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*Elaborado por Aline Magna Vieira, Mariana Gomes da Cruz e Gabriel Isola-Lanzoni. Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - FFLCH/USP 28, 29 e 30 de novembro de 2018 CADERNO DE RESUMOS I CoPeD São Paulo 2018

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*Elaborado por Aline Magna Vieira, Mariana Gomes da Cruz e Gabriel Isola-Lanzoni.

Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - FFLCH/USP 28, 29 e 30 de novembro de 2018

CADERNO DE RESUMOS I CoPeD

São Paulo 2018

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1

Sumário

Minicursos ................................................................................................................................ 8

Transcrição audiovisual e suas potencialidades para o estudo da linguagem ........................ 9

Rodrigo Esteves de LIMA-LOPES

Sistema pronominal na história do português: mudança e percepção ................................. 10

Célia Regina dos Santos LOPES

Leonardo Lennertz MARCOTULIO

Argumentação na escola em tempos difíceis ........................................................................ 11

Fernanda Coelho LIBERALI

Francisco ESTEFOGO

O texto e suas relações com os novos/velhos protagonismos sociais: enfocando práticas comunicativas nas mídias tradicional e digital ...................................................................... 16

Anna Christina BENTES

Filologia e ‘Humanidades Digitais’ ......................................................................................... 18

Maria Clara PAIXÃO DE SOUSA

Elaboração de Experimentos de Percepção da Fala .............................................................. 23

Denise Cristina KLUGE

Desenvolvimento da competência fraseológica e colocacional no ensino de português como LE baseado nas abordagens lexical e movida a dados ........................................................... 24

Adriane ORENHA-OTTAIANO

Mesas-redondas ................................................................................................................... 25

Linguística Aplicada do Português ........................................................................................ 26

Teoria dialógica da linguagem e sua contribuição ao ensino de leitura ........................... 26

Miriam Bauab PUZZO

Oralidade no ensino de língua portuguesa: subsídios para a formação do professor ..... 26

Sandoval Nonato GOMES-SANTOS

As novas traduções diretas do russo da obra do Círculo de Bakhtin – 2008-2018 – e suas implicações terminológicas e metodológicas ................................................................... 27

Geraldo Tadeu SOUZA

Linguística Textual e Teorias do Discurso no Português ...................................................... 28

Mídias, tecnologia e sociedade ......................................................................................... 28

Rodrigo Esteves de LIMA-LOPES

Gêneros discursivos e enunciado na obra de M. Bakhtin ................................................. 28

Renata Coelho MARCHEZZAN

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2

Mídias digitais e reflexividade: o papel do texto na despolarização política ................... 29

Anna Christina BENTES

Léxico do Português .............................................................................................................. 30

Fraseologia e fraseodidática e os desafios no ensino de fraseologismos e colocações baseado em corpus em português como LE ..................................................................... 30

Adriane ORENHA-OTTAIANO

Mulheres construídas por versos: definições de mulher na poesia ................................. 30

Ana Elvira Luciano GEBARA

O Diccionario dos Termos Technicos de Historia Natural de Vandelli e a constituição do léxico científico português ................................................................................................ 31

Bruno Oliveira MARONEZE

Gramática do Português e de Línguas em Contato .............................................................. 32

A pesquisa em Fonética Experimental .............................................................................. 32

Sandra MADUREIRA

Cartografias da posição do verbo temático em português moçambicano ....................... 32

Aquiles Tescari NETO

Efeitos de pistas visuais e auditivas na percepção da fala ................................................ 32

Denise Cristina KLUGE

Filologia do Português ........................................................................................................... 34

Edição paleográfica sinóptica da tradição latino-românica da obra de Isaac de Nínive: uma fonte para a linguística românica ............................................................................. 34

César Nardelli CAMBRAIA

História e Historiografia do Português ................................................................................. 35

Por que estudar história da língua portuguesa? ............................................................... 35

Leonardo Lennertz MARCOTULIO

O ensino de história da língua e a elaboração de materiais didáticos: concepções teórico-metodológicas de “Filologia, História e Língua: olhares sobre o português medieval” ... 35

Célia Regina dos Santos LOPES

Da concepção à construção do Dicionário Histórico do Português do Brasil – séculos XVI, XVII e XVIII ......................................................................................................................... 36

Clotilde de Almeida Azevedo MURAKAWA

Comunicações orais ............................................................................................................. 37

Filologia do Português e História e Historiografia do Português .............................................. 38

O leilão de bens do devedor em uma execução fiscal de 1821: edição semidiplomática do termo de avaliação e edital de praça e arrematação de três escravos para o pagamento de impostos ................................................................................................... 39

Ana Carolina ESTREMADOIRO PRUDENTE DO AMARAL

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3

O conceito de flexão na perspectiva da gramática comparada: Friedrich Schlegel e Franz Bopp .................................................................................................................................. 40

Andréa LACOTIZ

A transmissão do texto literário em livro didático: a metodologia de análise em debate .......................................................................................................................................... 41

Bárbara Bezerra de Santana PEREIRA

A presença da língua portuguesa na Escola Americana e Mackenzie College: construção e afirmação do ethos protestante na sociedade paulistana ............................................. 42

Enedino SOARES PEREIRA FILHO

Os Livros da câmara municipal de Santana de Parnaíba (sécs. XVII e XVIII): estudo codicológico ...................................................................................................................... 43

Ivan Douglas de SOUZA

O verbo ser: Port-royal, Beauzée e Barbosa ..................................................................... 44

Jordana Tavares Silveira LISBOA

As macroestruturas nas cartas de datas de Jundiaí de 1657 ............................................ 45

Kathlin Carla de MORAIS

“sem Cuja approvaçaõ me naõ atrevo a obrar nada”: edição e comentário filológico de carta setecentista de Gonçalo Pereira de Lobato e Sousa a Francisco Xavier de Mendonça Furtado ........................................................................................................... 46

Marina Pessoa SILVA

Práticas de escrita na tratadística do século XVII ............................................................. 47

Monica Messias SILVA

Algumas propriedades semânticas do item trás em dados do Português Brasileiro do século XX ........................................................................................................................... 48

Nayra SIMÕES

Universalidade: o nome e suas declinações ..................................................................... 49

Raquel do Nascimento MARQUES

Interface entre Filologia e Prosódia: um estudo de dois manuscritos dos Séculos XVII e XVIII ................................................................................................................................... 50

Regina HAUY

Gramática do Português e de Línguas de Contato ................................................................... 51

A coda no português falado em São Tomé e Príncipe: uma descrição preliminar ........... 52

Amanda Macedo BALDUINO

Cartas pessoais de pacientes do Sanatório Pinel (1929-1944): pesquisa em desenvolvimento .............................................................................................................. 53

Antonio ACKEL

Aspectos etno-linguísticos sobre o português falado no Suriname (PFS) ........................ 54

Antonio Lorenzo DORMAL CALLEJA

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4

Desafios metodológicos para a pesquisa em prosódia de línguas em contato: um estudo de caso envolvendo uma variedade africana de português e uma língua crioula ........... 55

Gabriela BRAGA

Afro-indigeneidade entre os Tembé do Guamá e remanescentes quilombolas de Narcisa (PA): um ‘olhar’ etnográfico .............................................................................................. 56

Mara Silvia JUCÁ ACÁCIO

A Língua Geral Paulista e o caso da “Villa de Jundiahy”: revisitando a ‘hipótese mameluca’ ......................................................................................................................... 57

Maria de Lurdes ZANOLI

Bilinguismo, língua e cultura de herança: Brasil-Japão..................................................... 58

Patrícia Elisa Kuniko Kondo KOMATSU

Para o estudo e a descrição das cadeias de referentes pronominais em cartas baianas novecentistas .................................................................................................................... 59

Priscila TUY BATISTA

Processos cognitivos complexos na codificação sintática de imprecisão: o emprego de meio (que) por falantes de PLH ......................................................................................... 60

Priscilla de Almeida NOGUEIRA

Léxico do Português ................................................................................................................ 61

A composição no Português Brasileiro: primeiras reflexões ............................................ 62

João Henrique Lara GANANÇA

Antroponímia brasileira: considerações sobre neologia e a influência germânica .......... 63

Letícia Santos RODRIGUES

Desenvolvimento da competência leitora por meio do estudo do léxico: as expressões idiomáticas ........................................................................................................................ 64

Lígia Fabiana DE SOUZA SILVA

Variação terminológica denominativa no universo da cana-de-açúcar: um estudo de fatores condicionantes ..................................................................................................... 65

Luís Henrique SERRA

Pertença a um domínio e interseção de áreas: a formação terminológica em Engenharia Biomédica ......................................................................................................................... 66

Márcia de Souza LUZ-FREITAS

O questionário semântico-lexical: um breve estudo de caso ........................................... 67

Mariana Santiago de BRITO

Considerações parciais de um estudo sobre a variação terminológica entre PE e PB em um corpus especializado questionário semântico-lexical: um breve estudo de caso ...... 68

Pâmela Teixeira RIBEIRO

A linguagem lúdica da trova humorística: sonoridade e sentido ..................................... 69

Pedro da Silva de MELO

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5

A recorrência do sufixo -inh em Olhinhos de Gato, de Cecília Meireles .......................... 70

Rodrigo SCHULZ

A consciência metatextual aplicada nas tarefas do exame Celpe-Bras ............................ 71

Rosana Salvini CONRADO

O embate entre a luz e a sombra: as mesclagens conceituais em Luzescrita, de Arnaldo Antunes e Fernando Lazslo ............................................................................................... 72

Sandra Mina TAKAKURA

Linguística Aplicada do Português ........................................................................................... 73

A prosódia afetiva na esquizofrenia ................................................................................. 74

Ana Cristina Aparecida JORGE

O ensino de português como língua de acolhimento para imigrantes e refugiados na cidade de São Paulo: Primeiro relato ................................................................................ 75

Ana Cristina Kerbauy VIGAR

Crenças de professores estagiários (pre-service) sobre interculturalidade em um curso preparatório para o Celpe-Bras: um estudo de caso ........................................................ 76

André Monteiro DINIZ

Português como língua não materna: estudo linguístico das dificuldades apresentadas por alunos bolivianos e filhos de bolivianos na escola pública de São Paulo ................... 77

Angelly Alani Marques de GOUVEIA

A dissertação de vestibular e a autoria: três marcas linguísticas de um gênero sob o cronotopo da avaliação ..................................................................................................... 78

Bruno ALVAREZ

O sujeito da linguagem no circuito das comunicações ..................................................... 79

Cristian IMBRUNIZ

Concessão: do exercício escolar ao funcionamento no discurso ..................................... 80

Denise Aparecida Telheiro EMERICI

Websites de Português Língua Adicional - estruturais ou comunicativos? ...................... 81

Erika Suellem Castro da SILVA

Escolhas lexicais para a prática de ensino: uma análise léxico-semântica da canção Meiga e abusada, de Anitta .............................................................................................. 82

Fábio FERREIRA PINTO

O ensino aprendizagem de PLE na modernidade líquida ................................................. 83

Gabriele FRANCO

O processo de aquisição/aprendizagem de PLA na perspectiva de língua-cultura: discussão teórica ............................................................................................................... 84

Jessiléia Guimarães EIRÓ

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6

Os fios de Ariadne: uma discussão teórica sobre métodos visuais e a proposta de Krumm .......................................................................................................................................... 85

Mariana Kuhlmann

Da escrita ao letramento acadêmico: por uma abordagem de letramento acadêmico .. 86

Michele SIQUEIRA

A consciência metatextual aplicada nas tarefas do exame Celpe-Bras ............................ 87

Rosana Salvini CONRADO

A prosódia do filler “este” da língua espanhola: leituras pragmáticas ............................. 88

Telma Aparecida FÉLIX DA MATTA CCORI

Análise da atenuação pragmática em materiais didáticos de PLE: estudo de situações comunicativas "ao telefone" ............................................................................................. 89

Yedda Alves de Oliveira Caggiano BLANCO

Linguística Textual e Teorias do Discurso no Português ........................................................... 90

O discurso sobre relacionamentos abusivos no vídeo Não tira o batom vermelho ......... 91

Adriana MOREIRA PEDRO

Por um conceito de posicionamento enunciativo estendido a todos os seres discursivos .......................................................................................................................................... 92

Alvaro Magalhães Pereira da SILVA

A simbologia da cultura popular nas cenas de Game of Thrones: uma análise verbo-visual da carnavalização e do grotesco ....................................................................................... 93

Ana Carolina PAIS

Uma análise da descortesia como mecanismo discursivo de persuasão em interações polêmicas: o debate político ............................................................................................. 94

Ana Paula ALBARELLI

Uma versão sociocognitiva do processamento do discurso ............................................. 95

Breno Wilson MEDEIROS

Estudo retórico – argumentativo do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna .......... 96

Camila ALDERETE CAPITANI

A história se repete: uma visão crítico-discursiva de notícias sobre agressão ao meio ambiente ........................................................................................................................... 97

Célia Regina ARAES

Referenciação e categorização em reportagem sobre a geração millennials .................. 98

Claudia BERGAMINI

O uso da repetição na formação das identidades discursivas em entrevista com um “menor infrator” ............................................................................................................... 99

Denilson SILVA

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7

Expressões Idiomáticas – sentido e contexto discursivo: uma abordagem léxico-discursiva ........................................................................................................................ 100

Fabiane de Oliveira ALVES

Interação verbo-pictórica em vídeos de youtubers: um estudo sobre o status e as relações lógico-semânticas ............................................................................................. 101

Gabriel ISOLA-LANZONI

Discurso político no Facebook: uma reflexão sobre ideologia e identidade .................. 102

Josane PINTO

A enunciação na rede social Facebook .......................................................................... 103

Katiuscia C. SANTANA

Discurso, Cognição e Argumentação - a aquisição da linguagem no plano ideológico em textos infantis no período do nazismo ........................................................................... 104

Letícia Fernandes de BRITTO-COSTA

Relações de poder em sala de aula ................................................................................. 105

Luana Clementino Chalegre

A multimodalidade nas propagandas de Instituições Financeiras em revistas dos anos 80 ........................................................................................................................................ 106

Lucimar Regina Santana RODRIGUES

A abordagem conciliatória da noção de poder em Norman Fairclough: entre Marx e Foucault .......................................................................................................................... 107

Mariana GOMES DA CRUZ

Telejornalismo e propaganda: as relações linguístico-discursivas entre informação televisiva e publicidade ................................................................................................... 108

Patrícia Aparecida da SILVA

O posicionamento avaliativo do leitor sobre o tema da Reforma da Previdência em Cartas do Leitor ............................................................................................................... 109

Sandra Gomes RASQUEL

Estilística e gramática: diálogos possíveis ....................................................................... 110

Sueli SILVA

Gestos verbais de empatia e as provas retóricas: exame das relações com o logos ..... 111

Winola WEISS

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8

Minicursos

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9

Linguística Textual e Teorias do Discurso no Português

Horário: 8h30-10h30 (sala 267)

Transcrição audiovisual e suas potencialidades para o estudo da linguagem

Rodrigo Esteves de LIMA-LOPES

Universidade Estadual de Campinas

Este minicurso tem por objetivo discutir uma ferramenta de transcrição audiovisual e refletir sobre suas aplicações para a análise da linguagem. De forma a possibilitar tal objetivo, o trabalho se iniciará com uma reflexão sobre os elementos componentes da linguagem audiovisual, uma reflexão necessária para real compreensão das potencialidades da ferramenta e da análise multimodal de vídeos. Em um segundo momento, será introduzida a ferramenta e uma análise coletiva será realizada, visando compreender como a utilização desse recurso pode ajudar a construir uma reflexão sobre os padrões de linguagem encontrados. Apesar de ser um curso eminentemente prático, vale ressaltar que ele se apoia em reflexões trazidas da sociossemiótica (HALLIDAY 1978) e da análise multimodal (KRESS, 2010; NORRIS, 2007).

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História e Historiografia do Português e Filologia do Português

Horário: 8h30-10h30 (sala 261)

Sistema pronominal na história do português: mudança e percepção

Célia Regina dos Santos LOPES

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Leonardo Lennertz MARCOTULIO

Universidade Federal do Rio de Janeiro A proposta norteadora do curso é discutir as diferenças entre o sistema pronominal do português brasileiro (PB) e o português europeu (PE) levando em conta dois enfoques integrados: o da mudança e o da percepção. O primeiro enfoque leva em conta os resultados dos estudos diacrônicos – feitos até agora para o português brasileiro – sobre a reestruturação do quadro pronominal de segunda do singular (2SG) impulsionada pela inserção do novo pronome você (oriundo de Vossa Mercê). Estes resultados foram recém-publicados em dois capítulos do volume 4 da coleção História do Português Brasileiro, Mudança Sintática das Classes de Palavra: Perspectiva Funcionalista. O trabalho reuniu quase 20 pesquisadores do Projeto Nacional PHPB – Para a História do Português Brasileiro que analisaram, sob a mesma perspectiva teórico-metodológica, amostras de cartas pessoais escritas por brasileiros nos séculos XIX e XX. Trata-se de um mapeamento diatópico-diacrônico de como foi se configurando, nos últimos 100 anos, os novos (sub)sistemas de tratamento de 2SG (você, tu e você/tu) nas duas mais populosas regiões do Brasil: sudeste e nordeste. A configuração dos (sub)sistemas de tratamento não leva em conta somente as mudanças na posição de sujeito (nominativo), mas também os desdobramentos observados nos complementos verbais (acusativos, dativos e oblíquos) e possessivos (genitivo). Isso se deve ao fato de os estudos terem identificado, desde o século XIX no PB, uma ruptura do sincretismo pronominal do tipo tu-te-ti-contigo previsto pela tradição gramatical. O segundo enfoque procura mostrar a percepção que os falantes do PE e do PB fazem das estratégias de tratamento de 2SG empregadas, na tentativa de configurar as diferenças dos sistemas de tratamento nos dois territórios e as avaliações que os falantes brasileiros e portugueses fazem dos usos tratamentais. A proposta parte de testes de julgamento de aceitabilidade das formas de tratamento (tu, você, etc) na posição de sujeito realizados no Brasil e em Portugal. Em termos teórico-metodológicos, procuramos estabelecer uma interface entre a perspectiva Sociolinguística laboviana (WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968), a Sociopragmática (BROWN & GILMAN, 1960; BRIZ, 2004, etc) e a Metodologia Experimental Psicolinguística (cf. DERWING & DE ALMEIDA, 2005; SCHÜTZE & SPROUSE, 2013; KENEDY, 2015).

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Linguística Aplicada do Português

Horário: 8h30-10h30 (sala 266)

Argumentação na escola em tempos difíceis

Fernanda Coelho LIBERALI

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Francisco ESTEFOGO

Universidade de Taubaté

Vivemos tempos difíceis nos quais a educação se encontra ameaçada por ideais absolutas, mascaradas de verdades incontestáveis. Nesse contexto, o trabalho com a argumentação no espaço escolar se torna fundamental. Este minicurso tem como objetivo promover discussões sobre a argumentação no desenvolvimento de práticas educacionais crítico-criativas e de resistência. O foco é o desenvolvimento da argumentação como elemento estruturante da ampliação de repertórios/vivênciais mais críticas. A proposta aponta a argumentação como central para a mobilidade de aprendizes em uma agência crítico-transformativa. O minicurso abordará como na velha e nova retórica assim como na visão dialógica do discurso, é possível encontrar meios de repensar o fazer de sala de aula em busca de práticas dessilenciadoras de aprendizes e educadores. A compreensão dos recursos enunciativos, discursivos e multimodais será a base para a análise de exemplos de eventos de ensino-aprendizagem.

Link para pasta de textos: https://drive.google.com/drive/folders/0BxE00ZPiiKCDX0xvdGRFUTdQNHM?usp=sharing

Bibliografia de referência: ANGENOT, M. O discurso social e as retóricas da incompreensão: consensos e conflitos na arte de (não) persuadir. Organização Carlos Piovezani. São Carlos: EdUFSCar, 2015. (Hegemonia, dissidência e contradiscurso: centro e periferias do discurso social - 27 – 47) AQUINO, Zilda Gaspar Oliveira de; LOTTI, Ana Luisa Feiteiro Cavalari. Argumentação e oralidade: a confluência de saberes entre ensino de língua e artes cênicas. EID&A - Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, Ilhéus, n. 9, p. 153-174, dez.2015. ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Rio de Janeiro: Ediouro. 17ª edição. AUFSCHNAITER, C. V.; EUDURAN, S.; OSBORNE, J.; SIMON, S. Arguing to learn and learning to argue: case studies of how students’ argumentation relates to their scientific knowledge. Journal of Research in Science Teaching, v. 45, n.1, p. 101-131, 2008.

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AZEVEDO, I. Capacidades argumentativas de professores e estudantes da educação básica em discussão. In: PIRIS, E. L.; OLÍMPIO-FERREIRA, M. (Orgs.). Discurso e argumentação em múltiplos enfoques. Coimbra: Grácio Editor, 2016. BAKHTIN, M. O Discurso no Romance. In: Questões de Literatura e de Estética: A teoria do romance. Trad.: A.F. Bernadini, J.Pereira Junior, A.Góes Junior, H.S.Nazário, H.F. De Andrade. São Paulo: Editora UNESP: HUCITEC.1934/35 – 1975/1998. BILLIG, M. Arguing and thinking: a rhetorical approach to social psychology. New York: Cambridge, 1996 CLARK, D. B.; SAMPSON, V.; WEINBERGER, A.; ERKENS, G. Analytic Frameworks for Assessing Dialogic Argumentation in Online Learning Environments. Educational Psichology Review, n. 19, v. 3, New York: Springer, p. 343-374, 2007. DOURY, M.; MICHELI, R. A definição nas disputas argumentativas: o exemplo dos debates sobre a abertura do casamento aos casais do mesmo sexo. Trad. Weslin de Jesus Santos Castro e Eduardo Lopes Piris. EID&A: Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, Ilhéus, n. 14, p. 174-194, jul/dez. 2017. EEMEREN, F.H.V.; GARSEEN, B. Exploring Argumnetative Contexts. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2012. Emmel, B. Resch, P. &Tenney, D. (eds.) (1996).Argument Revisited: Argument Redefined. Thousand Oaks, California: SAGE. Erduran, S. (2008).Methodological foundations in the study of argumentation in science classrooms. In: S. Erduran& M. P. Jiménez-Aleixandre (Eds.), Argumentation in science education, vol. 35 (pp. 47–69). Dordrecht: Springer Netherlands. Erduran, S., & Jimenez-Aleixandre, M. P. (Eds.). (2008). Argumentation in science education. New York: Springer. Feist, G. (2008). The psychology of science and the origins of the scientific mind. New Haven, CT: Yale University Press. FARIA, E. M. B. . A linguagem infantil e a capacidade de argumentação. Letra Viva (UFPB), João Pessoa, v. 5, p. 71-84, 2004. FARIA, E. M. B. Argumentação oral infantil: uma atividade coprodutiva. Conceitos, UFPB, João Pessoa, v. 05, nº. 08, p. 85-89, 2002. FORTES, L. Sentidos de legitimação do ensino bilíngue português-inglês: efeitos do discurso institucional. EID&A: Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, Ilhéus, n. 13, p. 104-120, jan/jun. 2017. GAZZOTTI, D. ; LIBERALI, F. C. . Conflict resolution in the context of Early Childhood Bilingual Education - towards a multicultural development. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 2, p. 1-22, 2014. GONÇALVES-SEGUNDO, P. R. Indignação e culpa em cartas do leitor da Folha de São Paulo: um estudo sobre a construção discursiva da tragédia de Santa Maria. Filol. Linguíst. Port., São Paulo, v. 16, n. 1, p. 63-93, jan./jun. 2014 GONÇALVES-SEGUNDO, P. R.; RIBEIRO, R. B. Envolvimento e empatia: a solidariedade construída nas colunas de aconselhamento em revistas. Revista do GEL, São Paulo, v. 13, n. 12, p. 211-236, 2016.

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Linguística Textual e Teorias do Discurso no Português

Horário: 11h-13h (sala 266)

O texto e suas relações com os novos/velhos protagonismos sociais: enfocando práticas comunicativas nas mídias tradicional e digital

Anna Christina BENTES

Universidade Estadual de Campinas

O curso tem como principal objetivo discutir como o referencial teórico desenvolvido pelo campo dos estudos do texto no Brasil pode contribuir enormemente para a compreensão das práticas comunicativas nas mídias digital e tradicional. Para tanto, analisaremos dados que envolvem gêneros diversos, tais como programas televisivos, postagens em blogs ou no facebook e comentários dos participantes das redes sociais e dos usuários da internet. Um outro objetivo é o de mostrar as novas metodologias que estão envolvidas nesse tipo de trabalho analítico dos textos enquanto práticas comunicativas e sociais.

Bibliografia de referência: BENTES, A.C.; MARIANO, R.D.; ACCETTURI, A.C. “Eu quero muito trabalhar um tema”: estratégias argumentativas no programa televisivo Conexões Urbanas”. Signo, Santa Cruz do Sul, v. 42, n. 73, p. p. 110-123, 2017. BENTES, A.C.; SILVA, B. F.; ACCETTURI, A. C. A. Texto, contexto e construção da referência: programas televisivos brasileiros em foco. Cadernos de Estudos Linguísticos, v. 59, p. 175-196, 2017. BENTES, A.C.; MARIANO, R.D.; ACCETTURI, A.C. Temas e estratégias referenciais em Conexão: analisando processos de estabilização e de mudança em um programa televisivo. ReVEL, v. 13, n. 25, p. p. 316-354, 2015. BENTES, A. C.; REZENDE, R. C. O texto como objeto de pesquisa. In: GONÇALVES, A. V. ; GOIS, M. L. S. (Orgs.). Ciências da linguagem: o fazer científico. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2 v., 2014, 452 p. p.p. 137-176. BENTES, A. C.; FERREIRA-SILVA, B.; MARIANO, R. D. Atenuação e impolidez como estratégias estilísticas em contexto de entrevista televisiva. Cadernos de Letras da UFF. Niterói, n. 47, p. p. 285-314, 2013. BENTES, A. C.; RAMOS, P. E.; ALVES FILHO, F. Enfrentando desafios no campo de estudos do texto. In: BENTES, A. C.; LEITE, M.Q. (Orgs.). Linguística de Texto e Análise da Conversação: panorama das pesquisas no Brasil. 1ed. São Paulo: Cortez Editora, 2010, 428 p. p.p. 07-13.

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Filologia do Português

Horário: 11h-13h (salas 264-263-263)

Filologia e ‘Humanidades Digitais’

Maria Clara PAIXÃO DE SOUSA

Universidade de São Paulo

O curso tem por objetivo fomentar um debate em torno das chamadas ‘Humanidades digitais’, com especial atenção a sua relação com a filologia e suas disciplinas afins, particularmente no âmbito do trabalho filológico sobre a língua portuguesa. Partiremos de uma discussão sobre o contexto histórico recente que explica o surgimento do próprio termo ‘Humanidades digitais’ e dos embates conceituais sobre suas implicações nas diferentes disciplinas da tradição humanística, internacionalmente. Debateremos, portanto, os desafios teóricos, metodológicos e institucionais trazidos pelas tecnologias computacionais para essas disciplinas, para em seguida concentrarmos a reflexão sobre os impactos do processamento automático de textos no âmbito da filologia e suas áreas afins. Partiremos da ideia de que as práticas do trabalho filológico têm sido interpeladas pelo uso da informática de um modo definitivo, obrigando-nos a uma tomada de posição crítica que precisa partir de um aprofundamento do conhecimento sobre as formas e consequências possíveis dessa interpelação. Nesse contexto, além de discutir a recente bibliografia já existente sobre o tema, faremos também um exame de iniciativas na filologia e em áreas afins que têm aliado as práticas tradicionais de pesquisa a tecnologias digitais, sempre no sentido de possibilitar esse aprofundamento de nosso conhecimento técnico e favorecer aquela tomada de posição crítica. Transversalmente, e por conta dessa busca por uma perspectiva crítica, buscaremos refletir sobre os desafios particulares colocados pelas tecnologias computacionais para o trabalho filológico no âmbito da lusofonia – e até, de um modo mais geral, para o mundo além dos limites da anglofonia, onde se cunhou originalmente o termo ‘Digital humanities’ e de onde emanaram seus moldes institucionais e políticos.

Bibliografia de referência: BAMMAN, David & Crane, Gregory. Corpus Linguistics, Treebanks and the Reinvention of Philology. In Informatik, 2010, pages 542-551, : , 2010-01.http://subs.emis.de/LNI/Proceedings/Proceedings176/558.pdf BANZA, Ana Paula & Gonçalves, Maria Filomena (coord.). Património textual e humanidades digitais: da antiga à nova Filologia. Évora: Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS)/ Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), 2014. http://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/10468/1/e-book.pdf

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Gramática do Português e de Línguas em Contato

Horário: 11h-13h (sala 267)

Elaboração de Experimentos de Percepção da Fala

Denise Cristina KLUGE

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Estudos na área de Fonética e Fonologia têm elaborado testes de percepção de fala de sons nativos e/ou não nativos a fim de investigar a percepção (identificação e/ ou discriminação) de aspectos segmentais e suprassegmentais por falantes/ouvintes de língua materna ou adicional. Estudos de percepção de fala também têm investigado os efeitos de um treinamento perceptual e do feedback imediato; o efeito de pistas auditivas e audiovisuais na percepção da fala; bem como o do papel da ortografia na percepção dos sons. Levando em conta o contexto destes estudos, este minicurso visa discutir os cuidados e as implicações metodológicas na elaboração de testes de percepção de fala em estudos que investigam prosódia, aquisição de uma língua estrangeria, inteligibilidade, entre outros. O minicurso discutirá aspectos como: tipos de teste de percepção; seleção de corpus; preparação, gravação e validação dos estímulos; variabilidade dos estímulos; entre outros. A elaboração dos testes de percepção de fala será conduzida a partir do software livre TP 3.1 (http://www.worken.com.br/tp_regfree.php) criado por Rauber, Rato, Kluge e Santos (2011) para tal fim.

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Léxico do Português

Horário: 11h-13h (sala 261)

Desenvolvimento da competência fraseológica e colocacional no ensino de português como LE baseado nas abordagens lexical e movida a dados

Adriane ORENHA-OTTAIANO

Universidade Estadual Paulista

Este minicurso tem como propósito, no âmbito do ensino e da aprendizagem do português do Brasil como língua estrangeira (LE), discutir estratégias para o desenvolvimento da competência fraseológica e colocacional, com base na Abordagem Lexical e na Abordagem Movida a Dados (Data-Driven Learning Approach – DDL). Primeiramente, trataremos de aspectos teórico-metodológicos da Fraseologia e sua interface com a Linguística de Corpus (MCENERY, HARDIE, 2012; ORENHA-OTTAIANO, 2004, 2015; ), da Abordagem Lexical (LEWIS, 1993, 1997) e da Abordagem Movida a Dados, de acordo com a proposta de Johns (1991a, 1991b, 1993) e estudos de Boulton (2009, 2015). Em uma segunda fase, por meio de atividades práticas, discutiremos assuntos relacionados ao treinamento e à formação do professor pré e em serviço, no que tange ao ensino e à aprendizagem de fraseologias e colocações em língua portuguesa do Brasil, com foco no desenvolvimento da competência fraseológica e colocacional dos aprendizes de português como LE, no intuito de promover sua fluência na LE enfocada. Nesta etapa, com vistas a atender o objetivo proposto neste minicurso, os participantes explorarão algumas ferramentas computacionais de análise lexical e corpora on-line, tais como: AntConc (ANTHONY, 2012), WordSmith Tools (SCOTT, 2012), Corpus do Português (DAVIES, 2018) entre outros, a fim de explorar padrões fraseológicos e colocacionais e propor novas estratégias de aprendizado do léxico fraseológico e novas atividades baseadas nas abordagens em foco.

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Mesas-redondas

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Linguística Aplicada do Português

28/11 – Horário: 14h-16h (sala 266)

Teoria dialógica da linguagem e sua contribuição ao ensino de leitura

Miriam Bauab PUZZO

Universidade de Taubaté

A teoria dialógica da linguagem de Bakhtin e o Círculo, explorada em seus conceitos fundamentais, tem sido bastante útil tanto para o estudo literário quanto para o estudo da linguagem e ainda permanece provocando inúmeras pesquisas na atualidade. Tendo em vista essa produtividade teórica, o objetivo deste artigo é discutir essa teoria para análise de capa de revista, considerando os conceitos de gêneros discursivo em sua materialidade verbal e visual e sua importância para o ensino interpretativo de tais enunciados. Como fundamentação teórica, apresenta-se a teoria dos gêneros discursivos de Bakhtin (2016) e do Círculo, destacando os conceitos de linguagem e de signo ideológico na perspectiva de Volóchinov (2013); (2017). Também recorre-se a autores que tratam da linguagem verbo-visual Brait (2013), Dondis (2003) que trata das relações entre as imagens representadas e os efeitos de sentido; e Guimarães (2003) que analisa os efeitos das cores numa perspectiva discursiva. Para cumprir tal proposta, foi selecionada para análise a capa da revista Le Monde Diplomatique Brasil, Ano 9, Nº 106, maio de 2016 para demonstrar a importância dos conceitos da teoria de Bakhtin e do Círculo no ensino.

Oralidade no ensino de língua portuguesa: subsídios para a formação do professor

Sandoval Nonato GOMES-SANTOS

Universidade de São Paulo

Propõe-se discutir o estatuto da oralidade como componente curricular do ensino de língua portuguesa, na escola brasileira. Para tanto, apresenta-se, inicialmente, um panorama dos modos com que a oralidade é abordada no percurso histórico de constituição da disciplina curricular Língua Portuguesa. Em seguida, contrasta-se esse estatuto historicamente construído da oralidade com práticas de ensino de língua portuguesa atuais, mediadas por estudantes do Curso de Licenciatura em Letras, por ocasião de realização de estágio de regência em escolas da rede pública da cidade de São Paulo (Brasil). Com isso, propõe-se problematizar alguns desafios que a abordagem da oralidade coloca para as práticas de ensino e para a formação do professor de língua portuguesa.

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As novas traduções diretas do russo da obra do Círculo de Bakhtin – 2008-2018 – e suas implicações terminológicas e metodológicas

Geraldo Tadeu SOUZA

Universidade Federal de São Carlos

Nesta comunicação, pretendemos problematizar como as novas traduções diretas do russo da obra do Círculo de Bakhtin a partir de 2008 contribuem para um aprofundamento de análises que tenham como fundamentos filosóficos-linguísticos o princípio dialógico e que se orientem por uma Teoria do Enunciado concreto e dos Gêneros discursivos. O objetivo é trazer para reflexão as relações dialógicas entre as obras já conhecidas majoritariamente, por traduções diretas do francês, e as novas traduções das mesmas obras diretas do russo, além de primeiras traduções de obras, notas e textos de arquivo do Círculo. É intenção da comunicação compreender como está sendo o convívio entre as traduções e a sua influência no uso da terminologia e metodologia de análise de orientação dialógica.

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Linguística Textual e Teorias do Discurso no Português

28/11 – Horário: 16h30-18h30 (sala 266)

Mídias, tecnologia e sociedade

Rodrigo Esteves de LIMA-LOPES

Universidade Estadual de Campinas

Esta plenária tem por objetivo discutir os curso atual das pesquisas que ocorrem destro do grupo MíDiTeS (Mídia, Tecnologia, Discurso e Sociedade). Ela será iniciada com uma reflexão sobre as abordagens que formam as referências teóricas que hoje subjazem nosso trabalho, com principal ênfase para a Linguística Sistêmico-Funcional, Multimodalidade, Ciência das Redes, Educação para os Meios e Filosofia da Tecnologia. Em um segundo momento, são discutidos alguns projetos em andamento, de forma a construir um panorama sobre os trabalhos, seus objetos, metodologias e resultados parciais.

Gêneros discursivos e enunciado na obra de M. Bakhtin

Renata Coelho MARCHEZZAN

Universidade Estadual Paulista Campus Araraquara

No domínio dos estudos do discurso, depara-se, muitas vezes, com a necessidade de escolher entre os termos “gêneros do discurso” ou “gêneros textuais”. Obviamente, as filiações e referências teóricas auxiliam na adoção de um ou outro, muito embora o emprego contemporâneo dos termos tenha como fonte principal “Os gêneros do discurso”, de M. Bakhtin (1997). Nessa corrente de reflexão, que é a de que nos ocupamos aqui, os gêneros são definidos como “tipos relativamente estáveis de enunciados”, e caracterizados como primários e secundários. A despeito da importância desse texto de Bakhtin, outras obras suas e também de V. Volóchinov e P. Medviédev são relevantes para compor o conceito, conforme expõem alguns trabalhos (MACHADO, 2005; GRILLO, 2008; BRAIT; PISTORI, 2012). Juntamo-nos a esses estudos com o objetivo de situar a noção no âmbito das preocupações filosóficas de Bakhtin, em especial. Auxilia-nos, nessa tarefa, a consideração das confluências do pensamento bakhtiniano com o de E. Cassirer (2011, 2009, 2004, 1994), que são apontadas por vários pesquisadores (POOLE, 1998; BRANDIST, 2002, 1997; FARACO, 2003; LOFTS, 2016; GRILLO, 2017), e das quais também tratamos em trabalho anterior. É por esse caminho que destacamos fundamentos filosóficos a serem considerados quando se utiliza as noções de gêneros do discurso e de enunciado na perspectiva bakhtiniana.

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Mídias digitais e reflexividade: o papel do texto na despolarização política

Anna Christina BENTES

Universidade Estadual de Campinas

Nesta apresentação, pretendo discutir como as atitudes reflexivas dos atores sociais nas mídias digitais podem colaborar para reconstrução do diálogo entre estes atores, especialmente no que diz respeito às praticas de leitura e produção de textos e de discursos no campo político. Postulo que o reconhecimento dos fatores de coerência dos textos recebidos é um procedimento fundamental para contrabalançar a unidirecionalidade dos processos de circulação dos textos produzidos para/na comunicação digital.

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Léxico do Português

29/11 – Horário: 14h-16h (sala 266)

Fraseologia e fraseodidática e os desafios no ensino de fraseologismos e colocações baseado em corpus em português como LE

Adriane ORENHA-OTTAIANO

Universidade Estadual Paulista

Esta mesa-redonda visa refletir aspectos teóricos e práticos da Fraseologia e da Fraseodidática e os desafios concernentes ao ensino de fraseologismos e colocações baseado em corpus em português do Brasil como Língua Estrangeira (LE). Nas duas últimas décadas, pesquisas na área de Fraseologia têm demonstrado que o conhecimento léxico-gramatical por parte dos aprendizes não é suficiente, caso não haja a percepção do aspecto fraseológico, natural e convencional da língua (MEUNIER; GRANGER, 2008; ORENHA-OTTAIANO, 2004, 2012, 2015; SINCLAIR; 2007, WRAY, 2013). Dessa maneira, por meio dos preceitos da Fraseodidática (ETTINGER, 2008; GONZÁLEZ REY, 2012), discutiremos a importância de se realizar e divulgar investigações que possibilitem professores de LE em formação e em serviço ter consciência, bem como desenvolver conhecimento, da linguagem formulaica, de modo que possa ser ensinada de modo explícito. Frente a este contexto, trataremos também dos desafios em relação às estratégicas didático-pedagógicas para o ensino-aprendizagem de tais unidades fraseológicas, principalmente por meio da criação de atividades baseadas em corpus eletrônico, com o propósito de focar o léxico fraseológico mais frequentemente empregado pela comunidade na qual a LE está inserida. Além disso, abordaremos os percalços em relação ao ensino dos fraseologismos e das colocações em português do Brasil como LE.

Mulheres construídas por versos: definições de mulher na poesia

Ana Elvira Luciano GEBARA

Universidade Cruzeiro do Sul

As imagens de mulher a cada período literário-estético se apresentam interligadas às expectativas e aos espaços possíveis de ocupação, na maioria das ocorrências, segundo o olhar masculino. Muitas vezes, essas imagens representam a mulher e o feminino indicando a relação que mantêm com os demais atores sociais. Outras vezes, são símbolos de outras relações metafóricas ou metonímicas das tensões sociais. Nesta apresentação, são objetos de análise, as imagens construídas da mulher “amada” em dois poetas, Bandeira e Gullar, respectivamente nos poemas “Teresa”

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(Libertinagem, 1930) e “Cantada” (Dentro da noite veloz, 1975). Como apoio teórico para a determinação das categorias de análise, apoiamo-nos nos estudos da Estilística Lexical, a partir da escolha lexical, associada aos processos de referenciação (dos estudos da Linguística Textual), e aos campos léxico-semânticos, seguindo, nesse caso, a mesma perspectiva de trabalhos anteriores como os de Cardoso (2013) e Gil (2004, 2006).

O Diccionario dos Termos Technicos de Historia Natural de Vandelli e a constituição do léxico científico português

Bruno Oliveira MARONEZE

Universidade Federal da Grande Dourados

O objetivo desta apresentação é analisar a obra de Domingos Vandelli intitulada “Diccionario dos Termos Technicos de Historia Natural”, publicada em Coimbra em 1788. Trata-se de um dicionário terminológico dirigido a estudantes da Universidade de Coimbra. Seu autor foi um naturalista italiano que lecionava em Portugal e que teve grande importância no Iluminismo português. É, provavelmente, a primeira obra em língua portuguesa a mencionar a obra de Lineu, importante naturalista sueco com quem Vandelli manteve longa correspondência. Assim, esse “Diccionario...” representou uma grande contribuição à difusão do léxico científico em português, por difundir diversas unidades terminológicas da Zoologia e da Botânica entre a comunidade de naturalistas de língua portuguesa. Em nossa análise dessa obra, identificamos um grande número de termos para os quais não há datação anterior, ou seja, foram muito provavelmente introduzidos na língua por meio desta obra. Alguns deles são: cirro, medular, papilionáceo, pecíolo. Além destes, o “Diccionario...” também traz termos em latim, muitos dos quais passaram ao português com adaptações mínimas, tais como divaricatus > divaricado, geniculatus > geniculado, suffruticosus > sufruticoso. Fica evidente, assim, a imensa contribuição dessa obra para a constituição do léxico científico português.

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Gramática do Português e de Línguas em Contato

29/11 – Horário: 16h30-18h30 (sala 266)

A pesquisa em Fonética Experimental

Sandra MADUREIRA

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Esta comunicação tem como objetivo abordar bases teóricas, métodos, técnicas e instrumentais de análise de Fonética Experimental e discutir suas contribuições para a compreensão de fenômenos da linguagem verbal e da não verbal. São considerados resultados de pesquisas realizadas no âmbito do Laboratório Integrado de Análise Acústica e Cognição (LIAAC) da PUCSP sobre a fala expressiva, sobre a aquisição de sons em língua estrangeira e sobre a variação linguística com a utilização de análises de naturezas acústica, perceptiva, aerodinâmica e de imagens de movimentos dos articuladores e dos músculos da face. Para a abordagem conjunta dos resultados dos experimentos, dados quantitativos e qualitativos são correlacionados por meio de análise estatística multidimensional.

Cartografias da posição do verbo temático em português moçambicano

Aquiles Tescari NETO

Universidade Estadual de Campinas

Nesta apresentação, relato aspectos teóricos e metodológicos de pesquisa em andamento sobre o posicionamento de quatro formas do verbo temático em português moçambicano, a saber: a forma finita, o infinitivo, o gerúndio, o particípio passado ativo e o particípio passado passivo. Recorro à hierarquia universal dos advérbios (Cinque, 1999) para diagnosticar a posição de cada uma dessas formas verbais. Os dados foram coletados em Maputo, Moçambique, junto a estudantes do ensino superior, moradores de Maputo, que adquiriram o português como língua materna. Em todos os contextos, i.e., independentemente da forma verbal, o verbo temático deve subir à flexão no português de Moçambique. A forma infinitiva e a gerundiva do V sobem mais do que, surpreendentemente, a forma finita e o particípio passado ativo. Parece não haver correlação necessária entre a altura (i.e., à projeção) a que determinada forma verbal sobe (posição essa diagnosticada pelos advérbios de Cinque) e a forma verbal em si.

Efeitos de pistas visuais e auditivas na percepção da fala

Denise Cristina KLUGE

Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Considerando que a fala humana é uma função multimodal que pode ser apreendida tanto por meio visual (leitura labial), como por meio auditivo (Rosenblum, 2005; Summerfield, 1992), esta apresentação irá apresentar e discutir o efeito de pistas visuais na percepção da fala considerando os alguns dos principais estudos na área que instigaram esta discussão (McGurk; McDonald, 1976; Grant; Seitz, 1998; Hazan et al., 2005; Hazan et al., 2006). A expressão “benefício audiovisual”, definida como a quantidade de benefício resultante da combinação das pistas visual e auditiva (Grant; Seitz, 1998), tem sido usada para descrever as vantagens da apresentação audiovisual sobre a apresentação somente auditiva, tanto na língua materna como na língua adicional. Além disso, esta apresentação discutirá resultados de alguns estudos que investigaram o efeito de pistas visuais na percepção de sons de uma língua adicional por brasileiros (Kluge; Reis; Nobre-Oliveira; Bettoni-Techio, 2009; Kluge, 2009; Silva; Gabriel; Martens, 2013; Martens, 2015).

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Conferência

Filologia do Português

30/11 – Horário: 14h-16h (sala 266)

Edição paleográfica sinóptica da tradição latino-românica da obra de Isaac de Nínive: uma fonte para a linguística românica

César Nardelli CAMBRAIA

Universidade Federal de Minas Gerais

Uma edição sinóptica é aquela em que é possível visualizar diferentes textos ou testemunhos simultaneamente. Não se trata de uma prática totalmente nova, pois basta lembrar da edição da Bíblia Poliglota Complutense, realizada entre 1514 e 1517, com o texto simultâneo em hebraico, latim e grego para o Antigo Testamento e em latim e grego para o Novo Testamento. Embora não seja raro encontrar edições bilíngues com textos românicos, geralmente tem-se um texto antigo acompanhado de uma tradução moderna do próprio editor. Considerando que na Idade Média muitos textos circularam em diferentes línguas de interesse para o romanista, certamente constitui uma contribuição relevante elaborar uma edição em que traduções medievais em diferentes línguas apareçam de forma simultânea. Esta comunicação tem como objetivo apresentar aspectos fundamentais de uma edição sinóptica que se encontra em elaboração, tendo como objeto a tradução medieval da obra de Isaac de Nínive em diferentes línguas (latim, italiano, francês, catalão, espanhol e português).

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História e Historiografia do Português

30/11 – Horário: 16h30-18h30 (sala 266)

Por que estudar história da língua portuguesa?

Leonardo Lennertz MARCOTULIO

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Há uma série de razões que justificam a importância do estudo da história da língua portuguesa por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento. Nesta comunicação, daremos atenção a um público específico, os graduandos em Letras, e apresentaremos as razões para o estudo da disciplina de acordo com a habilitação escolhida: licenciatura (ensino) ou bacharelado (pesquisa). No caso do licenciando, trataremos das seguintes questões: entendimento da natureza dinâmica da língua; reação social e preconceitos linguísticos; relativização do ensino da norma; rompimento do mito de variedades dominantes; capacitação para a leitura de textos antigos. Já no que se refere ao bacharelando, os temas abordados serão: necessidade de pessoal especializado no trabalho com textos antigos; segurança na leitura e interpretação dos dados linguísticos de sincronias pretéritas; consciência da incompletude das fontes linguísticas do passado; conhecimento e investigação do contexto de produção; correlação da mudança com outros fatores; e, por fim, os riscos de anacronismo e primitivismo.

O ensino de história da língua e a elaboração de materiais didáticos: concepções teórico-metodológicas de “Filologia, História e Língua:

olhares sobre o português medieval”

Célia Regina dos Santos LOPES

Universidade Federal do Rio de Janeiro

A proposta de trabalho visa apresentar as ideias que nortearam a elaboração do livro Olhares sobre o português medieval que foi lançado, em 2017, como resultado de um edital da FAPERJ e, em 2018, pela editora Parábola. A obra foi concebida como um livro-laboratório com noções de paleografia, filologia e história externa e interna do português. A pretensão não era a de substituir os manuais consagrados utilizados nos cursos de História da Língua Portuguesa, mas trazer um material de apoio em que o estudante tivesse um papel mais atuante no seu processo de ensino e aprendizagem da disciplina. Para tanto, não são apresentadas listas de características linguísticas e de aspectos históricos isolados e desconectados do contexto de produção dos textos, mas sim procura-se habilitar o estudante na leitura dos textos remanescentes, permitindo

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que ele próprio construa a história do português a partir dos textos escritos em sincronias passadas. Para ilustrar a proposta, pretende-se apresentar uma síntese do primeiro capítulo intitulado A preparação de textos para o estudo da história da língua: a edição filológica. Como etapa inicial do fazer filológico, o trabalho é iniciado com um texto bastante atual (uma mensagem de whatsapp). O objetivo é mostrar na prática a importância do trabalho do filólogo no processo de preservação e fixação dos textos, através da elaboração de edições filológicas diferenciadas de acordo com o grau de intervenção do editor: edição diplomática, semidiplomática e modernizada.

Da concepção à construção do Dicionário Histórico do Português do Brasil – séculos XVI, XVII e XVIII

Clotilde de Almeida Azevedo MURAKAWA

Universidade Estadual Paulista

A Lexicografia contemporânea, em especial a brasileira, vem se apoiando nos fundamentos propostos pela Linguística de Corpus para a construção de bancos de dados ou bases textuais como um recurso necessário para a elaboração de dicionários, quer gerais ou de especialidades, glossários e vocabulários. Foi com base nesses fundamentos que o banco de dados do Dicionário Histórico do Português do Brasil – séculos XVI, XVII e XVIII (DHPB) foi concebido e organizado. Uma base textual constituída de documentos da mais variada natureza e gênero de 3 séculos do período colonial brasileiro,usando de ferramentas computacionais como o Programa Philologic, permitiu construir um banco com aproximadamente 10 milhões de ocorrências. A partir do banco, foi organizada a nomenclatura do DHPB que resultou no dicionário com 10470 entradas. Apresenta-se, nesta mesa-redonda, o percurso teórico-metodológico que foi construído para o DHPB e as opções e soluções que foram estabelecidas para sua elaboração, numa busca constante para registrar um repertório lexical que documente a língua portuguesa e sua história no período colonial brasileiro.

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Comunicações orais

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Filologia do Português e História e Historiografia do Português

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O leilão de bens do devedor em uma execução fiscal de 1821: edição semidiplomática do termo de avaliação e edital de praça e arrematação

de três escravos para o pagamento de impostos

Ana Carolina ESTREMADOIRO PRUDENTE DO AMARAL

Resumo: O corpus deste trabalho é constituído do mais antigo processo judicial localizado no arquivo da Justiça Federal de São Paulo. Trata-se de uma Ação Sumária de Penhora Executiva, datada de 1821, proposta pela Real Fazenda da Província de São Paulo, representada pelo seu arrecadador de impostos Capitão Antônio da Silva Prado, futuro Barão de Iguape, em face do Sargento-mor Ignacio de Araujo Ferraz, pelo não pagamento da dívida oriunda do tributo incidente sobre as transações mercantis de escravos ladinos, o imposto da meia siza. O presente artigo, que analisará especificamente os fólios 25r, 25v, 26r, 26v, 27r, 34r, 34v, 35r e 35v dos autos da ação sumária executiva possui duas partes: a primeira, ligada intrinsicamente à Filologia em sua função substantiva, visa editar semidiplomaticamente o termo de avaliação e o traslado do edital de leilão e arrematação dos três escravos penhorados como garantia pelo não pagamento do imposto devido, a fim de se obter uma edição genuína e fidedigna para consulta e estudo. Além da transcrição filológica, ainda inédita, na segunda parte do trabalho faremos uma breve análise da situação jurídica dos escravos em um Brasil pré-independência, cuja legislação vigente, as Ordenações Filipinas de 1603, equiparava-os em diversos dispositivos a bens móveis, passíveis de apropriação e alienação. Com isso, pretende-se contribuir para a formação da história do Direito Brasileiro, já que muitos estudos sobre o tratamento jurídico dado aos escravos foram feitos com base na simples análise da legislação e jurisprudência vigente, e não diretamente sobre um processo judicial, que seria uma fonte confiável da efetiva aplicação do Direito. Além disso, o presente trabalho é uma forma de preservação dessa espécie documental, tornando-a acessível a quem quiser compulsá-la, facilitando o conhecimento por parte de um maior número de interessados e pesquisadores desta área. Palavras-chave: Filologia; Penhora de Escravos; Processo de Execução; História do Direito; Brasil Colônia.

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O conceito de flexão na perspectiva da gramática comparada: Friedrich Schlegel e Franz Bopp

Andréa LACOTIZ

Resumo: Na Linguística, áreas dedicadas aos estudos morfológicos dividem-se em Morfologia Lexical e Morfologia Flexional, muito embora a distinção entre processos morfológicos flexionais e derivacionais envolve-se em certas controvérsias. A flexão, em estudos sincrônicos, é concebida como um processo morfológico que não cria novas palavras, isto é, serve apenas para inserir a palavra na sentença. A controvérsia encontra-se na categorização de determinados elementos constituintes de unidades lexicais – se flexionais, se derivacionais. O termo flexão (Biegung, Flexion) surgiu no âmbito da gramática comparativa, em texto de Friedrich Schlegel (1772-1829), primeiro autor dedicado ao estudo da língua a examinar o sânscrito. É sabido que os estudos de caráter sincrônico desconsideram qualquer informação histórica referente à lingua; por essa razão, o emprego do termo nos modelos morfológicos pós-saussurianos distancia-se de sua concepção. Neste artigo, analisam-se as ocorrências do termo flexão na doutrina de dois importantes autores da linguística histórica, Friedrich Schelgel e Franz Bopp (1791-1867), em obras precursoras da gramática comparada, com o objetivo de entender a aplicabilidade desse conceito na perspectiva de investigação histórica da língua. O interesse nessas obras ocorre porque Bopp, nas obras de 1816 e 1833, trava com Schlegel uma espécie de diálogo a respeito da classificação das línguas e do conceito de flexão. Para isso, examina-se a construção desse conceito articulada ao modelo teórico, aos objetivos e pressupostos pertinentes à gramática comparada. O cotejamento do sentido apreendido nos textos e as mudanças epistêmicas mostram ter havido uma subversão do conceito de flexão articulada com a noção de língua, provocando um estritamento do termo em exame. Palavras-chave: Flexão; Derivação; Morfologia; Terminologia linguística; Linguística Histórica.

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A transmissão do texto literário em livro didático: a metodologia de análise em debate

Bárbara Bezerra de Santana PEREIRA

Resumo: Ao analisarmos, mesmo que panoramicamente, o cotidiano da escola pública

brasileira, podemos atestar a importância que é atribuída ao Livro Didático. Seja devido à falta

de outros materiais, seja pela comodidade em se ter “pronto” um repertório de textos e

atividades, este material, na maioria das vezes ganha status de base única para aulas de

quaisquer disciplinas, principalmente para as de Língua Portuguesa. Tendo em vista esse fato,

trazemos como cerne motivador da presente pesquisa a seguinte questão: Como ocorre o

processo de transmissão de um texto literário no Livro Didático? Para tentar responder a essa e

outras perguntas, escolhemos como corpus um gênero textual muito presente em materiais

didáticos, a crônica, mais precisamente a de Rubem Braga. Cronista por excelência, Braga, ao

logo de 62 anos de atividade jornalístico-literária, tornou-se o principal nome da cronística

brasileira, tanto pela qualidade literária quanto pela fidelidade ao gênero. Sua constante

presença nas páginas de livros didáticos motivou a escolha e delimitação desse corpus. Para

darmos conta de responder a diversos questionamentos e refletirmos acerca da transmissão de

textos em suportes que visem o ensino, nos ancoramos nas bases teórico-metodológicas da

Filologia, mais precisamente da Crítica Textual. O presente artigo traz um ainda esboço do

processo metodológico de análise das crônicas rubembraguianas em livros didáticos.

Palavras-chave: Crítica Textual; Metodologia; Crônicas; Rubem Braga; Livro Didático.

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A presença da língua portuguesa na Escola Americana e Mackenzie College: construção e afirmação do ethos protestante na sociedade

paulistana

Enedino SOARES PEREIRA FILHO

Resumo: Neste artigo — sob a perspectiva da história social da Língua Portuguesa — teceremos algumas considerações acerca da implementação e do uso da língua portuguesa na Escola Americana / Mackenzie College desde sua origem, em 1870, até 1920. Por se tratar de uma escola estrangeira cujos fundadores tinham o inglês como língua nativa, investigaremos o motivo pelo qual eles optaram por oficializar o uso e o ensino da língua portuguesa numa instituição localizada em São Paulo, algo incomum à época. Por fim, observaremos quais foram as consequências dessa escolha para aqueles que integravam a comunidade Mackenzie e para a dinâmica sociocultural engendrada pela cidade de São Paulo naquele momento.

Palavras-chave: História Social da Língua Portuguesa; Escola Americana; Mackenzie College; Primeira República; São Paulo.

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Os Livros da câmara municipal de Santana de Parnaíba (sécs. XVII e XVIII): estudo codicológico

Ivan Douglas de SOUZA

Resumo: Abordando a filologia como um conjunto de saberes teóricos e metodológicos que se alinham para a curadoria de textos históricos, este artigo parte do debate sobre um desses campos do conhecimento: a codicologia. Revisando o seu objeto de estudo e seu escopo de atuação, define-se essa disciplina como a ciência que investiga a história do texto manuscrito, desde sua gênese material, passando por sua utilização até se chegar à sua atual localização. Assim, objetiva-se aplicar um método de descrição codicológica a três livros escritos na câmara municipal da vila de Santana de Parnaíba, capitania de São Vicente, atual estado de São Paulo, datados dos séculos XVII e XVIII. Resgata-se, em grande parte, o que prescreve Cambraia (2005), além de se utilizar de vocabulário técnico específico (OSTOS, PARDO & RODRÍGUEZ, 1997; FARIA & PERICAO, 2008). Resulta desta aplicação a descrição integral de um dos livros e a parcial dos dois restantes. Essa diferença pode ser justificada, entre outros fatores, pela exposição destes resultados em dois formatos distintos. Chega-se a duas conclusões. A primeira, de cunho teórico-metodológico, indica que ainda parecem ser muito tênues as linhas que demarcam os limites de trabalho da codicologia. A segunda, relativa ao corpus em que se baseia este estudo, permite afirmar que livros camarários, devido às suas especificidades, demandam um roteiro de análise próprio, estabelecido a partir de algumas adaptações àquilo que se encontra como guia básico de descrição. Palavras-chave: Filologia; Manuscrito; Codicologia; Materialidade do Texto; Curadoria.

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O verbo ser: Port-royal, Beauzée e Barbosa

Jordana Tavares Silveira LISBOA

Resumo: Este artigo trata da importância do verbo SER para a composição da proposição simples na Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza (1822), de Jeronimo Soares Barbosa. Por isso, nosso texto visa a discutir o conceito e a relevância do verbo SER nessa gramática. Com base em pressupostos da História das Ideias Linguísticas (AUROUX, 1998a, 1998b, 2008, 2009a; e COLOMBAT, FOURNIER & PUECH, 2017), examinamos parte do horizonte de retrospecção desse gramático português, verificando especificamente as mudanças do conceito de proposição e suas implicações no tratamento do verbo SER. Assim, tanto expomos o significado do verbo SER para os autores de Port-Royal na Grammaire générale et raisonnée (1660), de Antoine Arnauld (1612-1691) e Claude Lancelot (1616-1695) e em La logique ou l’Art de penser (1662), de Antoine Arnauld e Pierre Nicole (1625-1695); quanto também descrevemos e interpretamos as diferentes acepções de proposição para Beauzée (1717-1789) em alguns dos artigos publicados na Encyclopédie (BEAUZÉE, 1751, 2015; BEAUZÉE ET AL, 1751a, 1751b; BEAUZÉE & JACOURT, 1751) e na Grammaire Générale (BEAUZÉE, 1767), visto que houve alterações na concepção do verbo SER. Concluímos, por meio de comparação interpretativa das duas abordagens sobre o verbo SER e sua relevância na proposição, que Barbosa apresentou uma nova interpretação: a) o verbo SER continua sendo um componente da proposição, como é apresentado na Gramática Geral de Port-Royal; e b) a função principal é o “sentido de existência”, semelhante as ideias da Gramática Geral de Beauzée. Palavras-chave: Gramática; Horizonte de Retrospecção; Verbo SER; Proposição; Sintaxe.

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As macroestruturas nas cartas de datas de Jundiaí de 1657

Kathlin Carla de MORAIS

Resumo: O códice Cartas de Datas de Jundiaí de 1657 é o mais antigo depositado no Centro de Memórias da cidade e versa sobre a doação de terras feitas na vila. Seguindo a concepção de Filologia stricto sensu, “que tem como base de análise inscrições, manuscritos e textos impressos no passado, que, recuperados pelo trabalho filológico, tornam-se os corpora indispensáveis às análises das mudanças linguísticas de longa duração” (Mattos e Silva 2008: 10), o objetivo principal do presente trabalho é apresentar as macroestruturas, ressaltando as similaridades e diferenças encontradas em cada parte que compõe o texto Carta de Data de Jundiaí de 1657. Para tanto, utilizarei o Modelo de Tradições Discursivas (KOCH/OESTERREICHER 1990, KABATEK 2006) e a identificação de Spina (1994) para as estruturas que compõem os textos oficiais. Dessa forma, farei a descrição do Preâmbulo, Protocolo, Notificação, Narrativa, Dispositivo 1, Escatocolo 1, Dispositivo 2, Cláusula de Garantia 1, Dispositivo 3, Cláusula de Garantia 2, Dispositivo 4 e Escatocolo 2, tendo como base a Carta de Data de Joaõ Paullo (MORAIS, 2018: 35r).

Palavras-chave: Jundiaí; Cartas de Datas; Macroestruturas; Linguística Histórica; Tradições Discursivas.

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“sem Cuja approvaçaõ me naõ atrevo a obrar nada”: edição e comentário filológico de carta setecentista de Gonçalo Pereira de Lobato

e Sousa a Francisco Xavier de Mendonça Furtado

Marina Pessoa SILVA

Resumo: O estudo filológico nos coloca diante de questionamentos sobre a fidedignidade dos textos lidos no decorrer da nossa trajetória como leitores e pesquisadores. A filologia nos revela a importância da pesquisa e análise da língua em seu estado original e, para além, amplia a visão do texto como objeto de estudo não somente linguístico, mas diretamente ligado ao aspecto histórico e sociocultural de um determinado período, salientando particularidades que somente o texto é capaz de nos apresentar no seu contexto histórico. O caráter interdisciplinar que o estudo filológico possibilita nos faz reconhecer a importância e a necessidade de ampliação desses estudos no meio científico atual, uma vez que os acessos, antes mais restritos e complexos, hoje se fazem mais acessíveis ao pesquisador e estudioso da língua. Nesse contexto, para este artigo, apresentam-se a edição e o comentário filológico de carta enviada por Gonçalo Pereira de Lobato e Sousa a Francisco Xavier de Mendonça Furtado, então Governador e capitão general do Estado do Maranhão e Grão-Pará no período de 1751 - 1759. Este estudo faz parte de pesquisa mais ampla, cujos objetivos são a edição semidiplomática e o estudo de documentos manuscritos do século XVIII, datados entre os anos de 1751 e 1757, conhecido como “Período Pombalino”. Tal trabalho visa à análise de correspondências passivas de Francisco Xavier de Mendonça Furtado, limitando-se a trinta e cinco cartas, compostas por um total de cento e cinquenta fólios, sendo, em sua maioria, documentos atribuídos a Gonçalo Pereira Lobato e Sousa (dezoito cartas), mais dezessete atribuídas a autores variados que faziam parte direta ou indiretamente da administração colonial.

Palavras-chave: Filologia; Linguística Histórica; Língua Portuguesa; Edição Semidiplomática; Maranhão e Grão-Pará.

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Práticas de escrita na tratadística do século XVII

Monica Messias SILVA

Resumo: Este artigo discorre sobre o discurso de um tratado manuscrito do século XVII, um códice hoje acondicionado na Universidade de Yale composto por 150 fólios (equivalentes a 300 páginas, considerando-se seus fólios ‘recto’ e ‘verso’), intitulado “Antiguidade da Arte da Pintura”, de Félix da Costa Meesen, artista gravador português. A data do tratado é de 1696 e o discurso que o compõe revela uma prática de escrita que segue procedimentos da retórica antiga, retomando ‘topoi’ de autoridades da Antiguidade como Aristóteles, Cícero e Quintiliano. Dessa forma, o que aqui mostraremos são excertos desse tratado em que se evidenciam operações discursivas embasadas na retórica antiga. O tratado é escrito de acordo com o gênero epidítico, gênero esse aplicado para elogiar ou vituperar uma dada matéria. No caso do “Antiguidade da Arte da Pintura”, o gênero epidítico opera elogios ao pintor e à arte da pintura, uma vez que o propósito do tratadista era o de conseguir amparo real para a construção de uma Academia de Artes em Portugal que seguisse os padrões da Academia Real de Pintura e Escultura francesa. Hoje, o tratado está transcrito em texto modernizado, trazido para o português atual e pode ser acessado na plataforma da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo. Palavras-chave: Félix da Costa; Século XVII; Retórica; Tratadística; Lugar-comum.

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Algumas propriedades semânticas do item trás em dados do Português Brasileiro do século XX

Nayra SIMÕES

Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal a breve descrição de algumas propriedades semânticas do item trás em todas as suas formas, a partir da coleta de dados em documentos brasileiros do século XX, do corpus do NURC (Rio de Janeiro). Adotando a perspectiva multissistêmica da língua (Castilho 2010), aliada à Linguística Cognitiva e considerando as descrições de suas propriedades semânticas na literatura, busca-se analisar o uso do item do trás para designação de espaço físico posterior, tempo e seus “usos metafóricos”, a fim de traçar novos questionamentos que auxiliarão no compreendimento do caminho de mudança do item trás no Português Brasileiro. Palavras-chave: Formações com trás; Multissistêmica; Semântica; Português, Inquéritos Orais.

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Universalidade: o nome e suas declinações

Raquel do Nascimento MARQUES

Resumo: Neste trabalho, investigamos a categoria nome no que diz respeito à distinção substantivo e adjetivo e às declinações casuais, tal como tratada nas primeiras gramáticas portuguesas. Esta pesquisa insere-se no campo teórico-metodológico da História das ideias linguísticas (AUROUX, 2009; COLOMBAT, FOURNIER E PUECH, 2017), por ser essa a teoria adequada à pesquisa que lida com fatos linguísticos ocorridos na longa duração do tempo, que leva em consideração o tempo e o espaço no qual os saberes sobre a língua e a linguagem foram construídos e desenvolvidos. Realizaremos o trabalho por meio da investigação do horizonte de retrospecção (AUROUX, 2009) dos autores e obras que trataram do nome, com o objetivo de mostrar como a teoria da universalidade se configura nas obras gramaticais portuguesas, com relação a essa categoria. Nosso corpus constitui-se das gramáticas portuguesas, de Fernão de Oliveira (1536), João de Barros (1540), Amaro de Roboredo (1619) e Contador de Argote (1721) e, como apoio à investigação do horizonte de retrospecção, recorremos às gramáticas antigas, de Dionísio o Trácio (II-I a. C.) e de Donato (IV d. C.). A pesquisa nos leva à conclusão de que a teoria da universalidade das regras do latim se confirma para a língua portuguesa e se configura na adaptação das regras da gramática latina à gramática portuguesa. Os gramáticos portugueses, contudo, apresentam descrições distintas daquela do latim porque as regras do latim não correspondem aos fatos gramaticais da língua portuguesa que elas descrevem.

Palavras-chave: Universalidade; Nome; Gramática portuguesa; Horizonte de Retrospecção; Gramatização.

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Interface entre Filologia e Prosódia: um estudo de dois manuscritos dos Séculos XVII e XVIII

Regina HAUY

Resumo: A comunidade judaica de Amsterdã nos séculos XVII e XVIII era formada em grande parte por portugueses e seus descendentes, que produziram em português textos a respeito dos mais variados assuntos. Essa escrita em português ocorreu até meados do século XIX. A biblioteca Ets Haim, em Amsterdã, mantém em seu acervo vários desses textos e um deles é a narrativa que David Curiel fez a respeito do assalto que sofreu em 1628 e que foi copiado por seu tataraneto cerca de 150 anos mais tarde. O estudo filológico desses documentos, incluindo a transcrição conservadora dos textos, mostrou uma variação no número de ocorrências de ausência de fronteira entre palavras. Com base na teoria de Fonologia Prosódica de Nespor e Vogel o presente estudo busca entender os elementos envolvidos na hipossegmentação desses textos. A teoria de Fonologia Prosódica organiza o enunciado hierarquicamente em unidades fonológicas, os chamados constituintes fonológicos. O grupo clítico (C), constituinte fonológico objeto deste trabalho, é representado graficamente por meio da união entre o elemento clítico e seu hospedeiro fonológico. A ocorrência de hipossegmentação na produção de crianças no início da escolarização é frequente, mas não é esperada em adultos cultos. Uma hipótese apresentada para a hipossegmentação nos textos apresentados é a interferência da língua hebraica. Como os autores fazem parte da comunidade falante de hebraico, a gramática hebraica pode ter tido influência nas escolhas dos escribas ao escreverem sem fronteira de palavras porque em hebraico os clíticos são escritos unidos aos seus hospedeiros.

Palavras-chave: Filologia; Manuscritos David Curiel; Grupo Clítico; Hipossegmentação;

Fonologia Prosódica.

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Gramática do Português e de Línguas de Contato

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A coda no português falado em São Tomé e Príncipe: uma descrição preliminar

Amanda Macedo BALDUINO

Resumo: O objetivo deste artigo é descrever o padrão consonantal na coda silábica do Português de Príncipe (PP), variedade da língua portuguesa falada em São Tomé e Príncipe. Para tanto, visamos detectar os segmentos licenciados nesse constituinte, bem como identificar alguns processos fonológicos, cujo locus de aplicação é a fronteira silábica, que atingem /R/, /S/ e /l/. Com base em um corpus de fala espontânea, verificamos que a coda, no PP, pode ser preenchida, com múltiplas realizações fonéticas, por um rótico /R/, uma sibilante /S/, uma lateral /l/ ou uma nasal subespecificada /N/ (cf. BALDUINO, 2018), da mesma forma que é previsto em outras variedades como no português brasileiro e europeu (cf. CÂMARA JR., 1970; MATEUS; D'ANDRADE, 2000). Ademais, tendo por foco /R/, /S/ e /l/, detectamos a presença de alguns processos fonológicos que têm a coda como domínio de aplicação. Esse é o caso da ressilabificação e do apagamento segmental, fenômenos que atingem todas as consoantes abarcadas neste estudo, e da velarização e vocalização, processos característicos à lateral. A ocorrência de tais fenômenos, além de justificar uma concepção hierárquica para tratamento da estrutura silábica do PP, sugere que a coda é, de fato, uma posição frágil dentro da sílaba, estando propícia a apagamentos e alterações estruturais (cf. SELKIRK, 1982). No entanto, os dados indicam, também, que, em decorrência (i) dos diferentes percentuais de cancelamento da coda (/R/ 55.2%, /S/ 12.3%, /l/ 21.1%), e (ii) dos processos distintos que acometem, individualmente, cada consoante abarcada, a resolução atribuída à debilidade desse constituinte tende a variar de acordo com cada segmento. Portanto, é possível atestar que a fragilidade da coda existe, porém não é homogênea para todo segmento licenciado em tal constituinte (cf. RIBEIRO, 2012). Palavras-chave: Português; São Tomé e Príncipe; Sílaba; Coda; Processos Fonológicos.

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Cartas pessoais de pacientes do Sanatório Pinel (1929-1944): pesquisa em desenvolvimento

Antonio ACKEL

Resumo: Este texto descreve um estudo gramatical funcionalista sobre a transitividade no uso da língua escrita e o estado atual da pesquisa de mestrado em que se insere. Abordagem funcionalista é, em primeiro lugar, investigar de que forma a língua é usada, para identificar seus propósitos e se tais foram atingidos. O corpus deste trabalho é composto por 120 sentenças extraídas de seis cartas manuscritas por pessoas, que foram internadas no Sanatório Pinel porque, de acordo com a Instituição, apresentaram comportamentos excêntricos para a sociedade. Entre 1934 e 1938, tempo em que as cartas foram elaboradas, o Pinel conduzia exames e emitia pareceres psiquiátricos, em profusão, aos membros das famílias ricas da cidade de São Paulo. Seis são os autores de suas histórias, cada uma contada parcialmente em 20 orações: dois esquizofrênicos (Es1 e Es2); dois parafrênicos (Pa1 e Pa2) e dois psicastênicos (Ps1 e Ps2). Para a análise gramatical, foram utilizados como pressupostos metodológicos, os parâmetros funcionalistas de transitividade. Diferentemente da Gramática Tradicional, que atribui transitividade somente ao verbo da oração, o Funcionalismo, originado no Oeste norte-americano, entende que toda sentença pode ser identificada dentro de um continuum e classificada como mais ou menos transitiva. Os critérios que estabelecem o grau de transitividade de uma oração revelam cognitivamente se houve ou não transferência — parcial ou total — de uma ação do agente para o paciente. Após fazer uma descrição criteriosa de todos os parâmetros que revelam esses graus, o texto apresenta os resultados da análise associados à doença diagnosticada em cada paciente. As considerações finais apresentam o resumo dos resultados e apontam futuros questionamentos para a área. Palavras-chave: Análise gramatical; Funcionalismo; Transitividade; Cartas manuscritas; Sanatório Pinel.

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Aspectos etno-linguísticos sobre o português falado no Suriname (PFS)

Antonio Lorenzo DORMAL CALLEJA

Resumo: Neste trabalho, objetivamos apresentar uma descrição étnico-linguística da comunidade de brasileiros residentes no Suriname e falantes do português. O Suriname foi uma área de colonização francesa, inglesa e holandesa. Os holandeses migraram da região nordeste do Brasil que compreendia os estados de Pernambuco e parte da Paraíba e Sergipe. Com os holandeses, chegaram ali também, colonos sefarditas de Portugal, que por serem judeus, foram expulsos da Península Ibérica pela Coroa Espanhola (católica) e aceitos nas colônias holandesas. Como parte de uma sociedade escravocrata, os holandeses e os sefarditas portugueses trouxeram africanos escravizados que também tinham contato com a língua portuguesa, e que se misturaram aos africanos escravizados pelos ingleses. Nesse contexto nasceram as diferentes línguas crioulas do Suriname, com uma base lexical, predominantemente inglesa e com traços linguísticos de línguas da costa oeste africana, línguas nativas e dos colonizadores, segundo apontam algumas hipóteses. Após a ida dos sefarditas para o Suriname, o contato com a língua portuguesa decresceu até o início dos anos 1980. Nessa década, uma grande migração de brasileiros em busca de ouro, na selva daquele país, fez com que se estabelecesse uma colônia permanente em sua capital, Paramaribo. Essa comunidade de brasileiros se estabeleceu, principalmente, numa parte da cidade conhecida como Belenzinho ou “Kleine Belém”, no bairro de Tourtonnenlaan, na qual conviveram mais de 20.000 brasileiros. Entre o período em que chegaram os primeiros sefarditas e os primeiros garimpeiros brasileiros, o Suriname recebeu uma grande quantidade de mão de obra da Ásia: Indonésia, China e Índia. Essa migração fez com que o “panorama” linguístico do Suriname se transformasse numa sociedade multilíngue. É nesse contexto multilíngue e multicultural que o português dos brasileiros que moram no Suriname está se desenvolvendo. Palavras-chave: Português Falado; Garimpeiros; Contato Linguístico; Etno-linguística;

Multilinguísmo.

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Desafios metodológicos para a pesquisa em prosódia de línguas em contato: um estudo de caso envolvendo uma variedade africana de

português e uma língua crioula

Gabriela BRAGA

Resumo: Guiné Bissau é um país africano multilíngue que possui como língua oficial o português. Entretanto, apenas cerca de 13% da população fala essa língua, sendo aprendida na maioria das vezes como segunda ou terceira (ou mesmo quarta) língua. O território guineense não apresenta uma homogeneidade linguística, entretanto, tem o guineense como a língua da unidade nacional. Esta língua crioula, originada em Guiné-Bissau, é falada como L1 por grande parte da população da região da costa, onde está a cidade de Bissau, capital do país. Diante desse cenário multilinguístico, investiga-se se o contato entre o guineense e o português de Guiné Bissau (PGB) influenciaria nas características prosódicas dessas duas línguas e em que medida poderíamos atribuir ao contato tais semelhanças entre elas. Desse modo, este trabalho apresenta algumas das questões que envolvem o contato de línguas assim como a metodologia que se pretende utilizar para a realização da investigação. Para tentar responder às questões iniciais, investigaremos a prosódia do PGB assim como do guineense, tendo como objetivos principais: (i) analisar os padrões entoacionais do PGB e do guineense, fornecendo uma descrição da entoação de diversos tipos frásicos e funções pragmáticas, como declarativas neutras e focalizadas, interrogativas neutras e focalizadas, perguntas eco, imperativos e vocativos; e (ii) analisar o fraseamento prosódico das duas línguas, no que tange à investigação da relação entre a associação de eventos tonais ao contorno entoacional e a formação de constituintes prosódicos. Após a descrição de tais aspectos prosódicos do PGB e do guineense, compararemos os resultados encontrados buscando traçar semelhanças e diferenças entre elas, assim como a outras variedades de português já descritas na literatura. Palavras-chave: Fonologia; Prosódia; Entoação; Português de Guiné-Bissau; Crioulo Guineense.

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Afro-indigeneidade entre os Tembé do Guamá e remanescentes quilombolas de Narcisa (PA): um ‘olhar’ etnográfico

Mara Silvia JUCÁ ACÁCIO

Resumo: Esse paper visa apresentar um ‘olhar’ etnográfico acerca da afro-indigeneidade que venho observando entre os Tembé do Alto rio Guamá e os remanescentes quilombolas de Narcisa, comunidades indígena e afro, respectivamente, localizadas na região nordeste do Estado do Pará. Esse é um trabalho inédito e faz parte da pesquisa que venho desenvolvendo para minha tese de doutoramento pelo Programa de Doutoramento Interinstitucional (DINTER/USP-UEPA). Dessa forma, além de dados coletados em campo, busco suporte teórico em leituras de trabalhos de pesquisadores de áreas afins, a exemplo de Valadão (1952-1998), Alonso (1996), Carvalho (1978), Trindade & Nogueira (2000), Dias (2010), Coelho (2015), Sodré (2015), Neves & Cardoso (2015), Lima Filho (2016), entre outros, e ainda, em relatórios do Instituto de Terras do Pará (ITERPA). A afro-indigeneidade que pretendo aqui discutir parte do conceito de ‘afro-indígena’ proposto por Campos (2014) e Oliveira et al (2015) e trabalhos posteriores, cujas bases epistemológicas estão pautadas nos estudos de Linguística de Contato. Nesse contexto, o debate que aqui proponho acerca dos referidos grupos encontra respaldo – além das situações de contato linguísticos e socioculturais –, na situação histórica, mais especificamente, no contato migratório entre os grupos em questão. Esse estudo tem se mostrado relevante para o entendimento da variedade de português falada na região nordeste do Pará, e ainda, para o entendimento de como esses grupos se auto identificam, considerando o conceito de Afro-indígena apresentado por Campos (2014) e Oliveira et al (2015). Palavras-chave: Linguística de Contato; Etnografia; Afro-indigeneidade; Tembé do Guamá; Quilombolas de Narcisa.

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A Língua Geral Paulista e o caso da “Villa de Jundiahy”: revisitando a ‘hipótese mameluca’

Maria de Lurdes ZANOLI

Resumo: Este trabalho pretende reanalisar a hipótese mameluca proposta por Rodrigues (1996) em um locus específico: a região da Jundiaí Colonial – interior de São Paulo – sob a ótica da linguística de contato e da edição crítica de documentos. Para tal apresentaremos possíveis evidências de que a Língua Geral não se deu apenas no contexto de contato entre índias, geralmente de origem tupi, e portugueses e com seus descendentes: os conhecidos mamelucos. Para a feitura do trabalho, analisaremos trechos de um manuscrito, o Livro de óbitos e casamentos de escravos da “Vila de Nossa Senhora do Desterro de Jundiahy”, século XVIII, nos quais buscaremos apresentar fundamentos que corroborem nossa hipótese de que o contato foi muito mais complexo do que propõe o autor. No manuscrito em questão encontramos anotações demonstrando a convivência entre os africanos e os indígenas escravizados (esses últimos identificados como administrados), inclusive apontando casamentos entre eles. Além disso, resquícios de cerâmica encontrada nos sítios arqueológicos da região apontam para a “convivência” de três elementos distintos: africanos, europeus e indígenas. Nesse caso, muito difícil afirmar que os africanos não colaboraram com a formação da língua geral paulista, mesmo porque, documentos e literatura da região apontam para elementos de línguas africanas na falada língua geral. Ressaltamos que a pesquisa é parte menor de um trabalho de doutorado em andamento. Palavras-chave: Crítica Textual; Indígenas e Africanos; Jundiaí Colonial; Língua Geral Paulista; Línguas em Contato.

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Bilinguismo, língua e cultura de herança: Brasil-Japão

Patrícia Elisa Kuniko Kondo KOMATSU

Resumo: Este artigo visa a discutir as peculiaridades do bilinguismo, língua de herança (LH) e aquisição da linguagem na primeira infância. Por outro lado, apresenta-se um quadro sociocultural, onde os países e as suas sociedades se aproximam cada vez mais com a globalização e internacionalização das empresas. Esses fatos envolvem aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais. A facilidade dos meios de transporte, ofertas de empregos nos países desenvolvidos, apresentando-se como novas oportunidades de trabalho, tem aumentado os deslocamentos demográficos, ou a imigração forçada causada por conflitos. Em consequência disso surge o fenômeno do bilinguismo. O expatriado e seus filhos são levados a desenvolver o domínio de uma segunda língua para o uso diário, além da língua materna, pela necessidade de adaptação à nova realidade. Assim, os filhos dos imigrantes que nascem na nova terra, estão expostos a duas línguas e culturas, a de herança e a do novo país de acolhida. Esse processo que é permeado por questões de identidade e problemas sociais pode resultar em problemas psicológicos e cognitivos profundos que merecem ser estudados com atenção. O bilinguismo também pode ser cultural, quando se domina as duas culturas; ou bilinguismo apenas linguístico em que se renuncia à identidade cultural originária, adotando-se os valores e costumes sociais relacionados à cultura da segunda língua. Isso pode ocorrer com os imigrantes, que para sobreviver economicamente num ambiente hostil, acabam abrindo mão de sua identidade para se adaptarem socialmente no novo ambiente da sociedade de acolhimento. Palavras-chave: Imigração; Aquisição da Linguagem; Bilinguismo; Língua de Herança; Cultura de Herança.

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Para o estudo e a descrição das cadeias de referentes pronominais em cartas baianas novecentistas

Priscila TUY BATISTA

Resumo: Este artigo foi produzido a partir do projeto de tese, em andamento, intitulado ‘REDE DE RELAÇÕES: aplicação no Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão (CE-DOHS)’. O objetivo principal do trabalho apresentado é estudar e descrever as cadeias de referentes pronominais do Acervo Cartas da Família Estrela Tuy (1930-1980), utilizando a técnica de anotação de cadeias de referentes apresentada em Paixão de Sousa (2016; 2018). Para tanto, propomos a edição filológica digital (MONTE; PAIXÃO DE SOUSA, 2017) do corpus, bem como, sua anotação morfossintática e sintática baseadas na metodologia utilizada pelo Corpus Histórico do Português Tycho Brahe (CTB), pré-requisito para a anotação de cadeias de referentes. A proposta de trabalho apresentada volta-se ao fazer filológico sob a perspectiva das Humanidades Digitais, ao sugerir a utilização de tecnologias computacionais aplicadas ao texto e a reflexão crítica sobre os impactos causados por essas novas práticas para o campo da Filologia.

Palavras-chave: Filologia Digital; Humanidades Digitais; Anotação de Cadeia de Referentes; Corpus Eletrônico.

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Processos cognitivos complexos na codificação sintática de imprecisão: o emprego de meio (que) por falantes de PLH

Priscilla de Almeida NOGUEIRA

Resumo: Aliando princípios da Linguística Cognitiva à análise do nível de aquisição do português por crianças falantes do português como língua de herança (PLH), o presente artigo vincula-se a uma pesquisa de doutorado, em andamento, desenvolvida entre o Brasil e a Alemanha. Com o objetivo de verificar a apreensão de construções linguísticas codificadoras de imprecisão (por exemplo, meio, quase, a maioria), aplicamos testes de identificação e compreensão das intenções nelas sintaticamente codificadas, além de testes de emprego das mesmas, a crianças de origem teuto-brasileira divididas em dois grupos: falantes de PLH e do português como língua materna. Os resultados, analisados sob a perspectiva da cognição e a partir da aplicação do princípio de iconicidade (GIVÓN, 1983), revelam a atuação de complexos processos cognitivos na codificação sintática da intenções pelos participantes da pesquisa. A análise comparativa desenvolvida a partir dos dados coletados através da aplicação dos testes aos dois diferentes grupos surpreende, uma vez que falantes de PLH são, muitas vezes, considerados como falantes cuja aquisição da língua não se completou ou não pôde atingir grande complexidade. As conclusões parciais da pesquisa indicam um nível de compreensão de intenções codificadas em construções linguísticas bastante semelhante entre os grupos, o que nos conduz a uma melhor compreensão a respeito das habilidades linguísticas dos falantes de PLH. Palavras-chave: PLH; Codificação de Intenções; Imprecisão; Processos Cognitivos; Meio (que).

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Léxico do Português

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A composição no Português Brasileiro: primeiras reflexões

João Henrique Lara GANANÇA

Resumo: O presente trabalho, que constitui uma parte do primeiro capítulo de nossa tese, em desenvolvimento sob orientação da Profª Drª Ieda Maria Alves, no âmbito do Projeto TermNeo, tem como objetivo realizar um pequeno e não exaustivo retrospecto teórico acerca do fenômeno da composição no português, que, ao lado da derivação, constitui um dos principais mecanismos linguísticos de criação lexical. Nosso retrospecto terá como base alguns trabalhos significativos de interface morfolexical desenvolvidos no âmbito de importantes escolas que influenciaram os rumos da Linguística no Brasil e abriram caminho para o melhor entendimento dos mecanismos de formação de palavras. Inicialmente, valer-nos-emos da contribuição do Estruturalismo de Bloomfield (1933), cujo maior representante em nosso país foi Joaquim Mattoso Câmara Jr (1969; 1975). Em seguida, percorreremos as reflexões de Margarida Basilio (1980; 1987; 1989), representante brasileira de peso da Morfologia Gerativa de Aronoff (1976). Por fim, finalizaremos nosso percurso com as contribuições que os principais estudos específicos sobre a Criação Lexical no Português Brasileiro, levados a cabo por Ieda Maria Alves (1990; 2006; 2010) e Antonio J. Sandmann (1989), trouxeram para o entendimento do fenômeno da composição, não apenas do ponto de vista morfológico, mas também como expressão da criatividade constante do falante, sempre em busca de maneiras (por vezes inusitadas) de comunicação de pensamentos e ideias. Palavras-chave: Linguística; Língua Portuguesa; Lexicologia; Morfologia; Criação lexical.

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Antroponímia brasileira: considerações sobre neologia e a influência germânica

Letícia Santos RODRIGUES

Resumo: Neste artigo pretende-se apresentar algumas considerações atinentes ao quadro antroponímico brasileiro quanto à tendência neológica, que vem apresentando mais fortemente a partir do século XX, e quanto à atuação da antroponímia de origem germânica, herdada via Portugal. Desse modo, observam-se questões relativas à estrutura de tais antropônimos neológicos, em específico quanto à sua composição bitemática ‒ à maneira dos povos germânicos ‒ e quanto ao uso de formativos de mesma origem. Para tanto, valeu-se de reflexões não só em Onomástica, mas também em Etimologia, Morfologia, Linguística Cognitiva, História, Sociologia etc. A hipótese é a de que a neologia antroponímica no Brasil se apoia, em larga escala, no modelo linguístico básico de estruturas bitemáticas dos antropônimos germânicos, inclusive ao fazer uso de seus formativos. Assim, segundo os pressupostos da Linguística Cognitiva, como em Booij (2005), Gonçalves & Almeida (2014) e Gonçalves (2016a), considera-se que novas criações lexicais são engendradas a partir de esquemas construcionais, resultantes dos conjuntos de itens lexicais complexos que o falante, ao longo de sua vida, conhece e reproduz segundo sua própria criatividade. Por meio de corpora datados, sintetizam-se alguns resultados, de cunho sincrônico e diacrônico, que corroboram com a hipótese aventada quanto à influência do modelo morfolexical germânico. Dentre os resultados obtidos, também é possível observar a nítida relação entre o aumento dos nomes neológicos e alguns fatos históricos, como a abolição da escravatura e a retirada do registro civil do poder da Igreja Católica (fins do século XIX), uma vez que tais acontecimentos foram decisivos na liberdade de escolha dos nomes da época. Palavras-chave: Onomástica; Etimologia; Antroponímia; Germanismos; Neologia.

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Desenvolvimento da competência leitora por meio do estudo do léxico: as expressões idiomáticas

Lígia Fabiana DE SOUZA SILVA

Resumo: Esta pesquisa busca verificar se o ensino sistematizado das expressões idiomáticas (doravante denominadas EIs), de modo a ressaltar seu caráter conotativo, aspectos culturais, contextos de uso e efeitos de sentido, contribui para o desenvolvimento das competências lexical e discursiva dos estudantes. Nossa hipótese é que o aprendizado de tais unidades lexicais contribui para o enriquecimento não apenas lexical, mas também enciclopédico dos alunos, uma vez que permite a mobilização de conhecimentos culturais que, no momento de leitura e construção de textos, tornam o falante mais proficiente em seu idioma. Além disso, o estudo das EIs constitui uma oportunidade de reflexão sobre as interfaces entre língua e cultura, já que tais manifestações evidenciam os valores culturais da população que as produz. Para fazer essa verificação e comprovar a hipótese, as elaborou-se e aplicou-se uma intervenção didática, apresentando aos alunos as EIs de maneira contextualizada, por meio de textos, e incentivou-se as reflexões sobre suas características linguísticas, significados e situações de uso, por meio de atividades e debates. Conclui-se que o ensino das unidades lexicais da língua deve contemplar seus aspectos morfológicos, sintáticos e semânticos, além dos contextos sociais e a construção de discursos coerentes e coesos, pois dessa maneira contribui-se efetivamente para o aumento do repertório dos estudantes e amplia-se sua competência leitora e discursiva. Palavras-chave: Ensino do Léxico; Leitura; Expressões Idiomáticas; Fraseologia; Lexicultura.

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Variação terminológica denominativa no universo da cana-de-açúcar: um estudo de fatores condicionantes

Luís Henrique SERRA

Resumo: Este artigo apresenta os resultados preliminares de um estudo sobre a variação terminológica no universo da cana-de-açúcar no Brasil. O estudo toma como pressuposto teórico-metodológico, sobretudo, a Teoria Comunicativa da Terminologia (CABRÉ, 1999, 2003) e o modelo teórico da variação terminológica de Freixa (2002, 2013), que apresenta seis causas da variação terminológica. Também são tomados como pressupostos deste estudo as ideias da Terminologia Textual (CIAPUSCHIO, 2003), que versa sobre o texto especializado e a variação encontrada nele. Para tentar compreender os diferentes fatores condicionantes da variação terminológica, também se busca o aporte teórico da Linguística Textual, sobretudo nas discussões sobre o texto oral e o escrito (KOCH, 2015), os gêneros textuais e o funcionamento da linguagem em contextos comunicativos reais e imediatos (HALLIDAY, 199; MOURA-NEVES, 1997). A partir desses pressupostos, o estudo utiliza-se de um corpus com características diversificadas: textos orais produzidos por especialistas com alto grau de especialização, atuando em diferentes contextos comunicativos, como entrevistas televisionadas, palestras e aulas; textos escritos de diferentes gêneros, também elaborados por especialistas, como artigos científicos, apostilas de curso de agronomia, relatórios técnicos, sites do setor sucroalcooeiro, teses e dissertações. A pesquisa cruza diferentes fatores de variação e tenta apresentar os mais relevantes para a variação terminológica denominativa. Dessa forma, contribui-se com os estudos terminológicos no Brasil e discute-se a pertinência de fatores extralinguísticos nessa área do saber. Palavras-chave: Variação Terminológica Denominativa; Fatores da Variação Terminológica; Texto Terminológico; Cana-de-Açúcar.

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Pertença a um domínio e interseção de áreas: a formação terminológica em Engenharia Biomédica

Márcia de Souza LUZ-FREITAS

Resumo: A delimitação de um domínio para a definição de seu conjunto terminológico é tarefa complexa. Um novo campo de estudos surge da inovação e da confluência com outros saberes. A Engenharia Biomédica é uma área recente, caracterizada pela interdisciplinaridade. O objetivo deste artigo é discutir a delimitação de um domínio com tais características, por meio do exame das relações de interseção de áreas e sua contribuição para a formação de termos. A proposta é, assim, estabelecer uma discussão de cunho teórico que envolve as noções de domínio e de pertença terminológica em uma perspectiva diacrônica. Descreve-se, em linhas gerais, a trajetória da Engenharia Biomédica para compreender o fenômeno da interseção de áreas. Constata-se que a delimitação de um domínio não pode ser rígida, embora necessária para a investigação terminológica. Os termos têm certa permeabilidade entre os domínios e dão sustento à construção terminológica nas áreas emergentes. Entretanto, a formação neológica a partir de estratos de domínios ancestrais pode se dar na língua que tenha introduzido as inovações tecnológicas e chegado ao léxico terminológico da área, no Brasil, por um processo de neologia tradutiva. Os exemplos apresentados neste artigo mostram-se como empréstimos provenientes da língua inglesa. Esse fenômeno pode resultar em variações terminológicas enquanto perdurar certa instabilidade na fixação dessas novas unidades lexicais especializadas. Palavras-chave: Terminologia; Interseção de áreas; Formações neológicas; Neologia tradutiva; Engenharia Biomédica.

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O questionário semântico-lexical: um breve estudo de caso

Mariana Santiago de BRITO

Resumo: Este presente trabalho tem por objetivo realizar um estudo diacrônico do questionário linguístico semântico-lexical, ferramenta elaborada e utilizada pelo método da Geolinguística em contribuição para as pesquisas em Dialetologia. Propõe comparar a elaboração dos questionários semântico-lexicais do Atlas Linguístico do Brasil – ALiB (2001) e do desenvolvido para nosso estudo em andamento sobre o vocabulário do cururu cuiabano, em Mato Grosso. Para tanto, parte de revisão bibliográfica de diferentes aportes teórico-metodológicos da Dialetologia, destacando-se os trabalhos realizados, na França, por Jules Gilliéron (1902), em Portugal, por Manoel de Paiva Boléu (1942) e, no Brasil, por Serafim da Silva Neto (1957) e por Antenor Nascentes (1958), suscitando reflexões de caráter estrutural, conceitual e metodológico, na elaboração das questões. Tem por referencial teórico-metodológico a Geolinguística (SANTOS, 2012). O corpus é constituído por questões e itens lexicais, que foram extraídos do Atlas Linguístico do Brasil e da pesquisa que está sendo desenvolvida por nós sobre o cururu cuiabano. A análise aponta para a importância no cuidado da elaboração do questionário linguístico, a fim de se evitar questões improdutivas ou resultados comprometidos pela incompreensão ou falta de repertório dos sujeitos-entrevistados, considerando-se, assim, para além de fatores puramente linguísticos, os de natureza social, cultural e etnográficos. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. Palavras-chave: Dialetologia; Geolinguística; Atlas Linguístico; Questionário Semântico-Lexical; Cururu.

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Considerações parciais de um estudo sobre a variação terminológica entre PE e PB em um corpus especializado questionário semântico-

lexical: um breve estudo de caso

Pâmela Teixeira RIBEIRO

Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado em andamento. A referida pesquisa se propõe a estudar a versão em Português Europeu (PE) de um corpus especializado da área da Engenharia Biomédica e identificar, com o auxílio de especialistas brasileiros, a ocorrência do fenômeno da variação terminológica entre o Português Europeu e o Português Brasileiro (PB). Além da identificação das variantes, pretende-se também apresentar uma proposta de adequação terminológica para o PB de alguns termos e definições selecionados. Ao final desse processo, será possível analisar os dados quantitativamente, descrever os fenômenos de variação linguística mais comuns e analisar os padrões de variação entre PE e PB para a área de especialidade em questão. As teorias que fundamentam a presente pesquisa se enquadram nas Ciências do Léxico, principalmente a Terminologia de caráter comunicativo-discursivo e os estudos contrastivos entre PE e PB. O delineamento metodológico é analítico-descritivo, e tem como ponto de partida a proposta de um método para recolha e validação dos itens a serem estudados, que serão extraídos de um corpus altamente especializado composto por termos e definições de produtos médicos. Os resultados comprovam a existência de variação terminológica entre PE e PB na referida área de especialidade e a importância da Terminologia para auxiliar os especialistas a identificarem e a tratarem o fenômeno da variação em textos técnico-científicos. Palavras-chave: Terminologia; Variação Terminológica; Engenharia Biomédica; Produtos Médicos.

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A linguagem lúdica da trova humorística: sonoridade e sentido

Pedro da Silva de MELO

Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar as relações entre humor e o uso expressivo do léxico. O humor é transversal a diversos discursos que circulam na sociedade e o discurso literário não seria uma exceção. Além da exploração de temas considerados “risíveis” (conteúdo temático), produzem-se efeitos de sentido pela seleção de recursos expressivos da língua, como os aspectos sonoros. Assim, este trabalho tem por objetivo analisar a Expressividade na trova humorística, procurando responder à pergunta: como a sonoridade cria efeitos de sentido humorístico? Para tanto, estabelece-se um recorte, dentro do qual analisaremos um pequeno conjunto de trovas, examinando como recursos tais como a rima, a aliteração, a assonância e a onomatopeia produzem efeitos de sentido. Como hipótese, postulamos que a trova, por se tratar de um gênero híbrido, que faz uso de conteúdo temática da piada em uma construção composicional poética, cria uma sensação de estranhamento, constituindo um desvio por causa dessa condição híbrida. Fundamenta-se este trabalho em pressupostos teóricos da Estilística, da Análise do Discurso e da Linguística Textual. Embora nosso corpus seja constituído de textos literários, podemos indicar que os resultados desta pesquisa também são aplicáveis a outros gêneros textuais. Palavras-chave: Estilística; Discurso; Humor; Sonoridade; Sentido.

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A recorrência do sufixo -inh em Olhinhos de Gato, de Cecília Meireles

Rodrigo SCHULZ

Resumo: Este trabalho tem como proposta evidenciar de que forma as memórias afetivas de Cecília Meireles são resgatadas na obra intitulada Olhinhos de Gato, originalmente publicada, em forma de treze fascículos, entre os anos de 1939 e 1940, para a revista Ocidente, em Portugal. Por meio das escolhas lexicais feitas ao longo da prosa, a poetisa permite que o leitor adentre suas memórias, sempre ligadas a momentos intimistas. Em momentos alegres e tristes, a protagonista, OLHINHOS DE GATO, parece viver intensamente os momentos com a avó materna e a ama, cujos codinomes são Boquinha de Doce e Dentinho de Arroz. Além de as três personagens principais apresentarem o sufixo -inh, em seus nomes, outros muitos substantivos, adjetivos e advérbios recebem esse afixo. Pretende-se analisar de que forma, esse recurso recorrente contribui para a percepção das emoções vividas pela protagonista. As conotações sugeridas por esse sufixo são variadas. O leitor pode achar, em um primeiro momento, que se trata de uma estratégia pensada pela poetisa para dar à obra certo tom de afetividade, e, até mesmo, um ar infantil. Cabe observar que essa terminação sugere, em muitos trechos, outros sentidos, como ironia, aversão, delicadeza, ternura, portanto, imprimindo um estilo particular ao texto. Dessa forma, far-se-á um recorte de passagens que evidenciem nossa análise. Palavras-chave: Memórias Afetivas; Cecília Meireles; Olhinhos de Gato; Sufixo -inh; Estilo.

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A consciência metatextual aplicada nas tarefas do exame Celpe-Bras

Rosana Salvini CONRADO

Resumo: Este artigo propõe uma investigação a respeito da aplicação de conhecimentos metatextuais, necessários para o cumprimento das tarefas que constituem o Exame Celpe-Bras. Tal exame é aplicado para medir o nível de proficiência em Português de falantes de outras línguas e tem como principal característica a organização em tarefas integrativas, que conduzem à produção de quatro textos, a partir da leitura de textos base, também chamados de insumos. Tomamos como base o Modelo de Processamento de Texto proposto por Kintsch & van Dijk(1978), sobretudo no que diz respeito à representação do modelo situacional, que inclui o conhecimento sobre os diversos tipos e gêneros textuais (Kintsch, 1988; Kinttsch & Rawson, 2013). Recorremos à Psicologia Cognitiva para ancorar nossa análise no que definem Tunner e Herriman (1984) e Gombert (1992) ao subdividirem a classificação da consciência metalinguística e considerarem a importância da consciência metatextual, o foco de atenção do indivíduo em relação ao uso da linguagem como objeto e como fonte de análise. A proposta de pesquisa aqui apresentada pode ser útil para o aprimoramento das tarefas do Exame e também do processo de preparação dos examinandos, uma vez que o conhecimento metatextual é requisito para o cumprimento das ações que se estabelecem nos enunciados de tais tarefas. Palavras-chave: Consciência Metatextual; Celpe-Bras; Tarefas Integrativas; Gêneros Textuais.

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O embate entre a luz e a sombra: as mesclagens conceituais em Luzescrita, de Arnaldo Antunes e Fernando Lazslo

Sandra Mina TAKAKURA

Resumo: Este artigo apresenta os resultados de estudos acerca das metáforas realizadas em uma pequena seleção de obras da exposição intitulada Luzescrita (2013-). A mostra em questão reúne as obras de Arnaldo Antunes Fernando Lazslo e Walter Silveira. Foram selecionadas somente as obras de autoria de Arnaldo Antunes, com montagem e registro permanente em fotografia, de Fernando Lazslo, nas quais foram observados o processo de cruzamento lexical e o embate entre dois ou mais conceitos que resultaram em um terceiro conceito renovado. A escritura poética de luz, estruturada pela tensão entre a luz e a sombra acessa metáforas complexas e plurissignificativas operadas no campo semântico. A noção de efeito de genericidade de Adam e Heidmann (2004) permitiu identificar os traços poéticos e artísticos nas obras. Considerando a literatura e a arte como mídias distintas, podemos apontar o caráter híbrido das produções por meio da intermidialidade de Rajewsky (2002). O estudo da metáfora foi pautado na noção de fusão lexical (GONCALVES, 2006; GONÇALVES; ALMEIDA, 2007) e mesclagem conceitual (FAUCONNIER; TURNER, 2002). Justifica-se a presente pesquisa pelo caráter de novidade das metáforas e pelo escrutínio do sentido das obras, resultantes da combinação de mídias diferentes. Palavras-chave: Luzescrita; Intermidialidade, Rajewsky; Mesclagem Conceitual; Arnaldo Antunes.

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Linguística Aplicada do Português

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A prosódia afetiva na esquizofrenia

Ana Cristina Aparecida JORGE

Resumo: Este trabalho quantitativo exploratório analisou a prosódia afetiva de 16 pessoas diagnosticadas com esquizofrenia segundo os critérios do DSM V (APA, 2013) e 16 sujeitos controles saudáveis. Os procedimentos de coleta de dados foram facilitados pelo uso do gravador de voz H4 da ZOOM, em que ambos os grupos aceitaram volutariamente empreender um dialago com a pesquisadora em quatro etapas consecutivas: entrevista de anamnese que segue um roteiro predeterminado; relato empírico de experiências felizes e tristes; descrição de seus trabalhos artísticos; e, por fim, a leitura de um trecho de uma história infantil. A análise dos dados foi realizada através da rotina ExProsodia (FERREIRA-NETTO, 2016), que forneceu automaticamente o exame dos parâmetros acústicos. Após a realização de cálculos estatísticos, foi possível concluir que existem diferenças significativas entre a voz de pessoas com esquizofrenia e sujeitos controles saudáveis. Esse resultado permite argumentar favoravelmente para o uso de paramentos acústicos prosódicos para a composição de pistas salutares para a composição de um diagnóstico mais acurado para esse transtorno psíquico. Palavras-chave: Entoação; Esquizofrenia; ExProsodia; Parâmetros acústicos; Prosódia afetiva

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O ensino de português como língua de acolhimento para imigrantes e refugiados na cidade de São Paulo: Primeiro relato

Ana Cristina Kerbauy VIGAR

Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar as primeiras impressões, no âmbito linguístico e intercultural, de ações de políticas públicas no ensino do português como língua de acolhimento para imigrantes e refugiados, na cidade de São Paulo, através dos projetos na Missão Paz, que é uma instituição reconhecida pela atuação na acolhida de imigrantes e refugiados, e no Portas Abertas: Curso de Português para Imigrantes, que é o resultado recente de uma iniciativa articulada entre a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo. No Brasil, a abertura como país de asilo, através de sua política externa e projeção internacional de caráter emergente, contribuiu para que se tornasse destino de migrações. Como consequências, surgiram novas situações que têm demandado elaboração de políticas públicas na acolhida dessas pessoas, que chegam em situação de vulnerabilidade, fugindo de perseguições, devastações e guerras. No contexto de mudanças sociopolíticas e legislativa, é primordial a promoção do ensino do português como língua que acolha esse público, através de ações articuladas dos governos e de instituições sociais, a fim de se criar um espaço de inserção dessa população. Assim, pretende-se promover uma reflexão inicial sobre o ensino de português, como elemento essencial de integração, considerando as necessidades específicas e urgentes de comunicação dos aprendentes, que buscam se inserir no mercado de trabalho e na nova sociedade como um todo.

Palavras-chave: Português como língua de acolhimento; Políticas públicas migratórias; Curso Portas Abertas; Missão Paz; Imigrantes e refugiados.

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Crenças de professores estagiários (pre-service) sobre interculturalidade em um curso preparatório para o Celpe-Bras: um estudo de caso

André Monteiro DINIZ

Resumo: Este estudo de caso visa ao levantamento e análise de crenças de professores em formação que atuam como professores de português língua estrangeira (PLE) em um curso pré-PEC-G acerca da abordagem de cultura e o desenvolvimento da competência intercultural dos alunos. A observação de lacunas a respeito da abordagem de cultura e da forma de lidar com conflitos baseados em conflitos entre a cultura dos alunos estrangeiros e a cultura local, reportadas pelos professores estagiários do projeto e pelos alunos em pesquisa complementar, assim como a demorada integração de boa parte daqueles alunos à comunidade local (o que cria obstáculos para o usufruto dos benefícios de se estudar a língua em contexto de imersão) motivaram o estudo, de modo a consubstanciar a elaboração de uma proposta de intervenção junto a esses professores. As concepções dos professores acerca do papel da cultura e do desenvolvimento da competência intercultural dos alunos em aulas de línguas estrangeiras foram levantadas por meio de questionário e entrevista com cinco professores estagiários, alunos do curso de Licenciatura em Letras, bem como observações de aula e observação participante do pesquisador (professor voluntário) em reuniões pedagógicas do curso. As crenças observadas sobre o lugar da cultura no ensino de LE e, mais especificamente, de PLE, especialmente no que tange à sua importância e abordagem mais adequada, demonstraram a necessidade de complementação da formação desses professores, para que fundamentem sua atuação e gerenciamento de diferenças culturais em sala de aula com mais segurança. Deste modo, eles terão mais subsídios teóricos e práticos para contribuir para uma melhor e mais rápida adaptação e integração dos alunos à cultura local, capacitando-os à prática linguística em contexto de imersão desde o início do curso. Palavras-chave: Crenças; Interculturalidade; Cultura e ensino de LE; Português língua estrangeira; Competência intercultural.

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Português como língua não materna: estudo linguístico das dificuldades apresentadas por alunos bolivianos e filhos de bolivianos na escola

pública de São Paulo

Angelly Alani Marques de GOUVEIA

Resumo: Atualmente, nas escolas públicas de São Paulo, percebe-se a crescente demanda de alunos imigrantes, sendo a nacionalidade boliviana a mais recebida (SÃO PAULO, 2017a, 2018). Consequentemente, surge um novo desafio ao professor de língua portuguesa, pois há a necessidade de conciliar o ensino de português como língua materna e como língua não materna na sala de aula. Com o objetivo de auxiliar na compreensão das principais dificuldades vivenciadas pelos alunos imigrantes, este artigo busca analisar os desvios ortográficos encontrados nas produções textuais de alunos bolivianos, filhos de bolivianos e brasileiros, com foco na representação dos sons fricativos. Os dados coletados foram extraídos de produções escritas por alunos de uma turma de sexto ano de uma escola localizada no Brás. A partir dos níveis de escrita propostos por MOREIRA (2009), foi avaliado o patamar de cada um dos grupos de alunos e, em seguida, verificou-se, nos grupos de bolivianos e filhos de bolivianos, se ocorria algum desvio relacionado ao contato com a língua espanhola. De acordo com os desvios recolhidos, notou-se que os três grupos de estudantes apresentam nível de escrita fonográfica alfabética sistemática (ou perfeita), isto é, representam graficamente os sons relacionados à pronúncia da palavra redigida, contudo, nem sempre essa escrita se adequa ao registro ortográfico da palavra. Esse fator ortográfico possivelmente gera dúvidas para o aluno, que grande parte das vezes demonstra ter compreendido que [s] e [z] são representados por diversos grafemas, mas cometem equívocos em razão do desconhecimento de regras ou da arbitrariedade da ortografia em alguns termos. Palavras-chave: Ensino; Escola pública; Desvio ortográfico; Sons fricativos; Aluno boliviano.

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A dissertação de vestibular e a autoria: três marcas linguísticas de um gênero sob o cronotopo da avaliação

Bruno ALVAREZ

Resumo: Neste artigo, que é parte de uma análise mais abrangente do gênero dissertação de vestibular, busca-se verificar em que medida, nele, a construção da autoria é desestimulada. Para isso, recorre-se ao conceito bakhtiniano de cronotopo, o que permite constatar que tal gênero é produzido sempre sob a condição da avaliação, o que está associado à recorrência de práticas escolares antiquadas e ineficazes, que têm como foco muito mais o produto do que o processo de escrita. Tais traços da educação brasileira, especialmente em colégios particulares inseridos em um cenário de competição por notas e posições de destaque em rankings nacionais — como aquele do qual o texto aqui analisado foi extraído —, deixam-se refletir em diversas marcas linguísticas recorrentes. Destas, destacaram-se, para este trabalho, três, que são brevemente analisadas: 1. o uso inusitado de aspas para referendar um discurso do chamado senso comum; 2. a perífrase do verbo acabar + gerúndio com função de modalizador; 3. a expressão “colocar na mente” e outras similares, que supõem uma simplificação do processo de aquisição do conhecimento. Em todas elas, como se verá, podem-se entrever generalizações e alguma desresponsabilização enunciativa, que, dado o seu propósito, configuram um processo que aqui se nomeia “autoria às avessas”. Palavras-chave: Dissertação de vestibular; Cronotopo; Autoria; Modalidade; Dialogismo.

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O sujeito da linguagem no circuito das comunicações

Cristian IMBRUNIZ

Resumo: Este artigo nasceu do exercício teórico-metodológico empreendido na elaboração de minha dissertação de mestrado (em andamento) para selecionar livros escolares de português utilizados no Brasil no período de 1930 a 2002, considerada sua produção/destinação/circulação. O objetivo específico deste trabalho é problematizar e redefinir o papel de um dos atores – o autor – do circuito das comunicações, proposto pelo historiador do livro e da leitura, Robert Darton (1990a). Dentre os atores do circuito, portanto, detenho-me no autor, pondo em evidência o papel do sujeito da linguagem. A questão teórico-metodológica de fundo que orientou as decisões para seleção do corpus foi a de tratar o período recortado de modo a não tomar como critério apenas a referência cronológica. Pelo contrário, a seleção requer que os livros escolares sejam escolhidos sob o rigor do método. Para cumprir o objetivo específico do presente trabalho, retomo três conceitos: o de circuito das comunicações (DARTON, 1990a), o de acontecimento discursivo (PÊCHEUX, 2015) e – com o fim de justificar a operacionalização da análise naquele trabalho –, o dos elementos constitutivos do gênero do discurso (BAKHTIN, 2016): conteúdo temático, estilo e construção composicional. Estes últimos são tomados de modo bastante particular para marcar as ênfases, conjuntas ou exclusivas, dadas pelo autor de cada livro no ensino da escrita. Nas considerações finais, apresento as justificativas (1) da relevância do critério das ênfases; e (2) da relevância da retomada crítica da noção de circuito de comunicações de Darton, ambas definidas como passos metodológicos de uma pesquisa que, lidando com uma delimitação cronológica do corpus, assume uma análise de caráter histórico, mas não necessariamente cronológico, explorando os aspectos temáticos, os das escolhas estilísticas e os das construções composicionais, os quais têm orientado o ensino da escrita. Palavras-chave: Sujeito; Circuito das comunicações; Livros escolares; Esquecimentos; Dialogismo.

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Concessão: do exercício escolar ao funcionamento no discurso

Denise Aparecida Telheiro EMERICI

Resumo: Neste trabalho, objetivamos analisar como o conceito de concessão (conjunções concessivas/orações subordinadas concessivas) é abordado e aplicado em exercícios presentes em duas coleções didáticas aprovadas pelo PNLD 2017, mais especificamente as obras Português: linguagens e Universos: língua portuguesa; além disso, pretendemos também esboçar uma proposta que pode ser aplicada para a abordagem da concessão, levando-se em consideração os implícitos da argumentação e o discurso. Palavras-chave: Concessão; Funcionalismo; Argumentação; Discurso; Livro didático.

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Websites de Português Língua Adicional - estruturais ou comunicativos?

Erika Suellem Castro da SILVA

Resumo: A utilização de ambientes on-line para promover atividades de cunho instrucional ou educativo demanda de seus desenvolvedores o mínimo de conhecimento sobre abordagens, técnicas, métodos etc. – e isso, indubitavelmente, deve ser primordial também na confecção de materiais para o campo de aprendizagem de idiomas, incluindo o Português Língua Adicional – PLA. Desde os anos 1960, o PLA tem se firmado como objeto de estudo de interesse de profissionais da área de Línguística Aplicada, bem como de editoras empenhadas em publicar materiais de PLA para estrangeiros (AMADO, 2016). Com o avanço tecnológico, a variedade de materiais de PLA cresceu e se disseminou em websites e apps, ainda que não seja tão ampla quanto de outros idiomas, como o inglês, por exemplo. No entanto, já diante do que é disponibilizado, é preciso avaliar a qualidade das atividades de aprendizagem propostas por esses espaços virtuais (ALMEIDA FILHO, 2007; LEFFA, 2014) – qual sua base linguística e pedagógica? Qual sua usabilidade? Este é um recorte de nossa pesquisa de Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa, ainda em andamento, que tem por intuito demonstrar como alguns ambientes on-line promovem o ensino de Português Língua Adicional. Nossa breve análise considera as características típicas da arquitetura da informação de websites instrucionais ou educacionais (CARVALHO 2006; CHIEW; SALIM, 2003), que facilitam ou bloqueiam a aprendizagem de seus usuários, além das características da visão linguística que serve de base para esses espaços. Palavras-chave: PLA; Tecnologia e Ensino de Línguas; Arquitetura da Informação; Competência Comunicativa.

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Escolhas lexicais para a prática de ensino: uma análise léxico-semântica da canção Meiga e abusada, de Anitta

Fábio FERREIRA PINTO

Resumo: Este trabalho trata das escolhas lexicais na canção Meiga e abusada, da cantora Anitta (2013), cuja análise da letra pode integrar uma prática de leitura em aulas de língua portuguesa do Ensino Fundamental e Ensino Médio, visando a contrariar práticas de ensino tradicionais, baseadas no princípio da equivalência lexical e na mera classificação gramatical. O objetivo deste trabalho é demonstrar que a competência lexical se desenvolve por meio do estudo dos traços semânticos, morfossintáticos e discursivos do léxico e não no princípio da equivalência lexical, no qual o professor opta pela busca de sinônimos para uma palavra que este supõe ser conhecida pelos alunos. Partindo da premissa de que todo sistema linguístico traduz a realidade de seus falantes/usuários, podemos afirmar que o léxico é um sistema aberto e isso contribui para a competência lexical, uma vez que a expansão de um sistema aberto se dará no instante em que determinado momento discursivo for instaurado. É a partir da seleção lexical que o sujeito enunciador vai determinar a sua visão de mundo. Tal visão apresenta as experiências socioculturais do enunciador do discurso. Este trabalho se fundamenta teoricamente em Biderman (1978) e Ullmann (1964). Para uma visão sobre o ensino do léxico, o trabalho apoia-se em Antunes (2012); Gil (2009; 2017); Leffa (2000) e Vilela (1994). Palavras-chave: Léxico. Escolhas lexicais. Campos Semânticos. Prática de ensino. Gênero canção.

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O ensino aprendizagem de PLE na modernidade líquida

Gabriele FRANCO

Resumo: Este artigo busca refletir sobre o papel das metodologias ativas, especialmente da Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) no atual contexto do ensino aprendizagem da variante brasileira do português como língua estrangeira (PLE) com a finalidade de pensar em caminhos diante dos novos desafios impostos pela passagem da modernidade “sólida” para a “líquida”. No momento “líquido” da humanidade todas as informações obtidas envelhecem rapidamente, desse modo não podemos mais oferecer aos alunos um conhecimento pronto, para utilização imediata. Portanto, o ensino aprendizagem de Português como língua estrangeira (PLE) depara-se com uma diversidade de desafios: ensinar a língua, apresentar a cultura, selecionar e buscar adequadamente as informações e desenvolver habilidades para uma convivência harmoniosa. Por isso, o presente trabalho investiga a seguinte questão: Qual é o papel da educação, especialmente no caso do ensino da variante brasileira de PLE, diante dos novos desafios impostos pela modernidade “líquida”?Partimos do pressuposto de que para superar esses desafios é preciso investir no desenvolvimento da competência intercultural nas aulas de PLE e que essa abordagem poderá ser baseada no uso metodologias ativas, como a Aprendizagem Baseada em Projetos. Além disso, apresenta-se uma proposta prática de produção textual na perspectiva da Aprendizagem Baseada em Projetos com uma proposta que estimule o desenvolvimento da habilidade intercultural nas aulas de Português como Língua Estrangeira. Como suporte teórico recorre-se às políticas educacionais brasileiras e portuguesas, além das obras de Zygmunt Bauman (2013), José Moran (2015), Edgar Morin (1921) e Willian N. Bender (2014). Palavras-chave: Português como Língua Estrangeira; Interculturalidade; Metodologias Ativas; Aprendizagem Baseada em Projetos; Modernidade líquida.

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O processo de aquisição/aprendizagem de PLA na perspectiva de língua-cultura: discussão teórica

Jessiléia Guimarães EIRÓ

Resumo: Este artigo apresenta uma discussão teórica das questões conceituais de categorias de análise utilizadas na construção da tese de doutorado que tem como tema o papel da bilingualidade e do contexto de imersão no processo de aquisição de PLA por alunos do Pré-PEC-G/UFPA. Esta pesquisa abriga-se no escopo da Linguística Aplicada (LA) e da Sociolinguística. No primeiro caso, por ser essa a área de estudo que contempla as questões de linguagem na perspectiva da prática social (ALMEIDA FILHO, 2007, p. 16) e na sua relação com cultura (KRAMSCH, 1998). A princípio, atrelada aos estudos efetivados pela Linguística Geral, mas já interessada pelas questões pertinentes ao aprendizado de outras línguas (MENEZES et al., 2009, p. 26) e, mais recentemente, como área autônoma de construção do conhecimento, com objeto e métodos específicos, enfrentando questões que envolvem linguagem e prática social. No segundo caso, o suporte oferecido pelos estudos sociolinguísticos se justifica pela discussão apresentada acerca da variedade linguística e das línguas em contato na experiência dos participantes plurilíngues. No entanto, o presente artigo centra a discussão nos achados de pesquisa disponibilizados na literatura especializada da área da linguística aplicada, no que tange a algumas terminologias que têm sido usadas com o objetivo de dar conta das novas realidades concernentes ao processo de ensino/aprendizagem de línguas, considerando o repertório linguístico do indivíduo bilíngue/multilíngue, multicultural/pluricultural, e, no caso da presente pesquisa, em situação de imersão no contexto de fala da língua-alvo. Palavras-chave: Linguística Aplicada; Português Língua Adicional; Bilingualidade; Multiculturalismo/Pluriculturalismo; Terminologias.

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Os fios de Ariadne: uma discussão teórica sobre métodos visuais e a proposta de Krumm

Mariana Kuhlmann

Resumo: O título do estudo que se apresenta é inspirado no mito de Ariadne: Teseu, por quem ela era apaixonada, é encarregado de executar o Minotauro, um terrível monstro que habitava um labirinto. Receosa de que Teseu nunca mais retornasse Ariadne lhe presenteia com um fio e com a recomendação de que ele desenrole o carretel enquanto estiver circulando pelo labirinto. Desse modo, Teseu poderia circular pelo labirinto sem se perder. Supomos que a labiríntica experiência da assimilação cultural deixa o sujeito em uma situação de humilhação social. Tal situação pode forçá-lo a se desfazer de sua(s) língua(s) materna(s), seus fios de Ariadne. Isso não necessariamente ocorrerá, uma vez que a língua materna consiste em uma orientação fundamental do sujeito. O presente artigo propõe uma discussão teórica dedicada a abordar os métodos visuais, sobretudo a proposta de Krumm. Para desenvolver essa proposta, serão tratados três temas principais, vinculados aos estudos das identidades linguísticas em contextos de multilinguismo: histórias linguísticas, métodos visuais e o modelo dos retratos linguísticos de Krumm. Os retratos linguísticos de Krumm, um dos chamados “métodos visuais” empregados recentemente nos estudos linguísticos para enfocar as relações psicoafetivas que o sujeito estabelece com a sua língua materna e com a língua estrangeira. Consideramos que tanto a discussão quanto a análise propostas consistem em um estudo experimental que se buscará investigar em que medida é possível conciliar métodos visuais e questões linguísticas com vistas a atingir uma maior compreensão sobre a configuração da condição de sujeitos multilíngues que se encontram socialmente vulneráveis. Palavras-chave: Métodos visuais. Retratos linguísticos. Identidades linguísticas.

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Da escrita ao letramento acadêmico: por uma abordagem de letramento acadêmico

Michele SIQUEIRA

Resumo: Este artigo é parte de minha tese de doutoramento, a qual se encontra em construção. A parte que constitui aqui este artigo trata-se de uma reflexão teórica sobre as perspectivas de escrita e de letramento, apontando um deslocamento da ênfase da escrita e sua função de registro para seu papel de comunicação, com o objetivo de chamar a atenção para sua natureza enunciativa. A partir das mudanças conceituais e funcionais da escrita, procura-se observar suas implicações para o conceito de letramento e de letramento acadêmico através de uma breve retrospectiva de conceituação do termo e da exposição das diferentes abordagens de letramento acadêmico. Por fim, assinala-se o potencial da abordagem de letramento acadêmico, conforme Lea e Street (1998), para a transformação do ensino de escrita na escola/universidade. Palavras-chave: Escrita; Enunciação; Letramento; Letramento Acadêmico.

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A consciência metatextual aplicada nas tarefas do exame Celpe-Bras

Rosana Salvini CONRADO

Resumo: Este artigo propõe uma investigação a respeito da aplicação de conhecimentos metatextuais, necessários para o cumprimento das tarefas que constituem o Exame Celpe-Bras. Tal exame é aplicado para medir o nível de proficiência em Português de falantes de outras línguas e tem como principal característica a organização em tarefas integrativas, que conduzem à produção de quatro textos, a partir da leitura de textos base, também chamados de insumos. Tomamos como base o Modelo de Processamento de Texto proposto por Kintsch & van Dijk(1978) , sobretudo no que diz respeito à representação do modelo situacional, que inclui o conhecimento sobre os diversos tipos e gêneros textuais (Kintsch, 1988; Kinttsch & Rawson, 2013). Recorremos à Psicologia Cognitiva para ancorar nossa análise no que definem Tunner e Herriman (1984) e Gombert (1992) ao subdivividerem a classificação da consciência metalinguística e considerarem a importância da consciência metatextual, o foco de atenção do indivíduo em relação ao uso da linguagem como objeto e como fonte de análise. A proposta de pesquisa aqui apresentada pode ser útil para o aprimoramento das tarefas do Exame e também do processo de preparação dos examinandos, uma vez que o conhecimento metatextual é requisito para o cumprimento das ações que se estabelecem nos enunciados de tais tarefas. Palavras-chave: Consciência Metatextual; Celpe-Bras; Tarefas integrativas; Gêneros textuais

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A prosódia do filler “este” da língua espanhola: leituras pragmáticas

Telma Aparecida FÉLIX DA MATTA CCORI

Resumo: No presente trabalho discutem-se algumas perspectivas de análise da linguística contemporânea sobre o fenômenbo tradicionalmente denominado pausa preenchida nos estudos gramaticais e apresentam-se resultados de uma análise comparativa entre as características acústicas da palavra morfológica este da língua espanhola em uso referencial (adjetivo/pronome) e em uso metadiscursivo (filler/ marcador discursivo). Com o trabalho tenciona-se verificar se em uso metadiscursvo é possível identificar para a palavra apresenta as mesmas regularidades quanto aos parâmetros F0 (frequência fundamental) e duração, encontradas para o uso referencial em trabalhos anteriores na literatura. A hipótese que levantamos é a de que em uso metadiscursivo encontram-se diferentes padrões de F0 e duração para a palavra, cada deles correspondente a um distinto matiz semântico-pragmático. O corpus utilizado na investigação é composto por vídeos publicados no website YouTube, todos circunscritos à mídia mexicana. A coleta do material audiovisual se deu seguindo os critérios “ser entrevista a uma personalidade do mundo dos esportes’’, e conter pelo menos uma ocorrência metadiscursivo de este. Os softwares Speech Filling System e Exprosódia foram utilizados como ferramenta de análise acústica. O trabalho se insere dentro do domínio dos estudos prosódicos, utilizando-se procedimentos da Fonética Experimental, e recorrendo-se subsídios da Psicolinguística para a interpretação qualitativa dos dados. Palavras-chave: Prosódia; Pragmática; Análise do discurso, Fillers; Língua Espanhola

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Análise da atenuação pragmática em materiais didáticos de PLE: estudo de situações comunicativas "ao telefone"

Yedda Alves de Oliveira Caggiano BLANCO

Resumo: O objetivo do estudo é mostrar como a atenuação pragmática se apresenta, ou não, nos manuais de ensino de português como língua estrangeira (PLE). A atenuação, segundo Albelda e Briz (2014), enquanto atividade argumentativa e retórica, tem a função de prevenir, preservar e reparar a imagem e, por tal motivo, o seu uso está relacionado a procedimentos linguísticos específicos que são determinados pelo contexto em que são realizados. Também apresentaremos as estratégias linguísticas empregadas com a finalidade pragmática de aproximar ou, pelo menos, não afastar os interlocutores, bem como buscaremos a descrição analítica de outras nuances pragmáticas presentes nos enunciados escolhidos. O corpus da presente análise será constituído por situações comunicativas, denominadas genericamente "Ao telefone", extraídas de três manuais didáticos de PLE, Fala Brasil; Bem-vindo; e Falar, ler e escrever português: um curso para estrangeiros. Metodologicamente, para análise dos procedimentos linguísticos de mitigação, aplicaremos a proposta de análise da atenuação pragmática do projeto ES.POR.ATENUAÇÃO. Segundo Albelda e Briz (2014), tal metodologia constitui uma perspectiva analítica que serve, de forma homogêna, para a análise contrastiva das linguas portuguesa e espanhola, e suas variantes regionais, e tem a finalidade de ser um marco comum de análise empírica qualitativa e quantitativa da atenuação. Com tal instrumento, buscaremos não só quantificar como também qualificar analiticamente os enunciados extraídos desses manuais de ensino de PLE. Consideramos que este estudo pode revelar novos caminhos para o entendimento das situações discursivas no ensino de língua portuguesa adicional e, no caso, revelar uma imagem social do falante de português brasileiro que precisa ser compreendida, decodificada e estar expressa nos materiais de PLE para que o aprendente tenha condições de adquir esse conhecimento pragmático. Palavras-chave: Pragmática; Atenuação; Materiais didáticos; Es.por.atenuação

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Linguística Textual e Teorias do Discurso no Português

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O discurso sobre relacionamentos abusivos no vídeo Não tira o batom vermelho1

Adriana MOREIRA PEDRO

Resumo: Neste artigo abordaremos como se dá o discurso sobre relacionamentos abusivos no vídeo postado em 2015 no YouTube intitulado “Não tira o batom vermelho” da influenciadora digital Jout Jout. Por meio das redes sociais e da internet, muitos temas que não eram comuns serem abordados pela sociedade tiveram a chance de fazer as pessoas refletirem e se expressarem sobre como se sentem com relação a determinados assuntos e a falar sobre eles, discutir, o que não era normal. Assim, as mulheres, por exemplo, começaram a se reconhecer umas nas outras e se unirem conjuntamente em pautas relevantes para todos como é o caso dos relacionamentos abusivos, tão comuns e tão “naturalizados”em nossa sociedade. Dessa forma, neste trabalho faremos uma breve análise do discurso de Jout Jout em seu vídeo que foi visualizado por milhões de pessoas nas redes e aborda os relacionamentos abusivos de forma descomplicada, querendo “abrir os olhos” das pessoas que passam por isso ou que conhecem alguém que esteja nesta situação. Para tanto, abordaremos a teoria tridimensional de Fairglough, que faz parte da análise crítica do discurso, e a teoria da Avaliatividade, mais epecificamente as categorias afeto, julgmamento e apreciação, que fazem parte da teoria sistêmico-funcional. Dessa forma, queremos observar como se dá esse discurso no YouTube. Palavras-chave: Análise crítica do discurso; YouTube; Relacionamentos abusivos; teoria da Avaliatividade; Norman Fairclough.

1 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001

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Por um conceito de posicionamento enunciativo estendido a todos os seres discursivos

Alvaro Magalhães Pereira da SILVA

Resumo: O presente artigo tem por objetivo defender a conveniência de se romper com certa tradição nos estudos da enunciação que costuma relacionar a noção de posicionamento enunciativo preeminentemente à instância produtora do discurso ou à sua imagem no enunciado. Advoga-se a extensão do conceito a todos os seres discursivos que se projetam no enunciado. Na primeira parte do artigo, realiza-se uma breve revisão da bibliografia acerca do conceito e propõe-se a definição de posicionamento enunciativo como as relações de acordo/desacordo, com suas possíveis gradações, projetadas no enunciado entre os seres discursivos que emergem na enunciação e pontos de vista encenados pelos quais tais seres discursivos não se responsabilizam. Na segunda metade do artigo, analisa-se um quadro publicado no jornal Folha de S.Paulo acerca das autorizações e vetos à entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha eleitoral de 2018 a fim de exemplificar como a conceituação estendida de posicionamento enunciativo é capaz de evidenciar uma rede de relações entre seres discursivos tecida no enunciado. Conclui-se serem relevantes estudos adicionais que proponham uma mais bem definida categorização dos possíveis tipos de posicionamento enunciativo, além de um aprimoramento na representação gráfica da rede de relações entre seres discursivos tecida a partir deles no enunciado. Palavras-chave: Posicionamento Enunciativo; Polifonia; Lingúistica da Enunciação; Pragmática Enunciativa; ScaPoLine.

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A simbologia da cultura popular nas cenas de Game of Thrones: uma análise verbo-visual da carnavalização e do grotesco

Ana Carolina PAIS

Resumo: Este artigo tem como objetivo compreender como as simbologias da cultura popular são construídas por meio da linguagem verbo-visual, tendo como foco de análise uma produção audiovisual. Aqui procuramos priorizar a análise do sincretismo desses discursos, verbal e visual, trazendo o pensamento do teórico russo Mikhail Bakhtin e do Círculo para nos auxiliar. Assim, para atingir tal finalidade selecionamos como corpus analítico a série televisiva norte-americana Game of Thrones. Especificamente, focaremos nossa atenção nos efeitos de sentido da simbologia da cultura popular no que concerne aos elementos da carnavalização e do grotesco. Para tanto, apresentamos inicialmente uma breve revisão da teoria bakhtiniana sobre a cultura popular e depois sobre a significação da verbovisualidade dentro da Metalinguística. Logo após, passamos para a análise dos signos verbais e visuais de forma separada, ou seja, interpretamos primeiramente o discurso verbal presente nas legendas em língua portuguesa para depois partirmos para a análise do discurso visual, captado por nós por meio de printscreams (still) das cenas e da elaboração de fotomontagem para facilitar a visualização. Logo em seguida, o sincretismo verbo-visual desses elementos do popular é colocado à ser compreendido. As cenas foram selecionadas, dentro da gama de temporadas e episódios já lançados da série desde 2011, levando-se em consideração aquelas que mais pudessem nos trazer elementos da cultura popular e maior mescla verbo-visual, ou seja, cenas com poucos diálogos ou longos períodos de trilha sonora foram descartadas. Palavras-chave: Metalinguística; Verbo-visualidade; Bakhtin; Carnavalização; Grotesco.

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Uma análise da descortesia como mecanismo discursivo de persuasão em interações polêmicas: o debate político

Ana Paula ALBARELLI

Resumo: Este estudo tem como propósito investigar a (des)cortesia, um fenômeno linguístico-discursivo, cujo uso, em determinados tipos de situações comunicativas – o debate político – assume função estratégica. No debate eleitoral, as estratégias descorteses cumprem, sobretudo, a finalidade de promover a polêmica com vistas a persuadir um terceiro participante que, conquanto não participe fisicamente do quadro participativo verificado no debate eleitoral, configura-se no destinatário privilegiado (Kerbrat-Orecchioni, 2006), para o qual o programa efetivamente se destina: o eleitorado. Trata-se de um discurso marcadamente agonal, no qual se observa um “duo conflitual”, estabelecido entre os debatedores, com o intuito de mobilizar os eleitores em potencial a aderirem a um discurso que se erige em oposição a um contradiscurso. Cumpre observar que, nesse tipo de contrato interlocutório, a polarização entre os participantes, intrínseca a esse gênero discursivo, pode ser observada pelo emprego de estratégias de autonomia/refratariedade e de afiliação exacerbada (Kaul de Marlangeon, 2005) que, por sua vez, são concretizadas na materialidade do texto, por meio, sobretudo, de formas dêiticas pessoais. No debate eleitoral, a manipulação do âmbito de referência do falante ocorre de modo deliberado pelos debatedores que, ora fazem uso de um “nós inclusivo”, a fim de estabelecer o que Blas Arroyo (2011) denomina como “coalisão com o eleitorado”, ora de um “nós exclusivo”, por meio do qual os candidatos excluem, de sua esfera de referência, o candidato rival e seus correligionários, aprofundando o dissenso. Propomo-nos, assim, analisar que tipo de mecanismos linguístico-discursivos operam de modo a realizar as estratégias de descortesia empregadas pelos debatedores, à luz da Pragmática Sociocultural. O corpus constitui-se do debate eleitoral, realizado no segundo turno, entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, na ocasião das eleições presidenciais de 2014. Palavras-chave: Imagem; Descortesia; Estratégias; Dissenso; Debate.

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Uma versão sociocognitiva do processamento do discurso

Breno Wilson MEDEIROS

Resumo: Neste artigo, apresentaremos uma metodologia de análise do processamentodo do discurso, conforme o fundador da Análise Crítica do Discurso de linha sociocognitiva, Teun A. Van Dijk, selecionou e publicou na sua última obra de introdução à análise do discurso. Baseando-nos no método de coleta de corpus, analisaremos uma das três primeiras notícias publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo a respeito do julgamento do processo conhecido como ADPF 54. O tópico deste processo versava se a interrupção da gestação de fetos anencéfalos seria considerada crime de aborto ou uma medida terapêutica necessária para proteger de um ponto-de-vista biopsicosocial a saúde da gestante. Observamos na notícia um objeto do discurso multifacetado. O multiculturalismo parece ser a escolha ideológica do maior jornal do Brasil. Teoricamente, compartilhamos com a comunidade científica uma síntese de uma teoria extensa e complexa como a Teoria do Contexto de Van Dijk. À guisa de conclusão, observamos, ainda, a necessidade de interpelar o autor da teoria pessoalmente, devido ao fato da questão referente a como todos os vértices do triângulo se interrelacionam durante o processamento do discurso. Aparentemente, parece ter um vazio no vértice que liga o discurso ao social diretamente e a teoria da cena de Maingueneau seria uma das possibilidades para a definição da situação comunicativa. Haveria outra proposta, feita em língua inglesa, para a questão da definição da situação comunicativa conforme somos sugeridos? Essa é uma das perguntas que nós pretendemos fazer a ele. Palavras-chave: Análise Crítica do Discurso; Sociocognição; Processamento do discurso; Common-ground; Contexto.

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Estudo retórico – argumentativo do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna

Camila ALDERETE CAPITANI

Resumo: A partir das obras de Chaim Perelman e Rui Grácio, bem como de continuadores da corrente retórica neo-aristotélica, analisa-se, neste artigo, a situação argumentativa construída em trechos da obra Auto da Compadecida de Ariano Suassuna. Destaca-se o confronto de discursos e a negociação da diferença entre os indivíduos por meio da retórica. Assim, o assunto em questão é desvelado e pode-se compreender as inúmeras possibilidades que uma leitura retórico-literária pode proporcionar. Palavras-chave: Retórica; Argumentação; Ariano Suassuna; Auto da Compadecida; Literatura

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A história se repete: uma visão crítico-discursiva de notícias sobre agressão ao meio ambiente

Célia Regina ARAES

Resumo: a partir de três notícias sobre queima de petróleo, entrada ilegal de mercúrio no país e construção de uma usina nuclear flutuante na Rússia, este artigo tem como objetivo buscar fatos históricos mais remotos que estabelecem relações com os acontecimentos atuais e analisar o discurso criticamente. Trata-se do ‘Desastre de Minamata’, acidente com o navio Exxon Valdez e a explosão da usina nuclear de Chernobyl que tem ligação estreita com fatos retratados nos textos que foram extraídas do jornal Folha de S.Paulo on line no período de maio a agosto de 2018. Em circunstância de perigo iminente, os textos jornalísticos não enfatizam os possíveis danos que a sociedade já sofreu e ainda pode sofrer com atitudes industriais em busca de desenvolvimento a todo custo. Para tanto, serão utilizados os referenciais teóricos da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989 e 1992), Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY, 2004) com as categorias do Sistema de Avaliatividade e suas subcategorias, Atitude, Engajamento e Gradação (Martin & White, 2005), que revela com fidedignidade os elementos interpessoais da linguagem. Como o tema central é a agressão ao meio ambiente no Brasil e no mundo, além de suas consequências sociais, também serão adotados os pressupostos da Ecolínguística (Couto, 2009) para compreender os discursos de denúncia em favor da vida contra dramas que podem ser evitados. Palavras-chave: Discurso; Mídia; Ecologia; Denúncia; Indústria.

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Referenciação e categorização em reportagem sobre a geração millennials

Claudia BERGAMINI

Resumo: Este artigo procura investigar as ações cognitivas de referenciação e categorização presentes na reportagem “Os millenials, lamentamos informar, são coisa do passado.”, publicada na Revista IstoÉ, cujo título em 30 de novembro de 2017, de autoria de Gian Kojikovski. O objetivo com a análise proposta é levantar hipóteses preliminares sobre as ações cognitivas de categorização apresentadas na reportagem, através de uma análise linguístico-textual, de modo que essas hipóteses possam ser verificadas futuramente em análises comparativas entre diversas reportagens midiáticas. Assumindo que o jornalismo possui forte influência na categorização de atores e grupos sociais, o reconhecimento de categorias geracionais na reportagem em foco pode indicar sua legitimação social e, portanto, trazer consequências ao ambiente organizacional. A interface entre os estudos discursivos e organizacionais ocorre sobretudo restrita ao tema e apresenta enfoque linguístico no reconhecimento das ações de categorização, orientadas pelos pressupostos teóricos de Lakoff (1990[1987]) e Marcuschi (2005a, 2005b), e de referenciação, elucidados nos estudos de Koch (2014, 2015). O viés da análise discursiva está baseado na concepção da Análise Crítica do Discurso, cujo principal representante é Fairclough (2001), que considera o discurso como ação social relacionada à prática social e aos modelos mentais construídos a cada interação com o texto. Palavras-chave: Referenciação; Categorização; Millennials; Geração; Organizacional.

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O uso da repetição na formação das identidades discursivas em entrevista com um “menor infrator”

Denilson SILVA

Resumo: Neste trabalho, estudamos como as identidades podem emergir dos sistemas representacionais construídos socialmente. Para tal, utilizamos uma interação face a face com um “menor infrator” em uma unidade socioeducativa prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil. Primeiro problematizamos como a questão identitária está em pauta no mundo contemporâneo e como ela passou de um sujeito centrado para um sujeito cujas identidades são fragmentadas e fluidas na sociedade contemporânea (HALL, 2004; BAUMAN, 2005a; WOODWARD, 2000) especialmente as identidades daqueles considerados outsiders (BECKER, 2008). Também, analisamos como as identidades são formadas no e pelo discurso, por meio de recursos linguístico-discursivos e, para tal, escolhemos a repetição (MARCUSCHI, 2015), um processo de reformulação bem usado na conversação. A entrevista com o “menor infrator” apresentou, em um primeiro momento, a afirmação de uma “identidade de infrator” que não pode ser negada e é observada por meio de escolhas lexicais como verbos que representam ações que o levaram às atividades ilícitas. Da mesma forma, o falante utiliza as repetições para reforçar o argumento de que não reincidirá em atos infracionais e endossa o discurso da unidade socioeducativa bem como o discurso da família e de outras instituições de que a vida de infrator não é proveitosa, demonstrando assim, o que chamamos de “identidade da transformação”. Palavras-chave: Identidades; Discurso; Outsiders; Menor infrator; Repetição.

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Expressões Idiomáticas – sentido e contexto discursivo: uma abordagem léxico-discursiva

Fabiane de Oliveira ALVES

Resumo: Este artigo apresenta os resultados preliminares da pesquisa que busca averiguar a construção do sentido das Expressões Idiomáticas (EI) e as relações e implicações que decorrem de sua atuação/aplicação no contexto discursivo. Assim, considerando um constructo teórico com enfoque léxico-discursivo, apoiado em Dijk (2012) e Biderman (2001), dentre outros, serão apresentados o estudo de três EI extraídas de crônicas de Carlos Drummond de Andrade – corpus que permite a observação desse tipo de estrutura lexical complexa em contexto – dispostas em um modelo experimental de análise que (co)relaciona as partes, o todo composicional, as (possíveis) variantes decorrentes do discurso e as implicações na concepção do sentido. A concepção que norteia esta pesquisa centra-se na hipótese de que, embora as EI sejam estruturas (relativamente) fixas, a flexibilidade a que são passíveis – ainda que limitadas a parâmetros de difícil delimitação – não se relacionam meramente às adequações número-pessoais, mas também – e de modo bastante determinante – às circunstâncias impostas pelo contexto discursivo que, a seu turno, contribuem e atribuem a última camada na estrutura de significação desse tipo de estrutura fraseológica complexa. Ademais, a despeito da premissa de que o sentido de uma EI não decorre da soma dos sentidos individuais das partes que a constitui, é possível estabelecer graus de ligação em um continuum que vai da maior à menor proximidade entre o sentido literal das partes e o sentido figurado do todo composicional. Palavras-chave: Expressões Idiomáticas; Sentido Literal; Sentido Figurado; Contexto

Discursivo; Léxico.

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Interação verbo-pictórica em vídeos de youtubers: um estudo sobre o status e as relações lógico-semânticas2

Gabriel ISOLA-LANZONI

Resumo: Este trabalho visa a discutir a interação entre as modalidades verbal e pictórica em produções audiovisuais de youtubers, procurando atentar tanto para os modos pelos quais se articulam, em termos de dependência ou independência na configuração de uma unidade informacional, quanto para as relações lógico-semânticas que as constituem, a fim de, numa etapa posterior da pesquisa, compreender seu papel no processo de convencimento ou persuasão da audiência. Como aparato teórico para o estudo, parte-se da perspectiva sistêmico-funcional da linguagem (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), em especial, do sistema de TRANSITIVIDADE (FUZER; CABRAL, 2014; LAVID; ARÚS; ; ZAMORANO-MANSILLA, 2010; GONÇALVES-SEGUNDO, 2014) e dos sistemas de RELAÇÕES VERBO-IMAGÉTICAS em mídias (MARTINEC; SALWAY, 2005) e de CONSTRUÇÃO INTERMODAL (UNWORTH, 2006), por possibilitarem compreender os esquemas de relações lógico-semânticas entre as modalidades, a partir de uma extensão do que foi proposto no estudo da função lógica em complexos oracionais. A partir da análise – relativa ao vídeo “Você está em uma BOLHA SOCIAL? Descubra!” de autoria de Felipe Castanhari, do Canal Nostalgia (YouTube) –, foi possível depreender diferentes padrões de dependência, de dominância e de articulação entre as modalidades verbal e pictórica, bem como a instanciação de relações de elaboração, extensão e realce, sinalizando uma complexidade a se considerar em estudos de textos multimodais de caráter argumentativo em plataformas virtuais. Palavras-chave: Relações lógico-semânticas; Multimodalidade; Linguística Sistêmico-Funcional; YouTube.

2 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. E-mail: [email protected].

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Discurso político no Facebook: uma reflexão sobre ideologia e identidade

Josane PINTO

Resumo: Este estudo tem como suporte teórico as pesquisas de Crystal (2006, 2010) sobre Linguística da Internet; as de Fairclough, Mulderrig e Wodak (2011) e de van Dijk (2010, 2011) sobre Estudos Críticos do Discurso; as de Charaudeau (2011) e Pinto (2006) sobre Discurso Político. Estabelecemos como objetivo: identificar a estratégia de interação geral usada nas postagens, a fim de observar as identidades desses grupos e a possível manipulação político-social. Como percurso metodológico, optamos pela abordagem qualitativa e o nosso corpus é constituído pelas postagens dos grupos políticos nas suas páginas no Facebook: Poder ao povo, Eu era Direita e Não sabia e Movimento do Povo Brasileiro. Nesse sentido, verificamos nas primeiras análises das postagens que o uso dessa estratégia é um ponto em comum nos três grupos. A relevância dessa pesquisa se encontra no fato de ressaltarmos que, por meio das postagens no Facebook, podemos entender a situação política atual do Brasil. Palavras-chave: Discurso Político; Estudos Críticos do Discurso; Identidade; Manipulação; Facebook.

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A enunciação na rede social Facebook 3

Katiuscia C. SANTANA

Resumo: O advento da internet e de novas formas de comunicação tem mudado a relação estabelecida entre o sujeito e o mundo. Neste sentido, as redes sociais na internet surgem como uma nova possibilidade de participação e interação social, onde tempo e espaço se confundem. Devido a essas características, este trabalho tem como objetivo apresentar as especificidades da enunciação na rede social Facebook. Trata-se de uma rede social virtual que conecta pessoas e empresas do mundo inteiro por meio de perfis reais de pessoas ou de instituções. Os usuários criam um perfil e produzem conteúdo, a rede social possibilita que todos publiquem. Desta maneira, as redes sociais criam um ambiente de convivência instantânea, onde se instaura uma cultura cooperativa. A troca comunicativa entre os participantes é a atividade principal da rede e se tornou uma ferramenta onde os indivíduos constroem laços sociais atualmente. Partindo da premissa que a comunicação mediada pelo computador se assemelha à conversação real, estabelecemos a organização do processo enunciativo entre um emissor e um receptor virtual com base com base nos estudos da Análise da Conversação e da Pragmática. Observamos que a conversação virtual também é guiada por rituais comunicativos e que a interpretação de uma mensagem depende do contexto específico de comunicação e da intenção do emissor. O receptor virtual deve, assim, mobilizar sua competência linguística e cultural para interagir de maneira bem-sucedida na rede. Palavras-chave: Enunciação; Rede social; Internet; Análise conversacional; Pragmática.

3 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -

Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001

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Discurso, Cognição e Argumentação - a aquisição da linguagem no plano ideológico em textos infantis no período do nazismo

Letícia Fernandes de BRITTO-COSTA

Resumo: Na intenção de se estudar a aquisição de saberes nos discursos - como proposto pela Análise Crítica do Discurso - produzidos por crianças durante o regime nazista, o presente artigo busca seguir uma linha teórica que permita a associação entre pesquisas da área da linguística e da cognição. Assim, nos apoiamos nos conceitos de Damásio (2011) e Clark (2006) a respeito dos estudos de cognição, e nas teorias dos linguistas van Dijk (2012, 2014 e 2016) e Vicente (2014). O aparato teórico de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996 [1958]) e Klein (1981) nos forneceram categorias de análise linguístico-discursivas no plano argumentativo para investigarmos tais questões nos textos selecionados - os valores argumentativos e as validades coletivas e aceitáveis, respectivamente. Nosso corpus de análise se constitui de três cartas escritas por crianças veiculadas no jornal escolar "Hilf mit!", que circulou na Alemanha durante o governo de Adolf Hitler. Os resultados obtidos apontam para uma estagnação da aquisição de uma consciência política mais crítica por parte das crianças, devido aos mecanismos de poder impostos pelo Estado nazista. Palavras-chave: Discurso; Cognição; Argumentação; Aquisição.

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Relações de poder em sala de aula

Luana Clementino Chalegre

Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar as relações de poder por meio de interações na sala de aula, contemplando as negociações entre os partícipes e a construção de identidade. O estudo toma por base as observações de aulas de Língua Portuguesa ministradas para diferentes turmas de Ensino Fundamental II, retiradas de diários de observação e relatórios de estágio. As análises são fundamentadas nas contribuições da Análise da Conversa Etnometodológica, por meio de estudos de Jung (2009) e da Análise Crítica do Discurso, conforme Van Dijk (2012 e 2015). Este estudo procura compreender, com o auxílio dos estudos críticos do discurso, o funcionamento social da linguagem, abordando a relação entre estrutura, prática e ação social em diferentes interações e contextos em sala de aula. Por fim, busca verificar os papéis dos agentes e analisar as relações de poder instauradas em decorrência das interações e como os atores sociais resistem ou sucumbem à dominação. Palavras-chave: Análise do discurso; Identidade; Interação; Poder; Sala de aula.

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A multimodalidade nas propagandas de Instituições Financeiras em revistas dos anos 80

Lucimar Regina Santana RODRIGUES

Resumo: Este artigo pretende analisar duas propagandas do Banco Real da década de 80,

veiculadas nas revistas impressas Veja e Claudia. O objetivo é compreender o contexto socio-

histórico-econômico em que o discurso das instituições financeiras estava inserido e os recursos

multimodais utilizados nas propagandas direcionadas a públicos distintos (público geral adulto

e público específico feminino) em revistas de circulação nacional. Os anos 80 comportaram um

conturbado período pós ditadura de altíssima instabilidade financeira, inflação e enorme dívida

externa. Essa década representou um momento de paradoxos, pois ao mesmo tempo em que o

Brasil vivia uma grande crise econômica, diversos países abriram suas portas para as

importações e exportações, vislumbrando-se a abertura e oportunidade para negócios

promissores; ao mesmo tempo que o país atravessava um caos inflacionário, despontava o

período de maior evolução tecnológica de todos os tempos. Financeiramente as propagandas

eram inviáveis, mas estrategicamente eram necessárias, senão imprescindíveis para a

manutenção da carteira de clientes das instituições financeiras, que tinham que oferecer

serviços eletrônicos, mas também manter um bom e saudável relacionamento pessoal com os

seus consumidores. Em meio a tudo isso, estavam as propagandas com seus recursos discursivos

persuasivos para criar efeitos sobre os clientes e garantir uma imagem positiva para as

instituições financeiras, seus anunciantes em revistas impressas. A partir de elementos verbais

e imagéticos do discurso da propaganda realizamos as análises com base nos processos e

categorias da Gramática do Design Visual, de Kress e Van Leeuwen, numa perspectiva da

multimodalidade. Considerando o papel crucial da propaganda e seu poder de persuasão e

sedução, a fundamentação teórica está centrada nos postulados de Wolf (2009), Charaudeau

(2010, 2016) e Sandmann (2012) e em outros autores como Amossy (2018), Almeida (2016)

entre outros.

Palavras-chave: Discurso; Propaganda; Contexto; Multimodalidade; Imagem.

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A abordagem conciliatória da noção de poder em Norman Fairclough: entre Marx e Foucault4

Mariana GOMES DA CRUZ

Resumo: O artigo “Marx as a critical discourse analyst” (posteriormente MCDA), de Norman Fairclough e Philip Graham, busca apontar as intersecções entre o que os seus autores denominam método crítico marxista e a Análise Crítica do Discurso (ACD). Partimos do reconhecimento de que tal tarefa é, no mínimo, polêmica, uma vez que o pensamento marxista, em autores como Jameson (1991) e Eagleton (1991), refere-se criticamente à análise do discurso (à área de maneira abrangente e, sobretudo, à sua centralidade para o pensamento pós-estruturalista), possibilitando-nos questionar, por exemplo, a primazia da categoria de representação que acompanha o desenvolvimento dos estudos discursivos. Com base no debate existente entre essas duas correntes de pensamento das ciências humanas (pós-estruturalismo e marxismo), julgamos importante declarar que o posicionamento a partir do qual o presente artigo se constrói é de reconhecer como legítima a crítica marxista e suas colocações sobre a análise do discurso, de modo que objetivamos dar continuidade a essas reflexões. Para tal, analisamos a noção de poder em Fairclough, considerando que esta categoria se constrói a partir de uma tensão entre as perspectivas de Marx e Foucault, aos poucos estabelecendo um movimento conciliatório. Apropriando-nos da visão de Callinicos (1990) sobre a pós-modernidade, buscaremos argumentar que propor uma conciliação, neste caso, fragiliza a aproximação de Marx que é defendida em MCDA. Palavras-chave: Marxismo; Análise Crítica do Discurso; Pós-estruturalismo; Materialismo histórico-dialético; Pós-modernidade.

4 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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Telejornalismo e propaganda: as relações linguístico-discursivas entre informação televisiva e publicidade

Patrícia Aparecida da SILVA

Resumo: O estudo a ser desenvolvido visa à análise de alguns aspectos das relações entre informação televisiva e publicidade no sistema telejornalístico brasileiro, tendo-se em vista os pressupostos teóricos da Análise do Discurso - representada, sobretudo, pelas pesquisas de Bakhtin (2004) e Maingueneau (2005) - e da Análise da Conversação - por intermédio das contribuições de Marcuschi (1986). Com esse objetivo, serão enfatizadas as características linguístico-discursivas dos telejornais e das propagandas que integram seus intervalos comerciais, ressaltando-se o caráter persuasivo da veiculação de notícias. Também será observado o modo pelo qual a internet e os textos de circulação digital interferem nessas relações entre informação televisiva, publicidade e audiência. Palavras-chave: Telejornalismo; Linguagem; Audiência; Internet; Persuasão.

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O posicionamento avaliativo do leitor sobre o tema da Reforma da Previdência em Cartas do Leitor

Sandra Gomes RASQUEL

Resumo: O presente trabalho busca compreender a representação do leitor sobre o tema da reforma da Previdência, através do Sistema da Avaliatividade de Martin e White (2005) e de conceitos da Análise Crítica do Discurso, a fim de depreender como os leitores/falantes se posicionam frente ao tema. A escolha do tema se deu por ser uma questão social importante que está em tramitação no Congresso e que, se aprovada, afetará a conquista da aposentadoria e as condições em que ela se consumará, afetando a vida dos aposentados brasileiros. O corpus é composto por 10 cartas do leitor, do período de 2016 a 2018, colhidas na edição online de jornais paulistas, que responderam ou comentaram acerca desse tema. Assim, também foram estudadas as noções de dialogismo e heteroglossia de Bakhtin e Volóchinov (2006), conceitos importantes no sistema da Avaliatividade. A metodologia desta pesquisa é qualitativa, e foram discutidos os resultados mais relevantes. O presente estudo é uma versão parcial de um trabalho a ser desenvolvido, com um corpus mais expressivo, em nossa dissertação de mestrado; desse modo, os resultados encontrados são parciais, mas indicam dados importantes sobre o posicionamento e o engajamento do leitor sobre a questão da reforma da Previdência. Palavras-chave: Avaliatividade; Análise Crítica do Discurso; Dialogismo; Cartas do Leitor; Reforma da Previdência.

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Estilística e gramática: diálogos possíveis

Sueli SILVA

Resumo: Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa sobre como a estilística é abordada em gramáticas brasileiras. Trata-se de uma investigação que faz parte de uma tese de doutorado em andamento cujo objetivo é contribuir para o ensino de língua de modo a considerar a gramática de base estilística como uma abordagem teórico-metodológica. Para tanto, orientada pela concepção de estilística constitutiva do enunciado a partir das escolhas no campo da expressão baseadas nas intenções do sujeito em relação a seu interlocutor e, sob a hipótese de que não encontraríamos um terreno fértil nessa busca, pesquisamos como se constitui essa abordagem em reconhecidas gramáticas brasileiras de grande circulação. Contrariamente à nossa hipótese inicial, os resultados revelaram que boa parte delas apresenta tal abordagem sobretudo a partir das noções de figuras de linguagem, figuras de construção, figuras de sintaxe etc.; dos modos como relaciona discurso a estilo, especialmente o discurso citado (discurso ou estilo direto, discurso ou estilo indireto e discurso ou estilo indireto livre); e de considerar elementos característicos do texto literário, como os que envolvem as noções de versificação. Identificamos, ainda, a concepção de uma estilística com ênfase no aspecto mais individual a partir de refinadas ou “adequadas” escolhas do sujeito, e de uma estilística como a língua, constituída socialmente por meio de diferentes sujeitos em diferentes contextos de uso. A partir de então, verificaremos como as abordagens das gramáticas dialogam com a perspectiva bakhtiniana de estilística, a estilística metalinguística, a estilística do gênero. Palavras-chave: Gramática; Estilística; Estilo; Ensino de língua; expressividade

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Gestos verbais de empatia e as provas retóricas: exame das relações com o logos

Winola WEISS

Resumo: O presente artigo está inserido no âmbito de uma pesquisa de mestrado que trabalha com a hipótese de que gestos verbais de empatia e de antagonismo podem ser utilizados de forma estratégica no âmbito das três provas retóricas: pathos, ethos e logos. Nosso objetivo, nesta ocasião, é analisar o uso de gestos de empatia como estratégia argumentativa no âmbito do logos. Para tanto, acompanhamos a progressão referencial dos objetos do discurso “heterofobia” e “racismo reverso” no vídeo “HETEROFOBIA E RACISMO REVERSO EXISTEM? | Louie Ponto e Nátaly Neri”, postado no canal LouiePonto no dia 15 de maio de 2017. Baseando-nos nas etapas do processo argumentativo (FIGUEIREDO; FERREIRA, 2016), procuramos discernir em que momentos os gestos de empatia foram recrutados e de que maneira participaram da construção dos argumentos. Tendo em mente as particularidades da plataforma, isso nos permitiu refletir sobre a inscrição do auditório na materialidade linguística, bem como contextualizar o posicionamento das oradoras no discurso do ativismo progressista no Brasil contemporâneo. Por fim, procedemos ao esboço da noção de antagonismo empático elaborada a partir de Gonçalves-Segundo. O aporte teórico utilizado nesta investigação é composto pelo modelo de Empatia do projeto Living With Uncertainty (CAMERON, 2011, 2013), pela Análise Argumentativa do Discurso (AMOSSY, 2018) e por considerações de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2002 [1958]) sobre as técnicas argumentativas. Palavras-chave: Empatia; Antagonismo; Argumentação; Movimentos Sociais; Antagonismo empático; Youtube.