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Caderno Ensino - Gazeta do PovoTRANSCRIPT
Editora responsável: Flávia Alves [email protected]
GAZETA DO POVOQuarta-feira, 22 de junho de 2011
Em sua 130ª edição, a cartilha Caminho Suave continua sendo usada na alfabetizaçãoPágina 3
educação &
Na difícil tarefa de educar, pais recorrem a livros e especialistasPágina 8
Gabriel vai ficar com a avó Gilmara Albuquerque durante as férias.
O mês de julho está chegando e, com ele, o recesso. Para esse período, a ordem dos educadores é deixar as crianças livres para que se divirtam e depois retornem com as energias recarregadas para o restante do ano letivo. Saiba como entreter – e com quem deixar – seu pequenoPáginas 4 a 6
2 GAZETA DO POVOQuarta-feira, 22 de junho de 2011educação & ensino
Notas
ExpEdiENtE
Caderno Educação é um suplemento es pecial da Gazeta do Povo de senvolvido pela núcleo de Educação. Diretora de Redação: Maria Sandra gonçalves. Edito r Execu tivo: guido Orgis. Edição: Flávia alves. Diagra ma ção: Joana dos anjos e allan Reis. Capa: Jonathan Campos. Re da ção: (41) 3321-5494. Fax: (41) 3321-5472. Co mer cial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. E-mail: educacao@ga zeta do povo. com.br. Endereço: R. Pedro ivo, 459. Curi tiba-PR. CEP: 80.010-020. Não pode ser vendido separadamente.
dica de mestre
Próxima edição
27 de julho
educacao@gazetadopovo.com.breducacao@gazetadopovo.com.br
A professora Carolina Cañete conversa com os alunos sobre biodiversidade.A
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LitEratura
As descobertas da adolescência em forma de suspense
CoNCurso
O uso consciente da água pode render prêmios
z O Anjo Rouco conta a história de um jovem que descobre um dos momentos mais importantes de sua adolescência. Escrita por Paulo Venturelli, a obra faz parte da Coleção Metamorfose, que abor-da temas relacionados ao públi-co adolescente, entre eles, as transformações, o amor e a con-vivência entre os jovens.
Indicado para jovens a partir de 10 anos, no início da adolescência e começo das descobertas, O Anjo Rouco é uma história de suspense que convida o leitor a desvendar os mistérios da narrativa ao lado de Adriano, o protagonista. Durante várias noites, ele ouve um som estranho que se parece com um gemido. Os ruídos enigmáticos fazem com que ele viva muitas aventuras, conheça novas emoções e descubra algo importante para sua vida de adolescente. O tom de mistério
ganha ainda mais foça e envolve ainda mais o leitor graças às ilustrações de Márcia Széliga.
sErviço
O Anjo Rouco, Editora Positivo, 64 páginas.
Preço sugerido: R$ 29,90.
z Já imaginou a escola em que seu filho estuda ajudando a preservar o meio ambiente e ainda recebendo um prêmio por isso? A Docol Metais Sanitários, em parceria com a Coworkers Mídias Sociais, está lançando o Planeta Água Escola, que premiará uma escola pública ou particular do Ensino Funda mental de todo o Brasil que apresentar o melhor projeto para uso consciente de água. O objetivo é incentivar e difundir o uso racional da água entre estudantes do 1.º ao 9.º ano, disseminando a conscientização ambiental não só nas escolas como
nas famílias e comunidade.Para participar, a instituição de
ensino ou professor deve inscrever seu projeto no Blog Planeta Água (http://www.docol.com.br/planetaagua) até 30 de junho. A escola selecionada receberá um notebook no valor de R$ 2,5 mil e apoio financeiro por cinco meses. Além disso, o aluno que produzir o material de divulgação mais completo será presenteado com um iPad. Mais informações no Blog Planeta Água, no Twitter @PlanetaDocol e na Fanpage (www.facebook.com/PlanetaAgua).
“Quando me apercebi de que o Brasil tem os professores certos a trabalhar de modo errado, deixei-me ‘colonizar’ pelo Brasil. Encontrei professores com salário indigno, que dão sentido às suas vidas dando sentido à vida das crianças e das escolas. Decidi juntar-me a eles, para acabar com os discursos miserabilistas e provar que este país tem boas escolas. Os excelentes profissionais que nelas labutam possuem saberes suficientes para romper o círculo vicioso do insucesso.”
José pacheco, educador português idealizador da Escola da Ponte, de Portugal.
DesconhecimentoUma pesquisa da Fundação Carlos Chagas com 400 coordenadores pedagógicos de 13 capitais mostrou que muitos desconheciam o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb. Quase metade (47%) deles, ao serem perguntados qual era o Ideb da sua escola, citava um número superior a 10. O indicador tem uma escala que vai de zero a dez e sintetiza dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: aprovação e média de desempenho dos estudantes em língua portuguesa e matemática.
Uma visita ao Parque dos Tropeiros poderia ter sido apenas um passeio para descontrair os alu
nos da Escola Municipal Cândido Portinari. Mas não foi o caso para os alunos do 5.º ano que, por meio do projeto chamado “Mata Atlântica, nosso maior patrimônio”, aproveitaram o espaço re manescente da Mata Atlântica para atividades em várias disciplinas. As responsáveis pelo projeto, que foi apresentado pelos alunos na miniconferência da Biodiversi dade, em Curitiba, foram as professoras Viviane Andrade, de Geograf ia, e Carolina Cañete, de Ciências. “Na visita con versamos com os alunos sobre a importância deste parque para comunidade local e buscamos alternativas para preservar a área. Coletamos galhos caídos e levamos para o laboratório de ciências.”
“No laboratório os alunos confeccionaram esxicatas (amostras), que são formas de preservar o material botânico para estudo posterior”, conta Caroli na, que é doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em outras aulas, o assunto foi retomado no laboratório, com a extração de clorofila das folhas. “É muito simples. As folhas foram maceradas e misturadas com um pouco de acetona, e o líquido verde que se formou foi colocado em um tubo de
ensaio com papel filtro. Cerca de 25 minutos depois, a clorofila ficou no papel filtro. Também foi possível visualizar o pigmento amarelo das folhas, chamado xantofila”, explica. As turmas do 5.º ano também elaboraram um folder que mostra a importância da preservação da Mata Atlântica e que foi distribuído com sementes de árvores nativas da região.
Para encerrar o projeto, os alunos escreveram um carta compromisso em forma de árvore dos sonhos, em que expressaram suas metas para contribuir para a preservação da área. “Cada um es creveu um sonho que tinha para preservar o parque e as metas que teriam de cumprir. Agora pretendemos resgatar o projeto, com conversas com vizinhos sobre a importância de cuidarmos daquele espaço. Trabalhar com a preservação é uma ideia que pode ser colocada em prática em qualquer escola que tenha uma área verde, um jardim, ou em algum parque ou praça próximos”, afirma Carolina.
iNtEratividadE
Conhece algum professor inovador ou alguma prática de sala de aula que envolva os alunos? Mande sua sugestão para
Mande sua sugestão [email protected]
A preservação começa em sala de aula
Quarta-feira, 22 de junho de 2011GAZETA DO POVO 3educação & ensino
Alfabetização
Jônatas Dias Lima
Quem tem mais de 20 a n o s d e idade tal
vez se lembre das atividades dos primeiros anos escolares, nas quais o alfabeto era apresentado pouco a pouco, a começar pelas vogais, com letras sempre acompanhadas por imagens. O método desenvolvido pela educadora Branca Alves de Lima, f a l ec ida em 2001, foi predominante nas escolas do país durante meio século, e estimase que alfabetizou cerca de 30 milhões de brasileiros. Hoje em sua 130.ª edição, a cartilha Caminho Suave, obra que consagrou a alfabetização pela imagem, já não é a unanimidade de décadas passadas, mas continua com vendas volumosas além de ter conquistado nichos bastante variados.
A estreia da cartilha no mercado editorial ocorreu em 1948 e em pouco tempo o método se popularizou ao ponto de substituir o chamado método analítico, amplamente difundido pelo Ministério
da Educação até 1945. Baseada nas dificuldades enfrentadas para alfabetizar crianças, especialmente as moradoras da zona rual, Branca Alves de Lima criou o sistema que apresentava as letras do alfabeto inseridas como iniciais dos nomes de objetos, animais e outros elementos do cotidiano, como o caso do “A” de avião, ou o “B” de bola. Figuras dos elementos citados estavam sempre ao lado da letra apresentada. Em seguida eram mostradas sílabas, com seus respectivos sons, então palavras e frases.
Segundo a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Uberlândia Sônia Maria dos Santos, que estuda o papel das cartilhas na história da alfabetização no Brasil, para a época em que foi lançado o método era inovador. “O diferencial foi a associação que a autora fez do processo de aquisição da língua escrita com a imagem, o que era inédito no país.” Para a pesquisadora, por mais que os estudos acadêmicos nessa área tenham evoluído, os números de 2010, que mostram a Caminho Suave como a mais vendida das cartilhas na livraria Folha, provam que ainda há uma grande distância entre os estudos teóricos e a prática dos educadores nas escolas.
Apesar dos modernos
métodos de
alfabetização, a
cartilha Caminho
Suave, lançada em
1948, chega à sua 130ª
edição e conquista
novos públicos
“O diferencial dessa cartilha foi a associação que a autora fez do processo de aquisição da língua escrita com a imagem, o que era inédito no país.”sônia Maria dos santos, que estuda o papel das cartilhas na história da alfabetização no Brasil.
Novos usosHá cerca de dez anos a editora Edipro, em um acordo que envolveu o compromisso de não alterar em nada o método, comprou os direitos autorais da Caminho Suave. Desde então, atualizações foram feitas, como o acréscimo das letras K, Y e W e a inclusão de novas ilustrações, mas a essência do sistema criado pela autora permanece intacta nas atividades propostas.
A diretora da Edipro, Maíra Lot Micales, conta com orgulho que foi alfabetizada pela cartilha e revela que a publicação conquistou outros públicos mesmo depois que o MEC deixou de avaliála para sugerir livros didáticos baseados no construtivismo. “Vendemos muito para uma geração de avós e pais alfabetizados pela cartilha que a usam como reforço em casa com as crianças”, diz Maíra, ao contar sobre a relação emocional que muitos consumidores criaram com a publicação.
Mas a Caminho Suave não parou
nos saudosistas. Vendas para professores e bibliotecas ainda formam a maior parte do volume de saídas. Além disso, estrangeiros que querem aprender português e vêm de países com outro tipo de alfabeto, como os japoneses, são compradores frequentes. Pesquisadores da alfabetização de todo o mundo também encomendam o material, como confirmam lotes recentemente enviados para Inglaterra e França.
No Paraná, a Associação Escolar Passos do Saber, da cidade de Rondon, no interior do estado, foi uma das instituições que recentemente encomendaram as cartilhas da Edipro. De acordo com a coordenadora pedagógica Sílvia Nunes de Paula, a escola adotou a cartilha como material de apoio há três anos, depois de encontrar dificuldades em usar os livros atuais. “Recebemos material didático de uma rede conveniada, mas sentimos falta de uma complementação. A cartilha é mais objetiva e tem nos ajudado”, diz.
iNtEratividadE
Você foi alfabetizado pelo método usado pela Cartilha Suave? Conte sua história e mande para
A professora explica por que as universida des deixaram de apoiar o uso de cartilhas na alfabetização e fala da relativa eficácia dos métodos atuais.
EntrEvistaMaria Silvia Bacila Winkeler, professora do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Por que o método da alfabetização por imagens, como o da cartilha Caminho Suave, deixou de ser divulgado como foi por tanto tempo?Essa metodologia foi um marco histórico porque mudou a forma de alfabetizar e conseguiu sistematizar uma forma de trabalho com base em pequenas frases. Mas nós não tínhamos a compreensão que temos hoje. Atualmente essas frases são criticadas porque forçam estruturas artificiais, como é o caso de “Bia é a babá do bebê”. Nós não falamos assim no dia a dia, normalmente não usamos frases que começam sempre com a mesma letra. Isso torna esses pequenos textos das cartilhas pobres de sentido.
O que causou essa mudança?Costuma-se dizer que foi o construtivismo que causou a
mudança, mas na verdade o advento do construtivismo acompanhou essa preferência por trabalhar de forma mais reflexiva. Optou-se por entender o universo do letramento a partir do aluno e não do professor. No entanto é importante destacar que as novas formas de alfabetizar não dispensam a necessidade do aluno entender que dentro de uma palavra existe som, mas há outras formas de fazer as crianças compreenderem diferentes textos numa perspectiva muito mais ligada ao modo como realmente se compõe os textos.
Os métodos atuais são mais eficazes?Sim, mas mesmo com eles você pode acabar caindo em situações de repetição em que não se leva o aluno a pensar. Para uma boa aula é preciso sempre saber o porquê do uso de cada prática. O material didático não é a razão do processo pedagógico. O motivo principal são as aplicações e as construções que se realizam.
O bê-á-bá no passado e no presente
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rodu
ção
4 GAZETA DO POVOQuarta-feira, 22 de junho de 2011educação & ensino
Especial
Anna Simas
O mês de julho está chegando e, com ele, as férias escolares. Para os pais nem sempre é fácil entreter a garotada que
ficará pelo menos 15 dias fora da sala de aula. Independentemente de onde as crianças ficarão e do que farão, a palavra de ordem é descansar. Nada de colocar a criançada para estudar ou recuperar conteúdo, ou até mesmo em aulas particulares ou cursos intensivos. Segundo especialistas, para o bom aproveitamento pedagógico do segundo semestre é fundamental repor as energias e praticar atividades de lazer que fujam da rotina.
Educadores e psicólogos compartilham duas orientações básicas sobre o que toda criança deve fazer no período de férias: conhecer novas brincadeiras e ficar perto da família. No primeiro caso, é importante que a pessoa que for tomar conta dela proponha atividades diferentes, além daquilo que ela conhece “Há muitas coisas que podem ser feitas em casa. É preciso lembrar também que uma certa bagunça deve ser tolerada, para que ela fique mais à vontade e libere a criatividade”, sugere a psicóloga e professora de pósgraduação de Educação da Univer sidade Federal do Paraná (UFPR) Lídia Weber.
Embora o estudo seja desaconse
lhado, as brincadeiras podem – e devem – estimular que a criança coloque em prática conteúdos escolares, como a leitura e informações históricas, mas sempre de forma lúdica. Algumas opções são visitas a livrarias, gibitecas, sebos e locais que tenham contadores de história. Tirar alguns dias para levar o filho a esses lugares não só ajuda a reforçar o hábito de ler como sedimenta conhecimentos de português, como ortografia e gramática.
Museus e monumentos históricos são boas opções de passeio, seja em um local onde a criança esteja passando as férias ou na própria cidade em que mora. A intenção é unir a diversão ao conhecimento, para que perceba
“Há muitas coisas que podem ser feitas em casa. É preciso lembrar também que uma certa bagunça deve ser tolerada, para que a criança fique mais à vontade e libere a criatividade.”Lídia Weber, psicóloga e professora de pós-graduação de Educação da Univer sidade Federal do Paraná (UFPR) .
Os irmãos João Pedro, de 9 anos, e Francisco, de 5, ficarão na loja de armarinhos da mãe durante o recesso, onde podem fazer trabalhos artísticos.
As férias de julho se aproximam e
a orientação é para deixar as
crianças mergulharem nas
brincadeiras. Mas fique atento:
mesmo durante o recesso é
necessário manter uma rotina
Amanda, de 9 anos, está contando os dias para o início da colônia de férias.
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GAZETA DO POVO Quarta-feira, 22 de junho de 2011 5educação & ensino
u Combine com as mães dos amigos do seu filho e faça uma reunião cada dia na casa de um.
u Leve a criança ao cinema.
u Faça uma sessão de filme em casa, com pipoca.
u Faça receitas fáceis, como brigadeiro de panela, na companhia da criança. Mas nunca a deixe sozinha na cozinha.
u Dê um caderno e peça que conte a história da sua vida.
u Chame os primos para uma tarde de jogos.
u Peça que a criança crie – e depois execute com a sua ajuda – um cardápio para o jantar.
u Peça que a criança faça uma organização no armário e reencontre brinquedos esquecidos.
u Leve seu filho ao shopping. Nesta época existem várias atividades voltadas ao público infantil.
u Deixe o pequeno um dia na casa das avós para serem paparicados.
u Para as meninas: chame as amigas dela para uma tarde de desfile de moda em casa.
Para fazEr nas fériasA psicóloga e professora de pós-graduação de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Lídia Weber sugere uma série de atividades que você podem ser feitas nas férias. Confira:
É importante manter uma rotina
lhado, as brincadeiras podem – e devem – estimular que a criança coloque em prática conteúdos escolares, como a leitura e informações históricas, mas sempre de forma lúdica. Algumas opções são visitas a livrarias, gibitecas, sebos e locais que tenham contadores de história. Tirar alguns dias para levar o filho a esses lugares não só ajuda a reforçar o hábito de ler como sedimenta conhecimentos de português, como ortografia e gramática.
Museus e monumentos históricos são boas opções de passeio, seja em um local onde a criança esteja passando as férias ou na própria cidade em que mora. A intenção é unir a diversão ao conhecimento, para que perceba
que o que aprende na escola pode ir além da sala de aula. “Muitos pais viajam e se esquecem de explicar aos filhos onde estão e o significado do que estão vendo. A criança volta para a escola e nem sabe contar aos coleguinhas onde esteve. Isso é péssimo, pois a família perde uma grande chance de proporcionar uma forma leve e gostosa de aprendizado”, explica a gestora do ensino fundamental do Colégio Positivo, Maria Fernanda Suss.
Ela afirma ainda que é interessante estimular os alunos a fazerem anotações, independentemente da atividade. Na escola em que trabalha as crianças recebem um diário de férias e, quando voltam, têm de mos
trar aos professores e aos colegas. “É a forma que usamos para exercitar a escrita, mesmo que eles não percebam a atividade desta forma.”
Fique por pertoOutro fator importante é a presença da família. A orientação é que os pais fiquem mais perto da criança de alguma forma. “Dar mais atenção do que o normal é o ideal, pois é isso que a criança espera, que eles participem das suas férias. Então, se pai e mãe trabalham durante a semana, quando estiverem com ela que façam algo fora da rotina, para que exista aquela sensação de férias”, orienta a coordenadora da educação infantil e do ensino fundamental I do Colégio Bom Jesus, Isabel Cristina Marcocin.
A empresária Bianca Lamego segue a orientação. Ela tem uma loja de armarinhos e férias nesta época estão fora de seus planos. Para ficar mais perto dos filhos menores, João Pedro e Francisco, leva os dois para o trabalho. E quem pensa que lá eles f icam entediados está enganado.“Especialmente em julho ofertamos oficinas de artesanato – como tricô, tear e pintura. Eles não só participam como também ajudam os outros alunos, pois sabem fazer muitas coisas. É o jeito que encontrei para não deixálos apenas em casa.”
Apesar do clima de sossego, mesmo nas férias é fundamental
manter uma rotina. Não é preciso seguir os mesmos horários do pe ríodo de aulas, mas deixar a criança sem regras, fazendo e comendo tudo o que quiser e quando quiser, pode atrapalhar a volta às aulas.
A gestora do ensino fundamental do Colégio Positivo, Maria Fernanda Suss, sugere que os pais deem mais liberdade, como permitir que o filho acorde um pouco mais tarde, mas com limite. “Se a família não toma as rédeas, o filho sozinho não vai saber se controlar. Até para brincar e se divertir as crianças precisam de regras.”
“Há muitas coisas que podem ser feitas em casa. É preciso lembrar também que uma certa bagunça deve ser tolerada, para que a criança fique mais à vontade e libere a criatividade.”Lídia Weber, psicóloga e professora de pós-graduação de Educação da Univer sidade Federal do Paraná (UFPR) .
“Se pai e mãe trabalham, quando estiverem com a criança que façam algo fora da rotina.”isabel Cristina Marcocin, coordenadora de educação infantil e de ensino fundamental I do Colégio Bom Jesus.
Os irmãos João Pedro, de 9 anos, e Francisco, de 5, ficarão na loja de armarinhos da mãe durante o recesso, onde podem fazer trabalhos artísticos.
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Portanto, nada de horas e horas em frente ao videogame, televisão e computador. O aconselhável é no máximo duas horas por dia, divididas entre as três atividades. As guloseimas também requerem controle. Elas podem fazer parte da diversão, mas, como em excesso fazem mal e provocam obesidade, nada de deixar os pacotes de bolachas e salgadinhos à vontade.
A rotina, porém, não deve servir apenas para controlar. Ela também é ótima aliada na hora de brincar. Como é muito comum as crianças ficarem entediadas, os pais podem sentar com elas à noite e montar um cronograma de brincadeiras. A sugestão é fazer uma lista com atividades que elas possam fazer sozinhas ou com amigos e parentes, desde assistir a um filme e anotar as partes de que mais gostou até montar um acampamento na sala de casa.
6 GAZETA DO POVOQuarta-feira, 22 de junho de 2011educação & ensino
Especial
FEstivaL ECoLógiCo dE Férias da prEFEitura dE CuritibaAtividades: brincadeiras e atividades ecológicas, jogos recreativos, brinquedos gigantes, gincanas, oficinas de arte, pintura de rosto e cama elástica. Data: de 11 a 15 de julho e de 18 a 22 de julho. Horário: das 14 às 17 horas.Entrada: gratuita.Idade: entre 6 e 12 anos.Local: Centros de Esporte e Lazer, Associações de Moradores e nas nove regionais administrativas da prefeitura. Informações: www.curitiba.pr.gov.br
CoLôNia dE Férias do CoritibaAtividades: treinamento de futebol com profissionais de educação física e técnicos das categorias de base do Coritiba e outras atividades. Data: de 11 a 16 de julho.Horário: das 8 às 18 horasInscrições: 13 de junho a 8 de julho.Idade: entre 6 e 13 anos.Locais: Centro de Treinamento da Ethisports, Centro de Treinamento do Coritiba e estádio Couto Pereira. Investimento: R$ 770. Sócios e dependentes têm 10% de desconto. Informações: (41) 3218-1909, (41) 9991-5619 e (41) 7813-6381.
aCaMpaMENto tErra vivaData:de 10 a 16 de julho.Atividades: brincadeiras e esportes ao ar livre, música, atividades manuais, teatro, escalada,
gincana, trilha e arvorismo. Inscrições: pelo www.acampamentoterraviva.com Idade: de 7 a 17 anosLocal: Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba. Investimento: R$ 285.Informações: (41) 3672-1230 ou (41) 8823-9045.
CoLôNia dE Férias positivo Data: de 4 a 8 de julho.Inscrições: de 27 de junho a 1º de julho. Idade: de 5 a 10 anos.Local: Colégio Positivo Júnior e Colégio Positivo Jardim Ambiental. Atividades: esportivas, culturais e recreativas, com diversas gincanas, oficinas de arte, teatro e cinema. Investimento: não definido.Informações: a partir do dia 27 de junho pelo (41) 3335-3535 A colônia é exclusiva para alunos.
CoLôNia dE Férias gustavo borgEsAtividades: caça ao tesouro, gincana cultural, cinema, passeios ao parque, judô e gincana. Data: 11 a 15 de julhoHorário: das 13 às 18 horas.Idade: entre 4 e 12 anos.Local: Academia Gustavo Borges Mercês, Rua Rua Antonio Grade, 563; Gustavo Borges Tarumã, Rua Engenheiro Antônio Batista Ribas, 505 e Gustavo Borges Barigui, Avenida Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85. Investimento: de R$ 160 a R$ 170 (semana) ou R$ 40 (diária).Informações: (41) 3339-9600, (41) 3366-3141 e (41) 3015-2333.
ProgramaçãoConfira algumas opções de atividades:
Se para as crianças as férias servem para relaxar, para os pais
que trabalham podem significar uma preocupação: onde deixar os pimpolhos? Além da opção adotada por Bianca Lamego, que leva os dois filhos para a sua empresa, há outras alternativas. Entre as mais comuns estão apelar para a ajuda de um parente – na maioria das vezes para os avós – ou colocálos em uma colônia de férias.
O pequeno Gabriel Ribeiro Batista, 6 anos, vai ficar na casa da avó pela manhã e à tarde seguirá para o trabalho da mãe, Cláudia Ribeiro. Ciente de que o filho precisa se distrair, ela orientou a avó a leválo ao cinema, brincar com ele na pracinha e deixálo auxiliála no preparo da comida. “Quando ele for ao trabalho comigo vou deixar que brinque de modelar alguns dentinhos, já que trabalho como protética. É uma atividade
diferente para ele e que sei que vai adorar”, diz a mãe.
No caso da colônia de férias, é importante se certificar de que será realmente uma diversão, mesmo que seja no colégio em que a criança estuda. Assim não há perigo de ela se entediar ou de ter a sensação de não ter aproveitado o recesso. “As brincadeiras são diferentes e não há qualquer semelhança com as atividades de rotina da escola. Fora que as crianças ficam mais soltas, não precisam usar uniforme e se socializam com colegas de várias idades”, explica a gestora do ensino fundamental do Colégio Opet, Sônia Sillas.
A família da Amanda Dias Katuyama, 9 anos, fez essa opção. Mesmo ficando em casa, a mãe, Gisele Dias, prefere que a filha se divirta com os amigos e tenha atividades diferentes todos os dias. “Eu não daria conta de oferecer tantas brincadeiras e passeios. Por isso prefiro levála à colônia. Quando chega perto das férias ela até pede”, conta.
Com quem deixar?
“As brincadeiras [na colônia de férias] são diferentes e não há qualquer semelhança com as atividades de rotina da escola. Fora que as crianças ficam mais soltas, não precisam usar uniforme e se socializam com colegas de várias idades.”sônia sillas, gestora do ensino fundamental do Colégio Opet.
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Diversão garantida: o pequeno Gabriel ficará com a avó, Gilmara Albuquerque, com quem fará atividades diferentes.
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Onde seus filhos ficarão nas férias? Que atividades eles farão durante o recesso de julho?
Escreva [email protected] cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
GAZETA DO POVO Quarta-feira, 22 de junho de 2011 7educação & ensino
Que escola é essa?
realização
GAZETA DO POVOapoiopatrocínio
Com diversas propostas e ações voltadas ao meio ambiente, o projeto Ler e Pensar provocou uma ver
dadeira “revolução responsável” nas mais de 360 escolas públicas e privadas que desenvolveram suas atividades nesse primeiro semestre letivo de 2011.
Em 26 municípios de Curitiba, região metropolitana e li toral, es tas escolas não apenas se en gajaram nas atividades ambientais sugeridas pelo projeto como também puderam descobrir, na prática, que é possível alinhar aprendizado cidadão à produção de conhecimento.
Na Escola Municipal Devanira Ferreira Alves, em Quatro Barras, todos já sabem que meio ambiente e cidadania são conceitos indissociáveis. E um exemplo disso são os alunos de 5.° ano da professora Sandra Mara Gonçalves.
Tendo como ponto de partida as reportagens da Gazeta do Povo so bre as enchentes em Morretes e
An tonina, Sandra Mara realizou atividades com conteúdo ambiental en volvendo conscientização e protagonismo.
O projeto resultou em arrecadação e doação de roupas e alimen tos, entregues na Escola Mu nicipal Pro
fessora Aracy Pinheiro Lima localizada numa das regiões mais atingidas pela tragédia. “É muito importante que nossos alunos se sintam agentes transformadores, sobretudo numa sociedade que precisa de pessoas com iniciativas positivas e
que buscam construir um mundo melhor”, afirma a professora.
Já em Contenda, na Escola Mu nicipal Professora Vanilda Dzierwa, as reportagens publicadas na Ga zeta do Povo foram fonte de motivação e informação para um projeto de combate à dengue que envolveu alunos, professores e a comunidade.
Protagonizado pela turma do 4.º ano, o projeto Dengue contou com a produção de textos informativos, folders de campanhas, cartazes e faixas que foram afixadas em pontos comerciais e em locais públicos, com o objetivo de alertar a população.
“Nós já desenvolvíamos um projeto de reciclagem na escola, mas nesse ano decidimos associar arte, jornal e meio ambiente. Os resultados já são percebidos por toda a equipe com comemoração: em casa, começaram a mudar de atitude por causa da leitura, e agora as crianças se sentem responsáveis por isso”, relata a diretora da escola, Maricler Kusma Gritten.
Projetos do Instituto GRPCOM mobilizam centenas de escolas e
estudantes para a conscientização ambiental
Ação para transformaçãoinforme institucional
Nossa reflexão parte para dialogar sobre o cotidiano escolar e a defi
nição dos sujeitos que nele atuam. Segundo Forquin (1993), a escola constitui um “mundo social”, com ca racterísticas próprias, ritos, modos de regulação e gestão simbólica. O autor acrescenta a ideia de escola singular, que relaciona o cotidiano com o instituído pelas políticas públicas e a cultura científica. Com preender o que vem a ser o espaço escolar e as demandas so ciais diante do co nhecimento, bem como as articulações específicas da área na qual atua: esses são os desafios enfrentados pelos educadores no seu cotidiano profissional.
Isso gera claramente uma pedagogia conflitiva socialmente, pois articula interesse e busca respostas para a solução dos conflitos. O que gesta nos processos mediadores e formativos de professores, essa nova postura, a que denomino a postura do olhar sobre sujeito e contexto, e principalmente combativa às formas opressoras de emancipação e saneadora às estagnações possíveis geradas pelos conflitos sociais.
A escola medeia, hoje e sempre, os conflitos sociais, pois os sujeitos que a fazem são atores sociais e, portanto, pessoas que buscam cada vez mais respostas e soluções individuais dentro de um coletivo de intenções. Os sujeitos, no universo escolar, são capazes de articular as opções culturais com o cotidiano em que se circunstanciam, em um universo máximo de conteúdos. Porém compreender esse cotidiano e compreenderse nele é um dos maiores desafios representados nos espaços escolares. Existem crises, que vão do pessoal ao familiar, e que se entrecruzam com a própria crise do conhecimento. Há um espaço que necessita urgentemente ser preenchido pelo estudo e pelo diálogo entre os sujeitos do universo es colar, e esses precisam se perceber ou vidos pelo constante narrar, se identificar em seus sonhos e nas possibilidades de realizar sua identidade dentro do reconhecimento do espaço escolar em que atua e que esse é formado por culturas determinadas pelos sujeitos que o edificam.
Marlei Malinoski, mestre em Educação, pro-
fessora da Universidade Tuiuti do Paraná e
dos Ensino Fundamental e Médio da SEED /
PR, doutoranda em Educação pela PUC/PR e
membro do Conselho de Educação IGRPCOM.
Foto
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ação
CoNCurso CuLturaL 1
Águas do Amanhã
Escola Municipal Professora Vanilda Dzierwa, em Contenda: as crianças descobrem sozinhas que os jornais trazem conteúdos sobre questões como a dengue através de imagens, dados, pesquisas ou notas.
Alunos do 4º ano da Escola Municipal Prefeito Octávio Furquim: reflexões sobre a poluição ambiental e o cuidado com água são temas de trabalhos diários.
z Meio ambiente foi também o tema do Concurso Cultural Águas do Amanhã, cujas inscrições encerraramse no último dia 10. Com o objetivo de provocar a reflexão e mobilizar a comunidade escolar sobre a importância da água, a importância de preservar o Rio Iguaçu e, em especial, a necessidade de recuperar o maior rio do Paraná em sua nascente e primeiros quilômetros, na região metropolitana de Curitiba.
Nesta primeira edição, o Con curso Cultural superou a marca de 500 trabalhos inscritos, revelando o interesse por parte de professores e escolas dos 18 municípios que integram a chamada Bacia do Alto Iguaçu.
O empenho reflete uma série de
CoNCurso CuLturaL 2
Ler e Pensar
zEstá tudo pronto para a 4.ª edição do Concurso Cultural Ler e Pensar, que anualmente premia alunos, professores, escolas e secretarias de Educação.Em 2011, ele vem cheio de novidades, principalmente para os estudantes, que são convidados a produzir ilustrações, tiras (histórias em quadrinhos), redações e reportagens sobre o personagem Gazetito, mascote do projeto. Já os professores, escolas e secretarias serão premiados – três em cada ca tego ria – em função da quali da de e re levância das atividades desenvolvidas no âmbito do projeto e seu foco de in centivo à leitura, à cultura e à cidadania.
iNsCriçõEs
A partir de 1º de agosto. Enviar trabalhos para Rua
Julio Perneta, 526 – Mercês – CEP 80.810-110,
Curitiba. A premiação está prevista para setembro.
ações que o projeto Água do Amanhã, promovido pelo Grupo Paranaense de Comunicação, desenvolveu até agora visando conhecer melhor a situação do rio e apontar soluções de recuperação e preservação. Ao promover o concurso, consolidase a proposta de levar toda esta discussão para a escola, fomentando a consciência ambiental entre as novas gerações, ajudando a construir um projeto de transforma
ção efetiva. “Não teremos transformação sem passarmos pela educação, e é nesse sentido que o papel do professor é tão importante. Ele fará a diferença ao abordar os conteúdos ambientais na escola. E é ele, junto com a família, um dos grandes respon sáveis pela formação intelectual dos alunos e pela formação huma na dos mesmos”, conclui o editor do Caderno Águas do Ama nhã, João Rodrigo Maroni.
Marlei Malinoski
meu filho estuda. Mas nunca me deixei influenciar por completo, pois sei que cada criança tem sua personalidade, seu jeito, e a criação nunca será da mesma forma que é sugerida. Muitas vezes vale a intuição. E, se pintar a dúvida, minha mãe me socorre com seus valiosos conselhos”, diz.
Na criação dos filhos é comum pais ouvirem conselhos de todos os lados, seja de alguém que presencia uma birra no supermercado, de outros pais, ou de algum familiar. Mas, por mais bemintencionados que sejam os “conselheiros”, muitas vezes as informações podem deixar pais cada vez mais confusos.
EscolaPara a pedagoga Esther Cristina Pereira, a principal dúvida dos pais é em relação aos limites que preci
8 GAZETA DO POVOQuarta-feira, 22 de junho de 2011educação & ensino
Dúvidas
Adriana Czelusniak
Edlaura Gutierres Caropreso, 31 anos, sempre se empenhou para tirar todas as dúvidas que tinha enquanto o
filho Caio Gabriel, 7 anos, crescia. Há quase dois anos, Samuel nasceu e a mamãe reviveu a insegurança de ter um recémnascido em casa. Quanto tempo o bebê deve dormir? Como cuidar? Como alimentar? Quando e em que escola colocar? Sem mencionar os novos desafios do filho mais velho, que a cada etapa enchiam a cabeça dos pais de dúvidas.
“Tivemos de aprender a lidar com a fase da descoberta da leitura, que é linda, mas que era atrapalhada por causa da minha ansiedade. A imposição de limites também é algo difícil. Descobrir como ter autoridade, sem ser autoritário”, conta Edlaura.
A forma que ela e o marido, Salvador Caropreso, encontraram para se tranquilizarem no papel de pais foi buscar ajuda. “Li livros sobre educação, fui a palestras e estou sempre em contato com a escola em que
Educar crianças não é
tarefa fácil e pede
responsabilidade e
empenho. Mas pais e
cuidadores não estão
sozinhos nessa tarefa.
Livros, profissionais e
a escola podem ajudar
a domar as ferinhas
E o manual de instruções?
Edlaura e o marido, Salvador, recorrem a todas as fontes de informação para educar os dois filhos, mas não acreditam em tudo o que ouvem ou leem.
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osam ser dados. “Eles querem saber como dizer ‘não’, sem deixar os filhos frustrados. Precisamos entender que isso educa os filhos sem frustrálos, trabalhando a possibilidade de preparo para os ‘nãos’ futuros da vida adulta”, diz. Esther acredita que família e escola devem estar juntas na educação das crianças. Como coordenadora pedagógica do Colégio Atuação, ela conta que reuniões mensais, em formato de palestra, têm obtido sucesso entre os pais dos alunos, que percebem que não estão sozinhos e que podem contar com a escola para tirar suas dúvidas. “Chamamos de Escola de Pais. Um palestrante fala sobre o relacionamento entre pais e filhos, diferentes formas de agir e de ajudar as crianças em seu processo de formação como estudante e ser humano”, diz.
Ao percorrer as prateleiras de livros sobre educação é possí
vel perceber os mais diferentes títulos que prometem tudo o que é possível imaginar. Lançado recentemente, a obra Filhos: Manual de Instruções, de Tania Zagury, tem título autoexplicativo. De forma simples, traz o “feijão com arroz” de como acabar com chiliques, como ajudar a criança a comer ou estudar bem, mas também avança em temas atuais. São exemplos as dicas para melhorar o relacionamento entre meioirmãos e como auxiliar os jovens no uso da internet e lan houses.
O Grito de Guerra da Mãe-Tigre, de Amy Chua, é outro exemplo de livro sobre o tema. Bastante polêmico, ele retrata o dia a dia de uma mãe chinesa e suas duas filhas, que são educadas de forma rígida. Amy defende vários pontos que chocam pais do mundo ocidental. Entre eles estão as dicas de nunca elogiar os filhos em público, sempre ficar do lado do professor, só permitir atividades que levem a medalhas e só aceitar medalhas de ouro.
Para a psicopedagoga Maria Irene Maluf, é preciso ter cuidado com o que se lê. No caso do livro da mãe chinesa, ela comenta que aquele tipo de educação não funcionaria no Brasil, apesar de ter um grande ponto positivo. “O que dá certo em uma cultura não funciona para outra. Mas, no caso de Amy Chua, ela tem a vantagem de estar sempre vigilante. É esse estar perto das crianças que dá certo. Educar dá trabalho, precisa haver força de vontade e não adianta querer terceirizar tudo para escola ou babá. É o olho do dono que engorda o boi. O mesmo serve para a educação.”
Não há um manual de instruções que sirva de forma universal para todas as crianças. Mas nunca houve tantas informações a respeito de como educar os filhos. Basta os pais desenvolverem o senso crítico para saber o que colocar em prática. E realmente se dedicarem a isso.
É preciso filtrar o que os livros ensinam
sErviço
Grito de Guerra da Mãe Tigre
(Editora Intrínseca, R$ 29,90, 240 páginas).
Filhos: Manual de Instruções
(Editora Record, R$ 29,90, 224 páginas).