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XVII SALÃO DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA
III SALÃO DE EXTENSÃO DO CEULS/ULBRA
CADERNO DE RESUMOS
EXPANDIDOS
INSS 1808-3072
Santarém – Pará Novembro - 2016
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XVII SALÃO DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA
III SALÃO DE EXTENSÃO DO CEULS/ ULBRA
TEMA: CAMINHOS PARA A PESQUISA NO ENSINO SUPERIOR
03 E 04 DE NOVEMBRO DE 2016
ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LUTERANA DO BRASIL
PRESIDENTE: PAULO AUGUSTO SEIFERT VICE-PRESIDENTE: LEONIR MITTMANN
CAPELÃO GERAL: REV. MAXIMILIANO WOLFGRAMM SILVA
CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE SANTARÉM
REITOR: ILDO SCHLENDER CAPELÃO: SÉRGIO MAURÍCIO REINHOLZ
DIRETOR ACADÊMICO: CELSO SHIGUETOSHI TANABE ASSESSORA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO: MARIA
VIVIANI ESCHER ANTERO COORD. DO CURSO DE AGRONOMIA: RAIMUNDO COSME DE
OLIVEIRA JUNIOR COORD. DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO: FERNANDO
AUGUSTO FERREIRA DO VALLE COORD. DO CURSO DE DIREITO: JOSÉ RICARDO GELLER
COORD. DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO E LICENCIATURA: MANUEL ELBIO AQUINO SEQUEIRA
COORD. DO CURSO DE ENG. CIVIL: ALESSANDRO SANTOS DE ARAÚJO
COORD. DO CURSO DE PEDAGOGIA: LORENI BRUCH DUTRA COORD. DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL: IVONE DOMINGOS E SILVA
COORD. DO CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO: CARLOS ALBERTO PEDROSO ARAÚJO
INFRA-ESTRUTURA DE APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL: KARINA ROSE SANTANA CPA: SELDON RODRIGUES DUARTE
CPD: RUSSEL DA SILVA JATI FIES E PROUNI: JULIETE CRISTINA LOBO RODRIGUES
LEGISLAÇÃO E NORMAS: MARILZA DO CARMO SANTOS NÚCLEO DE ESTÁGIOS: RAIMUNDA REIS DA SILVA
PREFEITURA: KÁTIA REGINA ALMEIDA AMORIM SAJULBRA: ROSALICE MARIA FERNADES MONTEIRO CAMARA
SECRETARIA GERAL: LUZENIL FIGUEIRA DE LEMOS SETOR DE COMPRAS: SILVANA MARIY SOARES
SETOR DE PESSOAL: LILIAN REGINA BATISTA LIMA TESOURARIA: EUNICE DA CONCEIÇÃO SOUSA DA SILVA
COMISSÃO EDITORIAL CELSO SHIGUETOSHI TANABE MARIA VIVIANI ESCHER ANTERO COMISSÃO DE ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE RESUMOS IGO TARCIO RAMOS DE MENEZES MARIA VIVIANI ESCHER ANTERO COMISSÃO CIENTÍFICA CELSO SHIGUETOSHI TANABE CLAYTON ANDRE MAIA DOS SANTOS FERNANDO AUGUSTO FERREIRA DO VALLE LILIAN AQUINO OLIVEIRA MANUEL ELBIO AQUINO SEQUEIRA MARIA SHEYLA GAMA SOUSA MARIA VIVIANI ESCHER ANTERO NADIR PIRES MARTINS ROSÂNGELA MARIA LIMA DE ANDRADE SÉRGIO MAURÍCIO REINHOLZ CORRESPONDÊNCIA Av. Sergio Henn, 1787, Bairro Diamantino CEP: 68025 – 000 – Santarém – PA Fone/Fax: (0xx93) 3524-1055 E-mail: [email protected]
Os resumos contidos neste “Caderno de Resumos Expandidos” são de responsabilidade de seus
autores.
C749 Congresso de Ciência e Tecnologia da Amazônia (10. : 2016: Santarém, PA). Caderno de resumos do Salão de Pesquisa e Iniciação Científica do CEULS ULBRA Santarém: Caminhos para a pesquisa no Ensino Superior. (n. 16, 2016) / Centro Universitário Luterano de Santarém. CEULS/ULBRA, 2016.
ISSN 1808-3072. 92 resumos. 443 p. : il.
Evento realizado em Santarém, no Centro Universitário Luterano de Santarém nos dias 3 e 4 de novembro de 2016.
1. Pesquisa Científica. 2. Resumos científicos, I. Centro Universitário Luterano de Santarém. II. Educação e Ciência. III. Título.
CDU 001.891
Biblioteca Martinho Lutero / Setor de Processamento Técnico / Santarém – PA Bibliotecária Caroline Pinheiro – CRB-2/1536
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APRESENTAÇÃO
XVI Salão de Pesquisa e Iniciação Científica e III Salão de Extensão do CEULS
Muito se fala sobre o tripé “ensino, pesquisa, extensão” porém, todos nós ainda temos dificuldade em entender as interelações existentes entre estas três áreas e, que o objetivo final é ou, deveria ser, a obtenção de benefícios ao ser humano e a melhoraria da nossa qualidade de vida, quer seja com novas tecnologias, discussão e formulação de políticas públicas, criação de variedades de plantas e animais mais produtivos, proposição de metodologia de ensino e aprendizagem inovadora ou, por exemplo, criar soluções simples para processos complicados nas suas diversas áreas de conhecimento.
O mecanismo de criação pelo ser humano e a proposição de todas essas soluções têm início em nossa infância, com os estímulos do ambiente em que se vive, continuando em nossa juventude, onde tudo é novo, sendo uma experiência recheada de prazeres e descobertas, enfim, uma época onde tudo é fascinante ! A nossa função, como educadores e docentes, é possibilitar que estes jovens deem continuidade à sede pela descoberta, ao fascínio, à vontade de criar. Neste sentido, uma instituição de ensino têm por missão também ofertar esta possibilidade, ou seja: na extensão, possibilitar que eles participem de programas e projetos voltados ao trabalho em grupo, ao voluntariado, à discussão dos problemas sociais vividos tanto pela comunidade do entorno quando do município, estado, país ou planeta. Já na pesquisa, estes jovens precisam ser estimulados a propor alternativas para resolução dos problemas vivenciados pela sociedade. Já no ensino, as instituições e seus docentes têm a função de ofertar a formação integral como ser humano e tecnicamente adequada à cada uma das áreas de atuação.
A formação de um acadêmico, considerando este tripé: ensino, pesquisa e extensão precisa de constante estímulo. Ao considerarmos um acadêmico iniciante, com pouca vivência pessoal e capacitação técnica em formação, é necessário que haja diferenciação e consideração quando da sua participação em um evento técnico-científico pois, ao considerarmos que um acadêmico de primeiro ano tenha a mesma maturidade acadêmica dos formandos, é, no mínimo, uma incoerência. Desta forma, sendo o nosso evento ligado à pesquisa, iniciação científica e extensão, os avaliadores, apesar da exigência do rigor científico, fazem estas considerações ao analisar e avaliar os trabalhos submetidos, o que para alguns pode ser considerado uma heresia, porém, para outros, o processo de avaliação deve considerar estes critérios e parâmetros tornando-se mais uma fonte de estímulo para o avanço e para a maturidade acadêmica.
Neste sentido, com a experiência dos anos anteriores (este é o XVI Salão de Pesquisa e Iniciação Científica e III Salão de Extensão do CEULS) considera-se muito importante a adequada e paciente orientação por parte dos tutores, pelos docentes orientadores destes jovens pesquisadores e extensionistas. A nossa Instituição está mantendo o empenho, tendo também participado do Programa de Iniciação Científica no Ensino Médio vinculado à FAPESPA, Programa de Iniciação Científica - PIBIC do CEULS, Programa de Incentivo à Docência – PIBIC e Programa de Extensão do CEULS, todos com bolsas internas ou com bolsas financiadas pelo Governo Federal.
Este trabalho não poderia ser realizado sem a dedicação, paciência e persistência dos atores. Assim, congratulamos e parabenizamos os participantes, desejando que o nosso Senhor nos auxilie na condução e no estimulo dos nossos brilhantes e jovens acadêmicos.
Prof. Celso Shiguetoshi Tanabe
Diretor Acadêmico do CEULS
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SUMÁRIO
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APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................................................... 3
A CONVENÇÃO N°169 DA OIT E O DIREITO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS À CONSULTA PRÉVIA, LIVRE E INFORMADA. ........................................................................................................................................................... 8
A ESCOLA, O DOCENTE E O FRACASSO ESCOLAR .................................................................................................. 12
A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL A PARTIR DOS ESTUDOS DE DOCUMENTOS OFICIAIS À LUZ DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL ....................................................................... 15
A GESTÃO DE REDES INTERORGANIZACIONAIS E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ...................................................... 20
A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO: ARTHUR SCHOPENHAUER – SUAS REFLEXÕES ACERCA DA LEITURA E ESCRITA ................................................................................................................................................ 24
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA A EMANCIPAÇÃO DO LEITOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................................................................................. 28
A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS NA COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE MOJUÍ DOS CAMPOS - PA .............................................................. 32
A OBRIGATORIEDADE DO MUNICÍPIO DE PRESTAR O SERVIÇO PÚBLICO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E A SITUAÇÃO NOS BAIRROS PÉROLA DO MAICÁ E MARARU EM SANTARÉM/PA...................................................... 36
A PESQUISA NO ENSINO SUPERIOR E AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: REPRESENTAÇÕES ENTRE FUTUROS PROFESSORES ............................................................................................................................ 41
A PROGRESSÃO DE IDEIAS EM TEXTOS ARGUMENTATIVOS: O PAPEL DA ANÁFORA ........................................... 46
ACESSO À ÁGUA POTÁVEL NO BAIRRO PÉROLA DO MAICÁ, SANTARÉM/PA E JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTCAS PÚBLICAS. .............................................................................................................................................................. 51
ADAPTAÇÃO DE 12 TRATAMENTOS SOBRE O QUEBRAMENTO E ACAMAMENTO DO CULTIVAR DO MILHO Zea mays, NA CIDADE DE URUARÁ- PARÁ ................................................................................................................... 56
ADMINISTRAÇÃO DE REDES LANS COM SERVIDORES LINUX UTILIZANDO PROTOCOLO IPv6 .............................. 60
ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS: POR MEIO DO REAPROVEITAMENTO DE ALIMENTOS ........................................ 63
ANÁLISE DE CICLO DE VIDA: CONCEITOS E APLICAÇÕES ....................................................................................... 66
ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS COM FAIXA ETÁRIA DE 8 A 10 ANOS ........................... 71
ANÁLISE PRODUTIVA DA COMUNIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO PAE - EIXO FORTE ............................................ 79
ANTRACNOSE FOLIAR (MAL-DAS-SETE-VOLTAS) NA CULTURA DA CEBOLINHA –
ANTRACNOSE NA CULTURA DA GOIABA ............................................................................................................... 89
APLICAÇÃO DA ROBÓTICA EDUCACIONAL USANDO ARDUINO PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE SANTARÉM-PA .......................................................................................................................................................................... 94
APLICATIVO PARA AUXILIAR PROFESSORES NO ENSINO DAS OPERAÇÕES BÁSICAS DA MATEMÁTICA AOS ALUNOS DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: FASE DE PLANEJAMENTO ...................................................... 98
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................................................... 103
ASSESSORIA JURÍDICA UNIVERSITÁRIA POPULAR NA AMAZÔNIA: A EDUCAÇÃO JURÍDICA AO LADO DOS OPRIMIDOS .......................................................................................................................................................... 106
AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO EM TRÊS PROFUNDIDADES, SOBRE DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS EM LATOSSOLO AMARELO MUITO ARGILOSO DO OESTE PARAENSE................................................. 111
AVALIAÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS DE CRIANÇAS DE 08 A 09 ANOS EM FASE ESCOLAR ....................... 116
AVALIAÇAO DOS SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇAO EM UMA INSTITUIÇAO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTARÉM-PA ..................................................................................................................................................... 129
5
COMPARATIVO DE CUSTOS DE FUNDAÇÕES DIRETA E INDIRETA UM ESTUDO NA CIDADE DE SANTARÉM/PA 133
COMPORTAMENTO ANUAL DA ÁGUA NO SOLO SOB FLORESTA NATURAL E PLANTIO DE GRÃOS EM LATOSSOLO AMARELO NA REGIÃO DE BELTERRA-PA ............................................................................................................. 139
CONTROLS ON STREAM DOC FLUX AND COMPOSITION IN THE AMAZON REGION, TAPAJOS NATIONAL FOREST ............................................................................................................................................................................. 143
O DESEMPENHO DA CINZA DA CANA-DE-AÇÚCAR COMO ADIÇÃO PARA O CONCRETO .................................... 147
DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE SUBMETIDOS A DIFERENTES SISTEMAS DE TROCAS DE AR .................. 152
DESEMPENHO DE TAMBAQUI Colossoma macropomum CRIADOS EM TANQUE ESCAVADO SUBMETIDO A MANEJO SUPERINTENSIVO .................................................................................................................................. 156
DESEMPENHO PRODUTIVO DA CULTURA DO PIMENTÃO (Capsicum annuum, L) SOB A INFLUÊNCIA DO NITROGÊNIO A NÍVEL DE CAMPO ........................................................................................................................ 160
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA PARA NOTIFICAR ATRAVÉS DOS AGENTES DE SAÚDE DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO MOSQUITO AEDES AEGYPTI.............................................................................................. 164
DIAGNOSE VISUAL DA ATRACNOSE NA CULTURA DA COUVE MANTEIGA - Brassica oleracea L. ....................... 168
DIFICULDADES ECONÔMICAS ENFRENTADAS POR DOCENTES EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PA, AMAZÔNIA, BRASIL .......................................................... 173
EDUCAÇÃO ESCOLAR NA AMAZÔNIA: TRAÇOS SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NO PERÍODO DE 1549 ATÉ 1930 ................................................................................................................................ 178
EDUCAÇÃO ESPECIAL COMO PROMOÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ...................... 183
EDUCAÇÃO INTEGRAL E MELHORIA DA APRENDIZAGEM: ESTUDO EM TRÊS ESCOLAS MUNICIPAIS DE SANTARÉM. ......................................................................................................................................................... 188
EDUCAÇÃO INTEGRAL NO SISTEMA CAPITALISTA: CONTRADIÇÕES E POSSIBILIDADES...................................... 193
ENSINO SUPERIOR: UM BREVE OLHAR PARA O POTENCIAL DA PESQUISA NO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO DO CEULS/ULBRA .................................................................................................................................. 198
ESTIMATIVA DE TENSÕES ADMISSIVEIS NO SOLO PARA PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÃO NO MUNCIPIO DE SANTARÉM ..................................................................................................................................................... 201
ESTUDO DA DESTINAÇÃO FINAL E AVERIGUAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE RECICLAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE SANTARÉM-PA, OBSERVANDO O CUMPRIMENTO DA LEI FEDERAL Nº 12.305 DE 02 DE AGOSTO DE 2010, DA RESOLUÇÃO Nº 307 DE 05 DE JULHO DE 2002 DA CONAMA E DAS NBR’S 10004-2004, 15112-2004, 15113-2004, 15114-2004, 15115-2004, 15116-2004 POR PARTE DAS CONSTRUTORAS E PREFEITURA MUNICIPAL. .................................................................................................................................... 207
ÉTICA: AS RELAÇÕES SOCIAIS NA SOCIEDADE ATUAL ......................................................................................... 212
FLUÊNCIA TECNOLÓGICA DOCENTE: UM ESTUDO COM DOCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL ..................... 217
FUSARIOSE NA PIMENTA DO REINO NA COMUNIDADE DO TIPIZAL – SANTARÉM/PA. ...................................... 222
GESTÃO DEMOCRÁTICA: ESTUDO COM EGRESSOS DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR/UFOPA ................................................................................................................................................. 226
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA DISCUSSÃO SOBRE O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE EM SANTARÉM .................................................................................................................................................... 231
IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS NA CULTURA DO MAMOEIRO – Carica papaya L. ............................................... 235
IDENTIFICAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS PELA ANTRACNOSE NA PLANTAÇÃO DE PIMENTA DE CHEIRO - Capsicum chinense .............................................................................................................................................. 240
IMPORTÂNCIA DE INTRODUZIR UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ............................................................................................................................................................................. 245
IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE REDES PELO TI EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR EM SANTARÉM-PA ..................................................................................................................................................... 249
6
ÍNDICE DE EROSIVIDADE DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE BELTERRA, NO ESTADO DO PARÁ ........................... 253
ÍNDICE DE EROSIVIDADE DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE ITAITUBA, NO ESTADO DO PARÁ ............................ 257
ÍNDICE DE EROSIVIDADE DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE, NO ESTADO DO PARÁ .................. 261
INFLUÊNCIA FAMILIAR NO FRACASSO ESCOLAR ................................................................................................. 265
JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO BRASILEIRA: ANÁLISE COMPARATIVA COM OS CASOS CHILENO E ARGENTINO .......... 269
LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM A CULTURA DO FEIJOEIRO NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA ..................................................................................................................................................... 275
MANIFESTAÇÕES PATOLOGICAS EM ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO NA CIDADE DE SANTARÉM/PA ..... 280
MATEMATICANDO: AS PRÁTICAS LUDICO-PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA ...................................................................................................................................................... 286
MICROSSISTEMAS DE ABASTECIMENTOS DE ÁGUA NA ÁREA URBANA: NECESSIDADE DE OUTORGA DE DIREITO DE USO. ÁGUA SUBTERRÂNEA – O CASO DO BAIRRO DO MARARU, EM SANTARÉM/PA ................................... 291
MULHERES E SINDICALISMO: UMA LUTA DAS TRABALHADORAS RURAIS DO OESTE DO PARÁ. ....................... 295
O AGIR EDUCATIVO E CUIDATIVO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE SANTARÉM/PA. ....................................................................................................................... 299
O CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DO CEULS VERSUS AS PROBLEMÁTICAS DA EDUCAÇÃO BASICA 303
O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS ......................... 313
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO LEITOR SOB INFLUÊNCIA DA LITERATURA INFANTIL ...................................... 316
O PROEMI E AS EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS COMO POLÍTICA INDUTORA DA EDUCAÇÃO INTEGRAL EM BELTERRA/PA ....................................................................................................................................................... 320
O RESFRIAMENTO DO CONCRETO EM HIDRELÉTRICAS: A UTILIZAÇÃO DO GELO .............................................. 324
O SISTEMA EDUCACIONAL E O FRACASSO ESCOLAR ........................................................................................... 329
O USO DO PROTOCOLO IPV6 PELOS PROVEDORES DE SANTARÉM-PARÁ .......................................................... 333
OS DIREITOS SOCIAIS COMO PROPAGADORES DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA CONTENÇÃO DA VIOLÊNCIA. .......................................................................................................................................................... 337
PERCEPÇÃO DAS PUÉRPERAS SOBRE OS CUIDADOS NÃO FARMACOLÓGICOS NO PRIMEIRO PERÍODO CLÍNICO DO PARTO ............................................................................................................................................................ 341
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM – PARÁ NOS ANOS DE 2010 A 2014 ......................................................................................................................................... 347
PESQUISA DE PARASITAS INTESTINAIS NAS FEZES E DO DEPÓSITO SUBUNGUEAL DAS MÃOS DE COLETORES DE LIXO URBANO DE SANTARÉM-PARÁ .................................................................................................................... 352
POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SANTARÉM NO PERÍODO DE 2004 A 2016 ..................................................................................................................................................................... 357
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO DE AUTORIA BASEADO NO CONCEITO DE STORYTELLING ...................................... 362
PRODUÇÃO DE TIJOLO ECOLÓGICO UMA ALTERNATIVA PARA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICIPIO DE
SANTARÉM .......................................................................................................................................................... 367
PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE MONITORAMENTO REMOTO DE PACIENTE NA CIDADE DE SANTARÉM – PARÁ:
FASE DE PLANEJAMENTO .................................................................................................................................... 373
PROPOSTA INTERDISCIPLINAR INTEGRANDO O CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO COM A COMUNIDADE
ESCOLAR .............................................................................................................................................................. 376
QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZÇÃO QUÍMICA DA PRECIPITAÇÃO DIRETA E INTERNA EM ÁREA DE CASTANHEIRA
(Bertholletia excelsa Bonpl.) NA REGIÃO OESTE DO PARÁ .................................................................................. 381
7
QUEBRA DE DORMÊNCIA COM DIFERENTES MÉTODOS E CÁLCULO DA TAXA DE GERMINAÇÃO DE SEMENTE DE
PARICÁ - Schizolobium amazonicum ................................................................................................................... 386
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE ADOLESCENTES SOBRE GRAVIDEZ ........................................................................ 390
ROTAÇÃO DE CULTURAS DE FEIJÃO CAUPI E GIRASSOL PARA FORMAÇÃO DE PASTOS APÍCOLAS .................... 395
SEGURANÇA EM DISPOSITIVOS MÓVEIS: QUE ULTILIZEM SISTEMA OPERACIONAL ANDROID .......................... 399
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: A IMPORTÂNCIA DE SUA IMPLEMENTAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR ............................................................................................................................................................ 402
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: A IMPORTÂNCIA DE SUA IMPLEMENTAÇÃO NOS PORTOS .......................... 405
SOCIEDADE BRASILEIRA: UMA ANÁLISE A PARTIR DA ÉPOCA COLONIAL ........................................................... 408
TABAGISMO NO ENSINO MÉDIO ......................................................................................................................... 411
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: FORMAÇÃO E PRÁTICA
DOCENTE ............................................................................................................................................................. 419
USINA HIDRELÉTRICA DE SÃO LUIZ DO TAPAJÓS: DIREITOS HUMANOS VERSUS DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO ........................................................................................................................................................ 424
VERIFICAÇÃO DOS COEFICIENTES DE PRESSÃO EFETIVA DE UM GALPÃO INDUSTRIAL (25x50m) DEVIDO À
VARIAÇÃO DE INCLINAÇÃO DO TELHADO EM OBSERVÂNCIA DA NBR 6123/1988: PARÂMETROS DO CENTRO
COMERCIAL DA CIDADE DE SANTARÉM-PA......................................................................................................... 429
AVALIAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA E DAS BASES TROCÁVEIS SOB UM CICLO DE ALAGAMENTO EM SOLO DE
VÁRZEA NA COMUNIDADE SÃO RAIMUNDO DO ITUQUI NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM - PARÁ ...................... 434
EDUCAÇÃO INTEGRAL: UMA ANÁLISE DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR – PROEMI – EM ESCOLAS
ESTADUAIS NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PARÁ. ............................................................................................. 439
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A CONVENÇÃO N°169 DA OIT E O DIREITO DAS COMUNIDADES
QUILOMBOLAS À CONSULTA PRÉVIA, LIVRE E INFORMADA.
Érika Giuliane Baser
1
Júlia de Sousa Farias Ribeiro2
RESUMO: Este resumo tem como escopo fundamental destacar a legitimidade do direito à consulta prévia, livre
e informada das Comunidades Quilombolas amazônicas no contexto de expansão dos projetos
desenvolvimentistas no Oeste do Pará, região a qual desempenha papel estratégico no plano de crescimento
econômico nacional. Considerando o avanço exacerbado das mais variadas espécies de empreendimentos sobre
territórios tradicionalmente ocupados por essas populações, o tema abordado torna-se imprescindível no que
tange o cumprimento de garantias fundamentais constitucionalmente previstas como, acesso à terra e ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, direitos constantemente desrespeitados nos processos de instalação de tais
empreendimentos. Para tanto foram realizadas análises bibliográficas e documentais com fito de esboçar a
relevância da convenção na salvaguarda do direito de voz das comunidades supracitadas no que diz respeito a
medidas lesivas ao seu território, ressaltando seu caráter vinculante na legislação brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: CONSULTA PRÉVIA, TERRITORIALIDADE, COMUNIDADES
QUILOMBOLAS.
INTRODUÇÃO: A justificativa do presente resumo se dá no contexto de expansão da
economia vivido hoje pelo país transformou a região norte, a partir da década de 1970, na
principal rota para a implantação de grandes empreendimentos de iniciativa privada com forte
fomento estatal sob a justificativa desenvolvimentista de modernizar e gerar empregos no
imenso ―vazio‖ demográfico que se acreditava ser a Amazônia. Nesse cenário de constante
avanço de projetos hidroelétricos, de mineração e até mesmo da monocultura em larga escala,
encontram-se as comunidades que não enxergam a terra sob a ótica mercadológica, mas a
utilizam de forma tradicional. Tais comunidades são reconhecidas pela Convenção n°169 da
Organização Internacional do trabalho como ―indígenas, tribais e semitribais‖, denominação
esta que, segundo Deborah Duprat (2015), causa descontentamento ao reproduzir as
expressões que se valeu sua antecessora, a Convenção n°107, persistindo na utilização de
termos coloniais e definições fixas. As comunidades quilombolas, inseridas no rol de
populações tradicionais, encontram tanto na convenção n°169, quanto na Constituição de
1988 legitimidade para requerer proteção jurídica não apenas do território físico ocupado por
1Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Sociedade, Natureza e Desenvolvimento da Universidade Federal
do Oeste do Pará-UFOPA. 2Acadêmica de Direito da Universidade Federal do Oeste do Pará e pesquisadora do Programa de Extensão
Patrimônio Cultural na Amazônia
9
eles, mas sim de todo ambiente necessário para que suas manifestações econômicas e
culturais se realizem sem contraposições. A C169-OIT foi uma das primeiras legislações a se
preocupar com a situação de descaso das populações tradicionais, tendo sido responsável por
estabelecer, entre o Estado e essas comunidades, o diálogo, por meio da Consulta Prévia. Este
diploma legislativo ratificou-se por meio do Decreto Legislativo n°143, de 20 de junho de
2002 e pelo Decreto Presidencial n° 5.051 de 19 de abril de 200. Portanto, a Convenção n°
169 da OIT tem status supralegal, consoante entendimento firmado pelo Supremo Tribunal
Federal, à medida que os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil
estão tutelados de forma especial na Constituição de 1988, além do texto do parágrafo 2° do
já citado artigo 5° da Constituição Federal e é com esses fundamentos que se baseia o Decreto
n° 4.887, de 20 de novembro de 2003. A Convenção n° 169 da OIT dispõe de mais de
quarenta artigos, cujo objeto se propõe a garantir ―aos povos indígenas e tribais igualdade de
tratamento e de oportunidades no pleno exercício dos direitos humanos e liberdades
fundamentais, sem obstáculos ou discriminação e nas mesmas condições garantidas aos
demais povos‖ 85. Considerando a diversidade de povos e suas respectivas estruturas
organizacionais, não há um modelo padronizado por meio do qual se tenha convencionado a
realização de consultas. Estas devem realizar-se em um contexto de diálogo com a
pluralidade. Sendo assim, este resumo propõe-se a abordar de forma teórica a importância da
Convenção n°169 na preservação do diálogo e da voz das comunidades quilombolas na
Amazônia e, por conseguinte, na manutenção da territorialidade desses povos e de toda sua
extensão econômica, social e cultural.
MÉTODO: A metodologia utilizada no presente resumo foi baseada em uma análise
bibliográfica e documental, traçando um paralelo entre a matéria jurídica e alguns conceitos
antropológicos com o fito de argumentar com os dois lados presentes no tema abordado: o
Estado, através da legislação e as comunidades quilombolas por intermédio da antropologia
jurídica, no que tange do respeito ao Direito de ser ouvido dessas comunidades, bem como,
construção de territorialidade e reconhecimento da identidade. Utilizou-se como suporte
teórico a obra ―A Convenção n°169 da OIT e os Estados Nacionais‖.
RESULTADO E DISCUSSÃO: Nota-se que a realização da Consulta Prévia no Brasil,
desde a incorporação da C169-OIT à legislação brasileira, ainda não se estabeleceu no campo
prático de sua aplicação. Ocorre que, existe uma diferença entre o que a Estada pensa sobre os
direitos territoriais e, portanto, como devem ser as consultas, e o que as comunidades pensam
sobre seus territórios e seus direitos. Postula-se que a consulta precisa ser culturalmente
10
aceita. Portanto, é lícito realizar um protocolo de consulta de acordo com os costumes locais.
Neste, a comunidade deve definir a forma pela qual deseja ser consultada, ou seja, a
linguagem, os participantes, o tempo de duração, o local onde ocorrerá o processo.
É evidente que o processo de consulta aos povos indígenas e tribais deve ocorrer antes da
tomada de decisões de cunho legal ou administrativo para o deferimento do projeto. ―Desse
modo, a consulta traz em si, ontologicamente, a possibilidade de revisão do projeto inicial ou
mesmo de sua não realização‖
Igualmente, à medida que se acrescentam novas informações e dados de impactos ambientais
possivelmente causados pelo projeto pleiteado na região, é necessário renovar o processo de
consulta. Desta forma, percebe-se que há uma discrepância no ideário do que é a terra para
um empreendedor, e do que esta representa para um povo tradicional, que atribui a ela um
valor diferente, sobretudo simbólico.
O procedimento administrativo de licenciamento ambiental funciona, na realidade, como um
desarticulador de direitos das comunidades tradicionais, omitindo a sua existência em estudos
obrigatórios e, principalmente, tolhendo esses povos do direito de serem consultados sobre os
destinos das terras que são suas por direito.
A exemplo tem-se o caso do licenciamento ambiental do Complexo Portuário da Empresa
Brasileira de Portos de Santarém, EMBRAPS, no Bairro Área Verde. O empreendimento
consiste em um conjunto de obras de infraestrutura que visam assegurar a exportação de soja
e milho pelo Norte do Brasil. Esse empreendimento portuário é um dos vários similares já
construídos ou em implantação na Amazônia. Na referida área, além de assentamentos
urbanos formais e informais, habitam populações ribeirinhas e cerca de oito comunidades
quilombolas, as quais desenvolvem relação direta com o lago Maicá e com o rio Ituqui, canal
formado a partir do rio Amazonas. Ocorre que, durante o processo de licenciamento, o Estudo
de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental, EIA/RIMA, mostram-
se contraditórios na medida em que o RIMA informava a não existência de comunidades
quilombolas diretamente afetadas pelo empreendimento, e o EIA caracterizou a comunidade
Arapemã, localizada a 4010 metros de distancia da obra, como área diretamente atingida. De
acordo com a Ação Civil Pública ajuizada pelos Ministérios Públicos Federal e do Estado do
Pará ―Embora a Resolução do CONAMA n°001/86 indique critérios para que se defina a área
de influência do empreendimento, coube à própria equipe técnica da empresa contratada pela
EMBRAPS estabelecer a delimitação territorial de seus estudos ambientais‖. Sendo assim
entendendo ―não existir nenhum território quilombola na área diretamente afetada do
empreendimento, ou populações tradicionais‖ (EMBRAPS/FADESP – EIA, 2015, p. 585), a
11
FADESP não considerou a hipótese de cumprimento da Convenção n° 169 sobre povos
indígenas e tribais da Organização Internacional do Trabalho, não considerando os direitos
relativos à consulta livre, prévia e informada.
Fonte: INCRA, 2015. In: MPF e MPE-PA, 2016. p.13.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DUPRAT, Débora (Org.). Convenção n. 169 da OIT e os Estados Nacionais. Brasília:
ESMPU, 2015. 396p.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. 8. ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2005ª
DUPRAT, Deborah. ―O direito sob o marco da plurietnicidade/multiculturalidade‖. In:
Pareceres Jurídicos. Direitos dos Povos e das comunidades tradicionais. Manaus: UFPA,
2007.
______. A Convenção 169 da OIT e o direito à consulta prévia, livre e informada. Revista
Culturas Jurídicas, Vol. 1, Núm. 1, 2014. Universidade Federal Fluminense.
www.culturasjurídicas.uff.br
MPF e MPE-PA. Ação Civil Pública com pedido de liminar (Peça inicial). Disponível em:
http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de
imprensa/documentos/2016/ACPICP648201509PortosMaic_1.pdf. Acesso em 30 set 2016.
65p.
12
A ESCOLA, O DOCENTE E O FRACASSO ESCOLAR
Camila Gonçalves11
Christ Helen Carvalho1
Emieli Monteiro1
Erilene Santos1
Fernanda Dezincourt
Kaleno Lages1
Lizi Kiara Vasconcelos1
Priscila Fernandes1
ProfªNarelly Rodrigues2
RESUMO:A pesquisa objetivou estudar os fatores que levam ao fracasso escolar, assim como a possibilidade
de mudanças que estimulem de forma positiva tanto o educando quanto o docente e que podem acrescentar
positivamente no futuro do país, tal como a promoção do não fracasso no mesmo. Utilizou-se a pesquisa
bibliográfica, e verificou-se que o fracasso escolar está mais conveniadoà fatores externos do sistema
educacional e ao desgaste ocasionado pela falta de recursos, porém a má formação profissional também é um
fator determinante, logo, pode-se perceber que tanto a escola quanto professores, famílias estão ligados aos
alunos são contribuintes para determinar seu sucesso ou não na vida escolar. A pesquisa encontra-se em
andamento.
Palavras-chave: Fracasso escolar, aluno, professor.
INTRODUÇÃO: O fracasso escolar configura-se como o não-aprendizado sob nenhuma
circunstância. É quando os conceitos, habilidades, valores e a questão da cidadania não foi
internalizado no aluno, resultando na maioria das vezes no regresso, repetência e o abandono
da escola pelo mesmo. É importante destacar que as dificuldades de assimilação do aluno
muitas vezes servem para mascarar a desestabilidade da escola e o papel do professor,
focando assim, apenas no fracasso do próprio indivíduo. Inúmeras causas como o fator
socioeconômico e cultural, a falta do conhecimento didático do corpo docente e o
acompanhamento dos pais interferem na educação, afetando a base escolar do aluno e
consequentemente toda sua vida acadêmica. No que concerne especificamente à família,
alega-se que a estrutura familiar não favorece o desenvolvimento escolar dos alunos, uma
vez que os pais tendem a não valorizar a escola por não terem tempo para dar atenção aos
seus filhos. Aspectos como o analfabetismo dos pais, violência, separação, entre outros, são
utilizados para explicar o fracasso escolar. ―Na educação primaria, a família é responsável
pelo modelo que a criança terá em termo de condutas no desempenho de seus papéis sociais
e das normas que controlam tais papéis‖ (FIALE). A busca pelas causas do fracasso escolar
centrando-se no sistema, diz respeito aos trabalhos desenvolvidos pelos órgãos
governamentais que buscam subsidiar a formulação e a avaliação de ações e políticas na
área de educação. As causas intraescolares que compreendem a escola e os professores
destacam-se como um dos fatores que também contribuem para esse fenômeno, os docentes
configuram-se como importantes atores dessa realidade tal como a escola na questão de
prestar assistência no suporte psicopedagógico.
1 Alunos do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA
2 Professora do Curso de Pedagogia do CEULS/ ULBRA
13
MÉTODO: A pesquisa caracteriza-se por ser bibliográfica, por esse meio procura-se
conhecer as abordagens e posicionamento dos autores sobre o tema, procurando evidenciar a
problematização do fracasso escolar na sociedade. Por meio dessa pesquisa utilizou-se o
caráter qualitativo, a fim de evidenciar os problemas encontrados no contexto escolar em
fatores distintos, assim, analisando e discutindo a ausência de contribuições da escola como
um todo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Atualmente a escola é uma das mais importantes
instituições sociais, e frente à essa discussão precisa ser debatido o papel do professor como
responsável pela mediação numa aprendizagem significativa e o papel da escola como
suporte para ambos. Não é novidade que o conjunto de fatores determinam o insucesso da
educação brasileira, no entanto, o professor por ser um dos protagonistas tem uma parcela
considerável de culpa no fracasso educacional, em contrapartida, é importante destacar
algumas possíveis explicações para a compreensão das desigualdades como o modo de vida
familiar, seus valores, suas crenças, tem mais peso no desempenho do que a condição
socioeconômica. Focando no tema principal abordado nesta pesquisa, a escola e os docentes
como contribuintes do fracasso escolar, existem fatores tanto influenciados pelos
professores, escola, quanto influenciadores dos mesmos. No que tange as dificuldades que
são impostas aos professores e a escola, atrapalhando assim seu desempenho, podemos
destacar a infraestrutura que pode desestabilizar todo um planejamento, o problema da
sobrecarga que coloca sobre os ambos do professor tarefas curriculares e extracurriculares
assim como a constante responsabilidade por todo o desenvolvimento da criança, as
expectativas giram em torno do trabalho do professor que muitas vezes, em turmas grandes,
não conseguem trabalhar com a diversidade de crianças, ―a isso tudo ainda acrescente-se a
composição étnica diversificada e sempre em constante da sala de aula, as condições de
instabilidade em casa e na comunidade‖ (FULLAN, HARGREAVES, 2000, p. 18), com
obstáculos para se trabalhar e ainda a prestação de contas de todo o progresso feito em sala
aumenta a pressão dos pais e administradores sobre o professor. Outro problema que
podemos destacar é a falta de investimento na reciclagem dos profissionais da área de
educação, apesar de existirem programas de incentivo a licenciatura e capacitação de
professores, nota-se falta de entusiasmo a adesão pelos mesmos devido ao desgaste da rotina
escolar. A escola por apresentar uma baixa qualidade educacional não somente no Brasil,
expressa alguns problemas como a indisciplina na sala de aula, precárias condições para o
trabalho educativo, despreparo dos professores para realizarem adequadamente seu trabalho,
baixo status profissional e baixa remuneração (MARIN, 1998). São detectados ainda
necessidades e melhorias físicas nos portões, nas calçadas, nos muros, nas instalações
elétricas e hidráulicas dos prédios, fatos que caracterizam precárias condições para o
trabalho educativo. Tais demandas são acrescidas de considerações sobre as reivindicações
relativas a outros aspectos materiais: telefones, iluminação, higiene e limpeza dos prédios,
material e equipamento escolas. Indo em oposição ao Plano Nacional de Educação
(aprovado pela Lei n* 10.172/2001) que define como uma das suas diretrizes a implantação
de conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar (incluindo a
família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e no
enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos.No que se refere
aos professores, argumenta-se que eles não estão muita das vezes preparados tecnicamente
para suprir as necessidades de aprendizagem dos seus alunos. As causas que se atribuem a
isso dão-se pelo fato de que muitos não conseguiram a graduação e atuam apenas com o
curso de magistério, realidade que busca ser combatida através de programas como
PARFOR, mas que podem torna-se ineficazes quanto a didática do profissional devido ao
14
desgaste do mesmo ao longo de anos de profissão sem o conhecimento adequado para sala
de aula. O crescimento acadêmico e metodológico dos professores é tradicionalmente
defendido como relevante para uma prática pedagógica bem sucedida. A profissão de
educador encontra-se em um momento decisivo, e é necessário que se façam possíveis
ajustes, já que esta é uma profissão que exige ao mesmo tempo tanto a questão intelectual
quanto a afetiva. Esse também pode ser citado como um dos fatores nessa realidade, visto
que existem alguns profissionaisque lecionam apenas por mera necessidade ou casualidade,
logo, podemos perceber que este profissional está nesse tipo de ambiente somente por
questões financeiras, ou por simplesmente não conseguirem ocupar os cargos desejados.
Essa situação desencadeia no docente a acomodação e a falta de compromisso no ambiente
de trabalho, afetando tanto a si mesmo como aos seus educandos.Existem profissionais que
não tem a preocupação de se atar à novas formas de ensinar porque se limitam na nova era
tecnológica, causando a falta de conhecimento do mundo moderno e se prendendo a
métodos tradicionais. Esta pesquisa é de caráter bibliográfico, com abordagem qualitativa, e
a leitura desses materiais já foi utilizada como instrumento de coleta de dados, onde são
esplanadas ideias de alguns autores sobre o assunto. Em suma, este tema nos mostra que o
fracasso escolar abrange todo o corpo docente e discente e que há uma grande necessidade
de erradicá-lo. Porém, essa pesquisa está em andamento e será necessária concluí-la para
esclarecer todos os objetivos apresentados.
CONCLUSÃO: De acordo com pesquisas aprofundadas na área educacional ao que se
refere a escola, os docentes e o fracasso escolar, pode-se concluir que a escola tem um papel
muito importante na vida do aluno, tal como o professor sendo mediador principal, no
entanto, por conta de sistemas de ensino muito vagos e até mesmo a própria falta de
interesse do profissional e preocupação para com o educando, podemos perceber que há
irresponsabilidade da escola como um todo, embora a mesma não seja a única responsável
pelo resultado final, podemos notar que a escola e os docentes são contribuintes do sistema
quando permanecem submissos ao mesmo, causando assim uma desestruturação em grande
parte dos alunos e consequentemente o fracasso escolar.Embora existam inúmeras vertentes
e propostas para o aperfeiçoamento profissional, grande parte dos professores se encontram
estagnados na mesma época de sua graduação, seja ela de magistério ou licenciatura, o
mesmo vale para os profissionais de gestão, é claro que as exceções são visíveis dentro de
um cenário geral, mas em nossa pesquisa podemos destacar mais exemplos de descaso, com
isso podemos entender que para uma educação de qualidade é necessário contribuição de
todas as partes envolvidas, no entanto, vale ressaltar que a pesquisa encontra-se em
andamento.
REFERÊNCIAS
FULLAN, Michael, HARGREAVES, Andy. A escola como organização aprendente:
Buscando uma educação de qualidade. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
15
A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO
INFANTIL A PARTIR DOS ESTUDOS DE DOCUMENTOS OFICIAIS À
LUZ DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL
Madma Laine Colares Gualberto
1
Talita Ananda Corrêa2
RESUMO: O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de mestrandas em educação com a formação de
professores da educação infantil realizada no Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Infantil – GEPEI com
professores – da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Campus de Santarém-PA, no período de
agosto a dezembro do ano de 2015. O objetivo do GEPEI com professores é discutir à luz da teoria histórico-
cultural os documentos oficiais da educação infantil e as abordagens teórico-metodológicos que norteiam o
trabalho pedagógico. A metodologia do GEPEI com professoras é a do tipo de grupo focal, no qual o assunto
abordado é do interesse dos envolvidos e discutido por todos tornando a dinâmica das discussões mais
envolventes. Com este trabalho refletimos os aspectos que contribuíram para o desenvolvimento da
aprendizagem de todos os participantes. Assim, iniciamos um processo da humanização dos professores da
educação infantil como sujeitos de direitos e passíveis de qualificação e formação, sendo esta responsabilidade,
não só da universidade, mas do poder público. Concluímos que o processo de formação de professores de
educação infantil é contínuo e que o conhecimento produzido nos encontros foi uma semente plantada para
fortalecer a atuação profissional de cada um.
PALAVRAS-CHAVE: educação infantil. formação de professores. teoria histórico-cultural.
INTRODUÇÃO: O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de mestrandas em
educação com a formação de professores da educação infantil realizada no GEPEI com
professoras, UFOPA/Campus de Santarém-PA, no período de agosto a dezembro do ano de
2015. Cabe ressaltar que o GEPEI com professores é um subprojeto do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação Infantil, sob a coordenação da Profa. Dra. Sinara Almeida da Costa,
que visa contribuir para a construção da qualidade na educação infantil, bem como os estudos
a respeito da temática, pensando sempre no desenvolvimento, aprendizagem e bem estar das
crianças de 0 a 5 anos, apoiando ações relacionadas à formação docente.
Será abordada, neste relato, a formação de professores como instrumento necessário
para o aprimoramento profissional de maneira contínua. A existência desse grupo se
fundamentou a partir da busca de professores por mais conhecimentos na área de educação
infantil.
Assim, o trabalho será dividido por seções, contemplando a fundamentação teórica
que embasa o projeto do GEPEI com professores, os procedimentos metodológicos para a
1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação – Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA;
2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação – Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA;
16
realização dos estudos e análise das experiências compartilhadas durante a execução das
atividades, no período de agosto a dezembro de 2015.
MÉTODO: A metodologia adotada pela pesquisa foi o grupo focal. Para Morgan (1997) o
grupo focal consiste em uma técnica de pesquisa qualitativa, decorrida das entrevistas em
grupo, que coleta informações por meio das interações grupais. Para Gatti (2005) a técnica é
muito útil quando há interesse de compreender perspectivas, valores, ideias e comportamento
de grupos de pessoas sobre um determinado tema.
O trabalho foi realizado com 11 professoras e um professor, com média de cinco anos
de atuação na educação infantil, que participaram do curso oferecido pelo GEPEI no período
de agosto a dezembro de 2015. Todos os sujeitos possuem nível superior em Pedagogia, sendo
que oito são formados em instituições públicas e quatro em instituições privadas. Seis deles já
possuem especialização na área da educação.
No total foram realizados 16 encontros de formação, todos aos sábados, em torno das
Diretrizes em Ação, onde o foco principal foi o trabalho docente na educação infantil e, mais
especificamente, as necessidades apontadas pelo próprio grupo, tais como: planejamento,
currículo, proposta pedagógica, avaliação e registro do trabalho. As discussões foram
embasadas na teoria Histórico-Cultural que concebe o desenvolvimento humano a partir das
interações entre os homens e destes com os objetos da cultura (VYGOTSKI,1995).
RESULTADOS E DISCUSSÕES:A partir dos estudos e discussões no GEPEI com
professores, compreendemos que a formação continuada do professor não é uma ação
independente e isolada. É necessário que as escolas e todos os estudantes que fazem parte do
processo educacional se envolvam no sentido de gerar transformação e sensibilização para
atender as diversidades que constituem a instituição de educação infantil.
Ao se tratar de educação infantil é importante resgatar a identidade do professor que
atende às crianças pequenas a fim de valorizar-se em suas vivências e experiências cotidianas
desde o período em que as creches atendiam de forma assistencialista mostrando o processo
de construção pelo qual a educação infantil tem se constituído enquanto direito das crianças
de 0 a 5 anos de idade.
As instituições de educação infantil do município de Santarém são recentes e sua
concepção de educação carece ser pautada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil (BRASIL, 2010) que tem como objetivo o desenvolvimento integral das
17
crianças, entendendo-as como indivíduos cidadãos de direitos garantidos a partir da
Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 e da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e reconhecida por essas legislações como a
primeira etapa da educação básica, exigindo saberes específicos para o desenvolvimento de
um trabalho de qualidade.
Antes de realizar o levantamento das temáticas foi necessário apresentar o projeto
que ensejou na criação deste grupo a fim de explanar os objetivos dos encontros. A partir
disso, realizou-se uma conversa para conhecer a trajetória histórica de vida e profissional até o
momento das participantes do grupo. A finalidade era de compreender o universo histórico do
sujeito. Isto se fundamenta pelo princípio de que o homem precisa entender todo o processo
histórico que permeou a sua formação tanto profissional quanto como indivíduo
cultural/social. Sobre isso, Filho (2014) afirma que:
Esse é um conhecimento básico para a compreensão dos processos humanizadores:
o homem age ao mesmo tempo de forma individual e coletivamente sobre a sua
história, mas sempre já como um ser histórico e pertencente a um grupo humano (p.
58).
Neste sentido, identificamos que dentre os 15 sujeitos participantes do grupo, 5 são
formados em instituições particulares e 10 são formados em instituições públicas. Contudo,
percebe-se que a formação inicial do professor não é suficiente para garantir um atendimento
de qualidade.
As expectativas de aprendizado elencadas pelos professores no grupo foram:
Buscar mais conhecimento, considerando que a formação inicial não é suficiente
para desenvolver um bom trabalho. (P1)
Aperfeiçoar as práticas escolares, compartilhar as vivências profissionais e buscar
soluções para as problemáticas encontradas no trabalho com a educação infantil.
(P2)
Aprimorar a formação inicial; trocar experiências com professores que estão a mais
tempo desenvolvendo atividades com as crianças. (P4)
Partindo das necessidades e expectativa dos professores das instituições de Educação
Infantil buscou-se planejar os encontros no intuito de estreitar os caminhos teórico e
metodológico do desenvolvimento das crianças de 0 a 5 anos. Nesse sentido, discutimos
minuciosamente as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil (resolução n°05, de 17 de
dezembro de 2009); estudamos e dialogamos o material das Diretrizes em ação (BRASIL,
2015) – Vídeo 1 – Concepções e práticas, Vídeo 2 – Brincar e Cuidar: muitas interações e
Vídeo 3 – Experiências para ampliar o conhecimento; fornecido pelo MEC.
18
Elucidamos que as discussões estavam fundamentadas pela teoria histórico-cultural
no que diz respeito a considerar que as instituições de educação infantil devem ser o espaço
mais apropriado para humanizar as crianças, que estas são capazes de aprender, mas que para
isso necessitam do contato com o outro, precisam vivenciar atividades que agucem suas
habilidades motoras e intelectuais. Conforme Mello e Farias (2010) chegamos à compreensão
de que:
A relação que se estabelece entre a criança e a cultura é, na Educação Infantil,
mediada inicialmente pelo/a professor/a que organiza e disponibiliza os objetos da
cultura material e não material para as crianças. Quanto mais o/a professor/a
compreender o papel da cultura como fonte das qualidades humanas, mais
intencionalmente poderá organizar o espaço da escola para provocar o acesso das
crianças a essa cultura mais elaborada que extrapola a experiência cotidiana das
crianças fora da escola (p.58).
A partir dos estudos da Teoria Histórico-Cultural, ―aprendemos a perceber que cada
criança aprende a ser um ser humano. O que a natureza lhe provê no nascimento é condição
necessária, mas não basta para mover seu desenvolvimento‖ (MELLO, 2007, p. 88). Além
disso, aprofundamos a temática da teoria histórico-cultural a partir da discussão do texto:
―Uma teoria para orientar o pensar e o agir docentes: o enfoque histórico-cultural na prática
de educação infantil‖, de Suely Amaral Mello.
Ao final das atividades, no mês de dezembro de 2015, realizamos uma avaliação
geral do projeto, com a participação de todos os envolvidos, visando novas diretrizes e os
encaminhamentos que se fizerem necessários para a continuidade do grupo. Apresentamos
abaixo a fala de alguns professores:
Eu tinha um conhecimento diferenciado da educação infantil, eu reproduzia o que a
professora fazia, vi que eu fiz muita coisa errada enquanto professora. Com o grupo
adquiri novos conhecimentos, é bem aberto, discutido. Mudou minhas concepções.
O grupo agregou muito conhecimento. Parabéns aos tutores. (P1)
Como profissional eu aprendi muito, ver outras pessoas acertando e errando. Fiquei
feliz em ver outras pessoas compartilhando conhecimentos. A gente percebe que as
pessoas estão em busca de novos aprendizados, é uma mola propulsora. Agradeço a
vocês pela oportunidade em poder ouvir. Estou na educação infantil e a gente faz as
coisas muitas vezes errado. É muito importante buscar conhecimento através dos
documentos da educação infantil. Considero os encontros no sábado um
investimento. (P4)
Diante do exposto pelos professores, identificamos que as discussões à luz da teoria
histórico-cultural dos documentos oficiais da educação infantil que norteiam o trabalho
pedagógico foram muito produtivas e nos fizeram refletir as práticas pedagógicas cotidianas
desenvolvidas pelos professores, no que concerne à realização de ações e atividades que
contribuem para o desenvolvimento integral da criança. Além disso, realizamos uma formação
19
continuada, em serviço, aos profissionais que trabalham com Educação Infantil em Santarém-
Pará.
O estudo minucioso das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil e as
demais discussões acerca das teorias que embasam a educação infantil propiciaram momentos
de esclarecimentos e aprendizados. A partir disso, compreendemos que se o professor não
tiver uma teoria que fundamente sua prática, este não conseguirá ter um norte eficaz para o
desenvolvimento integral da criança.
CONCLUSÃO: Concluímos que o processo de formação de professores de educação infantil
é contínuo e que o conhecimento produzido nos encontros foi uma semente plantada para
fortalecer a atuação profissional de cada um. É importante disseminá-la para que ela se
desenvolva e dê frutos prósperos para a comunidade escolar. Assim, iniciamos um processo da
humanização dos professores da educação infantil como sujeitos de direitos e passíveis de
qualificação e formação, sendo esta responsabilidade, não só da universidade, mas do poder
público. Tornando o professor um mediador da cultura mais elaborada e do conhecimento
instituído pela sociedade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de
Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
BRASIL. Resolução Nº 5, DE 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes curriculares
nacionais para a educação infantil./ Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC,
SEB,2009.
FILHO, A. M. Humanização e escola como comunidade. In: MILLER, S.; BARBOSA, M.
V.; MENDONÇA, S. G. L. Educação e humanização: as perspectivas da teoria histórico-
cultural. Jundiaí, Paco editorial: 2014.
GATTI, Bernadete Angelina. Grupo Focal na Pesquisa em Ciências Sociais e Humanas.
Brasília: Líber Livro Editora, 2005..
MELLO, S. A.; FARIAS, M. A. A escola como lugar da cultura mais elaborada. In:
Educação, Santa Maria, v. 35, n. 1, p. 53-68, jan./abr. 2010.
MELLO, S. A. Infância e humanização: algumas considerações na perspectiva histórico-
cultural. Perspectiva, Florianópolis, v. 25, n. 1, 83-104, jan./jun. 2007.
MORGAN, D. L. Focus group as qualitative research. London: Sage, 1997.
VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas III: Madrid: Visor Distribuiciones, 1995.
20
A GESTÃO DE REDES INTERORGANIZACIONAIS E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Aldilene Lima Coelho1
Tânia Suely Azevedo Brasileiro2
RESUMO: O presente estudo em andamento, se propõe a investigar o processo de gestão de um polo de apoio,
no segmento público, considerando os obstáculos enfrentados e as estratégias adotadas pelos gestores do Sistema
Universidade Aberta do Brasil (UAB) para efetivar uma educação superior a distância de qualidade. O sistema
UAB enquanto rede de cooperação interorgnizacioanais pode ser uma das alternativas para gerir políticas e
projetos na área da educação, em especial na modalidade de ensino a distância, em municípios e/ou
microrregiões carentes da oferta de cursos no ensino superior. Para atender ao estudo adotaremos a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso, utilizando como instrumentos para produção de dados: entrevista
semiestruturada, observação sistemática e análise de documentos. No que concerne ao(s) resultado(s) em função
do estágio em que o estudo se localiza os resultados ainda se encontram inconclusivos.
PALAVRAS-CHAVE: educação a distância; redes interorganizacionais, gestão.
INTRODUÇÃO: Consoante a Castells (2009) vivemos em um nova forma de sociedade, a
sociedade em rede; essa nova forma de se relacionar em grupo, foi constituída por meio das
inúmeras mudanças ocorridas no globo terrestre, mudanças de cunho social, tecnológico,
cultural, econômico etc.; Fleury e Ouverney (2007) nomeia essa rede como um modelo de
gestão interorganizacional e a caracteriza como unidade independente com: relações
horizontais, poder diverso, descentralizado, de forma compartilhada com os demais atores,
tendo como base a confiança e o comprometimento mútuo. As Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) revolucionaram os modelos de organização vigentes, transformando os
processos de planejamento, coordenação e controle das atividades, suscitando articulação em
tempo real entre os indivíduos e as organizações. A partir da publicação da LDB nº
9.394/1996, artigo 80, o poder público fomentou os programas de Educação a Distância
(EaD) em todos os níveis e modalidades de ensino, acelerando o processo de legalização do
ensino a distância e promovendo sua oferta no Brasil, tanto em âmbito público quanto no
privado. Na educação, as redes interorganizacionais tem materializado e amparado a
modalidade de ensino a distância, tanto no âmbito público quanto público. No setor público, o
Decreto nº 5.800/2006 instituiu a Universidade Aberta do Brasil (UAB), o Sistema da UAB
vai ao encontro dos pressupostos de Fleury e Ouverney (2007), os quais concluem a
emergência e difusão crescentes do fenômeno intitulado ―redes de políticas‖, essas redes
podem ser consideradas alternativas para gerir políticas e projetos, cujos problemas são
1 Mestranda em Educação do Programa de Pós-graduação em Educação PPGE/Universidade Federal do Oeste
do Pará. E-mail: [email protected] 2 Pós-doutora em Psicologia (IP/USP). Doutora em Educação (URV/ES). Docente e Pesquisadora no stricto sensu
(mestrados e doutorado) na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Orientadora da pesquisa. E-mail: [email protected]
21
diversos e complexos, com recursos limitados, além de ser constituídos por múltiplos atores.
Diante deste panorama, a cada dia ganha destaque o arranjo interorganizacional para
formulação e execução de políticas públicas, que por sua vez impõem vários desafios à sua
gestão desafios diversos aos que gerenciam essa rede de políticas. Portanto, a partir das
singularidades da região Amazônica, da gestão de sistemas em rede tratar-se de um objeto
complexo, podendo ocasionar fracassos a modalidade de ensino a distância apesar do
empenho dos atores envolvidos, um estudo como esse se justifica e ganha relevância no
espaço geográfico delimitado. Esta pesquisa em andamento tem como propositiva
compreender o processo de gestão de um polo apoio presencial no oeste paraense do Sistema
Universidade Aberta do Brasil, levando em consideração os obstáculos enfrentados e as
estratégias adotadas para efetivar uma educação superior a distância de qualidade.
MÉTODO: Este estudo adotará a abordagem qualitativo, do tipo estudo de caso, com
aplicação de entrevista, com o coordenador de polo e os coordenadores do Sistema da UAB
da instituição de ensino ofertante do(s) curso(s), além de observação sistemática e análise
documentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: ao estudar as estruturas sociais Castells (2009) afirma que
devido a era da informação, os processos se encontram organizados em torno de redes, tendo
as tecnologias de informação como fornecedoras de base material ao crescimento arraigado na
estrutura social. Dentre as tecnologias propulsora desse movimento, temos a Internet,
considerada a coluna vertebral da comunicação no mundo, por meios dos computadores, a
Internet busca atender as necessidades da humanidade em âmbito global, dando origem a uma
teia mundial. Hoje essa rede é composta por milhões de usuário em todo mundo, gerando
mudanças em âmbito global; nesse turbilhão de mudanças, tempo não mais importa, em
períodos atemporal, passado, presente e futuro se fundem em uma sociedade mediada pela
tecnologias de informação e comunicação. Para Fleury e Ouverney (2007) essa nova forma de
redes de políticas, também chamada de estruturas policêntricas têm se destacado na nossa
sociedade; no entanto, gerir essa rede tem demandado desafios, devido características
peculiares desse modelo de gestão: múltiplos atores envolvidos no processo, tanto na
implementação, controle e avalição das políticas públicas; órgãos estatais descentralizado,
mas mutuamente dependentes, onde nenhum órgão tem o controle total do processo;
conferindo desafios diversos aos gestores desse sistema. Além disso, todos os atores da rede
devem trabalhar em prol do estabelecimento e manutenção de objetivos comuns e de uma
22
dinâmica gerencial compatível e adequada. Até a publicação da LDB nº 9.394/96, o ensino a
distância era realizado de forma excepcional, passando a ser reconhecido como modalidade
educacional após a publicação da lei supracitada. No artigo 80, estabelece-se a
obrigatoriedade da solicitação de credenciamento além de determinar ações com vistas a
garantir oferta de ensino pautado em qualidade, dentre elas estão: regras de credenciamento,
avaliação e certificação dos cursos. Mediante as regras de credenciamento, as instituições,
públicas ou privadas, interessadas em ofertar cursos de nível superior a distância, têm o
mesmo tratamento que as ofertante dos cursos presencias. A revolução tecnológica tem
trazido inúmeros benefícios. Ao estabelecer a coexistência entre instituições privadas e
públicas na oferta do ensino superior a distância ou presencial, a Constituição Federal de 1988
no art. 209, preconiza que o ensino é aberto ao setor privado, desde que cumpram as normas
gerais vigentes da educação nacional e que possuam autorização emitida pelo poder público.
No caso da oferta de Ensino Superior, na modalidade presencial e/ou a distância, compete ao
Ministério da Educação e Cultura (MEC) o credenciamento. A autorização de cursos
presenciais limitam-se a localização geográfica, já os na modalidade a distância, abrangem a
sede e os polos cadastrados pela Instituição de Ensino Superior no Sistema e-MEC. Essa
novidade da educação na forma de aprender, é advento do mundo globalizado, que a partir da
explosão das novas tecnologias, oportuniza-se um maior intercâmbio entre alunos e
professores, possibilitando a combinação da flexibilidade da interação entre as pessoas,
independentemente do tempo e espaço. O desafio na consolidação deste novo modelo de
ensino/aprendizagem, está na adoção de uma nova postura destes atores, onde alunos e
professores possam interagir em um processo de aprendizagem pautado na coragem, na
criatividade e no dinamismo, cuja a essência seja, o diálogo e a descoberta (BEHRENS, 2005;
LEITZKE, 2012). Entretanto, não devemos nos deixar alienar, visto que, ainda com todos os
suportes midiáticos avançados proporcionados pelas TICs a serviço da educação, da
sociedade, a presença humana na gestão de sistemas e espaços de ensino, tem sido
fundamental no sucesso e até mesmo, responsável pelo fracasso de sistemas baseado em redes
de cooperação, assim como, na inserção de novos horizontes para a EaD em regiões carentes
do Ensino Superior Público de qualidade.
CONCLUSÕES: Uma vez que o estudo se encontra em andamento, a investigação se
encontra inconclusiva.
REFERÊNCIAS:
23
ANDRÉ, M. E. D. A. Estudo de caso: seu potencial na educação. Cad. Pesq. (49): 51-54,
maio, 1984, Rio de Janeiro.
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Especialização em Gestão de Polos [recurso eletrônico]. / Organizado por José Eduardo
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24
A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO: ARTHUR SCHOPENHAUER – SUAS REFLEXÕES ACERCA DA LEITURA E ESCRITA
Thayllany Mattos dos Santos1
Ariane Rocha Macedo2
Lívia Cristinne Arrelias Costa3
[email protected] [email protected]
RESUMO: O presente estudo pretende indicar a relevância da disciplina de Filosofia no processo da formação
do indivíduo na sociedade. O objetivo da pesquisa é discutir a contribuição da filosofia de Schopenhauer para a
educação e os benefícios para a reflexão crítica, a partir da leitura e escrita. A metodologia utilizada foi a revisão
bibliográfica de artigos científicos e da obra ―A Arte de Escrever‖, de Arthur Schopenhauer, que faz parte da
antologia de cinco ensaios recolhidos de Parerga e Paralipomena (1851). Como resultado se observou que o
ensino da disciplina Filosofia possibilita a criação de parâmetros acerca do mundo de forma autônoma e a
formação do pensamento original e crítico. A filosofia, sendo ela o estudo do saber, requer que estejamos abertos
ao novo, demarcando espaços que sejam pertinentes para a educação. Dessa maneira fica claro o desafio para os
professores sobre como ensinar Filosofia nas escolas de maneira significativa para o desenvolvimento do EU,
estando abertos a questionamentos e possíveis formas de encarar o mundo, pois em algum momento todos nós
nos descobrimos existindo no mundo e interagindo nele, por meio da ação, sentir e pensar.
PALAVRAS-CHAVE: Filosofia, educação, pensamento crítico
INTRODUÇÃO: A disciplina de Filosofia revela um compromisso importante no contexto
da educação escolar. As disciplinas aplicadas em sala de aula devem garantir o acesso aos
saberes elaborados pelo processo de construção social. Estes saberes se constituem como
instrumentos para o desenvolvimento psíquico e intelectual do indivíduo, e permitem o
exercício da cidadania e a atuação no sentido de reavaliar os conhecimentos impostos na
sociedade suas crenças e valores.
Segundo Aranha e Martins (1992), a Filosofia é o estudo do conhecimento, não sendo
ela um conjunto de saberes prontos, ou seja, um sistema acabado, fechado em si mesmo. A
Filosofia trata de uma prática de vida que procura pensar os acontecimentos como um todo,
analisando não só sua aparência, mas também todos os seus aspectos e possibilidades. A
filosofia é um modo de pensar construído através da observação de mundo. Dessa maneira ela
se volta para qualquer objeto procurando entender sua funcionalidade. Trata-se de um estudo
critico que coloca em dúvida pensamentos e questiona com perguntas intempestivas e dá a
possibilidade de enxergar o mundo com outras faces e compreender o sentido da vida.
1 Acadêmica do curso de Bacharelado em Psicologia do IESPES
2 Acadêmica do curso de Bacharelado em Psicologia do IESPES
3 Psicóloga e mestra em Teoria e Pesquisa do comportamento – UFPA; Docente do Curso de Psicologia do
IESPES
25
No livro ―Arte de escrever‖ dividido em cinco ensaios, Schopenhauer (1851, p 31.) afirma
que:
Em contrapartida, a verdadeira formação para a humanidade exige universalidade e
uma visão geral; portanto, para um erudito no sentido mais elevado, algo como um
conhecimento enciclopédico da história. Mas quem quer se tornar um filósofo de
verdade precisa reunir em sua cabeça as extremidades mais afastadas da vontade
humana. Pois onde mais elas poderiam ser reunidas?
Com as colocações feitas por autores da Filosofia, se evidencia a importância de dar
atenção para a educação, orientando, acompanhando, norteando e desenvolvendo
potencialidades do indivíduo no sentido de construir pensamentos originais e críticos dentro
da sociedade em que se vive. Falar de filosofia é destacar a luta pelo fortalecimento da
autonomia dos pensamentos, é construir uma sociedade crítica e apta a dar opiniões
relevantes, é pensar em mudanças significativas no contexto cultural, social possibilitando a
quebra de paradigmas.
O objetivo do presente estudo foi indicar a importância da Filosofia na educação e o
fortalecimento das práticas no âmbito de ensino para que os educadores desenvolvam o seu
papel enquanto educadores da massa, assegurando o desenvolvimento intelectual do indivíduo
garantindo o exercício crítico e consciente da cidadania.
MÉTODO: O presente estudo foi realizado através de revisão bibliográfica de artigos
científicos retirados de bases de busca Scielo, Portal GENS e também pela análise da obra
intitulada ―A arte de escrever‖, de Arthur Schopenhauer, o qual auxiliará na discussão, sendo
analisados fatores críticos na construção do pensamento do indivíduo dentro da sociedade.
RESULTADO E DISCUSSÃO: Segundo Aspis (2004) o professor de filosofia, sem
dúvidas, deve ser filósofo, pois as aulas de Filosofia devem ensinar a filosofar e a produzir
conhecimento, sendo, portanto, a produção de Filosofia no ato de filosofar. Desse modo, se
aprende a fazer filosofia: praticando e tendo um modelo de como se faz. As aulas de Filosofia
não se tratam de verdades, mas sim de questionamentos. O professor cria problemáticas e
junto aos alunos tenta desenvolver meios de solucioná-los. O professor de Filosofia é o
instrumento do pensamento crítico; ele tem a chave de um espaço singular onde os alunos
poderão ter suas experiências filosóficas e relacioná-las com relações sociais construídas e
vividas por eles.
26
Para o filosofo Schopenhauer (1851), só é possível pensar com profundidade aquilo
que se conhece. Por este motivo, deve-se aprender algo, mas também só é possível saber
aquilo que se pensou com profundidade. Ler e escrever filosoficamente é possibilitar o
pensamento ao êxito. Para ele apenas os pensamentos próprios são verdadeiros e tem vida,
pois somente ele pode ser entendido de modo autêntico e completo.
Para Schopenhauer ―às vezes é possível desvendar, com muito esforço e lentidão, por
meio do pensamento, uma verdade, uma ideia que poderia ser encontrada confortavelmente já
pronta num livro. No entanto, ela é cem vezes mais valiosa quando obtida por meio do
próprio pensamento‖ (1851, p 42.)
Porém, deve-se ressaltar que a construção do pensamento próprio só é possível através
da observação que possibilita o entendimento. E isso é aprendido no processo da formação
escolar a instrumentalização das formas de absorver o conhecimento, analisar e desenvolver
pensamento crítico
Segundo Diniz (2014), filosofar, dentro da estrutura escolar com as crianças,
adolescentes e jovens é capacitá-los para o debate, para a confrontação de ideias. Se a
Filosofia consiste na experiência com o conceito, é importante que o jovem estudante tenha a
oportunidade de fazer ele mesmo a experiência do pensamento e não apenas reproduzir.
Portanto, abrir espaços para uma educação filosófica com as crianças, adolescentes e jovens é,
acima de tudo, buscar um novo posicionamento diante da realidade social. Trata-se de sair do
senso comum e ir para a consciência crítica
De acordo com Saviani (1975), se a filosofia é uma reflexão sobre os problemas que a
realidade apresenta, as reflexões, entretanto devem ser realizadas de maneira profunda para
que possa ser considerada uma reflexão filosófica. O autor destacou três pontos fundamentais:
a radicalidade, o rigor e a globalidade. Dessa maneira, ao contrário da Ciência, a Filosofia
não tem objeto determinado; ela se constrói a partir de quaisquer aspectos da realidade, desde
que seja problemático; o campo de ação da Filosofia é o problema, esteja onde estiver para
filosofia é valido ser discutido não no sentido de solucioná-lo, mas no sentido de discuti-lo
para possivelmente solucioná-lo.
Para Schopenhauer (1851) é necessário que os professores de Filosofia ensinem aos
seus alunos a importância dos pensamentos próprios na formação de opiniões, mas não se
deve negar a importância da leitura para fundamentar o pensamento. A Filosofia é a
estruturação da análise crítica de mundo e a partir dele outras formas de conhecimento se
constroem, sendo, portanto, um benefício eminente à leitura e escrita. Evitando assim
prolixidades, e frases ambíguas que dizem mais do que o assunto realmente se trata.
27
Nesse caso, também pode-se dizer que a Filosofia abre possibilidade para a Ciência;
por meio da reflexão, pois esta disciplina identifica o problema tornando possível a sua
delimitação e análise para possíveis estratégias e soluções.
Nas palavras de Schopenhauer:
No fundo, apenas os pensamentos próprios são verdadeiros e tem vida, pois somente
eles são entendidos de modo autentico e completo. Pensamentos alheios, lidos, são
como sobras da refeição de outra pessoa, ou como roupas deixadas por hospede na
casa.
Desse modo, não faz diferença ter um livro em mãos se o leitor não souber usar e de
nada serve o conhecimento da qual não se consegue entender. Como bem colocado pelo autor
―como roupas deixadas por hospede na casa‖ se não servir para alguém não terá utilidades
nenhuma e só ocupará espaço. Como um assunto quando não entendido como todo corre o
risco de cair no esquecimento, pois suas partes se encontram perdidas na escuridão e não se
tem acesso ao conhecimento da coisa em si, ou seja, o entendimento.
O estudo como se pôde observar buscou esclarecer a importância da filosofia no
processo de educação e da formação crítica do pensamento através da leitura e escrita.
CONCLUSÃO: A análise revelou que a Filosofia é necessária para o processo de formação
crítica dos pensamentos e não terá como função fixar princípios e objetivos para a educação;
mas sim discutir e promover a reflexão acerca dela. A Filosofia também não se reduz a uma
teoria geral da educação enquanto sistematização dos seus resultados. Sua principal função
está relacionada a acompanhar de forma reflexiva e crítica a atividade educacional com intuito
de explicitar os seus fundamentos na construção do conhecimento como um todo.
REFERÊNCIAS:
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. São Paulo: Ed. Moderna, ano
1992. p 265.
ASPIS, R. P. L. O professor de filosofia: o ensino de filosofia no ensino médio como
experiência filosófica. Cad. Cedes, Campinas, vol. 24, n. 64, p. 305-320, set/dez. 2004.
DINIZ, R.V. W. A contribuição da filosofia na formação do pedagogo. Anais eletrônicos:
Universidade de Sorocaba- Uniso. Programa de Pós-graduação em Educação. Seminário
internacional de educação superior, p. 1-11. 2014
SAVIANI, D. A filosofia na formação do educador. Curso de Pedagogia - PUC/SP Publicado
na Revista D/doto, no l, janeiro de 1975.
SCHOPENHAUER, A. A arte de escrever. Tradução, organização, prefacio e notas de Pedro
Sussekind – Porto Alegre: Coleção L&PM POCKET, v. 479, 2005, p. 169.
28
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA A EMANCIPAÇÃO DO LEITOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Lindon Johnson Pontes Portela1
Luana Miranda Mota2
Genilce Viana2
Paula Cristina Galdino Guimarães3
RESUMO: O presente estudo compõe uma das etapas do Subprojeto de Pedagogia PIBID/CEULS, no Centro
Universitário de Santarém- CEULS/ULBRA em parceria com a Escola Municipal Profa Rosineide Fonseca.
Com este, objetivou-se descrever a importância de um projeto de ação literária na educação infantil e anos
iniciais do ensino fundamental, apresentar como se deu o incentivo à formação de leitores no projeto
desenvolvido na escola estimulando os dinamismos que ajudem a criar um sujeito literário, além de propostas de
ensino que efetuem o verdadeiro objetivo da literatura na escola, promovendo uma aprendizagem significativa a
partir da prática criticorreflexiva da leitura em sala de aula. A metodologia consistiu em pesquisa-ação, na qual
primeiro se buscou conhecer a realidade escolar e suas necessidades de incentivo à leitura. A partir das
intervenções, foi possível perceber que, entusiasmados pelos novos dinamismos da leitura, os alunos trocaram
apreciações acerca do que foi lido, mostrando que as opiniões se divergem por diferentes razões, seja pelo jeito
de ler, de perceber e valorizar. Logo, é inegável a importância da literatura como ferramenta de transformação
político-cidadã, pois através dela o leitor pode inferir, opinar e criticar.
PALAVRAS-CHAVE: literatura; leitura; Pibid/Ceuls.
INTRODUÇÃO: Um dos principais problemas na educação atual é a dificuldade que os
educandos têm de refletir sobre o mundo através da leitura crítica, reflexiva. Ampliar o
conhecimento de mundo sem o domínio da leitura e escrita é um desafio, mas faz-se
necessário que a escola busque resgatar o valor da leitura como ato de prazer e promoção de
cidadania.
Neste intuito, a literatura tem papel principal na construção do imaginário e da reflexão,
pois através dela conseguimos nos transportar para o desconhecido e explorar dimensões que
outrora permaneciam invisíveis. Como afirma Nelly Coelho (1997, p. 29), ―no encontro com a
literatura, os homens tem a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria
experiência de vida, em grau de intensidade não igualada por nenhuma outra atividade‖.
A literatura proporciona experiências que enriquecem o processo de formação do leitor,
pois, como defende Fanny Abramovich (1995, p. 143), ―Ao ler uma história, a criança
também desenvolve todo um potencial crítico. A partir daí, ela pode pensar, duvidar, se
perguntar, questionar... se sentir inquietada, cutucada, querendo saber mais e melhor...‖.
1Acadêmico do VIII semestre do Curso de Pedagogia do centro universitário luterano de Santarém – CEULS e
Bolsista de Iniciação à Docência no Subprojeto de Pedagogia do PIBID/CEULS 2Acadêmicas do Curso de Pedagogia do centro universitário luterano de Santarém – CEULS e Bolsista de
Iniciação à Docência no Subprojeto de Pedagogia do PIBID/CEULS 3Profa. no Curso de Pedagogia do Centro de Universitário Luterana de Santarém – CEULS e Bolsista Coord. De
Área do Subprojeto de Pedagogia do PIBID/CEULS.
29
Assim, é extremamente importante a escola proporcionar o acesso a literatura se realmente
quer formar leitores autônomos, críticos, reflexivos.
Nessas perspectivas, o Projeto Viva a Literatura, coordenado por bolsistas do
Subprojeto de Pedagogia do Programa de Iniciação à Docência – PIBID/CEULS, desenvolveu
atividades permanentes de fomento à formação do leitor através da literatura infanto-juvenil.
Com os fins de promover o gosto pela leitura, despertar o interesse pela literatura e ampliar
conhecimento de mundo e autonomia do leitor, as atividades voltaram-se à educação infantil e
aos anos iniciais do ensino fundamental, tendo em vista o público da Escola Municipal de
Educação Infantil e Ensino Fundamental Profa. Rosineide Fonseca Vieira. Destaca-se que a
literatura foi apresentada de modo diferenciado e respeitando o ano escolar e o
desenvolvimento cognitivo de cada público-alvo.
Neste contexto, este estudo objetivou explicitar a importância de um projeto de ação
literária, assim como apresentar como ocorreu estímulo não só ao gosto pela literatura, mas
também à reflexão, relatando dinamismos que ajudam a formar um sujeito literário, além de
propostas de ensino que efetuem o verdadeiro objetivo da literatura na escola, promovendo
uma aprendizagem significativa a partir da prática criticorreflexiva da leitura em sala de aula.
MÈTODO: Neste estudo, buscou-se o caminho da pesquisa-ação, visto que o objetivo foi
conhecer as diferentes contribuições na aplicação de projetos sobre literatura a partir do
contexto da realidade do aluno. De acordo Thiollent (1985, p.14):
É um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em
estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no
qual os pesquisadores e os participantes da situação ou do problema estão
envolvidos e de modo cooperativo.
Usou-se como instrumento de pesquisa a observação que, segundo Marconi e Lakatos
(1999), ―(...) utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Consiste
em ver, ouvir e examinar fatos ou fenômenos‖. Desse modo, as observações sobre os
impactos do projeto foram registradas em diários de campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os estudos bibliográficos sobre a importância da literatura
salientam que um de seus benefícios consiste em dar voz ao leitor para que este possa
escolher o que lê e opinar sobre a obra, possibilitando a construção de um conhecimento
criticorreflexivo. Nesse sentido, Abramovich (1995) nos diz que: ―Ao ler uma história, a
30
criança também desenvolve todo um potencial crítico. A partir daí, ela pode pensar, duvidar,
se perguntar, questionar...‖. Portanto, o ambiente deve ser propício para que o discente tenha
essa liberdade possibilitando em longo prazo a formação de um cidadão político.
Nesta perspectiva, o projeto desenvolveu diversas atividades em torno da literatura. Os
encontros eram quinzenais e atendiam diferentes turmas em fases distintas de
desenvolvimento. As propostas metodológicas desenvolviam-se desde mediação de leitura e
contação de histórias, com incentivo ao reconto e exploração dos sentidos do texto de uma
maneira a incentivar a produção oral e escrita dos discentes.
Os alunos se encontravam num comodismo sendo imposto o que ler, sem ter escolha
nem liberdade para selecionar os livros, pois o professor se baseava muitas vezes não pela
qualidade do livro, mas pela facilidade do que a leitura lhe possibilitava.
A partir das intervenções foi possível perceber que, entusiasmados pelos novos
dinamismos da leitura, os alunos trocaram apreciações acerca do que foi lido, mostrando que
as opiniões se divergem por diferentes razões, seja pelo jeito de ler, de perceber e valorizar.
Ressaltando sobre o que foi dito, Fanny Abramovich (1995, p. 147) afirma que
―(...) também pode haver ocasiões em que se troquem opiniões... E constatar que
cada um pode ter amado ou detestado o mesmo livro, por razões mui diferentes... Ou
através dos olhos dos colegas, se deter em aspectos que não havia notado, se dado
conta... E talvez – por isso – mudar de opinião. Mas de qualquer modo, a classe ou
grupo que estives trocando apreciações perceber que não há necessidade de haver
unanimidade de opinião... mais importante é aprender a respeitas os pontos de vista
dos outros – diferentes dos seus – os diversos jeitos de ler, de perceber, de valorizar
ou de não ligar...‖ ABRAMOVICH (1995, p. 147)
Assim, buscou-se somar para formação de leitores autônomos e críticos, envoltos pela
magia que esse mundo proporciona. Por meio da literatura, o leitor é capaz de projetar-se no
mundo da ficção, bem como refletir de modo criticorreflexivo sobre o mundo que o cerca.
CONCLUSÃO: Para se formar leitores, faz-se necessário materiais de qualidade e práticas
pedagógicas de incentivo à leitura. No quesito materiais, faz-se necessário um rico e
diversificado acervo de obras literárias e o critério da escolha deve ser pela qualidade e pelas
possibilidades que este pode proporcionar e não pela pronta entrega que ele oferece. Quanto
às práticas pedagógicas, é importante que tais práticas fomentem, além do gosto pela
literatura, capacidades e estratégias de leitura crítica/reflexiva, o que é possível promover
desde a educação infantil, como o projeto Viva a literatura mostra.
31
Enfim, a escola precisa se preocupar não apenas em disponibilizar de acervo ou
biblioteca, mas também em construir práticas pedagógicas que englobem todo o contexto
escolar e a sala de aula, através de projetos permanentes de leitura.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura intantil. 5º ed. São Paulo: Scicione, 1995.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 8° edição. São Paulo: Cortez,1998.
MARCONI. M. A.; LAKATOS, E.M. metodologia da pesquisa em Ciências Sociais. São
Paulo: atlas, 1999.
COELHO, Nelly Novais. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: ática, 1997.
32
A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS NA COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE MOJUÍ DOS CAMPOS - PA
Dircilene Lopes Guimarães1
Alessandra Damasceno da Silva2
Edson Pereira dos Reis3
Gilbson Santos Soares4
Raimundo Cosme de Oliveira Junior5
RESUMO: A presente monografia buscou verificar a importância do Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA) na comercialização dos produtos da agricultura familiar no município de Mojuí dos Campos (PA). O
objetivo da pesquisa foi investigar de que forma o programa influenciou nas três características desejáveis de
melhoria dos alimentos: escala de produção, regularidade da oferta e na qualidade dos alimentos, pois embora a
agricultura familiar seja uma atividade importante para a fixação do homem no campo e na geração de emprego
e renda, os produtores ainda enfrentam muitas dificuldades para acessar o mercado. A metodologia utilizada no
estudo foi predominantemente qualitativa. Para tal, foram aplicados questionários semiestruturados com 28
agricultores beneficiários e 7 entidades socioassistênciais. A mesma foi realizada no ano de 2015, no município
de Mojuí dos Campos, por possuir o maior número de participantes do projeto na modalidade Compra com
Doação Simultânea - CPR. O PAA é um programa que ainda necessita de muitas melhorias, no entanto, este é
uma política pública importante para a agricultura familiar e de combate à insegurança alimentar e nutricional.
PALAVRAS-CHAVE: comercialização, agricultura familiar política pública.
INTRODUÇÃO: A agricultura familiar é um segmento da economia que ganha espaço no
cenário nacional, não somente pelo abastecimento do mercado interno, mas também pela
geração de renda a milhares de brasileiros. No entanto, ainda é marcada pela desigualdade de
renda, e visivelmente carente de autonomia e planejamento comercial. Segundo Lima &
Toledo (2004), a falta de planejamento da atividade, controle de produção, conhecimento de
mercado, informação sobre a qualidade do produto, legislação em vigor e baixa escala e
produção, são alguns fatores que limitam a agricultura familiar. Pesquisas demonstram que
até a década de 1990, a agricultura familiar foi sistematicamente ignorada pelo governo, e
somente a partir de 1996, com a criação do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF), as políticas públicas voltadas para esse setor começaram a
emergir, dentre elas o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA.
O PAA foi instituído pela Lei N° 10.696, de 02 de julho de 2003, sendo um programa
do governo federal, que tem como principal objetivo a aquisição e distribuição de alimentos,
garantindo o acesso às pessoas que se encontram em situação de insegurança alimentar ou
1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém –CEULS/ULBRA.
2 Eng. Agríc. Msc. Rec. Naturais da Amazônia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
3 Agr. Esp. em Tecnologia de Alimentos; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
4 Biólogo Msc. em Melhoramento Genético; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
5 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
33
nutricional, e desenvolvendo ações que estimule e fortaleça a agricultura familiar (BRASIL,
2003). O PAA está dividido em seis modalidades: Compra Direta da Agricultura Familiar –
CDAF; Formação de Estoque pela Agricultura Familiar – CPR Estoque; Incentivo à Produção
e Incentivo de Leite – PAA Leite; Compra Institucional; Aquisição de sementes e, Compra da
Agricultura Familiar com Doação Simultânea – CPR Doação.
Os alimentos são comprados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB),
prefeituras e governos estaduais, por intermédio de convênios com Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate a Fome - MDS e Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), sem o uso de licitação, sob preço de referência de atacado regional do mercado. Para
alguns alimentos o preço é estabelecido por um grupo gestor interministerial: Ministério da
Fazenda; Planejamento, Orçamento e Gestão; MDA, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), CONAB e Ministério da Educação - MEC (VIEIRA, 2008).
O PAA surge como uma política pública inovadora, pois além de garantir a
comercialização dos produtos advindos da agricultura familiar, impulsiona a dinâmica local e
o desenvolvimento rural, distribuindo estes alimentos às pessoas que encontram-se em
situação de insegurança alimentar e nutricional (CYNTRÃO, 2008).
Segundo Bezerra (2011), embora a agricultura familiar seja responsável por 80% da
produção de alimentos da região Amazônica, muitos agricultores ainda enfrentam grandes
desafios na comercialização de seus produtos e na organização de sua produção. Destes, 48%
ainda destinam sua produção aos intermediários ou atravessadores (IPEA, 2008). Essa
―classe‖ faz parte do público alvo do PAA e de outras políticas públicas de combate à
pobreza.
O PAA está promovendo formas de acesso dos agricultores familiares ao mercado,
sendo assim, uma ferramenta importante para as famílias e suas organizações, facilitando o
escoamento da produção e atendendo a demanda local e regional. O objetivo da pesquisa foi
investigar de que forma o PAA influenciou na produção, regularidade da oferta e qualidade
dos alimentos produzidos no município de Mojuí dos Campos.
MÉTODO: Baseado nas informações cedidas pela coordenação do PAA sobre os agricultores
participantes foram aplicados questionários semiestruturados entre os beneficiários do projeto,
na modalidade CPR. Estes produtores foram indicados pela coordenadora do programa, pelos
membros da Cooperativa Mista Agroextrativista do Tapajós (COOMAPLAS) e pelos próprios
beneficiários. As entidades carentes participantes do programa também responderam aos
questionários. O Programa foi implantado em julho de 2010 na região do Baixo Amazonas e
34
em seus cinco anos de operação, o projeto atende a 589 agricultores familiares, incluindo a
região de Belterra, planalto e várzea. O município de Mojuí dos Campos foi escolhido por
possuir o maior número de agricultores familiares beneficiários, com 284 agricultores.
Os dados qualitativos foram analisados através da interpretação do conteúdo expresso nas
entrevistas realizadas. As bases dos dados quantitativos auxiliaram na interpretação do perfil
socioeconômico dos agricultores, permitindo analisar se o PAA influenciou mudanças na
forma de escala da produção, na regularidade da oferta dos produtos e na sua qualidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Do perfil dos agricultores familiares entrevistados, 79%
sempre trabalharam dentro do meio rural e 82% afirmaram que houve aumento da renda após
sua participação do PAA. Segundo Vieira (2008), muitas famílias buscam ocupações fora da
unidade familiar, não como uma alternativa vantajosa de emprego, mas para complementar a
renda ou reforçar seu capital de giro, em ―empregos de refúgio‖, de baixa renumeração. O
aumento dessa escala é vista por muitos pesquisadores como uma maneira de aumentar os
lucros e minimizar os custos, intensificando a competitividade (VIEIRA, 2008). Quanto à
escala de produção, constatou-se que 75% passaram a produzir mais hortaliças, macaxeira,
mandioca e frutas depois do incentivo do Programa.
Os produtores que não conseguem cumprir a regularidade da oferta, afirmaram que o
motivo seria a frustação de safra por problemas climáticos e pelo período de entrega dos
alimentos para o PAA. Azevedo (1997) descreve que um dos principais condicionantes da
oferta de produtos agrícolas é a natureza biológica da produção (condições climáticas e
sazonalidade dos alimentos). Dentre as principais dificuldades para participar do PAA, a
documentação exigida (32%), é o maior empecilho. Cordeiro (2007), com pesquisas
realizadas em várias regiões do Brasil com agricultores familiares, pescadores e extrativistas
indicaram a necessidade da Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP, como o principal
problema.
35
Figura 1 - Principais dificuldades para os beneficiários participarem do PAA.
CONCLUSÃO: A inclusão dos agricultores no PAA tem incentivado os mesmos a melhorem
a qualidade de seus produtos. Contudo, a qualidade ainda é limitada a entrega de alimentos
embalados e transportados de acordo com as características de cada produto. As limitações e
dificuldades que fragilizam a operacionalização e o melhor desempenho do programa,
dificultam seu pleno desenvolvimento.
REFERÊNCIAS:
AZEVEDO, P. F. Comercialização de produtos Agroindustriais. In: BATALHA, M. O
(org.). Gestão agroindustrial, São Paulo, v. 1, Ed: Atlas, 1997.
BEZERRA, N. R. C. A Amazônia e os novos paradigmas de Desenvolvimento Rural: Uma
breve reflexão teórica. Revista Brasileira de Agroecologia. N. 6, V.2, Belém, PA, pg.42-
2011.
BRASIL. Decreto-lei no 10.696, de 2 de julho de 2003. Dispõe sobre a repactuação e o
alongamento de dívidas oriundas de operações de crédito rural, e dá outras
providências: edição federal, Brasília, 2003. Suplemento.
CORDEIRO, A. Resultados do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA: a
perspectiva dos beneficiários. Brasília: CONAB, 2007.
CYNTRÃO, F. M. C. Programa Aquisição de Alimentos (PAA): uma comparação entre
dois Estados do Brasil. Brasília. 2008. 80 f. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) -
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2008. Dissertação
de Mestrado.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA – IPEA. Comunicado n. 42 –
PNAD 2008: Primeiras análises – O setor rural. 2010. 24 p.
LIMA, L. S. & TOLEDO, J. C. Gestão Integrada da Agricultura Familiar: módulo –
Gestão da Qualidade, 2004.
VIEIRA, D. F. A. Influência do Programa de Aquisição de Alimentos na comercialização
dos produtos da agricultura familiar: o caso do município de Paracatu em Minas Gerais.
2008. 162 f. Dissertação (Mestrado em Agronegócios)-Universidade de Brasília, Brasília,
2008.
36
A OBRIGATORIEDADE DO MUNICÍPIO DE PRESTAR O SERVIÇO PÚBLICO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E A SITUAÇÃO NOS BAIRROS PÉROLA DO MAICÁ E MARARU EM SANTARÉM/PA
Ana Ida Guimarães Florenzano
1
Nayara Ramíres Mota de Sousa2
Orientadores: Miguel Borghezan3
Natálya Campos Matos4
RESUMO: A Lei de Saneamento Básico estabelece como paradigma a universalização de acesso aos serviços
de saneamento, abarcando dentro desse conceito abastecimento de água e o tratamento da rede de esgoto. O
objetivo deste trabalho é identificar as formas de abastecimento de água nos bairros Pérola do Maicá e Mararu,
situados em Santarém-PA, e verificar se há a observação das exigências legais, principalmente, no que diz
respeito a obrigação do Município em prestar o serviço de abastecimento de água. Para tanto, foi aplicado um
formulário contendo 21 questões abertas junto à Associação de Moradores de ambos os bairros e a partir da
categorização dos dados coletados, realizou-se análises interpretativas.
PALAVRAS-CHAVE: Acesso à água. Serviço Público. Obrigação do Município.
INTRODUÇÃO: Vamos analisar o acesso à água nos Bairros Pérola do Maicá e Mararu,
localizados no Município de Santarém/PA. Há obrigatoriedade de o Município prestar esse
serviço (art. 30, V, CF). A água é um bem público (art. 1º, I, Lei nº 9.433/97), necessária à
manutenção da vida de todos os seres. Seu abastecimento urbano constitui um direito
garantido pelo ordenamento jurídico (Lei nº 11.445/2007). O estudo foi motivado
principalmente pela insatisfação da população quanto ao serviço realizado, vez que o acesso à
água potável não é realidade para grande parcela dos domicílios santarenos, principalmente os
localizados na periferia da cidade.
Estabelece o art. 5º, caput, da Constituição que ―todos são iguais perante a lei‖,
garantida a ―inviolabilidade do direito à vida‖. No art. 196 a CF garante o direito à saúde. O
abastecimento de água potável está diretamente vinculado a esses fundamentos.
Começamos por indagar em que consiste o dever do Município de Santarém/PA de
prestar o serviço público de abastecimento de água, nos termos das normas de regência.
Apresentaremos a forma de prestação desse serviço nos Bairros Pérola do Maicá e Mararu, e,
1 Acadêmica do 4º semestre do Curso de Direito do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Pesquisadora voluntária de
iniciação científica (PROICT/2016). 2 Acadêmica do 4º semestre do Curso de Direito do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Pesquisadora voluntária de
iniciação científica (PROICT/2016). 3 Professor do Curso de Direito e Pesquisador do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Mestre em Direitos
Fundamentais e Relações Sociais. Advogado. Vice-Presidente do FOPIESS. 4 Pesquisadora voluntária no CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Especialista em Direito Constitucional Aplicado.
Advogada com inscrição licenciada. Assessora Jurídica no Ministério Público Federal - Procuradoria da República em Santarém/PA.
37
por fim, analisaremos a situação atual nos bairros citados quanto ao acesso à água, anotando
algumas consequências jurídicas importantes.
MÉTODO: Trata-se de pesquisa onde se investiga a forma de abastecimento de água na área
urbana de Santarém, coordenada pelo Prof. Miguel Borghezan (CEULS), que teve visita de
campo nos Bairros Pérola do Maicá e Mararu1. A coleta de dados deu-se por formulário
aplicado aos representantes dos bairros, que identificou de que forma ocorria o abastecimento
de água nos domicílios e se havia apoio do Município na efetivação do direito de acesso à
água potável. Os dados obtidos foram analisados de acordo com o foco de interesse do estudo.
O método de abordagem utilizado foi o hipotético dedutivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O art. 30, inciso V, da Constituição estabelece ser
competência dos Municípios ―organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão, os
serviços de interesse local (...)‖, incluído o saneamento básico. Na mesma direção, a Lei
Orgânica de Santarém/PA, em seu art. 7º, I, dispõe competir ao Município, no exercício de
sua autonomia, legislar sobre assuntos de interesse local. O art. 22 do Código de Defesa do
Consumidor determina que: ―os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos‖. Acentua essa
obrigação o art. 6º da Lei nº 8.987/95. Por fim, a Lei n° 7.783/89, em seu art. 10, I, apresenta
o abastecimento de água como serviço essencial.
Por ser o abastecimento de água potável, um serviço de interesse local de caráter
essencial, compete ao Município de Santarém sua prestação. Pode-se perceber a relação direta
desse serviço com a saúde, vez que a qualidade da água ofertada aos munícipes mantém
relação profunda com a saúde e a vida humanas.
Hely Lopes Meirelles afirma que os serviços públicos podem ser prestados diretamente
pela Administração Pública, por meio de seus órgãos; ou, indiretamente, por delegação,
mediante concessão e permissão, para atender interesses da coletividade. Nesse sentido,
estabelece o artigo 175, caput, da Carta Maior: ―Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos (...)‖.
1 Trata-se do seguinte projeto de pesquisa, coordenado pelo Prof. Miguel Borghezan, do curso de Direito do
CEULS/ULBRA: "Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas Públicas e o Judiciário". As visitas de campo foram realizadas em 16.04.2016 (Mararu) e em 03.09.2016 (Pérola do Maicá).
38
Portanto, a prestação do serviço público de abastecimento de água é dever do
Município, que pode ofertá-lo de forma direta ou indireta, sendo este último caso dividido em
duas modalidades: autorização ou delegação. Importa discorremos somente sobre a delegação
do serviço público, haja vista que é a forma atual do serviço de abastecimento de água em
Santarém. Dessa maneira, salienta-se que na prestação do serviço público na modalidade
descentralizada de delegação - concessão ou permissão -, o Poder Público transfere a terceiros
a execução de certos serviços e atividades, na forma legalmente regulamentada.
O abastecimento de água em Santarém é realizado parcialmente pela Companhia de
Saneamento do Pará – COSANPA, concessionária que deveria abastecer de modo universal a
área urbana do Município.
Em que pese haver disponibilidade de água superficial e subterrânea, os problemas
referentes à falta de água potável em muitos bairros de Santarém persistem e atingem níveis
dramáticos. Foi verificado isto, a partir da pesquisa de campo realizada nos Bairros Pérola do
Maicá e Mararu. Dentre os aspectos investigados destacamos a seguir o número de domicílios
em cada bairro (Tabela1) e a forma de abastecimento de água (Tabela 2), indicando se os
serviços são da COSANPA, microssistemas ou poços particulares.
Tabela 1: Quantidade de domicílios
Tabela 2: Meios de abastecimento de água
BAIRROS Nº DE DOMICÍLIOS EM CADA BAIRRO
PÉROLA DO
MAICÁ 540
MARARU 500
BAIRROS FORMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
PÉROLA DO
MAICÁ
Não há a distribuição de água pela COSANPA,
nem por microssistemas. Cerca de 90% (noventa
por cento) dos domicílios têm poços próprios
(artesianos ou cacimbas, do tipo amazonas, com
4 a 5 metros de profundidade).
MARARU O abastecimento de água é feito por meio de um
microssistema e poços particulares.
39
Nos Bairros pesquisados, como se verifica na Tabela 2, não há a prestação do serviço
público de água por meio da COSANPA e a presença de microssistema somente ocorre no
Bairro Mararu.
No Bairro Pérola do Maicá, o acesso à água acontece por meio de poços particulares,
cerca de 486 (quatrocentos e oitenta e seis) domicílios utilizam essa forma de abastecimento.
No Bairro Mararu há aproximadamente 25 (vinte e cinco) domicílios com poços particulares,
haja vista que a maioria desses recebe água por meio do Microssistema.
Desde logo, nota-se a ineficácia do serviço prestado pela COSANPA no Município de
Santarém. E, embora, o Bairro do Mararu seja atendido pelo microssistema, o serviço é
reduzido, uma vez que a disponibilidade de água, em média, é de três horas por dia.
Quando indagado às associações de moradores dos bairros pesquisados, se gostariam
que o abastecimento de água fosse realizado pela COSANPA, o Bairro Pérola do Maicá
respondeu favoravelmente, uma vez que a implantação de um microssistema não atenderia as
necessidades dos domicílios, porque o Bairro está em constante expansão. Já no Bairro
Mararu, há certa desconfiança por parte dos moradores por conta da ideia de inércia que a
COSANPA transmite. Citaram ainda que duas escolas públicas possuem poços próprios,
todavia um deles foi desativado e nenhuma providência foi tomada. Preferem que o
abastecimento continue sendo realizado pelo microssistema, uma vez que só ocorre falta de
água quando não há energia elétrica ou nos dias em que são realizadas as manutenções.
Considerando a forma de abastecimento nesses Bairros, nota-se que o serviço ofertado
no Município de Santarém/PA pela COSANPA ainda tem muito a melhorar. São inúmeras e
recorrentes as reclamações dos munícipes acerca da falta de água potável em diversos bairros.
Destaca-se que a situação encontrada nos Bairros Pérola do Maicá e Mararu é de total
descaso do Poder Público. No primeiro Bairro a situação é alarmante, os moradores são
obrigados a consumir água sem adequado padrão de potabilidade. Os poços do tipo amazonas,
com 4 (quatro) a 5 (cinco) metros de profundidade são os que prevalecem no local, o que
coloca em risco a saúde e até a vida de moradores. No segundo Bairro os domicílios são
abastecidos por um microssistema, porém, não há qualquer apoio do Município. A solução
para essa problemática interessa a todos e deve ser urgente.
CONCLUSÃO: O Município, conforme vimos, tem obrigação de abastecer a área urbana de
Santarém/PA. Contudo, embora sua riqueza de água subterrânea e superficial, não está
40
cumprindo esse dever jurídico. Não oferece o serviço nos Bairros Mararu e Pérola do Maicá,
obrigando os moradores a buscarem sistemas alternativos de distribuição de água, sendo
exemplo os poços particulares e microssistema. Sem dúvida o Município está em débito,
enquanto isso muitas famílias sofrem e são prejudicadas pela ineficácia ou pela ausência desse
importantíssimo serviço de interesse local. É necessário reagir com providências, pois a água
é direito fundamental. O fato de existir um contrato de concessão entre Município e
COSANPA, não exime o Poder Público Municipal de suas obrigações legais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal. Brasília – DF, 1988.
_______. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 5 Out. 2016.
_______. Lei nº 9.433/97, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm. Acesso em: 3 Out. 2016.
_______. Lei nº 7.783, De 28 de Junho de 1989. Dispõe sobre o exercício do direito de greve,
define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7783.htm. Acesso em: 9 Out. 2016.
_______. Lei nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e
dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm.
Acesso em: 9 Out. 2016.
_______. Lei nº 8987, de 13 de Fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e
permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá
outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm. Acesso em: 12 Out. 2016.
_______. Lei Orgânica do Município de Santarém, de 5 de abril de 1990.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 26 ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2001.
41
A PESQUISA NO ENSINO SUPERIOR E AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: REPRESENTAÇÕES ENTRE FUTUROS PROFESSORES
Luiz Carlos Rabelo Vieira1
RESUMO: o objetivo da pesquisa foi analisar as representações de futuros profissionais da educação sobre a
pesquisa no ensino superior com apoio das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Os dados foram
produzidos junto a 10 discentes (de 19 a 24 anos de idade) de cursos de graduação (licenciatura) de uma
universidade pública de Santarém-Pa. Para tanto, foram utilizadas as técnicas do questionário e da entrevista. Os
resultados evidenciaram que as TIC são consideradas recursos apoiadores da pesquisa no ensino superior, sendo
este ato acadêmico um dos alicerces fundamentais à formação profissional.
PALAVRAS-CHAVE: educação superior, pesquisa, tecnologia educacional.
INTRODUÇÃO: A educação superior no Brasil tem suas origens no século XIX. Por serem
elitistas, as instituições focavam mais o ensino do que a investigação, prevalecendo, assim, a
orientação profissional. Somente em 1968, pela Reforma Universitária, as Instituições de
Ensino Superior (IES) passam a se basear em princípios, fundamentalmente no do tripé
ensino, pesquisa e extensão. Por meio da Constituição de 1988 e homologação de Leis, foi
promovida a regulamentação desse nível de educação escolar no País. Neste, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), é o marco
regulatório decisivo da formação dos quadros profissionais de nível superior, destacando que
a finalidade desse grau de educação – a ser ministrado em IES, públicas ou privadas – é
fomentar o pensamento reflexivo e o espírito científico direcionados à criação e divulgação de
conhecimentos culturais, científicos e técnicos, mediante o incentivo ao ensino, à pesquisa e à
extensão.
As IES, estabelece ainda a LDB, são instituições pluridisciplinares de formação,
pesquisa, extensão e propriedade/produção do saber humano. Nesse lócus a problematização
dos conhecimentos historicamente produzidos, analisam Pimenta e Almeida (2011), é
imprescindível na construção da sociedade frente às demandas e dos novos desafios.
A pesquisa, enquanto princípio científico e educativo (DEMO, 2011), é imprescindível
no tocante ao processo de formação dos quadros profissionais de nível superior,
especialmente na formação de professores. Enquanto elementos que estruturam esse princípio
estão as tecnologias educacionais, notadamente as Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC), dentre as quais Pocho et al. (2014) elencam, por exemplo, o computador, a internet, o
data show, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, a audio e videoconferências, o correio
1 Mestrando em Educação, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, Universidade Federal do
Oeste do Pará-UFOPA.
42
eletrônico e a lousa eletrônica ou digital. Integrar as TIC no âmbito educacional é o ponto
crucial que faz dessa relação um tema desafiador a ser posto em reflexão. Logo, a seguinte
problemática é estabelecida: que representações futuros professores apresentam sobre a
pesquisa no ensino superior com apoio das TIC?
Com base no exposto, o objetivo da pesquisa foi analisar as representações de futuros
professores sobre a pesquisa no ensino superior com apoio das TIC.
MÉTODO: Trata-se de um estudo com abordagem mista (qualitativa-quantitativa) e
descritiva (LANKSHEAR; KNOBEL, 2008). Participaram 10 discentes de cursos de
graduação (licenciatura), modalidade presencial, de uma universidade pública de Santarém-
Pa.
Para a produção dos dados foram utilizadas duas técnicas criadas pelos pesquisadores
em interface às literaturas consultadas: questionário autoaplicável e entrevista não
estruturada/focalizada com uma pergunta. O questionário, porque é uma técnica importante
para a identificação de tendências ou preferências em um número de pessoas, e a entrevista,
porque é a técnica cuja ênfase está em obter informações (experiências, opiniões, atitudes,
sentimentos) desejadas de uma pessoa, definem Lankshear e Knobel (2008).
O questionário aplicado constou de dados para a caracterização da amostra, como
idade, sexo e curso. Por sua vez, a entrevista utilizada constou da questão da pesquisa:
particularmente, o que você entende por pesquisa no ensino superior com apoio das
tecnologias de informação e comunicação? As informações produzidas com esta técnica
foram gravadas em forma de áudio em um dispositivo móvel (celular).
Os dados do questionário foram analisados por meio da estatística descritiva, com a
determinação das frequências absoluta e relativa. Os da entrevista, após terem sido digitados
em programa de texto, foram analisados por meio da metodologia do Discurso do Sujeito
Coletivo (DSC), criada por Lefevre e Lefevre (2005), a qual é embasada no conceito das
representações sociais e se constitui num recurso que promove a análise das opiniões coletivas
na intenção de dar conta da discursividade coletiva. Essa metodologia leva em consideração
que o discurso apresenta-se como uma variável qualitativa (porque trata de um produto a ser
qualificado a posteriori pela investigação) e quantitativa (porque, sendo um pensamento
coletivo, tem de expressar as opiniões divididas por um grupo quantitativo de pessoas).
Permite, dessa forma, a extração de expressões chave, ideias centrais, ancoragem e o DSC que
têm função discriminadora, ao descrever e nomear de forma sintética e precisa o(s) sentido(s)
contido(s) em cada resposta analisada, além de expressar a opinião/pensamento coletivo,
43
mediante a unificação/agrupamento dos discursos dos emissores. Logo, fica notória a
contribuição de todas as pessoas, cada uma com sua fração de pensamento ao DSC.
Esta investigação seguiu as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas
envolvendo seres humanos, conforme a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do
Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012). Todos os discentes assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido para a participação no estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dentre os 10 discentes, metade foi composta por mulheres.
Todos apresentaram idade de 19 a 24 anos, dos cursos de Licenciatura em Informática Educacional e
de Licenciatura Integrada em Matemática e Física, em Biologia e Química e em Letras Português e
Inglês.
Pela análise das respostas da questão indutora da entrevista, inicialmente
identificamos, por meio qualitativo, as ideias centrais e construímos o DSC. Com isso,
chegamos a três construções principais (ideias centrais A, B e C).
Ideia central A: Pesquisa no ensino superior com apoio das TIC entendida como um
dos alicerces do ensino superior importante para a formação profissional com base no uso de
tecnologias digitais.
DSC: Eu entendo a pesquisa no ensino superior com utilização das TIC como alicerce
do ensino superior, assim como o ensino e a extensão. É, dessa forma, importante para a
formação profissional, pois o uso de tecnologias digitais no processo educacional,
principalmente no ensino superior, é uma necessidade nos tempos atuais.
Percebeu-se o predomínio do discurso acima dentre os participantes, traduzindo um
alinhamento com o que rege o texto da LDB em matéria do ensino superior quanto ao tripé
ensino-pesquisa-extensão, sendo as TIC consideradas importantes ao primeiro quesito.
Ideia central B: Pesquisa no ensino superior com utilização das TIC entendida como
um dos pontos principais do ensino superior, embora as TIC não sejam determinantes nesse
processo.
DSC: Eu entendo a pesquisa no ensino superior com utilização das TIC como um dos
pontos principais do ensino superior, ao lado do ensino e da extensão, embora as TIC não são
determinantes nesse processo, pois outras tecnologias, como apostilas e livros, são
importantes e ainda muito empregadas pelos docentes universitários.
Enquanto o segundo mais predominante dentre os participantes, o discurso supradito
evidencia que as TIC não são decisivas no que tange à pesquisa no ensino superior, pois
recursos não eletrônicos, com frequência, são utilizados para esse fim.
44
Ideia central C: Pesquisa no ensino superior com apoio das TIC entendida como um
meio para o desenvolvimento profissional com qualidade, frente às novas exigências da
sociedade da informação, cujas TIC são ferramentas fundamentais.
DSC: A pesquisa no ensino superior com utilização das tecnologias de informação e
comunicação é um meio para o desenvolvimento com qualidade da profissão, considerando-se
as exigências da atualidade da sociedade da informação. As TIC, nesse processo, são
ferramentas fundamentais por possibilitarem a autonomia do aluno em relação aos estudos e
facilitar a produção de conhecimento.
Percebe-se, por meio do discurso supradito que a pesquisa é vista como um item de
qualidade para a formação profissional, sendo as TIC consideradas ferramentas.
A figura abaixo mostra a frequência de respostas à questão da pesquisa. Percebe-se
que a metade dos participantes tem representação que conduziu à ideia central A.
Figura. Frequência de respostas à questão: particularmente, o que você entende por pesquisa no ensino superior
com utilização das tecnologias de informação e comunicação? N=10, Santarém-Pa, 2016.
Nota-se, por meio das ideias centrais criadas com base nos discursos dos participantes,
que as TIC apoiam a pesquisa no ensino superior. Esses recursos, examinam Morosini et al.
(2016), são considerados elementos compulsórios nos processos dos indicadores de qualidade
no ensino de graduação. Sua integração no âmbito educacional trata, por sinal, dentre os
desafios e perspectivas da educação superior brasileira para a próxima década à luz do Plano
Nacional de Educação (PNE) 2011-2020, aludem Speller, Robl e Meneghel (2012).
45
É fundamental, para que haja uma efetiva integração sistematizada, haver no cenário
multifacetado das IES, marcado por tendências diversas, divergentes e contraditórias, a
formação continuada de professores universitários face à presença das TIC nos processos
educacionais (PRETTO; RICCIO; 2010; KENSKI, 2015), fundamentalmente no que refere à
formação de futuros profissionais da educação (LOPES; FURKOTTER, 2010).
CONCLUSÃO
Conclui-se, por meio das representações dos futuros profissionais da educação
investigados, que as TIC são consideradas recursos apoiadores da pesquisa no ensino
superior, sendo este ato acadêmico um dos alicerces fundamentais à formação profissional.
Sugere-se, portanto, o aprofundamento dessa reflexão em futuros estudos de modo a
contribuir ao corpus teórico sobre o tema.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, 23 de dezembro de
1996.
_______. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Acesso em: 05/06/2015.
Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf.
DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
KENSKI, V. M. A urgência de propostas inovadoras para a formação de professores para
todos os níveis de ensino. Rev. Diálogo Educ., v. 15, n. 45, p. 423-441, 2015.
LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. Pesquisa pedagógica: do projeto à implementação.
Artmed, 2008.
LEFEVRE, F.; LEFEVRE, A. M. C. Depoimentos e discursos: uma proposta de análise em
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LOPES, R. P.; FURKOTTER, M. Formação para o uso das tecnologias digitais de informação
e comunicação em cursos de licenciatura. In: LIMA, J. M. de. SILVA, J. D. da.; RABONI, P.
C. de A. (Orgs.). Pesquisa em educação escolar: percursos e perspectivas. São Paulo:
Pimenta Cultura, 2010. Cap. 7.
MOROSINI, M. C. et al. A qualidade da educação superior e o complexo exercício de propor
indicadores. Revista Brasileira de Educação, v. 21, n. 64, p. 13-37, 2016.
PIMENTA, S. G.; ALMEIDA, M. I. de. (Orgs.). Pedagogia universitária: caminhos para a
formação de professores. São Paulo: Cortez, 2011.
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ed. Petrópilos-RJ: Vozes, 2014.
PRETTO, N. de L.; RICCIO, N. C. R. A formação continuada de professores universitários e
as tecnologias digitais. Educar, n. 37, p. 153-169, 2010.
46
A PROGRESSÃO DE IDEIAS EM TEXTOS ARGUMENTATIVOS: O PAPEL DA ANÁFORA
Maria Sheyla Gama Sousa (CEULS/ULBRA)1
Poliana Felix de Souza (CEULS/ULBRA)2
RESUMO: O presente trabalho foca os mecanismos da progressão de textos argumentativos operantes na
articulação textual, como os anafóricos e os articuladores. O estudo embasa-se nos referenciais teóricos que se
que se preocupam com o uso de anáforas na construção de texto argumentativo. As anáforas costuram a ligação
de continuidade coesiva de um termo e seu antecedente ou procedente textual. Os objetivos do estudo estão
centrados em identificar fatores facilitadores da progressão textual argumentativa cooperando para o domínio
dos mecanismos de progressão textual pelos acadêmicos, com vistas a validar propostas didáticas que focam os
mecanismos de progressão textual em tipo argumentativo. O transcurso metodológico inclui revisão teórica,
construção de atividades didáticas, aplicação de tais atividade, sistematização dos resultados, análise e discussão
dos principais resultados. O projeto tem como sujeitos de pesquisa acadêmicos ingressantes no CEULS ULBRA
no ano de 2016 e terá duração de 04 semestres. Visa-se, na etapa final, ratificar a hipótese de que os mecanismos
de produção textual trabalhados na perspectiva textual-discursiva emprestam ao texto a adequada expressão da
argumentatividade.
PALAVRAS-CHAVE: argumentatividade; referência; articuladores.
INTRODUÇÃO: A produção textual, no âmbito escolar, tem merecido atualmente maior
investimento no plano didático-pedagógico, dados os impactos que o estudo dos gêneros e dos
mecanismos de textualidade têm legado aos teóricos das didáticas das línguas.
Especificamente sobre o tipo argumentativo, a escola não tem desenvolvido mecanismos
adequados de transposição de gêneros, uma vez que, dentre outros motivos, a tomada de
posição acerca da realidade pressupõe a necessária remissão a redes interativas sociais.
Tal dificuldade, entre outras consequências, impede que os alunos possam desenvolver
adequadamente suas habilidades de argumentar com consciência para defender um ponto de
vista, em meio a tantos outros. Nota-se com evidência tal problema quando se depara, no
ensino da língua portuguesa do primeiro semestre das universidades, com uma grande parcela
de alunos que não consegue distinguir ideia de fato e nem tampouco construir sequências que
dêem conta de marcar uma relação concatenada de argumentos, com vistas à defesa de uma
tese ou posição principal, principalmente quanto ao domínio de palavras relacionais, como
articuladores e anafóricos. Assim a questão que mais embasou presente trabalho foi: Quais os
mecanismos didáticos mais adequados para o domínio de expressões relacionais como
articuladores e anafóricos para a produção coesa e coerente de textos argumentativos?
MÉTODO: O estudo terá uma abordagem quali-quantitativa, visto que seu intento é
verificar as estratégias didáticas mais adequadas ao domínio dos referidos elementos coesivos.
Para isso, teremos como instrumento de coleta de dados, a aplicação dos testes estratégicos
1 Professora do Ciclo de Formação Geral CEULS, pesquisadora do PROICT-ULBRA
2 Bolsista do PROICT ULBRA
47
que visam a constatar as reações dos alunos quanto ao modelo didático aplicado. Também
serão aplicados questionários com questões fechadas ou de múltiplas escolhas, bem como
questões discursivas abertas que permitem ao entrevistador captar a perspectiva dos
participantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A| pesquisa encontra-se em andamento. Os resultados
empíricos serão analisados estatisticamente e apresentadas em forma de gráficos,
interpretados a partir do marco teórico adotado. As metas estabelecidas no projeto estão
direcionadas à construção de propostas didáticas e apresentação de relatório final. No atual
momento dos trabalhos, a captação teórica de dados relativos à referência está resumidamente
relatada no que se segue.
Mônica Cavalcante (2003) aborda em obra insigne deste campo teórico que as expressões
referenciais são as formas de designação de referentes e que estes se diferenciam pelo modo
em que são apresentados pelo enunciador e interpretados pelo enunciatário. O texto aborda os
subtipos de classificação geral de anafóricos e dêiticos; há introdutores de referentes novos no
texto sem dar continuidade referencial e os que realizam a continuidade referencial de objeto
de discurso. A autora cita o seguinte exemplo:
(1) Apresentada na última sexta-feira pela polícia como uma das
maiores autoras do assassinato dos pais, ocorrido no mês passado,
em São Paulo, Suzane Ritchthofen, de 19 anos, tem muito sobre
ensinar sobre a atual geração de jovens da classe média. (Artigo de
opinião, de Gilberto Dimenstein – Folha de São Paulo)
Os referentes ―na última sexta-feira‖ e ―no mês passado‖ só podem ser corretamente
interpretados se houver um embasamento semântico que remeta o leitor a identificar que as
datas correspondem à semana em que foi publicado. Adiante, mais demonstrações das
características dos referentes.
(2) Cantadas que não deram certo
Homem: Este lugar está vago?
Mulher: Está, e este aqui onde estou também vai ficar se você sentar aí.
( Piadas da Internet)
Fica subtendido então que o lugar referido no texto está próximo ao falante, dêitico espacial.
Os dêiticos memoriais são abordados pela autora como um elemento que instiga o destinatário
a buscar informações que não estão explícitas no texto.
48
(3) Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou
com aquele papo de experimenta, depois, quando você quiser, é só
parar...‖ e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse
que era de ‗raiz‘, ‗da terra‘, que não fazia mal, e me deu um
inofensivo disco do ‗Chitãozinho e Xororó‘ e em seguida uma do
‗Leandro e Leonardo‘ (Crônicas- Drogas do Submundo-autor
desconhecido)
Cavalcante (op.cit) cita a exemplificação de anáfora correferencial (total), que abrange
qualquer processo em que duas expressões referenciais designam o mesmo referente,
independente de termos apontados restrospectivamente ou prospectivamente. A autora
classifica esse tipo de anáfora em três categorias, quanto ao seu significado, podendo ser co-
significativas, recategorizadas ou nenhum dos casos.
Anáfora correferencial co-significativa atua no processo de reiteração de termos, como ocorre
no exemplo dado pela autora, o sintagma velho:
(4) Na embarcação desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros.
Uma lanterna nos iluminava com sua luz vacilante: um velho, uma
mulher com uma criança e eu. O velho, um bêbado esfarrapado,
deitara-se de comprido no banco, dirigira palavras amenas a um
vizinho invisível e agora dormia.‖ (conto de Lygia Fagundes Telles
– Protexto).
Mônica Cavalcante classifica a anáfora correferencial recategorizadora por hiperônimo, que
serve como termo que engloba vários elementos, como ocorre no exemplo dado pela autora
no termo o recipiente:
(5) Não deixe acumular água em pratos de vasos de plantas e xaxins.
Na hora de lavar o recipiente, passe um pano grosso ou bucha nas
bordas para remover os ovos do mosquito que podem estar nas
paredes ou no fundo do recipiente. Substitua a água dos vasos de
plantas por areia grossa umedecida.‖ (Campanha contra a dengue
divulgada em planfeto.)
As anáforas indiretas, citadas pela autora, têm denominação de anáforas com continuidade
referencial sem retomada, servindo de remissão a um referente no co(n)texto. A autora baseia-
49
se nos conceitos de KLEBER (2011) que define anáfora indireta como a que se instala por
uma relação de meronímia ou de ingrediência. A seguir, um exemplo citado por Cavalcante
como anáfora indireta com categorização de um novo referente:
(6) Modo de preparar:
Coloque o amendoim em uma assadeira e leve ao forno médio por 30
minutos. Mexa sempre até que o amendoim esteja torrado e a pele
saindo com facilidade. (receita-Protexto)
Cavalcante ressalta que este tipo de anáfora indireta meronímica caracteriza-se muito próximo
das anáforas diretas, pois no exemplo o termo pele não foi ainda referido, mas é retomado
facilmente tendo em vista a presença do termo amendoim.
Anáforas indiretas com recategorização lexical implícita são citadas no texto de Cavalcante
com fundamentos na teoria de Marcushi (1998), que identificou o fenômeno dos antecedentes
implícitos (anáfora esquemática) reclassificando como anáfora esquemática.
(7) A equipe médica continua analisando o câncer do Governador
Mário Covas. Segundo eles, o paciente não corre risco de vida
No exemplo citado, a autora afirma haver uma recategorização lexical que transforma a
―equipe médica‖ em ―os médicos‖, e esta modificação é apresentada implicitamente. Em
seguida, verifica-se um processo de pronominalização de ―os médicos‖ em ―eles‖. O
fenômeno de recategorização lexical implícita é semelhante ao conceito de silepse.
Olívia Figueiredo (2008) apresenta a ideia de que a coerência textual é a fundamentação para
organização do texto: o tema, as informações e a forma como são apresentadas ao leitor.
Classifica a anáfora como um dos elementos constituintes da coesão textual e a define como
um elemento que está relacionado com um antecedente ou procedente do texto, podendo ser
gramatical ou lexical.
Segundo a autora, as anáforas gramaticais são os pronomes pessoais de 3ª pessoa, pronomes
possessivos de 3ª pessoa e o pronome relativo que, quando está interligado ao antecedente, é
um elemento anafórico e a anáfora lexical tem função de substituição.
Figueiredo (op. cit) enfatiza as relações entre as palavras na produção do texto e as difere
como referenciais, que são as anáforas correferenciais e as de sentido que são as anáforas não
50
correferenciais. A autora cita tipos de anáforas correferenciais; por nominalização e
nominalização resumitiva.
―Ele comprou um carro que se caracteriza por atingir 180 por
hora. Esta característica entusiasmou-o.‖
―Esta característica‖ é uma forma resumida da expressão dita anteriormente na frase, há uma
relação de identidade, de nominalização da forma verbal.
Como se disse anteriormente, os dados teóricos, já elencados pela presente pesquisa, nos
evidenciam a importância da referência como elemento fundante das articulações textuais e na
retomada/progressão de objetos textuais. Resta-nos neste estágio dos estudos nos
debruçarmos sobre o estudo das articulações /conexões textuais, com ou sem a presença de
elementos gramaticais, como os articuladores.
REFERÊNCIAS
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KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003.
KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à lingüística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais 11 ed. São Paulo. Ática, 2010
FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore. Linguística textual: introdução. São Paulo:
Cortez, 1983.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Atividades de referenciação, inferenciação e categorização na
produção de sentido. In: FELTES, Heloísa Pedroso de Moraes (org.). Produção de sentido:
estudos transdisciplinares. São Paulo: Annablume; Porto Alegre: Nova Prova; Caxias do Sul:
Educs, 2003.
KOCH, Ingedore Villaça; MORATO, Edwiges Maria; BENTES, Anna Christina. (Orgs.).
Referenciação e discurso. São Paulo: Editora Contexto, 2005.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Anáfora indireta: o barco e suas âncoras. In: KOCH, Ingedore
Villaça; MORATO, Edwiges Maria; BENTES, Anna Christina. (Orgs.). Referenciação e
discurso. São Paulo: Editora Contexto, 2005
MONDADA, L.; DUBOIS, D. Construção dos objetos de discurso e categorização: Uma
abordagem dos processos de referenciação. In: RODRIGUES, B; CIULLA, A. (orgs.
Referenciação. São Paulo: Contexto – (coleção Clássicos da Linguística), 2003.
CAVALCANTE, M.; RODRIGUES, B.; CIULLA, A. (orgs.) Referenciação. São Paulo;
Contexto – (Coleção Clássicos da linguística), 2003.
KOCH, I.V.; MORATO, M. E.; BENTES, A.C. (Org.) Referenciação e Discurso. São Paulo:
Contexto, 2005. p. 8-10
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ACESSO À ÁGUA POTÁVEL NO BAIRRO PÉROLA DO MAICÁ,
SANTARÉM/PA E JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTCAS PÚBLICAS.
Alarico Marques Pereira
1
Alessandra Rodrigues Maciel2
Miguel Borghezan3
Natálya Campos Matos4
Rodrigo Silva Sousa5
RESUMO: No Bairro Pérola do Maicá, no Município de Santarém/PA, não há abastecimento de água potável
proveniente de sistema público nem de microssistema. O abastecimento não deveria ser problema em nossa
região, visto que abundante o recurso natural. Neste trabalho realizaremos uma análise sobre a situação,
incluindo dados de pesquisa sobre o acesso à água no Bairro da Pérola do Maicá, que é um direito fundamental.
Na pesquisa de campo constamos a omissão do Poder Público Municipal em cumprir sua obrigação
constitucional, questionando se podemos exigir que tal direito seja cumprido via judicial.
PALAVRAS-CHAVE: acesso à água potável. judicialização. políticas públicas.
INTRODUÇÃO: Em pesquisa de campo no bairro Pérola do Maicá, Santarém-PA7, foi
verificado total ausência do poder público municipal no abastecimento de água potável. A
Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA), concessionária responsável pelo sistema
público na área urbana da cidade, infelizmente não fornece no bairro o serviço. Ressalta-se
que no bairro também não há abastecimento por microssistema8. Este artigo tem por objetivo
discutir a possibilidade de exigir o abastecimento de água naquele Bairro, sob o ponto de vista
jurídico. Será possível judicializar políticas públicas, isto é, haverá condições de exigir que o
Município atenda o direito de acesso à água potável9no Bairro Pérola do Maicá? Eis o objeto
deste trabalho, que tomará em conta alguns dados da pesquisa de campo lá realizada.
1Acadêmico do 8° semestre do Curso de Direito, Bolsista do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do
Projeto de Pesquisa : "Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas Públicas e o Judiciário" e voluntário do Projeto de Extensão ‘A Educação do Estudante Consumidor: cidadania para além da sala de aula’ do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 2Acadêmica do 7° semestre do Curso de Direito e Voluntária do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica.
do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 3 Professor do Curso de Direito e Pesquisador do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Mestre em Direitos
Fundamentais e Relações Sociais. Advogado. Vice-Presidente do FOPIESS. 4Assessora no Ministério Público Federal – PRM/Santarém. Pesquisadora voluntária. Pós-graduanda em Direito
Constitucional Aplicado. 5Acadêmica do 6° semestre do Curso de Direito e Voluntário do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica.
do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 6 Endereço eletrônico do projeto de pesquisa.
7 Projeto de pesquisa, coordenado pelo Prof. Miguel Borghezan, do curso de Direito do CEULS/ULBRA:
"Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas Públicas e o Judiciário". A visita de campo no bairro Pérola do Maicá foi realizada em 03 de Setembro de 2016. 8 É o conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água a uma comunidade
para fins de consumo , por meio do qual são construídos poços artesianos para captação, reservatórios para o armazenamento da agua e uma rede de distribuição. 9Segundo o art. 5º, II, da Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914/2011, define água potável como “água que
atenda ao padrão de potabilidade estabelecido nesta Portaria e que não ofereça riscos à saúde”.
52
MÉTODO: Trata-se de analisar, com apoio em pesquisa de campo feita no bairro Pérola do Maicá,
Santarém/PA, adensada com pesquisa em doutrina e normas legais, se é possível judicializar políticas
públicas municipais para exigir o abastecimento de água naquele bairro. Houve aplicação de
formulário na pesquisa de campo para levantar dados junto a representantes da Associação de
Moradores do bairro, sendo mais quantitativa e com aspectos qualitativos. O método de abordagem é o
hipotético dedutivo, sob as bases e parâmetros propostos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: ACESSO À ÁGUA NO BAIRRO PÉROLA DO MAICÁ.
O abastecimento público de água consiste nas atividades, infraestruturas e instalações que abrangem
desde a captação até as ligações domiciliares, além dos instrumentos de medição do consumo (art. 3º,
I, a, Lei nº 11.445/071). A Constituição Federal, no artigo 5°, caput, reconhece a igualdade de todos
perante a lei, garantindo a inviolabilidade do direito à vida e à dignidade humana. O acesso à água
potável está ligado diretamente aos princípios da dignidade humana e da saúde, garantidos na Carta
Magna (art. 1º, III, e art. 196). Para esses fins exige-se o meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem comum e direito de todos, conforme disposto no art. 2252 da CF. Isto remete diretamente à
competência e atuação do Estado, com o dever compromissado dos cidadãos. O velho Código de
Águas (Decreto nº 24.643/343) reconhecia a existência de águas municipais e particulares quanto ao
domínio. Mas a Lei nº 9.433/974, regulamentadora do art. 21, XIX, da Constituição, trata das águas
apenas como bens dos Estados (art. 26, I, CF) e da União (art. 20, III, CF). A Carta Magna, no art. 30,
inciso V, atribuiu aos Municípios a competência para o abastecimento de água, além de outras
previsões normativas. Portanto, o Município de Santarém tem o dever de ―organizar e prestar,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local‖ (art. 30,
V, CF/88). Sabe-se que a obrigação de abastecimento de água na área urbana de Santarém foi
repassado para a COSANPA (Lei nº 18.745, de 04.10.2011, do Município de Santarém), mas esse fato
não afasta o Poder Público do dever legal, cabendo-lhe ainda fiscalizar e intervir, quando necessário. É
o caso do bairro Pérola do Maicá, que não recebe uma gota d'água da concessionária COSANPA. O
acesso à água continua ser dever do Município, serviço público de interesse geral e de caráter
fundamental, essencial à vida, à saúde e dignidade de todos. Assim, esse direito fundamental dos
moradores do bairro Pérola do Maicá está sendo violado. O judiciário tem enfrentado questões
complexas, em especial as de ordem pública. Em razão do não cumprimento, ou cumprimento
inadequado, da política pública como o do abastecimento de água potável no bairro Pérola do Maicá,
1Lei nº 11.445/07 -Lei de Saneamento Básico de 2007.
2Art. 225, caput, da CF/88: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações”. 3 O Decreto nº 24.643/34, introduziu o Código de Águas no Brasil, no ano de 1934.
4Lei nº 9.443/97Lei dos Recursos Hídricos de 1997.
53
poderão seus moradores, ou a Associação, garantir a efetivação desse direito contra o Município por
meio Judicial? O fenômeno da judicialização de políticas públicas é recente, e veio para dar
efetividade aos direitos fundamentais sociais prometidos pela Constituição de 1988. A medida não
limita apenas o Poder Executivo, alcança também a capacidade do Legislativo dar as diretrizes
orçamentárias. Todavia, é necessário avaliar e ponderar, seja em relação à escassez de recursos
orçamentários, ou em razão da própria omissão do Executivo. O Judiciário, embora não realize
diretamente planejamento ou execução de políticas públicas, mostra-se atuante nesse cenário
institucional, porque tem concedido tutela jurisdicional a direitos fundamentais consagrados no
ordenamento, o que mostra-se muito razoável e proporcional no caso do acesso à água potável. Pode o
Judiciário analisar violação grave a direitos substanciais, com o fim de proteger a saúde e a dignidade
humanas, por força da norma do art. 5º, § 1º, do texto constitucional. Nesse sentido, o sistema
normativo que permite ao Judiciário interferir na atuação do Executivo mediante análise de políticas
públicas e, quando necessário, na sua execução. O entendimento da jurisprudência é que, tratando-se
de falta d'água, um direito fundamental indispensável à vida, pode o Judiciário analisar e pronunciar-se
(STF, RE n° 733.433). Cabe anotar que a Defensoria Pública tem legitimidade para propor Ação Civil
Pública1, com o objetivo de promover a tutela judicial de direitos difusos e coletivos, onde se insere o
não cumprimento das políticas públicas ao abastecimento de água. Há no caso também lesão ao
Código do Consumidor (art. 222, Lei n° 8.078/90). Nos casos em que os Poderes Executivo e
Legislativo não promovem o atendimento do acesso à água potável, necessidade vital, o cidadãos não
podem ficar à mercê das próprias providências ou da benevolência de vizinhos, amigos ou conhecidos
para ter acesso à água. Se a administração pública mostra-se inerte e omissa em funções essenciais,
resta às pessoas prejudicadas buscar apoio do Judiciário, visando suprir a inércia e exigir a atuação dos
órgãos competentes. Não se pode falar em afronta ao princípio da separação dos poderes (art. 2º, CF)
ou à democracia o fato do Judiciário obrigar, através de pontuais decisões, o atendimento de direitos
fundamentais. O bairro Pérola do Maicá possui aproximadamente 2.200 (dois mil e duzentos)
moradores, com cerca 540 (quinhentos e quarenta) domicílios. Nenhum deles possui água encanada
proveniente do abastecimento público (COSANPA) nem de microssistema. Lá o abastecimento é feito
por poços privados, tendo agora (outubro/16) 24 (vinte e quatro) poços semi-artesianos e muitos poços
de cacimba, do tipo amazonas (com 4 a 5 metros de profundidade). Por essa razão, para beber e
cozinhar o bairro consome cerca de 50 (cinquenta) galões de 20 (vinte) litros de água tipo mineral por
semana. Todos os domicílios do bairro Pérola do Maicá têm reservatórios para armazenar água,
principalmente caixas d‘água, bem fechadas para evitar contaminação. Dois agentes de saúde do
1 É o instrumento processual, previsto na Constituição Federal brasileira e em leis infraconstitucionais, de que
podem se valer o Ministério Público e outras entidades legitimadas para a defesa de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Disciplinada pela Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985. 2Artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
54
bairro ainda distribuem hipoclorito para os moradores colocarem na água de beber e cozinhar,
buscando evitar doenças veiculadas por meio hídrico.
Perguntados sobre qual modelo pode resolver o problema do abastecimento de água no bairro,
responderam que a COSANPA deveria abastecer o bairro inteiro. Deixaram claro que atualmente não
há qualquer apoio do Município no abastecimento de água no Pérola, mas promessa de que o bairro
está incluído nas obras do PAC1II. O Ministério Público Estadual ajuizou em 2016 uma Ação Civil
Pública em face do Estado do Pará, do Município de Santarém e da COSANPA requerendo, em pedido
liminar, que seja rescindido o contrato de concessão do abastecimento de água com o Estado do Pará e
COSANPA, sem indenização pela municipalidade. A ação registra que obrigações não estão sendo
cumpridas, fato que está gerando consequências sérias, graves, prejudiciais à população. Houve prévio
inquérito civil no qual o MPE apurou que o Contrato de Concessão do Município para a COSANPA
não está sendo cumprido em várias cláusulas, como por exemplo, as metas anuais de expansão do
serviço, o dever de colocar equipamentos para atender as demandas emergenciais, etc. Transparece
que tudo precisa esperar providências da sede da concessionária em Belém para realizar os serviços de
abastecimento de água em Santarém, sem contar o grande desperdício de água. Segundo o MPE, após
várias reuniões constatou-se a falta de ações concretas por parte da COSANPA que permita a melhoria da
prestação do serviço de abastecimento de água. em Santarém. Por lógica consequência, a situação no
bairro Pérola do Maicá segue séria e grave, preocupante por causa dos riscos à saúde dos moradores.
CONCLUSÃO: A realidade encontrada no bairro Pérola do Maicá, quanto ao abastecimento de água
pelo Poder Público Municipal, através da COSANPA, é de completa e total omissão. Mostra-se
absurdo que, nesta altura, um bairro com mais de dois mil moradores, ainda não tenha rede de
distribuição de água em Santarém. Em relação ao descumprimento do contrato de concessão pela
COSANPA, o MPE pede que o Município assuma a obrigação ou deflagre novo processo licitatório para
contratar terceiro capaz para realizar os serviços. É fato público e notório que não há abastecimento de
água em bairros inteiros de Santarém que, paradoxalmente, está rodeada por águas superficiais e tem
acesso fácil ao imenso aquífero Alter do Chão. Parece faltar compromisso para atender, de modo
adequado, o direito fundamental de acesso à água em nossa cidade, especialmente no bairro Pérola do
Maicá. Hoje a concessionária COSANPA está muito desacreditada em Santarém, obrigando o
Município a agir no abastecimento de água, para evitar que os problemas se agravem. Finalizando
conclui-se, sob a perspectiva do Estado constitucional de direito, que o Poder Judiciário, guardião da
Constituição, pode sim interferir para encaminhar solução adequada no âmbito do abastecimento de
água em Santarém/PA, incluindo-se o implemento forçado de políticas públicas para o setor, sem o
que não se terá o respeito e atendimento de direitos fundamentais essenciais à vida, saúde e dignidade
1 Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal.
55
de tantas pessoas, que pagam tributos para receberem dos poderes Públicos respostas minimamente
adequadas à qualidade de vida de todos.
REFERÊNCIAS
___.Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Ministério da Saúde. <Disponível
em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. Acesso
em: 08 de outubro de 2016.
ANGHER, Anne Joyce (Org.). Vade Mecum acadêmico de direito. 22º.ed. atual. eampl. São
Paulo: Rideel, 2016. xi, 2056 p. ISBN 978-85-339-2154-2.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 20 ed. rev., atual. eampl. São Paulo:
Saraiva, 2016.
BORGHEZAN, Miguel. O acesso à água doce potável: um direito fundamental? Belém:
UFPA, 2006, 192 p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Direitos Fundamentais e
Relações Sociais). UFPA.
BARBOSA, Alyne Patrícia da Silva; DUTRA, Andréa Katiane Bruch; SOUZA, Eliana
Amoedo de. Normas técnicas para trabalhos acadêmicos. 7. Ed. Canoas: Ed. ULBRA,
2015.
56
ADAPTAÇÃO DE 12 TRATAMENTOS SOBRE O QUEBRAMENTO E ACAMAMENTO DO CULTIVAR DO MILHO Zea mays, NA CIDADE DE URUARÁ- PARÁ
Jean Thallis Quanz1
Raimundo Cosme de Oliveira2
Alessandra Damasceno da Silva3
Gilbson Santos Soares4
Glaucia de Fátima Gomes5
RESUMO: A altura da planta e inserção da espiga são variáveis morfológicas de muita influência na cultura do
milho, podendo relacionar-se com o índice de perdas de grãos na pré-colheita. Este trabalho tem por objetivo
avaliar o número de plantas acamadas e quebradas pela altura da planta e inserção da espiga. O estudo foi
realizado na área experimental da fazenda Quanz, localizada no município de Uruará (PA), no ano de 2015.
Foram utilizadas 11 cultivares de milho e 1 testemunha, sendo: AL-Bandeirante, AL Avaré, BRS 4103, Caimbé,
BRS 4104 e BRS Eldorado. Também foram utilizados alguns híbridos simples como: BRS 1055, um híbrido
transgênico BM-709 e os híbridos triplos BRS 3040, BRS 3035 e BRS 3025). As cultivares foram desenvolvidas
no sistema de cultivo convencional. A partir do estado fenológico de maturação das sementes foram realizadas as
medidas de altura da planta e inserção da espiga. Nesse estudo foi constatado que não há diferenças
significativas entre as variedades e os híbridos quanto ao acamamento e quebramento do colmo do milho.
PALAVRAS-CHAVE: híbridos, précolheita, cultivo convencional.
INTRODUÇÃO: Cada vez mais são exigidas novas tecnologias na implantação dos sistemas
de produção vegetal na agricultura objetivando garantir maior produtividade e preços
competitivos no exigente mercado consumidor. Na tomada de decisão, o planejamento da
melhor cultivar a ser utilizada contribui significativamente para o manejo, seja pela resistência
às pragas na lavoura, pela sazonalidade produtiva ou mesmo pela precocidade da colheita. O
potencial genético das sementes, bem como, as condições edafoclimáticas do local do plantio
condicionam o melhor rendimento e manejo de uma lavoura de milho. A correta escolha da
cultivar é a razão do sucesso ou insucesso da plantação, portanto, de modo geral, a cultivar é
responsável por 50% do rendimento final (PEREIRA FILHO, 2010). O milho é insumo para
produção de uma centena de produtos, sendo grande parte utilizada na cadeia da produção
animal. Para o consumo de suínos e aves são consumidos aproximadamente 70% do milho
produzidos no mundo e entre 70-80% do milho produzido no Brasil (DE OLIVEIRA
DUARTE, 2008). Visando verificar a variedade que apresente menores perdas de espigas na
précolheita, este estudo objetivou realizar a comparação de 11 tratamentos de cultivares de
1 Acadêmico do Curso de Agronomia do CEULS/ULBRA
2 Docente do Curso de agronomia do CEULS/ULBRA
3 Docente do Curso de agronomia do CEULS/ULBRA
4 Docente do Curso de agronomia do CEULS/ULBRA
5 Docente do Curso de agronomia do CEULS/ULBRA
57
milho, para avaliar alguns parâmetros, tais como, a altura da planta e inserção da espiga e
quantificação das perdas de espigas pelo acamamento do colmo, visando encontrar a
variedade do milho que apresente menores perdas de espigas na précolheita.
MÉTODO: O trabalho foi realizado na cidade de Uruará (PA), situado no km 180 da BR-230
(Transamazônica), entre Altamira e Itaituba. O experimento foi realizado na fazenda Quanz, a
área escolhida para o delineamento experimental era utilizada para pecuária, com o manejo de
pastagem. A limpeza do solo foi realizado, utilizando-se um trator Foton de 25 Hp com
implementos de enxadas rotativas. Os blocos foram utilizados, foram demarcados com
espaçamento de 0,80 m entre linhas e 5,00 m de comprimento, com abertura manual dos
sulcos para a semeadura. Para o delineamento experimental foi utilizado o método de blocos
ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos com 11 cultivares e cada
bloco constituía com duas linhas de 5 metros para cada tratamento. Foram utilizadas sete
variedades, sendo: AL-Bandeirante, AL Avaré, BRS 4103, Caimbé, BRS 4104, BRS
Eldorado, um hibrido simples BRS 1055, um hibrido transgênico BM-709 e três hibrido triplo
BRS 3040, BRS 3035, BRS 3025 e testemunha.
Com base na análise química do solo, relativa à produção de 6 Ton de milho, foram
recomendados 108 Kg de N, 66 Kg de P2O5 e 8 Kg de K2O. Segundo a recomendação da
análise, foi realizada a incorporação por metro de sulco de 5 g de micronutrientres (FTE), 11g
de SFS na relação 20-0-20, 26 g de SFS e 32 g de ―cobertura‖ na relação 20-0-2 no estágio
V4 (folhas). A semeadura foi manual (fevereiro de 2015), com desbaste no estágio V3 (3
Folhas), para manter a distância entre plantas de 0,2 metros. Foi utilizado controle das plantas
daninhas com herbicida pré-emergente. A quantificação das plantas acamadas e quebradas foi
realizada visualmente, o acamamento foi contado considerando a curvatura das plantas > 45º
e a contagem das plantas quebradas, a partir da ruptura do colmo. Os dados foram avaliados
estatisticamente através da análise de variância e quando alçarem a significância estatística
será comparada pelo teste F (Teste de Hipótese), significativo ao nível de 5% de confiança.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os coeficientes de variação foram de 6,52 % para a altura
da espiga, 6,14% para a inserção da espiga e 61,6% para plantas quebradas e acamadas
(Tabela 1). Vacaro (2000) obteve coeficiente de variação de 5,5% para a altura da planta, 24,2
e 44,9% para o acamamento e quebramento do colmo. Pinotti & Ryal (2006) observaram que
independente da cultivar, o aumento de plantas por hectare implica no aumento de plantas
acamadas e quebradas, e Gomes (2010) conclui em seu trabalho que a resistência do
acamamento e quebramento do colmo interagem significativamente com os locais de plantio,
e a seleção dessas características deve ser realizada com base em experimentos da região.
58
Souza (2012) afirma que o ambiente tem importância fundamental na expressão do potencial
genético.
Tabela 1- Variância da altura da planta (AP), altura da espiga (AE) e das plantas acamadas e
plantas quebradas (PAPQ). Variação GL SQ QM F CV
AP 11 2,06 0,18 9,0** 6,52%
Resíduo 36 0,92 0,02
Total 47 2,98
GL SQ QM F CV
AE 11 2,84 0,25 50** 6,14%
Resíduo 36 0,18 0,005
Total 47 3,02
PAPQ 11 227,25 20,65 4,13** 61,6%
Residuo 36 180 5
TOTAL 47 407,25
**Significativo ao nível de 5% de confiança (0,01=<p<0,5). Fonte:
Autor.
A Testemunha diferenciou-se estatisticamente de todas as outras cultivares, apresentado maior
altura da planta e inserção da espiga, mas apresentou maior perda de plantas acamadas e
quebradas não se diferenciando estatisticamente da cultivar Eldorado. A cultivar BRS 4104,
apresentou a menor altura da planta, mas não se diferenciou estatisticamente das cultivares
AL Bandeirante, BRS 3035. Em relação à altura da espiga, das cultivares Al Bandeirante,
BRS 4103 e BRS 4104 apresentaram a menor altura da espiga apesar de não se diferenciarem
estatisticamente das cultivares BRS 3025, BRS 3035 e BRS 3040. A cultivar BRS 4103 teve a
menor perda de espigas pelo acamamento e quebramento do colmo, mas não se diferenciou
estatisticamente das cultivares BM-709, BRS 1055, BRS 3035 e da cultivar Caimbé,
conforme a tabela 2.
Tabela 2- Médias da ltura da planta (AP), altura da espiga (AE) e
plantas acamadas e plantas quebradas (PAPQ) das cultivares. CULTIVARES AP (m) AE (m) PAPB (qtd.)
AL alvare 2,16 bde 1,11 cd 3,50 b
Bandeirante 1,92 fg 0,97 e 3,00 bc
BM-709 2,07 def 1,11 cd 3,25 bc
BRS 1055 2,27 bd 1,10 cd 2,25 bc
BRS 3025 2,08 def 1,04 de 3,50 b
BRS 3035 2,03 efg 1,03 de 2,25 bc
BRS 3040 2,12 de 1,03 de 3,75 b
BRS 4103 2,10 de 0,97 e 0,75 c
BRS 4104 1,90 g 0,97 e 2,00 bc
Caimbre 2,29 b 1,31 b 3,25 bc
Eldorado 2,2b d 1,17 c 6,75 ª
Testemunha 2,70 a 1,89 a 9,25 ª
Significativo ao nível de 5% de confiança (0,01= < p < 0,5). Ns não significativo
(p > = 0,05). As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente
entre si. Fonte: Autor.
59
A Testemunha e cultivar Eldorado apresentaram maior perda de plantas acamadas e
quebradas, mesmo apresentando diferença estatística de altura de planta e de inserção de
espiga diferentes. Argenta (2001) sugere reavaliar as recomendações de espaçamento e
densidades de semeadura para a cultura do milho, em virtude das modificações introduzidas
nos genótipos mais recentes, como menor estatura das plantas e altura de inserção da espiga,
menor esterilidade das plantas, menor duração do período entre ―pendoamento‖ e
―espigamento‖, inserção de folhas mais eretas e elevado potencial produtivo.
CONCLUSÃO: A altura da planta pode comprometer o acamamento e quebramento do
colmo do milho. As plantas com menor altura não são influenciadas diretamente com menor
acamamento e quebramento. Os Fatores ambientais também precisam ser considerados na
avaliação de quebramento e acamamento do colmo do milho.
REFERÊNCIAS:
ARGENTA, G. et al. Resposta de híbridos simples de milho à redução do espaçamento entre
linhas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 36, n. 1, p. 71-8, 2001.
DE OLIVEIRA DUARTE, J. & GARCIA, J.C.; SANTANA, D.P. Avaliação dos impactos
da cultivar de milho híbrido BRS 1030. 2008.
GOMES, L. S. et al. Resistência ao acamamento de plantas e ao quebramento do colmo em
milho tropical. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.45 , 2010, p.140-45.
PEREIRA FILHO, I. A. Cultivo do milho. Embrapa Milho e Sorgo, 2010.
PINOTTI, E. B. & RYAL, M. Avaliação de três cultivares de milho (zeamays l.) sob quatro
populações de plantas em espaçamento reduzido. Revista científica eletônica de agronomia,
2006.
SOUZA, J. M. F. Milho Eldorado surpreende em produtividade. SEAGRI. 2012.
VACARO, E. J. & f. BARBOSA N. C. Comparação entre populações, cruzamentos
interpopulacionais e híbridos comerciais de milho. Pesq. Agrop. Gaúcha, v.6, 2000, p.71-6.
60
ADMINISTRAÇÃO DE REDES LANS COM SERVIDORES LINUX UTILIZANDO PROTOCOLO IPv6
Franciney dos Santos Alves1
Greice Kely Santos Mota1
Oscar do Nascimento Alves Filho1
Aloísio Costa Barros2
RESUMO: A internet vive momentos de transformação estrutural no seu funcionamento. Essa transformação é a
troca do protocolo de internet conhecido atualmente como (IPv4) para o novo protocolo (IPv6), com isso gera
uma nova dinâmica na administração dos serviços de redes: DHCP (Protocolo de Configuração de Endereços de
Rede), DNS (Sistema de Nomes e Domínios), Proxy, Firewall e protocolos como ICMPv6, IPv6, NDP e o IPSec
entre outros, sobretudo em redes locais. Por essa razão, essa pesquisa tem por objetivo apresentar o processo de
implantação da administração de redes LANs, com servidores Linux utilizando IPv6 com intuito de esclarecer
dúvidas sobre as configurações necessárias para manter a rede local operando para uso dos usuários.
PALAVRAS-CHAVES: Internet, Rede Local, IPv6
INTRODUÇÃO: Com o advento da acessibilidade da internet para várias camadas da
sociedade, e também com o surgimento da internet das coisas, novos dispositivos conectados
parecem surgir a cada dia. Para Brito (2014, p.19), a internet foi concebida por pesquisadores
da década de 60 com financiamento da DARPA (Departamento de Defesa dos Estados
Unidos). Atualmente a internet está no cotidiano das pessoas, por isso gerou o esgotamento do
IPv4 (Protocolo de Internet versão quatro), ele e responsável por identificar exclusivamente
cada dispositivo ativo na rede.
Segundo Mello (2012), o fato do esgotamento IPv4 obteve-se a necessidade de um
novo protocolo. Por essa razão, desenvolveram o IPv6 (Protocolo de Internet versão seis) que
é fruto do esforço do IETF – Internet Engineering Task Force, que tem como objetivo
substituir o IPv4, e uma vez que o número de suas possibilidades são praticamente infinitas:
estima-se que seja um número superior a 341 decilhões de IPs disponíveis.
Com isso, a mudança entre os protocolos causa novas desafios para os profissionais da
área, sobretudo, na administração de redes, ela é a área da informática responsável em garantir
o funcionamento dos principais serviços da rede local para os usuários. Nesse contexto, o
gestor de Tecnologia da Informação (T.I) deverá utilizar um sistema computacional que
atenda a sua necessidade, para este trabalho, por ser um software livre e apresentar
estabilidade, flexibilidade, desempenho e segurança, será usado o sistema operacional Linux.
1 Acadêmicos do Curso de Redes de Computadores, VI Semestre – IESPES – [email protected]
2 Professor do curso de Redes de Computadores – IESPES - [email protected]
61
Dessa forma, a utilização do IPv6 será necessário e inevitável para atender a demanda
dos usuários, com isso é fundamental a utilização desse protocolo nas redes, tornando-se
imprescindível o conhecimento teórico e prático na administração dos serviços na rede local.
Sendo assim, essa pesquisa tem por objetivo apresentar o processo de implantação da
administração de redes LANs, com servidores Linux utilizando IPv6 com intuito de esclarecer
dúvidas sobre as configurações necessárias para manter a rede local operando para uso dos
usuários.
MÉTODOS: A pesquisa possui característica experimental pautada na demonstração dos
serviços de redes ativos. O foco da pesquisa será demonstrar a configuração do servidor
DHCP. ―É nesse servidor que o administrador da rede criará um escopo definindo o intervalo
de endereços que será distribuído para as máquinas, bem como, outras configurações
importantes‖ (BRITO, 2014, p.95).
Segundo Severino (2017, p123) A pesquisa explicativa é aquela que, além de registrar
e analisar os fenômenos estudados, busca identificar suas causas, seja através da aplicação do
método experimental/matemático, seja através da interpretação possibilitada pelos métodos
qualitativos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A pesquisa foi realizada no período de 05.10.2016 a
16.10.2016, onde foi utilizado uma máquina desktop como servidor com o sistema
operacional Linux, distribuição Debian 8.5 e uma switch Intelbras de 4 portas além de três
notebooks que foram usados com terminais de clientes, sendo: um notebook Lenovo
utilizando o sistema operacional Linux Mint 18, o segundo notebook Samsung utilizando o
sistema operacional Linux Ubuntu 16.4 e também um notebook Dell utilizando o sistema
proprietário MS Windows 10.
Na Figura 1 apresenta-se um cenário que possui uma rede LAN comporta de 5
equipamentos: um servidor (responsável em fornecer um IP livre para as estações cliente), um
switch (tem a função de conectar ao servidor aos clientes) e mais três notebooks como clientes
(que receberam cada um IP livre do servidor).
Figura1 – Fonte do Pesquisador
62
Por essa razão, o experimento usa uma rede LAN para demostrar a configuração de
um servidor DHCPv6, por motivo de sua funcionalidade. De acordo com Pinto (2014), este
serviço é extremamente importante, porque nem todos os usuários têm conhecimentos de
informática avançada, para fazer uma configuração manual e se conecta na rede.
Os resultados preliminares da pesquisa experimental revelaram a importância em
buscar novos conhecimentos, pois a alteração entre as versões do protocolo de internet gera
dificuldade na administração dos serviços de rede. Infelizmente, em algumas região ainda
estão trabalhando somente com IPv4, porém por pouco tempo. O esgotamento do IPv4 está
cada dia mais próximo.
CONCLUSÃO: O experimento apresentado teve como objetivo desenvolver uma rede local
com o uso do IPv6. Com a pesquisa realizada compreende-se a importância do conhecimento
da mudança entre os protocolos e os benefícios e dificuldades geradas por tal transformação.
Tanto que, a pesquisa mostrou-se muito indispensável pois teve sucesso na implantação dos
serviços de rede principalmente o DHCPv6 que é fundamental nos dias atuais.
A análise das dificuldades e a busca do conhecimento necessário para realizar tal
experimento gera um grau de satisfação por consegui demostrar aos gestores de T.I um forma
de garantir os serviços oferecidos aos usuários. Para isso, teve o intermédio dos sistemas
operacionais Linux que oferecem flexibilidade em configuração de seus serviços. Dessa
forma, o serviço DHCP está corretamente liberando IPs para as maquinas da rede.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITO, Samuel Henrique Bucke. IPv6: O novo protocolo da internet. 1. Ed. São Paulo:
Novatec Editora, 2014
MELO, Sandro. IPv6: Portas abertas para a era da “Internet das Coisas”. 2012
Disponível em <http://imasters.com.br/artigo/25326/tecnologia/ipv6-portas-abertas-para-a-
era-da-internet-das-coisas?trace=1519021197&source=single>. Acesso em: 16/10/2016
PINTO, Pedro. Redes: Vamos conhecer melhor o serviço DHCP. 2014. Disponível em:
<https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/redes-vamos-conhecer-melhor-o-servico-dhcp/>.
Acesso em: 17/10/2016.
SEVERINO. Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Cientifico. 23º. Ed. São Paulo:
Cortez, 2007.
63
ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS: POR MEIO DO REAPROVEITAMENTO DE ALIMENTOS
Ariane Rocha Macedo1
Thayllany Mattos dos Santos2
Marijara Serique de A. Tavares
3
RESUMO: Atualmente o mundo e mais especificamente o Brasil buscam alternativas sustentáveis com relação
ao desperdício de alimentos. Visto que o país é ao mesmo tempo grande produtor de alimentos e responsável
também, por uma imensa quantidade de desperdício destes, verifica-se a necessidade de analisar quais os fatores
são subjacentes à esta problemática e ainda levantar possíveis soluções para o mesmo. Sendo assim, o presente
estudo tem como objetivo apresentar a importância do reaproveitamento de alimentos para a melhor distribuição
àqueles que não tem acesso, propondo possibilidades práticas a fim de reaproveitá-lo junto às empresas
alimentícias. Como forma metodológica se utilizou pesquisa de revisão bibliográfica por meio eletrônico. Dessa
forma, como resultado, foi observado que já existem projetos no Brasil que visam minimizar essa problemática,
gerando benefícios significativos na vida da população. Portanto, mesmo diante de medidas já consolidadas
fatores como o consumismo exacerbado, o manejo inadequado de alimentos, e a falta de conscientização da
população ainda são desafios enfrentados em nossa sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Desperdício, alimentos, reaproveitamento.
INTRODUÇÃO: De acordo com a matéria da Revista Super interessante (Ed 174) no Brasil
existem cerca de 23 milhões de miseráveis que possuem renda insuficiente para atender suas
necessidades calóricas. E é justamente nesse mesmo país que 39.000 toneladas de comida em
condições de ser aproveitada vão para o lixo diariamente, resultado do descarte inadequado de
mercados, feiras, fábricas, restaurantes, quitandas, açougues, fazendas. Segundo Vasconcelos,
2008, o desperdício de alimentos no país é significativo em torno de R$12 bilhões em
alimentos por ano, que poderiam alimentar 30 milhões de pessoas carentes. Estudo realizado
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Centro de Agroindústria de
Alimentos mostra que o brasileiro joga fora mais do que aquilo que come.
Muitas são as formas de desperdício dos alimentos. As perdas que ocorrem em
produtos agrícolas, chegam a equivaler a 7,8% do Produto Interno Bruto brasileiro (PIB), algo
próximo aos R$ 10 bilhões, segundo JARDINE (2002 apud VASCONSELOS, 2008). As
principais causas para esse desperdício são a falta de cuidado na hora da colheita, uso de
máquinas e equipamentos desregulados, bem como transporte e armazenamentos
inadequados. Além das perdas físicas, que são mensuráveis, os alimentos ainda sofrem
alterações e perdas nutricionais, ressalta-se principalmente a perda de vitaminas, minerais,
pigmentos e açúcares.
1 Acadêmica do Curso de Bacharelado em Psicologia - IESPES. E-mail: [email protected]
2 Acadêmica do Curso de Bacharelado em Psicologia - IESPES. E-mail: [email protected]
3 Professor do Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES. Engenheira Agrícola, Mestranda em Engenharia
de Processos –UFPA. e-mail: [email protected]
64
Diante de tal problemática o presente estudo tem como objetivo apresentar a
importância do reaproveitamento de alimentos propondo possibilidades práticas para tanto,
visto que na atualidade muito se fala em práticas sustentáveis que visem reaproveitamento de
alimentos, o benefício da população e do meio ambiente, entretanto, na prática são poucas as
ações efetivas.
Atualmente no Brasil existem vários programas que visam a redução de carências
alimentares. Esses programas em geral são desenvolvidos no âmbito no Ministério da Saúde e
operacionalizados pelas Secretarias de Saúde estaduais e municipais. Além deles o
engajamento de organizações filantrópicas em parcerias, alianças e pactos nacionais dá a elas
uma visão mais ampla de seu papel na sociedade, além de assegurar o seu compromisso mais
efetivo com o enfrentamento dos desafios com que o país se depara (VASCONCELOS,
2008). Para a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), ―É
indispensável não medir esforços para reduzir as perdas graves de alimentos ao largo de toda
a cadeia alimentar, posterior à colheita‖
METODOLOGIA: Como forma metodológica foi adotada a pesquisa bibliográfica
utilizando meios eletrônicos, tendo como base de busca scielo.com com as seguintes palavras-
chave: Reaproveitamento de alimentos, práticas de reaproveitamento, desperdício. Em
seguida realizou-se a análise do material obtido utilizada uma monografia como base teórica,
assim sendo considerações importantes foram levantadas acerca do desperdício e
reaproveitamento, chegando a resultados de projetos já existentes e consolidado diante da
temática.
DISCUSSÃO E RESULTADOS: De acordo com GONÇALVES, 2008, existem projetos
tanto ligados ao governo quanto de ordem filantrópica que visam a diminuição dos extremos
desperdícios de alimentos, assim sendo, como resultados, foram encontrados projetos que
traduzem, na prática, as intervenções já implantadas em prol de solucionar, parcialmente, a
problemática.
O Programa Mesa Brasil do SESC: A rede nacional de solidariedade contra a fome e o
desperdício de alimentos em São Paulo é um exemplo. Dispõe de um serviço estratégico de
transporte de alimentos, com a utilização de veículos adequados, estabelecendo uma conexão
entre as empresas que doam a instituições que, imediatamente, recebem essas doações. Não
trabalha com estoques de alimentos. Busca onde sobra, entrega onde falta: isto é a colheita
urbana.
Outro projeto é VitaVida é processado sob rígidos padrões observados por
profissionais de Engenharia de Alimentos e de Nutrição, responsáveis pela determinação dos
65
níveis de qualidade dos processos, desde a matéria-prima até o transporte do produto final.
Eles também coordenam o planejamento e a implantação de estruturas para análise e
monitoramento desses processos, além do treinamento de pessoal para a prática da excelência
como rotina operacional. Mostrando-se importante para solucionar uma das causas do
desperdício que diz respeito ao manejo dos alimentos, como ressalta GONÇALVEZ, 2008, ao
afirmar que são desperdiçados alimentos desde seu estado natural até chegar ao mercado.
Outra iniciativa interessante é da ONG Banco de Alimentos, que trabalha,
efetivamente, desde janeiro de 1999, com o objetivo de minimizar os efeitos da fome, através
do combate ao desperdício de alimentos e promover educação e cidadania. O Banco de
Alimentos distribui alimentos fornecidos pelas empresas doadoras entre instituições
beneficentes cadastradas, possibilitando a complementação alimentar de todas as pessoas
assistidas pelas instituições.
O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) apresentou projeto que concede incentivos
fiscais à pessoa jurídica que doar máquinas, equipamentos e utensílios a serem utilizados para
o preparo, acondicionamento e distribuição de produtos alimentícios a entidades sem fins
lucrativos, e que forneçam gratuitamente alimentos a pessoas carentes. Comprovando assim o
caráter governamental ressaltado por Gonçalves, 2008.
CONCLUSÃO: Portanto, o desperdício de alimentos, como foi abordado acima é uma
problemática que afeta diretamente milhões de pessoas, causando-lhe graves prejuízos,
precisando ser tratado com seriedade de compromisso. Nesse sentido o presente trabalho
alcançou o objetivo principal de destacar a importância da reutilização de alimentos em prol
daqueles que vivem na miséria, tendo extrema relevância os programas do governo, ONGs e
instituições filantrópicas que assumem esta causa. Vale ressaltar que muito já está sendo
feito, entretanto, o país ainda vive na cultura do desperdício que atrelado ao intenso
consumismo e a falta de conscientização da população, esses são os maiores desafios a serem
pensados e solucionados não somente a nível nacional, mas sim a nível mundial.
REFERÊNCIAS:
VASCONCELOS, E. Redução de desperdício de alimentos com a produção de refeições para
pessoas carentes – estudo de caso. 2008. 68 f. dissertação- CET – centro de excelência em
turismo, Universidade de Brasília, Distritu Federal.
2008.http://bdm.unb.br/bitstream/10483/346/1/2008_ElizabethGoncalvesMartinsVasconcelos.
pdf.
REVISTA SUPER INTERESSANTE. Comida é o que não falta. ed. 174 Disponível
em:<http://super.abril.com.br/cultura/comida-e-o-que-nao-falta>. Acesso em: 13/10/2016
SENADO FEDERAL. <http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/1997/08/22/projetos-
de-lucio-alcantara-criam-incentivos-para-doacao-de-alimentos. Acesso em: 14/10/2016
66
ANÁLISE DE CICLO DE VIDA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
Oliveira, Suelen C. S.
1
Meneses, Anderson A. M.2
Geller. Marla T. B.3
RESUMO: Conhecer os impactos ambientais de produtos e processos é uma necessidade presente e exige
estudos criteriosos e específicos. A Análise de Ciclo de Vida (ACV) é uma metodologia que pode auxiliar esta
avaliação. A ACV é uma ferramenta de gestão ambiental que permite avaliar um produto ou processo, em todas
as fases de seu ciclo de vida, ou seja, desde a extração de insumos até seu destino final passando por etapas
intermediárias como processamento, beneficiamento, transporte e uso. A justificativa está embasada na
identificação de oportunidades para melhorar os aspectos ambientais dos produtos em vários pontos de seu ciclo
de vida; na tomada de decisões na indústria, organizações governamentais ou não-governamentais; na seleção de
indicadores pertinentes de desempenho ambiental, incluindo técnicas de medição, no marketing, dentre outras
aplicações. O objetivo deste trabalho é fazer uma abordagem conceitual desta metodologia apresentando um
exemplo da sua aplicação na análise de sistemas fotovoltaicos conectados à rede.
PALAVRAS-CHAVE: Análise de Ciclo de Vida. Impactos ambientais. Sistemas fotovoltaicos.
INTRODUÇÃO: A busca por produtos e processos sustentáveis, ou seja, com boa
performance ambiental é prioridade para muitos países. E a Análise de Ciclo de Vida (ACV)
é uma ferramenta importante na obtenção de resultados acerca de possíveis impactos
ambientais advindos de processos produtivos.
ACV é uma ferramenta de gestão ambiental para ―avaliar os danos associados com produtos,
processos ou atividades, através da quantificação e da identificação da quantidade de energia,
material utilizado e resíduos gerados para o ambiente, e identificar oportunidades de
melhorias‖ (FAVA et al., 1991). A ACV permite a identificação dos impactos mais
significativos e as etapas a serem observadas para a melhoria, evitando os danos a serem
transmitidos de um estágio para outro, de um problema ambiental para outro ou de uma região
para outra, dentro de uma abordagem holística e sistemática (AZAPAGIC, 1999).
Complementando, a ISO 14040 (ISO, 1997), define a ACV como sendo a compilação e
avaliação de entradas e saídas e os potenciais impactos ambientais de um sistema de produção
através de seu ciclo de vida.
1 Acadêmica do curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, Universidade Federal do Oeste do
Pará – UFOPA. 2 Orientador do trabalho. Professor na Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA. Doutor em Engenharia
Nuclear. 3Co-orientadora do trabalho. Professora no Curso de Sistemas de Informação do CEUL/ULBRA. Mestre em
Engenharia Elétrica aplicada à Computação.
67
O ciclo de vida de um produto inclui todas as atividades de fabricação, utilização,
manutenção, reuso e disposição final; incluindo a aquisição ou geração de matéria-prima
necessária para a produção e o transporte, como mostra a figura 1.
Figura 3.1-Ciclo de vida de um produto.
Adaptado de FAVA et al. (1991).
A abordagem da análise pode incluir todo o ciclo de vida do produto, também conhecido
como ―do berço ao túmulo‖, ou parte dele. A metodologia da ACV possibilita a análise de
diversas categorias de impacto, dentre elas: Aquecimento Global, Acidificação, Eutrofização,
Toxicidade Humana, Ecotoxicidade do Ecossistema, Depleção da Camada de Ozônio,
Depleção dos Recursos Abióticos, etc.
Atualmente a ACV está sendo utilizada para tomada de decisão na escolha da melhor opção
entre produtos e processos em muitos contextos como na engenharia química (YUE, KIM e
YOU, 2013), no uso de embalagens descartáveis (FOOLMAUN e RAMJEAWON, 2008), na
agricultura (MEISTERLING, SAMARAS E SCHEIZER, 2009), no transporte de produtos
(SPIELMAN et al., 2005), e frequentemente na produção de energia.
Esta pesquisa tem o objetivo de apresentar a metodologia e também exemplificar sua
aplicação em uma análise dos impactos ambientais de sistemas fotovoltaicos conectados à
rede (SFCR). Foram analisados dois tipos de tecnologias: painéis fotovoltaicos de Silício
monocristalino e painéis fotovoltaicos de Silício multicristalino.
MÉTODO: A estrutura da ACV inclui 4 etapas conforme a norma ISO 14040 (ISO, 1997).
Definição do objetivo e escopo - nesta etapa é importante definir o sistema a ser
estudado; as funções do sistema de produção; a unidade funcional; as fronteiras do
sistema; os tipos de impactos e da metodologia para análise destes impactos; a
qualidade dos dados coletados e as limitações do estudo.
Análise de inventário - nesta etapa são realizados os procedimentos de coleta de dados
e cálculos para quantificar as entradas e saídas relevantes para o estudo do sistema,
conforme definido pelos objetivos e escopo na etapa anterior
68
Avaliação de impacto - a terceira etapa da ACV tem por objetivo avaliar, quantificar e
converter as cargas ambientais causadas pelos fluxos de entrada e saída do sistema, em
impactos para a saúde, o meio ambiente e o uso de recursos naturais.
Interpretação - A interpretação como fase última da ACV é um processo de
comunicação projetado para dar credibilidade para os resultados das fases anteriores e
produzir relatórios compreensíveis e úteis para tomada de decisão (JENSEN, 1998).
As categorias de impactos analisadas neste trabalho para exemplificar a metodologia foram
depleção da camada de ozônio, depleção dos recursos abióticos, acidificação, eutrofização,
aquecimento global e toxicidade humana selecionadas a fim de avaliar impactos ambientais
oriundos dos dois modelos de SFCR. Os resultados são apresentados na próxima seção.
A ferramenta utilizada para análise dos impactos foi o openLCA 1.4.2, ferramenta livre que
disponibiliza o uso da base de dados EcoInvent 3.2 e do método CML 2001, necessários para
os procedimentos de ACV.
O exemplo faz uma análise de dois cenários:
Cenário 1 - instalação fotovoltaica com uma capacidade de 3kWp e uma vida de 30 anos, com a
seguinte estrutura:
Painel: mono - Si (mc- Si), área = 21,429 m;
Montagem: estrutura montada em um telhado inclinado;
Inversor de 2.5kW;
Instalação elétrica de 3kWp;
Cenário 2 - instalação fotovoltaica com uma capacidade de 3kWp e uma vida de 30 anos com a
seguinte estrutura:
Painel: multi - Si (mc- Si), área = 22,79 m;
Montagem: estrutura montada em um telhado inclinado;
Inversor de 2.5kW;
Instalação elétrica de 3kWp;
69
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O gráfico da figura 1 apresenta os resultados para as categorias de impacto analisadas onde
pode-se observar a diferença entre as duas tecnologias.
Figura 2. Análise dos impactos nas diferentes categorias para SFCR mono-cristalino e multi-cristalino,
Observa-se que as categorias mais afetadas pelas duas tecnologias são Alterações Climáticas e
Toxicidade Humana e que a tecnologia de painéis mono-cristalinos produz maior impacto
ambiental, se consideradas estas duas categorias.
Segundo Tolmasquim (2004), de uma forma geral o sistema fotovoltaico apresenta os
seguintes impactos ambientais negativos: emissões e outros impactos associados à cadeia de
produção dos sistemas; ocupação de área; riscos associados aos materiais tóxicos utilizados
nos módulos fotovoltaicos como arsênico, gálio e cádmio.
CONCLUSÃO: Após esta exemplificação pode-se considerar que a metodologia de ACV é
uma ferramenta útil para avaliar os impactos ambientais de diferentes processos e produtos,
incluindo a produção de energia, como apresentado no exemplo. Por meio desta metodologia
é possível conhecer como funciona o ciclo de vida de um produto; avaliar seus impactos
ambientais e sustentabilidade; e ainda fazer comparações com outras tecnologias avaliando
qual oferece maior viabilidade ambiental.
Em relação à análise dos impactos ambientais das diferentes tecnologias de painéis
fotovoltaicos, tem-se que silício monocristalino, apresenta maior eficiência, porém maior
impacto e maior custo. A tecnologia de silício multicristalino apresenta menor impacto e
70
menor custo, porém menor eficiência. Desta forma podendo-se concluir que o maior ou menor
impacto ao meio ambiente dependerá da escolha da tecnologia que será empregada.
REFERÊNCIAS:
AZAPAGIC, A. Life cycle assessment and its application to process selection, design and
optimisation. Chemical engineering journal, v. 73, n. 1, p. 1–21, 1999.
FAVA, J. A. A Technical Framework for Life-cycle Assessment: Workshop Report : August 18-23,
1990. Smugglers Notch, Vermont, 1990.
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comparative LCA of three disposal options in Mauritius. International Journal of Environment and
Waste Management, p. 125–138, 2008.
ISO. Environmental management - Life Cycle Asessment - Principles and framework. ISO, 1997.
JENSEN, A. A. et al. Life cycle assessment (LCA): a guide to approaches, experiences and
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MEISTERLING, K; SAMARAS, C; SCHWEIZER, V. Decisions to reduce greenhouse gases from
agriculture and product transport: LCA case study of organic and conventional wheat. Journal of
Cleaner Production, p. 222–230, 2009.
SPIELMANN, M et al. Scenario Modelling in Prospective LCA of Transport Systems. Application of
Formative Scenario Analysis. The International Journal of Life Cycle Assessment, p. 325–335, 2005.
TOLMASQUIM, Maurício T. et al. Alternativas Energéticas Sustentáveis no Brasil. Editora Relume
Dumará. Rio de Janeiro, 2004.
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Cycle Optimization Based on Functional Unit: General Modeling Framework, Mixed-Integer
Nonlinear Programming Algorithms and Case Study on Hydrocarbon Biofuels. ACS Sustainable
Chemistry Engeneering, p. 1003–1014, 2013.
71
ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS COM FAIXA ETÁRIA DE 8 A 10 ANOS
Bruno Yan da Conceição Pacheco1
Gisele Caroline Santos Magalhães1
Alesandra cabreira Dias2
RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar o desenvolvimento motor de crianças com faixa etária de 8 a 10
anos. Utilizou-se de uma amostra composta por 25 escolares com estas faixas etárias, os testes foram aplicados
para 10 crianças do gênero masculino e 15 do gênero feminino, pertencentes a uma Instituição pública de ensino
em Santarém-Pará. As crianças foram avaliadas por meio da Escala de Desenvolvimento Motor – EDM para a
avaliação do desenvolvimento nos componentes de motricidade fina (IM1), motricidade global (IM2), equilíbrio
(IM3), esquema corporal (IM4), organização espacial (IM5), organização temporal (IM6) e lateralidade. No
momento da avaliação foi possível observar com nitidez as dificuldades dos avaliados em alguns pontos de cada
teste. Dos resultados obtidos a partir dos testes realizados com as 25 crianças, constatou-se a indefinição da
lateralidade aspecto este com maior percentual, de alguns pequenos atrasos em um dos participantes compondo
4% que classificou-se como Normal Baixa nada que seja tão significativo ao seu desenvolvimento e também os
28% Superiores, 20% Normal Alta e 48% Normal Média na classificação da Escala do Desenvolvimento Motor
para os demais. A experiência possibilitou aos aplicadores dos testes o entendimento da ocorrência dos atrasos,
igualdades e avanços no desenvolvimento dos componentes das motricidades.
PALAVRA-CHAVE: Idade Cronológica, Idade Motora, Tarefa Motora.
CHILDREN MOTOR DEVELOPMENT ANALYSIS WITH KIDS FROM 8 TO 10 YEARS OLD
ABSTRACT: The aim of this study was to analyze the motor development of children aged 8 to 10 years. We
used a sample of 25 children with these age groups, the tests were applied to 10 male children and 15 women,
belonging to a public institution of education in Santarém, Pará. The children were evaluated by Motor
Development Scale - EDM for the assessment of development in the fine motor components (MA1), global
motor (MA2), balance (MA3), body image (MA4), spatial organization (MA5) temporal organization (MA6)
and laterality. At the time of the evaluation it was possible to observe clearly the difficulties of the assessed at
some points of each test. The results obtained from tests conducted with 25 children, the vagueness was found
laterality aspect of this with the highest percentage of some small delays in one of the participants composing
4% that was classified as Normal Low nothing so significant to its development and also the 28% Higher 20%
48% Normal High and Normal average in the classification of Motor development Scale for others. The
experience enabled the applicators test the understanding of the occurrence of delays, equalities and advances in
the development of the motricity components.
Keyword: Chronological Age, Motor Age, Task Motor.
INTRODUÇÃO: A aprendizagem motora no período infantil tem grande influência na sua
formação futura, na qual, é nesta pré etapa da vida que se aprende as diversas habilidades
motoras como: andar, correr, saltar, chutar, rolar, rebater. A objetivo das diversas experiências
com o ambiente, é permitir que as crianças vivenciem tarefas motoras das mais simples às
mais complexas para cada indivíduo, aprimorando suas capacidades físicas e intelectuais,
ampliando o nível de desenvolvimento nos vários componentes da motricidade. O
1 Graduando do Curso de licenciatura em Educação Fisica – ULBRA- Universidade Luterana do Brasil.
2 Professora do Curso Licenciatura em Educação Fisica CEULS/ULBRA e UEPA, doutoranda em Ciencias da
Reabilitação UNINOVE
72
desenvolvimento de habilidades motoras está associado à percepção do corpo, espaço e
tempo, e essas habilidades integram componentes básicos de domínio tanto para a
aprendizagem motora quanto para as atividades de formação escolar. Isso pode significar que,
ao conquistar um bom controle motor, a criança estará construindo as noções básicas para o
seu desenvolvimento intelectual. Por isso, o fato de proporcionar o maior número de
experiências motoras e psicossociais, as crianças estarão prevenindo-se, de possíveis
comprometimentos em suas habilidades motoras.
Vários estudos são aplicados no âmbito escolar com objetivo de conhecer ou avaliar o
desempenho motor de cada criança, estabelecendo atividades para aplicação de testes de
acordo com a faixa etária. Os testes de avaliação do desenvolvimento motor utilizam critérios
variados de seleção, como EDM que envolve protocolos de exame, (motricidade fina,
motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal
e lateralidade).
O professor de Educação Física possui grande necessidade de conhecer a forma
adequada e científica para a aplicação de um teste motor, lhe possibilitando conhecer as
deficiências que mais predominam dentro do grupo, para então intervir com precaução e
estratégias distintas em suas aulas, respeitando as diferenças entre as crianças, quando se trata
do âmbito escolar, a prática da educação motora tem influência significativa no
desenvolvimento de crianças com dificuldades escolares, tais como problema de atenção,
leitura, escrita, cálculo e interação. Portanto, a Educação Física possui um papel a mais na
construção do desempenho motor de cada criança, considerando que cada uma possui suas
especificidades nos aspectos físicos e cognitivos.
Por meio dessas relações concluímos que deve levar-se em consideração o
acompanhamento da aptidão motora de crianças em idade escolar, caracterizando-se como
atitude preventiva para profissionais envolvidos no processo de ensino aprendizagem. A fim
de traçar um perfil motor de um grupo com 25 crianças, entre idade cronológica e idade
motora, buscou-se a idade que se enquadrasse no desempenho dos movimentos no âmbito
escolar, propondo experiências diferenciadas por meio dos testes, estimulando suas
habilidades com a finalidade de avaliar o grau do desenvolvimento motor para essa faixa
etária.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: As crianças foram distribuídas em grupos de
acordo com a idade cronológica, sendo o grupo de 8 anos (96-107 meses), composto por 3
73
meninos e 3 meninas, o grupo de 9 anos (108-119 meses), 3 meninos e 8 meninas e o grupo
de 10 anos (120-131 meses), composto por 4 meninos e 4 meninas.
As avaliações foram realizadas, individualmente, por três discentes, preparados
anteriormente, os dados das crianças foram anotados em uma ficha e, posteriormente,
analisados para cálculo dos resultados que foram realizados através do programa de
computador Excel e a partir desses resultados a construção de figuras. No momento da
aplicação dos testes não foi permitido que as crianças não pertencentes a esta amostra
utilizada, estivessem presentes no ambiente da realização destes, para que estas não tirassem a
concentração das que estavam executando as tarefas propostas, com a orientação educacional.
Foi recomendado às crianças o uso de roupas que não dificultassem os movimentos durante os
testes e solicitado que tirassem os calçados para a execução das provas para que os resultados
fossem eficazes para todos os participantes.
Para a análise do desenvolvimento motor, foram avaliadas habilidades referentes ao
desenvolvimento da motricidade fina (IM1), motricidade global (IM2), equilíbrio (IM3),
esquema corporal (IM4), organização espacial (IM5), organização temporal (IM6) e
Lateralidade, seguindo-se a ordem proposta no Manual de Avaliação Motora. O teste foi
iniciado pela idade cronológica da criança e quando o êxito era obtido, avançava-se para as
tarefas relativas às idades seguintes até que um erro fosse detectado. Quando o avaliado (a)
não obtivesse êxito na primeira tentativa, recorria-se às tarefas pertinentes às idades anteriores
a sua até a obtenção de sucesso pela criança. A partir dessa característica amostral, pôde-se
correlacionar a idade cronológica com a idade motora dos escolares, no intuito de conferir o
grau de linearidade dessas variáveis.
Com exceção dos testes de lateralidade, as outras baterias consistem em 10 tarefas
motoras cada, distribuídas entre 2 e 11 anos, organizadas progressivamente em grau de
complexidade, sendo atribuído para cada tarefa, em caso de êxito, um valor correspondente a
idade motora (IM), expressa em meses. Ao final da aplicação, dependendo do desempenho
individual em cada bateria, foi atribuída à criança uma determinada IM, em cada uma das
áreas referidas anteriormente (IM1, IM2, IM3, IM4, IM5, IM6), após, sendo calculada a idade
motora geral (IMG) e o quociente motor geral (QMG) da criança. Esses valores são
quantificados e categorizados, permitindo classificar as habilidades analisadas em padrões:
muito superior (130 ou mais), superior (120-129), normal alto (110-119), normal médio (90-
109), normal baixo (80-89), inferior (70-79) e muito inferior (69 ou menos), nos permitindo
então compreender quais os fatores que causam atrasos e avanços para então se encaixarem
em tais classificações.
74
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
A pesquisa realizada foi do tipo descritiva, segundo Gil (2008, p. 2) esta tem como
―objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência
[...] a pesquisa descritiva pode estabelecer relações entre variáveis‖ podendo reunir
informações relevantes e resultados concretos para análise sobre o tema pesquisado.
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL
As avaliações foram realizadas na própria ―Escola Municipal de Ensino Fundamental
Maria Amália‖, em dias agendados anteriormente, o espaço utilizado foi um barracão coberto,
com suas laterais abertas com apenas uma pequena mureta e os fundos do espaço eram
fechados até a cobertura, haviam duas mesas e duas cadeiras utilizadas como suporte para os
materiais.
2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
A amostra do presente estudo foi composta por 25 crianças, sendo 10 do gênero
masculino e 15 do gênero feminino de 8 a 10 anos de idade, regularmente matriculados no
ensino fundamental de uma instituição pública no município de Santarém-Pará, Brasil.
2.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para a elaboração deste artigo foram utilizados 8 artigos como referências e para as
atividades propostas aos participantes, o instrumento utilizado para avaliar o desenvolvimento
motor dos escolares foi o Protocolo de testes da Escala de Desenvolvimento Motor – EDM de
Francisco Rosa Neto. Este instrumento determina a idade motora (obtida através dos pontos
alcançados nos testes) e o quociente motor (obtido através da divisão da idade motora pela
idade cronológica (IC), multiplicado por 100).
RESULTADOS: Para chegar-se a um resultado específico das classificações, de quantos
avaliados se classificaram como Muito Superior, Superior, Normal Alta, Normal Média,
75
Normal Baixa, Inferior e Muito Inferior em cada um dos testes, os 25 avaliados foram
quantificados na tabela 1 a seguir:
De acordo com os objetivos a serem alcançados através da pesquisa de analisar suas
Idades motoras, considerando a Idade Motora por componente da motricidade, a quantidade e
a classificação das crianças que apresentaram avanço, igualdade ou atraso no desempenho em
relação à idade cronológica, são apresentadas na figura 2 abaixo:
De acordo com os resultados dos 25 participantes, especificamente em todas as áreas
motoras avaliadas, 28% (configurando 7 dos 25 participantes) classificaram-se na EDM como
Superiores, três com idade cronológica de 10 anos (120 a 131 meses) e quatro com 9 anos
(108 a 119 meses), 20% (5 dos 25 avaliados) como Normal Alta na classificação, três deles
com idade cronológica de 10 anos (120 a 131 meses) e dois com 9 anos (108 a 119 meses),
48% (12 dos 25 participantes) se classificaram Normal Média sendo cinco avaliados com
Idade cronológica de 8 anos (96 a 107 meses), cinco com a idade cronológica de 9 anos (108 a
119 meses) e dois com idade cronológica de 10 anos (120 a 131 meses). 4% como Normal
Baixa sendo somente uma criança, esta com idade cronológica de 8 anos (96 a 107 meses).
Nos testes de lateralidade das 25 crianças avaliadas 11 apresentaram lateralidade Destro (44%
no geral), 12 lateralidade cruzada (48% no geral) e 2 apresentaram lateralidade indefinida
configurando 8% dos participantes.
76
Nos testes de motricidade fina, global e Equilíbrio, pode-se obter êxito nos testes
aplicados de acordo com a Idade cronológica na maioria dos avaliados, a minoria que não
conseguiu realizar as tarefas de acordo com sua idade cronológica, retornaram para uma tarefa
anterior a sua idade e conseguiram obter êxito, obtendo assim, uma idade motora de apenas 12
meses anterior a sua idade cronológica.
DISCUSSÃO: O presente estudo teve como objetivo identificar o perfil motor de 25 crianças,
com relação à idade cronológica. A partir dos resultados obtidos observou-se que dentre essas
crianças há uma variabilidade no nível de desempenho motor de cada participante, com a
mesma faixa etária. Essas variabilidades são explicadas na afirmação de Ferreira Neto (2005),
que cada criança se desenvolve a partir da tarefa e do ambiente em que estar inserida, tendo
assim, vivências e experiências para se aprender, implicando modificações no seu
desenvolvimento físico e perceptivo motor. Portanto, pode-se dizer que, casos específicos
onde 28% apresentaram superioridades motoras, 20% normalidade alta, 48% uma
normalidade média e 4% normalidade baixa, estes escolares podem estar usufruindo o
contexto em que estão inseridos de maneiras desiguais, pois o meio frequentado por alguns
exige diversas possibilidades de altos e baixos níveis de mobilização, a estrutura do ambiente,
fatores externos a este, contribuem para a evolução e atrasos além do normal para cada idade.
Identificou-se que os testes específicos para a organização espacial é um dos
componentes que merecem uma atenção especial neste estudo, pois a maioria dos avaliados
apresentaram dificuldades para identificarem à direita e a esquerda do avaliador que estava a
sua frente. Segundo Rodrigues (2000 apud NETO et al., p. 426), ―a estruturação espacial é
parte integrante da lateralidade e, por isso, desorientações espaciais podem estar relacionadas
a presença de lateralidade cruzada‖. Para outros testes aplicados onde os participantes tinham
que utilizar da sua lateralidade predominante durante as repetições do teste os mesmos não
apresentaram tal predominância, compondo assim, 48% dos avaliados com lateralidade
cruzada, índice alto em relação às demais, 44% apresentaram lateralidade direita e 8% não
definiram sua lateralidade, ficando evidente a falta de orientação e estímulos para que os
discentes percebam qual de seu lado é predominante para maiores habilidades. Os 12
participantes (48%) conseguiram realizar os testes aplicados de acordo com a sua faixa etária
de forma eficiente chegando mais próximo aos resultados esperados, classificando-se Normal
Média significando que as crianças estão se desenvolvendo regularmente sem atrasos e nem
avanços nas habilidades motoras. Os 7 participantes (28%) conseguiram realizar os testes
77
aplicados referente a sua faixa etária de maneira eficaz, assim podendo executar tarefas
propostas para idades superiores as suas e concluindo-as com êxito obtendo uma idade motora
Superior a sua idade cronológica. Os 5 participantes (20%) conseguiram realizar com sucesso
os testes da escala EDM correspondente a sua idade cronológica e avançando apenas 24
meses a sua idade para a realização do teste novamente, concluindo então os testes para este
subgrupo que classificou-se Normal Alta. Apenas um participante se classificou como Normal
Baixa compondo 4% dos participantes dos testes deixando claro que este apresenta um
pequeno atraso no seu desenvolvimento motor em relação aos 24 alunos que realizaram os
testes. Vale ressaltar que os participantes de cada percentual apresentado na discussão
possuem idades distintas, onde todos apresentaram atrasos, avanços e regularidade nas tarefas
propostas para cada idade. Portanto, fica claro que a variação no grau de desenvolvimento de
cada um é consequência das características genéticas, das exigências do ambiente sobre a
criança para que ela possa se locomover e através de elementos externos, realizar movimentos
corporais em prol de seu desenvolvimento integral.
A partir da afirmação de Rosa Neto (2002 apud NETO et al., p. 426) ―à medida que a
criança vai crescendo (aumentando sua idade cronológica) paralelamente o seu nível de
desenvolvimento motor também aumenta‖. Essa afirmação nos permitiu identificar a relação
entre a Idade Motora e Idade Cronológica, comprovando que os testes aplicados para cada
idade na escala, fomentam as esperadas mudanças quanto ao desenvolvimento motor, mas foi
notório ao realizarmos o teste EDM que há níveis distintos de coordenação motora de cada
criança e que nem sempre sua idade motora vai condizer a sua idade cronológica.
Conclui-se a partir dessa análise que há a uma necessidade bastante significativa de
conhecimento do profissional ligado ao ensino de crianças sobre o processo de
desenvolvimento e aprendizagem motora, para que este se fundamente na seleção de
atividades no processo de intervenção, ou seja, a presença do professor de Educação Física.
CONCIDERAÇÕES FINAIS: Estes resultados sugerem que nos anos da infância (8 a 10
anos) há um desenvolvimento não homogêneo, que não ocorre igualmente para todos os
componentes da motricidade. Fatores do ambiente, do indivíduo e da tarefa, mais
especificamente, fatores de crescimento, maturação e experiências motoras podem explicar as
mudanças desenvolvimentistas ocorridas em cada indivíduo. Estas mudanças são
influenciadas pelas diferentes estimulações e encorajamento para explorar seu próprio corpo e
o ambiente, podendo privilegiar mais acentuadamente um componente da motricidade em
detrimento de outro. O ambiente em que as crianças estão inseridas e as exigências das tarefas
78
propostas influenciam grandemente o aparecimento de novas habilidades. Os resultados
possibilitam concluir que os componentes da motricidade apresentam ritmos diferentes de
desenvolvimento. A presente avaliação pode favorecer o entendimento do processo de
desenvolvimento motor das crianças, permitindo que os professores de Licenciatura em
Educação Física consigam avaliar e intervir neste por meio das adequações das atividades,
havendo uma necessidade bastante significativa de seus conhecimentos ligados ao processo de
desenvolvimento e aprendizagem motora.
REFERÊNCIAS
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CAETANO, M. J. D; SILVEIRA, C. R. A; GOBBI, L. T. B. Desenvolvimento motor de
pré-escolares no intervalo de 13 meses. Revista Brasileira de cineantropometria o
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MANOEL E. Estudo do desenvolvimento motor: Tendências e perspectivas. In: G Tani,
organizador. Comportamento motor: Aprendizagem e desenvolvimento. 1 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 2005.
NETO, F. R. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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RODRIGUES LR. Caracterização do desenvolvimento físico, motor e psicossocial de pré-
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Ciências do Movimento Humano]. Florianópolis (SC): Universidade do Estado de Santa
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SABAGG S. Percepção dos estereótipos de gênero na avaliação do desenvolvimento
motor de meninos e meninas. 2008. [Dissertação de Mestrado – Programa de pós-graduação
em Ciências do Movimento Humano]. Florianópolis (SC): Universidade do Estado de Santa
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SILVA, M. N. S. da; DOUNIS, A. B. Perfil do desenvolvimento motor de crianças entre 9
e 11 anos com baixo rendimento escolar da rede municipal de Maceió, AL. Cad. Ter.
Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 22, n. 1, p. 63-70, 2014.
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e 11 anos com baixo rendimento escolar da rede municipal de MACEIÓ, AL. Cad. Ter.
Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 22, n. 1, p. 63-70, 2014 apud CAETANO, M. J. D; SILVEIRA,
C. R. A; GOBBI, L. T. B. Desenvolvimento motor de pré-escolares no intervalo de 13
meses. Revista Brasileira de cineantropometria o Desempenho Humano, Florianópolis, v. 7,
p. 5-13, 2006.
79
ANÁLISE PRODUTIVA DA COMUNIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO
PAE - EIXO FORTE
Karin Thainne Silva de Sousa1
Gilbson Santos Soares2
RESUMO: O presente trabalho é resultante dos levantamentos socioeconômicos realizados na comunidade de
São Sebastião do Projeto Agroextrativista PAE Eixo Forte, localizado no município de Santarém, estado do Pará.
O projeto Agroextrativista é um modelo de assentamento destinado a populações de várzea e terra firme para a
utilização de áreas com atividades economicamente viáveis desenvolvidas para a extração de recursos naturais
de modo sustentável além de preservar as características e costumes dos assentados. Foi realizado na
comunidade de São Sebastião um levantamento com 49 famílias com a aplicação de dois questionários, o
diagnóstico da Unidade Produtiva Familiar (UPF) e o Relatório Físico de Atividades Individuais – Ateste do
Agricultor. As análises mostraram que as atividades mais rentáveis na comunidade são a produção de frutos e
beneficiamento, a de mandioca com a produção de farinha, criação de galinha, patos e porcos para consumo e
venda e a horticultura com a produção de tomates, pimentas entre outros. As atividades são realizadas de forma
manual e individualizadas, além disso, enfrentam grande dificuldade no escoamento dos produtos produzidos
para os pontos de vendas devido à carência de meios de transportes adequados e as estradas de difícil acesso.
PALAVRAS-CHAVE: Assentamento; beneficiários; PAE.
INTRODUÇÃO: O agroextrativismo combina técnicas de cultivo, criação e beneficiamento
de forma sustentável, visando à produção e comercialização de produtos naturais respeitando
o meio ambiente. Essas atividades são realizadas através do conhecimento e as práticas
tradicionais de um determinado local (PORTAL ORGÂNICO/ MDA, 2013). A importância
estratégica da agricultura familiar tem seu papel social fundamental no controle do êxodo
rural e da desigualdade social do campo e das cidades, sendo assim, essa esfera necessita ser
vista como um forte componente de geração de riquezas, não apenas para o setor
agropecuário, mas para a própria economia do país (SAF/MDA, 2010).
Especialmente voltada para o autoconsumo, focaliza-se em funções de caráter social e
econômicas, sem a necessidade e inclusão tecnológica. É necessário destacar que os alimentos
consumidos pelos brasileiros provem da produção familiar e também contribui
expressivamente para a geração de riqueza, considerando a economia não só do setor
agropecuário, mas do próprio país favorecendo o emprego de práticas mais sustentáveis, com
a diferenciação de cultivos e uma redução significativa no consumo de produtos
industrializados (JOAQUIM et al., 2007).
Para justificar esta afirmação, este trabalho tem como objetivo caracterizar os produtos
mais rentáveis dos assentados dentro da comunidade de São Sebastião – PAE Eixo Forte com
1 Karin Thainne Silva de Sousa Centro Universitário Luterano de Santarém- CEULS/ULBRA
2 Gilbson Santos Soares Prof. Centro Universitário Luterano de Santarém- CEULS/ULBRA
80
os principais resultados obtidos em virtude das atividades realizadas pela empresa de
assistência técnica de extensão rural - EMATER.
MÉTODOS: Realizou-se na comunidade de São Sebastião, um levantamento com 49
famílias com a aplicação de dois questionários, o diagnóstico da Unidade Produtiva Familiar
(UPF) e o Relatório Físico de Atividades Individuais – Ateste do Agricultor. Com uma área
total de 1.046,252 ha, os trabalhos foram desempenhados por meio de entrevistas realizadas
em campo com questões direcionadas ao aspecto sócio - econômico dos comunitários e sobre
as atividades produtivas dos assentados. A atividade de campo foi fundamentada por
produtores inscritos na relação de beneficiários do INCRA SR30 para a identificação do
número de famílias para as visitas técnicas.
Figura 1. Mapa da Comunidade São Sebastião- PAE Eixo Forte, com os lotes dos assentados
entrevistados.
Fonte: Autoria própria
O questionário contém informações das áreas produtivas dos agricultores do
assentamento PAE- Eixo Forte. A aplicação dos relatórios foi realizada com uma equipe de 10
técnicos divididos em duplas pela comunidade sendo acompanhados pelos representantes
locais, seguindo uma logística de campo pré-definida.
O relatório utilizado durante a visita in loco era composto de onze questões fechadas
com intuito de coletar dados sobre o perfil do agricultor e sobre sua área produtiva. As
atividades foram realizadas em dois momentos distintos, o primeiro foi à aplicação de um
81
diagnóstico da unidade produtiva familiar (UPF) contendo informações da propriedade e da
família assentada. O segundo momento do trabalho foi à aplicação do relatório físico da
atividade individual com questões sobre as principais atividades produtivas encontradas na
propriedade, tais informações servirão para a identificação da quantidade de produtos
utilizados para o autoconsumo e para a geração de renda e as dificuldades encontradas pelo
produtor, para que as atividades da assistência técnica possam projetar melhorias através de
políticas públicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O resultado do levantamento das informações permitiu a
caracterização das áreas produtivas desempenhadas pelos agricultores. E grande a diversidade
de produtos provenientes do Assentamento PAE - Eixo Forte, envolvendo a criação de
pequenos animais, extrativismo, e produção agrícola conforme pode ser analisados na tabela
abaixo.
TABELA 1- Principais culturas produzidas na Comunidade São Sebastião - PAE Eixo Forte,
por família.
Produção AUTOCONSUMO CONSUMO E VENDA
Mandioca 9 26
Galinha 17 17
Horticultura 13 6
Frutíferas 19 27
Fonte: Autoria própria.
Como podem ser observadas, as atividades mais rentáveis na comunidade é a frutífera,
compondo trabalhos com polpas de frutas, doces regionais e o principal a produção de açaí. A
segunda maior atividade e a de mandioca com a produção de farinha, seguida com a criação
de galinha sendo observada em algumas propriedades a criação de patos e porcos para
consumo e venda e por fim a horticultura com a produção de tomates, pimentas entre outros.
Mediante a análise da situação produtiva dos agricultores, percebeu-se a grande dependência
das famílias assentadas as suas propriedades com a utilização intensiva das áreas cultivadas de
forma manual e individualizada, além disso, uma grande dificuldade no escoamento dos
produtos produzidos para os pontos de vendas na cidade devido a carência de meios de
transportes adequados e as estradas de difícil acesso.
82
Figura 2. O Gráfico mostra as principais atividades realizadas pelos assentados dentro da
comunidade São Sebastião - PAE Eixo Forte.
Fonte: Autoria própria.
CONCLUSÃO: A análise da produção dos agricultores de São Sebastião PAE Eixo Forte
Santarém-PA, obtido neste estudo aponta que os tipos dos assentados são de indivíduos
fortemente identificados como agricultores familiares que trabalham diretamente com
pequenas culturas. Sua motivação para a atividade está mais relacionada a um perfil
tradicional, pois a maioria afirma que realiza sua produção por tradição além da aquisição de
lucro.
São Sebastião é dependente do mercado do município de Santarém, mediante a
demanda de consumidores presentes na área urbana do município, além da atuação de
atravessadores no comércio produtivo o que ainda é uma grande problemática para os
agricultores do assentamento. Outro entrave encontrado no PAE Eixo Forte são as condições
de trafegabilidade precárias dos ramais e os meios de transporte de péssima qualidade o que
dificulta o escoamento da produção dos agricultores.
As informações obtidas contribuíram para que a assistência técnica possa aprimorar
seus trabalhos desenvolvidos no assentamento cumprindo a primeira meta da chamada publica
comentada anteriormente.
REFERÊNCIAS
SECRETARIA ESPECIAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E INCENTIVO À
PRODUÇÃO, EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL –
EMATER, Plano de Desenvolvimento do Projeto de Assentamento Agroextrativista do Eixo
Forte.
JOAQUIM J.M. GUILHOTO; SILVIO M. ICHIHARA; FERNANDO GAIGER SILVEIRA;
BERNARDO P. CAMPOLINA DINIZ; CARLOS R. AZZONI; GUILHERME R.C.
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2007.
83
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Site: http://www.ibge.gov.br. Acessado em: 05 de agosto de 2015.
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA INCRA SR 30;
REFORMA AGRÁRIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO PROGRAMA DE
REFORMA AGRÁRIA – SIPRA - Relação de Beneficiários.
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ANTRACNOSE FOLIAR (MAL-DAS-SETE-VOLTAS) NA CULTURA DA CEBOLINHA – Allium schoenoprasum
Yash Brendo Pereira Coelho Guimarães
1
André Luiz Teixeira Dalagnol2
Macelle de Souza Rego3
Rana Renata da Silva Soares4
Gilbson Santos Soares5
RESUMO: Em vista da importância econômica e cultural da cultura da cebolinha, principalmente na região
norte, o presente trabalho tem por objetivo identificar, através de sintomas apresentados pelas plantas, possíveis
focos da Antracnose na propriedade denominada Horta Floresta. Por ser amplamente cultivada e consumida, essa
cultura, assim como todas do gênero, é assolada por diversas enfermidades que afetam sua produção e podem
causar sérios prejuízos aos produtores. Entre essas enfermidades está a Antracnose, ou mal-das-sete-voltas,
causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides Penz. (Sacc.). A partir da análise dos sintomas verificados na
propriedade em comparação com a literatura consultada sobre a cultura, pode-se supor, com certa margem de
segurança, que estes sintomas são causados pela Antracnose foliar (ou mal-das-sete-voltas), não obstante,
tenham sido encontrados em pontos isolados e em poucas plantas por canteiro.
PALAVRAS-CHAVE: FITOPATOLOGIA; ANTRACNOSE; CEBOLINHA.
INTRODUÇÃO: A cebolinha, Allium schoenoprasum, é uma cultura pertence, atualmente, à
subfamília Alliaceae (Aliáceas) e a família botânica Amaryllidaceae, juntamente com o alho,
alho-poró, aspargo, cebola, entre outras (ARTIMONTE VAZ e AMICI, 2007). É originária da
europa continental, apreciada na culinária de diversos países e presente em quase todos os
lares brasileiros (HEREDIA e VIEIRA, 2004). Dentro da classificação das hortaliças quanto
à parte consumida, a cebolinha caracteriza-se como uma folhosa. Trata-se de uma erva perene
pequena que atinge de 0,30 a 0,50 m de altura; as folhas são cilíndricas, lineares, longas;
bulbos tunicados e arredondados, formados de 8-12 bulbilhos; flores arroxeadas organizadas
em inflorescências globosas do tipo umbela, que partem de uma haste floral (ARTIMONTE
VAZ e AMICI, 2007).
Seu amplo cultivo deve-se à sua versatilidade em termos alimentares e culinários,
podendo ser consumida in natura, na forma de saladas ou ainda, na forma de temperos
(EMBRAPA, 2014).
No Brasil, é muito apreciada como condimento, sendo, na região Norte,
comercializada com outras hortaliças como como o coentro (Coriandum sativum L.) e a
1 Acadêmico do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
2 Acadêmico do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
3 Acadêmica do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
4 Acadêmica do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
5 Professor MSc. do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
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chicória (Eryngum foetidum L.). Esse trio é denominado de cheiro verde, nome que pode
variar dependendo da região do país (HEREDIA et al, 2003).
É, sem dúvida, uma das hortaliças mais consumidas pelos brasileiros, principalmente
na região Norte do país, onde é o principal condimento para o preparo de pratos à base de
peixes como as caldeiradas, apreciadas em toda a região (HEREDIA et al., 2003).
Naturalmente, por ser amplamente cultivada e consumida, essa cultura, assim como
todas do gênero, é assolada por diversas enfermidades que afetam sua produção e podem
causar sérios prejuízos aos produtores. São algumas das doenças da cebolinha: mancha
púrpura, causada pelo fungo Alternaria porri (Ell.) Cif., a queima das pontas incitada por
Botrytis squamosa (J. Walker) e a antracnose foliar ou mal-das-sete-voltas, causada por
Colletotrichum gloeosporioides Penz. (Sacc.) (KIMATI et al., 2005). Esta última é uma das
doenças mais importantes quem atacam as espécies do gênero Allium. Trata-se de um fungo,
amplamente disseminado que se desenvolve e sobrevive parasitando tecidos vegetais ou como
saprófita em materiais orgânicos em decomposição. Apesar de a Antracnose ocorrer em todo
o mundo, a maior severidade é registrada nas regiões tropicais e subtropicais, onde é a causa
de danos severos a diversas culturas de importância econômica, em especial as do gênero
Allium (alho, cebola, cebolinha, alho poró, etc.), além de algumas frutíferas como o cajueiro
(Anacardium occidentale L.) e maracujazeiro (Passiflora edulis Flavicarpa Degener) podendo
causar perdas de 50 a 100% na produção (KIMATI et al., 2005).
Em vista da importância econômica, social e cultural da cultura da cebolinha,
principalmente na região norte, o presente trabalho tem por objetivo identificar, através de
sintomas apresentados pelas plantas, possíveis focos de patologias na propriedade do Sr. Jair,
que chamaremos de Horta Floresta.
MÉTODO: A propriedade escolhida para o presente estudo está localizada no Bairro da
Floresta, na área urbana do Município de Santarém, sob as coordenadas geográficas
2º27‘44,19‘‘ S e 54º43‘17,57‘‘ W (Figura 1) com elevação de 32 m. Trata-se de uma
propriedade de produção orgânica, ou seja, que não utiliza insumos quimicos em nenhum
momento do ciclo produtivo, com exceção do dessecante Glifosato (N-(fosfonometil) glicina),
utilizado para eliminar plantas daninhas nas linhas entre os canteiros. Entretanto, a Horta não
possui selo de produção orgânica e nem recebe qualquer tipo de assistência técnica de
nenhuma entidade de pesquisa, extensão ou defesa agropecuária.
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Toda a produção da propriedade é contratada por uma rede se supermercados da
cidade. No entorno da propriedade em questão existem diversas outras hortas instaladas, bem
como, vários cinturões verdes, um dos motivos pelos quais o bairro é chamado de Floresta.
Figura 1. Mapa da propriedade
Fonte: Google Earth
A análise das possíveis patologias foi realizada a partir da diagnose visual
investigando sintomas e sinais na plantação de cebolinha e mediante relatos do proprietário. A
visita ocorreu por volta das 10 horas da manhã do dia 16 de setembro de 2016, um pouco após
a colheita diária.
Em alguns dos canteiros o produtor utiliza consorcios de hortaliças a fim de otimizar a
utilização do espaço. Alface/cebolinha e cebolinha/coentro são alguns dos consórcios
utilizados dentro dos canteiros. A manutenção da horta é efetivada por um grupo de quatro a
cinco pessoas, todos da mesma família, que cuidam da horta e dão os tratos culturais diários
necessários. Foram analisados primeiramente os canteiros que já apresentaram algum dos
sintomas citados pelo produtor, em seguida aqueles que se encontravam ao redor destes
primeiros, e posteriormente, alguns dos demais canteiros da propriedade. O sintomas e sinais
encontrados ou relatados foram comparados com o manual de fitopalogia de Kimati et al
(2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O proprietário relatou que os maiores problemas com as
plantas eram em relação à podridão decorrente do excesso de água no solo, conhecida como
―Mela‖ e um enrolamento do colo da planta, seguido pelo secamento das folhas, além do
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―Dumping-off‖, que é o tombamento causado por lesões nas folhas. De acordo com o
produtor, as perdas causadas por esses problemas foram de mais de 50%, obrigando o
produtor a substituir todo o substrato de vários canteiros. Atualmente, quando algum destes
sintomas é percebido nos canteiros, as plantas que manifestam a sintomatologia são
imediatamente removidas e queimadas fora da área de plantio.
Figura 2. Sintomas na cebolinha: ―Dumping-off, amarelecimento e secamento das folhas
Fonte: Elaborada pelos autores
Durante a visita nos canteiros da propriedade foram encontradas plantas de cebolinha
que apresentavam os seguintes sintomas: ―Dumping-off‖ (ou tombamento), murcha,
amarelecimento e secamento das folhas, desde as mais novas até as mais velhas,
enrijecimento e enrolamento do colo da planta (Figura 2). As plantas que apresentavam esses
sintomas estavam, ou em canteiros adensados ou em consórcios com alface, confirmando que
a doença ocorre geralmente em reboleiras (cultivos mais adensados) por ser um tipo de
cultivo que proporciona um microclima favorável ao desenvolvimento do patógeno
(EMBRAPA, 2014).
A princípio, pensou-se que o enrijecimento e enrolamento do colo poderia ser causado
por um vírus, uma vez que grande parte das viroses causam deformações das estruturas, bem
como, lesões pontuais. Entretanto, a partir da revisão bibliográfica sobre as doenças mais
comuns na cebolinha, verificou-se uma maior probabilidade de tratar-se de uma doença
fúngica, por ser baixo o número de doenças causadas por vírus nas espécies do gênero e estas
possuírem sintomas muito específicos, como o mosaico (KIMATI et al., 2005). Muito embora
o produtor já tenha lidado com perdas por conta desses sintomas e tenha eliminado as plantas
afetadas, é possível que o agente causador se encontre no solo, em estado de sobrevivência,
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atacando, dessa forma, primeiramente as raízes, limitando, assim, a absorção de nutrientes e
alterando a estrutura da planta por conta de toxinas liberadas pelo patógeno.
Vale ressaltar que esses sintomas foram encontrados em pontos isolados do terreno
(alguns canteiros) e em algumas poucas plantas em áreas reduzidas. Essa baixa incidência de
do patógeno na propriedade pode ser consequência do manejo adotado pelo produtor, de
retirar as plantas afetadas assim que apresentam os primeiros sintomas, e pode ser uma das
razões pelas quais não foram encontradas plantas com sintomas e sinais mais avançados.
CONCLUSÃO: A partir da análise dos sintomas verificados na propriedade em comparação
com a literatura consultada sobre a cultura, pode-se supor, com certa margem de segurança,
que estes sintomas são causados pela antracnose foliar (ou mal-das-sete-voltas) C.
gloeosporioides Penz. (Sacc.), não obstante tenham sido encontrados em pontos isolados e em
poucas plantas por canteiro.
REFERÊNCIAS
ARTIMONTE VAZ, A.P.; AMICI, M.H.J. Série Plantas Medicinais, Condimentares e Aromáticas
– Cebolinha. EMBRAPA Transf. De Tecnologia. Corumbá – MS. Novembro de 2007.
HEREDIA Z., N.A.; VIEIRA, M.C. Produção e renda bruta da cebolinha solteira e consorciada
com espinafre. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.4, p.811-814, out-dez 2004.
HEREDIA Z., N.A.; VIEIRA, M.C.; WEISMANN, M.; LOURENÇÃO, A.L.F. Produção e renda
bruta de cebolinha e de salsa em cultivo solteiro e consorciado. Horticultura Brasileira, Brasília, v.
21, n. 3, p. 574-577, julho-setembro 2003.
KIMATI, Hiroshi; AMORIM, L; BERGAMIN, A. Filho; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M.
Manual de fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres,
2005. 2v.: il. p. 56 – 57.
PEREIRA, Ricardo Borges; OLIVEIRA, Valter Rodrigues; PINHEIRO; Jadir Boges. Diagnose e
manejo de doenças Fúngicas na cultura da cebola. Circular Técnico Nº 133. EMBRAPA. Brasília,
DF. Outubro de 2014.
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ANTRACNOSE NA CULTURA DA GOIABA
Beatriz Iasmin Sousa dos Santos1
Wanny Barbosa Soares1
Nathalia Sabrina Campos1
Jonathan Albuquerque de Andrade1
Gilbson Santos Soares2
RESUMO: A cultura da goiaba é uma importante fonte econômica para os pequenos, médios e grandes
produtores no Brasil e no mundo, além de ter um enorme valor nutricional podendo ser comercializado in natura
ou em polpas, geleias, doces, etc. Como qualquer outra cultura a goiaba também está sujeita à fungos, como por
exemplo ao ataque da Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) com isso os objetivos do trabalho foram a
identificação dos sinais e sintomas da mesma na cultura, através da diagnose visual, métodos de controle
utilizados na cultura. Foram observados sintomas de antracnose semelhantes aqueles descritos na literatura e os
métodos de controle utilizados na propriedade são satisfatórios e bem empregados.
PALAVRAS CHAVES: Goiaba. Antracnose. Doença.
INTRODUÇÃO: A goiabeira (Psidium guajava L.) é nativa da América do Sul
(RISTERUCCI et al.,2005), pertence ao gênero Psidium, da família Mitaceae, que é composta
por mais de 70 gêneros e 2.800 espécies, sendo que 110 a 130 espécies são naturais da
América Tropical e Subtropical (Quadro 1).
QUADRO 1 - Classificação científica da goiaba.
Classificação Científica
Reino Plantae
Divisão Magnoliophyta
Classe Magnoliopsida
Ordem Mytales
Família Myrtaceae
Gênero Psidium
Espécie P. guajava ou Psidium guajava L 153
Fonte: Wikipédia, 2016.
A goiabeira é fácil de ser encontrada no fundo de quintal de residências e até em
praças e jardins públicos. A fruta é consumida in natura, mas também é usada para fazer
geleias, compotas, sucos, sorvetes e doces. Mais recentemente, ainda virou ingrediente para
um molho agridoce industrializado similar a um catchup.
Com casca verde ou amarela, a goiaba possui diâmetro médio de oito centímetros. A
fruta é rica em vitamina C, com quantidade de quatro a cinco vezes superior à da laranja e do
limão. As goiabas vermelhas são fartas em licopeno, substância com pigmento vermelho que
age contra os radicais livres e importante por prevenir o aparecimento de câncer. Perene e
1 Acadêmico do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
2 Professor MSc. do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
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tropical, a goiabeira gosta de clima quente. Tem seu cultivo adaptado em várias regiões
brasileiras, mas a maior parte dos pomares está localizada no estado de São Paulo. Às
margens do rio São Francisco, a cidade pernambucana de Petrolina e a baiana Juazeiro
também se destacam na produção da fruta.
A goiabeira é uma árvore de tronco tortuoso, que pode atingir de três a cinco metros
de altura. Porém, há casos de o pé da fruta alcançar até oito metros. Os frutos da goiabeira são
ricos em vitamina variando de acordo com a cor da goiaba (Quadro 2).
QUADRO 2 – Teores médios de vitaminas da goiaba.
Composição Química Goiaba
Vermelha
Goiaba
Amarela
Goiaba
Branca
Vitamina A (retinol equivalente) 24mcg 0,00 33mcg
Vitamina B1(Tiamina) 190,00mcg 0,00 0,00
Vitamina B2 (Riboflavina) 154,00mcg 183,00mcg 156,00mcg
Vitamina C (Ácido Ascórbico) 45,60mg 80,20mg 80,10mg
Niacina 1,20mg 0,77mg 0,00
Fonte: SAPS
Desenvolvida no Brasil, mais exatamente na UNESP de Jaboticabal, a híbrida Paluma,
variedade da goiaba vermelha, oferece um fruto de cor vermelha profunda e sabor mais
intenso que as variedades Pink cultivadas em outros países.
Os frutos da goiabeira Paluma são destinados à industrialização, pois possuem
características para o processamento, para a elaboração de sucos, compotas e doces
em pasta, entretanto, em razão da qualidade, seus frutos também podem ser
consumidos in natura, o que a torna uma opção para a cultura mista (PEREIRA e
NACHTIGAL, 2002).
Kimati et al. (2005) descreve ―a antracnose, também denominada mancha chocolate da
goiabeira, é uma doença secundária, sendo problema em cultivos de goiaba para a indústria
em pomares mal conduzidos ...‖. Essa doença pode causar desde prejuízos medianos à
severos, ela ataca geralmente pomares mais velhos e mal cuidados, ou com pouco incidência
de entrada de luz solar pois o excesso de umidade facilita a proliferação do fungo na cultura,
em relação ao fruto os sintomas podem aparecer nas fases de florescimento, maturação e pós-
colheita.
A antracnose, também conhecida como mancha chocolate da goiabeira, é uma
doença secundária, sendo problema em cultivos de goiaba para a indústria e em
pomares mal conduzidos. A doença é importante em condições de produção onde os
agricultores utilizam sacos de papel ou plástico para a proteção dos frutos, gerando
uma câmara úmida artificial, favorável ao patógeno. Também pode ter alguma
importância em pós-colheita (KIMATI et al., 2005).
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A visita realizada na cultura da goiaba tem como objetivos identificar a partir de
possíveis sinais e sintomas a presença da antracnose na cultura, bem como medidas de
controle utilizadas. A pesquisa fundamenta-se na importância da goiaba por se enquadrar
entre as principais espécies frutíferas de mercado e por apresentar alto valor nutricional.
MÉTODO: A pesquisa de campo foi realizada em uma propriedade localizada na Rodovia
Santarém Jabuti, Km 05,no município de Santarém-PA.
A avaliação da incidência da doença foi feita através da análise visual dos sintomas e
sinais manifestados pelas plantas infectadas nos frutos, ramos e folhas; comparados com o
descrito na literatura (MANUAL DE FITOPATOLOGIA. VOL II. 2005). O método de
análise a partir dos sintomas e sinais de uma efermidade em plantas denomina-se diagnose
visual. Além disso, utilizou-se também o relato do proprietário sobre as enfermidades que
afetm a cultura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através da diagnose visual foram observadas
manifestações dos sintomas e sinais do fungo da antracnose no fruto da goiabeira a saber,
manchas irregulares com coloração alaranjada, em forma de halo, que envolve uma região
mais escura, à medida que aumenta o desenvolvimento da enfermidade (Figura 1). Esses
sintomas e sinais observados nos frutos coincidem com o que é descrito no manual de
fitopatologia ―Os sintomas nas folhas e frutos são caracterizados por áreas de formato mais ou
menos circulares e de coloração escura. Em condições de umidade elevada é possível
observar sinais do patógeno de coloração alaranjada ...‖ (KIMATI et al.,2005).
Figura1.Fruto com sintomas e sinais da antracnose.
Fonte: Autoria própria. (2016)
Não há referências sobre cultivares de goiabeira com algum tipo de resistência a
C.gloeosporioides. Porém há maneiras de diminuir os focos e incidências da doença por meio
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de métodos de controle através de podas periódicas e de limpeza, ou defensivos agrícolas
orgânicos e químicos. Segundo o proprietário da cultura, essas medidas são utilizadas, o que
se justifica a baixa incidência da antracnose na propriedade.
Para inibir a ação do patógeno na cultura, as mudas devem ser produzidas em locais
longe dos pomares com incidência da antracnose garantir que estejam livres da doença.
Vistoriar periodicamente o pomar, eliminar e queimar todos os órgãos que apresentem
sintomas evidentes da doença na planta e, também, os ramos e folhas caídos no solo. Realizar
podas de condução que permitam estabelecer uma copa aberta para melhorar o arejamento e
a entrada dos raios solares, visando diminuir a umidade no interior das plantas; igualmente, as
plantas devem ser plantadas de maneira que permitam a circulação do ar entre elas. Evitar o
ensacamento dos frutos, prática que facilita o estabelecimento do fungo. Realizar
pulverizações com fungicidas protetores para reduzir o potencial de inoculo dentro do pomar.
Em relação aos métodos de controle orgânicos, podem ser usadas a Calda Bordalesa e a
Calda Sulfocálcica, as quais, por sinal, requerem um baixo custo financeiro e possuem uma
alta eficácia contra o fungo da antracnose.
A calda bordalesa é uma mistura de cobre e cal virgem, onde é feito uma mistura em um
recipiente de plástico, se for em um recipiente de outro material pode ocorrer a oxidação do
recipiente ocorrendo perdas de eficácia. O pH da mistura tem que estar neutro (pH=7), caso a
calda esteja muito ácida pode ocorrer a queima da folha da cultura havenddo assim vários
danos para o produtor, se a calda estiver alcalina poderá não trazer o efeito desejado por ter
pouca eficácia. A calda bordalesa é a escolhida e aplicada na cultura visitada, de acordo com
relato do proprietário. Existem também a calda sulfocálcica que é uma mistura de enxofre em
pó,cal virgem e água limpa. Deve ser colocado a água em um vasilhame de ferro e levado ao
fogo, após levantar fervura o cal virgem deve ser misturado ao enxofre até a calda alcançar
uma coloração amarelada. A calda pronta apresenta uma cor de vinho de jabuticaba. Para
guardar a calda sulfocálcica deve-se usar garrafões de vidro ou plásticos bem tampados e
deixá-los em um ambiente escuro. Desse modo a calda mantém sua eficácia por até cinco
meses.
CONCLUSÃO: O presente trabalho evidenciou a partir das observações de sintomas e sinais
na cultura da goiaba a presença de antracnose. Dado a vasta disseminação do fungo e a
impossibilidade de erradicação total, são utilizadas medidas e controle na propriedade com a
calda bordalesa e medidas preventivas através de podas periódicas, limpeza e queima de
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ramos, frutos e folhas. As medidas evitam perdas na produção, elevando o valor de mercado
do produto final.
REFERÊNCIAS
KIMATI, Hiroshi; et al. Manual de fitopatologia. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres.
2005. 2v.: il. p. 403.
MONTEIRO, Alessandra; et al, cultura da goiaba. Disponível em:
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/128279/1/PLANTAR-Goiaba-ed02-
2010.pdf Acesso em 18 out 2016.
BETTIOL, Neto; goiaba. Disponível em:
http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1533299-4529,00.html Acesso em
18 out 2016.
LOPES, Luiz; Goiabeira 'Paluma' sob diferentes sistemas de cultivo,épocas e intensidades de
poda de frutificação. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pab/v42n6/v42n6a04.pdf
Acesso em 18 out 2016.
BÓRIS e SANTOS, Adrik e Késsio; Antracnose na Goiabeira. Disponível em:
http://fitopatologiaifpa.blogspot.com.br/2014/11/antracnose-na-goiabeira.html?m=1 Acesso
em 18 out 2016.
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APLICAÇÃO DA ROBÓTICA EDUCACIONAL USANDO ARDUINO PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE SANTARÉM-PA
Alexandre Thomas1
Angel Pena Galvão2
Paulo Marcelo Pedroso 3
RESUMO: Este resumo descreve o Projeto de Extensão sobre Robótica Educacional que está sendo realizado
em uma instituição de ensino superior para alunos do ensino médio. O projeto tem por objetivo ensinar os
conceitos básicos de Arduino por meio da oficina de robótica, bem como divulgar a ideologia do conceito de
hardware e software livre. Nesta etapa foi a ministrada a Oficina de Arduino, com o intuito de incentivar os
alunos para o pensamento lógico e trabalho em equipe. Os resultados demonstram um grande entusiasmo por
parte dos alunos, visto que estão trabalhando com uma plataforma nova aplicando conceitos teóricos na prática.
PALAVRAS-CHAVE: educação, robótica, inclusão.
INTRODUÇÃO: A partir do momento em que os equipamentos tecnológicos começaram a
entrar nos espaços educativos trazidos pelas mãos dos alunos ou pelo seu modo de pensar e
agir inerente a um representante da geração digital, evidenciou-se que as Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) não mais ficariam confinadas a um espaço e tempo
delimitados. Tais tecnologias passaram a fazer parte da cultura, tomando lugar nas práticas
sociais e significando as relações educativas ainda que nem sempre estejam presentes
fisicamente nas organizações educativas (ALMEIDA; SILVA, 2011).
Moran (2004) afirma que os alunos reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor
falando na frente por horas, da rigidez dos horários, da distância entre o conteúdo das aulas e
a vida. A presença das TIC é uma alternativa possível de superação ou de alternativa aos
limites postos pelas ―velhas tecnologias‖, representadas, principalmente, por quadro de giz e
materiais impressos.
Neste contexto, destaca-se a Robótica Educacional, que é caracterizada por ambientes
de aprendizagem onde o aluno pode montar e programar um robô ou sistema robotizado e sua
diversidade de possibilidades como recurso ou ferramenta, como componente interdisciplinar
do currículo e também como prática pedagógica para a construção de uma escola inclusiva e
de qualidade para todos (MALIUK, 2009). Trabalhos como de Araújo e Mafra, 2014; D'
Abreu, 2004; D'abreu e Bastos, 2015; Brito et al., 2015, foram publicados abordando a
1 Acadêmico do VI Semestre do CST em Redes de Computadores - IESPES ([email protected]).
2 Coordenador do CST em Redes de Computadores – IESPES ([email protected]).
3 Professor do CST em Redes de Computadores – IESPES ([email protected]).
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robótica para fins educativos, com o objetivo de melhoria do ensino e aprendizagem do
professor e aluno, respectivamente.
Este resumo tem por objetivo demonstrar a viabilidade da robótica no processo ensino-
aprendizagem, por meio da execução da Oficina de Arduino do projeto de extensão de uma
Instituição de Ensino Superior de Santarém – Pará.
MÉTODO: Participaram alunos do terceiro ano do ensino médio de uma escola estadual de
Santarém, Pará. A partir de reuniões com diretor e professores responsáveis pelas turmas,
foram selecionados 25 alunos para participação da Oficina de Arduino. Esta oficina foi fruto
do projeto extensão sobre Robótica Educacional desenvolvido pelos acadêmicos e docentes
do curso de Redes de Computadores de uma instituição de ensino superior do mesmo
município, tendo a colaboração de professores parceiros.
Para os métodos de pesquisas foram abordados a quantitativa que trabalha tanto na
coleta, quanto no tratamento das informações objetivando resultados que evitem possíveis
distorções de análise e interpretação, possibilitando uma maior margem de segurança. Além
da abordagem de análise qualitativa que, descreve a complexidade de determinado problema,
sendo necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nos grupos,
contribuir no processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas
particularidades dos indivíduos (DIEHL, 2004). Para isso, foram aplicados questionários com
7 perguntas fechadas aos alunos participantes da oficina.
Resultante do projeto de extensão, a oficina de Arduino apresentou os seguinte
eixos de formação: conceitos de microcontroladores; introdução à placa de prototipação
Arduino; introdução a programação com Arduino; componentes de um programa: criação de
variáveis, comandos de seleção e repetição, modularização; portas de entrada e saída; portas
analógicas. O Arduino utilizado nas aulas da oficina foi o modelo Uno R3, sendo que durante
as aulas os alunos em grupos recebiam o kit (Arduino, protoboard, fios jumpers, display,
resistores) para realizar as atividades propostas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nesta seção, são apresentados os resultados preliminares
das ações com alunos da turma do curso Oficina de arduino e fotos de momentos da
participação dos alunos do ensino médio, onde os mesmo desenvolveram um protótipo de
letreiro controlado por Arduino, como demonstrado nas Figuras 1 e 2. Na Figura 3, é
apresentado o produto final desenvolvido pelos alunos. Durante as oficinas foram abordadas
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as temáticas de raciocínio lógico, intensidade de luminosidade para tela do display,
eletrônicos e físicos com cálculos e inserção de resistores para o produto final.
Figura 2: Alunos do Ensino Médio
na programação do protótipo.
A figura 1 ilustra os alunos participantes realizando a conexão dos leds, resistores na
protoboard. Na figura 2, evidenciam-se os alunos realizando a programação da placa de
prototipação Arduino. Já na figura 3, apresenta-se o resultado e funcionamento do protótipo.
No Quadro 1 abaixo, apresentam-se as questões do formulário de avaliação preenchido
por alguns alunos da oficina. De acordo com os resultados demonstrados, foi possível
observar uma quantidade significativa de respostas considerando positiva à oficina, além de
ser corroborada uma significativa importância do tema na inserção do currículo escolar.
Questões Resposta
SIM NÃO
1 O Curso oferecido pela oficina de Introdução à Eletrônica usando Arduino
está atendendo suas expectativas? 25 0
2 O curso está incentivando você a estudar mais? 25 0
3 Você acha que Arduino pode ajudar nas matérias teóricas passada em sala de
aula? 24 1
4 Você pretende continuar seus estudos com Arduino? 25 0
5 Você acha que a matéria de Robótica deveria estar presente na matriz
curricular do ensino médio? 21 4
6 Você considera o Arduino uma boa ferramenta para aprender programação e
robótica? 25 0
7 A Oficina está te motivando para cursar a área das exatas? 21 4
QUADRO 1. Questões referentes ao formulário de avaliação do curso Oficina de Robótica.
Após a aplicação do questionário verificou-se que os alunos consideram o Arduino
uma ferramenta interessante para aprender conceitos teóricos de sala de aula, de programação
e robótica.
Figura 1: Desenvolvimento prático.
Figura 3: Material produzido
pelos alunos.
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CONCLUSÃO: A robótica educacional, pode ser uma forma de se garantir a inserção de
tecnologia ao currículo escolar, sobretudo no Ensino Médio público alvo deste trabalho. O
aspecto interdisciplinar, característico desse ambiente propicia abertura a novas aprendizagens
e maior autonomia intelectual dos alunos. No que se refere às escolas públicas isso pode se
constituir em uma possibilidade de acesso aos conteúdos de cunho tecnológico, geralmente
não trabalhado em uma parcela da população menos favorecida economicamente.
Com os resultados obtidos até o presente momento constata-se que o projeto é de
grande relevância segundo os próprios alunos participantes, sobretudo no quesito motivação
com os estudos e acreditam que seria uma excelente opção de inserção da robótica no
currículo da escola.
REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, M.E; SILVA, M.G. (2011) ―Currículo, Tecnologia e Cultura Digital: Espaços
e Tempos de Web Currículo‖. Revista e-curriculum, São Paulo, v.7 n1 Abril.
ARAUJO, C. A. P; MAFRA, J.R.S. (2014) ―A Robótica Educacional na Matemática
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tecnologias. Conhecimento local e conhecimento universal: diversidade, mídias e
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98
APLICATIVO PARA AUXILIAR PROFESSORES NO ENSINO DAS OPERAÇÕES BÁSICAS DA MATEMÁTICA AOS ALUNOS DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: FASE DE PLANEJAMENTO
Raimundo Nonato Sousa1
Ronilson Santos da Cruz¹
Marla Teresinha Barbosa Geller2
RESUMO: Desde os primórdios, o uso da matemática tornou-se essencial para a solução de problemas do
cotidiano, porém fatores como falta de motivação (de alunos e professores), didática inapropriada ou defasada,
conteúdo inadequado e a falta de material didático motivador, fazem parte da lista de problemas que contribuem
para o insucesso do aprendizado dos alunos.Através deste projeto busca-se facilitar o processo de ensino e
aprendizagem de alunos e professores, por meio da criação de um Objeto de Aprendizagem (OA) voltado ao
ensino da matemática básica, por meio de conteúdos lúdicos aliados a metodologias voltadas para a solução do
problema. Quando utilizados de forma apropriada, os OA‘s (Objetos de aprendizagem) facilitam e dinamizam
conteúdos considerados por muitos de difícil compreensão, (ex: matemática), pois os OA‘s disponibilizam
métodos capazes de minimizar a maioria dos problemas encontrados nos dias atuais por alunos e professores tais
como os citados anteriormente.Ressalta-se que os OA's são ferramentas disponibilizadas de forma gratuita (em
sua maioria) e que os mesmos são de fácil compreensão e manipulação. O OA será direcionado aos professores e
alunos do 2º ano do ensino fundamental e abordará conteúdos considerados complexos para assimilação dos
alunos. O projeto é orientado por processos da Engenharia de Software para aplicativos educacionais.
PALAVRAS-CHAVE: Objeto de aprendizagem (OA).Ensino e Aprendizagem. Ensino da Matemática.
INTRODUÇÃO: Sabemos que a matemática está presente em nosso meio nas mais diversas
situações, e que sua compreensão é de fundamental importância para o desenvolvimento de
cada indivíduo. No entanto, existem aspectos que dificultam esse processo de aprendizagem e
que nos levam a refletir sobre quais as possíveis causas acerca desse problema. Atualmente o
tema ―Dificuldades para aprender Matemática‖ tem sido motivo para encontros, fóruns,
palestras, debates e pesquisas para que se possa descobrir a gênese deste problema e alguns
questionamentos são recorrentes em meio a essas atividades, como: O que leva o aluno a não
conseguir aprender o conteúdo? Será que o professor utiliza a didática correta para o repasse
do conteúdo? Será falta de motivação por parte dos alunos? Entre outros questionamentos.
Ressalta-se que todas estas questões têm o mesmo objetivo que é o de encontrar soluções para
tais dificuldades.
Sanchez (2014) enumera cinco aspectos para a dificuldade de se aprender Matemática:
1 - Dificuldades em relação ao desenvolvimento cognitivo e à construção da
experiência matemática; desde as noções básicas, passando pelas operações até a
interpretação de problemas e o raciocínio lógico.
1 Acadêmicos III Semestre do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA.
2 Professora do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA, e orientadora do projeto.
99
2 - Dificuldades quanto às crenças, às atitudes, às expectativas e aos fatores
emocionais acerca da matemática. Estas questões podem gerar ansiedade e dificultar
o aprendizado.
3- Dificuldades relativas à própria complexidade da matemática, como seu alto nível
de abstração e generalização, a complexidade dos conceitos e algoritmos. Os
conceitos matemáticos são baseados na lógica, o que para muitos alunos é de difícil
compreensão.
4 - Podem ocorrer dificuldades mais intrínsecas, como bases neurológicas, alteradas.
Atrasos cognitivos generalizados ou específicos. Problemas linguísticos que se
manifestam na matemática; dificuldades atencionais e motivacionais; dificuldades
na memória, etc.
5 - Dificuldades originadas no ensino inadequado ou insuficiente, seja porque a
organização do mesmo não está bem sequenciado, ou não se proporcionam
elementos de motivação suficientes; seja porque os conteúdos não se ajustam às
necessidades e ao nível de desenvolvimento do aluno, ou não estão adequados ao
nível de abstração, ou não se treinam as habilidades prévias; seja porque a
metodologia é muito pouco motivadora e muito pouco eficaz.
São várias as dificuldades para o aprendizado da matemática, portanto não há somente
um processo para sua solução, dentre as cinco dificuldades citadas acima pelo autor, este
trabalho terá como foco a quinta citação de Sanchez (2014), que diz respeito a falta de
motivação como consequência da metodologia inadequada.
A matemática por sua vez, tem um papel fundamental no processo de
desenvolvimento intelecto social dos indivíduos, papel esse demonstrado pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN, Brasil, 1998), portanto sendo necessário que as dificuldades de
aprendizado sejam estudadas e que recursos para auxiliar nesta questão sejam priorizados.
(...) a matemática pode dar sua contribuição à formação do cidadão ao desenvolver
metodologias que enfatizem a construção de estratégias, a comprovação e
justificativa de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e
autonomia advinda da confiança na própria capacidade para enfrentar desafios.
A tecnologia ajuda a suprir várias necessidades do ser humano nos dias atuais, tais
como nas áreas de comunicação, entretenimento e educação o uso da tecnologia na educação
vem se firmando nos últimos anos, como ferramenta imprescindível para o desenvolvimento
desta, podendo-se identificar o uso da mesma em vários setores do processo educativo e com
forte presença no processo de ensino pedagógico nos quais professores associam seu uso em
tarefas como: a tabulação de dados através do uso de computadores e softwares específicos, a
apresentação de conteúdos com o uso de projetores, até mesmo no uso de lousas com
tecnologias modernas que permitem o professor interagir com o conteúdo assim dinamizando
a apresentação e tornando as aulas mais atraentes e motivadoras.
100
De acordo com Ventavoli (2011), ―na educação o computador pode trazer muitos
benefícios, pode aumentar o potencial criativo e garantir mais autonomia a professores e
alunos, portanto, a escola não pode deixar de proporcionar a seus alunos o acesso a
tecnologia‖.
MÉTODO: No decorrer dos anos surgiram inúmeras formas para que se enfrentem as
dificuldades existentes no processo de ensino e de aprendizagem de alunos em geral.
Contudo, a grande maioria das maneiras encontradas para suprir estas necessidades parte do
pressuposto de que devem ser adotados caminhos que ajudem a desenvolver tais habilidades
em cada aluno, assim contribuindo para sua evolução acerca do conteúdo estudado pelo
mesmo. Em resumo, deve-se desenvolver métodos para auxiliar o processo e que segundo
Rangel (2005, p.13), ―método é caminho, é opção por um trajeto até o alcance de objetivos
que se sintetizam na aprendizagem‖. Uma ferramenta de aprendizagem pode enquadrar-se
como um ―método‖ adotado para auxiliar no processo de ensino aprendizagem.
Segundo Valente (1991) ―o computador pode ser usado na educação como máquina de
ensinar ou como ferramenta‖. Porém o mesmo precisa de ―softwares‖ para controlar o seu
funcionamento, que podem ser na forma de Objetos de Aprendizagem. Os Objetos de
Aprendizagem (OA‘s) se enquadram no conceito de ―softwares aplicativos‖ que devem ser
instalados em um computador, ou disponibilizados na internet para que o usuário tenha acesso
a seus recursos.
É fato que com o uso do computador se torna possível a informatização de métodos
tradicionais de ensino e instrução e que além disso, esta ferramenta pode ser utilizada para
criar e aprimorar ambientes nos quais os alunos por sua vez poderão interagir com os (OA‘s)
Objetos de Aprendizagem, assim tendo a oportunidade de construir seu próprio conhecimento.
Para Sosteric e Hesemeier (2002), ―Objetos de Aprendizagem são arquivos digitais
(Jogos, textos, filmes, por exemplo) que podem ser utilizados para fins educacionais e que
incluem, internamente ou através de ligação, sugestões sobre o contexto apropriado no qual
deve ser utilizado‖.
De acordo com Tarouco, Fabre e Tamusiunas (2003), "Objetos educacionais podem
ser definidos como qualquer recurso, suplementar ao processo de aprendizagem, que pode ser
reusado para apoiar a aprendizagem".
E segundo Pereira; Passos (2015):
[...] importante dos OA é que eles possuem exemplos práticos, pois estes exemplos
permitem uma aprendizagem mais interativa através de ferramentas que suportam a
101
exploração, a manipulação, a investigação, a construção de soluções ou a
visualização de componentes gráficos, o que facilita a contextualiza dos conceitos
explorados, tornando os conceitos teóricos mais concretos e sem a necessidade de
realizar somente a memorização dos conceitos.
A metodologia utilizada para o presente projeto inclui o desenvolvimento de um
Objeto de Aprendizagem, baseado nas necessidades identificadas para os alunos do 2º ano do
ensino fundamental. O aplicativo vai ter como base princípios da Engenharia de Software
para construção de sistemas educativos. Para isto será realizado um levantamento das
necessidades dos alunos. A partir destas informações será desenvolvido um protótipo para que
os alunos possam identificar o que pode ser melhorado e então será desenvolvido o OA para
depois ser testado pelos alunos. Será feito um acompanhamento do uso do OA, para que se
possa avaliar sua eficiência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: É evidente a importância de ferramentas educacionais no
processo de ensino aprendizagem, pois através destas a interação do usuário com o conteúdo
torna-se mais atraente e envolvente, pois as ferramentas educacionais podem ser
desenvolvidas utilizando contextos e/ou conteúdos lúdicos, com uso de imagens, vídeos e
entre outros, que se assimilam ao cotidiano do usuário.Porém, o que deve ser exaltado como
fator principal nas ferramentas educacionais, é seu objetivo final, que é o de colaborar com o
processo de ensino e aprendizagem do usuário assim aprimorando e desenvolvendo novas
habilidades ao usuário.
Em estudo iniciais sobre o desenvolvimento e aplicação de OA para o ensino da
matemática, observou-se que existem muitos aplicativos direcionados para oconteúdo desta
disciplina, porém, o que se propõe neste trabalho é desenvolver um conteúdo específico para
alunos que acompanharão o desenvolvimento do AO, sendo este um diferencial para este
trabalho.
Espera-se que os conteúdos considerados bastante complexos pelos alunos possam ser
assimilados de forma mais natural e prazerosa.
REFERÊNCIAS:
TAROUCO, Liane Margarida Rockenbach; FABRE, Marie-Christine JM; TAMUSIUNAS,
Fabrício Raupp. Reusabilidade de objetos educacionais. RENOTE 1.1 (2003). Disponível
em: <http://www.seer.ufrgs.br/renote/article/view/13628/0>. Acesso em: 17 de Setembro de
2016.
102
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Fundamental - Matemática - Ministério da Educação e do Desporto - Secretária de
Educação Fundamental. Brasília: 1998.
PEREIRA, Lucimar Barbosa; PASSOS, Marize Lyra Silva. Objetos de aprendizagem como
recursos didáticos na disciplina de Matemática para o 5º ano do ensino
fundamental. Anais do Encontro Estadual de Política e Administração da Educação-
ANPAE-ES, n. 1, 2015. Disponível em:<http://www.sied-
enped2014.ead.ufscar.br/ojs/index>. Acesso em: 19 de maio de 2016
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SANCHEZ, JesúsNicasio Garcia. Dificuldades de aprendizagem e intervenção
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first step towards a theory of learning objects. International Review of Research in
Open and Distance Learning. [S.1:s.n], v.3, n.2, out. 2002. Disponível em:
<http://www.irrodl.org/content/v3.2/soches.html>. Acesso em: 02 abril 2016.
VALENTE, José Armando. Liberando a mente: computadores na educação especial.
1991. Disponível em: <http://www.sidalc.net/cgi-
bin/wxis.exe/?IsisScript=BCUNA.xis&method=post&formato=2&cantidad=1&expresion=mf
n=002680>. Acesso em: 20 setembro 2016.
VENTAVOLI, Fabíola M. A. Informática na educação. 2011. Disponível em:
<http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1409#.VwAuo0AdMdV>.
Acesso em: 02 abril 2016.
103
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Ana Raquel Silva Monteles
1
Beatriz da Cunha Portela¹
Isabel Alcina Soares Evangelista2
RESUMO: Este artigo faz uma abordagem das práticas pedagógicas adotadas na educação infantil. Tem como
objetivo principal mostrar as grandes inovações que o mundo educacional trás para o aprendiz, destacando
métodos de ensinos eficazes e mais prazerosos para uma melhor qualidade de ensino. Para isso são apresentadas
algumas técnicas de ensino que podem ser utilizadas como um auxílio para o docente tornar mais efetivo o seu
modo de educar, através dos três pilares da educação. Os resultados obtidos através de uma pesquisa de campo
permitiram verificar formas mais eficazes de proporcionar um bom ensino-aprendizagem, em que o professor
deve está aberto a um leque de opções metodológicas para ensinar o educando, pois, não se pode limitar a
capacidade de aprendizagem do aluno usando um único método de forma incoerente, a saber disso, o professor
deve está sempre inovando, visto que, cada um de nós temos uma forma de obter conhecimento. Seja por meio
da ludicidade, meio social e interativo, mas, deve está voltado para os três pilares da educação infantil: educar,
cuidar e brincar.
PALAVRAS-CHAVE: práticas pedagógicas. educar. educação infantil.
ABSTRACT: This article is an approach to teaching practices in early childhood education. Its main objective is
to show the great innovations that the educational world back to the learner, highlighting methods of effective
teaching and more enjoyable for better quality education. For this are some teaching techniques that can be used
as an aid for teaching make more effective their way to educate, through the three pillars of education. The
results obtained through field research allowed to verify the most effective ways to provide good teaching and
learning, where the teacher must be open to a range of methodological options to teach the student, because it
can not limit the learning capacity student using a single method inconsistently, to know that the teacher is
always innovating, since each of us have a way to get knowledge. Whether through playfulness, social and
interactive medium, but it should face the three pillars of early childhood education: to educate, care for and play
with.
KEYWORDS: pedagogical practices. to educate. child education.
INTRODUÇÃO: Com as diversas transformações ocorridas no âmbito social e a necessidade
de mudanças nas práticas pedagógicas que estão ultrapassadas, emerge a importância que tem
a Educação Infantil na formação do cidadão, com isso este trabalho visa identificar os
métodos de ensino que torna mais produtivo e proveitoso o meio de aprendizagem da criança.
Trabalhando formas mais eficazes de proporcionar um bom ensino-aprendizagem, em que o
professor deve está aberto a um leque de opções metodológicas para ensinar o educando, pois,
não se pode limitar a capacidade de aprendizagem do aluno usando um único método de
forma incoerente, a saber disso, o professor deve está sempre inovando, visto que, cada um de
nós temos uma forma de obter conhecimento. Seja por meio da ludicidade, meio social e
1 Acadêmicas do curso de Pedagogia: Ana Raquel Silva Monteles e Beatriz da Cunha Portela
2 Orientadora: Ms. Isabel Alcina Soares Evangelista / [email protected] UNIVERSIDADE LUTERANA DO
BRASIL/ CAMPOS SANTARÉM/PA
104
interativo, mas, deve está voltado para os três pilares da educação infantil: educar, cuidar e
brincar.
DESENVOLVIMENTO: As práticas pedagógicas na educação infantil é um assunto que nos
leva a inovações, ou seja, diversas formas de aplicar conteúdos com clareza, para
disponibilizar um melhor desempenho para os alunos. Lidar com educação infantil não é
nada fácil. Além de ser trabalhoso tem que ter cuidado com os pequenos alunos. Entretanto,
achar que a criança não tem capacidade de desenvolver habilidades, passando atividades
repetitivas o que não é recomendado, pois, a criança tende a se tornar um ser não pensante e
incapaz de refletir. Logo, é necessário, ter um olhar cuidadoso em relação a isso, adotar várias
práticas para tornar o ensino interessante e mais eficaz.
É importante falar sobre as práticas pedagógicas, porque, é um exercício de
aprendizagem constante, não se prende em uma perspectiva repetitiva, onde o docente tem
uma visão fragmentada do conhecimento , ou seja, limitando a capacidade intelectual das
crianças. No entanto, o docente precisa adotar um modelo reflexivo, no qual irá permitir que
ele reflita criticamente sobre seu modo de educar. Ghedin (2006) aponta que a prática do
professor atravessa por caminhos de duas vias, do real ao ideal. A primeira é quando o
professor planeja agir de determinada maneira e a segunda é quando o agir se concretiza. Ou
seja, o plano ideal passa a ser vivenciado e concretizado no plano real quando o professor tem
consciência desse processo e quando a prática dele tem como finalidade a reflexão
crítica. Para que haja uma superação dos modelos repetitivos é necessário haver uma mudança
no modo de pensar do professor, pois, é importante refletir e inovar seu modo de educar de
maneira eficaz, lúdica e prazerosa. O ambiente, a organização do espaço influencia bastante
para um ensino satisfatório.
MÉTODOS E INSTRUMENTOS: A pesquisa a seguir caracteriza-se por um estudo
bibliográfico, como forma de subsidiar as ideias nela desenvolvidas. Segundo Prestes (2008,
p.26), ―a pesquisa bibliográfica é aquela que busca adquirir conhecimentos a partir de
informações provenientes de materiais gráficos ou de outras fontes‖. Kant, afirma que: "Sou,
por meu gosto pesquisador. Experimento toda a sede de conhecer e a ávida inquietude de
progredir, do mesmo modo que a satisfação que toda aquisição proporciona." Desta forma, as
práticas pedagógicas na educação são indispensáveis, pois, o professor terá diversas
alternativas através de buscas para ensinar os alunos com atividades interativas,
oportunizando para as crianças o melhor desenvolvimento. Juntamente com uma pesquisa de
105
campo direcionada a entrevistas com professores da educação infantil de determinada escola.
Desta forma, este estudo proporcionará descobertas, em relação as prática pedagógicas na
educação infantil.
Local da pesquisa: numa escola de ensino infantil.
População Alvo: Alguns professores.
Instrumentos de dados: questionário, entrevista e pesquisas.
RESULTADOS E DISCURÇÕES: As situações educativas vivenciadas pelo educando na
escola e o tratamento por ele recebido das pessoas envolvidas serão muito importantes na
formação do conceito de si mesmas. Por isso, que escola precisa ter propostas pedagógicas,
que possibilitem a aprendizagem dos alunos. Educar, significa, proporcionar a criança tempo,
espaço, vivências de formas e natureza diversas, por meio de recursos como ludicidade,
oportunidades de expressão e representação que potencializem a capacidade de a criança
reconhecer-se como sujeito, de estar com as outras pessoas, convivendo e aprendendo com a
diversidade sociocultural. Portanto, as práticas pedagógicas na educação infantil são
indispensáveis e devem ser inovadoras, voltadas para o educar, cuidar e brincar.
CONCLUSÃO: Portanto, é importante falar das práticas pedagógicas na educação Infantil,
pois, através de inovações se faz grandes descobertas. É preciso haver compromisso e
disposição de cada professor que optou pela área da educação infantil. Tornar de suas aulas
um momento muito agradável, interessante e lúdico é essencial. Deste modo, é possível ver a
importância das práticas pedagógicas que não é limitada, mas, ampla e deve ser inovada.
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2002.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M.Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
MINAYO, M.C. de S. (Org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 22 ed. Rio de
Janeiro: Vozes, 2003.
PRESTES, M. L. M. A pesquisa e a construção científica: do planejamento aos textos da
academia. São Paulo: Rêspel, 2008.
Rau, Maria Cristina Trois Dorneles Educação Infantil: práticas pedagógicas de ensino e
aprendizagem [livro eletrônico / Maria Cristina T. Dorneles Rau.–Curitiba/PR: interSaberes,
2012. –(Série Metodologias) 2 Mb; PDF, 1ª edição, 2012.
106
ASSESSORIA JURÍDICA UNIVERSITÁRIA POPULAR NA AMAZÔNIA: A EDUCAÇÃO JURÍDICA AO LADO DOS OPRIMIDOS
Evanderson Camilo Noronha1
Lincon Aguiar2
RESUMO: Busca-se apresentar a Assessoria Jurídica Universitária Popular (AJUP) como uma prática de
extensão universitária inovadora que pode contribuir para a ampliação do acesso das pessoas mais pobres ao
Poder Judiciário, principalmente daquelas que moram mais afastadas dos centros urbanos e que têm seus modos
de vida ameaçados pela construção de diversos megaprojetos planejados para a região amazônica e na sua
constante luta por autonomia, pela manutenção de seus modos de vida particulares e pelo reconhecimento de suas próprias formas de resolução de conflitos. Para tanto, procura-se expor o contexto da educação jurídica no
país, e a dificuldade de acesso ao serviço jurídico pelas pessoas que não podem pagar pelos honorários de um
advogado. Analisa-se a origem da AJUP e sua ligação com a educação popular e a pedagogia emancipatória
desenvolvida por Paulo Freire. Posteriormente, procura-se demonstrar como deve ser a atuação dessa prática de
extensão universitária.
INTRODUÇÃO: Na região amazônica, assim como no Brasil, não são poucas as instituições
de ensino superior que oferecem o tradicional curso de Direito. Em igual escala é a demanda
estudantil por essa graduação que figura entre as mais concorridas do país, inobstante o
grande número de vagas. Anualmente, milhares de novos juristas são formados e se juntam a
um grande contingente existente no mercado (FREITAS, 2015).
Em 2013, no Brasil contava‐ se com cerca de 1.200 (mil e duzentos) cursos de Direito
e aproximadamente 800.000 (oitocentas mil) matrículas (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO,
2013). Entre 2001 e 2011, por exemplo, saiu‐ se de 505 para 1.121 cursos (TAGLIAVINI,
2013, p. 21), isto é, um aumento superior a 120 %.
Conforme dados divulgados, em 2010, por Jefferson Kravchychyn, membro do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), haviam no Brasil mais de três milhões de bacharéis não
inscritos nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB, 2010), que segundo Arruda
Junior (1993, p. 40), parafraseando Marx, formam um ―exército de bacharéis de reserva‖,
correspondente à força de trabalho que excede as necessidades da produção e do mercado.
Em contrapartida, ainda se vive em um cenário em que a Justiça estatal mostra-se
inacessível a parte da população e mais próxima daqueles que possuem um maior poder
aquisitivo. As classes menos abastadas tem grande dificuldade de acessar esse instrumento
legitimador de decisões que podem mudar suas vidas.
1 Bacharelando em Direito pelo Programa de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Oeste do Pará.
Membro do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular (NAJUP) Cabano. E-mail: [email protected]. 2 Bacharelando em Direito pelo Programa de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Oeste do Pará.
Membro do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular (NAJUP) Cabano. E-mail: [email protected].
107
No caso amazônida, as populações tradicionais que se encontram afastadas dos
grandes centros populacionais têm seus direitos constantemente tolhidos pela necessidade de
novos espaços para a reprodução do capital. Projetos hidrelétricos, portuários, rodoviários,
ferroviários, minerários, agropecuários têm alterado drasticamente a rotina de pescadores,
agricultores, extrativistas, indígenas e quilombolas, entre outros povos e comunidades
tradicionais.
A Assessoria Jurídica Universitária Popular (AJUP) emerge nesse cenário como uma
alternativa possível para ampliar o acesso à justiça dessas pessoas. Essa prática de extensão
universitária
consiste no trabalho desenvolvido por advogados populares, estudantes, educadores,
militantes dos direitos humanos em geral, entre outros; de assistência, orientação
jurídica e/ou educação popular com movimentos sociais; com o objetivo de
viabilizar um diálogo sobre os principais problemas enfrentados pelo povo para a
realização de direitos fundamentais para uma vida com dignidade, e a sua
efetivação; seja por meio dos mecanismos oficiais, institucionais, jurídicos,
extrajurídicos, políticos, ou por meio da conscientização (RIBAS, 2008, p. 4-5).
Este trabalho objetiva demonstrar que a AJUP pode ser um instrumento dos povos
amazônicos a ser utilizado para a preservação de suas culturas e de seu modo de vida; na luta
contra a expansão de megaempresas nacionais e internacionais que almejam lucrar com as
riquezas naturais dessa região, independente da importância que estas possuem para as
pessoas que se reproduzem física, social e culturalmente em meio a rios, igarapés, florestas,
cachoeiras e serras da Amazônia. Além disso, espera-se que os graduandos do curso de
Direito, a partir das experiências vividas com a AJUP, formem-se profissionais engajados
com os problemas sociais amazônicos e comprometidos com a utilização de seus
conhecimentos para a redução das desigualdades.
MÉTODO; Este trabalho foi produzido através de uma pesquisa de natureza básica, com
abordagem qualitativa das variáveis e com procedimento de pesquisa de levantamento
bibliográfico de obras acerca da Assessoria Jurídica Universitária Popular, do pensamento
jurídico crítico, da educação popular e com auxílio das experiências pessoais dos autores com
as populações amazônicas. Vale ressaltar que com ―populações amazônicas‖, pretende-se
englobar, principalmente, as pessoas que vivem mais afastadas dos centros populacionais,
todavia não se excluem aquelas que vivem marginalizadas nos centros urbanos por não se
adaptarem ao modo de vida exigido pela cidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Assessoria Jurídica Universitária Popular (AJUP)
difere-se de muitas outras práticas jurídicas que surgem com a ideia de auxiliar as pessoas
108
sem condição financeira de pagar um advogado porque não limita sua visão a um
assistencialismo imediato e passageiro em troca do ganho de experiência jurídica necessária
para a formação do acadêmico de direito.
A AJUP objetiva romper esse tratamento em que as lides dessas pessoas com baixo
poder econômico são objeto de estudo dos universitários para tornar os próprios demandantes
sujeitos de direitos, em uma ação que pretende se tornar contínua. Além disso, pretende
capacitar as lideranças comunitárias, sindicais ou de associações, a fim de que elas
possibilitem seus representados a tornarem-se protagonistas de suas lutas, não apenas jurídica,
mas também política.
A origem desse projeto de extensão universitária está, como afirma Ribas (2008),
associada à atuação de movimentos sociais e à busca por um novo olhar jurídico, mais crítico,
oposto ao tradicional que favorece aqueles com grande poder econômico e mais próximo da
parte mais oprimida da população.
A AJUP encontra-se, também, intimamente ligada à educação popular, que tem como
um de seus baluartes a figura de Paulo Freire. A sua pedagogia emancipatória serve de
inspiração na práxis metodológica adotada pelas AJUPs, uma vez que um dos objetivos que
tem esses núcleos é democratizar o Direito às classes excluídas socialmente através de uma
linguagem simples, isto é, por metodologias dialógicas, ―bem como propiciar uma educação
jurídica popular, que recai na ideia de uma educação para a cidadania‖ (PEREIRA, 2011, p.
156).
Para Freire (2006, p. 68), ―a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que
não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a
significação dos significados‖, desta maneira a ―função‖ do educador deve(ria) ser a de
―problematizar aos educandos o conteúdo que os mediatiza, e não a de dissertar sobre ele, de
dá-lo, de estendê-lo, de entregá-lo, como se se tratasse de algo já feito, elaborado, acabado,
terminado‖ (FREIRE, 2006, p. 69-70).
Considerando o direito como parte da ideologia dominante na sociedade, a educação
popular, no âmbito da assessoria jurídica popular, desmascara a repressão estatal, escancara a
existência do embate de classes e o uso do direito hegemônico como um mantenedor do status
quo, para a partir destas constatações e da sua prática inovadora, conceber novas concepções
de direitos, críticos, contra hegemônicos, ou seja, direitos que buscam a libertação social.
Uma nova percepção jurídica se faz necessária na Amazônia. As comunidades
amazônicas possuem uma das mais ricas sociodiversidades do planeta. Os povos tradicionais
dessa região reproduzem tradições criadas há séculos por seus ancestrais: o modo de arar a
109
terra, de pescar, de fazer comida, de tratar dos doentes, de cantar canções, de fazer rituais, de
adorar divindades, de dançar, etc. Possuem também seus próprios modos de resolver os
conflitos dentro de suas comunidade, que são comumente aceitos pela maioria, uma vez que
as decisões, se não são coletivas (como na maioria dos casos), são proferidas por líderes que
presenciam a realidade local e foram de alguma forma legitimados para tal.
Tais formas de resolução de conflitos são muitas vezes ignoradas pelo Poder Judiciário
em suas decisões nos conflitos comunitários. Por vezes valores opostos aos locais são
considerados mais importantes. Por isso, a AJUP não almeja com a ampliação do acesso à
justiça apenas o acesso ao Poder Judiciário. Nessa seara, inclui-se o reconhecimento e a
validação dos instrumentos criados pela própria comunidade e uma reformulação dos meios
empregados pela sistema judicial tradicional, para que o poder decisório não necessariamente
esteja centralizado nas mãos dos juízes e/ou tribunais. Portanto, pretende-se primar por um
direito plural, que reflita em suas estruturas a pluralidade das relações existentes na sociedade.
CONCLUSÃO: A opção pela extensão é política, mas não inoportuna, pois não há prática
educacional neutra, nem prática política por si mesma. Portanto, o educador precisa se
questionar a favor do que e de quem está a serviço, por conseguinte, contra o que e quem
necessita lutar. As respostas a esses questionamentos podem representar uma escolha pela
transformação social.
A extensão universitária popular, aqui representada pelas AJUPs, traz a dimensão
transformadora na perspectiva acadêmica, dinamizando-a, ao oferecer outros espaços além do
escritório-modelo, bem como possibilita o confronto do estudante com as desigualdades
sociais, colocando-os a reavaliar-se constantemente como ser humano. Portanto, se mostra
como um meio hábil de renovação epistemológica para o Direito e para a conquista do espaço
universitário pela comunidade.
O Direito não deve ser um ente distante e inatingível para a maioria das pessoas. O
direito a ter direitos deve permear o dia-a-dia dos seres humanos, ou seja, deve ser valorizado
e estar presente no cotidiano dos homens e não apenas em momentos de conflitos, de extrema
necessidade, de violência exacerbada, de flagrantes injustiças ou mostrar-se somente para uma
pequena parcela privilegiada da população.
Para que o direito exista de fato para todos e o tempo todo, os estudantes e
profissionais das diversas áreas jurídicas precisam agir e interferir diretamente para que isso
aconteça. Não devendo apenas esperar pelo Estado, mas realizar um trabalho de facilitação da
110
criação de uma nova cultura e de outras práticas jurídicas, isto é, a luta emancipatória não
deve dar-se apenas por meios institucionais.
Já está na hora de sairmos do isolamento e entrarmos em contato com o mundo real,
com as/os marginalizadas/os, as/os excluídas/os, as/os diferentes, buscando a transformação
da realidade social e a humanização do direito pela aquisição da sensibilidade, da
solidariedade e da alteridade.
REFERÊNCIAS
RIBAS, Luiz Otávio. Assessoria jurídica popular universitária. Captura críptica: direito,
política e atualidade. Florianópolis, v. 1, n. 1, jul./dez. 2008.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
FREITAS, Vladimir Passos de. Excesso de faculdades de Direito implode o mercado de
trabalho. Consultor Jurídico, 6 de setembro de 2015. Disponível em:
<http://www.conjur.com.br/2015-set-06/segunda-leitura-excesso-faculdades-direito-
implodem-mercado-trabalho?imprimir=1> Acesso em: 17/09/2016.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. MEC e OAB assinam acordo para aprimorar cursos de
direito. Brasília, 2013. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=18533:mec-e-oab-assinam-acordo-
para-aprimorar-cursos-de-direito>. Acesso em: 02 fev. 2016.
PEREIRA, Helayne Candido. Assessoria jurídica universitária popular - AJUP: Aportes
históricos e teórico-metodológicos para uma nova práxis extensionista em direito. Revista
Direito & Sensibilidade. Vol. 1, nº. 1, p. 145-159, 2011.
OAB. Brasil, sozinho, tem mais faculdades de Direito que todos os países. Disponível em:
<http://www.oab.org.br/noticia/20734/brasil-sozinho-tem-mais-faculdades-de-direito-que-
todos-os-paises>. Acesso em: 14 de janeiro de 2016.
TAGLIAVINI, João Virgílio. Aprender e Ensinar Direito: para além do direito que se ensina
errado. São Carlos/SP: Edição do Autor, 2013.
111
AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO EM TRÊS PROFUNDIDADES, SOBRE DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS EM LATOSSOLO AMARELO MUITO ARGILOSO DO OESTE PARAENSE
Greice Kelly Seben1
Raimundo Cosme de Oliveira Junior2
Celso Shiguetoshi Tanabe3
Alessandra Damasceno da Silva4
RESUMO: A temperatura do solo está relacionada com os processos de interação solo-planta. Devido à
importância da temperatura do solo para os vegetais, objetivou-se estudar a temperatura do seu perfil em
diferentes profundidades em solo nu e com duas densidades de cobertura vegetal, sendo uma com lavoura de
soja e outra com capoeira (testemunha). O experimento foi instalado e conduzido na propriedade do Sr.
Edmundo Germano Hermes (Fazenda Mato Grosso) localizada no Km 04, Mojuí dos Campos, Rodovia PA 445.
Foram instalados termopares no perfil do solo, nas profundidades de 5, 15 e 30 cm. Pelos resultados obtidos,
concluiu-se que, quanto maior a densidade de cobertura morta sobre o solo, menor é a variação da temperatura
no seu perfil e a temperatura do solo na profundidade de 30cm mostrou-se estável nas três situações, tanto em
solo nu como sob o solo com cobertura vegetal .
PALAVRAS-CHAVE: temperatura do solo, solos tropicais, Amazônia.
INTRODUÇÃO: A temperatura do solo está relacionada com os processos de interação solo-
planta (GASPARIN et al., 2005). Além de armazenar e permitir os processos de transferência
de água, solutos e gases, o solo também armazena e transfere calor através de suas
propriedades térmicas e pelas condições meteorológicas que, por sua vez, influenciam todos
os processos químicos, físicos e biológicos (SOUZA et al., 1996). A variação energética,
expressa pelo aumento ou redução da temperatura do solo, exerce grande influência biológica,
regulando processos como a germinação de sementes, crescimento do sistema radicular,
absorção de água e nutrientes, entre outras (MARIN et a., 2008). Hillel (1998), ressalta que há
influências externas que também interferem na temperatura do solo, como a localização
geográfica, a declividade, a cobertura vegetal, as chuvas, os períodos secos e a ação humana.
A soja é pertencente à família das leguminosas e tem importância significativa para a
economia nacional, sendo um dos principais produtos agrícolas de exportação e geração de
divisas (CUNHA & BERGAMASCHI, 1992). No entanto, a semeadura da soja não deve ser
realizada quando a temperatura do solo estiver abaixo de 20 ºC, pois prejudica a germinação e
1 Eng. Agríc. Esp. Segurança no Trabalho; Escola Técnica de Itaituba - EETEPA.
2 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
3 Eng. Agric. Msc. em Engenharia Agrícola; Centro Universitário Luterano de Santarém– CEULS/ ULBRA.
4 Eng. Agríc. Msc. em Rec. Nat. da Amazônia; Centro Universitário Luterano de Santarém– CEULS/ ULBRA.
112
a emergência. A faixa de temperatura do solo adequada para semeadura varia entre 20 e 30ºC,
sendo 25ºC a temperatura ideal para uma emergência rápida e uniforme (EMBRAPA, 2004).
Santos (2008), menciona que a superfície do solo, com ou sem cobertura vegetal, é a principal
trocadora e armazenadora de energia térmica nos ecossistemas terrestres, porém o uso de
cobertura sobre o solo pode alterar consideravelmente os comportamentos diários de sua
temperatura. A cobertura funciona como proteção, reduzindo a amplitude de temperatura e,
por consequência, diminuindo a evaporação (FURLANI et al., 2008). Durante o período
diurno o perfil do solo atua como um reservatório de calor e à noite em virtude da perda de
radiação pela superfície do solo, transforma-se numa fonte de energia liberando-a para as
camadas superiores (VIANELLO & ALVES, 1991). As práticas de manejo das culturas
podem alterar significativamente o regime de temperatura do solo, visto que, os resíduos
vegetais deixados na superfície em sistemas conservacionistas agem como atenuadores da
amplitude térmica (WILLIS & AMEMIYA, 1973). De acordo com Voos & Sidiras (1985), a
cobertura vegetal no solo contribui para o fornecimento de matéria orgânica, que se constitui
em um reservatório importante de nutrientes para os microrganismos e plantas, colabora com
o aumento do teor de água no solo e diminui as variações das geotemperaturas. As coberturas
são capazes de modificar o regime térmico dos solos, tanto aumentando quanto diminuindo a
temperatura. Normalmente, o material de cobertura cria uma camada isolante que reduz a
amplitude térmica diária (MARIN at al., 2008). Sendo assim, o objetivo deste estudo foi
avaliar as variações na temperatura do solo, em três profundidades, sobre diferentes
coberturas vegetais em um Latossolo amarelo muito argiloso no oeste paraense.
MÉTODO: O experimento foi conduzido na Fazenda Mato Grosso, localizada no município
de Mojuí dos Campos (PA), com localização geográfica 02° 01‘ 00‘‘ S e 54° 08‘ 34 O, Km
04, da PA-445. Caracterizada pelo clima quente e úmido, a região possui temperaturas médias
de 28 °C, sendo que a precipitação pluviométrica média na região fica em torno de 2.000 mm,
com a ocorrência de dois períodos nítidos de chuva, sendo de dezembro a junho, o mais
chuvoso (70% da precipitação anual) e os demais mais secos. O solo é classificado como
Latossolo Amarelo muito argiloso (OLIVEIRA JUNIOR et al., 2001). O experimento foi
realizado em solo com duas densidades de cobertura, sendo um cultivo de soja, com a
variedade Tracajá e outra área de capoeira (testemunha). A temperatura do solo foi medida
por meio da inserção de quatro termopares nas profundidades de 5, 15 e 30 cm com cinco
repetições em cada área. A escolha destas profundidades foi devido às plantas da região
possuírem sistema radicular mais concentrado nessas profundidades. Foram realizadas leituras
113
das 8 às 11h, com intervalos de uma hora. Na área de plantio da soja, os dados foram
coletados em três épocas distintas sendo, de preparo do solo, aos 30 dias após o plantio e duas
semanas antecedendo a colheita. Os valores da temperatura do solo foram comparados, tendo
a capoeira como testemunha, possibilitando melhor entendimento sobre a variação das
mesmas nas suas diversas coberturas vegetais. Os dados foram analisados estatisticamente,
por meio do teste T, com nível de significância de 5% para avaliação dos dados, utilizando-se
do software Statistic 8.0 (Statsoft Inc.).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conforme análise dos resultados obtidos, verificou-se que
a temperatura do solo varia em função da profundidade e condição de cobertura sobre o solo,
conforme a tabela 1. Na fase inicial (soja 01) das determinações, quando o solo estava sendo
preparado para o plantio, apresentou temperaturas elevadas, em torno de 30°C, devido,
principalmente, a pouca proteção oferecida pela cultura na fase inicial, no desenvolvimento
vegetativo. Estatisticamente, não houve diferenças entre os três estágios da cultura de soja. Do
mesmo modo, não houve diferenças entre as 3 profundidades neste estágio.
Tabela 1– Média de temperatura do solo dos 3 períodos na cultura
da soja em três produndidades.
Profundidades (cm)
5 15 30
Soja 1 30,10 ± 0,50 aA 30,1 ± 0,50 aA 30,1 ± 0,50 aA
Soja 2 28,77 ± 0,75 bA 29,69 ± 0,50 bB 29,99 ± 0,46 aC
Soja 3 25,50 ± 0,37 cA 26,58 ± 0,84 cA 26,87 ± 0,43 bB
Capoeira 26,06 ± 0,71 dA 26,27 ± 0,53 cA 26,32 ± 0,28 cA Letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente. Significativo ao nível de
5% de confiança (0,01=<p<0,5). Fonte: Autora.
No estágio 2 (soja 2), as temperaturas nas profundidades de 5 e 15 cm apresentaram variação
estatisticamente diferente. A temperatura na profundidade de 30 cm se manteve estável em
relação ao primeiro estágio da cultura. Na profundidade de 30 cm, a cobertura proporcionada
pela cultura ainda é insuficiente para permitir uma variação na temperatura do solo. Quando
se avaliaram as 3 profundidades estudadas, houve diferenças significativas entre as mesmas.
No terceiro estágio tornou-se evidente que a média de temperatura tenha sido mais baixa do
que nos dois primeiros, pois as plantas já apresentavam área foliar suficiente para causar um
sombreamento em relação ao solo, além de manter a umidade do solo nestas profundidades.
Todas as profundidades, neste estágio, foram significativamente diferentes das temperaturas
114
dos estágios anteriores. Nas profundidades de 5 e 15 cm não apresentaram diferenças entre si,
inferindo-se que o desenvolvimento da cultura já influenciou a diminuição da temperatura na
profundidade de 5 cm. Na cobertura de capoeira, onde se verificaram os valores mais baixos
de temperatura do solo, não houve variação entre as três profundidades analisadas. Contudo,
os valores percentuais das temperaturas nesta cobertura do solo foram diferentes daquelas
verificadas na cultura, em todas as profundidades, somente não sendo significativa na
profundidade de 15 cm durante o estágio 3. Avaliando o efeito do percentual de cobertura do
solo pelas plantas, vários autores (Eltz & Rovedder, 2005; De Maria, 2000 e Derpsch et al.,
1985) encontraram diminuição da temperatura do solo com o aumento da cobertura, fato este
também evidenciado neste trabalho, onde a redução da temperatura do estágio 1 para o estágio
3 foi de 15% na profundidade de 5 cm, 12% na profundidade de 15 cm e de 11% na
profundidade de 30 cm. Comparando-se a temperatura do plantio de soja (estágio 1 e 2) com
os valores de temperatura na capoeira, verificou-se diminuição no segundo, em virtude,
principalmente, da maior área foliar, limitando a entrada de raios solares que aquecem o solo.
CONCLUSÃO: As coberturas vegetais influenciam na temperatura do solo, quanto maior a
densidade de cobertura vegetal, menor é a temperatura no perfil. Em solo nu a temperatura
média é maior nas pequenas profundidades, já nos solos com cobertura vegetal (soja), a média
de temperatura varia um pouco devido ao sombreamento das plantas. Na cobertura de
capoeira, a temperatura se mantém com poucas variações em todas as profundidades. As
variações na umidade e temperatura do solo tendem a diminuir com o aumento da
profundidade de amostragem.
REFERÊNCIAS:
CUNHA, G. R. & BERGAMASCHI, H. 1992. Efeitos da disponibilidade hídrica sobre o
rendimento das culturas. In: BERGAMASCHI, H. (coord.). Agrometeorologia aplicada à
irrigação. Porto Alegre: Ed. da UFRGS. p. 85-97.
DE MARIA, I. C. Plantio direto. Centro de Solos e Recursos Agroambientais.
DERPSCH, R. et a. Manejo do solo com coberturas verdes no inverno. Revista Agropecuária
Brasileira, Brasília, v.20, p.761-73, 1985.
ELTZ, F. L. F. & ROVEDDER, A. P. M. Revegetação e temperatura do solo em áreas degradadas
no sudoeste do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrociências, v.11 (2):193-200, abr.-
jun. 2005.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Tecnologias de Produção de Soja
Região Central do Brasil. 2004. Embrapa soja: 2004.
115
FURLANI, C. E. A. et al. Temperatura do solo em função do preparo do solo e do manejo da
cobertura de inverno. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 32: 375-80, 2008.
GASPARIM, E. et al. Temperatura no perfil do solo utilizando duas densidades de cobertura e
solo nu. Acta Scientiarum, v. 27, p. 107-15, 2005.
GUPTA, S. C et al. Prevendo temperatura do solo e fluxo de calor no solo sob diferentes
condições de resíduos preparo de superfície. Soil Science Society of America Journal , v. 48,
n. 2, p. 223-32, 1984.
HILLEL, D. Environmental soil physics (Chapter 12). 3rd ed. Academic Press, San Diego, USA.
1998.
MARIN, F. R. et al. Clima e Ambiente: introdução à climatologia para ciências ambientais.
Campinas, SP: Embrapa Informática Agrop., 2008. 127p. ISBN:978-85-86168-01-7.
MARIN, F. R.; ASSAD, E. D.; PILAU, F. G. Clima e Ambiente: introdução à climatologia
para ciências ambientais. Campinas, SP: Embrapa Informática Agropecuária, 2008. 127p.
ISBN: 978-85-86168-01-7.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. de et al. Caracterização dos solos da área do planalto de Belterra,
município de Santarém, Estado do Pará. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2001. 55p.
SANTOS, M. A. D. et al. Variação da temperatura do solo em cultivo de milho sobre diferentes
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Sociedade Brasileira de Meteorologia, 2008. 5p.
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VIANELLO, R. L. & ALVES, A. R. Meteorologia básica e aplicações. Viçosa: Imprensa
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WILLIS, W. O. & AMEMIYA, M. Tillage management principles: Soil temperature effects.
In: Conservation Tillage. National Convention Conference, Des Moines, 1973.
116
AVALIAÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS DE CRIANÇAS DE 08 A 09 ANOS EM FASE ESCOLAR
Cleiusson Marinho de Araújo1
Thaís Yury de Castro Odani2
Alesandra Cabreira Dias3
RESUMO: O estudo do desenvolvimento motor humano é uma tarefa que mostra muitas variáveis entre os
indivíduos, sendo visível através de testes específicos ou até mesmo no cotidiano. Simplesmente pode ser
atribuído como causa dessas variáveis a intensa relação do indivíduo com o ambiente e suas experiências,
proporcionando assim idades motoras diferentes para cada um. Tendo visto essas variações o presente artigo
busca mostrar o perfil motor em crianças com faixa etária compreendida entre 08 e 09 anos de idade, procurando
avaliar qual a sua idade motora através da Escala do Desenvolvimento Motor (EDM) de Rosa Neto. Foram
realizados testes com 26 crianças na faixa etária acima citada, sendo divididas por igual entre gêneros, podendo
assim verificar o desenvolvimento motor de ambos dentro da mesma faixa etária. Através dos testes conclui-se
que um grande percentual dos avaliados sem encontram dentro dos padrões declarados normais para a idade,
com poucos casos de atraso na idade motora e alguns casos demonstram superioridade ao padrão normal.
PALAVRAS-CHAVES: Testes; Desenvolvimento Motor; Idade Motora.
ABSTRACT: The study of human motor development is a task that shows many variables between individuals,
being visible through specific tests or even in daily life. Simply it can be attributed as a cause of these variables
the individual‘s relationship with the environment and their experiences, thus providing diffrent motor ages for
each. Having seen these variations this article seeks to show the motor profile of children aged between 8:09
years old, trying to evaluate what your Motor Development Scale (EDS) of Rosa Neto.Twenty six (26) chlidren
tests were performed in the aforementioned age group, being divided evenly between genders, thus being able to
check the engine development both within the same age group. Through testing it was concluded that a large
percentage of the assessed without are declared within normal standards for age, with few cases of delayed
motor age and some cases demonstrate superiority to the normal pattern.
KEY WORDS: Testing. Engine Development. Motor age.
1 INTRODUÇÃO: Estudar o desenvolvimento humano tem sido um dos focos dos
estudiosos atualmente, buscando entender o processo que leva o ser humano a desenvolver
habilidades que são de uso contínuo na sua trajetória de vida. Com esse estudo também é
possível perceber a diferença do desenvolvimento entre os indivíduos, já que cada um possui
um instinto biológico diferente e além disso o modo de vida de cada indivíduo influencia no
seu desenvolvimento, pois suas experiências contribuem para desenvolver tais habilidades.
Pode-se de alguma forma definir que ―o desenvolvimento motor é a continua alteração no
comportamento motor ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação entre as
necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente‖ (GALLAHUE e
OZMUN, 2005).
1 Acadêmico do curso de Educação Física CEULS/ULBRA.
2 Acadêmica do curso de Educação Física CEULS/ULBRA.
3 Doutoranda em Ciências da Reabilitação DINTER/UEPA, docente do curso de Educação Física CEULS/ULBRA.
117
O desenvolvimento motor altera o aumento da estrutura corporal, as modificações no
nível funcional, alterações que se referem as capacidades do indivíduo que o faça atingir seus
níveis mais altos de funcionamento. As habilidades e os fatores ambientais são capazes de
alterar ou não várias características proporcionadas pela interação entre indivíduo, tarefa e
ambiente durante o ciclo de vida.
Para que a criança se desenvolva é fundamental a interação com o meio, a troca de
experiências e a sua percepção de mundo, que dependerá dos demais indivíduos que vivem ao
seu redor, pois elas que irão contribuir para o aperfeiçoamento de seus movimentos e
expressões.
A Educação Física possui um papel importante na medida em que pode estruturar o
ambiente adequado para a criança refletir sobre suas ações e experiências práticas,
funcionando como uma grande auxiliar e promotora do desenvolvimento humano e, em
especial do desenvolvimento motor.
Segundo Piaget (1995) a criança adquire conhecimento através da experiência e da
repetição, assim é necessário que se dê a ela a possibilidade de vivenciar o máximo possível, e
a Educação Física enquanto parte do corpo de formação da criança oferece o espaço para ela
que possa brincar, ter experiências e interagir com os outros, o que possibilita a descoberta
das suas capacidades e de seus limites através dos movimentos, podendo assim conhecer seu
próprio corpo.
Para a elaboração desta pesquisa foi utilizada A Escala de Desenvolvimento Motor
(EDM) de Rosa Neto, que dispõe de testes da motricidade fina e global, equilíbrio, esquema
corporal, organização espacial e temporal, e lateralidade. Este exame motor é de suma
importância para observação das mais variadas dificuldades de falta de adaptação que uma
criança pode apresentar, sendo assim serão testes essenciais para realização desta pesquisa.
De acordo com Rosa Neto (2002) ao executar o teste motor as crianças apresentam um
certo interesse, pois geralmente não são desafiadas a realizar provas que as estimule ou que
sejam divertidas. Criar um clima adequado é essencial, em geral melhora a execução dos
testes e aproxima a criança do examinador, passando assim confiança de que as atividades
serão divertidas e que haverá diferentes formas de ―jogos‖. Assim as crianças acabam se
envolvendo com os testes, já que possuem baterias bastantes diversificadas.
2 METODOLOGIA: Para a realização deste trabalho foi utilizada a pesquisa descritiva onde
―realiza-se o estudo, o registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência
118
do pesquisador‖ (POS-GRADUANDO,31/01/2012), assim foram coletadas amostras de 26
crianças que estudam no ensino fundamental em uma escola municipal, na cidade de
Santarém, no Estado do Pará. Na pesquisa foram avaliados 13 indivíduos do gênero
masculino e 13 do gênero feminino, na faixa etária compreendida entre 08 a 09 anos de idade,
cujo o objetivo foi identificar dificuldades no desenvolvimento motor.
Para analisar o desenvolvimento motor, seguiu-se a ordem proposta no Manual de
Avaliação Motora de Francisco Rosa Neto a EDM, que tem como função a partir dos testes,
avaliar as habilidades referentes ao desenvolvimento da motricidade fina, motricidade global,
equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e organização temporal.
Para a realização do teste buscou-se um local apropriado, este que deve ser isento de
interferências exteriores, como a observação de outras pessoas, de familiares ou até mesmo
dos próximos avaliados. Todo esse processo é necessário para que seja possível ter a atenção
do avaliado apenas para o avaliador e para a execução do teste, fornecendo assim uma maior
fidelidade aos resultados obtidos.
Iniciou-se o teste pela idade cronológica de cada criança e quando conseguiam alcançar
o objetivo, eram postas para realizar as demais tarefas relativas às idades seguintes, até atingir
seu limite. Quando a criança não conseguia realizar a tarefa na primeira tentativa, ela era
posta para realizar as tarefas de idades anteriores, até que obtivesse sucesso.
As avaliações foram realizadas de forma individual, por dois avaliadores, os dados da
criança eram anotados em uma ficha e após isso, analisados através do cálculo da idade
motora geral (IMG) de onde eram obtidos os resultados.
Tabela 1. Cálculo da idade motora geral.
Todo o processo ocorreu na própria escola em um dia inteiro. Foi solicitado as crianças
que trajassem roupas que permitissem a execução de movimentos com maior facilidade
durante os testes. Quando a criança não estivesse usando tênis, era solicitado a retirada do
calçado usado, para a execução das tarefas. Os dados foram tabulados por Idade Cronológica
(IC), em meses e pelas respectivas idades motoras (IM), em cada tarefa cujo resultado é
obtido com base nas tabelas normativas.
A IMG foi obtida a partir da razão entre a soma das idades motoras e a quantidade de
tarefas realizadas. Nesses testes, foram avaliadas as aquisições esperadas para cada faixa
etária e gêneros, obtendo-se um diagnóstico do crescimento, do desenvolvimento e da forma
119
de aprendizagem da criança através de um conjunto de provas diversificadas e com
dificuldade graduada.
Segundo ROSA NETO (2002) ―Esses testes foram escolhidos pois através deles é
possível identificar atrasos no desenvolvimento, traçar o perfil motor do indivíduo e, assim,
verificar se sua idade motora corresponde a sua idade cronológica‖. Com este propósito, de
acordo com o teste aplicado os itens avaliados na pesquisa foram: motricidade fina,
motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e organização
corporal.
2.1 Participantes da pesquisa
Participaram da pesquisa 26 crianças na faixa etária compreendida entre 08 a 09 anos de
idade, alunos de uma escola Municipal no bairro nova república na cidade de Santarém
Estado do Pará.
2.2 Instrumento de coleta
Para obter os dados da pesquisa foi utilizado o método de teste da EDM que
compreende em avaliações sobre:
Motricidade fina: que refere-se as atividades manuais com auxílio da visão, ou
seja, coordenação oculomanual, sem um grande esforço e com o objetivo de
atingir uma resposta precisa à tarefa; a
Motricidade Global: onde propõe movimentos dinâmicos corporais, realizando
uma coordenada de movimentos dos grandes grupos musculares;
Equilíbrio: é a habilidade de manter a postura sem alterações, mesmo tendo em
contrapartida forças que agem sobre o corpo;
Esquema Corporal: este que é geralmente usado em conjunto com o termo
imagem corporal requer a capacidade do indivíduo de discernir com precisão as
partes corporais e de ter habilidade para organizar as mesmas na execução de
uma tarefa;
Organização Espacial: envolve tanto a percepção do espaço do corpo como o
espaço ao redor, tratando-se da habilidade de avaliar com precisão a relação
entre o indivíduo e o ambiente;
Organização Temporal: diz respeito à percepção do tempo, envolvendo o
conhecimento sobre a ordem e duração dos acontecimentos.
120
3 PROCEDIMENTOS DE COLETA: Na elaboração da pesquisa foram almejadas crianças
de 08 a 09 anos, que foram divididas somente pelo gênero, descartando outros quesitos para
avaliação. Os testes foram realizados por dois avaliadores durante uma manhã e uma tarde
inteira. Sendo que, não ouve uma pré determinação de quem iria participar do teste, para tanto
não ouve combinações com pais ou mesmo com os indivíduos testados, descartando qualquer
influência externa nos resultados.
Foram aplicados os testes que se destinam a faixa etária abrangida, seguindo as normas
do manual de testes e avaliação motora da Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto.
As crianças foram postas em um espaço amplo e livre de interferências do meio externo,
proporcionando assim total atenção para a realização das atividades.
Por se tratarem de testes que despertam rapidamente o interesse da criança, não se vê
resistência dos mesmos. Isso se dá pelo fato de que a bateria de testes é bem diversificada,
tornando as situações prazerosas e estimulantes. Além disso deve-se criar um clima entre
pesquisador e pesquisado, tornando a relação entre ambos a mais próxima possível, evitando
conflitos que aflijam o pesquisado, podendo desestimula-lo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO: As teorias de desenvolvimento oferecem uma maneira
de observar e explicar a mudança do desenvolvimento dos indivíduos. A perspectiva de
maturação é enfatizada no desenvolvimento motor, que é um processo interno ou inato
controlado por um relógio biológico ou genético, onde pode ser diferente de um indivíduo
para outro.
―A perspectiva ecológica realça a inter-relação entre o indivíduo, o ambiente e a tarefa,
descrevendo, explicando e entendendo inteiramente o desenvolvimento motor das pessoas ao
longo do ciclo da vida‖ (HAYWOOD e GETCHELL, 2010), além do sistema biológico que é
individual de cada pessoa a forma de vida influencia diretamente no seu desenvolvimento.
O movimento passa a existir da interação entre indivíduo, ambiente e tarefa, porém o
sistema corporal não se desenvolve da mesma maneira, alguns podem amadurecer mais
lentamente e outros mais rápido. A força muscular seria um limitador controlador para o ato
de caminhar, até que a criança atinja um determinado nível de força, que seja suficiente para
suportar seu corpo no ato de rastejar, engatinhar, rolar e caminhar permitindo então o estudo
do desenvolvimento ao longo do ciclo da vida.
Magill 1980 apud TANI 1988 diz que os primeiros anos de vida do ser humano são
caracterizados por mudanças marcantes nas dimensões cognitivas, motoras, sociais e afetivas.
121
Assim, o profissional que atua diretamente com a educação de crianças deve zelar para
garantir uma visão global e harmônica de um ser extremamente complexo.
Para Pellegrini 1998, o movimento exerce função essencial no processo de
desenvolvimento. O deslocamento de parte do corpo ou do corpo como um todo está presente
em todas as nossas ações, incluindo aquelas mais básicas como as relativas à alimentação e
comunicação.
Segundo Gallahue e Ozmun 2001, o processo motor se desenvolve através de quatro
fases. A primeira fase é a motora reflexiva (quatro meses a um ano de idade), é caracterizada
por reflexos que são as primeiras formas de movimento humano. A segunda fase é chamada
de motora rudimentar (um e dois anos de idade) na qual ocorrem os primeiros movimentos
rudimentares. A terceira fase é apontada de movimentos fundamentais, que corre entre dois e
sete anos de idade e é considerada a fase mais importante para o desenvolvimento da criança.
A última fase do desenvolvimento motor é da especialização motora que acontece a partir dos
sete anos de idade.
Existem diferentes fases no desenvolvimento pois o corpo sofre alterações ao longo dos
anos. Cada parte do corpo cresce em ritmo diferente e algumas delas desenvolvem-se desde o
nascimento, passando pela infância até chegar ao seu crescimento completo que se dá na
adolescência. Todas essas mudanças visíveis no tamanho e na forma são resultantes de
alterações que ocorrem ao longo da vida.
Conforme Rosa Neto 2002 existe diversas formas de avaliar o desenvolvimento
motor da criança, no entanto nenhuma é perfeita e não engloba holisticamente todos os
aspectos do desenvolvimento.
Para Gallahue e Ozmun 2005, p. 277 ―uma criança poderá estar no estágio inicial em
algumas tarefas motoras, outras no elementar e as demais no maduro, pois nenhuma criança
progride de forma igual no desenvolvimento das habilidades motoras‖, visto que cada
indivíduo tem seu tempo necessário para se desenvolver.
Com o prévio conhecimento sobre o desenvolvimento motor humano, os testes
realizados na escola demonstraram os resultados esperados para a idade avaliada, observa-se
na figura 1, que do grupo total de 26 crianças, 69,23% delas estão de acordo com o padrão
exigido para sua faixa etária, 23,08% estão em um padrão normal alto de desenvolvimento e
3,85% se destacam superando a expectativa prevista e apenas outros 3,85% se demonstraram
abaixo do normal esperado.
122
Figura 1. Classificação geral desenvolvimento motor.
Na maioria dos casos os testes se encaixaram no padrão normal médio, onde isso indica
a regularidade do desenvolvimento motor das crianças, mesmo com os pequenos percentuais
de baixo desenvolvimento.
Na figura 2, quando comparado os gêneros como um todo, foi possível observar uma
razoável diferença, onde o gênero feminino atinge um maior percentual no padrão normal
médio, nota-se que 84,62% dos avaliados do gênero feminino se encaixam no padrão normal
médio, 7,69% no padrão normal alto e 7,69% estão abaixo do esperado para a idade.
Enquanto 53,85% dos pesquisados do gênero masculino estão no padrão normal médio,
38,46% no padrão normal alto ao que se estimava e 7,69% se destacam ao estarem em um
nível superior ao da idade.
Figura 2. Comparativo entre gêneros.
Mesmo com o destaque do gênero feminino dentro do padrão esperado, constatou-se
que o gênero masculino tem um bom percentual acima do esperado, enquanto que no outro
gênero foram encontrados apenas o que seria o ideal para a idade e um percentual abaixo do
comum, definindo assim que neste grupo de avaliados, os indivíduos de gênero feminino
apresentam um atraso no seu desenvolvimento motor equivalente ao mesmo percentual em
que os indivíduos do gênero masculino se apresentam em um nível superior.
123
Quando se trata das diferenças no resultado de cada teste no geral, temos no gráfico 3 a
representação de todos os avaliados.
Figura 3. Quociente motor geral
Os resultados do Quociente Motor Geral total relacionado ao nível Superior 19,23% dos
indivíduos avaliados superaram as expectativas mostrando um grande desenvolvimento no
teste de organização espacial, 3,85% no de equilíbrio e 3,85% em esquema corporal e rapidez.
Já no nível Normal Alto os testes de Equilíbrio e de Organização Espacial obtiveram o
mesmo resultado de 23,08%, assim como os testes de Esquema Corporal e Rapidez e
Motricidade Fina também chegaram ao mesmo resultado 15,38%, finalizando com o teste de
Motricidade Global que obteve somente 3,85% dos indivíduos avaliados.
No nível Normal Médio se obteve resultados dos seis testes expostos, dos avaliados
tanto do teste de Linguagem e Organização Temporal, quanto no teste de Motricidade Global
atingiram o mesmo resultado de 76,92%, seguido do teste de Equilíbrio com o resultado de
73,08%. No teste de Motricidade Fina o resultado obtido foi 65,38%, seguido do teste de
Esquema Corporal e Rapidez com resultado de 42,31%, finalizando com o teste de
Organização Espacial com resultado de 23,08%.
No nível Normal Baixo cinco dos seis testes apresentados mostraram resultados. O
teste de Esquema Corporal e Rapidez apresentou 34,62% dos indivíduos avaliados, seguido
do teste de Linguagem e Organização Temporal com o resultado de 23,08%. Os testes de
Motricidade Global e Fina chegaram aos mesmos resultados de 11,54%, finalizando com o
teste de Organização Espacial que obteve 7,69% dos indivíduos avaliados.
No nível Inferior no teste de Organização Espacial os resultados obtidos através dos
indivíduos avaliados foram de 23,08%, seguido do teste de Motricidade Global que atingiu o
124
resultado de 7,69% dos avaliados. Os testes de Esquema Corporal e Motricidade Fina tiveram
o mesmo resultado de 3,65%.
No nível Muito Inferior houve apenas resultados de dois testes que obtiveram os
mesmos resultados de 3,85% dos indivíduos avaliados, que foram o teste de Motricidade Fina
e Organização Espacial.
Nesta divisão de padrões foi possível notar em quais testes os avaliados tiveram
superioridade, normalidade ou atrasos. O teste de organização espacial apresentou resultados
em todos os seis padrões, enquanto os testes de motricidade fina e esquema corporal e rapidez
mostraram resultados em cinco padrões. Os demais testes concentraram-se no padrão normal
médio, que indica uma regularidade no desenvolvimento dos avaliados.
Com os resultados gerais, foi possível comparar os resultados entre gêneros, nesta
comparação o gênero feminino tem como destaque o teste de organização espacial, que assim
como em um resultado geral, aparece com resultados em todos os padrões, porém sua maior
porcentagem esta explicita no padrão inferior, o que indica atrasos nesta habilidade nas
pesquisadas.
Na figura 4 é apresentado o Quociente Motor Geral relativo ao gênero feminino. Os
resultados do Quociente Motor Geral total relacionado ao nível Superior, os testes de
Organização Espacial, Equilíbrio e Esquema corporal e Rapidez obtiveram o mesmo resultado
de 7,69% indivíduos que chegaram a esse nível.
Figura 4. Quociente motor feminino.
Já no nível Normal Alto os testes de Equilíbrio e de Organização Espacial obtiveram o
mesmo resultado de 23,08%, seguido do teste de Esquema Corporal e Rapidez com resultado
125
de 15,38%, finalizando com o teste de Motricidade Fina que obteve somente 7,69% dos
indivíduos avaliados.
No nível Normal Médio se obteve resultados dos seis testes expostos, dos avaliados
tanto do teste de Linguagem e Organização Temporal, Motricidade Global, Motricidade Fina
e Equilíbrio obtiveram os mesmos resultados de 69,23% dos indivíduos avaliados. Seguidos
do teste de Esquema Corporal e Rapidez com resultado de 30,77%, finalizando com o teste de
Organização Espacial com resultado de 15,38%.
No nível Normal Baixo no gênero feminino cinco dos seis testes apresentados
mostraram resultados. O teste de Esquema Corporal e Rapidez apresentou 38,46% dos
indivíduos avaliados, seguido do teste de Linguagem e Organização Temporal com o
resultado de 30,77%. O teste de Motricidade Global obteve o resultado de 23,08%,
finalizando com os testes de Motricidade Fina e Organização Espacial que obteve 7,69% dos
indivíduos avaliados.
No teste de Organização Espacial o nível Inferior no o resultado obtido através dos
indivíduos avaliados foi de 38,46%, seguido dos testes de Motricidade Global, Motricidade
Fina e Esquema Corporal atingiram o resultado de 7,69% dos avaliados.
No nível Muito Inferior houve apenas resultados de dois testes que obtiveram os
mesmos resultados de 7,69% dos indivíduos avaliados, que foram os testes de Motricidade
Fina e Organização Espacial.
Figura 5. Quociente motor masculino.
Na figura 5 é apresentado o Quociente Motor Geral relativo ao gênero masculino, os
resultados obtidos no nível Superior, relacionado ao teste de Organização Espacial foi de
126
30,77%, seguido do teste de Motricidade Fina com resultado de 23,08% dos indivíduos que
atingiram a esse nível.
Já no nível Normal Alto os testes de Equilíbrio e de Organização Espacial obtiveram o
mesmo resultado de 23,08%, seguido do teste de Esquema Corporal e Rapidez com resultado
de 15,38%, finalizando com o teste de Motricidade Global que obteve somente 7,69% dos
indivíduos avaliados.
No nível Normal Médio se obteve resultados dos seis testes expostos, dos avaliados
tanto do teste de Linguagem e Organização Temporal e Motricidade Global obtiveram os
mesmos resultados de 84,62% dos indivíduos avaliados. O teste de Equilíbrio com resultado
de 76,92%, seguido do teste de Motricidade Fina com resultado de 69,23%, seguido do teste
de Esquema Corporal com 53,85% dos indivíduos do sexo masculino, finalizando com o teste
de Organização Temporal com resultado de 30,77%.
No nível Normal Baixo, quatro dos seis testes apresentados mostraram resultados,
Esquema Corporal e Rapidez apresentou 30,77% dos indivíduos avaliados, seguido do teste
de Linguagem e Organização Temporal com o resultado de 15,38%. O teste de Motricidade
Fina e Organização Espacial obteve 7,69% dos indivíduos avaliados.
Nos testes de Organização Espacial e Motricidade Global no nível Inferior o resultado
obtido através dos indivíduos avaliados foi o mesmo de 7,69% dos avaliados.
Pode-se observar que do gênero masculino nenhum dos indivíduos avaliados entraram
no nível muito inferior, diferente dos indivíduos do gênero feminino.
Figura 6. Idade motora Geral
A figura 6 apresenta os resultados quanto a Idade Motora Geral relacionada com a Idade
Positiva e Negativa. Pode-se observar que quase 80%, cerca de 73,08% dos indivíduos
avaliados apresentam Idade Positiva, e somente 26,92% com a Idade Negativa.
127
A classificação desses atrasos também foi calculada de foram a se saber em quanto
tempo os pesquisados encontravam-se em atraso ou em progressão ao esperado, a seguir na
figura 7, podemos observar os resultados dos indivíduos avaliados.
Figura 7. Idade Negativa e Positiva em meses.
Pode-se observar que 27% dos indivíduos avaliados estão de 2 a 4 meses superior à sua
idade, 35% estão adiantados 5 meses. Apenas 8% dos indivíduos estão na idade que se
denomina exata para a faixa etária, 19% se mostraram abaixo da idade exata ficando entre 2 a
4 meses de atraso, enquanto 11% se mostraram 5 meses inferior a idade apresentada.
5 CONCLUSÃO: Sabe-se que o desenvolvimento motor nem sempre segue uma sequência,
podendo haver uma alteração em algum de seus componentes avaliativos, variando de
indivíduo para indivíduo no que se refere ao grau de desenvolvimento de cada um. Muitos
autores consideram que as mudanças no desenvolvimento motor são notadas como algo que
interfere no desenvolvimento biopsicossocial, expondo assim, problemas afetivos, de
aprendizagem, de relação consigo mesmo e com os outros indivíduos a sua volta e problemas
relacionados à vivência com o corpo.
Os resultados do estudo verificaram que as crianças avaliadas apresentaram perfil motor
classificado em ―normal médio‖, que é o ideal para idade de cada um, havendo apenas
algumas variações entre ―normal baixo‖, ―normal alto‖ e ―superior‖, observando assim que as
crianças que possuem dificuldade na aprendizagem também apresentam um atraso em seu
desenvolvimento motor. Sendo assim, é importante destacar a necessidade do uso de testes
motores para avaliar o desenvolvimento de crianças, permitindo assim através dos testes,
conhecer melhor seu perfil e intervir precocemente através da elaboração de atividades que
128
aperfeiçoem as habilidades motoras que são indispensáveis para a aquisição de outras
habilidades mais complexas, estimulando sua maturação psicomotora e, consequentemente,
facilitando o seu processo de aprendizagem.
REFERÊNCIA
ASTUN, Cristiane de Fátima, FOGAGNOLI, Alissianny Haman. Desenvolvimento motor
das crianças de 6 a 8 anos de idade da Escola Municipal „Monteiro Lobato‟ do
município de Terra Boa. Efdeportes, Buenos Aires, Ano 17, Nº 177, fev. 2013.
BALBÉ ,Giovane Pereira; DIAS, Roges Ghidini; SOUZA, Luciani da Silva. Educação Física
e suas contribuições para o desenvolvimento motor na educação infantil. Efdeportes,
Buenos Aires, ano 13, Nº 129 fev. 2009.
GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebê,
criança, adolescente e adulto. São Paulo: Phorte, 2002 apud BALBÉ ,Giovane Pereira; DIAS,
Roges Ghidini; SOUZA, Luciani da Silva. Educação Física e suas contribuições para
o desenvolvimento motor na educação infantil. Efdeportes, Buenos Aires, ano 13, Nº 129
fev. 2009.
HAYWOOD e GETCHELL. Desenvolvimento Motor ao longo da vida. 3. ed. Porto Alegre.
Artmed, 2004 apud ASTUN, Cristiane de Fátima, FOGAGNOLI, Alissianny Haman.
Desenvolvimento motor das crianças de 6 a 8 anos de idade da Escola Municipal
Monteiro Lobato do município de Terra Boa. Efdeportes, Buenos Aires, Ano 17, Nº 177,
fev. 2013.
NETO, Francisco Rosa. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: ArtMed, 2002.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães D‘amorim e
Paulo Sergio Lima Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
PÓS-GRADUANDO. As diferenças entre pesquisa descritiva, exploratória e explicativa.
Disponível em: http://posgraduando.com/?p=3354. Acesso em 23 abr. 2016.
SANTOS, Ana Paula Maurilia dos; NETO, Francisco Rosa; PIMENTA, Ricardo de Almeida.
Avaliação das habilidades motoras de crianças participantes de projetos
sociais/esportivos. Motricidade, Florianópolis, vol. 9, n. 2, p. 50-60, maio de 2012.
SILVA, Maria Natália Santos da; DOUNIS, Alessandra Bonorandi. Perfil do
desenvolvimento motor de crianças entre 9 e 11 anos com baixo rendimento escolar da
rede municipal de Maceió, AL, São Carlos, v. 22, n. 1, p. 63-70, Cad. Ter. Ocup. UFSCar,
abr. 2013.
SOUZA, Angelita de et al. Perfil do desenvolvimento motor de alunos de oito anos de
escola públicas estaduais de são bento do Sul – SC, são Bento do Sul-SC, p.230-236,
Revista Pesquisa em Fisioterapia, out. 2015.
129
AVALIAÇAO DOS SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇAO EM UMA INSTITUIÇAO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTARÉM-PA
Ithayara Santos1
Rodrigo Magno1
Irley Monteiro de Araújo2
RESUMO: Os ambientes organizacionais nas empresas, assim como de universidades, vêm sendo modificados
cada vez mais pelo uso das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), sendo assim, essas
organizações necessitam de um departamento de TI pautado em gestão, de modo a garantir a qualidade dos
serviços e o gerenciamento da rede de computadores, fazendo assim os recursos funcionarem adequadamente.
Considerando este contexto, o presente estudo tem como objetivo realizar um levantamento dos serviços de TI
de uma Instituição de Ensino Superior (IES) de Santarém, de modo a mensurar a qualidade desse serviço. Para
isto, será realizada uma pesquisa que proporcionará aos gestores de TI da IES uma avaliação sobre os serviços
prestados pelos mesmos, pelo setor e quais serão as possíveis reclamações e críticas que os usuários atribuem a
cada serviço prestado, além de sugestões de melhorias para esses serviços. Portanto, a partir dos resultados deste
estudo, os gestores poderão aplicar o uso de frameworks como o COBIT ou o ITIL como guias para utilizar as
boas práticas de gerenciamento mostrando a importância de se garantir a qualidade, motivando o setor e seus
colaboradores a prestarem serviço adequados e funcionais para esses alunos e colaboradores.
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade em serviços, Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC),
atendimento.
INTRODUÇÃO: Os ambientes organizacionais nas empresas vêm sendo modificados cada
vez mais pelo uso das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), haja vista, a
popularização do uso da internet com base nas redes sociais de interação virtual, além das
exigências de comunicação comercial com o uso de endereços eletrônicos pelos
comerciantes que estabelecem carteiras de clientes como vistas a fidelização na prestação do
serviço, como mostra os meios jornalísticos televisivos.
Segundo Hamel e Prahalad (1995) ressalta que:
À medida que aumenta o uso das novas tecnologias de informação e
comunicação crescem também as exigências no âmbito da prestação de serviços
baseados na internet. Assim, a sobrevivência organizacional vem se pautando cada
vez mais no uso mais aprimorado das novas tecnologias, o que vem modificando
intensamente o ambiente organizacional.
Sobre os benefícios da introdução dos computadores nas empresas como auxiliar
no processo produtivo houve uma ênfase no uso da informação recuperada nestes meios
tecnológicos, surgindo à tecnologia da informação sobre isto Murphy (2002), afirma que:
Os benefícios de TI podem ser divididos em tangíveis e intangíveis. Os
tangíveis podem ser definidos como aqueles que afetam diretamente os
resultados da empresa, tais como redução de custo e geração de lucros. Os
intangíveis são os causam melhorias no desempenho do negócio, não afetam
1 Acadêmicos do Curso de Redes de Computadores do VI Semestre - IESPES
2 Professor do Curso de Redes de Computadores - IESPES
130
diretamente no resultado da empresa, tais como informações gerenciais segurança
etc.
Para que esse aproveitamento seja possível devem ser estrategicamente estruturadas de
forma que todos os usuários contribuam efetivamente para o contínuo aprimoramento do
sistema, identificando suas falhas, propondo soluções, com fins a propiciar um ambiente de
confiança, e terem satisfeitas e superadas suas expectativas.
Neste contexto, muitas práticas foram criadas para o aperfeiçoamento, dos serviços
prestados com base na tecnologia da informação e comunicação. Podemos destacar o COBIT
(Control Objectives for Information and Related Technology), que integra os principais
padrões de qualidade em TI. Serve como guia para utilizar as boas práticas de gestão
mostrando a importância em garantir a qualidade dos serviços ao cliente através da avaliação
dos serviços subsequentes e das ações para correção de falhas.
Sendo assim, faz parte das boas práticas na prestação de serviços em TI a aplicação de
algum método padronizado de gestão da qualidade dos serviços prestados. Como é o caso do
COBIT citado anteriormente. Tendo como resultado um plano diretor de informática para
orientar as ações e direções tomadas pela diretoria de TI.
A qualidade já esteve associada a altos custo quando, na verdade, ―significa uma única
coisa: conformidade com especificações de serviço valorizadas pelos clientes.‖
(SCHMENNER, 1999 p.95). Embora essa afirmação pareça carregada de elementos
subjetivos, a qualidade pode ser medida por meios objetivos e quantificáveis. É possível
identificar expectativas e necessidades dos usuários para oferecer serviços de qualidade.
Logo, é essencial a realização de uma pesquisa descritiva sobre como os clientes percebem o
serviço que lhes são ofertados para obter a percepção da prestação de serviços. Para então
tomar posse de ferramentas específicas para melhoramento da qualidade do serviço e
aprimoramento da tecnologia em uso.
METODOLOGIA: Esta pesquisa está embasado no método de pesquisa exploratória e
bibliográfica, com o uso de uma ferramenta survey, para a coleta de dados que serão
analisados por meio de instrumentos estatísticos. O survey ―se baseia no interrogatório dos
participantes, aos quais fazem várias perguntas sobre seu comportamento, intenções, atitudes,
percepções, motivações e características demográficas de estilo de vida‖ (MALHOTRA,
2001, p.179).
A pesquisa será realizada em uma Instituição de Ensino Superior, na cidade de
Santarém-PA. Os dados serão coletados a partir da aplicação do questionário com e quatro
131
perguntas objetivas com escala de resposta, e uma pergunta objetiva com resposta sim ou não
O público alvo constará de abordagem feita no ambiente da instituição e é voltado para os
alunos do curso de Redes de Computadores e Professores da Instituição.
Este trabalho de pesquisa será dividido em duas etapas. A primeira etapa consiste em
uma extensa pesquisa bibliográfica nos vários livros e artigos pertinentes ao tema. Santos
(2005 apud Vergara, 1999) esclarece que a pesquisa bibliográfica ―é o estudo sistematizado
desenvolvido com base em material publicados em livros, jornais e fornece instrumental
analítico para qualquer outro tipo de pesquisa‖.
A segunda etapa é composta de uma pesquisa de campo, cuja amostragem será feita
através de um questionário. Segundo Cervo (2007) ―O questionário é a forma mais usada para
coletar dados, pois possibilita medir com proximidade e exatidão o que se deseja‖. Em geral,
a palavra questionário refere-se a um meio de obter respostas às questões por uma fórmula
que o próprio informante preenche, ele contém um conjunto de questões, todas logicamente
relacionadas com o problema central. Sendo assim, será utilizado o questionário fechado.
Segundo Cervo (2007) ―O questionário fechado permite obter respostas mais precisa, sendo
perguntas padronizadas, de fácil aplicação, simples de codificar e analisar‖.
De acordo com Lakatos (2010), o questionário é um fator importante na pesquisa,
constituído por uma série de perguntas levando o pesquisador a questões mais objetivas, não
tendo a oportunidade de contato direto com o pesquisado ou influenciando no questionário.
No entanto será mantido total anonimato dos alunos e professores pela equipe da
pesquisa, sem fugir da ética e da moral que e envolve o estudo. E a equipe solicitará a
autorização do estudo através de Termo de Consentimento dos gestores local das empresas
alvo. A pesquisa apresentará garantias de anonimato dos informantes.
RESULTADO E DISCUSSÃO: Visto que a pesquisa encontra-se em andamento, ainda não
temos os dados tabulados. Porém, entendemos que o uso das tecnologias nas instituição se
tornou fundamental, pois faz parte do cotidiano dos alunos e dos professores no século XXI
e faz o diferencial na empresa colocando a frente da concorrência.
Para que essa pesquisa seja realizada foi estrategicamente estruturado um questionário
para que todos os usuários contribuam efetivamente para o contínuo aprimoramento do
sistema, identificando suas falhas, propondo soluções, com fins a propiciar um ambiente de
confiança, e terem satisfeitas e superadas suas expectativas.
Entretanto, não se pode esquecer que o bom uso dos serviços da tecnologia em um
ambiente organizacional é fundamental na educação para preparar seus profissionais para que
132
explorem todo o potencial educativo que a tecnologia pode oferecer ao processo de ensino e
aprendizagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAMEL, G. e PRAHALAD, C.K. Competindo pelo futuro. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
MURPHY, T. Achieving business value from technology practical guide for
today‘sexecutive. New Jersey: John Wiley & Sons, 2002;
DOURADO, L.F; CATANI, A.M.; OLIVEIRA, J. F (orgs). Políticas e gestão da educação
superior. 1. ed. São Paulo: Xamã, 2003. 239 p.
SCHMENNER, Roger W. Administração de operações em serviços. São Paulo: Futura,
1999.
MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing: Uma orientação aplicada. 3ª ed. Porto
Alegre: (Bookman, 2001, p. 179).
SANTOS Gildenir Carolino; PASSOS, Rosemary. Guia para estruturação de trabalhos
técnico-científicos. Nova Odessa, SP: Faculdades Network, 2005.
CERVO, A. e BERVIAN, P. Metodologia científica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
133
COMPARATIVO DE CUSTOS DE FUNDAÇÕES DIRETA E INDIRETA UM ESTUDO NA CIDADE DE SANTARÉM/PA
Fernando Augusto Ferreira do Valle
1
Alexandre Carlos Baida Junior2
Adrian Wallace dos Santos Aguiar3
RESUMO: Uma das maiores relevâncias na construção civil é a necessidade de construir de forma segura, onde
ocorra a garantia da sustentabilidade e estabilidade das estruturas, apresentando o papel fundamental de
responsabilidade no processo de execução das edificações, devendo contemplar todas as etapas que integram a
indústria da construção civil. No processo construtivo, as fundações são essenciais como elemento estrutural,
pois todo carregamento da estrutura em si é descarregado nesta, ou seja, é a base solida de toda a edificação. O
trabalho apresentado refere-se a um estudo de análise comparativa de custos de uma fundação profunda do tipo
estaca hélice contínua, com uma fundação rasa do tipo sapata em concreto armado, inventariando através das
características, dados e informações de laudo de sondagem, projetos estruturais, pré-dimensionamento de
fundações, entre outros. Ferramentas tecnológicas como softwares, específicos de cálculos para engenharia,
foram aplicados para melhor obtenção de resultados de forma rápida, precisa, econômica, segura e com
qualidade para a edificação. As análises comparativas de custos de fundações direta e indireta, foram baseadas
no estudo de um empreendimento localizado no município de Santarém/PA, onde procurou-se verificar os
valores incidentes, na determinação do tipo de fundação a ser empregada, em função do perfil geotécnico do
terreno onde será implantado o empreendimento imobiliário.
Palavras-chave: Custo. Sapata Isolada. Estaca Hélice Contínua.
INTRODUÇÃO: Na indústria da construção civil há várias atividades que abrangem a
produção de uma obra, dentre estas se apresentam as funções do planejamento, projetos,
execução, manutenção e restauração de obras em diferentes segmentos. As estruturas de
concreto armado são elementos largamente utilizados nas construções, principalmente em
função de suas formas práticas e seguras, que garantem a estabilidade e funcionalidade das
edificações. Em qualquer construção antes de tudo, até mesmo antes do projeto, é necessário
um prévio estudo de solo onde se pretende construir, pois é através deste estudo, que será feita
a análise para pré-dimensionar a estrutura de fundação. O peso total de uma construção será
suportado e distribuído através das fundações, que por sua vez transmitirá estas cargas para o
solo/rocha. Por sua vez a construção, em função do seu carregamento, exigirá uma camada de
solo/rocha com resistência compatível. De uma maneira geral, os solos são classificados de
acordo com suas propriedades físicas e mecanismos de resistência. Desta forma, o
conhecimento obtido através de sondagens, do perfil geológico do terreno onde se pretende
construir, é de fundamental importância para a escolha e dimensionamento da fundação. O
solo de Santarém é considerado como bom para fins de engenharia, ao fato de que boa parte
deste é predominante arenoso, possuindo considerável resistência grão a grão. Este tipo de
1 Eng. Civil M.Sc Professor no Centro Universitário Luterano de Santarém
2 Engenheiro Civil
3 Engenheiro Civil
134
perfil é encontrado em profundidades consideradas baixas, ou seja, mais próximo da camada
superficial do terreno. Porém, não se deve generalizar este modelo de comportamento
geotécnico, pois é indispensável efetuar análises no solo para a obtenção dos parâmetros e
características necessários para a correta definição do tipo de fundação a ser implantada
(custos).
Este trabalho abordará um estudo baseado em análises de viabilidade técnica e de custos,
referente à utilização de fundação profunda do tipo estaca hélice contínua e sapata em
concreto armado de um empreendimento em implantação na cidade de Santarém/PA. A obra
em questão localiza-se na Avenida Rui Barbosa, bairro do Laguinho, onde por questões de
viabilidade técnica, as fundações utilizadas são do tipo profunda. Para efeitos comparativos
será feito um estudo alusivo a suposta implantação deste mesmo empreendimento em um
outro terreno sito a Rua E, bairro da Nova República do mesmo município, em que serão
dimensionadas fundação do tipo rasa em sapata de concreto armado. Vale ressaltar, que as
análises serão feitas através de projetos e informações mediante autorização das empresas
envolvidas no empreendimento.
MÉTODO: Esta pesquisa baseou-se em um acervo bibliográfico consistente e levantamento
de dados minucioso, que permitiu organizar uma análise comparativa de custos de execução
de dois tipos distintos de fundação, decorrente principalmente pelas características físicas e de
resistência de dois tipos diferentes de solo, tal fato é primordial para escolha da fundação a ser
empregada. O empreendimento em estudo consiste numa edificação de 13 pavimentos com
metragem total de 6.900m² de área construída, contemplando subsolo com garagem e 06
apartamentos por pavimento. Numa etapa inicial do estudo foram observadas as
características e informações técnicas, referentes à fundação profunda do tipo hélice contínua,
que de fato foi à executada para o empreendimento em questão. Analisou-se principalmente a
execução de 119 estacas do tipo hélice contínua e 60 blocos de coroamento que variaram
70x70cm à 205x205cm com altura de 70 à 150cm. As estacas foram assentes em
profundidades que variaram entre 7 á 20 metros, com dimensão de 40 e 50cm de diâmetro,
executado de acordo com as normas técnicas apresentada pela NBR 6118/2014 e NBR
6122/1996 com fck de 20 Mpa. A empresa responsável pelo o empreendimento forneceu para
o estudo de caso, o projeto de fundação, projeto de locação, dimensões dos pilares e o quadro
de cargas. Os esforços variaram entre valores de 3,77 a 468,40tf, em que dos 60 pilares
existentes, o de menor dimensão foi de 25x30cm, e o maior de 70x40cm. O projeto estrutural
135
foi desenvolvido no software TQS, aplicado a estruturas de concreto armado, que engloba as
etapas de lançamento, análise da estrutura, dimensionamento, lajes, vigas, pilares, fundação e
o detalhamento final dos elementos, apresentando as tensões no solo e as condições de
estabilidade. O principal objetivo do estudo ocorrerá em termos comparativos de custos, em
relação ao atual terreno de implantação do empreendimento com outro suposto terreno com
características geológicas-geotecnicas diferentes. Porém a mesma edificação, ou seja, o
mesmo projeto arquitetônico, os mesmos carregamentos, serão analisados nesta etapa. A
suposta área de implantação mede 40x70 metros estando localizado na Rua E, bairro Nova
República, Santarém-PA. O solo foi investigado através de sondagem a percussão tipo SPT
(Standard Penetration Test), sendo observada a presença de uma camada de aterro
extremamente compacta de um silte arenoso em que o NSPT médio foi de aproximadamente
59/30 finais e 75/30 finais nas profundidades de 1,0 e 2,0 metros respectivamente. Presença
de nível d‘água abaixo da suposta cota de assentamento das sapatas. Através das formulações
clássicas da mecânica dos solos estimou-se a tensão admissível do terreno para os cálculos da
fundação de aproximadamente 14kgf/cm2.A partir destas informações, foi desenvolvido o
projeto de fundação rasa do tipo sapata isolada, com o auxílio do software Cypecad para base
de dimensionamentos e análises, em foram obtidas 59 sapatas de geometria retangular
centrada piramidal, e 1 sapata de geometria retangular excêntrica piramidal, ambas com fck
de 25 MPa. As dimensões destas variaram de 85x90cm à 155x230cm, com altura variando de
40 à 90cm, as armaduras oscilaram em bitolas de 10mm, 12.5mm, 16mm, 20mm e 25mm. A
profundidade de assentamento das sapatas foi de entorno de 2,40m para todas as sapatas.
Portanto, baseado em todos os dados levantados, verifica-se a possibilidade de um estudo
comparativo, ao que se refere à influência do tipo de solo e fundação, em relação às questões
financeiras da obra.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através das informações levantadas e pelos resultados obtidos
pelo software Cypecad, as análises e comparativo entre as fundações, dentre eles, metragem
cúbica de concreto, quantidades em quilogramas de aço e bitolas, escavações, mão-de-obra e
demais, em associação com a utilização de planilha de custos fornecida pelo SINAPE, Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, de dezembro de 2015, com
aplicação para cada orçamento de 30% de BDI, bonificação de despesas indiretas, foi possível
desta forma quantificar a influência financeira da fundação profunda com estaca hélice contínua
juntamente com os blocos de coroamento em comparação ao orçamento da sapata isolada em
concreto armado. As tabelas a seguir evidenciarão as quantidades e valores totais,
136
comparando principalmente itens referentes a materiais, como volume de concreto e
quantidade de aço para ambas as fundações.
Tabela 1 – Concreto (m3) estaca hélice contínua e blocos
Fonte: AGUIAR, Adrian Wallace dos Santos, JUNIOR, Alexandre Carlos Baida, 2016
Tabela 2 – Concreto (m3) sapatas isoladas
Fonte: AGUIAR, Adrian Wallace dos Santos, JUNIOR, Alexandre Carlos Baida, 2016
Tabela 3 – Aço (kg) estaca hélice contínua e blocos
Fonte: AGUIAR, Adrian Wallace dos Santos, JUNIOR, Alexandre Carlos Baida, 2016
Tabela 4 – Aço (kg) sapatas isoladas
Fonte: AGUIAR, Adrian Wallace dos Santos, JUNIOR, Alexandre Carlos Baida, 2016
Analisando-se as tabelas de 1 a 4 verifica-se que a fundação do tipo sapata isolada apresenta
percentuais de 20% (Volume de concreto) e 53% (Peso de aço) inferiores a associação das
fundações em estaca hélice contínua e blocos de coroamento, tal redução de consumo destes
insumos possibilita uma diminuição nos custos de aproximadamente 73% do valor das
fundações. Tal resultado justifica-se em função da associação das estacas e blocos de
coroamento, necessitarem de um maior consumo de concreto e aço, o que ocasiona um custo
superior em relação à fundação rasa do tipo sapata isolada. Portanto ressalta-se que o tipo e a
resistência do solo influenciam expressamente no valor final das fundações e por
consequência na obra como um todo. A seguir o gráfico 01 indica os percentuais
137
correspondentes ao custo final de cada tipo de fundação, onde além dos valores referentes a
materiais (aço e concreto) estão inclusos insumos como perfuração, escavação, injeção e
lançamento de concreto e BDI. Finalizando verifica-se que para o empreendimento em
questão a fundação rasa corresponde a aproximadamente 33% do valor quando se comparado
a solução em fundação profunda.
Gráfico 1 - Comparativo Valores Fundações
Fonte: AGUIAR, Adrian Wallace dos Santos, JUNIOR, Alexandre Carlos Baida, 2016
CONCLUSÃO: A fundação sapata isolada em quesito de consumo de concreto armado,
apresenta menor quantitativo e consequentemente maior economia do que a fundação
profunda do tipo estaca hélice contínua associada ao bloco de coroamento. Esta diferença
evidencia a influência da resistência do solo diretamente nos custos das fundações. Observa-
se que de acordo com as análises comparativas entre as fundações e solos distintos, para este
caso, a economia gerada no empreendimento seria de aproximadamente 67% dos custos
envolvidos, em valores da ordem de R$198.000,00 em moeda corrente. Tal diferença
justifica-se por alguns aspectos que envolvem as quantidades de insumos necessários, assim
como a execução da estaca hélice precisa de empresas especializadas em geotecnia,
maquinários próprios, e ainda necessita de mão de obra para a execução dos blocos de
coroamento, em contrapartida a fundação em sapata apresenta forma de execução simples e
não precisa de mão de obra tão especializada e sofisticados equipamentos geotécnicos.
Portanto, pode-se ressaltar que a escolha do terreno para implantação de um empreendimento
imobiliário, tem custos agregados não somente a especulação financeira do local, mas
também, principalmente em função do tipo de fundação a ser executada para suportar os
esforços da estrutura. Tal estudo comparativo evidencia a importância da investigação
geotécnica, para a elaboração de projetos de fundações, a fim de executar obras com
qualidade, segurança e economia. Ressalta-se que as análises aprofundadas do tipo de solo,
138
determinam a escolha e dimensionamento do elemento estrutural de fundação, objetivando
não só a viabilidade técnica na execução de uma obra, mas também uma significativa redução
no custo desta, principalmente quando se verifica que o valor médio de sondagens custa
menos do 0,5% do valor total do empreendimento.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Adrian Wallace dos Santos, JUNIOR, Alexandre Carlos Baida. Análise
Comparativa de Custo de Fundação do Empreendimento Izabel Parente, na Cidade de
Santarém-PA. Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário Luterano de Santarém
(CEULS). Santarém, 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas
de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execuções
de fundações. Rio de Janeiro, 2010.
BARROS, Carolina. APOSTILA DE FUNDAÇÕES: Técnicas construtivas de edificações.
Rio Grande do Sul, 2011.
Comitê Brasileiro de Construção Civil. NBR 6122 – Projeto e execução de fundações. Rio de
Janeiro. A.B.N.T. – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1994.
CYPECAD - Cálculo de Edifícios e Estruturas de Concreto Armado. Multiplus software
técnicos. Disponível em: < http://cypecad.multiplus.com/ > Acesso em: 23 Abril 2016.
TQS - Cálculo de Edifícios e Estruturas de Concreto Armado. Multiplus software técnicos.
Disponível em: < http://www.tqs.com.br/ > Acesso em: 15 Abril 2016.
139
COMPORTAMENTO ANUAL DA ÁGUA NO SOLO SOB FLORESTA NATURAL E PLANTIO DE GRÃOS EM LATOSSOLO AMARELO NA REGIÃO DE BELTERRA-PA
Raimundo Cosme de Oliveira Júnior1
Michael Keller2
Patrick Michael Cril3
Troy Patrick Beldini4
RESUMO: Na região do Baixo Amazonas (PA), as atividades antrópicas têm alterado significativamente seus
ecossistemas e causando um crescente impacto ambiental. Dada a sua importância no ecossistema, o solo ocupa
papel de destaque no controle da qualidade do ambiente. Com o objetivo de caracterizar a umidade do solo e a
variação sazonal, em dois Latossolos de diferentes texturas, este estudo foi realizado em duas áreas, distanciadas
por 18 km, localizadas na região de Belterra- PA, em Latossolo Amarelo muito argiloso na Floresta Nacional do
Tapajós (Flona), e Latossolo Amarelo argilosos numa fazenda de grãos (77 km, BR-163). Os teores de umidade
foram monitorados através de sensores de FDR (Reflexão no Domínio da Freqüência), inseridos em seis
profundidades (0,05, 0,15, 0,30, 0,50, 1 e 2 m), durante 3 anos (Flona) e 2 anos (77 km). A variação sazonal foi
marcante nos dois locais estudados, até a profundidade de 1 m, não diferindo entre esta profundidade e aquela de
2 m. Os resultados permitem aos produtores utilizarem as informações para melhor adequarem a época de
plantio e colheita das culturas implantadas e, também, ajudarem pesquisadores a melhor entender o
comportamento das florestas nativas diante de mudanças climáticas previstas para a região Amazônica.
PALAVRAS-CHAVE: floresta, agricultura, solo, mudanças climáticas.
INTRODUÇÃO: Na região do Baixo Amazonas (Pará), as atividades antrópicas têm alterado
uma parte significante dos seus ecossistemas e causando um impacto ambiental crescente,
esse processo de ocupação, que contribui para uma intensa alteração da biodiversidade. O solo
é destaque no controle da qualidade desse ambiente, dependendo muito da maneira como
serão manejadas as reservas edáficas. O manejo das propriedades físicas do solo têm sido
considerado de menor importância relativa às propriedades químicas nos sistemas agrícolas.
Conforme os sistemas de manejo se tornam mais intensivos e mecanizados, os problemas de
fertilidade são solucionados com aplicação de fertilizantes e corretivos, enquanto que as
propriedades físicas do solo, num manejo adequado, passam a ser mais importante
(OLIVEIRA JUNIOR et al., 1998). Na região faltam estudos básicos para uma agricultura
sustentável e o papel da água ocupa destaque, haja vista a ocorrência de períodos secos bem
definidos. Cruz et al. (2005) indaga que a produtividade das culturas depende da
disponibilidade de água e nutrientes no solo em época e quantidades apropriadas. O objetivo
1 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica ; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
2 Dr.; New Hampshire University, USForest Service.
3 Dr.; Stockholm University, Geology Department, Stockholm-Sweeden, United States.
4 Dr.; Departamento de geofísica, Universidade Federal do Oeste do Pará –UFOPA.
140
deste estudo foi caracterizar a umidade do solo e a variação sazonal, em dois Latossolos de
diferentes texturas na região de Santarém, Estado do Pará.
MÉTODO: O estudo foi conduzido na Flona, km 67 da BR-163, com coordenadas
geográficas de 02º 25‘ e 03º 00‘ S e 54º 00‘ e 55º 00‘ W. A região é caracterizada pelo clima
quente e úmido, com temperaturas médias de 28 °C e precipitação pluviométrica em torno de
2.000 mm, com a ocorrência de dois períodos nítidos de chuva, sendo de dezembro a junho, o
mais chuvoso e os demais mais secos (OLIVEIRA JUNIOR et al., 2001). Os solos são
altamente intemperizados e profundos, bem drenados, caoliníticos, classificados pela
Embrapa (1999). O solo da área do km 77 é classificada como Latossolo Amarelo Distrofico
argiloso, é mecanizada e utilizada para plantio de grãos há 5 anos, com sucessão anual de
milho, com aplicacão de 400 kg.ha-1
de NPK, e soja com adubacão de cobertura com 60
kg.ha-1
de ureia na mesma quantidade de NPK. A produtividade média de são de 53 e 61
sacas.ha-1, de soja e milho respectivos. O solo (km 77). Foram tomadas, em seis
profundidades (0,05 m, 0,15 m, 0,30 m, 0,50 m, 1 m e 2 m), medidas de Densidade do Solo
(DS), em triplicata com coletas 91 semanais. Para cada uma das profundidades, foram feitas
curvas de retenção, incubando o solo em câmara de pressão e coletadas amostras
indeformadas de solo, nas paredes laterais dos perfis. O espaço de poros preenchidos por ar no
solo ( ) foi estimado pela Porosidade Total (PT) com a diferença entre a DS, seguindo
Embrapa (1999) e a Densidade de Partículas (DP), esta sendo 2,65 Mg.m-3
(Equação 1).
Equação 1
No que concerne à umidade do solo (volumétrico, m3.m
-3), foram utilizados sensores
comercialmente disponíveis de FDR (Modelo CS615, Campbell Scientific Inc., Logan, UT).
Os valores médios de umidade volumétrica foram calculados em triplicata para cada
profundidade analisada. A partir da equação do balanço hídrico de Libardi (1995) a
evapotranspiração real foi obtida (Equação 2).
Equação 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A caracterização hídrica do solo, representada através das
curvas de retenção de água, é de fundamental importância no relacionamento entre a umidade
existente no solo e a tensão na qual a água está retida. Na figura 1, observam-se as variações
141
das características físicas e hídricas, por camada do perfil estudado. A diferença entre 100 kPa
e 200 kPa é muita pequena. Entre 1 a -33 kPa tem 0,42 m3.m
-3 d‘água na Flona, mas, só 0,38
no km 77. A umidade neste local, a qualquer tensão, é sempre menor do que na Flona. Isso
pode ser devido a um teor muito menor de argila e a menor porosidade na camada de 0,05 m
no km 77, além do maior valor de DS.
Figura 1- Curva de retenção de água em Latossolo Amarelo muito argiloso (Flona e
km 77) com média de três repetições.
Durante o período de estiagem (floresta), a maior profundidade que experimenta a seca é até
30 cm, com o restante do perfil apresentando-se com umidade acima de 0,30 m3.m
-3. Na área
do km 77, o curto período de umidade, em relação ao solo da floresta, sugere que a melhor
época de plantio seja compreendida entre meados de janeiro ao final de fevereiro, para
aproveitar a maior quantidade de água no solo (Figura 2).
142
Figura 3 - Umidade do solo, até a profundidade de 2 m, na área do km 77 (A) e na Flona
Tapajós (B) referentes a média anual, por profundidade (3 anos).
A grande variação de textura (0,05 m), explica o menor conteúdo de água neste solo do km
77, permitindo a drenagem mais rápida e menor retenção pelas partículas. Comparando a
Flona com o km 77 na camada de 0,05 m, verifica-se um decréscimo da porosidade total no
perfil em virtude do aumento da DS de 0,76 Mg.m-3
para 1,16 Mg.m-3
, evidenciando a relação
desta propriedade física com o espaço poroso do solo.
CONCLUSÃO: O solo na Flona e na área de grãos (km 77) apresenta déficit de água
disponível durante o período seco, considerando-se a profundidade de 0-1 m. Na camada de
1-2 m, não foi observado déficit. Há elevada variação sazonal na umidade do solo, entre o
período seco e úmido. Os solos estudados possuem umidade suficiente para suportar dois
cultivos, dependendo da época de plantio escolhida.
REFERÊNCIAS:
CRUZ, A. C. R. et al. Balanço de água no volume de solo explorado pelo sistema radicular de
uma planta de citros. RBCS, 29:1-10, 2005.
EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos, Rio de Janeiro, RJ.
SBCS. 5ª aproximação. Rio de Janeiro, 1999. 220p.
LIBARDI, P. L. Dinâmica da água no solo. Piracicaba: Departamento de Física e
Meteorologia - ESALQ/USP, 1995. 497p.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. de et al. Caracterização físico-hídrica dos principais solos da
região de Marabá-Carajás, Estado do Pará. Belém: EMBRAPA/CPATU, 1998. 43p.
(EMBRAPA-CPATU. Boletim de Pesquisa, 205).
143
CONTROLS ON STREAM DOC FLUX AND COMPOSITION IN THE AMAZON REGION, TAPAJOS NATIONAL FOREST
Marc G. Kramer 1
Raimundo Cosme de Oliveira Junior2
Alessandra Damasceno da Silva3
Isabel Cristina Tavares Martins4
Gláucia de Fátima Gomes5
SUMMARY: To improve predictive capabilities of water, carbon and nitrogen gas fluxes in the Amazon region,
we are examining the influence of land cover, topography and soil on stream dissolved organic carbon (DOC)
flux and composition. In addition to parameterizing model simulations of carbon and nitrogen dynamics,
monitoring of DOC flux across select streams will be used to better understand underlying controls (geomorphic
and land-use change) on DOC flux in the region and improve modeling capabilities. Although preliminary, these
results indicate that DOC enrichment normally associated with the onset of the wet season may be reduced in
catchments with more intensive land-use change. The Mojui drainage basin, where forest conversion to pasture
and agriculture is greatest, had the lowest flux of DOC (3 kg ha-1
yr-1
). This may be associated with reduced
stocks of above ground biomass and soil C.
KEY WORDS: land use, throughfall, topography.
INTRODUCTION: The Amazon basin has been the focus of many studies concerning the
effects of deforestation and land-use change on biogeochemical cycles for the past decade
(STEUDLER et al. 1996; NEILL & DAVIDSON 2000). The composition of rainfall in the
central Amazon is dilute and only slightly affected by anthropogenic sources (WILLIAMS et
al. 1997; FILOSO et al. 1999). And the majority of solutes originate locally from the biogenic
aerosols of rainforests and soils (HARRISS et al., 1990; WILLIAMS et al. 1997). In contrast,
solute concentrations in throughfall (the incident precipitation that passes through the canopy
of trees) are affected by the leaching of material from plant tissues, the active uptake of
material in rainfall by leaves or epiflora, and the washing-off and dissolution by rain of
aerosols and particles that accumulate on forest canopies between rains (PARKER, 1983;
LOVETT & LINDBERG, 1984). In this paper, we examine the effects of land-use To
improve predictive capabilities of water, carbon and nitrogen gas fluxes in the Amazon
region, we are examining the influence of land cover, topography and soil on stream dissolved
organic carbon (DOC).
1 University of California, Earth Science Department, Santa Cruz.
2 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
3 Eng. Agríc. Msc. em Rec. Nat. da Amazônia; Centro Universitário Luterano de Santarém– CEULS/ ULBRA.
4 Eng. Mecânica Msc.; Centro Universitário Luterano de Santarém –CEULS/ULBRA.
5 Meteorologista Msc. em Rec. Nat. da Amazônia; Centro Universitário Luterano de Santarém –
CEULS/ULBRA.
144
METHODOLOGY: Using 90-m SRTM digital elevation (DEM) data and land cover/land
use maps derived from Landsat-TM we have selected several catchments in the Tapajos
national forest drainage area with contrasting land use, topography, and soils. Field sampling
of throughfall, lysimeter and stream water components will provide insight into flow path
dynamics and a better understanding of the chemical nature of DOC under contrasting land
use patterns. DOC samples will be characterized and compared using Nuclear Magnetic
Resonance (NMR). 5 Sampling sites with contrasting land-use change were selected for the
study (Figure 1). Catchment sizes ranged from 10,000 – 100,000 Ha. In addition, end-
member sampling of groundwater wells and throughfall were made. A monthly sampling
scheme initially was used to compare hydrochemical properties (stream flow, temperature,
dissolved organic carbon (DOC), pH, and major cations and anions) of drainages from each
catchment. As of April 2004, a bi-weekly sampling scheme was employed. We will use
cations, anions and stable isotope values in conjunction with end-member sampling
(throughfall, O-horizon and groundwater sampling) to perform hydrograph separations on
these catchements.
Figure 1- Area de study. Source: author.
145
RESULTS AND DISCUSSION: Our results suggest topography and soils are important
controls on DOC flux in these catchments. Natural forest catchment DOC flux ranges from 20
kg ha-1
year-1
- 6 kg ha-1
year-1
depending on landform type and soil drainage. A strong
seasonal increase in DOC concentration and flux was observed in all natural forested
catchments during the wet season. By contrast only a slight increase DOC concentration has
yet been observed in catchments which have experienced more intensive land-use change
(Table 1). Although preliminary, these results indicate that DOC enrichment normally
associated with the onset of the wet season may be reduced in catchments with more intensive
land-use change. Lower amounts and concentrations of DOC in these streams may be the
result of less rainfall percolation through the forest canopy (MICHAEL R. et al.) and flow-
through in thick active A horizons found in natural forests. The Mojui drainage basin, where
forest conversion to pasture and agriculture is greatest, had the lowest flux of DOC (3 kg ha-1
yr-1
). This may be associated with reduced stocks of above ground biomass and soil C.
Table 1- Landcover type.
Partially
Altered051198 (47)Uplands381703187994492Branco
Intact010099 (60)Uplands3417930177102704Moju Mara
Intact030097Plateau1915821611714200Jatuarana
Altered6295853Lowlands/Plateau3012520256123489Mojui
(%)(%)(%)(%)(%)(m)(m)(m)(m)(ha)
StatusForestPastureforestforestSettingStdMeanMaxMinareaId
LandcoverShadowSecondaryGreenNon-PrimaryGeomorphicBasin ElevationDrainageBasin
Landcover Type
CONCLUSION: The topography and soils are important controls on DOC flux in these
catchments. A strong seasonal increase in DOC concentration and flux was observed in all
natural forested catchments during the wet season. Although preliminary, these results
indicate that DOC enrichment normally associated with the onset of the wet season may be
reduced in catchments with more intensive land-use change.
REFERENCES:
HARRIS, R. C. et al. The Amazon Boundary Layer Experiment (ABLE-2B): Wet season
1987. J. Geophys. Res, v. 95, p. 16,721-16,736, 1990.
LOVETT, G. M. & LINDBERG, S. E. Dry deposition and canopy exchange in a mixed oak
forest as determined by analysis of throughfall. Journal of Applied Ecology, p. 1013-27,
1984.
146
NEILL, C. et al. Soil carbon accumulation or loss following deforestation for pasture in the
Brazilian Amazon. Global climate change and tropical ecosystems, p. 197-211, 2000.
PARKER, G. G. Throughfall and stemflow in the forest nutrient cycle. Advances in
ecological research, v. 13, p. 57-133, 1983.
STEUDLER, PAUL A. et al. Consequence of forest‐ to‐ pasture conversion on CH4 fluxes
in the Brazilian Amazon Basin. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 101, n.
D13, p. 18547-54, 1996.
WILLIAMS, Michael R.; FISHER, Thomas R.; MELACK, John M. Chemical composition
and deposition of rain in the central Amazon, Brazil. Atmospheric Environment, v. 31, n. 2,
p. 207-217, 1997.
WILLIAMS, R. et al. Effects of land-use change on solute fluxes to floodplain lakes of the
central Amazon. Biogeochemistry, v. 68, n. 2, p. 259-75, 2004.
147
O DESEMPENHO DA CINZA DA CANA-DE-AÇÚCAR COMO ADIÇÃO PARA O CONCRETO
Rodrigo Pedroso da Silva
1
Tayanne Christina Melo Vieira2
Veronica Solimar dos Santos3
RESUMO: Nos últimos anos a ciência tem dedicado grande atenção ao aquecimento global. A missão direta de
dióxido de carbono na atmosfera tem sido apontada como o principal fator de destruição da camada de Ozônio,
sendo somente a indústria cimenteira responsável por 07% de todas as emissões de CO2 do mundo. Com o
objetivo de minimizar estes índices de emissões de CO2, bem como as consequências do aquecimento global,
pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o intuito de reduzir o volume de cimento produzido no planeta através
de adições minerais, com destaque para o emprego dos resíduos da agroindústria (cinza da casca do arroz e cinza
de bagaço da cana – de - açúcar), que somaram no Brasil um volume de 44,3 milhões de toneladas. O objetivo
deste trabalho foi a substituição parcial do cimento Portland, analisando a baixa quantidade de material residual
no experimento. No concreto foi adicionado porcentagens baixas como 2% e 5% para analisar o comportamento
em comparação ao concreto referência e assim foi realizado ensaio mecânico de compressão nos corpos de
prova. Os resultados mostraram que a substituição em baixa proporção, gerou um aumento circunstancial diante
da baixa porcentagem proposta.
PALAVRAS CHAVES: concreto. cana-de-açúcar. adição residual.
INTRODUÇÃO: A busca por materiais alternativos, que minimizem e diminuam a extração
de recursos naturais e se torne menor o índice de poluição tem sido um grande desafio para a
indústria da construção civil. A reciclagem de resíduos como o bagaço da cana de açúcar
sendo incinerado até se obter a sílica, Segundo Dantas4, ―A sílica é uma das substancias
químicas mais importantes quando queremos deixar o concreto mais resistente e durável
levando em consideração a diminuição do cimento‖. No Brasil mostra-se viável, uma vez que
a agroindústria apresenta um elevado desenvolvimento tecnológico, somado as boas
condições geológicas e climáticas existentes A Companhia Nacional de Abastecimento
(CONAB) apurou na safra 2014/2015 de cana-de açúcar em Mato Grosso do Sul deve ser
6,7% maior na comparação com 2013/2014, passando de 41,5 milhões para 44,3 milhões de
toneladas, projetou a Associação de Produtores de bioenergia do estado (Biosul), Segundo
Sessa5, ―com o intuito de reduzir o volume de cimento empregado na elaboração de concretos.
Uma das maneiras de diminuir estes índices está relacionada à substituição parcial do volume 1 Acadêmico do 6° semestre de Engenharia Civil- Universidade luterana do brasil (ULBRA). E-mail:
[email protected] 2 Acadêmica do 6° semestre de Engenharia Civil- Universidade luterana do brasil (ULBRA). E-mail:
[email protected] 3 Orientadora do artigo e Professora de Engenharia Civil- Universidade luterana do brasil (ULBRA). E-mail:
[email protected] 4 DANTAS, Igor. Microsilica: Produção e uso no concreto. [S.I]: Engenharia Civil Blog, 2012. Disponível em:
https://engciv.wordpress.com/tag/silica-ativa. Acesso em: 18 mai. 2016, 08:54:06. 5 SESSA, Thiago da Cruz. Avaliação da utilização da cinza do bagaço de cana-de-açúcar em concreto usando
construções residenciais de menor impacto, Rio de Janeiro, 89 p. abr. 2013.
148
de cimento por uma ou mais adições minerais que atuem quimicamente, como as pozolanas
ou materiais com ação física‖.
MÉTODOS: O estudo constitui-se de uma pesquisa experimental, realizada entre abril a
maio de 2016, no qual realizou-se uma consulta a livros e periódicos presentes na Biblioteca
Virtual da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). A pesquisa dos artigos foi realizada
em abril de 2016. As palavras-chave utilizadas na busca foram cinzas da cana de açúcar no
concreto, Resistências.
Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram o uso da cana-de-açúcar no
processo de substituição do cimento Portland no concreto para se reduzir o uso do mesmo
pois o uso de minerais no concreto poderia reduzir o dióxido de carbono na atmosfera. Foram
excluídos estudos que relatavam o emprego de outras utilizações como substituição da areia
ou como ―filler‖ no composto do fibrocimento.
Logo em seguida, buscou-se estudar e compreender os principais parâmetros e forma
de aplicação empregados nos estudos encontrados.
A cana-de-açúcar precisou ser seca no sol para reduzir a umidade para se obter uma
queima melhor. Na queima do bagaço foi utilizado latões de alumínio e gasolina, logo depois
de queimar foram guardadas as cinzas e depois de fria, foi feito o peneiramento na 200 mm,
para se obter uma cinza bem fina.
Depois se obteve a areia e a brita, e foram feitas as caracterizações necessárias para o
cálculo do concreto onde foi utilizado o método da ABCP.
Cálculo do traço segundo a NBR 12655/2015
-FCJ Resistencia Media do Concreto a Compressão
-FCK Resistencia Característica do Concreto à compressão de Projeto
-MPA Mega Pascal
-A/C Fator de água Cimento
-Cc Consumo de Cimento
-Ca Consume de Areia
-Vm Volume médio da Areia
Método pela ABCP
Resistencia final 20 MPA, a compressão
Fcj = 26,6 MPA
A/C = 0,58 mpa
Cc = 336,21 kg/ m3
Vm= 0,43
0,589 consumo da areia
TRAÇO UTILIZADO 1: 2,18: 2,50: 0,58
149
Com 2% em relação ao cimento se utilizou 0,16g, com 5% foi utilizado 0,40g.
Depois dos cálculos feitos, começou a execução do traço que aconteceu nos dias 3 e 6
de maio, com os seguintes paços.
1,427
2,637
1,702
3,181
Fonte: LABORATORIO CEULS/ULBRA 2016
Caracterização dos Agregados Graúdo e Miúdo 2016/1
Diâmetro Máximo da Areia
Modulo de Finura da Areia
Diâmetro Máximo da Brita
Pulverulento da Areia
2,4 mm
3,57
19 mm
2,40%
Densidade Aparente Areia
Densidade Real Areia
Densidade Aparente Brita
Densidade Real Brita
Tabela 1: obtida a partir de ensaios realizados no laboratório da Ceuls/Ulbra
Execução do traço segundo a NBR 12655/2015
Foram utilizados 8 kg de cimento, que foi multiplicado pelo traço real, 8kg:
17,44kg:20kg:4,64L, foi feita a pesagem do material, as 6 formas dos CP (corpo de prova)
foram limpas e lubrificadas juntamente com o slump test, posteriormente foi ligada a
betoneira e colocado o agregado graúdo (brita 1) e 1/3 da água (1,55L) por 5 min, em seguida
foram inseridos o cimento e as cinzas da cana por mais 5 minutos, a areia e o restante da água
(2,64L) por mais 5 minutos. Seguindo as normas da ABNT foi colocada 3 colheres de
cimento na primeira camada do slump test e foi golpeado 25 vezes sem bater no fundo, mais 3
colheres de cimento na segunda camada e golpeado mais 25 vezes sem encostar na primeira
camada, na última camada foi colocado mais 3 colheres até a borda do slump e golpeado mais
25 vezes, depois foi retirado o cone e medido com escalimetro. O material utilizado foi
recolocado na betoneira por mais 2 minutos para misturar, em seguida colocado nas formas
dos CP, a primeira camada (até a metade) e golpeado 12 vezes, e na última camada mais 12
vezes e assim foram feitos nos demais, em seguida foi realizada a vibração manual para
retirada do ar, e colocado para secar por 24 horas.
No dia seguinte foi desenformado os CP e colocado à agua para evitar a zona de
transição e iniciado o processo de hidratação. Após os 2 dias restantes contando com as 24
horas anteriores, foi rompido nos 3 (três) dias os primeiros CP. Primeiramente foi retirado o
diâmetro 4 vezes de cada um com o paquímetro, e depois foi retirada a média. Posteriormente
rompemos os mesmos e foi feito isso nos 7 e 28 dias de cada corpo de prova, como podemos
ver nas tabelas abaixo.
150
Figura 2: arquivo pessoal, método utilizado para a
queima da cana de açúcar. Figura 2: arquivo pessoal, método utilizado para a
queima da cana de açúcar.
Fonte: LABORATORIO CEULS/ULBRA 2016
Com adição de 5%16,50 19,32 24,04
16,41 20,96 23,33
16,76 19,92
Com adição de 2%15,52 20,62 23,00
16,10 20,15 22,72
Ensaio mecânico de compressão nos corpos de prova 2016/1Porcentagens da
amostra ao
concreto
3 DIAS / MPA 7 DIAS / MPA 28 DIAS / MPA
Sem adição da
amostra
11,45 15,80 20,09
10,67
Tabela 2: obtida a partir de ensaios de compressão realizados no laboratório-Ceuls/Ulbra
Gráfico 1: Obtido a partir dos ensaios de compressão, no laboratório- Ceuls/Ulbra
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram encontrados 3 artigos e 1 livro nas bases de dados
consultadas que versavam sobre a utilização da cinza da cana de açúcar como forma de
substituição do cimento Portland no concreto. O objetivo era fazer uma análise sobre, o que a
cinza da cana de açúcar poderia proporcionar ao substituir em baixa proporção ao concreto, e
tivemos bons resultados como podemos ver no (gráfico 1), onde ao adicionar 5% de cinza, a
resistência do concreto chegou a 24,04 MPa, ou seja 4 MPa a mais do que foi calculado. Ao
adicionar 2% da cinza, a resistência alcançou 23 MPa, onde aumentou 3 MPa, do que foi
calculado que seria 20 MPa.
151
A escolha de se usar pouca porcentagem de material, foi que vimos muitos artigos
onde se usava porcentagens muito alta, e podemos ver que com porcentagens baixas com 2%
e 5% podemos resultados interessantes também.
Depois de rompidos, os corpos de prova, podemos ver que os materiais não
segregaram, pois se o mesmo tivesse ocorrido não teríamos o resultado esperado.
CONCLUSÃO: Obtivemos êxito na execução do artigo, e podemos observar que o uso em
pequena porcentagem aumenta a resistência do concreto, consequentemente também será
pouca a resistência que aumentaram, mesmo sendo pouco o uso de resíduos sólidos e
importante para o meio ambiente, pois e o que mais sente quando esses resíduos são jogados
em lugares inadequados. Assim podemos ter certeza que o uso em concreto seria o ideal,
mesmo sendo em pouca escala.
REFERENCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015. Concreto de cimento
Portland – Preparo, Controle e Recebimento - Procedimento; NBR 12655. Rio de Janeiro:
ABNT.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004. Resíduos Sólidos -
Classificação; NBR 10004. Rio de Janeiro: ABNT.
CHRISTOFOLLI, Jorge. Concreto Resfriado [S.I.]: Cimento Itambé, 2008. Disponível em:
http://www.cimentoitambe.com.br/concreto-resfriado/. Acesso em: 19 abr. 2016, 19:10:30.
COSTA, Mirian de Almeida. Cura [S.I.]: Resposta Técnica, 2010. Disponível em:
http://www.respostatecnica.org.br. Acesso em: 19 abr. 2016, 18:45:23.
DANTAS, Igor. Microsilica: Produção e uso no concreto. [S.I]: Engenharia Civil Blog,
2012. Disponível em: https://engciv.wordpress.com/tag/silica-ativa. Acesso em: 18 mai. 2016,
08:54:06.
SILVA, Daniel Franco da. Cuidados com Concreto [S.I.]: Techne, 2012. Disponível em:
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/200/artigo301305-1.aspx. Acesso em: 19 abr. 2016,
19:30:50.
SESSA, Thiago da Cruz. Avaliação da utilização da cinza do bagaço de cana-de-açúcar
em concreto usando construções residenciais de menor impacto, Rio de Janeiro, 89 p. abr.
2013.
152
DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE SUBMETIDOS A DIFERENTES SISTEMAS DE TROCAS DE AR
Calebe Liberal Martins
1
Daniel Rocha de Oliveira2
Edson Pereira dos Reis3
Raimundo Cosme de Oliveira Junior4
RESUMO: A temperatura ambiente é considerada o fator físico de maior efeito no desempenho de frangos de
corte. Quando elevada causa redução no desempenho produtivo das aves. Existem diversos meios de se atingir as
temperaturas de conforto dentro de um aviário e, uma delas é a ventilação, seja ela por um sistema de pressão
positiva (ventiladores), ou sistema de pressão negativa (exaustores). O estudo objetivou verificar a influência da
remoção forçada de massas de ar sobre o desempenho de frangos de corte, utilizando dois aviários da empresa
Tapajós Alimentos Ltda - AVISPARÁ, em Santarém (PA). Foram utilizados dois galpões medindo 1400 m2
cada, o primeiro com ventiladores e o outro com exaustores. Verificou-se que entre o desempenho das aves
quanto ao peso ao abate, ganho de peso, conversão alimentar e percentual de viabilidade não apresentaram
nenhuma diferença, sendo esta averiguada apenas no índice de mortalidade, visto que, o sistema de ventilação
por pressão positiva apresentou um índice superior ao sistema por pressão negativa. Portanto, conclui-se que o
sistema de pressão negativa é mais eficiente do que o sistema de pressão positiva, uma vez que mantém o aviário
em melhores condições de bem-estar térmico.
PALAVRAS-CHAVE: ventilação, pressão negativa, pressão positiva.
INTRODUÇÃO: Atualmente, na avicultura, existem inúmeros fatores concorrentes para a
criação de um ambiente apropriado para produção, uma vez que, este instrumento é
considerado um dos principais causadores da perda na produção animal em escala industrial,
principalmente em relação à variável temperatura do ar. Nesse entendimento, Nazareno et al.
(2009) salienta que o ambiente do sistema de criação intensivo possui influência direta na
condição de conforto e bem-estar do animal, chegando a promover dificuldade na manutenção
do balanço térmico no interior das instalações e, também, na expressão de seus
comportamentos naturais, afetando, assim, o desempenho produtivo das aves.
Sabe-se que a temperatura ambiente é considerada o fator físico de maior efeito no
desempenho de frangos de corte, uma vez que, exerce grande influência no consumo de ração
e, com isto, afeta diretamente o ganho de peso e a conversão alimentar dos animais. Quando
esta se encontra muito elevada, sendo associada a altos valores de umidades do ar causa uma
redução no desempenho produtivo, pois à medida que a temperatura ambiente aumenta,
comprometem-se as perdas de calor sensível dos animais por condução, convecção e radiação.
Pereira (2007) argumenta que a importância da adequação climática das instalações
para a criação de animais reside em sua ligação com a produtividade e a economicidade do 1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
2 Veterinário Msc. em clinica e rep. animal; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
3 Agr. Esp. em Tecnologia de Alimentos; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
4 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica ; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
153
empreendimento. No entanto, existem inúmeras formas de se atingir as temperaturas de
conforto dentro de um aviário e, uma delas é a ventilação. Segundo Abreu & Abreu (2000, p.
5) ―[...] a ventilação é um meio eficiente de controle da temperatura, dentro das instalações
avícolas por aumentar as trocas térmicas por convecção‖.
Este estudo vem abordar sobre os sistemas de ventilação, de pressão negativa e
positiva, objetivando investigar a influência da remoção forçada de massas de ar sobre o
desempenho de frangos de corte, sendo utilizado como local de estudo, dois aviários da
empresa Tapajós Alimentos Ltda - AVISPARÁ, localizada no município de Santarém.
MÉTODO: O experimento foi conduzido em dois aviários da empresa Tapajós Alimentos
Ltda (Avis Pará) situada na cidade de Santarém (PA). Situado nas latitudes 2º48‘38‖ S e
longitude de 54º33‘46‖ O. O experimento foi realizado entre os meses de fevereiro a abril de
2016, sendo que as aves utilizadas durante o experimento foram originárias de um mesmo
incubatório de linhagem Cobb, com um dia de vida e foram manejadas seguindo as práticas
de manejo e orientações técnicas habitualmente utilizadas pela empresa.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com dois tratamentos e
100.000 repetições para cada, onde cada animal representa uma repetição. A avaliação do
desempenho de frangos de corte ocorreu por meio do peso ao abate, ganho de peso, conversão
alimentar, índice de mortalidade e percentual de viabilidade. Cada lote foi pesado 100% das
aves, de forma a obter o peso corporal e o ganho de peso. Para avaliação do índice de
conversão alimentar (ICA) foi obtido dividindo-se o consumo total de ração (CTR) pelo
ganho de peso total (GPT) das aves a cada intervalo. Os dados de ganho de peso e eficiência
alimentar e taxa de mortalidade foram analisados pelo procedimento ANOVA (Statistica 8.0).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados demonstram não haver diferença entre os
grupos para ganho de peso e peso ao abate. Contudo, foi notável a diferença entre as taxas de
mortalidade. O peso ao abate foi semelhante entre os galpões avaliados, apresentando
variação numérica em decorrência da diferença da idade de abate que foram de 43,3 e 45 dias
para os grupos de que utilizam pressão negativa e pressão positiva, respectivamente (Figura
1). Esses resultados vão ao encontro com os esclarecimentos de Furlan (2006), o qual afirma
que o desempenho dos animais está condicionado a diversos fatores, contudo, o material
genético atual exige boa nutrição para responder adequadamente quanto ao ganho de peso,
fechando o ciclo com peso vivo superior a 2 kg.
154
Figura 1- Ganho de peso e peso de abate (kg).
Fonte: autor.
A conversão alimentar apresentaram-se muito próximas as consideradas ideais e não
houve diferença entre os grupos (Tabela 1). Essa informação é coerente com as afirmativas de
Abreu & Abreu (2000) os quais relatam que animais que se encontram em condições térmicas
ótimas, sem calor ou frio, podem reverter a energia consumida em produção de biomassa com
maior eficiência.
Tabela1. Médias de Conversão alimentar, conversão ideal e variação
Conversão alimentar Conversão ideal Variação (%)
Pressão negativa 1,756ª 1,693 3,721
Pressão positiva 1,760ª 1,720 2,326
TOTAL 1,758 1,707
Corroborando os resultados, Tinoco (2004) afirma que tanto os sistemas de pressão
positiva como o de pressão negativa promovem a regulação da temperatura dependendo
apenas da intensidade de uso dos equipamentos que realizam a movimentação das massas de
ar.
A mortalidade foi superior no grupo submetido a galpões com sistemas de ventilação
com pressão positiva deixando claro que este sistema é menos eficiente na manutenção
sanitária dos indivíduos (Figura 2). Possivelmente ocorreu pela dificuldade em manter o
ambiente isento de gases nocivos assim como reduzir a amplitude térmica ao longo do
período produtivo, possibilitando assim maior regularidade das funções orgânicas para
manutenção da homeostase.
155
Figura 2- Diferença na mortalidade e viabilidade de frangos de corte em dois sistema de ventilação.
Fonte: autor.
CONCLUSÃO: O sistema de pressão positiva não consegue controlar a temperatura
ambiente, dificultando a manutenção sanitária das aves e reduzindo a eficiência econômica
produtiva do sistema.
REFERÊNCIAS:
ABREU, P. G. & ABREU, V. M. N. Ventilação na avicultura de corte. EMBRAPA,
Concórdia-SC, 2000.
FURLAN, R. L. Influência da temperatura na produção de frangos de corte. VII Simpósio
Brasil Sul de Avicultura, Abril/2006, Chapecó, SC.
NAZARENO et al.. Avaliação do conforto térmico e desempenho de frangos de corte sob
regime de criação diferenciado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.
13, n.6, p. 802-08, 2009.
PEREIRA, C. L. Avaliação do conforto térmico e do desempenho de frango de corte
confinados em galpão avícola com diferentes tipos de coberturas. 2007. 104f. Dissertação
(Mestrado em Zootecnia). Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da
Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2007.
TINOCO, F. F. I. A granja de frangos de corte. In: MENDES, A.; NÄÄS, I.; MACARI,
M. Produção de frangos de corte. 1 ed. Campinas: FACTA, 2004. Cap. 4, p.56-82.
156
DESEMPENHO DE TAMBAQUI Colossoma macropomum CRIADOS EM TANQUE ESCAVADO SUBMETIDO A MANEJO SUPERINTENSIVO
José Maria Pereira Carvalho1
Daniel Rocha de Oliveira2
Edson Pereira dos Reis3
Gilbson Santos Soares4
Raimundo Cosme de Oliveira Junior5
RESUMO: O Tambaqui Colossoma macropomum é um dois peixes mais importantes da bacia amazônica, muito
encontrado em rios lagos e áreas alagadas nas margens dois principais rios. O clima é um dos grandes entraves
na piscicultura, podendo afeta diretamente o manejo. Foram utilizados neste estudo 1500 alevinos de tambaqui
criados em tanque escavado, utilizando-se lona, o qual esteve equipado com sistema de aeração forçada. Foram
uilizadas metodologias de avaliação biométrica e de desempenho ponderal. Observou-se que os parâmetros
nitrito e turbidez estiveram discordantes da literatura, onde apresentavam valores de 1,2 mg.L-1
e 34.8 cm,
respectivamente. Nota-se que as condições qualitativas da água influenciam diretamente o desempenho de peixes
em especial em sistemas de água estagnada, o que demanda mais estudos quanto a novas tecnologias de baixo
custo.
PALAVRAS-CHAVE: biometria de peixes, tanque escavado, alevinos.
INTRODUÇÃO: O Tambaqui Colossoma macropomum também e chamado por populares
em algumas regiões de pacu vermelho, sua estrutura corporal é referenciada como rombóides
apresentam nadadeiras curtas, estrutura dentária apresenta dentes molares e rasto branqueia
grandes e numerosas, cavidade bocal com formato pequeno e com vários músculos deixando
a mesma muito forte. O tambaqui é um dois peixes mais importantes da bacia amazônica,
muito encontrado em rios lagos e áreas alagadas nas margens dois principais rios. Seu
tamanho máximo em ambiente natural pode chega a 1m de comprimento e seu peso há 30 kg,
com essas características físicas o tambaqui se torna o segundo maior peixe com escamas da
região, atrás somente do pirarucu. Segundo Lazzari (2011) no Brasil a piscicultura entre 2002
e 2006 teve um grande aumento em de produção, em torno de 1 milhão de toneladas, na
mesma época o sistema de aquicultura teve um acréscimo de 40,4 para 51 milhões de
toneladas produzidas. Tavares (1995) cita que para que ocorra uma boa vivência dos
organismos em meio aquático, é imprescindível ter um monitoramento adequado, qualquer
que seja a pesquisa que envolva o cultivo de peixes, o ponto de partida é o monitoramento da
agua. O sistema superintensivo ocorre quando o produtor tem uma alta circulação de água no
sistema, e pode fazer todos os procedimentos necessários como controle de qualidade da água
1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
2 Veterinário Msc. em clinica e rep. animal; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
3 Agr. Esp. em Tecnologia de Alimentos; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
4 Biólogo Msc. em Melhoramento Genético; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
5 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica ; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
157
como, estocagem de animas diferentes dos demais sistemas, utilizando biomassa.m-3
, na
alimentação tem que ter todo o cuidado de fazer o balanceamento nutricional completo, pois
vai ser a única alimentação a ser ofertada aos mesmos. A biometria em um manejo animal é
para saber qual o desenvolvimento físico, dentre outras observações. Não se deve fazer este
processo, sem avaliar a qualidade da água e a procedência dos alevinos, também se leva em
conta a qualidade da ração, todos esses parâmetros podem interferir no tamanho do peixe.
MÉTODO: O estudo foi desenvolvido entre os meses de março e outubro de 2015 em
propriedade particular no município de Santarém (PA). O clima do município insere-se na
categoria de megatérmico úmido, do tipo Aw da classificação de Köppen, temperatura média,
durante todo o ano, em torno de 26,7ºC. As precipitações anuais média atingem 1.780 mm,
com forte concentração entre os meses de janeiro a junho e mais rara de julho a dezembro, e a
umidade relativa do ar média em torno de 73% (OLIVEIRA JÚNIOR & CORREA, 2001). Os
animais foram alojados em um tanque de 99 m-3
lonado e equipado com bomba centrífuga
para realizar a aeração no período de 0 às 6 horas. Para a avaliação do desempenho produtivo,
foram alocados 1.500 alevinos, medindo em média 2,5 mm de comprimento e 0,9 g de massa.
A cada 23 dias, 5 verificações da biometria foram realizadas de acordo com metodologia,
onde foram colhidos dados das seguintes variáveis: comprimento corporal (CC, em mm);
comprimento total, (CT, em mm); altura corporal (AL, em mm); largura (L, em mm);
tamanho cabeça (C, em mm) e; peso vivo médio. Neste experimento também foi avaliado o
desempenho zootécnico dos animas através do ganho de peso diário (GPD) e biometria.
Figura 1. Medidas biométricas dos alevinos.
Fonte: autor.
158
Para realizar as análises quantitativas e qualitativas da água foram utilizados
parâmetros químicos e físicos da água sendo, pH, O2 dissolvido, Amônia tóxica, Nitrito,
Alcalinidade total, e turbidez. A análise estatística foi realizada por meio de estatística básica
e posteriormente foi aplicado o teste de correlação de Pearson para verificar correlação entre o
ganho de peso e as variáveis de qualidade da água com biometria.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A qualidade da água é a condição mais importante para o
desenvolvimento dos animais (parâmetros físicos e químicos), conforme tabela 1. Diante da
analise de variância, verificou-se que os resultados de alcalinidade, amônia e turbidez
apresentaram variações significativas, em quanto os demais valores não sofreram alterações
representativas. A amônia tóxica apresentou variação, por outro lado, a dureza não apresentou
variações significativas.
Tabela 1- Médias e variâncias das variáveis físico-químicas da água do reservatório
Alcalinidade Dureza Oxigênio Amônia Nitrito pH Turbidez Temp. água
Geral 23,3 ± 6,1 29,3 ± 2,5 7,5 ± 0,7 1,2 ± 0,7 0,0 ± 0,0 7,6 ± 0,4 34,8 ± 7,6 31,2 ± 2,2
T1 16,6 ± 5,7 26,6 ± 5,7 8,0 ± 1,0 0,3 ± 0,1 0,0 ± 0,0 8,0 ± 0,0 39,0 ± 10,3 31,6 ± 2,5
T2 20.0 ± 0,0 30,0 ± 0,0 7,0 ± 1,0 1,0 ± 0,8 0,0 ± 0,0 7,3 ± 0,5 34,0 ± 8,7 29,3 ± 1,1
T3 30,0 ± 0,0 30,0 ± 0,0 7,6 ± 0,5 2,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 7,6 ± 0,2 28,3 ± 4,7 32,0 ± 2,0
T4 23,3 ± 0 30,0 ± 0,0 7,3 ± 0,5 1,3 ± 0,0 0,0 ± 0,0 7,3 ± 6,2 36,0 ± 2,6 32,0 ± 1,7
T5 26,6 ± 5,7 30,0 ± 0,0 7,6 ± 0,5 1,6 ± 0,0 0,0 ± 0,0 7,6 ± 8,1 37,0 ± 3,0 31,3 ± 4,5
O desempenho corporal dos alevinos não apresentou variações significativas em sua medição
biométrica (Tabela 2). Existe uma relação entre parâmetro da água e o desempenho ponderal
foi observado que os valores de maior relevância encontra-se entre a turbidez e o nitrito. Pois
Mardini & Mardini (2000) citam que esse resultado dar-se-á pelo nitrito ser um composto
intermediário no processo de nitrificarão quando a amônia é oxidada, pela ação bacteriana. O
nitrito é encontrado em baixa concentração no ambiente oxigenado, supondo que não apenas
o nitrito é o responsável pelo ganho de peso, mas sim o conjunto.
CONCLUSÃO: O desempenho biométrico dos animais foi considerado adequado
comparando com a literatura, servindo como uma boa referência para avaliação do
desempenho. O ganho de peso foi um parâmetro verificado dentro da media e que pode ser
utilizado para verificação da eficiência de sistemas superintensivos em especial quando
submetidos a condições alternativas. Há correlação entre parâmetros qualitativos da água e o
desempenho produtivos dos peixes, sobretudo nas condições do presente estudo.
159
REFERÊNCIAS:
LAZZARI et al. Densidade de estocagem no crescimento, composição e perfil lipídico
corporal do jundiá. Ciência Rural, v.41, p.712-18, 2011.
MARDINI, C. V. & MARDINI, L. B. Cultivo de peixes e seus segredos. Ulbra, 1ª Ed.
Canoas, RS, 2000.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. & CORREA, J. R. V. Caracterização dos solos do Município de
Belterra, Estado do Pará. Documentos. Embrapa Amazônia Oriental, Belém, v. 88, p.1-39,
2001.
TAVARES, L. H. S. Limnologia aplicada à aquicultura. Funep, 1995.
160
DESEMPENHO PRODUTIVO DA CULTURA DO PIMENTÃO (Capsicum annuum, L) SOB A INFLUÊNCIA DO NITROGÊNIO A NÍVEL DE CAMPO
Greisielle Galvão Viana1
Tanya Débora Bezerra de Castro 1
Raimundo Cosme de Oliveira Junior2
Isabel Cristina Tavares Martins3
Glaucia de Fátima Gomes4
RESUMO: O pimentão (Capsicum annuum L.) pertencente à família das solanaceae é considerado uma das
olerícolas mais presentes na mesa do consumidor brasileiro. Com objetivo de conhecer a produtividade do fruto
do pimentão relacionando a disponibilidade de Nitrogênio (N) com distintas fontes, foi realizada uma pesquisa
em três propriedades da região oeste do Pará. Para isso, foi feita uma verificação descritiva da massa média dos frutos, altura da planta e o número de frutos por planta, utilizando a cultivar do híbrido Magali. Com isso,
concluiu-se que o N, tido como nutriente essencial para estimular o crescimento e o rendimento dos produtos
colhidos, teve grande destaque na propriedade que proporcionou a maior oferta do elemento nutricional.
PALAVRAS-CHAVE: produtividade, adubação química, adubação orgânica.
INTRODUÇÃO: O pimentão (Capsicum annuum L.) é uma das espécies mais difundidas e
populares do grupo das hortaliças, sendo considerada uma das dez espécies de maior
importância econômica no mercado brasileiro (Ribeiro et al., 2000). Predominante de clima
tropical, necessita de temperatura mais elevadas durante germinação e a formação de mudas.
Segundo Filgueira (2000), a adoção da adubação química é uma prática agrícola fundamental
para desenvolver os resultados da produção hortícola, tanto sob o aspecto tecnológico, quanto
econômico. A maioria das hortaliças carece de quantidades relativamente grandes de
nutrientes num período de tempo quase sempre muito curto, sendo assim consideradas plantas
exigentes em nutrientes também são consideradas altamente esgotantes para o solo. O
Nitrogênio (N) é um nutriente limitante para a cultura do pimentão, pois influencia no
crescimento das plantas da mesma forma que a produção dos frutos (MANCHANDA &
SINGH, 1988). Segundo Cadahia López (1988), há necessidade de maiores informações
quanto às quantidades de N a serem aplicadas nesta cultura, uma vez que o excesso deste
nutriente pode ocasionar o desequilíbrio entre o crescimento da parte aérea em relação à
porção radicular, abortamento de flores, alongamento do ciclo vegetativo, maior sensibilidade
a doenças. Locascio et al. (1981), lembram que a abundância de sais no solo também pode
representar menor produtividade e qualidade dos frutos. Portanto, o objetivo deste trabalho foi
1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém –CEULS/ULBRA.
2 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica ; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
3 Eng. Mecânica Msc.; Centro Universitário Luterano de Santarém –CEULS/ULBRA.
4 Meteorologista Msc. em Rec. Nat. da Amazônia; Centro Universitário Luterano de Santarém –CEULS/ULBRA.
161
de avaliar alguns parâmetros produtivos dos frutos de pimentão em função do teor de N
fornecido por meio de adubações químicas e orgânicas em três propriedades distintas.
MÉTODO: A pesquisa foi desenvolvida junho e julho de 2013, em três propriedades, duas na
comunidade ―Tipizal‖ e uma em ―Santos da Boa Fé‖, localizadas na rodovia PA-370, no
município de Santarém. A região é caracterizada pelo clima quente e úmido, possui
temperaturas médias de 28 °C, com precipitação pluviométrica média em torno de 2.000 mm,
com a ocorrência de dois períodos nítidos de chuva, sendo de dezembro a junho, o mais
chuvoso e os demais mais secos (OLIVEIRA JUNIOR & CORREA, 2001). Os solos das
áreas de pesquisa foram classificados como Latossolo amarelo argissólico de textura média. A
cultivar analisada nos três locais, foi o híbrido ―Magali‖, o espaçamento do plantio foi de 0,80
x 0,60 m, entre linhas e plantas, respectivamente. Na propriedade 1, as mudas foram
produzidas bandejas de 128 células e transplantadas após 30 dias para os canteiros revolvidos
com adubações incorporadas ao solo com 5 t.ha-1 de cama de frango, 50 g.planta-1 de calcário
e aplicação de NPK (18-18-18) na proporção de 20 kg.ha-1. Na propriedade 2, as mudas foram
produzidas em bandejas de 128 células, o transplante ocorreu com 35 dias para os canteiros
revolvidos com 7 t.ha-1
de cama de frango e 10 kg de NPK (10-10-10), a adubação foliar com
20 g.L-1
(Bioplus, macros e micronutrientes) foi realizada com pulverizador costal 15 dias
após o transplante e manejada com intervalos entre 10 a 15 dias. Na propriedade 3, localizada
em Santos da Boa Fé, as mudas foram semeadas em copos de plástico descartáveis e
transplantadas após 30 dias para os canteiros com adição de 5 t.ha-1
de cama de frango e
calcário. A adubação foliar (semelhante à anterior) foi introduzida a cada 15 dias após o
transplante. Aos 80° dias após o transplante, determinou-se a altura das plantas, do nível do
solo ao ápice do broto terminal. Conforme método de Neary et al. (1995) e Silva et al. (1999),
para a verificação da massa média foi considerado os que possuíssem o formato mais
uniforme, sem deformações e defeitos que dificultassem sua comercialização, com massa
acima dos 0,11 kg. As adubações, bem como, o teor de N fornecido, foram realizadas de
acordo com o julgamento de cada produtor.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A medição da altura das plantas foi iniciada no 80° dia
após o plantio, sendo a altura máxima de 1,04 m, verificando que o maior crescimento
vegetativo ocorreu na propriedade 2, a qual foi ofertada maior quantidade de N, conforme
mostra a Figura 1.
162
Figura 1 – Altura da planta do pimentão nas três propriedades estudadas.
Fonte: Autor.
A massa média de frutos do pimentão aumenta proporcionalmente com as doses,
segundo Marcussi & Villas Boas (2003) demonstrando o efeito benéfico do N sobre esta
característica. Segundo Silva (1998) o N promove o desenvolvimento mais uniforme e melhor
qualidade dos frutos. A propriedade 2 apresentou a maior média na massa de frutos por planta
(0,245 kg), conforme a figura 2. Um fato a salientar, é que quantidades adequadas de cama de
frango suprem as necessidades das plantas em macronutrientes, vista à elevação dos teores de
NPK (MACHADO et al., 1983).
Figura 2 – Massa média dos frutos do pimentão 106 nas três propriedades.
Fonte: Autor.
Não foi verificada a ocorrência de frutos com defeitos graves, tais como, má formação,
danos mecânicos nem mesmo a ação de pragas e (ou) doenças. A média de frutos/planta ficou
foi de 3, 5 e 6 unidades, sendo as propriedades 1, 3 e 2, respectivamente. Além de melhorar as
características do solo, a cama de frango proporciona a maior relação de frutos por planta,
adicionando nutrientes essenciais para o melhor aproveitamento de N (JORGE, 1988;
SOUZA & PREZOTTI, 1997).
CONCLUSÃO: Os melhores resultados, destacados para a propriedade 2 relativo à altura da
planta, bem como, a maior média de massa entre os frutos, provavelmente foi ocasionado pela
maior oferta de N disponibilizada pela cama de frango na fase inicial da cultura. A cama de
163
frango possibilita bom rendimento no cultivo de pimentão. É preciso maiores parâmetros para
comparar os efeitos do N sobre o cultivo de pimentão.
REFERÊNCIAS:
CADAHIA LÓPEZ, C.. Fertilización en riego por goteo de cultivos hortícolas. Egraf SA,
España, 1988.
FILGUEIRA, F. A. R. Novo Manual de Olericultura: Agrotecnologia moderna na
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JORGE, J. A. Solo: manejo e adubação: compendio de edafologia. 2.ed. São Paulo: Nobel,
1988. 309 p.
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MACHADO, M. O et al. Efeito da adubação orgânica e mineral na produção do arroz irrigado
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sand soils. Microirrigation for a changing world: Conserving resources/preserving the environment. American Society of Agricultural Engineers, p. 4-95, 1995.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. de & CORREA, J. R. V. Caracterização dos solos do município
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protegido em função do nitrogênio e potássio aplicados em cobertura. Scientia Agrícola, v.
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SOUZA, J. L. de. & PREZOTTI, L. C. Estudos dos solos em função de diversos sistemas de
adubação orgânica e mineral. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 15, n.1, p. 248, 1997.
164
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA PARA NOTIFICAR ATRAVÉS DOS AGENTES DE SAÚDE DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO MOSQUITO AEDES AEGYPTI
Bruno Renê Silveira e Silva1
Elber Mateus Silva Oliveira¹
Jean Santos de Oliveira¹
João Luís de Brito Neto¹
Naydion Lima de Aquino¹
Carlos Eduardo Miléo Antunes2
RESUMO: Esse trabalho objetiva o desenvolvimento de um sistema para preenchimento eletrônico da
notificação de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti que é transmissor de doenças graves como a
Dengue, a febre Zika e a Chikungunya. O preenchimento será realizado por dispositivos móveis através dos
agentes de saúde, pois foi observado algumas dificuldades encontradas pelos mesmos enquanto ao manuseio dos
elementos utilizados atualmente que são a caneta e a folha de papel, pois estes demoram a coletar e manipular
esses dados assim dando margem para erros que retardam e mascaram o resultado final, além de dificultar o
planejamento das políticas públicas de saúde. O papel a ser desempenhado por esse programa propõe a
notificação de doenças com eficácia e precisão as doenças causadas pelo mosquito que atualmente podem ser
ameaças para a população da cidade de Santarém-PA, assim possibilitando a antecipação e prevenção a serem
tomadas, para evitar possíveis surtos dessas doenças e do risco a saúde pública. A ferramenta a ser utilizada para
o processo de construção do referido programa é a plataforma Java, e o modelo de desenvolvimento cascata. Este
projeto encontra-se em fase de concepção.
PALAVRAS-CHAVE: notificação, doenças, eficácia.
INTRODUÇÃO: Sabe-se que uma das ferramentas de trabalho mais importantes para a
vigilância em saúde pode ser a informação. Com isso observamos que os instrumentos mais
comuns que são utilizados para essa atividade em muitos casos são a caneta e a folha de papel
constituída de informações a serem preenchidas. E através desse método observou-se alguns
tipos de deficiência na sua execução, como conhecimento insuficiente dos profissionais
quanto à notificação imediata dessas doenças e sua classificação equivocada.
Parte daí a necessidade de os serviços de saúde disporem de profissionais treinados,
capazes de atuar com sentido de oportunidade, e mais que isso um sistema eficiente e eficaz
de notificação dessas doenças sistematizado para que esses erros diminuam e para que esses
agentes possam realizar seu trabalho com mais precisão e rapidez, pois em muitas vezes são
utilizados instrumentos ultrapassados e inadequados para a referida tarefa que propiciam
lentidão no processo de dados e constrói-se uma alta possibilidade de erro humano devido ao
trabalho ser feito manualmente. Sabemos que informação em saúde pode ser a base para a
1 Acadêmicos III Semestre do curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA.
2 Professor do curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA, orientador do projeto.
165
gestão dos serviços, pois orienta a implantação, acompanhamento e avaliação dos modelos de
atenção à saúde e das ações de prevenção e controle de doenças.
Devido a velocidade de transmissão dessas doenças o perfil epidemiológico torna-se
muito volátil, necessitando de outras técnicas para o monitoramento das mesmas. O
conhecimento de novas doenças ou a ré emergência de outras, tem a necessidade de
constantes revisões periódicas no sentido de ser atualizada. Para isso haverá uma plataforma
onde se poderá saber quais os riscos de epidemia dessas doenças e o perigo eminente que
existe em determinadas áreas da cidade devido a proliferação do Aedes Aegypti, e determinar
quais são os fatores decorrentes desses surtos nessas localidades, e a partir desses resultados
se poderá fazer uma análise mais profunda e criar formas de combate e prevenção das
referidas doenças.
Com a notificação de doenças a vigilância epidemiológica fica mais forte e rígida. De
acordo com Brasil (1990) a Vigilância Epidemiológica (VE) é definida como:
Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção
de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual
ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e
controle das doenças e agravos. (BRASIL, 1990)
Assim, para atender à sua finalidade, a VE tem que ser alimentada com informações
sobre as doenças e agravos que estão sob vigilância ou que possam ocorrer de modo
inusitado.
Segundo Brasil (2009) os sistemas de informação em saúde evoluem rapidamente.
Além das mudanças tecnológicas, os conceitos e métodos para armazenar, tratar e disseminar
informação para que seja utilizada da melhor forma por diferentes públicos (gestores,
acadêmicos e sociedade em geral) têm se desenvolvido rapidamente.
O presente resumo está disposto em seções, o qual depois desta introdução encontram-
se a segunda seção referente ao método de desenvolvimento do projeto, seguido da seção de
resultados e discussão.
MÉTODO: Conforme Luna (2004), o sistema de informação se faz importante na atualidade
para notificação de doenças pois nos remete a ideia de que há a necessidade de temos
ferramentas capazes de dar números precisos das possíveis doenças, que antes eram
negligenciadas pelo próprio órgão de saúde e pela população. Todos nós vemos hoje essa
trajetória não se deu bem assim, nós vimos muitas doenças serem erradicadas, mas, porém,
166
vimos o aparecimento de muitas doenças como as doenças, como a Dengue, febre Zika e a
Chikungunya, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti.
Hoje temos a necessidade de investigar e coletar dados precisos dessas doenças, pois
as mesmas se alastram muito rápido em um curto espaço de tempo, temos que observar os
aspectos de magnitude dessas doenças para podermos tomar as devidas providencias para o
seu combate e por consequências a qualidade dessas prevenções se elas estão sendo eficazes o
suficiente para se ter o resultado esperado (CERRONI, 2012).
Dessa forma, o trabalho consiste em utilizar ferramentas capazes de ser eficientes para
o desenvolvimento e execução do presente programa sendo eles: Linguagem Java: Nesta
plataforma pode-se desenvolver aplicações tanto para desktop quanto para mobile. A
linguagem Java tem uma facilidade de portabilidade, pois pode ser instalada e compilada em
qualquer sistema, seja Linux, Mac ou Windows.
Modelo de desenvolvimento cascata: Possibilita uma abordagem sequencial e
sistemática para o desenvolvimento de software. Dessa forma, começamos com a pesquisa de
condição ou necessidades junto ao cliente, depois vamos para a fase de planejamento onde
definimos as metas, cronograma e acompanhamento, após isso partimos para a formação onde
fazemos a análise e projeto, seguindo da construção onde codificamos e testamos, passamos
para a implantação, suporte e feedback do software concluído.
O modelo a ser utilizado para o desenvolvimento do sistema, terá mais praticidade de
locomoção e será off-line, assim provendo o diagnóstico da doença. Estas funcionalidades
serão executadas mesmo sem conexão com o servidor, aumentando a aplicabilidade prática do
sistema inclusive em áreas de população carente onde a rede é limitada de recursos, ou até
mesmo inexistente sendo assim um modelo mobile.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Esse trabalho ainda não está concluído, mas a motivação
que levou o desenvolvimento dessa pesquisa foi buscar a implementação de um software que
possa agilizar a coleta dos casos, melhorar o monitoramento dos casos, identificar as áreas de
maior incidência.
A expectativa quanto aos resultados a serem alcançados com a aplicação do sistema
abrange ainda, orientar a implantação, o acompanhamento e a avaliação das políticas públicas,
analisar o grau de risco da área/bairro onde essas pessoas residem para que se possa ter uma
dimensão dos riscos que são expostos fora de sua residência. Apresentar resultados e
subsequentemente os motivos que levaram os bairros a terem mais ou menos surtos e
exposição ao risco de proliferação do mosquito.
167
REFERÊNCIAS:
Laguardia J, Domingues CMA, Carvalho C, Lauerman CR, Macário E, Glatt R. Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan): desafios no desenvolvimento de um
sistema de informação em saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2004;13(3): 135-
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LUÍS QUINTEIRO, Vantagens da linguagem java, Anais eletrônico, 2006. Disponível
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CERRONI, Matheus de Paula. Magnitude das doenças de notificação compulsória e
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BRASIL. Ministério da Saúde. A experiência brasileira em sistemas de informação em
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BRASIL. Ministério da Saúde; a experiência brasileira em sistemas de informação em
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RIBEIRO. Leandro, O que é UML e Diagramas de Caso de Uso: Introdução Prática à
UML. Disponível em:
<http://www.devmedia.com.br/o-que-e-uml-e-diagramas-de-caso-de-uso-introducao-pratica-
a-uml/23408>. Acesso em 21 de maio de 2016.
Medeiros. Higor. Introdução ao Modelo Cascata. Disponível em:
<http://www.devmedia.com.br/introducao-ao-modelo-cascata/29843>. Acesso em 21 de
maio de 2016.
168
DIAGNOSE VISUAL DA ATRACNOSE NA CULTURA DA COUVE MANTEIGA - Brassica oleracea L.
Gilbson Santos Soares
1
Macelle de Souza Rego2
Maria Vitória Santos Nogueira3
Rana Renata da Silva Soares4
Yash Brendo Pereira Coelho Guimarães5
RESUMO: A antracnose é uma das doenças mais severas causada pelo fungo do gênero Colletotrichum,
afeta a produção agrícola da couve tanto pela sua ocorrência em todas as regiões produtoras, como
pelo volume de danos econômicos quem vem a causar. O presente trabalho objetivou analisar possíveis focos da
doença na cultura da couve através de sintomas externos apresentados pelo hospedeiro; a pesquisa foi
realizada na propriedade Horta ―Olericultura Só Folha‖ localizada no município de Santarém/PA. A análise foi
baseada na diagnose visual onde sintomas apresentados como lesões que variavam de marrom-escuras a negras
no caule e no pecíolo, enfraquecimento estrutural das raízes e o mau desenvolvimento das folhas jovens.
A diagnose realizada identificou sintomas relacionados ao patógeno e a ocorrência de antracnose na produção
relacionada ao manejo inadequado e a um solo com histórico da doença. Além disso, a restauração do plantio
necessita de medidas preventivas como a retirada das plantas afetadas, evasão da área utilizada e em caso
extremo a utilização de que controle químico.
PALAVRAS-CHAVE: Antracnose, Couve, Sintomas.
INTRODUÇÃO: Couve é o nome vulgar, genérico, das diversas variedades cultivares
da espécie Brassica oleracea L., (ou Brassica sylvestris (L.) Mill.) da família das
Brassicaceae, a que também pertence o nabo e a mostarda. É uma planta cuja descrição se
torna difícil, já que as diversas variedades são bastante diferentes em termos morfológicos e
nutritivos.
O produtor sempre deve estar cauteloso na escolha da área para o cultivo, a fim de
evitar fatores que possam favorecer o desenvolvimento do fungo como: possuir o
conhecimento do histórico da área com o intuito de saber também se o terreno tem
problemas de difícil controle; utilizar a rotação de culturas de maneira correta; tomar
medidas de prevenção de manejo como a quantidade de irrigação que deve ser feita
de acordo com a necessidade da planta e a retirada completa de restos culturais do
plantio anterior que apresentaram alguns sinais ou obtiveram a doença.
Filgueira (2000) descreve que ―Deve-se dar preferência na escolha do terreno, como
áreas que não tenham sido cultivadas anteriormente com outras espécies da família
Brassicaceae, por período longo visando à diminuição da pressão de doenças severas‖.
1 Professor do Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
2 Acadêmica do Curso de Agronomia pelo Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
3 Acadêmica do Curso de Agronomia pelo Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
4 Acadêmica do Curso de Agronomia pelo Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
5 Acadêmico do Curso de Agronomia pelo Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
169
Antracnose é uma fitopatologia resultante da infecção das plantas por vários agentes
etiológicos, entre os quais várias espécies de fungos, em geral pertencentes aos gêneros
Colletotrichum e Gloeosporium, além de micoplasmas. Os sintomas são visualizados em
todas as partes da planta, se forem utilizadas sementes contaminadas pelo patógeno, lesões
marrom-escuras ou negras podem ser observadas nos cotilédones logo após a emergência das
plântulas (MAKISHIMA, 1983). Pode-se também observar no caule e no pecíolo, as lesões
deprimidas e escuras e nas folhas como um escurecimento ao longo das nervuras, que pode
também vim ocorrer à necrose foliar.
O presente estudo tem como o objetivo a realização de diagnose visual em plantas de
couve manteiga que pode favorecer o produtor e deixá -lo em alerta quanto à relação de
sintomas apresentados pela planta e o patógeno. A diagnose visual não só permite avaliar os
sintomas de um patógeno, mas também permite avaliar deficiências ou excesso de nutrientes
para possível correção no programa de adubação.
METODOLOGIA: A pesquisa foi realizada na propriedade na Horta Olericultura Só Folha
localizada na Rua Da Paz, nº 25, Á rea Verde, na região Urbana de Santarém/PA
(Coordenadas: Latitude: 2°26'47.29"S; Longitude: 54°41'18.13‖ O).
Figura 1. Localização da propriedade
Fonte: Google Earth
170
O método de análise foi por meio de diagnose visual. Rosseto e Santiago (2010)
consideram a diagnose visual é uma importante ferramenta para avaliar os sinais de
deficiência, doenças, ataque de pragas ou influência do clima ou toxidez de um elemento pela
aparência da planta, sobretudo, pela coloração de suas folhas.
Na propriedade foi observado o cultivo de várias culturas de variedades utilizadas na
horticultura como coentro, cebolinha, alface, entre outros; porém não apresentavam sinais
negativos ou mau desenvolvimento. No entanto, a produção de couve manteiga estava sendo
afetada por deficiências apresentadas no estágio de desenvolvimento e colheita, de certa
maneira afetando o retorno econômico do produtor.
A diagnose foi feita através da comparação de sintomas que as plantas apresentavam
com aqueles observados em um hospedeiro da antracnose que foram lesões escuras nas
folhas, nervuras amareladas, mau desenvolvimento das folhas jovens (enrolamento) e
apodrecimento das raízes com manchas esbranquiçadas. Além da confirmação do próprio
produtor o histórico da doença nas culturas anteriores cultivadas no mesmo local do plantio
em conjunto com a falta de manejo adequado na cultura quanto a utilização do sistema de
irrigação.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Na propriedade ―Olericultura Só Folha‖, foram
identificados quatro tipos sintomas nas de antracnose na couve manteiga, sendo eles:
lesões escuras nas folhas, nervuras amareladas, mau desenvolvimento das folhas jovens
e apodrecimento das raízes com manchas esbranquiçadas; indicando a presença do
patógeno na planta. (Figuras 2 e 3).
Figura 2. Couve com caule apodrecido,
esbranquiçado e desenvolvimentos das folhas
comprometidos.
Figura 3. Couve com manchas e lesões na área foliar.
Fonte: Elaborada pelos autores
171
Durante a visita e de acordo com o relato do proprietário sobre a forma de manejo
adotada, observou-se como principais causas da incidência da doença o uso excessivo de água
na irrigação, a falta de tratos culturais (como a rotação de culturas e a eliminação das plantas
doentes) e o próprio histórico da doença em culturas anteriores cultivadas no mesmo
ambiente.
May (2007) diz que ―... as plantas podem ser afetadas em qualquer estado de
desenvolvimento e todos os órgãos aéreos são suscetíveis que as condições de alta umidade e
temperaturas de 21 a 27°C são favoráveis ao desenvolvimento da doença‖, ou seja, acima ou
abaixo dessa faixa de temperatura, a doença pode não se constituir problema devido a seu
lento desenvolvimento, porém o fungo apresenta grande variabilidade patogênica e já foram
determinadas muitas raças fisiológicas o que dificulta a obtenção de novas variedades
e/ou híbridos resistentes.
A partir da diagnose visual foi possível associar o desenvolvimento da antracnose com
o uso inadequado da irrigação, já que a água em excesso é um fator essencial para no
desenvolvimento do fungo. Acredita-se que a análise laboratorial comprovaria vestígios do
fungo no solo e nas plantas infectadas.
CONCLUSÃO: Os resultados obtidos pela diagnose visual confirmam a presença de
antracnose em algumas plantas da propriedade vinculada ao uso inadequado da irrigação e
falta de manejo apropriado como a eliminação de plantas doentes. Para o controle da
antracnose na propriedade sugere-se: evitar o plantio sucessivo em áreas com histórico de
ocorrência da doença, eliminação das plantas afetadas, uso de sementes e mudas e boa
qualidade e com resistência ao do patógeno, viveiros distantes de lavouras afetadas, solos de
boa drenagem para a construção dos canteiros e, principalmente, irrigação adequada evitando
excesso de água que favoreça a proliferação do fungo. O controle químico, caso necessário,
deve ser feito com pulverização de fungicidas. Nas cidades os mais indicados são o Sumilex®
e o Nativo® em uso alternado e a aplicação deve seguir as recomendações da embalagem.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Antracnose&oldid=45943790>.
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172
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Olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliç as. 2. ed.
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Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-
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VALARINI, P. J.; ROBBS, C. F.; TOKESHI, H. Impacto das práticas agrícolas e os
problemas fitopatológicos: pesquisa e recomendações de proteção integrada. Jaguariúna:
EMBRAPA Meio Ambiente, 2000.
173
DIFICULDADES ECONÔMICAS ENFRENTADAS POR DOCENTES EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PA, AMAZÔNIA, BRASIL
Thayllany Mattos dos Santos1
Jéssica Vanessa Mattos Lira2
RESUMO: O presente estudo abordará os desafios enfrentados pelos educadores de uma Escola Municipal de
Educação Infantil e Ensino Fundamental para driblar as dificuldades enfrentadas pelos alunos e pais em relação
acesso à educação (transporte, saúde e alimentação). A escola se encontra localizada na comunidade do
Cucurunã na região Eixo Forte do Município de Santarém-PA, na Rodovia Estadual Everaldo de Sousa Martins,
no Km 02. Para o desenvolvimento do estudo fez-se necessário uma visita à escola onde foi feito o recolhimento
de dados para a composição deste estudo, através de uma entrevista direcionada realizada com o diretor da
escola Prof. Clayton Soares Bernardes e também de uma revisão bibliográfica da importância do
desenvolvimento educacional em um meio social ativo como é o caso do ambiente escolar. Como resultado
observou-se que as principais dificuldades enfrentadas pelos docentes são estruturação física da escola (falta de
salas de aulas) e escassez de recurso financeiro para a alimentação, transporte e mantimentos de higiene pessoal
para os discentes, sendo utilizado recurso próprio dos docentes por meio de coleta para suprir estas necessidades.
Conclui-se que o investimento realizado pelo governo municipal não é suficiente para garantir a qualidade do
ensino e permanência dos estudantes no ensino básico.
PALAVRAS-CHAVE: docentes, acesso à educação, recurso financeiro.
INTRODUÇÃO: O acesso à educação de base de qualidade é um direito de todos e garantido
pela Lei Orgânica do Município de Santarém (1990), na seção I- Educação onde diz ―Art. 96-
acesso às escolas municipais oficiais e permanência das mesmas a todas as pessoas, sem
distinção de origem, idade, raça, sexo, classe social e convicção política ou religiosa. ‖
Segundo Masullo e Coelho (2015) a educação infantil, sendo ela uma instituição que
integra funções de educação e cuidados e que leva em consideração as influências vividas
pelas crianças em seus contextos sociais, ambientais e culturais e que permite a possibilidade
de interações às práticas sociais com diversas formas de conhecimento que possibilitam a
construção de uma identidade autônoma que visa o desenvolvimento subjetivo do aluno.
A Escola Municipal de Educação Infantil Ensino Fundamental Nossa Senhora do
Perpetuo Socorro foi fundada em 05 de junho de 1980 pelo Prefeito Antônio Guerreiro
Guimarães. Em setembro de 1998 na gestão do Prefeito Joaquim de Lira Maia passou por
uma ampliação e em 21 de junho de 2008 foram inauguradas 02 salas pela Prefeita Maria do
Carmo Martins Lima. A escola é autorizada a ofertar Ensino de Educação Infantil sob a
resolução nº 27 de 08 de agosto de 2014, Ensino Fundamental de 09 anos de 1º ano ao 9º ano
sob a Resolução nº 007 de 06 de junho de 2012, pelo CME/STM/PA. Quanto ao conselho
174
escolar, foi fundado no dia 23 de abril de 1998, o qual contribui nas questões burocráticas,
pedagógicas e administrativas da escola.
A última reforma da escola foi realizada por iniciativa da comunidade escolar onde
foram construídas 05 (cinco) salas de aulas, as quais não são padrão MEC, mas como havia a
necessidade de ampliação os docentes tiveram a iniciativa, sendo inaugurada em 2010, pelos
próprios moradores e docentes da comunidade de Cucurunã. No ano de 2015 foi construída
pelos funcionários da escola uma sala de aula padrão MEC com os recursos próprios da escola
arrecadados através de eventos promovidos por eles juntamente a comunidade do Cucurunã e
sem o auxílio do governo municipal.
A escola possui o total de 450 alunos. De acordo com IDEB (Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica) a Escola obteve a nota 5.5 no ano de 2015
aproximando-se da nota esperada para o ano de 2021 (5.6).
O objetivo do presente estudo foi verificar se a escola em questão recebe verbas
suficientes para desempenhar o seu papel enquanto educadora, assegurando o
desenvolvimento integral da pessoa e garantindo o exercício consciente a cidadania.
METODOLOGIA: A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e interlocução
com o diretor da Escola Municipal de Educação Infantil Ensino Fundamental Nossa Senhora
do Perpetuo Socorro, sendo analisados incidentes críticos, evidenciados nesse diálogo. O
questionário foi composto pelos seguintes itens: transporte, alimentação, projeto sociais,
método de ensino, manutenção da rede pública, higiene e saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo Felipe (1998) o papel desempenhado pelo
professor de educação infantil apresenta dificuldades em estabelecer relações entre teoria
estabelecida pelo programa educacional e prática para o desenvolvimento do seu trabalho de
forma coesa, apresentando práticas que nem sempre vão ao encontro das necessidades da
criança em seu processo de aprendizagem. Esta dificuldade está firmada principalmente na
falta de recurso financeiro destinado as escolas, onde muitas vezes os profissionais da
educação utilizam os recursos do seu próprio salário para subsidiar o acesso à escola e o
desenvolvimento educacional dos discentes.
De acordo com Pereira (2006) a educação infantil em seu projeto pedagógico,
apresentado pelo Referencial Curricular Nacional (RCNEI/98), sugere que as unidades
básicas de educação infantil proporcionem condições estáveis para o desenvolvimento
integral no processo de aprendizado das crianças, possibilitando o desenvolvimento das
175
capacidades física, cognitiva, afetiva, estética e ética e para além disso, que exista uma
preocupação com o desenvolvimento das relações interpessoais e intrapessoal.
Saul e Silva (2011) a formação cognitiva da criança traz consigo conhecimentos
aprendidos com o tempo, desejos, sonhos, sentimentos, hábitos e medos, que no processo
escolar precisam ser reconhecidos pelos educadores. Para os autores a concepção de Paulo
Freire é que é fundamental o respeito do professor em relação as experiências de cada aluno
sendo a partir dele as dificuldades superadas, estimulando a criatividade por meio da leitura,
da escrita e pela própria leitura de mundo dos educandos.
Nesse sentido, quando uma escola não atende as necessidades asseguradas por lei a
criança é afetada diretamente, impedindo o desenvolvimento intelectual, inteligência
emocional e isso resulta no direcionando para o caminho da frustração pessoal e profissional.
Com relação aos itens questionados o diretor Clayton Bernardes fez as seguintes
colocações:
- Com relação ao transporte: o governo municipal disponibiliza um ônibus que passa
nas seguintes comunidades : Santa Maria, Pajuçara, Ramal dos Coelhos, São Brás, Vila Nova,
Ponte Alta, Santa Rosa e Campo Novo, no entanto, quando o ônibus apresenta defeito, os
alunos que não têm o dinheiro do transporte são impossibilitados de frequentarem a aula,
nessa situação os professores, através de coleta pagam o transporte destes estudantes que não
possuem passe escolar, repassando a cada um deles o valor de R$ 4.50. Além disso, o
transporte oferecido pela prefeitura só é disponibilizado à tarde, portanto os estudantes que
frequentam a escola pela manhã são obrigados a pagar a sua locomoção.
- Com relação à alimentação: o governo municipal disponibiliza o lanche das 9 horas e
pela parte da tarde, o das 15 horas. No entanto, alguns estudantes chegam à escola sem terem
tomado o café da manhã, a estes o corpo docente oferece com recurso próprio esta refeição,
além de oferecem também o almoço.
- Com relação aos projetos sociais: os funcionários administrativos, docentes e pais
construíram uma horta comunitária, onde os alimentos são utilizados para complementar a
alimentação dos discentes e comunidade escolar. Nesta horta são cultivados verduras e
legumes e a manutenção é realizada por toda a comunidade do Cucurunã. Outro envolvimento
referente à comunidade está relacionado com eventos culturais que são realizados para
arrecadar recurso financeiro para a melhoria do espaço físico da escola e pagamento de
serviços de terceiros que visam a manutenção da estrutura da escola.
- Com relação à qualidade de ensino: apesar das dificuldades financeiras e estruturais
que a escola possui, esta é considerada a melhor escola da Região do Planalto e Rio, fato
176
comprovado pela nota do IDEP. A escola foi a única que obteve a pontuação de 5.5 no ano de
2015, sendo esta nota prevista somente para 2021. O diretor ressalta que isto só foi possível
devido a participação e esforço de todo o corpo escolar.
- Com relação às dificuldades estruturais enfrentadas pela escola: A principal
dificuldade está relacionada a falta de espaço físico na escola. O diretor afirma que a escola
possui cinco salas de aula que não estão dentro do padrão estipulado pelo MEC, pois foram
construídas pelo corpo docente com recurso escasso. Somente uma sala foi construída
seguindo o padrão estipulado pelo MEC, também com recurso próprio dos docentes e que esta
é utilizada para leitura e informática.
- Com relação a higiene e saúde dos alunos: os funcionários e corpo docente doam
mantimentos de higiene pessoal para os alunos, além disso através de coleta arrecadam
recurso para a compra de sandálias e farda para os mais carentes. A escola ensina como cuidar
dos dentes e do corpo. Algumas doenças como pediculose e sarna são tratadas com remédios
adquiridos com auxílio financeiro proveniente dos professores. O diretor comenta que há
negligência relacionada a higiene e saúde dos alunos por parte de alguns pais.
De acordo com a narrativa do diretor Clayton Bernardes o governo municipal não tem
atendido as necessidades básicas no setor de educação como está previsto no Art. 94 da Lei
Orgânica do Município de Santarém (Capítulo I, Seção I-Educação) que diz: ―A educação,
direito de todos e dever do Poder Público e da família, é baseada nos princípios da
democracia, do respeito aos direitos humanos, da liberdade de expressão, objetivando o
desenvolvimento integral da pessoa, seu preparo para o exercício consciente da cidadania e
sua qualificação para o trabalho‖. Como podemos observar o governo Municipal não supre
todas as demandas da escola e nem todos os pais se fazem responsáveis pela higiene e saúde
de seus filhos. Tanto o governo Municipal quanto a família transferem para os professores a
responsabilidade de atender as necessidades básicas desses alunos no que diz respeito a
higiene, fardamento, educação, transporte e alimentação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A análise dos relatos do diretor revelou que embora a
educação seja um dever do governo Municipal é por meio dos professores que ela se
desenvolve desde da atenção básica à criança até a manutenção do espaço físico da escola.
177
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178
EDUCAÇÃO ESCOLAR NA AMAZÔNIA: TRAÇOS SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NO PERÍODO DE 1549 ATÉ 1930
Jarleane Galvão Amaral 1
Thaliane Pereira dos Santos 2
Wilverson Rodrigo Silva de Melo 3
RESUMO - Este trabalho objetiva fazer uma reflexão sobre a educação escolar na Amazônia e uma incursão
histórica bibliográfica sobre a institucionalização da escola primária, detendo-se especialmente a origem da
escolarização, as políticas de institucionalização e a difusão do ensino primário na Amazônia. Para tal finalidade,
este trabalho adotará como proposta metodológica uma abordagem qualitativa, de natureza bibliográfica.
PALAVRAS-CHAVE: Educação, Ensino Primário, Institucionalização.
INTRODUÇÃO : A pesquisa buscou discutir como se iniciou o processo de
institucionalização do ensino primário, fazendo uma abordagem histórica do ensino primário
no Brasil para o ensino primário na Amazônia, tendo em vista que levou muito tempo para
implementar políticas educacionais no Brasil voltadas para a escola primária, pois era
considerada uma função da família.
A escola primária era denominada também de elementar ou de primeiras letras. Nesse
sentido, a finalidade desta investigação é fazer uma descrição do processo de organização do
ensino primário na Amazônia.
MÉTODO : A metodologia empregada neste trabalho é de cunho qualitativo, na qual não se
preocupa com representatividade numérica, mas que buscam o aprofundamento da
compreensão e o porquê das coisas, pois os dados analisados são não métricos e se valem de
diferentes abordagens.
A proposta metodológica também é exploratória e de natureza bibliográfica, pois de
acordo com Gil (2007), este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses.
RESULTADO E DISCUSSÃO: A história da educação no Brasil começa em 1549 com a
chegada dos padres jesuítas. Durante 200 anos os jesuítas foram praticamente os únicos
educadores do Brasil e teve como primeiro objetivo, a catequese. Durante esse período de
1 Acadêmica do 3º semestre do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA. Turma
2015. 2 Acadêmica do 3º semestre do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA. Turma
2015. 3 Orientador e Docente da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA; Doutorando em História
contemporânea pela Universidade de Évora em Portugal.
179
1549 a 1749 foram implementados os estudos e a fundação dos primeiros colégios, porém o
currículo da educação da colonização era voltado para os princípios religiosos e estava
organizado em torno de ler, escrever e contar e, visava a formação das elites. A escola
elementar não era expandida para os índios e nem aos filhos dos colonos. Em 1759 os jesuítas
foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal Sebastião José de Carvalho e Melo, pois a
educação jesuítica ia de encontro com os interesses comerciais do Marques.
Com isso, a educação estagnou e, para suprir algumas demandas do país, foram
adotadas medidas com o objetivo de alavancar a educação. Foi em 1826, que Dom João VI,
instituiu por meio de um decreto, quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias),
Liceus, Ginásios e Academias.( COLARES, et al, 2007, p.20).
De acordo com Tanuri (2000, p. 62), ―A Lei de 15/10/1827, manda criar escolas de
primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império‖.
No entanto, a lei não foi de fato concretizada. Conforme destaca Zotti:
Por vários motivos a lei não se efetivou enquanto prática, o que demonstra o descaso
do Estado para este nível de ensino. A falta de professores qualificados, de
remuneração adequada, de fiscalização, entre outras, foram as causas que
demonstram a incapacidade (ou não intenção) do governo de organizar a educação
popular no Brasil (ZOTTI, 2004, p.7).
O processo de criação das escolas normais brasileiras, iniciado nas décadas de 1830 e
1840 do século XIX, teve um caráter de consolidação mais evidente a partir de 1890 e das
primeiras décadas do século XX.
A educação na Amazônia
No Grão-Pará, como em outras regiões do Brasil, as primeiras experiências pedagógicas
nascem dos religiosos, visando catequizar os índios; ao mesmo tempo, ampliam o poder dos
missionários e reforçam o modelo colonizador. Muito mais catequização e instrução do que
propriamente educação, no sentido escolar que se aplica ao termo. (COLARES, 2011, p.196)
A institucionalização educacional no Grão-Pará é assinalada em 1626, com o
Convento dos Franciscanos de Santo Antonio e o Convento dos Carmelitas. O Colégio Santo
Alexandre, foi o primeiro colégio da Amazônia, onde eram administradas aulas nos níveis
primário, secundário e superior.
Em 1775, o ouvidor Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio, afirma que devido a falta
de mestres, não haviam escolas em todas as povoações. Como retrata Colares:
―Notável é o relato da tentativa de contratação de um professore de primeiras letras,
em 1760, em Belém. Era oferecido ordenado de oitenta mil réis por ano – nas
180
localidades do interior, o ordenado chegava a doze mil reis –, utilizando-se de
rendimentos das fazendas que antes eram de propriedade dos religiosos inacianos‖
(COLARES, 2011, p.198).
Ainda assim, conforme Reis (1993, p. 74) apud (COLARES, 2011, p.198) ―ninguém
queria sujeitar-se ao trabalho de mestre das escolas pelo pouco lucro, que resultava‖.
Em 15 de abril de 1799 no governo de Francisco de Souza Coutinho foi aprovada a
carta régia que regulamentava o ensino público da capitania do Grão-Pará. Colares (2011, p.
198) ressalta que:
Por força da referida regulamentação, Belém passou a contar com duas escolas
primárias e três escolas de humanidades, e outras 13 escolas foram criadas no
interior, nas seguintes localidades: Bragança, Marajó, Monsaras, Vigia, Melgaço,
Cintra, Barcellos, Oeiras, Cametá, Macapá, Santarém, Monte Alegre e Gurupá.
Alguns fatores culminaram para que a educação escolar não se desenvolvesse como
deveria, entre os quais destacamos o período da Guerra da Cabanagem1; a centralização
administrativa e, a desqualificação docente - que na prática enfatizava as desigualdades de
classes e expansão do analfabetismo, viabilizando a educação somente para poucos, pois o
governo estava mais preocupado com a sua própria sustentação política.
A segunda metade do século XIX, caracterizada por sucessivas mudanças nos mais
variados campos sociais (político, religioso, educacional, etc.).
Em 1870 foi fundada no Pará a Escola Normal, mas somente em 5 de junho de 1871 é
que se deu início de suas atividades. A escola Normal não possuía prédio próprio e acolhia os
alunos no Liceu Paraense e alunas no Colégio Nossa Senhora do Amparo.
De acordo com o Relatório de Instrução pública do Pará (1890) citado por Moraes
(2013), o ensino Primário, era dividido em escolas provisórias e escolas de 1º grau e de 2º
grau, antes do regulamento 149 e da Lei nº 1.295 de 20 de dezembro de 1886.
É importante destacar a falta de qualificação dos professores da época, pois a política
influenciava diretamente no campo educacional. Mas com a proclamação da república a
formação dos professores:
Não se tratava apenas da instrução das primeiras letras, mas, em última instância, da
formação moral e cívica das futuras gerações, segundo os novos ditames políticos.
Através da instrução deste conteúdo, era possível formar as novas gerações segundo
os moldes do novo regime, cujo objetivo era a construção de uma nação guiada pela
―ordem‖ rumo ao ―progresso‖.
Assim, a exaltação da profissão e o estímulo da prática pedagógica foram dois dos
principais meios utilizados pelo regime republicano para o controle e condução do
trabalho docente, a favor dos seus objetivos de utilização do campo educacional em
busca da legitimação e reprodução do seu construto ideológico para a população.
1 Cabe inferir que a Cabanagem, foi um movimento político e social ocorrido na província de Grão-Pará em
1835 a 1840, em que negros, índios e caboclos eram partícipes. Cf . MELO 2015.
181
Almejavam-se, assim, professores motivados em sua prática pedagógica,
comprometidos com sua função social de instrução – para além da alfabetização,
moral e cívica – dos alunos segundo os moldes republicanos de progresso da nação,
e comprometidos com a construção de uma nova sociedade. (COSTA, 2012, p. 326)
As escolas provisórias passam a ter denominação de elementar a partir do decreto do
Regulamento 149, de 7 de maio de 1890, na qual podem ser cursadas em três anos e serem
regidas por professores que somente tivessem o exame de suficiência. Com o exame de
suficiência e o aumento do salário do professor se tenta dar às antigas escolas provisórias,
agora elementares, ―feições‖ republicanas e atender às populações dos lugares mais distantes
do interior. (MORAES, 2013, p.71).
O alvo extremo da instrução era investir no Ensino Secundário, uma vez que, o Liceu
Paraense e o Instituto Paraense foram reorganizados e criou-se o Liceu Benjamin Constant,
que tinham como objetivo o ensino profissional dos trabalhadores paraenses enquanto que o
ensino primário ficou esquecido e perdeu investimentos e políticas educacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A educação no Brasil iniciou com a catequização, em que a
Igreja Católica sempre procurou doutrinar seus seguidores à sua maneira. Foi somente no
império que a educação primária de fato foi institucionalizada, no entanto demorou alguns
anos para que houvesse políticas educacionais voltadas para esse campo.
No decorrer deste artigo percebemos que, naquela época os professores não tinham
uma qualificação adequada, que culminou com a desvalorização do profissional, baixos
salários e também teve poucas iniciativas para alavancar a educação primária, devido a falta
de apoio do Estado.
Além disso, observou-se, durante essa pesquisa que o investimento maior é no Ensino
Secundário, que ganha destaque, enquanto que o ensino primário estava voltado para a
responsabilidade familiar.
182
REFERÊNCIAS
COLARES, Anselmo Alencar. História da Educação na Amazônia - Questões de Natureza
Teórico-metodológicas: Críticas e Proposições. Revista HISTEDBR On-line, Campinas,
número especial, p. 187-202, out2011 - ISSN: 1676-2584.
COLLARES, S. A. de O.; ZANLORENZI, C.M.P.; CORDEIRO, S.V.A.L.; NASCIMENTO,
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Disponível em: www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_075.html>.
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COSTA, Rafaela Paiva. A Docência como Sacerdócio: formação de professores na Primeira
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MELO, Wilverson Rodrigo Silva de. Tempos de Revoltas no Brasil Oitocentista:
Ressignificação da Cabanagem no Baixo tapajós (1831-1840), 2015, 271f. Dissertação
(Mestrado em História). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.
MORAES, Bárbara Danielle Damasceno. Vilas, “logares” e cidades: a história da educação
rural do Pará na Primeira República –1889 a 1897; orientadora, Profª. Drª. Sônia Maria da
Silva Araújo. – 2013.
TANURI, Leonor Maria. História da Formação de Professores. Revista brasileira de
educação, n.14, mai/jun/jul/ago de 2000 (Número especial – 500 anos de educação escolar),
2000, p.61-88.
ZOTTI, Solange aparecida. Organização do ensino primário no Brasil: uma leitura da
história do currículo oficial. Unicamp e UnC/Concórdia. Disponível em:
www.histedbr.fe.unicamp.br>seminario7. Acesso em: 18/08/16, as 09:36:10.
183
EDUCAÇÃO ESPECIAL COMO PROMOÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Rodinei Bentes da Silva
1
RESUMO: O presente artigo consistiu em analisar as principais legislações federais referentes à educação para
se asseverar da regulamentação para fomentar o acesso/permanência à educação da pessoa com deficiência como
exercício do princípio da dignidade humana fundada nos Direitos Humanos, a partir da redemocratização do país
no final de década de 80. Destacando os marcos regulatórios da Educação Especial, como é o caso da
Constituição Federal - CF de 1988, da Lei nº 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que
deram fundamentos legais para a formulação e implementações das políticas públicas voltadas à Educação
Especial a partir da observação das legislações internacionais, tais quais: Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948, Declaração de Jomtien e Salamanca. Assim, justificamos a necessidade da realização da
pesquisa bibliográfica através da análise documental de Leis, decretos, resoluções, relatórios e outros
documentos que possibilitaram o suporte adequado para a construção do referencial teórico sobre objeto de
estudo proposto. Diante disso, pode-se considerar a grande relevância da pesquisa para compreensão da
construção histórica do amparo legal para a Educação Especial no país como efetivação dos Direitos Humanos
com foco no princípio da dignidade da pessoa humana garantindo o direito à educação.
PALAVRAS-CHAVE: educação especial, princípio da dignidade da pessoa humana, direitos humanos.
INTRODUÇÃO: Segundo o último censo demográfico de 2010, constatou que dentre a população
brasileira, 23,9% apresenta algum tipo de deficiência, representando cerca de 45,6 milhões de pessoas
(IBGE, 2010). Mesmo totalizando um quarto da população, às pessoas com deficiência ainda são
negados seus direitos dentre o qual o direito a educação que está intimamente articulado com os
Direitos Humanos.
A implantação do atendimento educacional para as pessoas com deficiência ocorreu como
conquistas dos movimentos internacionais com caráter sociopolítico que defendem a eliminação de
práticas discriminatórias em defesa dos direitos humanos e a promoção do princípio da dignidade da
pessoa humana.
Para o doutrinador Napoleão Casado Filho (2012, p.21), os direitos humanos surgiram como
possibilidade de tutelar o bem da vida chegando ao princípio da dignidade da pessoa humana:
Direitos Humanos são um conjunto de direitos, positivados ou não, cuja finalidade é
assegurar o respeito à dignidade da pessoa humana, por meio da limitação do
arbítrio estatal e do estabelecimento da igualdade nos pontos de partida dos
indivíduos, em um dado momento histórico. (CASSADO FILHO, 2012, p. 21)
Fomentar e garantir uma educação inclusiva significa também, a efetivação aos direitos
humanos em concordância com a legislação internacional cominada com o ordenamento jurídico
brasileiro, que garantem aos sistemas de ensino o dever em assegurar aos alunos com necessidades
educativas especiais, currículos, métodos e técnicas, recursos educativos e organização específica,
dentre outras, para atender às suas necessidades.
1 Especialista em Fundamentos da Matemática pela UFPA, Licenciado Pleno em Matemática (UFOPA) e em
Educação Artística (UEPA) e Bacharel em Direito pela UFOPA, atualmente professor da educação básica na rede pública estadual.
184
Nesta perspectiva, surge a seguinte problemática: As pessoas com deficiência estão tendo seus
direitos efetivados? O direito à educação como fomento ao princípio da dignidade humana está
regulamentado? As legislações brasileiras estão em consonância com as declarações às quais o Brasil é
signatário?
MÉTODO: Considerando a natureza do objeto proposto, optou-se por fazer uma abordagem de cunho
qualitativa. Para Minayo (2011) a pesquisa qualitativa trabalha com valores, atitudes, significados e
aspirações, em que o universo da produção humana pode ser resumido nas relações e na representadas
e de sua intencionalidade.
Assim, pretendeu analisar as relações entres os elementos da sociedade e a ações
governamentais que traduz as relações de poder social que se refletem na educação,
desvendar as intencionalidades presentes nos discursos a respeito da educação especial e sua
real manifestação na eficácia no campo prático, ponderando a ações de políticas inclusivas
como promoção ao princípio da dignidade da pessoa humana, compreendendo e interpretando
a realidade.
A pesquisa com base nos objetivos propostos classifica-se do tipo Descritiva, pois
segundo Barros; Lehfeld ―Pesquisa descritiva: descrição do objeto por meio da observação e
do levantamento de dados ou ainda pela pesquisa bibliográfica e documental‖ (2005, p.34).
E para a construção dos dados, foi usada a análise documental, nas legislações
nacionais e internacionais que o Brasil é signatário, resoluções, portarias e relatórios
pertinentes ao objeto. Para Gil (2002, p. 46) uma das vantagens da pesquisa bibliográfica e
que os documentos constituem fonte rica e estável de dados, assim a partir das legislações foi
aferido sobre a evolução da educação especial.
Para facilitar a construção e análise dos dados da pesquisa, foram usadas categorias de
análise, tais quais: legislação internacional, legislação nacional, direitos garantidos e as
regulamentações param se efetivar os direitos positivados.
RESULTADO E DISCUSSÃO: Em 1948 a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a
Declaração Universal dos direitos humanos de 1948, um de seus maiores legados para a humanidade
foi fomentar os ideais de que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos,
sem quaisquer distinções, todos devem ser tratados igualmente perante a lei recebendo sua proteção. E
um dos direitos nela elencado, está o direito à educação, desta forma a Declaração de 1948, já
vislumbrava a proteção às pessoas com deficiência o mesmo direitos à liberdade, a uma vida digna, ao
acesso a educação, participação na vida comunitária, dentre outros.
Em 1990 em Jomtien na Tailândia, foi aprovada a Declaração Mundial sobre a Educação para
Todos na Conferência Mundial de Educação para Todos, definido uma nova e ousada orientação em
185
matéria de educação, ao assumir o compromisso de garantir a todas as pessoas o conhecimento básico
necessário à vida digna, visando uma sociedade mais humana e mais justa. Segundo Menezes (2001),
os preceitos da Declaração de Jomtien refletiram no Plano Decenal de Educação para Todos como
política do governo federal para o período de 1993 a 2003. Visando cumprir os propósitos da
Declaração de Jomtien, o Brasil passou a criar mecanismos para a ação educacional e documentos
legais para apoiar a construção de sistema educacional inclusivo, objetivando erradicar o
analfabetismo e universalizar o ensino fundamental em todo o país.
Ainda no âmbito internacional no que diz respeito ao fomento da educação, em 1995 tivemos
um dos principais compromissos firmados com a educação especial, a Declaração de Salamanca, o
qual o Brasil também é signatário, que tratou dos Princípios, Políticas e Práticas em Educação
Especial, (UNESCO, 1994), dispondo sobre a atenção educacional necessária aos alunos com
necessidade educacionais especiais.
Dentre um dos propósitos da Declaração de Salamanca, é o compromisso em atender a todas
as crianças com necessidades educacionais especiais o acesso à escola regular, devendo ser
acomodadas em uma pedagogia centrada na criança, o que trouxe a educação brasileira novas
perspectivas ao propor novas orientações inclusivas, reafirmando o direito à educação para todos os
indivíduos, como consta na Declaração dos Direitos Humanos de 1948. Ao assinar esta Declaração o
Brasil comprometeu-se alcançar os objetivos propostos que visam à transformação dos sistemas de
educação em sistemas educacionais inclusivos.
No plano nacional a Constituição de 1988, já trazia a garantia à educação como direitos de
todos e dever do Estado (art. 205), ainda no artigo 208, prevê mais especificamente que ―[...] o dever
do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino‖ (BRASIL, 1988).
Fazendo um percurso no ordenamento jurídico brasileiro, encontramos legislações específicas
para a garantia dos direitos da pessoa com deficiência, podendo ser citadas: a Lei nº. 9.394/1996 – Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, que no seu art. 58, trata a educação especial como
modalidade de educação escolar devendo ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino. A
Lei nº 7.853/99 em seu art. 8º tipifica com crime a prática em recursar, suspender, procrastinar sem
justa causa, inscrição de alunos em qualquer estabelecimento de ensino, por motivo deficiência, Lei nº.
10.098/2000 estabeleceu normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das
pessoas portadoras de deficiência. Decreto nº. 7.611/2011 dispõe sobre o atendimento educacional
especializado, dentre outros e mais recentemente a Lei 13.146/15, que instituiu a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Estas legislações visam garantir às políticas educacionais que se apoiam nos princípios
constitucionais de educação para todos num processo de democratização do ensino perpassando pela
educação inclusiva especial para o fomento da dignidade da pessoa humana.
186
CONCLUSÃO: A sociedade brasileira ainda há um árduo percurso para a conquista de todos os
preceitos democráticos, e muitos mais na efetivação dos direitos previstos na Constituição Federal de
1988, o que não difere ao tratamento as pessoas com deficiência que lamentavelmente, ainda são
vistas as margens da sociedade, vítimas de exclusões sociais.
A educação inclusiva é uma possibilidade para romper barreiras, mudança de paradigmas,
processo complexo que exige de todos o exercício à tolerância, o respeito mútuo, sua efetivação vai
além da simples oferta, mais principalmente em favorecer a permanência que exige uma somatória de
fatores, tais quais: adequações estruturais aos espaços escolares, formação contínua aos profissionais
da educação, currículo e práticas pedagógicas adequadas, dentre outros, políticas públicas específicas.
Trata-se ainda de analisar sempre a legislação de incorporar novos ideais e asseios sociais, e
contextualizar políticas públicas a fim de melhor atender a clientela.
A legislação brasileira voltada à Educação Especial está coesa com os compromissos
internacionais firmados nas Declarações onde o Brasil é signatário, o ordenamento jurídico brasileiro,
amplamente tem abraçado as causa sociais de inclusão a pessoas com deficiência. Processo árduo que
se intensificou a partir da Constituição de 1988, e mais recente a Lei nº 13.146, conhecida como
Estatuto da Pessoa com Deficiência, promulgada em 06 de junho de 2015, que extensivamente
dispõem sobre garantias legais regulamentando sobre os direitos fundamentais tais quais: o direito à
vida, à habilitação, à saúde, à moradia, ao trabalho, à assistência social, deforma a culminar com os
preceitos suscitados nos Direitos Humanos entre os quais a educação.
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ROCHA, T. de B., MIRANDA, T. G. A inclusão de alunos com deficiência no ensino superior:
uma análise de seu aspecto e permanência. In: DÍAZ, F., et al. (coord.) Educação inclusiva, deficiência
e contexto social: questões contemporânea. Salvador: EDUFBA, 2009.
SILVA, L. G. dos S. Educação inclusiva: práticas pedagógicas para uma escola sem exclusões. 1. ed.
São Paulo: Paulinas, 2014 (Coleção Pedagogia e Educação).
UNESCO. Declaração de Salamanca sobre Princípios, Políticas e Práticas em Educação Especial.
Salamanca (Espanha), junho de 1994. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivo/pdf/salamanca.pdf>
188
EDUCAÇÃO INTEGRAL E MELHORIA DA APRENDIZAGEM: ESTUDO EM TRÊS ESCOLAS MUNICIPAIS DE SANTARÉM.
Ledyane Lopes Barbosa. HISTEDBR-UFOPA1
Anselmo Alencar Colares. HISTEDBR-UFOPA2
RESUMO: A presente pesquisa objetivou compreender a contribuição que a educação em tempo integral tem
desempenhado para o processo educacional, analisando os fatores que contribuem para o êxito dos alunos, além
de identificar os programas e/ou atividades que despertam o interesse dos alunos refletindo na melhoria da
aprendizagem. Teve como locus três escolas da rede publica municipal da cidade de Santarém/PA. E consistiu
em uma abordagem qualitativa com delineamento em uma pesquisa de campo com analise documental. Foram
realizadas entrevistas e aplicados questionários a alunos, professores e gestores. Os resultados demonstram que a
contribuição da educação em tempo integral no processo de ensino-aprendizagem se dá no momento em que os
alunos participam das atividades do Programa Mais Educação interagindo entre si desenvolvendo novos talentos
e habilidades, o que reflete no desenvolvimento das dimensões cognitivas, afetivas, motivacionais e
socializadora. Não foram detectados programas e/ou atividades que despertam o interesse dos alunos em
participar com exceção do PME. A melhora no rendimento dos alunos, em termos de notas obtidas resultando em
êxito na aprovação foi o principal item que demonstrou a contribuição do PME para o aprendizado dos alunos,
pois, os discentes evidenciaram em grande parte acréscimo de notas em matemática e português.
PALAVRAS-CHAVE: Educação integral; Programa Mais Educação; Educação Escolar.
INTRODUÇÃO: Entendemos por educação integral aquela que objetiva desenvolver todas
as dimensões que constituem o ser humano, e em se tratando da educação escolar, visa o
desenvolvimento integral de cada aluno independente do segmento social e de outras
diferenças existentes entre os que integram a escola.
A educação escolar é assegurada como direito inalienável da sociedade e dever do
Estado pela Constituição Federal brasileira de 1988 e ratificada em outros dispositivos legais.
Tem apresentado ao longo de sua existência uma clássica separação entre o formal, não
formal e o informal, o que acaba por evidenciar uma oposição entre os saberes populares e os
saberes considerados de âmbito escolar, o que gera certo isolamento da escola com o seu
entorno, que ao se distanciar do contexto sócio – cultural no qual o educando está inserido
colabora para o mascaramento das reais motivações do fracasso e evasão escolar.
Nesta perspectiva, a educação Integral surge como uma proposta de mudança a este
cenário, uma vez que, se propõe a levar em consideração a realidade na qual o educando está
inserido, bem como os problemas que afetam a compreensão e a transformação dessa
realidade, sem, porém, atribuir à educação integral um caráter salvacionista, como se ela fosse
a única responsável pela superação dos problemas que afetam a sociedade, especialmente os
mais carentes em termos econômicos.
1 Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia 2014. Bolsista de Iniciação Cientifica pela
Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA. Integrante do grupo de pesquisa HISTEDBR/UFOPA. ² Pós Doutor em Educação do Instituto de Ciências da Educação – ICED. Líder do grupo de pesquisa HISTEDBR/UFOPA. Orientador da pesquisadora.
189
É relevante destacar que a educação integral encontra amparo legal na legislação
vigente no país, desde a Constituição Federal nos seus artigos 205, 206 e 227. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996) no artigo 34 trata acerca da jornada
escolar no ensino fundamental definindo que incluirá pelo menos quatro horas de trabalho
efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na
escola; e no artigo 87 é instituída a década da educação, além de dar orientações quanto a
criação do Plano Nacional de Educação (PNE). Na Lei nº 9.089/1990 que dispõe sobre o ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente) e na que instituiu o Fundo Nacional de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB, Lei nº11.494/2007) a educação integral
também encontra respaldo. Sem esquecer de mencionar o PNE atual aprovado em junho de
2014, Lei nº13.005/2014 que na meta 6 dispõe 9 estratégias para oferecer educação em tempo
integral em 50% das escolas públicas para pelo menos 25% dos alunos da educação básica.
Considerando os aspectos apontados, a pesquisa objetivou analisar se e como a
educação integral está propiciando melhoria na aprendizagem, os programas e/ou atividades
desenvolvidas na escola que despertam o interesse dos alunos, bem como os fatores que
contribuem para a melhoria do processo de ensino.
MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa de campo com análise documental. Foram realizadas
entrevistas com gestores e aplicados questionários a alunos e professores, tendo como locus
três escolas da rede publica municipal da cidade de Santarém/PA, conforme opção descrita no
plano de trabalho (destaca-se que apenas uma (1) escola, manteve as atividades do Programa
Mais Educação, dessa forma escolhemos aleatoriamente outras duas (2) escolas para fazer um
comparativo entre as atividades realizadas no ano de 2015), em conformidade com as
seguintes etapas:
1. Levantamento bibliográfico que abordam as concepções de educação integral;
2. Levantamento de informações (fontes documentais e legislação) sobre o Programa
Mais Educação;
3. Observação, aplicação de questionários e realização de entrevistas: foram realizadas
10 visitas nas três escolas pesquisadas no período de maio a junho de 2016,
4. Análise das informações obtidas e produção de banco de dados.
Os participantes da pesquisa foram: a equipe gestora das escolas (diretores e
pedagogos), três (3) professores, sendo um (1) da E1, dois (2) da E2, e nenhum da E3; além
de vinte e cinco (25) alunos, sendo quatro (4) da E1, oito (8) da E2 e treze (13) da E3.
190
Como já explicitado anteriormente usamos para a coleta de dados, quatro instrumentos:
observação, análise documental, entrevista e questionário.
Observamos o envolvimento dos alunos nas atividades do contraturno, verificamos
como os alunos se portavam durante as atividades desenvolvidas pelo Programa Mas
Educação. Com a equipe de gestão das três escolas utilizamos a entrevista, pois, através desse
recurso conseguimos obter maiores informações sobre o funcionamento do Programa Mas
Educação. Já para os alunos e professores aplicamos questionários semiestruturados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir da análise dos dados obtidos foi possível inferir
que na percepção dos participantes da pesquisa a contribuição que a educação em tempo
integral tem desempenhado para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos através do
Programa Mais Educação tem se dado no momento em que os alunos se propõem a participar
das atividades do programa e dessa forma interagem entre si desenvolvendo novas relações
sociais, novos talentos e habilidades, o que reflete no desenvolvimento das dimensões
cognitivas, afetivas, motivacionais e socializadora dos alunos repercutindo assim no processo
de ensino-aprendizagem, o que ficou evidente quando foram apontados como contribuições e
benefícios do Programa Mais Educação: a melhora na leitura, na escrita, na apreensão de
novos jogos e regras a serem internalizadas.
A melhora no rendimento dos alunos, em termos de notas obtidas resultando em êxito
na aprovação foi o principal item que demonstrou a contribuição do PME para o aprendizado
dos alunos, uma vez que na E1 o quantitativo de 4 alunos que responderam ao questionário,
destacou que as atividades do PME contribuíram para a melhoria do seu aprendizado em sala
de aula, como na leitura e na aprendizagem de esportes bem como acréscimo de notas nas
seguintes disciplinas: matemática e português. Enquanto na E2 do total de 8 alunos todos
evidenciaram o aprendizado mais fácil na disciplina de matemática. Já na E3 do total dos 13
alunos, 10 evidenciaram acréscimo nas notas das disciplinas de matemática, arte e pintura.
No entanto, 3 alunos da E3 apontaram que não perceberam nenhuma contribuição, visto que
as suas notas permaneceram as mesmas antes e depois do ingresso no PME.
Já os professores apontam de modo geral, a orientação de estudos, produção textual
como atividades concernentes ao PME que propiciam aos alunos desenvolver as suas
potencialidades cognitivas e socializadoras dentro e fora da sala de aula.
Ficou evidente que as oficinas que os alunos demonstraram maior interesse em
participar são voltadas as atividades lúdicas como as oficinas de música, esporte, dança,
banda e fanfarra, em geral oficinas relacionadas à arte e cultura, apontando a necessidade que
191
os alunos têm de experimentar atividades diversificadas que de fato possam contribuir para o
seu desenvolvimento integral.
Destaca-se que nenhuma das escolas pesquisadas apontou desenvolver atividades ou
outros programas além do Programa Mais Educação que os alunos se interessassem em
participar. O que pode se justificar pelo fato de que as atividades do Programa Mais Educação
são em geral desenvolvidas no contraturno ao período da jornada escolar não sobrando assim
tempo disponível para os alunos participarem de outras atividades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: De acordo com os dados obtidos a partir da pesquisa de
campo podemos observar que o Programa Mais Educação no município de Santarém tem
enfrentado uma série de dificuldades em especial no que se refere ao repasse de verbas e
custeio das atividades a serem desenvolvidas pelas escolas, nas três escolas pesquisadas os
pontos negativos pontuados pelas equipes gestoras são semelhantes, como a falta de uma
infraestrutura adequada para o desenvolvimento das oficinas, além da demora do repasse dos
recursos, o que afeta diretamente o desenvolvimento das atividades do programa, pois,
quando isso ocorre a merenda escolar é a primeira a ser afetada, dessa forma muitos alunos
deixam de frequentar as oficinas por este motivo.
Pontuamos que as atividades concernentes ao PME têm contribuído para a melhoria da
aprendizagem da aprendizagem dos educandos que dela participam, em especial nas
disciplinas de português e matemática.
Contudo acreditamos que para que as contribuições já mencionadas possam ser
maximizadas a todos os alunos, é necessário que os aspectos positivos que o programa
apresenta sejam conservados, porém, os aspectos negativos devem ser trabalhados e
repensados coletivamente por todos aqueles que fazem parte do cotidiano escolar.
192
REFERÊNCIAS
BRASIL. Programa Mais Educação: gestão intersetorial no território – Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2009.
BRASIL, Ministério da Educação. Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf.> Acesso em
09/03/2014.
BRASIL, Ministério da Educação. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Dispõe sobre o
Plano Nacional de Educação. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005>. Acesso em
09/03/2015.
IBGE. Censo 2000/2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/censo2010/resultados_preliminares/preliminar_tab_zip.shtm>. Acesso
em 21/07/2011.
PARO, V. et al. A escola pública de tempo integral: universalização do ensino e problemas
sociais. Cadernos de Pesquisa, s.l., n. 65, p. 11-20, 1988.
SANTARÉM, Prefeitura de. Informações municipais de Santarém. SEMMA_CIAM.
Disponível em:
<http://www.santarem.pa.gov.br/arquivosdb/basico1/0.668764001357580532__informacoes_
2.pdf>. Acesso em: 15/07/2016.
193
EDUCAÇÃO INTEGRAL NO SISTEMA CAPITALISTA:
CONTRADIÇÕES E POSSIBILIDADES
Adriângela Silva de Castro1
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares2
RESUMO: Neste trabalho apresentam-se resultados parciais de pesquisa, desenvolvida no Programa de Pós-
graduação em Educação da Universidade Federal do Oeste do Pará/Ufopa, que tem como objeto a gestão de uma
escola de tempo integral da rede municipal de ensino de Santarém/PA, e por objetivo analisar os mecanismos
que a equipe gestora utiliza para realizar a educação integral de tempo integral considerando a legislação vigente.
Quanto aos procedimentos metodológicos, serão realizadas entrevistas com a equipe gestora da escola. Os
resultados preliminares demonstram a partir de pressupostos teóricos que a educação integral numa perspectiva
democrática é fundamental para a construção de uma escola pública de qualidade. Todavia, é imprescindível o
trabalho da equipe gestora, considerando fatores como liderança, coresponsabilizacão e estabelecimento de
mecanismos de efetiva participação da comunidade no cotidiano da escola.
Palavras-chave: Educação de tempo Integral; Gestão escolar; Projeto Politico Pedagógico.
INTRODUÇÃO: A gestão escolar não é algo tão simples, e quando se trata de gestão de
uma escola de tempo integral essa tarefa torna-se mais complexa, dado a especificidade desse
tipo de escola, pois além de administrar pessoas, patrimônio e recursos diversos, a equipe se
vê diante de uma situação não habitual, em que o aluno ficará mais tempo no ambiente escolar
e isto requer nova organização dos espaços e das atividades.
Diante desta problemática, busca-se responder as seguintes questões: Como trabalhar
o Projeto Político Pedagógico em uma escola de tempo integral, que exige mais tempo do
professor, aluno e da equipe técnica? Como a equipe gestora vem trabalhando os mecanismos
para a realização da Educação de Tempo Integral, considerando a política indutora em
conformidade com a legislação vigente? Quais os problemas específicos deste tipo de escola
e como a equipe gestora os avalia?
A escola de tempo integral já existe dentro dos planos nacionais do governo, resta
saber como otimizar esse tempo a mais para que ele promova uma educação integral.
Entende-se que ampliar a jornada nas escolas não é suficiente, é necessária uma reformulação
na forma de pensar e agir dos gestores, de sua equipe, da comunidade, e principalmente de um
projeto político pedagógico que seja capaz de suprir essa nova demanda, que requer mais
atividades, como artes, danças, músicas, oficinas, atividades esportivas, dentre outras, pois é
1 Discente do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA. E-
mail: [email protected] 2 Doutora em Educação pela UNICAMP. Docente do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade
Federal do Oeste do Pará-UFOPA. E-mail: [email protected]
194
preciso considerar que o tempo será ampliado e que será preciso ter um projeto conciso para
saber o que fazer com ele.
Essa nova demanda educacional vem exigindo da escola a explicitação de
intencionalidades e finalidades que envolvam maior participação e reflexão coletiva,
impulsionando a criação de propostas diferenciadas de atendimento, pois os gestores, na
atualidade, têm um grande desafio de transformação, principalmente na educação básica.
Um dos instrumentos que garantem a efetivação de uma educação integral de tempo
integral é o plano político pedagógico.
É o planejamento geral que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a
organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. É um
processo de organização e coordenação da ação dos professores. Ele articula a
atividade escolar e o contexto social da escola. É o planejamento que define os fins
do trabalho pedagógico. (BRASIL, 2003, p. 42 ).
Neste sentido, o Projeto Político-Pedagógico é entendido como um instrumento
norteador, que deve ser trabalhado coletivamente, de acordo com VEIGA 1995:
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, como um sentido
explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto
pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente
articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da
população majoritária. (p.15)
Contudo, um Projeto Político-Pedagógico coletivamente refletido e construído, por si
só, não garante à escola se transforme em uma instituição emancipadora e inclusiva, mas,
certamente permitirá que seus integrantes tenham consciência coletiva de seu caminhar, de
suas responsabilidades, interfiram em seus limites, aproveitem melhor as potencialidades e
equacionem de maneira coerente as dificuldades identificadas.
MÉTODO: O presente estudo tem como base os pressupostos teórico-metodológicos de uma
pesquisa qualitativa, tendo em vista que a abordagem qualitativa trouxe significativa
contribuição para o conhecimento em educação.
O estudo se dará por meio da pesquisa bibliográfica, e com análise documental,
incluindo a análise do projeto político pedagógico da escola e de outros documentos
pertinentes a temática. Além disso, serão realizadas entrevistas semiestruturadas com a equipe
gestora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Frei Fabiano Merz, localizada na cidade
de Santarém/PA, no período de 2015 a 2016.
195
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A educação é um dos direitos sociais, que é assegurado ao
cidadão, garantido pela Constituição Federal de 1988, art. 6º, todos tem direito ao acesso a
educação de qualidade, isso é princípio fundamental.
A educação do povo deve ser pensada para seu próprio proveito, e não como forma de
preparar mão de obra para o mercado, como assistencialismo ou manter a classe dominante no
controle. É preciso propiciar a todos os brasileiros igualdade de condições, e isso só é possível
com políticas sérias, com o compromisso social.
Uma das soluções para superar a grande desigualdade é oferecer uma educação
pública de qualidade, ou seja, uma educação integral, bem diferente da que temos, pois não
adianta aumentar o tempo escolar numa escola que não esteja disposta a rever seu projeto
político pedagógico, criar as condições para sua efetivação, com uma gestão organizada,
coletiva, com espaço físico apropriado, um projeto político pedagógico consolidado, equipe
pedagógica comprometida, professores qualificados e com um plano de carreira digno.
Importante ressaltar que a educação integral vai além de horas extras de permanência
no ambiente escolar, é essencial que seja um momento de crescimento intelectual, físico,
cultural e emocional do aluno, um momento propicio para uma educação emancipadora e
dialógica. Nesse panorama o gestor tem o papel fundamental, pois cabe a ele envolver a
comunidade no processo pedagógico e buscar maneira de propiciar uma educação que seja
capaz de desenvolver o indivíduo em todos os aspectos.
Educação essa que seja uma resposta contra um sistema que sem mantem dominante,
explora a força de trabalho sem lhes dar oportunidade de ascensão e de uma vida digna.
Desta forma se faz necessário que a gestão dessa escola de tempo integral seja na
perspectiva democrática, pois requer a participação de toda comunidade escolar na elaboração
do Projeto Político Pedagógico, para garantir que essa escola seja de qualidade.
Uma educação integral que seja capaz de propiciar oportunidades significativas para
aqueles que não têm muitos meios de se apropriar da cultura, através de viagens, leituras de
bons livros, ir ao teatro e outras atividades que ultrapassem o espaço escolar. Desta forma a
educação integral deve ser um diferencial na vida dos alunos de escolas públicas, para que
eles se desenvolvam plenamente e possam ter as mesmas chances dos que tem as mais
variadas oportunidades e acesso a cultura. Esse conceito de cultura a qual nos referimos pode
ser bem entendido nas palavras de Paro (2009, p. 17):
196
Cultura, aqui, vai ser entendida não em seu sentido restrito. Vamos entender cultura
enquanto a produção humana, como tudo aquilo que o homem produz para além da
natureza, portanto, no domínio da liberdade, e não da necessidade. Pois bem, nós
sabemos que a cada nova geração, não precisamos ficar produzindo tudo de novo. O
homem se apropria de toda cultura produzida em outros momentos históricos, e
assim ele se faz histórico. Enfim, a essa apropriação da cultura, nós chamamos de
educação, agora em um sentido mais amplo, muito mais rigoroso, muito mais
complexo. Agora sim, podemos falar educação integral.
Uma educação integral da forma que está apresentada é uma educação que é capaz de
formar o cidadão, ―se a educação visa à formação do humano-histórico, visa de fato à
formação do cidadão‖, (PARO, 2009, p.18)
Diante deste conceito tão amplo de educação, faz-se necessário perguntar como a
escola será capaz de cumprir com esses objetivos? O que fará para se liberta de práticas pouco
didáticas e que não envolve o aluno no processo de aprendizagem, assim como temos na
atualidade? A educação integral em tempo integral tem que ser desenvolvida em uma escola
que tenha boa perspectiva, que sua prática pedagógica envolva o aluno a ser sujeito ativo do
processo ensino-aprendizagem, pois aumentar horas a uma escola ruim só irá piorar a
situação.
Diante disso é preciso que o poder público juntamente com a comunidade escolar
pense em políticas públicas que sejam capazes de atender a essas novas demandas.
CONCLUSÕES: A educação deve ser prioridade, oferecida a todos, independente de classe
social, não como assistencialismo. Desta forma a educação integral, segundo os autores
pesquisados pode ajudar a propiciar uma educação de qualidade.
Sendo assim, o novo modelo de educação em execução nas escolas necessita
apresentar sintonia com as leis e regulamentações, que preveem que a escola deve ser gerida
numa perspectiva democrática, essa gestão além de ser uma exigência legal, apresenta
sintonia com a proposta de educação integral. Como afirma Coelho (2009, p.50):
A vivência democrática cotidiana, no sentido da experimentação de relações
baseadas em regra justas e no respeito ao próximo e a coletividade, aliada à vivência
cultural diversificada, seriam os fundamentos para a construção de uma educação
escolar que pudesse ser chamada de educação integral.
Educação integral para atender as necessidades do indivíduo. Desta forma ressalta-se a
importância da gestão no desenvolvimento da educação de tempo integral, no sentido de fazer
esse direcionamento, mas deixando claro que não é responsabilidade apenas da gestão escolar,
o Estado tem uma parcela fundamental, pois cabe a ele o investimento para dar suporte
logístico e de formação, para a concretude de uma educação integral de tempo integral.
197
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da
República, Casa Civil, 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 29 de
abril de 2016.
COELHO, L. M. C. da C. (org). Educação integral: estudos e experiências em processo. In.
COELHO, L. M. C. da C. (org). Educação integral: estudos e experiências em processo.
Petrópolis, RJ: FAPERJ, 2009.
PARO, V.H. Educação integral em tempo integral: uma concepção de educação para a
modernidade. In. COELHO, L. M. C. da C. (org). Educação integral: estudos e experiências
em processo. Petrópolis, RJ: FAPERJ, 2009.
VEIGA, I. P. A. (org). Projeto Político-Pedagógico da escola: Uma construção possível. – Campinas,
SP: papirus, 1995. - (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)
198
ENSINO SUPERIOR: UM BREVE OLHAR PARA O POTENCIAL DA PESQUISA NO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO DO CEULS/ULBRA
Jordan dos Santos Aguiar1
Orientadora: Profª Msc. Maria Viviani Escher Antero2
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo traçar o as possíveis linhas de pesquisa presentes no curso de
direito do CEULS/ULBRA. Para isso, foi realizado um levantamento dos Trabalhos de Conclusão de Curso
apresentados durante o período entre 2010 e 2015. Desta forma, foi possível concluir que as áreas do Direito
Penal e do Direito de Família (sub-ramo do Direito Civil) são as mais demandadas pelos discentes, o que se
enquadra com as linhas de pesquisa adotas pelo Corpo Docente do Centro Universitário.
PALAVRAS-CHAVE: Direito. Pesquisa. Trabalho de Conclusão de Curso.
INTRODUÇÃO: É de conhecimento geral que o ensino do direito está em crise. O advento
da constituição cidadã, que estabeleceu a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão
pouco alterou a maneira dogmática acrítica da forma como se produzem os bacharéis dessa
ciência social aplicada. Desta maneira, mostra-se imperativo o estudo do potencial da
pesquisa no ensino superior dentro do campo jurídico, como forma de despertar os discentes
para a construção de conhecimento científico, estimulando a produção de uma doutrina
criticamente experimentada, bem como de reaproximar os estudantes com a realidade fática
sobre a qual as instituições normativas são construídas.
De tal força, este trabalho objetivou realizar um levantamento de dados acerca das
temáticas mais recorrentes no trabalho de conclusão de curso – TCC – em relação às linhas de
pesquisas desenvolvidas pelos Professores-pesquisadores do curso de Direito
CEULS/ULBRA; Desta forma, buscou-se traçar o perfil institucional do curso jurídico da
referida IES de modo a construir futuramente um panorama geral para a construção de ações
direcionadas, ou mesmo para a criação de um programa de pós graduação.
MÉTODO: A metodologia adequada a este plano de trabalho é o levantamento e análise
bibliográfica, com enfoque na literatura especializada nos pontos de contato entre a pedagogia
e o direito. Visa-se desta maneira estabelecer o estado de arte acerca da qualidade do ensino e
da pesquisa jurídica no país. Para tanto, este trabalho é caráter exploratório e descritivo,
através do método indutivo, onde realizou-se um levantamento dos temas mais recorrentes em
Trabalho de Conclusão de Curso do bacharelado em Direito do CEULS/ULBRA. Desta
maneira, buscou-se afunilar ainda mais as linhas de pesquisas recorrentes durante cada
1 Graduando em Direito, Centro Universitário Luterano de Santarém, CEULS/ULBRA.
2 Mestra em Educação e Coordenadora do Projeto, CEULS/ULBRA.
199
período letivo, e o quanto dessas linhas efetivamente se amoldam ao campo de atuação do
Corpo Docente Orientador.
Primeiramente, foi realizada uma consulta no sítio institucional para detectar as linhas
de pesquisa de cada membro do Corpo Docente. Simultaneamente, tentou-se reunir uma lista
com toda a produção monográfica do curso de Direito desde a sua fundação. Porém, tal
levantamento mostrou-se inviável, uma vez que se trata de um dos cursos mais antigos da
instituição de ensino, e os dados só se encontravam devidamente sistematizados a partir de
2010. Dessa forma, a orientadora e o pesquisador resolveram analisar somente o recorte de
tempo entre 2010 e 2015, dado que a rotatividade do Corpo Docente foi menor durante esse
período, possibilitando traçar com melhor precisão o perfil institucional do curso.
Neste contexto, os dados foram obtidos a partir da consulta ao sistema de gestão da
coordenação do curso em questão, bem como através de visitas ao acervo de trabalhos de
conclusão de curso preservados pela biblioteca da instituição. Feitas essas visitas, foi
elaborada uma tabela para cada ano pesquisado, contendo o título do trabalho de conclusão, e
o nome do orientador. Importante destacar que já nesta fase preliminar houve o cuidado de
agrupar os trabalhos de acordo com o tema e com orientador.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Coletados os dados, passou-se à análise. Em primeira
instância, houve uma comparação geral entre o número total de trabalhos de conclusão de
curso e as linhas de pesquisa adotada em cada um deles. Cada linha corresponde a um ramo
do direito autônomo e específico, respeitada a classificação consagrada da literatura
especializada. Os ramos que tiveram um único exemplar correspondente foram aglutinados na
categoria ―outros‖.
Dessa forma, em um universo de aproximadamente 200 trabalhos, pode-se notar que
as linhas de pesquisa mais exploradas durante o período foram: o Direito de Família (44
trabalhos); seguida por Direito Penal (32); Direito do Trabalho (27); e Direito Constitucional
200
(4). Tal observação se alinha à composição do Corpo Docente, cujos membros mais antigos
possuem a sua formação acadêmica e/ou prática profissional nessas mesmas áreas.
Também houveram significativos números de produções relacionadas ao Direito Civil
(14 produções, procurou-se separar o direito de família do direito civil, dada a grande maitoria
dos TCCs serem relacionadas a esta temática específica), Direito Processual Penal (13),
Direito da Criança e do Adolescente (12) e Direito Ambiental (11).
Após este comparativo, buscou-se agrupar estes dados de modo a observar como se
deu a demanda pelas temáticas mais recorrentes em cada ano.
É possível observar que a linha ―Direito de Família‖ é a mais requisitada nos anos de
2010, 2013 e 2015, mantendo o mesmo patamar com direito do trabalho no ano de 2014. No
período de 2011 e 2012, foi sobrepujada por Direito Constitucional (8 produções, em 2011) e
Direito Penal (10 produções, em 2012), porém manteve a grande demanda nos demais
períodos.
Desta forma, pode-se concluir que a temática Direito de Família, inserida dentro do
grande ramo do direito civil, é a que tem chamado mais a atenção dos discentes do curso de
Direito. As razões pelas quais esse fenômeno tem acontecido também são englobadas pelo
escopo desta pesquisa, e será publicada na forma definitiva deste estudo.
REFERÊNCIAS
MONEBHURRUN, N.; VARELLA, M. O que é uma boa tese de doutorado em Direito? Uma
análise a partir da própria percepção dos programas. Revista Brasileira de Políticas
Públicas, v. 3, n. 2, 2013.
VIECILI, M. C. A pesquisa jurídica como um instrumento fundamental na prática docente-
discente. Revista Jurídica da UniFil, v. III, n. 3, p. 122–127, [s.d.].
201
ESTIMATIVA DE TENSÕES ADMISSIVEIS NO SOLO PARA PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÃO NO MUNCIPIO DE SANTARÉM
Fernando Augusto do Vale
1
José Merandolino Macêdo Neto2
Petrus Magnus Cardoso Vieira3
Kayna Costa Gregório4
RESUMO: A execução de fundações na engenharia civil necessita do acompanhamento de um especialista na
área de geotecnia, com experiência prática uma vez que, as características do solo/rocha de fundação podem
apresentar peculiaridades não previstas nos resultados, consequentemente ocasionando possíveis alterações no
projeto e na execução da estrutura. Um dos objetivos deste trabalho é evidenciar a importância da prévia análise
do solo, para futura escolha e pré-dimensionamento de uma fundação. Este estudo teve como base o ensaio de
penetração padrão comumente conhecido como SPT. Em que foram realizados ensaios nos bairros de Liberdade,
Mapiri, Diamantino e Jaderlândia, na cidade de Santarém, no estado do Pará. No estudo feito nestes bairros,
verificou-se a diferença dos tipos de materiais encontrados, revelando o quanto o solo pode variar em suas
características físicas nas diversas camadas encontradas. Com relação aos cálculos para estimativa das tensões
admissíveis do solo, foi realizada uma investigação bibliográfica, que possibilitou a coleta de informações de
diversos autores, referenciados nas particularidades de alguns tipos de solo, em que foram apresentados
resultados distintos. As tensões estimadas possibilitaram um pré-dimensionamento das dimensões da fundação
rasa do tipo sapata isolada em concreto armado. Foram realizadas comparações não somente entre os estudiosos
e suas formulações, mas também na variação da resistência ao longo da profundidade de assentamento da
fundação. Para estas analises foram consideradas cargas definidas através de um projeto padrão, fornecidas por
um engenheiro civil calculista da região.
Palavras-chave: Fundações. Solo. Tensões.
1 INTRODUÇÃO: Na área da construção civil, mais especificamente no que se diz respeito
às obras de terra, barragens, fundações e afins, se faz necessário o acompanhamento de um
especialista na área Geotécnica, com conhecimento prático em solos e rochas pois, apesar das
pesquisas e estudos geotécnicos como ensaios de sondagem, a participação técnica desse
profissional será de fundamental importância, uma vez que o solo/rocha poderá apresentar
particularidades não previstas no projeto, podendo assim, acarretar alterações significativas na
obra. Associado a este aspecto, as características físicas do material como cor, granulometria
e tipo de solo, influenciam de forma direta para a escolha do tipo de fundação, seja rasa ou
profunda. Desta forma, a interação entre a resistência das camadas de solo, com as cargas da
edificação deverão ser compatíveis para uma boa estabilidade da edificação. Este artigo
objetiva demonstrar alguns diferentes tipos de solo, através da análise de laudos de sondagem
do ensaio do tipo SPT – ―Standard Penetration Test‖, identificando a resistência das camadas,
que possibilitarão as estimativas de tensões admissíveis do solo; e com os resultados, prever o
pré-dimensionamento das fundações mais indicadas, utilizando-se de cálculos convencionais,
para um projeto padrão de quatro pavimentos, a serem supostamente construídos nos bairros
1 Eng. Civil M.Sc Professor no Centro Universitário Luterano de Santarém
2 Engenheiro Civil
3 Engenheiro Civil
4 Acadêmica de Engenharia Civil no CEULS/ULBRA
202
da Liberdade, Mapiri, Diamantino e Jaderlândia, na cidade de Santarém – PA. A análise do
solo e o pré-dimensionamento do elemento estrutural de fundação, utilizando uma carga pré-
determinada para os referidos bairros, irão servir de embasamento para futuras edificações, já
que o perfil do solo foi analisado criticamente, a fim de que a interação solo-estrutura seja a
mais satisfatória possível, pois nada vale o elemento estrutural ser capaz de suportar as cargas
que estão sendo aplicadas sobre ele, se o solo não está preparado para receber estes esforços,
consequentemente, podendo vir a ocasionar um recalque excessivo ou, na pior das hipóteses,
um colapso de fundação.
2 MÉTODOS: Esta pesquisa baseou-se em um acervo bibliográfico consistente e
levantamento de dados minucioso, que permitiu organizar a execução dos procedimentos em
etapas, para facilitar a obtenção de resultados precisos. Foram divididas em três as etapas:
Análise dos laudos de sondagem, estimativa das tensões admissíveis do solo, escolha e pré-
dimensionamento das fundações. Os laudos de sondagem foram fornecidos por uma empresa
local, que atua na área de geotecnia realizando ensaios de SPT por toda a região Oeste do
Pará. O material fornecido (Laudos, relatórios de sondagem, relatório fotográfico e croqui de
sondagem) foram compilados em 04 (quatro) bairros distintos, Liberdade, Mapiri, Diamantino
e Jaderlândia. O projeto utilizado para o pré-dimensionamento da fundação foi fornecido por
um engenheiro calculista também da cidade de Santarém, e consiste numa edificação de 04
(quatro) pavimentos, de caráter residencial. As análises dos laudos de sondagem levaram em
consideração as camadas do subsolo de metro a metro, posição do nível da água e a
estratigrafia do terreno analisando-se tipo, cor, consistência e compacidade. As estimativas de
tensões admissíveis do solo foram estudadas através da aplicação de formulações de autores
clássicos da geotecnia. Após a análise e cálculos de tensões, foi feita a escolha das sapatas
mais apropriadas para os diferentes tipos de terreno, e pré-dimensionamento destes elementos
estruturais de cada bairro citado. Através das analises dos laudos de sondagem, foram
adotadas as cotas de assentamento da fundação em 1,00m e 2,50m de profundidade. Tal
escolha foi possível em função das áreas analisadas possibilitarem a viabilidade técnica e
financeira, de uma fundação superficial, no caso do tipo sapata isolada em concreto armado.
Foi constatado que o N.A não foi encontrado em profundidade que possa atrapalhar a
execução das sapatas, assim como a resistência das camadas superficiais do terreno
apresentaram valores satisfatórios. Portanto, foram feitos cálculos para estimativa das tensões
admissíveis do solo, utilizando formulações de grandes estudiosos como Meyerhoff, Terzagui
e Ubirajara. Como existem alguns fatores de segurança envolvidos no procedimento de
203
cálculo, foi adotado um índice de majoração de quinze por cento (15%) no valor da tensão
admissível para que possa ser economizado um custo considerável em material e mão-de-
obra.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Tensões Admissíveis: Os bairros da Liberdade, Diamantino e Jaderlândia, apresentaram
características de solo arenoso, onde se utilizou as formulações de Meyerhoff e Ubirajara.
Para o bairro do Mapiri, utilizaram-se as fórmulas de Terzaghi e Ubirajara tendo em vista a
ocorrência de um solo mais argiloso. A comparação entre as tensões encontradas, evidencia
valores diferentes para as mesmas profundidades porém autores distintos, tal fato justifica-se
em função do conservadorismo de algumas formulações em detrimento de outras. A tabela 01
a seguir relaciona os valores das tensões admissíveis determinadas para cada área em estudo.
Constatou-se que o autor Meyerhoff é mais conservador dentre os propostos, pois seus
resultados demostraram valores significativamente mais baixos para a tensão admissível do
terreno.
Tabela 1 – Tensões admissíveis do solo
Meyerhoff Liberdade Diamantino Jaderlândia Mapiri
1,0m 15,18kPa 11,39kPa 26,57kPa
2,5m 34,16kPa 22,77kPa 45,54kPa
Ubirajara Liberdade Diamantino Jaderlândia Mapiri
1,0m 92,00kPa 69,00kPa 161,00kPa 161,00kPa
2,5m 138,00kPa 92,00kPa 184,00kPa 195,50kPa
Terzaghi Liberdade Diamantino Jaderlândia Mapiri
1,0m 139,18kPa
2,5m 149,51kPa
Fonte: NETO, José Merandolino Macêdo, VIEIRA, Petrus Magnus Cardoso, 2012
3.2 Escolha e Dimensionamento das Fundações: O pré-dimensionamento das sapatas foi
executado utilizando-se o projeto padrão fornecido, em que para efeito dos cálculos
aproximações foram realizadas, para as cargas determinadas em projeto em que se analisou os
pilares de maior quantidade associados as suas dimensões respectivamente. Dessa forma,
utilizaram-se as cargas de 200, 350, 500 e 650kN. As tabelas 02 e 03 a seguir relacionam os
204
valores das áreas determinadas para cada área em estudo a 01 (um) e 2,5 (dois e meio) metros
de profundidade respectivamente. Estas dimensões foram determinadas utilizando-se a tensão
admissível do solo calculada pelo método de Ubirajara, principalmente pelo fato de suas
correlações serem mais arrojadas que os demais autores.
Tabela 2 – Áreas das sapatas isoladas em concreto armado (1,0m de profundidade)
Carga Liberdade Diamantino Jaderlândia Mapiri
200kN 2,20m2 3,00m
2 1,25m
2 1,25m
2
350kN 3,80m2 5,15m
2 2,20m
2 2,20m
2
500kN 5,50m2 7,70m
2 3,15m
2 3,80m
2
650kN 7,20m2 9,45m
2 4,10m
2 4,10m
2
Fonte: NETO, José Merandolino Macêdo, VIEIRA, Petrus Magnus Cardoso, 2012
Tabela 3 – Áreas das sapatas isoladas em concreto armado (2,5m de profundidade)
Carga Liberdade Diamantino Jaderlândia Mapiri
200kN 1,50m2 2,20m
2 1,10m
2 1,05m
2
350kN 2,55m2 3,80m
2 1,95m
2 1,80m
2
500kN 3,70m2 5,50m
2 2,70m
2 2,65m
2
650kN 4,75m2 7,15m
2 3,60m
2 3,35m
2
Fonte: NETO, José Merandolino Macêdo, VIEIRA, Petrus Magnus Cardoso, 2012
Após análises entre os autores e profundidade de assentamento das sapatas de fundação,
observa-se que os melhores resultados foram encontrados através do método de cálculo de
Ubirajara, tal fato justifica-se, pois suas correlações são mais arrojadas que os demais autores,
possibilitando tensões admissíveis maiores, desta forma exigindo-se uma melhor resposta do
terreno. Em relação à profundidade, verificou-se que a cota de assentamento de 2,50m
apresentou uma tensão do solo superior à profundidade de 1,00m, possibilitando a redução
das áreas das sapatas em todos os bairros. Este comportamento, neste caso, é facilmente
justificado em decorrência do ganho de resistência do solo ao longo da profundidade, onde em
uma grande maioria dos casos pode-se notar este comportamento, retirando-se obviamente as
devidas exceções.
3.3 Comparações: Em se comparando os bairros ora estudados utilizando-se apenas as
tensões admissíveis do solo determinadas pelo método de Ubirajara e o pré-dimensionamento
das sapatas para a profundidade de 2,50 m, verificou-se que: A área delimitada no bairro do
Mapiri obteve as menores áreas das sapatas, evidenciando-se assim, o bairro com camadas
superficiais do solo com maior resistência em se comparado aos demais estudados. Por sua
vez, o bairro do Diamantino apresentou as maiores dimensões de sapatas, sendo classificado
como o local com maior custo na execução deste tipo de fundação, como ilustra o gráfico 01
205
abaixo. Ressalta-se nesse estudo, que os resultados de cada bairro não podem ser
generalizados, ou seja, são casos específicos para as áreas onde foram realizados os estudos
de solo através do método SPT.
Gráfico 01 – Áreas das sapatas isoladas para 2,5m de profundidade
Fonte: NETO, José Merandolino Macêdo, VIEIRA, Petrus Magnus Cardoso, 2012
4 CONCLUSÃO: É de suma importância o estudo geotécnico de um terreno antes de
começar a erguer a construção, pois a elaboração de um projeto de fundações de qualidade
depende principalmente da análise aprofundada do solo. Vale ressaltar, que esta análise
determina a escolha e o dimensionamento do elemento estrutural de fundação, que visa não só
a qualidade técnica na execução de uma obra, mas também uma redução no seu custo.
Aspectos relacionados ao estudo do solo feitos nos bairros da Liberdade, Mapiri, Diamantino
e Jaderlândia, na cidade de Santarém, no estado do Pará, possibilitou observar a diferença dos
tipos de materiais encontrados, mostrando o quanto o solo pode variar em suas características
físicas nas diversas camadas destes. No que se refere à estimativa das tensões admissíveis do
terreno, foram utilizados diversos autores, baseado nas características do solo de cada bairro,
possibilitando resultados distintos, uma vez que estes estudiosos levam em consideração
diferentes parâmetros de dimensionamento. Tal fato gera uma minuciosa análise de cada
engenheiro geotécnico, a fim de possibilitar a escolha do método mais adequado, para a
correta determinação da tensão admissível a ser utilizada, para o correto dimensionamento da
fundação a ser executada. As tensões calculadas possibilitaram resultados diferenciados nas
áreas e dimensões das sapatas, não tão somente entre os estudiosos, mas também na
profundidade de assentamento da fundação. Logo este estudo visa demonstrar, a grande
preocupação dos engenheiros santarenos em relação à falta de consciência do empreendedor,
que em sua maioria das vezes não executa uma campanha de investigação geotécnica eficiente
que, se comparada ao custo final da obra, tem um valor mínimo agregado. Tal comportamento
pode acarretar sérios problemas na edificação, como o aparecimento de manifestações
206
patológicas na estrutura, recalques diferenciais na fundação, podendo até mesmo levar a
estrutura ao colapso, que em último caso pode ocasionar problemas irreversíveis a vida do ser
humano.
REFERÊNCIAS
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(SPT). Trabalho de Conclusão de Curso II – CEULS/ULBRA, Santarém-PA, 2011.
ALMEIDA, L.C. Sapatas: notas de aula da disciplina EC802 – Concreto II. Universidade
Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil. Departamento de Estruturas,
Janeiro/2004.
ALVA, G.M.S. Projeto estrutural de sapatas. Universidade Federal de Santa Maria. Centro
de Tecnologia. Departamento de Estruturas e Construção Civil. Disciplina: ECC 1008 –
Estruturas de Concreto. Santa Maria, dezembro de 2007.
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execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6484: Solo –
sondagens de simples reconhecimento com SPT – método de ensaio. Rio de Janeiro:
ABNT, 2001.
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NETO, José Merandolino Macêdo, VIEIRA, Petrus Magnus Cardoso. Cálculo de tensão do
solo para determinação de fundação na cidade de Santarém - PA. Trabalho de Conclusão
de Curso – Centro Universitário Luterano de Santarém (CEULS). Santarém, 2012.
PINTO, C.S. Propriedades dos Solos. Fundações: teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Pini,
1998.
QUARESMA, A.R.; DÉCOURT, L.; FILHO, A.R.Q.; ALMEIDA, M.S.S.; DANZIGER, F.
Investigações Geotécnicas. Fundações: teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Pini, 1998.
207
ESTUDO DA DESTINAÇÃO FINAL E AVERIGUAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE RECICLAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE SANTARÉM-PA, OBSERVANDO O CUMPRIMENTO DA LEI FEDERAL Nº 12.305 DE 02 DE AGOSTO DE 2010, DA RESOLUÇÃO Nº 307 DE 05 DE JULHO DE 2002 DA CONAMA E DAS NBR’S 10004-2004, 15112-2004, 15113-2004, 15114-2004, 15115-2004, 15116-2004 POR PARTE DAS CONSTRUTORAS E PREFEITURA MUNICIPAL.
Daniel Branco de Morais
1
Gabriel Rodrigues Gomes 2
Paulo Henrique Lobo Neves 3
RESUMO: O presente trabalho que, teve como objetivo principal traçar um perfil de construtoras e o agente de
gestão pública municipal quanto a destinação e possível reaproveitamento de seus resíduos sólidos observando o
cumprimento da Lei Federal 12.305, da Resolução 307 da CONAMA e das NBR‘s supracitadas na observância
às boas práticas ambientais e quanto ao emprego de alternativas para não geração de resíduos, descarte correto
ou possível reciclagem. Procurou-se descrever a realidade a que estão sujeitos construtores e o órgão gestor dos
resíduos sólidos no município de forma fidedigna aos preceitos e informações prestadas pelos participantes.
Também descobriu-se onde estão sendo descartados todos os resíduos sólidos gerados pela indústria da
construção civil de Santarém-PA, bem como sua observação às normas e Leis vigentes nas esferas municipal,
estadual e federal. Durante o período realizaram-se entrevistas e diálogos com as empresas, engenheiros,
construtores e agentes públicos. O setor público foi o único que não se manifestou formalmente aos
questionários aplicados até a presente data, ficando os pesquisadores impossibilitados de discorrer no tema
quanto ao gestor dos resíduos no município até a presente data, ficando nesse momento, apenas o ponto de vista
das empresas, engenheiros e construtores.
PALAVRAS-CHAVE: resíduos, construção, normas.
INTRODUÇÃO: A geração, destinação e possível reaproveitamento dos resíduos sólidos
que as empresas produzem são os maiores desafios em relação à sustentabilidade e meio
ambiente.
O presente trabalho tem por objetivo fazer estudo e traçar perfil das empresas e entidade
municipal sobre classificação, armazenagem, descarte(destinação), reciclagem de resíduos
sólidos como possível solução para dirimir impactos e o cumprimento das NBR‘s 10004-
2004, 15112-2004, 15113-2004, 15114-2004, 15115-2004, 15116-2004 e da Lei Federal nº
12.305 de 02 de agosto de 2010 no Município de Santarém-PA.
MÉTODOS
TIPO DE ESTUDO: O estudo é realizado por pesquisa bibliográfica das leis e normas citadas
na justificativa do presente trabalho. Também, foram confeccionados questionários
1 Acadêmico de Engenharia Civil no CEULS/ULBRA
2 Acadêmico de Engenharia Civil no CEULS/ULBRA
3 Engenheiro Civil, Mestre em Materiais pela UFPA/Belém-PA, Docente no CEULS/ULBRA e IFPA de Santarém-
PA.
208
semiabertos que busquem através de suas aplicações aos entrevistados, o cumprimento das
normas e leis. Também serão coletadas, sempre que possível e autorizado pelas empresas e
seus representantes, registros visuais(fotos) no intuito de obter dados que embasem a
conclusão e tracem um perfil realista do cenário municipal.
LOCAL: A presente pesquisa se dará na região urbana do município de Santarém-PA.
FONTES DE INFORMAÇÕES: As informações serão recolhidas através de entrevistas com
responsáveis pelas empresas construtoras, engenheiros civis e agentes públicos a respeito do
tratamento dado aos resíduos gerados no município.
TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS: Segundo Aaker et al. (2001), a
construção de um questionário é considerada uma ―arte imperfeita‖, pois não existem
procedimentos exatos que garantam que seus objetivos de medição sejam alcançados com boa
qualidade. Tendo em vista essa observação, pode-se afirmar que o planejamento não se limita
ao desenvolvimento das questões, mas também, à realização de pré-testes, com determinação
da população alvo como também da amostra. Por último é importante a análise dos dados.
A aplicação e coleta de dados, envolveram 32(trinta e dois) ―entes‖ estudados por esse
trabalho (empresas, engenheiros civis e construtores. Serão descritas as perguntas feitas diante
de cada norma estabelecida aos envolvidos na pesquisa. As respostas serão dadas em
percentuais, ou seja, a quantidade de entes que cumprem a norma, podendo assim, traçar um
perfil referente ao cumprimento das leis e normas. Nenhum participante autorizou fotografar
seus canteiros de obras. Quanto ao gestor público, informa-se que até a presente data, o
mesmo não se manifestou com resposta aos questionamentos levantados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resolução nº 307 da CONAMA:
a) As empresas geradoras promovem a correta segregação e classificação desses
resíduos bem como o seu reaproveitamento, destinação e reciclagem? Se não,
porque? 24 entrevistados (75% da amostra), declaram que sim. 08 entrevistados (25%
da amostra) declararam que não promovem a aplicação da norma. Explicaram que não o
fazem porque não existem em suas empresas plano de gerenciamento que envolva
treinamento e preparo do corpo funcional para tal.
b) A construtora criou projetos de gestão de resíduos e demolição que possam
direcionar, todos os procedimentos para a correta armazenagem, classificação e
destinação de tais? Se não, porque? 16 entrevistados (50%) cumprem o quesito e os
209
outros 16 entrevistados (50%) restantes não o cumprem. Alegam que praticam apenas a
organização primária e simples dos materiais no canteiro.
c) A construtora em seu canteiro de obras tem como objetivos principais: a
não geração de resíduos, a redução de resíduos, a reutilização, a reciclagem e o descarte
final? Os 32 entrevistados (100%), relataram que se preocupam em não gerarem resíduos. A
reutilização é feita apenas em caso de aterro com entulhos. Quanto ao descarte, os
participantes disseram não se preocuparem quanto ao destino final dos resíduos.
NBR 10.004 de 2004.
A construtora procede a exigência da classificação dos resíduos (sólidos) da
construção civil em seus canteiros de obras, segundo a norma vigente? Se sim, como é
feito esse acompanhamento? 16 entrevistados (50%) não fazem a classificação dos resíduos
sólidos. Os outros 16 participantes (50%), procedem a classificação. Informaram que
acompanham o processo através de agente com função específica no canteiro.
NBR 15.112 de 2004.
A construtora dispõe de áreas para transbordo ou triagem em seus canteiros ou
outro local para tais finas? Se sim, a implantação da área obedeceu a NBR no quesito de
“Condições Gerais” para projeto, conforme a norma? 08 participantes (25%) disseram
que não dispõem de áreas para transbordo e triagem. Outros 24 entrevistados (75%)
informaram que dispõem dessas áreas para tal. Porém informaram que são mal utilizadas ou
até inutilizadas.
NBR 15.113 de 2004.
Existe, segundo os entrevistados, algum aterro de propriedade da empresa
disponível que receba resíduos sólidos classe “A” e resíduos inertes possibilitando a
reserva segregada desse material e uso futuro? Se não, porque? Todos entrevistados
(100%) informaram que não têm aterros. Foram dadas duas justificativas: a empresa estoca os
resíduos no próprio canteiro para possível reutilização e a implantação do aterro demanda
elevado custo para as empresas.
NBR 15.114 de 2004.
A construtora dispõe de alguma área regulamentada destinada a áreas de
reciclagem de resíduos sólidos da construção civil? Se não, Porque? (100%) responderam
que não têm áreas destinadas para reciclagem. Alegam para não implantação dessas áreas o
alto custo e a falta de políticas públicas que incentivem a criação dessas áreas.
NBR‟s 15.115 e 15.116 de 2004.
210
a) A Construtora executa pavimentação e confecção de concreto não estrutural
utilizando resíduos sólidos da construção civil? Se não, porquê? (100%) não
reaproveitam os resíduos sólidos para confecção de concreto não estrutural ou
pavimentação.
b) A construtora conhece alguma empresa na cidade que executa tais serviços? Se
não, qual a opinião da construtora de não haver no município quem execute o
trabalho? (100%) disseram não existem empresas que executem tal trabalho. O motivo
alegado por todos é que faltam políticas de informação e de incentivo.
Perguntas complementares às normas supracitadas.
a) Onde as empresas descartam seus resíduos sólidos? (100%) informaram que
descartam seus resíduos no aterro do Perema.
b) Quem executa o serviço de transporte? A própria empresa ou terceirizados?
(100%) informaram que são feitos por terceirizados, geralmente autônomos de
transporte.
c) A construtora se preocupa com a origem ambientalmente correta dos materiais
utilizados em suas obras? 100% disseram que se preocupam com a origem dos
materiais. Alguns informaram que toda a madeira utilizada deve ter certificado do
IBAMA, e os demais materiais devem ser comprados diante nota fiscal e certificação de
qualidade.
d) O gestor público oferece suporte necessário para que as empresas possam cumprir
as leis e normas? (100%) informaram que não .
e) Segundo a construtora, como o gestor público trata os resíduos sólidos gerados
pelas empresas em Santarém-PA? 100% dos entrevistados disseram que os resíduos
são despejados no local conhecido como Lixão do Perema e é tratado como lixo
comum.
CONCLUSÕES: Diante dos dados obtidos pode-se afirmar que a gestão dos resíduos sólidos
gerados pela construção civil em Santarém-PA é precária e insuficiente. Todo melhoramento
e investimento provido e descrito pelos participantes do projeto, como o cumprimento da
NBR 10.004 de 2004, são iniciativas isoladas e independentes de políticas públicas que nesse
estudo, não foram informadas pelo gestor municipal. Foi observado que os construtores do
município têm consciência ambiental formada, porém falta estímulo público para que as
políticas de preservação e cumprimento das normas sejam executadas.
211
REFERÊNCIAS
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos -
Classificação. Rio de Janeiro, 2004.
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trução civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto,
implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15113: Resíduos sólidos da
construção civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação.
Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15114: Resíduos sólidos da
construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio
de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15115: Agregados recicla-
dos de resíduos sólidos da construção civil - Execução de camadas de pavimentação – Proce-
dimentos. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15116: Agregados recicla-
dos de resíduos sólidos da construção civil - Utilização em pavimentação e preparo de con-
creto sem função estrutural - Requisitos. Rio de Janeiro, 2004.
BLUMENSCHEIN, R. & Gonçalves, M. A. Programa Entulho Limpo. Cartilha publicada
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CAPELLO, G. Entulho vira matéria prima: agregados reciclados chegam aos canteiros das
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IBGE, Atlas do Saneamento 2011. Disponível em: http://ibge.gov.br/home/estatistica/popula
çãoatlas_saneamento/default_saneamento.shtm. Acesso em 02 de fevereiro de 2016.
212
ÉTICA: AS RELAÇÕES SOCIAIS NA SOCIEDADE ATUAL
Prof.ª Dra. Francisca Canindé B. dos Santos
RESUMO: O presente estudo é resultante de uma pesquisa sobre Ética. Este vocábulo é de origem grega e se
desdobra em vários significados que se completam. Os objetivos propostos diziam respeito a analisar textos e
observar comportamentos em sala de aula, na comunidade e instituições. Elaborou-se uma metodologia
condizente aos objetivos que pudessem evidenciar o processo investigativo. Sendo assim foi necessário leitura de
textos de autores renomados, fazer observação direta em locais já mencionados. Os resultados deixaram claro
que a ética pode ser preventiva, se o ser humano levar em consideração seus princípios e vivencia-los. O ser
humano precisa aprender respeitar, compreender, ser solidário, não pensar somente em si, cooperar uns com os
outros e acima de tudo, amar o próximo. A pesquisa deixou claro que um percentual de 80% está ligado as
estratégias do sistema dominante, forma grupos do seu interesse, mesmo assim, há indícios de egoísmo,
incompreensões. Neste caso, os princípios éticos quase não são vividos ou praticados por este elevado
percentual.
Palavras-chave: ética, aprender respeitar, preventiva, amar.
INTRODUÇÃO: Desde o princípio, os seres humanos orientais e ocidentais formaram
grupos dentro das comunidades, eram solidários, dividiam os bens que conseguiam coletar e
capturar na natureza. Eles respeitavam esse ambiente natural do qual faziam parte.
O desenvolvimento das civilizações, a escrita, a propriedade privada foram
suplantando as antigas vivências. Os homens foram perdendo a unidade e começaram
organizar camadas sociais hierarquizadas, as aristocracias rurais e os subalternos.
É mister que as relações comportamentais se alteraram consideravelmente. Aqueles
que dominavam detinham o poder e os demais se transformaram em subordinados. Perderam
o direito de igualdade entre os humanos, o respeito, a solidariedade, a justiça, a verdade, o
amor foram desaparecendo nas relações sociais entre as duas categorias e até dentro de cada
camada social.
Na Grécia Antiga surgiu o termo Ethos, sendo assim, a Ética de Aristóteles já
despontava em novas relações sociais mais dignas para aquela época.
Tanto no medievo, quanto a modernidade, os princípios éticos não eram vivenciados
integralmente por todos os humanos. A sociedade de consumo foi sendo construída através
dos tempos. As relações sociais e econômicas se tornaram complexas. Aumentou a
desigualdade social, a injustiça começou a predominar.
Na contemporaneidade os princípios éticos e morais são vivenciados de acordo com
cada povo. Mas o que nos interessa é observar e analisar comportamentos que estão
articulados ao sistema individualista e excludente, que não leva a sério os princípios éticos nas
relações sociais no cotidiano.
213
MÉTODO: Como método de procedimento utilizou-se o funcionalista, que conforme
(GONÇALVES, 2005, p. 44). ―Estuda a sociedade do ponto de vista de um sistema
organizado, reunindo uma trama de ações, de relações sociais e de instituições
correlacionadas‖. A interpretação e análise da temática se fizeram através das leituras de
textos de vários autores que tratam do assunto. A pesquisa de campo centrou-se em 100
indivíduos de determinadas instituições, área de lazer, vizinhança, sala de aula. Para
desenvolver a pesquisa utilizou-se a observação direta, a fim de observar comportamentos
antiéticos, nas relações sociais como: incompreensões, falta de respeito, irresponsabilidade,
injustiça, mentira, falsidade, etc.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados foram relevantes e significativos de acordo
com as relações sociais no cotidiano das pessoas na sociedade de consumo e tecnológica.
80% das pessoas ligam-se ao sistema em vigor, vivem um individualismo, deixam de
lado o respeito, a compreensão nas relações sociais, fechando o contato simpático e até
causando danos graves. ―A ética da compreensão pede que se compreenda a incompreensão
do outro‖, por motivos conhecidos e desconhecidos. (MORIN, 2002, p. 99). As
incompreensões são obstáculos na melhoria das relações sociais e dialogais nos grupos, nas
instituições e até mesmo na família como célula mater da educação do ser humano.
60% dos indivíduos observados não assumem responsabilidade diante do outro.
Utilizam a falsidade como comportamento chave de suas vidas. De acordo com Marcondes
(2007, p. 164), analisando Weber, deixou claro que ―A ética da responsabilidade valoriza,
sobretudo as consequências da ação, e a relação entre meios e fins, com base nas quais um ato
deve ser julgado como mau ou bom‖. Verificou-se que 40% são pessoas dignas de respeito
nos seus atos.
Observou-se que 75% das pessoas apresentaram comportamentos inadequados,
deixando transparecer a injustiça. Levam em consideração elas mesmas, seus interesses, suas
vontades. A injustiça fere a dignidade, a autoestima do ser humano. As pessoas que sofrem
este tipo de comportamento, geralmente estão amarradas a um sistema maior que se entrelaça
no capital e no lucro.
85% das pessoas demonstraram um desamor muito forte pelas necessidades das
outras menos favorecidas. Há tantas pessoas doentes, com fome, na miséria. Esses fenômenos
assolam a vida dos desfavorecidos, que não tiveram oportunidade de organizar a vida. Há
tantas mesas fartas, enquanto um percentual de pessoas passam necessidades. O ser humano
214
necessita de uma palavra de amor, de aconchego para que tome consciência do valor do
companheirismo, da solidariedade, da fraternidade e possa reconstruir a sua vida numa base
sólida. Jesus Cristo é exemplo de amor. Comparato acrescenta (2006, p. 553)
Mas o amor como dissemos, é um princípio ético, como tal, uma norma superior,
cria deveres, objetivos gerais de comportamento na vida social. O amor é uma
doação completa e sem reservas, não só das coisas que nos pertencem, mas da nossa
própria pessoa. Aquele que ama torna-se despossuído de si mesmo, mas tudo oferece
ao outro.
Neste caso, amar o outro desinteressamente, sem buscar retorno, sem se aproveitar
daquele ser que naquele momento estava sofrendo necessidades físicas, materiais,
econômicas.
Verdade, justiça, amor são princípios éticos especiais. A sociedade enfrenta sérios
problemas como: mentiras, corrupções nos órgãos públicos e até particulares. Ao assumir
determinadas responsabilidades, os sujeitos visam mais seus interesses do que o respeito pelos
bens que poderiam ser divididos com a sociedade, através dos investimentos em setores
deficitários.
As reflexões sobre ética buscava o termo grego Ethos que diz respeito ao Etyos que
designava simplesmente costumes. O AETHOS indicava moradia, o lugar onde o ser humano
vivia, o caráter, o modo de ser da pessoa no mundo, onde se originaram os valores, as normas.
Segundo Agostini (1993, p. 23) ―Ethos é o ser enquanto se organiza histórica e culturalmente.
A maneira como cada homem e cada cultura vive o ser‖.
Neste caso, Pessoa é um ser capaz de viver em sociedade. Como afirma Cano (2006,
p. 35). ―Ela pode assumir atitudes de cooperação, ajuda, tolerância. Tem autocontrole
positivo, suas potencialidades, acredita em si mesmo‖.
Neste contexto, a ética da pessoa envolve outras éticas, como a do gênero humano,
da compreensão, da solidariedade, da convivência, do respeito, da responsabilidade, da
liberdade, do amor, da caridade, etc. à medida que as relações sociais de hoje poderiam ser
melhores. Morin complementa (2002, p. 106)
Desde então, a ética propriamente humana, ou seja, a antropoética deve ser
considerada como a ética da cadeia de três termos: indivíduo/sociedade/espécie, de
onde emerge nossa consciência e nosso espírito propriamente humano. Essa é a base
para ensinar a ética do futuro.
As reflexões de Morin sobre ética chama atenção para viver melhor no futuro, sem
tantos conflitos. Viver eticamente na sociedade da informação e tecnologia, em que os
humanos estão em rede, é necessário reafirmar os contatos diretos e simpáticos. A Internet se
215
encarrega de difundir outros comportamentos que poderão reorganizar a educação e a
sociedade, primando por aqueles que poderá possibilitar a formação digna das pessoas no
momento atual. De acordo com Morin (2002, p. 107): ―A antropoética instrui-nos a assumir a
missão antropológica do milênio, trabalhar para a humanização da humanidade, alcançar a
unidade planetária na diversidade, a diferença e a identidade quanto a si mesmo‖.
CONCLUSÃO: Os homens são seres inacabados. Eles estão buscando a cada dia mudanças
em suas vidas. Estas vão ocorrendo no corpo físico, nos comportamentos, valores, crenças.
Vão contribuindo para desenvolver a vontade própria, liberdade e o poder de decisão.
Assim como, os homens vão se construindo, a sociedade também entra num processo
de mutação, uma vez que, a mesma é constituída por esses agentes sociais.
Os comportamentos éticos podem ser vivenciados dignamente pelas categorias
sociais que se desenvolveram numa sólida educação. Por outro lado, podem predominar os
antiéticos, como não respeitar o outro, se apropriar dos bens que não são seus. Gerar conflitos
que causam agressões físicas, verbais e até tirar a vida das pessoas. Tanto os mandamentos da
Lei de Deus, quanto à lei dos homens não permitem os assassinatos. Sendo assim, ambas
deixam claro o respeito à vida, ao outro.
Diante das incompreensões, dos vícios, as pessoas perdem equilíbrio mental e
cometem desatinos, prejudicando tantos seres que poderiam estar vivendo bem com seus
familiares. Consequentemente perderam a noção do amor pelo seu semelhante. Não
reconhecem que o amor é símbolo da perfeição. Jesus Cristo deixou claro este princípio ético,
tão importante e significativo na vida humana, nas relações sociais.
Sendo assim, é necessário um repensar crítico e educação das famílias, afim de
orientar seus filhos, para viverem melhor as relações sociais, dentro da própria família e fora
dela, sendo responsáveis, comprometendo-se com seus deveres e seus atos bons ou maus.
Pessoas politizadas, educadas vivem os princípios éticos e por isso não são punidas
de acordo com os princípios morais. Neste contexto, a ética é preventiva e a moral é punitiva,
diante dos comportamentos antiéticos, cruéis e sanguinários.
REFERÊNCIAS:
AGOSTINI, Nilo. Ética e Evangelização: A dinâmica da Alteridade na Recriação da
Moral, Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1993.
CANO, Betuel. Ética: a arte de viver: A alegria de ser um cidadão do universo, (trad. de
Vera Lúcia Vaccari e Valeriano M. Casillas), vol.4, São Paulo: Paulinas, 2000.
216
COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito, moral e religião no mundo, 2 ed., São Paulo:
Companhia de Letras, 2006.
GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de Metodologia da Pesquisa Científica, São
Paulo: Avercamp, 2005.
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Ética: de Platão à Foucault, Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2007.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, (trad. de Catarina
Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya), 6 ed., São Paulo: Cortez, 2002.
SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento,
5 ed., Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
217
FLUÊNCIA TECNOLÓGICA DOCENTE: UM ESTUDO COM DOCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Luiz Carlos Rabelo Vieira1
Jaine Sousa da Rocha2
Maria Djelma Bezerra Brito2
Pricila Christiane Rodrigues Guimarães2
RESUMO: O objetivo da pesquisa foi analisar a fluência tecnológica por meio da percepção de professoras do
ensino fundamental de uma escola pública de Santarém-Pa. Os dados foram coletados junto a 12 professoras (32
a 56 anos de idade), sendo seis do fundamental I (1º ao 5º ano) e seis do fundamental II (6º ao 9º ano). Para
tanto, foi utilizada a técnica do questionário autoaplicável. Os resultados apontaram baixa fluência tecnológica
nos quesitos que se associam às questões técnicas (manuseio de recursos/ferramentas), embora dentre as
docentes foi percebido como alto o nível de confiança e prazer em aprender novas mídias, bem como sua
utilização com bom senso. As professoras do ensino fundamental I, quando comparadas às do fundamental II,
apresentaram menor fluência tecnológica docente o que pode estar associado ao fato de possuírem as maiores
idades.
PALAVRAS-CHAVE: Fluência tecnológica, novas mídias, professor.
INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas houve uma ascensão de estudos sobre tecnologias na
educação. Almeida e Silva (2011) analisam que, do debate a respeito da integração de
tecnologias de informação e comunicação (TIC) em práticas educacionais, a tríade
Tecnologias-Currículo-Formação de Professores despontou como objeto principal de reflexão.
Integrar as TIC no âmbito educacional – com a expectativa de transformar o modo de
ensino e apreensão, dada a possiblidade de interatividade, da formação de cidadãos produtores
de culturas e de conhecimento – é o ponto crucial que faz dessa relação um tema desafiador a
ser posto em reflexão (PRETTO, 2005; 2013; PRETTO; COSTA PINTO, 2006).
Estudos recentes, como o relatório do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br,
2015), apontam que a presença do uso de TIC, principalmente de computador e internet,
aumentou no trabalho docente, em virtude da informatização de atividades escolares. Nas
práticas pedagógicas, esses recursos são relativamente integrados em decorrência,
primeiramente, da motivação/interesse pessoal (atitude proativa) docente; segundo, da
demanda/necessidade dos alunos; em terceiro lugar, pela pouca motivação institucional.
Examinar com fundamentação os riscos e benefícios da integração das TIC no campo
educacional é tarefa essencial ao discurso e à prática pedagógica, até porque ainda é evidente
a resistência docente que, em função do seu despreparo, culmina na desconsideração da
presença desses recursos nas ações educacionais (KENSKI, 2012; PEIXOTO, 2015).
1 Mestrando em Educação, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, Instituto de Ciências da
Educação, Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA. 2 Curso de Licenciatura em Informática Educacional, Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do
Oeste do Pará-UFOPA.
218
Com base no exposto, estabeleceu-se a problemática da investigação, formulada da
seguinte maneira: professoras do ensino fundamental apresentam fluência tecnológica?
Assim, o objetivo da pesquisa foi analisar a fluência tecnológica por meio da
percepção de professoras do ensino fundamental de uma escola pública de Santarém-Pa.
MÉTODO: Este é um estudo quantitativo, descritivo e transversal cujos dados foram
coletados junto a 12 professoras do ensino fundamental, de 32 a 56 anos de idade, sendo seis
do fundamental I (1º ao 5º ano) e seis do fundamental II (6º ao 9º ano).
Para a produção dos dados foi utilizada a técnica do questionário autoaplicável, versão
adaptada do estudo de Amiel e Amaral (2013). O instrumento é composto por itens de
caracterização da participante, além de 19 questões fechadas com respostas na escala tipo
Likert, conforme os domínios nível de conforto (13 questões) e nível de concordância (seis
questões), ambos relacionados à fluência tecnológica docente. As opções de respostas para o
primeiro domínio foram: péssimo, fraco, regular, bom e ótimo. Para o segundo, as opções
eram: discordo plenamente, discordo, neutro, concordo, concordo plenamente.
Ainda conforme o domínio nível de concordância foi gerada uma pontuação por grupo
estudado (docentes do fundamental I e do II), denominada escore de concordância, calculada
pela média aritmética com base na frequência de respostas às questões, considerando-se o
valor 1 ao discordo plenamente até o valor 5 ao concordo plenamente.
Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, com a determinação das
frequências absoluta e relativa, cálculo de média aritmética e de desvio padrão. Para tanto, foi
utilizado o programa Excel (Microsoft for Windows, Office 2010®
). Os escores de
concordância, por grupo estudado, foram comparados mediante a estatística inferencial. Para
isto, foi aplicado o teste t de Studente, ao nível de significância de 5%.
Esta investigação seguiu as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas
envolvendo seres humanos, conforme a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do
Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados estão dispostos em quatro campos: a) perfil
da amostra, b) nível de conforto, c) nível de concordância, d) análise de comparação da
fluência tecnológica docente, por grupo de participantes.
Quanto ao perfil de amostra, a maioria é da faixa etária dos 32 aos 40 anos de idade,
com prevalência de participantes com maior idade dentre as do grupo fundamental I. Todas
citaram desenvolver seu trabalho em turmas com 20 a 30 alunos e, em média, há 10 anos.
219
Em se tratando do nível de conforto quanto à fluência tecnológica docente (Tabela 1),
percebeu-se que para a maioria dos itens (1, 4, 5, 7 a 13) houve predomínio de respostas fraco
e péssimo, evidenciando baixa fluência nos quesitos elencados dentre as participantes.
Tabela 1. Nível de conforto quanto à fluência tecnológica docente na amostra (N=12). Santarém/PA,
2016.
Nível de conforto em ensinar alguém a:
Nível de conforto
n (%)
Péssimo Fraco Regular Bom Ótimo
1. Buscar um artigo científico utilizando um
buscador (ex. Google) 3 (25) 3 (25) 2 (17) 3 (25) 1 (8)
2. Navegar na Web utilizando um navegador
padrão (ex. Internet Explorer, Firefox) 2 (17) 4 (33) - 3 (25) 3 (25)
3. Utilizar um processador de texto para criar
e imprimir um documento 1 (8) 2 (17) 2 (17) 4 (33) 3 (25)
4. Criar e fazer uso de uma conta de email (ex.
Gmail, Hotmail) 3 (25) 5 (42) 1 (8) 2 (17) 1 (8)
5. Utilizar um sistema de conversa utilizando
voz (ex. Skype) 5 (42) 6 (50) 1 (8) - -
6. Participar de uma rede social (ex.
Facebook) 1 (8) 1 (8) 1 (8) 4 (33) 5 (42)
7. Criar uma apresentação de slides (e.g.
PowerPoint) com texto, áudio e vídeo 3 (25) 3 (25) 2 (17) 2 (17) 2 (17)
8. Editar um filme digital (ex. Movie Maker) 5 (42) 4 (33) 1 (8) 2 (17) -
9. Explicar o funcionamento das partes que
compõe o computador 5 (42) 4 (33) 1 (8) 2 (17) -
10. Publicar um vídeo on line (ex. Youtube) 6 (50) 4 (33) 1 (8) 1 (8) -
11. Criar um desenho gráfico (ex. Excel,
Paint) 5 (42) 4 (33) 1 (8) 1 (8) 1 (8)
12. Criar um blog 5 (42) 4 (33) 1 (8) 2 (17) -
13. Editar uma página em site colaborativo na
Web (ex. Wiki) 5 (42) 6 (50) 1 (8) - -
Os resultados acima vêm ao encontro do despreparo docente, referido por Kenski
(2012) e Peixoto (2015). Até que ponto, porém, essa baixa fluência implica no contexto
particular e na prática docente das participantes? Este é o ponto analisado a seguir.
No quesito nível de concordância quanto à fluência tecnológica (Tabela 2), percebeu-
se que em todos os itens houve predominância de respostas que tratam justamente da
consonância.
Tabela 2. Nível de concordância quanto à fluência tecnológica docente na amostra (N=12).
Santarém/PA, 2016.
Concordância com o que pensa, dentro do
contexto particular e prática docente
Nível de concordância
n (%)
DP D N C CP
1. Sinto-me capaz de aprender a utilizar
qualquer nova mídia - 2 (17) 2 (17) - 8 (67)
2. As novas mídias aumentam minha
capacidade de expressão 2 (17) 1 (8) 1 (8) 5 (42) 3 (25)
220
3. Sinto prazer em explorar o uso das novas
mídias 2 (17) 1 (8) 4 (33) 2 (17) 3 (25)
4. Consigo me expressar de maneiras
diferentes utilizando as novas mídias - 1 (8) 7 (58) 1 (8) 3 (25)
5. Faço escolhas pensadas sobre o uso de
novas mídias no meu cotidiano - 2 (17) - 5 (42) 5 (42)
6. Utilizo as novas mídias no meu cotidiano
com bom senso 2 (17) 1 (8) 3 (25) 3 (25) 3 (25)
DP = discordo plenamente, D = discordo, N = neutro, C = concordo, CP = concordo plenamente.
Os resultados acima dispostos se assemelham ao encontrado por Amiel e Amaral
(2013), visto que também pesquisaram docentes que referiram apresentar um alto nível de
confiança e prazer em aprender sobre novas mídias, assim como utilizar com sensatez as que
dispõem.
O resultado quanto à comparação da fluência tecnológica docente, por grupo de
participantes, está ilustrado na figura abaixo.
Figura. Comparação entre as médias dos escores de concordância
quanto à fluência tecnológica docente, por grupo estudado (N=12).
Santarém/PA, 2016.
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
Professoras do ensino
fundamental I (n=6)
Professoras do ensino
fundamental II (n=6)
Méd
ia d
os
esco
res
de
con
cord
ân
cia
*
* p = 0,0473
As professoras do ensino fundamental I apresentaram um escore de concordância
igual a 3,0±0,8. Já as professoras do fundamental II apresentaram 4,3±0,7. Ao nível de
significância de 5%, o teste t de Studente apontou um p = 0,0473, o que indica que é
significativa a diferença entre os resultados dos dois grupos. Assim, as professoras do ensino
fundamental II são as que apresentaram maior fluência tecnológica docente.
A princípio, o fator mais associado ao resultado de diferença entre os dois grupos
(docentes do fundamental I e do II) é a idade, pois as do fundamental I (com maiores idades)
foram justamente as que apresentaram menor fluência tecnológica. Kenski (2012) e Peixoto
(2015) concordam que quanto maior a idade do docente, maior é o risco de haver resistência
de sua parte quanto à integração de TIC ao campo educacional.
221
CONCLUSÃO: Conclui-se que professoras do ensino fundamental de uma escola pública de
Santarém-Pa apresentam baixa fluência tecnológica nos quesitos que se associam às questões
técnicas (manuseio de recursos/ferramentas). No entanto, prevalece dentre as mesmas o alto
nível de confiança e prazer em aprender novas mídias, bem como sua utilização com bom
senso.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. E. B. de; SILVA, M. da G. M. da. Currículo, tecnologia e cultura digital:
espaços e tempos de web currículo. Revista e-curriculum, v. 7, n. 1, p. 1-19, 2011.
AMIEL, T; AMARAL, S. F. do. Nativos e imigrantes: questionando o conceito de fluência
tecnológica docente. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 21, n. 3, p. 1-11,
2013.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012.
Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>. Acesso em: 12
fev. 2016.
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL (CGI.Br). Pesquisa sobre o uso das
tecnologias da informação e comunicação nas escolas brasileiras: TIC educação 2014. São
Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2015.
KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas: Editora
Papirus, 2012.
PEIXOTO, Joana. Relações entre sujeitos sociais e objetos técnicos: uma reflexão necessária
para investigar os processos educativos mediados por tecnologias. Revista Brasileira de
Educação, v. 20, n. 61, p. 317-332, 2015.
PRETTO, Nelson de L. (Org.). Tecnologia & novas educações. Salvador: EDUFBA, 2005.
________. Reflexões: ativismo, redes sociais e educação. Salvador: EDUFBA, 2013.
PRETTO, Nelson de L.; COSTA PINTO, Cláudio da. Tecnologias e novas educações.
Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 31, p. 19-30, 2006.
222
FUSARIOSE NA PIMENTA DO REINO NA COMUNIDADE DO TIPIZAL – SANTARÉM/PA.
Katriane Fernandes Corrêa
1
Daniel Coelho de Amorim1
Daniele Silva Barros1
Giovana Moreira Soares1
Anna Cristina Feijão Araujo1
Gilbson Santos Soares2
RESUMO: A fusariose, também conhecida como podridão-de-raízes, é considerada a principal, doença da
pimenta-do-reino no Brasil. Os principais responsáveis pela disseminação do fungo, estão diretamente ligados
com água, mudas infectadas e o vento que disseminam. A pimenta-do-reino é um dos produtos de grande
demanda no mercado, mas vem ocorrendo uma perda de produção devido o fungo da fusariose. O objetivo deste
trabalho foi realizar a identificação da fusariose por meio de diagnose visual dentro da cultura da pimenta-do-
reino e verificar as medidas de controle e prevenção da enfermidade. Os resultados demonstraram manifestações
nas plantas infectadas típicas da enfermidade, quando os sintomas foram comparados com aqueles da literatura,
por exemplo, folhas amareladas, secas em estado de necrose e apodrecimentos das raízes. Não tendo um controle
efetivo, as plantas infectadas são eliminadas e queimadas fora do local de plantio, além da utilização de medidas
preventivas na plantação.
PALAVRA-CHAVE: Pimenta do Reino, Fusariose, Fungo.
INTRODUÇÃO: A pimenta do reino é um dos condimentos mais utilizados no mundo,
sendo consumida como tempero e conservante de alimentos. Sua origem veio da Índia, devido
a sua grande dispersão e variação dessa espécie na região. Sendo considerada uma das
especiarias mais comercializadas mundialmente. A espécie comercializada pelos produtores é
a (Piper Nigrum L.), sendo conhecida como pimenta negra.
Essa espécie foi bastante estudada pela EMBRAPA por meios de melhoramento
genético para testar sua resistência a Fusariose amplamente disseminado na região amazônica,
sendo a principal doença da pimenta-do-reino no Brasil. A enfermidade é causada pelo fungo
da espécie (Nectria haematococaa f. sp. Piperis), classe dos Ascomicetos, ordem Hypoceales,
família Nectriaceae e que possui como forma anamórfica a Fusarium solani f. sp. Piperis
(KIMATI et al., 2005).
A produção anual brasileira da pimenta do reino no ano de 2015 foi de 51.637
toneladas em uma área de 22.333 ha, em comparação a produção do ano de 2012 foi de 43 mil
toneladas em uma área total plantada de 19,4 mil ha, segundo o (IBGE, 2015). No mercado de
produção o Pará vem em primeiro lugar como o produtor nacional, alavancando o Brasil para
a quarta posição no ranking mundial de exportação de pimenta.
1 Acadêmicos do Centro Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
2 Prof. MSc. Do Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
223
A pimenta do reino depende de um clima quente e úmido com precipitações pluvial
anual entre 1500mm a 3000mm. Na Amazônia, encontramos um clima médio com
precipitações de 2500mm anuais, o que favorece também a proliferação de algumas doenças,
dentre elas a fusariose conhecida também como podridão-de-raiz. A pimenta-do-reino adapta-
se e cresce bem em diversos tipos de solos, especialmente os com boa drenagem e com teor
de argila suficiente para reter umidade durante o período mais seco do ano.
No Brasil a fusariose é a doença com maior incidência na cultura, responsável pela
redução de aproximadamente 3% da área cultivada, a vida de produção da planta pode ser
superior a doze anos, mas, devido a Fusariose essa produção não chega a seis anos. Após
estudos levantados pela EMBRAPA, por meio de enxertia obtiveram resultados no qual as
plantas progênitas não passavam de quatro anos sem dar incompatibilidade genética tardia.
Um fungo que reside em solos e que pode sobreviver em plantas e na própria matéria
orgânica. Apresenta crescimento lento podendo demorar de 9 a 10 dias para sua colônia
alcançar um diâmetro notável com aparência branca, podendo chegar a um vermelho intenso.
Sua disseminação pode acontecer por meio das raízes primárias ou até mesmo as secundárias,
as chuvas favorecem bastante a multiplicação do fungo na planta formando suas colônias,
proporcionando a contaminação às plantas vizinhas (SERRANO, 2014).
Duarte (2014, p 91) afirma que ―A infecção pode iniciar pelas raízes e ramos. Se as
raízes de uma planta são infectadas, as folhas amarelecem e murcham, ocorre queda de folhas
e de internódios e a folhagem fica esparsa‖.
Os objetivos deste trabalho foram realizar a identificação da fusariose por meio de
diagnose visual em meio a cultura da pimenta-do-reino e verificar as medidas de controle e
prevenção da enfermidade. Dado a influência da pimenta-do-reino no mercado de exportação
brasileira e o papel do estado do Pará como maior produtor do país, além da presença da
fusariose como principal enfermidade em todas as plantações provocando perdas
significativas na produção devido a propagação do patógeno, identificar e controlar sua
disseminação é de fundamental importância.
MÉTODO: A visita foi conduzida na propriedade de produção da pimenta do reino, com o
intuito de identificar focos da doença em meio a cultura, ou seja, diagnose visual, foi realizada
na Chácara Miozotes, localizada na PA-370, km 25, na comunidade Tipizal, cidade de
Santarém-PA. Coordenadas DATUM: SIRGAS 2000- W: 54:36:20,78-S:02:37:11,13 a
propriedade mede 116x1000m², sendo 10,5454 hectares. A pimenta do reino utilizada para a
visualização, foi a pimenta negra (Piper Nigrum L.).
224
O método usado na visita foi a diagnose visual. Rosseto e Santiago (2010) descrevem
que ―A diagnose visual é uma importante ferramenta para avaliar os sintomas de deficiência
ou toxidez de um elemento pela aparência da planta, sobretudo, pela coloração de suas
folhas‖. Além da diagnose visual foi considerado também o relato do proprietário que
demonstrou profundo conhecimento de causa sobre a fusariose ou podridão-de-raiz.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: A propriedade possui uma plantação de pimenta do reino
negra (Piper Nigrum L.) com oito mil plantas. Do total, no primeiro ano de produção, houve
uma perda de três mil plantas (3.000) o equivalente a 37,5% da plantação, segundo o
proprietário as plantas foram infectadas por fusariose.
As principais evidências da fusariose observadas durante a visita em algumas plantas
foi a podridão-de raiz e a degradação das folhas (Figura 2 e 3). Kimati et al (2005) afirma
―Quando ocorre no sistema radicular, as folhas perdem a turgência, tornam-se amarelecidas,
flácidas e caem prematuramente. Os entrenós ficam amarelos e desprendem-se dos nós uns
após outros, até que a folhagem seca totalmente‖. Além disso Kimati descreve também que:
O exame do sistema radicular destas plantas mostra a ausência de radículas e muitas
vezes esta podridão pode atingir até 30 cm do talo da planta, destruindo
parcialmente seus tecidos. Internamente, notam-se estrias enegrecidas, consequência
da destruição dos vasos liberolenhosos (KIMATI et al.,2005).
Na propriedade e de acordo com a literatura constatou-se que os danos causados pela
fusariose são devastadores nas áreas afetadas. A disseminação e manifestação da enfermidade
normalmente está relacionado a fatores que favorecem a ação do fungo como clima úmido e
quente e solos com baixa taxa de drenagem. O controle para os casos de fusariose consiste na
queima das plantas infectadas fora da plantação, existem medidas preventivas que diminuem
a incidência do causador, por exemplo, cuidado com a escolha das mudas, uso de estacas
novas para novos plantios e cuidado no manejo da capina evitando injúrias nas raízes da
planta, (TREMACOLDI, 2010).
Figura 2. Sintoma de fusariose na raiz da
pimenta-do-reino
Figura 3. Sintoma de fusariose na raiz da
pimenta-do-reino
225
Foto: Giovana Moreira Soares. Foto: Giovana Moreira Soares.
CONCLUSÃO: A partir dos dados obtidos na visita da plantação de pimenta-do-reino, com
base na diagnose visual, em comparação com a pesquisa da literatura, conclui-se que: as
evidências observadas nas raízes e folhas de algumas plantas de pimenta infectadas apontam
para a enfermidade descrita como fusariose, as perdas observadas na propriedade (37,5% das
plantas) são semelhantes aquelas descritas na literatura em plantações diversas afetadas pela
doença e ação mais efetiva no combate a fusariose são medidas preventivas na plantação.
Ressalta-se que a identificação definitiva do patógeno depende de análise laboratorial não
utilizada nesta pesquisa, entretanto as observações aqui destacadas podem subsidiar trabalhos
futuros.
REFERÊNCIAS
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melhoramento genético e de adaptação de espécies vegetais para a amazônia oriental.
Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/58338/1/Doc16-p127-
137.pdf.> Acesso em: 13 de outubro de 2016.
AMBIENTE BRASIL. Floresta Amazônica - clima e hidrografia. Disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/amazonia/bacia_do_rio_amazonas/floresta_am
azonica_-_clima_e_hidrografia.html> Acesso em: 13 de outubro de 2016.
DUARTE, Maria et al. A cultura da pimenta -do-reino. 2a edição revista e ampliada.
Embrapa Informação Tecnológica. Brasília. DF. 2006, página 10,11.
ROSSETTO; Raffaella, SANTIAGO; Antonio Dias. Conceito de Diagnose Visual. 2010.
Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-
acucar/arvore/CONT000fhvuyvaq02wyiv80v17a09ehcm584.html. Acesso em: 18 out. 2016.
SERRANO, Luiz. Pimenta-do-reino: Alta rentabilidade atrai produtores para a
atividade. Disponível em: http://www.revistacampoenegocios.com.br/pimenta-do-reino-alta-
rentabilidade-atrai-produtores-para-a-atividade/. Acesso em: 13 de outubro de 2016.
TREMACOLDI, Célia Regina. Principais Doenças Fúngicas da Pimenteira-do-Reino no
Estado do Pará e Recomendações de Controle. Belém. PA. 2010, pág. 10-13.
KIMATI, H et al. Manual de Fitopatologia volume 4: Doenças das plantas Culturais.
Editora Agronômica Ceres Ltda. São Paulo-SP.2005. Pág. 538 e 539.
226
GESTÃO DEMOCRÁTICA: ESTUDO COM EGRESSOS DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR/UFOPA
Diana Albuquerque dos Santos1
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares2
RESUMO: O presente estudo trata sobre a concepção dos egressos do curso de especialização em gestão
escolar, da Universidade Federal do Oeste do Pará, turma 2013, acerca da gestão democrática. Assim, teve como
objetivos: identificar a concepção de gestão democrática; verificar quais atividades são consideradas essenciais a
serem desenvolvidas pelo gestor escolar; averiguar se os conhecimentos adquiridos no curso de especialização
geraram melhorias na prática do gestor escolar. A pesquisa fundamentou-se na abordagem qualitativa, agrupando
análise documental, levantamento bibliográfico e aplicação de questionário. Os resultados demonstram que os
egressos reconheceram a mudança de pensar e fazer a gestão democrática no ambiente escolar, entendem que
para que a gestão democrática ocorra é necessária a participação da comunidade. Identificamos, ainda, que
conforme as concepções dos cursistas, as atividades essenciais para o desenvolvimento do trabalho do gestor é a
comunicação com a comunidade escolar. Além disso, os cursistas foram unanimes em frisar que os
conhecimentos adquiridos no curso foram relevantes para melhoria da prática de trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão Democrática. Estudos Com Os Egressos. Formação Continuada.
INTRODUÇÃO: O perfil do gestor para atuar nas instituições escolares tem sido cada vez
mais exigido, tendo em vista que a instituição sofre os ditames da sociedade globalizada.
Nos últimos anos, a educação a distância (EAD) vem despertando o interesse da
sociedade, da mídia, dos setores governamentais e de organizações educacionais e
empresariais em razão, principalmente, das demandas de grande massa de pessoas
em busca de formação inicial ou continuada, de profissionalização, atualização e
especialização [...]. (ALMEIDA, 2003, p.163).
Conforme é explicado por Almeida a educação a distância tem tornando-se uma
ferramenta para as demandas sociais da atualidade. Diante do desenvolvimento tecnológico
nas últimas décadas a educação a distância vem crescendo no país, principalmente no que
tange ao desenvolvimento das novas tecnologias para o processo de ensino-aprendizagem.
Desta forma, a qualificação de gestores no contexto da educação pública brasileira
passou por alterações ao longo da história, em especial após a aprovação da LDB Nº 9394/96
que veio contribuir para o desenvolvimento da democracia e transformação do ambiente
escolar em um espaço de participação social.
E mediante ao debate sobre gestão democrática foi implementada uma proposta que
visou intensificar a formação dos gestores públicos da educação básica com vista a contribuir
1 Estudante de graduação da Universidade Federal do Oeste do Pará. Integrante do Grupo de Estudos e
Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil/HISTEDBR-UFOPA. Bolsista PIBIC/UFOPA 2 Doutora e Pós-doutora em Educação pela UNICAMP. Docente do Programa de pós-graduação em
educação/PPGE da Universidade Federal do Oeste do Pará. Líder Adjunta Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil/HISTEDBR-UFOPA. Orientadora da Pesquisa.
227
para o desenvolvimento da gestão democrática no âmbito escolar. Assim sendo, como
proposta para a formação dos gestores escolares, apresenta-se o Programa Nacional Escola de
Gestores da Educação Básica Pública, oferecido pelo Ministério da Educação (MEC) e
alicerçado na perspectiva democrática da gestão, tendo como objetivo principal contribuir
com a formação efetiva de gestores educacionais onde possam dispor de elementos teórico-
práticos.
Assim, a presente pesquisa foi desenvolvida, pois acreditamos que há necessidade
de estudar a concepção de gestão democrática e observar quais atividades desenvolvidas pelo
gestor escolar foram consideradas essenciais para a educação pública. E também, entender se
as práticas de gestão democrática apreendidas no decorrer do curso subsidiaram ações no
cotidiano escola. Desta forma, a pesquisa teve por objetivos: Identificar a concepção de gestão
democrática; verificar quais atividades são consideradas essenciais a serem desenvolvidas
pelo gestor escolar e averiguar se os conhecimentos adquiridos no curso de especialização
geraram melhorias na prática do gestor escolar.
MÉTODO: A pesquisa fundamentou-se na abordagem qualitativa, agrupando análise
documental, os quais foram objetos de análise a Legislação brasileira e projetos que
normatizaram o curso de especialização em gestão escolar; o levantamento bibliográfico,
onde foram utilizados autores, como PARO (1997) e LIBÂNEO (2004), que estudam sobre a
Gestão democrática e Formação continuada; e aplicação de questionário, este fora
disponibilizado na plataforma MOODLE1 no período de 3 meses, 134 cursistas responderam
ao questionário, sendo esses dos polos de: Santarém SEDUC e SEMED; Belterra; Alenquer;
Monte Alegre; Aveiro; Oriximiná; Itaituba Juruti e Novo Progresso. Vale ressaltar que esses
134 retiramos uma amostra de 30%. Teve como participantes da pesquisa os egressos do
Curso de Especialização em Gestão Escolar da Universidade Federal do Oeste do Pará, Turma
2013.
Entende-se que a pesquisa qualitativa se faz importante ―uma vez que é inviável a
separação de ambas, assim, por meio desse pressuposto a pesquisa quantitativa possibilita o
desenvolvimento de uma pesquisa detalhada com base em dados obtidos durante a
investigação‖ (GONZAGA, 2006, p.69).
1 Ambiente virtual de aprendizagem do curso
228
RESULTADOS E DISCUSSÕES: A educação a distância foi estabelecida no artigo 80
como modalidade educacional pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n 9394/96.
Entende-se que ―A formação continuada é condição para a aprendizagem permanente e para o
desenvolvimento pessoal, cultural e profissional de professores e especialistas‖ (LIBÂNEO,
2004, p.227).
Na pesquisa realizada quando perguntado aos participantes se o curso de formação
continuada contribuiu para o desenvolvimento de suas atividades na escola na perspectiva da
gestão democrática, todas as respostas foram positivas conforme podemos observar nos
trechos a seguir:
A-05 Com certeza contribuiu, hoje tenho um outro pensamento e irei agir de outra
forma, na prática da decisão coletiva.
I-03 sim pois aprender sempre será bom, e as formações continuadas vem com
este objetivo.
J-01 Sim, pois a teoria foi aplicada na prática, e um dos maiores exemplos é a
efetivação do conselho escolar dentro da escola
O-01. Contribuiu sim, de acordo com o aprendizado que o curso me ofereceu, valeu
muito para que se possa desenvolver minhas atividades de forma democrática.
Verifica-se que por meio das respostas que o curso possibilitou melhor qualidade no
desenvolvimento do trabalho de tais profissionais. Visto também, que o curso veio respalda,
em particular, a gestão democrática, sendo este um tema bastante indagado atualmente por
vários autores da área da educação.
Também, observou-se que tais sujeitos compreenderam a gestão democrática como o
envolvimento da comunidade nas atividades escolares, melhoria no trabalho, conhecimento de
direitos e deveres, trocas de conhecimento, fortalecimento da participação dos conselhos
escolares e comunidade. Ainda, salientam que a compreensão de gestão democrática ficou
mais clara, após ter participado do curso, conforme exposto nos trechos abaixo:
A 2-Sim. Nas reuniões de pais e mestres, são feitos de forma democrática as
tomadas de decisões sobre: festa da escola, dia das mães, onde é discutido a melhor
forma de realiza-las. Dentre outros assuntos importante da escola.
B 1-Sim, no sentido de articular para que todas as ações na escola sejam integradas e
com isso possam obter ganhos reais através do maior envolvimento de todos.
I 1-Sim. Quando se trata de gestão, todos os servidores, pais e responsáveis que
trabalham em escolas, necessitam estarem envolvidos na qualidade de ensino e
conhecer os direitos e deveres estarem sempre a par das entradas de recursos da
escola e trabalharem juntos, para fazerem os devidos investimentos e com
responsabilidades.
Identificamos que os participantes da pesquisa relacionaram a gestão democrática com
a participação comunidade interna e externa. Além disso, conforme a análise dos
questionários, os cursistas foram unanimes em frisar que houve entendimento acerca de
gestão democrática. Segundo Paro (1997) ―Na medida em que se conseguir a participação de
229
todos os setores da escola-educadores, alunos, funcionários e pais nas decisões sobre o seu
objetivo e seu funcionamento, haverá melhores condições para pressionar os escalões
superiores a dotar e escola de autonomia e recurso [...]‖ (p.12).
Ainda, ao perguntarmos quais conhecimentos adquiridos no curso os egressos
consideraram mais importantes, o participante A-01- mencionou a função de um gestor em
vista a gestão democrática em que é preciso envolver a comunidade local e escolar. O
participante M-03 frisou sobre o papel do diretor suas funções e contribuições, a importância
de trabalhar em grupo. Também, quando perguntado quais as atividades que os participantes
consideravam como essencial a serem desenvolvidas pelo diretor da escola, os cursistas
mencionaram a importância da elaboração do PPP, dialogo entre comunidade e escola,
desenvolvimento da Gestão, política de inclusão, envolvimento do corpo docente,
compreensão da lei, participação da família e fortalecimento do conselho escolar:
A-04 O importante é representatividade, a disponibilidade e o compromisso. Saber
ouvir, e dialogar, assumindo a responsabilidade de acatar as decisões da maioria,
sem nunca desistir de dar opiniões e apresentar suas propostas.
O-01- De início, uma das atividades essenciais é a construção, ou reforma do PPP
escolar. Partindo daí, pode-se ter um trabalho em parceria com as comunidades
escolar e local.
Compreende-se que a gestão escolar é um mecanismo que objetiva promover a
mobilização e a organização de elementos necessários para a qualidade dos processos de
participação ativa da comunidade no Conselho Escolar, este por sua vez tornou-se um
instrumento essencial para o desenvolvimento da gestão democrática dentro do âmbito
escolar.
Entende-se que o curso de formação continuada tem como papel possibilitar aos
cursistas uma nova forma de fazer e entender a gestão democrática, observou-se através do
questionário que os participantes da pesquisa compreenderam acerca da gestão democrática e
que o maior problema em estabelecer tal ação no âmbito escolar encontra-se na necessidade
de buscar meios de integrar a comunidade escolar, tanto interna quanto externa, no
desenvolvimento de atividades da escola.
CONCLUSÃO: Observou-se a partir dos dados obtidos que os egressos reconhecem que o
curso modificou o entendimento sobre a gestão democrática, pois entendem a necessidade da
participação da comunidade externa e interna. Os cursistas ressaltam, também, a necessidade
do envolvimento da comunidade no desenvolvimento do projeto político pedagógico.
230
Além disso, foram consideradas como atividades essenciais para o desenvolvimento
do trabalho do gestor a comunicação com a comunidade escolar, a interação entre o gestor e o
corpo docente e discente, o desenvolvimento frequente de diálogos com toda a comunidade e
principalmente o desenvolvimento do PPP em conjunto. Desde modo, depreende-se, por meio
da pesquisa, que a formação continuada é de extrema importância para que se possa atualizar
conhecimentos, pois vivemos em uma sociedade que encontra-se em constante
desenvolvimento, ou seja, conhecimentos mudam e se reestruturam a todo momento.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, E. B. Educação a distância: diretrizes políticas, práticas e concepções. In:
SEREVINO, A. J. FAZENDA, I. C. A. (Orgs.). Políticas educacionais: o ensino nacional em
questão. Campinas, SP: Papirus, 2003.p.163-192.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n.9394, de 1996.
BRASIL. MEC. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Diretrizes Nacionais do
Programa Escola de Gestores da Educação Básica Pública. Programa Nacional de Escola
de Gestores da Educação Básica, Brasília, 2009.
LIBÂNEO, J. C. (Org.). Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5.ed. Revista e
ampliada. Goiânia: Editora Alternativa, 2004.
PARO, H. V. Gestão democrática da Escola pública. Editora ática, São Paulo, 1997.
231
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA DISCUSSÃO SOBRE O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE EM SANTARÉM
Maria Ivone Lima de Aguiar1
Regina Teodósio dos Santos Rodrigues da Paixão2
Tamires Correa Veloso3
Vanessa Vidal Coelho³
RESUMO: A gravidez na adolescência, é uma expressão da questão social que está relacionada às questões
socioeconômicas e culturais e envolve conflitos, gera crises e coloca em destaque o futuro das adolescentes. O
assistente social que atua na área da saúde depara-se com esta questão no cotidiano das unidades de atendimento
à gestante, seja no pré- parto, no parto e no pós-parto A pesquisa objetivou analisar o papel do assistente social
na área da saúde e a questão da gravidez na adolescência. Usou-se pesquisa do tipo exploratória. Entrevista
semiestruturada foi guiada por roteiro com perguntas abertas. O resultado apontou ação profissional
particularizada e imediatizada. Urge discussão sobre a problemática e a direção ético-politica da profissão em
Santarém.
PALAVRAS-CHAVES: adolescente, gravidez e serviço social.
INTRODUÇÃO: O Serviço Social é uma profissão, que tem como campo de intervenção as
múltiplas expressões da questão social, que se manifestam em um contexto social,
determinado historicamente, por condições culturais, econômicas e políticas. A atuação
profissional deve ser desenvolvida, com base na observância dos valores éticos que orientam
o trabalho do assistente social e estão presentes no Projeto Ético Político da profissão,
observando-se as dimensões técnico operativo e teórico-metodológico, que possibilitam o
direcionamento das ações com vistas à emancipação humana.
A gravidez na adolescência, é uma expressão da questão social que está relacionada às
questões socioeconômicas e culturais e envolve conflitos, gera crises e coloca em destaque o
futuro das adolescentes, que muitas vezes, assumem a responsabilidade de cuidar, sozinhas,
do filho e diante dessa realidade precisam abandonar a escola para trabalhar. Acentuando a
desigualdade econômica, pois a hipossuficiência financeira aprofunda a desigualdade de
acesso à educação, a assistência social, a tecnologia, a informação, a saúde e a outras
garantias de cidadania.
O assistente social que atua na área da saúde depara-se com esta questão no cotidiano
das unidades de atendimento à gestante, seja no pré- parto, no parto e no pós-parto. A
inserção, nas equipes multiprofissionais, é importante para contribuir no enfrentamento da
1 Mestre em Sociologia pela Universidade Moderna de Portugal e docente em Serviço Social nas Faculdades
Integradas do Tapajós 2 Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará e docente em Serviço Social nas Faculdades
Integradas do Tapajós. 3 Acadêmica do Curso de Serviço Social cursando 6º semestre nas Faculdades Integradas do Tapajós.
232
questão social. Muitos processos operativos, técnicos, éticos, políticos e metodológicos
marcam a transversalidade dessa intervenção.
Em Santarém, Município do Estado do Pará, informações divulgadas na imprensa
local, demonstram que o numero de adolescentes grávidas, na faixa etária de 11 a 17 anos é
significativo. No ano de 2014, no período de janeiro a julho, foram registrados 271 partos em
adolescentes nesta faixa etária, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, publicados
no G1 em setembro de 2014. Diante desta realidade, sentiu-se a necessidade de investigar se
assistentes sociais compõem as equipes multiprofissionais de saúde e qual o trabalho
desenvolvido por estes profissionais junto as adolescentes grávidas. E assim analisar o papel
do assistente social que atua junto a adolescentes grávidas, na área da saúde.
MÉTODO: A pesquisa sobre o papel do assistente social na política de saúde e a questão da
gravidez na adolescência, é resultado de um trabalho acadêmico desenvolvido na disciplina de
metodologia cientifica do Curso de Serviço Social das Faculdades Integradas do Tapajós
sediada em Santarém Pará. Os locais da pesquisa foram dois hospitais, um da rede pública e
outro da rede privada e uma unidade de saúde municipal, localizados em Santarém-Pará,
voltados para o atendimento de mulheres. O levantamento de dados foi realizado em outubro
de 2014. Utilizou-se documento institucional solicitando autorização aos gestores das
referidas unidades para realização de estudo. Elaborou-se um roteiro com perguntas e
realização de entrevista semiestruturada. Utilizou-se o tipo de pesquisa exploratória.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: No hospital privado o diretor administrativo da instituição,
informou que a assistente social, estava cumprindo aviso prévio e não foi possível entrevista-
la. O mesmo aceitou participar do estudo e informou que o assistente social desenvolve
política socioeducativa como ―palestras, orientações sobre o aleitamento materno, e
aconselhamento para que a jovem receba a criança com mais afeto‖. Este trabalho é
desenvolvido no hospital. O respondente informou que a atuação do assistente social está
centralizada na clínica de obstetrícia. Quando as adolescentes grávidas são internadas na
maternidade sem materiais de higiene pessoal, enxoval do recém-nascido e outras provisões é
o assistente social quem providencia o contato com a família para atender as necessidades
pessoais da gestante. E quando a gestante é de outra cidade e vem sem o acompanhante
hospitalar o assistente social a encaminha para a Casa de Apoio, por meio de articulação com
a assistência social do município de origem. Ainda segundo o respondente, entre tantos papéis
desempenhados, o assistente social é um ―elo‖ entre as pessoas e as entidades que estão
oferecendo determinado atendimento.
233
No hospital público a entrevista foi realizada com uma assistente social e esta relatou
que o exercício da profissão no hospital público é realizado de ―forma frenética, pois é
hospital de urgência e emergência‖. Em relação ao atendimento com adolescentes grávidas ela
respondeu que não há um acompanhamento integral com essas adolescentes. Relatou que o
assistente social só é informado dessa situação quando a adolescente chega desacompanhada.
Nesta situação o profissional procura imediatamente, acionar o Conselho Tutelar e a partir
dessa articulação, este órgão assume a responsabilização pelos encaminhamentos. Quando há
registros de rejeição ao recém-nascido por parte da adolescente, o profissional insere-se na
mediação do problema.
No centro de atendimento voltado para mulheres, a enfermeira chefe disponibilizou se
a participar do estudo e na entrevista informou que não há este profissional no quadro de
pessoal daquela unidade. Evidenciou a importância do assistente social no atendimento com
as adolescentes. Relata que essa lacuna gera acumulação de função por outros profissionais,
ou seja, desempenham atividades que deveriam ser desenvolvidas pelo assistente social.
Observou-se que, nos locais estudados onde há atuação do assistente social o mesmo não
compõe equipe multiprofissional, e na unidade de saúde este profissional não faz parte do
quadro de pessoal. Importa ressaltar que essas unidades são referência para o atendimento de
adolescentes grávidas. Os hospitais atendem o parto e a casa de referência atende o pré-parto
e pós-parto.
Os resultados mostram a necessidade de contratação de assistentes sociais para
inserção em equipes multiprofissionais nos hospitais e para o Centro de Referência em
Atendimento à Mulher que foi estudada, uma vez que, este profissional apreende a realidade
social e intervém de acordo com as demandas apresentadas. A intervenção extrapola as ações
para além dos muros das unidades de saúde e alcançam a rede de serviços e a família.
CONCLUSÃO: Este estudo oportunizou as algumas considerações sobre o papel do
assistente social na saúde e o fenômeno da gravidez na adolescência tais como: a totalidade
dos fenômenos está interligada de forma dinâmica, portanto o assistente social deve
estabelecer estratégias de mediação compreendendo a particularidade do fenômeno como uma
questão socioeconômica e cultural, portanto há necessidade de interlocução com os outros
agentes públicos para o enfrentamento dessa problemática e o compromisso com a luta dos
direitos da criança e do adolescente.
Observou-se pouco investimento dos poderes público e privado para implantar equipes
multiprofissionais nas unidades de saúde, pois isso é essencial no processo de articulação com
as políticas públicas necessárias à proteção social às adolescentes grávidas e famílias.
234
O Serviço Social prescinde de fortalecimento enquanto categoria profissional inscrita
na divisão do trabalho. Essa condição é imprescindível para romper com processos de
exploração do trabalho e a desqualificação do atendimento á população.
São algumas questões em destaque para nortear a discussão sobre a questão da gravidez na
adolescência e á direção ético-política da profissão na área da saúde em Santarém.
REFERÊNCIAS
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Sociais na Saúde. Série Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais, no 2 Brasília:
CFESS, 2010.
FUKUI Lia. Família: conceitos, transformações nas ultimas décadas e paradigmas. In:
Famílias: Aspectos conceituais e questões metodológicas em projetos. Brasília: MPAS/SAS;
São Paulo: FUNDAP, 1998.
G1. Disponível em: http://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2014/09/em-santarem-
casos-de-gravidez-na-adolescencia-preocupam-autoridades.html . Acesso em Acesso em: 10
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Enfermagem e saúde da mulher / Rosa Aurea Quintela Fernandes e Nádia Matos, Maurílio
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Cortez, 2013.
MARTINELLI, Maria Lúcia. O trabalho do assistente social em contextos hospitalares:
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OLIVEIRA, Maria Valdenez de. Gravidez na Adolescência. Cadernos Cedes. Campinas,
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VASCONCELOS, Ana Maria. Serviço Social e Práticas Democráticas na Saúde. In: Serviço
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Bravo, Roberto Uchôa, Vera Nogueira, Regina Marsiglia, Luciano Gomes e Marlene
Teixeira. 4. Ed. – São Paulo: Cortez; Brasília < DF: OPAS, OMS, Ministério da Saúde, 2009.
235
IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS NA CULTURA DO MAMOEIRO – Carica papaya L.
Gilbson Santos Soares1
Ademir de Camargo Junior2
Aleff Dorabiato Barbosa2
Henrique Paixão Rosario 2
Jorge William da Silva Bernardo2
RESUMO: A cultura do mamoeiro é amplamente cultivada em diversas propriedades com vastas áreas de
cultivos, por isso surgem enfermidades que podem gerar prejuízo em toda a lavoura. Devido à grande
importância da cultura do mamão no cenário nacional e regional como na região sudeste, nordeste e no oeste do
estado do Pará o presente trabalho tem por objetivo identificar, através de sintomas e sinais manifestados nas
plantas, possíveis doenças nas plantações da propriedade denominada Sitio Ouro Verde, além das medidas de
controle e prevenção. No local foram detectadas duas possíveis enfermidades causando danos na cultura, o
Mosaico do mamoeiro causado pelo vírus Papaya rigspot e a varíola do mamoeiro causada pelo fungo
Asperisporium caricae. Tendo em vista os sintomas identificados podemos afirmar com certa margem e segura
se tratar de enfermidades causada pelo vírus do mosaico. As plantas doentes pelo mosaico são eliminadas e
queimadas e no caso da varíola utiliza-se a aplicação de fungicidas.
PALAVRAS-CHAVE: VARIOLA; MOSAICO; MAMOEIRO.
INTRODUÇÃO: O mamoeiro cultivado comercialmente (Carica papaya L.) pertence à
família Caricaceae, dividida em seis gêneros, com 35 espécies. O gênero Jacaratia contém
sete espécies e o gênero Vasconcella possui 21 espécies são originários da América do Sul
(EMBRAPA, 2009). Atualmente, as variedades de mamoeiro mais cultivadas comercialmente
pertencem aos grupos Solo e Formosa. As cultivares do grupo Solo são geneticamente
uniformes e de linhagens puras fixadas por sucessivas gerações de autofecundação.
Exploradas em várias regiões do mundo, por produzirem frutos preferidos no processo de
exportação, com polpa avermelhada, de tamanho pequeno e com peso variável de 300 g a 650
g. Seu amplo cultivo deve-se à sua versatilidade em termos alimentares. O grupo Formosa
compreende, principalmente, híbridos F1. Os mais conhecidos são o Tainung nº 1 e o Tainung
nº 2 – sintetizados pela Estação Experimental de Fengsha, possuem polpa avermelhada e
tamanho médio (variável de 1.000 g a 1.300 g). (EMBRAPA, 2009).
O Brasil é o primeiro produtor mundial de mamão, com produção anual de 12
1.898.000 t/ano. Situa-se entre os principais países exportadores, principalmente para o
mercado europeu. A produtividade média nacional é da ordem de 40 t/ha/ano. O mamão é
cultivado em quase todo o território brasileiro, sobretudo nos estados da Bahia, do Espírito
Santo e do Ceará, responsáveis por 91,17 % da produção nacional. (EMBRAPA 2009). Tendo
1 Professor do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
2 Acadêmicos do curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
236
em vista a vasta produção nacional do mamão surgem algumas doenças que podem gerar
perca total ou parcial da cultura. Algumas das doenças do mamoeiro são o mosaico do
causado pelo Papaya rigspot Vírus (PRSV-P) que tem como vetor os afídeos (pulgões), e a
varíola do mamoeiro causada pelo fungo Asperisporium caricae. Estas são justamente as duas
mais importantes patogenias no cenário da produção brasileira atual, o mosaico é causado por
um vírus amplamente disseminado, a doença manifesta-se na forma de sintomas de mosaico,
distorção foliar, manchas oleosas no caule e anéis oleosos nos frutos que constituem a
principal característica sintomatológica da doença (KIMAT et al., 2005). A varíola tratasse de
um fungo que de um fungo, amplamente disseminado que causa lesões de até 5 mm gerando
aspecto ruim na fruta inviabilizando o mamão para o mercado (KIMAT et al., 2005). Por se
tratar do maior produtor mundial as percas relacionadas a cultura por estas doenças se tornam
ainda maiores (EMBRAPA 2009).
Em vista a importância da cultura na região oeste do Pará este trabalho tem como
objetivos identificar possíveis enfermidades do mamoeiro na propriedade escolhida e verificar
as medidas de controle utilizadas, além das medidas preventivas.
MÉTODO: A propriedade escolhida para o estudo está localizada na PA-433, Santarém
Jabuti, na área rural do Município de Santarém, sob as coordenadas geográficas -02 40`30
20270``S e -54 46` 12 45896´´ W (Figura 1). A propriedade possui 11.250 pés de mamão em
uma área de 18.50 ha (Figura 2).
A produção é escoada para os municípios de Santarém, Itaituba e demais municípios
vizinhos, ao entorno da lavoura se encontram plantios de melancia, banana, maracuja,
olericulas e tangerina.
Figura 1. Mapa da propriedade Figura 2. Mapa da lavoura
Fonte: Leonardo Paradela Fonte : Leonardo Paradela
237
A an
2016 no príodo da manhã. Primeiramente foi realizada visita nos
locais infectados com as doenças de acordo com o relato do produror. O sintomas e sinais
encontrados foram comparados com o manual de fitopatologia (KIMATI et al., 2005).
Algumas áreas de lavoura são consorciadas com pimenta de cheiro e melancia visando
aumentar o lucro da propriedade e são empregados na propriedade oito funcionários.
Figura 3. Mamoeiro com folhas amareladas. Figura 4. Mamoeiros mortos na propriedade.
Fonte : Autoria própria Fonte : Autoria própria
Figura 5. Lesões no fruto Figura 6. Sinais do fungo nas lesões.
Fonte : Autoria própria Fonte : Autoria própria
238
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O produtor relatou que os maiores prejuízos ocorrem pela
varíola pois geram perda de mercado nos produtos infectados, devido as lesões provocadas
pela doença no fruto, além disso foi relatado a grande dificuldade de mão-de-obra, neste caso
para os tratos na cultura, e assistência técnica, no momento atual. Nas plantas infectadas
foram encontradas os seguintes sintomas: amarelamento das folhas (Figura 3), mortalidade de
plantas (Figura 4), lesões no fruto (Figura 5) e sinais do fungo com áreas de frutificação no
fruto (Figura 6), sinais e sintomas descritos no manual de fitopatologia (KIMATI et al 2005 ).
O mosaico do mamoeiro gera grandes perdas pois a planta infectada tem que ser removida
imediatamente, já a varíola causa grandes perdas devido a disseminação pois a área possui clima e
umidade ideal. De acordo com o produtor, as perdas causadas por esses dois problemas equivalem a
30% da produção, obrigando o produtor a ter enormes gastos com fungicidas para controle da varíola e
mão de obra para retirada de plantas doentes no controle do mosaico. O proprietário utiliza, portanto,
métodos químicos e físicos no controle das doenças, como a derrubada e queima de plantas infectadas
com mosaico e aplicação de fungicida em plantas infectadas com a varíola. A solução para perdas do
produto foi minimizada com o consórcio com a suinocultura utilizando na alimentação dos suínos os
produtos que não apresentam características de mercado.
O produtor relatou realizar o reconhecimento das doenças devido a assistência técnica
que recebeu no passado, justificando a utilização de medidas de controle e prevenção corretos.
Para o controle da varíola recomendasse a retirada de folhas e frutos doentes do pomar, e a
aplicação dos fungicidas. O controle do mosaico do mamoeiro os métodos de controle da
doença consistem em erradicar plantas doentes da lavoura e a prevenção utilizando mudas
saudáveis e produzidas em locais onde o vetor do vírus não se encontre (KIMATI et al.,
2005). Muito embora o produtor já tenha lidado com perdas por conta desses sintomas e tenha
eliminado as plantas afetadas, é possível que o agente causador se encontre no solo, em estado
de sobrevivência.
Os sintomas foram encontrados em toda a área de lavoura mas em poucas plantas
devido aos métodos de prevenção e controle utilizados pelo produtor.
CONCLUSÃO: Foram realizadas análises visuais dos sintomas e sinais das doenças,
chegando a conclusão previa de se tratar da varíola do mamoeiro e do mosaico do mamoeiro.
Foram identificados sintomas e sinais das enfermidades como, mortalidade das plantas, lesões
nos frutos e queda das folhas ocasionando um prejuízo de 30% da produção. A propriedade
adota medidas de controle e prevenção adequados minimizando os efeitos das enfermidades.
239
Para a confirmação definitiva dos possíveis patógenos descritos neste trabalho torna-se
necessário análises laboratoriais.
REFERÊNCIAS
KIMATI, Hiroshi; AMORIM, L.; BERGAMIN, A. Filho; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE,
J.A.M. Manual de fitopatologia. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres. 2005. 2v.: il. p. 435 –
439.
A cultura do mamão / Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. – 3. ed. rev. ampl. –
Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2009. 119 p. : il. – (Coleção Plantar,65)
Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/256911/1/
PLANTARMamuoed032009.pdf
240
IDENTIFICAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS PELA ANTRACNOSE NA PLANTAÇÃO DE PIMENTA DE CHEIRO - Capsicum chinense
Raiane Pereira de Abreu1
Luane Rarissa Miranda Cordeiro1
Paula Rossellini Carvalho de Souza1
Luciana Colares1
Gilbson Santos Soares2
RESUMO: A cultura da pimenta de cheiro Capsicum chinense é uma das principais atividades agrícolas de
grande importância sócio-econômica, principalmente para a agricultura familiar. A maior concentração da
produção de pimenta C. chinense é no Norte e Nordeste e são escassas informações voltadas a ajudar o produtor
e a comunidade a minimizar as perdas causadas por antracnose, sendo esse motivo um fator limitante para
produção. O diagnóstico da antracnose pode ser feito pelos produtores, desde que esses tenham o mínimo de
conhecimento, pois as anomalias (sintomas) são bem visíveis. A erradicação do fungo Colletotrichum é difícil,
mais existem medidas de controle que buscam trabalhar o equilíbrio da relação planta, água, solo e ambiente
para torná-las imunes a esses fungos oportunistas. O presente trabalho tem como objetivo a identificação dos
danos da antracnose de algumas espécies do gênero Calletotrichum na cultura da pimenta de cheiro. A
metodologia utilizada para identificação da antracnose foi comparar os danos dos frutos sintomáticos com
imagens de trabalhos científicos. No resultado do trabalho foram encontrados danos nos frutos causados por
antracnose que inviabilizam 100% da comercialização dos frutos infectados e falta de uso de medidas
preventivas e de controle na plantação.
PALAVRAS-CHAVE: doença, antracnose, pimenta de cheiro.
INTRODUÇÃO: A cultura da pimenta de cheiro pertence ao gênero Capsicum spp. da
família das solaneaceae, foi descoberta pelo europeu Cristóvão Colombo em 1493, quando
estava em busca de uma fonte alternativa de pimenta preta, que na ocasião era o condimente
favorito da Europa. A pimenta que Colombo encontrou não estava relacionada com o gênero
Piper, que contém Piper negrum L., a fonte da pimenta preta e pimenta branca. Após um
século da sua descoberta, as pimentas vermelhas do gênero Capsicum spp, se espalharam e
são cultivadas em todos os continentes. Dentre as espécies do gênero Capsicum, cinco são
domesticadas e largamente cultivadas e utilizadas pelo homem: Capsicum annuum; C.
bacccatum; C. chinense; C. frutescens e C. pubescens. Destas, apenas C. pubescens não é
cultivada no Brasil (BUSO et al., 2007).
A espécie C. chinense é a mais brasileira de todas as pimentas do gênero Capsicum e
caracteriza-se pelo seu aroma acentuado. Há tipos variáveis desta espécie com frutos
extremamente picantes, como a pimenta 'Habanero', muito popular no México. No Brasil, as
mais conhecidas são as pimentas 'De Cheiro', 'Bode', 'Cumari do Pará' ou ‗Cumari amarela‘,
'Murupi', entre outras (AMARO, 2010).
Os frutos apresentam formas variáveis, predominando o formato alongado,
arredondado, triangular e campanulado, medindo de 2,0 a 4,0 centímetros de comprimento e
1 Acadêmica do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
2 Professor MSc. do Curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/ULBRA
241
média 2,5 centímetros de diâmetro, com coloração amarelo-leitoso, amarelo-forte, alaranjado,
salmão, vermelho e dificilmente preto. A pungência pode variar de zero a 300.000 é uma
característica exclusiva do gênero Capsicum, é atribuída a um alcalóide denominada
capsaicina, que se acumula no tecido da placenta (tecido localizado na parte interna do fruto)
que é liberada quando o fruto sofre qualquer dano físico e pode ser medido em Unidades de
Calor Scoville.
O mercado da pimenta de cheiro C. chinense é um segmento com grande potencial de
crescimento em todos os continentes, tanto para consumo in natura quanto para
processamento, com grande importância econômica e social para agricultura familiar, pois a
cultura exige grande quantidade de mão de obra, em especial durante a colheita (MOREIRA
et al., 2006). As pimentas são também muito importante para medicina pelos seus princípios
ativos capsina e piperina, a pimenta é muito rica em vitaminas A, E e C, acido fólico, zinco e
potássio, tem por isso fortes propriedades de oxidantes e protetoras do DNA celular,
pigmentos vegetais que previne o câncer.
A Pimenta de cheiro (C. chinense) é sensível e está sujeita a ataques de vários
microrganismos vetores de doenças, como: bactéria, fungos, vírus e nematóides. Uma dessas
doenças é a Antracnose que é causada pelo fungo do gênero Colletotrichum spp, sendo uma
das principais doenças de importância econômica, pois causa perda de até 50% na produção
(GASPAROTTO et al., 2014). Dada a importância da cultura da pimenta de cheiro ainda é
escasso trabalhos com informações precisas sobre a etiologia do fungo do gênero
Colletotrinchum, sobre os sintomas característicos da antracnose, causado por algumas
espécies do gênero Colletotrichum, tais como C.gloeosporioides, C. acutatum e C. capsici,
além de poucos trabalhos de melhoramento genético. No Brasil parece ser o C.
gloeosporioides a mais comum. Os sintomas nas folhas se iniciam com pontos cloróticos que
progridem para lesões de manchas escuras angulares com bordas irregulares.
Diante da grande importância da cultura da pimenta de cheiro (Capsicum chinense)
este trabalho tem como principal objetivo identificar e caracterizar os danos da antracnose
causado pelo fungo Colletotrichum ssp. a partir possíveis sintomas e sinais nas plantas da
propriedade comparados com as referências bibliográficas.
MÉTODO: O material de estudo foi a cultura da pimenta de cheiro Capsicum chinense, o
estudo em campo foi realizado no município de Belterra/PA e a propriedade escolhida tem as
coordenadas geográficas 2º 40‘48‖ S e 54º50‘51,5‖ W (Figura 1). A produção é pequena
somente utilizada para comercialização local.
242
Figura 1. Mapa de localização da área de estudo
Fonte: Google Earth (adaptado)
Nas visitas a campo foi utilizado como método de análise a diagnose visual nos frutos
para identificação de sintomas e sinais da antracnose. Os resultados obtidos na propriedade a
partir de doenças infectadas foram comparados com os trabalhos encontrados na revisão
bibliográfica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na propriedade foram encontrados e coletados frutos da
pimenta de cheiro com sintomas da doença conhecida como antracnose (Figura 2). As
anomalias inviabilizavam 100% da comercialização dos frutos. Nos frutos os sintomas
iniciam com pequenas lesões, marrom-escuras, circulares, deprimidas, com bordas definidas,
nas quais progridem e o centro torna-se cinza-escuro a negro, com círculos concêntricos
(Figura 3), onde são observados pontos negros (acérvulos), estruturas nas quais se forma uma
massa rosácea a alaranjada de esporos. Nos pedúnculos ocorrerem lesões deprimidas e
anelamento (HANADA et al, 2011). O fungo Colletotrichum dissemina os conídios (estrutura
de multiplicação) por respingos da chuva e irrigação por aspersão. A longa distância a
disseminação se dar por meio das sementes da planta. Chuvas prolongadas umidade relativa
temperaturas altas são condições que favorecem o progresso da doença (GASPAROTTO et al,
2014).
243
Figura 2. Frutos com sintomas de antracnose
coletados na propriedade. Figura 3. Frutos com sintomas de antracnose
(GASPAROTTO et al., 2014).
Fonte: Autoria própria Fonte: Rodrigo Fascin Berni
De acordo com o relato do proprietário e com as observações feitas no local da
plantação, não são usadas medidas de prevenção e nem de controle da enfermidade na
propriedade (Figura 4). As principais medidas de prevenção e controle nos plantios é manter o
plantio limpo, livres de plantas daninhas, e fazer poda de limpeza removendo ramos secos e
brotações no interior da copa, essas operações visam aumentar aeração dentro do plantio,
assim reduzindo a alta umidade, as condições favoráveis a germinação de esporos. Coletar
frutos com sintomas retirá-los da área do plantio e, em seguida, queima-los ou enterra-los e
também efetuar corretamente as adubações nitrogenadas (sulfato de amônia, ureia e esterco de
aves), pois o excesso de nitrogênio favorece o aumento da doença (GASPAROTTO et al,
2014).
Em campos a inspeção diária visando diagnóstico rápido e correto do agente casual da
doença será crucial para o sucesso do controle fitossanitário da doença. O desenvolvimento de
técnicas de manejo, como Manejo Integrado de Doenças (MID), que é uma técnica
envolvendo diferentes métodos de controle (legislativo, cultural, genético, físico, biológico,
químico) resulta na redução e/ou eliminação dos danos à cultura (UENO, 2004), além de
agredir menos o ecossistema, pois reduz o uso de agrotóxicos.
244
Figura 4. Restos de cultura infectados na plantação.
Fonte: Autoria própria
CONCLUSÃO: A análise realizada a partir da diagnose visual na propriedade visitada
conclui-se que: as lesões observadas no fruto da pimenta de cheiro são típicas daquelas
descritas na literatura como manchas concêntricas, de cor marrom- escoro e mole, em alguns
frutos as lesões se estende em boa parte do fruto; as pimentas com esses sintomas causam
prejuízo, pois inviabilizam 100% de sua comercialização; na propriedade não são usadas
medidas de prevenção ou de controle da antracnose na plantação.
REFERÊNCIAS
UENO, B. et al. Manejo Integrado de Doenças(MID). In: 2º SIMPÓSIO NACIONAL DE
MORANGO E 1º ECONTRO DE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS, N.124,
Pelotas,Embrapa Clima Temperado, 2004.
GASPAROTTO, L. et al. COMUNICADO TECNICO: a antracnose da pimenta de cheiro,
Manaus, Embrapa Amazônia Ocidental, 2014.
HANADA, A. et al. Etiologia: Ocorrência de Colletotrichum sp em pimenta de cheiro
(Capsicum chinense) no Amazonas. In: XLIV CONGRESSO BRASILEIRO DE
FITOPATOLOGIA, 2011, Bento Gonçalves, RS, Bento Gonçalves- RS, 2011.
AMARO, G.B. CAPSICUM CHINENSE. Disponível:
<httpts://WWW.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/pimenta/arvore/CONT000gn0frh1202wx5o
k0liq1mqt5bf5ht.html>. Acesso 18 out.2016.
BUSO, J.A. PIMENTA (Capsicum spp). Disponivel:
<https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pimenta/Pimenta_capsicum_sp
p/index.html>. Acesso 18 out. 2016.
245
IMPORTÂNCIA DE INTRODUZIR UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Natália Suzane Rebelo dos Santos1
Romana do Socorro Neves Leão1
Iandra Sivilis Medeiros Santos1
Daniele Carreiro dos Santos1
Nélly Vinhote2
RESUMO: O tema busca apresentar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em Instituições de Ensino
Superior que propiciará melhorias quanto às questões ambientais dentro destas instituições utilizando técnicas
acessíveis. O presente resumo tem como objetivo propor reflexões quanto as ações que possam minimizar os
impactos ao meio ambiente, ajudar as organizações a se regularizarem no cumprimento das legislações
ambientais, diminuírem a geração de resíduos e fazer a racionalização do uso dos recursos naturais dentro das
Universidades. Para realização deste trabalho foi realizado pesquisa descritiva bibliográfica. Após analisar a
implantação desse sistema em algumas instituições, foi observado que é de suma importância as faculdades
despertarem nos acadêmicos, funcionários e comunidade a consciência sustentável, fornecendo infraestrutura e
modelos na prática de SGA, incentivando programas e projetos socioambientais. Dentro desta perspectiva pode-
se inferir que a preocupação com o desenvolvimento sustentável tem que ganhar espaço nas IES, as mesmas
devem fornecer informações e conhecimentos sobre gestão ambiental.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Sustentável, SGA, IES.
INTRODUÇÃO: Pode-se observar que muitas pessoas estão se conscientizando e
valorizando ainda mais as questões ambientais, com isso as organizações sendo elas públicas
ou privadas deparam-se com um mercado mais competitivo, onde o público se mantém mais
exigente em relação aos trabalhos que envolvam o meio ambiente, onde desejam que
problemas ambientais sejam mitigados e ocorra melhoria na qualidade ambiental.
Sendo assim, as Instituições de Ensino Superior que tomarem decisões com relação às
questões ambientais conseguirá obter vantagens quanto a competitividade, redução de custos
e adição nos lucros.
Conforme Moreira (2006), ―o mais grave é que parece não ser suficiente o pensamento
de que meio ambiente deveria ser uma disciplina comum e adaptada à formação de todas as
profissões ligadas à indústria, de nível médio a superior‖. Porém, observa-se que este
conhecimento deve ser tratado de forma mais abrangente, englobando todas as áreas do
conhecimento e não apenas restringindo-se aos cursos relacionados à industrialização.
Na ocasião, foi observado que as Instituições de Ensino Superior que não buscam
praticar aquilo que ensinam dando o devido valor às questões ambientais, e que são de
extrema importância repassar este conhecimento aos futuros profissionais, sendo assim, estes
alunos por não receberem a orientação adequada e ao ingressar em uma empresa consideram
1 Acadêmicos do curso de Gestão Ambiental do IESPES
2 Professora do Curso de Gestão Ambiental do IESPES
246
os problemas ambientais como responsabilidade dos gestores e não de cada indivíduo na
rotina de suas atividades.
Segundo Mayor (1998 apud TAUCHEN; BRANDLI, 2006 p.504), a educação é a
chave do desenvolvimento sustentável e autossuficiente. Sendo assim, as IES assumem tanto
uma responsabilidade de formação das futuras gerações para os desafios encontrados no meio
ambiente, quanto também devem ser um espelho para essa geração futura, dando bons
exemplos sustentáveis, adotando práticas que ajude à questão ambiental e social, saindo da
teoria para a prática.
Segundo Campos e Melo (2008), pesquisas revelam que medidas de gestão ambiental
alteram a imagem da empresa para fins institucionais e estão se constituindo cada vez mais
como prioridades em suas etapas futuras de gestão empresarial e de investimentos financeiros
nas empresas brasileiras.
As instituições que possuem projetos sustentáveis ou certificado da ISO 14001 passam
a ter uma boa imagem, tanto na visão acadêmica e comunidade em geral, quanto para o
exterior do país.
Porém existem diversas barreiras existentes para as universidades implantarem um
Sistema de Gestão Ambiental, conforme Ribeiro et al. (2005), são: a falta de informação da
sociedade sobre práticas sustentáveis; a não valorização do meio ambiente por diversos
colaboradores da organização e a não percepção da universidade como fonte potencial de
poluição.
Por outro lado, quando aplicado nas instituições além de está cumprindo a Lei da
Política Ambiental que diz no art. 225 que: todos têm o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo para presentes e
futuras gerações. Ainda reduz os riscos de acidentes ecológicos e fortalece sua imagem.
MÉTODO: O trabalho de pesquisa realizado foi feito através de levantamento descritivo
bibliográfico, onde foram utilizados 10 artigos científicos como base, e foram consultadas
obras literárias nas áreas de ecologia e meio ambiente. De acordo com Marconi e Lakatos
(2010, p.15) a pesquisa bibliográfica ―é um procedimento formal, com método de pensamento
reflexivo, que requer tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a
realidade ou para descobrir a verdade‖.
247
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir da execução desta pesquisa foi possível constatar
que algumas Instituições têm conhecimentos da importância do Sistema de Gestão Ambiental,
porém, foi identificado que ainda é restrito em relação à implantação e gerenciamento deste
sistema. Entretanto, demonstram certa preocupação com o desenvolvimento sustentável,
mesmo assim, a quantidade de IES‘s que possuem o certificado da ISO 14001 que abrange o
SGA é ínfima, apesar das mesmas saberem de sua importância, mas ainda não se alertaram
para estas questões, logo adotarem medidas para redução e controle de desperdícios dos
recursos naturais como água, energia, além dos resíduos sólidos, entre outros.
Para Reis (s/d apud SEIFFERT, 2007) a complexidade e a constante necessidade de
adaptações na gestão ambiental, tendo em vista o surgimento de novas situações e elementos
no sistema, reforçam a ideia de aperfeiçoamento como uma questão central no SGA.
A partir da pesquisa realizada foi possível obter ainda dados e verificar que a
resolução de problemas ambientais nas Instituições gira em torno do ciclo PDCA (Plan -
Planejamento; Do - Execução; Check - Verificação; Act - Ação), onde o mesmo visa à
melhoria contínua dentro das universidades (TAUCHEN; BRANDLI, 2016).
Figura 1. Modelo PDCA
Fonte: Tauchen e Brandli (2016).
CONCLUSÃO: A princípio é importante destacar que as IES‘s mesmo que ainda não tenham
implantado o SGA completamente, conforme as normas da legislação ambiental executem
projetos sustentáveis, que façam com que os acadêmicos, funcionários e comunidade possam
vir a se interessar a se reeducar ambientalmente e mudar alguns hábitos.
As universidades constituem ambientes de formação cidadã e profissional, logo
causam impacto no local onde estão inseridas, pois afetam não somente o campus em si, mas
248
também a região onde se encontram, além de impactarem o ambiente concernente a produção
e destinação de resíduos sólidos e líquidos dentre outros (TAUCHEN; BRANDLI, 2006).
Além disso, é importante salientar que os benefícios da implementação do SGA são
muitos, entre os mesmos, pode-se citar: melhoria da qualidade, melhoria da produtividade e
da redução de consumo seja de água ou energia, e melhora diminuição de resíduos sólidos e
despejo em local adequado e a imagem da empresa.
No Brasil, de acordo com Nolasco et al. (2006), as experiências da implantação de
SGA em IES são recentes e vem sendo realizadas em universidades federais e estaduais.
Dessa forma faz-se necessário com o tempo as demais organizações de ensino superior
introduzirem o sistema, pois a cada ano que passa problemas ambientais aumentam, e os
mesmos precisam ser estudados e reduzidos, pois a obrigação de cuidar do meio ambiente não
é somente dos gestores ou de quem estuda ou trabalha na área ambiental e sim dever e direito
de todos.
Sendo assim, o SGA sendo executado nas IES, envolvendo coordenadores,
professores, alunos e todo o corpo técnico, promoveria um diferencial na mesma,
possibilitaria o reconhecimento pela inovação, atitude e pelas práticas ambientais, além de
incentivar outras universidades a colocar em prática a mesma ação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS, Lucila Maria de Souza; MELO Daiane Aparecida de. Indicadores de
desempenho dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA): uma pesquisa teórica. Revista
Produção, v. 18, n. 3, p. 540-555, set./dez. 2008.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A.. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São
Paulo: Atlas. 2010.
MOREIRA, Maria Suely. Estratégia e Implantação do Sistema de Gestão Ambiental
(Modelo ISO 14000). Nova Lima: INDG. 2006.
NOLASCO, F. R.; TAVARES, G. A.; BENDASSOLLI, J. A. Implantação de programas
de gerenciamento de resíduos químicos laboratoriais em universidades: análise crítica e
recomendações. Revista Engenharia Sanitária. 11(2): 118124. 2006.
RIBEIRO, A. L. et al. Avaliação de barreiras para implementação de um sistema de
gestão ambiental na UFRGS.In: XXV Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Porto
Alegre. 2005.
SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. ISO 14001 - Sistemas de Gestão Ambiental:
implantação objetiva e econômica. 3 ed. São Paulo: Atlas. 2007.
TAUCHEN, J. ; BRANDLI, L. L. A gestão ambiental em instituições de ensino superior:
modelo para implantação em campus universitário. Gestão & Produção. 13(3): 503-515.
2006.
249
IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE REDES PELO TI EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR EM SANTARÉM-PA
Breno Bilhar1
Cristiano Machado Franco1
Van Damme da Costa Ferreira1
Juarez Benedito da Silva2
RESUMO: Esse trabalho visa corroborar, através de pesquisa de campo, a respeito da importância do núcleo de
TI em uma Instituição de Ensino Superior no contexto Gerenciamento de Redes. O mesmo discorrerá a respeito
de um necessário investimento nesse importante setor para que o mesmo possa realmente se tornar viável e
operacional, portanto, para que esses fatores se tornem verdadeiros as IES deverão não só investir em software,
hardware e infraestrutura, mas também em uma preparação adequada aos profissionais que atuam nesse
importante setor, uma vez que, trata-se de um núcleo o qual está diretamente envolvido com as tecnologias, e
essas sempre estão sofrendo modificações no sentido de melhorar formas de comunicação dentro de redes de
computadores, sistemas de telecomunicações e banco de dados. Essa pesquisa tem o intuito de mostrar que o
avanço tecnológico tem contribuído significativamente na melhoria das técnicas nas transmissões de
informações e gerenciamento de redes e sistemas, sendo capaz de aumentar a credibilidade do setor de TI dentro
das organizações de Ensino Superior.
PALAVRAS-CHAVE: Gerenciamento, telecomunicações, Tecnologia da Informação.
INTRODUÇÃO: A tecnologia da informação vem crescendo de forma considerável dentro
de um nicho mercadológico que antes parecia tê-la apenas como solução paliativa, a situação
está indo muito além do esperado, as Instituições de Ensino Superior (IES) têm buscado e até
encontrado dentro das tecnologias, soluções consistentes para grandes problemas, os quais
antes pareciam até insolúveis. Todos os tipos de processos e setores que fazem uma
organização se movimentar atualmente estão interligados através das tecnologias, e para isso,
um setor que antes parecia isolado dentro de uma organização, hoje passou a ser o
coadjuvante nesse processo de interligação organizacional, deixando as vistas o quanto
instituições estão se tornando a cada dia ―dependentes tecnologicamente‖ por esse modelo de
comunicação.
As razões para uma dependência tecnológica são inúmeras, dentre elas podem ser
citadas, por exemplo, agilidade em processos, comunicação entre setores das instituições de
ensino superior de forma mais precisa e segura, independente do tamanho do tráfego que
circula em uma rede local ou em um acesso externo nos quais empresas e instituições venham
a fazer uso. Entretanto, tudo tem um custo, e quando o assunto é tecnologia geralmente há
uma demanda de altos preços, não só com a tecnologia em si, mas também com mão de obra
especializada no setor de TI, com programas específicos conforme o nicho de mercado no
1 Acadêmicos do Curso de Redes de Computadores, VI Semestre – IESPES - [email protected]
2 Professor Mestre em Gestão Empresarial do Curso de Redes de Computadores - IESPES
250
qual tais organizações estejam inseridas. Como a Tecnologia da Informação vem ganhando
importância e tornando-se pervasiva, as equipes de alta gerência são desafiadas cada vez mais
a controlá-la e a geri-la para garantir que ela gere valor (WEILL, PETER; ROSS e JEANNE
W., 2006, p.15).
A Tecnologia mostra suas utilidades para os mais altos desafios que se apresentam
dentro das empresas: a melhoria da capacidade de identificar e apresentar respostas
consistentes às ameaças inoportunas que geralmente estão rondando redes e servidores de
empresas, melhorando assim sua comunicação.
As IES devem situar-se de forma ativa na difusão do uso da TI, buscando uma
inserção que proporcione a integração dos recursos tecnológicos nas atividades acadêmicas e
administrativas da instituição (SILVA; FLEURY, 2003).
O uso da tecnologia da informação nas IES possibilita aos educadores disporem de
novas ferramentas para o avanço do processo aprendizagem, sendo que o maior desafio é não
ignorar as novas tecnologias e nem se submeter a elas, mas moldá-las ao processo de
aprendizagem (VASSOS, 1997 apud FLORES, 1999).
Nesse contexto, visando um melhor aproveitamento dos recursos tecnológicos, torna-
se necessário construir um programa de capacitação nas IES com a finalidade de desenvolver
as competências e habilidades não somente no âmbito acadêmico, como também no âmbito da
gerência, administrativo e outros setores no que se refere a capacitação de pessoal.
Dessa forma, este trabalho teve como objetivo a melhoria institucional no âmbito da
IES, capacitando os docentes, promovendo melhorias nos laboratórios da instituição,
controlando de forma correta o uso da internet como um todo.
METODOLOGIA: A pesquisa a ser desenvolvida de forma bibliográfica e de campo com
abordagem qualitativa e quantitativa, e caráter exploratório com enfoque descritivo.
Segundo Marconi e Lakatos (2007, p.32) a pesquisa bibliográfica ―oferece meios para
definir e resolver não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas
onde os problemas não se cristalizaram suficientemente‖, permitindo ao pesquisador
aprofundar o quanto for necessário, ou o quanto sua curiosidade permitir.
No que tange à Pesquisa de Campo, Máttar Neto (2003, p.149) afirmam que,
Toda pesquisa de campo parte da construção de um modelo da realidade. A partir
desse modelo da realidade, podemos determinar as formas de observá-la. Há
técnicas de observação bastante diversas, mas a escolha de uma ou mais dessas
técnicas deve ser determinada por esses modelos prévios, que no fundo fazem parte
da própria hipótese da pesquisa. Assim, é necessário definir, dentre outros
parâmetros, o campo da pesquisa, as formas de acesso a esse campo e os
251
participantes, para então ser possível determinar os meios de coleta e análise dos
dados.
Referente à pesquisa qualitativa, de acordo com Silverman (2009, p.55), o principal
foco desse tipo de pesquisa é que, ―A capacidade para estudar fenômenos simplesmente
indisponíveis em qualquer lugar‖. E consoante à pesquisa descritiva, Leite (2004, p. 45)
enfatiza que, este tipo de pesquisa ―serve para explicar determinados fenômenos sócio-
econômicos, político-administrativos, contábeis e psico-socioeconômicos, matemático-
estatísticos e técnico linguístico‖.
A pesquisa será embasada em bibliografias de autores dos livros citados, requisitados
em bibliotecas de Instituições de Ensino Superior locais e em sites da internet, além disso, terá
a participação de professores, funcionários e alunos das IES.
O estudo ocorrerá de forma individualizada na IES. Para Kawamoto (1995) qualquer
procedimento realizado deve ser guiado por um instrumento de coleta de dados que é
fundamental para compilar as informações coletadas.
Para atingir o objetivo do presente trabalho será utilizado, como instrumentos de
coleta de dados, um questionário misto, com objetivo de saber o que os alunos, docentes e
funcionários do TI das IES acham sobre os serviços de redes da instituição, qual melhorias
acham necessárias, que dificuldades encontram quando necessitam do serviço, qual o nível da
acessibilidade desse recurso e qual as sugestões dos mesmos para qualificarmos a gerência de
redes e aumentar a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais das TI‘s;
Quanto ao questionário, de acordo com Lakatos (2010), é um instrumento de suma
importância na pesquisa, formado por uma sequencia de perguntas que levam o pesquisador a
questões mais objetivas, não havendo o contato direto com o pesquisado e assim não
influenciando a resposta no questionário.
Será mantido o total anonimato dos alunos e equipe da TI da pesquisa, com
padronização em uma pesquisa quantitativa para a correta obtenção de resultados, sem fugir
da ética que engloba o estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A pesquisa bibliográfica ―oferece meios para definir e
resolver não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os
problemas não se cristalizaram suficientemente‖, permitindo ao pesquisador aprofundar o
quanto for necessário, ou o quanto sua curiosidade permitir.
252
Assim, para o autor a pesquisa bibliográfica não será mera repetição do que já foi dito
ou escrito, mas propicia ao pesquisador um novo enfoque, e uma nova visão da pesquisa, e
proporciona ao autor a oportunidade de obter novas conclusões sobre o assunto em questão.
CONCLUSÃO: Em andamento
REFERÊNCIAS
FINGER, A.P. Gestão de universidades: novas abordagens. [s.n], Curitiba: Champagnat,
1997. 294 p.
FLORES, L.C.S. O Processo de informatização no Centro de Educação Superior de Ciências
Sociais Aplicadas na Universidade do Vale do Itajaí.1999. 135 p. Dissertação (Mestrado em
Administração) – Universidade Federal de Santa Catarina, 1999.
Gestão terceirizada da Área de TI. Disponível em
<http://www.lpgsolucoes.com.br/servicos/gestao-tercerizada-da-area-de-ti-5.aspx>. Acesso
em 31 de março de 2016.
MAGALHÃES, I. L.; PINHEIRO, W. B. Gerenciamento dos serviços de TI na prática: uma
abordagem com base na ITIL. São Paulo: Novatec, 2007.
MEYER Jr., V.; MURPHY, P. Dinossauros, gazelas & tigres: novas abordagens da
administração universitária. Florianópolis: Insular, 2000.
OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio de. Metodologia da Pesquisa Científica: Guia Prático
para Apresentação de Trabalhos Acadêmicos. 3ª ed. rev. e atual. Florianópolis: Visual Books,
2008.
REZENDE, Denis Alcides. Tecnologia da informação: integrada a inteligência empresarial.
São Paulo: Atlas, 2002.
SILVA, F; FLEURY, M.T.L.: Cultura organizacional e tecnologia de informação: um estudo
de caso em organizações universitárias. In: Informática, organizações e sociedade no Brasil.
1. ed. São Paulo: Cortez, 2003. p. 161-183.
WEILL, Peter e ROSS, Jeanne W. Governança de TI, Tecnologia da Informação. São Paulo>
M. Books do Brasil Editora Ltda, 2006
253
ÍNDICE DE EROSIVIDADE DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE BELTERRA, NO ESTADO DO PARÁ
Wagner Morgan Lopes1
Raimundo Cosme de Oliveira Junior2
Brenda Rubia Souza3
Edson Pereira dos Reis4
RESUMO: A erosividade é um processo ocasionado de acordo com a intensidade e duração da chuva em um
curto espaço de tempo provocando no solo os mais variados tipos de erosão, bem como lixiviação de nutrientes
com a aceleração do processo de degradação e empobrecimento do mesmo. O estudo da erosividade no contexto
amazônico é de grande importância, devido ao elevado índice pluviométrico e a baixa fertilidade dos solos na
região. Esse trabalho objetivou determinar a erosividade, a frequência e a intensidade das chuvas no município
de Belterra (PA), por meio de dados pluviométricos, identificando os períodos de maior frequência e intensidade,
para assim mapear a distribuição de chuvas nessa região, propondo medidas de controle da erosão. Foram
utilizados os dados pluviométricos obtidos por estação meteorológica. Para o cálculo do coeficiente de chuva
(RC) foi utilizado à equação proposta por Fournier. Os índices de precipitação para Belterra são maiores que o
coeficiente de chuva, principalmente entre novembro a junho. A precipitação mensal correspondeu com os
maiores valores no período de janeiro a junho, com precipitação anual 79,75%. O maior coeficiente de chuva dos
últimos 22 anos correspondeu ao ano de 2008, com uma perspectiva de retorno de 23 anos.
PALAVRAS-CHAVE: precipitação, coeficiente de chuva, período de retorno.
INTRODUÇÃO: A crescente degradação dos solos, tanto nas áreas de produção agrícola
como em áreas de vegetação natural, é considerado como um dos fortes problemas
ambientais. No Brasil, conforme relata Gonçalves (2002), essa degradação está associada
principalmente a intensidade da chuva, a infiltração da água no solo, ao escoamento
superficial, a declividade da superfície, a cobertura do solo, a percentagem do solo e o avanço
da agricultura. De acordo com Oliveira Junior et al. (1992) a erosão do solo ocasionada pela
chuva é problema encontrado nas áreas de cultivos em todo o mundo, afetando seriamente o
potencial agrícola. Bertoni e Lombardi Neto (2010) apontam que a água da chuva exerce sua
ação erosiva sobre o solo pelo impacto da gota, que cai com velocidade e energias variáveis,
dependendo do seu diâmetro, e pelo escorrimento da enxurrada. A erosão dos solos na
Amazônia está sendo um dos principais problemas de depreciação das terras nas regiões, pois
estas se tornam improdutivas, devido à lixiviação dos nutrientes, e com isso levando ao
empobrecimento da mesma, e recuperar tais áreas representa investimentos elevados, fatores
1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
2 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica ; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
3 Eng. Florestal Esp. em Soc.,Meio Ambiente e Des. Sustentável; Centro Universitário Luterano de Santarém –
CEULS/ULBRA. 4 Agr. Esp. em Tecnologia de Alimentos; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
254
que contribuem para desvalorização do imóvel rural. De acordo com Oliveira Junior et al.
(1994) o estudo da erosividade da chuva no contexto amazônico é de máxima importância,
uma vez que a maioria dos solos da região tem como principal característica a baixa
fertilidade, aliando isso ao elevado índice pluviométrico, que contribui cada vez mais para a
erosão e o empobrecimento do mesmo. Esse trabalho objetivou determinar a erosividade, a
frequência e a intensidade das chuvas no município de Belterra (PA), por meio de dados
pluviométricos, identificando os períodos de maior frequência e intensidade, para assim
mapear a distribuição de chuvas nessa região, propondo medidas de controle da erosão.
MÉTODO: O município de Belterra (PA), pertence à mesorregião do Baixo Amazonas, com
uma superfície de 2.292 km2, situada entre as coordenadas geográficas de 02° 25' latitude Sul
e de -54° 00' longitude a Oeste. As temperaturas médias, máximas e mínimas anuais oscilam,
respectivamente, entre 25 e 26°C, 30 e 31°C e 21 e 23°C, enquanto que a precipitação
pluviométrica apresenta valores anuais oscilantes em torno de 2.000 mm (OLIVEIRA
JUNIOR & CORREA, 2001). Os dados pluviométricos desse município foram obtidos no
SEOMAR-Belém. Os dados obtidos corresponderam a um período de 1990 a 2011. Os dados
foram tabelados e calculados com os índices de meses e anos que maior apresentaram
precipitação e coeficiente de chuva bem com os meses que não apresentarem dados
significativos. Foi aplicada a seguinte equação 1 para a obtenção do coeficiente de chuva.
Sendo o coeficiente de chuva (Rc, em mm), a precipitação média mensal (p, em mm) e a
precipitação média anual (P, em mm).
Equação 1:
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pela análise da figura 1 observa-se que os níveis de
precipitação alcançaram nos meses de janeiro a junho valores mais elevados do que no
período de julho a dezembro, correspondendo a 79,75 % da precipitacão anual (período de 21
anos). Esses dados diferem dos encontrados por Oliveira Junior (1996) no Pará, na região de
Conceição do Araguaia, onde ele observou que os valores de coeficiente de chuva foram mais
elevados do que o da precipitação, nos meses de dezembro a abril, em um período de oito
anos.
Na tabela 1 encontram-se o período de retorno e a probabilidade de ocorrência dos
coeficientes de chuva anuais para o município de Belterra, no estado do Pará. Considerando o
255
período de 21 anos, verificou-se que os valores do período de retorno e da probabilidade de
ocorrência determinada para o maior coeficiente de chuva, foram respectivamente de vinte e
três anos, com a probabilidade de ocorrência do evento de 4,35%.
Figura 2 - Distribuição mensal do coeficiente de chuva e da precipitação em Belterra (PA),
obtidos entre os anos de 1990 – 2011.
Tabela 1. Média anual do coeficiente da chuva, período de retorno e sua probabilidade. 1
T=N+1/m, N=
número de anos de
Observação; 2
Pr=1/Tx100.
Fonte: autor.
Esse resultado difere dos encontrados por Oliveira Junior (1996) num período de 8 anos, para
o município de Conceição do Araguaia, Pará, onde ele obteve um período de retorno de nove
anos e 11,1% de probabilidade de ocorrência.
256
CONCLUSÃO: Monte Alegre teve os meses de dezembro a junho com os de maior
precipitação em relação aos demais meses do ano, correspondendo a uma precipitacão anual
de 86,38 %. Sendo que o maior coeficiente de chuva dos últimos 22 anos correspondeu ao ano
de 2009. Com uma perspectiva de retorno de 23 anos, com probabilidade de ocorrência de
4,35%. O coeficiente de chuvas desse município apresentou as maiores variações nos meses
de maio a outubro.
REFERÊNCIAS:
BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ed. Ícone, 7 ed., 2010.
GONÇALVES, F.A. Erosividade das chuvas no estado do Rio de Janeiro. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Agrícola) Universidade Federal de Viçosa, 2002, 132 f.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. Índice de Erosividade das chuvas na Região de Conceição do
Araguaia, Pará. Belém: EMBRAPA-CPTAU 1996. 20p. Boletim de (Pesquisa, 165).
OLIVEIRA JUNIOR, R.C. et al. A erosividade das chuvas em Belém (PA). Belém: FCAP,
1994.
OLIVEIRA JUNIOR, R.C. & CORREA, J.R.V. Aptidão agrícola dos solos de Município de
Belterra, Estado do Pará. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2001, 21 p. (Embrapa
Amazônia Oriental. Documentos, 91).
OLIVEIRA JUNIOR, R.C. et al. Determinação Inicial da erosividade das chuvas em
Bragança e Marabá, no Oeste do Pará. EMBRAPA-/FCAP. CDD;
551.57810981152/551.578, EMBRAPA-SNLCS-CRNORTE- Manejo e conservação do solo.
Belém, 1992.
257
ÍNDICE DE EROSIVIDADE DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE ITAITUBA, NO ESTADO DO PARÁ
Wagner Morgan Lopes1
Raimundo Cosme de Oliveira Junior2
Gláucia de Fátima Gomes3
Alessandra Damasceno da Silva4
Isabel Cristina Tavares Martins5
RESUMO: A erosividade é um processo ocasionado de acordo com a intensidade e duração da chuva em um
curto espaço de tempo provocando no solo os mais variados tipos de erosão, bem como lixiviação de nutrientes
com a aceleração do processo de degradação e empobrecimento do mesmo. O estudo da erosividade no contexto
amazônico é de grande importância, devido ao elevado índice pluviométrico e a baixa fertilidade dos solos na
região. Esse trabalho objetivou determinar a erosividade, a frequência e a intensidade das chuvas no município
de Itaituba (PA), por meio de dados pluviométricos, identificando os períodos de maior frequência e intensidade,
para assim mapear a distribuição de chuvas nessa região, propondo medidas de controle da erosão. Foram
utilizados os dados pluviométricos obtidos por estação meteorológica. Para o cálculo do coeficiente de chuva
(RC) foi utilizado à equação proposta por Fournier. Itaituba tem nos meses de Novembro a maio as maiores
precipitação, correspondente a uma precipitação anual de 84,63%, com o maior coeficiente de chuva registrado
nos últimos 22 anos, o ano de 2004, com retorno previsto para 23 anos, com probabilidade de 4,35%.
PALAVRAS-CHAVE: precipitação, coeficiente de chuva, período de retorno.
INTRODUÇÃO: A crescente degradação dos solos, tanto nas áreas de produção agrícola
como em áreas de vegetação natural, é considerado como um dos fortes problemas
ambientais. No Brasil, conforme relata Gonçalves (2002), essa degradação está associada
principalmente a intensidade da chuva, a infiltração da água no solo, ao escoamento
superficial, a declividade da superfície, a cobertura do solo, a percentagem do solo e o avanço
da agricultura. De acordo com Oliveira Junior et al. (1992) a erosão do solo ocasionada pela
chuva é problema encontrado nas áreas de cultivos em todo o mundo, afetando seriamente o
potencial agrícola. Bertoni e Lombardi Neto (2010) apontam que a água da chuva exerce sua
ação erosiva sobre o solo pelo impacto da gota, que cai com velocidade e energias variáveis,
dependendo do seu diâmetro, e pelo escorrimento da enxurrada. A erosão dos solos na
Amazônia está sendo um dos principais problemas de depreciação das terras nas regiões, pois
estas se tornam improdutivas, devido à lixiviação dos nutrientes, e com isso levando ao
empobrecimento da mesma, e recuperar tais áreas representa investimentos elevados, fatores
que contribuem para desvalorização do imóvel rural. De acordo com Oliveira Junior et al.
(1994) o estudo da erosividade da chuva no contexto amazônico é de máxima importância,
1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
2 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
3 Meteorologista Msc. em Rec. Nat. da Amazônia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
4 Eng. Agríc. Msc. em Rec. Nat. da Amazônia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
5 Eng. Mecânica Msc.; Centro Universitário Luterano de Santarém –CEULS/ULBRA.
258
uma vez que a maioria dos solos da região tem como principal característica a baixa
fertilidade, aliando isso ao elevado índice pluviométrico, que contribui cada vez mais para a
erosão e o empobrecimento do mesmo. Esse trabalho objetivou determinar a erosividade, a
frequência e a intensidade das chuvas no município de Itaituba (PA), por meio de dados
pluviométricos, identificando os períodos de maior frequência e intensidade, para assim
mapear a distribuição de chuvas nessa região, propondo medidas de controle da erosão.
MÉTODO: O município de Itaituba pertence à mesorregião Sudoeste Paraense e a
microrregião de Itaituba, com área de 62.040,947 km² (IDESP, 2012). Localizada nas
coordenadas 04º 16‘ 24‖ S e 55º 59' 09" O. As características climáticas não diferem dos
demais municípios da região, com temperatura do ar sempre elevada, atingindo uma média
anual de 25,6°C, com mínima em torno de 22,5º C e 80% de umidade em quase todo o ano
(IDESP, 2012). Os dados pluviométricos desse município foram obtidos no SEOMAR-Belém.
Os dados corresponderam a um período de 1990 a 2011. Foram calculados com os índices de
meses e anos que maior apresentaram precipitação e coeficiente de chuva, assim como, os
meses que não apresentarem dados significativos. Foi aplicada a equação para a obtenção do
coeficiente de chuva, sendo o coeficiente de chuva (Rc, em mm), a precipitação média mensal
(p, em mm) e a precipitação média anual (P, em mm) (Equação 1).
Equação 1:
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com análise da Figura 1 observa-se que os
níveis de precipitação alcançaram nos meses de Novembro a Maio valores mais elevados do
que no período de julho a outubro, correspondendo a 84,63 % da precipitacão anual, e de
junho a outubro de 15,37% (média de 21 anos). Dados estes que diferem daqueles
encontrados por Oliveira Junior (1996) no Pará, na região de Conceição do Araguaia, onde ele
observou que os valores de coeficiente de chuva, nos meses de dezembro a abril, são valores
mais elevados do que o da precipitação, num período de oito anos. Na tabela 1 encontram-se o
período de retorno e a probabilidade de ocorrência dos coeficientes de chuva anuais para o
município de Itaituba (PA). Considerando o período, verificou-se que os valores do período
de retorno e da probabilidade de ocorrência determinada para o maior coeficiente de chuva,
foram respectivamente de 23 anos, com a probabilidade de ocorrência do evento de 4,35%.
259
Figura 2 - Distribuição mensal do coeficiente de chuva e da precipitação em Itaituba (PA),
obtidos entre os anos de 1990 – 2011.
Tabela 1. Média anual do coeficiente da chuva, período de retorno e sua probabilidade. 1
T=N+1/m, N= número de anos de Observação; 2 Pr=1/Tx100. Fonte: autor.
Esse resultado difere dos encontrados por Oliveira Junior (1996) num período de 8 anos, para
o município de Conceição do Araguaia, Pará, com resultado para o período de retorno de nove
anos e 11,1% de probabilidade de ocorrência.
CONCLUSÃO: Em Itaituba os meses que apresentaram maior precipitação foram de
novembro a maio, correspondendo uma média anual de 84,63%. Teve seu maior coeficiente
de chuva registrado nos últimos 22 anos, no ano de 2004, com retorno previsto para 23 anos,
260
com probabilidade de 4,35%. O coeficiente de chuvas desse município apresentou menor
variância entre os meses de abril a dezembro.
REFERÊNCIAS:
BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ed. Ícone, 7 ed.,
2010.
GONÇALVES, F. A. Erosividade das chuvas no estado do Rio de Janeiro. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Agrícola) Universidade Federal de Viçosa, 2002, 132 f.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. Índice de Erosividade das chuvas na Região de Conceição do
Araguaia, Pará. Belém: EMBRAPA-CPTAU 1996. 20p. Boletim de (Pesquisa, 165).
OLIVEIRA JUNIOR, R. C.; CHAVES, R. S.; MELO A. S. A erosividade das chuvas em
Belém (PA). Belém: FCAP, 1994.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. & CORREA, J. R. V. Aptidão agrícola dos solos de Município
de Belterra, Estado do Pará. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2001, 21 p. (Embrapa
Amazônia Oriental. Documentos, 91).
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. et al. Determinação Inicial da erosividade das chuvas em
Bragança e Marabá, no Oeste do Pará. EMBRAPA-/FCAP. CDD;
551.57810981152/551.578, EMBRAPA-SNLCS-CRNORTE- Manejo e conservação do solo.
Belém, 1992.
261
ÍNDICE DE EROSIVIDADE DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE, NO ESTADO DO PARÁ
Wagner Morgan Lopes1
Raimundo Cosme de Oliveira Junior2
Daniel Rocha de Oliveira3
Gilbson Santos Soares4
Brenda Rubia Souza5
RESUMO: A erosividade é um processo ocasionado de acordo com a intensidade e duração da chuva em um
curto espaço de tempo provocando no solo os mais variados tipos de erosão, bem como lixiviação de nutrientes
com a aceleração do processo de degradação e empobrecimento do mesmo. O estudo da erosividade no contexto
amazônico é de grande importância, devido ao elevado índice pluviométrico e a baixa fertilidade dos solos na
região. Esse trabalho objetivou determinar a erosividade, a frequência e a intensidade das chuvas no município
de Monte Alegre (PA), por meio de dados pluviométricos, identificando os períodos de maior frequência e
intensidade, para assim mapear a distribuição de chuvas nessa região, propondo medidas de controle da erosão.
Foram utilizados os dados pluviométricos obtidos por estação meteorológica. Para o cálculo do coeficiente de
chuva (RC) foi utilizado à equação proposta por Fournier. Os índices de precipitação para Monte Alegre são
maiores que o coeficiente de chuva, principalmente entre novembro a junho. Monte Alegre possuiu os meses de
dezembro a junho de maior precipitação em relação aos demais meses, correspondendo a uma precipitação anual
86,38 %, sendo que o coeficiente de chuva dos últimos 22 anos correspondeu no ano de 2009.
PALAVRAS-CHAVE: precipitação, coeficiente de chuva, período de retorno.
INTRODUÇÃO: A crescente degradação dos solos, tanto nas áreas de produção agrícola
como em áreas de vegetação natural, é considerado como um dos fortes problemas
ambientais. No Brasil, conforme relata Gonçalves (2002), essa degradação está associada
principalmente a intensidade da chuva, a infiltração da água no solo, ao escoamento
superficial, a declividade da superfície, a cobertura do solo, a percentagem do solo e o avanço
da agricultura. De acordo com Oliveira Junior et al. (1992) a erosão do solo ocasionada pela
chuva é problema encontrado nas áreas de cultivos em todo o mundo, afetando seriamente o
potencial agrícola. Bertoni e Lombardi Neto (2010) apontam que a água da chuva exerce sua
ação erosiva sobre o solo pelo impacto da gota, que cai com velocidade e energias variáveis,
dependendo do seu diâmetro, e pelo escorrimento da enxurrada. A erosão dos solos na
Amazônia está sendo um dos principais problemas de depreciação das terras nas regiões, pois
estas se tornam improdutivas, devido à lixiviação dos nutrientes, e com isso levando ao
empobrecimento da mesma, e recuperar tais áreas representa investimentos elevados, fatores
1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
2 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica ; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
3 Veterinário Msc. em clinica e rep. animal; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
4 Biólogo Msc. em Melhoramento Genético; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
5 Eng. Flor. Esp. em Soc. Meio Amb. e Des. Sust.; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
262
que contribuem para desvalorização do imóvel rural. De acordo com Oliveira Junior et al.
(1994) o estudo da erosividade da chuva no contexto amazônico é de máxima importância,
uma vez que a maioria dos solos da região tem como principal característica a baixa
fertilidade, aliando isso ao elevado índice pluviométrico, que contribui cada vez mais para a
erosão e o empobrecimento do mesmo. Esse trabalho objetivou determinar a erosividade, a
frequência e a intensidade das chuvas no município de Monte Alegre (PA), por meio de dados
pluviométricos, identificando os períodos de maior frequência e intensidade, para assim
mapear a distribuição de chuvas nessa região, propondo medidas de controle da erosão.
MÉTODO: Oliveira Junior et al. (1999) destaca que o município de Monte Alegre, está
localizado na porção noroeste do estado Pará, pertence à mesorregião do Baixo-Amazonas e
microrregião de Santarém, entre as coordenadas de -02°25‘34‘‘ latitude Sul e -54°
54‘13‘‘longitude Oeste. O clima é do tipo Ami de acordo com a classificação de Köppen,
observando uma média de temperatura mínima superior a 18°C, sendo a estação seca de
pouca duração e com umidade elevada. Com dados pluviométricos de 1969 mm, com
características irregulares, com período de maior chuva de Dezembro a Junho (IAH, 2011).
Os dados pluviométricos desse município foram obtidos no escritório do SEOMAR-Belém.
Os dados obtidos corresponderam a um período de 1990 a 2011. Os dados foram calculados
com os índices de meses e anos que maior apresentaram precipitação e coeficiente de chuva
bem com os meses que não apresentarem dados significativos. Foi aplicada a seguinte
equação 1 para a obtenção do coeficiente de chuva. Sendo o coeficiente de chuva (Rc, em
mm), a precipitação média mensal (p, em mm) e a precipitação média anual (P, em mm).
Equação 1:
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pela análise da Figura 4 observa-se que os níveis de
precipitação alcançaram nos meses de dezembro a junho valores mais elevados do que no
período de julho a novembro, correspondendo a 86,38% da precipitacão anual, enquanto que
nos demais meses corresponderam a 13,62% (média de 21 anos). Esses dados diferem com os
encontrados por Oliveira Junior (1996) no Pará, na região de Conceição do Araguaia, onde ele
observou que os valores de coeficiente de chuva foram mais elevados do que o da
precipatação, nos meses de dezembro a abril, em um período de oito anos. Na tabela 1
observa se o período de retorno, bem como a probabilidade de ocorrência dos coeficientes de
263
chuva anuais para o município de Monte Alegre (PA). Considerando o período de 21 anos,
verificou-se que os valores do período de retorno e da probabilidade de ocorrência
determinada para o maior coeficiente de chuva, foram respectivamente de vinte e três anos,
com a probabilidade de ocorrência do evento de 4,35%.
Figura 2 - Distribuição mensal do coeficiente de chuva e da precipitação em Monte Alegre
(PA), obtidos entre os anos de 1990-2011.
Tabela 1. Média anual do coeficiente da chuva, período de retorno e sua probabilidade. 1 T=N+1/m,
N= número de anos de Observação; 2 Pr=1/Tx100. Fonte: autor.
Os valores encontrados nesta pesquisa diferem daqueles registrados por Oliveira Junior
(1996) em um período de 8 anos, para o município de Conceição do Araguaia, no Pará, onde
264
ele observou um período de retorno de nove anos e 11,1% de probabilidade para que ocorra
esse evento.
CONCLUSÃO: Em Monte Alegre, os índices de precipitação foram maiores que o
coeficiente de chuva, principalmente entre os meses de Novembro a Junho. A precipitação
mensal para correspondeu os maiores valores no período de janeiro a junho, com 79% de
precipitacão anual. O maior coeficiente de chuva dos últimos 22 anos correspondeu ao ano de
2008, com uma perspectiva de retorno de 23 anos, sendo que a probabilidade de que ocorra
esse evento é de 4,35%. A curva de distribuição do coeficiente de chuva teve uma
ascendência de variância nos períodos mensais de janeiro a junho.
REFERÊNCIAS:
BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ed. Ícone, 7 ed.,
2010.
GONÇALVES, F.A. Erosividade das chuvas no estado do Rio de Janeiro. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Agrícola) Universidade Federal de Viçosa, 2002, 132 f.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. Índice de Erosividade das chuvas na Região de Conceição do
Araguaia, Pará. Belém: EMBRAPA-CPTAU 1996. 20p. Boletim de (Pesquisa, 165).
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. et al. A erosividade das chuvas em Belém (PA). Belém: FCAP,
1994.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. & CORREA, J. R. V. Aptidão agrícola dos solos de Município de
Belterra, Estado do Pará. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2001, 21 p. (Embrapa
Amazônia Oriental. Documentos, 91).
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. et al. Determinação Inicial da erosividade das chuvas em
Bragança e Marabá, no Oeste do Pará. EMBRAPA-/FCAP. CDD; 551.57810981152/551.578,
EMBRAPA-SNLCS-CRNORTE- Manejo e conservação do solo. Belém, 1992.
265
INFLUÊNCIA FAMILIAR NO FRACASSO ESCOLAR
Adalnice Tavares da Silva1
Ekton Lucas de Sena Cardoso
Maria de Jesus da Silva Viana
Maria Elisama Oliveira da Mota
Olinda Almeida da Silva
Reinaldo Matheus Maciel Sousa
Delma dos Anjos Oliveira2
Rionete Fátima Gonçalves Valente
Luciana dos Santos Silva3
Narelly Tavares Rodrigues4
RESUMO – O presente trabalho objetivou verificar como a família interfere na aprendizagem do aluno,
acarretando o fracasso escolar. O referido trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica que se apoia em
autores de referência para investigar sobre o tema família e o fracasso escolar. Com base nas leituras analisadas,
este estudo discute aspectos da relação entre a família dos alunos e o seu sucesso ou fracasso na escola. A análise
dos estudos mostra que esse fator tem influência, porém não é o único aspecto que influencia o fracasso escolar.
Conclui-se que é preciso, entretanto, que a escola busque trabalhar adequadamente com alunos que não têm um
bom apoio familiar dando a todos indistintamente condições de aprender.
PALAVRAS-CHAVE: Fracasso escolar, família, influência.
INTRODUÇÃO: Alguns estudos mostram a importância da integração da família-escola
como responsável pelo sucesso escolar da criança, sabe-se que quando as crianças podem
contar com a participação ativa dos pais em suas atividades escolares elas se desenvolvem
melhor. Porém, quando não há esse apoio por parte da família, o aluno tende a fracassar.
Com base na problemática do fracasso escolar, esta pesquisa objetivou reconhecer de
que forma a família interfere nesse processo. A responsabilidade do fracasso escolar não é só
do aluno, é preciso que se pense em toda a questão pedagógica. É imprescindível que haja
práticas pedagógicas que valorizem e aproveitem toda a bagagem de conhecimentos
construída pelo aluno durante sua trajetória extraescolar. O fracasso escolar não recai apenas
sobre uma realidade social, mas nos apresenta as diferentes realidades sociais que devem ser
trabalhadas e valorizadas na escola.
Nesse sentido, faz-se necessário uma pesquisa para se conhecer alguns dos aspectos
mais relevantes que se fazem presentes entre a escola e a família e que podem desempenhar
papel importante na evolução da aprendizagem como os fatores externos, os quais são
responsáveis por gerar grande parte das condições necessárias para o aluno aprender.
1 Acadêmicos do 6º Semestre do curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA.
2 Acadêmicos do 8º Semestre do curso de Pedagogia do CEULS/JULBRA
3 Acadêmica do 3º Semestre do curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA
4 Professora do Curso de Pedagogia e orientadora da pesquisa.
266
Para SCOZ (1994, p. 81), a pobreza dos alunos aparece com determinante dos
problemas de aprendizagem, contudo ressalta que sem querer negar que grande parte do
fracasso de alguns alunos pode estar relacionada à pobreza material à que estão submetidos, é
necessário estar atento para que a baixa renda das famílias não seja utilizada como motivo
para o insucesso escolar das crianças, tirando da escola, sua organização didático/ pedagógica,
seus agentes e suas condições internas de qualquer responsabilidade.
Contudo, quando as crianças recebem um bom estímulo de casa, quando todo o
processo de educação é acompanhado pelos pais, ajudando no dever de casa, comparecendo
às reuniões e sempre mantendo contato com os professores, essas crianças tendem a obter um
melhor desempenho escolar. Já quando os pais são ausentes, ou quando a criança tem um
vínculo familiar ruim, ela pode apresentar autoestima prejudicada e distúrbios na
aprendizagem. Acredita-se que quando a criança tem bons vínculos familiares,
independentemente de como essa família se organiza enquanto estrutura, ela também terá uma
boa relação com professores e amigos. A família tem um papel primordial na transmissão da
cultura, que se sobressai de todos os grupos humanos.
De acordo com SCOZ (1994, p. 71 e 173), a influência familiar é decisiva na
aprendizagem dos alunos. O contato com a família pode trazer informações sobre fatores que
interferem na aprendizagem e apontar os caminhos mais adequados para ajudar a criança.
Também torna possível orientar aos pais para que compreendam a enorme influência das
relações familiares no desenvolvimento dos filhos.
MÉTODO: O interesse desse estudo é refletir sobre as atitudes no processo de ensino e
aprendizagem, a partir do meio familiar que influencia diretamente em sala de aula. Diante
desse fato, se faz necessário verificar quais pontos positivos e negativos a participação da
família pode causar, interferindo assim no processo de aprendizagem das crianças, visto que é
na família onde as crianças encontram suas primeiras influências e o seu modelo de
identificação, pois, a mesma é o primeiro grupo social que a criança está inserida. Assim, esta
pesquisa caracteriza-se por um estudo bibliográfico, pois as perguntas direcionam-se aos
autores. Ou seja, para a produção do conhecimento pretendido buscaram-se os dados nas
autoras, como Dilia Glória, Maria Salomon e Beatriz Scoz. Como coleta de dados utilizou-se
a bibliografia, o diário de leitura das obras selecionadas das autoras referenciadas no assunto a
fim de esclarecer o tema.
267
RESULTADOS E DISCUSSÕES: O fracasso escolar caracteriza-se pelo não atendimento
do aluno às expectativas e objetivos da escola, tanto na forma de não demonstrar
aprendizagem ou até mesmo pelo abandono escolar. Para Glória (2002, p.41) um aluno
fracassa quando não consegue atingir as expectativas da escola e cumprir com as exigências
escolares no sentido de aprender o que a escola e a sociedade valorizam como ―saberes
fundamentais e legítimos‖.
O fracasso escolar possui vários fatores condicionantes que colaboram para seu
acontecimento, como a realidade sociocultural do indivíduo, aspectos psíquicos, deficiência
intelectual e múltipla, sistemas pedagógicos, e principalmente a influência familiar, através da
ausência na vida escolar do aluno.
A família é a responsável pela primeira educação de um sujeito e a base para todo o
desenvolvimento escolar, desempenhando um papel fundamental na transmissão da cultura,
de valores, e principalmente do desenvolvimento infantil como um todo. Ela deve estar
sempre em conexão com a escola e com o processo de aprendizagem da criança e do
adolescente, no que diz respeito às decisões que devem ser tomadas, e nas relações existentes
entre a escola, a família e o aluno, a fim de possibilitar a aproximação entre todos visando o
bem comum e principalmente a aprendizagem do aluno. De acordo com Salomon (2001) e
Lahire (2004) a família está entre os fatores indicados por estudos como importantes para o
desempenho dos alunos no sentido das formas de relação que são estabelecidas para com a
escola e os professores pelas famílias.
A influência familiar é fator fundamental na aprendizagem dos alunos. Os filhos de
pais extremamente ausentes vivenciam sentimentos de desvalorização e carência afetiva,
gerando desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, sérios obstáculos à
aprendizagem escolar. Ao contrário, quando a criança ou o adolescente possui bons vínculos
familiares, estrutura familiar formada emocional e financeiramente, quando os pais passam a
acompanhar frequentemente o processo de aprendizagem, intensificando as relações com a
escola e os professores, esses sujeitos tendem a possuir melhor desenvolvimento e
desempenho escolar.
CONCLUSÃO: Mediante o exposto, conclui-se que o apoio da família na educação dos
filhos é fundamental, levando tanto ao sucesso quanto ao fracasso escolar. As relações
estabelecidas entre a família e o aluno e a família e a escola são determinantes para esse
sucesso ou fracasso. Sendo assim, para combater o fracasso escolar, é necessário que haja a
268
interação de todos no processo de ensino aprendizagem do aluno, que a família passe a
acompanhar mais esse processo e a escola abra espaço para as famílias participarem
ativamente das decisões e ações que envolvem a vida escolar da criança.
No que diz respeito ao fracasso escolar, percebe-se um jogo onde ora se culpa a
criança, ora a família, ora uma determinada classe social, ora todo um sistema econômico,
político e social. Mas será que existe mesmo um culpado para a não-aprendizagem? Se a
aprendizagem acontece em um vínculo, se ela é um processo que ocorre entre subjetividades,
nunca uma única pessoa ou instituição poderá ser culpada em sua totalidade.
REFERÊNCIAS
GLORIA, Dilia M. A. A prática da não-retenção escolar na narrativa de professores,
alunos e familiares. Dissertação (Mestrado em Educação). Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais, 2002.
SALOMON, Maria L. O. Alguns mecanismos de produção de percursos escolares
acidentados nos meios sociais favorecidos. Dissertação (Mestrado em Educação). Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, 2001
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de
aprendizagem. 6Ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
269
JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO BRASILEIRA: ANÁLISE COMPARATIVA COM OS CASOS CHILENO E ARGENTINO1
Isabelle Maria Matos da Rocha de Mancuso
2
Jessele Mendes Damasceno3
Lidiane Nascimento Leão4
RESUMO: A justiça de transição é fundamental para a consolidação da democracia, bem como respeito e
garantia de direitos humanos. Diante disso, o objetivo geral da presente pesquisa foi analisar a justiça de
transição no Brasil com ênfase na importância da experiência brasileira no processo de redemocratização da
América latina. Assim, como objetivos específicos, buscou-se realizar uma análise comparativa da experiência
brasileira com os casos de justiça de transição do Chile e da Argentina; e, discutir o processo pelo qual cada um
desses países passou para garantir que as atrocidades dos governos totalitários do fim do século não voltassem a
se repetir e para que o povo resgatasse a confiança no Estado Democrático de Direito. Dessa forma, percebeu-se
que apesar da América latina haver enfrentado obstáculos semelhantes para a consolidação de uma justiça de
transição, o Brasil apresentou um desvio significante em comparação ao Chile e à Argentina, não tendo
apresentado as respostas necessárias à estabilização de um Estado Democrático de Direito.
PALAVRAS-CHAVE: justiça de transição, américa latina, direitos humanos.
INTRODUÇÃO: Justiça de transição não é um tipo especial de justiça, mas uma maneira de
abordá-la em tempos de transição de uma situação de conflito ou de repressão normalmente
protagonizada pelo Estado. Na tentativa de alcançar a responsabilização e reparação das
vítimas, a justiça de transição dá a elas o reconhecimento dos seus direitos, promovendo a
confiança do povo e o reforço do Estado de Direito5. Segundo Rubilar (2012, p. 14) umas das
características próprias da justiça de transição é seu constante dilema entre justiça e paz. Para
este autor, a complicada tarefa de conseguir o correto balaço entre ambas se pode lograr por
meio do uso do chamado teste de proporcionalidade. Este teste, que tem sido muito debatido
por estudiosos e profissionais, incluindo os das Nações Unidas, refere-se ao refinamento para
aplicação de determinadas políticas em função da necessidade (AMBOS, LARGE, WIERDA,
2008, p.3). Quando se cometem violações maciças de direitos humanos, as vítimas têm
direitos, internacionalmente reconhecidos, de ver responsabilizados os autores dos crimes
perpetrados, conhecer a inteira verdade dos fatos e receber reparações, inclusive pecuniárias.
Isso porque, as violações aos direitos humanos atingem não só às vítimas, mas ao conjunto da
sociedade (inclusive levando-se a questionar a efetividade da justiça). Nesse sentido, os
1 Pesquisa desenvolvida no âmbito do Grupo de Pesquisa Juscosmopolita do Programa de Ciências Jurídicas, do
Instituto de Ciências da Sociedade, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). 2 Bacharel em Direito pela UFOPA. Membro do Grupo de Pesquisa Juscosmopolita – UFOPA. Email:
3 Advogada. Bacharel em Direito pela UFOPA. Membro do Grupo de Pesquisa Juscosmopolita – UFOPA. Email:
[email protected]. 4 Professora Adjunta do Curso de Direito da UFOPA. Doutora em Direito pela Universidade de São Paulo (USP).
Advogada. Líder do Grupo de Pesquisa Juscosmopolita – UFOPA. Email: [email protected]. 5 ICTJ. ¿Qué es la Justicia Transicional? Disponível em https://www.ictj.org/es/que-es-la-justicia-transicional.
Acesso em:26/09/2026.
270
Estados devem assegurar que as violações não tornarão a acontecer e, consequentemente,
devem procurar a reforma das instituições que estiveram implicadas no fato.
Nessa linha, as sociedades que fecham os olhos para as violações reiteradas, maciças
e sistemáticas de direitos humanos costumam ficar divididas, gerando desconfiança entre os
diferentes grupos e, destes em relação às instituições públicas. Mencionada situação põe em
xeque o compromisso do Estado de Direito com o corpo social e pode levar a uma repetição
dos diversos atos de violência, posto que perpetua a impunidade. Com efeito, a partir dos anos
1970, diversos países viveram experiências de transição: Portugal e Espanha, no sul da
Europa; Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, no Cone Sul; os países socialistas do
Leste Europeu e nações africanas, como a África do Sul. No caso brasileiro, a ditadura militar
teve seu início com o golpe militar de 31 de março de 1964, resultando no afastamento do
Presidente da República, João Goulart, e tomando o poder o Marechal Castelo Branco.
Mencionado período marcou a história do Brasil com a prática de vários Atos Institucionais
que colocavam em prática a censura, a perseguição política, a supressão de direitos
constitucionais, a ausência de democracia e a repressão àqueles que eram contrários ao regime
instalado.
MÉTODO: O método empregado foi o de pesquisa bibliográfica, utilizando como principal
ferramenta o da comparação histórica, pesquisa sobre fatos da história contemporânea das
Américas, em especial da América do Sul e o período das Ditaduras militares e pós-ditadura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na Argentina, quando a ditadura caiu, logo após a derrota
da Guerra das Malvinas (1982), os militares estavam muito desgastados. A sociedade e as
organizações de direitos humanos conseguiram impor políticas voltadas para a denúncia dos
crimes cometidos pelo regime e para a punição dos responsáveis. Contudo, neste processo, a
Argentina também vivenciou por meio da Ley de Punto Final, de 1986, e da Ley de
Obediencia Debida, de 1987, um debate jurídico e político em torno das conhecidas ―leis de
impunidade‖. Estas leis procuravam respectivamente, paralisar os processos judiciais e
declarar que os militares não graduados não poderiam ser responsabilizados por delitos
cometidos em situação de obediência hierárquica. No ano de 2005 estas leis foram declaradas
inconstitucionais pela Suprema Corte de Justiça do país declarou, isto, após pressão da
sociedade e das organizações de direitos humanos, permitindo novo avanço nas políticas de
verdade e justiça.
271
A ditadura chilena, a sua vez, foi comandada por Augusto Pinochet, sob a mesma
legenda de resguardo da nação do comunismo. Por volta de 1977 verifica-se o início do
colapso do regime chileno diante da comunidade internacional frente às inúmeras
condenações nas Nações Unidas pelos direitos humanos desrespeitados. Logo após, deu-se
início um processo de transição para a democracia, que culmina com a nova presidência em
1990, mas essa não se deu de forma unívoca ou separada do aparato militar.
Assim como em outros países da América Latina, este processo foi controlado por
meio da Lei de Anistia de 1978, da Constituição de 1980, todas essas medidas
comprometeram a capacidade da sociedade de se envolver nesse processo ativamente. Dessa
forma, a transição foi gradual permanecendo elevados níveis de repressão, contestação e
resistência violenta, porém, já no início do governo democrático foram tomadas medidas
como a comissão oficial de inquérito para esclarecer as mortes e promover ações com o
objetivo de oferecer reparações materiais às famílias e julgamentos para casos não protegidos
pela anistia militar (RONIGER; SZNAJDER, 2004, p. 112). Sobre isto, Roniger e Sznajzer
(2004, p. 167) afirmam que os direitos humanos se tornam tema central para a transição
política para a democracia, contudo a lei de anistia impossibilitou a ação da justiça, deixando
encoberta a maior parte dos responsáveis pelos horrores cometidos na época. Por outro lado,
foram selecionadas medidas simbólicas e investigativas de reparação aos direitos humanos,
visando reforçar o papel da memória para que as ações pretéritas repressivas não viessem a
ocorrer novamente.
Estas medidas simbólicas, apesar de não passar pelos filtros da justiça ―jurídica‖
representam um grande passo para o fortalecimento da memória coletiva. Além disso o
Estado chileno compensou monetariamente as famílias das vítimas por via da Lei de
Reparação (2002), auxiliou financeiramente prisioneiros políticos libertados, reabsorvendo-os
no mercado de trabalho e nos estudos, recompensou funcionários públicos através da Lei de
Exonerados (1993) e auxiliou para o retorno de exilados políticos. A preocupação do governo
após o regime militar era revitalizar, reconstruir, ressignificar e, além de tudo, lutar por uma
cultura de respeito aos direitos humanos. Como supracitado acima, optou-se por diversos atos
simbólicos para conduzir a justiça de transição no Chile, muitos deles através de lugares
(sítios) de memória fisicamente colocados. No governo Michelle Bachelet, os espaços de
memória se tornaram notáveis. Em 2006, a presidente inaugurou uma série de memoriais e
locais recuperados, todos projetos da sociedade civil com certo auxílio financeiro público,
além de declarar oficialmente datas e leis que visassem reparo às vítimas.
272
O caso do Brasil apresenta alguns problemas específicos. Na fase final da ditadura
militar, a Lei da Anistia (de 28 de agosto de 1979) representou uma vitória parcial da
sociedade e dos grupos que lutavam pela redemocratização do país e que haviam levado para
as ruas a campanha pela ―Anistia ampla, geral e irrestrita‖. Por outro lado, representou
também uma vitória dos militares e da classe dirigente que aprovou uma anistia limitada,
isentando-os da apuração das responsabilidades e dos crimes cometidos pelas forças policiais
ligadas ao regime. De todo modo, essa lei foi importante para a mudança política do país
porque, apesar das limitações, permitiu a libertação de prisioneiros políticos, o retorno de
exilados e banidos (militantes expulsos do país ou ―trocados‖ pelos diplomatas sequestrados),
a saída da clandestinidade de inúmeros militantes. A Lei da Anistia tem sido invocada para
barrar políticas de verdade e justiça no país. O Supremo Tribunal Federal entendeu que a lei
se aplica também aos agentes do Estado que cometeram os crimes de tortura, assassinato e
desaparecimento de presos políticos durante a ditadura militar.
No Estado brasileiro os procedimentos da justiça de transição começaram a ser
postos em prática no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), dando ênfase à
reparação, e não à apuração de responsabilidades. Além disso, diferentemente da maioria dos
outros países, tem um caráter mais trabalhista do que político. As indenizações são calculadas
a partir do salário que o pleiteante recebia na época em que foi lesado (preso, banido, exilado,
demitido, todos os que foram obrigados a entrar para a clandestinidade). A indenização de
médicos, jornalistas e engenheiros é sempre bem maior do que aquelas recebidas por
operários, lavradores, estudantes e biscateiros etc. Por esse motivo, tais reparações terminam
por reforçar as diferenças de classe e a divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual.
Há dificuldades para lidar com a memória, o esclarecimento à população do que
realmente aconteceu, a abertura dos arquivos e a apuração de responsabilidades. O caso da
Guerrilha do Araguaia1 é um exemplo desta dificuldade. Tais dificuldades refletem na
consciência e na opinião dos brasileiros a respeito de um possível retorno dos militares ao
poder. De fato, a partir de entrevistas realizadas com chilenos, argentinos e brasileiros,
Rodrigo Lentz (2012, p. 161-162) apresenta dados no sentido de que em contraposição aos
argentinos e chilenos o percentual de brasileiros que atribuem um conceito ―bom‖ ou ―muito
bom‖ a um governo ditatorial após os anos 2000 é bem maior.
1CIDH. Caso Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) Vs. Brasil Disponível em:
http://www.corteidh.or.cr/cf/Jurisprudencia2/ver_expediente.cfm?nId_expediente=173&lang=en Acesso em: 26/09/2016.
273
Diante disso percebe-se a necessidade de publicização dos responsáveis pelas
circunstâncias dos crimes e no consequente julgamento ético e penal dessas violações.
Entretanto, referido princípio, no caso brasileiro, foi colocado como obstáculo à estabilidade
do novo regime democrático. De fato, no Brasil, esse argumento vingou mais que em outros
países, mesmo diante da pressão das cortes internacionais de direitos humanos na América
Latina. Isso porque, surgiu um movimento ou tese sobre uma espécie de ―reconciliação
nacional‖ a qual não se encaixava com a ―abertura de feridas do passado‖, pois provocaria
uma nova fragmentação e conflito interno entre os grupos outrora em enfrentamento
sangrento. As graves consequências disto no Brasil podem ser percebidas até os dias atuais,
onde a instabilidade política e o descrédito da população no regime democrático deve-se ao
déficit de legitimidade das instituições democráticas e, principalmente, a ausência de memória
coletiva sobre os horrores dos governos totalitários. Para resgatar a confiança e para que a
sociedade brasileira pudesse prosseguir, acredita-se que uma efetiva Justiça Transicional
deveria consistir num conjunto de cinco estratégias: 1) investigação e esclarecimento do
passado de violências; 2) julgamento jurídico dos responsáveis; 3) reparação material e moral
dos danos das vítimas; 4) reformas ou extinção das instituições responsáveis pela repressão
política; e, 5) exercício de memória das violações. Mencionadas estratégias não seguem uma
sequência definida e tão pouco se restringem a uma receita ―passo a passo‖, pois devem se
orientam conforme as especificidades de cada país em que forem buscadas e também nas
quais estão imbricadas (MÉNDEZ, 1997; BICFORD, 2004; ICTJ, 2009; ZYL, 2009;
CIURLIZZA, 2009 Apud LENTZ, 2012, p. 152). Entretanto, defende-se que sem a execução
destas estratégias dificilmente haverá uma justiça de transição ampla e efetiva.
REFERÊNCIAS BIBLIORÁFICAS:
AMBOS, Kai, LARGE, Judith, WIERDA, Marieke Building a Future on Peace and Justice
Studies on Transitional Justice, Peace and Development The Nuremberg Declaration on Peace
and Justice. Ed.pringer-Verlag Berlin Heidelberg, 2009.
FICO, Carlos; FERREIRA, Marieta de Moraes; ARAUJO, Maria Paula & QUADRAT,
Samantha. Ditadura e Democracia na América Latina. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2008.
HUNT, Lynn. A Invenção dos Direitos Humanos. Uma história. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009.
LENTZ, Rodrigo A justiça transicional entre o institucionalismo dos direitos humanos e a
cultura política: Uma comparação do Brasil com o Chile e a Argentina (1995-2006). – em -
Justiça de transição no Brasil: violência, justiça e segurança [recurso eletrônico] / José Carlos
Moreira da Silva Filho, org. –Dados eletrônicos – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2012.
274
RONIGER, Luis; SZNAJDER, Mario. A reconciliação nacional e o potencial disruptivo.
In:______. O legado de violações de direitos humanos no Cone Sul. São Paulo: Perspectiva,
2004.
RUBILAR, Rodrigo Andrés Gonzáles Fuente. Los Derechos de la víctima como limite a las
medidas adoptadas em el marco de la justicia transicional: em especial el caso de la amnistía
chilena‖ – em -Justiça de transição no Brasil : violência, justiça e segurança [recurso
eletrônico] / José Carlos Moreira da Silva Filho, org. –Dados eletrônicos – Porto Alegre :
EDIPUCRS, 2012.
SUSSEKIND, Elizabeth (org.). Memória e Justiça. Rio de Janeiro: Museu da República,
2009.
PAUL VAN ZYL – Promovendo a justiça transnacional em sociedades pós-conflito. Pág 38 –
em Revista Anistia Política e Justiça de Transição / Ministério da Justiça. – N. 1(jan. / jun.
2009). -- Brasília : Ministério da Justiça , 2009.
275
LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM A CULTURA DO FEIJOEIRO NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA
Laiane Pereira da Silva
1
Max de Oliveira Jati1
Bruno Vilas Boas de Souza1
Luana Stefanes da Silva1
Gilbson Santos Soares2
RESUMO: O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) constitui-se em um dos principais componentes da
dieta alimentar, nas regiões Nordeste e Norte do Brasil. Porém, esta leguminosa é susceptível a uma gama de
doenças que podem interferir no desenvolvimento e na sua produtividade. Nesse contexto, o trabalho visa
identificar e relatar doenças que afetam a cultura na região. Como resultados foram identificadas duas doenças: o
crestamento bacteriano comum e o mosaico dourado do feijoeiro. Com a diagnose visual dos sintomas, concluiu-
se que as doenças em questão ocorrem no município e que são necessárias ações de controle para minimizar as
perdas.
PALAVRAS-CHAVE: Feijoeiro, crestamento, mosaico.
INTRODUÇÃO
O feijão-caupi, feijão-de-corda ou feijão-macassar (Vigna unguiculata (L.) Walp.)
constitui-se em um dos principais componentes da dieta alimentar, nas regiões Nordeste e
Norte do Brasil, é uma excelente fonte de proteínas e apresenta todos os aminoácidos
essenciais, carboidratos vitaminas e minerais (EMBRAPA, 2002).
O feijão é um Dicotyledonea pertencente à ordem fabales, família Fabaceae,
subfamilia Faboideae, tribo Phaseoleae, subtribo Phaseolinea, gênero Vigna e a especie Vigna
unguiculata (L.) Walp.
De acordo com OLIVEIRA, A.F.F. de; NASCIMENTO JUNIOR, J. de D.B (2000),
no Estado do Pará, atualmente, cerca de 35% da produção corresponde ao feijão comum, os
outros 65% são de caupi (Vigna unguiculata L. Walp.). Enquanto o caupi é explorado em
praticamente quase todos os municípios paraenses, as áreas plantadas com feijão situam-se em
regiões específicas como o sudeste e sudoeste do Estado, além do Baixo Amazonas.
O Brasil é o maior produtor mundial de feijão com produção média anual de 3,5
milhões de toneladas, (Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento). A EMBRAPA,
(2000), relata que o estado do Pará é responsável pela produção de 2,2% do total produzido
no país e o município de Santarém produz cerca de 19,2 % do feijão produzido no estado,
sendo 11,41% do V. unguiculata.
1 Acadêmicos do curso de Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém ¬ CEUSL/ULBRA
2 Professor MSc. do curso de agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém ¬ CEUSL/ULBRA
276
A presença de doenças em uma plantação de feijão caupi pode comprometer
seriamente o rendimento da cultura. Por isso é importante conhecê-las de forma a prevenir sua
ocorrência (EMBRAPA, 2011).
Nesse contexto, o presente trabalho objetiva fazer o levantamento das principais
doenças que afetam a cultura do feijão no município de Santarém-Pa.
MÉTODOS: A pesquisa foi realizada na horta experimental do Hospital Regional do Baixo
Amazonas, em Santarém-PA (Figura 1). A área localiza-se nas coordenadas: Latitude: - 02
27‘ 03,51756‖ e Longitude: - 54 42‘ 57,36637‖. O clima dominante na região é quente e
úmido, temperatura media anual de 25º a 28ºC, com umidade relativa média do ar de 86% e
precipitação pluvial média anual é de 1920 mm.
Figura 1. Mapa da localização da área
Fonte: Autoria própria
Na área foi coletado e observado partes da planta, V. unguiculata , como: folhas, caule,
vargem e sistema radicular, a procura de sintomas e sinais de patógenos. Posteriormente,
foram comparadas a doenças já descritas e identificadas no manual de fitopatologia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: No local da pesquisa foram encontrados indícios de duas
doenças, sendo elas: Crestamento Bacteriano Comum (CBC) e Mosaico Dourado do feijoeiro.
O Crestamento Bacteriano Comum é uma doença cosmopolita que ocorre na cultura
do feijoeiro, principalmente nas regiões úmidas e quentes do globo (BIANCHINI;
MARRINGONI; CARNEIRO, 2005), pode ser facilmente observada em plantações na região,
277
que dispõe de condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento. O organismo causal é
a bactéria Xanthomonas campestris pv. phaseoli. A doença ataca toda a parte aérea, mas os
sintomas foram observados principalmente nas folhas e caracterizam-se pela ocorrência de
lesões secas e quebradiças rodeadas por um notável halo amarelo (Figuras 2 e 3)
(BURKHOLDER, 1921).
Figura 2. Folhas com sintomas do
crestamento bacteriano
Figura 3. Sintomas do crestamento
bacteriano comum nas folhas.
Fonte: autoria própria Fonte: autoria própria
Rava e Sartorato (1994) consideram que sua principal forma de propagação é através
das sementes e os restos culturais contaminados servem de fonte de inoculo da doença de um
ano para o outro. Com isso, os principais métodos de controle é a aquisição de sementes de
boa qualidade, eliminação dos restos de cultura e rotação de cultura.
O Mosaico Dourado do feijoeiro é provocado pelo vírus Bean golden mosaic vírus
(BGMV). A mosca branca, Bemisia tabaci, (Fig.4) é o vetor desse vírus. A doença tem se
tornado um problema sério na região devido ao grande aumento da população da mosca. A
cultura da soja, que vem se expandido na região, é a principal responsável pela incidência da
mosca branca na região, já que a soja é uma excelente hospedeira para alimentação e
reprodução do inseto, o que aumenta em importância o estudo e acompanhamento da doença.
Figura 4. Mosca Branca na cultura da couve na mesma área.
Fonte: autoria própria.
278
Os sintomas iniciam-se nas folhas mais novas com um salpicamento amarelo vivo,
tomando posteriormente todo o limbo foliar ou toda a planta, delimitado pela coloração verde
das nervuras, dando um aspecto de mosaico. Dependendo do cultivar e do desenvolvimento
das plantas na ocasião da infecção, os sintomas podem variar, ocorrendo deformações,
encarquilhamento e redução no tamanho das folhas, vagens e ramos (Figura 5).
Figura 5. Folhas do feijoeiro com sintomas do mosaico.
Fonte: autoria própria
CONCLUSÕES: A partir da realização do diagnóstico visual mediante os sintomas
apresentados pelas plantas, conclui-se, que as enfermidades Crestamento Bacteriano Comum
(CBC) e Mosaico Dourado do feijoeiro ocorrem no município causando danos nas partes
aéreas das plantas e perdas na produtividade. Os agentes causais têm os seus
desenvolvimentos favorecidos na região devido ao clima propicio. Ações de controle são
precisas para minimizar as perdas na produção, como a obtenção de sementes de qualidade,
cultivares resistentes, época de plantio e rotação de culturas.
REFERÊNCIAS
A.BIANCHINI, A.C. MARIGONI, S.M.T.P.G CARNEIRO (Eds.) (2005) Manual de
Fitopatologia. Vol. 2. Doenças das Plantas Cultivadas- Cultura do feijoeiro. 4ª. Ed. São Paulo
SP. Ceres.
BIANCHINI, A; HOHMANN, C.L; ALBERINI, J.L. Distribuição geográfico e orientação
técnica para prevenção do vírus do mosaico dourado do feijoeiro no Estado do Paraná.
Fundação Instituto Agronômico Paraná. IAPAR, informe de pesquisa Nº 42. 3P. 1981.
BURKHOLDER, W. H. The bacterial blight of bean: asystemic disease. Phytopathology, v.
11, p. 61-69,1921.
Cultivo do feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) / Aderson Soares de Andrade
Júnior ... [et al.]. - Teresina : Embrapa Meio-Norte, 2002. 108 p. : il. ; 21 cm. - (Embrapa
Meio-Norte. Sistemas de Produção : 2).
Feijão-caupi no Brasil : produção, melhoramento genético, avanços e desafios / Francisco
Rodrigues Freire Filho ... [et al.]. -Teresina : Embrapa Meio-Norte, 2011.84 p. : il. ; 27 cm.
279
RAVA, C. A.; SARTORATO, A. Crestamento bacteriano comum. In: Principais doenças do
feijoeiro comum e seu controle. SARTORATO, A.;RAVA, C.A. (Eds.). Brasília, DF:
Embrapa–SPI.1994. p. 217-242.
YOKOYAMA, L. P. Aspectos conjunturais da produção de feijão. In: AIDAR, H.;
KLUTHCOUSKI, J.; STONE, L. F. (Ed.). Produção de feijoeiro comum em várzeas
tropicais. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2002. p. 249-292
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http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/feijao. Acesso em: 19/10/2016.
OLIVEIRA, A.F.F. de; NASCIMENTO JUNIOR, J. de D.B. Aspectos da cultura do
feijoeiro no Estado do Pará. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2000. 36p. (Embrapa
Amazônia Oriental. Documentos, 70).
280
MANIFESTAÇÕES PATOLOGICAS EM ESTRUTURA DE CONCRETO
ARMADO NA CIDADE DE SANTARÉM/PA
Fernando Augusto Ferreira do Valle
1
Heriberto Viana de Sousa 2
Kayna Costa Gregório3
RESUMO: Este artigo representa um estudo de caso de manifestações patológicas em estruturas de concreto
armado na construção civil. O objeto de estudo foi um reservatório de água tratada, localizado na cidade de
Santarém, no estado do Pará. Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o intuito de aprimorar os
conhecimentos sobre as características e histórico da estrutura, para a partir daí, se iniciar o estudo ―in loco‖,
principalmente através de alguns ensaios para inspeção com testes químicos (indicador de pH fenolftaleína,
indicador de corrosão ferroxil) e físicos (esclerometria e medição com paquímetro digital). A presença de
dióxido de carbono (CO2), a visível falta de manutenção, as constantes variações de temperatura e umidade
identificadas no local, assim como insuficiência no recobrimento da armadura em aço podem significativamente
ter contribuído para as manifestações patológicas encontradas. O concreto utilizado apresentou, em média, 40
MPa de resistência, faixa de pH entre 8,3 a 9,5, com observação de ocorrência de carbonatação, resultando na
corrosão das armaduras, observada visualmente e nas avaliações das espessuras das barras de aço que, em alguns
pontos, sofreram diminuição de até 75%. Com isso, sugere-se intervenção na estrutura a fim de executar
manutenções corretivas para garantir a vida útil da estrutura bem como o correto funcionamento para qual está
foi projetada.
Palavras-chave: Patologias. Concreto. Aço.
1 INTRODUÇÃO: O setor da construção civil é um dos principais recursos que influencia na
estabilidade econômica do Brasil, uma vez que se tornou um mercado bastante competitivo e
promissor. Por outro lado, o excesso de concorrência pode não ser tão vantajoso quanto se
espera, pois leva o empreendedor a correr certos riscos para que possam oferecer menores
preços e manter-se na disputa. Muitas vezes, para entregar uma obra em menor prazo com
preço abaixo do esperado, o quesito ―qualidade‖ é deixado um pouco de lado, fazendo com
que a edificação apresente inúmeras manifestações patologicas estruturais de maior ou menor
gravidade. Neste ramo as patologias são conceituadas como os danos ocorridos nas
edificações, e podem ser trincas, fissuras, infiltrações, entre outros. As principais
manifestações patológicas ocorrem, principalmente, durante a execução de atividades ligadas
ao processo de construir, seja ele na concepção, execução ou utilização da estrutura.
As patologias por ataques químicos e ambientais às estruturas de concreto podem ter
origem nas falhas de projeto, de execução, uso inadequado e falta de manutenção.
As causas podem ser decorrentes de sobrecargas, impactos, abrasão, movimentação
térmica, concentração de armaduras, retração hidráulica e térmica, alta relação
água/cimento, exposição a ambientes marinhos, ação da água, excesso de vibração,
falhas de concretagem e falta de proteção superficial, entre outros. (MEDEIROS,
Heloísa, 2010, edição 160)
Este artigo aborda a análise de algumas manifestações patológicas ocorridas em
estruturas de concreto armado, embasada em obras bibliográficas e em um estudo de caso
1 Eng. Civil M.Sc Professor no Centro Universitário Luterano de Santarém
2 Engenheiro Civil
3Acadêmica de Engenharia Civil no CEULS/ULBRA
281
realizado na cidade de Santarém, no Pará, que observou principalmente a carbonatação do
concreto e a corrosão nas armaduras de um reservatório de água que abastece o bairro da
Nova República, neste município.
2 ESTUDO DE CASO: Com base em estudos bibliográficos, histórico do local e conversas
com moradores da área, iniciou-se o estudo de caso da referida estrutura em que,
visivelmente, se verificou a ocorrência de manifestações patológicas no concreto armado do
empreendimento. Localizado na cidade de Santarém, no Pará, mais precisamente no bairro da
Nova República, a edificação estudada é predominantemente constituída de concreto armado
onde se observam a ocorrência de lajes, vigas e pilares para sustentação do reservatório de
água que abastece a comunidade. A caixa d‘água foi construída em 1989 em forma retangular,
executada em concreto armado. Suas dimensões são 10 m de comprimento, 5 m de largura e 6
m de altura com capacidade total de 160.000 litros. Foram realizadas visitas técnicas ao
empreendimento, entrevistas com moradores, exames visuais para o levantamento das
supostas causas patológicas; registros fotográficos dos possíveis danos na estrutura; coleta de
dados técnicos estruturais do empreendimento, incluindo tentativas de obtenção de dados
junto aos órgãos públicos, ensaios físicos (esclerometria) e químicos (carbonatação e
corrosão) visando avaliar os possíveis danos causados a estrutura. O preparo das soluções
químicas utilizadas foi realizado no Laboratório de Ciências e Tecnologia (LABTEC) do
Centro Universitário Luterano de Santarém (CEULS), acompanhado pela laboratorista e
professora Alessandra Damasceno da Silva.
Figura 1 – Reservatório de Água Tratada do Bairro Nova República
Fonte: Heriberto Viana, 2012.
282
2.1 Determinação da ocorrência de carbonatação: A carbonatação do concreto é um
fenômeno em que o concreto fica exposto ao gás carbônico (CO2), fazendo com que o dióxido
de carbono, geralmente em alta concentração, penetre nos poros do concreto e se misture na
umidade encontrada originando assim o ácido carbônico (H2CO3). Esse ácido reage com
alguns dos componentes da pasta do cimento e resulta em água de carbonato de cálcio
(CaCO3). O carbonato de cálcio não deteriora o concreto, porem sua formação consome
álcalis da pasta reduzindo o seu pH. Sua resistência é criticamente afetada, devido à perda de
componentes essenciais, podendo em alguns casos mais severos levar a estrutura ao colapso.
Figura 2 – Localização do Reservatório
Fonte: http://maps.google.com.br, 2012.
Para determinar a profundidade de carbonatação, foram realizadas algumas fraturas
em cada pilar a ser analisado para o reconhecimento das condições do concreto, adicionando
neste processo a fenolftaleína (C20H14O4) em álcool diluído, que serviu como indicador do pH
no concreto. A aplicação do teste de fenolftaleína sobre cimento aparente, não pode ser
diretamente na superfície deste, pois em muitos casos já pode ter sofrido a ação do dióxido de
carbono do ambiente. Esse CO2, penetra nos poros do concreto, diluindo-se na umidade
presente na estrutura, avançando em direção ao interior do mesmo. Quando alcança a
armadura, ocorre a despassivação do aço e este pode se tornar vulnerável para a estrutura.
Logo após a execução da fratura, a fenolftaleína é borrifada no local para entrar em contato
com o material. Desta forma, sua cor é alterada, facilitando a medição da área de
carbonatação da estrutura. A confirmação da presença ou não de carbonatação é feita através
da coloração da solução, se a mesma ficar incolor, significa que o processo ocorreu no
283
concreto. Esta se apresenta incolor em soluções ácidas (pH menor que 8,2), sua cor muda a
partir do pH 8,2 até 9,8 ficando rosada e com o pH acima de 10 a cor é o carmim, (COHEN
2008).
2.2 Determinação da ocorrência de corrosão: O processo de corrosão pode ser definido
como a interação destrutiva de um material com o meio ambiente, seja por ações físicas ou
químicas. No caso do aço, a corrosão pode acontecer de duas formas, a corrosão
eletroquímica e a oxidação direta. Na corrosão eletroquímica se dá a formação de células de
corrosão devido à presença de umidade, água ou qualquer solução aquosa na superfície das
barras ou no concreto que a envolve, que possam atuar como eletrólito.
Na oxidação direta, os átomos do aço reagem com o oxigênio, causando uma reação gás-
metal ou íon-metal formando uma cobertura uniforme e contínua de óxido de ferro. Este tipo
de corrosão ocorre lentamente em temperatura ambiente, podendo ser significativa em altas
temperaturas.
Para o ensaio de corrosão nas armaduras, foram feitas algumas fraturas em pilares, e
através de um paquímetro foram realizadas medições nas seções do aço in loco. O aço
utilizado foi o CA-50 de 7/8‖ (22,23 mm) e 1/4‖ (6,0mm) na amarração dos estribos. Porém,
devido ao fenômeno corrosivo caracterizado, houve uma diminuição na espessura do material.
Foi observada uma diminuição regular do metal na superfície corroída. Os locais onde as
armaduras estão expostas evidenciaram através de outras medições a presença de corrosão
nestas. Desta forma foi constatado o processo eletroquímico, que permitiu a identificação de
corrosão na armadura no aço da estrutura.
4 RESULTADOS: Na inspeção visual alguns aspectos sintomáticos das manifestações
patológicas, foram diagnosticados principalmente na base dos pilares, tais como: Armaduras
expostas, fissuração, expansão e diminuição nas seções das barras de aço, lascamento e
destacamento do cobrimento no concreto. No exame detalhado em toda a estrutura do
reservatório, ficou constatado que a área que apresenta-se com maior desgaste são os pilares.
Os ensaios de esclerometria, regulamentado pela NBR 7584 do ano de 1995, demonstraram
que a resistência do concreto aplicado apresenta-se, em média, com 40 MPa de resistência,
com pH entre 8,3 e 9,5, levando em consideração que os locais ensaiados foram lixados para a
preparação do estudo. Na determinação da carbonatação, as áreas em contato com a
fenolftaleína se dividiram entre duas cores: incolor e rosada, com pequena incidência de
vermelho carmim. A área total estudada dos pilares foi de aproximadamente 520cm², sendo
284
que deste total, em 61,5% se verificou a ocorrência de carbonatação, caracterizada através dos
resultados dos ensaios. Para verificação dos efeitos da corrosão na armadura, com a utilização
de paquímetro para averiguação das dimensões das barras de aço, os resultados apontam
incidência do processo corrosivo, com significativa perda de secção no diâmetro das barras de
aço. No aço CA-50 de 7/8‖ (22,23 mm) nos pontos de maior incidência do processo corrosivo
foi observada perda de aproximadamente 75% da espessura nos locais com maior ataque. No
aço dos estribos, as perdas observadas foi de aproximadamente 30% de sua secção,
apresentando em alguns pontos espessura equivalente a 4,2 mm de diâmetro.
Figura 3 – Verificação da armadura (a) e observação da carbonatação no concreto (b)
(a) (b)
Fonte: Heriberto Viana, 2012.
5 CONCLUSÃO: Através dos ensaios realizados na estrutura do Reservatório de Água
Tratada, que abastece o bairro da Nova República em Santarém, no estado do Pará, observou-
se a ocorrência de algumas manifestações patológicas recorrentes em estruturas de concreto
armado tais como carbonatação do concreto e corrosão das armaduras. A grande presença de
CO2 (gás carbônico) no ambiente contribui para o surgimento desses problemas, visivelmente
observados no local. Os fatores que mais contribuíram para o aparecimento de processos
patológicos na estrutura foram à variação de temperatura, a umidade do ambiente e a falta de
manutenção no local. Observou-se com maior incidência que as armaduras dos pilares na
região mais próxima ao solo (base do pilar) encontram-se com maior exposição decorrente do
descolamento do recobrimento de concreto causado pelo acelerado processo corrosivo do aço.
Com isso, sugere-se intervenção na estrutura a fim de executar manutenções corretivas para
garantir a vida útil da estrutura bem como o correto funcionamento para qual está foi
projetada.
285
6 REFERÊNCIAS
CADORE, W. W. Estudo da Carbonatação da Camada de Cobrimento de Protótipos de
Concreto com Altos Teores de Adições Minerais e Cal Hidratada. 2008. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2008.
150 p. Disponível em: <w3.ufsm.br/ppgec/índex.php?option=com_docman&task=doc...>.
Acesso em Setembro, 2016.
FIGUEIREDO, Davi Messias de; BERNARDO, Italo; COSTA, Renato; ARAÚJO, Diones;
FARIA, Thiago; BATISTA, Rafael Duarte. PATOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES. Trabalho
acadêmico – Centro Universitário de Formigas (UNIFOR – Minas Gerais), Formigas, 2012.
HELENE, Paulo Roberto Lago. CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA CORROSÃO EM
ARMADURAS DE CONCRETO ARMADO. Tese – Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo. São Paulo, 1993.
MEDEIROS, Heloísa. Doenças Concretas. São Paulo: Téchne. 2010.
SANTOS, Silmara Silva dos. Patologias das Construções. Artigo de Pós Graduação –
Instituto de Pós Graduação e Graduação (IPOG). Curitiba, 2013.
SOUSA, Heriberto Viana de. PATOLOGIA EM ESTRUTURAS: ESTUDO DE CASO
DA CAIXA D‟ÁGUA DO BAIRRO DA NOVA REPÚBLICA, SANTARÉM-PA.
Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário Luterano de Santarém (CEULS).
Santarém, 2012.
286
MATEMATICANDO: AS PRÁTICAS LUDICO-PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
Nayara Stefani Soares Rodrigues
1
Paula Cristina Galdino Guimarães2
RESUMO: O presente trabalho é a exposição da experiência de estágio supervisionado em 2013, nas Faculdades
Integradas Ipiranga, e realizado na Escola de Educação Infantil Pequeno Galileu, cujo objetivo geral foi a
promoção da aprendizagem da matemática, com uso de práticas lúdico-pedagógicas. A relevância deste estudo
revela-se pelo fato de que a matemática, como componente curricular, é fundamental no desenvolvimento
acadêmico e social do alunos. A Metodologia utilizada foi a pesquisa-ação, uma vez que além da situação-
problema, buscou-se a solução desta. Verificou-se que as práticas lúdico-pedagógicas contribuem na
aprendizagem da matemática no ambiente escolar. Concluiu-se que as práticas lúdicas, de fato, são instrumentos
capazes de contribuir com a aprendizagem da matemática, desde que sejam realizadas de forma continua e com a
fundamentação teórica adequada.
PALAVRAS-CHAVES: matemática, lúdico, ambiente escolar.
INTRODUÇÃO: O ensino da matemática na educação básica é de fato uma necessidade
essencial ao desenvolvimento cognitivo, bem como para a construção de uma aprendizagem
do aluno. Assim, a importância da criação, por parte das escolas, de estratégias de incentivo
aos alunos ao adentrarem desde os primeiros anos no mundo da matemática é essencial.
Inicialmente é necessário compreender que a aprendizagem, de acordo Vygotsky
(1991), funda-se no fato de que o meio sociocultural é influenciador interno e externo do
desenvolvimento cognitivo do aluno, mas para tanto a escola deve ser como um motor do
desenvolvimento e da boa aprendizagem, por meio de práticas pedagógicas. Neste sentido:
... o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
põe em movimento vários processos que, de outra forma, seriam impossíveis de
acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de
desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e
especificamente humanas (VYGOTSKI, 1991, 101).
No mesmo diapasão, Paulo freire traz a seguinte consideração:
Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a
disciplina cujo conteúdo se ensina, [... por que não estabelecer uma intimidade
entre os saberes curriculares fundamentais aos aluno e experiência social que eles
têm como indivíduo? (FREIRE, 1996, p. 17)
1 Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia, CEULS/ULBRA
2 Professora no Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA e Bolsista Coordenadora de Área no Subprojeto
de Pedagogia do PIBID/CEULS.
287
Assim, é óbvio que a matemática está de fato presente no cotidiano de todos e também
estará no dia a dia das crianças, ás vezes, de forma simples e outras, de forma complexa.
Neste sentido, é valido mencionar que o professor é fundamental neste processo de ensino-
aprendizagem, pois, conforme Cerquetti e Berdonneau (1997, p. 4), ―lidar com a matemática é
levar a criança a refletir acerca de suas ações, por isso a função do docente em articular o
lúdico e o educativo, neste caso a aprendizagem da matemática é fundamental‖.
Portanto, a literatura traz o lúdico como o instrumento de conexão do conhecimento
matemático as ações do aluno, ou seja, percebe-se que este proporciona um aprendizado de
mundo, o que por certo pode ser aplicado a matemática, uma vez que "a conduta de viver de
modo lúdico situações do cotidiano amplia as oportunidades não só de compreensão das
próprias experiências como também de progressos do pensamento" (SEBER, 1995, p. 55).
MÉTODO: A metodologia utilizada é a de pesquisa-ação, pois conforme explicita Thiollent
(1986, p. 16), nesta
os pesquisadores não querem limitar suas investigações aos aspectos acadêmicos e
burocráticos da maioria das pesquisas convencionais. [...] Com a pesquisa-ação os
pesquisadores pretendem desempenhar um papel ativo na própria realidade dos fatos
observados.
Ora, este projeto teve por finalidade analisar um uma situação-problema, e aplicar
uma proposta pedagógica que a solucionasse, sendo portanto cabível a utilização da
metodologia acima.
Desta forma, o presente projeto incialmente pautou-se em pesquisa bibliográfica, que
serviu de elemento norteador para a execução de ações práticas. A observação em sala foi
desenvolvida por meio de uma abordagem dialética, pois buscou-se compreender a realidade
observada e desenvolver soluções adequadas.
Assim, o objetivo geral é a promoção da aprendizagem da matemática,
Especificamente buscou-se: compreender, pedagogicamente, a realidade do ensino da
matemática na Escola Pequeno Galileu; inserir práticas lúdico-pedagógicas no ensino da
matemática; sensibilizar a escola acerca da necessidade da continuidade das práticas lúdico-
pedagógicas em sala de aula.
Este trabalho, portanto, realizado no segundo semestre de 2013, em estágio
supervisionado instigou os acadêmicos de pedagogia a desenvolver práticas lúdico-
pedagógicas que coadunassem a realidade educacional e estrutural da Escola Pequeno
Galileu.
288
Considerando que o Estágio Supervisionado, para atividade externas, é constituído
de uma carga horária de 60 horas e ainda que a carga horária da disciplina matemática na
turma de 4º ano do Ensino Fundamental da Escola Pequeno Galileu é de 4 horas, houve a
seguinte divisão de etapas:
Levantamento Bibliográfico: 16 hs;
Observação in loco: 16 hs;
Atividades in loco: 16 hs;
Avaliação in loco: 12 hs.
Inicialmente, foram levantadas as referências bibliográficas que versassem sobre os
seguintes assuntos: aprendizagem, matemática, e ludicidade. As escolhas destes devem-se em
razão da temática escolhida, uma vez que para o desenvolvimento de práticas pedagógicas, as
bases teóricas são essenciais.
Com relação a observação in loco, foi solicitado a direção da Escola acesso aos
planos de aula do professor da turma, assim como foi observada a sua aplicabilidade em sala
de aula, e ainda que recursos pedagógicos eram utilizados, bem como as dificuldades que os
alunos apresentavam, inclusive no momento da prova avaliativa. Ressalta-se que a escola não
possuía boa estrutura, não disponibilizava recursos educacionais lúdicos como jogos.
Nas Atividades in loco, foi montada uma feirinha em sala de aula com venda (de
mentira) dos materiais dos próprios alunos, para que os mesmos pudessem comprá-los, ao
longo da aula, com o dinheiro sem valor previamente distribuído. Essa atividade lúdica
contribuiu para a aprendizagem das 4 operações básicas da matemática, assunto que vinha
sendo desenvolvido ao longo do ano, uma vez que instigava os alunos a atribuírem as notas
falsas os valores adequados à compra, venda ou à divisão de alguns materiais.
A avaliação da ação ocorreu de duas formas: na análise das notas obtidas na 4º
avaliação (após as atividades lúdicas), logo, trata-se de uma avaliação quantitativa; e ainda foi
realizada a observação do interesse dos alunos a assuntos voltados à matemática após a
aplicação do projeto-ação, sendo então qualitativa a segunda forma de avaliação.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Das atividades desenvolvidas pela Escola Pequeno
Galileu, com vistas à aprendizagem da matemática, deve-se ressaltar a importância do
planejamento, uma vez que, para identificar as atividades lúdicas que coadunassem com as
necessidades dos alunos, é necessário acompanhar as atividades desenvolvidas em sala de
289
aula, para que assim, com fundamentos teóricos, buscar propostas coerentes à realidade
escolar. Desse modo, os aspectos avaliados foram quantitativos e qualitativos.
Do ponto de vista quantitativo, levou-se em consideração os resultados obtidos nas
provas de 3ª avaliação (antes da inserção das práticas lúdicas) e das provas da 4ª avaliação
(após inserção das práticas lúdicas). A evolução das notas foi significativa, a média de 7.1 foi
elevada para 8.5, ou seja, um aumento de cerca de 20% das notas em prova.
Do ponto de vista qualitativo, notou-se maior dinamismo, interesse e participação do
alunato em sala de aula, uma vez que no período de observação dos alunos, não ocorria
manifestações voltadas à matemática. Após a inclusão das atividades lúdicas, os alunos
demonstraram interesse em compreender a matemática, pois conseguiram estabelecer um
nexo entre o conhecimento matemático e o cotidiano.
Acrescente-se ainda que a escola continuou a buscar práticas lúdico-pedagógicas no
ensino da matemática. Portanto, considera-se que os gestores e professores da escola Pequeno
Galileu foram sensibilizados sobre a importância do lúdico na aprendizagem da matemática.
CONCLUSÕES: Considerando que no estágio supervisionado as atividades desenvolvidas
visaram à aplicação de práticas lúdico-pedagógicas na aprendizagem da matemática, deve-se
destacar que o principal desafio foi compreender a cultura educacional da escola, bem como a
estrutura disponibilizada para assim alcançar os objetivos traçados.
Não obstante esse desafio, a experiência obtida neste estágio foi de fato essencial na
compreensão de como o lúdico tem aplicabilidade prática no processo de ensino-
aprendizagem no ambiente escolar, uma vez que este instrumento proporciona o dinamismo
das aulas ministradas.
Ressalta-se ainda que é nítida a necessidade de profissionais da pedagogia
capacitados, do ponto de vista teórico, ou seja, com aprofundamento da literatura pedagógica
nas diversas áreas de atuação; assim como da experiência em ambiente escolar, para que as
atividades realizadas coadunem com a finalidade proposta, que no presente estudo foi a
matemática.
Posto isto, acrescenta-se que é necessário que as instituições de ensino compreendam
a importância da inclusão do lúdico no processo de ensino-aprendizagem, não apenas da
matemática, como das demais competências que o alunato precisa desenvolver, para que
assim a formação do cidadão (estudante) contemple o desenvolvimento de habilidade
cognitivas e sociais.
290
REFERENCIAS
CERQUETTI, Aberanke; BERDONNEAU, Cerquetti. O ensino da matemática na
educação infantil. Porto Alegre. Artes médicas, 1997.
FIORENTINI, D.. Investigação em educação matemática: percursos teóricos e
metodológicos. – Campinas, SP: Autores Associados, 2006. – (Coleção formação de
professores)
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 31 ed.
SEBER, Maria da Glória. Psicologia do pré - escolar, uma visão construtivista. São Paulo:
Moderna, 1995.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 1.ed. São Paulo: Cortez, 1986
VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
291
MICROSSISTEMAS DE ABASTECIMENTOS DE ÁGUA NA ÁREA URBANA: NECESSIDADE DE OUTORGA DE DIREITO DE USO. ÁGUA SUBTERRÂNEA – O CASO DO BAIRRO DO MARARU, EM SANTARÉM/PA
Rodrigo Silva Sousa1
Tatianny Campos Matos2
Orientadores: Miguel Borghezan3
Natálya Campos Matos4
RESUMO: O acesso á água potável é direito de todos. Porém, é necessário que haja controle para evitar o seu
uso desordenado. Para isso, a outorga foi definida como um dos instrumentos de controle de uso e qualidade da
água. Foi realizada pesquisa de campo no Bairro Mararu no Município de Santarém/PA, dentro do projeto
coordenado por nosso orientador5, objetivando verificar como funciona o acesso à água potável no local. A
pesquisa agregou informações de campo para os fins deste trabalho sobre a outorga de direito de uso de recursos
hídricos naquela localidade. Deverá ser solicitada a outorga em casos onde não ocorram atividades econômicas?
PALAVRAS-CHAVE: Microssistema de água. Outorga. Usos domésticos.
INTRODUÇÃO: O acesso á água potável é um direito humano fundamental decorrente do
direito à vida e à saúde e da dignidade da pessoa humana. Nas áreas rurais o abastecimento de
água é feito pelos interessados ou por Sistemas Alternativos6 construídos pelo Município. Nas
áreas urbanas o serviço deve ser prestado pelo Município ou por meio do Sistema Público
Central (em Santarém, pela COSANPA - Companhia de Saneamento do Pará), mas não é o
que ocorre por inteiro em nossa cidade. No Bairro Mararu, assim como outros em
Santarém/PA, o abastecimento é feito por sistemas alternativos, microssistemas. Este artigo
tem por objetivo verificar a respeito da exigência de outorga (autorização) do direito de uso de
recursos hídricos7 no caso de abastecimento por microssistema no Bairro Mararu, em
Santarém/PA. Foi realizada pesquisa de campo, dia 16/04/2016. Coletamos dados através de
1Acadêmico do 6° semestre do Curso de Direito do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Pesquisador voluntário de
iniciação científica (PROICT/2016). 2Acadêmica do 3° semestre do Curso de Direito do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Pesquisadora voluntária de
iniciação científica (PROICT/2016). 3 Professor do Curso de Direito e Pesquisador do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Mestre em Direitos
Fundamentais e Relações Sociais. Advogado. Vice-Presidente do FOPIESS. 4 Pesquisadora voluntária no CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Especialista em Direito Constitucional Aplicado.
Advogada com inscrição licenciada. Assessora Jurídica no Ministério Público Federal - Procuradoria da República em Santarém/PA. 5 Trata-se do seguinte projeto de pesquisa, coordenado pelo Prof. Miguel Borghezan: "Principais causas que
impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas Públicas e o Judiciário". 6 São destinados ao abastecimento coletivo para fornecimento de água, com captação subterrânea ou
superficial, com ou sem canalização (art. 5°, VII, Portaria do Ministério da Saúde n° 2.914/2011). 7 Recursos hídricos são as águas superficiais ou subterrâneas disponíveis para o uso humano. Neste artigo o
termo recursos hídricos está sendo utilizado como sinônimo de água.
292
aplicação de formulário aos administradores da associação de moradores, com a finalidade de
verificar o funcionamento do acesso à água naquele local.
Os Sistemas Alternativos de abastecimento de água incluem os microssistemas e
poços particulares. Em Santarém/PA há grande utilização desses meios alternativos,
destacando-se pela importância social os microssistemas.
É importante que no Bairro Mararu haja moderação e controle do consumo. O uso
desordenado poderá causar desequilíbrio no abastecimento, impedindo o regular acesso desse direito
fundamental a todas as pessoas do bairro. Os controles da utilização de água no Mararu são feitos pela
Associação de Moradores. A Lei n° 9.433/97 estabelece os órgãos responsáveis, as diretrizes e
instrumentos necessários à regulamentação da utilização dos recursos hídricos. Dentre estes
instrumentos encontra-se a outorga (art. 5°, III, Lei n° 9.433/97), entendida como procedimento
administrativo que dá ao outorgado, pessoa física ou jurídica, autorização para uso de recursos
hídricos. Enfatize-se que a outorga confere um direito de uso, razão porque não configura venda das
águas (art. 18, Lei n° 9.433/97). Se necessário, a qualquer momento poderá a outorga ser reduzida ou
até interrompida (art. 15, Lei n° 9.433/97).
A outorga deverá ser solicitada, regra geral, para utilizar a água em atividades econômicas. Por
exemplo, precisam de outorga os que fazem poços para usar a água em atividades agrícolas, pecuárias
ou de piscicultura (art. 12, Lei n° 9.433/97). Sendo águas federais ou estaduais (art. 20, III e 26, I, CF),
a outorga será concedida pelo Poder Executivo Estadual nos casos em que são gerenciadas pelo Estado
(art. 30, I, Lei n° 9.433/97), e pela Agência Nacional de Águas (ANA) quando de domínio da União
(art 4°, IV, Lei n° 9.984/2000). Cabe verificar se, para fins do abastecimento por meio de
microssistema no Bairro Mararu, Santarém/PA, será necessário solicitar a outorga do direito de uso da
água.
MÉTODO: A presente pesquisa é quantitativa e qualitativa. Caracteriza-se como não experimental,
tendo como base a pesquisa de campo com aplicação de formulário para levantamento de dados junto
à Associação de Moradores do Bairro Mararu no Município de Santarém/PA realizada em 16.04.2016,
bem como, pesquisa bibliográfica. Utilizamos como método de abordagem o hipotético dedutivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O Bairro Mararu fica localizado na área urbana de Santarém/PA,
possui cerca de 2.500 (dois mil e quinhentos) moradores, com aproximadamente 500 (quinhentos)
domicílios, em cada um deles residindo, em média, 5 (cinco) pessoas.
O Poder Público municipal tem obrigação de abastecer com água potável toda a área urbana de
Santarém, conforme estabelecem o art. 30, V, da CF, art. 22 do Código de Defesa do Consumidor (Lei
n° 8.078/90), e art. 10, I, da Lei n° 7.783/89. Essa obrigação foi atribuída à COSANPA em toda a área
293
urbana de nossa cidade, por meio de concessão (transferência por delegação) desse serviço público,
nos termos da Lei nº 18.745, de 04.10.2011, do Município de Santarém. Infelizmente o Bairro Mararu,
apesar de estar localizado na área urbana de Santarém, até a data da pesquisa não tinha um só
domicílio abastecido pela COSANPA.
Por este motivo os moradores, através da associação do Bairro, passaram a fazer uso de água
por meio de sistema alternativo, do tipo microssistema (poço tubular com 200 metros de
profundidade), além de poços particulares. Segundo informado (formulário), os moradores do Bairro
preferem essa forma de abastecimento, pois os administradores da associação têm cuidados especiais
com a qualidade da água e a distribuição aos domicílios. Há preocupação de não deixar faltar esse bem
aos moradores, ou seja, 100% (cem por cento) dos domicílios desse bairro recebem água. Ressalta-se
que os gastos relacionados a este microssistema são mantidos pelos usuários. Até a data da pesquisa, o
Município não disponibilizava recursos para auxiliar a manter o adequado funcionamento do
microssistema.
Indagamos se a associação de moradores do Bairro Mararu deve ou não solicitar a outorga do
direito de uso de água subterrânea ao Estado do Pará (SEMAS1), para abastecer os domicílios. Em
geral, as concessionárias (delegatárias) precisam de outorga (art. 12, I, Lei n° 9.433/97). O
abastecimento de núcleos rurais está dispensado de outorga (art. 12, § 1º, I, Lei nº 9.433/97). Sabe-se
que o Bairro deveria ser abastecido pela COSANPA, mas não o é. Logo, a associação de moradores
está substituindo obrigação do Poder Público, sem receber nenhum auxilio técnico ou financeiro.
CONCLUSÃO: Depois de analisar os dados da pesquisa de campo, e relacionar com as normas
aplicáveis, verifica-se que no Bairro Mararu a utilização de microssistema mostra-se necessária. Sendo
o abastecimento feito pela associação de moradores não nos parece ser possível cobrar a outorga do
direito de uso de recursos hídricos, visto que não há oferta pública para a população do bairro utilizar
água nas atividades domésticas. O art. 45 da Lei n° 11.445/07 determina que estão obrigados a utilizar
a água de concessionárias os domicílios urbanos. Isto hoje mostra-se impossível no Bairro Mararu.
Como a situação é extraordinária, devemos no caso equiparar, por interpretação extensiva, a população
urbana sem abastecimento público do Bairro do Mararu aos núcleos rurais. Isto nos parece ser medida
razoável e proporcional, diante das circunstâncias fáticas e jurídicas. Logo, a associação de moradores
do Bairro Mararu está isenta de outorga do direito de uso para utilizar a água no microssistema do
bairro.
1Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) foi criada em 11 de maio de 1988, pela Lei
de nº 5457.
294
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21
da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a
Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em 09 out. 2016.
________. Lei n. 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de
Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de
coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.
Planalto. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9
984.htm>. Acesso em 09 out. 2016.
________. Lei n. 7.783, de 28 de junho de 1989.Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define
as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras
providências. Planalto. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br
/ccivil_03/leis/L7783.htm>. Acesso em 09 out. 2016.
_________. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990.Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá
outras providências.Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8078.htm>. Acesso em 09 out. 2016.
________. Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de
1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de
11 de maio de 1978; e dá outras providências. Planalto. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em 09 out.
2016.
_______. Portaria n. 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de
controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade. Ministério da Saúde. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis
/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. Acesso em 09 out. 2016.
BRASIL. Vade Mecum: legislação selecionada para OAB e concursos. 8 ed. São Paulo: Editora
Revistas dos Tribunais, 2016.
295
MULHERES E SINDICALISMO: UMA LUTA DAS TRABALHADORAS RURAIS DO OESTE DO PARÁ.
Marcelino Rodrigues da Silva1
Davia M. Talgatti2
RESUMO: O presente estudo busca investigar o processo de organização das mulheres trabalhadoras rurais em
torno do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais na luta por direitos básicos como previdência,
saúde e educação, além do direito à participação nas esferas de poder dos STTRs. Utilizou-se como metodologia
um levantamento bibliográfico acerca das questões de gênero no campesinato e uma pesquisa de campo em que
a história oral foi utilizada como instrumento de pesquisa e análise. Duas trabalhadoras sindicalizadas foram
entrevistadas acerca das suas participações e percepções do processo de organização e direitos alcançados a
partir daí. Concluiu-se que o processo de organização à nível regional apresentou características similares aos de
outras regiões do país: a igreja católica e ditadura militar são instituições que atuam sobre o processo de maneira
que desencadeiam uma forma organizativa politizada e combativa, que no caso das mulheres, resultou no
fortalecimento da luta sindical como um todo e alcance de direitos como previdência e acesso ao crédito, fatores
que transformam significativamente as relações de gênero no campo. A análise ainda mostra como e em torno do
que as trabalhadoras rurais do oeste paraense se organizam e suas perspectivas de futuro para as mulheres do
campo e da floresta.
PALAVRAS-CHAVE: Mulheres, Sindicalismo, Direitos.
INTRODUÇÃO: No campo, a organização popular em busca de direitos se estrutura com o
sindicalismo a partir da década de 60. As trabalhadoras rurais não eram reconhecidas como
tais pelos sindicatos, elas eram cadastradas como esposas dos sindicalizados e, deste modo,
não lhes era garantida proteção social. O processo de organização feminina no campo foi
amplo e se apresenta com várias facetas. As articulações a níveis nacionais, estaduais e
regionais eram estratégicas para o fortalecimento da luta das mulheres pelo direito à
sindicalização e reconhecimento enquanto produtoras rurais. A marcha das Margaridas, hoje,
é o reflexo de um longo processo de mobilização e é o ápice da luta das mulheres do campo,
onde se reúnem a cada quatro anos para negociar com os governantes as pautas das mulheres
do campo.
A crescente participação das trabalhadoras rurais nos espaços públicos da vida social
no campo tem garantido à elas possibilidades de emancipação e fortalecimento de suas
identidades, além da expansão da produção agrícola familiar. As políticas de fomento à
autonomia econômica no campo expandem os horizontes das trabalhadoras rurais. O acesso
ao crédito, por exemplo, garante à elas autonomia na gestão dos recursos, uma vez que não
dependem mais dos maridos.
O objetivo deste estudo é realizar uma breve análise histórica da participação das
mulheres na construção do sindicato na região oeste do Pará, utilizando como instrumento de
1Graduando em Antropologia pelo Programa de Arqueologia e Antropologia- PAA, UFOPA. E-mail:
[email protected] 2 Pós-Doutoranda UFOPA. E-mail: [email protected]
296
pesquisa a história oral, identificando suas dificuldades e desafios na auto-organização e
conquista de direitos.
MÉTODOS: Motta (2009) discute a ocorrência da organização feminina no campo como um
fator que altera as práticas políticas, tanto nos espaços privados, quanto nos públicos das
relações de gênero. São apontadas as estratégias de mobilização e reivindicação do
movimento de trabalhadoras rurais que travaram uma luta por e pelo sindicato. Tais
estratégias refundaram uma maneira de fazer política sindical no campo, agora apoiado pelo
debate das questões de gênero para ser legitimado.
Uma análise da participação feminina no sindicalismo, abordando as conquistas de
direitos é feita por Maria do Socorro de Abreu e Lima. Em um artigo decorrente de um estudo
de caso no sertão, intitulado As Mulheres no Sindicalismo Rural, é apresentada uma análise
histórica das conquistas das trabalhadoras através da organização sindical, bem como as
dificuldades por estas enfrentadas em relação ao machismo presente na vida sindical social do
campo (2006).
Em Heredilda (2006) é apresentado uma análise dos avanços das políticas públicas no
campo e seus impactos sobre as mulheres. A análise aponta a participação feminina no
sindicalismo como fundamental para a conquista de direitos básicos no que diz respeito às
mulheres e ao conjunto de trabalhadores rurais a partir da decorrência de uma modificação
dos papéis de gênero no campesinato. A liberação de crédito para mulheres, por exemplo,
tem possibilitado uma certa autonomia econômica inexistente até o ano de 1985.
Este estudo consiste em levantamento bibliográfico relacionado ao estudo de gênero
no campesinato brasileiro e pesquisa de campo em que foram realizadas entrevistas com duas
trabalhadoras sindicalizadas no STTR Santarém.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O processo de organização sindical tomou formas diversas
pelo país, onde, geralmente, antes da década de 60, adotava-se o assistencialismo como
estratégia de legitimação. A partir deste período, surge na igreja católica a chamada teologia
da libertação, que segundo a trabalhadora Marilene Rodrigues Rocha, foi fundamental para a
percepção e idealização de um novo sindicalismo rural em Santarém:
Aí foi nos anos 80, 70 que foi criado esse... é... tomado o sindicato da mão dos
grandes, que esse sindicato quando funcionava em Mojuí dos Campos eram os
grandes produtores que tomavam conta deles, né? Aí dos anos 76, que surge a luta
de dois padre, de dois seminaristas que eram Geraldo Pastano e Ranouf, aí que eles
297
(os trabalhadores) foram entender pra que era mesmo o sindicato dos trabalhadores
rurais. Era pros trabalhadores que viviam da agricultura lá na área rural. E aí foi
uma retomada desse sindicato da mão dos grandes, que chamavam pelegos, né?
Francisca Oliveira dos Santos, de 64 anos, destaca as dificuldades enfrentadas pelo
conjunto dos trabalhadores rurais em seu processo de organização sindical, evidenciando as
problemáticas de gênero e conquistas históricas das trabalhadoras camponesas.
Então, hoje, talvez não se faça mais isso porque as coisas mudaram, né? Era regime
militar, então era linha dura. O que a gente tá conversando aqui, teve uma época que
a gente não podia conversar assim, era escondido. Porque se a polícia pegasse, né, a
mulher se organizando, incentivando as outras a entender que precisava e era
importante ela ser uma sócia e a votar, ia pra cadeia, né? Apanhava da polícia.
O autoritarismo do regime militar é colocado como uma barreira aos trabalhos dos
trabalhadores e trabalhadoras organizados, além disso, a falta de recursos para se
locomoverem por uma região extensa atravessada por rios e florestas foi uma das dificuldades
que as mulheres enfrentaram, como explicita a sindicalista Francisca:
Uma das maiores dificuldades era finanças, né? Era finanças porque, mesmo os
trabalhadores, o trabalhador não falta alimentação- Isso ele não falta- porque ele tem
o arroz, tem o feijão, tem a farinha, tem a galinha... Mas às vezes ele falta dinheiro,
né? Porque não é que nem o assalariado que ganha todo mês o salário. Então isso
dificultou porque a gente não se organizava só na comunidade, precisava sair pra
região ribeirinha, pra outras regiões. A gente dependia de transporte, né? Era difícil,
a gente ‗se rebolava‘ pra poder chegar até lá e as vezes não conseguia chegar
exatamente por causa disso, né?
O que se percebe a partir dos depoimentos é que a Amazônia apresenta algumas
características similares aos processos organizativos em torno dos sindicatos em outras
regiões do Brasil: A igreja e a ditadura se contrapunham em posicionamentos em relação à
luta dos trabalhadores. A organização feminina era reprimida pelas forças coercitivas da
sociedade do campo, mas só foram possíveis através de articulação aos níveis macro e
microrregionais.
Em 1996 é registrada a eleição de Luzia Fátima como a primeira mulher presidente do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém. A partir de 1998 é definida, após a primeira
Plenária Nacional de Mulheres do Movimento Sindical, uma série de pautas do movimento de
mulheres ao Congresso Nacional da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da
Agricultura- CONTAG-, em que se destaca a cota de 30% dos cargos nos sindicatos para
mulheres.
O avanço das mulheres no movimento sindical resultou ainda em um amplo leque de
direitos alcançados através de muitas mobilizações em níveis locais e nacionais. A secretaria
das mulheres do STTR- Santarém é um órgão vinculado ao sindicato que é responsável por
298
reunir representações das associações de mulheres das nove comunidades abrangidas pelo
sindicato. É atribuição desta secretaria atuar na conscientização e mobilização das
trabalhadoras rurais em volta de pautas como violência doméstica, cooperativismo,
associativismo, produção familiar e saúde da mulher. Além disso atua no desenvolvimento de
projetos de produção com as trabalhadoras que visam captar recursos específicos para
mulheres no campo. Todos estes processos de transformações simbólicas e materiais no
campo garantiram à mulher mais dignidade.
CONCLUSÕES: A luta das mulheres trabalhadoras do campo é relativamente nova, mas já
apresenta conquistas históricas de importância significativa para transformações de relações
de poder e gênero no campo. O processo organizativo das sindicalistas no oeste do Pará é
relacionado à um processo nacional que expõe fatores similares como já discutido acima. O
que se apresenta de novo nesta região é uma relativa força das mulheres que elegeram, ainda
antes de o sindicato ser reconhecido como das trabalhadoras, uma mulher como presidente.
As políticas públicas de fomento à produção das trabalhadoras rurais são resultadas deste
longo processo organizativo das mulheres e demonstram hoje, como é dito por Francisca de
Oliveira, que as mulheres do campo estão se empoderando e transformando as relações de
gênero daquele contexto.
BIBLIOGRAFIA
HEREDILDA, B. M. A. Gênero e Acesso a Políticas Públicas no Meio Rural. Revista Nera,
Presidente Prudente-SP, nº 8, ano 9, p. 1-28, 2006.
LIMA, M. S. A. As mulheres no sindicalismo rural. In: CORDEIRO, Rosineide; SCOTT,
Parry (org.) Agricultura Familiar e Gênero: Práticas, Movimentos e Polítcas Públicas.
Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2006. p.101-126.
MOTTA, M. D. B. Mulheres no Sindicalismo Rural: reconfigurando a política. In ANPUH –
XXV Simpósio Nacional de História, 2009. Fortaleza- CE.
TÁBOAS, Isis Dantas Menezes Zornoff. ―Diga-me, Quem Te Deu O Direito Soberano De
Oprimir Meu Sexo?‖: a afirmação histórica dos direitos das mulheres. O Direito Alternativo,
vol.1, n.1, p. 258-280, 2011.
299
O AGIR EDUCATIVO E CUIDATIVO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE SANTARÉM/PA.
Aldine Cecília Lima Coelho
1
Tânia Suely Azevedo Brasileiro2
RESUMO: Este presente estudo tem como objetivos investigar o agir educativo e educativo do agente
comunitário de saúde (ACS) como articulador da equipe de saúde da família com a comunidade quilombolas,
identificar as ações dos agentes comunitários de saúde na comunidade quilombolas e analisar as formas de
mediação entre saberes presentes nas práticas de educação em saúde. Por meio desse estudo acreditamos ser
possível elaborar instrumentos que favoreçam a melhoria da saúde não somente de uma comunidade
quilombolas, mas também das outras comunidades do baixo amazonas. Para atender os objetivos desta pesquisa
em andamento será adotado uma abordagem qualitativa, com aplicação de grupo focal com os agentes
comunitários de saúde, além de um questionário sociodemográfico que serão analisados por meio da análise
temática. Como esse estudo ainda está em andamento não se tem resultados conclusivos sobre a pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE: agente comunitário de saúde; quilombola; educação em saúde.
INTRODUÇÃO: O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é a linha de frente do Sistema
Único de Saúde (SUS) quando se trata de conhecer como está a saúde de uma determinada
população. Através dele se conhece os tipos de enfermidades que a acometem. Segundo Fraga
(2011) para ser um ACS é exigido que ele seja oriundo da comunidade em que vai trabalhar, a
fim de poder contribuir com a equipe de saúde local, devido a facilidade de comunicação e
aceitação em seu meio; trabalhando assim, como integrador dentre: o planejamento, a
realização dos programas de saúde e seus encaminhamentos na comunidade, oferecendo com
maior desenvoltura e credibilidade os serviços disponibilizados pelo SUS. Na qualidade de
conhecedor do ambiente cultural, das condições sociais, seus atores e necessidades locais, os
ACS‘s aproximam-se do usuário que recebem assistência dos serviços de saúde da atenção
básica, com saberes obtidos através dos profissionais de saúde por meio de treinamentos
(saberes científicos) e aqueles oriundos de sua educação sociocomunitário (saberes
populares), eles adquirem e repassam informações prioritárias, criando resultados locais e
regionais que superam os modelos clássicos em saúde até então praticados (CRUZ, 2014).
Deste modo, o ACS torna-se um interlocutor das contradições e dos diálogos entre os saberes
e práticas de saúde, podendo ser visto como facilitador ou entrave nessa mediação. Mediante
o exposto, torna-se essencial conhecer a vivência do agir educativo e cuidativo deste
1 Enfermeira, Mestranda do Programa de Pós Graduação em Sociedade, Meio Ambiente e Qualidade de vida
PPGSAQ-UFOPA. E-mail: [email protected] 2 Pós-doutora em Psicologia (IP/USP). Doutora em Educação (URV/ES). Docente e Pesquisadora no stricto sensu
(mestrados e doutorado) na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Orientadora da pesquisa. E-mail: [email protected]
300
profissional, a fim de trazer à tona informações consideradas relevantes para o aprimoramento
das equipes da Estratégia de Saúde Da Família (ESF) e também o surgimento de novas
possibilidades na elaboração de modelos opcionais ao treinamento corporativo dos ACS‘s,
como da educação em saúde nas comunidades quilombolas. As comunidades rurais negras
afro-brasileiras, denominadas quilombolas ou quilombos contemporâneos, fazem parte de
uma das grandes questões emergenciais da sociedade brasileira. Ao longo do tempo, essas
comunidades vêm opondo-se às influências externas e lutando pela inclusão social por meio
das ações de atenção integral (VIEIRA; MONTEIRO, 2013). Essa população vive em espaços
comunitários étnicos organizados e ocupa há séculos vários Estados brasileiros. No Oeste do
Pará, mais especificamente na região do Médio Amazonas, antes conhecida como Baixo
Amazonas, encontram-se dezenas de comunidades remanescentes de quilombos. Na Região
do Baixo Amazonas as comunidades quilombolas estão localizadas, na sua maioria, no meio
rural, de acordo com o site ―Terra de direitos: organização dos direitos humanos‖ existem 65
comunidades quilombolas e no município de Santarém estão identificadas nove comunidades,
que se localizam em diferentes espaços socioambientais: quatro na área do planalto
(Murumuru, Murumurutuba, Tiningu e Bom Jardim), cinco na área da várzea do Rio
Amazonas (Arapemã, Saracura, São Raimundo do Ituqui, São José do Ituqui, Nova Vista do
Ituqui) (UCHOA et al., 2014). Diante deste contexto está pesquisa em andamento busca
compreender o agir educativo e cuidativo deste agente comunitário de saúde na comunidade
quilombola para entender como funciona a mediação dos saberes científicos e populares entre
eles para a melhora de sua qualidade de vida.
MÉTODO: Este estudo em andamento adotará uma abordagem qualitativa, com aplicação de
grupo focal com os agentes comunitários de saúde, além de um questionário
sociodemográfico que serão analisados por meio da análise temática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O ACS é um elo cultural, que dá mais força ao trabalho
educativo, ao unir dois universos distintos: o do saber cientifico e o do saber popular. Não
existe nenhuma exigência de formação específica para este sujeito ao prestar seleção pública e
ao atuar como agente de saúde ficando sob responsabilidade do gestor municipal, a formação
deste profissional (PRESTES, 2014). Trabalhar o agir educativo e cuidativo dos ACS‘s
inserido numa comunidade quilombola pode ser vista com muita riqueza, devido o mesmo
buscar a melhor adequação do seu serviço de saúde na comunidade, tornando-se um indivíduo
representante da concepção da lógica populacional e de seu entendimento sobre a saúde e da
301
dinâmica social na comunidade quilombola; visto que os quilombolas possuem sua própria
concepção do que é saúde ancorando-se em suas complexas relações com o meio ambiente e
humano, que envolve a sua cultura, a religiosidade e a situação econômica. Segundo Junges et
al. (2011) a cultura interfere diretamente nas ações de saúde e doença, as representações dos
usuários sobre o modo de enfrentar esse processo são essenciais para as práticas de cuidado,
tonando-se assim, importante entender como os profissionais da saúde reagem frente ao
aparecimento de saberes sobre saúde que não são validados pelo conhecimento científico.
Segundo Melo e Silva (2015) ainda são poucos os estudos realizados na região norte e mais
especificamente no Pará sobre o acesso a saúde e as condições das comunidades
remanescentes de quilombos. Grande parte das pesquisas realizadas identificam as condições
precárias em que os quilombolas vivem e a necessidade de ações mais categóricas no que
tange a segurança social deste grupo. As desigualdades étnico-raciais no Brasil impõem uma
fragilização a minorias como as comunidades quilombolas. Influências indiscriminadas em
âmbito político-social, ambiental, educativos, cultural e de saúde provocam iniquidades e
vulnerabilidade para estas populações, além de disparidades e exclusões que são aspectos
profundamente ligados a outro conceito muito mencionado em saúde, o de vulnerabilidade.
Assim, por vulnerabilidade em saúde entende-se a chance de exposição às doenças, produto
das relações dos indivíduos com o coletivo e o meio onde ele vive (SOUZA, 2014). Com a
realização desse estudo será possível compreender como os ACS‘s realizam suas atividades
na comunidade quilombola, além de gerar conhecimento sobre os aspectos da saúde dessa
população, gerando assim informações sobre possíveis fatores que podem afetar e melhorar a
sua saúde dessa comunidade pesquisada.
CONCLUSÃO: Ainda não concluimos uma conclusão devido o estudo estar em andamento.
REFERÊNCIAS:
CRUZ, G. A. Educação sociocomunitária e o agente comunitário de saúde/Dissertação
(Mestrado em Educação) - Americana: Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2014.
FRAGA, O. S. Agente comunitário de saúde: elo entre a comunidade e a equipe da ESF?
Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Atenção Básica em Saúde) -
Governador Valadares, 2011.
JUNGES, J. R.; BARBIANI, R.;SOARES, N. A.;FERNANDES, R. B. P.;LIMA, M. S.
Saberes populares e cientificismo na estratégia saúde da família: complementares ou
excludentes?. Ciência & Saúde Coletiva, 16(11):4327-4335, 2011.
302
MELO, M. F. T.; SILVA, H. P. Doenças crônicas e os determinantes sociais da saúde em
comunidades quilombolas do Pará, Amazônia, Brasil. Revista ABPN- V.7, Nº16, março-
junho 2015, p. 168-189.
PRESTES, J. Educação e Saúde: Cuidado Humanizado e Formação do Agente Comunitário
de Saúde. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de
Medicina, Programa de pós-graduação em Ensino na Saúde, Porto Alegre, 2014.
UCHOA, I. N.; AGUIAR, W. R.; TAKANASHI, S. Y. L.; GALVÃO, E. F. C. O perfil
nutricional de quilombolas de comunidades de áreas de várzea e planalto e sua relação com
hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, no município de Santarém-PA. Revista Em Foco-
Ano XI, Nº 22, p. 14-18, 2014.
SOUZA , C. L.. Oportunidade perdida de diagnóstico oportunista para diabetes mellitus em
comunidades quilombolas de Vitoria da Conquista – Bahia. Tese de Doutorado -Programa
de Pós-graduação em Saúde Pública – Área de concentração - Epidemiologia, Universidade
Federal de Minas Gerais 2014.
VIEIRA, A. B. D.; MONTEIRO, P. S. Comunidade quilombola: análise do problema
persistente do aceso à saúde, sob o enfoque da bioética de intervenção. Revista Saúde em
Debate. Rio de Janeiro, V.37, Nº 99, P610-618, outubro/dezembro 2013.
303
O CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DO CEULS VERSUS AS PROBLEMÁTICAS DA EDUCAÇÃO BASICA
Cristiane Karolinny da Silva Mota¹
Nayara Stefani Soares Rodrigues1
Isabel Alcina Soares Evangelista2
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a importância da adequada formação docente no
atual cenário educacional; e especificamente verificar a adequação do curso de Licenciatura em Pedagogia da
CEULS, no enfrentamento das problemáticas da educação básica brasileira. A relevância deste estudo revela-se
pela necessidade de que os cursos de licenciatura em pedagogia apresentem a estrutura curricular necessária para
a formação de docentes aptos a realidade da educação básica, com o fito de que sejam possíveis mudanças
educacionais e sociais. A metodologia é baseada em pesquisa bibliográfica e documental, que possibilitou a
verificação do cenário da educação básica, e a adequação do curso de Pedagogia da CEULS. Concluiu-se que os
cursos de Pedagogia precisam, na teoria e na prática, compreender a realidade educacional brasileira, para que
seja possível a formação de docentes qualificados, e que preliminarmente, na avaliação dos documentos
levantados, considerando principalmente a matriz curricular do curso de licenciatura de pedagogia e as
atividades de pesquisa e extensão, o estudo aponta a adequação do curso ao enfrentamento de diversos
problemas na educação básica.
PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia. Educação Básica. Ceuls.
INTRODUÇÃO: A Formação acadêmica é de fato um pressuposto para a existência de um
Pedagogo qualificado. Para tanto, existem diretrizes nacionais para essa formação, as quais
estipulam as condições necessárias para que a formação deste profissional seja adequada as
necessidades do sistema educacional pátrio.
Neste diapasão, as instituições de ensino superior, norteadas pelas diretrizes
nacionais para formação em licenciatura de pedagogia, tem a obrigação de planejar uma grade
curricular e oferecer estrutura capaz de atender os requisitos mínimos para a formação do
Pedagogo.
No que tange a formação do Pedagogo, a legislação atinente ao tema, qual seja o
Resolução CNE/CP 1/06, Instituiu Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Graduação em Pedagogia, licenciatura, expõe no art. 2º, §1, que:
Compreende-se a docência como ação educativa e processo pedagógico metódico e
intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais
influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia, desenvolvendo-se na
articulação entre conhecimentos científicos e culturais, valores éticos e estéticos
inerentes a processos de aprendizagem, de socialização e de construção do
conhecimento, no âmbito do diálogo entre diferentes visões de mundo.
1 Acadêmicas do curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário Luterano de Santarém -
CEULS/ULBRA 2 Orientadora profª Ms. Curso de Pedagogia CEULS.
304
No entanto, além de aspectos técnicos, é fundamental ser realizado avaliação do
currículo dos cursos de Licenciatura de Pedagogia e sua adequação aos desafios do atual
cenário educacional, sendo esta a justificativa fundamental da pesquisa.
Assim, o presente projeto objetivou analisar o currículo acadêmico do curso de
Licenciatura de Pedagogia do Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA,
a fim de verificar os aspectos acima levantados.
MÉTODO: O desenvolvimento metodológico do presente projeto ocorreu da seguinte forma:
O método de abordagem foi o dialético, pois, almeja-se de fato compreender a
adequação do curso de pedagogia as problemáticas da educação básica. No que tange a
técnica de pesquisa, foi utilizada a Bibliográfica e a Documental, sendo válido ressaltar que a
pesquisa bibliográfica foi direcionada ao assunto educação básica (as problemáticas), e a
pesquisa documental foi utilizada pelo fato de que esta pesquisa teve por fito ser inédita, não
havendo, portanto, bibliografia a ser consultada no que tange a Licenciatura em Pedagogia na
CEULS, na seara objetivada.
Assim, o presente trabalho se desenvolveu, na primeira etapa, em pesquisa
bibliográfica acerca das problemáticas da educação básica, e em um segundo momento no
levantamento dos documentos legais e institucionais que subsidiam a analise do curso de
licenciatura em pedagogia da instituição supracitada, e em um terceiro momento foi avaliada
a adequação do curso as problemáticas da educação básica. Por fim, a consolidação dos dados
será exposta em artigo científico.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: No levantamento bibliográfico verificou-se que diversos
fatores influenciam a qualidade da educação básica brasileira, como desigualdade social,
desvalorização da carreira docente, ideário da educação meramente como números
(GHIRALDELLI JÚNIOR, 2006, p. 75), situações estas que demonstram um desinteresse
social e político na educação, ou pelo menos na educação básica de qualidade.
Mostrou-se nítido o fato de que a educação básica possui problemáticas de difícil
solução, considerando que fatores externos ao educar parecem fragilizar o sistema
educacional brasileiro. Das problemáticas identificadas merecem destaques as seguintes:
alfabetização e letramento deficientes; dificuldades em matemática, no que tange as operações
básicas; inclusão superficial de pessoas com necessidades especiais; práticas pedagógicas sem
305
embasamento teórico; avaliações inadequadas; ausência de uma efetiva interdisciplinaridade;
alunos indisciplinados e/ou sem interesse na aprendizagem.
Considerando estas problemáticas, a literatura aponta a necessidade da formação dos
pedagogos que sejam profissionais que de fato compreendam a realidade da educação básica
brasileira. Neste entendimento Roitman (2007, p. 121).
[...] desenvolver o espírito crítico e o pensamento lógico, desenvolver a capacidade
de resolução de problemas e a tomada de decisão com base em dados e informações.
Além disso, [a Educação Científica] é fundamental para [...] compreender a
importância da ciência no cotidiano. Ela também representa o primeiro degrau da
formação de recursos humanos para as atividades de pesquisa científica e
tecnológica
Ora, a formação docente, portanto, pautada na educação científica, obviamente sem
estreitar a educação científica as ciências exatas, mas deixando no mesmo patamar as ciências
humanas, que por sua natureza social, possibilitam a ampliação da visão docente, é
notadamente o caminho para uma formação acadêmica adequada.
Ao considerar a diretriz de formação do Pedagogo, as Universidades precisam fazer
da academia um ambiente de conhecimento prático e teórico. Assim, ao analisar a matriz
curricular e as ementa das disciplinas da CEULS/ULBRA, verificou-se o que segue: O curso
possui uma Carga Horária Total de 3296 horas, distribuídas em disciplinas denominadas de
formação de ciclo básico e específico.
Na formação de ciclo básico, notou-se a o direcionamento do acadêmico a
compreensão social geral com as disciplinas de Comunicação e Expressão, Cultura Religiosa,
Sociedade e Contemporaneidade, a ainda de Instrumentalização científica. Importante
mencionar que esse ciclo básico, com duração de 4 semestres ainda incentiva a pesquisa, com
a elaboração de Trabalhos Interdisciplinares que possibilitam o contato do ponto de vista
acadêmico com as problemáticas sociais.
No que tange as disciplinas específicas do curso constatou-se que existe a
preocupação com a formação teórica e prática da pedagogia, havendo direcionamentos a áreas
da formação do pedagogo, quais sejam: Educação infantil, Ensino Fundamental, Gestão
Pedagógica em ambiente escolar e não escolar, Educação Inclusiva, dentre outras.
Quanto projetos de pesquisa e extensão identificou-se o direcionamento a temáticas
voltadas ao desenvolvimento de práticas pedagógicas, que contemplem, por exemplo, o
desenvolvimento do letramento. É válido ressaltar que existem eventos que oportunizam a
apresentação de pesquisas e projetos desenvolvidos, como o Seminário de Trabalhos
306
Interdisciplinares em andamento; o Congresso de Ciência e Tecnologia da Amazônia; e o
Salão de Iniciação Científica.
Assim, a teoria pedagógica estudada nas disciplinas teóricas, a prática alcançada em
estágio obrigatório, o desenvolvimento e publicação de pesquisas e projetos, possibilitam a
formação do profissional indicado nos normativos pátrios, e acima de tudo parece viabilizar a
formação de pedagogos com grandes habilidades e conhecimento em práticas pedagógicas
adequadas a realidade educacional.
Diante das analises em andamento, não se pode olvidar que o CEULS, tem o
norteamento para a formação de um profissional apto a lidar com os problemas presentes no
sistema educacional, considerando que contempla uma formação teórica e pratica voltado ao
desenvolvimento profissional em diversas áreas da pedagogia.
CONCLUSÃO: Diante dos fatos expostos, é nítido que a educação básica precisa de
profissionais docentes aptos a desempenha a função de educadores diferenciados, capazes de
lidar dificuldades que superam a aprendizagem, que envolvam, portanto, questões sociais,
econômicas, religiosas, dentre outros fenômenos, que marcam a sociedade brasileira desde o
seu nascimento.
Logo, as Universidades precisam não apenas ter a sensibilidade identificar os
fenômenos indicados, mas precisa fazer das suas diretrizes curriculares instrumentos que
aproximem os acadêmicos a realidade fática, como a obrigatoriedade de estágios, exposições,
e pesquisas que tragam a Academia a expertise para formar professores com alta perspicácia
acadêmica e social.
Neste sentido, verifica-se que o curso de licenciatura em pedagogia da CEULS parece
ter de fato, a capacidade de formar docentes aptos a atual sistemática da educação básica, pois
possibilita uma formação teórica e prática da atuação na docência, formando profissionais
dinâmicos.
Por fim, espera-se que a formação de professores seja de fato o fundamento de
existência para as universidades que possuem licenciaturas, uma vez que essa dedicação é
capaz de formar valores profissionais a docentes, e que no exercício da profissão possam
enfrentar e solucionar as dificuldades da educação básica.
307
REFERENCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução n.1, 15.5.2006. Diário Oficial da
União, n.92, seção 1, p.11- 12, 16 maio 2006.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. O que é pedagogia . 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
ROITMAN, Isaac. Ciência para os jovens: falar menos e fazer mais. In: WERTHEIN,
Jorge; CUNHA, Célio da. (Orgs.). Educação Científica e Desenvolvimento: O que pensam os
Cientistas. Brasília: UNESCO, Instituto Sangari, 2005.
308
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Elvira Cleisiane de Sousa Oliveira1
Josane Silva da Gama¹
Paula Cristina Galdino Guimarães²
RESUMO: A presente pesquisa tem por finalidade enfatizar a importância da inserção do lúdico na Educação
Infantil, como meio de contribuição para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças, buscando
proporcionar um maior entendimento do universo lúdico e sua relevância no ensino-aprendizagem. Diante disso,
surge essa pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, com o intuito de colaborar para que haja ampliação
na compreensão e interesse sobre o tema em questão. Os resultados desta pesquisa apontam que o lúdico na
prática de ensino não deixará de lado a importância dos conteúdos já trabalhados e sim promoverá um melhor
desenvolvimento de ensino-aprendizagem, colaborando para que a criança tenha melhor percepção dos
fenômenos que ocorrem no meio em que ela vive. A ludicidade como prática pedagógica contribui
significativamente no desenvolvimento integral da criança, promovendo assim, a criatividade, a autoconfiança, o
respeito, a interação com o meio em que ela vive, e muitos outros benefícios.
PALAVRAS-CHAVES: lúdico; educação infantil; aprendizagem.
INTRODUÇÃO: O brincar é uma prática muito comum e motivadora no cotidiano das
crianças, pela qual reproduzem o que pensam e entendem, expressando sua visão de mundo,
possibilitando a facilitação de estabelecimento entre o jogo e a aprendizagem. As brincadeiras
fazem parte do dia a dia das crianças, por meio delas as mesmas podem satisfazer, na maioria
das vezes, seus interesses e desejos.
O professor, como fonte mediadora de conhecimento, necessita compreender a
importância que a ludicidade tem na construção do saber, nos aspectos: físico, afetivo,
intelectual e social, para poder propiciar sua valorização na formação do sujeito como um ser
transformador.
Diante disso, a problematização gira em torno de promover divulgação para uma maior
aceitação, convencimento e compreensão da proposta lúdica como uma das responsáveis de
uma educação significativa e, ao ganhar relevância e espaço, jogos, brincadeira e brinquedos,
poderão ser incorporados pelo educador adequadamente, o que enfatiza o valor desse
profissional como ser mediador do ensino.
Assim, o objetivo primordial desse trabalho é enfatizar a importância que as atividades
lúdicas têm na educação infantil como meio de construção de conhecimento e
desenvolvimento da criança. Almeja-se que a reflexão da importância de se trabalhar a
1 Acadêmicos(as) do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA.
² Professora do Curso de Pedagogia, Orientadora do estudo no Trabalho Interdisciplinar de Iniciação à Docência –TIIC.
309
ludicidade no processo pedagógico motive o ensino das crianças através da inserção de jogos
e brincadeiras, fortalecendo a aprendizagem das mesmas de forma interativa.
MÉTODO: O método utilizado para fortalecer esse estudo foi pesquisa de cunho
bibliográfico que, de acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 60), procura explicar um
problema a partir de referencias teóricos publicado em artigos, livros, dissertações e teses. A
pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental no levantamento das informações. Nesta
pesquisa, usamos como foco a importância do lúdico na educação infantil. A coleta de dados
conta com a análise e fundamentação de obras bibliográficas, como livros e arquivos diversos
de internet, embasando-se em leituras selecionadas, permitindo através de reflexões colher
informações úteis para a construção do trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO : A educação lúdica sempre esteve presente em todas as
épocas, sendo de grande importância para a promoção do desenvolvimento do ser humano e
faz parte da vida de qualquer criança. Rau (2012, p. 32) destaca que a ludicidade se define
pelas ações do brincar que são organizadas em três instâncias: o jogo, o brinquedo e as
brincadeiras. Ensinar por meio do lúdico é acreditar que a brincadeira faz parte da vida de
qualquer indivíduo.
Como o brincar é uma ação comum e espontânea na vida das crianças, percebe-se que a
inserção de jogos e brincadeiras de forma pedagógica desperta na mesma o respeito, a
interação e cooperação, criando no meio escolar um espaço de convivência social e de
descoberta de diversas habilidades, contribuindo para uma aprendizagem satisfatória. Ao dar à
criança oportunidade de associar as atividades lúdicas ao que se quer que ela realmente
aprenda e entenda, consequentemente, haverá um enriquecimento na sua formação, pois o
lúdico com fins pedagógicos se torna ferramenta relevante para gerar uma maior evolução no
desenvolvimento infantil, podendo ser trabalhado em sala de aula como técnica de
aprimoramento para uma educação de qualidade.
A inclusão da prática do brincar na educação infantil contribuirá para que a criança
passe a ter uma maior compreensão, capacidade e habilidade em perceber, criar e desenvolver
respeito e confiança no outro. Além de colaborar para que se tornem construtores de seu
próprio conhecimento e autonomia. Porém, deve-se considerar a mediação de alguém
experiente, que proponha uma prática prazerosa para despertar o interesse da criança.
310
A criança pode ir além do que se acredita ser sua realidade, porque através do brincar
pode-se perceber como elas enxergam o mundo e suas prováveis expectativas de mudança.
Isso ocorre porque, quando brinca, manifesta fatos imaginários e até mesmo vivenciados no
ambiente ao qual está inserida, passando a se conhecer melhor e construindo sua
individualidade. Segundo os atores Marinho, Junior, Filho e Finck (2012, p. 84), a ludicidade
deve ser um dos principais fatores que contribuem no processo de ensino-aprendizagem, pois
a mesma possibilitará a organização de diferentes conhecimentos, através de práticas que
englobará desafios aos alunos. Isso motivará a criança em querer aprender, pois será algo que
lhe dará prazer, sendo que o processo de aprendizagem será feito por meio de desafios
constantes.
Por meios das atividades lúdicas, a criança se expressa espontaneamente, uma vez que a
mesma passa a explorar o ambiente e os materiais utilizados, pondo em prática sua
imaginação. A brincadeira é um ótimo recurso facilitador da aprendizagem e não deve ser
vista apenas como uma distração para o aluno, já que auxilia no seu desenvolvimento
intelectual, mental e físico, fazendo com que eles aprendam a vivenciar a realidade de fato.
Para que essa prática pedagógica seja de fato complementar no aprendizado da criança,
ressalta-se a participação ativa do educador, pois é ele que vai direcioná-la, facilitando a
promoção da habilidade de aprender e pensar do educando. Rau (2012 apud Duprat 2014, p.
6) destaca que o uso do lúdico como uma prática pedagógica não pode ser uma atividade
pronta e acabada que é retirada de um livro, ela requer uma ação pedagógica por parte do
educador, tendo um envolvimento com o conteúdo que será aplicado. O professor deve está
atento à organização do espaço, na escolha do material para as atividades e principalmente
nos interesses e necessidades dos alunos.
O professor é a peça fundamental no processo de aprendizagem, o qual deve propor
regras que permitam aos alunos criarem os limites a fim de motivá-los frente à agilidade,
individualidade, iniciativa e autonomia. Ele deve comprometer-se na modificação e
transformação do conhecimento por meio da interação com os alunos, criar espaços,
disponibilizar materiais e participar das brincadeiras, sendo mediador da construção do
conhecimento. Moyles (2002, p.43) destaca que:
O papel do professor é o de garantir que, no contexto escolar, a aprendizagem seja
contínua e desenvolvimentista em si mesma, e inclua fatores além dos puramente
intelectuais. O emocional, o social, o físico, o estético, o ético e o moral se
combinam com o intelectual para incorpora um conceito abrangente de
―aprendizagem‖. Cada fator é interdependente e inter-relacionado para produzir uma
311
pessoa racional, com pensamento divergente e capacidade de resolver problemas e
questionar em uma variedade infinita de situações e desempenhos. O nível desta
operação, é claro, depende dos relacionamentos idade/estágio de desenvolvimento e
de experiência.
Apesar da importância que as atividades lúdicas têm na construção do conhecimento,
muitos educadores precisam desenvolver a capacidade de reconhecer o valor do lúdico na
formação do sujeito. Mas, para aplicação dessa ação, esses profissionais devem planejar e
organizar suas atividades, não deixando de levar em conta o espaço a ser trabalhado. Deve dar
tempo para que as atividades sejam assimiladas, oportunizar a participação de todos,
observando o limite de cada um, participar caso a atividade executada exija.
A utilização do lúdico se torna necessária para a compreensão do funcionamento dos
processos cognitivos, a forma como a criança aprende, permitindo que a mesma se expresse
de maneira livre, espontânea e agradável. Além de facilitar a criação do vínculo entre o
professor e a criança e das crianças entre si, essa relação interpessoal faz com que haja uma
diminuição a possíveis resistências com relação à atividade.
Através das atividades lúdicas a criança pode desenvolver a autoestima, confiança em
si, cooperação e a criatividade, pois mostra o seu mundo interior e passa a aprender fazendo,
experimentando e aprimorando suas habilidades. O brincar também proporciona a criança
momentos de afetividade e ligação entre ela e o aprender, tornando a aprendizagem formal
mais prazerosa, unindo a satisfação ao interesse do aluno.
A partir do momento em que o lúdico passa a ser aceito e valorizado nas escolas, as
mesmas estarão auxiliando na formação de um bom conceito de mundo, onde se estimula a
criatividade e se respeita o direito dos indivíduos, prescrevendo um clima harmonioso e
aceitando o novo. A inserção de brincadeiras, jogos, atividades interativas na educação
infantil é algo que favorece o caminho da criança na escola e na sociedade. Por isso que o
lúdico é de estrema importância para o desenvolvimento dos alunos, por ser uma necessidade
da criança que utiliza das brincadeiras para vivenciar situações.
CONCLUSÃO: No decorrer desta pesquisa, procurou-se evidenciar e refletir sobre a
importância de se trabalhar com atividades lúdicas na educação infantil, sendo um caminho
positivo na apresentação de conteúdos, compreendendo sua significação. Foi evidenciado
também o papel que a ludicidade tem no desenvolvimento da criança.
312
Quando o ensino dos conteúdos é promovido de forma dinâmica, obviamente, o
educando se sentirá mais atraído em querer aprender e explorar intensamente aquilo que está
sendo proposto. Será algo natural, onde ele não se sentirá obrigado a fazer a atividade
proposta pelo professor, já que a mesma será algo de seu interesse e que lhe dará prazer.
Assim o mesmo terá uma aprendizagem mais significativa. Além de contribuir para a
formação de indivíduos autônomos e construtores de conhecimento.
Se a importância do lúdico for compreendida de maneira clara e aplicada
adequadamente, essa prática poderá contribuir grandemente na melhoria da educação, seja na
formação crítica dos indivíduos ou construção de valores. Para que isso ocorra é necessário
que o professor, que é a peça fundamental na educação, promova ações facilitadoras de
aprendizagens que a ludicidade possui. É importante que o educador compreenda a
importância de se trabalhar com o lúdico em suas práticas pedagógicas.
REFERÊNCIAS
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia
Científica. Ed. 6. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
DUPRAT, Maria Carolina. Ludicidade na educação infantil. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2014.
MARINHO, Hermínia Regina Bugeste; JUNIOR, Moacir Ávila de Matos; FILHO, Nei
Alberto Salles; FINCK, Silvia Christina Madrid. Pedagogia do movimento: Universo lúdico
e psicomotricidade. Curitiba: Intersaberes, 2012.
MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na Educação infantil. Porto Alegre:
Artmed Editora, 2002.
RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A Ludicidade na educação: uma atitude pedagógica.
Curitiba:InterSaberes, 2012.
313
O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS
Ingrid Sabrina Monteiro Pinheiro1
Thaís Rocha Rêgo¹
Paula Cristina Galdino Guimarães2
RESUMO: A pesquisa objetivou investigar o papel da literatura na formação do leitor nos anos iniciais, período
que é fundamental no processo de aprendizagem da criança, nele a criança constrói sua identidade, seus valores e
conhecimentos. Para obter informações sobre o tema, utilizou-se a pesquisa de cunho bibliográfico que nos
possibilitou coletar informações para fundamentar o estudo. Verificou-se que a literatura infantil contribui para o
desenvolvimento da leitura, além de despertar no aluno a imaginação, a criatividade e o conhecimento
linguístico, desenvolvendo a reflexão, a criticidade, a autonomia e sua leitura de mundo. Concluiu-se que, longe
de ser entretenimento, a literatura contribui para formação do aluno/leitor, possibilitando-lhe dominar
sentimentos e conhecimentos provenientes das historias literárias e compreendendo o papel da literatura
enquanto arte e prática de aprendizagem para a formação de leitores competentes.
PALAVRAS-CHAVES: literatura infantil; leitura; criança.
INTRODUÇÃO: A literatura infantil tem papel fundamental na educação, especialmente na
formação do indivíduo leitor. Usar a literatura para estimular o desenvolvimento da leitura
produz na criança mudanças em seu comportamento e aprendizagem, tornando-a mais
criativa, dinâmica, afetiva e dominadora de novos conhecimentos.
A literatura infantil está inserida no ambiente escolar, mas às vezes é usada de forma
equivocada, como algo útil apenas para manter a criança comportada e entretida nas horas
vagas. Formar um leitor competente na sociedade é importantíssimo e a leitura literária
contribui para que o indivíduo construa-se como um ser crítico, reflexivo e que interaja com o
ambiente em que está inserido. Por isso, sentiu-se a necessidade de investigar o papel da
literatura na formação do leitor nos anos iniciais, pois é nesse período que a criança adquire
conhecimentos de conceitos sociais e culturais, e é fundamental compreender a função da
literatura como agente do desenvolvimento da aprendizagem e não apenas como recurso
pedagógico para a alfabetização nos anos iniciais.
MÉTODO: Este estudo está embasado na pesquisa de cunho bibliográfico que é uma fase de
grande importância no levantamento de informações que compõem as ideias deste estudo, Gil
(2006, p.65): ―A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos, [...] reside no fato de permitir ao
1 Acadêmicas do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA.
2 Professora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Luterano de Santarém e orientadora do estudo no
Trabalho Interdisciplinar de Iniciação Científica - TIIC.
314
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar diretamente‖.
Autores como Teresa Colomer (Andar entre livros: a leitura literária na escola), Nelly
Novaes (Literatura Infantil: teoria análise, didática.), Regina Zilberman (A literatura infantil
na escola), Fanny Abramovich (Literatura Infantil: gostosuras e bobices) entre outros,
contribuíram essencialmente para a fundamentação teórica deste processo de pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A literatura infantil apresenta o fantástico, o mágico às
crianças levando-as a interagirem com a história, mas não é só isso, a literatura infantil tem
uma função maior: ―a literatura preencherá uma função de conhecimento‖ (Zilberman, 2003,
p.46). A literatura desenvolve os conhecimentos linguísticos da criança, além de apresentar-
lhes a realidade de uma forma que a criança perceba, conforme Zilberman (2003, p.25): ―Ela
sintetiza, por meio dos recursos da ficção, uma realidade, que tem amplos pontos de contato
com que o leitor vive cotidianamente‖. Enfim, a literatura deve ser usada para despertar o
interesse dos leitores. Dentro da sala de aula, o professor deve sempre inovar ao apresentar as
histórias, fazendo com que as crianças, além de gostarem do que leem, tenham alguma
aprendizagem.
O desenvolvimento da leitura nos anos iniciais traz ao professor a necessidade de
escolher textos literários que se adequem a faixa etária e que tragam ao aluno conhecimentos
que contribuam para sua formação enquanto indivíduo, explorar as imagens, as cores, a
linguagem e até mesmo os personagens contribui para que este processo tenha mais êxito.
A leitura é um mecanismo que liga o indivíduo com o mundo e a intervenção da escola
nessa pratica se faz necessária, pois a escola proporciona ao aluno maior acesso aos livros
através da biblioteca que é um espaço importante que possibilita maior aprendizagem
Colomer (2007, p.117) afirma que ―é imprescindível dar aos meninos e meninas a
possiblidade de viver, por algum tempo, em um ambiente povoado de livros‖. Ao mesmo
tempo em que literatura revela o poder da arte ela também mostra ao aluno o poder das
palavras formando as histórias, se mostrando como método incondicional na formação de
leitores com maior domínio linguístico.
Para que o processo de formação dos leitores através da literatura nos anos iniciais
corresponda de forma positiva, não é apenas necessário o aluno ter acesso às obras, mas sim
existir práticas, estratégias ou projetos elaborados pela escola ou pelo professor que
proporcione ao aluno maior aprendizagem, oralidade e compreensão sobre si e o ambiente ao
qual está inserido. Como diz Abramovich (1997, p.148), ―... simplesmente colocar a leitura do
315
livro infantil brasileiro no currículo escolar não quer dizer nada... Pode-se até estar formando
pessoas com ojeriza permanente pela leitura...‖. Além de se ter planejamentos para o uso da
literatura na sala de aula, também é importante que o professor esteja empenhado em
desenvolver positivamente atividades de leitura, motivando o aluno a se inserir no universo
literário.
CONCLUSÃO: Conclui-se que a literatura infantil contribui para desenvolvimento da
leitura, assim como estimula a imaginação, a criatividade e ao mesmo tempo ensina, visto que
se não tiver aprendizagem, mesmo que seja só o conhecimento linguístico, é mero
entretenimento. A literatura infantil se for bem utilizada pela escola irá despertar o interesse
da criança pela leitura, e uma vez que a leitura vem sendo trabalhada desde a infância, há mais
probabilidades da mesma torna-se um adulto leitor. Deve se ter alguns cuidados para não
utilizar a literatura de forma equivocada como uma forma de manter a criança quieta, mas sim
explorar o que poderá ser trabalhado com ela e a partir dela. Por isso, é fundamental ressaltar
que a literatura infantil vai além de ser entretenimento, ela serve como agente de formação
aprimora e influência a leitura, estimula nas crianças o prazer de ler, além de propiciar à
criança a oportunidade de experimentar sentimentos como saudade, a raiva, a solidão tudo
isso através das historias.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. – São Paulo: Scipione,
1997.
COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. [tradução Laura
Sandroni]. São Paulo: Global, 2007.
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. ed. São Paulo: Global, 2003.
316
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO LEITOR SOB INFLUÊNCIA DA LITERATURA INFANTIL
Camila Gonçalves Lima da Silva1
Lizi Kiara Vasconcelos dos Reis2
Paula Cristina Galdino de Oliveira3
RESUMO: Formar leitores é um dos maiores objetivos da escola, no entanto não tem sido alcançado como
mostram pesquisas nacionais sobre o percentual de leitores no país. Assim, este trabalho objetivou refletir sobre
a contribuição da literatura infantil na formação do leitor nos anos iniciais do ensino fundamental. Tratou-se,
portanto, de um estudo bibliográfico com estudos aprofundados em referencial literário existente. Os resultados
mostram que a literatura é um dos melhores caminhos de inserção da criança no mundo da leitura emancipadora,
satisfazendo as necessidades humanas imediatas e transcendentes. Assim, é considerada uma ferramenta
essencial na formação de leitores.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura infantil. Ensino fundamental. Formação do leitor.
INTRODUÇÃO: Este estudo parte de resultados das reflexões de uma pesquisa, em
andamento, por meio do qual problematizamos a utilização da literatura infantil na formação
de leitores, utilizada como tema e instrumento primordial neste problema.
A literatura infantil proporciona diversas experiências e desenvolvimento linguístico e
cognitivo para as crianças, permitindo a elas o acesso à leitura e à escrita. Porém, a realidade
em que se deparam as escolas, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental,
preocupa professores, gestores, pais e a sociedade em geral por não corresponderem aos seus
anseios devido ao baixo índice de interesse pela leitura. Com a necessidade de leitores
proficientes, evidenciou-se uma maior preocupação com relação a esses índices, e nos fez
repensar em estratégias de leitura, na atuação do professor em despertar nos alunos o gosto
pela leitura com vistas na formação de crianças leitoras e de que maneira a literatura infantil
poderá estar contribuindo nessa construção.
As crianças têm lido muito pouco nos dias atuais e isso acaba prejudicando a
aprendizagem, pois quem lê menos tem mais dificuldade de aprender, raciocinar e memorizar
as coisas do que os demais, por isso escolhemos esse tema, para mostrar como as estatísticas
atuais são extremamente agravantes, pois a maioria dos jovens e crianças de nosso país perdeu
totalmente a noção da real importância e magia da leitura. Além disso, há também a grande
preocupação devido às dificuldades de escrita e de aprendizagem, o que acarreta ainda mais
essas dificuldades e as torna bastantes dificultosas em especial para o professor e poderá mais
na frente ocasionar o fracasso escolar.
1 Acadêmica do curso de Pedagogia do Ceuls/ Ulbra – 3˚ Semestre
2 Acadêmica do curso de Pedagogia do Ceuls/Ulbra – 3˚ Semestre
3 Professora – Orientadora do Ceuls/Ulbra
317
Conforme índices do IDEB, o baixo desempenho de crianças na questão da leitura
(língua portuguesa) é alarmante, tornado esses indivíduos em jovens e adultos sem o mínimo
interesse pelo mundo literário, com uma escrita e verbalização do idioma que deixa muito a
desejar. O papel do professor é de estimular seus alunos desde os anos iniciais, pois
futuramente nota-se uma grande diferença entre uma criança que se envolve no mundo da
leitura bem cedo do que uma que faz isso tardiamente. Mas como o professor então, pode
fazer para que seus alunos despertem o gosto pela leitura? E como valer-se da literatura
infantil nesses casos? Logo, traçamos como objetivo principal compreender a influência da
literatura infantil na formação de leitores autônomos, através do estímulo à sensibilidade,
criatividade e criticidade. Os objetivos específicos são: analisar a contribuição da literatura
infantil para a formação de leitores e estimular o uso da literatura infantil como elemento
essencial para a formação do leitor nas séries iniciais, visto que, ela norteia esse processo de
formação.
MÉTODO: Foi realizada uma pesquisa de cunho bibliográfico, na qual as respostas se
encontram nos autores: (BRITTO, 2015; JOLIBERT, 1994; ZILBERMAN, 2003; SOARES,
2001); como nosso instrumento de coleta de dados, para sistematizarmos as ideias dos autores
sobre o assunto e assim darmos embasamento aprofundado em nossa pesquisa. Vale destacar
que a literatura infantil compreende diversos autores, tais como: Charles Perrault, Fenélon, Os
Irmãos Grimm e Hans Cristian Andersen e no Brasil, destacam-se: Monteiro Lobato, Ziraldo
e Ruth Rocha. Esses autores buscavam trazer em suas obras um novo modelo de literatura
para o público infantil, permitindo a ela ser facilitadora no processo de formação de novos
leitores, dando vida aos seus gêneros, com enfoque na construção do hábito da leitura em
meninos e meninas.
Utilizar a literatura em sala de aula abre para o professor um amplo ―leque‖ de opções,
é possível trabalhar das mais variadas maneiras, diversificar e unir essas opções com as
práticas pedagógicas de cada professor fará com que se evidencie na escolarização do aluno
transformações futuramente, que lhe possibilitarão autonomia. Nesse cenário, professores e
coordenadores pedagógicos devem atuar em sintonia, assegurando que o trabalho com a
literatura infantil aconteça de forma dinâmica, por meio de práticas docentes geradoras de
estímulos e capazes de influenciar de maneira significativa o desenvolvimento de habilidades
orais, leitoras e escritoras. É a partir dessa relação entre leitura e necessidade que surge a
importância de se criar condições para que as crianças manifestem o desejo e a necessidade de
318
ler, mostrando a elas a relevância da leitura e suas várias funções. Ressaltando aqui, que a
adequada escolarização da literatura é aquela que conduz às práticas de leitura que ocorrem
no contexto social (SOARES, 2001) e, por isso, as atividades de leitura literária devem ser
planejadas de maneira a contemplar tal afirmativa. Assim, cabe ao professor, proporcionar à
criança atividades que envolvam livros literários, de modo que seja instrumento para a
formação do leitor autônomo e não um pretexto apenas para o ensino gramatical, dando de
fato a literatura infantil seu caráter formador.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: A intenção em formar leitores de qualidade para a
sociedade é responsabilidade maior do professor, e há muitas formas de compreender a
expressão ―ser leitor‖, dependendo da perspectiva que se oferece à pergunta, mas uma
definição primeira, da qual não se pode escapar, é a de que leitor seria aquele que sabe ler e
que lê com certa frequência para estudar, para informar-se, para conhecer, experimentar vida,
e fazer coisas. (BRITTO, 2015). O professor deve ater-se às práticas de leitura, trabalhando
em cima das necessidades maiores desse problema, já que ele ainda é um dos causadores do
fracasso escolar. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, o fracasso escolar está
associado diretamente com a leitura e a escrita, pois a maioria dos educandos não tem o hábito
da leitura e a opção por este tema se deu diante da necessidade de conhecer e aprofundar na
problemática da falta de incentivo para a formação de novos leitores nas séries iniciais.
O incentivo à leitura inicia-se desde a infância, quando ainda seus hábitos estão
começando a se formar. Ao contrário do que muitos pensam, não compete apenas à escola
incentivar o hábito pela leitura, é responsabilidade de todos que estão ligados diretamente
com a educação, principalmente a família. A escola, através de projetos que envolvam a união
dos pais, da comunidade, e empresas que tenham interesse em investir na educação, podem
juntos seduzir o leitor.
Para que o aluno possa chegar a uma compreensão e ao aprendizado ou até mesmo a
condição de se ler por prazer, o caminho que se deve traçar é a aplicação de estratégias
pedagógicas que tem o papel de facilitar a leitura de qualquer texto, contribuindo para a
formação de leitores autônomos. Dentre as muitas estratégias de leitura podemos citar: a
mediação de leitura, contação de histórias, o uso da música para se trabalhar textos, cantinho
da leitura, recitação de poesias etc... O professor deve ter em mente todas elas, assumindo
papel transformador dentro de sala. Muitos professores, por se sentirem despreparados para
abordar o texto literário em sala de aula, não ofertam a seus alunos a literatura infantil e,
assim, deixam de lado a necessidade de se estabelecer um diálogo entre literatura e prática
319
pedagógica. Essa é uma prática equivocada, pois ―o fato de a literatura infantil não ser
subsidiária da escola e do ensino não quer dizer que, como medida de precaução, ela deve ser
afastada da sala de aula‖. (ZILBERMAN, 1987). Isso significa dizer que o professor em
hipótese alguma deve deixar de lado a literatura infantil, pelo contrário, deve utilizá-la
constantemente, associada às praticas pedagógicas que lhe convêm. E levar em consideração
sua grandiosa importância no contexto escolar, que compreende em ser grande aliada nesse
processo de formação de leitores, pois auxilia no desenvolvimento cognitivo e afetivo da
criança.
CONCLUSÕES: Através deste trabalho, foi possível descobrir a importância da literatura
infantil no contexto escolar, alguns autores que a representam e a visão de alguns outros
autores a respeito de como utilizá-la. Ainda foi possível, verificar qual o real papel do
professor tratando-se dessa questão e como ele pode aliar à literatura as práticas pedagógicas
com vista principalmente a formação do leitor autônomo. Evidenciou-se como utilizar
corretamente o uso da literatura infantil em sala de aula, possibilitando o hábito pela leitura e
sua implantação nos anos iniciais, pois é onde a criança amplia sua capacidade de
compreensão do mundo ao seu redor. É pertinente ressaltar que esse processo de acesso à
literatura requer do docente uma grande gama de conhecimentos. Tudo isso e a melhor
maneira de despertar crianças leitoras cabem ao professor juntamente com o auxílio dos pais,
trabalhar para atrair suas crianças para o mundo da literatura em todas as suas categorias e
dessa forma fazer com que nossas crianças deleitem-se no prazer de ler e tornarem-se leitores
mais eficientes.
REFERÊNCIAS
BRITTO, Luiz Percival Leme. No lugar da leitura: Biblioteca e formação. Rio de Janeiro:
Edições Brasil Literário, 2015.
JOLIBERT, J. Formando Crianças Leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
PARÂMETROS curriculares nacionais: língua portuguesa/Ministério da educação, Secretaria
de Educação Fundamental. – 3. Ed. – Brasília: A Secretaria, 2001.
SOARES, M. A escolarização da literatura infantil e juvenil. 2ª ed., 3ª reimp. Belo
Horizonte: Autêntica, 2011.
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1987.
320
O PROEMI E AS EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS COMO POLÍTICA INDUTORA DA EDUCAÇÃO INTEGRAL EM BELTERRA/PA
Rosane Rodrigues. HISTEDBR-UFOPA 1
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares. HISTEDBR- UFOPA 2
RESUMO: A presente pesquisa encontra-se em andamento, e tem por objetivos identificar e analisar as
experiências pedagógicas da escola estadual de Belterra/PA como política indutora da Educação Integral, tem
como objeto de estudo o Programa Ensino Médio Inovador (Proemi). O estudo é realizado por meio da pesquisa
de campo em uma escola da rede pública estadual da cidade de Belterra que aderiu ao Proemi em 2013. O
desenvolvimento do trabalho ocorre nas seguintes etapas: visita à escola para que sejam observados os registros
das atividades realizadas a partir da implementação do Proemi, e por conseguinte, obtenção dos dados e
documentos necessários a pesquisa; levantamento, seleção e digitalização de informações (fontes documentais e
outras) que possibilitem reconstruir as experiências pedagógicas voltadas para as políticas de educação integral;
e análise das informações obtidas para se chegar a um resultado a respeito dos questionamentos acerca da
temática em estudo.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Integral; Políticas Educacionais; Programa Ensino Médio Inovador.
INTRODUÇÃO : A Educação Integral como uma política de ação estratégica visa garantir o
desenvolvimento integral das crianças e dos adolescentes, nesse sentido, tem recebido
destaque no âmbito escolar.
A temática de educação integral possui respaldo legal no atual Plano Nacional de
Educação (2014-2024), aprovado em 25 de junho de 2014, lei nº 13.005 onde propõe que
50% das instituições públicas de Educação Básica ampliem sua jornada até 2020.
Outro importante instrumento legal criado para o fortalecimento da política de
educação integral para os estados e municípios foi o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(FUNDEB), aprovado pelo Congresso Nacional, através da Emenda Constitucional nº 53, de
19/12/2006.
E, em especial para a rede estadual de ensino, voltada para o ensino médio, foi criado
o Programa Ensino Médio Inovador, instituído pela Portaria nº 971, de 09 de outubro de 2009,
que integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em 2007.
Para desenvolver as atividades do programa, as escolas recebem apoio técnico e
financeiro do Ministério da Educação (MEC), por intermédio do Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE), a partir da aprovação da Resolução/CD/FNDE nº 31, de 22 de julho de 2013,
1 Acadêmica do curso de Pedagogia cursando o 5° semestre na Universidade Federal do Oeste do Pará –
UFOPA. Integrante do grupo de estudos HISTEDBR/UFOPA. 2 Pós-doutora em Educação. Docente na Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA. Coordenadora
Adjunta do Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil: HISTEDBR/UFOPA.
321
referente à destinação de recursos financeiros, nos moldes operacionais e regulamentares do
PDDE. Desse modo, o MEC busca dar suporte às escolas públicas dos Estados e Distrito
Federal que aderirem ao Proemi. Estes programas e fundos constituem um importante avanço
na efetivação de uma política de educação básica em tempo integral.
No cenário atual, no que tange a rede municipal de ensino, o Programa Mais
Educação tem sido o principal programa indutor da política de educação integral. O objetivo
do Programa consiste em desenvolver as potencialidades dos alunos, oferecendo-lhes
condições de construir diferentes saberes que vão além do currículo escolar, promovendo um
diálogo entre saberes escolares e comunitários, que possam contribuir para a formação
integral do aluno, oferecendo-lhe conhecimentos necessários para a formação acadêmica e
profissional, atendendo às expectativas dos estudantes e às demandas da sociedade
contemporânea.
No que diz respeito à rede estadual, no Ensino Médio, a ideia de redesenho curricular
propõe atividades integradoras, unindo as dimensões do trabalho, da ciência, da cultura e da
tecnologia, em concordância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(Resolução CEB/CNE n. 2, de 30 de janeiro de 2012).
Desse modo, concebe-se que se faz necessário compreender as políticas públicas de
ampliação do tempo escolar na perspectiva da educação integral em Belterra, focalizando a
escola da rede pública estadual, especificamente as experiências pedagógicas indutoras de
políticas de educação integral, a partir do desenvolvimento do Programa Ensino Médio
Inovador (Proemi).
Partindo desses pressupostos, o presente trabalho tem por objetivos: caracterizar a
escola estadual em Belterra/PA que aderiu ao Proemi; registrar e analisar as experiências
pedagógicas voltadas para a educação integral nessa escola a partir da implementação do
Proemi.
MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa de campo desenvolvida em uma escola Estadual da
cidade de Belterra/PA, com o intuito de analisar as experiências pedagógicas desenvolvidas a
partir do Proemi. O critério de escolha de uma escola da rede estadual justifica-se, pois, pelo
fato de no município existir somente uma escola, na zona urbana, pertencente à rede estadual
de ensino, de acordo com dados pesquisados da 5ª Unidade Regional de Ensino. A partir de
informações do Senso 2015, verifica-se que existem 991 alunos matriculados nessa escola.
A pesquisa desenvolve-se de acordo com etapas, que transcorrem de forma integrada,
conforme a descrição a seguir: pesquisa na escola para observação das atividades realizadas
322
pelo Proemi; levantamento, seleção e digitalização de informações (fontes documentais e
outras) que permitam reconstituir o histórico da política de educação integral implementadas
pelo Proemi ao longo do período delimitado para o estudo; análise das informações obtidas,
produção de banco de dados e elaboração do relatório.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conforme demonstrado anteriormente, esta pesquisa
encontra-se em andamento, especificamente no levantamento, seleção e digitalização de
informações (fontes documentais e outras) que permitam reconstituir o histórico da política de
educação integral implementada pelo Proemi ao longo do período delimitado para o estudo.
Espera-se com esta pesquisa contribuir para o registro de atividades voltadas para a
educação integral. Têm-se desse modo, a pretensão de constituir o registro e análises das
experiências pedagógicas voltadas para a educação integral a partir das observações do
Proemi, e evidenciar a temática para a comunidade acadêmica e escolar da rede estadual do
Município de Belterra/PA.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Sabendo que a pesquisa está em andamento é notável sua
relevância mediando os novos debates sobre a educação integral, especificamente no
município de Belterra, que aderiu ao Proemi.
Constatamos que o ensino no âmbito da educação pública brasileira passou por
alterações significativas ao longo de nossa história, em especial, após a aprovação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996). Nesse contexto, compreende-se que
conhecer as ações desenvolvidas em prol da educação de tempo integral é uma condição para
pensar em melhorias na qualidade da educação.
REFERÊNCIAS
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria
e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994. 332 p.
BRASIL, Ministério da Educação. Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em
09/03/2014.
BRASIL. Plano Nacional de Educação 2014-2024. Brasília: Câmara dos Deputados,
Edições Câmara, 2014.
323
CAVALIERE, A. M. Educação Integral: uma nova identidade para a escola brasileira.
Educação e Sociedade, Campinas, v.23, n.81, p.247-270, dez. 2002.
COELHO, L. M. C. da C. História(s) da educação integral. 27ª. Reunião Anual da ANPEd
(Caxambu, Minas Gerais, 2004). Disponível em http://emaberto. inep.gov.br/index.
php/emaberto/article/view/1472/1221. Acesso em 03/05/2014.
GUIMARÃES, P. LDB: proposta apresentada pelo MEC. In: BRASIL. Ministério da
Educação. Secretaria Nacional de Educação Básica. Politecnia no ensino médio.
IBGE. Censo 2000/2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/censo2010/resultados_preliminares/preliminar_tab_zip.shtm>. Acesso
em 21/07/2011.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica- 5 ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
MOLL, J. (Org.). Educação integral: texto referência para o debate nacional. Brasília: Mec,
Secad, 2009: Vozes, 2009. 52 p. (Mais Educação).
MOLL, J. et. al. Caminhos da educação integral no Brasil: direitos a outros tempos e
espaços educativos. Porto Alegre: Penso, 2012.
PARO, V. et al. A escola pública de tempo integral: universalização do ensino e problemas
sociais. Cadernos de Pesquisa, s.l., n. 65, p. 11-20, 1988.
SAVIANI, D. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra política
educacional. 3ª ed. rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.
SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. 2. ed. Campinas, SP: Autores
Associados, 2008a.
324
O RESFRIAMENTO DO CONCRETO EM HIDRELÉTRICAS: A UTILIZAÇÃO DO GELO
Rodrigo Pedroso da Silva1
Tayanne Christina Melo Vieira2
Veronica Solimar dos Santos3
RESUMO: O concreto resfriado e mais indicado para peças com volumes elevados e concentrados, como
paredes de grande espessura, blocos de fundação de barragens, edifícios, obras de arte etc. O resfriamento do
concreto faz com que o calor de hidratação do cimento ocorra mais lentamente e com temperaturas mais brandas
(menos elevadas), minimizando o risco de fissuras na obra. O concreto resfriado é submetido a um processo de
resfriamento no momento da aplicação e a sua temperatura mantida entre 15° e 20° por meio da adição de gelo e
também os agregados devem ser previamente resfriados. E assim a os cuidados que devem ser tomados com o
planejamento, para nada se atrasar ou dar errado na hora da execução, e também temos um exemplo de
hidrelétrica que usou esse método como forma de resfriamento que é o caso de algumas hidrelétricas.
PALAVRAS CHAVES: concreto resfriado. gelo. barragens.
INTRODUÇÃO: O artigo tem como objetivo mostrar a redução das tenções térmicas, através
da diminuição do calor de hidratação nas primeiras horas com a utilização do gelo no concreto
para redução da temperatura inicial que possui a necessidade de reduzir as tensões de origem
térmica internas conforme a NBR 6118:2014 nela destaca-se considerações de concretos do
(fck) resistência característica do concreto, de até 90 (mpa) é uma unidade de medida de
pressão do sistema internacional ―mega pascal‖ requisitos de durabilidade diferenciados onde
precisam de um tratamento mais adequado pois se tem vários fatores envolvidos onde um dos
principais e o alto calor de hidratação interna da estrutura, este procedimento, além de evitar
fissuras, mantém por mais tempo a trabalhabilidade e gera uma melhor evolução da
resistência à compressão. A Usina Hidrelétrica de Itaipu é um exemplo de uma obra, que fez
uso do concreto resfriado para que o processo de resfriamento acelerasse, foi instalada uma
grande fábrica de gelo com uma capacidade de 1.700 toneladas diárias. Segundo Esquivel4,
um dos ensaios de laboratório mais utilizados na análise dos efeitos do choque térmico é
aquele que prevê o resfriamento do corpo de prova, previamente aquecido, com água na
temperatura ambiente, geralmente por imersão. Esse método e eficiente porem para que haja
1 Acadêmico do 6° semestre de Engenharia Civil- Universidade luterana do brasil (ULBRA). E-mail:
[email protected] 2 Acadêmica do 6° semestre de Engenharia Civil- Universidade luterana do brasil (ULBRA). E-mail:
[email protected] 3 Orientadora do artigo e Professora de Engenharia Civil- Universidade luterana do brasil (ULBRA). E-mail:
[email protected] 4 ESQUIVEL, T. J. F. Avaliação da Influência do Choque Térmico na Aderência dos Revestimentos de
Argamassa. São Paulo, 2009. 262 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
325
uma diminuição na temperatura térmica interna deve ficar submerso em agua por três, nove e
vinte oito dias e pelo método do concreto resfriado esse processo e mais eficiente pois a
temperatura de lançamento e reduzida, através da adição de gelo à mistura, em substituição
total ou parcial da água da dosagem. A escolha pelo método do concreto resfriado veio pelo
interesse que demonstra a eficiência e a probabilidade de fissuras serem inferior do que o
método mais utilizado que seria a submersão do corpo de prova mesmo que o concreto
resfriado seja utilizado em grandes obras.
MÉTODOS: O estudo constitui-se de uma revisão da literatura especializada, realizada em
abril de 2016, no qual realizou-se uma consulta a livros e periódicos presentes na Biblioteca
Virtual da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). A pesquisa dos artigos foi realizada
em abril de 2016. As palavras-chave utilizadas na busca foram Resfriamento do concreto,
Hidrelétricas.
Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram o uso do gelo no processo
de resfriamento do concreto para hidrelétricas como por exemplo Itaipu. Foram excluídos
estudos que relatavam o emprego de outras modalidades de resfriamento nitrogênio ou água
normal.
Logo em seguida, buscou-se estudar e compreender os principais parâmetros e forma
de aplicação empregados nos estudos encontrados, de acordo com o exemplo de Itaipu, que
foi feita uma fábrica de gelo para se utilizar no concreto. Além da utilização dos artigos,
destaca-se a utilização de normas da ABNT e manuais que foram de extrema importância para
a execução do trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram encontrados 3 artigos e 1 livro nas bases de dados
consultadas que versavam sobre a utilização do gelo como forma de resfriamento do concreto.
O resfriamento do concreto e uma das partes do processo de cura, onde ele minimiza o
fissuramento e a perca da resistência. Segundo Costa1 ―a cura é a fase de secagem do
concreto, na linguagem da construção civil. Ela é importantíssima: se não for feita de modo
correto, este não terá a resistência e a durabilidade desejadas‖. Ao contrário do que se possa
pensar, para uma boa cura não basta deixar o concreto simplesmente secar ao tempo, já que o
sol e o vento o secam imediatamente. É um processo mediante o qual se mantêm um teor de
umidade satisfatório, evitando a evaporação de água da mistura, garantindo ainda, uma
1 COSTA, Mirian de Almeida. Cura [S.I.]: Resposta Técnica, 2010. Disponível em:
http://www.respostatecnica.org.br. Acesso em: 19 abr. 2016, 18:45:23.
326
temperatura favorável ao concreto durante o processo de hidratação dos materiais
aglomerantes, de modo que se possam desenvolver as propriedades desejadas.
Christofolli1, afirma que ―o uso de gelo no concreto se faz necessário em obras de
grande porte, como barragens de hidrelétricas ou peças de maior volume – blocos em
fundações ou bases de grandes equipamentos onde há concentração do volume de concreto‖.
E a razão por optar pelo uso do gelo o autor explica que é pelo fato da necessidade de se
reduzir as tensões de origem térmica internas em uma peça concretada, de modo a evitar sua
elevação a uma intensidade que ultrapasse o limite da capacidade resistente e resulte numa
trinca ou rachadura de magnitude que comprometa a integridade estrutural.
Caso o concreto não tenha sido corretamente resfriado, as fissuras poderão ser
percebidas já a partir do segundo dia após a concretagem. Vale ressaltar que nem todas as
fissuras são relevantes. No entanto, mesmo que superficiais, devem ser investigadas. Caso
estejam expostas a ambientes agressivos e atinjam a armadura de aço, devem ser preenchidas
com argamassa polimérica a fim de evitar possíveis danos à estrutura.
Dependendo da dimensão do projeto, é recomendável prever espaço para a circulação
de guindastes de pequeno ou médio porte para o transporte das armaduras até o local onde
será executado o bloco. O aço já chega cortado e dobrado à obra, mas quando são necessárias
grandes dimensões, é praticamente impossível carregá-los para dentro do canteiro. Por isso, o
ideal é prever também um espaço para alocar uma fábrica para cortá-los e dobrá-los conforme
a necessidade de projeto.
Depois de definir o traço mais indicado para cada projeto, o próximo passo será
determinar os gradientes térmicos, ou seja, a evolução das temperaturas do concreto desde o
lançamento até sua estabilização com o ambiente. A evolução das temperaturas do concreto
lançado deve ser acompanhada em obra, com termômetros especiais. A parada não planejada
por falta de concreto no canteiro pode ocasionar problemas de aderências entre as juntas das
camadas de concretagem, o que pode diminuir a vida útil da estrutura da fundação. A logística
e planejamento devem ser elaborados privilegiando a manutenção do fluxo constante e sem
interrupções da concretagem. Mas em cidades como São Paulo, por exemplo, o trânsito pode
atrapalhar esse processo.
1 CHRISTOFOLLI, Jorge. Concreto Resfriado [S.I.]: Cimento Itambé, 2008. Disponível em:
http://www.cimentoitambe.com.br/concreto-resfriado/. Acesso em: 19 abr. 2016, 19:10:30.
327
Em obras de grande porte são necessárias logísticas especiais, que podem incluir até a
montagem de uma estrutura para produzir seu próprio gelo como foi o caso da hidrelétrica de
Itaipu que e uma das maiores em funcionamento, Segundo Pinto1.
A usina Hidrelétrica de Itaipu é um exemplo de uma obra, que fez uso do
concreto resfriado. Para que o processo de resfriamento acelerasse, foi
instalada uma grande fábrica de gelo com uma capacidade de 1.700
toneladas diárias. Por tubos enterrados no concreto se bombeava água
gelada. Enterrados no concreto havia também termômetros elétricos, cujos
fios iam ligá-los a mostradores que ficavam instalados externamente, a fim
de poder-se medir com precisão o resfriamento.
Como podemos ler a cura e algo muito importante no processo do concreto, mas
sempre tem as ideias que surgem, como o fato de ser usar o gelo como modo fácil de se
resfriar, mas também pode ser algo difícil se não houver o devido planejamento de uma obra,
podemos ter o atraso das maquinas ou até mesmo erro de dosagem. Mas com devidos
cuidados o uso do gelo e algo muito interessante de se implantar em uma obra de grande
porte.
Baseado nos escritores citados que afirmam o gelo ser essencial nesses procedimentos
em grandes obras, mas deve se ter o cuidado necessário, em lugares a baixo dos 15°C, pois
pode ocorrer um retardamento inicial no concreto como afirma Silva2 ―a reação de hidratação
é um processo exotérmico, ou seja, durante a reação do cimento com a água há liberação de
calor‖. A quantidade de calor liberado é chamada de calor de hidratação e é bastante
importante para a evolução das resistências. Por isso autor diz que, quando trabalhamos em
um ambiente com baixas temperaturas, inferiores a 15°C, ou com água de dosagem do
concreto com temperaturas abaixo de 20°C, geramos o chamado "baixo nível de calor de
hidratação", que causa o retardamento das resistências iniciais‖. Como sabemos o ponto de
fusão de um gelo e 0°C, ou seja, com a água a baixo de 20°C devido a adição do gelo, haverá
o retardamento no concreto, porém será previsto com baseamento da temperatura dos outros
materiais e da temperatura ambiente.
CONCLUSÃO: Obtivemos êxito na revisão aos artigos e publicações encontradas, e
podemos observar que o método de adicionar o gelo no concreto demonstra ser eficaz tanto na
parte da cura, aumentando o tempo de pega do concreto levando uma melhor resistência e
1 PINTO, Tão Gomes. Itaipu. Integração do concreto ou uma pedra no caminho. Barueri: Manole Ltda. 2009.
180 p. 2 SILVA, Daniel Franco da. Cuidados com Concreto [S.I.]: Techne, 2012. Disponível em:
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/200/artigo301305-1.aspx. Acesso em: 19 abr. 2016, 19:30:50.
328
plasticidade, além de ser algo bastante utilizado em grandes construções, mesmo sendo
observado resultados significativos, o concreto resfriado necessita de um cuidado rigoroso e
agilidade com seu manuseio, os artigos encontrados demonstraram que esse tipo de
procedimento e de suma importância em grandes obras pelo fato de se trabalhar com (fck), de
alta resistência, onde esse método e o que melhor possui resultado se tratando da redução das
tensões de origem térmica internas, com o exemplo do uso desse tipo de resfriamento do
concreto, em uma usina hidrelétrica como a de Itaipu, podemos observar no artigo encontrado
que o cuidado já mencionado da temperatura externa que deverá haver o controle do
resfriamento entre 15°C a 20°C foi superado na execução da mesma.
REFERENCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014. Projeto de estruturas de
concreto; NBR 6118. Rio de Janeiro: ABNT.
CHRISTOFOLLI, Jorge. Concreto Resfriado [S.I.]: Cimento Itambé, 2008. Disponível em:
http://www.cimentoitambe.com.br/concreto-resfriado/. Acesso em: 19 abr. 2016, 19:10:30.
COSTA, Mirian de Almeida. Cura [S.I.]: Resposta Técnica, 2010. Disponível em:
http://www.respostatecnica.org.br. Acesso em: 19 abr. 2016, 18:45:23.
ESQUIVEL, T. J. F. Avaliação da Influência do Choque Térmico na Aderência dos
Revestimentos de Argamassa. São Paulo, 2009. 262 f. Tese (Doutorado em Engenharia
Civil) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
PINTO, Tão Gomes. Itaipu. Integração do concreto ou uma pedra no caminho. Barueri:
Manole Ltda. 2009. 180 p.
SILVA, Daniel Franco da. Cuidados com Concreto [S.I.]: Techne, 2012. Disponível em:
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/200/artigo301305-1.aspx. Acesso em: 19 abr. 2016,
19:30:50.
VIEIRA, Luiz Prado. Tecnologia do Concreto no Projeto e Construções de Usinas
Hidrelétricas Brasileiras, São Paulo, v. 63, 124 p, set. 2011.
329
O SISTEMA EDUCACIONAL E O FRACASSO ESCOLAR
Elvira Cleisiane de Sousa Oliveira1
Emailer Marta Dias Silva1
Ingrid Sabrina Pinheiro Monteiro1
Josane Silva da Gama1
Thaís Rocha Rego1
Narelly Tavares Rodrigues2
RESUMO: Esta pesquisa objetivou evidenciar as políticas e programas que são destinados à educação brasileira,
destacando o papel do sistema educacional e sua contribuição que influencia positiva ou negativamente para o
fracasso escolar. Utilizou-se a pesquisa de cunho bibliográfico para a coleta de informações aqui evidenciadas.
Verificou- se então que todas as leis e programas em vigor para a educação não estão sendo suficientes para
garantir e contribuir na melhoria do ensino. Notou-se que geralmente o sistema educacional não dá muita
assistência a educação, pois as escolas, principalmente públicas, apresentam muitas falhas perante o ensino, tanto
em suas estruturas, metodologia de ensino ultrapassada, falta de motivação dos alunos, ausência de recursos
pedagógicos e a falta de acompanhamento da família na escola. Conclui-se que para tentar diminuir os índices de
fracasso escolar é preciso que cada organização, sistema escolar e indivíduos mudem sua forma de pensar e agir
na prática educacional.
PALAVRAS-CHAVE: sistema educacional; fracasso escolar.
INTRODUÇÃO: Ao longo do tempo notam-se grandes transformações e expansão no
sistema educacional de ensino, o que resultou em um crescimento significativo do número de
pessoas com acesso a escolarização. Porém essa evolução ainda é seguida por muitas
dificuldades no que se refere à qualidade e eficiência, não sendo o suficiente para dar
igualdade de oportunidade para todos os cidadãos.
O estudo apresentado destaca ao sistema educacional e algumas políticas que propõem
fortalecer a melhoria e elevação do nível educacional de forma cognitiva, as quais tem a
finalidade contribuir para a redução do fracasso escolar.
Atualmente o sistema educacional regular configura a educação básica da seguinte
forma: educação infantil, o ensino fundamental e médio, tem ainda a educação superior
organizada em graduação e pós-graduação. A legislação educacional vigente destaca que os
munícipios são responsáveis pela educação infantil e o ensino fundamental e o Estado e
Distrito federal deve atuar no ensino fundamental e médio. Já o Governo Federal tem o papel
redistributiva e supletiva, ou seja, ele deve dar assistência técnica e financeira aos Estados, ao
distrito Federal e aos Municípios, sendo responsável também em organizar o sistema
1 Acadêmicos(as) do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA.
2 Professora do Curso de Pedagogia, Orientadora da Pesquisa.
330
educacional superior. Tem também a educação formal, que é a educação especial, a educação
de jovens e adultos e a educação profissional.
Tendo em vista que o Brasil possui inúmeras variáveis leis que garantem direito à
educação. Surge a questão: Porque o fracasso escolar ainda persiste na sociedade atual?
Tendo em vista que a sociedade contemporânea está vivendo a era da tecnologia, no qual
existem meios e mecanismos que podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem.
Diante disso, sente-se a necessidade de estudar os fatores norteadores que contribuem para
que isso ocorra.
MÉTODO: Este trabalho tem como foco, evidenciar as políticas públicas vigentes para a
educação e as influências negativas do sistema educacional para com o fracasso escolar. Para
o embasamento do trabalho utilizou-se a pesquisa de cunho bibliográfico e abordagem
qualitativa, que conforme Diehl e Tatim (2004, p. 58) são desenvolvidas a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Para o levantamento de
informações, a coleta de dados foi realizada através da análise de documentos já elaborados,
como livros, artigos, entre outros.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: As políticas públicas são conjuntos de programas, ações
e atividades desenvolvidas diretamente ou indiretamente pelo estado, tendo a participação de
entidades públicas ou privadas, com o intuito de assegurar direitos de cidadania. O sistema
educacional por sua vez, é um processo que se dá quando a educação exerce uma forma
organizada, que é definida por meio de finalidades e interesses de aprendizes envolvidos neste
processo.
Segundo Meneses (2001) ―O sistema educacional é a forma de como se organiza a
educação regular no Brasil‖. Essa organização se dá em sistemas de ensino da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A Constituição Federal de 1988, com a
Emenda Constitucional nº 14, de 1996 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), instituída pela lei nº 9394, de 1996, E a criação do plano Nacional de Educação (PNE)
de 2001 são as leis maiores que regulamentam o atual sistema educacional brasileiro.
A Lei das Diretrizes e bases é a lei maior que regulamenta a educação, ela é uma lei
federal que regula os princípios gerais e a finalidade da educação no Brasil, ela tem a função
de organizar os níveis do sistema educacional do país. Além dessa lei maior para a educação,
tem programas e políticas feitas para melhorar o ensino. Segundo Dourado (2005, p. 20) o
Ministério da Educação vem desenvolvendo ações de implantação de políticas que
331
contribuem na melhoria dos processos de organização e gestão da educação básica, tais como:
condições de infraestrutura nas escolas, políticas de formação para os educadores, tanto
inicial, quanto continuada e outros.
Dentre os mais conhecidos destacam-se: Bolsa Família, que foi criado pela lei nº
10.836/2004. O PNSE (Programa Nacional de saúde escolar) tem como objetivo a
identificação e a correção precoces de problemas visuais, que podem comprometer a
aprendizagem. O PNAE (Programa nacional de alimentação escolar) com o objetivo de as
necessidades nutricionais dos alunos durante eles estarem na escola. O PDDE (Programa
dinheiro direto na escola) este tem a função de repassar anualmente recursos para as escolas
públicas do ensino fundamental estadual, municipal, Distrito Federal e as de ensino especial
mantidas por ONGs. Proformação, este programa para professores em exercício consiste no
sistema de educação a distancia, que integra a autoaprendizagem com a prática de sala de
aula, que tem encontro de 15 em 15 dias e serviço de apoio a aprendizagem.
É notório que tem muitas leis e programas para aprimorar o ensino no Brasil, porém
eles não funcionam adequadamente, isso fica evidente nas precariedades do ensino em todos
os seus aspectos e no último índice comparativo de desempenho educacional, que realizado
com dados de 40 países, o Brasil foi o país que ficou em penúltimo lugar.
Dourado (2005, p. 4) afirma que o baixo desempenho dos alunos se dá por variáveis
internas e externas a escola. Ressaltando as influências negativas do sistema educacional que
colaboram para o insucesso escolar, que são: deficiência do processo de ensino aprendizagem,
estrutura inadequada por parte dos sistemas educacionais, carência de professores
qualificados, principalmente no ensino médio, a desvalorização do educador e supressão de
recursos pedagógicos.
Além disso, as questões sociais e econômicas são fatores fortes que auxiliam neste
processo de fracasso escolar. A falta de requisitos básicos como: saúde, moradia, segurança e
alimentação de qualidade, afetam consideravelmente a vida de qualquer individuo e na
aprendizagem, esses fatores cooperam para que o aluno tenha uma aprendizagem pobre ou
ainda não tenha nenhuma aprendizagem, isso varia de acordo com cada situação.
Os autores Arroyo e Abramowicz (2009) destacam que o fracasso escolar se dá por
questões sociológicas, didática, pedagógicas e relação com o saber. Se o fracasso escolar se dá
por uma questão social, obviamente a resposta para isso seria combater a pobreza e a
desigualdade social. A didática diz respeito ao encontro que o aluno tem com o saber, e diante
disso, o professor tem dificuldades em conseguir que seus alunos se disponham numa
atividade intelectual. Já as práticas pedagógicas estão ultrapassadas, o autor salienta que é
332
necessário mudar as metodologias de ensino para atividades que valorizem o individuo como
sujeito. A questão da relação com o saber, diz respeito a não apropriação dos conhecimentos e
competências que a escola tenta transmitir e construir, gerando assim um fracasso escolar, que
é a reprovação.
CONCLUSÃO: No decorrer deste trabalho, buscou-se evidenciar as políticas, leis e
programas vigentes para a educação brasileira na atualidade. Evidenciando também as
responsabilidades dos estados, municípios, e União com a criação de leis que garantam o
direito a educação. Porém todos os meios criados para combater o fracasso escolar e melhorar
a qualidade de ensino não estão sendo eficazes para suprir as necessidades educacionais.
Para que tais políticas educacionais sejam executadas com maior eficiência é necessário
que ocorra um acompanhamento por meio das instituições responsáveis, contando também
com a ajuda da família, dos professores e da comunidade escolar, não ocorrendo essa
integração, contribuirão de forma dominante para que ocorra o fracasso escolar.
É necessário também que os gestores educacionais repensem na sua forma de atuação,
os mesmos precisam dar novos olhares para as escolas e para os indivíduos que dela
participam. Necessitam desenvolver novas perspectivas pedagógicas, mesmo que o sistema
educacional geral não dê à verdadeira importância a educação, os profissionais devem dar o
melhor de si em sua profissão. Se cada um desenvolver seu trabalho com gosto e eficiência,
pode ser um ponto de partida para mudar o quadro negativo que o ensino se encontra.
REFERÊNCIAS
ARRAYO, Miguel G; ABRAMOWICZ, Anete. A reconfiguração da escola: entre a
negação e afirmação de direitos. Campinas, SP: Papirus Editora, 2009.
DAIEHL, Astor Antônio; TATIM, Denise Carvalho. Pesquisas em ciências sociais
aplicadas: Métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
DOURADO, Luiz Fernandes. Fracasso escolar no Brasil: políticas, programa e estratégias
de prevenção ao fracasso Escolar. Brasília, 2005.
MADALÓZ, Rodrigo José; SCALABRIN, Ionara Soveral; JAPPE, Maria. O fracasso
escolar sob um olhar docente: Alguns apontamentos. IX ANPED SUL, 2012.
MENEZES, Ebenezer Takumo de. Sistema educacional brasileiro. 2001. Disponível em:
www.educabrasil.com.brsistema-educacional-brasileiro. Acesso em: 1º Out. 2016.
333
O USO DO PROTOCOLO IPV6 PELOS PROVEDORES DE SANTARÉM-PARÁ
Alexandre Thomas1
Francisca Natali da Silva Ferreira1
Kleber Reis da Silva1
Clayton André Maia dos Santos2
RESUMO: A Internet é o meio de comunicação mais utilizado mundialmente e usa o protocolo IP (Internet
Protocol), que é um conjunto de regras para os computadores e outros dispositivos eletrônicos conversarem entre
si. Atualmente a Internet usa o IPv4, mas com o crescimento da rede e de dispositivos diversos que a utilizam,
sendo assim, praticamente não existem mais endereços livres para conectar os mesmos. Para resolver o problema
de escassez de endereços IPs, surgiu a nova versão do protocolo IP, chamada IPv6. Essa versão suprirá toda a
demanda de endereços e corrigirá algumas falhas que na versão 4 existente. A implementação do IPv6 já está
ocorrendo no Brasil. A ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), junto com as prestadoras de
telecomunicações já disponibilizam endereços IPv6 desde julho de 2015, principalmente nos grandes centros.
Este artigo apresenta através de uma pesquisa documental e descritiva de como os provedores de Internet de
Santarém-PA, estão se preparando para a transição do IPv4 para o IPv6, bem como visa analisar de que forma
acontecerá a implementação e verificar se a parte técnica dos provedores está capacitada, tendo em vista a
possibilidade de mensurar se esta mudança ocasionará algum transtorno aos usuários.
PALAVRAS-CHAVE: Protocolo, Internet, IPv6.
INTRODUÇÃO: No surgimento dos computadores pessoais e da Internet poucas pessoas
acreditaram no sucesso desses dois elementos da computação, bem como, a necessidade de ter
um computador ou um dispositivo qualquer que pudesse conter um IP (Internet Protocol)
para se comunicar. Com o passar do tempo houve a necessidade de uma maior atenção aos
serviços e tecnologias relacionadas à Internet. O IP é uma peça fundamental da Internet,
sendo este protocolo capaz de endereçar dispositivos para que possa ser feita a comunicação
entre quaisquer redes. Atualmente os computadores se comunicam na Internet através do
protocolo IPv4.
Pode-se observar que o cenário atual da Internet mudou, pois o uso IPs tende a
aumentar e o número de endereços IPv4 está se esgotando. Isso se deve ao crescimento da
Internet e junto com ela o crescimento da quantidade de computadores conectados e de
dispositivos que usam ela, principalmente dispositivos móveis.
Por conta dessa grande demanda, medidas foram tomadas, e uma série de tecnologias
criadas para servir de solução temporária para o problema do esgotamento do IPv4, adiando
assim o seu fim, como por exemplo, o sistema CIDR (Classless InterDomain Routing), que é
uma técnica utilizada para evitar o desperdiço de endereços. Outra solução encontrada para
adiar o fim do IPv4 foi a criação do protocolo NAT (Network Address Translater), que tem a
1 Acadêmicos do VI semestre do CST em Redes de Computadores – IESPES ([email protected]),
([email protected]), ([email protected]). 2 Docente do CST em Redes de Computadores – IESPES ([email protected]).
334
função de fazer a tradução de endereços IP local (interno) para a Internet (externo), sendo
atualmente a solução mais utilizada. Além dessas tecnologias, há também o DHCP (Dynamic
Host Configuration Protocol). Esse protocolo permite a alocação dinâmica de endereços IP, o
que trouxe a possibilidade aos provedores de reutilizarem endereços Internet fornecidos a seus
clientes para conexões não permanentes
A criação do protocolo IPv6 visa suprir as deficiências do IPv4, sendo a principal
delas, a falta de endereços IP. A evolução do protocolo traz consigo também algumas
vantagens como mobilidade, segurança e padronização da tecnologia. Para suprir esta
necessidade, na década de 90 foi criado o protocolo IPv6, gerando uma quantidade de
endereços que pode ser considerada ilimitada para o cenário atual da rede mundial. O
protocolo IPv4 será utilizado até que a transição para o protocolo IPv6 seja completamente
concluída, durante a fase de transição estes protocolos devem coexistir (TANENBAUM;
WETHERALL, 2011).
O objetivo desse trabalho foi analisar de que forma os provedores de Internet em
Santarém estão se preparando para a implantação e implementação do protocolo IPv6. Foram
descritos quais as vantagens e desvantagens do uso do protocolo IPv6 e, quais os desafios
enfrentados pelos provedores de Santarém.
MÉTODO: A presente pesquisa teve caráter documental e descritiva. Conforme Prodanov e
Freitas (2013), pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população
ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a
forma de Levantamento.
As informações da pesquisa foram adquiridas através da técnica de coleta de dados.
De acordo com Kauark, Manhães e Medeiros (2010) a coleta de dados,
diferentemente do que se pode pensar, não acontece somente no momento de
execução da pesquisa. Até porque a pesquisa inicia no momento em que se começa a
pensar sobre o problema a ser investigado. A coleta de dados se dá, portanto, desde
o princípio do plano de estudo, ou mesmo em tempo anterior a ele, naquele
momento do ―pensar‖.
Foi aplicado um questionário misto, direcionado a 8 (oito) empresas provedoras de
Internet em Santarém, das quais foram obtidas respostas de 5 (cinco). O mesmo foi aplicado
aos responsáveis pelo setor de informática das empresas que foram nossa fonte de informação
confiável.
335
Para aplicação do questionário, foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) para que os entrevistados autorizassem a publicação das suas respostas.
O Questionário teve como foco a busca de informações quanto à implementação do
protocolo IPv6.
Durante a aplicação dos questionários foi explicada à importância do protocolo IPv6, bem
como da pesquisa sobre o mesmo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 16 de setembro
do corrente ano na cidade de Santarém-Pará. Foi aplicado um questionário misto, direcionado
a 8 (oito) empresas provedoras de Internet em Santarém, das quais foram obtidas respostas de
5 (cinco). O mesmo foi aplicado aos responsáveis pelo setor de informática das empresas.
Baseando-se na análise local dos provedores de Internet, através das indagações
propostas no questionário, foi constatado que em sua maioria existem deficiências na
preparação e na capacitação das ISPs em relação a seus colaboradores e a seus serviços no
que consiste ao protocolo IPv6 e sua implementação. O Gráfico 1 apresenta o resultado das
empresas entrevistadas que estão investindo em treinamentos dos funcionários de suporte.
Gráfico 1. Treinamento e Configuração de serviços e ativos de rede IPv6.
Percebe-se que apenas uma empresa das questionadas já está investindo ou investirá
no treinamento de seus colaboradores. Partindo desse resultado é possível entender o Gráfico
2, que buscou analisar se a empresa estaria preparada para lidar com solicitações de clientes
para configuração de equipamento para IPv6.
336
Gráfico 2. Prestação de serviços para configuração de equipamentos com IPv6.
Identifica-se por meio do Gráfico 2 que existe uma deficiência em relação a prestação
do serviço na hipótese de solicitação de algum cliente ao uso do novo protocolo.
Após o término da aplicação do questionário constatou-se que não há uma
preocupação dos provedores de internet em relação as mudanças que ocorreram com a
inevitável implementação do protocolo IPv6.
CONCLUSÃO: O protocolo IPv6 é um tema bastante atual por conta do grande crescimento
das redes de computadores e pela saturação do protocolo IPv4. Mesmo com essa realidade a
pesquisa pôde averiguar que em sua maior parte, os provedores de internet de Santarém, não
possuem o conhecimento necessário em relação ao novo protocolo.
A pesquisa verificou também que se torna necessário por parte dos ISPs de Santarém
começar a lidar com o novo momento que vive a internet e enfrentar as dificuldades dessa
transição, é evidenciado que a empresa que investir nesse diferencial irá sair na frente nesse
mercado que é competitivo e necessário nos tempos atuais. Por fim, foi verificado que existe
uma espera por parte das grandes empresas de telecomunicações fazerem essa transição e, aí
sim, os provedores locais começarem a se preparar para a mudança que efetivamente ira
ocorrer.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
KAUARK, Fabiana da Silva; MANHÃES, Fernanda Castro; MEDEIROS, Carlos Henrique.
Metodologia da Pesquisa: Um Guia Prático, Itabuna/BA, 2010.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho
Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico, 2ª edição, Novo
Hamburgo/RS, 2013.
TANENBAUM, A. S.; WETHERALL, D. J. Redes de Computadores. 5 ed., Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.
337
OS DIREITOS SOCIAIS COMO PROPAGADORES DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA CONTENÇÃO DA VIOLÊNCIA.
Alessandra Rodrigues Maciel
1
Francisca Canindé Bezerra dos Santos2
RESUMO: As desigualdades sociais ensejaram o surgimento de um fenômeno, à violência, a Constituição
Federal de 1988 e suas garantias firmaram um pacto de sociedade justa e igualitária, oferecendo ao povo uma
vida digna, promovendo ações através de seus órgãos competentes voltados ao bem estar social. O estudo se
propõe à analisar se estes direitos estão sendo efetivados , bem como fazer um comparativo entre os direitos
constitucionais da Carta cidadã à realidade de Santarém . Foi necessária uma pesquisa de campo utilizando as
técnicas do questionário fechado e da entrevista, a fim de facilitar e compreender o fenômeno. Ao lado desta
investigação desenvolveram-se leituras e análises de textos de autores que tratam da temática, a fim de
confrontar com a parte empírica. A pesquisa revelou que 30% dos moradores da Av. Turiano Meira, no
perímetro da Av. Mendonça Furtado até Ismael Araújo não se sentem seguros em lugar algum, 57% ainda
considera o bairro parcialmente seguro, já 43% deixa claro que o bairro está enfrentando problemas sérios com a
violência urbana. Diante disso pedimos aos órgãos competentes ações emergenciais para aquele local, pois seus
direitos Constitucionais estão sendo violados, tendo sua dignidade ferida a cada ação violenta da criminalidade..
PALAVRAS-CHAVE: violência e seus reflexos, Os direitos sociais, dignidade da pessoa.
INTRODUÇÃO: A violência tem sido parceira na rotina do cidadão em Santarém, todo dia
os noticiários mostram seus reflexos; mortes, assaltos, roubos, são alguns dos atos cometidos
por indivíduos que adentram os lares do cidadão sem o seu consentimento. A vida não é, mas
a mesma, estamos encarcerados dentro de casas; há uma mudança de comportamento a cada
ocorrência, visando garantir o bem mais precioso à vida. O que a Constituição nos garante
para conter este fenômeno e de quem compete à realização de ações protetivas, será objeto
deste trabalho, tomando em conta alguns dados para análise e comparativo dos reflexos da
violência à realidade local.
MÉTODO: A presente pesquisa se desenvolveu coletando dados quantitativos utilizando
pesquisa de campo com técnicas de análise e comparativo Este método ―se propõe a explicar
o fenômeno por meio de análise completa de seus elementos.‖ (GONÇALVES 2005. P.43).
Além de leitura de textos, a fim de organizar a fundamentação teórica, objetivando o
confronto com a parte empírica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: No primeiro semestre de 2016 foi realizada, a pesquisa de
campo na Av. Turiano Meira, entre Mendonça Furtado e Ismael Araújo, no Município de
1 Acadêmica do 7° semestre do Curso de Direito do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Pesquisadora de iniciação
científica. 2 Professora Dra., Pesquisadora, Ministra aulas nos Cursos de Pedagogia e Serviço Social do Centro
Universitário Luterano de Santarém. Historiadora, geógrafa e doutora em Psicologia Social pela Universidade de Santiago de Compostela-Espanha.
338
Santarém/Pá, para verificar os reflexos da violência e de como ela modifica a vida de seus
moradores, fazendo com que o cidadão seja suprimido de seus poderes constitucionais básicos
como a sua dignidade. Verificou-se a precariedade do Estado em suas ações sociais e o anseio
dos moradores por mais educação para conter este fenômeno.
Foram aplicados questionários a todos os comerciantes da Av. Turiano Meira, no
perímetro da Av. Mendonça Furtado até Ismael Araújo, independente do ramo que atua. 57%
pensam que o bairro é seguro, enquanto que 43% discordam; 43% dizem que tem
policiamento nas ruas do bairro, enquanto que 53% afirmam que não tem e 4 % nem sempre.
Mesmo com a violência no perímetro estudado, 83% dos entrevistados não pensam em mudar
de bairro, enquanto que 17% sim. O bairro estudado foi o bairro do Santíssimo, 9, 67% dos
participantes se sentem mais seguros em casa, 3% no trabalho e 30% não se sentem seguro em
lugar algum. 50% dos entrevistados nunca foram assaltados, 10% já foram assaltados em
casa, 13% na rua, e 20% no ambiente de trabalho. Observa-se que 93% desta população já
sofreram ou presenciaram um assalto. 40% foram assaltadas de 1 a 10 vezes, assim, 47% não
costuma sair sozinho, 33% evita sair à noite, 17% colocou alarme e grades em casa e 3% não
sabe mais o que fazer. No local de trabalho, 23% disse ser responsável pela sua própria
segurança, 17% contrata empresa de segurança, 3% põe alarmes, 7% chama a polícia e 3 %
por Deus, e 47% dizem que não existe segurança no local de trabalho. Dessa forma 39%
pensam que a solução está em mais investimentos em educação, 2% na valorização do
profissional de educação, 16% em contratar mais policiais, 31% em mais investimento em
segurança, 2% na presença de empresas gerando oportunidade de trabalho e 10% em
investimentos em sistemas de vigilância eletrônica.
A situação da Avenida Turiano Meira, entre Mendonça furtado e Esmael Araújo é
muito preocupante. Todos os moradores já foram vítimas direta ou indiretamente da violência.
As medidas protetivas que cada morador ou empresário toma para se proteger da violência
não lhe protege cem por cento. Pode-se afirmar que as ações do poder público não estão sendo
suficientes, elas não representam a preservação dos direitos à vida e a dignidade da pessoa
humana. É necessário que o Poder Público Municipal redimensione suas políticas públicas e
priorize para lá esse serviço, que tem caráter urgente. A situação encontrada nesse bairro
mostra-se grave, e infelizmente reflete a realidade de outros bairros em Santarém/PA.
Somente com educação e mais oportunidades de emprego melhorará esse quadro. Precisa o
Poder Público Municipal garantir seu acesso a todos os munícipes com urgência, garantindo
dignidade a todos. Essa obrigação constitucional do Município em relação ao bairro
Santíssimo não está sendo atendida em Santarém.
339
A violência nas suas mais diferentes expressões, apresenta-se como temática
candente e viva na realidade urbana atual, reflexos da revolução industrial e seu
credo e filosofia individualista;, consequente surgia a atividade competitiva e com
ela o desejo incontido de poder e dominação; a concorrência implantava como único
valor o triunfo, que outra coisa não é senão a violência do mais forte contra o mais
fraco, a glorificação do resultado. As desigualdades sociais, a pobreza, o meio
familiar e infrafamiliar e cultural colocam os espoliados, desempregados, mais
vulneráveis ao envolvimento com o mundo da criminalidade; são também esses que
estão ameaçados de serem mais vitimados pela violência e criminados pelo aparelho
repressivo, argumenta BAIERL ( 2004,P.52)
O direito à vida é centro, objeto e destinação de todos os fundamentos e normas da
Constituição Federal. Não faria sentido à existência deles sem termos o direito de estarmos
vivos, principal razão biológica da humanidade MATOS ( 2013). Dentre os cinco direitos
fundamentais constitucionais básicos, a vida é o primeiro deles, seguido da liberdade,
igualdade, segurança e propriedade (art. 5º, caput, CF), como nos mantermos vivos diante de
tanta violência. O art. 182 da CF disciplina que cabe ao poder executivo desenvolver-se e
garantir o bem estar de seus habitantes, o cidadão não detém forças para agir sozinho,
inclusive ele próprio outorga poderes ao legislativo e executivo justamente para que na forma
da lei seus direitos sejam cumpridos, Onde estão os líderes do legislativo de Santarém/Pá para
fiscalizar a carência de investimentos neste setor, o artigo 31 da CF dá a eles essa
competência nos municípios, não podemos fechar os olhos, pois este fenômeno assola toda
sociedade não excluindo classe ou credo.
Uma sociedade justa seria uma sociedade igualitária com acesso e universalização dos
direitos sociais, contudo a real situação de Santarém é outra, como dizer que isto não seria
reflexo da má gestão publica! Eles detém essa competência mas não estão efetivando. A
inviolabilidade do direito à vida, a liberdade e a segurança que a Constituição garante no art.
5° caput se desfaz a cada dia. O fornecimento de serviços públicos é limitado, contudo a Lex
Mater assim já asseverou ser direito nosso através da Assistência Social, esta seria dada a
quem necessitasse independente de contribuição à seguridade social, não devemos nos
acanhar, pois somos partes contribuintes destes investimentos. O art. 195 da CF garante ―a
seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta
(...)‖.Pagamos impostos, contribuímos como trabalhadores, exercemos direitos de cidadãos e
merecemos uma vida digna com qualidade duradoura. A CF em seu art. 6º deixa um rol de
direitos sociais como educação, moradia, segurança, trabalho e assistência aos desamparados
(...), não é constitucional nega-los feri a Carta Cidadã, eles estão ligados à dignidade da
pessoa humana, pois a lei nos igualou em direitos e obrigações. A esperança da população de
Santarém apesar de tudo não morreu, sonham com uma cidade livre da violência.
340
CONCLUSÃO: A violência é um fenômeno social que tem preocupado a sociedade
Santarena. A constituição de 1988 no artigo 5° caput garante dentre outros direitos a
segurança e a inviolabilidade do direito a vida onde os Estados promoveriam sua efetivação,
contudo seguimos cautelosos, na cidade de Santarém no Estado do Pará não é diferente, nossa
pesquisa detectou que os moradores da Av. Turiano Meira, entre Mendonça Furtado e Ismael
Araújo vivem atrás das grades no comércio e nas casas, aprenderam a viver com o medo e a
insegurança, fruto da violência. Para eles somente com o ensejo de políticas públicas
investindo em Educação, trabalho e segurança para conter este mal.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Alyne Patrícia da Silva; DUTRA, Andréa Katiane Bruch; SOUZA, Eliana
Amoedo de. Normas técnicas para trabalhos acadêmicos. 2. Ed. Canoas: Ed. ULBRA,
2013.
BUORU, Andréa Bueno. [et.alt, ]; coordenação Wanderley Loconte. Violência Urbana:
Dilemas e desafios. .São Paulo: Atual, 1999. P 63
______, Andréia Bueno. [et. alt]; Coordenação Wanderley Loconte. Violência Urbana:
Dilemas e desafios. .São Paulo: Atual, 1999. P 12-14.
BAIERL, Luzia Fátima. Medo social: Da violência visível ao invisível da violência. Cortez.
São Paulo, 2004.p. 51-52; 67.
Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em
5 de Outubro de 1988.Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com colaboração de
Antônio Luiz de Toledo Pinto, Marcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia
Céspedes.21.ed.atual.e ampl. São Paulo: saraiva 2016. P. 2.304.(coleção Saraiva de
Legislação.)
____________________ Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5
de Outubro de 1988.Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com colaboração de Antônio
Luiz de Toledo Pinto, Marcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes.21.ed.atual.e
ampl. São Paulo: saraiva, 2016. P.5-10; 20, 62; 64; 67. (coleção Saraiva de Legislação.)
DE CASTRO, Waldemar Gomes. Violência e contra violência. Ed. Vozes Limitadas. Rio de
Janeiro 1981.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar,
1990.
GONÇALVES, Hortência de abreu. Manual de Metodologia da pesquisa científica. São
Paulo: Avercamp, 2005.
MATOS, Natálya Campos. O acesso à água no bairro área verde: direito à vida e à saúde.
Projeto de Iniciação Científica Proict Ulbra. Santarém 2013.
PINHEIRO, Paulo Sérgio (org). Crime, violência e poder. São Paulo: Brasiliense, 1983. de
Toledo Pinto, Marcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes.21.ed.atual.e ampl. São
Paulo: saraiva, 2016. P.5-10; 20, 62; 64; 67. (coleção Saraiva de Legislação.)
341
PERCEPÇÃO DAS PUÉRPERAS SOBRE OS CUIDADOS NÃO
FARMACOLÓGICOS NO PRIMEIRO PERÍODO CLÍNICO DO PARTO
Kássia Lima de Souza1
Maria Mônica Machado Aguiar Lima2
Maria Naceme Araujo de Freitas2
RESUMO: O parto é um momento que exige total atenção e participação da parturiente e da equipe de saúde
responsável pela promoção e manutenção da qualidade de vida da mãe e do novo ser que foi gerado. A
promoção de um trabalho de parto assistido com cuidados não farmacológicos acompanhados pela presença de
um profissional de enfermagem, permitem a participação integral das gestantes como real protagonista em todo o
processo. Este estudo tem como objetivo conhecer a percepção das puérperas sobre os cuidados não
farmacológicos recebidos durante o primeiro período clínico do parto, como: massagem, banho, estímulo a
deambulação e exercícios respiratórios. O estudo possui abordagem qualitativa do tipo exploratório-descritivo,
realizado em hospital público do município de Santarém no setor da Clínica Obstétrica (CO). As participantes do
estudo totalizaram 20 puérperas e a coleta de dados aconteceu por meio de entrevista semiestruturada. A análise
dos dados deu-se por análise de conteúdo categorial. Como resultados as mulheres evidenciaram a satisfação
com a assistência, considerando que os métodos não farmacológicos auxiliaram as mesmas, cada um com seus
benefícios, proporcionando em geral o alívio da dor e relaxamento, emponderamento e confiança e aceleração do
trabalho de parto.
PALAVRAS-CHAVE: Cuidados não farmacológicos, Parto normal, Puérperas.
INTRODUÇÃO: O parto é um momento que exige total atenção e participação da
parturiente e da equipe de saúde responsável pela promoção e manutenção da qualidade de
vida da mãe e do novo ser que foi gerado. Para tanto, a mulher passa por mudanças
biopsicossociais e transformações corporais nos aspectos anatômicos e fisiológicos, a fim de
tornar-se um ambiente propício e agradável para o desenvolvimento do embrião.
No Brasil, 44% dos partos realizados no ano de 2006 foram cirúrgicos e atualmente os
partos tornaram-se mecânicos e cada vez mais medicalizados (BRASIL, 2008). Muitos
serviços obstétricos têm tratado a gestação como uma doença, dessa forma acabam ignorando
que o nascimento é um processo natural e o atendimento individual e holístico com
dispensação de cuidados humanizados não tem sido adotado pelos profissionais dentro do
contexto hospitalar, vendo a mulher como mera figurante no processo de parturição
(MONTE; GOMES; AMORIM, 2011).
Nesse contexto, discussões sobre as formas de promover maior segurança e conforto
durante o trabalho de parto à mulher e ao feto tem ganhado maiores proporções na sociedade,
visto que o momento do nascimento de um filho possui grande representação para a mulher.
1 Graduada em Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). 2 Profa. Ms. do Curso de Bacharel em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso. Prof. Esp. Co-orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso.
342
Contudo, para dar vida a este momento ela sofre adaptações nos aspectos pessoais, familiares,
psicológicos, culturais e sociais (PIESZAK et al., 2013).
A dispensação de um cuidado humanizado durante o trabalho de parto implica na
necessidade de uma assistência voltada holisticamente à conexão mãe-bebê que se estende do
pré-parto até ao puerpério, respeitando os aspectos fisiológicos e individuais do mesmo, sem
oferecer intervenções desnecessárias que possam interferir em seu processo natural e
biológico (DIAS; DOMINGUES, 2005).
Diante disto, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento, apresenta como
um de seus aspectos fundamentais a utilização de medidas benéficas para o parto e
nascimento, a fim de evitar intervenções desnecessárias consideradas tradicionais e que
apresentam mais riscos do que benefícios à mulher e ao feto (BRASIL, 2002). Da mesma
forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de métodos não
farmacológicos durante o atendimento ao parto normal, pois são consideradas condutas úteis
que deveriam ser encorajadas e que aumentam a tolerância à dor (OMS, 1996).
Os cuidados que adotam as medidas não-farmacológicas, também conhecidas como
tecnologias do cuidado, têm sido usados com frequência como instrumentos para aliviar a dor
e minimizar os sentimentos de medo, ansiedade e insegurança em diversas problemáticas, por
serem considerados procedimentos não invasivos e que podem reduzir o tempo de duração do
trabalho de parto (ARAÚJO; REIS, 2012, MAMEDE et al., 2007).
A promoção de um trabalho de parto assistido com cuidados não farmacológicos
acompanhados pela presença de um profissional de enfermagem, permitem a participação
integral das gestantes como real protagonista em todo o processo. Portanto, faz-se necessário
conhecer a percepção das puérperas que vivenciaram experiências como estas durante a
evolução do trabalho de parto normal, principalmente durante o primeiro período clínico.
Este resumo expandido está organizado em quatro seções, onde após esta introdução
encontra-se a segunda seção que apresenta o método utilizado para o desenvolvimento da
pesquisa. A seção seguinte aborda os resultados da pesquisa e finaliza com a conclusão.
MÉTODO: Conhecer a percepção das puérperas a respeito das práticas não farmacológicas
durante o período de dilatação, revelou a necessidade de um estudo com abordagem
qualitativa do tipo exploratório-descritivo (RODRIGUES, 2006; MARCONI e LAKATOS,
2007).
343
O estudo foi realizado na CO de um hospital público do município de Santarém-Pará,
que é referência na assistência pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e atende pacientes da
cidade e da Região Oeste do Pará.
As participantes deste estudo totalizaram 20 puérperas, atendidas na CO que se
encaixaram nos seguintes critérios de inclusão: primíparas e multíparas em puerpério mediato,
que vivenciaram o parto normal e receberam cuidados não farmacológicos oferecidos por
profissional/acadêmico de enfermagem durante o período de dilatação e manifestaram
concordância em participar do estudo, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE).
A coleta de dados aconteceu por meio de entrevista semiestruturada (MINAYO,
2006). As entrevistas foram realizadas seguindo um roteiro semiestruturado, com perguntas
abertas e fechadas, contendo duas partes: a primeira constituída de dados socioculturais e
obstétricos e a segunda de questões sobre a percepção das puérperas.
Os dados referentes às questões da pesquisa foram transcritos e posteriormente
analisados pela análise de conteúdo categorial das respostas das puérperas às entrevistas,
proposta por Bardin (2011), utilizando como tratamento dos dados coletados uma organização
da análise que ocorreu em três fases: pré-análise, exploração do material e por fim o
tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante as entrevistas, observou-se a facilidade que
algumas puérperas tinham em transmitir suas opiniões e relatar a vivência com riqueza de
detalhes, exaltando o que lhes era considerado importante. Por outro lado, houveram mulheres
que limitaram-se a expressar somente o suficiente acerca do que era questionado, o que ainda
assim, não impossibilitou a interpretação dos sentimentos e percepções.
A realização de cuidados não farmacológicos como massagem, exercícios
respiratórios, banho de chuveiro e deambulação foram bem aceitos por algumas mulheres, que
destacaram os benefícios que estes proporcionam, contudo, foram pontuados por outras
mulheres como cuidados que potencializavam a sensação de dor.
Por isto, faz-se necessário que os profissionais entendam e reconheçam que cada
parturiente é um ser que possui uma cultura própria e percepções individuais acerca do parto,
para que possam realizar uma tomada de decisão individualizada quanto à assistência prestada
durante o primeiro período clínico do parto (FRANKLIN; BITTAR, 2015).
Apesar das diversas opiniões acerca dos cuidados, chamou a atenção o fato de apenas
a massagem não ter recebido críticas quanto aos efeitos proporcionados, ressaltando o aspecto
344
positivo da mesma durante o primeiro período clínico. Entretanto houveram mulheres que não
receberam esse cuidado e que poderiam divergir quanto à essa opinião.
As mulheres evidenciaram a satisfação com a assistência, considerando que os
métodos não farmacológicos auxiliaram as mesmas, cada um com seus benefícios,
proporcionando em geral o alívio da dor e relaxamento, emponderamento e confiança e
aceleração do trabalho de parto.
O contato físico da equipe de saúde com a parturiente é um importante fator de
conforto, indo além da relação profissional-paciente e construindo laços de confiança. O
profissional passa a envolver-se com o parto, tornando-se um ajudador da mulher no processo
de reconhecimento de seu protagonismo durante o evento (CARRARO et al., 2008).
As multíparas trouxeram consigo experiências negativas dos partos anteriores e
destacaram o receio de vivenciar novamente um parto marcado pela ausência de cuidados
humanizados, porém exaltaram na recente experiência, assim como as primíparas, além dos
benefícios já citados, a importância da presença do profissional de saúde dando orientações e
realizando os cuidados.
Para a promoção de um parto sem traumas físicos e psicológicos, é preciso que ocorra
uma mudança de paradigmas, partindo do ponto de que o profissional obstetra, em especial o
enfermeiro, compreenda que seu papel durante o processo de parturição não é tão somente
uma assistência tecnocrática, mas deve abranger um cuidado de maneira holística e
humanística (MALHEIROS et al., 2012).
Um aspecto relevante no estudo foi a falta de conhecimento das mulheres sobre os
métodos não farmacológicos e o quanto elas se demonstraram surpresas por terem recebido
esses cuidados na assistência prestada pelos profissionais de saúde da CO, visto que não
receberam nenhuma informação durante as consultas de pré-natal e algumas já esperavam
vivenciar um parto sem a constante presença de um profissional de saúde.
Corroborando com este estudo, dados de uma pesquisa realizada em uma maternidade-
escola em Sorocaba, Estado de São Paulo, concluíram que foi muito baixo o número de
mulheres que afirmaram conhecer algum método não farmacológico, e estas compareceram
ao pré-natal, entretanto não foram informadas sobre o assunto (ALMEIDA; ACOSTA;
PINHAL, 2015).
De acordo com o exposto, é importante salientar que a inserção dos cuidados não
farmacológicos na assistência dos profissionais de saúde da CO do hospital em questão,
transformou o processo de parturição em um momento mais agradável fazendo com que a dor
que é inevitável fosse suportável, aliviando medo e ansiedade, devolvendo à mulher o
345
protagonismo do parto. Portanto, é possível declarar que é benéfico o uso de métodos não
farmacológicos durante o primeiro período clínico.
CONCLUSÃO: O estudo buscou entender qual a percepção das puérperas sobre os cuidados
não farmacológicos recebidos durante o primeiro período clínico do parto, sendo estes
aplicados ou oferecidos por profissionais de saúde. Se estes cuidados, por sua vez, traziam
benefícios e identificar se houve aceitação dos mesmos por parte das puérperas.
Frente a esses objetivos, buscou-se os resultados através de uma entrevista, onde foi
possível perceber o misto de sentimentos que emergiram na fala das puérperas, a respeito dos
cuidados recebidos como massagem, exercícios respiratórios, banho de chuveiro e
deambulação.
Acredita-se que foram dados os primeiros passos com relação à inovação da
assistência de enfermagem na CO do hospital, com aplicação de cuidados não farmacológicos
durante o primeiro período clínico do parto, visto que agora se faz conhecida a percepção das
puérperas com relação a esta assistência, demonstrando resultados positivos e que devem ser
considerados como base para efetivação rotineira da mesma, valorizando a atuação do
profissional, a participação da mulher e o relacionamento entre ambos durante o processo de
parturição.
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347
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM – PARÁ NOS ANOS DE 2010 A 2014
Geórgia Silvestri Traesel1
Lailla Bianca Albarado Vinholte1
Maria do Socorro da Silva Mota2
Francileno Sousa Rêgo2
RESUMO: É descrito no trabalho o perfil epidemiológico dos pacientes com tuberculose no município de
Santarém nos anos de 2010 a 2014. É uma pesquisa quantitativa realizada a partir do banco de dados do SINAN,
fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Santarém. Foram encontrados 620 casos de tuberculose
notificados, com predominância no sexo masculino (62,7%). Observou-se maior acometimento em adultos, da
faixa etária de 20 a 49 anos, com 343 ocorrências (55,3%). A maioria dos indivíduos (51,8%) não possui o
Ensino Fundamental completo. A forma pulmonar foi a mais frequente, com 517 ocorrências (83,4%), sendo que
do total de casos evolução para a cura e o abandono do tratamento foram, respectivamente, os desfechos de
74,2% e 3,2% dos casos, e o óbito a evolução de 6,1% das notificações. O trabalho permitiu conhecer a
epidemiologia da doença e as dificuldades de seu controle na cidade de Santarém – PA.
PALAVRAS-CHAVE: tuberculose, epidemiologia, perfil.
INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa causada pelo
Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), sendo que sua transmissão se faz por
via aérea, de um indivíduo infectado para um sadio (BRASIL, 2011). Ela representa um grave
problema de saúde pública e ocupa um papel de destaque entre as principais doenças
infectocontagiosas (SOUZA; VASCONCELOS, 2005). No Brasil a situação não é diferente.
O país possui 181 municípios prioritários para o Programa Nacional de Controle da
Tuberculose, sendo que em 2012, foram registrados 71.230 casos novos da doença no SINAN
(BRASIL, 2014).
Devido aos graves impactos da tuberculose na saúde pública no Brasil, houve interesse em
descobrir o perfil de tal patologia especificamente no município de Santarém - Pará, nos anos
de 2010 a 2014. Também se espera que este trabalho contribua para a memória da saúde
pública do País, para mostrar os caminhos, dificuldades e suas origens, na expectativa de
auxiliar os futuros envolvidos na luta contra a tuberculose.
Além da curiosidade científica, sob a ótica da possibilidade analítica até então e, visando
traçar um panorama geral acerca do perfil epidemiológico da doença no município de
Santarém no período de 2010 a 2014, este trabalho pretende discutir as características
populacionais, quanto ao sexo mais acometido, faixa etária com maior prevalência, condições
socioeconômicas, bem como, obter o número de pacientes que foram a óbito, investigar a
adesão dos enfermos ao tratamento e descobrir as formas de TB diagnosticadas.
1 Acadêmicas do curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará – UEPA, Santarém, Pará, Brasil
2 Docentes do curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará – UEPA, Santarém, Pará, Brasil
348
MÉTODOS: Foi realizada uma pesquisa documental sobre o perfil epidemiológico dos
pacientes com tuberculose a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN), por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA).
Os dados foram coletados a partir da amostra obtida por meio do Sistema de Informação de
Notificação e Agravos (SINAN) instalado na SEMSA em Santarém – Pará, sem restrição de
idade ou sexo, no período de 2010 a 2014.
A pesquisa foi realizada cumprindo as diretrizes e normas regulamentadoras estabelecidas na
resolução nº 466/2012 da CNS nos projetos de pesquisa envolvendo seres humanos na qual se
visou ainda atender aos fundamentos éticos e científicos também exigidos na resolução em
questão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram notificados à Secretaria Municipal de Saúde 620
casos de tuberculose no Município de Santarém, Pará, no período pesquisado, dos quais 138
em 2010, 123 em 2011,115 em 2012, 120 em 2013 e 124 casos de tuberculose no ano de
2014, perfazendo uma média de 124 casos anuais.
O acometimento de homens foi significativamente maior que o de mulheres. Em
Santarém entre 2010 e 2014, a percentagem do número de casos em indivíduos do sexo
masculino foi de 62,7% (389 casos). As mulheres representaram 37,3% das notificações,
perfazendo um total de 231 casos. Essa observação coincide com os dados de vários outros
estudos da literatura realizados tanto em nível nacional como em outros municípios do
Nordeste, Sul e Sudeste brasileiros (HIJJAR et al., 2005, VENDRAMINI et al., 2005).
Figura 1: Sexo de pacientes com tuberculose de 2010 a 2014 em Santarém
FONTE: SINAN/2015
Quanto à distribuição etária, a população mais acometida foi a adulta, da faixa etária
de 20 a 49 anos, com 55,3% das ocorrências (343 casos). É possível que pelo fato de estarem
mais expostos aos fatores de risco consequentemente apresentem maior percentual de
349
notificações, padrão este que é notado no restante do país e justifica o grande ônus
socioeconômico da tuberculose (COÊLHO et al., 2010).
Houve acometimento da doença em recém-nascidos, o qual abrangeu 1,8%
ocorrências (11 casos). De um modo geral, os indivíduos menores de 15 anos equivaleram a
3,7% do total. Alguns autores como Mascarenhas, Araújo e Gomes, (2005) atribuem esses
baixos índices de TB em crianças pelo fato de estas receberem a vacinação BCG, ou pela
subnotificação e maior dificuldade em se diagnosticar a doença nessa faixa etária.
Os idosos com 80 anos ou mais representaram 1% dos casos, como se pode observar na
figura.
Figura 2 – Distribuição de Tuberculose de acordo com a faixa etária, no período de 2010 a 2014, em
Santarém.
Fonte: SINAN/2015
Uma explicação possível para ocorrência de tuberculose em idosos está correlacionada
com o aumento da expectativa de vida e também com a reativação de focos endógenos, que
estavam latentes, de cepas adquiridas ao longo da vida (OLIVEIRA et al., 2005) já que, com
o envelhecimento, as defesas imunológicas se encontram naturalmente diminuídas e
favorecem a instalação da doença (CAVALCANTI et al., 2006).
A análise das condições socioeconômicas fez-se através do grau de escolaridade dos
pesquisados. Notou-se que a maioria dos indivíduos (51,8%) não possui o Ensino
fundamental completo, sendo que destes 4,5% são analfabetos.
350
Figura 3 – Distribuição de Tuberculose segundo a escolaridade no período de 2010 a 2014 em Santarém.
Fonte: SINAN/2015
A baixa escolaridade da população é reflexo de todo um conjunto de condições
socioeconômicas precárias, que aumentam a vulnerabilidade à tuberculose e são responsáveis
pela maior incidência da enfermidade e pela menor adesão ao respectivo tratamento,
conforme é explicado pelos autores Mascarenhas, Araújo e Gomes, (2005).
A forma pulmonar foi a mais comum ao longo do período estudado, com 517
ocorrências (83,4%), enquanto a forma extrapulmonar isolada acometeu 79 indivíduos, tendo
representado 12,8% dos casos. A associação da forma pulmonar e extrapulmonar totalizou 24
casos (3,8%).
Uma possível justificativa para maior incidência da forma pulmonar, detectada na
maioria dos estudos, pode ser pelo fato de os pulmões serem o local preferencial para a
instalação do bacilo de Koch, bactéria anaeróbica estrita, já que neles é alta a concentração de
oxigênio (FIUZA, 1996).
De modo geral, a evolução para a cura e o abandono do tratamento foram
respectivamente os desfechos de 74,2% e 3,2% dos casos, sendo o óbito a evolução de 6,1%
das notificações.
CONCLUSÃO: A tuberculose ainda representa grave problema de saúde pública, entretanto,
vale ressaltar que o Município realiza ações de busca ativa de casos de atenção básica e, como
possível melhoramento, este estudo sugere investir na capacitação dos profissionais
envolvidos no programa sobre tuberculose, reforçar o preenchimento adequado da ficha de
investigação, e enfatizar a importância do tratamento correto.
351
Espera-se que os resultados apresentados neste trabalho sejam levados em conta para
que os grupos de maior risco recebam uma abordagem especial dos programas de controle da
doença, consequentemente culminando na diminuição do número de notificações na cidade de
Santarém – Pará.
REFERÊNCIAS
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2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância das Doenças Transmissíveis.. Panorama da tuberculose no Brasil: indicadores
epidemiológicos e operacionais / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde,
2014.
CAVALCANTI ZR, ALBUQUERQUE MFPM, CAMPELO ARL, XIMENES R,
MONTARROYOS U, VERÇOSA MKA. Características da tuberculose em idosos no Recife
(PE): contribuição para o programa de controle. J. Braspneumol.,32(6):535-43, 2006
COÊLHO DMM, VIANA RL, MADEIRA CA, FERREIRA LOC, CAMPELO V. Perfil
epidemiológico da tuberculose no Município de Teresina-PI, no período de 1999 a
2005.Epidemiol. Serv. Saúde, 19(1):33-42, 2010
FIUZA DE MELO FA. Etiologia e transmissão. In: Veronesi R, Focaccia R, ed. Tratado de
infectologia. São Paulo: Atheneu; 1996. p.915-917
HIJJAR, M.A.; PROCÓPIO, M.J.; FREITAS, L.M.R.; et al. Epidemiologia da tuberculose:
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LOPES AJ. Tuberculose no idoso em hospital de referência. Pulmão, 14(3):202-7, 2005
SOUZA MVN DE & VASCONCELOS TRA. Fármacos no combate à tuberculose: passado,
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VENDRAMINI SHF , GAZETTA CE, NETTO FC, CURY MR, MEIRELLES EB, VILLA
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352
PESQUISA DE PARASITAS INTESTINAIS NAS FEZES E DO DEPÓSITO SUBUNGUEAL DAS MÃOS DE COLETORES DE LIXO URBANO DE SANTARÉM-PARÁ
Andresson Fernandes Pontes1
Cléverson Junio Campos Sousa1
Shelton José Costa Ferreira1
Israel Beser Diniz da Silva1
José Sousa de Almeida Júnior1
RESUMO: Os coletores de lixo estão sujeitos a vários riscos laborais, o contato frequente com resíduos sólidos
e semi-sólidos de natureza orgânica ou não se tornam fontes de contaminação de diversos micro-organismos,
como bactérias, parasitas (helmintos, protozoários), fungos, dentre outros. O depósito subungueal representa um
dos principais meios de transmissão de diversas enteroparasitoses. O estudo teve como objetivo verificar a
presença de poliparasitas intestinais em amostras subungueal das mãos e espécimes fecais de coletores de lixo
urbano da cidade de Santarém-Pará. As amostras coletadas foram analisadas no Laboratório de Micologia do
IESPES (Instituto Esperança de Ensino Superior). O estudo teve abordagem quantitativa, trabalhou com um
universo de 100% dos coletores de lixo que prestam serviço no período diurno, correspondendo a 15
trabalhadores, todas as amostras da região subungueal das mãos deram negativas para poliparasitismo, e das
amostras das fezes somente duas deram positivas para Entamoeba histolytica, mas nenhuma para
poliparasitismo. Os resultados conseguidos refletem a realidade das práticas preventivas tomadas tanto pelos
profissionais coletores de lixo, quanto pela empresa. Os dados obtidos através da pesquisa serviram para retirar o
estigma que a sociedade tem diante esta classe de trabalhadores.
PALAVRAS-CHAVE: coletores, lixo, parasita.
INTRODUÇÃO: A distribuição geográfica das parasitoses como a ascaridíase e outros
nematelmintos, se dá de forma abrangente e a nível cosmopolita, sendo que sua ocorrência
atinge moradores tanto de zonas rurais quanto de zonas urbanas (BECKER et al., 2002;
QUADROS et al., 2004).
De acordo com Neves (2005) a relação parasita e hospedeiro está diretamente
relacionada à associação entre os seres vivos, onde uma espécie se prevalece de outra
causando-lhe prejuízos. Nesta condição o hospedeiro está constantemente sendo agredido por
espoliação, abrigando o parasita agressor.
Para que exista a doença parasitária são necessárias condições favoráveis, onde a
quantidade de parasitas albergados, a localização, a virulência e o metabolismo, oferecem
estados pré-concebíveis para a disseminação e o estado da doença. E a relação condizente ao
hospedeiro como a idade, hábitos de higiene, nutrição, resposta imunitária, atividades
relacionadas ao trabalho e condições ambientais, são fatores que determinarão se o hospedeiro
1 Profissionais farmacêuticos especialistas
353
é um indivíduo sadio ou portador da doença, caracterizando-o como assintomático, portanto é
de importância o estudo dos elementos envolvidos na ocorrência das parasitoses (CASTRO et
al., 2004).
De acordo com Bezerra et al., (2003), as infecções por parasitas intestinais podem ser
contraídas por meio de vários veículos transportadores, ou seja, por alimentos e água
contaminadas com ovos de helmintos e cistos de protozoários, além da contaminação por via
oral-fecal através dos depósitos contaminados acumulados na região subungueal.
O depósito subungueal representa um dos principais meios de transmissão de diversas
enteroparasitoses, sendo comprovado em estudos anteriores, que sua participação nas
infestações ocorre devido aos hábitos inadequados de higiene e ausência de informações
adequadas para sua prevenção (GERMANO et al., 1993; GUILHERME et al., 1999).
O lixo gerado pelo homem através de suas atividades compõe um problema que gera
preocupações de ordem mundial, principalmente os grandes centros urbanos dos países em
desenvolvimento. Há uma grande ligação de casos de doenças na população relacionadas ao
lixo. Contudo, a relação dos resíduos urbanos com as doenças, se faz de forma indireta, pelos
elos de transmissão através dos resíduos sólidos-vetor-homem. Sendo assim, um dos sujeitos
suscetíveis a contaminação enteroparasitária são os coletores de lixo, pois vivenciam o
contato de forma frequente com os resíduos sólidos do lixo (SANTOS & SILVA, 2009).
Dessa forma a possibilidade dos profissionais coletores de lixo de se infectarem por
diversos parasitas intestinais é provável, em consequência da continuidade de contato com a
fonte de risco, isso pode se tornar um problema de saúde laboral que deve ser investigada.
Portanto o objetivo deste trabalho foi verificar a ocorrência de poliparasitas intestinais na
região subungueal das mãos e nas fezes de coletores de lixo urbano de Santarém-Pará.
MÉTODO: O público-alvo estudado foram 15 coletores de lixo, que trabalham nos
caminhões de coletas de lixos domiciliares e comerciais, no município de Santarém-Pará. A
pesquisa foi realizada com os 100 % dos coletores que realizam o serviço no período diurno,
sendo todos do sexo masculino e funcionários de uma empresa terceirizada.
A obtenção das amostras necessárias para a realização do estudo foi conseguida a partir da
raspagem da região subungueal das mãos dos coletores, ao final de cada expediente de
trabalho. Esta coleta foi realizada na própria empresa onde trabalham. A técnica de coleta foi
executada utilizando-se palitos de madeira estéreis individuais segundo Goulart et al (1966) e
Mello et al (1978), que após a coleta, foram depositados dentro de um tubo de ensaio
contendo 1 mL de solução salina a 0,9% que serviu como meio de transporte. Após cada
354
raspagem, foi entregue um frasco coletor para fezes identificado ao trabalhador, que foi
recebido no dia posterior, pela manhã antes desse trabalhador sair para a atividade de coleta.
As amostras, tanto do raspado subungueal quanto das fezes, foram encaminhadas ao
Laboratório de Micologia do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES), onde foram
analisadas.
As amostras dos depósitos subungueais foram processadas conforme o Método de
Blagg (1955) e as amostras de fezes, foi realizado de acordo com o método de sedimentação
espontânea ou Hoffmann (NEVES, 2000). Este método é usado para diagnosticar ovos e
larvas de helmintos e cistos de protozoários.
A referida pesquisa foi realizada conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde para pesquisa em seres humanos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A pesquisa atingiu 100 % dos coletores de lixo do período
diurno, que corresponde a 15 trabalhadores, com faixa etária entre 20 a 34 anos, os quais
realizam exames anualmente de acordo com o período estabelecido pela empresa para exames
periódicos. Esse calendário é montado conforme a data de admissão de cada colaborador, isso
significa que cada colaborador faz os exames exatamente na data correspondente ao de
admissão. Quanto aos tratamentos contra parasitos intestinais, segundo os coletores, até a data
da coleta das amostras para o estudo, havia mais de um ano que estes não tinham feito uso de
qualquer medicamento contra parasitoses.
Quanto a análise das amostras, conforme observado na tabela 1, foram obtidas 13
amostras de fezes e 13 amostras da região subungueal, o que caracteriza não corresponder ao
total das amostras, isso porque não foi possível obter as amostras tanto da região subungueal
quanto as amostras de fezes de quatro trabalhadores, os que trouxeram as fezes não foi
possível coletar as amostras subungueais e dos outros dois, não foi possível a coleta das fezes.
Todas as amostras da região subungueal das mãos deram negativas para
poliparasitismo e das 13 amostras de fezes, duas amostras deram positivas para Entamoeba
histolytica, mas nenhuma para poliparasitismo. O aparecimento da Entamoeba histolytica nas
duas amostras não está diretamente relacionada com o ambiente de trabalho, pois a mesma
pode ser transmitida pelo abastecimento de água contaminada e falta de saneamento básico
(FEWTRELL et al., 2005).
355
Tabela 1 – Incidência de parasitas intestinais nas amostras
Material Nº de amostras Negativos Monoparasitismo* Poliparasitismo**
Sedimento Subungueal 13 13 - -
Fezes 13 11 2 -
*Presença de um parasita **Presença de dois ou mais parasitas
Segundo Velloso et al (1997), os trabalhadores das empresas coletoras do lixo urbano
(coletores de lixo) são responsáveis pela coleta, transporte e destino final do lixo. Esses
trabalhadores representam uma classe de trabalhadores mais expostos aos riscos ergonômicos
e biológicos, uma vez que estão frequentemente em contato com o lixo, tornando-se assim
uma atividade insalubre e de potencial infectividade.
Portanto, os coletores de lixo devem receber orientações e informações a respeito da
saúde e segurança no trabalho, assim como serem monitorados quanto ao uso correto dos
EPI‘s (Equipamento de Proteção Individual). Deste modo, quando esses profissionais fazem o
uso corretamente dos seus materiais de proteção, previnem o aparecimento de parasitoses.
CONCLUSÃO: Apesar do alto risco ocupacional a que os coletores de lixo estão expostos,
levando-se em consideração o teor contaminante dos materiais coletados, tanto como risco
microbiológico, quanto para acidentes de trabalho por perfurocortantes, não obtivemos
resultados da prevalência de tais parasitoses no grupo pesquisado.
Os resultados conseguidos refletem a realidade das práticas preventivas tomadas tanto
pelos profissionais coletores de lixo, quanto pela empresa, e servirão para retirar o estigma
que muitos têm dessa classe de trabalhadores que tanto contribuem para a limpeza urbana, de
que esses trabalhadores responsáveis pela coleta do lixo são altamente infectados por parasitas
intestinais, justamente devido o contato indireto com o lixo.
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357
POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SANTARÉM NO PERÍODO DE 2004 A 2016
Greice Jurema de Freitas Goch1
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares2
RESUMO: O estudo focaliza as políticas educacionais no município de Santarém/Pará implementadas pela
Secretaria Municipal de Educação no período de 2004 a 2016 a partir da seguinte questão investigativa: Quais
foram as ações desenvolvidas neste período no que se refere à qualificação docente, a melhoria da rede física e a
gestão democrática pela rede municipal de ensino? A produção de dados está sendo realizada por meio de
pesquisa bibliográfica e análise documental utilizando como fontes: Planos Municipais de educação; Lei de
gestão democrática; Plano de cargos e salários; Plano de ações articuladas, a Lei orgânica do município, dentre
outros. Os resultados preliminares demonstram que as políticas educacionais tem relação com os programas
federais, as interferências do contexto socioeconômico e das legislações, tais como: a Lei de diretrizes e bases da
educação nacional-Lei nº 9.394/96 e do Plano Nacional de Educação- Lei nº 13.005/2014. Isso torna
imprescindível perceber o movimento entre o Estado, as Políticas Sociais e, mais especificamente, as políticas
educacionais mediante a consequente lógica do Sistema capitalista que reforça o alinhamento destas políticas
educacionais às ideologias neoliberais em detrimento da participação da sociedade na elaboração de tais políticas
que se configuram como heterogêneas na Amazônia, inclusive no município de Santarém.
PALAVRAS-CHAVE: Política educacional, qualificação docente, gestão municipal.
INTRODUÇÃO: A política educacional se refere às decisões que o Poder Público, isto é, o
Estado, toma em relação à educação. Percebe-se que esta Política está relacionada com o
Sistema Capitalista e com a globalização da economia. Ressalta-se, que o tema desta pesquisa
é sobre política educacional, tendo como referência o município de Santarém no período de
2004 a 2016, abordando os programas e projetos que solidificaram estas políticas com sua
interferência na Educação Básica.
A partir da década de 90 aconteceram reformas educacionais que se configuraram em
políticas públicas de caráter compensatório, tais como: a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional- Lei nº 9.394/96, os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica com o discurso da universalização de todos os
níveis de ensino para todos os indivíduos. A descentralização de recursos financeiros foi outro
fator histórico importante para as políticas educacionais através da lei do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério
(FUNDEF) e que hoje é designado de Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) - Lei Nº11.494/2007, o
1 Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE/UFOPA. Especialista em
Psicopedagogia e Interdisciplinaridade pela ULBRA. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação”, HISTEDBR/UFOPA. 2 Doutora em Educação pela UNICAMP. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Federal do Oeste do Pará-UFOPA. Coordenadora Institucional do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública/UFOPA. Líder Adjunta do Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação”, HISTEDBR/UFOPA.
358
qual tem como diferencial o atendimento da Educação Básica, obedecendo o disposto no
Art.212 da Constituição Federal. Barleta ressalta que,
[...] a reforma educacional dos anos 1990 impulsionou as mudanças no padrão da
gestão pública e no funcionamento dos sistemas educacionais. Era necessário formar
um novo cidadão produtivo para atender as demandas da economia globalizada e ao
mesmo tempo reduzir os gastos do Estado com essa formação, bem como
potencializar a atuação do Estado brasileiro no sentido da centralização das tomadas
de decisões no campo da política educacional e controle através das avaliações de
resultados. (2015, p.128-129).
Essa contextualização solidifica o interesse pelo tema, o qual surgiu devido à inserção
da pesquisadora na educação do município de Santarém no período de 2009 a 2012 como
Diretora de Ensino concomitante com atuação no Conselho Municipal de Educação de
Santarém acompanhando a elaboração de políticas educacionais. A relevância desta pesquisa
reside em constatar se essas políticas educacionais foram políticas de governo ou de Estado.
A implementação de uma política educacional só se dá de fato quando validada pelo
contexto da prática, isto é, se respondem e em que medida dá conta de responder às
expectativas sociais. De maneira mais proximal tem a gestão da escola um papel
fundamental nessa tipologia de encaminhamento - se se quer mudar a realidade, não
é a imposição cega e forçosa que conduzirá às respostas satisfatórias e duradouras
para a consecução de uma escola de qualidade, mas o grau de entendimento e
sentimento de pertinência social que a política pode trazer e que será ressignificada
pela comunidade intra e extraescolar. (LIMA, 2013, p.13).
Assim, configura-se a relevância social e histórica do estudo em registrar a
implementação da Política educacional desenvolvida na Secretaria Municipal de Educação em
Santarém no período de 2004 a 2016, já que neste período há a ausência de produções
científicas.
MÉTODO: Esta pesquisa em andamento tem um enfoque qualitativo já que permite ao
pesquisador um olhar aprofundado sobre os aspectos não mensuráveis da realidade e da
complexidade de fatos e processos particulares do objeto ora pesquisado. E quanto ao
levantamento de dados está sendo desenvolvida por meio da pesquisa bibliográfica e da
análise documental de fontes primárias (Lei de Gestão democrática, Plano de cargos e
salários, Planos Municipais de Educação, Proposta Pedagógica da Secretaria Municipal de
Educação, relatórios, periódicos, leis, resoluções do Conselho Municipal de Educação de
Santarém, portarias, dentre outros).
RESULTADO E DISCUSSÃO: A política pública é a ação de um governo, mas que pode
ser transformado num slogan, num programa governamental com ações provisórias (Política
de governo) ou em ações que causem impactos para o interesse público transformando-se em
359
leis. (Política de Estado). Sobre isso Hofling ressalta que as políticas públicas ―reflete os
conflitos de interesses, os arranjos feitos nas esferas do poder que perpassam as instituições
do estado e da sociedade‖. (2001, p. 38). Caracteriza-se como política pública o sistema de
metas e planos pensados pelos três entes federativos (União, Estado e Município). Porém,
nem sempre essas políticas organizadas pelo governo representam de fato as necessidades
apontadas pela sociedade de modo geral.
Os propositores da ―política de Estado‖ buscam a institucionalização de normativas
que definam em comum acordo as responsabilidades de cada ente federado para a
garantia do direito à educação. Já os propositores da ―política de governo‖ defendem
a preponderância da elaboração de agendas governamentais que atendam à área da
educação. (GANZELI, 2013, p.46).
Em consonância com esta ideia, pode-se dizer que as políticas públicas têm duas
características gerais, tais como: a primeira se refere à busca do consenso em torno do que se
pretende fazer e deixar de fazer proporcionando melhores as condições de aceitação e
implementação das políticas propostas e, a segunda se reporta a definição de normas e o
processamento de conflitos. Ou seja, as políticas públicas podem definir normas tanto para a
ação como para a resolução dos eventuais conflitos entre os diversos indivíduos e agentes
sociais. Sobre esse aspecto, é necessário frisar:
As políticas públicas, no âmbito das quais se insere a política educacional, são
formuladas e executadas pelos governos, tendo em vista minimizar a desigual
distribuição de riqueza e de oportunidades nas sociedades divididas em classes, e
que são geradas pelo modo de produção capitalista. (COLARES; COLARES, 2013,
p.85).
Além disso, as políticas públicas apresentam complexidades, objetivos, características
diferentes e formatos institucionais de acordo com o momento histórico desenvolvido a nível
internacional, nacional e local. Dessa forma, é pertinente o entendimento das políticas locais
assim como os tipos de políticas públicas que foram implementadas no contexto Santareno no
período de 2004 a 2016, as quais podem ser classificadas em quatro tipologias (redistributiva,
distributiva, regulatória e instituinte) que estão sendo abordadas na pesquisa em andamento.
(SANTOS, 2014).
De acordo com Santos (2014) as Políticas Públicas Redistributivas tem como objetivo
redistribuir renda na forma de recursos e/ou de financiamento de equipamentos e serviços
públicos. Já as Políticas Distributivas têm objetivos pontuais ou setoriais ligados à oferta de
equipamentos e serviços públicos. E, por último, as Políticas Regulatórias visam regular
determinado setor, ou seja, criar normas para o funcionamento dos serviços e a
360
implementação de equipamentos urbanos. Assim, a política regulatória se refere à legislação e
é um instrumento que permite regular (normatizar) a aplicação de políticas redistributivas e
distributivas. E por último, aparecem as políticas públicas instituintes que se exemplificam
por meio da Constituição Federal por dar forma ao Estado e ao regime político.
A política educacional decorre da intencionalidade das políticas públicas supracitadas
e, principalmente, pelas políticas públicas regulatórias, as quais são decisões que o Poder
Público, isto é, o Estado, toma em relação à educação. Assim, a L.D.B. Nº9.394/96 ressalta de
quem é a responsabilidade de elaborar tal política em regime de colaboração com os Sistemas
de Ensino.
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em
regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os
diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva
em relação às demais instâncias educacionais. (CARNEIRO, 2014, p.119)
Assim, percebe-se que a política educacional sofre influência da textualidade
(documento) e da contextualidade (relações de poder e as condições de sua produção) das
políticas públicas que visam o crescimento e o desenvolvimento econômico, porém estas
devem privilegiar a dimensão humana, evitando a deterioração das condições de vida das
populações mais pobres e mais marginalizadas do processo educacional. Nessa perspectiva, os
gastos públicos devem sofrer uma reorientação para promover uma reorganização
institucional, social e educacional.
Ressalta-se também a influência do Banco Mundial do ponto de vista econômico sobre
a educação. Apesar das críticas às políticas e metas educacionais preconizadas por esta
instituição, pelo menos no Brasil, o ensino básico e fundamental começou a ter importância
no desenvolvimento econômico a partir da década de 1990 e início dos anos 2000 devido às
pressões externas realizadas pelos resultados dos relatórios internacionais divulgados pelo
BIRD e pelo Banco Mundial. O Brasil aparece como um dos países que possui a pior
educação fundamental do planeta.
É premente, então, verificar que as políticas brasileiras de educação registradas nos
planos decenais têm como principal preocupação o ensino básico, pilar do ensino médio e
superior, pilar na formação do indivíduo, no treinamento e no exercício da cidadania. Colares
ressalta uma prerrogativa sobre este cenário enfatizando que,
361
Vive-se um período no qual o expansionismo do capital está fortemente presente e
difundido pela ―globalização‖. Ao mesmo tempo, junto a esse expansionismo,
assiste-se à concentração dos espaços de poder em torno de organismos, tais como
FMI e o Banco Mundial. Assim sendo, os acontecimentos em curso no plano
mundial, afetam as orientações/ decisões políticas governamentais de todos os
países, produzindo modificações substantivas nas diferentes esferas da vida social.
(2006, p.25)
Investir de forma qualitativa em educação básica é fundamental para o desenvolvimento
e funcionamento da economia do país. Diante disso, a educação não pode ser vista somente
com o pretexto de estimulá-la para melhorias econômicas colocando o Brasil em
competitividade com o mercado internacional com o objetivo de minimizar os déficits e
equilibrar as contas públicas. Não se trata apenas de investir em mais recursos, mas de investir
com qualidade na elaboração e implementação de tais políticas educacionais tanto a nível
nacional quanto a nível local.
CONCLUSÕES: Sendo assim, as discussões parcialmente supracitadas sobre políticas
públicas e políticas educacionais favorecem o entendimento da correlação e da interferência
do Estado e do modo de produção capitalista na elaboração de tais políticas e,
consequentemente, nas políticas educacionais implementadas pela Secretaria Municipal de
Educação nas escolas da Rede Municipal de Santarém.
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SANTOS, P. S. M. B dos. Guia Prático da Política Educacional no Brasil: ações, planos,
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362
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO DE AUTORIA BASEADO NO CONCEITO DE STORYTELLING
Deivid Eive Silva1
Marialina Corrêa Sobrinho2
RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de facilitar a compreensão dos diferentes tipos de linguagens abordados
na disciplina Língua Portuguesa com alunos da 1ª série do Ensino Médio, permitindo-os construir conhecimento
através da produção de storytelling (arte de contar histórias), pois acredita-se que o mesmo por possibilitar a
manipulação de recursos multimídia, como: vídeo, áudio, texto e imagens, apresentam-se como uma alternativa a
favor da educação, podendo instigar a curiosidade do educando para o conteúdo, tornando-o mais participativo e
interessado. Como parte da metodologia, será utilizada as ferramentas Word e Power Point nas versões 2016 e o
editor de vídeo HitFilm 3 express. Esta atividade está apoiada na pedagogia dos projetos, seguindo os princípios
do process digital storytelling. O trabalho encontra-se em fase inicial.
PALAVRAS-CHAVE: tecnologia, língua portuguesa, storytelling.
INTRODUÇÃO: A tecnologia está cada vez mais presente em diversos ambientes
frequentados pelo homem, dentre eles o espaço escolar, apresentando-se como uma nova
maneira de se informar e de se comunicar, ampliando esse meio sem alterar os procedimentos
tradicionais.
Entretanto, nesse contexto, ainda é possível perceber que esse mesmo artifício pode
provocar uma contínua distração no corpo discente, quando não há projetos educativos na
escola que incluam e explorem o uso desse recurso como uma ferramenta capaz de contribuir
para uma aprendizagem significativa.
Segundo Rosen, professor da Universidade Estadual da Califórnia, a concentração de
alguns estudantes, varia de 3 a 5 minutos, depois disso, se distraem, sem que consigam
terminar seus estudos ou tarefas, ficando ansiosos durante a aula para ver no celular, por
exemplo, os comentários que estão recebendo na sua última foto postada no instagram, os
likes recebidos no facebook, e assim por diante. (BBC BRASIL, 2013).
Em contrapartida, pode ser percebido que não há falta de atenção e público, por
exemplo, nas salas de cinema, teatro e nem na procura e leitura dos livros como a saga
crepúsculo e Harry Potter que se tornaram best-sellers por conta da demanda
(STORYTELLERS, 2007).
Diante disso, é possível dizer então que a escola necessita adotar novas estratégias
para despertar a curiosidade do seu público para aquilo que é proposto comunicar. Com isso, é
perceptível nesse meio, uma espécie de ―cabo de guerra‖ em busca de atenção, consegue-a
1 Aluno do 7º Semestre do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA. 2 Professora do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA, orientadora do projeto.
363
aquele que tiver uma melhor história para contar, como: o filme em cartaz, a espetáculo
teatral, o enredo de um livro.
O professor em sala de aula está disputando a concentração do aluno e deve ser o
primeiro a utilizar novas maneiras com a intenção de cativa-lo e não somente de passar
conhecimento (DOMINGOS, 2012).
Nesse processo, como uma alternativa para reter a atenção do educando, surge o
storytelling (a arte de contar histórias). O conceito já é popular nos Estados Unidos (EUA),
porém ainda é recente no cenário educativo europeu e brasileiro (T-STORY, 2013). Contudo,
a base do storytelling não é nova, pois o ―ser humano conta historia há milhares de anos na
simples troca de conhecimento, para manter e desenvolver tradições, para motivar e mexer
com emoções.‖. (T-STORY, 2013).
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é facilitar a compreensão dos diferentes tipos
de linguagens abordados na disciplina Língua Portuguesa com alunos da 1ª série do Ensino
Médio.
Como parte da metodologia, será utilizada as ferramentas Word e Power Point nas
versões 2016 e o editor de vídeo HitFilm 3 express. Esta atividade está apoiada na pedagogia
dos projetos, seguindo os princípios do process digital storytelling.
Este resumo expandido está organizado em seções, onde após esta introdução encontra-se a
segunda seção que apresenta o método utilizado para o desenvolvimento do projeto. A seção seguinte
aborda os resultados do projeto, e finaliza com a conclusão.
MÉTODO: O estudo partirá de pesquisas, tendo como apoio o método semi-experimental
(modelo que permite o trabalho com pessoas no princípio de pré-teste e pós-teste, verificando
o desempenho escolar), levantamento de dados (entrevista com o professor sobre os
desempenhos escolares) e bibliográficos (material científico). (VELTRONE, 2009).
A aplicação do projeto será realizada em uma escola da rede particular de ensino na
cidade de Santarém, no oeste do Estado do Pará. A mesma atende aproximadamente 1.400
alunos, indo da educação infantil até a 3ª série do Ensino Médio. Para este experimento foram
escolhidas 2 turmas da 1ª série do Ensino Médio que se deu através de sorteio, totalizando 77
alunos envolvidos com a finalidade de facilitar o ensino dos tipos de linguagens ministrada na
disciplina Língua Portuguesa.
Para o experimento dividirá as turmas em 11 equipes de 7 alunos, aproximadamente,
representados nos diferentes tipos de linguagens: verbal e não verbal, publicitária, cinema,
364
história em quadrinhos e artes plásticas. Dessa maneira, sendo organizados em 6 momentos de
45 minutos cada aula.
No primeiro momento explanará sobre o conteúdo que será trabalhado. No segundo
momento será feito a formação das equipes, discussão para escolha da ideia central que
norteará a storytelling e a pesquisa sobre o tema e assuntos relacionados ao trabalho,
registrando e estruturando no formato de roteiro entregue às equipes. No terceiro momento
serão elaborados os storyboards a partir de um esboço entregue aos alunos e também serão
coletadas as mídias necessárias para o desenvolvimento. No quarto momento será realizada
uma oficina para o uso da ferramenta de edição de vídeos. No quinto momento serão
produzidas as storytelling e no sexto momento será feito a divulgação e avaliação acerca do
material produzido.
A proposta do trabalho segue a pedagogia dos projetos que permite o aluno aprender
fazendo, além de estimular a autoria e por fim gerar conhecimento, pois nesse tipo de
atividade, o mesmo ―precisa selecionar informações significativas, tomar decisões, trabalhar
em grupo, gerenciar confronto de ideias, enfim desenvolver competências interpessoais para
aprender de forma colaborativa com seus pares.‖. (PRADO, 2003).
Referente à produção das histórias digitais foi adotado o ―Digital Storytelling
Process‖, que orientará os alunos nas etapas de desenvolvimento do produto final (MORRA,
2013), seguindo os 8 passos necessários.
1. Comece com uma ideia: pensar na temática, podendo ser ficção ou realidade;
2. Investigação: conhecer melhor o tema o qual deseja construir a história.
3. Script: registrar a pesquisa, estruturando em uma espécie de roteiro;
4. Storyboard: modelar o script. Servirá como orientação para o projeto final, então
deve-se especificar qual o material pretende usar.
5. Reunir: buscar as mídias necessárias para o desenvolvimento da storytelling:
imagens, vídeos e sons.
6. Junte tudo: utilizar uma ferramenta de edição para a integração das mídias e
viabilização do projeto.
7. Partilhar: disponibilizar online as produções realizadas pelos alunos, podendo assim
fomentar para a produção de trabalhos robustos, pois serão vistos também por um público
externo que poderá dar likes, por exemplo.
8. Reflexão e feedback: avaliar o próprio trabalho, sobre a experiência vivenciada.
365
As ferramentas utilizadas durante o processo serão: o editor de texto Word na fase 3
para o registro do roteiro, o editor de apresentação Power point na fase 4 para elaboração do
esboço da storytelling, ambos na versão 2016. Além disso, será utilizado o editor de vídeo
HitFilm 3 Express para a criação e edição do material final. Na fase 7, será usado a rede social
facebook como veículo de divulgação dos resultados e na fase 8 o typeform como recurso
para captação do feedback dos alunos através de formulário eletrônico sobre as experiências
vivenciadas no desenrolar de seus trabalhos.
Cabe dizer que todas as etapas descritas no projeto serão mediadas pelo professor e
receberá suporte da equipe de informática da escola.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O trabalho final consiste nas produções de storytelling
realizadas pelos alunos da 1ª série do Ensino Médio na disciplina Língua portuguesa, norteado
pelo processo para desenvolvimento de storytelling digital proposto por Morra (2013).
Todos os trabalhos serão publicados em uma página criada na rede social facebook e
serão apresentados no auditório da escola com a finalidade de captar feedback para
posteriores propostas dessa natureza.
Ao final serão classificados os melhores trabalhos produzidos refletidos nas curtidas
do facebook, ponto de vista do professor e olhar da equipe de informática do colégio que dará
apoio em todos os momentos necessários para viabilizar esse projeto.
CONCLUSÃO: O desenvolvimento de storytelling digital como proposta pedagógica, por
permitir a manipulação de recursos multimídia, como: vídeo, áudio, texto e imagens,
apresentam-se como uma alternativa a favor da educação, podendo estigar a curiosidade do
educando para o conteúdo, tornando-o mais participativo e interessado (SILVA, SILVA e
CORREA SOBRINHO, 2015). Conforme Villate (2005) ―cada ano os nossos alunos estão
mais motivados para as tecnologias informáticas e menos motivados para os métodos
tradicionais de ensino‖.
Um projeto dessa natureza que propõe a produção de histórias digitais na sala de aula
articula não somente o ponto de vista pedagógico, mas também o aspecto organizacional,
importantes para o desenvolvimento do estudante, pois além de provocar o aumento no
desempenho escolar, ainda ajuda a melhorar as habilidades exigidas no mercado de trabalho.
Desse modo, exercitando a escrita, a criatividade, a capacidade narrativa, a construção de
argumentos e o pensamento lógico, inclusive estimulando a capacidade de gerir o tempo para
366
cumprir os prazos estipulados pelo professor, sendo necessário ao decorrer das atividades
aprender escutar uns aos outros e trabalhar em equipe.
Então, nesse sentido, acredita-se que os benefícios em utilizar a storytelling nos
processos de ensino e aprendizagens podem ajudar na resolução dos problemas levantados
anteriormente de uma maneira lúdica e atrativa, que possibilite a interação entre os alunos e a
construção do conhecimento.
Por conseguinte, pretende-se dar continuidade ao projeto seguindo sua aplicação,
testes e devidas analises para assim posteriormente replicá-lo para as demais disciplinas e
níveis de ensino para o apoio e melhoria do aprendizado.
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PRODUÇÃO DE TIJOLO ECOLÓGICO UMA ALTERNATIVA PARA
CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICIPIO DE SANTARÉM
Fernando Augusto Ferreira do Valle1
Ednelma Branco Madeira2
Francisco Marcos Vidal Praciano3
Kayna Costa Gregório4
RESUMO: Sabe-se que é pauta dentre as maiores discussões e preocupações do mundo atual a gradativa
escassez dos recursos naturais e a crescente necessidade de preservação do meio ambiente, além da necessidade
de descobrir soluções para reduzir os impactos ambientais causados pela péssima utilização da matéria-prima
proveniente da natureza. Por conta disso, observa-se a busca cada vez maior de novos resultados técnicos por
parte da construção civil, que visam atingir maiores vantagens no decorrer de suas atividades, tanto no setor
econômico quanto no sustentável. Com base nessas necessidades, a utilização do tijolo solo-cimento destaca-se
como excelente alternativa para suprir tais carências, principalmente na área residencial, tendo como maior
destaque de sucesso no projeto a parte econômica, o tempo de execução e a sustentabilidade. Procurou-se, neste
artigo, mostrar as vantagens da utilização do tijolo de solo-cimento, aperfeiçoando o modelo já existente, através
da criação de um novo protótipo com dimensões diferenciadas e maior resistência que o tijolo já normatizado.
PALAVRAS-CHAVE: Sustentável. Tijolo. Econômico.
1 INTRODUÇÃO: Atualmente, observa-se uma incessante procura por alternativas de
materiais de construção civil ecologicamente corretos e de baixo custo. Sendo o Brasil um
país em crescimento, é necessário focar na sua sustentabilidade, por isso a importância de um
produto de alta qualidade e com procedimento produtivo com baixo índice de impactos
ambientais e custos. Seguindo esse campo de visão, pode-se destacar, como uma excelente
alternativa, a aplicação do Tijolo Solo-Cimento nas construções civis, de modo geral.
Sistemas de construção de solo-cimento podem minimizar danos ambientais, baratear e dar
mais agilidade às obras. A técnica é o resultado da mistura homogênea de solo, cimento e
água em proporções previamente determinadas, depois compactadas na forma de tijolos,
blocos ou paredes monolíticas. Desde que bem executado, o componente apresenta boa
durabilidade e resistência à compressão. (PINI/WEB, 2004)
A utilização do Tijolo Solo-Cimento, ou Tijolo Ecológico, facilita a execução das
obras reduzindo o desperdício, como a não utilização de madeira como escoramento e
caixaria, consequentemente diminuindo a quantidade de mão de obra e de material no
canteiro. Desta maneira, observando toda sua cadeia produtiva até o seu objetivo final, pode-
se observar que o Tijolo Solo-cimento tende a ser um produto sustentável e de baixo custo. A
construção com solo-cimento é considerada uma técnica milenar, os Estados Unidos, por
exemplo, aplicaram este tipo de técnica na Segunda Guerra Mundial na construção de pistas
de aeronaves na Ilha do Pacífico. No Brasil, deram início aos estudos no ano de 1941, e em
1 Eng. Civil M.Sc Professor no Centro Universitário Luterano de Santarém
2 Engenheira Civil
3 Engenheiro Civil
4 Acadêmica de Engenharia Civil no CEULS/ULBRA
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meados de 1945 foi utilizada na construção de uma casa de bombas na cidade de Santarém, no
estado do Pará.
A alvenaria feita com blocos modulares, sim, não só resolve esse problema de interação
como oferece algumas vantagens. Dispensa o revestimento, argamassa de assentamento,
além de não necessitar de queima de madeira ou óleo combustível para sua produção, o que
barateia o processo construtivo. Assim como a parede monolítica, os blocos de solo-
cimento são fabricados, normalmente, com o próprio solo do local, o que reduz custos com
relação à matéria-prima de construção e o seu transporte. (PINI/WEB, 2004)
Avaliando este cenário, objetiva-se mostrar neste artigo, através de levantamento
bibliográfico e ensaios em laboratório, as características do Tijolo Solo-Cimento, seu processo
executivo e seu baixo impacto ao meio ambiente, e o que pode ser melhorado nesses setores
para aprimorar a utilização dessa técnica. Foi observada a possibilidade de ser mostrada a
consciência ecológica com atitudes diferentes para com a sociedade, trazendo uma construção
simples, econômica e, sobretudo, com o pensamento no futuro.
2 METOLOGIA: Para o desenvolvimento deste artigo, recorreu-se, de início, à seleção
de um acervo bibliográfico consistente com o tema e com levantamento de dados. A partir
daí, foram analisados ensaios laboratoriais com o objetivo de verificar a possibilidade de um
tijolo com maior resistência à compressão, e estanqueidade mais elevada se comparado aos
comumente já existentes no mercado. Os ensaios ora realizados tratam-se de: Absorção de
água, compressão simples, limite de liquidez, limite de plasticidade, análise granulométrica
por peneiramento e umidade ótima. A utilização final deste tijolo poderá apresentar diversos
benefícios, dentre eles a aquisição de material em jazidas próximas, sem grande degradação
ambiental; não há a necessidade de queima, dispensando a utilização da madeira no seu
processo executivo; é mais econômico em relação ao tijolo tradicional; facilita a agilidade na
construção, pouca necessidade de mão de obra especializada, consequentemente reduzindo
custos. Em se analisando aspectos vinculados à resistência, de acordo com as NBR‘s 8491/84
e 8492/84, que dimensionam o tijolo em 20x10x5cm, com pressão de 15 toneladas, a
resistência à compressão pode chegar até 3,7 MPa, no máximo, e estanqueidade máxima a
14,5%. Os materiais utilizados no tijolo solo-cimento são, de acordo com Freire (1976, apud
BARBOSA et al. 2002), ―uma mistura de solo pulverizado, cimento Portland e água, os quais,
sob compactação a um teor de umidade ótima, constituem-se em um material estruturalmente
resistente, estável, durável e de baixo custo‖. O solo é o elemento que entra em maior
quantidade nessa mistura, então deve ser escolhido de forma que se utilize a menor
quantidade possível de cimento. O mais indicado é o solo arenoso devido as suas
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características peculiares. A água deve ser livre de matéria orgânica, sulfatos, sais, entre
outros, caso contrário podem trazer problemas ao cimento, como a dificuldade na pega, por
exemplo. O cimento Portland é empregado na composição do Tijolo Solo-Cimento. Conforme
Sampaio (2005), ―para cada 143 tijolos cerâmicos, é necessário 13,36kgde cimento, 0,048m³
de areia, 0,018m³ de saibro, um pedreiro, um servente e encargos, a cada 2 horas de trabalho‖.
No tijolo modificado apresentado neste artigo, para cada 60 tijolos são necessários 2 litros de
cola, um pedreiro, um servente e os encargos.
Figura 1 – Tijolo modular de solo cimento
Fonte: MADEIRA, Ednelma Branco, PRACIANO, Francisco Marcos Vidal, 2012
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Ensaio de Absorção de Água: Este ensaio, realizado no protótipo criado do tijolo de
solo-cimento, foi promovido de acordo com os parâmetros fornecidos pela ABNT NBR 8492,
do ano de 1984. Esta norma determina que o tijolo solo-cimento tradicional, o comercializado
no mercado, deve ter no máximo uma absorção de 14,25% de água. Neste ensaio, a absorção
de água atingiu a média de 9,52% de umidade, de acordo com a tabela a seguir, resultado
bastante satisfatório em relação ao tijolo existente no mercado.
Tabela 1 – Índice de Absorção de Água
Fonte: MADEIRA, Ednelma Branco, PRACIANO, Francisco Marcos Vidal, 2012
3.2 Ensaio de Compressão Simples: Este ensaio, realizado no protótipo do tijolo de solo-
cimento, foi promovido de acordo com os parâmetros fornecidos pela ABNT NBR 8492/84,
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que determina uma resistência mínima de 3,7 MPa. Foram ensaiados 36 tijolos, com tempo de
cura de 3, 7, 14 e 28 dias, contados a partir de sua fabricação, utilizando o mesmo tipo de solo
e cimento Portland, em quantidades variadas (8%, 10% e 12%) estabelecidas por norma.
Observou-se, então, que os corpos de prova com o tempo de cura de 28 dias apresentaram
resultados satisfatórios, ao contrário dos tijolos com pouco tempo, que apresentaram
resistência inferior à determinada pela normativa.
3.3 Ensaio de Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade: O limite de liquidez consiste na
passagem do solo de estado liquido para o estado plástico, e o de plasticidade é a passagem do
estado plástico para o semi-sólido. O ensaio de determinação do limite de liquidez do solo,
que foi realizado de acordo com os parâmetros fornecidos pela DNER-ME 122/1994 e
DNER-ME 082/1994. Ao analisar as amostras e submetê-las aos ensaios, obteve-se o
resultado no limite de plasticidade o valor de 19% e limite de liquidez, 62%.
3.4 Ensaio de Análise Granulométrica por Peneiramento: A granulometria é a proporção
relativa, mostrada em porcentagem, dos diferentes tamanhos dos grãos que estão constituindo
o material. O ensaio de determinação da granulometria por peneiramento foi feito de acordo
com a DNER 080/1994, que mostra um percentual passante na peneira de nº 200, ou
0,074mm, um total de 13,84% de silte e argila e 44,06% de material mais arenoso, essa
quantidade de finos ajuda na homogeneização no material para confecção do tijolo.
Tabela 2 – Ensaio de Peneiramento
Fonte: MADEIRA, Ednelma Branco, PRACIANO, Francisco Marcos Vidal, 2012
Tabela 3 – Ensaio de Peneiramento
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Fonte: MADEIRA, Ednelma Branco, PRACIANO, Francisco Marcos Vidal, 2012
4 CONCLUSÃO: A produção de tijolo modular solo-cimento é uma boa alternativa para
as empresas de construção, que visam otimizar custos e tempo em suas obras, sem deixar de
atentar à qualidade do produto a ser utilizado em sua fabricação e sempre seguindo as
recomendações da NBR 8491 e 8492/83, no quesito material e resistência, tendo em vista que
seu processo produtivo deverá adequar-se às normas técnicas e às recomendações da ABNT.
Os resultados obtidos evidenciam que os materiais disponíveis para fabricação deste tijolo,
são próprios para construção de alvenaria de vedação e estrutural de pequeno porte. Os corpos
de provas apresentaram resultados satisfatórios, superiores aos estabelecidos pela norma.
Portanto, confirma-se a eficácia do tijolo modificado e sua plena condição de comércio, tendo
assim, um produto de alta qualidade e economia. Espera-se que a produção do tijolo de solo
cimento deva crescer consideravelmente em todo o país pelos próximos anos, devido à
necessidade de materiais mais práticos e sustentáveis. Não distante desta perspectiva o
município de Santarém, assim como outros do país, explora o setor de construção civil, tal
fato, proporciona a necessidade de desenvolvimento tecnológico sustentável, para que apenas
as três indústrias de tijolo solo cimento na cidade, possam aprimorar as técnicas de produção e
comercialização deste produto, tendo em vista que foi verificado através de pesquisa
bibliográfica e ensaios realizados neste estudo, que a produção de tijolo modular solo cimento
é uma boa alternativa para as empresas do ramo.
5 REFERÊNCIAS
ABCP- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Guia básico de
utilização do cimento Portland.7.ed. São Paulo, 2002. 28p. (BT-106)
______Boletim Técnico – Aplicação de solo-cimento em pequenas áreas urbanas. São
Paulo: ABCP, 1985.
372
ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. DNER-ME 080 –
Solos- análise granulométrica por peneiramento. Rio de Janeiro, 1994.
______. DNER- ME 7181 – Solo- Análise Garnulométrica. Rio de Janeiro,1984.
______. DNER- ME 122 - Solos- determinação do limite de liquidez- método de
referência e método expedito. Rio de Janeiro, 1994.
______. DNER- ME 213 – Solos- determinação do teor de umidade. Rio de Janeiro, 1994.
______. DNER- ME 082 - Solos- determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro,
1994.
______. NBR 11578- Cimento Portland Composto. Rio de Janeiro: ABNT, 1991b.
______.NBR 5732- Cimento Portland Comum. Rio de Janeiro: ABNT, 1991.
______.NBR 13553 – Materiais para emprego em parede monolítica de solo-cimento sem
função estrutural. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
BAUER, L. A. Falcão. Materiais de construção: Concreto, Madeira, Cerâmica,
Metais, Plásticos, Asfalto. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. (Coleção Novos materiais para
construção civil).
FREIRE, W. J., BERALDO, A. L. Tecnologias e materiais alternativos de
construção.Unicamp, São Paulo: 2003.
MADEIRA, Ednelma Branco, PRACIANO, Francisco Marcos Vidal. PRODUÇÃO DE
TIJOLO ECOLOGICO. Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário Luterano
de Santarém (CEULS). Santarém, 2012.
373
PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE MONITORAMENTO REMOTO DE PACIENTE NA CIDADE DE SANTARÉM – PARÁ: FASE DE PLANEJAMENTO
Amélia Caroline de Souza Farias1
Michel Islas Batista da Silva¹
Jordan Gabriel da Rocha Brito¹
Marjorie Elienay Pimentel Assunção¹
Willy da Silva Sena¹
Carlos Eduardo Miléo Antunes2
RESUMO: Nota-se com frequência a carência da população quanto à disponibilidade de novos meios
tecnológicos para facilitar e suprir necessidades na área médica; em alguns casos os hospitais não oferecem
atendimento adequado devido à falta de recursos. No entanto, observa-se que o avanço da tecnologia na área da
saúde veio se intensificando nas últimas décadas, tornando assim reais as possibilidades de melhorias nesse
ambiente. Concorda-se que a maioria das pessoas só recorrem aos hospitais quando seu quadro clínico já está se
agravando, o médico por sua vez acaba não chegando a um diagnóstico consistente devido à falta de
acompanhamento continuo na vida do paciente. Na situação de pessoas mais idosas o acompanhamento médico
frequentemente pode evitar doenças e até mesmo a morte. Baseado nisso, propõe-se a implantação de
Monitoramento Remoto de Pacientes, permitindo que vários destes problemas sejam amenizados, por exemplo,
possibilitar ao médico condições de dar um diagnóstico mais preciso, pois será possível acompanhar os dados do
paciente não somente no momento da consulta. Este trabalho tem como objetivo reduzir o tempo de internação e
custos. A contribuição esperada para o projeto é implantação de um sistema remoto de monitoramento de
pacientes utilizando uma rede de comunicação sem fio priorizando baixo custo e consumo.
PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia. Saúde. Monitoramento remoto de pacientes.
INTRODUÇÃO: De acordo com Madeiro ―A crise na saúde pública do Brasil deve ser
considerada sob três aspectos básicos, quais sejam, a deficiência na estrutura física, a falta de
disponibilidade de material-equipamento e a carência de recursos humanos‖ (2013, p.27).
Há um elevado grau de preocupação no que diz respeito à alta taxa de ocupação nos hospitais,
muitos deles possuem sua taxa de ocupação acima de 100%, desta maneira, com todos os
leitos ocupados, faz-se o uso de macas nos corredores para que haja uma tentativa de atender
pacientes além da capacidade do hospital. Isto tem como consequência principal a carência de
um atendimento adequado, devido à falta de equipamentos e de profissionais para atender
todas as necessidades apresentadas. Nestes cenários muitos pacientes acabam não
conseguindo leitos, morrem nos corredores ou em consequência ao longo período de espera
por atendimento.
Desta forma, faz-se necessário que sejam elaboradas soluções para que a demanda por
leitos de hospitais e a necessidade por atendimentos médicos adequados sejam supridas ou
amenizadas. Há possíveis soluções a serem pensadas para que este problema seja solucionado,
1 Acadêmicos III Semestre do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA.
2 Professor do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA, e orientador do projeto.
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no entanto, é possível que o tempo de espera para que estas soluções sejam postas em prática
seja ainda maior do que os problemas atualmente apresentados devido aos custos e a
necessidade de investimentos relativamente altos. Porém, outra maneira prática seria diminuir
a necessidade dos pacientes de usarem os leitos existentes. Com o sistema de monitoramento
remoto, em casos de menor gravidade, o paciente poderá ser monitorado em casa, sem a
necessidade de usar um leito hospitalar ou enfrentar filas para que tenha os atendimentos
iniciais. Será possível que a precisão dos diagnósticos gerados para determinados casos seja
bem maior do que os que são dados costumeiramente sem que sejam feitas analises mais
profundas, isto se dará por que o médico terá acesso a um histórico anterior dos pacientes, já
que eles vêm sendo monitorados todos os dias por esse sistema.
A proposta de implantação de um sistema de monitoramento remoto a distância tem
como objetivo contribuir para a redução da crise que hospitais apresentam quanto a
atendimentos de emergência hospitalar. Diminuindo significativamente a grave situação de
superlotação de hospitais e aprimorando o acompanhamento médico/paciente, permitindo
desta maneira que sejam dados diagnósticos mais precisos e eficazes para o paciente.
MÉTODO: A fundamentação do trabalho referente aos conceitos deu-se através da pesquisa
bibliográfica na web. Quanto aos equipamentos e aos softwares foram feitos levantamentos
juntos aos sites dos fornecedores de soluções de monitoramento de pacientes. A seleção da
ferramenta de monitoramento de paciente deu-se pela facilidade de manuseio, onde a mesma
não possui um processo dificultoso em seu uso, de maneira que uma pessoa com poucas
instruções possa manuseá-la, além de ser um software de baixo custo, porem com muitos
recursos e principalmente, recursos que atendam todos os requisitos pedidos para o
funcionamento coerente e eficaz do produto tornando-o satisfatório.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: É evidente que a tecnologia passou a ser solução de peso
para problemas apresentados em diversas áreas como educação e saúde. Acredita-se, a partir
dos dados analisados, que aderir a meios tecnológicos além de ser inovador pode ser de
extrema importância para melhorar a área da saúde, otimizando tempo e custos e ainda
aprimorando os resultados esperados pelos pacientes.
Em pesquisas iniciais sobre o uso da tecnologia de monitoramento voltada para esta
área, observou-se que já existem aplicativos e sistemas que auxiliam pacientes com suas
necessidades médicas, porém, o que se propõe nesse trabalho é, não só trazer auxilio para os
usuários mas ajudar com fatores como: Precisão de diagnósticos dados pelos médicos,
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acompanhamento mais frequente entre médico/paciente, otimização do tempo de espera para
atendimentos de emergência, redução da superlotação de hospitais e amenizar os problemas
com a escassez de leitos hospitalares.
Espera-se que o monitoramento remoto de pacientes inicialmente possa não tornar
extintos todos os problemas apresentados na área da saúde, mas traga uma diminuição
significativa desses incômodos, abrindo espaços para que projetos com esse mesmo cunho de
pesquisa possam ajudar a tornar esses problemas ainda mais raros.
REFERÊNCIAS:
BITTENCOURT, Roberto José. Ca. Saúde Publica:Intervenções para solucionar a
superlotação nos serviços de emergência hospitalar, jul. 2009. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n7/02.pdf>Acesso em: 26 Mar. 2016
CARVALHO, Marco Antônio Santuci. Um sistema de monitoramento remoto de pacientes
usando rede sem fio.Disponível em:
<https://www.dcc.ufmg.br/pos/cursos/defesas/231M.PDF>Acesso em: 26 Mar. 2016.
LIMA, Eduardo. Monitoramento e acesso remoto: Conceitos e Princípios. Disponível em:
<http://www02.abb.com/global/gad/gad02465.nsf/59bddcf5e4536d06c125778c0028fa3c/0b8
c36f71ca33ea183257a8b00556c17/$FILE/Monitoramento+e+acesso+remoto.pdf>Acesso em:
27 Mar. 2016.
VIEIRA, Celia Maria Sales. A implantação do Projeto de atendimento Móvel de Urgência
em Salvador/BA: Panorama e desafios.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n4/v42n4a23>Acesso em: 27 Mar. 2016.
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PROPOSTA INTERDISCIPLINAR INTEGRANDO O CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO COM A COMUNIDADE ESCOLAR
Kássia Lima de Souza1
Marialina Corrêa Sobrinho2
RESUMO: Na busca por uma nova prática que contribua com o desenvolvimento interdisciplinar dos processos
de ensino e aprendizagem, o Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA implantou o Trabalho
Interdisciplinar de Sistemas de Informação (TISI). Considerando que ao entrar na Universidade o aluno deve
obedecer a um currículo pré-estabelecido que segue as diretrizes do Ministério de Educação e Cultura nada mais
providencial que por esse currículo linear exista uma preocupação concreta da prática interdisciplinar dos
processos de ensino, incluindo a leitura e a escrita que perpassa em um eixo vertical todas as disciplinas. Nesse
contexto, o objetivo do trabalho é praticar a interdisciplinaridade de forma efetiva, produzindo trabalhos
concretos no percurso da vida acadêmica dos alunos do curso de Sistemas de Informação. A metodologia de
desenvolvimento do projeto acontece em cinco semestres consecutivos, iniciando no primeiro semestre na
disciplina de Introdução a Computação. O projeto encontra-se em fase de desenvolvimento e a proposta foi
estendida à comunidade no entorno do CEULS/ULBRA para alunos e professores da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio Maria Uchoa.
PALAVRAS-CHAVE: educação, interdisciplinaridade, produção científica.
INTRODUÇÃO: Na educação, a interdisciplinaridade tem sido discutida como uma prática
que supera a fragmentação das disciplinas e promove mudanças nos processos de ensino e
aprendizagem. Para Libâneo (1994) o processo de ensino é um conjunto de atividades
realizadas por educador e educando, onde há a condução do ensino para que se alcance o
desenvolvimento das capacidades mentais.
Tem-se como princípio que no mundo atual, um profissional saiba encontrar as
soluções para os diversos problemas apresentados, pois conforme Piaget (1978), há sempre
desafios e problemas de desenvolvimento e de sobrevivência a destrinchar e a solucionar.
Nesse sentido, o papel das instituições de ensino, seja fundamental, médio, graduação
ou pós-graduação, é de enfatizar a aprendizagem para que os indivíduos gerem conhecimento
por si próprios (VALENTE, 2003). Na busca por uma nova prática que contribua com o
desenvolvimento interdisciplinar dos processos de ensino e aprendizagem, obedecendo a
visão atual discutida por diversos educadores, o Curso de Sistemas de Informação do
CEULS/ULBRA implantou o Trabalho Interdisciplinar de Sistemas de Informação - TISI.
Com essa prática, pretende-se que o estudante seja capaz de organizar, planejar e
executar ações através da estruturação e aplicação de projetos desenvolvidos pelo mesmo
durante cinco semestres consecutivos. No entanto, é necessário fazê-los entender a
1 Aluna do 6º Semestre do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA, bolsista do TISI 2016. 2 Professora do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA, coordenadora e orientadora do projeto.
377
importância do bem escrever, planejar para um fazer organizado com competência e
responsabilidade desde o primeiro semestre do curso de Sistemas de Informação.
A partir das ações desenvolvidas pelo aluno no TISI, este será capaz de redigir textos
nas suas diversas modalidades como resumos curtos, longos e artigos, obedecendo as normas
de produção científica que permitam a submissão em congressos locais, regionais, nacionais e
internacionais, minimizando, em consequência disto, as dificuldades na produção de seu
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Experiências do ano de 2008 a 2015 revelam resultados que levam a crer que o projeto
tem proporcionado aos estudantes a capacidade de produção científica com qualidade,
gerando à instituição maior visibilidade através das produções acadêmicas divulgadas em
congressos de todos os níveis. A partir de 2015 o projeto foi para a comunidade no entorno do
Centro Universitário com o intuito de ampliar o conhecimento científico antes desenvolvido
apenas com os alunos do curso de Sistemas de Informação, estendendo-o para professores e
alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria Uchoa.
Este resumo expandido está organizado em seções, onde após esta introdução
encontra-se a segunda seção que apresenta o método utilizado para o desenvolvimento do
projeto. A seção seguinte aborda os resultados do projeto, e finaliza com a conclusão.
MÉTODO: A experiência com a primeira turma do Trabalho Interdisciplinar de Sistemas de
Informação – TISI ou PTI se deu no primeiro semestre de 2008. Definiu-se que a cada
semestre, um professor teria o papel de acompanhar, para motivar os alunos e apoiar a
coordenação do projeto no desenvolvimento das atividades.
Desde então o TISI é desenvolvido em 05 semestres implantados sequencialmente. A
disciplina de Introdução a Computação funciona como centralizadora de toda a
conscientização dos alunos sobre a importância do projeto e como será implantado. Os
encontros com os alunos são realizados quinzenalmente aos sábados, no laboratório de
informática do CEULS/ULBRA. Os demais encontros são efetuados em salas de aula e via e-
mail para orientação nas produções.
Os alunos formam grupos (2 a 4 participantes) e dividem-se pelas 4 áreas de pesquisa
dos professores que ministram aulas no primeiro semestre. Cada professor fica responsável
em acompanhar, orientar e atribuir notas aos trabalhos de suas equipes. Os trabalhos
produzidos valem notas para todas as disciplinas nos 5 semestres envolvidos. As notas são
atribuídas conforme pontuação das normas conhecidas por todos os envolvidos no projeto
(professores, alunos e coordenação).
378
O projeto foi criado para trabalhar de forma multidisciplinar, interdisciplinar e
transdisciplinar, conforme o projeto proposto por cada grupo. Na medida que o trabalho vai se
desenvolvendo e as disciplinas sendo ministradas, o aluno terá suporte para implementar mais
uma etapa de seu projeto o qual poderá ser bibliográfico, de desenvolvimento de software ou
objetos de aprendizagem, os quais são recursos digitais que podem ser utilizados para apoiar
projetos que estão sendo desenvolvidos no curso de Sistemas e ou por outros Cursos na
Instituição.
O TISI foi estendido para a comunidade, após contato inicial com a direção da Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria Uchoa e aval para desenvolvimento do
projeto que abrange atualmente um grupo de docentes da escola. Os encontros acontecem
mensalmente de acordo com calendário previamente aprovado pela direção da escola,
atendendo a disponibilidade dos participantes sem interferir nas atividades do calendário
escolar.
Os encontros realizados no decorrer do ano permitiram a socialização dos
conhecimentos científicos que são desenvolvidos com os alunos do curso de Sistemas de
Informação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: No ano de 2009, os trabalhos de TISI já obtiveram as
primeiras aprovações em eventos, seguidos de aprovações em eventos locais e regionais em
todos os anos de 2010 a 2015 consolidando desta forma, o objetivo desta atividade.
Em 2014, houveram aceites em eventos locais e regionais e alcançou-se oportunidade
de aprovar o primeiro trabalho desenvolvido dentro do projeto em um evento Internacional na
Europa chamado Congresso Internacional EDUTEC o qual aconteceu do dia 12 até 14 de
novembro na cidade de Córdoba na Espanha. O link do evento poderá ser visualizado nas
referências do projeto.
No primeiro semestre de 2015 as publicações iniciaram no mês de março no III
Congresso de Línguas no Rio de Janeiro – LINFE. No segundo semestre de 2015, um dos
projetos do TISI ganhou destaque com o 3º lugar no prêmio de honra ao mérito à Pesquisa de
Iniciação Científica do IX Congresso de Ciência e Tecnologia da Amazônia e XV Salão de
Pesquisa e Iniciação Científica, realizado pelo CEULS/ULBRA.
No ano de 2015 o projeto foi para comunidade no entorno do Centro Universitário,
tudo o que era proposto apenas para os alunos do curso de Sistemas de Informação do
primeiro até o quinto semestre, foi disponibilizado para os professores e alunos da Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria Uchoa. Como a avaliação da escola sobre o
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desenvolvimento do projeto foi positiva, a direção do estabelecimento de ensino solicitou que
fosse dado continuidade por mais um ano, para que os professores amadurecessem mais e
melhor as propostas desenvolvidas no projeto e pudessem dar continuidade as ações dentro da
escola com mais segurança dos ensinamentos adquiridos durante as atividades do projeto no
ano de 2016.
CONCLUSÃO: Diante dos resultados alcançados desde os primeiros anos de introdução do
projeto TISI no curso de Sistemas de Informação o objetivo é continuar promovendo os
encontros em forma de oficinas e workshop, para que através dessas ações melhore ainda
mais a produção de forma consecutiva e gradativa trabalhando a interdisciplinaridade, e em
consequência das atividades desenvolvidas, minimizem as dificuldades com a escrita
acadêmica e aumentem a qualidade dos trabalhos como o TCC - Trabalho de Conclusão de
Curso dos alunos do curso de Sistemas de Informação.
Da mesma forma, possibilite que a comunidade passe a ter um ganho na aprovação de
novos projetos, na melhoria dos projetos apresentados nas feiras de ciências e mudanças na
forma de condução das atividades desenvolvidas pelos professores envolvidos no TISI,
possibilitando um trabalho mais organizado com seus alunos, melhoria nas propostas
apresentados para direção da escola, avanços na condução das aulas e na qualidade dos
projetos que serão encaminhados a partir de agora para solicitação de novos recursos para
melhoria do trabalho dentro da escola junto ao Ministério da Educação.
E ainda, alcançar maior número de publicações dos resultados produzidos, tanto por
alunos do curso de Sistemas de Informação quanto por discentes e docentes da escola alvo
durante o projeto, sejam eles resumos curtos ou longos e artigos, em eventos correspondentes
a área da pesquisa em nível local, regional, nacional e internacional, contribuindo para a
comunidade envolvida.
Para 2016 pretende-se continuar desenvolvendo o projeto com os alunos do curso de
Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA e estender à alunos e professores da Escola
Plácido de Castro a oportunidade de iniciação no âmbito científico, podendo trazer à Escola
maior visibilidade, valorizando os resultados construídos que, por sua vez, podem contribuir
trazendo soluções para os problemas da comunidade na qual estão inseridos.
380
REFERÊNCIAS:
EDUTEC. Disponível em: <http://www.uco.es/edutec2014/>. Acesso em: 10 out. 2014.
LIBANEO, José. Interdisciplinaridade. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/pedagogia/interdisciplinaridade/amp/>. Acesso em: 09 out.
2016.
PIAGET, J. Réussir et Comprendre. Paris: PUF, 1974. [Fazer e Compreender. São Paulo:
EDUSP/Melhoramentos, 1978].
ULBRA. CEULS realiza IX Congresso de Ciência e Tecnologia da Amazônia (2015).
Disponível em: <http://www.ulbra.br/santarem/imprensa/noticia/20374/ceuls-realiza-
congresso-de-ciencia-e-tecnologia-da-amazonia>. Acesso em: 09 out. 2016.
VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Maria Elizabeth B.; PRADO, Maria Elizabeth B.
Brito (org). Educação a distância via internet. São Paulo: Avercamp, 2003.
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QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZÇÃO QUÍMICA DA PRECIPITAÇÃO DIRETA E INTERNA EM ÁREA DE CASTANHEIRA (Bertholletia excelsa Bonpl.) NA REGIÃO OESTE DO PARÁ
Henrik Prudente da Silva1
Raimundo Cosme de Oliveira Junior2
Daniel Rocha de Oliveira3
Gilbson Santos Soares4
Edson Pereira dos Reis5
RESUMO: A precipitação é o processo resultante da condensação pelo qual a água volta à terra, atingindo o
solo, sendo que, ao interagir com a vegetação, a precipitação direta pode sofrer alterações em várias de suas
características qualitativas. Essa água que atravessa a vegetação e alcança a superfície do solo é chamada de
precipitação interna. Este estudo foi desenvolvido na Floresta Nacional do Tapajós (FLONA), km 84 da BR-163,
fazendo parte do município de Belterra (PA). O objetivo do trabalho foi verificar a concentração e os fluxos de
nutrientes em precipitação direta e em precipitação interna na região oeste paraense, em áreas de castanheira.
Foram instalados 25 pluviômetros, sendo 21 de precipitação interna e 4 para precipitação direta próximo da área
de coleta. Os elementos analisando foram os seguintes íons dissolvidos Ca+2
, K+, NH4
+, Na
+, Cl
-, NO3
-, PO4
-3,
Zn, Mo6, Mn, Al3, Fe e Cu². A área de estudo recebe influência direta, sobretudo de talhões onde existem
cultivos, principalmente de milho e soja. No período de chuvas pode-se constatar que a maiorias dos íons, bem
como, os valores de Ph possuem as maiores médias neste período.
PALAVRAS-CHAVE: incrementos de nutrientes, precipitação direta, precipitação interna.
INTRODUÇÃO: Segundo Oliveira Junior et al., (2015), a Floresta Nacional do Tapajós
(FLONA) possui uma área de 600.000 ha de floresta protegida, situada a 50 km ao sul da
cidade de Santarém, Pará, Brasil. Ela se encontra no bioma Amazônia, onde há predominância
de espécies nativas que tem por objetivo o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e
pesquisa cientifica. Sendo de extrema importância ambiental tais como clima, ciclo
hidrológico e a biodiversidade (SILVA, 2014). Segundo Valente (2010), a composição
química da água proveniente da precipitação depois que é interceptada pelo dossel das
florestas, disponibiliza informações importantes a respeito da qualidade da água que interage
com estes ecossistemas. Parker (1983) define a precipitação interna como a água de
precipitação incidente que atravessa a vegetação e alcança a superfície do solo e o
escorrimento pelo tronco no momento de interação com a vegetação, podendo sofrer
alterações em várias de suas características qualitativas. Isso é particularmente importante em
florestas, pois ocorre alteração tanto na composição química, como física da água da chuva
que penetra através das copas das árvores (Tobon et al., 2004). A magnitude do fluxo de
nutrientes neste processo é determinada, principalmente, pelo tipo da floresta e de seu estoque
1 Agrônomo; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
2 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica ; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
3 Veterinário Msc. em clinica e rep. animal; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
4 Biólogo Msc. em Melhoramento Genético; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
5 Agr. Esp. em Tecnologia de Alimentos; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
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de nutrientes, os processos bioquímicos internos, os fluxos hidrológicos e a atividade humana
(Potter et al., 1991) tem sido quantitativa e qualitativamente estudado em vários países e em
vários tipos de florestas (FILOSO et al., 1999; TOBON et al., 2004; OLIVEIRA JUNIOR et
al., 2015). Dessa maneira, as florestas tropicais exercem uma enorme influência sobre os
processos hidrológicos, onde as árvores interceptam a precipitação, sendo que uma parte
evapora, enquanto o percentual que alcança o solo é determinado tanto pela intensidade como
pela característica de drenagem da cobertura vegetal (Jetten, 1996). Assim, entender o fluxo
da água dentro do ecossistema é vital para a compreensão de como o mesmo funciona.
Embora numerosos investigadores tenham medido precipitação interna, os dados disponíveis
são limitados e bastante variáveis. Sendo assim, essa pesquisa torna-se importante na região
amazônica pelo fato de não existir informações relacionadas à quantificação de macro e
micronutrientes da precipitação direta, precipitação interna e escoamento pelo tronco em áreas
de plantio de castanheiras (Bertholletia excelsa Bonpl). Os objetivos deste estudo foram
quantificar e caracterizar os elementos disponíveis em precipitação interna, direta e o
escoamento pelo tronco e verificar a variação sazonal em áreas de castanheiras na região oeste
do Pará.
MÉTODO: O estudo foi conduzido na FLONA, km 84 da BR 163, fazendo parte do
município de Belterra (PA). Está localizado nas coordenadas geográficas de -02º 25‘ S e -54º
00‘ W. A área de estudo constituiu em uma área de 300 x 300 m. O clima da região é quente e
úmido durante todo o ano, sendo classificada como tipo Am no Sistema de classificação de
Köppen. Temperaturas mínimas, médias e máximas anuais oscilam entre 25-26, 30-31 e 21-
23 °C, respectivamente, enquanto que a precipitação anual é de cerca de 2.000 mm, com
distribuição irregular durante duas temporadas, com a estação chuvosa que ocorre entre
dezembro e junho, em que 70% da precipitação anual é concentrada (BASTOS, 1972;
EMBRAPA, 1983 e PARROTA et. al, 1995).
Para as coletas das amostras de precipitação direta, interna e o escoamento tronco foi
instalado um total de 25 pontos, sendo 21 de precipitação interna, onde 16 foram instalados
aleatoriamente para precipitação interna e, 5 foram instalados para escoamento pelo tronco e
4 para precipitação direta próximo da área de coleta .
Os íons dissolvidos (Ca+2
, Mg+2
, K+, NH4
+, Cl
-, NO3
-, PO4
-3, Zn, Mo⁶⁺, Mn, Al
3+, Fe e
Cu2+
), foram analisados utilizando-se o equipamento Fotômetro Multiparâmetro HI 83200 (
HANNA instruments). Análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Statistica
383
(STATSOFT, INC.). Concentrações médias dos elementos estudados serão comparadas
usando-se o teste t com 5% de confiança. Para verificar o grau de correlação entre as variáveis
foi utilizado o coeficiente de correlação linear de Pearson.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O Cl- e K+ (0,6114) apresentaram correlação positiva, da
mesma forma o pH e Al3+ (-8159) também apresentaram correlação, para precipitação
interna, conforme tabela 1.
Tabela 1- Correlação de Pearson dos íons da precipitação direta.
Os valores destacados possuem um nível de significância em 5%.
Em escoamento pelo tronco houve um maior numero de elementos com significância
em relação à precipitação interna e direta. Conforme tabela 2, também foi constatado
significância positiva entre Cl- e K
+ (0,8169) e pH e Al
3+ (0,9999). Para o NO
3- e K
+ (0,7798)
também houve significância positiva, devido sua composição comercial ser o Nitrato de
Potássio muito utilizado na formulação de adubos aplicados via foliar em áreas de agricultura.
Assim justificando significância neste estudo.
384
Tabela 2- Correlação de Pearson dos íons do escoamento pelo tronco.
Os valores destacados possuem um nível de significância em 5%.
CONCLUSÃO: A precipitação interna, direta e o escoamento pelo tronco são grandes fatores
que transportam nutrientes para o solo. A precipitação interna e o escoamento pelo tronco tem
influência maior, pois transportam maiores quantidades de nutrientes por meio da água que
percorre o dossel da floresta e passa pelos galhos, folhas e troncos (biomassa), até chegar ao
solo.
REFERÊNCIAS:
BASTOS, T. X. O estado atual dos conhecimentos das condições climáticas da Amazônia
brasileira. In: IPEAN. Zoneamento agrícola da Amazônia. Belém, 1972. p. 68-122.
(Boletim Técnico, 54).
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Serviço
Nacional de Levantamento e Classificação de Solos. Levantamento de reconhecimento de
média intensidade dos solos e avaliação da aptidão agrícola das terras do Pólo Tapajós.
Rio de Janeiro, 1983. 284 p. (Boletim de Pesquisa, 20).
FILOSO, S. et al. Composition and deposition of throughfall in a flooded forest archipelago
(Negro River, Brazil). Biogeochemistry 45(2): 169-195, 1999.
JETTEN, V. G. Interception of tropical rain forest performance of a canopy water balance
model. Hydrological Processes, 10:671- 685, 1996.
LOPES, A. S.; GUILHERME, L. R. G. Uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas:
aspectos agronômicos. ANDA, 1992.
MALAVOLTA, E. ABC da adubação, 4a Ed. São Paulo. Ed. Agronômica Ceres, 1979,
255p.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C. et al. Chemical analysis of rainfall and throughfall in the Tapajós
National Forest, Belterra, Pará, Brazil. Rev. Ambiente & Água - vol. 10 n. 2 Taubaté – Apr. /
Jun. 2015, p. 1-23.
385
PARKER, G. G. Throughfall and stemflow in forest nutrient cycle. Advances in Ecological
Research 13: 55-133, 1983.
PARROTA, J. A. et al. Trees of the Tapajós: a photographic field guide. Río Piedras: USDA;
Forest Service; International Institute of Tropical Forestry, 1995. 370 p.
POTTER, C. S. et al. Atmospheric deposition and foliar leaching in a regenerating southern
appalachian forest canopy. Journal of Ecology 79: 97-115, 1991.
SILVA, A. D. Produção e concentração de nutrientes via deposição de liteira na Floresta
Nacional do Tapajós – PA. 2014. 90 f. Dissertação (Mestrado em Recursos naturais da
Amazônia) - Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA, Santarém, 2014.
TOBON MARIN, C et al. Solute fluxes in throughfall and stem flow in four forest
ecosystems in northwest Amazonia. Biogeochemistry 70(1): 1-25, 2004.
Valente, M. L. Deposição atmosférica e as interações dos principais íons com a copa em
uma plantação de eucalipto. 2010, 35 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em
Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), 2010.
386
QUEBRA DE DORMÊNCIA COM DIFERENTES MÉTODOS E CÁLCULO DA TAXA DE GERMINAÇÃO DE SEMENTE DE PARICÁ - Schizolobium amazonicum
Felipe Pedrosa Tontini1
Gilbson Santos Soares2
Arystides Resende Silva3
Raimundo Cosme de Oliveira Júnior4
RESUMO: O Paricá (Schizolobium amazonicum) é uma espécie arbórea considerada de grande porte,
predominante em diversos ecossistemas do norte e nordeste do Brasil, tido como um produto florestal madeireiro
e significativo valor comercial. O impedimento estabelecido pela dormência das sementes é um processo natural
que dificulta o manejo em escala industrial. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de métodos de
quebra de dormência e germinação do Paricá, utilizando diversos tratamentos, tais como: o tratamento
testemunha (T1); tratamento com escarificação mecânica (T2); tratamento com escarificação química (T3) e;
tratamento térmico (T4). Para quantificar os tratamentos, avaliou-se o Índice de Velocidade de Germinação
(IVG), por meio de contagens diárias das sementes durante 15 dias, e Porcentagem de Sementes Germinadas
(G). Ao final do experimento, considerando a germinação com o aparecimento do primeiro folíolo, as médias
obtidas não diferiram significativamente, após submissão ao teste Tukey entre os tratamentos T3 e T4. Por outro
lado, as médias do T3 foram estatisticamente significativas em relação aos demais tratamentos. O método
utilizado no T3 foi o mais eficiente na quebra da dormência e a promoção da germinação de sementes nativas de
Paricá.
PALAVRAS-CHAVE: índice de velocidade de germinação, porcentagem de germinação, tratamentos.
INTRODUÇÃO: O Paricá (Schizolobium amazonicum) é uma árvore de grande porte
predominante de mata primária de terra firme e várzea alta, também encontrada em florestas
secundárias. Na mata, as árvores alcançam de 20 a 30 m de altura e diâmetro de até 1,2 m
(ROSSI et al., 2001). Pelo fato de possuir características de rápido crescimento, é largamente
utilizado nos reflorestamentos. Na maior parte das espécies nativas pertencentes à família
fabáceae, há dormência no tegumento que restringe a entrada de água e oxigênio, impedindo
assim o crescimento do embrião, provocando uma resistência física e retardando a produção
de mudas (BARNEBY, 1996; COSTA & LEAL, 2010). O processo germinativo do Paricá,
normalmente é realizado utilizando métodos de quebra de dormência tegumentar, visto que, as
sementes são bem protegidas, tornando-as impermeáveis e consequentemente retardando sua
germinação. Porém, no que se refere à produção de mudas, a dormência se torna uma
característica negativa. O impedimento estabelecido pela dormência é uma estratégia
naturalmente benéfica, por possibilitar a distribuição da germinação ao longo do tempo,
aumentando a probabilidade de sobrevivência da espécie no seu habitat. Dentre as técnicas
1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA
2 Biólogo Msc. em Melhoramento Genético; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
3 Agr. Dr.; Embrapa Amazonia Oriental, Belem-PA.
4 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
387
utilizadas para superar a dormência em fabáceas, destacam-se os tratamentos químicos,
térmicos, abrasivos, elétricos, e armazenamento, proporcionando alta porcentagem de
germinação, em curto espaço de tempo (BELO et al., 2008). Este trabalho foi realizado com o
objetivo de avaliar a quebra de dormência de sementes de Paricá (Schizolobium amazonicum.)
submetidas a distintos métodos, estimando tempo e taxas de germinação.
MÉTODO: A coleta das sementes de árvores de Paricá foi feita no estado de Rondônia (RO)
entre os meses de setembro a outubro de 2012. O critério utilizado para selecionar as
sementes foi o visual, sendo possível escolher as mais vigorosas e íntegras. Em seguida, foi
realizada a higienização à base de Cloro (Cl) e Água (H2O). O ensaio constou de quatro
tratamentos, sendo utilizadas 140 sementes em cada um, distribuídas em sete repetições de 20
sementes, totalizando 560 sementes. Para a semeadura foram utilizados sacos plásticos de
Polietileno preto, contendo substrato de areia lavada. O experimento foi conduzido em uma
casa de vegetação com o uso de um sistema de irrigação com diários turnos de rega para
manter a umidade adequada à germinação das sementes. Os tratamentos utilizados foram: as
testemunhas (T1); a escarificação mecânica, empregando a lixa nº 80 (T2); a escarificação
química, empregando o Ácido Sulfúrico (H₂SO₄) (T3) e; as sementes imersas em Água
(H2O) quente com temperatura chegando a 100º C até o esfriamento com a água à
temperatura ambiente (T4). A figura 1 a seguir ilustra os tratamentos realizados.
Figura 1- Testemunha (T1); Escarificação mecânica (T2); Escarificação química (T3) e;
Tratamento térmico (T4). Fonte: autor.
Foram feitas avaliações diárias por um período de 15 dias para verificação do Índice
de Velocidade de Germinação (IVG) (adimensional), usando o de Maguire (1962) (Equação
1). Considerara-se germinadas, as sementes que emitiram o primeiro folíolo. Calculou-se o
IVG pelo somatório de sementes germinadas (G1, G2, G3, ... , Gn) por dia, dividido pelo
número de dias decorridos (N1, N2, N3, ..., Nn) entre a semeadura e a germinação.
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Equação 1:
A Porcentagem de Germinação (G), foi calculada de acordo com Labouriau & Valadares
(1976) (Equação 2), onde n (unidade) é o número de sementes germinadas e A (unidade)
representa o número total de sementes colocadas para germinar. Os dados foram submetidos à
análise estatística utilizando o software Assistat, as médias analisadas foram submetidas ao
teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Equação 2:
RESULTADOS E DISCUSSÃO: No tratamento T1 denotou-se um elevado grau de
dormência, sendo G de 5,7% e o IVG de 2,60 (Tabela 1). Segundo Carvalho (2007), a
percentagem de germinação é baixa com até 16% no período de 45 dias. O tratamento T2
apresentou 32 sementes germinadas em 15 dias, com G (22,8%) e o IVG (7,79). Segundo
Lameira et al. (2000), sementes submetidas a processo mecânicos, físicos e químicos em um
período de 30 dias, apresentam variação no percentual de germinação entre 80 e 90%. O
tratamento T3 apresentou um elevado G (99,3%) e IVG de 69,36%. O início da emergência
do primeiro folíolo ocorreu aos cinco dias após a semeadura, sendo ao mais eficiente método
no processo de quebra de dormência das sementes. O tratamento T4 obteve 107 sementes
germinadas (76,40%) e um IVG (48,61). Conforme Rossi & Vieira (1998), o processo térmico
pode apresentar germinação rápida mesmo em condições ambientais não controladas. T3 e T4
foram considerados estatisticamente significativos (Tabela 1).
Tabela 1- Média dos valores do IVG e G dos quatro
tratamentos, germinadas no período de 15 dias.
Tratamentos IVG Germinação (%) Médias
T1 2,60 5,7 0.50274 c
T2 7,92 22,8 2.08408 b
T3 69,36 99,3 4.45596 a*
T4 48,61 76,4 3.87811 a* *As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente
entre si.
CONCLUSÃO: A aceleração da dormência é de fundamental importância para o tratamento
de sementes, principalmente em processo industriais.
389
REFERÊNCIAS:
BARNEBY, R. C. Neotropical Fabales at NY: asides and oversights. Brittonia. v. 48, n. 2,
p.174-87, 1996.
BELO, S. P. E et al. Germinação de sementes de amburana acreana (Ducke) a. C. Sm. Subimetidas a deiferentes condições de temperatura e de estresse hídrico. RBS, vol. 30, n˚ 3,
p. 016-024, 2008.
CARVALHO. Cultivo de Paricá. Embrapa: Colombo, 2007. 4p. (CT 142).
COSTA, B. S. S & LEAL, R. M. Germinação e Quebra de Dormência das Espécies
Sucupira branca (Pterodon pubescens. BENTH) Olho de boi (Ormosia ardoreal(Vell)
Harms), e Jatoba do cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart). Faculdade Católica do
Tocantins, Campus de Ciências agrarias. Palmas, 2010.
LABOURIAU, L. G. & VALADARES, M. E. B. On the germination of seeds Calotropis
procera (Ait.) Ait.f. Anais ..., Rio de Janeiro. v.48, n.2, p.263-284, 1976.
LAMEIRA, O. A. et al. Efeito da escarificação sobre a germinação de sementes de paricá
(Schizolobium amazonicum) in vitro. In: Embrapa Amazônia Oriental. Comunicado
Técnico, 21. Belém-Pará-Brasil. 2000. 3p.
MAGUIRE, J. B. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedling
emergence vigor. Crop Science, Madison, v.2, n.2, p.176-177, 1962.
ROSSI, L. M. B. & VIEIRA, A. H. Tratamentos pré-germinativos para superar a dormência
em sementes de Schizolobium amazonicum (Hub). Ducke. In: CRONGRESSO DE
ECOLOGIA DO BRASIL, 4., 1998, Belem. Resumo... Belem: FCAP, 1998. p. 541.
ROSSI, L. M. B. et al. Aspectos silviculturais e socioeconômicos de uma espécie de uso
múltiplo: o caso de Schizolobium amazonicum (Hub.) Ducke. In: CONGRESSO FLORESTAL ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL, 8., 2000, Nova Prata. Anais...
Nova Prata: Prefeitura Municipal; Santa Maria: UFSM, 2001 p. 271-279.
390
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE ADOLESCENTES SOBRE GRAVIDEZ
Aldine Cecília Lima Coelho1
Layla de Cássia Bezerra Bagata2
Yara Macambira Santana de Lima3
Sheyla Mara Silva de Oliveira4
RESUMO: A gravidez precoce gera grande repercussão na vida pessoal e social das adolescentes, logo se tem a
necessidade de conhecer a representação social da gravidez na vida destas. Conhecer as representações sociais de
adolescentes sobre a gravidez. Estudo qualitativo descritivo fundamentado na Teoria das Representações Sociais.
Realizado em uma escola estadual de Santarém - Pará, com adolescentes entre 10 e 19 anos não gravidas, que
foram colocadas diante de uma suposta gestação. Utilizou-se como instrumento a entrevista guiada por roteiro de
perguntas. Como resultado trazemos a representação das adolescentes frente à suposta gestação em uma das
categorias que são as reações diante de uma gravidez na adolescência. Evidenciou-se que gravidez precoce é
representada negativamente pelas adolescentes, considerada inoportuna devido ao fato de ainda estarem na
escola e por serem financeiramente dependes. Tais evidências reforçam a necessidade do envolvimento dos
profissionais da saúde em estudos que revelem o protagonismo dos sujeitos em seu autocuidado.
PALAVRAS-CHAVE: Gravidez na Adolescência, Psicologia Social, Enfermagem.
INTRODUÇÃO: A gravidez envolvendo adolescentes apresenta fatos característicos que são
influentes e decisivos para sua ocorrência, tais como: falta de informação e diálogo no
ambiente familiar; abordagem inadequada deste tema nas escolas; articulação do
planejamento familiar com a comunidade; políticas públicas eficazes e destinadas para a
conscientização dos adolescentes e prevenção de gravidez precoce (CORTEZ et al 2013). Os
conteúdos das representações sociais da gravidez na adolescência são múltiplos, pois
englobam tanto fatores negativos como positivos. Essa polaridade, no entanto, não parece ser
conflitante, evidenciando-se em dois momentos da gravidez, traduzindo-se em representações
distintas para a maioria dos grupos de adolescentes estudadas (BARRETO et al 2011). Com
as Representações Sociais tratamos fenômenos diretamente observáveis ou reconstruídos por
um trabalho científico. Representar ou se representar corresponde a um ato de pensamento
pelo qual o sujeito relaciona-se com um objeto, este objeto pode ser uma pessoa, uma coisa,
um evento material, psíquico ou social, um fenômeno natural, uma ideia, uma teoria etc. Pode
ser tanto real quanto imaginário ou mítico (JODELET 1993). Este presente estudo tem como
objetivo conhecer as representações sociais de adolescentes sobre a gravidez.
1 Enfermeira, Mestranda do Programa de Pós Graduação em Sociedade, Meio Ambiente e Qualidade de vida
PPGSAQ-UFOPA. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Sociedade (UFOPA). E-
mail:[email protected] 3
Drª em Enfermagem pela UFRJ/EEAN, Profª Adjunto IV da Universidade do Estado do Pará, Líder do Grupo de Pesquisa-GEPENF-STM, Membro do grupo de Pesquisa- GEPESPA/ Santarém(PA) 4
Coordenadora adjunta do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, Doutoranda da USP, Membro do grupo de Pesquisa GEPENF-STM/Santarém(PA)
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MÉTODO: O estudo tem como base a Pesquisa Social em Saúde. Trata-se de uma pesquisa
descritiva qualitativa, fundamentada na Teoria da Representação Social. O cenário da
pesquisa foi uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio situada no município de
Santarém/PA. A população deste estudo foi composta de 34 adolescentes do sexo feminino
com idades entre 10 a 19 anos de acordo com a OMS, que estavam devidamente matriculadas
na escola no período diurno e nunca engravidaram. O instrumento de coleta de dados
empregado foi a entrevista, os dados obtidos foram analisados seguindo a proposta
metodológica da Representação Social e de acordo com a análise textual discursiva. Desse
modo todas as entrevistas foram transcritas e identificadas com a letra E, que corresponde a
palavra Estudante seguida do numeral correspondente a ordem em que a entrevista foi
realizada, assim a adolescente E1 foi a primeira a ser entrevistada e a E34, foi a última.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: CATEGORIA I: REAÇÕES DIANTE DA GRAVIDEZ
NA ADOLESCÊNCIA. Para Aquino et al (2005) quando a mulher descobre que está grávida,
vários sentimentos podem se tornar evidentes. Essa mistura de emoções pode ser mais
presente quando a mulher vivencia um momento de grandes conflitos como a adolescência.
Ainda segundo este autor, em pesquisa realizada com oito adolescentes gestantes, foi possível
identificar três categorias em relação às reações das adolescentes frente à gravidez:
sentimentos de alegria, sentimentos de tristeza e indiferença. Fato que difere do que foi
observado neste estudo, onde nenhuma das adolescentes referiu receber esta notícia de forma
positiva. Ao estarem diante de uma situação hipotética de gravidez, as adolescentes
expressaram diversos sentimentos negativos, tidos como sua reação inicial ao descobrir que
estavam grávidas. As representações destes sentimentos foram expressas com: Susto,
arrependimento, desespero, decepção, agonia, medo, espanto, pânico, raiva, preocupação,
tristeza, ansiedade, nervosismo, choque e transtorno. Sendo que houveram adolescentes que
referiram mais de um sentimento. E1: ―Acho que primeiro o susto, né! Arrependimento e
decepção acho que são as primeiras!”. E15: “Ia ficar nervosa, assustada. Eu não ia nem
saber o que fazer”. E23: ―ah! Eu ficaria com raiva e preocupada com o futuro, o que ia
acontecer no futuro... e daí eu ia falar pra mamãe‖. O sentimento mais citado foi o
desespero. A gravidez na adolescência assume um significado de transgressão e isso torna o
seu enfrentamento mais difícil. Por isso mesmo, a hipótese de uma gravidez traria, portanto,
como reação inicial, o desespero. Para a maioria das adolescentes, o resultado positivo de
gravidez significa momento de tristeza, medo, insegurança e até mesmo desespero, pois a
gravidez não estava nos seus planos e a responsabilidade pela maternidade recai totalmente
sobre elas (AQUINO et al 2005; FAVERO 2001). E3: “É, assim, se fosse no meu caso eu ia
392
sei lá, ficar desesperada, até por que minha mãe não aceitariam eu ia me desesperar”. E13:
―A minha primeira reação ia ser de desespero!”. E16: ―Sei lá... Eu ia ficar desesperada!”.
E24: ―eu entraria em desespero‖. E33: ―eu ia ficar desesperada...‖. E34: “eu acho que de
desespero por ser muito nova‖. A gestação pode ser um momento de muitas alegrias ou de
tristeza na vida de uma mulher, independente de faixa etária, as condições físicas,
psicológicas ou sociais que ela se encontra causam uma grande influência na forma como ela
vai receber a notícia e vivenciar a gestação. Ficar apreensiva neste momento não é algo
comum apenas das adolescentes. Os discursos representam toda a negatividade e o peso que
uma gestação exerce na vida das adolescentes, devido todos os fatores que envolvem uma
gravidez precoce – o medo da reação dos pais, a dependência financeira, perda da liberdade,
injurias, dentre outros. E12: “Ai, a primeira reação seria de... medo, assim com a reação dos
meus pais e com a minha por ser nova”. E22: ―ficar triste! Por que tipo se eu falasse pra
minha mãe eu acho que ela ia desabar‖. A gravidez precoce é vista de forma negativa na
sociedade, logo a adolescente tende a temer a reação dos pais e a reprovação dos familiares,
pelo fato da adolescência não ser considerada um período adequado para a gestação, não só
pela maturação sexual, mas também por valores morais e sociais envolvidos. Assim sendo a
própria adolescente assume a gravidez como algo ruim e a representa dessa forma,
acreditando que todos a criticarão. Baseado nos discursos transcritos, a adolescente tende a
considerar a gravidez como Fora de Hora, assim descrito no discurso abaixo: E26: “porque
ainda não tá na hora, assim, tem os estudos”. Esse fato é conhecido como ancoragem e é
responsável pelo enraizamento das ideias. Para eles as adolescentes, ao representarem a
gravidez na adolescência, integram cognitivamente o caráter inoportuno da mesma a um
sistema de pensamento social preexistente (ASSIS, SILVA E PINHO, 2013). Como ressaltado
anteriormente a representação social da gravidez precoce feito pela sociedade interfere
diretamente na representação que a adolescente faz sobre a gravidez. Pois se levarmos em
consideração o contexto histórico, nos tempos de nossas avós e gerações que vieram antes
delas, a gravidez na adolescência era algo comum. Diversos fatores podem ter levado a essas
mudanças de paradigmas, no entanto, é importante salientar que as representações são
dinâmicas e mudam junto com a sociedade. Apesar do receio que há em revelar a gravidez
para os pais, as adolescentes buscam na família o apoio necessário para o enfrentamento e
tomada de decisão sobre esta. O apoio familiar exerce papel relevante para que a mãe
adolescente vivencie este momento de maneira mais tranquila (SOUSA, 2009). E29: ―eu acho
que a minha primeira reação era falar pros meus pais, falar pra eles o que tava acontecendo
e pedir o apoio deles pra que eu não venha, tipo assim, a abortar por que é uma coisa que
393
não tem sentido uma pessoa abortar uma criança‖. A falta de informação e conselhos
errôneos pode influenciar a adolescente negativamente, portanto, os pais têm papel crucial na
manutenção da saúde da adolescente visto que muitas recorrem a meios ilícitos e arriscados
para ―solucionar‖ o ―problema‖. É importante destacar também que ao serem questionadas
para quem elas dariam primeiro a notícia, a grande maioria respondeu que seria para a mãe, o
que denota que os laços afetivos entre mãe e filha são maiores e há uma relação de confiança
mais solida. Esta proximidade pode ser intensificada pelo fato da mulher ser responsável
pelos cuidados com a casa e com a família, deixando para o pai o papel de mantenedor. Ou
pelo fato do homem ser mais combativo. E10: “Eu ia contar pra mamãe! Acho que é a única
que ia me apoiar nessa hora”. Dentre os diversos fatores de risco que levam a adolescente a
engravidar, um chamou a atenção no discurso de E14 - ao ser questionada sobre qual seria sua
primeira reação ao descobrir que estava grávida, ela demonstra um sentimento de
invulnerabilidade. A adolescente não se considera vulnerável à ocorrência de tal fato, por isso
tende a acreditar que ―isso nunca vai acontecer comigo‖. E14: ―De espanto, a gente nunca ia
imaginar que ia acontecer com a gente!”. Corroborando com este pensamento os autores
dizem que autopercepção de invulnerabilidade é inerente ao adolescente e associada a
imaturidade pode levá-lo a praticas danosas e descrevem isso como uma impulsividade
característica dos adolescentes, que não pensam na consequência dos seus atos
(ENCARNAÇÃO, GOMES, RAMOS, 2013; SILVEIRA et al, 2012). O discurso acima
também revela que uma gravidez na adolescência ainda não havia sido cogitada por ela. Isso
nos remete a importância da reflexão do tema, para que a adolescente construa a sua
representação sobre a gravidez precoce, levando em consideração o seu contexto familiar,
social e pessoal de forma criteriosa. De todas as adolescentes duas em especial chamaram a
atenção por terem reações diferentes diante de uma suposta gestação. E7 demonstrou como
primeira reação a Rejeição e a E20, mesmo referindo que entraria em pânico com a notícia,
demonstrou Aceitação. Identificamos nas falas duas situações, que a rejeição imediata tem
seus significados, bem como a aceitação. Entender os fatores que as levaram a essas respostas
seria embasamento suficiente para outros estudos, o que nos cabe nesse momento é
compreender que essas reações divergentes mostram que podem ser representadas com
pluralidade, assim como a individualidade que envolve a adolescente. Logo, ouvi-las nunca é
demais.
CONCLUSÃO: Percebemos que todas as adolescentes representaram a gravidez como um
sentimento extremamente negativo, essa representação parte também de uma construção
social em que a adolescente ancora todo o caráter intempestivo que envolve a gravidez
394
precoce. Essa negatividade pode interferir na forma como a adolescente vivenciará uma
gestação, isto se torna um sinal de alerta fundamental para futuras atividades educativas sobre
sexualidade, visto a influência que essa negatividade exerce sobre a tomada de decisão das
adolescentes. Torna-se necessário a construção de uma rede de apoio, envolvendo família,
escola, serviços de saúde, igrejas e etc., que forneça subsídios para que as adolescentes
compreendam a sexualidade e construam as suas representações com base em informações
concretas. Esse estudo também fornece embasamento para que essa rede de apoio compreenda
a representação da adolescente e com base nisso estabeleça uma relação dialógica, permitindo
uma via de mão dupla onde haverá uma troca de informações significativas. Por fim,
esperamos que este estudo contribua também para um redirecionamento dos cuidados de
enfermagem, onde a assistência ocorra de forma integral em todas as circunstâncias e não
somente quando a adolescente já está grávida.
REFERÊNCIAS
AQUINO, O. S.; EDUARDO, K. G. T.; BARBOSA, R. C. M.; PINHEIRO, A. K. B. Reações
da adolescente frente à gravidez. Esc Anna Nery R Enferm, 2005 ago; 9 (2): 214 – 20.
ASSIS, M. R.; SILVA, L. R; PINHO, A. M. Gravidez na adolescência e sua relação com a
prática do sexo seguro. Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1073-80, abr., 2013.
BARRETO, M. M. M.; GOMES, A. M. T.; OLIVEIRA, D. C.; MARQUES, S. C, PERES, E.
M. Representação Social da Gravidez na Adolescência para Adolescentes Grávidas. Rev.
Rene, Fortaleza, 2011 Abr/Jun; 12(2):384-392.
CORTEZ, D. N.; ZICA, C. M. S.; GOTIJO, L. V.; CORTEZ, A. O. H. Aspectos que
influenciam a gravidez na adolescência. Rev. de Enf. do Centro Oeste Mineiro, 2013 p.645-
653.
ENCARNAÇÃO, A. S.; GOMES, E. E; RAMOS, M. A. S. Gravidez na adolescência:
numa zona periférica da cidade do Mindelo Ribeirinha [Trabalho de Conclusão de Curso]
Mindelo, 2013.
FAVERO, M. H. ―E se fosse comigo?‖: os adolescentes frente a uma situação hipotética de
gravidez. Universitas- Psicologia 2 (2) 62-81(2001).
JODELET, D.: Représentations sociales: un domaine en expansion. Les représentations
sociales. Paris: PUF, 1989, pp. 31-61. Tradução: Tarso Bonilha Mazzotti. Revisão Técnica:
Alda Judith Alves- Mazzotti. UFRJ- Faculdade de Educação, dez. 1993.
MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual
discursiva. Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p. 191-211, 2003.
SILVEIRA, D.C. L.; SILVA, K. L.; LUNA, I. T.; SCOPASA, L. F.; FERREIRA, A.G.N,
PINHEIRO, P. N. C. Reincidência da gestação na adolescência sob a ótica transcultural.
Sanare, 2012 Sobral, v.11, n.2, p. 58-64.
SOUSA, L. D. O significado da maternidade para mães adolescentes a luz da teoria das
representações sociais. Rio Grande: Universidade Federal do Rio Grande, 2009.
395
ROTAÇÃO DE CULTURAS DE FEIJÃO CAUPI E GIRASSOL
PARA FORMAÇÃO DE PASTOS APÍCOLAS
Manoel Jorge Santos de Sousa1
Raimundo Cosme de Oliveira Junior2
Daniel Rocha de Oliveira3
Geomarcos da Silva Paulino4
Gilbson Santos Soares5
RESUMO: As características dos sistemas de produção animal e vegetal dentro de uma propriedade rural
descrevem as peculiaridades que integram não apenas o valor econômico inerente aos objetivos do produtor,
como também, a maneira como a produtividade é conduzida no meio rural. A utilização de novas e concebidas
tecnologias são fundamentais na condução destes sistemas. A integração da apicultura no estabelecimento de
culturas agrícolas, é capaz de colaborar com estes processos produtivos, considerando o aspecto social,
ambiental e econômico. O objetivo deste trabalho foi verificar em duas propriedades localizadas na região oeste
paraense, uma consorciação de pastos apícolas com as culturas do mel polifloral, feijão caupi (Vigna unguiculata
(L.) Walp.) e girassol (Helianthus annuus L.), agregando a produção de mel com a produtividade das culturas.
PALAVRAS-CHAVE: mel, consórcio, produção agrícola.
INTRODUÇÃO: Segundo Couto e Couto (2002), a coparticipação entre abelhas,
estabelecendo a polinização cruzada entre as plantas é de fundamental para garantir maior
vigor das espécies, combinações de fatores hereditários e aumento produtivo. Alcoforado
Filho (1998), considera que todos que fazem parte desta interação são favorecidos, inclusive o
ser humano. No Brasil ainda não é uma prática comum alugar colmeias, mas o interesse
agrícola com o uso de abelhas vem crescendo nos últimos anos. Um fator favorável para esse
tipo de atividade no país é o clima tropical que possui grande diversidade de agentes
polinizadores. O estudo da composição da flora fornece subsídios para formação de uma
proposta técnica de manejo (LIMA, 2003). A alimentação das abelhas, é muito seletiva, pois
estão adaptadas na fase adulta à alimentação líquida, porém estes fluidos são pouco
concentrados e sua composição desequilibradas com predominância de açúcares, necessitando
assim complementar a dieta com um alimento rico em proteínas como é o pólen (PORTELA;
GALLEGO, 1999). Segundo Vilela et al. (2000), outro fator importante é o crescimento
demanda de mel e de outros produtos apícolas, e consequentemente, a busca por produtos
mais saudáveis e isentos de contaminação. A produção de mel representa uma atividade
1 Discente Agronomia; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
2 Agr. Dr. em Geologia e Geoquímica; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA.
3 Veterinário Msc. em clinica e rep. animal; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
4 Discente Agronomia; Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA.
5 Biólogo Msc. em Melhoramento Genético; Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
396
crescente, principalmente, no norte e nordeste do Brasil, em geral, desenvolvida por pequenas
propriedades vinculados a agricultura familiar. Portanto, a atividade é capaz de fixar o homem
no campo. Dessa forma, saber se a produção de mel aumenta ou não na região amazônica com
a formação de pastos apícolas, a partir de rotação de culturas será de grande importância para
subsidiar futuros planos de manejo e o desenvolvimento de políticas de incentivo a produção.
O objetivo deste trabalho é apresentar um método de aproveitamento de pastos apícolas,
comparando o mel polifloral (obtido do néctar recolhido de diversas flores de origens
distintas), a cultura de feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e do girassol (Helianthus
annuus L.) no oeste paraense.
MÉTODO: O trabalho foi conduzido em duas áreas distintas no município de Santarém,
sendo a primeira na comunidade de Miritituba (PA-370), nas coordenadas geográficas 02°31‘
S e 54º39' W; a segunda na comunidade de Poço Branco (BR-163), com coordenadas 02°45‘
S e 54°39‘ W. Antes do plantio do feijão caupi (Vigna unguiculata L. Walp) foi realizado o
preparo da área com calagem (Figura 1). Em maio de 2012 foram plantadas as sementes com
ciclo reprodutivo de 50 dias, conforme Camargo et al. (2002), foi utilizada uma área 25 x 75
m, com espaçamento de 0,6 m entre plantas e 0,6 m entre linhas; o girassol (Helianthus
annuus L.), foi plantado em julho após a retirada do feijão utilizando-se os resíduos da
leguminosa e adicionando adubação química a base de Nitrogênio (N) e duas pulverizações de
bórax (Figura 1), o espaçamento utilizado, conforme Inácio et al. (2003), foi de 0,5 m entre
plantas e 0,9 m entre linhas, com ciclos reprodutivos de 90 dias. O método de ninho sobre
ninho (onde o apicultor substitui as tradicionais melgueiras por novas caixas de ninho, dando
mais espaço para a rainha e aumentando a quantidade de abelha) e uma melgueira foi
utilizado na área com rainhas novas, alimentadas artificialmente entre os plantios, para
garantir uma população vigorosa e saudável (Figura 2). As colmeias foram postas antes do
plantio do feijão.
Figura 1- Feijão caupi (a) e girassol (b).
397
No apiário (Figura 2a), devidamente protegido com telha de fibrocimento, foi
composto utilizando cinco colmeias do tipo Langstroth e abelhas Apis mellifera L.,
distanciadas 2 m entre si, no interior da caixa foi posto cera alveolada com 4 mm; rainhas
novas e sem uso de tela excluidora e os bebedouros foram alocados no perímetro. O mel
coletado conduzido ao laboratório de Processamento Agroindustrial do CEULS. Conforme
Wiese (2000), para soltar os opérculos dos favos foi utilizado o garfo desoperculador (Figura
2b), sendo os quadros com favos foram centrifugados e o mel coletado em reservatório inox
de 12 L (Figura 2c) para posterior repouso por 72 h.
Figura 2- Caixa de abelha tipo Langstroth (a), retirada do mel com o uso do garfo (b) e mel
coletado em reservatório (c).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A primeira coleta de mel na área do feijão (10 l) ocorreu
ao 10° dia após a floração. A segunda coleta (10 l) ocorreu ao 18° dia. A primeira coleta na
área do girassol (19,0 l) ocorreu aos 8° dia após a floração, a segunda (8,5 l), ao 26° dia. No
polifloral foram obtidos 8L na primeira coleta e 5 L na segunda (Figura 3). A metodologia de
ninho sobre ninho não obteve êxito no Poço Branco, provavelmente devido a pouca
disponibilidade de pasto, sendo necessário usar apenas ninho e melgueira. Segundo Wiese
(2000) a exploração apícola é sempre baseada na vegetação floral existente e disponível em
abundância para o número de colméias do apiário.
Figura 3 – Médias produtivas de mel. Fonte: Autor.
398
A média da produção de mel obtida da cultura do feijão Caupi foi menor que a do mel
obtida do girassol. A partir de uma safra, onde ocorreram duas coletas, em média a produção
polifloral de mel rendeu 6,5 L (9,1 kg); na produção do feijão foram obtidos 10 L (14 kg) e;
na cultura do girassol 13,75 L (18,55 kg), conforme a figura 4.
Figura 4 – Comparativo das médias produtivas de mel.
CONCLUSÃO: O uso de rotação de culturas agrícolas para a formação de pastos apícolas
precisa-se de maiores comparativos regionais para ser avaliado devidamente, inclusive para as
duas culturas estudadas.
REFERÊNCIAS:
ALCOFORADO FILHO, F. G. Caatinga: florística, manejo e sustentabilidade. In:
CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA. 1998. p. 437-38.
CAMARGO, R. C. R. et al. Produção de mel. Embrapa Meio-Norte, 2002.
COUTO, R. H. N. & COUTO, L. A. Apicultura: manejo e produtos. 2 ed. Jaboticabal: FUNEP, 2002. 191p. LIMA, M. Flora apícola tem e muita: Um estudo sobre as plantas
apícolas de Ouricuri-PE, Ouricuri-PE: Caatinga, 2003. 63p.
INÁCIO, F. R. et al. Influência de diferentes espaçamentos de plantio na visitação de Apis
mellifera L. e na produtividade da cultura do girassol (Helianthus annuus L.). Magistra, Cruz
das Almas, v. 15, n. 1, p. 93-96, 2003.
PORTELA, E. M. R. & GALLEGO, J. C. S. Alimentación de las abejas: Aplicación práctica
de los fundamentos fisiológicos de la nutrición. Portada y gráficos: Elena M. Roblas Portela,
1999. 195p.
VILELA, S. L. O. et al. Importância e evolução da apicultura no Piauí. Cadeia Produtiva do
mel no Estado do Piauí. Teresina: Embrapa Meio- Norte, p. 13-, 2000. WIESE, Helmuth.
Apicultura: novos tempos. Agrolivros, 2000.
399
SEGURANÇA EM DISPOSITIVOS MÓVEIS: QUE ULTILIZEM SISTEMA OPERACIONAL ANDROID
Adélison Silva de Moura1
Francinaldo Cândido de Jesus2
Glauber Patrick Sousa dos Santos3
Clayton André Maia dos Santos4
RESUMO: A segurança em dispositivos móveis de sistema operacional android é necessária nos tempos atuais,
vivemos em tempos incríveis, onde a maioria da população do planeta vive conectada à internet 24 horas por dia,
por meio de dispositivos móveis. Este trabalho propõe-se a apresentar as ameaças de segurança a dispositivos de
computação móvel, dando foco principal àqueles que utilizam o sistema operacional android. As vias de
contaminação abordadas serão os padrões bluetooth, wi-fi (802.11) e malwares.
PALAVRAS-CHAVE: PDA, wi-fi, bluetooth, redes sem-fio, malware, trojan, ameaças, segurança, e sistema
operacional android.
INTRODUÇÃO: Com o crescimento dos dispositivos móveis, como tablets, smarthones,
celulares e PDAs, têm se tornado cada vez mais populares e capazes de executar grande partes
das ações que antes eram realizadas em computadores pessoais, como navegação web,
internet banking e acesso a e-mail e redes sociais. Infelizmente, as semelhanças não se
restringem apenas as funcionalidades apresentadas, elas também incluem os riscos que o uso
que podem representar a seus usuários.
De acordo com Dan Bonstein (2009):
Essa plataforma foi projetada para ser um sistema seguro, capaz de bloquear a
entrada de programas potencialmente maliciosos. Neste contexto, acredita-se que o
modelo de segurança do android representa um grande avanço a tecnologia em
relação aos modelos utilizados por sistemas operacionais tradicionais para desktops
e servidores, porém há duas desvantagens. Em primeiro lugar, seu sistema de
procedência permite que invasores criem e distribuam malware anonimamente. Em
segundo lugar, seu sistema de permissão, ainda que extremamente poderoso,
depende de que o usuário tome decisões importante de segurança.
A segurança em dispositivos móveis de sistema operacional android é necessária nos
tempos atuais, vivemos em tempos incríveis, onde a maioria da população do planeta vive
conectada à internet 24 horas por dia, por meio de dispositivos móveis. Em pesquisas no ano
de 2014, técnicos em segurança da informação, haviam descoberto 18 tipos de falhas de
segurança em várias versões do sistema android desde o seu lançamento, das falhas
descoberta a maioria é de baixa gravidade, que penas permite ao invasor assumir o controle de
processo único, como do navegador da web, mais não o permite assumir o papel de
administrador do dispositivo.
1, 2 e 3
Acadêmicos do Curso de Redes de Comutadores do VI Semestre – IESPES 4 Professor de Redes de Computadores - ESPES
400
Nesse contexto, onde se percebe que cada vez é mais rápido o crescimento da
complexidade de tecnologia desses dispositivos, surge a necessidade de buscar uma maneira
consistente de realizar a proteção das informações e dados dos usuários dos mesmos, com
isso, novas formas de proteção aos dispositivos são criados na mesma velocidade que os
problemas são detectados.
No que se refere à proteção de dados em dispositivos móveis do sistema android, a
proposta desse trabalho é apresentar de forma sucinta alguns conceitos básicos relacionados a
proteção de dados de usuários de dispositivos móveis com sistema operacional android, no
que se refere aos serviços oferecidos pelo mesmo, ou seja, buscar respostas na correção da
forma de uso para usuários leigos, ou até mesmo na correção de vulnerabilidades nas mais
diversas versões do android, assim como aplicativos de prevenção e proteção. Assim como
obter informações de métodos que possam gerar qualquer tipo de roubo de informação, e
como inibi-los.
Sendo assim, este projeto tem por finalidade demonstrar as ameaças de segurança a
dispositivos de computação móvel, dando foco principal àqueles que utilizam o sistema
operacional android.
METODOLOGIA: Esta pesquisa foi realizada por meio de um levantamento bibliográfico e
tem caráter exploratório com enfoque descritivo. Para Marciano (2006), à medida em que
aumenta a quantidade de aplicativos no mercado, cresce também a preocupação com as
vulnerabilidades e a ocorrência de ataques maliciosos. As fontes a serem utilizadas no
decorrer da pesquisa serão publicações como: bibliografias, livros, internet, teses,
monografias, publicações avulsas, pesquisas e etc.
No constante à Pesquisa de Campo, que será realizada, de acordo com o OWASP
(Open Web Application Secure Project - Guia de Melhores Práticas de Programação Segura),
enfatiza que,
Toda pesquisa de campo qualitativa é empregada para levantar e reunir as principais
vulnerabilidades encontradas em aplicações e as técnicas para mitigá-las através da
análise de documentos já publicados neste âmbito. O uso da análise qualitativa vai
de encontro ao objetivo do trabalho, que é descrever um problema, expô-lo em
categorias que facilitem a compreensão e apresentar contribuições propostas para
uma possível solução resultante da pesquisa documental empregada. ―Documentos‖
devem ser compreendidos de forma ampla, incluindo os materiais escritos, (obras
científicas e técnicas, relatórios, revistas, entre outros), as estatísticas e os elementos
iconográficos (como, por exemplo, imagens e grafismos), considerando que, a
escolha dos documentos não é realizada de modo aleatório, mas em função de
alguns propósitos, ideias ou hipóteses.
401
Para atingir o objetivo do presente trabalho será utilizado, como instrumentos de
coleta de dados, 1 (um) questionários com 10 (dez) perguntas mistas respectivamente
direcionado aos acadêmicos do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES).
As informações coletadas serão organizadas em gráficos e tabelas de forma a facilitar
a visualização dos resultados obtidos e permitir-lhes a análise coerente do estudo.
RESULTADO E DISCUSSÃO: Devido a evolução tecnológica e o aumento de acesso a
informações através de dispositivos móveis, a segurança da informação é algo que deve ser
mais aprimorado, por tanto este projeto vem prover conhecimentos básicos, com tudo
específico, de aplicativos que disponham de ótimos recursos para garantir a segurança de
informações nos dispositivos que utilizam o sistema operacional Android, a partir da versão
4.0.
O grande poder de conectividade e processamento oferecido pelos dispositivos móveis
em ambientes públicos e privados representam uma espécie de revolução da Tecnologia da
Informação e Comunicação que, agregada à ampla difusão dos dispositivos e o aumento da
variedade de serviços e aplicativos, foram colocados em evidência como alvos de ataques de
risco, em particular o Android, que vem conquistando grande parte do mercado atual.
Em vista disto, o estudo de novas técnicas de segurança torna-se necessário. E, como
tentativa de contenção a invasões e mau uso de aplicativos, é adotado no discorrer deste
trabalho métodos de segurança no desenvolvimento de aplicações Android através de
patterns. Tais práticas já existem e fazem parte de estudos publicados em livros e artigos ou
por empresas, conforme citado nas referências bibliográficas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KUROSE, J.; ROSS, K. Redes de computadores e a internet: uma abordagem top-down.
Editora Addison Wesley. 3ªed., São Paulo. 2006.
LOIOLA, E.; MOURA, S. Análise de redes: uma contribuição aos estudos organizacionais.
In: FISCHER, T. (Org.) Gestão contemporânea: cidades estratégicas e organizações locais. 2.
ed., Fundação Getúlio Vargas.
WEILL, Peter e ROSS, Jeanne W. Governança de TI, Tecnologia da Informação. Revisão
Técnica: Tereza Cristina M. B. Carvalho, M Books do Brasil Editora Ltda. São Paulo, 2006.
HOME OF BTCRAWLER - A BLUETOOTH DIAGNOSTIC TOOL URL:
http://www.silentservices.de/btCrawler.html
RED FANG BLUETOOTH TOOL, URL:
http://www.netstumbler.com/2003/08/18/software_tool_steals_data_via_bluetooth/
2012, CAIS/RNP – Centro de Atendimento a Iniciantes de Segurança da Rede Nacional de
Ensino e Pesquisa.
402
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: A IMPORTÂNCIA DE SUA IMPLEMENTAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Jardriana Carvalho de Oliveira1
Kaique Silva de Lima1
Sâmela Kawanne Gualberto Araújo1
Nélly Vinhote2
RESUMO: O presente artigo apresenta um estudo da importância de um Sistema de Gestão Ambiental numa
Instituição de Ensino Superior (IES), buscando fortalecer a necessidade da implantação desse sistema nas IES,
incentivando a pesquisa, colocar em práticas os ensinamentos e aprendizados dentro da instituição. As
instituições de ensino possuem relevância na sociedade por serem organizações que promovem a formações de
agentes transformadores do meio em que vivemos. Desta forma, o objetivo deste trabalho é demostrar a
importância do Sistema de Gestão ambiental (SGA) nas Instituições de Ensino Superior através de um
levantamento bibliográfico de artigos científicos sobre o SGA nas instituições de ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Sistema de Gestão, Meio Ambiente, IES.
INTRODUÇÃO: Diante dos acontecimentos ambientais vivenciados, a questão ambiental
tem sido um tema de muitas discussões, ao longo dos últimos anos, com a preocupação na
conservação dos recursos naturais e com a degradação provocada pelo homem ao meio
ambiente.
Segundo Vaz et al. (2010 apud Kraemer, 2003, p.53) salienta que as Instituições de
Ensino Superior (IES) assumem uma responsabilidade essencial na preparação das novas
gerações, para um futuro viável. Pela reflexão e por seus trabalhos de pesquisa básica,
concebendo soluções racionais, elaborando propostas coerentes para o futuro.
―É de grande importância a instrução e a prática de um Sistema de Gerenciamento
Ambiental (SGA) dentro das Instituições de Ensino, pois compete a elas também dar exemplo
e colocar em prática o que é ensinado‖ (ELER, 2016, p. 2).
Segundo Vaz et al. (2010 apud FURIAM; GUNTHER, 2006), afirmam que os
resíduos sólidos, gerados em ambientes universitários, englobam, além daqueles classificados
com resíduos sólidos urbanos, alguns resíduos classificados como industriais e como resíduos
de serviços de saúde. Existem, ainda, conforme os mesmos autores, as atividades de Educação
Ambiental, que são importantes para orientar a segregação, a coleta, o tratamento e a
destinação final dos resíduos sólidos gerados nesses ambientes, uma vez que requerem um
tratamento especial. No entanto, ainda são poucas as práticas observadas nas IES, as quais
têm o papel de qualificar e conscientizar os cidadãos formadores de opinião do amanhã.
1 Discentes do Curso Tecnológico em Gestão Ambiental da Amazônia, 2° semestre, na Instituição de Ensino
Superior-IESPES. 2 Docente do Curso Tecnológico em Gestão Ambiental da Amazônia na Instituição de Ensino Superior-IESPES.
403
Em vista disso, este artigo teve como objetivo, demonstrar a importância do Sistema
de Gestão Ambiental nas Instituições de Ensino Superior através de um levantamento
bibliográfico de artigos científicos sobre o SGA nas instituições de ensino.
MÉTODO: O estudo foi desenvolvido a partir de revisão bibliográfica em livros e artigos
científicos de forma qualitativa, buscando analisar os benefícios de aplicar o Sistema de
Gestão Ambiental nas Instituições de Ensino Superior.
A pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador aprofundar o quanto for necessário,
além disso, ―oferece meios para definir e resolver não somente problemas já conhecidos,
como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente‖
(MARCONI; LAKATOS, 2007, p.32).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através da metodologia aplicada, foi observado que as
IES têm capacidade de aplicar o SGA, com bom desempenho ambiental, aplicando medidas
para melhoria, como a criação de projetos ambientais, lixeiras para coleta seletiva, com o
SGA é possível que a IES melhore os resultados e sua imagem como um todo.
Para Lara (2012), a implantação do SGA deve considerar as atividades de todos os
departamentos, disciplinas e estruturas de gestão de uma Instituição de Ensino Superior,
incluindo no processo todos as partes interessadas e/ou envolvidos direta ou indiretamente.
Com relação ao Sistema Gerencial e Administrativo da IES, deve-se elaborar um
planejamento global, que crie uma identidade ambiental da instituição e também um
planejamento local, centralizado em cada campus, considerando suas peculiaridades de gestão
e funcionamento.
Os programas de treinamento e conscientização devem avançar no sentido de ampliar
o entendimento sobre meio ambiente, para incluir a dimensão social e promover mudanças de
atitude diante das questões socioambientais mais amplas que as relacionadas com a atuação da
empresa.
Assim, as IES devem colocar em prática aquilo que ensinam, tornando a sua própria
gestão interna um modelo de gestão sustentável de sucesso para a comunidade, influenciando
com resultados as organizações as quais os seus acadêmicos e futuros profissionais irão fazer
parte, visando a construção de um desenvolvimento social mais sustentável e justo.
Segundo Marckmann (2012 apud SELL, 2006), diz que gestão ambiental consiste em
gerir, controlar e conduzir os processos de produção de bens e de prestação de serviços de
modo a preservar o ambiente físico (água, ar, solo, fauna, flora e os recursos naturais) e a
404
integridade física e psicoemocional das pessoas, e a minimizar o consumo e a perda de
material, energia e trabalho. Isso implica em redução de impactos gerados por produtos ao
longo de todo o seu ciclo de vida e por todos os processos envolvidos, com medidas técnicas e
organizacionais.
CONCLUSÃO: É indiscutível que o Sistema de Gestão Ambiental em uma IES, traz para os
futuros profissionais a possibilidade de pensar e repensar comportamentos e atitudes,
tornando-a um grande laboratório que permite a percepção da teoria a prática e o
fortalecimento da necessidade da busca constante de parcerias entre as IES e a sociedade local
É importante salientar que os benefícios de um SGA são muitos e, entre eles,
destacam-se as economias pelo melhoramento da produtividade e da redução no consumo de
energia, água e materiais de expediente, o estabelecimento das conformidades com a
legislação ambiental. Reduzindo, assim, os riscos de incorrer em penalidades ou gerar
passivos ambientais; a evidência de práticas responsáveis e melhora na imagem externa da
instituição; e a geração de oportunidades de pesquisa.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ELER, Mayara Louzada. Plano de um Sistema De Gestão Ambiental (SGA) para o IFMG
–Campus Governador Valadares, 2016. Disponível em <http://www.webartigos.com>.
Acessado em 13/10/2016 as 16:56 h.
VAZ, Caroline Rodrigues; FAGUNDES, Alexandre Borges; OLIVEIRA, Ivanir Luiz de;
KOVALESK, João Luiz; SELIG Paulo Mauricio. Sistema de Gestão Ambiental em
Instituições de Ensino Superior: Uma Revisão, 2010. Disponível em
<http://revista.feb.unesp.br>. Acessado em 13/10/2016 as 15:14 h.
LARA, Pedro Túlio de Resende. Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior,
2012.
MARCKMANN, Karina. Elaboração de Proposta do Manual de Gestão Ambiental da
UFRGS e Estudo de Caso de Aplicação, 2012. Disponível em < www.ufrgs.br>, acessado
em 14/10/2016 as 19:00 h.
405
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: A IMPORTÂNCIA DE SUA IMPLEMENTAÇÃO NOS PORTOS
Jéssica Mayara da Silva Mendes1
Keurielly Marques Silva2
Tiago Júnior Silva Rosa3
Nélly Vinhote4
RESUMO: Esta pesquisa apresenta um estudo sobre importância de um Sistema de Gestão Ambiental no ramo
portuário, buscando fortalecer a necessidade da implementação desse sistema nos portos. Por meio desta
abordagem, foi possível inferir a relação das atividades portuárias com as modificações causadas ao meio
ambiente, principalmente quando são necessárias intervenções que podem gerar grandes impactos ambientais. O
objetivo deste trabalho foi demostrar a importância do Sistema de Gestão ambiental (SGA) nos portos através de
um levantamento bibliográfico de artigos científicos sobre o SGA no ramo portuário. O avanço das relações de
comércio entre os países, somado às necessidades de consumo do mundo globalizado, geram como
consequência, uma série de atividades e serviços que carecem cada vez mais de um processo muito bem
integrado e ininterrupto para o pleno atendimento dos clientes. Desta forma, a atividade portuária e os demais
sistemas de transporte sofrem uma pressão muito grande e acelerada para suprirem os anseios de seus usuários
dentro de prazos cada vez mais curtos. Desta forma, o SGA torna-se imprescindível em todas as fases dos
empreendimentos portuários, pois podem otimizar o combate à degradação ambiental e proporcionar melhorias
quanto as demais atividades desenvolvidas nestes ambientes.
PALAVRAS-CHAVE: Sistema de Gestão, Meio Ambiente, Portos.
INTRODUÇÃO: Frente à complexidade da problemática ambiental nos dias atuais, a gestão
ambiental empresarial se coloca como um processo de fundamental importância, tanto para as
empresas como para a sociedade. É por meio do desenvolvimento e da implantação de
modelos específicos, e de sistemas de gestão ambiental, que as empresas conseguem orientar
suas atividades administrativas e operacionais para alcançar objetivos definidos.
Segundo Assunção (2011, apud SILVA 2016, p. 17) a regulação ambiental portuária
utiliza-se de princípios universais. A não observância desses princípios põe em risco as boas
regulações e práticas ambientais pelas atividades produtivas, um ônus desnecessário para a
sociedade, ocasionado por um dispêndio suplementar em termos de esforços e recursos para a
solução de componentes ambientais mal equacionados na atividade.
Para Assunção (2011, p. 28) em razão da intensidade do processamento ou manuseio
de cargas em instalações portuárias, é necessário adotar uma sistemática de tratamento das
questões ambientais que englobe a proteção do meio ambiente no qual a instalação está
inserida, promovendo o controle dos seus impactos, evitando-os quando possível, mitigando-
os e compensando-os sempre que necessário.
Segundo Kappel (2016, p. 5) é importante considerar, ainda, que as atividades
portuárias, além de serem cruciais para o equilíbrio da balança comercial do Brasil
(exportação/importação), é o principal indutor de desenvolvimento dos municípios portuários
gerando emprego e renda e que também poderá impulsionar o desenvolvimento da pesca, do
ecoturismo e das atividades dos pequenos produtores rurais, desde que as ações mitigadoras e
compensatórias sejam planejadas nesta perspectiva. Um aspecto fundamental é o Programa de
1, 2, 3
Discentes do Curso Tecnológico em Gestão Ambiental da Amazônia, 2° semestre, na Instituição de Ensino Superior-IESPES. 4
Docente do Curso Tecnológico em Gestão Ambiental da Amazônia na Instituição de Ensino Superior-IESPES.
406
Gestão Ambiental (PGA) ou Sistema de Gestão Ambiental (SGA) visa adequar as instalações
portuárias e serviços prestados, tanto pelo porto como pelas empresas concessionadas
(operadores/terminais), procurando atender a legislação ambiental vigente e os anseios da
sociedade.
A cidade por sua vez precisa entender as particularidades que envolvem a função de
cidade portuária, intrinsecamente atravessada por fluxos usando-os em benefícios do emprego
e crescimento local, posto que a metrópole é, antes de tudo, um espaço de intermediação
econômica (entre concepção, produção e mercado), de intermediação social, mas, sobretudo,
de intermediação entre o interior e o exterior‖ (DE ROO, 1999 apud FERREIRA;
OLIVEIRA, 2006, p. 6). Isso vale em particular para uma metrópole portuária, conectada em
rede por linhas de circulação do mercado internacional, onde essa é uma condição sine qua
non de competitividade para estabelecer um diálogo permanente e permeável pelos muitos
atores construtores do espaço socioeconômico.
Quando um porto possui uma imagem negativa inicia-se a ―debandada‖ dos clientes
que podem mudar, perdendo todos os que vivem e trabalham nesse porto. É fundamental a
constante e sólida construção de uma imagem positiva dum porto, cuidada como se de uma
―planta‖ se tratasse, carecendo de toda a atenção e de melhorias constantes para crescer
saudável.
É fundamental a constante adaptação do produto portuário aos clientes, adaptação das
infraestruturas, dos equipamentos, da logística portuária, dos ritmos e produtividade, da
informação, dos serviços acessórios, das acessibilidades marítimas e terrestres, assim como a
continuidade de serviço, a fiabilidade, o bom clima social, a organização e limpeza, a
qualidade do serviço, etc. (CALDEIRINHA, 2007, p. 62). Sendo assim, este trabalho tem por
objetivo demostrar a importância do Sistema de Gestão ambiental (SGA) nos portos.
MÉTODO: O estudo foi desenvolvido a partir de revisão bibliográfica em artigos científicos
de forma qualitativa. De acordo com Severino (2007, p. 122):
A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível,
decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos,
teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros
pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a
serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos
estudos analíticos constantes dos textos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os programas de treinamento e conscientização devem
avançar no sentido de ampliar o entendimento sobre meio ambiente, para incluir a dimensão
social e promover mudanças de atitude diante das questões socioambientais mais amplas que
as relacionadas com a atuação da empresa.
Frente aos diversos aspectos acima mencionados, os portos passaram a necessitar de
dados confiáveis, em muitos casos, requerem uma especialização técnico científica que, no
Brasil, pode ser encontrada, por exemplo, nas universidades e institutos de pesquisa. Apesar
de ainda não existir uma ponte sólida entre a pesquisa científica e os usuários finais dos
produtos da ciência e tecnologia, cada dia mais se percebe que a academia encontra-se mais
disposta a se aproximar da comunidade, deixando de lado a velha e falsa dicotomia entre
ciências básicas e ciências aplicadas. Assim, é importante aproveitar este momento para criar
condições que permitam a produção de ciência útil, contribuindo mais diretamente com a
407
melhoria da qualidade de vida da população e a preservação da qualidade ambiental através
de uma política de apoio para a ciência, tecnologia e inovação ligada às questões portuárias.
Pela Portaria SEP nº 104/2009, os portos e terminais marítimos devem possuir um
Setor de Gestão Ambiental e de Segurança e Saúde no Trabalho – SGA. Mesmo as
instalações portuárias não abrangidas pela portaria supracitada, como as instalações
hidroviárias, têm a responsabilidade de implementar um Sistema Integrado de Gestão
Ambiental que inclua ações relativas à Proteção do Meio Ambiente, à Segurança e Saúde
Ocupacional. Esse Sistema deve possuir grande peso na tomada de decisões dos gestores
portuários, já que constitui um item de extrema relevância para a definição da qualidade do
serviço prestado nos portos.
É necessário que o Sistema de Gestão Ambiental seja dinâmico, ou seja, que possa ser
melhorado ao longo de sua existência, que siga identificando os elementos impactantes, seus
processos, efeitos associados e cumulativos, incorporando mais e mais instrumentos de
controle e combate aos impactos ambientais. É importante que o Sistema esteja consoante em
objetivos, metas e compromissos a serem perseguidos por todos os agentes portuários. Além
disso, ele deve ser compatível com todos os instrumentos de gestão da zona costeira.
CONCLUSÃO: A Administração Portuária deve ser capaz de dar respostas que atendam às
demandas, em especial de apresentar a atividade como limpa e compromissada com a causa
ambiental. Para tanto, Sistema de Gestão Ambiental deve estar presente nas fases de
concepção, implantação e operação de empreendimentos portuários, otimizando o combate à
degradação ambiental por meio da incorporação de princípios e conceitos de impacto
ambiental, da necessidade de evitar esses impactos e dos custos de recuperação dos recursos
naturais degradados.
É importante salientar que os benefícios de um SGA são muitos e, entre eles,
destacam-se as economias pelo melhoramento da produtividade e da redução no consumo de
energia, água e materiais de expediente, o estabelecimento das conformidades com a
legislação ambiental. Reduzindo, assim, os riscos de incorrer em penalidades ou gerar
passivos ambientais; a evidência de práticas responsáveis e melhora na imagem externa da
instituição; e a geração de oportunidades de pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSUNÇÃO, Yara Rodrigues da. O porto verde: modelo ambiental portuário / Agência
Nacional de Transportes Aquaviários. - Brasília: ANTAQ, 2016. Disponível em
>http://www.antaq.gov.br/portal/pdf/portoverde.pdf
KAPPEL, Raimundo F. Portos Brasileiros, Novo Desafio Para a Sociedade, 2016.
Disponível em >http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/conf_simp/textos/
raimundokappel.htm
SIQUEIRA, Alexsandro dos Santos. Gestão Ambiental nas Cidades-Porto: Caso de
Santos, 2016. Disponível em
>http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Procesosambientales/
Impactoambiental/03.pdf
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico, 2016. Disponível em
>metodologiacientificanapratica.blogspot.com.br/2013_09_01_archive.html?m=1
408
SOCIEDADE BRASILEIRA: UMA ANÁLISE A PARTIR DA ÉPOCA COLONIAL
Dra. Francisca Canindé B. dos Santos1
Cristiane Pereira da Silva2
RESUMO: O presente estudo é resultado de preocupações, com a trajetória das sociedades através dos tempos.
Para compreendê-las e interpretá-las foi necessário construir os objetivos inerentes à temática, como: interpretar,
analisar textos de História, Sociologia, Psicologia a fim de encontrar respostas para as dúvidas. Para tanto foi
preciso construir uma metodologia condizente a uma pesquisa bibliográfica. Por isso as leituras de textos e
analises foram importantes ao lado dos métodos históricos e comparativos. Os resultados foram relevantes no
que diz respeito às atividades econômicas de cada momento histórico e a formação da sociedade agrária,
metalista, cafeeira de classe. Na época em que a burguesia brasileira impunha a sua hegemonia político-
econômica e social.
PALAVRAS-CHAVE: sociedade brasileira, agrária, burguesia.
INTRODUÇÃO: As sociedades foram se construindo em torno de paisagens geográficas
adequadas a sobrevivência, em que o solo propiciasse o cultivo econômico e lucrativo, como
o solo de massapê, terra roxa, além de outros que deram condições aquelas populações de um
sedentarismo produtivo.
As relações sociais e políticas permitiram formar grandes plantações como da cana-de-
açúcar que permitiu o trabalho colonizador do branco português.
As concentrações humanas nesses locais foram se propagando através do tempo,
construindo uma sociedade, como a do nordeste que se dedicou a um capitalismo agrário e de
um mercantilismo de plantagem.
Outras sociedades foram despontando com o desenvolvimento de novas atividades
econômicas, centradas na exploração dos metais preciosos e dos diamantes e
consequentemente com os grandes cafezais, atingindo a sociedade de classe que perdura até
os dias de hoje.
O propósito da pesquisa se concentra na interpretação e análise de texto, a fim de
compreender a realidade contextual daquelas épocas até hoje.
MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter quantitativo, a fim de construir
e sistematizar o contexto investigado. Para isso, é preciso conhecer, interpretar e analisar a
teoria, para produzir o estudo. O método histórico é de fundamental importância ―...para
compreender o passado, entender o presente e predizer o futuro...‖
1 Professora Dra., pesquisadora, ministra aulas nos Cursos de Pedagogia e Serviço Social do Centro Universitário
Luterano de Santarém. Historiadora, geógrafa e doutorada em Psicologia Social pela Universidade de Santiago de Compostela – Espanha. 2 Acadêmica do Curso Serviço Social do Centro Universitário Luterano de Santarém.
409
E o método comparativo para verificar semelhanças e ―diferenças entre grupos,
pessoas, sociedades, organizações. Ele permite explicar o fenômeno por meio de análise
completa de seus elementos‖. (GONÇALVES, 2005, p. 43).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados são significativos, mostrando a realidade
das sociedades que se formaram no Brasil desde o período colonial.
A colonização reflete o desenvolvimento de atividades econômicas monoculturas,
escravistas, dentro de um grande latifúndio. Neste espaço geográfico se formou a sociedade
do nordeste ou açucareira. Esta sociedade se caracterizava pelo bipolarismo, ruralismo,
patriarcalismo e escravidão. De acordo com Della Torre (1997, p. 147): ―A sociedade
brasileira baseava-se, então numa economia agrícola (monocultura, que se desenvolvia nos
latifúndios, tendo por mão-de-obra o escravo). Formavam eles a base da pirâmide social‖.
Esta formação social chegou à região das minas, local da exploração do ouro e dos
diamantes. Ali se formou a sociedade do sudeste, diferente da primeira, por se basear no
mercantilismo metalista, num caráter urbano, com fundação de várias cidades e a camada
social dos grandes proprietários de lotes das minas.
Essas duas primeiras sociedades produziram para atender o mercado europeu. O
açúcar era refinado na Holanda, em Amsterdã e Antuérpia para posterior comercialização.
Assim, o ouro do Brasil, a maior quantidade foi parar na Inglaterra fortalecendo muito mais
seu potencial econômico. Conforme Silva (2000, p. 95): Com a mineração, ―... a Inglaterra
encontrou na economia luso-brasileira um mercado em rápida expansão e praticamente
unilateral‖.
Esta formação social chegou à contemporaneidade de forma ilhada nas relações
sociais, econômicas de produção, em que cada momento histórico se desenvolveu uma
atividade econômica, em torno dela uma sociedade, em que os trabalhadores ou os proletários
da República internalizavam a ideologia capitalista, onde a classe subalterna pensa e ainda
pensa com a cabeça do opressor. Neste caso, Rodrigues deixa claro (2000; p.47):
Os trabalhadores dormem com o inimigo, confortavelmente instalado em sua própria
mente, todos os dias, sem saber. É quase como se houvesse em seu cérebro um chip
perverso de computador, que o obrigasse levantar no outro dia e levar sua vida da
mesma forma que no dia anterior.
Na sociedade capitalista contemporânea a classe baixa foi e continua sendo massa de
manobra nas mãos de uns poucos privilegiados. A classe operária trabalha tanto, e continua
alienada, passa necessidades, nem todos tem moradia fixa, residem na periferia, um reflexo da
colonização do Brasil, fixando radicalmente os resquícios de uma época, que cimentou todo
410
um processo das relações sociais. Conforme Campos (2002, p. 92): ―A dominação econômica,
que é a forma mais geral, e para onde vão desaguar todas as outras, acontece sempre que
alguém rouba, expropria a capacidade (poder) de trabalho de outras pessoas‖.
A sociedade de classe é aberta, permite a hierarquização em camadas: alta, média e
baixa. Propicia a mobilidade social ascendente e descendente. Pelos canais de escolaridade,
vida religiosa, hierarquia militar, etc. as pessoas podem ascender socialmente.
A sociedade brasileira atual está em crise política, econômica, social e cultural. O
desemprego atinge um percentual elevado, os setores públicos não atendem satisfatoriamente
as populações de classe baixa. Os atendimentos hospitalares são deficitários. A corrupção se
encontra em todos os setores. A saúde e a educação escolar e familiar passam maus
mementos. Os conflitos sociais, a violência urbana e rural amedrontam o ser humano que vive
encarcerado na sua própria casa.
CONCLUSÃO: As sociedades foram se construindo em diferentes espaços geográficos e
econômicos. Cada uma delas assumiu características diversificadas, deixando resquícios do
passado refletir no presente, como o trabalho escravo nos canaviais, nas minas, nos cafezais
até chegar as grandes empresas agrícolas, além de outras do momento atual.
Ainda se encontra hoje homens trabalhando em locais inadequados, salários irrisórios,
que não permitem a sobrevivência humana.
O parasitismo veio de fora se implantou, gerando descendentes que até hoje é presença
na sociedade. O sistema capitalista está consolidado, se organiza cada vez mais, suas
estratégias se infiltram nos aparelhos ideológicos, que se difundem em todos os momentos.
Assim como, as sociedades do passado tiveram enormes problemas, as de hoje dão
prosseguimento, em decorrência de saber que o passado não morre, mesmo que morresse
ficavam seus fragmentos refletindo.
A sociedade atual é reflexo do passado, a dominação, o individualismo, o egoísmo,
caracterizam o sistema excludente oriundo da época da colonização.
REFERÊNCIAS:
CAMPOS, Regina Helena de Freitas (org). Psicologia Social Comunitária: da
solidariedade à autonomia, 5 ed., Petrópolis-RJ: Vozes, 2002.
DELLA TORRE, Maria Benedita Lima. O Homem e Sociedade: Uma introdução a
Sociologia, 8 ed., São Paulo: Editora Nacional, 1997.
GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual da Metodologia da Pesquisa Científica, São
Paulo: Avercamp, 2005.
RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação, Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil, 1 ed., São Paulo: Moderna, 2000.
411
TABAGISMO NO ENSINO MÉDIO Alesandra Cabreira Dias
1
Dalton Nascimento de Azevedo 2
Emanuel Santana Leão de Andrade2
Marta Quadros Friás2
RESUMO: O presente artigo buscou sensibilizar os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Wilson
Fonseca da cidade de Santarém PA, aos riscos do tabaco e os malefícios e problemas que ocorrem na família, na
escola, no trabalho e na sociedade. Os dados foram obtidos por meio de questionários respondidos pelos os
alunos da turma do primeiro ano da escola mencionada. Nossa investigação, predominantemente de cunho
informativo, consistiu-se numa pesquisa de campo com aplicação de um questionário com 10 perguntas
direcionadas a levantar dados diretamente ligados ao tabagismo como uma forma de prevenção dos adolescentes
da escola supracitadas. O contexto a qual se deu através da palestra aos jovens do ensino médio buscou a
reflexão e o entendimento dos riscos que o uso do tabaco pode causar em um jovem.
PALAVRAS-CHAVE: Tabagismo, Escola e Adolescência.
ABSTRACT: This paper aims to sensitize students of State Elementary School Wilson Fonseca city of
Santarém PA, tobacco risks and the dangers and problems that occur in the family, at school, at work and in
society. Data were collected through questionnaires answered by the students in the class of the first year of that
school. Our research, predominantly informative nature, consisted in a field research with application of a
questionnaire with 10 questions directed to collect data directly related to smoking as a way of preventing
teenagers from the aforementioned school. The context which was made through the lecture to high school
youngsters sought reflection and understanding of the risks that tobacco use can cause in a young man.
KEYWORDS: Smoking, School and Adolescence.
INTRODUÇÃO: Este projeto teve como objetivo fazer uma reflexão a respeito do tabagismo
no ensino médio a fim de informar e conscientizar o público alvo para os malefícios do
tabagismo nessa fase da vida. Portanto ocorreu a integração através de uma palestra realizada
na Escola Estadual de Ensino Médio Wilson Fonseca partir do estudo e da participação de
uma turma do primeiro ano do ensino médio que foi realizada dia 11 de maio de 2016 às 8h00
na sala de multimídia da referida instituição.
Aos pais, que servem de modelo dentro do núcleo familiar, cabe alertar as crianças e
adolescentes quanto à nocividade do uso dos produtos do tabaco, para que estes não sejam as
futuras vítimas das dependências à nicotina. O aconselhamento e, sobretudo, exemplo dado
pelos pais são determinantes do comportamento dos filhos para que não fumem.
Outros grupos que também foram alertados e mostrados. O cigarro é altamente
prejudicial à saúde da gestante, com efeitos deletérios sobre o feto e o recém-nascido.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o tabagismo deve ser considerado
uma pandemia, ou seja, uma epidemia generalizada, e como tal precisa ser combatido.
1 Doutoranda em Ciências da Reabilitação DINTER/UEPA, docente do curso de Educação Física CEULS/ULBRA.
2 Acadêmicos do curso de Educação Física CEULS/ULBRA.
412
O termo tabagismo é definido pelo dicionário Aurélio como ―o uso abusivo do tabaco‖.
O termo droga tem como definição ―substância entorpecente, alucinógena ou excitante,
ingerida em geral com o fito de alterar transitoriamente a personalidade‖. De Lúcia et al
(1991) definem droga como ―qualquer substância capaz de modificar as funções dos
organismos vivos, tendo como resultado alterações fisiológicas e comportamentais‖.
REFERENCIAL TEÓRICO: A composição química presente no cigarro entra na categoria
das drogas psicoanapléticas ou estimulantes, assim como a cocaína, anfetaminas e xantina.
Dos vários componentes do tabaco, Rondina et al (2001) afirma que a nicotina é o alcalóide
mais importante, sendo a droga responsável pela dependência dos indivíduos fumantes.
De acordo com Benowitz (1990) apud Rondina et al (2001), a dependência do tabaco
(como todas as outras dependências de drogas) é um processo complexo, envolvendo
farmacologia, fatores adquiridos ou condicionados, condições sócias e características da
personalidade do dependente químico.
Segundo Powers e Howley a nicotina é uma droga sem aplicação terapêutica. No
entanto, o fato de ele tomar parte na composição dos cigarros e de fumo de mascar torna-a
uma das substâncias mais utilizada de forma abusiva.
O cigarro tem efeitos imprevisíveis pelo fato de poder aumentar simultaneamente as
atividades do sistema nervoso simpático, parassimpático e central. Pequenas doses de nicotina
aumentam a atividade autônoma enquanto doses elevadas podem levar a um bloqueio de
resposta.
O sistema cardiovascular responde com aumentos da frequência cardíaca e da pressão
arterial decorrentes do aumento da atividade nervosa simpática e o trato gastrointestinal
responde com um aumento da atividade por meio da estimulação nervosa parassimpática.
Existem evidências de que tanto a taxa metabólica de repouso quanto as respostas
cardiovasculares ao exercício leve são aumentadas após a administração de nicotina.
A nicotina é, sobretudo, utilizada por meio do tabagismo e do fumo de mascar.
Independentemente de ter um efeito calmante ou estimulante num indivíduo, o tabagismo é o
hábito de mascar fumo estão associados a importantes problemas de saúde, descritos num
capítulo à parte. Markins e Perkins apud Power e Howleys afirmam que o tabagismo está
ligado a vários tipos de câncer e de patologias cardíacas e pulmonares. Somente isso já é
motivo para desencorajar o tabagismo, independentemente de ele aumentar o trabalho
respiratório, diminuir o VO2 máximo e aumentar o tempo necessário para que o VO2 atinja
um estado estável durante o exercício submáximo.
413
METODOLOGIA: A pesquisa ocorreu na Escola Estadual de Ensino Fundamental Wilson
Fonseca localizado na travessa 25 no bairro da Nova República Município de Santarém,
Estado do Pará.
Foi aplicado um questionário composto por 10 questões, das quais três (3) tinham um
caráter aberto e dissertativo, e sete (7) de caráter fechado. Após aplicação do questionário, os
dados obtidos foram analisados por meio de uma planilha, o mesmo foi aplicado
individualmente a cada aluno, sendo supervisionado pelos acadêmicos.
Nas primeiras perguntas denominadas as identificações foram organizadas as questões
relativas, sexo e estado civil. Nas questões seguintes relacionadas a prática do fumo, indução
ao fumo, familiares fumantes, prática de atividade física.
Nas questões buscou-se verificar a prática do fumo nas escolas. Se há algum incentivo,
se conhecem as consequências dessa droga licita. Questionamos também se o fumante pratica
alguma atividade física.
A análise das respostas procura delinear o retrato dos alunos desde o início dessa prática
até onde ocasiona doenças para o fumante. Para um melhor aproveitamento dos dados
obtidos, os resultados aqui apresentados pautam-se em três momentos distintos:
primeiramente formulamos os questionários, no qual procedeu a tabulação das respostas
obtidas nos questionários e a partir dos gráficos gerado para cada questão, no programa Excel,
os resultados foram analisados separadamente. Posteriormente a intervenção feita na escola,
como forma de sensibilizar os educandos a não fazerem uso do fumo, e terceira exposição dos
resultados e da intervenção na sala de aula diante dos acadêmicos da disciplina Atividade
física e saúde.
Consideramos, nesta pesquisa, um fator relevante que foi o contexto social onde a
escola está inserida, devido ao fato de ser uma escola pública da periferia a acessibilidade e as
vias de acesso ao fumo entre outras drogas ilícitas, fazem com que os jovens e adolescentes
mais precisamente alunos, que estudam na rede estadual de ensino fiquem mais vulneráveis a
esta situação.
RESULTADOS: Inicialmente, foi feita a descrição das variáveis que caracterizam a
exposição ao tabagismo por sexo no que diz respeito a: riscos do tabagismo para a saúde,
colega ou professor com a pratica do fumo, conhecimento sobre a lei do antifumo e se já
experimentou o fumo.
414
Ao analisar o que os alunos responderam no questionário, os dados foram obtidos a
partir das respostas de trinta e seis (36) alunos sendo 20 mulheres e 16 homens.
Para o estudo da associação entre fatores individuais (gênero) e contextuais (escola,
família, sociedade e trabalho), as variáveis ficaram nítidas com os dados obtidos conforme
gráficos abaixo.
Tabela 1.
Figura 1.
Em relação à questão sobre quem já fumou, dos 36 alunos, a frequência maior foi no
sexo feminino de 22% do que do sexo masculino com 10% que já fumou, com isso apenas 6%
das mulheres e 12% dos homens responderem não, com isso podemos analisar por pessoas
que 32% falaram que sim, uma grande demanda de jovens de 15 a 17 anos já vivenciou o
fumo e penas 18% falaram não.
Tabela 2.
415
Figura 2.
Ao analisar o segundo gráfico, podemos observar que 14% dos Homens e 16% das
mulheres responderam sim, isso significa que as mulheres têm contato e mais a proximidade
com colegas e professores que fumam do que os homens. Sendo de 9% dos homens é 11%
das mulheres responderam não, no total de 20% não e 30% sim.
Tabela 3.
Figura 3.
No terceiro gráfico, relata a falta de informação na escola sobre a lei antifumo, pois com
a grande demanda de jovem que já vivenciaram o tabaco não conhece a lei, dentre 18%
feminino é 15% masculino responderam não, que não tem nem um conhecimento sobre a lei
antifumo, totalizando 33% dos alunos responderam não e 17 % sim.
416
Tabela 4.
Figura 4.
Está questão e direcionada ao conhecimento dos ricos que o tabagismo pode provocar
em adolescentes fumantes, cerca de 19% dos homens e 24% das mulheres responderam que
sim, no total de 43%, e apenas 4% dos homens e 3% das mulheres responderão não, com um
total de 7% de pessoas de ambos sexos não tem nem um conhecimento sobre esse risco.
Ao analisar todos os gráficos, o sexo feminino apesar de conhecer os malefícios do
tabagismo, assim mesmo tem contato com o tabaco. Ainda está em análise, para descobrir se é
um fator fisiológico, psicológico, social ou familiar.
DISCUSÃO: Neste estudo identificamos que mais da metade 64% dos alunos já
experimentaram fumar um cigarro pelo menos uma vez na vida, levando em consideração que
os alunos do primeiro ano do ensino médio têm entre 15 e 18 anos.
Diversos estudos no Brasil, destacam a desigualdades sociais como uma atenuação no
período da adolescência que podem levar esses adolescentes a pratica do fumo, mas não há
explicações consensuais para tal observação.
É consistentemente a afirmativa que o fumo esta sim associado a vários outros
comportamentos de risco, entre eles as drogas e álcool. Tal associação sugere que fatores
contextuais comuns, incluindo família, colegas, trabalho, escola e a sociedade de um modo
geral, concorrem para aumentar o risco de experimentação ou iniciação precoce desses
comportamentos.
417
Entretanto, é interessante notar que a diferença entre sexos foi identificada neste estudos
principalmente sobre os resultados. Considerando que não disponibilizamos de dados que nos
permitiram traçar a tendência da prevalência de tabagismo entre os adolescentes pesquisados.
A comparação com dados pontuais entre os gêneros em estudos anteriores com alunos do
ensino médio sugere uma política pública voltada para a conscientização de alunos, pias e até
professores sobre o tabagismo. Tal observação é mais relevante com as mulheres que já
experimentaram fumar em números muito maiores em comparação aos homens. Porém, deve-
se considerar a possibilidade de que algum estudante tenha omitido seu hábito de fumar.
Embora alguns estudos, como os de Barbosa et al. 10, tenham observado que as
prevalências de tabagismo sejam maiores para o sexo masculino, neste estudo a diferença não
foi estatisticamente significativa, sendo maior para o sexo feminino o que para o masculino,
concordando com os resultados obtidos por Ivanovic et al. 11.
Os resultados obtidos para a associação de fatores sócio-econômicos, trabalho, escola e
família com o tabagismo se mostraram consistentes nos resultados. Neste estudo foi
observada associação significativa para a variável ―renda familiar‖, em salários mínimos e,
não-significativa, para a variável ―se o estudante trabalha‖ para se chagar a resultados
palpáveis nos resultados que os permitiram discutir com mais clareza as políticas públicas
como válvula de escape para os jovens. Entretanto, observamos também que embora as
variáveis evidenciadas nestes estudos possam ser determinantes para obtermos resultados
satisfatórios dentro do contexto ocultamente salientado no questionário.
CONCLUSÃO: Com base na pesquisa realizada com os alunos da escola, constatou que os
adolescentes entrevistados em alguns momentos são incentivados a fumar, um pouco pelos
amigos ou por presenciar a pratica em sua casa. Onde muitos não são orientados aos riscos
que pode ocasionar com o decorrer do tempo. O estudo realizado sobre tabagismo no ensino
médio tende a sensibilizar os jovens e não fazerem uso do cigarro.
Considerando todos os aspectos abordados buscamos observar a incidência do
tabagismo na área periférica. O fumo através do tabagismo também está presente em classes
sociais sem distinções, no entanto, essa problemática desencadeia outra situação bastante
acentuada no ensino médio e que caminha de mãos dadas ao tabagismo, o alcoolismo.
Sugerimos que outros estudos relacionados principalmente ao gênero em relação ao
tabagismo sejam investigados, pois a pesquisa mostra o quanto os jovens precisam ser
orientados para não fazerem uso do tabaco. Verifica-se a tendência para as mulheres fumarem
mais do que os homens, sobretudo nas faixas etárias mais elevadas.
418
Deste modo o trabalho mostrou os ricos que o cigarro causa, onde não se pode ver
nenhum benefício para o corpo, como não se pode deixar ser influenciado por modismo.
Pesquisa comprova o quanto os jovens precisam ser orientados para não fazerem uso do
tabaco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Mts, Carlini-Cotrim B, Silva Filho AR. O uso de tabaco por estudantes de
primeiro e segundo graus em dez capitais brasileiras: possíveis contribuições da estatística
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419
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: FORMAÇÃO E PRÁTICA DOCENTE
Luiz Carlos Rabelo Vieira1
Tomé Alves da Silva2
Andressa da Mota Costa3
Alcivan Lima dos Santos4
RESUMO: A integração das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no processo educacional
possibilita a realização de novos modos de aprender e ensinar, estimulando o alcance do potencial individual
bem como o trabalho cooperativo. Sendo assim, o objetivo da pesquisa foi analisar a presença das TIC na
formação inicial e docência no ensino básico, conforme a percepção de professores de Educação Física escolar
de Santarém-Pa. A investigação foi realizada com 15 professores, de 25 a 39 anos de idade. Para a produção de
dados foi aplicado um questionário de escala tipo Likert. Quanto aos resultados, verificou-se que houve, durante
a formação inicial dos participantes, o uso de TIC pelos docentes universitários nas práticas docentes, embora
não as tenham discutido em forma de conteúdo. Em matéria da docência escolar do componente curricular, os
participantes tratam as TIC como recursos importantes e possíveis de serem integrados no processo de ensino e
aprendizagem dos conteúdos da área, apesar de uma minoria de profissionais do ensino médio não o empreguem
nas práticas docentes. Esses recursos são utilizados nas aulas cujos temas relacionados são esportes, jogos, lutas,
ginásticas e conhecimentos sobre o corpo.
PALAVRAS-CHAVE: tecnologia educacional, educação física, docência no ensino básico.
INTRODUÇÃO: No atual contexto sociocultural, intitulado por muitos intelectuais como
sociedade da informação, a todo instante tecnologias são utilizadas para o armazenamento e
transmissão de dados e informações (TEZANI, 2011). As tecnologias de informação e
comunicação (TIC), no âmbito da educação formal, são consideradas recursos de importância
indiscutível, embora na prática é frequente a sua subutilização. Para Azevedo et al. (2014), o
uso das TIC na escola, por meio das práticas docentes, têm importância relevante frente a esse
contexto, pois o processo de ensino-aprendizagem com apoio desses recursos é tornado
motivador e consoante com a realidade do educando.
No que respeita ao uso de TIC em escolas brasileiras, a pesquisa do Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br, 2015) aponta dados da série histórica da pesquisa de 2010 a 2014.
No estudo foram obtidos dados de 1.486 escolas, sendo 290 da região Norte, cujos resultados
dos últimos anos mostram que nas escolas públicas a infraestrutura ainda é um desafio, apesar
do aumento na disponibilização de computadores, internet (em sua maioria de conexão de
baixa velocidade - 2 Mbps) e sinal WiFi. Os locais de instalação e manutenção dos recursos
permanecem sendo laboratórios de informática, onde a existência de equipamentos obsoletos
e ausência de suporte técnico fazem, desses espaços, locais pouco explorados em práticas
1 Mestrando em Educação, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, Universidade Federal do
Oeste do Pará-UFOPA. 2 Licenciado em Educação Física.
3 Licenciada em Educação Física. Rede Municipal de Educação de Santarém, Pará.
4 Licenciado Pleno em Educação Física. Faculdade do Tapajós, FAT, Itaituba, Pará.
420
educacionais. Por isso, aponta o estudo, que vem aumento a utilização de TIC em sala de aula.
Nas práticas pedagógicas esses recursos são integrados em decorrência, primeiramente, da
motivação/interesse pessoal (atitude proativa) dos professores; segundo, da
demanda/necessidade dos alunos e, em terceiro lugar, pela pouca motivação institucional.
Em se tratando da área da Educação Física, componente curricular que trata
pedagogicamente dos conteúdos da cultura corporal de movimento (DARIDO; RANGEL,
2005; BRASIL, 1998), o uso das TIC, tanto na formação inicial (DINIZ; DARIDO, 2014;
HATJE et al., 2013), quanto na abordagem dos conteúdos no contexto escolar (BIANCHI;
PIRES; VANZIN, 2008), vem sendo discutido como uma evidente possibilidade educacional.
Com isso, percebe-se que no Brasil está havendo uma maior valorização do conhecimento ou
aprendizagem na dimensão cognitiva nas aulas de Educação Física escolar, por meio da
inclusão de aulas teóricas além das práticas (PONTES JUNIOR; TROMPIERI FILHO;
ALMEIDA, 2014; PONTES JUNIOR; 2014).
Diante do exposto, decorre o problema: as TIC são integradas por professores no
contexto da Educação Física escolar? Nesse sentido, o objetivo da pesquisa foi analisar a
presença das TIC na formação inicial e docência no ensino básico, conforme a percepção de
professores de Educação Física escolar de Santarém-Pa.
MÉTODO: Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e descritivo (THOMAS;
NELSON; SILVERMAN, 2007), cujos participantes foram 15 professores de Educação
Física, de 25 a 39 anos de idade, que atuavam no ensino fundamental (6º ao 9º ano) e no
ensino médio.
Para a produção dos dados foi utilizado um questionário criado pelos pesquisadores e
baseado no estudo de Diniz e Darido (2014). Esse instrumento é composto por seis questões
fechadas com respostas na escala tipo Likert, sendo: discordo totalmente, discordo
parcialmente, concordo parcialmente e concordo totalmente. Além disso, foram obtidas
informações de caracterização dos participantes, como gênero, idade etc. Todos esses dados
foram analisados por meio da estatística descritiva, com a determinação das frequências
absoluta e relativa. Para tanto, foi utilizado o programa Excel (Microsoft for Windows, Office
2013®).
Esta pesquisa seguiu as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo
seres humanos, conforme a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho
Nacional de Saúde (BRASIL, 2012).
421
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dentre os participantes, cuja idade média foi de 30 anos,
predominou o público masculino (53,3%). O tempo médio de docência na área foi de seis
anos e aproximadamente são 18 turmas pras quais ministram aulas.
A tabela dispõe os resultados do nível de concordância sobre os itens de interesse
relacionados às TIC na amostra pesquisada. Assim, verificou-se como prevalente a
concordância quanto ao item que trata do uso das tecnologias por docentes na formação
inicial na referida área. Grande parte, porém, dos participantes discordou sobre o fato das
TIC, nessa formação, terem sido abordadas em forma de conteúdo pelos docentes
universitários. Em se tratando da experiência na docência escolar na área, verificou-se na
amostra concordância sobre a importância e possibilidade do uso das TIC no processo de
ensino e aprendizagem dos conteúdos na Educação Física escolar. Dentre os participantes,
houve concordância sobre o fato de usarem esses recursos no processo ensino-aprendizagem
do componente curricular. Além disso, pode-se observar que as instituições escolares nas
quais são docentes possuem tecnologias/ambientes enquanto recursos pedagógicos.
Tabela. Nível de concordância na amostra de professores de Educação Física (N=15) sobre os
desfechos relacionados às TIC. Santarém/PA, 2014.
Itens de investigação
Nível de concordância
n (%)
DT DP CP CT
Uso das tecnologias educacionais por docentes na formação
inicial - - 3 (20) 12 (80)
Existência de tecnologias educacionais como recursos
pedagógicos e ambientes na IES onde fez a formação inicial - - 4 (26,7) 11 (73,3)
Abordagem das TIC na formação inicial enquanto conteúdo da
grade curricular 9 (60) 4 (26,7) 2 (13,3) -
É importante e possível o uso das TIC no processo de ensino e
aprendizagem dos conteúdos na Educação Física escolar - - 3 (20) 12 (80)
Usa as TIC no processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos
da Educação Física escolar na(s) escola(s) onde é docente 2 (13,3) 2 (13,3) 2 (13,3) 9 (60)
A(s) instituição(ões) escolar(es) onde é docente possui(em)
tecnologias educacionais enquanto recursos pedagógicos e
ambientes para seu uso
- - 2 (13,3) 13 (86,7)
DT = discordo totalmente; DP = discordo parcialmente; CP = concordo parcialmente; CT = concordo totalmente;
IES = Instituição de Ensino Superior; TIC = Tecnologias de Informação e Comunicação.
Observou-se que, em sua maioria, os profissionais do ensino médio com maior idade,
tempo de docência e quantidade de turmas são os que menos vivenciaram as tecnologias
educacionais na formação inicial e também são os que menos integram as TIC no processo
ensino-aprendizagem dos conteúdos na Educação Física escolar, apesar de alguns
reconhecerem a importância e possibilidade do uso desses recursos com fins pedagógicos.
Mediante esses achados, acredita-se que é importante a sistematização de reflexões
sobre o uso de tecnologias educacionais na formação inicial de professores de Educação
Física, bem como sua utilização no ensino básico em todos os componentes curriculares.
422
Esse contexto de discussão é premente, visto que o novo paradigma tecnológico
representa grandes implicações na vida moderna, no trabalho, no lazer e, consequentemente,
na educação (MARTINS, 2011). Quanto à educação, cultura e mídia no cenário do ensino
público no Brasil, as tecnologias vêm galgando um espaço relevante, pois representam
interesses dos alunos (SOUZA; COSTA; FISCARELLI, 2012).
Diniz e Darido (2014) aludem que, por meio de uma formação inicial que aborde os
paradigmas educacionais, onde haja o debate sobre as estratégias de contextualização das TIC
junto aos conteúdos da cultura corporal, ponderando sobre limites e possibilidades, o
educador se torna possuidor de condições conceituais de modo a explorar múltiplos
conhecimentos.
CONCLUSÃO: Conclui-se que, na formação inicial dos participantes, houve o uso de
tecnologias educacionais pelos docentes universitários, embora as TIC não tenham sido
discutidas em forma de conteúdo pelos mesmos. Quanto à docência escolar, a amostra de
professores investigada citou ser importante e possível o uso das TIC no processo ensino-
aprendizagem dos conteúdos na Educação Física escolar, visto que as instituições escolares
possuem tecnologias/ambientes enquanto recursos pedagógicos. Apesar disso, verificou-se
que uma minoria de profissionais (do ensino médio) não utiliza tais recursos nas aulas.
Verificou-se, de um modo geral, que a integração das TIC pelos professores é realizada
quando há a abordagem de temas relacionados aos esportes, jogos, lutas, ginásticas, bem
como ao conhecimento sobre o corpo.
Essa investigação, portanto, lança precedentes para a maior compreensão sobre esse
tema no contexto local de formação de professores, tencionando na apropriação desses
conhecimentos para delineamentos e implementação de políticas de formação para essa área.
REFERÊNCIAS
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OSTLER, D.A.; et al. TICs na Educação: multivisões e reflexões coletivas. Educação &
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Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>. Acesso em: 12
fev. 2016.
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423
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pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DINIZ, I.K. dos S.; DARIDO, S.C. Tecnologias da informação e comunicação: qual o espaço
na formação inicial em educação física? Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 13, n. 4,
p. 141-148, 2014.
MARTINS, N.S. Inclusão digital: desafios e reflexões teóricas na formação de professores no
mundo contemporâneo. Revista Ibero-americana de Estudos em Educação, v. 6, n. 2, p. 1-
18, 2011.
PONTES JUNIOR, J. A. de F. Matriz de referência para avaliação cognitiva na dimensão
sociocultural da educação física escolar. International Journal of Developmental and
Educational Psychology, v. 1, n. 1, p. 191-200, 2014.
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escala dos conteúdos da educação física escolar. Bordón, Revista de Pedagogia, v. 66, n. 3,
p. 9-25, 2014.
SOUZA, C.B.G.; COSTA, D.I.P.; FISCARELLI, C.H. Cenário e perspectivas para a melhoria
do ensino público no Brasil: mídia, cultura e educação. Revista Ibero-americana de estudos
em Educação, v. 7, n. 2, p. 1-18, 2012.
TEZANI, T.C.R. A educação escolar no contexto das tecnologias da informação e da
comunicação: desafios e possibilidades para a prática pedagógica curricular. Revistafaac, v.
1, n. 1, p. 35-45, 2011.
THOMAS, J.R.; NELSON, J.K.; SILVERMAN, S.J. Métodos de pesquisa em atividade
física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
424
USINA HIDRELÉTRICA DE SÃO LUIZ DO TAPAJÓS: DIREITOS HUMANOS VERSUS DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Rodinei Bentes da Silva1
RESUMO: Esta pesquisa pretendeu sistematizar as análises da política de Desenvolvimento Econômico e os
Direitos Humanos no tratamento dos planejamento/licenciamento dos projetos hidrelétricos na Bacia do Tapajós.
O objeto de estudo dessa investigação refere-se à licenciamento da Usina de São Luiz do Tapajós, na Bacia do
Tapajós, região Oeste do Estado do Pará, se os impactos socioambientais serão minimizados provocando o
menor dano possível à região hidrográfica assim como para os povos tradicionais, os povos indígenas e a
biodiversidade da floresta à luz dos Direitos Humanos. A contribuição desta pesquisa se dará enquanto uma
temática atual que subsidiará o levantamento de dados assim como a sistematização teórica de elementos que
poderão fortalecer a elaboração de políticas públicas mais eficientes para o desenvolvimento econômico que não
violem os Direitos Humanos, em especial o direito fundamental ao ambiente ecologicamente equilibrado (art.
225 da Constituição Federal de 1988) e o direito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III da CF/1988).
Espera-se com a pesquisa constatar ou não a consequência danosa com a construção de hidrelétricas no rio
Tapajós, fazer o diagnóstico dos impactos socioambiental, se a barragem propiciará violações de direitos
humanos, cujas consequências poderão acentuar as desigualdades sociais.
PALAVRAS-CHAVE: usina hidrelétrica, direitos humanos, desenvolvimento econômico.
INTRODUÇÃO: A matriz energética do Brasil está centrada nas usinas hidrelétricas –
UHEs, colocado o país na vanguarda de geração hidrelétrica nas décadas de 1970 e 1980, mas
devido à pressão ambiental e a crise de investimentos internacional, retardou as instalações de
novos projetos (SOUSA JÚNIOR, 2014, p. 07), com o retorno da capacidade de investimento
estatal e o aumento na demanda de energia, os megaprojetos na Amazônia retornaram.
Em 2002, o governo federal lançou uma cartilha apresentando seu Programa de
Governo titulado: O lugar da Amazônia no Desenvolvimento do Brasil, tendo como proposta
central a definição do lugar da Amazônia no desenvolvimento do Brasil, apresentando-a como
fundamental importância estratégica, tanto para o país quanto para o planeta2. Para a região
Amazônica já estavam traçados dois projetos, a UHE de Belo Monte no Pará que teve início
em 2011, já concluída, e o Gás de Urucu, no Amazonas, previstos outras 18 barragens
propostas na Bacia do Rio Araguaia e Tocantins3.
Um dos setores que apoia as UHE é a Província Mineral do Tapajós considerada uma
das maiores áreas de mineração e o maior distrito aurífero do mundo4, juntamente com as
1 Especialista em Fundamentos da Matemática pela UFPA, Licenciado Pleno em Matemática (UFOPA) e em
Educação Artística (UEPA) e Bacharel em Direito pela UFOPA, atualmente professor da educação básica na rede pública estadual. 2 - Caderno Temático de Programa de Governo: O Lugar da Amazônia no Desenvolvimento do Brasil. Disponível
em: novo.fpabramo.org.br/uploads/olugardaamazonianodesenvolvimento.pdf . Acesso em 26 de março de 2016, p. 06 3 - Idem, p. 14
4 - Idem, p. 32
425
indústrias eletrointensivas. Outra argumentação apresentada para a implantação dos projetos
hidrelétricos é a relação feita entre o crescimento econômico e a demanda por energia1.
O Complexo Hidrelétrico do Tapajós previsto um conjunto de seis hidrelétricas na
bacia do rio Tapajós2.
A mais nova frente hidrelétrica do Plano de Aceleração do Crescimento
(PAC) na Amazônia que se liga ao Plano IIRSA (Iniciativa para Integração da Infraestrutura
Regional Sul Americana), que consiste na integração econômica da América do Sul, do
Atlântico ao Pacífico com rodovias, hidrovias, ferrovias, eletricidade e telecomunicações para
benefícios dos grandes grupos econômicos.
A primeira barragem prevista, a UHE de São Luiz do Tapajós, deverá inundar mais de
729 km2 envolvendo unidades de conservação (Parque Nacional da Amazônia), terras
indígenas (Munduruku dentre outras etnias), comunidades ribeirinhas, áreas de colonização e
terras públicas em processo de regularização fundiária. As áreas afetadas são cortadas pela
BR-163, uma das regiões onde mais se concentra o desmatamento nos últimos anos (SOUSA
JÚNIOR, 2014, p. 08).
Diante deste panorama, a pesquisa objetivou analisar o processo de licenciamento da
Usina de São Luiz do Tapajós no Pará, a relação entre as categoriais do desenvolvimento
econômico e Direitos Humanos, em especial o direito fundamental ao ambiente
ecologicamente equilibrado (art. 225 da Constituição Federal de 1988) e o direito à dignidade
da pessoa humana (art. 1º, inciso III da CF/1988). Analisar se os processos de licenciamento
estão cumprindo os requisitos da Legislação ambiental para consubstanciar os direitos
humanos do cidadão Amazônida.
MÉTODO: A pesquisa foi de cunho bibliográfico, o qual abordou o confronto das
argumentações para as implementações dos megaprojetos hidrelétricos na Bacia do Tapajós
tendo como foco a Usina de São Luiz do Tapajós, em contrapondo a observação dos Direitos
Humanos dos sujeitos atingidos pela barragem. Sua abordagem se desenvolveu de forma
descritiva ao propor a análise das características da instalação do projeto hidrelétrico se
estavam sendo observados os requisitos e parâmetros exigidos nas legislações ambientais. A
partir das leituras da legislação pertinente ao objeto de estudo, aos documentos oficiais,
estudos e relatórios, fazer a análise para se chegar a inferências.
A análise documental teve como fontes primárias a análise das legislações voltadas ao
meio ambiente e aos procedimentos de licenciamento, nos tratados e convenções
1 - Idem, p.67
2 - Resolução nº: 03 de 03 de maio de 2011 do Conselho Nacional de Políticas Energéticas – CNPE,
426
internacionais pertinentes à defesa dos Direitos Humanos, nos Estudos de Impactos
Ambiental e Relatórios de Impacto ao Meio Ambiente – EIA/RIMA, da UHE, assim com a
análise de documentos referentes à política de desenvolvimento econômico desses projetos
provindos dos documentos oficiais de licenciamento e autorização, os pareceres técnicos dos
órgãos responsáveis pela avaliação dos impactos do empreendimento.
O levantamento de fontes secundárias como reportagens publicadas por veículos de
comunicação, artigos acadêmicos serão necessários para acompanhar e ilustrar a dinâmica do
processo de licenciamento ambiental da usina supracitada.
RESULTADO E DISCUSSÃO: A instalação de qualquer empreendimento produtivo pode
afetar o meio ambiente e os megaprojetos hidrelétricos na Amazônia são apresentados de
suma importância para que o país prospere. Porém, a sociedade amazônida precisa dialogar a
respeito dos investimentos destinados a geração de energia por meios da UHEs e os impactos
decorrentes da modificação do meio ambiente, das transformações ao modo de vida das
populações diretamente envolvidas.
Para o doutrinador Napoleão Casado Filho (2012, p.21), os direitos humanos surgiram
como possibilidade de tutelar o bem da vida chegando ao princípio da dignidade da pessoa
humana:
Direitos Humanos são um conjunto de direitos, positivados ou não, cuja
finalidade é assegurar o respeito à dignidade da pessoa humana, por meio da
limitação do arbítrio estatal e do estabelecimento da igualdade nos pontos de
partida dos indivíduos, em um dado momento histórico. (CASSADO
FILHO, 2012, p. 21)
Partir-se-á, então, da concepção que deve sempre haver as ponderações em todos os
momentos em que ocorram conflitos de normas, valores, direitos, ou princípios os quais
devem ser observados o respeito à dignidade da pessoa humana como freio a intervenção de
plano/proposta estatal, para que o Estado Democrático de Direito não atue como Estado
arbitrário.
Para a Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações (BRASIL, caput do art. 225 da Constituição Federal, 1988).
A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - tratado que
determina a obrigatoriedade de consulta prévia a qualquer medida administrativa ou ato
427
legislativo passível de afetar os povos indígenas e demais populações tradicionais1 – é
exemplo da negligência do Estado brasileiro no planejamento de megaprojetos frente aos
interesses das grandes empreiteiras.
Acrescenta-se que para Jean Pierre Leroy (2003: p.107) a afirmação dos Direitos
Humanos ao Meio Ambiente - DHMA é conquistado a partir das reivindicações sociais por
proteção dos recursos naturais como algo essencial à sobrevivência dos grupos populacionais
e com as incorporações das convenções internacionais juntamente com a legislação brasileira.
A violação da proteção do meio ambiental tem com consequência à violação de vários
direitos, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à cultura, à moradia, à terra, pois o DHMA é
transversal e sua violação desestrutura a vida que sem são afetados diretamente e
indiretamente.
Em 2011 a Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana/CDDPH, ao analisar a UHE Tucuruí, UHE Aimóres, UHE Foz do Chapecó, PCH
Fumaça, PCH Emboque e Barragem de Acauã, constituída para acompanhar as denúncias de
violações de direitos humanos em processos envolvendo o planejamento, licenciamento,
implantação e operação de barragens, a partir das denúncias feitas pelo Movimento de
Atingidos por Barragens – MAB, analisou o período de 1996 a 2005, constatou problemas de
falta de informação, omissão das especificidades socioeconômicas e culturais das populações
atingidas, lacunas, má-aplicação da legislação dentre outros2.
CONCLUSÃO: O Estado Brasileiro em relação ao projeto de instalação da UHE de São Luiz
do Tapajós, posicionou-se nitidamente de formar a afrontar aos interesses sociais, em abril
deste ano o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis/IBAMA
reconheceu a inviabilidade do empreendimento sobre a biodiversidade e sobre os povos
indígenas da região, o Ministério Público Federal havia recomendado o cancelamento do
licenciamento devido sua inconstitucionalidade em remover permanentemente os indígenas.
Somente a partir da pressão social, foi que o governo acatou o cancelamento do estudo do
EIA/RIMA e o IBAMA oficializou em agosto, seu arquivamento.
Devido o panorama que o país passa atualmente, me faz crer que os projetos
hidrelétricos tenha apenas entrado em estágio de hibernação, devido a crise política e
econômica sem precedentes que enfrentamos. Passado a recessão econômica é bem capaz que
tenhamos novamente de enfrentar o poder econômico desenfreado que negligência a ordem
1 - Decreto Nº 5.051, de 19 de abril de 2004. Promulga a Convenção nº: 169 da Organização Internacional do
Trabalho – OIT, sobre Povos Indígenas e Tribais, art. 6º. 2 - Relatório da Comissão Especial “Atingidos por barragens, p. 16
428
do Estado Democrático de Direito, atropelando as garantias constitucionais que ao ver do
capital servem apenas de entraves ao desenvolvimento econômico que num país desigual
como o Brasil, beneficiam uma parcela ínfima da sociedade enquanto as classes ditas como
minoria, tem que suportar todo o ônus.
Precisamos ainda lutar pela conquista das efetivações dos direitos sociais, fazer valer
os direitos fundamentais garantidos na Constituição Federal de1988, quando prever o direito à
dignidade da pessoa humana que instar intimamente relacionado ao direito à vida, a saúde, à
liberdade, à informação, à expressão, a ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado,
quaisquer violação de um deles implicará em acentuar as desigualdades sociais representado
um retrocesso aos Direitos Humanos.
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Campos: ITA/CTA, 2014.
429
VERIFICAÇÃO DOS COEFICIENTES DE PRESSÃO EFETIVA DE UM GALPÃO INDUSTRIAL (25x50m) DEVIDO À VARIAÇÃO DE INCLINAÇÃO DO TELHADO EM OBSERVÂNCIA DA NBR 6123/1988: PARÂMETROS DO CENTRO COMERCIAL DA CIDADE DE SANTARÉM-PA
Gabriel Rodrigues Gomes1
Daniel Branco de Morais
Érick Arlem Tapajós
Frank Alec Feitosa Maia
Heldon Soares da Silva
Jordan Almeida Lobato
Vinícius Martins Ribeiro
Verônica Solimar dos Santos²
RESUMO: Este presente trabalho tem como objetivo geral verificar como se dá a mudança dos coeficientes de
pressão efetiva devido à variação da inclinação do telhado. Os objetivos secundários são: definir os parâmetros
de análise segundo a 6123/1988 para uma área do centro da cidade Santarém-Pa; comparar os coeficientes da
norma, bem como a velocidade característica e pressão dinâmica; definir em qual simulação de inclinação há
maiores sucções e sobrepressões nas paredes e coberturas. As justificativas pautam-se no fato de haver uma
crescente demanda por esse tipo de construção (galpão industrial) na cidade de Santarém-Pa e pela necessidade
de se haver um trabalho voltada a abordar parâmetros norteadores de forma específica na cidade. A metodologia
consiste numa pesquisa bibliográfica apurada, acompanhado do uso do software Visual Ventos da UPF, o qual
permite análises mais rápidas pela NBR 6123/1988. Como os coeficientes de pressão externa e interna variam
conforme a inclinação do telhado e de acordo com a proporção das dimensões da edificação, foram simulados
galpões com as seguintes dimensões (25x50m, relação lado comprimento-largura=2). A inclinação do telhado de
duas águas irá variar de 1 a 30 graus. Os resultados são: As inclinações com maiores valores de sobrepressão e
sucção estão entre os valores de 7 e 15 graus, valores que reforçam a afirmação de Chamberlain, o qual afirma
que as maiores sucções estão entre 8 e 12 graus.
PALAVRAS-CHAVES: Galpão Industrial. Inclinação da Cobertura. Pressão Efetiva
INTRODUÇÃO: O projeto estrutural de uma edificação é composto por etapas que devem
ser observadas e executadas criteriosamente. Entre esses passos estão em ordem: concepção
estrutural, análise estrutural, dimensionamento, detalhamento e emissão das plantas finais. Na
fase inicial da concepção estrutural de galpões industriais, deve-se levar em consideração os
esforços provocados pelo vento na estrutura. O teórico Chamberlain (2004) afirma ―O vento
não é um problema em construções baixas e pesadas com paredes grossas, porém em
estruturas esbeltas passa a ser uma das ações mais importantes a determinar no projeto de
estruturas‖.
Como afirma o autor, nos edifícios industriais que são o objeto de estudo deste trabalho,
em decorrência de serem estruturas com pesos próprios relativamente baixos, não é correto
desprezar as ações de sucção (pressão negativa-lado do sotavento) e a sobrepressão (pressão
positiva- lado do barlavento). A indiferença quanto a esses princípios da engenharia
1 Acadêmicos do Curso de Engenharia Civil do CEULS ULBRA e voluntários vinculado ao PROICT
2 Professora com título de Mestre e Coordenadora da Pesquisa Proict
430
resultaram e ainda resultam em muitos acidentes devido à subestimação e ignorância desses
efeitos por parte do autor do projeto estrutural.
O vento é uma variável complexa estudada por muitas áreas da ciência, inclusive existe
dentro da engenharia uma área denominada engenharia de vento, preocupada em estudá-lo
para definir parâmetros norteadores de cálculo cada vez mais precisos. Para a explicação
conceitual de como ocorrem os ventos, afirma Marcelli (2007):
Os ventos são originados pelo gradiente de pressão, ou seja, as
diferenças de pressão atmosférica provocam a movimentação de
grandes massas de ar, sendo que isso ocorre pelo calor irradiado da
superfície terrestre para a atmosfera.
No caso dos galpões estruturadas em aço, geralmente são estruturas porticadas e suas
dimensões de comprimento sobrepujam em grande proporção a largura. A imagem abaixo
ilustra como ocorre a ação do vento nos galpões.
Figura 1: Ação dos ventos: Vista frontal e aérea de um galpão
Fonte: Marcelli (2007)
A parede do barlavento recebe essa pressão atuante e fica com pressão positiva ou
sobrepressão. Todavia, o vento contorna a edificação pela cobertura e pelas laterais e na
extremidade do sotavento, a pressão que a contorna é maior que a pressão próxima à parede,
tendo, portanto, uma pressão negativa ou de sucção. Se as normas correspondentes à ação do
vento e ao dimensionamento estrutural forem rigorosamente seguidas, tem-se menor
probabilidade de ocorrer acidentes devido à ação do vento (BLESSMANN, 1986).
Esses esforços causados pela ação dos ventos vão desde as pressões externas nas
paredes e nas coberturas, assim como a pressão interna, e a diferença entre as duas constitui-
se a pressão efetiva. Quando a proporção entre o comprimento e a largura da edificação
variam, os coeficientes de pressões externas também se modificam, da mesma forma se a
inclinação do telhado varia, os coeficientes de pressão externa também se alteram. Em vista
disso, este trabalho propõe analisar o comportamento das pressões efetivas devido à variação
da proporção da edificação e da inclinação do telhado, através de simulações pela NBR
6123/1988. O ponto em análise será do centro da cidade de Santarém-Pa.
431
As justificativas pautam-se no fato de haver uma crescente demanda por esse tipo de
construção (galpão industrial) na cidade de Santarém-Pa e pela necessidade de se haver um
trabalho voltada a abordar parâmetros norteadores de forma específica na cidade. As hipóteses
dos resultados estão fundadas na afirmação de Chamberlain (2004, p.21):
A maioria dos acidentes ocorre em construções leves, principalmente
de grandes vãos livres, tais como hangares, pavilhões de feiras e de
exposições, pavilhões industriais, coberturas de estádios, ginásios
cobertos. Ensaios em túneis de vento mostram que o máximo de sução
média aparece em coberturas com inclinação entre 8 e 12 graus, para
certas proporções da construção, exatamente as inclinações de uso
corrente na arquitetura em um grande número de construções.
As regiões de maior sucção, segundo o autor, ocorrem em coberturas com inclinações
de 8 a 12 graus para algumas proporções da construção. Destarte, nessa pesquisa serão
simulados no mesmo ponto de análise galpões com cinco proporções diferentes entre
comprimento e largura, e com a inclinação variando entre 1 e 30 graus. Os resultados poderão
definir qual a melhor inclinação da cobertura de acordo com a razão das dimensões da
edificação, que poderão servir de base futuramente para projetistas estruturais que vierem a
conceber uma edificação como essa na cidade de Santarém-Pa.
METODOLOGIA: O trabalho consiste numa pesquisa bibliográfica apurada, acompanhado
do uso do software Visual Ventos da UPF, o qual permite análises mais rápidas pela NBR
6123/1988. Como os coeficientes de pressão externa e interna variam conforme a inclinação
do telhado e de acordo com a proporção das dimensões da edificação, serão simulados
galpões com as seguintes dimensões (25x50m, relação lado maior-menor=2); (20x50m,
relação lado maior-menor=2,5); (20x60m, relação lado maior-menor=3,0); (15x60m, relação
lado maior-menor=4,0) e (20x100m, relação lado maior-menor=3,0). Neste trabalho será
delimitado ao galpão com dimensões 25x50m. A inclinação do telhado de duas águas irá
variar de 1 a 30°.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Em cada simulação de inclinação da cobertura, foram
calculados as velocidades características e pressões dinâmicas, como fora mostrado
anteriormente. O primeiro resultado é concernente às pressões externas (paredes), as quais
não houveram nenhuma diferença em decorrência da inclinação, obviamente. As pressões são
calculadas conforme a norma, com vento incidente a 0° e a 90°.
Figura 2- Vento incidente a 0°
432
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
Vale ressaltar que os valores positivos são de sobrepressão (barlavento) e os valores
negativos são de sucção(sotavento). A outra projeção foi feita para o vento incidente a 90° e
tem os seguintes resultados:
Figura 3- Vento incidente a 90°
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
Os coeficientes são considerados aceitáveis. O cerne do trabalho consiste em constatar a
pressão nas coberturas e as pressões efetivas, todavia é necessário a abordagem da pressão nas
paredes porque a mesma é necessária para obtenção das pressões efetivas nos pórticos.
Abaixo está a tabela completa com as dimensões de cada lado especificados.
Coeficientes de Pressões Externas das Paredes (kN/m²)
Vento a 0 graus Vento a 90 graus
Faces Faces
Inclinação α A1(12m) A2(13m) A3(25m) B1(12m) B2(13m) B3(25m) C(25m) D(25m) A(50m) B(50m) C1(6m) C2(6m) D1(6m) D2(6m)
1° a 30° -0,80 -0,40 -0,20 -0,80 -0,40 -0,20 0,70 -0,30 0,70 -0,50 -0,90 -0,50 -0,90 -0,50
433
As pressões nas coberturas foram calculadas em cada inclinação da cobertura e tiveram
como maiores valores de sucção e sobrepressão nas inclinações de 7 a 15°. Os coeficientes de
pressão efetiva foram calculados com Coeficientes de Pressão Interna (CPI) iguais a -0,30 e
+0,20, conforme discrimina a norma NBR 6123, pois são duas faces impermeáveis e duas
permeáveis, com aberturas de 30m². Os resultados são os seguintes:
Os maiores coeficientes estão compreendidos entre as inclinações 7 e 15°. Os valores
entre 1 a 6 graus e 16 a 30 graus são valores mais recomendados. Vale ressaltar que essa são
os coeficientes de pressão efetiva nos pórticos, os quais são espaçados de 5m entre si.
CONCLUSÃO: Afere-se que as zonas que não devem ser utilizados para coberturas de
galpões industriais do centro de Santarém com dimensões 25x50m, segundo os resultados
deste trabalho, são as inclinações entre 7 e 15°, tanto para as pressões na cobertura quanto
para as pressões efetivas nos pórticos.
Os resultados são condizentes com a teoria de Chamberlain que as zonas de maior
sucção e sobrepressão são entre 8 e 12° e os valores são aproximados. Todavia, este resumo é
apenas parte de uma pesquisa mais ampla que aborda 5 dimensões de galpões para o centro de
Santarém. O ideal é se usar as zonas em amarelo, desde que a inclinação não seja a tão alta a
ponto de deixar a obra onerosa. O mais ideal é se usar entre 1 e 6 graus, pois haverá menos
custos na concepção.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123/1988. Forças devidas
ao vento em edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 1988.pp. 5-55.
BLESSMANN, Joaquim. O vento na engenharia estrutural. Porto Alegre: Editora
Universidade UFRGS. ISBN 85-7025-362-1.
MARCELLI, Maurício. Sinistros na construção civil: causas e soluções para danos e
prejuízos em obras. São Paulo: Pini, 2007.pp. 151-171.
NOGUEIRA, Gilcimar Saraiva. Avaliação de soluções estruturais para galpões compostos
por perfis de aço formados a frio [manuscrito] / Gilcimar Saraiva Nogueira - 2009.pp. 9-
11.
OLIVEIRA JÚNIOR, Marcelo Alves de. Análise da influência dos ventos em galpões
industriais. Caruaru: O autor, 2013.pp. 5-20.
434
AVALIAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA E DAS BASES TROCÁVEIS SOB UM CICLO DE ALAGAMENTO EM SOLO DE VÁRZEA NA COMUNIDADE SÃO RAIMUNDO DO ITUQUI NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM - PARÁ
Taylana Bentes Mandú1
Amanda Mayara Silva do Nascimento2
Profo Me. Paulo Henrique Dias Barbosa
3
RESUMO: Devido às alterações que ocorrem nos solos alagados, este trabalho teve como objetivo avaliar a
matéria orgânica e as bases trocáveis sob um ciclo de alagamento em solo de várzea na comunidade de São
Raimundo do Ituqui no município de Santarém–Pará. O estudo realizou-se em uma área que corresponde a 1,9
ha. A coleta de dados foi realizada em 2015, as amostragens de solo foram coletadas nos meses de março - P1
(início do período chuvoso) e outubro - P2 (vazante) na profundidade de 0–20 cm na camada do solo. As faixas
de inundação (A, B, C e D) estão relacionadas com o tempo que o solo fica alagado, sendo a faixa A com
período mais extenso, e a faixa D mais curto. Comparando as faixas, a A apresentou maior incremento 7,7 g kg-1
.
As faixas B, C e D apresentaram valores incrementais inferiores. Nas bases trocáveis verifica-se maiores
acréscimos na faixa A (1,4 cmolc- dm-3
) e C (0,8 cmolc- dm-3
). Com as informações obtidas observa-se que há
uma tendência de aumento nos elementos, porém necessita-se de estudos em vários ciclos de inundações nos
solos de várzea para que se possa compreender a dinâmica dos mesmos.
PALAVRAS-CHAVE: inundação, incremento, matéria orgânica.
INTRODUÇÃO: Na Amazônia, algumas regiões permanecem inundadas em determinados
períodos do ano, que para Lima (2005), é o resultado das inundações periódicas decorrentes
da elevação do nível das águas que ocorrem no período de cheia dos rios da região, ou de
elevadas precipitações pluviais, de limitações de drenagem ou da elevação do nível do lençol
freático. Neste período em que o solo permanece saturado por água e com drenagem restrita,
ocorrem mudanças em sua estrutura e em seus elementos de composição.
De acordo com Martínez (2008), ―no estado do Pará as várzeas compreendem 8,5
milhões de hectares representando 5,60% da área da Amazônia Legal, sendo que a região do
Baixo Amazonas ocupa aproximadamente 21% desse total‖. Fraxe (2007) visa que, o
calendário agrícola da várzea possui quatro estações que correspondem à combinação dos
regimes fluvial (enchente, cheia, vazante e seca) e pluvial (―inverno‖ e ―verão‖).
Costa (2014) relata que, há pouco conhecimento sobre sistemas de manejo das várzeas
uma vez que está sujeita às ações de remoção, transporte e deposição de materiais causados
principalmente, pelo ciclo das águas. Santos (2013) ressalta que, o reconhecimento da
importância e da fragilidade dos ambientes úmidos viabiliza, cada vez mais, propostas para
1Graduada em bacharel em agronomia pelo Centro Universitário Luterano de Santarém CEULS/ULBRA. E-mail:
[email protected]. 2 Graduanda de Agronomia. Centro Universitário Luterano de Santarém CEULS/ULBRA.
3 Orientador pelo Centro Universitário Luterano de Santarém CEULS/ULBRA
435
estudo e gestão ambiental dessas áreas, por meio do desenvolvimento de técnicas que
assegurem sua preservação e exploração sustentável.
Devido às alterações que ocorrem nos solos alagados decorrente ás chuvas sazonais,
este trabalho teve como objetivo avaliar a matéria orgânica e as bases trocáveis sob um ciclo
de alagamento em solo de várzea na comunidade de São Raimundo do Ituqui no município de
Santarém – Pará.
MÉTODO
Caracterização da área de estudo
A pesquisa foi realizada em uma área de comunidade ribeirinha, que está localizada na
Ilha do Ituqui que se encontra na calha principal do rio Amazonas, no Baixo Amazonas, 30
km a jusante da cidade de Santarém (PA), e possui 21 000 há (ADAMS, 2005).
Conforme Adams (2005), o clima na região é classificado como Tropical de Monções.
A temperatura média é de 26°C, a umidade média anual é de 80 – 85% e a precipitação anual
é de 1.973 mm/ano, sendo que no verão a precipitação diminui muito, o que ocasiona a
existência de um déficit hídrico durante a estação agrícola. Em relação aos solos na região do
Ituqui, Adams (2005), afirma que são solos aluviais, formados pela sedimentação anual do
rio. Os solos das restingas do Ituqui são classificados como Neossolos Flúvicos (Ta)
Eutróficos Típicos, de acordo com a classificação da EMBRAPA (2001).
Figura 1- Mapa da área experimental.
Fonte: Base de dados do INCRA SR-30/Base de dados Google Earth/ Base de dados do IBGE. JUNHO/2015.
Coleta de dados e análise físico-química das amostras
Na área que corresponde a 1.912 ha, foi dividida em quatro faixas e dentro de cada
faixa dividiu-se em 05 blocos, onde se realizou a coleta de amostras simples. Em seguida,
misturaram-se amostras simples para formar amostras compostas, totalizando 20 amostras
compostas. As amostras de solo seguiram para análise laboratorial em Belém – Pará, sendo
submetidas e calculadas, conforme Manual de Métodos de análise de solo (Embrapa, 1997).
436
Na comparação de médias utilizou-se o teste de Tukey a 5%, com método ANOVA, incluindo
o software estatístico BioEstat 5.4 (UFPA) para análises.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os resultados das médias das análises da MOS (Figura 3)
e bases trocáveis (Figura 4) nas quatro faixas de inundação (A; B; C e D) antes e após o
alagamento, permitem observar o incremento nos níveis anteriores a inundação.
Figura 3- MOS.
Figura 4 – Bases trocáveis
Fonte: Elaboração própria
As faixas de inundação estão relacionadas com o tempo em que o solo fica alagado,
sendo a faixa A com período mais extenso, e a faixa D mais curto. Pode-se observar que ao
comparar o P1 (antes do alagamento) com o P2 (após o alagamento) houve incremento em
todas as faixas. Para MOS ao comparar as faixas, a A apresentou maior incremento,
aumentando de 15,8 para 23,5 g kg-1 após um ciclo de inundação. A partir dos dados acima,
percebe-se que em todas as faixas, o incremento foi maior que 4,0 g kg-1, mostrando a
influência dos sedimentos provenientes do alagamento na matéria orgânica do solo. Em seu
trabalho, Nascimento et al. (2009) mostrou que solos hidromórficos tem uma taxa de
decomposição baixa da matéria orgânica, favorecendo o acúmulo da mesma. Para as bases
trocáveis os dados médios na análise de solo, apresentam os níveis de incremento médio em
um ciclo de inundação, onde verifica-se maiores taxas de aumento na faixa A e C,
diferenciando-se a faixa D onde a comparação entre os períodos foi nulo.
A tabela 1 e 2 apresentam os valores estatísticos de comparação de valores de matéria
orgânica do solo e bases trocáveis antes e após o ciclo de inundação.
Tabela 1 – Análise estatística para valores de Matéria Orgânica do Solo antes (P1) e após (P2)
um ciclo de alagamento.
Matéria Orgânica do Solo e Ciclos de Alagamento
F = 41.1516
(p) = < 0.0001
Tukey (p) = <0.001
Fonte: Elaboração própria
15,8
437
Tabela 2 - Estatística inferencial para variáveis analisadas em amostras de solo de áreas de
várzea (P1 e P2), referentes a Soma de Bases (SB).
Soma de Bases e Ciclos de Alagamento
= 0.589
(p) = 0.5233
Fonte: Elaboração própria
Com a tabela 1 é possível verificar que houve diferença significativa (p<0,05) entre os
valores de P1 e P2, mostrando que há influência do alagamento no incremento de matéria
orgânica no solo. Na tabela 2 os valores obtidos das bases trocáveis do solo não diferem
significativamente entre os períodos P1 e P2. Lima (2006) em sua pesquisa sobre solos da
Amazônia constatou que, os cátions trocáveis Ca2+
, Mg2+
, K+ e Na
+, não estão sujeitos a
reações de oxirredução em condições ambientais. Portanto, não possuindo influência direta
durante a inundação do solo.
CONCLUSÕES: A partir da análise de todos os resultados obtidos, são possíveis tirar as
seguintes afirmações conclusivas:
O trabalho demonstra que há uma tendência do ciclo de inundação influenciar na
dinâmica dos nutrientes no solo e principalmente da MOS, porém necessita-se de mais
estudos ao longo de vários ciclos de inundações nos solos de várzea, para que se possa
compreender melhor a dinâmica da várzea.
REFERÊNCIAS
ADAMS, Cristina: MURRIETA, Rui Sérgio S.;SANCHES, Rosely Alvim. Agricultura e
Alimentação em Populações Ribeirinhas das Várzeas do Amazonas: Novas
Perspectivas.Ambiente & Sociedade – Vol. VIII n°. 01 jan/jun. 2005.
COSTA, Deborah Luciany Pires et al. Caracterização química de solos amazônicos com
diferentes coberturas naturais. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia,
v.10, n.18; p. 885, 2014.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Centro Nacional de Pesquisa de Solos.
Rio de Janeiro : Embrapa Produção de informação; Rio de Janeiro : Embrapa Solos, 1997.204
p
__________. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos. Brasília : Embrapa Produção de informação; Rio de Janeiro : Embrapa Solos, 2001.
412 p.
438
FRAXE, Therezinha de Jesus Pinto; PEREIRA, Henrique dos Santos; WITKOSKI, Antônio
Carlos. Comunidades ribeirinhas amazônicas: modos de vida e uso dos recursos naturais.
Manaus: EDUA, 2007. 224 p
LIMA, Hedinaldo Narciso et al. Dinâmica da mobilização de elementos em solos da
Amazônia submetidos à inundação. Acta Amazônica, v. 35, n. 3, p. 317-330, 2005.
______, Hedinaldo Narciso et al. Mineralogia e química de três solos de uma toposseqüência
da bacia sedimentar do Alto Solimões, Amazônia ocidental. Revista Brasileira de Ciência
do Solo, vol. 30, n. 1, p. 59-68, 2006.
MARTÍNEZ, Gladys Beatriz. Estudos de espécies florestais e forrageiras de áreas de várzea
do Baixo Amazonas – Pará, para uso em sistemas silvipastoris. Belém, PA, 2008.
NASCIMENTO, Paulo César do et al. Sistemas de manejo e a matéria orgânica de solo de
várzea com cultivo de arroz. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 33, p. 1821-1827,
2009.
SANTOS, Fernando André Silva. Atributos do solo e dinâmica do carbono orgânico do solo
em campos de murundus associados ao vale do rio Guaporé, sudoeste de Mato
Grosso.Cáceres/MT: UNEMAT, 88 f, 2013.
439
EDUCAÇÃO INTEGRAL: UMA ANÁLISE DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR – PROEMI – EM ESCOLAS ESTADUAIS NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PARÁ.
Tânia Castro Gomes1
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares2
RESUMO: A presente pesquisa, em andamento, no Programa de Pós-graduação em Educação/PPGE UFOPA
objetiva analisar o ProEMI na proposta de educação integral em escolas estaduais no período de 2012 a 2014,
identificando a concepção de educação integral para a equipe gestora, professores e coordenação do programa
nas escolas; bem como as atividades propostas aos alunos de acordo com o Plano de Ação das mesmas e apontar
resultados que contribuam na efetivação da educação integral no ensino médio. Consideramos importante o
registro e produção de dados sistematizados e científicos de como se desenvolveu o ProEMI, ampliando o debate
e os olhares quanto à concepção e consolidação de práticas de educação integral no ensino médio nas escolas
estaduais no município de Santarém. Trata-se de um estudo de caso, com a utilização de entrevista
semiestruturada, questionário e análise de conteúdo. Os resultados parciais apontam para a educação integral
como condição para a melhoria na qualidade educacional, porém, alguns aspectos importantes devem ser levados
em consideração para que ela se efetive.
PALAVRAS-CHAVE: educação integral; ProEMI, ensino médio.
INTRODUÇÃO: O conceito básico de educação integral propõe o desenvolvimento amplo
do ser humano visando uma formação abrangente nos aspectos relacionados à: ciência,
cultura, arte, mundo do trabalho por meio do desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo,
político e moral. Na última década o debate em torno da educação integral tem sido
repercutido em documentos legais, incluindo o PNE 2014-2024. Ressalta-se o tema das
escolas de tempo integral como uma necessidade de melhoria da qualidade da educação,
expressa em resultados de avaliação de aprendizagem, e também considerando que estando
mais tempo na escola o aprendiz terá acesso a um conjunto maior de conhecimentos
favorecendo o desenvolvimento de habilidades diversificadas. Assim, Goch e Colares
afirmam que:
(...) a educação integral é uma política pública que deverá ser consolidada na esfera
municipal, estadual e federal, a qual corresponde ao desenvolvimento de habilidades
necessárias para que se obtenha a qualidade educacional, tais como: intelectuais,
físicas, psicológicas, morais, sociais, dentre outras. (2015, p. 53)
1 Mestranda em Educação do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Oeste do
Pará-UFOPA. Especialista em Gestão Escolar pela UNAMA. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação”, HISTEDR/UFOPA E-mail: [email protected]. 2 Doutora em Educação pela UNICAMP. Docente do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade
Federal do Oeste do Pará-UFOPA. Coordenadora Institucional do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública/UFOPA. Líder Adjunta do Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação”, HISTEDR/UFOPA. E-mail: [email protected]
440
No sentido de efetivar políticas públicas relacionadas à Educação Integral, ações e
programas de acordo com o Ministério de Educação e Cultura/MEC (http://portal.mec.gov.br,
10/04/2016) é desenvolvido no ensino médio, o Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI)
que apoia os estados na busca da universalização do atendimento do ensino médio, por meio
da reestruturação do currículo escolar, ampliando o tempo na escola e a diversidade de
práticas pedagógicas, de forma a atender às necessidades e expectativas dos estudantes desse
nível de ensino. Assim, nos questionamos sobre a efetivação do ProEMI enquanto proposta de
educação integral nas escolas estaduais em Santarém – Pará, a concepção de educação que permeia a
comunidade escolar e se as estratégias do programa desenvolvidas no programa são consideradas
atividades que possibilitam a educação integral no ensino médio.
Diante das questões norteadoras, o referido trabalho visa analisar o ProEMI na
proposta de educação integral nas escolas estaduais em Santarém- Pará, no período de 2012 a
2014. Também, pretende identificar a concepção de educação integral para a equipe gestora,
professores e coordenação do Programa Ensino Médio Inovador ProEMI, nas escolas estaduais,
investigar o ProEMI enquanto estratégia de educação integral nas atividades propostas aos alunos de
acordo com o Plano de Ação das escolas e a documentação oficial relativas ao programa bem como
apontar os resultados das atividades desenvolvidas nas escolas estaduais em Santarém-Pará que
contribuam na efetivação da educação integral no ensino médio.
O registro e produção de dados sistematizados e científicos de como se desenvolveu
o projeto ProEMI, contribuem para a melhoria da educação no contexto amazônico no
sentido de ampliar o debate e os olhares quanto a concepção e consolidação de práticas de
educação integral em nossas escolas estaduais no município de Santarém.
MÉTODO: Para que os propósitos da investigação sejam alcançados faz-se necessário os
seguintes procedimentos na obtenção dos dados:
TIPOS DE
PESQUISA
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
Pesquisa
bibliográfica
Por meio de um levantamento em teses e dissertações no período de 2012 a 2014
referentes ao tema estudado.
Pesquisa
documental
Permitirá a utilização de diversos materiais dentre os quais documentos relacionados
a legislação e implantação do ProEMI a nível nacional , estadual e municipal.
Pesquisa
Empírica
Pesquisa de campo que inclui a entrevista semiestruturada com os coordenadores
dos programas nas escolas estaduais e questionários com perguntas abertas e
fechadas destinados aos membros da equipe gestora: diretor, vice, coordenador
pedagógico e secretário e com os professores do ensino médio.
441
Com relação à organização dos dados coletados e análise dos mesmos, bem como na
discussão dos resultados utilizaremos a análise de conteúdo, com base nas evidências
agrupadas por categorias e subcategorias a serem definidas no decorrer da pesquisa. A
pesquisa será realizada na zona urbana da cidade de Santarém Pará mais especificamente nas
Escolas Estadual Júlia Gonçalves Passarinho selecionada de maneira aleatória simples de
modo a contemplar amostragem do total das escolas que iniciaram o ciclo I (2012 – 2014).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:Observamos os resultados apresentados pelo Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica/IDEB e percebemos que os resultados no Ensino
Médio no Estado do Pará,oscilam e não tem uma trajetória linear quanto aos índices
projetados e observados. De um modo geral o ensino médio nos anos de 2007 a 2015 não
conseguiu alcançar os índices projetados considerando as informações apresentadas que é
uma média aritmética dos estados brasileiros e de acordo com os próprios critérios do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/INEP, incluindo as
dependências estaduais, públicas e privadas.
Quadro 1: IDEB referente ao 3º Ano do Ensino Médio no Brasil – Metas
projetadas e observadas de 2005 a 2015
.
IDE
B
OB
SE
RV
AD
O
OB
SE
RV
AD
O
PR
OJ
ET
AD
O
OB
SE
RV
AD
O
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ANOS 2005 2007 2007 2009 2009 2011 2011 2013 2013 2015 2015
TOTA
L
2.6 2.3 2.7 3.0 2.7 2.8 2.9 2.7 3.2 3.0 3.5
Fonte: INEP(2016)
Diante dos resultados apresentados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica - IDEB, no Estado do Pará, é visível a necessidade do ensino médio cumprir suas
finalidades propostas nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica no sentido do
oferecimento de uma formação humana integral, evitando a orientação limitada da preparação
para o vestibular e patrocinando um sonho de futuro para todos os estudantes do Ensino
Médio. (BRASIL, 2013, p. 155).
442
O ProEMI foi concebido com uma estratégia para induzir o redesenho dos currículos
do ensino médio, compreendendo ações propostas que gradativamente vão sendo
incorporadas ao currículo ampliando na perspectiva da educação integral o tempo na escola
bem como a diversidade das práticas pedagógicas. (ProEMI-Documento Orientador, 2014,
p.4). A operacionalização do ProEMI deu-se mediante parceria da Secretaria de Estado de
Educação – SEDUC e o Instituto UNIBANCO com a denominação de ProEMI/Jovem do
Futuro. O Jovem de Futuro é um programa de gestão escolar para resultados de aprendizagem
nas escolas de ensino médio regular. Aderiram ao programa onze escolas de Santarém, 13
escolas de Marabá e 63 escolas da Região Metropolitana de Belém, pertencentes às diferentes
unidades de ensino da Secretaria de Estado de Educação – SEDUC, na capital e no interior.
As atividades do projeto iniciaram somente em agosto/2012. (http://www.seduc.pa.gov.br,
30/05/2016).
Em Santarém/Pará as primeiras experiências aconteceram, no ano de 2012, em 12
escolas da rede estadual de ensino que ofertam o ensino médio, que aderiram ao programa,
11 delas ficam localizadas na zona urbana do município de Santarém e 01 sob jurisdição da
5ª Unidade Regional de Ensino (5ª URE) localizada no município de Belterra. Estas escolas
foram escolhidas de modo aleatório, pela Secretaria Estadual de Educação-SEDUC, dentre os
estabelecimentos de ensino em Santarém e Belterra que ofertavam o ensino.
CONCLUSÃO: As leituras realizadas até o momento permitem afirmar como resultado
parcial o registro de que o debate sobre a educação integral nos últimos anos deve-se ao fato
de se considerar as escolas de tempo integral como uma necessidade para a educação
brasileira para se efetivar uma educação de qualidade. No sentido de efetivar políticas
públicas relacionadas à Educação Integral, ações e programas de acordo com o Ministério de
Educação e Cultura/MEC são desenvolvidos na educação básica. De acordo com o Plano
Nacional / PNE (2014) previsto para a década (2014 a 2024), em sua Meta 06 preconiza que a
educação deve ser oferecida em tempo integral, em no mínimo 50% das escolas brasileiras
com vistas a atender pelo menos 25% dos alunos da educação básica, ou seja 25% dos alunos
de ensino fundamental e médio e expectativas dos estudantes desse nível de ensino. No campo
da educação em tempo integral, o ProEMI articula as dimensões trabalho, ciência, cultura e
tecnologia, conforme descrito nas Diretrizes Curriculares Nacionais de Ensino Médio.
No entanto, é necessário ressaltar que segundo Paro (2009) é preciso reflexão sobre o
conceito atual de educação como mera transmissão de conhecimentos. E não interessa uma
escola com essa concepção, adequada aos modos de educação integral. Assim, educação
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integral não é sinônimo de estender o tempo escolar. Busca-se repensar o tempo e o espaço
atuais em que são desenvolvidas as atividades escolares de maneira linear divididas
didaticamente em disciplinas que transmitem conteúdo; a possibilidade de reorganizar essas
atividades de forma interdisciplinar é imprescindível para que haja um diálogo curricular em
que o mesmo seja desafiador aos alunos na busca do conhecimento. Outra questão refere-se
ao planejamento docente quanto às atividades propostas, no modo de organização atual do
ensino não há espaço para discussões coletivas que busquem o diálogo acima citado. A
apropriação da concepção de educação integral no sentido do desenvolvimento global do
aluno nos sugere o caminho adequado às transformações inevitáveis na busca de uma
educação de qualidade em nossas escolas.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. INEP – Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais/IDEB – Resultados
e metas. Disponível em < http: portal.inep.gov.br //.> Acesso em: 10/10/2016.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura - ProEMI Disponível em <
http://portal.mec.gov.br/ensino-medio-inovador/documento //.> Acesso em: 05/06/2016.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da
Educação Básica. Brasília, 2013.
GOCH, Greice Jurema Freitas; COLARES, Anselmo Alencar. POLÍTICA DE EDUCAÇÃO
INTEGRAL: intervenção em espaços escolares na Rede Estadual do Município de Santarém.
In: COLARES, Maria Lília Imbiriba Sousa. ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL: registros,
análise e perspectivas em Santarém/PA. 1.ed. Curitiba, PR: CRV, 2015.
PARÁ. PJF - Programa Jovem de Futuro. Portal SEDUC/PA. Disponível em:
<http://www.seduc.pa.gov.br/site/seduc/modal?ptg=4100>. Acesso em: 01/05/2016.
PARO, Vitor Henrique. Educação Integral em tempo integral: uma concepção de educação
para a modernidade. In: COELHO, Lígia Martha Coimbra da Costa (Org.).Educação
Integral em tempo integral: estudos e experiências em processo. Petrópolis, RJ: DP et Alii;
Rio de Janeiro: FAPERJ, 2009.
SAVIANI, Demerval. Plano de Nacional de Educação PNE 2014-2024: teor integral
conforme edição extra do diário oficial. Suplemento ao livro Sistema Nacional de Educação e
Plano Nacional de Educação: significado, controvérsias e perspectivas. Coleção Polêmicas do
Nosso Tempo. Campinas, Autores Associados, 2014.