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INSTRUÇÕESPara a realização das provas, você recebeu este Caderno de Questões, uma Folha deRespostas para as Provas I e II e uma Folha de Resposta destinada à Redação.

1. Caderno de Questões• Verifique se este Caderno de Questões contém as seguintes provas:

Prova I: ESTUDOS LINGUÍSTICOS — Questões de 01 a 35Prova II: ESTUDOS LITERÁRIOS — Questões de 36 a 70Prova de REDAÇÃO

• Qualquer irregularidade constatada neste Caderno de Questões deve ser imediatamentecomunicada ao fiscal de sala.

• Nas Provas I e II, você encontra apenas um tipo de questão: objetiva de proposição simples.Identifique a resposta correta, marcando na coluna correspondente da Folha de Respostas:

V, se a proposição é verdadeira;F, se a proposição é falsa.

2. Folha de Respostas

• A Folha de Respostas das Provas I e II e a Folha de Resposta da Redação são pré-identificadas.Confira os dados registrados nos cabeçalhos e assine-os com caneta esferográfica de TINTAPRETA, sem ultrapassar o espaço próprio.

• NÃO AMASSE, NÃO DOBRE, NÃO SUJE, NÃO RASURE ESSAS FOLHAS DE RESPOSTAS.

• Na Folha de Respostas destinada às Provas I e II, a marcação da resposta deve ser feitapreenchendo-se o espaço correspondente com caneta esferográfica de TINTA PRETA. Nãoultrapasse o espaço reservado para esse fim.

• O tempo disponível para a realização das provas e o preenchimento das Folhas de Respostas éde 4 (quatro) horas e 30 (trinta) minutos.

ATENÇÃO: Antes de fazer a marcação, avalie cuidadosamente sua resposta.

LEMBRE-SE:A resposta correta vale 1 (um), isto é, você ganha 1 (um) ponto.

A resposta errada vale −0,5 (menos meio ponto), isto é, você não ganha o ponto e aindatem descontada, em outra questão que você acertou, essa fração do ponto.

A ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero). Você nãoganha nem perde nada.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – 1

ESTAS PROVAS DEVEM SER RESPONDIDAS PELOS CANDIDATOS AOS SEGUINTES CURSOS:

• LETRAS VERNÁCULAS

• LETRAS VERNÁCULAS E LÍNGUA ESTRANGEIRA

• LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA OU CLÁSSICA

• LÍNGUA ESTRANGEIRA — INGLÊS/ESPANHOL

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PROVA I — ESTUDOS LINGUÍSTICOS

QUESTÕES de 01 a 35

INSTRUÇÃO:

Para cada questão, de 01 a 35, marque na coluna correspondente da Folha deRespostas:

V, se a proposição é verdadeira;F, se a proposição é falsa.

A resposta correta vale 1 (um ponto); a resposta errada vale −0,5 (menos meioponto); a ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero).

UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Linguísticos – 2

Questão 01A linguagem e a língua, apesar de inter-relacionadas, são diferentes uma da outra:“linguagem” é um termo genérico, que pode se referir a toda e qualquer manifestação decomunicação, como em “linguagem das cores”, “linguagem dos perfumes”, “linguagem dasabelhas” e muitas outras linguagens, porém, sem a língua, ou seja, o idioma, não se poderiaformular nosso pensamento, porque pensamos, idealizamos e nos organizamos somenteatravés da língua.

Questão 02

Questão 03A fala é imprescindível para que a língua se estabeleça, porque é dela que as criançasextraem as informações necessárias para a construção e formação do conhecimento dalíngua.

Com base nesse cartum, é perceptível que as formas da linguagem, assim como as formasda língua, estão relacionadas aos recursos desenvolvidos pelo homem ao longo de suahistória.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Linguísticos – 3

Questão 04A identificação dos grupos sociais formados em uma sociedade ocorre pelo reconhecimentodos termos usados na norma linguística de cada grupo, o que lhes confere, inclusive,identidade ideológica, mas impede a interação linguística com outros.

Questão 05— Por favor, diga-me se, em sua família, alguém mais sofre do coração?— A minha mãe teve um arrocho no peito e fez um “catecismo”. O médico até mandou ela

usar um radinho (holter), por 24 horas. Meu pai teve um derrame. Minha irmã operou o “apenisestoporado”, e meu marido teve uma “ursa perfumada”.

No trecho, os dois personagens — médico e paciente —, envolvidos em um diálogo, estãousando a mesma norma linguística, dentro de um acordo tácito, para que haja possibilidadede entendimento entre eles.

Questão 06A gramática tradicional, defensora do princípio da arte de falar e escrever bem, trazimportantes contribuições teóricas para o desenvolvimento da gramática descritiva, vistoque esta, apesar de estudar os fenômenos linguísticos, não consegue explicá-lossatisfatoriamente.

Questão 07

A análise linguística da fala de Chico Bento, seguindo a perspectiva da gramáticatradicional, revela falta de domínio da língua por causa da pronúncia de algumas palavras,entretanto, para a gramática gerativa, a fala de Chico Bento está de acordo com asregras fonéticas internalizadas da língua portuguesa.

Questão 08A Gramática Universal, pressuposto teórico da Gerativa, compõe a faculdade da linguageme contém estruturas linguísticas inatas, que estão presentes em todas as línguas do mundoe, por isso, são consideradas universais.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Linguísticos – 4

Questão 09“[...] ensinar gramática pode continuar a ser um objetivo válido. Lembre-se,porém, que há pelo menos três concepções de gramática. [...] O mais importanteé que o aluno possa vir a dominar efetivamente o maior número possível deregras, isto é, que se torne capaz de expressar-se nas mais diversas circunstâncias,segundo as exigências e convenções dessas circunstâncias. Nesse sentido, opapel da escola não é o de ensinar uma variedade no lugar da outra, mas de criarcondições para que os alunos aprendam também as variedades que nãoconhecem, ou com as quais não têm familiaridade, aí incluída, claro, a que épeculiar de uma cultura mais ‘elaborada’.” (POSSENTI, 1996, p. 82-83).

De acordo com o trecho de Possenti (1996), pode-se depreender que a única gramáticaque deve ser objetivo de ensino da escola é a descritiva, porque abrange todas as formasde realização linguística, o que amplia o conhecimento do aluno acerca da língua.

Questão 10

O quadrinho apresentado não constitui um exemplo de texto, porque envolve poucoselementos linguísticos, e um texto, para ser considerado como tal, necessita do amploemprego de elementos linguísticos que possam descrever, narrar ou explicar todo o conteúdoque o autor quer expressar, de modo a construir, na mente do leitor, a sua ideia.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Linguísticos – 5

Questão 11A eterna imprecisão da linguagem

— Que pão!Doce? de mel? de açúcar? de ló? de ló de mico? de trigo? de milho? de mistura? de rapa? de

saruga? de soborralho? do céu? dos anjos? brasileiro? francês? italiano? alemão? do chile? deforma? de bugio? de porco? de galinha? de pássaros? de minuto? ázimo? bento? branco? dormido?duro? sabido? saloio? seco? segundo? nosso de cada dia? ganho com o suor do rosto? que o diaboamassou?

Carlos Drummond de Andrade

O título constitui uma parte essencial de um texto, porque contribui para a compreensãodas redes semânticas aí estabelecidas, e isso pode ser observado no trecho de Drummond,em que é o título que garante a construção da coerência do texto.

Questão 12O autor, ou produtor do texto, é o único responsável pelo estabelecimento do sentidodo texto, visto que o papel do leitor é o de decodificar aquilo que foi produzido peloautor/produtor.

Questão 13O velho acaba de morrer. O padre encomenda o corpo com muitos elogios:— O finado era um ótimo marido, um excelente cristão, um pai exemplar!!...A viúva se vira para um dos filhos e lhe diz ao ouvido:— Vai até o caixão e veja se é mesmo o seu pai que tá lá dentro...

Apesar de as palavras do padre evidenciarem coerência pragmática, o humor do texto égerado no contexto, porque o discurso do padre coloca em xeque o conhecimentoenciclopédico dos familiares.

Questão 14 Tente Outra Vez

[...]QueiraBasta ser sincero e desejar profundoVocê será capaz de sacudir o mundo, vaiTente outra vez

TenteE não diga que a vitória está perdidaSe é de batalhas que se vive a vidaTente outra vez

Raul Seixas/ Paulo Coelho/ Marcelo Motta

Um texto é construído a partir da inter-relação de todos os fatores de coerência,entretanto há alguns que são mais predominantes que outros, como se pode ver nessepoema, em que a intertextualidade é o fator que se destaca em relação aos demais.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Linguísticos – 6

Questão 15Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundoque amava Maria que amava Joaquim que amava Lilique não amava ninguém.João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandesque não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

Em relação à tipologia, o texto Quadrilha, de Drummond, enquadra-se no tipo descritivo,porque apresenta uma descrição dos relacionamentos amorosos das personagens quefazem parte do poema.

Questão 16

Questão 17As variações linguísticas detectadas pelos gramáticos levaram ao estabelecimento da ciênciada língua — a Linguística —, visto que a gramática, por seu caráter não científico, nãoconseguia explicar tais variações.

Com a evolução tecnológica, vários gêneros textuais começaram a fazer parte davida moderna do homem.

Isso confirma a ideia de Marcuschi (2008), de que os gêneros textuais são fenômenoshistóricos, profundamente vinculados à vida cultural e social, o que pode ser identificadonesse cartum.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Linguísticos – 7

Questão 18O estruturalismo — corrente que tem como ponto de partida as ideias de Saussure —, noséculo XX, concebe a língua como uma organização de elementos, seguindo leis internas,estabelecidas dentro do próprio sistema.

Questão 19A língua, para Saussure, corresponde a um sistema gramatical desenvolvido virtualmenteem uma coletividade, sem que os falantes, individualmente, possam exercer qualquermodificação nesse sistema.

Questão 20Dentre as dicotomias saussurianas, destacam-se as relações paradigmáticas e as relaçõessintagmáticas, porque revelam a evolução pela qual as línguas passam de um século paraoutro.

Questão 21Labov desenvolve os estudos sociolinguísticos na década de 60, do século XX,

contrapondo-se às ideias propostas pelo estruturalismo americano.

Para esse estudioso, o maior ponto de interesse da linguística deve ser a descrição dosfenômenos fonéticos, em consonância com os dados sociais.

Questão 22A teoria da gramática gerativa revoluciona os estudos não só da área da Linguística, mastambém da Biologia e da Psicologia, por defender que a linguagem é uma dotação genéticae que os seres humanos nascem equipados com dispositivos que são ativados no ambientelinguístico, permitindo-lhes a aquisição da língua.

Questão 23Nas frases seguintes, observa-se uma variação no nível morfológico da língua, porque sãoapresentadas duas formas de uso da flexão do futuro:a) As crianças vão estudar português hoje à tarde.b) As crianças estudarão português hoje à tarde.

Questão 24Seu Zé agradeceu ao Juiz e prosseguiu:— Como eu tava dizeno, coloquei a mula na camionete e tava desceno a rodovia

quando uma picapi travessô o sinar vermeio e bateu na minha camionete bem na laterar. Eufui jogado fora do carro prum lado da rodovia, e a mula foi jogada protro lado. Eu tava muitofirido e num podia mi movê. De quarqué forma, eu pudia orvi a mula zurrano e grunhino e,pelo baruio, eu pude percebê que o estado dela era muito ruim. Logo dipois do acidente, opatruiero rodoviário chegô no locar. Ele orviu a mula gritano e zurrano e foi até onde elatava. Depois de dá uma oiada nela, ele pegô a arma e atirô bem nos óio do animar. Então,o policiar atravessô a estrada com sua arma na mão, oiô pra mim i disse:

— “Sua mula estava muito mal e eu tive que atirar nela. Como o senhor está sesentindo?”

— Aí eu pensei bem e falei: ... Tô ótimo! O que o sinhô falaria, meritísso???

O trecho acima revela uma variação do tipo diatópica, porque os usos linguísticos indicamo nível social do falante e, consequentemente, a classe a que ele pertence.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Linguísticos – 8

Questão 30Nas palavras “indiferente”, “impossível”, “irreal”, pode-se detectar a ocorrência de trêsalomorfes, respectivamente, visto que o morfema in- apresentou três formas de realização,mas o significado continua o mesmo.

Questão 31Na flexão verbal, podem-se encontrar casos de neutralização de oposição dos morfemas,sendo necessário o contexto para distinguir as formas neutralizadas, como ocorre emestudassem, cantamos e entendia.

Questão 32- Tudo bem?- Tudo.- Por quê?- Porque sim.

Esse diálogo é composto de quatro frases, porque as estruturas têm sentido completo, etambém de quatro orações, porque apresenta pontuação adequada à situação.

Questão 25O fonema, objeto de estudo da Fonologia, é encontrado através da comparação de

pares mínimos, como em: /‘vala/ e /‘fala/.

O /v/ e o /f/ são dois fonemas da língua portuguesa, porque, em um mesmo contextolinguístico, distinguem duas formas da língua apenas por um traço distintivo: o vozeamento.

Questão 29O morfema em destaque é do tipo cumulativo, porque apresenta duas noções — a detempo e a de modo: aproveitávamos.

Questão 28O morfema pode ser depreendido dos elementos significativos que entram para a

composição de uma palavra.

Desse modo, em feliz, existe apenas um morfema, mas o vocábulo esperança apresentacinco morfemas: esp-er-a-nç-a.

Questão 26A pronúncia da palavra “mesmo” pode apresentar as eguintes ocorrências: [‘mesmu],

[‘memu], [‘mehmu], [‘mexmu] e [‘me∫mu].

Em todos os casos, está-se diante de alofones do fonema /s/, objeto de estudo da Fonética.

Questão 27Através dos estudos desenvolvidos pela Fonologia, é correto afirmar que / /, / /, /p/, /k/, / /,/m/, /h/, dentre outros, são fonemas da língua portuguesa, mas não / /, porque não seencontra tal fonema em contextos distintivos.

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Questão 34Medo de amar

Adriana Calcanhoto

Você diz que eu sou dementeQue eu não tenho salvaçãoVocê diz que eu simplesmenteSou carente de razãoVocê diz que eu te envergonhoTambém diz que eu sou cruelQue no teatro do teu sonhoPara mim não tem papel

Os termos destacados em negrito apresentam, respectivamente, as seguintes funçõessintáticas: predicativo do sujeito, complemento nominal, objeto direto e adjunto adverbial dedireção.

Questão 35Versos Íntimos

Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidávelEnterro de tua última quimera.Somente a Ingratidão — esta pantera —Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera! (1)O Homem, que, nesta terra miserável,Mora, entre feras, (2) sente inevitávelNecessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!O beijo, amigo, é a véspera do escarro,A mão que afaga (1) é a mesma que apedreja (1)

Se a alguém causa inda pena a tua chaga, (3)Apedreja essa mão vil (4) que te afaga, (1)Escarra nessa boca que te beija! (1)

No poema de Augusto dos Anjos, a numeração entre parênteses colocada nesta prova,corresponde à seguinte classificação: (1): oração subordinada relativa restritiva; (2) oraçãosubordinada relativa explicativa; (3) oração subordinada adverbial condicional; (4) oraçãoprincipal em relação à anterior e à posterior.

Questão 33O sintagma nominal, em destaque, apresenta as mesmas funções sintáticas nas seguintesfrases:a) Observamos a casa de Irene. b) Gosto da casa de Irene.c) Passamos o dia na casa de Irene. d) A casa de Irene foi demolida.

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PROVA II — ESTUDOS LITERÁRIOS

QUESTÕES de 36 a 70

INSTRUÇÃO:

Para cada questão, de 36 a 70, marque na coluna correspondente da Folha deRespostas:

V, se a proposição é verdadeira;F, se a proposição é falsa.

A resposta correta vale 1 (um ponto); a resposta errada vale −0,5 (menos meioponto); a ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero).

UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Literários – 10

Questão 36Atualmente, a teoria dos gêneros literários funciona como um sistema de normas que osautores devem seguir, a fim de que sejam produzidas obras de valor ético e estético.

Questão 37O gênero lírico é marcado por uma intensa carga de subjetividade.

Questão 38A natureza e os deuses, quando aparecem nos poemas líricos, têm sempre autonomia emrelação às emoções da “alma que canta”.

QUESTÕES 37 e 38Quanto mais os traços líricos se salientarem, tanto menos se constituirá ummundo objetivo, independente das intensas emoções da subjetividade que seexprime. Prevalecerá a fusão da alma que canta com o mundo, não havendodistância entre sujeito e objeto. Ao contrário, o mundo, a natureza, os deusessão apenas evocados e nomeados para, com maior força, exprimir a tristeza, asolidão ou a alegria da alma que canta. (ROSENFELD, 1985. p. 23).

Segundo Anatol Rosenfeld, é correto afirmar:

QUESTÕES de 39 a 41O narrador, muito mais do que se exprimir a si mesmo (o que naturalmente não éexcluído) quer comunicar alguma coisa a outros que, provavelmente, estãosentados em torno dele e que lhe pedem que lhes conte um “caso.” Como nãoexprime o próprio estado de alma, mas narra estórias que aconteceram a outrem,falará com certa serenidade e descreverá objetivamente as circunstânciasobjetivas. [...] Mesmo quando o narrador usa o pronome “eu” para narrar umaestória que aparentemente aconteceu a ele mesmo, apresenta-se já afastado doseventos contados, mercê do pretérito. Isso lhe permite tomar uma atitude distantee objetiva, contrária à do poeta lírico. (ROSENFELD, 1985. p. 24-25).

De acordo com esse texto de Rosenfeld, pode-se afirmar:

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Literários – 11

Questão 39As narrativas contêm mais objetividade do que os poemas líricos.

Questão 40Quando relata acontecimentos de sua própria vida, qualquer narrador assume posturaidêntica à do poeta lírico.

Questão 41Situando, no passado, os eventos que narra, o autor distancia-se deles.

Questão 42Moldura narrativa e descrição não constituem elementos essenciais à obra dramática,que é composta principalmente de diálogo e tensão.

Questão 43Na perspectiva do poeta, suas imagens, ainda que pareçam disparates, revelam algo sobreo mundo.

QUESTÕES de 43 a 45As imagens do poeta têm sentido em diversos níveis. Em primeiro lugar, possuemautenticidade: o poeta as viu ou ouviu, são a expressão genuína de sua visão eexperiência do mundo. Trata-se, pois, de uma verdade psicológica, queevidentemente nada tem a ver com o problema que nos preocupa. Em segundolugar, essas imagens constituem uma realidade objetiva, válida por si mesma:são obras. Uma paisagem de Góngora não é a mesma coisa que uma paisagemnatural, mas ambas possuem realidade e consistência, embora vivam em esferasdistintas. São ordens de realidades paralelas e autônomas. Nesse caso, o poetafaz algo mais que dizer a verdade; cria realidades que possuem uma verdade: ade sua própria existência. [...] Finalmente, o poeta afirma que suas imagens nosdizem algo sobre o mundo e sobre nós mesmos e que esse algo, ainda quepareça um disparate, nos revela o que de fato somos. (PAZ, 1982, p. 130-131).

Considerando-se o texto de Octávio Paz, é correto afirmar:

Questão 44Integrando uma dimensão paralela à da natureza, as paisagens que surgem nos poemasconstituem realidades objetivas e consistentes.

Questão 45Formadas na psique de um único indivíduo, as imagens poéticas nada podem revelar sobreo mundo.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Literários – 12

QUESTÕES de 46 a 48[...] Tomemos o ultraclássico poema ‘A canção do exílio’, de Gonçalves Dias, possivelmente, o poema

mais parafraseado, estilizado e parodiado de nossa literatura. Depois da citação de sua primeira estrofe,transcreverei algumas variações feitas sobre ele por alguns autores modernistas:

Questão 46Os versos escritos por Oswald de Andrade relacionam-se com os de Gonçalves Dias atravésde um jogo intertextual.

Questão 47Ao elaborar a sua paródia, Oswald de Andrade apresenta sonoridade e ritmo semelhantesaos do texto original.

Questão 48Em sua paródia, Oswald de Andrade atenua a agressividade presente nos versos deGonçalves Dias.

Questão 49Com “propriedade”, arte de encontrar a palavra mais adequada para a expressão dopensamento, o Padre Antonio Vieira exercitou a interpretação de textos bíblicos.

Questão 50Em seus escritos, o Padre Antonio Vieira ignorou completamente a situação dos índios noBrasil.

(SANT’ANNA, 1991, p. 23 e 24).

De acordo com o texto de Affonso Romano de Sant’Anna, é correto afirmar:

Texto original: Gonçalves Dias:

Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá,As aves que aqui gorgeiamNão gorgeiam como lá.

[...]

Exemplo de paródia: Oswald de Andrade em “Canto de regresso à pátria”.

Minha terra tem palmaresonde gorgeia o maros passarinhos daquinão cantam como os de lá.

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Literários – 13

Questão 51Em sua definição do Amor, Camões compôs uma série de imagens poéticas.

Questão 52Envolvendo elementos opostos, as imagens contidas no poema expressam contradiçõesinerentes ao sentimento amoroso.

Questão 53Constituindo um soneto, o poema apresenta, em seu final, um questionamento que funcionacomo sua “chave de ouro”.

Questão 54Em seus últimos versos, Camões nega radicalmente a existência do Amor.

Questão 55O poema pertence ao gênero dramático.

Questão 56Os Lusíadas, poema camoniano, tem, como uma das suas bases, a viagem de Vasco daGama às Índias.

Questão 57Para Camões, a expedição do Gama é, também, um meio de os portugueses alargarem oseu conhecimento sobre o mundo.

QUESTÕES de 58 a 60E, segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisapara ser toda cristã, senão entender-nos, porque assim tomavam aquilo que nosviam fazer, como nós mesmos, por onde nos pareceu a todos que nenhumaidolatria nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quementre eles mais devagar ande, que todos serão tornados ao desejo de VossaAlteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar,porque já então terão mais conhecimento de nossa fé, pelos dois degredados,que aqui entre eles ficam, os quais hoje também comungaram ambos. (Carta dePero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel Sobre o Achamento do Brasil, 2009,p. 117).

Sobre o trecho transcrito da Carta de Caminha, é correto afirmar:

QUESTÕES de 51 a 55Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;

É um querer mais que bem querer;É um solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

(CAMÕES, 1995, p. 123).

Sobre o texto acima transcrito, é correto afirmar:

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UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Literários – 14

Questão 61A poesia satírica de Gregório de Matos revela muitos aspectos da vida social da Bahia, noséculo XVII.

Questão 62Conhecido como Boca do Inferno, Gregório de Matos encantou-se com a possibilidade devir a florescer, no território brasileiro, uma democracia racial.

Questão 63Em muitos dos seus poemas satíricos, Gregório de Matos repudiou as transformaçõesocorridas na Cidade da Bahia, durante o século XVII.

QUESTÕES de 64 a 66Assim como Walter Scott fascinou a imaginação da Europa com os seus castelose cavaleiros, Alencar fixou um dos mais caros modelos da sensibilidade brasileira:o do índio ideal, elaborado por Gonçalves Dias, mas lançado por ele na própriavida quotidiana. As Iracemas, Jacis, Ubiratãs, Ubirajaras, Aracis, Peris, que todosos anos, há quase um século, vão semeando em batistérios e registros civis a“mentirada gentil” do indianismo, traduzem a vontade profunda do brasileiro deperpetuar a convenção, que dá a uma nação de história curta, a profundidade dotempo lendário. (CANDIDO, 1981, p. 224).

De acordo com o texto transcrito, é correto afirmar:

Questão 64Embora Gonçalves Dias tenha elaborado a imagem do índio ideal, foi José de Alencar quemlançou essa imagem na vida cotidiana dos brasileiros.

Questão 65O indianismo trouxe consigo a profundidade do tempo lendário.

Questão 66Por ser uma “mentirada gentil”, o indianismo não se fixou na memória curta dos brasileiros.

Questão 58Ignorando as crenças dos indígenas brasileiros, Pero Vaz de Caminha considerou que elesabraçariam rapidamente a fé cristã.

Questão 59Em sua Carta a D. Manuel, Caminha afirmou que os indígenas já dominavam completamentea língua portuguesa.

Questão 60Caminha foi enfático quanto à necessidade de missionários na terra achada.

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QUESTÕES 69 e 70Nacionalismo, na literatura brasileira, consistiu basicamente, como vimos, emescrever sobre coisas locais; no romance, a consequência imediata e salutar foia descrição de lugares, cenas, fatos, costumes do Brasil. É o vínculo que une asMemórias de um Sargento de Milícias ao Guarani e a Inocência, e significa,por vezes, menos o impulso espontâneo de descrever a nossa realidade, do quea intenção programática, a resolução patriótica de fazê-lo. (CANDIDO, São Paulo,v. 2, 1981, p. 112).

A partir do texto transcrito, é correto afirmar que, segundo Antonio Candido:

Questão 69Em muitos romances românticos, o nacionalismo manifesta-se através de uma escrita voltadapara aspectos locais.

Questão 70Na descrição da realidade brasileira, os romancistas românticos eram movidos,exclusivamente, por forças brotadas dos seus inconscientes.

UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Estudos Literários – 15

QUESTÕES 67 e 68Peri, Ubirajara, Estácio Correia (As Minas de Prata), Manuel Canho (O Gaúcho),Arnaldo Louredo (O Sertanejo) brotam como resposta ao desejo ideal de heroísmoe pureza a que se apegava, a fim de poder acreditar em si mesma, uma sociedademal ajustada, e presa a lutas recentes de crescimento político. [...] Porcorresponderem à profunda necessidade de sonho, os seus livros ficaram, parasempre, no gosto do público. (CANDIDO, 1981, p. 223).

Ao refletir sobre a obra literária de Alencar, Antonio Candido afirma o seguinte:

Questão 67O caráter heroico de muitas personagens criadas por José de Alencar corresponde aosdesejos de seus contemporâneos.

Questão 68Retratando uma sociedade mal ajustada, os enredos de Alencar foram mal recebidos pelopúblico.

Page 18: Caderno31.PDF Prova Ufba Letras

UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Redação – 16

PROVA DE REDAÇÃO

INSTRUÇÕES:

— se afastar do tema proposto;— for apresentada em forma de verso;— for assinada fora do local apropriado;— apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato;— for escrita a lápis, em parte ou na sua totalidade;— apresentar texto incompreensível ou letra ilegível.

Os textos a seguir devem servir como ponto de partida para a sua Redação.

• Escreva sua Redação com caneta de tinta AZUL ou PRETA, de forma clara elegível.

• Caso utilize letra de imprensa, destaque as iniciais maiúsculas.• O rascunho deve ser feito no local apropriado do Caderno de Questões.• Na Folha de Resposta, utilize apenas o espaço a ela destinado.• Será atribuída a pontuação ZERO à Redação que

I.

— Quanto ainda há de Jorge Amado na Bahia de hoje?

Resposta:

— Muito e pouco. A literatura amadiana é movida por um pensar e reinventar a Bahia.Mestiçagem, sincretismo, é a Bahia de suas páginas. E é uma Bahia real. Jorge Amado nãotraduz uma Bahia que não existe. Mas existem várias Bahias. E Jorge começou a escreverna primeira metade do século passado. Havia uma necessidade e até uma urgência demapear e entender o que se via. No entanto, nenhuma cultura é estática. O que se vêtambém muda. Não existe uma identidade única, nem definitiva, pois se trata de um processodinâmico. [...]

LEITE, Gildeci. “Não existe uma Bahia, mas várias Bahias.” MUITO. Revista Semanal do Grupo A Tarde. Salvador, n. 204,p. 8. 26 fev. 2012. Entrevista dada a Eron Rezende, Grupo A Tarde.

II.

O tema da identidade cultural é muito mal resolvido no campo da Antropologia e nocampo da Sociologia. A gente tem, às vezes, até uma certa rejeição à maneira como aquestão da identidade é colocada. Na Antropologia, nós falamos de identidade de umamaneira sempre relacional, opositiva, chamando atenção para contrastes, chamando atençãopara um jogo constante de oposições que ligam grupos entre si, e negamos muito a ideia deque haja uma substância de um grupo social que o caracteriza de uma vez por todas. Nãoacreditamos, por exemplo, numa coisa como baianidade, como uma essência, como umacoisa já dada: numa coisa como brasilidade, que escape ao jogo das oposições que nós

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fazemos entre nossas características e características outras. Eu não gosto muito de abordara temática da identidade cultural, porque, em nome da identidade cultural, se fala muitabobagem. [...]

SERRA,Ordep. Identidade e reflexão crítica. In: Carnaval e identidade cultural na Bahia, hoje. Seminários de Carnaval (2.:1998: Salvador, Ba.) Seminários de Verão II. Folia universitária/Pró-Reitoria de Extensão da UFBA. Salvador, 1999.

PROPOSTA: A partir das ideias contidas nos fragmentos apresentados, produza um textoargumentativo-dissertativo, analisando criticamente a ideia de que

“Não existe uma Bahia, mas várias Bahias.”

OBSERVAÇÕES:

— Discuta a questão da baianidade vinculada à problemática da cultura nacional e à existência, ounão, de uma singularidade.

— Embase seus argumentos em conhecimentos e reflexões sobre a Bahia de ontem e a de hoje.

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R A S C U N H O

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REFERÊNCIAS

Questão 05WASHINGTON, G. Os “pobrema” do coração. Disponível em: <http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/77/06-humor.pdf>. Acesso em: 5 maio 2012.Questão 09POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, S.P.: Mercado das Letras,1996. (Coleção Leituras no Brasil)Questão 11ANDRADE, C. D. de. A eterna imprecisão da linguagem. In: KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C.A coerência textual. São Paulo: Contexto, 1998. p. 22-23.Questão 13O VELHO acaba de... Disponível em: <http://www.geracaovida.com.br/informativo/humor-agosto/>.Acesso em: 5 maio 2012.Questão 14SEIXAS, R.; COELHO, P.; MOTTA, M. Tente outra vez.Questão 15ANDRADE, C. D. Quadrilha. Disponível em: <http://www.jornaldepoesia.jor.br/drumm2.html#quadrilha>. Acesso em: 5 maio 2012.Questão 24SEU ZÉ agradeceu ao Juiz. Disponível em: <http://www.dignow.org/post/z%C3%A9-mineirinho-3678213-84215.html>. Acesso em: 5 maio 2012.Questão 34CALCANHOTO, A. Medo de amar. Disponível em: <http://letras.mus.br/adrianacalcanhotto/43977>.Acesso em: 5 maio 2012.Questão 35ANJOS, A. dos. Versos íntimos. Disponível em: <http://www.jornaldepoesia.jor.br/augusto.html#versos>. Acesso em: 28 maio 2012.Questões 37 e 38ROSENFELD, A. A Teoria dos Gêneros. In: O Teatro épico. São Paulo: Perspectiva, 1985.Questões de 39 a 41______. ______.Questões de 43 a 45PAZ, O. A Imagem. In: O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.Questões de 46 a 48SANT’ANNA, A. R. de. Paródia, paráfrase & companhia. São Paulo: Ática, 1991.Questões de 51 a 55CAMÕES, V. V. Lírica. São Paulo: Cultrix, 1995.Questões de 58 a 60CARTA de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel Sobre o Achamento do Brasil. São Paulo:Martin Claret, 2009.Questões de 64 a 66CÂNDIDO, A. Formação da Literatura Brasileira: Momentos Decisivos. São Paulo,1981. v. 2.Questões 67 e 68______. ______.Questões 69 e 70______. ______.

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Fontes das ilustrações

Questão 02NEPOMUCENO, T. O que você está fazendo? Disponível em: <http://www.tiagonepomuceno.com.br/wp/?paged=5>. Acesso em: 5 maio 2012.Questão 07SOUZA, M. de. Fessora! A senhora ia... Maurício de Souza Produções Ltda. 2002. Disponível em:<http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/images/tira300.gif>. Acesso em: 5 maio 2012.Questão 10PRONTO, agora clique?!... Disponível em: <http://www.faberludens.com.br/files/mandando%20email%20em%20uma%20ilha%20deserta.jpg>. Acesso em: 5 maio 2012.Questão 16AONDE você esteve?!... Disponível em: <http://www.faberludens.com.br/files/dependencia-300x236.jpg>. Acesso em: 5 maio 2012.

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