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CADERNO DE REFERÊNCIA 2014 BASES PARA ELABORAÇÃO DO PROGRAMA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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CADERNO DE REFERÊNCIA

2014

bases para elaboração do programa estadual de educação ambiental

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ÓRGÃO GESTOR DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

Secretaria de Estado da EducaçãoSecretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

CADERNO REFERÊNCIA Bases para Elaboração do Programa Estadual de Educação Ambiental

ProEEA

2014

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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTOGOVERNADOR: José Renato Casagrande

VICE-GOVERNADOR: Givaldo Vieira

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SECRETÁRIO: Klinger Marcos Barbosa Alves

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS

SECRETÁRIA: Diane Rangel

INSTITUTO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE

DIRETOR PRESIDENTE: Tarcísio José Foeger

COMISSÃO PERMANENTE DO ÓRGÃO GESTOR DA POLÍTICA ESTADUAL DE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ELABORAÇÃO: Ana Beatriz Dalla Passos (CIEA/ES), Flávia Nascimento Ribeiro e

Marilene Lúcia Merigueti (SEDU), Walquíria Ana Soares (SEAMA/IEMA)

COLABORAÇÃO: Josefa Emiliana Peres (SEDU) e Lohaine Jardim (SEAMA/IEMA)

COMISSÃO INTERINSTITUCIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PRESIDENTE: Maria das Graças Lobino

REVISÃO: Cláudia Simões Mariano (SEDU)

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Jones dos Santos Neves

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Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã.ele precisará sempre de outros galos.De um que apanhe esse grito que elee o lance a outro; de um outro galoque apanhe o grito que um galo antese o lance a outro; e de outros galosque com muitos outros galos se cruzemos fios de sol de seus gritos de galo,para que a manhã, desde uma teia tênue,se vá tecendo, entre todos os galos.E se encorpando em tela, entre todos,se erguendo tenda, onde entrem todos,se entretendo para todos, no toldo(a manhã) que plana livre de armação.A manhã, toldo de um tecido tão aéreoque, tecido, se eleva por si: luz balão.

João Cabral de Melo Neto

Foto: Bia Passos

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SUMÁRIO

TOMANDO A PALAVRA ....................................................................... 8

PARTE I

1 O ÓRGÃO GESTOR DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (OG/PEEA) ...................................................................................................... 111.1 Palavras da SEDU .............................................................................. 111.2 Palavras da SEAMA ........................................................................... 132 APRESENTAÇÃO ................................................................................ 163 OBJETIVOS ....................................................................................... 194 JUSTIFICATIVA ................................................................................. 205 DE QUE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESTAMOS FALANDO? ............................. 21 6 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUAS TRAJETÓRIAS .................................... 24

PARTE II

1 ENTENDENDO O PROGRAMA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (ProEEA) ... 302 O QUE SE PRETENDE .......................................................................... 313 O TERRITÓRIO CAPIXABA ................................................................... 323.1 Caracterização do Espírito Santo ........................................................ 333.1.1 Aspectos gerais ................................................................................ 333.1.2 Da província à metrópole: um olhar sobre o desenvolvimento da Região Metropolitana em décadas de 1960 e 1970 ......................................................... 353.1.3 Perfil Socioeconômico do Espírito Santo .............................................. 363.1.4 Nova tendência: desenvolvimento descentralizado ............................... 373.1.5 E agora, Educação Ambiental? ............................................................ 393.2 Caracterização das Microrregioes do Espírito Santo ............................... 413.2.1 Microrregião do Caparaó .................................................................... 413.2.1.1 Território Caparaó Capixaba ............................................................... 413.2.1.2 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 433.2.2 Microrregião Central Serrana .............................................................. 453.2.2.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 453.2.3 Microrregião Central Sul ................................................................... 473.2.3.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 473.2.4 Microrregião Centro-Oeste ................................................................. 503.2.4.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 503.2.5 Microrregião Litoral Sul ..................................................................... 53

mlmerigueti
Nota
Cadê o TIL? microrregiÕes
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3.2.5.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 533.2.6 Microrregião Metropolitana ................................................................ 563.2.6.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 563.2.7 Microrregião Nordeste ....................................................................... 593.2.7.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 593.2.8 Microrregião Noroeste ....................................................................... 633.2.8.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 633.2.9 Microrregião Rio Doce ....................................................................... 653.2.9.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 663.2.10 Microrregião Sudoeste Serrana ........................................................... 693.2.10.1 Cenário socioeconômico e ambiental ................................................... 69

PARTE III

1 ITINERÂNCIAS METODOLÓGICAS PARA CONSTRUÇÃO DO ProEEA .............. 71 1.1 Características do Documento a ser produzido ...................................... 721.2 O Método Proposto ........................................................................... 731.3 Etapas de elaboração do Programa Estadual ......................................... 741.4 Indicação Metodológica para condução dos Fóruns Municipais ............... 762 TEMAS ........................................................................................... 783 SUJEITOS QUE INTERPELAM A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................... 79

PASSANDO A PALAVRA ...................................................................... 80

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 82

ANEXOS ........................................................................................... 85

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[...] quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

Foto: Flávia N. Ribeiro

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É com grande satisfação que o Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental (OG/PEEA), composto pela Secretaria de Estado da Educação (SEDU) e pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA), compartilha com a população capixaba este Caderno Referência com as bases para elaboração do Programa Estadual de Educação Ambiental.

A Política Estadual de Educação Ambiental – PEEA e o Órgão Gestor Estadual, responsável por sua gestão, foram instituídos pela Lei 9265/2009. O Órgão Gestor é formado pela SEAMA e pela SEDU que, de maneira articulada, dividem igualmente a função de gerir e implementar a PEEA, criando as condições legais, técnicas, administrativas e operacionais para que a Lei seja cumprida.

Numa moviment-AÇÃO de escuta, de debate e de elaboração do Programa Estadual de Educação Ambiental (ProEEA), estão convidados todos os cidadãos engajados na defesa de um ambiente mais saudável, representantes de todas as instituições (governos, setor privado e sociedade civil organizada) do território1 capixaba para refletir e dialogar sobre como tornar a Educação Ambiental um processo permanente de ação e reflexão individual e coletiva direcionado à construção de valores, saberes, conhecimentos, atitudes e hábitos que favoreçam o surgimento de uma sociedade ambientalmente mais equilibrada. Esse processo deve promover a criação de espaços educadores sustentáveis e envolver ações concretas que incidam sobre a sociedade promovendo sua transformação.

O Movimento Ambientalista, a criação da Câmara Técnica de Educação Ambiental do CONSEMA (1999), a constituição da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental - CIEA (2005) e o Movimento de Rede no Estado do Espírito Santo, que culminou com a criação da Rede Capixaba da Educação Ambiental – RECEA, iniciaram a caminhada que conduziu à instituição da Política Estadual de Educação Ambiental, por meio da Lei nº 9.265, em 16 de julho de 2009. De posse desse legado, chegou o momento de nos reunirmos para definir as Diretrizes, Linhas de Ação, Estratégias, Critérios, Instrumentos e Metodologias para a Educação Ambiental no território capixaba. Por isso, nossa aposta é na elaboração e na implantação de um Programa Estadual de Educação Ambiental, por meio de proposições debatidas localmente.

No coletivo e de forma participativa, vamos dialogar e compartilhar ideias e experiências em diferentes contextos regionais, construindo conhecimentos que favoreçam o despertar da sociedade para a compreensão do real significado da Educação Ambiental que, de acordo com a PEEA, em seu art. 3º, se define como “[...] um

1A noção do território, segundo Milton Santos (2002), é configurada como um lugar onde diversos atores sociais compartilham vida comum. Cada um exercendo uma função específica na vida social se individualiza e, simultaneamente, desenvolve laços de dependência.

TOMANDO A PALAVRA...

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componente essencial e permanente da Educação estadual, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter escolar e não escolar”, e para a importância de a consolidarmos como uma Política de Estado e, ao mesmo tempo, conclamar essa mesma sociedade para promover ações sólidas para sua efetiv-AÇÃO.

Com isso, acreditamos que esse momento de construção participativa e democrática será também um momento para ouvir e compreender as particularidades de cada Microrregião do estado, em termos dos aspectos socioambientais. Será a oportunidade de conhecer diferentes realidades e de trabalhar muito para tornar, cada vez mais real, a ideia de uma Educação Ambiental como objeto constante de atuação direta do Poder Público, da prática pedagógica, das relações familiares, comunitárias e dos Movimentos Sociais na formação da cidadania emancipatória.

Este Caderno Referência contém informações importantes e nele encontraremos um breve panorama da história da Educação Ambiental, além de uma descrição detalhada da metodologia participativa e de orientação sobre temas a serem debatidos nos encontros regionais com o objetivo de levantarmos proposições para o Programa Estadual.

É com esse movimento participativo e democrático, conforme a PEEA determina, que serão definidas as orientações para implementação das políticas públicas de Educação Ambiental no território espírito-santense bem como objetivos, linhas de ação, estratégias, entre outros.

A descentralização, a participação, a interatividade, a mobilização, a articulação, o compartilhamento de informações e a visibilidade dos princípios e dos objetivos da Educação Ambiental são os pressupostos teóricos e metodológicos deste trabalho. A metodologia foi planejada para aproveitarmos ao máximo cada momento de debate e construção coletiva.

Contamos com a sua participação, sua cooperação e seu trabalho conjunto!

Um forte abraço a todos!

Secretaria de Estado da Educação Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

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Saiu o semeador a

semear.

Semeou o dia todo

e a noite o apanhou

ainda

com as mãos cheias de sementes.

Ele semeava tranquilo

sem pensar na colheita

porque muito tinha colhido

do que outros semearam.

Cora Coralina

Dente de leão

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PARTE I

1 - O ÓRGÃO GESTOR DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (OG/PEEA)

1.1 Palavras da SEDU

Cotidianamente, o ser humano busca estabelecer uma relação de proteção da própria vida, utilizando o meio ambiente como um espaço praticado, ou seja, como fonte de bens e lazer. A inter-relação com os elementos da natureza como fator importante para sua sobrevivência é uma referência para o entendimento desse mundo em que as sociedades projetam no meio ambiente suas culturas e seus interesses.

Temos convivido com diversos discursos relacionados a questões socioambientais. Essas questões, que são complexas e abrangentes em essência, interpelam os modelos civilizatórios da sociedade em relação à ocupação e à apropriação da natureza pelos seres humanos, desde seu relacionamento com o meio ambiente, perpassando os sistemas políticos e econômicos até às concepções éticas e culturais. Nesse sentido, nenhuma questão de tamanha dimensão globalizante pode se desenrolar consensualmente.

No que concerne à SEDU, estamos buscando trabalhar, cada vez mais, no sentido

de cumprir nosso papel na gestão da PEEA e, ao mesmo tempo, no sentido de atender à complexidade da Educação Ambiental, com a consciência de que essa é condição indispensável e essencial à vida. Entretanto, sabemos que estamos atuando com o tempo krónos (cronometrado) e que esse é curto. Assim, a intenção desse Caderno Referência é iniciar um amplo debate sobre ações propositivas voltadas para uma dimensão socioambiental na Educação e nos nossos saberes e fazeres cotidianos, de forma que a continuidade desse processo possa criar aprendizagens e formação permanentes nos espaços escolares e comunitários, tornando-os educadores para uma cultura da sustentabilidade. Ressaltamos que esse documento não encerra temas definitivos para se pensar o Programa Estadual de Educação Ambiental, pelo contrário, é um recorte das inúmeras informações sobre a temática socioambiental no território capixaba.

Desta forma, esperamos que o presente Caderno, ao trazer à discussão as relações que os seres humanos estabelecem entre si e com o meio ambiente em que vivem, possa auxiliar na identificação de alguns dos múltiplos caminhos que se abrem para a Educação Ambiental e, numa análise global e local, contribuir com o fazer pedagógico da Escola, entendendo que “a dimensão ambiental e suas relações com o meio social e natural devem estar inscritas de forma crítica nos currículos de formação dos profissionais de educação, em todos os níveis e em todos os componentes curriculares”, conforme preconiza o art. 15 da Política Estadual de Educação Ambiental.

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Com isso, esperamos que cada um utilize esse tempo e espaço de aprendizagens, tecendo redes de conhecimento, de solidariedade, de amizade, de afeto e tantas outras que forem surgindo nessa caminhada pelas “itinerâncias” de uma Educação Ambiental sustentável. Aproveitem ao máximo esses contextos formativos, que são momentos de trocas e de grandes aprendizados.

Klinger Marcos Barbosa Alves Secretário de Estado da Educação

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1.2 Palavras da SEAMA

É na nossa corresponsabilidade na gestão da PEEA e no entendimento de que a trama meio ambiente-sociedade-educação ambiental relaciona-se diretamente com os cotidia-nos e a historicidade das comunidades-sociedades e ecossistemas em geral e também na busca por uma Educação Ambiental centrada em valores que estimulem a criticidade e o potencial transformador e emancipatório dos sujeitos coletivos e individuais que nos pautamos para propor a esses grupos que reflitam sobre sua relação com o meio am-biente e sua participação na sustentabilidade socioambiental2 local, – elemento direto de transformação da realidade –, no que diz respeito a sua qualidade de vida.

Ao partir de uma perspectiva socioeducativa, o trabalho com comunidades e escolas e a dinâmica das ações de Educação Ambiental em uma determinada localidade envol-vem questões que se tornam cada vez mais complexas e conflituosas, não só do ponto de vista ambiental, mas também do aspecto das dimensões da vida em sociedade, de modo geral.

É nessa tessitura3 que ancoramos nosso pensar em Educação Ambiental, bem como nas suas diretrizes, nos seus princípios e objetivos, a partir de políticas públicas, nesse caso, o Programa Estadual de Educação Ambiental. Compartilhamos a ideia de que a Educação Ambiental Não-Escolar, da mesma forma que a Escolar, “deve pautar-se em ações e práticas educativas voltadas à sensibilização, mobilização e formação da cole-tividade sobre as questões socioambientais, além de sua organização e participação na defesa da qualidade do ambiente de forma integral”, conforme traz o art. 20, da Política Estadual de Educação Ambiental.

Pretendemos, com este Caderno, contribuir com as discussões da sociedade capixaba sobre como garantir a apropriação do conceito e o alcance dos objetivos da Educação Ambiental nos espaços escolares e não escolares, bem como no âmbito da Educomu-nicação e da gestão ambiental, conforme previsto na Lei nº 9.265/2009 (PEEA), uma vez que existem inúmeros contextos não escolares de atuação da Educação Ambiental, pois, no que diz respeito às práticas e ações desse campo do saber, há muitos espaços

2A expressão sustentabilidade socioambiental é usada para se contrapor à noção de Desenvolvimento Sus-

tentável, que se popularizou com o Relatório Brundtland (1987) e foi amplamente usada para exprimir a necessidade de um modelo de desenvolvimento capaz de garantir a continuidade das gerações futuras por meio de um melhor uso dos recursos naturais. Passadas quase três décadas, no entanto, o impacto dos seres humanos sobre o ambiente tem produzido consequências cada vez mais complexas, em termos quantitativos e qualitativos. O tripé (econômico, social e ecológico) sobre o qual se assentava a noção de Desenvolvimen-to Sustentável tem sido ampliado para incorporar novas dimensões da sustentabilidade. Segundo Jacobi (1997), a noção de Sustentabilidade Socioambiental “implica, portanto, uma inter-relação necessária de justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de desenvolvimento”.

3É uma expressão usada pelos pesquisadores dos cotidianos e traz a ideia do que é produzido em conjunto, de forma inter-relacionada, ou seja, o que é realizado junto.

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e tempos privilegiados para os processos de ensino e aprendizagem, entendendo que esses processos podem acontecer em toda e qualquer instância passível de uma troca dialógica.

Sendo a relação dialógica do ser com outros seres e com o mundo, locus em que a educação acontece, entendemos que todas as situações entre pessoas e natureza, si-tuações sempre mediadas pelas regras, pelos símbolos e pelos valores da cultura que o grupo tem, em maior ou menor escala, encerram uma dimensão pedagógica.

Assim, a Educação Ambiental, quando pensada e tratada de forma crítica e transfor-madora, tem-se constituído uma importante dimensão da construção da cidadania, em diferentes contextos – comunidades, movimentos sociais, gestores, etc., uma vez que tem possibilitado reflexões sobre as relações entre a sociedade e a natureza e apontado para a busca de melhorias socioambientais em cada contexto e território de atuação.

Portanto, é necessário que o Programa Estadual promova uma escuta atenta e lance olhares para os diversos e diferentes espaços de aprendizagens não escolares, para os territórios e as territorialidades, para os tempos e as temporalidades de onde os cida-dãos interpelam a Educação Ambiental.

Diane RangelSecretária de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

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Não há método, não há receita, somente uma grande preparação.

Gilles Deleuze

Abraço à Montanha Sagrada – CaparaóFoto: Flávia N. Ribeiro

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2 APRESENTAÇÃO

Neste Caderno, combinados com as políticas públicas de Educação Ambiental no âmbito Nacional (Lei nº 9.795/1999) e Estadual (Lei nº 9.265/2009), são apresentados panoramas da Educação Ambiental e das condições do território capixaba para contextualização e entendimento de sua dimensão socioambiental nos espaços escolares e não escolares. Além disso, há nele também uma proposta de metodologia e, como sugestão, um conjunto de temas a serem tratados nas etapas de construção do Programa Estadual de Educação Ambiental. Sua finalidade elementar é fomentar, em todo o estado, as discussões em torno de um programa de Educação Ambiental, levantando propostas que subsidiem a construção do Documento.

No entanto, o presente Caderno Referência tem, além dessa atribuição original de guia de orientação para a elaboração do Programa Estadual, a função de contribuir com a difusão da Educação Ambiental por todo o estado, com a ampla colaboração dos seg-mentos sociais e dos setores públicos, das esferas estadual e municipal, e de todos os cidadãos, cujas práticas diárias são geradoras de interferências no ambiente. Porquanto, é notório que o progresso e a manutenção das ações práticas de Educação Ambiental exigem o esforço coletivo da sociedade, do Poder Público e de ambos em interação, a fim de construir valores, conhecimentos, atitudes e hábitos.

O processo de elaboração do Programa Estadual segue o direcionamento dado pela Política Estadual de Educação Ambiental, que em seu art. 9º afirma que a “[...] Polí-tica Estadual Educação Ambiental será implementada por meio do Programa Estadual de Educação Ambiental a ser instituído por instrumento legal estadual [...]”. Assim, é preciso atentar para o fato de que a Educação Ambiental, mediante seu processo de inclusão na cultura social, perpassa conjunturas, ideologias e variados discursos e tem--se caracterizado por uma crescente produção teórica da qual podem derivar práticas diversas. Por isso, é a citada Lei que fornece as bases teórico-metodológicas em que estarão ancoradas as definições que vão compor o Programa Estadual.

Nesse sentido, espera-se que o Programa Estadual compreenda as ações e as ativida-des vinculadas à Política Estadual de Educação Ambiental, desenvolvidas dentro e fora da escola de forma processual, contínua, contextualizada e permanente, contemplando a formação de agentes multiplicadores em Educação Ambiental, o fomento e o desen-volvimento de estudos, as experimentações, as pesquisas e os projetos de intervenção na realidade.

Podemos destacar também, na Política Estadual, conforme apresentado no art. 10, o estabelecimento de critérios para produção, divulgação e aquisição de materiais di-dáticos, paradidáticos e educativos em geral; a definição de indicadores quali-quanti-tativos, o acompanhamento e avaliação continuada; a disponibilização permanente de informações, bem como o desenvolvimento de ações de integração por meio da cultura de redes sociais.

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Como o Programa Estadual de Educação Ambiental estará conectado à nossa Política Estadual, espera-se que ele abranja vários aspectos relacionados ao fortalecimento dos processos de Educação Ambiental, sejam eles na esfera da gestão ambiental, nos planos de bacia hidrográfica ou nos fóruns de participação popular. Deverá também orientar a sociedade Capixaba quanto à realização de feiras e eventos de Educação Ambiental.

Estima-se que o Programa Estadual, cujo caráter prioritário e permanente deverá ser de reconhecimento por todos os setores da sociedade do território capixaba, faça uma abordagem em termos da consolidação de políticas públicas de educomunicação ambien-tal e da implementação e consolidação da Educação Ambiental nos diversos setores da sociedade civil organizada e populações tradicionais. Além disso, suas ações destinam--se a assegurar a interação e a integração das diversas dimensões da sustentabilidade, buscando o envolvimento e a participação social, no que tange ao reconhecimento da pluralidade e da diversidade cultural do estado.

Dentre os objetivos do Programa, deve-se destacar também a criação/fortalecimento dos polos e centros de Educação Ambiental, o fortalecimento da Educação Ambiental nas Áreas Protegidas e em seu entorno – notadamente nas de proteção integral – e o fortalecimento da Educação Ambiental nas áreas rurais.

Entretanto, para muito além do descrito, estão inumeráveis questões que afetam a realidade de cada um de nós, componentes desse território, que expressamos nossa existência, impactando e sendo impactados pelo ambiente em que vivemos. Assim, o Caderno Referência traz também um conjunto de temas e atores sociais, a serem con-templados nas discussões, conforme a especificidade local.

O Caderno Referência visa orientar a elaboração do Programa Estadual, tendo sido pensado e formulado coletivamente pelos membros da Comissão Permanente do Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental (CPOG/ES), composta pela SEDU, SE-AMA e CIEA e acordado pelo Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental.

O Órgão Gestor, a CPOG e a CIEA, reconhecendo o estado de permanente constru-ção da política pública de Educação Ambiental, em consenso com o delineamento de suas bases teórica, filosófica e metodológica sem, contudo, renunciar à formulação e à enunciação de seus objetivos e sem abandonar as diretrizes e princípios que demarcam as ações em Educação Ambiental no estado do Espírito Santo, entendem a necessidade de prever uma estratégia de planejamento articulado para a execução dessa política que permita revisitar com frequência os seus objetivos e estratégias, para constante aperfeiçoamento, por meio dos aprendizados sistematizados e dos redirecionamentos democraticamente acordados entre todos os parceiros envolvidos.

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Dessa forma, o Órgão Gestor convida os representantes das instituições governamen-tais e não governamentais, os educadores ambientais e todos os cidadãos a participarem do processo de debate ampliado proposto pelo Caderno Referência, visando a sua apro-priação, com a finalidade de discutir os caminhos do Programa Estadual de Educação Ambiental, permitindo sua construção participativa pelos atores sociais do território capixaba em seus próprios espaços e tempos de atuação.

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3 OBJETIVOS

3.1 Geral:

Subsidiar a elaboração participativa do Programa Estadual de Educação Ambiental, apresentando a metodologia adotada e socializando informações sobre o território capixaba para embasar as discussões locais.

3.2 Específicos:

• Contribuirparaoprocessodediscussãoqueenvolverárepresentantesdasociedadecivil, dos setores governamental e privado, além de cidadãos engajados na construção do documento.

• Conduzir, teórica e metodologicamente, os trabalhos de reconhecimento darealidade local e, a partir disso, levantar propostas para o Programa Estadual de Educação Ambiental.

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4. JUSTIFICATIVA

Desde o ano de 2009, quando foi aprovada a Política Estadual de Educação Ambiental (PEEA – Lei 9265/2009), faz-se necessária sua implementação e sua execução, garantindo que a Educação Ambiental seja acessível a todos os residentes no estado do Espírito Santo. Essa Lei define que sua implementação se dará por meio de um Programa Estadual (Art.9º). Nesse documento devem constar as diretrizes, as orientações e as definições que venham a atender plenamente cada um dos itens da PEEA.

A importância desse Programa se confirma no crescente interesse dos capixabas em desenvolver ações que veiculem novos valores socioambientais, tendo em vista a necessidade de preservação e de conservação dos bens naturais e sociais existentes em nosso território e que tenham como princípio fundamental, a garantia à vida de todos os seres que dependem dos ecossistemas locais para sua sobrevivência, inclusive dos seres humanos.

Apesar desse interesse em ascensão, o que se observa, em muitos casos, é que as ações de Educação Ambiental implementadas, embora bem intencionadas, não conseguem apresentar, em sua concepção teórica e metodológica, as características exigidas pela Política Estadual de Educação Ambiental, uma vez que os textos legais têm uma complexidade que, muitas vezes, é geradora de dúvidas. Por essa razão, faz-se necessária uma melhor orientação quanto aos princípios teóricos e metodológicos que ancoram as ações de Educação Ambiental, o que se pretende alcançar, a partir da elaboração do Programa.

É ainda necessário ressaltar que o Programa Estadual de Educação Ambiental vai muito além de um documento formal. Na verdade, espera-se que ele, uma vez compreendido como componente de uma política pública maior – a implementação da Lei – constitua-se numa possibilidade de emancipação e de cidadania para a comunidade capixaba, enquanto conjunto de parâmetros a partir dos quais a Educação Ambiental se efetivará no nosso território.

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5. DE QUE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESTAMOS FALANDO?

Nas últimas décadas, observa-se que as questões socioambientais têm sido ponto de pauta e preocu-pação de todas as comunidades do nosso planeta. Acreditamos que o pensamento ambiental esteja as-sociado ao desenvolvimento das ciências, seja por conta das mudanças provocadas pela ação humana na natureza, seja pelas respostas que a natureza tem dado a essas ações.

É notória a apreensão de diversos setores da sociedade quando o assunto são as questões so-cioambientais na contemporaneidade. No entanto, percebe-se que, no âmbito individual, nem todos depositam tantas energias como deveriam para mi-nimizar sua pegada ecológica4 no planeta, no país, no estado, no município e em sua localidade. Quan-do o assunto é o Sistema Econômico fica ainda pior, pois, a sensação que se tem é de total despreocupa-

ção com o destino do planeta e, consequentemente, com o dos seres que nele habitam.

Para nós, que nos importamos, isto é motivo de aumento da preocupação e, em resposta, a Educação Ambiental é apresentada como um possível campo de trabalho pedagógico capaz de contribuir com a geração de mudanças culturais e sociais. Assim, a Educação Ambiental passa a ter um maior reconhecimento e uma maior responsabili-dade na sociedade, que tem apresentado diferentes formas de pensar.

Com o objetivo de ampliar os processos de conhecimento e de mudança de valores, de hábitos e de atitudes humanas, a Educação Ambiental exige uma postura crítica e um corpo de conhecimentos produzidos a partir de reflexões sobre a realidade vivida e experimentada. Sendo uma proposta essencialmente coletiva e comunitária, mate-rializa-se por meio de práticas, cuja intenção primordial é promover comportamentos e valores afinados às dimensões da sustentabilidade socioambiental – ecológica, éti-ca, cultural, social, espacial, política e econômica. Assim, a Educação Ambiental pode comportar uma concepção “desalienante”, quanto à percepção da realidade, porquanto pressupõe ações voltadas para o surgimento desses novos valores, entre os quais, a par-ticipação é um princípio fundamental.

Santa Teresa/ESFoto: Bia Passos

4Segundo a WWF Brasil, “pegada ecológica” é uma expressão que possibilita ao ser humano perceber o quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nossos estilos de vida.

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Diante das diferentes formas de pensar, o ato de educar apresenta-se como uma construção social, um processo contraditório de elementos subjetivos e objetivos, de escolhas valorativas e de vontades políticas. Por exemplo, é possível identificar que os segmentos populares, muitas vezes, percebem a crise porque vivem os problemas socio-ambientais e, simultaneamente, os segmentos dominantes percebem-na devido à sua influência sobre a acumulação de capital.

Sendo assim, pode tanto assumir um papel de conservação da ordem social, re-produzindo ideologias, valores e interesses dominantes socialmente, quanto assumir um papel emancipatório, comprometido com a modificação cultural, política e ética da sociedade e com o desenvolvimento das potencialidades dos seres humanos que a compõem. Diante disso, apostamos em uma Educação Ambiental que faça uma reflexão referente às tendências emancipatórias, transformadoras e dialógicas. Acreditamos que a Educação Ambiental deve ser realizada de forma diferenciada em cada contexto para que se adapte às respectivas realidades, desde que se mantenha fiel aos seus princípios.

Não é tão fácil compreender a complexidade das questões socioambientais, principal-mente nesta condição de meio ambiente dicotomizado, no qual o ser humano coloca-se como um ente nocivo à natureza. Tal entendimento concede aos aspectos biológicos da natureza um valor supremo e exclui dela o ser humano, com suas realizações e con-tradições sócio-históricas. Além disso, são diferentes as formas de avaliar as questões socioambientais, quando se opta pelo modelo conservador capitalista (embora compre-endido por muitos como causador de degradação ambiental) ou se faz a opção por um modelo transformador da realidade.

A Educação Ambiental, não entendida como exclusiva para a resolução dessa ques-tão, é um dos mecanismos indispensáveis na constituição desse outro modelo de socie-dade. Entretanto, nos estudos feitos sobre as práticas, observa-se que os educadores, na maioria das vezes, têm-nas atravessadas por uma Educação Ambiental conservadora que, “ingênua/perversa”, corrobora o que já existe.

Ao problematizarmos a superação de uma visão ingênua de Educação Ambiental, ve-remos que, apesar de atualmente todos concordarem que é preciso fazer algo a respeito da crise socioambiental, há muitas divergências e disputas entre diferentes pontos de vista sobre o que fazer, sobre como gerir as questões socioambientais, sobre quais in-teresses devem prevalecer entre os diversos grupos sociais, envolvendo seus projetos e visões de mundo, ademais sobre as necessidades do presente e as expectativas do futuro que podemos construir em conjunto. Educação Ambiental tem sido expressão cada vez mais utilizada nos textos das políticas e programas de educação e de meio ambiente, bem como nos projetos comunitários de extensão, gestão e ação.

O uso corrente e generalizado da denominação “Educação Ambiental” pode contri-buir para uma apreensão ingênua da ideia nela contida, como se fosse uma reunião de

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palavras com poder de abrir as portas para um amplo e extensivo campo de consenso. Com frequência, dissemina-se a ideia simplista de que, cada vez que essas palavras qua-se mágicas são mencionadas ou inseridas em um projeto ou programa de ação, imedia-tamente se está garantindo um campo de alianças e de compreensões comuns capaz de unir todos os educadores de boa vontade, desejosos de ensinar às pessoas a serem mais gentis e cuidadosas entre si e com a natureza.

A expressão “Educação Ambiental” passou a ser usada como termo genérico para

algo que se aproxima de tudo que possa ser acolhido sob o guarda-chuva das “boas prá-ticas ambientais” ou ainda dos “bons comportamentos ambientais”. Mas, mesmo assim, restaria determinar que critérios definiriam as tais boas práticas. Afinal, elas são boas do ponto de vista de quem? Será que estamos todos interessados em formar comporta-mentos corretos ou atitudes ecológicas diante do mundo?

Logo, a Educação Ambiental é uma proposta educativa que nasce em um momento histórico de alta complexidade. Faz parte de uma tentativa de responder aos sinais de falência de todo um modo de vida, que já não sustenta as promessas de felicidade, aflu-ência, progresso e desenvolvimento. A Modernidade Ocidental, da qual somos filhos, arriscou toda a sua crença na “Ciência” e no otimismo tecnológico correspondente. Do mesmo modo, fez-nos crer que o bem-viver residia no imperativo da acumulação ma-terial baseada nos circuitos de trabalho, produção e consumo, dos quais parcelas cada vez maiores da população do planeta estão sendo dramaticamente excluídas ou, dito de outra forma, incluídas em posições de absoluta inferioridade e desigualdade.

Diante do reconhecimento da profusão de conceitos teórico-metodológicos que cin-quenta anos de produção teórica em Educação Ambiental geraram, a concepção trazida pela Lei 9.265/2009, de uma Educação Ambiental crítica, emancipatória e transforma-dora, do ponto de vista teórico-filosófico e processual, permanente e transversal ao currículo e aos conteúdos de ensino, no aspecto metodológico, será o parâmetro a ser utilizado no processo de elaboração do Programa Estadual.

Portanto, há grande importância na formação cidadã por tratar-se de um instru-mento em que se leva em conta o inacabamento do ser humano (FREIRE, 2005) e que caminha concomitantemente à ideia de transformação, desde que não esteja esvaziada da crítica, que não se deixe influenciar por propostas obsoletas e se mantenha coesa com uma Educação Ambiental emancipatória.

Dessa forma, fica reconhecida a necessidade de aprofundar mais criticamente a ques-tão a partir de uma Educação Ambiental diversa, diferente das concepções predominan-temente postas, principalmente as que reivindicam uma postura de neutralidade diante das injustiças ambientais ou as que repetem irrefletidamente as concepções defendidas pelo senso-comum e pela mídia.

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6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUAS TRAJETÓRIAS INSTITUCIONAIS

A Constituição Federal Brasileira impõe ao Poder Público a obrigato-riedade de atuação em Educação Am-biental. Assim, seu art. 225, capítu-lo VI, estabelece: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade, o dever de defendê--lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).

As primeiras preocupações em relação à Educação Ambiental surgi-

ram nas décadas de 1960 e 1970, com os movimentos populares a favor da natureza e os constantes alertas contra o esgotamento dos recursos naturais. Assim, novos enfoques para os problemas ambientais passaram a modificar o panorama educacional.

Com base na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (Esto-colmo, 1972), a Educação Ambiental passou a ser considerada como campo de ação pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacional. As recomendações dessa Conferência incidem sobre os aspectos de desenvolvimento da Educação Ambiental e, na ocasião, foi recomendado que se considerassem todos os aspectos que compõem a questão ambiental, ou seja, políticos, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, ecológicos e éticos.

De acordo com essas recomendações, as atividades da Educação Ambiental deveriam ser enfocadas num entendimento interdisciplinar e globalizante e concebidas como um processo contínuo, direcionado a todos os grupos de idade e de categorias profissionais, com caráter escolar, envolvendo todos os níveis de ensino e não escolar, sendo dirigida ao público em geral, ao jovem e ao adulto indistintamente.

Na referida Conferência, o Brasil alegou que a preocupação com as questões ambien-tais fora manifestada pelos países desenvolvidos com o propósito de impedir a expansão industrial e, consequentemente, o desenvolvimento brasileiro. A conferência Rio-92 ou Eco 92, como ficou mundialmente conhecida, representou um desafio para o Brasil porque a postura brasileira, nessa ocasião, ainda defendia o crescimento econômico e o respeito à soberania nacional (a despeito das questões socioambientais).

Parque da Fonte GrandeFoto: Flávia N. Ribeiro

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Essa conferência gerou documentos importantes, como a Agenda 215 , que traz um roteiro delineando o planejamento para a condução do crescimento econômico. A Agenda 21 é um programa pioneiro de ação internacional sobre questões ambientais e desenvolvimentistas, voltado à cooperação internacional e ao desenvolvimento de políticas para o século 21.

Ainda que menos divulgado nas escolas e nas comunidades em geral e paralelo ao evento oficial, durante a Rio-92, reuniu-se, no Aterro do Flamengo, o Fórum Global das ONG’s e Movimentos Sociais. Diversos documentos programáticos alternativos, dentre os quais o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabi-lidade Global6, que reafirma o caráter político da Educação Ambiental, foram aprovados nesse fórum.

Esse documento tem uma proposta diferente da Agenda 21, pois reafirma e imprime o valor da sustentabilidade à Educação Ambiental. Trata-se de uma proposta que resulta da 1ª Jornada Internacional de Educação Ambiental.

Em razão de tudo isso, a Educação Ambiental tem o importante papel de fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o meio ambiente, numa rela-ção ética, respeitando o equilíbrio dinâmico da natureza e, possibilitando, por meio de novos conhecimentos, valores e atitudes, a inserção do educando e do educador, como cidadãos, no processo de transformação do atual contexto.

Em 1994, é apresentado à sociedade brasileira o Programa Nacional de Educação Am-biental (ProNEA), que pretende cumprir o mandato constitucional estabelecido no art. 225 da Constituição Federal e os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na Rio-92. Assim, fica evidente a importância da Educação Ambiental como o caminho a ser tomado para o alcance das mudanças em relação aos usos da natureza, à degradação e à poluição ambiental.

Podemos afirmar que a Educação Ambiental ocorre quando são estabelecidos meios de superação das formas de dominação, expropriação, coisificação, opressão e exclusão, em relação à natureza enquanto totalidade, o que inclui os elementos não-vivos, os humanos e os demais seres vivos. É assim que pensamos a Educação Ambiental trans-formadora e emancipatória, que se conjuga a partir de uma matriz que compreende educação como elemento de transformação social, inspirada no diálogo, no exercício da cidadania, no fortalecimento das regras de convívio social, na superação das formas de dominação, na compreensão do mundo em sua complexidade e da vida em sua totali-dade.

5Agenda 21 é um programa de ações recomendado para todos os países porem em prática nas suas diversas instâncias e setores, a partir da data de sua aprovação, 14 de junho de 1992, e ao longo de todo o século 21.

6O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global é a Carta de princípios dos educadores ambientais e das Redes de Educação Ambiental. Tem como base a transformação social, a construção de sociedades sustentáveis e está longe de ser uma proposta de homogeneização cultural.

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Logo, para o enfrentamento das situações de dominação, a Educação Ambiental tem como objetivo promover nos indivíduos e na coletividade produções de sentido em que a natureza e as interações humanas tenham reflexos no ambiente físico, nas condições socioculturais e político-econômicas.

Por causa disso, apostamos na necessidade de se estabelecer uma nova ética que se manifeste em atitudes que estejam em equilíbrio com a natureza, em princípios de uma vida democrática e em valores culturais que deem novo sentido à existência humana e que se traduzem num conjunto de práticas sociais que transformam as estruturas do poder associadas à ordem econômica estabelecida e anteriormente citada.

Ao trazermos esse breve panorama da Educação Ambiental nos cenários mundial e brasileiro, não poderíamos deixar de mencionar suas políticas estruturantes. Assim, é notório que há muitas potencialidades na Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) quando falamos dos cotidianos escolares e comunitários. A Educação Ambiental tem o importante papel de fomentar produções de sentidos no que tange à necessária integração dos seres humanos entre si e com o meio ambiente.

Em 1999, é publicada a Lei 9.795, que institui a Política Nacional de Educação Am-biental, que determina a inclusão da Educação Ambiental no sistema de ensino e nos espaços não escolares. Essa lei consolida os princípios da Educação Ambiental discuti-dos nos fóruns internacionais e nacionais desde 1977 e os torna legais, fornecendo à sociedade um instrumento para a promoção da Educação Ambiental. Foi regulamentada pelo Decreto 4.281, de 25/6/2002.

Ao definir responsabilidades e inserir a Educação Ambiental na pauta de discussão de diversos setores da sociedade, a PNEA institucionaliza a Educação Ambiental e a tor-na objeto de políticas públicas. Entre esses setores, os sistemas de ensino e os de Meio Ambiente são apontados como responsáveis pela implementação das ações e práticas da Educação Ambiental.

Regionalmente, a PNEA teve desdobramentos importantes, pois, à medida que a Edu-cação Ambiental se institucionalizava no âmbito federal, iniciaram-se movimentos nos Estados, com o mesmo fim. Dessa forma, em 2005, foi criada a Comissão Interinstitucio-nal de Educação Ambiental do Espírito Santo (CIEA/ES) que tinha o objetivo original de elaborar o texto da Política e do Programa Estadual de Educação Ambiental. A nossa lei (PEEA- Lei 9.265/2009) foi publicada em 2009 e, de lá para cá, têm sido empreendidos esforços para implementá-la, inserindo a Educação Ambiental na realidade vivida.

Para ambas, PNEA e PEEA serem implementadas, é indispensável uma educação vol-tada para a cidadania. Dessa maneira, ao se realizarem práticas de Educação Ambiental em diferentes contextos, as mudanças de atitude são primordiais, razão pela qual não basta trabalhar de maneira distante e abstrata, mas respeitando o espaço de vivência já estabelecido.

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Os desafios da institucionalização da Educação Ambiental na administração pública capixaba dizem respeito à criação de um ambiente institucional que lhe confira o status de eixo das políticas públicas, afastando-a da concepção ingênua que a entende unica-mente como disciplina escolar ou como pertencente ao campo meramente pedagógico. É preciso conceber a Educação Ambiental, enquanto elemento fundamental no planeja-mento e na organização dos rumos do estado, dotando a população da visão crítica que lhe permita definir a própria trajetória.

Nesse sentido, o Programa Estadual vem compor o conjunto da legislação de refe-rência, que já conta com a própria PEEA, além dos decretos 1582/2005 (Instituição da CIEA/ES), 3181/2012 e 3359/2013 (Instituição da CPOG/ES), que criam as condições objetivas de funcionamento da Lei.

A função do Programa Estadual, neste contexto, é demarcar quem desenvolverá, e sob que normas serão concebidas, as políticas públicas de Educação Ambiental no ter-ritório capixaba. A isso se deve a adoção da metodologia participativa, pois, ao mesmo tempo em que uma norma é produzida (no caso, o Programa Estadual), as instituições e os cidadãos são conclamados a assumirem um papel protagonista na implementação da Política Pública de Educação Ambiental.

Assim, o primordial é que nós capixabas nos apropriemos dos instrumentos legais já constituídos para organizar, localmente, as ações de Educação Ambiental, de modo a livrá-las do caráter episódico que, em geral, elas assumem, passando a se constituir bens públicos, que tenham continuidade e visem à elevação da qualidade de vida da população.

Com a finalidade de ilustrar o caminho que a Educação Ambiental tem percorrido, rumo à legalidade e a inserção no panorama da administração pública capixaba, inclu-ímos a figura a seguir, que representa os entes envolvidos na gestão e na execução da Política Estadual de Educação Ambiental.

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[...] que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc.Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós

(Manoel de Barros)

Canarinho e AlecrimFoto: Flávia N. Ribeiro

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PARTE II

1. ENTENDENDO O PROGRAMA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (ProEEA)

Em conformidade com a característica dialógica e participativa da Educação Ambiental, o Programa Estadual de Educação Ambiental deve ser elaborado em conjunto com os diversos setores da comunidade capixaba, possibilitando a inclusão de ideias distintas que sejam capazes de contemplar, de forma ampla, as questões presentes na realidade local, para que a Educação Ambiental praticada em nosso estado seja suficientemente abrangente, contribuindo para a redução dos problemas socioambientais e para a construção de uma sociedade mais sustentável e plural.

Desta forma, o Programa tem a função de promover um maior detalhamento da legislação e das exigências presentes na PEEA, estendendo-as aos diversos campos de influência da Educação Ambiental, além de apresentar a melhor forma de cumpri-las, definindo as responsabilidades dos envolvidos e as ações práticas necessárias para o cumprimento pleno da legislação.

Ao participar da elaboração desse Programa, cada coletivo terá a possibilidade de apresentar suas próprias ideias e considerações sobre a realidade socioambiental vivenciada, o que conferirá ao documento um caráter representativo das aspirações sociais, relativas aos assuntos ligados ao meio ambiente e à cultura, enfim, à vida dos cidadãos.

Outro aspecto importante é a garantia de que cada espaço do Estado será representado, permitindo o desenvolvimento de ações mais realistas, em contraposição a ideias pré-concebidas originadas em contextos totalmente distintos daquele onde se desenvolverá a ação de Educação Ambiental, que ignoram as nuances delicadas que cada realidade local encarna e que só podem ser plenamente conhecidas pelos que atuam nesses territórios.

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2. O QUE SE PRETENDE

É preciso recordar que, quando se fala de meio ambiente, os seres humanos também são parte fundamental das ações a serem desenvolvidas, até mesmo porque só é necessário preocupar-se com os impactos da vida moderna sobre o ambiente, porque nos afastamos da natureza, como se não fôssemos dependentes dos bens naturais para nossa existência no planeta. Problemas ambientais relacionados a catástrofes “naturais” – atuais e futuras –, poluição, contaminação de alimentos, escassez de água, destinação inadequada do lixo, dentre outros, estão presentes nos centros urbanos e vêm se intensificando também no interior do estado. Diante dessa situação, é preciso uma mudança de atitudes e de valores, que inclui o desenvolvimento do senso crítico de cada um de nós no que tange ao papel particular e coletivo que desempenhamos, ao lidar com o ambiente natural e social que nos cerca.

A construção do Programa Estadual será bastante desafiadora, tanto pela complexidade da Educação Ambiental como pela multiplicidade de atores envolvidos e dos interesses contraditórios a serem ajustados nessa construção. E é ainda mais desafiadora pela diversidade de situações e cenários do território capixaba.

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3. O TERRITÓRIO CAPIXABA

[...] pois todo capixaba é diferente:tem um segredo de espumauma conversa de dunaum disse-me-dissetodo capixaba é chique.Todo capixaba temum pouco de beija-flor no bicouma panela de barro no peitouma orquídea no gestoum cafezinho no jeitoum trocadilho na brincadeiraum tambor de congo no andarum jogo de cinturaum chá de cidreirauma moqueca perfeitaum perfume de coentroe uma rede no olhar [...]

Trechos do poema Capixabaéchique, de Elisa Lucinda, 2006

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3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

Este capítulo foi elaborado sem a intenção de abranger todas as informações e situações provocadoras de debates a respeito das questões socioambientais e econômicas do Espírito Santo, mas reconhece a importância dos dados aqui contidos para a elaboração das propostas de Educação Ambiental que comporão o Programa Estadual.

Primeiramente, será feita uma breve consideração sobre o cenário socioeconômico e ambiental do Espírito Santo, seguindo-se a apresentação de breve panorama socioeconômico e ambiental das Microrregiões do estado (mapa em anexo).

3.1.1. Aspectos gerais

O Espírito Santo está localizado na Região Sudeste e limita-se, ao Norte, com o estado da Bahia, ao Oeste, com Minas Gerais, ao Sul, com o Rio de Janeiro e, ao Leste, com o Oceano Atlântico. Sua área territorial é de 45.597 Km2, o equivalente a 0,53% do território nacional. É constituído de 78 municípios, dividido em quatro Macrorregiões e dez Microrregiões.

Conforme contagem populacional realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estadual totaliza 3.514.952 habitantes. A densidade demográfica é de 76,2 habitantes por quilômetro quadrado e a taxa de crescimento demográfico é de 1,3% ao ano. A população urbana é composta por 83,4% dos habitantes e a população residente em áreas rurais corresponde a 16,6%.

A população do Espírito Santo é composta por vários grupos étnicos, dentre os quais estão os indígenas, os africanos, os libaneses e os europeus – italianos, alemães, poloneses, suíços, austríacos, belgas e pomeranos –, entre outros. O estado possui uma das maiores colônias italianas do Brasil.

Vitória, a capital do Espírito Santo, tem, de acordo com o censo de 2010, 327.801 habitantes, sendo a 4° cidade mais populosa do estado. Possui um dos maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as capitais do país, mas, mesmo assim, o município apresenta uma das maiores taxas de homicídio do Brasil, consequência do desemprego, do crescimento desordenado, do tráfico de drogas e das desigualdades sociais.

As cidades do Espírito Santo com concentração populacional superior a 100 mil habitantes são: Vila Velha (414.586), Serra (409.267), Cariacica (348.738), Cachoeiro de Itapemirim (189.889), Linhares (141.306), Colatina (111.788), São Mateus (109.028) e Guarapari (105.286).

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A expectativa de vida da população estadual é de 73,7 anos e a taxa de mortalidade infantil é de aproximadamente 17 óbitos a cada mil nascidos vivos. Em relação ao saneamento básico, 83,9% dos habitantes têm acesso à água tratada e 67,4% contam com o serviço de rede de esgoto. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estadual é de 0,802, fazendo com que o Espírito Santo apresente o 7° melhor índice entre os estados do Brasil.

•BaciasHidrográficas

As principais bacias que compõem a paisagem hidrográfica capixaba são as dos rios Itaúnas, São Mateus, Doce-Suruaca, Riacho, Reis Magos, Santa Maria da Vitória, Jucu, Guarapari, Benevente, Rio Novo, Itapemirim e Itabapoana. A bacia hidrográfica do Rio Doce é a de maior expressão, abrange os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e possui uma área de drenagem de 12.000 Km2, percorrendo 27 municípios do estado.

DIVISÃO HIDROGRÁFICA DO ESPÍRITO SANTOFonte: http://ecobacia.org/regioes_es.html

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3.1.2 Da província à metrópole: um olhar sobre o desenvolvimento da Região Metropolitana nas décadas de 1960 e 1970.

Depois da Segunda Guerra Mundial, as nações industrializadas, lideradas pelos Estados Unidos, difundiram seu modelo de desenvolvimento para os países periféricos, cuja economia estava assentada na comercialização de produtos desprovidos de valor agregado (agricultura, pecuária, extrativismo, mineração etc.).

Inicia-se assim, o combate sistemático à situação econômica dos países chamados de atrasados, dividindo-os em desenvolvidos e subdesenvolvidos, utilizando como paradigma a presença e a ausência de indústrias no território nacional, bem como a estruturação de tecnologias e sua contribuição para promover a agregação de valor aos produtos comercializados.

Denota-se, dessa maneira, que o termo “desenvolvimento” passou a ser empregado como instrumento para classificar e discriminar povos, países e regiões. Por esse viés, ser desenvolvido é possuir indústrias, urbanizar as cidades, dentre outras “vantagens” advindas da apropriação e do uso dos bens ambientais, ou seja, nos envolver nesse sedutor discurso e nos des-envolver7 cada vez mais da natureza e da cultura que mantemos com nossos territórios de origem.

Pela complexidade do assunto, é preciso cautela e seriedade ao se analisar as propostas de desenvolvimento econômico, sendo imprescindível lançar sobre elas um olhar crítico, principalmente no que se refere às consequências socioambientais resultantes desse processo, sobretudo nas comunidades periféricas, onde se apresenta um cenário caótico, em virtude da ausência de políticas públicas – únicas capazes de diminuir as mazelas e a infraestrutura deficiente - e nas quais o surgimento de comunidades carentes tende a ser algo recorrente.

Assim, embalado pelo discurso de desenvolvimento, o Brasil, ao longo de três décadas, adotou uma política econômica alicerçada na abertura para o capital estrangeiro e na realização de projetos robustos de industrialização, mineração, energia (fóssil e hidráulica) e de expansão das fronteiras agropecuárias. Passa-se, assim, a utilizar esse discurso como instrumento capaz de implantar, no território nacional, uma cadeia de modificações, sobretudo na órbita social, eliminando a pobreza e assegurando o acesso a condições mínimas de existência por meio do crescimento econômico.

7Para o professor Carlos Walter Porto-Gonçalves, o termo des-envolver, significa tirar o envolvimento, separar o ser humano da natureza e dos outros seres humanos, individualizando-os. In: PORTO-GONÇALVES, C.W.O desafio ambiental. p. 39. Rio de Janeiro: Record, 2004.

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De acordo com a conjuntura política da década de 1960, em plena ditadura militar, o Espírito Santo foi atingido pela onda desenvolvimentista. Nessa época, o estado estava passando por uma grave crise econômica e socioambiental com a política de erradicação do café, principal fonte de renda estadual. O Espírito Santo queria sair da condição agrícola de produtor de café e se equiparar aos grandes centros urbanos, a exemplo dos demais estados da Região Sudeste e passou a oferecer condições para que vultosos empreendimentos se instalassem aqui. Competindo na maratona desenvolvimentista brasileira, acolheu de “braços abertos” a Companhia Siderúrgica de Tubarão (atual Arcelor Mittal), a Aracruz Celulose (atual Fibria) e a Usina de Pelotização Samarco.

Entretanto, a partir da entrada do Espírito Santo neste movimento, muitas novas questões surgiram (e continuam surgindo) e produziram extrema alteração na configuração das cidades que passaram a receber os novos investimentos.

Ocorre que muitas vezes o planejamento/ordenamento do território não consegue responder à dinâmica de crescimento das cidades, principalmente, quando não é levado em conta o impacto decorrente dos movimentos migratórios e do “inchaço populacional” que geralmente acompanham a instalação de grandes empreendimentos. Isto acaba gerando a necessidade de investimentos públicos, a posteriori, em saneamento, segurança, saúde, mobilidade, habitação, educação e urbanização de áreas ocupadas, entre outros, além de enormes perdas ambientais e paisagísticas.

3.1.3 Perfil Socioeconômico do Espírito Santo

Na atual conjuntura socioeconômica do Espírito Santo, percebe-se que não são apenas as grandes indústrias já mencionadas nesse Caderno que movem a economia capixaba. A maior contribuição relativa para o crescimento industrial de nosso estado se explica pela expansão progressiva da atividade de extração e beneficiamento de petróleo e gás. Além do Setor Secundário8 , a silvicultura, concentrada na região litoral norte do estado e a produção de café, situada, sobretudo, em suas porções serranas, também são fatores explicativos do comportamento da economia e seus reflexos no território.

Todavia, quedas nos preços das comoditties9 resultantes da crise global influenciaram movimentos negativos na acumulação econômica, da mesma forma que a atual recuperação dos preços ou as altas verificadas antes da crise foram responsáveis por movimentos de alta no Produto Interno Bruto (PIB)10 estadual. Em relação ao PIB per capita, o Espírito Santo ocupa a 4ª posição nacional (2011).

8É o Setor Secundário da economia que transforma as matérias-primas em produtos industrializados: confecções, automóveis, máquinas, eletrônicos, alimentos industrializados etc.9No idioma inglês, commodities significam mercadoria, sendo um termo de referência de produtos de base em estado bruto, considerado “matéria-prima”. Além do nível de matéria-prima, é aquele produto que apresenta grau mínimo de industrialização.10Representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um período determinado.

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Nesse contexto, o Setor Primário do Espírito Santo tem nas Microrregiões Nordeste, Rio Doce, Centro-Oeste e Central Serrana os seus representantes de maior expressão. No Setor Secundário, os municípios que mais aumentaram sua participação na atividade industrial em 2011 foram, sobretudo, aqueles onde se desenvolve a Indústria Extrativa Mineral, caso de Presidente Kennedy, Anchieta, Itapemirim e Marataízes. O Setor Terciário11 tem o maior peso na economia do estado, e também, a maior concentração econômica.

Outro dado que reflete o peso que as atividades de cunho energético-industrial têm no Espírito Santo, refere-se aos investimentos públicos e privados, com valores individuais acima de um R$ 1 milhão, no período 2012-2017. O montante previsto é de R$ 113 bilhões, distribuídos entre os principais setores econômicos e de serviços, abrangendo todos os 78 municípios do estado, sendo que os maiores investimentos estão nos setores energético, industrial e de terminal portuário.

Assim, o Espírito Santo cresce acima da média nacional há várias décadas, e boa parte desse crescimento deve-se ao desempenho das commodities (minério de ferro, aço, celulose, e, mais recentemente, petróleo e gás). Sabe-se que, hoje, é um dos estados mais desenvolvidos do Brasil, o que pode ser verificado pelos seus indicadores econômicos e sociais (PIB per capita, IDH etc.), e que a produção de commodities foi decisiva neste processo. Porém, a análise de dados, de artigos científicos publicados, de patentes e de intensidade tecnológica das exportações mostra que o Espírito Santo ainda é uma economia periférica em termos de geração de conhecimento e da sua incorporação ao processo produtivo.

Cabe destacar que, apesar de ter havido significativo crescimento financeiro no nosso estado, esse é fruto da exportação de bens naturais não beneficiados e da exploração de petróleo. E este tipo de desenvolvimento tem como característica a concentração de renda em algumas camadas sociais, dificultando a distribuição da renda para estratos menos favorecidos, que permanecem na periferia do sistema, sem acesso igualitário aos bens sociais advindos do crescimento econômico.

3.1.4 Nova tendência: desenvolvimento descentralizado

Atualmente, o estado vive a iminência de um segundo boom de investimentos industriais, proporcionalmente tão vultosos quanto aqueles de décadas anteriores, ligados principalmente à produção e à exportação de commodities, da mesma forma que no primeiro ciclo. No entanto, alguns elementos diferenciadores merecem ser investigados, por conta do atual cenário de globalização da economia, muito mais dinâmico e complexo que no primeiro ciclo.

11O Setor Terciário envolve a comercialização de produtos em geral, e o oferecimento de serviços comerciais, pessoais ou comunitários, a terceiros.

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Na esteira desses investimentos que são representados por um novo ciclo de Projetos de Grande Porte, as transformações advindas das atividades industriais podem ter impactos significantes no desenvolvimento futuro das cidades, haja vista o ocorrido na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) em décadas anteriores.

Nessa perspectiva, o Plano de Desenvolvimento Espírito Santo - 2025 enfatiza o

processo de desconcentração dos investimentos e apresenta como uma das características centrais do novo ciclo de desenvolvimento capixaba o desenvolvimento econômico espacialmente equilibrado, bem como o desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável. Esse Plano aponta ainda para a consolidação de centralidades regionais, que deverão compor uma rede equilibrada de cidades, dentre as quais se encontram, além da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), os municípios de Anchieta, Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Linhares, Nova Venécia e São Mateus.

O processo de modernização ocorrido na economia do Espírito Santo a partir da década de 1960, originado da desestruturação de sua base econômica anterior, o setor agrário, e de sua reestruturação a partir da industrialização, configurou-se de forma brusca e concentrada na RMGV. A atual tendência de desconcentração de investimentos de grandes projetos industriais poderá trazer impactos positivos ou negativos sobre os níveis de pobreza e distribuição de renda nas regiões. O certo é que tende a modificar, sobremaneira, sua estrutura socioeconômica e territorial.

As transformações advindas dos empreendimentos industriais nos litorais norte e sul tendem a alterar, de forma expressiva, a dinâmica urbana não apenas dos municípios litorâneos, mas também dos municípios do interior, o que pode dar ensejo a um real processo de descentralização econômica, a partir da interiorização do desenvolvimento industrial. Faz-se necessário planejar bem o território, criando condições favoráveis para que o crescimento das cidades ocorra de forma equilibrada e em bases sustentáveis, promovendo, efetivamente, o desenvolvimento das regiões como um todo.

Assim, na tentativa de otimizar e redistribuir os investimentos previstos e equilibrar a distribuição da riqueza gerada, o Governo do Estado, dentro do Plano de Desenvolvimento Espírito Santo - 2025, que constitui o planejamento estratégico do estado, estabeleceu o “desenvolvimento da rede de cidades” como um dos seus projetos estruturantes. O Plano de Desenvolvimento Espírito Santo - 2025 considera como principais nós dessa rede, numa visão estratégica de futuro, a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) e as cidades de Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Linhares, São Mateus e Nova Venécia, e considera como polos potenciais Aracruz e Anchieta.

De fato, o debate que vem se fazendo desde 2006, quando foi elaborado pelo Governo Estadual o Plano Estratégico Espírito Santo - 2025, compreende a descentralização da economia capixaba, com especial atenção às polaridades emergentes dos municípios de Anchieta e de Aracruz, por já possuírem estruturas portuárias.

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Sabe-se, por outro lado, que não são somente as demandas advindas da atividade industrial que geram necessidades de infraestrutura, mas para pensar um desenvolvimento urbano para outras regiões, sem repetir os mesmos problemas gerados, a partir da década de 1970, na aglomeração de Vitória (Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra), no qual o planejamento urbano se posicionou a reboque das consequências trazidas pelo modelo adotado (grandes indústrias – grande fluxo de trabalhadores – segregação socioespacial – impactos urbanos e ambientais) é necessário que o Poder Público adote estratégias que antecipem e acompanhem o processo de industrialização, a partir da previsão de investimentos mais significativos em infraestrutura e em equipamentos sociocomunitários.

Embora acenando para a possibilidade de produção de riqueza, é preciso entender que esses novos empreendimentos, na verdade, não se afastam muito do modelo dos ciclos anteriores de desenvolvimento, pois suas características básicas permanecem, já que continuam fundamentados na mesma lógica daqueles, tais como: exploração de matérias-primas brutas, pequeno aproveitamento da mão-de-obra local, concentração de renda, ocupação desordenada do território e grandes impactos locais.

E a Educação Ambiental emancipatória tem, entre inúmeras outras, a função de estimular a análise crítica das propostas de desenvolvimento econômico que são apresentadas à sociedade capixaba. Afinal, como tudo na vida, há ônus e bônus nessas ações e os grupos locais envolvidos por estes empreendimentos precisam avaliar seu custo/benefício.

3.1.5 E agora, Educação Ambiental?

Após as considerações anteriores, convém agora, refletirmos um pouco sobre o papel da Educação Ambiental no contexto do desenvolvimento econômico. Nesse sentido, podemos dizer que, no Espírito Santo, os primórdios da Educação Ambiental, dentro e fora da escola, aconteceram a partir da década de 70, época em que as questões referentes ao meio ambiente eram pouco discutidas com a sociedade, principalmente devido à ditadura e à onda desenvolvimentista característica daquele período.

Em consequência, algumas escolas e empresas organizavam palestras sobre Ecologia, eventos de plantios de mudas de árvores e excursões a espaços naturais preservados, geralmente em datas comemorativas, caracterizando o caráter episódico das ações educativas voltadas para a proteção à natureza. Percebe-se nessa narrativa, uma inclinação conservacionista que, ao longo do tempo, impregnou fortemente a Educação Ambiental e pode ser sentida, ainda hoje, na crença de que os conhecimentos ecológicos são suficientes para mudar o comportamento das pessoas em relação ao meio ambiente.

Essa visão ecológica, comportamentalista e ingênua que se formou sobre a Educação Ambiental, teve sua importância num determinado momento da história, mas já não

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responde mais às graves sequelas deixadas por séculos de dominação da natureza pelo ser humano. Impõe-se então, o desafio de buscar caminhos educativos que nos conduzam para além das mudanças culturais e individuais, de unir as estradas que levam aos direitos da cidadania e da justiça social com as que defendem as florestas, as águas e os animais, entendendo que elas não se opõem, mas, sobretudo, são parte de um mesmo caminho.

Assim, é preciso analisar, de modo mais crítico, toda diversidade e complexidade dos cenários socioambientais, econômicos e culturais que permeiam a sociedade. Não podemos mais encarar o desenvolvimento econômico de forma mítica, sem questionar a capacidade humana de produzir os riscos gerados pelo modelo técnico-industrial e a má-distribuição da riqueza e do poder. Isso requer uma visão mais política da questão, além de disposição e de solidariedade para uma mudança social. Trata-se novamente de unir duas estradas, a de uma racionalidade mais ambiental e menos econômica (Leff) com a dos ideais transformadores e emancipatórios da educação de Paulo Freire, resultando numa Educação Ambiental que se situe historicamente e explicite dialeticamente as contradições e as causas do antagonismo plantado e cultivado entre sociedade e natureza.

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3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MICRORREGIOES DO ESPÍRITO SANTO

3.2.1 Microrregião do Caparaó

3.2.1.1 O Território Caparaó Capixaba

O Território do Caparaó-ES (TC) está localizado no sudoeste do estado do Espírito Santo, ocupa 8,5% da área estadual e é constituído por onze municípios, quais sejam: Alegre, Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçuí, Ibitirama, Iúna, Irupi, Ibatiba, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire e São José do Calçado. Essa divisão em territórios representa o esforço de reunir municípios de características ambientais, socioeconômicas e socioculturais similares, para que possam somar forças em busca do seu desenvolvimento.

O município de Bom Jesus do Norte está nessa Microrregião, mas não faz parte da organização denominada Território Caparaó (TC). O município de Jerônimo Monteiro integra o TC, mas não faz parte da Microrregião em tela e, portanto, será mencionado na Microrregião Central Sul.

Uma importante característica desta Microrregião se refere ao ambiente natural que a compõe, onde “predominam terras acidentadas com temperaturas frias ou amenas em 82% do espaço territorial”, que faz parte da faixa de domínio da Mata Atlântica. Também é uma Microrregião com forte identidade cultural e senso de pertencimento associados à exuberância da paisagem.

Alegre Bom Jesus do Norte

Divino de São Lorenço Dores do Rio Preto

Fonte: www.flogao.com.br Fonte: www.cidadesbrasileiras.blog.terra.com.br

Fonte: www.es.gov.br Fonte: www.amelhoreponto.com.br

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O trabalho de diversas organizações reafirma o valor atribuído, de forma coletiva, aos bens naturais da Microrregião, como o Parque Nacional do Caparaó e o Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça. Além disso, ressaltam-se também as três bacias hidrográficas (do Rio Itapemirim, do Rio Itabapoana e do Rio Doce) presentes na Microrregião, fazendo desta uma das regiões capixabas de maior potencial hídrico.

Nessa Microrregião atua o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento da Região do Caparaó, organização criada a partir de um fórum constituído em 1995 e formada por Organizações Não Governamentais (ONGs) e pelas prefeituras dos municípios capixabas componentes da Microrregião do Caparaó Capixaba. Constitui-se um referencial do desenvolvimento sustentável da região, em que as ações, desde sua elaboração até sua execução, são construídas utilizando-se metodologias participativas focadas na integração, na cooperação e na parceria entre os diversos atores.

Alguns produtores rurais estão implantando a agricultura orgânica em suas propriedades, porém é ainda um movimento incipiente. Esse novo estilo de produção tem como orientação uma nova ética do desenvolvimento, na qual os objetivos econômicos do progresso estão subordinados às leis de funcionamento dos sistemas naturais e aos critérios de respeito à dignidade humana, objetivando a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Nesse sentido, é tarefa estratégica investir em educação formal e não formal, na

busca do desenvolvimento de personalidades questionadoras e criativas, sensíveis aos princípios da sustentabilidade, capazes de enfrentar problemas e de realizar potenciais, além de estarem sempre atentas e abertas às mudanças. Isso requer uma verdadeira revolução nos projetos pedagógicos das escolas e das universidades, associada ao compromisso dos educadores de defenderem esta postura profissional.

Ibatiba

Ibitirama Irupi

Guaçui

Fonte: www.905fm.com.br Fonte: www.ibatiba.es.gov.br

Fonte: www.ecoviagem.uol.com.brFonte: www.es.gov.br

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3.2.1.2 Cenário socioeconômico e ambiental

A estrutura fundiária de todos os municípios que compõem a Microrregião retrata o predomínio das pequenas propriedades de base familiar, onde os trabalhos produtivos são feitos pela própria família ou no regime de parcerias agrícolas.

O café e a pecuária leiteira são as principais atividades agrícolas dos municípios. A floricultura é uma atividade que tem se expandido e se apresentado como fonte de renda e de emprego nos municípios. Aproveitando a localização estratégica e os vários atrativos locais tais como casarões, cachoeiras, picos, montanhas e agroindústrias, cabe destacar, ainda, as iniciativas de agroturismo na região percebidas pela instalação de pousadas no estilo “cama e café”, que têm promovido a geração de renda alternativa para os pequenos produtores rurais.

O setor industrial baseia-se, principalmente, no beneficiamento de madeiras (serrarias) e na indústria de laticínios, que absorve boa parte da produção leiteira dos municípios. Alguns municípios possuem potencialidade para desenvolver atividades de piscicultura e de fruticultura. Além das atividades agropecuárias, os setores de comércio e de serviços representam uma boa fonte de renda em todas as localidades.

Bom Jesus do Norte apresenta elevada taxa de urbanização, superior à observada

no Brasil e no Espírito Santo (aproximadamente 80% em ambos os casos, segundo dados do IBGE). Porém, sua situação fundiária é semelhante à dos outros municípios da Microrregião, ou seja, com predomínio dos minifúndios. Esse município possui ainda dois assentamentos rurais.

Iúna Muniz Freire

São José do Calçado

Fonte: www.ferias.tur.br Fonte: www.mapasbrasil.net

Fonte: www.mmaximo.musicblog.com.br

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É preocupante o Índice de Desenvolvimento Social (IDS) em alguns locais. A desigualdade social é enorme e mais de 1/3 da população vive com renda insuficiente, segundo dados do informativo Caparaó Vale Mais.

Outro dado negativo é com relação ao índice de analfabetismo. Segundo resultados obtidos pelo diagnóstico da agricultura familiar feito pelo Consórcio Caparaó, aproximadamente 76% dos agricultores são analfabetos ou possuem apenas o ensino fundamental incompleto. Nesse contexto, a dependência da assistência governamental é significativa e essa condição, associada à instabilidade econômica, dificulta a exploração de outros potenciais da região, como é o caso do Turismo Rural.

A portaria capixaba do Parque Nacional do Caparaó, que dá acesso ao Pico da Bandeira, abriu caminhos para o desenvolvimento turístico de toda a região e, especialmente, em suas proximidades. Nesse sentido, pontos de observação da Serra do Caparaó e do Pico da Bandeira com seus 2890 metros de altitude, nascentes e cursos d’água, lindas cachoeiras e piscinas naturais, possuem grande potencial para o agroecoturismo e para a prática de esportes radicais. Além de todas essas riquezas, o Parque Estadual Cachoeira da Fumaça desempenha uma importante função para toda a região por se constituir área de proteção ambiental.

Em relação aos remanescentes florestais, destaca-se a presença de fragmentos preservados de Mata Atlântica e algumas RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural). Entretanto, há locais, onde quase 100% da cobertura florestal natural foi suprimida. Essa cobertura vegetal era composta por resquícios da Mata Atlântica e foi devastada em função da implantação da lavoura cafeeira, sobretudo nas encostas, causando a degradação do solo. O uso de adubos minerais e orgânicos tornou-se cada vez mais constante e mais volumoso, ocasionando o desequilíbrio das condições naturais, diminuindo, com isso, a resistência natural das plantas às pragas e às doenças, aumentando a necessidade do uso de defensivos agrícolas. A consequência disso é o aumento do custo de produção e a diminuição da margem de lucro do produtor, além dos problemas decorrentes do uso excessivo de agrotóxicos.

Descendo ao âmbito das propriedades rurais, não é incomum encontrá-las sem cobertura florestal suficiente para atender à legislação florestal, bem como para lhes proporcionar a tão necessária sustentabilidade ambiental.

Em alguns municípios encontram-se remanescentes de Mata Atlântica protegidos em parques e RPPNs.

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3.2.2 Microrregião Central Serrana

3.2.2.1 Cenário socioeconômico e ambiental

A Microrregião Central Serrana é composta de municípios de colonização, principalmente, italiana e alemã e, em alguns, como Itaguaçu e Itarana, a população rural é maior que a urbana. Na área rural, predominam as pequenas propriedades e nelas as principais atividades são o cultivo de café e a criação de gado leiteiro.

Todos os municípios dessa Microrregião possuem abastecimento regular de água, tanto na área urbana, quanto na rural. Além da água canalizada, os poços também são bastante utilizados. Nas localidades urbanas e rurais, onde não existe rede canalizada de esgoto, é utilizado o sistema de fossa rudimentar.

Ainda em relação ao saneamento da Microrregião, os resíduos sólidos (hospitalares, residenciais, comerciais e industriais) são coletados de forma regular nas sedes dos municípios e, de uma a duas vezes por semana, nos distritos. Entretanto, a coleta atinge apenas uma pequena parcela dos domicílios e grande parte do lixo produzido acaba sendo queimado ou enterrado. Tem sido observado também descarte de resíduos nos corpos d’água.

Alguns municípios realizam um processo de triagem e de separação de materiais e o destino final do restante do lixo é um aterro sanitário, licenciado pelo IEMA, localizado no município de Aracruz. Outros municípios possuem também galpão para reciclagem de embalagens de agrotóxicos.

Itarana

Santa Leopoldina Santa Maria de Jetibá

Itaguaçu

Fonte: www.folhavitoria.com.br Fonte: http://www.eshoje.jor.br

Fonte: www.citybrazil.com.br Fonte: www. camaraitarana.es.gov.br

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Em grande parte da Microrregião, a vegetação foi substituída, primeiramente, pela agricultura, posteriormente, pelas pastagens (pecuária extensiva) e pelo café e, atualmente, pela plantação de eucalipto.

Assim, é de assaz importância ressaltar que, além dos fragmentos de mata secundária, a Microrregião abriga importantes áreas de preservação, tais como a Reserva de Santa Lúcia (município de Santa Teresa), detentora de uma das maiores biodiversidades do mundo e a Serra do Alto Misterioso, expressiva área de vegetação rupestre que abarca sete municípios, dentre os quais, Itarana, Itaguaçu e Santa Teresa, pertencentes à Microrregião Central Serrana.

O município de Santa Leopoldina, embora não tenha nenhuma unidade de conservação, é um dos municípios capixabas com maior percentual de cobertura florestal: mais de 1/4 do seu território é ocupado por Mata Atlântica primária ou em estágio médio ou avançado de regeneração.

Em Santa Maria de Jetibá, 43% do espaço territorial ainda possui florestas preservadas. No município não existem áreas oficiais que compõem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, ou o Sistema Estadual, embora existam cinco propriedades que já possuem áreas disponibilizadas para a criação de Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN.

Um fator extremamente relevante é que a grande maioria das áreas utilizadas para a produção agrícola são consideradas Áreas de Proteção Permanente (APP), o que implica uma reflexão bastante complexa sobre a relação entre conservação ambiental e desenvolvimento econômico.

O município de Santa Maria de Jetibá é certamente um dos que têm a maior diversidade e intensidade de atividades agrícolas no estado do Espírito Santo. É o maior produtor de hortigranjeiros e o maior fornecedor das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), além de enviar produtos para os mercados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, da Bahia e de alguns outros estados do Nordeste.

Nesse contexto, destacam-se o cultivo de chuchu, de folhosas, de beterraba, de repolho e de cebola, além das culturas de morango e de gengibre que têm esse município como seu maior produtor.

Santa Tereza

Fonte: www.panoramio.com

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As matas ciliares, nas margens dos cursos d’água, são praticamente inexistentes em alguns municípios dessa Microrregião, dando lugar a agricultura e pecuária. Por haver predomínio das atividades de pastagem extensiva, é comum perceber a degradação do solo e os processos acelerados de lixiviação e de erosão, nos seus diversos estágios, em função do pisoteio do gado e da supressão de matas nas encostas íngremes.

Em alguns municípios da Microrregião há crescimento de pontos de extração de rochas, alguns já em situação extremamente crítica em função da pouca infraestrutura e do quadro ambiental desfavorável.

3.2.3 Microrregião Central Sul

3.2.3.1 Cenário socioeconômico e ambiental

Os municípios dessa Microrregião têm suas economias baseadas na agropecuária, sendo a cafeicultura a principal atividade econômica, seguida da pecuária de leite, da criação de suínos e do plantio de laranja. A agroindústria, o artesanato e o agroturismo têm se mostrado de forma incipiente, porém, apresentando tendência ao crescimento.

Em Jerônimo Monteiro e em Cachoeiro de Itapemirim existem comunidades quilombolas que possuem características diferenciadas das populações urbanas e rurais da região. O município de Jerônimo Monteiro integra o Território Caparaó Capixaba, caracterizado na Microrregião do Caparaó.

Apiacá Atílio Vivacqua

Cachoeiro de Itapemirim Castelo

Fonte: www.turismo.culturamix.com Fonte: http://www.castelo.es.gov.br/

Fonte: www.lwerneck.blogspot.com Fonte: www2.cidade-brasil.com.br

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Na estrutura fundiária da maioria dos municípios predominam as pequenas propriedades de base familiar, onde os trabalhos produtivos são feitos pela própria família ou no regime de parcerias agrícolas.

Em alguns municípios ocorre a extração de mármore e de granito de forma intensiva, o que interfere na qualidade de vida dos moradores e promove impactos negativos no ambiente. Em Cachoeiro de Itapemirim e em Castelo existem várias pedreiras para extração desses materiais, impactando o Maciço Intrusivo de Castelo, que abrange uma área aproximada de 75 km2 e no qual está situado o Parque Estadual do Forno Grande, unidade de conservação administrada pelo IEMA.

Em Cachoeiro de Itapemirim, atualmente, operam no beneficiamento de rochas, algo em torno de 700 empresas, o que agrava a questão ambiental. O município não possui um aterro licenciado para depositar, separar e reaproveitar os resíduos gerados pelo beneficiamento, de modo que os rejeitos ficam sobre o solo ou depositados à beira das estradas e em locais próximos à zona rural. Esse procedimento tem provocado a lixiviação e, consequentemente, o assoreamento dos cursos d’água, bem como a contaminação do solo e das águas subterrâneas.

Os municípios da Microrregião apresentam abastecimento de água satisfatório, tanto na área rural quanto na urbana. Porém, uma parte considerável dos domicílios recorre a outras fontes de abastecimento, como poços e nascentes, sobretudo na área rural. Quanto aos esgotos, a situação é satisfatória na área urbana, entretanto, há muita carência de coleta e de tratamento na área rural. Os domicílios que não dispõem de rede coletora de esgoto lançam seus efluentes diretamente em corpos d’água, evidenciando os riscos de contaminação e degradação ambiental.

Jerônimo Monteiro Mimoso do Sul

Muqui Vargem Alta

Fonte: www.ferias.tur.br Fonte: pt.wikipedia.org

Fonte: www.camaramuqui.es.gov.br Fonte: www2.cidade-brasil.com.br

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No tocante à coleta de lixo, há muita deficiência, principalmente na área rural. A coleta na área urbana é considerada satisfatória. Alguns municípios não possuem coleta seletiva e não apresentam locais reservados para deposição do lixo hospitalar/ posto de saúde e de farmácias.

Em relação aos aspectos ambientais da Microrregião, observa-se uma variação de 11 a 20% de cobertura vegetal nos municípios, com características de mata secundária e em regeneração, e poucas áreas de matas primitivas. Há florestas cultivadas, em que predominam as espécies de eucaliptos e pinus. O município de Jerônimo Monteiro está na área de amortização da Floresta Nacional de Pacotuba – distrito de Cachoeiro de Itapemirim.

Vale ressaltar que na Floresta Nacional de Pacotuba encontra-se a Reserva Particular do Patrimônio Natural Cafundó que é a maior reserva particular do Espírito Santo.

Todos esses municípios apresentam áreas com elevado valor cênico e potencial turístico. Porém, é necessário um trabalho de proteção das Áreas de Proteção Permanente (APP), especialmente das nascentes e das margens dos córregos e dos rios, bem como um trabalho de conservação dos solos, buscando a redução da erosão e a recomposição florestal das áreas degradadas promovendo, inclusive, o incentivo a práticas de agroturismo como alternativa de renda para os moradores da Microrregião.

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3.2.4 Microrregião Centro-Oeste

3.2.4.1 Cenário socioeconômico e ambiental

Na estrutura fundiária dos municípios que compõem a Microrregião Centro-Oeste também predominam as pequenas propriedades de base familiar, onde os trabalhos produtivos são feitos pela própria família ou no regime de parcerias agrícolas.

A grande maioria das localidades dessa Microrregião foi colonizada por imigrantes europeus, principalmente italianos. No município de Pancas, 60% da população descendem de pomeranos, sendo o percentual restante descendente de italianos e demais etnias. Nessas populações há forte cultivo da herança cultural de seus antepassados.

As principais atividades econômicas geradoras de renda nos municípios com vocação agrícola são a cafeicultura e a pecuária de leite, seguidas da cultura do eucalipto, que vem se expandindo, da fruticultura, decorrente do Polo de Manga, do agroturismo e da agroindústria em pequena escala. Nas áreas urbanas de muitas dessas localidades, em especial das mais populosas, o comércio e a indústria de confecções são importantes fontes de renda.

Sobressaem também atividades relacionadas ao britamento, ao aparelhamento e a outros trabalhos em pedras; o transporte rodoviário de cargas em geral; a extração de minerais não metálicos, de pedra, de areia e de argila, além da fabricação de esquadrias e de casas pré-fabricadas de madeira.

Alto Rio Novo Baixo Guandu

Colatina Governador Lindenberg

Fonte: brasil.wikimapas.net Fonte: www.panoramio.com

Fonte: www.cubbrasil.net Fonte: www.rosedefreitas.com.br

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Na Microrregião, mais precisamente no município de São Gabriel da Palha, encontra-se a COOABRIEL – Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel Ltda., cooperativa de café conilon. A comercialização do café conilon em grãos, em sua maior parte, é realizada por essa instituição.

Existe a previsão de implantação de um grande projeto de logística para a região, o Terminal Ferroviário de Cargas de Colatina, que deve movimentar até 640 toneladas/ano de cargas, principalmente, granito, café, produtos agrícolas e contêineres.

De modo geral, os municípios em tela apresentam abastecimento de água satisfatório, tanto na área urbana quanto na rural. Em algumas localidades, é utilizada água de poço ou de nascente. No entanto, o mesmo não ocorre em relação ao esgoto, principalmente na zona rural de muitos municípios, em que predomina o sistema de fossa rudimentar. Além disso, uma parcela do esgoto é lançada diretamente nos rios.

Marilândia Pancas

São Domingos do Norte São Gabriel da Palha

São Roque do Canãa

Fonte: www.marilandia.es.gov.br Fonte: cidadesemfotos.blogspot.com

Fonte: br.distanciacidades.com Fonte: www.skyscrapercity.com

Fonte: www.panoramio.com

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A coleta de resíduos sólidos é satisfatória na área urbana de todos os municípios, atendendo mais de 90% dos domicílios, mas na zona rural de muitas localidades é extremo o índice de carência em coleta de resíduos. Existe ainda uma grande porcentagem desses resíduos que é queimada ou enterrada. O município de Colatina possui incinerador para resíduos hospitalares e vem recebendo este tipo de material de outros municípios.

A Microrregião encontra-se localizada em área de Mata Atlântica, com vários municípios que possuem áreas de preservação, tais como o Parque Nacional, recentemente transformado em Monumento Natural dos Pontões Capixabas, que abrange aproximadamente 30% da área do município de Pancas e o Corredor de Mata Atlântica “Alto Misterioso” que possui áreas mais preservadas, de elevado valor cênico (afloramentos rochosos e cabeceira de drenagens/nascentes) na porção oeste e leste do município de São Roque do Canaã.

Apesar disso, a Mata Atlântica, em grande parte dos municípios, foi, como em outras regiões, substituída primeiramente pela agricultura e, posteriormente, pelas pastagens (pecuária extensiva), café e, atualmente, pelo eucalipto. Assim, os poucos fragmentos existentes ocupam uma área que varia de 3 a 12% da região, sendo que alguns estão localizados em terrenos íngremes, de difícil acesso (porção leste e sudoeste do território), como em São Roque do Canaã.

Vila Valério

Fonte: sitiocasarao.blogspot.com

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3.2.5 Microrregião Litoral Sul

3.2.5.1 Cenário socioeconômico e ambiental

Essa Microrregião apresenta uma realidade complexa, face aos empreendimentos localizados e previstos para o seu território que, ao mesmo tempo em que contribuem para o crescimento econômico da Microrregião, produzem extrema heterogeneidade entre seus municípios e provocam o agravamento da situação socioambiental das comunidades direta e indiretamente influenciadas por eles.

Alfredo Chaves Anchieta

Iconha Itapemirim

Marataízes Piúma

Presidente Kennedy Rio Novo do Sul

Fonte: http://www.alfredochaves.net/ Fonte: www.mochileiros.com.br

Fonte: www.panoramio.com Fonte: www.panoramio.com

Fonte: www.es.gov.br Fonte: www.brasil-turismo.com

Fonte: www.presidentekennedy.es.gov.br Fonte: www.turismo.es.gov.br

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A maior parte dos municípios se caracteriza pela grande importância do Setor Primário, com destaque para a agricultura familiar e para a pesca, atividade tradicionalmente exercida no local. A implantação de grandes empreendimentos na região tem causado a modificação no arranjo produtivo, em especial no das vilas de pescadores e no das atividades turísticas, reduzindo sua produtividade e eliminando-as da lista de opções de geração de renda dos moradores das áreas afetadas.

No município de Anchieta está localizada a Usina de Pelotização da Samarco Mineradora Ltda., instalada desde 1977 na comunidade de Ubu e que inaugurou, recentemente, sua quarta usina de beneficiamento de minério de ferro.

Além desse empreendimento, o incentivo à expansão industrial na Região tem envolvido os demais municípios na implantação de projetos da Petrobras e de usinas termoelétricas, além de complexos portuários em Presidente Kennedy, Marataízes e Itapemirim, a fim de complementar o atendimento às plataformas que já operam e que irão operar nos próximos anos na Bacia de Campos.

Nessa Microrregião, são setores economicamente estratégicos a produção de café e de produtos agropecuários; a fruticultura, com destaque para a produção de banana; o transporte rodoviário de cargas em geral; o comércio atacadista de matérias-primas agrícolas e de produtos semiacabados e a extração de pedra, de areia, de argila e de minerais não metálicos, sendo estas últimas atividades relacionadas diretamente aos empreendimentos industriais.

A Microrregião apresenta altas taxas de crescimento populacional, acima da média estadual, principalmente nos municípios de Guarapari, de Piúma e de Anchieta, em grande parte decorrente da afluência de trabalhadores para os empreendimentos existentes no local.

Anchieta foi o município, dentre os pesquisados, que recebeu maior contingente de trabalhadores entre 2008 e 2009 em relação à população já existente. E o quinto do estado. Com a expansão prevista para os próximos anos, é esperado que o fluxo migratório para a Microrregião aumente ainda mais, demandando serviços públicos (saneamento, educação, saúde, segurança, transporte etc.) capazes de atender ao aumento da população.

A maioria dos domicílios urbanos da região tem acesso à rede de distribuição de água. Entretanto, muitas famílias utilizam poços artesianos e nascentes como principal fonte de abastecimento de água potável. Todavia, há também um percentual, quase insignificante (se consideramos apenas os números), de domicílios que utilizam outras formas de abastecimento não identificadas. Em Rio Novo do Sul há uma grande carência de água na área rural.

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Quanto ao saneamento básico, menos da metade dos domicílios está conectada às redes pluvial e de esgoto, o que faz com que boa parte dos dejetos ainda seja esgotada de forma inadequada. Nesse sentido, os dados indicam que, aproximadamente, 30% dos dejetos são esgotados por meio de fossas rudimentares e sépticas enquanto outros são lançados em valas. Ainda é possível observar escoamento de efluentes lançados diretamente em rios e córregos. A partir desses dados, é possível concluir que os municípios em questão ainda carecem de sistema de coleta de esgoto.

Quanto à coleta de resíduos sólidos, a área urbana dos municípios é bem atendida, porém, o mesmo não acontece com a zona rural. A prática de queimar ou de enterrar os resíduos é observada na área urbana e em maior escala, na rural. Também se destaca o percentual de lixo que é jogado em terrenos baldios ou em logradouros na área rural. Em Iconha, os resíduos sólidos (hospitalares, residenciais, comerciais e industriais) são coletados de forma regular, tendo como destinação final um aterro controlado, localizado no município.

No que diz respeito aos aspectos ambientais dos municípios, a região possui fragmentos de matas e grau moderado de conservação da flora; áreas de mananciais ou recursos hídricos; áreas eleitas com vocação para unidade de conservação; áreas para práticas esportivas (voo livre, por exemplo), bem como um grande potencial paisagístico e turístico. Tais características, no entanto, têm sofrido impactos relevantes, pois, o adensamento urbano, sem ordenamento territorial, agrava o quadro de poluição, estimula ocupações em áreas impróprias e limita a capacidade de investimentos em qualidade de vida dos habitantes.

Em alguns locais, observa-se também que a maior parte das Áreas de Proteção Permanente (APP), encontra-se totalmente desprotegida, com ocupação desordenada/irregular do espaço e ocupação de áreas próximas a córregos/rios (áreas de mata ciliar), alagadiços/baixadas (sujeitos a inundação), construção de edificações à beira de rodovias, de encostas ou de partes delas, bem como em áreas sujeitas a deslizamentos/movimentos coletivos de massa e a queda de blocos/rochas.

Foi constatada, ainda, a supressão das matas, inclusive a ciliar, para dar lugar a pastagens, ação que favorece os processos de assoreamento dos cursos d’água. Além disso, verificou-se a substituição da mata secundária por plantações de eucalipto e substituição de pastagem por monoculturas, acarretando o aumento da fragilidade local, no que se refere à poluição dispersa e à degradação dos recursos hídricos superficiais, ações decorrentes do modelo adotado para as atividades econômicas industriais e rurais.

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3.2.6 Microrregião Metropolitana

3.2.6.1 Cenário socioeconômico e ambiental

A Microrregião Metropolitana possui um leque bastante diversificado de paisagens naturais. Sua região litorânea, originalmente, foi marcada pela presença de manguezais, restinga e densa Mata Atlântica. Atualmente, a região passa por intenso processo de transformação devido à urbanização. O interior, marcado pela presença de municípios essencialmente agrários, apresenta um relevo bastante acidentado e resquícios de Mata Atlântica, além de importantes nascentes de água que formam os principais mananciais responsáveis pelo abastecimento de água potável de grande parte da população do estado.

Em média, cerca de 70% do crescimento populacional dos municípios dessa Microrregião, entre 1970 e 1980, ocorreu devido à migração, sendo o município de Serra aquele em que tal fenômeno foi mais notável, com os migrantes representando 85% do crescimento populacional. Somente para a construção da Companhia Siderúrgica de Tubarão foram contratados 25 mil trabalhadores, o que é um indicativo do impacto

Cariacica Fundão

Viana Vila Velha

Guarapari

Fonte: nagrandevitoria.com.br

Fonte: www.viana.es.gov.br

Fonte: www.espiritomundo.com

Fonte: www.es.gov.br

Fonte: www.vilavelha.es.gov.br

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dos grandes projetos no incremento populacional. Apesar do crescimento significativo também de Vitória, é nesse período que se inicia um processo de desconcentração populacional.

Embora outros municípios, como Cachoeiro de Itapemirim, Anchieta e Aracruz, também tenham recebido plantas industriais, a concentração ao redor de Vitória, notadamente em Cariacica e Serra, fez com que esses municípios recebessem um grande contingente de população, atraído pela promessa de emprego e de melhoria de vida. É nesse período que Vitória, Cariacica, Vila Velha e Serra iniciam seu boom de crescimento populacional.

A Região Metropolitana da Grande Vitória - RMGV, criada oficialmente em 1995, assumiu o papel de principal centro urbano do estado, configurando novas interações de atividades sobre o território e a criação de vínculos entre várias localidades mais afastadas e a Capital.

Na esteira dessas mudanças, o espaço urbano sofreu modificações significativas: a expansão da malha urbana existente, a pressão por novas áreas de moradia, de infraestrutura para saúde, educação, segurança e transportes. A denominada Microrregião Homogênea de Vitória (IBGE, 1970), composta por Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra e Viana, não era suficiente para comportar a massa populacional que ali buscou se estabelecer. Se por um lado, isso proporcionou a solução integrada de alguns problemas, como o planejamento da oferta de transporte coletivo metropolitano com tarifação única, levou igualmente à ocupação de áreas ambientalmente frágeis, de forma diferenciada em cada um desses cinco municípios, dentro de uma perspectiva excludente dos mais pobres em relação à oferta habitacional no período de maior crescimento demográfico.

Nesse sentido, percebe-se que a injeção de capital na economia local, por si só, não é suficiente para erradicar o cenário caótico de pobreza que atinge uma significativa parcela da população. Ao contrário, atraídos pelo pseudodesenvolvimento, contingentes populacionais, sobretudo a mão de obra menos qualificada, tende a se instalar na periferia dos municípios, contribuindo para o agravamento dos problemas socioambientais. Na maioria dos casos, são pessoas com pouca ou nenhuma escolaridade que veem, nos

SerraVitória

Fonte: Prefeitura de Vitória - ES Fonte: www.encontraserra.com.br

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postos de trabalho oferecidos pela indústria, uma possibilidade para melhorar de vida. Entretanto, para esse público, as oportunidades de trabalho são passageiras, limitadas, geralmente, ao período de implantação dos empreendimentos.

A capital do estado foi alvo de inúmeros planos de remodelação e urbanização,

com a realização de aterros em vários pontos da cidade. Isso causou a redefinição de seus limites com as águas e expandiu a capacidade de ocupação da área nobre da cidade. Também foi aterrada uma grande extensão de mangue ao noroeste, à época, utilizada como “lixão” da cidade (região dos bairros da Grande São Pedro) e ocupada por população de baixa renda. A própria ocupação irregular do mangue revelou a falta de condições de infraestrutura da cidade e das instituições para receber o incremento populacional advindo do boom de investimentos industriais. A ocupação irregular se estendeu também a outras áreas da RMGV, como a foz do Rio Aribiri, em Vila Velha.

Como resultado, o território metropolitano em questão apresenta um grande passivo urbano em aberto até os dias atuais, em que ainda se equaciona, por exemplo, a coleta e o tratamento de esgoto e a poluição dos recursos hídricos (fluvial e marítimo), ao mesmo tempo em que se aprofundam as questões ligadas à violência urbana e aos problemas de mobilidade.

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3.2.7 Microrregião Noroeste

3.2.7.1 Cenário socioeconômico e ambiental

Nessa Microrregião ocorreu, na década de 1970, a descoberta de vários campos de petróleo, o que alterou a dinâmica econômica e, consequentemente, interferiu na organização social local. Atualmente, a economia do Município de São Mateus está baseada na exploração e na produção do petróleo, existindo, além dos campos de petróleo, toda uma infraestrutura correlacionada que transformou a economia não só deste município, mas de toda a Microrregião, em maior ou menor intensidade.

Além da Petrobras, a utilização de terras pelas empresas Aracruz Celulose S/A e Companhia Vale do Rio Doce, com a plantação de eucaliptos em extensas áreas, transformou radicalmente a estrutura agrária da região e acelerou o processo de êxodo rural. Os empregos gerados em decorrência desse novo cenário não foram suficientes para absorver a mão de obra regional, o que ocasionou o surgimento de subempregos entre a população local e a migração de profissionais especializados para trabalhar nas empresas, pressionando os municípios no sentido de melhor aparelhar a Microrregião de serviços públicos, o que não ocorreu de maneira uniforme.

Boa Esperança Conceição da Barra

Jaguaré

Montanha

Mucurici

Fonte: www.boaesperanca.blogger.com.br Fonte: conceicao-da-barra.blogspot.com

Fonte: www.idaf.es.gov.br Fonte: www.secult.es.gov.br

Fonte: www.skyscrapercity.com

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Na faixa litorânea da Microrregião há ainda, além da pesca artesanal, o turismo, com o sítio histórico e cultural de São Mateus, o carnaval de Conceição da Barra e as atividades turísticas no distrito de Itaúnas. Existe também a produção de artesanato, com destaque para as cestarias e cerâmicas e mais recentemente, o artesanato com fibras de taboa e de bananeira, desenvolvido na Comunidade Quilombola de Morro da Arara.

Apesar de toda riqueza étnico-cultural característica da Microrregião, o nível de escolaridade da maioria dos agricultores familiares, quilombolas e pescadores é baixo, influenciando na capacidade de organização da população, assim como na administração das associações existentes e no ingresso nos postos de trabalho mais bem remunerados.

A agricultura familiar na Microrregião vem se desenvolvendo de modo significativo nos últimos anos, em especial em Conceição da Barra. O município apresenta um número aproximado de oitocentos agricultores familiares que desenvolvem uma grande variedade de atividades agrícolas, destacando-se a produção do café conilon, de pimenta do reino, de mandioca e de seus subprodutos (farinha, beiju, tapioca), de urucum e de coco-anão. Na fruticultura vem despontando a cultura do maracujá e do mamão. Sobre esse aspecto, é necessário ressaltar a importância das mulheres rurais que, a cada ano, vêm confirmando participação significativa na administração das propriedades de base familiar, agregando valor aos produtos agrícolas por meio de atividades artesanais e/ou da agroindústria artesanal.

Ponto Belo

São Mateus

Pedro Canário

Pinheiros

Fonte: www.panoramio.com Fonte: www.pedrocanario.es.gov.br

Fonte: www.secult.es.gov.br Fonte: www.turismosaomateus.es.gov.br

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Os municípios não litorâneos podem ser caracterizados como agrourbanos, com atividades agroindustriais, de comércio e de serviços, o que vem tirando-lhes as características de unidades locais estritamente rurais ou economicamente dependentes da agropecuária, com destaque para a indústria sucroalcooleira, para a pecuária leiteira e de corte, para a produção de palmito em conservas, da macadâmia, do café industrializado e da aguardente.

O setor agropecuário se direciona para a pecuária leiteira e de corte, a silvicultura, o café, a cana-de-açúcar e a fruticultura. A estrutura fundiária se divide em dois tipos: os produtores patronais e as empresas.

O turismo de eventos também desponta como alternativa econômica para os municípios em questão, a partir da criação da Rota Turística das Represas e da potencialização da Rota do Forró, envolvendo os municípios de Mucurici, de Pinheiros, de Montanha e de Pedro Canário.

No município de Boa Esperança existem atualmente pontos de extração de rochas e em alguns destes locais a atividade ocorre de forma inadequada, sem os devidos cuidados com o ambiente do entorno. Há, associado a essa atividade, o transporte dos blocos em ruas movimentadas e estreitas da sede do município, demonstrando a falta de vias adequadas para o transporte da produção local.

Cabe destacar o atual cenário de monocultura de eucalipto na região, que vem crescendo de forma acelerada. Atualmente, todos os municípios possuem plantações deste espécime, existindo, inclusive, fomento para a substituição de lavouras menos produtivas pela plantação de eucalipto. O município de São Mateus, por exemplo, apresenta uma área de 38.037 ha de eucalipto que responde por uma produção de 631.915 m3 de madeira em toras por ano. Associada à exploração do eucalipto, também ocorre a produção de carvão vegetal, com 26.852 toneladas de carvão/ano, atividade explorada intensivamente nas comunidades quilombolas e nos assentamentos de reforma agrária.

Desde o início do processo de ocupação dos municípios em tela, a vegetação natural vem sendo substituída, primeiramente pelo café e, posteriormente, pelas pastagens (pecuária extensiva) conforme os ciclos econômicos, sendo caracterizada hoje pelo plantio de gramíneas. Essas práticas favorecem os processos de erosão e, com o passar dos anos, o assoreamento dos cursos d’água.

As matas ciliares são praticamente inexistentes, dando lugar a agricultura e pastagens. Por haver o predomínio da atividade de pastagem extensiva, é comum identificar a degradação do solo e os processos de lixiviação e de erosão nos seus diversos estágios, em função do pisoteio do gado em vários pontos do território.

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Quase todos os municípios não litorâneos abrigam áreas mais preservadas que possuem um elevado valor cênico e possibilidade de transformarem-se em Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) ou Área de Proteção Ambiental (APA). Destaca-se também a existência do Corredor Ecológico Córrego do Veado, que ocupa parte do município de Boa Esperança.

O abastecimento de água nas áreas urbanas de quase todos os municípios é satisfatório, atingindo a maioria dos domicílios. No entanto, o mesmo não se verifica na zona rural. Em Mucurici, por exemplo, é alto o índice de carência no abastecimento de água, tanto na área rural quanto na área urbana, indicando que há déficit desse tipo de serviço no município.

A situação é semelhante em relação aos esgotos sanitários, ou seja, a zona urbana possui rede de coleta de esgoto em quase todos os domicílios, mas o mesmo não ocorre na zona rural. No tocante à coleta de resíduos sólidos, há extrema carência na área rural, onde a situação não é muito distinta em todos os municípios.

Em alguns municípios, há bairros que apresentam problemas sanitários preocupantes, como lançamentos clandestinos de esgotos na rede de águas pluviais na área central da cidade e lançamentos in natura de esgotos em rios. Em alguns, a situação sanitária torna-se crítica com o acréscimo de efluentes gerados pelos visitantes, durante o período de alta temporada.

Grande parte dos municípios que compõem a Microrregião possui um quadro hídrico preocupante em função do baixo índice pluviométrico, fato demonstrado pelo grande número de açudes e do uso da cultura irrigada.

Pode-se identificar um histórico regional de ocupação irregular de áreas, de uso de grilagem e de documentações duvidosas, com a consequente destituição de grande contingente populacional de suas terras originais. Além disso, a migração para tentar (com pouco sucesso) ocupar postos de trabalho nas empresas existentes na região, gerou um incremento na população de baixa renda. Assim, desenvolveram-se alguns movimentos de luta pela terra no estado tais como a Comissão Pastoral da Terra – CPT e a Cooperativa Central de Assistência Técnica – CCA, que participam ativamente do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST e do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA, com representação na região, mas com sede em São Gabriel da Palha. Atualmente, os movimentos de luta pela terra envolvem o Movimento Quilombola, que luta pela demarcação do Território Quilombola, e o MPC (Movimento Paz no Campo), formado por proprietários de terras pleiteadas pelo movimento negro.

A maioria das associações supracitadas está localizada em São Mateus, porém existem movimentos associados localizados em outros municípios da região.

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3.2.8 Microrregião Noroeste

3.2.8.1 Cenário socioeconômico e ambiental

De modo geral, a estrutura fundiária dos municípios em questão retrata o predomínio das pequenas propriedades rurais de base familiar, onde os trabalhos produtivos são feitos pela própria família ou no regime de parcerias agrícolas. Há também, nesses municípios, um número expressivo de assentamentos rurais.

Água Doce do Norte Aguia Branca

Barra de São francisco Ecoporanga

Vila PavãoMantenópolis

Nova Venécia

Fonte: www.es.gov.br

Fonte: www.novavenecia.es.gov.br

Fonte: cidadesbrasileiras.blog.terra.com.br

Fonte: www.mantenopolis.es.gov.br Fonte: www.portalmantena.com.br

Fonte: www.secult.es.gov.br

Fonte: www.prefeituradeaguiabranca.com.br

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Em Nova Venécia e em Barra de São Francisco existe uma atividade comercial bem diversificada e ativa em suas sedes, tendência a ser adotada pelos outros municípios da Microrregião.

A cafeicultura e a pecuária de corte e leiteira são as principais atividades econômicas, seguidas pela extração de rochas ornamentais, que tem crescido muito na região. A infraestrutura de beneficiamento e armazenagem de café conta com armazéns que intermedeiam e comercializam produtos.

A pecuária realizada de forma extrativista tem levado à degradação de pastos e de solos, causando grandes danos ao meio ambiente. Nos últimos anos, os problemas ambientais têm sido intensificados com a introdução da exploração desordenada do granito, atividade significativa em alguns municípios, destacando-se o potencial de produção e também os danos provocados por essa atividade ao meio ambiente, ao patrimônio natural e aos operários (mutilações), que precisam ser mensurados e prevenidos.

A maior parte dos municípios apresenta alto índice de carência no abastecimento de água na área rural. Na área urbana, o abastecimento atende às necessidades, ou seja, não há carência, exceto em Água Doce do Norte, onde a situação é mais preocupante que a observada na maior parte dos municípios capixabas. Uma parcela considerável dos domicílios ainda recorre a poços e nascentes, sobretudo na área rural.

Em muitos municípios há uma carência extrema no que se refere à coleta e ao tratamento de esgoto. Em alguns, a maior parcela dos domicílios não dispõe de rede coletora e o percentual de domicílios que lançam efluentes diretamente em corpos d’água é altíssimo, evidenciando os riscos de contaminação e de degradação ambiental. Algumas localidades rurais dispõem de rede coletora de esgoto, porém as estações de tratamento de esgoto ainda estão em construção.

No tocante à coleta de resíduos sólidos na área rural, a falta de cobertura é significativa na Microrregião. Contudo, na zona urbana, a coleta é regular na grande maioria dos domicílios. Em alguns municípios, os resíduos coletados têm disposição final inadequada, sendo queimados ou enterrados, jogados em terrenos baldios ou logradouros, evidenciando um alto risco de contaminação do solo e lençol freático.

Cabe destacar que o índice de analfabetismo entre a população com mais de 15 anos é bastante elevado em alguns destes municípios em relação ao Brasil e ao Espírito Santo. Identifica-se um caso em que mais de 19% da população nessa faixa etária é analfabeta.

Todos os municípios da Microrregião Noroeste possuem cachoeiras e pedras de grande beleza. No entanto, em muitos, não há a cultura do desenvolvimento do turismo.

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No município de Águia Branca, há um potencial muito elevado para o ecoturismo, com grandes possibilidades para a prática de escaladas, de trilhas e de rotas, além do grandioso acervo cultural do Museu do Polonês, mas que ainda é pouco explorado.

Devido à forte devastação florestal ocorrida no passado, as APP da região encontram-se bastante prejudicadas, principalmente em áreas ciliares de rios e córregos e nos topos de morros, visto que, identifica-se em todo o território microrregional, um percentual que varia de 0,522% a 5% da cobertura vegetal.

Ainda relativamente ao tema, muitos municípios desta Microrregião estão incluídos

no Parque Pontões Capixabas.

3.2.9 Microrregião Rio Doce

Ibiraçu

João Neiva Linhares

Aracruz

Fonte: www. pma.es.gov.br/arquivos/ Fonte: www2.cidade-brasil.com.br

Fonte: www2.cidade-brasil.com.br Fonte: www.linhares.es.gov.br

Rio Bananal

Fonte: www.camarariobananal.es.gov.br

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3.2.9.1 Cenário socioeconômico e ambiental

A Microrregião tem o nome do maior rio do estado e um dos maiores da Região Sudeste, o Rio Doce, que tem sua foz na cidade de Linhares. Da mesma forma que vários outros rios conhecidos, esse também sofre as mazelas produzidas pela ação humana, mas sua presença é fundamental para as populações que habitam seu entorno.

Essa Microrregião apresenta aspectos bem diferentes, dependendo do município que se considere. Por exemplo, alguns têm situação muito específica porque sofrem pressões relacionadas aos movimentos de industrialização pelos quais vêm passando. Acrescentam-se os fatos de essa ser uma região de atuação da Petrobras e de que a exploração dos bens naturais não renováveis vem ocorrendo há algum tempo no local. Esse processo segue paralelo às atividades tradicionais de agricultura familiar e de extrativismo.

Tal configuração tem afetado diversas comunidades que sofrem os impactos dos empreendimentos já existentes ou em fase de instalação na Microrregião.

Os municípios que compõem essa Microrregião possuem diferentes realidades ambientais, geográficas e socioeconômicas.

A presença na região de grandes empreendimentos, em alguns casos já vem acontecendo há décadas, como na área de celulose e papel, em Aracruz, onde tem importância fundamental na geração de emprego.

Essa combinação de produção industrial se concentrando e dominando espaços próximos possui uma lógica própria, moldando formas e arranjos específicos na ordem política e econômica vigente. Essa lógica desenvolvimentista está presente, historicamente, no país e se encontra, no atual momento, em seu ápice no estado do Espírito Santo.

Isso está explícito no principal documento de planejamento político do estado, o “Plano Estratégico de Desenvolvimento do estado do Espírito Santo 2025”, cujo objetivo é estabelecer uma agenda de projetos para o des-envolvimento (Porto-Gonçalves, 2004) do estado, patrocinado pela Petrobras, com planos e metas para as ações do Poder

Sooretama

Fonte: www.sooretama.es.gov.br

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Público estadual. Esse documento visa guiar as práticas do estado, delimitando no território um tipo de zoneamento estratégico para suas ações, em vários setores.

Logo, o planejamento que se pretende para uma determinada localidade possui total influência desse Plano. Exemplo disso é que, no caso da pesca artesanal em Barra do Riacho (Aracruz), o que mais se observa são os conflitos que giram em torno de sua exclusão dos processos de planejamento do Governo, uma vez que as grandes empresas possuem prioridade nas ações de planejamento territorial.

A descoberta do Pré-Sal impactou o setor produtivo no estado, que estabeleceu o Plano de Antecipação da Produção de Gás Natural (PLANGAS), aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Como parte desse plano, foram criados os Dutos Cacimbas - Barra do Riacho e, ao lado do Terminal Especializado de Barra do Riacho – Portocel (único terminal portuário do Brasil especializado no embarque de celulose), sob a responsabilidade da Petrobras, numa área de 235 ha, encontra-se em construção o Terminal Aquaviário de Barra do Riacho – TABR (RIMA, Petrobras, 2007). Esses dutos têm origem em Linhares, no Polo de Processamento de Gás Cacimbas, que fornecerá o gás liquefeito de petróleo (GLP) e a gasolina (C5+), cuja produção será escoada pelo TABR, em Aracruz.

O terminal está sendo instalado numa área que pertencia oficialmente à Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA) e que possuía vegetação significativa de restinga e de Mata Atlântica. Esse terminal é caracterizado como sendo privado e de uso misto e está operando em fase experimental para testes do sistema para abatimento de fumaça e do queimador de GLP para o forno com baixa emissão de óxidos de nitrogênio.

Esses e outros movimentos geram extrema heterogeneidade entre os municípios da Região, colocando lado a lado a agricultura e a pequena indústria de iniciativa familiar com o agronegócio e os grandes empreendimentos industriais. É assim que os municípios de Rio Bananal, de Sooretama, de João Neiva e de Ibiraçu têm suas economias baseadas na agropecuária, na cafeicultura, na exploração madeireira, na extração de rochas etc. Pequenas indústrias alimentares também estão presentes, porém, essa atividade funciona com predominância da iniciativa familiar, sem estrutura empresarial.

Um fator importante é que a vizinhança de alguns desses municípios com os polos industriais impacta as questões de mão-de-obra, o que enfatiza a necessidade de políticas conjuntas para o desenvolvimento regional, de forma integrada e sustentável.

Destaca-se que Aracruz é o único município que possui índios aldeados no estado do Espírito Santo, com duas etnias: Tupiniquim e Guarani. Atualmente, são 09 aldeias assim distribuídas: 04 guaranis e 05 tupiniquins. Os Guaranis, que vieram do sul do País na década de 1960, mantêm suas características como: a língua, a religião, o artesanato e suas manifestações culturais. Já os Tupiniquins, que são remanescentes

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do município de Aracruz, devido ao contato com o homem branco, perderam algumas de suas características, porém mantiveram os grupos culturais como referência da sua cultura.

A Região apresenta aspectos ambientais também heterogêneos, mas de forma geral, grande parte da vegetação foi suprimida em função, dentre outras, das atividades agropecuárias, embora isso tenha se dado de forma variada, citando-se a significativa cobertura vegetal do município de Sooretama, com florestas de Mata Atlântica, que formam a Reserva Biológica de Sooretama e parte da Reserva de Linhares.

Em cursos d’água menores (e também no Rio Doce), podem-se identificar, em algumas localidades, as matas ciliares substituídas por atividades agropecuárias, causando prejuízo ao equilíbrio desses sistemas hídricos. Como, geralmente, há predomínio das atividades de pastagem extensiva, é comum identificar a degradação do solo e os processos acelerados de lixiviação e de erosão nos seus diversos estágios, em função do pisoteio do gado e da supressão de matas em encostas nos vários pontos do território.

As questões relacionadas ao abastecimento de água e ao saneamento assemelham-se às das demais Microrregiões. De modo geral, há diferenças entre a zona urbana e a rural, sendo que, na primeira, esses serviços são mais abrangentes. Certamente, os grandes empreendimentos previstos e em curso na região demandam planejamento específico para possibilitar a oferta satisfatória desses serviços à população fixa e à flutuante.

Entretanto, de modo geral os municípios não dispõem de estudos que avaliem, de forma qualitativa e quantitativa, os recursos hídricos superficiais e subterrâneos, que permitam orientar a definição da solução de esgotamento sanitário e identificar as restrições que devem ser adotadas para a bacia de drenagem. O projeto do sistema de esgotos de Linhares, por exemplo, atende a cerca de 70% da localidade e prevê o lançamento dos efluentes no Rio Doce, após tratamento secundário. Em Regência e Povoação ainda utilizam-se sistemas de fossas e sumidouros, embora em Regência, o sistema de esgotos esteja em execução.

Em algumas localidades, como Pontal do Ipiranga, por exemplo, o sistema de água encontra-se limitado para atender à demanda da população atual e às demandas de água geradas pelo turismo, tanto pelo aspecto quantitativo quanto pelo qualitativo, devido aos mananciais estarem apresentando problemas com o aumento da salinidade e com a presença de cor. Em termos de esgotamento sanitário, a localidade também se mostra crítica, em decorrência do elevado nível do lençol freático observado na região litorânea.

A coleta de resíduos sólidos também apresenta eficiência variada nos municípios da Microrregião, pois, enquanto em alguns deles, tanto a área urbana quanto a rural são bem cobertas, em outros, principalmente, na zona rural, esse serviço é deficitário.

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De modo abrangente, a Microrregião possui belezas paisagísticas e culturais e apresenta, em algumas localidades, remanescentes de vegetação característica da Mata Atlântica, sendo possível admirar exemplares de grande beleza da fauna e da flora, favorecendo um registro fotográfico desse espetáculo da natureza. Algumas localidades aproveitam tais características para o desenvolvimento do turismo, o que é um ponto muito significativo para alguns municípios.

3.2.10 - Microrregião Sudoeste Serrana

3.2.10.1 - Cenário socioeconômico e ambiental

Em grande parte dos municípios desta Microrregião predominam as pequenas propriedades rurais de base familiar, nas quais os trabalhos produtivos são feitos pela própria família ou no regime de parcerias agrícolas, como em Conceição do Castelo, onde a agricultura familiar se faz presente em 93% das propriedades rurais.

Em relação à economia da Microrregião, o café se destaca, principalmente, no município de Brejetuba, que é o maior produtor de café arábica do estado e o segundo

Afonso Claudio Laranja da Terra

Brejetuba

Domingos Martins

Conceição do Castelo

Fonte: www.afonsoclaudio.es.gov.br Fonte: www.laranjadaterra.es.gov.br

Fonte: www.conceicaodocasteloonline.com.br Fonte: www.secult.es.gov.br

Fonte: www.descubraoespiritosanto.es.gov.br

mlmerigueti
Nota
Incluir o acento agudo.
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maior produtor do Brasil, constituindo-se esta na principal atividade geradora de emprego e de renda para a população local e para as várias comunidades e cidades vizinhas. Além do café, a pecuária leiteira e a produção de hortifrutigranjeiros são atividades importantes na economia regional.

No que tange ao saneamento básico, verifica-se que, de um modo geral, a Microrregião possui bom abastecimento de água na área urbana, mas, há um alto índice de carência na zona rural, em várias localidades. Muitos domicílios utilizam água de poço ou de nascente para o consumo. A situação se repete em relação aos esgotos sanitários e à coleta de lixo, ou seja, a maior parte das áreas urbanas é bem servida pela rede de esgoto, o que não acontece nas áreas rurais. Em algumas localidades a situação é precária. Muitos domicílios utilizam o sistema de fossa séptica ou rudimentar para esgotamento sanitário e o lixo é queimado, enterrado, jogado em terrenos baldios, em logradouros e/ou em cursos d’água.

A vegetação natural, em grande parte da Microrregião foi substituída, primeiramente, pela agricultura e, posteriormente, pelas pastagens (pecuária) e pelo café. Por haver o predomínio das atividades de pastagem extensiva, é comum identificar a degradação do solo e os processos acelerados de lixiviação e de erosão nos seus diversos estágios, em função do pisoteio do gado e da supressão de matas em encostas íngremes nos vários pontos do território, sobretudo nas vertentes voltadas para o Rio Guandu.

Os municípios de Conceição do Castelo, Brejetuba e Afonso Cláudio fazem parte do Corredor Ecológico “Saíra Apunhalada”. Segundo o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do ES (IDAF), o município de Domingos Martins é um dos mais preservados do estado, tendo em torno de 43% de cobertura vegetal. Nele se situa o Parque Estadual de Pedra Azul (unidade de conservação localizada no Distrito de Aracê) com área total de 1240 ha e que está, atualmente, sob a responsabilidade do Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA).

A presença de remanescentes florestais na Microrregião é fator importante para a manutenção da diversidade biológica. São de difícil valoração os benefícios relacionados a essa questão, embora seja unânime a prioridade em se conservar os bens naturais, quanto mais se ainda não foram plenamente estudados e conhecidos.

Venda Nova do Imigrante

Fonte: www.universo.ufes.br/blog/2014/05/venda-nova-do-imigrante-26-anos-de-eman-cipacao-politica

Marechal Floriano

Fonte: www.marechalfloriano.es.gov.br

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Também relevantes são as questões relativas à manutenção quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos, diretamente vinculadas à preservação da vegetação das cabeceiras dos rios e de suas matas ciliares. Nesse sentido, o município de Domingos Martins contribui com grande parte das águas que formam uma das principais bacias capixabas. Devem ainda ser considerados os aspectos relacionados às paisagens constituídas pelos remanescentes florestais que valorizam as regiões onde ocorrem.

1 ITINERÂNCIAS METODOLÓGICAS PARA CONSTRUÇÃO DO ProEEA

A Lei da Política Estadual de Educação Ambiental traz conceitos, princípios e competências, bem como orientações políticas e pedagógicas para a Educação Ambiental (EA), reafirmando o direito do povo capixaba a esta educação. Embora a universalização da EA esteja em curso há tempos e sua prática seja adotada por inúmeras instituições, ela nem sempre corresponde aos objetivos e princípios instituídos pela Política Estadual de Educação Ambiental (PEEA).

Entende-se, então que, para uma lei ter adesão, ela precisa ser discutida, compreendida e ter sua importância reconhecida. Para que esses e outros requisitos sejam atendidos, conforme anteriormente mencionado, o artigo 9º da PEEA determina que sua implementação seja feita por meio do Programa Estadual de Educação Ambiental. Daí a necessidade de iniciarmos a construção de um Programa que defina Diretrizes, Linhas de Ação, Estratégias, Critérios, Instrumentos e Metodologias orientadores para as ações desenvolvidas pelos diferentes setores da sociedade.

Já faz algum tempo que abandonamos a postura passiva diante das questões atribuídas aos governos e participamos mais ativamente na busca de soluções para os problemas que nos afligem. Passamos assim da condição de meros receptores das decisões para atuantes agentes das mudanças. É nessa via de participação que se pretende elaborar o Programa Estadual: por muitas cabeças e mãos, em distintas localidades do estado, considerando as diferenças regionais e retratando nosso processo identidário. Para tanto, sua metodologia precisa caracterizar-se pela abrangência e pela participação democrática e descentralizada, possibilitando o envolvimento dos órgãos governamentais e não governamentais e da sociedade civil organizada.

1.1 Características do Documento a ser produzido

O Documento Programa Estadual de Educação Ambiental tem a responsabilidade de apresentar orientações sobre como a Educação Ambiental capixaba precisa ser conduzida para cumprir seu papel na construção de um estado ambientalmente sustentável. Por meio do Programa, serão estabelecidos parâmetros mais detalhados para propor, executar e avaliar as ações a serem instituídas neste âmbito.

PARTE III

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De uma forma mais específica, o Art. 9º da Política Estadual, orienta que o Documento “(...) deverá se caracterizar por linhas de ação, estratégias, critérios, instrumentos e metodologias” que abranjam todos os contextos atravessados pela Educação Ambiental. Além disso, o Programa precisará conter as diretrizes nas quais a Educação Ambiental capixaba ancorará suas propostas de ação. Assim, o texto final precisa ser organizado, de modo a:

• indicarDIRETRIZES,ouseja,premissasqueembasarãotodootrabalhodeEducaçãoAmbiental (atente-se que estas diretrizes são para o documento como um todo);

• proporLINHASDEAÇÃO,ouseja,umconjuntodeaçõesdemaioramplitude,emque caibam desdobramentos, chamados Estratégias;

• apresentarasESTRATÉGIAS,quesãoosdesdobramentosdecadaumadasLinhasde Ação que detalham o que será empreendido para cumprir os propósitos delineados por elas;

• conter CRITÉRIOS, INSTRUMENTOS eMETODOLOGIAS para orientar as ações deEducação Ambiental, fornecendo bases para as políticas públicas propostas para o campo.

É preciso observar que, dentre os conceitos acima, as Diretrizes têm uma maior amplitude e devem ser propostas para embasar o documento como um todo. Ou seja, não deverão se repetir a cada tema discutido. Da mesma forma, as Linhas de Ação que, embora menos amplas que a Diretrizes, ainda guardam a característica de serem mais gerais, podendo conter Estratégias para mais de um tema.

A elaboração participativa do Documento se fará na medida em que os atores locais fizerem as propostas de DIRETRIZES, LINHAS DE AÇÃO, ESTRATÉGIAS, CRITÉRIOS,INSTRUMENTOS e METODOLOGIAS que entenderem como intervenções necessárias para que a Educação Ambiental se consolide como política pública capaz de contribuir na resolução das questões locais. Portanto, a partir da escolha dos temas apresentados abaixo e inclusão de outros pelos atores locais, ocorrerá esta elaboração participativa do Documento, tendo como foco:

• ostemasapresentadosnesteCaderno(quedeverãoserescolhidos,deacordocoma sua relevância no contexto local);

• outrostemasqueosatoresconsideremrelevantediscutir;

• osatoreslocaiseaformacomoestesinteragemcomaEducaçãoAmbientalemseu cotidiano;

• ossujeitosqueinterpelamaEducaçãoAmbientale

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• oconjuntodascaracterísticasdodocumentoaserproduzido.

Assim, o Programa Estadual de Educação Ambiental é o documento que detalhará as normas teóricas e metodológicas (que implicam pressupostos, conceitos, posturas teóricas, sistematizações intelectuais, proposições políticas etc.) que orientarão os entes na elaboração e execução das políticas públicas de Educação Ambiental e que servirão de base para sua avaliação. Deve, então, apontar as áreas da vida pública tais como a Educação Escolar e Não Escolar, a Gestão Ambiental e a Participação Social – dentre as que compõem a lista de temas apresentada no item 2.1 e as tantas outras que poderão aparecer nas discussões locais – em que as ações de Educação Ambiental serão prioritariamente organizadas em atendimento à legislação estadual e para que cumpra seu papel na construção de um estado ambientalmente mais justo.

Ressaltamos que a PEEA traz descritos alguns itens que devem obrigatoriamente compor o Programa Estadual. Há também um conjunto de áreas de influência da Educação Ambiental que apresentam amplo alcance no que diz respeito a ações que precisam ser implantadas em todo o território capixaba. Assim, será importante que, além da discussão dos temas específicos de cada território, haja contribuições locais para esses temas mais amplos.

1.2 O Método Proposto

A participação exigirá o esforço de todos no sentido de, a partir da leitura deste Caderno e da discussão dos temas considerados, formular as propostas que farão parte do Programa Estadual. Para tanto, buscamos métodos de trabalho que propiciassem a participação das pessoas envolvidas nos encontros a serem realizados. E assim chegamos aoMétodoZopp(siglaalemãquesignifica:PlanejamentodeProjetosOrientadosporObjetivos), que se caracteriza por sua flexibilidade e adaptabilidade às mais diversas situações, além do enfoque participativo durante todo processo.

OZoppcompõe-sedeetapassucessivaseinterligadas,conduzidasporummoderadorou facilitador que utiliza instrumentos para visualização das ideias e trabalhos em grupo. Vale ressaltar que, para os objetivos do Programa, será feita uma adaptação ao referido método.

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E você aí, que tal contribuir?

1.3 Etapas de elaboração do Programa Estadual

Para que a construção do Programa Estadual de Educação Ambiental ocorra de forma democrática e participativa estão previstas cinco (5) etapas. Veja o passo a passo.

1ª Etapa – “Apresent-AÇÃO”

- O que acontecerá?Esse é o momento de apresentação da proposta do Programa Estadual de Educação

Ambiental aos municípios. Os municípios que aderirem à construção do Programa estarão assumindo o compromisso de cooperar nas ações previstas. Após a adesão, será orientada a formação do Grupo de Articulação Local que organizará os encontros Regionais e Municipais. É nesta etapa que ocorrerá a escolha dos municípios que sediarão os encontros regionais (oficinas e seminários).

-Quem participa? Prefeitos, Secretários de Educação e

Secretários de Meio Ambiente.- Quem organiza?Órgão Gestor (CPOG) e CIEA (planejamento).- O que esperamos dessa etapa?Adesão dos municípios à ação.

2ª Etapa – “Prepar-AÇÃO”- O que acontecerá?

Serão realizadas “Oficinas” em cada Microrregião com a formação dos Grupos de Articulação Locais sobre a metodologia de elaboração do Programa, caracterizando-se como um momento formativo e de consolidação desses grupos. Nessas “oficinas” apresentar-se-á o Caderno Referência do Programa.

- Quem participa? Agentes públicos, sociedade civil e setor privado dos municípios da Região.-Quem organiza? CIEA (planejamento) Órgão Gestor, município-sede e municípios-satélites. - O que esperamos dessa etapa?A consolidação do Grupo de Articulação Local.

3ª etapa – “Atu-AÇÃO”Esta etapa é a que mais necessitará do apoio do presente Caderno, por se tratar do

momento de envolver os sujeitos locais e de levantar as propostas que comporão o

Composição dos Grupos de Articulação LocaisGS do Projeto Ecoar Professores dos CREADTécnicos das SRE, das SEME e SEMMAMSociedade civil organizadaLideranças Comunitárias Professores-referência do Currículo Bá-sico das Escolas Estaduais (CBEE)

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Documento. Por isso, para desenvolver esse trabalho, foi sugerida uma metodologia específica, descrita no item 1.4 abaixo.

O que acontecerá?Após a etapa de preparação, será a vez dos “Fóruns Municipais”. Eles acontecerão

nos municípios que aderiram ao Programa. Os Grupos de Articulação mobilizarão os segmentos sociais de seus respectivos municípios para discutir a Educação Ambiental e levantar contribuições para o Programa, a partir do Caderno Referência. Haverá escolha de representantes para o Seminário Regional.

- Quem participa?Agentes públicos municipais, sociedade civil e setor privado do município.- Quem organiza? O município, por meio do Grupo de Articulação Local, acompanhado pelo Órgão

Gestor.- O que esperamos dessa etapa?Propostas de Diretrizes, Linhas de Ação, Estratégias, Critérios, Instrumentos e

Metodologias a serem apresentadas nos Seminários Regionais.

4ª etapa – “Particip-AÇÃO”

O que acontecerá?Nessa etapa acontecerão os Seminários Regionais nos dez (10) municípios-sede

para socializar as discussões ocorridas nos municípios e para validar as propostas da Microrregião para o Encontro Estadual; é também o momento de escolher representantes para o Encontro Estadual.

-Quem participa?Grupo Articulador Local e representantes eleitos nos municípios.- Quem organiza? Órgão Gestor, município-sede e municípios-satélites. - O que esperamos dessa etapa?Diretrizes, Linhas de Ação, Estratégias, Critérios, Instrumentos e Metodologias

regionais validadas e representantes escolhidos.

5ª ETAPA – “Consolid-AÇÃO”

O que acontecerá?Momento do Encontro Estadual “Construindo juntos o Programa de Educação

Ambiental do Espírito Santo” para consolidar a inclusão das propostas feitas pelas Microrregiões na composição do Programa Estadual.

Quem participa?Representantes escolhidos nos Seminários Regionais.

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Quem organiza?Órgão Gestor e CIEA (planejamento). - O que esperamos dessa etapa?Consolidação das contribuições ao Programa Estadual de Educação Ambiental.

1.4 Indicação Metodológica para condução dos Fóruns Municipais

Os Fóruns Municipais serão conduzidos por facilitadores (dos Grupos de Articulação Local).AtécnicaaseraplicadaéumaadaptaçãodométodoZopp(explicitadoacima),cujas etapas encontram-se descritas a seguir.

Nº de participantes: até 30 pessoas (se houver um número maior de participantes é indicado trabalhar com mais grupos em ambientes distintos).

Tempo de duração: mínimo de 4 horas e máximo de 8 horas de duração.

Os assentos deverão ser posicionados em semicírculo, ficando os participantes voltados para uma lousa (ou similar).

Material:• Retângulos de papel colorido (cartolina) – 5 cores diferentes, em número

suficiente para os participantes.• Pinceisatômicos(qualquercor,emnúmerosuficienteparaosparticipantes).• Lousaousimilar(paineloubiombooumuralouparede)paraafixarosretângulos.• Fitacrepe.

Etapas:Apresentação do facilitador e dos participantes (dinâmicas de grupo são opcionais).i. Explicação sobre a metodologia de elaboração do Programa e de como o Fórum

será realizado (ou seja, técnica utilizada), explicitando o objetivo (elaborar as propostas de diretrizes, linhas de ação, estratégias, critérios, instrumentos e metodologias para o Programa Estadual de Educação Ambiental). Escolha de um relator que vai anotar as propostas do grupo.

ii. Apresentação do Caderno Referência e posterior leitura dos trechos selecionados(pode ser circular ou individual).

iii. Após a leitura, o facilitador poderá solicitar aos participantes que comentem brevemente o que leram e, a seguir, conduzirá a discussão em torno da escolha dos temas. É importante que os temas escolhidos tenham relevância no contexto local e regional, sendo que outros temas (além dos sugeridos no Caderno) podem ser formulados pelo grupo. É importante equacionar o tempo de duração do encontro com o número de temas escolhidos, delimitando, se for o caso, quanto tempo será dispendido com a

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discussão de cada tema. Um tempo adequado deverá ser reservado para a elaboração das propostas, haja vista ser este o maior objetivo do encontro.

iv. A seguir, o facilitador distribuirá os retângulos de papel (todos da mesma cor. Ex.:

amarelo) e os pinceis atômicos para que os participantes anotem os temas escolhidos (a letra deve ser legível e de boa visualização).

v. O facilitador pedirá que o grupo indique o primeiro tema a ser discutido, colando-o na lousa. Para cada tema escolhido haverá uma discussão sobre as fragilidades, as potencialidades e o que se pretende do tema (objetivos). Nesse momento, três retângulos de papel de cores diferentes (por ex.: fragilidades/azul, potencialidades/ rosa e objetivos/verde) estarão afixados no quadro e os participantes farão suas anotações em retângulos das mesmas cores, que serão colados sob os retângulos-títulos. Por exemplo: abaixo do retângulo “Fragilidades”, serão colocadas as fragilidades identificadas pelos participantes e assim, sucessivamente. Todas as contribuições obtidas nessa etapa devem ser mantidas no quadro.

vi. Após a análise e discussão da etapa anterior, virão as propostas. Nesse caso, a pergunta a ser feita é: que ações de Educação Ambiental são necessárias para alcançarmos o objetivo pretendido? Os participantes anotam suas propostas nos retângulos de papel. É bom destacar, que nem todas as pessoas contribuem individualmente em todas as etapas. Muitas vezes, elas discutem em duplas ou em pequenos grupos e anotam suas opiniões em uma só ficha.

vii. O mesmo processo será repetido para cada um dos temas escolhidos. Assim, antes

de passar ao tema seguinte, o relator deve anotar o tema e as respectivas propostas.

viii. É importante destacar que, o facilitador não pode perder o foco, pois do contrário, não dará tempo de formular as propostas.

ix. Ao final, todos poderão visualizar o resultado do trabalho, que poderá ser fotografado.

*Disposição das fichas coloridas no quadro. As contribuições dos participantes são afixadas abaixo.

Concluídos os trabalhos, o material produzido precisará ser cuidadosamente sistematizado, pois, as propostas locais deverão participar dos Seminários Regionais, nos quais a metodologia prevê que se somarão às propostas dos demais municípios, equacionando não apenas as especificidades, mas as questões comuns a todos, passando a representar o conjunto das contribuições da Microrregião.

(amarela) (azul) (rosa) (verde) (branca)

TEMA 1 FRAGILIDADES POTENCIALIDADES OBJETIVOS PROPOSTAS

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2. TEMAS

Diante da diversidade presente no território capixaba e no intuito de preservar a autonomia dos atores locais participantes do processo de elaboração do Programa Estadual de Educação Ambiental, propõe-se aqui um levantamento preliminar de temas a serem contemplados nas discussões e, para os quais o documento final deverá apresentar definições.

Ressaltamos a intenção de que os participantes das discussões identifiquem, entre os temas apresentados, aqueles que mais dizem respeito às potencialidades e às fragilidades socioambientais do seu território e elaborem propostas de DIRETRIZES, LINHAS DEAÇÃO, ESTRATÉGIAS, CRITÉRIOS, INSTRUMENTOS E METODOLOGIAS que, segundo seu entendimento, conduzam a um trabalho de Educação Ambiental que venha contribuir para transformar a realidade.

2.1 Lista de Temas

1. EA Não Escolar2. EA e Pesquisa Avançada3. Formação de Agentes Multiplicado-res em EA- Professores- Educadores Ambientais Comunitá-rios- Formação Inicial- Formação Continuada4. EA Material Didático5. Avaliação EA- Indicadores Qualiquantitativos- Acompanhamento e monitoramento- Avaliação Continuada6. informações em EA7. EA e Redes Sociais8. EA e Gestão9. EA e Recursos Hídricos10. Bacias Hidrográficas11. EA e Participação Popular12. Feiras e Eventos de EA13. Educomunicação14. EA e Pluralidade e Diversidade Cultural (social, cultural, econômica, religiosa, étnica, populações tradicio-nais, etc)15. EA e Polos e Centros16. EA e Áreas Protegidas17. EA Escolar18. EA e Recursos Naturais

19. EA e Políticas Públicas20. EA e Campo- EA e Agricultura- EA e Agricultores e Trabalhadores Rurais-Manejo do território Rural21. EA e Controle Ambiental (Licen-ciamento)22. EA e Política de Desenvolvimento do Estado23. EA e Impactos Industriais e Socio-ambientais- Portos- Siderúrgicas- Petróleo e Gás- Exploração de mármore e granito.24. EA e Mobilidade Urbana25. EA e Consumo e Produção26. EA no Contexto das Mudanças Climáticas e Fatores de Risco27. EA no Contexto da Saúde28. EA e Empresas Públicas e Privadas29. EA e Biomas- Mata Atlântica e Ecossistemas Asso-ciados30. EA e Sociedade Civil e Populações Tradicionais31. EA e Adequação dos Espaços Físicos

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Os temas, em si, só ganharão sentido se o trabalho de levantamento das propostas para Programa Estadual jamais perder de vista que, certamente, somos nós, seres humanos, que, mediante a cultura, mais modificamos e somos modificados pela natureza; e que possuímos identidades sociais diferentes, criando grupos de sujeitos que apresentam perfis variados e que interpelam a Educação Ambiental segundo a especificidade de seus modos de vida, os quais precisam ser contemplados pelo trabalho de Educação Ambiental. Certamente, em cada território haverá tais grupos e suas vozes precisam ser ouvidas!

3 SUJEITOS QUE INTERPELAM A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

(e cuja especificidade o Programa Estadual precisa contemplar)1. Populações tradicionais • Indígenas• Quilombolas• Pescadores• Catadoresdecaranguejo• Ribeirinhos2. Trabalhadores rurais• PequenosAgricultores• Trabalhadoresruraisassalariados3. Trabalhadores do Turismo4. Trabalhadores tradicionais• Paneleiras• Artesãos• Catraieiros5. Populações urbanas• Coletoresurbanos(catadoresdematerialreciclável)• Moradoresdasperiferias6. Comunidades atingidas por grandes empreendimentos 7. Pessoas privadas de liberdade• Apenados• Adolescentesemmedidasocioeducativa8. Sociedade civil organizada• Comitêsdebacias• Movimentossociais(docampoeurbanos)• ONGs9. Outros sujeitos, além dos mencionados

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PASSANDO A PALAVRA...

Esperamos, com o presente Caderno Referência, cumprir o papel de facilitar o trabalho dos grupos engajados, dispersos por todo o território capixaba e, ao mesmo tempo, conclamar os cidadãos a se mobilizarem e a seus pares a fim de participar das discussões e dar sua contribuição nesse esforço de institucionalização da Educação Ambiental. Esforço, aliás, que necessita de muitos(as) e do qual não se poderá descuidar.

BEM–VINDOS AO ESFORÇO DE CONSTRUÇÃO DE UM ESTADO ONDE CAIBAM TODOS !!!

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O sujeito pensantenão pode pensar sozinho;não pode pensar sem a co-participaçãode outros sujeitosno ato de pensar sobre o objeto.Não há um ‘penso’,Mas um ‘pensamos’.É o ‘pensamos’ que estabelece o ‘penso’e não o contrário.Esta co-participação dos sujeitosno ato de pensarse dá na comunicação.O objeto, por isso mesmo,não é a incidência terminativado pensamento de um sujeito,mas o mediador da comunicação.

Paulo Freire

Pedras do Caparaó/ESFoto: Flávia N. Ribeiro

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4 REFERÊNCIAS

1. Agenda Estratégica Regional Sul – 2010-2021 – Caderno de Trabalho Encontros Temático Meio Ambiente. IJSN, SEBRAE, Governo do Estado do ES, Bandes, Amunes, Findes, Aderes 2. AMORIM,H.B. (coord.). Inventário Florestal Nacional: florestas nativas. Rio de Janeiro e Espírito Santo. Brasília: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984.3. ARAUJO, A.; RANGEL, T. L. V. O pseudodesenvolvimento econômico advindo da instalação das indústrias petrolíferas: uma abordagem dos conflitos socioambien-tais em comunidades pesqueiras tradicionais do litoral sul-capixaba. Congresso Interna-cional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades (II CONINTER). Belo Horizonte, 2013.4. BERTOCHI, S., GRASSI, R.A. A Evolução Recente da Economia do Espírito San-to: Um Estado Desenvolvido e Periférico? 5. Conservação da Mata atlântica no Estado do Espírito Santo: cobertura florestal e Unidades de conservação (Programa Centros para a Conservação da Biodiversidade – Conservação Internacional do Brasil)/IPEMA. Vitória:IPEMA, 2005. 6. CÔRTES, N.M.F. - Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental em propriedades rurais do município de Jerônimo Monteiro, ES. Universidade Federal do Espírito San-to - Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Engenharia Florestal, 2011.7. Diagnóstico Situacional do Desenvolvimento Territorial. Grupo 02. Plano de De-senvolvimento Local Sustentável (PDLS). Secretaria de Estado da Economia e Planeja-mento (SEP), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Espírito Santo (SEBRAE), Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCCA), Associação dos Municípios do Espírito Santo (AMUNES), 2009.8. Diagnóstico Situacional do Desenvolvimento Territorial. Grupo 03. Plano de De-senvolvimento Local Sustentável (PDLS). Secretaria de Estado da Economia e Planeja-mento (SEP), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Espírito Santo (SEBRAE), Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCCA), Associação dos Municípios do Espírito Santo (AMUNES), 2011.9. Domingos Martins - planejamento e programação de ações . SEAG/INCAPER, 2001. Acesso em 29 de junho 201410. GONZALES,S.eRAMOS,A.Cartografias das práticas cotidianas em educação ambiental em Aracruz/ES: problematizando saberesfazeres socioambientais na atuali-dade. VII EPEA - Encontro Pesquisa em Educação Ambiental. Rio Claro (SP), 2013.11. IBGE. 1987. Projeto RADAM. V. 34. Fl. SE 24 Rio Doce. Rio de Janeiro. 540 p.12. IMMES, 1993. Informações municipais do Estado do Espírito Santo. Vitória: Se-cretaria de Estado de Ações Estratégicas e Planejamento/Departamento Estadual de Estatística. 808p.13. Instituto Jones dos Santos Neves. Implantação de projetos de grande porte no Espírito Santo: análise do quadro socioeconômico e territorial na fronteira de expansão metropolitana sul capixaba. Vitória, ES, 2011.14. ________________. Investimentos anunciados para o Espírito Santo 2012-2017.

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Vitória, ES, 2013.15. ________________. Perfil ES 2012: Dados gerais. Vitória, ES, 2012. 2268p. 16. PDITS ES - diagnóstico dos aspectos socioambientais – Banco do Nordeste - Pólo capixaba do verde e das águas – Technum consultoria 17. Plano de Desenvolvimento do Apl de Rochas Ornamentais de Cachoeiro de Itape-mirim, dezembro de 200418. Plano de Desenvolvimento Local Sustentável – PDLS Etapa II – Diagnóstico Si-tuacional do Município de Marilândia - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Espírito Santo (SEBRAE/ES)19. Plano de Desenvolvimento Local Sustentável - PDLS GRUPO 03 – Diagnóstico Situacional dos Municípios de Ibiraçu e João Neiva- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Espírito Santo (SEBRAE/ES), Associação dos Muni-cípios (AMUNES), Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCCA) e Prefeituras Municipais - 201120. Plano de Desenvolvimento Local Sustentável – PDLS GRUPO 04 – Diagnóstico Situacional do Município de Bom Jesus do Norte- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Espírito Santo (SEBRAE/ES), Associação dos Muni-cípios (AMUNES), Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCCA) e Prefeituras Municipais - 201121. Prefeitura Municipal de Aracruz. Disponível em WWW.aracruz.es.gov.br. Acesso em junho/201422. Prefeitura Municipal de Linhares. Disponível em www.linhares.es.gov.br. Acesso em junho/201423. PRESTES, G. A. Cultura popular e gestão municipal: o caso do(a) Jaraguá-cabe-ça-de-cavalo em Anchieta, Espírito Santo. PROA: Revista de Antropologia e Arte, v. 1, n. 3, 2011/2012. Disponível em: <http://www.revistaproa.com.br/03/?page_id=359>. Acesso em:19/05/2014.24. Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Proater 2011 – 201325. Programa de Assistência Técnica e Extenção Rural - Proater 2011 – 2013 - Alegre, Bom Jesus do Norte, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí , Ibatiba, Ibi-tirama, Irupi, Iúna, Muniz Freire e São José do Calçado. 26. Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Proater 2011 – 2013 – Apia-cá/ Cachoeiro de Itapemirim/Castelo/Muqui/Atílio Vivácqua/ Vargem Alta/ Jerônimo Monteiro/ Mimoso do Sul.27. Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Proater 2011 – 2013 – São Gabriel da Palha, Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Colatina, Governador Lindenberg, Mari-lândia, Pancas, São Domingos do Norte, São Roque do Canãa e Vila Valério. 28. Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Proater 2011 – 2013 – Barra de São Francisco, Águia Branca, Água Doce do Norte, Ecoporanga, Mantenópolis, Nova Venécia e Vila Pavão. 29. Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Proater 2011 – 2013 - Linha-res, Aracruz, João Neiva, Ibiraçu, Rio Bananal e Sooretama.30. Programa de Desenvolvimento Institucional das Administrações Locais. Territó-

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rios simultaneamente beneficiados por programas federais e por pagamentos de royal-ties decorrentes da exploração de petróleo e gás natural - Subsídios para o aperfeiçoa-mento da gestão para o desenvolvimento sustentável - Proposição das áreas de atuação no estado do Espírito Santo - IBAMA e PETROBRAS, 2009.31. Projeto Saberes da Mata: um jeito participativo de cuidar da Mata Atlântica. Ins-tituto de Pesquisas da Mata Atlântica. Vitória: IPEMA, 2010.32. SIQUEIRA, H.M. Transição Agroecológica e Sustentabilidade Socioeconômica dos Agricultores Familiares do Território do Caparaó-ES: o caso da cafeicultura - Campos dos Goytacazes, 2011.33. TRISTÃO, M. Um olhar sobre a Educação Ambiental no Brasil. In.: Processo formador em educação ambiental a distância, módulo 1 e 2: Brasília : Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2009. 34. SOUSA , J.G. Análise ambiental do processo de extração e beneficiamento de rochas ornamentais com vistas a uma produção mais limpa: aplicação em Cachoeiro do Itapemirim – ES. Juiz de Fora, 2007. Universidade Federal de Juiz de Fora - Curso de Especialização em Análise Ambiental. 35. _______________. Análise ambiental do processo de extração e beneficiamento de rochas ornamentais com vistas a uma produção mais limpa: aplicação em Cachoeiro do Itapemirim – ES. Juiz de Fora, 2007. Curso de Especialização em Análise Ambiental. 36. VIEIRA, L. H. Os impactos socioambientais dos empreendimentos industriais na comunidade de pescadores artesanais de barra do riacho - Aracruz-ES 37. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES - As-sociação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - VII-014 - Agenda 21 - Estágio do Compromisso Brasileiro para o desenvolvimento Sustentável do País. José Eduardo Ramos Rodrigues - Cintia Philippi Salles - Arlindo Philippi Jr.

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ANEXOS

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOPolítica Estadual de Educação Ambiental LEI Nº 9.265 Institui a Política Estadual de Educação Ambiental e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESPÍRITO SANTO Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Fica instituída a Política Estadual de Educação Ambiental, seus objetivos, prin-cípios e fundamentos e se constitui o Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental. Art. 2º Entende-se por Educação Ambiental os processos permanentes de ação e refle-xão individual e coletiva voltados para a construção de valores, saberes, conhecimen-tos, atitudes e hábitos, visando uma relação sustentável da sociedade humana com o ambiente que integra. Art. 3º A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação estadual, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalida-des do processo educativo, em caráter escolar e não-escolar. Art. 4º A Educação Ambiental é objeto constante de atuação direta da prática peda-gógica, das relações familiares, comunitárias e dos movimentos sociais na formação da cidadania emancipatória. Art. 5º A Educação Ambiental deve estimular a cooperação, a solidariedade, a igualda-de, o respeito às diferenças e aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democrá-ticas e interação entre as culturas. CAPÍTULO IDOS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Art. 6º São princípios que regem a Educação Ambiental em todos os seus níveis: I - o enfoque humanista, sistêmico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico, o político e o cultural, sob o enfoque da sus-tentabilidade;

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III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da multi, inter e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho, a democracia participativa e as práticas socioambientais; V - a garantia de continuidade, permanência e articulação do processo educativo com todos os indivíduos e grupos sociais; VI - a avaliação crítica permanente do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões socioambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento, a valorização, o resgate e o respeito à pluralidade e à diversi-dade individual, sócio-histórica e cultural; IX - a articulação com o princípio da gestão democrática do ensino público na educa-ção básica, traduzido na participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e na participação das comunidades escolar e local, em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 7º São objetivos fundamentais da Educação Ambiental: I - desenvolver uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e com-plexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, históricos, científicos, tecnológicos, culturais e éticos; II - garantir a democratização, a publicidade, a acessibilidade e a disseminação das in-formações socioambientais; III - estimular e fortalecer a consciência crítica sobre a problemática socioambiental; IV - incentivar a participação individual e coletiva permanente e responsável, na con-servação e preservação do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade am-biental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - estimular a cooperação entre as diversas regiões do Estado, em níveis micro e ma-crorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ecologicamente prudente, eco-nomicamente viável, culturalmente diversa, politicamente atuante e socialmente justa; VI - fomentar e fortalecer a integração da educação com a ciência, a tecnologia e a ino-vação na perspectiva da sustentabilidade;

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VII - estimular o desenvolvimento e a adoção de tecnologias menos poluentes e impac-tantes, propondo intervenções, quando necessário; VIII - fortalecer a cidadania emancipatória dos povos e a solidariedade como fundamen-tos para a atual e as futuras gerações; IX - estimular a criação das organizações sociais em redes, pólos e centros de educação ambiental e coletivos educadores, o fortalecimento dos já existentes, estimulando a comunicação e a colaboração entre estes, em níveis local, regional, estadual e interes-tadual, visando à descentralização da Educação Ambiental. CAPÍTULO IIDAS COMPETÊNCIAS

Art. 8º No implemento da Política Estadual de Educação Ambiental compete: I - ao Poder Público, definir políticas públicas que incorporem a dimensão socioam-biental, promover a educação ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, preservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - aos órgãos estaduais, responsáveis pela gestão ambiental, promover programas de educação ambiental integrados às ações de preservação, conservação, recuperação e sustentabilidade do meio ambiente; III - às instituições de ensino, inserir a Educação Ambiental de forma transversal como estratégia de ação na concepção, elaboração e implementação do Projeto Político Pe-dagógico - PPP pela comunidade escolar, bem como contribuir para a qualificação, a participação da comunidade local e dos movimentos sociais, visando ao exercício da cidadania; IV - às instituições de educação superior públicas e privadas, produzir conhecimento e desenvolver tecnologias, visando à melhoria das condições do ambiente, da saúde no trabalho e da qualidade de vida da população do Estado, assim como o desenvolvimento de programas especiais de formação adicional dos professores e animadores culturais responsáveis por atividades de educação infantil e ensino fundamental e médio; V - aos meios de comunicação e informação, incorporar a dimensão socioambiental de forma processual, transversal e contínua em todas as suas atividades; VI - às empresas e instituições públicas e privadas, entidades de classe, promover pro-gramas destinados à sensibilização e formação dos gestores, trabalhadores e emprega-dores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre os impactos do processo produtivo no meio ambiente;

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VII - às empresas e instituições públicas e privadas, entidades de classe, desenvolver e apoiar programas e projetos voltados à educação ambiental, em parceria com a comu-nidade, visando à sustentabilidade local, em consonância com o Programa Estadual de Educação Ambiental; VIII - à Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental – Ciea, apoiar tecnicamente o Órgão Gestor Estadual de Educação Ambiental na elaboração e avaliação do Programa Estadual de Educação Ambiental e na consolidação de políticas públicas voltadas à edu-cação ambiental; IX - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada à pre-venção, identificação e à solução de problemas socioambientais, bem como o exercício do controle social sobre as ações da gestão pública na execução das políticas públicas ambientais; X - às organizações não-governamentais, às organizações da sociedade civil de interesse público, às organizações sociais em rede, movimentos sociais e educadores em geral, propor, estimular, apoiar e desenvolver programas e projetos de educação ambiental, em consonância com o Programa Estadual de Educação Ambiental, que contribuam para a produção de conhecimento e a formação de sociedades sustentáveis. CAPÍTULO IIIDA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Art. 9º A Política Estadual de Educação Ambiental será implementada por meio do Pro-grama Estadual de Educação Ambiental a ser instituído por instrumento legal estadual e que deverá se caracterizar por linhas de ação, estratégias, critérios, instrumentos e metodologias. Art. 10. O Programa Estadual de Educação Ambiental compreenderá as atividades vin-culadas à Política Estadual de Educação Ambiental desenvolvidas na educação escolar e não-escolar de forma contínua, processual, permanente e contextualizada, devendo contemplar: I - a formação de agentes multiplicadores em Educação Ambiental; II - o desenvolvimento de estudos, pesquisas, experimentações e projetos de interven-ção; III - o estabelecimento de critérios para a produção, a divulgação e a aquisição de ma-teriais didáticos, paradidáticos e educativos em geral;

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IV - a definição de indicadores qualiquantitativos, o acompanhamento e avaliação con-tinuada; V - a disponibilização permanente de informações; VI - o desenvolvimento de ações de integração por meio da cultura de redes sociais; VII - o fortalecimento da Educação Ambiental no processo de gestão ambiental; VIII - o fortalecimento da Educação Ambiental nos planos de bacia hidrográfica; IX - o fortalecimento dos fóruns de participação popular; X - a orientação à realização de feiras e eventos de Educação Ambiental; XI - a consolidação de ações, programas e projetos de educomunicação ambiental; XII - a implementação e a consolidação da Educação Ambiental nos diversos setores da sociedade civil organizada e populações tradicionais; XIII - o reconhecimento da pluralidade e diversidade cultural do Estado; XIV - o fortalecimento dos polos e centros de Educação Ambiental; XV - o fortalecimento da Educação Ambiental nas Áreas Protegidas e em seu entorno, notadamente nas de proteção integral; XVI - o fortalecimento da Educação Ambiental na zona rural para preservação, conser-vação, recuperação e manejo do território. CAPÍTULO IVDO SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Art. 11. Fica instituído o Órgão Gestor Estadual da Educação Ambiental como responsá-vel pelo Sistema Estadual de Informação de Educação Ambiental, cabendo à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEAMA a atribuição de organizar a coleta, o tratamento, o armazenamento, o depósito legal, a recuperação e a divulgação de informações sobre Educação Ambiental e fatores incipientes em sua gestão.Parágrafo único. Fica instituída a SEAMA como depositária legal de publicações de Edu-cação Ambiental e de Meio Ambiente. Art. 12. São princípios para o Sistema Estadual de Informação sobre Educação Ambien-tal:

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I - a descentralização da coleta e da produção de dados e informações; II - a sistematização das informações; III - coordenação unificada do sistema; IV - divulgação de informações; V - articulação com os sistemas brasileiros de informação sobre Educação Ambiental e Meio Ambiente. Art. 13. O Sistema Estadual de Informação sobre Educação Ambiental tem como objeti-vos: I - democratizar o acesso à informação ambiental; II - reunir, tratar e divulgar informações sobre Educação Ambiental; III - atualizar permanentemente as informações sobre programas, projetos e ações vol-tadas para a Educação Ambiental; IV - subsidiar a elaboração e atualização do Programa Estadual de Educação Ambiental.

CAPÍTULO VDA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR Art. 14. A Educação Ambiental na educação escolar será desenvolvida no âmbito dos currículos e atividades extracurriculares das instituições de ensino públicas e privadas, englobando níveis e modalidades de ensino, a saber: I - níveis de ensino: a) educação básica: 1. educação infantil; 2. ensino fundamental; e 3. ensino médio; b) educação superior;

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II - modalidades de ensino: a) educação especial; b) educação a distância; c) educação profissional e tecnológica; d) educação de jovens e adultos; e) educação do campo; f) educação indígena. Parágrafo único. No contexto da Educação Ambiental, abordar as questões étnico-ra-ciais em todos os níveis e modalidades de ensino. Art. 15. A dimensão ambiental e suas relações com o meio social e o natural devem es-tar inscritas de forma crítica nos currículos de formação dos profissionais de educação, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Parágrafo único. Os profissionais da educação em atividade devem receber formação continuada em Educação Ambiental, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Estadual de Educação Ambiental. Art. 16. A Educação Ambiental deve ser inserida em todos os níveis e modalidades de ensino constituindo-se em uma prática educativa contínua, permanente e integrada aos projetos educacionais e incorporada ao projeto político-pedagógico das instituições de ensino. § 1º A Educação Ambiental deverá ser contemplada de forma inter e transdisciplinar nos projetos político-pedagógicos e nos planos de desenvolvimento das instituições de ensino, de acordo com as diretrizes da educação nacional. § 2º A Educação Ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currí-culo de ensino na educação básica e nas modalidades de Educação do Campo, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial. § 3º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodo-lógico da Educação Ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.

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§ 4º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate de práticas ambientalmente sustentáveis e da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas. Art. 17. As instituições de ensino da rede pública e seus respectivos conselhos e as instituições de ensino privadas deverão priorizar em suas atividades práticas e teóricas: I - a participação da comunidade na identificação dos problemas e potencialidades lo-cais na busca de soluções sustentáveis; II - a participação e o fortalecimento dos coletivos organizados pela escola e pelos mo-vimentos sociais; III - a criação de espaços para a vivência, discussões e ações em Educação Ambiental. Art. 18. A Educação Ambiental no âmbito das instituições de ensino deve valorizar a história, a cultura, a diversidade e o ambiente para fortalecer as culturas locais. Art. 19. A autorização e o reconhecimento do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos artigos 16, 17 e 18 desta Lei. Parágrafo único. A autorização, de que trata o “caput” deste artigo, terá sua vigência estabelecida após 180 (cento e oitenta) dias da publicação desta Lei. CAPÍTULO VIDA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-ESCOLAR Art. 20. Entende-se por Educação Ambiental Não-Escolar as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização, mobilização e formação da coletividade sobre as questões socioambientais e a sua organização e participação na defesa da qualidade do ambiente de forma integral. Parágrafo único. O Poder Público, em nível estadual, incentivará e promoverá: I - a difusão, por intermédio dos meio de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II - a ampla participação da escola, das instituições de educação superior e de organi-zações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vincu-ladas à Educação Ambiental Não-Escolar;

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III - o apoio e a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de Educação Ambiental em parceria com a escola, as instituições de ensino superior, as organizações não-governamentais, as organizações sociais em rede e os polos e centros de Educação Ambiental; IV - a sensibilização e a mobilização da sociedade para a importância da preservação e conservação do bioma mata atlântica e seus ecossistemas associados, especialmente das áreas protegidas e das bacias hidrográficas; V - a sensibilização ambiental e a valorização das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI - a sensibilização, mobilização e formação ambiental dos agricultores e trabalhadores rurais inclusive nos assentamentos para as práticas agroecológicas; VII - a implantação de atividades ligadas ao turismo sustentável; VIII - a inserção da Educação Ambiental nas: a) atividades de conservação da biodiversidade, de zoneamento ambiental, de licencia-mento, de fiscalização, de gerenciamento de resíduos, de gestão de recursos hídricos, de gerenciamento costeiro, de ordenamento de recursos pesqueiros, de manejo susten-tável de recursos ambientais e de melhoria de qualidade ambiental; b) políticas econômicas, sociais e culturais, de ciência e tecnologia, de comunicação, de transporte, de saneamento e de saúde nos projetos financiados com recursos públicos e privados e nos ditames da Agenda 21; IX - a implantação de Polos e Centros de Educação Ambiental da Mata Atlântica por meio da destinação e uso de áreas urbanas e rurais para o desenvolvimento prioritário de atividades de Educação Ambiental; X - a participação e o controle social na gestão dos recursos ambientais, na elaboração e execução de políticas públicas; XI - o apoio e a sensibilização para a estruturação dos coletivos de meio ambiente do Estado, bem como a formação continuada em Educação Ambiental destes grupos; XII - o desenvolvimento de projetos ambientais sustentáveis, elaborados pelos grupos e comunidades; XIII - a formação de núcleos de estudos ambientais nas instituições públicas e privadas;

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XIV - o desenvolvimento de Educação Ambiental a partir de processos metodológicos, participativos, inclusivos e abrangentes, valorizando a diversidade cultural, os saberes e as especificidades de gênero e etnias; XV - a inserção do componente Educação Ambiental nos programas e projetos financia-dos por recursos públicos e oriundos da conversão de multas ambientais, de acordo com os critérios estabelecidos no Programa Estadual de Educação Ambiental; XVI - a inserção da Educação Ambiental nos Conselhos Profissionais de Classe; XVII - a inserção da Educação Ambiental nos programas de extensão rural, priorizando as práticas agroecológicas; XVIII - a formação permanente em Educação Ambiental para agentes sociais e comuni-tários oriundos de diversos segmentos e movimentos sociais para atuar em programas, projetos e atividades a serem desenvolvidos em comunidades, municípios, bacias hidro-gráficas e Unidades de Conservação. CAPÍTULO VIIEDUCOMUNICAÇÃO AMBIENTAL Art. 21. Entende-se por Educomunicação Ambiental a utilização de práticas comuni-cativas comprometidas com a ética da sustentabilidade na formação cidadã, visando à participação, articulação entre gerações, setores e saberes, integração comunitária, reconhecimento de direitos e democratização dos meios de comunicação com o acesso de todos, indiscriminadamente. Art. 22. São objetivos da Educomunicação: I - promover a produção interativa de programas e campanhas educativas socioambien-tais; II - apoiar e fortalecer as redes de educação e comunicação ambiental; III - promover ações educativas, por meio da comunicação, utilizando recursos midiá-ticos e tecnológicos em produções dos próprios educandos para informar, mobilizar e difundir a Educação Ambiental; IV - promover mapeamento estadual e municipal da Educomunicação Ambiental; V - implantar sistema virtual interativo de intercâmbio e veiculação de produções edu-comunicativas ambientais;

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VI - promover a formação dos educomunicadores socioambientais, como parte do pro-grama de formação de educadores ambientais; VII - contribuir para o acesso aos meios de produção da comunicação junto a coletivos envolvidos com a Educação Ambiental, especialmente via equipamentos de radiodifusão comunitária; VIII - contribuir com a pesquisa e oferta de metodologias de diagnóstico de comunica-ção e elaboração de planos de comunicação em projetos e programas socioambientais; IX - garantir a democratização das informações ambientais; X - apoiar e incentivar as experiências locais e regionais de produção educomunicativas; XI - apoiar e incentivar autonomia financeira e institucional dos programas de Educo-municação; XII - incentivar a criação de núcleos de Educomunicação nas Secretarias de Educação e de Meio Ambiente do Estado e municípios. CAPÍTULO VIIIDA GESTÃO E DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Art. 23. Fica criado o Órgão Gestor responsável pela coordenação e planejamento da Política Estadual de Educação Ambiental, dirigido pelos Secretários de Estado das Secre-tarias de Educação e do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. § 1º Aos dirigentes caberá indicar seus respectivos representantes responsáveis pelas questões de Educação Ambiental de cada Secretaria. § 2º As Secretarias de Estado da Educação e do Meio Ambiente e Recursos Hídricos pro-verão o suporte técnico e administrativo necessários ao desempenho das atribuições do Órgão Gestor. § 3º O Poder Executivo regulamentará as demais questões concernentes ao Órgão Gestor. Art. 24. São atribuições do Órgão Gestor: I - definir diretrizes para implementação da Política Estadual de Educação Ambiental em âmbito estadual; II - articular, coordenar e supervisionar planos, programas e projetos na área de Educa-ção Ambiental, em âmbito estadual;

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III - participar na negociação de financiamentos de planos, programas e projetos na área de Educação Ambiental. Art. 25. Os municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a Educação Ambiental, respeitados os prin-cípios e objetivos da Política Estadual de Educação Ambiental. Art. 26. A execução da Política Estadual de Educação Ambiental ficará a cargo dos ór-gãos estaduais de meio ambiente integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente, das instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, dos órgãos integrantes da Administração Pública Estadual direta e indireta, além das organizações não-governamentais, instituições de classe, meios de comunicação e demais segmentos da sociedade. CAPÍTULO IXDA ALOCAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS Art. 27. A alocação de recursos financeiros para o desenvolvimento e a implementação dos programas e projetos relativos à Política Estadual de Educação Ambiental guardará: I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Estadual de Edu-cação Ambiental; II - prioridade dos órgãos integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente e do Sis-tema Estadual de Educação; III - articulação interinstitucional; IV - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto; V - equanimidade entre as diferentes regiões do Estado. Art. 28. Caberá à SEAMA, bem como à Secretaria de Estado da Educação a iniciativa de incluir nos seus respectivos programas de trabalho, constantes do Plano Plurianual e do Orçamento Anual, ações de Educação Ambiental no âmbito estadual. Art. 29. Anualmente, os órgãos públicos responsáveis pelo fomento à pesquisa alocarão recursos para a realização de estudos, pesquisas e experimentações em Educação Am-biental. Art. 30. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e educação, em nível estadual, devem alocar recursos às ações de Educação Ambiental.

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Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Palácio Anchieta em Vitória, 15 de julho de 2009. PAULO CESAR HARTUNG GOMESGovernador do EstadoEste texto não substitui publicado DOE.

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