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REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL: UMA DESCRIÇÃO DA ESPECIALIZAÇÃO INDUSTRIAL (1990-2010)TRANSCRIPT
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REGIO METROPOLITANA DE NATAL: UMA DESCRIO DA ESPECIALIZAO
INDUSTRIAL (1990-2010)
Layse Juliana de Andrade Cmara1 William Eufrsio Nunes Pereira2
RESUMO: O processo de reestruturao produtiva, que adquire intensidade no Brasil a partir dos anos 90 provoca intensas mudanas no emprego do setor industrial. O deslocamento de indstrias para o Nordeste, decorrente desse processo, contribuiu para a melhoria e a expanso da base produtiva regional, promovendo uma reverso da polarizao da economia brasileira no sudeste. Cada vez mais, estudos que tratam das aglomeraes econmicas vm ganhando relevncia. Esses estudos buscam compreender como se estabelecem as interaes entre firmas no mesmo espao local, e quais vantagens lhe so proporcionadas a partir dessa dinmica industrial. O presente trabalho tem como objetivo central, a partir das informaes obtidas atravs do Quociente Locacional (ou ndice de Hoover), identificar onde os estabelecimentos industrias se apresentam localizados e concentrados, possibilitando a formao de aglomerados econmicos, nos municpios que compem a chamada Regio Metropolitana de Natal (RMN) nos anos 1990, 2000 e 2010. Esse coeficiente mostra o quanto o setor i da economia mais ou menos importante para a regio j, vis--vis a regio de referncia. Quanto maior for o ndice, mais concentrada e especializada a indstria para a regio. A partir dos dados coletados, pode-se verificar que no ano 1990 apenas quatro municpios da Regio Metropolitana de Natal puderam ser caracterizados como aglomerados industriais, ou seja, que possuram dez ou mais indstrias. Atravz do clculo do Quociente Locacional, constatamos trs municpios especializados em pelo menos um subsetore industrial, a saber: Cear-Mirim, especializado nas indstria qumica e na indstria de alimentos e bebibas; Parnamirim, especializado na indstrias mecnica, de material de transporte, de madeira e do mobilirio e qumica; e Macaba, especializada na indstria de minerais no metlicos. O municpio central da RMN, Natal, no apresentou-se especializada em nenhum subsetor industrial nos trs anos analisados. O municpio de Cear-Mirim continuou especializado na indstria de produtos alimentos e bebidas para os trs anos em anlise. Ele apenas reduz o seu grau de especializao no ano de 2010, ao dividir posio com mais dois municpios, Extremoz e Macaba. Ao deixar de ser o nico municpio com grau de especializao na produo de alimentos e bebidas, pode-se acarretar em maior concorrncia capitalista nesse setor industrial. Revelou-se, entre os anos estudados, uma considervel expanso do setor industrial na Regio Metropolitana de Natal, constatado no aumento no nmero de unidades industriais e no nmero de trabalhadores. O fator de atrao dessas indstrias pode ter sido a mo-de-obra mais barata, ou pode ser ainda consequncia das polticas de distribuio de renda do Governo Federal, que permite aumentar o poder de compra no estado do Rio Grande do Norte.
Graduanda em Cincias Econmicas - UFRN. E-mail: [email protected] 2Professor do Departamento de Economia UFRN. E-mail: [email protected]
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INTRODUO
As mudanas provocadas pela reestruturao produtiva se fazem necessrias
para que as empresas possam se tornar mais competitivas. Essas mudanas
ocorridas no setor industrial provocam intensas alteraes no emprego do setor
(CANO, 1997). Esse processo adquire intensidade no Brasil a partir dos anos
90, com o processo de descentralizao produtiva, caracterizado pela
relocalizao industrial.
Para o caso do Nordeste, o processo de reestruturao produtiva esteve
associado guerra fiscal, ausncia de uma poltica de desenvolvimento
econmico e abertura comercial, possibilitando uma relocalizao industrial,
que ampliou o emprego do setor, reconfigurando as atividades industriais nas
cidades da regio.
No centro dos determinantes da relativa desconcentrao, tambm estavam as
deseconomias de aglomerao, criadas em funo do aumento da renda
urbana, e que podem ser facilmente observadas no aumento nos preos dos
terrenos e aluguis, nos congestionamentos, no aumento dos salrios, nos
alagamentos, dentre outros. Portanto, a prpria concentrao industrial abre a
possibilidade de haver uma desconcentrao, que por sua vez, ir recriar
novas formas de concentrao, e dentre elas, as aglomeraes produtivas
(DINIZ, 1993).
A reestruturao produtiva vincula-se de modo substancial
presena de uma poltica industrial baseada em incentivos fiscais
predominantemente sustentados pelo governo estadual que tem
como marco determinante a criao de vantagens fiscais e de
infraestrutura em conjugao com investimentos com recursos
federais em projetos de acordo com a poltica nacional de fomento
aos eixos de desenvolvimento econmico e social, particularmente
nos campos de turismo e transporte (SOARES, 2007, p. 87).
A partir das inovaes introduzidas com a Constituio Federal de 1988, houve
significativa reduo do poder centralizador do Governo Federal, passando a
permitir aos Estados da Federao conceder incentivos fiscais s indstrias
sem a sua aprovao prvia.
O deslocamento de indstrias para o Nordeste contribuiu para a melhoria e a
expanso da base produtiva regional, promovendo uma reverso da
polarizao da economia brasileira no sudeste. Nesse perodo, as regies
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perifricas obtiveram crescimento mdio superior s regies mais
desenvolvidas (MORAIS, 2012).
O presente trabalho divide-se em duas partes, alm desta introduo e das
consideraes finais. Na primeira parte, busca-se mostrar as vantagens que
motivam as empresas a se estabelecem em forma de aglomerados
econmicos; Na segunda, h uma breve caracterizao do setor industrial no
estado do Rio Grande do Norte.
2. AGLOMERAES ECONMICAS
A maioria dos estudos econmicos est centrada em questes agregadas, fato
que dificulta a compreenso de aspectos relevantes da vida microeconmica
dos municpios, das empresas e dos setores industriais, tais como a
distribuio municipal da renda, nvel de emprego, integrao das cadeias
produtivas etc, (SOARES, 2007, p. 87).
As razes primrias para o estabelecimento das indstrias, como citado por
Campos (2006) parecem ter sido as fsicas, como clima, solo, existncia de
minas e pedreiras e/ou fcil acesso por terra e/ou por mar. Enfim, elas se
estabelecem em lugares que lhe propiciem facilidades de escoamento da
produo e qualidade e disponibilidade de insumos. Uma vez estabelecida a
proximidade geogrfica, surge a possibilidade de aparecimento de outras
firmas no mesmo espao, fornecendo matrias-primas, bens e servios, sendo
uma importante fonte de economias externas, pois reduz os custos de
transao.
Cada vez mais, estudos que tratam das aglomeraes econmicas vm
ganhando relevncia. Esses estudos buscam compreender como se
estabelecem as interaes entre firmas no mesmo espao local, e quais
vantagens lhe so proporcionadas a partir dessa dinmica industrial. nesse
ambiente de proximidade espacial que se possibilita interao e aprendizado
coletivo, que as empresas passam a ganhar maior eficincia, pois as
aglomeraes econmicas propiciam um ambiente de aprendizado, onde os
impactos das sinergias so positivas entre os participantes e maior do que a
soma dos esforos individuais.
Alfred Marshall (1982) buscou destacar as vantagens obtidas pelas empresas,
principalmente pequenas e mdias que se organizam sob a forma de
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aglomerados. Ele menciona como benefcios para essas empresas as
chamadas externalidades marshallianas, como a concentrao do mercado de
trabalho, os insumos intermedirios, e as externalidades tecnolgicas. Para ele,
a aproximao tambm pode provocar uma rpida disseminao de idia
novas, que sero aprimoradas com sugestes prprias, e iram disseminar-se
formando outras idias.
Von Thnem e Alfred Marshall podem ser considerados os pioneiros no estudo
da localizao dos empreendimentos. Von Thnem, em sua obra O Estado
Isolado, de 1826, construiu um modelo de localizao voltado para as
atividades agrcolas. No princpio, suas formulaes eram explicitamente
voltadas para a organizao espacial, mas, posteriormente, passou para
anlises inteiramente no espaciais (PEREIRA, 2008).
Marshall pode ser considerado o precursor entre os estudiosos do papel da
urbanizao concentrada como fator de atrao e aglomerao espacial-
setorial das empresas e das atividades econmicas. Segundo Marshall (1982),
ainda no sculo XIX, o processo de urbanizao gera um fluxo circular e
contnuo, atraindo a populao para os aglomerados urbanos que
conseqentemente atrai novas atividades produtivas sustentando o
crescimento econmico e urbano.
Todos os estudos sobre as teorias da localizao, pelo menos at o fim da
dcada de 1940, se constituam em teorias estticas lastreadas no paradigma
neoclssico. Devido, possivelmente, influncia marshalliana, as teorias
neoclssicas tradicionais reconheciam o papel das economias de aglomerao
como fator de induo da localizao das firmas, mas esse papel era sempre
secundrio frente aos demais indutores do processo de localizao,
principalmente ao fator custo dos transportes (PEREIRA, 2008).
No Brasil, segundo REZENDE (2012), durante a dcada de 1990, no sentido
de promover o desenvolvimento e o avano tecnolgico, foram trabalhadas
apenas as polticas calcadas em aglomeraes de empresas, e que receberam
o nome de polticas de clusterizao, que incentivavam formao dos clusters
produtivos, bem como a promoo de sua eficincia com vistas a torn-los
mais competitivos e, assim, possibilitar o seu crescimento.
Segundo Garcia (2001) as polticas de clusterizao so
profundamente impulsionadas por trs aspectos: i) pelo estado de
abandono em que se encontravam as polticas de desenvolvimento
regional em mbito federal no Brasil. Assim como mencionado, na
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dcada de 1990, houve o abandono e at mesmo extino de rgos
regionais de fomento e promoo do desenvolvimento, como foi o
caso da SUDAM e da SUDENE; ii) houve ainda, o aprofundamento da
dvida interna e uma grande ausncia de investimentos federais em
infraestrutura; iii) diante dos dois primeiros fatos, o acirramento da
guerra fiscal entre os estados como forma de atrao de
investimentos e crescimento econmico (REZENDE, 2012).
3. Indstria Do Rio Grande do Norte
Nesse trecho do trabalho ser possvel visualizar algumas informaes
bsicas sobre as indstrias do estado do Rio Grande do Norte, com base em
relatrios anuais de suas respectivas federaes locais da indstria.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte pode ser
estimado em R$ 37,764 bilhes (US$ 21,456 bilhes), tomando-se por
referncia o ano de 2012 e o PIB per capita em R$ 11.559 (US$ 6.567). Para o
mesmo perodo, sua populao correspondia a 3.228.198 habitantes, dos quais
78% viviam nas cidades.
A atividade industrial est especialmente localizada em trs municpios,
Natal, Parnamirim e Mossor, que concentram 55% do PIB. Os dois primeiros
esto situados na Regio Metropolitana de Natal e o terceiro na Regio Oeste
do Estado.
A contribuio da indstria para a gerao da riqueza econmica
correspondia a 21,5% do PIB em 2010, o equivalente a R$ 6,1287 bilhes.
Desse total, a Construo participa com 33%; a Indstria de Transformao
com 32,5; as Indstrias Extrativas com 28,1%; e Eletricidade, Gs e gua (ou
Servios Industriais de Utilidade Pblica SIUPs), com 6,4%.
As micro e pequenas empresas respondiam por 97,2% do total de
estabelecimentos industriais e empregavam 36,7% da mo de obra do setor. J
as empresas de mdio e grande porte correspondiam a 2,8% dos
estabelecimentos e 62,4% do pessoal empregado em 2012.
Quando se analisa um referencial como o de (Schumpeter, 1982) que
fala que as inovaes constituem o motor do processo de mudana que
caracteriza o desenvolvimento capitalista e resultam da iniciativa dos agentes
econmicos, e se faz uma anlise comparativa com um menor grau de
desenvolvimento tecnolgico dessas indstrias estudadas, preciso inferir que
necessrio remontar uma poltica industrial que guie o crescimento do nvel
tecnolgico dessas regies para que com isso seja possvel se perceber um
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aumento de emprego e renda nas reas que englobem cadeias produtivas de
maior valor agregado.
4. OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo central, a partir das informaes
obtidas atravs do Quociente Locacional (ou ndice de Hoover), identificar onde
os estabelecimentos industrias se apresentam localizados e concentrados,
possibilitando a formao de aglomerados econmicos, nos municpios que
compem a chamada Regio Metropolitana de Natal (RMN) nos anos 1990,
2000 e 2010.
Como objetivos especficos e utilizando-se os dados dos empregos
formais, busca-se verificar a quantidade desses aglomerados produtivos nos
dez municpios que compem a RMN e as sua respectiva evoluo entre os
anos de 1990, 2000 e 2010, verificar a trajetria desses aglomerados
industriais nos municpios, bem como analisar a participao do emprego da
Regio Metropolitana de Natal no total do estado do Rio Grande do Norte e no
total do emprego industrial do estado.
5. METODOLOGIA
Realizou-se uma reviso bibliogrfica que deu suporte pesquisa, e um
levantamento de dados secundrios para se obter os resultados. Os dados
secundrios que deram suporte ao clculo do ndice de Hoover so da Relao
Anual de Informaes Sociais RAIS, disponibilizados pelo Ministrio do
Trabalho e Emprego MTE, que uma das principais fontes de informaes
sobre o mercado de trabalho formal no Brasil. Uma vez coletados os dados da
RAIS, recorreu-se classificao de Subsetores definida pelo IBGE, mais
especificamente aos 15 subsetores que compem o setor industrial.
O setor industrial brasileiro est dividido em 15 subsetores industriais, a
saber: extrativa mineral; Indstria de produtos minerais no metlicos; Indstria
metalrgica; Indstria mecnica; Indstria do material eltrico e de
comunicaes; Indstria do material de transporte; Indstria da madeira e do
mobilirio; Indstria do papel, papelo, editorial e grfica; Ind. da borracha,
fumo, couros, peles, similares, ind. Diversas; Ind. qumica de produtos
farmacuticos, veterinrios, perfumaria; Indstria txtil do vesturio e artefatos
de tecidos; Indstria de calados; Indstria de produtos alimentcios, bebidas e
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lcool etlico; Servios industriais de utilidade pblica; Construo civil. Essa
diviso est de acordo com a classificao Nacional de Atividade Econmica
(CNAE) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica).
A unidade geogrfica explorada foi o municpio, que permite visualizar
especificamente onde se encontram os aglomerados econmicos da rea em
anlise. As variveis adotadas resumem-se em nmero de empregos e nmero
de estabelecimentos, que permitem construir as medidas de concentrao e
localizao das atividades industriais.
Para visualizar a especializao da indstria na Regio Metropolitana de Natal,
utilizou-se o ndice de localizao de Hoover (1936), ou Quociente Locacional.
Ele uma importante medida de especializao regional desenvolvida pela
teoria econmica, e dado por:
Onde:
emprego da indstria i na regio j;
o emprego industrial na Regio referncia;
o emprego total na regio j;
o emprego total na regio de referncia.
De acordo com Silveira Neto (2005) o coeficiente de Hoover tem a
caracterstica de ser uma medida relativa, fazendo com que haja a
possibilidade de comparar a concentrao dos diferentes segmentos do setor
industrial.
Esse coeficiente mostra o quanto o setor i da economia mais ou menos
importante para a regio j, vis--vis a regio de referncia. Quanto maior for o
ndice, mais concentrada e especializada a indstria para a regio.
Adota-se como critrio no presente estudo, um nmero mnimo de
estabelecimentos industriais por subsetor da indstria, como varivel de
controle, ou seja, o municpio a ser analisado deve contar com no mnimo dez
indstrias ativas em 31/12 do ano analisado. O critrio justifica-se basicamente
por dois motivos.
O primeiro que tal varivel de controle permite verificar se o elevado
QL de uma determinada regio no mera decorrncia da presena
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local de uma, ou poucas grandes empresas, O segundo, porque, em
alguns casos, o elevado ndice de especializao apresentado para
um setor em uma dada regio pode ser decorrncia de uma baixa
densidade da estrutura industrial local, o que pode levar a uma
superestimao da importncia do setor analisado frente economia
de referencia (REZENDE, 2012).
Se o valor do QL for superior igual ou superior a 1 (um), provavelmente o
segmento industrial possui uma especializao produtiva da regio j no setor i
da economia, pois est acima da mdia da regio de referncia.
Adota-se ainda como um filtro para o indicador de especializao do Quociente
Locacional, uma ordem mnima de 3 (trs). O que quer dizer que, ao final do
clculo, sero considerados aglomerados econmicos, os municpios que
apresentarem QL igual ou superior a 3.
Essa anlise se faz importante dadas as especificidades de cada municpio,
podendo contribuir para elaborao de polticas econmicas eficazes.
6. RESULTADOS
TABELA 1. QUOCIENTE LOCACIONAL NOS MUNICPIOS DA REGIO METROPOLITANA DE NATAL - 1990
Quociente Locacional nos municpios da Regio Metropolitana de Natal - 1990
Cear-Mirim Parnamirim Macaba Natal TOTAL
Extr min 1,95 1,05 0,00 0,15 0
Min no met 0,00 0,15 20,21 0,27 1
Metalrgica 0,00 0,00 0,00 1,33 0
Mecnica 0,00 19,41 0,00 0,82 1
Mat elt e de comun 0,00 0,00 0,00 1,47 0
Mat de transp 0,00 13,20 0,00 0,60 1
Madeira e do mobil 0,30 7,28 0,00 0,87 1
Papel, papelo, edit e grf 0,00 0,53 0,00 1,25 0
Borrac, fumo, diversas 0,00 0,86 0,86 0,83 0
Qum de prod farm, veter, perf 21,10 16,04 1,39 0,14 2
Txtil do vest 0,00 2,44 2,32 1,01 0
Calados 0,00 0,00 0,00 1,29 0
Prod alim, beb e lcool etl 9,16 1,98 0,17 0,20 1
Serv indust de util pb 0,46 0,64 0,53 1,14 0
Construao civil 0,00 0,91 0,61 1,25 0
TOTAL 2 4 1 0 7 Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da RAIS MTE. Banco de dados do GEPETIS.
A partir dos dados coletados, pode-se verificar que no ano 1990 apenas quatro
municpios da Regio Metropolitana de Natal puderam ser caracterizados como
aglomerados industriais, ou seja, que possuram dez ou mais indstrias.
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Atravz do clculo do Quociente Locacional, constatamos trs municpios
especializados em pelo menos um subsetores industrial, a saber: Cear-Mirim,
especializado nas indstria qumica e na indstria de alimentos e bebibas;
Parnamirim, especializado na indstrias mecnica, de material de transporte,
de madeira e do mobilirio e qumica; e Macaba, especializada na indstria de
minerais no metlicos.
O municpio central da RMN, Natal, no apresentou-se especializada em
nenhum subsetor industrial nos trs anos analisados.
TABELA 2. QUOCIENTE LOCACIONAL NOS MUNICPIOS DA REGIO METROPOLITANA DE NATAL -2000
Cear-Mirim Parnamirim Macaba Natal Nsia Flor. S Gon do Amar. So Jos Mip. TOTAL
Extr min 1,11 2,72 1,06 0,03 0,00 0,26 0,00 0
Min no met 0,91 1,01 0,32 0,12 4,50 4,17 4,17 3
Metalrgica 0,00 1,65 0,00 0,88 0,00 3,02 0,00 1
Mecnica 0,00 5,33 19,42 0,45 0,00 0,54 0,00 2
Mat elt e de comun 0,00 0,00 72,13 0,59 0,00 0,00 0,00 1
Mat de transp 0,00 5,91 0,00 0,31 0,00 0,00 0,00 1
Madeira e do mobil 0,08 1,65 1,84 0,93 0,00 0,94 4,81 1
Papel, papelo, edit e grf 0,00 3,89 0,84 1,11 0,00 0,93 0,00 1
Borrac, fumo, diversas 0,00 2,03 0,96 1,09 1,82 5,84 0,00 1
Qum de prod farm, veter, perf 0,09 1,97 8,65 0,66 0,55 1,62 6,41 2
Txtil do vest 0,76 3,16 2,41 0,79 1,53 8,98 2,47 2
Calados 0,00 0,00 0,00 0,78 0,00 0,00 0,00 0
Prod alim, beb e lcool etl 11,81 2,17 1,89 0,44 0,33 1,62 0,26 1
Serv indust de util pb 2,36 0,19 0,00 1,08 0,24 0,58 0,84 1
Construao civil 0,27 1,38 1,80 1,18 2,21 0,34 0,41 0
TOTAL 2 4 3 0 1 4 3 17 Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da RAIS MTE. Banco de dados do GEPETIS.
Para o ano 2000 verifica-se um nmero maior de municpios da RMN com pelo
menos dez estabelecimentos industriais. Esse acrscimo correspondente
Nsia Floresta, So Gonalo do Amarante e So Jos de Mipibu, e acarretou
em elevao no nmero de aglomeraes tambm, passando de sete para
dezessete, com destaque para a indstria de minerais no metlicos e indstria
txtil e de vesturio.
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TABELA 3. QUOCIENTE LOCACIONAL NOS MUNICPIOS DA REGIO METROPOLITANA DE NATAL -2010
Cear-Mirim Parnamirim Extremoz Macaba Monte Ale. Natal Nsia Flor. S Gon. do Amar. So Jos Mip. Vera Cruz TOTAL
Extr min 0,30 0,09 0,08 1,71 0,00 0,03 0,00 0,59 0,38 0,00 0
Min no met 0,30 0,48 0,00 1,55 1,51 0,18 0,19 2,77 6,43 0,00 1
Metalrgica 0,21 0,91 0,00 0,20 0,00 0,45 0,00 1,41 0,09 0,00 0
Mecnica 0,00 2,22 0,00 5,14 0,00 0,48 0,00 1,93 0,00 0,00 1
Mat elt e de comun 0,00 4,71 0,00 0,00 0,00 0,22 0,00 2,44 0,00 0,00 1
Mat de transp 0,00 2,33 0,00 6,40 0,00 0,30 0,00 0,24 9,57 0,00 2
Madeira e do mobil 0,11 1,86 0,00 0,91 0,00 0,87 0,14 2,16 7,99 0,00 1
Papel, papelo, edit e grf 1,16 2,43 0,00 2,17 4,09 0,85 0,00 2,87 0,06 0,00 1
Borrac, fumo, diversas 0,00 0,74 0,00 1,59 0,00 0,87 0,71 5,44 3,40 0,00 1
Qum de prod farm, veter, perf 0,58 1,48 0,37 3,36 0,00 0,30 0,00 0,15 4,04 0,00 2
Txtil do vest 0,54 1,26 0,00 3,15 0,66 1,20 0,00 4,61 0,90 2,82 2
Calados 0,00 0,18 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0
Prod alim, beb e lcool etl 3,01 1,71 6,79 6,94 0,64 0,46 0,09 0,47 1,72 0,69 3
Serv indust de util pb 1,36 1,73 4,10 0,22 0,28 1,24 0,22 0,73 0,11 0,35 1
Construao civil 0,90 1,39 1,92 0,82 0,01 1,06 0,92 1,91 0,67 0,00 0
TOTAL 1 1 2 4 1 0 0 2 5 0 16 Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da RAIS MTE. Banco de dados do GEPETIS.
J em 2010, a quantidade de aglomeraes no se eleva, apenas reduz-se em
uma unidade, porm h uma configurao bastante diferente, pois h a
incorporao de mais municpios, de modo em que todos os municpios
pertencentes RMN tm dez ou mais estabelecimentos industriais, podendo
ser resultado de uma melhor dinmica de infraestrutura, de renda ou de mo-
de-obra.
O municpio de Cear-Mirim continuou especializado na indstria de produtos
alimentos e bebidas para os trs anos em anlise. Ele apenas reduz o seu grau
de especializao no ano de 2010, ao dividir posio com mais dois
municpios, Extremoz e Macaba. Ao deixar de ser o nico municpio com grau
de especializao na produo de alimentos e bebidas, pode-se acarretar em
maior concorrncia capitalista nesse setor industrial.
TABELA 4. PARTICIPAO E EVOLUO DO EMPREGO FORMAL INDUSTRIAL NA REGIO METROPOLITANA DE NATAL 1990-2010
Emprego industrial no RN Emprego Industrial na RMN Participao (%)
1990 52.047 35.188 67.61
2000 62.237 41.318 66.39
2010 128.171 80.331 62.67
Evoluo (%) 146.26 128.29 -7.30
CONSIDERAES FINAIS
Revelou-se, entre os anos estudados, uma considervel expanso do setor
industrial na Regio Metropolitana de Natal, constatado no aumento no nmero
de unidades industriais e no nmero de trabalhadores.
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O fator de atrao dessas indstrias pode ter sido a mo-de-obra mais barata,
ou pode ser ainda consequncia das polticas de distribuio de renda do
Governo Federal, que permite aumentar o poder de compra no estado do Rio
Grande do Norte.
REFERNCIAS
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