conhecemos as artimanhas do poder para realização da educação do campo no Araguaia. O que significa dizer que as constituintes acentuaram-se em negatividade, estabelecendo tratamento para a “Educação do Campo” como extensão do modelo de escolarização e de ensino urbano. Até porque nessa tessitura o Estado desresponsabilizava das obrigações deixando ao setor privado assumir o papel de subsidiar a educação no campo. Com apoio na historia cultural de Foucault, Chartier e com teorias de educadores brasileiros como Vidal, Gondra, Caldart e Munarim conseguimos analisar aspectos dessa situação. Nesse sentido, compreendemos que os professores da “Educação do Campo” tinham a função de reprodutores do modelo de ensino urbano. Tanto que ao final do século XX, os movimentos sociais do campo fortaleceram o protagonismo do direito de terem educação de acordo com os interesses que incluísse os povos do campo como sujeitos de direito, como cidadãos diferentes, mas que não deveriam ter tratamento desigual. Essa situação somente teve visibilidade com a constituinte de 1988 que considerou a educação como direito de todos. Com a aprovação da Lei LDB 9394/96 garantiu-se a educação o direito de pensar e fazer ensino pelos movimentos educativos da educação do campo. Essa contextualização histórica e principalmente tratando das formações dos professores na região do Araguaia também foi pouco contemplada por politicas públicas na realidade brasileira. Tanto que, na década final de 70 em nível de região do Araguaia, expressava a força e sensatez de setores da igreja católica e esforços de Casaldáliga para fazer protagonismo dos sujeitos da educação na região. Fatos estes que fortaleceram os movimentos sociais da educação e organismos governamentais na busca de subsidiar qualificação aos docentes, visto que a maioria tinha apenas o ensino fundamental, às vezes o mesmo nível de aprendizagem dos seus alunos. Essa semente foi plantada mais especificamente em São Felix do Araguaia-MT, terra de Pedro, e que disseminou frutos para outros municípios.

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A formação militar infantil na perspectiva da assistência aos desvalidos: a companhia de

aprendizes militares de Minas Gerais (1876-1891)

Felipe Osvaldo Guimarães (FaE/UFMG) [email protected]

O trabalho se propõe a analisar um projeto de formação militar voltado especificamente para crianças pobres no século XIX, tendo como base documental as fontes relacionadas à Companhia de Aprendizes Militares de Minas Gerais durante a existência dessa instituição. Nas décadas finais do século XIX, ganhou força no Brasil o processo de escolarização do ensino de ofícios a partir da iniciativa do Estado, que começa nesse período a assumir um maior protagonismo na criação de instituições de assistência aos “desvalidos da fortuna” e, em especial, à infância pobre ou abandonada. Com a atuação estatal adquirindo maior peso frente a outros atores, como a filantropia particular e a caridade religiosa, essa perspectiva assistencial é tomada como um elemento importante para a manutenção da ordem social e para a formação de cidadãos “úteis a si mesmos e à pátria”. O Exército, como parte do Estado, insere-se nesse processo através da criação de várias instituições com fins assistenciais, mas que também manifestam um esforço modernizador da formação dos quadros inferiores da corporação, especialmente após a Guerra do Paraguai. Nesse contexto, o Ministério da Guerra determina em 1874 a criação de uma Companhia de Aprendizes Militares em Minas Gerais, instalada em 1876 na cidade de Ouro Preto. Com capacidade para 40 aprendizes, a instituição admitia especificamente meninos entre 7 e 14 anos órfãos, pobres, ingênuos e filhos de soldados. Os aprendizes recebiam fardamento, diárias e alojamento, passando a frequentar aulas de disciplinas como primeiras letras, ginástica, música e instrução militar. A perspectiva teórica que norteia a pesquisa tem a contribuição de autores como Julio Ruiz Berrio e Félix Santolaria, vinculados à História da Educação Social, que estuda iniciativas educacionais voltadas especificamente para o combate à marginalização e exclusão social, especialmente de crianças e jovens. Outros autores que também embasam o trabalho são Norbert Elias, com o estudo da produção do estigma de outsider por grupos estabelecidos, e Maria Luiza

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Marcílio com a definição de marcos temporais da assistência à infância pobre e abandonada. As fontes empregadas na análise da companhia abarcam as leis e regulamentos que criam e normatizam a instituição, além dos relatórios e correspondências trocados entre o Ministério da Guerra, a Presidência da Província e o comando da companhia. Portanto, a criação de companhias para a formação militar teria sido pensada pelo Estado imperial brasileiro como uma das formas de se educar e profissionalizar jovens e crianças desvalidas, mas dentro das especificidades de uma instrução militar que formasse “bons soldados e cidadãos”, afastados do ócio e da criminalidade. Além disso, esses estabelecimentos teriam constituído um caminho alternativo de alfabetização e escolarização a centenas de jovens que, do contrário, dificilmente teriam acesso à educação em escolas de ensino regular.

A história da escola pública de instrução primária brasileira. Província da Parahyba do Norte: 1822-1849

Mauriceia Ananias  [email protected]

A narrativa de pesquisa, ora apresentada, sobre a história da escola pública de instrução primária brasileira, tem a intenção de reconstruir o processo de escolarização ocorrido na província da Parahyba do Norte entre os anos de 1822 a 1849. Para tanto, terá como mediação a análise acerca das propostas de instrução pública primária, referenciadas como aulas, cadeiras, escolas de primeiras letras e/ou elementares decretadas pela legislação provincial e, oficialmente, oferecidas para uma parte da população livre da então província paraibana. Para tal construção, a análise considerou que as relações de poder estabelecidas entre as ações do governo central, provincial e local foram fundamentais para compreender o processo de escolarização da província paraibana. A legislação será compreendida como mediadora da construção de um arranjo institucional de acomodamento das elites brasileiras para organizar as diversas esferas do Estado Nacional, inclusive a instrucional. Para a Parahyba do Norte, no ano de 1835, com a inauguração da

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Assembleia Legislativa provincial, iniciou-se, dentre todas as demais, as atividades legais para a instrução. A partir dessa ação legislativa, os anos de 1835 a 1849 foram compreendidos como significativos para a organização e normatização da instrução pública primária, em especial com a promulgação das leis e dos dois regulamentos de 15 e 20 de janeiro de 1849, fontes e objetos de análise dessa investigação. A perspectiva analítica utilizada optou pela compreensão geral de que as tentativas de criação e manutenção de um modelo organizado de instrução na então província da Parahyba do Norte acompanharam os percalços da construção do Estado Nacional e das várias tentativas de constituição de uma identidade pátria para a Nação brasileira. Notou-se que os temas presentes nas leis e regulamentos, na maioria das vezes, eram objetos de descontentamentos ou de reclamações dos próprios professores e das câmaras municipais que passavam aos deputados e, em última instância, aos presidentes da província a responsabilidade de solucionar- através da elaboração de leis, ordens, ofícios e requerimentos- essas questões. Por outro lado, afirmamos, também, a iniciativa do governo provincial em instituir escolas de primeiras letras como espaços para o cumprimento da instrução elementar como parte da defesa de um projeto civilizatório para a redenção dos povos ignorantes. Dessa forma, demonstrou-se que as ações do Estado no campo da instrução pública foram constituídas não sem conflitos, mas, através de um arranjo entre o que era solicitado pelos professores e pelas câmaras municipais e o que era concedido pelo governo provincial numa dinâmica de atuação estatal que passava pela concepção da escola como redentora dos males sociais, pela necessidade de controle e formação dos professores e das aulas públicas. Os concursos públicos, o deslocamento, o fechamento e a reabertura das aulas em diversas localidades da província eram anunciados como tentativas de reformas, numa associação à necessidade de formação dos professores, para a instrução. Nessa perspectiva, pretendemos desvendar mais claramente as ações para a instrução pública primária a partir dessa proposta de normatização oficializada pelos governos provinciais utilizando-nos de um lugar privilegiado: as próprias aulas, numa tentativa de demonstrar o processo de escolarização da Província da Parahyba do Norte.

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A história da educação em Mato Grosso do Sul (1977-2007)

Nilce A.S.F. Fedatto (DCR/UEMS/CNPq) [email protected]

O estudo da história da educação é fundamental para se compreender as relações de poder e os mecanismos de relação entre Estado e sociedade civil, o papel do Estado e sua representatividade, o modelo educacional para os trabalhadores e o modelo desenvolvido para as elites, além de possibilitar o entendimento de que a educação não é uma atividade neutra, mas se desenvolve no sentido de atender às necessidades de determinados grupos. As reflexões ora apresentadas é resultado de três anos de pesquisa cuja proposta surgiu da necessidade de sistematizar e recuperar o percurso da história da educação em Mato Grosso do Sul como uma esfera do fazer social inaugurado com a divisão do Estado de Mato Grosso, que resultou em um “estado novo”, em termos legais. O recorte temporal é balizado pelo ano de 1977 no qual se deu a criação do estado de Mato Grosso do Sul e pelo ano de 2007, por razões óbvias, dentre elas, os primeiros anos do novo milênio e quando o estado completa trinta anos de criação. A intenção foi realizar uma pesquisa de cunho qualitativo, com a abordagem histórico/documental e de conteúdo orientada por princípios buscados no método dialético. Quanto à educação, foco central dessa investigação, a pesquisa revelou que a administração central que se configura a Secretaria de Educação, seus órgãos e o Conselho Estadual de Educação sentiu o impacto da divisão, do Estado de Mato Grosso, de modo contundente. Primeiro porque o nível central não existia, então cabia aos profissionais da área montar toda a estrutura. E na sequência, a falta de experiência no trato com as questões da educação no nível executivo estadual, a seguir a fragmentação da documentação recebida e por fim, a falta de normatização. Por seu lado, a rede escolar permaneceu alheia. Aliás, para a escola, a divisão de Mato Grosso não significou ruptura, porque enquanto se estruturava o sistema estadual de ensino em Mato Grosso do Sul, a

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legislação a ser seguida era a mesma. Considerando que o principal objetivo da escola é o ensino e a aprendizagem, que se cumpre pelas atividades pedagógicas, curriculares e docentes que são viabilizados pela e na própria escola, nos parece coerente que a divisão do estado tenha importado pouco. Todavia é certo que estabeleceu um clima de instabilidade nos trabalhadores da educação no nível escolar, pois as informações eram fragmentadas e contraditórias. Em termos conclusivos é possível afirmar a importância de estudos e pesquisas como o trabalho que ora nos ocupa como contribuição para que Mato Grosso do Sul firme-se como um estado da federação e não como “parte” de Mato Grosso. Por último alertar para a perda de documentos fundamentais para a compreensão da história da educação e num período tão recente, trinta anos!

A historicidade do conceito de formação continuada: uma análise da visão de Paulo

Freire sobre a formação permanente

Andréia Nunes Militão (FAPESP)

O presente trabalho é parte integrante de pesquisa de doutorado que investiga a ação do gestor enquanto articulador do desenvolvimento profissional dos professores. Neste trabalho pretende-se abordar a formação continuada no contexto atual da educação brasileira e a partir das ideias de Paulo Freire. A metodologia que percorre a construção do presente trabalho centra-se em pesquisa bibliográfica e análise de conteúdo, buscando apreender a concepção de formação permanente de Freire ao se referir aos processos de formação continuada efetivados no interior da escola. Partimos da constatação de que nas últimas décadas a formação de professores assumiu novo significado, em especial, com regulação dada a partir da LDB (lei nº 9394/96) e pelo FUNDEF/FUNDEB. No entanto, ainda prevalece tanto na esfera federal, na estadual como na municipal, políticas públicas centradas em ações format ivas de caráter individualizado

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e com reduzido impacto sobre a qualidade da educação, desconsiderando o que os estudos acadêmicos vêem sinalizando como políticas mais eficazes, ou seja, a formação centrada na escola e abrangendo toda a equipe escolar. Temos, portanto, um movimento em que se opõe e convivem diferentes concepções sobre a formação docente, ora na perspectiva de reflexão sobre a prática, ora na perspectiva de treinamento e, ainda, na visão tradicional de suprir possíveis falhas e lacunas da formação inicial. Neste trabalho problematiza-se esta realidade a partir do pensamento de Paulo Freire, destacando o lugar da formação continuada nas políticas públicas atuais. Freire teoriza e experiência a formação de professores, denominada pelo autor de ‘formação permanente’. Partindo da análise da obra Educação na Cidade, entendemos que Freire se antecipa ao debate intelectual, ao implementar durante o período que exerceu a função de secretário municipal (1989-1991), a ‘formação permanente’ no interior das escolas, considerando os saberes dos professores numa relação reflexiva junto com intelectuais de diferentes universidades paulistas. Na perspectiva freiriana, é preciso romper com os modelos tradicionais de cursos de férias e com práticas de formação que obliteram as situações de formação do cotidiano da escola, tornando-se necessário que os sistemas de ensino criem condições para a formação permanente dos professores e dos demais funcionários. Assim, a função daqueles que ocupam cargos administrativos, seja na secretaria de educação, seja no interior da escola, deve ser assumida como uma tarefa pedagógica e ao mesmo tempo política, rompendo-se assim com a imputação ao professor de toda a responsabilidade pela sua própria formação. A partir dessa análise, defendemos que Freire antecipa-se ao debate acadêmico ao tratar da formação, pois no final dos anos 1980 e início da década de 1990 já defendia a formação centrada na escola e com ênfase no processo de reflexão sobre a prática, posicionamento que só ganhou maior aceitação na última década.

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A instrução pública no Brasil de 1808 a 1834 - levantamento e análise da legislação

Daniela Almeida Tonholli [email protected]

Foi realizada pesquisa a partir do levantamento e leitura de toda a legislação disponível nos órgãos oficiais brasileiros entre 1808 e 1834, especificamente relacionada à instrução pública. Buscou-se a consolidação de bases legais seguras para a compreensão do desenvolvimento da educação no Brasil no período pesquisado. A pesquisa revisitou a legislação do período considerado possibilitando nos seus achados uma leitura sobre uma das raízes da educação brasileira focando-a na instrução pública em todos os seus níveis, bem como a figura do professor. A organização e reunião das normas existentes no período em questão constituíram, de um lado, a definição de uma metodologia de pesquisa e, de outro, a compreensão do processo de formação dessas normas, resultando na reunião de um material de consulta que passou a integrar este trabalho. Todas as normas disponíveis nos arquivos oficiais foram consideradas tendo sido realizada a leitura completa e transcrição do conteúdo de todas elas, o que trouxe novos elementos quanto ao desenvolvimento da instrução pública, conceitos e interpretações. Foi possível verificar, entre outras observações, que não houve um abandono generalizado quanto à instrução pública, fosse por parte de D. João VI, fosse por parte de D. Pedro I. A liberdade de ensino dada aos cidadãos em 1821 pretendia ser irrestrita, revelando que em verdade, é necessária uma fiscalização por parte do governo. Existiu um sistema nacional de educação, nos moldes próprios daquela época, que se manteve até a reforma da Constituição de 1824 ocorrida em 1834 e que era dividido em dois níveis: estudos menores e estudos maiores.

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A nomeação da escola rural em Minas Gerais: um estudo sobre representações e práticas (1889-1899)

Gilvanice Barbodsa da Silva Musial (FAE/UEMG) [email protected]

O referido trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesquisa intitulada “As representações sobre a educação das populações rurais em Minas Gerais: os debates no congresso mineiro e na imprensa de Ouro Preto (1889 - 1892)” que teve sua origem nos resultados da tese de doutorado “A emergência da escola rural em Minas Gerais (1892 -1899): quando a distinção possibilita a exclusão”, defendida na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais – FAE/UFMG. Tem como objetivos: identificar e analisar as representações e práticas produzidas por diferentes sujeitos sociais sobre as populações rurais e que produziram a especificidade da escola rural no final do século XIX. Ao longo do período Imperial e nos primeiros anos da República, a escola destinada ao povo não recebeu denominações diferentes de acordo com sua localização geográfica. A partir da Lei 41 de 1892, apareceu pela primeira vez na legislação educacional, em Minas Gerais, a denominação escola rural. Além de criar a esta denominação a referida Lei estabelece uma hierarquização entre escola rural, distrital e urbana. Sendo assim perguntamos, quais foram os argumentos utilizados pelos legisladores mineiros para o estabelecimento da distinção entre escola rural, distrital e urbana, no final do século XIX? Quais práticas foram produzidas a partir de tal nomeação? A distinção entre escola rural, distrital e urbana foi justificada por parte dos deputados e senadores mineiros, pela necessidade de adequação da escola de instrução primária ao grau de desenvolvimento e civilização das populações rurais, distritais e urbanas. Ela possibilitou uma classificação, uma delimitação, uma visibilidade e a construção de uma política específica de melhoria das edificações de escolas distritais e de escolas urbanas. Consequentemente, percebeu-se

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uma progressiva distinção entre as escolas de instrução primária sob responsabilidade do governo do estado e a representação da escola rural como precária, esburacada, em ruínas. No âmbito da pesquisa trabalham os com os pressupostos da História Cultural, especialmente, com as formulações teórico -metodológicas de Roger Chartier. Para a apreensão das representações e práticas produzidas sobre as populações rurais e a escola rural em Minas Gerais, no período de 188 9 a 1899, trabalhamos com os debates no Congresso Mineiro em torno do projeto que deu origem à lei n.41 de 1892, com a legislação escolar, com relatórios de Inspetores Escolares, Secretários do Interior, Presidentes do Estado e jornais.

A organização do ensino profissional no Distrito Federal (1892-1902):

poderes públicos e práticas sociais

Clarissa dos Santos Rego de Abreu Sant’ Anna [email protected]

Suzana Teixeira Pinto [email protected]

O presente trabalho, ainda em andamento, é fruto de reflexões suscitadas a partir da participação no Projeto “Centro de Memória Ferreira Vianna: Documentação, Ensino e Infância Trabalhadora no Rio de Janeiro (1888 - 1942)”, desenvolvido no Centro de Memória da Escola Técnica Estadual Ferreira Viana, em parceria com a Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O objetivo é analisar as disputas e tensões políticas em torno dos projetos sobre a instrução pública e ensino profissional da então Capital Federal, entre os anos de 1892 e 1902, enfatizando os esforços de organização do ensino profissional que culminaram na aprovação do Decreto nº 282, de 27 de fevereiro de 1902 - primeiro regulamento do ensino profissional do Distrito Federal. Busca-se compreender como os conflitos

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entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, protagonizado no Conselho Municipal, interferiram nas práticas escolares da Casa de São José, internato oficial dedicado à iniciação de crianças entre seis e doze anos ao mundo do trabalho manual. Para tal, têm-se como fontes de pesquisa: os Anais e Boletins da Intendência Municipal e os documentos da Casa de São José, que se encontram sob a guarda do Centro de Memória Ferreira Viana, tais como, correspondências e relatórios de professores e diretores. Dessa forma, o recorte temporal compreende os anos de 1892, a partir da organização municipal do Distrito Federal (Lei nº 85, de 20 de setembro de 1892) até a aprovação do Decreto nº 282, em 1902. Esse primeiro decênio, conforme revelado pela pesquisa, permitiu consolidar o campo político institucional e, ao mesmo tempo, estabelecer os delineamentos da organização política administrativa da instrução pública, na Capital Federal. No que diz respeito aos referenciais teóricos, o presente trabalho desenvolveu-se a partir das contribuições de Faria Filho (1998, p. 106) ao entender “a lei como prática ordenadora e instituidora, voltada para as relações sociais” em que, ao mesmo tempo, representa um lugar de expressão e construção de conflitos e lutas sociais. Além disso, são utilizadas as análises de Magalhães (2004) sobre a atuação do campo político carioca, no Conselho Municipal, no período de 1892 a 1902. Por fim, recorre-se ao trabalho de Torres (2010, p. 11) que assinala nos debates do Conselho Municipal a importância da instrução pública como meio de prover o “Progresso”, a “Civilidade” e a “Ordem”. Os resultados parciais da pesquisa têm nos levado a estabelecer três eixos ordenadores em torno das disputas e tensões entre os intendentes e o prefeito, no que diz respeito à instrução pública: a) aqueles que defendem uma formação voltada exclusivamente para o mercado de trabalho; b) os que vinculam a extensão da obrigatoriedade da instrução primária para a constituição e participação da cidadania política; e c) aqueles preocupados com os gastos públicos e, consequentemente, com o seu impacto no orçamento.

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123 Sumário Eixo 1

A política educacional do estado do Paraná no Brasil republicano (1889 a 1900): o debate sobre obrigatoriedade e liberdade de ensino

Maria Cristina Gomes Machado (UEM/CNPq) [email protected]

Neste texto estudamos a política educacional do Estado do Paraná – Brasil – para a organização da escola pública primária republicana no período de 1889 a 1900, com ênfase nas temáticas relacionadas à obrigatoriedade e liberdade de ensino. O Paraná é um dos estados federados do Brasil, criado em 1854 como província, no período imperial, deixando deste modo de ser a Quinta Comarca pertencente à Província de São Paulo. Na segunda metade do século XIX, os debates em torno da necessidade de educar as classes populares e de que a escola pública seria fundamental para a formação do cidadão e para a formação para o trabalho tornava uma questão central nos debates políticos. Essa ideia se acirrara na Europa e, pari passu, ela, também, se manifestava no Brasil e no Paraná. Os homens de Estado – Governadores – procuravam disseminar a escola nos diferentes estados, em especial, no Estado do Paraná, apoiando-se no Constituição de 1891 que adotava o regime de federação. Esta determinava que o Governo Central tinha como responsabilidade a difusão do ensino secundário e superior em toda a federação e do primário apenas no Distrito Federal. Assim, cada estado responsabilizava-se pela criação e manutenção da escola primária. As ações estaduais aconteceram em tempos e espaços diferenciados. No campo historiográfico têm crescido os estudos regionais, compreendidos como manifestação do movimento nacional e internacional de modo que este estudo se justifica por inserir-se nesse cenário. Desta forma, acompanhamos as políticas educacionais explicitadas no estado paranaense, tomando como fonte primária a Carta Constitucional Estadual de 1892, bem como o debate constituinte que precedeu à sua aprovação, a legislação educacional publicada no estado, os relatórios de governadores escritos no período de 1889 a 1900, artigos de jornais, entre outras. Estas tomavam como ponto de partida a necessidade da adoção da

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gratuidade do ensino. Temas como laicidade, obrigatoriedade e liberdade de ensino provocavam polêmica, provocando a aprovação de diversas leis estaduais que fornecessem as diretrizes para o ensino primário. Para essa análise considera-se o contexto econômico, político, social e cultural que gestou as proposições referentes à educação. Este estado possuía uma economia predominantemente agrícola, voltada para a produção de erva-mate e de café, com alguns centros urbanos em desenvolvimento impulsionados pela entrada de imigrantes de diferentes nacionalidades. Verificamos que a população reivindicava a criação e a manutenção de escolas em diferentes municípios, esta era discutida na Câmara dos Deputados estadual e pelos governantes. Esse debate provocou várias tentativas de regulamentar e reformar o ensino paranaense, contudo tais iniciativas não coincidiam com ações concretas que pudessem provocar mudanças significativas no incipiente cenário educacional republicano, esbarrando-se em questões financeiras que impediam a ampliação do número de escolas, entre outras.

A prática de composição de álbuns fotográficos escolares a partir da análise do álbum do jornal “nosso esforço”, da escola

Caetano de Campos-SPRachel Duarte Abdala (FEUSP/ UNITAU)

[email protected]

Ao analisar a série composta pelos 23 álbuns fotográficos do acervo do Arquivo da Escola Caetano de Campos (AECC), perceberam-se especificidades, recorrências e a potencialidade de refletir, a partir desse significativo conjunto documental, sobre as características do álbum fotográfico e sobre a série de elementos que o compõem. Além dessa questão, pretendeu-se estudar a função e a composição do álbum fotográfico escolar. O conjunto de álbuns analisado pode ser dividido sob o critério de elaboração: profissional e artesanal. Nesse estudo o foco foi a composição dos álbuns artesanais realizados, nas dependências da própria escola,

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por funcionários, professores e alunos. A escola promovia a prática de composição de álbuns fotográficos e esses álbuns eram temáticos, englobando os seguintes assuntos: efemérides que a escola promovia e as promovidas na cidade de São Paulo, das quais a escola participava; aspectos da cultura escolar, como a puericultura; unidades da escola, como o Jardim da Infância e iniciativas da comunidade escolar, como o jornal produzido na escola. Como são assuntos específicos e particulares da escola, a confecção artesanal dos álbuns, devido à familiaridade com a temática tratada, permite garantir a caracterização detalhada e adequada das legendas. Além disso, registra e preserva aspectos da própria cultura escolar. O Álbum do Jornal “Nosso Esforço” foi constituído com a participação da bibliotecária da escola, de professores e dos alunos envolvidos na elaboração do jornal escolar, que foi denominado pelos próprios alunos de “Nosso Esforço”. Criado em 1936, o jornal parece, pela análise do álbum fotográfico e das legendas nele apresentadas, ter alcançado grande prestígio na escola. É composto de fotografias, de recortes do próprio jornal e de outros jornais que se referem a ele em notícias específicas, A análise suscitou questões que ultrapassaram sua materialidade e incidem sobre suas condições de produção e sobre a própria cultura escolar. Um álbum caracteriza-se primordialmente pela sua completude e sua lógica organizacional. Compõe uma narrativa sobre determinado assunto e articula imagens e textos. Observa- se que há um padrão na organicidade dos álbuns fotográficos escolares e, no álbum analisado, em especial procurou-se registrar cronologicamente todo o processo de criação e execução do jornal escolar, desde a escolha de seu nome pelos próprios alunos até a comemoração de seu jubileu, em 1961. Nesse sentido, foi possível verificar uma clara intenção de registro dessa iniciativa da escola para preservação da memória desse trabalho e daqueles que o promoveram. Esse álbum fotográfico representa, assim, um artefato de memória escolar de uma atividade realizada – o jornal “Nosso Esforço” – e de uma prática desenvolvida na Escola Caetano de Campos – a produção de álbuns fotográficos de modo artesanal.

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A primeira lei de diretrizes e bases da educação nacional, na ótica dos dirigentes de

estabelecimentos particulares de ensino

Eduardo Norcia Scarfoni (UCS) [email protected]

Este trabalho é parte de uma dissertação de mestrado que está sendo desenvolvida e visa contribuir com o debate sobre a privatização do ensino no Brasil. Assim, será destacada a visão dos proprietários de estabelecimentos particulares de ensino que, desde 1944, se reuniam em congressos destinados ao ensino privado no Brasil. Esses congressos eram heterogêneos, reunindo pessoas de diversas correntes religiosas e não religiosos. A Federação Nacional de Estabelecimentos de Ensino – FENEN era a entidade responsável pela organização desses congressos. A Associação de Escolas Católicas – AEC era uma das organizações presentes nesses congressos, tendo um papel de destaque em sua organização, já que grande parte do ensino secundário particular estava nas mãos de estabelecimentos católicos. Além dessa associação, diversos sindicatos de estabelecimentos particulares de ensino se reuniam nesses congressos, que, após 1948, viriam a ter representantes de todos os estados brasileiros. Os Congressos Nacionais de Estabelecimentos Particulares de Ensino – CONEPE eram fóruns de acalorados debates, onde se discutiam teses sobre variados temas da educação nacional, com o objetivo de fazer uma frente única dos empresários de ensino para a defesa de seus interesses. O foco desse trabalho será a tese “Análise da Lei de Diretrizes e Bases” debatida no 8.º CONEPE, tentando identificar os diversos grupos sociais presentes nesse debate, analisando a construção de sua hegemonia na educação acional. Muitas autoridades estavam presentes nesse congresso como governadores, prefeitos, deputados, juízes e generais. O corpus documental da pesquisa tem como uma de suas principais fontes os Anais do 8º Congresso Nacional dos Estabelecimentos Particulares de Ensino e, fonte secundária, toda a documentação relativa ao assunto reunida por Roque Spencer Maciel de Barros como no livro Diretrizes

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e Bases da Educação Nacional. Esse oitavo congresso ocorreu de 5 a 12 de julho de 1964, na cidade de Salvador no estado da Bahia e tinha como um de seus objetivos analisar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN aprovada em 1961. A tese que aqui será destacada analisa a LDBEN no que se refere a sua redação, a aspectos de sua aplicação nos estados e os recursos que deveriam ser revertidos para a educação nacional. Cada um desses tópicos ficou a cargo de um sindicato distinto, sendo subdividida em três tópicos. O primeiro tópico “Analise da Lei de Diretrizes e Bases” ficou a cargo de Lourenço de Almeida Prado, do sindicato dos estabelecimentos de ensino da Guanabara, o segundo tópico “Alguns aspectos da aplicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, ficou a cargo de Samuel de Barros, do sindicato dos estabelecimentos de ensino de Minas Gerais, e o terceiro tópico “Recursos para a educação nacional”, que ficou sob a responsabilidade de José Roberto Lopes, do sindicato dos estabelecimentos de ensino de São Paulo.

A qualificação profissional no estado de Pernambuco entre 1889 e 1930

Ramon de Oliveira [email protected]

A pesquisa financiada com recursos do CNPQ analisou os mecanismos de qualificação profissional desencadeados por parte do Estado visando atender às necessidades da economia pernambucana entre 1889 e 1930. Analisou-se documentos de governo versando sobre o desenvolvimento econômico do estado de Pernambuco e de suas ações na instrução pública, mais especificamente na educação profissional. Foi de fundamental importância também a análise de todos os principais periódicos nacionais que tem como tema central a história da educação. A pesquisa parte do pressuposto que há uma lacuna nos estudos historiográficos sobre a educação profissional nos estados fora do eixo Sul-Sudeste, mais particularmente o estado de Pernambuco.

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Ao direcionar-se para a investigação sobre o ocorrido neste estado durante o final do século XIX e início do XX, constatou-se que Pernambuco apresentava um dos maiores índices populacionais do Brasil, ficando atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo e “Baía”. Na cidade do Recife, o inchaço era visível, sobretudo, decorrente da migração de pessoas da zona rural para zona urbana. O processo de industrialização ocorreu de forma lenta em Pernambuco, pois em 1900 existiam 113 indústrias e em 1930, esse total era de apenas 345. Talvez por esse lento crescimento industrial, não tenha havido uma ação expansionista do governo estadual na formação de mão-de-obra. No entanto, foi possível constatar a presença de um discurso em defesa de maior investimento em educação, bem como o interesse e a construção de espaços voltados ao processo de instrução profissional. Constatou-se que a educação profissional passou a atender a uma parcela maior da sociedade de forma lenta e gradual. Entre 1910 e 1933, triplicou o quantitativo de matrículas em educação profissional. No entanto, essa expansão mostrava-se extremamente dicultada, em virtude da ausência de recursos para o investimento do governo estadual na instrução pública. Destaca-se nesse período a construção do Instituto Benjamin Constant, A Escola Normal, a Escola de Engenharia de Pernambuco e a escola industrial Frei Caneca, a Escola de Agronomia. Também chama atenção a ajuda estatal para a criação de Escolas agrícolas criadas pelos sindicatos regionais nos municípios de Garanhuns, Goiana e Escada. Em 1928 foram criadas mais duas escolas profissionais: uma masculina e outra feminina. De qualquer forma, o que mais se destaca na historiografia da educação profissional, sobre esse período, embora não tenha sido ação do governo estadual, foi a inauguração da Escola de Aprendizes de Artífices – criada por Nilo Peçanha pelo Decreto 7.566, em setembro de 1909. Vale salientar que no momento de criação dessa escola, já existia em Pernambuco, mais doze mil operários, talvez, em boa parte, demandantes de instrução profissional.

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A reforma do ensino no estado de São Paulo: conflitos e disputas (1891-1892)

Lidiany Cristina de Oliveira Godoi (FE/ Unicamp/GEPH) [email protected]

Desde meados do Império, a educação escolarizada torna-se objeto de debates, artigos na imprensa e conferências diversas, assumindo, em grande medida, um valor social. É nesse contexto que se inscreve a Primeira Reforma da Instrução Pública Paulista (1892-1896). A reforma instituiu, além da obrigatoriedade escolar no nível primário e da profissionalização do corpo docente, inspetorias de distrito para a fiscalização do ensino, um modelo de aprendizagem com base na racionalização do tempo, o método intuitivo, o ensino graduado e simultâneo e adotou materiais didáticos considerados inovadores à época: elementos que passaram a se constituir como símbolos da modernização da escola e de propaganda da jovem República. A visão corrente na historiografia da educação tem sido a de que a reforma paulista resultou de um consenso entre o Estado e uma elite intelectual e política, sendo um projeto inspirado em modelos educacionais estrangeiros que não correspondiam à realidade brasileira. Não seria incorreto afirmar que esta visão põe sob penumbra questões importantes a respeito de um período histórico marcado por muitas transformações no cenário nacional e sobre o papel de São Paulo nesse panorama, tais como a definição de um arcabouço jurídico, a adoção do federalismo ou do centralismo, as soluções para as crises econômicas e para os conflitos ideológicos que se acirravam entre os diferentes grupos que se uniram no momento da Proclamação da República. Com base nesse quadro, uma análise dos debates ocorridos na Câmara e Senado do Estado de São Paulo entre os anos de 1891 e 1892 permite novas possibilidades de interpretação sobre a reforma da instrução pública. Desde o ano de 1891, quando o primeiro projeto é apresentado pelo Deputado Bueno de Andrada, sendo preterido a um substitutivo e obstado por outro projeto vindo do Senado, já no ano de 1892,

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temas como a obrigatoriedade do ensino no nível primário, a ênfase neste ou no nível secundário, o currículo a ser adotado, a criação ou não de ginásios, a adoção de um conteúdo clássico ou científico, entre outros, foram objeto de debates polêmicos, gerando posicionamentos fortemente contrários entre os parlamentares. Divididos entre as concepções que defendiam nos tempos do Império, onde se opunham à associação entre o Estado e a Igreja no campo da escolarização (em apoio, portanto, ao ensino livre), incertos quanto ao papel do primeiro, pois a obrigatoriedade feria os princípios do liberalismo e de alguns positivistas, e, ainda, procurando responder a problemas concretos de seu tempo, como a demanda cada vez maior pelo uso social da leitura e da escrita, os debates que resultaram na elaboração da reforma do ensino estavam distantes de um consenso e se inscreviam num contexto em que a educação passa a fazer parte de um conjunto de políticas públicas do Estado de São Paulo que visavam garantir sua autonomia frente à União nesses anos turbulentos que correspondem ao final do século XIX.

A Revista de Educação e a escolarização da educação física no Espírito Santo: autores,

atores e editores (1934-1937)

Omar Schneider (CEFD/ UFES/ Proteoria) [email protected]

Marcela Bruschi (CEFD/UFES/Proteoria) [email protected]

O estudo é parte da investigação “História e memória da Educação Física e do esporte no Espírito Santo: autores, atores e instituições (1931-1961)”. Objetiva analisar as representações sobre a Educação Física, veiculadas na Revista de Educação (do Espírito Santo) (REES), impresso produzido na cidade de Vitória, entre os anos de 1934 e 1937, como dispositivo que buscava difundir a política educacional de Getúlio Vargas no Estado do

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Espírito Santo. Objetiva compreender o papel desempenhado pelos editores na veiculação dos saberes pedagógicos da Educação Física e os modos pelos quais se busca significar essa disciplina no contexto da escolarização capixaba. Utiliza, como referência, os pressupostos da história cultural, como a noção de lutas de representações, estratégias e dispositivos, para compreender as formas pelas quais a realidade é construída por atores. O estudo dos impressos faz-se relevante na construção de uma história cultural dos saberes pedagógicos, pois a análise da Revista possibilita uma aproximação com as peculiaridades da realidade de sua época, bem como o estudo de seus usos, de práticas que dela se apoderaram, de suas condições de produção e circulação, identificando concepções e aspectos das representações de uma época. O corpus documental do estudo é o conjunto de textos que circularam na REES e que tratou da Educação Física, assim como os discursos que lhe davam suporte como aqueles relacionados com os cuidados com o corpo, com a saúde, com a higiene, com a ginástica e com a prática dos esportes. A REES serviu como um dispositivo que buscava externar a política educacional do interventor federal João Punaro Bley, na qual a Educação Física é apresentada como uma disciplina escolar que objetivava a formação das novas gerações para a sociedade que é organizada após a Revolução de 1930. A Educação Física estava associada ao curso de Educação Sanitária Escolar e aos dispositivos denominados como Serviço Médico Escolar, Bandeirantismo e Escotismo, compreendidos como práticas essenciais na formação do professorado capixaba, aptos para uma nova prática pedagógica, entendida como moderna. Conclui a REES, impresso produzido sob a intenção do interventor Bley e de sua equipe de governo, que à Educação Física é dada bastante evidência, pois se acreditava que essa disciplina deveria fazer parte de uma educação integral, física, moral e intelectual, necessária à formação de uma sociedade moderna Pós-Revolução de 1930, a qual essa disciplina proporcionaria o fortalecimento da juventude e a sua capacitação para a fase industrial que se esperava desenvolver em solo capixaba.

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Abrangência da escola mineira na Revista Vida Escolar (1916-1926)

Sandra Maria Caldeira-Machado (USP/FE) [email protected]

Este trabalho pretende analisar a produção dos diagnósticos e dos quadros estatísticos referentes à escolarização mineira entre os anos de 1916 a 1926 nas cinco edições da Revista Vida Escolar, uma publicação oficial da quarta seção da secretaria do interior de Minas Gerais produzida de 1916 a 1926. Objetiva-se compreender como a escola é nomeada e dada a ler e a ver no referido periódico tanto nos diagnósticos quanto nos quadros estatísticos. As formulações de esquema para demonstrar os cômputos referentes à escola graduada mineira sugerem um esquadrinhamento efetivado pela administração pública estadual criando um modo e um espaço próprio à leitura do ensino mineiro, bem assim um local específico de manejo destes dados, a quarta seção da secretaria do interior. A publicação dos discursos sobre os dados escolares levanta alguns questionamentos: o que significa os dados escolares dispostos em quadros estatísticos em uma Revista composta eminentemente por dados numéricos? De que modo a recorrência dos números de matrícula e de frequência pode revelar questões como o analfabetismo, a evasão e a repetência nas escolas mineiras? Estas questões constituem um problema digno de uma razão numérica? O que dizem (ou não) sobre a abrangência da escola mineira? Ao que tudo indica a criação de uma seção específica para tratar os dados educacionais não ocorreu somente para demonstrar o número de matrícula e frequência nas escolas mineiras, o que poderia ser feito nos relatórios da administração pública como nos relatórios da secretaria do interior ou nos relatórios do presidente de Minas Gerais. Essa ação visou a necessidade de quantificar a capacidade de atendimento do sistema escolar verificando a ocupação de espaços, a regularidade de funcionamento, o rendimento dos alunos observando seu aproveitamento ou não, além de evidenciar, por vezes, a persistente falta de atendimento da escola para uma parcela da população. Observamos ainda que a Revista Vida Escolar funcionou especialmente como evidência propositiva do governo, além de espaço

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de explicitação das impossibilidades de alcance de escolarização a toda população em idade escolar. A Revista Vida Escolar é tomada como fonte de investigação das categorias enquanto formas de consolidação de uma racionalidade pautada pelos números escolares. Analisa-se o conteúdo do periódico na perspectiva proposta por Catani e Sousa (1999), além da análise sobre a instituição do par criança-aluno a partir do “raciocíonio contábil” realizada por Sousa (2004). As principais fontes mobilizadas para a pesquisa constam de 5 números da Revista Vida Escolar, relatórios da secretaria do interior e relatórios do governo mineiro do período de 1916 a 1926.

Ampliação e modernização do sistema de ensino primário no interior do Maranhão

Mariléia dos Santos Cruz (UFMA/CCSST/ITZ) [email protected]

O presente trabalho visa caracterizar o processo de ampliação e modernização do sistema de ensino primário no interior do Maranhão, no período de 1905 a 1950, a partir da análise de relatórios e mensagens de governadores, relatórios da Instrução Pública, e coleções de leis e decretos do período. Nos primeiros cinquenta anos do século XX o Maranhão passou por uma fase de massificação da escola pública que no afã de ser reproduzida para alcançar o maior número possível de estudantes, originou um sistema de ensino primário composto por um conjunto variado de tipos ou modalidades de escolas. Assim, podem-se visualizar dois extremos entre os modelos escolares em vigência no período: o primeiro, da escola isolada, de um só mestre, sem classes, bastante difundida desde o século XIX; e o segundo, o do tipo graduado, que representando a modernização do ensino se materializou com a implantação dos grupos escolares. A implantação dos grupos escolares se iniciou na capital, em 1903, pela lei nº. 323 de 26 de março e no interior do Estado, em 1905, pela lei nº. 363 de 31 de março. Após a análise sobre a implantação e modernização da educação no interior do Maranhão pode-se concluir que tal processo

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se deu de forma muito lenta e que, apesar do governo maranhense reconhecer a necessidade de ampliar e modernizar o sistema de ensino primário no interior permaneceu, durante os primeiros trinta anos do século XX, reafirmando o passado, oficializando o que acontecia por fatalidade, e contribuindo assim para a permanência do modelo de escola isolada, por considerar que as modernas pedagogias tornavam-se impraticáveis na extensa região do interior, face às dificuldades financeiras do Estado. Do período de trinta a cinquenta pode-se perceber maior ampliação da escola primária no interior, embora que ainda não correspondessem às reais demandas. Nesse contexto, os tipos escolares com características da forma graduada como as escolas agrupadas ou reunidas se ampliaram numericamente no interior. Apesar disso, a implantação do tipo ideal de escola graduada que era o grupo escolar não se concretizou no interior numa perspectiva de massificação do acesso às classes subalternizadas; mas sim, como uma ação de vitrine no cenário de determinadas administrações. Por outro lado, as escolas isoladas (singular ou rural) sob a regência de professores leigos e desprovidas de edifícios e utensílios representou o tipo escolar mais ofertado para as populações herdeiras do analfabetismo.

Anísio Teixeira e o sistema nacional de educação: contribuições para o debate sobre

as políticas educacionais no Brasil

Rosenery Pimentel do Nascimento (UFES) [email protected]

Trata-se de uma pesquisa teórica, que traz como ponto de partida a análise do conceito de Sistema Nacional de Educação em Anísio Teixeira, situando essa discussão no cenário histórico e político da Educação brasileira. O recorte escolhido investiga as concepções de Sistema Nacional de Educação nas obras de Anísio Teixeira, a fim de compreender com base em quais argumentos defendia a organização nacional da educação. Identifica em que medida os argumentos produzidos circulavam e ainda circulam em meio aos

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debates e tensões que se estabelecem na discussão em torno da constituição de um Sistema Nacional de Educação, colocando em evidencia as contribuições do educador no campo das políticas educacionais. Nessa pesquisa utilizamos como aporte teórico os seguintes autores: Dermeval Saviani, Clarice Nunes, Luís Viana Filho, Jorge Nagle, Jamil Cury, Hemes Lima, Diana Vidal, Celso de Rui Beisiegel. Para tanto, utilizamos a análise documental e bibliográfica de 12 obras de Anísio Teixeira: Aspectos Americanos da Educação & anotações de viagem dos EUA em 1927de 1928; Pequena Introdução à Filosofia da Educação: a escola progressiva ou a transformação da escola de 1934; Em marcha para a democracia: à margem dos EUA de1934; Educação para a democracia: Introdução à administração educacional de 1936; A educação e crise brasileira de1956; Educação não é privilégio de 1957; Educação é um direito de 1968; Educação no Brasil de 1969; Educação e o mundo moderno de 1969; Ensino superior no Brasil: análise e interpretação de sua evolução até 1969 de 1969; Diálogos sobre a lógica do conhecimento sem data; Educação e universidade póstuma de 1998. A fim de analisar sua concepção de Sistema Nacional de Educação e como esta concepção circulou e ainda circula socialmente. A análise se pautou em três grandes categorias: qualidade e quantidade, público e privado e a centralização e descentralização. Nesse percurso a sua produção e ação marcaram o direcionamento de políticas públicas para educação o que fez com que algumas dessas diretrizes e princípios estivessem presentes em nossa organização atual. Suas ideias atuaram e atuam em um campo permanente de ação, afirmando a contemporaneidade de suas obras como um instrumento de luta para a consolidação de um projeto nacional de educação que se move ainda hoje em um terreno de imprecisões e disputas. Nas considerações finais destacamos que em suas obras Anísio Teixeira definiu os desafios para a organização da educação nacional, como um problema político, financeiro e profissional. Desse modo, a sua percepção identifica para a nossa atualidade a necessidade de aprimoramento do nosso modelo federativo para a consolidação de um Sistema Nacional de Educação.

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136 Sumário Eixo 1

Aprendizes marinheiros, aprendizes de guardas-marinha no ensino naval: educação

para o trabalho

Guaraci Fernandes Marques de Melo (UERJ) [email protected]

A Academia de Marinha se constitui como a primeira instituição de nível superior desde quando foi transportada de Portugal para o Brasil em 05 de maio de 1808. Instalada inicialmente no hospício anexo ao Convento de São Bento com “todos os instrumentos, livros, modelos, máquinas, cartas e planos da mesma Academia de Lisboa” segundo Primitivo Moacyr (1867-1942), em artigo no Jornal do Comércio (1942). As disciplinas propostas para o curso eram formadoras de uma cultura acima dos padrões escolares que se verificava nas instituições brasileiras. Em 1833 a Regência revoga o decreto que incorporava a Academia de Marinha à Academia Militar, transferindo seu corpo instrumental para bordo de um navio de guerra seis anos depois. Moacyr, nesse artigo, descreveu a trajetória da Instituição até a criação do Colégio Naval, tempo em que a formação incorporou um corpo de saberes diferenciados. Entre as normas do Colégio Naval encontrava-se a exigência de somente admitir e alunos internos “com praça e soldo preferencialmente aos filhos de oficiais da marinha e do Exército”. O ensino elementar e profissional passara a funcionar na Escola de aprendizes marinheiros (antigas companhias). A partir das reflexões sobre o artigo Instabilidade da legislação do ensino: ensino naval (1942), proposta por Moacyr, em concomitância com a historiografia disponibilizada pela instituição Escola Naval brasileira (Revista Villegagnon) pretendo pensar quem eram esses sujeitos-alunos formados por sujeitos-professores no contexto os qualificava para a formação dos alunos-aprendizes. O artigo não indica, inicialmente, quem eram os discentes que seriam admitidos para a formação profissional da Academia, requisita apenas para tal “regras de matemática” e “versão da língua francesa” e quanto aos docentes informa apenas que haveria “três lentes de matemáticas e dois substitutos, um lente de artilheria, um mestre de aparelho e outro de construção naval e prática de desenho”. É possível pensar que inicialmente a coroa portuguesa

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137 Sumário Eixo 1

sediada na colônia abria as portas da formação profissional naval a fim de reforçar seu contingente e guarnecer a costa brasileira, seu domínio e lugar de governo. Com o passar do tempo, consolidada a força marítima, a instrução naval vai se tornando exclusiva para as famílias dos oficiais, e à ‘gente miúda’ ficava reservado à formação técnica ou às caldeiras do navio. Assim, pretendo compreender esses sujeitos em seu próprio tempo e necessidades educacionais na consolidação do Estado Imperial Brasileiro, já que neste regime o ensino naval foi remodelado por dez vezes.

As colônias de férias como objeto de pesquisa da história da educação na América do Sul

André Dalben (PPG/ FE/UNICAMP) [email protected]

No ano de 1954 o pesquisador francês, Philippe-Alexandre Rey-Herme, publicou a obra Les colonies de vacances: origines et premiers développements (1881-1906), a qual seria largamente ampliada em 1961 pela série de três tomos intitulada Les Colonies de vacances en France de 1906 à 1936. Estas obras podem ser consideradas como um dos primeiros grandes estudos que tomaram as colônias de férias como objeto de pesquisa histórica. Este tema seria novamente abordado em 1989 pelo diretor dos serviço francês de colônias de férias e professor em ciência da educação Jean Houssayer, responsável também por uma série de simpósios realizados nos anos 2000. Alain Vulbeau, doutor em sociologia e atual professor de ciências da educação, publicou em 1993 o livro Du gouvernement des enfants, no qual reservou um amplo espaço para análise das colônias de férias francesas. Mais recentemente, no ano de 2002, a historiadora inglesa Laura Lee Downs publicou sua tese de doutoramento sob o título Childhood in the promised land: working-class movements and the colonies de vacances in France, 1880–1960. De modo geral, estas obras listadas podem ser consideradas como as principais pesquisas que centralizaram suas investigações na história das colônias de férias francesas. É certo que inúmeros outros estudos também abordaram estas instituições, no entanto não como objeto central de análise histórica. As colônias de férias foram implantadas não apenas na França, mas também em diversos outros países europeus, asiáticos e americanos.

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138 Sumário Eixo 1

A América do Sul contou com diversas instituições deste tipo, espalhadas em diferentes países, no entanto, poucas foram as pesquisas realizadas que tomaram as colônias de férias sul-americanas como objeto de estudo histórico, não havendo nenhuma tese substancial que tenha centralizado suas análises nestas instituições sob as perspectivas da história da educação. A comunicação que ora se apresenta têm por objetivo investigar as políticas de criação e gestão de colônias de férias escolares organizadas nos países do Cone Sul-Americano entre as décadas de 1910 e 1940. As principais fontes utilizadas foram os anais de congresso e periódicos oficiais sul-americanos nos quais foram debatidas questões relacionadas à educação e saúde infantil. Em análise da documentação levantada foi possível verificar que havia entre profissionais da educação e da saúde um consenso quanto à importância da criação de colônias de férias na América do Sul. Seus discursos embasaram políticas de implantação destas instituições em países do Cone Sul-Americano. No caso do Brasil, Argentina e Uruguai, as colônias de férias foram implantadas sob a supervisão de diferentes instâncias de seus sistemas educativos oficiais, geralmente sob a classificação de instituições extra-escolares. Já no caso chileno, as colônias de férias foram criadas e geridas majoritariamente por uma associação filantrópica.

As escolas da colônia D. Pedro II em Juiz de Fora e acesso à educação primária na

transição do Império à República

Marco Aurélio Corrêa Martins (PPGE/ UFJF [email protected]

Em Juiz de Fora, meados do século XIX, foi fundada a Colônia de D. Pedro II pela Cia. União e Indústria, responsável pela construção de uma estrada de rodagem entre a cidade e Petrópolis. A empresa, por força de contrato, criou duas escolas primárias oferecidas aos imigrantes “alemães”: uma para os católicos, outra para os protestantes. Essa pesquisa procurou compreender o processo de criação e manutenção dessas escolas e de como elas se transformaram em outras escolas no século XX. Infelizmente, a escolarização não repercutiu na integração dos imigrantes

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à estrutura social e econômica do município àquela época. Alguns poucos dados estatísticos disponíveis permitem avaliar a boa oferta de vagas em relação ao número de crianças vindas pela migração. As escolas da Colônia eram étnicas, usavam uma das línguas dos imigrantes e eram escolas religiosas, já que segregavam por confissão, no entanto, não eram estratificadas por sexo. Mantiveram-se como escolas étnicas, religiosas e mistas até o início do século XX, mesmo após a liquidação da Cia União Indústria, em 1872, responsável por sua manutenção, ocasião em que foi criado o “Culto Católico”, associação mantenedora das escolas e do respectivo culto. Passaram a escolas religiosas católicas, não mais mistas, mantidas pelo Curato da Glória e religiosas de Santa Catarina a partir de 1901, embora ainda vinculadas ao “Culto Católico”. Em 1908, os padres redentoristas, curadores da jurisdição, iniciaram uma ação judicial de retomada de bens eclesiásticos contra a associação “Culto Católico”. Por isso, houve separação entre Escolas Paroquiais e escola do “Culto Católico” sendo a segunda vinculada à escola do “Culto Protestante”, não abordado pela pesquisa. Além dessas escolas paroquiais, o estado de Minas Gerais e o município de Juiz de Fora criaram algumas outras escolas na região. As escolas da Colônia contribuíram para uma tradição de escolarização primária na cidade de Juiz de Fora a qual remonta o início da Vila de Santo Antônio de Paraibuna. As escolas paroquiais, incentivadas pelo Concílio Plenário Latino Americano realizado em Roma em 1899, buscavam rivalizar com as escolas chamadas a-católicas como as protestantes, o Granbery, no caso de Juiz de Fora, e as públicas. Já a política pública mineira para a imigração desejava a aculturação do colono com assimilação de alguns de seus valores europeus, mas sem a manutenção de colônias que se isolassem da população local original. De sorte que o serviço de inspeção passou a se opor às escolas que não usavam o português conforme denúncias do Inspetor Estevam de Oliveira. A pesquisa teve uma abordagem hermenêutica que procurou encontrar nas ações humanas e sociais as temporalidades que marcaram seus projetos, crises e ações. Para tanto, as fontes foram bibliográficas, entre livros e teses, e periódicos locais disponíveis na base de dados do Grupo de Pesquisa em História da Educação (GPHE) da Universidade Federal de Juiz de Fora.

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As propostas educacionais de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias): uma análise da instrução rio-grandense

do séc. XIX (1842-1846)

Hardalla do Valle (PPGE/UFPEL/CEIHE) [email protected]

Eduardo Arriada (PPGE/FaE/UFPEL/CEIHE) [email protected]

Luiz Alves de Lima e Silva. Filho, neto, irmão de militares, e cadete desde os cinco anos, fez carreira no exército comandando as tropas que reprimiam os levantes regionais contra o Império. Resultado dessas batalhas foram seus títulos de Barão, Conde, Marquês e Duque. Como Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul se mostrou um administrador tático e astuto. Com efeito, a educação não foi um ponto esquecido. Assim sendo, propôs reformas educacionais significativas para esse setor. Cumpre ressaltar que a rebelião farroupilha deflagrada em 1835, que duraria até 1845, abalou profundamente a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, sendo seus efeitos bastante nocivos, pois tanto o seu desenvolvimento material como o seu progresso cultural e educacional ficaram quase paralisados. Ao fim da guerra, mesmo apresentando boas perspectivas de desenvolvimento, a Província ainda não apresentava condições de propiciar aos seus habitantes espaços de lazer e de educação bancados pelo poder público, afora pequenas diversões, que no geral eram de foro privado, caso dos saraus. As autoridades públicas somente estavam responsabilizadas por poucas escolas de primeiras letras, inexistindo qualquer iniciativa para a implantação de uma instrução secundária. Somente com o término da Guerra dos Farrapos, por iniciativa do Duque de Caxias, seria apresentada a proposta de criação de um Liceu, bem como medidas para melhorar o funcionamento da instrução primária e secundária. A partir disso, o presente artigo almeja discorrer acerca da trajetória política e administrativa de Luiz Alves de Lima e Silva e, especificamente, sobre suas ações e propostas educacionais na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. O recorte temporal utilizado será de 1842 até 1846, período em que

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Caxias assumia a posição de Presidente dessa Província. Nessa perspectiva, apresentamos as seguintes inquietudes como norteadoras desse trabalho: Que fatores motivaram as propostas educacionais de Caxias para Província de São Pedro? Quais eram essas propostas? Elas chegaram a ser efetivadas? O meio escolhido de nos aproximarmos dessas respostas foi, primeiramente, a metodologia da pesquisa bibliográfica, que auxilia na escolha de um método apropriado, assim como no conhecimento das variáveis e autenticidade da pesquisa. Bem como, a pesquisa histórica documental desenvolvida por esses articulistas a partir de atas, ofícios, jornais e outras fontes relevantes sobre o cenário do recorte temporal escolhido. Dado o exposto, será apresentado primeiramente o ator social em questão: Luiz Alves de Lima e Silva. Logo após, discorreremos sobre sua inserção na Província de São Pedro e seu perfil administrativo. Por último será discutido o panorama educacional rio-grandense e suas propostas educacionais. Assim sendo o intuito fomentar uma reflexão acerca da História da educação rio-grandense do século XIX, especificamente nos anos de 1842 a 1846.

As propostas para educação do ensino médio no plano de governo de 1956-61:

os pronunciamentos oficiais e a legislação federal de n.3552/59 vigente no período

Denise de Amorim Ramos (PIBID/ UFTO)

O objetivo desse trabalho é apresentar as propostas para a educação por via dos pronunciamentos oficiais e da Legislação Federal de n.3552/59 nos anos de 1956 a 1961 referenciadas ao ensino médio. O motivo para abordarmos o tema acima esboçado foi o de percebermos no âmbito da sociedade brasileira uma política econômica de caráter desnacionalizante que convivia de forma contraditória, com a ideologia nacional desenvolvimentista. E, também verificarmos no sistema educacional ênfase crescente à profissionalização do ensino brasileiro. Nesse contexto, surgiram, as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, as quais tomaram todo o cenário das questões referentes à educação. Portanto, a propostas apresentadas em plano de governo, nos anos de 1956 a 1961 para o ensino médio esteve apagada em

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razão das discussões da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, estruturada na 4.024/61. Para a execução deste trabalho buscamos, primeiramente, a análise do fenômeno educacional não como uma dimensão autônoma da estrutura econômica, política e social, mas como fenômeno do produto da prática social historicamente realizada pelos homens. As condições materiais de vida em cada época e suas consequências na estrutura social faz refletirmos sobre as transformações histórico-sociais que ocorriam na sociedade brasileira no momento em que o governo Kubitschek, de 1956-61 trouxe uma proposta de educação. Este trabalho vem nos apresentar quais as propostas no plano de governo, nos anos de 1956 a 1961 para o ensino médio, por via dos pronunciamentos oficiais e da Legislação Federal de n.3552/59.Os resultados que apresentamos são passíveis de afirmarmos que no período de 56-61, as propostas educacionais mediante os pronunciamentos e a legislação oficial de n.3552/59 procuraram fazer a junção do ensino humanístico ou da educação propedêutica com o ensino profissionalizante apresentando informações específicas sobre o ensino médio e propondo a articulação desse ramo do ensino á questão do ensino profissionalizante. A análise estrutural das condições econômicas, políticas e sociais da sociedade brasileira foram a base para captar os reflexos do processo de desenvolvimento no sistema educacional e, dessa forma, compreende-se que as realizações políticas adotadas pelo governo de Juscelino Kubitschek para o desenvolvimento econômico e social trouxeram consequências para organização do ensino médio no sistema educacional brasileiro.

Educação para todos, modernidade e escola nova na escola primária da Bahia em 1950

Jaci Maria Ferraz de Menezes [email protected]

O trabalho toma o Centro Educacional Carneiro Ribeiro como escola- ícone da proposta da Escola Nova, da Educação para Todos, na República brasileira. Projeto e experiência tombados como Patrimônio (material e imaterial) pelo Governo do Estado da Bahia, a sua presença articula proposta pedagógica, planejamento urbano, arte e arquitetura modernas, numa experiência realizada em articulação à escola do Centro Regional de

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Pesquisas Educacionais do INEP na Bahia – o CRINEP. Serviu de modelo, também, ao sistema público implantado para Brasília nos anos 1960, proposta de Anísio Teixeira; e para os Centros Integrados de Educação Primária, CIEPS, do Rio de Janeiro, do governo de Leonel Brizola, no início dos anos 1980. Foi acompanhada, na Bahia, de uma articulação entre proposta educacional, pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, pela criação em 1950 da Fundação para o Desenvolvimento da Ciência na Bahia, através de um convênio com a Universidade de Colúmbia para o estudo das relações sociais na Bahia, em três de seis regiões ecológicas delimitadas no Estado no bojo do próprio projeto de pesquisa; nelas, estudos que utilizavam métodos das nascentes Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia e Psicologia Social), tais como estudos de Distância Social e Estudos de Comunidade. O trabalho estudava a tensão entre Tradição e Modernidade naquelas comunidades. O estudo que vamos relatar analisou documentação da escola, guardada na Secretaria da Escola Parque; textos de Anísio Teixeira e de outros autores sobre a escola; resultados de pesquisas sobre as famílias dos alunos, realizadas nos anos 1950 e outros textos publicados pela Revista do INEP. Sobretudo, usou jornais da época, plantas, fotografias, registro em imagens, depoimentos orais de ex-alunos e ex-professores; registros das comemorações dos 60 anos do CECR, em 2010. Procura-se, por isso, a explicitação de uma articulação com o Modernismo nas artes visuais e na arquitetura no projeto de Anísio Teixeira; apresenta uma nova faceta do educador, articulando sua proposta para educação com mudanças culturais. O uso de fotos, imagens e de relatos orais, bem como da análise do debate expresso através da imprensa, além de abre espaço à participação de outros atores no registro das experiências, ampliando o arsenal metodológico de coleta; permite a experiência da inter-relação pesquisador – depoente, e a captação das opiniões se completa com os gestos, o movimento, o contraditório. No centro da proposta, a articulação entre artes e ofícios; o domínio das linguagens artísticas e dos materiais – metais, madeira, tecidos, casado com um uso do objeto produzido que junta beleza e utilidade, vinda do movimento de “Arts and Crafts”, que forma o artista, o artífice, o trabalhador e o cidadão.

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As origens do ensino da língua inglesa no Brasil colônia

Daniele Barbosa de Souza Almeida [email protected]

Uma análise do ensino de língua inglesa no Brasil colônia permite-nos inferir que a aprendizagem deste idioma no território brasileiro esteve intimamente relacionada às suas finalidades práticas, uma vez que o ensino não só do inglês, como também do Francês, fora considerado parte fundamental das Aulas de Fortificações, iniciadas em 1710. A coroa portuguesa demonstrou preocupação com a proteção de seus domínios contra ataques estrangeiros através da criação, em 1699, de uma escola de Arte e Edificações Militares na Bahia, e em 1739, de uma aula de artilharia no Rio de Janeiro. Em 1738, uma Ordem Régia tornou a instrução militar obrigatória para todos os oficiais, que a partir de então só poderiam ser nomeados ou promovidos após a aprovação na Aula de Artilharia e Fortificações. O maior entrave à implementação destas aulas foram os livros teóricos da época, escritos em grande parte em inglês e francês, o que impunha a habilitação dos alunos em ambos os idiomas. A Academia Real Militar do Rio de Janeiro foi inaugurada algum tempo depois, através do Decreto de 4 de dezembro de 1810, com a nomeação de Professores de Línguas Vivas que fossem capazes de ensinar, pelo menos, as línguas Francesa, Inglesa e Alemã, pensando na necessidade de possíveis substituições. Ainda no século XIX, através do Alvará de 15 de julho de 1809, as Juntas e Aulas de Comércio também foram criadas no Brasil, e mais uma vez o ensino das línguas vivas foi considerado fundamental. Assim, este artigo tem como objetivo delinear o processo de institucionalização do ensino de inglês na colônia brasileira, através da análise da legislação dos séculos XVIII e XIX e a instauração das aulas de fortificações e de comércio, detalhando as orientações principais no que se refere ao início de funcionamento dessas instituições, pré-requisitos para que os jovens pudessem ingressar, professores nomeados, bem como compêndios utilizados para que a língua inglesa pudesse ser ensinada.

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Para o melhor entendimento deste processo, torna-se necessário fazer uma descrição dos principais pensamentos do Projeto Pedagógico do Marquês de Pombal, do processo de centralização do ensino sob a égide do Estado e do ideário que estava por trás das ações educacionais que ocorreram durante o reinado de D. José I, apoiado nos ideais iluministas que afloravam por toda a Europa e que se faziam sentir em Portugal e em suas colônias, mais especificamente, no Brasil.

As reformas educacionais e as mudanças no pensar e fazer da escola normal em Sergipe

(1911-1932)

Cristina de Almeida Valença Cunha Barroso [email protected]

A Pedagogia Moderna, como plano idealizado das políticas públicas para educação durante a primeira República, escreveu seu itinerário a partir das reformas educacionais. Neste caminho, o presente estudo tem como objetivo analisar a implantação de políticas públicas pelos envolvidos com a instrução visando a difusão dos princípios da Pedagogia Moderna em Sergipe. Buscou-se compreender o alcance dessas reformas educacionais no campo educacional analisando as mudanças geradas nas formas de pensar e do fazer pedagógico da Escola Normal, instituição que formava o quadro dos professores que iriam atuar no magistério primário sergipano. O referencial teórico- metodológico selecionado para o estudo relaciona-se à ‘História Cultural’, mais precisamente as categorias analíticas estabelecidas por Bourdieu de campo, capital e a noção de civilização de Norbert Elias. A pesquisa norteia-se através da seguinte questão: Como as reformas educacionais e os intelectuais da educação promoveram a difusão da Pedagogia Moderna em Sergipe? O panorama das reformas educacionais possibilitou a compreensão da forma com a qual os intelectuais da educação inscreveram sobre o campo educacional sergipano o processo de apropriação dos princípios da Pedagogia Moderna. As reformas, pensadas como estratégias de consolidação do ideal republicano de instaurar a ordem e o progresso assumiram ao longo da primeira República perspectivas

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diferenciadas, tendências também presente nas reformas implantadas em outros estados. As perspectivas estavam desenhadas de acordo com o discurso que determinadas reformas adquiriam ao longo dos anos, ora defendiam a regeneração e a civilização social, ora a uniformização e a racionalização do ensino. Apesar disso, esses discursos se entrelaçavam em um único objetivo, instituir a modernização do ensino. Para compreender esse processo de modernização do ensino sergipano foi preciso não só investigar o que defendiam essas reformas e como elas foram elaboradas, mas entender quem foram seus autores e quais eram suas pretensões ao instituí-las. Analisadas mais detidamente durante os anos de 1911 a 1931, as reformas foram determinantes para a consolidação da modernização pedagógica no campo educacional sergipano, principalmente na Escola Normal. A implantação dos métodos intuitivo e o de leitura analítica, a inclusão nos programas curriculares de disciplinas como Pedologia, Psicologia Experimental, Biologia, Metodologia e Noções de Higiene, a adoção de livros, criação de laboratórios, gabinetes, museus e bibliotecas para a formação das futuras professoras primárias foram algumas das ações que mudaram a conformação do ensino normal sergipano.

Aulas de contar e aulas de comércio na formação do estado moderno português

Thadeu Vinícius Souza Teles (UFSE) [email protected]

Vera Maria dos Santos (UFSE) [email protected]

A discussão apresentada neste artigo procura entender a conformação das aulas de contar e das Aulas de Comércio, no século XVIII e início do XIX, frente ao processo de modernização do Estado português. Essa análise tem como marco temporal inicial as Reformas Pombalinas da Instrução pública no século XVIII e como marco final o surgimento das aulas de contar e de comércio no século XIX. A necessidade desse artigo está circunscrita no embasamento encontrado nas pesquisas bibliográficas de dois trabalhos de pós-

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graduação da Universidade Federal de Sergipe: “A mulher de posses e a instrução elementar na capitania de Sergipe Del Rey nos anos setecentos” e “O papel do ensino da língua inglesa na formação do perfeito negociante (1759-1846)”. A partir do método indiciário (GINZBURG, 1986), foram desenvolvidas pesquisas bibliográfica e documental, que apresentaram valiosos registros acerca do objeto. A discussão foi fundamentada nas pesquisas de Oliveira (2010), Carvalho (1978), Boto (1996), Teles (2012), Santos (2012), Fernandes (1994), Adão (1997). Para desenvolver esta análise, foi importante considerar a realidade do Iluminismo português, implementada pelas Reformas Pombalina da instrução pública, concretizada a partir da expulsão dos jesuítas e da consequente substituição daquela concepção educativa por uma nova educação considerada racionalista, que respeitava a hierarquia eclesial e ainda se subordinava ao Estado. Observamos que as habilidades de ler, escrever e contar, antes da Reforma Pombalina, eram geralmente passados de pai para filho e associados às culturas profissionais que tinham a necessidade de anotar seus estoques e suas contas. Com a Reforma Pombalina dos Estudos Menores (1772) e a instauração de novas práticas culturais e pedagógicas, viu-se a necessidade de padronizar a instrução e, desse modo, incluir o ensino daquelas habilidades consideradas imprescindíveis ao recurso humano português. Para a capacitação de tal recurso, foram criadas através do Alvará de 19 de maio de 1759, as Aulas de Comércio, conforme a ascendente burguesia comercial ansiava. As Aulas de Comércio consistiram então basicamente em aulas de aritmética, câmbio, pesos, medidas, seguros e escrituração mercantil. Dentro do conjunto das Reformas Pombalinas, as Aulas de Contar e as Aulas de Comércio tinham o principal intuito de assegurar a (re) formação do Estado português através da formalização da prática mercantil. Assim compreendido, a Coroa portuguesa julgou prudente que os comerciantes dominassem tais saberes, para que os mesmos pudessem controlar o seu caixa, fazer compra e venda de mercadorias e ainda cobrar suas dívidas, e desse modo, contribuir com a prosperidade e a modernização de Portugal.

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Concursos públicos para o magistério primário na Parahyba oitocentista (1837- 1864)

Priscila Mikaelle Costa de Araújo (UFPB) [email protected]

Rose Mary de Souza Araújo (UFPB) [email protected]

O trabalho trata dos resultados de uma investigação histórica acerca dos concursos públicos que foram efetivados na Parahyba do Norte, na temporalidade de 1837 a 1864. O objetivo primordial da pesquisa foi analisar o processo de efetivação dos concursos públicos para o magistério primário no contexto do movimento e constituição da formação de professores na Escola Normal da Parahyba do Norte oitocentista. Em outro momento, observou-se que os concursos vinham sendo realizados ao mesmo tempo em que intelectuais e gestores públicos locais preconizavam a necessidade de se implantar uma escola normal com vistas à preparação de um quadro de docentes qualificados para melhorar a qualidade do ensino primário. Toma-se os referenciais de Edward Thompson (1981) e Antonio Gramsci (1989) para dialogar, realizar o procedimento de análise das fontes documentais disponibilizadas. Estas foram: 1. As leis, decretos e regulamentos produzidos e publicados no período em estudo que tratam da educação escolarizada, mais especificamente sobre os concursos públicos tanto locais como nacional; 2. Os discursos e mensagens elaborados pelos presidentes da Província da Parahyba do Norte que foram encaminhados à Assembléia Legislativa; 3. Os relatórios produzidos pelos diretores da instrução pública dirigidos aos presidentes provinciais: 4. Produção jornalística local. O mergulho nessa documentação permitiu perceber que houve esforço do poder público paraibano em normatizar o ingresso dos professores no magistério primário pela via do concurso público. Entretanto, as evidências apontaram que a prática dos concursos para o magistério na Parahyba do Norte oitocentista esteve articulada com os interesses de grupos políticos locais – patronato e protecionismo político – e assumiu o caráter de “habilitação” ao mesmo tempo em que se discutia a necessidade da profissionalização docente numa escola normal.

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Políticas de instrução pública e constituição das redes de ensino na região Norte do Ceará a primeira metade do século XX – concepções

e embates envolvendo igreja, estado e sociedade no contexto republicano

José Edvar Costa de Araújo (UVA) [email protected]

Os professores pesquisadores e estudantes de graduação vinculados ao MEDUC - Grupo de Pesquisa História e Memória Social da Educação e da Cultura desenvolveram nos últimos cinco anos um conjunto de estudos de natureza exploratória tendo como referência temporal o século XX. Articulados atualmente no projeto Produção de fontes para a pesquisa educacional na Região Norte do Ceará – digitalização de documentos e gravação de depoimentos, as referidas investigações estão alinhadas por dois traços comuns: produzir conhecimentos sobre instituições, educadores e práticas educativas; catalogar e tornar acessíveis fontes para o estudo da história e da memória da educação na Região. Com base nestes horizontes e buscando uma concepção problematizadora da história e da educação, foram investidos esforços na pesquisa bibliográfica, sendo uma das referências as revistas do Instituto Histórico do Ceará e os livros publicados no período; privilegiou-se também a pesquisa em fundos do Arquivo Público do Estado do Ceará e em arquivos locais, públicos e particulares; foram considerados os estudos produzidos desde o ano de 2000 pelo movimento dos historiadores da educação no Ceará e por historiadores locais; finalmente os depoimentos tomados a educadores e historiadores locais em atividade entre os anos de 1960 e 2000. Os resultados obtidos apontam para a pertinência de aprofundar o exame da presença dos ideais republicanos acerca da educação e da escola, ao longo da primeira metade do século XX, nos processos de constituição das políticas de instrução pública e das redes de ensino em municípios de maior relevância naquele contexto socio-histórico do Ceará. As redes e as políticas detectadas nos estudos iniciais dizem respeito a

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instituições financiadas com recursos públicos e gerenciadas pelo Estado, a instituições financiadas com recursos públicos e particulares e geridas pela Igreja Católica e a instituições totalmente particulares. Na perspectiva assinalada é possível divisar a existência de embates entre os princípios republicanos da educação laica, pública e gratuita – que atribui ao Estado moderno o papel de financiador e gestor – e as concepções até então predominantes representadas em parte por iniciativas particulares e especialmente pelo pensamento e pela ação da Igreja Católica. Os elementos reunidos contribuem para o amadurecimento de um projeto amplo, inserido na linha de estudos sobre a educação no período republicano, com o qual o MEDUC pretende contribuir para o desenvolvimento da pesquisa histórica em educação no Ceará: a investigação sobre como, na primeira metade do século XX, a disseminação das ideias republicanas acerca da instrução pública e da constituição das redes de ensino no âmbito do Estado se dá em meio ao confronto com outras frações sociais, com setores do próprio Estado e com o ideário e a ação educativa da Igreja Católica no cenário da Região Norte do Ceará.

Controle estatal para nacionalizar a infância no Paraná no início do século XX

Valquiria Elita Renk (PUCPR)

Neste trabalho pretende-se discutir a fiscalização governamental de forma sistemática às escolas do Paraná, e em especial as escolas étnicas nos anos de 1920, com o intuito de nacionalizar a infância. No Paraná havia mais de duzentas escolas étnicas polonesas e ucranianas e que ensinavam na língua materna do grupo ou de forma bilíngue e eram acusadas de desnacionalizar a infância. Os alunos destas escolas pouco ou nada conheciam da língua portuguesa e isto representava uma ameaça à homogeneização do ensino, pretendida pelo Estado. Estas escolas existiam nas colônias de imigração eslava onde não havia escolas públicas, ou em número muito reduzido. Este recorte se justifica pelas ações de

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cunho nacionalizador para garantir que estas escolas efetivamente ensinassem em língua vernácula e formassem o cidadão nacional. O objetivo da pesquisa é analisar como o governo criou uma sistemática de fiscalização sobre as escolas étnicas para garantir o cumprimento da legislação. Também será analisado como estas escolas respeitavam a legislação e ao mesmo tempo burlavam-na para manter a identidade étnica. As fontes de pesquisa são a legislação educacional, os Relatórios de Governo, documentos da Inspetoria de Ensino, os jornais regionais, correspondências do Governo, arquivos de instituições escolares e os depoimentos de ex-alunos que estudaram nas escolas étnicas na época da nacionalização compulsória, em 1938. As fontes permitem entender a política do Estado na busca do ensino homogêneo, as pressões que as escolas e os professores eram submetidos para atender as políticas estatais e ao mesmo tempo encontrar formas de manter a identidade étnica. Os depoentes, que vivenciaram a política de nacionalização, relatam os constrangimentos sofridos por desconhecer a língua nacional e as táticas dos professores para esconder dos Inspetores a manutenção de uma identidade étnica. O Estado criou a Inspetoria Estadual de Ensino e as várias sub Inspetorias, com o objetivo de fiscalizar os estabelecimentos escolares através de vários formulários que mostravam o trabalho do professor, seus procedimentos didáticos, os saberes escolares ministrados e o cumprimento da legislação. As visitas dos Inspetores de Ensino ás escolas atestavam o quanto elas estavam nacionalizando a infância e aparentemente cumprindo os preceitos legais. As escolas étnicas encontraram formas de burlar a legislação e resistir ao processo de nacionalização, mesmo nas visitas dos Inspetores Escolares. Criaram mecanismos para dar visibilidade aos aspectos nacionalizadores da escola, como cantar o Hino Nacional e escrever em língua portuguesa. Ante a pressão estatal as escolas étnicas mostravam sua face nacionalizadora, mas, ao mesmo tempo criavam mecanismos para diferenciarem-se das escolas públicas e manter a identidade étnica.

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Cultura política republicana e educação profissional: leituras das mensagens dos presidentes do estado de Minas Gerais

(1891-1930)Irlen Antônio Gonçalves (CEFET/MG)

[email protected]

Hozana Penha de Souza (CEFET/MG) [email protected]

A proposta desta comunicação é a de apresentar uma reflexão sobre a cultura política republicana e a educação profissional, tomando as Mensagens que os presidentes do Estado de Minas Gerais enviaram ao Congresso Legislativo, entre os anos de 1891 a 1930. A análise será mediada por autores que se encontram no entrecruzamento da História, da História da Educação e da História Política. A reflexão pretendida tomará como referência as seguintes premissas: falar da formação do trabalhador mineiro é falar da produção da cultura republicana. O movimento de construção de projetos de educação e de instrução para a formação do trabalhador é, intrinsicamente, o movimento de construção de uma cultura republicana; Numa República plural, também plural serão os projetos de sociedade, de nação, de cidadania e de trabalhador; os projetos de educação dos republicanos, principalmente o escolar, foram produzidos para produzir a República. Com o historiador Serge Berstein temos que o movimento para a identificação da cultura política é duplo: primeiramente pelo discurso, pelo argumentário e pelo gestual. O discurso é o pronunciamento oral ou escrito, elaborado com uma série de significados que expressam a maneira de pensar e de agir, de um indivíduo dirigindo-se ao outro e dele a um grupo de indivíduos. Nele se encontram os elementos simbólicos comunicacionais. O argumentário é o conjunto dos argumentos constitutivo do discurso. O segundo movimento, de captura da cultura política, é o que reflete a dimensão coletiva dos indivíduos. Esse, segundo Berstein, fornece uma chave que permite compreender a coesão de grupos organizados à

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volta de uma cultura. Um grupo que se constitui na comunhão de seus membros, com visão comum do mundo, numa leitura partilhada do passado, de uma perspectiva idêntica de futuro, em normas, crenças, valores que constituem um patrimônio indiviso, fornecendo-lhes, para exprimir tudo isto, um vocabulário, símbolos, gestos. Do ponto de vista metodológico, a análise tomará as proposições de Patrick Charaudeau, para quem a palavra discurso deve ser tomada ao mesmo tempo pelo que ela diz e pelo que ela não diz e que o discurso político é incitado pelo desejo e pela intenção de influenciar o outro. A atenção será dada a significação do discurso político, que são fabricados e refabricados, simultaneamente, pelo dispositivo de uma dada situação comunicacional, numa complexa rede de lugares de enunciação e de sistema de pensamento, objetivando o estabelecimento comunicacional entre sujeitos.

Cultura política, Estado Novo e educação: o ensino agrícola em Minas Gerais a partir da

inauguração da fazenda-escola de Florestal-MG

Bruno Geraldo Alves (UFMG) [email protected]

Bernardo Jefferson de Oliveira (UFMG) [email protected]

Milton Ramon Pires de Oliveira (UFV) [email protected]

Este trabalho inscreve-se na temática da História da Educação investigada a partir das relações entre educação e cultura política. Tem como objetivo analisar as concepções e aspectos das políticas públicas voltadas para o ensino agrícola em Minas Gerais, no final da década de 30 até meados da década de 50, correspondendo à estreita vinculação com um ideário de modernização da sociedade mineira. O foco da análise destaca os discursos de autoridades e representantes dos fazendeiros, de regiões distintas do estado, que estavam presentes no evento de inauguração da

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Fazenda-Escola de Florestal, em 1939, e do projeto fundador da instituição. Buscamos compreender como as práticas pedagógicas desenvolvidas na instituição relacionavam-se com os delineamentos de projetos e possíveis disputas institucionais locais a nacionais, apontando para uma tentativa de alinhamento das expressões em torno do ensino agrícola a um projeto maior de modernização, dimensionando agências e agentes presentes neste campo de forças, para entender a própria concepção de educação rural que estava sendo construída. A metodologia delineada é baseada nos pressupostos da história cultural e de seus desdobramentos, como a micro-história. Na pesquisa, ainda em desenvolvimento, analisamos fontes escritas localizadas nos acervos da referida instituição e do Museu Histórico de Pará de Minas/MG, com destaque para o periódico da Secretaria da Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho de Minas Gerais - a “Revista da Produção” - edição número 16, correspondente aos meses de maio e junho de 1939. Realizamos entrevistas, a partir da constituição de uma “rede testemunhos”, com funcionários que atuaram desde a inauguração da fazenda escola e com alunos que detinham memórias do período tratado. Problematizamos a construção de tais narrativas históricas a partir da percepção multifacetada da vida social e da incorporação de novos sujeitos, seus modos de viver, sentir e pensar em ambientes diversos na esfera cotidiana. Como resultado, destacamos que o projeto de criação e atuação da Fazenda-Escola de Florestal foi concebido em padrões modelares, com o intuito de incorporar a diversidade agropecuária existente em Minas Gerais, atendendo trabalhadores, capatazes e administradores das fazendas com “cursos rápidos e práticos”. Buscava ainda aproximar os fazendeiros, de diversas regiões do estado, das novas técnicas de produção desenvolvidas na Fazenda-Escola. Consideramos que o projeto da Fazenda-Escola de Florestal, inserido numa dinâmica específica e conjuntural do inicio da ditadura estado- novista de Vargas, como delineado nos discursos de inauguração, articulava-se com o ideário de racionalização e modernização do campo e da mentalidade do homem rural esboçado em Minas Gerais no período retratado. Tomava-se o foco na educação agrícola prática e em processos de aprendizagem diferenciados para atingir um leque mais extenso de um público diferenciado.

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De criança a estudante: por entre jogos, brinquedos e brincadeiras

Márcia Cardoso da Costa do Nascimento [email protected]

Este texto apresenta a compreensão do processo histórico educativo acerca da construção da infância e os modos como foram e estão sendo vistas, compreendidas, representadas e modeladas nas instituições infantis a partir de atividades lúdicas como nos momentos de convivência social e uso dos jogos, brinquedos e brincadeiras. A ideia do texto é compreender como na escolarização contemporânea, em Cáceres, no interior do complexo pantaneiro, nos últimos cincoenta anos a criança foi forçada a abandonar atividades lúdicas como as de brincar para estudar e exercer atividades repetitivas. A partir de entrevistas com dez velhos professores, diretores de escolas e pais de alunos, com estudos de teóricos como Áries, Kulmman, Vitgotsky, podemos perceber como a escola foi produzindo modificações nos comportamentos e condutas de crianças e dos profissionais que cuidavam das relações com as crianças e entre as crianças. A partir de relatos e documentos escolares como relatórios de ensino e de atividades, bem como nos diários de classe verificamos que houve mudanças substanciais nas relações educativas, na compreensão do papel do professor ou do orientador das creches e como foi transformada a relação educativa a partir das ações na educação infantil, principalmente na chamada pré-escola. Nesse quadro, entendemos que a criança foi compreendida como sujeito com necessidade de assistência social e/ou transformada em alunos de uma maneira bastante eficiente. Forma essa que de tão incisiva, produziu e reproduziu uma insistente ação e atividades para que as crianças deixassem das necessidades sociais, culturais e lúdicas e promovesse uma ruptura com a construção dos brinquedos e brincadeiras, e pudesse aproveitar essas tecnologias apenas como um instrumento de lazer, a partir de uma visão capitalista de sociedade e não como ferramentas educativas, capazes de auxiliar no desenvolvimento bio-psico-motor das crianças. Assim, os orientadores de creches e da pré-

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escola aproveitavam para intensificar um processo de escolarização nas crianças, forjando-as a compreenderem o papel que desempenhariam na escolarização e deixavam de trabalhar as possibilidades que as crianças têm de desenvolvimento da criatividade e da capacidade criadora de potencializar seus conhecimentos provindos das relações familiares, sociais, religiosas, culturais com os saberes escolares. Nesse sentido, a criança, envolvida no processo de escolarização intensa deixou de criar seus brinquedos, abandonou os jogos, esqueceu a própria cultura educativa, tão incessantemente desenvolvida pelos familiares. Ao mesmo tempo passou a incorporar o domínio dos brinquedos e jogos desprovidos das relações sociais de criação e pertença e passaram a um processo de apropriação intensa do modo capitalista de viver a experiência de, na escola, deixar de ser criança para ser somente aluno.

Democratização do acesso ao ensino superior: análise dos dispositivos legais

postos em vigência desde os anos de 1990

Silvana Rodrigues de Souza Sato (UFSC) [email protected]

Ione Ribeiro Valle (UFSC) [email protected] / [email protected]

A presente proposta tem por objetivo investigar a proclamada democratização do acesso ao ensino superior por intermédio da análise dos dispositivos legais outorgados a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.9.394/1996, que possibilitou maior flexibilidade às formas de acesso ao ensino superior, deixando a critério de cada instituição a definição de mecanismos próprios para admissão dos seus estudantes. Anteriormente, a Constituição Federal de 1988 havia sancionado que o “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, [seriam alcançados] segundo a capacidade de cada um” (2012, s/p). Todavia recentes estudos sobre o acesso ao ensino superior demonstrarem

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que este nível educacional cresceu principalmente na esfera privada e prosseguiu mantendo seu caráter não-democrático de ascensão aos cargos profissionais que exigem formação superior. Ao final dos dois mandatos do governo Fernando Henrique Cardoso ocorreu uma maior expansão da educação superior na esfera privada. Logo após, os esforços voltaram-se para a ampliação da rede pública e a melhoria da qualidade da educação superior privada. No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi instituído o Programa Universidade para Todos (ProUni), que obriga as universidades privadas a destinarem bolsas de estudo e vagas para alunos de baixo poder aquisitivo, tendo como benefício a isenção fiscal. No seu segundo governo foi criado o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que estimula as instituições públicas a elaborem planos de democratização das suas estruturas favorecendo o aumento do número de vagas. Frente ao exposto, questionamo-nos se os textos que regulam a entrada nas universidades brasileiras impõem ou não limites ao acesso? E se a ampliação dos meios para adentrá-las seria suficiente para a uma democratização de qualidade? Para tratar destas questões adotaremos como metodologia de trabalho a pesquisa em fontes documentais realizada em texto legais. O aporte teórico concentra-se em autores da sociologia da educação e da história da educação. Constatou-se que o princípio de igualdade meritocrática das oportunidades foi incorporado pelas políticas referentes ao acesso às universidades, o que consistiria no entendimento de que cada pessoa participa da disputa por vagas escolares em condições de igualdade, evitando assim desigualdades que podem determinar as probabilidades de sucesso e ascensão social. Nesse sentido, apesar de estar acontecendo uma maior democratização do acesso ao ensino superior, as prerrogativas legais voltadas para este nível de ensino contêm nos desdobramentos dos seus textos alguns limites para a acessibilidade às instituições superiores e a qualidade desse processo vê-se ofuscada por questões de diferentes ordens sociais e econômicas, que se refletem não apenas no ensino superior mas em todos os níveis do ensino brasileiro.

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Desvelando os exames de admissão ao ginásio na educação paranaense

Elisângela Zarpelon Aksenen (PUCPR) [email protected]

Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUCPR) [email protected]

O estudo aqui apresentado constitui parte de uma pesquisa em andamento, em nível de mestrado, que pretende compreender como funcionaram os exames de admissão ao ginásio na realidade educacional paranaense. Em nível nacional, os exames de admissão foram introduzidos para o ingresso no Colégio Pedro II através do Decreto nº 4.468 de 1º de fevereiro de 1870 e regulamentados pelo Decreto nº 981 de 8 de novembro de 1890. No Paraná, eles foram instituídos pelo Decreto nº 35 de 9 de fevereiro de 1895 cujo artigo 217 rezava que os candidatos à matrícula do 1º ano do Ginásio Paranaense, atual Colégio Estadual do Paraná, deveriam fazer o exame de admissão. Posteriormente, por meio do Decreto nº 19.890 de 18 de abril de 1931, como parte da Reforma Francisco Campos, tais exames tornaram-se obrigatórios nas escolas públicas de todo o Brasil até o ano de 1971 e marcaram um período histórico de ampliação no acesso ao ensino primário e restrição ao ginásio. A Reforma Francisco Campos inseria-se em um contexto de significativas mudanças no país, principalmente devido ao desenvolvimento industrial e urbano provocado a partir de 1930, sob o governo de Getúlio Vargas, no qual a demanda por mão de obra qualificada intensificou a procura pela educação. Os exames de admissão ao ginásio funcionaram, portanto, como uma barreira de acesso ao ensino secundário. A análise dos decretos, portarias, regimentos institucionais; o estudo da situação econômica, social e política do Paraná, articulada ao contexto nacional e o papel dos exames na realidade educacional paranaense situam a abordagem aqui apresentada. As discussões contemplam uma reflexão metodológica de análise documental baseada na perspectiva teórico-crítica, a qual considera as transformações na vida material da sociedade como suporte do sistema educacional. Entendemos que o contato com as fontes cria a

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possibilidade de reconstruir o passado, que somente será compreendido quando articulado ao contexto no qual foi produzido (BLOCH, 2011). Logo, a história regional contém especificidades que devem ser consideradas. Para tanto, recorremos ao aporte teórico de Bloch (2011), Ribeiro (1984), Romanelli (2010), Valente (2003), Wachowicz (1984), Wachowicz (2010) entre outros. Apontamos elementos da legislação, a análise do momento histórico no qual os exames de admissão estão inseridos, as orientações para as provas de matemática e procuramos desvelar o papel de tais exames na realidade educacional brasileira e paranaense. Percebemos, ao longo do vasto período em que os exames de admissão ao ginásio foram aplicados, algumas mudanças estruturais regulamentadas e principalmente, um dispositivo de controle e poder devido ao seu caráter extremamente seletivo.

Educação integral e ampliação do tempo escolar diário na cidade do Rio de Janeiro: aproximações e diferenças entre o projeto

CIEP e o programa escolas do amanhãLeonardo Nolasco-Silva (UERJ/ Instituto Infnet)

[email protected]

Lia Faria (UERJ) [email protected]

A pesquisa em tela, ligada ao estágio de pós-doutoramento do pesquisador, procura refletir sobre a implementação de dois projetos educacionais recentes que, destinados às classes populares, consideraram a ampliação do tempo escolar uma importante estratégia para a diminuição das disparidades educacionais da sociedade fluminense. Estamos nos referindo ao Programa Especial de Educação – a partir do qual foram implantados os CIEPs – e ao Programa Escolas do Amanhã – gestado em meio à revitalização das relações entre o Estado e os territórios tomados pelo tráfico de drogas no Rio de Janeiro.

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Nosso marco conceitual inscreve-se no debate sobre a Educação Integral, relacionando sua dimensão histórico-filosófica com o viés político que caracteriza os projetos que dela fazem uso. Portanto, ao abordarmos o tema, estaremos dialogando com a contextualização política sem, no entanto, perdermos de vista a dimensão simbólica de cada programa, o impacto que causam/causaram na vida das pessoas envolvidas. É imperativo ressaltar, todavia, que o mote da pesquisa não é a avaliação das políticas públicas elencadas, mas o desvelar das relações sociais construídas a partir desses programas/projetos, tendo os sujeitos protagonistas da escola – professores e alunos - como eixos estruturantes da análise. A pesquisa, de cunho qualitativo, está interessada nas vozes silenciadas, daqueles que fazem/fizeram o cotidiano escolar dos CIEPs e das Escolas do Amanhã. Ao ouvirmos essas vozes poderemos diversificar o debate sobre a ampliação do tempo de escola, problematizando sua eficácia diante do cenário contemporâneo. Inspirados pelas ideias de Darcy Ribeiro e sua leitura singular do projeto educacional levado a cabo pela elite brasileira, pretendemos atualizar a discussão contida no Livro dos CIEPs, de sua autoria, traçando um paralelo entre teoria e prática, entre passado e presente. Os CIEPs deram conta da utopia educacional de Darcy Ribeiro e do trabalhismo brizolista? De que maneira a imagem dos Centros Integrados de Educação Pública se perpetuou no Brasil e qual o sentido dessa escola na atualidade? Que representações estarão contidas nas Escolas do Amanhã e que nos remetem ao CIEP ou à negação deste? Quais as marcas daqueles anos oitenta (onde floresceram os CIEPs) nas ações educacionais da atual gestão da Secretaria Municipal de Educação? Nessa direção, nosso olhar teórico-metodológico abarca não apenas o arcabouço conceitual da História da Educação, mas alia esse conhecimento às produções das Ciências Sociais, principalmente aos escritos da Sociologia da Educação. Esperamos, assim, fomentar o debate acerca da educação integral e contribuir para a reflexão de experiências semelhantes em outras cidades e Estados.

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Educação nacional: realidade brasileira e embates na década de 1910

Tereza Maria Trindade da Silva (UFMG) [email protected]

Este trabalho faz parte de pesquisa de mestrado em andamento e tem como objetivo discutir as iniciativas de educadores, políticos e os movimentos das ligas nacionalistas para a nacionalização da organização da educação pública no início da década de 1910. Para tal foi pesquisado o acontecimento de dois importantes eventos, a saber, o Primeiro Congresso de Instrução Secundária, ocorrido em São Paulo de 15 a 24 de fevereiro de 1911, o Segundo Congresso Brasileiro de Instrução Primária e Secundária, realizado em Belo Horizonte de 28 de setembro a 4 de outubro de 1912 e Liga Brasileira contra o Analfabetismo(1915-1922). Além desses, está em fase de análise o Terceiro Congresso Brasileiro de Instrução Primária e Secundária, que ocorreu em Salvador em 2 de julho de 1913. Tais eventos promoveram debates em defesa da elaboração de uma proposta de política educacional a nível nacional de modo a resolver e/ou remediar os problemas latentes da educação brasileira. Entre as ações defendidas pelos congressistas esteve a ênfase na urgência da garantia da manutenção e ampliação de verbas pela União para a instrução primária e secundária, além da necessidade de se criar um departamento para a educação, o Ministério da Instrução Pública. Para o desenvolvimento desta pesquisa foram analisados como fonte documental relatórios e anais dos eventos, legislação de ensino, além de estudos sobre a história e história da educação do período. Após análise nos documentos referentes aos congressos perceber-se nos discursos e teses apresentados, diferentes preocupações quanto à situação do ensino público, apresentado como um problema de âmbito nacional. Dado o déficit da instrução primária, nesse período foi constatado um alto índice de analfabetismo e tem-se como hipótese que acontecimentos históricos como o desenvolvimento urbano e econômico, as precárias condições de acesso à educação, a falta de financiamento do ensino primário por parte do governo federal e outros fatores sociais e políticos contribuíram para a promoção da discussão do analfabetismo e da

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decadência do ensino secundário como problema nacional. Assim, este trabalho dialoga com Thomas Marshall e Norbert Elias no propósito de problematizar e entender a idéia da construção da cidadania presente nas discussões efetivadas e nas propostas dos congressistas e políticos e não perdendo de vista as tensões da constituição de um Estado-Nação.

Educação superior e o processo de formulação de políticas de avaliação educacional:

considerações sobre os exames de desempenho dos cursos de graduação e de formação de professores na

recente história da educação no Brasil (1990-2012)

Regina Lúcia Ferreira Cravo (PUC-Rio/ UESá) [email protected]

Este estudo busca analisar o processo de formulação de políticas de avaliação educacional para a educação superior brasileira. O estudo busca fazê-lo focalizando o sentido dos exames de desempenho em larga escala dos estudantes dos cursos de graduação e suas conseqüências para a dinâmica do sistema de ensino do referido nível de ensino. O estudo busca igualmente conduzir as reflexões para a questão da formação de professores no Brasil na atualidade, especialmente na primeira década do século XXI. Tomando a história como ferramenta que possibilita problematizar traços de permanências e descontinuidades em processos de constituição de professores, contribuição de Simões(2011), destaca-se o impacto das modificações vividas pela educação superior através das práticas avaliativas sobre a formulação de políticas docentes no País evidenciado através da publicação das diretrizes curriculares nacionais e da ênfase da noção de ensino por competências. Partindo de considerações sobre a educação superior na atualidade, com destaque para a intensa reforma universitária que perdura desde os anos noventa na história da educação brasileira contemporânea. Em seguida, o sistema de avaliação da educação superior é abordado, buscando explicitar a triangulação entre as práticas de avaliação em larga escala, pela renovação periódica, pela autoavaliação institucional no contexto do Estado avaliador cuja

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163 Sumário Eixo 1

ênfase vai recaindo sobre o acompanhamento da qualidade dos cursos e das instituições e da garantia da suas funções avaliativas. Na terceira parte, as características do Exame Nacional de Cursos e Desempenho de estudantes são descritas juntamente com o sentido da avaliação em larga escala na educação superior e seus procedimentos usados. A quarta parte relaciona as avaliações de larga escala com as políticas de currículo, no caso, especificamente, voltadas para os cursos de formação de professores- Licenciaturas. O estudo encontra nas contribuições teóricas de Dourado (2002), Gomes(2002), Rothen e Barreyro(2011), Catani(2002), Dias(2011), Gatti(2011) o apoio necessário para o seu desenvolvimento do processo de avaliação educacional na educação superior no Brasil. Por fim, o estudo discute o sistema de avaliação instalado como estimulador da operacionalização de práticas acadêmicas, reformas estruturais mediadas pelas exigências dos estudantes, do mercado e pela aceitação das mesmas pela sociedade. Interessa a considerar a avaliação como um campo e disputas uma vez que pode evidenciar os fins da educação, o conceito de homem, o projeto social deverá ainda que na prática ganhar centralidade como forma de controle e definição de políticas que estimulam a expansão no ensino superior.

Entre hinos, bandeiras e heróis: imigração européia, classe operária e a

constituição da nacionalidade nos grupos escolares da cidade de Santos

André Luiz Rodrigues Carreira (UCS) [email protected]

O presente estudo analisa, em uma perspectiva histórica, o papel exercido pelo sistema público de educação no Estado de São Paulo nas primeiras décadas do século XX na incorporação e assimilação da população estrangeira, majoritariamente européia, vinculada ao movimento operário. A investigação utilizará como estudo de caso a cidade portuária de Santos, no litoral paulista, município caracterizado por expressivo contingente de imigrantes provenientes

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164 Sumário Eixo 1

da Península Ibérica e pela presença de combativa classe operária, principalmente associada a atividades portuárias e à construção civil. A pesquisa tem por objetivo discutir o espaço ocupado pelas iniciativas estatais de educação popular em Santos durante as décadas de 1910 e 1920 e a sua relação com o discurso, traduzido em políticas públicas, nacionalista de absorção do estrangeiro pertencente à classe trabalhadora, assim como, analisar as formas de resistência encontradas pelos destinatários das ações reformistas do período. Para tanto, foram utilizadas fontes diversas como os censos realizados na cidade em 1913 e 1920, os Anuários de Ensino do Estado de São Paulo do período citado, documentos oficiais dos três primeiros grupos escolares fundados em Santos e informações de periódicos regionais e órgãos de imprensa vinculados à classe trabalhadora local. Nas décadas de 1910 e 1920, a escola voltava ao centro dos debates sobre os rumos da nação. O analfabetismo e a “ameaça” estrangeira se tornaram os alvos dos discursos e das políticas públicas educacionais do período. Em Santos, cidade de composição social notadamente ibérica e de atuante classe operária, a idéia de incorporação do estrangeiro, pela força policial ou pelos bancos escolares, ganhava força. As noções de civismo teriam papel primordial para a formação do caráter nacional ao tentar incutir nas crianças as concepções de amor à Pátria, de respeito à ordem estabelecida e de cumprimento de deveres. Ainda sob o efeito das mobilizações operárias e das greves do período, o ímpeto reformista enxergava na moralização do povo brasileiro a reconstrução da República. A ênfase nos dispositivos de controle, de disciplina e na idéia de civismo como elemento de constituição da nacionalidade norteava o trabalho que deveria ser desenvolvido nas escolas. As comemorações de datas cívicas, o culto à bandeira e aos hinos e a exaltação de símbolos e heróis nacionais se tornavam prescrições diárias ao trabalho docente e ao comportamento esperado dos alunos. Em uma sociedade heterogênea e multifacetada, buscava-se a unidade e a integração. A pesquisa se apóia metodologicamente em autores como Thompson (2011), Silva (2003), Enguita (1989), Lanna (1996), Carvalho (1990), Souza (2009) e Escolano (2005).

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165 Sumário Eixo 1

Escola primária e formação para a “solidariedade social” no Brasil (1946-1964)

Flávio Anício Andrade [email protected]

O objetivo deste trabalho é analisar o papel de espaço de irradiação de novos valores e práticas conformadores de uma dada concepção de cidadania e participação política atribuída à escola primária no período 1946-1964. Tal período histórico encontra-se marcado pelo processo de relativo alargamento das garantias democráticas que se seguiu ao fim do Estado Novo varguista e que teve solução de continuidade com o golpe civil-militar de 1964. Ao longo deste período emerge fortemente a necessidade de, através da educação, disseminar a nova concepção de vivência social calcada nos valores da “solidariedade social”. Ao lado de tal essencial função política, permanece o entendimento oficial de que o processo de extensão da escolarização apresentava-se antes de tudo como forma de produzir uma melhoria qualitativa da força de trabalho nacional bem como, até como uma conseqüência deste primeiro fator, permitir uma maior racionalização dos processos produtivos tanto industriais quanto agrícolas. Acrescenta-se agora, porém, novo argumento a favor de tal relação na medida em que a consecução daquela melhoria viria a contribuir justamente para a consolidação da nova ordem social democrática ao permitir a elevação da riqueza do país (e, supostamente, a maior divisão desta). Com base na análise do conteúdo discursivo exposto na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), editada pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos a partir de 1944 e nas Mensagens Presidenciais apresentadas ao Congresso Nacional ao longo do período histórico acima referido, vislumbra-se o cenário de uma sociedade na qual a disputa entre os atores políticos individuais e coletivos vinha tornar- se um fenômeno mais constante na vida do país, fazendo com que o Estado buscasse alargar o contingente da população possuidor de conhecimentos formais básicos e de

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hábitos de cuidado individual e de convivência social novos, tendo em vista tanto a necessidade de estabelecer relações mais orgânicas de poder entre governantes e governados quanto a demanda pela formação de massa de um futuro sujeito produtivo novo, melhor adaptado a formas mais racionais de trabalho. Neste contexto, a diminuição dos índices de analfabetismo e, particularmente, a adequação da escola primária frente às novas necessidades trazidas pela nova configuração sócio-política e pelo desenvolvimento econômico-social do país serão apontados como as duas principais questões a se resolver no âmbito da educação nacional. Conclui-se que o projeto de expansão e melhoria da qualidade da escola primária foi entendido no período ora analisado como sendo a condição básica para a formação do contingente populacional de onde sairiam simultaneamente os futuros operários industriais e os futuros “condutores” dos processos de trabalho e de participação na vida sócio-político- cultural do Brasil.

Escolas étnicas ucranianas e polonesas no Paraná: entre a legalidade e a manutenção

da identidade étnica

Valquiria Elita Renk (PUCPR)

Desde o final do século XIX até 1938, havia no Paraná em torno de 220 escolas étnicas polonesas e ucranianas, que estavam à margem do sistema público de educação. Situavam-se nas colônias de imigração eslava, onde praticamente não havia escolas públicas. Estas escolas foram construídas e mantidas pelas comunidades. Havia as escolas étnicas religiosas, as comunitárias (sociedades-escolas) e as escolas subvencionadas, mas, em comum tinham o ensino da cultura e da língua materna do grupo. Estas escolas formavam uma rede de ensino com o apoio das associações culturais comunitária e a Igreja Católica, na produção e publicação de material didático (em língua estrangeira e nacional), organização de cursos de organização pedagógica e didática até

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qualificação para professores. A questão a ser investigada é: quais as formas adotadas por estas escolas para burlar a legislação e manter a identidade étnica através da escola? Os objetivos da pesquisa são de entender a importância da manutenção da cultura de origem no grupo, através da escola e os processos de resistência elaborados para não ensinar em língua nacional. As fontes de pesquisa são os arquivos das escolas que guardam cadernos, livros, fotografias, jornais escolares, a legislação escolar do Paraná de 1900 até 1938, os decretos e leis da nacionalização, os Relatórios e Correspondência de Governo, os jornais de circulação regional no Paraná e também a pesquisa oral, através dos depoimentos e entrevistas de ex-alunos destas escolas, que passaram pelo processo de nacionalização, em 1938. A oralidade e a experiência deste processo expressam os constrangimentos ante a nacionalização compulsória e desconhecimento da língua portuguesa na escola. As fontes permitem conhecer o processo de nacionalização das escolas étnicas e os mecanismos adotados pelo Estado para sua efetivação e os processos de resistência. O processo de nacionalização será analisado neste artigo, intensificou-se nas décadas de 1920 e 30, até culminar com a nacionalização compulsória. O Estado adotou várias medidas de coação e coerção para nacionalizar estas escolas, como a obrigatoriedade das aulas serem ministradas em língua nacional, a adoção de um currículo escolar único, adoção obrigatória de livros didáticos, aulas de canto orfeônico, celebração de eventos cívicos e patrióticos, aulas de Educação Moral e Cívica, Educação Física, História e Geografia do Brasil. As escolas étnicas cumpriam parcialmente estas medidas, mas, encontravam maneiras de burlar, como a adoção do ensino bilíngue. Passaram a ministrar aulas em língua nacional, na medida em que o Estado assim exigia, através da fiscalização e inspeção escolar. Após a nacionalização compulsória, muitas escolas públicas foram construídas nas comunidades étnicas, mas, não em número suficiente e nem na mesma quantidade das escolas fechadas. Os depoentes relatam os constrangimentos ante o desconhecimento da língua portuguesa.

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Estratégias e práticas culturais de um colégio americano no interior paulista

Cesar Romero Amaral Vieira [email protected]

Thais Gonsales Soares [email protected]

Esta comunicação insere-se no âmbito de um projeto de pesquisa, financiada pelo CNPq, que investiga a origem e trajetória histórica do Colégio Piracicabano, uma instituição escolar de tradição protestante, criada por missionárias norte-americanas no ano de 1881, com especial atenção para as duas últimas décadas do século XIX. As investigações desenvolvidas no âmbito do projeto se articulam de modo orgânico com a presente comunicação e tem como eixo norteador o mesmo escopo teórico- metodológico fornecido pelo campo historiográfico da História Cultural. Acredita-se que a analise dos processos de organização escolar e da consequente produção de culturas escolares geradas nas tessituras do contexto investigado, seja uma forma de colaborar com as recentes pesquisas no cenário educacional piracicabano e brasileiro e, particularmente, nos aproximarmos de uma identidade cultural e educacional, de forma mais abrangente, da instituição escolar investigada, conforme descrito por António Nóvoa (1998), Justino Magalhães (1999) dentre outros. O objetivo que norteia o projeto de pesquisa maior é a busca pela compreensão da significação que o Colégio Piracicabano representou no período histórico analisado, no duplo sentido atribuído por André Chervel (1990), não só no que tange a formação de indivíduos esclarecidos, mas também perceber sua contribuição na transformação de uma cultura cujos lastros ainda estavam arraigados a práticas tradicionais de organização da vida material, por meio da circulação de novos saberes e de novas práticas escolares e sociais. Diante dessas considerações, a presente comunicação priorizará as práticas socioculturais empreendidas pelo Colégio Piracicabano, por intermédio de

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sua fundadora, a missionária norte-americana, Miss Martha Hite Watts. Dar-se-á destaque para as estratégias de produção cultural no intercâmbio com a sociedade piracicabana a partir das atividades (fazeres extraordinários) acadêmicas, cívicas, artísticas e religiosas percebidas no resgate das narrativas históricas produzidas pelo principal veículo público de comunicação da cidade, a Gazeta de Piracicaba, e por outras fontes documentais. O trabalho de pesquisa empregado para a realização desta comunicação se norteará, com especial atenção, pelas abordagens investigativas propostas por autores tais como Anne- Marie Chartier, Roger Chartier, André Chervel e António Nóvoa; e por uma linha metodológica que descreva o particular, explicitando suas relações com o contexto econômico, político, social e cultural, evitando-se assim o aprofundamento das particularidades escolares em si mesmas sem a devida relação com o pluralismo e dinamismo da totalidade histórica, conforme nos alerta Paolo Nosella e Ester Bufa (2009).

Expansão da escola primária no estado do Rio de Janeiro: 1930 a 1955

Irma Rizzini [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo investigar o processo de expansão e interiorização do ensino primário e profissional no Estado do Rio de Janeiro, no período de 1930-1955. O eixo central da pesquisa é o estudo das políticas de institucionalização da escola a partir das ações governamentais. O corpus documental é composto por fontes oficiais, tais como Relatórios de Interventores do Estado (1930-1937), Mensagens de Governadores à Assembleia Legislativa do Estado e Relatórios das Diretorias de Ensino e do Departamento de Educação (1940-1955), Legislação do Ensino (Leis e Decretos do Estado do Rio de Janeiro, 1935-1955), além de cartas, correspondências, fotografias, relatórios e outros documentos que integram o acervo privado de Amaral

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Peixoto, preservado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea (CPDOC/Fundação Getúlio Vargas). A perspectiva teórico-metodológica que orienta a análise aposta no aprofundamento da interface entre a história da educação e a história política, nacional, regional e local, operação que nos permite compreender como as disputas intra-elites republicanas estaduais e federais interferiram nas reformas e nas políticas educacionais do período. O estudo se insere em projeto nacional de investigação mais amplo, que visa a refletir sobre a história da escola primária no Brasil, envolvendo a atuação dos poderes públicos, por meio de programas, reformas educacionais e expansão do ensino e as diferentes modalidades de escolas primárias existentes nas zonas urbanas e rurais. Assim, pretende-se abarcar diferentes modalidades de escolas - grupos escolares, escolas isoladas e reunidas - dando especial atenção à escola primária rural. O trabalho aponta para conclusões preliminares que corroboram a hipótese de que o modelo da escola graduada, reforçado pela criação dos grupos escolares no início do século XX, no Estado do Rio de Janeiro, expandiu-se na capital Niterói, mas também compunha a política de interiorização da escola, com a criação dos grupos, nas cidades do interior, e das Escolas Típicas Rurais, nas áreas rurais de 40 dos 52 municípios fluminenses. Coexistiram três modalidades de escola primária – a escola isolada, o grupo escolar e a escola típica rural. A educação rural foi vista como um meio de contenção do fluxo migratório, de saneamento do interior e de formação técnica. A expansão expressiva de escolas primárias, urbanas e rurais, nas décadas de 1940 e 1950, foi resultado de vários esforços articulados envolvendo os poderes públicos estaduais e o governo federal, por meio da atuação do Ministério da Educação e do Departamento de Educação do Estado, e as organizações da sociedade civil. Compreender as políticas estaduais para a expansão da escola primária, e em que condições ela se torna acessível à população rural e à das cidades do interior, é uma das finalidades dessa proposta.

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Extensão na Universidade Federal do Paraná: constituição histórica

Nadia Gaiofatto Gonçalves (UFPR) [email protected]

Carina Silva Vieira Santos (UFPR) [email protected]

Este trabalho trata da constituição histórica da Extensão Universitária na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O recorte temporal inicial é 1940 com ações pontuais no formato de cursos e prestação de serviços, e o final, 2011, momento em que é aprovada a última e atual Resolução que rege as atividades de Extensão da UFPR. Foram utilizados referenciais da História e da História da Educação (como Marc Bloch; Luciano M. Faria Filho e Diana G. Vidal; e Dario Ragazzini). Os conceitos de representação e de apropriação de Roger Chartier foram utilizados, pois envolvem a questão das leituras, dos entendimentos possíveis, e das diferentes formas que uma realidade é dada a ler, assumindo-se que as percepções dos sujeitos sociais não são neutras, dependendo do contexto em que foram elaboradas, e derivando delas as suas práticas. Foram consideradas fontes escritas institucionais, como subsídios sobre as concepções e políticas de Extensão nesta instituição. As principais fontes encontradas e utilizadas como referências neste trabalho foram Leis e Decretos federais, Estatutos e Regimentos da UFPR, Resoluções do Conselho de Ensino Pesquisa (e Extensão) e atas do Comitê Assessor de Extensão. Ao contemplar distintas fontes, pretendeu-se identificar percepções e representações acerca da Extensão na UFPR, ao longo do tempo, com suas apropriações particulares das diretrizes de âmbito nacional, em função do contexto local. Como resultados é possível destacar que a inserção da Extensão em instâncias e espaços da UFPR se deu de forma gradativa, com tensões e conflitos ao longo do tempo, devido a distintas concepções que coexistiram e que ainda coexistem. Foram identificados três importantes momentos históricos na trajetória da

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Extensão no Brasil, e na UFPR. No primeiro, ela é realizada por meio de cursos e conferências oferecidos à comunidade, bem como prestações de serviço e atividades de divulgação artística e cultural. Nele, a proposta era levar o conhecimento e a técnica produzidos na UFPR, para os demais segmentos da sociedade, externos à instituição. O segundo momento teve como base os Programas Nacionais de Extensão, relacionados à política de desenvolvimento e de segurança nacional do país. No terceiro, esta perspectiva foi gradativamente substituída pela ideia da intelectualidade orgânica e posteriormente pela concepção dialógica à luz de Paulo Freire; deslocando então o foco para a transformação social, firmando compromisso com a sociedade e com o processo ensino- aprendizagem, numa perspectiva, mais recente, de desenvolvimento social e sustentável. Este último período foi marcado pela discussão do papel da Universidade pública frente ao seu compromisso social, marcado pela Constituição de 1988, que estabelece o princípio da indissociabilidade. Nele, buscou-se consolidar a importância formativa da Extensão, e a necessidades da sociedade, tendência que vem se fortalecendo institucionalmente.

Formação docente no contexto dos acordos internacionais

Fátima Pacheco de Santana Inácio [email protected]

A pesquisa trata das articulações realizadas entre o Brasil e os Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, dentro dos Acordos MEC-USAID, voltadas para a formação de professores. A implementação desta ação permite a visibilidade das primeiras incursões realizadas pelos Estados Unidos, no sentido de implantar uma política educacional voltada para a América Latina. Destacando os meandros desse acordo por meio das palavras do Professor Abgar Renault; da criação do Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar (PABAEE), de seu funcionamento e posterior influência sobre os Centros de Formação de Professores Primários, criados em

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Goiás. A preocupação com a formação de professores é engendrada na ideologia do capital humano, forjada para dar sustentação ao modelo tecnicista de sistema educacional, o qual deveria ser efetivado pelos considerados países economicamente subdesenvolvidos, com a promessa do alcance de seu desenvolvimento, via escolarização das camadas populares. A intenção era criar um centro irradiador para a formação de uma nova sociedade brasileira, o que supõe um novo modelo de Homem e prescinde um novo modelo educacional, no caso, o modelo tecnicista. A questão não era simplesmente solucionar problemas educacionais locais, mas viabilizar, através de uma estratégia articuladora, seja da formação de alguns elementos diretamente vinculados às universidades norte-americanas, que para lá se deslocariam, receberiam as instruções consideradas por seus mestres como adequadas para que o objetivo do deslocamento fosse atingido, o de se tornarem os propagadores, multiplicadores dessa mesma formação, em seu país de origem. Outra frente a ser tomada era a da tradução de obras internacionais, principalmente norte-americanas que possibilitassem o acesso às consideradas novas teorias que dariam sustentação ao fazer pedagógico dos professores. A construção de políticas públicas pressupõe, na regulamentação do ensino, um afunilamento de projetos pedagógicos inibindo ou dificultando que o ambiente escolar possa ser enriquecido por diferentes concepções de ensino, os modos que essas concepções se filiam as maneiras distintas de compreensão/intervenção no social. O professor que, compreendendo maneiras distintas de estabelecer a relação ensino/aprendizagem, ficaria impossibilitado de optar por alternativas diferentes, tendo que considerar as que foram postas pela intervenção do Estado. O que fundamentava o interesse norte-americano na educação brasileira, prioritariamente, era o aprofundamento das relações econômicas entre os dois países. Aparentemente atendendo às reivindicações pela democratização do ensino, o Estado brasileiro pretendia, antes de qualquer coisa, preparar minimante mão-de-obra adequada ao estágio em que se encontravam as necessidades econômicas do país em articulação com o Estado Norte Americano, como garantia para a sua ascensão ao patamar de país em desenvolvimento.

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Gestão democrática: reflexões teóricas a partir da história

Adriana Mota de Oliveira Sidou (UECE)

O presente artigo tem como objetivo traçar uma retrospectiva histórica acerca da implantação do modelo de gestão democrática nas escolas brasileiras, destacando suas principais influências teóricas e contextualizando o surgimento desta política no seio do processo de redemocratização vivenciado pelo Estado brasileiro, após o último período ditatorial. O trabalho toma por base uma pesquisa teórico-bibliográfica, fundamentada na perspectiva onto-histórica de compreensão do real, sob a crítica marxista, que parte do movimento do real, para compreender os fenômenos da sociabilidade. É interessante observar que o termo gestão escolar passou a ser adotado no início da década de 1980, em substituição ao termo administração escolar. Nessa quadra histórica, também a defesa de muitos teóricos da articulação educação/revolução foi substituída pela articulação cidadania/democracia, postulando a via democrática para o socialismo, valendo notar que o discurso em torno da estratégia da cidadania e da ampliação dos direitos sociais como meio para se alcançar a “justiça social” teve suas raízes no final dos anos 50 do século passado. De todo modo, foi na década de 1980 que começou a ganhar força à tese relativa à gestão democrática no Brasil, tendo esta recebido status de política pública após a promulgação da Constituição de 1988 e, posteriormente, com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 1996. Nesta perspectiva, revisitaremos os princípios básicos da administração escolar, os da gestão escolar e, posteriormente, os da gestão escolar democrática, a partir dos dados apresentados por autores como Mara Lúcia R. D. Carvalho, Vitor Paro, Miguel Arroyo, dentre outros. Como considerações preliminares, levantamos, com base em uma análise histórico-ontológica, fundamentada em Marx e seus intérpretes como Ivo Tonet, os limites afetos à implantação da política pública de gestão democrática, pressupondo que esta mantém estreita relação com a crise do capital denominada por Mészaros

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como de caráter estrutural. Pelo mesmo prisma, questionamos a idéia de luta pela cidadania veiculada como sinônimo de luta por um mundo mais livre, justo, e humano, entendendo que o horizonte da cidadania configura apenas aquilo que Marx denominou emancipação política, o que lhe confere um caráter limitado, podendo ser esta apenas uma mediadora na luta pela superação do capital, a qual só se efetivara através do processo revolucionário. Desta forma, a sociabilidade democrática-cidadã não pode ser posta como objetivo maior da humanidade, quando se almeja a emancipação humana, possibilitada a partir de uma sociabilidade além do capital, superadas as relações de alienação no processo de produção, através do trabalho emancipado, caracterizado pelo domínio consciente e coletivo do processo social, tendo na educação uma mediadora importante no que se refere ao conhecimento como meio pelo qual podemos conferir à atividade educativa um caráter emancipador.

Grupo Padre Luiz Gonzaga - Bragança-PA: arquivos e fontes da História da Educação da

Amazônia, no século XX

Maria José Aviz do Rosário (UFPA) [email protected]

Maria de Fátima Matos de Souza (UFOPA) [email protected]

O trabalho objetiva apresentar análise das primeiras fontes sobre o Grupo Escolar Padre Luiz Gonzaga, de Bragança - PA. Pautou - se em dois propósitos, recuperação e disponibilização da história e memória dessa instituição escolar, de formação do povo bragantino, no Século XX e contribuição ao registro de fontes históricas das instituições escolares da Região Amazônica. A metodologia constituiu-se do levantamento e análise de fontes documentais, orais e iconográficas coletadas em arquivos públicos e no grupo. Na análise procurou - se articular o conhecimento mais geral sobre a formação educacional

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paraense e brasileira, fazendo-se aproximações de como foram forjadas as propostas educacionais no contexto bragantino por meio do grupo. A primeira etapa dedicou-se aos documentos escritos, Projeto Político Pedagógico e cadernetas escolares e a iconografia composta de retratos com os quais se pode compor as primeiras cenas da educação do grupo. Em seguida ouviu-se a segunda diretora, a segunda secretária e duas professoras da primeira geração. As análises apontam o grupo como instrumento de articulação da proposta de expansão da educação primária nos anos de 1960, já que sua criação, em 1962, atendia a reivindicação da nova população da cidade, composta de agricultores e pescadores dos campos, das praias e colônias que empurrados para os arrabaldes da cidade, exigiam do poder público, escola para seus filhos. A escola também era tida como modelo pedagógico em que prevaleciam o respeito e a disciplina; o amor à pátria incutido pelo cântico do Hino Nacional; a preocupação em não deixar criança sem estudar, por meio do famoso jeito, até que a superlotação da escola, em 1973, obrigou o poder buscar alternativa - transferindo parte do alunado para uma escola particular; a influência da igreja católica; pela catequese de responsabilidade da paróquia, por intermédio de um sacerdote, iniciava os alunos nos ritos da igreja, tendo como ápice a realização da primeira comunhão, onde se observa a divisão de classe, os pobres de uniforme e no final da fila e os “ricos” vestidos a rigor e perfilavam-se no início; a distribuição de merenda escolar, inicialmente proveniente das Cáritas Brasileira e mais tarde por doações de pessoas do bairro e; a indumentária das professoras, blusa branca e saia preta. ‘Era bonito de ver as professoras do Padre Luiz, com seus uniformes e orgulhosas da profissão’. A análise permite afirmar, os arquivos e fontes, apontam no grupo, vestígios de uma educação que acompanhou as mudanças ocorridas na sociedade brasileira e bragantina, às vezes sem se dar conta, ‘passamos do ensino velho (lei 4.024/61) para o ensino novo (lei 5.692/7 2), sem muitos traumas, foi tudo normal, como mandava a SEDUC’ e o retrato de uma das instituições escolares, do Século XX, mais importantes de formação, do povo bragantino, paraense e, por conseguinte, da Amazônia.

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Governar é abrir escolas: estado, civilização industrial e a expansão do ensino primário no

Brasil (1946-1964)

Flávio Anício Andrade [email protected]

O objetivo do presente trabalho constitui-se na análise do papel assumido pela escola primária como espaço privilegiado de conformação da população urbana e rural frente aos novos ditames postos pelo projeto de modernização do país entre 1946 e 1964. Com base na análise do conteúdo discursivo exposto em fontes primárias produzidas no período supracitado, aqui se discute as concepções e valores expostos por alguns dos principais atores políticos no interior do Estado bem como as iniciativas e projetos colocados em marcha por este último, relativos ao campo da formação escolar inicial da população brasileira, a fim de melhor compreender o sentido então assumido pelo movimento de expansão do acesso à escolarização por parte desta; processo este orientado pelo objetivo de formação de novos sujeitos participantes tanto da vida política quanto da vida produtiva do país. A Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), editada a partir de 1944 pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos constitui-se na fonte privilegiada da pesquisa tendo em vista sua função não apenas de órgão de divulgação das ações governamentais quanto de veículo de formação de opinião. Considera-se que no período histórico delimitado o campo educacional assumirá uma relevância inédita, na medida em que o processo de urbanização do país concomitante à assunção da indústria como eixo dinâmico da economia veio a demandar a expansão quantitativa e qualitativa da escola primária a fim de se alargar a base humana potencialmente apta a contribuir para o desenvolvimento do país. Dessa forma, a par da necessidade de se garantir a formação de novos técnicos, a importância formativa possuída pela educação escolar primária não escapava aos ocupantes dos postos decisórios no interior do Estado. O Governo Federal, em especial no período compreendido entre o fim da ditadura varguista e o fim do

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interregno democrático que a sucedeu, tomará a inédita iniciativa de expansão da rede de escolas primárias em larga escala. Conclui-se que as iniciativas referentes ao ensino acessível à maior parte da população visaram fundamentalmente educar o conjunto da população brasileira no sentido da incorporação de novos hábitos e atitudes típicos do que poderíamos denominar uma “civilização industrial”, a qual deveria suplantar os vícios arcaicos característicos de uma sociedade de base agrária. A educação escolar primária, neste contexto, foi projetada para se constituir em espaço privilegiado de disseminação de novos conhecimentos, hábitos e atitudes que se configuravam como necessários frente ao objetivo de construção de uma nova ordem social orientada pelos valores e pela racionalidade característicos dos modernos espaços produtivos de natureza industrial. Sendo assim, os espaços formais de aprendizagem passaram a ser pensados como estratégicos, na medida em que a eles foi atribuída a tarefa de criação dos futuros “construtores” e “condutores” da nação.

História da educação brasileira: como se constituiu a juventude na legislação

educacional do país (1940 – 2012)Luani de Liz Souza (UDESC/PPGE)

[email protected]

Celso João Carminati (UDESC/PPGE) [email protected]

O objetivo deste trabalho é abordar os modos de constituição da categoria social – juventude na história da educação do país. Partiu-se do período pós manifesto do movimento escolanovista por considerar que houve nesse momento da história uma reorganização das estruturas institucionais da educação, como também surgem legislações, decretos e resoluções que direcionam para uma prática escolar diferenciada e para normas que delimitam a organicidade do sistema escolar brasileiro. As questões que mobilizaram esse trabalho circunscrevem o entorno da ausência

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ou da invisibilidade do sujeito escolar jovem nomeadamente na legislação da educação brasileira. A indeterminação ou a invisibilidade do jovem no sistema escolar parece ter sido durante anos significada na cultura escolar, onde o jovem era um “devir social”, e não era um sujeito escolar. Para Sacristán (2005) é na obrigatoriedade do ensino que se inventa o aluno e se ordena um projeto cultural e social em que a sociedade conferiu a escola. Fundamentamos nossas análises nos diálogos de Sacristán (2005) tanto nas relações das práticas educacionais como na invenção do sujeito escolar, que a despeito da abordagem histórica recorre aos estudos da historiografia da educação sobre o ensino secundário , e como fontes elencou-se as Leis de Educação do período de 1940 a 2012 que indicam na organicidade da legislação um novo olhar para um grupo social que segundo um ordenamento social de desenvolvimento do país, parece agregar aos jovens uma identidade e/ou representação de uma juventude de progresso e ordem na sociedade. Além da legislação de educação, abordamos alguns tópicos relevantes na Constituição Federal a partir de 1946 que indicam um (re) conhecimento dessa categoria social no país. Os apontamentos históricos que delimitam a conceituação e a constituição do jovem escolar são cheios de abreviaturas políticas e sociais, haja vista que se trata de um grupo social de significação para o desenvolvimento do país. Notou-se que durante o período em analise, houve drásticas intervenções entre a legislação educacional e as políticas públicas sociais que se apropriam de uma ordem cultural e social de abrangência dos sujeitos que compõem essa categoria social. Todavia, a identificação e a constituição desses sujeitos jovens ou o (re) conhecimento dessa categoria social parece ser evocada diretamente por critérios e instituições econômicas e políticas que homologam um projeto educacional e de jovem do país.

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Ideias sobre instituições de ensino para a infância menorizada nos congressos do centenário da independência do Brasil

Fernando Rodrigo dos Santos Silva (PUC-Rio) [email protected]

O presente artigo se propõe analisar nos documentos referentes ao I Congresso Brasileiro de Proteção à Infância e ao Congresso Jurídico Comemorativo da Independência do Brasil, ambos de 1922, as representações sobre instituições para menores defendidas pelos seus signatários. A ideia é apreender nos relatórios de teses dos referidos congressos como que juízes e médicos buscavam desenhar nos anos de 1920 imagens para estas instituições, justificando a sua importância e o tratamento oferecido por elas, balizado por modelos científicos estrangeiros. Vale ressaltar que esta década foi o período de criação de um aparato jurídico que visou assistir e proteger esta infância, o Código de Menores, de 1927, em tramitação no Legislativo. Tomo como objeto de análise os relatórios de teses destes dois congressos, por entender que neles se “teatralizava um projeto de nação” (KUHLMAN JR, 2001), que colocava o Brasil no rol das nações modernas do ocidente. Busco analisar estes documentos com base no referencial teórico-metodológico da historia do discurso, defendida por POCOCK (2003), que privilegia o contexto linguístico e aponta para um uso variado de diferentes vocábulos. A abordagem que privilegia o contexto linguístico propõe deslocar-se de uma historia do pensamento (desencarnado) para uma história do discurso (encarnado em atos de fala). O risco de uma abordagem baseada na tradicional história das ideias políticas, que ignora o contexto de produção dos discursos, é incorrer no anacronismo, pois é grande a tentação de imputar aos autores intenções e significados que jamais tiveram ou poderiam ter tido, em seus contextos originais de produção. O objeto da investigação já não é a sentença propriamente dita, mas o uso da linguagem em um determinado contexto, para uma dada finalidade e em concordância com certas normas e linguagens. Dessa forma, aponto como uma característica dos trabalhos apresentados nestes congressos,

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o uso variado de diferentes vocábulos para categorizar estas instituições. Soma-se ainda, uma imprecisão na indicação da profilaxia adequada para o tratamento da criminalidade infantil e esboça-se como hipótese uma suposta fragilidade conceitual deste grupo que vindo de diferentes regiões do Brasil e ocupando diferentes posições intelectuais e políticas no espaço público brasileiro, utilizaram estes eventos para ratificar um consenso sobre a importância dos estabelecimentos de ensino, porém, sem ao menos definir com clareza a distinção entre ensino e educação. Indico proposta de pesquisa sobre o tema e Proponho que tal imprecisão conceitual seja apreendida como resultado de um esforço de síntese em um contexto de reforma penológica.

Igualdade na fronteira: as escolas coloniais de Belo Horizonte no início do século XX

Maysa Gomes Rodrigues (UFUMEC) [email protected]

O objetivo deste trabalho é aprofundar a discussão sobre os processos de escolarização das crianças filhas de imigrantes em Belo Horizonte, a partir da abordagem das escolas dos cinco núcleos coloniais criados na periferia da cidade, no início do século passado. Construída para ser a capital da República em Minas Gerais, esta cidade recebeu um grande contingente de imigrantes italianos, que participaram de sua construção. Entre as alamedas da nova capital, entre a vida e o trabalho, os processos de ordenação e regulação dos espaços e da educação resultaram em uma rede colonial e escolar na periferia da cidade, em suas fronteiras de então. Esta rede colonial e escolar foi de grande importância para a educação em Belo Horizonte, no que tange ao atendimento de sua demanda escolar. Temos assim a conjugação de dois fatores de análise: colonização e educação. Neste contexto, indagamos: como as escolas coloniais de Belo Horizonte atuaram no sentido de promover a identidade étnica ou a assimilação do imigrante? Para responder esta questão realizamos pesquisa histórica de fontes documentais, tais como legislação, relatórios de inspeção de ensino, mapas escolares, e outros documentos relativos à colonização do acervo do Arquivo Público Mineiro. Duas características importantes são explícitas

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na documentação que regulou a imigração em Minas Gerais, quais sejam: os objetivos de assimilação do imigrante e o povoamento do território. Em diversas fontes estes objetivos foram ressaltados, e é a partir deles que realizamos a análise aqui proposta. A heterogeneidade e a pluralidade das relações sociais estabelecidas se apresentam como elemento constituinte da realidade na história da educação brasileira. Neste contexto, ressaltamos dois aspectos. O primeiro, que diz respeito à etnia e à identidade étnica no âmbito das relações sociais, para o qual utilizamos por referências autores que abordam a questão da etnia como “condição relacional”, ou seja, construída socialmente. E o segundo aspecto que considera a “assimilação” do imigrante, que também se constrói nas interações e práticas sociais, e se apresenta em contraposição à manutenção de uma identidade étnica, na medida em que compreende o processo de integração do imigrante à cultura do país que o recebe e onde este passa a residir. Na análise da educação, as relações estabelecidas, que podem ser ou não mediadas pela etnicidade, têm lugar também na escola, instituição social que é. Mas, o fato de não ter havido um único tipo de escola para imigrantes, e também pelo fato de que muitos freqüentaram escolas públicas, o aprofundamento desta investigação permite compreender estes aspectos vinculados às políticas de imigração e educação e a consecução de seus objetivos em relação aos imigrantes e sua educação.

Indicadores de qualidade da educação no Brasil: um estudo a partir da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos

(1944/1971)

Berenice Corsetti (UNISINOS) [email protected]

A temática da qualidade da educação não é nova e apresenta tanta atualidade como no início do período de nosso estudo, com a inclu são da educação no projeto republicano de modernização do país. Alteraram-se os contextos sociais e políticos, sobretudo no momento atual, em que, na era da informação, ter acesso à educação ou não, faz uma abissal

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diferença. A discussão em torno desse tema ganhou maior relevância nas últimas décadas, em função das transformações ocorridas no mundo do trabalho, bem como das lutas sociais em favor de uma educação de qualidade para todos. Nesse cenário, o debate em torno dos indicadores que podem possibilitar a aferição da qualidade educacional vem acompanhando a discussão mais ampla sobre seu significado e sobre os processos para sua concretização. O trabalho que apresentamos relaciona -se à pesquisa que vimos realizando e que trata de temática relacionada à História da Educação Brasileira, de forma mais específica vincula-se às investigações que problematizam a qualidade da educação, numa perspectiva histórica. Vincula -se à discussão da história das políticas educacionais em nosso país, na medida em que tem como escopo a identificação e a discussão dos indicadores de qualidade da educação nacional, utilizados para definir e/ou mensurar a qualidade da educação, no período escolhido. Esta proposta, portanto, integra a investigação das raízes históricas da definição e adoção de indicadores que pretendem expressar a qualidade da educação promovida por nossas escolas. Para tanto, tomamos como fonte a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP). Neste momento apresentamos os resultados parciais relativos ao período de 1944 a 1971. O recorte temporal se justifica por ser, o ano de 1944, o de fundação da revista e, 1971, por ser o ano em que é veiculado, na RBEP, o artigo de autoria de Anísio Teixeira, importante colaborador da Revista, intitulado: Educação: suas fases e seus problemas, pouco depois de sua morte. A RBEP surge sete anos após a criação do Inep, por sugestão do ministro Gustavo Capanema ao então diretor do Instituto, Lourenço Filho. Este educador, tanto como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, percebia a importância de instrumentos editoriais para a divulgação de idéias e formação de um pensamento crítico e transformador. Temáticas palpitantes, relevantes e polêmicas passaram a fazer parte das páginas desse importante periódico, fonte significativa para os estudos da história da educação brasileira. A análise documental, como estratégia metodológica, terá seu desdobramento nos marcos da metodologia histórico-crítica, procurando articular texto e contexto, analisando os documentos históricos que se constituem em fontes para o trabalho numa perspectiva dialética.

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Instituto Ferreira Vianna - escotismo e educação: o projeto civilizador republicano no

interior da escola (1929 – 1939)

Mariza da Gama Leite de Oliveira (PPGE/UFRJ) [email protected]

O artigo tem por objetivo analisar as relações entre Escotismo e Educação na década de 1930 no Rio de Janeiro (distrito federal), a partir de documentos do centro de memória do Instituto Ferreira Vianna - instituição criada em 1888, logo após a Abolição da Escravatura, pelo então Ministro da Justiça Antônio Ferreira Vianna, como parte de um projeto de repressão à ociosidade na cidade do Rio de Janeiro, que recebia meninos carentes de seis a doze anos, sob o regime de internato. Elege-se o período de 1929 a 1939 por tratar-se do período em que atuaram na instituição dois sujeitos que viabilizaram o projeto civilizador republicano no interior da escola, que se refletiu nas práticas escolares voltadas para a militarização da infância. São eles o diretor José Piragibe e o professor de educação física Gabriel Skinner. O Instituto Ferreira Vianna foi escola experimental para a implantação do projeto Escola Cidade na gestão do diretor José Piragibe (1929-1933), que consistiu na criação de departamentos de serviços, retratando uma cidade, cujos habitantes e servidores eram os próprios alunos. O professor Gabriel Skinner organizou a Guarda Civil em 1931, como parte do projeto, e em 1933 fundou a “Associação dos Escoteiros Ferreira Vianna”, que no mesmo ano foi filiada à Federação dos Escoteiros do Brasil, da qual o professor era vice-presidente, dando-se em 1939 o seu desligamento do Instituto. Os principais conceitos desenvolvidos no artigo são Nacionalismo, Modernidade e Cultura Escolar, com a contribuição de Marly Motta (1992), Gomes (1982), Lúcia Lippi (1982) e Vidal (2004), dentre outros. As principais fontes pesquisadas são ofícios entre o diretor da instituição e a Diretoria de Instrução Pública, bem como correspondências que demonstram o quanto a tropa de Escoteiros projetou o nome da instituição em diversos eventos dos quais participava. Também é analisado como fonte um

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estudo desenvolvido por Hilgard Sternberg (1939) quando concorria ao concurso de inspetor regional de ensino para o Estado do Rio de Janeiro, no qual defende a importância da educação extra-escolar e de adultos proporcionada pelo Escotismo. Tal fonte pertence ao acervo do CPDOC/FGV. A pesquisa está vinculada ao grupo de pesquisa coordenado pela professora Dra. Irma Rizzini - “Centro de Memória Ferreira Vianna: documentos, ensino e infância trabalhadora no Rio de Janeiro (1888 – 1942)” (PROEDES/FE/UFRJ), e representa parte da proposta de estudo em andamento desta pesquisadora, no período do seu doutoramento em Educação (2011 – 2014).

Inovação pedagógica na escola primária na década de 1960

Cleonara Maria Schwartz [email protected]

O trabalho investigou materiais e métodos de ensino tido como inovadores para a educação primária, na década de 1960, no Brasil. Nessa década predominava o modelo de educação da escola graduada que se instalara no país desde o século XIX. Esse modelo estava sendo balizado pela Constituição Federal, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação e por Leis estaduais que referendavam princípios liberais de educação presentes em legislações anteriores como gratuidade, obrigatoriedade e descentralização de responsabilidades entre União e Estados. Mesmo com o Golpe Militar, esse modelo e tais princípios continuaram a reger a educação primária brasileira até o final da década de 1960. Havia a crença de que o Plano Nacional de Educação (PNE) contribuiria para o alcance da melhoria do ensino e para solucionar os problemas de desempenho escolar. Não foi isso o que aconteceu. Princípios liberais e ideário da Escola Nova que fundamentavam as prescrições não garantiram que a escola primária, na década de 1960, se livrasse da imagem de baixa produtividade. Relatórios de governo e estudos publicados na Revista Brasileira de Estudos

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Pedagógicos (RBEP) apontam que as causas atribuídas à baixa produtividade eram: currículos e programas extensos, mal dosados, não levando em conta as condições e a carga horária disponível; sistemas de promoção que exigiam padrões demasiado elevados; falta de preparo dos professores; duração insuficiente na maioria dos Estados; e carga horária insatisfatória. Havia a circulação da ideia de que melhorias de ensino se dariam pela aquisição de materiais didáticos modernos. Mas o que era entendido como material didático moderno na década de 1960? Eram materiais relacionados a métodos de ensino que se distanciavam dos que até então eram utilizados nas décadas anteriores? Eram materiais que introduziam inovações? O que estava sendo considerado como Inovação? Quais seriam esses materiais e esses métodos tidos como modernos na década de 1960? Tais questões são respondidas com base em fontes como imprensa periódica educacional, mensagens e relatórios de governo, materiais didáticos, documentos produzidos no âmbito do Centro Brasileiro de Pesquisa Educacional (CBPE) e do Centro Regional de Pesquisa Educacional (CRPE) de São Paulo. O diálogo com as fontes foi pautado em princípios teóricos e metodológicos da Nova História e nas reflexões de Roger Chartier e Michel de Certeau. Conclui-se que materiais e métodos de ensino modernos seriam aqueles que levassem em conta a especificidade do desenvolvimento intelectual das crianças no que diz respeito à capacidade de percepção de totalidade das coisas e das situações em detrimento de elementos isolados de um contexto. Seria uma proposta metodológica que valorizasse uso de recursos didáticos diversificados como laboratórios, materiais audiovisuais, trabalhando com atividades extraclasse e práticas esportivas. O discurso em defesa do ensino globalizado indicia apropriações por parte de agentes responsáveis pela condução da política educacional de princípios da teoria da Gestalt que, nas décadas de 1950 e 1960, passou a ter circulação no Brasil como contraposição a psicologia behaviorista.

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Instrução elementar na província mineira de 1822 a 1834: notas sobre o

financiamento público

Vania Rosaura de Lima Castro (FAPEMIG/ FAE/UFMG/UFSJ) [email protected]

Este estudo aborda questões relativas à busca de sistematizar e interrogar a construção da instrução pública brasileira na implantação de processos de universalização, que serviriam como orientador daquelas sociedades empenhadas com o paradigma da modernidade. Dentre as problematizações levantadas, destaca-se a importância do quanto custou aos cofres públicos imperiais e o quanto arrecadou com o fim à organização da instrução pública que possibilita a convivência das aulas régias com o ensino elementar e a legalidade dos procedimentos como base da construção do orçamento público imperial. Para tanto, aproxima da Constituição do Brasil de 1823; da lei de 15 de outubro de 1827; da lei de 14 de novembro de 1827; da lei 15 de dezembro de 1830; da lei de 24 de outubro de 1832. Neste sentido, o artigo de Luciano Mendes de Faria Filho, Os projetos de Brasis e a questão da instrução no nascimento do império, publicado na obra organizada por Tarcísio Mauro Vago, Intelectuais e Escola Pública no Brasil: séculos XIX e XX, referencia que a estruturação do Estado Nacional brasileiro criou um novo modo de atuação do Estado na instrução pública, tendo as leis como reguladora da sociedade. A metodologia adotada foi à análise documental. Os procedimentos metodológicos foram apontamentos sobre as receitas e as despesas da instrução pública nos balancetes, balanços e orçamentos do contido nas documentações no Fundo de Fazenda Provincial, Arquivo Público Mineiro (APM), Notação FP 3/1 – Caixas 01 e 02; leitura e anotações sobre a instrução elementar e a composição orçamentária retiradas das Leis do Império de 1822 a 1834 e categorização dos dados coletados. No que se refere aos principais resultados, observa-se que durante o primeiro reinado,

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1822 a 1831, a escrituração feita no Tesouro Nacional e nas Juntas de Fazenda eram regidas por leis dos tempos coloniais, algumas por cartas régias e sem escrituração regular, convivência entre o feito e o a fazer e a construção da organização dos orçamentos com o Ministério do Império. Foi, então, percebido um aprendizado na construção dos controles para a elaboração dos dois primeiros orçamentos provincial mineiro ao longo do período de 1822 a 1834, permanecendo em evidência o crescimento com os gastos e a alocação de recursos para o ensino elementar.

Instrumento de civilidade e progresso: instrucção primária em Santa Catharina e São

Paulo (1920-1935)

Virgínia Pereira da Silva de Ávila (PPGEE/UNESP) [email protected]

Este texto integra o conjunto de estudos em âmbito nacional que têm se dedicado a compreender o processo de institucionalização do ensino primário rural no Brasil, centrando- se, de forma especifica, na análise dos condicionantes históricos, políticos e sociais que presidiram a formulação das políticas educacionais nos estados de São Paulo e Santa Catarina, no período de 1920 a 1935. Tencionou, ainda, cotejar a circulação de modelos de educação primária rural difundidos no campo educacional brasileiro e internacional – e as apropriações realizadas por educadores e legisladores em ambos os estados. Com referência ao levantamento das fontes e procedimentos de pesquisa, opta-se pela legislação educacional dos estados de Santa Catarina e São Paulo: leis e decretos que regulamentam o ensino primário; resoluções; portarias e circulares; anuários de ensino, anuários estatísticos, relatórios, revistas, obras de época, entre outros, por meio das quais se buscou analisar e comparar as semelhanças, diferenças e especificidades na organização e funcionamento do ensino primário rural, especialmente nos aspectos relativos à duração do curso, período

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escolar, métodos e programas. Em relação à delimitação geográfica, esta se deveu a uma razão bastante peculiar, em se tratando do estado catarinense, os modelos de reformas adotados se inspiraram em experiências desenvolvidas em outros estados, particularmente em São Paulo cujos métodos e a organização do ensino eram reconhecidos como os mais aperfeiçoados. Na década de 20 do século XX consolida-se no país o debate sobre a escola primária rural destacando-se as proposições iniciais do ruralismo pedagógico em contraposição a proposições de escola comum. Nos anos 30 a educação rural ganha centralidade de fato, o governo passa a tratá-la como questão social e pela primeira vez conta com um capítulo dedicado ao tema na Constituição de 1934. Essa delimitação temporal possibilita compreender o lento caminho percorrido no Brasil em direção à construção de uma política nacional de educação rural. Dessa maneira, este texto pretende distinguir o que é próprio e especifico de cada uma das regiões estudadas, mas, sobretudo, revelar a pluralidade de sentidos culturais e históricos que conferiram a esses estados modos universais e ao mesmo tempo tão particulares de pensar e organizar o ensino primário rural. Para este fim, adota-se a matriz interpretativa de Roger Chartier, para quem não há prática ou estrutura que não seja produzida pelas representações, “contraditórias e afrontadas”, pelas quais os indivíduos e os grupos dão sentido ao mundo. O estudo se insere no campo da História e Historiografia da Educação, mais especificamente relacionado à História Cultural e opera a análise comparativa a partir da recomendação feita por Jacques Le Goff (2005) e da metodologia proposta por Jürgen Schriewer (1993; 1995; 2002; 2003). O primeiro defende a ideia de se realizar o aperfeiçoamento de métodos de comparatismo, isto é, comparar apenas o que é comparável e evitar definições demasiado amplas que coloque sob um mesmo rótulo realidades distantes no tempo e no espaço e que não dependam de sistemas históricos comparáveis. O segundo, parte do princípio de que a investigação comparada deve assumir a função de estabelecer metodicamente uma ponte entre o universal e o particular.

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Intelectuais, instrução e esfera pública no Brasil império: uma análise do pensamento

político e educacional de Tavares Bastos

Jean Carlo de Carvalho Costa (CE/ PPGE/ PPGS/UFPB) [email protected]

Ingrid Karla Cruz Bizerra (PIBIC)

Esta intervenção deriva de atividades de investigação e diálogo internos aos Grupos de Pesquisas que têm se debruçado, no âmbito da Universidade Federal da Paraíba, sobre a História da Educação e as suas interfaces, entre elas, o papel desenvolvido pelos intelectuais nas discussões e no implementar de mudanças na vida social no Brasil, a saber: História da Educação no Nordeste Oitocentista (GHENO), Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR) e, de forma particular, no Projeto PIBIC-UFPB 2010/2011. A ideia central desse trabalho está situada na esteira de tradição recente que se debruça sobre a temática, muitas vezes, inescrutável em certos contextos de pesquisa qual seja a reflexão crítica sobre o pensamento produzido em solo nacional relativo à sua formação histórica e, em especial, a discussão em torno das relações constitutivas à produção dessas ideias e a sua consequente gestação na esfera pública (HABERMAS, 2003) em seu diálogo crítico com o Estado. Do ponto de vista teórico, compreendemos os intelectuais como sujeitos e objetos do processo histórico, cuja ferramenta guia se encontra atrelada ao que hoje se denomina História dos Intelectuais e à figura de Jean-François Sirinelli (1993,1998) junto às suas ideias de estruturas elementares de sociabilidade, microclima e de rede, as quais nos auxiliam a avaliar os processos de produção e circulação das ideias de indivíduos envolvidos em processos de mudança, de reformas sociais e da constituição da esfera pública no Brasil. A partir do engajamento propiciado pelas atividades citadas, muito nos interessou o intelectual alagoano Aureliano Cândido Tavares Bastos (1839-1875) por observar que este personagem atravessa parte importante da história imperial brasileira inserido em debates sobre questões presentes na agenda política desse período. Como figura de transição e grande

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organizador dos temas centrais que circularam no Brasil Oitocentista, Bastos trata de vários elementos referentes à instrução, considerada como elemento fundamental de uma proposta de reforma moral da sociedade. Foi deputado pela província de Alagoas e como escritor produziu grandes obras. Tavares Bastos tem sido revisto em trabalhos recentes (MORAIS FILHO, 2001; SILVA, 2005; GONÇALVES, 2008; SOUZA, 2010), o que demonstra a importância de seu diagnóstico sobre o nosso atraso. Dentre as obras produzidas pelo autor, debruçamo-nos em Os males do Presente e as esperanças do futuro (1861), Cartas de um solitário (1861-1862) e A Província (1870). O nosso objetivo central foi efetuar analisar esse diagnóstico utilizando como chave de leitura central a sua assimilação da instrução como elemento fulcral à inserção no país na modernidade, derivando daí uma série de propostas para a reordenação do ensino, talvez o elemento mais singular de sua trajetória. Atrelado a estas fontes utilizamos livros e artigos científicos que nos ajudaram a compreender o contexto da época, assim como o papel da instrução no círculo de ideias do período e o lugar desta para o publicista em questão, a qual, do nosso ponto de vista, está fundamentalmente alicerçada na ideia central de liberdade.

Livros didáticos de história para o ensino médio: abordagens e silêncios sobre as

questões de gênero

Ana Maria Marques (UFMT) [email protected]

Analisam-se para este trabalho um conjunto de livros didáticos de História recomendados pelo Ministério da Educação do Brasil, através do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM), publicados em Portaria ministerial n.907, de 13 de abril de 2006. São obras didáticas para uso dos três anos regulares do Ensino Médio – última etapa da Educação Básica. O Programa Nacional do Livro Didático, um desdobramento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.9394/96, desde 1997 tem se ocupado da avaliação e divulgação dos pareceres que orientam listas de recomendações de

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livros a serem adotados pelas escolas públicas brasileiras. Inicialmente, apenas livros de séries iniciais do Ensino Fundamental foram objetos de preocupação das comissões técnicas. Em 1999 as equipes técnicas do MEC analisaram um conjunto de obras didáticas de séries finais do Ensino Fundamental que resultaram nos Guias de Livros Didáticos divulgados em 2004 e 2005. Em 2004 iniciou-se, também, o Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio, voltado para as regiões norte e nordeste. No ano seguinte, extendido para todo o Brasil, o Programa permitiu distribuir livros de Português e Matemática para as demais regiões. Em 2006, então, foi a vez dos livros de História e Geografia para o Ensino Medio. Em 2009, um recorde de distribuição: 103 milhões de livros didáticos foram entregues gratuitamente para alunos de 140 mil escolas públicas brasileiras de Ensino Fundamental e Médio – uma operação de logística que rendeu aos Correios um prêmio internacional (Revista Veja, ed. 2104, 18 de março 2009). Esta pesquisa busca analisar como os livros têm abordado as relações de gênero e, se silenciam, em que conteúdos permitem tal abordagem, qual seja, em filmes sugeridos, imagens, documentos históricos, textos complementares, sugestões de visitas/aula de campo ou outras inferências de aprendizagem para além do livro. A pesquisa, todavia, busca também indagar “os silêncios” das mulheres na História e destacar algumas personagens, na perspectiva dos estudos de gênero que aparecem com mais frequência nos livros didáticos. Pretende-se refletir sobre como algumas mulheres se consagram, muitas vezes numa perspectiva universalista, cujas referências encontram-se nas bases do positivismo. Seguindo essa tradição positivista, acaba-se por compor um rol de heroínas na historiografia, cujo mérito está quase em mostrar que elas podem ser como, tão ou melhor que os homens. Ou ainda, sua “face oculta”. A História está repleta desses exemplos: Joana D’Arc, o arquétipo do bem, e Lucrécia Borges, o do mal – como lembra Joana Pedro (2005). Para este trabalho analisam-se onze livros de três editoras: Moderna, Saraiva e Ática. Todas de São Paulo, onde se concentra o mercado editorial de produção de didáticos e especialmente essas são as maiores produtoras para o ensino de História.

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Memória e ideologia da sciência. Faculdade de medicina da bahia e as ideias sobre

progresso e desenvolvimento

Tânia Regina Braga Torreão Sá (PGMLS/UESB/ DCHL/UESB) [email protected]

Nesse trabalho discutiremos o papel do pensamento médico na configuração da imagem de uma nova “cidade da Bahia”, na transição do século XIX para o XX. A partir da análise da trajetória de um grupo circunscrito, porém atuante, de médicos que se autodenominam membros da “Escola Nina Rodrigues”, procuraremos traçar um painel que discuta a correlação entre as doutrinas assepsistas e a configuração do espaço urbano supramencionado. Serão estabelecidas por isto mesmo, ligações entre tais discursos e as tentativas de “desafricanização” da ‘cidade da Bahia’, por compreenderemos que uma vez estabelecida à imagem dessa cidade enquanto locus apto à promoção da assepsia social, a medicina aparece como uma atividade capaz promover a desejada assepsia, dotando tal cidade dos requisitos necessários para a sua inserção na modernidade. Corroborando a fala de Lustosa Costa (2002), pode-se afirmar que os discursos assepsistas insinuam-se enquanto teorias que elaboram um conjunto de regras sobre uma nova forma de viver no meio urbano, ao tempo em que fornecem elementos imprescindíveis para que se possa pensar o modo de organização ideal das cidades. É sob a perspectiva de criação dessa nova imagem para os espaços urbanos que se busca o distanciamento da representação da cidade do Salvador como um espaço ocupado por povos ‘primitivos’ e tomado por uma selva luxuriante. Tais discursos, organizados pela referencialidade profissional e científica da cidade do Salvador na época, os médicos, são importantes por ensejarem a criação de uma espécie de normatividade sobre a ideia de desenvolvimento, que tem como meta à implementação dos novos paradigmas de civilidade. O discurso sobre a necessidade de promover a urbanização sendo um deles. Analisando o contexto histórico do século XIX, deste modo, pode-se dizer que todo o escopo de discussões dos discursos assepsistas, só foi viabilizado porque

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a ideologia do mundo ocidental, nesse período estava impregnada por uma crença sincera no progresso, um mito baseado no significado de aperfeiçoamento, que se beneficiava diretamente dos efeitos da modernização. Segundo Gay (1989), a crença no mito do progresso era de tal modo significativo que atingiu, a todos sem exceção. Políticos radicais, utópicos ou científicos, todos eles estavam convencidos de que este progresso seria capaz de acabar com o atraso das cidades, os modos rudes das pessoas, a falta de civilidade. Acompanhando, portanto, as inovações embasantes dos discursos assepsistas que já começam a alterar as formas das cidades europeias, a produção do conhecimento científico, a legislação, os valores socioculturais brasileiros, bem como, a produção do espaço soteropolitano, foram lentamente sendo impregnados por essas ideias civilizadoras, vez que, buscava-se o reordenamento dos valores, norteados por normas de civilidade fundamentadas, principalmente, nos moldes europeus, nosso modelo ideal de civilização. Os habitantes de Salvador que a cada dia tinham seu número aumentado precisariam se urbanizar, precisariam aprender a viver nesse ambiente sob regras de educação, de urbanidade e é neste contexto que emergem as teses assepsistas e tentativas de racionalização dos espaços e normatização dos comportamentos civilizados, urbanos.

Modernizar, instruir e civilizar: princípios das reformas educacionais de

Minas Gerais (1982-1928)

Carlos Henrique de Carvalho (UFU) [email protected]

A finalidade da proposta desta comunicação é apresentar as iniciativas dos governos mineiros para reorganizaram da instrução pública em Minas Gerais, entre 1892 a 1928. Tendo em vista este objetivo analisamos as principais reformas educacionais implantadas neste período, que expressavam os anseios dos governantes do estado com a sua modernização. Por isso, é importante discutir a preocupação das elites mineiras em relacionar suas políticas na esfera econômica e

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industrial com as propostas levadas a termo na área da educação, pois as ações projetadas à instrução pública eram vistas como a saída ao atraso do estado, sendo ainda uma importante via para inseri-lo no contexto da modernidade. Para colocar em curso o projeto de modernização do estado, foram promovidas várias reformas educacionais, dentre estas destacam-se: Afonso Pena (Lei n. 41 de 1892),João Pinheiro (Lei n. 439 de 1906), Wenceslau Brás (Decreto 2.836 de 1910), Bueno Brandão (Lei n. 533 de1910), Delfim Moreira (Lei n. 657de 1915), Artur Bernardes (Lei n. 800 de 1920), Olegário Maciel (Lei n. 864 de1924), Fernando Melo Viana (Decreto n. 6831 de 1925)e Francisco Campos (1926/1927/1928, respectivamente leis números 926, 7.970-A e 1.036, que aprovam os regulamentos dos ensinos primário e normal).Além da análise das reformas já elencadas, também subsidiaram a investigação os relatórios dos inspetores de ensino, as correspondências trocadas entre os agentes públicos municipais com a Secretaria do Estado do Interior e os Relatórios dos próprios Presidentes de estado. Como conclusões deste estudo, podemos asseverar que, sob a ótica e perspectiva dos reformadores mineiros de então, as políticas encaminhadas no campo educacional projetaram uma ação no sentido de educar, instruir, regenerar, moralizar, civilizar, isto é, tornar o povo útil às atividades econômicas, bem com contribuir para o progresso do estado. Neste sentido, intelectuais e políticos mineiros tomaram iniciativas visando superar a situação de precariedade da economia mineira, ao instituírem leis e decretos educacionais. Assim, os objetivos das reformas eram difundir a escola primária no estado, bem como visualizar e possibilitar o controle social, fundamental à formação da “cidadania controlada”, ou seja, dentro do ideário das elites republicanas. Portanto, compreender o significado das reformas é, por exemplo, entender o sentido dos grupos escolares à época como escolas da “República para a República”, que pudessem contribuir para o “processo civilizatório” da sociedade mineira, pois sua “missão” visava criar/recriar novos sujeitos para o contexto social urbano, principalmente no âmbito da escola primária, portadora de novos conteúdos, métodos de ensino e práticas pedagógicas, que emergiram a partir das reformas educacionais. Desta forma, elas (as

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reformas) aconteceram num momento de intensa busca de novos modelos de organização administrativa, pedagógica e metodológica no campo educacional, com o objetivo de reorientar e intervir na sociedade, a partir da educação, como forma de transmitir outros princípios à sociedade, com o intuito de educar o homem, ou melhor, transformá-lo num “novo homem” para construir uma nova sociedade.

O acervo bibliográfico do mestre Anton Dakitsch

Wania Manso de Almeida (IFF) [email protected]

A comunicação apresenta resultados parciais da pesquisa, em andamento, que se propõe a reconstituir a trajetória profissional de Anton Dakitsch (1909-1993), suíço naturalizado brasileiro, contratado pelo governo brasileiro em 1942 para atuar como mestre em encadernação na rede federal de ensino industrial. Esta investigação se articula com o projeto coletivo de pesquisa intitulado A construção da identidade do professor do ensino secundário, normal e profissional: uma abordagem comparativa (FAPERJ), cujo objetivo central é estudar o processo de construção social da profissão docente, privilegiando a história de professores do ensino secundário, normal e técnico. A análise da trajetória profissional de nosso personagem, com base em Dubar (1998), concilia processos biográficos e institucionais, distinguindo e colocando em paralelo os dois modos de se considerar qualquer trajetória individual: “objetivamente, como uma ‘sequencia de posições’ num ou mais campos da prática social, e subjetivamente, como uma ‘história pessoal’, cujo relato atualiza visões de si e do mundo” (p.1). Os resultados preliminares da pesquisa têm confirmado as premissas que justificavam a proposta inicial do projeto, ou seja, de que as vertentes do estudo das trajetórias docentes e a da pesquisa documental se mostram promissoras face aos acervos existentes a serem ainda explorados, em particular, tratando-se do ensino técnico (Block 1993; Nóvoa, 1987; Cardoso, 2008). Nas palavras de Le Goff “estamos vivendo hoje o impacto de uma revolução

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documental e de uma enorme ampliação da memória histórica, já detectada nos anos 60...” (1984, p. 98). Assim, de fato, o trabalho de reconhecimento inicial do acervo de Anton Dakitsch, doada por sua família à Escola Técnica de Campos, RJ, tem-nos revelado fontes merecedoras de uma análise e discussão acuradas, fundamentais para a reconstituição de parte da história da educação profissional, e para a renovação da prática da pesquisa no campo da educação profissional. Destacam-se, neste acervo, livros técnicos editados em diversos países europeus e a produção didática de Anton Dakitsch, editada no Brasil. A catalogação das obras e a consequente elaboração de um banco de dados nos permitem o cruzamento de informações, cujos resultados nos propomos a apresentar nesta comunicação. Pretende-se, posteriormente, socializar esse banco de dados através de um link com o site da Biblioteca Anton Dakitsch, do IFF Campus Centro, para consulta. Enfim, o empenho em preservar e estudar este acervo advém do fato de que os documentos escolares são a base para a produção de conhecimentos que podem contribuir positivamente para nossas ações atuais no campo educacional, além de se constituírem como parte da memória do ensino tecnológico no país.

O acesso ao livro didático de história no programa nacional do livro didático, dos anos

finais do ensino fundamental, entre 1999 e 2008

Magda Carvalho Fernandes (UFMS/UEMS/UNIGRAN) [email protected]

Esse estudo refere-se à pesquisa de doutorado, que teve como um dos focos principais, a análise dos Guias de livros didáticos de História no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), de 5ª a 8ª séries, desde o PNLD/1999 até o Guia de livros didáticos de História dos anos finais do ensino fundamental, no PNLD/2008, sua estrutura e a relação com o processo de democratização da escolha do livro didático no referido programa. O PNLD foi instaurado através do Decreto nº 91.542, de 19 de

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agosto de 1985, numa política educacional do país em processo de redemocratização. A escolha do Guia de História de 5ª a 8ª séries / anos finais do ensino fundamental para análise nessa pesquisa tem seu alicerce nos objetivos específicos desenvolvidos por essa área de conhecimento, como, por exemplo, compreender a cidadania como participação social e política e pela formação desse profissional docente, o/a professor/a de História, entendendo que deva possuir uma expressiva compreensão da necessidade de agir de forma crítica no que diz respeito a uma análise de livros didáticos. O acesso ao livro didático de História nas escolas da rede pública de ensino brasileira é analisado sob o ponto de vista da legislação e da política educacional em comparação com sua efetivação na concretude histórica da educação escolar. Como procedimento de pesquisa foi feito um levantamento bibliográfico, da legislação e da documentação pertinente ao tema, objetivando compreender a ação do Estado no que se refere às ações da política educacional vinculadas ao PNLD, no processo de decisão dos livros de História que chegam às salas de aula. O processo de investigação deu-se no campo da História da Educação e, de forma mais específica, da História do Livro didático, feita sob a categoria da Nova História Cultural. Os resultados dessa investigação demonstram a baixa frequência do/a professor/a da educação básica no processo decisório de avaliação dos livros didáticos / das coleções didáticas aprovadas no PNLD. Essa exclusão denuncia um modelo político liberal social que vem se desenvolvendo no país ao longo do período analisado, ainda que reflita um processo histórico de mais longa duração. A constatação apresentada contribui no entendimento dos avanços e limites do processo de redemocratização do Brasil e, por conseguinte, o grau de efetivação da cidadania nos primeiros vinte e cinco anos de redemocratização (1985/2010). Por fim, essa investigação pretende contribuir para as análises referentes à história do livro didático de História na educação brasileira.

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O Banco Mundial e a educação no estado de São Paulo

Tatiana Silverio Kapor [email protected]

O artigo, inscrito no eixo temático 1 – ESTADO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA – visa discutir as propostas do Banco Mundial para a educação e sua implementação na educação pública do Estado de São Paulo, bem como o impacto dessas políticas no ensino público paulista. Para isso, utilizaremos documentos fornecidos pelo próprio Banco Mundial (BM),bem como documentos referentes ao assunto analisado, como por exemplo o Relatório Jacques Delors, documentos oficiais do Estado de São Paulo e bibliografias da área. A criação de organismos internacionais ocorreu no período pós Segunda Guerra Mundial, período conhecido como Guerra Fria, momento em que se redesenhava o mapa geopolítico mundial. Fruto também de uma guerra cultural, esses organismos tinham como objetivo garantir e consolidar a hegemonia estadunidense em grande parte do globo. “Durante os anos de 1950 e 1960, o governo estadunidense investiu num audacioso projeto ‘secreto’ de propaganda na Europa Ocidental, executado pela CIA (...). O objetivo de tal investimento era a construção de mecanismos voltados a tornar os intelectuais, em processo de adesão à nova ordem mundial, mais receptivos ao ‘estilo estadunidense” (1) Nesse contexto, o Banco Mundial desempenhou papel de suma importância na reconstrução europeia, seja financeiramente, seja na garantia do funcionamento da ordem capitalista. O Banco Mundial atua na área educacional a partir de 1962, dando suporte aos programas educacionais existentes. Porém, a partir de 1970 a preocupação do BM com a educação passa e a ser mais clara e com uma função ideológica. Atualmente é a principal agência em assessoria em política educacional. A partir de 1990, com o avanço do neoliberalismo no Brasil, principalmente com o governo Fernando Henrique Cardoso, e em São Paulo com o governo Mario Covas, há um inicio, e ao longo dos anos, um aprofundamento das reformas educativas nacionalmente e estadualmente. Dentre os pontos priorizados pelo Banco Mundial em seu pacote de reformas

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estão: a)prioridade na educação primária; b)melhoria da eficácia da educação; c)ênfase nos aspectos administrativos e d)descentralização e autonomia das instituições escolares. Nessa lógica, são criadas no país a Lei de Diretrizes e bases de 1996 e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de 1997. No Estado de São Paulo, a reforma da educação adota os seguintes pontos: a) Avaliação externa para aferir a qualidade do ensino; b) progressão continuada para diminuir a repetência e evasão; c) formação continuada para professores da rede; d)política de utilização de livros didáticos e aumento de verbas para esse ponto; e)priorizar estrutura física dos prédios; f )municipalização do ensino fundamental. A partir do exposto nesse resumo, pretendemos realizar essa discussão, de importante relevância no eixo de Políticas Educacionais.

O currículo do ensino médio e da educação profissional no Espírito Santo na década de 1970

Antonio Henrique Pinto (IFES) [email protected]

Este trabalho apresenta aspectos históricos sobre a educação profissional de nível médio no Espírito Santo na década de 1970. Mais especificamente, lança luz sobre a construção do currículo da educação profissional das escolas de 2º grau deste estado, a partir da obrigatoriedade em torná-lo profissionalizante, determinação imposta pela Lei 5.692/197. Perpassando o contexto social, político, econômico e cultural do estado e do Brasil, esta pesquisa objetivou analisar a concepção de homem, de sociedade, de ciência e de educação que passaram a orientar a formação do trabalhador naquele momento e, deste modo, constituíram-se em propostas curriculares dos sistemas públicos de ensino que ofertavam o 2º grau profissionalizante, mais especificamente, o sistema estadual e o sistema federal. Nessa perspectiva, focando no eixo da nova legislação, problematiza a questão da integração entre formação geral e formação profissional, aspecto central nas proposições curriculares voltadas para a formação do trabalhador. Advogando a existência de uma estreita relação entre currículo e sociedade (Goodson, 1997), analisa as contradições e incoerências inerentes nas propostas curriculares dos sistemas de ensino público. A abordagem aqui apresentada foi oportunizada

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a partir das memórias encontradas em arquivos escolares. Em geral, essas memórias dizem respeito à propostas curriculares, registros em atas, formulários de secretaria escolar, registros de professor, etc. A materialidade reunida neste conjunto de fontes se constituiu em “fermento à história” (Le Goff, 2003), cuja análise e interpretação propiciaram este relato histórico. Nesse sentido, a partir das “evidencias históricas” (Hartog, 2011) aqui apontadas, que demarcam a trajetória da educação profissional no Espírito Santo, consideramos que a proposição da articulação entre a formação geral e a formação profissional no 2º grau constituiu-se num aspecto singular do currículo escolar naquele contexto, trazendo para o debate as questões ontológicas e epistemológicas do conhecimento, bem como a reflexão sobre o conceito marxiano de trabalho (Lukacs, 1976). Concluímos que a determinação legal da integração curricular faz-se necessária. Entretanto, julgamos ser insuficiente para alterar a histórica cultura escolar caracterizada por um currículo fragmentado em disciplinas, organizado em espaços- tempos descontínuos, orientados por gestores e praticados por professores cujas concepções de mundo e de sociedade encontram-se interditadas pelos mecanismos autoritários do sistema escolar e da sociedade.

O currículo escolar e as avaliações em larga escala: representação na produção científica nacional

Carmem Lucia Albrecht da Silveira(UPF/RS) [email protected]

Rosimar Serena Siqueira Esquinsani (UPF/RS) [email protected]

O currículo escolar - tanto em seu conceito, quanto em suas diferentes possibilidades de estrutura e organização -, é uma construção social histórica e circunstanciada, que sofre interferências das mais distintas origens, em especial das exigências projetadas pelas intenções e políticas educacionais vigentes. Em virtude dessa lógica, podemos concluir que as demandas e agendas da primeira década do século XXI também condicionaram ações e reações em torno do currículo escolar. Assim, esse artigo

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pretende encetar reflexões sobre as representações produzidas pelo meio acadêmico – e expressas na produção científica indexada em periódicos -, acerca da construção ou dinamização do currículo escolar da educação básica, trazendo como eixo condutor de análise o possível impacto das avaliações em larga escala como um dos fatores intervenientes nesse movimento. Para dar conta de tal objetivo, o texto foi elaborado a partir de uma revisão bibliográfica temática, ancorada nas produções acadêmicas sobre o assunto, vinculadas na Scielo - Scientific Electronic Library Online, no recorte temporal de 1998 a 2011, considerando o que circulava no meio acadêmico no limiar do século XXI e as principais produções cingidas da primeira década do referido século. Portanto o texto intenta mapear parte da produção científica nacional (restringindo-se ao site da Scielo como espaço de socialização desta produção), centrando foco nas representações dessa produção no que tange a interface entre avaliações em larga escala e construção de currículos escolares. A partir do exame de um corpus documental que supera os 50 artigos científicos, tornou-se possível descrever as principais tendências assumidas pela academia no que concerne ao possível diálogo e prováveis interferências das avaliações de sistema na construção de currículos para escolas de educação básica. Como síntese conclusiva, o texto ratifica a relevância das avaliações em larga escala como elemento que tem influenciado, desde o século passado, a organização e implementação de currículos em nossas escolas de educação básica, sobretudo através do redimensionamento de conteúdos e novas pautas de trabalho para o cotidiano escolar, refletindo fortemente na produção acadêmica nacional, seja na defesa intransigente de elementos que balizem propostas educacionais em torno de uma desejada (e mensurável em avaliações externas) qualidade; seja através da crítica aos modelos e consequências das avaliações externas empenhadas no Brasil ao longo dos últimos anos.

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O debate em torno da educação escolar primária no Piauí: constituição, expansão e composição da rede escolar (1946 – 1961)

Antonio de Pádua Carvalho Lopes (UFPI) [email protected]

O presente trabalho buscou analisar o modo como foi se constituindo o debate em torno da educação escolar no Piauí, considerando as transformações ocorridas no Estado nesse período. Procurou-se mapear, na pesquisar, os temas emergentes em torno da educação escolar e as proposições em disputa para modificá-la. Foram critérios delimitadores do recorte temporal utilizado o período entre o Código do Ensino Primário de 1946 e a Lei de Diretrizes e Bases, em 1961. Nesse período houve uma intensificação no processo de urbanização e escolarização da sociedade piauiense, implicando em alterações na organização da rede escolar. Discutia-se os rumos do desenvolvimento do Piauí, implicando as ações educativas necessárias para a consecução desse desenvolvimento. A ótica desenvolvimentista presente na ação estatal no período foi propondo ações no sentido da inserção regional e nacional do Piauí. No que se refere a análise das transformações no campo educativo, os estudos sobre essa temática no Piauí, para o período analisado encontram-se ainda em fase inicial, destacando-se o trabalho de Castelo Branco (2002). Foram utilizados como fonte de pesquisa mensagens governamentais, códigos de leis, jornais oficiais e não oficiais, livros de memórias, livros sobre cidades, dentre outras. O trabalho privilegiou a análise dos temas que surgiram da documentação estudada e que apareceram como alvo de disputa entre diferentes grupos e projetos de intervenção sobre a realidade piauiense. Para uma melhor compreensão dessas disputas, a pesquisa analisou os diferentes tipos de escola existentes e o atendimento que essas escolas faziam à população. Foram observados ainda aspectos relativos a construção de prédios escolares e a compra de materiais didáticos para as escolas. A composição do corpo docente em termos de formação e gênero, também foi objeto de análise, bem como os debates em torno dos salários, acesso a função docente e idealização da prática docente

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veiculada no período. Utilizou- se como referenciais teóricos de análise principais Norbert Elias (1999) e Pierre Bourdieu (1998). Esses autores nos ajudaram a compreender o processo de constituição da rede escolar e do corpo professoral que com ela foi se configurando. Com esses autores podemos perceber, a partir da documentação analisada, as relações entre a expansão da oferta de escolaridade nesse nível de ensino e as transformações na profissão docente no período estudado.

Palavras-chave: escolarização; rede escolar; escola primária.

O decreto nº 2.208/97 e a reforma da educação profissional na unidade Florianópolis da Escola

Técnica Federal de Santa Catarina

Juçara Eller Coelho (IFSC/SC) [email protected]

Este texto deriva-se de uma pesquisa realizada no Mestrado em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) - Linha de Pesquisa História e Historiografia da Educação. Tem como objetivo analisar a implementação do Decreto Nº 2.208/97 na Unidade Florianópolis da Escola Técnica Federal de Santa Catarina (ETF/SC). Tal decreto constituiu- se o principal dispositivo jurídico e normativo utilizado pelo Ministério da Educação na segunda metade da década de 1990, para consolidar a Reforma da Educação Profissional. Tal reforma, conferida de forma impositiva ao cenário educativo brasileiro e atendendo às demandas do mercado de trabalho - uma vez que já se havia firmado no cenário internacional uma economia de caráter neoliberal e, com ela, constantes transformações estabelecidas pelo acentuado avanço tecnológico - compôs um conjunto de reformas no âmbito do Estado Brasileiro, marcadas por mudanças estruturais, ditadas por agências internacionais, como o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Assim, com vistas ao suporte e aceitação da reforma, o governo federal lançou, em 1997, o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP), em convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) envolvendo o montante de 500 milhões de

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dólares. O Decreto Nº 2.208/97 representou um retrocesso para a estrutura educativa do país, oficializando a dicotomia entre formação geral e formação profissional, tão presente na história da educação brasileira. Nesse sentido, visando identificar a relação de sujeição da educação à ideologia do capital, buscou-se, por meio da análise dos ordenamentos legais e dos registros institucionais, identificar as implicações curriculares da implementação do Decreto N° 2.208/97. Foram realizadas, também, entrevistas semiestruturadas com educadores envolvidos diretamente na implantação legal e prática da reforma, buscando compreender suas percepções e posicionamentos frente ao movimento reformador no campo institucional, uma vez que dele resultou a desvinculação dos cursos técnicos de nível médio do ensino médio, desmembramento que abalou o ethos e a identidade institucionais, visto sua experiência histórica no desenvolvimento de cursos técnicos integrados à formação propedêutica. As entrevistas permitiram concluir que, apesar da primazia impositiva do arcabouço legal, a Unidade Florianópolis da ETF/SC vivenciou um processo próprio de concretização dos princípios legais e das políticas públicas em razão de suas particularidades institucionais. Após um período de resistência, a Unidade passou por uma adesão obrigatória à reforma, reestruturando seus cursos técnicos, num contexto significativamente heterogêneo no que diz respeito à apreensão dos conceitos embutidos na Reforma da Educação Profissional.

O discurso educativo para a população na legislação da saúde pública de Minas Gerais em 1927

Eliane Vianey de Carvalho( UNICAMP) [email protected]

Em Minas Gerais, durante o governo Antonio Carlos (1926-1930) várias ações foram empreendidas no âmbito da saúde pública. Dentre elas a aprovação da Lei n. 961 de 10 de setembro de 1927, que autorizou o Governo a reformar os serviços sanitários do Estado e, posteriormente, a aprovação do Regulamento da Saúde Pública, por meio do Decreto n. 8.116 de 31 de dezembro do mesmo ano. Esse dispositivo legal expõe as regras e normas sobre o funcionamento do serviço de

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saúde pública no Estado, inclusive no que se refere ao funcionamento das escolas. A Lei n. 961 é composta por vinte sete artigos. Por meio destes, autorizava a reforma da saúde pública, apresentava as diretrizes que o regulamento deveria conter e exigia o cumprimento de suas disposições no estado mineiro. O principal objetivo era combater as doenças e realizar a profilaxia. Desta forma, era privilegiada a educação da população por meio de normas sanitárias e higiênicas, propagandas, palestras e conferências públicas sobre as causas das doenças e os meios de prevenção e profilaxia. Nesta investigação, a legislação mineira de 1927 é analisada sob a perspectiva de Michel Foucault (1979, 1999, 2009). Nota-se no discurso dos legisladores propostas biopolíticas, quais sejam, ações voltadas para o “bem viver” e o “como viver” do indivíduo e da população. Esses discursos contêm “efeitos de verdade” permeados por “relações de poder” ao descrever as ações que deveriam ser empreendidas e quais os profissionais seriam adequados para executá-las. O interesse pela saúde da população é evidenciado por meio de propostas higienistas como: criação de centros de estudos e pesquisas para o tratamento e profilaxia de doenças; inspeção e fiscalização pela polícia sanitária de casas, logradouros públicos, gêneros alimentícios, produtos biológicos, profissões; inspeção médica (leia-se controle) da população de imigrantes e outras medidas de vigilância; organização de estatísticas; combate a epidemias; propaganda e educação sanitária; repressão ao curandeirismo; e punição para funcionários que negligenciassem na relação dos óbitos, casamentos e nascimentos. No que se refere às determinações sobre os espaços escolares, estão presentes também determinações higienistas como: construção dos prédios; dimensões das salas; altura; iluminação; peitoris das janelas, formatos das salas de classe; portas e janelas; escadas; iluminação das classes; ventilação das salas; proporção de latrinas, lavatórios e filtros (água potável); revestimentos e cores das paredes; espaços para o recreio; e por fim, os dormitórios. Ao analisar cuidadosamente os discursos dos intelectuais e autoridades políticas da época, percebe-se a tentativa de governar a população vista, principalmente, como doente e insalubre, e transformá-la por meio da saúde pública, em uma população saudável, moralizada e apta para o trabalho, visando o progresso de Minas Gerais.

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207 Sumário Eixo 1

O ensino secundário nas lentes do CRPE de Porto Alegre (1956-1964)

Fabiana Teixeira da Rosa (PPGE/UDESC) [email protected]

Norberto Dallabrida (PPGE/UDESC) [email protected]

O Decreto n.38.460, de 28 de dezembro de 1955, criou o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) e os centros regionais de pesquisas educacionais (CRPEs), vinculados ao Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). A instituição desses centros de investigação científica sobre o sistema brasileiro de ensino foi obra de Anísio Teixeira, diretor do INEP desde 1952, em conexão com instituições internacionais, particularmente a UNESCO. O CBPE era localizado na capital da República e os seus centros regionais tinham sedes em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador, apresentando uma perspectiva descentralizadora da pesquisa educacional – inédita no Brasil. A prioridade do CBPE e dos centros regionais de Pesquisa Educacional era o ensino primário e a formação dos docentes desse nível de escolarização, mas o ensino secundário também foi tematizado, particularmente por Jayme Abreu e Lauro de Oliveira Lima. O presente trabalho se propõe a compreender as análises sobre o ensino secundário brasileiro a partir das pesquisas realizadas pelo Centro Regional de Pesquisas Educacionais de Porto Alegre, entre 1956 e 1964. O CRPE da região sul do Brasil problematizou o ensino secundário especialmente a partir da tradição escolanovista, defendida pelos chamados “pioneiros da educação nova” desde a década de 1920 e tonificada nos anos 50 do século XX sob a liderança de Anísio Teixeira. Este recorte temporal se justifica pelo fato do CRPE de Porto Alegre ter sido estabelecido em 1956 e a data-limite por ser o ano do golpe militar no Brasil, em 1964, que afastou Anísio Teixeira do INEP, desestruturando os centros de pesquisa instituídos por ele. Para ler essa questão, usa-se o conceito de apropriação,

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compreendido na perspectiva do historiador Roger Chartier, que considera que os bens culturais são usados de forma diferente, de modo que a recepção é realizada com criatividade, por meio de resistências, ressignificações e arranjos. Assim, adota- se a perspectiva da nova história intelectual, que coloca o foco sobre “a construção, difusão e recepção dos discursos no tempo”, operações históricas transversalizadas por jogos de poder. O corpus empírico da presente pesquisa é formado por documentos escritos do CRPE de Porto Alegre, com destaque para o seu boletim informativo, bem como pelo periódico “Correio” – jornal editado pelo CRPE, pela “Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos”, pela revista “Escola Secundária” – criada em 1957, na Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário –, e por livros sobre o ensino secundário brasileiro. Desta forma, este trabalho procura compreender as reflexões sobre o ensino secundário produzidas pelo CRPE entre meados da década de 1950 e o golpe militar.

O impacto das mudanças de governo nas políticas de formação continuada de professores

Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira (PUCPR) [email protected]

O objetivo deste trabalho é discutir o impacto das mudanças de governo nas políticas de formação continuada de professores, na Rede Municipal de Ensino de Curitiba, durante o período compreendido entre 1983 e 1992. A década de 1980 iniciou-se com a expectativa de mudanças, concretizadas em avanços significativos no plano sócio- político do país. Diante dessas perspectivas, o prefeito eleito de Curitiba que assumiu em 1983, Maurício Fruet, adotou, desde o início de sua gestão, uma política de superação da postura tecnicista até então vigente, exigindo uma ação mais crítica e democrática por parte dos professores. Essa política foi mantida pelo governante que o sucedeu, Roberto Requião, que compartilhava

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de idêntica concepção de sociedade, de homem e de educação, nelas respaldando as propostas de formação continuada de professores na área pública. Em 1989, porém, com a assunção de novo prefeito, Jaime Lerner, foi adotada, em termos políticos, uma posição técnico-burocrática cujos fundamentos atendiam às orientações das organizações internacionais, de caráter neoliberal. Dos documentos compulsados é possível deduzir que cada um dos governantes que atuaram no período imprimiu sua marca na gestão da educação municipal, atuando de acordo com seus princípios políticos. A mudança nas políticas relativas à formação continuada docente, no entanto, gerou uma série de questionamentos e indefinições que se refletiram na prática pedagógica dos docentes que atuavam na rede pública de ensino. Era a alternância, no dia a dia dos professores, entre o modelo tecnicista e o de caráter social, progressista. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa apoiou-se no materialismo histórico, com ênfase na categoria da totalidade. Considerou, para tanto, o modo de produção da educação, com as condições materiais e objetivas que lhe foram propiciadas e que eram decorrentes das forças produtivas e das relações estabelecidas nas diferentes organizações sociais. Na fundamentação teórica, foram utilizados os trabalhos de Gramsci (1991), Poulantzas (2000), Frigotto (1984) e Miguel (1997), dentre outros que estudaram as políticas públicas relacionadas à formação de professores. Como fontes primárias, foram analisados os documentos relativos à formação continuada de professores disponíveis nos arquivos da Rede Municipal de Ensino, os quais foram discutidos à luz de documentos históricos e legislativos referentes ao período em questão. Em síntese, o estudo possibilitou descortinar os reflexos trazidos, por governos de concepções pedagógicas diferentes, na definição dos processos de formação continuada docente e na execução das atividades de formação profissional.

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O papel dos exames finais na configuração do currículo escolar do ensino secundário

paulista: um estudo do primeiro gymnasio da capital na primeira república

Maria Aparecida da Silva Cabral (FFP-UERJ e PUC-SP) [email protected]

O texto aborda a institucionalização dos exames escolares, que eram um dos requisitos para aprovação dos alunos, no processo de implantação dos estabelecimentos de ensino, no Estado de São Paulo, nas primeiras décadas do período republicano, com o objetivo de problematizar de que maneira tais exames contribuíram na conformação da educação secundária. A escolha dos exames finais deve-se a dois motivos: em primeiro lugar, eles evidenciam quais conteúdos foram priorizados na formação de um seleto grupo da elite paulista, além de possibilitar a compreensão dos critérios de aprovação e reprovação dos alunos, desvelando a dimensão da produção dos saberes. A segunda razão justifica-se pelo fato de a educação secundária, após a Proclamação da República, adquirir uma nova finalidade de acordo com legislação vigente à época. É com a Proclamação da República que os Estados da federação passam a ter autonomia para formar suas instituições de ensino secundário, ainda que subordinadas pela equiparação ao Ginásio Nacional, situado no Rio de Janeiro (antigo Colégio de Pedro II). Nesse cenário, o Estado de São Paulo reorganiza a Instrução Pública através da Lei n° 88, de 09 de setembro de 1892, criando toda a estrutura legal para a implantação de três ginásios estaduais fundados neste Estado. O Primeiro Gymnasio da Capital, fundado em 1894, tinha por objetivo ser a referência para os outros dois ginásios (Campinas e Ribeirão Preto) constituindo-se enquanto local privilegiado para a formação dos filhos da elite. Nesse momento, observa-se a disputa entre dois modelos de educação secundária, de um lado, a proposta de educação integral, que defendia um curso seriado, frequencial e realizado em instituições equiparadas ao Ginásio Nacional. De outro lado, a prática dos exames parcelados, que não exigia do aluno frequência às aulas, isto é, a efetivação de uma sequência de estudos supervisionada por um grupo de professores e diretores das

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instituições de ensino. Nesse sentido, os exames finais são considerados estratégicos dentro do processo de ensino, uma vez que são eles que de forma direta legitimam, ou não, o que é ensinado e aprendido pelos alunos. Tal abordagem foi desenvolvida à luz das contribuições de Chervel (1990) sobre a história das disciplinas escolares e de Goodson (1997) a respeito da história social do currículo. Para fazer esta discussão, utiliza-se fontes documentais que indicam aspectos da cultura escolar, tais como exames finais, programas de ensino e relatórios produzidos pela instituição escolar, tendo a preocupação de relacioná-las com as propostas de ensino e as políticas públicas vigentes àquela época.

O Plano Nacional de Educação de 1936/1937

Carlos Roberto Jamil Cury (PUC/MG) [email protected]

A comunicação traz à tona a tarefa de que foi incumbido o Conselho Nacional de Educação de 1931, de elaborar, nos termos do art. 152 da Constituição da República (de 1934), o Plano Nacional de Educação. A investigação se baseou em fontes primárias a partir de suas Atas. Esse Conselho, criado por um Decreto do Governo Vargas, foi disposto em artigo da Constituição de 1934 e regulamentado por lei do Congresso Nacional em 1936. O desafio trazido pela Revolução de Trinta será enfrentar a maior complexidade da sociedade pela crescente urbanização do País e pela industrialização. O encaminhamento da “questão social” envolvendo as relações nascidas do jogo entre o Capital e o Trabalho fará do Estado um Sujeito-chave na sua solução. Trata-se de uma convergência similar ao Keynesianismo e ao planejamento centralizado russo. Ao mesmo tempo, havia uma expectativa com relação aos avanços tecnológicos do desenvolvimento científico. O progresso científico desdobrado pelos “técnicos” traria “racionalidade” na solução dos problemas. A educação escolar, tornada um direito pela Constituição, teria, mediante um plano nacional, uma regulamentação elaborada por um corpo de técnicos, capaz de solucionar seus problemas. O CNE teria como função precípua a elaboração do Plano Nacional de Educação. Vai funcionar até dezembro de 1961 sendo extinto com a Lei n. 4.024/61. Em 1931, o conselheiro

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João Simplício apresentou proposta de criação de uma ou mais comissões para o preparo e a redação de um plano nacional de educação a ser submetido ao Governo da República e dos Estados. Dela constava um esboço do qual fazia parte o financiamento articulado a um fundo especial de 6% vindo da arrecadação de impostos federais e 8% dos impostos estaduais e municipais, além de uma taxa essa que veio a ser instituída. Para tanto foi constituída uma comissão. Em 1936, o Conselho buscou desincumbir-se de sua atribuição maior: elaborar o Plano Nacional de Educação, para ser aprovado pelo Poder Legislativo, o qual regeria todo sistema de ensino do país. Pelo regimento interno, após noventa dias, o CNE deveria ter concluído essa sua tarefa para o que foram constituídas 20 Comissões: dos ensinos primário, secundário, industrial, comercial, agrícola, emendativo, supletivo, quatro do ensino superior, educação extra-escolar, educação física, administração da educação, regime escolar, edificações escolares e material escolar, questões diversas e redação final. Em maio de 1937, o anteprojeto é entregue ao Ministro, encaminhado ao Presidente da República e, em seguida, à Câmara. Lá houve a criação da “Comissão do Plano Nacional de Educação”. Em agosto de 1937, o deputado Raul Bittencourt, relator, apresenta parecer relativo à preliminar de votação global do projeto do Plano. O fechamento da Câmara em 10 de novembro de 1937 não permitiu o prosseguimento do plano nacional de educação. Não seria o único plano nacional de educação a conhecer um fracasso.

Os conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem nos manuais de

psicologia educacional (1925-1969)

Ana Laura Godinho Lima (USP) [email protected]

Este trabalho efetua uma análise dos conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem a partir do exame de manuais de psicologia educacional publicados no período entre 1925 e 1955. Pretende-se identificar as explicações formuladas para o fato de que parte das crianças não aprendia conforme o esperado, assim como as recomendações oferecidas

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aos professores sobre como agir em auxílio desses alunos. A preocupação com os problemas de aprendizagem era recorrente na literatura pedagógica. As elevadas taxas de reprovação nas escolas brasileiras, sobretudo nas séries iniciais do ensino primário, era uma questão que desafiava os administradores do ensino e os especialistas da área. Nas primeiras décadas do século XX a psicologia foi considerada como a ciência em melhores condições de contribuir para a compreensão das dificuldades enfrentadas pelas crianças na escola e, portanto, a mais indicada para orientar a renovação do ensino. A perspectiva de análise assumida por esse trabalho entende os discursos especializados sobre os problemas de aprendizagem não como frutos da reflexão independente de seus autores, mas como produções que devem ser referidas a uma determinada posição de sujeito e aos limites que restringem o universo das formulações possíveis. Nem toda pessoa é autorizada a se pronunciar e não é qualquer coisa que pode ser dita. É preciso, portanto, levar em consideração as vinculações institucionais dos autores, entre outras formas de cerceamento dos discursos, dentre as quais a própria disciplina “psicologia”. Além disso, esses discursos não consistem em eventos isolados, mas devem ser compreendidos em um campo de coexistência, uma vez que seus enunciados mobilizam outros discursos - sobre a escola, sobre o desenvolvimento infantil, sobre a psicologia experimental, sobre o trabalho docente etc. Considera-se ainda a materialidade dos discursos, as maneiras pelas quais os enunciados são dados a ler, a forma como se apresentam nos textos dos manuais. Os autores dos manuais de psicologia educacional explicavam as origens das dificuldades dos alunos atribuindo-as, na maior parte dos casos, parcialmente à hereditariedade e parcialmente ao meio. Apresentavam os testes psicológicos como instrumentos de medida destinados a quantificar as diferenças de inteligência e aptidão. Discorriam sobre as diferenças psicológicas observadas entre os sexos. Efetuavam distinções entre o desenvolvimento psicológico normal e anormal. Elaboravam considerações sobre as diferenças individuais de tendências, inclinações, afetividade e personalidade. Em vista dos saberes apresentados, formulavam propostas de reformulação para as escolas e ofereciam orientações aos professores em formação sobre como proceder em relação aos alunos que não acompanhavam a turma, sugerindo, na maior parte dos casos, que era o estudo detido das características do aluno que desvelaria o melhor caminho a seguir em sua educação.

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Os homens cordiais na socialização dos pedrinhos de Lobato e Lourenço Filho: o negro sabido, a

excelente negra de estimação e o velho caboclo

Raquel de Abreu (UFSC) [email protected]

Os livros O Saci e Geografia de Dona Benta de Monteiro Lobato (1882-1948) e a Série de Leitura Graduada Pedrinho de Lourenço Filho (1897-1970), são obras literárias e pedagógicas direcionadas ao público infantil e que, por seus textos escritos e imagens, podem ser considerados exemplos de interpretações de Brasil. Nos livros, dois personagens de nome Pedrinho, passam por processos de socialização. Entre os personagens socializadores das crianças estão três adultos não brancos: Tio Barnabé, Tia Nastácia e Chico Tião. Tio Barnabé, um negro com mais de oitenta anos de idade, emerge no livro O Saci (1921). Inicialmente descrito por Lobato, na voz de Tia Nastácia: “Negro sabido está ali! Entende de todas as feitiçarias, e de saci, de mula sem cabeça, de lobisomem – de tudo” (LOBATO, 2007, p.21). Tia Nastácia “uma excelente negra de estimação [...]” (LOBATO, 1921, p.3-4) tem mais de sessenta anos, está entre as personagens humanas que participam da viagem imaginária em Geografia de Dona Benta (1935), onde sua atuação é marcada pelo servilismo, humor, ingenuidade e conhecimentos relacionados à culinária popular e ao mundo sobrenatural. Trinta e dois anos após a primeira edição de O Saci, Lourenço Filho lança a Série de Leitura Graduada Pedrinho (1953-1970), uma coleção de livros didáticos, destinado à criança da escola primária brasileira. Entre os personagens adultos que socializam o protagonista Pedrinho, está Chico Tião: “Era um homem idoso, alegre e conversador”(LOURENÇO FILHO, 1961, p.56). O “velho caboclo”, guia os personagens meninos pela mata, desvendando os mistérios da fauna e flora brasileira. Nesta pesquisa, Tio Barnabé, Tia Nastácia e Chico Tião são analisados como homens c cordiais, tipo ideal identificado por Sérgio Buarque de Holanda, a partir da matriz weberiana, em Raízes do Brasil. A cordialidade emblemática dos personagens é traçada não pela polidez característica das civilidades construídas na racionalidade do mundo moderno, mas sim pelo verso, pela

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pessoalidade das relações e vontades particulares. No Brasil dos Pedrinhos a cordialidade não é sinônimo de polidez ou boas maneiras - cuja raiz está nos rituais de organização de defesa ante a sociedade - pelo contrário, “São antes de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante. [...] Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida que o brasileiro” (HOLANDA, 2002, p.147). Por considerar que livros infantis e escolares são bens materiais portadores de sistemas de valores culturais, este trabalho tem o objetivo de apontar e discutir, numa perspectiva sociológica e histórica, como os personagens idosos e não brancos são apresentados no universo das relações humanas da sociedade brasileira, representado nos textos escritos e nas ilustrações inseridas nos livros em tela, de Lobato e Lourenço Filho.

Os 40 anos do curso de mestrado e o projeto Memória da Faculdade de Educação da UFRJ:

desafios e possibilidades de pesquisa

Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro [email protected]

Gabriela de Castro Almeida de Oliveira Arosa [email protected]

O Projeto Memória da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem por objetivo identificar e analisar documentação existente no arquivo dessa Faculdade para organizar um acervo que viabilize o desenvolvimento de pesquisas sobre a história desta instituição e da formação de professores na universidade. Neste trabalho abordamos a criação e a implantação do Curso de Mestrado em Educação da UFRJ. No primeiro momento, apresentaremos a metodologia de busca, identificação e análise da documentação relativa à implementação deste Curso, em especial os processos administrativos internos, atas das sessões da Congregação e os Boletins Internos da UFRJ que revelaram-se importantes fontes para a análise deste processo. Além das fontes já mencionadas, a revista DOCUMENTA de número 91 do ano de

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1968, merece destaque. Produzida pelo Conselho Federal de Educação, traz, neste exemplar, informações sobre o III Seminário Sobre Assuntos Universitários que abordou como temas principais “A expansão do ensino superior” e “A Faculdade de Educação”. Os debates realizados oferecem subsídios importantes para a compreensão dessas inciativas no âmbito da reforma universitária de 1968. Vale mencionar, ainda, que analisar o presente processo considerando o contexto histórico do período nos desafia a refletir sobre o significado da criação dessas instituições em um momento conturbado da História do Brasil, o período da “ditadura militar” e no qual as bases para o desenvolvimento da pesquisa e dos cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil foram implementadas. Assim, através da análise das fontes explicitadas, considerando o momento histórico em que foram produzidas, e do diálogo com autores que pesquisam a história das instituições educacionais e de pesquisa no Brasil (Cunha,2000; Favero,2009; Celeste, 2004; Macedo, 1997; Lopes, 1998), mais do que analisar, buscamos compreender as nuances e especificidades da criação e do estabelecimento do curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição que foi responsável, nestes 40 anos, pela formação de mestres e doutores que ocuparam e ocupam posições estratégicas nas diferentes instâncias administrativas e docentes dos sistemas educacionais brasileiros.

Os reformadores da instrução pública profissional mineira nos primeiros anos

republicanos (1891-1910)

Raphael Ribeiro Machado [email protected]

Esta comunicação, que faz parte de uma pesquisa em andamento, propõe refletir sobre o processo de construção de uma cultura política republicana em Minas Gerais a partir da leitura dos discursos das reformas da educação pública, nas primeiras décadas da República. Pretendemos trazer à superfície a ideia de uma cultura política que foi ganhando forma ao longo dos primeiros anos republicanos em

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Minas Gerais, tendo nas reformas da educação pública, profissional em particular, o lócus de percepção e de criação de um sistema representativo de normas e valores republicanos. Dessa maneira, exploraremos nos textos dos Anais do Congresso Legislativo e nas Leis, as articulações entre as relações de força que constituíram o poder, as relações entre os indivíduos no momento de organizar o uso dos imaginários sócio-discursivos, as apropriações das representações sociais e culturais para a construção de um modelo sociocultural para a escola e a sociedade. Por isso, objetivamos para este trabalho a construção de uma noção teórica que responda a um adequado tratamento dos sujeitos envolvidos na formulação das retóricas, presentes nos discursos das reformas da instrução pública. Referimo-nos, especificamente, as seguintes reformas: a de 1891, ano de configuração e proposição da primeira reforma da instrução pública em Minas Gerais, que seria efetiva pela lei n.41 de 1891/2, a chamada Reforma Afonso Penna; a de 1896, efetivada pela Lei de n. 203 de 1896, que organizou o ensino profissional primário; e a de 1906, efetivada pelas leis ns. 439 e 444, que criou os grupos escolares e o ensino técnico primário, respectivamente. A construção da noção teórica “reformadores” nos permitiu observar quem foram os sujeitos das ações políticas reformistas da instrução pública, em especial da educação profissional e, ao mesmo tempo, a partir de que fundo sociocultural os reformadores se utilizaram para as formulações reformistas da instrução no estado mineiro. Para tal análise, tomamos os estudos de Berstein sobre a cultura política, pelo fato de ser uma chave de leitura do discurso dos reformadores, que é um discurso político. De igual maneira, utilizaremos dos estudos de Patrick Charaudeau, teórico da Análise do Discurso, que nos possibilitou descortinar o domínio da prática social na qual se moveu o discurso político, bem como onde as ideias e opiniões circularam. Na leitura das reformas percebemos que a repetição da estrutura argumentativa do discurso gerou a produção de uma cultura política republicana. Reformar a escola foi também reformar a República.

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Para uma genealogia da escola primaria rural: entre o espaço e a configuração pedagógica

(São Paulo, 1889 - 1947)

Rosa Fátima de Souza (UNESP) [email protected]

Virgínia Pereira da Silva de Ávila (IFSRG) [email protected]

Este texto problematiza a constituição da escola primária rural no estado de São Paulo entre 1889 e 1947. A diferenciação inicial entre tipos de escolas primárias para atender diferentes grupos sociais está presente desde o início da Primeira República. A diferenciação das escolas pelo nível de formação dos professores deslocou-se gradativamente para a distinção espacial e dessa para a diferenciação pedagógica. Nos anos 10 foram instituídas legislações específicas distinguindo escolas urbanas e rurais. Na década de 20 consolidou-se no país o debate sobre a escola primária rural destacando-se as proposições do ruralismo pedagógico em contraposição a proposições da escola comum. As reformas realizadas em São Paulo nos anos 20 reiteraram, de certa forma, a opção pela escola comum e a distinção entre escola localizada na zona urbana e escola localizada na zona rural com programas simplificados e duração menor do curso. Nos anos 30 e 40 delinearam-se no estado de São Paulo propostas pedagógicas específicas para a escola primária rural, apesar do embate entre as duas proposições antagônicas. De um lado, a defesa da escola comum na zona rural como nas cidades propugnada por vários educadores partidários da Escola Nova. De outro lado, os defensores do ruralismo pedagógico cujo objetivo era promover a fixação do homem no campo a partir de um ensino voltado para as indústrias agrárias. A atuação de educadores como Lourenço Filho, Fernando de Azevedo, Sud Mennucci, Almeida Junior, entre outros, na Diretoria de Ensino do Estado de São Paulo (Secretaria de Educação) conduziu o debate e as políticas contraditórias de educação primária rural levadas a termo no estado nesse período. O Código de Educação de 1933, aprovado

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na gestão de Fernando de Azevedo, inseriu nas escolas isoladas rurais os preceitos da escola ativa e criou as granjas escolares. Em 1947 foi aprovada a Consolidação das Leis de Ensino do Estado de São Paulo. Essa legislação inovou ao tratar como modalidades distintas a educação primária e a educação primária rural devendo esta última ser ministrada nas escolas típicas rurais, nos grupos escolares rurais, nos cursos de agricultura das escolas normais e nos cursos especiais destinados aos professores. Este texto examina, portanto, as representações de políticos e educadores sobre a diferenciação das escolas primárias cotejando com a análise das políticas implementadas no estado de São Paulo para a educação primária rural. A abordagem abrangendo um período longo permite compreender a configuração e os usos do rural como categoria política e educacional com implicações culturais e pedagógicas. O estudo fundamenta-se nos aportes da História Cultural e utiliza como fontes as mensagens dos governadores apresentadas à Assembleia Legislativa, os Anuários do Ensino do Estado de São Paulo e livros sobre o tema publicados no período.

Política de formação docente no Brasil: uma reflexão legal e histórica

Armindo Quillici Neto (FACIP/PPGE//UFU) [email protected]

Sônia Aparecida Siquelli (UNIVAS) [email protected]

A tentativa de escrever sobre a formação de professores, de políticas de formação amparadas por legislação no Brasil atual torna-se um desafio ousado e arriscado. A abordagem histórica utilizada para fundamentar justifica a realidade educacional de formação em seus desdobramentos de legislação e de políticas públicas. Em tempos de incertezas e perplexidades com o atual estado em que se encontra a formação promovida pelas instituições escolares, sejam estas de qualquer natureza de formação, essa reflexão torna-se uma questão

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central. O objetivo deste trabalho é realizar uma reflexão, no sentido de focar a formação docente com a leitura das políticas de formação de professores após a publicação da LBD de nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Autores da área de formação de professores no Brasil insistem há 20 anos (desde a década de 90 do século XX e primeira década do década do século XXI), em afirmar a crise vivida pelo universo da educação: Pimenta (2005), Catani (1998), Ribeiro (2002), Schwartzman (2000), Tanuri (2000), entre outros. A descrição das principais tendências que mais influenciaram as políticas de formação de professores recorrente a partir século XIX é objeto de fundamento para iniciar esta análise até o século XXI. De um histórico sobre as principais tendências que mais influenciaram as políticas de formação de professores, do modelo de formação de professores da República, uma tendência portuguesa, que data as primeiras preocupações ou as primeiras intenções com as escolas que preparavam professores para atuar em cursos de alfabetização à passagem para tendência francesa, e mais tarde para vertente americana, sob a influência do pensamento de Dewey. Assim, da criação das primeiras escolas normais do final do século XIX à criação dos cursos de pedagogia e das licenciaturas. A trajetória da legislação da educação brasileira, desde a Lei 4.024, de 1961, passando pela reforma universitária, de nº. 5.540, de 1968, à instituição da Lei 5.692 de 1971 e, por fim, uma reflexão mais detalhada da atual lei de 20 de dezembro de 1996, de nº. 9.394, que ameaçou apontar para mudanças nas diretrizes de formação de professores, mas que pouco avançou na resolução dos problemas em sua essência. Por fim, o trabalho pretende refletir sobre o significado da crise na formação de professores no Brasil e as consequências desta crise para o desenvolvimento da educação. O que se identifica é uma crise instaurada na formação dos profissionais da educação desde as últimas décadas do século XX até o final da primeira década do deste século. Esse contexto histórico sobre a formação de professores fomenta alguns questionamentos que insistem em aparecer explicitamente neste momento de análise, que projeto de formação será necessário para o tempo atual? Há um projeto claro e definido para a formação dos profissionais da educação?

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Política educacional nos anos 2007-2011: um balanço das produções acadêmicas

Melânia Mendonça Rodrigues (UFCG) [email protected]

O trabalho apresenta resultados de uma pesquisa que discutiu a produção acadêmica relativa à política educacional do Governo Federal brasileiro, no período 2007-2011, vinculada a três entidades acadêmico-científicas: o Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES), a Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação (ANPED) e a Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE). Tais entidades foram escolhidas tendo-se em conta que, desde o final da década de 1970, constituem relevantes sujeitos políticos coletivos no debate e na luta pela democratização do Estado e da educação. Ancorada nas concepções gramscianas acerca da hegemonia e do papel dos intelectuais na sociedade, e considerando revistas e anais como documentos em sua acepção mais ampla, a pesquisa constou do levantamento: a) dos artigos publicados nas revistas Educação e Sociedade, publicada pelo CEDES, Revista Brasileira de Educação, da ANPED, e Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, da ANPAE; b) dos trabalhos publicados nos anais dos encontros nacionais da ANPED e da ANPAE, realizados no período considerado. O corpus da pesquisa constituiu-se de: 50 números de revistas – 15 da Revista Brasileira de Educação, 20 da Educação & Sociedade e 15 da Revista Brasileira de Política e Administração da Educação; oito Anais – cinco das Reuniões Anuais da ANPED e três dos Simpósios e Congressos da ANPAE, bienais –, perfazendo um total de 1498 trabalhos publicados – 93 do Grupo de Trabalho Estado e Política Educacional da ANPED e 1405 da ANPAE. Na intenção de, em lugar de uma listagem das temáticas abordadas, construir um inventário crítico dessa produção acadêmica, elegeu-se uma temática específica como norteamento das buscas: o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado, pelo MEC, no primeiro semestre de 2007, cognominado como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da educação e considerado,

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por diversos analistas, como a principal política educacional implantada no segundo governo do presidente Lula da Silva. No presente trabalho, apresentam-se os resultados atinentes às três revistas pesquisadas, obtidos no primeiro momento da pesquisa, quando a busca orientou-se para a identificação de artigos cujos títulos indicassem o PDE como seu objeto específico. Com essa característica, foram encontrados: na revista Educação & Sociedade, apenas um artigo, constante do número 100, relativo ao quadrimestre maio/agosto do ano de 2007; na Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, dois artigos, publicados no número 3 do volume 26, referente ao quadrimestre setembro/dezembro do ano de 2010; na Revista Brasileira de Educação, nenhum artigo que atendesse ao critério de busca foi encontrado nos números selecionados. Em uma síntese geral, a análise do resultado do levantamento e do teor dos artigos indica uma tensão, no âmbito das entidades e no meio dos intelectuais, entre a adesão e a crítica à política de educação do Governo Federal.

Política educacional pombalina: a reforma dos estudos menores e a mudança no

método de ensinar

Sara Rogéria Santos Barbosa (FSLF/UFS-NEC) [email protected]

Genivaldo Gonçalves dos Santos Filho (FSLF/UFS-NEC) [email protected]

O século XVIII representou, para Portugal e seus territórios, um momento de grandes transformações no campo educacional, principalmente quanto ao ensino dos chamados Estudos Menores – ensino das línguas Latina, Grega e Hebraica e de Retórica. As mudanças efetivadas propunham a reorganização de todo o sistema de ensino secular, começando pela destituição dos responsáveis diretos pela educação, os jesuítas, e terminando com a publicação de uma série de instruções que deveriam ser obedecidas por aqueles que seriam

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os novos educadores, os professores régios subordinados ao Estado. Tal política educacional visava não somente remodelar a educação portuguesa, mas criar mecanismos eficazes, segundo o discurso do legislador, para transformar o homem português no perfeito servo da Coroa e apto a ocupar os cargos burocráticos e estratégicos que poderiam reconduzir aquela nação à condição de visibilidade de outrora, elevando-a ao crescente e expressivo desenvolvimento científico vivido por outras nações europeias cuja ascensão no meio científico era evidente. A política implantada tencionava encurtar o ensino através de métodos de fácil entendimento por parte dos sujeitos da educação, tornando o processo de aprendizagem rápido e eficiente, sem demérito para a construção de sua aprendizagem, mas em favor de uma formação de caráter objetivo e de resultados tangíveis em curto prazo. Todo o ensino deveria ser dado em língua vernacular, priorizando a língua do príncipe regente em lugar da latina, sendo essa a principal mudança ocorrida no método de ensino proposto na referida reforma: a valorização da língua nacional, tornando-a canal, veículo de união entre o homem e a ciência. O presente trabalho se trata de uma pesquisa que objetiva investigar em que consistiu a política educacional pombalina ocorrida em Portugal e seus territórios em meados do século XVIII, analisando principalmente como se deu a reforma dos Estudos Menores e a mudança no método de ensinar adotado pelos jesuítas havia mais de três séculos, para um mais simples, mais rápido e em língua vulgar, posto que a latina era imbuída de toda uma sacralidade. Convém informar que a metodologia escolhida, leitura e análise documental, baseia-se no fato de que todas as informações se encontram no documento Lei Geral dos Estudos Menores ou Alvará Régio de 28 de junho de 1759, que trata da institucionalização da profissão docente, da criação e importância do cargo de Diretor Geral dos Estudos Menores, da realização de exames para todos os professores do Reino e substituição do método de ensino jesuítico pelo reformado, pautado na simplicidade, clareza e facilidade e do conjunto de breves orientações para cada uma disciplinas pertencentes ao ensino de Humanidades, como dito anteriormente.

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Políticas Públicas para a escola primária na Bahia expansão na gestão Anísio Teixeira (1947 a 1951)

Sara Martha Dick (UFBA) [email protected]

Este trabalho é parte de um estudo mais amplo, que está integrado, a uma pesquisa nacional, dentro de um estudo na perspectiva comparada sobre a História da escola primária no Brasil, no período de 1930 a 1961, pretende discutir a institucionalização da escola primária na Bahia. O estudo compreende a análise da institucionalização da escola elementar para a população infantil na Bahia, envolvendo a atuação dos Poderes Públicos, por meio de programas, reformas educacionais e expansão do ensino e as diferentes modalidades de escolas primárias existentes na esfera estadual, municipal e da rede privada. Objetivamos produzir uma interpretação sistemática, aprofundada e integradora sobre a educação pública primária na Bahia, utilizando uma concepção interpretativa de modo a explicitar as relações, as semelhanças, as diferenças e as singularidades presentes nas formas de produção, apropriação e difusão da escola primária. Discutiremos as políticas públicas que constituem a história da escola primária na Bahia, durante os anos 40 do século XX. Destas, especialmente a política de expansão ocorrida durante a gestão de Anísio Teixeira (1947 – 1951), como Secretário da Educação e Saúde Pública, no governo de Otávio Mangabeira, considerado como período de redemocratização do país, consubstanciado, na Bahia, com a eleição para governador e, nomeação de Anísio Teixeira como Secretário, após o seu retorno ao país. Anísio Teixeira, nesta época, era um intelectual que já havia ocupado vários cargos na estrutura de poder e tinha solidificado seu pensamento sobre a filosofia Dewey e sua concepção de educação. Buscamos analisar a institucionalização da escola primária baiana, sua tipologia, pretendendo produzir, a partir da documentação da época em conjunto com as fontes secundárias - a exemplo de CARVALHO (2003); FARIA FILHO (2000); ARAÚJO (2006); NUNES (2001), VIDAL (2006); SAVIANI (2004) -, um texto que contribua para a

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composição da História da Educação baiana. Neste sentido, analisamos os aspectos de implantação e de expansão da escola primária pelos municípios baianos, tanto na zona urbana como na zona rural; as ações empreendidas em conjunto com o governo federal, que nesta época se preocupou com as questões sobretudo no que diz respeito à implantação de escolas rurais, desenvolvendo conjuntamente com o estado um plano para escolas rurais. Discutiremos, ainda, o estudo e aplicação de modelos de escolas para o interior do estado; a estrutura física destas escolas; as especificidades da escola primária na capital e o ideário das escolas-classe e escola parque, que pretendia oferecer a discussão sobre a educação integral e as tentativas de sua implantação no estado da Bahia, pois criticava o que denominava ensino parcial, presente na realidade educacional baiana. Compreendemos que tal discussão é da maior importância para a compreensão institucionalização da escola primária na Bahia, bem como para a composição da História da Educação do estado da Bahia.

Por entre o império e a república: escolarização em Mato Grosso

Dimas Santana Souza Neves (UNEMAT) Fernanda Taques de Oliveira Leite (UNEMAT)

Estes escritos apresentam argumentos em torno das políticas que produziram sentido educativo e que tinham como finalidade promover as ações dos distintos regimes de governo do Império e da Republica. O objetivo é de mostrar como os dirigentes buscavam a satisfação social no sentido de compreensão do papel do Estado e da escola como agentes de transformações da realidade social e como desenvolveram uma maquinaria de afirmação dos sujeitos como pessoas ilustradas e civilizadas. Assim, este texto apresenta o significado construído pelos ideários de mudanças nos aportes regulamentadores da educação, na conformação de modelos escolares e exigências da aplicação da obrigatoriedade escolar em Mato Grosso, entre os anos de 1886 e 1895. A partir de fontes

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como os relatórios de Presidente de Província e de diretores da instrução, o encaminhamento da pesquisa permitiu verificar as articulações entre projetos políticos de âmbito local relacionados com o projeto nacional de educação e isto fica demonstrado nas formas como os dirigentes matogrossenses procuravam divulgar a escolarização. Dos governantes ligados ao Império ao projeto escolar dos republicanos o ideário nacional permanece, mas ficou manifesto os diferentes modos educativos na busca pela realização educativa no cotidiano da vida da população. Seja reconfigurando a escola isolada e com problemas orçamentários como no final do Império, ou difundindo o ideário das políticas de aglutinação das escolas por meio dos grupos escolares, como fez os republicanos, a escola matogrossense foi bastante discutida, no seu modo de organização e nos objetivos que a instituição atenderia. Nessa perspectiva, a partir dos estudos com a historiografia contemporânea, com suporte na historia cultural de Burke, Foucault e Falcon procuramos mostrar como os temas de escolarização visavam proporcionar atendimento dos desejos políticos dos dirigentes e como expressão da força do Estado para garantir a afirmação individual dos sujeitos escolares. Para isso, a escola esteve no cenário político construindo um ideário de modelo de sociedade civilizada e moderna, de modo de proporcionar mudanças nas atitudes e comportamentos de sujeitos e indicação de possibilidades para setores dos grupos sociais do sertão para distinção dos seus sujeitos. Então, a organização da escola e seus modelos, as propostas de obrigatoriedade tornaram-se, assim, expressões dos regimes para a promoção da visibilidade das ações de crianças e das famílias em busca de novas perspectivas de vida. Principalmente, construíram um sentido de renovação das esperanças para superação daquilo que consideravam como atraso social em que viviam, pois acreditavam que uma sociedade organizada e com a educação feita de base de constituição dos sujeitos seria a fórmula ideal para resolução dos problemas que viviam na época.

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Problemas de rendimento escolar no ensino elementar e atuação docente: discurso oficial

paulista na década de 1930

Luciana Maria Viviani (USP) [email protected]

Este trabalho tem como objetivo a análise de discursos sobre problemas de rendimento escolar, direcionados aos professores do ensino elementar, mediante orientações oficiais presentes na revista Educação (depois denominada Escola Nova e Revista de Educação), órgão da Diretoria Geral da Instrução Pública de São Paulo. Busca-se verificar como a questão das reprovações e evasão de estudantes da escola primária se apresenta como um problema da administração escolar, que envolve também o conhecimento especializado, e quais as possíveis soluções propostas para superar essa dificuldade, especialmente aquelas relacionadas a possíveis mudanças do perfil profissional docente. Os artigos selecionados foram publicados nos anos de 1930, período em que essas discussões se tornam mais frequentes, em movimento associado à atuação dos chamados renovadores de ensino. Os ideais de inovação e eficiência educacional que circulavam no país nesse momento retomaram a questão dos altos índices de reprovação e evasão escolar mediante a elaboração de dados diferenciados sobre o cotidiano institucional, como registros e estatísticas escolares. Esse problema, em que o professor coloca-se como figura central e que se mostrava agravado nas escolas isoladas e rurais, mobilizou a intelectualidade paulista e de todo o país, que se envolveu na formulação de explicações e soluções para o baixo rendimento do ensino. A análise empreendida buscou identificar enunciados e formas de regulação do discurso, tendo em vista a vinculação dos autores considerados aos projetos educacionais do governo paulista ao longo do período em foco. As conclusões indicam que o baixo rendimento escolar foi associado, dentre outras questões, à ausência de estudantes e de professores em sala de aula; a imperfeições no sistema de classificação e avaliação dos alunos; e a não observância de procedimentos de ensino considerados

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inovadores e eficientes. Para superar esses problemas, várias estratégias foram levantadas, como a reorganização e um maior controle do sistema escolar, bem como a complementação da formação inicial de professores, por meio da realização de cursos, leitura especializada de manuais e periódicos pedagógicos e também mediante uma orientação mais atenta por parte de diretores e supervisores de ensino. Tais propostas colocavam-se no sentido de obter uma mudança no perfil de atuação docente, que aumentaria a eficiência do sistema e elevaria os índices de rendimento escolar.

Produções cinematográficas de Mazzaropi e sua contribuição para a história e a historiografia da educação brasileira

Juscimar Maria de Paula (UFU/MG) [email protected]

O presente artigo discute a posição de relevo ocupada pela produção cinematográfica de Mazzaropi na historiografia brasileira e fornece informações biográficas que permitem relacionar a vida profissional de Amáncio Mazzaropi com sua produção cinematográfica. Ator, diretor e empresário de cinema Mazzaropi a partir da segunda metade do século XX com seus filmes contribuiu para repercussão acerca da constituição de uma memória social sobre o caipira e sua cultura no cinema brasileiro.Apresentamos ainda uma análise sobre as relações simbólicas entre o personagem de Mazzaropi e seu universo sociocultural como, também, sua contribuição na construção de uma identidade nacional brasileira. É ponto pacífico que o ator/cineasta/produtor Amácio Mazzaropi objetivou, sempre, ao longo de sua vida e carreira artística, representando personagens cuja alma tivesse raízes em íntima relação com os traços culturais mais fundamentais da civilização de nosso país, promovendo assim, por meio de suas encenações, muitas vezes de modo improvisado, um misto de comicidade e drama: gênero o qual é, no teatro, classicamente conhecido como tragicômico. Este trabalho tem como principal objetivo identificar as

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questões históricas, filosóficas, culturais e educacionais presentes nas produções cinematográficas de Mazzaropi. A relevância repousa na defesa da análise dos elementos cômicos ou mesmo sátiros da obra cinematográfica de Amácio Mazzaroppi como mecanismos reveladores de importantes fatores do processo de construção de um período da história do Brasil. Com base nos conceitos da relação Cinema- História-Educação, é possível afirmar que o contexto social e político brasileiro no período de produção dos filmes de Mazzaropi estão neles refletidos. Os valores presentes na narrativa cinematográfica de Mazzaropi revela a concepção de educação presente na época. Acredita-se que a história do Brasil apresentada nos filmes de Mazzaropi é uma tentativa sistemática de proporcionar uma releitura de figuras-chave brasileira. Já que Mazzaropi atua como personagem principal, e por causa do tipo físico e do caráter de Jeca a ele associados, seu protagonista não personifica da figura heroica tradicional. Vemos que na obra de Mazzaropi repercute o próprio desenvolvimento da civilização brasileira, sem deixar escapar os elementos culturais que compunham a sua essência. Foi através de duas figuras literárias, Jeca Tatu e Zé Brasil, personagens fruto da imaginação do escritor José Bento Monteiro Lobato, que Mazzaropi inspirou-se para criar o “seu Jeca”. Digo seu, porque ele apresenta um homem do campo que vivencia dificuldades não por opção própria, mas por imposição de um sistema econômico de exclusão social e pela ausência de investimentos do Estado nesses trabalhadores que apenas sobreviviam do campo na condição de excluídos. O caipira representado por Mazzaropi vive entre o mundo conservador rural com suas regras sociais claramente estabelecidas e o mundo moderno urbano, com seus novos processos de produção, circulação e consumo de bens criados pela moderna indústria nacional. Vale salientar que Mazzaropi foi um homem de seu tempo. Adaptando-se a cada década, ele buscou representar as transformações sociais produzidas e impostas pelo sistema socioeconômico, ocasionadas pela desigual distribuição de renda no país, e superou a deficiência técnica, acreditando ao retratar as tradições populares por meio das imagens representativas dos modos de vida de brasileiros ao expor conflitos migratórios rural-urbano, bem como a solidariedade, simplicidade, liberdade e desejo de justiça social.

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Produtivismo e pacto social: concepções da UNESCO para a educação e a formação de

professores no Brasil (1980)

Angela Galizzi Vieira Gomide (UEL) [email protected]

O presente trabalho analisa as recomendações expressas nos documentos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para a América Latina e Caribe na década de 1980. Objetiva desvelar as orientações para a educação e a formação de professores, de modo a estabelecer as possíveis relações com a política educacional brasileira e sua proposta para a formação dos professores. O recorte temporal adotado compreende a década de 1980, tendo em vista a sua relevância na construção do pensamento democrático do Brasil. Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica e documental, identificamos, selecionamos e analisamos as recomendações da UNESCO, disseminadas no Projeto Principal de Educação para a América Latina e o Caribe (PPE), cujas Conferências Internacionais aconteceram em Quito (1981), no México (1984) e em Bogotá (1987). Com relação aos documentos brasileiros, analisamos o Programa “Educação para Todos: caminho para a mudança” (1985) e o “I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República” (1986). Evidenciando similaridades entre as orientações dos documentos do Brasil e os da UNESCO, questionamos: Quais as recomendações disseminadas no Projeto Principal de Educação da UNESCO na década de 1980? Quais os significados destas recomendações para as políticas educacionais e de formação de professores no Brasil? Quais as possíveis relações entre o lema “Educação para Todos” e as orientações da UNESCO? Para responder a estes questionamentos, adotamos a perspectiva materialista-histórica, considerada a mais adequada para compreender o contexto político, econômico e social e apreender as múltiplas relações existentes na dinâmica entre a totalidade e as especificidades. Apoiamo-nos em Sander (2008), Saviani (2007), Silva (2006), Coelho (1990) e Noma (2011). O estudo revelou que, na década de 1980, o Brasil da Nova República,

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elaborou o Programa “Educação para Todos: caminho para a mudança”, posteriormente disseminado no I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República. A participação ativa do Brasil nas Conferências Internacionais de Educação da UNESCO possibilitou ao país apresentar estes programas na América Latina, mediante o Projeto Principal de Educação. Com esta evidência, afirmamos que o lema “Educação para Todos”, teve início no Brasil (1985), difundiu-se pela América Latina e foi apropriado pela UNESCO, que o redirecionou ideologicamente e o disseminou para o mundo, na Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien (UNESCO, 1990). O estudo também revelou que a UNESCO, embasada na concepção de educação para o desenvolvimento produtivo e social, deu orientações consensuais aos países membros, coerentes com a conformação da sociedade às demandas do modelo econômico capitalista da década de 1980.

Projeto estratégico prioritário operação-escola: considerações sobre a política

educacional brasileira nos anos de 1968 – 1970

Cecilia Neves Lima (PUC-Rio) [email protected]

O presente artigo tem como objetivo apresentar o projeto estratégico prioritário do Programa Estratégico para o Desenvolvimento, denominado Operação-Escola (OP), e suas principais relações com a política educacional e econômica do Governo Costa e Silva (1967-1969). O principal objetivo do OP era promover a obrigatoriedade escolar de 7 a 14 anos. O projeto se desenvolveu através das Secretarias de Educação, dos Estados e do Distrito Federal, competindo ao Governo Federal o exercício de ação supletiva, bem como a assistência técnica e financeira para as secretarias, mediante a transferência de recursos orçamentários específicos. O Programa Estratégico do Desenvolvimento (PED) do governo Costa e Silva propunha uma política econômica que privilegiava deliberadamente a retomada do crescimento econômico por meio do fortalecimento da empresa

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privada, da expansão do mercado interno e de oportunidades de emprego, embora fosse mantida a preocupação com o controle do processo inflacionário. Preconizava-se a redistribuição de renda, argumentando-se que o desenvolvimento deveria estar fundamentado em bases econômicas e sociais. Para o Plano, esse crescimento do setor público na economia, na promoção da infra-estrutura requerida pelo desenvolvimento e no atendimento de serviços básicos foi realizado a um baixo nível de eficiência do setor público na alocação de recursos, se comparado ao setor privado. Assim, o planejamento do PED estava fundamentado no conceito de produtividade, buscando a otimização dos recursos a serem investidos nos setores considerados prioritários. No âmbito educacional, as medidas eram entendidas como instrumento de aceleração do desenvolvimento e do progresso tecnológico, ou seja, o papel da educação para a preparação de novos tipos de recursos humanos e de um novo quadro institucional, para liderar o processo de desenvolvimento tecnológico. Nesse sentido, o artigo busca, a partir da técnica da análise documental, compreender a política educacional do governo Costa e Silva através das medidas do Programa Estratégico do Desenvolvimento, em seu projeto prioritário denominado Operação – Escola. Para isso, é preciso lembrar que as ações no âmbito da política pública possuem permanências e rupturas, não havendo uma linearidade nessas ações. Compreender essas relações requer lançar mão de um olhar poliédrico para o momento histórico em que estas se desenvolvem, de modo que se busque compreender essas relações em suas múltiplas dimensões. As principais fontes documentais utilizadas nesse artigo referem-se ao relatório final do projeto OP, decretos relativos ao período estudado, além de bibliografia pertinentes a temática.

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Regimes de comparação nas escritas da história da educação no Brasil e em Portugal

Roni Cleber Dias de Menezes [email protected]

Esta proposta de comunicação visa a examinar os empreendimentos de comparação entre as experiências educativas de Portugal e Brasil, ensejando uma reflexão acerca dos instrumentos utilizados pela historiografia da educação dos dois países, particularmente desde a década de 1990, para a consecução desse objetivo. Levando-se em consideração que tal empresa comparativa – acentuada sobretudo a partir da realização dos COLUBHE’s, da publicação de livros reunindo intelectuais portugueses e brasileiros e da proliferação de dossiês e números especiais em revistas científicas de uma e outra margem do Atlântico – abarca um contingente extenso de objetos, experiências e práticas educativas, propõe-se promover uma reflexão acerca das ferramentas de comparação usadas pela historiografia da educação mais recente, procurando ao mesmo tempo historicizar a abordagem comparativa enquanto categoria analítica (no entrecruzamento dos estudos que focam a história, a educação e a história da educação) e levantar as contribuições trazidas pela categoria de análise representada pelas connected histories. Um primeiro questionamento que se deseja enfrentar se vincula à discussão acerca de que “metros” deveriam ser adotados pelo historiador da educação brasileira para aquilatar as intersecções e/ou as porosidades das matrizes culturais – e aí notadamente do fenômeno educativo – entre Portugal e Brasil. Ou ainda, que matizes vem caracterizando os exercícios de compreensão de tal circulação cultural? E, finalmente, que entradas, ou antes, que objetos têm logrado alcançar em maior grau a preocupação dos investigadores quanto a neles testar a validade de ferramentas comparativas? Da década de 1990 aos dias atuais se tem observado de maneira mais frequente iniciativas destinadas a reunir a gama de estudos localizados no Brasil e em Portugal, aí incluídos não apenas aqueles sob a rubrica da comparação, bem como os dotados de um olhar atento às conexões entre e no interior dos dois países de língua portuguesa. Tal configuração, a nosso ver, implica uma mundivivência que, conjugada a experiências, características e estruturas combinatórias dos

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dois campos educacionais, teria atuado de forma a impulsionar os estudos de comparação no domínio da história da educação. Tendo bem presente tais movimentos e sopesando-se ainda que em nosso campo de estudos a definição acerca do teor “comparativo” de determinada visada não se dá sob um regime de inflexibilidade e que, também por isso, a operação analítica de delimitação da ferramenta de comparação em marcos teórico-conceituais requer um investimento que se situa muito além dos marcos deste trabalho, propõe-se realizar o desiderato anunciado anteriormente analisando os Anais dos Congressos Brasileiro e Luso-Brasileiro de História da Educação e esmiuçar aí os regimes de comparação praticados e os desafios lançados atualmente à abordagem comparativa.

Sentido novo da vida rural: Abgar Renault e a política educacional em Minas Gerais

NEVES, Leonardo dos Santos Neves (FaE/UFMG-FAPEMIG) [email protected]

Helder de Moraes Pinto (FaE/UFMG-FAPEMIG) [email protected]

O objetivo desta comunicação é analisar a concepção de escola rural presente nos discursos de Abgar Renault, em meados do século XX, em Minas Gerais. Partimos da suspeita de que este professor e poeta modernista, em tempos de redemocratização do Brasil, defendiam a educação escolar como produtora de um “sentido novo da vida rural”. Observa se nesses discursos que o papel atribuído à escola era o de alavancar o desenvolvimento econômico e social do campo. Sublinhamos, ainda, a incorporação da saúde e da higiene popular no seu projeto político, ambas tratadas como aspectos do problema educacional. Essas reflexões foram possíveis pelas análises dos discursos de Abgar Renault, realizados entre 1947 e 1951, compilados e publicados em 1952 pela Secretária da Educação de Minas Gerais, com o título A palavra e a Ação. Cotejamos esses discursos com as ideias de Milton Campos – Governador do estado – sobre o meio

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rural e, com os tópicos que trataram sobre educação no Plano de Recuperação Econômica e Fomento de Produção, lançado pelo Governo de Minas em 1947. Além dessa documentação investigamos a legislação sobre educação rural do estado: O decreto lei 3.112, a Lei n. 291, criando dois cursos normais especializados, 1949 e a Lei Orgânica do Ensino Normal (Decreto-lei n. 8.530, de 2 de janeiro de 1946). Ao discursar sobre a escolarização da população infantil rural, esses administradores públicos buscavam dar respostas ao seguinte problema: “Como a escola rural pode contribuir para o levantamento do padrão de vida econômico, social e cultural de uma região?”. A zona rural próspera representaria segundo Renault o agente que garantiria ao país soberania nacional. Ao discursar acerca do tema em foco, percebe-se nas suas palavras uma concepção cataclísmica do brasileiro rural, que compreendia parte significativa da população total do Brasil. Destaca-se nas suas idéias que as políticas educacionais alfabetizaram uma pequena parcela da população em idade escolar e que o déficit na zona rural era ainda mais proeminente. Suspeitamos que com esse argumento, ele procurava formar a opinião pública sobre as péssimas condições de funcionamento da escola rural, aparentemente marginalizada nas políticas públicas precedentes. Para realizar as análises aqui apresentadas, estudamos autores que investigaram a produção do discurso político (Patrick Charaudeau), a questão da modernização tardia (Eneida Maria de Souza, João Manoel C. de Mello e Fernando A. Novais), temas como a redemocratização do Brasil (Ângela Maria de Castro Gomes) e a tese da recuperação econômica em Minas Gerais (Otavio Soares Dulci e Amilcar Vianna Martins Filho). Além de questões referentes à decadência da vida rural (Antônio Candido e Eunice R. Durhan), abordagens sobre a educação rural (Jorge Werthein e Juan Díaz Bordenave).

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Trajetórias de alunos em um grupo escolar mineiro, entre 1907 e 1916: o tema da

repetência escolar

Fernanda Cristina Campos da Rocha (Belo Horizonte) [email protected]

Este trabalho é parte dos resultados de uma pesquisa concluída, que hoje compõe o escopo de uma pesquisa de maior alcance, em andamento. O objetivo principal é analisar as práticas de um grupo escolar mineiro em torno do longo tempo que as crianças levavam para concluir o ensino primário, aproximadamente seis/sete anos, enquanto a legislação no período analisado previa quatro anos. Mais especificamente, o estudo procura compreender as razões da longa permanência dos alunos, no primeiro ano do ensino primário, do Grupo Escolar Paula Rocha, em Sabará, além de investigar as relações entre a Reforma João Pinheiro (1906) e as práticas escolares no ensino primário, no que se refere à promoção, ou não promoção dos alunos para o ano subsequente. Para alcançar os objetivos arrolados, tracei a trajetória da primeira turma do primeiro ano, que entrou no Grupo Escolar Paula Rocha em 1907 (ano que o grupo foi inaugurado), e a acompanhei através dos livros de matrículas até 1916, ou seja, no decorrer de uma década após a Reforma João Pinheiro, que introduziu, em Minas Gerais, a criação dos grupos escolares. A intenção, fundamentada pelos “jogos de escala” (Revel, 1998), foi articular a dimensão prescritiva da Reforma João Pinheiro (1906) com as particularidades do grupo escolar analisado, na tentativa de compreender as razões da promoção ou da não promoção, e também da não conclusão do curso primário, deste grupo de alunos analisados. Como fontes, além dos livros de matrículas já mencionados, também utilizei as atas de exames e os relatórios de diretores e inspetores do grupo. Ao traçar a trajetória dos alunos matriculados no primeiro ano primário, foi possível observar que o longo tempo para a conclusão do primário e a grande retenção no primeiro ano, no Grupo Escolar Paula Rocha, estavam muito relacionados com a idade das crianças, isto é, as crianças mais novas, de sete/oito anos, tendiam a repetir mais vezes o

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primeiro ano primário. Já as crianças que entraram no primeiro ano primário com nove/dez anos de idade normalmente passavam para o ano subsequente, sem retenção. Assim, o trabalho também evidencia as dificuldades encontradas pelo corpo docente do Grupo Escolar Paula Rocha para implementar o ensino primário de quatro anos, o que levou a algumas medidas criativas dos sujeitos escolares (Chervel, 1990), que foram criando, em seu cotidiano, práticas escolares diferenciadas em torno da promoção dos alunos, como por exemplo o desdobramento do primeiro ano primário em dois períodos, cada um deles, com duração de um ano, ou seja, o primeiro ano tinha uma duração de dois anos. Essa prática acarretou em um percurso escolar de, no mínimo cinco anos de duração no grupo escolar em questão, o que destoava da prescrição legal.

Um caso muito especial: a educação de crianças com deficiência física na cidade do

Rio de Janeiro (1975 -1985)

Leila de Macedo Varela Blanco (PROPED/UERJ) [email protected]

Notícias atuais dão conta, aos novos professores, sobre as possibilidades da escolarização de crianças com deficiência física, com sequelas de encefalopatia crônica da infância, de novos recursos de alta tecnologia para fazer falar alguns que só mexem mínimas partes do corpo. Será que foi sempre assim? Que mudanças ocorreram na escolarização de crianças com alterações físicas? Como se deu essa história na cidade do Rio de Janeiro? Como eram formados os professores para esse trabalho especial? A história do acesso à escolarização de crianças com deficiência física nas escolas públicas municipais do Rio de Janeiro começou ainda no estado da Guanabara, mas foi modificando-se no que diz respeito aos locais de atendimento, às propostas pedagógicas, às concepções curriculares, ao próprio conceito de deficiência e à população assim considerada. Dos atendimentos em hospitais aos professores itinerantes, muito tempo se passou. A investigação aqui apresentada diz respeito ao atendimento da Educação Especial a esses alunos após a fusão dos estados do Rio

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de Janeiro e da Guanabara. Entrevistas orais com professores da época, entrecruzadas com documentos oficiais voltados para a formação docente, permitem observar que, nesse período, as classes hospitalares eram muito valorizadas, atingindo um grande número de alunos cursando os anos iniciais. De todo o Brasil vinham crianças para tratamento nos hospitais do Rio. Várias delas voltavam a seus lares alfabetizadas e trocando cartas com os professores que aqui ficaram. Muitas vezes passaram a ser o único membro alfabetizado de suas famílias. Estas classes chegaram a estar em hospitais como Servidores do Estado e a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação. As classes hospitalares para casos ortopédicos estavam nos hospitais específicos como o Anchieta. Eram muitos os casos de sequelas de poliomielite. Para o tratamento de crianças com pés tortos e outras deformidades, eram feitas cirurgias sequenciais que demandavam tempo e intermitência de internação. O trabalho com aquelas que não apresentavam necessidade de hospitalização pode ser realizado nas clínicas, em salas de recursos e por professores itinerantes. A modificação da população alvo das salas de recursos fez com que as mesmas fossem repensadas como escoadouros das vítimas do fracasso escolar. Compreender esse momento da história da educação especial, durante a fusão de dois estados, entre 1975 – 1985, implica em discutir as políticas educacionais em suas interfaces com a saúde, as concepções acerca da deficiência e a formação docente em educação especial, constituindo-se, assim, em objetivo desse trabalho, que procura matizar algumas afirmações mais genéricas, ainda presentes na literatura sobre esta história, que minimizam as especificidades que marcam e diferenciam as práticas educativas em diferentes tempos e espaços.

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Um gaúcho nos trópicos- a ação Drummoniana no ministério Capanema e os enlaces entre

educação, política e poesia (1934-1945)

Geovani Lever de Mendonça (UERJ) [email protected]

A presente pesquisa histórica e historiográfica tem como pano de fundo o Brasil da Era Vargas. Período extremamente conturbado da história de nosso país, porém muito rico no que tange às problemáticas, questionamentos, críticas e discussões que refletiam a Ditadura Militar e as propostas sócio-educacionais nela inseridas. O objeto a ser analisado – a trajetória político-literária Drummoniana durante a Era Vargas – é revisitado como bem sinaliza De Certeau, por perspectivas que apontem a um lugar social, a práticas científicas e uma escrita, (CERTEAU, 2006, p.66). O núcleo-duro de nossa investigação é a reconstrução desses espaços vividos pelos “Intelectuais da Educação”, (BOMENY 2001:29), e, principalmente, analisando o poeta Carlos Drummond de Andrade e os sujeitos com ele inseridos em sua militância no Ministério da Educação e Saúde, no qual foi chefe de gabinete do então ministro Gustavo Capanema. Esses intelectuais, que se constituíam como poetas e políticos durante o período modernista, se uniram em prol de um bem coletivo que diluísse os anseios do povo brasileiro e almejavam, acima de tudo, a unificação do sistema educacional. Esse movimento literário concomitante à política do nosso país se configura como um lugar privilegiado nas construções poéticas Drummonianas. As influências e articulações provocadas por este campo intelectual são alvo de nossos questionamentos e inquietações. A investigação da antologia poética de Drummond em convergência com as reformas educacionais vigentes na época em questão se constitui decisiva e relevante para análise do problema de pesquisa e seus desdobramentos. O movimento de renovação da Educação desenvolvido nos Estados Unidos por John Dewey (1859-1952) influenciou de forma significativa as posições da Escola Nova no Brasil (SILVA, 1980); a formação, no início da década de 30, do movimento dos pioneiros da Escola Nova,

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liderado por Anísio Teixeira, e, o seu desfecho com o “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova”, redigido por Fernando de Azevedo em 1932, foram alguns dos pontos nevrálgicos que alavancaram as normas educacionais e diretrizes legislativas que compõem o bojo de nossa educação atual. Dessa forma, constitui-se relevante articular o poeta/político e seu percurso nas dimensões intelectual e político-educacional para reconstrução desses movimentos e espaços. Pois, o sujeito-singular é conduzido a transformar-se em sujeito-coletivo na medida em que Drummond se valia de suas construções poéticas e de seu ofício no Ministério Capanema para ativar o bem-estar da sociedade que clamava por mudanças. Essas reflexões e questionamentos compõem o escopo de nossos estudos, posto que, revisitar o sujeito Carlos Drummond de Andrade em um momento tão peculiar e decisivo da construção socio-econômica do nosso país, contribui para a preservação de nossa memória cultural e como nos afirma Ginzburg, transmite e enaltece o nosso patrimônio cognoscitivo, (GINZBURG, 1989, p.151).

Um novo lócus de formação de professores no marco das políticas neoliberais no Brasil

na década 1990

Letícia Carneiro Aguiar (UNISUL) [email protected]

O trabalho tem como objetivo analisar as mudanças ocorridas no locus de formação de professores, instituídas no Brasil nos anos de 1990. É uma investigação resultante de um estudo documental, tendo como principais fontes a legislação educacional, as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores. Sob uma perspectiva histórica como referencial teórico-metodológico, procuramos demonstrar os delineamentos assumidos pelas políticas públicas no campo da formação dos professores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental e de suas implicações na (re) configuração dos objetivos dos cursos de graduação voltados para tal formação. Procura refletir sobre o papel estratégico da formação de professores no marco

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das mudanças que a sociedade demanda à educação, no conjunto das reformas do Estado brasileiro e da adoção de políticas públicas voltadas para atender demandas de uma economia capitalista em crise. Na década de 1990, a educação e a formação de professores ganham importância estratégica para a realização de reformas educativas, fundamentadas em políticas neoliberais como resposta aos problemas colocados pela crise do capitalismo desde os anos de 1970. As reformas educacionais e as mudanças no espaço institucional (locus) voltado à formação de professores no Brasil respondem as novas demandas de educação advindas do mundo do trabalho, da cultura e das relações sociais, vinculando-se estreitamente às exigências postas pela reforma educativa da Educação Básica, para a formação de novas gerações. Neste contexto, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, um novo espaço para a formação de professores foi criado - os Institutos Superiores de Educação (ISEs). A criação dos ISEs, suposta alternativa “síntese” das escolas normais e cursos de licenciatura encontra justificativa na “crise” das faculdades de educação que, da ótica governamental, não têm dado conta de responder adequadamente, em curto prazo, às demandas da nova realidade marcada pela globalização. Ela minimiza, ignora ou subestima a capacidade e a responsabilidade das faculdades de educação e dos cursos de licenciatura na liderança da formação de professores, contando, para isso, com as lacunas, ambiguidades e omissões da LDB. A criação dos ISEs, entre outros aspectos, implica num crescente processo de desqualificação da formação, pois está amparada no paradigma da “epistemologia da prática”, distante de processos formativos voltados à apropriação e produção de saberes científicos; bem como, na retirada da universidade como locus privilegiado da formação de professores em nível superior; e um favorecimento de setores empresariais privados que mercantilizam a educação para aumentar sua lucratividade.

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Uma escola na fronteira – entre a cidade

e a vida rural

Adriana de Fátima Bernaardes Rodrigues [email protected]

Silvia Cassia da Costa Lima [email protected]

Este texto quer apresentar os modos como foram sendo realizados esforços em construir uma escola em uma Vila do Município de Cáceres. O objetivo foi de mostrar, a partir de narrativas dos moradores, como migrantes de outros estados do Brasil, reunidos como possuidores de terras, junto com pequenos proprietários de terras da redondeza, com características advindas da vida rural, residentes em uma localidade distante da cidade exerceram um importante papel de organizar uma instituição educacional. Instituição educativa essa que tinha a finalidade de estabelecer condições para que o estudante pudesse ser capaz de realizar sonhos e construir esperanças e, também, que promovesse novas relações entre os próprios moradores, ampliar capacidade de diálogo entre as pessoas e o poder público do Estado e dirigentes do município. Assim, a “Escola Municipal de Buritis” teve todo um esforço de grupos sociais dispostos a promover a educação como ação de responsabilidade da família, da sociedade e do poder público na fronteira da cidade e do campo. Por isso, este trabalho reinterpreta e dá voz aos moradores, professores e estudantes que nas décadas de 1950-1980 pensaram, organizaram e construíram uma escola cravada no interior de um ambiente rural, mas que organizaram em vilas, onde residia a maior parte da população da localidade de Vila Aparecida. Lugar esse distante sessenta kilometros de Cáceres, com um grupo populacional majoritariamente migrante, com um senso apurado de vida rural, mas também com a atenção voltada para as preocupações com a vida urbana. Principalmente preocupados com a educação dos filhos. Por isso, a partir de depoimentos orais, com análise de documentos disponíveis pelos moradores e pelo arquivo do município, estes escritos

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demonstram os modos como esses trabalhadores rurais ergueram, sustentaram e promoveram a construção e o desenvolvimento de uma das mais importantes escolas da zona rural de Mato Grosso. Pelas entrevistas conseguimos conhecer os momentos em que a instituição por vezes estava funcionando como escola isolada, ora como escola anexa, outras vezes organizando o ensino por meio de salas multisseriadas, convivendo com professores leigos ou com profissionais vindos de outros lugares, a comunidade provou, experimentou e promoveu a existência de diversos modos de escolarização. Até que gerações sucessivas de filhos e filhas dos próprios trabalhadores pudessem adquirir conhecimentos e com seus esforços estabelecer condições de continuidade da escolarização e ganhar a qualidade e importância que a escola tem para a cidade de Cáceres. Com apoio nos estudos da história cultural e história social, bem como utilizando as contribuições do pensamento sobre educação de autores brasileiros este texto procura estabelecer marco inicial de estudos de escolas isoladas da zona rural de Cáceres.

Visionários de um novo tempo: mentores da interiorização da universidade na Bahia (1950-1960)

Ana Maria Fontes dos Santos (UEFS) [email protected]

A partir do reconhecimento da educação em todos os níveis como um direito social, na virada dos anos 50/60 do século passado, agentes intelectuais da capital e, sobretudo, da cidade de Feira de Santana vivenciaram um período de novas experiências históricas que visavam engendrar políticas de interiorização da universidade. Tinha-se como principal pano de fundo desse período a atuação do movimento estudantil local, protagonizado pela entidade estadual União dos Estudantes da Bahia (UEB), liderado por universitários, que ganharam intensa visibilidade nos três primeiros anos da década de sessenta. Numa conjuntura de efervescência política e cultural nomes como os de Jorge Calmon, Geraldo Leite, Fernando Pinto, envolveram-se na defesa de concepções de ensino superior enquanto propostas de garantia da expansão da oferta educacional

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no estado da Bahia. Este trabalho discute a participação desses sujeitos sociais, enquanto agentes que desempenharam o papel de mentores, na ampliação do campo do ensino superior no referido estado, que, como visionários, tanto provocaram a Universidade da Bahia (UBA), como buscou a criação de condições políticas de expansão da modernidade intelectual baiana, sintetizada na instituição universitária, para o ambiente interiorano. As ações empreendidas pelos mentores do citado projeto de interiorização atravessariam a arena política de onde foram arregimentados deputados interioranos, como Wilson Falcão, Áureo Filho. As práticas sociais desses grupos de intelectuais emergem enquanto contribuições decisivas na definição posterior de políticas públicas de interiorização do ensino superior na Bahia. Assim, o foco norteador desta pesquisa consiste na investigação sobre quais as idéias propostas pelos citados agentes e como os mesmos as difundiam, situando as estratégias por eles utilizadas para adquirir ou manter uma posição no campo da educação superior baiana. A teoria dos campos de Boudieu fundamenta a interpretação sobre as disposições do campo educacional estudado. Os conceitos articulados por Chartier de apropriação e de representação auxiliam na compreensão dos processos de construção, difusão e busca de legitimidade das idéias defendidas pelo grupo. Na metodologia, além de entrevistas, foi priorizada a análise de documentos escritos elaborados pelos citados mentores, ou aqueles elaborados sobre os mesmos, difundidos principalmente através dos jornais: A Tarde; Jornal da Bahia; Folha do Norte. O procedimento da Análise do Discurso auxilia na compreensão das condições de produção dos discursos, sobre as idéias que aqueles agentes buscaram difundir e suas intencionalidades implícitas ou explicitadas.

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Os conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem nos manuais de

psicologia educacional (1925-1955)

Profa . Dra. Ana Laura Godinho Lima Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo

[email protected]

Este trabalho efetua uma análise dos conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem a partir do exame de manuais de psicologia educacional publicados no período entre 1925 e 1955. Pretende-se identificar as explicações formuladas para o fato de que parte das crianças não aprendia conforme o esperado, assim como as recomendações oferecidas aos professores sobre como agir em auxílio desses alunos. A preocupação com os problemas de aprendizagem era recorrente na literatura pedagógica. As elevadas taxas de reprovação nas escolas brasileiras, sobretudo nas séries iniciais do ensino primário, era uma questão que desafiava os administradores do ensino e os especialistas da área. Nas primeiras décadas do século XX a psicologia foi considerada como a ciência em melhores condições de contribuir para a compreensão das dificuldades enfrentadas pelas crianças na escola e, portanto, a mais indicada para orientar a renovação do ensino. A perspectiva de análise assumida por esse trabalho entende os discursos especializados sobre os problemas de aprendizagem não como frutos da reflexão independente de seus autores, mas como produções que devem ser referidas a uma determinada posição de sujeito e aos limites que restringem o universo das formulações possíveis. Nem toda pessoa é autorizada a se pronunciar e não é qualquer coisa que pode ser dita. É preciso, portanto, levar em consideração as vinculações institucionais dos autores, entre outras formas de cerceamento dos discursos, dentre as quais a própria disciplina “psicologia”. Além disso, esses discursos não consistem em eventos isolados, mas devem ser compreendidos em um campo de coexistência, uma vez que seus enunciados mobilizam outros discursos - sobre a escola, sobre o desenvolvimento infantil, sobre a psicologia experimental, sobre o trabalho docente etc.

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Considera-se ainda a materialidade dos discursos, as maneiras pelas quais os enunciados são dados a ler, a forma como se apresentam nos textos dos manuais. Os autores dos manuais de psicologia educacional explicavam as origens das dificuldades dos alunos atribuindo-as, na maior parte dos casos, parcialmente à hereditariedade e parcialmente ao meio. Apresentavam os testes psicológicos como instrumentos de medida destinados a quantificar as diferenças de inteligência e aptidão. Discorriam sobre as diferenças psicológicas observadas entre os sexos. Efetuavam distinções entre o desenvolvimento psicológico normal e anormal. Elaboravam considerações sobre as diferenças individuais de tendências, inclinações, afetividade e personalidade. Em vista dos saberes apresentados, formulavam propostas de reformulação para as escolas e ofereciam orientações aos professores em formação sobre como proceder em relação aos alunos que não acompanhavam a turma, sugerindo, na maior parte dos casos, que era o estudo detido das características do aluno que desvelaria o melhor caminho a seguir em sua educação.

A repetência, a evasão e os serviços escolares do departamento de educação do Distrito

Federal entre 1933 e 1935

André Luiz Paulilo Faculdade de Educação/Unicamp

[email protected]

O interesse pelas técnicas aplicadas sobre a população escolar para fazer funcionar um sistema de educação de massa justifica esta comunicação. O propósito é analisar os quadros estatísticos de repetência e evasão publicados pela administração central do ensino durante a reforma dirigida por Anísio Teixeira. Não exatamente porque permitem consultar as estimativas e as medições da expansão escolar, mas por beneficiarem uma reflexão sobre os modos de gerir na escola uma concentração cada vez maior de crianças com indícios das ações associadas às tarefas de quantificação, classificação e distribuição da sua população. Nesse sentido, as estatísticas de ensino servem de fontes para análise histórica

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de uma série decisiva de operações de controle daquilo que é específico aos fenômenos da escolarização de massa. Por isso, o rendimento do sistema educacional aparece como um fator tão administrável quanto o trabalho docente, a burocracia ou as instituições escolares. Ainda quanto à forma de redimensionar a capacidade de atendimento do sistema público de educação, os relatórios administrativos, o noticiário da grande imprensa e as circulares de expediente dão conta dos artifícios de rentabilização do espaço e do tempo escolares, servindo como fontes neste estudo. Sobretudo, interessaram às análises os empreendimentos que a Diretoria de Instrução sustentou para induzir padrões de visibilidade das realizações e das maneiras como se dirigiu a educação pública, dos seus regimes de uso e aplicações. Captar esses padrões em sua forma operacional é meu tema nesta comunicação. Portando, o objetivo é alcançar uma compreensão do modo como a escola pública de massas foi viabilizada estudando as estatísticas sobre o rendimento escolar como uma das ações que Anísio Teixeira patrocinou no período para legitimar sua reforma do ensino público. O procedimento de análise foi estabelecer na organização das cifras do cômputo estatístico os vestígios das várias manobras que os serviços de matrícula e promoção escolar então permitiram realizar. Por um lado, debrucei-me sobre os dados de matrícula de cada ano escolar, da flutuação mensal das classes de aula e da distribuição de alunos por nacionalidade dos pais e condição social que o Serviço de Matrícula e Freqüência Escolares publicou. Por outro, tratei do conjunto de testes de aferição do rendimento escolar do sistema de ensino carioca introduzido pelo Serviço de Testes e Escalas com a finalidade de apurar a eficiência da escola pública no modo como ensinava a ler e a calcular e das distribuições que Serviço de Classificação e Promoção ficou responsável de fazer. Como resultado, apresenta-se o conjunto de ações que articularam o Serviço de Matrícula e Freqüência Escolares ao Serviço de Testes e Escalas na tarefa de diferenciação dos diferentes tipos e grupos de crianças através do número e da estatística.

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Trajetórias de alunos em um grupo escolar mineiro, entre 1907 e 1916: o tema da

repetência escolar

Fernanda Cristina Campos da Rocha Professora da Rede Municipal de Belo Horizonte

[email protected]

Este trabalho é parte dos resultados de uma pesquisa concluída, que hoje compõe o escopo de uma pesquisa de maior alcance, em andamento. O objetivo principal é analisar as práticas de um grupo escolar mineiro em torno do longo tempo que as crianças levavam para concluir o ensino primário, aproximadamente seis/sete anos, enquanto a legislação no período analisado previa quatro anos. Mais especificamente, o estudo procura compreender as razões da longa permanência dos alunos, no primeiro ano do ensino primário, do Grupo Escolar Paula Rocha, em Sabará, além de investigar as relações entre a Reforma João Pinheiro (1906) e as práticas escolares no ensino primário, no que se refere à promoção, ou não promoção dos alunos para o ano subsequente. Para alcançar os objetivos arrolados, tracei a trajetória da primeira turma do primeiro ano, que entrou no Grupo Escolar Paula Rocha em 1907 (ano que o grupo foi inaugurado), e a acompanhei através dos livros de matrículas até 1916, ou seja, no decorrer de uma década após a Reforma João Pinheiro, que introduziu, em Minas Gerais, a criação dos grupos escolares. A intenção, fundamentada pelos “jogos de escala” (Revel, 1998), foi articular a dimensão prescritiva da Reforma João Pinheiro (1906) com as particularidades do grupo escolar analisado, na tentativa de compreender as razões da promoção ou da não promoção, e também da não conclusão do curso primário, deste grupo de alunos analisados. Como fontes, além dos livros de matrículas já mencionados, também utilizei as atas de exames e os relatórios de diretores e inspetores do grupo. Ao traçar a trajetória dos alunos matriculados no primeiro ano primário, foi possível observar que o longo tempo para a conclusão do primário e a grande retenção no primeiro ano, no Grupo Escolar Paula Rocha, estavam muito relacionados com a idade das crianças, isto é, as

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crianças mais novas, de sete/oito anos, tendiam a repetir mais vezes o primeiro ano primário. Já as crianças que entraram no primeiro ano primário com nove/dez anos de idade normalmente passavam para o ano subsequente, sem retenção. Assim, o trabalho também evidencia as dificuldades encontradas pelo corpo docente do Grupo Escolar Paula Rocha para implementar o ensino primário de quatro anos, o que levou a algumas medidas criativas dos sujeitos escolares (Chervel, 1990), que foram criando, em seu cotidiano, práticas escolares diferenciadas em torno da promoção dos alunos, como por exemplo o desdobramento do primeiro ano primário em dois períodos, cada um deles, com duração de um ano, ou seja, o primeiro ano tinha uma duração de dois anos. Essa prática acarretou em um percurso escolar de, no mínimo cinco anos de duração no grupo escolar em questão, o que destoava da prescrição legal.

As reprovações na escola primária paulista (1936-1938)

Natália Gil Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

[email protected]

Os republicanos paulistas depositaram grandes expectativas no poder da escola para a consolidação do novo regime de governo e para a própria construção da nação. Assumiram a escola seriada como importante inovação no ensino primário, produzindo discursos e dando ensejo a ações políticas decisivas nesse processo. Uma das características constitutivas da escola seriada era a classificação dos alunos no sentido da homogeneização das turmas. Associada a um novo modo de pensar e organizar o tempo e o espaço na instituição escolar, a ênfase na classificação dos desempenhos levou a escola paulista a assumir critérios mais definidos e exigentes nos exames, bem como um registro mais detido de tais práticas. Assim, portanto, ao longo das primeiras décadas republicanas, foi se tornando possível observar estatisticamente o desempenho nos exames e acompanhar diacronicamente esses resultados permitindo ver a massiva ocorrência da reprovação escolar. Disso

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decorre o interesse na análise do Boletim da Secretaria da Educação e Saúde Pública, publicado entre 1936-1938, na gestão de Almeida Jr., onde a questão aparece várias vezes mencionada. Antônio Ferreira de Almeida Jr. (1892-1971) teve uma atuação expressiva como intelectual de destaque em vários campos – notadamente em educação, direito e higiene. Esteve em dois momentos distintos à frente da administração pública da educação paulista: entre 1935 e 1938 foi diretor do ensino em São Paulo e entre 1945 e 1946 foi secretário de educação e saúde no mesmo estado. Participou ativamente dos debates acerca dos rumos da educação pública paulista, em associação aos chamados renovadores do ensino, sendo inclusive signatário do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932. Suas ideias sobre educação coadunam-se (embora com divergências pontuais) com as daquele grupo de intelectuais, como a defesa da necessidade de estender o acesso à instrução elementar para toda a população, com ensino gratuito e obrigatório oferecido pelo Estado. Segundo Raquel Gandini, um dos temas que mais o interessou foi o rendimento da escola primária, por meio da discussão dos altos índices de reprovações e do problema do tresdobramento dos períodos (funcionamento das escolas em três turnos diários), o que o levou a defender a ampliação da rede física de grupos escolares, bem como alguns parâmetros de qualidade de ensino. Em 1936, Almeida Junior solicita um estudo ao chefe do serviço da educação primária da Diretoria de Ensino, professor Luiz Gonzaga Fleury, que resulta em “As reprovações na escola primária”. Na ocasião discute-se um conjunto de aspectos, tais como o tempo necessário para a alfabetização, a relação entre a assiduidade do professor e os resultados do ensino, o descompasso entre a escola e a “mentalidade” dos alunos e das famílias, entre outros que interessa aqui considerar detidamente.

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Chaguismo e brizolismo: territorialidades políticas da escola fluminense

Lia Faria – Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected]

Leonardo Nolasco-Silva – Instituto Infnet [email protected]

A pesquisa desenvolvida se inspira na experiência profissional e na atuação política da pesquisadora, como integrante da geração de professores públicos do sistema estadual de ensino do Rio de Janeiro, a partir da década de 1960. Deste modo, a comunicação aqui proposta, investiga os impactos produzidos pelo I Programa Especial de Educação (I PEE) no comportamento político da sociedade fluminense, durante o período de redemocratização pós-ditadura militar, na década de 1980. Esta investigação assinala as tensões que permeavam a tessitura política que cercava o governador Brizola, no momento de sua posse, em março de 1983, como o escândalo eleitoral ocorrido com o caso Proconsult, que sinaliza para as dificuldades que viriam a ser enfrentadas por aquela administração, resultantes da montagem de uma bem engendrada máquina política chaguista. Há que se assinalar também a herança e os impasses do processo ainda inconcluso da Fusão (1975) dos estados da Guanabara (GB) e do antigo Rio de Janeiro, lançando um novo olhar sobre as percepções, orientações ideológicas e posições dos principais atores sociais no teatro partidário do Rio de Janeiro, redesenhando o quadro histórico-estrutural daquele momento de retomada do processo democrático em âmbito nacional. O objetivo da pesquisa foi, então, desvelar o processo histórico de implantação dos CIEPs em meio às contradições políticas que irão caracterizar os últimos anos de Estado de Exceção. Pretendeu-se ainda identificar os diferentes discursos que permeavam o meio acadêmico, visando analisar o pensamento educacional produzido pelas correntes político-ideológicas, que apoiaram ou rejeitaram o I PEE, buscando assim um entendimento mais amplo da gênese de tal rejeição. Observamos, após a intensa consulta das fontes, que o que está em jogo são visões ideológicas bastante distintas a respeito do papel e da função da escola pública/

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republicana, visões essas que comunicam sobre as permanências e rupturas no comportamento político da sociedade fluminense e, em particular, de seu professorado ligado ao sistema público de ensino. Assim sendo, o recorte teórico desta pesquisa recupera a conjuntura política herdada pelo governador Brizola em três momentos: durante o processo eleitoral; no ato da posse em 1983; e nos futuros embates ocorridos ao longo do seu primeiro mandato (1983-1987), sempre buscando os sentidos e significados que irão demarcar a territorialidade da instituição ESCOLA.

A formação de professores para uma escola de tempo integral: um estudo de caso

Maria Angélica da Gama Cabral Coutinho Professora UFRRJ

Doutoranda PROPEd / UERJ [email protected]

O presente estudo pretende investigar a história da formação docente dos profissionais que atuam no Centro de Atenção Integral à Infância Paulo Dacorso Filho (CAIC) - uma escola de tempo integral - ao longo de sua trajetória de implantação. A citada instituição escolar foi criada em 1993 e sua inauguração ocorreu no ano seguinte, a partir de uma parceria entre as três esferas administrativas: a federal – através da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em cujo terreno a escola foi edificada – ; o governo estadual – representado pela Secretaria Especial de Educação – e a Prefeitura de Itaguaí/RJ – a quem pertencia o atual município de Seropédica/RJ. A pesquisa tem como finalidade analisar a dinâmica de formação continuada dos profissionais do magistério lotados neste CAIC. A intenção é examinar como foram e são preparados os docentes da educação infantil e do ensino fundamental, quando são remanejados para atuar no CAIC, uma escola diferenciada de todas as outras da região. Pretende-se também indagar de que maneira a Universidade contribuiu, e ainda contribui, para estruturar esse processo formativo de docentes. A pesquisa demonstrou que esses

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profissionais, oriundos das diferentes esferas administrativas, com salários diferenciados, e condições funcionais distintas, precisam ser engajados em um projeto, do qual muitas vezes desconhecem o propósito e o funcionamento. A concepção inicial do CAIC nasceu do Projeto “Minha Gente”, idealizado pelo governo Collor de Melo e, com a sua saída, o projeto permaneceu no governo Itamar Franco, através do Programa Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente (PRONAICA), apesar de ter sofrido algumas alterações. Para desenvolver as análises inerentes ao estudo, tomou-se como parâmetro de análise obras clássicas e atuais que fundamentam o tema sobre a escola em tempo integral e sobre a educação integral. A análise da bibliografia específica, sobretudo na experiência de capacitação do magistério no projeto dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), implementado durante o governo de Leonel Brizola no Estado do Rio de Janeiro, constituiu-se em importante base teórica para o trabalho. Como metodologia de investigação buscou-se apreender maiores informações a respeito desse processo através de entrevistas com os sujeitos envolvidos no espaço escolar em foco: os gestores da instituição e os professores que atuaram, e ainda atuam na escola, desde sua criação até os dias atuais. Além dos sujeitos envolvidos no trabalho escolar, também foram examinadas as entrevistas realizadas com docentes da universidade que atuaram em cursos e seminários de formação continuada o CAIC.

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254 Sumário Eixo 1

Escola em tempo integral ou aluno em tempo integral – o papel dos projetos nas

escolas do amanhã

Leonardo Nolasco-Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Instituto Infnet

[email protected]

Lia Faria Universidade do Estado do Rio de Janeiro

[email protected]

O debate sobre a escola em tempo integral no Rio de Janeiro – debate este que se confunde com os discursos sobre a educação integral – tem na experiência dos Centros Integrados de Educação Pública seu vínculo mais permanente e mais difundido. Muitas são as pesquisas que problematizam o projeto CIEP, algumas atestando suas qualidades e seu caráter revolucionário, outras criticando a forma autoritária e partidária com que teria sido criado. De um lado ou de outro, contudo, ressalta-se a importância do projeto – e do programa que o gerou (o I Programa Especial de Educação) – sendo as teses de Darcy Ribeiro (que balizam a citada proposta) até hoje lembradas, criticadas e elogiadas por aqueles que se dedicam ao tema da ampliação da jornada escolar diária. Nesta comunicação, considerando as intercorrências políticas e os direcionamentos ideológicos que marcam parte dos estudos sobre os CIEPs, iremos nos ater ao diálogo do presente com o passado, buscando na cidade do Rio de Janeiro experiências políticas, no âmbito do Ensino Fundamental, que nos remetam ao modelo de tempo integral. Assim pensando, direcionamos nosso olhar para as Escolas do Amanhã, um programa da Secretaria Municipal de Educação, criado em 2009 para atender a um conjunto de 151 escolas localizadas em áreas marcadas pela violência. A partir deste recorte propusemos uma análise qualitativa do modelo em tela, investigando o cotidiano escolar dividido, extraoficialmente, em turno e contraturno. O primeiro seria dedicado às atividades costumeiras de sala de aula, com a presença do

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professor; o segundo, não necessariamente encampado pelo professor, conta com a presença de oficineiros, agentes educacionais e voluntários que, a partir de distintas lógicas, ocupam o espaço escolar, oferecendo atividades que – supõem-se – contribuam para melhorar a experiência do aluno na escola, aumentando seu rendimento. Entre essas atividades destacam-se as de reforço escolar que podem acontecer dentro ou fora da escola. A partir do conceito Bairro Educador o programa Escolas do Amanhã estende a atuação da escola para além de seus muros, entendendo o valor educativo dos demais espaços de sociabilidade. Assim, contrapomos o modelo de escola em tempo integral a um tipo de educando que chamamos de aluno em tempo integral (CAVALIERE, 2009) e pensamos – de maneira comparativa com os CIEPs dos anos oitenta – em que medida estamos falando da integralidade da Educação quando somamos o tempo extraescolar ao tempo de escola. Á título de um novo recorte, acompanhamos o trabalho de profissionais ligados à organização “Ensina!”, que oferece atividades de reforço em algumas Escolas do Amanhã. Qual a relação desses profissionais com a escola? E com o professor? De que maneira o Estado controla/avalia sua atuação? Que função social cabe a este projeto na escola pública da atualidade?

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256 Sumário Eixo 1

Renato Kehl, Victor Delfino e Alfredo Verano: circulação de ideias eugênicas entre

Brasil e Argentina

Autora: Carolina Toshie Kinoshita Faculdade de Educação/UNICAMP

[email protected]

Co-autora: Heloísa Helena Pimenta Rocha Faculdade de Educação/UNICAMP

[email protected]

O termo eugenia foi cunhado pelo cientista britânico Francis Galton em 1883, para designar a ciência responsável por melhorar a raça humana. Compondo a ciência eugênica, podemos identificar três vertentes que se relacionam: a eugenia positiva, que se pauta no incentivo à união entre os indivíduos capacitados física, mental e moralmente; a eugenia negativa, que previa o impedimento da procriação entre indivíduos considerados degenerados, e a eugenia preventiva, pautada na conservação da saúde por meio da propaganda, educação, higiene e saneamento. Os primeiros núcleos de disseminação das ideias eugênicas começaram a surgir na América Latina no início do século XX, logo após o primeiro Congresso de Eugenia (1912), realizado em Londres, o qual reuniu diversos cientistas do mundo. O Brasil foi o primeiro a organizar uma Sociedade Eugênica, no ano de 1918, localizada na cidade de São Paulo e idealizada por Renato Kehl. No mesmo ano, surgem instituições similares na Argentina, Peru e Paraguai. A partir da década de 1920, esse ideário se expande para outros territórios, principalmente latino-americanos, contribuindo para a formação de uma Federação Internacional Latina de Sociedades Eugênicas. Segundo Stepan (2005), apesar de haver muitos adeptos da eugenia negativa na América Latina, o que predominou neste território foi a eugenia positiva e preventiva, que se pautou em uma estreita relação entre eugenia e educação. Nesta comunicação, nos atemos à análise da circulação das ideias eugênicas entre dois países que tiveram um

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papel pioneiro na divulgação da ciência eugênica na América Latina: a Argentina e o Brasil. Examinaremos tal circulação por meio da relação estabelecida entre três agentes: Dr. Renato Kehl, fundador da Comissão Central Brasileira de Eugenia (1931) e diretor do Boletim de Eugenia (1929); Dr. Victor Delfino, fundador do Comitê de Eugenia (1914) e da Sociedade Eugênica Argentina (1918), membro da Sociedade Eugênica de São Paulo (1918), com uma participação destacada na institucionalização da Sociedade de Biotiopología, Eugenesia e Medicina Social (1932); e Dr. Alfredo Fernandez Verano, presidente da Liga Argentina de Profilaxia Social (1921) e responsável por traduzir algumas obras de Renato Kehl para a língua espanhola. Nesse sentido, procuraremos detectar as várias formas acionadas com vistas a por em circulação as propostas eugênicas atreladas à educação, em ambos os países, por meio dos vínculos entre esses três profissionais. Para tanto, tomamos como fontes as correspondências entre médicos brasileiros e argentinos, localizadas no Fundo Pessoal Renato Kehl, vinculado à Fio Cruz, analisando também a presença, em bibliotecas argentinas, de livros de autoria de Renato Kehl em português e em espanhol, por meio dos quais se procura compreender a atividade da tradução como estratégia de afirmação e divulgação desse ideário.

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Eixo 2

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259 Sumário Eixo 2

A capoeira na revista Kosmos (1906): cultura material, formação e informação

ilustrada no Rio de Janeiro

Ricardo Martins Porto Lussac PROPED – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

[email protected]

Na última década no Brasil o Ministério da Cultura dispensou atenção especial à área da cultura imaterial do país, desenvolvendo políticas públicas e o respectivo registro e salvaguarda de determinadas práticas culturais. Em 2008, a Capoeira foi registrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Neste cenário, consequentemente, um dos fatores que veio a baila foi a busca pela melhor compreensão sobre a transmissão e respectivos processos educativos destas práticas, proporcionando um vasto campo de atuação para os pesquisadores de diferentes áreas, dentre elas, a Educação. Por outro lado, o campo da História da Educação tem cada vez mais debruçado seu olhar em práticas não escolares da educação, na transmissão de conhecimentos e cultura nos mais diversificados grupos sociais. Isto ganha significância na medida em que se compreende que a educação é realizada dentro de um mosaico de atividades e interações sociais. Neste sentido, por ser campo do conhecimento que ainda necessita de maiores investigações, não é de se estranhar que a literatura existente nesta área seja insuficiente para se compreender tais fenômenos. Compreender as utilidades, os significados e as influências dos aspectos materiais envolvidos na transmissão de qualquer prática cultural é um fator fundamental e determinante para se conhecer os processos educativos envolvidos em qualquer fenômeno sociocultural em que habite uma relação de ensino-aprendizagem. A cultura material pode ser definida pelo conjunto de instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que são associados às práticas, representações, expressões,

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conhecimentos e técnicas pertencentes a um determinado grupo que possui um saber específico de um modo de fazer e de uma forma de expressar uma cultura imaterial, que é transmitida aos seus pares por uma pedagogia própria. Neste sentido, no intuito de investigar a cultura material da Capoeira no Rio de Janeiro do início do século XX, este trabalho teve como objetivo analisar o artigo “A Capoeira” publicado na revista Kosmos em 1906, o qual possui seis ricas ilustrações desenhadas por Kalixto. Procurou-se por meio de um tratamento interpretativo e qualitativo estabelecer um diálogo entre esta fonte primária principal e os autores que compuseram a fundamentação teórica, entre eles, precipuamente: Luiz Dias, Matthias Assunção e Renato Tonini. A perspectiva formadora da informação veiculada, tanto do texto, como também das ilustrações da fonte primária em questão foram analisadas de forma a entender o contexto destas e também a própria fonte. Foram investigados os sentidos da cultura material presente na fonte primária, pensando os processos múltiplos educativos da Capoeira também pelas coisas, pelo material, entendendo a utilidade – dimensão prática – e os signos – dimensão simbólica – desta cultura material, de suas representações, de suas simbologias e dos indíc ios das ações e utilizações destas coisas. Deste modo, este estudo ilumina parte da complexa relação entre os sujeitos que desenvolveram o modo de fazer a Capoeira – cultura imaterial – com os objetos, materiais e ambientes que compuseram a cultura material do jogo-luta no Rio de Janeiro no início do século XX. Pôde-se constatar que este trabalho contribui com subsídios elementares para maiores análises sobre o assunto.

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261 Sumário Eixo 2

A educação escolar Pomerana: uma aproximação intercultural

Jandira Marquardt Dettmann [email protected]

Laura Maria Bassani Muri Paixão [email protected]

A Interculturalidade é um tema que tem sido amplamente discutido nos últimos anos por muitos educadores, porém na prática percebe-se que poucos têm mudado a sua postura em relação a uma prática pedagógica nesse sentido. Essa questão nos motivou para a realização deste estudo, levando-nos a analisar como a educação intercultural tem contribuído nas práticas realizadas no município de Santa Maria de Jetibá, região onde a população é predominantemente constituída por descendentes de pomeranos que mantêm viva a sua língua materna - o Pomerano. Os objetivos foram à valorização das práticas interculturais no contexto escolar, identificar a postura das professoras diante das especificidades culturais das crianças, levantar reflexões teóricas e práticas a respeito de uma educação com enfoque cultural, e propiciar reflexões para a ampliação de pesquisas voltadas para a educação intercultural. Na pesquisa bibliográfica optamos por autores como CANDAU (2002), CANEN (2000), FOERSTE (2007), FORQUIN (1993), HALL (1997), dentre outros, que têm trazido reflexões sobre a questão da interculturalidade, para nos aprofundarmos sobre o tema. A pesquisa de campo para a coleta de dados foi realizada numa turma da Educação Infantil, da rede municipal de Santa Maria de Jetibá, sendo os sujeitos do estudo, os alunos e a professora da turma. A metodologia utilizada foi um estudo de caso usando como instrumentos as observações de aulas, e a entrevista com a professora responsável pela turma. Os resultados obtidos demonstram que apesar da professora entender o que é o termo interculturalidade, não compreende bem o que seria uma prática pedagógica numa perspectiva intercultural, mas compreende a necessidade da valorização da cultura, e de realizar práticas pedagógicas que considerem as especificidades

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262 Sumário Eixo 2

culturais dos alunos. Percebeu-se que se os educadores tiverem uma postura que vai ao encontro de uma perspectiva intercultural, o desenvolvimento do trabalho tende a ser muito melhor, com muito mais possibilidades de levar os alunos a obter o sucesso escolar, e uma aprendizagem significativa e de qualidade. Apesar dos avanços ocorridos nesse sentido, ainda há grandes desafios a serem vencidos no contexto da educação brasileira.

A escrituração escolar nas colônias italianas de Curitiba: o que informam os mapas de

frequência?

Elaine Cátia Falcade Maschio (UNINTER) [email protected]

Este estudo pretende analisar a produção dos mapas de frequência das escolas elementares públicas nas colônias italianas dos arredores da cidade de Curitiba, no Paraná. Busca compreender a demanda pela elaboração desses mapas de frequência como prática de escrituração escolar administrativa e como tática de para angariar do governo benefícios ao processo de escolarização das colônias. O recorte temporal abrange o período que vai do final do século XIX até as primeiras décadas do século XX. Foram inventariados ofícios, requerimentos, relatórios das autoridades do ensino, legislação e cerca de quarenta mapas de frequência de escolas públicas localizadas em cinco colônias italianas paranaenses. O debate teórico contemplou a historiografia educacional brasileira, como Faria Filho (2000), Veiga (2005) e Vidal (2009); a historiografia que trata dos processos educacionais entre imigrantes no contexto nacional como Kreutz (2008), Luchese (2011) e Correa (2000); e os estudos em torno da imigração italiana no Brasil, como a obra de Trento (1989). A elaboração dos mapas de frequência como uma exigência do governo que decorre desde o advento do Império buscou institucionalizar o fazer escolar nas escolas públicas brasileiras. Do mesmo modo, a prática de escrituração escolar nas colônias italianas de Curitiba possibilitou nomear crianças, classificar os diferentes perfis

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Caderno de Resumos - Eixo 2

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infantis que frequentavam as escolas coloniais e mensurar a cadência dos ritmos de ensino e aprendizagem. Como instrumento legal, os mapas de frequência informavam o quanto a escola seria capaz de ordenar a infância, escolarizando os sujeitos sociais e transformando-os em sujeitos escolares. Assim, crianças que compartilhavam de traços culturais singulares no convívio familiar e comunitário, tornavam- se alunos que apropriaram e estabeleceram no interior daquele espaço de socialização, novos tempos, ritmos e modos de aprender. Como importante fonte para compreender a história da escolarização primária, a análise das listas escolares possibilitou compreender as irregularidades da frequência escolar dos alunos devido os ciclos de trabalho agrícola, as idades variadas das crianças, os níveis e graus de ensino e a tentativa de produzir tempos escolares, as relações de parentesco, os aspectos culturais, sociais e econômicos como religião, profissão e condição econômica das famílias. Por fim, concebidos também como táticas de professores e dos colonos, os mapas de frequência foram produzidos e utilizados para galgar recursos e benefícios do governo, como por exemplo, materiais escolares, subvenções de professores e criação efetiva de escolas primárias públicas.

A história da educação e a formação de professores para a educação das relações étnico-raciais:

uma questão a pensar

Dulcinea Benedicto Pedrada [email protected]

O objetivo deste trabalho é problematizar a contribuição da História da Educação, enquanto disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores para as séries iniciais do ensino fundamental, na discussão da temática em questão. Como docente da disciplina no curso de Pedagogia, coloco-me a responsabilidade de encaminhar a discussão do tema que não tem recebido a atenção reclamada pelas professoras que compuseram o universo da minha pesquisa no curso de doutorado em educação. Trabalhando com narrativas de 16

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264 Sumário Eixo 2

professoras negras, onde um dos pontos abordados foi o processo de formação profissional e as experiências vivenciadas em relação às questões étnico-raciais, encontramos, em suas falas, referências a uma ausência quase que total de conteúdos relacionados ao tema. As histórias de formação dessas professoras negras são histórias de subjetividades negadas, histórias de vidas escondidas, “experiências desperdiçadas”. Nesses longos anos de experiência como professora de História da Educação tive poucas oportunidades de discutir os temas propostos às professoras, à semelhança do que ocorreu com elas em seus cursos de formação para o magistério. Mesmo nos raros momentos em que a discussão ocorreu, ela revelou-se sempre muito difícil, algumas vezes pelas razões colocadas pelas professoras pesquisadas, outras vezes, pela dificuldade de quebrar tanto silêncio acumulado em torno do assunto. A dificuldade de tratar a questão racial em nossas escolas revela, segundo a pesquisadora Nilma Lino Gomes, o peso do imaginário e dos valores racistas em nossa sociedade. Revela também, lacunas na formação profissional e o despreparo para lidar, como educadores, com sujeitos socioculturais diversos. A professora Iolanda de Oliveira, discutindo a questão dos valores na formação dos profissionais da educação, contribui com sua reflexão acerca do papel da educação na sociedade em que estamos vivendo, sociedade carente de valores que contribuam para a formação do cidadão, e acerca das responsabilidades dos próprios cursos de formação de professores. Em sua reflexão, defende a exigência colocada pela população negra de uma postura compromissada por parte dos profissionais da educação em relação às desigualdades de condições e de oportunidades destinadas a essa população. A pesquisadora aproveita, ainda, para questionar o papel da educação e o papel social dos profissionais da educação em sua relação com a sociedade para a qual estão sendo formados: que tipo de contribuição poderão dar à sociedade para que ela se desenvolva no sentido da superação de conflitos entre os diferentes grupos étnicos que a constituem? Essas e outras questões ainda precisam ser respondidas pelos educadores, a partir da formação recebida, e a História da Educação tem, também, uma relevante contribuição a dar ao debate, necessário.

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265 Sumário Eixo 2

A influência da cultura popular na produção de sentidos e no engajamento de alunos para

a preservação ambiental

Ana Paula Dias Pazzaglini Roldi  [email protected]

Este artigo apresenta um estudo sobre a história do congo no balneário da Barra do Jucu, município de Vila Velha-ES, e sua relação com os movimentos de proteção do ambiente local, visto que está firmado em um balneário cercado de ecossistemas, como o manguezal e uma extensa área de restinga. Devido a isso, investigamos o congo como instrumento político de luta em prol da preservação do ambiente em estudo. O congo teria chegado à Barra em 1950, porém, só se tornou nacional e internacionalmente conhecido depois que Martinho da Vila (famoso cantor brasileiro) escutou e gravou o jongo Madalena, transformando-o em hit nacional. Esse fato ilustrou bem o poder de persuasão da mídia no mundo globalizado, divulgando informações, ligando culturas e influenciando pessoas do mundo inteiro. O artigo também procura entender como se deram a entrada do congo, enquanto disciplina, no currículo escolar em 2003; e a criação da banda de congo mirim da Escola Municipal do balneário da Barra do Jucu, buscando conhecer, dessa forma, os esforços que têm sido realizados para o resgate dessa cultura, no âmago do mundo globalizado. Entendemos que a participação em eventos sociais, como nos ensaios do congo e oficinas de congo/meio ambiente, que são ministrados na escola, promove a socialização e a formação de subjetividades. Dessa forma o congo atua na produção discursiva de significados, e sua análise cultural é realizada na intenção de ver como histórias têm sido contadas nessas produções culturais, dando ênfase ao modo como elas se constroem discursivamente na cultura, produzindo sentidos sobre as comunidades. Além das histórias, os símbolos e as crenças fazem com que cada membro dessa comunidade se identifique com ela a partir de um sentimento de pertença. Emergiu, assim, o interesse em compreender a incorporação do ecossistema local como símbolos do congo e, por

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meio de entrevistas a moradores (as) dessa região, sujeitos engajados nas lutas pelo mesmo e pelas causas ambientais locais, descobrimos as bandas de congo como instrumentos para a criação da reserva ecológica de Jacarenema e para a manutenção de sua preservação, por meio de pedalaços e passeatas “Preserve Jacarenema” e das descidas do rio Jucu em prol de sua descontaminação. Dialogamos com Hall (2005) para trabalhar a temática de identidades e de sujeito sociológico, pautado nas relações sociais e nos símbolos da cultura, com Giddens (1990) que traz as práticas sociais recorrentes como uma forma de estruturar as tradições, além de outros autores também significativos. Buscamos os encontros entre educação ambiental e cultura local, propiciados pela escola em estudo, numa tentativa de resgate de sensações valorativas, objetivando entender como os alunos envolvidos com o congo criam um sentimento de pertença a seu ambiente de inserção, como esse sentimento pode produzir significados e que influências representará nas práticas de preservação ambiental.

Anarquismo e educação em Rio Grande (1918-1927): educação de,

para e pelos trabalhadoresFrancisco Furtado Gomes Riet Vargas

Esc. Est. de Ens. Fund. Cel. Juvêncio Lemos [email protected]

Elomar Antônio Callegaro Tambara FaE/UFPel

[email protected]

Esta pesquisa, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal de Pelotas, na linha de Filosofia e História da Educação, enfoca a educação libertária, no início do século XX, na cidade de Rio Grande; uma das cidades mais prósperas do Rio Grande do Sul, neste momento, com um dos portos marítimos mais importantes da América do Sul. Neste artigo se apreciara o pensamento e a atuação dos anarquistas de Rio

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267 Sumário Eixo 2

Grande no que tange a educação. Para tanto, o texto contempla olhares na formação da cidade de Rio Grande como polo regional do Estado do Rio Grande do Sul e seu contexto educacional. O artigo ainda aprecia a tradição anarquista na educação, contemplando alguns reconhecidos pensadores anarquistas, como William Godwin (1756-1836), Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), Mikhail Bakunin (1814-1876), Francisco Ferrer y Guardia (1859-1909) e Polydoro dos Santos (1881-1924), sendo estes anteriores ou contemporâneos ao período de pesquisado. Assim observando suas cosmovisões e seu pensamento pedagógico, o que sempre gerou muita inquietação entre os anarquistas. Este escrito também analisa a atuação dos anarquistas como atores sociais de uma educação singular, proposta para os trabalhadores, no cerne do movimento operário, comparando suas propostas e fazeres com os teóricos anarquistas apreciados. Para isso, além da analise bibliográfica feita, observa-se os Relatórios da Intendência Municipal de Rio Grande, o jornal anarquista O Nosso Verbo e as Atas de Diretoria, Livros-Caixa e Relatórios Presidenciais da Sociedade União Operária. Toma- se como base principal para este estudo os textos produzidos pelos militantes operários de Rio Grande sobre educação. Visando analisar as expressões libertárias sobre a educação, desde suas primeiras manifestações mais consistentes sobre o tema da educação, no jornal O Nosso Verbo. O escrito explicita os atritos que envolveram os anarquistas em Rio Grande, tanto os atritos que houveram com outros grupos ideológicos, como seus celeumas internos. Assim como o momento que oportunizou a aplicação prática de seu ideário, no período de hegemonia anarquista na Sociedade União Operária e, por conseguinte, na escola mantida por esta sociedade. O presente artigo compreende a produção dos trabalhadores é sim uma produção ideológica, assim como toda produção humana, inclusive a própria historiografia, conforme afirmam Michel de Certau (1982, 70) e Roger Chartier (2001, 115). Este trabalho usa-se dos principais estudiosos do anarquismo como George Woodcock e Silvio Gallo, entre outros.

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268 Sumário Eixo 2

Controvérsias no ensino do idioma nacional nas escolas elementares públicas e privadas italianas localizadas na cidade de São Paulo

nos anos iniciais do século XX

Eliane Mimesse UNINTER/ PUCSP

[email protected]

Este estudo analisa a questão do ensino da Língua Portuguesa nas escolas primárias públicas e privadas italianas. Verificou-se como ocorria o ensino do idioma nacional concomitante ao ensino da Língua Italiana nas escolas privadas italianas subsidiadas, localizadas em alguns dos bairros da cidade paulistana. Essas modalidades de escolas coexistiram durante os anos da primeira década do século XX. Objetivou-se verificar o desenvolvimento das questões metodológicas dessas escolas com relação ao ensino da Língua Portuguesa, tanto nas escolas públicas paulistanas como nas escolas privadas italianas; pretendeu-se identificar como ocorreu o ensino da Língua Italiana concomitante ao ensino de italiano nas escolas subsidiadas e como desenvolvia-se a difusão cultural do idioma, já que recebia grande incentivo do Governo Italiano desde o final do processo de unificação. A pesquisa baseou-se em fontes documentais, foram contemplados documentos oficiais do governo do Estado de São Paulo, periódicos italianos que circulavam na cidade paulistana durante o período pesquisado, todos as fontes primárias documentais puderam ser consultadas no acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Como obras de referência que compuseram a pesquisa bibliográfica, é necessário ressaltar, a relevância da pesquisa com livros de autores italianos como Salvetti (1995) que abordou a constituição de uma sociedade cultural italiana nos países eleitos pelos emigrantes; Civra (2002) que estudou os programas de ensino das escolas primárias elementares a partir do século XIX; Sala (2005) que redigiu um relatório acerca das escolas italianas localizadas no estado de São Paulo, na segunda década do século XX,

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a partir da perspectiva de seu cargo como funcionário do consulado na cidade; Licitra (1924) que analisou a metodologia de ensino praticada nas escolas elementares italianas e a formação de professores. Outros autores em Língua Portuguesa compuseram a pesquisa como Luzuriaga (2001) e Manacorda (1989) quando abordaram a história da educação na península itálica após o processo de unificação; Nagle (1985) e Catani & Lima (2002) quando escreveram sobre a educação e as escolas no Brasil no início do século XX. Esses e outros volumes, além dos materiais documentais possibilitaram compor o objeto de estudo de modo o mais detalhado possível. Concluiu-se que, apesar das iniciativas do governo do Estado de São Paulo, em instituir a Língua Portuguesa como obrigatória sua difusão foi lenta. A concomitância na existência das várias escolas italianas subsidiadas pelo Governo Italiano e a ampla utilização do idioma no cotidiano da cidade, contribuiram para a lentidão no efetivo ensino da Língua Portuguesa.

Educação e trabalho em escritos de Robert Owen (1771 – 1858): uma análise de the life

of Robert Owen (1967)

Cláudio Rodrigues da Silva Universidade Estadual Paulista (UNESP)

[email protected]

Nesta comunicação apresentam-se resultados parciais de estudo documental e bibliográfico que investiga princípios educativos presentes em experiências educacionais e em textos de autores vinculados aos denominados socialismos utópicos, em especial textos sobre e textos escritos por três das principais referências dessas correntes políticas, quais sejam, François- Marie-Charles Fourieu (1772 – 1837), Claude-Henri de Rouvroy ou Saint-Simon (1760 –1825) e, principalmente, Robert Dalen Owen (1771 – 1858), autores esses escolhidos dadas suas importância e representatividade. Os movimentos socialistas utópicos

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tiveram significativa expressividade e ampla repercussão – em termos teórico-práticos – nos respectivos momentos históricos. Todavia, seus escritos e experiências educacionais são um importante legado para a história da educação, inclusive. Esses movimentos tinham propostas formalizadas e, em alguns casos, implementaram experiências de educação/ensino. Entre os socialistas utópicos, destaca-se principalmente Owen, haja vista a implementação e a execução de um projeto educacional – nas comunidades de Lancashire e de Lanarkshire – que, dentro das condições objetivas históricas, apresentavam algum nível de conformidade com a nova visão de sociedade defendida por Owen. Entre os principais aspectos a serem destacados nas propostas ou experiências educacionais de Owen estão a alta importância atribuída ao conhecimento científico para fins de emancipação de toda a humanidade dos princípios e práticas inerentes à velha sociedade, permeada de maus hábitos, decorrentes principalmente da concepção de moral vigente e hegemônica à época. Além da moral, outra questão à qual Owen atribuía alta importância no processo de criação de uma nova sociedade e de uma nova moral consoantes entre si, estava a articulação entre educação/ensino e trabalho produtivo. Entretanto, essa articulação não se dá nem se encerra em si mesma, pois está condicionada à consecução de um conjunto de fatores, como, por exemplo, a educação das crianças, a adequação do ensino em conformidade com as faixas etárias dos educandos, a formação dos próprios educadores – selecionados entre os melhores. Esses, entre outros fatores, eram fundamentais para a formação completa dos integrantes daquelas comunidades, formação que deveria abranger todas as dimensões humanas – física, mental, intelectual, moral, espiritual, enfim, do caráter, visando à preparação e à concretização da nova sociedade prevista por Owen.

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Educação popular em Tefé/AM: limites e possibilidades do movimento de educação de

base no período da ditadura militar

Leni Rodrigues Coelho Universidade do Estado do Amazonas

[email protected]

Cristiane da Silveira Universidade do Estado do Amazonas

[email protected]

O Movimento de Educação de Base foi criado em 1961, pelo Decreto n 50.370, que resultou de um convênio entre a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da União e pretendia oferecer alfabetização à população rural, através de escolas radiofônicas para ajudar o homem a se defender das ideologias difundidas naquele momento. Foi o único que sobreviveu ao golpe de 1964, porém, começou aos poucos a se extinguir, com exceção de alguns municípios da região norte do país. A pesquisa teve como objetivo analisar as ações pedagógicas do MEB em Tefé no período da ditadura militar, já que este se desenvolveu com propósitos diferentes do contexto em que estava inserido, bem como compreender os propósitos políticos desenvolvidos pelo MEB e analisar os fatores que contribuíram para que o movimento sobrevivesse ao período da repressão. O estudo foi fundamentado em referencial teórico específico, documentos oficiais e história oral (foram entrevistados ex-coordenador, ex-professores, ex-alunos e ex-supervisores). O MEB em Tefé prestou serviços educacionais, sociais, culturais e de saúde à população ribeirinha que se encontrava esquecida, orientando-os acerca de seus direitos e deveres. O presidente do MEB/Tefé, Bispo Dom Joaquim de Lange estava sempre preocupado com as desigualdades sociais e o problema referente ao analfabetismo e por isso buscava estratégias para diminuí-los. Dentre essas estratégias foram organizadas reuniões, encontros pedagógicos e participação em Seminários de Educação de Base a fim de encontrar

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possíveis soluções para os problemas sociais que afligiam a população ribeirinha. Diante da analise das fontes documentais verificou-se que o MEB em Tefé desenvolveu atividades significativas, mesmo no período da ditadura militar, uma vez que levou o ribeirinho a refletir sobre a situação de abandono em que vivia, mudando suas concepções e transformando-o em cidadãos conscientes. Para sobreviver ao período da ditadura o MEB em Tefé repensou a forma de trabalhar a educação com indivíduos menos favorecidos e enfrentou muitas dificuldades e dentre elas podemos citar: falta de professores com formação específica para lecionar; as comunidades mais distantes eram desprovidas de escolas e energia elétrica, sendo o professor obrigado a lecionar em sua residência que na maioria das vezes se encontrava em situação precária; a gratificação irrisória aos professores; o trabalho árduo dos alunos na agricultura; a fome e a idade avançada dos alunos. Assim, constatou-se intrínseca relação do MEB com a configuração da Educação de Jovens e Adultos em Tefé, região do Médio Solimões. Cabe ainda salientar, a ausência dos governos na promoção de políticas públicas em educação, e uma presença marcante da Igreja Católica através da promoção e da libertação do povo ribeirinho.

Educação, saúde e resistência: estudo de caso em serra Nova Dourada/MT nos anos de 1960 e 1970

Paulo Cesar Moreira Santos (UFMT) [email protected]

Márcia dos Santos Ferreira (UFMT) [email protected]

Este trabalho tem como objetivo compreender como a aliança entre os agentes de pastorais e trabalhadores rurais de Serra Nova Dourada, Mato Grosso, transformaram as concepções vigentes de saúde e de educação ao longo dos processos de conscientização e resistência para permanência na terra e superação das injustiças sociais existentes entre os anos 1960 e 1970. De acordo com o sociólogo Otavio Ianni em seu livro “A ditadura do Capital” (1981) o regime militar, iniciado em 1964, buscou implantar

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políticas que transformaram o Brasil em palco de diversas convulsões sociais. Dentro dessa lógica, a partir do fim dos anos de 1960, na região do Baixo Araguaia, diversas famílias camponesas que ali viviam há mais de 30 anos sofreram ameaças de expropriação das suas terras pelos novos empresários rurais que começaram a se instalar em toda a região, como afirma Ariovaldo de Oliveira em seu livro “Paraíso e Inferno na Amazônia Legal” (1989). Tal situação, aliada à decadência na esfera da saúde das famílias, unificou interesses de camponeses e militantes cristãos da Prelazia de São Félix do Araguaia para buscarem fortalecer a consciência e a resistência a partir da formulação de uma proposta política pedagógica de formação, baseada no método do pedagogo exilado, Paulo Freire, sobre educação, e de David Bradford Werner, sobre o tema da saúde. Uma vasta documentação encontrada no arquivo da Prelazia de São Félix do Araguaia comprova os fatos ocorridos neste período, a partir de relatórios de reuniões, textos de autores utilizados, jornais da época, cartas dos agentes pastorais e do povo, fotografias, documentos, materiais didáticos produzidos e outros. Foi empregado como referencial teórico uma abordagem dialético-histórica investigativa baseada em Bourdieu (2007), o estudo do processo de formação da consciência, tal como entendido por Paulo Freire (1980) e Micelli (1979). Estudos sobre hegemonia e formação da consciência também foram utilizados, a partir das elaborações de Gramsci (1978), das ações coletivas e da busca por reconhecimento dos grupos afetados, na acepção de Hooneth (2003). De acordo com as pesquisas empreendidas até o momento o projeto político comunitário e rural propunha a revisão da temática da saúde dentro do conjunto das relações sociais de luta de classes, as concepções que embasavam o Estado e a sociedade na implantação dos programas de saúde, como também o papel do médico, no sentido tradicional da função, e suas implicações na comunidade. Tal revisão apontava para alternativas de valorização das comunidades, no sentido de abrir caminhos para a formação dos chamados “trabalhadores rurais da saúde”, a partir de um processo de formação das pessoas da própria comunidade para assumirem a responsabilidade e o cuidado direto dos seus iguais, tornando-se um elo mais seguro dentro da hierarquia social de assistência vigente à época, que supervalorizava o médico em detrimentos das classes rurais pobres, transformando-as em meros “pacientes”.

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Escola nacional Florestan Fernandes (ENFF) – história imediata de uma escola em construção

Carlos Bauer [email protected]

João Elias Nery [email protected]

Este trabalho aborda a trajetória da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), criada a partir da iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST – e de movimentos sociais e militantes políticos. A análise visa identificar, numa perspectiva histórica, as motivações que levaram à criação da ENFF, bem como descrever e analisar os principais aspectos do projeto pedagógico que orienta as práticas existentes, definidas por coletivos de militantes. A ENFF é fruto do esforço do MST, que conseguiu reunir instituições e atores políticos no Brasil e no exterior em torno da proposta de educação e formação política para militantes dos movimentos sociais. Funciona na cidade de Guararema (a 60 quilômetros da cidade de São Paulo no sentido do Rio de Janeiro), desde 23 de janeiro de 2005, tendo sido construída em regime de mutirão ao longo de quatro anos, contando com o trabalho voluntário de milhares de militantes de todo o país e a disposição de oferecer cursos fundamentais para a formação dos trabalhadores rurais organizados pelo MST e para formação de militantes de outros movimentos sociais. A solidariedade de classe é fator que compõe o cerne da criação e do funcionamento da ENFF. A existência material conta com o apoio dos integrantes do MST de todo o Brasil. Dos assentamentos vêm os alimentos utilizados por, aproximadamente, 24 mil alunos e alunas que participaram de atividades e do grupo que atua na coordenação da escola. O trabalho voluntário de cerca de 500 professores e professoras viabiliza a realização dos cursos, oferecidos de acordo com as orientações da CPP – Coordenação Político Pedagógica. Formada por militantes que têm formações diversas, a CPP orienta a produção de material didático – Cadernos de Estudos que têm conteúdos desenvolvidos por colaboradores da ENFF – e mantém interlocução com docentes e

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discentes. Desde o início a CPP definiu quatro núcleos de atuação na ENFF: Teoria Política, Latino Americano, Graduação e Cursos Livres. Tais núcleos visam oferecer atividades a diferentes públicos, definidos em conjunto com movimentos sociais do Brasil e de diversos países, principalmente da América Latina, mas, também, de outros continentes. O núcleo dos cursos livres oferece atividades semanalmente como forma de contribuir para o aprofundamento de questões contemporâneas e deles podem participar tanto aquelas pessoas envolvidas em atividades dos demais núcleos, quanto as que não têm vínculos com a ENFF ou com os movimentos sociais. A pesquisa utilizou documentos da ENFF, a produção teórica materializada nos “Cadernos de Estudos” e o audiovisual “ENFF: uma escola em construção” consulta e revisão bibliográfica, além da realização de entrevistas e coletas de depoimentos com alunos, dirigentes, funcionários, professores e colaboradores da escola.

Escolarização e profissionalização docente de mulheres afrodescendentes em Santa

Catarina (1950-80)

Maria Aparecida Clemêncio UDESC – Florianópolis - SC - Brasil

[email protected]

Neste estudo objetiva-se reunir novas fontes, reorganizando e produzindo conhecimentos que contribuam para o entendimento do processo de escolarização de mulheres afrodescendentes no Estado de Santa Catarina. A pesquisa justifica-se no ainda reduzido número de publicações sobre a participação social da população afrodescendente no contexto social catarinense, em especial mulheres no cenário educacional. Pretendemos, assim, identificar e refletir sobre barreiras colocadas para as mulheres afrodescendentes e estratégias das quais lançaram mão para vencer os obstáculos com vistas à conquista da profissionalização no campo da educação. Recorreremos à pesquisa bibliográfica e a análise documental de acervo disponível em arquivos pessoais e em órgãos oficiais como Museu da Escola Catarinense,

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Arquivo Público do Estado de Santa Catarina, além daquele disponível em escolas públicas. Desse modo, procuramos analisar a trajetória escolar de mulheres que, aproveitando a ampliação de oportunidades de acesso à escola buscam, pela via da implementação de políticas públicas pautadas na pretensa igualdade de oportunidades, a profissionalização como via de conquista de mobilidade e inserção social. Em termos teóricos lançamos mão de conceitos forjados por Michel de Certeau, particularmente naquele que denominou por estratégias e táticas. Por esta via pretende-se refletir sobre formas de ocupação de espaço político e social apoiadas num discurso de acesso universal a educação e, neste caso, ao magistério. O modelo educativo marcado pela crença na escola e em seu próprio trabalho; sintetizaram um sentido histórico para a profissão docente de outrora, mas que ainda nos acompanha. Poderíamos dizer que essas mulheres que conseguem fugir as resistências do sistema e se inserir no espaço escolar e dar conta de carreira exitosa no magistério, caracterizam-se no que Pierre Bourdier classifica de “trânsfugas”. Ressalta-se que o magistério primário se constituía para as mulheres em geral, na possibilidade de inserção profissional no mercado de trabalho, como mão de obra especializada e de ascensão social. Nessa perspectiva de independência financeira e realização pelo trabalho, no caso das mulheres negras, também é necessário vencer, dentre muitos outros, os obstáculos da sociedade racista que lhes impunha frequentemente as mais diferentes provações e proceder à conversão de uma condição de subalternidade, renunciando ao lugar social que lhes era relegado. Nesse sentido, torna-se importante pensar como essas mulheres conseguiram avançar na escolarização num contexto discriminatório, buscando entender como lidaram com as dificuldades para superação dos obstáculos. Efetivamente indaga-se quanto aos impactos das políticas governamentais e dos dispositivos legais que promoveram a escolarização dessas mulheres.

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Sujeitos da educação no século XIX: experiências étnico- sociais de discentes e docentes nas províncias de Rio de Janeiro,

Minas Gerais, Parayba do Norte e PernambucoMarcus Vinícius Fonseca

Universidade Federal de Ouro Preto [email protected]

Nas últimas décadas, houve significativo investimento nos estudos sobre a história da educação brasileira oitocentista , especialmente no que se refere às pesquisas sobre os processos de formação do Estado e suas relações com a institucionalização da instrução pública elementar e os processos de escolarização nas diversas regiões do Brasil. Nessa mesa, nosso objetivo é inventariar algumas problemáticas que ainda aguardam maior esforço de pesquisa. Dentre elas, as diversas estratégias de escolarização encaminhadas por diferentes setores sociais e étnicos, como os projetos destinados à população pobre , incluindo a população negra, bem como as demandas e ações possíveis veiculadas por esses mesmos grupos, por movimentos sociais de trabalhadores, operários urbanos e, também, pelos professores das escolas primárias. As crianças e jovens, então transformados em aluno, sujeito e objeto de intervenção de saberes e campos científicos diversos (o discurso racial, a pedagogia, a higiene, a medicina, a assistência social, entre outros), aguardam ainda sérios investimentos de pesquisa. Quem eram, e como foram representados, os alunos, meninos e meninas, e os professores, que se fizeram presentes, sujeitos na constituição das escolas e de variadas instituições educacionais nas diversas províncias no século XIX? A história do trabalho docente e a trajetória de homens e mulheres no magistério, os processos de formação e as transformações históricas no exercício da docência também permanecem como questões a serem mais detidamente investigadas. A participação de professores e professoras nos processos políticos de constituição de formas associativas como lugares de sociabilidades profissionais, constituem interessantes problemas de pesquisa a explorar. Ao apresentarmos estas questões, aqui brevemente

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enumeradas, pretendemos apontar algumas perspectivas em aberto para os estudiosos e para a historiografia da educação. Através do foco nos processos históricos referentes às províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba do Norte e Pernambuco, nossa intenção consistirá em discutir os modos de construção de identidades sociais (pobreza e raça), de alunos e/ou de professores, apontando para a pluralidade de estatutos, situações e condições de trabalho, experimentadas por sujeitos educativos igualmente plurais no século XIX.

Etnia e gênero no pontal mineiro (1950-1960): escolarização das migrantes nordestinas

Daiane de Lima Soares Silveira (UFU) [email protected]

Sauloéber Társio de Souza(UFU) [email protected]

O presente texto objetiva apresentar estudo sobre a escolarização das mulheres nordestinas nas instituições escolares de Ituiutaba-MG, nas décadas de 1950 e 1960, quando houve intenso fluxo migratório (migrantes dos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba) para a região, estimulado pelo desenvolvimento agrário, especificamente o cultivo de grãos (arroz, milho etc.). Ituiutaba foi qualificada como “Capital do Arroz”, em cujo ciclo econômico gerou reflexos em setores como no sistema de ensino, pois durante os anos de 1950 inicia-se o aumento das escolas públicas. A escola é importante espaço para que se pesquise as questões ligadas à etnia, ao gênero, à classe e outros; ela “é o lugar chave porque é essencial na produção e reprodução da cultura” (KREUTZ, 1999). Dessa forma, questiona-se as relações étnicas e culturais existentes dentro da sala de aula, entre migrantes nordestinas e tijucanos, analisando quais os obstáculos e motivações para que essas mulheres se inserissem e permanecessem estudando nas instituições oficiais. Ademais, volta-se o olhar para o gênero como categoria relacional ao problematizar as diferenças entre a escolarização de meninas e meninos, filhos das famílias migrantes. Nesse período,

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as meninas tiveram melhores possibilidades de escolarização que os meninos, pois esses deveriam colaborar na lida diária junto ao pai. A fonte oral foi, nessa investigação, maiormente utilizada, com o total de nove entrevistas, sendo seis mulheres e um homem, ambos migrantes, e duas professoras que atuaram na época pesquisada. Nesse sentido, nos afirma Thompson (1992, p.134) que “[...] é enorme o potencial da evidência oral, e suas possibilidades mal começam a serem exploradas”. Os relatos, os quais nos deparamos no grupo de seis migrantes entrevistadas, são fortemente assinalados pelo preconceito étnico, uma dificuldade que incomodou e ainda incomoda algumas das depoentes. Durante sua escolarização a migrante nordestina vivenciou forte discriminação, e sua cultura foi representada como acentuadamente diferente, portanto, a do tijucano se manteve como a norma. Além disso, havia problemas sociais que dificultavam ainda mais a inserção e a permanência aos estudos dessas meninas. Silva (2009) escreve sobre a identidade e a diferença como uma questão de produção, significando que nessas relações entre diferentes culturas não há consenso, diálogo ou comunicação, mas processos que envolvem, fundamentalmente, relações de poder. No que concerne ao maior investimento dos pais migrantes na escolarização das filhas, se faz necessário analisar quais intenções e significados permeiam essa prática como relação de poder, e para tanto, apoiamo-nos nas teorias de Scott (1995) sobre os estudos de gênero. Assim, há que se pensar, investigar e escrever a história das migrantes nordestinas sobre vários âmbitos, pois ela tem se mostrado uma história de luta contra a discriminação; de luta por espaço e combate às normatizações impostas.

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Hollanda Loyola e a ação integralista brasileira: elaboração de um plano nacional

de educação física na década de 1930

Renata Duarte Simões (USP) [email protected]

Silvana Vilodre Goellner (UFRGS) [email protected]

Na década de 1930, no Brasil, uma grande preocupação com questões relativas à educação do corpo emergiu envolvendo médicos, engenheiros, professores, além de instituições como o exército, a Igreja, a escola, os hospitais. A compreensão que perpassava os discursos desses profissionais e os espaços em que atuavam era de que o corpo precisava ser educado física e moralmente para operar como “um instrumento dócil e perfeito”. Na área da Educação Física, os investimentos foram ampliados e o discurso a favor da criação de um método nacionalista, em detrimento da utilização de métodos estrangeiros, emergiu como opção para uma Nação que buscava se modernizar. A importação de métodos de Educação Física criados e aplicados na Alemanha, Suécia, França e Estados Unidos gerou resistência em uma parcela da sociedade brasileira que criticava a diversidade dessas metodologias, compreendendo que seriam prejudiciais à formação de uma nacionalidade coesa e indivisível. A Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento social de extrema direita criado em 1932, e posteriormente tornado partido político, compartilhando esse modo de pensar e reagindo aos acontecimentos do período, investiu no discurso nacionalista e incentivou Francisco de Assis Hollanda Loyola, Mestre de Campo da Milícia e diretor da Escola Technica de Instructores de Educação Física integralista, a traçar um “Plano Geral” em que fosse aplicado um método de bases pedagógicas definidas e que correspondesse às necessidades higiênicas, eugênicas e sociais do povo brasileiro, pretendendo a implantação desse “Plano” em todo o território nacional. Os métodos estrangeiros, segundo Loyola, eram específicos para a população, o clima

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e os costumes dos europeus e norte-americanos e, por isso, inadequados à proposta de melhoramento da raça brasileira. Assim, considerando a expressividade da AIB no cenário político da época, o estudo analisou os investimentos do integralismo para a elaboração de um “Plano Nacional” de Educação Física, com a aplicação de um método voltado às especificidades do povo brasileiro, e a participação de Hollanda Loyola nesse empreendimento. Para tanto, receberam destaque os escritos de Loyola porque possibilitaram vislumbrar, por um novo prisma, aspectos sobre a nacionalização da Educação Física no País. O recorte temporal adotado, que se estende de 1932 a 1938, justifica-se por ser, 1932, o ano de fundação do integralismo e, 1938, o ano de extinção da Associação Brasileira de Cultura (ABC), antiga AIB. Vale lembrar que no início do Governo ditatorial de Getúlio Vargas todos os partidos políticos foram suprimidos, com eles a AIB, o que demandou uma readaptação das suas funções, levando-a a se transformar em sociedade civil, funcionando como ABC até 1938. Para realização deste estudo, tomamos como fonte primária o jornal A Offensiva, periódico doutrinário e prescritivo do movimento e documentos de estruturação da AIB. De A Offensiva, analisamos artigos, seções e colunas dos 748 exemplares, publicados de 17/05/1934 a 19/03/1938, que trazem informações sobre a Educação Física e esportes. Concluímos que resistente à utilização dos métodos estrangeiros de Educação Física, a AIB, com apoio de Loyola, aderiu a um discurso recorrente e investiu na elaboração e divulgação de um método nacional, o que se refletiu nos quadros do movimento e ressoou na sociedade do período.

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Migrantes nordestinos e escolarização no pontal mineiro (décadas de 1970 a 1990)

Sauloéber tarsio de souza (ufu) (CNPq/FAPEMIG)

[email protected]

A pesquisa trata da experiência migratória de grupos originários dos estados da região Nordeste do Brasil e que motivados por diferentes fatores, especialmente, pela oportunidade de trabalhar pela subsistência, decidiram partir para novos espaços de sociabilidade, como o Pontal de Minas Gerais (Triângulo Mineiro), entre as décadas de 1950 e 1990. Em seu primeiro momento (1950-1970) os fluxos migratórios foram motivados, especialmente, pela cultura de grãos (arroz e milho) recebendo trabalhadores do Rio Grande do Norte e da Paraíba (SILVA, 1997), no segundo movimento (1970- 1980) percebe-se uma retração na chegada dos migrantes e no terceiro momento (1980- 2000) a retomada desse deslocamento populacional em função, sobretudo, da instalação de uma usina de álcool no município vizinho de Canápolis, processo que, mais tarde, transformaria os alagoanos em elemento predominante nas lavouras da região. Assim, os nordestinos buscavam as “oportunidades ilimitadas” no novo “Eldorado Brasileiro”, de maneira que todos aqueles que carregavam o sotaque do Nordeste constituíam população marginalizada a partir de critério étnico-cultural, formando uma espécie de massa indistinta diante da população local. Em princípio, estabeleceram-se nas fazendas, depois passaram a viver nas cidades, onde desenvolveram novas relações nos bairro, igrejas, comércio, postos de saúde e escolas, superando resistências relativas ao pertencimento étnico nordestino e a condição de migrante. Com o advento da escolarização obrigatória (lei 5692/71), a migração passou a gerar demanda crescente junto à rede de ensino pública que atendia aos bairros periféricos de maior concentração desses migrantes (que em muitos casos, vinham com toda a família), provocando também o fenômeno dos “alunos temporários” assim como o trabalho de seus pais nas lavouras de cana, já que nem sempre o período da safra coincidia

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com o ano letivo. Nessa perspectiva, buscamos observar a relação estabelecida entre esses grupos no interior das escolas, tentando visualizar a inserção dos migrantes na nova dinâmica social que se submeteram. Para construção do referencial teórico, buscamos entender a migração como fenômeno social de maior expressão no século XX, gerando reflexos em todos os aspectos sociais, e também no campo educacional, configurando-se como elemento desencadeador de conflitos entre os indivíduos portadores de diferentes culturas. Assumimos o fenômeno educacional como etnicizado (KREUTZ, 1998) e que, portanto, os confrontos refletidos nos espaços escolares são marcados pelas diferenças étnicas e culturais. Para a realização desse trabalho, além de pesquisa bibliográfica e levantamento documental, utilizamos, sobretudo, do recurso a fonte oral, realizando entrevistas com ex-alunos (as) migrantes e ex-professoras que trabalharam com esse grupo no interior das escolas rurais e urbanas, totalizando 22 entrevistas.

Japoneses no Vale do Ribeira - formação da colônia e educação nos anos de 1908 a 1943

Rafael da Silva e Silva [email protected]

O presente trabalho tem como finalidade estudar o desenvolvimento e a educação das colônias japonesas que se fixaram no Vale do Ribeira, principalmente na cidade de Registro, no Estado de São Paulo após a construção da linha férrea Santos-Juquiá no período de 1908, data que marca a chegada dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil, até 1943, auge da política nacionalista de Getúlio Vargas e fechamento das instituições de ensino japonesas. Assim o estudo de se propõe a compreender a formação da colônia e os esforços desses imigrantes para oferecer as novas gerações e aos recém chegados ao país uma educação, mesmo que básica. Sabe-se que os japoneses, assim como os alemães, se destacaram no ensino e na construção de escolas no intuito de manter a educação da língua dos antepassados e oferecer uma instrução que assegurasse melhores condições de vida. Propõe-

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se também a estudar o choque entre as medidas tomadas pelo estado após a década de trinta no sentido de fortalecer o nacionalismo e a tentativa dos japoneses em manter sua educação e sua cultura no país. Baseia-se em estudos anteriores de Tomoo Handa, que trilha a trajetória dos imigrantes japoneses no Brasil desde a chegada dos pioneiros em 1908; nos estudos de Hiroshi Saito que, além de estudar a imigração japonesa como um todo, propõe uma divisão periódica pertinente para a compreensão do contexto sócio-educacional da colônia e nos trabalhos da autora Zeila Fabri de Brito Demartini que se dedica a compreender a educação imigrante no início do século XX, entre outros e a utilização da História Oral como técnica de obtenção de fontes históricas. Com apoio das referências bibliográficas, utilizou-se pesquisa documental nos museus da região, como por exemplo, o KKKK, em Registro-SP, ou em arquivos particulares, trabalhando com cadernos escolares, livros didáticos, documentos oficiais, fotografias etc. Além disso, foi realizada a pesquisa de História Oral na tentativa de coletar entrevistas de pessoas que participaram do contexto da imigração japonesa na região e na educação, seja como ex-aluno, ou como alguém próximo, filho de funcionários, professores, morador dos arredores etc. A pesquisa, concluiu que as escolas japonesas serviam tanto para preservação cultural, baseada no ensino da língua japonesa, como também para oferecer uma instrução profissional, mesmo que básica, para que jovens e crianças pudessem prosperar em relação aos seus pais. Serviam também como centro cultural e local de comemorações, de reunião dos membros da colônia. O Estudo notou que havia interesse do governo japonês em manter tais instituições em funcionamento no Brasil, sendo que a partir da década da década de trinta, passou a financiar as instituições nipo-brasileiras. No entanto, durante o governo Vargas, a nacionalização ganha força gradativa até que todas as instituições de ensino vinculadas aos japoneses foram fechadas ou nacionalizadas. Marcando um período muito difícil para esses imigrantes.

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Movimento estudantil no Pontal do Triângulo Mineiro:

união estudantil de Ituiutaba, 1952-1968

Isaura Melo Franco Universidade Federal de Uberlândia- UFU/CAPES

[email protected]

Nesse trabalho temos como objeto de estudo o movimento estudantil no município de Ituiutaba-MG, corporificado especialmente pelas ações da União Estudantil de Ituiutaba (UEI), analisadas por meio de fontes impressas como os jornais locais e por testemunhos orais de ex-líderes estudantis no período de 1952 a 1968, com o intuito de valorizar parte da memória do movimento estudantil no contexto em questão. A periodização desenvolvida foi delimitada a partir do conhecimento de algumas especificidades em relação à UEI, decorrente de estudos anteriores. Assim o estudo se inicia sobre o ano de 1952, levando em consideração o fato de que, de acordo com os jornais consultados e depoimentos colhidos, neste ano foi realizada a fundação da UEI, a qual se destacou no município por se constituir em um marco para a organização política dos estudantes tijucanos, sendo um órgão representativo destes que apresentava um posicionamento hierárquico globalizante frente às demais organizações, constituindo a base desse movimento social na cidade que se desenvolvia sócio- economicamente em largos passos. A limitação da pesquisa ocorre sobre o ano de 1968, pois até o presente momento, não encontramos nenhuma matéria jornalística dos anos de 1969 e 1970 referente às ações estudantis locais e ainda não colhemos nenhum depoimento de eventuais líderes estudantis em período posterior a este. Além disso, esse período é marcado por um contexto nacional de efervescência política e social, como podemos destacar na implantação do regime ditador no ano de 1964 e por ser um momento de intensa atividade do movimento estudantil, com destaque para a União Nacional dos Estudantes (UNE), a qual exerceu fundamental importância nos quadros de oposição ao governo ditador (GERMANO, 2005). Utilizamos inicialmente

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seis coleções de jornais do período correspondente, em seguida recorremos à história oral, por meio de entrevistas semi-estruturadas a ex- representantes do movimento estudantil do contexto investigado. Por meio desse estudo percebemos que a partir do ano de 1964, com a implantação da ditadura militar no Brasil, que visava desarticular qualquer movimento da sociedade civil, os estudantes tijucanos não apresentaram reivindicações políticas como antes, de modo que as ações da UEI assumiram um caráter de movimento que visava o desenvolvimento de ações culturais e esportivas, nada que apresentasse caráter contestador do sistema político vigente. Peculiaridade esta que se difere do órgão de representação estudantil de maior destaque no país, a UNE, a qual principalmente nos anos de 1960, tinha suas ações voltadas na luta por uma transformação estrutural da sociedade.

O colégio batista mineiro: fronteiras religiosas e identidades étnicas

em Belo Horizonte – MG (1918-1942)

Hercules Pimenta dos Santos Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação - GEPHE [email protected]

No desenvolvimento desta pesquisa que visou à obtenção do título de mestre em Educação concluída em junho do ano de 2010; buscou-se investigar sobre duas instituições particulares de ensino constituídas por missionários estrangeiros, alemães e norte-americanos, na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, na primeira metade do século XX. O presente artigo tem o objetivo de retomar a discussão étnica de cunho religioso que envolveu o Colégio Batista Mineiro (CBM) de Belo Horizonte. Para tanto, buscou-se realizar a reconstrução histórica dessa instituição escolar confessional, seguindo uma abordagem metodológica histórica educacional caminhando por um viés cultural observado na materialidade produzida pela instituição em foco e nos conflitos de ordem étnica, social e religiosa vividos pela

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comunidade de estrangeiros estudada. O desenvolvimento de ações, suscitadas por uma ordem prática, pelos sujeitos escolares dentro das instituições de ensino é tema de grande interesse para a pesquisa histórica educacional por serem ações realizadas por estes atores produzindo alterações de grande importância no âmbito educacional. São questões que se desenvolvem permeadas pela cultura do cotidiano da escola e dos seus sujeitos na sua relação com a comunidade local e regional. Buscou-se compreender como se deu o estabelecimento desse grupo de estrangeiros por meio desta escola na, planejada e recém criada, capital mineira, concentrando o estudo na relação estrangeirismos/educação/urbanização/religião. O levantamento da documentação histórica necessária ao desenvolvimento desta pesquisa passou por vários lugares de memória. Entre acervos férteis e escassos, públicos e privados, foram consultados os arquivos da instituição escolar investigada, que foram cruzados com documentos externos, oficiais ou não. Atribuímos importância à relação educação/estrangeirismos, uma vez que esta é parte das discussões políticas no âmbito nacional e local, perpassando do Império à República. Também, na medida em que se insere no cenário político e social a presença de escolas fundadas por e para estrangeiros, estas adquirem relevância para os estudos educacionais, apesar de constatarmos que este tema ainda representa uma lacuna na História da Educação em Minas Gerais. Trabalhamos, assim, amparados nas experiências relatadas pelos próprios missionários batistas, que ao serem confrontadas com informações obtidas fora das publicações daqueles missionários, não nos permite afirmar que os problemas de inserção vivenciados por eles estavam restritos à inserção do CBM, ou direcionados especificamente à denominação protestante batista como aqueles acreditavam. Também constatamos que não é possível dizer que a inserção dos batistas, em relação à cidade como um todo, teria acontecido de forma neutra. Esta presença suscitou a ocorrência de embates religiosos entre católicos e protestantes na Belo Horizonte daquele momento histórico.

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Operação amazônia nativa e os desafios da formação indigenista

Maria Dolores Campos Rebollar [email protected]

Mestranda do PPGE/IE/UFMT

Artemis Torres [email protected]

PPGE/UFMT

O tema deste artigo se referencia na pesquisa intitulada “Os processos formativos na Operação Amazônia Nativa (Opan) e os novos desafios político-pedagógicos”, que desenvolvemos nos anos de 2011 e 2012 na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A organização não governamental (ONG) Opan, surge em 1969 como uma das primeiras ONGs indigenistas do país, ao amparo da Igreja Católica, que inovava re- significando o sentido do que fosse evangelização, à luz do Vaticano II e da II e III Conferencia Episcopal Latino americana. A encarnação como nova “metodologia” de intervenção, leva os integrantes da Opan, leigos jovens e provenientes das diversas pastorais da Igreja Católica, a promover uma práxis criativa, dando origem ao que na época se chamou indigenismo alternativo. A Opan percorreu uma trajetória histórica caracterizada por grandes mudanças no contexto sócio-político e econômico do país (período pesquisado: 1969 a 2009), e teve de forma constante, como carro chefe, a formação indigenista dos seus membros, visando uma atuação para a autodeterminação dos povos indígenas. Será a partir da década de 1990, a partir da cisão com a Igreja e a chegada do 3º Setor, que este processo formativo sofrerá uma permanente revisão, em decorrência das crescentes tensões que se estabelecem dentro da instituição face à profissionalização e parcerias com o Estado no universo das ONGs. Destarte, evidenciamos um conflito crescente entre o pensamento do velho indigenismo, alavancado por uma unidade orgânica de horizonte filosófico, pedagógico e político e o pensamento, trazido pelas novas gerações, de caráter mais acadêmico, pragmático, e técnico. Este artigo expõe alguns dos resultados no que

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se refere a esses principais desafios políticos e pedagógicos no processo formativo dos novos indigenista na Opan. Com base nas entrevistas realizadas e na análise dos relatórios anuais e outros documentos de interesse, como seminários, atas de assembléias e algumas cartas desses quarenta anos, apresentamos algumas reflexões que nos parecem relevantes, dialogando com categorias de Antonio Gramsci como a filosofia da práxis, hegemonia, intelectual orgânico, senso comum, subalternidade. Entendemos que todo “fazer” pedagógico/político responde a uma visão de mundo, a um modelo de sociedade que se configura nas suas relações de força dentro da busca hegemônica. A relação dialética que se estabelece, ainda hoje, entre aculturação x autodeterminação; educador popular x técnico especialista; processo x resultado; local x regional x global; fragmentação x totalidade; parece-nos de fundamental importância para se compreenderem as próprias contradições e desafios e, desta forma, contribuir para a elevação do senso comum e a ruptura com o consenso passivo, tão comum nos dias de hoje, frente à hegemonia capitalista.

Organizações indígenas no amazonas e a luta por educação escolar

Marcos André Ferreira Estácio Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

E-mail: [email protected]

Durante os anos 80 do século XX, lideranças e representações das comunidades indígenas brasileiras, passaram a se articular em assembléias, buscando soluções coletivas para problemas comuns, dentre os quais se encontrava a questão da educação escolar específica e diferenciada. E a centralidade desses encontros de lideranças indígenas era pressionar a União, os Estados e a sociedade para uma reestruturação na política indigenista do Estado, e por medidas asseguradoras aos povos indígenas do direito a uma educação escolar autêntica, fundada nas especificidades socioculturais de cada povo. E mais, esses movimentos foram, e são, importantes para ampliar a solidariedade interétnica e solidificar os movimentos e organizações

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indígenas. O presente estudo teve por objetivo compreender o surgimento das organizações indígenas, no Estado do Amazonas, a partir de 1980, e as suas lutas e reivindicações por uma educação escolar, específica e diferenciada, da educação básica ao ensino superior. A pesquisa foi de natureza qualitativa, tendo sido adotado o método histórico-crítico e os tipos de pesquisa foram: bibliográfica, documental e de campo. Para coleta de dados, utilizou-se de entrevistas semiestruturadas e do grupo focal. Constatou-se, que nos anos de 1980, três importantes organizações indígenas foram fundadas no Amazonas: a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), criada em 1987 e que representa, aproximadamente, 35 mil índios das famílias linguísticas Tukano, Aruak e Maku; a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), criada em 1989, possui 75 organizações indígenas membros, representantes de 160 povos da Amazônia Legal; e o Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam), o qual foi legalmente constituído, em 1993, mas que antes desta data, entre 1987 e 1989, já existia enquanto movimento organizado, iniciado em São Gabriel da Cachoeira, sob a denominação de Associação Autóctone do Alto Rio Negro. Estas organizações reivindicavam, e ainda reivindicam, as demarcações de suas terras, a piscicultura e o manejo agroflorestal sustentável para seus povos, a saúde, a cultura, o artesanato e a cidadania. Na seara educacional, elas têm reivindicado a presença de escolas nas aldeias e a formação de professores indígenas, visando ações que garantam a implementação de políticas públicas de educação escolar indígena diferenciada em todos os níveis de ensino, em conformidade com a legislação vigente, a cultura e os interesses dos povos indígenas e estabelece ainda, espaços de luta e conscientização, com o fito de influenciar na formulação de políticas adequadas às realidades e aspirações dos índios. No que concerne, especificamente, ao ensino superior os movimentos indígenas lutam pela participação efetiva dos seus representantes na definição de vagas e quotas (acesso), bem como programas de permanência, para estudantes indígenas nas universidades, a fim de garantir atendimento às demandas dos seus povos.

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Prática pedagógica e o processo de escolarização da escola alemã como elemento constituinte das

relações sociais dos Teuto-brasileiros

Alessandra Helena Wiederkehr Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC

[email protected]

A pesquisa que aqui apresentamos investigou a gênese do processo de escolarização da escola alemã, bem como seus fins para o meio social dos teuto-brasileiros. Buscamos responder ao seguinte questionamento: como foi construída a legitimidade da escolarização dos teuto- brasileiros e de que maneira essa escolarização colaborou com a sedimentação de uma racionalidade burguesa no sul do Brasil? Utilizamos, nesta comunicação o termo escola alemã para nos referirmos às escolas criadas pelos imigrantes alemães no Brasil, nas quais, em determinado período histórico e geográfico, o idioma alemão foi empregado na maioria das disciplinas. Para esta comunicação empregamos, como instrumento de coleta de dados, os discursos do Estado (correspondências do governo e legislação educacional), da escola (materiais produzidos e/ou utilizados por ela), da sociedade (jornais, revistas, álbuns, memórias). Ao reconstruir a história da educação no sul do país, procuramos integrar ao seu campo interpretativo as ações ocorridas no interior da escola de cunho germânico. Assim, realizamos a contextualização sócio-histórica de uma cidade do sul do Brasil, que se formou com as políticas imigratórias do século XIX, onde os imigrantes alemães e seus descendentes constituíram uma comunidade marcada pela língua alemã e manifestações culturais próprias, assegurando a educação formal diferenciada para seus filhos por meio da escola alemã. O recorte temporal compreende o período que corresponde à implantação e finalização das atividades da escola alemã, no período de 1850 a 1938. Justificamos, assim, a necessidade de reconstruir o contexto sobre o qual se apoia o objeto de estudo, contexto, aliás, formado por uma rede, não só de fatores de ordem social, mas também de ordens econômica, cultural e educacional. Em

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suma, a escola alemã foi escolhida em razão da representatividade que possuía no iniciar da colonização junto aos imigrantes e seus descendentes. A exploração das fontes necessitou compreensão teórica proveniente de estudos bibliográficos pertinentes ao objeto de estudo, tais como Bourdieu (1980, 1992, 1996, 1997, 1998, 1999, 2001, 2003, 2004, 2006), Hobsbawm (1995, 1996, 2002), Weber (2003) e Elias (1970, 1993, 1994). Os dados coletados e analisados indicam que é possível compreender o movimento de colonização no sul do Brasil e a recriação da escola nas colônias de acordo com os moldes europeus como mecanismo de transmissão de valores culturais e éticos europeus, particularmente alemães, na busca de organização social.

Propagação e circulação de ideias sobre o negro em São Paulo no início do século XX: o

Clarim da Alvorada (1924-1940)

Rosangela Ferreira de Souza USP-UNIBAN

[email protected]

O presente trabalho tem como objetivo examinar a constituição da identidade, representações e estratégias de escolarização promovidas pelos negros no interior das publicações da imprensa negra paulista, especialmente, do jornal “O Clarim da Alvorada”. Pretende apresentar a imprensa negra como fonte fértil na constituição de uma nova imagem do negro nas primeiras décadas do século XX, utilizando como categoria de análise os processos e estratégias de escolarização difundidas pelas páginas dos jornais da imprensa negra. O jornal O Clarim da Alvorada foi um jornal pertencente à segunda fase de publicações da imprensa negra (Bastide, 1973), período no qual se acentua e desenvolve-se o caráter combativo da imprensa negra. Tal jornal foi fundado por José Correia Leite e Jaime Aguiar em 6 de janeiro de 1924 e foi um dos jornais que mais se destacaram em São Paulo, marcando a história da imprensa negra. Fundado para ser um jornal literário,

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tornou-se arma de luta contra a situação do negro na sociedade brasileira (CUTI, 2007). Apresentou duas fases: a primeira de 1924 a 1927, na qual guardou seu caráter literário com aspectos combativos e uma segunda fase de 1928-1938 quando assume o papel reivindicatório e de cunho político. Curioso observar o subtítulo do jornal que indica as tendências acima apresentadas: “O Clarim da Alvorada: órgão literário, noticioso e humorístico”, “O Clarim da Alvorada: órgão literário, noticioso e científico” até 1928. Após este ano, o registro do subtítulo do jornal é outro: “O Clarim da Alvorada: pelos interesses dos homens pretos, noticioso, literário e combate”. O jornal não dispunha de capital próprio e o grupo custeava suas tiragens que variavam de 1000 a 2000 exemplares por mês. Os anúncios eram pagos, contribuindo para a manutenção do jornal. Não mantinha relações com grupos políticos ou econômicos. A distribuição acontecia gratuitamente nos bailes e associações. A periodicidade era mensal e a maioria dos exemplares apresentava de 4 a 6 páginas. Em muitos artigos desse jornal a educação é apresentada como caminho para a ascensão social dos negros. Comumente eram invocados os exemplos de Luis da Gama, José do Patrocínio, Cruz e Souza, dentre outros, como símbolo da importância da educação. Pretende-se mostrar o processo de transição na rota de publicação do jornal, apontando a mudanças referentes ao conjunto de editores e temáticas abordadas. A partir de 1928, o jornal acrescenta a seu subtítulo a ideia de combate ao preconceito sofrido pelos negros e aponta soluções através das quais superar-se-ia este problema. O principal mote dos artigos pauta-se pela conclamação dos grupos de negros jovens, enfatizando sua responsabilidade para com a superação.

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Registros de batismo da paróquia Nossa Senhora Penha de França: uma fonte para o estudo dos processos educativos no cotidiano privado das crianças negras livres na província de São Paulo

(1871-188). Desafios e possibilidades.Daniela Fagundes Portela

Faculdade de Educação da USP. [email protected]

A presente comunicação tem como objetivo apresentar os registros de batismos de crianças negras livres, após 1871 como uma fonte que possibilita a identificação de vestígios dos processos educativos e de elementos cotidiano privado das crianças negras livres. Comumente, os registros de batismos são fontes amplamente utilizadas nos estudos do campo da historiografia, principalmente em estudos que privilegiam a demografia da família escravizada. Após, 1871 quando é promulgada a lei do ventre livre, o registro de batismo torna-se um instrumento essencial para o asseguramento da liberdade dos filhos e filhas de famílias escravizadas. Para mergulhar e compreender a dimensão do mundo privado das crianças negras livres, alguns aspectos da documentação serão detalhados e diagnosticados com o intuito de demonstrar de que forma, a inserção dessa fonte documental colabora para o enriquecimento dos estudos do Campo da Historiografia Educacional.Nesse sentido, nessa comunicação vislumbramos inicialmente apresentar uma descrição histórica da importância do uso dos registros de batismos especialmente, após 1871 pontuando especialmente, os desafios e possibilidades de análise dessa fonte documental. Do mesmo modo, que se fez necessário caracterizar as particularidades da Freguesia Nossa Senhora Penha de França que é o lócus do nosso estudo, pois embora haja uma homogeneidade na produção dos registros de batismos, as informações referentes ao cotidiano privado da vida das crianças negras livres estão estritamente relacionadas com o contexto social, no qual a fonte documental foi produzida. Posteriormente, adentraremos nas análises das informações referentes às madrinhas e padrinhos das crianças negras livres que são sujeitos sociais de extrema importância dentro do contexto escravista. Em relação às

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crianças negras livres, demonstraremos como informações como a questão da legitimidade, o intervalo de tempo entre o nascimento e a data dos registros, o dia do batismo, dado identificado com o auxílio do calendário perpétuo possibilitam acompanhar os vestígios da dinâmica e a organização da família escravizada, do mesmo modo que revela os aspectos dos processos educativos em âmbito privado das crianças negras livres. Por fim, ressaltamos que essa foi apenas, uma das possibilidades de análise e compreensão de alguns aspectos do cotidiano privado das crianças negras livres da Paróquia Nossa Senhora da Penha França, portanto não a única e, certamente ao analisarmos outras paróquias outras informações em torno do cotidiano da criança negra livre emergirão. Nessa comunicação a nossa intenção é apontar as possibilidades e desafios, e principalmente a contribuição dessa fonte documental dentro do campo da Historiografia Educacional.

Sociedade união operária e a educação em Rio Grande/RS (1893-1928)

Francisco Furtado Gomes Riet Vargas Esc. Est. de Ens. Fund. Cel. Juvêncio Lemos

[email protected]

Rita de Cássia Grecco dos Santos PPGE-FaE/UFPel e Universidade Federal do Rio Grande

[email protected]

Elomar Antônio Callegaro Tambara FaE/UFPel

[email protected]

Neste texto enfatizamos a Sociedade União Operária – SUO por meio de um breve histórico da mesma, que se configurou como uma das mais antigas, importantes e atuantes associações operárias de Rio Grande e do Rio Grande do Sul, desde sua constituição, em 1893, até o fim da hegemonia anarquista nesta Sociedade, em 1928. A SUO foi uma Sociedade que teve amplo exercício junto aos trabalhadores de Rio Grande, oferecendo montepio, armazém cooperativo e amparo mútuo, além de

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ter dado subsídios para a organização de algumas greves. Mas, visando abranger este estudo, demonstramos como a SUO atuava na educação dos operários, através da análise das Atas, Livros Caixa e Relatórios da Presidência produzidos na referida Sociedade e contrastando com outras fontes do mesmo período, como os Relatórios da Intendência Municipal de Rio Grande. Ainda nos debruçamos em obras de autores que tratam do movimento operário da cidade de Rio Grande e da educação no Rio Grande do Sul como Loner (1999), Schmidt (1999), Tambara (1995) e Correa (1987). Para o tratamento destes dados enfatizamos que as produções humanas são produções ideológicas, conforme afirmam Certau (1982, 70) e Chartier (2001, 115), provenientes de uma cosmovisão. Apontamos as disputas internas nesta associação, revelando a existência de diferentes grupos que nela atuavam, sendo que, suas relações nem sempre eram harmoniosas. De forma a elucidar a atuação desta Sociedade na educação, mostramos dados como os salários dos seus professores, observando como esses proventos influenciavam na vivência instrutiva. Também analisamos os currículos usados pela escola desta guilda operária, suas diferenciações na educação dos gêneros masculino e feminino, comparando com outras escolas, não só de entidades operárias, mas também da própria administração pública. Acrescentamos, igualmente, informações sobre a frequência dos estudantes do educandário da SUO, índice de matrículas, de presenças e de evasão, comparando-os com as demais instituições formativas da cidade de Rio Grande. Em movimento contíguo, são feitas observações quanto à hegemonização dos anarquistas nesta Sociedade, revelando a forma com que este grupo conquista a liderança desta instituição obreira. Ademais, vemos quais as alterações que ocorrem nesta entidade em decorrência desta nova cosmovisão que passa a orientá-la e, consequentemente, no âmbito da escola da SUO, quais os impactos, tentativas de mudanças e quais as transformações que foram possíveis e passíveis de implementação junto às práticas pedagógicas, bem como algumas alterações substanciais para a escola desta associação.

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A categoria gênero no GT de História da Educação da ANPED (2000-2010)

André Luiz Sena Mariano (UNIFAL-MG) [email protected]

Romeu Adriano da Silva (UNIFAL-MG) [email protected]

O presente trabalho caracteriza-se como um levantamento bibliográfico com a finalidade de compreender a forma pela qual a categoria “gênero” vem sendo compreendida e apropriada nas pesquisas em História da Educação. Para tanto, elege como fonte de dados o GT História da Educação da ANPEd, por entendê-lo como uma instância privilegiada para a produção de conhecimento na área. Como recorte temporal, utiliza o período referente à primeira década deste século, pois, em primeiro lugar, há pesquisas de estado da arte que focalizam períodos anteriores (CATANI & FARIA FILHO, 2005) e que relevam a presença da categoria gênero na produção do referido GT; em segundo lugar, pelo acesso facilitado aos textos, uma vez que estão disponibilizados na página da instituição. Num universo de 158 textos, constata-se que a categoria gênero aparece de duas maneiras: 14 trabalhos a utilizam como categoria secundaria e 10 focalizam centralmente a discussão em tela. Por meio de incursão nos 10 trabalhos que apresentam foco explícito na categoria relações de gênero chama a atenção o fato de que as outras disciplinas estão comparecendo para a elucidação do fenômeno. No que se refere a isso, são utilizados autores da sociologia (Bourdieu), da filosofia (Foucault) e da psicanálise (Freud), por exemplo. Em contrapartida, os autores do campo da História aparecem de maneira bastante incipiente: dos 10 trabalhos, Michelle Perrot é referência em dois deles, enquanto Eric Hobsbawm é utilizado por um trabalho; ainda na análise referente às ancoragens teóricas, percebe-se a utilização de autores do campo da História da Educação como Franco Cambi e Dermeval Saviani, mas, outrossim, mantém-se uma forma tímida de utilização. Este estudo, a partir da análise dos 10 trabalhos apresentados na ANPEd sobre

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os usos da categoria gênero na História da Educação, problematiza a acepção de que a categoria em tela seria uma temática da nova historiografia educacional brasileira, fazendo com que ela pareça gozar de status de autonomia face a outros temas da historiografia, uma vez que são exíguos os trabalhos que recorrem aos historiadores em geral, e aos historiadores da educação em particular. Ademais, aponta para a compreensão das relações de gênero como fenômeno social e, portanto, insiste na utilização da expressão “relações de gênero” para designar, além de seu caráter social, as suas determinações históricas. Sugere a crítica aos usos e abusos da categoria em pauta, mormente quando seus aspectos são tratados como inerentes ao conceito de diferença, prescindindo de uma compreensão de totalidade capaz de sinalizar para as formas de opressão inerentes à sociedade de classes e, portanto, para as desigualdades sociais e históricas que se estabelecem também nas práticas educativas.

A história e memória da educação do Cariri cearense na Revista Itaytera

Zuleide Fernandes de Queiroz – URCA [email protected]

Grupo de Trabalho: Fontes e Métodos em História da Educação Agência Financiadora: CNPq, FUNCAP, URCA

Os estudos sobre a história da educação são bastante discutidos e contemplados no ramo de pesquisa no Brasil. Considerando a necessidade de colaborar com esses registros nos mais diversos lugares é que traçamos como objetivo do artigo registrar a história da educação do Cariri Cearense, situada no sul do Ceará, tomando como referência de registro as noticias sobre educação presentes na Revista Itaytera. A Revista publicada pelo Instituto Cultural do Cariri - ICC divulga o debate da intelectualidade caririense e convidados e iniciou um trabalho cultural na década de 1950. Neste período tinha como objetivo registrar a história e defender interesses políticos e econômicos, valorizar e preservar o folclore. Com artigos, ensaios, propagandas e imagens ao longo dos anos

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registrou e registra a educação escolar do lugar. Sua primeira publicação remota de 1955, data de seu primeiro número. A metodologia utilizada na catalogação foi reconhecimento e leitura da revista, identificação das notícias, ensaios, imagens sobre a educação, registros das notícias por categoria: eventos escolares, imagens escolares, criação de instituições escolares, cotidiano escolar: currículo, calendário, formação docente, dificuldades, financiamento, regulamentos de ensino e disciplinamento. O resultado do estudo permitiu encontrar registros de instituições escolares esquecidas da história da educação do Ceará, em função do seu fechamento, bem como examinar as ideias dessa elite intelectual que podem em plano geral influenciar aspectos da educação regional. Identificamos que a Revista afirma o ICC como representante de uma tradição interiorana que pauta a educação no lugar. Concluímos que a experiência de catalogação colaborou com o estudo sobre a história da educação do Cariri realizada pelo grupo de pesquisa em história da educação. Observamos a riqueza das informações presentes na Revista. São registros das instituições, dos intelectuais, sobre a luta pela criação e fortalecimento da educação, das mais diversas propostas educacionais, etc. Consideramos, ainda, que o espaço regional, lugar da Revista, não deve ser visto como um espaço social isolado, mas parte de uma teia de relações de mobilidade espacial e cultural, material e simbólica da atividade social que acabam por ligar todos os lugares e tempos do mundo.

A influência do marxismo na pesquisa em educação brasileira

Amarilio Ferreira Jr. Universidade Federal de São Carlos

[email protected]

Este trabalho tem como objeto de estudo a influência epistemológica que o marxismo exerceu no âmbito da pesquisa em educação notadamente depois da criação do atual sistema nacional de pós-graduação (1965). A análise em questão tem como fio condutor o seguinte entendimento: o nexo dialético manifesto entre epistemologia e história, ou seja, a produção do conhecimento sempre está sujeita às contingências econômicas, política,

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sociais e culturais da sua época. No caso específico do campo educacional, a existência dessa relação é insofismável. Pois, os fenômenos educacionais são, em todos os tempos, oriundos das complexas e contraditórias relações sociais que os homens estabelecem entre si e a natureza no processo de produção tanto da vida material quanto da espiritual. Portanto, as problemáticas de estudo estão sempre vinculadas aos contextos historicamente dados. Por conseguinte, a teoria do conhecimento é uma expressão, no plano da racionalidade lógica, dessa realidade histórica na qual os fenômenos educacionais são forjados. Assim sendo, seguimos a seguinte lógica para abordarmos a influência epistemológica do marxismo no âmbito da pesquisa em educação: o marxismo e as ciências humanas antes do advento da pós-graduação; o marxismo e a pesquisa em educação no contexto da pós-graduação; e o método marxista de investigação e a pesquisa em educação no início século XXI. No primeiro item, o objetivo foi demonstrar como o referencial marxista de investigação perscrutou, num primeiro momento, a formação societária brasileira por meio de interpretes que eram, ao mesmo tempo, militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi, pouco a pouco, transferindo-se para o mundo acadêmico: inicialmente no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e, logo depois, na USP. Já no segundo, o propósito foi explicar a influência que o referencial teórico-metodológico marxista exerceu no contexto das pesquisas em educação depois que a pós-graduação se institucionalizou nas universidades brasileiras e cujo locus acadêmico emblemático na primeira metade dos anos 1970 era a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O texto realça ainda que, durante a manutenção da sua hegemonia, no período da ditadura militar, o referencial teórico metodológico de investigação marxista se expressou, fundamentalmente, por meio de duas vertentes: o marxismo estruturalista e o marxismo dialético. Quanto ao último item, a preocupação está centrada na exposição dos principais fundamentos empregados pelo método marxista de pesquisa quando aplicado à investigação dos fenômenos educacionais. Em síntese, o objetivo do trabalho é reafirmar a importância do marxismo para a produção crítica do conhecimento educacional e, ao mesmo tempo, como uma concepção epistemológica que se coloca em contraponto, no âmbito das ciências humanas, aos referenciais pós-modernos de produção dos denominados “saberes educacionais”.

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A legislação escolar como fonte de investigação

Elizandra de Siqueira (PPGE/UFMT) Nicanor Palhares Sá (PPGE/UFMT)

Este estudo, parte de uma pesquisa de doutorado, tem por objetivo levantar algumas reflexões sobre a utilização de documentos como fonte de investigação e como a legislação educacional serve para a análise do funcionamento da pós-graduação no Brasil. A legislação, notadamente a escolar, tanto pode ser utilizada a título de fonte ou análise das práticas, assim como objeto de investigação. Ela pode servir de suporte para uma pesquisa com um objeto qualquer, por exemplo, a análise e funcionamento de um determinado programa de pós-graduação; como ser objeto de investigação, ou seja, desenvolver uma pesquisa em que os documentos sobre a pós-graduação sirvam como alvo de investigação. Como fonte, os documentos favorecem uma leitura de uma longa história de aprendizados e conflitos, cujo locus reside na negociação. Para tratar desse conceito, define-se aprendizado como condição de construção de identidades individuais e coletivas da cultura e das instituições. Assim, é na e pela experiência que os sujeitos (indivíduos ou classes sociais) se constituem. O processo de escolarização e das culturas escolares, nessa perspectiva, serão reconhecidos como reação contínua e prolongada, além de serem resultado das experiências dos próprios sujeitos, dos sentidos produzidos e compartidos, ou ainda, concorridos entre os componentes que fazem a escola. Assim, a legislação, principalmente a legislação escolar no Brasil é produzida, em geral, para criar costumes e culturas e não o contrário ou a partir deles. Nesse sentido, as práticas e representações encontrarão eco na lei ou serão produzidas pela lei, mas não o encontrarão nos costumes e na cultura dos indivíduos ou dos grupos. Então, a legislação como fonte, trabalha em favor da identificação de como o poder judiciário historicamente se relaciona com a legislação educacional; além de contribuir para a interface entre o campo jurídico e o campo pedagógico no Brasil. Na análise das práticas pedagógicas, a legislação educacional atende a investigação da interrelação entre a política educacional e as práticas em sala de aula.

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Já como objeto, a lei pode ser analisada em seu ordenamento jurídico, sua linguagem, sua prática ordenadora das relações sociais e no campo de expressão e construção das relações e lutas sociais. Por conseguinte, a análise da legislação educacional expressa a tensão permanente vivenciada pelo campo da educação, produzindo prodigiosamente conflitos fundamentais na história da instrução pública. No entanto, é preciso que esses aspectos sejam também relacionados à lógica de funcionamento do discurso da lei e às vertentes classificatórias, as quais, em boa parte tendem a evidenciar as desigualdades já bem conhecidas como aquelas entre a região norte e sudeste, no caso dos programas em pós-graduação. Sendo assim, essa análise tentará demonstrar como a prodigiosa produção legislativa leva os programas de pós- graduação a um trabalho árduo e dificultoso no campo educacional.

A literatura do escritor Érico Veríssimo (1905-1975): possibilidades de uso das fontes e de métodos para

a História da Educação

Roselusia Teresa Pereira de Morais (FaE/UFPel) [email protected]

Este trabalho apresenta a possibilidade de identificar representações na literatura produzida pelo escritor Erico Verissimo (1905 - 1975) a partir de uma abordagem teórico-metodológica da História Cultural e da Literatura. Os fundamentos teórico- metodológicos desta investigação consistem em um conjunto de conceitos do campo da Educação, Literatura e História da Educação. Para a realização desta investigação foi utilizada como categoria de análise, principalmente, o conceito de representação de Roger Chartier (2009). Este estudo analisou as representações de docência em romances do referido escritor tomando a personagem da professora Clarissa, nos quatro romances em que a mesma aparece como foco de análise. Os procedimentos metodológicos utilizados foram a análise da construção da personagem professora em romances produzidos por Erico Verissimo, no período de 1933

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a 1940 - início da carreira do escritor e romancista. Esse período compreende as publicações das seguintes obras selecionadas para análise: Clarissa (1933), Música ao longe (1935), Um lugar ao sol (1936), e Saga (1940). Neste conjunto de romances é possível identificar a presença da professora, personagem principal e recorrente, evidenciando representações acerca da educação, escola e docência. O escritor das obras nasceu em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, no dia 17 de dezembro de 1905, é um dos escritores mais reconhecidos nacionalmente e internacionalmente. Apresentá-lo implica considerar o processo de criação literária e a autoria ligada à produção de sentidos e motivações para a escrita. As discussões presentes neste trabalho evidenciam os aspectos sobre a criação ficcional do escritor gaúcho a partir de uma abordagem que considera as respectivas produções ligadas às motivações para a escrita de personagens e aos sentidos atribuídos. Neste sentido, baseado em Lopes e Galvão (2001), o romance, como um gênero literário, é uma possibilidade de identificar representações, uma vez que os diversos textos literários podem nos auxiliar na compreensão de ideais ou imagens representadas e divulgadas, como opção para fazer mediações entre a ficção e a “reinterpretação” construídas pelo escritor. Dessa maneira, o escritor é aquele que, atento ao mundo em que vive, transporta para o universo ficcional uma forma específica e particular “de ver e dizer” esse mundo. Ele “inventa” seu mundo ficcional e, ao fazê-lo, carrega experiências vividas. Neste sentido, a escrita literária pode ser compreendida como uma prática humana situada em um contexto e que tem formas, modos e estruturas próprias. A narrativa, a poesia, o conto, o romance, a crônica, entre outros textos literários, nos permite acessar ideias, ideais, representações, símbolos, costumes vistos através da perspectiva de um escritor.

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A memória escolar como fonte documental: o contributo da museologia para a

História da Educação

Vanessa Barrozo Teixeira Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

[email protected]

O presente trabalho destaca o uso de artefatos musealizados como fonte documental para pesquisas em História da Educação. Este estudo é resultado de pesquisa de dissertação que tem como objeto de análise a Escola de Engenharia Industrial (EEI), primeira instituição de ensino superior da cidade do Rio Grande/RS, criada em meados da década de 1950. Através de um acervo museológico em específico, pertencente ao Núcleo de Memória Engº. Francisco Martins Bastos (NUME), museu localizado na cidade do Rio Grande/RS, notou-se que aqueles bens patrimoniais que preservam a memória escolar das primeiras instituições de ensino superior do município, dentre elas a EEI, poderiam se transformar em fonte documental para uma pesquisa no âmbito da História da Educação. É importante destacar que a história das instituições escolares é um tema caro para a historiografia da educação e que proporciona uma melhor compreensão dos processos histórico- educativos brasileiros, principalmente por auxiliar na compreensão das realidades educacionais e dos reflexos que, por exemplo, a legislação ou as mudanças pedagógicas podem causar nesses espaços. O que se torna evidente através dessa categoria é que cada instituição é um universo específico e cada uma possui uma realidade, fazendo com que as mudanças de caráter amplo e generalizador acabem sendo assimiladas de diferentes formas. Outro importante ponto é que toda construção histórica é sempre uma construção pessoal, uma leitura individual, afinal trata-se de um ponto de vista particular sobre aquele objeto em questão (BURKE, 1992). O que reforça que esta pesquisa busca traçar e reconstruir uma das possíveis “histórias” sobre a Escola de Engenharia Industrial, jamais buscando esgotar essa temática, nem as fontes documentais utilizadas. Vale frisar que a categoria história das instituições escolares necessita

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de espaços que preservem a materialidade da sua cultura escolar, espaços como o NUME, que por meio da preservação desse patrimônio educativo torna possível analisar objetos que revelam uma época, um contexto dentro da própria história da educação brasileira. No entanto, sabe-se que as realidades são diversas e que devido à falta de uma política de preservação das próprias instituições, ou pelo desenvolvimento empírico de algumas técnicas específicas de conservação, o acervo institucional acaba se perdendo, se deteriorando ao longo do tempo, dificultando o próprio conhecimento da sociedade sobre a sua relevância como um espaço de representação. Ao longo deste estudo pode-se perceber que o acervo museológico do NUME, transformou-se em importante fonte documental para pesquisas no âmbito da História da Educação, podendo-se interrogar as diversas perspectivas das memórias escolares ali preservadas, inclusive ampliando o uso das metodologias de análise, possibilitando uma gama de possibilidades de reflexão e problematização acerca da temática em questão.

A perspectiva histórica transnacional como instrumental teórico para análise

da história da educação brasileira entre as décadas de 1950 a 1960

Daniel Ferraz Chiozzini [email protected]

A comunicação consiste no relato de uma investigação que visa, inicialmente, analisar como surgiu e se desenvolveu a perspectiva da análise histórica transnacional, buscando especialmente um instrumental teórico para análise da circulação das idéias educacionais entre as décadas de 1950 a 1960. Desenvolvida na historiografia estadunidense, a história transnacional tem como proposição a noção de que um conjunto de idéias concebidas nos EUA ou na Europa, sobretudo durante os séculos XIX e XX, ao invés de serem apenas “modelos” para posteriores “cópias imperfeitas” de um determinado pensamento original, constituíram “experiências

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históricas” da modernidade em todo mundo (López, 2012). Sendo assim, aproximam-se do conceito de circulação e apropriação cultural de Chartier (1990) e bastante presente na obra de Carvalho (1998). No entanto, para utilizarmos esse instrumental teórico e identificarmos pontos de aproximação e distanciamento entre alguns autores da história transnacional e a historiografia da educação brasileira, é necessário primeiramente analisar as diferenças e semelhanças entre os próprios autores estadunidenses que vem desenvolvendo a perspectiva histórica transnacional, tal como López & Weinstein (2012), Siegel (2009), Bayly et all (2006), Joseph et all (2008), entre outros. Além disso, tendo em vista uma pesquisa empírica sobre a História da Educação Brasileira entre as décadas de 1950 e 1960, a investigação toma como hipótese o fato de que esse período encerrou uma significativa circulação de idéias educacionais entre EUA e Brasil. A motivação foi, entre outros fatores, os notórios acordos MEC-USAID e PABAEE (Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar, assinado em 1956) e pelo desenvolvimento de projetos educacionais experimentais no Brasil, muitos deles abertos às pedagogias européias e estadunidenses do pós-guerra e aquilo que poderíamos denominar genericamente como “inovações pedagógicas” (Garcia, 1993). Nesse sentido, buscaremos investigar também como os conceitos até então utilizados pela historiografia da educação brasileira para analisar especificamente o período, tais como “americanização” (Warde, 1984) e (Paiva, 2002) “inovação educacional” (Garcia, 1993), condizem ou não com as evidências localizadas em fontes primárias sobre o tema, disponíveis em arquivos brasileiros, tais como o Centro de Memória da Educação da FEUSP e o Centro de Documentação e Informação Científica da PUC-SP. Nesse sentido, além das leituras e atividades acadêmicas associadas à discussão da perspectiva histórica transnacional e a História da Educação brasileira, buscarei expor arquivos e fontes disponíveis nos EUA para pesquisa desse tema.

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A pesquisa em história da educação (sul) mato-grossense e seus indicadores de

produção: base de dados e periódicos acadêmicos

Adriana Aparecida Pinto [email protected]

A necessidade de conhecer a produção acadêmica para a realização de qualquer pesquisa é imperativa para estabelecer em que medida temas estão sendo investigados, períodos são valorizados em detrimento de outros, abordagens teóricas e metodológicas vem sendo privilegiadas viabilizando, assim, estudos de modo mais pontual e original, bem como utilizar referencial bibliográfico atualizado, sem no entanto, preterir as referências clássicas pertinentes a cada ramo de conhecimento. Face ao exposto, a presente comunicação objetiva apresentar os resultados derivados da pesquisa realizada em base de dados nacionalmente reconhecida e validada por pesquisadores em todas as áreas – Banco de Teses da CAPES, disponível no sitio desta instituição (http://capesdw.capes.gov.br) – e em esforço análogo, o mapeamento e análise da produção referente ao temário das pesquisas em história da educação mato-grossense, em periódicos acadêmicos de qualidade afiançada por órgãos reguladores de pesquisas no campo. No que tange a primeira fonte, o recorte temporal estabelecido perfaz o período entre os anos de 1990 a 2010, por considerar que ambas as décadas revelam um crescente desenvolvimento das pesquisas em história da educação no Estado, mesmo após a sua divisão territorial em 1977, potencializada pelos investimentos dos programas de pós-graduação em Educação que foram se consolidando nas capitais, Cuiabá(MT) e Campo Grande (MS). Quanto ao segundo conjunto de fontes, o recenseamento da produção se fez com base em impressos de natureza periódica considerados representativos das pesquisas em História da Educação: Revista Brasileira de Educação (ANPEd); Revista Brasileira de História da Educação (SBHE); Publicações periódicas dos Programas de Pós Graduação das Universidades Públicas de Mato Grosso (Revista Educação Pública) e Mato Grosso do Sul (Revista Intermeio) no período compreendido entre os anos de 2000 a 2010. Cordeiro e Carvalho (2002) revelam que as publicações periódicas não

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seguem apenas convenções pré-estabelecidas por seus locais de publicação, estando, pois, inseridas em uma proposta de difusão e circulação de saberes que ultrapassam as fronteiras regionais e inserem-se em um movimento de institucionalização de práticas consideradas modelares. O estudo de periódicos permite identificar os modos como se processam essa circulação (SCHRIEWER,1995). As análises apontam as pesquisas realizadas no campo da educação como sendo, em grande parte, objeto de interesses das atividades ligadas aos cursos de Mestrado, não estritamente ligados à área da educação. Foram encontrados trabalhos produzidos sob a ótica da Educação, da Arquitetura mas, sobretudo, da História. Uma possibilidade de interpretação destes dados é desenvolvida por Gilberto Alves (2001). Ao dialogar com a produção acadêmica com base nas fontes utilizadas para a elaboração deste trabalho buscou-se, sobretudo, o exercício de entender como as tentativas de escrita de uma história da educação pautada em algumas das referências adotadas como basilares para a compreensão pode ser interrogadas, ou são ainda passíveis de interpretações dadas a partir do seu lócus de enunciação.

A Revista Echos do Collegio Archidiocesano de São Paulo (1908-1963): possibilidades para

estudos em história da educação

Raquel Quirino Pinas [email protected]

Ricardo Tomasiello Pedro [email protected]

O principal foco desse trabalho é apresentar aos pesquisadores a revista Echos do Collegio Archidiocesano de São Paulo, que no período de 1908 a 1963 foi o mais relevante informativo distribuído às famílias dos alunos. Na comunicação apresentaremos o periódico citado, algumas das temáticas abordadas em suas páginas e, a partir disso, desenvolver uma abordagem em torno das possibilidades de investigação oferecidas por essa documentação histórica. Dentre os

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impressos institucionais do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo a revista Echos tem especial importância, uma vez que a sua publicação foi iniciada em 1908 e se manteve com tiragem regular anual até a sua última edição. O periódico era destinado às famílias dos alunos matriculados em regime de internato e semi-internato, professores leigos e religiosos, sendo enviado, também, para autoridades políticas e eclesiásticas. As edições descrevem os acontecimentos eleitos como os mais relevantes do ano letivo, são ricamente ilustradas com fotografias, desde seu primeiro número. Os exemplares contemplam amplos aspectos do universo escolar: relatos de formatura, eventos cívicos e religiosos, discursos de paraninfos e personalidades variadas, as palavras do diretor e das autoridades governamentais, descrições de campeonatos esportivos e atividades artísticas, notas e premiações dos alunos, narrativas a respeito de excursões científicas e passeios escolares, ações das associações e grupos estudantis, orientações para formação moral e religiosa dos alunos etc. As possibilidades investigativas do periódico se estendem para as seguintes questões: construção das representações sobre a escola, os sujeitos e seus posicionamentos sociais e institucionais, as práticas e rituais escolares, circulação das ideias pedagógicas, os discursos sobre a civilidade e a moral, valorização da excelência acadêmica, educação dos corpos e dos sentidos, divulgação da filosofia educacional Marista, evangelização pelo ensino, entre outros. No decorrer de seis décadas, muitas foram às alterações sofridas pela revista em relação aos seus objetivos e conteúdos, que refletem muitas das transformações experimentadas pelo colégio no campo educacional e social. A revista se constitui como fonte relevante para o estudo das permanências e mudanças no âmbito da escolarização, colaborando para o entendimento das construções simbólicas e materiais no âmbito da instituição Marista. Levando em conta as discussões sobre a pertinência das fontes pouco exploradas para a constituição de novos temas em história da educação, a revista Echos é uma possibilidade privilegiada, disponível para consulta no acervo do Memorial do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo, centro de documentação e memória responsável pela preservação, organização e acesso aos documentos acumulados pela instituição desde 1858.

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Acervo da escola estadual professor Leopoldo Miranda, Diamantina, MG:

fontes para história da educação

Gabriela Marquesi Sousa (UFVJM) [email protected]

Flávio César Freitasii Vieira (UFVJM) [email protected]

Diamantina é uma cidade histórica com uma tradição cultural de cerca de três séculos, com surgimento do Arraial do Tijuco, no início do século XVIII. O conhecimento sobre aspectos da história da educação desse município e região se apresenta com produções pontuais e fontes dispersas e fragmentadas. O objetivo desta pesquisa no campo da história da educação é o de buscar fontes sobre processos, agentes e instituições educacionais em Diamantina e região. A mesma surgiu de ações do Grupo de Estudo e Pesquisas em Formação Docente e História da Educação dos Vales (GEPFDHE_VALES) da UFVJM, na busca de fontes sobre o objeto de estudo a educação. A Escola Estadual Professor Leopoldo Miranda (EEPLM), Diamantina/MG, foi a instituição educativa alvo da investigação pela equipe do projeto, em razão dos seguintes fatores: a)prioridade na recuperação de documentos que necessitavam de ação emergencial para preservação; b)instituição educativa vinculada à antiga Escola Normal Oficial de Diamantina (1928-1938); c)autorização da escola de acesso e intervenção para preservação das fontes; d)importância no cenário educacional da sociedade diamantinense e da região. A metodologia utilizada para buscarmos alcançar os objetivos de levantamento de fontes está sendo realizado a partir de duas etapas concomitantes: 1ª.Identificação de Fontes; 2ª.Constituição de Acervos. A primeira etapa da pesquisa iniciou com as seguintes ações: a)revisão bibliográfica sobre a educação em Diamantina e região; b)Busca de recursos e bolsas de IC para materialização e equipe e realização de projeto de pesquisa para identificação de fontes primárias nas instituições educativas em Diamantina e região; c)Busca em instituições educativas,

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museus, acervos públicos e privados com possibilidades de conter fontes primárias sobre a educação em Diamantina e região. Logo após o início dessa a primeira etapa, surgiu à necessidade de iniciar a segunda: a ampliação da equipe para manter-se a realização de ambas as etapas em decorrência da carência e dispersão de fontes primárias sobre a educação em Diamantina. A segunda etapa foi pautada a partir da ação na EEPLM: a)recuperação de documentos primários; b)identificação e catalogação das fontes primárias; c)busca de recursos, parcerias e bolsas para ampliação das ações e constituição do Museu Pedagógico da EEPLM. Os resultados obtidos, até o presente momento, são a articulação de três projetos de pesquisa e um quarto de pesquisa e extensão, que possibilitam a articulação entre esses projetos sobre aspectos da metodologia, categorias de análises e resultados. A constituição do acervo de documentos da EEPLM, com a identificação de cerca 592 documentos contidos em 23 pastas, além de iconográfico e do material escolar. Alguns documentos além de identificados já foram transcritos objetivando a análise do período histórico da reabertura da escola em 1952.

Alunos da Faculdade de Direito de Pelotas/RS em 1962 e 1964: herdeiros de qual tradição?

Valesca Brasil Costa [email protected]

Na virada para o XX, Pelotas, ao sul do Brasil, é abatida por crise financeira. A elite local carece de instituições que ofereçam capital cultural diferenciado para seus herdeiros. Em 1902, a sociedade maçônica concretiza a ideia através da criação do Gymnasio Pelotense, do qual posteriormente derivam cursos superiores, entre eles a Faculdade de Direito em 1912. Este estudo trata de meio século depois, envolvendo alunos graduados entre a década de 1960 e 1970, tempo de turbulências políticas. Os aportes teóricos caracterizam-se por um singular desafio: aliar conceitos de Bourdieu a referenciais advindos da história cultural (Peter Burke, Sandra Pesavento, entre outros). Como reagiram

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estudantes daquela tradicional instituição de ensino: teriam evidenciado espírito cívico-crítico, resistindo diante das ameaças de uma elite conservadora, ou sua atuação estaria comprometida com os valores da mesma elite que fundou a instituição? Frequentar a Faculdade de Direito naquele período reproduzia uma dinâmica em que os alunos, filhos de famílias tradicionais, teriam acesso à educação de significativa qualidade, tornando-se também detentores de capital cultural ou, conforme Bourdieu, herdeiros. Entretanto, por constituir-se uma instituição pública, igualmente abrigou alguns alunos não originários de famílias abastadas. Estes estariam contrapondo a suposta tendência de origem, conseguindo ultrapassar os limites imposto s não só pela cultura local, como também a própria cultura da área jurídica, inclusive destacando-se na sociedade. Para uns e para outros o desenvolvimento de uma consciência crítica teria provocado posições políticas apoiando o Movimento da Legalidade? E em 1964, teriam defendido posições contrárias ao Golpe? Os procedimentos operacionais da pesquisa estão subdivididos em etapas: pesquisa em jornais da Biblioteca Pública Pelotense e arquivos do Centro Acadêmico Ferreira Vianna. Na etapa seguinte, aplicação de questionário a partir de nomes de diplomados no período, conforme arquivos da própria Faculdade e de acordo com respectiva adesão. Tal questionário inclui informações, desde a origem familiar e respectiva escolarização de avós e pais, bem como condições econômicas e demais dados referentes ao contexto sociocultural da família. A partir da análise de tais dados, desenvolve-se a segunda etapa da investigação. Ou seja, com a adesão de sujeitos dispostos a narrar suas memórias, desenvolvem-se entrevistas gravadas e posteriormente transcritas. O processo analítico permite antever significativas considerações, confirmando não só alguns dos pressupostos bourdesianos assumidos ao longo do estudo, como também singularidades quanto ao posicionamento político dos sujeitos. Atualmente a pesquisa incorpora a perspectiva comparada, desenvolvendo o mesmo projeto, inclusive recorte temporal e similar contexto político, junto à Faculdade de Direito de Coimbra/Portugal.

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Apontamentos sobre a produção do conhecimento científico e a construção do

conceito de historicidade

Carlos Bauer [email protected]

A presente comunicação não tem a pretensão de sistematizar um conjunto de informações sobre a natureza do conhecimento histórico como uma das disciplinas constituintes do saber científico produzido no mundo ocidental. Um compromisso com uma análise deste porte nos exigiria um aprofundamento de questões como conceito de história e forma de história, por que estudamos história, o papel de correntes importantes como é o caso do positivismo, o relativismo e a fecundidade inquietante do marxismo, o problema da natureza dos fatos históricos, a explicação na perspectiva da história, a objetividade em história; além de estabelecer a necessária relação entre ideologia e história, estrutura e história e o aprofundamento da própria ideia de periodização, caso sejamos capazes de pensar o tempo como uma dimensão da crítica possível numa determinada época vivenciada pela humanidade. As próprias transformações (e não evoluções) do pensamento ocidental inseridas no domínio da história teriam que ser necessariamente apreciadas, o que nos remeteria diretamente para questões pertinentes a uma Teoria da História e, portanto, uma inquebrantável disposição de estabelecer um plano de análise das obras de autores como Carr, De Decca, Marc Bloch, Flamarion Cardoso, Plekhanov, Fernand Braudel, E. P. Thompson, P. Anderson, Pierre Vilar, Agnes Heller, A. Shaff e tantos outros quanto possam ser lembrados. O que, por ora, não temos condições de fazer. Podemos, contudo, apresentar e refletir sobre alguns aspectos teóricos da produção do conhecimento científico, seus desdobramentos na produção do conhecimento e do saber histórico e a indicação de algumas preposições pertinentes à construção do conceito de historicidade, entre elas, podemos citar: a questão das fontes históricas, as fontes primárias, as fontes secundárias, a análise histórica, a síntese histórica, a crítica histórica e o seu papel na apreciação do tempo social dos homens.

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Todas estas variáveis podem contribuir para que o indivíduo atue mais ou menos intensamente no sentido de influir sobre a vida social, portanto, sobre a produção dos fatos culturais, sobretudo dos fatos históricos, que são produzidos mediante uma interpretação meticulosa e consciente daquele que se dispõe a realizar tal ofício, particularmente, na edificação do universo social da educação e sua história.

Apontamentos teórico-metodológicos para a investigação do ensino da linguagem escrita

em classes de alfabetização

Fernanda Zanetti Becalli UFES/NEPALES/IFES

[email protected]

Resumo: Este artigo integra uma pesquisa em andamento voltada para o campo dos estudos da história recente e ainda presente da alfabetização no Estado do Espírito Santo, no período de 2001 a 2008, que tem por finalidade investigar o ensino da linguagem escrita na alfabetização de crianças. A investigação se norteia pelos princípios teórico-metodológicos bakhtinianos e utiliza como fontes documentais cadernos e outros suportes de registros escolares de professoras capixabas que cursaram o Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA) e de alunos que estudaram com elas. Nossa coleta de fontes foi realizada em arquivos institucionais (Superintendências Regionais e Secretarias Municipais de Educação), escolares (Escolas Estaduais e Municipais dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental) e pessoais (residências de professores e alunos), objetivando identificar nestas fontes o que pode ter contribuído para a manutenção de modelos tradicionais de ensino da leitura e da escrita e/ou para o redimensionamento de formas e maneiras de ensinar a linguagem escrita. As visitas as secretarias e as escolas públicas evidenciaram que os documentos produzidos no cotidiano escolar capixaba ainda não são reconhecidos como fontes históricas de pesquisa que permitem aprofundar estudos sobre escolas, memórias, culturas escolares, colaborando na compreensão de abordagens teóricas e metodológicas que alicerçam

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práticas alfabetizadoras, apontamentos de mudanças e/ou continuidades que se consolidaram na organização do trabalho com a linguagem escrita em classes de alfabetização, ao longo do período coberto pela pesquisa, e como políticas públicas de formação continuada são aceitas e/ou renunciadas pelas professoras. Cabe ressaltar que nestas instituições localizamos apenas 38 documentos. Foi em função das artes de guardar realizadas individualmente pelas 16 professoras participantes da pesquisa que reunimos 2.105 suportes de registros escolares que materializam discursos sobre práticas alfabetizadoras efetivadas em escolas capixabas. Esse conjunto de materiais foi fotografado com vistas à elaboração de um banco de dados digital e de um catálogo de fontes que permitirá preservar os documentos originais e desencadear estudos e pesquisas posteriores. Sistematizamos, enfim, a constituição do nosso corpus discursivo: trajetória de coleta, organização, seleção e tratamento dado às fontes documentais, ou seja, uma metodologia de análise de cadernos e demais suportes de registros escolares que poderá auxiliar outros pesquisadores que trabalham com essas fontes privilegiadas para a pesquisa em educação.

As contribuições de e. P. Thompson e o “fazer-se” da Escola Profissional Visconde de Mauá

Isabella Paula Gaze UNIRIO/CEMEF

[email protected]

Este trabalho propõe o debate sobre as contribuições teórico-metodológicas do historiador inglês de tradição marxista Edward Palmer Thompson (1924-1993) e as possibilidades de seu uso nas pesquisas em história da educação, especificamente na história das instituições escolares. Foram utilizadas as seguintes obras do historiador, A formação da classe operária inglesa e A Miséria da Teoria, e no livro Edward P. Thompson: história e formação de Liane M. Bertucci; Luciano M. Faria Filho e Marcus A. Taborda de Oliveira. A inovação de Thompson, que serve de lição para historiadores da educação, foi usar como procedimento de pesquisa,

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as próprias experiências da classe operária inglesa. Para entender este processo histórico usou uma diversidade de fontes, entre estas, as que não eram usadas pela historiografia, como documentos produzidos pelos próprios trabalhadores e suas organizações. Neste aspecto, os autores citados afirmam que a prática de Thompson nos leva a refletir sobre o que pode ser considerada fonte para a história das escolas e os processos educacionais. Existe uma variedade de documentos produzidos pelas escolas, que são fontes pouco exploradas para entender a instituição escolar na perspectiva da “história vista de baixo”. Outro aspecto trata-se da forma como Thompson indaga as fontes, que questões podem ser investigadas, que evidências são percebidas, assim como os silêncios. Ele procura compreendê-las de maneira contextualizada, a partir das leituras dos sujeitos no tempo histórico que as produziram, e não no tempo vivido pelo historiador. Os autores afirmam que conflito, resistência, cultura, economia moral, costume e formação são noções centrais para a história da educação e pouco analisadas pelas categorias e conceitos de Thompson. Para recuperar o “fazer-se” da Escola Profissional Visconde Mauá fundada em 1916, na Vila Proletária de Marechal Hermes, subúrbio carioca, seguimos os passos de seus sujeitos através das primeiras solicitações da escola à Diretoria Geral da Instrução Pública e ao Almoxarifado Central, nos meses anteriores à sua inauguração. Explorando estes documentos como fontes, foi possível acompanhar as demandas e negociações na estruturação da escola, na formação dos seus laboratórios, na chegada dos primeiros professores, do material pedagógico, do mobiliário. Outra fonte consultada foram os primeiros livros de matrículas da escola que nos forneceram o perfil dos primeiros alunos. Concluímos que a abordagem teórico- metodológica apoiada em E. P. Thompson possibilita aos pesquisadores da história da educação investigar e escrever sobre a história das instituições escolares considerando que as políticas educacionais pensadas, articuladas e implantadas pelo Estado brasileiro, tornam-se reais à medida que são (re)construídas pelos sujeitos no ambiente escolar, numa relação dialética própria de qualquer realidade.

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As leituras de ciências empíricas em Caicó-RN (século XIX)

Franselma Fernandes de Figueirêdo Universidade Federal do Rio Grande do Norte

[email protected]

No Brasil, ao longo do século XIX circulou uma literatura de almanaques e manuais impressos, que também foi responsável pela divulgação, por distintos e longínquos recantos, de uma larga contribuição acadêmica especializada na prevenção e no tratamento de doenças e na indicação de fórmulas para fabricar medicamentos. De modo geral, esses impressos tinham a incumbência de transcrever a medicina científica para a população leiga. Eram uma literatura popular do tipo “faça você mesmo”, mas com premissas científicas, que, pouco a pouco, disseminou pelo Brasil afora saberes e práticas da medicina doméstica, intensamente exercitada e incansavelmente apropriada por leitores e leitoras assíduos do século XIX. Consequentemente, essa circulação resultou numa convivência quase obrigatória da ciência médica com os costumes populares de curar as doenças – o curandeirismo –, especialmente praticado por fazendeiros das províncias do Nordeste brasileiro. Abordar uma história da leitura no Caicó oitocentista, apoiada numa literatura do tipo “faça você mesmo” e situada numa rede de práticas culturais almejando outras inúmeras práticas culturais é alertar para a constatação de Darnton (1992) de que textos escritos, vida em sociedade e leitura estavam intimamente associados. Nessa investigação almejamos destacar os ensinamentos do tipo “faça você mesmo” prescritos nos almanaques ou manuais laicos Lunário e prognóstico perpétuo e Formulário e guia médico – Guia Chernoviz –, que remetam para a associação entre texto escrito, vida em sociedade e leitura lida, escutada e recitada, perceptível nos indícios, pormenores inscritos em livros de historiografia e de memórias, entre outros escritos. Sem sombra de dúvida uma literatura exemplar que fundamentou a “medicina caseira” do

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povo sertanejo e sua transmudação em remédios foram os livros medicinais do Dr. Chernoviz, subsidiados pelos textos do Lunário e prognóstico perpétuo e complementados pelas fórmulas das curas dos indígenas e dos africanos que aqui chegaram. Principalmente o Dr. Chernoviz subsidiou, por muito e muito tempo, o diagnóstico dos sintomas das doenças mais comuns e o tratamento delas, bem como a difusão da terminologia médica. No mister da homeopatia em Caicó, alguns homens eram os “doutores” das fórmulas medicinais avançadas, ditas científicas. Portanto, como era de se esperar, existe uma variação considerável de relatos que, de fato, indicam o leque das apropriações de nossos antepassados moldadas pelas leituras feitas e ouvidas dos textos do Lunário perpétuo e do Guia Chernoviz.

Cartas e educação jesuíticas: memórias da segunda vinda dos jesuítas portugueses ao

nordeste do Brasil

Carlos Ângelo de Meneses Sousa (UCB) [email protected] / [email protected]

A Companhia de Jesus, desde as suas origens, teve o desvelo de registrar a vida da Ordem em suas diversas atividades, tanto no que se refere à sua ação ad extra, como as atividades apostólicas na sociedade, quanto ad intra, isto é, suas ações cotidianas institucionais internas. Para tanto foram criados, por exemplo, as “cartas annuas” e a história das casas que deveriam ser registradas sistematicamente e guardadas em três arquivos, quais sejam, na Cúria da Ordem em Roma, no arquivo da Província e no arquivo de cada casa. Tanto é o zelo por estes registros que, os superiores se mostram atentos a qualquer descuido e imprecisão. Em nossa pesquisa sobre a ação política e educativa dos jesuítas portugueses no nordeste do Brasil, no século XX, a partir da expulsão sofrida por esta Ordem, depois do advento da República em Portugal (1910), verificamos tal fato em diferentes momentos das cartas

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destes superiores para as suas diversas casas. O contexto sócio-político em que foram escritas suas cartas, cotejadas nesta pesquisa, datam de 1917 a 1920 e, para este artigo focou-se, sobretudo, as missivas relacionadas aos acordos e tratativas de fundação e ações educativas desenvolvidas no colégio Nobrega em Recife. As mesmas foram redigidas em cidades européias, sobretudo naquelas em que abrigaram a Província lusitana dispersa, como Tuy e Pontevedra (Espanha) e em Salvador (Brasil). A Província portuguesa se encontrava dispersa e necessitava sobreviver, preservar sua unidade e continuar sua história, em outras terras em que o anti-jesuitismo não estivesse fortemente ameaçador. A situação em alguns países europeus não era tranquila, por exemplo, na Espanha e esse, entre outros motivos, ensejou uma maior vinda de jesuítas portugueses para o Brasil. Estas cartas como fontes históricas se constituem, em nossa pesquisa, um dos pontos de construção historiográfica da ação politica e educativa dos jesuítas portugueses no nordeste do Brasil. A metodologia, do conjunto da pesquisa, adotada parte da localização e construção de fontes historiográficas, documentais, jornalísticas, orais e iconográficas, com vistas a promover uma leitura cruzada, buscando-as em arquivos e bibliotecas das diversas cidades onde os jesuítas se radicaram, para analisar o papel que esses religiosos e educadores tiveram, com a ajuda de autoridades católicas e da nossa elite política, no contexto da Primeira República e do Estado Novo, na discussão e definição de um plano local e nacional de educação, face à aliança firmada entre a República do Brasil e a Igreja Católica para a modernização conservadora da sociedade brasileira. Em meio a este contexto, as cartas tinham a importância de circulação das ideias, notícias das diversas casas e missões. Assim elas não tinham um caráter meramente informativo, mas também de manter aquecida a memória e o ânimo entre os seus e como divulgação de sua missão.

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Colégio metodista Izabela Hendrix (1904-1935): resgate e organização dos

documentos históricos

Reginaldo Leandro Plácido Plá[email protected]

Wesley Jesus dos Santos [email protected]

Pesquisas recentes no campo da História da Educação tem se debruçado sobre a presença das instituições escolares protestantes no cenário educacional brasileiro. Parece consenso afirmar que as escolas protestantes de origem norte-americana contribuíram diretamente para a expansão da ideologia liberal e para a penetração de uma cultura que viria a instalar no âmbito escolar novas normas e práticas no sentido descrito por Dominique Julia (2001, p. 10-11). Os primeiros protestantes de origem missionária que chegaram no Brasil dividiram-se estrategicamente entre os principais núcleos republicanos. Este é o caso do Colégio Metodista Izabela Hendrix, fundado em 5 de outubro de 1904 na cidade de Belo Horizonte, em um período de liberalização da educação brasileira, com proposta educacional inovadora e humanizante, visão esta que seria o perfil da educação metodista no Brasil, fazendo frente à educação ultrapassada das escolas brasileiras da época. (PEIXOTO; SOARES: 2004, p. 10). No decorrer de mais de um século de história desta instituição muito material documental foi produzido, armazenado e perdido no tempo. Assim, o objetivo desse trabalho é descrever a história da instituição a partir do resgate de documentos, organização e criação de arquivo virtual deste material, no período que vai da fundação em 1904 até a inspeção de 1934. Segundo Le Goff (1996, p. 433), as instituições responsáveis pela manutenção e organização da matéria memorável têm no foco de suas preocupações as articulações entre o tempo, o espaço e o homem. Em uma perspectiva mais ampla, pode-se compreender as próprias instituições como instâncias da memória, isto é, como responsáveis

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por gestos fundadores que resultam da combinação da ação de um grupo (os eruditos, homens de toga, funcionários etc.), com lugares (cartórios, escolas etc.), práticas e técnicas variáveis no tempo (a cópia manuscrita, a imprensa, a digitalização, a classificação etc.). A escolha do recorte temporal para esta comunicação foi estabelecida levando- se em consideração a questão do pertencimento desta investigação ao relatório final do projeto de pesquisa “Uma leitura do Colégio Metodista Izabela Hendrix no processo de escolarização em Belo Horizonte no início do século XX. O arcabouço teórico-metodológico desta investigação segue o proposto pelo projeto de pesquisa maior e se utiliza principalmente das contribuições dos estudos de Roger Chartier sobre os conceitos do papel das práticas e das representações; de Dominique Julia e Viñao Frado sobre o conceito de cultura escolar; das reflexões de António Nóvoa e Justino Magalhães sobre o campo de pesquisa das instituições escolares, dentre outros autores e conceitos capazes de dar suporte a construção desta investigação.

Constituição de um catálogo fotográfico digital como ferramenta de pesquisa em

história da educação

Andreína de Melo Louveira [email protected]

Maria Eduarda Ferro [email protected]

Na terminologia arquivística “catálogo” é um instrumento de pesquisa organizado segundo critérios temáticos, cronológicos, geográficos, entre outros, reunindo a descrição individualizada de documentos pertencentes a um ou mais “fundos”, de forma sumária ou analítica. Os “fundos” são constituídos por um conjunto de documentos de uma mesma proveniência. Este artigo visa socializar os resultados da produção do instrumento de pesquisa denominado Catálogo Fotográfico Digital: Crianças e Infâncias do sul de Mato

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Grosso (1850-1950). Nosso objetivo consiste em apresentar o itinerário, os desafios e as reflexões provenientes do processo de produção dessa ferramenta que buscou contribuir para o desenvolvimento e aprimoramento da fotografia como fonte de pesquisas históricas, bem como, auxiliar na preservação de fontes documentais para a construção da História Social da Criança e da Infância. A ideia de desenvolver tal instrumento de pesquisa surgiu da necessidade encontrada no processo de classificação, análise e preservação da documentação resultante de uma investigação que localizou, digitalizou e iniciou a classificação de fotografias provenientes de acervos públicos e privados da cidade de Dourados (MS). Os acervos públicos consultados foram o Museu Histórico e Cultural de Dourados e o Centro de Documentação Regional da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Os acervos privados pertencem a famílias que, a convite das pesquisadoras, aceitaram abrir seus álbuns de família para colaborar com a pesquisa. Para superar a condição de massa documental acumulada, o catálogo foi idealizado como forma de possibilitar o arquivamento organizado e a recuperação ágil e precisa das fotografias segundo critérios cronológicos, geográficos, temáticos, por palavras-chave e por origem de fundos/coleções. Subsidiada pelas pesquisas de Kossoy (2009) e Mauad (1996) foi elaborada uma ficha para catalogação dos documentos fotográficos, com atenção às especificidades de nosso acervo. Tal ficha contemplou elementos técnicos e de conteúdo das imagens. Essa ficha contribuiu significativamente para a definição dos descritores contemplados no sistema denominado FotoMemo. Os esforços de organização de acervos materiais ou eletrônicos constituem um trabalho minucioso que requer conhecimentos multidisciplinares. Apostamos nesses esforços, pois eles dão visibilidade à importância dos acervos, além de contribuírem para a democratização do acesso a fontes empregadas na produção de conhecimento científico, além do seu uso potencial para fins didáticos e culturais.

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Das ondas do rádio às páginas dos impressos: debates sobre linguagem humorística,

radiodifusão e educação no Brasil (anos 1930-1940)

Maria angela borges salvadori [email protected]

Este trabalho analisa percepções dos ouvintes quanto ao uso da linguagem coloquial, e especialmente da linguagem humorística, em programas radiofônicos das décadas de 1930 e 1940, período no qual os serviços de radiodifusão se distanciam dos propósitos estritamente educativos defendidos por seus pioneiros, ligando-se a uma perspectiva mais comercial e do entretenimento. Para isso, toma como fonte privilegiada de pesquisa cartas de leitores publicadas na revista Carioca, semanário ilustrado que circulou em 1935 e 1954 voltado principalmente à leitora feminina e aos jovens. Por meio da análise dos conteúdos dessas cartas, pretende-se tanto recuperar fragmentos dos debates sobre o papel do rádio naquele período quanto tensões entre o popular e o erudito. Desde seu primeiro número, em outubro de 1935, a revista Carioca dedica algumas de suas páginas ao rádio, divulgando e comentando a programação das emissoras. O mesmo acontece com quase todas as revistas ilustradas daquele período que trazem também seções específicas sobre radiodifusão. A Carioca, revista que colocava para si a tarefa de educar divertindo, em seu segundo número, lança um concurso permanente que premiava cartas enviadas por ouvintes com suas opiniões sobre programas das diferentes emissoras de rádio e sobre seus castings. No início, várias das cartas enviadas eram “assinadas” por professores, geralmente indignados com os programas mais populares. Com o passar do tempo, o concurso se torna uma seção da revista, com direito a réplicas e tréplicas entre os leitores. Nas cartas dos ouvintes pesquisadas até agora, publicadas entre 1935 e 1940, são muito freqüentes críticas à programação mais comercial e popular que aos poucos tomava conta das emissoras. Lastimava-se o distanciamento crescente entre a programação das estações e o papel

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de grande “educador” dos brasileiros que marcara os tempos iniciais da radiodifusão nos anos 1920. Ritmos, práticas e linguagens associados às classes populares são encarados como sinais de atraso, incivilidade e “deseducação”. Ao mesmo tempo, tais cartas enaltecem os programas educativos stricto sensu, valorizando elementos ligados à cultura erudita e/ou aos conhecimentos escolares. Num tempo em que as pesquisas sobre audiência apenas engatinhavam, essa documentação representa uma rica possibilidade de aproximação em relação ao alcance dos programas emitidos e suas repercussões, indicando conflitos sociais de dimensões mais amplas que aparecem aqui equacionados no debate sobre o papel da radiodifusão. Na análise desses conflitos, procuro estabelecer diálogos com a produção do historiador E. P. Thompson sobre tradições populares e com os estudos do filósofo Mikhail Bakthin relativos à linguagem, considerando a oralidade e o humor como indícios de visões de mundo daqueles que eram alvos de um discurso moralizador calcado no tripé trabalho, saúde e educação.

Documentação camarária e história da educação em Minas Gerais: algumas possibilidades

Marileide Lopes dos Santos FaE-GEPHE/UFMG,RME/BH [email protected]

A documentação das câmaras municipais tem sido objeto de maior investigação na História da Educação. As câmaras são instituições de longa tradição que construíram e foram guardiãs de importantes documentos, os quais possibilita acompanhar parte do cotidiano daqueles que estiveram sob sua égide e dos que foram responsáveis por sua administração. Não é novidade a utilização dessas fontes oficiais na pesquisa histórica, no entanto, a luz de novos referenciais teóricos e metodológicos, novas leituras, vem sendo possíveis. Essas releituras incidem sobre temas como análise do perfil dos sujeitos responsáveis pela sua administração, as sociabilidades desses indivíduos, aspectos econômicos dos municípios, as redes

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familiares, a participação na constituição do processo de escolarização da população e constituição do Estado Nacional, dentre outros. Em Minas Gerais, a História da Educação, também vem buscando com análise nesse tipo de documentação ampliar o quadro de conhecimento do processo educacional mineiro. Objetivo neste trabalho, refletir sobre a contribuição que a documentação das câmaras municipais, a partir da Câmara Municipal de Sabará/MG, pode trazer para a história da educação. A documentação que aqui analiso tem como recorte temporal central, o século XIX. O trabalho decorre do investimento de um grupo que vem investigando desde o século XVIII até primeira metade do século XX os processos educativos em Sabará. Essa documentação permite conhecer os debates sobre a educação, o grau de importância que lhe é atribuído, o lugar que a instrução pública assume nos debates camarários diante de outros problemas da vida cotidiana. A documentação de registro das câmaras tais como: correspondências, livros de receitas e despesas, atas de eleições, livros de registros diversos, atas das sessões da câmara, dentre outros registros camarários, constituem em importantes fontes para percepção e análise da dinâmica da vida cotidiana, de um passado coletivo. Toda essa documentação além de questões locais apresenta também, questões mais amplas de cunho administrativo provincial e imperial. Dentre as questões de interesse tanto municipal, provincial e imperial estava à instrução. As atas - documentos elaborados com a finalidade de registrar formalmente encontros, reuniões, de determinado grupo ou instituição – permitem apreender, por exemplo, a circulação e entrecruzamento dos grupos nas localidades e alianças estabelecidas. É possível também levantar informações preciosas de demandas e pendências dos munícipes apresentadas na Câmara como os pedidos de atestados dos professores, relação de matrícula dos alunos, relatórios dos fiscais e das comissões de visitas aos estabelecimentos públicos, pedidos de criação de cadeiras e/ou escolas, discursos sobre a necessidade de escolas na localidade. Tudo isso corrobora na análise das relações coletivas vivenciadas num espaço público cada vez mais complexo.

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História da educação de Goiás: documentos em rede

Diane Valdez [email protected]

Valdeniza Maria Lopes da Barra [email protected]

Este trabalho visa socializar a experiência de reunir, classificar e publicizar - no formato eletrônico - documentos relativos à história da educação de Goiás. O trabalho mencionado se constitui como um dos produtos do projeto de pesquisa Projeto de educação da sociedade goiana, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás. Tais documentos foram armanezanados no software Ica-atom e organizados em conformidade com os padrões definidos pelas Normas Brasileiras de Descrição Arquivística (NOBRADE) em quatro coleções de documentos. A Coleção número 01- Projeto educacional da sociedade goiana do século XIX – reúne documentos de natureza normativa que incluem desde a Primeira Lei Goiana de Instrução Pública (1835) até o Regulamento do Ensino Primário (1930); mapas de frequência escolar das localidades de Porto Nacional e Meya Ponte no período de 1837 a 1890; imprensa com recortes temáticos em educação (1830-1889), incluindo os periódicos: Correio Official, A Matutyna Meyapontense, A Tribuna Livre, dentre outros. A Coleção número 02 - Museu Virtual da Educação de Goiás constitui-se de um total de 214 peças documentais organizadas em um arquivo compactado da versão original do projeto Museu Virtual da Educação em Goiás (2002), além de seis séries documentais, sendo: Escrituração escolar (22 itens), Turmas de alunos e Professores (22 itens), Eventos escolares (05), Prédios escolares (40), Objetos escolares (67 itens), Educação de Jovens e Adultos (58 itens). A Coleção número 03 - Gabinete Literário Goiano: reúne atas (1864 - 1903), fotos de folhas de rosto de livros que compõem o acervo da instituição (séculos XIX e início do XX), relatórios da presidência (1880-1884) e o estatuto da instituição (1905). A Coleção número 04 - Imagens escolares: reúne 407 fotografias de situações escolares do período

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de 1892 a 1980, de localidades de Goiás, contemplando variados temas como formaturas, desfiles cívicos, festas cívicas, práticas esportivas, prédios escolares, lembranças escolares, entre outros. A mesma coleção reúne as páginas iniciais de dezoito livros de leitura, datados entre 1867 e 1970. O conjunto documental acima exposto totaliza mais de 2500 páginas de documentos, entre reproduções digitalizadas dos originais e transcrições. O acervo é originário das seguintes instituições: Arquivo Histórico Estadual de Goiás (AHE-GO), Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central (IPEHBC), Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG) e Gabinete Literário Goiano. O trabalho de leitura, seleção, digitação, digitalização de documentos envolveu profissionais e estudantes da Universidade Federal de Goiás, Universidade Estadual de Goiás, Faculdade Estácio de Sá-GO, além de profissionais das instituições responsáveis pela guarda dos respectivos acervos. Hoje, as quatro coleções de documentos de história da educação de Goiás estão disponibilizadas no site da Rede de Estudos de História da Educação de Goiás: http://reheg.fe.ufg.br.

Dos vestígios ao tema de estudo: o caminho percorrido na pesquisa sobre a Escola Mixta

da Imperial Fazenda de Santa Cruz

Adriana Valentim Beaklini [email protected]

A presente comunicação faz parte das inquietações na realização da pesquisa para o curso de mestrado em Educação e pretende desvelar o processo de construção do “fazer” do pesquisador na busca e tratamento das fontes. A localização em alguns textos de apenas um breve relato sobre a Escola Mixta da Imperial Fazenda de Santa Cruz relacionando essa instituição escolar como sendo criada pelo Imperador Pedro II para atender a crianças negras do Curato de Santa Cruz gerou inúmeras perguntas que emergiram deste vestígio. Como por exemplo: onde estão os indícios da existência desta instituição? Porque esse estabelecimento de

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ensino está tão pouco presente na produção acadêmica? Será que o público alvo era mesmo as crianças negras? Na busca por examiná-lo mais detidamente pretendemos analisá-la no contexto sócio-histórico do final do século XIX. Delimitamos, portanto o período deste trabalho investigativo entre 1885 e 1889, ou seja, da criação da instituição escolar até o marco histórico de mudança política que foi o início da República. Isto porque, em 1890, a escola é incorporada ao Ministério de Instrução Pública, Correio e Telégrafos alterando o nome para Escola D. Pedro II; em 1893, ela é entregue a Câmara Municipal, ou seja, integra os quadros do Município; e finalmente, em 1920, os alunos são transferidos para outras escolas e o prédio é destinado à instalação de um hospital com a finalidade de atender os casos de malária. A escola em questão estava localizada dentro da Fazenda de Santa Cruz, no Curato de Santa Cruz no Rio de Janeiro, e contava com grande número de escravos e libertos, cabeças de gado, diversos tipos de cultivos e o manejo de técnicas avançadas. A instituição escolar tinha como objetivo o ensino profissional observado pelo ensino de ofícios através de diversas oficinas concomitante com o ensino propedêutico. Ela se inseria no contexto dos debates acerca do fim da abolição, do projeto de civilização almejado para o Brasil e o direcionamento da população excluída para uma atividade produtiva. O ensino profissional, portanto, foi uma das propostas de inclusão de algumas parcelas da população (pobres, vadios, negros, etc) nesta proposta de “civilização”. Buscamos sustentação teórica em Norbert Elias, Carlo Ginzburg, Jacques Le Goff, dentre outros.

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É tempo de lembrar: a memória oral das normalistas no Instituto de Educação de

Pernambuco (1946-1955)

Ana Paula Rodrigues Figueirôa [email protected]

José Luis Simões [email protected]

O artigo é parte da dissertação do mestrado em educação pela Universidade Federal de Pernambuco, este artigo percorrerá as sendas de uma vida, dos sonhos e da realidade escolar na memória das normalistas que estudaram nesta instituição, tendo como objetivo promover a discussão sobre as particularidades dos relatos das entrevistas vivenciadas individualmente e coletivamente, nos mostrando as representações sociais, congregadas as questões da comunidade escolar. Pois nos relatos percebemos os vieses sociais dessa época. Para redarguir a essas questões se fará uso da metodologia na história oral, porque as fontes documentais impressas, as entrevistas orais coletivas e individuais, e as figuras, não demonstram dentro de si somente as minúcias das lembranças de cada pessoa ou grupo destas, isto é, trazem consigo juntamente na oralidade, toda a atmosfera do mundo individual e coletivo da sociedade do qual fizeram parte, foram entrevistadas ao longo desse trabalho seis normalistas que cursaram a primeira década em anos diferentes no Instituto de Educação de Pernambuco, deste modo foi construído algumas referências do que essas ex-alunas tem como indicação coletiva de uma memória histórica, de um passado social, histórico e educacional. Essas Lembranças encontram-se avivadas na memória individual e coletiva de cada normalista entrevistada. Contudo, a recordação dessa instituição foi registrada através do que se gravou, filmou, escutou, fotografou e leu. Direcionando-nos a um imaginário carregado de fortes emoções nas visitas ao Instituto de Educação de Pernambuco. Esta pesquisa tem como referencial teórico alguns autores, entre

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eles Paul Thompson, nos mostrando e sugerindo que as entrevistas sejam coletivas e ou individuais, pois a história oral permite esse tipo de coleta, formando um trabalho em equipe, onde as abordagens sugeridas por ele sejam feitas de forma planejada e organizada; Ecléa Bosi detém sobre o aspecto de o pesquisador ter uma direção com o objeto de pesquisa, principalmente na história oral, onde segundo ela, o observador deverá ter uma aproximação direta com os sujeitos da pesquisa; já para Guaracira Louro nos ajuda a compreender como se dá o processo de saída da mulher do lar para frequentar a sala de aula. Além das fontes apresentadas se recorrerá às ideias consolidadas e construídas por pesquisadores que, de alguma forma, dedicaram seus estudos a história da educação brasileira e especificamente a pernambucana. Permitindo assim conhecer não só as trajetórias individuais, como também as vivências coletivas no espaço escolar das professoras primárias de Pernambuco, no período estudado.

Entre a determinação e a prática: a história da educação primária impressa nos relatórios de

professores e inspetores escolares paranaenses

Etienne Baldez Louzada Barbosa (UFPR) [email protected]

Franciele F. França (UFPR) [email protected]

Em meio aos documentos que compõem um conjunto selecionado de fontes para a escrita da História da Educação no Paraná, destacam-se os relatórios dos professores primários e dos inspetores de ensino. Documentos como estes são relevantes para a historiografia educacional, pois possibilitam uma maior aproximação com o cotidiano organizacional da instrução pública paranaense no século XIX e, que por sua vez, desvelam práticas, tensões, apropriações e representações circulantes entre os autores dos mesmos. Desta forma, este estudo pretende evidenciar que

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história da educação primária paranaense contam os relatórios dos professores e inspetores de ensino. Para tanto vale-se dos acervos disponíveis no Arquivo Público Parananense e no Círculo de Estudos Bandeirantes, nos quais é possível encontrar, além dos relatórios, outros documentos concernentes à instrução pública paranaense como: pedidos de materiais e móveis para as escola, solicitações de licença para os professores, assim como ofícios, cartas, requerimentos, recibos, atas e termos, provindos dos professores, inspetores ou mesmo do presidente da província. A escrita dos relatórios, como determinavam as legislações concernentes ao ensino, fazia parte dos deveres desses sujeitos enquanto partícipes da instrução na província. Para esses relatos havia ainda uma normatização quanto ao conteúdo necessário, sem impedimentos, todavia, para o relator que optasse por acrescentar outros itens além do específico. No tocante aos relatórios dos inspetores de ensino são identificados dois tipos – os relatórios do inspetor geral e relatórios dos inspetores paroquiais/distritais – ambos eram atinentes às visitas feitas às escolas, nos quais os inspetores discorriam sobre a situação da instrução, demarcando seus posicionamentos e avaliações acerca de temas relacionados à sua organização, bem como traçavam em que estado se encontravam as escolas e os alunos e de que forma atuavam os professores. Entretanto, nos relatórios do inspetor geral, os dados e conteúdo apresentados referiam-se a instrução de toda a província, enquanto que o dos inspetores paroquiais/distritais remetia-se a uma região específica da província. Já os relatórios provindos dos professores expõem de forma mais detalhada o cotidiano escolar, visto que nestes os professores descreviam as condições da escola quanto ao material disponível e em falta, mobiliário e sala de aula; procedimentos frente as matérias ensinadas; utilização e posicionamento em relação ao método de ensino adotado; suas dificuldades, bem como os avanços encontrados em sua escola. No cotejamento destes relatos é possível ressaltar, para além do plano das projeções, como a instrução pública primária paranaense era representada por estes sujeitos e quais as ações destes para com o ensino.

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Ficha da vida escolar do alunado como fonte para a história de instituições escolares: uma discussão

Vívia de Melo Silva (PPGE/UFPB) [email protected]

A discussão que apresentamos nesse trabalho procura enfatizar fichas da vida escolar de estudantes como possibilidade de fonte à história de uma instituição de ensino, o Colégio Estadual de Campina Grande (1953), primeiro estabelecimento de ensino secundário público da cidade de Campina Grande-PB. Tal foco nos direciona, antecipadamente, à reflexão acerca dos estudos sobre instituições escolares. Nesse sentido, fazemos uma reflexão respaldada em Magalhães (2004) para discutir as instituições escolares como especificidade de pesquisa na área da História da Educação. Quanto à discussão de fontes, nos fundamentamos principalmente em Le Goff (1996) considerando as fontes como documento/monumentos. Ademais, partimos da compreensão de que os documentos são vestígios materiais elaborados no passado, sejam esses longínquos ou mais ligados ao tempo presente, não direcionados ao historiador. Portanto, que os documentos estão impregnados pelo seu tempo e são utilizados por nós historiadores para contribuir com a formulação de conhecimentos sobre um dado objeto, no nosso caso, do Colégio Estadual de Campina Grande. Com esse foco, realizamos, de forma breve, uma reflexão a respeito da ampliação das fontes no âmbito das pesquisas em história da Educação. Por último, discutimos as fichas da vida escolar de estudantes como uma fonte fecunda no âmbito de pesquisas sobre instituições escolares. As fichas da vida escolar, documento em formato padronizado pelo governo do estado, explanam dados pessoais dos alunos: origem, filiação, cidade natal, vida estudantil anterior ao ensino secundário, além de um enriquecido material sobre seu desempenho na escola, principalmente em educação física. Acompanham essas fichas informações acerca da saúde, requerimentos de matrículas, advertências de professores, solicitações de transferências entre outros dados sobre cada discente. A partir desse documento vislumbramos possibilidades de tratar sobre demanda escolar; perfil dos estudantes do colégio. Ademais, é possível desenvolver uma reflexão sobre o saber escolar do colégio, mediante

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as disciplinas oferecidas nos cursos do estabelecimento de ensino: Ginasial, Clássico e Científico. Por fim, as fichas individuais dos alunos permitem ainda refletir sobre alguns aspectos do funcionamento da escola, mediante as informações sobre arguições registradas por mês e matérias a cada discente e outros instrumentos de avaliação, tais como: exercícios, provas escritas de acordo com as chamadas épocas e médias ponderadas.

“Folha do Norte” e “o Correio de São Felix” de 1930 a 1939: o debate educacional em Feira de Santana e Recôncavo Fumageiro na imprensa

Elizabete Pereira Barbosa (UEFS) [email protected]

Sandra Nivia Soares de Oliveira (UEFS) [email protected]

O presente artigo tem como objetivo comparar o debate sobre educação na década de 1930, em Feira de Santana e Recôncavo Fumageiro, e sua relação com os temas em discussão em âmbito nacional analisando o discurso em dois jornais que são, ao mesmo tempo,fonte e objeto de pesquisa para história da educação em Feira de Santana e no Recôncavo Fumageiro. Em Feira de Santana o periódico utilizado é o “Jornal Folha do Norte” fundado no início do Século XX em circulação em Feira de Santana até os dias atuais. No Recôncavo Fumageiro, o jornal utilizado é “ O Correio de São Félix” em circulação durante as décadas de 1920 a 1940 abrangendo cidades do Recôncavo. Convém evidenciar que a escolha do período considerou a efervescência política pedagógica da década de 1930. As idéias circulantes para a sociedade dessa época começam a esboçar um plano de reconstrução educacional que rompesse com a estrutura tradicional marcada pela primazia da igreja católica no exercício da ação educativa. A análise dos jornais apresenta informações veiculadas sobre a educação principalmente no que tange as reformas de ensino no período. Além disso, o texto pretende estudar as relações existentes entre os dois jornais comparando os consensos que se pretendeu produzir através da utilização dos mesmos em Feira de Santana e

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Recôncavo Fumageiro. No campo teórico toma-se como referência estudos que nos auxiliam na compreensão, da fonte histórica como elemento essencial nesse trabalho, bem como as referências que se debruçam sobre a importância da fonte jornalística para o estudo da história da educação abrindo novos campos de análises e perspectiva sobre esse objeto. A intenção aqui é trazer para os meandros do texto esclarecimentos sobre as relações e contradições existentes, reconstruindo a educação no período estudado através do que estava expresso na imprensa. Partimos da compreensão de que o jornal se configura em fonte privilegiada para a história da educação por nos permitir compreender, a partir de um modo específico de escrever a história, como é produzida e transmitida uma determinada cultura. Neste texto apresentamos as edições desses Jornais fazendo uma breve descrição de seu conteúdo, bem como enfatizando seu lugar para o estudo da história da educação em Feira e no Recôncavo Fumageiro. Outro aspecto relevante presente no texto é a discussão sobre as condições de armazenamento e preservação dessas fontes e a precariedade dos arquivos visitados. Há que se considerar que o jornal foi e continua sendo um importante instrumento na transmissão de conhecimento, na formação de opinião e na fabricação de consenso.

Fontes literárias contribuições do Bildungsroman para estudos e pesquisas no

campo da história da educação

Léo Antônio Perrucho Mittaraquis Universidade Federal de Sergipe

[email protected]

Este trabalho é resultado de subsídios proporcionados pelo processo de construção do projeto de pesquisa em andamento (O aprendizado de Stephen Dedalus em James Joyce: cultura escolar, formação religiosa e literatura sob a perspectiva do Bildungsroman) e que está vinculado à linha de estudos e pesquisa intitulada História, Sociedade e Pensamento Educacional do Núcleo de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. Neste campo, o trabalho visa colaborar para o desenvolvimento das

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atividades acadêmicas inerentes a esta linha de estudo, levando em consideração que, de acordo com a mesma, compreendem-se as formas de educação como passíveis de ocorrer tanto no âmbito da cultura escolar, como mediante ações extra-escolares que também promovem o aprendizado (a produção de obras e demais estudos no campo literário estão incluídos no espectro dessas ações). As ações de leitura de produções literárias, as descrições, as caracterizações e compreensões destes textos (no intuito de proporcionar uma avaliação crítica dos mesmos), as classificações, as teorizações e o conjunto de problemas concernentes ao objeto serão levados a efeito sob a perspectiva da História da Educação. No campo de estudos e pesquisas em História da Educação, este trabalho se insere no gênero romance de formação (Bildungsroman). A expressão Bildungsroman (o Dicionário Alemão-Português, da Porto Editora, reconhece a expressão como palavra composta) reúne dois termos: bildungs e roman. Na junção dos termos é possível perceber-se o significado: romance de construção, de formação ou de educação. Romances que possuem características do gênero Bildungsroman descrevem a trajetória de desenvolvimento de um jovem protagonista ou o desenvolvimento do personagem desde a tenra infância à maturidade. O protótipo literário do Bildungsroman, é o livro “Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister”, escrito pelo escritor alemão Joham Wolfgang Von Goethe. A seqüência contínua de fatos ou operações que apresentam certa unidade ou que se reproduzem com certa regularidade na construção do discurso educacional se manifesta nas produções literárias inseridas no gênero Bildungsroman. O escritor se manifesta ciente da importância do exercício de orientação do desenvolvimento intelectual do sujeito, ou seja, da educação (LUKACS: 1994). Observe-se que, se a produção de um dado discurso resulta em obra de cunho literário, artístico ou técnico-científico, e esta, ainda que seja da forma mais elementar, dispõe dados que, percebidos, reunidos, analisados e interpretados, produzem conhecimento, vale dizer, formação/educação, o objeto literário (que no status de prioridade, é o alvo de maior interesse nesta produção acadêmica), mesmo produzido em ambiente extraescolar,

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é frequentemente adotado pelas instituições educacionais: os autores e suas obras são referências qualificadas no processo de formação humanística do aluno. Entre diversos gêneros literários, interessa aqui (e, com efeito, é o objeto mesmo), o gênero Bildungsroman: romance de formação. No intuito de fundamentar as intenções deste trabalho, a partir dos pontos de referência supracitados, este projeto buscou, como um dos suportes teóricos para o desenvolvimento da pesquisa, o conceito de Bildungsroman.

Fontes para pesquisa e escrita da história da educação em Dourados e região (1940-1990):

mapeamento e inventário

Alessandra Cristina Furtado Universidade Federal da Grande Dourados - MS

[email protected]

Inês Velter Marques Universidade Federal da Grande Dourados - MS

[email protected]

Este trabalho tem o propósito de fomentar e contribuir para ampliar o campo de estudo em História da Educação do Antigo Sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul). Para tanto, a presente comunicação emerge de pesquisas em andamento, que buscam realizar discussões sobre a elaboração e organização de um instrumento de pesquisa, e tomam como base as fontes documentais referentes à educação no Município de Dourados e região, entre as décadas de 1940 e 1990. Fontes estas encontradas em arquivos públicos, arquivos escolares, acervos pessoais, centros de documentação, museus, entre outros. Pretende-se, também, dar a conhecer possibilidades interpretativas preliminares do conjunto de fontes mapeadas até o momento, para pesquisa e escrita da História da Educação da localidade estudada. A delimitação temporal entre as décadas de

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1940 e 1990 justifica-se, inicialmente, por sinalizar um período de desenvolvimento econômico do município de Dourados, desencadeado, sobretudo, pela instalação da Colônia Agrícola de Dourados, mais especificamente em 1946, devido ao projeto de Getúlio Vargas de Marcha para o Oeste. Tal desenvolvimento intensificou a expansão da educação escolar no município, com a instalação e regulamentação de escolas primárias, de instituições de ensino secundário, de formação de professores e até mesmo de ensino superior, no final da década de 1960. Este trabalho se justifica, ainda, pela carência de pesquisas que se dedicam a mapear, inventariar a documentação sobre a História da Educação, no Antigo Sul de Mato Grosso, e vem sendo desenvolvido por meio da pesquisa documental e bibliográfica, com a utilização de procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação das fontes documentais dos arquivos e dos acervos pesquisados e de um referencial teórico ligado à História, História da Educação e Arquivologia. Os resultados iniciais apontam que o esforço empreendido permitiu reunir um conjunto de documentos que viabilizam estudos sob diferentes abordagens da educação sul-mato-grossense, no que tange à organização da educação pública e privada, ao funcionamento e à organização das instituições de ensino. Desse modo, o conjunto de fontes documentais, que está sendo mapeado, inventariado e analisado, possibilita iniciar a constituição de uma memória histórica da educação sul-mato-grossense, e mais especificamente, da educação em Dourados e região. Os resultados obtidos, para além do fomento de pesquisas históricas no âmbito da pós-graduação e da iniciação científica, visam à organização e geração de um instrumento de pesquisa, na forma de um inventário, com vistas a fomentar a produção da pesquisa e da escrita em História da Educação em Dourados e região.

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Fronteiras entre dois campos: um estudo das influências teóricas na história e na história

da educação no século XX

Silvia Alicia Martínez Universidade Estadual do Norte Fluminense

[email protected]

Este trabalho apresenta resultados de um estudo sobre influências teóricas, fontes e metodologias de dois campos do conhecimento: História e História da Educação. Partindo da premissa segundo a qual a pesquisa em História da Educação foi influenciada pelas tendências teórico-metodológicas do campo da História, que é mais antigo e consolidado, buscou-se uma aproximação entre esses dois campos, considerando que no da História, até a década de 1980, predominaram três esquemas interpretativos: positivismo, marxismo e Escola dos Annales. Inicialmente foram classificados os períodos da constituição do campo da História: as primeiras décadas do século; a renovação teórica a partir de 1930; a consolidação da Pós-Graduação e, finalmente, a fase atual. O mesmo procedimento metodológico foi empregado para analisar as influências teóricas, o uso de fontes e metodologias no campo da História da Educação que, diferentemente da pesquisa em História, não tem a mesma longevidade. Seu nascimento ocorreu no interior da pesquisa em Educação na metade do século XX, alcançando maior dimensão e importância a partir da década de 1980. Também aqui foram examinadas as características da produção realizada antes e depois da Pós- Graduação. O estudo permitiu verificar similitudes e distinções no estudo sobre a aproximação entre os dois campos e também sobre a influência das tendências teóricas do campo da História sobre o da História da Educação. A primeira constatação foi a de que, em ambos, a política de Pós-Graduação modificou o padrão da pesquisa. Se por um lado, provocou o aumentou da produção historiográfica, por outro, tem predominado baixo teor de criatividade e trabalhos relativamente desimportantes. Também foi possível visualizar fronteiras teóricas próximas entre os dois campos, no entanto os procedimentos metodológicos da pesquisa em História indicam maior atenção metodológica às fontes. O

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estudo chegou às seguintes conclusões: 1) A História da Educação não foi uma área forte de pesquisa durante todo o século XX, mas configura- se como uma das mais fortes e organizadas sub-áreas da Educação desde a década de 1980; 2) A pesquisa em História da Educação tem privilegiado aspectos particulares e abandonou a dimensão política, que foi substituída por “mentalidades”, “cotidiano” e, mais recentemente, por estudos de caráter cultural; 3) Essa tendência teórica se tornou hegemônica por adoção ao ocorrido no campo da História; 4) No âmbito dos Programas de Pós-Graduação predomina uma produção mais caracterizada por repetição do que renovação. O estudo indica desafios comuns aos dois campos: revigorar a teoria; recuperar a ambição da síntese e da visão de mudança; valorizar temas mais abrangentes; evitar dois perigos: o da generalização teórica abstrata desvinculada do real e o da descrição de casos singulares.

Fundamentos teóricos, áreas de comparação e procedimentos investigativos: os estudos

comparados e a escrita de uma história curricular

Fabiany de Cássia Tavares SILVA Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

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O reaparecimento dos estudos comparados, na última década do século XX, no meio acadêmico e nas pesquisas em História da Educação, com diferentes propósitos e alinhamentos teórico- metodológicos, tem nos levado a interrogações desde a produção de generalizações e singularidades, na perspectiva da melhoria dos sistemas educativos, até o privilegiamento de dados estruturais, como esforço para o encontro do método. Pesquisa concluída, inscrita no campo da história a educação, com foco na reflexão sobre as condições teóricas e metodológicas que se colocam à utilização dos procedimentos do estudo comparado, objetivou a escrita de uma história curricular particular, por meio do estudo de documentos curriculares nacionais publicados em distintos períodos, 1979 e 1999. Períodos esses delimitados a partir

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da hipótese da invenção/reinvenção dos princípios de uma escola justa, entendida como objeto de um novo contrato educativo (sociedade e governo), que assume formas de incluir “a todos”, especificamente, os alunos com deficiência. Os documentos curriculares, seguindo uma perspectiva crítica, têm uma repercussão muito direta nos padrões de implementação desse novo contrato e de difusão do conhecimento para ele necessário, na medida em que afetam a produção e disseminação das práticas educativas. Para este texto trabalhamos com os dados de coleta e análise bibliográfica, de diferentes evidências metodológicas e históricas dos estudos comparados nas áreas da história, da educação, da história da educação e dos estudos curriculares. A metodologia empregada nesta investigação está orientada pela explicitação dos fundamentos teóricos, das áreas de comparação e dos procedimentos investigativos que sustentam a eleição do estudo comparado como método de pesquisa. Ao elegermos os fundamentos, as áreas e os procedimentos, tratamos de analisar as diferenças e as semelhanças, de explorá-las ao máximo para descobrir como elas se expressam, de rastrear os conteúdos das informações no contexto onde estão apresentadas, de contextualizá-las, isto é, de estabelecer relações com as distintas situações em que foram/são produzidas uma história curricular. Esse movimento nos coloca diante de procedimentos de pesquisa marcados, de um lado, pela identificação e análise de questões educativas definidas pela pertença geográfica, mas no sentido de uma interação a certos mercados simbólicos. De outro, determinados pela apreensão dos espaços-tempos discursivos, impressos por meio das regulações cognitivas, econômicas e políticas que atravessam as fronteiras da educação.

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História da alfabetização em Minas Gerais: as especificidades do município de Canápolis

(1931 – 1971)

Vanessa Ferreira Silva Arantes Universidade de Uberaba-UNIUBE

[email protected]

Gustavo Araújo Batista Universidade de Uberaba-UNIUBE

[email protected]

No Brasil, as pesquisas que investigam sobre a história da alfabetização são recentes, visto que os estudos que envolvem sua conjuntura histórica ganharam forças a partir do final do século XX. Neste contexto, os estudos que abrangem a história da alfabetização em nosso país ainda são incipientes perto da necessidade e urgência em ampliar essa temática. Neste sentido, essa pesquisa aborda em sua problemática, como o processo de alfabetização vem se construindo no município de Canápolis-MG? Partindo desta situação e visando contribuir para a compreensão da história da alfabetização mineira, este estudo tem como objetivos, investigar o processo histórico da alfabetização no Município de Canápolis- MG no período delimitado de 1931 a 1971, apoiando-se em fontes primárias representadas pelas cartilhas utilizados no município, assim como pelas fontes secundárias, onde elegemos os documentos encontrados nos Arquivos Público Municipal, mapear as cartilhas mais utilizadas no município no período delimitado e por fim cotejar as concepções teórico-metodológica existentes nestas cartilhas. O recorte cronológico inicial se justifica por ser o momento em que foi criada a primeira escola primária no município pesquisado, assim como por ser um período em que o ideário pedagógico renovador ganha força em nosso país, e se estende a 1971 ano de criação da segunda versão da LDB-5.692/71 que instituiu mudanças expressivas na educação

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brasileira, reformando o ensino de 1º e 2º graus. Mediante este histórico, pretendemos contextualizar a relação entre as cartilhas, os documentos encontrados e os desdobramentos advindos desta relação dentro da história da alfabetização em nosso município. Para tanto, optou-se pela pesquisa bibliográfica e documental, com abordagem quali-quantitativa apoiando-se no referencial teórico-metodológico do materialismo histórico- dialético na concepção de Goldmann (1979), visto que o mesmo proporciona entender a conjuntura do objeto, possibilitando sua visão contextual, analisando a realidade de forma dialética. Utilizamos também os aportes teóricos dos estudos de Frade e Maciel (2006), Maciel (2000), Mortatti (1999, 2000 e 2006), Romanelli (2012), Santos (2001), Saviani (2008), Soares (2000) e colaboradores. Buscaremos assim, na interpretação das fontes primárias e secundárias localizar pontos relevantes que colabore na interpretação de como o processo de alfabetização vem se construindo historicamente no Município de Canápolis- MG.

História da educação “vista de baixo”: abordagens, limites e possibilidades de pesquisa

Compreender os significados das abordagens, os caminhos de pesquisa, os limites e possibilidades de uma história da educação “vista de baixo” é o objetivo deste artigo. Busca-se inventariar temáticas e caminhos trilhados na recente produção da historiografia da educação a partir dos trabalhos apresentados no Congresso Brasileiro de História da Educação desde sua primeira edição no ano dois mil, a fim de analisar os sentidos da presença de estudos sobre diferentes sujeitos, dentre os quais, indígenas, mulheres, trabalhadores, população afrodescendente dentre outros. A incorporação da ideia de “história vista de baixo” tem na cultura uma das categorias de análise mais centrais, em que as contribuições do historiador inglês E P Thompson apontam que através da experiência social, os sujeitos experimentam suas situações e relações sociais enquanto necessidades, interesses e

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com antagonismos, e que em seguida tratam essa experiência em sua consciência e sua cultura com complexidade, para só então, agir sobre uma situação dada, experimentando não apenas como ideias no âmbito do pensamento, mas também como sentimentos, normas, valores, obrigações que se exprimem em ações e também como resistências. A historiografia brasileira, nas últimas décadas do século XX, inspirou-se basicamente na nova história francesa e na historiografia social inglesa. Autores como Foucault, Le Goff, Thompson e Hobsbawm, por caminhos distintos, abriram aos historiadores brasileiros a possibilidade do alargamento de conceitos e abordagens. Assim, temas até então negligenciados pela historiografia tornaram-se objetos de investigação. Este movimento ampliou o olhar sobre as fontes, sendo consideradas também as fontes orais (entrevistas, depoimentos, narrativas), audiovisuais, além de obras de arte, como pinturas, esculturas. Tudo o que fosse registro da ação humana passou a ser considerado como fonte da história. Logo, todos os homens e mulheres, ricos, pretos, índios, brancos, governantes e governados, patrões e empregados passaram a ser concebidos como sujeitos da história. Os usos das perspectivas teóricas da História Social, por exemplo, podem ser indicados como um componente que explica a multiplicidade de sujeitos no fazer história da educação, num compromisso de dar visibilidade a outros sujeitos de “fora” dos grandes temas consagrados pela historiografia oficial, numa preocupação com a compreensão dos nexos e das relações sociais existentes na atividade humana. Deste modo, indaga-se sobre que perspectivas teóricas balizam os trabalhos produzidos no âmbito da História da Educação? Quais os recortes utilizados? Por outro lado, encaminha-se uma discussão sobre a apropriação, por partes destes trabalhos, do entendimento de “história vista de baixo” a partir da denominação apresentada por Hobsbawm (1998), Sharpe (1992) e Thompson (2001).

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História e memória de uma instituição de ensino por meio de seu acervo fotográfico:

o caso da Escola Estadual de Ensino Fundamental General Osório

Maria Augusta Martiarena de Oliveira (UFPel) [email protected]

A Escola Estadual de Ensino Fundamental General Osório é a instituição de ensino mais antiga em funcionamento na cidade de Osório, no Estado do Rio Grande do Sul. A trajetória dessa instituição iniciou-se com a fundação da 15.ª Escola Mixta e à designação da professora Maria Thereza Villanova de Castilho, pelo decreto n.º 3.042, de 28 de outubro de 1922, para exercer as suas atividades em Conceição do Arroio (antigo nome da cidade). Em 6 de junho de 1924, essa escola que já era denominada grupo escolar, passou a ser dirigida pela referida professora. Pelo decreto n.º 3.588, de 15 de janeiro de 1926, a instituição foi elevada a colégio elementar, tendo a professora Maria Thereza Villanova de Castilho, mantido a sua função de diretora. Pode-se dizer que a instalação de um estabelecimento de ensino em um cidade do interior fez parte do movimento de incremento do ensino primário proposto pelo governo estadual. Embora o Partido Republicano Rio-Grandense estivesse vinculado ao positivismo e previsse que as primeiras letras deveriam ficar à cargo da família, foi necessário, de acordo com Tambara (1995) uma adaptação às necessidades gaúchas e dedicar-se ao oferecimento do ensino primário. Além disso, em âmbito nacional, o país vivenciava, de acordo com Nagle (2001) dois importantes movimentos educacionais: o entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico. Durante a Primeira República, via- se na educação a solução para os problemas nacionais. Além disso, tornava-se necessária a formação de cidadãos e diminuir o analfabetismo herdado do império. Para atuar no sentido de fortalecer a memória e a identidade dessa instituição, realiza-se a digitalização e catalogação de seu acervo fotográfico, o qual conta com imagens de diversos momentos da história da instituição e que retratam elementos da cultura escolar. Segundo Mogarro (2005), os acervos escolares possuem informações que

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permitem introduzir a uniformidade na análise dos diversos discursos e dos diferentes atores educativos. Além disso, Vidal (2005) destaca que ao trabalhar com acervos considerados mortos das instituições educacionais, os pesquisadores têm conseguido mobilizar a comunidade escolar, como professores, alunos e funcionários. Para a realização deste estudo buscou-se referenciais teórico-metodológicos que embasassem a pesquisa com acervos escolares e sobre a temática cultura escolar, tais como Mogarro (2005), Magalhães (2001), Julia (2001) e Viñao Frago (2001). Para a análise da fotografia como fonte de pesquisa histórica utilizou-se Freund (2008), Bauret (2000) e Kossoy (1989). Como referencial de memória e identidade, optou-se por Candau (2012).

História Oral: método de preferência na produção científica no Brasil

Maria do Socorro Pereira Lima [email protected]

Este artigo incide num levantamento bibliográfico acerca de produções científicas no Brasil que se utiliza da História Oral como fonte para a produção de dados históricos. A preferência dos pesquisadores pela História Oral dá-se por se tratar de um método que privilegia o acesso a informações diretamente de pessoas que testemunharam fatos históricos ocultados em documentos oficiais. Embora ainda seja tema de muitos debates quanto à sua confiabilidade, e também ser muito recente é considerada um método que vai diretamente até as pessoas que testemunharam os fatos que pretendem investigar e no processo da narração ressignificam os acontecimentos ocultados. Thompson (2005) é um dos autores que defende o método, alegando que toda fonte histórica advinda da percepção humana é subjetiva, porém, para esse autor, somente a História Oral permite desafiar essa subjetividade, pois, se desloca da memória a verdade oculta. Isto posto, o artigo teve como objetivo faze um levantamento bibliográfico sobre a circularidade da História Oral nas produções científicas para analisar e refletir sobre a relevância desse método para a pesquisa no campo da história da educação. Para a recolha dos dados, levou-se em conta os seguintes descritores: História Oral; educação, para as teses de doutorado disponibilizadas no banco de dados da Coordenação de

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Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, levando-se em conta o ano de 1990, período da sua incursão no Brasil. Algumas publicações sobre a História Oral no Brasil, bem como os Grupos de Pesquisas registrado no CNPq foram considerados para introduzir algumas considerações iniciais sobre o método e a sua disseminação no meio acadêmico. Ao lançar o descritor “História Oral” no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. Para averiguar o quantitativo de teses que enveredaram por esse método, o sistema acusou 642 teses defendidas entre 1990 a 2010, porém não foi possível analisar o conteúdo desse volume, mas foi possível constatar o quanto a História Oral tem sido um caminho de possibilidades em pesquisas bem como as narrativas orais vem sido privilegiada como fonte principal nas produções com perspectiva histórica. Os dados levantados apontam que a produção científica se utiliza da História Oral tanto como método como técnica de produção de dados orais; enquanto que as publicações teorizam sobre a relevância do método, sobretudo porque cresce significativamente as pesquisa nas IES brasileiras, mas que as reflexões acerca do seu entendimento ainda precisam ser intensificadas.

Imagens antijudaicas na Espanha inquisicional enquanto fonte para a história da educação

Sandra Regina Franchi Rubim (PPE/GTSEAM/UEM) [email protected]

Terezinha Oliveira (DFE/PPE/GTSEAM/UEM) [email protected]

Por acreditar que o conceito de imagem como representação abarca uma série de pressupostos e probabilidades, refletiremos, nesta comunicação, sobre a importância da utilização da linguagem imagética como evidência histórica. Sabe-se que a partir da década de 1920, os historiadores Lucien Febvre (1878-1956) e Marc Bloch (1886-1944), dentre outros, alertavam para a necessidade de ampliar-se a noção de documento e de seu emprego. Desde então, adotou-se uma dimensão mais ampla do que seja um documento, tanto no que diz respeito ao seu uso pelo investigador quanto à

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sua conservação. É, pois, dentro desta perspectiva que se darão as nossas reflexões. Consideraremos a linguagem imagética enquanto possibilidade de construção mental e social de um tempo específico que fundamenta as práticas educativas e as identidades humanas. Diante dessa premissa, analisaremos imagens vinculadas ao antijudaísmo elaboradas nos séculos XIV ao XVI, na Espanha Inquisicional, utilizadas como elemento educador. Observamos que a imagem tem em si a probabilidade de transmitir a construção de uma interpretação de certo acontecimento e, concomitantemente, a projeção de uma intencionalidade daquele que faz o discurso. Desse modo, aceitamos que, em toda linguagem há uma intenção de ensinar ou de aprender. Investigaremos, então, neste período de formação da monarquia absolutista moderna espanhola, o discurso laico e clerical expressos nas manifestações artísticas e o relacionaremos com as condições sociais. Pretende-se, assim, ressaltar que a arte oportunizava a legitimação da preponderância dos poderes laico e clerical espanhol, assim como a consolidação da representatividade da burguesia cristã frente ao desenvolvimento comercial significativo judaico. Dessa forma, acreditamos que a arte propiciava a edificação de uma mentalidade coletiva de novos conceitos, bem como valores morais, sociais e políticos, necessários nesse momento. A pesquisa se fundamentará em autores que permitam este entendimento, como Georg Hegel e Pierre Francastel. No que consiste, especificamente, à análise de imagens, o pensamento de Erwin Panofsky constitui a nossa base teórica. A abordagem metodológica será a da História Social e a da História da Educação, pois estas oferecem a oportunidade de compreender as produções humanas, em especial a arte e a educação, como resultantes das múltiplas vinculações articuladas nas relações sociais na sua totalidade. Salientamos, nesses termos, que a arte, quando estudada sob a perspectiva das relações humanas e da transformação social, se institui como uma possibilidade efetiva de pesquisa em Educação e em História da Educação.

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Imigração e educação no Paraná: o que diziam as mensagens oficiais dos

governadores à Assembleia Legislativa, da década de trinta à década de cinquenta

Manuela Pires Weissbock Eckstein Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO

[email protected]

O objetivo deste trabalho foi discutir como as questões de imigração e educação no Estado do Paraná foram tratadas por seus governantes, da década de trinta à década de 50. Neste sentido, nos utilizamos da análise de mensagens oficiais de ex governadores, apresentadas à Assembleia Legislativa e disponíveis digitalmente no Arquivo Público do Estado do Paraná, legitimando ideias e interesses destes governantes. Destacamos, portanto, neste trabalho, o governo de Manoel Ribas (1933); o de Moysés Lupion em 1945, registrando também o fim do Estado Novo; o de Bento Munhoz da Rocha Neto (1951) e do segundo mandato de Moyses Lupion (1956) no estado do Paraná. A fim de compreender o contexto da imigração no Brasil e também no estado do Paraná, bem como do contexto sócio político brasileiro, tornou-se necessário analisar o que se discutia sobre imigração e educação no país. Isto indicou, portanto, um trabalho também de análise dos governos brasileiros, da década de trinta à de cinquenta. Como o movimento de imigração no Brasil, desde o século XVIII, tem sido um dos grandes temas de estudo da história da educação, essa dinâmica envolveu estudar e analisar, por exemplo, as políticas de imigração, a formação de diferentes grupos étnicos, suas origens, condições para a imigração e a organização de certas comunidades. Isto incidiu, portanto, em um novo olhar sobre a política imigratória e fez com que diferentes povos tivessem interesse em colonizar o Brasil. Neste sentido, este estudo destacou também discussões sobre o sistema educacional brasileiro, preocupações e anseios pela escola primária, a construção de escolas no estado, a formação de professores, o olhar sobre instrumentos de fiscalização e orientação do ensino e cultura brasileira. Para tanto, nos apoiamos em trabalhos de Boris Fausto, Jorge Nagle, Marlos Bessa Mendes da Rocha, Altiva Pilatti Balhana, Brasil

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Pinheiro Machado, Cecilia M. Westphalen, Maria Elisabeth Blanck Miguel, Otaiza Romanelli, entre outros. Em termos de metodologia, os primeiros procedimentos consistiram no levantamento e tratamento de uma bibliografia específica sobre a História do Brasil e também na análise das mensagens oficiais do recorte temporal escolhido. Nossos estudos demonstraram que, de forma geral, havia interesse por parte dos governantes em receber grupos de imigrantes no país e também preocupações ligadas a vários outros campos, como a economia, a infraestrutura, a saúde, a cultura e a educação. Isto indicou dedicação em algumas causas em detrimento de outras. Na educação dos imigrantes, por exemplo, algumas medidas foram extremamente importantes para o desenvolvimento do país.

Instrução pública primária na imprensa periódica mato-grossense no início do século XX

Marijane Silveira da Silva [email protected]

Nicanor Palhares Sá [email protected]

Este texto tece algumas reflexões acerca do uso do jornal como fonte para a história da educação mato-grossense. Visa discutir algumas representações presentes nos jornais a partir da análise de alguns números impressos e publicados no início do século XX, confrontando-os com outras fontes oficiais. Neste período, a produção jornalística impressa nasce e desaparece de forma célere, circulando mais de cem jornais em todo Estado. A imprensa é vista então como um espaço importante de circulação de ideias e de afirmação de posicionamentos. No tocante à Instrução Pública Primária em MT duas Reformas foram regulamentadas neste período, uma pelo decreto n. 265 de 22 de outubro de 1910 e a outra pelo decreto n. 759, de 22 de abril de 1927. A partir deste cenário algumas questões nos inquietam: como a imprensa periódica se posicionava? Qual o olhar da imprensa para as questões de educação pública? O que era veiculado pelos jornais referente à instrução pública primária? Quem são os intelectuais que escreviam na imprensa? Recorremos à metodologia de pesquisa de abordagem histórica,

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em que são relevantes o levantamento, a localização, a reunião, a seleção e a análise de fontes documentais pertinentes ao objeto de pesquisa e ao contexto em que este se situa. Para a realização deste estudo o levantamento dos jornais publicados no período em questão foi realizado em acervos da capital de Mato Grosso – Cuiabá, como o Arquivo Público do Estado, a Casa Barão de Melgaço e o Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional da Universidade Federal de Mato Grosso. Este estudo está ancorado nos pressupostos da História Cultural, com suporte de alguns autores como Peter Burke (1991, 2005) e Pesavento (2005); nos conceitos de apropriação e representação, adotando como referencial teórico Roger Chatier (2002) e nos estudos de Historiadores da Educação que contribuem com reflexões acerca desta temática: Gonçalves Netto (1997), Schelbauer e Araújo (2007), Schueler e Teixeira (2008) entre tantos outros. A partir da inventariação sistemática de notícias, informações e artigos publicados nos jornais, constata-se que os discursos educacionais se apresentam de diferentes formatos, sendo localizados crônicas, poemas, propagandas, artigos, dentre outros. Esta pesquisa possibilitará revelar aspectos da sociedade mato-grossense não revelado nas fontes oficiais escritas, portanto, o uso do jornal é considerado uma fonte histórica relevante que contribuirá para o enriquecimento de estudos acerca da história da educação regional e nacional.

Leituras e leitores da Coleção Biblioteca das Moças. Pontos para uma pesquisa a partir das

marcas de leitura feitas por normalistas

Cássia Aparecida Sales M. Kirchnerii Faculdade de Educação – Unicamp – Grupo Civilis

[email protected]

O mercado editorial brasileiro inicialmente foi marcado pela importação de livros estrangeiros, em grande parte, franceses e portugueses. A partir dos anos vinte é possível verificar iniciativas voltadas para a expansão do mercado editorial no Brasil e são utilizadas estratégias no intuito de contribuir para a constituição da cultura brasileira através da formação de leitores. Essa estratégia consistia em

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oferecer o adequado, o prescrito, o apropriado ao público leitor e desse modo operar um ordenamento de leituras e leitores. Essa estratégia pode ser verificada através da publicação de coleções destinadas a públicos específicos, entre eles, o público feminino. O presente artigo tem por finalidade levantar pontos para uma pesquisa historiográfica que possa contribuir para a história da leitura e dos leitores. Para esta proposta, foi tomado como ponto de partida a análise das marcas de leitura encontradas nos livros da Coleção Biblioteca das Moças disponíveis na biblioteca da antiga Escola Normal de Campinas, atual Escola Estadual Carlos Gomes. Marcas possivelmente feitas pelas alunas do curso normal, também passaram por análise as fichas dos registros de empréstimos dessa biblioteca e os prontuários das alunas do período entre as décadas de 40 e 60 do século XX. Cabe destacar, que o estudo do impresso como produto de estratégia pedagógica e editorial pode ser tratado a partir das proposições historiográficas de Roger Chartier e Michel de Certeau, sendo o conceito de estratégia (CERTEAU, 1982) compreendida como dispositivo de normatização de práticas estabelecidas por determinados lugares de poder. Ao considerar o livro, como suporte que busca estabelecer uma ordem, também deve ser desconsiderado que o mesmo revela significações de acordo com a apropriação dos leitores, estabelecendo a necessidade de trabalhar com duas perspectivas: de um lado, o estudo da maneira como os textos, e os impressos que lhes servem de suporte, organizam a leitura que deles deve ser feita e, por outro lado, a leitura prática, criadora, atividade produtora de sentidos singulares, significações de modo nenhum redutíveis às intenções dos autores de textos ou fazedores de livros: ela é uma “caça furtiva”, no dizer de Michel de Certeau. Desse modo, tornou-se possível, estabelecer relações considerando a escrita como fixa, estática e a leitura fluida, efêmera partindo do pressuposto de que o livro, como suporte, sempre objetiva instaurar uma ordem, mas que, ao mesmo tempo, revela significações plurais e móveis pois sua recepção pode também inventar, deslocar ou distorcer o sentido.

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Localização, identificação e catalogação de livros didáticos: contribuições para a

história das disciplinas escolares

Kênia Hilda Moreira(FAED/UFGD) [email protected]

Objetiva-se apresentar os procedimentos metodológicos de localização, identificação e catalogação de livros didáticos usados na Escola Estadual Presidente Vargas, localizada em Dourados/MS, no período de 1951 a 2000, bem como, a lista das obras didáticas identificadas até o momento para a composição do catálogo. Trata-se de um projeto de pesquisa em andamento, com financiamento do Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), vinculado ao projeto maior intitulado: “Livros didáticos como fonte para a história da educação: catalogação e análise”, cadastrado na coordenadoria de pesquisa da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e no Laboratório de Documentação, História da Educação e Memória (LADHEME/UFGD). Considerando que o livro didático é um objeto de estudos relevante para a história da educação, como fonte privilegiada de investigação para historiadores da educação em suas diferentes especialidades, dentre as quais a História das Disciplinas Escolares (CHERVEL, 1990), a História do Currículo (GOODSON, 1995), e a história interna da escola ou das práticas escolares (VIDAL, 2005), o exercício metodológico de localização, identificação e catalogação de livros didáticos torna-se importante, uma vez que o trabalho com estes materiais, quase sempre dispersos e fisicamente vulneráveis, faz com que a simples localização e identificação de exemplares consumam muito tempo e energia nos trabalhos de campo (CARDONA, 2008). A perspectiva de investigação em questão parte da premissa de que os livros didáticos se convertem em fonte privilegiada para a História das Disciplinas Escolares, analisada por Chervel (1990) e Belhoste (1996) como parte integrante da cultura escolar. Dentre os procedimentos de localização dos livros didáticos da Escola

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Estadual Presidente Vargas (1951 e 2000), destaca-se, o estudo dos livros de visita de inspeção escolar; as listas de livros didáticos da biblioteca da escola; planos de aula dos professores; atas de reuniões sobre seleção de livros didáticos; listas de seleção dos livros a serem comprados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) a partir do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD); listas de títulos aprovados pelas instâncias governamentais no estado do Mato Grosso do Sul; e indicações de títulos em programas curriculares estabelecidos pelo estado do Mato Grosso do Sul. A catalogação, por sua vez, levará em consideração as disciplinas. O trabalho em questão pretende contribuir para pesquisas futuras em torno da História das Disciplinas Escolares, em especial no Mato Grosso do Sul, tanto no que diz respeito à apresentação e disponibilização de fontes, como no que se refere aos procedimentos metodológicos para pesquisas que envolvam a relação entre livro didático e história da educação.

Mapas de frequência escolar: fontes para a história dos processos de escolarização

primária (1929-1949)

Amália Dias [email protected]

Apresenta-se nesse trabalho a metodologia adotada e os resultados de pesquisa da análise dos mapas de frequência de alunos e professores de escolas de ensino primário do município de Nova Iguaçu, situado no estado do Rio de Janeiro. Este documento era obrigatoriamente preenchido pelos professores com o movimento mensal da matrícula e da frequência de alunos, a distribuição dos mesmos em turnos, séries e classes e anotações da assiduidade dos professores, entre outras informações. Busca-se situar a produção deste tipo de documento pelas agências estaduais de fiscalização do ensino como ferramenta para coordenar os esforços acerca da implantação e distribuição da rede de escolas. Neste movimento

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foram produzidos e constantemente aprimorados os mapas de frequência escolar. A pesquisa procurou se distanciar dos aspectos de mensuração da frequência característica deste tipo documental, problematizando, assim, a ilusão estatística que orientava os dados requeridos e atentando para o caráter lacunar da documentação e do serviço de fiscalização. Foram considerados os dados sobre a identificação e localização das escolas, o quadro docente e as formas de distribuição dos alunos em turnos, séries e classes. A análise comparada dos conjuntos de mapas referentes a cada unidade de ensino permitiu situar o perfil do tipo de escolas criadas na região, a distribuição das mesmas entre os distritos e as paisagens e funções urbanas e rurais do município. A recomposição da coexistência de escolas públicas, subvencionadas, mistas, femininas, masculinas, grupos escolares, escolas isoladas, escolas reunidas e a distribuição dos alunos e professores por turnos, séries e classes informam sobre os processos de implantação da seriação do ensino e sobre alguns recursos de controle do povoamento e funcionamento das escolas. No município de Nova Iguaçu, pelo perfil das escolas existentes na documentação, foi maior a presença de escolas públicas e de escolas isoladas na região. A localização das escolas, informada no cabeçalho dos mapas de frequência, evidenciou relações importantes entre os critérios de distribuição e a tipologia das escolas e as características do território. Em função dos resultados colhidos do trabalho metodológico com os mapas de frequência, nota-se a importância deste tipo documental para os estudos sobre os processos de escolarização no estado do Rio de Janeiro, temática ainda pouco explorada em comparação com os estudos sobre a cidade do Rio de Janeiro. São fontes indispensáveis, também, para pesquisas que constituam os municípios como posições de análise para a história da educação.

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Memória, história oral e narrativa: o encontro do possível na multiplicidade de pontos de vista

Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira (UFPI) [email protected]

Objetiva-se com este estudo analisar a narrativa na interface com a história oral e a memória, na reconstituição histórica. Partiu-se do problema: é possível a reconstituição da história por meio da memória? Neste sentido, buscou-se inicialmente refletir sobre as obras que tratam sobre a rememoração de histórias, uma em forma de filme, dirigida por Eliane Caffé (2003), intitulada “Narradores de Javé”, e o livro “Memórias de Leitura e formação de professores” (PINTO; SILVA; GOMES, 2008). Fez-se uma relação entre os protagonistas do filme, que corroboram com as concepções e análises apresentadas pelas autoras do livro. Em seguida, procura-se apresentar histórias orais e sua importância na reconstituição da trajetória de interiorização da educação superior no extremo Sul piauiense, referente à dissertação de mestrado em História da Educação (NOGUEIRA, 2006). Desta forma, nos depoimentos dos protagonistas destacaram-se pontos de vista comuns que possibilitaram a reconstituição da história dessa interiorização na região supracitada, a partir de narrativas históricas de pessoas da comunidade de Corrente-PI, ex-alunos e professores. Tem-se uma pesquisa qualitativa, realizada por análise de conteúdo das obras mencionadas e da amostra constituída por 4 (quatro) narrativas, coletadas por meio de gravação, durante a pesquisa de mestrado. Portanto, foi possível reconstituir a história da interiorização da educação superior em Corrente, por meio da memória de seus protagonistas. Procurou-se reconhecer que as histórias desencadearam outras, e que a narrativa não tem interesse em transmitir o acontecimento de forma pura, o que requer do pesquisador critérios de seleção, buscando os acontecimentos comuns entre as narrativas, tendo consciência de que o narrador imprime na narrativa as suas subjetividades, percebendo o resultado do trabalho daquele que narra e daquele que escuta durante a

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entrevista (oral e escrito). Sumarizando, a subjetividade presente na memória é indissociável da produção científica desenvolvida no campo da história oral, destaca-se, também, que a objetividade científica não está relacionada à neutralidade, pois esta não existe, mas ao fato do pesquisador assumir a tarefa da interpretação, com ética e compromisso com a aproximação da verdade. No trabalho representado pela dissertação observou-se a técnica de triangulação dos dados ao se buscar a análise dos pontos de vista comuns, o que possibilitou a reconstituição dessa história.

Diálogos entre a micro-história e a história da educação

Eliana Gasparini Xerri [email protected]

Apresentamos como proposta o minicurso Diálogos entre a micro-história e a História da Educação, no qual analisaremos a possibilidade de utilizarmos os pressupostos teóricos dessa tendência historiográfica em estudos de História da Educação. Acreditamos que ela pode nos dar suporte teórico para a interpretação de fontes documentais de pesquisa com lacunas nos arranjos documentais. No minicurso pretendemos discutir as origens do movimento através da análise de alguns capítulos do livro de Henrique Espada Lima - A micro-história italiana: escala, indícios e singularidades, que amplia nosso olhar sobre o objeto em tela. O grupo de historiadores dedicados a Micro-História originalmente era composto inicialmente por: Carlo Poni, Edoardo Grendi, Giovanni Levi e Carlo Ginzburg. Outros historiadores mesmo fora da Itália adotaram essa opção metodológica. As pesquisas conduzidas por Natalie Z. Davis mostra a forte influência dessa tendência historiográfica em seus textos. Contudo, a maior parte dos livros publicados pelo grupo continuou por muito tempo esquecida. Recentemente alguns pesquisadores tiveram maior penetração no meio acadêmico, com o livro de Henrique Espada Lima. Giovanni Levi e Natalie Z. Davis

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possuem em obras traduzidas, para o nosso idioma. Seus textos circulam razoavelmente, integrando as referências bibliográficas de estudos realizados por historiadores brasileiros. A entrada de Carlo Ginzburg no movimento se dá nos anos de 1970. Ele é o que maior penetração alcançou. Seus livros são publicados no Brasil na década seguinte. O primeiro livro: O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Foi publicado em 1987. O segundo livro: Os andarilhos do bem: feitiçaria a cultos agrários nos séculos XVI e XVII, publicado em 1988. O terceiro: Mitos, Emblemas, Sinais: morfologia e história, publicado em 1989. O livro História Noturna: decifrando o Sabá, em 1991. Seus livros foram lançados pela Companhia das Letras, e atualmente contam com versões de bolso, o que torna o custo mais barato e aumenta a possibilidade de acesso a estudantes de diferentes cursos de graduação. Cabe ressaltar que, embora o livro O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição chegasse primeiro no Brasil, ele não foi o primeiro ser escrito e publicado pelo autor. Os andarilhos do bem: feitiçaria a cultos agrários nos séculos XVI e XVII marca a estreia de Carlo Ginzburg como autor, apresentando o resultado de pesquisa realizada no ano de 1966. Os livros chegaram ao nosso mercado editorial na ordem inversa. Schueler e Sooma (2008) em recente artigo publicado na Revista de História da Educação, que nos fornece pistas sobre a Micro-História. No mesmo artigo, os autores discutem conceitos centrais entre eles a redução de escala. Desses estudos, novos agentes e sujeitos emergem na cena historiográfica, dirigindo suas ações por um conjunto de valores próprios, em alguns casos desconhecidos dos dirigentes que olhavam o conjunto formado por camponês, operários e mulheres como uma massa informe. Nossa intenção com esse minicurso contribua com o maior questionamento das fontes documentais de pesquisa em História da Educação. Colaborando para a construção de um modelo explicativo que permita ao pesquisador percorrer os labirintos do passado, contando apenas com um único fio que lhe indica inúmeras possibilidades.

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Narrativas autobiográficas como fonte de pesquisa para a história da educação em Minas Gerais

Leonardo dos Santos Neves FaE/UFMG-FAPEMIG

[email protected]

Helder de Moraes Pinto FaE/UFMG-FAPEMIG

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Esta proposta é fruto da discussão desencadeada em dois projetos de doutoramento desenvolvidos na Faculdade de Educação da UFMG, em torno da análise de escritas autobiográficas como fonte de pesquisa na história da educação. As fontes que suscitaram a problemática foram: a) o diário da normalista Alice Brant, 1893-1895; b) a memória do estudante Ciro Brant, 1885-1906; c) os diários escolares das cursistas da Escola Normal Regional Dom Joaquim Silvério de Souza,1950-1972; d) a memória ficcional de Maria Araújo, 1982. Esse corpus documental foi produzido em espaços do município de Diamantina-MG. Indagávamo-nos: qual o método adequado para abordar tais evidências da cultura escrita em pesquisas de história da educação? Diários e memórias escolares são testemunhos objetivos? Que armadilhas escondem? Desde então, o desafio tem sido o de escolher e se apropriar de aspectos metodológicos de áreas como: história, sociologia, linguística, crítica literária e psicanálise, que tradicionalmente refletiram sobre autobiografia e memória como material de pesquisa. Portanto, acreditamos que a apropriação dessa produção literária como historiográfica só seja possível numa abordagem interdisciplinar. Objetiva-se com a comunicação expor as observações sobre as escritas autobiográficas como fonte de pesquisa da educação, buscando indícios do uso desses objetos nas ciências sociais. Este trabalho é a primeira etapa de um projeto que visa debater e propor a apropriação das escritas autobiográficas como vestígio na história da educação. Isso por desconfiarmos que eles se propõem a fornecer informações a

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respeito de uma realidade externa ao texto e a se submeterem a uma prova de verificação. Para os historiadores esses artefatos visam à semelhança com o verdadeiro. O procedimento utilizado para a construção dessa proposta foi a pesquisa bibliográfica. Para tal, examinamos os acervos das bibliotecas da UFMG, da biblioteca central da PUC-Minas, no portal da CAPES dentre outros. Esta investigação possibilitou identificar obras que trataram o diário como caminho na produção do conhecimento sobre indivíduos e grupos sociais num determinado período. A pesquisa foi orientada pelos pressupostos teóricos da história da cultura escrita, dos estudos autobiográficos, e de inquéritos sobre a memória. Entre os autores reunidos para direcionar essa investigação figuraram: Phillipe Lejeune (2008), Raymond Williams (1989), Antônio Viñao Frago (2000), Verena Alberti (1991), dentre outros. O saldo preliminar nos permitiu hipotetizar que a autobiografia necessita ser problematizada como monumento e como massa documental para a história da educação.

O cinema como fonte para a história da educação: o caso da sessão das moças

(Florianópolis: 1943-1962)

Alexandre Sardá Vieira Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

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Até o início da década de 1960, as sessões de cinema da capital catarinense eram batizadas com títulos diversos, identificando a que grupos estavam endereçadas. Nas crônicas escritas na cidade, a mais citada é a Sessão das Moças, que tinha lugar no Cine Ritz, no Centro de Florianópolis, entre 1943 e 1962, a qual figurava no calendário de lazer ilhéu. A sessão pode ser compreendida como um misto de construtora de redes de sociabilidades e espaço pedagógico, pois projetava representações de ser, agir e sentir possíveis de serem apropriados pelas/os espectadoras/es. Ao lado de

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imagens de moda e beleza, os filmes exibidos na sessão exploravam representações do amor romântico em todas as suas etapas: do inesperado primeiro encontro ao casamento redentor. Ademais, as temáticas estressavam as lições envolvendo a moral, a valorização da família e a contenção das pulsões. O cinema é uma instância educativa potente. Nas décadas de 1940 e 1950, quando o cinema era um grande evento social no Brasil, uma parcela ainda maior da população estava exposta a sua ação. Considerar o potencial da pedagogia cinematográfica infere em compreender que a educação extrapola os muros das escolas e que outros espaços e processos, conforme Guacira Lopes Louro, interpelam os sujeitos, mas com ações e efeitos diferentes dos ocorridos de modo formal. O cinema levou a alternância dos protagonistas da educação, com espaços, ações, representações e efeitos diferentes, respeitando-se os diversos contextos locais. Dessa forma, pode-se relacionar o aspecto educativo do cinema com a sua ação em reiterar, legitimar ou marginalizar representações de gênero, sexuais, étnicas e de classe. Os modelos apresentados pelos filmes podem interagir com o cotidiano do/as espectadores/as, pois o cinema ensina formas de ser e viver, de produzir corpos e aparências, bem como de estilos de vida e normas de convivência. Por meio da ritualização da prática de ir ao cinema, as pessoas estariam em contato com esses ensinamentos. Muitas vezes estas representações traduziam valores e ensinamentos que nem sempre foram produzidos pelas sociedades que as assistiam. No caso da Sessão das Moças, a maioria dos filmes não era brasileira, mas possuía uma série de elementos em comum sendo possível identificar formas de vida desejadas para a audiência que habitualmente frequentava a sessão. Dessa forma, as imagens projetadas na tela não revelam apenas as expectativas da produção, mas, e talvez principalmente, dos espaços e do momento em que foram exibidas.

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O cotidiano de bacharéis na Universidade de Paris: uma análise de cartas parisienses (1270-1274)

Terezinha Oliveira (DFE/PPE/UEM) [email protected]

Pesquisa Financiada pelo CNPq – PQII

Analisaremos nesta comunicação as regras que ordenavam a vida dos estudantes parisienses na segunda metade do século XIII. Examinaremos três cartas redigidas entre os anos de 1270 e 1274, contidas no Chartularium Parisiensis. Elas apresentam orientações que os bacharéis deveriam seguir no cotidiano de seus estudos. A primeira, intitulada ‘Capítulo daquelas coisas a que são obrigados os que iniciam o curso’, encontramos um dos aspectos que mais expressam a natureza das relações medievais, especialmente as praticadas com o advento do feudalismo, que é o juramento de fidelidade, ou seja, o aluno candidato ao bacharelado precisaria jurar fidelidade às regras da casa. Assim, esta carta revela a natureza medieval da universidade. A segunda tem como cabeçalho ‘Capítulo das coisas a que estão obrigados os que querem ser licenciados em medicina em Paris e sobre os livros a serem consultados’. Ela apresenta um plano de estudos, de leituras e o cronograma dos meses que os alunos devem realizar estudos específicos. Este documento possui uma característica peculiar por revelar que os alunos, para poderem ler os livros do ‘curso’, precisam realizar um exame de idoneidade que evidencie que, de fato, se dedicarão à leitura. A terceira carta, que tem um título extenso: ‘O estatuto da faculdade das artes contra os artistas que tratavam de questões teológicas ...’, possui características distintas das duas primeiras. Além de estabelecer regras aos alunos, apresenta a proibição de os estudantes de artes tratarem de questões de teologia. À primeira vista esta proibição pode parecer despropositada no universo cristão do ambiente universitário do século XIII. No entanto, ela aponta para uma situação nova que então emergia: a separação da teologia da filosofia. Relevante observar que são os próprios mestres que propõem esta proibição.

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Dois aspectos deste cotidiano universitário nos interessam mais de perto, compondo nossa reflexão. O primeiro vincula-se à natureza dos documentos por nos permitir apreender, historicamente, de que maneira os alunos deveriam se portar para freqüentarem a universidade, seja no que diz respeito aos estudos, seja no que diz respeito ao comportamento em geral. O segundo é o debate entre as concepções teóricas que norteavam o ensino na universidade a partir da década de 1270. Assiste-se, então, a radicalização entre as tendências teóricas que apontavam pela manutenção da teologia como essência do conhecimento e a que se inclinava para o ensino aristotélico e pragmático da filosofia. Desse modo, por meio da análise destes documentos, poderemos recuperar os embates teóricos e as vivências cotidianas da universidade da década de 1270, indubitavelmente, uma das mais radicais que o ambiente parisiense conheceu no seu período medieval.

Ensino secundário ou educação secundária? Controvérsias e singularidades

na escrita de sua história

Stella Sanches de Oliveira Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

[email protected]

Durante a realização de pesquisas sobre a história do Ensino Secundário no Brasil, vimos nos deparando com questões aparentemente de menor importância, mas cruciais para a escrita da história desse nível de ensino: a própria definição da terminologia. Na historiografia, frequentemente aparecem como sinônimos, educação secundária, ensino secundário e ensino médio. Considerando-se sua trajetória histórica, objetiva-se neste estudo problematizar os distintos sentidos e a forma como se constituiu a categoria “ensino secundário”, notadamente no momento histórico que se estende de sua organização de forma sistemática – primeira metade do século XIX – e a sua consolidação, no século XX. Para tal, apresenta-se

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nesta comunicação um mapa preliminar, que permita identificar as distintas denominações do ensino secundário e as principais características a elas associadas, no momento histórico em questão bem como o que permaneceu e o que se alterou nesse percurso. Como primeiro passo para buscar, na história da escola no Brasil, o que constitui a identidade desse nível de ensino, analisamos na legislação brasileira as diferentes formas de designação encontradas, desde o decreto de 1837 que converteu o Seminário de S. Joaquim em Collegio de Pedro II, paradigma para a instrução secundária no país, até a Lei 5692/1971 que extinguiu os ginásios. Além do registro na legislação, buscamos identificar a mesma questão nos estudos e relatórios produzidos no âmbito do governo federal que, de alguma forma, tiveram um efeito normativo na organização do ensino secundário. Concluindo-se, alguns posicionamentos podem ser registrados, na condição de indícios que auxiliam a continuidade desta ou de outras investigações: a definição da identidade do ensino secundário abre distintos questionamentos, sobre seu caráter de fase intermediária de escolarização, as várias etapas em que foi desdobrado e as respectivas estruturas organizacionais, a sua equiparação com outras formas de escolarização, entendidas ou não como correlatas – os ensinos técnico e normal e, por último, a inclusão dos ensinos secundário, normal e profissionalizante numa categoria mais abrangente, o ensino médio. Os resultados parciais dessa busca mostraram que as singularidades e controvérsias surgem mais fortes exatamente quando a legislação procura definir o lugar do ensino técnico, do ensino comercial e da escola normal; a definição do significado dessa etapa da escolarização remete à discussão acerca de seu caráter propedêutico e/ou terminal; a definição do que seja o ensino secundário condiciona o debate sobre a sua clientela, tanto aquela que se pretende atingir como aquela que é efetivamente atingida, e se desdobra nas definições sobre os seus conteúdos curriculares, organização, abrangência, expansão etc.

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“O mensageiro de Nossa Senhora da Salette”: a ação educativa de uma congregação

religiosa através de uma revista (1917-1921)

Letícia Aparecida Mazochi (Universidade São Francisco - SP) [email protected]

Paula Leonardi (Universidade São Francisco - SP) [email protected]

O presente trabalho tem seu objeto inserido no cenário cultural do final século XIX e início do século XX, momento em que novas configurações de poder se estabeleceram com a separação burocrática entre Igreja e Estado no Brasil. Muitas congregações católicas entraram no país neste período, como foi o caso da Congregação dos Padres Missionários de Nossa Senhora da Salette, fundada em 1852 na França e vinda para o Brasil em 1902, para difundir o culto à Nossa Senhora da Salette. Assim como outras congregações, os Saletinos adaptaram-se a nova realidade, revisaram seus carisma e missão e lançaram-se na tarefa de evangelização/educação construindo seus espaços nas cidades. Ao longo dos anos, construíram três santuários em diferentes cidades, mantiveram uma escola apostólica e escola regular e também mantiveram publicações periódicas. Dentre as variadas estratégias e formas de educar/evangelizar, este estudo se debruça sobre o caso das revistas e, portanto, tem por objetivo analisar a ação educativa dos padres saletinos através da Revista “O Mensageiro de Nossa Senhora da Salette”, entre 1917 e 1921. Primeiramente, iniciamos a análise da Revista “O Mensageiro” pela sua caracterização, buscando apresentar uma visão geral da revista nos anos estudados e analisar os aspectos materiais e simbólicos aí presentes. Em seguida, classificamos e selecionamos artigos que abrangiam prescrições morais endereçadas as mães, às famílias e escolas. Foi feita, ainda, a fundamentação teórica por meio de revisão bibliográfica sobre o assunto, bem como o levantamento bibliográfico referente à história da educação no período. Os

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resultados revelaram a atuação da Congregação fortalecendo a ideia da Igreja Católica como redentora dos males da sociedade, na esteira do que prescrevia o documento do Primeiro Concílio Plenário Latino Americano (1898). O discurso presente nos números da Revista “O Mensageiro” é aquele de quem se sente autorizado a fornecer modelos de comportamento para mulheres e filhas, endereçando prescrições morais a elas como mães e como professoras. O enredo da Revista é articulado de forma a garantir que as imagens de mãe, de família, de moral sejam baseadas nos ideais católicos, em seus preceitos e dogmas. É desta forma que compreendemos que a Igreja utilizou de um veículo de comunicação a seu favor, a imprensa, para a produção de imagens idealizadas e para a divulgação de “lugares de memória”, os santuários.

O negro, da senzala para escola: a educação nos congressos agrícolas do Rio de Janeiro e

Pernambuco (1878)

Maria Isabel Moura Nascimento [email protected]

Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG

Este trabalho refere-se à pesquisa de pós-doutorado e teve como tema central a educação nos documentos dos Congressos Agrícolas do Rio de Janeiro e de Pernambuco, ambos realizados em 1878. O tema foi abordado a partir de algumas considerações iniciais: de um lado a classe operária que estava se formando, que é parte integrante desse processo histórico e que foi muito discutida nesses Congressos. E de outro lado, o tipo de escolaridade (educação) que era discutido nesses Congressos para esses trabalhadores, considerando como sujeitos de sua própria história. O exame dos textos e discursos apresentados nos Congressos revelam uma grande diversidade de interesses que são sociais e históricos, econômicos e políticos. O governo imperial ao convocar fazendeiros e representantes das províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito

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Santo em 1878 considerou esse grupo como sendo os representantes das principais regiões produtores de café com o objetivo de alavancar ainda mais a lavoura do “país” colocando lado a lado dois tipos de interesses, os quais, não eram conflitantes, mas descompassados. Durante os debates nos Congressos, a instrução agrícola associada muitas vezes às leis coercitivas, era compreendida como essencial para tornar possível a utilização do elemento nacional no serviço agrícola. Os ingênuos e demais homens livres deveriam ser “recuperados” para uma vida digna, uma vida de trabalho, por meio da educação. Com a Lei do Ventre Livre o trabalho escravo passa para uma nova remodelagem, busca-se definir o papel do trabalhador na sociedade brasileira. Isso significa pensar o destino dos homens livres, que estavam às mínguas sem direitos definidos e potencialmente eram trabalhadores livres, que os fazendeiros poderiam contar. O procedimento metodológico adotado nesta pesquisa parte do pressuposto de que as ideias e o pensamento são reflexos da realidade e das leis dos processos que acontecem no mundo exterior, os quais não dependem do pensamento, por ter suas próprias leis. O método de análise desta pesquisa tem como pressuposto teórico-metodológico o Materialismo Histórico-Dialético, por considerar os Congressos Agrícolas como parte de uma determinada sociedade, organizada a partir das relações que os homens estabelecem com a natureza e entre si, na produção dos bens materiais necessários à vida. Assim, neste trabalho defende-se a tese de que a ideia de Instituição Escolar (escola e o ensino) defendida nos Congressos Agrícolas e concretizada após a abolição da escravidão buscou atender aos interesses dos fazendeiros, pela forma como foram criaram as escolas públicas que atenderiam as classes mais pobres no país.

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Os impressos para crianças como fonte de pesquisa em história da educação: uma análise da coluna Lições do Vovô da Revista O Tico-Tico

Luciana Borges Patroclo (PUC-RIO) [email protected]

Bolsista CAPES

Este trabalho aborda o uso de revistas e periódicos produzidos para crianças como uma tipologia de fonte que ganha espaço junto às pesquisas de História da Educação. O objetivo de se analisar este tipo de corpus documental é o de identificar o discurso pedagógico nessas publicações. Tendo a perspectiva de que a aproximação dos estudos educacionais com as transformações do campo historiográfico trazidas pela Nova História Cultural ampliou as tipologias de fonte disponíveis ao pesquisador, como também a possibilidade da análise de grupos sociais como as crianças. O aspecto que tornou o uso dos jornais e revistas possível no campo da pesquisa educacional foi a transformação da própria historiografia. A imprensa deixou de ser percebida como uma fonte complementar, e passou a ser empregada como um documento principal. O desenvolvimento desta pesquisa está centrado na perspectiva de que a imprensa se destaca como meio de compreensão das características polissêmicas do processo educativo. Neste contexto foram analisadas edições da coluna Lições do Vovô publicadas em 1905 na revista em quadrinhos O Tico-Tico, considerada a primeira publicação brasileira voltada ao público infantil. A criação deste tipo de impresso, exclusivo para o público infantil, estava vinculada ao propósito de levar a essa parcela da população valores cívicos e patrióticos que estavam em voga no início de século XX. A revista surgiu no momento em que a atividade editorial brasileira passava por um período de ampliação e segmentação do público-leitor. Exatamente na época em que o papel social da criança ganhava destaque. Neste sentido foram realizadas ações de cunho escolar, cultural e sanitário com o propósito de formar moralmente essa parcela da sociedade brasileira. É preciso

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salientar que desde pequeno era preciso compreender a importância das ações em prol do bem da coletividade. O período de criação da revista O Tico-Tico está relacionado às primeiras décadas de legitimação do regime republicano após a queda da Monarquia e a Proclamação da República em 1889 em que se instituiu a preocupação com o estabelecimento de uma nova ordem social e de redefinição de identidade cultural e nacional do Brasil. Os setores políticos e da intelectualidade no país passaram a divulgar a idéia de que se deveria criar junto à criança brasileira um espírito de amor à pátria. Além de estabelecer novas diretrizes administrativas e políticas, era preciso que os partidários do novo regime também conseguissem a legitimação junto ao imaginário cultural da população.

Os testamentos setecentistas como instrumentos de percepção do alfabetismo e

letramento em Sergipe Del Rey

Eugênia Andrade Vieira da Silvai Universidade Federal de Sergipe

[email protected]

Neste artigo apresento as primeiras abordagens a respeito da utilização da fonte testamento para identificar indícios de alfabetismo e letramento da elite setecentista de Sergipe Del Rey. A análise dessa elite quanto ao nível de alfabetismo e letramento e as estratégias utilizadas pelos seus membros analfabetos para ter e valer seus direitos legais dentro do mundo da cultura escrita é o objeto da minha tese de Doutorado em Educação, que está em andamento. A metodologia utilizada quanto à fonte testamento, objeto deste artigo, passou pela transcrição na íntegra de todos os noventa e cinco testamentos, criação de bancos de dados para tornar possível o cruzamento da documentação judicial (inventários, testamentos, autos judiciais) com a do Conselho Ultramarino (requerimentos, consultas, cartas, representações, despachos, avisos, certidões, provisões e atestados) e a análise desses dados

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utilizando como suporte teórico a literatura pertinente ao assunto. Os testamentos, quando utilizados como suporte material de dados sobre a cultura escrita, trazem pistas do nível de compreensão da linguagem escrita - letramento e sua relação com a oralidade, assim a oralidade coexiste com a cultura escrita permitindo que apesar de não saberem ler nem escrever, pessoas iletradas transitem pelo mundo letrado através de seus intérpretes, os mediadores da cultura escrita, usufruindo desta forma dos direitos assegurados a toda e qualquer pessoa, independente do seu staus de instrução. Os testamentos são registros repletos em informações do cotidiano dos homens e mulheres antes e após suas mortes. Eles não apenas informam o nível de alfabetismo e letramento como situa essa percepção dentro de um conjunto maior de dados como a nacionalidade, filiação, formas de casamento, legitimidade, dotes, relações de parentesco e compadrio, situação econômica, mentalidade religiosa, afetividade, revelando desta forma o indivíduo singular e o social em seu grupo de pertencimento. O recorte cronológico é o século XVIII, com data limite 1725 a 1800 e recorte espacial a capital da Capitania, São Cristóvão; além das Vilas, Real de Santa Luzia, Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, Santo Amaro das Brotas, Vila Nova Real Del Rey do Rio São Francisco, Nossa Senhora do Socorro e Santo Antonio e Almas de Itabaiana. Mesmo sendo padronizado (preâmbulo, legados espirituais, patrimônio, disposições gerais, autenticação e codicilo) o testamento contém brechas, trilhas que apesar do seu formato padronizado é diferente em conteúdo, pois cada testamento representa um indivíduo, que por sua natureza intrínseca é singular. O testamento apesar de ser um documento jurídico é antes de tudo um texto, portanto uma construção social e como produto de uma sociedade a expõe em seus pormenores.

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Papéis velhos: a história do orfanato de São Cristóvão e da Escola da Imaculada Conceição

através de suas fontes

Josineide Siqueira de Santana (UFS) [email protected]

O presente estudo se propõe a apresentar a contribuição das diversas fontes para o estudo da História da Educação e se baseia em pressupostos teóricos da História Cultural. Partindo do material encontrado nos arquivos da Escola da Imaculada Conceição e do Antigo Orfanato de São Cristóvão nos foi possível contemplar os fragmentos de sua história. As fontes são ferramentas primordiais do historiador; elas são capazes de nos dar direções, ajudar a elucidar sentimentos, épocas, costumes e apontar os trajetos por onde seguir. Assim percebemos os caminhos das muitas histórias, entre elas: a história das mulheres e de modo especial, da infância órfã e desvalida. Para a elaboração da presente artigo, foram utilizadas as seguintes fontes: estatuto, atas, livros de matrícula e aparelhamento escolar, relatórios de atividades, além da bibliografia especializada. Fundado em 1911, o Orfanato de São Cristóvão se tornou uma casa de acolhimento para órfãs e desvalidas em Sergipe. Em 1922, graças à ação do Bispo Dom José Thomaz, a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus passou a cuidar do mesmo e assim, um ano depois, vendo a necessidade da implantação de uma escola para as meninas residentes no orfanato é solicitado ao Bispo D. José Thomaz os direitos sobre os cuidados com a instituição. Com a concretização do pedido, fundaram, em 1923, anexo ao prédio do orfanato a Escola da Imaculada Conceição, com o principal objetivo de trabalhar pela educação das crianças. Para contar essa história, recorremos a suas fontes e visitamos seus arquivos e a partir deles podemos vislumbrar os aspectos da cultura escolar, condições sanitárias, cursos e disciplinas oferecidas, número de alunas, aspectos da trajetória de cada uma delas, cultura material, disciplinas e vivências que ocorreram naquela instituição. Enfim,

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como se processava o cotidiano naquela casa de educação. Em suma, consideramos que estudar a história do Orfanato de São Cristóvão e da Escola da Imaculada Conceição ouvindo suas fontes nos mostrou que apesar das dificuldades as irmãs missionárias tinham por objetivo dar uma boa formação religiosa e educacional para aquelas crianças, por isso todo o esforço empregado por elas tinha como único fim, transformar as internas em modelo de educação, bom comportamento e religiosidade, conforme o que almejava a sociedade nas primeiras décadas do século XX. Aproveitamos para chamar atenção à necessidade das referidas fontes utilizadas para a construção desse trabalho, pois sem as mesmas, ou mediante sua falta de conservação, registrar um pouco dessa história seria quase como juntar folhas ao vento.

Periódicos e imprensa como fontes para o estudo da educação dos sentidos em Minas Gerais: o tempo livre como possibilidade de formação (entre as décadas finais do século

XIX e as décadas iniciais do século XX)Luísa Cecília Belotti Oscar– PIBIC/CNPQ

[email protected] Universidade Federal de Minas Gerais

Marcus Aurelio Taborda de Oliveira – CNPq [email protected]

Universidade Federal de Minas Gerais

Esse trabalho é um dos resultados de um novo investimento em pesquisa, ainda em fase inicial. O novo projeto tem como objetivo principal se ocupar daquelas formas ou possibilidades de formação presentes em diferentes contextos, não restritos à forma escolar. Ao contrário, se objetiva investigar como as interações sociais produziram diferentes possibilidades de formação ao longo da história, sobretudo a partir dos usos autorizados ou não do tempo livre, atento à polissemia que encerra o conceito de educação

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social. Dessa maneira, no primeiro ano de trabalho objetivamos identificar, mapear e catalogar fontes periódicas para o estudo da relação entre trajetórias formativas, educação dos sentidos e tempo livre em Minas Gerais. Tratou-se do levantamento dos jornais disponíveis no Arquivo Público Mineiro que circularam de 1880 a 1920, e também da identificação de possíveis fontes para pesquisa especificamente no jornal Minas Geraes, disponível no acervo na biblioteca da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Parte de um projeto maior de pesquisa, procuramos percorrer um tema ainda pouco afeito à pesquisa em Historia da Educação no Brasil. Destarte, consideramos o alargamento do conceito de documento e a transformação da relação entre historiador e fonte; nessa nova relação o historiador emerge como um produtor e crítico da sua base documental. Daí não enterdemos que a imprensa esta pronta para ser apropriada como fonte. Antes, consideramos a possibilidade de dialogo entre o historiador e este tipo de documento como possibilidade de produção de fontes que permitam a consecução dos objetivos arrolados. Considerando a imprensa periódica um meio potencial de acesso a vestígios, indícios da complexidade de uma sociedade pretérita, e, por conseguinte, das formas como essa sociedade forjou novas sensibilidades a partir das maneiras como organizou seus processos de formação, podemos avaliar que a localização de mais de 220 jornais, muitos efêmeros, nos permite problematizar a presença de atividades tais como circo, teatro, festas cívicas, concertos musicais, clubes, festejos populares, exposições etc., como formas de usufruto do tempo livre e educação das sensibilidades. Desse universo privilegiamos o Minas Geraes como um difusor importante dessas iniciativas nos anos finais do sec. XIX e nas duas primeiras décadas do sec. XX. Tensionada com outras bases de fontes, a imprensa periódica pode nos auxiliar na recuperação de um emaranhado cultural e social do qual desejamos reconstituir parte de uma história que entrelace a educação social, processo de formação, usos do tempo livre e a educação dos sentidos e das sensibilidades, para a qual estamos identificando e percorrendo os primeiros indícios.

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Por uma estética escolar brasileira na década de 1950: as imagens na Revista

Atualidades Pedagógicas

Diogo Franco Rios [email protected]

Marcos Villela Pereira [email protected]

A Revista Atualidades Pedagógicas, publicada pela Companhia Editora Nacional de 1950 a 1962, desempenhou um importante papel de divulgação de instituições, ideias, pesquisas, legislação e propostas pedagógicas nas diferentes áreas de ensino. O presente trabalho realiza uma análise de imagens de escolas apresentadas nos números da Revista Atualidades Pedagógicas publicados entre 1950 e 1959, bem como do papel que pretendiam cumprir na construção de uma estética escolar nessa década, no Brasil. Ao longo dos doze anos de existência, a Revista publicou imagens de diversas instituições de ensino, principalmente de escolas secundárias, contribuindo para a construção de uma estética escolar no Brasil, na década de 1950, em plena ampliação do sistema de ensino no país. A maior parte das capas da Revista mostra imagens de prédios e edifícios de estabelecimentos que serão apresentados no corpo de cada número. Essas matérias, ao discorrer sobre as instituições, trazem imagens do cotidiano das aulas, de laboratórios e pátios, oferecendo ao leitor elementos da rotina de professores e alunos. Ao analisar esse material, observa-se o papel que as imagens escolares poderiam cumprir na construção do que deveria ser uma instituição aderida aos valores sociais relevantes à época. Alguns traços dessas tentativas de estetização e sensibilização moral podem ser identificados em representações de salas de aula, uniformes e práticas dos alunos, vestuário de professores e nas imagens de laboratórios e aulas de ciências e matemática, que estavam em crescente valorização nessa época marcada pelo

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desenvolvimentismo e pelo espírito modernizador da sociedade brasileira. A partir dessas imagens, tomadas como fontes históricas, analisamos a interimplicação entre aspectos político-educacionais e a estetização associada a valores que estavam vinculados à escola brasileira da década de 50. De modo geral, observa-se que aquelas imagens deixavam de mostrar “o que não podia ser” em favor de mostrar “o que deveria ser” ou “o que se queria que fosse”. O leitor, através de um exercício de leitura do texto e da imagem, deveria ser conduzido a conceber o que se queria que fosse a escola brasileira. As imagens que eram oferecidas à sua percepção são uma construção que se fazia daquilo que se pretendia que fosse a realidade escolar, naquela época.

Primeiras Lições de Coisas na transição do Império para a República: contribuições de Rui Barbosa

Enilda Fernandes (UEMS) [email protected]

O objetivo deste trabalho foi o de caracterizar a pedagogia preconizada por Rui Barbosa, a partir do livro Primeiras Lições de Coisas, de autoria do norte-americano, N. A. Calkins, e evidenciar as suas contribuições para a educação na transição do Império para a República. Justifica-se o presente trabalho, pelo fato de que foi Rui Barbosa quem traduziu e adaptou esse livro à nossa língua, que consiste em um manual do ensino elementar, dirigido aos pais e professores, e que constitui objeto de estudo de um projeto de tese. Nessa transição, o Brasil passava por intensas mudanças no âmbito da produção e, por consequência, nas questões políticas e sociais, sobretudo, na educação. Desde as últimas décadas do Império, o Brasil já aspirava adotar o método intuitivo, sendo as Primeiras Lições de Coisas, indicado como o único livro adotado pelas escolas primárias para orientar os professores. Rui Barbosa, se envolveu em questões fulcrais na organização da sociedade brasileira, dedicou-se aos assuntos pedagógicos, destacando-se

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na elaboração de reformas da educação brasileira. Defendeu a ampliação do ensino, pontuando a necessidade de métodos e conteúdos mais adequados para atender às singularidades daquele momento histórico. Orientou sua proposta de reforma ao princípio de uma pedagogia integral – a preparação para a vida. Para ele, a reforma escolar deveria ser fundamentada em bases objetivas, inclusive com a preparação técnica dos professores. Absorvido pelo pensamento burguês de sua época, e sob a influência de cientistas, filósofos e educadores naturalistas que patenteavam a ciência burguesa, cujos instrumentos para mediação e produção do conhecimento eram a observação e a experimentação, Rui instituiu que o método intuitivo era a expressão da ciência para a racionalização da nova pedagogia e, portanto, o método adequado. Ancorada em um referencial teórico-histórico de pressuposto marxista, partiu-se neste estudo do princípio de que as obras humanas são produtos históricos, estando a produção das idéias e da consciência, de início, diretamente ligada à atividade material e derivada de um conjunto de relações de produção do homem. Considera-se a pedagogia de Rui Barbosa, em acordo com a universalidade que se produziu na base material, naquele momento histórico. Rui Barbosa, revelando uma consciência vinculada ao movimento mais geral da sociedade, em seus fins, pensou sua proposta de reforma nos limites da racionalidade de seu tempo, o que refletiu na organização escolar em perfeita lógica com os problemas que se lhe apresentavam e com os interesses burgueses. Assim, tematizado nas Lições de Coisas, o método intuitivo, impôs ao mestre e a todos os alunos uma objetividade que corrobora a objetivação e simplificação do trabalho didático.

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Produzindo fontes para a história da educação católica: leituras, diálogos e

caminhos entrecruzados

Evelyn de Almeida Orlando [email protected]

Maria José Dantas [email protected]

Este trabalho é fruto de duas pesquisas sobre a História da Educação Católica, as quais elegeram dois intelectuais desse campo como seus protagonistas: o Monsenhor Álvaro Negromonte e Chiara Lubich. Ao longo dos caminhos percorridos até aqui, um conjunto de dificuldades quanto à localização e ao trato das fontes vêm se apresentando aos dois trabalhos. O variado repertório de empecilhos encontrados reforçou a necessidade sentida pelas pesquisadoras de ampliar essa reflexão e trazer para o debate acadêmico as condições e os limites de possibilidades que norteiam a escrita da história da educação católica. Assim, este texto pretende discutir, em uma dimensão teórico- metodológico, possíveis caminhos de investigação e opções por documentos mais oficiosos do que oficiais permeados de histórias que vêm se apresentando não apenas como um tipo de fonte que muito têm a re velar, mas, muitas vezes, como uma das poucas opções as quais o pesquisador desse campo tem acesso. Neste caso, as correspondências pessoais, por exemplo, revelam e indiciam muito da subjetividade dos seus autores, além de permitirem apreender, nos fios e rastros que vão deixando, pistas das redes de sociabilidades, do ideário político-pedagógico, dos interesses e projetos nos quais seus autores estavam envolvidos ao se inscreverem nesse registro da escrita de si. Nesse aspecto, as ideias de Febvre, Bloch e Certeau sobre os modos de se fazer história vêm servindo como instigantes desafios nesse exercício de transformar documentos em fontes sem, contudo, considerar ilusoriamente que existe um tipo único específico para cada problema histórico. Não

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obstante, termos privilegiado neste trabalho, as correspondências pessoais de dois intelectuais da educação católica, ressaltando o tempo e o espaço de atuação de cada um, como importantes fontes das pesquisas que vêm sendo realizadas, essa produção se construiu pela interlocução que elas possibilitaram com os objetos de pesquisa, na medida em que deram conta de responder ou mesmo, por em questão, determinados problemas históricos da educação católica. O conceito de campo de Bourdieu é outro aporte teórico que vem orientando as duas investigações, por permitir pensar na estrutura e no funcionamento do campo religioso católico e nos limites que, a partir daí, se impõem ao(s) historiador(es) da educação. Assim, este trabalho pretende apresentar os caminhos percorridos por duas pesquisadoras, ressaltando pontos de convergência em experiências distintas de investigação acerca das práticas educativas e do ideário pedagógico católico , apontando para a fronteira da regularidade e para os desvios que marcam a produção dessas histórias.

Ramon Llull e o livro da Ordem de Cavalaria: tentativa de retomada dos ideais da

cavalaria cristã

Paula Carolina Teixeira Marroni GTSEAM - PPE/UEM – CAPES

Este trabalho refletirá sobre a importância da obra O livro da Ordem de Cavalaria (1279 – 1283) de Ramon Llull (1232/1235 – 1316) no que se refere à retomada dos conceitos, valores e ideais da cavalaria cristã. Sabe-se que Ramon Llull, nascido em Maiorca, Palma, Espanha, foi um monge espanhol de família nobre e possuidor de terras que, anteriormente, havia sido educado cavaleiro. Escreveu mais de duzentas obras, dentre elas O Livro da Ordem de Cavalaria, manual pedagógico de educação do cavaleiro. Esta obra literária visava à educação do cavaleiro por meio do seu comportamento, dos valores que norteiam a cavalaria cristã e dos ideais que deveriam ser difundidos por esta cavalaria. Observa-

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se que a obra foi escrita por alguém que conhecia o cotidiano, sucessos, desafios e dificuldades da participação na cavalaria, mas, principalmente, da missão cristã que esta ordem possuía. A missão cristã é fator determinante para justificar a existência do cavaleiro, bem como a necessidade de sua atuação na luta contra os povos considerados infiéis. Desta forma, pode-se apresentar a obra como um importante manual de educação do cavaleiro que defende a fé de Cristo – o cavaleiro é corajoso, justo e vitorioso porque teria sido ungido por Deus para levar sua palavra a todos. Na obra, Llull apresenta como ser um bom cristão e obter a salvação, ideologia fortemente intrínseca aos homens medievais. Os ideais mais importantes seriam, portanto, as virtudes como justiça, sabedoria, caridade, lealdade, verdade, humildade, fortaleza e esperança, todos eles precedidos do mais importante – amar e temer a Deus. Além de demonstrar o código de conduta, buscava a valorização do cavaleiro em relação à sociedade e a importância de levar a palavra de Deus, lutando por ela, evidenciando a importância na defesa da igreja católica e a revalorização do ideal da cruzada. Após apresentar o panorama do contexto Milles Christi no século XIII, o trabalho busca apresentar o contexto de decadência da cavalaria cristã como fator determinante na tentativa de Ramon Llull em retomar conceitos e valores cavaleirescos por meio do Livro da Ordem de Cavalaria. Vida e obra de Ramon Llull são apresentadas com a perspectiva de compreender o contexto da escrita da fonte selecionada. Para a história da Educação, esta obra literária, enquanto manual pedagógico que ditava o modelo ideal para um grupo determinante na estrutura social medieval, possui a importância de, como fonte, revelar elementos que auxiliam na compreensão do comportamento social necessário para aquele período histórico, uma vez que indica aspectos de treinamento físico, conduta moral e, principalmente, a justificativa para sua existência – a necessidade de salvar os infiéis. Conclui-se que a literatura em questão pode ser considerada uma importante fonte para o estudo de história da educação.

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Os conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem nos manuais de

psicologia educacional (1925-1955)

Profa . Dra. Ana Laura Godinho Lima Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo

[email protected]

Este trabalho efetua uma análise dos conhecimentos especializados sobre os problemas de aprendizagem a partir do exame de manuais de psicologia educacional publicados no período entre 1925 e 1955. Pretende-se identificar as explicações formuladas para o fato de que parte das crianças não aprendia conforme o esperado, assim como as recomendações oferecidas aos professores sobre como agir em auxílio desses alunos. A preocupação com os problemas de aprendizagem era recorrente na literatura pedagógica. As elevadas taxas de reprovação nas escolas brasileiras, sobretudo nas séries iniciais do ensino primário, era uma questão que desafiava os administradores do ensino e os especialistas da área. Nas primeiras décadas do século XX a psicologia foi considerada como a ciência em melhores condições de contribuir para a compreensão das dificuldades enfrentadas pelas crianças na escola e, portanto, a mais indicada para orientar a renovação do ensino. A perspectiva de análise assumida por esse trabalho entende os discursos especializados sobre os problemas de aprendizagem não como frutos da reflexão independente de seus autores, mas como produções que devem ser referidas a uma determinada posição de sujeito e aos limites que restringem o universo das formulações possíveis. Nem toda pessoa é autorizada a se pronunciar e não é qualquer coisa que pode ser dita. É preciso, portanto, levar em consideração as vinculações institucionais dos autores, entre outras formas de cerceamento dos discursos, dentre as quais a própria disciplina “psicologia”. Além disso, esses discursos não consistem em eventos isolados, mas devem ser compreendidos em um campo de coexistência, uma vez que seus enunciados mobilizam outros discursos - sobre a escola, sobre o desenvolvimento infantil, sobre a psicologia experimental, sobre o trabalho docente etc.

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Considera-se ainda a materialidade dos discursos, as maneiras pelas quais os enunciados são dados a ler, a forma como se apresentam nos textos dos manuais. Os autores dos manuais de psicologia educacional explicavam as origens das dificuldades dos alunos atribuindo-as, na maior parte dos casos, parcialmente à hereditariedade e parcialmente ao meio. Apresentavam os testes psicológicos como instrumentos de medida destinados a quantificar as diferenças de inteligência e aptidão. Discorriam sobre as diferenças psicológicas observadas entre os sexos. Efetuavam distinções entre o desenvolvimento psicológico normal e anormal. Elaboravam considerações sobre as diferenças individuais de tendências, inclinações, afetividade e personalidade. Em vista dos saberes apresentados, formulavam propostas de reformulação para as escolas e ofereciam orientações aos professores em formação sobre como proceder em relação aos alunos que não acompanhavam a turma, sugerindo, na maior parte dos casos, que era o estudo detido das características do aluno que desvelaria o melhor caminho a seguir em sua educação.

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Caderno de Resumos - Eixo 4

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A concepção de infância no Compêndio de Pedagogia Prática de Joaquim José de Araújo

Izabela Cristina de Melo Santos (UFAL) [email protected]

Roseane Maria de Amorim (UFAL) [email protected]

No Brasil do século XIX passa a se desenvolver com vigor uma concepção de infância com base nos ideais divulgados por países europeus economicamente avançados. Uma criança ativa que, a partir de então, seria orientada por conteúdos relacionados com postulados de uma nação que precisava progredir moral e economicamente. Esses postulados tornaram-se a base das diretrizes metodológicas que passaram a surgir nos manuais destinados a servir de guia para os professores daquela faixa etária. As publicações de educadores franceses como Daligault (1874) serviriam de modelo para as referidas publicações no Brasil, como o Compêndio de Pedagogia Pratica, publicado por Joaquim José de Araújo, em Maceió no ano de 1886. Neste sentido, nosso texto elabora uma reflexão acerca desse manual, com o intuito de compreender a concepção de infância que nele está contida, assim como as orientações dirigidas aos professores sobre quais métodos e materiais explorar no aprendizado da criança. O texto teve o apoio das autoras Carlota Boto (1997) e Diana Vidal (2004), sobre o entendimento de infância na versão iluminista, e como tal entendimento circulava nos manuais didáticos publicados no Brasil, a partir do século XIX. Aprovado como livro para uso na Cadeira de Pedagogia da Escola Normal de Maceió, ministrada pelo próprio autor, a referida obra sugere novas formas de abordar o aprendizado dos primeiros anos de vida escolar, e orienta cada passo da ação docente, desde o uso da mobília e dos objetos para fins didáticos, até os modos de disciplinar e classificar os alunos no desempenho da leitura e da escrita. Dos 25 capítulos da obra 15 deles estão voltados para os aspectos metodológicos, nos quais é possível destacar a ênfase nos argumentos que colaboram para o direcionamento de um ensino de caráter utilitarista e promotor da autonomia disciplinada da criança. Nas orientações contidas nesses

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capítulos, perpassa a noção de ideal de formação humana que tem o pressuposto de que a criança é possuidora de uma natureza propensa aos desvios sociais, e a escola, como a instituição social incumbida de formá-la nos valores morais que deveriam ser condizentes com a sociedade moderna e civilizada que os governantes aspiravam construir à época. Passa a se observar que o conceito de liberdade nessa formação seguia um ritual monitorado pelo educador, no qual se mesclava tanto as novas orientações baseadas nas novas descobertas científicas quanto os fundamentos do cristianismo católico. Neste sentido, os rituais e imagens daqueles dogmas permaneciam no compendio de Araújo como orientações voltadas às praticas docentes.

A concepção de infância nos pareceres da reforma do ensino primário de Rui Barbosa

Amanda Sousa Galvíncio (PPGE/UFPB) [email protected]

O presente trabalho busca discutir as contribuições de Rui Barbosa para o debate educacional na segunda metade do século XIX, em particular, a concepção de infância presente nos pareceres do ensino primário. Desse modo, apresentaremos como o referido intelectual articulou infância e educação, atrelando-as a necessidade de disseminação das escolas primárias pelo País e a urgência da obrigatoriedade e gratuidade do ensino como princípios indissociáveis. Os pareceres do ensino primário (1883) trouxe a baila o ideal de nação civilizada mediante a estruturação de um sistema educacional nacional destacando que, a educação das crianças era parte fundamental do processo. Para Rui Barbosa, as novas gerações levariam a frente os projetos modernizadores e civilizadores da nação e, por isso, se fazia tão eficaz seu investimento. A infância educada conseguiria superar o atraso material e moral do País. Desse modo, o Estado deveria promover o ensino primário não deixando, portanto, a critério das iniciativas particulares nem das classes populares: a primeira não poderia ditar os rumos da educação e a segunda não teria capacidade de perceber a relevância de última grandeza que seria a educação dos seus filhos. Os princípios da obrigatoriedade e

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gratuidade deveriam ser imbricados e sancionados por lei, com pena de multa para seu descumprimento. Na esteira desse argumento, partilhamos da ideia que a educação fez parte do repertório político dos intelectuais nos oitocentos, damos destaque, principalmente, aos sujeitos envolvidos com o movimento reformista da geração de 1870, dentre esses, o intelectual estudado. Esses indivíduos por muito tempo foram acusados pela crítica especializada de alheios a realidade nacional sugerindo que, suas ações eram tributárias de um deslumbramento provinciano importando de fora categorias e conceitos para pensar o Brasil. Porém, as pesquisas mais recentes estão se dedicando a investigar os intelectuais como sujeitos que atuando no campo político e cultural, associado as suas performances individuais um conjunto de ações políticas. Desse modo, os percebem enquanto indivíduos que lançaram mão de ferramentas para intervenção social e, portanto, estavam imbricados na realidade que atuaram. Ao discutir essas questões, procuramos entender e contribuir para os debates em torno da infância e da escola no século XIX no Brasil, a partir da concepção que os intelectuais, em especial, Rui Barbosa engendraram nas suas propostas de superação do atraso brasileiro a relevância de educar as crianças e a necessidade de se investir nas escolas.

A constituição histórica da educação infantil no município de Aracruz – ES:

permanências e mudanças

Maria Lúcia de Resende Lomba (UFES) [email protected]

Apresenta discussões empreendidas na pesquisa de mestrado que busca compreender a constituição histórica da Educação Infantil no Município de Aracruz, no Estado do Espírito Santo. Coloca em foco a história da Educação Infantil do Município de Aracruz-ES inserida na História da Educação brasileira e capixaba. Realiza cruzamentos de olhares entre o passado/presente/passado considerando os modos pelos quais na sociedade brasileira vem-se compreendendo a criança historicamente. Analisa permanências e descontinuidades do processo

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de escolarização da Educação Infantil iniciado no município na década 1960, na ocasião da criação e registro do primeiro Jardim de Infância, até o ano de 2009 quando a instituição passou a constituir um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI). Para a produção de dados, a exploração de cada pista encontrada torna-se fundamental. Na trilha de Marc Bloch (2001) e do historiador italiano Carlo Ginzburg (1989, 2006) compreende as fontes documentais não como evidências, mas como pistas, vestígios, a serem lidos em sua complexidade. Promove o entrecruzamento de múltiplas fontes, problematizando-as com o intuito de indagar e dar visibilidade aos conflitos e tensões produzidos nas relações de força presentes, ou seja, de não considerá-las como verdades mudas ou inocentes heranças do passado. Para a produção de outros vestígios, a história oral como abordagem metodológica tornou-se profícua. A partir dos apontamentos de Paul Thompson (1992) é possibilitada a escuta de alguns dos sujeitos envolvidos no processo a fim de conhecer suas experiências e versões em complementaridade com outras fontes escritas e iconográficas. Na investigação proposta, tão importante quanto os vestígios encontrados foi a leitura a contrapelo desses vestígios, do que aparentemente não estava escrito ou que teria sido invisibilizado. Acredita que o estudo do passado é fundamental para as discussões sobre as recentes políticas públicas para a Educação Infantil, evidenciando que a investigação das fontes permite uma maior compreensão dos acontecimentos ao longo do tempo e, por conseguinte, possibilita a escrita da história da Educação Infantil do Município de Aracruz-ES através dos vestígios, pistas, indícios, marcas e sinais. Algumas permanências referem-se ao processo de inserção da criança no mundo da leitura e escrita pelas professoras no que se refere às atividades em folha de papel A4 e trabalho com foco em algumas datas comemorativas. As mudanças são percebidas em relação à Educação Infantil como direito da criança. Outras transformações ocorrem em função das concepções de criança e infância.

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A criança e a escola: uma análise sócio-histórica

Maria Aparecida Augusto Satto Vilela [email protected]

Este texto é o resultado de um estudo sócio-histórico sobre a criança, especificamente, a da escola pública de bairros periféricos da cidade de Ituiutaba/MG. Partimos do pressuposto de que todo “fenômeno social é o resultado (...) de fatores sociais atuando em um período de tempo através da interação humana” (ROSEN, 1980, p. 73). Assim, tendo em vista a organização da sociedade capitalista no Brasil e sua atual conjuntura e, com base em reflexões sobre a infância e a escola, intentamos analisar o sentido que a escola tem na vida das crianças em seu processo de socialização, assim como a influência da mídia nas escolhas do que elas utilizam para brincar. Os motivos para a realização de uma análise dessa natureza foram diversos, mas o que de fato a sustenta é que, enquanto professoras de História da Educação e Sociologia da Educação, do curso de Pedagogia, sentimo-nos tentadas em desenvolver um estudo interdisciplinar como parte fundamental da formação de nossas alunas, uma vez que o curso objetiva a reflexão e o diálogo entre as disciplinas. Desse modo, passamos a indagar: Que papel ocupa a escola na vida das crianças? Que sentido elas veem na escola? Como a mídia influencia suas vidas? Para pensar as questões evidenciadas, foi relevante debater com as alunas o conceito de infância que, segundo Narodowiski (1993), é uma construção histórica, fruto da sociedade moderna. Por outro lado, intentamos discutir, historicamente, as crianças pobres, principalmente, nas primeiras décadas da República que foram excluídas da escolarização a partir da análise de autores como Tozoni-Reis (2005), Enguita (1989) e Kuhlmann Jr. (2000) confrontando com o papel que a escola tem na vida das crianças investigadas, dando voz a elas, pois de acordo com Sarmento (s/d) conhecê-las contribui para entender a sociedade. A partir desse referencial, buscamos elementos para subsidiar as atividades interdisciplinares e, ao mesmo tempo, despertar nas alunas o espírito investigador, contribuindo assim para uma formação docente mais sólida. Subsidiando-se pela base teórica supracitada, elas elaboraram

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Caderno de Resumos - Eixo 4

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um questionário no qual os principais eixos norteadores para investigação foram a criança e a vida familiar e a criança e a sua vida escolar. Para esta análise, tomamos como base 24 questionários que constituem parte do conjunto dos instrumentos de investigação aplicados. De acordo com os resultados, verificamos que, para as crianças, a escola tem um sentido em suas vidas, principalmente no que se refere às suas relações com o outro, no ato de brincar, de realizar atividades artísticas e esportivas. Estudar e ler livros aparecem de forma pontual no universo dos sujeitos investigados. Em relação à mídia, evidenciamos sua influência sobre o consumo, pelas crianças, de brinquedos industrializados, como as bonecas e os videogames, o que nos permite afirmar que o capitalismo e a globalização tem maciçamente modificado a infância em seu sentido mais amplo.

A educação da criança desvalida em instituições de assistência à infância

(Curitiba, 1947-1957)

Joseane de Fátima Machado da Silva (UFPR) [email protected]

O presente texto aborda a educação de crianças desvalidas que viviam em instituições de assistência à infância, na cidade de Curitiba, no período de 1947-1957. A intenção é identificar as peculiaridades dos encaminhamentos direcionados à infância, assim como também as implicações desses direcionamentos na vida da criança. As fontes basilares para a realização do estudo compreenderam os acervos: da Biblioteca Pública do Paraná – Mensagens de Governo (1935 a 1960); do Arquivo Público do Paraná – Relatórios da Diretoria Geral da Educação do Paraná (1948-1955), Relatório da Legião Brasileira de Assistência do ano de 1947, relatórios da Secretaria de Estado dos Negócios do Trabalho e Assistência Social dos anos de 1951 e 1962; da Casa da Memória – Revista Ilustração Brasileira (1953), imagens da cidade de Curitiba (1947-1956); da Secretaria da Criança e da Juventude - Histórico das Unidades Sociais, ofícios, escrituras e certidões. Diante das fontes analisadas na perspectiva da História Sociocultural em diálogo

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com autores da área de História e Historiografia da Educação, analisam-se aspectos da vida dessas crianças referentes à identidade, à família e às propostas socioeducativas, médicas e higiênicas, e de preparação para o trabalho. Resultam dessa análise os apontamentos de que o Estado apresentou dificuldades em garantir às crianças o que estava prescrito no Código de Menores de 1927. Os encaminhamentos do Serviço de Assistência Social privilegiaram a higiene, as boas maneiras, a saúde e a educação para o trabalho. Os encaminhamentos do Juizado de Menores evidenciam a hierarquização da infância abandonada. A criança do Abrigo Provisório poderia voltar para a família, ser colocada em outra família ou ir para uma escola profissionalizante. Entretanto, a criança delinquente seria designada à Escola de Reforma ou à Ilha das Cobras. As oficinas existentes no Centro de Formação Profissional para Menores de Campo Comprido, as insistentes reivindicações do Serviço de Assistência Social em construir um galinheiro para ocupar as crianças no Abrigo Provisório para Menores Abandonados de Santa Felicidade e a posterior construção de um chiqueiro denotam uma concepção de educação voltada para o trabalho. Os encaminhamentos direcionados à infância implicam na caracterização de uma infância onde o analfabetismo era visto com naturalidade e a prioridade seria a preparação para o trabalho. As respostas das crianças diante desses encaminhamentos poderia ser a submissão, a contestação ou a resistência. Entretanto, a contestação e a resistência da criança diante da educação a ela direcionada, manifestadas nos atos de forjar a identidade e/ou fugir, bem como sempre levar outra criança consigo parecem representar as circunstâncias nas quais melhor visualizamos a criança enquanto protagonista da sua própria história.

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A educação da criança nas proposições de D. Antonio Joaquim de Melo nas suas cartas pastorais (Diocese de São Paulo, 1852-1861)

Juarez José Tuchinski dos Anjos (UFPR) [email protected]

Em 22 de agosto de 1852, D. Antonio Joaquim de Melo, recém-nomeado bispo de São Paulo, dirigia a primeira das catorze cartas pastorais que escreveria até pouco antes da sua morte, em 1861, endereçada ao clero e ao povo de sua Diocese. Assumindo a Sé Episcopal com um projeto reformador e moralizador, dentro dos ideais ultramontanos que defendia, encaminhou parte de suas atenções para a família e a criança, preocupando-se com a educação e formação religiosa que a ela devia ser destinada pelos pais e pelos membros do clero no espaço familiar, eclesial e social. Neste trabalho, que é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento, o objetivo é apontar e problematizar as propostas pelas quais este prelado esperava direcionar a educação das crianças pelas famílias católicas e o clero entre os anos de 1852 a 1861, período de seu ministério episcopal. Inicialmente, percebe-se que na opinião de D. Antonio, haveria uma grande distância entre as determinações da Igreja e a prática efetiva do clero e dos fiéis em relação à educação das crianças, sendo necessário operar muitas mudanças na realidade da diocese, que se torna objeto de sua denúncia: incúria dos pais, incontinência do clero no celibato e descuido na educação religiosa que estes últimos deviam ministrar às crianças na Igreja. Suas propostas, assim, voltam-se para a família e para seus colabores. No tocante à família, denuncia o procedimento dos pais e mães, prescrevendo como deveriam agir para uma boa educação dos filhos, pautada na doutrina católica, tida como condição de equilíbrio para a própria sociedade. Em relação à parte que tocava ao clero, evidencia-se uma forte preocupação em moralizar os sacerdotes, sobretudo os que tinham filhos ilegítimos e os mantinham junto de si. Nesse caso, a discrição era a receita de educação. Também aos padres caberia vigiar as famílias no cumprimento de seus deveres educativos e zelar pelo comportamento adequado da criança tanto no interior da igreja e durante a realização das

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festas, como no cumprimento das obrigações que a partir de determinada idade estariam sujeitas. À modo de conclusão, percebe-se que na pena e proposições de D. Antonio Joaquim de Melo, a educação da criança consistia na transmissão dos hábitos e valores cristãos, com vistas a produção de uma sociedade de cristandade, num momento em que a aliança da Igreja com o Estado começava a ficar abalada no Brasil, a exemplo do que já vinha ocorrendo na Europa. Assim, mais do que “simples” objeto de cuidado dos pais e mães católicos, ela era um dos alicerces do seu projeto de renovação eclesial. Aos padres, cabia emendarem-se quando necessário e colaborarem, vigilantes, neste processo.

A história da escolarização da infância pobre em Minas Gerais:

desafios e perspectivas da pesquisa

Paula Cristina David Guimarães (UFMG) [email protected]

Esta comunicação parte de uma pesquisa de doutorado em andamento na qual a escolarização da infância pobre em Minas Gerais, entre as décadas de 1920 e 1940, é o objeto central da investigação. A pesquisa busca capturar, mapear e analisar os discursos sobre tal escolarização veiculados em periódicos educacionais, jornais e legislação e seus impactos nas práticas escolares das crianças pobres do Estado Mineiro. Contudo, com as primeiras investigações inerentes à temática escolhida, como o levantamento da literatura que trata sobre a infância pobre, alguns desafios se colocam para a continuidade da investigação. Um deles trata do estabelecimento de conceitos específicos ao objeto de pesquisa como, por exemplo, o de pobreza que, no período investigado, sinaliza para uma diversidade de significados que vão desde a falta de bens de consumo até a carência de uma formação moral e cívica de um indivíduo. Também em relação ao termo “pobreza”, há o desafio do entendimento e da diferenciação de um extenso vocabulário destinado a descrever a infância pobre no Brasil que, a primeira vista, se trata de palavras sinônimas, mas que, a partir de um olhar mais detalhado, guardam significados próprios. São exemplos desse léxico os termos: “indigente”,

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“miserável”, “anormal”, “desamparado”, “abandonado”, “desprotegido”, “desvalido”, entre outros. Outro enfrentamento da pesquisa se encontra na possibilidade de alargamento de investigações sobre a temática “infância” no Brasil que, enquanto categoria social, constituída por sujeitos historicamente situados, ainda está, em larga medida, por ser estudada (SARMENTO & GOUVEA, 2009). A afirmação realizada pelos autores citados pôde ser confirmada em um levantamento realizado nas produções dos Congressos Nacionais e Mineiros de História da Educação e também na Revista Brasileira de História da Educação dos últimos dez anos. Nesse levantamento foi possível visualizar que os temas ligados à infância figuram em menos de 3% das produções divulgadas por tais veículos da área, o que sinaliza, por um lado, para uma carência de estudos nesse campo de investigação e, por outro, a possibilidade de ampliação desse quadro, com a possibilidade do crescimento do número de pesquisas que tratem da infância. A partir desses dados também é possível investigar os “jogos de poder” que circundam a produção historiográfica brasileira, situando a infância em relação a outros objetos/sujeitos de pesquisas na História da Educação (FOUCAULT, 1979). Ainda a partir desse levantamento, é possível mapear e compreender como vêm sendo desenvolvidos os estudos sobre a infância na historiografia brasileira, apontando as lacunas que ainda se fazem presentes.

A infância e sua educação na Bahia: especificidades do Recôncavo Fumageiro

Elizabete Pereira Barbosa (UEFS) [email protected]

Para pensar sobre a História da Educação da Infância e situá-la no Recôncavo da Bahia é necessário situá-la no seu tempo, na sociedade em que ocorre e nas instituições que as abriga, descortinando os sujeitos coletivos da história. A História da Educação no Recôncavo da Bahia ainda é pouco investigada, sendo uma área lacunar no campo de produção. O presente texto tem como objetivo analisar a educação para a infância no Recôncavo da Bahia, no período de 1925 a 1946, estudando sua constituição histórica. Convém evidenciar que a escolha do período delimitado considerou

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a efervescência política pedagógica do período, momento histórico em que as ideias circulantes para a sociedade começam a esboçar um plano de reconstrução educacional que rompesse com a estrutura tradicional marcada pela primazia da igreja católica no exercício da ação educativa. O texto exibe uma breve apresentação da constituição histórica do atendimento á infância no Brasil e uma discussão da infância no contexto do Recôncavo baiano, ratificando que no estado da Bahia como um todo, é fato a relação existente entre processo de escolarização e a assistência à infância em instituições de atendimento: como asilos, abrigos e educandários. Ao enfatizar a história da infância, o texto não caminha numa linearidade, mas considera as relações e contradições da categoria infância no Recôncavo Fumageiro, local onde as crianças desde muito cedo, se encontram envolvidas no trabalho nas fábricas de charutos, em detrimento da freqüência à escola. A discussão será pautada a partir da sociologia da infância, área que recentemente vem fundamentando os estudos e possibilitando novas perspectivas de interpretação sobre a infância. A perspectiva metodológica é de natureza qualitativa, pois é o tipo de estudo que possibilita a apreensão das múltiplas dimensões do fenômeno. Ao considerar essa abordagem e usando como fontes de pesquisa, o jornal “Correio de São Félix” e as “Fichas de Registros Funcionais da Indústria Fumageira” acreditamos na possibilidade de compreender os processos dinâmicos vividos por este grupo social. Nos meandros do texto, lançamos mão de excertos de informações publicadas nessas fontes para esclarecer as especificidades da história da infância no Recôncavo. Os resultados evidenciam que o Recôncavo Fumageiro além de ter vivenciado um processo de escolarização tardio, as experiências educacionais no período estudado estiveram relacionados ao sindicato dos trabalhadores do fumo, ou seja, tem sua origem ligada a iniciativas isoladas deixando de fora a grande maioria, portanto a execução das políticas de educação para a infância não parou de se afastar dos cidadãos.

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A máscara do ABC: a Cartilha da Infância nas práticas de

alfabetização de Aurélia de Souza Braga

Kátia Maria Soares (UERJ/ProPEd) [email protected]

O objetivo principal do artigo é reconstituir as práticas pedagógicas de Aurélia de Souza Braga (1909-1995), que fundou uma escola, em 1932, numa igreja construída por católicos integralistas, no então lugarejo de Belford Roxo, Baixada Fluminense. Através dos relatos de seus alunos da década de 1930 foi possível saber que uma das estratégias utilizadas por Aurélia para alfabetizar foi a Cartilha da Infância, de autoria de Thomaz Galhardo, modificada por Romão Puiggari, e que teve várias edições a partir de sua primeira publicação no final do século XIX. Os alunos narram, também, que o método da educadora envolvia o uso de uma máscara para cobrir as leituras da cartilha, o que permitia ao aluno visualizar apenas uma letra de cada vez, contrariando as orientações expressas nas páginas iniciais do impresso, que preconizavam a silabação. Quais as características e conteúdos dessa cartilha, seu percurso de edições, quem são seus autores e suas orientações? Que apropriações a Professora e seus alunos fizeram da sua metodologia? Como as escolhas metodológicas e suas práticas contribuem para o entendimento da biografia de Aurélia? As fontes utilizadas são os depoimentos orais dos ex-alunos da Professora, e alguns de seus textos da época. A pesquisa, a qual este estudo se referencia, dialoga, até aqui, especificamente sobre essa cartilha, com um estudo de iniciação científica de Luana Grazielle dos Santos (2007), orientado por Maria do Rosário Longo Mortatti, publicado na Revista de Iniciação Científica da FFC, e com menções em estudos dessa orientadora de outros como Razzini (2011) . Na tentativa de compreender as práticas pedagógicas adotadas, optei por atentar para a cartilha utilizada pela educadora, no sentido de pensar, seguindo as contribuições de Chartier (1998), sobre a circulação e, sobretudo, dos usos e apropriações do impresso. Por que uma cartilha confeccionada para a metodologia da silabação era usada de forma diferente? De modo

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a entender algumas das lembranças dos alunos de Aurélia tomei como referência os estudos de Bosi (1979) e Alberti (2004). No contexto social, as apropriações que Aurélia fez da cartilha usada, foram úteis as investigações de Maciel (2001) sobre a alfabetização, e Trindade (1979) sobre o Integralismo. Este artigo pretende contribuir para a historiografia da educação no sentido de preencher lacunas sobre a alfabetização, sob a influência da ação integralista, na Baixada Fluminense.

A Revolução Francesa e as repercussões na educação de surdos

Niédja Maria Ferreira de Lima (UFCG/UAEd) ié[email protected]

Considerando a importância da aproximação das discussões que envolvem a educação de Surdos com as questões educativas gerais, nos propomos a refletir, neste texto, sobre as repercussões do debate pedagógico da Revolução Francesa, seus avanços e consequências, para a educação dos sujeitos Surdos. O século XVIII foi palco de uma grande revolução, a Revolução Francesa de 1789 que, sob o comando da burguesia, provocou enormes transformações nos contextos político, sócio – econômico, religioso, tecnológico e educacional na civilização ocidental. Foi a única revolução social de massa e a mais radical de qualquer levante comparável (HOBSBAWN, 2002). Nesse cenário, os debates em torno de uma pedagogia política ocupam o primeiro plano, sendo apresentados vários projetos pedagógicos que invocam e evocam o pensamento Iluminista, como fonte inspiradora, e reivindicam uma escola única, laica, obrigatória, gratuita, universalizada, sob o encargo do Estado, enfim uma escola democrática para o “homem novo”,como instrumento prestigiado para capacitar as novas gerações, com vistas às transformações dos valores, crenças, tradições e utopias. Para tanto, as conquistas das ciências e unificação lingüística foram intensificadas (BOTO, 1996). Esse pensamento pedagógico teve repercussões também no âmbito da educação de Surdos, que até então não tinham o direito à escolarização, por acreditarem que eles não possuíam a linguagem estruturada, o que era privilégio apenas dos que pertenciam

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à nobreza. É na efervescência do movimento revolucionário francês que surge a possibilidade de uma intervenção educativa para maior parcela das pessoas surdas, sob a responsabilidade do abade L’Epee que funda, em Paris, a primeira instituição pública para surdos do mundo, utilizando a linguagem gestual. Esse momento costuma ser considerado a “época áurea” do movimento surdo francês (SÁNCHEZ, 1990). No século XIX, com o novo quadro político-científico, mudanças foram implementadas, tendo como marco o Congresso Internacional para a Educação do Surdo, realizado em Milão, em 1880, quando é recomendada a substituição da linguagem gestual pelo método oralista, que passa a ser hegemônico. A educação de surdos assume, assim, de uma vez por todas a concepção Iluminista homogeneizadora e normalizadora. Revisitarmos esse momento da história moderna, constitui-se numa oportunidade de buscarmos compreender o significado dessa “época de ouro” na educação dos surdos, bem como desvelar os desdobramentos da unificação da língua oral: o porquê do domínio de práticas “ouvintistas” (SKLIAR,1999) nos processos educativos; do silenciamento e exclusão dos próprios Surdos das questões identitárias, lingüísticas e culturais que lhes eram peculiares.

Colégio João de Deus – PortoAires Antunes Diniz

Universidade de Coimbra- Portugal [email protected]

No Fundo Bibliográfico do Professor Santos Júnior, sito em Torre de Moncorvo, encontrei documentos sobre experiência pedagógica do Colégio João de Deus no Porto que surge em 1928 para resolver o problema do desemprego docent e espoletado pela extinção da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, datados de 1929 a 19391, onde alguns se referem à origem geográfica dos alunos permitindo balizar a sua ação no continente, no Império Colonial português e, ainda, no Brasil. O projeto educativo é claramente definido em 15 de Agosto de 1929 dentro das normas mais avançadas do ensino ativo numa proposta de um ensino experimental expresso pelo objetivo de “sem deficiências sensíveis, (fazer) todos os trabalhos

1 Ver diversos Relatórios Anuais do Colégio de João de Deus, 1929-1930 a 1953-1954.

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práticos de Física, Química, Ciências Biológicas e Ciências Geológica, que os programas oficiais exigem”. Trata-se de construir física e pedagogicamente “um estabelecimento de ensino modelar”, onde “cabe ao país, de forma especial ao Porto, auxiliar-nos». Assim, um dos relatórios fala do material de ensino e das instalações escolares, que já foram úteis à Câmara Municipal do Porto que solicitou “os nossos aparelhos de precisão crio-registadoras para experiências científicas nas câmaras frigoríficas do seu Matadouro”. Por outro lado, “o grupo de professores de Ciências não é apenas um grupo de positivistas. Têm fé, horizontes vastíssimos. Não há limitações, não há processos de cristalização definida. Procura-se dar ao rapaz, com o sentido da independência, o sentimento da generosidade.” Para o conseguir, não se descuram as questões financeiras, pois os alunos pagam custos elevados pelo seu ensino e internato. Este esforço dos professores do Colégio João de Deus é analisado dentro de um projeto mais largo por considerar o ensino secundário um problema que sobreleva qualquer outro no quadro geral dos problemas nacionais. Questionam que seja só de simples cultura pela cultura pois querem que “encerre soluções de apetrechamento técnico e de orientação profissional da mocidade”, com uma particular atenção à Educação Moral e adotando uma profilaxia disciplinar mais do que terapêutica na Educação Física. Assim, em 1934-1935, os resultados dos exames são analisados pedagógica e estatisticamente numa estratégia de afirmação da superioridade do Colégio João de Deus pois tem 88,59% de aprovações em todos os exames contra a percentagem de 76,49% dos dois liceus do Porto, Rodrigues de Freitas e Alexandre Herculano. Esta eficiência educativa justifica a vinda de um pequeno brasileiro, o Wilson, cujo pai o mandou para o Colégio para aprender a ler, atravessando o Atlântico. Em 28 de Julho de 1934 faz a primeira comunhão e está já na primeira classe dos liceus, considerada uma “Explendente vitória dum grande Colégio”, transcrevendo-se a reportagem que o Jornal de Notícias publicou2. Não admira que no ano de 1935-1936 já se faça uma listagem de alunos com referência à sua origem geográfica. Assim, mostrando a ligação com o Brasil, temos 18 alunos brasileiros em 1935-1936 que no ano seguinte, baixa para 16, sendo a sua origem geográfica no Brasil diferente. Em 1937-1938, alguns destes alunos continuam, enquanto outros desaparecem e outros surgem pela primeira vez, ficando no final só 16. Existem ainda alunos de além-mar, mas em número bem menor.

2 Relatório do ano de 1934-1935, p. 61-62.

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Contexto histórico versus responsabilidade social: a contribuição da UNIGRAN para a Educação de

Jovens e Adultos

Elizabete Velter Borges (UNIGRAN) [email protected]

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que visa a educação ao longo da vida, com as pessoas que não tiveram acesso a escolarização em idade própria, valorizando o contexto no qual o educando está inserido. Dessa forma, para se compreender esta modalidade é necessário conhecer o contexto histórico não somente da EJA, mas principalmente da educação como um todo. Para que, a partir dessa contextualização se possa estimar todo o trabalho de responsabilidade social que vem sendo desenvolvido pelo Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN, visando contribuir para com a EJA. Partindo deste pressuposto, a pesquisa pretende dar respaldo as seguintes inquietações: qual o contexto histórico da educação, principalmente em relação à EJA? Quando foi criado o Programa EJA/UNIGRAN e como este vem sendo desenvolvido ao longo dos anos? Qual a porcentagem de alunos que continuam no projeto de um ano para o outro? Os alunos estão procurando o CEEJA para dar continuidade aos seus estudos? Assim, objetivou-se descrever o contexto histórico da educação, principalmente, em relação à Educação de Jovens e Adultos num âmbito geral, enfocando a contribuição da UNIGRAN para com esta modalidade de ensino, realizando o levantamento estatístico para análise e compreensão no desenvolvimento deste Projeto, procurando apontar caminhos para melhor adequação da pesquisa a fim de que os educandos possam ser incentivados a dar continuidade aos seus estudos visando uma qualidade de vida melhor e construção da cidadania. Teve como parâmetros teóricos os estudos de Aranha (1989), Freyre (1993) e Piletti (1996), que argumentam sobre o contexto histórico da Educação como um todo, e Brandão (1981), Freire (1987; 2003) e Gadotti (2001) que são teóricos específicos sobre a Educação de Jovens e Adultos. A metodologia da pesquisa utilizada possui características de um tipo de estudo documental (fontes primárias);

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estudos bibliográficos (fontes secundárias) como também de pesquisa de campo por meio de visitas realizadas no Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos – CEEJA para pesquisar sobre a continuidade ou não dos alunos que participaram do Projeto EJA UNIGRAN. Também teve como intuito fazer um levantamento estatístico e documental sobre o quantitativo de pessoas que participaram do Projeto e se os alunos estão dando continuidade de seus estudos no CEEJA. Os resultados apontam o quanto a UNIGRAN vem contribuindo para com a responsabilidade social nos diversos bairros do município de Dourados por meio do Programa de Educação de Jovens e Adultos que vem sendo desenvolvido ao longo de vinte e dois anos consecutivos, colaborando assim, para erradicar o analfabetismo de pessoas jovens e adultas que não tiveram acesso à educação em idade própria, como também valorizando o contexto histórico, social e cultural destas pessoas jovens e adultas.

Crianças pequenas e adultos grandes: trajetos históricos e discussões atuais

sobre crianças e infâncias

Gislaine Azevedo da Cruz (UFGD/CAPES) [email protected]

Magda Sarat (UFGD) [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre as configurações que permeiam atualmente as discussões sobre crianças e infâncias, apropriando dos estudos desenvolvidos por Philippe Ariés sobre o “descobrimento” da infância nos séculos XIV e XVI e de teóricos atuais que se debruçam sobre a temática Educação Infantil, Infâncias, especificamente na área da História da Educação. Esses apontamentos constituem as discussões que permeiam a dissertação de mestrado que está em andamento, refletindo sobre a memória de professoras aposentadas da educação infantil, a partir da história oral sobre as percepções de suas infâncias a partir de suas

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400 Sumário Eixo 4

trajetórias profissionais no Município de Dourados/MS. Os estudos estão pautados, neste sentido nas discussões sobre as concepções de crianças e infâncias, a partir dos estudos da história da educação. Mostraremos as diversas concepções que permearam os debates sobre crianças e infâncias ao longo dos séculos e as influências que as diferentes percepções interferiram nas relações e formas de tratamentos entre os adultos e as crianças em nossa sociedade. Baseados em estudos como de Priore (1996), Kuhlmann, Jr. (2000) e Gouvêa (1999) entre outros se propõe a discutir a temática, mostrando as diferentes trajetórias sendo presentes nas pesquisas atuais diversas perceptivas, como estudos que visam compreender a construção sobre as infâncias na literatura infantil, nas primeiras instituições de ensino, especificamente sobre as infâncias brasileiras, as trajetórias das crianças nas histórias de imigrantes, a cultura infantil, as infâncias de meninas e meninos entre outras vertentes tem proporcionado atualmente distintos debates. Debates esses, que perpassam os estudos que mostram as percepções de crianças pequenas e dos adultos grandes são amplos e são múltiplos os enfoques conforme as concepções de criança e infância e os trajetos seguidos. Percebidas desde crianças pequenas, frágeis e sem poder em relação a imagem construída dos adultos grandes que centralizam o poder, foram sendo reconstruídas essas maneiras de entende lás a partir dos processos de civilização da sociedade. Passou a criar diferentes configurações de poder entre crianças e adultos e múltiplas formas de compreender não, mas criança e infância, mas entende lás agora no plural, discussões que permitem percebe lás como tendo diferentes infâncias e diversas crianças, destacando a importância de apreender as trajetórias históricas para respeita lás.

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401 Sumário Eixo 4

Crianças personagens da história da educação na Amazônia: uma representação literária no

conto Chão de Lobos

Maria do Socorro Pereira Lima (UFPA) [email protected]

A Obra Chão de Lobos, do escritor paraense Dalcídio Jurandir está ambientada no cenário de uma Amazônia do início da segunda metade do século XX, mais precisamente na década de 70. Este artigo que a ela se refere busca, a partir da representação literária que o escritor faz dessa realidade, refletir sobre a educação de crianças moradoras de comunidades ribeirinhas, por meio de um enfoque metodológico histórico-literário. Os elementos que compõem a narrativa estão centrados nos diálogos estabelecidos entre o narrador onisciente (acusando que a obra pode ser caracterizada como uma autobiografia), a personagem Biá, criança, aluna da escola pública retratada no conto e sua professora, a única da escola. Considerando essas impressões iniciais o artigo tem como objetivos: a) fazer uma análise reflexiva das condições da educação pública de crianças na Amazônia do início do século XX e b) consolidar a importância de se agregar a literatura aos documentos oficiais usados como fontes de pesquisas históricas, posto que se trate de uma fonte importante e passível para análise de uma determinada realidade social e histórica, embora a linguagem literário possa não ter tal compromisso. O conto analisado na obra Chão de Lobos foco diretamente o contexto educacional da Amazônia ribeirinha e revela fatos dessa educação, sobretudo naquilo que marca a voz da personagem Biá, criança ribeirinha que trafegava pelo rio numa pequena canoa, juntamente com outras crianças rumo à escola em busca de um futuro melhor e nesse a escolar que nunca tinha chegado da capital. Essa personagem, extremamente polifônica, indagava à professora sobre as condições da escola, sobre o porquê da letra do Hino Nacional falar em tantas riquezas e as crianças serem tão pobres. A professora não sabia responder. Apenas representava um sistema de educação precário. Com informações que não obedecem uma ordem linear, a personagem Biá vai traçando em toda a narrativa as marcas de

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uma educação que não respondiam às reais necessidades das crianças ribeirinhas. Faltava giz, faltava merenda e não tinha material escolar. A professora, tentando silenciar Biá, determinava às crianças da classe: “Vamos decorar o Hino criançada”. E num cotidiano desestimulador, sem nenhuma esperança de possíveis mudanças, um dia atrás do outro, as crianças voltavam para suas casas remando em tempo de peixe escasso. As reflexões feitas com base no diálogo estabelecido entre o narrador, Biá e a professora, conclui-se que no retrato educacional contextualizado, segundo a representação feita no texto literário, apontam que as crianças ribeirinhas da Amazônia, protagonizaram uma história de educação pública caracterizada pelo abandono, pelo descaso público e pela incoerência de conteúdos em relação à vida das crianças.

Criando órfãos – instrução e assistência na capitania do Rio Grande do Norte (séc. XVIII)

Muirakytan Kennedy de Macêdo (UFRG) [email protected]

Os sertões da Capitania do Rio Grande do Norte foram produzidos, principalmente, pela pecuária. Esse território, sendo um espaço colonial periférico, vivenciou dificuldades de gestão populacional, de pronunciada dispersão pelos campos e de frágeis mecanismos de assistência social. Tendo como objeto os órfãos no período colonial, o trabalho discute as práticas educativas votadas aos órfãos no espaço da ribeira do Seridó, como parte da pesquisa em andamento no estágio pós-doutoral. Neste sentido é que o objeto de pesquisa se desenhou relacionando as práticas educacionais à assistência em um espaço social de economia pastoril, com frequentes secas e dramáticos tráfegos de pessoas em arribação. O objetivo da pesquisa decidiu-se pela compreensão dos mecanismos compensatórios desencadeados pela orfandade assistida ou pela exposição de párvulos. Para tanto, utiliza-se de fontes coloniais como inventários e testamentos, em especial a seção de Autos de Contas dos Órfãos. O ideário pedagógico dos iluministas lusitanos representado na literatura clássica educacional − Apontamentos para a educação de um menino nobre, da autoria de Martinho

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de Mendonça de Pina e de Proença; Verdadeiro método de estudar de Luis Antonio Verney e Cartas sobre a educação da mocidade de António Nunes Ribeiro Sanches − é que fundamentará teoricamente a história dos cuidados com a educação da criança e do jovem órfãos. Também trabalharemos com a “categoria nativa” de criação. Entende-se que esta expressão utilizada no século XVIII dá conta das dimensões educacionais exigidas para os cuidados dos órfãos seridoenses distantes da escola formal e próximos à atenção familiar. Inventários e testamentos expõem, em primeira mão, dados patrimoniais do grupo parental, assim como mostram as relações entre seus membros no que diz respeito à divisão do cabedal. Assim, apresentam as estratégias domésticas de solidariedades internas ou externas ao agrupamento familial. Os resultados embora sejam esparsos, podem se referir à criação doméstica e aos demais cuidados educacionais desenvolvidos no âmbito familiar e instrucional. Conclui-se que a despeito da distância d´El Rei, apesar da rarefação burocrática e eclesial, os sertões ainda estavam no raio de atuação do reino. É verdade que tal assistência não vinha da ação direta do Estado português, mas dos mecanismos criados por ele para que fosse feita a gestão das gentes, através da Igreja e de particulares. Estes últimos serviam de anteparo social para as crianças, rapazes e raparigas em tempos de orfandade. Parentes próximos tomavam para si a obrigação de tutoria administrando os bens dos menores, assim como a educação nas primeiras letras, moralidade e iniciação laboral. E o agente público responsabilizava-se pela fiscalização das ações privadas. Eis, para se falar em termos contemporâneos, a rede possível de proteção social do Antigo Regime nos sertões.

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De aprendizes do Arsenal de Guerra (1842-1899) a Aprendizes da Escola de Artífices (1909-1941): algumas observações sobre a educação profissional de jovens e meninos na história da educação de Mato Grosso

Sílvio Takeshi Tamura (UFMT)

O presente artigo tem como objetivo fazer algumas observações e reflexões acerca da educação profissional de jovens e crianças na História da Educação de Mato Grosso. As balizas temporais (1842-1899) e (1909-1941) referem-se, respectivamente, aos períodos de existência da Companhia de Aprendizes do Arsenal de Guerra de Mato Grosso e da Escola de Aprendizes Artífices de Mato Grosso. Essas duas instituições escolares guardam características muito próximas entre si, desde os objetivos da educação, o público alvo, o contexto histórico e dentre outros fatos os quais serão averiguados neste artigo. O primeiro denominador comum entre essas duas instituições escolares era o público-alvo, o qual se destinava aos indivíduos denominados “desafortunados” ou “desvalidos da sorte”, eram indivíduos de camadas sociais desfavorecidas, de baixo nível social e econômico. Outro ponto comum entre essas duas instituições escolares é que ambas ofereciam educação profissional, onde os indivíduos saíam com uma formação de um ofício, ou de uma profissão, como exemplo de alguns ofícios encontrados entre essas duas instituições pode-se: carpinteiro, ferreiro, seleiro, funileiro, sapateiro, alfaiate, latoeiro, torneiro, armeiro, espingardeiro, coronheiro, tanoeiro e dentre alguns outros ofícios. Em relação à questão do gênero, essas duas instituições guardavam a mesma característica entre si: somente admitiam indivíduos do sexo masculino, e em relação à idade, somente eram admitidos jovens e crianças. Havia uma preocupação muito forte e constante por parte da elite da sociedade e também por parte do estado no sentido da disciplinarização e controle dos corpos desses

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indivíduos através da formação para o trabalho, evitando que esses homens “desocupados” e “desprovidos de educação” formassem um conglomerado de indivíduos que comprometessem o sossego social. As condições em que essas instituições escolares se apresentavam eram muito precárias, o ambiente e a estrutura escolar necessitavam de investimentos para que pudesse oferecer uma educação de qualidade para os alunos que ali freqüentavam. A Companhia de Aprendizes do Arsenal de Guerra foi a primeira e também a única representação da existência de ensino profissional em Mato Grosso na segunda metade do século XIX. Em relação à Escola de Aprendizes Artífices - EAAMT ela foi a primeira denominação de uma seqüência educacional profissional histórica no estado de Mato Grosso, assumindo outras denominações como Liceu Industrial de Mato Grosso - LIMT, Escola Industrial de Mato Grosso – EIMT, Escola Técnica Federal de Mato Grosso - ETFMT, Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso - CEFETMT, e atualmente configura-se com a designação de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - IFMT.

Discursos republicanos e governo da infância

Maria do Socorro Nóbrega Queiroga (UFPB) [email protected]

As três primeiras décadas do Século XX, no Brasil, correspondem a um tempo de desejo de transformação, que emerge desde meados do Século XIX, sobretudo as aspirações de mudanças no campo da educação e a visibilidade que passa a ter os saberes modernos, fazendo emergir discursos e práticas não discursivas a partir de três elementos: a retórica iluminista e sua crença no poder do conhecimento e da razão, a instauração dos Estados Nacionais e a necessidade de se constituir um Estado Nacional independente. Tempo privilegiado para a fabricação de aparatos de regulação no campo da educação, cujo corolário foi a criação de equipamentos de governo, como os discursos produzidos sobre a infância escolar e o reconhecimento da escola como um instrumento fundamental para os avanços

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das conquistas republicanas e aparato de poder no controle sobre as crianças. A temática a ser desenvolvida neste ensaio encerra dois eixos de análise: a educação escolar e a infância e sua constituição nos discursos educacionais veiculados em documentos versando sobre educação para a infância. O objetivo é adentrar os diversos espaços de produção de sentidos, através de fontes que “falam” da infância e das crianças e registrar a produção de verdades sobre a sua educação. A operação metodológica foi feita através dos registros existentes em fontes documentais do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), dos Anais da I Conferência Nacional de Educação, que ocorreu em Curitiba, Brasil, em 1927, a revista O Ensino é Notícia”e o jornal “O Educador – Organ do Professorado Primário”. Busquei perscrutar nos enunciados sobre a infância o seu lugar de produção e circulação, tomando como aporte teórico as ferramentas teórico-metodológicas dos Estudos Culturais, e as noções de arqueologia e genealogia, pensadas por Michael Foucault, no sentido de compreender como as formas que assumem as relações de poder, em diferentes âmbitos sociais, produzem determinadas subjetividades e verdades. A ideia de um recorte temporal se justifica por se reconhecer a importância dos acontecimentos desde meados do século XIX, como potencializadores de mudanças no campo da educação escolar, consubstanciadas na complexidade e na efervescência cultural, política, entre outras e o que esta representou de descontinuidades e rupturas em amplos aspectos da vida em sociedade. A pesquisa e as fontes pesquisadas, pela sua importância como arquivos, permitiram-me ir ao encontro da história de uma época, com suas idealizações sobre a infância, segundo os preceitos higienistas e eugenistas, tendo como horizonte a construção de uma nação. Nosso objetivo é dar visibilidade às tramas, às crenças e às representações sobre a infância, tecendo comparações, destacando as descontinuidades e permanências dos enunciados produzidos entre as décadas estudadas.

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407 Sumário Eixo 4

Do amor ao casamento: análise de um manual de preparação das moças para assumir os deveres de esposa,

mãe e dona-de-casa, em circulação no nordeste do Brasil em meados do século XX

Patrícia Helena Carvalho Holanda (FACED-UFC) [email protected]

Maria Juraci Maia Cavalcante (FACED-UFC) [email protected]

Analisa a concepção moral e sexual implícita no manual de preparação das moças, intitulado, Do Amor ao Casamento: a comunhão de vida, segundo a natureza,publicado em 1948, na Bahia, numa tradução do texto original de Hans Wirtz, autor alemão refugiado na Suíça e membro da Ordem Terceira de São Francisco. Tem apoio em Freyre (1987), Vianna (1987) e Costa (1983), que abordam as matrizes sociológicas da família brasileira, do Brasil colonial ao século XIX; no suporte derivado da tradição aberta por Freud (1905), implícita no complexo de Édipo, um drama que se desenrola necessariamente no seio de um triângulo de natureza familiar; em enfoques contemporâneos, que sinalizam processos sociais de mudança no ordenamento familiar ocidental, no século XX, caso de Giddens (2005), Aquino (2011) e Sayão (2011). Traça uma breve genealogia da família, para entender a passagem do formato patriarcal, perfilado por prole numerosa e submissão da mulher ao poder masculino, para uma configuração nuclear, nos espaços urbano-industriais, com a função de reprodução social, sendo lócus de convivência estreita entre pais e filhos. Analisa a orientação dada por aquele manual à preparação de casais, por meio da ênfase ao vínculo matrimonial, segundo os preceitos cristãos, com vistas a educar as moças para assumir os deveres de esposa, mãe e dona-de-casa. Ressalta dois aspectos: 1) a importância desta fonte e temática de pesquisa para o entendimento da relação família e educação, explicitando o seu caráter histórico, uma vez que a sua regulação moral está condicionada por circunstâncias temporais e tipicamente sócio-culturais; 2) que o conteúdo do manual aludido envolve

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regras para o controle da conduta sexual, que se mostra minuciosamente tratada, de acordo com a moralidade em voga no mundo cristão ocidental, entre o final do século XIX e primeira metade do XX, vista como requisito da honra familiar, de que depende, por sua vez, a honra da mulher e do homem. Conclui que essas regras favorecem a manutenção da moral patriarcal, de modo a torná-la imune aos efeitos do capitalismo no Brasil, na primeira metade do século XX, que provocou um intenso processo de migração interna, de âmbito regional e inter-regional, no interior de uma dinâmica de urbanização e industrialização, onde a condição urbano/rural será o critério para a determinação do tipo de ordenamento familiar. Na condição de recorte de uma pesquisa mais abrangente da Linha de Pesquisa História da Educação Comparada, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará, do eixo História da Família, Educação e Sexualidade, reafirma seus pressupostos, em torno dessa temática no Brasil, que, historicamente, tem se afastado do modelo patriarcal herdado do nosso processo de colonização por Portugal, para ingressar numa configuração de ascensão crescente do papel do feminino em sua regulação.

Educação e vestimentas: infâncias pomeranas na Serra dos Tapes

Carmo Thum (Educamemória/IE/FURG) [email protected]

O presente analisa a história da Educação da Infância das crianças pomeranas da Serra dos Tapes (1950 a 1980), a partir do Banco de Imagens de dados Pomeranos da Serra dos Tapes sistematizado pelo Educamemória. A temática da educação das crianças estabelece-se a partir da análise dos dados do contexto cultural e dos costumes locais. Fontes evidenciam princípios educativos comunitários, presentes no acervo imagético. As vestimentas são um dos elementos discursivos das relações educativas entre crianças e adultos. A caracterização das vestimentas dá-se por serem artesanal, que por se repetir por décadas, apresentam um mesmo padrão estético. Apresentam cortes simples e idênticos. Seguem a referência dos trajes europeus com adaptações

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para as situações de trabalho ou clima. Destinadas a serem utilizadas nos espaços da casa, do trabalho e da escola, atendem a estrutura básica de serem adequados as necessidades. Roupas destinadas a momento ritualísticos (batizado, confirmação, casamento, festas) são vestimentas diferenciadas, mas não apresentam variação quanto ao estilo. A diferença se dá essencialmente em serem roupas novas ou bem cuidadas para esse fim, que se repetiam enquanto coubesse no sujeito. Essa situação explica a repetição de mesmas roupas em vários momentos da vida do sujeito e até mesmo, da presença dela em outros sujeitos usuários. Existindo então uma clara escolha entre roupas do dia-a-dia e roupas de solenidades. Nas roupas selecionadas para as solenidades o corte era mais preciso, a estética do traje mais bem trabalhada. Simples porque não apresentam grandes investimentos em adornos, cores ou acessórios. A estrutura básica não tem muita variação tipológica, tanto para o masculino quanto para o feminino. Para o masculino as peças básicas: calça e camisa de manga longa e paletó e chapéu ou gorro. Para o feminino as peças básicas eram vestido ou camisa (blusa) e saia. No caso o traje de trabalho normalmente a camisa (blusa) e saia com uma calça por baixo da saia. A presença da calça por baixo da saia muito antes de ser uma peça de recato, apresenta um sentido utilitário de proteção das pernas do frio e de arranhões, pois sendo área rural, caminhar por entre trilhas causam muitas escoriações. No quesito cores há uma presença característica do cinza e preto, algumas de riscado, contudo sem grandes variações. Essa não-presença do colorido se dá por algumas características básicas: não presença de diversidade de cores à venda; a sobriedade local dos camponeses e o preço dos tecidos coloridos. As cores escuras ou tons de cinza demarcam um modo de estar no mundo rural, sendo referenciado pelos camponeses seu uso em processos do dia-a-dia e nas solenidades. Normalmente as famílias compravam Peças de Panos e dele se produziam todas as vestimentas da família, variando o corte quanto ao gênero. No caso do feminino e das crianças as estampas eram mais presente que no masculino. Porém, os meninos nos momentos solenes apresentam roupas com a mesma estruturação das vestimentas dos masculinos adultos.

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Escolas isoladas: produção da precariedade e invisibilidade histórica (Minas Gerais 1911-1930)

Ellen Rose Fernandes Figueiredo(UFMG) [email protected]

Henrique Dumont(UFMG) [email protected]

Maria Cristina Soares de Gouvea ( UFMG) [email protected]

Na produção historiográfica da educação brasileira recente destaca-se o estudo dos grupos escolares, compreendidos como expressão do projeto republicano de instrução nas primeiras décadas do século XX, implementados pelas reformas estaduais que instituíram este novo modelo de organização escolar. Tal produção trouxe significativo avanço na escrita da história da educação brasileira, permitindo a apreender as diferenças e similitudes nos quadros regionais e locais. Por outro, os grupos escolares foram tomados como a forma predominante de organização da escola primária do período, que teriam substituído as outras configurações existentes, as agora chamadas escolas isoladas ou reunidas. No entanto, na análise dos dados estatísticos, verifica-se que imperou até a segunda metade do século XX a oferta de escola à população através deste modelo organizativo: classes multisseriadas, a cargo de um único professor, formado em condições precárias, responsável pela instrução de alunos de diferentes idades e com níveis também diferenciados de conhecimento. Se as escolas isoladas e reunidas eram quantitativamente predominantes, contavam com condições desiguais de financiamento, manutenção e formação docente, configurando um quadro de precariedade característica, definidas pelas políticas educacionais do período. Verifica-se que à precariedade do funcionamento alia-se a invisibilidade das fontes. Se são “abundantes” tanto na documentação escolar, quanto nos jornais e nas fotografias a descrição de abertura e cotidiano dos grupos escolares, a documentação referente ás escolas isoladas é precária e fragmentada Buscamos compreender as condições históricas de produção da precarização e da invisibilidade destas escolas. Para tal, utilizamos como fontes a legislação

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educacional mineira do período e a documentação escolar presente no Arquivo Publico Mineiro no período entre 1906(data da reforma João Pinheiro que cria os grupos escolares em MG) e 1930 (fim da chamada Primeira República). Observa-se, tanto no discurso dos dirigentes, quanto no dos inspetores, bem como na legislação educacional, a priorização do investimento nos grupos escolares, com a “demonização” das escolas isoladas e reunidas. À medida que tais espaços eram compreendidos como expressão do atraso, que seriam substituídos pelos grupos escolares, o tratamento dado pelo poder público foi a manutenção da indigência e não sua superação. Verifica-se a construção, através de dispositivos legais, de condições diferenciadas de funcionamento (como formação de professores, condições salariais, produção e envio de material didático e mobiliário, criação e manutenção das caixas escolares, etc.) em relação aos grupos escolares. Cabe também apreender até que ponto a ausência de uma política de investimento nas escolas isoladas e reunidas não guardava relação com as demais políticas sociais dirigidas às camadas populares, em que a restrição ao pleno exercício da cidadania fundava-se no discurso de sua desqualificação.

Educar pelo jornal: o ABC em seis lições para infância pobre de Fortaleza

Francisco Ari de Andrade [email protected]

O presente artigo destaca uma iniciativa pedagógica de ensinar o ABC às crianças pobres da cidade de Fortaleza. Foi desenvolvida pela normalista Ana Facó (1855-1927), no começo do século XX. Diplomando-se professora exerceu o magistério primário. Atuou como escritora e jornalista. Propôs o ensino do abecedário, por meio do Jornal do Ceará, na Coluna Escola. As lições se iniciavam pelo alfabeto e findavam com uma série exercícios de silabação e de formação de palavras. Tais aulas foram impressas nas edições do referido jornal no interstício de março a abril do ano de 1904. Segundo informações no preâmbulo, aquelas lições eram orientadas pelo método intuitivo e fundamentavam-se na Gramática Primária da Língua Portuguesa,

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de autoria do educador amazonense Paulino de Brito (1858-1919). A pesquisa que originou tal estudo foi desenvolvida junto ao setor de hemeroteca, na seção de microfilmagem, da Biblioteca Pública do Estado do Ceará. Ao serem localizados os volumes do referido jornal, identificaram-se na citada coluna as lições publicadas no período. De uma proposta de publicação de seis lições, segundo a professora Ana Facó era suficiente para alfabetizar crianças, apenas quatro delas foram localizadas. Ao serem analisadas, é destacada a riqueza pedagógica daquele material, que induzia uma intervenção individual no campo educacional. Impressas em forma de tabelas, compostas por colunas e linhas, seguiam-se pela apresentação do alfabeto com uma série de exercícios de silabação, gradativamente aumentados conforme o grau de exigência na aprendizagem. Segundo as recomendações, as lições deviam ser lidas e estimuladas em casa pelos próprios pais, particularmente, pelas “mães de família”, junto aos filhos menores, com a devida paciência que o ensino exigia, estando desaconselhado o uso de qualquer instrumento para castigo físico. O ato de ensinar exigia que acontecesse de forma “brincando”, para não exigir muito “esforço mental”, nem provocar “cansaço” nas crianças. Ao final da publicação dos encartes seriam aplicadas sabatinas aos alunos, para aferição da aprendizagem. Dentre aqueles que apresentassem a coleção das lições no jornal bem “limpa e sem rasgões” receberiam brinquedos como incentivo. Numa época caracterizada pela ineficácia da escola pública, devido à prevaricação do Estado brasileiro naquilo que rezava a Constituição republicana, verificados nos indicadores do período os altos índices de analfabetismo da população em idade escolar, deve-se admitir a notoriedade daquela proposta, mesmo não atentando ao fato de que quase a totalidade daquelas mães não soubesse ler, nem escrever. Não obstante, aquela inciativa da educadora cearense antevia o uso de mídias na promoção da educação formal, onde o jornal fora eleito instrumento capaz de aproximar pessoas ao mundo do conhecimento e da informação.

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Escolas maternais em Santos (1902- 1930): contribuição para a história da infância e da

formação de professoras

Maria Apparecida Franco Pereira (UCS/SP) [email protected]

As escolas maternais do Liceu Feminino Santista têm o seu início ligado à educadora paulista Anália Franco, fundadora da Associação Instrutiva e Beneficente do Estado de São Paulo. Através da liderança de Eunice Caldas (professora normalista) foi instituída em Santos em 1902 uma filial dessa instituição que logo se desligou, fundando-se a Associação Feminina Santista, que foi criada com a finalidade de educar e elevar a mulher e habilitá-la para o magistério: Varias escolas maternais, entre elas Anália Franco e Julio Conceição, foram idealizadas para atender à prática de ensino do Liceu Feminino Santista, o curso de formação de professores da instituição (escola complementar, de 4 anos de formação após o curso primário ). O Liceu era dirigido por um grupo de mulheres da elite santista que tinham a assessoria de seus maridos, profissionais liberais ( entre eles Vicente de Carvalho, que foi Secretário dos Negócios do Interior do Estado de São Paulo, no final do século XIX ) e localizou-se no bairro Vila Nova, centro importante da vida intelectual da cidade e vizinho a bairro operário, junto à orla portuária. Como Santos era uma cidade habitada por imigrantes (45 % em 1913), as escolas maternais atenderam a um grande número de filhos de portugueses, italianos e espanhóis, respectivamente. Durante a Primeira República, o Liceu manteve só as escolas maternais para a educação infantil (crianças de 3 a 6 anos), utilizando nos documentos por vezes nomenclaturas como Jardim da infância ou núcleo infantil. Esta comunicação pretende estudar essas escolas infantis, observando os seus objetivos, a quem atendia, que metodologia utilizava. A instituição procurava seguir o modelo da Escola Normal de S. Paulo. A Revista de Ensino apareceu na aquisição do material pedagógico, bem como, desde o início,

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414 Sumário Eixo 4

o material froebeliano foi trazido da Europa. Tudo indica a sua inserção nas idéias iniciais da Escola Nova, na cidade e no modelo dos Jardins de Infância de São Paulo. Ao atender essas crianças pobres, freqüentavam também algumas crianças filhas da elite diretora da escola e da cidade. Para esta pesquisa foram importantes os estudos de Kishimoto (1988), Kuhlmann Jr. (1991), Marcos Cezar Freitas (2001, p.11-18). O mais fundamental, porém, foi à documentação do Liceu Feminino Santista: Livros de matrícula, de freqüência de alunos, de presença de professores; de atas de reuniões, de cópias de ofícios expedidos e material iconográfico. Entre os primeiros resultados, pode-se concluir que essas escolas maternais, gratuitas, eram bem procuradas pela população operária ( cerca de 100 crianças ou mais a cada ano ) , apesar de serem instrumentos de prática de ensino. para a escola de formação de professores: suas mestras eram alunas cursando o magistério. Entretanto, apesar de todo esforço e aplicação de metodologia moderna, a escola de formação do Liceu Feminino Santista só foi reconhecida oficialmente pelas autoridades municipais de Santos.

“Filosofia para crianças” análise do projeto educação para o pensar

implantado nas séries inicias da rede municipal de São José – SC (2001-2008)

Karine Rodrigues Ramos (UDESC) [email protected]

Celso João Carminati (UDESC) [email protected]

A presente pesquisa investiga o Projeto: “Educação para o Pensar” implantado nas séries iniciais do Ensino Fundamental da rede municipal de são José – SC como disciplina de filosofia no ano de 2001. A preocupação deste estudo está atrelada a investigação de como os pressupostos filosóficos e práticos do movimento “Filosofia

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para crianças” postulado para reformar o Ensino escolar com possibilidades criticas e criativas foi de fato utilizado nas práticas pedagógicas e inserido no currículo das turmas de 1º ano do Ensino Fundamental. A análise se dará acerca das categorias: O tempo da filosofia entre crianças, Os espaços da filosofia entre crianças, As regras de jogo da filosofia entre crianças, O modo habitual da filosofia entre crianças (atividade prévia ao trabalho textual, apresentação de um texto, problematização do texto, discussão filosófica, atividade posterior a discussão) e as possibilidades curriculares de aprimoramento da dimensão crítica, criativa e ética de pensar das crianças do 1º ano do Ensino Fundamental. Foi escolhido, como recorte temporal, o ano de 2001 para a análise das primeiras Escolas a aderirem ao projeto, são elas: Escola Municipal Albertina K. Maciel situada no bairro fazenda do Max , Escola Reunidas Municipal José Nitro situada no bairro José nitro e Escola Municipal Urbana Docilicio Vieira da Luz situada no bairro Potecas. A fundamentação teórica é alicerçada nos estudos sobre filosofia para crianças do Filosofo Walter Omar Kohan pesquisador do programa Filosofia para crianças de Matthew Lipman pioneiro na construção de um curriculum para promover este pensar tendo como o ponto de partida uma revisão radical do currículo escolar e pelo conceito de poder de Michel Focault. A base metodológica e empírica é constituída pela análise do currículo planejado no curso de formação de professores realizado pelo departamento de filosofia da secretaria de educação e cultura de São José como modelo piloto para as escolas que aderiram o projeto em 2001 e entrevista com o Coordenador do projeto Alberto Thomal, o Secretário da educação Fernando Elias e Professores que aplicaram o currículo. Conclui-se que a secretaria e as escolas buscavam de diferentes formas formar professores capacitados e teve como objetivo construir um currículo próprio para o projeto de filosofia. Cada uma das Escolas analisadas, ao seu modo, buscou colocar o projeto em prática, criando mecanismos, utilizando as categorias elaboradas pelo currículo e criando assuntos a serem investigados a partir de suas necessidades sociais.

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416 Sumário Eixo 4

História da alfabetização: reflexões sobre as contribuições da Companhia de Jesus

Ayala de Sousa Araújo (UFS/NPGED) [email protected]

Compreendendo que a história é resultado da memória do passado, dos acontecimentos e das ações dos indivíduos ao longo do tempo, este estudo situa-se no campo da história e da historiografia educacional brasileira. A realização desse estudo evidenciou-se a partir de duas situações, uma por se tratar de uma das categorias do meu objeto de estudo no curso de mestrado outra, que em decorrência das aulas da Disciplina Educação Brasileira, motivei-me a fazer um levantamento sobre a história da alfabetização, com enfoque no período colonial, mais precisamente, sobre o método de alfabetização utilizado pelos jesuítas. Assim, este estudo, tentando-se evitar o enfoque em tomar a “história como tribunal, ‘onde o olhar se transmuta em ‘olhar julgador’ e gera ‘versões estereotipadas dos movimentos educativos’” [...], isto é, “como guia para a ação do presente” (NASCIMENTO, 2003. p. 58), busca refletir sobre qual seria a contribuição dos jesuítas no processo de alfabetização no Brasil, se há relatos do método de alfabetização utilizado pela Companhia de Jesus. Nesse, sentido, levanta-se a hipótese de que podemos sim, falar na história do processo de alfabetização desde o período colonial. Esta reflexão desenvolveu-se com base em uma revisão bibliográfica, mediante diálogo com o texto de Araújo (1999), Azevedo (1963), a tese de Mariza Vieira da Silva intitulada “História da alfabetização no Brasil: a constituição de sentidos e do sujeito da escolarização”, bem como as importantes contribuições de Bontempi Jr. (1995), Nascimento (2003), Thompson (1981) e Toledo (1995). O principal intuito desse trabalho é contribuir com reflexões na compreensão da história do processo de alfabetização colonial brasileiro. Entendendo que ao tratar de questões relacionadas à nossa memória, expande o nosso conhecimento sobre a alfabetização no Brasil Colônia e sua provável influência na produção intelectual brasileira do período, ratificando a ideia desta como um bem cultural imprescindível a todas as pessoas.

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417 Sumário Eixo 4

Histórias de um passado não tão distante: políticas e práticas de educação infantil no

interior do Brasil

Caroline M. Cortelini Conceição Unisinos/Unioestei

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O presente trabalho aborda pesquisa de cunho historiográfico sob a perspectiva da História Cultural (Peter Burke, Sandra Pesavento, entre outros) e tem como propósito ampliar o conhecimento a respeito de educação da primeira infância no estado do Paraná. A pesquisa contempla o período do final do século XX, mais especificamente a partir da década de 1970. O recorte temporal justifica-se por tratar-se de período demarcado nacionalmente pelos movimentos de lutas por creches, inserção dos indicativos advindos dos organismos internacionais, exigências de ampliação das instituições de educação infantil, assinalado pela expansão desta instância de atendimento em âmbito nacional, ou seja, momento em que o setor público passa a se ocupar mais efetivamente dessas instituições, atendendo crianças carentes, numa perspectiva de assistência. O texto tem como proposta apontar e analisar, prioritariamente, três elementos que se destacam a partir dos dados obtidos até o momento, em município da região sudoeste do Paraná, Francisco Beltrão: o papel desempenhado pela Legião Brasileira de Assistência – LBA na educação da primeira infância; as condições de profissionalização daquelas que iniciaram nas primeiras instituições de educação infantil e as condições de infra-estrutura das instituições. Entendendo que a memória pode servir como recurso para problematizar temas da educação não contemplados em outras instâncias de pesquisa, utiliza-se a metodologia de História Oral efetuando-se análise da educação infantil, no contexto e período mencionados, a partir da narrativa de uma monitora de creches, que atuou entre 1983 e 2009. Também são utilizados acervos documentais, como jornais, relatórios institucionais e impressos escolares localizados em

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arquivos públicos. O estudo parte do seguinte pressuposto: o ato de reconstituir percursos através da memória, produzindo narrativas, pode contribuir para a escrita da história da educação local. Além disso, considera importante dar visibilidade às histórias e trajetórias de profissionais que atuaram nesta instância de escolarização. Valoriza a dimensão da memória de um determinado grupo e ao mesmo tempo propõe-se compreender os movimentos sócio- políticos realizados no âmbito da educação da criança pequena em um contexto delimitado. A análise dos dados obtidos permite confirmar o que vinha ocorrendo também em outros contextos do Brasil, isto é, a LBA desempenhou papel marcante junto às esferas locais, influenciando o panorama da educação infantil a partir de uma concepção preventiva e compensatória de educação da criança pequena. Em outras palavras, uma política que incentivava a instalação de creches em espaços físicos simples, com infra-estrutura precária e a contratação de profissionais sem qualificação.

Juventude e Escola Nova durante a era Vargas

Eliezer Raimundo de Souza Costa, (UFMG) [email protected]

Tornar o processo de aprendizagem algo mais significativo, de forma que o aluno possa participar efetivamente dele parece ser uma das preocupações mais duradouras que envolvem os docentes, ou aqueles que, de uma forma ou de outra, buscam alternativas no campo das teorias pedagógicas. Caminhando nessa direção, surgiu entre o final do século XIX e o início do XX, tanto na Europa quanto nos EUA, experimentos que resultaram na implantação de novas metodologias que procuravam envolver o aluno diretamente no seu processo de aprendizagem. Dentre os destaques dessas tendências, nos EUA, John Dewey (1859- 1952), defendia que o conhecimento se faz de forma significativa quando é gerado a partir da experiência de quem aprende e, na Europa, o mesmo foi tratado sobretudo através de intelectuais ligados à Escola de Genebra. Partindo do método dos projetos, chegaram a formulações que resultaram

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no ativismo como princípio básico e orientador do processo de aprendizagem. No Brasil essas novas propostas ganharam corpo principalmente entre intelectuais que se colocaram como portavozes desse movimento, inaugurando o movimento pela escola nova. Essa, segundo a formulação do documento que lhe deu origem, O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – A reconstrução educacional no Brasil – ao povo e ao governo, deveria não apenas ser um instrumento que renovasse as práticas educativas então em voga no país, mas também contribuir para se estabelecer um Estado que se fizesse público, ou seja, uma res publica. Especificamente em relação ao estudante adolescente, freqüentador do ensino secundário, essa proposta apresentava projetos que promoveriam a inserção e a participação do jovem estudante na vida pública. O objetivo dessa pesquisa é demonstrar de que maneira, entre os anos de 1930 e 1945 a juventude brasileira foi estimulada à participação cívica através dos grêmios e dos jornais estudantis. Serão estudados os grêmios estudantis da Escola Normal Modelo de Belo Horizonte, que exibem através dos seus livros de ata uma organização e cerimonial interno de forma quase ritualizada e, jornais produzidos por alunos membros dos grêmios estudantis do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, onde os alunos se manifestavam sobre temas variados. Tanto os grêmios da ENMBH quanto os jornais do Colégio Pedro II, eram produzidos diretamente pelos alunos, o que esse trabalho pretende explicar como um dos procedimentos utilizados pelos escolanovistas para envolver os alunos jovem no seu processo de aprendizagem. Os suportes teóricos para o desenvolvimento da pesquisa são, de um lado, as culturas e práticas escolares, enfocando grêmios e jornais como estratégias e práticas educativas e, de outro, as culturas políticas, uma vez que, preparar esses jovens para a vida pública significava a busca de um novo modelo de república que, inaugurado em 1930, deveria ser distinto daquele se encerrava naquela mesma data.

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Localização, identificação e catalogação de livros didáticos: contribuições para a história

das disciplinas escolares

Kênia Hilda Moreira FAED/UFGD

[email protected]

Objetiva-se apresentar os procedimentos metodológicos de localização, identificação e catalogação de livros didáticos usados na Escola Estadual Presidente Vargas, localizada em Dourados/MS, no período de 1951 a 2000, bem como, a lista das obras didáticas identificadas até o momento para a composição do catálogo. Trata-se de um projeto de pesquisa em andamento, com financiamento do Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), vinculado ao projeto maior intitulado: “Livros didáticos como fonte para a história da educação: catalogação e análise”, cadastrado na coordenadoria de pesquisa da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e no Laboratório de Documentação, História da Educação e Memória (LADHEME/UFGD). Considerando que o livro didático é um objeto de estudos relevante para a história da educação, como fonte privilegiada de investigação para historiadores da educação em suas diferentes especialidades, dentre as quais a História das Disciplinas Escolares (CHERVEL, 1990), a História do Currículo (GOODSON, 1995), e a história interna da escola ou das práticas escolares (VIDAL, 2005), o exercício metodológico de localização, identificação e catalogação de livros didáticos torna-se importante, uma vez que o trabalho com estes materiais, quase sempre dispersos e fisicamente vulneráveis, faz com que a simples localização e identificação de exemplares consumam muito tempo e energia nos trabalhos de campo (CARDONA, 2008). A perspectiva de investigação em questão parte da premissa de que os livros didáticos se convertem em fonte privilegiada para a História das Disciplinas Escolares, analisada por Chervel (1990) e Belhoste (1996) como parte integrante da cultura escolar. Dentre os procedimentos de localização dos livros didáticos da Escola Estadual Presidente Vargas (1951 e 2000), destaca-se, o estudo dos livros de visita de inspeção escolar; as listas de livros didáticos da

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biblioteca da escola; planos de aula dos professores; atas de reuniões sobre seleção de livros didáticos; listas de seleção dos livros a serem comprados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) a partir do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD); listas de títulos aprovados pelas instâncias governamentais no estado do Mato Grosso do Sul; e indicações de títulos em programas curriculares estabelecidos pelo estado do Mato Grosso do Sul. A catalogação, por sua vez, levará em consideração as disciplinas. O trabalho em questão pretende contribuir para pesquisas futuras em torno da História das Disciplinas Escolares, em especial no Mato Grosso do Sul, tanto no que diz respeito à apresentação e disponibilização de fontes, como no que se refere aos procedimentos metodológicos para pesquisas que envolvam a relação entre livro didático e história da educação.

Na algazarra das brincadeiras e no acalanto das histórias e músicas: os primeiros aprendizados

de criança (Caetité-Ba, 1910-1930)

Giane Araújo Pimentel Carneiro (UFMG/UNEB) [email protected]

Este estudo visa analisar os primeiros aprendizados da criança na vida familiar em Caetité- BA, no período compreendido entre as décadas de 1910 e 1930. Essas experiências nos ajudam a perceber as práticas educativas direcionadas à infância, a exemplo das brincadeiras e das práticas fundamentadas na oralidade, como a contação de histórias e as músicas. Nas primeiras décadas do século XX, a criança ocupou lugar de destaque nos discursos dos projetos republicanos. Para garantir o progresso e o futuro do País, caberia às gerações mais velhas educar a criança. A educação da criança tornou-se uma das principais funções da família, além da transmissão dos bens e do nome. Nessas ações, como ocorriam as práticas educativas vivenciadas pelas crianças na família? Para adentrar no cotidiano da vida privada e investigar essa questão, utilizamo-nos das correspondências trocadas entre os membros de uma família da elite local, das inúmeras fotografias preservadas nos álbuns de fotografia e de duas obras memorialísticas de pessoas que viveram

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suas infâncias em Caetité, na época em estudo. O entrecruzamento de dados foi possível ainda por meio de notícias do jornal A Penna, editado na cidade e em efetiva circulação no período analisado. As práticas ocorridas na vida familiar evidenciaram que havia uma intencionalidade e muito esforço na preparação para a vida adulta, principalmente entre as crianças de elite. A criança pequena aprendia as primeiras lições de vida junto à família, no espaço privado da casa. À medida que ia adquirindo maior autonomia, como ser capaz de comandar seus passos, os espaços começavam a se ampliar, assim como abrir novas perspectivas para outros aprendizados, mesmo sob a responsabilidade do pai e da mãe ou adultos responsáveis. Aprender a ter o controle motor sobre seu corpo, aprender a falar e a compreender a língua materna propiciavam o aprendizado de outras práticas culturais oriundas do seu grupo de origem, como as brincadeiras e as histórias que foram sendo elaboradas e repassadas de geração a geração, além das músicas e das festividades. Entrar em contato com as manifestações da cultura de que a criança fazia parte era fundamental na sua educação. Elas aproximavam a criança dos costumes da sua comunidade e, de certa forma, funcionavam como aprendizados das regras dos comportamentos desejados. Percebemos que aos poucos, a cada nova aprendizagem, o mundo da criança galgava passos e permitia-nos compreender como era produzida a infância no período e espaço em estudo.

O atendimento a criança pequena no Brasil (1870 – 1920)

Rosemeire Messa de Souza Nogueira (UFGD) [email protected]

Este resumo apresenta parte dos estudos realizados na construção do texto de qualificação de nossa tese de doutorado. Tem como objetivo refletir sobre a origem do atendimento público á infância no Brasil. Trata-se de um estudo bibliográfico, a partir do levantamento dos principais autores que estudam a história da educação infantil no Brasil. Para pensar sobre o atendimento ás crianças, buscamos

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na historiografia os dados necessários para a análise e delimitamos o final do século XIX e início do século XX, quando ocorre a origem do atendimento assistencialista para crianças pobres e o surgimento dos jardins de infância para crianças ricas. Nesse período encontra-se questões políticas, econômicas e sociais que produziram as condições históricas para a existência de elevado número de crianças em estado de pobreza extrema, impulsionando a criação de locais de recolhimento e guarda. Entre as questões políticas, econômicas e sociais podemos citar: o fim da condição de escravo pelo Estado, a começar pela Lei do Ventre Livre de 1871, quando a mãe continuava escrava e os proprietários queriam afastar os filhos libertos; o serviço doméstico das mulheres pobres e negras que não tinham onde deixar as crianças; o estado de pobreza e miséria dos trabalhadores em geral; o desemprego; o trabalho de mulheres mães nas indústrias a partir da década 1920; o aumento da população das cidades; a falta de remédios, vacinas e saneamento nos locais populosos (Kramer, 1984, Kuhlmann Jr, 2001 e 2004; Kishimoto, 1988; Monarca 2001). Kishimoto (1988) mostra a situação da creche no estado de São Paulo, escreve sobre a transição da creche como asilo de crianças abandonadas à instituição de abrigo e guarda da criança no horário de trabalho dos pais. As explicações da autora nos leva a pensar sobre os arredores das indústrias no ano de 1918, quando proliferaram albergues, onde pais e mães depositavam seus filhos mediante um baixo pagamento. Com base em Kuhlmann Jr. (2004), compreendemos que durante o final do século XIX e início do século XX, no campo das ideias, surge a concepção assistencialista, que se expressa nos discursos de políticos e pessoas envolvidas com a organização social brasileira, é uma das primeiras ideias que iniciam a responsabilização do Estado pela assistência social. Portanto, como resultado do estudo compreendemos que o nascimento do caráter assistencialista é percebido no curso desse período e as instituições que antes eram apenas asilo de crianças abandonadas e órfãs, dando abrigo aos filhos de trabalhadoras durante a jornada de trabalho, é a gênese da assistência pública estatal. Essas instituições que guardavam as crianças eram compostas por um ambiente que educava para a submissão, constituindo-se na proposta pedagógica assistencialista.

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424 Sumário Eixo 4

O ensino de história para crianças nos livros de leitura: a pátria brasileira e argentina na

primeira metade do século XX

Diane Valdez Universidade Federal de Goiás (UFG)

Universidad Nacional de La Plata (UNLP) [email protected]

A conexão entre instituições acadêmicas brasileiras e argentinas tem possibilitado visibilizar e ampliar o acesso à história dos processos educacionais nos dois países, permitindo avançar na construção de espaços de discussões que podem diminuir a distância e as lacunas existentes na integração dos países latinos americanos. Neste sentido, propomos divulgar os primeiros resultados da pesquisa de pós-doutoramento que investigou os ensinamentos de história pátria nos livros seriados de leitura brasileiros e argentinos da primeira metade do século XX. Os objetivos da pesquisa, entre outros, é de, nos desafios da história da educação comparativa, confrontar as representações da história pátria apresentadas às crianças do ensino primário nos livros de leitura com vistas nas transformações políticas, sociais e educativas nos dois países, anotando as similaridades e especificidades. Na área de História da Educação, há um crescente interesse pela pesquisa da escrita e do ensino de História, usando como fonte os livros, compêndios e manuais, contudo, recorre-se a obras especificas da área de História destinada ao ensino de adolescentes e jovens, desconhece-se pesquisas que abordam o ensino de História para crianças nos chamados livros de leitura. O critério para a escolha dos livros de leitura seriados foi os livros mais adotados nos dois países, valendo de pesquisas anteriores com livros de leitura brasileiros, recorremos, aos terceiros e quartos livros de leitura de seis autores. Quanto aos livros de leitura argentinos, obras encontradas na Biblioteca Nacional de Maestros, a despeito de que havia mais títulos e autores deste tipo de obras, foram selecionadas o mesmo número de obras. Ao analisar o tema da história pátria, dois

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425 Sumário Eixo 4

séculos após os processos de independência da Argentina (1810) e do Brasil (1822), é possível perceber a crença depositada nos livros na função transformadora e redentora da educação, somada ao crédito de que o amor à pátria iluminaria as tenras mentes infantis na missão da organização da sociedade para formar um estado moderno. A despeito das particularidades dos países hispânicos, podemos afirmar que, bem como no Brasil, desde o século XIX, o ensino de História nacional, caracterizava-se pelas tentativas de solidificar a pátria e, para tanto, fazia-se necessário escrever livros com histórias de êxitos, pois os livros eram considerados determinantes para que o maior número de pequenos cidadãos atingisse o acesso à linguagem, preocupação primordial de intelectuais que tinham como alvo as crianças como objeto de confirmação educativa. Contudo há particularidades, pois o processo de independência dos dois países criou regimes políticos específicos, fato que, influenciou na composição dos livros de leitura elaborados para a infância, resultados que apresentaremos com melhor visibilidade no texto completo.

O jovem dos clubes 4-S como elemento difusor da modernização das práticas

agrícolas em Minas Gerais nas décadas de 1950 e 1960

Leonardo Ribeiro Gomes(FAE/UFMG) [email protected]

Nesta comunicação discuto o trabalho de formação de jovens rurais desenvolvido pela Associação de Crédito e Assistência Rural – ACAR-MG, por meio dos Clubes 4-S (Saber, Sentir, Saúde, Servir). Fundada no contexto do pós Segunda Guerra Mundial a ACAR-MG nasceu do convênio entre o Governo de Minas e Associação Internacional Americana – AIA. Visava à intensificação da produção agropecuária por meio da modernização das condições técnicas na lavoura e da melhoria da qualidade de vida do homem rural no estado. Segundo o discurso oficial a contratação,

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treinamento e atuação de um corpo de profissionais munidos de conhecimentos científicos, mais a vontade de “ajudar o homem do campo a ajudar a si mesmo”, com a concessão de empréstimos financeiros aos pequenos e médios proprietários rurais, seriam condições imprescindíveis para quebrar as barreiras que atravancavam o processo de modernização da produção agrícola mineira. Em 1952, com a coordenação de técnicos da ACAR-MG, foi fundado o primeiro Clube 4-S do Brasil no município de Rio Pomba – MG, na comunidade de Igrejinha. Logo outros clubes foram fundados em inúmeras localidades de Minas e do Brasil. Os clubes 4-S se constituíam de jovens entre 10 a 21 anos, filhos de pequenos e médios proprietários rurais, atendidos pela ACAR-MG. Acreditava-se que formando o jovem este seria um elemento difusor da modernização que se esperava alcançar junto ao meio rural. Os clubes foram inspirados nos Clubs Four-H (head, heart, hands, health) dos EUA. A Extensão Rural e os Clubes 4-S no estado foram institucionalizados no momento que tanto Minas Gerais e o Brasil da década de 1950 viviam tempos dos embates em torno do chamado desenvolvimentismo. A formação do jovem rural em torno dos clubes não se dava na escola formal, porém muitos objetivos perseguidos pela educação escolar estiveram presentes nos 4-S, ou seja, a idéia de se preparar o país e a sua juventude para uma nova era que se anunciava. A meu ver, a ação extensionista e atuação dos clubes visavam também formar uma espécie de classe média rural. Os jovens rurais, formado nas concepções extensionistas seriam eles próprios formados e formadores de uma classe média rural, responsável por estabelecer os mecanismos de modernização das práticas agrícolas e do próprio estilo de vida, capazes de efetivarem o desenvolvimento econômico e social do campo em bases capitalistas. As fontes analisadas constituem parte do acervo do Centro de Documentação e Pesquisa em Extensão Rural da EMATER-MG, localizado em Belo Horizonte. As fontes privilegiadas nesse artigo serão os relatórios anuais de atividades da ACAR-MG e os folhetos instrucionais para integrantes dos Clubes 4-S. Além disso, serão consultados exemplares do jornal O Ruralista.

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427 Sumário Eixo 4

O lugar da mulher e da criança na obra Casa-Grande & Senzala

Msc. Ana Regina Ferreira de Barcelos UFSC [email protected]

Msc. Júlia Siqueira da Rocha UFSC [email protected]

A proposta trata de uma reflexão sobre o lugar da mulher e da criança na obra Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre. Não se abordará a vastidão das inúmeras facetas da obra, nos detemos de modo especial, no quarto capítulo, o qual se intitula “O escravo negro na vida sexual e de família do brasileiro”. Para organizar esta reflexão optamos como itinerário metodológico, por um estudo bibliográfico. É importante destacar que Freyre define esta obra como um ensaio de sociologia genética e de história social, ele pretendia fixar e interpretar alguns dos aspectos que avaliava como mais significativos da formação da família brasileira. Buscamos apreender alguns fragmentos, que revelem a relação educativa travada com as mulheres e as crianças, no interior da sociedade patriarcal escravocrata e rural, estabelecendo um contraponto com o que ocorria na cidade em processo inicial de urbanização e industrialização, no mesmo período. Recorro ao diálogo com Gondra; Garcia (2004) e Ostetto (1990), para localizar pistas que ilustre como esta relação ocorreu na passagem do Império para República. A obra de Freyre tem uma contribuição importante, que revela pistas do confronto com o projeto em curso de um Estado Nação, em uma sociedade pré-industrial e urbana que precisa firmar suas bases, enquanto Estado laico e regulador no ínterim do final do Império e início da Primeira República. Nessa relação, que lugar tem a mulher e a criança? Essa questão permeia todo o texto. Não podemos deixar de destacar que a análise de Freyre tem a marca do homem branco e senhor, é uma versão que agrada a elite. Ele enaltece a contribuição do negro na composição da nossa “brasilidade” e apresenta uma versão bastante particular da mestiçagem, este movimento acaba por

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minimizar o impacto da escravidão, o que confere a sua obra críticas contundentes. Ao compreender o lugar de onde fala Gilberto Freyre, consegue-se perceber porque o esforço, constante da “conciliação”, da “confraternização”, do “equilíbrio dos contrários”, que explora como modo próprio de apreensão do real. Ele é um exímio sociólogo que busca entender seu tempo. Freyre vasculha pistas como um historiador e no manuseio dos mais inusitados objetos, revela a sua visão da cultura e do modo de ser do brasileiro. Nesta análise é possível identificar “um não lugar” das mulheres (brancas e negras) e das crianças. A separação entre os tempos criança/ mulher, eram difusos e a relação de posse e domínio bastante acirrada. A obra Casa Grande & Senzala, nos auxilia a perceber que as transformações não se consolidaram de forma abrupta e total. No lento processo de mudança social, os elementos de transformação e permanência confrontam- se quase infinitamente e alguns permanecem à sombra, sempre prontos para nos assaltar em gestos, palavras e escolhas.

Origem, prática educativa e evolução do Movimento de Educação de Base (MEB) em

Itacoatiara-AM

Fabricio Valentim da Silva  [email protected]

Os documentos encontrados na cúria prelatícia foram organizados, analisados, catalogados e interpretados. Esses apontam que, em Itacoatiara-AM, o Departamento do MEB foi criado no dia 8 de outubro de 1998, pelo MEB Amazonas com apoio do Pe. Dionísio Kuduavick, Administrador Apostólico da Prelazia da Igreja Católica do município. Vale ressaltar que Pe. Dionísio Kuduavick foi o principal idealizador do movimento em Itacoatiara-AM. A maior parte dos documentos pesquisados situa-se na terceira fase do movimento (1972-2002) em nível nacional. Apesar da diversidade de informações contida nos documentos, ainda não se pode analisar e chegar a conclusões definitivas que

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visam historiar o MEB em Itacoatiara no período em questão. Mas há documentos incontestáveis, com base nos quais se pode afirmar que, durante a atuação do MEB em Itacoatiara, o rádio não era o principal meio de transmissão das aulas. Tal situação difere do que ocorreu no caso do MEB Tefé, onde professor locutor encontrava-se na sede e transmitia as aulas via rádio para as comunidades, dando suporte aos monitores assistentes que lá se encontravam. O MEB Tefé contribuiu na formação da equipe de Itacoatiara. Houve troca de experiências e informações, já que o MEB Tefé fazia parte do movimento desde sua criação em nível nacional. Em Itacoatiara as aulas eram presenciais e os professores utilizavam cartilhas elaboradas pelo próprio MEB de acordo com a realidade local. Além disso, havia treinamento para a população local reproduzir e expandir as diversas atividades promovidas pelo MEB nos campos da saúde, educação, cultura, organização comunitária, direitos das mulheres, preservação dos lagos e rios. Esse era o principal objetivo do movimento, não apenas alfabetizar pessoas e sim torná-las cidadãos críticos. Essas atividades foram realizadas nos bairros de São Jorge e Jauary e lago Serpa (a 7 Km da zona urbana de Itacoatiara). Na visão do MEB esses eram os grupos que necessitavam de auxilio tanto na área educacional quanto social e ambiental. Os materiais didáticos diferenciados e todo custeio do MEB Itacoatiara era financiado via CORDAID (Organização Católica para ajuda, emergência e desenvolvimento) e MEC (convênios). Apesar dos auxílios de importantes instituições, houve uma crise em 2001/2002 na sede do MEB em Brasília, culminando no encerramento da regional no Amazonas (Tefé, Carauari, Jutaí, Itacoatiara). Portanto, o movimento foi pioneiro no processo de organização, deixando heranças como os sindicatos, as associações de bairros e a preservação do lago de Serpa. Essa última não foi assistencialista, possibilitando, através de suas ações, mecanismos para que esses grupos assessorados se desenvolvessem e tomassem suas próprias decisões, para por fim adquirir autonomia.

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Os alunos e a instrução pública em Cotia, província de São Paulo, na segunda

metade do século XIX

Fernanda Moraes dos Santos  [email protected]

O presente trabalho apresenta parte de minha pesquisa de mestrado em andamento, vinculada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Pretende-se investigar quais alunos estavam matriculados e frequentes nas escolas do município de Cotia, Província de São Paulo, entre os anos de 1860 e 1900, no que se refere ao pertencimento socioeconômico, étnico, de gênero e ascendência familiar dos estudantes, por meio do cruzamento de dados de documentos escolares oficiais (livros de matrícula de alunos) com dados presentes em documentos de batismo e em recenseamentos. Também objetiva-se investigar a institucionalização da obrigatoriedade do ensino no local. Considerando a sociedade e o contexto em que as crianças estavam inseridas, é sabido que nem todas tiveram a oportunidade de estudar, por motivos variados, assim, também buscaremos investigar em que medida a legislação legitimava a não frequência dos alunos nas escolas. O recorte temporal da pesquisa contempla dois marcos importantes da educação da Província de São Paulo (a sanção da lei provincial de obrigatoriedade do ensino de 1874 e a reforma educacional de 1892 que, entre outras coisas, ampliou o número de escolas de ensino primário preliminar), além da Lei do Ventre Livre (1871) e a abolição da escravidão (1888); e permite analisar os efeitos dessas medidas na instrução pública local. Buscar-se-á analisar, também, como se desenvolveu a relação entre o discurso do Estado e as práticas cotidianas locais referentes à escolarização, considerando o momento por qual Cotia passava (relativo ‘auge’ econômico da região na década de 1870, devido a sua função de pouso de tropeiros, que trouxe a ela certo desenvolvimento econômico, e a ‘decadência’ na década de 1890, quando deixa de ter a função de

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pouso de tropeiros e assiste a uma evasão populacional). A pesquisa refere-se, além do contexto local, também ao contexto brasileiro, em que houve a transição entre Império e República, momento em que os ideais republicanos começavam a ser postos em prática na legislação referente à educação. Para investigar a etnia, o gênero, a ascendência e o pertencimento socioeconômico do alunado, os nomes dos alunos, baseando-se na teoria metodológica de Ginzburg (1989), são o primeiro guia. A partir dos nomes presentes nos documentos escolares, serão levantadas informações nos registros de nascimento pertencentes à Cúria Metropolitana de São Paulo e os dados serão cruzados. Como referenciais teóricos, a pesquisa baseia-se em Norbert Elias (1994), no que se refere à complexidade da tessitura social engendrada por sociedade e indivíduos que se complementam, desenvolvendo uma relação de interdependência, e Certeau (2000) quanto ao nosso lugar como historiador, pois não recuperamos o passado, mas o interpretamos e produzimos inteligibilidade por meio da organização do discurso e do recorte.

Percurso histórico do Cineduc: o fazer-se de seus protagonistas

Aldenira Mota do Nascimento (Unirio) [email protected]

A prática educativa no século XXI lida com as diferentes tecnologias disponíveis, promovendo a reflexão sobre os saberes/fazeres dos protagonistas do cotidiano escolar: professores e estudantes. Em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova mostrava a importância da relação cinema e educação, ou seja, o cinema foi considerado uma atividade educativa importante para a formação educacional. Esta pesquisa tem como objetivo discutir a importância do cinema no processo educativo a partir da análise do percurso histórico do Cineduc, uma ONG que foi pioneira na articulação entre cinema e educação no Brasil, preocupada com a formação de crianças e professores. Sua atuação começou no Rio de

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Janeiro, em 1969, por iniciativa da Igreja Católica. Consideramos que resgatar essa história pode ser uma contribuição expressiva para se compreender a importância do cinema na prática educacional. Buscamos uma perspectiva histórica que capte o fazer-se das pessoas que realizaram esse projeto. A pesquisa partiu de um levantamento bibliográfico, seguindo pela realização de entrevistas com as fundadoras da ONG, análise de documentos do arquivo pessoal de uma delas e do acervo do Cineduc. Para fundamentar teoricamente este estudo, dialogamos com as ideias de Edward P. Thompson, selecionando os conceitos de processo e experiência com o intuito de compreender as especificidades, estratégias e táticas dos protagonistas dessa história. Da obra de Thompson A formação da classe operária inglesa (1987), utilizamos a expressão “fazer-se”, no sentido de entender uma instituição cultural que surge a partir dos processos experimentados e vividos. Julgamos importante que as ações desses protagonistas aconteçam no cotidiano, por isso também trouxemos para o diálogo Michel de Certeau (1994), para nos ajudar compreender as práticas cotidianas dos atores que participaram do Cineduc e investigar como eles criaram as estratégias e táticas do fazer-se dessa instituição. Consideramos que todo movimento sociocultural é processual, de modo que, como em Thompson, a experiência fundamenta a instauração de determinadas práticas e valores. Michel de Certeau também auxiliou na percepção da complexidade dos processos e na compreensão das táticas e estratégias desses professores em seus cotidianos. Como o Cineduc trabalha com cinema, também dialogamos com a obra de Walter Benjamin (1994), a partir do seu olhar sobre teoria da arte, entendida como pensamento e política, e principalmente através da concepção de cinema como arte feita para a massa, sendo, portanto, uma linguagem que possibilita a discussão sobre arte e democracia. Enfim, procuramos compreender como as pessoas envolvidas com o projeto do Cineduc trataram da relação cinema, educação e infância.

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Prática Pedagógica do Movimento de Educação de Base (MEB) em Itacoatiara-AM

Fabricio Valentim da Silva [email protected]

Segundo SOUZA & SILVA (2011), o Departamento do Movimento de Educação de Base (MEB) em Itacoatiara-AM foi criado em 8 de outubro de 1998, pelo MEB Amazonas. Houve apoio do Pe. Dionísio Kuduavick, administrador apostólico da prelazia da Igreja Católica do município e principal idealizador do movimento em Itacoatiara-AM. A maior parte dos documentos pesquisados situa-se na terceira fase do movimento (1972-2002) em nível nacional. Durante a atuação do MEB em Itacoatiara o rádio não era o principal meio de transmissão das aulas, como foi no caso do MEB Tefé. Nesse sistema, o professor locutor encontrava-se na sede e transmitia as aulas via rádio para as comunidades, dando suporte aos monitores assistentes que lá se encontravam. Dessa forma, buscou-se analisar a prática pedagógica do MEB em Itacoatiara – AM, no período de 1998 a 2002. Avaliou-se o papel da equipe de coordenação e da Igreja Católica no desenvolvimento das práticas pedagógicas do MEB e identificou-se o material didático utilizado pelo movimento. As aulas eram presenciais em Itacoatiara. Os professores utilizavam cartilhas elaboradas pelo próprio MEB Amazonas de acordo com a realidade local. Constatou-se que as aulas de alfabetização funcionavam em algumas escolas municipais e eram compostas por adultos de diversas profissões: pedreiros, carpinteiros, donas de casas, etc. As turmas tinham em média quinze (15) educandos, pois a evasão escolar já era um problema comum na educação de jovens e adultos. Detectou-se a prevalência dos núcleos de alfabetização na zona urbana, porque havia inúmeras dificuldades financeiras e estruturais para implantação de turmas na zona rural. Quanto ao material didático recebido pelo MEB Itacoatiara, as cartilhas foram adaptadas para a realidade amazônica, como no caso da cartilha “O Ribeirinho”. Destaca-se também a utilização de uma cartilha em relação à questão

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de gênero, pois os coordenadores das regionais do MEB observaram que haviam inúmeros conflitos e preconceitos sobre a participação da mulher no mercado de trabalho e na vida estudantil. Objetivava-se com a utilização dessa cartilha combater um dos grandes motivos das evasões. O MEB atuou em Itacoatiara por três anos e seu público eram pessoas carentes socialmente. Seu encerramento deu-se por motivos financeiros e administrativos. Observou-se que o MEB não sobreviveria por muito tempo, mesmo que houvesse financiamentos, já que a nova administração apostólica apresentava uma linha pastoral contrária ao trabalho desenvolvido pelo MEB.

Sobre a educação feminina: o caso de Helena Morley (1893-1895)

Márcia Cabral da Silva (UERJ) [email protected]

Considerado pela crítica literária diário de uma menina da província no final do século XIX, Minha Vida de Menina, de Helena Morley, pseudônimo de Alice Caldeira Brandt (1880-1970), traça um amplo painel social da provinciana Diamantina entre 1893 e 1895, período em que a narradora, contando 13, 14 e 15 anos de idade cursava a Escola Normal do local. Sobre o gênero denominado “escritas de si” (Gusdorf, 1998) já se conhece literatura expressiva. Cartas, romances autobiográficos, autobiografias, literatura de testemunho, diários são expressões desse gênero de caráter mais geral, que, para além de narrar as vicissitudes de um sujeito que se move na história, permite ao historiador no presente documentar vestígios desse passado, como adverte Bloch (1999). Esses registros, segundo uma abordagem que valora as escritas de si, são tratados como estratégia de aproximação das experiências de vida de um tempo e lugar. Ademais, não se trata apenas de se ler uma experiência individual, mas da possibilidade de reconstrução de experiências de vida de grupos sociais nas quais a subjetividade de uma dada pessoa dialoga e se insere. Nessa perspectiva, toma-se a escrita de si como fonte histórica. Em Minha Vida de Menina, evidencia-se o gênero diário. Escrita datada, em registro sequencial com intervalos, segundo recorte

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temporal bem delimitado: 1893-1895. Neste trabalho, busca-se examinar nuances desse período histórico no Brasil, trazendo-se para o primeiro plano elementos da formação de Helena Morley registrados naquele diário. Dentre os planos que emergem no texto, destaca-se a passagem da infância à mocidade da menina, cujo pai, descendente de família inglesa, exerce a função de pequeno minerador na região. No que diz respeito à instrução, emerge a forma escolar (Vincent, Lahire, Thin, 2001) associada à escola normal da época: programas de ensino adaptado às cores locais, método de ensino individualizado, exames escritos e orais, as fórmulas de castigo e de premiação. Necessário notar que, ao lado da instrução formal na escola, comparecem marcas emblemáticas da educação doméstica como uma segunda esfera dessa formação, haja vista que a escrita configurada em diário ganha forma, segundo a narradora, pela mediação paterna. A par dessa formação estrita, examina-se do mesmo modo o contexto sócio-cultural do período, do qual emerge um tipo de sociedade patriarcal, recém-saída da escravidão. O governo dos sujeitos no âmbito da escola e da vida familiar é, com frequência, regulado por essa visão de mundo. Os resultados preliminares alcançados ao longo desta pesquisa indicam, contudo, algumas rupturas em relação aos padrões de formação feminina da época assim como continuidades no que respeita ao ideário escravocrata e patriarcal, a regular comportamentos e sociabilidades entre os sujeitos naquele cenário de província no Brasil do final do século XIX.

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(In) visibilidade das professoras de criança: feminização do magistério no município de

Dourados/MS (1980-2010)

Gislaine Azevedo da Cruz [email protected]

Magda Sarat [email protected]

Este trabalho é um recorte de pesquisa vinculada a dissertação desenvolvida no PPGEdu/UFGD acerca de Memórias de Professoras Aposentadas no município de Dourados, priorizando mulheres que atuaram majoritariamente com a infância na Ed Infantil. O objetivo é investigar como se deu os processos de feminização da docência no Brasil, especialmente no estado de Mato Grosso do Sul e no município de Dourados a partir das trajetórias de professoras que atuaram com crianças. A opção metodológica está pautada nos pressupostos da História Oral e a produção da documentação utilizará para a coleta de dados, entrevistas com professoras douradenses que atuaram a partir da década de 80 do século XX e estão aposentadas. Buscaremos os caminhos percorridos pelas professoras em suas diversas práticas docentes, histórias e trajetórias da docência na Ed Infantil. No entanto, os primeiros levantamentos indicam que atualmente o município de Dourados/MS possui na rede pública 24 instituições de atendimento da Ed. Infantil, 37 escolas do Ensino Fundamental (entre urbanas e rurais) e 04 unidades em distritos que são atendidas pelo município. Tais dados divulgados pela Secretária Municipal de Educação relatam que o número de profissionais em serviço na Ed. Infantil tem em torno de 245 profissionais entre mulheres e homens, destacando um quadro feminino em sua maioria. O quadro dos profissionais aposentados, nos anos iniciais é de 613 docentes aposentadas/os, sendo destes, 565 mulheres e 48 são homens. No entanto, não é possível saber ainda, quantas destas estiveram na Educação Infantil. As informações preliminares possibilitam perceber a disparidade entre o número de

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docentes femininos e masculinos na rede pública escolar. As mulheres aposentadas são maioria em relação aos homens, evidenciando o número de professoras da rede pública, sem contar a rede privada, seguindo assim a tendência ao histórico processo de feminização do magistério com crianças. Neste contexto, a perspectiva é mapear o número de professoras de crianças, especialmente na Ed Infantil que atuaram desde 1980 a 2010 e atualmente estão aposentadas. Nos arquivos visitados em secretarias, institutos previdenciários, órgãos sindicais, percebe-se que não há nenhum controle sobre qual o número de profissionais aposentados da Ed Infantil, se haviam mulheres e homens. Não existe uma separação das/os aposentadas/os por etapa do ensino, escolas, ano, enfim. Percebe-se que a falta de registros está diretamente ligada à história do descarte e da desorganização dos arquivos e fontes escolares. Deste modo, a proposta é continuar a investigação e os levantamentos no intuito de revelar a participação e a contribuição das docentes, e de suas trajetórias profissionais à história da educação local.

“Com quatorze anos comecei a ensinar”: lembranças (quase) esquecidas do “ser” e

“fazer” docente

Joaquim Francisco Soares Guimarães Universidade Tiradentes/UNIT

[email protected]

Rony Rei do Nascimento Silva Universidade Tiradentes/UNIT

[email protected]

O presente artigo é fruto da dissertação de mestrado em andamento “Memória de Educadoras: práticas escolares e cultura escolar em Umbaúba nas décadas de 1960, 1970 e 1980”, e toma por objeto de estudo as memórias do “ser” e “fazer” docente da professora Maura Fontes Hora, 79 anos, residente no município de Umbaúba, cidade localizada no sul sergipano. Para este trabalho, traçamos o objetivo de

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compreender como a referida professora delineou sua carreira docente no trajeto percorrido nas instituições escolares onde atuou, uma vez que, foi nomeada professora aos quatorze anos de idade para “Escola Isolada Municipal”, localizada no município de Cristinápoles, na década de 1940, bem como tantas outras da rede Municipal de Estadual que povoaram a sua representatividade educacional da cidade de Umbaúba. O valor de tecermos a história de vida da nossa personagem está alicerçado na razão de que seu viver como professora muito diz dos desdobramentos do “ser” e “fazer” docente do seu tempo e lugar. Para alcançar o objetivo, atentamos para as seguintes questões: O que as memórias da professora Maura Fontes Hora podem revelar do “ser” e “fazer” docente? Como se delineou sua carreira profissional, bem como a da sua categoria no referido tempo e território? Na sua prática docente mais criou ou reproduziu? Para compreender o objetivo proposto, fez-se necessário mergulhar em suas memórias orais, bem como, no pó dos seus cadernos, livros didáticos, apontamentos, diários de classe, planos de aula, entre outros. Ao nos apropriarmos das memórias da professora e concebê-la como fruto de sujeito fazedor de sua própria história, buscamos na história cultural e social Inglesa, segundo Edward P. Thompson (1981) e Raphael Samuel (1997) respaldo teórico para operar historiograficamente por lentes “vista de baixo”. Para tal, fizemos uso da metodologia da história oral, segundo as analises realizadas por Aberti (2005) e Montenegro (2010). A luz das categorias de análise: “cultura escolar” de Julia (2001) e “Práticas Escolares” de Faria Filho e Vidal (2002) é que fazemos a leitura dos modos de “ser” e “fazer” docente delineado nas entrelinhas da sua trajetória profissional. Assim, conclui-se que os modos de “ser” e “fazer” docente é, portanto, decorrente de um processo histórico e nesse processo, alguns elementos do “ser” e “fazer” docente permanecem, isto é, apresentam continuidade histórica, enquanto outros se transformam, pois as narrativas da professora Maura Fontes Hora, nos levou a acreditar que na prática docente nem tudo é reprodução. Pois perder-se e encontra-se no labirinto das memórias que versam entre suas lembranças (quase) esquecidas da nossa personagem, é nos deixar levar por caminhos que muito dizem do “ser” e “fazer” docente do seu tempo e lugar.

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“Como aprendi, ensinei”: modos de ser e constituir-se professora

Joaquim Francisco Soares Guimarães Universidade Tiradentes/UNIT

[email protected]

José Rodrigo Vieira Febrônio Universidade Tiradentes/UNIT

[email protected]

O presente artigo é fruto da dissertação de mestrado em andamento “Memória de Educadoras: práticas escolares e cultura escolar em Umbaúba nas décadas de 1960, 1970 e 1980”, e toma por objeto de estudo as memórias orais da professora Maria Isabel dos Santos, 82 anos, residente no município de Umbaúba, cidade localizada no sul sergipano. As suas memórias são experiências vividas na família, no grupo de convívio, na instituição escolar e na “roça”, que se revelam potentes em possibilitar um novo processo de leitura/escrita da história da educação sergipana, pois são capazes de revelar um passado alargado. Desse modo, traçamos o objetivo de compreender como a professora Maria Isabel dos Santos constituiu-se educadora pelos saberes mediados por sua primeira e única professora, “Alice”, na década de 1930. A significância de tomarmos nossa personagem para a pesquisa relacionada à história da profissão docente se encontra na razão de que suas narrativas do viver na escola muito dizem de sua composição como professora. Para alcançar o objetivo, atentamos para as seguintes questões: Como as memórias compostas pela oralidade, podem traduzir no fazer-se sujeito professor? O que teria herdado de sua primeira e única professora? Onde encontrar o cerne de sua formação? Como se produziu uma cultura escolar e suas práticas escolares no seu trajeto educacional? Como Maria Isabel dos Santos se compôs educadora primária pelos saberes, métodos, programas e disciplinas do seu curso primário? Para obtermos as respostas para tais questões, imergirmos nas vozes cansadas, silêncios ininterruptos, lembranças e esquecimentos opacos que compõe o tecido mnemônico da professora

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Maria Isabel dos Santos. Ao nos apropriarmos das memórias da professora e concebê-la como fruto de sujeito fazedor de sua própria história, buscamos na história cultural e social Inglesa, segundo Edward P. Thompson (1981) e Raphael Samuel (1997) respaldo teórico para operar historiograficamente por lentes “vista de baixo”. Para tal, fizemos uso da metodologia da história oral, segundo as analises realizadas por Aberti (2005) e Montenegro (2010), bem como, das categorias de análise: “cultura escolar” de Julia (2001) e “Práticas Escolares” Faria Filho e Vidal (2002). Assim, conclui-se que os modos de ser e fazer-se professora de Maria Isabel dos Santos foram forjados durante sua trajetória enquanto aluna, pois teria herdado de sua professora “Alice” o modo de pensar e agir no ensino escolarizado. Pois, é na escola que se aprende a ser professor, uma vez que, foi na sala de aula na relação com sua professora que Maria Isabel também se compôs professora e nos deixou indícios de como se constituiu a história da profissão docente no interior sergipano.

“Quando crescer, vou ser doutora”: a história de vida da professora e advogada Marlene

Francisca do Carmo Procópio

Diogo Lisboa Ribeiro [email protected]

Rodrigo Jose Vieira Febrônio [email protected]

O presente artigo, que é fruto de pesquisa em andamento, ancorado no projeto “Modos de educar: práticas escolares e cultura escolar no território da Grande Aracaju” coordenado pela Prfª Raylane Andreza Dias Navarro Barreto e tem como objeto de estudo as memórias orais da professora e advogada Marlene Francisca do Carmo Procópio, 69 anos, residente em Aracaju. Nossa entrevistada ingressou aos 07 anos de idade no Grupo Escolar Gumercindo Bessa localizado no município de

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Estância, onde cursou o primário. Foi aluna da Escola Técnica de Comercio em Estância, onde cursou o Técnico em Contabilidade. Foi nomeada professora da Escola Rural Municipal do povoado “Bolandeira” município de Arauá, bem como, professora do Movimento Brasileiro de Alfabetização- MOBRAL. Formou-se em Ciências Biológicas na década de 1970, bem como em Direito pela Faculdade Tiradentes no ano de 1987. A significância que compormos sua biografia se encontra na razão de que sua narrativa que para além de contar de si mesma, muito dizem da História da Educação sergipana. Assim, com o objetivo de compreender como nossa entrevistada se fez professora e advogada, nos propusemos a atentar para as seguintes questões: O que levou uma jovem, negra, filha de mãe solteira, superar as lógicas econômicas e sociais que assolavam seu tempo e lugar? Quais motivações serviram de mola propulsora para Marlene galgar os muros da discriminação? Quais saberes, valores, personagens e acontecimentos marcaram o fazer-se professora e advogada? Para obtermos respostas para as questões ora colocadas recorremos à metodologia da história oral, segundo as analises realizadas por Aberti (2005) e Montenegro (2010), pois a metodologia da história oral consiste em uma possibilidade de pesquisa mediada pelos processos de rememoração do passado conforme o concebido por quem viveu. Ao nos apropriarmos das memórias da nossa personagem e concebê-la como fruto de sujeitos fazedores de sua própria história, buscamos na história cultural, segundo Chartier (1990), o respaldo teórico e metodológico para analisar suas representações oralmente transpostas. Para escrever a vida da nossa personagem atentamos para as analises (auto) biográficas realizadas por Souza (2008), conforme o autor o sujeito elege em sua memória o que há de mais importante para (re) invenção de si e de quem o cerca, uma vez que os modos de dizer de si emergem em um contexto de valorização da subjetividade, singularidade, saberes e das experiências privadas. Desse modo, conclui-se que Marlene Francisca do Carmo Procópio se faz tanto pela autodeterminação, como pelos caminhos alargadas pelas suas aspirações de “um dia ser doutora”.

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A Califasia na formação docente: contribuições de Francisco Silveira Bueno

Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas [email protected]

Entre os diferentes livros publicados para o ensino secundário e normal da autoria do Professor Silveira Bueno (1898-1989), destacou-se para este estudo o “Manual de Calliphasia, e Arte de Dizer”. A primeira edição foi publicada em 1930, pela São Paulo Editora. A segunda edição, ainda sob o mesmo título e circulou no ano de 1939, editada pelas Livraria Acadêmica e Editora Saraiva & Cia,. Em 1951, a obra recebeu um novo título que se fez presente nas edições subseqüentes: “Manual de Califasia, Califonia, Calirritmia e Arte de Dizer”. A Editora Saraiva foi responsável pelas outras edições, respectivamente: a quinta (1958), e a sexta (1964) e a sétima (1966). Os exemplares analisados neste estudo são da primeira e da quinta edições. Estruturado, inicialmente, em doze capítulos, com 188 páginas, a primeira edição da obra versou sobre as seguintes temáticas: conceito de califasia e suas utilidades; as bases da califasia e o aparelho fonador; a respiração; defeitos da voz (origem e tratamento); vogal e consoante; articulação; pronunciação; encadeamento; a leitura em voz alta; as palavras de valor; a cadência; a intensidade do movimento; o colorido na dicção; a leitura dos versos; gestos; a leitura simples e a fisionomia; as qualidades dos gestos, entre outras. Tinha como objetivo inicial condensar e divulgar as aulas ministradas por Francisco Silveira Bueno, na Escola Normal de São Paulo, na disciplina Califasia e Língua Portuguesa, onde atuava desde 1929. Constata-se nas outras edições uma certa ampliação e diversificação de assuntos, no caso da quinta edição a Califonia e a Caliritmia foram acrescentadas ao título e ao conteúdo, bem como na apresentação do livro o autor se refere de forma específica aos professores e alunos de canto orfeônico. É considerado o primeiro manual em português sobre o assunto. Pensado inicialmente como a melhor forma de ensinar califasia para os futuros professores e

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declamadores, o “Manual” passou ser, ao longo das décadas e das re-edições, também uma ferramenta de orientações para os diferentes “profissionais da palavra”. Silveira Bueno “traduziu” orientações e disposições necessárias aos diferentes tipos de oradores e também cantores, para que com base na califasia, califonia e calirritmia pudessem exercer melhor suas diferentes atividades. Em 1968, Silveira Bueno se afastou da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, onde atuava desde 1939, pela aposentadoria compulsória. Seus livros didáticos e de outros estilos permaneceram nos catálogos da Editora Saraiva até 1979. O estudo se baseia nos pressupostos da História da Educação e da História Cultural e tem como principais categorias a representação e apropriação de Roger Chartier e a história das disciplinas escolares sob a inspiração de Viñao Frago.

A construção do conhecimento pedagógico compartilhado: reflexões sobre o papel do

professor universitário na contemporaneidade

Dominick do Carmo Jesus1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB

domini_nick@@hotmail.com

Ennia Débora Passos Braga Pires2 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB

[email protected]

O presente trabalho discute a construção do conhecimento pedagógico compartilhado e apresenta uma reflexão sobre o papel do professor universitário na contemporaneidade. A sociedade vem vivenciando cada vez mais transformações econômicas, sociais e culturais. Essas transformações atingem todos os aspectos da vida humana chegando ao âmbito familiar, religioso e também ao educacional. Na escola, por ser um ambiente social, essas transformações se mostram bem visíveis. E o profissional da educação

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sofre o impacto disso em sua sala de aula, docente é atingido com essas mudanças e percebe a necessidade de acompanhar essas transformações e às necessidades atuais de aprendizagem de seus alunos. Nos últimos anos tem se multiplicado estudos que abordam a questão da docência enfatizando diversos aspectos desta complexa atividade profissional. Identidade profissional, competência, saberes e habilidades requeridas para o exercício docente são algumas das problemáticas que fazem parte das preocupações dos estudiosos que se debruçam sobre o tema. Diante disso, questionamos: como está a formação desse docente? Sua formação pedagógica, seus conhecimentos e como compartilhá-los de forma significativa de modo que atinja a cada aluno em sua particularidade? Este trabalho põe em debate o conhecimento pedagógico compartilhado diante da contemporaneidade, fundamental para uma mútua troca de saberes entre docente e discente. Apresenta, também, uma reflexão sobre a formação docente nos tempos atuais, discutindo sobre as políticas de formação docente, será que essas políticas têm almejado atribuir à formação do professorado uma visão condizente com a contemporaneidade? As reflexões apresentadas são originárias de um estudo que teve o intuito de identificar possíveis mudanças no papel do professor diante da contemporaneidade, verificar na formação docente as atribuições geradoras de um conhecimento pedagógico compartilhado e refletir sobre a construção do conhecimento pedagógico compartilhado frente aos tempos contemporâneos. O estudo fundamenta-se na reflexão sobre atuação docente de Pimenta (2005), Tardif (2008), Roldão (2007), Isaia (2006), Masseto (1998), papel do professor, em Cunha (2006), Nóvoa (1997), a construção do conhecimento compartilhado, segundo Isaia e Bolzan (2002). Os resultados ainda parciais apontam que os conhecimentos pedagógicos compartilhados são em parte empregados de forma imprecisa, ora utilizados, ora não. Ademais, espera- se que os resultados da pesquisa possam oferecer pistas para a reflexão do conhecimento pedagógico compartilhado, e também acerca do papel docente universitário no mundo contemporâneo desenvolvida na instituição estudada.

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A Escola Normal de Natal/Instituto de Educação: precursora da pesquisa educacional

no Rio Grande do Norte (1958-1965)

Luciene Chaves de Aquino (UFPB) [email protected]

O objetivo deste estudo é refletir sobre a introdução da pesquisa em educação por meio da Orientação Educacional na Escola Normal de Natal/Instituto de Educação a partir de 1958. Foi privilegiado este período em decorrência da efetivação da reforma do ensino primário e normal orientada pela lei 2.171/1957, bem como se processava a transição da Escola Normal de Natal a Instituto de Educação. Isto implicou na sua reorganização administrativa, renovação metodológica da prática pedagógica, reformulação curricular, introdução da função orientação educacional e da pesquisa educacional. A operação historiográfica implicou na análise das fontes históricas interpretadas a luz da Nova História Cultural, considerando as evidências e a sua interpretação, como essencial para a construção da história, o ponto de origem, a base de apoio para a produção historiográfica. Para tanto foi observada a diversidade das evidências: as Atas da Escola Normal de Natal, Decreto-Lei, Mensagens Governamentais, jornais da época entre outras evidências entendidas como testemunhos, registros das práticas educativas, socioculturais, políticas e econômicas. A Escola Normal de Natal precursora na formação docente foi a instituição a tomar frente na pesquisa educacional, consistiu em laboratório-matriz da investigação dos problemas da aprendizagem no Estado Potiguar. Este estabelecimento tornou-se foco dos cursos de formação técnico-pedagógica envolvendo a diretora, seu corpo docente, e a equipe técnica do Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais (CEPE). Objetivava-se alinhar a Escola Normal de Natal ao pensamento educacional predominante naquela época. Assim sendo a temática da Pesquisa Educacional adentra nesse educandário, consubstanciada nas ações de orientação educacional,

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figurando, ao lado do planejamento em subsídios centrais da organização da escola e da prática pedagógica. A ‘Orientação Educacional’ tinha a finalidade de acompanhar o rendimento da aprendizagem do aluno, o trabalho do professor e a escola. Entre as estratégias do CEPE, situa-se a criação da ‘Escola de Aplicação’, destinada ao nível primário e pré-primário e voltada à formação de professores, campo de experimentação pedagógica, observação, demonstração e assistência à orientação educacional. Esse movimento de vanguarda insere-se em uma época cuja mentalidade procura apagar as marcas do atraso. Entretanto, as propostas arrojadas para a educação potiguar, cujo conteúdo propagava a educação moderna e racional, esbarravam no confronto com a ausência de recursos didáticos na Escola Norma de Natal, bem como com a precariedade, que assolava muitos estabelecimentos de ensino do Estado, a maior parte com professores leigos. Sendo estes descuidados pelo poder público, continuaram excluídos dos benefícios da reforma.

A formação de professores na UNESP após a LDB 9394/96: novas questões, velhos desafios

Julio Cesar Torres [email protected]

Maria Dalva Silva Pagotto [email protected]

A LDB 9394/96 representa o marco de um novo paradigma legal para os cursos de formação de professores no Brasil. Podemos afirmar, grosso modo, que até então estes cursos submetiam-se à legislação educacional produzida na década de 1960 e, especialmente, aos fundamentos do Parecer CFE 292/62 expedido pós-LDB de 1961, quando se estabeleciam os currículos mínimos compreendendo as matérias fixadas para o bacharelado e os estudos profissionais que habilitassem ao exercício do magistério nos estabelecimentos de ensino secundário. Embora tenha havido um conjunto de indicações e propostas aprovadas pelo então Conselho Federal de Educação,

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voltadas para o redimensionamento da formação de professores e especialistas em educação em atendimento à Lei nº 5.692/71, pouco foi homologado pelo Ministério da Educação, merecendo destaque, apenas, a Resolução CFE 30/74, que instituía as polêmicas Licenciaturas Curtas em Ciências. Mesmo a Lei nº 5.540/68, que tratou da Reforma Universitária, não tocou na formação de professores. De uma forma geral, prevaleceu a legislação do início dos anos de 1960, com pouquíssimas modificações. Dentre os diversos problemas em cursos de Licenciatura, desde então, destaca-se a desarticulação teoria/prática dos conteúdos de conhecimento e dos procedimentos didático- pedagógicos. Nosso estudo teve como objetivo destacar a produção normativa em relação aos cursos de Licenciatura de uma universidade pública do estado de São Paulo. Nossa investigação pautou-se na análise de documentos e/ou normas de regulamentação da formação de professores na IES no contexto da LDB 9394/96 e, especialmente, após a homologação da Resolução CNE/CP 01/2002. O estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa documental no âmbito das instâncias de administração e gestão da universidade investigada. Os resultados indicam que, pelo menos no contexto da Universidade Estadual Paulista, possíveis rupturas nos cursos de formação de professores da Educação Básica, preconizadas nos Pareceres do Conselho Nacional de Educação e suas respectivas Resoluções, sobretudo em relação à ênfase colocada na formação para a docência, encontram barreiras de ordem histórica e estrutural. Os documentos analisados apontam que da maneira como são formuladas e articuladas as diretrizes gerais da Universidade no tocante à organização dos cursos de graduação em suas diversas Comissões e/ou Órgãos Colegiados Centrais, a atuação dos Departamentos de Ensino nos Conselhos de Curso e, ademais, a própria normatização que regulamenta o funcionamento da Universidade como um todo, colocam-se como sérios entraves para o avanço da discussão de reformulação paradigmática das Licenciaturas na IES investigada.

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A formação de professores para o ensino superior em Minas Gerais na década de 1970:

tornar-se especialista em (bio) mecânica?

Fernanda Cristina Dos Santos EEFFTO-UFMG

[email protected]

Este estudo investiga o curso de Pós-Graduação em Biomecânica Desportiva, ofertado pela Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais no ano de 1976, realizado em parceria com o Convênio de Assistência Técnica Brasil/Alemanha, como parte do projeto “Intercâmbio Técnico Internacional relacionado à Educação Física e Desportos”, do Departamento de Educação Física do MEC. O estudo fez parte de um projeto de maior abrangência intitulado “Circularidade de modelos pedagógicos e formação de professores de Educação Física em Belo Horizonte: vestígios de práticas no acervo do CEMEF/UFMG (1950-1980)”, que objetivou examinar, nestes processos de formação, a circulação cultural e as mediações realizadas em âmbito nacional e internacional. Para uma minuciosa análise do referido curso foram utilizados cerca de 120 documentos referentes ao mesmo, pertencente ao acervo do Centro de Memória da Educação Física, do Esporte e do Lazer (CEMEF). Concomitante ao processo de tratamentos destas fontes, foram realizadas leituras relativas à escrita da história, à formação docente, à história da Biomecânica. Além disso, foi realizada uma entrevista com a professora Eustáquia Salvadora de Sousa que – juntamente com a professora Rosa Belma Afonso Viotti – foi professora da disciplina de Didática que compunha o curso. Ao focarmos a formação de professores, - aqui nosso principal objetivo - esta análise está ancorada no estudo dos elementos-chave que compõe o fenômeno educativo, como os tempos, os espaços, os sujeitos, os conhecimentos e as práticas escolares. Tomamos práticas e experiências como objetos de investigação histórica, tentando reconhecer nelas os significados e sentidos atribuídos por estes sujeitos inseridos em um espaço e um tempo, como apontado por Faria Filho.

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A partir da compreensão de tais elementos nos foi possível pensar questões tais como: que perfil de professores se pretendia formar? Como eram fundamentadas as práticas pedagógicas e científicas para a formação desses sujeitos? que permanências e mudanças relacionadas a este processo de formação podem ter influenciado a ação docente dos professores participantes? Perguntas essas de fundamental valor para a construção da narrativa histórica. Além disso, foi importante um apuro do olhar aos detalhes relativos à disciplina de “Didática”, presente na grade curricular do curso de especialização, observando sua ação direta e indireta no objetivo da formação docente, através da análise histórica da construção do processo de didatização do ensino superior, observando as tendências e os parâmetros deste, na década de 1970. A partir da compreensão de tais elementos foi possível pensar os propósitos e relações do curso de pós-graduação com a formação de professores para o Ensino Superior em Educação Física no estado de Minas Gerais, mais especificamente, em Belo Horizonte.

A formação do docente primário entre continuidades e rupturas – um estudo

comparativo dos regulamentos de 1888 e 1890 na capital da república

Marina Natsume Uekane Universidade Federal Fluminense

[email protected]

O presente trabalho tem como objetivo analisar como a formação de professores primários se realizava no interior da Escola Normal na cidade do Rio de Janeiro, após a proclamação da República, procurando perceber que tipo de profissional intencionava-se formar para atuar no novo regime político. Assim, analisarei as continuidades e descontinuidades promovidas no âmbito dessa instituição em relação ao modelo anterior. Para tanto utilizo como fontes os regulamentos de 1888 e de 1890 referentes ao funcionamento da Escola Normal, analisando comparativamente

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essas normas em relação à preparação do corpo docente primário. Proponho a interlocução acerca da formação dos professores, observando as habilidades e conteúdos que deveriam dominar, bem como os requisitos para ingressar na carreira e para atuar nas escolas de primeiras letras, atentando para aproximações e distanciamentos, permanências e rupturas com a mudança política promovida em 1889.Em relação ao espaço temporal proposto para estudo - os primeiros anos da República -, algumas considerações se fazem necessárias no que tange ao caráter inaugural, muitas vezes atribuído ao período, frente a avanços e investimentos educacionais. É possível observar um alerta de Magaldi e Schueler (2008), as quais apontam o fato que algumas representações da historiografia brasileira veiculavam as ações republicanas como inauguradoras de um modelo de incentivo da educação escolar no Brasil, levando sombras para as iniciativas promovidas anteriormente. As autoras defendem que representações construídas sobre o período devem ser compreendidas no interior de um “luta de representações” e, portanto, precisam ser “desconstruídas e problematizadas”, no diálogo com instrumentos e categorias teóricas presentes em documentos preservados pelo tempo. No interior dessa “operação historiográfica” que situo a minha proposta de trabalho, tomando os regulamentos da escola normal como fontes que ajudam a entender o papel dos professores primários, veiculado em diversos discursos como os que seriam capazes de levar o país rumo ao progresso. Busco observar que modelo docente era defendido na legislação que ordenava o ofício, porém, sem esquecer que os atores sobre os quais esta norma recaía, ora se conformavam, ora as subvertiam por meio das suas práticas cotidianas. Ao fazerem isso, esses sujeitos ajudaram a conformar a carreira docente, que no cruzamento com fatores externos à sala de aula construíram formas possíveis de ser professor primário ao longo do tempo. Houve mudanças na organização da instituição? Em caso afirmativo, o que mudou e o que se manteve? Como deveria ser feita essa formação? Essas são algumas questões que busco investigar a fim de compreender como a carreira docente se conformou diante das novas condições sociais.

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A institucionalização da polivalência no trabalho docente da escola primária em Pernambuco

Shirleide Pereira da Silva Cruz - UnB/NEPHEPE-GEPFAPe [email protected]

Fabiana Cristina da Silva - UFPE/NEPHEPE [email protected]

Margarete Maria da Silva UFPE/NEPHEPE [email protected]

A produção sobre a organização do trabalho pedagógico na escola primária tem crescido de forma bastante profícua, desvelando os conteúdos, os formatos sob os quais o ensino para esta etapa vem se estruturando ao longo dos tempos e, por conseguinte, os requerimentos exigidos para a formação e o exercício docente de modo a atender as mudanças que se apresentaram para a escola primária. Diante do exposto, o presente estudo pretende analisar o processo de institucionalização da polivalência como organização do trabalho pedagógico na escola primária. É sabido que nos anos iniciais do hoje chamado ensino fundamental o trabalho docente se constitui como trabalho polivalente, ou seja, um único professor lecionando as diversas áreas de conhecimento do currículo da educação básica, mas, foi sempre assim? Como a polivalência foi sendo construída no seio das classes dessa etapa inicial de escolarização? Para atingir o objetivo tivemos como recorte temporal a segunda metade do século XIX e como corpus documental os códices da Diretoria de Instrução Pública em Pernambuco nos quais foram encontrados, ofícios, pareceres, leis e regulamentos, os relatórios da Instrução Pública, além de materiais didáticos utilizados no período que nos apresentaram vestígios de elementos constituidores da polivalência. Baseamos-nos teórico-metodologicamente em estudos sobre a história da educação em Pernambuco e no Brasil, mais especificamente os que tratam da profissão docente, considerando a perspectiva da nova história cultural (BURKE, 1992; CHARTIER, 1990) como âncora da discussão. Os

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estudos, dentro desta perspectiva, consideram a cultura como central, e neste sentido, as fontes e as temáticas tendem a ser consideradas em sua amplitude e possibilidades de construção de diversas narrativas. Com a criação das escolas normais, nas quais os profissionais da educação passariam a ter formação específica para atuação no magistério e, consequentemente, a institucionalização de concursos para o provimento da cadeira por professores primários, destaca-se como uma das funções dos professores “lecionar pelos livros e compêndios aprovados pelo Conselho Literário da Instrução Pública” (Pernambuco, 1876). Nesse sentido, a análise dos dados nos indica que a polivalência apresentou-se inicialmente com o foco de atender aos rudimentos elementares da leitura e da escrita e do cálculo e gradativamente procurou atender a uma ampliação de conhecimentos requeridos para o mundo “civilizado” pela ciência. Assim, a implementação do ensino graduado, expressados principalmente nos livros de leitura, apontam para um alargamento da polivalência para o atendimento de outras áreas de conhecimento para o ensino primário.

A produção social de uma escola popular de massa: experiências de professores nas

periferias da cidade de São Paulo (1970 – 2000)

João do Prado Ferraz de Carvalho Universidade Federal de São Paulo

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O Brasil vivenciou nas últimas décadas a produção social de uma escola pública de massa superando uma forte tradição elitista no contexto da qual essa instituição foi sinônimo de exclusão e de acesso restrito. Encerramos o século XX e adentramos ao século XXI presenciando uma grande transformação educacional do ponto de vista numérico e social. Embora esse processo seja centenário e seus marcos iniciais de final do século XIX, nas três décadas finais do século passado a escola torna-se acessível para a maioria das crianças e adolescentes em idade escolar e a universalização do ensino fundamental uma realidade.

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Um dos grandes efeitos dessa expansão foi o atendimento de parte da população até então fora do sistema escolar com o consequente ingresso no sistema educacional de novos segmentos sociais. Outro efeito foi o processo de proletarização da profissão docente e, ainda como consequência importante, nas grandes cidades brasileiras a materialização desse processo torna-se visível através da presença dos prédios escolares nas periferias das cidades, se não como “templos de civilização”, ao menos como presença física do poder estatal. Resulta desse processo uma escola pública à brasileira (Algebaile: 2009) no sentido de que sua produção social se deu na interlocução com elementos constituidores de uma sociedade desigual com a qual não rompe e que ao incorporar novos segmentos sociais não o faz no sentido republicano. Este trabalho tem como objetivo compreender esse processo histórico de expansão da escolarização a partir do estudo de um grupo de professores atuantes nas periferias da cidade de São Paulo nas três décadas finais do século XX, mais especificamente pretende discutir a experiência de professores de história nas periferias da cidade de São Paulo no contexto de implementação de uma escola popular de massa. Utilizando a história oral como metodologia de pesquisa e transitando pelas complexas relações entre história e memória, pretendemos pensar o fazer, no sentido thompsoniano, de um grupo de profissionais da educação na sua interlocução com o ingresso das camadas populares na escola. Os primeiros desdobramentos da pesquisa apontaram para a necessidade metodológica de discutir a produção social dessa escola numa realidade de segregação urbana, de proletarização do magistério e de compreensão das especificidades de uma escola pública à brasileira. Autores como Thompson, Petitat, Algebaile, Pollak, Villaça constituem o principal aporte teórico dessa pesquisa histórica cujos primeiros resultados indicam a necessidade de se estudar novos sujeitos sociais que produzem no seu fazer cotidiano a escola pública brasileira nos marcos de uma sociedade desigual, produção histórica e social que teimam em desafiar o conceito de escola na sua relação com a res publica.

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A profissionalização docente à luz do jogo de escalas

Fábio Garcez de Carvalho Universidade Federal do Rio de Janeiro / PPGE

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A presente comunicação é fruto da pesquisa de doutoramento sobre a formação do grupo social docente no atual município de Icapuí, no Estado do Ceará, no período entre os anos 1940 – 2000. O nosso propósito é tratar aqui de um fragmento desta pesquisa, qual seja: a função desempenhada pela municipalidade na construção do grupo profissional docente, levando em consideração a centralidade da emancipação política da então conhecida região das Praias em meados dos anos 1980 e a consolidação de Icapuí como a nova unidade político-administrativa. A pesquisa tem como eixo teórico-metodológico a exploração de parte da produção historiográfica da micro-história italiana, sobretudo a que se relaciona com a micro-história social (LEVI, 1992, 2000; GRENDI, 1998, 2009; CERUTTI, 1992). Desta vasta tradição, extraímos alguns conceitos largamente utilizados, tais como: sistemas normativos, escala de observação e contexto. A partir de operar com esses conceitos, procuramos analisar o processo de profissionalização docente em uma região rural periférica, tendo em vista as relações entre professores (as) leigos (as), que compunham majoritariamente o corpo de professores locais e a construção do campo educacional do novo município. A interseção entre profissionalização e as relações de poder no âmbito municipal nos levou a dialogar com os estudos na área de História Política, sobretudo com as propostas que enfatizam as análises das interseções entre política e relações sociais, tendo como autor referencial Bernstein (2009). Esta questão tornou-se emergente em nosso estudo à medida que o processo político em curso mobilizou agentes e ideias que configuraram o campo da educação. Este apresentou uma dinâmica social prenhe de contradições entre agentes e instituições, dos quais procuramos extrair as principais linhas que acompanharam o complexo processo de formação do grupo

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profissional docente. Convém ressaltar também que a pesquisa adentrava no tempo recente, o que impõe ao historiador de modo geral o desafio de dialogar com as ciências sociais. Neste sentido, não poderíamos deixar de dialogar com a sociologia das profissões. À medida que avançávamos na exploração do conceito de profissionalização, selecionamos a produção de Dubar (2005) para este diálogo. Além disso, o papel exercido pela municipalidade na normatização da profissão docente nos levou a explorar as potencialidades e limites da legislação sobre a profissionalização docente, tendo como referência as reflexões de Faria Filho (1998) sobre a legislação escolar. Daí termos explorado a documentação produzida na Câmara Municipal local, em especial as Atas das Sessões da Câmara Municipal de Icapuí e a Lei específica sobre profissionalização docente, tendo como preocupação mapear os debates, propostas e as disputas em torno da definição do perfil do campo educacional e do próprio modelo de professor almejado pela nova municipalidade.

As licenças médicas como indício de mal-estar docente no início do século XX: o caso do Grupo Escolar Silveira Brum (1912-1930)

Talitha Estevam Moreira Cabral Universidade Federal de Viçosa

[email protected]

Denilson Santos de Azevedo Universidade Federal de Viçosa

[email protected]

Tendo como referencial o mal-estar docente no início do século XX, esse trabalho analisa os pedidos de licença e demais documentos referentes ao afastamento dos professores do Grupo Escolar Silveira Brum (GESB), primeira instituição pública de ensino do município de Muriaé/MG, criada pelo decreto 3.305, de 5 de setembro de 1911 e instalada em 7 de agosto de 1912.

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Serão problematizados dados referentes às licenças dos professores no período que decorre da instalação do educandário em 1912, até o ano de 1930, que marca o fim da primeira República no Brasil, de modo a tentar compreender em que aspectos essa categoria profissional estava sendo afetada por esse desconforto na profissão. A literatura aborda o fenômeno do mal-estar docente como implicações negativas que afetam o trabalho do professor em diferentes circunstâncias. Com o intuito de compreender como essa situação se manifestava no cotidiano do GESB, realizou-se, então, uma revisão bibliográfica sobre o tema e foi feita uma análise de documentos encontrados nos acervos do Arquivo Público Mineiro (APM) e da atual Escola Estadual Doutor Silveira Brum, referentes aos pedidos de li cenças de professores primários do educandário. Neste estudo, é possível perceber que historicamente a profissão docente é marcada pelos intensos pedidos de afastamento dos serviços, isso se dá, possivelmente, com a proclamação da República e a implantação de um novo modelo escolar, impulsionado pela legislação na forma de Grupos Escolares, o que provocou mudanças no trabalho docente, acarretando transformações nas relações entre professores, alunos, comunidade e gestores do ensino. Aliado a isso, o estresse resultante das más condições de trabalho às quais eram submetidos esses profissionais pode ter contribuído para o mal-estar do professor. No município muriaeense, no período analisado, percebe-se que o pedido de afastamento das salas de aula do GESB estava contido em muitos documentos, representando, dessa maneira, o mal-estar vivenciado pelos docentes naquele momento histórico. Foi possível encontrar atestados médicos, cartas, relatórios, atas, ofícios e anotações contendo informações referentes ao afastamento de alguns professores de suas funções escolares. Essas fontes demonstram o quão difícil era garantir a entrada e permanência dos professores neste ofício, visto que as referidas permutas, remoções e licenças, a princípio sinalizam a insatisfação ou a resistência dos docentes no exercício de sua profissão nos Grupos Escolares.

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As mulheres e o magistério: algumas contribuições para a história da educação

Valeria Pall Oriani [email protected]

Neste resumo, apresenta-se um excerto de pesquisa de Doutorado em Educação em desenvolvimento com o objetivo de rediscutir a participação das mulheres na profissão docente e, para tal, considera-se especialmente o papel indispensável atribuído às mulheres para a construção da nação brasileira, civilizada e republicana. A partir do século XX, quando se tinha a educação como o carro chefe para o desenvolvimento da nação, as mulheres começaram a se tornar presentes nesse âmbito, tendo como propósito a regeneração de uma sociedade que precisava de um ideal de família republicana para se moldar. Esse objetivo, porém, não representava um simples propósito, pois apesar das dificuldades que as mulheres enfrentavam nesse momento histórico, a docência significava uma possibilidade de frequentar o espaço público com um trabalho considerado intelectual e assalariado o que gerava reconhecimento e funcionava como uma das únicas possibilidades de mobilidade social. Há que se considerar, porém, que a profissão docente não se distanciava do propósito de casamento e maternidade, já que a função de educar os alunos seria apenas um ensaio para que essas professoras soubessem educar seus filhos, com o que se concretizava a ideia de aptidão natural da mulher em lidar com crianças. São essas mesmas aptidões, que passam a ser defendidas por teorias psicológicas, pela própria Igreja Católica que tratavam a docência como vocação e até mesmo por autores de grande reconhecimento na educação como Pestalozzi. As ideias deste autor inspiraram até mesmo a criação do jardim-da-infância como um das escolas modelo da Escola Normal da Capital (Caetano de Campos), no ano de 1890. Para Pestalozzi, a mulher representava a jardineira que com todo o seu amor e ensinamento era responsável pelo cultivo das plantinhas que lhes eram confiadas. A avaliação desse autor repercutiu de tal forma

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que representou para as professoras jardineiras a oportunidade de publicar na Revista do Jardim da Infância as experiências docentes, muitas das quais baseadas nos ideais de Froebel da mulher como criatura frágil, quase angelical. Nesse sentido, tem-se como objeto de investigação a “representação” de professora como apresentada nessa revista considerando especialmente a forma com que são apresentados os valores sociais considerados como ideais nesse momento histórico a respeito dos papéis sexuais dos homens e das mulheres. Constatou-se, portanto, que mesmo com imagens muitas vezes conflitantes que envolvem a mulher e a docência, é possível problematizar a partir dos resultados parciais apresentados neste resumo que a atuação das professoras conforme apresentado na Revista não se resumiu apenas à passividade, mas permitiu que as professoras tivessem voz e vez na educação das crianças paulistas.

As orientações e representações da prática docente nos manuais didáticos dos normalistas

Analete Regina Schelbauer [email protected]

Shirlei Terezinha Roman Guedes [email protected]

Este artigo tem como objeto de estudo os manuais didáticos utilizados na escola normal paranaense no período de 1930 e 1950, com a finalidade de constituir-se em material de instrução e de formação profissional dos normalistas. Tem como objetivo investigar as diferentes orientações pedagógicas estabelecendo sua importância como instrumentos de orientação didática e formação pedagógica do professor. A pesquisa de cunho bibliográfico tem como ponto de partida o estudo destes manuais considerando a organização do trabalho pedagógico e as representações que este trabalho assumiu no período especificado. A Escola Normal no Paraná neste período, encarregava-se em preparar professores para formar o homem novo em um estado que estava se urbanizando

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ancorado pela industrialização e cultura do café que se expandiu dos domínios paulistas projetando-se para o interior no estado. Figura neste período a orientação do professor Erasmo Pilotto, primeiro como diretor da Escola Normal de Curitiba e depois como dirigente da educação do estado que imprimiu os princípios escolanovistas na formação dos professores. A Escola Normal até 1945 era regida por legislação estadual, porém com a promulgação da Lei Orgânica do Ensino Normal em 1946, passou por uma reestruturação na organização curricular e, com isso, a reorganização do ensino ampliando disciplinas e conteúdos sobre educação. A busca por um ensino mais prático que teórico fortaleceu tanto a tradução quanto a escrita de manuais didáticos que ganharam espaço tanto na leitura dos normalistas quanto na impressão e circulação. Considerados como instrumentos de dominação ou divulgação de uma cultura profissional, os manuais didáticos foram, por muito tempo, referência quase singular na formação do professor primário. Os estudantes da Escola Normal aprendiam, dentre outras matérias, os princípios da ação docente nestas obras e aplicavam o que aprendiam nas escolas primárias, local onde realizavam a Prática de Ensino e posteriormente lecionavam. Esses manuais, especialmente os que tratavam da Pedagogia, Pedagogia Prática e Metodologia traziam orientações sobre a ação docente a ser desenvolvida pelo professor. Elegemos em nosso estudo os manuais: Técnica da Pedagogia Moderna (Teoria e Prática da Escola Nova) de Everardo Beckheuser e Introdução ao Estudo da Escola Nova de Lourenço Filho. As orientações pedagógicas expressas nestes manuais evidenciam sua importância como instrumentos de orientação didática e formação pedagógica do professor e evidenciam a presença das orientações da Escola Nova.

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Auxiliar de sala é professor? Dilemas da profissionalização docente na educação infantil

Luciana Mara Espíndola Santos Prefeitura Municipal de Florianópolis

[email protected]

A intensidade de estudos e discussões a respeito da infância e dos espaços destinados à educação das crianças de pouca idade vem qualificando o trabalho nas creches, quebrando paradigmas e construindo práticas que trazem em seu bojo, o respeito às crianças como atores sociais, cujos modos particulares de viver a infância, geram as culturas infantis. No município de Florianópolis/SC, embora tenhamos tido nos últimos trinta anos avanços legais e conceituais em torno da infância e sua educação, ainda vivemos, no âmbito das políticas públicas e das práticas pedagógicas, dilemas concernentes à profissionalização do adulto que atua em creches e pré-escolas. Apesar da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/1996) seja categórica em afirmar que no âmbito das instituições de Educação Infantil, o profissional apto a trabalhar com as crianças seja o professor, muitas contradições e paradoxos ainda se fazem efetuar por vários entes federados da Nação brasileira. Há na capital catarinense, um momento de tensões e discussões crescentes diante desta problemática acerca do trabalho na Educação Infantil e mais especificamente, sobre o quadro profissional que atua nas creches, reforçando contradições e fazendo a Educação Infantil do município de Florianópolis, tão referenciada por sua qualidade, passe a andar na contramão de uma Educação que valorize e respeite a criança e todos que estão envolvidos nesse processo. Tal discussão versa sobre a atuação de professores e auxiliares de sala, mas especificamente sobre as contradições que hoje pairam no que se refere ao trabalho do auxiliar de sala, profissional que atua em pé de igualdade aos professores no que tange a responsabilidades e deveres na profissão, mas que se afasta brutalmente em relação à questão salarial e reconhecimento e status profissional. Contudo, a

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intensão deste estudo é procurar compreender a profissionalização do adulto no campo da Educação Infantil, nos anos 80 do século XX, buscando um diálogo com presente, a luz de um passado recente. O recorte histórico feito, compreende o momento em que as instituições de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis começam a se expandir, passando também por um período de transição política, saindo das mãos da assistencial social e passando para a educação. Atualmente, a problemática que envolve a atuação dos adultos que trabalham com crianças na Educação Infantil Municipal, apresenta-se como um dos grandes entraves de tais instituições e embora permaneça velado, confere a elas um caráter muito mais assistencialista do que educativo, apontando para um retrocesso neste campo. Neste processo, buscou-se em teóricos como: Chartier, Bourdieu, Sarmento, Rocha, Craidy, Ostetto, entre outros, alguns conceitos e referências, para melhor fundamentar o estudo.

Condições de trabalho docente no estado do Rio de Janeiro no contexto das reformas

educacionais das últimas décadas

Amanda Aoreira da Silva [email protected]

A partir da reforma educacional empreendida ao longo dos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, o discurso governamental centrou-se na eficiência da gestão do setor educacional e do ensino, enfatizando questões administrativas e pedagógicas. Com o novo discurso, a eficiência do ensino dependia da modernização da administração pública, da escola e do professor. A política educacional brasileira, especialmente no que diz respeito à ampliação da oferta de vagas, à diferenciação de níveis e modalidades de ensino e às ampliações do tempo e do currículo escolar, mostra-se uma fonte insuficiente para o esclarecimento dos novos alcances da escola, o que só começa

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a se revelar mais claramente quando se leva em conta a atuação do Estado nos campos econômico e social. Política econômica e política social, portanto, são âmbitos nos quais se forma parte dos novos sentidos da escola. Considerando esse quadro conjuntural, faremos um levantamento das principais características que influenciaram o campo educacional no estado do Rio de Janeiro a partir da segunda metade dos anos 90 e verificaremos como a expansão da oferta vem modificando o papel da escola e consequentemente atingindo o trabalho docente, restando aos professores dar respostas a diversos fatores, que vão além da tarefa de ensinar. Destacaremos as condições de trabalho dos professores da rede estadual, no sentido de localizá-los como uma categoria que sofre fortes consequências de um cotidiano desgastante, num processo crescente de individualização do trabalho e uma dinâmica, cada vez maior, de implementação de programas e projetos baseados na meritocracia e individualização das relações na escola. A individualização sistemática da gestão do trabalho dos profissionais da educação, mediante a vinculação entre salários e performances, trata de remunerar os professores em função dos resultados obtidos pelos seus alunos, onde se introduz uma nova concepção de trabalho docente. A competição e os valores empresariais constituem referências para a organização e gestão do trabalho e a individualização dos aumentos salariais mediante remuneração por bônus, não somente encoraja a competição, como também enfraquece as ações coletivas, atomizando os professores. Contudo, apesar das condições a que estão submetidos, esses sujeitos constroem seus espaços coletivos de resistência, protagonizando longas greves e resistindo, dentro das possibilidades, a um projeto educacional com forte viés privatizante que tem sido a tônica da política estadual do Rio de Janeiro.

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Conferências Pedagógicas no século XIX: a circulação do modelo

Daniel Cavalcanti de Albuquerque Lemos [email protected]

Pensadas como uma estratégia de formação e aprimoramento dos professores e da instrução pública, as Conferências Pedagógicas foram muito difundidas no século XIX. O objetivo deste trabalho é analisar a circulação das conferencias pedagógicas, buscando entender o que legitimava esse modelo, como os professores e o Estado Imperial participavam e o que esperavam desses eventos. Este trabalho faz parte de um estudo mais amplo sobre a emergência do associativismo na Corte imperial. Partindo de pesquisas com fontes primárias realizadas na Biblioteca Nacional de Maestros (BMN), em Buenos Aires, na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa e na Biblioteca Nacional (BN) no Rio de Janeiro. Localizei documentos referentes aos regulamentos, aos debates e a realização de Conferências Pedagógicas nesses três países, com isso tento perceber aproximações e distanciamentos na execução e no entendimento dos objetivos das conferencias em cada pais. Ao realizar este trabalho foi possível perceber que as Conferências Pedagógicas foram não só espaços para o aperfeiçoamento do professorado, mas também espaços de vigilância e controle. Porém, as conferências utilizadas como espaço de controle acabaram por se tornar espaços importantes de encontro dos professores primários e para a organização associativa dos docentes. Tendo sido muito difundido no século XIX, esses encontros eram tradicionais em países europeus, estando a Prússia entre os primeiros Estados a instituí-los, no ano de 1763. No início do século XIX o modelo teria se espalhado. Segundo Gondra e Mignot (2007), “No movimento de constituição do Estado Nacional é possível evidenciar empréstimos e diálogos com modelos internacionais nos mais diversos domínios” (p.7), sendo observável também no campo da educação. Já Jean Houssaye (2007) fala em “importação– exportação de pedagogias”,

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tentando construir uma análise da circulação de ideias em educação. Em Portugal, localizei fontes que registram um grande número de Conferências realizadas no século XIX, tanto realizadas por iniciativas particulares, como por oficiais. Como as atas das Conferências Pedagógicas de Aveiro, Évora e do Porto. Seguindo as pistas da circulação e realização das Conferências, localizei fontes que indicam sua realização na Argentina, assim como ocorreu no Brasil e em Portugal as Conferências na Argentina também foram realizadas na década de oitenta do século XIX. Em geral as Conferências eram bem vistas pelos poderes do Estado, que patrocinavam sua realização. Para o caso argentino, utilizo como fonte o periódico La Educacion de 1886 que circulava na capital e em outras províncias do país, nesse jornal tive acesso a artigos que demonstram a realização de Conferências Pedagógicas, assim como o conhecimento da realização de Conferências em outros países. Para estudar o caso Brasileiro utilizo como fontes as atas das conferências realizadas na Corte e a imprensa pedagógica do período. Para tentar compreender a circulação do modelos, busco nos estudos de Oliveira ([1873] 2003), e Fernández e Barroso (2004) referencias sobre conferências pedagógicas nos Estados Unidos e na Espanha. Como um modelo adotado em diversos países, as Conferências foram sujeitadas às necessidades e particularidades de cada contexto onde foram utilizadas. Acredito não ser possível estudar as Conferências apenas como uma ideia, desencarnada de um lugar específico, tampouco é possível estudá-las como uma cópia de um modelo, que pudesse ser transplantado em qualquer lugar. Para uma melhor compreensão de seu funcionamento e lógica, necessário seria seguir da legislação que a prescreve até os registros de sua realização, entendendo todo seu entorno, o que só poderia ser feito estudando contextos específicos, delimitados temporal e geograficamente, pois, como um modelo que circulou em diferentes locais, foi apropriado e reelaborado de acordo com as experiências, demandas, políticas e regimes de governo de cada local.

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Construindo o seu quadro docente: as primeiras gerações de professores do Colégio de Pedro II

Ana Waleska Pollo Campos Mendonça - PUC-Rio [email protected]

Fernando Rodrigo dos Santos Silva (Doutorando – PUC-Rio) [email protected]

Luciana Borges Patroclo (Doutoranda – PUC-Rio) [email protected]

Renata dos Santos Soares (Doutoranda – PUC-Rio) [email protected]

O presente trabalho se propõe a dar continuidade a trabalho anteriormente apresentado no IX Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, realizado em Lisboa, em julho de 2012. Como o anterior, vincula-se a uma pesquisa mais ampla que tem como objeto de estudo o processo de construção de uma identidade profissional específica por parte dos professores do ensino secundário, particularmente do magistério público, no Brasil. Desse ponto de vista, é produto de um trabalho coletivo, que envolve um número significativo de pesquisadores (pós- graduandos e bolsistas de IC). A pesquisa tem um recorte institucional e a instituição escolhida para o estudo é o Colégio Pedro II, criado pelo governo imperial em 1837, e que, após a República, é mantido pelo governo federal, conservando, até meados do século XX, o caráter de instituição modelar para todo o ensino secundário brasileiro. Nesse momento da pesquisa, estamos nos debruçando sobre os anos iniciais de funcionamento do Colégio, ao longo do Império. No trabalho anterior, focamos especificamente o processo de criação do Colégio e seu impacto na institucionalização do ensino secundário entre nós. Com esse objetivo, o trabalho se dividiu em duas partes. Na primeira, buscamos identificar o programa institucional (Dubet, 2006) que informou a criação do Colégio, debruçando-nos sobre o contexto histórico da sua criação, bem como sobre os modelos pedagógicos que serviram de referência para a sua organização. Considerando-se que, com a sua criação, inicia-se, ao menos oficialmente, o ensino secundário entre nós, e, levando-se

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igualmente em conta o caráter modelar proposto para o Colégio, a discussão sobre os fins e objetivos estabelecidos para essa instituição específica, bem como, sobre a sua estrutura pedagógico-administrativa, é expressiva do que se está projetando como um programa institucional para o ensino secundário como um todo. Na segunda parte, desenvolvemos um estudo preliminar sobre a primeira geração de professores do Colégio, assim considerados os professores nomeados entre 1838 e 1847, buscando estabelecer uma caracterização geral dos mesmos. O marco terminal do período escolhido para esse estudo inicial foi estabelecido tendo em conta que essa data coincide com o primeiro registro encontrado na pesquisa documental acerca da realização de um processo seletivo para os professores do Colégio. A realização de concursos constitui, sem dúvida, um marco importante no processo de profissionalização docente e configurou-se historicamente em um dos primeiros mecanismos utilizados pelo Estado no processo de certificação dos professores. No trabalho atual, propomo-nos a continuar com esse tipo de abordagem, considerando, num primeiro momento, as mudanças introduzidas no Estatuto inicial do Colégio, entre 1839 e 1857, e seu impacto sobre a configuração do seu quadro docente e, num segundo momento avançando na caracterização dos professores até o referido marco terminal (1857).

Representações do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 nos

manuais de história da educação publicados em coleções (1933-1945)

Orlando José de Almeida Filho [email protected]

Situada na perspectiva da História Cultural, esta comunicação tem como objetivo discutir as representações sobre o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 em três manuais de História da Educação publicados em coleções entre 1933 a 1945. A oitenta anos esse documento foi publicado com a epígrafe a reconstrução educacional no Brasil - Ao povo e ao governo afirmando a importância do debate educacional no Brasil. A partir de sua publicação o documento foi

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referência em muitos impressos entre eles os manuais voltados para a formação de professores e constituíu-se como uma das estratégias de disputas em um lugar de saber e de poder, no sentido referido por Certeau. Estes objetos culturais circularam por instituições públicas e privadas contribuindo para a formação de professores das escolas normais e faculdades de pedagogia modelando, assim, saberes e práticas. Os três manuais que selecionei foram: Noções de história da educação (1ª ed.) de Afranio Peixoto, então professor da Universidade e do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, publicado em 1933, na Biblioteca Pedagógica Brasileira, pela coleção Atualidades Pedagógicas. O segundo manual, Pequena história da educação (9ª ed.), publicado na coleção Biblioteca da Educação pela editora Melhoramentos, em 1936, pelas madres Francisca Peeters e Maria A. de Cooman, professoras do curso normal do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Santo André, no estado de São Paulo. O terceiro texto Noções de história da educação, (11º ed.) de Theobaldo Miranda Santos, publicado, também, pela Companhia Editora Nacional, a partir de 1945, em duas coleções: Atualidades Pedagógicas e no Curso de Psicologia e Pedagogia. Santos foi professor de Filosofia da Educação do Instituto de Educação do Rio de Janeiro e também editor/autor da coleção Curso de Psicologia e Pedagogia. Delimitei o estudo tendo em vista compreender duas questões centrais: Quais representações do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 estão presentes nesses manuais? Como os autores delimitaram o tema sobre o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932 no contexto discursivo dos manuais? Quais estratégias foram utilizadas ao situar o Manifesto da Educação Nova de 1932 nesses compêndios? Esse estudo faz parte de um trabalho maior de investigação que venho realizando nesses últimos anos sobre manuais publicados em coleções destinados à formação de professores. O presente estudo permitiu-me compreender como as edições de manuais, de História da Educação foram utilizados como estratégia de conformação de um campo em disputas. As representações do Manifesto dos Pioneiros da educação Nova de 1932 fazem parte desse contexto, pois esse documento/monumento foi um marco histórico que delimitou essas mesmas disputas.

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Curso de especialização e aperfeiçoamento: análise do decreto nº 2.539/1931 para a

formação de professores em Niterói

Ariadne Lopes Ecar Universidade de São Paulo

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Em 13 de janeiro de 1931, o governo provisório do Estado do Rio de Janeiro baixou o Decreto nº 2.539 que levaria a Escola Normal de Niterói a uma expressiva mudança. A medida considerava inútil a presença de algumas cadeiras no curso para o preparo do futuro professor, e naquela época, de acordo com a determinação, havia muitos professores primários que não poderiam almejar os cursos superiores por não terem os estudos completos das humanidades. Assim, o decreto propunha a instalação de um Liceu de Humanidades que atenderia pelo nome de “Nilo Peçanha”. O candidato à formação de professores deveria então requerer sua matrícula por esta instituição, após passar pelo exame admissional, e frequentar o curso até o 5º ano. Em seguida, faria um ano de especialização cursando as seguintes disciplinas: educação física, higiene, primeiros cuidados médicos, pedagogia e metodologia. O aspirante ao novo curso, que passou a ser dividido em dois ciclos, um Cultural e outro Profissional, deveria formalizar sua opção de estudos por meio de um requerimento ao diretor do Liceu e Escola Normal, Armando Gonçalves, antes do exame de admissão. Apesar do desmembramento do curso, o aluno que quisesse se preparar para o magistério faria a disciplina trabalhos manuais no primeiro e segundo anos; teoria da música e solfejo no segundo e terceiro anos; educação física no quinto ano, concomitantemente ao Ciclo Cultural. O decreto não disponibilizava maiores detalhes sobre as exceções, como considerar os casos das matrículas dos alunos oriundos dos cursos complementares, por exemplo. No entanto, tendo em mãos a encadernação denominada “Expediente da Escola Normal”, uma espécie de compêndio com recortes de notícias relacionadas ao Liceu e Escola Normal e publicadas em jornais entre os anos de 1931

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e 1934, pude perceber uma mobilização de alunos exigindo a entrada no segundo ano do Ciclo Cultural, inclusive passando por um exame de admissão diverso, conforme requerimento expedido pela Secretaria do Interior e da Justiça, que concedia o direito solicitado pelos alunos. Considerando a pesquisa em questão como inicial, a proposta central será a de analisar a transição do Curso Normal para Curso de Especialização e Aperfeiçoamento, em Niterói, e quais mudanças efetuadas pelo decreto na formação de professores. No bojo das análises pretendo pensar no mutualismo vivido entre Escola Normal e Liceu, o lugar desses cursos na formação da juventude niteroiense; e ainda, refletir sobre a formação proposta pelos cursos complementares.

Do “despreparo” à “recuperação”: a identidade do professor primário em Mato Grosso na

década de 1960

Márcia Santos Ferreira Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT

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Este trabalho apresenta uma discussão sobre o processo de transformação identitária ocorrido no magistério primário de Mato Grosso durante a década de 1960. Seu objetivo é compreender as modificações introduzidas na identidade dos professores em decorrência da política de “recuperação e aperfeiçoamento do magistério primário” iniciada em 1963, durante o governo presidencialista de João Goulart, e que teve continuidade após o Golpe de Estado de 1964, durante o governo do general Castelo Branco. Tal política preconizava a realização, por parte dos professores em exercício, de cursos de aperfeiçoamento oferecidos por Centros de Treinamento de Professores Primários, considerados como capazes fazer com que os professores saíssem de uma situação caracterizada pelo “despreparo” e desqualificação profissional, para uma situação de “recuperação” e capacitação técnica, entendida como mais condizente às necessidades de

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desenvolvimento econômico e sócio- cultural do País como um todo à época. O âmbito cronológico selecionado corresponde ao período de funcionamento do Centro de Treinamento do Magistério de Cuiabá, instalado na capital do estado de Mato Grosso, em 1963, e que manteve suas atividades até o início da década de 1970. Informações concernentes à caracterização identitária dos professores primários mato-grossenses foram obtidas por meio da consulta a documentos oficiais, à legislação, a jornais de circulação estadual, a depoimentos de professoras em exercício na década de 1960, assim como à bibliografia produzida por autores locais sobre a educação da época. Baseado em abordagem qualitativa, o trabalho de análise das informações coletadas tomou as concepções de profissionalização docente, elaborada por Antonio Nóvoa (1998 e 1999), e de modificações na identidade docente, empregada por Martin Lawn (2000), para a elaboração de uma interpretação sobre as críticas que desqualificavam os professores primários em atividade em Mato Grosso, sobre as qualidades que se desejavam ver assumidas por estes professores, assim como sobre a estrutura de cargos e salários a qual eles passaram a ficar submetidos. As informações coletadas indicam que as mudanças introduzidas na caracterização do professor primário e em seus vencimentos, associadas à realização de cursos de aperfeiçoamento ou especialização, contribuíram para modificar a identidade docente neste nível de ensino no em Mato Grosso. Os cursos contribuíram para modificar a percepção que se tinha do conhecimento e da formação considerados necessários para o desempenho adequado das funções docentes. A partir da década de 1960, os professores “leigos” não deixaram de existir nos quadros do magistério primário mato-grossense, mas a ausência de uma formação especializada e baseada em conhecimentos científicos passou a servir como uma justificativa à sua desqualificação profissional.

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Ensino mútuo no Brasil: circulação e permanência a partir de um estudo de caso

Alcides Caetano da Silva Junior Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

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É difícil apontar com exatidão, no tempo e no espaço, a dimensão que tomou o emprego do método de ensino monitorial-mútuo no Brasil. Sabemos que foi usado em escolas de todo o país mesmo antes e depois do intervalo de 27 anos, entre 1827 e 1854, durante o qual foi considerado método pedagógico oficial das escolas de primeiras letras de todo o império brasileiro. Mas precisar até onde chegou, até quando foi usado ou mesmo as condições sob as quais foi aplicado a as apropriações que sofreu não é tarefa fácil. Explanar sobre a chegada, permanência e implicações de aplicação desse método na rede de escolas públicas primárias do Império do Brasil é o objetivo deste trabalho. Inicialmente faremos um breve histórico do método e de sua chegada ao Brasil relacionando-a com circulação de idéias que serviram de base para sua aceitação e aplicação, não apenas as idéias de propagação do método, mas também idéias do iluminismo português, e em especial a premissa de secularização do ensino, correntes no Império do Brasil por pelo menos toda a primeira metade do século XIX e que, em nossa análise, convergiram para a necessidade de emprego de um método pedagógico que fosse rápido, eficaz e econômico na tarefa de “civilizar” a sociedade de então. Em seguida problematizaremos sobre as implicações da utilização desse método a partir das dificuldades encontradas pelo professor de primeiras letras da cidade de Santos, província de São Paulo, em meados do século XIX. O Professor em questão, Thomaz Rufino de Jesus e Silva, foi titular da única escola pública de primeiras letras da cidade de Santos entre setembro de 1829 e o final de 1856, durante 27 anos portanto. Por meio da análise de seu discurso e de suas reinvindicações, ambos registrados em seus relatórios oficiais e ofícios, acreditamos que fora dominador o método do ensino monitorial/mútuo. Além disso,

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entre 1852 e 1856 o professor Thomaz Rufino esteve envolvido em um intenso debate sobre a cessão de um edifício público de grandes dimensões, ou o aluguel de um particular à custa do governo provincial, no qual seu principal argumento era o emprego do método de ensino mútuo. Sua persistência no emprego desse método a exigência de espaço adequado para ele são indícios de que, apesar das condições adversas da instrução pública durante o oitocentos brasileiro, entre elas a inadequação dos espaços, a insuficiência dos materiais e a falta de qualificação dos professores, as idéias circularam e permaneceram e as representações geradas a partir delas mobilizaram os sujeitos ligados a educação e em especial a instrução pública durante o século XIX.

Entre a religião e a laicidade: incursão nas memórias de professores

catarinenses dos anos 1960

Marilândes Mol Ribeiro de Melo Universidade Federal de Santa Catarina

[email protected]

Rafaela Azevedo de Souza Universidade Federal de Santa Catarina

[email protected]

Esta proposta objetiva analisar questões que envolvem o binômio religião/laicidade a partir de memórias de professores aposentados da Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina no contexto da década de 1960. Ela integra os estudos desenvolvidos no interior do projeto Memória Docente: os impactos do movimento de escolarização em Santa Catarina sobre a carreira docente, as identidades profissionais e o trabalho pedagógico de professores da Rede Estadual de Ensino desenvolvido entre os anos de 2009/2012, com apoio do CNPq. Este projeto destinou-se a “recuperar, registrar e analisar” a memória docente de professores da Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina que atuaram na educação básica e que

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474 Sumário Eixo 5

se encontram na condição de aposentados. As análises apoiam-se em estudo bibliográfico e na representação dos professores sobre religião e laicidade, dada por argumentos propostos pela sociologia e história da educação. Essas perspectivas teóricas e metodológicas permitem-nos compreender o sentido dado e as respostas oferecidas pelos professores ao contexto escolar da época. Esses professores viveram próximos aos “primórdios da profissão docente no Brasil”, em uma sociedade que se transformava e na qual a questão educacional também se modificava, passando de um processo que se dava por impregnação da cultura, para a complexificação social, onde o Estado assume a responsabilidade pela “formação do povo”. Assim, requerer dos professores um exercício profissional fundamentado na laicidade, demonstra a busca da homogeneização, da regulação e do controle de um sistema de ensino que deveria, em tese, ser habitado por professores secularizados. O processo de profissionalização do professor é histórico e inscrito na busca de secularizar e estatizar, visando um processo de educar mais controlado. As maneiras de produzir e se reproduzir a “visão de mundo” sofrem uma vigilância mais rigorosa (NÒVOA, 1999). Tal processo consistiu especialmente na “substituição de um corpo de professores religiosos (ou sob o controle da Igreja) por um corpo de professores laicos (ou sob o controle do Estado), sem que, no entanto, tenha havido mudanças significativas nas motivações, nas normas e nos valores originais da profissão docente” (NÒVOA, 1999, p. 15). Contudo, nossos estudos vêm demostrando que a presença da religião, sobretudo católica, e dos estudos religiosos no cotidiano da escola laica, gratuita e obrigatória atravessa a segunda metade do século XX e permanece forte até os dias de hoje. Focamos então a presença da religião e os primeiros vestígios da laicidade na educação básica catarinense, além de possíveis confrontos das duas vertentes entre o professorado.

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Escola Normal de Caxias-MA: formação docente, práticas e saberes de “Tia Miroca” a guardadora

das memórias da princesa do sertão

Salânia Maria Barbosa Melo Professora do Curso de História da UEMA-Caxias e da UESPI

Doutora em Educação pela UFC. Em Estágio Pós-Doutoral na UFPB. Bolsista FAPEMA.

[email protected]

O presente estudo analisa a formação da professora Maria das Mercês da Silva Lima, “Tia Miroca”, compreendendo que a profissionalização se dá ao longo da vida, indo além da qualificação normatizada nas Escolas Normais ou nas Licenciaturas, mas vendo-a como continuada e em constante dinâmica com as práticas educativas, onde o professor ensina e aprende. A Escola Normal de Caxias-MA fundada em 1950, destacando a sua importância como instituição de ensino incumbida desde seu início como formadora de professores, faz parte da memória histórica desta cidade, como referência na formação de professores do interior do Maranhão. A História da Escola Normal no Maranhão em alguns momentos apresenta características muito parecidas com as outras escolas normais criadas no século XIX no Brasil, a não ser pelo fato de ter sido a última a ser criada de todas as Províncias. A longa trajetória da formação do professor se arrasta no Brasil desde os “Oitocentos” quando a tentativa de criação das primeiras escolas para preparação dos professores primários disputava lugar com a mentalidade de uma educação elitista e bacharelesca, voltada quase que essencialmente para os filhos das famílias abastadas. As informações aqui trazidas são iniciais nesta investigação, em função da complexidade que envolve o caminho por onde trilho as buscas sobre a referida escola. O lugar de melhor adequação metodológica para esta pesquisa é na História Cultural, que tem como suporte de abordagem os sujeitos e suas práticas, neste sentido, o que vivenciavam alunos e professores que dedicaram parte significativa de suas vidas, neste fazer histórico, é que proponho como objeto de pesquisa, perceber como a formação

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profissional, o cotidiano da escola, os rituais festivos, contribuíram para fundar a mentalidade maranhense e nos fazem visualizar a história local. Apontando este contexto histórico, como num Maranhão regido politicamente pelo “Vitorinismo”, das fraudes eleitorais, da corrupção nas urnas e do “signo da morte” (Cabral, 2004), marcada por conflitos entre a oposição e essa oligarquia que mandou e desmandou neste Estado. Entendendo, esse fazer histórico das Instituições Escolares, como uma representação da escola expressa sob a forma de síntese narrativa construída a partir da análise de documentos. As fontes para a realização da história de instituições escolares são de variados tipos, registros que podem ser utilizados como indícios de tal história e as lembranças remexidas pela História Oral, que dizem do vivido nas suas salas de aulas, nos pátios e nos corredores. As pesquisas em História da Educação têm contribuindo, após o alargamento do campo e da elasticidade trazida pelas novas temáticas ora focadas, para a análise da educação e da escola como construtoras da memória.

Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul: modelo católico de formação docente

Maria Irinilda da Silva Bezerra Universidade Federal Fluminense- UFF

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Heloísa de Oliveira Santos Villela Universidade Federal Fluminense- UFF

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O campo da pesquisa histórica vivenciou, nos últimos anos, um intenso processo de renovação teórico-metodológico. Essa renovação, na prática tem significado a valorização de estudos mais localizados que contemplem realidades mais circunscritas e que possibilitem a compreensão da história de instituições educativas espalhadas pelas várias regiões do país. A presente investigação ancora-se no campo da história das instituições escolares e fundamentando-se no referencial teórico de autores que trabalham com esta categoria, reconhece que

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toda instituição, por um lado, conserva uma organização hierárquica própria e, por outro, mantém uma vinculação com a sociedade mais ampla na qual está inserida. Neste movimento, interações e trocas culturais acontecem entre as práticas e os fazeres escolares e sociais. Assim sendo, nossa investigação, pretendendo ampliar o conhecimento sobre a história das instituições educativas tem como objeto de estudo a Escola Normal Regional criada em 1947, na cidade de Cruzeiro do Sul / Acre, no extremo ocidente da Amazônia brasileira. Nossa intenção é suscitar discussões sobre o currículo utilizado nas escolas confessionais de formação do professorado primário. Nossa periodização contempla o momento de criação da Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul até o período de 1965, quando a Instituição, passando por um processo de reestruturação curricular, ampliou a formação oferecida incluindo, então, o normal colegial. Partindo da análise de fonte documental existente nos arquivos da Escola, tais como regimentos, estatutos, boletins, certificados e atas, além de entrevistas semi-estruturadas, pretendemos suscitar a reflexão sobre a proposta de formação de professoras desenvolvida por freiras “Dominicanas” alemãs na região acriana. Indagamo-nos como, no interior desta Instituição, se estabeleceram as articulações curriculares entre o ideário confessional católico e o projeto escolanovista, em voga naquele contexto, e de que forma os dois projetos coadunaram-se na formação da mulher-educadora cruzeirense? Os resultados nos mostraram que o currículo na Instituição mencionada privilegiava a formação da mulher católica, contemplando, além da formação didática e geral, as aulas de catecismo, prendas e economia doméstica. Percebemos a busca de uma formação católica, mas ao mesmo tempo inserida no âmbito das inovações pedagógicas e políticas públicas pensadas para a educação no período.

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Escolas Católicas e o Curso Normal: um olhar sobre a formação das professoras

Maria Nahir Batista Ferreira Universidade Estadual do Ceará - UECE

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Antonio Germano Magalhães Júnior Universidade Estadual do Ceará - UECE

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As ordens religiosas femininas quando chegaram ao Brasil inicialmente atuaram basicamente na abertura de instituições com o intuito de receber moças para seguirem a vida religiosa. O cotidiano dos conventos, marcado por normas rígidas e vigilâncias constantes, constituía um dos poucos lugares em que as mulheres aprendiam a ler e a escrever. Assim, as escolas católicas de formação de professoras surgiram posteriormente aos conventos e constituíram em espaços de formação das educadoras por meio do curso normal que era o lócus especializado do modelo de formação praticado, tendo em vista que mesmo que as jovens ao completarem a sua formação não seguissem no exercício do magistério estava inserida num modelo de educação feminina que exigia da mulher uma influência harmoniosa e benéfica seja na atuação na escola, na família ou na sociedade. O objeto da investigação foi a formação docente ofertada nas escolas católicas. Pois, essas escolas além de preparar as moças para o magistério, não se descuidavam de prepará-las para serem esposa e dona de casa, estando presentes no currículo de sua formação os ensinamentos de disciplinas como música, língua estrangeira, bem como práticas domésticas presentes nas aulas de bordado, costura e culinária. O objetivo do estudo foi analisar a formação docente ofertada nas escolas católicas. O aporte bibliográfico desta pesquisa ancorou-se nos escritos de Nosella e Buffa (2009), Guaracira Louro (1997), Nunes (1997) Lombardi e Nascimento (2004), bem como na pesquisa documental com foco nas atas e relatórios do Colégio Senhor do Bonfim, pertencente à Congregação das Filhas de Santa Tereza/Icó-Ce, fontes primárias que

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registram a implantação da escola em 1938 e a justificativa para a implantação do internato no ano seguinte voltado para a educação das moças, proposta esta que está inserida no contexto das escolas católicas de formação de educadoras cabendo as Irmãs a tarefa de conduzir as jovens no seu processo de formação. A demarcação temporal estabelecida nesta pesquisa compreende o ano de 1939, ano de implantação do curso normal na referida escola, até 1950, completando um ciclo de atividade da instituição a frente da formação das professoras, como registra o relatório datado de 1950, “um ano santo”. Como diria Louro os cursos normais era a meta mais alta dos estudos a que uma jovem podia chegar. Resulta dessa investigação que a formação feminina estava inserida no modelo de educação da mulher atrelada a uma formação moral pautada nos “bons” costumes e no cumprimento de ser boa esposa e mãe, não somente no tocante a formação feminina, mas também no ato do exercício do magistério.

Experiência docente de uma mestra de meninas Paranaguá 1835-1851

Fabiana Garcia Munhoz - USP [email protected]

A historiografia da educação vem destacando e dando coloratura à heterogeneidade das práticas educativas no Brasil ao longo do século XIX. As primeiras décadas após a emancipação, início do processo de constituição do Estado brasileiro, são marcadas pela escravatura, profundas desigualdades e hierarquização sociais. Embora a educação escolar não tenha constituído um sistema organizado que atingisse parcelas mais amplas da população, é possível identificar uma diversidade de experiências escolares que atingiram meninos e meninas de diferentes grupos étnicos e socioeconômicos. O processo de escolarização se intensificou com a ação do Estado na direção de normatização e monopolização da instrução pública, sobretudo na segunda metade do século. Nesta comunicação, apresento uma fatia deste processo com a análise da aula pública feminina de primeiras letras de Paranaguá,

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regida pela professora Joanna Maria de Mello, entre os anos de 1835 e 1851. A análise foi realizada por meio do cruzamento de fontes que permitiu acompanhar, de forma fragmentada, a trajetória da professora e algumas relações estabelecidas por ela com os demais professores de primeiras letras e sujeitos envolvidos com a instrução pública. A série documental é composta por ofícios diversos e da instrução pública; mapas de frequência de alunos e das cadeiras de primeiras letras; relatórios de comissões, inspetores da instrução pública e presidentes de província; certidão de casamento; legislação educacional e uma obra escrita por um contemporâneo em 1850 – Antônio Vieira dos Santos – intitulada Memória histórica de Paranaguá e seu município. A professora Joanna, que assinava os ofícios e mapas de frequência de suas alunas se autodenominando mestra de meninas, ocupou a cadeira do sexo feminino por, pelo menos, 16 anos. Acompanhando sua trajetória, busquei interpretar seu ingresso no magistério. Tomei sua série de ofícios e mapas de frequência de alunas enquanto fonte e objeto de estudo com o objetivo de analisar como as práticas de elaboração escriturística colaboraram na constituição do exercício da docência como um espaço formativo que indicia um processo de apropriação de saberes. A investigação foi realizada numa perspectiva micro-histórica. Persegui o “fio do nome” (GINZBURG; PONI, 1991) questionando “não apenas sobre o que foi, sobre o que aconteceu, mas também sobre as incertezas do passado e as possibilidades perdidas” (LORIGA, 1998, p. 246-247). Busquei estabelecer a interlocução e operar com o conceito de experiência de Thompson (1981), valendo-me das contribuições de Vidal (2010) e Schueler (2008) sobre a docência como uma experiência coletiva. Acompanhar o itinerário desta mestra de meninas permitiu uma interpretação sobre a experiência docente no século XIX, no que diz respeito ao acesso à docência e ao exercício do magistério.

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Formação e atuação de normalistas Mato-grossenses: a trajetória de Maria

Constança Barros Machado

Gilberto Abreu de Oliveira [email protected]

Ademilson Batista Paes [email protected]

O presente trabalho tem como proposta central o estudo sobre a formação de professores do Brasil, principalmente a efetuada nos âmbitos dos cursos normais nas primeiras décadas da República. Nesse caso, mais especificamente o que diz respeito a normalistas no então estado de Mato Grosso, culminando com aspectos da trajetória e atuação da professora Maria Constança Barros Machado, na cidade de Campo Grande. Tal educadora teve desempenho profissional significativo na região, exercendo por inúmeras vezes, a docência como também cargos de direção de instituições educacionais públicas, nas décadas de 1930, 1940 e 1950, como do Grupo Escolar e Escola Normal Joaquim Murtinho, Ginásio Estadual Campo-grandense, e ainda no Colégio Oswaldo Cruz entre outros trabalhos desenvolvidos em décadas posteriores. Por outro lado, não se pode desconsiderar que tal normalista teve quase sempre – para imprimir trajetória tão marcante – o apoio de lideranças políticas do período, contribuindo para que a mesma passasse a ser considerada uma pioneira no que tange a educação na região. Na pesquisa (em andamento), realizou-se num primeiro momento, levantamento bibliográfico da produção acerca da formação e trajetória de professores no Brasil, principalmente em acervos virtuais onde são disponibilizadas dissertações e teses como os existentes no Banco de Teses da CAPES e nos Programas de Pós- Graduação em Educação; além da análise de farto material bibliográfico de cunho histórico, compreendendo-os como contribuições fundamentais para o entendimento do

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objeto de pesquisa. Por outro lado, também fornece suporte à pesquisa um amplo mapeamento de fontes primárias documentais e iconográficas coletadas nos Arquivos Públicos Estaduais, localizados em Campo Grande (MS), em Cuiabá (MT), além de arquivos pessoais de ex-alunos, familiares e amigos da célebre normalista. Em termos teórico-metodológicos a opção de pesquisa pauta-se nos fundamentos da micro-história, onde a partir de uma figura busca-se compreender um cenário mais amplo, marcado pelos caminhos e descaminhos da formação de professores, como também da perspectiva da História Cultural, que volta olhares para as práticas sociais e culturais de outros sujeitos. Por fim, a pesquisa busca a partir destes referenciais, contribuir para a construção e produção historiográfica acerca da formação de professores no então estado de Mato Grosso, a partir da vida e trajetória profissional de Maria Constança Barros Machado.

Formação identitária do professor alfabetizador na formação continuada:

uma análise histórico-sociológica

Fernanda Izidro Monteiro (PPGE/LEDUC/UFRJ)

[email protected]

Wânia Cristina dos Reis José Balassiano (PPGE/PROEDES/UFRJ)

[email protected]

Consistindo o tema central desse artigo a alfabetização, para realizá-lo tem-se como eixo de abordagem a formação da identidade docente do professor alfabetizador dos anos iniciais do Ensino Fundamental sob o olhar histórico-sociológico de análise da formação continuada e sua representatividade em tal processo. O trabalho pauta-se em uma concepção discursiva e dialógica de formação docente, abordando por esses vieses a temática, assim

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como a própria construção identitária Assim, importa conceber os problemas da alfabetização escolar brasileira e os baixos índices de aproveitamento no que se refere à linguagem, leitura e escrita pelo prisma do alfabetizador, que vive um processo de esvaziamento da identidade docente e, consequentemente, da sua práxis, analisando tais elementos a partir de uma perspectiva histórica que abordará os traços e matizes dessa identidade em construção a partir da diluição dos cursos normais e a compulsiva profissionalização do então 2º grau, imposto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de número 5692 do ano de 1971. Até então oferecidos por escolas e corpos docentes específicos, os cursos normais foram somados à gama de outros cursos profissionalizantes, diluindo a especificidade e a especialidade das escolas de formação. Considerando os cursos de formação continuada como uma busca docente no sentido de afastar-se de tal perspectiva descredibilizadora demonstrada pelos fatos históricos e dos resultados das avaliações nacionais, busca-se levantar dados que permitam circunscrever os traços de um perfil dos professores que procuram a formação continuada, na área de alfabetização, oferecida pelas Universidades Públicas, cada vez mais convocadas a exercer um papel formador. A análise tomará por critérios gênero, escolaridade, instituição de formação, tempo de atuação, grau de escolaridade e tipo de formação continuada escolhida, assim como elementos de análise do discurso subjacentes e sobrejacentes advindos da construção textual de tais professores. Numa perspectiva bakhtiniana, os conceitos de dialogismo, autoria, sujeito e discurso contribuem para discutir a identidade docente alfabetizadora. Tais elementos, interseccionados com a perspectiva histórico-sociológica de análise permitirá delinear basilarmente a identidade profissional destes indivíduos. Por ser o primeiro momento de exploração do objeto nessa pesquisa de dissertação, a análise se constituirá a partir da apresentação de dados objetivos, tabulados de acordo com categorias iniciais, que serão exploratoriamente articulados com os eixos teóricos e históricos anteriormente citados, a fim de esboçar a concepção de um cenário analítico da identidade do professor alfabetizador que busca os cursos de formação continuada.

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Formando profissionais para a indústria: os primeiros professores da Escola Técnica Nacional

Tereza Fachada Levy Cardoso [email protected]

Com a revolução de 1930, a emergência de novos grupos desvinculados da economia agrário-exportadora valorizou os setores voltados para o mercado interno. A educação profissional precisou ser reavaliada, para atender às necessidades do projeto traçado pelo capital industrial, como a formação e qualificação da mão de obra brasileira, especialmente aquela ligada às atividades industriais. O ensino técnico passou, com a reorganização administrativa do Estado brasileiro, a vincular-se ao recém-criado Ministério da Educação e Saúde Pública, e não mais ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, que foi extinto, o que significou também um novo espaço político-social, agora ao lado da Educação, embora no interior da estrutura do novo Ministério ainda persistisse a separação entre “ensino técnico profissional” e “ensino” em geral. A Escola Técnica Nacional (ETN) foi instituída pelo Decreto-Lei nº 4.127, de 25 de fevereiro de 1942, que estabeleceu as bases de organização da rede federal de estabelecimentos de ensino industrial. Mas também foi criada dentro do contexto educacional do Rio de Janeiro, capital que detinha uma série de outras instituições como, por exemplo, o Colégio Pedro II e o Instituto de Educação, que serviam de modelo para o país. Daí que o Nacional, no nome da Escola, faz todo o sentido. A ETN, tendo como finalidade preparar profissionais especializados para a indústria, oferecia formação em dois níveis: 1) cursos industriais básicos, de quatro anos, para os que tivessem o então curso primário completo, nas seguintes modalidades: Alfaiataria; Aparelhos Elétricos e Telecomunicações; Carpintaria; Cerâmica; Corte e Costura; Chapéus, Flores e Ornatos; Fundição; Marcenaria; Máquinas e Instalações Elétricas; Mecânica de Máquinas; Mecânica de Precisão; Mecânica de Automóveis; Serralheria; Tipografia e Encadernação; e, ainda, Pintura; 2) cursos industriais técnicos, com duração de três anos, destinados aos portadores de certificado do antigo ginasial ou dos cursos industriais básicos, abrangendo as modalidades: Construção de Máquinas e Motores; Eletrotécnica; Edificações; Decoração de Interiores;

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Desenho Técnico e Eletrotécnica; Desenho Técnico de Arquitetura e Móveis; e, ainda, Construção de Aeronáutica. Este trabalho pretende contribuir com os estudos relacionados ao processo de institucionalização do ensino industrial, no período iniciado no Estado Novo brasileiro, elegendo como objeto de pesquisa o primeiro corpo docente que atuou na ETN, em 1942. Observa-se, na pesquisa realizada no Arquivo do CEFET-RJ e obras sobre o tema, que parte dos professores vieram da Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Braz, fechada em 1937, acrescido de professores estrangeiros contratados para a ocasião, além de outros brasileiros. Os docentes são caracterizados quanto à sua nacionalidade, forma de ingresso na instituição, formação acadêmica, experiência docente, disciplinas lecionadas, outras funções exercidas na instituição, entre outros aspectos.

Fran Paxeco, Lenthe da revitalização pedagógica moderna e organizador do 1º Congresso

Pedagógico do Estado do Maranhão em 1920

Rosângela Silva Oliveira Doutoranda em Educação

Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected]

A instrução pública maranhense na Primeira República brasileira (1890-1930) recebeu contribuição pedagógica de alguns profissionais liberais dentre eles Manuel Francisco Pacheco (1874-1952) conhecido como Fran Paxeco, cônsul de Portugal no Maranhão durante o período de 1900 a 1922, membro-fundador da Academia Maranhense de Letras (1908), do Instituto de Assistência à Infância (1911), do Centro Republicano Português (1911) e da Faculdade de Direito (1918), com vida docente ativa em ambientes educativos de São Luis, capital maranhense. Como um revitalizador da Pedagogia Moderna no Maranhão, Fran Paxeco idealizou e organizou o I Congresso Pedagógico do Estado do Maranhão entre o final de 1919 e início de 1920. Foi o primeiro evento pedagógico republicano na instrução pública maranhense especialmente voltado para a socialização de novos métodos e técnicas de ensino, objeto de estudo desta comunicação individual que tem

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o objetivo de apresentar a contribuição de Fran Paxeco junto à comunidade docente de São Luis em seu momento singular de revitalização pedagógica, conforme pesquisa realizada em fontes bibliográficas e documentais. Registros históricos importantes foram descobertos durante esta investigação, dentre eles os Anais deste Congresso Pedagógico que se encontra na seção de Obras Raras da Biblioteca Pública Benedito Leite sediada em São Luis. Os fatos históricos coletados foram analisados considerando suas representações, buscando torná-los mais inteligíveis, racionais, significativos e projetivos (LE GOFF, 2003; CHARTIER, 1988; MAGALHÃES, 2004). Como docente, Fran Paxeco apresentou- se como ágil articulador e mediador pedagógico para reunir a comunidade docente maranhense em favor de uma Pedagogia Moderna inspirada nas ideias de Johann Heinrich Pestalozzi e Friedrich Froebel. O registro escrito das Theses organizadas nos Anais mostram a seriedade e profundidade do conhecimento científico exibido, o que aponta a grande contribuição pedagógica aos docentes e à instrução pública maranhense. As sessões realizadas neste Congresso e suas respectivas Theses serão apresentadas no trabalho completo, se aprovado este resumo para comunicação individual vinculado ao eixo temático História da Profissão Docente do VII Congresso Brasileiro de História da Educação promovido pela Sociedade Brasileira de História de Educação com o tema Circuitos e Fronteiras da História da Educação no Brasil.

História da formação de professores em São Paulo (1875-1894)

Tatiane Tanaka Perez Universidade de São Paulo

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Este trabalho pretende analisar a construção de uma cultura escolar a partir do conhecimento pedagógico em curso na Escola Normal de São Paulo, no final do século XIX. Partimos da premissa de que os saberes entendidos como necessários ao exercício do magistério são reveladores da constituição de uma cultura profissional docente e de representações acerca de um ideal de professor e de escola que se pretende formar. Tais conhecimentos podem ser

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identificados nos manuais impressos de formação de professores e em suas apropriações presentes nos discursos dos aspirantes à carreira do magistério, através dos exames realizados pela Escola Normal. O período delimitado para este estudo compreende duas décadas, de 1875 a 1894. O ano de 1875 corresponde à segunda abertura da Escola Normal – momento em que, pela primeira vez, são realizados exames escritos na referida escola, destinados aos seus alunos e aos aspirantes às cadeiras de instrução pública primária. O ano de 1894 marca o início de um período de inúmeras mudanças na estrutura e organização da escola, além da mudança da Escola Normal para prédio próprio, à Praça da República. Nessa empreita, procuramos demonstrar a relação existente entre a expansão da instrução primária e as iniciativas de formação de professores em instituições específicas, sobretudo na Província de São Paulo no último quartel do século XIX. A partir da análise das provas e dos manuais pedagógicos, procuramos identificar uma concepção de educação, de instrução, de escola e de métodos de ensino que circulavam no período, por entender que tais aspectos são fundamentais para a compreensão do perfil de professor e de um modelo de escola que se pretendia formar. Por último, pretendemos trazer à tona um ideal de professor presente no ideário da época. No período em estudo, o professor possui figura central e exemplar na formação de hábitos e condutas desejáveis para a população. A partir do momento em que o Estado assume a responsabilidade pela instrução do povo, ele institui um controle mais rigoroso sobre o processo educativo e, consequentemente, sobre o professor. Ao torná-lo funcionário público sob tutela do Estado, é possível criar dispositivos de controle mais rígidos que dizem respeito aos processos de seleção do pessoal docente, às instituições autorizadas para sua formação, e ao estabelecimento de um conjunto de saberes exigidos para o exercício da profissão. Nesse processo de constituição profissional, é possível perceber mudanças e permanências, articuladas a um projeto civilizador – por meio da disseminação de hábitos, condutas e práticas, tipicamente escolares – que orientam e permeiam toda a sociedade.

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História de vida de professoras migrantes na fronteira

Maria das Graças Campos UERJ/PPFH

Este trabalho apresenta um recorte dos resultados de uma pesquisa de mestrado, que desenvolveu um estudo do percurso vivido por professoras migrantes que atuam em escolas públicas no município de Campo Verde, interior do estado de Mato Grosso. Na investigação foram entrevistadas 20 professoras efetivas que atuam na Educação Básica e que migraram para esse município a partir da década de 1970.Como estratégia metodológica adotou-se a História Oral, que permitiu a obtenção de fontes para uma leitura do passado e compreensão de como elas experimentaram e interpretaram acontecimentos, situações e modos de vida diante do grupo ou da sociedade em geral para a qual estavam migrando. Em seus percursos, essas professoras enfrentaram desafios e transformações sociais, bem como reconceituaram linguagens e procedimentos frente às exigências do novo lugar. Nesse espaço geográfico e de sociabilidade, também considerado fronteira humana, são reproduzidas formas de convivências pacíficas e solidárias, mas ainda são lugares segregadores, onde estereótipos, preconceitos e discriminação permeiam as relações de tal forma que a cidade se encontra dividida em três “ilhas”, cada uma representando uma determinada classe social. A partir da reflexão acerca da forma de organização dessa cidade e das relações de poder existentes, busco resposta para as questões étnico-raciais que permeiam as relações sociais e educativas da cidade, muitas vezes conflituosas no cotidiano de alunos, pais e professores. Para melhor compreensão de como se dá a convivência das professoras migrantes nessa nova sociedade, propomos nesta investigação uma reflexão sobre como foram construídos conceitos e opiniões, bem como preservados seus valores, apesar das diferenças e contradições inerentes ao encontro com o outro, nesse caso, o diferente. As reflexões a respeito do processo migratório das professoras de Campo Verde levam-nos a revisitar os

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estudos realizados por Nóvoa (1991) sobre a vida dos professores. Em sua obra, ele registra que, a partir da publicação do livro de Ada Abraham, em 1984, intitulado “O Professor é uma Pessoa”, a literatura pedagógica foi invadida por inúmeras obras e estudos que tratam da vida dos professores, carreira e percursos profissionais, de biografias e autobiografias docentes ou do desenvolvimento pessoal dos professores, que recolocaram os professores no centro dos debates educativos e das problemáticas da investigação. Outra questão que norteia esta pesquisa é a identificação dos motivos que levaram essas mulheres migrantes a optar pela carreira do magistério. E é baseando-me na memória educativa dessas migrantes que pretendo contribuir para análise de um material riquíssimo na tentativa de subsidiar reflexões a respeito da vida e identidade dessas professoras.

Histórias de vida-formação: interfaces com a história da educação na Bahia

Joselito Brito de Almeida [email protected]

As histórias de vida e da profissão docente são contributos importantes para uma maior compreensão do processo educativo e da história da educação. As histórias narradas pelos educadores partilham as experiências vivenciadas nos lugares educativos, de inserção social e de formação profissional e possibilitam olhares diferenciados sobre as instituições escolares, seus disciplinamentos, seus códigos e os sujeitos que vivem, quotidianamente, as problemáticas da educação. As trajetórias sociais, os percursos formativos, as opções políticas, religiosas, culturais e educativas dos educadores tornam-se centrais para a investigação em educação na medida em que facultam novas compreensões, entendimentos, interpretações, definições e novos objetos de análise para o estudo da história da educação. Assim, as histórias de vida e da profissão docente podem cumprir papel fundamental para o preenchimento das lacunas ainda existentes na historiografia da educação e, dessa forma, contribuir, significativamente, para o campo de formação de professores, do currículo,

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da gestão e da história, dentre outros. O grande desafio para escrever e reescrever a história da educação em outras bases, tomando as experiências educativas e profissionais dos sujeitos, reside e se circunscreve na tarefa de interpretar as histórias, singulares e plurais, coletadas por meio de entrevistas narrativas (auto)biográficas dos educadores. A proposta deste trabalho se insere nas pesquisas que consideram as histórias de vida como alicerces para a reflexão das problemáticas educativas, de formação e atuação profissionais e, assim, assume o compromisso de reconstrução da história educacional da Bahia, centrando seu foco de investigação nas histórias de vida, nas trajetórias de formação e de atuação de docentes. Dessa forma, elege a abordagem (auto)biográfica e a entrevista narrativa como referências para o resgate das memórias, das histórias de vida e da profissão docente, das trajetórias e dos percursos, individuais e/ou coletivos, de formação, atuação e vivências profissionais como um movimento sinérgico. Para a realização dessa tessitura historiográfica põem em destaque as histórias de vida de uma professora baiana que se materializaram por meio de entrevista narrativa. Neste trabalho, partimos da compreensão de que as histórias de vida e da profissão, as trajetórias de formação e de trabalho docente são importantes fontes de informação para a composição e (re)construção da história da educação.

Histórias de vida e profissão docente: quando engenheiros tornam-se professores

Francisco das Chagas Silva Souza - PPGEP [email protected]

Albino Oliveira Nunes Professor do IFRN

[email protected]

Um século depois de terem sido criadas as Escolas de Aprendizes Artífices, em 1909, o governo brasileiro passou a expandir a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica como uma política pública de desenvolvimento social e regional. A ampliação dos Institutos Federais colabora para o debate sobre a história da profissão docente no Brasil, visto que, concomitante com

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o crescimento da EPT, também se eleva o número de professores que não são egressos de cursos de licenciaturas, requisito essencial para exercer a docência na Educação Básica, segundo a Lei nº 9.394/96. Estamos falando dos bacharéis que abraçaram a docência, muitas vezes, dividindo-a com a profissão a qual se formaram nas universidades. De acordo com a literatura que trata desse tema, esses bacharéis professores têm as suas práticas alicerçadas nos saberes que adquiriram ao longo de suas histórias de vida e nos que adquiriram nos cursos universitários. Essa comunicação tem o objetivo de discutir como engenheiros tornam-se professores a partir das narrativas desses profissionais docentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Campus Mossoró. Trata-se de uma pesquisa financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte (FAPERN), cujo objetivo é discutir como engenheiros professores do IFRN/Mossoró se posicionam com relação à profissão docente, ao ingresso e à permanência no magistério, aos saberes necessários à sua prática pedagógica. Pretendemos discutir de que maneira as histórias de vida desses sujeitos oferecem os elementos necessários para o exercício da profissão e às suas concepções em relação ao ser professor. A pesquisa tem uma abordagem qualitativa e, quanto aos seus objetivos, pode ser classificada como explicativa. A metodologia constou de entrevistas orais nas quais foram formuladas aos entrevistados indagações como: as razões que os tornaram engenheiro e, depois, professores; a relação entre suas experiências de vida e o exercício da docência, a permanência na nova profissão, os desafios que enfrentaram e ainda enfrentam no exercício dessa profissão. As entrevistas foram gravadas e depois transcritas para a análise do conteúdo. A pesquisa está em andamento, mas os primeiros resultados obtidos demonstram que a docência é vista pelos entrevistados como um traço característico dos seus percursos existenciais. Muitos consideram a prática pedagógica como um dom que possuem, quase algo inato. Do ponto de vista da identidade profissional, geralmente se vêem duplamente como engenheiros e professores. Ressaltam que as experiências adquiridas nas empresas são imprescindíveis para o seu fazer pedagógico diário. Portanto, os discursos demonstram que a escolha da docência não ocorre apenas em nível do sujeito, mas também como resultado de um processo histórico que constrói a profissão professor e as imagens que a sociedade atribui a esta.

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Igreja católica e formação de professores em São Paulo a Escola Normal Livre Sagrado

Coração de Jesus (1943)

Leila Maria Inoue [email protected]

Este texto pretende discutir sobre a história da formação docente no estado de São Paulo, na primeira metade do século XX, mais especificamente sobre a expansão do ensino normal na região oeste paulista (1927-1946). O objeto de estudo deste texto é a Escola Normal Livre Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Marília, que foi criada em 1943. Este estudo tem a finalidade de estudar a contribuição dessa escola para a formação docente na região e tem como objetivos estudar e compreender como foi o processo de criação e implantação das escolas normais e ampliar os conhecimentos sobre a história da formação docente no estado de São Paulo. As fontes deste estudo são documentos, regulamentos, programas de ensino, atas, ficha de matrículas, relatórios, cadernos de anotações e outros materiais do arquivo permanente da escola. Este estudo também faz parte dos questionamentos que norteiam a pesquisa de Doutorado em Educação, no Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista-Marília. A Reforma de 1927, implantada pelo Diretor Geral da Instrução Pública Paulista Amadeu Mendes, equiparou as escolas normais livres (municipais e particulares), que se fundassem no Estado, às escolas oficiais. Essa medida expandiu as escolas normais para o interior e litoral do Estado com a finalidade de formar professores para atender as localidades mais distantes e a zona rural levando a escola a um maior número de crianças. As escolas normais particulares e municipais eram denominadas de “livres”, mas apesar da denominação eram submetidas à fiscalização do governo pó meio dos inspetores de ensino. É possível observar pelo estudo de Leonor Tanuri (1979) (sobre o ensino normal paulista na primeira República) que as escolas normais foram implantadas tardiamente na região oeste paulista. Então, foi a partir dessas observações que a pesquisa se desenvolve. Observa-se por meio da Poliantéia Comemorativa

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do Centenário do Ensino Normal em São Paulo (1946) que, a partir da Reforma de 1927, algumas escolas normais livres e oficiais foram criadas e implantadas na região como a Escola Normal Livre Sagrado Coração de Jesus. O desenvolvimento desta pesquisa será realizado sob as perspectivas da História Cultural com base nos estudos de Carvalho, De Certeau e Chartier. A análise dos documentos normativos contribui para o resgate de elementos da História da Educação Brasileira, visto que revelam as transformações políticas e culturais emergentes em determinados momentos e locais e as tendências pedagógicas propostas para a formação de professores. Portanto, os acervos das escolas normais são de natureza ímpar e reveladores de aspectos talvez ignorados pela história. Diante deste estudo, ressalto a importância das escolas normais livres no processo de expansão do ensino normal na região oeste paulista e também, influência da Igreja Católica como uma das instituição que contribuiu para a expansão.

Inscritas em linho branco: os concursos públicos para candidatas as vagas das escolas mistas e femininas de São Paulo (1893 – 1897)

Rosiley A. Teixeira Universidade Nove de Julho – SP

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Nos concursos públicos para as escolas preliminares mistas ou femininas em São Paulo no início da República eram exigidas diversas provas dentre elas encontravam-se as de prendas domésticas. Nessas provas as candidatadas deveriam demonstrar suas habilidades com as agulhas em bordados, no linho branco, de ponto ajour e caseados. Com a análise dessas provas pretende-se discutir o lugar das prendas domésticas na escolarização das meninas e na composição de um grupo profissional feminino no magistério público paulista. Desse modo essa comunicação terá como objeto de estudo alguns concursos públicos realizados entre 1893 a 1897 em que é possível encontrar uma série de provas realizadas, tanto por homens, quanto

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por mulheres. Os processos com as atas e toda documentação apresentada pelos candidatos as vagas eram enviados ao Conselho Superior da Instrução Pública para nomeação dos aprovados. Esses processos, pelos documentos que os compõe, permitem uma série de incursões que possibilitam não só saber o número de mulheres que concorriam às vagas oferecidas, mas também traçar o perfil das candidatas às escolas preliminares. Dos 33 processos encontrados, no ano de 1983, haviam 16 mulheres inscritas com idade média entre 23 e 27 anos.. Em sua maioria concorriam às vagas nas cidades onde residiam. Em 1895 foi possível encontrar 26 processos de concurso para escolas preliminares encaminhados ao Conselho Superior para a devida nomeação dos (as) normalistas. Dos 26 candidatos inscritos e nomeados, 11 eram mulheres. Em 1895 os inscritos quase que em sua totalidade eram formados no período republicano e com a maior parte dos diplomas assinados pelo diretor da Escola Normal paulista Gabriel Prestes. Já em 1896 dos 17 nomeados, dez eram mulheres. Destaca-se que embora o governo republicano não tenha rompido de imediato com os antigos professores demitindo-os, começou, por meio dos concursos a receber um conjunto de profissionais composto já em grande parte por mulheres, formadas segundo as bases do novo regime. Considera-se que para os concursos públicos das escolas preliminares tanto a exigência de formação na Escola Normal, quanto os saberes necessários ao exercício da profissão eram definidores desse novo profissional- feminino. Outros elementos definidores do magistério público primário feminino eram os documentos exigidos para inscrição das mulheres nesses concursos, bem as como a comissão julgadora que ao definir o professor (a) a se nomear, falava do conhecimento que seus membros possuíam e do lugar político e social que ocupavam. Pois, nos primeiros anos da república, a comissão poderia ser formada por coronéis, padres, intendentes, professores (as) e inspetores escolar dentre outros.

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Mais escolas, mais professores: história da constituição do corpo docente de

ensino secundário no Piauí (1950 – 1970)

Antonio de Pádua Carvalho Lopes Universidade Federal do Piauí

[email protected]

O presente trabalho buscou analisar o modo como foi se constituindo o corpo docente de ensino secundário no Piauí, considerando as transformações ocorridas nesse processo com a implantação na década de 1950 da Faculdade Católica de Filosofia e na década de 1970 com a Universidade Federal do Piauí. Os estudos sobre essa temática no Piauí encontram-se ainda em fase inicial, destacando-se o trabalho de Sousa, Bomfim, Pereira (2002) e Lopes (2012). Uma das conseqüências da expansão do ensino secundário ocorrida nessas décadas no Piauí foi o aprofundamento da necessidade de formação de professores para esse nível de ensino, que vinha sendo resolvida, até início da década de 1960, especialmente, pelos Cursos de Aperfeiçoamento do Ensino Secundário – CADES. Castelo Branco (1981) relembra o modo como de alguns de seus professores realizava sua preparação pedagógica, superando “suas deficiências de mestres improvisados, estudando, eles próprios, para nos transmitirem um pouco de conhecimento”(p. 81). Nesse texto objetiva-se analisar as articulações existentes entre a ampliação da rede escolar, a constituição do corpo docente e os processos formativos acionados pelos docentes para o exercício profissional. A pesquisa utilizou como fontes mensagens governamentais, leis orçamentárias, jornais oficiais e diários, livros de memórias e de história de cidades, dentre outras. Do entrecruzamento dessas fontes procurou-se compreender o modo como foi se estabelecendo a composição do corpo docente de ensino secundário entre a escola, os cursos de formação e registros profissionais. Trabalhando, especialmente, com os conceitos de experiência e cultura de Edward P. Thompson, buscou-se compreender a dinâmica que envolve a ação dos professores no processo de constituição dessa categoria profissional docente. Abreu

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(1960) destaca que um dos efeitos da expansão da escola secundária foi a organização do que ele denomina “magistério de emergência”. Esse seria, segundo Abreu (1960) formado por profissionais “[...] aliciado nas sobras, lazeres e desemprego de outras profissões, ou entre outros candidatos sem profissão nenhuma”(p. 93). No período aqui analisado, a política de expansão do ensino secundário engendrava a necessidade de docentes para as escolas que se abriam em diversos pontos do país. No Piauí a criação de escola para formação do professor de ensino secundário materializou-se com a criação da Faculdade Católica de Filosofia. O período aqui analisado demarca o momento em que transformações na organização do sistema escolar piauiense articulam-se com a alteração na composição do corpo docente do ensino secundário e no exercício da docência nesse nível de escolaridade.

Manuais didáticos formando professores de história

Antonio Simplicio de Almeida Neto [email protected]

O livro didático, esse “... produto cultural complexo... [que] se situa no cruzamento da cultura, da pedagogia, da produção editorial e da sociedade”, vem se constituindo e consolidando nas últimas décadas como objeto de pesquisa privilegiado para temas referentes à Educação. Este trabalho refere-se a projeto de pesquisa em andamento (CNPq nº 401652/2011-4) que propõe investigar aspecto pouco discutido nesse campo que é o da importância desse material didático na formação de professores de História, tanto em relação aos conteúdos como às questões didático-pedagógicas, para além, portanto, de seu papel precípuo de formação de alunos. Embora haja referências de que desde o século XIX e ao longo do XX, existisse a perspectiva de se estar formando o professor através do livro didático, como sugerem alguns pesquisadores, entendemos que a partir dos anos 1960 com os governos militares, essa tendência se amplia, devido a fatores como diminuição salarial, ampliação

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da jornada de trabalho, precarização da formação dos professores, professores graduandos, etc. Assim, em maior ou menor grau, o livro didático passou a exercer crescente função formativa junto aos professores em pleno exercício de suas atividades profissionais. No encaminhamento proposto, a pesquisa vem ocorrendo junto a dois grupos de professores que atuaram em períodos distintos nas escolas da rede pública estadual da região metropolitana da cidade de São Paulo no Ensino Fundamental II e Médio, lecionando nas décadas de 1970 e 1990 e que, em nosso entendimento, possibilitará a compreensão e análise da formação e transformação dos saberes profissionais docentes relacionados ao livro didático, caracterizando uma perspectiva histórica da temática em dois períodos que se configuram como momentos singulares para a pesquisa, pois apresentam características bastante definidas, em consequência das profundas transformações políticas, econômicas e sociais que assinalaram diferenças acentuadas na atuação do Estado e, consequentemente, nas políticas públicas para a educação e o livro didático. Com esse propósito procuramos analisar as representações de professores, autores e editores acerca do papel formativo dos livros didáticos para os docentes e a atuação do Estado através das políticas públicas. Serão utilizados, além da análise de documentação oficial e livros didáticos do período, através de seus protocolos de leitura, relatos orais – entendidos como representações, referenciado na teoria geral das representações discutida por Henri Lefebvre – dos diferentes sujeitos envolvidos.

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Movimento escolanovista e formação de professores no Espírito Santo: Attílio Vivacqua,

Deodato de Moraes e Adolphe Ferrière

Regina Helena Silva Simões [email protected]

Rosianny Campos Berto [email protected]

Universidade Federal do Espírito Santo

Investiga o movimento escolanovista no Espírito Santo, entre 1928 e 1930, quando Attílio Vivacqua assumiu a Secretaria da Instrução. Toma como fonte principal o número 67 do periódico Pour L’Ére Nouvelle, publicado em 1931, com o objetivo de acompanhar o “encontro” produzido entre dois textos publicados nesse impresso: o artigo de Deodato Moraes sobre a reforma da instrução pública no Espírito Santo e o artigo de Adolphe Ferrière que destaca a experiência capixaba. Busca compreender iniciativas de cunho escolanovista desenvolvidas na tensão entre ideais de modernização da escola que circulavam internacionalmente e condições locais que circundaram as experiências capixabas. Dentre outras fontes, os textos são analisados no entrecruzamento com uma entrevista de Attilio Vivacqua veiculada no jornal governista Diário da Manhã e, posteriormente, publicada sob a forma de brochura, e com a Mensagem de Governo de 1929. Ferrière elogia a reforma promovida por Fernando de Azevedo, que havia se espalhado por outras localidades além do Distrito Federal brasileiro, entre as quais estava o Espírito Santo, onde Moraes dirigia uma Escola Normal que ele situava entre as mais bem concebidas da sua época: “[...] parmi les mieux conçues qui existent” (FERRIÈRE, 1931, p. 88). O autor comenta a Reforma capixaba com base na descrição de Moraes publicada na Revista Brasileira de Educação em 1929. Na leitura dos documentos e do hors-texte, já que os textos têm fendas (GINZBURG, 2002), pode-se perceber tensões em torno da importação e da difusão de “modelos” escolares, da necessidade de “adaptação” local de ideais escolanovistas, do sentimento nacional(ista) em torno do qual se buscavam adesões ao projeto educacional renovador como alavanca para

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o progresso nacional e, especialmente, do papel atribuído aos professores como mensageiros do “novo”. Assim, a reforma educacional proposta para o Espírito Santo pode ser entendida na mistura de sentimentos de brasilidade, de ardores cívicos que facilitavam adesões de segmentos sociais mais amplos, e de postulados de ordem “científica” que atravessavam as experiências locais. Nota-se, porém, que os textos de Ferrière e de Moraes afirmam como ponto comum o recurso à formação científica de professores capazes de traduzir, em suas lições, uma escola nova. Em outras palavras, reformas pensadas a partir de lideranças com Fernando Azevedo, a quem Ferrière atribuía a força hercúlea capaz de derrotar “a hidra de cem cabeças” do “atraso” educacional no Brasil, ou de Attílio Vivacqua, a quem se atribuía papel semelhante na cena capixaba, fazem emergir, na outra ponta, legiões de professores/as anônimos trabalhando em condições extremamente desfavoráveis em escolas brasileiras. Habitantes das fendas desses textos, esses/as professores/as sem nome, sem os quais nada acontece nas escolas, provocam o contrapelo da história e, nesse movimento, encontramos os nossos mestres.

Muitos fios e poucas opções: a profissão docente em Araguari no Estado Novo

Gilma Maria Rios UNIPAC/Araguari- MG e CESUC/Catalão – Go

[email protected]

O presente trabalho é resultado de uma investigação realizada pelo grupo de pesquisa da Faculdade Presidente Antônio Carlos/UNIPAC-MG e Centro de Ensino Superior de Catalão/CESUC- GO sobre a profissão e formação docente nas series iniciais do ensino fundamental em Araguari, cidade do interior mineiro, no período de 1930 a 1945. Resolvemos averiguar como era a profissão docente na cidade araguarina, durante o período do estado novo, que evidenciou um olhar sobre alguns elementos históricos acerca da profissão docente, bem como questões pertinentes ao fazer pedagógico. Vale lembrar que este panorama histórico da profissão docente está intimamente relacionado com a história da educação, fato que também norteará nossa investigação, a qual se torna significativa por acreditarmos na importância

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de amoldar-se e abranger algumas funções que a escola desempenha na sociedade, numa espécie de reconstrução histórica do movimento dos professores. A relevância desta pesquisa se dá, tendo em vista o pouco estudo que é desenvolvido pela maioria dos pesquisadores e estudantes do local em indagar e procurar respostas sobre as tendências educacionais praticadas no município ainda nos dias de hoje, como: processos invisíveis de constituição profissional, representação social de poucos competentes para o exercício da profissão e o sacerdócio educacional. Não se pode esquecer que em Minas, durante a Era Vargas, o professor vivencia uma situação aparentemente contraditória, de desvalorização profissional e aparente valorização social. Trata-se de um processo gradativo, que tem seu ponto alto no Estado Novo. A compreensão deste duplo paradoxo obriga a um duplo entendimento. Por um lado o Estado exerce um controle autoritário dos professores, inviabilizando qualquer vontade de autonomia profissional. Por outro lado, o investimento missionário (e ideológico) obriga o Estado a criar as condições de dignidade social que salvaguardem a imagem e o prestígio dos professores, nomeadamente junto das populações. Partindo dessa posição foi possível interpretar o contexto histórico de educadores em uma época distante, mas que ainda tem seus afazeres entremeados no espaço educacional vigente em busca de uma prática pedagógica comprometida com o processo de aquisição do saber. Assim, nosso objetivo aqui é focalizar as normas para os seguidores do oficio docente e analisar suas influencias na profissão docente durante o estado novo. Para viabilizar a pesquisa, elegemos como fonte de dados a coleção das Leis e Decretos do Estado de Minas Gerais, as Leis Municipais e os artigos do jornal local, Gazeta do Triangulo, que circularam/ foram seguidos no período estadonovista, ferramentas fundamentais no desenvolvimento da pesquisa diante das muitas dificuldades encontradas pelo caminho. Diante deste estudo se pode observar que a profissão docente em Araguari, seguiu alguns modelos usados em outros lugares, como, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Porém, pelos documentos examinados, vimos que a direção da educacional local, não vislumbrou a aprendizagem de ser professor como um processo de longa duração, mas que a profissão docente se encerrava com o término do normal, quando o professor tinha a obrigação de estar “pronto e acabado” moral e intelectualmente para exercer o oficio de docente.

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Mulheres negras no magistério da Bahia do século XIX - as aspirantes ao Internato Normal

Ione Celeste Jesus de Sousa [email protected]

Esta proposta de comunicação individual enfoca a interface entre relações raciais e formação docente ao tratar de pedidos de exame de admissão para ingresso no Internato Normal de Senhoras, na província da Bahia, por moças negras - na expressão da época, “de côr”, entre 1870 e 1890. A problematização é que a busca pela inserção no magistério por mulheres negras começou a ocorrer já na segunda metade do século XIX, enquanto tática de profissionalização, segurança e busca de prestígio social. Portanto, que a feminização do magistério também ocorreu com uma presença de mulheres negras num período bem anterior a Abolição e a República, marcos tradicionais nos estudos sobre este processo. A fonte base são os pedidos de admissão ao Internato Normal de Senhoras. São processos constituídos por diversos documentos probatórios da identidade da aspirante, e que demarcam uma profunda importância dos valores então associados ao bom exercício do Magistério, a idoneidade moral e religiosa, indissociáveis naquele momento, e que a historiografia já problematiza como mais importantes que o próprio saber docente. Dos documentos que os compõem, estão os atestados de freqüência à aula pública ou a Colégio Particular; o atestado de procedimento religioso junto ao pároco da freguesia onde residia que indica o procedimento religioso quanto à freqüência as missas e demais rituais religiosos; o atestado de procedimento moral, que poderia ser escrito por um vizinho ou pelo mesmo pároco; e o atestado de assentamento de batismo. Destes, o Assentamento de Batismo é o primordial nesta problematização, pois nele esta registrada a categoria cromático-racial da aspirante, conforme as categorias da época: preta, parda, mulata, creoula, branca, assim como a categoria de legitima ou ilegítima, muitas vezes registrada como “natural”. Contudo, em alguns assentamentos a discussão é indiciária, com base nas relações sociais de parentesco e de alianças sócio-parentais em que estas moças estavam inseridas, pois, o registro se a mãe quanto às referidas

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categorias de “côr”– parda, preta, creoula; quanto às categorias jurídicas, se forra ou escrava; ou ainda origem/naturalidade, quando aparece os termos designativos “africana” ou “creoula”, que designava tanto a questão cromática da pele, e seus demais atributos fenotípico, como a nacionalidade - ser filha de africanos. A categorização social das moças aparece também nas relações com o requerente, geralmente um homem que a apresenta como sua “protegida” ou “afilhada”, possibilitando a discussão sobre serem filhas naturais deste não reconhecidas. Uma segunda questão que problematizo é a evidência da existência de famílias negras, na época, de pessoas de côr, que atuavam no magistério e que buscaram por várias táticas, como os pedidos e as alianças pessoais, encaminhar as filhas nesta profissão então já concebida como uma atividade feminina de prestígio e segura.

O Conservatório Nacional de Canto Orfeônico como instituição modelo e a

experiência no Paraná

Wilson Lemos Junior (IFC / PUC-PR) [email protected]

Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUC-PR) [email protected]

O ensino de música e canto orfeônico prosperou durante o projeto nacional de educação proposto pelo governo de Getúlio Vargas nas décadas de 1930 e 1940. Isso se deve ao apoio de educadores como Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira, assim como ao apoio incondicional do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos. O maestro organizou a situação do ensino de música no Brasil propondo decretos de ensino traduzidos nas reformas de Francisco Campos em 1931 e de Gustavo Capanema em 1942. Nessas décadas, o ensino de música tornou-se obrigatório não só nas escolas primárias, como nas secundárias, especificamente nos cursos ginasial e na escola normal. A parceria entre o governo

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getulista com a proposta educacional de Villa-Lobos acarretou grandes concentrações cívicas nas quais as crianças e até mesmo trabalhadores reuniam-se em locais públicos para cantarem hinos e canções de exaltação cívica e patriótica. No ano de 1942, Heitor Villa-Lobos inaugura o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico no Rio de Janeiro, demonstrando sua preocupação com uma questão considerada por ele frágil em relação ao ensino de música no Brasil, no caso, a carência de professores qualificados para atuar nessa modalidade de ensino nas mais variadas regiões do país. A ideia do maestro era a de criar uma instituição modelo para ser seguida pelos estados brasileiros. No Paraná foi apenas no ano de 1956 que foi instituído o Conservatório Estadual de Canto Orfeônico do Paraná em Curitiba, estando de acordo com as diretrizes propostas por Heitor Villa-Lobos para o Conservatório Nacional. É certo que o Conservatório Estadual de Canto Orfeônico foi originado do Conservatório de Música do Paraná que se encontrava em funcionamento desde o ano de 1913 na capital paranaense. Esse estudo mostra uma análise das diretrizes propostas para o Conservatório Nacional por meio do decreto-lei n. 9.494 de 22 de julho de 1946, fazendo um paralelo com o conservatório homônimo em âmbito regional. Adotando o método histórico dialético em especial de Gramsci, são utilizados os currículos das instituições em busca de analisar o conteúdo privilegiado na formação de professores de música. Mesmo que as instituições tenham sido criadas em momentos históricos e políticos distintos, já que o Conservatório Nacional foi criado no período do Estado Novo, enquanto que o Conservatório Estadual foi criado no período de democratização da política brasileira, as duas se encontravam em harmonia sob a perspectiva do canto orfeônico defendido por Heitor Villa-Lobos e propagado durante o governo getulista.

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Narrativas e representações de um percurso docente e de um ideário educativo

estrangeiro nas cartas de uma educadora

Silmara de Fatima Cardoso [email protected]

Ignácia Guimarães, educadora brasileira, que trabalhou juntamente com Anísio Teixeira quando este era Diretor da Instrução Pública no antigo Distrito Federal (1931-1935), partiu a países europeus nas décadas de 20 e 30 para se especializar e estudar um modelo de educação considerado inovador. Essa educadora partiu com a intenção de observar, analisar, divulgar, comparar, propor e prescrever. Não apenas leu ou ouviu, mas teve o privilégio de ver o “real”. Atuando como mediadora e protagonista na formação do campo educacional, ela pode ocupar importantes cargos públicos – atuou como professora primária, diretora, gestora de vários cursos para formação de professores, coordenadora, escreveu vários artigos nas páginas das revistas sobre educação, todos esses espaços privilegiados de opinião e para a elaboração de projetos visando à renovação cultural e educacional do seu país. Durante sua viagem à Europa Ignácia Guimarães trocou correspondências com o amigo Anísio Teixeira, somando-se doze cartas, de 37 folhas no total, do período de 1929 a 1933. Entre os assuntos que se destacam estão os relatos acerca da viagem de Ignácia Guimarães à Europa, condições da educação e das escolas alemãs, a sua atuação enquanto educadora, o seu percurso docente, questões de sua vida pessoal e a atuação de Anísio Teixeira enquanto administrador do Ensino Público na antiga Capital Federal, Rio de Janeiro. Essa documentação está localizada no arquivo pessoal de Anísio Teixeira sob a guarda do CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. A leitura e reflexão dessa documentação suscitam alguns questionamentos que nortearão este texto: O que essa correspondência pessoal pode revelar sobre a educadora Ignácia Guimarães, bem como o seu percurso docente, a

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sua atuação e protagonismo na História da Profissão Docente? Com que objetivos e motivações a remetente escreveu ao amigo Anísio Teixeira? Que imagem de educação se projeta na correspondência? Apesar de terem sido produzidas na esfera da intimidade e sem intenção de publicação, as cartas enviadas a Anísio Teixeira esboçam um desejo de comunicação. Ignácia Guimarães escreveu a respeito de coisas sobre as quais gostariam de falar, de refletir, questionar, primeiramente para “si” e depois para o “outro”. É necessário analisar as narrativas dessa correspondência levando em consideração que foram produzidas por um sujeito histórico – cuja formação, intenção, visão de mundo e objetivo podem influir decisivamente na tecitura dos seus textos. Essa correspondência se mostra uma preciosa fonte de estudo, pois traz descrito - mesmo que seja do ponto de vista da remetente Ignácia Guimarães a representação de sua atuação no campo educacional e de determinado modelo de educação valorizado naquele momento e que estava a se impor, circulando em esfera nacional e internacional.

O curso de férias para professoras leigas em Mato Grosso na década de 1960

Rômulo Pinheiro de Amorim Universidade Federal de Mato Grosso

[email protected]

Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de criação do curso de férias em Mato Grosso e a sua articulação com os planejamentos educacionais elaborados pelo Governo Federal na década de 1960, bem como estabelecer conexões entre as mudanças no contexto brasileiro decorrentes desses planejamentos e as transformações no cenário educacional mato- grossense frente às novas diretrizes para o desenvolvimento do ensino primário brasileiro. Nesse sentido, este estudo recorre à concepção de profissionalização docente elaborado por Antônio Nóvoa (1995), que compreende esse processo por meio das relações provenientes

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entre os professores e o Estado. Para realização das modificações na formação docente foram criados em várias partes do Brasil os Centros de Treinamentos do Magistério. Deste modo, foi criado o Centro de Treinamento do Magistério de Cuiabá, em 1963, que tinha a finalidade de atender a demanda por especialização e “recuperação” – que hoje receberiam o nome de “formação continuada”. Para a realização desta pesquisa foram consultadas as produções em história da educação relativa ao tema, assim como documentos (relatórios, mensagens governamentais, depoimentos orais, jornais) da Secretaria de Educação de Mato Grosso, do Arquivo Público do Estado de Mato Grosso, do arquivo do Núcleo de Documentação e Informação de História Regional – NDIHR, do banco de dados do Grupo de Pesquisa em História da Educação e Memória – GEM/IE/UFMT e depoimentos de professoras primárias que atuaram na década de 1960. No ano de 1963, Hermes Rodrigues de Alcântara, Secretário de Educação, Cultura e Saúde de Mato Grosso, em exercício no corrente ano, expressava por meio de um relatório os problemas educacionais que a secretaria de educação necessitava enfrentar. No estado havia atuando no ensino primário mato-grossense, mais de 60% de professores leigos, sem a formação necessária para exercerem o magistério. Por esse motivo, o Secretário de Educação estabeleceu uma comissão especial, visando evitar que os professores não-diplomados praticassem o exercício da profissão lecionando nas escolas mato-grossenses e implantou o curso de férias, a fim de que esses profissionais tivessem uma formação adequada para o exercício da docência. A partir da analise do contexto educacional brasileiro, bem como as suas ligações com o contexto educacional de Mato Grosso durante a década de 1960 e a articulação feita com os depoimentos de professoras primárias que atuaram nesse período, pode-se perceber que ocorreram alterações na formação docente do estado no que se refere ao processo de “recuperação” dos professores leigos, com a criação do curso de férias, que propiciou uma nova organização da carreira docente e a aquisição de novos conhecimentos pedagógicos.

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O curso de pedagogia da UFPR: um pouco de sua história mediante a

presença de seus paraninfos nas cerimônias de colação de grau nas últimas três décadas

Leziany Silveira Daniel Universidade Federal do Paraná

[email protected]

A atual pesquisa integra o projeto “100 anos da UFPR: dimensões de História da Educação”, cujo objetivo foi analisar as múltiplas dimensões da história da UFPR, com base em referenciais teórico-metodológicos da História da educação. Os objetivos desta proposta foram: identificar e analisar as concepções e projetos em torno da educação e formação de professores pensados nos últimos 30 anos, a partir dos discursos proferidos pelos Paraninfos nas formaturas de Pedagogia da UFPR; refletir sobre as concepções de educação, de formação de professores e pedagogos presentes nos discursos; discutir as configurações do curso de Pedagogia da UFPR; abordar as configurações do curso de pedagogia da UFPR, desde a década de 1980, cotejando com as questões colocadas nos discursos analisados. Foi adotada a seguinte metodologia: identificação dos Paraninfos através de análise das atas de formatura correspondentes ao período de 1980-2009; localização dos Paraninfos e solicitação de cópia dos discursos; extração dos discursos, das concepções de pedagogo explicitadas nas falas de Paraninfos em cada período; analise dos currículos de pedagogia da UFPR, vigentes no período estudado; reflexão sobre a trajetória dos cursos de pedagogia no Brasil e na UFPR, com o intuito de identificar as concepções de pedagogo presentes na história do curso. Neste momento foi possível aventar alguns resultados: das 71 atas analisadas (68 válidas), identificamos 41 homenageados e entre estes, 27 nomes se repetiram, 19 pertenciam ao Departamento de Planejamento e Administração Escolar (DEPLAE), 4 ao Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação (DTFE) e 16 a departamentos não identificados. Os professores mais homenageados em 30 anos foram:

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Prof.ª Acácia Zeneida Kuenzer – 8 vezes; Prof. Odilon Carlos Nunes – 6 vezes e Prof. Ângelo Ricardo de Souza – 5 vezes, todos pertencentes ao DEPLAE. Obtivemos alguns discursos e realizamos uma entrevista, cujas análises mostram pela origem e histórico departamental desses professores um forte teor político nos discursos. Além disso, chegamos a outros dados significativos: a maioria dos homenageados atuou nos últimos anos do curso, com discursos politizados em relação às questões educacionais e pedagógicas; foram participantes ativos das reformas curriculares na universidade e em instâncias governamentais. Embora tenhamos conseguido analisar algumas destas questões com maior profundidade, entendemos que nossa pesquisa possa suscitar outros objetos e questões problematizadoras do campo educacional, não só paranaense, mas brasileiro.

O curso normal regional de Pau dos Ferros (RN): a inauguração da formação docente no

Alto Oeste Potiguar (1951-1961)

Luciene Chaves de Aquino (UFPB) [email protected]

Olivia Morais de Medeiros Neta (IFRN) [email protected]

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a instituição e o funcionamento do Curso Normal Regional de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, de 1951 a 1961. O olhar sobre a década de 1950 justifica-se por ter sido este o período de instituição e consolidação deste curso que funcionou com a designação ‘Curso Normal Regional de Pau dos Ferros’ até 1961, quando teve sua denominação alterada, mediante a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961, para Curso Normal Ginasial. O corpus documental do trabalho foi composto por decretos-lei, relatórios, atas, mensagens governamentais, inconografia e testemunhos orais de ex-alunas do Curso Normal Regional de Pau dos Ferros. Essas fontes históricas foram interpretadas de conformidade com a

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nova história cultural, possibilitando a construção da história da formação docente em Pau dos Ferros (RN). A modalidade de Curso Normal Regional foi prescrita pela Lei Orgânica do Ensino Normal, Decreto-Lei n. 8.350 de 1946 que normatizou o ensino normal nacionalmente instituindo três tipos de estabelecimentos, a saber: o instituto de educação, a escola normal e os cursos normais regionais. Esta organização dos cursos de formação docente foi adaptada ao Rio Grande do Norte pelo Decreto-lei estadual n. 684 de 1947. O Curso Normal Regional de Pau dos Ferros foi criado pela Lei Estadual n. 204 de 1949 e instalado pela Lei Estadual n. 621, de 6 de dezembro de 1951, compondo a política nacional e do Rio Grande do Norte da década de 1950 que expressou a expansão do ensino normal, ou melhor, da formação docente por meio das Escolas Normais Regionais de Primeiro Ciclo no Estado. Os Cursos Normais Regionais eram considerados o Primeiro Ciclo do Ensino Normal e Secundário, com quatro séries anuais, sendo que os três primeiros anos compreendiam as disciplinas de formação geral e o último era voltado para a formação docente. Portanto, o Curso Normal Regional correspondia ao nível ginasial e destinava-se a formação de regentes de ensino primário. Para o seu ingresso exigia-se o certificado de conclusão do Ensino Primário e a habilitação no Exame de Admissão das candidatas, como requisito no ato da matrícula. Após quatro anos de estudo, as concluintes recebiam o diploma de Regente de Ensino Primário e passavam a exercer o magistério primário minimizando a atuação de professores leigos nas salas de aula. Nesse contexto, o Curso Normal Regional de Pau dos Ferros inaugurou a formação docente no Alto Oeste Potiguar, contribuindo para a disseminação da cultura pedagógica e as inovações técnicas e científicas específicas ao ato educativo e o papel que o professor desempenha no exercício do magistério. Assim, a relevância educacional do Curso Normal Regional de Pau dos Ferros assentava-se por ser esta a única instituição formadora de professores primários da cidade e por congregar estudantes de municípios vizinhos, o que corroborava para que os professores formados por esta instituição passassem a atuar não só nas escolas de Pau dos Ferros, mas também em instituições de ensino de distintas localidades do oeste potiguar, a exemplo das cidades de São Miguel, Marcelino Vieira, Luiz Gomes, Portalegre, Martins, Itaú e outras.

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O lugar do feminino no ensino de primeiras letras no século XVIII e XIX

Vera Maria dos Santos Universidade Federal de Sergipe – NPGED

[email protected]

Simone Silveira Amorim Universidade Tiradentes/NPED [email protected]

O artigo em pauta discute os indícios da atuação das mestras de ensino no século XVIII até o aparecimento das professoras primárias no século XIX. Essa discussão se materializa a partir de duas pesquisas do Doutorado em Educação da Universidade Federal de Sergipe: a primeira se reporta ao século XVIII e tem como tema, “A mulher de posses e a instrução de seus órfãos menores na Capitania setecentista de Sergipe Del Rey”. A segunda tem como tema “A configuração do trabalho docente e a instrução primária em Sergipe no século XIX (1827-1880)”. As fontes que darão suporte para a construção desse intento serão interpretadas, de modo que possamos entender a atuação desse segmento da sociedade que era juridicamente incapaz e que sob este estigma, não mostraram a sua face, durante muito tempo. Além das fontes bibliográficas, utilizaremos as Ordenações Filipinas, inventários judiciais setecentistas, jornais, correspondências, ofícios e o livro de regência de licença de professores régios. A partir do método indiciário de Ginzburg (1986), e de um referencial que alicerça a análise como Carvalho (1978), Boto (1996), Santos (2012), Amorim (2012), Fernandes (1994), Adão (1997), o texto se desenvolve. No século XVIII foi possível encontrar indícios da atuação da mulher como mestra, através dos poucos registros presentes nas fontes judiciais. Esse serviço era geralmente oferecido nas casas das próprias mestras. Já no início do século XIX a situação das mestras não se diferencia muito, no entanto, na sua segunda metade, os jornais foram utilizados pelas mestras como ferramenta de legitimação e divulgação de seus serviços. Nesse sentido, pode-se afirmar que havia uma significativa rede de

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educação doméstica em Sergipe durante aquele século. Os jornais mostram as representações do que se exigia para ser uma professora de boa qualidade. Pode-se afirmar que o magistério primário tinha uma significativa representação feminina tanto nas aulas públicas, particulares ou em colégios. Apesar da formação e participação das mulheres nesse campo profissional ter sido polemizada através de discursos ambíguos e contraditórios ao longo do XIX, com o passar do tempo elas adquiriram a missão de educar as crianças não somente no interior das casas, mas também assumindo cadeiras públicas de primeiras letras e em colégios particulares. Essa discussão desconstrói a ideia posta na historiografia sergipana e brasileira de que a mulher não tinha acesso à instrução e, muito menos tinha permissão para exercer o magistério.

Os professores pioneiros do Distrito Federal: história e memória da profissão docente

Renata Souza Silva Faculdade Projeção

[email protected]

Eva Waisros Pereira Universidade de Brasília

[email protected]

O presente texto versa sobre a trajetória profissional dos professores pioneiros do Distrito Federal e sua elaboração resulta de pesquisa desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília. O recorte histórico do estudo abrange o período em que esses professores chegaram à Brasília, entre os anos de 1957 a 1960. O corpus da pesquisa é constituído por nove entrevistas de professoras primárias de escolas públicas do Distrito Federal que atuaram diretamente em sala de aula. Essas entrevistas, obtidas junto ao acervo da pesquisa “Educação Básica no Distrito Federal – 1956/1964: Origens de um Projeto Inovador”, revelam as memórias individuais dos entrevistados que integram o quadro de uma memória coletiva.

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512 Sumário Eixo 5

A utilização da história oral permitiu reunir elementos valiosos para a análise da memória e da história dos professores no período de fundação da nova capital. A metodologia adotada teve como fundamento a história nova, cuja perspectiva possibilita construir culturalmente o objeto, buscando ampliar a concepção de fonte histórica para além dos documentos escritos. Assim, as narrativas dos professores, mesmo tendo sido transcritas, conservaram as características de um documento oral. A análise das entrevistas, inicialmente isoladas e depois reagrupadas, permitiu inferir quatro categorias relacionadas ao trabalho docente: (a) organização do ensino; (b) formação profissional; (c) valorização dos professores e (d) escola. Assim, o estudo da história profissional das professoras pioneiras teve como intuito compreender as condições concretas do trabalho docente da época, situando suas vozes quanto ao sentido e significado dado ao seu próprio trabalho e ao contexto histórico, político e econômico em que estavam inseridas. Com base em referências teóricas mais marcantes no domínio da sociologia das profissões, as análises realizadas numa perspectiva histórica evidenciam que as condições do trabalho docente caracterizaram-se por traços de proletarização e profissionalidade, representativas do contraste entre a precarização da atividade docente e o modelo de sistema educacional inovador proposto para a capital federal. Analisar a questão da profissionalização docente nos primórdios de Brasília, considerando conquistas, tensões, contradições e possíveis retrocessos, conforme se delineia neste estudo, poderá significar efetiva contribuição à história da profissão docente no Distrito Federal e, assim, permitir maior compreensão da atual situação do professorado brasiliense.

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Por uma história da profissão docente vista de baixo: modos de educar, práticas escolares e cultura escolar no território

Sul Sergipano (1930-1950)

Raylane Andreza Dias Navarro Barreto -UNIT-PPED [email protected]

Laísa Dias Santos - UNIT -PROBIC [email protected]

Luzianne dos Santos - UNIT -PROVIC [email protected]

Rony Rei do Nascimento Silva - UNIT –CNPQ [email protected]

O presente artigo deriva do Projeto “Memória Oral da Educação Sergipana” e tem como objeto de analise narrativas de trajetórias de vida de 17 professores aposentadas com idade entre 75 e 96 anos, residentes na região sul do estado sergipano. O objetivo foi compreender como se construíram as práticas escolares e a cultura escola do referido território para além do que ditou as normas oficiais. Isto porque na ação de compreender os modos de educar de um determinado tempo e espaço, através da memória de sujeitos simples, percebemos que essas experiências representam outros conhecimentos que podem ser diferentes das concepções dadas, das verdades dogmatizadas e até comuns aos parâmetros vigentes. Assim, com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da história cultual a partir de Chartier (1994) e baseando-se na metodologia da história oral, segundo Alberti (2011) buscamos compreender a história da educação sergipana do século XX através de representações, o que nos fez perceber que as mudanças desenvolvidas no interior das salas de aula não ocorreram paralelamente às mudanças ditadas pelas reformas educacionais, prova disso, foi o uso dos castigos físicos, da palmatória, das salas multisseriadas, do professor como detentor do saber, pronto para difundir um ensino verbalista, calcado num método de memorização, enquanto o movimento escolanovista, desencadeado a época

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em que os professores estavam no exercício da profissão docente, primava por um aluno crítico e reflexivo, capaz de encontrar na educação escolar a forma de se realizar e de exercer suas vocações. Para além disso, pudemos averiguar também que existia uma cultura escolar presente em todas as instituições educativas do território baseada na relação normas a seguir e sujeitos (professores e alunos) a cumprir. Verificamos ainda que na interseção entre normas e sujeitos situam-se as práticas escolares, e, no caso dos sujeitos aqui investigados, foi na especificidade de cada relação que se definiu a forma pela qual essas normas foram difundidas, absorvidas e exteriorizadas no comportamento do aluno, a exemplo da maneira de segurar o lápis, da postura ao se sentar, de falar, os métodos usados para aprender a tabuada, a ler e a escrever, dentre outros. Assim, chegamos a conclusão que ao centrar a pesquisa nas trajetórias de vida de professores com vistas ao entendimento do campo educacional podemos compreender a realidade construída em diferentes tempos e espaços a partir de seus sujeitos ou atores sociais, pois estes produzem conhecimentos sobre si, sobre os outros e sobre as estruturas sociais, educacionais, políticas, econômicas e culturais que os cercam, contribuindo assim, com uma “história vista de baixo”.

Professores inesquecíveis docência e prestígio no Instituto de Educação do Rio de

Janeiro dos anos 1950-60

Sonia de Castro Lopes Faculdade de Educação

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) [email protected]

Esta comunicação decorre de uma pesquisa que tem por objetivo o estudo do corpo docente do Instituto de Educação do Rio de Janeiro durante as décadas de 1950 e 1960. Resultados parciais dessa investigação apontam para a hierarquização do corpo de professores da referida instituição a partir de critérios que contemplam o nível de formação dos mesmos, a forma de acesso à carreira, a maior ou menor circulação em meios acadêmicos e/ou instâncias de poder,

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além do volume e alcance das obras didáticas produzidas. O presente trabalho focaliza, em especial, as trajetórias dos professores Evanildo Cavalcanti Bechara (1928) e Vicente Costa Tapajós (1917-1998) que compuseram o corpo docente do Instituto de Educação em uma época identificada por muitos e ratificada pelo senso comum como o período áureo da instituição. Referenciados pelas ex-alunas como “professores inesquecíveis”, como outros tantos, esses docentes eram detentores de títulos adquiridos em razão de sua formação universitária e foram admitidos por concurso alcançando a posição de catedráticos. Responsáveis por disciplinas de formação geral (Português e História, respectivamente), publicaram dezenas de livros didáticos de alcance nacional, além de circularem por ambientes universitários, meios acadêmicos e ocuparem cargos em secretarias de educação. O presente estudo adota como abordagem teórica os estudos biográficos (Levi, 1996; Levillain, 1996; Loriga, 1998), as contribuições de Claude Dubar (2005) sobre identidade social e as reflexões do sociólogo François Dubet (2006) a respeito das profissões que se dedicam ao “trabalho sobre o outro”, dentre elas o magistério, onde se percebe uma participação ativa no processo de socialização dos indivíduos. Incorpora também o conceito de detentores de títulos de nobreza cultural formulado por Pierre Bourdieu (2008). As fontes documentais que fundamentam a pesquisa encontram-se sob a guarda do Centro de Memória do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (fichas funcionais, conjunto de livros produzidos pelos referidos docentes) e do Programa de Estudos e Documentação Educação e Sociedade (Proedes), onde foram consultados os arquivos da Universidade do Distrito Federal e da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Além disso, foram analisados periódicos institucionais como Arquivos do Instituto de Educação (1956, 1960) e Anuário do Instituto (1968) que procuram transmitir aos destinatários a impressão de uma escola modelar, especialmente em razão da excelência de seus professores.

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516 Sumário Eixo 5

Professora Julia Wanderley, um mito na feminização do

magistério paranaense (1874 - 1918)

Silvete Aparecida Crippa Araujo – UFPR [email protected]

Este trabalho de pesquisa inserida na linha temática História da Profissão Docente, tem como objetivo apresentar a biografia histórica de Julia Wanderley, refletindo sobre a relação vida e prática pedagógica desta professora, tida como um mito paranaense, em relação a memória histórica construída a seu respeito, ou seja, as representações alicerçadas a mulher, a professora e ao mito Julia Wanderley. Neste trabalho se pretendeu apresentar a biografia de Julia Wanderley a partir da pesquisa sobre a mulher, a professora e o mito constituído a partir da memória forjada que se consagrou a respeito desta personagem, bem como as representações e significados que foram se conformando em torno dela. Para isto, não foi possível estudar Julia Wanderley isolada de seu tempo e espaço de atuação, portanto, sua história de vida será problematizada considerando o contexto da época em que viveu esta protagonista, focando a personagem Julia Wanderley de maneira dinâmica e simultaneamente relacionando-a a institucionalização da instrução pública primária e secundária no Paraná ou e mais especificamente a feminização do magistério. Julia Wanderley atuou como docente em Curitiba, reconhecida no Paraná como a primeira mulher a participar presencialmente do curso normal na capital do Estado. Atuou inicialmente como professora primária passando a ser também diretora de Grupo Escolar e membro do Conselho Superior do Ensino primário. O período estudado é o do final do século XIX e início do XX em Curitiba, ou seja, final do regime imperial e início da república no Brasil, cenário importante para compreender a trajetória histórica de Julia Augusta de Souza Wanderley. Nas primeiras décadas do século XX, uma nova cultura escolar vai se efetivando, com a presença das massas e das mulheres

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Caderno de Resumos - Eixo 5

517 Sumário Eixo 5

na escola, é neste contexto que se configura a personagem estudada, inserida numa sociedade que deseja se constituir através do ideal de progresso e da ordem, com a pretensão de utilizar a escola pública primária, com o referencial da escola normal na conformação da professora como agente de modernização. É importante assinalar que não é pretensão deste trabalho reconstruir o que os silêncios e as memórias calam, mas procurar compreender os relacionamentos, as tramas, as continuidades e descontinuidades, os limites que rompem ou unem as tramas vividas, procurando assim construir uma unidade aparente de vida.

Queixas de comportamento e desempenho das professoras da Escola Primária de Minas

Gerais (1889-1907): tensões sociais no processo de feminização do magistério

Talita Barcelos Silva Lacerda Universidade Federal de Minas Gerais/FAE/GEPHE

[email protected]

O processo de feminização do magistério tem mobilizado a pesquisa de diversos historiadores nos últimos anos. Com as transformações no campo da Historiografia e da História da Educação, principalmente a partir dos anos 80, novas categorias de análise, como a de gênero, surgiram e possibilitaram o aprofundamento desses estudos, que tencionavam entender as razões do progressivo aumento do número de mulheres na docência primária. As investigações chamam atenção para a importância de se compreender transformações históricas que se deram no ambiente escolar e social, à medida que as mulheres passavam a ocupar cada vez mais o espaço da sala de aula. Apesar do aumento paulatino desses estudos, muitas lacunas ainda são encontradas no que diz respeito às tensões sociais que emergiam conforme as mulheres saiam do âmbito privado e ocupavam espaços na vida pública. Este estudo discute a existência dessas

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tensões por meio da investigação de documentos referentes a denúncias e queixas feitas em relação à conduta das professoras em Minas Gerais no período de 1889 a 1907, ocasião entre a instalação da república e a instituição da Lei de Escola Normal da Capital. Momento esse, marcado por um significativo aumento do número de mulheres na docência, tendo início nas últimas décadas do século XIX e se consolidando no início do XX. Para tanto, utilizou-se análise de fontes documentais como ofícios, nomeações, atas, legislação do período e relatórios de governo, problematizando-se questões como a frequência e qualidade das queixas em relação às professoras. Para avaliação e descrição das fontes, tomaram-se como campo teórico-conceitual autores clássicos sobre a formação moral, tais como Adam Smith e Émile Durkheim, que entendem a educação como um meio de socialização, no qual o educador deve atuar como instrumento de moralidade. Buscou-se, também, um diálogo com autores contemporâneos como Norbert Elias, entendendo a moral e a escola como partes de um processo civilizador. Verificou-se que o processo de feminização possibilitou a emergência de conflitos sociais no que diz respeito à saída da mulher do âmbito familiar para a vida pública, conforme pode ser observado nas queixas diversas registradas. Entre outras questões, analisou-se que tais denúncias incidiam preferencialmente na vigilância moral em relação ao trabalho das professoras, devido ao fato de serem mulheres. A interpretação e análise de como os princípios morais tem pautado o trabalho das professoras, e influenciando o modo como elas transitam entre a esfera pública e privada, proporcionam um entendimento das condições no qual vem se organizando o trabalho docente e as relações de gênero. Assim, esse trabalho pode balizar o modo como a ocupação feminina na educação está relacionada ao processo de popularização do acesso a escola pública, e subsidiar estudos relacionados à profissão docente e sua histórica desvalorização.

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Caderno de Resumos - Eixo 5

519 Sumário Eixo 5

Reflexões sobre a formação de professores do ensino secundário nos anos 1920-30 no Brasil

Maria Cristina Ferreira dos Santos Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Universidade Federal Fluminense [email protected]

Este trabalho propõe a análise das representações de educadores sobre o processo de profissionalização do professorado secundário no Brasil, tomando como fontes principais os depoimentos ao inquérito promovido em 1929 pela Associação Brasileira de Educação para subsidiar os debates na Terceira Conferência Nacional de Educação, publicados na obra O problema brasileiro da escola secundária, e teses sobre o tema em debate no Sexto Congresso Nacional de Educação em 1934. A intenção é refletir sobre as condições de formação e exercício do magistério secundário no período. A hipótese de trabalho é que a análise das representações destes atores permita uma aproximação a elementos dos modelos de formação docente e do processo de profissionalização em curso. Em tempos de modernidade pedagógica, estes discursos eram a expressão das lutas de representações no campo educacional. Dois modelos pedagógicos concorrentes adotavam estratégias diferentes para a formação docente no Brasil: a pedagogia moderna valorizava a arte de ensinar, enquanto a pedagogia da Escola Nova defendia que a prática docente deveria estar alicerçada em saberes autorizados. Entre estes dois modelos em disputa, várias entre as representações analisadas coadunavam-se com o ideário escolanovista, defendendo as bases científicas para o ensino, a educação para a vida, a necessidade de formação superior para o magistério secundário, o método experimental e um repertório de saberes legitimados. Elas também nos remetem às dificuldades encontradas no processo de profissionalização do magistério secundário no Brasil na época, como a falta de instituições específicas de formação, o exercício da profissão em tempo parcial ou como atividade secundária, a baixa remuneração, a falta da exigência de uma licença para exercer a profissão docente e

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os obstáculos na elaboração de normas e valores na produção de uma cultura profissional dos professores. Nestas condições desfavoráveis para a profissionalização docente, as críticas ao sistema vigente se proliferavam e a movimentação dos professores secundários em defesa de seus interesses era fundamental para a estruturação de seu espaço profissional. A formação em curso superior e a especialização para lecionar uma única disciplina foi um processo longo, que ganhou força a partir da reforma Francisco Campos em 1931, ao instituir a formação universitária específica e o registro para os professores secundários no Departamento Nacional do Ensino do Ministério da Educação e Saúde Pública. Neste contexto de adequação do ensino à modernização do país, destacam-se nos anos 1930 os primeiros cursos de formação de professores para o ensino secundário na Universidade de São Paulo, Universidade do Distrito Federal e Universidade do Brasil.

Representações do bom professor primário nas memórias de professores aposentados da

rede Estadual de Ensino de Santa Catarina década de 1970

Marilândes Mol Ribeiro de Melo Universidade Federal de Santa Catarina

[email protected]

Ione Ribeiro Valle Universidade Federal de Santa Catarina

[email protected]

A década de 1960 em Santa Catarina foi marcada por profundas reformas nos campos da economia e das políticas educacionais, sobretudo devido à percepção da interdependência desses dois segmentos para o desenvolvimento. A educação foi um setor de destaque nas propostas desenvolvimentistas que valorizaram os discursos da atividade educacional como subsidiária da expansão econômica, e consequentemente, foi eleita “como meio de promoção social do indivíduo e de aproveitamento da

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capacidade potencial da população” (Lins, 1999, p.19). Deste modo, a proposta de comunicação que ora se apresenta pretende identificar e analisar nos escritos de professores primários aposentados da Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina, ideias relativas à representação do bom professor, e que permitem traçar um perfil do que os constituía na década de 1970, tendo como cenário fundo os acontecimentos de cunho político e econômico da década precedente. Encontra no projeto Memória Docente: os impactos do movimento de escolarização em Santa Catarina sobre a carreira docente, as identidades profissionais e o trabalho pedagógico de professores da Rede Estadual de Ensino desenvolvido entre os anos de 2009/2012, com apoio do CNPq na sua historicidade. Esse projeto distribuiu um número significativo de questionários aos professores catarinenses e eles serão nossa fonte principal de consulta. Entendemos que as representações serão reveladas nas análises das respostas escritas pelos professores. Tendo uma amostra composta por 360 questionários, efetuamos alguns recortes: inicialmente separamos todos os professores cuja primeira inserção na carreira profissional se deu no exercício do magistério entre os anos 1970 e 1979. O segundo passo foi a partir do período de ingresso, trabalharmos somente com os professores que exerceram o magistério de ensino primário por três anos ou mais. Com estes professores é que dialogamos, por meio de suas memórias marcadas nos questionários, para construir uma representação acerca das qualidades do bom professor primário na década de 1970. Para desenvolvermos a análise enfocamos o item 4 do respectivo questionário, que aborda o tema da Experiência Pedagógica. Dentre as questões nele requeridas duas delas foram essenciais para atingir o objetivo proposto. São elas: a) Cite ao menos três características: Do bom professor/ Do mau professor e b) Como um professor se torna competente? Outras questões de maneira implícita revelam as características que buscamos. Com essa seleção intentamos um esforço de interpretação das falas dos professores que se fundará em aportes sociológicos e históricos da educação.

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Representações oficiais sobre os professores capixabas no Século XIX: “oportunista,

inábil, preguiçoso” (?)

Karen Calegari dos Santos Universidade Federal do Espírito Santo

[email protected]

Produções recentes no âmbito da História da Educação do Espírito Santo apontam para um crescente investimento nas pesquisas que tem problematizado a história das instituições escolares, a produção dos sujeitos escolares, modelos pedagógicos produzidos e postos a circular no estado, a história das disciplinas escolares e a formação de professores e professoras em solo capixaba. Essa última temática, cara à historiografia da educação, tem ganhado fôlego ao questionar em que condições foram produzidas as representações sobre a docência, em intenso diálogo entre o passado e o presente, apoiadas nos mais diversos tipos de documentos. Na esteira dessas produções, realizei uma pesquisa que teve como objetivo compreender em que condições foram produzidas práticas de escolarização que incidiam sobre os corpos a serem moldados por um novo ideário de progresso. Naquele momento da pesquisa, foi possível perceber pistas e sinais que nos apontavam para indícios (Ginzburg, 1987) de que as estratégias de intervenção educativa sobre o corpo nos espaços escolares e sociais não se restringiriam somente aos alunos, mas também aos professores. A eles era dirigido um discurso pautado na precariedade do ensino em que a culpabilidade recaía sobre o docente inábil, despreparado, preguiçoso, descomprometido e desarticulado do “grande” projeto/processo de escolarização do país. O texto que ora se apresenta tem como objetivo discutir essas representações produzidas e postas a circular por meio do discurso governamental. Na tentativa de produzir uma visita ao passado, por meio de uma leitura a contrapelo, questionamos aos documentos: de que modo foram produzidos os discursos pautados na precariedade do ensino? Teríamos somente uma história de déficits na educação pública? O que se produzia no Espírito Santo apesar da

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exacerbada visibilidade atribuída às ausências e às penúrias? Seriam os professores os “vilões” que não permitiam os avanços esperados? Destarte, iniciamos um movimento de levantamento de fontes, para recuperar os vestígios da educação capixaba, e elencamos um conjunto de relatórios dos presidentes de província do Espírito Santo datados entre 1833 a 1888 e, privilegiadamente, os relatórios da Diretoria da Instrução Pública produzidos entre 1859 a 1886. Podemos, à guisa de primeiras conclusões, compreender que o tom de lamento que perpassa todo o período analisado perde sentido quando acompanhamos as estatísticas da educação capixaba, as condições de trabalho oferecidas aos professores e professoras, bem como indícios que apontam para o exercício de “bons” professores. Observarmos, então, que os documentos nos dão brechas para produzir outras leituras na história que apontam para caminhos de potência aonde o discurso governamental só dava visibilidade à ausência, à penúria.

Roberto Faria um lorde camponês na educação

Marilene Alves Maia [email protected]

A proposta desta comunicação apresentará a experiência profissional do educador Roberto Faria (1942-2011), e sua respectiva atuação no projeto para educação do campo. Roberto Faria foi secretário de educação do município de Trajano de Moraes, e, educador por mais de 40 anos. Atuou como professor de Matemática na rede de ensino estadual do Rio de Janeiro, com mais de 35 anos em sala de aula. Trabalhou também em diversas escolas da rede estadual, dentre elas os colégios estaduais Leopoldo Oscar Stutz, no distrito de Barra Alegre, no município do Bom Jardim, e o Jamil El-Jaick, em Nova Friburgo – lugares onde imprimiu suas marcas, através de suas ações. Sua formação escolar e acadêmica sempre foi em instituições públicas e, fiel ao ideário da instrução pública, laica, gratuita e para todos, Roberto Faria, em sua trajetória profissional, defendeu, no exercício do magistério público, tais ideais. As pesquisas empreendidas,

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como secretário, durante os anos de 2001 a 2006 sobre a região serrana e que culminou na sua tese de doutorado, recentemente publicada em livro pela editora Quartet, e a experiência aferida no exercício de elaboração e implementação de práticas políticas para a escola do campo, não só ao que se refere à elevação escolar dos alunos, como também à formação e capacitação diferenciada dos professores, são propostas consideradas na formulação deste trabalho e, em consonância com parte da produção de Michel Focault pensar o autor, seus pertencimentos e sociabilidades. Com efeito, Faria em sua pesquisa de doutorado, propôs-se a identificar as dificuldades e avanços das políticas públicas educacionais, em âmbito federal, a partir da Constituição de 1988, articulada às estratégias desenvolvidas pelas Secretarias Municipais de Educação, especialmente nos municípios de Trajano de Moraes, Santa Maria Madalena e São Sebastião do Alto. A análise parte de suas vivências como secretário de educação no município de Trajano, quando atuou em duas ocasiões, somada à participação em diversos encontros da União dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME). Desse modo, o investimento nesse tema se justifica no sentido de perceber na profissão docente, a participação do professor em atos efetivos na proposição de políticas para a educação do campo. Roberto Faria, foi um sujeito que participou e contribuiu para o seu tempo presente, não apenas no exercício da sua docência, ou como secretário de educação, mas, sobretudo, como educador engajado na ampliação e consolidação de políticas para a educação do meio rural.

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Saberes docentes nos relatos orais e a ressignificação do mito político:

Tancredo de Almeida Neves

Raína de Castro Ferreira [email protected]

Tiago Saraiva de Sabóia [email protected]

A presente objetiva discutir as representações da imagem de Tancredo de Almeida Neves no município mineiro de São João Del Rei. Nascido na cidade, a figura do político possui grande influencia no imaginário da cultura local que perpassa o caráter político chegando a atingir a dimensão religiosa. O método utilizado partiu de entrevistas com professores da rede pública de ensino da cidade onde estabelecemos relações entre a formação acadêmica do professor de História, sua trajetória pessoal e a sua ressignificação dos aspectos da cultura local, a fim de analisar a construção ou não de um saber docente específico das representações da imagem do político na História Local. Na busca pelos referenciais simbólicos que contextualizaram os relatos tem-se como objetivo central perceber como os professores apropriaram de saberes específicos e como esses saberes foram reproduzidos para os alunos em sala de aula. A análise visa estabelecer quais representações conformaram saberes da história local, bem como a reprodução das formas diversificadas de sua narrativa no ensino de História. Este trabalho se desdobra a partir de uma pesquisa desenvolvida ao longo de 2010, momento em que as escolas e os espaços de memória da cidade e região comemoraram o centenário do nascimento e os vinte e cinco anos da morte de Tancredo Neves. A partir desse fato, pesquisamos os referenciais simbólicos em torno dos saberes locais e do processo de ressignificação do mundo político-cultural da figura desse ator social, tendo em vista a construção das narrativas dos alunos e de suas concepções de história. Por meio de um concurso de redação (parceria entre a

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Universidade Federal de São João del- Rei, a Secretaria Municipal de Educação e a Superintendência Regional de Ensino), promovido em torno do centenário de Tancredo Neves, realizamos nosso trabalho utilizando esses objetos como fontes analíticas Ainda, em um segundo momento optamos por analisar relatos de professores da educação básica, principalmente os pertencentes a cidade e que puderam e podem conviver com a influencia política da figura em questão. A construção deste saber discente traça uma linha tênue com a História local e o relato de vida pessoal destes entrevistados. Optamos também em analisar detalhadamente o papel da memória nestas entrevistas e como elas foram construídas e rememoradas. Como sujeitos que detêm e repassam esses saberes em sala de aula os professores se tornam um grupo de entrevistados peculiar e crítico pelo qual nos cabe também identificar a forma pela qual tal conteúdo é parcialmente ou não discutidos com os alunos, assim como a formação profissional do professor.

Ser professor na província piauiense no período imperial

Jose Carlos Souza Araujo

A investigação em história da educação no Brasil tem priorizado sua atenção nas primeiras décadas do período republicano. No entanto, o período imperial vem conquistando, a cada dia, o interesse dos pesquisadores da área, e é nesse contexto que se insere esse estudo. O presente artigo objetiva apresentar os desafios de ser professor no Piauí no período imperial (1822-1889). Para tal intento, procura apoiar-se nos aportes teóricos e metodológicos na Nova História Cultural. Esse trabalho foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica, inspirada na produção historiográfica nacional e local, e de uma pesquisa documental, valendo-se de fontes para além da legislação habitualmente consultada, como leis e regulamentos, e fazendo uso também das falas e mensagens dos presidentes da Província, dos relatórios dos diretores da

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instrução pública, dos documentos de nomeações e substituições de professores, dos mapas, tabelas, quadros e outros documentos antes desconsiderados pela história tradicional, cujos conteúdos foram analisados tomando por base as orientaçoes sugeridas por Bardim (2002). O Arquivo Público do Estado do Piauí e as bibliotecas públicas e particulares foram os locais privilegiados para a garimpagem dessas fontes. A realização desse estudo revela que ser professor no Piauí no período imperial não era tarefa fácil, pois os mesmos tinham de enfrentar diversos obstáculos dentre eles as precárias condições de trabalho, a ausência de espaços físicos apropriados, o que os levava, na maioria das vezes, a transformar cômodos de suas próprias casas em salas de aula, a carência de material básico de ensino, obrigando os professores a fazer uso de sua criatividade e improvisação para desempenharem a sua função, e a baixa remuneração recebida, que se constituía um dos principais motivos do abandono da profissão e consequentemente da constante vacância do cargo nas escolas. Como se isso tudo não bastasse, eram os professores constantemente indicados pelas autoridades como inábeis e responsáveis pelo atraso em que se encontrava o ensino na Província. Os governantes não assumiam a responsabilidade em promover, de forma efetiva, a qualificação dos professores, pois a criação da Escola Normal nesse período não passou de tentativas frustradas. Este trabalho vem contribuir para o reconhecimento do professor como sujeito histórico e, de certa forma, apesar dos avanços conquistados, levar a uma reflexão da permanência de muitas das dificuldades dos professores nos dias atuais e a necessidade de reivindicação de políticas públicas para a superação dessas mazelas rumo a uma docência com decência.

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Ser professor normalista segundo os anais da Conferência Interestadual de Ensino

Primário de 1921

Jose Carlos Souza Araujo

O objeto dessa proposta é configurar as principais discussões em torno do ser professor normalista, bem como de sua formação através das escolas normais, conforme os anais da Conferência Interestadual de Ensino Primário, convocada em nome do então Presidente da República, Epitácio Pessoa, em 02 de agosto de 1921, e realizada entre 12 de outubro e 16 de novembro de 1921. O tema se justifica uma vez que a formação do professor adquire visibilidade diante da nítida afirmação da escola primária sob a modalidade de grupos escolares em muitos estados, tais como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, os quais detêm 71,1% dos grupos escolares instalados no Brasil até 1922. Tal processo de disseminação e expansão dos grupos escolares agiu a favor e promoveu a discussão sobre a formação do professor pelas escolas normais; além disso, também é nos anos de 1920 que a discussão sobre escolas rurais se acende. Tal temática também se fez sob a luz da necessidade da formação do professor para as mesmas. Certamente, as escolas normais públicas e privadas não estão presentes com a mesma força em todos os estados, todavia sua disseminação e interiorização são uma realidade nos anos de 1920. É sob esse pano de fundo político-educacional em torno do ensino primário que a União é convocada a colocar-se como coordenadora de ações em vista da difusão do ensino primário, de uma política em torno das escolas rurais, da organização e uniformização do ensino normal no país, da criação do ‘patrimônio do ensino primário nacional’ que envolve ações comuns entre municípios, Estados e a União, da nacionalização do ensino primário e da organização de um Conselho de Educação Nacional. Estes são os temas centrais, então denominados por theses, que foram objeto da referida Conferência Interestadual de Ensino Primário de 1921. E dentre tais temas, cabe aqui a essa proposta de comunicação a formação do professor particularmente pela escola normal, bem como sua

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profissionalização. Em suma, a problematização se reserva à seguinte explicitação: o que é ser professor no Brasil segundo os referidos anais da Conferência? Em linhas gerais, denota-se uma caracterização que se expressa genericamente por caracteres referentes à profissionalização e ao profissionalismo da profissão docente em vista do papel do professor na elevação da cultura, como elemento de progresso e como agente civilizador. Discute-se sobre a necessidade de uma federalização das escolas normais por parte da União, o que envolveria avaliação e planejamento relativos à proporção entre os habitantes e os professores, entre as escolas e os professores, bem como estímulos ao professorado em vista de sua fixação particularmente nas zonas rurais e interioranas.

Tematizações de professores paulistas sobre a arte da leitura, no século XIX

Franciele Ruiz Pasquim. Mestranda em Educação (Bolsa FAPESP).

FFC-UNESP- Marília/SP [email protected]

Neste texto, apresentam-se resultados parciais de pesquisa de mestrado em Educação (Bolsa FAPESP). Com os objetivos de contribuir para a compreensão da história da formação de professores primários e da história da alfabetização, nas décadas finais do século XIX, no estado de São Paulo-Brasil, focalizam-se a proposta de ensino do professor Antônio da Silva Jardim (1860-1891) para ensinar a ensinar a “arte da leitura”; e o estudo sobre a “arte da leitura” elaborado pelo professor José Affonso de Paula e Costa (187?- ?). Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio da utilização dos procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais, analisou- se a configuração textual de dois documentos, que contêm aspectos relativos à formação do professor primário, na Escola Normal de São Paulo, a partir da década de 1880. São eles: Reforma do Ensino

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da Língua Materna (1884); e Dissertação Pedagogica: ligeiro estudo sobre a arte de leitura (qual o methodo de leitura verdadeiramente scientifico)?(1884). Em abril de 1884, Silva Jardim, professor da 1º. Cadeira “Grammatica Nacional e Historia da Lingua Portugueza”, da Escola Normal de São Paulo, proferiu uma Conferência, que, em versão impressa, foi publicada no formato de opúsculo para servir de exemplo e modelo de como ensinar os alunos da Escola Normal de São Paulo, futuros professores primários, a ensinarem a “arte da leitura”. Em fevereiro de 1884, antes da conferência de Silva Jardim, também foi publicada, em formato de opúsculo, a Dissertação do professor Paula e Costa, dedicada ao seu “mestre” Silva Jardim e na qual também trata da “arte da leitura”. A análise da configuração textual desses documentos consistiu em interrelacionar os diferentes aspectos constitutivos de seus sentidos, a saber: quem eram os professores Antonio da Silva Jardim e José Affonso de Paulo e Costa; a quem destinava a Conferência e a Dissertação; com qual finalidade foram publicadas; em que momento histórico educacional foram publicadas; quais eram os conteúdos que Silva Jardim e Paula e Costa consideravam indispensáveis para o ensino inicial da leitura para a formação do professor primário paulista. Os resultados obtidos por meio dessa análise vêm contribuindo para a compreensão dos aspectos que eram considerados necessários à formação de professores primários, no momento histórico em que os professores Silva Jardim e Paula e Costa, apresentam o método da palavração como a fase definitiva da “arte da leitura” e Cartilha Maternal ou arte da leitura, do poeta português João de Deus, como a concretização mais adequada desse método. Por fim, destacam-se a atuação dos professores Silva Jardim e Paula e Costa na história do ensino da leitura no Brasil, visto que contribuem para a compreensão de um momento histórico, no qual o ensino da leitura era uma arte, que, segundo eles, auxiliaria no desenvolvimento mental e moral das crianças.

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Trabalho docente, gênero e poder em denúncias e defesas públicas da década de 1880

Clarice Nascimento de Melo Universidade Federal do Pará (UFPA)

A década de 1880 é um tempo em que as discussões em torno da legitimidade das regulamentações da instrução pública tomam conta do cenário de modo contundente, espraiando-se às práticas de professores e professoras vinculados/as administrativamente ao governo. Para este texto tem-se por objeto de estudo as contendas sobre o trabalho docente contidas em notas publicadas nos jornais de circulação local desse período. Com elas indicam-se falas que dimensionam o trabalho docente perpassadas por representações de gênero feminino e masculino, na medida em que as práticas docentes denunciadas conformam tipos de comportamento idealizado para a profissão, de forma diferenciada para homens e mulheres. Toma-se como fonte privilegiada os jornais de circulação local O Liberal do Pará e A Constituição, ambos da década de 1880, buscando neles indícios e sinais dos argumentos que perfazem conceitos de homem e mulher. Busca-se, em menor centralidade, documentos oficiais do período, com a intenção de apresentar nortes regulatórios das práticas docentes. Destaca-se as diferenças de gênero que são postas nos interstícios da disputa política pelo poder local que configura um traço da sociedade imperial paraense; um traço compreendido no campo das subjetividades dos sujeitos que discorreram publicamente sobre comportamentos de seu tempo. As notícias dos jornais rechaçam práticas docentes que consideram inadequadas à instrução pública revelando diferentes representações de gênero. Às professoras estão associadas fragilidades de ordem moral e de idade, o que não aparece nas denúncias em relação aos professores. Os professores pecam, na fala dos denunciantes, por serem homens “de maus costumes, sem educação”, valores indispensáveis na sociedade paraense em busca da modernidade, mas não aparece colocada em questão a sua moralidade. Outra diferença de gênero diz respeito à relação

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feita entre às práticas docentes não aceitáveis ao poder político. Os professores são associados diretamente ao poder, por pertencerem ou não ao grupo político instituído; as professoras, por sua vez, são relacionadas por meio de seus cônjuges. As práticas docentes associadas ao poder político estão permeadas de representação de gênero. As transgressões apresentadas publicamente desvendam, subliminarmente, as formas de resistências, de não submissão ao poder instituído. Ao mesmo tempo nota-se que os dissensos expressos nas práticas e nas falas dos jornais estão permeados dos sentidos que possuem socialmente as práticas docentes no interior de uma sociedade em alteração. Revelam mais ainda, não apenas a fortaleza e a perenidade das leis e das normas de cultura, mas indicam lugares de experiências contraditórias que desafiam o poder, ao mesmo tempo em que criam outros círculos e lógicas de poder, as diferenças de gênero e diferentes modos de pensar e produzir gêneros na sociedade paraense do século XIX.

Trajetórias profissionais de diretoras

Maria das Dores Cardoso Frazão Universidade Federal do Maranhão

[email protected]

A história da educação, no Maranhão, vem elegendo novos objetos e problemas de investigação. Em resumo, uma variedade de abordagens, como expressa a história cultural. Nesse sentido, elegemos as relações de gênero, categoria com grande utilização entre as ciências sociais e ainda pouco utilizada na história da educação, embora tenha emergido na produção historiográfica. Desse modo, desenvolvemos um estudo que contempla as relações de gênero, com ênfase numa abordagem, até então, desconhecida na história da educação, a partir de 2007, em seis escolas da Rede Municipal de Paço do Lumiar, localidade distante 28 quilômetros de São Luís, capital do Estado do Maranhão. À época da pesquisa, das quarenta e sete escolas existentes, quarenta e três eram dirigidas por mulheres, e quatro por homens. Fato que instigou o estudo

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sobre a inserção de professoras na gestão das escolas em Paço do Lumiar, para verificar até que ponto ocorreu o empoderamento na trajetória destas mulheres. O empoderamento, também é um neologismo que se refere ao ato de tomar-se o poder, porém, não significa subordinar os outros, mas tomar-se a ideia e o ato, ou seja, chegar a ser dono(a) das próprias ideias e fazer com elas guiem a atuação do sujeito em seu território, portanto, implica garantir-lhes os meios para que possam tomar-se a ideia e o ato, e, assim, conseguir combater a discriminação de quem são objeto e elevar sua posição social. (COSTA, 2000). Procurou-se tecer o objeto, situando-o, inicialmente, nos estudos feministas da atualidade, depois destacando-se as experiências de mulheres nos diferentes espaços sociais, pois segundo Mill (2006), para entender uma mulher não é necessariamente entender qualquer outra, ou que, mesmo se pudéssemos analisar muitas mulheres de uma determinada classe social ou de um país, não entenderíamos as mulheres de outras classes sociais ou países, e, mesmo que as entendêssemos, elas, ainda assim, seriam mulheres pertencentes a um único período da história. Tanto que, de acordo com Dias (1995), a historiografia das últimas décadas favorece uma história social das mulheres, com novas abordagens e métodos adequados, abrem espaço para uma história microssocial do cotidiano, mas sem esquecermos de dar voz às mulheres. A partir desta compreensão, começamos a tecer de fato o processo de empoderamento de mulheres diretoras. Um dos marcos dessa tessitura foi a colocação da seguinte questão: em que se constitui a mulher diretora que se empodera? Com isto, recorremos à trajetória profissional das mesmas, com a finalidade de entender esse processo. Direcionamos a trama com os seguintes elementos: do cotidiano das diretoras, no contexto da escola; a relação entre os saberes das mulheres diretoras e o processo de empoderamento e a compreensão da sua territorialidade.

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Uma biblioteca para formação de professores, circulação de saberes pedagógicos entre professores e alunos da Escola Normal

Gizelma Guimarães Pereira Sales [email protected]

O objetivo deste texto é buscar compreender aspectos da formação de professores primários no Brasil por meio da análise de um conjunto de saberes pedagógicos que circularam na Escola Normal paulista, especialmente nas primeiras décadas do século XX. A pesquisa incide sobre a divulgação, circulação e sistematização de saberes pedagógicos considerados hegemônicos e que constituíam a Biblioteca da Escola Normal, no período em questão. Para enfatizar tais aspectos, utiliza-se como base o caso da Biblioteca da antiga Escola Normal de Piracicaba, no período de 1911, quando, por meio do Decreto nº. 2025 ocorre a transformação das Escolas Complementares em Escolas Normais Primárias e finaliza-se no ano de 1920, com a unificação das Escolas Normais, por meio da Lei nº. 1750 que reformou a Instrução Pública Paulista, conhecida como reforma Sampaio Dória. Com a finalidade de subsidiar o desenvolvimento da pesquisa e para alcançar os objetivos propostos, a metodologia de base dessa pesquisa parte dos pressupostos de análise da História Cultural, o que permite visualizar uma realidade e dela obter distintos olhares. Por meio dessa análise, busca-se compreender como em diferentes momentos uma determinada realidade tem sido apropriada por diferentes leitores. Resultados preliminares da pesquisa têm permitido perceber que esses saberes pedagógicos disseminados em livros brasileiros e estrangeiros, revistas, coleções, jornais e demais literaturas sobre o ensino na escola primária tinham como objetivo oferecer subsídios para conduzir o trabalho docente tanto dos professores em exercício, quanto dos futuros professores, com base nos considerados avançados estudos da escola moderna, ativa, denominado no Brasil como Escola Nova. Considerando a Biblioteca da Escola Normal, entendida como um espaço destinado a reunir um conjunto de saberes, especialmente voltados à formação do professor. A circulação de saberes pedagógicos passa a ser um fator de grande relevância para a formação de professores. Dessa forma, os livros

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de destinação pedagógica são importantes fontes de divulgação, circulação e sistematização desses saberes científicos, psicológicos e pedagógicos a serem utilizados pelos professores no desempenho de suas atividades. Esse livros, manuais, revistas etc. desempenharam um papel relevante, tanto na formação dos professores, quanto no desempenho das funções do professor primário, uma vez que, neles circulavam saberes e propostas de modelos de ensino que procuravam atender a um ideal de renovação educacional, fundamentado, segundo os seus defensores, em “novos” e “modernos” pressupostos teóricos e filosóficos, e que visavam a uma elevação do nível cultural e intelectual do país. Tais impressos caracterizam-se como suportes de investigação para a compreensão de determinados saberes pedagógicos e permitem analisar, na sua materialidade, tanto os processos de difusão e imposição desses saberes, quanto às práticas dos que deles se apropriam. Compreender aspectos da formação de professores primários no Brasil na antiga Escola Normal, é também conhecer como determinado conjunto de saberes disseminados no Brasil entre o final do século XIX e início do século XX, tornaram-se hegemônicos e contribuíram para a manutenção de uma cultura pedagógica voltada à formação do professor primário.

Um pioneiro de múltiplas funções – Pelotas (1879-1898)

Maria Angela Peter da Fonseca – UFPel [email protected]

Elomar Antônio Callegaro Tambara – UFPel [email protected]

Este artigo apresenta um estudo sobre a trajetória do professor Eduardo Wilhelmy na cidade de Pelotas, situada no sul da província de São Pedro do Rio Grande do Sul, na segunda metade do século XIX, abrangendo o período de 1879 até 1898 em que o eminente educador incentivou o ensino particular em Pelotas. A temática faz parte de uma investigação mais ampla desenvolvida no Centro de Estudos e Investigações em História da Educação, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Pelotas que contempla a

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História da Educação Teuto-Brasileira Urbana em Pelotas nos séculos XIX e XX. Entre as fontes utilizadas destacam-se jornais locais como o Correio Mercantil 1886, 1887, 1889, o Diário Popular 1895 e, a edição comemorativa do Jubileu de Ouro da Comunidade Evangélica Alemã de Pelotas 1938. Em relação à metodologia, este trabalho foi realizado de forma quanti-qualitativa, através de pesquisa bibliográfica e documental, privilegiando um aspecto descritivo. Dotado de cultura e conhecimentos pedagógicos admiráveis, o professor Eduardo Wilhelmy proveniente da Alemanha, materializou ações didáticas através da fundação de várias escolas particulares em Pelotas. A problematização que norteou este trabalho foi a indagação a respeito das contribuições do professor Eduardo Wilhelmy para a educação de Pelotas na segunda metade do século XIX. A partir dessas informações, questionamos: quais as especificidades do ensino nas escolas fundadas pelo pedagogo? Que logos e que ethos eram veiculados através do ensino? Em 1879, fundou o Collegio Commercial e, em 1880, o Collegio Ozorio. Em 1886, em anexo ao Collegio Commercial, abriu uma Elementar Schule für Mädchen (Escola Elementar para Meninas) sob a direção de D. Angelina Klein auxiliada por Cecília Wilhelmy, filha do educador. Em 1887, ministrou aulas num Curso Commercial noturno, que funcionou no Collegio Evolução do professor Luiz Carlos Massot. Em 1889, lecionou no Lyceu Rio-Grandense de Agronomia e Veterinária e fundou Die Deutsche Schule (Escola Alemã), uma escola para meninos e meninas, onde o ensino era ministrado em alemão. Essa escola representava o anseio de um grupo de alemães e teuto-brasileiros, membros da Comunidade Evangélica Alemã, fundada em 1888, para a continuidade do Deutschtum, o bem cultural alemão. Nessa comunidade o professor exerceu as funções de pastor leigo até 1898. Também foi fotógrafo, professor particular de língua alemã, tradutor, correspondente de um jornal alemão em Porto Alegre e, incentivador da cultura alemã, em Pelotas, transferindo-se para Canguçu, onde fundou uma comunidade e uma escola. Todavia, apesar de ser fundador de escolas, viu à distância, a materialização e a continuidade de seus ideais através da fundação do Collegio Allemão de Pelotas, no ano seguinte, sob a chancela do Sínodo Rio-Grandense.

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Liceus e Escolas Normais em evidência no jornal “O fluminense” – 1894

Ariadne Lopes Ecar Universidade de São Paulo

[email protected]

A proposta desse trabalho é analisar uma série de matérias publicadas no jornal O Fluminense, nos meses de julho, agosto e setembro de 1894, que tratavam da instrução pública no Estado do Rio de Janeiro. A ideia partiu de uma pesquisa recente sobre a Escola Normal de Niterói na Primeira República, na qual focava os conhecimentos pedagógicos propostos para a formação de professores na antiga capital do Estado. No final do século XIX, era comum ver notícias atreladas à Escola Normal de Niterói enaltecendo-a como o único local de onde sairiam as pessoas responsáveis pela instrução do cidadão fluminense. Ao manusear os microfilmes de 1894 percebi representações produzidas pelo órgão de imprensa local sobre a Escola Normal de Niterói visando reconstruir possíveis ressonâncias e impactos da escola na cidade. Por representações entendo, de acordo com Chartier (1991; 1994), as coletivas, aquelas nas quais os indivíduos estruturam seus modos de percepção e apreciação no mundo, e como classificam, julgam e agem sobre ele; em segundo lugar, as formas de se mostrar do ser social ou político, considerando o poder; e, por último, a “presentificação” de uma identidade ou de um domínio. Considero o jornal como esse lugar de presentificação, no qual são estabelecidas relações de forças e constituídas estruturas capazes de organizar estilos de se fazer presente na sociedade. As matérias dispostas no jornal O Fluminense, são as seguintes “O professor hodierno” (31/07/1894); “O professor hodierno II” (01/08/1894); “O professor hodierno III” (02/08/1894); “Ensino público” (04/08/1894); “Pedagogia Moderna” (05/08/1894); “Subvenções” (07/08/1894); “Escolas públicas” (16/08/1894); “Ensino público” (05/09/1894); “Liceus e Escolas Normais I” (21/09/1894); “Liceus e Escolas Normais II” (23/09/1894);“Liceus

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e Escolas Normais III” (25/09/1894); “Liceus e Escolas Normais IV”(26/09/1894); “Liceus e Escolas Normais V” (28/09/1894); “Liceus e Escolas Normais VI” (27/09/1894); “Liceus e Escolas Normais VII” (30/09/1894). Iniciar uma sequência de matérias tratando do professor hodierno, era também sugerir melhorias no ensino, como foi o caso do primeiro título encontrado. Entre outros assuntos, o texto elencava três aspectos que atrapalhavam o professor moderno, a saber: o confundir estudar com decorar; usar e abusar dos compêndios e dos livros em geral; e utilizar-se da severidade como disciplina. Para o jornal, o próprio professor deveria ser o compêndio vivo, pois, como Spencer ponderava, a função do livro era suplementar. O forte apelo ao uso de “outras faculdades intelectuais” contrapunha o ensino pela memorização. Esse exemplo mostra como o jornal abordava questões relacionadas à instrução, com críticas e proposições. Não por acaso, a temática “Liceus e Escolas Normais” teve uma sequência maior, pois dali sairia jovens capazes a contribuírem com sua força de trabalho para o enaltecimento do Estado do Rio de Janeiro.

Excursões escolares e formação de professores na primeira república

Carlos Augusto de Amorim Cardoso (UFPB/UERJ)

[email protected]

Este trabalho descreve parte das investigações do projeto intitulado “Instituições educativas escolares na cidade: lugares de (re)produção do espaço urbano”, objetiva analisar e contextualizar historicamente a formação dos professores e suas atividades; as ações dos mestres e professores e os seus materiais escolares destinados ao aprendizado nas escolas públicas nos diversos graus de ensino e em diversas cidades brasileiras. Tal escolha deriva do exercício da razão pelo qual se procura alcançar o entendimento dos elos entre cidade e escola. Foram utilizados os programas das

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instituições públicas, suas atividades didáticas recomendadas, em especial os conteúdos das excursões escolares. Para uma análise mais completa quanto ao uso das excursões escolares e dos materiais didáticos, situamos a pesquisa “numa história da produção e da transmissão culturais” que afirmem uma “identidade geográfica”. Desta maneira, os conteúdos geográficos foram examinados nos seguintes manuais: “Lições de Historia do Brazil: para uso das escolas de instrucção primaria” de Joaquim Manoel de Macedo, do ano de 1922; dois manuais de geografia adotados nas escolas: “Geographia do Brasil, de Carlos M. Delgado de Carvalho, do ano de 1913 e no “Manual de Pedagogia Moderna (teoria e prática) para uso das Escolas Normais e Institutos de Educação”, de Everardo Backheuser de 1928. E ainda artigos assinados e reportagens com abordagens educacional na Revista Era Nova: “Assuntos pedagogicos – Em prol do ensino – Um bello gesto”, no exemplar nº 12, de 15 de setembro de 1921; “Uma página de José Verissimo – Pedagogia Necessaria”, no exemplar nº 19, de 15 de janeiro de 1922; “Livro de Eudésia Vieira – Pontos de História do Brasil”, na revista nº 21, de 15 de fevereiro de 1922; “VII Congresso Brasileiro de Geografia”, na revista nº 27, de 01 de junho de 1922. Por fim, podemos inferir que as excursões escolares representavam um importante aspecto na formação dos professores e educandos para a modernidade. Pois tais práticas passaram a ser cotidianas das instituições escolares e articulavam com razoáveis argumentos da sociedade de classe, a disciplinarização e os “verdadeiros” exercícios de observação, como forma de educar e formar o homem para a vida. E, na medida que a pesquisa procura situar os indícios e vestígios das características de uma geografia (escolar urbana) - como disciplina instrumental oferecida pela Instrução Pública -, procura criar dispositivos por meio dos quais as crianças se aproximem da natureza e da modernidade.

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A institucionalização do ensino primário em São João Del-Rei, MG: escolarização e

concepção de ensino (1898-1910)

Maria Aparecida Arruda Universidade Federal de São João del-Rei/UFSJ

[email protected]

O objetivo da pesquisa foi refletir acerca da construção do processo de ensino na cidade de São João del-Rei, indissociável, no entanto, do processo de escolarização em Minas Gerais, no Brasil e em outros países. Neste caso, interrogamos a criação, nesta cidade, do Colégio Nossa Senhora das Dores, fundado em 1898 pelas Filhas da Caridade da Sociedade São Vicente de Paulo e a organização do ensino. Por meio do Colégio Nossa Senhora das Dores, busco entender as condições de possibilidades de escolarização da população e sua efetiva consolidação: os processos pedagógicos que envolveram os métodos de ensino; a profissionalização do magistério público e privado, assim como de outros agentes do ensino. Tal exercício, no meu entendimento, ajuda a pensar o processo de institucionalização da escola primária em fins do século XIX e início do XX, momento em que se buscava o progresso e a modernização do sistema educacional, cujo espaço escolar vinha sendo pensado como forma a legitimar a instrução da população. A proposta esteve sintonizada com o discurso em torno da necessidade da construção de prédios específicos para a escola em resposta à demanda por vagas e por instrução. Dentre as multiplicidades de possibilidades para os que pretendiam se apoderar das habilidades de ler, escrever e contar, sobretudo no último quartel do século XIX, foi-se paulatinamente construindo a ideia de que uma ação educacional eficaz com as crianças estaria atrelada à produção desses espaços, indicando, assim, o êxito daqueles que defendiam a superioridade e especificidade da educação escolar diante das outras estruturas sociais de formação e socialização como a família, a igreja e mesmo os grupos de convívio. Para realização do trabalho de pesquisa foram analisados relatórios de governo de Província/Estado, jornais em circulação à época como A Pátria Mineira,

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O Combate, A Farpa, O Arauto de Minas, O Resistente, São João del-Rei, documentos localizados no Colégio e álbuns produzidos por cidadãos são-joanense. Foram ainda observadas Atas produzidas pela Câmara Municipal de São João del-Rei e documentos localizados no Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, Minas Gerais, assim como documentos avulsos. Para entender o processo de formação escolar no contexto da legislação que envolve a instrução (pública e particular), foram localizados e manipulados leis, decretos e instruções normativas que regulamentaram a instrução primária e o ensino normal em Minas Gerais no período. Entre eles, consta o que institui normatizações acerca dos estabelecimentos assim como o parâmetro legal que procurou orientar o funcionamento das instituições confessionais.

Aos leitores dos jornais da Paraíba e do Rio de Janeiro, notícias sobre os professores dos

Liceus no império

Fabiana Sena - UFPB [email protected]

Ao compreender o considerável lugar de destaque ocupado pela epístola no jornal paraibano enquanto modo discursivo que proporcionava aos leitores a intervenção pública, este trabalho busca identificar as proximidades e as diferenças discursivas entre as cartas sobre educação e instrução pública nos jornais da província do Rio de Janeiro e as da província da Paraíba no período do Império. Ainda que se reconheça as peculiaridades dessas províncias, bem como as semelhanças entre os jornais, busca-se articular os discursos da província da Paraíba através do jornal O Governista Parahibano com os dos Diário do Rio de Janeiro, da província do Rio de Janeiro, ambos do ano de 1850. Para atingir o objetivo, foi tomado como base teórico-metodológica a Nova História Cultural, a qual tem considerado os usos da escrita como uma fonte bastante significativa para compreender como comunidades ou indivíduos constroem suas representações de mundo e as investem de significação. As epístolas identificadas nos

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periódicos tratam do professor no ensino secundário na Paraíba e no Rio de Janeiro, apresentando o funcionamento das instituições dessas duas províncias. Foram analisadas a partir das perspectivas do conteúdo e da forma de escrita, utilizando como fonte os relatórios de províncias, leis, regulamentos das províncias supracitadas e os manuais de escrever cartas, para restituir o discurso no tempo da sua história. Tais cartas apresentam uma forma de intervenção pública, situando-as como uma carta aberta, a qual se vale de uma estrutura argumentativa com um tom persuasivo, pois o remetente pretende – nos casos aqui apresentados – alcançar o seu público, fazendo com que o destinatário tome uma decisão, a de se fazer cumprir as ordens do Diretor da Instrução Pública. Este tipo de carta tem um importante valor perlocutório, pois visa interferir no comportamento do seu destinatário, incitando-o a uma ação ou a uma tomada de posição. Desse modo, verifica-se que a forma da escrita é relevante para a transmissão do conteúdo. Com efeito, as epístolas publicadas nos jornais O Governista Parahibano e o Diário do Rio de Janeiro não se configuram como um retrato fiel da realidade, mas sim uma representação do discurso de uma instância do poder paraibano que deixou vestígios através da escrita epistolar, mostrando as relações entre o jornal supracitado e aquele a quem era destinado. Adentrar em uma perspectiva historiográfica, por meio das epístolas nos jornais, significa abrir um largo campo de possibilidades para o historiador da educação.

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“Associações auxiliares” - vestígios de apropriações escolanovistas em grupos escolares

de Florianópolis e Brusque - SC (1947 e 1951)

Fernanda Ramos Oliveira Prates – UDESC [email protected]

Gladys Mary Ghizoni Teive – UDESC [email protected]

A presente pesquisa investiga três associações auxiliares de base escolanovista, implantadas em grupos escolares nas cidades de Florianópolis e Brusque, ambas no estado de Santa Catarina. A preocupação deste estudo está atrelada à investigação de como os pressupostos escolanovistas foram apropriados na cultura dos grupos escolares “Lauro Müller”, o primeiro implantado em Florianópolis, e o “Alberto Torres”, de Brusque, região norte do estado, no período de vigência da Reforma Elpídio Barbosa (1946-1971), que aprovou a Lei Orgânica do Ensino Primário do Estado de Santa Catarina e instituiu a Escola Nova nesta jurisdição. Esta reforma confirmou e complementou as normas da Lei Orgânica Federal do Ensino Primário (8.529/46), primeira legislação do ensino primário em âmbito federal. A fim de auxiliar no intento escolanovista, previam-se, nestas normatizações, as chamadas “associações auxiliares”, já oficialmente previstas no estado desde o ano de 1944 e ratificadas quase que integralmente pelo “Regulamento para os estabelecimentos de ensino primário de SC”, do ano de 1946. De acordo com esta legislação, eram as seguintes as associações auxiliares que deveriam ser implantadas nos grupos escolares catarinenses: Liga Pró-Língua Nacional; Biblioteca; Jornal Escolar; Clube Agrícola; Círculo de Pais e Professores; Museus Escolares; Centros de Interesse; Liga da Bondade; Clube de Leitura e Pelotão de Saúde. Contudo, considerando os limites desse artigo, optou-se por investigar apenas três delas, a saber: Liga Pró-Língua Nacional, Liga da Bondade e Pelotão de Saúde. Foi escolhido, como recorte temporal, o ano de 1947 para a análise do primeiro grupo

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escolar referenciado, e o de 1951 para a do segundo. A fundamentação teórica é alicerçada nos estudos sobre a cultura escolar, desenvolvidos pelo historiador espanhol Antonio Viñao Frago e pelo conceito de apropriação, do historiador francês Roger Chartier. A base metodológica e empírica é constituída pela análise da legislação educacional e pelos relatórios apresentados à Inspetoria Geral do Ensino pelos diretores dos grupos escolares analisados, dando-se especial ênfase às atas e às fotografias. Concluiu-se que os relatórios analisados buscavam, por diferentes meios, evidenciar que as prescrições governamentais, no que tange às “associações auxiliares”, estavam sendo apropriadas ao cotidiano das escolas, particularmente no que competia à intenção escolanovista de renovação e inserção do meio social no cerne da escola primária graduada. Concluiu-se, ainda, que cada uma das escolas analisadas, ao seu modo, buscou colocar as Associações Auxiliares investigadas em prática, criando mecanismos bastante singulares a partir de suas especificidades e necessidades.

“Cantando espalharei por toda a parte” – propostas para o ensino da música nas

escolas públicas, nas décadas de 1960 e 1970

Vera Lucia Gomes Jardim – UNIFESP [email protected]

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961 retirou o Canto Orfeônico do currículo e instituiu a Educação Musical. Tal concepção do ensino da música buscava restituir seus conteúdos de origem, que, conforme o pensamento da época havia sido preterido na proposta do Canto Orfeônico. Entretanto, a resistência dos professores de Canto Orfeônico à nova abordagem era vigorosa e manifestou-se nos anos seguintes, com questionamentos e debates que denunciavam a limitação imposta pela Educação Musical, mutilando e desvirtuando o sentido educativo desenvolvido pelas práticas orfeônicas, que se mantinham no âmbito educacional a despeito da nova LDB. A fim de encerrar este ciclo, o Conservatório

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Nacional de Canto Orfeônico, pela portaria n° 63, de 07 de fevereiro de 1964, foi autorizado a organizar e ministrar o Curso de Professor de Educação Musical, que se desdobrou, conforme as novas orientações, em cursos de regência de coros, folclore musical e apreciação Musical. Tais cursos não chegaram a produzir modificações na estrutura vigente. Antes que se desmontasse toda a estrutura institucional relacionada ao Canto Orfeônico, cargos e carreira, material pedagógico e didático, outras ideias invadiam o interior da disciplina que perdia seu espaço artístico, para retomar as suas finalidades cívicas, com a instituição do Curso de Educação Cívica através da Música, fundamentado apenas nos hinos pátrios, cívicos e militares, em 1967O objetivo deste estudo é compreender a composição de currículos, a seleção de conteúdos e métodos como componentes que põem em movimento as relações da escola e expressam o modo como a sociedade entende e ordena a sua função e suas finalidades em determinado momento. Chervel (1990) e Goodson (1995) dão suporte teórico para analisar a organização e finalidades dos currículos, assim como Sacristán (2000) e Choppin (2004) auxiliam a análise dos conteúdos expressos no livro didático. Como fonte principal, selecionei Cantando espalharei por toda a parte, de Ruy Botti Cartolano e Judith Pereira (1972), como um exemplo, no período, que bem representa como o conteúdo do ensino da música foi articulado às suas finalidades: o ensino da música era o ensino dos hinos pátrios. A coleção revela uma seleção interessante que inclui repertórios adotados, ao longo da história, em diferentes projetos educativos que incluíam a música nos currículos das escolas públicas brasileiras, como o Hino Acadêmico, selecionado pelo Barão de Macahubas, nos compêndios de 1888; ou Salve a Escola, do Instituto Caetano de Campos, adotado por João Gomes Jr, dos reformadores republicanos; e, ainda, Estrela no céu, indicada por Villa-Lobos, nos anos 30. Esta seleção resguarda, possivelmente, um repertório que havia marcado seu espaço, tradicionalmente, na cultura escolar e o reveste das novas finalidades cívicas atribuídas à disciplina, como uma espécie de missão de disseminar e “espalhar por toda a parte” o amor à pátria.

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“Tão próximo e tão distante”: um estudo comparado do ensino secundário nas cidades de Pelotas e Rio Grande/RS (décadas de 1870 a 1910)

Giana Lange Do Amaral – UFPEL [email protected]

Hardalla Santos do Valle – UFPEL [email protected]

Este trabalho objetiva apresentar um estudo comparado do ensino secundário das cidades de Pelotas e Rio Grande (RS), entre as décadas de 1870 a 1910. É preciso primeiramente destacar que, mesmo com a proximidade geográfica e um processo histórico de urbanização entrelaçado, com o passar dos anos estas duas cidades foram delineando características socioculturais muito distintas, que se refletem no âmbito educacional. Aqui buscaremos especificar seus reflexos quanto ao ensino secundário. Em relação ao recorte temporal, parte-se da década de 1870, por abranger o ano do decreto da Reforma Leôncio de Carvalho (1879), que ratifica a liberdade de ensino, estabelecendo concomitantemente uma ampla liberdade de se abrirem escolas. Paralelamente, este estudo se encerra na década de 1910, em função de que neste período ocorrem importantes mudanças no ensino secundário, oriundas da legislação nacional e do contexto educacional rio-grandense. Cumpre mencionar que o estudo comparado, inserido no campo da História Cultural, não trata simplesmente de opor dados para verificar diferenças ou similaridades, mas acima de tudo, se trata de verificar o que é singular em cada comparação (SOUZA, 2009). Dentro dessa singularidade, devemos trazer a luz os problemas e os sentidos que compõem o panorama analisado (NÓVOA, 2005). Nessa perspectiva, apresentamos as seguintes inquietudes como norteadoras desse trabalho: Que características socioculturais possuem as cidades de Pelotas e Rio Grande, no período que vai de 1870 até a década de 1910? De que forma a identidade sociocultural de cada uma destas cidades influi nas características do ensino secundário? O meio escolhido de

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nos aproximarmos dessas respostas foi, primeiramente, a metodologia da pesquisa bibliográfica, que auxilia na escolha de um método apropriado, no conhecimento das variáveis e autenticidade da pesquisa (LIMA, 2007). Assim como, a análise documental, que busca o sentido, ou os sentidos, de um documento escrito (CELLARD, 2008). No que tange às fontes, optamos pela análise de relatórios de presidentes de província, jornais, atas, relatos memorialísticos e cartões- postais. Dado o exposto, vamos começar este trabalho expondo aspectos da trajetória histórica das cidades de Pelotas e Rio Grande. Logo após, tentaremos nos aproximar do cenário do ensino secundário nos dois municípios. Por último, realizaremos uma discussão sobre as singularidades e sentidos que compõem a relação entre a construção sociocultural urbana e os espaços escolares de instrução secundária destas cidades. Assim sendo, nosso interesse, expor e instigar novos olhares, pelo viés do estudo comparado, ao campo da História da Educação Rio-Grandense.

A “área” da geografia no curso de Geografia e História da Faculdade Católica de Filosofia

de Sergipe (1951-1962)

João Paulo Gama Oliveira – UFS [email protected]

O presente estudo busca identificar quem foram os professores das disciplinas da “área” da Geografia, dentro do curso de Geografia e História da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe (FCFS) no período de 1951 a 1962. Além de perquirir o que era ensinado nesse curso de formação de professores, o pioneiro na área em Sergipe.Dessa forma, em um primeiro momento investigo a história que perpassa a formação destas disciplinas mesmo antes de chegar a formar o curso de Geografia e História da FCFS, depois analiso o desenrolar das mesmas no curso em foco, lançando o olhar para seus docentes.Nesse sentido, cabe salientar as distintas formações acadêmicas do quadro de professores da “área” da Geografia: duas licenciadas em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia da

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Bahia: Maria Thétis Nunes e Cleonice Xavier de Oliveira e ainda um médico, um odonto clínico, dois advogados, dois engenheiros e um professor cuja formação não foi identificada.Na época da criação do curso de Geografia e História, início da década de 1950 do século XX, período do surgimento dos cursos superiores em Sergipe, existia uma carência de professores para compor o corpo docente do mesmo, possibilitando assim certa mobilidade aos professores mesmo entre as duas habilitações que o curso propunha formar. Por exemplo, Felte Bezerra de início ensina Geografia Humana, mas depois passa para a Etnologia e também a Etnografia do Brasil, já Maria Thétis Nunes migra da Geografia Física lecionada em 1951 para a História do Brasil a partir de 1952.Dentre os professores vinculados a Geografia aqueles que possuem um maior tempo de atuação e rememorado por ex-alunos estão o professor Bonifácio Fortes de Geografia Humana e Fernando Porto de Geografia Física. Esses além de aulas expositivas também empreenderam pesquisas pioneiras que muito contribuíram para o início das atividades científicas na área da Geografia no estado de Sergipe.Vale ressaltar que analiso os professores da “área” da Geografia e quais assuntos eles abordaram, compactuando com a ideia proposta por Goodson de que esses devem ser vistos como “portavoces de lãs comunidades de lãs disciplinas, aparecem implicados em uma elaborada organizácion del conocimento” (GOODSON, 1998, p. 101). Além de embasar-me em fontes como: cadernetas, programas de ensino e depoimentos de ex- alunos.Assim, as disciplinas e os professores da “área” de Geografia formaram a coluna basilar do curso de Geografia, após a separação da História, algumas se desdobraram, outras foram incorporadas, mas após sete anos da lei federal nº 2. 594 datada de 08 de setembro de 1955 que impunha a separação, o curso de Geografia adquire vida própria na FCFS desligando-se das disciplinas da História.

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A cadeira de religião no Curso Normal de Sergipe (1870-1900)

Eva Maria Siqueira Alves – UFS [email protected]

Simone Paixão Rodrigues – UFS [email protected]

Com a finalidade de preparar os professores de primeiras letras, o Curso Normal coexistiu com o Curso de Humanidades do Atheneu Sergipense, instituição criada no ano de 1870. O conteúdo religioso permaneceu ministrado nos primeiros anos do curso preparatório do magistério dentro da cadeira de Pedagogia. Porém, por considerar insuficiente e incompleto os ensinamentos da Doutrina Cristã, solicitou o Diretor da Instrução Pública, Manuel Luiz Azevedo d’Araujo no ano de 1874, a contratação de um sacerdote para lecioná-la pelo menos metade dos dias da semana letiva, proporcionando dessa feita que o professor de Pedagogia dispusesse de maior tempo para o ensino do teor pedagógico. Durante o curto governo na Província de Sergipe do romancista paraense Herculano Marcos Inglez de Souza (1881-1882), querelas foram travadas a respeito da suspensão da cadeira de Religião, decisão posta na reforma educacional empreendida. Alegava o presidente não ser obrigação de a Província oferecer o ensino religioso, mas sim um dever das paróquias. Este trabalho objetiva analisar a cadeira de Religião por meio dos debates expressos na imprensa local relativos à permanência e/ou suspensão da mesma do rol das disciplinas do Curso Normal. Dois documentos específicos foram investigados: as polêmicas postas no “Jornal do Aracaju” no ano de 1877 entre Manuel Francisco Alves de Oliveira, professor de Religião e Bricio Cardoso, Professor de Retórica e Poética, ambos do Atheneu Sergipense e “O Ensino Religioso na Escola Normal da Província de Sergipe”, escrito por Padre Olympio de Souza Campos, divulgado no ano de 1882, produto de uma coleção de artigos fervorosos publicados na “Gazeta do Aracaju” a propósito da exclusão da cadeira de Religião. Quanto às publicações do “Jornal do Aracaju”, estas expressam as divergências entre os professores

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defensores da permanência ou não do Curso Normal anexo ao Atheneu Sergipense. Alegava Bricio que as escolas normais tinham o espírito religioso e pedagógico, diferente dos princípios que regiam as escolas secundárias. Na obra de Olympio Campos, dedicada “À minha Provincia e a seu actual Presidente o Sr Dr Herculano Marcos Inglez de Souza” são transcritos 22 artigos, cujas temáticas de secularização do ensino, liberdade, positivismo, são largamente definidos e discutidos pelo autor. Inicia com um ofício encaminhado ao Presidente da Província em 14 de julho de 1881, mostrando sua indignação pela suspensão dos ensinamentos religiosos e coloca-se a disposição para lecionar a referida cadeira na Escola Normal, sem custos aos cofres públicos, solicitação acatada com prontidão pelo Presidente. Tais análises denotam o envolvimento dos professores em prol da permanência da cadeira de Religião ministrada no Curso Normal.

A cultura material escolar e as memórias de docentes de geografia entre 1960 e

1989 em Curitiba: vestígios da história das disciplinas escolares

Márcio Willyans Ribeiro – PUC/PR [email protected]

Rosa Lydia Teixeira Corrêa – PUC/PR [email protected]

Já foram realizados inúmeros estudos a respeito do período militar em várias áreas do conhecimento, entre elas a educação. As vertentes teóricas e as opções metodológicas são variadas, permitindo analisar esse período histórico a partir de diversos “lugares” sociais. É exatamente nesse sentido que surge a necessidade de desenvolver uma pesquisa em bases um pouco diferentes das realizadas até aqui, ou seja, com o incremento de fontes orais, ou seja, de professores de Geografia que viveram naquela época.Para valorizar tais depoimentos, que detalham os bastidores da vida cotidiana dessas pessoas ao longo das décadas

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de 1960, 1970 e 1980, mas sem perder de vista o necessário rigor científico da produção acadêmica, os dados e informações coletados foram sempre relacionados aos documentos que estruturaram ou refletiram as políticas públicas da época, como leis, programas oficiais, manuais escolares, planos de aula, cadernos, entre outros.Dentre os vários aspectos que podem ser verificados nos documentos legais e escolares, está sua conexão com o contexto social, político e econômico da época. Não se deve desconsiderar o fato de que eles foram forjados para atender a uma sociedade situada em um determinado momento histórico. Portanto, tais documentos expressam escolhas intencionais das lideranças políticas e/ou de uma parcela da sociedade. Desse modo, conhecer como a Geografia escolar atravessou o período da ditadura militar no Brasil, ocorrida entre 1964 e 1985, tendo como referência o município de Curitiba, situado no estado do Paraná, se constitui no grande foco da tese. Contudo, considerar alguns anos antes e depois da ditadura, se mostra como interessante contraponto, no sentido de revelar possíveis vestígios das ações processadas por meio das políticas públicas implementadas, mas, também das ações da comunidade geográfica brasileira. Seria possível elaborar variadas perguntas de pesquisa a respeito do período em questão. Contudo, a quantidade de pesquisas científicas que poderiam ajudar a elucidar tais questionamentos é, ainda, muito incipiente no Brasil, segundo indicam Genilton Rocha e outros estudiosos em suas pesquisas a respeito da Geografia escolar. Para tanto, a História Cultural apresenta-se como uma vertente que tem sido utilizada no estudo da trajetória da disciplina escolar de Geografia. Aqui, vale registrar a relevância de André Chervel, Roger Chartier e Michel de Certeau como importantes referências aos que realizam tais estudos.Voltar ao passado das disciplinas escolares é um exercício importante para se fazer um balanço de suas permanências e transformações, principalmente no cenário brasileiro. Sem dúvida, o aprofundamento dessas pesquisas sobre o ensino de Geografia entre 1960 e1989, poderá contribuir para aprimorar os conhecimentos a respeito da História da Educação nacional.

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A disciplina de Biologia educacional no curso de magistério da Escola Dom Bosco

do Distrito de Indápolis, município de Dourados (1977 a 2000)

Rozangela Soares Grangeiro Borges – UFGD [email protected]

O presente trabalho apresenta um recorte dos resultados que vêm sendo obtidos com uma pesquisa ligada à história das disciplinas escolares, cujo objetivo é analisar a disciplina de Biologia Educacional, no Curso de Magistério da Escola Dom Bosco do Distrito de Indápolis, município de Dourados, no período de 1977 a 2000. A periodização de 1977 a 2000 está ancorada na instalação do curso de formação de professores de 1ª a 4ª séries do 1º Grau, na Escola Dom Bosco, e na extinção do curso na citada instituição. O ano de 1985 marca a instalação da Habilitação Específica para o Magistério de 1ª a 4ª série do antigo 1º grau, e o ano de 2000 marca o encerramento do Curso de Magistério na mesma instituição, em virtude das mudanças propostas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº. 9.394/96), que estabeleceu: “a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidade e institutos superiores de educação”. Neste trabalho busca-se analisar o funcionamento da disciplina de Biologia Educacional, no Curso de Magistério da Escola Dom Bosco de Indápolis, no período de 1977 a 2000. A análise proposta no texto se sustenta nos referenciais da história cultural, da história das disciplinas escolares, no currículo e na história da formação de professores. No que concerne às fontes, deve-se utilizar diferentes tipos de documentos, como documentos provenientes do arquivo e da biblioteca da Escola Dom Bosco, documentos de acervos particulares de ex-alunos e professores do Curso de Magistério, bem como documentos legais pertencentes à Secretaria Estadual de Educação de Campo Grande, ao Conselho Estadual de Educação de Campo Grande, entre outros. Dessa

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maneira, os relatórios de visitas dos responsáveis pela administração do ensino na Escola, os programas e os conteúdos de ensino das disciplinas, os diários de classe, os livros usados na disciplina de Biologia Educacional, os cadernos de ex-alunos, os pareceres, os decretos, as leis, dentre outras, vêm constituindo fontes documentais importantes para essa análise. Trata-se de uma documentação que fornece elementos importantes para a análise do funcionamento da disciplina de Biologia Educacional no Curso de Magistério da Escola Dom Bosco.

A disciplina economia doméstica e sua relação com a normalista dos anos 1950 no Instituto

Sagrado Coração de Jesus da cidade de Estância-Sergipe

Rogério Freire Graça [email protected]

A disciplina Economia Doméstica foi instituída no currículo do Instituto Sagrado Coração de Jesus, com base na Lei Orgânica do Ensino Secundário de 09 de Abril de 1942, objetivando disponibilizar as alunas do Ensino Normal Regional, a instrução necessária para organizar, higienizar e gerenciar o lar. O presente estudo tem por objetivo analisar o caderno da disciplina Economia Doméstica. O caderno de Economia Doméstica tornava-se uma bíblia, com regras de comportamentos e habilidades a serem seguidas, visando a demonstração da personalidade feminina e figurando como um cartão de visitas da mulher, em uma época que segundo Louro e Meyer ( 1993) o discurso médico higienista visava uma transformação social mais ampla, e em cujo contexto, a necessidade da educação feminina tomava proporções cada vez maiores: “Às mulheres será dada uma educação que as torne afeiçoadas ao casamento, desejosas da maternidade, competentes para a criação dos filhos e capazes da administração da casa” (SCHWARTZMAN, 1981, p. 73). A análise nos apresenta 16

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pontos, que eram copiados no quadro negro. Neles, além de serem abordadas as etapas desenvolvidas para o bom gerenciamento do lar, também ficava em evidência uma mulher veiculada às lides domésticas, sempre assessorada por bons predicados como inteligência, bom gosto, doçura, abnegação, felicidade, simplicidade, modéstia, fazendo daquele contexto um sacerdócio para sua vida. Os apontamentos mostram os papéis diferenciados que o homem e a mulher exerciam na sociedade da década de 1950, cabendo àquele suprir as necessidades da família, com o trabalho exterior e a esta o cuidado com o lar, o marido e os filhos. A economia doméstica estava ao alcance de mulheres pertencentes a todas as classes sociais, sendo viabilizada através da educação e do estudo, fatores indispensáveis para revela-la. A organização do lar era o cartão de visitas de uma boa dona de casa e de uma mulher cumpridora dos seus deveres perante á sociedade, para tanto, deveriam utilizar-se de qualidades proverbiais a exemplo da simplicidade, bom gosto e ordem, para conseguir esta proeza, sendo conferido às mulheres mais simples a mesma oportunidade de ter um lar “bem arranjado”, a depender da sua inteligência e talento pessoal. Para uma administração eficaz do lar, os pontos copiados no caderno, elencam aspectos e modalidades diversas dos afazeres domésticos, justificando a necessidade da mulher saber ordenar tarefas aos seus criados, ou mesmo ela própria cumprir os afazeres cotidianos, quando o orçamento fosse limitado e ela não dispusesse de serviçais. Para este último caso é sugerido a cooperação familiar e a necessidade de despertar nos filhos o “culto do lar”, respaldado pelo cumprimento de deveres e pelo senso de ordem. A pesquisa documental no material didático utilizado pelo Instituto Sagrado Coração de Jesus foi fundamental para a análise da disciplina abordada, como também a pesquisa bibliográfica, na composição da narrativa histórica.

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A escolarização segundo Proust: distinção e modernidade

Elisabete Zardo Búrigo – UFRGS [email protected]

Seguindo a trilha dos estudos que tomam a literatura como fonte privilegiada para as investigações no campo da história da educação, este trabalho discute as referências à educação escolar presentes no romance À la recherche du temps perdu de Marcel Proust. Essas referências podem ser tomadas como indícios, de um lado, da experiência singular de escolarização do autor, que frequentou o prestigiado Lycée Condorcet, em Paris, nos anos 1880, e, de outro lado, de suas representações ou expectativas acerca da erudição dos leitores para quem escreve, já nos anos 1910. No romance, em que se confundem os registros ficcional e autobiográfico, são escassas as reminiscências sobre a vida escolar do autor. Entretanto, são frequentes, nas vozes de diferentes personagens, noções, usos de linguagem, argumentações que podem ser considerados efeitos de uma formação escolar, ou do disciplinamento do pensamento e do discurso pela escola. Tomando o volume Sodome et Gomorrhe como objeto de análise, são sistematizadas no trabalho as referências a esses saberes escolares, destacando-se aquelas relacionadas às disciplinas chamadas científicas – matemática, física e química - e examinadas como elementos da construção da narrativa e dos personagens. A escolarização aparece, nessa construção, como traço distintivo. Ela se faz notar pela ausência em personagens que tipificam as camadas populares, como a criada Françoise, que recusa persistentemente a lógica cartesiana do narrador, suas correções gramaticais ou de pronúncia. Entre os frequentadores dos salões parisienses, a contraposição entre uma erudição arcaica e uma moderna aparece associada às diferenças entre gerações, mas também à ascensão social de camadas plebeias. Assim, por exemplo, enquanto o Barão de Charlus assiste às aulas na Sorbonne do professor Brichot, que recita os filósofos gregos e os poetas latinos, seu jovem amante Morel, filho de um antigo empregado da família do narrador, segue um curso de álgebra, que para o Barão se

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afigura incompreensível. Proust ecoa assim o embate entre a tradição humanista clássica e os projetos de educação chamada científica, que se refletiram na reforma curricular do ensino secundário francês decretada em1902. No trabalho são destacadas, também, passagens do texto em que o ensino estatal e laico é evocado como componente de instauração da ordem republicana, à qual resistem os representantes da aristocracia. O texto literário constitui-se, desse modo, em fonte fértil para o estudo histórico, segundo duas dimensões: através dos saberes que revelam as marcas do ensino secundário na formação do autor, e que podem ser tomados como indícios de efeitos da escolarização entre os frequentadores dos liceus do final do século XIX; e ao retratar a escolarização como tema presente no imaginário das elites parisienses, atravessado pelas tensões entre diferentes modelos de formação, e pela disputa de terreno entre Igreja e Estado.

A matemática do colégio: livros didáticos e história de uma disciplina escolar

Francisco de Oliveira Filho – UNIBAN [email protected]

O presente texto tem por objetivo apresentar pesquisa de Doutorado em andamento, que tem por objetivo traçar a trajetória de constituição da disciplina matemática do Colégio (matemática a ser ensinada no atual ensino médio), no período 1930 – 1980. A pesquisa se insere no campo da História das Disciplinas Escolares e tem como aporte teórico principal o historiador André Chervel (1990), com sua obra “História das Disciplinas Escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. André Chervel foge da concepção redutora de considerar a disciplina escolar apenas como um rol de conteúdos. Para ele a disciplina escolar é assim constituída: um ensino de exposição, os exercícios, as práticas de incitação e motivação e um aparelho docimológico. O período em estudo é atravessado por quatro grandes reformas educacionais: Francisco Campos, Capanema, Simões Filho e Matemática Moderna. Cada

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reforma ao ser implantada causa alterações nas finalidades do ensino e, segundo Chervel, tais alterações causam instabilidade na disciplina escolar. Essas instabilidades, por sua vez, influenciarão a produção didática, que se movimentará para atender as novas exigências da reforma. Através da análise das alterações provocadas nas vulgatas ; (a vulgata, segundo Chervel é um padrão de referência para a produção didática, composto por: ensino dispensado pelos professores, conceitos ensinados, terminologia adotada, coleção de rubricas e capítulos, organização do corpus de conhecimentos, exemplos utilizados e tipos de exercícios praticados); dos diferentes períodos iremos traçar a trajetória de constituição da disciplina escolar matemática do colégio. Outro referencial teórico a ser adotado para dar suporte à análise de livros didáticos é o historiador Alain Choppin (2004), com sua obra “História dos livros e das edições didática: sobre o estado da arte”. O texto tem um capítulo onde mostramos através das diversas Reformas Educacionais como se dá o nascimento do Colégio (nível do ensino correspondente ao atual ensino médio). Outro onde desenvolveremos toda a parte teórica a respeito da disciplina escolar. Um capítulo onde discutimos os aspectos teórico-metodológicos de uma Reforma Escolar e como as reformas influem na constituição das disciplinas escolares e o capítulo destinado à análise da produção didática, assim subdividido: “Os Cursos Complementares como embrião da disciplina matemática para o colégio”; “A criação do 2º Ciclo do Curso Secundário e a consolidação da disciplina escolar matemática”; “A estabilização da disciplina escolar matemática para o colégio” e “O MMM e a turbulência na organização disciplinar da matemática do colégio”. A questão central de pesquisa que buscamos responder é a seguinte: Como se constituiu historicamente a disciplina Matemática para o Colégio?

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559 Sumário Eixo 6

A matemática na disciplina de Metodologia e Prática do Ensino na Escola Normal

Caetano de Campos

Adauto Douglas Parré – UNIFESP [email protected]

Maria Célia Leme da Silva – UNIFESP [email protected]

A presente comunicação tem como objetivo analisar como a matemática se insere na disciplina de Metodologia e Prática de Ensino da Escola Normal Caetano de Campos na década de 1940. O recorte temporal estudado está inserido em um movimento conhecido no Brasil por Escola Nova e contempla a promulgação da Lei Orgânica do Ensino Normal, elaborada com o objetivo de uniformizar a formação do professor primário, que até o momento era realizada de diversas formas de acordo com a administração de cada estado brasileiro. Entre os documentos que analisamos encontram-se as atividades de avaliação realizada pelos alunos da Escola Normal na referida disciplina ao longo dessa década de modo a problematizá- los em busca de compreender como era desenvolvida a formação matemática dos futuros professores primários nesse período. O material consiste de quatro coleções de atividades organizadas por ano, sendo a primeira de 1943 e a última de 1947. Como característica comum a essas atividades evidencia-se o uso de um tema, geralmente um recorte de jornal, a partir do qual o normalista deveria elaborar atividades contemplando diversos conteúdos, entre eles a matemática. A parte reservada para a matemática se organiza a partir do conteúdo “cálculo” explorado através de problemas que se relacionam com o tema sorteado. Alguns desses problemas envolvem o uso das operações, dos sistemas de medida e do sistema monetário.Nossas análises dialogam com os discursos que tratam da prática como aqueles elaborados pelo psicólogo Edward Lee Thorndike

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(1874-1949), ao discutir a importância do uso dos problemas como recurso a ser utilizado pelos professores. Também serão analisadas as revista do Ensino em relação às orientações sobre o ensino da matemática, já que discursam sobre as práticas da disciplina, documentos que podem ser encontrados no Acervo da Escola Normal Caetano de Campos.O referencial metodológico utilizado conta com conceitos tomados da História Cultural como “apropriação” elaborado por Roger Chartier que permite analisar a imbricação entre os discursos e as práticas, e “estratégias e táticas” de Michel de Certeau permitindo a compreensão das disputas de poder que marcam a existência dos currículos determinando o que realmente se viabiliza nas práticas de aulas.

A produção científica acerca da história do ensino de língua portuguesa no Brasil

Danilo Morais Lima – UEMS [email protected]

Estela Natalina Mantovani Bertoletti – UEMS [email protected]

O presente estudo pretende contribuir para a compreensão da produção científica acerca da história do ensino de língua portuguesa no Brasil. Faz parte de pesquisa (em andamento), cuja investigação preliminar objetiva fornecer, também, subsídios teórico-metodológicos a um trabalho de dimensão mais aprofundada, que culminará na produção de uma dissertação de mestrado acerca da história do ensino da língua portuguesa na Bahia. A temática de que trata este trabalho justifica-se pelo fato de as pesquisas históricas em Educação terem alcançado, nas últimas décadas, abrangência e prestígio acadêmico. Neste estudo, os trabalhos científicos: resumos de dissertações e teses do Banco de Teses da CAPES, periódicos qualificados pela CAPES, disponíveis no meio eletrônico e Anais de programas de pós- graduação em Educação e Letras / Linguística serão analisados numa perspectiva da História Nova / História

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561 Sumário Eixo 6

Cultural. Esta pesquisa insere-se num campo de pesquisa denominado História das Disciplinas Escolares, que objetiva investigar as mudanças ocorridas numa determinada área do saber ao longo dos anos. Os procedimentos metodológicos adotados para a execução deste estudo são os que se seguem: levantamento bibliográfico da produção científica acerca da história do ensino da língua portuguesa no Brasil, mediante seleção e ordenação e leitura de tais produções científicas. Os resultados parciais do exame das produções científicas em questão evidenciam que entre os anos de 1987 e 1999, estas se restringem, em sua maioria, à análise sincrônica de concepções teóricas e práticas escolares que caracterizam o ensino de língua portuguesa brasileiro contemporâneo. Não há, claramente, um interesse pela abordagem histórica, com vistas a uma melhor compreensão do presente. A partir dos anos de 2000, os trabalhos científicos, ainda escassos, apresentam a adoção de uma perspectiva “panorâmico–evolucionista” em estudos que se voltam para a análise de manuais didáticos adotados por escolas consideradas modelos ou instituições escolares confessionais, história da leitura ou literatura. Há, em muitas dessas pesquisas, interpretações marcadas pela desvalorização do passado, que é concebido como “tradicional”, passível de uma substituição rápida pelo “novo”, “moderno” e à escola é dado um caráter reducionista e reprodutivista. Existe, ainda, uma demanda pela relevância de se pesquisar as disciplinas escolares, produtos da cultura escolar, a partir de fontes, como: cadernos de alunos, provas, exercícios escolares, material didático e iconográfico. Além disso, os estudos recentes de fundo histórico sobre o ensino de língua portuguesa mostram que as concepções teóricas e as práticas escolares são elementos indissociáveis.

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562 Sumário Eixo 6

A trajetória da ginástica no currículo do ensino público primário paranaense (fim do

século XIX e início do século XX)

Diogo Rodrigues Puchta – UFMG [email protected]

Ligado aos estudos históricos concernentes ao processo de escolarização dos corpos infantis, o presente artigo versa sobre a história da ginástica como prática escolar que marcou a educação física das crianças nos anos finais do século XIX e no início do século XX. Visa investigar a inserção da ginástica no ensino público primário paranaense, sobretudo sua trajetória no currículo. Para isso, uma vasta documentação foi coligida e examinada. De um lado, a legislação do ensino, por meio dos regulamentos, regimentos e códigos de ensino referentes à instrução pública, no intuito de tecer um quadro analítico das prescrições referentes à educação física e ao ensino da ginástica nas escolas. De outro, os relatórios de professores, diretores e inspetores escolares, com o objetivo de cotejar um pouco da tensão entre o previsto em lei e a situação encontrada no cotidiano escolar. Paralelamente, apresenta- se um diálogo com autores como André Chervel (1990) e Ivor Goodson (1995), principais referências dos estudos relacionados à história das disciplinas escolares no Brasil. Destacam- se algumas conclusões como o fato de a ginástica ter sido inicialmente ministrada apenas para o sexo masculino e sob a responsabilidade dos próprios professores, que passaram a acumular o ensino de mais este saber. Destaca-se ainda a existência de diferentes projetos em disputa. No embate das ideias e na proposição das questões existiram: aqueles que acreditavam que os exercícios deveriam ser ministrados sem o uso de aparelhos e os que defendiam a aquisição de tais equipamentos; aqueles que apostavam na realização dos exercícios dentro da sala de aula e os que defendiam a prática dos mesmos no pátio das escolas; aqueles que acreditavam que tais atividades deveriam ser de caráter obrigatório e os que achavam que não; aqueles para quem os exercícios deveriam ser lecionados pelos próprios professores e os que reservaram esta parte

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Caderno de Resumos - Eixo 6

563 Sumário Eixo 6

do programa para um instrutor que cuidasse apenas dessa dimensão da formação. Vale lembrar que no desenrolar destas discussões, o reconhecimento e a adoção de uma forma de organizar os trabalhos escolares não significa que as demais não estiveram presentes nas escolas. Na medida em que novos regimentos e regulamentos foram construídos novas formas de organizar o ensino da ginástica foram pensadas. Entre um documento e outro, os programas foram preenchidos seja por meio dos exercícios físicos moderados, seja a partir dos jogos ginásticos, ou ainda através da realização de ambos juntamente com as marchas, formaturas, evoluções, corridas, entre outros.

Análise da configuração textual de “linguagem nas classes adiantadas”, de A. F. Proença (1880-

1946) e a história da alfabetização no Brasil

Monalisa Renata Gazoli [email protected]

Visando à compreensão de um importante momento da história da alfabetização no Brasil, focalizam-se, neste resumo simples, as discussões apresentadas pelo professor paulista Antonio Firmino de Proença (1880-1946), formado pela Escola Normal de São Paulo, em 1904, referentes ao ensino da leitura e da escrita a crianças, no artigo intitulado “Linguagem nas classes adiantadas”, veiculado na Revista Educação no período em que essa revista esteve sob a responsabilidade da Diretoria Geral da Instrução Pública do estado de São Paulo e da Sociedade de Educação de São Paulo (1927-1930). Os resultados apresentados decorrem de pesquisa concluída de mestrado em educação (Bolsa CAPES – 01/03/2008 a 31/08/2008 e bolsa FAPESP – 01/09/2008 a 28/02/2010), vinculada a um grupo de pesquisa brasileiro. Trata-se de pesquisa histórica, centrada em análise documental e bibliográfica, desenvolvida mediante procedimentos de localização, recuperação, reunião, ordenação e análise de fontes documentais de e sobre A. F. Proença assim como de bibliografia especializada sobre o tema história da alfabetização no Brasil. Esse professor teve 13 artigos publicados na Revista Educação, cujo conteúdo é, recorrentemente, planos de aulas para as matérias escolares ministradas aos

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alunos das quatro séries iniciais do então denominado ensino primário. Dentre os 13 artigos publicados, o intitulado “Linguagem nas classes adiantadas” é representativo da proposta de “concretização” do método analítico, hegemônica no momento histórico de sua publicação, assim como, da de seu autor. O critério para a escola desse artigo decorre do fato desse ser o único artigo no qual A. F. Proença apresenta um plano de aula sobre o estudo de um texto, por ele denominado literário, como preparação para composição de outro texto, pelos alunos, ou seja, é o único artigo que seu autor apresenta planos de aula para a disciplina Linguagem. Para a análise do artigo, utilizou-se o método de análise da configuração textual, que consiste em analisar todos os aspectos constitutivos do sentido do texto, a saber: os aspectos estruturais-formais e temático-conteudístico do artigo de A. F. Proença. Por meio da análise realizada conclui-se que as considerações desse professor em relação ao ensino da leitura e da escrita a crianças vêm ao encontro da defesa de cientificidade da educação considerando o método intuitivo e analítico como meios para alcançá-la. Tais considerações não destoam do que as autoridades educacionais prescreviam no momento histórico de publicação do artigo analisado, cujo conteúdo está em sintonia com os ideais educacionais defendidos por seus contemporâneos.

As instruções públicas para os professores régios e o ensino de língua latina durante o

período pombalinoSara Rogéria Santos Barbosa – UFS

[email protected]

Genivaldo Gonçalves dos Santos Filho – UFS [email protected]

Em análise das ações instituídas pelo Alvará Régio de 1759, Lei Geral de Reforma dos Estudos Menores, promulgado em 28 de julho de 1759, bem como das Instrucções que lhe serviram de base para o atingimento dos objetivos delimitados, percebe-se que a iniciativa do Marquês de Pombal de reestruturar o funcionamento do ensino, ora por seu anseio de elevar a educação portuguesa aos padrões de cientificidade vividos por outros países europeus, ora por almejar também o processo

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de laicização da educação, tendo em vista que um de seus interesses claramente explícito no Alvará é a extinção das escolas e classes administradas pelos jesuítas, teve uma finalidade maior que pode ser compreendida nas entrelinhas das ações instituídas durante esse período. Os pormenores contidos e aplicados não tratavam somente de impor, à fina força, um currículo escolar, mas sim de validar uma série de aparatos legislativos que proporcionassem à Coroa Portuguesa o domínio sobre o conhecimento e sua produção nos territórios lusitanos, posto que a educação havia sido confiada aos jesuítas e à Companhia de Jesus, que por sua vez formavam, segundo o discurso do Estado, cidadãos desprovidos dos princípios de civilidade desejados pela Coroa, desagradando o rei e colocando em cheque o desenvolvimento daquela nação. O ensino foi a via utilizada para depreciar anos de educação jesuítica e era mister construir um conjunto de orientações pedagógicas que serviriam como norteadores dos professores régios no ensino das disciplinas correspondentes aos Estudos Menores, o que, via de regra, evitaria os erros de outrora. O conjunto de orientações recebeu o nome de Instrucções Régias e, dentre outros aspectos, serviu para estabelecer um padrão didático-pedagógico quanto ao ensino de Língua Latina, disciplina incluída nas Humanidades Clássicas. Tal disciplina era imbuída de sacralidade, concebida como a língua da ciência, promotora de ginástica mental em seus falantes e seu ensino deveria ser mediado pelos padrões culturais da época, desejando-se, com isso, formar um cidadão conforme uma perspectiva de civilidade, ressaltando que tal noção era elaborada conforme os interesses dos governantes de Portugal. Diante do exposto, este trabalho objetiva analisar, a partir na leitura critico-analítica das Instrucções régias para professores de Gramática Latina, como se deu tal ensino e quais as mudanças no método e cânone ali se apresentados, ao tempo em que analisa também como se dariam as mudanças propostas pelo Alvará Régio de 28 de junho de 1759, no que pese à escolarização dessa disciplina em seus vários aspectos: tempo de aula, conhecimentos ensinados, seleção de compêndios obrigatórios e proibidos e desenvolvimento das aulas.

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As múltiplas possibilidades que o processo educativo oportuniza nos vários contextos, e

muito além do espaço escolar

Miriam Ferreira de Matos [email protected]

Os primeiros estudos sobre Teoria da História objetivavam aprofundar conhecimentos sobre a “aventura” humana, revelaram que as fontes e os vestígios deixados pelos antepassados constituem importantes instrumentos para uma melhor compreensão sobre os atuais estágios de desenvolvimento de quaisquer áreas do conhecimento humano. Nesse sentido, as leituras realizadas e a contribuição dos autores consultados ofereceram uma visão geral de como o processo educacional e as experiências educacionais foram aos poucos estruturando a educação no Brasil entre os séculos XIX e XX, e, por extensão em Sergipe. O estudo ora realizado se encontra estruturado em dois capítulos. O primeiro capítulo representa uma breve análise do conjunto de artigos publicados pela Revista de Mestrado em Educação e publicada pelo Núcleo de Pós-Graduação da Universidade Federal de Sergipe nos anos de 1999-2003 (volumes 1, 2,3,4); sendo o segundo capítulo uma análise das referidas publicações. Em caráter conclusivo e para efeito do presente artigo cientifico a as realizações das leituras acerca do desenvolvimento histórico da educação em Sergipe consagrou de forma cristalina a percepção segundo a qual o desenvolvimento de políticas públicas em sede educacional, teve seu nascedouro em terras sergipanas, a partir do desenvolvimento sócio- econômico de suas populações, das necessidades de adequação da economia de Sergipe aos reclames e exigências do capitalismo vigorante mundialmente o que menor ou maior grau privilegia a formação do trabalhador de modo a capacitá-lo a melhor desenvolver suas atividades laborativas. O conteúdo abstraído das publicações (revistas de educação da UFS) é o resultado das leituras realizadas e das ponderações que os vários autores sobre aspectos da educação sergipana sobre a ótica da pedagogia; a utilização de recursos pedagógicos, em particular o vídeo escola, utilizado no

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processo de ensino-aprendizagem entre os industriários sergipanos; a experiência pioneira de Educação Publica e gratuita representada pelos Educandários em Sergipe; e as contribuições do mercado editorial nacional de literatura em Educação durante o período de 1920-30. No afã de melhor compreender a questão de ensino da Arte-Educação na escola pública municipal aracajuana foram incorporados ao estudo uma perspectiva histórico-pedagógico; sendo sequenciado por uma breve analise da Pratica Pedagógica da arte na Escola pública em Aracaju e Estadual, pontificando com uma Proposta Pedagógica de Arte do Colégio de Aplicação da UFS. O estudo também realiza incursões sobre diversas correntes pedagógica com destaque para a “Pedagogia Tradicional”; “ Escolanovismo”;concepções educacionais de Dewey, Lowenfield, Read. Um dos elementos que fundamentam a pesquisa educacional proposta, é a valorização do contexto escolar e de origem do aluno, considerando-os como hábeis instrumentos capazes de impulsionar o aluno em seus estudos ou fazê-lo desistir dessaseara. Ao historiar a história da educação em Sergipe, Anamaria Gonçalves Freitas (2002), se utiliza de diários, correspondências pessoais, arquivos particulares, cujo conteúdo revisita o universo e trajetória escolar de jovens sergipanas, sendo um dos pontos de partida para o conhecimento de escolarização das mulheres sergipanas, abordando olhares de alunas e professoras que revelam em seus escritos a face e o tipo de educação (objetivos e práticas educacionais) destinadas ás mulheres brasileiras e sergipanas em finais do séc.XIX e início do séc.XX).As considerações finais deixam cristalino o ponto de vista segundo o qual, não se pode pensar educação, sem repensar a função social do professor, sem mencionar a ininterrupta necessidade de qualificação de atualização, instrumentos que habilitam o profissional em educação a melhor realizar o seu míster. Responsabilizar o educador sem analisar a estrutura educacional no qual o mesmo exerce seu fazer profissional, é produzir uma análise obtusa sobre as realidades educacionais estudadas.

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As práticas curriculares e concepção de história no livro da série Braga: um estudo do

compêndio no início da república brasileira

Roseane Maria de Amorim – UFAL [email protected]

Nas práticas curriculares escolares os docentes utilizam diferentes materiais que dão suporte ao trabalho realizado por eles/elas no cotidiano escolar. Os materiais pedagógicos como livros, textos e imagens diversas não são instrumentos inocentes e neutros. Ao contrário, esses materiais no geral representam a ideologia do grupo dominante na medida em que a educação tem um papel importante para a civilização dos grupos menos favorecidos. As práticas curriculares fazem parte do conjunto de atividades vivenciados pelos estudantes e professores e outros profissionais da escola. As festas, murais, comemorações, produções, danças, materiais pedagógicos diversos além das atividades desenvolvidas em sala de aula fazem parte da cultura escolar. As práticas curriculares tem efeitos sobre as pessoas, mexem com as subjetividades dos estudantes e ajudam na construção das identidades (AMORIM,2011). Nessa perspectiva, analisar materiais didáticos nos ajudam a entender a concepção de educação do período em estudo. O livro em tela é pouco lembrado na historiografia sobre a História da Educação principalmente no que diz respeito ao olhar para o ensino de história ou para a concepção de cultura” que o autor procura enfatizar. Braga teve sua vida marcada pela influência de missionários presbiterianos norte-americanos. Participou ativamente de momentos de evangelização dos moços em seu tempo e atuou como educador e jornalista. Por meio dos seus materiais formou várias gerações de estudantes. Nessa perspectiva, temos como objetivo analisar um dos livros da Série Braga que foi um conjunto de compêndios que circulou no início do Brasil Republicano. O recorte realizado recai sobre a concepção presente nos dizeres e imagens do material. Temos como indagações iniciais o seguinte: a)quais a concepção de ensino de História que permeia o compêndio? Qual papel teve o compêndio na formação dos estudantes

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e nas práticas curriculares dos docentes? Assim, estamos explorando um campo pouco estudado na História – que é o ensino de História no passado. No primeiro momento discorremos um pouco sobre o que a República e a questão do livro didático, depois nos debruçamos sobre a concepção de ensino de História e das práticas curriculares e por último analisamos alguns aspectos da obra “Série Braga II”. Os estudos apontam a necessidade de pesquisas que adentrem para a história dos compêndios no Brasil. Em termos metodológicos o presente trabalho filia- se a uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, dentro do campo da história da Educação e da história cultural.

Aspectos teórico-metodológicos das pesquisas em história das disciplinas escolares:

um estudo preliminar para uma história das disciplinas de didática nas instituições de

formação de professores no Brasil (1827-2011)

Rosane Michelli de Castro – UNESP [email protected]

Elieuza Aparecida de Lima – UNESP [email protected]

A comunicação que ora se apresenta é decorrente de um estudo preliminar realizado no âmbito do projeto de pesquisa “A história da didática em instituições de formação de professores no Brasil – 1827-2011”, o qual tem como objetivo central identificar, reunir, selecionar, sistematizar, analisar e interpretar aspectos da didática, como disciplina e campo de conhecimento em instituições de formação de professores no Brasil, entre 1827 e 2011. Nesse sentido, mediante procedimentos de localização, reunião, seleção e análise de bibliografia especializada em História das disciplinas escolares, buscamos compreender aspectos teórico-metodológicos que têm subsidiado o desenvolvimento das pesquisas nesse campo de investigação, com o olhar voltado para o nosso objeto de

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pesquisa. Daí, que nesta comunicação, o nosso objetivo central é apresentar alguns resultados desse nosso estudo. Como afirmam pesquisadores brasileiros, na historiografia da educação tem sido crescente o número de estudos que buscam compreender como determinado saberes se tornaram propriamente escolares. Nessa perspectiva, os estudos no Brasil têm, em sua grande maioria, se pautado nas teorizações de Ivor Goodson e de André Chervel, principais teóricos que compõem o quadro teórico-metodológico do nosso estudo. Para Ivor Goodson, o objeto dos estudos em história das disciplinas escolares está mais relacionado à construção social do currículo e do conhecimento. Já para André Chervel, o objeto dos estudos em história das disciplinas escolares centra-se: na gênese, nas finalidades e nos resultados do ensino das disciplinas escolares. Entretanto, para ambos, as disciplinas escolares não são apenas vulgarizações ou transposições do conhecimento de referência; são, antes, construções sociais. Nesse sentido, é possível considerarmos que, diante da variedade de instituições de formação de professores no Brasil e, portanto, da variedade de saberes que formaram os professores que atuam nessas instituições, estudarmos a história das disciplinas de Didática nessas várias instituições significa buscarmos aspectos de um conjunto heterogêneo de saberes que contribui para a compreensão do campo de conhecimento sobre a história da formação de professores no Brasil. Assim, o corpus da pesquisa deverá integrar: os programas das disciplinas de Didática; o Projeto Político Pedagógico das instituições onde essas disciplinas se desenvolveram; documentos oriundos de vários fóruns de discussão; impressos diversos e publicações; diários de classe, avaliações, tanto internas quanto externas; relatos orais de vida e trabalho dos professores responsáveis pelas disciplinas em foco e dos alunos que se formaram com os conteúdos de tais disciplinas.

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Avaliação na escola primária graduada: prescrições nas páginas dos regimentos

internos dos grupos escolares (Santa Catharina - 1911 e 1914)

Carolina Ribeiro Cardoso da Silva – UDESC [email protected]

A avaliação escolar foi (e continua sendo) alvo de intensos debates dentro e fora da escola, e se configura como um dispositivo importante na consolidação da forma escolar, além de estar intrinsecamente ligada à ação pedagógica no interior dos estabelecimentos de ensino. O desafio da escrita desse artigo se constitui, portanto, em olhar para a avaliação numa perspectiva histórica. Utilizando como base empírica dois Regimentos Internos dos Grupos Escolares do Estado de Santa Catharina dos anos de 1911 e 1914, buscou-se refletir sobre os discursos referentes à avaliação com apoio teórico em reflexões que tomam por base a cultura escolar. Além disso, este artigo tem como objetivo identificar prescrições relativas a avaliação utilizando como recurso metodológico a análise documental. O recorte temporal privilegiou os regimentos produzidos durante a gestão do governador Vidal Ramos (1910-1914), período que corresponde à Reforma da Instrução Pública (1910), por meio da qual se oficializou a criação dos sete primeiros grupos escolares no Estado de Santa Catarina e se buscou implantar um “novo” projeto de educação. Instituído oficialmente no estado catarinense no ano de 1911, o grupo escolar foi um dos frutos da reforma do ensino público que ficou conhecida na historiografia da educação como Reforma Orestes Guimarães. Afinado ao moderno modelo de ensino que vinha sendo difundido em São Paulo, esse tipo de escola graduada se diferenciava dos modelos anteriores, entre outros aspectos, pela seriação do ensino em salas separadas, com um professor para cada uma das quatro séries. Para justificar a promoção ou retenção dos alunos nas séries cursadas, esses estabelecimentos necessitavam utilizar mecanismos de avaliação dos discentes, prescritos nas páginas de documentos que compunham o aparato burocrático oficial. Esse tipo de documento tem “algo a

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dizer” do passado e da circunstância na qual foi produzido que, aliado a uma crítica realizada por quem o manipula, pode auxiliar a encontrar vestígios de um discurso educacional de ontem sob o olhar de hoje. Os documentos serão considerados não como portadores de uma verdade, mas como documento/monumento, como diz Jaques Le Goff (1996). Um importante dado a ser aqui registrado é a ausência do termo avaliação nas páginas dos regimentos, ausência que não significa inexistência de indicações para a prática avaliativa. A análise da base empírica nos levou à localização de aspectos apresentados como instrumentos para legitimar a aprovação ou reprovação dos alunos, tais como frequência, comportamento e aplicação, exames e boletins de desempenho, explorados no decorrer do artigo.

Breve panorama da língua inglesa na legislação imperial brasileira (1809-1828)

Marcle Vanessa Menezes Santana – UFS [email protected]

Neste trabalho, analisaremos o papel desempenhado pela língua inglesa como estrangeira, tendo em vista as peças legislativas expedidas no Brasil imperial. Inicialmente, traçaremos um breve esboço sobre o ensino de língua inglesa no período pombalino (1750-1777) até a vinda da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808. Este fato histórico modificou a sociedade daquela época, visto que contribuiu para a produção cultural, seja através de obras que começavam a ser vistas, seja através da imprensa que dava seus primeiros passos no Brasil colônia. Do mesmo modo, o ensino – em especial, o de línguas estrangeiras modernas – passou a ser objeto de atenção legislativa. Como sabemos, as línguas estrangeiras modernas passaram a ter grande importância na virada dos setecentos para os oitocentos. Vários motivos estimularam a aprendizagem de outras línguas ao longo da História, a saber: acessar a um corpus de textos sagrados; ler em uma língua na qual estejam escritas obras de valor cultural; implantar/exportar uma

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doutrina religiosa; comunicar-se em viagens com fins militares ou exploratórios; colonizar outros povos e, por fim, criar/manter as relações comerciais e políticas. Observamos que se até o século XVIII não havia um espaço dedicado ao ensino da língua inglesa no contexto luso-brasileiro, no século subsequente, houve uma profunda mudança desse cenário. Após o auxílio da frota inglesa no processo de transmigração da Corte portuguesa para o Brasil, os nossos portos foram abertos às nações amigas, especialmente à Grã-Bretanha, o que intensificou as relações comerciais e, por conseguinte, reforçou a necessidade de se aprender a língua inglesa. Não por acaso, pouco mais de um ano foi expedida a primeira peça legislativa que tratava sobre o ensino da língua inglesa em solo brasileiro: a Decisão n. 29 da Resolução de Consulta da Mesa do Desembargo do Paço de 14 de julho de 1809, que criou as cadeiras de aritmética, álgebra, geometria, inglês e francês. Destarte, também foi possível notar que desde a criação das primeiras cadeiras de línguas estrangeiras modernas, em 1809, ela ainda possuía uma forte concorrente: a francesa. Esta, por seu turno, teve espaço privilegiado no curso de Ciências Jurídicas e Sociais, em 1827. Desse modo, quase dezoito anos haviam se passado após a criação da Academia Militar do Rio de Janeiro até a língua inglesa voltar a figurar na legislação brasileira. Tal fato se concretizou em 30 de abril de 1828, com a Carta imperial que aprovou os estatutos da Casa Pia e Colégio de São Joaquim dos Meninos Órfãos da cidade da Bahia. Nesse sentido, além de utilizarmos a legislação como fonte principal deste trabalho, congregamos um arcabouço teórico proveniente de diferentes áreas do conhecimento, tais como a História das Ideias Linguísticas – Auroux (1992) e Orlandi (2001) – e a História da Educação, Carvalho (1978) e Maxwell (1997), bem como a produção intelectual brasileira do início do século XIX, Lustosa (2000).

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Cultura escolar e disciplina na formação de professores em Minas Gerais: a Escola Normal

de Montes Claros (1888-1903)

Wenceslau Gonçalves Neto – UFU [email protected]

Neste trabalho focalizaremos as normas institucionais, as concepções de educação e do trabalho docente e as relações que se estabelecem entre professores, alunos e funcionários da Escola Normal de Montes Claros. Utilizamos documentação do Arquivo Público Mineiro, especialmente o livro de atas das reuniões da congregação da escola, referente aos anos de 1887 a 1903. Os resultados apresentados fazem parte de um projeto de pesquisa sobre a organização da instrução pública em Minas Gerais, financiado pelo CNPq e pela FAPEMIG. A Escola Normal de Montes Claros foi criada em 1879, funcionando regularmente até 1905, quando sofre a primeira de uma série de interrupções ao longo do século XX. O período abordado, que inclui a passagem do Império para a República, é marcado por várias alterações no regimento da escola, pela mudança do prédio em que funcionava e por modificações na direção e no corpo docente. Deve-se destacar que boa parte das mudanças está relacionada às tentativas do governo republicano de Minas Gerais de conformação de um sistema de ensino que englobasse a escola primária e a formação dos professores para a mesma, iniciadas com a reforma Afonso Pena (Lei n. 41), de 1892, complementada pelo Decreto n. 655, de 1893, que a regulamentou e por seguidas intervenções nos anos seguintes, até a reforma João Pinheiro, de 1906, que implementou o sistema dos grupos escolares no estado. A documentação nos permite perceber diversos ângulos da cultura que vai se desenvolvendo no interior da escola normal: 1) a configuração das relações institucionais, por meio das reformas no regulamento e na estrutura curricular, na delimitação e vigilância do espaço físico de alunos e alunas, na definição do uniforme escolar, etc; 2) as manifestações de indisciplina do universo escolar: aluno-professor (insubordinação, desrespeito), aluno-aluno(a) (brigas entre alunos, puxão de cabelo de aluna por aluno) e aluno-funcionário (desrespeito);

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3) o esforço pela preservação da autoridade dos professores, do diretor e dos funcionários frente às formas de enfrentamento apresentadas pelos alunos (atitude corporativa nas manifestações no interior da congregação);4) as diferentes manifestações de inaceitação da estrutura disciplinar por parte dos alunos (horários, espaços, vocabulário, uso de armas); 5) os vários tipos e as formas de aplicação das punições aos alunos (expulsão temporária, repreensão, expulsão definitiva, etc). Percebe-se, portanto, um movimento amplo no interior da escola na moldagem de uma cultura que se vai consolidando ao longo do tempo e que envolve conteúdos curriculares, manutenção da ordem e da disciplina, preservação da autoridade constituída institucionalmente e controle das relações entre os educandos, inclusive com rígida separação entre os alunos e as alunas da escola.

Ensino de história e educação moral: relações internacionais e representações pacifistas no

período entre guerras

Juçara Luzia Leite

A VII Conferência Internacional Americana, que ocorreu em Montevidéu em dezembro de 1933, foi palco de debates sobre a educação como estratégia da diplomacia cultural para a integração dos países membros da União Pan-americana (UPA). Durante o evento, destacou-se o trabalho da Comissão Internacional de Cooperação Intelectual que defendeu, dentre outros interesses, uma necessária revisão de textos para o ensino de História. Nesse sentido, foi aprovada e assinada pelos países da UPA - à exceção dos EUA que alegaram impedimento Constitucional - uma “Convenção para a Revisão dos Textos de Ensino de História” que regulamentava o tema e criava o “Instituto para o Ensino da História das Repúblicas Americanas”, com sede em Buenos Aires. Tomando como base esse fato, o presente estudo analisou seu contexto como uma tendência internacional que atribuía à revisão de textos didáticos de História um papel fundamental no esforço da promoção da paz mundial e

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da contenção de animosidades entre as nações. Essa tendência se traduzia em um movimento que incluía uma série de Congressos de Educação Moral, bem como a participação da Liga das Nações, do Instituto Jean-Jacques Rousseau e da Fundação Carnegie, dentre outros organismos internacionais. A investigação foi desenvolvida em dois movimentos. O primeiro, calcado na reconstituição do processo que levou à assinatura da Convenção, verificou e cotejou os documentos semelhantes que a precederam, considerando seus específicos contextos de produção. O segundo, direcionado para os interesses da Comissão Internacional de Cooperação Intelectual, analisou como as representações sobre educação moral se entrelaçaram, nesse contexto, com os objetivos atribuídos ao ensino de História, constituídos sobre um paradigma de uma educação para a paz. Pensamos tais delimitações e problematizações considerando as fontes localizadas no Arquivo Histórico do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores do Brasil) no Rio de Janeiro, destacando-se as possibilidades que se abrem ao investigador que pesquisa na confluência da história cultural e das relações políticas. Concluímos, dessa forma, que a História e seu ensino fizeram parte de uma estratégia de construção, circulação e consolidação de representações de um pensamento de que a paz somente poderia ser garantida por meio de uma educação moral. Discutimos, também, os riscos da redução de alguns contextos da Educação à simples compreensão de paradigmas importados. Nosso olhar sobre as relações internacionais destacam o conceito de diplomacia cultural na interface da História Intelectual (Sirinelli, 2003) e da História Cultural (Chartier, 1990, 2001, 2009).

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577 Sumário Eixo 6

Estatística educacional na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP processos

de consolidação de uma disciplina

Martha R. I. Santana da Silva – UNIFESP [email protected]

Wagner Rodrigues Valente – UNIFESP [email protected]

A proposta do presente trabalho é analisar as relações estabelecidas no processo de organização e estabelecimento da disciplina Estatística Educacional, oferecida na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras – FFCL da Universidade Federal de São Paulo– USP, a partir da perspectiva da História Cultural e por sua vez, da História das disciplinas. Essa analise foi motivada a partir da pesquisa de mestrado que está sendo realizada sobre a formação matemática do pedagogo em tempos escolanovistas, orientada pelo professor Wagner R. Valente, na Universidade Federal de São Paulo. Nesta investigação a disciplina Complementos de Matemática e Estatística Educacional foram elencadas para analise dessa formação.No presente trabalho, em particular, interessa analisar questões ligadas às disputasexistentes no interior da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras – USP em relação a alcunha educacional que acompanhava não só a disciplina Estatística, como tantas outras oferecidas no Curso de Pedagogia, e que posteriormente foram omitidas. Tal modificação é estudada tendo em vista os possíveis impactos nas concepções e formas de organização dessa disciplina para a formação do pedagogo, compondo o quadro para a compreensão da matemática presente na referida disciplina.Tal discussão, leva em conta as conclusões apresentadas por autores como Bontempi (2007) no que diz respeito a existência de um desprestígio das disciplinas de cunho educacional/ pedagógico quando da sua inserção na FFCL – USP, com a “criação” do Curso de Pedagogia

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nesta instituição, pelo decreto 1.190/ 1939 (BRASIL,1939).Diante disso nos interessa perceber: as disputas existentes no processo de alteração da nomenclatura dessa disciplina, com a retirada do termo educacional; a possibilidade de uma disputa pela legitimização e garantia do status dessa disciplina por meio dos processos de formação de comunidades de disciplinas (GOODSON, 2001) enquanto um cenário no qual estava se configurando e, ao mesmo tempo, realizando uma proposta de formação matemática do pedagogo.

História da Escola Geraldino Neves Correa do Distrito da Picadinha, município de Dourados

(1974-1996)

Clovis Irala – UEMS [email protected]

Este trabalho faz parte de uma pesquisa de mestrado em andamento, que tem o objetivo de investigar a história da Escola Geraldino Neves Correa do Distrito da Picadinha, no período de 1974 a 1996. Para tanto, o presente trabalho busca analisar a organização e o funcionamento dessa escola. O recorte temporal no ano de 1974 justifica-se por sinalizar o período de significativas mudanças na política educacional brasileira. A Escola passou de responsabilidade do Estado para o Município de Dourados no antigo sul de Mato Grosso, mediante ao Decreto Municipal nº 310, de 01/10/1974. O ano de 1996 marca a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a de nº. 9.394/96, que com sua implantação em 1997, trouxe alterações na organização e no funcionamento da educação escolar brasileira, alterações essas que influenciaram no funcionamento da Escola Geraldino Neves Correa. O Município de Dourados situa-se aproximadamente a 220 km da capital Campo Grande e a 120 km da fronteira com o Paraguai (Decreto nº. 30 de 20 de dezembro de 1935). O trabalho está sendo realizado por meio de dados obtidos em

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fontes documentais, coletadas em Centros de Documentação e Arquivos Públicos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, tais como os Relatórios e Mensagens de governadores do Estado de Mato Grosso, Relatórios e Mensagens de Interventores, Relatórios de Secretários de Estado, dados censitários, legislação, entre outros. Ao lado das fontes documentais vêem sendo utilizadas também as fontes orais, por meio de entrevistas com ex-alunos e antigos professores. Recorre-se, também, a uma bibliografia ligada à história cultural, história de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, história e historiografia da educação. As análises das fontes documentais indicam que a Escola Geraldino Neves Correa, no período de 1974 a 1996, atendeu uma clientela formada por crianças moradoras no Distrito da Picadinha e, em seu entorno, moradores de sítios e fazendas, uma clientela com idade escolar entre 07 a 12 anos. Nessa escola, as aulas eram ministradas em salas multiseriadas, em que os professores ministravam aulas ao mesmo tempo, para alunos de 1ª a 4ª séries, do ensino de 1º Grau. Desse modo, os professores tinham que ministrar aulas em sala, com alunos de diferentes níveis de aprendizagem e até mesmo idade. Ainda é importante deixar registrado aqui que, nesta Escola, muitos professores que atuaram entre os anos de 1970 e início dos anos de 1980 eram docentes leigos, que não possuíam nem mesmo uma habilitação específica para atuar em salas de 1ª a 4ª séries do 1º Grau. Tais professores eram moradores do próprio Distrito da Picadinha, uma vez que os profissionais habilitados em Curso Normal ou Curso de Magistério, não estavam dispostos em ministrar aulas em locais situados geograficamente distante da cidade de Dourados. Apesar disso, os resultados parciais apontam que a Escola Geraldino Neves Correa, favoreceu a escolarização de meninas e meninas do Distrito da Picadinha, bem como de seu entorno, no período de 1974 a 1996.

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História do ensino de história no Brasil no século XXI: mapeamento da produção

acadêmica recente

Rodolfo Calil Bernardes – PUC/SP [email protected]

Em levantamento realizado nas bases do CNPq no início dos anos 2000, cujos dados foram divulgados no artigo Ensino de História, Didática de História, Educação Histórica: alguns dados de pesquisa (2000-2005) no ano de 2006, na revista Educar, Olinda Evangelista e Jocemara Triches, da Universidade Federal de Santa Catarina, indicaram que, em 2004, existiam 51 Grupos de Pesquisa (GPs) na área da educação e 11 Grupos de Pesquisa na área da história que abarcavam o ensino de história em suas ementas. Em 2000, eram 20 GPs na área de educação e apenas 2 GPs na área de história. Este enorme crescimento no número de GPs indica uma produção mais volumosa de pesquisas na área do ensino de história e faz com que uma maior variedade de objetos sejam investigados. Além de plural, a produção acadêmica se torna mais fragmentada em termos espaciais, temporais e temáticos, o que dificulta aos pesquisadores que se dedicam à investigação do tema uma síntese sobre a história do ensino de História no Brasil, como apontou Itamar Freitas em sua obra Histórias do ensino de História no Brasil – vol.2, de 2010. Admitindo este caráter fragmentário do campo de pesquisa do ensino de história e a consequente dificuldade de elaboração de grandes sínteses sobre o tema, este trabalho tem como objetivo mapear quais são os objetos investigados e quais são as referências teóricas utilizadas nas pesquisas sobre a história do ensino de História realizadas no Brasil neste início de século XXI. Para realizar este mapeamento foram analisados os trabalhos contidos nos anais dos seguintes eventos: XXI, XXII, XXIII, XXIV, XXV e XXVI Simpósio Nacional de História (SNH); V, VI, VII, VIII e IX Encontro Nacional dos Pesquisadores de Ensino de História (ENPEH) e I, II, III, IV, V e VI Congresso Brasileiro de História da Educação (CBHE). A seleção dos trabalhos

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se deu por meio da leitura dos resumos, mas a análise só foi possível após a leitura dos textos completos, o que possibilitou um maior entendimento do objeto investigado e, principalmente, do referencial teórico utilizado por seus autores. Desta maneira, além de classificar os trabalhos segundo o objeto da investigação em quatro grandes grupos (finalidades; conteúdos; métodos e avaliação), seguindo, inicialmente, as orientações de Chervel, mas depois subdividindo estas categorias, conseguimos também elaborar uma lista de autores que são referência para as pesquisas atuais e mapear quais são os Grupos de Pesquisa que possuem afinidades, ou não, em relação aos objetos investigados e em relação ao referencial teórico utilizado em suas pesquisas.

Literatura Infantil: de saber comum à invenção como disciplina

Rosa Lydia Teixeira Corrêa – PUC/PR [email protected]

Gladiomar Saade de Castilhos – PUC/PR [email protected]

Este estudo apresenta resultados parciais de pesquisa em nível de mestrado, na Linha de Pesquisa História e Política da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC/PR e do Grupo de Pesquisa História das Disciplinas escolares- GPHDE. Tem como objeto a Literatura Infantil no período de 1920 a 1970. Entende que os estudos historiográficos pontuam possibilidades de mudança no fazer pedagógico na medida em que certas disciplinas se constituem e se estabelecem no currículo escolar historicamente. Razão pela qual este estudo atem-se a literatura infantil e sua constituição como disciplina escolar na formação de professores. Situa a Literatura infantil no campo da cultura escolar para compreender saberes que ensejaram e ensejam a formação de valores, condutas e modos de viver no universo cultural brasileiro, pois foi no bojo dessa cultura que seus referencias surgiram, foram transmitidas, interpretadas e assimiladas por gerações diferenciadas de infância, resguardadas algumas influências estrangeiras. Visa analisar como a literatura infantil se constitui na formação de

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professores nas Escolas Normais e quando se manifestou como disciplina em cursos de Pedagogia. Aborda a literatura infantil sobre a ótica metodológica da História Cultural, entendida como meio de interpretação de processos de produção de objetos e saberes culturais, pelo homem, bem como seus mecanismos de recepção e apropriação. Assim, a literatura infantil está situada no universo da cultura escolar nas diferentes acepções que toma forma em sua História. Os resultados parciais do estudo apontam para uma trajetória caracterizada por duas naturezas: uma que chamamos de saber comum, ou seja, aquela veiculada por meio de textos em manuais didáticos contendo saberes diferenciado de cunho axiológico moral e cívico, por exemplo, em consonância com o momento histórico político social em voga que incidem sobre boas e más condutas, principalmente nas relações de hierarquia, entre outros. Outra de caráter disciplinar, com ênfase em certos conteúdos e espaço e tempos definidos. A finalidade específica não deixa de ser o de transmitir valores morais, éticos, políticos, porém com objetivos distintos no qual ela se manifesta como saber comum, ou seja, boa índole, bom leitor, desenvolvimento da inteligência, curiosidade, imaginação criadora, desinibida e autêntica. Contida em materiais próprios para esse fim, são produzidos por diversos autores entre eles muitos considerados clássicos, e, às vezes fortemente vinculados ao mercado editorial.

Livros didáticos de espanhol publicados no Brasil (1920-1960)

Anselmo Guimarães – UFS [email protected]

Os livros didáticos têm se tornado nos últimos anos uma fonte importante para a história das disciplinas escolares, fornecendo informações privilegiadas para a análise dos conteúdos pedagógicos, as atividades e os exercícios propostos. O historiador das disciplinas escolares deve ter um cuidado especial ao analisá-los, pois sabemos que existe uma série de variáveis por conta dos diversos agentes que atuam no processo de produção: autor, editor, impressor, autoridade política, livreiros, etc. Este trabalho tem como objetivo analisar a produção de livros didáticos de espanhol no período de

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1920 a 1961, levando-se em conta os tipos de saberes que a sua produção intenta promover, bem como o entendimento dominante à época. A análise dos livros didáticos de espanhol, publicados no Brasil no século XX, nos permite verificar os métodos adotados em cada época para o ensino da língua espanhola, os saberes pedagógicos, os exercícios, sendo possível, desta forma, fundamentar quais as finalidades das práticas escolares. Esse procedimento auxiliará na verificação do processo de institucionalização do ensino do espanhol no Brasil. Os livros didáticos são fontes de suma importância que juntamente com outras fontes, como a legislação educacional, possibilitam o delineamento das finalidades políticas, pedagógicas e culturais das práticas escolares no ensino do espanhol como disciplina escolar. Para este trabalho foi feita uma análise comparativa dos compêndios (manuais de gramática, livros de leitura, antologias, manuais de história literária) e dicionários levando-se em consideração o contexto sociopolítico e cultural em que foram produzidos. Os compêndios de espanhol publicados no Brasil, de 1920 a 1960, foram conformados para atender aos planos de ensino prescritos pelo Governo. A partir de 1940, os livros didáticos começaram a serfiscalizados e sua aprovação dependia da adequação às finalidades para as quais foram produzidos e a finalidade da educação na visão do Estado. Segundo Choppin (2004), o livro didático exerce quatro funções essenciais, variando segundo o ambiente sociocultural, a época, as disciplinas, os níveis de ensino, os métodos e as formas de utilização, a saber: função referencial, função instrumental, função ideológica e cultural e função documental. Utilizamos para este trabalho como referencial teórico da História Cultural (Ginzburg, 1989), da História das Disciplinas Escolares (André Chervel, 1990), da História das Línguas no Brasil (Oliveira, 2010) e da História do Livro Escolar (Alan Chopin, 2002).

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Memórias da cultura estudantil tijucana: Ituiutaba-MG (décadas de 1950 e 1960)

Isaura Melo Franco – UFU [email protected]

Sauloéber Tarsio de Souza – UFU [email protected]

O presente trabalho decorre de pesquisa de mestrado vinculada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia-MG, linha de História e Historiografia da Educação. Temos como objeto de estudo a cultura estudantil secundarista no município de Ituiutaba no período entre as décadas de 1950 e 1960, momento de intensa atividade dos organismos dos estudantes, em sua maioria representantes do ensino secundário. Esse período caracteriza-se pela projeção dessa categoria como elemento social atuante por todo o país, assim, buscaremos refletir sobre o perfil dos clubes e grêmios lítero-educativos, os limites e possibilidades de suas ações, bem como as representações construídas em torno deles e veiculadas pela imprensa local. Construímos nosso referencial teórico, também a partir do conceito de cultura escolar dentro de uma abordagem histórica, sendo entendida como um conjunto de normas que determinam conhecimentos a serem ensinados e condutas a serem incorporadas, e um conjunto de práticas que permitem a difusão desses conhecimentos e a inclusão desses comportamentos (JULIA, 2001). Acreditamos que a importância desse estudo se deve parcialmente pelo ineditismo do tema, já que a historiografia da educação brasileira ainda conta com poucos estudos em relação ao desvendamento da cultura que circulava na educação secundária no período entre 1930 e 1960 (SOUZA, 2008). O marco temporal de nosso estudo foi delimitado a partir do entendimento de que as medidas na educação escolar são sempre relacionadas a questões de ordem política, de forma que o estudo sobre as décadas de 1950 e 1960 se torna bastante relevante, pois são anos marcados por efervescência política e social. Quanto à metodologia, utilizamos como fonte primária de pesquisa a leitura de jornais locais

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do período correspondente, em seguida recorremos também à história oral, por meio de entrevistas semi-estruturadas a um dos antigos proprietários e editores dos jornais pesquisados e a alguns dos ex-líderes estudantis do contexto analisado. Por meio do cruzamento das fontes, verificamos que na cultura estudantil tijucana estavam presentes aspectos que refletiam ideologias predominantes na sociedade brasileira do período em questão, como pudemos verificar na propagação no meio estudantil local de ideais cívico- patrióticos, morais, cristãos, além da exaltação do exercício esportivo pelos estudantes na década de 1960 e da preocupação de setores dominantes da sociedade tijucana em manter os estudantes sob seu controle. De modo geral, percebemos reflexos em Ituiutaba da implantação da ditadura militar no país, sendo a cultura estudantil tijucana marcada por atividades que conformaram os estudantes ao sistema político autoritário.

Missão pedagógica paulista em Goiás

Ana Maria Gonçalves – UFG [email protected]

Selma Martines Peres – UFG [email protected]

O presente texto compreende uma reflexão sobre a influência das chamadas missões pedagógicas paulista na reforma educacional goiana de 1930. Diversos estudos demonstram que São Paulo representou a partir dos anos finais do século XIX o mais importante centro de renovação educacional do país. A ação da Escola Normal da capital extravasou os limites desse estado através de “missões”, cujos agentes reformaram o ensino em várias unidades da federação brasileira. Vale lembrar que a última década do século XIX foi marcada pela centralidade dos debates em torno da educação. A defesa da instrução elementar para todos se tornou elemento estratégico no projeto liberal de sociedade. Desse modo, a educação escolar, especialmente o ensino primário, passou a ser visto como elemento propulsor da evolução da sociedade brasileira rumo aos avanços alcançados pelos países desenvolvidos.

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Assim, nesse texto, destaca-se o papel desempenhado pelos normalistas paulistas no que tange às medidas prescritas no Regulamento do Ensino Primário de Goiaz de 1930. O Regulamento se organiza em quatrocentos artigos que oferecem uma ideia da nova racionalidade que se queria institucionalizar, tanto do ponto de vista dos conteúdos dos programas, da utilização do tempo, quanto dos comportamentos a serem adotados. É possível perceber o propósito de se instituir ritmos e rotinas para todos os sujeitos da educação. O texto aborda também a atuação do principal representante da missão pedagógica paulista em Goiás, o professor Humberto de Souza Leal. Em Goiás, o professor Humberto fixou residência e constituiu família. Sua vinda se deu através do estabelecimento de um convênio com governo de São Paulo para que uma “missão pedagógica paulista” viesse a Goiás. Tal convênio foi assinado durante a gestão de Alfredo Lopes de Moraes, que entregou a Secretaria do Interior e Justiça, responsável pela instrução, a José Gumercindo Marques Otero. Com essa reforma Marques Otero deu prosseguimento à obra do secretário anterior, César da Cunha Bastos, complementando-a. Assim, entende- se que os planos de estudos, as regras de funcionamento, a organização dos programas de ensino, a indicação de métodos e de livros, os horários escolares instituídos nos regulamentos do Ensino Primário e, também, da Escola Normal indicam o estabelecimento de uma nova racionalidade. Tal transformação aquilata a importância que os normalistas paulistas desempenharam na instrução pública goiana. Ademais, vale ressaltar que a “missão pedagógica paulista”, em Goiás, criou cursos de aperfeiçoamento destinados aos diretores dos grupos escolares, assim como uma secção pedagógica no Correio Official do Estado com a finalidade de divulgar e discutir questões pedagógicas inspiradas no escolanovismo.

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Modelos pedagógicos, formação docente e práticas escolares. O ensino de Educação Física

na cidade de Belo Horizonte (1947-1977)

Meily Assbú Linhales – UFMG [email protected]

O processo de escolarização da Educação Física na cidade de Belo Horizonte entre 1947-1977 constitui-se como objeto central desse projeto de pesquisa e sua abordagem se dá a partir de uma complexa conexão entre: a) práticas escolares desse conteúdo de ensino em algumas escolas da cidade; b) proposições pedagógicas que circulavam orientando a docência – geralmente nomeados como “métodos” de ensino; c) constituição do primeiro curso superior de Educação Física – criado em 1952, mas proposto desde 1947. Identificando elementos de aglutinação entre estes lugares de práticas (a escola, os método de ensino e a formação docente), é nosso intuito aprofundar investigações sobre os modelos pedagógicos em circulação, enfrentando o debate em torno das noções de “escolarização”, “forma” e “modelo escolar” como operadores para uma história da Educação Física, estabelecida pelas/para as escolas belorizontinas, no encontro com os costumes e contingências próprios a esta cidade no período recortado. As fontes mobilizadas – grande parte no acervo do CEMEF (Centro de Memória da Educação Física do Esporte e do Lazer) – desafiam também à compreensão de que as prescrições pedagógicas e seus usos tiveram intensa relação com distintas concepções de ciência, especialmente aquelas que legitimavam prescrições para uma educação do corpo, dentro e fora de espaços educacionais. Busca-se, desconstruir interpretações que justificam o ensino escolar da Educação Física como mera transposição de práticas oriundas do campo militar ou esportivo. A temática central desdobra-se em 04 eixos de investigação: o primeiro refere-se ao processo de produção do documento “Necessidades de Criação da Escola de Educação Física e Desportos de Minas Gerais”, de 1947, cujos autores tornar-se-ão professores da Escola fundada em 1952. O texto traz uma diversidade

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de orientações e concepções sobre este conteúdo escolar. Como segundo eixo, o enfoque recai sobre as Jornadas Internacionais de Educação Física, realizadas na cidade entre 1957 e 1962, dando a ver protagonistas brasileiros e estrangeiros na formação e a diversidade dos alunos frequentadores. O terceiro eixo aborda o ensino de Educação Física no Colégio Estadual de Minas Gerais, possibilitando uma análise que articula formação docente e práticas escolares como “sistemas de relações” na constituição de modelos pedagógicos para a Educação Física. Como último eixo, investigamos os vínculos Brasil-Alemanha na formação dos professores de Educação Física no período da Ditadura Militar, analisando os efeitos da contingência política na escolarização da Educação Física. Modos de ver os “distanciamentos” e as “acelerações” culturais experimentados nesse processo de modelagem da Educação Física como um conteúdo escolar a demandar uma formação de professores orientada por premissas internacionais e científicas.

O carvalho para a sombra e os frutos do amanhã: as aulas de matemática no ginásio

Mairi (1967 – 1975)

Joubert Lima Ferreira – UFBA/UEFS [email protected]

Este trabalho tem como objetivo analisar historicamente as aulas de Matemática no Ginásio Mairi, na cidade de Mairi, Bahia, no período de 1967 a 1975, identificando elementos – livro didático e o seu uso e a relação professor versus alunos – que, presentes no Ginásio Mairi, contribuíram para a produção de uma nova cultura escolar. Esse recorte temporal foi escolhido tendo como início o ano de fundação desse Ginásio e como término o ano das últimas cadernetas analisadas, por se tratar do ano da formatura da primeira turma do curso de Magistério. Para realizar esse trabalho fez-se uso das cadernetas e planejamentos anuais do ex- professor Luiz Augusto de Oliveira, um dos professores de matemática durante esse período demarcado, bem como de livros didáticos

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que ainda fazem parte do acervo da Biblioteca do Ginásio Mairi. Ainda realizou-se entrevistas com esse professor e com ex- alunas desse ginásio. Assim, reconhecemos o espaço escolar como local onde são (re)produzidos saberes, práticas, que cotidianamente são modificados e incrementados por todos aqueles que estão inseridos nesse espaço, principalmente pelo professor na realização de suas atividades, quando se apropriam de valores, hábitos, crenças e costumes que estão vinculados a uma determinada sociedade. E, tomando-se por base essa análise percebeu-se a existência de elementos que circulavam ao tempo da Matemática Moderna – o livro didático como componente essencial na formação do professor – sendo constituintes de uma nova prática pedagógica no ensino de matemática nesse Ginásio. Deste modo, observou-se nesta pesquisa que houve uma lenta incorporação de novos conteúdos ou ainda o uso dos conteúdos já instituídos com novas abordagens e novas metodologias nas práticas pedagógicas do professor Luiz Augusto de Oliveira. Já outra professora, Zilda Pedreira de Araújo, através de leituras e cursos, como a Campanha Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES), incorporou uma nova abordagem à sua prática. Entretanto, de um modo geral, percebeu-se que a incorporação de conteúdos não perpassou apenas na sua participação e no domínio das atividades realizadas pelos grupos de estudo e pesquisa que inicialmente se apropriaram, no Brasil, das teorias da matemática moderna que eram praticadas no nível superior ou mesmo pelo acesso aos livros publicados que refletiam esse ideário do Movimento da Matemática Moderna. Sendo assim, ainda cabe salientar que, as práticas pedagógicas dos professores envolvidos na pesquisa, por mais que estivessem ligadas a um movimento de reforma curricular mais amplo, aconteceu de maneira peculiar, tímida e com um ritmo próprio.

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O corpus africano na história e no ensino da matemática: práticas e sentidos da/na

operação historiográfica

Gustavo Henrique Araújo Forde – UFES/IFES [email protected]

Este artigo resulta de pesquisa de mestrado em educação que investigou a presença africana na história e no ensino de matemática. De análise histórica, a pesquisa registrou vestígios e contribuições de matrizes africanas no desenvolvimento da matemática ocidental e teceu questões que problematizem o corpus africano na operação historiográfica ocidental. O trabalho com as fontes priorizou a análise dos livros de Boyer, Eves e Struik, que são livros referência, em história da matemática, amplamente adotados nos cursos de formação de professores de matemática no Brasil, e apresentam importantes informações acerca dos papiros matemáticos Ahmes e Moscou, papiros que representam as principais fontes primárias referentes à matemática antiga. O recorte espaço-temporal da pesquisa circunscreve o desenvolvimento do pensamento matemático no período de aproximadamente 2000 a.C. até 332 a.C., época que corresponde ao período do surgimento, apogeu e declínio do Egito faraônico e à fase inicial do período Helênico (milagre grego). Os pressupostos teórico-metodológicos aproximam-se da metodologia afrodescendente de pesquisa, dos aportes teóricos de circularidade cultural (Ginzburg), da teoria dos berços civilizatórios africanos (Diop), como também, da íntima relação da história da matemática com processos de colonização cultural (D’Ambrósio). Fecunda numa perspectiva teórica pós-colonial (Fanon) a investigação enuncia o contexto intercultural do desenvolvimento do pensamento matemático no mundo helênico; estabelece a crítica epistemológica à razão hegemônica responsável pelo epistemícidio antiafricano; esboça um lócus científico que compreenda a racionalidade matemática egípcio-africana fora da lógica da racionalidade grecoocidental, racionalidades que, além de distintas, são antagônicas e; indica posteriormente, descobertas matemáticas

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feitas pelos africanos no Vale do Nilo, problematizando o lugar do historiador e de sua prática historiográfica. Os resultados indicam vozes e sentidos configurados por processos de colonização e eurocentrismo na prática historiográfica, que, muito mais do que falar “de” matemática produzem zonas de silenciamento que atuam diretamente na fabricação da ausência africana contrapondo-a a reificação da civilização grega. Indicam ainda, vestígios de anterioridade africana em muitas descobertas matemáticas, e a notória desafricanização da civilização egípcia em livros de história da matemática utilizados como referência em cursos de licenciatura de professores/as de matemática no Brasil. As reflexões e resultados advindos da pesquisa nos autorizam a dizer que, parte significativa dos conhecimentos praticados nas disciplinas de matemática apresentam matrizes africanas.

O ensino da disciplina didática na formação de professores no curso normal em

Paranaíba/MS (1964- 1971)Noely Costa Dias Garcia – UEMS

[email protected]

Milka Helena Carrilho Slavez – UEMS [email protected]

O presente artigo é parte de uma pesquisa em andamento que surgiu de algumas inquietações a respeito da formação de professores, somadas a interesses despertados durante a participação do Grupo de Pesquisa em História da Educação Brasileira, o GEPHEB. O presente trabalho tem como objetivo analisar a finalidade da disciplina didática no curso normal no estado de Mato Grosso do Sul e, em especial em Paranaíba- MS, uma vez que essa formação vem sofrendo transformações no decorrer da história da educação. Diante disso, nessa pesquisa será realizado um estudo bibliográfico, utilizando como referencial teórico os autores que abordam o tema proposto, como Chervel (1990), Bittencourt (2003), Pessanha (2004 e 2010). No que se refere aos objetivos fixados da disciplina

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Caderno de Resumos - Eixo 6

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didática, será feita análise documental por meio do levantamento de dados de arquivos da escola Estadual Aracilda Cícero Corrêa da Costa, pois foi a escola onde funcionou por mais tempo o curso normal na cidade de Paranaíba-MS, também serão consultados acervos pessoais e documentos oficiais das Secretarias de Educação do Estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com o intuíto de investigar quais eram as orientações sobre a disciplina didática no curso normal no período de 1964-1971. Quanto à realidade pedagógica, também se pretende obter dados por meio de entrevistas com professoras que ministraram a disciplina didática no curso normal no período em estudo, na mesma cidade, de acordo com a perspectiva de história oral. Ressalta-se que a presente proposta de investigação está vinculada a um projeto maior de pesquisa intitulado História do ensino de Língua Portuguesa em Mato Grosso do Sul (1977-2008), coordenado pela Profª Drª Estela Natalina Mantovani Bertoletti e que tem como colaboradora minha orientadora. Dessa forma, a problemática do estudo pode ser exposta na questão: Qual era a finalidade da disciplina didática no período de 1964 a 1971 no curso normal na cidade de Paranaíba/MS? Pretendemos fazer o estudo sobre o ensino de Didática nos cursos de formação de professores no curso normal em Paranaíba-MS para ajudar a organizar os documentos e principalmente para resgatar a história da disciplina didática na formação dos professores da escola primária de nossa cidade e assim ajudar a desvelar a cultura escolar da formação de professores levantando, organizando e digitalizando as fontes.

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O problema da disciplina filosofia ou onde, quando e como ensiná-la: reflexões sobre o seu lugar no currículo da escola moderna

Gilson Ruy Monteiro Teixeira – UESB [email protected]

As transformações sofridas pelo currículo da escola secundária brasileira, da Colônia ao final do Império (1572-1930), com recorte sobre a composição das disciplinas de natureza filosófica na grade curricular, foi o objeto de estudo da pesquisa que aqui se apresenta. Em1572, no Colégio da Bahia, os jesuítas leram o primeiro curso de filosofia no Brasil. Em 1575, concluíram o curso os primeiro estudantes de filosofia em terras brasileiras. Essa primeira experiência foi anterior à institucionalização do Ratio Studiorum, que se deu em 1599. Sobre esse primeiro curso os registros são insuficientes. Já no Ratio havia organização precisa do ensino de filosofia: três anos dedicados ao estudo de Aristóteles e Tomás de Aquino sob as disciplinas de lógica, física, matemática, geografia, astronomia, psicologia, metafísica e ética. Tratava-se do Curso de Artes que habilitava para a docência no Curso de Humanidades e para o ingresso no Curso de Teologia. A característica de intermediária, ou de preparatória, herdada da Idade Média e conservada pelo plano de estudos da Companhia de Jesus, delineou o lugar que a filosofia viria ocupar na escola moderna. Saber primeiro para alguns, o conteúdo filosófico foi consolidado ao longo da história como porta de entrada aos conhecimentos superiores. Quando se criou oficialmente o ensino secundário, no Brasil, em 1836, o conteúdo filosófico manteve seu aspecto propedêutico. Distribuído nos últimos anos do curso com nítida preocupação centrada no aspecto preparatório para os cursos superiores, a filosofia tinha uma carga horária de 12 horas/aulas semanais. Ao longo dos anos, com as sucessivas reformas, a quantidade de horas-aula diminuiu gradativamente, sendo que em alguns momentos o ensino da filosofia foi excluído. No balé proporcionado pelas reformas, a filosofia estava em alguns momentos no início do curso, em outros

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na metade, mas na sua maioria, no final do curso. A dinâmica de inclusão/exclusão dos conteúdos filosóficos no ensino secundário foi acompanhada com as discussões em torno da discussão sobre qual o tipo de ensino deveria ser ministrado no secundário – científico ou humanístico. Nos momentos em que a tese do ensino científico predominava, a filosofia era excluída. Quando o predomínio era do humanismo, voltava. Porém, na proporção em que se consolidam as ciências e com elas o currículo secundário adquire cunho cientificista, pela ideologia positivista da Primeira República, a filosofia passou a ser compreendida como desnecessária. Assim, a história do ensino de filosofia no secundário brasileiro demonstra que o lugar da filosofia no currículo obedece ao momento cultural em que a escola se encontra, ou seja, aos discursos, interesses e ideologias que o compõe.

Os cadernos MEC de história e matemática: dispositivos pedagógicos e constituição da

cultura escolar

Juliana Miranda Filgueiras – UNIFESP [email protected]

A presente comunicação integra a minha pesquisa de Pós-Doutorado, que investiga os Cadernos MEC, livros didáticos produzidos pelo governo federal para todas as disciplinas escolares do ensino básico, por meio da Campanha Nacional de Material de Ensino (CNME) e, a partir de 1968, pela Fundação Nacional do Material Escolar (FENAME). Os Cadernos MEC foram publicados do início dos anos 1960 aos anos1980 e eram distribuídos ou vendidos a preço de custo para alunos e professores das escolas brasileiras públicas e privadas. Tomando como referência as reflexões de Choppin, Chervel, Chartier e Julia, que concebem o livro didático como parte da cultura escolar e ferramenta importante para o estudo das disciplinas escolares, procura-se compreender como os Cadernos MEC participaram na constituição dessa cultura. Nesta comunicação será realizada uma análise comparativa dos Cadernos MEC para as disciplinas História e Matemática, por serem as áreas com maior

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número de livros didáticos produzidos. Para História foram publicados os seguintes Cadernos MEC: História do Brasil 1, 2, 3 (1963, 1968); Estudos Sociais (1969); História Geral1 e 2 (1971); e História da América (1971). Para Matemática foram publicados: Aritmética (1965); Geometria (1966); Álgebra (1966); Geometria 2 (1976); Álgebra 2 (1976); Análise matemática: introdução (1976); Aritmética (1977); e Geometria 1 (1977). Na análise dos Cadernos MEC para História e Matemática, busca-se identificar os saberes produzidos e veiculados por eles, com ênfase nos dispositivos pedagógicos propostos por esses materiais, que pretendiam conformar as práticas escolares e orientar a estrutura das aulas, por meio dos conteúdos divididos em unidades e capítulos, a metodologia para a transmissão desses saberes, os tipos de atividades e exercícios a serem realizados, o emprego do tempo para cada atividade, etc. Propõe-se compreender como tais dispositivos contribuíram na definição dos saberes considerados legítimos, na configuração das práticas pedagógicas e na própria hierarquização das disciplinas escolares. Problematiza-se, ainda, as características constitutivas dos Cadernos MEC e suas propostas pedagógicas para as disciplinas escolares História e Matemática no contexto das reformas educacionais dos anos 1960 e 1970, que contribuíram para a formação de um novo público escolar, tanto discente como docente, sobretudo com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) n. 4.024 em 1961 que efetivou a obrigatoriedade do ensino primário, e a Lei n. 5.692, de 1971, que reorganizou os níveis de ensino, com a criação do 1o grau obrigatório e do 2o grau profissionalizante. Essa lei estabeleceu um currículo mínimo nacional, com um núcleo comum de matérias que procurou reestruturar as disciplinas escolares.

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Os Congressos Brasileiros de História da Educação e as culturas escolares: tessituras dos eixos temáticos e suas produções (2000-2011)

Olivia Morais de Medeiros Neta – IFRN [email protected]

Marlúcia Menezes de Paiva – UFRN [email protected]

A cultura escolar como categoria de análise, atualmente, tem lugar nos referenciais teórico-metodológico de pesquisas no campo da História da Educação e em grupos de trabalho ou eixos temáticos de congressos do campo da História da Educação. Mas, qual a historicidade desta categoria de análise na historiografia da educação brasileira? Instigados por este questionamento objetivamos problematizar a cultura escolar, como categoria de análise, nos Congressos Brasileiros de História da Educação e eixos temáticos destinados, especificamente, à produção acerca da cultura escolar. Foi no II Congresso Brasileiro de História da Educação, realizado em Natal (RN) de 3 a 6 de novembro de 2002, que cultura escolar foi assinalada como temática de eixo temático, intitulada ‘Culturas escolares e profissão docente no Brasil’. Esta categoria, contudo, já vinha sendo discutida e apresentada na historiografia da educação brasileira desde o início dos anos de 1990, principalmente após publicações de estudos como ‘Cultura escolar brasileira: um programa de pesquisa’, publicado em 1991 na Revista da USP, de José Mário Pires Azanha, e as publicações de André Chervel, ‘História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa’, em 1990, e a de Jean Claude Forquin, ‘Saberes escolares, imperativos didáticos e dinâmicas sociais’, em 1992, na revista Teoria & Educação. Congressos da área de História da Educação como o III Congresso Luso-brasileiro de História da Educação que ocorreu em Coimbra, em 2000, já dava destaque à temática em mesas-redondas. Ao longo das edições dos CBHE os eixos temáticos destinados à cultura escolar sofreram alterações, uma vez que esta foi associada a temáticas distintas como a profissão docente no II

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CBHE, as práticas educacionais no III CBHE, as práticas escolares no IV CBHE, as práticas escolares e educativas no V CBHE e as disciplinas escolares no VI CBHE. Na segunda, terceira, quarta e quinta edições do CBHE os eixos temáticos de cultura escolar contabilizaram os maiores números de trabalhos aprovados. Exceção à quinta edição do CBHE, na qual a cultura escolar esteve associada às disciplinas escolares e não mais a profissão docente ou práticas educativas e escolares. O estudo dos eixos temáticos permite pensar o conjunto de temas e objetos que foram analisados com base na cultura escolar como categoria, bem como as definições mais recorrentes nos trabalhos inscritos nesses eixos temáticos apoiados nas remissões a autores como Dominique Julia, André Chervel, Jean-Claude Forquin e António Viñao Frago.

Permanências e descontinuidades na matemática da escola primária do Paraná

(1940-1960)

Mariliza Simonete Portela – UNESPAR [email protected]

A investigação em curso tem por objeto de estudo a disciplina Matemática na escola primária no Estado do Paraná com abrangência de três décadas e está balizada pela seguinte questão: Quais transformações ocorreram na Matemática da escola primária paranaense nas décadas de 1940 a 1960? Considerando que a escola não fica neutra diante da organização do sistema que a rege e que as disciplinas escolares cumprem finalidades educativas aponto questões secundárias, porém não menos importantes que emergiram da pesquisa de Mestrado (2008/2009) e não foram respondidas naquele momento por necessitarem de um estudo aprofundado: Como a escola primária paranaense acatou leis e decretos que regulamentaram a educação nesse período? Que bibliografias orientaram o ensino de Matemática e que conteúdos eram priorizados na escola primária? Como eram utilizadas e socializadas as produções pedagógicas nesse nível de ensino? A investigação compreende uma apreciação das mudanças

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na organização dos planos de ensino da matemática tomando como base a legislação vigente no período estudado, tanto na organização curricular, como nas concepções didático-pedagógicas que orientaram as práticas. Tomando como ponto de partida a organização do currículo de matemática da escola primária a partir dos planos de curso e relatórios escolares busca-se elencar os conteúdos da Disciplina Matemática da escola primária que permaneceram ou foram abolidos ao longo do período. O estudo da matemática da escola primária, dos saberes que lhes são próprios, das permanências e descontinuidades fornecerão elementos para compreender como a escola primária paranaense se posicionou e como incorporou as mudanças ao longo das referidas décadas, contribuindo para a escrita da história da matemática escolar ou aritmética como era denominada a Disciplina. O trabalho investigativo tem como pano de fundo a cultura que rege a escola em tempos diversos, a cultura escolar que norteia o processo no qual se insere a disciplina enquanto organização de conteúdos, o estudo do material didático utilizado para efetivação das práticas de ensino, bem como os ideais e concepções de educação que compuseram a educação brasileira no período em questão. Para este fim consideram-se as normas que derivam da história cultural tanto no que se refere à escrita como no olhar e tratamento dispensado às fontes, e neste caso, documentos escolares de escolas estaduais paranaenses, planos de ensino, atas de reuniões, revistas e livros pedagógicos, depoimentos orais e legislação local e federal que rege a escola e sua organização. O tratamento do uso das fontes históricas tem como referencial Carlos Bacellar. No estudo da cultura que rege a escola e a intenção dos elementos que a compõe, Dominique Julia. Para compreender a disciplina Matemática e a finalidade dos conteúdos ensinados, o estudo de André Chervel contemplando a história das disciplinas escolares. Incluindo pesquisadores como Otaíza Romanelli e Diana Vidal com a história da educação no Brasil. Pesquisadores que abordam os métodos utilizados para ensinar além de considerar outras pesquisas sobre a história da disciplina Matemática no Brasil. A adequação do aporte teórico-metodológico e a inserção de novos autores far-se-á no decorrer da pesquisa de acordo com seu percurso.

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Poesia na escola e educação da sensibilidade - o papel dos livros didáticos

Suzete de Paula Bornatto [email protected]

Dizem os jornais que somos poucos os poetas e pouquíssimos os leitores de poesia, de que se conclui que alguma responsabilidade nisso a escola há de ter, embora hoje se defenda com ênfase que é mais importante os alunos serem leitores “funcionais” de gêneros “necessários”. A poesia se transforma, nessa perspectiva, quase num brioche, às vésperas do desastre econômico da má qualificação para o trabalho numa sociedade que depende da competência em leitura. Faz sentido defender um papel, uma função para a poesia? Faz sentido defender os (nossos) poetas clássicos – outrora supostamente lidos em classe – ou basta ficar com os escolares – autores muitas vezes sem expressão cultural fora do universo da escola? Abreu (2006) atribui papel importante à escola na legitimação de um texto como literário – no entanto, não parece que a seleção dos livros didáticos tenha esse resultado em seu horizonte. O estudo histórico desses livros sugere que a função do texto poético no contexto escolar pode estar vinculada à necessidade de ampliação de vocabulário, à aplicação de conceitos gramaticais, ao ensino de valores, a uma intenção lúdica, de divertimento, ao ensino de uma postura para leitura formal ou declamação em público, ou ainda, sem excluir as possibilidades anteriores, a uma educação para a sensibilidade. Já se denunciou o caráter moralizante, ideológico,problemático ou literariamente empobrecedor dos poemas selecionados pelos manuais,assim como a exagerada ênfase em aspectos formais, em detrimento da exploração dos enunciados e seus sentidos, mas ainda há o que pesquisar em relação à especificidade da leitura de poesia, em suas relações com o a (des)importância que a cultura extraescolar lhe atribui, aos conceitos de poesia que convivem dentro e fora da escola, dentre os quais se destaca o de espaço privilegiado para a “expressão de sentimentos”. Em livros de português para o ensino fundamental (em suas diferentes denominações no século XX) os poemas – principalmente

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os sonetos - são frequentes, chegando a um terço dos textos em livros até a década de 70. Essa presença precisa ser compreendida no âmbito das formas de leitura e escrita praticadas e valorizadas pela escola - e formar poetas não parece ter sido, historicamente, o objetivo. Considerando o que aponta Batista (2009) sobre o modelo ingênuo de leitura subjacente a investigações sobre a função formativa e de aculturação dos textos escolares, busca-se compreender a identificação corrente entre “poesia” e “sentimentos” e problematizar a necessidade de discutir o lugar da poesia no universo dos bens culturais.

A presença norte-americana na constituição do projeto formador das associações cristãs

de moços brasileiras (1893-1929)

Anderson da Cunha Baía – UFV [email protected]

A Associação Cristã de Moços (ACM), surgida na Inglaterra em 1844, por George Williams, rapidamente expandiu-se. Em 1851 já era possível perceber a inserção do ideário acmista nos Estados Unidos, com a criação da sede de Boston. A implantação de uma Associação Cristã de Moços no Brasil foi parte desse investimento expansionista, especificamente dos Estados Unidos, por meio do missionário Myron Augusto Clark, que desembarca no Brasil, em 1891, na cidade de São Paulo e coordena a implantação e consolidação das ACMs do Rio de Janeiro (1893), Porto Alegre (1901) e São Paulo (1902). Myron Clark orientou seu trabalho em um projeto que almejava proporcionar aos acmistas uma determinada formação intelectual, moral (religiosa) e física, guiadas pelo princípio de formar o “caráter cristão”. Portanto, pensar o projeto de formação acmista significou compreendê-lo como ação educativa, de “combate das vontades” e de afirmação do self-government – que entendia o homem como único, indivisível. Assim, no projeto acmista, a separação entre as formações física, moral-religiosa e intelectual dava-se por uma linha tênue, marcada

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por uma divisão estratégica, funcionalmente articulada para tornar mais eficiente a coordenação das ações direcionadas para cumprir os objetivos específicos de cada formação. Se a separação do homem em partes facilitava trabalhá-las autonomamente, independentes nas ações, o discurso acmista encampava a inter-relação delas. Como forma de tentar garantir a efetividade da base de seu projeto acmista, Clark recorreu à ajuda de diversos missionários norte-americanos – Frank Long, John H. Warner, Harry O. Hill, I. H. Gallyon, H. J. Sims, Salassa, dentre outros –, os quais circularam pelas diferentes sedes no Brasil, contribuindo para a implantação e consolidação do projeto acmista no país. No entanto, a presença desses sujeitos à frente das ACMs não significou que essas tivessem funcionado exclusivamente segundo os interesses deles. Percebi alterações acontecendo, a todo o tempo, no funcionamento das Associações. Algumas adaptações, reorientações e rejeições eram autorizadas. Porém, eram movimentos relativos, limitados às novas configurações que não colocavam em risco a base do projeto coordenado por Myron Clark. Esse estudo possibilita fazer um desenho, por vezes incompleto, do movimento que caracterizou a construção de um projeto educativo nas diversas sedes brasileiras da ACM, que, mesmo não podendo ser caracterizado como único, se apresentava fortemente referenciado nas ideias trazidas pelo missionário Myron Clark, que na dinâmica cultural, foi (re)construído no encontro com os diferentes sujeitos que marcaram a implantação e a consolidação das ACMs no Brasil, entre os anos de 1890 e os anos finais da década de 1920.

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Saberes elementares matemáticos no curso primário nos estados do Paraná, São Paulo,

Rio de Janeiro e Sergipe

Ivanete Batista dos Santos [email protected]

Maria Célia Leme da Silva [email protected]

Neuza Bertoni Pinto [email protected]

Wagner Rodrigues Valente [email protected]

A presente Comunicação Coordenada pretende iniciar o debate sobre o processo de constituição de saberes escolares matemáticos no curso primário a partir da criação do modelo “grupo escolar” no final do século XIX até metade do século XX. A proposta apresenta as primeiras contribuições de pesquisas que estão sendo desenvolvidas nos estados do Paraná, São Paulo e Sergipe, no sentido de responder a questões como: Que trajetórias de constituição tiveram a Aritmética, a Geometria e o Desenho para os primeiros anos escolares? Ou, dizendo de outro modo: como foram organizados/reorganizados os saberes elementares matemáticos para estarem presentes na escola graduada?O segmento que atualmente se designa como Ensino Fundamental I e que ao longo da história da organização escolar brasileira teve diversas denominações, como ensino de primeiras letras, ensino primário, grupos escolares, entre outras, tem sido objeto de investigação dos historiadores da educação. De acordo com balanço sobre os estudos históricos sobre o ensino primário realizado por Souza e Faria Filho (2006), na última década, influenciada pela Nova História Cultural, a escola primária converteu-se em objeto de investigação sob uma multiplicidade de temas. Entretanto, a diversidade de temas apontada não inclui as investigações sobre a matemática no ensino primário. A

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mesma historiadora reconhece a necessidade de pesquisas que envolvam a história de cada uma das matérias do programa da escola primária, entre elas o ensino de aritmética, de geometria, desenho, matérias que se ocupam dos conceitos matemáticos a serem desenvolvido pelas crianças. Praticamente inexistem pesquisas focando os saberes matemáticos no curso primário, trata-se de um campo aberto que carece de muitas investigações. SOUZA, R. F. Alicerces da pátria: História da escola primária no Estado de SãoPaulo. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009.SOUZA, R. F.; FARIA FILHO, L. M. A contribuição dos estudos sobre grupos escolares para a renovação da história do ensino primário no Brasil. In: VIDAL, D. (ORG). Grupos Escolares: cultura escolar primária e escolarização da infância no Brasil: 1893-1971. Campinas: Mercado de Letras, 2006, pp.21-56.

Saberes para formar mulheres em professoras: na Escola Normal da Bahia entre 1890 a 1914

Debora Magali Miranda Vieira – UFBA [email protected]

Sara Martha Dick – UFBA [email protected]

O presente trabalho é parte da dissertação de Mestrado, a qual se encontra em desenvolvimento junto à Linha de História da Educação vinculada ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal da Bahia. Tendo em vista os ideais republicanos que para a sua realização dependia de um povo instruído, assim como, a recusa à co-educação e a consequente presença crescente das mulheres no curso normal num período de obrigatoriedade do ensino primário, inclusive para as meninas, a pesquisa tem como principal objetivo analisar o processo histórico de constituição do corpo de saberes específico à formação das mulheres para o magistério a cargo da Escola Normal da Bahia no período de 1890 a 1914. Deste modo, o artigo em questão discorre sobre os resultados advindos da compreensão das políticas de formação escolar/ profissional proporcionada pelo poder

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público às normalistas no período indicado, bem como as distâncias e aproximações existentes entre o que diziam as leis da educação e o que se efetivou no cotidiano da escola. A questão central e os objetivos traçados na pesquisa nos levaram a caminhar à sombra das contribuições advindas da interseção entre a nova História Cultural e a História da Educação, no que concerne às discussões em torno da cultura escolar e das disciplinas escolares. Por outro lado, os estudos de gênero vêm orientando o nosso olhar para as relações e contradições na história da formação das mulheres para professoras. Com efeito, além das Leis, Resoluções e Regulamentos relativos à Escola Normal e ao Magistério, das Mensagens dos Governadores do Estado e Relatórios da Diretoria da Instrução Pública, buscamos através dos Relatórios que foram produzidos por delegados escolares, professores, diretoras/es das escolas normais e inspetores rastrear a dinâmica interna do curso normal e dos saberes específicos à formação das jovens para a docência do ensino primário. Dentre outros fatores, o período 1890 a 1914 justifica-se, pois, entre esses marcos, as Escolas Normais feminina e masculina passaram por várias reformas onde as ordenações legais alteraram a duração do curso para quatro anos, o quadro de disciplinas, método de ensino e a denominação da instituição que oscilou entre “Escola” e “Instituto” Normal. A fase é bastante característica de recém Proclamação da República e de significativa importância histórica para o Brasil, de um modo geral e, em especifico, para a Bahia onde a busca por mudanças na estrutura da sociedade se deu, também, por meio de iniciativas de escolarização da população que, em sua maioria, era analfabeta. Em meio aos temas candentes nos discursos que marcaram os anos de transição de uma sociedade provinciana para a iminente vida republicana, a adequada formação de professoras/es assumiu destaque como condição prévia para a eficácia da escola primária. Nesse contexto, cada vez mais a formação docente se feminizava.

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Trajetória histórica da disciplina “história da educação” nos cursos normais mineiros:

da institucionalização a fragmentação (1928 a 1963)

Rosângela Maria Castro Guimarães – UFU  [email protected]

Décio Gatti Junior – UFU  [email protected]

De acordo com Nóvoa (1996) a gênese e a construção da disciplina História da Educação deram-se no decorrer do século XIX, na Europa, ao lado de outros processos simultâneos, tais como: a estatização e popularização do ensino, a institucionalização da formação de professores e a cientificação da Pedagogia. No Brasil, os cursos normais foram introduzidos nesse mesmo século, sob a competência de cada província do Império tendo por parâmetro o modelo europeu, principalmente dos cursos existentes na França. No interior de sucessivos currículos impostos pelas autoridades educacionais provinciais, depois estaduais, a disciplina História da Educação foi sendo gestada e, por fim incorporada à formação de professores primários no decorrer das primeiras décadas do século XX. Em Minas Gerais, foi institucionalizada por meio do Regulamento do Ensino nas Escolas Normais, aprovado pelo Decreto n. 8.162 de 20 de janeiro de 1928, nas reformas empreendidas por Antônio Carlos R. de Andrada (1926-1930) e seu Secretário do Interior, Francisco Campos. Nesse contexto, a História da Educação ao lado da História da Civilização comporia uma cadeira denominada “História da Civilização, particularmente História dos Métodos e Processos de Educação”. Tal formato foi mantido até a promulgação da Lei Orgânica do Ensino Normal (Decreto- Lei n 8.530 de 02 de janeiro de 1946) que unificou nacionalmente os currículos para tal modalidade de curso. A partir dessa legislação federal a disciplina foi denominada “História e Filosofia da Educação”; entretanto, seu programa, foi estabelecido em regulamentação estadual. Em 1961, nova legislação

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(Lei 4.024 de 20 de dezembro de1961) de âmbito nacional veio a ocasionar severas mudanças no formato do curso e da disciplina em questão, promovendo sua fragmentação, novamente regulamentada por meio de programas elaborados por autoridades mineiras (em 1963). Essa trajetória, com abordagem relacionada ao plano prescritivo, faz parte de uma investigação mais abrangente, concluída em agosto de 2012, sob o título, “Percurso institucional da disciplina História da Educação em Minas Gerais e o seu ensino na Escola Normal Oficial de Uberaba (1928-1970)”, cujo embasamento teórico, no campo da pesquisa sobre currículo e disciplina escolar, ancorou-se em autores como Chervel (1990), Goodson (1995), Julia (2001), dentre outros. Na comunicação, assim como no artigo completo, nos ateremos à dimensão prescritiva e à análise dos textos oficiais que formataram e regulamentaram tal disciplina no período compreendido entre 1928 a1963. As fontes históricas da dimensão em apreço foram constituídas pelas legislações educacionais relativas ao nível de ensino investigado.

Um estudo sobre a disciplina “teoria e prática da escola primária” no curso de pedagogia

(1962-1969)

Viviane Lovatti Ferreira – PUC/SP [email protected]

Laurizete Ferragut Passos – PUC/SP [email protected]

Com mais de setenta anos de existência, o curso de Pedagogia passou por algumas reformulações curriculares, formando desde especialistas a docentes. Tais reformulações trouxeram ao curso certa indefinição quanto à identidade profissional do pedagogo. Em sua primeira fase de existência (1939-1961), o curso de Pedagogia teve como finalidade formar bacharéis (para atuação em cargos técnicos de educação) e licenciados (para docência nas Escolas Normais), sendo fortemente marcado por um currículo fechado e previamente estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 1.190/39, que não só criou

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o curso de Pedagogia, mas também trouxe organicidade às Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de todo o país. Nessa primeira fase, a formação do pedagogo voltou-se essencialmente ao estudo teórico da educação. A década de 1960 representou uma efervescência nos campos político, econômico e social, com fortes demandas em torno da educação nacional. Em decorrência da aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB n.º 4.024/61), o Conselho Federal de Educação (CFE) realizou a primeira reformulação curricular no curso de Pedagogia (Parecer 251/62), apresentando algumas discussões a respeito do curso e estabelecendo um currículo mínimo. Este trabalho tem o objetivo de analisar e compreender o papel da disciplina Teoria e Prática da Escola Primária (1962-1969) em cursos de Pedagogia de instituições de ensino superior do estado de São Paulo (USP, PUC-SP e PUC-Camp), investigando os conteúdos e métodos propostos em seus programas de ensino a fim de compreendermos o papel bem como a relevância desta disciplina para a formação do pedagogo, tendo em vista que tal disciplina teve como objetivo subsidiar algumas questões referentes à escola primária brasileira, tais como organização, currículo e metodologias de ensino, aliando teoria e prática indicadas para este nível de ensino. O Parecer 251/62 indicava o significativo trabalho a ser desenvolvido pela disciplina: “(...) e de outra parte, através da Teoria e Prática da Escola Primária, não apenas torna mais autêntico o professor destinado aos cursos normais como abre perspectivas para a futura formação do mestre primário em nível superior” (Parecer 251/62). Surge, então, a premissa “quem pode o mais pode o menos”, sugerindo a proposição de que quem prepara o professor primário também pode ser professor primário. Como metodologia de pesquisa, trabalhamos com análise documental e história oral, tendo em vista que esta pesquisa insere-se na perspectiva da história do currículo, pois compreendemos que a construção do currículo é fruto de lutas entre grupos que disputam interesses ideológicos.

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“A preencher cabalmente os fins a que foi creada”: formulação e constituição da caixa escolar em Minas Gerais (1879-1911)

Priscilla Nogueira Bahiense – FAPEMIG/UFMG [email protected]

Presentes nas escolas mineiras desde o final do século XIX, as caixas escolares se constituíram como um dispositivo para fomentar a frequência escolar, seja por meio de auxílios aos alunos pobres, premiação aos assíduos e até mesmo, por meio da compra de matérias básicos para o funcionamento das escolas. Diante disso, busco nesse trabalho analisar os aspectos legais de funcionamento das caixas escolares em Minas Gerais, para tanto, utilizo como fontes: a legislação pertinente, os relatórios das diretoras dos grupos escolares, correspondências entre a Secretaria do Interior e os grupos escolares, os balancetes das caixas escolares e o jornal “Minas Gerais”, localizados no Arquivo Público Mineiro e Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais. Cabe destacar as diferentes configurações que as caixas escolares tiveram ao longo dos séc XIX e XX, para tanto, procuro analisar as modificações ocorridas na sua regulamentação e as implicações em seu funcionamento durante as primeiras décadas de sua instituição. Na Província Mineira, no último quartel do século XIX, por meio do Capitulo 4º do Regulamento n. 84, de 21 de março de 1879, deliberou-se que fosse criada em cada paróquia uma Caixa Beneficente Escolar. Com o objetivo de “socorrer os meninos indigentes, proporcionando-lhes os meios de aprender, e outrossim, para adquirir a mobília necessária à escola, e fornecer livros e utensílios aos alunos pobres”. Já no inicio do século XX, as caixas escolares vincularam-se ao projeto de implementação, legitimação e ampliação dos grupos escolares. Dessa forma, cabe chamar atenção ao projeto de universalização do ensino em Minas Gerais, presente na Lei 439, que a partir da instituição das caixas escolares, buscava viabilizar esse objetivo. Por meio do Decreto n° 1969 de 3 de janeiro de 1907, que continha o Regimento Interno dos Grupos Escolares, as Caixas passam a ser criadas nas escolas - sob responsabilidade de seu diretor - com o objetivo de arcar com pequenas despesas do estabelecimento. Tais despesas

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se caracterizavam pelo: fornecimento de material escolar, roupas e calçados a alunos pobres, assistência médica, em caso de falta de recursos dos pais, além de, aquisições para o Museu escolar e Biblioteca e “beneficiamento do material escolar, do jardim, predio etc”. Passados quatro anos, por meio do Regulamento Geral da Instrução do Estado de Minas Gerais de 1911, o Estado tornou obrigatória a instituição das Caixas Escolares nos Grupos Escolares e sua presença facultativa nas Escolas Isoladas. Este regulamento sugere que a sociedade deveria contribuir por meio de doações, para a permanência dos alunos pobres e indigentes, assim como para impulsionar a frequência escolar por meio de premiações aos alunos mais assíduos nos estabelecimentos de ensino de Minas Gerais. Este último regulamento destaca-se por demonstrar a dupla dimensão - auxílio e premiação - que a caixa escolar passa a ter a partir de sua implementação.

“A voz de Santa Teresa”: periódico de orientação pedagógica

Tania Maria Rodrigues Lopes – FACED/UFC [email protected]

Este artigo apresenta um recorte de pesquisa mais ampla, que aborda processos de formação de professores em duas instituições escolares fundadas, respectivamente, em 1923 e 1934, o Colégio Santa Teresa de Jesus - CSTJ e a Escola Normal Rural - ENRJN, localizadas, nas cidades do Crato e Juazeiro do Norte, sul do Ceará, objetivando identificar a base pedagógica e influência recebida do reformismo educacional que, no Brasil, marcou as primeiras décadas do século XX, quando ocorre o ordenamento do sistema de instrução confessional e público. Tem natureza qualitativa, apóia-se em fonte documental e historiográfica, aproximando-se dos estudos de Cavalcante (2000; 2011), Cortez (2000), Nagle (2001), Nogueira (2001), Queiroz (2005), Santos (2010), Schwartzman e Bomeny (2000), dentre outros. A partir do levantamento, organização e seleção de fontes, destaca o periódico A Voz de Santa Teresa, do CFSTJ, criado em 1957, com edição

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semestral, veículo de divulgação do ideário católico e do projeto teresiano de educação, que configuram valores e princípios a serem desenvolvidos na educação e formação das moças e professoras primárias. Revela a composição daquele periódico, feito de artigos de opinião, textos literários e descritivos de ações e rotinas daquela instituição escolar confessional, que permitem entender o sentido e padrão de formação de professoras para atendimento da demanda por instrução, entre as décadas de 1920 e 1950. Evidencia que a citada revista objetiva, sobretudo, divulgar o trabalho do CSTJ, por meio dos seus eventos pedagógicos, cívicos e festivos, bem como, disseminar a doutrina cristã, princípios básicos do catolicismo, normas de comportamento e de convivência ordeira no meio social, com vista à regulação do papel da mulher na escola, no casamento, na vida em família e educação dos filhos. Conclui que: 1) o periódico local analisado revela a presença de elementos do ideário moderno característico do citado reformismo; 2) a nova pedagogia convive com o tradicionalismo católico e, ao mesmo tempo, rompe fronteiras, influenciando o modus operandi da formação de professoras em instituições escolares localizadas na capital e cidades do interior; 3) a difusão dessas idéias e métodos pedagógicos ocorreu, sobretudo por meio de jornais, livros e revistas especializadas, postos em circulação nacional, intercâmbio que, por sua vez, estimulou as instituições escolares a criarem seus próprios veículos de circulação e divulgação dos seus princípios e práticas educacionais. Este resultado integra uma investigação de tese de Doutorado, inserida na Linha de pesquisa História da Educação Comparada - LHEC, do Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará - FACED/UFC.

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“Nenhum bicho barbado se atreveu a manter a disciplina”: o debate sobre a indicação de Esther Pedreira de Mello para a direção da

Escola Normal do Distrito Federal (1920-1923)Heloisa Helena Meirelles dos Santos – UERJ

[email protected]

Este artigo objetiva investigar o debate na Escola Normal do Distrito Federal na gestão de sua primeira diretora do sexo feminino, Esther Pedreira de Mello, cuja trajetória ainda não foi examinada pela historiografia da educação, apesar de ter sido lembrada por Paschoal Leme (2004), um ex-normalista, que, em suas memórias registrou: “[...] Assim foi a revolta, principalmente dos rapazes, contra a nomeação de Ester Pedreira de Melo para diretora da escola, a primeira mulher a ascender a essa posição, apesar de ser professora de renome e também uma das primeiras a ocupar o cargo de inspetora escolar. (p.120) As fontes privilegiadas da pesquisa são os jornais diários da cidade do Rio de Janeiro, sob a guarda da Biblioteca Nacional, tais como A Lucta, A Época, A Noite, Correio da Manhã, O Imparcial, O Paiz, etc. O uso de periódicos como fonte encontra um defensor em Hobsbawn (1995) que mostra como, na medida em que o historiador fica mais próximo temporalmente do passado que investiga, se vê dependente de fontes como relatórios e jornais. O jornal Correio da Manhã, em matéria de 17 de abril de 1920, à página 3, com a manchete “Tomou posse hontem a primeira directora da Escola Normal”, com a foto de Esther Pedreira de Mello, apresentou o retorno da ex-normalista da instituição como “única capaz de substituir em benefício da instrução pública e da moralidade administrativa, o diretor demissionário”. A assunção da então inspetora-escolar, primeira mulher a dirigir uma escola de formação de professores, provocou como era de se esperar, embates que foram discutidos pela imprensa do Rio de Janeiro. De modo a atacar a nova diretora do educandário alguns jornais publicaram artigos contra o “feminismo” representado pela nova gestão da Escola Normal, usando como argumento, impresso na primeira página, do jornal A

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Lucta, de 16 de junho de 1920, sob o título “Feminismo”, na seção “Croniquetas”, o fato de que ali “nenhum bicho barbado se atreveu a manter a disciplina”. Desta forma, a partir da representação social para o sexo feminino, pautada nas matérias dos periódicos, foi possível perceber as outras intenções e significações constantes no contexto cultural que refletem as relações humanas naquele momento. Chartier (1990) ajuda a pensar em como as lutas de representação política e/ou discursiva, como as que Esther Pedreira de Mello vivenciou como protagonista, têm tanta importância, como as lutas econômicas. As lutas de representação através de artigos jornalísticos permitem compreender os mecanismos e as estratégias de como um grupo se impõe a outro que é, até então dominante. A investigação contribui para a historiografia da educação pelo estudo da Escola Normal do Distrito Federal pela primeira vez sob uma administração feminina.

“Um meio de vida decente para os futuros dias”: a Companhia de Aprendizes Marinheiros de Sergipe

Solyane Silveira Lima – UFMG [email protected]

O presente estudo faz parte de pesquisa de doutorado em andamento e tem como objetivo principal analisar o processo de instalação e funcionamento da Companhia de Aprendizes Marinheiros de Sergipe, através dos Relatórios dos Presidentes da Província. Esta Companhia foi criada pelo Decreto nº 4. 142 de 05 de abril de 1868 e objetivava o atendimento dos meninos órfãos e desvalidos maiores de sete anos, para que servissem de mão-de-obra especializada à Marinha e ao Brasil no caso de alguma ameaça de guerra. A principal hipótese é que instituições dessa natureza foram criadas pelo governo imperial não apenas para proteção e assistência ao indivíduo, mas sim para dar auxilio público como garantia de direitos. O trabalho está dividido em três partes. No primeiro momento analisou-se a criação destas Companhias no país, partindo de uma sondagem sobre as suas origens e visualizando-as como instituições militares que se constituíram em uma das poucas alternativas de aprendizado profissional no Império e que se diferenciava da

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filantropia por partir de uma política pública (quiçá a primeira) do Estado. Em seguida, apresento as solicitações feitas pelos presidentes da província de Sergipe ao Ministro da Marinha e Guerra, que antecederam a instalação da Companhia na capital. E por fim, no terceiro momento, problematizo a sua fundação e seu funcionamento através dos relatórios presidenciais ao longo da sua existência. Para analisar a origem e o funcionamento dessa instituição farei uso das contribuições de Norbert Elias, em seus estudos sobre a gênese da profissão naval e sobre a condição de aprendiz. Para discutir a concepção de Estado-protetor e Estado-providência, buscarei subsídios na obra de Pierre Rosanvallon e autores espanhóis da História da Educação Social, dentre eles o Julio Ruiz Berrio, que apresenta o conceito desse campo teórico e Irene Palácio Lis, que desenvolve a ideia de que a caridade privada e eclesiástica se transformou em beneficência pública a partir do século XIX, momento este em que surgem as Companhias de Aprendizes Marinheiros no Brasil. As fontes utilizadas foram a legislação nacional e estadual e os relatos de governo (mensagens presidenciais e estaduais). Por se tratar de uma pesquisa que se encontra em andamento, as questões apresentadas consistem num esforço para reflexão e aprofundamento do objeto de estudo.

A conquista do ensino superior em Mato Grosso: história e memória

Renata Neves Tavares de Barros Freitas – UFMT [email protected]

Este trabalho, fruto da pesquisa realizada no âmbito do Curso de Mestrado, busca reconstruir o processo histórico da criação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), entre os anos de 1967 e 1970, período em que se intensificaram os debates para a sua criação, privilegiando a análise da mobilização da comunidade local (Cuiabá). Essa mobilização ocorreu no contexto dos governos militares, numa época anterior à divisão do Estado de Mato Grosso, marcada pela acirrada disputa entre o norte, capitaneado por Cuiabá, a então capital do estado, tida como a capital cultural e administrativa, e o sul, representado por Campo Grande, concebida como a capital econômica, pela hegemonia de poder

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na região. Embora a criação de uma universidade no estado fosse concebida com inevitável, a existência do movimento citadino pela sua criação, ao mesmo tempo em que “apressou” a decisão federal, parece ter sido fundamental para que Cuiabá fosse a sede de uma Universidade Federal, uma vez que a influência oriunda da supremacia econômica de Campo Grande apontava para uma outra direção: sediar a UFMT no sul do Estado, contrariando a lógica então existente de implantação da primeira universidade federal nas capitais. Trata-se de um registro acadêmico pioneiro sobre esse movimento social, cuja história, até então, encontrava-se inscrita apenas nas lembranças individuais de seus protagonistas. Muitos deles ou já são falecidos ou se encontram em idade avançada, o que nos colocou diante da necessidade urgente de apreender suas memórias para registrar a participação da comunidade local nessa luta. A reconstrução da trajetória desse movimento foi subsidiada na História Oral, por meio da realização de entrevistas que provocaram depoimentos orais trazendo à tona lembranças individuais mediante a atividade de rememoração do passado vivido. O recurso à memória oral dos protagonistas foi utilizado como alternativa à escassez de registros sobre a participação da população local na luta pela criação da UFMT. Soma-se a isso o reconhecimento de que o recurso à memória ajudaria a vislumbrar a multiplicidade de enfoques, de ângulos, de pontos de vista, sendo portanto capaz de recuperar essa passagem da história em sua complexidade. Além dos depoimentos, outras fontes utilizadas para a coleta de dados foram os jornais veiculados na época (Diário de Cuiabá, O Estado de Mato Grosso e Tribuna Liberal) e os documentos oficiais existentes. A memória oral foi cotejada com a memória arquivada, permitindo-nos a reconstrução da história do movimento pela criação da UFMT com uma riqueza de detalhes que, de outra forma, não teria sido possível.

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A constituição do sujeito em gênero escolar de leitura da década de 50

Raimunda Dias Duarte – UFP [email protected]

Este trabalho tem como objetivo analisar como o sujeito se constitui por meio das ideologias presentes em livros escolares de leitura. Para isso, é analisado o livro didático “Primeiro Guia de Leitura”, em sua 7ª edição, de 1956, editado pelo Ministério da Educação e destinado à alfabetização de adolescentes e adultos. Para alcançar o objetivo do trabalho, busca-se fazer um levantamento histórico sobre os livros de leitura no Brasil, focalizando a classificação, a função, os tipos, os gêneros e os modelos desses livros didáticos; investigar o contexto sócio- histórico e político do Brasil da década de 50 e de décadas anteriores e analisar as diferentes vozes presentes no livro didático “Primeiro Guia de Leitura”. As concepções teórico-metodológicas do trabalho se ancoram na Análise Dialógica do Discurso (ADD), postulada pelo círculo de Bakhtin, articulando-a com o gênero livros escolares de leitura. O dialogismo bakhtiniano coloca a interação verbal no centro das relações sociais. Portanto, considera o homem como um ser social, concreto, histórico. Neste sentido, defende que a língua não pode ser descolada do sujeito e este da cultura. O sujeito se constitui sócio-historicamente por meio de fios ideológicos. Bakhtin ressignifica o contexto de ideologia preconizado pelo marxismo, tratando-a como uma posição avaliativa. Logo, a concepção ideológica aqui defendida pressupõe que, no discurso, a palavra constitui uma visão de mundo que está em contraponto com outras. Contudo, toda palavra se constitui a partir de outras palavras. Então, A língua, manifestada em interações sociais, não pode ser separada do seu conteúdo ideológico. A pesquisa é histórico-documental, cujos dados são analisados do ponto de vista discursivo, considerando-se as ideologias presentes no livro de leitura em foco. Os dados revelam que a educação se revelou,

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nessa época (e ainda o faz hoje) como um instrumento a serviço das ideologias dominantes. As vozes que atravessam os discursos presentes gênero analisado nos permitem perceber que há uma posição social que prevaleceu nesse contexto sócio -histórico, aquela que preconizava que o desenvolvimento da sociedade se ancora no desenvolvimento econômico do país, de base capitalista. Neste sentido, a escola estava a serviço do desenvolvimentismo, que sustentava, entre outras coisas, o progresso, a reconstrução nacional e o nacionalismo. O trabalho revela que os discursos construídos no livro sob análise o são a partir de discursos que legitimam as ideologias do Estado Brasileiro.

A criação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”-SP: resgate por meio

das notícias da imprensa do Estado de São Paulo (1975-1976)

Édison Trombeta de Oliveira - FCT/UNESP [email protected]

Arilda Inês Miranda Ribeiro - FCT/UNESP [email protected]

A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) foi criada em 30 de janeiro de 1976, através da Lei nº 952, agregando 17 Institutos Isolados de Educação Superior, espalhados pelo Estado de São Paulo. Destas, sete eram Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), inclusive a de Presidente Prudente-SP, responsáveis pelos cursos de licenciatura. A instituição criada transformou-se na terceira universidade de São Paulo, sendo a primeira descentralizada, espalhada pelo território do Estado. Embora inicialmente não se soubesse, os planos do Reitor recém- empossado envolviam o corte de diversos cursos de licenciatura, sob a justificativa de concentrar recursos em apenas um local, que se tornaria um centro de excelência. Além disso, ele dizia haver saturação no mercado para as formações e

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vagas ociosas, porém a própria instituição fez estudos alegando que a procura pelos cursos era grande e faltavam professores formados para lecionar na rede pública e privada, o que refletia na qualidade dos alunos ingressantes em universidades. Assim, observa-se dois pontos opostos: a Reitoria, com a reformulação, e as FFCLs, inclusive a de Presidente Prudente, resistindo ao fechamento de cursos. Estas posições puderam ser encontradas nas páginas dos jornais estaduais de maior circulação, mesmo durante a Ditadura: O Estado de S.Paulo, cujo fundador passou a dar nome à Universidade recém-criada, e a Folha de S.Paulo. Neste sentido, o artigo objetivou resgatar este momento da história da instituição com base nas notícias dos jornais, consultados na Biblioteca da atual Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP - Campus de Presidente Prudente. Utilizou-se, metodologicamente, da análise do discurso (FOUCAULT; PEUCHEX) e de conteúdo (BARDIN) com relação às notícias que retrataram a retomada desta parte da história, com o intuito de se confrontar criticamente as informações obtidas nos dois jornais para se aproximar dos fatos ocorridos (BLOCH). Justifica-se a investigação do presente estudo pela intenção de problematizar sobre este momento, tido como traumático por vários sujeitos que viviam no ambiente da FFCL à época, tendo como consequência o fechamento de cursos e demissão ou transferência de docentes para outros campi. Como parte dos resultados, constatou-se que o jornal O Estado de S.Paulo tinha uma posição mais favorável à criação da UNESP, enquanto que a Folha de S.Paulo defendia a expansão, e não a retração, do ensino superior público, gratuito e de qualidade. Com o embate dos posicionamentos, foi possível verificar que, excetuando-se as respectivas posições dos periódicos, o processo de criação da UNESP teve traços de arbitrariedade e interferiu, com força, na rotina das FFCLs. Já que este artigo originou-se em pesquisas para o Mestrado em Educação na instituição, como resultados esperados contatou-se ainda faltam subsídios para esta parte da história, que deve ser objeto de mais investigações científicas para trazer à tona fatos da época.

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A Educação dos Sentidos e a concepção de educação dos irmãos maristas entre os anos de 1865 a 1931: O Guide des Ècoles como

instrumento metodológicoPaula Maria de Assis – PUC/SP

[email protected]

Esta comunicação é parte de uma pesquisa para tese de doutoramento cujo título é A Educação dos Sentidos nas Escolas Católicas em São Paulo entre os anos de 1865 a 1931, que se realiza na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade. Para esta comunicação, o objetivo é investigar como era a Educação dos Sentidos e a concepção de Educação nas escolas Maristas no período compreendido entre os anos de 1908, ano em que os Irmãos Maristas assumem o Colégio Arquidiocesano. Para este trabalho serão investigadas as fontes documentais do Centro de Memória do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo em especial o Guide des Écoles. Este guia especifica o método marista, propõe currículo e orienta os educadores. Pretende-se dar destaque a primeira parte do Guia que trata da concepção de Educação. Iniciar o Guia por esse conceito parece fundamental, uma vez que será estabelecido o que se entenderá por Educação e, principalmente, já que se propôs fazer um Guia para a Congregação, sua definição de Educação pretende ter especificidades próprias. A hipótese que norteia este trabalho é de que as Congregações Católicas vindas da Europa trouxeram para o Brasil, métodos pedagógicos próprios e modernos, desenvolvidos sob a égide da ciência, da experiência, da educação dos sentidos e da moral católica cristã como forma de manutenção de seu status quo. Isto é, podemos dizer que eram conservadores, nos seus propósitos morais, mas nada obsoletos, na formulação dos métodos. O que buscamos é uma análise mais aprofundada dos documentos de modo a perceber as ações, leituras e prescrições desses religiosos. Observados por outro prisma, essa ideia quebra o estigma do que se convencionou a chamar de “educação tradicional católica” em alusão a uma educação obsoleta lançada às

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essas escolas no final do século XIX e início do século XX no Brasil, como se o seu padrão “moral” explicasse definitivamente o seu plano pedagógico. O recorte temporal justifica-se com o início da entrada das primeiras Congregações europeias no Estado de São Paulo com o carisma da Educação e estende- se até o ano de 1931 com a Reforma Francisco Campos. A pergunta central que norteia o trabalho é: Quais as propostas metodológicas que sustentam a Educação dos Sentidos e que concebem o conceito de educação nas escolas dos Irmãos Maristas? São fontes da pesquisa o Guide des Ècoles Os referenciais teóricos da análise desta pesquisa são Peter Gay e E.P.Thompson e Arno Mayer.

A educação em São Félix do Araguaia: Ginásio Estadual do Araguaia - GEA (1968 - 1973)

Maria Teresinha Fin – SEDUC/MT [email protected]

Este texto evidencia o processo histórico de implantação e fechamento do Ginásio Estadual do Araguaia- GEA em São Félix do Araguaia. O funcionamento do Ginásio se consolidou em 1968 com a chegada dos padres, os quais aos poucos foram tomando conta da escola oferecendo uma educação de qualidade. A construção do prédio do GEA deu-se por meio de doações. O período de 1968 a 1973 foi marcado pelas regras “do que, e como ensinar na escola”, muito mais por uma imposição arbitrária das autoridades executivas do que pela obediência à Lei 5.692/71. Mas a prática pedagógica do GEA era diferente, preocupava-se que o aluno obtivesse um posicionamento político, levado pelo social. A educação do GEA estava voltada para a tendência progressista libertadora, tendo como prioridade visar e levar professores e alunos a atingirem um nível de consciência da realidade em que viviam na busca da transformação social. A relação do professor e aluno era de igual para igual, horizontal com aprendizagem por via de situações problemáticas propondo uma educação libertadora, na qual o professor e aluno se educavam mediados pelo mundo. Tinha por principais características: ser condicionada pelos aspectos sociais, políticos e culturais, apontar a possibilidade de

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transformação social, permitir a compreensão da realidade histórico-social e explicitar o papel do sujeito construtor/transformador dessa mesma realidade. O Ginásio Estadual do Araguaia teve uma curta existência. O Ginásio funcionou oficialmente de 1968 a 1973, quando foi fechado pelos militares que chegaram a São Félix do Araguaia devido aos conflitos existentes na região e investiram principalmente contra a Igreja. Deteu-se na análise das práticas pedagógicas, caracterizadas como cultura escolar, que buscam evidenciar as formas de pensar e agir da comunidade escolar. A pesquisa realizada, além de trabalhar com as fontes documentais e bibliográficas, foi enriquecida com informações obtida s por meio de relatos dos professores e alunos que fizeram parte da história do Ginásio Estadual do Araguaia - GEA: A oportunidade de trabalhar com a memória ou com o conhecimento torna-se interessante e rica, quando ampliada pela construção de fontes documentais a partir de relatos orais e histórias de vida, permitindo, assim, a produção do passado. A memória permite resgatar marcas de como foram vividos determinados momentos e como estes ganharam significados nas rememorações individual e coletiva. Para suporte e fundamentação teórica da pesquisa, buscou-se apoio em Vidal, Chartier, Juliá, Sarat, Montenegro, Oliveira, Figueiredo de Sá, Palhares, Amâncio.

A educação escolar de Aprendizes de Artífices (Rio Grande do Norte, 1910-1936)

Francisco Carlos Oliveira de Sousa – PPGED/UFRN [email protected]

O governo do presidente da República Nilo Procópio Peçanha (1909-1910) decretou, em 1909, a criação, nas capitais dos estados brasileiros, das Escolas de Aprendizes Artífices de ensino primário profissional, público e gratuito (Decreto nº 7566, de 23 de setembro de 1909). Em Natal, a Escola de Aprendizes Artífices do Rio Grande do Norte foi instalada no dia 1º de janeiro de 1910, com a orientação de educar os filhos das classes proletárias ministrando ensino teórico e prático de ofícios, para suprir a

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demanda por operários nas indústrias locais. Este trabalho objetiva refletir acerca da educação primária profissional de crianças e de adolescentes que ingressaram nessa Instituição educativa, no período de 1910 a 1936. A orientação metodológica para análise das fontes documentais (legislação e regulamentos federais, livros de matrículas, inventários e livros de chamada) assenta-se nas teorizações de Justino Magalhães (2004), basicamente pelo entendimento de que a história de uma instituição educativa deve explicar os intentos públicos, as normas e os compromissos sociais com a realidade a que se destina. Em síntese, a análise do corpus documental investigado revelou que a educação primária profissional, ministrada às crianças e aos adolescentes na Escola de Aprendizes Artífices do Rio Grande do Norte, estruturava-se em matérias de conhecimentos teóricos (Leitura, Escrita, Caligrafia, Gramática, Aritmética, Desenho, História Pátria, História Natural, Geografia) e em matérias de conhecimentos técnicos (Álgebra, Desenho Industrial, Desenho Elementar e de Escala, Geometria Prática, Perspectiva, Tecnologia, Química e Física elementares). A parte de aplicação dos conhecimentos, especialmente técnicos, acontecia nas oficinas (alfaiataria, funilaria, marcenaria, sapataria e serralharia). No período compreendido entre 1926 e 1936, com a Consolidação dos Dispositivos Concernentes às Escolas de Aprendizes Artífices, a educação primária profissional regeu-se por um currículo mínimo nacional com novas matérias acrescidas (Canto Orfeônico, Lições de Coisas, Instrução Moral e Cívica, Exercícios Militares e Ginástica). Nesse sistema, as oficinas denominavam-se Seções de Trabalhos de Metal, de Madeira, de Feitura do Vestuário e de Fabrico de Calçado. A conclusão orienta para a compreensão de que os objetivos públicos da educação primária profissional ministrada na Escola de Aprendizes Artífices do Rio Grande do Norte traduziam-se não apenas no intento de formar e educar crianças e adolescentes, habilitando-os e disciplinando-os para o trabalho industrial local, mas também afastá-los da ociosidade ignorante e, primordialmente, transformá-los em sujeitos úteis à nação brasileira.

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A educação feminina nos colégios religiosos e as leituras aconselháveis e desaconselháveis

para a mulher

Miguel André Berger - UNIT [email protected]

O sistema educacional brasileiro, além do caráter seletivo e excludente, restringiu durante muito tempo o acesso da mulher à educação. A partir do Ato Adicional de 1834, a mulher conquista o direito de acesso ao ensino de primeiras letras, sendo que a aprendizagem da leitura e da escrita era suficiente e se fazia em estabelecimentos com currículos diferenciados para homens e mulheres. Essa educação diferenciada decorria dos papéis definidos para cada sexo e dos preceitos católicos, muito influentes na sociedade brasileira. Somente em fins do século XIX, com a criação da Escola Normal, a mulher começa a ver uma oportunidade de continuidade dos estudos. Considerando o restrito número de instituições mantidas pelo estado e a demanda feminina, a Igreja Católica procurava, por via do ensino, moldar consciências e retomar o poder, criando colégios, muitos funcionando no sistema de internato. Em Aracaju surge o Colégio Nossa Senhora de Lourdes (1903) e o Colégio Patrocínio São José (1940). O estudo discute o sistema de controle disciplinar, a cultura escolar e as práticas de leitura visando à formação feminina, que se diferenciavam nessas instituições. As informações foram obtidas através de análise documental e entrevistas com ex-alunas e professoras. O estudo pautou-se nas contribuições de Justino Magalhães, Foucault, Dominique Juliá e Roger Chartier. A análise do regimento das instituições religiosas revelou as formas de controle e proibições definidas para nortear a atuação docente e discente. Uma das proibições referia-se ao porte de livros, impressos, gravuras ou escritos inconvenientes, a fim de favorecer um controle sobre a mulher pautando-se na representação como mãe espiritual em relação aos comportamentos e as obras e leituras. As leituras proibidas

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envolviam desde os poetas que faziam poemas apelando para o erotismo, ate o grande motivo que eram as revistas de quadrinhos, isto é, as fotonovelas. Em termos do ensino de literatura, muitas obras de José de Alencar, Machado de Assis e de Adolfo Caminha eram proibidas. Entre as obras indicadas destacavam-se as leituras amenas e delicadas, como o livro do Pequeno Príncipe, de Madame Dally e de Eça de Queiro z. Através desse estudo pode-se verificar que na segunda metade do século XX, mesmo com a influência do movimento feminista, a mulher continua tendo uma educação que pouco favoreceu sua autonomia e capacidade crítica reflexiva.

A educação na congregação das filhas de Santa Teresa de Jesus: um resgate histórico

das Instituições Teresianas na Região do Cariri

Ivaneide Severo Goiana – SEE/PE [email protected]

Zuleide Fernandes de Queiroz – URCA [email protected]

A educação escolar no Brasil teve início com a chegada dos jesuítas em 1549. Ao se instalarem colocaram em prática as suas primeiras atividades educacionais em Salvador, exercendo no país a mais poderosa influência no ensino e formação da sociedade brasileira. Sob a tríplice proteção da Coroa, Igreja e Família Patriarcal a instrução foi monopolizada e os jesuítas se constituíram os principais, senão os únicos, mentores intelectuais e espirituais da colônia. O contexto mostra que a forma de educação organizada no Brasil revestia-se de característica religiosa. No Ceará colonial, a educação iniciou-se com a evangelização praticada pelos missionários. Implantaram a escola primária e iniciaram a educação escolar no sul do Ceará. O município do Crato, localizado na região do Cariri Cearense é considerado o pioneiro na implementação de um sistema educacional sob a égide da Igreja Católica. Foi em

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1923 que o Bispado do Crato fundou a Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus. Esta, além de formar religiosas, dedicou-se à educação da juventude feminina no Cariri Cearense, através do Colégio Santa Teresa de Jesus. Primeiro Colégio do sul cearense a se dedicar à formação de professores para o magistério, inicialmente chamado de Santa Matriarca do Carmelo, a quem o Bispo Dom Quintino dedicava especial devoção. Essas escolas abrigaram os filhos das classes média e alta da sociedade caririense. Em 1932 foram criadas outras instituições: a Pia União das Filhas de Maria, em 1938 o Centro de Obra Pontifícia das Vocações Sacerdotais, denominada Centro Dom Quintino. Nesta década foi criada uma escola gratuita para crianças pobres. O trabalho das irmãs Teresianas continua até hoje. São instituições espalhadas no Brasil: 11 no Cariri, 2 na Paraíba, 8 em Fortaleza, 6 no Piauí e 4 em São Paulo. Por entendermos a instituição escolar, enquanto espaço de práticas políticas, pedagógicas, religiosas, culturais, numa via de mão dupla, que determina e é determinada pelas regras vigentes da sociedade é que encontramos a importância de um estudo sobre a educação Teresiana. Nesse sentido, este estudo teve a intenção de resgatar a história das instituições criadas pela Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus. A metodologia utilizada baseou - se no estudo documental realizando um mapeamento das fontes oficiais e não oficiais sobre a educação confessional católica. Foram utilizados fontes, como jornais, revistas e depoimentos de protagonistas, facilitando o reconhecimento da função social que estas instituições tiveram no cenário educacional. O estudo possibilitou concluir que a sociedade daquela época atribuía à educação um papel fundamental, sendo a escola responsável pela formação de pessoa, capaz de dotar os sujeitos de bons hábitos e bons costumes, formadora de caráter e obediente a Deus. Um estudo dessa natureza permitiu conhecer a história do lugar, a formação de um povo e o desenvolvimento da educação escolar no sul do Ceará.

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A educação promovida pelas filhas do amor divino em Caicó (1925 - 1941)

Alexandre Remo Miranda de Araújo – UFRGN [email protected]

Este trabalho busca trazer a discussão acadêmica nossa pesquisa para corroborar com o aprofundamento sobre os conhecimentos relativos a ação do Educandário Santa Terezinha do Menino Jesus. Nesse processo verifica-se que a Cultura escolar passar a ser formatada nas dependências do educandário a ponto de começar a ser reproduzido externamente pela coletividade que ali usufruía de seus ensinamentos através de contato direto com as aulas prestadas ou de forma indireta no contato com as moças que lá eram instruídas para terem uma postura de destaque em relação aos demais na comunidade caicoense. Essa conduta traz para o centro de nossas discussões o papel político da instituição no período em que a Igreja buscava de todas as formas consolidar sua posição no Brasil, após um processo de distanciamento entre ela e o Estado. Assim nossa pesquisa vem tentando compreender como se deu esses desdobramentos que hoje ainda estão presentes em um complexo processo cultural que culminou na identidade peculiar dos alunos que passaram por essa instituição escolar de cunho confessional. Para compor o objeto de estudo traçamos como objetivo geral: Investigar a participação e as possíveis contribuições da Congregação Filhas do Amor Divino para a educação em Caicó no período de 1925 a 1941. E como objetivos específicos: Identificar as origens da proposta pedagógica e práticas cotidianas da congregação Filhas do Amor Divino no Educandário Santa Terezinha do Menino Jesus e compreender as mudanças ocorridas neste período. Para tratar os dados nos baseamos nos estudos da História Cultural que tem como referencial teórico-metodológico as reflexões trazidas por Carvalho (1998), Certeau (2006), Veiga (2000), Julia (2001) e Chartier (1990), no aspecto da cultura escolar que nos orienta para a construção de dados através de pesquisa bibliográfica, realização de pesquisa documental: Atas e registros escolares, visitas ao Colégio Santa Terezinha do Menino Jesus (Caicó/RN), Entrevistas com Ex-Professores, Ex-funcionários, Ex-

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alunos, Padres e Freiras, Coletar fotografias tanto de ex-professores quanto de ex-alunos, Análise de fontes obtidas. Em nossos estudos, constatamos preliminarmente que o educandário foi mais do que apenas um espaço escolar, além de proporcionar uma prática pedagógica voltada para a formação integral das moças, havendo ritos, participação das alunas nas festas cívicas, atividades culturais entre outras que faziam parte do ideário modernizador da época. Além disso, o Educandário teve um papel social relevante, pois em alguns momentos serviu de espaço para ações de ordem política e assistencial, levando para as famílias pobres um pouco do legado formativo trabalhado com as filhas das famílias da região.

A educação universitária da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal (Rio Grande do Norte, 1957-1967)

Isaac Terciano Mendonça Ferreira – PPGED/UFRN [email protected]

A Reforma do Ensino Superior (Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931) contendo o Estatuto das Universidades Brasileiras demandou a formulação, a congregação das instituições universitárias (a exemplo da Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Escola de Engenharia e Faculdade de Educação, Ciências e Letras) e suas atividades inter-relacionadas de ensino, pesquisa e extensão. No Rio Grande do Norte, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal criada em 12 de março de 1955 e mantida pela Associação dos Professores do Rio Grande do Norte (fundada a 4 de dezembro de 1920), foi autorizada a funcionar pelo Decreto Federal de nº 40.573, de 18 de dezembro de 1956, sancionado pelo Presidente Juscelino Kubitscheck. O trabalho, com apoio de fontes documentais (relatórios apresentados pelos diretores dessa Instituição Universitária e matérias de jornais), do período de 1957 a 1967, objetiva refletir sobre a formação universitária dos graduandos dos cursos de Letras Neolatinas, História, Geografia, Pedagogia e Didática desenvolvida pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal. O referencial

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teórico- metodológico é o da história das instituições de Magalhães (2004), de conformidade com o conceito de educação-instituição, que permite interrogar acerca das dinâmicas de normatização e de formação em quadros de permanências e mudanças. Assim, no período de 1957 a 1967, a formação universitária daqueles graduandos compreendia atividades de ensino, pesquisa e extensão. Nas atividades de ensino, os universitários cumpriam um programa de estudos disciplinares, práticas de ensino e trabalhos de estágios. Nas atividades de extensão, participavam dos cursos oferecidos pelos próprios professores e professores convidados, como os de Língua Francesa, Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira, Língua e Literatura Espanhola, Literatura Portuguesa, Francesa e Inglesa, Literatura Brasileira, Literatura Espanhola e Literatura Norte-Rio-Grandense e outros. Nas atividades de pesquisa, costumavam observar, no Núcleo Colonial Agrícola do Vale do Pium, os aspectos geográficos do meio ambiente (atividade do Curso de Geografia), participar de simpósios e congressos nacionais com apresentação de trabalhos dentre os quais o de título “O papel das Faculdades de Filosofia na Sociedade”, exposto no Congresso Nacional de Estudantes de Filosofia em Curitiba (que mereceu uma menção honrosa) além de viajar à Amazônia visando efetivar estudos e pesquisas sobre as culturas nativas. Nesse período de dez anos (1957-1967), as atividades normatizadas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal consagravam o princípio da educação-instituição como socializadora de conhecimentos interdependentes, formadora e integradora das novas gerações nos diversos grupos e agrupamentos humanos, observando as suas permanências e mudanças socioculturais.

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A escola Azevedo Sodré no contexto dos anos 1920: tempos e espaços educativos na

modernização da capital

Pedro Paulo Hausmann Tavares – UFRJ [email protected]

O presente trabalho apresenta os resultados parciais da pesquisa que venho desenvolvendo, cujos interesses principais se concentram nos entrelaçamentos das culturas urbanas com as culturas escolares do ensino primário na cidade do Rio de Janeiro dos anos 1920. Ancorado na problematização dos tempos e espaços sociais e dos tempos e espaços escolares, examino certas características que antecederam e acompanharam a inauguração, em março de 1925, da Escola Municipal Azevedo Sodré: intencionalidades, tensões, estratégias de legitimação social. Sobre o patrono do estabelecimento, cumpre sublinhar que Antonio Augusto de Azevedo Sodré foi médico e político, atuando nas áreas da educação e da saúde ao longo de sua trajetória profissional. Nessa direção, dentre outras atividades, foi um dos responsáveis pela fundação, em 1886, da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e, de maio/1916 a janeiro/1917, exerceu o cargo de prefeito da cidade. Já no final de sua vida, em 1925, como consta em escritura de doação lavrada no 18º ofício, concedeu um imóvel de sua propriedade ao Distrito Federal para que fosse instalada uma escola que deveria ser batizada com o seu nome. Além do imóvel, foram doadas 60 apólices municipais com valor de duzentos mil réis cada, a juros de 7% ao ano. Sob a perspectiva de Azevedo Sodré, o retorno financeiro advindo deste investimento, forneceria subsídios materiais para que a escola pudesse promover atividades culturais. Entretanto, conjugadamente a essas iniciativas, foram registradas pelo doador algumas determinações que deveriam ser incorporadas ao calendário letivo escolar. A primeira delas referia-se à obrigação de se comemorar, no dia 1º de maio, o “Dia da Fraternidade Universal”. A segunda condizia à celebração, no dia 4 de setembro, do que ele chamou de “O dia do Patrono da Escola”, inclusive com a cantoria pelos alunos de um hino em sua homenagem.

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A terceira, finalmente, instituía que no dia 19 de novembro haveria a necessidade de realização dos festejos voltados para despertar o “Culto da Bandeira e o Amor à Pátria”. As doações realizadas e o conjunto de determinações estipuladas por Azevedo Sodré devem, necessariamente, ser relacionados àquelas ações de governo que, no decurso dos anos 1920, foram concretizadas ansiando associar as preocupações com o disciplinamento social às medidas de remodelação urbana. Afinal, ensinar e multiplicar a “fraternidade”, o respeito às “personalidades importantes” e o “culto aos símbolos pátrios e ao país” concorreriam para a difusão de um repertório de comportamentos que, sob a lógica governamental, era idealizado como indispensável para a tentativa de ingressar a capital numa determinada concepção de modernidade. Tal concepção pautava-se, sobretudo, na harmonização dos tempos e espaços sociais com a imprescindibilidade de educar e disciplinar a população em suas interações cotidianas.

A Escola Industrial de Natal e a constituição do seu quadro docente (1942-1968)

Maria da Guia de Sousa Silva – IFRN [email protected]

Este trabalho tem como objetivo analisar, no período de 1942 a 1968, como a Escola Industrial de Natal constituiu o seu quadro docente com o intuito de atender as exigências da nova organização curricular, decorrente do Decreto-Lei nº 4.073/1942 (Lei Orgânica de Ensino Industrial), da Lei nº 3.552/1959 e do Decreto nº 47.038/1959. As análises focaram as estratégias utilizadas por essa instituição para aumentar o contingente de profissionais com formação adequada à nova educação profissional que se descortinava e aos desafios enfrentados para atender as exigências de um currículo voltado para a formação de alunos cumpridores das normas estabelecidas e, principalmente, aptos a exercerem uma atividade profissional. Nessa perspectiva, a pesquisa respalda-se em Julia (2001), quanto à análise da seleção de professores, em

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cada nível de ensino e quais os saberes e o habitus requeridos para um futuro professor, ou seja, a base mínima de uma cultura profissional. Nesse caso específico, foram identificadas as exigências impostas pela legislação vigente e os movimentos desenvolvidos por essa instituição no processo de seleção e formação dos seus docentes. O estudo centra-se, sobretudo, na análise qualitativa, dando ênfase aos documentos históricos existentes no arquivo da escola, hoje denominada Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), como portarias da direção da Escola, livros de posse dos docentes, pastas individuais de servidores, leis e decretos que constituíram a legislação da educação profissional no período e fotografias que apresentam aspectos do desenvolvimento das práticas educativas realizadas pelo corpo docente. Além disso, houve a inclusão de alguns depoimentos de ex-professores e ex-professoras que fizeram parte dessa instituição no período em estudo. Dessa maneira, a pesquisa possibilitou a constituição de um quadro de identificação dos professores e professoras, destacando o ano de suas contratações, a idade apresentada e alguns dados sobre a formação acadêmica e profissional, bem como a identificação das instituições em que realizaram os seus estudos anteriores ao ingresso na referida Escola. A análise do conjunto documental permitiu verificar quais espaços eram ocupados por esses docentes no desenvolvimento de suas práticas educativas. Nesse caso específico, esses professores constituíam os grupos responsáveis pelo ensino das disciplinas de cultura geral, de cultura técnica e das práticas nas oficinas na Escola Industrial de Natal.

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632 Sumário Eixo 7

A escola Normal da Província do Grão-Pará no império

Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França – UFEP [email protected]

Este trabalho tem por objetivo analisar a implantação da Escola Normal da Província do Grão-Pará, no período de 1870 a 1889. Para compreender esse processo, examinamos os relatórios de presidentes da província, a legislação educacional e a historiografia da educação brasileira, que trata sobre a Escola Normal no País. Pela Lei n° 33, de 30 de setembro de 1839, o Presidente da Província do Pará, Bernardo de Souza Franco, foi autorizado pela Assembleia Provincial a criar na capital da província uma Escola Normal para formar professores de primeiras letras. Mas, por ocasião da expedição da Lei n° 27, de 28 de Junho de 1841, que deu organização a instrução primária e secundária na província, o referido presidente, ao invés de fundar uma Escola Normal, determinou apenas que haveria na capital da província uma aula de ensino normal que não chegou a funcionar. Entre os anos de 1840 e 1870, não faltaram pronunciamentos favoráveis dos presidentes da província para a implantação da Escola Normal nessa região. No entanto, não tornaram seus discursos realidade. A Escola Normal do Pará só foi criada em 13 de abril de 1871, pelo Presidente Joaquim Pimentel Machado Portela para preparar professores e professoras para as escolas primárias. A Escola normal iniciou suas atividades em 5 de junho de 1871. No Liceu Paraense, localizado na Praça da Bandeira funcionaram as aulas para os alunos e no Colégio Nossa Senhora do Amparo, situado à Rua Santo Antônio, as aulas para as alunas. De acordo com a Portaria de 20 de abril de 1871, o curso normal com duração de três anos compreendia as seguintes cadeiras: 1ª Instrução moral e religiosa; 2ª Gramática da língua nacional ( exercícios de leitura de clássicos em prosa e verso, redação, exercícios caligráficos; 3ª Aritmética (sistema métrico e elementos de geometria); 4ª Noções gerais de Geografia e História, Geografia e História do Brasil, principalmente do Pará, leitura refletida da Constituição Política do Império;5ª Noções

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gerais de Física e Química e de Agricultura; 6ª Pedagogia e Legislação. A Escola Normal teve vida efêmera, pois em 19 de dezembro de 1872, o Vice-Presidente da Província Barão de Santarém a extinguiu, anexando ao Liceu Paraense o Curso Normal. Em 1874, o Presidente da Província Pedro Vicente de Azevedo, recria a Escola Normal, a qual foi novamente extinta em 1885. A Escola Normal só seria criada novamente no inicio do regime republicano, a partir desse período consolidou-se como espaço de formação de professores para a infância.

A escolarização e a profissionalização como prática educativa na “ressocialização” de jovens

em conflito com a lei privados de liberdade

Lia Machado Fiuza Fialho – UFC [email protected]

A presente pesquisa reporta-se a parte de um estudo doutoral efetuado, em Fortaleza-CE, com um grupo de jovens institucionalizados em unidade socioeducativa em cumprimento de medida de internação pela prática de ato qualificado como infração. O escopo deste estudo foi compreender, na perspectiva dos jovens em conflito com a lei, o significado da escolarização e profissionalização oferecidos como prática educativa pela instituição privativa de liberdade, à luz das suas respectivas histórias de vida. Ouvir a historia de vida dos envolvidos no processo de ressocialização, registrando e divulgando um novo olhar acerca das vivências pessoais e coletivas, configurou-se viável, pois permitiu fazer vir à tona o que ainda não havia sido registrado ou que foi, muitas vezes, “expurgado dos depósitos de memória”. Logo, o passado é objeto da história e, para reinterpretá-la, a memória configura-se elemento essencial, porque tem como propriedade conservar as informações. Cabe ao pesquisador ativar e democratizar a memória com “objetividade científica” (LE GOFF, 2003), para que, reescrevendo os fatos, possibilite um aumento da parcela da potência do homem e não a submissão à outra vontade de poder

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634 Sumário Eixo 7

(NIETZSCHE, 1979). Para contemplar esse objetivo, utilizou-se pesquisa qualitativa sob a forma de estudo de caso em campo real com sete jovens em cumprimento de medida socioeducativa de internação no Centro Educacional Patativa do Assaré (CEPA). A coleta dos dados se deu de setembro a novembro de 2011 por intermédio da história oral temática, gravada e transcrita na íntegra. A análise dos dados foi realizada mediante a técnica de estrutura geradora do discurso (FLICK, 2009), que possibilitou a releitura e validação comunicativa das narrativas através da apreciação dos jovens; e a análise de conteúdo (BARDIN, 1997/2004), para verificação das categorias mais significativas nas falas. Constatou-se que: a escolarização era realizada por profissionais sem a devida qualificação, no sistema de Educação para Jovens e Adultos (EJA), em horário extremamente reduzido, sem projeto político pedagógico norteador e de maneira precária; e que a profissionalização era ofertada por intermédio de oficinas profissionalizantes de vime, saniante, artesanato, vassouraria e tecelagem ou através do programa Jovem Aprendiz em parceria com uma fábrica denominada Metal Mecânica. Os resultados demostraram que a percepção dos jovens acerca da experiência de escolarização e profissionalização variavam de acordo com suas histórias de vida, bem como das oportunidades vivenciadas antes da privação de liberdade. E apontaram para uma conotação negativada das experiências de escolarização e profissionalização, consideradas, na maioria dos casos, perca de tempo, obsoletas. Tais achados põem em cheque as práticas educativas desenvolvidas no CEPA e permitem realizar uma reflexão acerca da viabilidade da socioeducação nos moldes em que se perpetua no estado do Ceará.

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635 Sumário Eixo 7

A estrutura administrativo-burocrática da instrução pública paulista instituída no final da

década de 1890

Marco Antonio Rodrigues Paulo – UFGD [email protected]

Após a Proclamação da República o Estado de São Paulo implanta uma complexa estrutura administrativo-burocrática que tem por finalidade administrar e fiscalizar seu aparelho escolar. A Lei n° 88, sancionada em 8 de setembro de 1892 altera substantivamente o arcabouço legislativo da instrução pública do Império. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto n° 144-B (30 de dezembro de 1892), pela Lei n° 169 (7 de agosto de 1893) e pelo Decreto n° 218, (27 de novembro de 1893), que instituiu um novo regulamento da instrução pública paulista. Por essa legislação fica determinado que a direção suprema do ensino coubesse ao Presidente do Estado, que teria como auxiliares – o Secretário dos Negócios do Interior, o Conselho Superior, o Diretor Geral da Instrução Pública, os Inspetores de Distrito e as Câmaras Municipais. Contudo, os últimos anos da década de 1890 impõem um conjunto significativo de modificações ao aparato administrativo-burocrático da instrução pública paulista estabelecido nos primeiros anos da República. A Lei n.º 430, de 1 de agosto de 1896, determina a extinção da Secretaria Geral de Instrução Pública e a supressão do cargo de Diretor Geral e a Lei n.º 520 de 26 de agosto de 1897, determina a extinção do Conselho Superior e a extinção do cargo de Inspetor Distrital. Em decorrência da aprovação dessa legislação em 11 de janeiro de 1898, o Decreto n.º 518, aprova e manda observar um novo regulamento para a instrução pública paulista. De acordo com esse regulamento a direção e inspeção do ensino seriam exercidas pelo governo (Presidente do Estado e pelo Secretário de Estado dos Negócios do Interior), por intermédio de um Inspetor Geral, com jurisdição em todo o Estado de São Paulo, por dez inspetores escolares e pelas Câmaras Municipais. Assim, entre 1896 e 1898, a legislação educacional instituída no Estado de São Paulo, determina a extinção da Secretaria Geral da Instrução Publica,

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636 Sumário Eixo 7

do Conselho Superior, dos cargos de Diretor Geral e de Inspetor de Distrito e a criação dos cargos de Inspetor Geral e de Inspetor Escolar. Este trabalho pretende examinar as alterações instituídas no aparato administrativo-burocrático da educação paulista instituído no final da década de 1890 em comparação com a estrutura estabelecida nos anos imediatamente após a Proclamação da República. Portanto, são fontes para esse trabalho as Coleções de Leis e Decretos do Estado de São Paulo e o Diário Oficial do Estado de São Paulo, ambos publicados entre 1892 e 1898. Esse conjunto de fontes possibilita uma visão do conjunto da legislação produzida pelo Estado (executivo e legislativo) de São Paulo durante o período investigado. A fim de compreender a organização administrativo-burocrática da Instrução Pública instituída no Estado de São Paulo, tomam-se as categorias weberianas de organização burocrática (WEBER, 1982).

A experiência do SENAI na formação de técnicos de nível secundário

Wojciech Andrzej Kulesza – UFP [email protected]

Há cinquenta anos, em 1962, a primeira turma da Escola Técnica de Cerâmica “Eng. Armando de Arruda Pereira” iniciava sua trajetória escolar, que duraria quatro anos até a formatura dos alunos ao final de 1965. Posta em funcionamento pelo Serviço Nacional de Aprendizagem ||Industrial (SENAI), a escola constituía então a segunda experiência da instituição na formação de técnicos de nível secundário para a indústria brasileira. Localizada no ABC paulista, em São Caetano do Sul, a escola vinha satisfazer uma demanda de pessoal especializado provocada pelo surto desenvolvimentista acentuado no final dos anos 50 e início da década de 60, com presença marcante nessa região paulista. Estreitamente vinculada aos industriais do setor, organizados na Associação Brasileira de Cerâmica, que aspiravam utilizar os laboratórios da escola para seus projetos na área de Pesquisa e Desenvolvimento e que viriam

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futuramente a oferecer suas instalações para a realização de estágios pelos alunos, a escola tinha um projeto pedagógico que aliava estreitamente teoria e prática. Preparada para receber os alunos em tempo integral, a escola foi concebida como um protótipo de planta industrial, capaz de produzir uma variedade de artigos cerâmicos, desde a sua concepção até o produto final. A efetiva inserção dos alunos nesse complexo processo industrial constituía a linha mestra da pedagogia aplicada na escola, constantemente posta à prova pelas dificuldades logísticas próprias dessa indústria como, por exemplo, a necessidade da queima dos produtos cerâmicos em altas temperaturas. Obrigada pela Lei de Diretrizes e Bases aprovada no ano anterior a conferir aos alunos aprovados nos três primeiros anos do curso certificado de conclusão do ensino secundário que os habilitavam ao ingresso no ensino superior, a escola tinha ainda que lidar com o encaminhamento vocacional dos ingressantes, adolescentes das classes médias em sua grande maioria. Neste trabalho, ainda em andamento, em confronto com os documentos da época relativos ao funcionamento da escola, procura- se avaliar o resultado dessa proposta pedagógica através da obtenção de depoimentos de ex-alunos da turma a respeito da influência da escola em suas histórias de vida. Trata-se de avaliar de que maneira a metodologia centrada no “aprender fazendo” afeta a formação técnica em todas suas dimensões. Como as entrevistas realizadas não estão se limitando apenas à trajetória profissional dos alunos formados, uma vez que nem todos seguiram a carreira de técnico em cerâmica, está sendo possível aferir como a pedagogia praticada na escola conformou a formação de seus alunos não só em termos de competência técnica, profissional, mas também como cidadão de uma sociedade cada vez mais dependente da tecnologia.

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A formação da mão de obra para o trabalho agrícola: os ofícios na Escola Agrícola de

Urutaí-GO (1960 - 1976)

Sílvia Aparecida Caixeta Issa – PPGEDUC/UFG [email protected]

O estudo teve por objetivo caracterizar os diferentes tipos de certificação para o trabalho agrícola realizados na Escola Agrícola de Urutaí-GO, entre os anos de 1960 a 1976, na perspectiva da cultura escolar vigente durante o período estudado, recortada por práticas e normas instituídas. Os cursos ofertados se classificavam em formato de treinamento e preparação temporária, como os ofícios de Arador Tratorista, Qualificação em Mão de Obra Rural. O de Mestre Agrícola tinha um diferencial, pois os alunos incluídos nesta modalidade de ensino tinham formação propedêutica e profissionalizante, com ênfase na educação para o campo. De acordo com o estudo dos diferentes tipos de certificação citados, os alunos eram oriundos de diversas localidades do sudeste goiano e de outros Estados da federação, e ao concluírem as certificações estavam aptos para atuarem no trabalho agrícola. Metodologicamente tomamos por base empírica o livro de registro de diploma como fonte histórica e memória dos processos formativos na área da história da educação. O estudo está inserido em um levantamento histórico, documental e bibliográfico mais amplo, por meio de consultas à legislação, como o Decreto de Lei n. 9.613 de 20 de agosto de 1946, e às LDB’s 4.024/61 e 5.692/71, documentos oficiais, programas, normativas, dentre outras fontes, com a finalidade de analisar as atividades de formação do trabalhador agrícola desenvolvidas nos cursos específicos da instituição. Fundamentam a investigação autores como Barra (2011), Bencosta (2005), Borges (2000), Buffa e Nosella (2005), Cunha (2000), Faria Filho (2001), Julia (2001), Loureiro (1988), Ludke e André (1986), Silva (1999) dentre outros. Os dados obtidos trazem a lume um conjunto de práticas formativas diferenciadas e direcionadas para a qualificação da mão de obra rural típica da época em que os cursos

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foram implantados; contribuiu para a compreensão da cultura escolar em uma instituição técnica de formação do trabalhador agrícola, os interesses e as estratégias mobilizadas pelo Estado em torno da formação do trabalhador, concretizados por meio desta escola técnica inserida no contexto de expansão das atividades produtivas no sudeste goiano, com interfaces na política nacional de desenvolvimento econômico preconizada pelo governo federal no período estudado.

A formação do cidadão: moralidade laica nas práticas educativas do grupo escolar

“João dos Santos” (São João Del-Rei, Minas Gerais, 1930-1946)

Adélia Carolina Bassi [email protected]

Christianni Cardoso Morais [email protected]

Neste trabalho, que traz resultados finais de dissertação de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Educação da UFSJ, analisamos as representações e práticas da moralidade difundidas pela imprensa periódica de São João del-Rei e que tiveram lugar no Grupo Escolar “João dos Santos”, fundado na mesma cidade em 1908. O recorte cronológico, que vai de 1930 a 1946, caracteriza-se pela ampliação do acesso aos grupos escolares no Brasil e por intensos debates sobre a escola pública. Tomamos como fontes documentais a legislação sobre educação da época, a imprensa periódica local, atas de exames do arquivo escolar, um jornal publicado por professores e alunos do grupo escolar em tela, fotografias, boletins e um caderno de uma ex- aluna, além de entrevistas com ex-alunos da escola. A partir do contato com estas fontes múltiplas, notamos que, no interior do processo educativo, um dos objetivos principais era a formação civil dos alunos. Denominamos a disseminação de condutas patrióticas, com vistas a formar trabalhadores civilizados, como moralidade laica. Observamos três características mais recorrentes da moralidade laica, das quais os estudantes

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deveriam se apropriar no processo educativo, a fim de que se formasse o cidadão patriota, civilizado e bom trabalhador. A primeira característica corresponderia à formação de um cidadão comprometido com a pátria e o civismo, que detinha os conhecimentos básicos sobre a História do país e, sobretudo, conhecesse e respeitasse os símbolos nacionais. A segunda possuía a finalidade de ensinar aos alunos atitudes e valores socialmente apreciáveis, sentimentos nobres e condutas exemplares. Eram valorizados determinados modos e procedimentos que os bons cidadãos deveriam adotar, como assumir posturas éticas e ao mesmo tempo refinadas, demonstrando polidez. Finalmente, havia a característica que tinha como finalidade transformar os estudantes em trabalhadores capazes de cumprir bem e ordeiramente as tarefas laborais, sendo rejeitado veementemente o ócio. Todas estas dimensões da moralidade laica nas quais se baseava a educação à época revelam que as práticas e representações ocorridas no grupo escolar tinham como objetivo não apenas ensinar a ler e escrever, mas, sobretudo, disseminar valores morais entre os estudantes. Estes seriam os futuros cidadãos, que deveriam transformar o Brasil em uma forte e coesa nação. Por fim, percebemos que, no interior deste processo, tais representações e práticas moralizadoras se intensificaram no período conhecido em nossa história como a “Era Vargas” (1937-1945).

A história do CAIC Paulo Dacorso Filho a educação integral em Seropédica

Maria Angélica da Gama Cabral Coutinho – UFRRJ [email protected]

O trabalho ora apresentado é resultado de uma pesquisa que se insere no campo da História da Educação, em especial da História das Instituições Escolares. A investigação enfoca o Centro de Atenção Integral à Infância Paulo Dacorso Filho – CAIC – uma escola de tempo integral, resultante de uma parceria entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Secretaria Municipal de Educação de Seropédica, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro. A concepção inicial do CAIC nasceu no governo Fernando Collor, sob o nome de Projeto “Minha Gente”. Durante

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o governo de Itamar Franco, o plano governamental sofreu algumas pequenas modificações, passando a chamar-se Programa Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente (PRONAICA). Em 1993, a escola foi inaugurada em terreno da universidade, em uma ação compartilhada entre os governos municipal, estadual e federal, nesse último caso, representado pela UFRRJ. Educação Integral é um conceito que expressa uma formulação pedagógica muito utilizada nos discursos e muito presente nos projetos. Esse conceito, entretanto, ainda permanece muito distante de nossa realidade escolar. O objetivo da pesquisa é o de analisar o processo histórico, desde a sua gênese, de um projeto escolar singular em Seropédica e evidenciar a importância da instituição para a universidade e para a comunidade atendida. A investigação busca compreender como está implantada a instituição de educação integral no município de Seropédica, que funciona em terreno do Campus Central da instituição universitária. Para tanto, tomou-se como parâmetro de análise obras clássicas e atuais que abordam o tema em suas variadas possibilidades: desde a sua perspectiva histórica até uma abordagem que contempla o debate conceitual sobre a educação integral, entendendo-a como aquela que oferece “(...) à criança oportunidades completas de vida, compreendendo atividades de estudos, de trabalho, de vida social e de recreação e jogos” como afirma Anísio Teixeira (1994, p. 162). E para se compreender a origem da educação integral, buscou-se o conceito de Paideia, apresentando por Werner Jaeger(1995). A metodologia da investigação abriu-se em três vertentes de trabalho. A análise de os diferentes documentos que abrangem a criação da instituição escolar. O exame acerca do conjunto de legislações que fundamenta os projetos federais dos dois governos responsáveis. E, debruçou-se, ainda, na bibliografia específica acerca do tema da educação integral. As entrevistas com os sujeitos envolvidos no projeto escolar, desde sua criação até os dias atuais também são consideradas elementos cruciais para a compreensão de sua trajetória e o envolvimento com a universidade.

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A implantação da Escola Confessional Presbiteriana em Chapada dos Guimarães

(1923-1948)

Lucas Paulo de Freitas – UFMT [email protected]

Elizabeth Figueiredo de Sá – UFMT [email protected]

O trabalho, de natureza historiográfica, busca contribuir para a história das instituições escolares a partir dos subsídios de Paulo Nosella e Ester Buffa (2009). Tem como objetivo analisar a implantação do colégio Buriti ressaltando o esforço confessional protestante de linha presbiteriana em se estabelecer numa época de forte resistência à presença protestante em Cuiabá por parte da Igreja Católica. O período delimitado vai de 1923 a 1948, ano da fundação do colégio até 1948, período em que o casal Homero e Edith Moser, missionários agrônomos, estiveram na direção da instituição e procuraram oferecer a alfabetização e ensino de natureza profissionalizante. Houve um projeto educacional presbiteriano fazendo contraponto à resistência católica que perdia a hegemonia como instituição escolar e a paulatina abertura da sociedade cuiabana na para ensino confessional protestante. Um dos pioneiros presbiterianos em Cuiabá, Rev. Philip Landes, responde em jornais à uma conferência na qual o bispo de Cuiabá, D. Aquino Correa, acusa a iniciativa educacional e evangelística dos protestantes como eivadas de “imperialismo”. Enquanto o casal Moser cuidava da escola e da fazenda, Landes atuava na capital e baixada cuiabana, continuando com a ação evangelizadora. O colégio Buriti funcionou de 1923 a 2003 em Chapada dos Guimarães e recebeu, ao longo do seu funcionamento, muitos alunos da capital e de todo o estado. Os arquivos foram abertos para pesquisa, sendo este principal repositório de fontes documentais, como atas, cartas, fotos, plantas, ofícios, etc.; sendo considerados também os acervos do Arquivo Público de

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Mato Grosso – APMT e do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional – NDIHR. O Colégio Buriti foi estabelecido pela Brazil Central Mission, agência missionária da Presbyterian Church Of America, igreja precursora na implantação do presbiterianismo no Brasil. Nesta fase da história nacional, havia crescente influência dos Estados Unidos sobre América Latina, e parte da propaganda anti-protestante denunciava agências missionárias como braços dessa influência. Por outro lado, setores liberais em nosso país saudavam a proposta educacional protestante como moderna, desejável e necessária para tirar o Brasil do ineficiente quadro da educação pública que se arrastava desde o império. No contexto desse embate ideológico é que nasceu a primeira escola primária protestante de Cuiabá, que depois foi transformada no Buriti.

A implantação e expansão da Escola Normal no sul do Mato Grosso (1930-1970)

Caroline Hardoim Simões – UFMS [email protected]

Luciana Belissimo de Carvalho – UFMS [email protected]

Margarita Victoria Rodríguez – UFMS [email protected]

Silvia Helena Andrade de Brito – UFMS [email protected]

A implantação e expansão da escola normal no sul de Mato Grosso, processo esse imbricado no conjunto de transformações pelas quais passava a sociedade capitalista no Brasil e, em particular, no sul de Mato Grosso, entre os anos de 1930 a 1970, é o objeto desta comunicação. Seu objetivo geral é analisar a implantação e expansão da escola normal no sul do Estado de Mato Grosso, no período de 1930 a 1970, considerando os determinantes desse processo, isto é, as mudanças sociais e educacionais

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ocorridas no Brasil e no sul de Mato Grosso neste período histórico. Para tal, utilizam-se fontes documentais (leis, regulamentos, mensagens presidenciais e relatórios), além da produção historiográfica já existente sobre o objeto. O referencial teórico que orienta a análise fundamenta-se nas seguintes categorias: modernização, ideologia liberal, trabalho didático e instituições escolares. Nesse sentido, considera-se que o Brasil, a partir dos anos 1930, sofreu modificações que redundaram numa nova configuração social. Foi nesse contexto, marcado por um amplo debate, que se desencadearam as reformas educativas. Dessas reformas resultou a necessidade de ampliação da rede escolar em todo o país; a modificação da infraestrutura e a organização administrativa; a introdução de um novo ideário educacional, com uma orientação pedagógica também diversa, em função das concepções do escolanovismo. Nesse contexto, a Escola Normal ganhou vitalidade e centralidade, porque era a instituição encarregada de prover os professores que viabilizariam o processo de expansão, bem como divulgar e propagar os novos métodos pedagógicos. Essas transformações também se evidenciavam no sul do estado de Mato Grosso, determinadas pelo desenvolvimento produtivo e aumento populacional ocorrido na região, o que motivou a implantação de várias instituições escolares. Entre 1930 e 1970 houve a criação de sete novas instituições, além daquela já existente desde 1904 em Corumbá. Dentre as novas escolas normais, cinco eram públicas e estavam situadas nos municípios de Campo Grande, Aquidauana, Ponta Porã, Três Lagoas e Dourados; as outras duas, confessionais, eram situadas em Campo Grande e Dourados. Apesar disso, a documentação legal evidencia que, afora o contexto modernizante e “progressista”, a expansão do ensino normal na região sul de Mato Grosso teve dificuldades de ordem política e pedagógica, sobretudo no tocante às escolas públicas. Estas últimas inicialmente tiveram um funcionamento precário, dadas as condições materiais deficitárias e o reduzido número de professores - muitos, inclusive, provinham de Cuiabá e de São Paulo. A intervenção política também repercutiu na organização pedagógica e na estabilidade dos docentes. Essa situação, aliada à política de formação de professores no contexto nacional, suscitou várias interrupções e condicionou a expansão da escola normal no sul de Mato Grosso.

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A inserção do rádio educativo na modernidade brasileira: a Universidade do Ar em questão

Maria Helena Cicci Romero – UFU [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo apresentar estudos sobre o rádio como meio de educação à distância na história brasileira e, a partir disso, discutir as contribuições de Roquette-Pinto para a educação à distância via rádio, na medida em que foi primeiro a organizar essa experiência e a criar a primeira emissora de rádio no Brasil, levando adiante uma nova tecnologia que modificou profundamente a sociedade brasileira no século XX. Fábio Prado Pimentel em O rádio Educativo no Brasil analisou a educação pelo rádio no Brasil apresentando os principais projetos realizados nessa área. De acordo com o autor, simultaneamente à criacão e ao desenvolvimento do Serviço de Radiodifusão Educativo/SRE, algumas experiencias particulares destacaram-se na radiodifusão educativa, sendo alternativas ao sistema oficial de ensino. A primeira a ser realizada foi o programa Universidade do Ar, vinculado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e criado no ano de 1941 pelo diretor da Emissora, Gilberto de Andrade, sob a supervisão da Divisão de Ensino Secundário do Ministério da Educação e Cultura (MEC), dirigida, naquela época, pela professora Lúcia de Magalhães. O objetivo pedagógico deste programa era o de oferecer aos professores secundaristas uma nova metodologia de apresentação das disciplinas possibilitando um maior interesse dos alunos pelas matérias, além de oferecer bibliografia e formas mais eficientes de avaliação. A leitura desse trabalho suscitou a necessidade de pesquisar sobre as contribuições de Roquette-Pinto na inserção da rádio educativa no Brasil e discutir, em especial, os motivos que levaram o governo a oferecer um programa de formação de professores via rádio, medida eminentemente paliativa, como, por exemplo, a Universidade do Ar destinado a professores secundaristas. Os objetivos específicos desta comunicação são: trazer uma breve introdução sobre o ideário da modernidade para melhor compreensão do contexto em que foi

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inserido o rádio como veículo de comunicação de massa; apresentar a educação a distância enquanto modalidade educacional enfatizando sua história e as primeiras iniciativas do ensino via rádio no Brasil; verificar as contribuições de Roquette-Pinto para a inserção da rádio educativa em nosso pais. A metodologia adotada fundamentou-se na pesquisa qualitativa e bibliográfica através da análise de livros e artigos em formato impresso e digital, além da análise documental das fontes já identificadas em uma pesquisa exploratória.

A invasão aérea da capital carioca: esforços para a legitimação do recenseamento escolar de 1927

José Cláudio Sooma Silva – UFRJ [email protected]

O estudo realizado dialoga com outras pesquisas em História da Educação que têm explicitado que analisar a intervenção educacional primária na cidade do Rio de Janeiro nos anos 1920 significa, fundamentalmente, atentar para os entrelaçamentos indissociáveis do ambiente urbano com as mais diversas circunstâncias escolares. Nesse sentido, tendo como fontes principais um conjunto de notícias publicadas por jornais cariocas, o foco incidiu sobre uma das estratégias adotada pela Diretoria Geral de Instrução Pública (DGIP) para a divulgação do recenseamento escolar efetivado em março de 1927: a invasão aérea da capital. O recenseamento escolar, através da pesquisa domiciliar efetuada em cada distrito, tencionava alcançar três objetivos. O primeiro concernia à contagem dos habitantes com idade compreendida entre 6 e 12 anos, discriminando-os pela faixa etária e sexo. O segundo condizia ao levantamento sobre as suas capacidades de leitura. Finalmente, o terceiro dizia respeito à frequência escolar dessa população infantil. Contudo, contestações e controvérsias marcaram a execução do recenseamento. As contestações relacionaram-se ao dispêndio supérfluo de forças e verbas, posto que para algumas opiniões que circularam pelos periódicos bastaria atualizar os índices levantados pela Diretoria de Estatística em 1920 para se alcançar as informações ansiadas para o ano de 1927. As controvérsias, por seu turno, referiram-se à “importação do paulista” Sud Menucci para coordenar

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a empreitada; à exigência do trabalho gratuito por parte do magistério; e à protelação do início do ano letivo. Frente a essas polêmicas, sob a perspectiva de legitimar o recenseamento escolar, a DGIP investiu em certas estratégias de divulgação e convocação da população. Dentre estas, foi conferido destaque à invasão aérea da capital. Algo que, acompanhando as notícias veiculadas pelos periódicos Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, O Imparcial, O Jornal, Correio da Manhã, pode ser compreendido, inclusive, em termos literais. Afinal, tratou-se de uma evolução realizada por “Três possantes aparelhos Spads e um Breguet” que, partindo da base aérea do Campo dos Afonsos, lançaram “100 mil prospectos, concitando o povo a que auxiliasse e prestigiasse a ação dos recenseadores”. As regiões atingidas pelos prospectos foram: Campo Grande, Santa Cruz, Guaratiba, Tijuca, Avenida Rio Branco, Gávea, Catete e Copacabana. Embora os 100 mil panfletos lançados, provavelmente, não tenham alcançado a totalidade dos 1.394.584 habitantes da cidade, a problematização desse acontecimento contribui com outros indícios para se pensar algumas das estratégias que foram empregadas pela DGIP no período que, sobretudo, almejavam o fortalecimento dos debates concernentes à imprescindibilidade da educação da capital e a remodelação de sua gente para a tentativa de organizar os espaços e tempos urbanos e seus usos sociais.

A organização do trabalho escolar da Escola Estadual Nilza de Oliveira Pipino na

década de 1970

Josiane Brolo Rohden – UFMT [email protected]

Elizabeth Figueiredo de Sá – UFMT [email protected]

Esta comunicação tem como objetivo discutir a organização curricular e o funcionamento da Escola Estadual Nilza de Oliveira Pipino, primeira Instituição Escolar de Sinop-MT, criada durante o processo inicial de colonização da cidade, entre os anos de 1973 a 1979 do século XX. Trata-se de uma pesquisa historiográfica, cujos

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procedimentos deram-se pela análise das fontes históricas e pelas narrativas de professores e alunos que vivenciaram o cotidiano desta escola, no contexto cronológico em questão. Constatamos que por ser a década de 70 marcada por um período de expansão da Ditadura Militar e, consequentemente, pelo acentuado desenvolvimento econômico que vinha desde a Era Vargas (1930-1945) ganhando espaço no cenário nacional, a modernização do capitalismo teve uma grande expansão e, por conseguinte consolidou a sociedade urbano-industrial brasileira, com isto, era preciso, adequar a escola para estes fins – era necessário instrumentalizar, preparar desde a infância os cidadãos para que se tornassem futuros trabalhadores habilitados para receber um país em acelerado crescimento econômico/industrial que dependeria de muita ‘mão-de-obra’. Desta forma, a chamada Reforma do Ensino de 1º e de 2º graus, oficialmente denominada de Lei Federal n.º 5692/71, voltava-se para adequar o cenário educacional ao modelo de modernização das indústrias, que requeriam mão-de-obra barata com um mínimo de qualificação. Assim, os reflexos de uma sociedade que necessitava de uma educação que culminasse com o momento político que o país vivia, resultaram nas Reformas Educacionais do Ensino Primário e Secundário, cuja educação tinha por principal objetivo formar ‘cidadãos’ aos padrões do governo vigente e trabalhadores qualificados, uma vez que o ensino estava totalmente voltado para o tecnicismo. De acordo com as fontes encontradas na Escola investigada, pôde-se perceber os vestígios de um ensino voltado para a prática da repetição, para a técnica, para a memorização, instrumentalização e, para o silêncio, características de como estava organizado o trabalho escolar na década em estudo. Em síntese, como explica Ferreira Jr. e Bittar (2008, p. 349) eis o que foi a educação brasileira durante a ditadura militar: “uma política social instrumentalizada pela ideologia tecnicista, com o objetivo de impulsionar o projeto de “Brasil Grande Potência”, lema que correspondia, no âmbito político-ideológico, ao autoritário “Brasil, ame-o ou deixo-o”.

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A política higienista no Pará da Belle Époque e a proteção à infância pobre em 1912

Laura Maria Silva Araújo Alves – UFP [email protected]

O cenário da criança pobre no norte do Brasil no raiar do período republicano era desolador. A mortalidade de crianças por doenças, desnutrição e falta de higiene no estado do Pará era extremamente elevada, incompatível com a necessidade de constituição de uma raça forte e produtiva e de uma infância futuro do país. Em 1910, o jovem médico maranhense Ophir Loyola manifestou uma grande preocupação com a criança carente. No seu entender as crianças paraenses que moravam em cortiços e vilas ao redor da cidade de Belém viviam sem o menor preceito de higiene e com certos hábitos culturais da região que prejudicavam o seu desenvolvimento físico e cognitivo. Como diretor da Santa Casa de Misericórdia do Pará iniciou uma intensa atuação a favor da higiene infantil e de uma “verdadeira” puericultura. Desde o início de sua carreira como médico pediatra, Ophir Loyola consolidou cada vez mais sua política na assistência médico-social à infância pobre e fez valer os seus princípios em relação ao desenvolvimento saudável da criança. Dotado de espírito renovador e progressista, Ophir Loyola destacou-se na política higienista na Amazônia, inclusive fazendo parte da equipe de médicos sanitaristas do Pará. Além disso, destacou-se ainda nos estudos sobre doenças da infância e na orientação as mães sobre os cuidados infantis. Insatisfeito com a situação de abandono das crianças pobre em Belém do Pará, em 1912, o abnegado médico cria o Instituto de Proteção e Assistência à Infância. Procuramos então destacar neste trabalho a contribuição do médico Ophir Loyola no atendimento a criança pobre no Instituto de Proteção e Assistência a Infância do Pará. Este estudo pretende responder a seguinte questão: Quais as motivações higienistas de Ophir Loyola para a criação o instituto? Portanto, os objetivos de investigação são: (1) identificar a contribuição desse instituto no atendimento médico e educativo da criança pobre do Pará; (2) desvelar que saberes educacionais e médicos defendidos pelo

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higienismo formam aplicados à infância no instituto. Para construção da pesquisa metodologicamente utilizamos documentos como estatutos, jornais e revistas no arquivo da biblioteca Artur Vianna. Na atuação como diretor da Santa Casa de Misericórdia do Pará e professor da Cadeira de Pediatria Clínica da Faculdade de Medicina do Pará irradiou suas ideias, suas denúncias, seus projetos, sua influência no campo da proteção e assistência à infância pobre da Amazônia. Pela abnegação e sensibilidade com a criança carente e por ser considerado pioneiro na proteção materno-infantil, coube-lhe o título de “Pai da Pediatria no Pará”.

A prática educativa em instituições primárias (Santa Catarina, 1911-1945): “tradicional”

ou “escolanovista”?

Ana Paula da Silva [email protected]

Joseilma Lima Coelho – UFSC [email protected]

Nas primeiras décadas do século XX Santa Catarina abrigava uma variedade de instituições educativas, constituída por: escolas primárias, classificadas como isoladas, mistas ou não; escolas particulares (entre as quais se incluíam as “escolas estrangeiras” dedicadas ao ensino primário); escolas reunidas; grupos escolares; escolas complementares e escola normal (cf. DALLABRIDA, 2003; FIORI, 1991). Ao perscrutar tal contexto, este estudo se dedica a instituições primárias, considerando elementos históricos influentes na sua organização social, cultural e política. E no complexo citado, questiona sobre a presença da pedagogia tradicional e da Escola Nova. O suporte teórico atende à perspectiva de que o tradicional é caracterizado pelo conteudismo, pelo aspecto intelectualista e enciclopédico e por um distanciamento dos conteúdos da experiência discente e da realidade social (SAVIANI, 2007; 1988). Já o escolanovismo,

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tomado sob uma ampla perspectiva, caracteriza-se por ter o aluno no centro do processo, por apresentar o professor como facilitador da aprendizagem e por priorizar o desenvolvimento psicológico e a autorrealização do educando, tomado como agente ativo, criativo e participativo; um aspecto evidenciado é o “aprender a aprender” (XAVIER, 2004; LOURENÇO FILHO, 1978). O objetivo é focalizar aspectos da prática educativa bem como das políticas a elas vinculadas no processo de instituição da educação escolar primária em Santa Catarina, num âmbito cronológico balizado pelo conjunto de reformas que teve início em 1911 e pelo fim do Estado Novo. Sob esta ótica, buscam-se analisar aspectos do embate entre a pedagogia tradicional e a escolanovista. A metodologia é embasada na legislação educacional e em fontes como termos de inspeção escolar, estatísticas, atas, relatórios docentes, cadernos e livros escolares. Os resultados indicam a ação do Estado e sua influência ao longo do tempo, quer nas mudanças das práticas educativas por meio de determinações para a docência e do simultâneo controle realizado pelo serviço de inspeção escolar, quer na ênfase do cumprimento dos ditames da campanha de nacionalização, expressos principalmente numa questão étnico-linguística. As análises permitem dizer que as práticas educativas na escola primária de Santa Catarina no período entre 1911-1945 configuraram um embate teórico-metodológico entre a pedagogia tradicional e os influxos da Escola Nova. Embasam a afirmação de que foi sendo gradativamente configurada uma prática educativa “híbrida”. E tal hibridismo foi matizado pela simultânea presença do que se classifica como tradicional e do que foi oriundo das propostas da Escola Nova em seu movimento de penetração na escola.

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A presença dos ideais educacionais de John Dewey na antiga Escola Normal Secundária

de São Carlos – SP

Adélia Carolina Bassi – UFMG [email protected]

Christianni Cardoso Morais – UFMG [email protected]

O presente estudo tem por objetivo demonstrar como as ideias educacionais de John Dewey influenciaram ou até mesmo se tornaram guias teórico-metodológicos na formação de professores no interior da Escola Normal Secundária de São Carlos – SP, já no início do século XX. A antiga Escola Normal de São Carlos foi fundada no ano de 1911, caracteriza-se, em seu quadro docente, pela presença dos professores com grande prestígio intelectual, os quais se demonstram ativos diante dos debates educacionais do período, o que pode ser comprovado pela publicação de dois periódicos: a Revista Excelsior (1911-1916; organizada pelos normalistas da instituição) e a Revista da Escola Normal de São Carlos (1916 –1923; organizada pelos docentes da instituição). Desta forma, o referido estudo procurou apreender e analisar as concepções de John Dewey que se fizeram presentes nesses dois periódicos, buscando compreender a forma de apreensão pelos docentes e normalistas dessa instituição e as aproximações ou não que houveram neste movimento. A pesquisa corresponde a uma investigação de caráter teórico-bibliográfico, tendo como guias metodológicos as categorias de análise das ideias pedagógicas elucidadas por Saviani (2007), para investigação no campo da História das Ideias Pedagógicas, dentre os quais se destacam: Caráter concreto do conhecimento histórico-educacional; Perspectiva de “longa duração”; Olhar analítico- sintético no trato com as fontes; Articulação do singular e do universal; Atualidade da pesquisa histórica. No entanto, no decorrer deste estudo, a Revista da Escola Normal de São Carlos (1916-1923), destaca-se pela referência às concepções de John Dewey, tendo como principais percussores os educadores João Augusto de Toledo e

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Carlos da Silveira, responsáveis pela 11ª e 12ª cadeiras respectivamente, cuja denominação é a mesma: “Psicologia Experimental, Pedagogia e Educação Cívica”. Desta forma, a partir da leitura e análise dos artigos escritos pelos referidos lentes, procura-se relacionar as concepções presentes com as primeiras produções de John Dewey, as quais se encontram organizadas em duas coleções: “The Early Works (1882-1898)” e “The Middle Works (1899-1924)”. Os resultados obtidos neste estudo, portanto, demonstram a presença e apropriação de John Dewey no interior da Escola Normal Secundária de São Carlos, já no início do século XX, o que permite a compreensão do movimento das ideias pedagógicas do autor no contexto brasileiro, antes mesmo das traduções e publicações em língua portuguesa, realizadas por Anísio Teixeira entre o final de 1920 e início de 1930.

A produção acerca da história das instituições educacionais em Sergipe

João Paulo Gama Oliveira [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo analisar as dissertações do Núcleo de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe (NPGED/UFS) que tratam de alguma instituição educacional. O NPGED/UFS conta com 272 dissertações defendidas e mais recentemente com o início da primeira turma de doutorado, já possui 9 teses aprovadas, e destas, 106 dissertações e 3 teses são da área da História da Educação. No tocante as dissertações defendidas no âmbito da História das Instituições Educacionais têm um total de 22 dissertações. Assim, tentei congregá-las em grupos menores, mesmo sabendo que alguns trabalhos estão dentro de mais de um grupo, priorizei aqueles que aparecem com mais destaque na leitura. Dessa forma localizei: 6 trabalhos sobre instituições confessionais, sendo 2 trabalhos sobre instituições confessionais não católicas, 2 sobre instituições católicas voltadas para a infância pobre feminina, e 2 para a educação feminina da elite. Há também 2 estudos sobre educação da infância e 5 que de distintos ângulos analisam a infância e/ou juventude em instituições educacionais sergipanas. Sobre os grupos escolares temos duas dissertações e o ensino superior foi

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objeto de 4 estudos. Ainda encontrei um estudo sobre o ensino profissional, outro sobre o ensino secundário e mais um sobre uma instituição de ensino normal. De cada uma das dissertações observei o objeto estudado, quais as fontes utilizadas, quais perguntas foram realizadas a tais documentos e quais os referenciais teóricos metodológicos utilizados para efetivação das análises. Com relação às fontes o destaque é para o uso de jornais e aqui cabe rever algumas perguntas que são realizadas a esse tipo de fonte. A respeito dos referenciais teóricos metodológicos das dissertações que tratam da História das Instituições Educacionais, destaca-se a presença de Roger Chartier e principalmente os seus conceitos de “apropriação” e “representação”, como também as referências a Pierre Bourdieu, entre outros conceitos, destacam-se os de “campo” e o de “capital”, principalmente simbólico. Os usos de Dominique Julia no tocante a “cultura escolar” também chamam atenção, além do trabalho com Jacques Le Goff para fazer referência aos “documentos” e com Norbert Elias discutindo o “processo civilizador”.Penso que cada vez mais os estudos educacionais numa perspectiva histórica em Sergipe caminham para a profissionalização, mas cabe atentar-se mais as reflexões de natureza epistemológica. Outro percalço é a falta de obras de síntese que congregue essa série de estudos e forneça um panorama da educação nas diferentes instituições educacionais sergipanas.

A reconstrução da história de uma instituição de educação superior a partir

de relatos dos colaboradores

Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira – PUCPR [email protected]

A pesquisa tem como objetivo reconstruir a história de uma universidade privada, localizada no sul do Brasil, a partir da experiência vivida pelos colaboradores que nela atuam há mais de vinte anos. O trabalho considera a ligação entre história oral e história de vida, no contexto da história cultural. Foram de grande valia os estudos de Nosella e Buffa (2008) sobre os motivos e a forma de se pesquisar instituições educacionais. Essa contribuição, aliada às reflexões

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de Julia (2001), sobre a história cultural, e de Magalhães (2004) e Saviani (2007), a respeito da história de instituições educacionais, possibilitou o entrelaçamento entre as histórias de vida dos entrevistados e a instituição estudada. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa, de caráter interdisciplinar, está centrada no estudo de caso. Os dados foram coletados com a utilização da história oral, de acordo com os passos metodológicos indicados por Alberti (2005), a partir de entrevistas com perguntas simples, diretas e de fácil compreensão para os entrevistados, com ênfase na história temática. Com os dados coletados, foi possível analisar, além dos aspectos sócio-histórico-culturais relacionados à instituição, detalhes da história pessoal de cada colaborador, em função dos acontecimentos por eles presenciados. Ouvidos os colaboradores mais antigos, foram categorizadas as respostas que, interpretadas à luz do contexto histórico-educacional em que ocorreram e cotejadas com fontes escritas e visuais, possibilitaram a reconstrução da história da instituição pesquisada, aliada à compreensão, pelos entrevistados, de seu papel como sujeito da história estudada. O trabalho pretendeu, também, propiciar aos entrevistados a oportunidade de darem significado a ações e escolhas do passado, refletindo sobre sua trajetória de vida pessoal e sua identidade profissional. Para melhor compreensão, o estudo foi dividido em tópicos: a história das instituições escolares na atualidade; a história oral como metodologia de pesquisa; a coleta de dados e sua análise; e, por último, as considerações finais. Como resultado da pesquisa, foi possível concluir que: a) a visão que os colaboradores possuem da instituição é limitada ao seu campo de atuação, mais especificamente, aos setores em que atuaram; b) os acontecimentos que foram apontados pelos participantes como marcantes, durante sua trajetória, coincidiram com eventos que, no momento de sua ocorrência, foram do conhecimento da comunidade local, ainda que seu registro pela mídia não tenha sido expressivo; c) os entrevistados têm clareza de seu papel como sujeitos da história da instituição; d) a relação entre colaborador e instituição torna-se cada vez mais forte, com o passar do tempo, mesclando-se com a história de vida dos entrevistados.

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A relação do ensino técnico na vida dos alunos da Escola Rosa Perrone Scavone – Itatiba/SP

Anderson Wilker Sanfins [email protected]

Atualmente, a educação profissional e tecnológica está no foco dos discursos oficiais do governo, propagandas enfatizam programas de ampliação do ensino técnico como solução para a falta de mão de obra especializada e preparo dos jovens para mercado de trabalho. Esta modalidade de Ensino, com uma história de mais de cem anos no Brasil, desperta interesse político e da sociedade para conhecer os fundamentos científicos- tecnológicos e histórico-sociais da relação entre capital e trabalho. Instituído através do decreto nº. 7.566 de 23 de setembro de 1909, pelo presidente Nilo Peçanha, as Escolas de Aprendizes Artífices, de ensino profissional gratuito, são destinadas a oferecer uma educação de caráter assistencialista e capacitação para o desenvolvimento industrial, crescente no país. No estado de São Paulo, com a expansão industrial e o crescimento da cidade, surge uma forte indústria mecanizada, que necessitava de profissionais com habilidades além dos ofícios “artesanais”. Para suprir estas necessidades, as escolas profissionais começaram a funcionar a partir de 1911, no Bairro do Brás, com a instalação de uma escola masculina e outra feminina, essas escolas serviram de modelo para as escolas que seriam instaladas no interior o Estado. Porém, o ensino profissional, sempre foi destinado aos pobres, carregadas das mais diversas denominações, descritas por vários autores pesquisados, como escolas criadas para: os desvalidos da sorte, filhos dos operários, abandonados, infelizes, desamparados, aos desfavorecidos pela fortuna, deserdados da sorte. Fonseca (1962), Nosella (1998), Moraes (2003) e Cunha (2005). Assim, a análise desdobra-se na reflexão histórica acerca da dualidade que marca a história da escola brasileira – escola secundária/superior para as elites e, a primária/profissional para os trabalhadores/operários. Este trabalho tem como objetivo, estudar a dualidade escolar pelas lentes da história da Escola Técnica Estadual Rosa Perrone Scavone, localizada na cidade

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de Itatiba, São Paulo, a partir dos prontuários de alunos da década de 60 e, uma pesquisa sobre a atuação profissional destes alunos ao longo do tempo. Esta escola técnica entrou em funcionamento em março de 1950, com os cursos artesanais de mecânica, marcenaria e corte e costura. Ao longo de mais de seis décadas de funcionamento, observamos que a escola, sempre foi uma referência de ensino técnico de qualidade na cidade de Itatiba, responsável pela formação profissional de milhares de alunos de Itatiba e região. O universo investigado foi abordado através dos registros oficiais dos alunos e entrevistas. A pesquisa mostra qual foi a relação da escola técnica na vida desses alunos e, evidencia que os aspectos da dualidade escolar, na escola locus, não eram perceptíveis aos alunos, que buscavam uma formação, que fortalecia o trabalho, cultura, ciência, tecnologia e a sociedade do qual faziam parte.

A relação do público e do privado na gênese da Escola Rotary no interior das geraes no município de Ituiutaba – MG (1950-1960)

Josiane Aparecida Marçal – UFU [email protected]

O presente estudo compreendeu uma pesquisa vinculada ao projeto intitulado como “Escolarização Pública no Município de Ituiutaba/MG (1940-1960)” aprovado pelo CNPq. Esta pesquisa propôs a investigação e o desvelamento da gênese da Escola Rotary no município de Ituiutaba, abarcando especificamente as décadas de 50 e 60, e analisando a relação público e privado presente neste contexto histórico. Que situa-se neste âmbito no campo da História da Educação no Brasil em geral, e, em particular da História de Educação deste município. O estudo pretendeu, num plano geral, construir uma compreensão da instauração da Escola Rotary fundada a partir da leitura e interpretação do referencial teórico específico e análise de documentos legais estatísticos, como atas da escola, do município e da instituição Rotary Club, de modo a verificar como que foi estabelecida a relação entre o

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público e o privado e seu processo de contradição com o município, que apresentava destaque em pujança econômica no Estado de Minas Gerais no período compreendido. Num plano específico, este estudo objetivou aferir a contribuição do grupo escolar urbano para a diminuição dos índices de analfabetismo entre os habitantes de Ituiutaba e da região residente neste município. A investigação aqui proposta incluiu em sua metodologia pesquisa bibliográfica, análise iconográfica, leituras e interpretação de dados estatísticos, atas da câmara municipal de Ituiutaba, além de catalogação e interpretação de documentos legais da escola. A investigação permitiu o entrecruzamento das informações levantadas em jornais da época selecionada 1950-1960, com base nos estudos realizados à luz da temática e dos objetivos já descritos. E, além disso, análise de fontes orais. Foram utilizadas no referencial teórico leituras referentes às categorias público e privado na história da educação brasileira, classe e gênero bem como, estudos referentes ao Rotary Club Internacional e ao analfabetismo no Brasil nas décadas sancionadas. Os resultados da pesquisa sinalizaram que a Escola Rotary, embora obtendo apoio dos rotarianos e vinculados ao Rotary Club Internacional, as suas condições estruturais foram precárias como as dos demais grupos escolares surgidos na mesma década. A escola contribuiu com a diminuição dos índices de analfabetismo no município, uma vez que, a relação público privada presente na sua gênese evidenciou a omissão do Estado brasileiro para com a educação pública.

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A socialização religiosa de um colégio católico no Rio de Janeiro dos anos 1950: as

razões da distinção

Miriam Waidenfeld Chaves – UFRJ [email protected]

Não há dúvida de que historicamente a Igreja tem desempenhado um importante papel na fermentação de nossa cultura nacional. E se com o advento da República, se vê obrigada a reformular suas relações tanto com a sociedade quanto com o aparelho de Estado, seus estabelecimentos de ensino, ao contrário, por meio de sua educação escolar continuam influenciando o campo educacional. Este texto com base em uma história sociológica pretende chamar a atenção para o fato de que as práticas de catequização - freqüentar os retiros espirituais e a missa, pertencerem à Congregação Mariana ou à Cruzada Eucarística, por exemplo – do colégio em foco – Colégio Santo Inácio - permitiram a formação de um tipo de aluno que se comporia como um grupo à parte dos demais alunos, na medida em que seriam possuidores de certas qualidades morais que os diferenciariam de seus pares. Além disso, quer-se salientar que a implementação desse programa educacional implica entender que os colégios católicos tradicionais tornaram-se um poderoso instrumento de formação de grupos de dirigentes que mais tarde ocupariam as posições dominantes no interior da divisão social do trabalho, possibilitando, inclusive, que a própria Igreja continuasse presente no cenário nacional. Ou seja, entende-se que seus colégios através de suas práticas religiosas fundamentariam a ação variada de uma liderança católica leiga que, assim, a conservaria atuante em um cenário social cada vez mais disputado por outras religiões. A revista escolar, A Vitória Colegial, é a fonte privilegiada deste trabalho que se encontra divido em duas partes. Os conceitos de socialização e juventude, o Rio de Janeiro nos anos 1950, a situação da Igreja nesse mesmo período e os novos desafios que teria que enfrentar são os temas abordados num primeiro momento. Em uma segunda etapa, o conjunto das práticas de educação religiosa utilizadas

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pela escola, bem como algumas características sociais e culturais dos alunos que justamente se encontravam sujeitos a essa ação pedagógica são o foco de nossa análise. Tem-se como intuito salientar que essa atividade dirigia-se a um público específico – alunos pertencentes à classe média alta ou a uma burguesia tradicional carioca – que, ao se deixar contaminar pelas lições ensinadas, teria sua participação social atravessada por esses mesmos valores. Logo a educação escolar católica teria cumprido a sua missão: ao mesmo tempo em que manteria a Igreja em uma posição de destaque no campo educacional, também contribuiria para a educação de parcela da juventude católica laica, garantindo, novamente, à própria Igreja um lugar privilegiado no rol das agências socializadoras de parte das elites da cidade.

A Universidade de Coimbra reformada

Cristiane Tavares Fonseca De Moraes Nunes [email protected]

Com as luzes do final do século XVII, o homem passou a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. Nessa época, Portugal era considerado um país atrasado economicamente em relação às duas grandes potências europeias: França e Inglaterra, e existia um propósito de colocar Portugal e seus domínios na vanguarda do seu tempo. O que a historiografia educacional clássica produziu, para este período, de certa forma, acabou negligenciando a existência de uma política educacional ainda no Brasil Colônia, ou, no caso de admiti-la, dando os devidos méritos apenas e tão somente à Companhia de Jesus, renegando as reformas promovidas por Pombal em quase sua totalidade. O presente artigo pretende mostrar as ações presentes na legislação pombalina e as reformas promovidas no ensino, bem como o trato com a instrução pública através da reforma na Universidade de Coimbra, em 1772. Dessa forma, é possível compreender as finalidades do ensino em atender ao Estado, e mais adiante, na concepção de construção da nacionalidade brasileira pelos egressos da citada universidade, o que vai acontecer

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pela via da Independência. Na concepção de uma soberania nacional, a Universidade de Coimbra é posta no centro de uma produção cultural ou sociocultural que dará formação a uma nova mentalidade que os intelectuais deveriam dispor. Compõe a legislação pombalina textos de convencimento explícito de que de fato e verdadeiramente a educação centralizada nas mãos dos jesuítas representou um fracasso cultural, um atraso econômico e toda uma desgraça generalizada. Os Estatutos simbolizaram o novo, o moderno, visto que as reformas propostas por Pombal visavam colocar Portugal numa posição de maior destaque na Europa. Talvez essa tenha sido a mais forte motivação para as reformas pombalinas: pôr o reinado português em condições econômicas tais que lhe permitissem competir com as nações estrangeiras. Dessa maneira, as reformas realizadas em Coimbra possibilitou a investidura do progresso das investigações através da experiência, da vivência do pesquisador, com o objetivo de se chegar a novas conclusões. Os Estatutos e o Compêndio Histórico sustentam os propósitos da composição dessa nova universidade através do seu reformador maior: o Marquês de Pombal, que, tanto quanto (re)construiu Lisboa depois do terremoto, edificou também o monumento maior da sua própria imagem de mecenas, de renovador da ciência, de déspota, de progressista que foi moldando um personagem fascinante, cuja biografia tem sido estudada por muitos pesquisadores, ávidos em buscar no seu projeto reformista a política que rompeu com padrões e lhe projetou na história.

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Alimentação escolar e Educação Física num colégio interno masculino na década de 40: um

remédio universal capaz de eliminar muitos males

Roseli Bilobran Klein – UNICAMP [email protected]

O Colégio São José pertencente à Congregação dos Irmãos Pobres de São Francisco Seráfico, na cidade de Porto União, Santa Catarina, iniciou suas atividades como Escola Paroquial no ano de 1932. A princípio ofereceu a Escola Primária e a Escola Complementar, depois denominada de Escola Normal Regional Primária. No ano de 1940 foi elevado a categoria de Ginásio. No dia 17 de maio deste mesmo ano foi concedida a inspeção preliminar através da Portaria Ministerial nº. 91, do Ministério da Educação e Saúde Pública, assinada pelo Ministro Gustavo Capanema. Através de trabalho de catalogação de fontes primárias do acervo histórico desta instituição observou-se a existência de um movimento higienista muito intenso, na década de 40, verificado sob análise dos Relatórios de Regime Higiênico Dietético dos alunos internos do educandário e dos Relatórios de Educação Física. Documentos estes redigidos pelo Inspetor Federal responsável, e, enviados ao Departamento Nacional de Educação no Rio de Janeiro. A preocupação com a higiene estava relacionada com a intenção de cuidar da criança, livrando-a de moléstias: febre amarela, cólera, varíola, tifo, tuberculose e outras doenças do início do século XX, que dizimavam muitas crianças, diminuindo a expectativa de vida e a possibilidade de vê-las como sujeitos produtivos numa sociedade que se transformava. As medidas estavam voltadas para a repetição de hábitos de higiene que eliminassem a vulnerabilidade das doenças como: o asseio corporal e do ambiente, bem estar físico, ausência de doenças e alimentação saudável entre outros. Também a educação física higienista teve como meta resolver o problema da saúde pública pela educação, tornando a sociedade livre da letargia, da indolência e dos vícios deteriorados da saúde e do caráter do homem. O objetivo deste estudo é realizar uma análise sobre como

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estas práticas educativas, se tornaram uma alternativa mais acessível para não somente se atingir a higiene física, mas também a higiene moral, nesta instituição católica, cujos frades/ professores eram de origem alemã. Justifica-se esta investigação pelo fato do Colégio São José ser, na época, um colégio interno para meninos pertencentes à elite local e regional, responsável pela formação de importantes lideranças em vários setores sociais. A metodologia empregada utiliza-se de estudos bibliográficos tomando por base autores pesquisadores sobre o movimento higienista no Brasil, e, também se utiliza de uma pesquisa de campo junto às fontes primárias da instituição.

Analfabetismo e precariedade da escola pública nos anos 50: um estudo da gênese

escolar no interior das geraes

Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro – UFU [email protected]

Fernanda Coelho Peres – UFU [email protected]

Este trabalho faz parte de uma pesquisa em andamento intitulada “Escolarização pública no município de Ituiutaba/MG (1940–60)”, aprovado no edital CNPq MCT/MEC/CAPES 2/2012 e FAPEMIG 01-2011 e que se situa na história da educação brasileira em geral e na história da educação de Ituiutaba-MG em particular. O objetivo é compreender a gênese do Grupo Senador Camilo Chaves, especialmente nas décadas de 50 e 60, seguindo o propósito de analisar a institucionalização da escola pública no município para saber como este reverberou no espaço público, e, enfim, entender a relação do público e do privado no campo educacional nas décadas de 1950 e 1960 nesse município. A problemática deste estudo se direciona a premissa de que é contraditório o desenvolvimento econômico municipal ascendente desarticulado das condições educacionais do município, então precárias, pois a expansão nacional da educação pública da década de 1950 via grupos escolares foi precária em Ituiutaba-MG, mesmo que

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o ritmo do desenvolvimento urbano desse município se então alinhasse ao nacional. Os processos metodológicos inclui pesquisa bibliográfica, para aferir o levantamento sobre o tema proposto, incluindo a tabulação de dados estatísticos dos censos de 1940 a 1960 referentes às taxas de analfabetismos, população com acesso a níveis diferentes de ensino, de crescimento das unidades por nível escolar e localização geográfica, de evasão e repetência, bem como tabulação do Censo de 1970 para análise dos períodos antecedentes. Também inclui a pesquisa aos seguintes jornais Folha de Ituiutaba, Gazeta de Ituiutaba, Correio do Pontal, Correio do Triângulo, Cidade de Ituiutaba e Município de Ituiutaba. Fez- se necessário também a leitura especializada para embasamento teórico, metodológico e conceitual, bem como análise da legislação municipal, estadual e federal relativa ao tema proposto e entrevista com ex-diretores, docentes e ex-alunos. A investigação possibilita o entrecruzamento dos dados e informações levantadas, com base nos estudos à luz da temática e do objetivo apresentado. Os resultados parciais da pesquisa revelam que a criação do terceiro grupo escolar na cidade de Ituiutaba-MG, embora tenha sido relevante instituição para sanar os problemas do alto índice de analfabetismo no município, foi instalada em condições precárias sem prédio e mobiliário, onde os alunos assistiam às aulas sentados no chão.

Análise histórica da influência da Faculdade Triângulo Mineiro (FTM) na

formação de bacharéis em Administração e Contabilidade: décadas de 1970 a 2000

Marli Auxiliadora da Silva – UFU [email protected]

A história da educação superior em Ituiutaba, município localizado no Pontal do Triângulo Mineiro, data de outubro de 1963, quando a Fundação Educacional de Ituiutaba (FEIT) foi criada pela Lei Estadual n° 2.914. No entanto, documentos consideram como a primeira instituição de ensino superior do município, conforme citam Pacheco e Lopes (2009) a instituição denominada Escola de Administração de Ituiutaba (EAEI). Essa instituição foi criada

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por iniciativa de empresários e profissionais liberais, membros da Associação Comercial e Industrial de Ituiutaba (ACII), em 27 de setembro de 1968, obtendo a autorização do governo federal, por meio do Decreto nº 66.398, para o funcionamento do curso de Administração, em 30 de março de 1970 e iniciando as suas atividades em 1º de abril do mesmo ano. Única instituição de ensino superior (IES) do Pontal do Triângulo Mineiro a ministrar os cursos de Administração e Ciências Contábeis até 2005 a FTM é responsável pela formação acadêmica de 2.500 profissionais em média, sendo 1560 deles bacharéis em Administração e o restante, totalizando em média 950 bacharéis, em Ciências Contábeis. Dada a importância dessa IES para a região investigou-se nesse estudo exploratório a influência da Faculdade Triângulo Mineiro (FTM) na formação dos profissionais bacharéis em Administração e Ciências Contábeis, desde seu funcionamento em 1970 até o presente momento. Por meio de entrevistas com egressos dessa IES, graduados ao longo das décadas de 1970 a 2000, confirmou-se a influência dessa instituição em sua atuação profissional. Todos desenvolvem atividades em diversos segmentos empresariais e atuam como empresários administrando seus próprios negócios, outros atuam como contadores e são prestadores de serviços contábeis e outros atuam como docentes e pesquisadores, entre outras funções e são unânimes em afirmarem que cursaram o ensino superior devido à criação da IES na região do Pontal do Triângulo Mineiro, visto que não possuíam condições de se deslocarem para outros centros urbanos para prosseguirem seus estudos. Observou-se que egressos da primeira turma de graduandos e outros que se graduaram nas diversas turmas de bacharéis retornaram à própria IES para exercer a docência. Constatou-se, ainda, que para esses egressos o conhecimento acadêmico adquirido ao longo dos anos de sua graduação foram e continuam sendo fundamentais em suas vidas pessoais e profissionais, apesar de algumas críticas ao ensino ali ministrado, visto que não se observou o tripé essencial atribuído ao ensino superior que deve oferecer atividades de ensino, pesquisa e extensão para uma formação acadêmica mais efetiva do graduado.

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Análise histórica das práticas educativas da Escola Rivadávia Corrêa de 1913 a década de 1950

Angela Maria Souza Martins – UFRJ [email protected]

A Escola Rivadávia Corrêa foi uma instituição educacional modelar para a educação feminina, no Rio de Janeiro. Fundada em 10 de maio de 1913, pelo Prefeito General Bento Ribeiro, como a Segunda Escola Profissional Feminina, por meio do decreto 910, começou a funcionar em 9 de junho de 1913, nas dependências da Escola José Bonifácio, no bairro da Saúde, na Rua Harmonia nº 80. Depois a escola foi transferida para o prédio da Praça da República, antiga Praça da Aclamação, na Avenida Presidente Vargas nº 1314, no centro do Rio de Janeiro. Nesse período, a escola recebeu a denominação de Escola Rivadávia Corrêa, com a tarefa de desenvolver o ensino profissionalizante para meninas. Ao realizarmos pesquisa no extinto Centro de Referência da Educação Pública da Cidade do Rio de Janeiro, encontramos vários registros sobre esta instituição educacional e nos chamou a atenção um documento denominado “Chronica da Escola Profissional Rivadávia Corrêa”, escrito pela aluna Elza Klinger, que fazia um relato das atividades realizadas anualmente pela escola de 1913 a 1959. Percebemos que este material era uma fonte muito significativa para compreender as práticas educativas dessa escola profissional, pois fazia um contraponto com alguns registros históricos ocorridos na cidade do Rio de Janeiro; além desse documento, encontramos muitas reportagens de jornais sobre a escola. De posse dessas fontes, começamos a analisar a partir da categoria de experiência de E. P. Thompson como se tece e constrói uma prática educativa, ou melhor, como esta prática institui uma determinada cultura. Compreendemos quais os valores, normas e práticas que constituíam a educação de alunas que deveriam estar preparadas para o trabalho feminino, no Brasil, entre 1913 e a década de 1950. Analisamos também a tese de doutorado de Bonato (2003) que versa sobre a educação feminina nesta escola e na escola Orsina da Fonseca e textos que versavam sobre a história da educação profissional, priorizando o nosso olhar sobre a complexidade da história da educação no Rio de Janeiro. Percebemos que as

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alunas eram preparadas para o mercado de trabalho, selecionando atividades e reforçando valores que poderiam aperfeiçoar as tarefas consideradas femininas, como: bordados, chapéus, desenhos, culinária, além do cultivo de boas maneiras. Todos os trabalhos manuais confeccionados pelas alunas eram realizados em ambientes específicos, as salas eram projetadas para cada tarefa e sempre estes trabalhos eram expostos em vitrines. A exposição desses trabalhos tinha grande visibilidade, pois várias autoridades nacionais e internacionais a visitavam. Consideramos que as ações educacionais dessa escola criaram uma cultura que passou a representar o que seria o trabalho feminino e como ele deveria ter visibilidade.

As ações de associativismo estudantil para assistência ao estudante pobre na

Universidade de Minas Gerais (1912-1936)

Alice Conceição Christófaro – UFMG [email protected]

Este trabalho tem como tema o associativismo estudantil para a assistência ao estudante pobre na Universidade de Minas Gerais no recorde estabelecido entre a criação da Fundação Affonso Penna (1912) e o encerramento das atividades da Caixa do Estudante Pobre Edelweiss Barcellos (1936). No campo da História da Educação, a condição dos pobres no ensino superior situa-se como objeto ainda a ser explorado. Compreender as trajetórias daqueles estudantes considerados “moços pobres”, buscando remontar os fatores que se relacionaram ao seu ingresso e continuidade no ensino superior poderá apontar vieses da sociedade brasileira que colaboram para o entendimento da construção da educação superior no Brasil em um momento que se buscava a modernização do país. Para tanto, inicialmente serão analisadas as reformas educacionais e decretos publicados na passagem do século XIX para o século XX e que faziam referência ao ensino superior e ao estudante pobre, a fim de determinar em que momento da construção da legislação do ensino brasileira os estudantes pobres

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dos cursos superiores passaram a receber algum tipo de auxílio, de que forma e com que finalidade. Em seguida, buscar-se-á compreender de que forma a assistência estudantil se tornou uma preocupação no meio acadêmico e, com isso, passaram a ser articuladas as primeiras iniciativas de auxílio aos estudantes pobres na primeira e segunda décadas do século XX em Minas Gerais. Será observado como se configurou o associativismo estudantil em Minas Gerais e quais as suas relações com as associações de assistência aos estudantes pobres nas faculdades que em 1927 passaram a compor a UMG. Com isso, será investigado qual o papel do associativismo estudantil para as trajetórias de estudantes pobres da Universidade de Minas Gerais no recorte eleito. As associações estudantis voltadas para a assistência a serem analisadas serão a Fundação Affonso Penna (1912), a Associação Universitária Mineira (1931) e a Caixa do Estudante Pobre Edelweiss Barcellos (1936). Tais iniciativas demonstraram a organização dos próprios alunos dos cursos superiores de Minas Gerais, especialmente das Faculdades de Medicina e Direito, em auxiliar aqueles estudantes que não tinham condições de manter seus estudos. Em tais associações, ao se constituírem como formas de resistência à pobreza pela invenção de modos de vida e de opções de vivência, foram estabelecidas relações de poder por meio dos seguintes dispositivos: a determinação moral no compromisso da devolução da ajuda; a criação espaços de convivência entre os estudantes através do associativismo estudantil e o estreitamento das relações entre os estudantes e pessoas da sociedade em geral. É importante destacar que o referencial teórico-metodológico deste trabalho está fundamentado nas contribuições de Michel Foucault para estudos historiográficos.

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As associações estudantis no Atheneu sergipense do século XIX

Simone Paixão Rodrigues – UFS [email protected]

Os estudos relacionados à juventude realizados nos últimos anos revelam que é possível compreender as representações da sociedade de outrora através da investigação da cotidianidade dos jovens, de maneira que nos permite esboçar e analisar traços da cultura, educação, sociedade e política entre outros temas presentes na sociedade moderna. Nas décadas finais do século XIX, a educação brasileira registrou criações de agremiações estudantis que foram impulsionados por questões políticas, culturais e sociais, as quais funcionavam dentro de instituições educativas de ensino primário, secundário e superior. Este período foi marcado nas terras sergipanas por diversas atividades estudantis que ocorriam dentro do Atheneu Sergipense, primeira instituição de ensino secundário de Sergipe. Reconhecido e denominado como “Casa de Educação Literária”, esse espaço de educação registrou em sua história a criação das primeiras agremiações estudantis de Sergipe, Associação de Estudantes do Atheneu e a Sociedade Grêmio Tobias Barreto. Desse modo, o presente trabalho objetivou investigar estas duas agremiações a partir dos jornais estudantis e de outros jornais sergipanos que circularam no período, destacando suas finalidades e elementos importantes sobre a participação dos estudantes na educação sergipana a partir de suas associações. A investigação seguiu um caminho teórico-metodológico sob a luz da História da Educação e do conceito de Associativismo Voluntário de Alexis de Tocqueville (2005). A presença dessas agremiações estudantis no Atheneu Sergipense aloca essa instituição de ensino no bojo das discussões sobre a importância de se investigar as associações discentes, pois certamente contribuirá para a compreensão do passado de uma juventude que engajaram-se na criação de seus espaços políticos, científicos, culturais e sociais. Durante o período em estudo, circularam em Sergipe jornais estudantis que pertenciam ou não às agremiações discentes. Neles, os alunos

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compunham o corpo editorial e veiculavam notícias que representavam o cenário social, político e educacional do momento. Os jornais estudantis como ferramentas de investigação, demarcam-se como periódicos educacionais produzidos por alunos que a partir das suas apropriações dos saberes escolares e concepções de mundo recebidos em seu ambiente social produzem escritos que os legitimam entre seus pares. São nos jornais estudantis que a cultura escolar de uma instituição de ensino é concretizada a partir do olhar do aluno, agente passivo e ativo dentro das práticas educativas. Os jornais produzidos pelos alunos do Atheneu Sergipense configuraram-se como espelhos das práticas, dos valores, dos ritos, das crenças, das normas e dos símbolos presentes na cotidianidade do espaço educativo de suas agremiações estudantis.

As contribuições de Peter Ramus à escola moderna

Patricia Aparecida Bioto Cavalcanti – PUC/SP [email protected]

Este trabalho discute as contribuições do educador Frances Peter Ramus (1515-1572) ao processo de configuração da escola moderna que teve lugar na Europa dos séculos XVI-XVII. Parte-se do pressuposto que as contribuições de Ramus foram definitivas para a passagem do mundo do estudo para o mundo da instrução, para a emergência do “currículo escolar” e para a elaboração de métodos de ensinar. Pode-se também, indicar a construção de uma rede de intelectuais do período que contribuíram para a proposição da escola moderna, tendo como preocupações comuns as elaborações acerca das artes a ensinar, dos métodos de ensinar e no direcionamento das atividades do professor. Entre estes autores pode-se indicar Alsted, Piscator, Comenius e Charles Hoole, além do próprio Ramus. A pesquisa é de natureza bibliográfica, utilizando para tal tanto de fontes primárias do período quanto de obras referenciais para análise do contexto intertextual pesquisado. O trabalho de pesquisa permite elaborar caminhos de analise para construção do

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argumento principal. Peter Ramus reformulou os princípios das artes do discurso num esquema para ser ensinado. Ele organizou o conhecimento que precisava ser aprendido transmutando-o da forma original à outra forma, em esquemas, de forma em pudesse ser aprendido. O ponto de partida era a formação no trivium e no quadrivium. A gramática era a base da leitura e da comunicação. Tratava das palavras e suas combinações. A dialética tratava de dar um encadeamento lógico às palavras, fornecendo coesão e força aos argumentos. À Retórica cabia florear os argumentos e armá-los de modo a serem convincentes, mais do que verossímeis. À dialética, arte da argumentação, cabia organizar a expressão em argumentos particulares para fins particulares. E este argumentar era dirigido a alguém, a quem se pretendia convencer de algo, trazer uma verdade superior. A dialética tornou-se uma arte do ensino. Se o discurso ensina a razão aprende, a dialética é, portanto, a arte de ensinar e aprender. Organizou também instruções para os professores para que soubessem ensinar sobre o que precisava ser aprendido. Ele fez a ponte do conhecimento para o ensino. Ao mesmo tempo, para esta reorganização do conhecimento para o ensino, elaborou esquemas do que deveria ser conhecido. Numa versão do Professio Regia, de 1576, elaborou a versão mais remota de um “curriculum”. Organizou o conhecimento para ser ensinado, elaborou um “currículo”. E nisto pensou igualmente no professor, no aluno, nas disciplinas e nos livros-texto, quer fossem os dos autores clássicos, que fossem os vocabulários, gramáticas, compêndios, coleções de anotações, modelos de discursos etc, ou seja, todo um artefato escrito produzido pela e para a escola.

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As mudanças no estatuto e regimento geral da UFRRJ no período de 1970-2011:

novas políticas e novos rumos para a instituição

Aline Nunes Ferreirinha de Souza – UFRRJ [email protected]

Celia Regina Otranto [email protected]

A partir do processo de reforma universitária ocorrido no Brasil durante a ditadura militar (1968-1985) e das políticas educacionais implantadas no século XXI pelo governo Lula da Silva (2003-2010), várias mudanças foram introduzidas na estrutura das Universidades Públicas do país e, nesse contexto, também esteve/está inserida a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A presente pesquisa teve como objetivo investigar como essas reformas influenciaram os rumos da UFRRJ, instituição de tradição agrária, que foi assumindo gradativamente mudanças significativas no seu perfil. Nosso principal referencial de análise foram os instrumentos de legislação interna da Instituição, ou seja, os Estatutos e Regimentos, entre os anos de 1970 e 2011. Buscamos registrar e analisar os fatos ocorridos na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro nos processos de reforma estatutária e regimental no período em análise, estabelecendo relação com as políticas para o nível superior, implantadas pelo Estado brasileiro entre 1964/2011. O recorte temporal permitiu o estudo de três momentos significativos da história de Instituição. Inicialmente abordamos o seu primeiro Estatuto e Regimento Geral como UFRRJ, após a mudança de vínculo do Ministério da Agricultura para o Ministério da Educação e Cultura, no ano de 1967, incorporando as diretrizes da Lei 5.540/68, Lei de Reforma Universitária e o Decreto-Lei 464/69, constatando a interferência direta da política educacional da época nos rumos e no perfil da UFRRJ. Em seguida, destacamos a tentativa fracassada de elaboração de novo Estatuto e Regimento na década de 1990, batizada de “Estatuinte”, e suas consequências para a real mudança, ocorrida anos depois. Finalmente, registramos as

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etapas percorridas pela Instituição durante o processo de reforma nos anos de 2010 (Estatuto) e 2011(Regimento Geral) comprovando sua relação direta com as políticas públicas estabelecidas pelo governo Lula da Silva, com destaque para o REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que afastaram ainda mais a UFRRJ de sua tradição agrária. Trata-se de uma pesquisa básica de natureza qualitativa, de caráter descritivo, cujas fontes utilizadas foram: livros e artigos da área de história da educação, com destaque para a história e memória da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, textos legais e artigos sobre políticas públicas para o ensino superior. As fontes primárias foram os documentos oficiais da Instituição, material de divulgação, e registros. As informações foram também complementadas por algumas entrevistas feitas com professores da universidade.

Os órfãos sociais dos Colégios das Irmãs: as escolas gratuitas nos colégios confessionais

católicos no século XX

Samara Mendes Araújo Silva [email protected]

O século XX insere-se no contexto geral da expansão das atividades educacionais da Igreja Católica em território brasileiro, pois, o processo de educação é uma continuidade do de evangelização, ou seja, educar é um dos veículos alternativos para a preservação da fé cristã e da posição social e prestigio/influência política da Igreja enquanto instituição norteadora das práticas cristãs no Brasil. Nesta perspectiva a Igreja visa atender e ofertar a crianças e jovens oriundos de todas as classes sociais, porém o faz pautando-se em preceitos diferenciados. Para aqueles de famílias ricas, a educação nas escolas católicas significam socialmente acesso a instrução intelectual e científica de qualidade e a formação de caráter irretocável, enquanto para os filhos de famílias de classes pobres era sinônimo de doação, obtida graças a prática da caridade cristã. Segundo Manoel (1996), a oferta de

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ensino gratuito também era uma estratégia, adotada pela Igreja, para colaborar com a manutenção da estrutura social conservadora e tradicionalista do país. Para analisarmos as escolas gratuitas mantidas pelos colégios confessionais católicos durante o século passado, analisamos a ação educacional da Congregação Saviniana no Piauí que manteve duas escolas gratuitas (Santa Inez - Teresina e São José - Parnaíba) como anexas as suas escolas principais (popular conhecidos como Colégios das Irmãs), a justificativa para fundação de tais instituições foi o próprio carisma da ordem que orientava a pratica da caridade. Ao buscarmos conhecer a história e a rotina destas instituições de ensino percebemos que mesmo seguindo os preceitos da educação cristã, as escolas gratuitas comportam um leque maior de distinções sociais, econômicas, culturais e educacionais. Inicialmente ocupam o mesmo espaço físico que as escolas principais, mas este está social e economicamente compartimentado, pois as alunas gratuitas não podem ter contato com alunas da escola principal, estudando em horários e salas diferentes, bem como os uniformes, até mesmo as festividades. Os professores recém contratados para o colégio tinham que fazer estágio probatório nas classes gratuitas se aprovados, no ano seguinte passavam a lecionar nas turmas do colégio principal. As alunas que freqüentavam as escolas gratuitas eram denominadas pelas demais alunas dos Colégios de órfãs, embora a maioria das alunas destas escolas não fosse órfã, pelo menos não do ponto de vista de não dispor fisicamente da companhia e proteção de seus genitores, mas eram órfãs sociais, posto que eram desprovidas da rede de proteção social e econômica que, comumente, é tecida pelos membros de famílias abastadas em nosso Estado. Compreender a constituição histórica das escolas confessionais gratuitas durante século XX implica em buscar informações e entendimentos sobre o cotidiano dos espaços escolares e práticas educativas que (re)configuram a partir e com distinções sociais, econômicas, culturais e educacionais.

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As práticas educativas na Escola de Aprendizes Artífices de Minas Gerais (1910-1942)

Bernadetth Maria Pereira – UNICAMP [email protected]

Objetivamos compreender as práticas educativas adotadas na Escola de Aprendizes Artífices de Minas Gerais – EAA-MG (1910-1942), primeira configuração escolar do atual Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG, salientando os conteúdos estudados e a metodologia de ensino e disciplinamento. Para o desenvolvimento deste estudo de caráter qualitativo elegemos a História Oral, metodologia de pesquisa que privilegia os testemunhos não escritos, as fontes não hegemônicas e ao mesmo tempo dialoga com uma multiplicidade de fontes escritas, visuais e inclusive as oficiais. O ensino na EAA-MG compreendia o aprendizado de oficinas, o curso de desenho e o curso primário. A finalidade de ensinar ofícios sinaliza antecipadamente a pretensão de aplicar um ensino utilitário e prático dirigido à confecção de objetos artesanais e artísticos. A parte teórica relacionada ao ensino de ofícios restringia-se a estudos de desenho. O desenho era a única base imprescindível, além da prática, para o exercício da arte do ofício; era realmente o apoio necessário, assim como artístico, para uma produção bem feita do objeto. A escolarização e a profissionalização do ensino de ofícios manufatureiros e posteriormente industriais no contexto da EAA -MG e da Primeira República reivindicavam o direito de intervenção sobre os corpos e, sobretudo, prescrevia as ações e os comportamentos adequados ao futuro operário. Ou seja, o ensino de ofícios foi um dos instrumentos de integração do trabalhador à sociedade moderna do período republicano, sem deixar de ser prescrito como solução para os problemas sociais da época. O conteúdo do ensino primário, o mesmo utilizado nos grupos escolares, é essencialmente teórico e o método adotado era o intuitivo, empregado na educação mineira no início do século XX. As cinco matérias que compunham o programa do curso primário eram português, instrução cívica, aritmética, geografia e música , essa última correspondia ao ensinamento dos hinos pátrios . A legislação

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que regia a EAA-MG, além das matérias descritas, acrescentou a instrução cívica, que incluía a educação moral e a história da pátria e a ginástica, que satisfazia a orientação curricular do curso primário no Brasil, tendo como parâmetro o das escolas europeias em voga, naquele período . As características de um projeto para o desenvolvimento de uma identidade nacional estão presentes na instrução da educação moral e cívica e da história da pátria. Na EAA -MG, o ideário de formar o homem novo, desatado dos valores da antiga configuração social, refletiu intensamente na conduta dos sujeitos escolares. Por meio da educação e, no nosso caso, da educação profissional técnica, tentava -se formar um novo homem para a sociedade do trabalho que estava se constituindo no País. Sociedade essa, ligada aos parâmetros da modernidade e dos valores republicanos de civilidade e progresso, que conduziam à elite do País.

As raízes do ensino secundário público na província das Alagoas

Ivanildo Gomes dos Santos [email protected]

Quando de sua criação, em 1816, a província das Alagoas não contava com um estabelecimento voltado para o ensino de humanidades que desse conta de formar o corpo dirigente da sociedade. A precariedade e a desvalorização das aulas isoladas, espalhadas pela província, levavam boa parte das elites alagoanas a buscar sua formação em outras regiões. Nesse sentido, a fundação do Liceu Alagoano, pela Lei Provincial nº 106, de 5 de maio 1849, inicialmente chamado de Lyceu Provincial, foi um marco na legalização, estruturação e organização do ensino público secundário na província das Alagoas. Desta feita, a instituição tornou-se uma das principais unidades de ensino secundário da província no período imperial. Situado inicialmente no Prédio Nacional na Rua da Praça da Matriz, em Maceió, atual praça D. Pedro II, o Liceu Alagoano incorporou todas as aulas secundárias existentes na capital e começou a funcionar com 8 cadeiras centralizadas, a

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saber: Grammatica Nacional e Analyse dos Classicos Portuguezes; Grammatica Latina; Grammatica Franceza; Grammatica Ingleza; Arithmetica, Algebra e Geometria; Geographia, Chronologia e Historia; Rhetorica e Poetica; Philosophia Racional e Moral, que foram ocupadas por lentes de vasta ilustração na sociedade alagoana. Consideramos que a história do Liceu Alagoano se confunde com a própria história do ensino secundário na província, haja visto o prestígio que a instituição gozava junto a sociedade alagoana, assim como seus congêneres nas demais províncias do Império. Apesar de enfrentar várias dificuldades, como a baixa frequência, a falta de um prédio adequado, a ausência de um internato, a grande quantidade de professores interinos, a falta de material didático, a indisciplina dos alunos, dentre outros problemas reclamados nos relatórios, o Liceu Alagoano foi a referência da educação secundária na província. Não é demais lembrar que por ele passaram os homens ilustrados das elites alagoanas, que atestam a sua qualidade e importância. Com o propósito de reconstruir e reinterpretar historicamente a gênese, a organização e o processo de estruturação da educação secundária em Alagoas lançamos mão de fontes históricas tais como leis e regulamentos, falas e relatórios dos presidentes da província, mapas de aulas e periódicos. Para a construção desta narrativa foi-nos de grande valia a obra História do Liceu Alagoano (Desde a sua criação até o ano de 1960), publicada no ano de 1961, pelo médico e historiador alagoano Abelardo Duarte. O livro nos fornece um registro valioso do centenário da instituição, em especial, por nos informar sobre os docentes e suas respectivas cadeiras ministradas. Além desses referenciais os estudos desenvolvidos por Geraldo Bastos Silva (1959), Maria de Lourdes Mariotto Haidar (1972), Fernando de Azevedo (1976), Craveiro Costa (1931) e Élcio de Gusmão Verçosa (2006) nos ajudaram na compreensão de como se configurou o ensino secundário durante o Império.

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Aspectos do americanismo no ensino ginasial brasileiro: os Ginásios Polivalentes

Nilton Ferreira Bittencourt Junior [email protected]

Nesta Comunicação apresentarei os resultados da pesquisa realizada no Programa de Pós Graduação – Mestrado em Educação Tecnológica no CEFET MG. Trata-se de uma pesquisa que tem como objeto central os Ginásios Polivalentes. Estas escolas ofereceram cursos para as últimas quatro séries do ensino fundamental e foram apresentados como escolas modernas, com arquitetura inovadora dos prédios, biblioteca com grande volume de livros, equipada com mobiliário em salas ambientadas e maquinário nas oficinas. O currículo diversificado oferecia disciplinas gerais ao lado de práticas profissionais com função de introdução ao trabalho. Para o seu funcionamento os profissionais técnico-administrativos foram treinados em centros de preparação criados ou adaptados para a filosofia da escola e, os professores, escolhidos por concurso público, realizaram curso de formação complementar, com carga horária em média de 1700 h/a, também com o objetivo de compreenderem a filosofia da escola. Seu currículo foi planejado para um ensino de boa qualidade. Assim foi realizada a formação de 9.770 professores novos, o aperfeiçoamento de 2.447 já graduados, e o treinamento dos técnicos e administradores dos novos ginásios, os quais integrarão os sistemas públicos de ensino das unidades da federação. O projeto inicial previa a construção de cerca de 300 “Ginásios Polivalentes” no período de 1971 a 1974. O financiamento foi originário dos convênios de cooperação internacional entre a USAID – United States Agency for International Development e o MEC – Ministério da Educação e Cultura. Um destes convênios criou o PREMEM – Programa de Expanção e Melhoria do Ensino Médio, na intenção de reestruturar e expandir o ensino secundário e profissional no Brasil. A filosofia dos Ginásios Polivalentes supunha que, dando continuidade à experiência dos Ginásios Orientados para o Trabalho – GOTs, a Escola Polivalente tinha a pretensão de harmonizar, nos currículos de formação do adolescente, o desenvolvimento intelectual e a potencialização para o trabalho, através do ensino de disciplinas de

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Matemática, Ciências e Letras e a Prática Vocacional de Artes Industriais, Técnicas Agrícolas, Técnicas Comerciais e Educação para o Lar. Estas escolas tinham a novidade do espelhamento na High Shcool estadunidense e começam a funcionar como referência de modernidade. A pergunta inicial desta pesquisa referiu-se à relação entre o projeto educacional dos Ginásios Polivalentes e o americanismo enquanto way of life. Assim apresentarei que referenciais civilizatórios, que valores sociais, que traços culturais típicos do modus vivendi do país norte-americano são difundidos no Brasil por meio dos Ginásios Polivalentes. A pesquisa também buscou esclarecer que teoria educacional orientava o projeto, de que modo ela inovava e como ela refletia na estruturação da escola secundária de 1º ciclo.

Aspectos históricos do ensino superior em Mato Grosso

Luiz Rodrigues – UFMT [email protected]

Vanusa Aparecida Almeida – UNEMAT [email protected]

Este trabalho é resultado de uma parte dos estudos sobre o ensino superior em Mato Grosso e os modos como estão pensados, organizados e estruturados as condições de ensino de partes da população regional. O destaque fica por conta da ideia de que este tipo de estudo, o ensino superior propriamente dito, na cidade de Cáceres, tomou um caminho mais bem definido, nas décadas de 1970 e 1980. Por isso, trazemos para o debate partes da pesquisa, particularmente no que se refere ao processo histórico de constituição do ensino superior no oeste de Mato Grosso. Ao pensar o ensino superior nesta região, a proposta quer mostrar os modos como a educação vem se tornando, cada vez mais, como diz Bourdieu (1975), uma espécie de reprodução da estrutura de classes, cuja base era reproduzir a ideologia das classes dominantes, ou o simples aprimoramento da força de trabalho. Nesse aspecto, este trabalho quer trazer para a discussão o sentido

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do ensino superior e seus modos de operar para divulgar a ideia da necessidade formação dos sujeitos para a competitividade no mercado de trabalho. Portanto, para além da ideia de manifestar qualquer tipo de formação humanística ou social o ensino superior deve ser transformado em um capital cultural acumulativo, individualizado e colocado a disposição para as pessoas e não a serviço de uma coletividade, como instrumento de libertação dos sujeitos das amarras do capitalismo. Por isso, a ideia é pensar com a concepção de Bárbara Freitag (1986) concebendo que a trajetória histórica da educação superior, não é uma história à parte, integra o contexto socioeconômico e é determinado, em grande parte, por este. Por isso, este texto quer mostrar os modos de competição nos vestibulares, como uma busca pela seletividade, cuidados para que as pessoas pudessem ter capital cultural e econômico, e que pudessem multiplicar maiores oportunidades durante sua vida, exatamente para que possam comprar bons livros, frequentar boas escolas, inclusive, antecipar-se a seleção nos momentos de fazer cursos pré-vestibulares. O escolanovismo tornou a escola ainda mais adstrita à classe dominante, o jargão era aprender a aprender, contudo os vestibulares exigiam sim conteúdos não abordados pelas referidas escolas afastando ainda mais as massas dos sonhados cursos universitários, sobretudo nas universidades públicas (SAVIANI, 1989). Assim o vestibular apenas escolhe os já escolhidos, é uma seleção que se dá na história da vida das pessoas. Assim, com depoimentos de professores, alunos, dirigentes e gestores das instituições de ensino podemos conhecer os modos como foram sendo configurados o ensino superior em Cáceres e estabelecer alguns aspectos de compreensão histórica do sentido educativo deste tipo de ensino.

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Biblioteca Municipal de Feira de Santana – 1890 – 1962

Rita de Cassia Brêda Mascarenhas Lima [email protected]

Esta comunicação tem como objetivo partilhar os estudos, em andamentos, realizados sobre a história da primeira Biblioteca Municipal de Feira de Santana, fundada em 1890. Nosso objetivo é pesquisar sobre a importância da biblioteca como um equipamento social na cidade de Feira de Santana no final do Século XIX e início do século XX, quando esta entrava em franco processo de modernização e a existência de bibliotecas, assim como de escolas era uma demonstração desse processo. Além disso, abordaremos a importância desta para a formação educacional e cultural dos seus usuários no contexto sociopolítico de sua fundação. A Biblioteca Municipal como é conhecida pela população inicia suas atividades no prédio da primeira prefeitura de Feira de Santana, na atual Praça da Bandeira e depois é deslocada para um espaço mais amplo na Rua Geminiano Costa, também no centro da cidade. Compreender o sentido histórico das localizações dessa biblioteca desde a sua fundação, é uma forma de acompanhar os câmbios sociais, culturais e políticos de Feira. A construção de bibliotecas está diretamente relacionada com um modelo de homem e de sociedade que se deseja conformar. Nossa intenção nesse trabalho, além de apresentar a história da Biblioteca Municipal de Feira, é compreender o seu lugar na construção de um tipo de cidade reivindicada entre final do século XIX e início do Século XX, uma vez que a concepção desse espaço cultural no contexto de seu surgimento era de um lugar de informação de todos os gêneros tornando o conhecimento acessível a quem dela se utilizasse. Torna-se pertinente pensar, que outras funções foram incorporadas à biblioteca, como um componente importante na paisagem urbana de Feira de Santana. Nos últimos anos temos acompanhado algumas publicações que buscam sistematizar as histórias das bibliotecas, a exemplo da Biblioteca Pública da Bahia, posto que estas instituições representam, na nossa história, importantes

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espaços educativos, culturais e propulsores de conhecimentos. Assim, visibilizar as nuances de uma história de 122 anos vistas sob as lentes dos jornais impressos e documentos sobre a Biblioteca Arnold Silva que a apresentam como espaço de estudos, entretenimento e formação, se configura como importante registro de uma instituição que continua em evidência na história do município de Feira de Santana. A pesquisa de cunho qualitativo, utiliza como instrumentos de coleta de dados a análise de fontes oriundas de jornais que circularam em Feira no período estudado, atas, documentos e registros da própria biblioteca. A presente pesquisa está vinculada ao Núcleo de Leitura Multimeios e ao Centro de Documentação em educação na Universidade Estadual de Feira de Santana.

Grupo Escolar Modelo Augusto Severo (Natal/RN, 1908-1920): história e práticas

Francinaide de Lima Silva [email protected]

Esta pesquisa apresenta a prática pedagógica no Grupo Escolar Augusto Severo, em Natal – primeira instituição do gênero no Estado do Rio Grande do Norte –, a partir de 1908 a década de 1920. Buscamos analisar a história das práticas nas suas diferenças e das configurações nas suas variações nos respaldando em Chartier (1990, 1999), Duby (1993) e Morais (2003). Utilizamos documentos procedentes do acervo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte/IHGRN, como os jornais A República e Diário do Natal, a revista Pedagogium, Leis, Decretos e Mensagens do Governo, Códigos de Ensino e Regimento Interno dos Grupos Escolares. No Arquivo Público do Estado/APE-RN pesquisamos os Livros de Inscrição dos Grupos Escolares e Escolas Isoladas, Ofícios, Matrículas, Relatórios e Atas de reuniões da Diretoria Geral da Instrução Pública e Diários de Classe. Analisamos também fontes iconográficas, provenientes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

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Nacional/IPHAN-RN. O Grupo Escolar Augusto Severo foi criado no âmbito da Lei n. 249, de 22 de novembro de 1907, que autorizou o Governo a reformar a Instrução Pública, dando ao Ensino Primário “moldes mais amplos e garantidores de sua proficuidade”. O Decreto n. 178, de 29 de abril de 1908, autorizou o funcionamento do referido Grupo Escolar e a instalação da Escola Normal de Natal para a formação de professores de ambos os sexos, consoante a Moderna Pedagogia, os quais atuariam em uma rede de instituições primárias. O Grupo Escolar Augusto Severo foi criado pelo Decreto n. 174, de 5 de março de 1908, o qual estabelecia o funcionamento mínimo de duas cadeiras de ensino primário. Foi inaugurado em 12 de junho do mesmo ano em representativa festa cívica no bairro da Ribeira. O Decreto n.198, de 10 de maio de 1909, o elevou à condição de instituição modelo para o ensino elementar e para a prática dos normalistas. As ações que ocorreram no período em recorte eram tentativas de organização educacional por meio da Reforma do Ensino Primário (1907) e da Reforma do Ensino (Lei n. 405, de 29 de novembro de 1916). A análise evidencia a ação dos docentes nesta instituição primária, assim como a história das disciplinas escolares, dos programas de ensino, bem como dos livros de leitura. Os Regimentos Escolares, os Diários de Classe, as reflexões de intelectuais mostram maneiras de fazer, não o que foi feito. Os documentos permitem comparar a instituição Grupo Escolar do ponto de vista administrativo, político e social. Mas o seu cotidiano permanece envolto nas brumas do passado. Como seriam os gestos, as frases que caracterizavam as relações que se estabeleciam entre professor e alunos? Tentamos estabelecer o confronto entre o ensino desejado com a aprendizagem concreta a partir dos vestígios que os nossos professores legaram à contemporaneidade.

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Casa de ciência, casa de educação: ações educativas do Museu Nacional (1818 – 1935)

Paulo Rogério Marques Sily – UERJ [email protected]

O museu como instituição de produção, guarda e difusão de conhecimentos necessita criar e desenvolver estratégias que se encontram articuladas a demandas sociais de um determinado tempo histórico, assim como àquelas que lhes são próprias. O estudo das ações educativas desenvolvidas pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro no período entre sua criação em 1818 e a década de 1930 com os objetivos de divulgar o conhecimento científico por ele produzido e apoiar o ensino das ciências naturais é objeto deste trabalho. Importa compreendê-las enredadas no contexto mais amplo de institucionalização da educação, racionalização da pedagogia, formação do caráter público dos museus e construção da nação brasileira. Operando com as continuidades e descontinuidades dessas ações no período proposto, a pesquisa foi desenvolvida através da investigação de um conjunto documental, composto dos seguintes tipos: a) legislação brasileira, pertinente à educação e ao Museu Nacional; b) correspondência efetivada entre o Museu, ministérios, instituições e autoridades; c) relatórios de Diretores, Secretário, pesquisadores do Museu Nacional; dos ministérios; de naturalistas e professores; d) livros de registros do Museu Nacional; e) catálogos, programas e guias de exposições nacionais e internacionais; f ) publicações de diretores do Museu Nacional e de professores; g) conferências sobre ciência e educação; h) periódicos (Archivos do Museu Nacional e Revista Nacional de Educação); i) quadros murais e coleções didáticas. Desse conjunto foram tratados em especial os materiais produzidos pelo Museu Nacional que serviram de suporte e veículo de comunicação sobre ciências naturais no Brasil e no exterior, com a pretensão de evidenciar o museu como espaço educativo, valorizando suas ações dirigidas para a instrução pública. De acordo com os resultados

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obtidos, foi possível observar que ao longo do Império e nas quatro primeiras décadas da República no Brasil o Museu Nacional atuou como agência de consultoria de governo, ampliando suas ações educativas para atender às necessidades de diferentes segmentos da sociedade e às suas demandas internas. Nesse sentido, contribuiu para afirmar estudos em História Natural apoiados na teoria evolucionista; inserir o Brasil no cenário científico internacional; instruir e ampliar os conhecimentos sobre o país, valorizando suas riquezas naturais, estimulando no público, especialmente o escolar, o caráter prático do ensino e um sentimento de pertencimento e de identidade nacional.

Casa, armazém e escola: “civilizar o rural”– memórias de práticas em torno da aula pública

municipal no Morro dos Bois/RS (1933-1952)

José Edimar de Souza – UNISINOS [email protected]

Muitos historiadores, a partir do seu recorte teórico e metodológico, empenham-se em demarcar etapas nítidas ao longo dos tempos, identificando especificidades no processo histórico que analisam. A história da educação, orientada pela perspectiva da história cultural, tem evitado demarcações rígidas, preferindo explorar a diversidade de elementos empíricos em locus específicos sem, obviamente, deixar de lado o contexto temporal. A história regional, por exemplo, representa um campo empírico rico, ainda não suficientemente explorado entre nós, como é o caso de pesquisas mais aprofundadas sobre instituições escolares em horizontes rurais – objeto do qual trataremos neste estudo. As Aulas, precursoras das Escolas Isoladas, eram instaladas nas zonas rurais e foram responsáveis pela escolarização de uma significativa parcela da população brasileira. No sul do Brasil, mais especificamente no município de Novo Hamburgo, a escola está associada à presença germânica e ao aspecto do “comunitarismo” como legado cultural. Este estudo

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analisa narrativas de dois professores, cujas memórias ajudam a compreender como foram se processando os acontecimentos em torno das instituições escolares e das práticas culturais, nos tempos da Aula Pública do Morro dos Bois, em torno dos anos 30 e 50 do século XX. Halbwachs, Chartier e Viñao Frago, entre outros, auxiliam na articulação entre memória e contexto sócio-histórico. A escola foi fundada em 1933 por Hilda, mãe de Sérgio e avó de Márcia (sujeitos da pesquisa). O espaço da residência da família servia de escola e também armazém. Em 1952, com a efetivação do primeiro regimento municipal, a Aula recebeu novo formato, passando a denominar-se Escola Isolada. O conjunto de indicadores empíricos evidencia um saber incorporado ao fazer docente naquela comunidade - de fato, um legado de práticas que se preservam até os dias de hoje - em especial originário da família Scherer. A relação desta família com a rede municipal do referido município perpassa a história de quatro gerações. Ao desenvolver os procedimentos analíticos, percebem-se também limites e possibilidades no uso da memória. Histórias materializam-se através das narrativas de acontecimentos vividos em outros tempos, hoje evocados por sujeitos cujas lembranças são constituídas também pela memória coletiva. O estudo permite destacar, entre outras coisas, o modo como as Aulas eram desenvolvidas e como, em determinado momento, a comunidade se mobilizou para superar o estigma da permanência no campo. Entre as conclusões, ainda permanece uma questão: A escola dos “Scherer” representou uma possibilidade de civilizar os colonos? Em outras palavras, mesmo que não de modo intencional, teria sido um espaço de cultura de civilidade, forjada pelo matiz do momento histórico que vivia o país entre os anos 1930 e 1950, cuja modernização e urbanização ocupavam lugar de destaque e havia a pretensão de imprimir na sociedade uma moral cristã sob a ótica do espírito nacionalista?

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Catequese e instrução: na fronteira das possibilidades para índios e desvalidos

Daiane Gomes De Oliveira – UNEMAT [email protected]

Dimas Santana Souza Neves – UNEMAT [email protected]

A catequese e a instrução pública tiveram diferentes perspectivas de formação de sujeitos escolares e como instrumentos para disciplinar a ordem escolar e social no Brasil. Diante desses fatores que produziram sentido na educação, este texto procura estabelecer um significado em torno dessas duas modalidades de ensino na fase de conclusão do período imperial e no início da era republicana. Com essa expectativa, estes escritos procuram trazer para o diálogo as proposições difundidas nos discursos de presidentes da província e do Estado, no espaço-temporal entre 1886 e 1895, que fizeram circular em Mato Grosso um conjunto de argumentos explicando as ações dos dirigentes e conformando a relação política, militar e sócio-educativa que tiveram com os diferentes grupos sociais que denominaram índios. Por isso, a catequese e a instrução pública foram políticas de formação dos sujeitos que os dirigentes da Província ou do Estado republicano procuraram incrustar na compreensão da população, como meio e como obrigações que teriam religiosos, professores e leigos financiados pelo poder estatal de promover na sociedade mato-grossense a partir do contato com os índios e também com a população desta localidade. Geralmente configurando as atitudes indígenas como bárbaras e condenando seus atos a partir de uma visão religiosa propunham a catequese como meio civilizatório. E, para os grupos sociais que tomavam pelas ideias de pobre, miserável ou empobrecida os dirigentes propunham a escola, isto é, apenas a instrução elementar, cujo modelo era o da compreensão dos dirigentes e também de religiosos católicos que tinham a ideia de catequese e escolarização como uma assistência social à população. Nesse quadro, conseguimos compreender que a catequese serviu para construir um significado social aos indígenas para que aprendessem a

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moda “civilizada” de convivência na esfera urbana e no envolvimento cultural com grupos sociais diversos. Já a instrução pública teve como objetivo principal a formação de sujeitos que tivessem a classificação de “desvalidos” no entendimento de setores sociais. Portanto, estabelecer distintas classificações de sujeitos, proporcionar um modo de repensar comportamentos e condutas das pessoas para moldagem de acordo com os interesses modernos e promover políticas de acordo com os objetivos do Estado, constituíam os objetivos e ações dos dirigentes de Mato Grosso, tanto no período imperial quanto republicano.

Cem anos de vida, vinte e seis de docência: entre a escola, reformas educacionais e resistências

Ilka Miglio De Mesquita [email protected]

Laisa Dias Santos [email protected]

Luzianne dos Santos [email protected]

Raylane Andreza dias Navarro Barreto [email protected]

Através dos pressupostos da história cultural, o presente trabalho tem como objeto de análise a narrativa de história de vida da professora aposentada Olda do Prado Dantas, de cem anos de idade, residente no município de Simão Dias, estado de Sergipe. Filha de Manoel da Fraga Dantas e Gregória do Prado Dantas, nossa personagem nasceu em Simão Dias no dia 03 de março de 1912. Ao terminar o primário, na Escola Isolada onde sua mãe ensinava, dirigiu -se ao Colégio Americano em Ponte Nova (BA), onde concluiu o Curso Normal. Retornando a sua cidade de origem, no ano de 1934 foi nomeada professora das Escolas Reunidas Augusto Maynard. Mais tarde, lecionou no Grupo Escolar Fausto Cardoso

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e no Ginásio Industrial Dr. Carvalho Neto. Na ação de desnudar tempos passados, através da memória e das representações, nossa personagem descortina, em depoimento, novas possibilidades da escrita/leitura da historiografia educacional sergipana, na medida em que sua narrativa, tomada neste trabalho como fio condutor de nossos estudos, permite que se revisite um passado povoado de histórias referenciadas por quem viveu o antes/durante/depois da implantação das Reformas Escolanovistas no Brasil. Nos meandros dessa transição se revelam instituições educativas, modos de educar e dispositivos legais próprios de tempos e espaços incorporados, cuja reflexão se faz pelo ser aluna e professora. Sendo assim, elegemos como objetivo compreender como nossa personagem se compõe aluna e professora pelos saberes, pelos métodos de ensino, pela cultura escolar, pelas práticas escolares, enfim, pelas experiências vividas em tais tempos e trajetos. Mas afinal, como ela organizou sua prática docente dentre tantas modificações no sistema educacional? O que ficou depois da Reforma educacional: uma escola tradicional ou uma nova educação sergipana? De que forma os princípios da Escola Nova foram materializados no cotidiano escolar? Em busca de encontrar respostas para tais inquietações, elegemos como categorias de análise os conceitos de cultura escolar, segundo Dominique Juliá (2001) e práticas escolares de Faria Filho e Vidal (2004), bem como a metodologia da história oral, segundo Alberti (2004), por meio das quais consideramos que sua história de vida pode revelar práticas escolares, métodos de ensino e cultura escolar. Nossa personagem pode nos dizer do impacto causado pelas reformas educacionais escolanovistas nas dobras do cotidiano escolar, tendo em vista costumes, valores e métodos de ensino. Portanto, podemos afirmar que tais reformas interferiram na sua visão de mundo, no modo de educar e na sua conduta como educadora, sem que o “habitus pedagógico” apreendido no seu ensino primário fosse totalmente desconsiderado. Como ela assevera em depoimento: “ensinei do mesmo jeito que aprendi com minha mãe/professora”.

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Centro de memórias da Escola Técnica Estadual Sylvio de Mattos Carvalho: uma

contribuição historiográfica

Carlos Alberto Diniz [email protected]

A educação profissional passou por profundas transformações no Brasil no século XX. Diferentemente do ensino secundário, restrito às elites, o ensino profissional, destinado às classes socialmente menos favorecidas, tinha por exclusiva finalidade formar a mão-de-obra para suprir o recente processo de industrialização que começava a se expandir no país a partir da Era Vargas. O Estado de São Paulo, considerado um dos mais importantes da Federação sob a perspectiva socioeconômica, teve o seu processo de industrialização e urbanização fortemente intensificado desde então, obrigando o governo paulista a definir políticas educacionais voltadas ao ensino profissional, uma vez que, ainda que houvesse algumas escolas profissionais localizadas na Capital e no Interior do Estado, elas eram em quantidade insuficiente para atender à demanda gerada pela nova conjuntura que começava a se estabelecer. Objeto de relevantes políticas públicas, tanto em âmbito federal como estadual, o ensino profissional atualmente tem procurado se articular constantemente às inovações tecnológicas e, por conseguinte, com o setor produtivo que necessita introduzir novas tecnologias visando reorganizar seus processos de produção e de gestão para manter-se competitivo no cenário nacional e internacional. Criado em 1969 no Estado de São Paulo, o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – CEETEPS vem desde então ampliando a rede de Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs), promovendo o ensino profissional de nível médio e/ou superior em praticamente todo o território paulista. Criada em Matão no ano de 1986, a Etec Sylvio de Mattos Carvalho atende esse município e seus circunvizinhos formando profissionais técnicos nas áreas de Controle e Processos Industriais, Informação e Comunicação, Saúde e Gestão e Negócios. Haja vista a trajetória na região onde tal escola está inserida

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verifica-se a necessidade de resgatar sua memória e mantê-la organizada e disponível à comunidade escolar e extraescolar. Partindo desse aspecto importante, porém pouco abordado na historiografia do ensino profissional, procurou-se nesse estudo analisar o acervo do Centro de Memórias da Etec Sylvio de Mattos Carvalho e a sua contribuição para essa Unidade Escolar, pelo viés do arcabouço teórico da História Cultural e da História das Instituições Escolares. A partir da pesquisa realizada, verifica-se que a implantação e a manutenção de um Centro de Memórias em um estabelecimento de ensino, enquanto contribuição historiográfica possibilita, além de um resgate histórico, a compreensão do seu cotidiano a partir da cultura escolar que se encontra implícita nas práticas escolares partilhadas e construídas ao longo do tempo favorecendo, por conseguinte, estudos posteriores nessa área.

Colégio Estadual da Polícia Militar da Bahia: formando brasileiros e soldados (1957-1972)

Andréa Reis de Jesus – UFBA [email protected]

O presente trabalho objetiva apresentar uma síntese da história do ensino secundário e da criação do Colégio da Polícia Militar da Bahia, cujos aspectos foram explorados em profundidade na dissertação de mestrado intitulada Colégio Estadual da Polícia Militar da Bahia, Primeiros Tempos: formando brasileiros e soldados (1957-1972), defendida no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, tendo como orientadora a Prof.ª Dr.ª Lucia Maria da Franca Rocha. Para tanto, pesquisamos os principais aspectos da instituição de ensino, desde a construção de sua identidade militar e o tipo de formação que oferecia a seus alunos, a partir da criação em 1957 até a implementação de seu regulamento, em 1972. Optamos por privilegiar as especificidades do ensino militar e da criação do colégio, bem como, os objetivos desse tipo de formação, estabelecendo relações com o contexto político, social e econômico. Desse modo, privilegiamos determinados aspectos da instituição escolar, como o prédio, os alunos, os professores,

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administradores, currículo, normas disciplinares, clima cultural, realização de eventos, dentre outros. No atual contexto das pesquisas relacionadas à história da educação, vêm se destacando os estudos voltados para a história das instituições escolares e seu modo específico de funcionamento. Os historiadores têm se debruçado sobre a cultura escolar que caracterizam e conferem identidade a essas instituições. Como suporte teórico, fomos buscar apoio na bibliografia pertinente às instituições escolares, sobretudo nas obras de Justino de Magalhães, Paolo Nosella e Ester Buffa. A necessidade de rever perspectivas teóricas que tinham como suporte a história produzida pelo grupo dos Annales e pelos historiadores marxistas trouxe os historiadores da educação para o âmbito das discussões sobre o modo de produzir o conhecimento histórico. Assim, as pesquisas voltadas para o campo das instituições escolares também passaram a incorporar as contribuições da nova história cultural e os estudos de E. P. Thompson sobre a cultura. Compreender os aspectos que caracterizam a instituição pesquisada envolve a compreensão da sociedade e do contexto histórico que a criou, portanto a legislação de ensino, assim como, o panorama cultural do período serão analisados. Este estudo baseia-se em fontes primárias como boletins, relatórios, depoimentos e jornais de época.

Colégio Estadual de Olinda (CEO) – alguns fragmentos de sua história nos anos 1960

Cristiane Souza de Menezes – UFPE/UFPB [email protected]

O presente trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento. Tomando como objeto de estudo o Colégio Estadual de Olinda (CEO), escola pioneira na oferta de ensino público secundário em terras olindenses, a investigação se insere nos estudos das instituições escolares. Tais estudos têm contribuído para uma visão mais aprofundada dos espaços sociais onde se desenvolvem os processos de ensino- aprendizagem, possibilitando a elaboração de novos problemas e interpretações. Este trabalho tem o objetivo de apresentar alguns fragmentos da história do CEO no recorte temporal

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da década de 1960. No período em questão, a maioria das escolas secundárias de Pernambuco ainda eram estabelecimentos privados. A presença do governo estadual na instalação e manutenção de escolas para esse tipo de ensino era muito restrita, embora paulatinamente estivem sendo criados estabelecimentos públicos fora da capital desde a década anterior. Nesse contexto foi criado o Ginásio Estadual de Olinda (posteriormente CEO), através do Decreto Estadual nº 489, de 02/02/1960, para ministrar o ensino secundário gratuito. A abordagem teórico-metodológica que fundamenta o trabalho é a da Nova História Cultural, que tem contribuído para a seleção de novos objetos e fontes na pesquisa historiográfica. Nesse sentido, a metodologia adotada é a história oral, pois esta, ao resgatar as memórias, revela as práticas culturais, a própria visão que os sujeitos têm sobre suas vidas e sobre o mundo que os cerca, permitindo desvelar não apenas sua subjetividade, mas uma experiência coletiva tornada possível em uma determinada conformação histórico-social. As fontes utilizadas foram os depoimentos de três pessoas ligadas à história do CEO. No entanto, embora a entrevista se constitua na principal fonte da história oral, essa metodologia não exclui a utilização de outras técnicas de pesquisa, como a análise documental. Assim, também realizamos pesquisa nos arquivos do CEO e no Arquivo Público Municipal de Olinda. Consultamos, também, a legislação educacional vigente no período estudado. A análise dos dados desvelou alguns obstáculos enfrentados pelos olindenses para ter acesso à educação secundária, como a precariedade do início da oferta desse tipo de ensino, com o funcionamento do CEO em um prédio de um grupo escolar municipal, o que obrigava à redução do funcionamento dos turnos (com média de apenas duas horas de aulas), além da improvisação do quadro docente, problemas comuns a outras escolas secundárias pernambucanas. No entanto, quando a instituição começou a gozar de prestígio no município (por ser considerada uma escola que oferecia uma educação de qualidade) e foi transferida para um prédio próprio inaugurado em 1965, a seletividade e o elitismo passaram a ser a tônica do seu funcionamento, dificultando a matrícula e a permanência dos alunos pertencentes às camadas menos favorecidas economicamente.

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Colégio Metodista Izabela Hendrix (1904-1935): resgate e organização dos documentos históricos

Reginaldo Leandro Plácido – CEUNIH }Plá[email protected]

Wesley Jesus dos Santos – CEUNIH [email protected]

Pesquisas recentes no campo da História da Educação tem se debruçado sobre a presença das instituições escolares protestantes no cenário educacional brasileiro. Parece consenso afirmar que as escolas protestantes de origem norte-americana contribuíram diretamente para a expansão da ideologia liberal e para a penetração de uma cultura que viria a instalar no âmbito escolar novas normas e práticas no sentido descrito por Dominique Julia (2001, p. 10-11). Os primeiros protestantes de origem missionária que chegaram no Brasil dividiram-se estrategicamente entre os principais núcleos republicanos. Este é o caso do Colégio Metodista Izabela Hendrix, fundado em 5 de outubro de 1904 na cidade de Belo Horizonte, em um período de liberalização da educação brasileira, com proposta educacional inovadora e humanizante, visão esta que seria o perfil da educação metodista no Brasil, fazendo frente à educação ultrapassada das escolas brasileiras da época. (PEIXOTO; SOARES: 2004, p. 10). No decorrer de mais de um século de história desta instituição muito material documental foi produzido, armazenado e perdido no tempo. Assim, o objetivo desse trabalho é descrever a história da instituição a partir do resgate de documentos, organização e criação de arquivo virtual deste material, no período que vai da fundação em 1904 até a inspeção de 1934. Segundo Le Goff (1996, p. 433), as instituições responsáveis pela manutenção e organização da matéria memorável têm no foco de suas preocupações as articulações entre o tempo, o espaço e o homem. Em uma perspectiva mais ampla, pode-se compreender as próprias instituições como instâncias da memória, isto é, como responsáveis por gestos fundadores que resultam da combinação da ação de um grupo (os eruditos, homens de toga, funcionários etc.), com lugares (cartórios, escolas etc.), práticas e técnicas variáveis no tempo (a cópia manuscrita, a imprensa, a digitalização, a classificação etc.). A escolha do recorte temporal para esta

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comunicação foi estabelecida levando- se em consideração a questão do pertencimento desta investigação ao relatório final do projeto de pesquisa “Uma leitura do Colégio Metodista Izabela Hendrix no processo de escolarização em Belo Horizonte no início do século XX”, sob supervisão e orientação do professor Reginaldo Leandro Plácido. O arcabouço teórico- metodológico desta investigação segue o proposto pelo projeto de pesquisa maior e se utiliza principalmente das contribuições dos estudos de Roger Chartier sobre os conceitos do papel das práticas e das representações; de Dominique Julia e Viñao Frado sobre o conceito de cultura escolar; das reflexões de António Nóvoa e Justino Magalhães sobre o campo de pesquisa das instituições escolares, dentre outros autores e conceitos capazes de dar suporte a construção desta investigação.

Colégio Regina Coeli: de escola confessional à escola comunitária

Marina Matiello – UCS [email protected]

O presente artigo é resultado parcial da pesquisa de mestrado intitulada “História do Colégio Regina Coeli: De Escola Confessional à Escola Comunitária (1948-1980)”. O objetivo do estudo, que está sendo desenvolvido, é produzir uma narrativa sobre a história do Colégio Regina Coeli, nos anos de 1948 a 1980, localizado em Veranópolis, buscando analisar as motivações e possíveis transformações decorrentes da passagem de uma escola confessional para uma comunitária, atentando para as culturas escolares. A pesquisa, que está ancorada nos pressupostos da História Cultural, se utiliza da análise de documentos e da história oral como metodologia. O corpus empírico documental foi construído a partir de fontes do acervo escolar, dos documentos e das memórias dos sujeitos relacionados ao objeto de estudo. A delimitação de 1948 a 1980 é proposta, pois, diante do percurso histórico da escola Regina Coeli, que compreende o período de 1917 aos dias atuais, fica inviável desenvolver a investigação de toda a história da instituição. A escolha está relacionada a fatos

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importantes, sendo demarcado o ano de 1948 para o início do estudo, pois foi neste ano que o prédio do colégio foi inaugurado e partir deste momento, a escola passa a denominar-se Regina Coeli. A data limite de 1980 foi pensada levando-se em consideração dados sobre a direção da escola ao longo dos anos. Depois de ter passado da condição de confessional católica para comunitária, em 1969, a direção da escola continuou sendo administrada por Irmãs de São José até o ano de 1976. A partir de 1977 a escola passou a ser dirigida por leigos, tendo tido dois diretores até 1980. É importante destacar que em Veranópolis não existem mais escolas confessionais, pois houve transformação ou fechamento de tais escolas, seja das Irmãs de São José ou dos Irmãos Maristas. Além do Colégio Regina Coeli, o município possui mais duas escolas comunitárias, administradas por diferentes associações: Colégio Evolução e Colégio Agrícola de Veranópolis. Desses, sendo o Colégio Regina Coeli o que passou do status de escola confessional católica para comunitária, se mostrou propício estudar sua história e as possíveis transformações nas suas culturas escolares. Considerando que não há estudos historiográficos sobre a educação no município de Veranópolis, pode-se considerar relevante o desenvolvimento da pesquisa para a comunidade veranense. Os resultados poderão contribuir para o entendimento da educação, transcendendo assim sua relevância para além do município de Veranópolis, auxiliando na compreensão da historicidade da região e do estado.

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Colégio salesiano e escola estadual Santa Teresa em Corumbá: o convênio celebrado

entre os salesianos e o estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (1972-1987)

Celeida Maria Costa de Souza e Silva – UCDB [email protected]

Os salesianos chegaram ao estado de Mato Grosso em 1894 vindos do Uruguai. Corumbá foi a primeira cidade visitada pela expedição missionária dirigida por Dom Luiz Lasagna. Na primeira visita, - os salesianos - já apresentavam planos de fundar uma escola e um oratório festivo - considerado um dos elementos fundamentais do projeto educativo salesiano. Após cinco anos da primeira visita, em março de 1899, vindos de Cuiabá, chegaram os primeiros salesianos em Corumbá, com objetivo de “preencher sensível lacuna da educação intelectual e religiosa das crianças corumbaenses”. Fundaram o Colégio Salesiano de Santa Teresa em abril de 1899. Era um Colégio para meninos, externos, semi-internos e, alguns, viviam sob regime de internato. O Colégio Salesiano de Santa Teresa, desde a sua fundação, contemplou o interesse de setores da elite. Portanto, os primeiros alunos a se matricularem no Colégio, eram filhos de famílias de influência na cidade de Corumbá, possuidoras de recursos e desejosas que seus filhos fossem preparados para ocupar funções de liderança e cargos públicos de destaque. Um pequeno número de pessoas de baixa renda conseguia bolsas, meia bolsa, ou um benfeitor, que possibilitava o ingresso naquele ambiente escolar. O Colégio Santa Teresa, é um dos mais importantes educandários de Corumbá-MS e do estado, por haver formado parcela da elite local e regional, e também é reconhecido pelo grande número de alunos que nele estudou a época que era conveniado com o estado de Mato Grosso, e depois, Mato Grosso do Sul. A escolha dos anos de 1972 a 1987 deve- se ao fato de que em 1972 passou a vigorar um Convênio entre a Missão Salesiana de Mato Grosso e o estado de Mato Grosso. Convênio esse, que mesmo com a divisão do estado de Mato Grosso em 1977, e a implantação do estado de Mato Grosso do Sul

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continuou tendo validade. O ano de 1987 refere-se ao fim do Convênio. É necessário dizer que um novo Convênio foi firmado, mantendo a relação entre o Colégio e o Estado até 1996 e por estar constituído de características diferentes, não o abordaremos. O Convênio foi firmado em 1971, e a partir de 1972, o prédio do Colégio Salesiano de Santa Teresa abrigou também a Escola Estadual Santa Teresa. Como particularidade do período, o fato de o Colégio Santa Teresa tornar-se estadual no 2º e 3º andares. O primeiro andar continuou particular até 1981. O Convênio pressupunha que o Colégio Salesiano de Santa Teresa continuaria a existir até que fossem formadas as últimas turmas privadas. Por isso, a mudança de denominação só ocorreu de fato, para a totalidade dos alunos, a partir de 1982. No período em que o Convênio vigorou, havia duas categorias de professores e funcionários, os contratados e pagos pela Missão Salesiana de Mato Grosso e outros remunerados pelo Estado e lotados na Escola Estadual Santa Teresa.

Colégio São Carlos: história de uma instituição escolar feminina em

Caxias do Sul, RS (1936 – 1971)Valéria Alves Paz

Universidade de Caxias do Sul

Esse texto tem como objetivo narrar o processo de construção histórica do Colégio São Carlos. Essa instituição de ensino, voltada para a educação das meninas caxienses, foi criada pela Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu – Scalabrinianas em 1936. O recorte temporal da pesquisa, portanto, abrange seu ano de criação (1936) até o ano de 1971, quando a escola passou a atender crianças e jovens de ambos os sexos. Pensando nas culturas escolares dessa instituição, instalada na cidade de Caxias do Sul, busca-se construir uma narrativa historiográfica que contemple o seu cotidiano, com seus sujeitos escolares, práticas, espaços e tempos vividos no Colégio São Carlos. Trata-se de um estudo baseado nos pressupostos teóricos da História Cultural. As fontes documentais utilizadas na pesquisa são os documentos escritos (correspondências recebidas e enviadas, relatórios,

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projetos, orientações didáticas, currículos) e fotográficos produzidos pela instituição e arquivados no Colégio, bem como os documentos localizados no acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami. Assim, busco novos referenciais, interpretando de maneira menos homogeneizante o universo da escola, desenvolvendo uma visão mais ampla em relação às práticas escolares através da valorização das ações cotidianas, dos profissionais, de sua trajetória, além de questões de gênero, raça e diferenças culturais. O Colégio São Carlos iniciou suas atividades em 1936 com o Jardim da Infância e curso primário, atendendo 160 alunos. Já em 1940, criava-se a Escola Técnica de Comércio (seção feminina), anexo ao Colégio Nossa Senhora do Carmo, tornando-se independente em 1952, iniciando com 18 alunas matriculadas. Em 1945, o Colégio São Carlos foi passado à categoria de Ginásio. Através da Portaria 481, de 10 de agosto de 1946, do Ministério da Educação e Saúde, obteve reconhecimento como funcionamento condicional e seu reconhecimento só ocorreu no ano de 1952 pela Portaria nº 1073, sob o regime de inspeção preliminar, de Ginásio São Carlos de Caxias do Sul. Até 1971 a escola manteve-se atendendo meninas. Narrar à história dessa instituição contribui para pensarmos a educação em Caxias do Sul e no Rio Grande do Sul, a escolarização feminina, a contribuição e as interfaces entre escola e Igreja, entre outros aspectos, em perspectiva histórica.

Como se deveria fazer e como era feito: os manuais de ensino mútuo e a prática cotidiana nas escolas de primeiras letras

na Bahia (1836- 1852)José Carlos de Araujo Silva – UEBA

[email protected]

O estudo sobre a aplicação do método do ensino mútuo nas escolas brasileiras, ainda desperta muito interesse nas pesquisas em história da educação da primeira metade do século XIX. Partindo dessa afirmação e tomando como marco cronológico inicial a lei provincial de 14 de abril de 1836 que instituiu a Escola Normal da Bahia e, com isso, determinou a criação de uma cadeira de Ensino

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Mútuo que para ser efetivamente instalada, necessitou que dois cidadãos baianos fossem enviados à França para estudarem os princípios e a aplicação do método e também traduzir o Manual das Escolas Elementares D’Ensino Mutuo, escrito por M. Sarazin, e o Manual Completo do Ensino Simultâneo, originalmente escrito pelos professores da Escola Normal de Paris, textos que se converteram nas principais obras metodológicas utilizadas na Escola Normal da Bahia (em seu início) e o principal recurso normatizador daquela cadeira escolar e da prática dos futuros professores em suas aulas de primeiras letras. Apesar dos estudos sobre a aplicação do método do ensino mútuo, esses manuais ainda são pouco conhecidos, urgindo serem analisados enquanto referência para os estudos sobre as práticas e o cotidiano das escolas de primeiras letras na primeira metade dos novecentos na província da Bahia. Posto isso, a presente proposição de comunicação individual tem por objetivo caracterizar os princípios norteadores do método a partir das prescrições detalhadas nos manuais para relacioná-las com o que se ensinava nessas escolas. Assim, nos basearemos naquilo que estava prescrito nos manuais citados, que serão cotejados sempre com outras fontes documentais para clarificar determinados aspectos e, principalmente, para estabelecer uma relação entre o ideal (expresso nos manuais) e o real (como se procedia cotidianamente). A possibilidade de realizarmos tal cotejamento deve-se a uma exaustiva pesquisa documental realizada junto no acervo da Seção colonial do APB (Arquivo Público da Bahia) durante a implementação da pesquisa sobre o cotidiano das escolas de primeiras letras no recôncavo baiano entre os anos de 1827 e 1852 em que fizemos uma detida análise nas seguintes séries documentais: Correspondência expedida por autoridades diversas; Câmaras; Correspondência recebida por autoridades diversas; Ensino elementar; Instrução pública e Pessoal do magistério, que propiciaram um riquíssimo conjunto de informações sobre como os docentes realizavam diariamente o seu trabalho na espinhosa tarefa de aplicar um método divulgado como o mais adequado para atender as nossas estruturais

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dificuldades pós-coloniais.

A companhia de Jesus e a pedagogia da vigilância: um estudo da prática pedagógica

jesuítica a partir de documentos raros da América portuguesa do século XVI

Marcos Roberto de Faria – UNIFAL [email protected]

O texto trata dos instrumentos de vigilância que a Igreja contra-reformista pôs em cena, a partir da segunda metade do século XVI, por meio da atuação dos padres da Companhia de Jesus. Inicialmente, a fim de fundamentar e citar algumas das condicionantes históricas que perpassaram a atividade dos padres jesuítas que atuaram na Província do Brasil no período, o trabalho recorre ao Concílio de Trento, evento que constituiu a base da chamada Contra- Reforma. No entanto, a principal contribuição deste texto está no uso de uma documentação muito pouco explorada, pesquisada no Archivum Romanum Societatis Iesu – ARSI – em Roma. Por meio da análise desta documentação, certamente é possível afirmar que a atividade jesuítica no período foi permeada por conflitos e negociações que se estabeleceram entre os padres, os nativos, os colonos e a direção da Ordem em Roma. Com o intuito de vigiar e organizar as práticas dos seus membros, o centro da Companhia de Jesus em Roma reforçou a vigilância e procurou estabelecer a ordem sobre as coisas, por meio de rígidas normas e proibições, que passaram a regulamentar as casas e os colégios que a Companhia de Jesus mantinha em terras brasílicas. Nesta direção, verificou-se que o reforço da ortodoxia, instaurado pela Contra-Reforma, são perceptíveis em várias direções, como por exemplo, no enrijecimento da vigilância sobre o cotidiano dos próprios jesuítas e na proibição do seu envolvimento com as chamadas “questões temporais” nas aldeias dos índios. Para além destas questões, a documentação pesquisada permite dizer ainda que a vigilância sobre os costumes indígenas, considerados maus,

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é ainda mais acentuada neste período. Assim, algumas práticas que eram permitidas e utilizadas pelos inacianos no trato com os índios no início da empresa missionária, começaram a ser sumariamente proibidas. Nesse sentido, é possível afirmar, portanto, que houve deslocamentos e mudanças na prática jesuítica ao longo da segunda metade do século XVI e que, para estabelecer maior rigidez e organização em suas ações, a Igreja contra-reformista regulou corpos e saberes, a fim de reforçar a vigilância e estabelecer a “ordem” sobre as coisas. No caso da América portuguesa, os jesuítas foram os portadores e os agentes desta empreitada.

Corpo e educação no escotismo: um estudo a partir do pensamento de Baden-Powell

(1908-1941)

Carlos Herold Junior – Unicentro/Guarapuava/PR [email protected]

Criado em 1907 na Inglaterra, o escotismo propôs um importante conjunto de concepções e práticas formativas direcionadas à infância e à juventude, conjunto esse que obteve reconhecimento mundial nas primeiras décadas do século XX. Acolhido em países com características históricas, sociais e culturais muito diferentes entre si, o movimento escoteiro aglutinou pessoas e instituições preocupadas em educar crianças e jovens a partir da ideia de “construção do caráter” e da virilidade. No Brasil, o movimento chegou em 1910, espalhou-se por vários Estados e influenciou muitos intelectuais, educadores e políticos. Por esse motivo, grupos escoteiros fizeram parte do cotidiano de muitas cidades brasileiras, mesmo de algumas as mais afastadas dos grandes centros. Tendo em conta o alcance do escotismo e sua presença nas considerações daqueles que pensavam os rumos pedagógicos e a formação das estruturas escolares das primeiras décadas do século XX, este trabalho objetiva analisar a maneira como o pensamento de Robert Baden-Powell (1857-1941) articula

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e justifica sua proposta formativa com as necessidades de sua época. Para tanto, foram utilizados livros escritos pelo fundador do escotismo no período que se inicia no ano 1908 (ano em que foi publicado Scouting for Boys, principal obra na divulgação das práticas escoteiras) e termina em 1941 (ano da morte de Baden-Powell). A análise do material empírico foi organizada em três partes: na primeira, fazemos um levantamento do que foi produzido, academicamente, sobre o escotismo enquanto um fenômeno da história educacional; na segunda parte, estudamos as variáveis históricas e educacionais com as quais lidou Baden-Powell e que forneceram razões para que ele elaborasse sua proposta formativa dirigida, sobretudo, aos meninos e aos rapazes. Por fim, a partir das obras do general inglês, estudamos as bases especificamente educacionais e ideológicas que sustentaram e divulgaram as práticas escoteiras. Como conclusão, é possível notar que Baden-Powell fez severas críticas à educação inglesa de sua época. Preocupado com a debilidade de caráter que via existir nas crianças e nos jovens, pensou em práticas educacionais que aproximassem os “futuros cidadãos” de uma condição moral e corporal que ele avaliava como ausente em meio às grandes aglomerações urbanas ou que, pelo menos, era muito dificultada pelo “excesso de civilização”. Nesse sentido, o escotismo foi concebido como prática formativa que reaproximaria os jovens da natureza por meio de variadas práticas corporais, principalmente. Por isso, a análise permite inferir que a valorização das atividades do corpo é uma das mais visíveis considerações do escotismo, um dos pontos que o relacionou aos debates pedagógicos no início do século XX e uma das explicações para sua rápida expansão por todo o mundo imediatamente após sua fundação.

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Cuidar e educar: o CEIM Maria de Nazaré de Dourados-MS de 1983 a 2010

Maria de Lourdes dos Santos – UFGD [email protected]

Este é um recorte de uma pesquisa de conclusão de curso, onde se procurou apresentar uma reflexão a respeito da trajetória histórico-educacional de uma instituição de educação infantil, localizada no município de Dourados. Neste caso, o CEIM Maria de Nazaré, que recebeu, cuidou e educou crianças da comunidade, em que se encontrava situado, por quase três décadas. Optar por fazer uma pesquisa a partir da história deste local significou ter que situá-la no tempo e no espaço, ou seja, refazer sua trajetória desde os primeiros movimentos visando a sua construção em 1983 até o seu fechamento para reformas pelo poder público municipal em2010. A pesquisa se inseriu no campo da investigação da história da educação, sobretudo, no que diz respeito à história das instituições escolares no Brasil, que segundo Nosella e Buffa, “representam um tema de pesquisa significativo entre educadores, particularmente no âmbito da história da educação” (2008, p. 16). Assim, autores como Diana Vidal (2005), Alessandra Cristina Furtado (2010), José Luis Sanfelice (2007) e Justino Pereira Magalhães (2009), entre outros que vem discutido a temática a cerca da importância do papel das pesquisas sobre as memórias, a história, os arquivos escolares e a arquitetura das instituições escolares no Brasil e também no sul do Mato Grosso do Sul, foram fundamentais para o embasamento teórico da investigação e para a elaboração do trabalho de graduação. Desta forma, os referenciais teóricos da pesquisa foram provenientes das investigações e estudos realizados sobre história da educação, sobretudo, no que diz respeito à história das instituições escolares no Brasil. E também, sobre aquelas que abordam a história da educação infantil, já que o objeto de pesquisa trata-se de uma instituição que atendia a este nível de ensino. Procurou-se refazer a trajetória histórico educacional da Instituição, por meio de análise documental e das fontes jornalísticas e orais que marcaram e retrataram a memória do CEIM. Bem como das leis referentes à regulamentação do funcionamento do mesmo,

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durante as etapas de sua história. Ou seja, de sua criação, resultante de um movimento comunitário, passando pela sua oficialização como instituição publica de ensino, até o encerramento de suas atividades. Por fim, cabe ressaltar, que o estudo da história e do papel das instituições escolares é algo de grande relevância para se compreender a importância dos arquivos, da preservação da memória patrimonial e pessoal das partes envolvidas com as trajetórias das mesmas. E não poderia ser diferente no que diz respeito à instituição que elegemos como nosso objeto de estudo, e cujos resultados se propõe apresentar a partir desta proposta de comunicação oral.

Cultura escolar e modernidade educacional na escola doméstica de Natal-RN (1914-1945)

Andréa Gabriel Francelino Rodrigues [email protected]

A pesquisa, resultado de um estudo doutoral apresenta um novo olhar para a instituição Escola Doméstica de Natal, considerando a multiplicidade dos atores e práticas envolvidas na escola que melhor definiam e explicavam os fenômenos daquela realidade educativa e das relações com o tempo e lugar em que estava inserida. O corpus documental para a análise foi composto por decretos-lei, portarias, livros de atas e fotografias, dentre outros documentos. Metodologicamente, o trabalho alicerçou-se na pesquisa qualitativa, propondo a investigação e análise meticulosa dos vestígios e o apreço aos pormenores presentes em documentos dispostos, em grande maioria, nos arquivos da Escola Doméstica de Natal. Os conceitos de memória e cultura escolar foram fundantes para fazermos uma leitura histórico-cultural do conjunto de aspectos institucionalizados na escola, como o seu currículo, finalidades, modos de ensinar e aprender, condutas, normas, enfim, o que caracterizavam a sua organização e práticas cotidianas. Sendo a Escola Doméstica uma instituição pioneira no modelo de ensino voltado para a educação feminina no Brasil, priorizamos reconhecê-la e circunscrevê-la na sua indelével contribuição à História da Educação Norte-rio-grandense. Concebida por um modelo de organização escolar europeu para a educação feminina, a escola foi inaugurada em 1914,

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tendo como seu criador, o intelectual norte-rio-grandense Henrique Castriciano de Souza. Sua singularidade, divergindo das escolas femininas existentes no RN e no país naquele momento, advinha do modelo escolar adotado, que enfatizava a formação de uma mulher voltada para atender aos anseios modernos despontados com o advento da República. Esse ideário exigia, por parte da escola, a formação de um modelo de mulher em seus aspectos moral, físico, cultural e intelectual moldados nos ideais da ordem e do progresso. Essa seria uma nova forma de educação escolar que poderia favorecer a modernização dos velhos métodos de ensino, provocando o surgimento de modelos que implicariam numa nova organização pedagógica nas escolas existentes no Estado e conduziriam a cidade a novos patamares de cultura e civilidade. Estava presente, também a representação de que, com essa formação, a escola contribuiria para que a mulher atuasse na sociedade de forma mais ativa, social e ajustável ao meio. As palavras ordem, novo, civilidade, moderno e progresso circulavam e se entrecruzavam com valores arcaicos ainda arraigados e permanentes na visão da vida e na ideia de mundo de então. Assim, percebia-se a Escola Doméstica como instituição modelo, específica em sua função, que iria trazer para a cidade e, particularmente para o Estado do RN, ideais de civilidade, ordem e progresso.

Da prescrição à realização: os colégios elementares como um novo modelo de escola primária no Rio Grande do Sul (1909 – 1927)

Terciane Ângela Luchese – UCS [email protected]

O presente texto é resultado parcial da pesquisa “História dos Colégios Elementares do Rio Grande do Sul (1909 a 1927)”, desenvolvida em âmbito institucional. O objetivo é problematizar a normatização que instaurou um novo modelo escolar no Rio Grande do Sul, os colégios elementares e sua efetiva realização nos primeiros nove colégios. A organização e as culturas escolares produzidas nessas instituições primárias se contrapõem ao tradicional modelo de escola isolada existente no estado gaúcho até então, mas quais

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foram às condições efetivas para a realização das prescrições legais? Orientada pelos pressupostos da História Cultural e utilizando como referência metodológica a análise documental de leis, relatórios, livros de atas, correspondências e fotografias, o texto tensiona a relação entre legislação e efetivação, tomando como referência os primeiros colégios elementares do Rio Grande do Sul. Em maio de 1909, pelo Decreto 1479 o Presidente da Província modificou o programa de ensino complementar e criou os colégios elementares no Estado. Os Colégios Elementares significaram um ‘novo’ modelo de organização da escola: seriada com professor regente em cada classe, com a presença de diretor e secretaria, dispôs sobre conteúdos, organização e distribuição do tempo, do método de ensino (no caso o intuitivo), dos espaços (biblioteca, gabinetes, salas) e todo um conjunto de novas regulações. Ainda em 1909, foram transformadas em colégios elementares, as escolas de Santa Maria, Santa Cruz e Montenegro e criados os colégios de Bagé, Rio Pardo, Encruzilhada, São Jerônimo, São Sebastião do Caí e Bento Gonçalves. Portanto, todos inicialmente localizados no interior do Estado. Já em 1910, foram aprovados os programas de ensino (Decreto 1576 de 27/01/1910) e o regimento interno desses Colégios (Decreto 1575 de 27/01/1910). Ao estudar aos colégios elementares, se coloca foco na institucionalização, na difusão de um modelo escolar das escolas graduadas e a expansão do sistema público estadual de ensino, tendo como pano de fundo o ideário positivista. Refletir sobre o modelo de escola urbana, seriada, com classes graduadas pela idade e grau de conhecimento, contribui para conhecermos as peculiaridades da história da educação do Rio Grande do Sul em relação ao restante do país e também para conhecermos as relações entre o prescrito e o realizado na difusão desse novo modelo escolar, denominado no restante do Brasil como grupo escolar.

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Das aulas avulsas ao Lyceu provincial: as primeiras configurações da instrução

secundária na província da Parahyba do Norte (1836-1884)

Cristiano De Jesus Ferronato [email protected]

Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de nossa pesquisa de doutoramento onde discutimos as transformações ocorridas no ensino secundário paraibano – por que não brasileiro – no período compreendido entre as primeiras iniciativas de organização do Estado Nacional Brasileiro (imperial) às vésperas da República. Traduzidas em datas, mais precisamente, esses dois momentos que têm início em 1836, com a criação do Lyceu Provincial da Parahyba do Norte, e 1884, quando esta instituição foi transformada em Escola Normal. Esses marcos temporais, consideramos, são centrais na história do Lyceu Provincial, uma vez que representam o nascimento, a consolidação e a luta empreendida por professores, homens letrados e administradores públicos para que continuasse existindo enquanto principal instituição de ensino secundário da Província. Desse modo, a pesquisa apontou que, na Província da Parahyba do Norte, a criação do seu Lyceu Provincial, em meio aos problemas do período regencial, esteve inserida no processo do chamado pacto imperial, estabelecido entre as elites provinciais com o poder central, particularmente, conduzido pelos liberais. O trabalho foi construído, tomando como referências historiográficas, os estudos realizados por Dolhknikoff, Gouvêa e Haidar, e assimilamos a linguagem conceitual de Bourdieu, sobre os “sistemas simbólicos” e as suas compreensões acerca do conceito de configuração. Além desses referenciais, os estudos desenvolvidos por Magalhães nos auxiliaram em relação às discussões empreendidas em torno da história das instituições educacionais. Sobre as diversas histórias de liceus criados no Brasil imperial, os autores consultados para este estudo têm assinalado as dificuldades e a morosidade para a sua instalação nas províncias, cuja efetiva consolidação e funcionamento regular apresentam uma cronologia bem diversa em cada uma delas, uma vez que

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apresentaram urgências específicas e particulares, além das boas intenções, que acreditamos estiveram presentes entre aqueles que contribuíram para a produção legislativa e normatizadora tanto mais geral quanto específica para este tipo de instituição escolar. Nesse sentido, é unânime, no Brasil, a noção de que a criação destas instituições marcou o início de um novo momento da organização do ensino secundário brasileiro, que estamos considerando como um período de modernização do referido nível de ensino. Para a efetivação dos nossos objetivos utilizamos como principal base documental as falas e relatórios dos presidentes de província, dirigidas à Assembleia Legislativa provincial; as leis, regulamentos, portarias e decretos sobre a instrução secundária; mapas; dados estatísticos; orçamentos; listas de alunos, professores e diretores, entre outros que nos auxiliaram em nossa operação historiográfica. Acreditamos que pelas peculiaridades da Instituição aqui investigada e resultados alcançados, o trabalho contribui para um primeiro vislumbramento da história do ensino secundário na Província da Parahyba do Norte e para a história do ensino liceal no Brasil.

Das escolas isoladas ao grupo escolar: a organização da educação no município de

Ituiutaba, Minas Gerais (1889-1910)

Ana Emília Cordeiro Souto Ferreira – UFU [email protected]

Carlos Henrique de Carvalho – UFU [email protected]

Nicola José Frattari Neto – UFU [email protected]

Este trabalho tem por finalidade discutir a organização da instrução no Município de Ituiutaba, Minas Gerais, no período compreendido entre 1889 a 1910, tendo em visto os impactos que a Reforma João Pinheiro de 1906 (que instituiu os grupos escolares no estado) causou às escolas isoladas no âmbito da estrutura de ensino à época. Com este objetivo a pesquisa buscou identificar onde estavam instaladas as

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escolas isoladas, qual no número de alunos nelas matriculados, quais os procedimentos metodológicos adotados diante dos princípios trazidos pela escola moderna. As fontes que subsidiaram a investigação foram os relatórios dos inspetores de ensino, correspondências trocados entre os agentes municipais com a Secretaria do Estado do Interior, Atas da Câmara Municipal, as quais retratam a realidade das escolas isoladas em termos de estrutura física em oposição ao Grupo Escolar, jornais, etc. Já em relação ao escopo teórico nos ancoramos em Sodré, Saviane, Leal, Sucupira, Faria Filho, Carvalho, Araújo, Diana, Gonçalves Neto, entre outros. Como conclusões do trabalho podemos afirmar que os princípios básicos da reforma em 1906 visava, sobretudo, desenvolver a educação popular num aspecto tríplice: físico, intelectual e moral. Nesse caso, a reforma buscou organizar pedagogicamente a escola segundo regras e modelos para os prédios escolares e o fornecimento de mobiliário e material didático; também criou a instrução manual, pois era fundamental a um povo civilizado que a escola primária se detivesse não só na instrução abstrata, mas também na educação física e moral do homem. Daí o natural desenvolvimento que vão tendo os métodos de programas de ensino, acrescidos da ginástica, exercícios físicos e evoluções militares; dos trabalhos manuais; canto coral; noções elementares de ciências físicas e naturais; de agronomia, etc. Os reformadores não se restringiram ao puramente ideológico e teórico; ao contrário, à instrução-educação, acrescentaram uma meta prática voltada à política de desenvolvimento estatal, em que o verdadeiro intuito das escolas segundo métodos da democracia eram a instrução, educação e profissão. No entanto, apesar de todos estes princípios modernizadores, as escolas isoladas continuaram tendo um importante papel no processo de escolarização no município, principalmente nas regiões mais distantes da capital mineira, onde ainda persistiam as condições de precariedade para o ensino, como a falta de recursos financeiros e pedagógicos e espaços escolares eram uma constante.

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De Escola Normal a Instituto de Educação Sarah Kubitscheck: memória e monumentalização no

sertão carioca (1959-1974)

Luciana Felippe Cardoso – PUC/RIO [email protected]

Situado no campo da História da Educação Brasileira e adotando como referência a linha de pesquisa da História das Instituições Escolares, este trabalho começou a ser pensado já durante as pesquisas realizadas para minha dissertação e tem como objetivo indicar questões que vem norteando a elaboração de minha Tese. Parte da dissertação exigiu pescrutar diferentes motivos “objetivos” e “subjetivos” que levaram à inauguração da Escola Normal Sarah Kubitschek, na zona Oeste carioca em 1959. É interessante perceber na época entrei em contato com elementos que - embora não integrassem o horizonte daquela pesquisa - já começavam a gerar alguns questionamentos que se tornariam uma verdadeira “centelha de vida” para a tese de doutoramento. Ao procurar entrecruzar temas extremamente caros ao período, quais sejam: educação e desenvolvimento econômico; educação tecnicista; dicotomia entre questões nacionais e locais – questões sobre os quais diferentes autores se debruçaram ao destrinchar a história do Brasil e do Rio de Janeiro nos anos de 1970 -, a Tese tem a ambição de ser capaz de articular tempo e espaço, texto e contexto. Objetiva-se perceber como estes temas matizaram – ou não – a construção e inauguração do majestoso prédio do Instituto de Educação Sarah Kubitscheck (IESK) no ermo “Sertão Carioca”? Que alianças políticas surgiram para que a instituição tenha sido (re) criada. O quanto e como seus muros foram permeáveis a estas questões? Qual o peso delas na elaboração da imagem de monumento ao progresso e ao futuro do país que o instituto preservou durante tanto tempo. Até o presente momento, a pesquisa exigiu a leitura de inúmeros livros que foram julgados capazes de gerar um conhecimento o mais sólido possível sobre aquele período. Tenho conseguido iniciar uma agenda de entrevistas com pessoas ligadas à criação do IESK. Há um dado curioso a este respeito; seja um antigo político da região,

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um ex-funcionário ou mesmo um ex-aluno da instituição, quase que impreterivelmente os relatos acabam por celebrar a importância, a magnitude e excelência do Instituto “daquela época”. Tal como um período mítico do “leite e do mel” a escola era “motivo de orgulho para o bairro”, oferecia “excelente formação” e era frequentada por gente “de bem”. Outro tema constante nas primeiras aproximações menciona fato de que muitos políticos “de peso” circulavam pela escola. Chagas Freitas fez a primeira chamada telefônica para a instituição (5 minutos depois que o telefone foi instalado), além disso, o político - segundo alguns relatos - fazia visitas constantes à escola, de carro oficial? Claro que não! O barulho ensurdecedor do helicóptero oficial ecoava pelas largas ruas do bairro, envaidecendo seus moradores celebrando sua importância. Estas e outras muitas constatações estão presentes no relato desta pesquisa que procurará trazer um olhar inovador sobre uma Região Carioca pouco explorada e que muito tem a contribuir para a compreensão da História da Educação Brasileira.

Diplomacia e história da educação: o caso do Institute of International Education (1919-1946)

Márcio Mello Pessoa [email protected]

Este trabalho representa uma parte integrante da pesquisa realizada na iniciação científica a respeito de um autor pouco referenciado no campo da História da Educação no Brasil, o norte-americano Stephen Duggan (1870-1950). A partir das análises de duas de suas obras, A student’s Textbook in the History of Education (1916) e A Professor at Large (1943), em um primeiro momento, privilegiamos a compreensão das relações entre Duggan e a escrita da História da Educação. No entanto, para este trabalho, investimos na leitura dos relatórios anuais do Institute of International Education (IIE), durante os 27 anos da gestão de Duggan, (1919-1946), a fim de compreender os tipos de ações promovidas pelo autor e perceber de que forma se caracteriza o

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funcionamento, as atividades e as finalidades do Instituto, além de identificarmos a presença de sujeitos como Paul Monroe e Mary E. Wooley, que, dentre outros, ao lado de Duggan, compõem sua estrutura administrativa. Com doutoramento em Ciências Políticas e grande investimento no campo da diplomacia, após a primeira grande guerra, Duggan foi um dos protagonistas da criação do IIE, em 1919, tornando-se seu primeiro presidente. Acreditando que uma paz duradoura só seria alcançada a partir de um grande entendimento entre as nações, Duggan sustentava a ideia de esse novo estágio poderia ser atingido por meio do intercâmbio educacional internacional e, nesse sentido, investe no IIE, com a finalidade de estimular o intercâmbio educacional, funcionando como ponto central de contato e fonte de informação entre a educação superior norte- americana e as nações estrangeiras interessadas em desenvolver laços educacionais com os Estados Unidos. Portanto, é seguindo tal orientação que o IIE inicia suas atividades de intercâmbio com estudantes, professores e faculdades de vários países europeus. Para facilitar tais atividades, Duggan persuade o Governo norte-americano a criar uma nova categoria de visto para estudante não-imigrante, além de instituir outros dispositivos para efetivar as ações do Instituto, como a criação de uma rede de clubes de relações internacionais com a finalidade de expandir sua eficácia e ajudar a facilitar um clima favorável para a educação internacional nas universidades norte-americanas. A análise desses relatórios possibilita também refletir de que forma a História da Educação pode ser associada à atividade diplomática, visto que as atividades do Instituto se encontram articuladas às experiências de um professor de História da Educação, autor de um importante manual sobre o tema, cuja ação diplomática-educadora parece confirmar a aposta em uma nova civilização a ser construída após primeira grande guerra, com base na educação, cujo centro deveria ser os Estados Unidos.

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Diretrizes para o uso pelos senhores professores do “Método Português” de

Antônio de Castilho

Cesar Augusto Castro [email protected]

Neste trabalho tratamos de analisar as diretrizes para o ensino do Método Português de leitura de Antônio Feliciano de Castilho. Castilho ao estabelecer o seu método pretendia contribuir para minimar o lamentável estado de analfabetismo das crianças pobres portuguesas e por extensão às brasileiras e das colônias africanas. Diante as críticas que o seu método recebe em Portugal, em especial, em relação à falta de orientação para os professores que desejassem adotá-lo em suas aulas e escolas, publica as “Diretrizes para os senhores professores das escolas primárias pelo Método Português”, em 1854 pela Imprensa da Universidade de Coimbra. Na parte introdutória da obra aborda com detalhes os objetos precisos para funcionamento das aulas, a disposição dos mesmos pelos espaços escolares, os procedimentos a serem adotados em diferentes atividades de ensino como o uso do quadro negro, do papel, das tintas, das penas e das ardósias e, ainda, a forma de ensinar ler, escrever e contar de “maneira aprazível”. Como elemento facilitador do uso e aplicação do método utiliza linguagem clara e descrição minuciosa dos conteúdos a serem trabalhados pelos professores. Em seguida, divide o texto em três partes. Na primeira trata das “atitudes e pegar na pena para escrever”, em que descreve como os mestres deveriam orientar aos alunos em “ usarem a pena, a ardósia e o papel”. Na segunda parte, trata do uso dos papéis vidros, que tinham a finalidade de desenvolver nos alunos as habilidades de “contornarem as mãos para cobrirem as letras” e a postura física adequada para esse ato. Por último, trata do uso da pena e da escrita em papel comum e os diferentes tipos de letras (cursiva, bastarda e bastardinha). Em cada atividade chama atenção dos professores para os possíveis problemas no processo da escrita

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que denomina de “Advertências”. Ao encerrar o livro, apresenta os “Conselhos” para serem adotados nas diversas disciplinas das escolas primárias, como a caligrafia, aritmética, dança, música e higiene e sugere a adoção de “obras de fixação dos conteúdos” a exemplo Ramalhetinhos da Puerícia de Luiz Felipe Leite (para as aulas de higiene). Por fim, termina suas “Diretrizes” criticando os castigos escolares (uso da palmatória) e apresenta um conjunto de “cantigas para uso nas escolas”, como “Invocação a Deus” (antes de começarem as aulas), “Hino ao Trabalho”, “Graças ao Levantar da Escola” e outros, que fazem parte do universo das poesias de Antônio de Castilho sobre a educação.

Disseminando saberes: o Grupo Escolar de um bairro operário

Valdelice Borghi Ferreira – Uniso/SP [email protected]

A história da educação da cidade de Sorocaba (SP) reflete a dinâmica da realidade brasileira do início do século XX evidenciando, também, singularidades regionais e locais. A pesquisa trata da criação do G. E. Senador Vergueiro, em 1919, objetivando estudar a educação escolar no contexto histórico da Primeira República, quando o ideal de instrução para o povo, de democratização e formação do cidadão ganhou centralidade. As práticas políticas contradiziam o discurso liberal republicano, ao privilegiar os grupos que apoiavam as bases de sustentação dos governos oligárquicos. Nas cidades a elite era contemplada com grupos escolares, muitas vezes luxuosos, enquanto a maioria da população continuava analfabeta. Em Sorocaba o processo de escolarização assumiu contornos singulares – não houve preocupação com a referência visual das escolas ou com sua expansão. Entre 1906 e 1928, a cidade foi dominada politicamente pelo PRP, liderado por Luis P. de Campos Vergueiro, que representava em dimensão local e

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regional a “política dos governadores” e o coronelismo, então práticas nacionais. Seu domínio manifestou-se em todos os setores, incluindo a educação - era também contrário à criação da Escola Normal e do ensino secundário, considerados desnecessários para a população operária, colocando-se na contramão da bandeira republicana de expansão da escolarização. Nesse contexto, os dois primeiros grupos escolares (1896 e 1914) funcionaram em sobrados residenciais alugados, atendendo à região central, excluindo a maior parte da população em idade escolar, que se concentrava em regiões periféricas da cidade ou rurais. Sorocaba foi um dos focos da industrialização do Estado de S. Paulo, a partir do final do séc. XIX. O desenvolvimento das indústrias têxteis e a instalação da Estrada de Ferro Sorocabana foram fatores de atração para a migração interna e para a vinda de imigrantes italianos, portugueses, espanhóis, que constituíam a massa operária nas fábricas e, para além das reivindicações trabalhistas, lutavam pela educação de seus filhos, dela excluídos. Como parte dessa luta foi criado o terceiro grupo escolar (1919), em prédio também adaptado, no Bairro Além Ponte, reduto da colônia espanhola, onde se localizavam as fábricas Santa Maria e São Paulo. A pesquisa, que será detalhada, indica que a grande maioria das crianças tinha pais operários, estrangeiros e muitas haviam nascido no exterior. Os resultados sugerem que os operários tiveram a escola que atenderia às reais necessidades dos trabalhadores naquele momento histórico – educação escolar para seus filhos e possibilidade de ascensão econômica e social. Sugerem, também, que o patronato e o poder público cederam, embora parcialmente, às pressões populares pela oferta de escolarização, atendendo, ainda, à necessidade de preparo de mão-de-obra mais qualificada, requerida nas fábricas.

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Dissensão, imbricação e convergência nas propostas de educação integral de

Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro

Edilson de Souza – UERJ [email protected]

Este texto é um produto parcial da investigação que desenvolvo em meu processo de doutoramento, cujo tema centra-se na análise de dois programas educacionais que se materializaram por meio das Escolas Classe e Escola Parque e dos Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs, o primeiro na década de 1960, mediante o Plano de Construções Escolares de Brasília, formulado por Anísio Teixeira. e , o outro, implementado na década de 1980, de conformidade com o Programa Especial de Educação - I PEE, proposto e executado por Darcy Ribeiro, no município do Rio de Janeiro. No entrecruzamento dos projetos desses dois intelectuais, busco compreender as dissensões, imbricações e convergências dessas iniciativas e o que deixaram como resultados para a política educacional do país. Para tanto, trago a tona memórias dos sujeitos que puderam vivenciar a concretização desses projetos, tanto no Distrito Federal, os partícipes da experiência das Escolas Classe e Escola Parque, disponibilizadas no acervo histórico do projeto “Educação Básica Pública do Distrito Federal: Origens de um Projeto Inovador (1956-1964)”, da Universidade de Brasília, assim como dos egressos dos CIEPs, no Rio de Janeiro, em particular no primeiro inaugurado, o CIEP “Tancredo Neves”, situado no bairro da Glória. Ressalte-se, ainda, que na realização deste estudo são consideradas as determinações e os investimentos pessoais e profissionais, tanto de Darcy Ribeiro como de Anísio Teixeira, pois assim como outros intelectuais ambos assumiram a dimensão prática na produção das ideias, tomando como centro de suas preocupações a relação dessas ideias com o mundo, em detrimento de respostas teóricas orientadas apenas por questões acadêmicas e sociais. Ao recuperar relatos dos sujeitos que participaram dessas experiências, recupera-se os calorosos debates relacionados ao que entendem por educação Integral. A análise empreendida estabelece

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ainda comparações entre os projetos educacionais que se constituem objeto do estudo. A reflexão proposta visa contribuir, juntamente com as demais pesquisas realizadas sobre a temática da educação integral – e da escola pública de horário integral - para a formulação de políticas públicas na área educacional. Considerando o acúmulo de trabalhos já existentes, não se pretende fazer afirmações definitivas, mas antes produzir perguntas, levantar questionamentos, para que o debate se amplie no espaço governamental, já que ainda se configura incipiente a discussão acerca da educação integral voltada às políticas públicas. Nesse sentido, com a elaboração deste texto pretende-se colaborar para o desenho de propostas governamentais, especialmente para o PNE 2011-2021, buscando valorizar os pesquisadores que nos antecedem em seus trabalhos de vanguarda.

Do Museu da Quinta da Boa Vista ao Museu do Palácio do Ipiranga: a invenção do museu

social republicano nas experiências de geração de Edgard Roquette-Pinto e Affonso E. Taunay

(1917-1939)Jorge Antonio Rangel Fidel – NIPHEI/UERJ

[email protected]

A presente comunicação tem por intuito compreender a concepção inventiva do museu social republicano a partir das experiências de geração dos cientistas sociais Edgard Roquette-Pinto e Afonso D`Escragnolle Taunay que, em momentos diferentes, ocuparam a direção, respectivamente, do Museu Nacional do Rio de Janeiro nos anos de 1926 a 1935 e do Museu Paulista (do Ipiranga) nos anos de 1917 a 1939. Ambos, cada um o seu modo e estilo, buscaram construir uma interpretação “positiva” dos trópicos. Por caminhos diferentes, do ponto de vista da ciência, pensaram e agiram sobre a produção de uma narrativa histórica acerca das concepções de nacionalidade, de identidade e de território. O antropólogo e o

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historiador das bandeiras. Ambos criaram representações do social e arguiram, de forma incisiva, a construção de uma memória e uma identidade nacional, apeados em desvendar os (des) caminhos da modernização científica e cultural do país ao qual dedicaram seus projetos de reforma, científica, social e cultural para o país continente. Por esse aspecto, construíram os museus em questão como representações instituídas de prestígio intelectual e científico, instituições capazes de produzir através da ciência e da história, uma visão positiva dos trópicos que, por conseguinte, alinhava-se com as ideias de monumentalidade e de celebração para além dos dissensos característicos das diferenças étnicas e culturais presentes na formação social brasileira. Assim, como item primeiro de suas agendas figurava a criação do museu como museu social evocativo das representações do pluralismo da sociedade industrial a se formar e também engajado em defender os interesses da nacionalidade em suas formas e em seus domínios público e privado. Com efeito, no limiar do século XX, ambos, os cientistas sociais em questão identificaram os museus sociais como instrumentos de modernização, espaços de ciência e de educação, lugares privilegiados para se fazer operar a transição da antiga sociedade colonial frente ao advento da sociedade moderna industrial burguesa. Lugar de invenção do museu social republicano. Prática esta que, do ponto de vista do liberalismo, encetou as tarefas de instruir e de capacitar os indivíduos-cidadãos frente ao ingresso a uma perspectiva de vida “civilizada”, espelhada no mundo europeu dos finais dos novecentos. Esse processo instaurou no conjunto dos meios de produção do social (Boom, 2004, p.214) dos museus Nacional e do Ipiranga, mais precisamente, no momento das comemorações do Centenário da Independência do Brasil no ano de 1922, a preocupação de se preparar o público, de um lado, para o entretenimento e, por outro, para a aceitação e para o reforço de um sentido já cristalizado do consagrado sobre a memória do nacional, republicano. Exemplificava-se, dessa forma, um esforço de articular os museus para a cidade. No caso do Museu do Ipiranga, nos diz Cecília Helena de Salles de Oliveira (2000, p. 75), as “significações estéticas, celebrativas, científicas e pedagógicas.”

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E, tudo começou alí, naquela salinha de chão batido! – considerações sobre a história da primeira instituição escolar de Sinop-MT

(1973-1979)

Josiane Brolo Rohden – UFMT [email protected]

Esta pesquisa tem como objeto de estudo revisitar a história da primeira Instituição Escolar de Sinop- MT, a Escola Estadual Nilza de Oliveira Pepino, destinando um olhar para a cultura escolar produzida pela mesma. Eleita como objeto de estudo pelo fato de ter sido instaurada nesta localidade durante o processo inicial de colonização da cidade (1973-1979), o que representa deste modo, o início da implantação de um sistema educacional em um descampado da floresta amazônica, e que, portanto, mais que cumprir com suas funções educacionais, esta escola e a educação de forma geral representava naquele contexto histórico um instrumento fundamental para a construção de uma cidade. Neste sentido, ‘revisitar’ a história desta Instituição, condiz com a ideia de Sanfelice (2007, p. 79), quando menciona que “não há instituição escolar ou educativa que não mereça ser objeto de pesquisa histórica”. Nesta ótica, corroboro com a concepção de Silva (2006, p. 4093), quando explica que “historiar uma instituição educativa carece não perder de vista sua especificidade, mas, ao mesmo tempo, compreender sua totalidade” (SILVA, 2006, p.4093). Com isto, a metáfora aeronáutica de ‘abrir a caixa preta’ da escola, se faz necessária, a fim de compreender os vestígios que compõem uma história em sua especificidade, sem perder o olhar para a sua totalidade. Deste modo, este trabalho pretende contribuir para uma discussão sobre a história da Escola em questão, bem, como suas memórias e práticas na procura de resignificar a identidade desta Instituição Escolar, entendendo que a mesma, foi resultado das astúcias humanas (CERTEAU, 1998), diante da não conformação da ausência da escola quando os primeiros migrantes chegaram à cidade em construção. Dentre os

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objetivos desta pesquisa, destaca-se a necessidade de compreender como fora organizado o sistema educacional desta primeira Instituição Escolar durante o período delimitado e o que deveria ser ensinado, discutir sobre os valores, as normas, os juízos estabelecidos como necessários a inculcar no processo de escolarização. Para a construção do objeto e desenvolvimento da pesquisa nos voltamos para as fontes históricas adquiridas tanto no espaço escolar, como também em acervos particulares e públicos. Ainda, entrevistas foram realizadas com ex-professores e alunos. Diante desta investigação, pode-se inferir que a Instituição estudada durante o recorte cronológico em questão, constituiu-se como produtora de uma cultura própria, assim como se constituía como um espaço onde estratégias de imposição e táticas de subversão estavam em confronto cotidianamente, podendo ser percebidas a partir das ações consideradas banais, comuns, no dia-a-dia do interior da escola.

Educação católica em Goiás (GO): irmãs dominicanas e a instrução de

meninas no Colégio Sant´anna

Kênia Guimarães Furquim Camargoi – UFMS [email protected]

Ademilson Batista Paes – UFMS [email protected]

O presente trabalho encontra-se vinculado a estudos e pesquisas1 (em andamento) sobre a presença e atuação de freiras católicas, vinculadas à Congregação das Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils (de origem francesa), em solo goiano a partir do século XIX. As religiosas fundaram o Colégio Sant´Anna em 05 de setembro de 1889, na cidade de Goiás (GO), a pedido do Bispo Dom Cláudio Ponse de Leão, cujas atividades encontram-se ininterruptas até os dias de hoje, seguindo os carismas da congregação que encontram-se sedimentados em dois eixos: o

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cuidado da saúde e a educação de crianças e jovens. As fundadoras de origem francesa chegaram ao país no ano de 1885, fixando sua primeira residência na cidade Uberaba (MG), iniciando nessa cidade e nesse ano suas primeiras ações educacionais com meninas. Posteriormente, se dirigiram para Goiás, quando passaram ter aos seus cuidados, o hospital, o orfanato e escola na cidade. O Colégio Sant´Anna é uma das mais antigas escolas católicas do país e do estado, sendo a segunda da Congregação no Brasil, é sem dúvida alguma uma das expoentes do catolicismo ultramontando, incentivador de congregações e ordens católicas européias que se dedicavam à instrução, a saírem do velho continente fundando casas, escolas, orfanatos e hospitais em novas terras. Nesse sentido, o texto tem como proposta inicial analisar a vinda das dominicanas para o Brasil, seus marcos históricos, relacionando a atuação dessas religiosas junto à infância feminina enquanto ferramenta de consolidação do catolicismo nesse recanto do país, como também suas práticas pedagógicas, saberes transmitidos. Para tanto, foi realizado um mapeamento de documentação, principalmente fontes primárias como fotografias, livros de atas, livros de estatísticas, depoimentos, jornais entre outros, nos arquivos do colégio, no Arquivo Municipal da cidade de Goiás e Arquivo Público Estadual em Goiânia (GO), por constituírem valiosas fontes de pesquisa e de análise do objeto. O referencial teórico-metodológico que norteia a pesquisa é o da História Cultural, como também o da História Oral. Por outro lado, o estudo está inserido no que tem sido denominado de “história das instituições escolares”, cujo tema tem recebido nas duas últimas décadas, contribuições significativas de pesquisadores da história da educação, embora pesquisas que contemplem como objeto central, escolas católicas e protestantes no cenário brasileiro ainda são muito recentes e exíguas.

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“Educação em foco”: a Escola 20 de Julho nas páginas do Álcalis Jornal no período de 1969

a 1974 – uma retrospectiva na história da educação de Arraial do Cabo (RJ)

Márcia Simões Mattos – UCP/RJ [email protected]

Após o golpe militar de 1964, a educação no Brasil passou a ser em boa medida, orientada pelos acordos MEC-Usaid (1964-1976), assinados entre o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e a United States Agency for International Development (Usaid), que propunham políticas e técnicas de reorientação do sistema educacional brasileiro em função das prerrogativas do capital internacional. Passando pelo panorama da Reforma Universitária de 1968, onde o governo militar buscava coibir a discussão democrática e com a Lei de Reforma do Ensino de 1971, privilegiava o ensino profissionalizante no 1º e 2º grau (hoje Ensino Fundamental e Médio). É ainda em 1964 que surge a Escola 20 de Julho, investimento em educação primária, mantida pela Companhia Nacional de Álcalis (CNA), criada no Governo Vargas em 1943, e construída em Arraial do Cabo (RJ). Como registro documental daquele período, o Álcalis Jornal/AJ, veículo informativo e formativo interno dirigido a cerca de 4.000 leitores, pertencentes à “comunidade alcalina, cujo editor-chefe era também o general que presidia a CNA, na coluna “Educação em Foco” discutia temas que influenciaram a formação educacional dos operários da CNA e seus filhos que lá estudaram. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa é identificar se havia um pensamento educacional que norteava as ações de ensino da CNA, a partir de matérias veiculadas pelo Álcalis Jornal na seção “Educação em Foco”, no período entre os anos de 1969 a 1974. Através também de entrevistas e depoimentos de três ex-professoras e duas ex-dirigentes que lá trabalharam no período selecionado, o estudo recupera a conjuntura sociopolítica do período ditatorial e, em particular as analises dos educadores e teóricos. Assim como a legislação educacional vigente no país, buscando compreender, nos vestígios pinçados nas páginas do

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periódico da CNA, a orientação educacional da Escola 20 de Julho, naquela época. Entre os achados, identifica-se uma instituição com salários pagos em dia, cursos de atualização técnica para os docentes, e vasto acervo com recursos materiais, em que se incentivavam iniciativas de educação inclusiva, com pré-escola, eleição de alunos para compor a diretoria do centro cívico Marechal Rondon, comemorações cívicas e torneios desportivos que se estendiam a outras escolas, demarcando um diferencial na região de Arraial do Cabo (RJ). No entanto a escola se submete ao programa profissionalizante nacional de então e de formação nacionalista de sujeitos para defender o país e obedecer às leis. Através das memórias levantadas neste estudo se torna possível revelar circuitos e fronteiras, descortinando aspectos da história da educação regional, na perspectiva de formação do painel educacional brasileiro.

Educação protestante: debate e repercussão na imprensa no final do século XIX

Thais Gonsales Soares – UMP [email protected]

O Colégio Piracicabano, fundado na cidade de Piracicaba, no Oeste paulista, em 1881, por educadoras do Sul dos Estados Unidos, destaca-se como a primeira instituição escolar de tradição metodista fundado no Brasil. Na última década da Monarquia e o advento do período republicano, diversos debates surgiram em decorrência da proposta de ensino adotada por este Colégio protestante, mas para além das questões de cunho pedagógico, outras emergiram nesse contexto, tais como imigração, questões religiosas e políticas. O objetivo desse trabalho é analisar como essas questões foram apresentadas pela imprensa local e em alguns setores da imprensa nacional. Por meio da abordagem da História Cultural far-se-á uma análise desses acontecimentos expostos na imprensa de modo a possibilitar o levantamento de temas relevantes a sociedade piracicabana, tornando possível a identificação de ao menos alguns elementos da pluralidade social

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existente, suas estratégias cotidianas e apropriações de valores. A partir do conceito de representação, a imprensa será utilizada como fonte principal para a análise dos discursos dos diferentes atores sociais. A discussão religiosa entre católicos e protestantes será explorada a partir da análise do periódico católico O Apóstolo e pelo Expositor Christão, publicação da Igreja Metodista Episcopal no Brasil. O jornal Gazeta de Piracicaba, editado em Piracicaba, e os jornais O Paiz e a Gazeta de Notícias, editados na Corte sob a responsabilidade de lideranças republicanas, nos ajudarão a perceber de que modo as questões referentes a imigração, a educação e a política foram conduzidas. Buscar-se-á um diálogo com alguns autores que estudaram esse período, bem como com autores que darão suporte teórico para a análise do material coletado. O recorte temporal desta pesquisa situa-se entre os anos de 1881, com a fundação do Colégio Piracicabano e se estende até o final do governo imperial, no ano de 1889. Esse período coincide com o auge da transição entre a mão de obra escrava e a livre e com o crescente fluxo de novos imigrantes para o Oeste Paulista. A entrada do protestantismo missionário de origem norte-americano no Brasil e a fundação de seus estabelecimentos escolares nas cidades de São Paulo (1870), Campinas (1873) e Piracicaba (1881), com seus novos métodos pedagógicos, logo foi considerada como alternativa educacional viável para as pretensões republicanas, que viam em seus colégios a possibilidade de elevar a Província e o Brasil aos patamares de um mundo civilizado. Entretanto, essa alternativa não foi aceita de modo hegemônico e importantes debates se estabeleceram ao longo da década. Este trabalho pretende recuperar algumas discussões sobre o crescimento do protestantismo na cidade de Piracicaba, resgatar debates referentes à qualidade educacional do Colégio Piracicabano e as disputas por influência social e política na região veiculadas pela imprensa.

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Educação secundária confessional e laica no sul de Mato Grosso: Colégio Imaculada

Conceição e Liceu campograndense

Stella Sanches de Oliveira – UFMS [email protected]

Final da década de 1930, duas escolas de ensino secundário do sul de Mato Grosso, o Colégio Imaculada Conceição (Cenic), em Corumbá, e o Liceu Campograndense, em Campo Grande, conformam-se em objeto desse estudo. A primeira, católica salesiana, desde 1904, criada como instituição de ensino primário e jardim de infância, ofereceria o curso ginasial a partir de 1937; a segunda, pública, criada como escola de ensino secundário fundamental, em 1938, sofrendo os percalços das inspeções prévias e a equiparação ao Colégio Pedro II não conseguiria funcionar de forma contínua senão a partir de 1942. Nesse período, o estado de Mato Grosso passava por um processo de modernização tanto na capital quanto no sul do estado, expresso pelo desenvolvimento urbano e melhorias na estrutura das cidades. No que concerne à educação, duas reformas na Instrução Pública, em 1910 e 1927, deram-se particularmente no ensino primário e normal. Quanto ao ensino secundário, certos colégios de ensino primário passam a oferecer o curso ginasial ao mesmo tempo em que teve lugar uma sequência, ainda que incipiente, de instalações de ginásios privados em Corumbá e Campo Grande. Como fonte de pesquisa, tomei o Regulamento Escolar das respectivas instituições com o intuito de analisar as particularidades do currículo ginasial confessional e laico, o perfil de aluno que as duas escolas aspiravam formar e que tipo de corpo docente exigia em seu interior. Esses elementos foram estabelecidos para responder às questões: em que as normas e organização cristalizadas naquele documento corroboraram a configuração do curso ginasial ofertado pela instituição? Quais diferenças e semelhanças entre as duas escolas podem ser identificadas em relação aos três elementos tomados para análise? Os primeiros resultados mostraram que as finalidades eram particularmente próprias, o Cenic tinha como objetivo principal ministrar instrução e educação cristã a mocidade feminina,

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enquanto que a finalidade do Liceu Campograndense era ministrar sólida instrução fundamental aos jovens habilitando-os a desempenhar cabalmente os deveres de cidadãos. Afinal nesse momento histórico da política do Estado Novo, apesar de haver forte controle e inspeção em todos os ramos da educação, a iniciativa confessional, marcadamente privada, tinha plena ação para introdução em seus currículos do ensino religioso, ao passo que nos colégios públicos o ensino secundário buscava legitimação na missão de formar cidadãos úteis à pátria e produtivos para o crescimento da nação. Ao corpo docente havia a exigências de um caráter moral, ser idôneo, estar registrado ao órgão competente enquanto professor secundário, ter formação no curso de humanidades ou superior. Em sua prática professoral, era chamado a cumprir à risca os programas oficiais e ajustar-se a uma relação de subordinação à diretoria da escola.

Em nome da ordem: as escolas municipais de primeiro grau na cidade de São Paulo na

época da ditadura militar (1964-1985)

Helenice Ciampi – PUC/SP [email protected]

Alexandre Pianelli Godoy – UNIFESP [email protected]

Este trabalho é fruto da pesquisa empírica intitulada “Em nome da ordem: as escolas municipais de primeiro grau na cidade de São Paulo no período da ditadura militar (1964-1985)” desenvolvida em um projeto interinstitucional entre PUC-SP e UNIFESP no período de agosto de 2010 a agosto de 2012. A pergunta principal que nos levou a outras problematizações foi: qual o significado histórico das renomeações de escolas por patronos militares em substituição aos nomes dos bairros/localidades que antes as designavam? O objetivo inicial foi o de levantar e analisar preliminarmente a documentação de oito escolas de ensino municipal (em espaço amostral) da cidade de São Paulo durante o regime militar para interpretar

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historicamente o conjunto institucional do qual faziam parte e de suas práticas educativas. O volume da documentação encontrada foi substancioso e podemos dividi-lo em três blocos: a) documentos da/sobre a rede/sistema municipal; b) documentos das oito escolas selecionadas; c) documentos orais: transcrição de seis entrevistas com ex-professores e ex-alunos dessas escolas. A análise preliminar do conjunto da documentação se desenvolveu em três eixos: a) a relação entre arquitetura escolar e currículos; b) a relação entre disciplinas escolares e as comemorações cívicas; c) a relação entre as entrevistas orais (memórias)e os itens anteriores. Os resultados dessa análise preliminar indicaram: a) a existência de um “modelo escolar paulistano” com características administrativas baseado na “gestão para o ensinar” e menos calcado em ideias pedagógicas pré-fixadas ou em compromissos coma ideologia militar. Havia mais uma preocupação com a expansão, funcionamento, controle e construção dos lugares/edificações escolares, da produção de estatísticas escolares, bem como da profusão de documentação arquivada do/sobre o ensino municipal de modo a perpetuar uma “memória sem passado” da instituição. Por isso, o caráter “nacionalista” e “moderno” do modelo significava um desprezo pela historicidade e especificidade das localizações das escolas, dos seus sujeitos e práticas, bem como obnubilava seu caráter administrativo e presentista; b) essa produção de um lugar de uma “memória presentista” levava a uma relação pragmática e teatralizada com o passado traduzindo-se em práticas educativas como arremedo de tradições escolares modificadas ou reformadas constantemente em função das demandas do modelo escolar paulistano. As disciplinas das humanidades e as comemorações atendiam às exigências de gestão administrativa da rede/sistema escolar sem uma vinculação ideológica e pedagógica única e específica teatralizando o civismo e tornando a memorização uma forma cínica de aprendizagem; c) as entrevistas orais dos sujeitos revelam o duplo movimento de aderência a essa memória institucional e seu desprendimento ao mostrar os ocos e silêncios desse modelo escolar, ou ainda, da eficácia do seu efeito cênico, mas também de sua tragédia educativa.

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Ensino Comercial no Vale do Mamanguape – PB: o olhar sobre duas instituições educativas de

ensino contábil (1958-1997)

José Jassuipe da Silva Morais – UFPB/CCAE/GHEC [email protected]

Luiz Antônio Felix Júnior – UFPB/CCAE/GHEC [email protected]

A educação profissionalizante tem suas raízes no Vale do Mamanguape, Litoral Norte do Estado da Paraíba no ano de 1944 quando foi fundada uma escola industrial mantida pela Companhia de Tecidos Rio Tinto (CTRT). O referido empreendimento funcionou de 1924 a 1992 na cidade Rio Tinto e nas décadas de 1940 e 1950, junto com a Companhia de Tecidos Paulista (CTP) em Pernambuco, pertencente também a família Lundgren, apresentavam a condição de maior complexo têxtil-fabril da América do Sul. Fazendo fronteira com Rio Tinto, a cidade de Mamanguape também era detentora de um poderio comercial que ensejava e necessitava de auxiliares para esse comércio emergente. Dessa forma, percebemos por intermédio das duas maiores cidades do Vale do Mamanguape a vocação da região para os negócios e a necessidade da formação de mão-de-obra para o trabalho em atividades ligadas a indústria, ao comércio e também à contabilidade. Na busca dos moradores por ascensão social e trabalho na CTRT ou no comércio local, originou-se uma demanda para o ensino comercial, de caráter técnico e profissionalizante. Sendo assim, estabelecemos como objetivo analisar a formação de jovens nos cursos de Técnico em Contabilidade das instituições escolares: Escola Técnica de Comércio Carlos Dias Fernandes (ETCCDF) em Mamanguape/PB e Colégio Técnico de Rio Tinto (COLTERT) em Rio Tinto/PB. Para alcançar esse objetivo, realizamos pesquisa documental, descritiva, histórica e bibliográfica circunscrita ao período de 1958-1997 – período de funcionamento das duas escolas

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profissinalizantes. Mapeamos regimentos e demais documentos de administração escolar. A coleta de dados ocorreu nos arquivos do Instituto Moderno e da Secretaria Estadual de Educação da Paraíba, setor das escolas inativas, como também arquivos pessoais de ex-alunos das instituições ora pesquisadas. A bibliografia sobre História da Educação, Ensino Comercial e Educação Profissional nos fundamentou teoricamente. O trabalho se justifica pela necessidade de realizarmos estudos sobre educação profissional, assunto ainda pouco explorado, como também fazermos uma análise crítica sobre a ideologia capitalista que utiliza a educação como instrumento no sentido de entendermos a realidade daquele momento histórico. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, os resultados preliminares indicam que além da formação profissional para o trabalho na fábrica e no comércio da região, os egressos das duas escolas técnicas do Vale do Mamanguape incorporaram com essas experiências educacionais uma cultura voltada para o trabalho tecnicista e para a formação de profissionais contabilistas.

Escola Complementar do Comércio de Sete Lagoas: uma instituição educativa criada para

a formação do trabalhador do comércio

Fabio Vasconcelos Lima Pereira – CEFET/MG [email protected]

Irlen Antônio Gonçalves – CEFET/MG [email protected]

Esta comunicação, que faz parte de uma pesquisa em andamento, apresenta uma reflexão sobre a formação do trabalhador do comércio em Minas Gerais, a partir da trajetória da Escola Complementar do Comércio de Sete Lagoas – ECCSL. Propomos descrever e analisar as práticas pedagógicas e administrativas experimentadas pela escola, desde a sua criação até a extinção dos cursos: propedêutico, de guarda-livros e de auxiliar do comércio (1926-1943). A extinção

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desses cursos ocorreu em atenção à Reforma Capanema, instituída por meio do Decreto nº 6.141, de 28/12/1943. Trata-se de um estudo documental, de problematização de fontes que permitiram compreender os elementos atinentes às práticas escolares, como o perfil e a ação docente, as rotinas administrativas e pedagógicas praticadas no espaço escolar. O estudo teve como fontes os documentos disponíveis no Arquivo Público Mineiro e no acervo escolar, tais como: os livros de atas, de visitas de inspetoria, de matrículas, de posse de docentes, de disciplinas lecionadas, além de registros sobre perfil docente e discente. Para analisar essas fontes, recorremos às contribuições da História da Educação, pelo viés da História das Instituições Escolares, cujos pressupostos contribuíram para evidenciar a dinâmica da historicidade da Escola construída nas relações estabelecidas entre os dispositivos legais de organização institucional e as práticas dos agentes que deles se apropriaram. A opção pela História das Instituições Escolares tem a ver com a possibilidade dessa abordagem na apreensão dos elementos que conferem identidade à instituição educacional, ou seja, aquilo que lhe confere um sentido único no cenário social do qual fez parte, deve ser perseguido. Dessa forma, conforme sugerido pelos estudiosos das instituições educativas, os seguintes passos foram perseguidos: os processos de criação e de desenvolvimento (ciclo de vida) das instituições educativas; a configuração e as mudanças ocorridas na arquitetura do prédio escolar; os processos de conservação e mudança do perfil dos docentes e alunos; as formas de configuração e transformação do saber veiculado nessas instituições de ensino, etc.. Ademais, tal abordagem nos permitiu identificar os vínculos entre a ECCSL e a sociedade setelagoana, por meio dos eventos sociais nos quais a Escola esteve envolvida, além de nos esclarecer a opção de se pensar uma escola de formação do trabalhador do comércio no Município de Sete Lagoas.

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Escola Estadual de Auxiliares de Enfermagem Dr. Mário Corrêa da Costa: limites e

possibilidades na formação de profissionais de enfermagem em Mato Grosso (1952-1975)

Lidiana Laura Campos Borralho – UFMT [email protected]

A partir da década de 1930, toma impulso no Brasil uma política nacional de saúde que visava a prevenção de epidemias que se alastravam pelo país. Para tanto foi criado, na citada década o Ministério da Educação e Saúde. Esse fato provocou mudanças profundas em Mato Grosso. A assistência de enfermagem no estado, desde o século XIX, era praticada por leigos, escravos e religiosos, sem qualificação prévia para o exercício profissional na área da saúde. Para sanar as deficiências de profissionais habilitado para a enfermagem, Foram criadas entre outras instituições educacionais para formação na área da enfermagem Escola Estadual de Auxiliares de Enfermagem Dr. Mário Corrêa da Costa, fundada, em Mato Grosso, por meio da Lei n. 417 de 17 de setembro de 1951. A citada escola de auxiliares de enfermagem, ao longo de sua trajetória, foi abrigada em diversas sedes, iniciando seus trabalhos no Hospital e Maternidade de Cuiabá, no ano de 1952 e finalizando suas atividades na Escola Estadual Presidente Médici no ano de 1975. Este trabalho está voltado a análise da criação e funcionamento da Escola Estadual de Auxiliares de Enfermagem Dr. Mário Corrêa da Costa Cuiabá – MT, no período que compreende sua implantação e encerramento das atividades educacionais entre as décadas de 1950 e 1970. A pesquisa encontra-se situada no campo da historiografia com análise de fontes documentais disponíveis no Arquivo Público de Mato Grosso, Escola Estadual Presidente Médici, bem como fontes pertencentes ao acervo privado da primeira Enfermeira do estado, Adelaide de Almeida Orro, entrevista com a mesma e com uma ex-aluna da Escola Estadual de Auxiliares de Enfermagem Dr. Mário Corrêa da Costa, a Sra. Ana Iraci Longo. Embora, a Escola Estadual Dr. Mário Corrêa da Costa, não tenha sido a primeira instituição a formar

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profissionais de Enfermagem em Mato Grosso, ela se destacou por sua característica oficial, sendo qualificada como “menina dos olhos” do governador Fernando Corrêa da Costa em 1954. A Dr. Mário Corrêa da Costa teve papel fundamental na formação de profissionais de nível médio no Estado, chegando a sediar, por muitos anos neste período, a Associação Brasileira de Enfermagem de Mato Grosso - ABEn – MT. As fontes documentais apontam que a Escola Estadual de Auxiliares de Enfermagem Dr. Mário Corrêa da Costa teve um importante papel na História da Enfermagem em Mato Grosso, sendo impulsionadora da institucionalização universitária do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.

Escolas isoladas rurais londrinenses (PR): primeiras reflexões

Thais Bento Faria – UEL [email protected]

Este estudo preliminar objetiva contribuir para a produção do conhecimento na área de História da Educação e no processo de revisão sobre a História da Educação de Londrina (PR). A finalidade é compreender a constituição da escolarização primária neste município, portanto considera os diferentes formatos institucionais escolares existentes no período: o grupo escolar, a escola étnica e a escola isolada rural. Entretanto, o escopo principal é entender a instituição das escolas isoladas rurais, sempre considerando o contexto histórico, econômico, político e social de criação do município, bem como o diálogo estabelecido destas com os demais espaços educativos. É ela, a “escolinha” precária e situada fora do projeto inicial da empresa colonizadora Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), que é o centro desta investigação. Justifica-se a escolha, haja vista que a maior parte da população teve acesso aos conhecimentos elementares nestas salas improvisadas e, deste modo, durante décadas foi a principal responsável por promover a dita “educação popular”. Como recorte

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temporal, o estudo abrange desde o processo de institucionalização das primeiras escolas primárias públicas, em 1937, até o início da década de 1970, momento em que estas instituições tornaram-se “Escola de 1º. Grau”, com a Lei de Reforma 5692/71. A presente pesquisa tem como fonte os inúmeros documentos localizados no interior do Acervo Histórico da Secretaria de Educação do município em foco, constando de livros atas de reunião pedagógica, relatórios, ata sobre exames finais, leis e decretos. Como partimos de uma noção ampliada de documento, elencamos também a iconografia como um dos instrumentos de coleta de dados. As imagens, verdadeiras preciosidades, possibilitam o alargamento da interpretação das práticas escolares. Além do acervo documental, aqui entendido como fontes escritas e iconográficas, também trabalhos monográficos, dissertações e teses auxiliam no alcance do objetivo traçado. Para ilustrar alguns, destacam-se os trabalhos de Nascimento (2006), Bencosta (2006) e Miguel (1997), pois resgatam a História da Educação no Estado do Paraná. Em particular, acerca da História da Educação de Londrina, diversas investigações são importantes: a tese de doutoramento de Capelo (2000), os trabalhos monográficos de Batista (1998) e Primo (1977). No entrelaçamento das fontes encontradas e na leitura de estudos basilares, percebe-se que na busca da imagem de uma “Terra de Promissão” e, em conformidade com o movimento nacionalista, Londrina utilizou a expansão das escolas isoladas rurais como uma estratégia de unificação do diverso.

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Escolas profissionais femininas no estado do Rio de Janeiro: a gênese da “Nilo Peçanha”

de Campos (1919-1929)

Silvia Alicia Martínez [email protected]

A década de 1920 seria cenário de descontentamentos que se manifestaram em diversos movimentos, como o Tenentismo, a criação do Partido Comunista, o Modernismo, e, nesse contexto, o nascimento do Feminismo (SOIHET, 2000). Entre insatisfações e busca de soluções para os problemas do Brasil, em variados âmbitos, entram em pauta os direitos da mulher. Nesse contexto, o Decreto No. 1723 de 1919 previa a criação de escolas profissionais femininas em diversas cidades do Estado do Rio de Janeiro e na sua capital, à época, Niterói. A efetiva criação de ambas escolas profissionais femininas, além de duas masculinas se materializou no ano de 1922, e a inauguração em 1923. A escola profissional feminina Aurelino Leal, em Niterói e a Escola Profissional Feminina Nilo Peçanha (EPFNP), de Campos, funcionaram lecionando “costura, bordados e rendas, chapéos, desenho e modelagem e de arte culinaria” (Relatório de Instrução, 1924, p. 48). No Relatório de Província do ERJ do ano de 1927, disserta-se eloquentemente sobre a concepção de ensino profissional que rege as instituições do Rio de Janeiro, afirmando que “o problema do ensino profissional é didáctico, político e economico” (1927, p. 111). Por outro lado, em 1926 se menciona terem sido criadas secções profissionais para as pessoas do sexo feminino junto aos grupos escolares, entendido como “esforço patriotico” (p. 126) para proporcionar “ás nossas patricias um aprendizado em cursos especiaes, que lhes darão aptidão para mais facilmente attender ás proprias necessidades ou ganharem a vida no exercicio de profissões condignas” (idem). Algumas das egressas da EPFNP passariam a lecionar nesse novo espaço escolar. Maluf e Mott (1998), ao abordar o cotidiano das mulheres brasileiras desse período, mencionam novas profissões após a Primeira Guerra. Mas a industrialização do período, embora tendo deslocado progressivamente

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a produção para fora do domicílio, não destruiu de imediato as formas de produção e sobrevivência: o acesso a determinadas profissões não estava franqueado e esperava-se que a mulher não deixasse de ser uma boa dona de casa. A partir de documentos oficiais e de documentos escolares pertencentes ao arquivo histórico da instituição, o objetivo do texto é apresentar resultados do estudo do primeiro período da história da Escola Profissional Feminina Nilo Peçanha de Campos (1919-1929), tendo como questionamento central se a criação da EPFNP estava, de fato, como afirmavam aqueles que a projetaram, inaugurando uma “nova cultura escolar”, a da formação profissional sob novos moldes. Ou, pelo contrário, se este tipo de instituição reproduzia práticas e tradições anteriores, travadas no interior de outras instituições como os asilos. Ainda, se os saberes escolhidos para comporem o currículo estavam de fato rompendo com a tradição de ofícios manuais e preparando verdadeiramente para uma sociedade que se queria industrial.

Espaços e tempos de grupos escolares capixabas na cena republicana do início do século XX: arquitetura, memórias e história

Andrea Brandão Locatelli – PROTEORIA/UFES [email protected]

Investigou a constituição histórica dos projetos arquitetônicos para os grupos escolares em seu processo de criação e implantação no Espírito Santo, 1908, visando compreendê-los em suas articulações com ideias republicanas e ideários pedagógicos que circulavam no cenário brasileiro no início do século XX. Toma como eixo principal de análise a arquitetura dos grupos escolares capixabas no período de 1908 a 1930, para compreender historicamente a configuração dos espaços e tempos destinados a instrução pública primária no Estado, no período selecionado. As relações de força que constituíram as ações políticas dos envolvidos no processo da Reforma da Instrução Pública no Estado colaboraram para compreendermos como os capixabas produziram a espacialização

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das modelares escolas republicanas, que ocorreu entre as tensões para o desenvolvimento da organização social da localidade e as possibilidades econômicas de fazer avançar a modernidade pretendida pelo novo regime, especialmente, na renovação do ensino primário em seus espaços específicos. O estudo contou com uma perspectiva historiográfica que desloca o foco da análise apenas para os sistemas das ideias que engendraram a República no Brasil e no Espírito Santo e sua concepção de instrução pública; e associa estas às práticas políticas e sociais ocorridas na constituição das instituições escolares do período, especialmente no Estado. Desse modo, buscamos utilizar objetos culturais que trazem marcas das práticas dos atores sociais envolvidos e destacamos em nossos procedimentos a relação entre a produção dos documentos selecionados e as nossas problematizações para a pesquisa. Para tanto, buscamos nas reflexões de Michel de Certeau, Carlo Ginzburg e Marc Bloch uma compreensão do fazer historiográfico que associa a prática do historiador à narrativa produzida. As fontes foram mobilizadas na busca de conhecer os espaços e tempos destinados às instituições escolares da República, que expressavam em sua estética e simbolismos uma proposta de propagação dos preceitos republicanos. Ainda que a espacialização dos primeiros grupos escolares no Estado tenha encontrado dificuldades econômicas apontadas em documentos do governo do Estado, associadas às práticas políticas de caráter elitista e excludente que ocorreram na localidade, o Espírito Santo afirmou, ao seu modo, a presença daquelas escolas no cenário local, valendo-se de simbolismos republicanos que encontramos impressos em seus edifícios, bem como nas práticas de formação dos professores e dos alunos.

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Esquerda e folha acadêmica compondo a história do ensino superior do Maranhão: impressos estudantis lugares de memória

Márcia Cordeiro Costa – UFMA [email protected]

Resgata-se o Movimento Estudantil Acadêmico no Maranhão na Primeira República, período em que se organiza e expande o ensino superior em nosso Estado, identificando as práticas estudantis, sociais e políticas, voltadas para a estruturação desse ensino. Apresenta-se inicialmente o estudo da Imprensa Estudantil, adotando como metodologia a pesquisa histórica e a análise documental da imprensa periódica produzida pelos acadêmicos localizados na Biblioteca Pública Benedito Leite, nas leituras preliminares dessas fontes primárias, emergi nas primeiras faculdades do Estado, palco de publicações periódicas produzidas por estudantes que expressam a política estudantil que norteiam o eixo das lutas gerais e especificas do Movimento Estudantil, assim como questões voltadas para educação, o ensino e as tendências políticas da época. Focaliza-se a importância que os acadêmicos tiveram e tem na História da Educação, não podendo, assim, serem silenciados na historiografia da educação brasileira. No campo da pesquisa em história e educação, Mariani (1993) destaca a relevância dos estudos relacionados à imprensa estudantil que, na condição de prática social, constrói memória. Possibilitando segundo Nóvoa (1997) a manifestação e a audição de vozes pouco consideradas em outros espaços sociais, tais como as que se apresentam na imprensa de iniciativa de estudantes. Nessa perspectiva abordam-se as representações dos impressos estudantis para a História da Educação como lugar de memória (LE GOFF, 2003; NORA, 1993; BARBOSA, 1996), pautados nos pressupostos teóricos da Nova História Cultural que tem possibilitado um aporte teórico para as pesquisas nessa área (CERTEAU, 1994; CHARTIER, 1990) apresentando, assim muitas perspectivas para a compreensão da História das Instituições Educacionais e do ensino e, assim da cultura escolar (CATANI e BASTOS, 2002). Nesse circunstanciamento, a imprensa escrita é tomada como importante fonte e mesmo como objeto de investigação, para se fazer análise de discursos

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e procurar desnudar o jogo de interesses que regem a sociedade. Nessa leitura, deparamo-nos com o fato de o periódico impresso ser um objeto de construção de representações, portanto, possível de re-significações, a partir do lugar em que são produzidas. Logo, a marca do passado deixada pela imprensa escrita constrói-se como monumentos para a escrita da história, pelo fato de evocar e perpetuar recordações da História da Educação em terras maranhenses. Por essa ótica, analisamos os impressos “Esquerda” (1934) e “Folha Acadêmica” (1934) produzidos pelos acadêmicos. Ressalta-se a contribuição desse estudo ao resgatar e analisar as práticas estudantis, bem como as práticas culturais por eles desenvolvidos, no processo de constituição do ensino superior em solo maranhense. O referido estudo é um recorte da minha dissertação do Mestrado em Educação na linha de pesquisa sobre a História e Memória da Educação Maranhense intitulada: Em cena, o Movimento Estudantil Acadêmico no Maranhão: 1930-1950. Os resultados obtidos nessa pesquisa histórica a partir de análise dos impressos contribuíram para a compreensão de um passado/presente importante do Movimento Estudantil e o ensino superior, preenchendo, assim, lacunas na História da Educação em nosso Estado.

Estratégias de escolarização: o lugar da escola na sociedade rioclarense

Daniela Cristina Lopes de Abreu – FE/USP [email protected]

O ideário republicano democrático vislumbrava a educação popular como imprescindível para a consolidação do novo regime. Um regime político que se defendia como sendo do povo que exigia, para realmente existir, uma sólida organização escolar que oferecesse formação política para todos os cidadãos, sendo primordial a compreensão fundamental dos seus deveres. A difusão da educação popular deveria ser, portanto, o primeiro dever do Estado. Garantida a liberdade do ensino, entendida como liberdade de abrir escolas, cabia ao estado a responsabilidade maior na educação do povo. Para Carvalho (1998), regenerar as populações brasileiras, núcleo da

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nacionalidade, era o que se esperava da educação. Ela era a redenção nacional. A “educação nacional” foi um projeto de formação moral e cívica do homem brasileiro, o qual seria preparado para compor a nação. Segundo os pareceres de Rui Barbosa, de 1882, nos quais a instrução é estabelecida como o meio mais eficaz para a formação intelectual e moral de “um povo-criança, ignorante”, que necessita, por essa razão, de uma “elite ilustrada disposta a irradiar suas luzes com vistas à prosperidade da nação arquitetada”. A escola reformada, ou a educação nacional é o antídoto da rebelião das massas porque trará, não apenas o conhecimento, mas as normas de conduta socialmente aceitas. Neste sentido, a instrução se acha envolvida em um âmbito maior, o da educação cívica, já que a ação moralizadora estaria contida nas entrelinhas de cada matéria ensinada. (BOTO: 1999). A escola primária pensada e imaginada conseguiria responder a essas aspirações? Quem deveria fazer parte dessa nação? A modalidade dos grupos escolares paulistas abordada nos trabalhos de Souza (1998) remetem as essas temáticas da escola. Qual era o ideal nacionalista que estava sendo proclamado? Quem eram os alunos das escolas? Que identidade queria fortalecer? No início do século XX, as construções de prédios para grupos escolares e escolas normais no estado de São Paulo foram responsáveis pela constituição de uma das mais importantes e expressivas arquiteturas escolares do país. Importando da Europa estilos arquitetônicos como o neoclássico e o eclético, essas construções serviram de propaganda das realizações do poder publico no campo educacional, simbolizando a importância da educação popular no projeto político. Este trabalho busca identificar as organizações escolares do início do período republicano, observando as multiplicidades e estratégias de escolarização neste período, englobando a representação como uma dessas estratégias. Para tanto, aborda a cidade de Rio Claro, interior de Estado de São Paulo, compreendendo o período de 1889 a 1930.

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Experiências inovadoras de escolas primárias rurais no estado de São Paulo: grupos

escolares rurais, granjas escolares e escolas típicas rurais (1933-1968)

Agnes Iara Domingos Moraes – UNESP [email protected]

Neste texto, apresentam-se resultados parciais de pesquisa de mestrado em Educação. Com o objetivo geral de reconstituir aspectos da história da escola primária rural no Estado de São Paulo, focalizam-se experiências inovadoras de escola primária rural, quais sejam, Grupos Escolares Rurais, Granjas Escolares e Escolas Típicas Rurais, implementadas no Estado de São Paulo no período de 1933 a 1968. Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, utiliza-se como corpus documental privilegiado a legislação estadual que normatizava o ensino primário rural entre 1933 e 1968 – o Código de Educação de 1933, a Consolidação das Leis de Ensino no Estado de São Paulo de 1947 e a Coleção das Leis e Decretos do Estado de São Paulo da década de 1930 à década de 1960. Os resultados parciais apontam que no momento delimitado para essa pesquisa, a educação escolar destinada às populações de áreas rurais era precária e incipiente, não obstante o fato de que, à época, a maior parte da população desse Estado estava localizada em áreas rurais. Entre os anos 1935 e 1936, eram vários os problemas constatados nas escolas primárias rurais no Estado de São Paulo, entre eles, condições de trabalho docente, dificuldades de acesso dos professores às escolas, instalações inadequadas e situação de dependência em relação aos fazendeiros e seus administradores que cediam espaço para instalação de escolas. Entretanto, no Estado de São Paulo, foram implementadas algumas experiências inovadoras, que se diferenciavam, inclusive por apresentarem propostas de ensino específico para populações de áreas rurais. Em 1933, com o Código de Educação, foram criados os Grupos Escolares Rurais e as Granjas Escolares. Em 1947, com

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a Consolidação das Leis de Ensino no Estado de São Paulo, passa a existir uma política específica para a educação rural, resultando, por exemplo, na criação de Escolas Típicas Rurais. Essas experiências tinham programas de ensino diferenciados e, se comparadas às demais escolas primárias rurais, recebiam maior atenção do Estado, na tentativa de se resolver problemas recorrentemente apontados na maioria das escolas. Essas experiências foram oficialmente extintas com a reforma de 1968, que alterou a organização do ensino primário, instituindo um ensino primário comum, com programas de ensino padronizados tanto para o campo quanto para a cidade. Os resultados dessa pesquisa poderão propiciar elementos que contribuam para o desenvolvimento de pesquisas correlatas e para parte da história da escola primária rural no Estado de São Paulo, temática pouco explorada pelos pesquisadores em história da educação no Brasil.

Explorando o oeste paulista: expansão das escolas primárias isoladas e a civilização da

população da “zona de sertão”

Angélica Pall Oriani – Unesp/Marília [email protected]

O objetivo deste resumo é problematizar a escolarização primária a partir das escolas isoladas e a expansão deliberada dessas instituições pelo Oeste paulista, considerado nas décadas iniciais do século XX, “sertão” a ser explorado. As principais características das escolas primárias isoladas eram: localização em zonas de difícil acesso – fazendas ou bairros afastados dos centros urbanos; mobilidade das escolas que se justificava pela constante busca de alunos; e presença de apenas um professor que se responsabilizava por organizar todas as atividades escolares, que incluíam locação da casa para o funcionamento das escolas, localização de alunos e manutenção diária da escola, como abertura, fechamento e limpeza. A partir das características dessas escolas, considera-se que a população atendida era, em sua grande maioria, de filhos de trabalhadores rurais que acompanhavam o ritmo

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de expansão e crescimento da cultura cafeeira, povoando regiões afastadas e de difícil acesso. Como fontes documentais privilegiadas para o desenvolvimento da pesquisa têm sido utilizados especialmente os Annuários de ensino do estado de São Paulo (1907-1937) e os Relatórios dos inspetores de ensino (1933-1943) documentos oficiais elaborados pela Inspetoria de Ensino, com a finalidade de divulgar resultados da fiscalização e orientação dos inspetores de ensino deste estado. A partir da leitura e análise desses documentos, constata-se a correlação entre o crescimento da quantidade de escolas primárias isoladas nas primeiras décadas do século XX em cidades que estavam se desenvolvendo ou eram desenvolvidas economicamente e que se localizavam em regiões de concentração de plantação de café e próximas de ferrovias utilizadas para o escoamento desse produto e que essas cidades iam se constituindo “em marcha” à região oeste do estado. Por meio da análise desses documentos constatou-se que, a partir das primeiras décadas do século XX, cidades como Catanduva, Bauru, Assis, Presidente Prudente, São José do Rio Preto e Santa Cruz do Rio Pardo, situadas majoritariamente no oeste paulista, se comparadas ao restante do estado, apresentavam quantidade significativa de escolas primárias isoladas. Devido à grande dispersão geográfica e ao povoamento desses locais, até então desconhecidos, a escolarização mediante escolas primárias isoladas funcionou estrategicamente como meio de garantir controle específico sobre a população que habitava essas cidades. Observa-se a importância de problematizar a forma com que a expansão da escolarização primária por meio das escolas isoladas funcionou de acordo com o objetivo republicano de civilizar e nacionalizar a população que habitava essa “zona de sertão”.

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Gênese do atendimento as crianças em instituições infantis no município de Tubarão/SC

(1950-1990)

Marlise de Medeiros Nunes de Pieri – UNISUL/FUMDES [email protected]

A presente comunicação visa apresentar resultado da pesquisa em andamento, iniciada em 2012, no programa de mestrado da Universidade do Sul de Santa Catarina. A mesma está relacionada à gênese da organização do atendimento na primeira infância no município de Tubarão, período este, que antecede ao ingresso no ensino fundamental. Estabelece seus estudos nos aspectos históricos, sociais e culturais que influenciaram essa organização. A ausência de estudos e de produções sobre a estruturação das instituições criadas para atender a educação infantil nesse município foi o principal ponto de motivação para a realização dessa pesquisa, entre as décadas de 1950 e 1990. Este período foi determinado visto que por volta da década 1950 havia vários jardins de infância ligados à congregações religiosas e na década seguinte alguns deles passaram a ser dirigidos por fundações vinculadas ao município, tais como FUMDESCO e FUCABEM e, na década de 1990, o atendimento destas crianças passa a ser responsabilidade da Secretaria de Educação do município. O objetivo é conhecer e analisar a gênese da educação infantil, no município de Tubarão. Trata-se de um estudo local, porém o mesmo reflete e se agrupa na formação global. A base metodológica alicerça-se no materialismo histórico dialético. Os resultados apontam que as primeiras instituições que se tem notícia no município de Tubarão eram ligadas a congregações religiosas sendo distintas conforme a classe social a que se destinavam.

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Grupos Escolares e Escolas Reunidas: a implantação da escola graduada em Mato Grosso

(1927-1945)

Elton Castro Rodrigues dos Santos – UFMT [email protected]

A educação em Mato Grosso, para acompanhar os avanços nacionais, teve que ser reformulada. Isso porque as escolas isoladas, predominante no estado, não apresentavam qualidade no ensino. Os grupos escolares, instituições urbanas, criados nos moldes da escola graduada, apesar de serem instituições, consideradas pelos governantes mato-grossenses, adequada para o ensino primário, apresentavam além da qualidade educacional, rendimento escolar não observado nas escolas isoladas. Contudo, os gastos para se construir grupos escolares eram onerosos aos cofres públicos, pois os mesmos demandavam ostentas construções e um número maior de funcionários. A escola graduada pressupunha, entre outras normativas, a adoção do ensino simultâneo, a classificação dos alunos pelo nível de conhecimento, a constituição das classes e a contratação de um número elevado de professores. A solução foi investir na criação e implantação de Escolas Reunidas. As Escolas Reunidas consistiam na junção de três a quatro escolas isoladas e poderia ser implantada em cidades, lugarejos e vilas. Escolas Reunidas seguiam a mesma organização pedagógica e estrutural dos grupos escolares. A reforma da instrução que normatizou a criação das Escolas Reunidas ocorreu em 1927, com a sanção do novo Regulamento da Instrução Pública Primária de Mato Grosso. Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de criação e expansão das Escolas Reunidas em Mato Grosso, no período compreendido entre 1927 e 1945 e sua relevância no cenário educacional do estado, a partir da normatização da citada Lei educacional. Buscou-se com a pesquisa, dialogar com autores da História da Educação, como Vidal (1998, 2000 e 2006), Julia (2001), Sanfelice (2006, 2007), Sá (2007, 2010), Souza (2006, 2009 e 2010), entre outros, que abordam a temática das instituições educacionais. A pesquisa encontra-se situada no campo da historiografia, com análise de fontes documentais, como relatórios de presidentes do estado de Mato Grosso, Inspetores de Ensino e Diretores da Instrução

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Pública, disponíveis nos principais acervos e arquivos de Mato Grosso: o Arquivo Público de Mato Grosso (APMT); o Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional (NDIHR) e o Arquivo da Casa Barão de Melgaço (ACBM). As fontes documentais apontam que a implantação dos grupos escolares foi idealizada pelos governantes mato- grossenses forjando a ideia de uma escola organizada e homogênea, contrária à escola isolada, que consideravam como ineficiente. Entretanto, foi através das Escolas Reunidas que a escola graduada se expandiu por Mato Grosso. Tinham a vantagem de representar uma economia aos cofres públicos, pois não exigiam a contratação de uma pessoa específica para assumir a função de diretor, necessitavam de um número menor de alunos para serem instaladas, exigiam prédios escolares mais simples, não necessitando do investimento em grandes obras para a construção de uma escola-monumento, como era próprio dos grupos escolares. Tal característica, além de tornar as Escolas Reunidas um modelo econômico, possibilitava a sua instalação em qualquer localidade, permitindo rapidamente a sua expansão.

Higiene e educação física nos projetos da associação brasileira de educação (1924-1937)

Liliane Tiburcio de Oliveira [email protected]

Este trabalho apresenta alguns resultados relativos a uma pesquisa que objetivou identificar e analisar propostas para o ensino da Higiene e da Educação Física que circularam nas diferentes atividades promovidas pela Associação Brasileira de Educação (ABE). Nessa entidade, um grupo de trabalho denominado Secção de Educação Physica e Hygiene (SEPH), configurou-se como lugar central para a discussão de tais temáticas entre os anos de 1925 e 1937. Nessa Seção estavam reunidos médicos, educadores e militares que defendiam projetos para a Educação Física brasileira, com propósitos diversos. A leitura do Livro de Atas permitiu observar um fluxo de assuntos e sujeitos, sendo os médicos aqueles que mais vezes presidiram a SEPH. O debate

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sobre a Higiene predominou durante o período em que eles estavam a frente do grupo. Nos anais das Conferências Nacionais de Educação (CNE), realizadas entre os anos de 1927 e 1935 também foram encontradas teses relativas ao ensino da Higiene e da Educação Física. Na I CNE, realizada em 1927, em Curitiba, e na II CNE, realizada em 1928, em Belo Horizonte, foi possível encontrar teses, concetradas em comissões específicas para tratar da educação higiênica e sanitária, que defendiam a importância do ensino escolar da higiene na formação de brasileiros saudáveis e no consequente progresso do país. A Educação Física, nesses eventos, foi debatida em várias comissões, sendo entendida como meio de defender a saúde e a vida e como lugar de disputa entre uma mentalidade esportiva e uma mentalidade médico-pedagógica. Já no VII Congresso Nacional, realizado em 1935, no Rio de Janeiro, ela foi escolhida como tema central. Nesse momento os médicos já não eram os principais atores da SEPH e os militares vinham ganhando espaço nas reuniões. Toda a ABE sofria reacomodações nesse período. Outra atividade promovida pela ABE que tornou-se lugar de investigação neste trabalho, foi as Semanas de Educação realizadas nos anos de 1928, 1929 e 1930, no Rio de Janeiro. Com intuito de chamar a atenção da população para a questão da educação, os eventos promoveram a discussão de temas específicos e atividades de caráter mais prático, como visitas a escolas, museus, jardins, festividades de encerramento, homenagens, premiações. Higiene e Educação Física foram temas recorrentes nas Semanas e apareceram como atividades necessárias à promoção da saúde. Em todos as atividades analisadas, foi possível verificar uma confluência entre ambas as temáticas, apesar de terem destaques em diferentes momentos dentro da ABE. As discussões em torno de uma educação higiênica, que nos anos 1920 tiveram papel preponderante na entidade, vão sendo deixadas de lado nos anos 1930. Em um novo contexto, a Educação Física fica em evidência. As fontes consultadas permitiram identificar uma circulação de propostas e sujeitos em diferentes espaços da ABE, sugerindo o diálogo entre a SEPH e os demais acontecimentos daquela entidade.

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História da Universidade Estadual do Piauí: origem e expansão

Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira – UFPI [email protected]

Maria do Amparo Borges Ferro – UFPI [email protected]

Este estudo se insere na área da história da educação brasileira e objetiva enfocar a história do ensino superior piauiense, com ênfase na Universidade Estadual do Piauí e sua expansão. O recorte temporal situa-se entre os anos de 1984-2005. Destaca-se a década de 1990, que protagoniza acordos internacionais, redescobrindo a educação como campo propício de investimentos, indo até o ano de 2005, período em que se realizou a pesquisa de campo, durante o Mestrado em Educação, que possibilitou a reconstituição da história da UESPI e sua interiorização. Neste sentido, a pesquisa partiu do problema: como ocorreu a história da UESPI e como se deu sua expansão? Na proposta de conhecer a origem da universidade estadual, objetivou-se reconstituir a história da UESPI por meio da história oral de seus protagonistas. A fundamentação teórica foi embasada na Nova História Cultural e ancorou-se em ideias de Burke (1992), Le Goff (1998), Benjamim (1986), Meihy e Lang (2004), Thompson (2002), Pollack (2000), Souza (2004), Certeau (1982-2003), Lopes; Galvão (2001), buscando-se também em Chauí (1982-2001), Gentilli e Silva (1996), Brito (1996), Ferro (1996), entre outros. Realizou-se a análise de conteúdo com base em Bardin (1977). O estudo buscou a rememoração dos protagonistas da Universidade Estadual do Piauí, que juntos construíram a história dessa instituição. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados a entrevista oral, aplicada aos 4 (quatro) gestores da UESPI, que participaram de sua implantação até o ano de 2005. Conclui-se após análise dos depoimentos à luz do referencial teórico, que o início da expansão se deu pela necessidade de transformar o ensino por meio da formação de professores nas áreas de Matemática, Física, Química e Português, que, segundo dois dos protagonistas investigados, eram as áreas mais carentes de professores, sendo esse também o ideal presente na política educacional da década de 90, em que a demanda por

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vagas no ensino superior continuava sendo fator de pressão sobre o governo federal. Portanto, a história da Universidade Estadual do Piauí tem seu início no ano de 1984, com a criação da FADEP, incluindo em sua estrutura um órgão responsável por formar recursos humanos em nível de terceiro grau. Neste sentido, observa-se maior flexibilidade e autonomia, garantidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Nº. 9394/1996, que levou o reitor da Universidade Estadual do Piauí, no período de 1999 a 2001, a expandir o ensino superior para os diversos recantos do Estado.

História de uma instituição escolar de ensino secundário no sul de Mato Grosso: a escola presidente Vargas de Dourados (1958-1971)

Inês Velter Marques – UFGD [email protected]

Este trabalho visa analisar o processo de instalação e funcionamento da primeira escola pública de ensino secundário de Dourados, a Escola Presidente Vargas, no período de 1958 a 1971. O recorte temporal do ano de 1958 sinaliza a data provável de instalação da Escola, no município. E o ano de 1971 marca o período de promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a de n. 5.672/71, que com sua implantação posteriormente, trouxe mudanças na organização do ensino da Escola. A pesquisa esta pautada em fontes documentais presentes em arquivos escolares, acervos pessoais de ex-alunos e professores, no CDR - Centro de Documentação Regional da UFGD e Arquivos Públicos de Mato Grosso do Sul, como: Relatórios e Processos, Relatórios de Secretários de estado, dados censitários, legislação, jornais, cadernos, boletins escolares, entre outros. Recorre-se, também, a uma bibliografia ligada à história cultural, história de Mato Grosso, história e historiografia da educação e ensino secundário. Em Mato Grosso, o ensino secundário desenvolveu-se lentamente. As primeiras instituições de ensino secundário no Estado foram instaladas em Cuiabá, Campo Grande e Corumbá. No município de Dourados, as primeiras instituições a ofertar o

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ensino secundário foram instaladas, no início da década de 1950, pela iniciativa privada, no caso a Escola Imaculada Conceição e o Colégio Osvaldo Cruz. A Escola Presidente Vargas foi instalada nos anos de 1955 a 1958. As análises preliminares das fontes indicam que a referida Escola foi construída em uma área de 10 mil metros quadrados, em uma região privilegiada do Município de Dourados, próxima as principais ruas e avenidas da localidade nos anos de 1950, perto das Igrejas Matriz e Presbiteriana, e nas imediações havia os principais estabelecimentos comerciais. A área destinada para construção do Ginásio foi doada por Celso Muller do Amaral, um líder do movimento político local, que entre os anos de 1950 e 1958 trabalhou para implantação de escolas estaduais em Dourados e, sobretudo, para a fundação do primeiro ginásio estadual do município, “Ginásio Presidente Vargas”. As atividades nessa Escola foram iniciadas, em 1958, com quatro turmas de 5ª série ginasial, e no ano seguinte com uma turma de 6ª série. Somente em 1961, foi instalado o primeiro curso de colegial, constituindo-se no primeiro da cidade. Em 1963 passou a oferecer o científico pois, até então, em Dourados não havia esta modalidade de ensino público, uma vez que era oferecido o ensino secundário em duas instituições privadas. Os resultados desta pesquisa apontam que na organização curricular dos cursos da Escola, havia um foco para uma formação humanística. Assim, a Escola Presidente Vargas atendeu uma clientela formada por filhos de uma elite local e regional, que tinha o interesse em dar continuidade em seus estudos em nível superiores, sobretudo, em capitais brasileiras, como São Paulo.

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História e cultura escolar da Escola Rural Mista de Serraria (1956-1970)

Maria José dos Santos Provásio – UEMS [email protected]

Maria Eduarda Ferro – UEMS [email protected]

O presente artigo resulta de uma pesquisa situada na área da Educação, subárea História da Educação, dentro da linha dos estudos socioculturais da escola. O objetivo central da investigação consistiu em acessar vestígios da cultura escolar da chamada “Escola Rural Mista”, instaurada pelas Irmãs Vicentinas no povoado da Serraria, atual Indápolis (distrito de Dourados/MS), entre o período de 1956-1970. O interesse em realizar esta pesquisa ocorreu mediante atividades e estudos realizados no decorrer da graduação em Pedagogia que me aproximaram da referida escola, chamando atenção para a possibilidade e a importância de uma pesquisa sobre a sua história. Os estudos sobre a história da educação rural no Brasil constituem uma área de investigação que ainda se situa na “marginalidade”. Ao privilegiar estudos sobre as regiões urbanas as pesquisas educacionais deixam lacunas sobre grandes zonas das práticas pedagógicas e dos atores educativos. O recorte temporal demarcado para este estudo inicia-se com a fundação da Escola, quando do estabelecimento das primeiras práticas educativas dirigidas pelas Irmãs Vicentinas naquela localidade (1956), e tem como marco final o momento em que a escola foi assumida pelo governo do estado (1970), recebendo o nome de “Grupo Escolar São José” (SÃO JOSÉ, 2008). Partimos da hipótese de que o recurso da história oral permitiria uma aproximação das práticas de modos de ser cristãos, cívicos, de civilidade e atenção com as hierarquias sociais, bem como dos pontos de tensão e hibridismo entre a cultura tradicional institucionalizada e a cultura popular da comunidade local. A coleta de dados foi realizada com quatro ex-alunos, sendo um homem e três mulheres. Todos os entrevistados foram alunos da escola entre os anos de 1955 a 1965, ou seja, na primeira década de funcionamento da instituição. Uma particularidade merece ser registrada, as três mulheres entrevistadas, depois de escolarizadas, também

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trabalharam como professoras da escola. As entrevistas semi estruturadas realizadas com esses protagonistas históricos foram transcritas e analisadas. A busca por aspectos remanescentes da cultura escolar da Escola Rural Mista de Serraria revelou que tal instituição carrega, em sua origem, a marca de um imbricado trabalho de educação e evangelização (ou seria evangelização e educação?). Além da religiosidade, foi possível identificar nas falas dos entrevistados diferentes categorias de análise, como disciplina, civismo, caridade, métodos de ensino, normas de conduta e moralidade.

História e práticas pedagógicas das professoras: o Colégio Nossa Senhora das Vitórias em Assú/RN

(1927-1937)

Silvia Helena de Sá Leitão Morais Freire – UERGN [email protected]

Neste trabalho, temos como objetivo reconstituir parte da história do Colégio Nossa Senhora das Vitórias em Assú/RN e as práticas pedagógicas das professoras, a fim de compreender como o ensino no Colégio Nossa Senhora das Vitórias foi ministrado pelas professoras, no sentido de atender um ideário pedagógico renovador e ao mesmo tempo não abandonar os preceitos educacionais da sua Congregação entre os anos de 1927 a 1937. Período que se justifica pela preocupação de estudar a respectiva instituição escolar nos seus primeiros anos de surgimento, pois sua gênese encontra-se em 1927 para germinar o modelo escolar proposto. A proposta de se estender até o ano de 1937 perpassa por momentos históricos no Brasil, como em 1932 a criação dos Pioneiros da Escola Nova e também por se tratar de um momento histórico em que intelectuais e políticos brasileiros discutiam e produziam novas propostas pedagógicas, além de embates entre Igreja Católica e o Estado pela laicidade do ensino. Trata-se de uma pesquisa de mestrado, em fase de construção, integrada ao Programa de Pós- Graduação em Educação, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, e ao Grupo de Pesquisa Formação e Profissionalização do Professor. Para produzir os dados entrevistaremos ex-alunas do Colégio Nossa Senhora das Vitórias, somados a documentos escolares, tais como, diários de sala, fichas

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individuais de alunos, manuais educativos. Recorremos ainda, aos jornais, aos livros, fotografias. Para o estudo nos respaldamos em autores da História Cultural como Chartier (1990), Burke (1992), Nóvoa (1990). Com base nas informações catalogadas e, por problematizarmos, uma instituição escolar e práticas pedagógicas de professoras elegemos como categoria de análise: cultura escolar, para nortear o estudo. O Colégio Nossa Senhora das Vitórias foi fundado em 9 de março de 1927, sob a direção de freiras austríacas da Congregação Filhas do Amor Divino, que chegaram ao Brasil no ano de 1920, com o objetivo de perpetuar os ensinamentos da Fundadora Madre Francisca Lechner. Inicialmente a instituição escolar, voltava-se para um corpo discente apenas de meninas, sendo então implantado no ano seguinte o regime de coeducação. Funcionava em regimes de externato, internato e semiexternato. As disciplinas que constituíam o programa de ensino das meninas incluíam o português, o francês, latim, história, geografia, religião, piano, música e trabalhos domésticos. Adentrar no universo dessa instituição escolar católica é o caminho que estamos trilhando para compreender modos como essa instituição foi implantada em Assú e suas práticas pedagógicas. Reconstituir parte da história fundação de tal instituição é um contributo a historiografia norte-rio-grandense, em particular aos estudos sobre instituições escolares.

Histórias de instituições educativas, Diamantina/MG: supressão e reabertura da escola normal

oficial de Diamantina (1938-1951)

Layane Camposi Soares – UFVJM [email protected]

Flávio César Freitasi Vieira – UFVJM [email protected]

A Escola Estadual Professor Leopoldo Miranda (EEPLM) é uma instituição educativa de Diamantina/MG, que tem em sua origem a herança da Escola Normal Oficial de Diamantina, oficializada em 1928. Em 1938 a mesma foi suprimida, e em 1952, voltou ao funcionamento. Atualmente tem a denominação de Escola Estadual Professor Leopoldo Miranda. A presente

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pesquisa tem por objetivo contribuir para desvelar sobre o fechamento e a reabertura dessa instituição educativa, ocorrida respectivamente, em 15/01/1938 e 26/12/1951, uma trama que envolveu a existências de outras instituições educativas e atos políticos numa conjunta local e regional. A pesquisa está articulada entre as ações do Grupo de Estudo e Pesquisas em Formação Docente e História da Educação dos Vales (GEPFDHE_VALES) que tem entre as suas metas o desenvolvimento de estudos de pesquisas sobre a educação em Diamantina e região, nos períodos da Colônia, Império e República. A pesquisa documental utilizou de fontes primárias: documentos oficiais do Estado de Minas Gerais, da EEPLM, da Escola Estadual Matta Machado (EEMM), de matérias publicadas na imprensa Estrela Polar, O Jequitinhonha, Voz de Diamantina, Diário Oficial de Minas Gerais. A pesquisa está em desenvolvimento contando com as seguintes etapas: a) Acesso e higienização das fontes da EEPLM; b) Identificação e Catalogação das fontes da EEPLM; c) Leitura, transcrição de documentos da EEPLM e EEMM; d) Pesquisa na Imprensa; e) Análise e elaboração de resultados. A Escola Normal Oficial tem sua oficialização em dec. 8.820, em 12/10/1928, advinda do funcionamento da Escola Normal Américo Lopes (12/10/1913-12/10/1928), criada por iniciativa do Prof. Leopoldo Luiz de Miranda. A Escola Normal Oficial com quase dez anos de funcionamento foi suprimida com a publicação do Decr. n.8245, de 15/01/1938, ato do governador do Estado de Minas Gerais, Benedito Valadares, que argumentou já ter outros estabelecimentos de ensinos oficiais, em que os alunos poderão continuar seus cursos sem prejuízos. Passados quase quatorze anos, por ato do Governador Juscelino Kubitschek foi restabelecida a referida escola o seu funcionamento, pela Lei n. 840, de 26/12/1951. Associado a trajetória dessas instituições educativas há o entrelaçamento com a existência da Escola Estadual Matta Machado, oriunda da herança do primeiro Grupo Escolar da Cidade de Diamantina, criado pelo Dec. n. 2091, de 20/09/1907, por ato do Governador João Pinheiro da Silva. Em 1926 passou a nova denominação Grupo Escolar Matta Machado. Em 1935, mudou de endereço para mesmo terreno que funcionava a Escola Normal Oficial e permanece até o presente momento. Nessa década de expansão das instituições públicas no Brasil, ocorreu a supressão da Escola Normal Oficial provocando uma interrupção desnecessária para a escolarização da sociedade diamantinense e da região.

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Imagens de civismo: os desfiles cívicos em região de colonização recente de Mato Grosso, em tempos de ditadura militar

Carlos Edinei de Oliveira – UNEMAT/Barra do Bugres [email protected]

A realização de desfiles cívicos foi uma prática educativa muito presente em todas as regiões do Brasil durante o período ditatorial. Nas localidades de colonização recente de Mato Grosso, reocupadas a partir dos anos 60 do século XX, mesmo diante de todas as adversidades de infraestrutura, realizavam suas práticas cívicas, em especial o desfile cívico alusivo ao dia da Pátria. Durante o governo de Getúlio Vargas, Mato Grosso começou a receber migrantes. Número que cresceu consideravelmente nos anos 60 e 70 devido aos programas federais e as estratégias adotadas pelo Estado de Mato Grosso na ocupação dos denominados “espaços vazios” do Brasil. Desta forma, esta comunicação tem por objetivo analisar as práticas educativas realizadas através dos desfiles cívicos, que são apresentadas nas imagens fotográficas do período em estudo, na localidade de Tangará da Serra - MT. Com uma expressão peculiar, diferente das outras representações gráficas e pictóricas a decodificação da imagem fotográfica deve superar a própria imagem, explorando suas ambiguidades informativas, buscando compreender a prática do desfile cívico como uma abrangência histórica necessária para decifrar conceitos, atitudes e omissões. A leitura de imagens de desfiles cívicos pode nos proporcionar certa visibilidade sobre o currículo e a cultura escolar existentes nas regiões de colonização recente de Mato Grosso, marcadas, sobretudo, por alunos, professores e comunidade formada por migrante. As imagens analisadas pertencem ao acervo da Sala de Memória de Tangará da Serra, é um conjunto de imagens de 1966 a 1985. As imagens revelam atitudes e apresentam lugares de memórias não mais existentes na cidade. As teorias de Jacques Le Goff e de Boris Kossoy sobre o documento histórico fundamentam a proposta de análise na perspectiva de verificar a fotografia como uma representação a partir do real. Le Goff proporciona o conhecimento sobre o

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significado do documento histórico, enquanto que Kossoy apresenta a metodologia necessária para a análise do documento fotográfico. Cenas da história oficial da época da colonização recente de Mato Grosso foram “congeladas”, e produziram realidades e verdades fictícias, desta forma, faz-se necessário analisar as construções ideológicas que produziram o discurso da colonização e da escolarização em tempos de reocupação das terras mato-grossenses na segunda metade do século XX. Para tanto, a análise fotográfica será construída com a leitura da ordem material e imaterial da fotografia. A fotografia como resultado de uma escolha do fotógrafo, do produto de sua criação, norteará o caráter da sua representação. As fotografias analisadas, também objeto de seleção de pesquisador, correspondem àquelas que apresentam cenas cívicas, de alunos e professores no afã de comemorar o aniversário do Brasil.

Implementação e expansão de instituições auxiliares do ensino nos grupos escolares

paraibanos durante o Estado Novo (1937-1945)

EvelyanneNathaly Cavalcanti de Araújo Silva – PIBIC/UFPB [email protected]

Antonio Carlos Ferreira Pinheiro – PPGE/UFPB [email protected]

Este trabalho apresenta resultados parciais de um amplo projeto que se encontra em andamento intitulado: Escolarização para a moral, o civismo e o nacionalismo: os grupos escolares e as escolas rurais espaços para a difusão dos ideais estadonovistas na Paraíba (1937-1945), parcialmente, financiado pelo – CNPq/UFPB. Parte do levantamento documental foi realizado no Arquivo Público Waldemar Bispo Duarte, situado na Fundação Espaço Cultural – FUNESC, na cidade João Pessoa - PB, nos detendo, mais particularmente, nas notícias publicadas do Jornal A União. Efetuamos a análise da documentação realizando um intercruzamento com leituras críticas da historiografia relacionada

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ao período estadonovista, procurando observar a maneira como as políticas educacionais sugeridas pelo poder central, acabaram por incentivar e priorizar a expansão dos grupos escolares na Paraíba, bem como estimulou a organização e efetivação de diversas atividades que estiveram para além do simples funcionamento das aulas. Para tanto, utilizamos o referencial teórico propugnado por Thompson (1987) no que concerne, especificamente, à ideia de experiência e do Hobsbawm (1998) no que tange aos conceitos de permanências e mudanças constituintes do movimento da história. Essas categorias de análise nos auxiliaram no sentido de observarmos como os grupos escolares e suas instituições auxiliares foram importantes para ajudar na formação das crianças citadinas, sendo esse um dos pontos fundamentais para consecução da política educacional implementada a partir da instauração do Estado Novo. Nesse sentido, nos grupos escolares paraibanos foram realizadas diversas experiências sócio-culturais, a partir da institucionalização de atividades que eram consideradas auxiliares do ensino, entre elas podemos destacar o teatro infantil e os clubes agrícolas. Entretanto, ao mesmo tempo em que nos detemos em analisar essas práticas sócio-educativas e culturais, não perdemos de vista que elas estiveram articuladas às grandes diretrizes educacionais nacionais que deram respaldo a efetivação das políticas educacionais locais, ou melhor, no âmbito do estado da Paraíba. Percebemos com isso, que a política de ampliação e valorização dos espaços para o ensino primário, em especial, a dos grupos escolares, fizeram parte do processo de escolarização, filosoficamente fundamentado, nos princípios estadonovistas de educação voltados para fortalecimento da moral, do civismo e do nacionalismo.

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Indícios da cultura escolar no sudeste goiano: práticas, normas e métodos

Aparecida Maria Almeida Barros – PPGEDUC/UFG/Catalão [email protected]

Patrícia Rodrigues Luiz Peixoto – PPGEDUC/UFG/Catalão [email protected]

Sílvia Aparecida Caixeta Issa – PPGEDUC/UFG/Catalão [email protected]

Substanciamos o presente estudo na seguinte preocupação: quais práticas, normas e métodos foram representativos da cultura escolar institucionalizada em escolas do sudeste goiano, na primeira metade do século XX? A presença de práticas, normas e métodos em três instituições escolares do sudeste goiano (recorte da amostra), foi tomada enquanto indícios da cultura escolar, buscada por meio de um inventário de fontes, documentos e registros oficiais, em arquivos institucionais e particulares. O estudo objetivou, também, a composição de uma base empírica de pesquisa, inserida no campo de investigação da memória e história das instituições escolares, tendo em vista a necessidade de potencializar os estudos e pesquisas da história da educação em Goiás e no sudeste goiano por meio da organização e disponibilização de acervos e fontes. Para tanto foram desencadeadas algumas ações destinadas a localizar massas documentais, identificar documentos e registros de interesse da pesquisa, por fim, organizar e agrupar os documentos e fontes por afinidade e semelhança. Em seguida procedeu-se à interpretação e análise das marcas da cultura escolar nas instituições selecionadas, com foco nas práticas, normas e métodos inscritos nos documentos oficiais e na bibliografia da área. Autores como Alves-Mazzottti (2007), Gatti (2009), Faria Filho (2001), Barra (2011), Bencosta (2005), Buffa e Nosella (2005), Julia (2001), Thompson (2000), Fernandes (2009), Bourdieu (2002;2005) Ginzburg (2011), fundamentaram os postulados teóricos e metodológicos da investigação. Os resultados, ainda provisórios, são apontados pela identificação de singularidades, tanto no formato

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quanto na organização didático pedagógica das instituições pesquisadas, dentre os quais destacamos: os fins e objetivos educacionais, a ênfase no disciplinamento da conduta interna (regulamentos, normas, horários, calendários); as interfaces da escola com a sociedade local e regional; a observação de habitus específicos pelos sujeitos (professores, alunos, inspetores, coordenadores, diretores) que integraram a hierarquia das escolas; a prescrição de condutas e rotinas; o culto de símbolos e rituais internos; as manifestações de obediência e transgressão; os níveis de status e as distinções representativos da educação escolarizada. Em termos acadêmicos e científicos, evidenciamos o interesse em fomentar o diálogo e a interlocução do estudo com outras pesquisas desenvolvidas no mesmo campo da historiografia da educação, contribuindo para que novas descobertas e novas memórias possam ser registradas e interpretadas.

Indícios de leituras na formação de uma normalista: um olhar ao arquivo de

Maria Eulália Cantalice Cavalcanti

Tatiana de Medeiros Santos – PPGE/UFPB [email protected]

Maria Lúcia da Silva Nunes – PPGE/UFPB [email protected]

O presente artigo faz parte de uma pesquisa de doutorado em desenvolvimento junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba, vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisas, História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR – GT/PB). O objetivo da pesquisa é desvelar as histórias e memórias da educadora Maria Eulália Cantalice Cavalcanti a respeito de sua trajetória educacional, da formação á atuação em várias escolas no município de Guarabira/PB, por mais de meio século. Neste momento, objetiva-se destacar indícios de leituras empreendidas no período de sua formação na Escola Normal, localizada na capital paraibana, e apontar

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a diversificação do seu material de leitura composto por livros e revistas em circulação (1928-1932). Inscrito na abordagem teórico-metodológica da História Cultural, que permite não apenas compreender uma época, através da configuração da atmosfera da respectiva sociedade analisada, mas também resgatar, historicamente, sua escolarização e atuação profissional no debate educacional na Paraíba. Para tanto, utilizou-se a metodologia da História Oral. Trata-se uma educadora que estudou em duas escolas particulares e na Escola Normal em João Pessoa. Sua atuação profissional ocorreu exclusivamente na cidade Guarabira/PB, sua cidade natal. Neste artigo, a ênfase recai nas leituras realizadas durante sua formação na Escola Normal e que, certamente, refletiram em sua atuação profissional, como professora, com a disciplina português nas diversas escolas onde atuou, e no seu próprio Colégio Santa Terezinha. Sua atuação profissional teve início em 1932 e durou cerca de 65 anos; embora continue atuando, aos 99 anos, como secretária de uma escola particular do município referido. Em seu acervo particular constam diversos livros e revistas do período de sua formação, atuação profissional até sua aposentadoria. Também possui fotografias e premiações que foi recebendo por ter se destacado na educação de Guarabira. Recebeu a medalha Darcy Ribeiro, em 2009, com justificativa de ter “ensinando Guarabira a ler”. Após apreciação deste acervo particular, foram destacados livros e revistas que apresentam indícios de leituras realizadas no período de sua formação profissional e acredita-se que a educadora Maria Eulália teve e manteve hábitos de leitura consolidados a partir de uma cultura de leitura apreendida na sua formação na Escola Normal. É perceptível neste acervo a circulação de livros, revistas e almanaques diversos, produzidos tanto a nível local, quanto nacional, específicos no campo da educação. Também foram perceptíveis práticas educacionais condizentes com as possíveis leituras realizadas pela educadora, a exemplo da constituição do Jardim de Infância em seu Colégio Santa Terezinha, educação para o lar e livros de poesias.

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Instituições escolares e práticas educativas: memórias de imigrantes italianos (1915-1950)

Jordana Wruck Timm – UCS [email protected]

Milena Cristina Aragão Ribeiro de Souza – UFS [email protected]

Lúcio Kreutz – UCS [email protected]

O presente artigo analisa seis entrevistas realizadas com professores, descendentes de imigrantes italianos, que iniciaram a docência entre o período de 1915 a 1950, nas Antigas Colônias de Imigração Italiana na região nordeste do Rio Grande do Sul. Essas entrevistas foram realizadas na década de 1980 por duas professoras, componentes do projeto “Elementos Culturais das Antigas Colônias Italianas da região Nordeste do Rio Grande do Sul (ECIRS/UCS)”, que tem como objetivo investigar a imigração italiana vinda para essa região. As entrevistas fazem parte do acervo de memória oral desse projeto, e, também, dos documentos, pois as mesmas já estão transcritas. É importante salientar que além destas, outras entrevistas compõem o acervo, perfazendo um total de trinta, sendo oito com alunos e vinte e duas com professores. O recorte realizado para esta pesquisa abrangeu a escolarização dos imigrantes italianos. Os sujeitos foram escolhidos tendo em vista o que primeiro iniciou a lecionar em cada uma das cidades contempladas com as entrevistas, sendo elas: Antônio Prado, Flores da Cunha, São Marcos, Caxias do Sul, Garibaldi e Carlos Barbosa. Objetiva-se a partir da análise das entrevistas realizadas com os docentes, refletir sobre o interesse e a necessidades que os italianos residentes nestas regiões tinham em relação à escola; como planejaram sua organização no que compete a estrutura, contratação/escolha dos professores que nela atuariam, bem como investigar as práticas educativas, incluindo os castigos escolares. Como resultado, foi observado que os italianos que aportaram nas regiões investigadas - muitas vezes analfabetos - desejavam que seus filhos fossem educados formalmente, contudo, na falta de investimento do governo, por

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conta própria começaram a ministrar os estudos e planejar a construção de escolas, com o apoio da comunidade. Observou-se, também, que para ser docente bastava ter pouca instrução, não necessitando, portanto, ter formação específica. Sobre as práticas educativas, notou-se que a comunidade influenciava na escolha do conteúdo a ser ensinado/aprendido na escola (ler, escrever e calcular). Como práticas de castigos escolares, aquelas que incidiam sobre o corpo eram as mais utilizadas e, como a figura do professor era respeitada, este tinha permissão das famílias para utilizar os castigos que acreditasse serem mais adequados para a educação da criança, culminando numa relação de cumplicidade entre pais e professores. Vale salientar que o solo no qual este texto se apoia sustenta-se a partir dos pressupostos da História Cultural, capaz de nos levar por entre as tramas das relações e tensões socioculturais; das práticas e representações de sujeitos ordinários, interrogando a pluralidade do cotidiano, os modos de pensar, dizer e fazer dos agentes que compõe a escola.

José Aloísio de Campos: um reitor e o surgimento de um campus (1976-1980)

Patrícia Francisca de Matos Santos [email protected]

O objetivo neste artigo é analisar aspectos da trajetória de José Aloísio de Campos e as suas contribuições para a consolidação do campo superior público em Sergipe de 1976 a 1980, período da gestão como reitor da Universidade Federal de Sergipe. Graduado em Ciências Econômicas, pela Universidade Federal da Bahia (1943), foi consultor técnico da Secretaria da Fazenda de Sergipe (1943), professor do Colégio Tobias Barreto e da Faculdade de Ciências Econômicas (1955), Prefeito Municipal de Aracaju (1968-1970), Reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) (1976-1980) e um dos ideólogos do Complexo Industrial Integrado de Base, idéia que preparou os meios para a exploração de riquezas do subsolo sergipano. Dirigiu os trabalhos de construção do campus universitário e se ocupou com a implantação de uma política de

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gestão racionalizada para a instituição, particularmente no tocante à capacitação de Recursos Humanos. Como reitor, podemos dizer, grosso modo, que o final da gestão representou a consolidação do Projeto de Reforma Universitária. A Faculdade de Ciências Econômicas foi a que primeiro surgiu, em 1948 criada em 12 de novembro por meio do Decreto nº 73 assinado por José Rollemberg Leite, entretanto o processo de instalação efetivou-se em 1950. É com o Decreto nº 34.960 que o curso é reconhecido. Aloísio de Campos contribuiu também para a construção do campus universitário, a reforma do Estatuto e Regime Geral da Universidade, com o fortalecimento do poder administrativo e político da reitoria. A Universidade Federal de Sergipe (UFS) foi constituída somente em 1968, com dez cursos, 576 alunos e 168 professores. Para elaboração desse estudo foram utilizadas referências bibliográficas como Bourdieu (1998, 1990, 2007, 2008); Certeau (1979); Chartier (2009); Pesavento (2008). Foi adotado o método histórico, com perspectiva teórico-metodológica da História cultural, inserida no campo da História da Educação, assim como estudos sobre a História da Educação local. Com este estudo pretendo propiciar a analise das contribuições realizadas por Aloísio de Campos (1914 – 1986), como reitor da Universidade Federal de Sergipe, no período compreendido entre os anos de 1955 e 1980, momento em que se verificam mudanças na formação dos pensamentos educacionais que permearam a construção do Campus Universitário, na perspectiva de uma melhor organização política para o Ensino Superior no Estado de Sergipe, àquela época.

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Justificativas pedagógicas para a invenção dos recreios nas escolas primárias Paranaenses:

o lugar da educação do corpo, dos sentidos e das sensibilidades no currículo escolar a partir

da experiência de professores

Sidmar dos Santos Meurer – UFPR [email protected]

Marcus Aurélio Taborda de Oliveira – UFMG/CNPq [email protected]

Neste trabalho percorremos um amplo conjunto documental com o propósito de problematizar algumas ênfases sobre a renovação da escola pública primária no Brasil, dando destaque a construção social dos recreios escolares. Analisando retóricas de autoridades no âmbito do ensino, bem como, registros deixados por professores das escolas públicas paranaenses das primeiras décadas do séc. XX, procuramos demonstrar como o recreio, como um dispositivo curricular, surge de maneira informal da preocupação dos professores com a o peso que a escola teria sobre as crianças, até converter-se em um elemento constitutivo das normas que definiriam a organização e a gestão do conhecimento no âmbito escolar. De um entendimento difuso sobre o seu significado, até a sua precisão como aspecto importante dos processos de formação, os recreios mobilizaram tempos, espaços e saberes, e se articularam com outros elementos afeitos à onda renovadora da instrução, tais como os métodos, as disciplinas, práticas e saberes que incidiriam sobre o desejo de se fundar uma nova sensibilidade, segundo as fontes, moderna, baseada em retóricas que afirmam a atividade, a experiência e o trabalho ora como meio, ora como fim da educação pública primária. Nesse sentido, um documento emanado do Estado, o Programa dos Grupos Escolares, de 1921 pode ser considerado o ponto de chagada do processo de ‘invenção’ do recreio escolar no Paraná, na medida em que o institucionaliza a partir da fixação de um tempo e de um espaço específico demarcando, assim, novas rotinas e atribuições aos sujeitos escolares. Partimos do pressuposto que esse aparecimento pode informar muito sobre a constituição histórica do currículo da escola primária

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paranaense e seus significados sociais. Entretanto, entendemos que este documento soterrava todo um debate amplo e diversificado sobre o tema. Se da perspectiva da investigação histórica sobre o currículo como artefato social é de fundamental importância capturar o exercício da sua função seletiva e organizadora em função de prioridades e sujeitos sociais diversos, buscamos apurar o percurso que antecedeu e que levou ao aparecimento dos recreios nos documentos curriculares no Estado do Paraná, no qual um conjunto de prioridades e sujeitos sociais foram silenciados nas definições postas nos currículos escritos. Compreender, portanto, o que se fazia e o que se dizia em relação aos recreios na escola primária paranaense naquelas décadas iniciais do séc. XX permite não só arrolar novos e importantes indícios sobre as inovações pedagógicas e reformas educacionais, mas especialmente refletir sobre o lugar e os sentidos da educação do corpo na escola e os arranjos e definições curriculares em relação aos sabres e as práticas que pretendiam forjar novas sensibilidades.

Leitura das fontes: caracterização da clientela e do espaço instrucional de primeiras letras na

província alagoana

Suzana Lopes de Albuquerque – UFAL [email protected]

A presente investigação busca entender a forma como se organizou a escola de primeiras letras na província alagoana oitocentista para que fosse concretizada a instrução da infância, visando compreender seu conceito em determinado período. As fontes utilizadas para essa pesquisa, que centrará atenção nas escolas de primeiras letras do primeiro e segundo Império alagoano, referem-se a mapas de professores, relatórios e requerimentos de inspetores escolares, diretores da Instrução Pública e presidentes de província do Brasil oitocentista, documentos relativos à efetivação da Escola Normal, criada em 1869 e regulamentos e decretos oficiais. A busca pela caracterização das escolas de primeiras letras remete a algumas indagações: cronologicamente, o que era ser criança naquele cenário e qual a caracterização e

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condição de funcionamento dessas escolas nas cidades e vilas de Alagoas? É importante considerar como maior desafio desta pesquisa, a busca por pelo cruzamento de diversas fontes históricas que possibilitam responder as indagações e contrapô-las com um olhar de longa duração, levando em conta, além dos avanços, as permanências e recuos entre as propostas pedagógicas do período em análise. Para a análise das fontes e do cenário instrucional das escolas de primeiras letras, tornou-se imprescindível as leituras de Faria Filho (2010), Pinheiro (2002), Faria Filho e Vidal (2000), Veiga (2008) e Barra (2011).

Liceu do Ceará: o retrato das práticas avaliativas

Antonio Germano Magalhães Junior – UECE [email protected]

Maria de Lourdes da Silva Neta – UVA/UECE [email protected]

Karolynne Barrozo de Paula – UECE [email protected]

Vitória Chérida Costa Freire – UECE [email protected]

Os exames de seleção objetivando o ingresso dos estudantes nas instituições escolares, assim como aplicação das provas aos discentes no período do Império, exaltavam as normas disciplinares e ritualísticas historicamente constituídas na educação brasileira. Portanto compreender as práticas educativas e, consequentemente avaliativas aplicadas na primeira instituição de ensino secundário no Ceará e, quarta no Brasil, o Liceu do Ceará torna-se importante para o entendimento da organização educacional no período imperial, na cidade de Fortaleza. O regulamento do governo provincial do Ceará de 1834 estabeleceu as determinações para os exames e provas realizadas na referida instituição. Tais

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exames deveriam seguir as recomendações governamentais que eram realizados por meio de provas orais, escritas e práticas, ofertando prêmios especiais para os discentes que apresentassem as melhores notas. O objeto investigativo aporta-se nos exames de seleção e nas provas realizadas no Liceu, referente a sua primeira década de funcionamento. A demarcação temporal estabelecida para esta pesquisa constituiu-se no período de 1845 – 1855. O objetivo do estudo consiste em descrever os modelos dos exames de seleção para o ingresso discente na instituição, assim como das provas utilizadas pelos professores, aferindo o conhecimento dos estudantes. O referencial teórico-metodológico ancorou-se nos escritos de: Azevedo (1971), Castelo (1970), Gondra e Schueler (2008), Haidar (1932), Vitor (1945), dentre outros. A pesquisa de caráter documental e bibliográfico fundamentou-se nos nas leis e decretos da instituição pública do Ceará, assim como nos regulamentos do Liceu. O modelo formativo do Liceu pautou-se na obediência aos regulamentos, nos quais se realizava consoante ao cumprimento da imposição de regras disciplinares. Os regulamentos determinavam a periodização dos exames e da distribuição de prêmio aos discentes que se destacavam. Os exames ocorriam por verificações de curto e longo prazo. Os de curto prazo eram realizados em sala de aula como interrogatórios orais e também eram enviados exercícios para que os estudantes realizassem em casa. Com a realização dos exames a longo prazo, podemos ressaltar as provas que eram realizadas trimestralmente em que todas as classes da escola participavam. A pedagogia do exame e da meritocracia esteve presente nos aspectos avaliativos do Liceu, nos quais percebemos a quantificação das aprendizagens, os rituais de premiação dos melhores estudantes com a medalha de distinção e classificação dos discentes com amparo nas notas dos exames.

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Liceu Francês do Rio de Janeiro: o olhar para a escola do outro

Ana Luiza Grillo Balassiano – USP [email protected]

A pesquisa - Liceu Francês no Rio de Janeiro (1915-1965): instituições escolares e difusão da cultura francesa no exterior - compreendeu o processo de constituição, criação e desenvolvimento do Liceu Francês ao Colégio Franco Brasileiro no recorte temporal que se inicia com a fundação da Instituição no ano de 1915 e termina no seu cinqüentenário no ano de 1965. O intuito foi perceber como se deu a difusão da cultura francesa, a partir de uma história institucional constituída de três diferentes temporalidades: Lycée Français, Liceu Franco-Brasileiro e Colégio Franco-Brasileiro. História esta apresentada em torno de três personagens centrais: Claude Alexandre Brigole, Georges Dumas e Renato Almeida. O termo Liceu na História da Educação Brasileira se referiu a uma série de Instituições escolares constituídas ainda no Império e no início do século XX simbolizando prestígio, constituindo-se em um diferencial no seu em torno e ainda como uma escola para poucos. Os Liceus franceses no Brasil foram criados nas duas primeiras décadas do século XX, revelando relações franco- brasileiras e relacionadas à política expansionista e cultural francesa da III república de Jules Ferry (1870-1940). Assim, na perspectiva de escala macro e micro das relações, entre educação e história franco-brasileira, o estudo indica um movimento de entrada e saída dos arquivos escolares, ancorando a perspectiva teórico-metodológica na concepção ampliada do documento histórico, na medida em que não somente os escritos ditos oficiais e legais representavam o conjunto a ser pesquisado, mas o uso de memórias, cartas, biografias, fotografias, histórias de vida e depoimentos, entre os diferentes documentos que possam representar a cultura de um espaço-tempo nas suas diversas especificidades. Ao mesmo tempo a pesquisa se insere

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no campo da história das instituições escolares quando trata do Arquivo Escolar como o lugar central, permitindo entrar e sair na procura de construir a história da existência do estabelecimento escolar na sua multidimensionalidade. A análise da instituição escolar correlacionou a escola com as condições sociais, culturais e políticas nas quais se insere num contexto histórico e geográfico determinado. A pesquisa foi desenvolvida em quatro capítulos, onde os três primeiros se desenvolveram cada um em torno de três personagens: Brigole, Georges Dumas e Renato Almeida. O quarto capítulo foi em torno da instituição - do seu arquivo escolar e das narrativas de antigos e alunos e professores.

Luiz Antonio dos Santos Lima sob a perspectiva educacional: higiene mental e educação nas

primeiras décadas do séc XX

Karoline Louise Silva da Costa – UFRN [email protected]

Maria Arisnete Câmara de Morais – UFRN [email protected]

Analisar a trajetória do intelectual Luiz Antonio dos Santos Lima por meio do seu papel de educador envolvido no ideário higienista brasileiro, face à história da educação Norte Rio Grandense. Dentro desta perspectiva, este trabalho propõe-se a evidenciar práticas do campo da medicina e da educação, em busca da redenção da sociedade brasileira no final do século XIX e início do século XX. O citado estudo está relacionado ao projeto História da Leitura e da Escrita no Rio Grande do Norte - presença de professoras (1910-1940) / CNPq, o qual, entre seus objetivos, faz referência ao estudo sobre professoras e professores que se destacaram no Estado do Rio Grande do Norte, contribuindo para a formação de gerações. Para a construção deste trabalho, realizamos pesquisas em documentos encontrados nos acervos do

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Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, dentre estes destacam-se: a tese de doutoramento em Medicina de Luiz Antonio, intitulada Higiene Mental e Educação (1927), os jornais A República e o Diário do Natal. Efetuamos também uma revisão bibliográfica na Biblioteca Central Zila Mamede/ UFRN, por meio dos autores que enfocam seus estudos sob a perspectiva da História Cultural, como: Burke (1992), Chartier (1990), Duby (1993), Elias (1986) e Gondra (2003). Com base nestes materiais, observamos que Luiz Antonio dos Santos Lima diplomou-se na primeira turma de formandos da Escola Normal de Natal, em 1910. Exerceu o magistério no Grupo Escolar Augusto Severo, no Atheneu Norte-Rio-Grandense e na Escola Normal de Natal. Formou-se em Medicina na Faculdade do Rio de Janeiro, em 1926, onde defendeu a sua tese para a cadeira de Higiene. Dada sua relevância, na cidade de Natal existe em sua homenagem três referências que retratam o reconhecimento dos contemporâneos a este intelectual. São estas: a Escola Estadual Luiz Antônio, o Hospital Luiz Antônio, conhecido como Hospital do Câncer, como também uma rua localizada no bairro do Alecrim. Destacou-se pelos seus ideais educativos higiênicos em cultivar os bons hábitos, tais como: metodização da alimentação, do asseio, da disciplina, do antialcoolismo, do antitabagismo, da educação sexual, dentre outros cuidados para a formação sadia dos alunos. Através desta investigação, evidenciamos que Luiz Antonio dos Santos Lima atuou na educação do Estado, buscando estar em consonância com o ideal de modernidade do início do século XX, através da incorporação de novos princípios e métodos na educação higiênica dos sujeitos.

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Marinha e império no Brasil: o ensino naval

Simone Vieira de Mesquitai – UFC [email protected]

O presente estudo tem como foco o ensino militar naval no Brasil do século XIX, que teve grande importância na formação do ensino superior, bem como relevância política, científica e técnica, a exemplo de sua atuação no que se refere à construção de navios que participaram, por exemplo, na Guerra do Paraguai. Parte de referências cronológicas e analíticas da historiografia consultada, junto a Liberato Barroso (1897), Fernando de Azevedo (1958), Gilberto Freire (1959), João Batista Magalhães (1998) e Dermeval Saviani (2007), onde o ensino naval é visto com notoriedade, desde 1808, com a criação da Academia Real da Marinha, como instituição de nível superior, quando o Rio de Janeiro se torna a capital do Reino de Portugal, Brasil e Algarve, em face da transferência da Corte de Portugal para o Brasil, em face da invasão francesa, o que explica porque era destacada a preocupação daquela Academia com a construção naval; nas décadas seguintes, em diferentes períodos, demarcados por rupturas e rearranjos políticos, que caracterizam a construção do Brasil independente e imperial, o ensino naval terá apoio governamental e até simpatia de alguns segmentos sociais, como está detalhado mais abaixo. Evidencia que: 1) nesse período, o ensino naval contou com a colaboração de oficiais estrangeiros, especialmente dos ingleses, que ajudaram na organização da armada brasileira; 2) o ensino militar foi um dos caminhos de acesso ao ensino superior, especialmente, de estratos médios da sociedade, uma vez que os alunos que se formavam nessas escolas, estavam capacitados, não apenas em assuntos tecnicamente militares, como da esfera política, social e econômica, levando-os a um preparo profissional que lhes permitiam exercer cargos, no âmbito do poder público; 3) além da preocupação de formar seus oficiais, o ensino militar naval cuidava de capacitar um corpo docente, para fazer parte do quadro de professores da Academia da Marinha, o que para muitas famílias abria a perspectiva de seus filhos ascenderem, intelectual e socialmente. Esta descrição analítica integra a nossa tese de Doutorado, que se encontra

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em fase de cotejo de fontes para mapeamento cronológico e exame da disseminação territorial das escolas de ensino militar naval no País. Os resultados aqui apresentados evidenciam a importância desse campo de ensino para o entendimento histórico da formação da elite militar e civil, no período aqui assinalado, que, além disso, se mostrou uma oportunidade de inserção e ascensão profissional, intelectual e social para os moços de origem familiar socialmente bem situada e remediada, para depois compor as forças armadas do Brasil, à medida que este se organizava como nação independente e imperial.

Memórias de docentes e discentes: vivendo a e na escola

Silvânia Santana Costa – PUCRS/UNIT [email protected]

O objeto deste estudo será a cultura material escolar do Instituto de Educação Rui Barbosa (IERB) no período de 1971 a 1996, antiga Escola Normal Rui Barbosa. A escolha pela temática foi despertada no período de Mestrado, ao estudar a atuação docente de José Calasans Brandão da Silva nas instituições de ensino em Sergipe. Ele lecionou no Instituto de Educação Rui Barbosa (IERB), antiga Escola Normal. Ao fazer pesquisa no acervo dessa instituição me deparei com um acervo documental disposto em um local insalubre, sem condições de pesquisa, como medida, resolvemos criar um projeto de extensão universitária/UNIT com o intuito de organizar os documentos, para posteriormente a Secretaria de Educação do Estado criar um arquivo para preservação da memória escolar. O marco histórico pretendido neste estudo (1971 a 1996) consiste em dois momentos de reconfiguração legal para o ensino normal: 1971, ano no qual a Lei 5.692/71 estabeleceu as habilitações específicas de grau superior e de 2º Grau para exercer a docência; E 1996, quando a Lei 9.394/96 instituiu que a condição mínima para o exercício do magistério seria possuir nível médio na modalidade normal,

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priorizando a formação em nível superior. São momentos de mudanças ocasionadas por definições legais, que é fundamental perceber como elas foram vivenciadas, apropriadas e executadas por todos envolvidos no funcionamento do Instituto de Educação Rui Barbosa, neste período. Assim, fiquei curiosa em compreender um período histórico, de uma instituição de ensino, que ao longo dos séculos XIX e XX foi responsável pela formação de parte significativa dos docentes destinados ao ensino primário em Sergipe. Perceber como os espaços da escola foram representados na memória dos docentes e discentes da instituição são aspectos em que se fazem necessárias análises e considerações a fim de investigar a formação dos docentes que passaram pelo IERB e que foram responsáveis por parte da educação infantil e do ensino fundamental de gerações de sergipanos. Em cada contexto histórico a representação da escola é construída a partir dos sujeitos envolvidos, tanto no processo de ensino e aprendizagem, quanto da imagem social, funcionando como um espaço legitimado, capaz de formar indivíduos e integrá-los na sociedade. Nessa conjuntura, podemos inferir as Escolas Normais que foram responsáveis pela formação de vários profissionais que atuaram no magistério primário. O estudo permitirá, a partir das memórias dos docentes e discentes, dos documentos oficiais, dos impressos compreender a dinâmica cotidiana da instituição; as práticas desenvolvidas; os aspectos legais; as mudanças nas exigências de formação; os reflexos da promulgação da implantação da Lei 5692/71 em plena Ditadura Militar, e a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96, enfim, todos os elementos que constituíram a escola, bem como a formação para o magistério no período assinalado. Esse trabalho consiste na proposta de pesquisa que está sendo desenvolvida como aluna do Doutorado em Educação da PUCRS tendo como orientadora a professora Maria Helena Câmara Bastos.

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Meninas órfãs: educação no orfanato “Antonio Lemos” no Pará no final do século

XIX e início do XX

Antonio Valdir Monteiro Duarte  [email protected]

O cuidado, a educação e a instrução de centenas de meninas órfãs das mais diferentes faixas etárias, naturalidades e nacionalidades estiveram entre as principais preocupações do governo e da elite paraense a partir do final século XIX. Tendo como inciativa de senhoras desta mesma elite foi fundada em 1893, com a denominação de Orphelinato Paraense, uma instituição que nasce com a pretensão de amparar e formar meninas órfãs para vir a se tornar futuras esposas e donas de casas. No entanto, o crescente número de meninas desvalidas e a falta de recursos financeiros leva a “Associação Protectora das Órfãs” a tomar várias medidas para garantir a continuidade do funcionamento da instituição e a chegada em Belém da Congregação “Filhas de Sant’Anna” oriunda da Itália teve uma importância significativa para a organização interna da instituição. Esta comunicação, que faz parte de um estudo mais amplo em nível de doutorado e que se encontra em desenvolvimento, tem como objetivo analisar o processo de formação de meninas no Orfanato Antonio Lemos em Belém do Pará, destacando aspectos referentes à constituição sócio histórica da instituição e ao intenso processo migratório e imigratório que muito influenciou na matrícula de meninas no internato. Como exemplo, deram entrada na instituição meninas das mais variadas naturalidades e, entre as estrangeiras, foram admitidas portuguesas, espanholas e italianas. Assim, questões referentes ao ambiente educativo, à higiene, ao convívio entre os sujeitos que viviam na instituição, à relação do Estado com a Igreja, às disputas políticas, entre outras, foram problematizadas. O estudo está embasado em várias fontes documentais da época como: Relatórios da Intendência Municipal de Belém, Mensagens governamentais,

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Revistas, Livros de matrículas e atas do orfanato, entre outros. Entre os autores que contribuíram para a fundamentação teórica do texto estão: Buffa (2002), Foucault (1999), Gondra (2000), Lacerda (2002), Lobo (2008), Pesavento (2008), Rizzini (2008), Sarges (2002). O estudo apontou que diante do cenário adverso vivido na região em virtude das disputas políticas, das crises na área da saúde e da educação e, especialmente, do declínio na produção da borracha, o poder público não se furtou em investir na educação dos menos favorecidos. Nesta esteira, o Orfanato foi um projeto que teve grande apoio da Intendência Municipal, sendo destaque na construção da sociedade republicana na época.

Modelando corpos: a vestimenta escolar na cultura da escola doméstica de Natal-RN

(1914-1945)

Andréa Gabriel Francelino Rodrigues – IFRN [email protected]

Este trabalho objetiva problematizar o universo escolar da Escola Doméstica de Natal, que é composto de inúmeros códigos que se entrelaçam com o mundo exterior, proporcionando assim representações e compreensões diversas de acordo com o tempo. Ao elegermos o estudo da vestimenta escolar, estamos também refletindo sobre o papel simbólico desenhado pela instituição de ensino no seu tempo para ser apropriado pelos que a freqüentavam. Metodologicamente, analisamos a vestimenta, no universo das práticas da Escola, apontando-a como objeto dotado de valores culturais, sociais e de representações. As roupas da instituição refletiam os costumes de cada época, simbolizando hierarquias, lugares a freqüentar, comportamentos a seguir, compondo a cultura escolar. Neste sentido, o uniforme escolar usado pelas discentes da Escola Doméstica de Natal correspondia ao modelo de aluna a formar e seguia alguns costumes da época delineados nos modismos da Europa e nos valores virtuosos de como uma senhorita de família tradicional deveria vestir o seu corpo. Por isso, os decotes longos, o uso de adereços que serviriam de enfeites às roupas era descartado no uso diário da aluna, ganhando

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espaço a roupa simples, sutil, de cor discreta, sem muitos detalhes que ajudaria a compor o quadro de formação educacional esboçada no currículo escolar. Essas medidas conformavam as docentes e as jovens formandas da instituição a um perfil traçado nos inícios do século XX: formação de mulheres com condutas de rigorosa moralidade e uma boa esposa. No que remete ao espaço específico escolar, este é entendido como espaço dotado de significados espelhados nas formas singulares de organizar as práticas que funcionam no interior escolar, especificadas na rotina da escola, nas ações curriculares, no tempo escolar, e também nas formas de vestir e disciplinar o corpo, favorecendo diversas aprendizagens a partir do uso desses objetos. Essa reflexão é importante na medida em que conduz a pensar a escola como lugar que fala, que comunica, que não silencia, que o espaço jamais é neutro, ele carrega configuração como território e lugar, signos, símbolos e vestígios das relações sociais. Essa discussão torna-se relevante para a nossa análise na medida em que consideramos fulcral no estudo sobre instituição escolar, a cultura entendida como construção humana, portanto não estável no tempo e espaço e dotada de significados que refletem as transformações da sociedade. Então, neste sentido, pensar sobre a escola, é pensar nas relações antropológicas que a escola estabelece com entre o seu tempo e lugar.

Na transição rural-urbana, a passagem da escola mista do Bairro Felipão na história da educação

pública campineira

Eliana Nunes da Silva  [email protected]

Esta pesquisa teve como objeto de estudo a história da Escola Mista que existiu no bairro Felipão no município de Campinas, entre as décadas de 1920 e 1960, tendo sido desencadeada, além de outras fontes, pelos depoimentos de ex-alunos e de uma ex- professora. Tal narrativa é interpretada pela via da cultura escolar e das tensões existentes entre os processos instituídos pelas reformas educativas, no decorrer dos embates entre projetos políticos e pedagógicos no contexto republicano. A justificativa teórica ancorou-se na revisão bibliográfica que apontou, com base em alguns pesquisadores, que são

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raros os estudos sobre a história da educação rural no Brasil, e a diversidade de escolas públicas primárias paulistas são temas ainda insuficientemente investigados pela História da Educação Brasileira. Com aporte na metodologia da história oral, pautou-se na seleção e análise de fontes documentais diversas (documentos escritos, orais e imagéticos), em especial do arquivo da instituição escolar e de entrevistas. Os objetivos principais foram: narrar a história de uma comunidade de imigrantes italianos; caracterizar a cultura escolar da Escola Mista entre os anos 1930 e 40; analisar a expansão do ensino paulista; organizar as fontes documentais para a escola. Buscou problematizar o que as reformas educacionais conduzidas pelo governo republicano paulista e a então política nacionalista do Estado Novo trouxeram de elementos para a democratização da educação e, no interior da Escola Mista estudada, o que suas características revelam sobre as ambiguidades desse processo histórico, face à expressão de diversos projetos que reivindicavam concepções liberais, conservadoras (e outras), em conjunturas marcadas por totalitarismo, populismo e luta pela democracia.

No caminho da roça: o processo de expansão da escola rural em Mato Grosso (1927-1945)

Marineide de Oliveira da Silva – UFMT [email protected]

Durante o período republicano, algumas tentativas foram implementadas para adequar o sistema educacional mato-grossense, aos padrões dos estados, considerados pelos governantes de Mato Grosso, como modelos a serem seguidos em termos de qualidade educacional, como os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Entretanto, Mato Grosso, diferente de algumas localidades no país, era composto por uma grande extensão demográfica e muitas escolas se encontravam em localidades distantes do núcleo central urbano, dificultando dessa forma, segundo os governantes do estado, o provimento destas unidades educativas. Por esse motivo, os Regulamentos que normatizavam o ensino primário, traziam distinções para criação, implantação e provimento das diferentes

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instituições escolares. Das legislações implantadas no estado, destaca-se o Regulamento de 1927, fonte norteadora deste trabalho. O Regulamento de 1927 trouxe mudanças, principalmente em relação à organização das instituições escolares, como o desmembramento das escolas isoladas, em escolas isoladas rurais, escolas isoladas urbanas, escolas isoladas noturnas e a criação das escolas reunidas (reunião de três escolas isoladas). Esse trabalho está voltado para a análise da criação e expansão das escolas isoladas rurais, a partir do desmembramento das escolas isoladas implantado pelo Regulamento da Instrução Pública Primária de 1927 até a década de 1940. O presente trabalho buscou dialogar com autores da História da Educação, como: Vidal (1998, 2000 e 2006), Almeida (2005), Souza (2006, 2009), Sá (2007, 2010), entre outros que abordam a temática da instrução primária brasileira. A pesquisa encontra-se situada no campo da historiografia, com análise de fontes documentais, como: Relatórios de Presidentes, Inspetores e Diretores da Instrução Pública, Mensagem de Presidente do Estado de Mato Grosso, Legislações, disponíveis nos principais acervos e arquivos de Mato Grosso. As fontes documentais desenham um cenário, permeado de abandono, dificuldades e contrastes entre a educação ministrada nas cidades e aquela ministrada no campo, e não citam a luta por uma educação de qualidade para as áreas rurais. Pelo contrário, o que a legislação em Mato Grosso trouxe foi um modelo escolar com um currículo reduzido, sem atender às necessidades da população. As fontes documentais sinalizam que em Mato Grosso havia uma preocupação excessiva, por parte dos governantes, em criar novas escolas e instruir, mesmo que minimamente, a população. Entretanto os documentos mostram que para não onerar os cofres públicos, priorizavam o provimento das escolas urbanas. As escolas rurais, unidocentes, funcionavam em condições extremamente precárias para o desempenho das funções educativas.

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Nos impressos pedagógicos: a circulação de práticas de ensino de leitura

Neusa Balbina de Souza – UFES [email protected]

Fernanda Zanetti Becalli – UFES [email protected]

Este texto tem por objetivo discutir sobre representações de leituras inscritas em impressos pedagógicos voltados para a orientação de práticas de ensino de leitura na escola primária capixaba, na década de 1960. É parte de uma pesquisa em andamento que está sendo desenvolvida com vista à tessitura de uma narrativa acerca da história do ensino da leitura circunscrevendo-se a estudar o método global de ensino da leitura e sua concretização em materiais didáticos (livros de leitura, impressos pedagógicos, etc.) que circularam no Espírito Santo, nos anos de 1960. Apoiamos-nos em pressupostos teóricos e metodológicos da História Cultural com a expectativa de compreender práticas escolares, em suas singularidades, como práticas culturais, produzidas por determinados agentes educacionais (professores, diretores, técnicos, etc.) imersos em contextos de produção e de circulação de sentidos da leitura. Numa perspectiva que considera documentos como testemunhos vivos das práticas culturais humanas, para a análise apresentada neste texto utilizamos dois impressos pedagógicos, um intitulado Boletim do DOPP e outro Instrução para elaboração de provas, produzidos por técnicos educacionais da Divisão de Orientação e Pesquisa Pedagógica (DOPP), da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Espírito Santo, na década de 1960, com a finalidade de orientar o ensino da leitura na escola primária. Compreendendo a leitura como prática cultural, muitas vezes ordenada como a leitura escolar, os conceitos de representação, apropriação, circulação, prática e estratégia cunhados por Roger Chartier (1990, 1998) e Michel De Certeau (2007) nos permitem entender práticas discursivas inscritas nos impressos pedagógicos como estratégias empregadas por

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determinados agentes, inscritos nessas práticas, para imposição de uma representação de leitura desejosa de ser apropriada por sujeitos da escola para conformação e modelação do ensino da leitura. Os documentos tomados para análise nos deram a ler indícios de que as concepções de leitura veiculadas na escola primária capixaba, por meio dos impressos pedagógicos, coadunavam com os princípios teóricos defendidos pelo movimento escolanovista em voga no País, no período em apreço. Tais concepções limitavam-se ao campo da moderna pedagogia defensora do método global e foram baseadas em tendências teóricas do campo da psicologia, da pedagogia e da linguística. Os boletins e as instruções para elaboração de provas são compreendidos, em sua materialidade, como suporte em que se inscrevem apropriações de concepções e saberes pedagógicos, logo, representações. E como mecanismo de legitimação desses saberes.

Novas práticas educativas da Escola Rosa da Fonseca (1938)

José Carlos X. Bonfim – UERJ [email protected]

Em 12 de maio 1913, a professora Amasiles Rocha Xavier de Barros fundou próximo sua residência uma escola. Instalada na Rua Duque de Caxias, casa 07, no limite entre os bairros de Deodoro e Vila Militar, no Município do Rio de Janeiro, essa escola de primeiras letras contava com 78 alunos matriculados num único turno. Todavia, somente 60 alunos tinham frequência média diária. A escola recebeu do Diretor da Instrução Pública do Distrito Federal à época, Dr. Ramiz Galvão, a designação de 1ª Escola Mista do 13º Distrito Escolar. No ano seguinte, a escola foi transferida para um prédio construído pelo Ministério da Guerra na mesma rua. Em 1918, a escola recebeu uma nova denominação, passando a ser denominada de 4ª Escola Mista do 16 º Distrito Escolar, recebendo a denominação Escola Rosa da Fonseca, de acordo com a determinação do então Inspetor Escolar de Ensino o Dr. José Chermont de Brito.

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Após 25 anos de fundada a Escola Rosa da Fonseca, o Comandante da Guarnição da Vila Militar, o General Benicio Valentim da Silva, tomou a iniciativa de solicitar tanto ao Ministro da Guerra, General Gaspar Dutra quanto ao Prefeito da Capital Federal Dr. Henrique de Toledo Dodsworth para que fossem feitas reformas estruturais na Escola Rosa da Fonseca. A solicitação foi aceita pelas autoridades mencionadas, cabendo ao Exército brasileiro e a Prefeitura Municipal do Distrito Federal realizar as reformas necessárias para organizarem o espaço escolar. Este espaço deve ser entendido como um “lugar praticado” (Certeau, 2011, p.184), onde se distribuíram elementos nas relações de coexistência entre interesses do Exército e da Prefeitura na configuração de novas posições. Montava-se um sistema de signo. A escola cívica forjada na preparação inclusa de meninos e de meninas à ordem instituída. Nosso interesse é o de buscar compreender os processos de organização do espaço/lugar escolar como um “campo de manobras” por onde se foi possível construir uma concepção “militar” e “escolanovista” da instrução e da educação como dispositivos a serviço da modernização cultural do país. Assim sendo, com esse estudo, objetivamos compreender os projetos intelectuais em curso e seus dispositivos de circulação. Também as ações desenvolvidas pelo Exército Brasileiro e o poder público municipal da Capital Federal através da Escola Rosa da Fonseca, em especial, no ano de 1938, adentrando pelo contexto do Estado Novo. Esta comunicação visa discutir os modelos culturais inscritos nesse processo de organização escolar da Escola Rosa da Fonseca que, por um lado, pode ser apreendido a lugar de poder, de estratégias e de táticas e, por outro, como prática pedagógica em seus usos escolares e culturais, a exemplo dos usos do campo de jogos da Escola Rosa da Fonseca com brinquedos militarizados.

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O campo escolar e a cultura escolar de Pilar do Sul e a imigração japonesa (1934-1976)

Adriana Aparecida Alves da Silva – UNISO [email protected]

Wilson Sandano – UNISO [email protected]

Este trabalho aborda as transformações do campo escolar de Pilar do Sul e as mudanças na cultura escolar, inter-relacionando com o campo social, no período referente a 1934, ano da fundação do Grupo Escolar “Padre Anchieta, a 1976, ano que o campo escolar foi redefinido devido à implementação da lei nº 5692 de 1971. Utilizamos como categoria de análise campo, habitus e cultura escolar. A categoria hábitus e campo se relacionam e auxiliaram a analisar a constituição do campo escolar de Pilar do Sul e cultura escolar auxiliou compreender as mudanças no interior das escolas. A pesquisa foi conduzida sob a perspectiva da Nova Historia Cultural procurando responder quais as transformações no campo escolar de Pilar do Sul após a chegada dos imigrantes japoneses e quais mudanças na cultura escolar, para tanto foram utilizadas fontes secundárias e primárias, como documentos escritos, iconográficos e fontes orais. Construir um diálogo entre as fontes foi uma estratégia necessária para ampliar nossas lentes, possibilitando perceber que a historia é construída por seres reais vivendo relações de dominação e subordinação e que o conhecimento histórico é capaz de apreender e incorporar as experiências vividas por esses sujeitos vivendo situações e relações sociais. A análise do conjunto das experiências apresentadas nas fontes evidenciou que as transformações no campo social e escolar de Pilar do Sul, foram frutos da introdução de novos agentes, os imigrantes japoneses, com uma bagagem de vida, habitus, que gerou conflitos e um processo de adaptação nesse espaço que é o campo, modificando a organização da produção e comercialização agrícola que repercutiu no fortalecimento da econômica, na ascensão social dos imigrantes, nas práticas culturais, na política e no campo escolar. Nessa dinâmica de conflitos e interação dos novos agentes, o campo escolar de Pilar do Sul foi se constituindo e se transformando, pois as mudanças

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sociais, políticas, econômicas e culturais impulsionaram a criação de novas escolas – o Ginásio Estadual de Pilar do Sul e a Escola de Língua Japonesa e Internato e geraram mudanças cultura escolar. Compreendemos que a cultura escolar foi sendo constituída por meio das normas e práticas que fixavam os valores e comportamentos a serem seguidos e os conhecimentos a serem ensinados em determinado espaço e tempo e que essa organização interna baseia-se num contexto sócio-politico-cultural e econômico. Com o ingresso dos japoneses e descendentes podemos observar as mudanças na cultura escolar nas redefinições das práticas escolares para atender as necessidades dessa nova clientela, na organização dos tempos escolares, na definição dos conteúdos, na organização dos rituais e festas escolares embebidos de civismo e patriotismo.

O Conselho de Educação Superior para as Repúblicas Americanas: um vôo para além

do céu Pan-americano (1958-1964)

Fernando César Ferreira Gouvêa – UFRRJ [email protected]

Este trabalho tem como objeto de estudo o Conselho de Educação Superior para as Repúblicas Americanas (CHEAR) – criado em 1958 nos Estados Unidos. Busca uma análise do impacto das recomendações oriundas da instituição na tessitura das políticas públicas educacionais para o ensino superior no Brasil até 1964 e tem como fontes principais as publicações do próprio Conselho; os boletins da Unesco; a revista Educação e Ciências Sociais e o Boletim do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais. Vale afirmar que o período em tela assistiu à busca de uma atuação regional e conjunta das Américas em diferentes campos. Neste aspecto uma série de projetos, seminários, congressos e instituições buscaram riscar o céu pan-americano em contraponto às políticas da então União Soviética no contexto histórico da Guerra Fria. A realização de eventos e cursos esteve sempre articulada à criação de instituições que conjurassem

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esforços para a construção e solidificação do referido projeto pan-americano. Data desta fase, a criação do Conselho de Educação Superior para as Repúblicas Americanas (CHEAR - abreviatura em inglês do Council on Higher Education in the American Republics) com sede rotativa no âmbito da área pan-americana. A origem do Conselho reside no auxílio financeiro concedido pela Carnegie Corporation de New York concedeu um auxílio ao Institute of International Education para desenvolver um programa de aproximação pessoal entre educadores e homens de Estado das Américas, ligados à educação, e o estabelecimento de um forum para o livre debate dos respectivos problemas de ensino superior. Em 1960, a Fundação Ford associou-se à Carnegie Corporation para assegurar o funcionamento, por três anos, do referido Conselho. As reuniões do CHEAR aconteceram em San Juan, Porto Rico, em maio de 1958; em 1959 na cidade do México; a do Chile, em 1960 e a de 1961 em San Francisco, nos Estados Unidos. A reunião de 1962 estava marcada para acontecer na cidade do Rio de Janeiro, porém a instabilidade política não permitiu a sua realização em nosso país. O intelectual Anísio Teixeira ocupou o cargo de Conselheiro Titular de 1958 a 1961 num momento que acumulava as funções de Secretário Geral da Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) e Diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE). Assim, o exame da gestão deste intelectual à frente das referidas instituições brasileiras contribuirá para a compreensão dos impactos das políticas emanadas do Conselho de Educação Superior para as Repúblicas Americanas nas políticas públicas educacionais no âmbito do Ministério da Educação do Brasil.

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O corpo docente e o processo de nacionalização da Escola Alemã de Vila Mariana em São Paulo

Renan Gonçalves Bressan  [email protected]

Originado das discussões empreendidas em uma dissertação de mestrado, este trabalho tem por objetivo tecer algumas considerações sobre o processo de nacionalização do corpo docente da Escola Alemã de Vila Mariana ocorrido entre os anos de 1937 e 1942, período esse correspondente à instauração do Estado Novo e à entrada efetiva do Brasil na Segunda Guerra Mundial a favor dos Aliados. Este tema faz parte de um conjunto mais amplo desenvolvido na pesquisa que se dedicou ao estudo histórico da formação e constituição da Escola Alemã de Vila Mariana localizada na cidade de São Paulo na primeira metade do século XX. Naquela oportunidade foram estudados em sua historicidade os aspectos constitutivos da Escola, tais como seu processo de fundação, sua administração escolar, sua clientela, o conhecimento veiculado, o prédio escolar e o corpo docente, objeto imediato desta investida, e os aspectos econômicos, políticos, sociais, culturais, urbanísticos da Vila Mariana e da cidade de São Paulo, numa clara tentativa de apreender os âmbitos macro e micro, produtores da cultura escolar da instituição. Sob o enfoque teórico e metodológico apreendido das pesquisas que se debruçam sobre o estudo das instituições escolares, principalmente das construídas por Paolo Nosella e Ester Buffa, além daqueles provindos da Nova História Cultural, da micro-história, este trabalho se propõe a problematizar o processo de nacionalização do corpo docente da Escola Alemã de Vila Mariana lançando mão da cultura escolar, enquanto categoria de pesquisa, para alcançar seu desfecho. Para tanto, foram utilizadas fontes primárias que se encontram de posse da própria instituição, tais como livros comemorativos, mapas escolares, livros de matrículas e relatórios do interventor direto na Escola, e documentos oficiais produzidos pelo DEOPS-SP, que se encontram sob guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Este estudo permitiu perceber que o projeto de nacionalização do ensino defendido pelo Estado Novo e imposto às instituições escolares estrangeiras, embora seja um prolongamento de inúmeras discussões direcionadas neste sentido desde

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a década de 1910 em São Paulo, somente ocorreu com mais intensidade e alcançou seu efetivo êxito na Escola Alemã de Vila Mariana, principalmente em relação ao corpo docente, em um momento político no qual o governo brasileiro não poderia mais permanecer em situação de neutralidade frente ao conflito bélico de proporções mundiais. Nesse ínterim vislumbra-se ainda que as transformações escolares decorrentes desta política de nacionalização ofereceram à instituição escolar aqui em foco, uma nova configuração de sua cultura escolar que deveria a partir de então, atender, grosso modo, ao projeto de criação de uma “nação” brasileira.

O debate sobre os grupos escolares nos Congressos Brasileiros de História da Educação

no período de 2000 a 2011

Lidiane Picoli Lima – UFES [email protected]

Andrea Brandão Locatelli – UFES [email protected]

Procurou sistematizar como vem ocorrendo o debate sobre a implantação dos grupos escolares no Brasil em seu processo de institucionalização e utiliza como fonte os anais dos Congressos Brasileiros de História da Educação (CBHE), da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE). Portanto, temos como objetivo compreender a discussão sobre os grupos escolares nas três décadas iniciais do século XX, para dar a ver como essa temática vem sendo tratada pelos pesquisadores da História da Educação Brasileira. A historiografia da educação, principalmente aquela que se fundamenta no modelo azevediano, segundo Carvalho (2003), afirma a década de 1930 como marco modernizador da educação brasileira, mas conforme Schneider (2007) as reformas educacionais realizadas durante o Segundo Império já indicavam que muitas das ideias sobre a escolarização estavam sendo debatidas pelos intelectuais preocupados com a instrução pública,

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as quais se intensificam no período posterior e criam as bases para as modificações educacionais realizadas na Primeira República. Nesse sentido, o trabalho questiona o modo como as pesquisas têm problematizado o período em que o processo de criação e implantação dos grupos escolares ocorreu no País, principalmente em suas relações com os aportes teóricos e percepções acerca do empreendimento da modernização da instrução pública. O CBHE reúne a cada dois anos, desde o ano 2000, pesquisadores nacionais e internacionais com diferentes produções sobre o tema da História da Educação, sendo por nós selecionados por ser um significativo evento sobre a História da Educação no Brasil e que vem possibilitando o debate entre pesquisadores e estudantes de diferentes Estados. O mesmo tem o interesse em publicizar as investigações que vem ocorrendo na historiografia brasileira, como a história das instituições escolares em seu processo de implantação, dentre elas a questão da criação e expansão dos grupos escolares. Do ponto de vista metodológico este trabalho se organiza em duas partes. A primeira é feita com base no detalhamento quantitativo de eventos e do número de trabalhos apresentados. Em um segundo momento foram investigadas as abordagens teórico-metodológicas, as regiões em que os estudos foram produzidos e o número de autores que mais se apresentaram nas edições do congresso. Com base nos CBHE’s podemos perceber que ainda há carência de trabalhos sobre os grupos escolares que particularizem as suas condições de implantação nas localidades e considerem esta experiência no processo que lhe foi possível, ou seja, inscritos nas práticas sociais anteriores ao início do século XX. Embora o número de pesquisas sobre a instituição de ensino republicana no evento investigado tenha crescido durante o período focalizado esse quantitativo ainda é reduzido em relação aos demais temas debatidos nos eventos e aos aportes teóricos que singularizam suas possibilidades de criação nas diferentes regiões do país.

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O ensino de História no contexto da História da Educação brasileira: práticas de professores

de história no ensino fundamental

Miriã Lúcia Luiz – UFES [email protected]

O artigo discute o ensino de História no contexto da História da Educação brasileira, objetivando perceber as implicações das tendências historiográficas desenvolvidas nas duas últimas décadas do século XX nas práticas de professores no ensino de História nas séries iniciais do ensino fundamental. Investiga como as inovações historiográficas são contempladas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de História nas séries iniciais (1997) e os modos de aprender e ensinar História. Parte das proposições de Bloch (2001, p. 41), quando apresenta uma preocupação em tornar a História compreensível, do mesmo modo, “aos doutos e aos escolares”. O autor salienta que é um desafio o ofício do historiador, pois a História não é uma ciência apenas do passado, mas também do presente. Assim, ele traz a concepção de História como a “ciência dos homens”, mas acrescenta, “[...] dos homens, no tempo” (p. 55). A partir dos apontamentos de Le Goff (2003, 2005, 2009) e de Marc Bloch (2001), compreende a Nova História, iniciada pelos Annales, como História global, total e que reivindica a renovação de todo o campo historiográfico. Essa concepção amplia as fontes de estudos, de modo que todo registro da ação humana passa a ser considerada fonte da História. São as práticas das professoras que permitem problematizar como o ensino de História, de fato, se configura. Pelas análises realizadas, fica evidenciado, na maioria das vezes, que quando o ensino ocorre no momento destinado à disciplina História, ele se configura de modo fragmentado, baseando-se, predominantemente, no uso do livro didático para leitura e realização das atividades e em aulas expositivas. Por outro lado, quando as professoras desenvolvem atividades numa perspectiva mais integrada, envolvendo a História com as demais disciplinas, a História aparece numa perspectiva poética, com atividades envolventes, vividas e sentidas pelos alunos e pelas professoras. O ensino de História investigado apresenta-se multifacetado, pois é possível perceber

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que há limitações no que se referem às influências das inovações propostas pela Nova História no ensino de História, quando há a permanência do ensino de datas comemorativas, que ocorre em alguns casos, de modo predominantemente tradicional. No que se refere ao trabalho com a história local/global, é ainda lacunar, pois foca-se prioritariamente no que está próximo da criança, com pouca interlocução com a história global. No conteúdo dos PCNs, que norteiam o ensino para crianças, e nas práticas das professoras são percebidas inovações historiográficas, como as várias maneiras de se pensar a temporalidade, o trabalho com a multiplicidade de fontes e a aproximação da História com a vida e a realidade da criança. O artigo é um recorte da Dissertação de Mestrado defendida em 2010.

O ensino ministrado aos considerados “menores em risco social” no instituto de preservação e

reforma do estado da Bahia (1939 -1947)

Jerusa da Silva Gonçalves Almeida – UESB [email protected]

Este trabalho apresenta resultados de pesquisa que investigou o ensino ministrado às crianças e aos adolescentes identificados como pobres, abandonados e ou delinquentes no Instituto de Preservação e Reforma do Estado da Bahia. O objeto de investigação foi o currículo, cuja organização se pautava na útil aplicação aos diversos ofícios. No decorrer da execução do Projeto, a pergunta que a guiou foi: como era o ensino ministrado às crianças e adolescentes no Instituto de Preservação e Reforma? O objetivo foi analisar os materiais e métodos de ensino utilizados. As fontes de pesquisa foram os regulamentos, decretos e ofícios. No Instituto de Preservação e Reforma da Bahia, eram recolhidos os menores masculinos de 3 a 18 anos, nos termos da lei, como abandonados, e os delinquentes de 14 a 18 anos, condenados por decreto judiciário. Ao receber o menor, o Instituto deveria ministrar a “educação emendativa”, pedagógica escolar, de modo a afastar do menor a ideia de repressão carcerária. O propósito era “moldar o

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patriota e o homem sadio” e “habilitar o educando, pelo ensino profissional”. Ao se analisar o Decreto de nº 11.389/1939, que cria o Regulamento Geral do Serviço de Assistência à Infância e Tutelar da Juventude do Estado da Bahia e faz referência à criação, na Capital, de um “Instituto de Preservação e Reforma”, observam-se as disparidades existentes entre as normas estabelecidas e a realidade precária vivenciada pela instituição. Merece destaque o teor dos ofícios destinados ao Secretário do interior e Justiça, Dr. Albérico Fraga, nos anos de 1941 a 1947, assinados pelo então Diretor do Instituto, Edson Tenório de Albuquerque. O Instituto de Preservação e Reforma da Bahia substituiu a Escola Profissional para Menores, instituída pelo Decreto nº 8.225/1932. Segundo Rizzini, é fundamental entender o significado da aliança entre Justiça e Assistência, uma associação que deu origem à ação tutelar do Estado, legitimada pela criação de uma instância regulatória da infância. De acordo com Passetti, as ações governamentais, como políticas sociais, assumem, a partir dos anos 20, o lugar até então ocupado pela caridade misericordiosa e privada praticada por instituições religiosas. A sua extensão acontecerá entre duas ditaduras, quando se inaugura uma nova era nas relações entre o Estado e a sociedade. O Estado da Bahia não fugiu à regra e os dispositivos de intervenção criados pelo binômio Justiça/Assistência, sob a forma de normas jurídicas, atribuíram ao Estado o poder de atuar sobre o menor e sua educação.

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O ensino profissional nas mensagens dos presidentes da Paraíba: 1922 -1930

Rosângela dos Santos Silva – UFPB [email protected]

Rose Mary de Souza Araújo – CE/UFPB [email protected]

Suenya do Nascimento Costa – UFPB [email protected]

Patrícia de Oliveira Magalhães – UFPB [email protected]

O texto apresenta os resultados de uma pesquisa historiográfica acerca do ensino profissional no Estado da Paraíba na temporalidade entre 1922 a 1930. O objetivo principal deste estudo foi o de apreender e compreender como estava estruturado e organizado esse tipo de ensino a partir da visão dos presidentes paraibanos dentro do período delimitado para este estudo. A produção historiográfica disponibilizada que trata de estudos referentes aos primeiros anos do regime republicano brasileiro, sugere a necessidade de expansão tanto da indústria quanto do comércio. Nesse tecido conjuntural, dada a escassez de pessoal com condições de desempenho de atividades especificas para estes setores, torna-se imprescindível a qualificação profissional. No caso da Paraíba republicana, considerando as mensagens e os discursos elaborados pelos presidentes de então, observa-se a importância da formação, preparação de mão-de-obra qualificada a ser inserida no mercado de trabalho local. Em função dessa necessidade foi pensado e institucionalizado o ensino profissional. Tomam-se os referenciais de Edward Thompson (1981), com relação à produção do conhecimento histórico a partir das evidências encontradas nos documentos de época e aqueles que foram elaborados por Antônio Gramsci (1989) no sentido de entender as forças sociais em jogo na Paraíba e suas respectivas intenções de

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promover o ensino profissional. Tais referenciais foram necessários no sentido de dialogar, realizar o procedimento de análise das fontes documentais disponibilizadas. O corpo documental utilizado foi basicamente as mensagens produzidas pelos presidentes do Estado da Paraíba no período de 1922 a 1930. Em linhas gerais, através desta investigação foi possível observar nos discursos dos gestores que existia a preocupação em organizar o ensino profissional. Entretanto, as medidas necessárias sempre estiveram articuladas com os interesses e necessidades políticas e econômicas de cada momento conjuntural que ia se configurando. Na verdade, todas as medidas educacionais estiveram na dependência dos interesses políticos das lideranças locais. Finalmente, os resultados apresentados estão ancorados no pressuposto de que todo conhecimento histórico tem a dimensão de provisoriedade e de limitação.

O grupo escolar de Itaúna: constituição, trajetórias e memórias

Vânia de Araújo Silva – USF [email protected]

Esta pesquisa, em andamento, aprofunda questões relativas à constituição do Grupo Escolar de Itaúna. Procura dar visibilidade às práticas imbricadas no cotidiano escolar por professores, alunos e demais sujeitos no período em que o ensino primário passou a ter uma nova organização em Minas Gerais em decorrência da Lei nº 439, de 28 de setembro de 1906, a chamada Reforma João Pinheiro. Temos por objetivos ampliar o conhecimento sobre a constituição do Grupo Escolar de Itaúna e conhecer a trajetória dos alunos ingressantes no 1º ano em 1908, ano da criação do citado Grupo. A análise das fontes disponíveis nos permite avaliar o quanto as leis prescritas pela reforma foram absorvidas pela escola e explicita como se davam as relações entre os sujeitos envolvidos com a educação, bem como as relações da escola com o meio onde estava inserida. A pesquisa tem possibilitado verificar

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como o cotidiano do grupo foi sendo reestruturado de acordo com os ideais e as representações que foram construídas e que se faziam presentes nos novos tempos que surgiam. Os referenciais teóricos que subsidiam nosso trabalho estão ancorados nas contribuições de Diana Gonçalves Vidal, Justino Pereira de Magalhães, Luciano Mendes de Faria Filho, Moysés Kuhlmann Júnior, Rosa Fátima de Souza, dentre outros. Esses aportes são importantes porque possibilitam compreender como se configuraram a cultura escolar mineira e itaunense no período a ser pesquisado e também por permitir um estudo mais aprofundado dos elementos que congregaram a educação no Grupo Escolar de Itaúna e nas escolas isoladas existentes na cidade de Itaúna. A metodologia utilizada é a problematização das fontes conservadas em arquivos públicos e particulares mineiros. Na perspectiva da história sociocultural da educação estão sendo realizados dois movimentos: trabalho com as fontes produzidas pelo poder público, por meio da legislação, que visa explicitar uma política educacional que propõe a organização do funcionamento dos grupos escolares e um trabalho com fontes e textos diversos sobre os alunos do Grupo Escolar de Itaúna, dispostos em biografias, autobiografias, plantas baixas da escola, fotografias e periódicos locais. O conjunto destas fontes registra, dentre outras, informações relativas à idade, sexo, raça, situação econômica, pertencimento ou não à caixa escolar, filiação e profissão dos pais, desempenho em avaliações ao longo dos anos de formação, a história da cidade, a educação política dos sentidos. Acreditamos que essa pesquisa possa contribuir para o cotejamento com outras pesquisas e projetos que têm como foco os grupos escolares e seus alunos, professores e demais sujeitos envolvidos com a história da educação, consolidando, assim, a construção da memória de nossas instituições escolares e de seus sujeitos.

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O Grupo Escolar em Lages/Santa Catarina: o discurso da modernidade na escolarização da

infância da Serra Catarinense

Tania Cordova – UDESC [email protected]

O objetivo deste estudo é problematizar a implantação da escola pública primária graduada na cidade de Lages no estado de Santa Catarina nas primeiras décadas do século XX, a partir dos debates e interesses que motivaram a sua adoção no país e no estado catarinense. Estas instituições foram chamadas de Grupos Escolares e fizeram parte de um projeto de organização curricular e administrativa que preconizava a modernidade no âmbito da escolarização. A proposta desse tipo de escola apresentava um ensino seriado onde os alunos seriam distribuídos homogeneamente sob a orientação de um só professor, cujo método seguido era o intuitivo. A escola graduada, surgida primeiramente na Europa e nos Estados Unidos e depois transposta para o Brasil, tinha por objetivo promover modificações e inovações no ensino público primário nos locais em que foram implantadas. A organização do ensino público primário no país, sob o modelo de escola graduada, está ligada ao projeto republicano que movimentou o país com agitações referentes à educação popular e difundia um discurso de modernizar a educação. Um dos padrões consistente na modernidade é a circulação de ideias, nesse sentido, é importante destacar que o modelo de escola graduada brasileira buscou no modelo europeu e norte-americano referencias para implantar a escola pública primária primeiro no estado de São Paulo e depois irradiado para os outros estados. A internacionalização de modelos escolares configura um modelo cultural em circulação que terá apropriações diferenciadas e existência desigual, de acordo com as tradições educativas e culturais dos países, o seu desenvolvimento econômico e social. Este trabalho compreende uma revisão da literatura sobre a escola pública primária brasileira, articulada com o resultado de pesquisas em fontes como os regimentos escolares, as

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Mensagens de governo, a legislação específica para a educação, os excertos jornalísticos e objetos escolares que fizeram parte do cenário desta escola como fotografias e livros de matrículas. O texto volta-se para a compreensão das iniciativas de reorganização do ensino catarinense a partir da internacionalização, circulação e apropriação das ideias e modelos em circulação no Brasil. A pesquisa histórica do grupo escolar em Lages, no estado de Santa Catarina, permitiu identificar aspectos que o tornaram única, singular, e, ainda, compreender as características da educação praticada em uma dada sociedade e de seus interesses, possibilitando perceber como as escolas servem de instrumentos de disseminação de valores e poder.

O Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão e os ideais republicanos - (1930-1950)

Rosa Maria De Sousa Martins  [email protected]

O objetivo desta pesquisa foi contribuir para a construção de conhecimentos ligados à história da educação brasileira, considerando as suas especificidades e singularidades regionais e locais. Nesse sentido, buscou-se compreender como o Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão, no município de Uberlândia-MG, no período de 1930 a 1950, configurou-se como o lugar por onde iria se processar a educação republicana e se tornou em um espaço irradiador dos ideais republicanos com vistas à formação do cidadão para a república. No processo de investigação a pesquisa valeu-se da legislação educacional, de fontes primárias encontradas no grupo escolar, tais como: atas de reuniões de professoras realizadas no grupo escolar no período de 1933 a 1948, atas de comemorações cívicas de 1932 a 1937, atas de exames e termos de promoção dos alunos, estatísticas escolares, fontes iconográficas da época e do depoimento de quatro professoras primárias que atuaram no grupo escolar, nessa época, a fim de compreender como estas professoras se apropriaram dos ideais republicanos de formar o povo brasileiro dentro de uma concepção de moral, de

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civismo, de disciplina e de higiene, para civilizar, moralizar, higienizar e regenerar os indivíduos. Ao analisar, relacionar e confrontar os depoimentos das professoras com as atas de reuniões de professoras, com as atas de comemorações cívicas e com a bibliografia estudada compreendeu-se que o grupo escolar se transformou no lugar para instruir, educar, incutir e modelar comportamentos sociais, morais e cívicos, esperados de um cidadão republicano. O Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão, no município de Uberlândia-MG, no período de 1930 a 1950, representou a esperança e a confiança em um futuro melhor e teve como objetivo civilizar, moralizar, higienizar e regenerar, dessa forma buscou a civilidade, a ordem e o progresso. Mais do que instruir e ensinar a ler, escrever e contar, as professoras deveriam educar, civilizar, moralizar, higienizar e regenerar os seus alunos e por meio deles os seus pais, observando os padrões de civilidade, de moralidade e de higiene. Buscaram inculcar os novos valores e os costumes de uma nova sociedade capitalista, os valores de ordem, de progresso e de trabalho. Cultuaram a Pátria, a bandeira, o hino e os heróis nacionais. Colocaram em prática os ideais republicanos.

O hospital de crianças de Curitiba. Educação e saúde no Paraná no início do século XX

Claudinéia Maria Vischi Avanzini – UFPR [email protected]

Neste artigo foram analisados aspectos do processo social que resultaram na organização do Hospital de Crianças da Cruz Vermelha Paranaense em Curitiba no inicio do século XX, entre 1919 a 1930. A opção pelo estudo das ideias e ações que resultaram na organização desta instituição acaba por auxiliar a compreensão da forma como a saúde infantil era percebida nas primeiras décadas do novecentos na cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná. Portanto, através desta pesquisa, teve-se a intenção de investigar o processo múltiplo que resultou na organização do Hospital de Crianças, percebendo como se explicitava a preocupação com a

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saúde infantil (de médicos e outros membros da sociedade), quais as ideias que permeavam os debates sobre o tema, quais as instituições que precederam e colaboraram para o delineamento da organização do Hospital e que ações educacionais relacionadas ao cuidado com a saúde marcaram esse processo, que contou com a participação da Faculdade de Medicina do Paraná. A organização do Hospital de Crianças em Curitiba foi tema de articulações e ações variadas, que se iniciaram desde os primeiros meses de atendimento no Instituto de Higiene Infantil, em 1919, onde eram realizadas consultas gratuitas e distribuídos medicamentos para crianças necessitadas. Os anos de construção do Hospital de Crianças, entre 1919 a 1930, foi um período marcado pelas teses do movimento sanitarista que se difundiam pelo país e coincidiram com uma reordenação urbana da cidade de Curitiba.Como fontes para este estudo foram utilizados relatórios de atividades (em tópicos de 1922 a 1995 e resumos de 1917 a 1956), dois históricos da instituição, escrito por um médico do Hospital de Crianças, um livro comemorativo publicado em 1978, fotos diversas, relatórios da Faculdade de Medicina do Paraná, propaganda e notícias publicadas em jornais diários (O Dia e Gazeta do Povo). Metodologicamente, esse trabalho, que procura resgatar e discutir historicamente os começos plurais do Hospital de Crianças optou pelos caminhos historiográficos proporcionados pela história social, quer em sua matriz da Escola dos Annales, passando pela revisão feita pela chamada Nova História, assim como pela obra de Edward P. Thompson. A pesquisa encontra-se concluída e desempenhou um papel muito importante no aprofundamento dos conhecimentos sobre a organização do Hospital de Crianças do Paraná, compreendendo-o integrante de um processo histórico, cultural e social que envolve a produção de saberes e práticas educativas.

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O instituto disciplinar de Mogi Mirim ou uma história de violência e abandono do menor

Izalto Junior Conceição Matos – UNICAMP [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo estudar, analisar com base em fontes documentais, na historiografia institucional de Mogi Mirim e na produção historiográfica existente a institucionalização do “menor”, apresentando a questão dos menores abandonados ou infratores no estado de São Paulo. Procurando aprofundar neste contexto de institucionalização do “menor” o Instituto Disciplinar de Mogi Mirim (1924-1950), instituição criada pela lei n. 1.169 de 27 de setembro de 1909, porém, só inaugurada em 15 de abril de 1924. Para tal estudo nos serve de fontes a Legislação: leis, decretos, normas, regulamentos. Os relatórios produzidos pelos secretários de justiça e segurança pública, bem como, os produzidos pelos diretores do instituto ao longo do período. A Imprensa, tomando como base os jornais: A Comarca de Mogi Mirim, O Jornal de Mogi Mirim, e o Correio de Mogi Mirim, então porta-voz e órgão de difusão de informações, tanto local, quanto regional, entendendo assim, a imprensa como fonte de pesquisa para a história da educação, vista como expressão e produto do modo como os homens e mulheres percebem e refletem sobre uma determinada realidade social. Os prontuários dos “menores”, documentos que embora tenham sido organizados e produzidos pela fala, pelos discursos de médicos, psicólogos, juízes e outros agentes do Serviço Social de Menores, referiam-se à vida individual de cada “interno”. Pretendemos problematizar as políticas públicas voltadas para as crianças e adolescentes, “menores” abandonados, tratados nos documentos oficiais como “infratores”, “viciosos”, “criminosos” Tomamos como referência para análise, os debates na imprensa de Mogi Mirim e posteriormente as cotejamos com outras fontes, de forma a ampliar nosso olhar sobre o jovem identificado como “infrator” e (re) construindo, mesmo que parcialmente, as tensões, os conflitos que marcaram o funcionamento do instituto. Buscou-se também, perceber as contradições manifestas

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nas práticas de controle disciplinares, e de violência, enquanto que os discursos constantes nas leis, regulamentos e relatórios proclamavam uma proposta pedagógica pautada no respeito, nos direitos humanos, esse descompasso entre o dito, o proclamado e o feito, o realizado, será analisado, jogando luz assim, para as experiências concretas desse passado de crianças e jovens estigmatizados pelas políticas voltadas ao “menor” no estado de São Paulo. Esta trajetória será por nós analisado em trabalho de pesquisa de doutorado, que estamos desenvolvendo junto ao programa de pós-graduação em educação, área de História da Educação, Grupo CÍVILIS-Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP.

O internato que se tece: dísticos de uma congregação católica belga em Pernambuco

(1894-1945)

Ramsés Nunes e Silva [email protected]

A dimensão histórica que teceu o embate de universos, diga-se cristocêntricos e laicstas, entre o final do oitocentos e o início do século XX, acabou por se constituir numa factualidade palpável nos dois lados do Atlântico. Especificamente no que diz respeito à elaboração de práticas educacionais que, à primeira vista, apenas e simplesmente se contrapunham. Os universos culturais que delimitavam representações de “como educar a juventude” estariam assim manifestados como propostas diametralmente opostas. Particularmente na sistemática negação ou dicotomia postulada entre os chamados modelos confessionais e secularizantes de instrução. Momento de afirmação de uma série de instrumentais que foram se agregando ao ensino disponibilizado tanto nas escolas particulares quanto públicas, respectivamente. Todavia, também de forma visível naquela conjuntura os suportes normatizadores -sócio/culturais- que se constituiriam voltados para os espaços instrucionais caracterizados como internatos, se

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mostravam contraditoriamente complexos dentro da mesma seara de embate. Afinal, se pensarmos aquela lógica de apartamento simbólico em que interesses e demandas, aquém dos discursos, proporcionariam “significados híbridos” nos espaços destinados à rivalidade de modelos, será mais fácil podermos inferir:1) que as fronteiras entre o que era específico de uma discurso, por exemplo, aceitar o confinamento à guisa preventiva, também se afirmava nas confessionalidades e secularidades, ambos universos instrumentalizados à luz da apartamento; e 2) com o passar dos anos. se diluiriam os embates no uso de instrumentais, práticas e ferramentas normativas. Foram assim manifestados inúmeros imbricamentos. Não obstante distinções entre o que era atributo da instrução laica e confessional seriam propagadas diariamente de forma difusa. Nossa pesquisa se lança sobre as representações elaboradas para internatos confessionais a partir do combate à secularização da educação protagonizadas por congregações como as Damas da Instrução Cristã. Instituição belga dedicada à implantação de alguns dos mais importantes internatos entre Pernambuco e a Paraíba no final do oitocentos e primeiras décadas do século XX. Aqueles colégios, dispostos como espaços de manifestação do que entendemos serem “práticas culturais e instrucionais de confinamento”. Essas últimas elaboradas no transcurso das adaptabilidades e das dicotomias, do disciplinamento e das equiparações, do apartamento da secularização mas também do uso de alguns de seus símbolos. Nossas inquirições, neste caso, estão vinculadas à possibilidade de refletir sobre os interstícios e convergências entre símbolos, sobretudo representações culturais que não parecem ter se anulado unicamente na dicotomia de universos. Especialmente na implantação de práticas instrucionais e mesmo na esfera das congregações educacionais católicas que se apresentavam proponentes de uma instrução apartada dos símbolos mundanos e seculares da educação.

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O jardim de infância em Goiás: educação e civilidade

Lara Cariny Celestino Fonseca  [email protected]

Selma Martines Peres  [email protected]

Este trabalho refere-se à história do Jardim de Infância em Goiás, investigando sua constituição no período de 1928 a 1937, cuja análise se dará, principalmente, a partir do estudo do Regulamento do Ensino Primário do Estado de 1930, entendendo que nesse momento se construía um projeto de uma nova civilidade para a sociedade goiana. Kindergarten (Jardim de Infância) é o termo criado pelo alemão Friedrich Froebel para designar instituições responsáveis por educação infantil. Froebel foi um dos primeiros educadores a se preocupar com a educação das crianças e idealizou um espaço singular para a realização desse tipo especial de educação. Esta modalidade de instituição infantil foi criada em 1840, na Alemanha, como estabelecimento tipicamente educativo. No Brasil, as primeiras instituições voltadas para o atendimento às crianças de 0 a 6 anos surgiram no final do século XIX, no contexto de distintas reformas da instrução nas províncias, e tiveram seu início fortemente marcado pela ideia de oferecer “assistência” e “amparo” aos necessitados. De acordo com Kuhlmann Jr. (2000, p. 8), “creches, escolas maternais e jardins-de-infância fizeram parte do conjunto de instituições modelares de uma sociedade civilizada, propagadas a partir dos países europeus centrais, durante a Era dos Impérios, na passagem do século XIX e XX”. Em Goiás, a Lei n. 851, de 10 de julho de 1928, assinada por Brasil Ramos Caiado, autorizava a criação e regulamentação do estabelecimento destinado às crianças, denominado Jardim de Infância. Dessa forma, desde sua criação o Jardim de Infância ganhou estatuto de estabelecimento anexo à Escola Normal. É, pois, neste contexto, que a educação da criança se insere num projeto mais amplo da sociedade por meio da instrução pública. O primeiro Jardim de Infância foi instalado na antiga Capital, Cidade de Goiás, no ano de 1929, e logo, em 1930,

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802 Sumário Eixo 7

foi expedido o Regulamento do Ensino Primário do Estado que, dentre os diferentes graus de ensino primário, trata do Jardim de Infância, do seu funcionamento ao programa a ser adotado, normatizando sua institucionalização. Observa-se assim que o atendimento das crianças em Jardim de Infância em Goiás, desde a sua origem, foi destinado à atenção ampla para a criança no que diz respeito ao cuidado, educação e desenvolvimento físico, psicológico e social, em consonância com um projeto de sociedade civilizada. Para a construção deste texto apoiamo-nos nos estudos de Bretas (1991), Greive Veiga (2010), Lourenço Filho (2001) e Norbert Elias (1993/1994) dentre outros.

O lugar do grupo escolar César Bastos no contexto histórico-educacional de Rio Verde

(1947-61)

Maria Aparecida Alves Silvai – UFU [email protected]

O presente trabalho encontra-se vinculado a estudos e pesquisas (em andamento) sobre instituições escolares. Para tanto, como objeto de estudo, optou-se pelo grupo escolar, criado como um modelo de escola moderna, ligada ao progresso, com vistas à superação do atraso da população brasileira (Faria Filho,2000). O grupo escolar surgiu após a proclamação da República, quando ganhou força o projeto liberal de fazer o país progredir; e o progresso viria com a escolarização maciça como forma de moralizar costumes, disciplinar a população, inculcar valores cívico-patrióticos e preparar a sociedade para processo de modernização. Subjacentes à ideia de grupo escolar estavam a adoção de um novo modelo de escola e uma nova estrutura administrativo- pedagógica, que este trabalho busca problematizar tomando como objeto de estudo o Grupo Escolar César Bastos, localizado em Rio Verde (GO), no eixo temático instituições escolares. A problematização parte deste questionamento: qual é o significado do grupo escolar no contexto histórico-educacional rio-verdense no período proposto: 1947 (ano de criação da escola) a 1961 (ano de promulgação da primeira Lei de

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Diretrizes e Bases da Educação, lei 4.024)? No plano geral, este estudo objetiva analisar a gênese do Grupo Escolar César Bastos e sua finalidade como instituição escolar no contexto histórico da cidade; no plano específico, objetiva investigar aspectos que caracterizaram essa escola: sua implantação, a formação docente, a origem social dos alunos e as práticas pedagógicas, ressaltando a concepção educacional inserida no cotidiano desse estabelecimento de ensino pelos sujeitos que ali atuaram no período delimitado. A metodologia usada inclui pesquisa bibliográfica, que abrange os estudos de Faria Filho (2007; 2006), Vidal (2007; 2006), Souza (2008; 2007; 2006), Araújo (2006), Saviani (2008), Bencostta (2005) e outros; a pesquisa documental, que prioriza a identificação, seleção, análise e descrição de atas do legislativo de reunião, ofícios, livros de ponto, fotografias e outras fontes do grupo escolar; e entrevistas semiestruturadas com pessoas que participaram da construção histórica da instituição escolar. A pesquisa se justifica porque busca ampliar o conhecimento histórico sobre a educação pública no município de Rio Verde ao enfocar uma escola – o segundo grupo escolar – ausente de pesquisas acadêmicas até então.

O movimento abolicionista niteroiense, o clube dos libertos e o projeto de uma creche

para filhos de escravos e ex-escravos

Heloísa de Oliveira Santos Villela – UFF [email protected]

Este estudo parte do conceito de circularidade dos modelos pedagógicos para analisar uma proposta inédita de creche nos moldes froebelianos encabeçada por um grupo de abolicionistas da cidade de Niterói, na década de 1880. Contesta a noção difundida nos manuais de História da Educação de que até o século XX não possuíamos experiências educativas nacionais, utilizando as idéias estrangeiras que eram “mal adaptadas” a nossa realidade. Para tal, partimos de um referencial da História Cultural admitindo que há na verdade uma circularidade cultural entre países que

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estabelecem trocas, colocando novas práticas que não podem ser reconhecidas simplesmente como imposições verticais, nem de países hegemônicos sobre países periféricos. Durante o século XIX, através de Pestalozzi, o método intuitivo foi sendo implantado na Europa. Um de seus seguidores, Froebel, desenvolveu na Alemanha, em 1837, uma metodologia com materiais específicos para crianças bem pequenas em uma instituição inovadora - o Kindergartem. Com a inclusão das mulheres no mercado de trabalho essas instituições contaram com excelente aceitação no que se refere ao cuidado e educação de crianças na fase anterior à escolarização. Na França, na década de 1870, Madame Pape Carpentier criou a primeira instituição nesses moldes que logo se difundiu no ocidente europeizado. No Brasil, nessa mesma década na escola Normal de Niterói, aprendia-se a trabalhar com o método intuitivo, também conhecido como de “lição de coisas” que ficaria bastante restrito ao plano teórico. A primeira referência a uma creche viria por meio do grupo abolicionista ligado ao Club dos Libertos, que manteve uma escola em S. Domingos para escravos e libertos. No ano de 1882, o grupo liderado por João Clapp convidou o Dr. Domingos de Almeida para proferir conferências sobre o método de Froebel, visando a implantação futura de uma creche naquela escola. Talvez tenha sido a primeira tentativa de criação de uma creche no Brasil pretendendo utilizar a metodologia e os materiais froebelianos. Analisando os artigos do jornal O Fluminense que abordaram a intenção de organização dessa creche pelo grupo abolicionista niteroiense, concluimos que tal metodologia não foi cogitada por imposição de um modelo exógeno, mas por uma escolha consciente, dentre várias experiências, daquela que mais se adequava aos ideais abolicionistas de uma educação de crianças negras, futuros cidadãos, para um novo estatuto de liberdade.

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805 Sumário Eixo 7

O museu escolar na revista A Escola Primaria (1918-1938)

Josy de Almeida Santos  [email protected]

Este trabalho se destina a analisar a presença do tema “museus escolares” nos artigos veiculados na revista especializada em educação A Escola Primaria, editada na capital da República entre os anos 1916 a 1938; a partir de iniciativa de um grupo de inspetores escolares. A análise está sendo desenvolvida a partir da própria revista, constituída aqui em fonte central da pesquisa sobre as relações entre os museus escolares e a instrução pública. Para tanto, traçou-se uma caracterização deste periódico, estabelecendo seu ciclo de vida, forma organizacional, seções, temas e metodologias de ensino divulgadas, suas regularidades e irregularidades, corpo de colaboradores, direção do próprio periódico, redes institucionais e o tipo público a que tal impresso era destinado. Como se pode notar, o estudo de periódicos pedagógicos apresenta múltiplas possibilidades para pesquisa em história da educação, como as metodologias de ensino por ela divulgadas, numa perspectiva de compreender que tipo de educação e que forma de ensinar A Escola Primaria procurou legitimar ao longo de sua existência. Para desenvolver o tema central deste trabalho, parti da análise de artigos que abordam os museus escolares como tema principal ou citam os mesmos no corpo de seus textos, agregando a esta análise dois autores da historiografia brasileira: Rui Barbosa em Reforma do Ensino Primario (1882) e Primitivo Moacyr em A Instrução e o Império (1937) e A Instrução e as Províncias (1939). Estes autores se remetem ao tema museu escolar em seus trabalhos ainda no século XIX, fato que nos ajuda na medida em que compreendemos que o tema em questão não se constitui em uma invenção do século XX e que o debate e medidas voltadas para este tipo de equipamento são encontradas nas três últimas décadas do século XIX nos documentos oficiais da instrução pública, com prosseguimento no século seguinte. Outra contribuição importante para compor esta reflexão é a cientista e especialista em museus Bertha Lutz, que faz críticas aos museus escolares brasileiros e sua forma

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organizacional em A Função Educativa dos Museus (2008). Essa mulher da ciência apresenta um argumento contrário aos museus escolares, propondo uma hierarquização na organização e utilização desse tipo de equipamento fato este que enriquece o debate e indica como o tema é convertido em questão no campo da instrução pública. A partir da consulta a esse periódico procuramos compreender as vinculações dos museus escolares e seu atrelamento ao ensino das ciências naturais como forma de instrumentalizar o professor na divulgação das riquezas naturais como a fauna, flora e minerais do Brasil e às concepções de educação que estavam em debate nas primeiras décadas do século XX, como o Método Intuitivo e A Escola Ativa as quais propunham um ensino mais prático, concreto e científico em oposição ao ensino livresco e abstrato.

O percurso da educação de surdos retratado nas histórias de três instituições públicas de ensino

da Paraíba

Eleny Gianini – UFCG [email protected]

Este trabalho é fruto de uma pesquisa de doutorado, que teve como objeto de investigação a história de uma história em plena construção, que contamos e que nos foi contada: a da educação de surdos e da formação de professores surdos. Ela se desenvolve no período de mais trinta anos, de 1979 a 2012, num espaço específico: o interior do estado da Paraíba, e no contexto de três escolas para surdos, que nasceram e cresceram com o apoio da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Nosso objetivo primordial é contribuir para os estudos da história da educação, no Brasil, mediante a visão do surdo, com vista a alargar os horizontes de expectativas do reconhecimento legal da importância da educação bilíngue para as pessoas surdas. O trabalho foi desenvolvido no marco teórico-metodológico da pesquisa (auto)biográfica em Educação e dos estudos sócio-históricos sobre a formação social do humano. O corpus utilizado para a análise constou de seis

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807 Sumário Eixo 7

entrevistas narrativas, realizadas em língua de sinais e transcritas para o português, bem como de documentos e arquivos pessoais e institucionais. Apresentaremos, neste trabalho, as três instituições de ensino que fazem parte da história da educação de surdos no estado da Paraíba: Escola de Audiocomunicação de Campina Grande (EDAC), a Escola Municipal de Surdos de Gado Bravo (EMSGB) e a Escola Municipal de Surdos de Aroeiras (EMSA). Como veremos, as três escolas têm uma ligação muito estreita entre elas. Foram sendo criadas uma após a outra, beneficiando dos aportes da experiência conduzida nas escolas existentes, e do avanço na concepção de surdez no marco do Bilinguismo. A análise nos possibilitou delimitar três momentos dessa história. O da criação da primeira escola para surdos, no marco do Oralismo (1980 – 1991), o da passagem para a Comunicação Total (1991 – 1995) e, finalmente, o da introdução do Bilinguismo (1995 aos dias de hoje), momentos esses que seguiram as tendências teóricas da história brasileira e mundial da educação de surdos. Outro aspecto importante para o entrelaçamento das histórias dessas escolas é propiciada pela participação das mesmas professoras da UFCG que assessoram a implantação de todas elas e continuam a dar até o momento uma assessoria pedagógica a essas três instituições. Outro fato bastante curioso é que as professoras de uma escola passam a atuar na outra, assim como os instrutores de Libras que estudam e planejam as atividades conjuntamente e permitem nesses encontros fortalecer o intercâmbio de experiências e de saberes sobre a língua de sinais e enfrentar juntos os desafios das singularidades da educação bilíngue. A análise dessas histórias evidenciou que as três escolas constituem uma forte referência sociocultural e educacional para a configuração identitária da comunidade surda dos municípios nos quais estão inseridas.

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Caderno de Resumos - Eixo 7

808 Sumário Eixo 7

O processo educativo das crianças negras no Paraná

Lucia Mara de Lima Padilha – UEPG [email protected]

Maria Isabel Moura Nascimento – UEPG [email protected]

O presente trabalho refere-se à pesquisa de doutorado, do programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR. Esta pesquisa propõe investigar o processo educacional das crianças negras nas comunidades quilombolas do Paraná no período histórico delimitado entre o final do século XIX e meados do século XX. Neste período histórico, os discursos liberais republicanos propagavam a ideia de ‘liberdade’ e ‘igualdade’, propunham que a educação fosse oferecida pelo Estado e estivesse ao alcance de todos. Esse processo se concretizou ao longo do século XX, mas com a lenta inclusão da população negra nas escolas. Com esta pesquisa em História da Educação junto às comunidades quilombolas pretende-se realizar a reconstrução histórica, por meio do levantamento de dados e informações junto a estas comunidades, de como se deu a educação das crianças quilombolas. A escolha desta fonte de pesquisa deve-se ao fato de que as pesquisas realizadas sobre os quilombos no Paraná dirigem-se às especificidades das outras áreas do conhecimento, portanto, o resgate histórico do processo educacional das crianças quilombolas será de grande importância para a compreensão da História da Educação dos negros no Paraná. O método de análise desta pesquisa terá como pressuposto teórico-metodológico o Materialismo Histórico e Dialético. Analisar o processo histórico educativo das crianças negras nos quilombos do Paraná, utilizando como referencia essa orientação metodológica, pressupõe realizar uma análise da totalidade das relações, políticas, econômicos e sociais, presentes na sociedade da época, pois a educação não se dá de forma isolada, mas faz parte da vida do ser humano e articula-se às transformações do modo como os mesmos produzem materialmente a sua existência. Para dar conta desta problemática e compreendê-la imprimiremos a investigação e a escolha das categorias de análise (Estado, Trabalho, Educação), com os quais nos aproximaremos do objeto em estudo.

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809 Sumário Eixo 7

Ofícios do diretor: o Instituto de Educação a partir das correspondências de Lourenço Filho

e Anísio Teixeira

Anaise Cristina da Silva Nascimento – UERJ [email protected]

Esta pesquisa teve como objetivo investigar as principais mudanças ocorridas no processo de formação de professores na década de 1930, no Rio de Janeiro, momento em que dois intelectuais de grande destaque no cenário educacional, atuavam em posições estratégicas no referido processo. Lourenço Filho (1897-1970) atuava como diretor do recém-criado Instituto de Educação e Anísio Teixeira (1900-1971) ocupava o lugar de Diretor Geral de Instrução Pública do Distrito Federal . Considerando importante investigar algumas iniciativas propostas e discutidas por estes educadores brasileiros estabelecemos como interesse analisar um conjunto documental composto por duzentos e noventa e dois Ofícios enviados por Lourenço filho a Anísio Teixeira, localizado no acervo documental da própria instituição – que guarda um número ainda superior de Ofícios do Diretor, são cerca de dois mil documentos, organizados por data. Tratando de questões diversas relacionadas a gestão e funcionamento do ensino no Instituto de Educação, estas cartas do ano de 1932 evidenciaram intensos debates acerca do processo de criação desta escola e das reformas propostas, o que nos permitiu observar as representações e ideias particulares destes educadores ao ocuparem sua funções. Para a análise da documentação, os ofícios foram organizados e divididos em: Pedidos de Material; Pedidos de Pessoal; Pedidos de Locação e Prestação de Contas. Partilhando das perspectivas da História da Cultura, foi proposto examinar estas escritas a partir de algumas questões: as suas motivações, o cerimonial epistolar, a sua materialidade no que se referem à data, encaminhamentos, freqüência e os temas tratados nos ofícios. Somada a esta operação, os ofícios foram analisados a partir do cruzamento com outras fontes documentais, como relatos memorialísticos de ambos os intelectuais e outros documentos existentes nos arquivos do Instituto de Educação – fichas de ponto, livros de

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nomeações, boletins. Estudar aspectos da trajetória do Instituto de Educação a partir dos ofícios se justificou neste estudo porque consideramos estas fontes registros privilegiados que contribuíram para compreender mudanças, permanências, dificuldades, e propostas que circularam entre representantes de duas instituições importantes para instrução pública no Brasil: Instituto de Educação do Rio de Janeiro e a Diretoria Geral da Instrução Pública do Distrito Federal. Da mesma forma, foi possível identificar a parceria de trabalho estabelecida entre estes dois educadores que partilhavam interesses e objetivo comuns. Assim, com essa pesquisa, pretendeu-se dar destaque ao projeto desses educadores, articulando dificuldades enfrentadas e o cotidiano das reformas que pretenderam implementar.

Ordenar e regular a vida da escola: as ações da inspetoria da instrução no

Maranhão (1840-1889)

Cesar Augusto Castro  [email protected]

Este trabalho pretende abordar a ação da Inspetoria da Instrução Pública, no Maranhão no século XIX. Este órgão era o responsável pela inspeção escolar e paulatinamente foi adquirindo relevância nos discursos dos governantes da Província. Sua ação era entendida como necessária para controlar e direcionar o trabalho escolar, cuidando da moralidade e do desenvolvimento do que, então, se entendia ser uma boa conduta. No Maranhão a Inspetoria assumiu um direcionamento pautado nos preceitos ditados pela elite dirigente, de modo a buscar controlar/regular, os segmentos atendidos pelo ensino primário e secundário, público ou particular, no intuito de to rnar a Província um território civilizado. Tornar civilizado implicava imprimir, diretamente nos envolvidos no processo escolar práticas urbanas decentes, higiênicas, ordeiras e fundamentadas em princípios cristãos. Tomamos o ano de 1840, como referência por diversas razões que incidem tanto na realidade brasileira como a maranhense, em particular com a criação da

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Inspetoria e encerra-se com a Proclamação da Republica que estabelece novas diretrizes educacionais para o país e, por conseguinte, para o Maranhão. Portanto, temos por pressuposto que o papel da Inspetoria da Instrução Pública era ordenar e controlar a ação dos professores e dos alunos no cotidiano escolar maranhense, tendo como referência os princípios de civilidade e progresso. Desse modo, levantamos os seguintes questionamentos: a) Quais os instrumentos de regulação adotados pelos inspetores para controlar os saberes e os fazeres escolares; b) quais as relações de poder estabelecidas pelos inspetores para demarcarem as fronteiras entre professores e alunos; d) como a ação dos inspetores se fez presente nas diversas localidades da Província. Para a escrita deste ensaio recorremos às correspondências dos professores e delegados literários para os inspetores (vice-versa), representada por uma quantidade de fontes manuscritas armazenadas no Arquivo Público do Estado, em artigos publicados na imprensa periódica, nos relatórios dos presidentes da Província e dos inspetores de ensino, nos regulamentos e na legislação educacional. Concluímos que este texto possibilitará compreender o movimento da instrução pública no Maranhão oitocentistas e as estratégias de ordenação e regulação impostas aos sujeitos envolvidos no cotidiano escolar.

Organização da escola primária em Paranaíba/MS (1935-1975)

Estela Natalina Mantovani Bertoletti – UEMS [email protected]

Nesta comunicação são apresentados resultados parciais de projeto de pesquisa desenvolvida que tematiza a construção histórica da escola primária no município de Paranaíba/MS, no que diz respeito à organização da escola rural e urbana pública, no período compreendido entre 1935 e 1975, período de profundas transformações na legislação que oficializava a educação no Brasil, que tiveram impactos profundos na educação e no cotidiano das escolas, seja em sua estruturação, seja no funcionamento, além de

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grandes mudanças nos aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais do município em estudo. Essa pesquisa tem como objetivo geral contribuir para a produção de uma história da educação em Mato Grosso do Sul (MS), haja vista os poucos estudos e pesquisas sobre o tema, sendo Paranaíba um dos municípios mais antigos desse estado, e por isso, de grande relevância para a constituição histórica de MS. Para sua execução, vêm sendo realizados: levantamento, localização, organização, reunião e recuperação de fontes documentais dispersas em escolas mais antigas do município e em acervos particulares; e, resgate, reconstrução e preservação da memória de ex- alunos e ex-professores, mediante registro de entrevistas, de modo a resgatar, organizar e preservar a história da escola. Essas fontes têm sido catalogadas e analisadas a partir do método de análise da configuração textual (MORTATTI, 1999) que vem permitindo compreender cada momento histórico de produção da história da escola primária e explicar os sentidos desse modelo de escola ao longo de sua trajetória no lugar e período focalizados neste estudo. Dos resultados obtidos até o momento, pode-se sintetizar: em Paranaíba, prevaleceu, durante muito tempo, a existência de escolas rurais isoladas, justificada pela extensa população rural do município que permaneceu superior à população urbana, pelo menos, até o Censo de 1970; a primeira escola urbana entrou em funcionamento somente em 1935, as Escolas Reunidas de Paranahyba, e o primeiro grupo escolar foi instalado em meados de 1945, o Grupo Escolar José Garcia Leal; o número de escolas rurais, no entanto, era superior a trinta, permanecendo ativas durante todo o período aqui abordado. O mapeamento de fontes e o registro de relatos de experiência e de memórias têm apontado, portanto, para um vasto e rico conjunto de dados que tem realçado a escola primária em Paranaíba como um espaço singular e dinâmico de produção e difusão de uma cultura própria que influenciou e foi influenciada pela cultura local de seu município.

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Os álbuns de fotografias dos alunos do curso primário do Colégio Farroupilha

(Porto Alegre/RS 1948-1966)

Alice Rigoni Jacques – PUCRS [email protected]

Durante os anos de 1948 a 1966, as professoras do primeiro ano do Curso Primário do Colégio Farroupilha de Porto Alegre/RS realizavam um álbum contendo as fotografias da turma, e as cartinhas de cada aluno, escritas especialmente para a ocasião, acompanhadas por suas fotografias, que eram entregues em forma de presente à Diretora da escola D. Wilma Gerlach Funcke. Era na Festa do Livro, cujo evento realizava-se no mês de outubro, que o presente era entregue, como forma de celebrar a passagem da nova cartilha a ser utilizada. O estudo analisa as fotografias presentes nos álbuns confeccionados pelas professoras do primeiro ano primário, cujo objetivo consiste em perceber aspectos do passado sobre as pessoas e sobre os fatos, declarando uma interpretação das imagens fotografadas a respeito da cultura escolar representada neste período analisado. A pesquisa detém-se na materialidade destas fotografias presentes nos 33 álbuns, que se apresentam como miniaturas da realidade do universo escolar. Os álbuns apresentam belíssimas ilustrações de flores coladas e contém fotografias de turma de alunos na sala de aula, no pátio da escola e de cada aluno individual. Além das fotografias os álbuns também estão ilustrados com cartinhas redigidas pelos alunos. Nesse sentido, as fotografias presentes no início dos álbuns impõem padrões a seus temas. Elas expressam o didatismo da cultura escolar, pois representam o cotidiano da escola, ao expressarem a rotina da sala de aula. Já as fotografias individuais, apresentam imagens que idealizam, expressando situações da vida familiar. Estas fotografias presentes nos álbuns onde aparecem os alunos e suas respectivas cartinhas redigidas, representam um rito da família e da escola, demonstrando uma cumplicidade com o que deveria ser um tema digno e interessante de se fotografar. Como os álbuns apresentam documentos textuais, no caso as cartinhas redigidas pelos alunos, sabemos que o campo

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da historiografia privilegia mais estas fontes escritas do que as imagens (fotografias de turma e dos alunos ) que se mantinham até então num segundo plano. Nesse caso as imagens do professor que compõem os álbuns dos alunos do 1º ano, desempenharam papeis pedagógicos, de acentuado caráter narrativo e alegórico. As fotografias de turma presentes nos álbuns demonstram a postura hierárquica e de autoridade do professor, pois sua posição é a de agente, vigilante, observador e controlador uma vez que, está em pé na frente da turma ou atrás da sala de aula. Podemos pensar que esta posição do professor na fotografia, revela que é ele quem detém o poder da palavra e da ordem. Os alunos nesta mesma alegoria assumem o papel de receptores e reprodutores do conhecimento e da ordem hierárquica estabelecida e que deveria ser cumprida.

Os espaços educativos do Ginásio Paranaense e Escola Normal (1904-1949)

Mariana Rocha Zacharias – UFPR [email protected]

A instrução secundária pública foi inaugurada na Comarca de Curitiba, antes da emancipação da província do Paraná, no ano de 1846. A criação do “Licêo de Coritiba” ocorreu através de Decreto Lei da Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, no qual foram criados os liceus de Taubaté e de Curitiba. (Lei n. 33 de 13 de março de 1846. Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo). O funcionamento do liceu não foi regular, sendo que foi extinto e recriado mais de uma vez. No ano de 1876 foi criado um Instituto de Preparatórios, o “Instituto Paranaense” e, anexa a este, uma “Escola Normal”, esta para formar professores necessários ao ensino primário, denominado à época de instrução obrigatória. (PARANÁ, Regulamento de Ensino, 1876). Após a instalação do regime republicano, o ensino secundário da capital paranaense sofre mais uma mudança com a extinção do Instituto Paranaense e a criação do “Gymnasio Paranaense”, curso de estudos

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secundários cujo objetivo previsto na lei era ministrar à mocidade paranaense os fundamentos da ciência geral e também habilitar os moços para a matrícula nos estabelecimentos de ensino superior da República. (PARANÁ, Regulamento de Ensino, 1892). A estrutura física do estabelecimento torna-se um problema devido ao compartilhamento do espaço entre as aulas da Escola Normal e do Ginásio Paranaense, e ainda a instalação da biblioteca pública da capital e a secretaria da Diretoria Geral da Instrução Pública. O objetivo central desse artigo é entender a necessidade de construção de um edifício, inaugurado no ano de 1904, bem como os momentos de montagem de salas especiais para o desenvolvimento de conteúdos pedagógicos específicos. O período analisado inicia-se em 1904, ano em que foi construída a sede para o Ginásio Paranaense e para a Escola Normal de Curitiba e encerra-se em 1949, ano em que o Ginásio, à época já denominado Colégio Estadual do Paraná, encerra suas atividades nesta sede. A partir de 1950 este espaço passou a ser sede da Secretaria de Estado da Educação e Cultura. A Escola Normal funcionou juntamente com o Ginásio até o ano de 1922, quando a instituição de ensino normal recebeu sede própria. A montagem de salas especiais para as finalidades de ensino revelam as concepções de educação que faziam parte da instituição, mesmo que tais concepções tenham se restringido apenas aos imaginários de professores e gestores educacionais. Para compreender os processos de aquisição de materiais e montagem das salas especiais foram utilizadas fotografias desses espaços, assim como inventários de materiais encontrados no acervo do Colégio Estadual do Paraná. Fazem parte do conjunto de fontes relatórios de governo, regulamentos da instrução e programas de ensino. Os principais referenciais teóricos são os trabalhos de Rosa Fátima de Souza, Antonio Viñao Frago e Marcus Levy Bencostta.

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Os métodos de ensino propostos no livro curso prática de pedagogia de Jean Baptiste

Daligualt e sua relação com a organização das escolas de primeiras letras em Santa Catarina

na década de 1860Leonete Luzia Schmidt 

[email protected]

Olivia Rochadel [email protected]

O presente trabalho resulta de uma pesquisa realizada durante os anos de 2010 e 2011, sobre os modelos pedagógicos instituídos em Santa Catarina na segunda metade do Período Imperial. No desenvolvimento da pesquisa constatamos que havia, por parte dos dirigentes da província, frequente referência ao modelo de educação francesa, sempre colocada como exemplo de qualidade a ser seguida e base da civilidade daquele povo. Esses argumentos fizeram parte da fala do presidente da província dirigida a Assembleia Legislativa para justificar a solicitação de verba para aquisição, tradução e impressão do livro “Cours pratique de pédagogie” do Francês Jean Batista Daligualt. O livro foi traduzido na província, por Franc de Paulicéia Marques de Carvalho, no ano de 1856, como “Curso prático de pedagogia ou do ensino primário”. Daligault, na época, era Diretor da Escola Normal Primária de Alençon, França. Segundo Adolpho de Barros Cavalcanti de Albuquerque, presidente da província de Santa Catarina em 1866, esta era “uma das mais consideradas escolas normais de França”. Em 1869, o livro foi distribuído para os professores da província. Considerando isso, acreditamos ter sido ele base para definição de princípios norteadores do que se pretendia como modelo pedagógico para as escolas de primeiras letras na província. Em vista disso, neste texto o objetivo é conhecer os métodos de ensino propostos no livro e as formas sugeridas para os professores colocarem em prática e,

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perceber, também, até que ponto estes métodos foram materializados na instrução elementar da província. Trata-se de uma pesquisa histórica a partir da abordagem materialista dialética. Além do livro de Daligault, foram analisados relatórios de presidentes da província, de diretores de instrução pública e outros documentos da época relacionados ao tema. O resultado da pesquisa evidencia que a educação primária do período, em Santa Catarina, tinha relação direta com os princípios norteadores dos métodos de ensino propostos por Daligault no referido livro. Exemplo disso, são a organização do tempo escolar com quadros de horários das disciplinas elaborados pelo diretor geral de instrução pública para as escolas, a adoção do método simultâneo ou misto relacionada ao número de alunos na classe, o decurião para auxiliar o professor.

Os Programas de Pós-graduação em Educação do norte do Paraná: algumas considerações

Simone Burioli Ivashita – UEL [email protected]

Esta proposta de comunicação tem como tema a História de dois Programas de Pós- Graduação em Educação da região norte do Paraná, ambos implantados na década de 1990, os resultados obtidos decorrem de trabalhos desenvolvidos em pesquisas anteriores. A primeira pesquisa resulta do trabalho realizado no mestrado que tratou da produção discente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá e a segunda pesquisa deriva da produção de um capítulo para o livro em comemoração aos 50 anos do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. A pergunta norteadora deste trabalho é saber como se constituiu os Programas de Pós-Graduação em Educação na região norte do Paraná? Com o objetivo de conceituar e retomar a história da pós-graduação em educação no Brasil e especificamente no Paraná, este trabalho se propõe a apresentar as características gerais desses programas,

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entendendo que ambos foram e/ou são responsáveis pela formação de boa parte dos professores que trabalham nas Instituições de Ensino Superior no Paraná. Adotamos como recorte temporal a década de 1990 por ser o período de implantação dos referidos programas e também porque este período pode ser considerado um marco na expansão de novos mestrados em Educação credenciados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Com exceção da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que implantou o primeiro curso de mestrado em Educação em 1975, as universidades estaduais tem como marco a década de 1990. Especificamente temos a implantação do Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Estadual de Maringá (UEM) em 1990; a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a PUC Curitiba, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) instalaram seus programas em 1994 e a Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) em 1999. As fontes utilizadas para a elaboração deste trabalho são os projetos dos cursos de mestrado em educação, que possibilitam evidenciar, em parte, a história vivida por estes dois programas, nomeadamente suas reformulações em relação às áreas, linhas de pesquisas, oferta de vagas, enfatizando as rupturas e continuidades nos processos de constituição desses Programas de Pós-graduação em Educação. Levaremos em consideração ainda o Parecer nº 977/65 que traçou o formato institucional básico da pós-graduação brasileira, diferenciando seus dois níveis de formação, o mestrado e o doutorado. Importante destacar que esta pesquisa parte da ideia de que a história pode ser (re)escrita, tendo em vista que é o tipo de pergunta que fazemos ao passado que direcionará a investigação. E a pergunta, por sua vez, é fruto de um olhar que, do presente, o(a) pesquisador(a) lança ao passado.

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Páginas de História do Brasil: Um estudo dos livros escolares de Manoel Bomfim e Olavo Bilac

e Afrânio Peixoto

Gisele dos Santos Oliveira – UERJ [email protected]

Este trabalho analisa dois livros de História do Brasil destinado às escolas, sendo um de Manoel Bonfim e Olavo Bilac (Através do Brasil, 1910) e, outro, de Afrânio Peixoto (Minha Terra e Minha Gente, 1916). Consideramos esses livros como arquivos, nos termos da proposta metodológica de Foucault que postula que arquivos são todas as sobrevivências material e simbólica constituídas pelas sociedades em determinada época que restaram como existência daquele passado, passível de serem examinadas por pesquisadores em outros presentes. O livro de Manoel Bomfim e Olavo Bilac impresso pela primeira vez em 1910 narra uma aventura vivida por personagens e a ser revivida pelos leitores. O foco de interesse nesse estudo não se incide sobre a aventura, mas a utilidade que os autores prescrevem para o livro. Entre tais prescrições, apontam críticas contundentes a prática do ensino escolar por meio de livros, deixando claro que se filiam a “certa” pedagogia moderna, que propõe encontrar-se na criança algumas peculiaridades que precisam ser desenvolvidas, respeitando o seu tempo e sua maneira de aprender. Ao criticar um dado modelo de ensino que chamam “enciclopedista”, afirmam que a enciclopédia para o aluno é o professor, pois este detém o conhecimento e o método que possibilitaria a aprendizagem infantil. O trabalho de Afrânio Peixoto tem sua primeira publicação em 1916, parecendo ter como perspectiva apresentar algumas figuras revestidas de cunho histórico e heroico na formação do Brasil. O investimento narrativo foi tomar o uso de personagens históricos como exemplo em diferentes épocas da história nacional, pouco importando o regime político em vigor. O autor deixa ver em sua escrita não ser partidário de posição nacionalista extremada, procurando articular o modelo americano de educação à prática pedagógica brasileira, se afastando da tradição francesa utilizada por Manoel Bomfim e Olavo Bilac.

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Considera a pedagogia americana ponto central para o desenvolvimento intelectual e prático da nação. Em Bomfim e Bilac pertencer ao Brasil passa pela experiência de conhecer o sertão e sua potencialidade, os heróis da aventura são as próprias crianças, personagens e seus leitores. Nesse sentido, ser brasileiro consiste em estar articulado aos interesses de progresso industrial e ao que deveria ser considerado nacional, como é o caso do Rio São Francisco. Em Afrânio, por sua vez, o que adquire relevo é a dimensão continental, pois a preocupação se desloca do Brasil para a América. Para ele, os povos americanos, em suas diferenças, precisavam conhecer a experiência americana, sobretudo a norte-americana, exemplo de desenvolvimento, civilização e de educação. Afinal, que história pátria ensinar? Nesse arquivo plural o que aparece são narrativas concorrentes, uma apontando para o próprio do Brasil e outra apontando para aquilo em que o Brasil poderia se tornar.

Para além das salas de aula: vivências em um internato masculino nas memórias de

educandos e educadores

Rita de Cássia de Souza – UFV [email protected]

Esta comunicação apresenta as memórias acerca das vivências no internato do Colégio de Viçosa, em Minas Gerais. O referido colégio, uma instituição privada de ensino que funcionou entre 1913 e 1986 na cidade de Viçosa, chegou a receber quase mil alunos que vinham para estudar no regime de internato ou externato. A qualidade do ensino e a disciplina do estabelecimento fizeram com que este fosse considerado um dos melhores colégios particulares do país, cujos alunos eram aprovados nas melhores universidades. A principal metodologia para o estudo foi a história oral, bem como a análise de alguns poucos documentos escritos encontrados e artigos de jornais da cidade. Foram entrevistadas, ao todo, 23 pessoas relacionadas ao Colégio sendo 4 funcionários, 4 professores, 4 ex-alunos que se tornaram ex-professores e 11

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ex-alunos. Deste grupo de 15 ex-alunos, 4 são do sexo masculino e, destes, 1 foi interno. Na rede de relacionamentos Orkut, encontramos a comunidade Estudei no Colégio de Viçosa criada em 16 de dezembro de 2007 e solicitamos a alguns membros que escrevessem suas experiências no Colégio. Recebemos 15 respostas, de 6 homens (2 ex-internos) e 9 mulheres. Do total de entrevistados, portanto, temos 3 ex-internos participantes desta pesquisa. O Colégio passou a receber alunas a partir do ano de 1955, mas somente no regime de externato. Não sabemos a data em que o Colégio passou a oferecer internato ou se, desde o princípio, o oferecia, já que não foram encontrados documentos da origem do estabelecimento. No entanto, no período pesquisado, pode-se averiguar que o Colégio recebia estudantes de várias partes do país, especialmente do interior da Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Muitos destes estudantes dividiam casas na cidade, chamadas “repúblicas”, moravam na casa de parentes, amigos, em pensões e quartos alugados ou residiam como internos no Colégio. Os relatos coletados revelam os dilemas e desafios da vida coletiva de rapazes distantes de suas famílias, convivendo meses e meses com pessoas que nunca viram antes, compartilhando quartos, refeições e todo o cotidiano de um internato. As famílias confiavam ao Colégio seus filhos, seu dinheiro, na esperança de um futuro melhor. Certamente, as vivências no internato foram, para muitos estudantes, tão ou mais importantes que sua formação nas salas de aula, onde compartilharam as experiências de boa parte de sua adolescência e juventude, marcando, de forma indelével, o caminho destes sujeitos, suas lembranças, seus valores, seus princípios e sua formação identitária e cidadã.

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Para além do ensino religioso: as práticas religiosas católicas no interior da escola

Rosana Areal de Carvalho – UFOP [email protected]

Karla Karoline Pereira – UFOP [email protected]

Janaína Maria de Souza – UFOP [email protected]

Wanessa Costa Rodrigues – UFOP [email protected]

Discutimos neste trabalho um recorte temático e cronológico do projeto “Damas de Ferro: as diretoras do Grupo Escolar ‘Dom Benevides’”, que busca observar a atuação das diretoras na conformação da cultura escolar. Este trabalho procura mostrar como o ensino religioso ultrapassa os limites de uma disciplina escolar, ocupando outros tempos e espaços no cotidiano da escola. O corpus documental adotado para esta análise é constituído pelas atas das reuniões de professoras, regulamentares e extraordinárias, que se davam, em geral, aos sábados, ocorridas entre 1946 e 1956, sob a direção de Abigail Dias. Para entender o contexto escolar que substanciava os registros encontrados nas atas, estabelecemos um diálogo com a legislação pertinente – Leis Orgânicas e Constituição de 1946 - e outras fontes impressas, como a Revista do Ensino. Nestas atas observamos o registro do discurso da diretora em torno, principalmente, de três pontos: orientações sobre a prática educativa; questões de ordem administrativa que julgava importantes para o corpo docente na condição de funcionários públicos, incluindo práticas associativas; e a formação moral, francamente visível nas práticas religiosas instituídas no cotidiano escolar e estendidas ao corpo discente. Desse modo, o contexto escolar analisado se apresentava, neste momento, como espaço onde as práticas sociais predominantes eram as da Igreja Católica, contrariando, inclusive as prescrições legais da época. Exemplos: “as orações de costume” com as quais se iniciavam as reuniões de professoras; as datas para a coroação

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Caderno de Resumos - Eixo 7

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em consonância com a agenda da paróquia e a comemoração de outras datas religiosas. Entendemos, portanto, a cultura escolar como uma elaboração que surge na tensão entre a legislação e a concepção de educação da diretora, alimentada pelos costumes que sustentavam tais hábitos sociais. Fica evidente que a função de diretora, revestida de poder, se apresentava nas reuniões convocando as demais docentes a essa prática religiosa, dando-a como uma prática comum a todas, algo que as unificava. Observamos que a apropriação das tradições e manifestações culturais nas quais os sujeitos estão imersos e as experiências daí advindas são reproduzidas nos mais variados espaços sociais, como é o caso da escola, à revelia, inclusive, da legislação, conforme apontamos. Considerando que os objetos problematizados nessa pesquisa estão inseridos no campo da história da educação e, portanto, na história social estamos entendendo cultura como tensão e experiência, como resultado das relações entre sujeitos no tempo e espaço, de acordo com as concepções teóricas de Edward Palmer Thompson. Da mesma forma, trabalhamos na perspectiva dos costumes enquanto elementos constitutivos da cultura.

Postos de puericultura: educação e saúde de mães e filhos (Curitiba 1940 -1942)

Jaqueline dos Santos Rodrigues – UFPR [email protected]

O presente trabalho tem o propósito de investigar os caminhos percorridos para a implantação e manutenção dos Postos de Puericultura – Fundação O Dia em Curitiba, no período de 1940 – 1942. A partir das fontes pesquisadas têm-se registros que no recorte temporal estudado, destacava-se no cenário nacional um movimento em torno das medidas preventivas, educativas e higiênicas com objetivo de investir na saúde das crianças já que o ideário estadonovista do Governo de Getúlio Vargas era a formação de pessoas fortes e saudáveis. Assim, educação e saúde se tornaram os veículos colaboradores na edificação e transmissão dos anseios políticos às novas formas de sociedade que se procurava construir no Brasil. Aliado a esse objetivo, as políticas

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da saúde pública estabeleceram metas quanto à redução das taxas de mortalidade infantil, a qual demarcava registros devastadores em crianças abaixo de dois anos de idade, ocupando o cume das doenças fatais as gastroenterites. As iniciativas públicas estavam pautadas em ações preventivas, educativas e formativas, sendo as mães as protagonistas no processo de intervenção à saúde de seus filhos, recebendo orientações e encaminhamentos oferecidos pelo saber científico, isto é, a mediação do ensinamento médico. A população curitibana também se aliou aos investimentos na saúde, já que muitas vidas infantis foram ceifadas em virtude das gastroenterites, as quais também se relacionavam aos descuidos e despreparos dos cuidados maternos. No contexto curitibano destacava-se a iniciativa privada e filantrópica de Caio Machado, advogado, jornalista e diretor do jornal O Dia, que motivado pelas condições infantis utilizou-se da mídia comunicativa que dispunha para sensibilizar e mobilizar diariamente a sociedade curitibana. Para isso lançou em seu periódico, em janeiro de 1940, a campanha Fundação O Dia, onde compartilhava com o público leitor anúncios informativos sobre a infância, propagandas, além de publicar diariamente as doações (materiais e financeiras) que obtinha pela participação de solidários na instalação e manutenção dos Postos de Puericultura – Fundação O Dia, os quais se consagraram em 25 de março de 1940, simultaneamente nos bairros Juvevê, Portão e Mercês, com vistas à educação e saúde de mães e filhos. A partir da implantação dos Postos, as fontes do jornal O Dia revelam sua manutenção e ações desempenhadas até novembro de 1942, período de entrega dos Postos de Puericultura – Fundação O Dia, à Liga Brasileira de Assistência (LBA).

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Práticas de castigos escolares: a palmatória como símbolo em salas de aula sergipanas

Milena Aragão – UFS [email protected]

Ao longo do século XIX e ainda no século XX, os castigos físicos foram utilizados por muitos professores no intuito de disciplinar crianças, tendo a palmatória como símbolo. Estudos realizados sobre os castigos escolares em tais períodos denunciam uma sociedade impregnada de práticas violentas, sendo comuns não apenas no universo escolar, mas em outros espaços de socialização. Diante desse contexto, legislações vieram para coibir tais práticas, a exemplo da Lei Imperial de 15 de outubro de 1827 que proibiu o uso dos castigos físicos nas escolas, substituindo-os pelos de cunho moral, apoiados no método lancasteriano. Todavia, a existência de uma legislação para regular o uso de castigos nas escolas não ocorreu sem uma tensão entre os favoráveis e os contrários a ela. Nos embates, havia pais e docentes que ora defendiam os castigos morais, ora os refutavam, alegando a impossibilidade de educar sem que o corpo sentisse a reprimenda. Diante disto, o presente texto objetiva problematizar os castigos escolares nos séculos XIX e XX, investigando tanto as estratégias (de Certeau, 1994) utilizadas pelas instâncias de poder a fim de ordenar e normatizar tais práticas, como as táticas utilizadas pelos sujeitos para lidar com os preceitos impostos. Como caminho metodológico, o texto mescla a revisão bibliográfica com o relato de experiência, descrevendo o processo de compra de um artefato comumente usado nos séculos XIX e anteriores: a palmatória. A fim de realizar o desejo de obter este material para fins de estudo, lancei-me à procura, na cidade de Aracaju/SE, de pessoas que o confeccionasse. Neste trajeto, fui colecionando relatos riquíssimos sobre os castigos escolares vivenciados por sujeitos na faixa etária dos 35 aos 80 anos, narrativas que me levaram a refletir sobre a importância da cultura material escolar como produto e produtora de práticas culturais. Assim, o texto é escrito de modo a entrelaçar discursos históricos e relatos atuais, fazendo referência ao uso dos castigos como caminho para educar e civilizar sujeitos, bem como a

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relação entre as prescrições oficiais e as práticas cotidianas. Os resultados deste estudo apresentaram um fato que gerou surpresa: a palmatoria ainda é utilizada como instrumento punitivo no cotidiano de algumas salas de aula sergipanas, tendo o aval de docentes e famílias. Finalizo o artigo salientando a compreensão sobre o espaço escolar como um organismo vivo, habitado por sujeitos nada passivos, mas astutos, capazes de criar mil maneiras de empregar os produtos que lhes são impostos. Neste sentido, o solo no qual este texto se apoia sustenta-se a partir dos pressupostos da História Cultural, capaz de me levar por entre as tramas das relações e tensões sócio-culturais; das práticas e representações de sujeitos ordinários, interrogando a pluralidade do cotidiano, os modos de pensar, dizer e fazer dos agentes que compõe a escola.

Práticas educativas no colégio Cajurú em Curitiba (1957- 1972): a revista Família Cristã como instrumento de inculcação do ideário

ultramontano francêsHeloísa Helena Daldin Pereira – UTP/PR

[email protected]

Ariclê Vechia – UTP/PR [email protected]

A partir de meados do século XIX, o Brasil acolheu diversas congregações religiosas europeias que fundaram instituições escolares que, ancoradas no projeto educacional ultramontano, visavam a formação de sacerdotes para disseminar à população a fé segundo seus princípios, e educar meninas para que estas , no futuro, transmitissem a seus filhos e a toda a sociedade os preceitos e a doutrina do catolicismo conservador. A partir de 1850, o Bispo de São Paulo, D. Antonio de Melo, passou a introduzir novos projetos educacionais embasados nesses preceitos de matriz ultramontana. Neste contexto, a Congregação das Irmãs de São José, considerada o “braço direito do jesuitismo”, fundada na França em 1648, foi

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convidada para expandir suas obras na jurisdição da Diocese de São Paulo, sendo que em 1907, fundou em Curitiba um colégio de educação feminina. O presente estudo tem por objeto as práticas educativas do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, O Cajurú. Dentre inúmeras práticas adotadas que visavam atingir suas finalidades, uma delas merece destaque: A leitura obrigatória de periódicos católicos para as alunas, tais como a revista Família Cristã. Constitui objetivo desta pesquisa a análise do teor dos conteúdos veiculados por esta Revista no período de 1957 a 1972. As fontes utilizadas foram 48 exemplares da mesma, publicados no período em estudo. As análises revelaram o significado que tal prática teve naquele contexto escolar disciplinador. Serviu como estratégia de inculcação da doutrina do catolicismo conservador com forte poder coercitivo sobre suas leitoras. No Paraná, sobretudo em Curitiba, o modelo pedagógico adotado no Colégio Cajurú veio ao encontro do desejo das famílias mais abastadas de educarem suas filhas, uma vez que essa concepção pedagógica, baseada na tradicional pedagogia dos jesuítas e do catolicismo ultramontano, tinha como finalidade formar uma mulher, educada, polida e cristã convicta que imprimiria esses valores a seu grupo social, concretizando, pois, não só um projeto católico de formação individual, mas grandes propósitos educativos e de moral para toda a sociedade. A revista Família Cristã cuja parte do acervo encontra-se na Sala da Memória do Colégio Cajurú contribuiu na tarefa de formar a mentalidade das alunas sob a tutela moral e espiritual deste colégio que tinha como critério de escolha ao assinar os periódicos o teor católico e moral com que esses tratavam os temas de interesse da juventude da época. Como se observa em vários dos textos, a mentalidade católica prevalecente à época interpunha uma série de valores da educação moral e religiosa e padrões de ideologias culturais elitistas, com a reprodução de comportamentos de refinamento nas posturas sociais e através dela, a entrada dos princípios e valores católicos em muitas famílias.

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Práticas educativas no universo feminino: a função materna na formação do clero

Kelly Lislie Julio – UFMA/UFMG [email protected]

Esta comunicação tem por base os resultados preliminares de uma pesquisa em andamento, e busca analisar a participação feminina na educação dos filhos no século XIX. Nesse trabalho destacaremos o papel das mães que viveram especialmente na Comarca do Rio das Mortes, Capitania de Minas Gerais, nos oitocentos. Para isso utilizaremos fontes manuscritas como, inventários, testamentos e os processos De Genere vitae et moribus que trazem indícios importantes dessa função feminina. Das fontes selecionadas para o presente trabalho, o De Genere vitae et moribus, documento este conhecido também como o “processo de ordenação”, representa uma tentativa de apresentar aspectos que confirme a boa procedência do candidato ao sacerdócio. Além disso, busca-se evidenciar sua idoneidade e conduta “moral”. Dentre as diferentes ações, o processo de ordenação reunia depoimentos de pessoas que atestariam ou não a capacidade do aspirante a se tornar padre. Os quais possibilitam identificar uma excessiva preocupação em destacar a idoneidade e conduta desses sujeitos. Tais fontes também buscam evidenciar elementos do cotidiano desses sujeitos, como, por exemplo, a frequência aos ofícios religiosos em companhia de suas mães. Tendo por base esses testemunhos e outros indícios explicitamente presentes nos testamentos e inventários, sejam desses homens que pleitearam o sacerdócio ou de seus pais, há a possibilidade de percebermos o papel ativo das mulheres no que se refere à orientação educacional de seus filhos, considerando que procuraremos destacar a importância que suas mães tiveram nessa formação “idônea e de caráter moral”. Neste sentido, buscaremos corresponder à concepção existente no período, de que as mulheres desempenharam um papel fundamental na constituição de uma sociedade organizada e educada. Isso porque, de acordo com o entendimento da época, era ela quem apresentava as primeiras noções de educação aos filhos, sendo a responsável pelo cultivo de uma moral

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sólida na sociedade. Em outras palavras, eram as responsáveis pela formação de cidadãos “corretos e honrados” que consequentemente trabalhariam em benefício da construção de uma sociedade “virtuosa e civilizada”. Sociedade esta que deveria corresponder às normas veiculadas pela Igreja e o Estado. Especificamente nessa comunicação, o objetivo é estudar e entender a importância da mãe na educação religiosa dos filhos, no nosso caso, os futuros padres, sendo inclusive indicado o seu papel como fundamental na orientação e formação para o exercício do sacerdócio. Entendendo o processo educativo de natureza mais ampla, nossa intenção é perceber no cotidiano, indicativos que poderiam possibilitar o aprender e o ensinar, tendo como sujeitos os filhos e suas mães. Assim, esse trabalho faz uma alusão à Nova História tendo como base referenciais teóricos-conceituais, como Nobert Elias (1993 e 1994); Roger Chartier (1990), Vainfas (1989) e Lima (1987).

Processos de ensinar a cuidar: práticas para civilizar?

Elizabeth Jeanne Fernandes Santos Santana  [email protected]

O cuidado realizado na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá (1908 e 1919), registrado em fotos, que revelam parte do cotidiano do cuidar na instituição. Para cuidar, era necessário ensinar a cuidar. Podemos afirmar a necessidade da prática de ensinar ou instruir, pois as imagens possibilitam uma discussão mais aprofundada sobre a ação de cuidar, e sobre a necessidade de certa elaboração, ensino ou/e instrução, e talvez de aplicação de metodologias que ensinavam as pessoas a cuidar naquele período. As evidências criam novas possibilidades de reflexão a prática de cuidar realizado pelos enfermeiros do início do século XX, contrapondo a ideia de que era uma prática essencialmente primitiva, descolada das práticas do enfermeiro do século XXI. Nosso objetivo foi de compreender a partir das imagens que formam os registros dos produtos das interações humanas imanentes naquele espaço, como a dinâmica de cuidar possibilitava as alterações necessárias para a busca da cura da doença,

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e se estas alterações estão articuladas ao projeto de ocupação, centralização e civilização existente na região cuiabana. A metodologia que permitiu explorar a cultura imaterial contida nos indícios e evidências encontradas, utiliza o método documentário de interpretação. Destacamos a necessidade de mudança de postura analítica, com a consciência de que a iconologia permitiria a perspectiva de análise que captasse o sentido documentário das imagens, respondendo assim a questionamentos que buscam como os fenômenos são produzidos. As fontes consideradas foram: -imagens, que registram os cotidianos;- documentos oficiais que fornecem indícios e práticas de ensinar a cuidar;-e registros não oficiais, como crônicas ou tiras de jornal. Este é um subprojeto da pesquisa em andamento “A arte de ensinar enfermagem em Mato Grosso no século XIX” PROPEQ 30 /CAP/2012. Acreditamos que estas fontes evidenciam como era a relação entre os grupos sociais internos e externos à instituição. A interpretação refletida possibilitou descrever as ocorrências interligadas, que faziam parte do plano inexplorado dos significados das imagens. Apresentamos as temáticas que estão sendo trabalhadas no momento: Enfermarias_posturas, organização e espaço; Religiosidade_ motivação para o cuidado solidário; Processos para o cuidar_farmácia, cozinha e rouparia.

Público e privado: práticas educativas dos órfão “mais abastados” da comarca do Rio

das Velhas. (1750-1800)

Talítha Maria Brandão Gorgulho – UFMG [email protected]

A comunicação que ora apresento é parte da minha dissertação de Mestrado em Educação defendida em 2011. Para esta pesquisa, realizei um levantamento de todos os Inventários presentes no arquivo do Museu do Ouro/Casa Borba Gato – IBRAM de Sabará-MG, que tivessem datas de abertura entre 1750 e 1800 e pertencessem ao Cartório do Segundo Ofício, totalizando 488 documentos. Feito isso, selecionei, através de critérios baseados na história econômica e demográfica, além de critérios criados especificamente para estas análises, os documentos que pertenciam

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aos sujeitos classificados como os “mais abastados”, chegando ao número de 100 inventários, com os quais trabalhei mais detidamente. Procurei, no momento da dissertação, trazer uma discussão mais aprofundada acerca do conceito de práticas educativas, sendo necessário entender o que era percebido por educação na América Portuguesa no Antigo Regime. Para isso, analisei como o tema era tratado pela legislação do período e como, segundo os inventários e alguns testamentos, foi reinterpretado e adaptado às relações cotidianas que levavam às práticas educativas dos órfãos das famílias abastadas da Comarca do Rio das Velhas, sujeitos principais das minhas análises. Por meio dos inventários post morten, observei indícios que podiam ser relacionados à educação presentes nos bens arrolados, nos traslados dos testamentos, nos autos de contas e tive a possibilidade de perceber diferentes práticas educativas dos órfãos pertencentes a um grupo ainda pouco evidenciado pela historiografia da Educação. Os inventários dos indivíduos pertencentes a esse grupo mostraram que as práticas educativas “aos órfãos que ficaram” estavam diretamente, em sua grande maioria, relacionadas com a inserção no mundo da cultura escrita. Via de regra, independente da atividade exercida pelos pais e da condição de nascimento dos filhos reconhecidos, os “mais abastados” da Comarca do Rio das Velhas, na segunda metade do século XVIII, investiam na instrução por meio do letramento de seus descendentes. No entanto, pude observar que essas práticas davam-se de maneiras diversas tanto para meninos quanto para meninas, filhos legítimos ou ilegítimos/naturais, na dinâmica da sociedade mineira setecentista. As escolas públicas não atendiam de modo satisfatório aos que pretendiam receber uma educação voltada para o mundo das letras. Essa situação de precariedade das instituições de ensino no Brasil colonial – especialmente observada nas Minas, já que nessa Capitania foi proibida a presença dos Jesuítas, grandes responsáveis pela educação dos povos no período – obrigava as famílias mais abastadas a lançar mão de outras formas de instrução para seus filhos. Sendo assim, sabendo que as práticas educativas dos órfãos pertencentes ao grupo dos “mais abastados” estava intimamente ligada ao mundo da cultura escrita, trago como foco da presente comunicação o que percebi sobre a forma como se davam essas práticas nos ambientes público e privado.

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832 Sumário Eixo 7

Quem foram os alunos do primeiro grupo escolar de Campinas? Um percurso pelos

livros de matrícula escolar, atas de exames, registros de notas e promoções nas

primeiras décadas do século XX

Silvia Regina Cason – Unicamp [email protected]

A presente pesquisa encontra-se em fase inicial e tem o propósito de contribuir para a produção do conhecimento sobre a História da Educação dos Grupos Escolares em Campinas, interior de São Paulo através do levantamento e organização da documentação referente à constituição, implantação e institucionalização do Grupo Escolar “Francisco Glicério”, Primeiro Grupo Escolar de Campinas. Considerando que a nova forma escolar proposta através da implantação dos Grupos Escolares, prenunciava inovações através de um molde de escola organizada sob os pressupostos da pedagogia moderna, pretendia-se instaurar a racionalização e padronização através do ensino simultâneo, gratuito e laico. Tais propostas traziam por um lado, condições para a concretização de um sistema de ensino e por outro, a constituição de um sistema de pensamento diretamente ligado aos interesses da sociedade brasileira no período republicano. Portanto, para esta comunicação, propõe-se analisar a escrituração dos livros de matrícula escolar, as atas de exames finais, registros de notas e promoções do citado Grupo Escolar, analisando os modos como essa escola operou com essa documentação na produção de um lugar social para o aluno nas primeiras décadas do século XX. A escolha por tal análise justifica-se por considerar as práticas escriturarias administrativa como uma das principais estratégias de normatização da infância escolarizada, uma vez que esses documentos trazem em seu repertório um discurso normativo sobre o aluno e sua vida escolar, não só relacionada ao seu desempenho como sua identificação e pertencimento social desses alunos e suas famílias. Através do

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833 Sumário Eixo 7

mapeamento dos dados contidos no livro de matrícula escolar, as atas de exames finais, registros de notas e promoções é possível levantar aspectos identitários como nomes, data de nascimento, nacionalidade, gênero, idade, filiação, profissão dos pais, nacionalidade dos pais, residência, ano do curso, data da eliminação, causa da eliminação, média de exames, entre outros dados relevantes para identificação de “Quem eram os alunos do Francisco Glicério” constituindo este aluno como integrante do processo de desenvolvimento e modernização da sociedade brasileira dentro dos ideários republicanos.

Regras de civilidade da Companhia de Jesus e manuscrito da Provincia Portugueza em

circulação na escola apostólica de Baturité-Ceará: o uso do tempo e a conformação da

conduta de jovens noviçosMaria Juraci Maia Cavalcante – UFC

[email protected]

Analisa as recomendações pedagógicas da Província Portugueza da Companhia de Jesus escritas ao fim da primeira década do século XX, para promover a educação escolar e dos costumes dos seus alunos em cursos de Noviciado, encontradas em circulação entre os Jesuítas estabelecidos no Ceará, nordeste do Brasil. Confronta essas recomendações com as Constituições, texto legislativo de 1551, que fundamenta o ordenamento daquela Companhia – documento escrito a primeira vez por Inácio de Loyola, cuja parte IV, entregues dois anos depois, a pedido dos primeiros Jesuítas, considerada a mais extensa, trata da “educação e das instituições educativas”, apresentando “Regras que se apliquem a todas as necessidades de cada colégio” e evidenciando, que os Exercícios Espirituais são tidos como fim maior da criação dessa Congregação e dos seus colégios e seminários. Parte da abordagem inspiradora de Norbert Elias, como guia histórico mais

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geral para a compreensão do sentido sociológico da regulação dos costumes na modernidade, da qual faz parte a “civilidade religiosa”, vista como aspecto indispensável da educação escolar dirigida por congregações católicas em colégios e seminários. Utiliza como fonte principal uma brochura manuscrita em 78 páginas, dividida em 30 capítulos, escrita em Exatem, no final do ano de 1910, encontrada na Biblioteca da Casa de Retiros dos Jesuítas, no prédio onde funcionou a extinta Escola Apostólica de Baturité, no Ceará, inaugurada em 1927, como parte da Missão Setentrional dos Jesuítas Portugueses Dispersos, constituída após a expulsão daquela congregação religiosa pela República de Portugal. Como recorte de uma pesquisa mais abrangente sobre a volta da Companhia doe Jesus ao nordeste do Brasil no século XX, explicita de forma detalhada o conteúdo relativo às linhas que regulam a vida dos noviços, do levantar ao adormecer, por meio de meditação, estudo teológico, trabalho doméstico e manual, uso do tempo livre e convívio social; do rezar no refeitório, comer à mesa e subir as escadas, à reparação penitencial de culpas. Conclui que essa regulamentação se constitui em versão resumida e fiel à orientação mais geral das Constituições jesuíticas do século XVI, circulando entre suas missões e instituições educativas, por via marítima, no sentido Europa-Brasil, tendo em vista o cumprimento uniformizado de um conjunto de deveres, votos e regras, para com Deus, o Próximo e a Congregação, que é considerado primordial na formação de novos jesuítas e consolidação da Companhia de Jesus em fase ameaçadora, em que se encontra em exílio e luta contra a sua dissolução enquanto Província e Congregação.

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835 Sumário Eixo 7

Romper com a tradição e instalar o ensino intuitivo de matemática: os documentos dos

arquivos da pioneira Escola Americana

Nara Vilma Lima Pinheiro – UFSP [email protected]

Wagner Rodrigues Valente – UFSP [email protected]

Na primeira metade do século XIX, o descontentamento com o ensino era geral. A este tempo escolar o sistema de ensino era considerado ineficiente, com alunos sendo formados sem domínio da leitura e da escrita e com noções de cálculo rudimentares. Acreditava-se que o problema estava no fato da aprendizagem ser fundamentada exclusivamente na memória, priorizando a abstração, valorizando a repetição ao invés da compreensão, sem considerar a participação efetiva do aluno. Neste contexto, começou a despontar um movimento de renovação pedagógica, que era contrário ao modo como o ensino vinha se desenvolvendo. O novo movimento defendia o ensino - aprendizagem pelo método conhecido como lições de coisas ou ensino intuitivo. Este método surgiu na Alemanha nos anos finais do século XVIII e era, em grande medida, decorrente da influência da Pedagogia de Henri Pestalozzi, um de seus, preconizadores e divulgadores. Adotado na maior parte das escolas da Europa e Estados Unidos o método chegou ao Brasil por meio dos professores adeptos as novidades educacionais estrangeiras e por missionários americanos. Uma das primeiras instituições a adotar este método foi a Escola Americana de São Paulo (atual Mackenzie). A escola se opunha ao velho hábito de estudo em voz alta, da memorização com pouco estimulo do pensamento, métodos estes condenados pela pedagogia intuitiva. Desde sua fundação, em 1870, seus dirigentes se preocuparam com a falta de materiais adequados aos seus métodos de ensino e passaram a confeccionar os próprios materiais. Sendo uma das primeiras instituições a adotar o método intuitivo e considerada como

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instituição modelo de práticas pedagógicas inovadoras interessou-nos saber: Quais as práticas pedagógicas intuitivas divulgadas pela Escola Americana para o ensino de Aritmética? Essa é uma questão fundamental para conhecimento da história da educação matemática em tempos de ruptura com práticas centenárias estabelecidas no curso primário. Como referencial teórico-metodológico o texto fundamentou-se nos autores da História Cultural, em especial, nos estudos Chartier (2002) e Certeau (2000).

Sala de aula à sombra da magnólia: precariedade da escolarização pública em

Ituiutaba, MG (1940-60)

Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro – FACIP/UFU [email protected]

Elizabeth Farias da Silva – UFSC [email protected]

Instituído no Brasil fim do século XIX, o grupo escolar se tornou instrumento para reduzir o analfabetismo nas cidades. Sua difusão marcou a expansão da escolarização, mas foi desuniforme, morosa e entravada, como no município de Ituiutaba (MG), onde o primeiro grupo foi criado em 1910 e o segundo, em 1947; e onde a criação e o desenvolvimento de escolas públicas esbarraram em embates políticos e na precariedade material. Esses traços ficam patentes na história dos dois grupos escolares de que trata este trabalho, que objetivou verificar as relações entre economia ascendente e educação escolar deficitária num município de projeção estadual e tendente à urbanização. As fontes deste estudo incluem dados estatísticos, jornais, relatos orais e atas da Câmara de Vereadores, submetidos a uma análise crítico-interpretativa cujos resultados apontam uma história de luta para erguer e fazer funcionar duas escolas na qual a força política do poder público se fez menos presente que a força política de educadoras convictas do papel da

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educação (formar cidadãos) e da docência (promover mudanças). Tal luta se desdobrou num contexto de ação incompleta do poder público (que criava escolas solenemente, mas não se responsabilizava pelo seu funcionamento prático); de ambiguidade administrativo-escolar (em que não estava claro o responsável pela gestão escolar: se a prefeitura ou o estado); de falta de prédio próprio (o que obrigava duas escolas a funcionar no mesmo prédio e professoras a ministrar aulas à sombra de magnólias numa praça); de descompasso entre as demandas (muitos alunos para poucas escolas; muitas escolas para poucos professores); enfim, de interesses partidários em detrimento dos interesses da comunidade (um deputado de oposição propondo a criação de uma escola à Assembleia Legislativa e um prefeito resistente a doar o prédio tal escola por não querer partido progressista interferindo nas decisões municipais). Assim, fazer as escolas funcionarem na prática foi tarefa que coube mais ao corpo docente, cuja atitude incluiu recorrer a autoridades mais graduadas (ministro da Educação) para conseguir terreno; buscar prédios de aluguéis para instalar a escola até ficar pronto o prédio próprio; ir aos bairros para matricular crianças; e fazer campanhas comunitárias para obter mobiliário, material didático, merenda e outros recursos que permitissem à escola funcionar plenamente. Se essa ação denota descaso do poder público pela educação e precariedade no funcionamento das escolas, não se pode negar que tenha trazido envolvimento da comunidade escolar em prol do desenvolvimento da educação mediante o diálogo, o encontro com o outro, o respeito mútuo, a compreensão e a solidariedade. Ao defender crenças e práticas como táticas para anular as estratégias do poder institucionalizado, o corpo docente trouxe a dimensão política para o cotidiano da escola.

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Sanear pela educação. Teses da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, início

dos anos 1920

Liane Maria Bertucci – UFPR [email protected]

A produção historiográfica realizada principalmente a partir da segunda metade dos anos 1980, multiplicou e deu outras dimensões para os estudos sobre as temáticas da saúde e doença, inclusive evidenciando sua relação com a história da educação. A partir de pesquisas efetuadas nos currículos das faculdades de medicina, nos arquivos de hospitais, nos jornais diários, nos periódicos científicos, nos anais de associações médicas ou em debates legislativos, foram elaborados estudos que ressaltavam as práticas educativas dos doutores, combinadas com as relações plurais entre saber médico, organizações médico-científicas, medidas sanitárias ou relacionadas à saúde da população e o poder estatal. Considerando que no século XIX, devido as transformações socioeconômicas, impulsionadas pela expansão cafeeira, o governo do estado de São Paulo foi organizando um conjunto de instituições e regulamentos para pesquisar e tratar questões de saúde/doença (com destaque para o Serviço Sanitário do Estado e seu Código), o texto parte da hipótese que desde o início do período republicano o governo paulista concorreu para que ações médico-educacionais fossem realizadas no estado de maneira conjugada com os debates sobre o saber médico-científico e a formação acadêmica dos futuros doutores; questões que teriam desdobramentos na Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, criada em 1912, e nas múltiplas ações de seus egressos, em um período que a medicina lapidava seu discurso e os médicos procuravam difundir o seu saber, de maneira regulada e limitada, para os leigos. Como as teses defendidas pelos formandos da instituição revelavam ideias sobre a educação da população sobre os temas saúde e doença? Como o espaço da escola e a educação escolar foram abordados pelos doutorandos? Para discutir estas questões foram utilizadas três teses defendidas na Faculdade de Medicina e

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Cirurgia de São Paulo no início dos anos 1920: Inspecção medica escolar, de Pedro Basile; O saneamento pela educação, de Antonio Almeida Junior; A posição do escolar. A funcção do mobiliario, de Alvaro Augusto de Carvalho Franco. O principal referencial teórico utilizado no texto foi o conceito de prática (e a ideia de apropriação) de Roger Chartier (1990), pois o objetivo do estudo foi perceber como ideias sobre ciência e saúde, que embasavam a formação dos egressos da Faculdade, foram apropriadas pelos formandos que discutiam o tema saúde e faziam proposta de ações relacionadas com o universo escolar.

Sobre as modalidades de ensino nos regimentos da escola primária do

Rio Grande do Norte (1925)

José Mateus do Nascimento – IFRN [email protected]

Rachel Ribeiro de Oliveira Alves – UFRN [email protected]

No início do Século XX, o Rio Grande do Norte mantinha em seu cenário educacional estabelecimentos de ensino como o Atheneu Norte-rio-grandense, a Escola Normal de Natal, Escola Doméstica e o Grupo Escolar Modelo Augusto Severo. Instituições estas destinadas à formação primária, secundária e de professores. A partir desse contexto, o trabalho tece reflexões sobre os regimentos da escola primária do Rio Grande do Norte e sua distinta materialização como escola rudimentar, escola isolada e grupo escolar. Cada modalidade de ensino da escola primária prescrevia modos distintos de currículo, espacialidades, temporalidades, cultura escolar e concepção de infância. Trata-se de estudo de história da educação baseado na análise documental de fontes publicadas durante o governo José Augusto Bezerra de Medeiros (1924-1928), sob a coordenação do Diretor Geral do Departamento de Educação, professor Nestor dos Santos

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Lima, e disponibilizadas nos arquivos do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Foi realizada pesquisa de três regimentos como artefatos de memória que explicitam concepções historicamente situadas, permeadas por interesses políticos, econômicos e socioculturais. Nesse sentido, cada documento foi analisado como monumento, porque construído intencionalmente pelos atores sociais envolvidos. Observou-se, primeiro, a dimensão material dos regimentos como marcos legais de uma nova proposta de ensino primário, depois, perseguiu-se os sentidos que deles fluíam para consolidar o ideário republicano de organizar e fazer funcionar o ensino primário no Brasil. A elaboração de regimentos para as escolas rudimentares, as escolas isoladas e os grupos escolares ocorreu como consequência da reforma da escola primária (Lei 405), desencadeada pelo governo Joaquim Ferreira Chaves, a partir de 1916, no Rio Grande do Norte. A exigência visava atender aos preceitos de universalização da escola primária, anseio republicano que começava a se concretizar nas diversas federações de nosso país. Os regimentos escolares visavam fortalecer a sistematização da política de educação para a escola pública, quando explicitava o modus operandi do ensino primário, com destaque para as formas de ingresso e perfil dos docentes e discentes, os componentes curriculares, programas de ensino, indicação de bibliografia básica para estudo, horários, organização das turmas e os métodos de ensino adotados. O estudo ainda evidenciou fatores de distinção e semelhanças entre as modalidades de ensino citadas, quando colocou em evidência o perfil do público atendido por cada instituição, a localização geográfica dos prédios escolares e as práticas de ensinar e prender. A publicação da referida trilogia, em 1925, no Rio Grande do Norte, reflete mudanças no cultivo dos conceitos de pedagogia, escola e infância.

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Sociabilidade das práticas educativas e culturais em Mato Grosso colonial (1748-1822)

Nileide Souza – UFMT [email protected]

Este texto integra parte das indagações e dos resultados da tese que estou produzindo junto ao Instituto de Educação - Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) - da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O objeto de estudo são as práticas educativas e culturais em Mato Grosso no período colonial, elaborada no campo da “História da Educação e da Cultura”, onde procuro alargar os conceitos de “civilidade”, “saberes”, “educação” e “instrução”, de forma a abarcar não só a educação institucionalizada, na perspectiva de revelar aprendizados nos limites da educação escolar, constituídas entre professores régios e alunos, mas também dar a conhecer outros processos e possibilidades históricas estabelecidas entre as táticas e estratégias dos colonizados e de colonizadores. Tais processos recaem também sobre o aprendizado vivenciado nos espaços de familiares, no campo do trabalho doméstico, nas praças e lugares públicos, nas festas e atividades religiosas, representações teatrais, ações pedagógicas reveladas no ensinamento dos ofícios mecânicos apreendidos pelos auxiliares de engenheiros, naturalistas e outros profissionais enviados do reino para reconhecer a potencialidade de Mato Grosso, ou mesmo para erguer fortes e fortalezas ao longo da raia oeste. Tais edificações constituíram também a época, espaços educativos. Vale ressaltar que, para conseguir incluir esse olhar mais ampliado sobre o processo de aprendizagem nessa região de sertão e fronteira, estão sendo privilegiadas categorias de análise selecionadas com base em documentos oficiais, mas, também embasadas nas narrativas de cronistas, estrangeirados e brasileiros, assim como nos escritos variados de letrados, produzidos entre meados do século XVIII e início do XIX. Essa literatura aventa e descreve não só o processo educacional formal, o escolar, mas apontou para espaços de aprendizado e de transmissão de conhecimento através de mecanismos não formais. A empiria vem sendo analisada tendo por

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base constante diálogo com os autores contemporâneos que tratam do território brasileiro e mato-grossense na segunda metade do século XVIII e início do XIX, procurando sobrelevar a dinâmica educacional de sua população, seja no âmbito da educação escolar como na dimensão cultural. Desse modo, a aprendizagem na capitania de Mato Grosso, em especial, em Cuiabá e Vila Bela, se sustentou pelas seguintes modalidades educacionais e clientela: aulas régias para os filhos dos colonizadores e da elite portuguesa, além dos cursos superiores, aulas autônomas de ler e escrever através da escolarização dos filhos de colonos; conversão de índios ao cristianismo; instrução prática e técnica aos militares de baixa patente, constituídos de homens livres pobres incluindo índios, colonos e negros, através das práticas de aprendizagem para o trabalho.

Tempo e história: o curso normal do Instituto Estadual de Educação/SC - década de 1960

Karin Sewald Vieira – UDESC [email protected]

O Instituto Estadual de Educação de Florianópolis (IEE) se consolidou, ao longo de sua história, como um dos mais importantes locus de formação de professores do estado de Santa Catarina e sua fundação remonta à Escola Normal Catharinense nas últimas décadas do século XIX. Seu percurso acompanhou as mudanças políticas, econômicas, sociais, culturais e educacionais em períodos distintos do país. Na década de 1960, o IEE, até então denominado Instituto e Colégio Dias Velho, passa por transformações significativas como a criação da Escola de Aplicação, a expansão do ensino secundário e a ampliação do espaço físico para atender uma demanda maior de estudantes. Assim, foi construída uma nova sede em substituição ao prédio da antiga escola normal. Cabe ressaltar que frente a esse cenário o IEE mantém sua função de formação de professores. O propósito deste estudo é discutir o Curso Normal do IEE como produtor e propagador de modelos culturais na década de 1960, na cidade de Florianópolis. A motivação para esse trabalho se articula aos novos propósitos da história da educação. Como campo de pesquisa, a

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história da educação vem buscando o alargamento e a constituição de novos objetos, fontes/documentos e abordagens. Se a história da educação envolvendo práticas educativas do passado é tecida também por múltiplas representações dos sujeitos a partir de suas memórias, essa escrita inclui a memória dos/as professores/as e dos/as alunos/as. Trazer, portanto, para a discussão o que contam esses sujeitos sobre um ensino, uma instituição, significa considerar os processos internos da escola produzindo saberes e fazeres que contribuem para a escrita de uma história da educação. O conjunto de fontes do presente estudo é formado por documentos escritos relacionados ao Curso Normal do IEE, com destaque para o livro “Janela do Tempo: um álbum de recordações”, escrito por Berenice Maria Sell do Vale Pereira, aluna que frequentou este curso na década de 1960 e o livro “O valor da experiência: o relato de uma vida dedicada à educação”, escrito por Isabel da Silva Lins, professora de Didática e Prática de Ensino do Curso Normal e fundadora da Escola de Aplicação do IEE. Como um procedimento de análise, busca-se trazer elementos presentes nesses livros que possibilitam discutir fragmentos de uma história dos espaços escolares, dos sujeitos e das práticas educativas. Assim, acredita-se que este estudo contribui também para a escrita de uma história do Curso Normal do IEE e para a produção de histórias da educação catarinense.

Tornando-se “doutor”: o lugar e o papel das insignias nas tradições acadêmicas da

Universidade de Coimbra

Márcia Terezinha Jerônimo Oliveira Cruz – UFS [email protected]

O transcurso da vida acadêmica é constituído pela vivência de rituais específicos que marcam a formação estudantil, assim como, a recepção e incorporação de pares à instituição universitária, realizando não apenas uma “passagem”, mas, operando a produção da diferença e da distinção socialmente relevante a partir de atos de eficácia simbólica Bourdieu (1975; 1977; 2011; 2012) e que são realizadas por intermédio das chamadas sequencias rituais compostas, segundo Van Gennep

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(1981 ), por ritos preliminares (separação ), ritos liminares e ritos de desagregação (pós-liminares). Na Universidade de Coimbra, fundada em 1290 e uma das mais antigas universidades europeias em funciona mento, vivencia-se até os dias atuais um denso conjunto de práticas rituais que compõem o conjunto d as tradições acadêmica s coimbrãs. Na prática desses ritos são utilizados elementos simbólicos denominados de insígnias. Este estudo trata das Insígnias Doutorais (Borla, Capelo e anel), de origem medieva l e adotadas em vários formatos por grande parte das Universidades, assim como, das Insígnias Acadêmicas (grelo, pasta, fitas, dentre outros), que surgem em Coimbra no final do século XIX, quando da comemoração dos Centenários da Sebenta (comp ilação das anotações de sala de aula) e da Imposição do Grau (festejo estudantil satírico). Referidas insígnias, são elementos simbólicos centrais na dinâmica da constituição identitária, do desenvolvimento do sentimento de pertença à comunidade acadêmica e de distinção social. O objetivo deste trabalho é recuperar a trajetória histórica das insígnias e refletir acerca do lugar e do papel que estas ocupam na atualidade nas tradições coimbrãs. Para tanto, considerando o alargamento do campo de pesquisa e dos métodos no âmbito da História da Educação, o método utilizado foi o da recolha etnográfica, por intermédio da observação da Queima das F itas, d e Provas de Doutoramento C ientífico /Acadêmico, de Imposição de Insígnias Doutorais da Faculdade de Direito d a Universidade de Coimbra e, da Procissão Solene da Rainha Santa Isabel, ocorridos no período de maio a agosto de 2012. A pesquisa de campo foi constituída por diário fotográfico, composto não apenas pelo registro da sequencia dos atos rituais e pela ação performativa dos estudantes e professores envolvidos Peirano (2003 ), mas também, pela própria sequência de atos/fatos/condições transversais à realização dos rituais, a exemplo do comércio local e da decoração de vitrines, do comércio informal, das condições climáticas, dentre outros. Estes registros foram cotejados com depoimentos de participantes e responsáveis pela organização e condução desses rituais, assim como, com a bibliografia existente acerca da História da Universidade de Coimbra, da vida estudantil coimbrã e análises de rituais, por intermédio de obras existentes em acervos portugueses das quais se destaca as contribuições de Torgal (1993; 2010), Cruzeiro (1990), Prata (2002) e Frias (2003).

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Traços da cultura escolar e história do educandário Nossa Senhora Aparecida

(Ipameri- GO-1935 a 1969)

Patrícia Rodrigues Luiz Peixoto – UFG/Catalão [email protected]

O estudo objetivou investigar aspectos distintos da Cultura Escolar tendo por eixo condutor a origem do Educandário Nossa Senhora Aparecida em Ipameri-GO, fundado e dirigido pela Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado de Campinas-SP no período de 1935 a 1969. A mobilização da sociedade católica local, capitaneada pelo bispo de Goiás, Dom Emanoel Gomes de Oliveira, tinha como propósito um ambicioso projeto de educação e evangelização por meio da instalação desta instituição, sob a responsabilidade da referida Congregação. Neste contexto, lançamos algumas indagações sobre quais vestígios da Cultura Escolar configuraram a instituição e a instrução primária nela realizada? Metodologicamente, o estudo se inseriu no campo da História da Educação, com recorte para o estudo das instituições escolares; para a base a pesquisa documental e bibliográfica foi utilizada uma massa documental como atas, cartas, ofícios e jornais da época, portadores dos indícios da ação e da concepção de educação preconizada na instituição. Além de auxiliar na compreensão da dinâmica social que se implantava na cidade tornam- se objetos culturais que fomentaram o levantamento da amostra empírica. As análises e interpretações foram fundamentadas em autores como Barra (2011), Bencosta (2005), Brandão (2005), Buffa & Pinto (2002), Borges (2000), Bretas (1991), Cunha (2000), Faria Filho (2002; 2005), Forquin (1993) Frago & Escolano (1998), Ginzburg (2011), Loureiro (1988), Souza (2008), Thompson (1981; 2002), dentre outros. De modo particular a análise dos traços da Cultura Escolar fora norteada pela percepção dos vestígios da memória institucional marcados pela mediação de símbolos, rituais, normas e práticas materializadas pela ação dos agentes educativos na dinâmica da instituição escolar; possibilitou perceber a utilização dos espaços e do tempo bem como analisar as relações do educandário com

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a sociedade católica, contexto local e regional. O educandário pode ser analisado na singularidade de algumas interfaces tais como as estratégias de instalação de ordens e congregações religiosas em cidades goianas que serviam de pontos de irradiação dos ofícios da igreja e da educação católica; a articulação das lideranças religiosas na busca do apoio de grupos locais para efetivação da proposta; a grandiosidade arquitetônica do “colégio”; os princípios fundamentais das normas, práticas e métodos observados internamente, dentre outras que compuseram o modus operandi da criação e manutenção de uma escola católica. Ao destacar os traços da memória e história da instituição investigada, evidenciou-se a importância do estudo para o avanço e aprofundamento da pesquisa no campo da historiografia da educação.

Transformações materiais e pedagógicas no Instituto Profissional João Alfredo (IPJA): Rio

de Janeiro -1902-1922

Maria Zélia Maia de Souza  [email protected]

A presente comunicação é resultante de pesquisa de doutorado, em andamento, na qual investigo o IPJA. Instituição pública organizada para proporcionar assistência pela profissionalização à jovens desvalidos no contexto de urbanização e industrialização do Rio de Janeiro, nos anos compreendidos entre 1902 e 1922. Importa refletir acerca dos efeitos dos processos de urbanização e de industrialização nas transformações materiais e pedagógicas ocorridas no IPJA, no período em estudo. O presente trabalho foi realizado por meio do diálogo com a historiografia da cidade e da história da educação de crianças e jovens desamparados. As fontes documentais analisadas foram os relatórios dos diretores da instituição e as mensagens dos prefeitos do antigo Distrito Federal. Sinais de transformações materiais e pedagógicas no IPJA foram observáveis por meio da análise do movimento de remodelação urbana e do processo de industrialização do Rio de Janeiro

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passaram a exigir. Para este trabalho foram analisadas duas. A primeira observação ocorreu quando do advento da eletricidade, instante em que para viabilizar a aprendizagem prática dos eletricistas o prefeito Pereira Passos, em 1902, autorizou a instalação de luz e forças elétricas para a energia dos motores de parte das oficinas do IPJA com destaque para o curso de Eletricidade. Considerado que para Pereira Passos o eletricista era “profissão de grande futuro”, essa nova tecnologia (luz elétrica) confirmava a função educativa industrial da referida instituição, como parte integrante do movimento de industrialização. Essa hipótese é fortalecida quando em 1909 foram importados de Nova York, Estados Unidos da América, por “Guinle e Cia” diversos materiais elétricos para serem utilizados nas oficinas. Um segundo acontecimento, na gestão do prefeito Carlos Sampaio (1920-1922), foi a nova organização e controle dos espaços urbanos também produziram alterações em todo o funcionamento do conjunto arquitetônico do IPJA. Essa alteração deveu-se à transferência do Asilo de São Francisco, um estabelecimento voltado para a assistência à mendicidade, para um dos edifícios onde funcionavam oficinas diversas e que doravante passaram para outro espaço o que gerou tensões na aprendizagem prática dos ofícios. Por fim, essa investigação nos possibilitou observar que o Instituto Profissional João Alfredo foi representado, na escrita dos sujeitos envolvidos na questão, ora pela marca do progresso, pois consideravam a energia elétrica como uma das condições primordiais para que o IPJA aprimorasse sua função educativa industrial, ora com a marca do retrocesso devido ao agravamento da aprendizagem nas oficinas pela perda de seus espaços anteriores.

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“Um poderoso estímulo de soerguimento nacional”: a realização do “Projeto Brasil” na

escola de educação física da UFMG, 1974

Fernanda Cristina dos Santos – UFMG [email protected]

Durante a trajetória da Educação Física em território nacional, ou seja, desde o fim do século XIX, diversas justificativas respaldaram o seu processo de legitimação. Uma delas configurou-se na grande associação da prática de atividade física à promoção da saúde, a um possível aperfeiçoamento da raça, a “construção” de um povo mais adequado fisicamente e moralmente a servir a pátria. Na tentativa de conferir cientificidade a tais justificativas, e consequentemente a própria Educação Física, aparece com grande destaque a prática da Biometria (mensuração dos corpos). Pensando nesta prática, este estudo investiga o chamado “Projeto Brasil”, um programa realizado a nível nacional no ano de 1974. Coordenado pelo Professor Maurício Leal Rocha, sediado pela Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro que comandou as coletas de dados por todo país, teve em Minas Gerais a Escola de Educação Física da Universidade Federal como protagonista. Este programa objetivava detectar, por meio de exames médicos-biométricos, a condição física do povo brasileiro, para que então o Governo Federal pudesse adotar medidas de desenvolvimento. Além disso, constituiu-se como parte importante das medidas adotadas para incentivo aos cursos de Educação Física, já que oportunizou a construção de diversos laboratórios de Fisiologia do Exercício Brasil a fora e ainda a formação de pesquisadores, mestres e doutores na área. Realizado pelo Departamento de Educação Física e Desportos do Ministério da Educação (DED-MEC), contou também com apoio dos Ministérios da Saúde e do Trabalho, que viam na proposta do programa indicativos para as questões do melhoramento da qualidade de vida e do progresso econômico nacional. Para a análise do referido projeto estão sendo utilizados à documentação textual referente ao mesmo, pertencente ao acervo do Centro de Memória da Educação Física, do Esporte e do Lazer (CEMEF). Dentre essas fontes encontramos

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fichas médicas, ofícios, solicitação de participação voluntária, pedido de aquisição de equipamentos, correspondência, programa de teste físico entre outros. Concomitante a análise de tais documentos, vem sendo realizadas leituras relativas ao contexto histórico- político da época, a educação do corpo, as políticas para o esporte durante o Regime Militar. Além disso, serão realizadas entrevistas com os sujeitos que de diferentes maneiras estiveram envolvidos com a organização, implementação, desenvolvimento e conclusão do projeto. A partir destas análises objetivamos neste trabalho identificar os diversos sujeitos participantes deste programa, compreender suas atuações, e ainda o perfil estrutural do programa, seus sentidos e significados para a consolidação da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais além de suas contribuições para o próprio processo de cientifização da área.

Uma educação para o progresso: narrativas sobre a instalação da Escola Técnica Federal do

Rio Grande do Norte, em Mossoró

Francisco Das Chagas Silva Souza  [email protected]

A Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN), uma das muitas denominações pelas quais passou o atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), teve as suas origens em 1909, quando foram criadas as Escolas de Aprendizes Artífices. Desde então, a ETFRN era uma escola de Educação Profissional e Tecnológica instalada apenas em Natal. Em fins de 1994, foi inaugurada uma Unidade de Ensino Descentralizada (UNED) da ETFRN, em Mossoró, a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, localizada no oeste desse estado e que, à época, já se despontava como grande produtora de petróleo, razão pela qual pode ser explicada a instalação dessa instituição de ensino no município. Nessa comunicação, propomo-nos refletir sobre como se deu esse processo, visto que essa instituição era percebida (e ainda o é) como fator de desenvolvimento

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social e tecnológico para essa região. Trataremos, portanto, das representações criadas sobre a Educação Profissional e Tecnológica, ministrada na ETFRN/Mossoró, e das expectativas que esta escola trazia para a população desse município e de cidades circunvizinhas. Além de um levantamento bibliográfico sobre a história do IFRN, a metodologia empregada constou de entrevistas orais e abertas realizadas com servidores da referida instituição que ali trabalham desde o início do seu funcionamento, em 1995. A pesquisa tem, assim, uma abordagem qualitativa. Por meio de uma memória expressa pelos relatos orais, procuramos perceber como os primeiros servidores da instituição pesquisada recriam, quase duas décadas depois, o contexto social e econômico da época de instalação da ETFRN. Para tanto, pautamo-nos em duas questões centrais feitas aos entrevistados: como, a seu ver, essa instituição abriria as portas para o desenvolvimento social e educacional do oeste potiguar? No seu entender, ela realizaria ou colaboraria para a concretização de seus projetos de vida? Considerando essas indagações anteriores, que balanço pode ser feito dessa instituição hoje? As entrevistas foram gravadas e depois transcritas para a análise de seu conteúdo. A escolha da narrativa oral como principal fonte documental se explica pelo respeito que a memória e os relatos de histórias de vida têm adquirido, nas pesquisas em educação. Ademais, a oralidade tem se apresentado como um documento muito rico hoje entre os historiadores. É importante destacar que não pretendíamos reconstruir fidedignamente uma época através desses relatos, pois eles, como quaisquer outros, são parciais e seletivos. Entretanto, eles foram de suma importância para compreendermos a história de uma instituição e as suas interfaces com o sujeito humano para além do que, muitas vezes, friamente, lemos nos livros.

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Uma escola para meninas órfãs e desvalidas em São Cristóvão - SE no início do século XX

Josineide Siqueira de Santana – UFS [email protected]

O presente artigo tem como objetivos apresentar a implantação da Escola da Imaculada Conceição através da ação efetiva da Congregação Religiosa Missionária “Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus”; sua contribuição à educação de meninas desvalidas em Sergipe, de modo especial na cidade de São Cristóvão e compreender o processo educativo de órfãs e a atuação da referida instituição de ensino no campo da educação feminina. Os fundamentos teóricos metodológicos deste trabalho estão contidos nos pressupostos da História Cultural e tem como fundamentação teórica as pesquisas relacionadas à História da Educação, Educação Feminina e Cultura Escolar, produzidas por pesquisadores, tais como: Jane Soares de Almeida (1998), Rosa Fátima de Souza (2000), Maria Thétis Nunes (2008), Eliane Marta Teixeira Lopes e Ana Maria de Oliveira Galvão, (2001,1998), dentre outros. Para a realização da pesquisa documental buscamos várias instituições, entre elas: Arquivo Público do Estado de Sergipe, Arquivo da Escola da Imaculada Conceição, Arquivo do Comodato dos Frades Franciscanos Menores de São Cristóvão/SE e o Arquivo do Convento Dom Amando em Salvador/BA. Foram utilizadas e analisadas diversas fontes, tais como: Livros de Matrícula e Aparelhamento Escolar, Livros de Frequência, Livros de Ponto Diário, Livro de Crônicas, Leis e Decretos do Estado de Sergipe, Relatórios de Atividades Anuais da Escola Imaculada Conceição, Necrológio das religiosas fundadoras da Escola Imaculada Conceição, jornais da época, Atas, Estatuto da Sociedade Orfanato de São Cristóvão, depoimentos escritos e orais, além da bibliografia especializada. Em 1922, a pedido do vigário da cidade de São Cristóvão-SE, Frei Cornélio Neises, OFM (Ordem Franciscana Menor), chegaram à cidade as irmãs Maria Escolástica Hilmer, Johana Bodefeld, Úrsula Lutig e Maria Amélia Batista da Silva. Graças ao consentimento do então Bispo Diocesano Dom José

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Thomaz Gomes da Silva, o Orfanato de São Cristóvão fundado em 1911, passou a ser administrado pela nova congregação que em 1923 organizou a Escola da Imaculada Conceição, com a finalidade de conceder às menores desvalidas daquele orfanato uma educação que lhes garantisse pelo menos os conhecimentos necessários, desse modo, a formação para os serviços domésticos estava bem marcada no currículo daquela casa de educação, com destaque para os de ponto de marca, jardinagem, puericultura, lavagem de roupas, dentre outros. Ou seja, além das disciplinas elementares, havia todo um cuidado com a formação das futuras donas de casa que além de mães extremosas seriam exímias esposas e divulgadoras da religião.

Uma leitura da inserção do presbiteranismo de origem norte americana no Brasil na segunda

metade do século XIX e início do XX e sua proposta educacional como estratégia de

expansionismo planetárioIvanilson Bezerra da Silva – USP

[email protected]

No final da segunda metade do século XIX, o Brasil passa por um acentuado processo de modernização articulado por agentes sociais que faziam parte de vários campos sociais: campo político, religioso, maçônico e outros. Além da idéia de modernização, o Brasil experimentou o fim da mão de obra escrava para a mão de obra assalariada, início do processo de industrialização e estabelecimento da República. A segunda metade do século XIX, é considerado por alguns autores um momento propício para a inserção de novas idéias políticas, econômicas, sociais e educacionais (HILSDORF, 1977; SILVA, 2010). Neste contexto histórico, várias instituições escolares faziam parte do campo educacional brasileiro, entre elas, a proposta educacional de origem norte-americana, de confissão de fé Presbiteriana. Tais escolas, além de

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atraírem a elite brasileira, foram responsáveis pela circulação de idéias pedagógicas norte-americanas e de influenciarem a escola pública paulista. As inovações tecnológicas trazidas pelos americanos, em especial na educação e religião interferiram significativamente o Brasil. Na educação seus administradores e professores foram largamente requisitados pelo próprio governo brasileiro e outras escolas, tendo em vista possuírem métodos considerados modernos (BONTEMPI,2008). Assim, com as melhorias nas condições de produção, pela implementação de novas tecnologias, com a implantação de escolas baseadas em métodos pedagógicos de vanguarda para a época e, finalmente, com a possibilidade de aperfeiçoar a conduta e estabelecer valores e práticas pelo novo modelo religioso, é possível percebermos que a presença dos imigrantes e missionários americanos no Brasil propiciou meios para um processo civilizador, mas também, estabeleceu conexões entre dois países difere ntes (GRUZINSKI, 2001). Partindo, dessas análises proponho discutir inicialmente, que seus agentes educacionais, em especial o professor Horace Lane tinha uma intenção de formar uma rede de escolas no Brasil, principalmente, em cidades que contava com o apoio de maçons e de pessoas ligadas a sua rede de relacionamentos, o que configura sua relação de poder com agentes sociais ligados à Maçonaria, educação e presbiterianismo. Esta hipótese ainda não foi discutida na perspectiva da história da educação, constituindo uma idéia original e que, indubitavelmente, trará contribuições significativas para este campo de pesquisa. A originalidade da pesquisa pode ser ainda solidificada pelo fato de que o projeto centra a atenção na atuação de Horace Lane como intelectual que contribui com seu pensamento para a educação pública e privada. Sobre este personagem, existem poucos estudos. Utilizarei os estudos de campo em Pierre Bourdieu, “sociedade de idéias” em Jean-Pierre Bastian e as análises realizadas por Hilsdorf como referencial teóricos da pesquisa. A pesquisa faz uso de fontes primárias, tais como: relatórios da Escola Americana (São Paulo), prospectos educacionais, relatórios de missionários e outros.

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Uma narrativa histórica acerca da escola complementar e da primeira escola normal de

Rio Grande/RS (1930-1975): o prestigioso Colégio Santa Joanna D’arc

Rita de Cássia Grecco dos Santos - UFRN [email protected]

Francisco Furtado Gomes Riet Vargas Colégio Estadual Lemos Júnior

[email protected]

O texto objetiva dar visibilidade à constituição e trajetória histórica de uma das importantes instituições formadoras de Professoras Primárias no Sul do Rio Grande do Sul durante o século XX, nas décadas de 30 a 70, na cidade de Rio Grande/RS, o prestigioso Collegio Santa Joanna D’Arc - pertencente à Ordem das Irmãs de São José de Chambéry. Localizado numa das cidades que se constituiu como zona estratégica no RS - por possuir o ponto de entrada para navegação nesta unidade federativa, além de possuir um dos portos marítimos mais antigos e importantes do Brasil e da América do Sul - o referido educandário também se tornou extremamente relevante para Rio Grande por dispor e fomentar na comunidade local diretrizes filosóficas que atendiam aos anseios da formação de uma população representada pelas elites riograndinas (formadas, fundamentalmente, por militares, representantes do setor agropecuário exportador e industriários). Em que pese esta cidade caracterizar-se como ponto estratégico militar e dispor de um vultoso potencial econômico, tanto as elites como a comunidade local em geral, acabaram por enfrentar uma série de dificuldades no setor educacional, assim como as demais cidades do RS (porém, que não dispunham dessa pujança econômica). Posto que, mesmo com a pressão de suas elites, através da Câmara local, a oferta de educandários e consequentemente de vagas era muito restrita. Há registros que a própria municipalidade tencionou iniciativas no âmbito educacional, no que não obteve grande êxito. Nesse sentido, abriu-se um amplo e promissor espaço à instalação e ao desenvolvimento das iniciativas das instituições particulares,

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sobretudo de caráter confessional. Desse modo, os processo de criação e de consolidação das Escolas Complementar e Normal do Santa Joanna D’Arc, caracterizaram-se por um espaço de formação que tinha como objetivo, além da formação de professoras primárias, a promoção do espírito cristão, da atitude cívica perante a vida e do desenvolvimento do espírito co- participativo, aspirando à comunhão e ao relacionamento interpessoal. Evidentemente, de acordo com os anseios de uma sociedade prioritariamente nacionalista, católica e higienista e, consequentemente, com o comportamento que se esperava das mulheres neste período histórico. Nesse sentido, para analisar a relevância de tal instituição para o desenvolvimento e a qualificação dos processos de formação de professores e para a História da Educação no Rio Grande do Sul, foi articulada uma pesquisa de caráter historiográfico (CERTEAU, 2007). Cabe salientar que, através da análise do entrecruzamento de dados coletados nos acervos do próprio Colégio e do Núcleo de Memória Eng. Francisco Martins Bastos da Universidade Federal do Rio Grande, das entrevistas semi-estruturadas com ex-Normalistas e da revisão bibliográfica sobre o tema emergiram duas categorias analíticas - memória e narrativa - que permearam a compreensão dos dados e a consecução das considerações acerca dos mesmos.

Universidade popular de Piracicaba: a vulgarização do ensino

Ana Clara Bortoleto Nery – UNESP [email protected]

Cesar Romero Amaral Vieira – UNIMEP [email protected]

Na primeira década do século XX, Piracicaba que já contava uma população que ultrapassava os 30 mil habitantes, sobressaía-se como a segunda cidade paulista em matéria de educação. Proporcionalmente só estava atrás da capital paulista, com 1/6 de suas rendas públicas destinadas à manutenção de seu aparato escolar. Neste período destacava-se a Escola Agrícola; a Escola Complementar, transformada em Escola Normal Primária em 1911; numerosas classes primárias e importantes grupos

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escolares estaduais e municipais; além de duas instituições confessionais de alto padrão: colégio Piracicabano e o colégio Nossa Senhora de Assunção, construídos no final do século anterior. Este cenário rendeu à cidade o título de “Ateneu Paulista”. Foi neste mesmo contexto, a 3 de setembro 1910, que se deu o início de uma experiência filantrópica pioneira que apesar de duração efêmera, integrou-se ao movimento educacional daquela cidade. A Universidade Popular de Piracicaba, instituição que tinha como propósito levar à população aquilo que se ensinava nos colégios e nas faculdades, possuía forte traço positivista e via na organização social o melhor caminho para o desenvolvimento do gênero humano. De acordo com o 2º artigo de seu estatuto, sua finalidade era a vulgarização das matérias que eram objeto do ensino secundário e superior, no que diz respeito às ciências, à literatura, às artes em geral e a todos os ramos da atividade humana; o desenvolvimento físico do homem por meio de exercícios ginásticos e esportivos racionais e pelo conhecimento dos princípios essenciais de higiene; o desenvolvimento do sentimento de amizade entre os homens e a natureza e entre os homens entre si; e a educação da mulher voltada para o gerenciamento da economia doméstica. A Universidade Popular de Piracicaba, regida pelo Dr. Sebastião de Lima, graduado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1904, tinha como membros, dentre outros, Sud Mennucci, Thales Castanho de Andrade, Fabiano Lozano e Honorato Faustino - ligados à Escola Complementar de Piracicaba - e Leo Vaz - ex- aluno da Escola Complementar. Contava com uma biblioteca aberta ao público considerada uma das pioneiras no estado de São Paulo, cujo acervo continuou a existir após sua extinção. Posteriormente parte deste acervo será incorporada à biblioteca da Escola Normal de Piracicaba. Se, por um lado, na França as Universidades Populares eram voltadas ao operário, em Portugal, elas foram criadas com o propósito de integração cultural e social, sem distinção de classes. Uma primeira questão a se fazer, então, quanto à criação da Universidade Popular de Piracicaba, é qual teria sido seu objetivo de fato e qual seu papel no universo cultural e educacional da cidade. Partindo de poucos indícios sobre tal instituição, pretendemos desvelar características de um projeto cultural republicano, de caráter positivista, desenvolvido por intelectuais instalados em Piracicaba, na 1ª República.

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Vadiagem, ociosidade e crime: a casa de detenção da corte como espaço para reeducação de “vadio(a)s” (1870-1889)

Jailton Alves de Oliveira – UERJ [email protected]

A ruptura política de Portugal representava para as elites político-econômicas do Oitocentos aparar os resquícios de um passado colonial. Nesse caminho, e ancorados por ideais liberais de liberdade, prosperidade e igualdade, essas elites idealizam um modelo de nação, que deveria ser ancorada por um Estado nacional forte e conciliador. Para tanto, procuram incluir os pobres nesse modelo de Estado-Nação. Modelo, porém, estranho a determinadas camadas sociais uma vez que, sem cidadania, tinham que preencher os requisitos exigidos pelos vários discursos apresentados à sociedade. Desta forma, diferentes mecanismos de controle, embutidos em discursos jurídicos, foram produzidos a fim de proporcionarem reeducação, via disciplina sobre os corpos, a milhares de homens (livres e libertos), mulheres e crianças. A vigilância e punição sobre esses atores sociais foram intensificadas na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império, a partir da década de 1870 quando o país foi marcado por um período de turbulências econômicas, políticas e sociais, em virtude da desmontagem do sistema escravocrata. As investigações realizadas, até o momento, nos Livros de Matrícula de Detentos e Detentas da antiga Casa de Detenção da Corte demonstram que as detenções dos suspeitos estavam relacionadas à vadiagem e mendicância. Ou seja, andar vagando, mesmo a procura de ocupação, também era motivo para ser encaminhado à instituição (PECHMAN, 2002). O presente artigo, portanto, inserido em uma pesquisa em desenvolvimento, visa compreender como a antiga Casa de Detenção da Corte, idealizada para ser um lugar para presos correcionais, pode ser considerada como um espaço de educação para milhares de homens (livres e libertos), mulheres e crianças, que as elites imperiais consideravam pertencentes ao mundo da rua, portanto eram “vadios” em potencial. Para tanto, concentramo-nos em perceber imbricações entre

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educação, vadiagem e a instituição, em discursos jurídicos do período imperial, sobretudo em dispositivos legais como o Código Criminal do Império e o Código de Posturas Municipais. A partir das análises do Regulamento, destinado ao bom funcionamento da instituição, e dos Livros de Matrículas de Detentos e Detentas, percebemos tentativas de “educar” os presos, produzindo comportamentos desejáveis e incitando a produtividade a partir do trabalho nas oficinas internas. Cumpririam, assim, um papel importante na constituição de uma sociedade mais “civilizada”. O referencial teórico-metodológico está imbricado com as noções de biopoder e poder disciplinar, propostas por Michel Foucault. A partir dessas teorias, pode-se pensar esses discursos jurídicos como produtores de um saber-poder sobre os espaços da cidade, bem como sobre os corpos dos seres transformados em perigosos à ordem social vigente. Por fim, traça-se um perfil, mesmo que de forma preliminar, de alguns detentos e detentas que ocuparam as dependências da instituição.

“Vamos à caça”: o Colégio Izabel de Dumbazinho e a Companhia de Aprendizes Militares em Goiás

Karla Alves Coelho Tertuliano de Barros  [email protected]

Wolney Honorio Filho  [email protected]

O presente texto objetiva compreender o motivo da criação de duas instituições que aparecem frequentemente nos relatórios dos presidentes de província e nos periódicos da segunda metade do século XIX em Goiás: a Companhia de Aprendizes Militares e o Colégio Izabel. Um elemento que chama a atenção para estas instituições são as matrículas, na maior parte das vezes, compulsórias e as poucas possibilidades legais de desligamento delas. Por que as matrículas nestas instituições foram compulsórias em uma província com poucas escolas? Para responder esta questão, pesquisamos os relatórios dos presidentes da província

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e periódicos da época. Estes documentos foram analisados a partir da premissa de Veiga (2008) de que, no século XIX, a instrução pública foi uma invenção para civilizar negros, pobres e mestiços. Consideramos essas duas instituições instrumentos do projeto de civilização dapopulação através da instrução, projeto que foi desenvolvido pelo governo imperial para todo o Brasil no final do século XIX. Embora o público alvo dessas instituições fosse bem diferente (Colégio Izabel - indígenas das margens do Araguaia e Tocantins; Companhia de Aprendizes Militares - menores desvalidos da capital da província), seus objetivos eram os mesmos: civilizar e domesticar seus internos e para isto, eram válidas todas as formas de conseguir “alunos”, inclusive a “caça”. O Colégio Izabel e a Companhia de Aprendizes Militares foram criados próximos ao seu público alvo e os responsáveis pelos alunos não pagariam nada pela matrícula e manutenção das crianças na instituição. Pelo contrário, muitas das vezes, recebiam algum benefício; os professores eram bem preparados e, como afirmou Bretas (1991), eram instituições muito bem equipadas, embora os prédios não fossem totalmente adequados. Mesmo possuindo todas estas características, esses estabelecimentos educacionais nunca conseguiram funcionar de forma plena, sempre o número de alunos ficou aquém do que se planejara. Os motivos podem ser resumidos à seguinte sentença: “civilização forçada”. Apesar de algumas teorias proclamarem o isolamento goiano em relação ao restante do império, a elite intelectual atuante na província goiana estava imbuída dos pensamentos que dominavam a cena política brasileira da segunda metade do século XIX. O projeto de educação voltado para a civilização, pensado e, muitas das vezes colocado em prática, demonstra isto.

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Vestígios da Escola de Educação Física de Minas Gerais nas práticas educativas em escolas

estaduais mineiras (1961-1974)

Guilherme de Souza Lima Oliveira – FaE/UFMG [email protected]

Este artigo tem como objeto de estudo os Concursos públicos para Provimento de Cadeira de Educação Física em escolas estaduais de ensino médio, realizados de 1961 a 1974 pela Secretaria da Educação de Minas Gerais, com a participação da Escola de Educação Física de Minas Gerais (EEF-MG), atuando como responsável por todo o processo seletivo. Ele insere-se no campo de estudos historiográficos e utiliza-se dos referenciais, tanto teóricos quanto metodológicos, basilares da História da Educação. A banca examinadora destes concursos foi composta por professores da EEF-MG. A ela coube elaborar, aplicar, e corrigir as provas que levavam à classificação dos aprovados ao ingresso e posse na Cadeira de Educação Física de escolas de ensino médio de todo o Estado. Em todas as edições foi grande o número de professores interessados em concorrer. O propósito então é o de tomar estes concursos para análise, indagando, por exemplo, sobre os professores indicados como examinadores formações: acadêmica, profissional e política); as provas exigidas (modalidades, conhecimento tratado, etc); o perfil do professor que se pretendia aprovar (formações: acadêmica, profissional e política). Examinar documentos relativos a estes concursos (editais, provas realizadas, por exemplo) em articulação com as circunstâncias que envolviam a temporalidade de sua realização pode ajudar a compreender representações, sentidos e significados atribuídos à presença da Educação Física na escola. Este estudo justifica-se por contribuir para a História da Educação, aprofundando o olhar sobre um Concurso com tamanha relevância e abrangência. Ressalto sua gênese proveniente de um arquivo em vias finais de ordenamento, ainda pouco explorado e, portanto, com um potencial grandioso e desconhecido pela comunidade acadêmica. Ocorre, então, uma ótima oportunidade para poder ampliar o olhar sobre os processos de constituição das representações da Educação

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Física, que é parte expressiva do sistema educacional brasileiro, perante a sociedade. Uma vez que a EEF-MG nos parece ser palco central deste Concurso, necessário se faz, para desenvolvimento desta pesquisa, conhecer a história desta instituição, ainda que este não seja objetivo deste estudo. Necessitarei apropriar-me de tal método para poder entender a presença do mesmo em nossa cidade e estado. Instituições escolares conservam grande número de fontes capazes de permitir interpretações e representações sobre si mesmas. Será este, então o objetivo e foco central deste artigo. Sendo assim, o trabalho aqui proposto pode contribuir um pouco mais para ampliar nossa compreensão sobre as relações entre a História da Educação Física, a Formação de Professores e as representações da Educação Física na sociedade, ampliando o quadro de conhecimento e compreensão de aspectos socioculturais e políticos da capital, bem como nosso olhar quanto ao processo educacional mineiro.

Vou à escola ou vou ao ginásio? A Escola Normal de Feira de Santana e o Ginásio Santanópolis nas páginas do Jornal Folha do Norte (1918 - 1940)

Daiane Silva Oliveira [email protected]

Ione Celeste Jesus De Sousa  [email protected]

O trabalho “Vou à Escola ou vou ao Ginásio? A Escola Normal de Feira de Santana e o Ginásio Santanópolis nas páginas do Jornal Folha do Norte (1918 – 1940)” é resultado dos caminhos percorridos nas pesquisas de Iniciação Científica PROBIC/UEFS (2010/2011), apresentando uma das possibilidades de “leitura” da fonte histórica Jornal Folha do Norte, principal fonte desta Pesquisa, o qual trás em suas páginas considerável material sobre Instrução/Escolarização/Educação em Feira de Santana, na Bahia e no Brasil e, portanto, um farto material sobre Instituições de Ensino e Cultura Escolar, em suas diversas representações. É nesse sentido que esta

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análise propõe reflexões sobre práticas de uma Cultura Escolar em Feira de Santana na primeira metade do século XX, centrando a discussão em duas Instituições, a saber: a Escola Normal de Feira de Santana e o Ginásio Santanópolis. A Escola Normal de Feira de Santana, inaugurada na cidade em 1927, foi um dos motivos para Feira de Santana ser chamada de “Cidade Universitária” já em 1935. Esta ênfase nos registros no Jornal Folha do Norte existiu desde a inauguração da escola, em 1927. Nestes, era comumente representada como símbolo de lealdade à Pátria, “poço” de segurança e inteligência, lugar do saber. Suas egressas levariam “luz aos sertões” SOUSA (2002), representação que se tornou mais enfática a partir de 1935, quando da mudança para a denominação de Escola Normal Rural de Feira de Santana. Este destaque teve continuidade mesmo depois da inauguração do Gynásio Santanópolis em 1934. O Ginásio Santanópolis, implantando na cidade de Feira de Santana em 1934 pelo Professor e ex- deputado Áureo Filho, a exemplo da Escola Normal, foi frequentemente representado como referência em modernidade educacional. Esta instituição foi pioneira em inúmeras ações educativas em Feira de Santana como o incentivo às práticas de educação física desportiva competitiva através da promoção do “inter-Gymnasial”, com o famoso “Basket-Ball” do Ginásio Santanópolis. O Ginásio Santanópolis se tornou juntamente com a Escola Normal, os principais “atrativos” não só do Jornal Folha do Norte, como do próprio cotidiano da cidade. Nesse sentido a partir de 1935 passou a ser considerado apenas um exame de suficiência para o ingresso no Curso Fundamental dos dois estabelecimentos de ensino, devendo o candidato aprovado escolher em qual instituição queria estudar, ressalvando que na Escola Normal o aluno pagava apenas uma taxa única de matrícula, enquanto que no Ginásio Santanópolis o curso era integralmente particular. A ênfase no dia a dia dessas instituições educacionais e a continuidade destes registros indicam a amplitude da fonte e das discussões.

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Wilhelm Von Schaumburg-lippe: um notável pedagogo militar

Maria Luiza Cardoso – UNIFA [email protected]

Este trabalho teve como objetivo analisar o papel de Wilhelm Von Schaumburg-Lippe, conhecido como Conde Lippe, na reestruturação do ensino militar português, na época do “despotismo ilustrado”, período caracterizado pelas ações tirânicas do primeiro-ministro de D. José I (1750-1777), Sebastião José de Carvalho (depois Conde de Oeiras, em 1759, e Marquês de Pombal, em 1769), que tentou transformar, à força, a antiga estrutura da sociedade portuguesa, segundo as ideias dos enciclopedistas franceses. Também, se propôs a avaliar as suas contribuições pedagógicas para a educação atual, tanto no âmbito militar quanto no civil. Este texto foi produzido com dados coletados aqui no Brasil e em Portugal, quando da realização de um estágio de doutoramento, financiado pela CAPES, na Universidade de Coimbra, nos anos de 2005 e 2006. Todavia, as informações aqui apresentadas não foram abordadas na tese, defendida no ano de 2009, na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. É importante destacar que a intenção da pesquisa realizada no Curso de Doutorado foi estudar o papel que as instituições educacionais militares (do Exército e da Marinha) desempenharam para o Estado, para a sociedade e, principalmente, para as pessoas pertencentes às classes sociais desfavorecidas, no período em que o Brasil foi colônia de Portugal. Quanto aos locais onde foram encontradas as fontes, cabe mencionar que, em Portugal, foram visitadas as seguintes instituições: Arquivo Militar, Biblioteca do Exército, Biblioteca da Marinha, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Arquivo e Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Biblioteca Nacional de Lisboa, e Bibliotecas da Universidade de Lisboa. No Brasil, as pesquisas foram realizadas no Serviço de Documentação da Marinha, no Arquivo Histórico do Exército, na Biblioteca Nacional, e na Universidade de São Paulo. Numa época em que as instituições de ensino eram raras, tanto no reino como na sua colônia americana,

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acreditamos que as “aulas” instituídas muito contribuíram, não somente para a formação de docentes, mas, principalmente, para a formação geral e profissional daqueles indivíduos pobres que puderam freqüentá-las. O texto traz informações sobre a criação de: aulas de alfabetização, artilharia e engenharia; escolas regimentais e bibliotecas militares, bem como orientações pedagógicas para a formação de instrutores militares. Assim, esperamos que o presente texto possa colaborar para a escrita da história da educação brasileira, através do viés da cultura militar, cujos documentos, relativos à área pedagógica, ainda são pouco explorados.

A educação da juventude no Colégio Atheneu de Natal (Rio Grande do Norte, 1835-1889)

Marta Maria de Araújo – UFRN [email protected]

Meditar sobre a educação da juventude no século XIX é, principalmente, circunscrever a educação institucionalizada, sistematizada e praticada em colégios de estudos secundários. O trabalho utilizando fontes documentais como falas de presidentes, relatórios e legislação educacional centra-se no Colégio Atheneu da capital Natal, de 1835 (quando da instalação da Assembleia Legislativa) a 1889 (quando da Proclamação da República), objetivando refletir acerca das exposições das autoridades públicas relativas à estruturação e à reestruturação da educação secundária do Colégio Atheneu, com o intuito de formar proveitosamente a juventude estudiosa. A orientação historiográfica assenta-se nas teorizações de Magalhães (2010), basicamente pelo entendimento da história da instituição escolar como produtora de um conhecimento explicativo de permanências e mudanças em suas interdependências. Na província do Rio Grande do Norte, a primeira Assembleia Provincial instalada a 2 de fevereiro de 1835, pelo presidente Basílio Quaresma Torreão (1833-1836), que então declarou a sua principal preocupação política: a educação pública das novas gerações. Ademais, cientificou aos deputados, a

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criação de um Colégio secundarista chamado Atheneu em Natal, por solicitação sua dirigida ao Conselho-Geral da Província em dezembro de 1833. Em linhas gerais, observou-se que entre 1834 e 1843 – momento da oficialização do Colégio Atheneu mediante projeto de Estatutos de 30 de março de 1835 e a sua abertura oficial, em 3 de fevereiro de 1834 – a exposição das autoridades políticas foi dirigida para o proveito dos estudantes pela formação escolar a receber ávida por empregos públicos e liberais. No período de 1844 e 1851, a exposição circunscreveu-se na urgência de reformar o Colégio Atheneu, devido ao estado de desatualização do programa de estudos e métodos de ensino. Nesse período (1852-1855), por autorização da Assembleia Legislativa, o Atheneu permaneceu fechado pelo baixo aproveitamento acadêmico de professores e alunos. De 1856-1861, teria havido a reabertura do então Atheneu Rio-Grandense (com edifício próprio), reformado e uniformizado o programa de estudos, precisamente por inspiração do sistema escolar do Imperial Colégio de Pedro II. Finalmente, entre 1862 e 1889, tornou-se comum às autoridades educacionais e dirigentes políticos, a proposição de mais uma reforma no sistema escolar do Atheneu Rio-Grandense pertinente à proficiência acadêmica dos estudantes (considerando a carreira das letras e das ciências) e proficiência dos professores (livros, programa de estudos e métodos) garantidores do permanente revigoramento pedagógico da instituição e, mais ainda, preservaria um futuro bem-sucedido à juventude estudantil. Conclui-se que, para a história da educação secundária ministrada no Atheneu de Natal, o programa de estudos emerge como a parte constitutiva determinante para se estruturar e reestruturar-se continuamente, a formação profissional e intelectual da juventude nas letras e ciências.

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Educação doméstica e escolaridade formal no Rio de Janeiro oitocentista

Maria Celi Chaves Vasconcelos – UERJ/UCP [email protected]

No Brasil, o século XIX foi o período da modalidade de educação doméstica ou educação na casa tornar-se largamente praticada pelas elites, particularmente na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil. A casa era o lugar em que as elites educavam os seus filhos e filhas, por meio de preceptores, professores particulares e aulas-domésticas. Os preceptores eram os mestres ou mestras brasileiros ou estrangeiros que moravam na residência da família, contratados para a educação de crianças e jovens da casa. Os professores particulares ou mestres particulares eram os que davam lições “por casas”, em dias ou horários pré-estabelecidos, de primeiras letras, gramática, línguas, música, artes e outros conhecimentos específicos. As aulas-domésticas eram ministradas na própria casa, por membros da família ou até pelo padre capelão. O trabalho está situado na fronteira entre a consolidação da escolarização formal pública de primeiras letras e secundária, e a destituição da modalidade de educação doméstica ou educação na casa como instância educacional. Centrado na segunda metade do século XIX, objetiva demonstrar a discussão e as práticas escolares que prevaleciam na escola formal e na educação doméstica ou educação na casa. Em sendo uma pesquisa histórico-documental, as fontes investigadas compreendem os jornais e revistas de educação e de instrução e aquelas destinadas às famílias e às mulheres, bem como relatórios oficiais. Na segunda metade do século XIX, na Província do Rio de Janeiro, mais especificamente no Município Neutro da Corte, a educação formal de primeiras letras e secundária ganha aceitação das elites, particularmente após a criação de instituições escolares dentro do perímetro urbano da cidade do Rio de Janeiro, como a Escola da Freguesia de Nossa Senhora da Glória e a Escola da Freguesia de Santa Rita, na década de 1870, entre outras. Por sua vez, a educação doméstica ou educação na casa começaria a perecer com a diminuição

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da demanda do trabalho educacional de preceptores e de professores particulares. As aulas-domésticas mantiveram-se, principalmente, nos lugares mais distantes da capital do Império do Brasil, com crianças e jovens escolarizadas por pais, mães, padrinhos e demais membros da parentela, prática cultural constatada no regime republicano. Conclui-se que, para a história da educação doméstica ou educação na casa, as condições culturais, sociais e econômicas que prevaleceram na constituição dessa modalidade e de seus agentes estariam impregnadas das circunstâncias e da mentalidade de uma época e de uma sociedade que lentamente deixava os últimos resquícios herdados do período colonial e ingressava no estatuto de uma sociedade capitalista industrial.

As escolas primárias rurais da Colônia Hansa: Santa Catarina(1897-1930)

Ademir Valdir dos Santos – UFSC [email protected]

O processo histórico de constituição do ensino em Santa Catarina é complexo porque variadas foram as formas de instituição escolar. Objetiva-se discutir a natureza de escolas primárias rurais criadas no final do século XIX e suas práticas educativas, considerando suas relações com a imigração alemã e aspectos culturais inerentes, bem como quanto a mudanças advindas. O objeto são instituições da Colônia Hansa, empreendimento da Companhia Colonizadora Hanseática, sediada em Hamburgo, que em 1897 firmou contrato com o Governo de Santa Catarina, com duração até 1930, para a colonização de 600 000 hectares de terras. Dentre os investimentos, destaca-se a criação de instituições para a instrução infantil, resultando num significativo número de “escolas alemãs”. A metodologia é embasada em pesquisa documental com o uso de fontes de arquivos locais e do Arquivo do Estado de Hamburgo (Staatsarchiv Hamburg). Os resultados mostram que inicialmente as instituições eram comunitárias, classificadas como estrangeiras e mantinham

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relação com elementos primordiais teutos na sua organização. Os próprios colonos as criaram, por vezes associados à igreja católica ou à luterana. Enviar as crianças à escola significava um fato essencial, notadamente para os luteranos que eram a maioria em várias regiões. Recebiam subvenção da Companhia Colonizadora, evidenciando que a educação era relevante no projeto colonizador. Foram estruturadas para atender poucos alunos, divididos em três séries, geralmente sob a regência de um único professor. As aulas eram em língua alemã e aspectos culturais estrangeiros predominavam, embora haja registros de ensino do português. Contribuíram significativamente na redução do analfabetismo nas áreas coloniais. Porém, nas primeiras décadas do século XX as escolas foram alvo de políticas de nacionalização que exigiram sua vinculação aos sistemas municipais ou estaduais e transformações nas práticas pedagógicas. A legislação impôs mudanças que atingiram sua gestão, o ensino e o alunado. O nacionalismo requisitou o uso exclusivo da língua portuguesa, o descarte de materiais em alemão, o uso da Educação Moral e Cívica e da Educação Física para a formação cívico-patriótica e que a História e a Geografia abordassem questões tidas como legitimamente brasileiras. A documentação analisada indica a gradual instauração de um ambiente marcado pela ambiguidade cultural, com o embate entre a herança primordial dos imigrantes alemães e os ditames do abrasileiramento próprios da nacionalização. A questão linguística assumiu centralidade: notável expressão é o bilinguismo presente no cenário das primeiras décadas do século XX. Evidencia-se que tais escolas tiveram um papel fundamental na constituição do ensino em Santa Catarina e matizaram profundamente a instituição do sistema educacional.

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A Deutsche Schule de Curitiba de 1867 a 1889: do evangelho à germanidade

Ariclê Vechia – UTP [email protected]

A partir de meados do século XIX, a capital da recém-criada Província do Paraná passou a atrair imigrantes, em sua maioria alemães. Possuidores de uma cultura letrada, procuraram recriar, em solo brasileiro, instituições educativas visando à formação das crianças da comunidade segundo seus moldes e necessidades. A comunicação tem como objeto, o processo histórico de criação e transformação institucional da Deutsche Schule (Escola Alemã) de Curitiba de 1867 a 1889. Tem por objetivos: apresentar aspectos de sua criação; analisar as suas finalidades, facetas da organização escolar e suas práticas educativas em diferentes períodos. Utiliza como fontes documentais: Ofícios e Requerimentos trocados entre a Comunidade Evangélica, a Direção da Escola e os Inspetores da Instrução Pública, imprensa periódica; planos de estudo, livros didáticos, além de outras. As análises demonstram que o processo de criação da escola foi conturbado. A licença para seu funcionamento foi solicitada pelo pastor às autoridades provinciais em dezembro 1866 e a autorização concedida no inicio de 1867. A então criada Escola da Comunidade Evangélica tinha por finalidade ensinar as primeiras letras em alemão a meninos alemães, bem como, educá-los segundo os preceitos da religião evangélica luterana. Seu funcionamento, no entanto, foi irregular, pois mesmo depois de concedida a autorização, a escola foi acusada, por diversas vezes, de não atender a todos os requisitos da legislação provincial. Contudo, em 1872, no contexto do incremento do nacionalismo alemão, ela foi revitalizada por um pastor enviado pelo Conselho Eclesiástico da Prússia, ficando a ele filiada. Às suas finalidades iniciais foi acrescentada, de forma mais nítida, a preservação da nacionalidade teuta. Nos anos seguintes, a escola logrou êxito, pois além dos filhos de alemães protestantes, passou a atender também as crianças da comunidade de alemães católicos e da sociedade curitibana. Em virtude dessa configuração da comunidade escolar, em 1884, foi criada uma nova Associação Escolar desvinculada da Igreja

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Evangélica de Confissão Luterana. A escola, agora denominada Deutsche Schule, tinha por finalidade defender a preservação da germanidade. Esta nova organização escolar gerou implicações no ensino ali ministrado. Os saberes ensinados e as práticas educativas adotadas enfatizavam a preservação da língua, da cultura, da história e da literatura alemã. Elementos do nacionalismo germânico eram estimulados por meio das comemorações de datas cívicas alemãs, com desfiles das crianças portando estandartes e bandeiras e acompanhados de banda de música.

O ensino secundário e a formação das elites na Morada do Sol (Araraquara - SP, 1911 - 1950)

Rosa Fátima de Souza – UNESP/Campus Marília [email protected]

No alvorecer da República, a cidade de Araraquara, importante núcleo cafeeiro do estado de São Paulo, passou por um processo singular de melhoramento de sua infraestrutura urbana quando foram construídos novos prédios públicos, avenidas e melhorias como iluminação pública, abastecimento de água potável, e escolas públicas e particulares. Nesse processo de modernização, a criação de um ginásio de ensino secundário representou um avanço educacional e cultural significativo. Este texto apresenta resultados finais de uma pesquisa sobre a históriada Escola Estadual Bento de Abreu de Araraquara, primeiro ginásio instalado nessa cidade no início do século XX. A análise busca ressaltar o lugar social e cultural representado pela escola na cidade destacando a articulação do poder municipal e da iniciativa privada na manutenção da instituição nos seus primeiros anos de funcionamento, o tipo de formação oferecida aos alunos, a transformação em Ginásio Oficial do Estado e as representações sociais sobre ela. Em realidade, a Escola Estadual Bento de Abreu foi um dos primeiros ginásios estaduais criados no estado de São Paulo. Embora a estadualização tenha ocorrido no início dos anos 30, a origem dessa instituição remonta à fundação do Araraquara College pelos presbiterianos que o estruturaram de acordo com a organização da Escola Americana de São Paulo. Nos anos 20, o ginásio passou a se denominar Mackenzie College de Araraquara e posteriormente Ginásio Municipal

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Mackenzie de Araraquara. A transformação em ginásio oficial ocorreu entre 1932 e 1934 no bojo da política de expansão de vagas de nível secundário implementada no estado de São Paulo e representou uma mudança institucional importante dada as representações sociais sobre a excelência do sistema público de ensino secundário existente no país. O período delimitado para o estudo abrange, portanto, as primeiras décadas de funcionamento do ginásio como instituição de ensino secundário incidindo desde a construção do prédio iniciada em 1911 até a sua transformação em Colégio Estadual e Escola Normal em 1950. O estudo foi realizado com base nos aportes da História Cultural e nos estudos sobre história das instituições escolares. Como fontes de pesquisa foram utilizadas as atas da Câmara Municipal de Araraquara, Relatórios anuais do diretor, artigos do jornal O Imparcial de Araraquara e documentos do arquivo da escola como as atas da congregação do estabelecimento. Os resultados apontam a importância do ginásio na formação dos jovens do sexo masculino e feminino de Araraquara e região e o papel desempenhado pelo poder publico municipal em articulação com a iniciativa privada para a difusão do ensino secundário no interior paulista. Além disso, o estudo permite problematizar o processo de expansão do ensino secundário público no estado de São Paulo e o lugar desse nível de ensino na formação das elites.

A incorporação de modelos e referências externos à prática da assistência à infância em

Ribeirão Preto (1917-1952)

Sérgio César da Fonseca – USP [email protected]

A explicação para o surgimento de asilos infantis e de estabelecimentos assemelhados em Ribeirão Preto a partir de 1917 deve levar em conta dois movimentos, sendo o primeiro deles resultante das necessidades locais, no caso o abandono de crianças e/ou a impossibilidade de criação por suas famílias originais; o segundo movimento resultada influência de modelos e métodos de assistência consagrados por instituições ativas na cidade de São Paulo desde o século XIX, cujos modos de agir e de

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organização, por várias razões, foram tomados como referência pelos organizadores dos estabelecimentos assistenciais ribeirão-pretanos. Essa combinação entre as necessidades locais e a modelação das soluções adotadas conforme referências consagradas em outros lugares e desde outros tempos indica que a assistência à infância está em processo de interiorização. Esta ideia de interiorização apropria-se em grande medida da obra de Pierre Monbeig e, quando aplicada ao caso em estudo assinala que, entre os vários processos formadores do Brasil, num deles, cujo tempo é a passagem do século XIX para o XX e o espaço é o interior de São Paulo, notadamente Ribeirão Preto, as regiões paulistas para além das zonas próximas à capital foram formadas em grande medida por processos de ingresso e estabelecimento nas áreas interioranas de realizações já existentes e ativas em outras partes. Por extensão, as instituições assistências infantis em Ribeirão Preto provem de modelos aos quais os agentes locais, de filantropos aos profissionais liberais, recorreram para um problema cuja manifestação acompanhava o progressivo crescimento urbano local: o abando de crianças. Por isso, a concretização de um asilo infantil, um instituto de higiene, um reformatório, creches e um instituto instrutivo-profissionalizante para órfãos e pobres, entre 1917 e 1942, na localidade, inclui-se no conjunto de ações que visavam civilizar uma cidade que passava de aglomerado urbano rural a capital da cafeicultura e centro vivo de relações sociais. Nesse movimento de interiorização, o fato novo no cenário da assistência ficou por da Legião Brasileira de Assistência (LBA) que instituiu o uso do voluntariado e o repasse de recursos públicos como estratégias de atuação. Em Ribeirão Preto a LBA manteve um escritório de 1942 até 1994, de forma que a capilaridade da presença da LBA pelo Brasil e o fato de suas representações locais manterem relacionamento constante com prefeituras, secretarias municipais e organizações assistenciais particulares é um ponto forte da interiorização não apenas de uma agência federal, como também da política assistencial pública e oficial para a infância e a maternidade. Por isso, a tese da interiorização encontra a possibilidade de aprofundamento quando colocada em perspectiva a ação da LBA no Brasil e, especialmente, sua presença em Ribeirão Preto.

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Sociedade em movimento ou revolução burguesa em curso? Educação, civilização e

implementação capitalista no interior paulista

Marcelo Augusto Totti – Unesp/Marília [email protected]

O final do séc. XIX e o primeiro quartel do séc. XX foram de intensas e significativas mudanças na sociedade brasileira e, em especial, no interior paulista. A introdução do trabalho imigrante e suas várias facetas possibilitaram um remodelamento da sociedade tradicional paulista, modernizando-a, abrindo caminho para uma nova etapa em sua história. Justamente por isso, Pierre Monbeig, geógrafo de origem francesa, retratava-a como uma “sociedade em movimento”. Para Monbeig, a expansão dos meios de comunicação através das estradas de ferro intensificou o povoamento e deu relevância a regiões até então desconhecidas. Da mesma maneira, os jornais que passaram a circular pelo interior paulista possibilitaram o contato dos habitantes dessa região com o restante do mundo. Nesse contexto, uma das localidades destacadas pelo geógrafo foi da Cuesta de Botucatu, onde se localiza a cidade de São Manuel, que não esteve alheia a todo esse movimento produzido pelo pioneirismo dos imigrantes, fazendeiros e pelos auto-intitulados novos bandeirantes. A presente comunicação busca discutir, à luz das reflexões do sociólogo Florestan Fernandes, até que ponto todo esse movimento de transformação diagnosticado por Monbeig foi, ou não, suficiente para modificar as relações sociais e culturais existentes na região, particularmente no que diz respeito à temática educacional. Segundo Florestan, esse processo de modernização/ racionalização atrelada às garantias civis conquistadas nos anos de 1930 fazem parte de um processo de revolução burguesa em curso. Para o autor, entretanto, a educação não conseguiu atender às exigências impostas por esta nova sociedade, mantendo-se presa a uma conjuntura estática ainda muito distante do acolhimento às reais necessidades da população menos favorecida. Os resultados

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das análises das fontes referentes à história da educação de São Manoel, particularmente dos jornais que circulavam na cidade no período de 1904 a 1936 (A Escola e O Normalista), fornecem elementos que corroboram as afirmações de Fernandes. Em ambos, assuntos relativos à importância da disseminação dos valores cívicos e morais, entendidos como um conjunto de qualidades que formam o individuo, dão o tom educativo ao ensinarem aos leitores sobre a necessidade do “amor a pátria e a dedicação à família”. No entanto, os dados estatísticos, as atas e as fotografias das escolas da região demonstram que o real progresso da educação de São Manoel ainda estava muito distante dos ideais de racionalidade e cientificidade propugnado pela sociedade da época.

Por uma história dos Congressos Brasileiros de História da Educação (2000-2011)

Kilza Fernanda Moreira de Viveiros – UFRN [email protected]

O Congresso Brasileiro de História da Educação (CBHE), promovido pela Sociedade Brasileira de História da Educação, teve sua primeira edição no ano de 2000 com o tema ‘Educação no Brasil: história e historiografia’. Desde esta edição inicial foram realizadas seis outras com temas como ‘História e memória da educação brasileira’ no II CBHE, ‘Educação escolar em perspectiva histórica’ no III CBHE, ‘A educação e os seus sujeitos na história’ no IV CBHE, ‘O ensino e pesquisa na história da educação’ no V CBHE e ‘Invenções, tradições e escritas da história da educação no Brasil’ no IV CBHE. O CBHE tem se consolidado como um evento de referência no campo da história da educação brasileira e, dessa maneira, objetivamos estudar em perspectiva comparada os Congressos Brasileiros de História da Educação, especificamente o primeiro, realizado no Rio de Janeiro (RJ), e o sexto congresso, ocorrido em Vitória (ES), em 2011. Para tanto, o corpus documental é composto por anais, cadernos de resumos, folders, cartazes, atas e relatórios dos CBHE que foram analisados com o foco da história comparada da educação brasileira. A perspectiva adotada compreendeu a

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análise referente às temáticas centrais dos eventos, a configuração dos seus eixos temáticos, o percentual de trabalhos aprovados, as representações institucionais em cada eixo e o levantamento dos principais teóricos e conceitos presentes nos trabalhos apresentados nos referidos congressos. Assim, a história da educação entre o primeiro e o último CBHE terá como base levantar, organizar e analisar os aspectos destacados. Com o exercício realizado, percebemos que entre o primeiro e o sexto CBHE ocorreu aumento do número de comunicações individuais de duzentos e trinta e uma, no I CBHE, para setecentos e quarenta e duas, no VI CBHE. Quanto ao formato, os CBHEs sofreram alterações, a exemplo da presença das comunicações coordenadas no VI CBHE, inexistentes no I CBHE. Entretanto, o número de mesas-redondas manteve-se o mesmo em ambos, sugerindo a permanência de uma determinada matriz geral para o evento. A história da educação dos CBHEs foi explorada como um problema ancorado no presente, possibilitando (re)pensar o campo da história da educação e os marcos espaciais e temporais que vem sendo legitimados pela comunidade brasileira de historiadores da educação nos últimos anos.

Gênero e mulheres nos Congressos Brasileiros de História da Educação (2000-2011)

Iran de Maria Leitão Nunes – UFMA

[email protected]

“Da História, muitas vezes a mulher é excluída” (PERROT, 1992), eis um elemento motivador da presente proposta na qual pretendemos dar visibilidade às produções dos/as pesquisadores/as sobre a mulher na História da Educação Brasileira, compreendendo que estas se constituem nas “vozes variadas e opostas”, a heteroglossia, na expressão de Burke (1992). Para tanto, buscamos os registros do evento mais representativo da área: o Congresso Brasileiro de História da Educação (CBHE), objetivando estudar suas seis versões em perspectiva comparada. Essa investigação, que se volta para a história e a memória do CBHE, tem como corpus documental os Cadernos de Resumos e os Anais disponíveis na página eletrônica

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da Sociedade Brasileira de História da Educação. O estudo está delimitado pelo recorte temporal entre 2000 e 2011, anos de realização da primeira e última versão do CBHE, respectivamente. Este texto apresenta o total de resumos aprovados das Comunicações Individuais para os Eixos Temáticos, destacando-se o de Estudos de Gênero, que possibilitou ser organizado, a partir de sujeitos e objetos de estudo, que versavam sobre mulheres e, explicitamente, mulheres professoras, no âmbito História da Educação; e dos espaços em que se inserem. Notamos que o Rio Grande do Norte congrega o quantitativo mais expressivo de produção neste Eixo. Convém ressaltar que dos seis CBHE realizados, apenas um não contemplou os Estudos de Gênero na forma de um Eixo Temático específico: o realizado no ano de 2011, em Vitória (ES). Nos demais CBHE, a temática aparece conjugada com outras questões, a exemplo: Gênero e Etnia; Relações de Gênero e Educação Brasileira; Gênero, Etnia e Educação Escolar; Movimentos Sociais, Geração, Gênero e Etnia na História da Educação. Tendo iniciado somente com oito trabalhos, dentre os vinte e dois aprovados no Eixo Gênero e Etnia, do I CBHE, a temática contou com trinta e cinco resumos dentre os sessenta e quatro presentes no V CBHE, o que denota o crescente interesse dos/as pesquisadores/as sobre o tema. Entretanto, registra-se que na programação do próximo VII CBHE, a realizar-se em 2013, no Mato Grosso, o Eixo sobre Gênero novamente não está proposto. Desta forma, a presença da mulher parece que vem sendo minimizada e/ou articulada a outras questões, tornando-se, como alude Perrot (2005), “mera coadjuvante da história”. Tais foram as hipóteses que orientaram o presente estudo, cujo desenvolvimento procurou dialogar com as contribuições de Bourdieu (2003), Burke (1992), Perrot (1992, 2005), Chartier (1994), Gondra et al.(2005), Motta (2006) e Vidal (2006) entre outros.

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Experiências de escolarização de negros na província de Santa Catarina

Graciane Daniela Sebrão – UERJ [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo discutir experiências de escolarização de negros na Província de Santa Catarina, de 1870 a 1888, a partir de fontes documentais e bibliográficas, sobretudo de Relatórios de Presidentes da Província, Ofícios da Diretoria da Instrução Pública, bem como de trabalhos da historiografia catarinense e normativas do período imperial. O acesso à escola foi proibido aos cativos na maioria dos regulamentos da instrução pública dessa província, mas não aos negros livres e libertos, que oficialmente deveriam estar inclusos na obrigatoriedade do ensino, instituída em lei provincial. No entanto, no entendimento de que as normas jurídicas são um produto constantemente ressignificado pela sociedade, na perspectiva de Michel de Certeau, as leis proibitivas aos cativos se estendiam também aos livres e libertos, já que a cor do indivíduo, muito mais que sua condição jurídica, era um fator preponderante nas relações sociais, em termos de segregação. Assim, as leis que proibiam cativos de frequentar as escolas eram (re)apropriadas, (re)estruturando-se também em uma cultura de coibição a negros livres e libertos. Contudo, essa repressão não foi passivamente aceita. É o que pode ser verificado em indícios como um anúncio de jornal de venda de uma mulher parda de dezenove anos de idade e dois anos de escola, a carta de alforria de uma criança por sua habilidade em ler e escrever e o caso de um pai que pagava aluguel ao senhor de sua filha escrava para poder tê-la por perto, dando-lhe sustento e pagando-lhe a escola. O governo apresentou intenções de abordagem dessa problemática, como a Lei do Ventre Livre, pela qual a província catarinense foi cobrada quanto a providências sobre a instrução dos ingênuos, e a lei nº 655 de 17 de maio de 1871, que criou loterias para uma casa voltada à educação de meninas desvalidas

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Caderno de Resumos - Eixo 7

878 Sumário Eixo 7

e libertas por seus senhores, cuja construção não foi efetivada. Nenhuma ação concreta de instrução dos negros, porém, foi observada nas duas últimas décadas do período escravocrata. As iniciativas voltadas à escolarização, em que esses poderiam se inserir, estavam focadas na educação dos pobres, como a Escola de Aprendizes Marinheiros, que recrutou muitos jovens negros; as escolas noturnas, como a escola Luz do Povo, que notificou a presença de cativos entre os seus alunos; e a subvenção do governo para matrícula do ensino secundário a uma quantidade limitada de alunos pobres, pela qual os irmãos Cruz e Sousa e Norberto Sousa, negros, ingressaram no Ateneu. Tais indícios, intenções e iniciativas apontam para movimentos de resistência às normas jurídicas coibitivas, implicando em múltiplas possibilidades e experiências de escolarização dos negros, cuja visibilidade é de suma importância na história da educação.

História da Educação de negros em tempo de escravidão

Mariléia dos Santos Cruz – UFMA/CCSST/ITZ [email protected]

História da educação de negros em tempo de escravidão reúne uma série de informações e reflexões sobre os processos de escolarização de negros ainda no século XIX, quando segundo a historiografia mais tradicional sobre história da educação brasileira, se acreditava que negros não frequentavam a escola em função da escravidão e do racismo. Considerou-se o contexto do Império brasileiro, quando os saberes escolares eram cada vez mais exigidos como condição para desempenho de diversas funções públicas e sociais. O presente estudo representa o esforço de resgatar informações sobre a vida de negros que viveram no Maranhão durante o século XIX, com ênfase na participação desse segmento em processos educacionais e civilizatórios. A partir de uma metodologia Indiciária empreendeu-se a compilação de

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Caderno de Resumos - Eixo 7

879 Sumário Eixo 7

indícios e a reconstituição de acontecimentos ligados à efetivação, por negros, de práticas sociais instituídas no âmbito do processo civilizatório em que o Brasil esteve envolvido durante o século XIX. A pesquisa utilizou fontes impressas e manuscritas, tais como imprensa maranhense do século XIX, compromissos de irmandades, relatórios, ofícios, almanaques, códices, leis províncias e documentação paroquial. O trabalho demonstra situações em que os negros, inclusive na condição de “escravos”, faziam uso de símbolos ligados à ideia de civilidade, destacando-se a leitura e a escrita no contexto das irmandades e das principais insurreições maranhenses do período. Retrata situações vividas por negros que estiveram viabilizando esforços para participar da vida social da época, apropriando-se dos valores e das práticas culturais oficializadas. Destaca a presença de alunos e alunas negras em escolas públicas maranhenses do período, bem como identifica alunas escravas em escolas particulares. Caracteriza a ocorrência de políticas de ações negativas viabilizadas no período com objetivo de dificultar o acesso de negros ao ensino público, por meio de critérios com base tanto na condição (escravo) como também na cor da pele (mais escuros). Evidencia que o processo histórico ligado à educação de negros se configura tanto por práticas segregacionistas reveladas no processo de admissão e demissão de educandos negros quanto por situações que contrariam as próprias leis e intenções segregacionistas do período. O estudo destaca ainda que, apesar de invisíveis na história da educação oficial, as famílias afrobrasileiras não estiveram alheias ao significado social que o acesso aos saberes da leitura, escrita e contagem vinha recebendo ao longo do século.

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880 Sumário Eixo 7

O não dito: história da escola primária rural nas páginas da revista Escola Portuguesa

(Portugal, 1934 a 1939)

Sandra Cristina Fagundes de Lima – UFU/MG [email protected]

O tema de nossa pesquisa (financiada pelo CNPq) consiste na história da escola primária rural em Portugal no período de 1934 a 1939. No âmbito desta temática selecionamos para investigação as representações construídas desta escola e veiculadas pela revista “Escola Portuguesa – Boletim do Ensino Primário Oficial” (EP). Instituída pelo Decreto n. 22:369 de 30 de março de 1933, a EP era uma publicação da Direção Geral do Ensino Primário, cujo propósito registrado em seu primeiro número, publicado em 11 de outubro de 1934, seria divulgar a doutrina pedagógica nacional e fornecer aos professores primários uma “técnica conveniente” ao desempenho de suas funções. A partir dessa missão, a EP, dentre outros temas, publicou legislação, notícias, fotografias, artigos, teses, conferências e palestras proferidas por autoridades educacionais e dirigidas aos professores primários. A questão que propusemos para a análise consistiu em compreender se a EP, durante os seus primeiros cinco anos de existência (outubro de 1934 a setembro de 1939), destinou algum espaço em seus duzentos e cinquenta e sete números para debater os problemas que perpassavam a escola primária rural no país. O nosso objetivo geral foi analisar o papel da escola primária rural na política educacional implementada pelo governo ditatorial de Oliveira Salazar. Mais especificamente, buscamos apreender as representações da escola primária rural construídas durante o Estado Novo e perscrutar o espaço destinado pela EP à discussão e divulgação desta escola. Com vistas a atingir esses objetivos consultamos: Escola Portuguesa; jornal Diário da República; Debates Parlamentares; processos de nomeação de regentes de postos escolares; ofícios do Ministério da Educação autorizando a criação de postos escolares; requerimentos da câmaras, dos próprios regentes e de pais de alunos dirigidos ao Ministro da Educação solicitando a criação ou reabertura de postos escolares e, por fim, o anuário estatístico de

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Portugal. Os resultados aos quais chegamos possibilitam compreender que no período 1934 a 1939, quando o Estado Novo propalava os seus “investimentos” na escola primária com vistas a combater os altos índices de analfabetismo ainda registrados em Portugal e no momento em que a população portuguesa vivia majoritariamente no campo, a EP não destinou nenhum espaço específico para discutir os problemas subjacentes à escola primária rural ou sequer noticiou o seu funcionamento. Esse tema não foi objeto de apreciação em seus editoriais e tampouco foi debatido nas demais sessões publicadas, permanecendo como um “não assunto” na revista “oficial” destinada a contribuir para a organização do ensino primário e a orientar os professores. Avaliamos que uma das causas para esse silêncio incidiu sobre a implementação da escola única e, por conseguinte, ao projeto de homogeneização da escola primária.

Práticas educativas e organização do ensino rural em Minas Gerais (1899 - 1911)

Josemir Almeida Barros – FaE/UEMG /PPGEd/UFU [email protected]

Propomos uma reflexão sobre práticas educativas e organização do ensino rural em Minas Gerais no período de 1899 a 1911em locais interioranos de Minas Gerais. Constatamos a necessidade de pesquisar singularidades de tal temática emergente no campo da Educação e, especificamente, da História da Educação. Nesta perspectiva, tornou-se relevante optarmos pela realização de um estudo que envolva fontes históricas diversas. Tal estudo agrega algumas comarcas da 1ª Circunscrições Literárias de Minas Gerais, criadas por meio da Lei nº 281 de 16 de setembro de 1899 e decorrentes de dispositivos de “organização e fiscalização” das escolas em Minas Gerais. Trazemos como objetivo analisar representações de práticas educativas vinculadas aos processos de organização da instrução primária em áreas rurais de Minas Gerais. Além disso, entendemos que as práticas escolares se relacionam com a organização do ensino rural em Minas. Em termos metodológicos utilizamos fontes históricas como relatórios dos inspetores, termos de visitas, mensagens

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de presidentes, fotografias, jornais entre outras. O estudo da história das instituições escolares e suas práticas educativas possibilitam a compreensão de representações da educação rural, principalmente nos aspectos vinculados à educação de crianças no início do período republicano em Minas Gerais. Ao longo do desenvolvimento da pesquisa indagamos: Quais formas de representações de práticas educativas nos processos de instrução primária no meio rural são expressas nos documentos pesquisados? Inferimos que o setor rural, em termos educacionais, não se constituía como prioridade de investimentos para o Estado. Mesmo assim, ao tratarmos das questões econômicas encontramos indicativos nas fontes pesquisadas de que parte do desenvolvimento ou da modernidade de Minas Gerais estava vinculada ao meio rural. Constatamos, a partir das fontes acessadas, a existência de dois projetos de ensino em Minas. Um projeto voltado para as áreas urbanas, no qual os grupos escolares foram concebidos e instituídos. No segundo projeto houve o abandono das escolas rurais. Nele a precariedade do ensino se explicitava em diversas vertentes. Entre elas a ausência, inclusive, de salas de aula para os rurícolas. Acreditamos que com as análises e reflexões vinculadas à temática do ensino rural traremos contribuições para a história das instituições e práticas educativas em Minas Gerais em um determinado contexto histórico. Pesquisa financiada pela FAPEMIG e CAPES.

Educação secundária profissionalizante: economia rural doméstica em Uberaba/MG

(1953-1962)

Nilce Vieira Campos Ferreira – IFMT/PPGEd/UFU [email protected]

Essa comunicação tem a finalidade de delinear a formação para o Magistério em Economia Doméstica, na Escola de Magistério de Economia Rural Doméstica “Licurgo Leite”, em Uberaba (MG). O processo de investigação tece algumas teias da história do ensino secundário brasileiro. Explora a democratização do ensino público para a escolarização feminina. Permeia a pesquisa a ideia de Marc Bloch de que cabe à história compreender o passado pelo presente.

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O objetivo é analisar a escolarização do doméstico e as estruturas da educação profissional no curso de Magistério em Economia Rural Doméstica. Cabe ainda investigar algumas práticas pedagógicas cotidianas para ponderar os percursos que a instituição foi seguindo, no intuito de delinear a formação para o trabalho como prática essencial. Alguns questionamentos são levantados: Qual a identidade da escola de economia doméstica? Qual a formação técnica, profissional e formação geral oferecida? Ressalta-se que o Curso em Economia Rural Doméstica, gerido e mantido pela União, destinava-se à formação de profissionais para a aquisição de conhecimentos que transferissem à vida familiar noções básicas para a vida no lar, na alimentação, nas rotinas básicas de higiene. A pesquisa se vale de fontes escritas/ documentais como regimentos, programas de curso, imprensa local e oficial e fotografias para compor as transformações ocorridas na escola. Busca contribuir para o registro da memória e funcionalidade da instituição na educação profissional, em específico na formação educacional das mulheres. O escopo da educação era preparar o homem para as ocupações relacionadas à produção e a mulher para o serviço doméstico, cuidado com marido e filhos. Uma educação diferenciada para a mulher, na qual as atividades educativas deveriam vincular-se a trabalhos de técnicas fáceis, mas com os quais a aprendiza não podia deixar de travar conhecimentos aos quais, por sua vez, integrariam os princípios do trabalho coletivo. Na prática pedagógica diária, o trabalho era encarado como método comum. As alunas executavam trabalhos práticos de agulha, corte e confecção de peças de vestuário, cuidados de higiene e com a casa, culinária, tantos quantos possíveis. A criação e consolidação da Escola de Economia Doméstica representou expressão prática da aliança tácita entre o Estado e a oligarquia uberabense, estabelecendo uma educação conservadora para as mulheres em consonância com o programa brasileiro de civilização da sociedade pela escolarização. A escola tornou-se um meio de melhorar a vida das famílias, por meio da mulher, aprimorando costumes, condutas, saúde e condições de vida doméstica e da sociedade. Pesquisa Financiada pela CAPES.

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O retorno dos jesuítas na Bahia e a reação de grupos republicanos

Jaci Maria Ferraz de Menezes – UNEB Grupo Memória da Educação na Bahia

O começo do século XX assinala o retorno dos jesuítas ao nordeste do Brasil, em exilio, após a expulsão sofrida pela Companhia de Jesus por decreto da República de Portugal, em 1910. Esse acontecimento envolve resistência inicial de alguns segmentos republicanos, ao serem os portugueses proscritos impedidos de descer no porto da então capital da República brasileira, e a ação do Presidente Nilo Peçanha, ajudando a reverter essa proibição de entrada dos jesuítas no Brasil. Profissionais da imprensa baiana, por intermédio dos jornais Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Gazeta do Povo, A Bahia e Diário da Tarde veiculavam notícias e matérias contrárias ao retorno dos jesuítas, lembrando a orientação constitucional em vigor de um Estado laico, sobre o que concordavam alguns acadêmicos da Faculdade de Medicina e da Escola de Direito da Bahia. Foi publicado no primeiro desses jornais, em edição de 11 de fevereiro de 1911, um longo editorial sob o título “Os Jesuítas na Bahia”, opondo-se a vinda desses religiosos para o Estado, mesmo quando os religiosos já estavam instalados na residência de Santo Antônio da Barra. O editorial era ofensivo. Afirmava que os religiosos eram mais “fidalgos que aqui vieram fazer uma viagem de recreio, do que expulsos da pátria por pecados que, certamente, por nós não foram cometidos”. Os jesuítas foram acolhidos em Salvador por dom Jerônimo Tomé de Souza. O arcebispo desejava melhorar o ensino primário na capital e orgulhava-se de haver ajudado na instalação de outras ordens religiosas e de dois colégios católicos, dirigidos por religiosos, em Salvador. Em 1900 foi criado o Liceu Salesiano. E, em 1905, os Maristas fundaram a Escola São Pedro, que recebeu esse nome porque funcionava nas dependências da Irmandade de São Pedro dos Clérigos. Mudaram-se para o Corredor da Vitória e a escola passou a se chamar Colégio Nossa Senhora da Vitória e, posteriormente, para o bairro do Canela, onde passou a ser conhecido por Colégio Marista. O terceiro colégio religioso numa cidade de mais de duzentos mil habitantes não era visto como inviável ou acirrada concorrência, e sim, como símbolo

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dos avanços educacionais na capital. Para os jesuítas, o colégio serviria para manter a coesão do grupo e reorganizar a Província portuguesa dispersa. Entretanto, apesar dos esforços de dom Jerônimo Tomé de Souza, o retorno dos jesuítas a Bahia não se deu de modo tranquilo. Dois organismos, com forte atuação e influência na capital baiana, demonstraram apoio ao novo governo português: o Grêmio Republicano Português e a Liga Anticlerical. Ultrapassada a crise, instalam-se o colégio António Vieira em Salvador e o Colégio S. Luiz em Caetité. No de Caetité, onde vivia a família Ramos Teixeira, iniciam-se nos estudos secundários Anísio Teixeira e seu irmão; junto com um grupo de alunos, eles se deslocam para Salvador, acompanhados pelo Pe. Cabral, provincial e responsável pela instalação dos colégios.

Do exílio dos jesuítas portugueses em outra República: cartas, histórias e educação jesuíticas

e os primeiros anos do Colégio Nóbrega em Recife-Pernambuco (1917-1920)

Carlos Ângelo de Meneses Sousa – PPGE/UCB [email protected] /[email protected]

As cartas, em tempos de internet e e-mail, certamente já não têm o mesmo espaço que outrora ocupava na informação, na partilha, formação e fortalecimento de laços sociais e afetivos entre indivíduos, grupos e coletividades. Contudo, esses documentos foram e ainda são, uma fonte riquíssima de pesquisa, especialmente quando se trata, na historiografia, de uma fonte primária. É um privilegiado registro de como seu remetente apercebia seu meio e, direta ou indiretamente sua época, bem como a si mesmo. A carta, como prática de escrita, de registro de intenções e comunicação, pode velar e desvelar, tanto as tramas e tessituras de uma época, quanto algo sobre quem a remete e sobre quem a recebe. A missiva, em suas variadas formas, apresenta-se como gênero discursivo, bem como, para Bakhtin e Voloshinov em “Marxismo e Filosofia da Linguagem: Problemas Fundamentais do Método Sociológico na Ciência da Linguagem” asseveram que “cada época

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e cada grupo social têm seu repertório de formas do discurso na comunicação sócio-ideológica”. As cartas nos possibilitam incursionar os labirintos e veredas dos pertencimentos políticos e filiações institucionais. Este trabalho visa apresentar, sobretudo, a partir de cartas escritas pelos superiores dos Jesuítas da Província portuguesa e da Missão do Brasil, como os jesuítas portugueses vindos ao Brasil, pela segunda vez, após sua expulsão de Portugal com a instauração da República, iniciaram as suas atividades educativas e religiosas nas terras pernambucanas, mormente com o colégio Nóbrega em 1917. Adotamos o período compreendido entre 1917 a 1920, por se constituir os primeiros anos do referido colégio, bem como pela disponibilidade das fontes cotejadas. Para tal estudo foram selecionadas, em sua maior parte, as cartas do então Provincial da Província portuguesa, o Padre Antônio Oliveira Pinto, no período de 1 de setembro de 1912 a 10 de abril de 1919 e depois, como superior da Missão do Brasil no período de 3 de dezembro de 1919 a 20 de setembro de 1924, conforme Foulquier em sua obra “Jesuítas no Norte: segunda entrada da Companhia de Jesus” (1940). O cotejamento das fontes primárias nos possibilitou evidenciar, entre outros aspectos, que: a) a ação dos inacianos portugueses fora marcada por uma constante lembrança da expulsão, vivência do exílio, e desejo de retorno para Portugal; b) tal fato, embora não os impedindo de dar continuidade, com êxito, a sua missão educativa, de certa forma, os colocavam, permanentemente, em estado de reserva quanto a desenvolverem e ampliarem suas atividades, desde a decisão de fundação do colégio Nóbrega, até sua ampliação e, c) certa resistência e dificuldade de abertura para (re)conhecer a realidade política, religiosa e educacional nacional e local.

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A volta da companhia de Jesus ao Nordeste do Brasil e a civilidade católica das instituições educativas dos jesuítas portugueses no Ceará entre a primeira República e o Estado Novo

Maria Juraci Maia Cavalcante – UFC [email protected]

Trata de parte da Missão Setentrional da Província Portuguesa Dispersa, criada em função da expulsão da Companhia de Jesus pela República de Portugal, com base na memória histórica dos jesuítas, caso de Ferdinand de Azevedo e tantos outros, que a decisão de exílio no Brasil, teve forte apoio do Clero da Bahia, onde a Ordem viria a fundar o Colégio António Vieira e a sede da Província dos Jesuítas Portugueses, estendendo-a depois para Belém do Pará, São Luís do Maranhão e Recife, em Pernambuco - com o apoio de Dom Sebastião Leme da Silveira e Cintra, seu Bispo - onde fundam o Colégio Manoel da Nóbrega e uma Residência. Toma como foco a chegada desses Jesuítas, em 1919, a Fortaleza, no Ceará, através de acordo entre o superior da Missão, Padre António Pinto, e do Bispo daquela localidade, Dom Manoel Gomes, para instalar um Noviciado e Casa de Formação. Revela que a instalação daqueles missionários em terra alencarina se dá em meio a uma recepção positiva, tanto da Igreja, quanto do Estado, a essa ação pastoral e educacional, a qual pode ser assim resumida: 1) construção e organização de uma Escola Apostólica na Serra de Baturité/Sítio Olho D’água, cuja construção foi iniciada em 1922 e sua inauguração dada em 1929; 2) estabelecimento de uma Residência dos Jesuítas em Fortaleza, projeto que dará lugar também à Igreja e depois Paróquia do Cristo-Rei, na Aldeota, bairro de expansão da zona central e mais antiga de Fortaleza, onde teve início a Casa de Retiros/Exercícios Espirituais, a Pré-Escola, Escola-Externato e Ginásio, que seria transformado depois em colégio; 3) criação de um Colégio, no ano de 1960, em Fortaleza (Colégio Santo Inácio), depois transferido da rua Gonçalves Ledo para a Avenida Desembargador Moreira/ Bairro de

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Dionísio Torres, em 1963, o qual existe até os dias atuais, tendo já formado várias gerações de alunos da escola fundamental e média, que formam em parte uma elite intelectual e política de destaque na cidade e no Estado do Ceará; 4) criação da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na área de Mondubim, em 1956, por decreto de Dom António de Almeida Lustosa, Arcebispo de Fortaleza. Conclui que o delienamento do contorno da civilidade católica e ação educativo-cultural dos Jesuítas no Ceará, no século XX, através das citadas instituições foi favorecida ainda pela criação, circulação e recepção de periódicos católicos e jesuíticos, como é o caso da Revista Brotéria, do jornal O Nordeste no e de novos periódicos locais, caso de A Voz de Cristo Rei, que começa a circular em Fortaleza, no ano de 1931. Feito esse mapeamento evidencia como os jesuítas portugueses exilados no Ceará foram recepcionados no meio católico e político local e participaram naquele período da discussão em torno de um projeto educacional para o Brasil e de fortalecimento do catolicismo no Ceará.

Gabriel Malagrida e os clássicos latinos: um itinerário de formação

Maria das Graças de Loiola Madeira - UFAL [email protected]

Este texto é parte de uma pesquisa mais ampla sobre “O perfil de formação do jesuíta italiano Gabriel Malagrida (1689-1761)”, que percorreu por quase 30 anos as atuais regiões Norte e Nordeste do Brasil, fundando obras assistenciais. A intenção aqui é compreender a dimensão pedagógica e literária de sua formação, tendo o apoio de fontes localizadas em arquivos e bibliotecas italianos e brasileiros entre 2011 e 2012. Alguns escritos do missionário foram consultados, como o opúsculo O Juízo da verdadeira causa do terremoto que padeceu a Corte de Lisboa no primeiro de novembro de 1755, publicado em 1756; duas obras consideradas heréticas pelo Santo Oficio, uma delas era o Império do AntiChristo; um drama teatral

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de nome Aman, composto para alunos de um colégio jesuítico, além de cartas trocadas com a Marquesa D. Eleonora publicadas em 1761. Observa-se em seus escritos referências a Virgilio, considerado por ele “o príncipe dos poetas”, particularmente na obra Le Georgiche, ao redigir o referido opúsculo e interpretar o Terremoto de Lisboa em 1755, como efeito de um castigo divino. No Império do AntiChristo ele se ampara em Metamorfosi de Ovídio, ao nomear uma das personagens de nome Proserpina e remeter a interpretação do Anticristo a uma das “três fúrias infernais. Na elaboração do drama Aman ele se apropria do par virtus/furore das tragédias senecanas para provavelmente desqualificar o ministro português Sebastião Carvalho e Melo, considerado o grande inimigo da Companhia de Jesus e responsável por incriminá-lo junto à Corte do Santo Ofício. E finalmente, no conjunto de cartas trocadas com a Marquesa, Malagrida elabora um discurso irônico e sarcástico para avaliar aqueles doutores, sábios e santos, que, em nome da providência, da lei, da devoção e da ciência condenaram a obra da Companhia de Jesus e o levaram a Inquisição.Tal estilo de pensamento encontra uma reflexão nos estudos italianos de História da Educação sobre a ironia, sobretudo as publicações de Cambi (2010), Cambi & Giambalvo (2008) e Mariani (2008), nas quais a consideram como um modo de pensar que liberta e que emancipa o indivíduo, porque resguarda a individualidade que luta para não se deixar aprisionar, põe o espírito em movimento, em condição de autonomia e de superioridade (CAMBI, 2010). Neste sentido, seus escritos serviram de revide às acusações e ofensas sofridas e também como defesa de sua biografia e da Ordem inaciana, por isso, não eram apenas resultado de uma mera retórica para deleite dos fieis. É possível dizer que para Malagrida aquela maneira de pensar expressava um modo de defesa, de salvar-se temporariamente de uma situação de profundo sofrimento, por sedar a cólera pela arte e pela sátira. Assim, a leitura de seus escritos permitiu conhecer um homem de pensamento refinado, que quando moralmente desqualificado demonstrava uma capacidade extraordinária de transformar em arte as ofensas, tomando como amparo seu patrimônio cultural e literário.

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Interfaces disciplinares dos regulamentos gerais da Instrução na Parahyba do Norte

(1849-1886)

Itacyara Viana Miranda – PPGE/UFPB [email protected]

Para apreendermos os processos correspondentes à disciplina no que se refere à instrução na Parahyba do Norte, se faz necessário identificar as propostas implementadas pelo governo para regulamentar os dispositivos de poder que passariam a atuar nas aulas públicas e particulares da Província. Nesse sentido, a disciplina enquanto objeto de pesquisa vem sendo definida com base nos referenciais teóricos de Foucault, que a compreende (disciplina) enquanto um conjunto de métodos que permitem o controle do corpo, que contribuem com a sujeição constante de suas forças e tornam os homens mais dóceis e úteis. A disciplina se torna a responsável por introjetar nos sujeitos sociais a noção do limite, demarcando proibições, estabelecendo normas de comportamento e racionalizando punições, de modo a criar responsabilidades e de constituir uma hierarquização das funções dos gestores públicos instrucionais - diretor da instrução, inspetor, comissário literário, secretário, bedel, amanuense - até chegar aos professores e aos alunos. Partindo desses pressupostos, é que objetivamos apreender a disciplina enquanto um processo que dá margem aos atos punitivos - castigos físicos - mas não só isso, passam a atuar na esfera dos castigos morais e na conformação dos padrões civilizacionais que estavam sendo perseguidos no Oitocentos. Para este trabalho utilizamos como corpus documental os Regulamentos Gerais da Instrução: Regulamento de 1849 encontrado na Coleção Documentos da Educação Brasileira, publicado pelo (INEP, 2004); Regulamento de 1860, coletado na Biblioteca da Faculdade de Direito do Recife; Regulamento de 1884, identificado no Arquivo Histórico Waldemar Bispo Duarte - Funesc; e o Regulamento de 1886, também encontrado na coleção do INEP. Todos estes regulamentos são fontes de caráter oficial, que nos apontam quais os referenciais disciplinares que deveriam ser adotados pelos sujeitos na instrução na Parahyba do Norte.

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Caderno de Resumos - Eixo 7

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Vão ser eles, os Regulamentos Gerais da Instrução, a base da justificativa do nosso recorte temporal, uma vez que estamos trabalhando com um espaço de tempo que vai da primeira publicação de um Regulamento Geral da Instrução, 1849 até o ano da última publicação de um Regulamento Geral da Instrução na Parahyba, 1886. O trabalho segue amparado nos referenciais teóricos e metodológicos trazidos pela Nova História Cultural, que contribui para o emprego de um “novo” olhar acerca dos estudos relacionados à história da educação, que cada vez mais passa a incorporar abordagens que buscam identificar às formas e práticas instrucionais no século XIX, dentre as quais destacamos aqui a disciplina e a punição na legislação de uma das províncias mais antigas do Brasil, qual seja, a Província da Parahyba.

Castigos escolares oitocentistas: alinhavando discursos, legislações e práticas

Milena Aragão – PPGE/UFS/ FAPITEC mi.aragã[email protected]

Os castigos são práticas utilizadas para repreender comportamentos inadequados presentes em diversos espaços e relações sociais. Durante séculos eles se propuseram a dois fins: punir o mau comportamento e a dificuldade de aprendizagem. Chicotes e palmatórias faziam parte dos objetos utilizados por pais e professores para educar crianças, mantendo a ordem e a disciplina. Todavia, a partir do século XIX tais práticas tornaram-se proibidas no espaço escolar em decorrência da Lei Imperial de 15 de outubro 1827 que - entre outras prescrições - torna proibido o castigo corporal, sendo substituído pelos de cunho moral, baseado no método lancasteriano. Ora, a partir de que contexto histórico, cultural e social os castigos ganham relevância, entrando como pauta de discussões de intelectuais e preocupação de professores e família? Tendo como solo este questionamento, o presente texto visa investigar as práticas de castigos escolares como construções histórico-culturais, em relação com as legislações que as produziram e, ao mesmo tempo, com as práticas cotidianas. Em outras palavras, abro os portões da escola para investigar como os ordenamentos legais foram apropriados por professores, gestores e pais,

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Caderno de Resumos - Eixo 7

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sendo explicitadas vozes contrárias e favoráveis aos castigos físicos e morais. Trago à tona os conflitos e contradições, bem como problematizo as legislações, entendendo que não existem por si só, mas que estão em constante interação com o contexto, imersos num conjunto de relações sociais, formando e conformando praticas, tendo caráter histórico e político. Neste ínterim, além da Lei Imperial de 1827, pesquiso textos normativos sobre os castigos nas legislações provinciais, a fim de investigar como algumas Províncias brasileiras apropriaram-se dos castigos lancasterianos, a exemplo de Sergipe e Maranhão. Importante destacar que escolho abordar o marco temporal oitocentista, por ser a partir deste período que a temática dos castigos é discutida na legislação. Para transitar por este solo, dialogo com Roger Chartier, Michel de Certeau, Viñao Frago, Norbert Elias, Edward Thompson, Luciano Mendes Faria Filho entre outros autores capazes de me levar por entre as tramas das relações e tensões sócio-culturais; das práticas e representações de sujeitos ordinários, interrogando a pluralidade do cotidiano, os modos de pensar, dizer e fazer dos agentes que compõe a escola. Finalizo o texto através de uma reflexão acerca da existência de um repertório pedagógico sobre os castigos, sendo parte da cultura daquele tempo histórico, fazendo referência, também, à distância existente entre as prescrições oficiais e as práticas ordinárias, bem como aos castigos como relações que marcam a vida dos sujeitos.

Técnicas diciplinares - correlação corpo e gesto na formação das meninas do oratório

festivo São João Bosco

Nadja Santos Bonifácio – UNICAMP/MEMÓRIA [email protected]

A presente comunicação é parte de pesquisa de mestrado que analisou as práticas festivas, educativas e religiosas do Oratório Festivo “São João Bosco” – uma instituição de ensino para meninas pobres e órfãs localizada na cidade de Aracaju/Sergipe, a investigação abrangeu os períodos de 1914 a 1952. Tem por objetivo discutir sobre as práticas disciplinares ocorridas na instituição. Podemos entender as práticas disciplinares como um

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Caderno de Resumos - Eixo 7

893 Sumário Eixo 7

conjunto de articulações que procuram incorporar no indivíduo hábitos de organização e ordem, como exemplo a distribuição e racionalização do tempo e do espaço, bem como os movimentos deste indivíduo num determinado espaço. Tendo em vista que a instituição utilizava o Sistema Preventivo Salesiano como modelo educativo, uma das principais normas do Oratório Festivo “São João Bosco”consistia em não deixar a aluna desocupada. Pelo regulamento todo o tempo deveria ser preenchido com diversas ocupações e obrigações, não deixando margem para pensamentos evasivos e cometimento de erros. Outra regra importante seguida na instituição deu-se com a padronização dos uniformes, sendo uma forma de igualar as alunas ocultando seus gostos e individualidades. Percebemos na pesquisa que no ensino oferecido procurava-se introduzir a disciplina nas mais variadas atividades, como as aulas de Prendas Domésticas, as aulas de trabalhos manuais, o ensino formal, e mesmo nos momentos de brincadeiras. Neste trabalho buscamos, portanto, mostrar as faltas cometidas pelas ex-alunas e o modo como às mesmas articulavam suas transgressões, como também descrever as formas de articulações desenvolvidas pela instituição para manter a ordem e disciplina entre as alunas. Desse modo, as práticas disciplinares empregadas desde o fardamento, as restrições, as punições e até mesmo comandos ou sinais (sino, o canto da Ave Maria todos os dias às seis da tarde, o Bom dia, o Boa tarde e o Boa noite), foram tipos de controle que davam o tom da organização no estabelecimento e ainda contribuíram para a distribuição das alunas no espaço de forma disciplinar. Dessa maneira, foi primordial para o desenvolvimento do texto, além da documentação iconográfica, os depoimentos das ex-alunas, bem como documentos escritos, tais como: livro de matrícula, livro de crônicas, regulamentos, relatórios, impressos, dentre outros. Utilizou-se como aporte teórico-metodológico a concepção de disciplina de Michel Foucault, o conceito de “tática” de Michel de Certeau e a noção de autocontrole de Norbert Elias.

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Caderno de Resumos - Eixo 7

894 Sumário Eixo 7

Práticas disciplinares em instituições de ensino: relações históricas entre normas e cotidiano

Milena Aragão – PPGE/UFSE/ FAPITEC mi.aragã[email protected]

Itacyara Viana Miranda – PPGE/UFPB [email protected]

Nadja Bonifácio – PPGE/UNICAMP [email protected]

Jeová Silva Santana – UNEAL [email protected]

O presente texto tem como objetivo investigar as práticas disciplinares como construções histórico-culturais, em relação tanto com os ordenamentos legais, quanto com o cotidiano das salas de aula. Para trabalhar com este tema nos apoiamos no conceito de disciplina a partir de Foucault, que a compreende como um conjunto de métodos que permitem o controle do corpo, contribuem com a sujeição de suas forças e tornam os homens mais dóceis e úteis. A disciplina se torna a responsável por introjetar nos sujeitos a noção do limite, demarcando proibições, estabelecendo normas de comportamento e racionalizando punições. Assim, as práticas disciplinares são como um conjunto de articulações que procuram incorporar no indivíduo hábitos de organização e ordem. Partindo desses pressupostos, objetivamos apreender a disciplina como um processo que atua, também, nas esferas dos castigos físicos e morais, formando e conformando padrões civilizacionais, sendo a ênfase nos castigos o fio condutor deste texto. O ponto de partida para as discussões são as legislações de ensino do século XIX que incidem sobre as práticas de castigos escolares proibindo o uso de castigos físicos e substituindo-os pelos morais, baseado no método lancasteriano, conforme a Lei Imperial de 15 de outubro de 1827. Após a autonomia das províncias (com o ato de 12 de agosto

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Caderno de Resumos - Eixo 7

895 Sumário Eixo 7

de 1834), as legislações de ensino apresentaram características diferenciadas sobre o uso dos castigos nas escolas, culminando em práticas diversas nas províncias brasileiras. Nesse sentido, no primeiro momento do artigo serão abordadas as propostas implementadas pelos governos provinciais para regulamentar os dispositivos de poder que passariam a atuar nas escolas, a exemplo de Sergipe, Maranhão e Parahyba do Norte. Posteriormente, serão abertos os portões de algumas instituições de ensino maranhenses, sergipanas e parahybanas e investigados como tais regulamentos foram apropriados por docentes, alunos e famílias, tendo, também, textos literários como objeto de consulta. Serão explicitados os conflitos e contradições, bem como problematizadas as legislações, entendendo que não existem por si só, mas que estão em constante interação com o contexto, imersos num conjunto de relações sociais, formando e conformando praticas que, muitas vezes, transitam pelos séculos a aportam nos 1900 ainda com força. Para transitar por este solo dialogamos com Michel Foucault; Roger Chartier e os conceitos de práticas, representações e apropriação; Michel de Certeau, com os conceitos de estratégia e tática; e Norbert Elias, a partir dos conceitos de civilização e autocontrole, entre outros autores capazes de nos levar por entre as tramas das relações e tensões socioculturais; das práticas e representações de sujeitos ordinários, interrogando a pluralidade do cotidiano, os modos de pensar, dizer e fazer dos agentes que compõe a escola.

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Eixo 8

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Caderno de Resumos - Eixo 8

897 Sumário Eixo 8

A “luz sobre as trevas”: debates sobre a relação disciplina-civilização na província da

Parahyba do Norte

Itacyara Viana Miranda – PGE/UFPB [email protected]

Os homens letrados responsáveis pelas ideias que permitiram a organização da instrução pública e particular na Província da Parahyba do Norte do Oitocentos entendiam que a instrução devia ser o caminho por meio do qual se alcançaria a civilização e a disciplina o seu meio. Civilização seria o estágio do desenvolvimento humano, que nos permite projetar a ideia de progresso, seja em decorrência das práticas, atitudes e ou comportamentos que se efetivavam no seio dos grupos sociais e a disciplina seria a responsável por enquadrar e introjetar nos sujeitos as regras de conduta e as normas de boa convivência. Juntas, disciplina e civilização, passavam a dividir um espaço em comum, qual seja, o universo instrucional. Partindo desses pressupostos, o trabalho que aqui se apresenta tem por objetivo discutir a instrução e os seus processos de disciplinarização enquanto elementos norteadores da formação de sujeitos civilizados. Autores como Azevedo (1971); Nobert Elias (1994); Terry Eagleton (2005); e Michael Foucault (2009) se apresentam enquanto interlocutores desse diálogo – debate – que aqui se realizará. Para esse estudo o nosso corpus documental compreende os jornais da Província da Parahyba: A Regeneração; Diário da Parahyba; Gazeta da Parahyba; Jornal da Parahyba, O Publicador e Arauto Parahybano, coletados no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP. Os periódicos EchoEscolastico, O Norte e Correio Noticioso disponíveis no site (www.cchla.ufpb.br/jornaisefolhetins) e os jornais O Solicito e O Estudante localizados no setor de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O recorte temporal escolhido para este estudo vai da década 1860 a década de 1880, período em que há um maior volume de notícias nos jornais paraibanos do século XIX que tratam da tríade instrução, disciplina e civilização. Além disso, destacamos que a década de 1860

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foi marcada por uma grande reforma na instrução pública e particular na Província – Lei nº 178 de 30 de novembro de 1864,bem como a década de 1880, que teve a publicação de dois grandes Regulamentos Gerais da Instrução, um no ano de 1884 e outro no ano de 1886. Com relação às concepções teórico-metodológicas o nosso texto segue amparado na Nova História Cultural, que contribui para o emprego de um “novo” olhar acerca dos estudos relacionados à história da educação, abrindo margem para abordagens como a nossa, que visa identificar no universo da instrução aspectos disciplinares que, provavelmente, possam ter contribuído para a formação de sujeitos capazes de cumprirem com as regras sociais vigentes na Província da Parahyba do Norte.

A apropriação das concepções educacionais de John Dewey na educação infantil brasileira

(1934-1971)

Michele Varotto – UFSCar [email protected]

Alessandra Arce – UFSCar [email protected]

John Dewey, um dos grandes nomes da Pedagogia Contemporânea, deixou um legado educacional amplo; seus preceitos de atividade, vitalidade, liberdade, individualidade e coletividade, alçaram um novo “vôo” em relação às propostas educativas, visando inovar, aperfeiçoar e vitalizar a educação. Para isso, propõe um ensino imerso na vida, tendo nesta referência para o desenvolvimento dos conteúdos necessários. Desta forma, esse estudo tem por objetivo apreender e analisar como as concepções de educação de John Dewey foram apropriadas para se “pensar” a Educação Infantil brasileira entre 1934 (fundação do Departamento Nacional da Criança no Brasil) e 1971 (data que marca uma ruptura com as novas propostas liberais de educação, adotando uma postura mais rígida baseada

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nos preceitos militares, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases 5692/71, que marca a reforma da educação brasileira, moldando-a de acordo com os preceitos que a Ditadura Militar propunha, visando segundo Germano (2005), preservar sua legitimidade). O levantamento preliminar realizado demonstra que durante o período delimitado, alguns nomes se destacam na produção bibliográfica, tornando-se referências para esse nível educacional no país, dentre os quais se destacam: Celina Airlie Nina; Heloísa Marinho; Odilon de Andrade Filho e NaziraFéres Abi-Sáber. Autores que se demonstram ativos nos debates educacionais nacionais e, cujas proposições para a educação dos menores de 6 anos no Brasil, estiveram imersas nas políticas nacionais da época, trazendo em seus materiais discussões, diretrizes, análises e descrições de atividades para os pequeninos. Tendo, suas obras sido publicadas por diferentes órgãos como: o Departamento Nacional da Criança (DNCr); Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP); Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar (PABAEE) e com o Centro de Estudos e Pesquisas Helena Antipoff da Sociedade Pestalozzi do Brasil. Assim, busca-se compreender a forma com que as ideias educacionais de John Dewey foram incorporadas, visando desvelar até que ponto as mesmas estiveram imersas no movimento higienista/assistencialista que eclodia no Brasil durante o período delimitado, mais especificamente, na educação de crianças menores de seis anos. A pesquisa corresponde a uma investigação de caráter teórico-bibliográfico tendo como princípios norteadores e categorias de análise das Ideias Pedagógicas elucidadas por Saviani (2007), dentre os quais temos: Caráter concreto do conhecimento histórico educacional; Perspectiva de “longa duração”; Olhar analítico-sintético no trato com as fontes; Articulação do singular e do universal; Atualidade da pesquisa histórica. O referido estudo, por sua vez, encontra-se em andamento.

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A Associação Paraibana pelo Progresso Feminino (APPF) e suas ações de incentivo à

leitura (1933-1937)

Maria Lúcia da Silva Nunes [email protected]

Charliton José dos Santos Machado – UFPB/Campus I [email protected]

Este texto origina-se de pesquisas realizadas junto ao Histedbr/GT/PB, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFPB), mais especificamente, a partir das discussões empreendidas pelos projetos Patronesses de escolas públicas: suas memórias e contribuições à educação paraibana (1930 – 1950), e Educação e educadoras na Paraíba do século XX: práticas, leituras e representações. O objetivo deste artigo é identificar as ações da APPF como incentivo às práticas de leitura de suas associadas e outras mulheres alcançadas por sua atuação. A APPF foi criada em 1933, em João Pessoa, capital paraibana, nos moldes da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (1922), que tinha como objetivo principal a luta pelos direitos da mulher brasileira, principalmente no que concerne ao direito de votar, estabelecendo como condição precípua para a emancipação feminina o acesso da mulher à educação. Tal e qual sua matriz, a APPF empreendeu ações que visavam ampliar o acesso da mulher paraibana à educação, criando vários núcleos que discutiam formação política, línguas estrangeiras, cultura brasileira, literatura, prendas domésticas, cultura física, geografia, história pátria, música etc. Inspirando-se nas possibilidades abertas pela Nova História Cultural em termos de fontes, objetos e abordagens, faz-se uso do paradigma indiciário, e através de pistas deixadas em artigos publicados na Página Feminina no jornal A União, entre os anos de 1933 a 1937, busca-se identificar as práticas de leitura desenvolvidas pela referida associação, bem como o material de leitura disponibilizado: livros, revistas, jornais. A análise das fontes

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permite destacar algumas ações empreendidas com este fim, a saber: a criação de um núcleo de literatura, a implantação de uma biblioteca, a realização de sessões literomusicais nas quais se faziam declamações, o incentivo a que as associadas publicassem poemas na Página Feminina, a campanha para doação de livros, a divulgação do acervo da biblioteca, entre outras. Dessa forma, a associação cumpria com um de seus principais objetivos exposto no primeiro item de seu estatuto: a promoção da educação da mulher. Por fim, acredita-se que ao implementar atividades enfocando a leitura e divulgar o material de leitura que compunha sua biblioteca, a Associação Paraibana pelo Progresso Feminino dava-se a ler.

A campanha pela sobrevivência da escola primária superior em Portugal no final da

Primeira República

Luiz Carlos Barreira – Universidade Católica de Santos [email protected]

Este trabalho focaliza as propostas de reforma do ensino primário superior pleiteadas por professores que atuavam nesse grau de ensino, em resposta à decisão do Governo português, tornada pública em 1924, de fechar as escolas que o ofertavam. Esses professores se mobilizaram e criaram, nesse mesmo ano, uma associação, o Grêmio dos Professores das Escolas Primárias Superiores, com o objetivo de promover uma campanha pela sobrevivência da escola primária superior e pelo aperfeiçoamento do ensino nela ministrado. No ano seguinte, criaram também um jornal, O Ensino do Povo, com a finalidade de divulgar o programa e as ações do Grêmio. As lutas travadas em torno do ensino primário superior no final da primeira República portuguesa são aqui tomadas como uma evidência dos conflitos de interesse então existentes no que respeita ao controle que o governo e a sociedade civil organizada queriam ter e exercer sobre a educação dos trabalhadores urbanos, ou seja, sobre a educação

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dita “popular”. De acordo com as fontes bibliográficas até aqui consultadas, os primeiros republicanos portugueses, ao investirem no desenvolvimento do ensino primário superior, tinham por objetivo alongar a escolaridade básica da população para oito anos; mas, segundo essas mesmas fontes, tal empreendimento teve uma concretização muito reduzida e não conseguiu alterar a estrutura do sistema escolar português. Talvez por essa razão, o Governo, por intermédio do seu Ministro da Instrução, António Sergio, teria decretado a extinção das escolas primárias superiores em Portugal. O Grêmio, criado em resposta a essa ação do Estado, defendia a tese de que as escolas primárias superiores funcionavam e, com o objetivo de dar visibilidade às práticas pedagógicas dessas instituições, visitaram várias delas – parte significativa situada na região norte do país, pois a agremiação reunia, basicamente, professores radicados nessa região – e elaboraram relatórios circunstanciados das visitas realizadas. Esses relatórios foram publicados no jornal O Ensino do Povo e trazem informações sobre instalações, material didático, habilitações do corpo docente e frequência dos alunos, quase sempre acompanhados de fotografias. O Grêmio apostava, entre outras medidas, na ampliação da oferta de cursos noturnos e vespertinos e conferia à educação feminina uma atenção especial, propondo, neste caso, cursos de economia doméstica. Conhecer as propostas de reforma e de aperfeiçoamento do ensino primário superior pleiteadas pelo grêmio de professores aqui referido e os relatos das visitas que membros desse grêmio fizeram a várias escolas primárias superiores, tendo por base o que foi divulgado no jornal O Ensino do Povo, é o objetivo deste trabalho. A consecução desse objetivo subsidiará os estudos e investigações sobre circulação de modelos sociopedagógicos que o autor vem realizando, nos quais dedica especial atenção aos modelos que orientavam a formação das classes trabalhadoras urbanas no início do século XX.

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A circulação das ideias de Heloísa Marinho em Florianópolis e sua presença no “projeto

núcleos de educação infantil”, de 1976

Patrícia Regina Silveira de Sá Brant – Udesc [email protected]

Gladys Mary GhizoniTeive – Udesc [email protected]

O presente artigo é parte de pesquisa de mestrado, em andamento, desenvolvida na linha de História e Historiografia da Educação, a qual investiga o início da educação infantil na rede pública em Florianópolis, na década de 1970, no contexto da implantação da educação pré-escolar em massa no Brasil. Criado a partir do “Programa Nacional de Educação Pré-Escolar”, proposto pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 1975, o “Programa Educação Pré-Escolar no Município de Florianópolis”, datado de 1976, teve, segundo seus idealizadores, forte influência das ideias da professora paulista, radicada no Rio de Janeiro, Heloisa Marinho. Essa professora pesquisadora, pela sua trajetória acadêmica e profissional, adquiriu notoriedade sendo considerada “a educadora de quase todas as educadoras dos Jardins de Infância na cidade do Rio de Janeiro”, da década de 1930 até finais de 1970. Analisamos o modo como suas ideias circularam na capital catarinense e como foram apropriadas no documento que implantou a educação infantil pública em Florianópolis. Para tal, lançamos mão de pesquisa documental: “Diagnóstico Preliminar da Educação Pré-Escolar no Brasil”, “Educação Pré-Escolar – uma nova perspectiva Nacional”, publicados pelo MEC em 1975 e o “Projeto Núcleos de Educação Infantil”, de 1976, que lançou o “Programa Educação Pré-Escolar no Município de Florianópolis”. Na pesquisa bibliográfica: obras, de Heloisa Marinho e sobre ela. Também utilizamos entrevistas com a elaboradora da proposta florianopolitana, com a primeira coordenadora do referido programa e uma das primeiras professoras contratadas. Para tal apreciação, utilizamos os postulados sobre a análise crítica do discurso propostos por Norman Fairclough e o conceito de apropriação de Roger Chartier. A investigação apontou que a circulação

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das ideias de Heloisa Marinho em Florianópolis deu-se de modo inusitado: a elaboradora da proposta para a educação pré-escolar desse município era, nos anos de 1970, referência nessa área. Coordenou e implantou o primeiro curso, em Florianópolis, voltado para a formação de professores para a pré-escola: o Curso Técnico Materno Infantil do Colégio Coração de Jesus, mantido pelas Irmãs da Divina Providência. Representou Santa Catarina no “I Encontro Nacional de Coordenadores de Educação Pré-Escolar dos Sistemas de Ensino”, realizado pelo MEC, em 1975. Seu conhecimento acerca das ideias de Heloisa Marinho e sua experiência na rede particular, aliado às diretrizes nacionais, lhe serviram de base para elaborar o “Projeto Núcleos de Educação Infantil”, a qual mesclou de forma ímpar os postulados da educação compensatória – que alicerçavam o projeto nacional – aos pressupostos escolanovistas de Heloisa Marinho, produzindo uma proposta sui generis para a educação infantil do município de Florianópolis.

A circulação de ideias da escola nova: perspectiva da vertente católica sobre a prática

de ensino (1946-1961)

Manuela Priscila de Lima Bueno Unesp – Campus Rio Claro [email protected]

Essa comunicação apresenta resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado “Os manuais pedagógicos como prescrição prática para o magistério: interpretações da Escola Nova para a Prática de Ensino (1946-1961)”, que intenta contribuir para a compreensão do movimento de circulação de ideias da Escola Nova, nas suas diferentes interpretações, no estado de São Paulo, no período acima delimitado. Para tanto, foram analisadas as diretrizes educacionais consolidadas nos programas de ensino, publicados através de portarias da Secretaria de Estado da Educação e manuais didáticos produzidos para uso no ensino normal, entendendo-os como mediadores entre as normas legislativas e a prática docente. No presente estudo, a análise incide sobre a

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vertente católica das ideias da Escola Nova, tomando como fonte documental principal, os manuais Noções de Prática de Ensino, de autoria de Theobaldo Miranda Santos (1951) e Prática de Ensino, de autoria de Afro do Amaral Fontoura (1960), ambos destinados à disciplina Prática de Ensino presente no currículo dos Cursos Normais. A grande difusão desses manuais, comprovadas por sucessivas edições (respectivamente, com sete edições entre os anos de 1947 e 1958 e com oito edições entre os anos de 1960 e 1967), indicam a força editorial dessa vertente e a utilização do impresso pedagógico na luta pela hegemonia do campo educacional e contribuem para evidenciar que o conflito entre católicos e liberais (analisado, entre outros, por Marta Carvalho) estendeu-se por várias décadas. A literatura pedagógica foi alvo de investimento do grupo católico, objetivando difundir a pedagogia renovada, interpretada sob os pressupostos e valores religiosos, pois os manuais analisados traziam como referências centrais as obras de John Dewey e Edouard Claparède e, ao mesmo tempo, moldavam-se de acordo com as censuras de Everardo Backheuser, liderança católica no contexto da ebulição das ideiasescolanovistas dos anos de 1930 e autor de manuais didáticos. O referencial teórico metodológico proveniente da História Cultural, com a consequente valorização dos materiais didáticos de uso cotidiano e das práticas sociais, referendou a compreensão das práticas pedagógicas como elementos fundamentais na formação de professores, inclusive como reveladoras das diferentes acepções que o ideário renovador adquiriu e, pelo uso escolar, fortaleceu, na educação brasileira. Os manuais referenciados indicam fundamentos teóricos, dispostos nos primeiros capítulos, embasando as prescrições práticas presentes ao longo de toda sua extensão. As prescrições consistiam em modelos normatizadores da prática diária do professor, com direcionamentos detalhados, por exemplo, do plano de aula e da socialização do aluno, revelando indícios constitutivos de sua prática em sala de aula, erigida sob as interpretações da Escola Nova presente nos manuais didáticos.

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A defesa da língua nacional em Nossa Senhora do Desterro no século XIX: discursos

do jornal O Cacique

Suzane Cardoso Gonçalves Madruga PPGE – UDESC

[email protected]

O presente trabalho pretende trazer reflexões acerca da defesa da língua nacional, seu uso e ensino, no jornal O Cacique – jornal noticioso e recreativo. Tal jornal, com circulação entre 1870 e 1871, faz parte de uma gama de cerca de 32 jornais com caráter literário e/ou recreativo da Cidade de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis). O objetivo deste trabalho é perceber no discurso do jornal citado como se dava a construção de uma identidade linguística da língua portuguesa. A preocupação com o uso e a preservação da estrutura gramatical e ortográfica bem como o ensino dessas “habilidades” são alguns dos pontos que constam nos jornais, os quais são analisados com base no conceito de representação de Roger Chartier e nos conceitos de regulação e civilização de Norbert Elias. Diante da análise do jornal O Cacique, percebe-se uma tensão entre o padrão linguístico adotado e o defendido pelo editor. A língua como entidade viva e variável das poesias e classificados constantes no jornal eram respeitados e, mesmo a contra gosto, publicados, mantendo-se as suas estruturas ortográficas e formas de escrita. O jornal expressa toda uma preocupação acerca da manutenção da língua e do que se considera “bom uso”, seja pelo cuidado com a grafia, seja pelas colunas dedicadas à instrução pública, presentes em algumas edições, atentando sempre para os padrões de ortografia e gramática vigentes. Da mesma forma o editor preocupa-se em expor a justificativa de um dos poetas da província de Santa Catarina, ainda que com ele não concordasse, na defesa de sua grafia regida pelo uso e outras variáveis. Essa tensão configura-se como processo de construção da língua nacional, amálgama de regras e usos, gramática e regionalismos, vozes eruditas e populares, que distanciou-se do português luso configurando-se no que hoje chamamos de português brasileiro.

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Entende-se a análise dos jornais como um importante meio de estudos na área de História da Educação e como forma de compreender outros discursos além dos prescritos. Tais discursos situam-se numa esfera que não é apenas política e normativa, mas constituía-se, também, de outra intencionalidade, qual seja, a de trazer ao público leitor informação e entretenimento. Se há, por um lado, processos reguladores a respeito dos discursos sobre o ensino e o uso da linguagem (neste caso, escrita), por outro há um certo “ato” democrático por parte do editor, pois os usos e ditos “abusos” a respeito da língua nacional possuem seu espaço de expressão. Tal espaço é concedido àqueles que almejam defender-se de críticas realizadas em edições anteriores. São questões pontuais que abrem possibilidades outras para o estudo de jornais e para que se utilize este documento na História da Educação com diferentes perspectivas.

A difusão da educação nova por meio dos impressos de um bandeirante do ensino

paulista: José Scaramelli

Débora Alfaro São Martinho da Silva – UFSCar [email protected]

Alessandra Arce Hai – UFSCar [email protected]

Centro do progresso econômico e cultural no território nacional a partir das últimas décadas do século XIX, São Paulo tem sua imagem social associada à matriz da modernidade, civilidade, nacionalidade, avanços e inovações científicas e pedagógicas da época. Seu aparelho escolar, cuja tendência volta-se à institucionalização dos procedimentos da educação nova e à uniformização dos processos de ensino, transforma-se em modelo às demais instituições do gênero, ultrapassando as fronteiras do Estado e engendrando um clima de valorização do ensino primário e da formação de professores para o magistério. Os professores primários paulistas, formados em escolas normais, como a Escola Normal da Praça da República

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– vanguarda dos institutos de formação docente e dos hodiernos métodos de ensino -, seguem, no que se chamou de “missões”, às outras regiões da República a fim de superintender ações no âmbito educacional, implementando reformas, organizando escolas, reorientando programas de ensino e métodos didáticos etc., segundo a experiência, então, adquirida. No bandeirismo da educação paulista, destaca-se o professor e intelectual José Scaramelli, produtor de uma vasta literatura didática e infantil que, a pedido do governo de Estácio Coimbra, é comissionado, junto a um grupo de professores paulistas, no estado de Pernambuco no ano de 1929 para auxiliar – como lente de didática da Escola Normal Oficial de Recife e diretor da Escola de Aplicação anexa a mesma - a implementação da reforma educacional proposta por Antônio Carneiro Leão, sob os moldes da educação nova. Com o objetivo de compreender parte do movimento das ideias pedagógicas em circulação no Brasil no período da Primeira República, este artigo parte das interlocuções do educador José Scaramelli em sua Coleção Escola Nova Brasileira, visando apreender como os ideais da educação nova foram traduzidos, interpretados, divulgados e implementados por um grupo de intelectuais, considerados o escol do professorado normalista, em suas missões pelo território nacional. Como guias metodológicos serão consideradas as categorias indicadas por Saviani, como essenciais para a realização de um trabalho dentro de uma perspectiva histórico-crítica em História da Educação, devendo constituir-se por: caráter concreto do conhecimento histórico-educacional, perspectiva de longa duração; olhar analíticosintético no trato com as fontes, articulação do singular e do universal e a atualidade da pesquisa histórica. Entretanto, este artigo não tem caráter de encerramento do assunto, mas de proporcionar reflexões e discussões que visam a (re)descoberta de registros fundamentais para a reconstituição da História da Escola Pública Brasileira por meio da apreensão do movimento das ideias pedagógicas do período e sua expressão na prática cotidiana do trabalho docente.

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A disseminação da pedagogia moderna por Rui Barbosa

Mariângela Dias Santos Universidade Tiradentes

[email protected]

Este trabalho tem como objetivo apresentar a contribuição didático pedagógica de Rui Barbosa à educação brasileira no final do século XIX. Neste período disseminou-se a necessidade social de modernização relacionada à Instrução Pública. A partir deste contexto, Rui Barbosa propôs uma nova estruturação na organização educacional. Em discordância com a Reforma Leôncio de Carvalho, este intelectual elaborou Pareceres sobre o diagnóstico do ensino no Brasil bem como informa detalhes acerca das principais tendências educacionais do exterior. Objetivando divulgar a disseminação da Pedagogia Moderna proposta por Rui Barbosa, este estudo tem seus aportes teóricos fundamentados nos pressupostos da História Cultural, tendo em vista, principalmente, as seguintes categorias e autores: circulação e apropriação em Chartier (1991; 1998); forma escolar, tendo em vista os estudos de Vincent, Lahire e Thin (2001), relações de força na construção realizada por Ginzburg (2002), relações de interdependência a partir de Elias (1993) e estudos biográficos de Rui Barbosa por Machado (2002), Penteado (1984) e Valdemarin (2000). O estudo caracteriza-se como pesquisa histórica e documental, possuindo como fonte principal os Pareceres escritos por Rui Barbosa acerca do Ensino Primário. Por meio dos Pareceres, observa-se que ele desenvolveu sua argumentação com o objetivo de demonstrar a necessidade da Instrução ser obrigatória, laica e gratuita, pautada na liberdade de expressão, determinando que os métodos e programas de ensino deveriam acompanhar o avanço científico em cada uma das matérias de ensino presentes nos vários graus e série. É válido ressaltar que as explicações para a disseminação da Pedagogia Moderna foram explicitadas por meio da exposição detalhista de justificativas por Rui Barbosa através destes pareceres. Seu projeto substitutivo explícita a preocupação com o ensino, em específico a falta de construções

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das escolas, de material de ensino e professores bem formados. Por meio de Pareceres, Rui Barbosa propõe uma ação energética capaz de reverter tal situação. Para conter o descompasso da modernização do ensino público divulga a necessidade de reforma das práticas escolares, a prática política e os planos governamentais. Sonhador e utopista, este intelectual defendeu a renovação dos métodos e programa escolar a partir do método intuitivo que refere-se à educação dos sentidos e da sensibilidade em geral, sua descrição é justificada a partir da tradução do manual “Lições de Coisas”. Neste preâmbulo, o estudo busca descrever a analise deste intelectual acerca da situação escolar do País, concluindo que em matéria de instrução tudo estava por ser feito e que as bases de suas ideias acerca da educação foram obtidas mediante estudos sobre experiências desenvolvidas em todos os países civilizados.

A infância no horizonte médico paulista (1918-1929): uma análise das propostas

relacionadas à infância e sua educação no âmbito da higiene e da eugenia

Paulo Ricardo Bonfim – USF [email protected]

MoysésKuhlmann Jr. – USF Fundação Carlos Chagas

[email protected]

A comunicação irá discutir, na perspectiva da história social, as propostas relacionadas à infância, bem como a sua educação, no meio médico paulista, especificamente no âmbito daHigiene e da Eugenia, no período de 1918 a 1929. Avaliará, ainda, o alcance social desses saberes sobre o universo da infância, por meio da análise de publicações da época, ligadas à área médica, incidindo tanto sobre o desenvolvimento físico quanto moral das crianças. No início do século XX, nos debates acerca da modernização das instituições e do progresso da nação, temas como infância,

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educação, higiene e eugenia assumiram uma importância social historicamente inédita e combinaram-se, de formas diversas, em propostas médicas, pedagógicas e normativas voltadas à educação dos diversos grupos sociais e faixas etárias. Investigaremos, assim, duas correntes de grande expressão no meio médico, no período abordado, organizadas sob os emblemas da Higiene e da Eugenia. O período é balizado pela fundação do Laboratório de Higiene (1918), que deu origem à Faculdade de Saúde Pública de São Paulo, a criação da Sociedade Brasileira de Higiene (1923), e os cinco congressos realizados pela entidade em sua primeira fase (1923 a 1929), e a inauguração da Sociedade Eugênica de São Paulo (1918). Trata-se de instituições e associações difusoras de ideais médicos, moralizadores, tendo em seus quadros várias personalidades de grande prestígio social, muitos dos quais à frente de cargos públicos estratégicos. Tendo em vista a expressão social dos estudos e dos profissionais de saúde pública na época, objetivamos identificar as propostas médicas higienistas e eugenistas sobre a infância, sua educação e relação familiar. Assim, analisaremos como a infância aparece nas publicações médicas nesse período, distinguindo propostas e polêmicas relacionadas à criação, ao trato e à educação das crianças, visando civilizá-las. Nesse sentido, buscaremos compreender como se empregou a infância como uma categoria de análise do discurso científico, através da medicina. Dentre as fontes que lastreiam nossa análise, destacam-se: os boletins do Instituto Brasileiro de Eugenia, da Liga Paulista de Hygiene Mental e do Instituto de Hygiene, este último, à época, vinculado à Faculdade de Medicina de São Paulo; a Revista Escolar, editada pela Diretoria Geral da Instrução Pública de São Paulo em conjunto com a Sociedade de Educação de São Paulo; os Anais do Primeiro Congresso Brasileiro de Hygiene, realizado em 1923; e a obra Lições de Eugenia (1929), escrita por Renato Khel, um dos maiores entusiastas do ideário de Galton em nosso país.

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A influência de Heloísa Marinho para a educação dos menores de 06 anos no

Brasil entre as décadas de 50 e 70

Mariana de Oliveira Faria [email protected]

Alessandra Arce Hai – UFSCar [email protected]

Heloisa Marinho (1903-1994) foi uma defensora da educação de crianças menores de seis anos no Brasil, divulgadora do ideário da Educação Nova no Brasil e discípula de Lourenço Filho (cujos prefácios escritos para as obras da autora são de inestimável valor histórico). A partir da leitura e analise das obras escritas por Heloísa Marinho, com o objetivo de apreender suas principais ideias sobre a educação dos pequeninos no Brasil, priorizamos: identificar como a autora entende a criança menor de 06 anos; como deveria ser o Jardim de Infância para essa criança, bem como qual trabalho deveria ser desenvolvido nesse espaço, o tipo de educação que defende; qual o papel do adulto nas atividades desenvolvidas com essa criança, sobretudo dos professores; e por fim, identificar a influência de pesquisadores e teóricos em seus trabalhos, principalmente do movimento escolanovista dominante no campo educacional no período de suas produções. A metodologia de pesquisa utilizada neste projeto dialoga com os princípios trabalhados pelo Prof. Marc Depaepe para se pensar o processo investigativo no campo da história das ideias educacionais e pedagógicas. Neste trabalho procuramos apresentar os resultados já obtidos até o momento. Heloisa Marinho em seus trabalhos de pesquisa apresenta influencia teórico metodológica de vários autores dentre eles: Alfred Binet, Arnold Gesell, Friedrich Froebel, John Dewey,Theodore Simon, William Stern. Este quadro teórico nos remete a tentativa da autora de pensar as escolas de educação infantil como espaços que oferecessem riqueza de experiências, ressaltando que experiência em

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sua concepção seria a base do verdadeiro conhecimento. A partir desse pressuposto era possível o estímulo das potencialidades e da evolução de cada criança, que realizaria nesse espaço a aprendizagem ao seu modo, progredindo no seu tempo. Nesse sentido, nas escolas de educação infantil não deveriam existir aulas ministradas, mas sim situações de vida semelhantes com as do ambiente familiar. Embora o discurso da autora se oponha a chamada escola tradicional a prática pedagógica por ela advogada pauta-se no direcionamento do desenvolvimento infantil e, na prescrição do trabalho a ser realizado pelo professor pautada nos cânones da psicologia da criança. Seriam estas incoerências da autora, ou apenas reflexos do ambiente de sua época e da definição propagada por seu mentor Lourenço Filho do papel da psicologia no balizamento de metodologias de trabalho a partir dos preceitos da Escola Nova? Esta questão e outras serão respondidas neste trabalho.

A intendência municipal e a educação na cidade de Santos (1889 – 1908): palco de disputas

Anderson Manoel Caleffi – USP [email protected]

No início da República, Santos, como as demais cidades e antigas províncias brasileiras, passaram por grandes transformações políticas, culturais e socioeconômicas que trouxeram novas formas de ser e estar, bem como, novas representações sobre a vida na cidade. A cidade de Santos transformou-se do ponto de vista administrativo organizando-se como Intendências, em substituição ao antigo modelo de Câmaras Municipais do período Imperial. O primeiro grupo de Intendentes eleitos em Santos, em 1892, promulgou uma Constituição Municipal (1894). Nesse período houve a criação de diversas instituições educacionais na cidade, que contaram com a participação de diferentes estratos da população santista. Na defesa de um ideal educacional para a cidade revelam-se disputas políticas e sociais entre os grupos, como os imigrantes, operários, comerciários e a própria elite comercial. Nesta pesquisa

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pretende-se compreender as representações de educação desses sujeitos por meio de suas práticas políticas e educacionais, procurando entender quais seus projetos de cidade e cidadão, bem como, identificar os impactos diretos das atividades deste grupo na educação na cidade. O recorte temporal privilegiado será de 1889 a 1908, período em que vigorou o sistema de Intendências. Será realizada pesquisa histórico-documental com a analise da Constituição Municipal de Santos e especialmente as atas do Conselho de Intendência e da legislação do período, bem como, Relatórios dos Intendentes Municipais e dos Inspetores Literários, jornais e periódicos, procurando identificar os autores e as ideias educacionais defendidas. Ângela de Castro Gomes ressalta a importância do estudo da cidade para compreender a trajetória dos indivíduos e de suas ideias político-sociais, tendo em vista as relações que articulam a cidade e seus intelectuais. Será utilizado o conceito de intelectuais segundo essa autora, ou seja, “grupos reunidos em lugares de sociabilidade para o debate e a propagação de ideias, indissociáveis de formas de intervenção na sociedade”. Os estudos de Sirinelli ajudarão na investigação da forma como se dava a articulação desses intelectuais nas redes ou estruturas de sociabilidade. Utilizando do ferramentário conceitual oferecido por Luciano Mendes Faria Filho, que traz importantes reflexões sobre as possibilidades de uso da lei como fonte, e percebê-la como “‘espaço’, objeto e objetivo de lutas políticas” e recorrendo aos estudos de E.P.Thompson, esta pesquisa procurará relacionar as características da legislação estudada com a intervenção do município na vida dos munícipes, buscando perceber as disputas de pessoas ideias políticas e educacionais, no contexto de uma cidade que, devido ao crescente comércio, se moderniza e precisa civilizar-se nos moldes europeus.

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A obra da escravidão: instrução para o trabalho e educação

para o trabalhador

Dalva Regina A. da Silva – PPGE/UFPB [email protected]

A retomada das discussões sobre a atuação dos sujeitos nos anos finais do Império Brasileiro tem despertado o interesse de pesquisadores em diversas áreas de estudo como as ciências sociais, a história e também a educação. A revisão de algumas teses em especial, sobre o posicionamento desses sujeitos frente às transformações da época, tem aberto espaço para o diálogo entre os estudiosos e permitido novos olhares sobre o tema. Interessados nessa discussão, debruçamo-nos sobre a relação entre os intelectuais e a história da educação, e sobre a atuação destes no processo de modernização da sociedade, através do viés educativo. Propomos a história dos intelectuais como norteadora desse trabalho, no sentido de buscarmos as ideias, as trajetórias e também o papel social assumido pelos intelectuais na construção do projeto da modernidade. Particularmente, interessa-nos o estudo do lugar ocupado pela educação no projeto político de Joaquim Nabuco, enquanto elemento constituinte e basilar do progresso nacional. Com base nessa premissa, interessamo-nos desde então analisar o seu projeto de reformas e compreender como ele foi pensado no sentido de civilizar a sociedade e promover o sentido do trabalho racional. Para tanto, elegemos como fonte para esse estudo, a Campanha Abolicionista no Recife, obra publicada em 1885 contendo os pronunciamentos do candidato Joaquim Nabuco no ano anterior. A obra é constituída pelos discursos e pronunciamentos do intelectual na campanha política, fazendo parte do que concebemos como a agenda política empreendida por Nabuco para o Brasil. Tomamos como basilar a interpretação de Ângela Alonso (2002) que, sugerindo a existência de um movimento reformista composto pela geração de 1870, a autora aponta os conceitos de estrutura de oportunidades políticas, repertório e comunidade de experiência para fundamentar seu argumento. De acordo com Alonso (2002), foi a partir de uma estrutura de oportunidades

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políticas e da imersão em uma comunidade de experiência que os intelectuais da geração 1870 se apropriaram do repertório europeu, a fim de desenvolverem uma crítica ao status quo imperial. Suas produções configuravam um programa de reformas para o Brasil imperial. É à luz das indicações de Alonso (2002), que situamos o projeto político de Joaquim Nabuco para a sociedade brasileira do período, enxergando a educação como base para o (re) arranjo social posterior à abolição, ponto de partida, segundo Nabuco, para o fim do atraso moral e econômico no qual estava imerso o país. A educação assumiria o papel transformador e modelador da sociedade que se buscava civilizada, de acordo com o padrão europeu. A função que esta assumia era não apenas o de instruir e capacitar o futuro trabalhador, mas também o de educar um sujeito consciente, capaz de formar uma opinião pública autônoma e consistente, base do exercício da cidadania.

A organização da Instrução Pública de Patos de Minas Gerais no contexto republicano de

1892 a 1928

Andréa Fabiane Machado Diniz Luciana Beatriz de Carvalho

Universidade de Uberaba – UNIUBE

Essa pesquisa representa um estudo teórico e documental com o objetivo de compreender o processo de organização da Instrução Pública em Patos de Minas/MG no contexto de 1889-1928. O marco temporal estabelecido foi, primeiramente, porque o processo de formação da cidade de Patos de Minas ocorreu em períodos próximos à consumação da República, e sua elevação à categoria de cidade, em 1892, ocorreu em plena efervescência republicana. O ano de 1889 marcou a transição entre formas de governo, da Monarquia para a República e, consequentemente, marcou uma nova visão para a educação, principalmente, a Instrução Pública Primária, pois o Brasil carregava um alto índice de analfabetismo. Então, sobrepõe a esse fato a justificativa de implantar reformas

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educacionais para organizar a Instrução Pública e alfabetizar a grande parcela da população, fortalecendo assim, os caminhos da modernização e do progresso na sociedade em configuração. Por outro lado, o ano de 1928, representa o marco final, com a implantação da Reforma Francisco Campos em Minas Gerais. Para a execução dessa pesquisa optou-se por realizar um estudo historiográfico, ancorado pela Escola de Annales, revisão da literatura especializada e a pesquisa documental cuja base de dados é composta por jornais, legislações educacionais, termos de visita dos inspetores de ensino de época, atas da Câmara Municipal e atos do Executivo. Os jornais selecionados para análise foram: O Trabalho, O Riso e Cidade de Patos. Fechamos o corte cronológico referenteaos periódicos no ano de 1915, pois consideramos suficientemente respondida à questão proposta para nortear a investigação no que se refere ao conhecer e, ao mesmo tempo, entender as concepções educacionais que a República incutiu nos articulistas desses jornais e como eles disseminaram os seus discursos em face do processo de organização da Instrução Pública em Patos de Minas, para assim poder instruir a população. Através desse estudo pudemos inferir que a idealização e a materialização da Instrução Pública Primária, ministrada nos Grupos Escolares, estabelecimentos exclusivamente criados para esse fim, acreditavam os republicanos, ser o instrumento eficiente para formar o cidadão e elevar o País à condição de nação civilizada. Então, à educação era confiada uma nobre missão, formar o homem da República para a República, o homem capaz de se adequar às novas regras de uma sociedade que buscava se alicerçar nos pilares do trabalho e da ordem pública. Transitando do contexto macro para o contexto micro percebemos que Patos de Minas não esquiva a essa regra. Convencidos e vislumbrados pelas perspectivas de mudanças que poderiam ser geradas na sociedade através da Instrução Pública a “elite” política dirigente de Patos de Minas não mediu esforços para dotar o município com esse melhoramento, a instalação do Grupo Escolar em 1917, expressão máxima do progresso no campo da educação na cidade e, sobretudo, base para tantos outros melhoramentos vindouros.

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A questão da autoria e as gramáticas de língua inglesa dos séculos XVIII e XIX

Elaine Maria Santos – UFS [email protected]

Rodrigo Belfort Gomes – UFS [email protected]

Os compêndios produzidos para o ensino de línguas, mais especificamente de língua inglesa, dos séculos XVI ao XVIII apresentam forte influência do latim, uma vez que esta língua era utilizada como base para o ensino. Os alunos eram obrigados a estudar os vernáculos através do latim, por ser esta a língua sagrada e de acesso a todas as formas de conhecimento. Com a reforma protestante e o crescente valor que os vernáculos começaram a adquirir, as gramáticas começaram a ser publicadas em língua vernacular e as mesmas características eram observadas, no que se refere à estrutura e formatação. Em decorrência do pensamento originário do processo de gramatização, iniciado no século XVI, acreditava-se que bastava saber o latim para que todas as outras línguas pudessem ser assimiladas por comparação. Diante desse contexto, os compêndios produzidos apresentavam pouca originalidade de conteúdo, sendo, muitas vezes, produto de reformulações e reproduções de trabalhos anteriormente publicados. Em decorrência de heranças renascentistas, as gramáticas eram comumente divididas em quatro partes, a saber: Ortografia (ou Letras), Etimologia (ou Palavras e partes do discurso), Sintaxe (ou Sentenças e regras de Concordância), Prosódia (ou Pronúncia e Versificação), podendo também ser encontrada uma quinta parte chamada de Ortoépia. O presente artigo tem por objetivo fazer uma análise sobre a questão da autoria na publicação de gramáticas destinadas ao ensino de língua inglês para alunos portugueses e brasileiros nos séculos XVIII e XIX, correlacionando semelhanças e diferenças encontradas em cinco gramáticas a saber: A Compleat Accountof the Portuguese

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Language being a copious Dictionary of English with Portuguese, and Portuguese with English (1701); A Grammatica anglo-lusitanica & lusitano-anglica, de J. Castro, publicada inicialmente em 1731; Nova grammatica da língua ingleza, ou arte de falar e escrever com propriedade e correcção o idioma inglez, de Agostinho Nery da Silva (1779); Nova grammatica Ingleza e Portugueza dedicada à felicidade e augmento da Nação Portugueza (1812), de Manuel de Freitas Brazileiro; e o Compendio da GrammaticaIngleza e Portugueza para uso da mocidade adiantada nas primeiras letras (1820). Como resultado, percebe-se que as gramáticas dos séculos XVIII e XIX apresentavam a mesma estruturação e, por muitas vezes, utilizavam os mesmos exemplos e os mesmos verbos durante as explanações dadas. Em muitos casos, alguns autores chegavam a afirmar que as suas obras eram, na realidade, um aprimoramento de trabalhos anteriormente publicados, com a correção de erros gramaticais outrora encontrados.

A renovação escolar: ditos e significados em João Craveiro Costa

Iane Campos Martins

Elione Maria Nogueira Diógenes

João Craveiro Costa (1871-1934) tem sido considerado pelos historiadores alagoanos, que discutem especificamente a educação, uma fonte inesgotável para o entendimento das configurações da política educacional dos oitocentos até meados dos novecentos em Alagoas. Este trabalho debruça-se – com peculiaridade – sobre a concepção pedagógica do intelectual tomando como fonte analítica o clássico livro “Instrução Pública e Instituições Culturais de Alagoas” (1931), organizado para atender a solicitação do ministro da Educação e Saúde Pública Francisco Campos no período compreendido entre 1930 a 1934, (efervescência política no Brasil). Tomaram-se como fontes complementares os escritos daquele publicados no “Jornal

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de Alagoas” (1930) e na “Revista de Ensino” (1927-1931). Coloca-se que tal interesse na obra desse alagoano restringe-se à pesquisa desenvolvida no Mestrado de Educação Brasileira da Universidade Federal de Alagoas, intitulada: “Escolanovismo: um olhar sobre os escritos educacionais de Craveiro Costa”, que tem como objetivo principal a leitura e a recuperação dos escritos do intelectual em tela, assim como, identificar as influências que sua obra abraçou a partir dos debates realizados à época em que escreve durante as primeiras décadas da República em defesa da renovação escolar e também quando realiza seu trabalho como diretor do Grupo Escolar Diégues Júnior (1922) e do Grupo Escolar “D. Pedro II” (1929), territorialmente inseridos em Maceió. Metodologicamente percorrem-se os arquivos em busca de vestígios que nos permitam reconstruir a história sob o ponto de vista de Bloch (2001). O trabalho está em andamento e é desenvolvido através de consulta às fontes primárias no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. As conclusões preliminares indicam que a adoção de novos métodos por Costa, baseados nos princípios da Escola Nova para o ensino da escola primária, foi mais acentuada no “Pedro II”. O prédio escolar possuía, inclusive, um pavilhão intitulado: “Pavilhão Montessori”. Costa revelou-se um intelectual crítico e atuante contra a educação livresca mecanicista. Consoante seu pensamento, tal educação voltava-se em formar apenas os filhos da elite para exercer o “mando” e, por isso, não atendia os anseios das classes subalternizadas como os filhos dos cortadores de cana, da cozinheira, do carroceiro, do pescador, do artífice, do camponês, do soldado de polícia, em fim do povo pobre alagoano. Era defensor de uma escola pública gratuita e democrática, capaz de despertar na criança desde cedo o amor pelo trabalho. A escola precisava ainda evoluir e romper com o caráter meramente instrucional, materializado na memorização dos conteúdos vazios e sem relação com a realidade. Enfim, essa precisava formar o indivíduo para as funções práticas da vida moderna.

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A representação da mulher portuguesa no jornal O Beija-flor (1838)

Charliton José dos Santos Machado PPGE/UFPB

Fabiana Sena PPGE/UFPB

Este trabalho busca tornar visível a representação de mulher portuguesa oitocentista em O Beija-Flor, Semanário d’Instrução e Recreio, cujo jornal foi dedicado às mulheres. Essa publicação foi lançada em Lisboa e circulou de 15 de agosto de 1838 até 13 de abril de 1842, de modo que se centrará o seu primeiro ano de circulação, 15 de agosto de 1838 a 26 de dezembro de 1838, nº 20, em virtude da sua disponibilidade digital. Nesse estudo, buscou-se responder às seguintes questões: quais os gêneros literários mais disseminados nesse periódico? Qual é a representação de mulher divulgada pelo discurso masculino no periódico? Ou que tipo de mulher o periódico buscava formar? Este trabalho está inscrito na abordagem teórico-metodológica da Nova História Cultural, a qual tem considerado os usos da escrita como uma fonte bastante significativa para compreender como comunidades ou indivíduos constroem suas representações de mundo e as investem de significação. Na intenção de conhecer como a mulher portuguesa do século XIX era representada no jornal O Beija-Flor ressalta-se que não se trata de todas as mulheres portuguesas, mas tão-somente à leitora portuguesa, a qual é a mulher burguesa alfabetizada, que, muitas vezes, viveu num espaço urbano. Sob a forma de um livro, O Beija-Flor tem suas páginas enumeradas e divididas em duas colunas, cujas edições subsequentes dão continuidade à numeração, como era comum à época. Periódico semanal e ilustrado português, O Beija-Flor circulava com oito páginas, no ano de 1838, assim, totalizando 160 páginas. A imprensa de um modo geral, e em especial, a feminina, possibilita o conhecimento da história das mulheres portuguesas. O jornal como objeto e como fonte de pesquisa favorece compreender o cotidiano de um determinado espaço e público, onde tal suporte está inserido, bem

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como apresenta vestígios sobre as suas relações com as instâncias de poder. Ao tratar da representação da figura feminina lusitana no jornal O Beija-Flor, percebemos como esse periódico projetou a identidade da mulher, por meio das narrativas construídas pela imaginação masculina, a qual se deu em processos definidos histórica e culturalmente.Com efeito, em O Beija-Flor há a construção de uma identidade feminina através dos escritos dos homens em difundir, entre as leitoras lusitanas, uma determinada leitura específica voltada para sua formação moral e intelectual, na qual não permite liberdade de ação fora do lar e enaltece as virtudes femininas. A boa leitura, por meio do jornal, deveria oferecer ensinamentos úteis não só às leitoras de forma individual, mas, sobretudo àqueles ou àquelas que tivessem contato com elas.

A revista Careta e a educação das mulheres: uma dispersão discursiva para a normalização

feminina no contexto urbano (1914-1918)

Fernanda C. Costa Frazão – UFSJ [email protected]

Esta proposta de apresentação de trabalho é feita com o intuito de comunicar o resultado da pesquisa de mestrado, cuja temática é a história da educação das mulheres. De título “A revista Careta e a educação das mulheres: uma dispersão discursiva para a normalização feminina no contexto urbano (1914-1918)”, o trabalho cumpre analisar, numa perspectiva histórica, discursos sobre educação das mulheres na revista Careta (1908-1960), periódico da grande imprensa editado no Rio de Janeiro, que fazia circular, dentre os seus enunciados – textos, fotografias, charges – discursos para uma adequação das mulheres ao contexto urbano, de critérios civilizatórios e burgueses. O recorte temporal (1914-1918) faz referência às situações políticas do governo de Wencesláo Braz e da Primeira Guerra Mundial: o critério é o silêncio feminino na negação da participação das mulheres nestas instituições. Por essa perspectiva, analisam-se os discursos para a educação feminina

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