cantar de galo, autor juan toro
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Obra poética de Juan Toro. Leitura livre!TRANSCRIPT
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Cantar de Galo
Uma obra de:Juan Toro
So Carlos2015
Diagramao:Vagner Serikawa
Fotografia Cantar de Galo:Manuel Andrade
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SumrioCantar de Galo 4Contrabando 5Melodias 6Manifestaes 7Ventos 8Smbolos 9Plvora 10Desprovido 11Sabedoria 12Amanhecendo 13Vamos brigar? 14Histrias 15Metforas 16Mundo do gigante senhor 17Poltica de letras 18L 19Aqui 20Corpo 21Dia frio 22Mundo costuma 23Trama-se 24Sons 25Rodas 26Idade passa 27Diferenciar 28Figura 29Oriundo 30Tempo 31Fechadura 32
Sobre o autor
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4Cantar de GaloJuan Toro
Cantar de Galo
O cantar dos brbaros selvagens dos dias tnues esto sendo alterados pelos olhares das pessoas urbanas e cotidianas. Secretas inundaes e pontes que-bradas ultrapassadas pela fora da natureza que urge e insiste em falar mais alto, em declarar o fim de uma arquitetura falha ou seja negativa. Queda econmica, no importa. Com o que h d e sobra, com ordem e vontade o homem voa para onde quiser, instaurando a razo desvelada e agora pronunciada. Poder ao presente, poder s mos ativas e incansveis das geraes que brotam.
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5Cantar de GaloJuan Toro
Contrabando
Contrabando de peixes gordosfamintos de peixinhosde sardinhas apenascontrabando de corposenlatados com etiqueta do imprioregistrado pelo sorriso do bom negocioque deu certo
contrabando de pessoasde um lado a outrocontrabando e roubo da paisagemdo gado e das hortas.
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6Cantar de GaloJuan Toro
Melodias
Melodias que expulsam as autoridadesMelodias vitoriosasMelodias popularesExpulsam autoridades
Sons de diversas marcaesVibrao da foraAtitudes populares
Guerra civil em pleno cenrio Praas e casas governamentaisAtacadasPor quebra de contrato
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7Cantar de GaloJuan Toro
Manifestaes
Manifestao inconscienteDas palavras que se escrevemSem notar o tempoNem o desapego
Manifestao corrente que caminha sem destinoSem hora definidaNem da sada nem da volta
Manifestao em ruas e edifciosTranscurso conhecido
Inconsciente at que no tantoCompartilha carinho e calor do mesmo asfaltoEstica as mos ou faz comentrio
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8Cantar de GaloJuan Toro
Ventos
Ventos que mordem o sossego Corrompidos fios em estmago rgidoVentos que dissipam telhadosIncorretos augrios do no planificado
Lerdos sintomas da fatiga em manteigaAmortecida pela luz que entra da janelaAberta
Cortinas fugitivas e erguidasDinmica parania Contagiosa rima
Eloquncia da pouca razoFeito migalha de ontemFeito sobra de ontemFeito aproveitamento de ontemFeito de ontem e de ontem de ontem
Ventos fuzileiros da tarefa Aniquilada fico do cego perpetuo Sem nexoAberto por inteiro Esfaqueado e abertoGarganta AtUmbigo Aberto
Lerdos intestinos que morrem Hemorragia deste corpo abertoFatalidade em ventoForma de verso sem temperogua sem oxignio.
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9Cantar de GaloJuan Toro
Smbolos
Smbolos so metforasMetamorfoseada com o tempoCom a corrente que leva e transformaInvisvel no arEternos signos sem prevalncia universal
Dizeres e s comentaresIrados se tiverem sorteMornos caso sejam rasos
Murmrios apenas
Letras esparramadasConvulsionadas no corpo do homemEspcie vaga e imprecisa
Devota por natureza ao entornoFormador e castradorDias de semanasHoras de relgiosMeses personificados em astrosDistantesNunca tocados
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Cantar de GaloJuan Toro
Plvora
Plvora em forma de grama verdeCrescendo solitria na terra desertaMistura de nada e todo no abandono
Infertilidade forada pelo galope Marchas sangrentas com cheiro mutiladoCom pedaos de orelhas esparramadasEntre tanta extenso de terra e nadaDe deserto e todo despedaado
Assassinos modernos sem presena nos ilustres dicionrios Enciclopdias que omitemOu fazem parteDo todo e nada da grama solitria.
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Cantar de GaloJuan Toro
Desprovido
Desprovido dia quenteSem manteiga e sem po velhoSem gua e sem luzSem roupa limpaSem nenhuma necessidade sendo atendida
descuidado dia quentemodifica a geografia populaes urbanas ignoradas e afastadas
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Cantar de GaloJuan Toro
Sabedoria
Algumas sabedorias se escondem em sombras de insetos minsculosAlgumas informaes transitam pelos viadutos Pelos corredores de m reputao onde a mulher ou homem de pouca sorte matam as horas
Golpes Manchetes de jornais especuladoresDifamadores e caricaturistas convictos
Algumas boas e inteligentes palavras esto escondidas em templos sem tetoInformaes que voam sem destinos nem receptoresNada
Algumas boas redaes que perdem-se na gua infetada por qumicosPor corrente eltrica
Fluda Extensa matria
Inaudita e prosaica figuraIlesa e ofensiva molcula de massa pensante Transportadora de expresses em tom forteRetumbante sem sossegoAtento e medronhoPalavras de carter universal sem roupagemNem etiquetas
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Cantar de GaloJuan Toro
Amanhecendo
Antes de amanhecer devo lembrar algumas palavras de educa-o corrente, antes de sair de casa puxo toda informao perti-nente, desde o caminho a ser percorrido at a hora de voltar. An-tes de mais nada pretendo estar ajustado nas atividades que iro vir, sejam elas gratas ou ingratas. A linguagem cotidiana possui a sua mala que esvaziada e preenchida todos os dias da semana, do ms, da dcada.
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Cantar de GaloJuan Toro
Vamos brigar?
Briguemos pela igualdade imediataDesde hojeBriguemos e compartilhemos tudo
As excentricidades teis eAs casas luxuosas so dos rfosDos idososDos doentes
Vilarejos para todos ns Quintal com arvores frutferasBrincadeiras de crianasPlantio perto
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Cantar de GaloJuan Toro
Histrias
Histrias em guerras caticasPessoas ilustres que sacrificam a gargantaPor uma bala que nada pesaQue no vale nada
Morto por mortoPor estorvo nos bolsos dos interesses dos bigodesDos modernos empresriosCarismticos e comprometidos com o ambiente sem eco
Morto por ser pedra entre os dedinhos dos psPor ser aquele que pelas noites atormentaPor ser um vivo por morrer
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Cantar de GaloJuan Toro
Metforas
Metforas que mexem na cabea do boiUma coisa colada na testaDa metade que se foi
Eternamente nasceNa face indecente da genteQue se d na cidade
Abra sua caraPor trs do morto mooSerpenteCabra Moo sem ossosNada vemos na verdadeMas ganhamos e abrigamos na cidade
Antigos dentes densosQue no misturam nem entendemA doena que no tem curaMas que de repente desafia o menino saudvelQue cresce sem mal nem febreAlma que se doa a simplicidade
Um ar coadoUm quadro que produz liraUma luz em paraleleppedoUm olhar l em GrciaCristandade refrataria
Por ser cidadeUrbana sem dor
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Cantar de GaloJuan Toro
Mundo do gigante senhor
No mundo do gigante senhorH uma princesa que est vendaAcorrentada em pescoos de bois
Uma senhorinha que choraQue possui marcas de escravido
No mundo gigante h um senhorQue vende crianas virtuosasEm canto ou danaArtes de mxima articulao
No mundo do gigante senhorH espao para sofisticaoH pessoas para grandes obrasEtctera e tal
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Cantar de GaloJuan Toro
Poltica de letras
Ela espalhou o melhor que podiaPelas nossas mximas expressesGrande e suave mentiraQue late e faz suor no contato que tomou formaFez natureza virgem ser constrangidaEm minutas no lidasGuardadas por alguns que povoam religiesMitos submetidos aos encantamentos das feras em floresInfantis refletores de tristezasSem peso nem transcendnciaRomances Fico em literaturaEm prateleira na livreiraDia seguinte morre sem suspiroPor ser indefinidaPoltica de letras
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Cantar de GaloJuan Toro
L
Do outro lado da nao observo corpos que entregam-se dor e ao prazerEspalhando cries entre os filhos que no possuem de cho nem sombraSomente silncio e a reza que costuma insinuar a residnciaDo menino ou mamilo da criana assumida, adolescenteIndolente futuro de um cotidiano um pouco obscuroIntransigente para o singelo pulmoQue somente ativa no respiroDirio espinho da vidaEstranha e familiarSem ponto final
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Cantar de GaloJuan Toro
Aqui
Um versoSe faz de letras fortesEm muros de batalhasPenetrantes nas fronteirasInteragindo com aliados distantesAcordando e estreitando laos consoantesEntre rimas e obstculos distintivos e decorativosEspalhados pelos ventos, esparramando pelo ar vestgios em frasesMisturam toda sabedoria acumulada em um corpo queimado pelo solDirio e que asfixia as entranhas, costelas, garganta e estmago nas noites.
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Cantar de GaloJuan Toro
Corpo
Aventura pessoalDe mostrar que o corpo pode maisDo que aparentaO corpo instrumento de lutaFora social em estrutura
nica verdade absolutaMaior ferramenta de luta!
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Cantar de GaloJuan Toro
Dia frio
Dia frio de sabor frescoSem cachorros na ruaO bairro esta em silncioTodos fugiram da praga que est vindoDe algum local sem procedncia ReconhecidaOlhadaImpossvel fazer combateNestes dias onde o ar o maior inimigoDo corpo humano deste bairroDesta vila despovoada
Dia frio e solitrioDia fresco com ar correndoVento que dizem infetadoTodos correm e euDou-me a chance de dormirEm cada noite num lugar diferenteNuma casa abandonada pelos medrosos que no ficamPor medo da morte que eu no tenho
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Cantar de GaloJuan Toro
Mundo costuma
O mundo costuma ser agradvel Para com quem se arriscaUma ida sem voltaGloria ou enterroCidado modernoOu atrasado na precariedade De pensar e atuar No tempoCorrido e at planejadoEstratgico dia mundanoEm cristal que quebraOu adorado
Sorte para quem arriscaNo ser cozinhado
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Cantar de GaloJuan Toro
Trama-se
Enquanto trama-se alguma fbulaA primavera v tecendo seus sentidosGrudando folhas com tintasEnquanto o sol corre, surge e someEnquanto a lua corre, surge e someHomem que correSurge e someEnquanto haja vontade cria-seMelhores histrias explicativasObjetivas em metforas lembradasTransmitidas de orelha em orelha.
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Cantar de GaloJuan Toro
Sons
Sons que surgem por trs das sombrasDos tambores ou cordasSons que surgem e detonam Fossem bombas
Dentro do ouvido um ritmoMexendo os sentidosCutucando os batimentos cardacosUm som que desprende invisvel Sensaes foradasAtivas pelas notas pronunciadasEm cada som emitidoNos assobios e gritos prolongadosQue entram fazendo estrago
Sons que surgem caindo das nuvensOu brotando por terraTransportada por bicos emplumados Constantes
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Cantar de GaloJuan Toro
Rodas
Falar das rodas que giram com foraAvanando e comendo corpos que cruzam Explodindo o crnioJoelhos sem nexo com as coxas
As rodas
Falar do pedao de ferro eltricoDo carente de educao As rodas que correm com velocidade de fantasiaEstpido movimento que no me d tempo
Desviar nuncaPor que no existe essa remota chancePor que no d tempoNo se anda a lugar nenhum de forma seguraAs rodas comandam a histria das ruasSujas rodasViolentas estruturas
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Cantar de GaloJuan Toro
Idade passa
A idade passa sem ser notadamesmo que sendo rabiscadacomprometo esta histriaassim como as outrasnuma pura sanidadede um mundo que afronta compromissos dignos de serem lutadospor ser to injusto
repdio avaliadorespermissivos senhores que controlamo dizer ou calaro fazer ou esperar.
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Cantar de GaloJuan Toro
Diferenciar
Consigo distinguir o diferente do igualSaber discernir fundamentalCaso contrarioQueda livre e sem almofadas esperandoCair rpido como fruta podreSem descansoVirando alimento para mosquitosLarvas e passarinhos.
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Cantar de GaloJuan Toro
Figura
Uma pedra ouPedao de papel ouIngrato fragmento de pele Carcomido na deformidadeDos dias mpares e sem tonsDos braos curtos que no alcanam almofadasSonhos distantes feitos em tinta que no agarra
gua limpa como torrenteSujeira de cores que mentem sem descontentoOcultam e camuflamConsagrao de aglomerados uniformesEm tonalidades identificveisSombras com brilho autnomo
Corredor de luas internasConformando o pouco ouInsignificante troo de espuma ougua em vaporAmostra da pele rasgadaTransformada em nuvemDensa figura
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Cantar de GaloJuan Toro
Oriundo
Algum que sabeQue conheceE desfruta com seu saberOriundo de um lugar qualquerFeito vida em leituras e correria feita em dorDe mgoa da sociedade que castigaFalta da sorteIngrata vez da tmbola que gira e escolheLocal inseguro Para todosNascer
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Cantar de GaloJuan Toro
Tempo
O tempo no sabe de sossego o tempo nem quer sabero tempo cegoe atletacorredor sem freio nem sede
O tempo no sabe de descansoo tempo nem quer sabero tempo eternoonipresente.
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Cantar de GaloJuan Toro
Fechadura
Orifcio desafiador da fechadurafecha dura, ingrata e sem graxa banhada de ao feito ferrugem corroda pela violncia da chavecastiga a estrutura do sem oficioburaco inerte que sempre invertea situao fechada ou de sadasituao de entrada ou bem-vinda de uma porta sem nome nem honra aberta e fechada sem dor nem medidasem hora datada nem nenhum aviso
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Juan Toro um autor parte brasileiro, parte chileno que escreve no idioma de ambos os pases, graduado em Comunicao Social e mestrando em Estudos Literrios pela Universidade Federal de So Carlos no Brasil (2014). Foi diretor e roteirista do curta-metragem Silvano (2013), alm de possuir diversas publicaes em revis-tas, coletneas e antologias poticas tanto no Brasil quanto em out-ros pases ao redor do globo, como Argentina, Espanha e Portu-gal. O autor tambm assina pelo pseudnimo de Juan Castelo D.
Obras do autor: Cantar de Galo (2015)
Nacadema (2015)Estado de Poesia e Prosa (2014)
Puxando a Rede (2014)